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Literatura e Ensino UNIDADE 03 AULA 07

INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA

Leitura literária ou
História da Literatura?

1 Objetivos de aprendizagem

„„ Refletir sobre a predominância do historicismo


positivista na metodologia de ensino de literatura;
„„ Compreender a importância da leitura literária em detrimento
do conhecimento único e exclusivo da história da literatura.
Leitura literária ou História da Literatura?

2 Começando a história

Caro estudante,

Voltemos um pouco à aula 4, que trata de um assunto bastante instigante: o ensino


de poesia. Lá já sinalizamos que devemos começar a pensar o ensino da literatura
a partir da leitura dos livros e não das teorias e dos quadros das características
de cada escola literária, conforme trazem, no geral, os livros didáticos. Lembra?

Pois bem, aqui nesta aula, iremos tratar mais detalhadamente dessa discussão.
Noutras palavras, discutiremos sobre o ensino de literatura a partir da leitura
integral dos textos, pensando os estudos de história e de teoria da literatura
como conteúdos a posteriori.

Para começo de conversa, vejamos o que nos diz o trecho abaixo:


Uma vez vista como matéria escolar, a literatura toma forma
historicizada nos livros didáticos, que a apresentam quase
que exclusivamente como conteúdo atrelado a um contexto
histórico e nele enquadrado, deixando de lado justamente
o que é a ela inerente, a sua força maior, os traços peculiares
que a caracterizam como tal: ou seja, os seus aspectos
estéticos. (SILVA, 2008, p. 105).

Conforme pudemos ver na aula 3, a metodologia adotada para o ensino de


literatura, muitas vezes, é aquela presente nos livros didáticos e que, quando
sobreleva a história da literatura em detrimento da própria literatura, tem, de
alguma maneira, contribuído pouco para um ensino de qualidade.

Veremos, a partir de agora, uma discussão focada nessa questão.

3 Tecendo conhecimento

Viemos discutindo até aqui algumas implicações de metodologias do ensino de


literatura. No entanto, o nosso objetivo maior em Literatura e Ensino é tentar
apresentar maneiras viáveis de se construir, no nosso estudante, a motivação
e o gosto pela leitura. Questões mais detidas nas próprias metodologias serão
vistas no decorrer do curso, como, por exemplo, em Metodologia do Ensino de
Literatura.

Nosso objetivo maior aqui é lançar uma discussão mais focada na relação entre
literatura e ensino, no sentido, também, de apontar referências bibliográficas
importantes e situar a discussão num âmbito mais nacional.
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3.1 Democratização da leitura

Para tanto, iniciaremos nossa reflexão por uma questão bastante séria e urgente,
que é a democratização da leitura.

Leia no box abaixo uma discussão sobre um estudo importante de Magda Soares.

Num estudo sobre a relação entre literatura e democracia cultural, Magda


Soares parte dos vários conceitos de democracia para analisar a distribuição
equitativa de bens simbólicos, devendo ser considerados fundamentalmente
significações e só secundariamente mercadorias. Para a noção de leitura, a
autora põe em relevo o seu aspecto polissêmico e, quanto à leitura literária,
considera-a “talvez de forma bastante ampla e um pouco leitura que se faz por
prazer, por opção, não por obrigação.” A autora analisa a literatura enquanto
bem simbólico sob duas perspectivas: como responsabilidade social (direito); e
como formação do indivíduo (promoção da democracia cultural). Da primeira
perspectiva, Soares destaca três aspectos: distribuição eqüitativa e direito
não ocorrem na sociedade brasileira; causas; modalização. E da segunda
perspectiva, destaca duas concepções: leitura enquanto prática autônoma
e leitura enquanto prática ideológica. Caracteriza, assim, a primeira prática
como intrinsecamente boa e legítima. Sobre a segunda, aponta seus aspectos
determinantes, ou seja, enquanto prática ideológica, a noção de leitura literária
atrela-se à classificação conforme seu valor estético (alta e baixa literatura); aos
variados sentidos instaurados pela leitura (qualquer literatura democratizaria
o ser humano?); bem como à hegemonia da indústria cultural e seu aspecto
de “descultura”. A conclusão a que chega Soares, salvaguardando todos os
limites a que ela impõe-se no decorrer do texto, faz um levantamento crítico
dos aspectos norteadores dos seus estudos sobre leitura e sobre democracia,
portanto, estudos que abrangem questões sociais de grande importância
para o entendimento da leitura no Brasil. (SILVA, 2008, p. 108-109).

É bastante oportuno, em tempos em que se discute “crise da leitura”, entender,


nos termos de Magda Soares, as relações entre democracia e leitura, no sentido
de compreender que a leitura tanto democratiza o ser humano em vários
aspectos e, também por essa razão, precisa ser democratizada. Em nosso país,
temos ciência de que livro é produto cultural caro e, por isso, não está inserido
nas relações de bens de consumo da maioria da população. Nesse sentido, a

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Leitura literária ou História da Literatura?

questão é: a literatura não é democratizada no Brasil, mas democratiza o ser


humano, por quê?

Vejamos as respostas às quais chegou Magda Soares em seus questionamentos:


A leitura literária democratiza o ser humano porque mostra
o homem e a sociedade em sua diversidade e complexidade,
e assim nos torna mais compreensivos, mais tolerantes –
compreensão e tolerância são condições essenciais para a
democracia cultural.

A leitura literária democratiza o ser humano porque traz


para seu universo o estrangeiro, o desigual, o excluído, e
assim nos torna menos preconceituosos, menos alheios
às diferenças – o senso de igualdade e de justiça social é
condição essencial para a democracia cultural.

A leitura literária democratiza o ser humano porque elimina


barreiras de tempo e de espaço, mostra que há tempos para
além do nosso tempo, que há lugares, povos e culturas
para além da nossa cultura, e assim nos torna menos
pretensiosos, menos presunçosos – o sentido da relatividade
e da pequenez de nosso tempo e lugar é condição essencial
para a democracia cultural. (SOARES, 2004, p. 31-32).

Ao entrarmos em sala de aula, seja em que nível de escolaridade for, consideremos


a extrema importância de termos em mente esse caráter democratizante da leitura
literária, como apresentado nos termos de Magda Soares. Se a democratização
da leitura literária no Brasil depende, também, de questões políticas, de projetos
educativos mais amplos, entendamos que precisamos fazer algo na sala de aula
que não dependa exclusivamente da resolução de tantos problemas que temos
enfrentado, pois não causaríamos mudança nenhuma em nossa prática. Trazer
esse tema para nossa discussão tem como finalidade justamente apresentar
conhecimentos e respostas para nossos questionamentos que, certamente, nos
auxiliarão em nossa prática.

Assim sendo, tem-se claro que precisamos contribuir para a democratização da


leitura literária, já que ela democratiza o ser humano. Essa democratização pode
se dar por meio de projetos educativos que envolvam acervos de bibliotecas.
Sabemos, obviamente, da situação das bibliotecas de nossas escolas públicas que,
muitas vezes, nem bibliotecas têm. Então, temos ciência de que as problemáticas
são muitas, mas alguma coisa precisamos fazer, não é mesmo? E podemos começar
tomando consciência de que a história da literatura, quando ensinada única e
exclusivamente, não dá esse suporte de que precisamos e que discutimos aqui.

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3.2 Historicismo literário

Outro aspecto apontado por Lígia Chiappini (2005) como inadequado no ensino
de literatura diz respeito à apresentação das obras por meio de fragmentos
de textos disponibilizados em livros didáticos. E isso se dá, primordialmente
também, quando o ensino de literatura acontece por meio do historicismo puro
e simplesmente, tendendo ao positivismo, ou seja, a uma maneira de observar
os fenômenos históricos por meio de classificações que, muitas das vezes, são
extremamente arbitrárias.

Como assim?

Ora, entendendo certos fenômenos históricos (no nosso caso, a literatura) sem
analisá-los em seus aspectos mais particulares e individuais, ou seja, generalizando-os
e colocando-os num rol em que se afinam pelos elementos comuns.

Lembra que, na aula 3, vimos brevemente uma discussão sobre os quadros


classificatórios apresentados nos livros didáticos de literatura? Pois bem,
aqueles quadros são, primeiramente, históricos, ou ao menos têm a finalidade
de contextualizar historicamente as obras literárias. Para isso, agrupam obras
e escritores a determinadas escolas literárias, como se isso desse conta do que
vem a ser a literatura propriamente dita. Mas não dá. Pelo contrário, os quadros
se apresentam de maneira generalizadora, uma vez que se ligam a aspectos
um tanto superficiais

Vejamos o que diz Alfredo Bosi (2002, p. 9-10) em seu estudo sobre o assunto:
Uma história da literatura que pretendesse ser verdadeira, isto
é, fiel ao seu objeto, deveria admitir que os textos dispostos no
tempo do relógio não têm a continuidade nem a organicidade
dos fenômenos da natureza. Os escritos de ficção, objeto por
excelência de uma história da literatura, são individuações
descontínuas do processo cultural. Enquanto individuações,
podem exprimir tanto reflexos (espelhamentos) como
variações, diferenças, distanciamentos, problematizações,
rupturas e, no limite, negações das convenções dominantes
do seu tempo.

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Leitura literária ou História da Literatura?

Interpretemos em detalhes as palavras de Bosi:

Para que uma história da literatura seja mais próxima da verdadeira e que
contemple toda a sua produção, deve:

1) não agrupar as obras pelo tempo do relógio, entendendo que, em


determinadas épocas, só se produzia obras com características comuns;
2) entender que, antes de mais nada, a literatura é produto cultural de seres
individuais, por mais que esteja relacionada a contextos sociais, históricos
e relacionando-os;
3) por ser produto de seres individuais, mesmo sendo sociais, apresenta
variações de diversas naturezas, inclusive negações do que está sendo
produzido contemporaneamente.
Esse posicionamento nos leva a crer que, no ensino de Literatura (e isso vimos
discutindo ao longo de nossas aulas), os esquemas históricos, os resumos não
substituem a leitura plena das obras que se planeja discutir. Entendemos, também,
que os problemas apontados no ensino de literatura sob o viés historicista são
grandes, pois podem resultar em informações equivocadas e/ou arbitrárias.

Qual seria a saída então?


Conforme vimos na aula 2 sobre os documentos que orientam o ensino de
literatura no Brasil, a saída pode estar em algumas medidas que podemos tomar,
seguindo tais orientações. Como, por exemplo:

a) Conforme os Referenciais para o Ensino Médio da Paraíba (2006), a


História da Literatura é assunto que deveria ser ministrado apenas
no último ano, quando os estudantes já possuem um repertório de
leitura significativo que possa lhes permitir a capacidade de distinguir
determinados aspectos de determinadas obras de acordo com seus
respectivos contextos históricos e sociais em que foram escritas.
b) O ensino de literatura, de acordo com as OCNs (2006), pode
estar focado e planejado no repertório de leitura do professor e
considera-se bastante honesto que assim o seja.

Vejamos o que diz o documento:


O estatuto do leitor e da leitura, no âmbito dos estudos
literários, leva-nos a dimensionar o papel do professor não
só como leitor, mas como mediador, no contexto das práticas
escolares de leitura literária. A condição de leitor direciona,
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em larga medida, no ensino da Literatura, o papel dos


mediadores para o funcionamento de estratégias de apoio à
leitura da Literatura, uma vez que o professor opera escolhas
de narrativas, poesias, textos para teatro, entre outros de
diferentes linguagens que dialogam com o texto literário.
Essas escolhas ligam-se não só às preferências pessoais,
mas a exigências curriculares dos projetos pedagógicos da
escola. (BRASIL, 2006, p. 72).

Sendo assim, podemos concluir que, primordialmente, é necessário que o


professor conheça o texto literário com o qual está trabalhando em sala de aula
e, não menos importante, que seu planejamento, ou seja, que suas escolhas não
estejam submetidas somente aos programas estabelecidos pela escola, pelo
governo, pelos exames de seleção.

Exercitando

Para exercitarmos o que discutimos até aqui, propomos a você a análise de um


livro didático do nível médio, atentando para as seguintes questões:

1) O livro apresenta o quadro classificatório? Ou é dividido por capítulos?


2) Verifique, na coluna referente ao Modernismo, ou no capítulo, quantos e
quais são os escritores contemplados.
3) Qual o período delimitado para o que se define como Modernismo?
4) A partir do que você já sabe do assunto, quantos e quais escritores não
foram contemplados?
5) Levando em consideração o que discutimos nos termos de democratização
da leitura, tais quadros e capítulos contribuem para tal democratização?
6) Afinal, qual a finalidade dos quadros? Discuta o assunto.

4 Aprofundando seu conhecimento

Entendemos que o ensino de história da literatura deve ser levado em conta,


sim, mas somente quando o nosso alunado já dispõe de algum repertório de
leitura que lhe permita compreender o que se historiciza. Essa sugestão, em
forma de orientação, encontra-se nos Referenciais do Ensino de Literatura no
Nível Médio, apresentados na aula 2 desta disciplina.

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Leitura literária ou História da Literatura?

Para tanto, sugerimos historiografias que, para além dos quadros classificatórios,
são verdadeiras análises de textos literários, os quais são discutidos como obras
que fazem parte de um determinado chão histórico e social, mas que, acima de
tudo, apresentam particularidades.

Por exemplo:
Figuras 1 - 2

Falaremos mais detalhadamente sobre “Estética da Recepção” em outras aulas.


Por enquanto, você pode aprofundar mais o assunto referente à história da
literatura pelo estudo de Regina Zilberman, abaixo sugerido.

Figura 3 Sinopse - Estética da recepção e história da


literatura - Regina Zilberman

Associada sobretudo ao nome de Hans-Robert


Jauss, a estética da recepção surgiu na Alemanha
Ocidental nos anos 1960, período marcado pelas
revoltas estudantis e reformas na universidade.
Sua expansão foi rápida, dando ensejo à
consolidação de um corpo de ideias que vem se
destacando na teoria da literatura. Colocando o
leitor como eixo a partir do qual se examinam os
textos e a história literária, a estética da recepção altera substancialmente
os estudos críticos. Examina as obras pela perspectiva de sua repercussão
no público e compreende a duração delas no tempo como efeito de sua
comunicação com os consumidores. É em torno desse assunto que gira a
obra da professora Regina Zilberman. A literatura é vista como mecanismo
capaz de afetar o destinatário, emocional e cognitivamente, ao oferecer-
lhe uma visão completa e aguda do real.
àà Diponível em: http://www.skoob.com.br/livro/177484 Acesso em: 13 mar. 2013.
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5 Trocando em miúdos

O assunto apresentado aqui não se esgota nessa breve aula, pois demanda
ainda alguma discussão e leituras de diversos estudos. O mais importante aqui é
responder à pergunta que intitula a aula: Leitura literária ou História da Literatura?

Pudemos verificar, portanto, que o ensino de literatura única e exclusivamente


pelo viés historicista é inadequado, uma vez que não considera a literatura em
seus matizes individuais, em suas variações particularizantes, etc. Além disso, não
contribui para a democratização da leitura literária, pois se limita a apresentar
a literatura por meio de quadros classificatórios e, portanto, generalizadores.

Entendemos, também, que precisamos fazer algo pela democratização da


literatura, já que ela é democratizante, nos termos de Magda Soares.

6 Autoavaliando

Chegamos ao final da nossa aula e precisamos ter mais ou menos claro em nossa
mente algumas respostas, ou, pelo menos, condições de problematizá-las ainda
mais. Como assim? 1. Como devemos lidar com a literatura em sala de aula?
Partindo da própria literatura ou do que se fala sobre ela? 2. Leitura literária ou
História da Literatura? Qual merece mais a nossa atenção? Uma exclui a outra?

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Referências

BOSI, Alfredo. Por um historicismo renovado: reflexo e reflexão em história literária.


In: Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 7-53.

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SOARES, Magda Leitura e democracia. In: SANTOS, Maria Aparecida Paiva Soares
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