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hot rods # 108

ford torino
Carroceria de fastback 1968 vira Talladega
ford torino talladega - ford f-100 1954 - ford 1929 roadster - dodge dart 1975 - f-100 1964 - morris minor

Morris de 550 hp
Modelo inglês originalmente de 50 HP se
ISSN 1808-9399
ISSN 1808-9399
ano 9 #108
R$ 14,90

transforma em veloz viatura para voar na pista


9 771808 939007 00108
www.cteditora.COM.BR

roadster dart 1975 F-100 1964


Até “banco da sogra” é preservado Exemplar amarelo era o que Ação de lixadeira garante visual
no raro modelo Ford 1929 faltava na coleção do “dogeiro” desgastado desta picape Ford
Garage Tech: motor V8 injetado História: T- Bucket, a essência do hot rod Técnica: ganhe potência
aumentando a taxa de compressão Viva Las Vegas: prepare-se para a edição 2014 em abril
Editorial

Memória afetiva
A paixão por carros, quando reforçada por laços familiares ou de
amizade, explica o mítico universo dos Hot Rods
Ademir Pernias e Ricardo Kruppa - editores

O
leitor habitual de Hot Rods já deve proprietário, ou melhor, o Dart do tio do a história do filho do caminhoneiro que,
ter chegado a esta conclusão: a proprietário, que o motivou a colecionar depois de adulto, reúne condições para rea-
esmagadora maioria dos carros exemplares do modelo. Até a cor preferida lizar não apenas o seu sonho de infância,
apresentados nas páginas da revis- remonta uma preferência de infância. mas também aquele que seu pai manifestara
ta vem acompanhada de histórias As histórias ficam mais emocionantes ainda quando vivo: o de ter uma picape F-100,
emocionantes de sonhos de infân- quando retratam a relação entre pai e filho, igual à que os dois admiravam anos atrás,
cia, homenagens a antepassados queridos mas que envolvem um automóvel: ou era numa viagem na boleia do caminhão.
ou cultos a recordações valiosas de tempos a picape utilizada pelo pai no trabalho no Se o ser humano ocidental é apaixonado
idos. É a memória afetiva o principal motor campo, ou o muscle que deu à criança ou por carros, imaginem então quando esta pai-
(desculpem o trocadilho) do universo Hot adolescente, no banco do passageiro, as xão é reforçada por laços afetivos que unem
Rods. Apenas nesta edição, há pelo menos primeiras emoções de ter o corpo puxado pai e filho, tio e sobrinho, velhos amigos.
dois bons exemplos disso. Na reportagem para o encosto pela força do motor... Outra Que todos tenham uma emocionante
sobre o Dodge Dart 1975, foi o tio do matéria desta edição conta exatamente leitura!
Sumário

Ford 1929 Roadster

06 Raro no Brasil, Ford 1929 Roadster com visual street e mecância V8 mostra
receita clássica do hot rod americano

Hot Rods
Crazy Turkey Editora A Hot Rods é uma publicação mensal da Crazy Turkey Editora
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Vera Miranda Barros Crisólita, 238, Jardim da Glória CEP 01547-090 São Paulo SP
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F-100 1964 Morris Minor

22 Picape chegou às mãos do proprietário com


pintura nova, mas logo entrou na lixadeira 30 Exemplar inglês mostra do que é capaz
um 4x4 nas pistas de arrancada

Ford F-100 1954 Cultura Hot

40 Filho de caminhoneiro compra e restaura


picape F-100 em homenagem ao pai 52 Saiba tudo sobre a cultura Tiki, que
promove o bem-estar das ilhas do Pacífico

Ford Torino Talladega Dodge Dart 1975

58 Carroceria que servia de galinheiro se


transforma em um clássico para competição 66 Aficionado por Dodge, jovem monta Dart
exatamente como sonhou quando criança
Ford 1929 Roadster

Filho único
Raro no Brasil, Ford 1929 Roadster com
visual street e mecânica V8 mostra receita
clássica de hot rod americano
Texto: Flávio Faria::Fotos: Ricardo Kruppa
Ford 1929 Roadster

D
os primórdios da produção automotiva até o início
da década de 1930, a Ford foi quase soberana.
Ainda que os carros fossem ainda exclusividade
de quem tivesse os bolsos fundos (e cheios), não se
pode dizer que Henry Ford não tenha sido um dos
responsáveis pela popularização do automóvel como
meio de transporte. Depois do imenso sucesso do modelo “T”,
a gigante americana preparou a sua nova geração, “A”, que
chegou ao mercado em meados de 1927. Seguindo a linha
do primeiro modelo, os Ford “A” podiam ser encontrados com
até 20 tipos diferentes de carroceria, ao gosto do cliente, entre
sedãs (duas e quarto portas), esportivos, picapes, cupês e
conversíveis, todos compartilhando uma base em comum, mas
com grande variação de preço, de acordo com o status que
cada um conferia ao seu dono. Por isso, hoje em dia, algumas
carrocerias são mais raras do que outras. Isso porque algumas
venderam menos, foram produzidas em menor escala e, con-
sequentemente, poucas podem ser encontradas hoje em dia. E
as que resistiram não saem barato.
O Modelo “A” desta reportagem, de 1929, é um verdadeiro
clássico dos hot rods americanos. Modelo Roadster, ou con-
versível esporte, teve um número reduzido de unidades produ-
zidas e, menos ainda, importadas para o Brasil. Por isso, até
no mercado de hot rods, quem tem uma dessas não vende.
Só que este não é o pensamento do comerciante Mauro
Garbim, de São Paulo, que adquiriu o carro já com o intuito
de fazer negócios. “Sempre tive hot rods, Chevrolet 1938,
Plymouth Bomber 1929, Ford 1948, entre outros. Este Ford,
Roadster é impulsionado por um
em particular, nós adquirimos para revenda”, conta ele, que
não precisou ter nenhum trabalho para restaurar o carro.
motor Ford V8 de 302”
Hot Rods 8
Ford 1929 Roadster
Hot Rods 10

Rodas American Racing, de 15”, são


envolvidas por pneus Michelin
Ford 1929 Roadster

Street
O visual ainda guarda traços do final da década de 20.
Os para-lamas originais foram mantidos e trazem elegância
para o conjunto. A agressividade fica por conta das rodas
American Racing, de 15”, que envolvem o jogo de pneus
da marca francesa Michelin, nas medidas 205/75. A cor
preta é clássica dos hots desta época (quem nunca ouviu
falar na frase de Henry Ford: “O cliente pode ter o carro da
cor que quiser, desde que seja preto”?). Um detalhe curioso
é que, ao contrário da maioria dos projetos deste tipo, o
Roadster ainda preservou o banco traseiro retrátil, conhe-
cido por essas bandas como “banco da sogra”, inclusive
mantendo os apoios originais para os passageiros poderem
subir, nos para-lamas traseiros. A frente continua com a
imponência dos modelos da época, inclusive com a grade
cromada, com direito ao símbolo de época. Faróis também
são de época e as lanternas traseiras foram importadas.
Por dentro, a restauração foi feita com muito requinte. A cor
dos estofados e do revestimento interno cria um contraste
bonito com a pintura da carroceria. Os bancos e forros são
em couro. O volante Billet é revestido de couro, na mesma
tonalidade do interior, montado sobre a coluna de direção
Billet, cromada, mesma marca das pedaleiras. O painel, que
segue a cor do exterior, recebeu uma moldura cromada para
os instrumentos da americana Auto Meter, linha clássica para
hot rods, com o fundo claro, entre eles: manômetro de óleo,
voltímetro, velocímetro, nível de combustível e temperatura da
água. A alavanca de câmbio também é cromada, da Lokar.

Esportivo de respeito
Montado sobre o chassi feito sob medida para o modelo
está um propulsor Ford V8 de 302”, famoso por equipar o
lendário Maverick GT. Com 200cv de potência original, o
propulsor ainda recebeu um sistema de alimentação mais
ignorante, com um carburador Holley de 600cfm de vazão.
Combinado ao sistema de escape feito sob medida, a sobre-
alimentação propiciada pelo carburador de quatro câmaras
rendeu alguns cavalos extras para o motor. O câmbio é um
modelo C4, automático, de tocada muito suave, mas que
impõe respeito quando o pedal da direita é exigido. A sus-
pensão independente nos quatro eixos dá conta de segurar
o Roadster no trilho, mas não abuse demais, senão a “trasei-
rada” será forte. Para frear, o Fordinho conta com eficientes
Hot Rods 12

discos na dianteira e tambores na traseira.


Mesmo que o objetivo principal seja a venda, Mauro comen-
tou que usa o Fordinho sempre que pode, inclusive para ir a
eventos e exposições. No caso dele, você não faria igual?
Revestimento claro
contrasta com o preto
da carroceria. Instru-
Hot Rods 13

mentos são da linha


clássica da Auto Meter
Ford 1929 Roadster

Para-lama traseiro possui apoio para


Ficha Técnica
permitir acesso ao “banco da sogra” Ford 1929 Roadster
Parte externa
Carroceria em lata
Rodas American Racing 15”
Grade original
Lanternas traseiras importadas
Acessórios importados
Pneus Michelin 205/75

Parte interna
Bancos de couro
Forração de couro
Alavanca de câmbio Lokar
Volante Billet
Coluna de direção Billet
Pedaleiras Billet
Instrumentos Auto Meter
Hot Rods 14

Mecânica
Motor Ford 302”
Carburador Holley 600cfm
Escape sob medida
Câmbio automático C-4
Suspensão independente
Freios a disco na dianteira e tambor na traseira
Garage Tech

V8 injetado
Acompanhe a instalação de um kit de injeção eletrônica em um motor V8,
que melhora a performance e evita danos aos componentes
Texto e fotos: Norberto Jensen

E
ste mês, a seção Garage Tech mostra como instalar da no dia-a-dia, é útil em caso de o veículo ficar parado
um kit importado de injeção eletrônica de combustí- por longo período, pois evita que o combustível estrague
vel em um motor V8. Este kit está se tornando muito e cause danos aos componentes do motor.
popular, pois, além de permitir programar a inje-
ção para vários níveis de performance, o que aju- Dúvidas e sugestões, escreva para suporte@hotcustoms.com.br

01
Hot Rods 16

O kit ainda embalado, que já vem completo


02 03

Abra a embalagem para mostrar os componentes do kit O motor V8 carburado

04 05

Solte os parafusos de fixação do carburador Solte os quatro parafusos e retire também os parafusos do coletor de
admissão

06 07 Hot Rods 17

Retire o carburador com cuidado O coletor de admissão está pronto para receber o kit
Garage Tech

08 09

Inicialmente, coloque o primeiro plate Verifique se o plate se encaixa perfeitamente ao coletor

10 11

Coloque o segundo plate espaçador Instale o corpo de injeção, que ocupa o espaço do próprio quadrijet

12 13
Hot Rods 18

O kit instalado Instale a linha de alimentação de combustível


14 15

A sonda lambda, que será instalada no escape Local de colocação da sonda, que vai requerer um furo com a porca
soldada ao escape

16 17

Encaixe e rosqueie a sonda até o fim Ligue o chicote da injeção ao chicote do carro

18 19 Hot Rods 19

Ao fixar o chicote, cuidado para não deixá-lo perto de partes do motor


que terão altas temperatura (coletor de escape, etc) Coloque então os sensores para leitura de temperatura
Garage tech
garage Tech

20 21

Aperte bem para que não haja vazamento de água Conecte o chicote aos sensores

22
Hot Rods 20

A instalação está finalizada. Normalmente esses kits já têm a pré-programação dos principais motores
Hot Rods 21
F-100 1964
Banho de ferrugem
Esta F-100 1964 chegou às mãos de administrador paulistano com
a pintura em ótimo estado, por isso ele fez questão de mandar
envelhecê-la um pouco
Texto: Flávio Faria::Fotos: Ricardo Kruppa
F-100 1964

N
o universo dos hot rods, as picapes têm lugar de
honra. As possibilidades são muitas para quem
busca este tipo de projeto, como deixar no estilo
“street”, com visual mais original; rat, com muita
ferrugem; ou até um estilo mais envelhecido, evi-
denciando o caráter mais “bruto” deste tipo de veí-
culo, mas não tão agressivo quanto os “ratos”. Esta última
opção foi o caminho seguido pelo administrador paulista-
no José Rosnei Piccoli, conhecido como Nei, de 50 anos,
que encontrou esta F-100 1964 um dia, por acaso, em
um site de compra e venda na internet. Segundo ele, tudo
indicava que o carro estava em bom estado. “O preço
estava bom, fiquei até desconfiado, pois a caminhonete
parecia ser bonita. O veículo estava no interior de São
Paulo e, após alguma negociação, marquei de ver a
picape no dia seguinte. Um amigo me acompanhou na
viagem e fomos conhecer aquela F-100. Quando vimos o
carro, meu amigo disse que, se eu não a comprasse, ela
seria dele”, comenta o proprietário, que tratou de verificar
detalhadamente o estado do veículo. “Ela não rodava
havia anos, mas a pintura estava novinha, parecia que
havia sido feita recentemente. Muitos detalhes estavam
pintados de cinza, como para-choques, quebra-mato,
grade dianteira e aros dos faróis. Faltava colocar vidros,
maçanetas, manivelas, bancos. Na cabine, um volante
esportivo pequeno, de carro, e não havia forração e
tapeçaria. O motor era de Opala, com câmbio “clek-clek”
antigo, hidrovácuo adaptado, mas sem funcionar. Olhei
por baixo, feixes de molas dianteiro e traseiro no lugar,
cardã e diferencial no lugar. O chassi também parecia
em ordem, sem emendas, trincos ou rachaduras. Olhando
aquela F-100 montada parcialmente não tive dúvidas: o
importante era ter a cabine e a caçamba em ordem, o
resto eu daria um jeito”, explicou Nei, que na mesma hora
fechou o negócio e chamou o guincho para levar a pica-
pe para casa.
Hot Rods 24
Interior não possui forração e os
bancos originais foram trocados por
um inteiriço

Hot Rods 25
F-100 1964

Lixa nela!
O trabalho de restauração da F-100 foi feito com muita calma.
Foram trocados acessórios externos, como lanternas, piscas e
faróis. A pintura, que chegou como nova às mãos do admi-
nistrador, teve um contato imediato com a lixadeira e foi pro-
positalmente deixada para enferrujar em pontos estratégicos.
Em seguida, foi passada uma camada de verniz, para que a
ferrugem não “comesse” a carroceria. O objetivo de Nei foi
dar um aspecto envelhecido à carroceria. “Nos encontros e
eventos sempre encontramos muitos carros originais ou hots
restaurados da melhor forma possível. Notei que não tinha
carros envelhecidos. Havia muitos rats, com muita ferrugem
mesmo, mas nenhum modelo mais sóbrio. Pesquisando mais
na internet, descobri que os carros envelhecidos estavam agi-
tando os eventos americanos há anos, mas aqui no Brasil esta
onda ainda não estava em alta. Como eu queria ter um carro
diferente e que provocasse uma sensação boa de aparência,
além da tendência atual para carros envelhecidos, não pensei
duas vezes: “Vai entrar na lixa”, decidi. No entanto, antes de
fazer qualquer mudança eu pesquisei muito para não perder
O motor escolhi-
as características da caminhonete”, conta.
Se você, leitor, ficou com dó da Fordinha, não foi o úni-
do para impul-
co. “Minha esposa quase endoidou quando me viu lixan-
do a caminhonete”, brinca o proprietário. Ainda foram fei-
sionar a picape
tos pinstripings, para deixar o visual ainda mais old scho-
ol. As rodas são de 15”, da Mangels, cromadas. O ar
é um GM 4.1 de
vintage é garantido pelas calotas adaptadas do Ford 36.
As redondas estão montadas em pneus Zhone 235/75
6 cilindros. A
na dianteira e Pirelli Scorpion 255/75 na traseira.
pintura ganhou
Rústica
Por dentro foi mantido o máximo de originalidade. Não foi
pinstripings
feita forração interna. Os bancos originais foram trocados por
um inteiriço, que combina melhor com a Fordinha. No painel,
os instrumentos originais foram mantidos, após restauração.
Para monitorar a saúde do motor ainda foram adicionados um
termômetro de água e de óleo e um medidor de combustível.
O volante é original, mas recebeu uma adaptação no cubo
para ficar mais alto e dar uma posição de direção mais con-
fortável. Até o rádio é nostálgico, original dos anos 60.

Vai de seis
Hot Rods 26

Na época da reforma, Nei tinha na garagem duas opções


de motores: um GM 4.1 de seis cilindros e um Dodge V8
318”. Por uma questão de custo, ele acabou decidindo
pelo primeiro, o que com certeza não foi má ideia. A uni-
dade, moderna, tem ignição eletrônica, tuchos hidráulicos
e carburador Solex H-34, de corpo duplo. Além disso, o
sistema conta com um jogo de cabos de vela Accel 8mm,
Hot Rods 27
F-100 1964
encaixadas em velas da NGK. Atualmente, a picape roda
a gasolina. O câmbio é manual, de quatro velocidades,
com acionamento no assoalho. Os freios são a tambor
nas quatro rodas, mas dão conta tranquilamente de parar
os 200cv de potência do seis cilindros.
A suspensão, embora original, teve o feixe de molas
invertido, para rebaixar um pouco a carroceria. Segundo
Nei, o carro é perfeito para pegar a estrada. “Está muito
bom de dirigir, ainda mais para viajar, é muito estável,
com a caixa de direção nova, pneus largos, mas precisa
ter braço para segurar”, conta o proprietário, que utiliza a
picape todos os dias para trabalhar. “É meu carro de uso
diário, confio muito nele. O engraçado é que encontro
muitas pessoas na rua que não conhecem este tipo de
personalização de carros antigos e vêm me perguntar de
que cor eu vou pintar”, conta, divertido.

Quem fez:
Oficina do Carlão. Tel. (11) 99770-4327.
Molas Bari. Tel. (11) 3902-­3914 e 3904-­0701.
Diferencial – Vander. Tel. (11) 3909-­7556.

Ficha Técnica
Ford F-100 1964
Parte externa

Pintura “envelhecida”
Nei e sua F-100 1964: estilo Acessórios externos originais
Rodas Mangels 15”
envelhecido foi obtido com a ação Pneus Zhone 235/75 na dianteira e Pirelli Scorpion 255/75
na traseira
de uma lixadeira na pintura Pinstriping

Parte interna
Banco inteiriço
Volante original
Instrumentos originais
Termômetro de água e óleo
Medidor de combustível

Mecânica
Motor 6 cilindros 4.1L
Hot Rods 28

Ignição eletrônica
Tuchos hidráulicos
Carburador Solex H-34
Cabos de velas Accel 8mm
Velas NGK
Câmbio manual de 4 velocidades
Freios a tambor
Hot Rods 29
Morris Minor

Major Minor
De modestos 50HP para mais de 500HP. Definitivamente, este não
é um Morris Minor comum...
Texto: Stav::Fotos: Matt Woods::Tradução: Vitor Giglio
Q
uando falamos de veículos modificados, uma coisa
é fato: se você possui criatividade, talento e, cla-
ro, dinheiro, você consegue construir o que quiser,
a partir do que quer que seja.
Troca de motorização, modificações insanas na
parte externa, grandes alterações no interior – tudo
isso é lugar comum nas páginas de Fast Car, mas é preci-
so admitir que começar um projeto com uma boa platafor-
ma, além de te fazer economizar muitos esforços, pode te
fazer alcançar o supra-sumo das customizações.
É isso exatamente o que Antony Wilkins fez com seu
xodó, um Morris Minor.
Antes de começarmos, vale a pena dizer que este carro
foi um supercarro de arrancadas, um monstro das pistas.
Infelizmente este veículo não existe mais. Ele foi comple-
tamente destruído em um acidente pouco tempo depois
de feitas as fotos utilizadas nesta reportagem. Voltamos a
falar desta trágica parte da história mais adiante.
Se vocês já viram um Morris original por aí, há grandes
chances de ter sido em um passeio ao parque no final
de semana. Não vamos entrar aqui em detalhes sobre
a origem e história do carro, basta dizer que se trata da
versão inglesa do Volkswagen Beetle.
Também conhecidos como “Moggys”, eles foram desenvol-
vidos no início dos anos 1950, durante duas décadas, até
o início dos anos 70. Eles tinham tração traseira e um motor
original que mal chegava aos 50HP, potência que não era
capaz de fazer com que o veículo alcançasse os 80mph.
Definitivamente, não eram veículos de performance.
Mesmo assim, as pessoas amam esses carros, e se você
tiver imaginação e talento suficientes, poderá agregar
a eles a agressividade e performance. E é graças ao
inquestionável talento de Antony que este projeto surgiu.
Antony tem 45 anos, quase o mesmo número de cavalos
que o motor original do carro.
Morris Minor

Police car
Na parte externa, um grande scoop foi colocado para ali-
mentar o carburador. Essa modificação fez o veículo parecer
com um Morris digno de polícia rodoviária, no entanto, sob
o capô, sua configuração é de um legítimo fora-de-estrada.
Caso você esteja se perguntando, a polícia realmente
usava esses carros, com as mesmas cores adotadas neste
projeto, por mais que esse exemplar esteja mais propício
a fugir de uma viatura.
O chassi do bólido, feito pelo próprio Antony, é tubular.
A utilização desse chassi favorece bastante a estrutura ori-
ginal do modelo. Ele permitiu, por exemplo, que Antony
substituísse o motor original por um exemplar maior. Um
pouco maior. Seis litros maior, na verdade.
O big block Chevrolet utilizado foi modificado, e não
apenas produz um barulho ensurdecedor em baixas rota-
ções, como também surpreende as pessoas nos giros mais
altos, como os 7.000RPM.
Por mais que o veículo nunca tenha passado pelo dinamôme-
tro, já que como diz Antony, “aferir não é legal, a diversão
está em testar e, se não for o suficiente, tentar algo diferente”,
é justo dizer que o Morris beira os 550HP, e isso antes de
ativar o sistema de nitro que injeta mais 150HP nele.
Quando Antony cita o prazer em testar os novos ajustes e
configurações, ele não está exagerando. Como o big block
V8 é munido da maneira tradicional, com carburadores ao
invés de um moderno sistema de injeção, ele testou algumas
configurações: com dois grandes carburadores Holley ele
alcançou sua velocidade final mais alta, enquanto com um
único, e também generoso, carburador Proform, ele con-
segue mais aceleração, atingindo assim melhores tempos,
mesmo sem tanta velocidade final. “Depende de como eu
acordo para decidir o que utilizar”, diz Antony.

Na pista
Olhe para este carro levantando as rodas dianteiras na
largada! Ele possui uma aderência fantástica graças aos
pneus Weld Draglite específicos para arrancada modelo
M/T 10x15.
Qualquer um de vocês que tenha se aventurado em com-
petir em arrancadas em veículos com tração nas quatro
rodas sabe qual a sensação de percorrer 60 pés (cerca
de 18,2 metros) em 1.6 segundo. A questão é que este
Hot Rods 32

Minor atingiu a marca dos 60 pés em apenas 1.3 segun-


do. E, mais emocionante ainda, conseguiu esta proeza
com as rodas dianteiras no ar.
“Na marca dos 60 pés eu engatei a segunda, para fazer
com que as rodas dianteiras voltassem para o solo. Então
foi só segurar firme”, lembra Antony.
Segurar firme, como ele diz, também não foi um exagero.
Big block Chevrolet,
e outras modificações
Hot Rods 33

mecânicas, aumenta-
ram a potência original
do Morris para 550 HP
Morris Minor

Antony posa ao lado da sua “viatura”, que foi


destruída após um grave acidente

Que tal colocar um veículo no solo a 140mph? Adrenali-


na suficiente, não? Emoção para qualquer superesportivo
que se preze, ainda mais para uma “viatura vintage”. Ficha Técnica
Para parar essa máquina, freios a disco ventilados na
frente e freios a disco Wilwood atrás. “E se não desse
Morris Minor
certo era só acionar o para-quedas”, brinca Antony.
Preparação
Motor Chevrolet 454 7.4L big block
Cintos salvadores Pistões forjados Keith Black
Como mencionado no começo desse artigo, este carro não
Carburador twin Holley 600
compete mais, já que foi destruído em um grande acidente.
Exaustor Flowmaster
No entanto, Antony não está mais de luto em função disso,
Sistema de nitro 150HP
pois sabe dos perigos que envolvem esse esporte.
Chassi tubular personalizado
Então, vamos aos detalhes. O que, de fato, aconteceu?
Freios a disco Willwood
Quem poderia explicar melhor que o próprio Antony? “Eu
Pneus dianteiros Toyo
estava correndo em Santa Pod, quando passei por uma
Pneus traseiros Weld Draglite
mancha de óleo e fui perdendo o controle do carro, a cerca
de 130mph, até atingir o muro. Então capotei três vezes e
Parte Externa
só me lembro do resgate chegando e de ver a frente do car-
Scoop
ro, completamente destruída, no chão”, lembra.
Portas em fibra de vidro
Hot Rods 34

“Eu não cheguei a quebrar nenhum osso, apesar de ter


Janelas do Lexan
me machucado um pouco. Estes cintos de segurança
Coloração inspirada nos carros de polícia dos anos 60
esportivos realmente funcionam”, brinca.
Um veículo antigo se transformar em um campeão entre
Parte interna
dragsters pelas mãos do talentoso Antony. Apesar do aci-
Bancos Kirkey
dente, será que ele se arrepende de algo? “De maneira
Instrumentos Auto Meter
alguma!”, finaliza.
Cinto de segurança esportivo
Hot Rods 35
Técnica

Ganho de potência
A taxa de compressão é a quantidade de vezes em que a mistura ar/
combustível é comprimida dentro do cilindro. Se você aumentá-la terá um
ganho de potência considerável
Texto: Manoel G. M. Bandeira::Fotos: Divulgação

N
esta série de artigos, estamos falando sobre
formas de ganhar alguns cavalinhos a mais no Medindo o volume da
motor. Na edição anterior, o tema foi a eficiência câmara de combustão com
volumétrica, responsável por ganhos considerá- bureta e óleo hidráulico:
esta operação serve para
veis de potência. Este mês vamos falar sobre a
medir o volume da câmara
taxa de compressão, um dos fatores que também
de combustão e também o
podem trazer ganhos de potência ao seu motor. volume do rebaixo na
Em geral, os motores mais antigos vinham com uma taxa cabeça do pistão
de compressão baixa demais. Isso para evitar o proble-
ma da pré-ignição e para economizar combustível. Pré-
ignição, batida de pino, detonação, motor grilando, são
várias formas de chamar o mesmo problema. Na verda-
de, o termo “batida de pino”, na prática, não tem nada a
ver com o que realmente acontece dentro do motor. Esta do o pedal para trás, ao invés de forçá-lo para frente. Isso
expressão deve ter sido criada por alguém que não tinha fará com que a sua força seja desperdiçada.
a mínima ideia do que acontecia dentro do motor. Porém, No caso do motor é a mesma coisa. Se a ignição acontece
devido ao barulho semelhante ao metal se chocando com antes da hora, o pistão tem de vencer a força da explosão
metal, fez surgir o termo que se tornou comum. para depois começar a descer. Como um motor tem vários
cilindros, e também considerando o fato de estarmos falando
Por que acontece? em motores de 4 tempos, a força dos outros pistões e tam-
O problema da pré-ignição acontece quando a mistura bém a própria inércia fazem com que o pistão vença a força
ar/combustível entra em ignição antes da hora. Ou seja, da explosão e consiga completar seu giro. Porém ele irá per-
antes do momento em que o pistão está quase chegando der boa parte de sua potência com este trabalho extra.
ao ponto morto superior. A faísca deve ser a responsável Uma consideração importante: a explosão da mistura
pela ignição, porém, às vezes, outros fatores antecipam demora um certo tempo para derramar sua força sobre a
a explosão. Estes fatores podem ser: excesso de carvão cabeça do pistão. Então, a faísca da vela deve conside-
na cabeça do pistão (isso é comum em motores bastante rar este tempo e, portanto, ela deve incendiar a mistura
rodados), combustível de baixa qualidade, taxa de com- um pouco antes de o pistão atingir o topo. Em geral,
pressão muito alta, velas gastas, etc. motores antigos V8 e 6 cilindros em linha têm seu ponto
Hot Rods 36

Em geral, a faísca gera a explosão dentro do cilindro um de ignição regulado com quatro ou cinco graus antes do
pouco antes de o pistão chegar ao ponto morto superior ponto morto superior. Ou seja, a faísca acontece quatro
(ponto morto superior é quando o pistão para de subir e ou cinco graus antes de o pistão estar no topo, isso devi-
começa a descer). Imagine o pedalar de uma bicicleta. do à velocidade do pistão. Se a faísca acontecesse no
Você exerce a força no pedal depois que ele passa do exato momento em que o pistão está no topo, o efeito da
ponto mais alto e começa a descer. Se você forçar o explosão empurrando o pistão para baixo demoraria uma
pedal antes que ele chegue em cima, você estará forçan- fração de segundo para agir, tempo suficiente para que
dade na cabeça do pistão. A taxa de compressão, então,
é a soma dos volumes do cilindro, o volume da cabeça do
pistão e o volume da câmara de combustão, divididos pelo
volume da câmara de combustão mais o volume da cabeça
Cálculo da taxa de compressão do pistão. Na prática, supondo que você tenha um volume de
cilindro mais câmara mais cabeça do pistão de 500cc, e um
volume de câmara de combustão mais volume da cabeça do
pistão de 50cc, você terá uma taxa de compressão de 10x1
(dez por um), ou seja, você comprime a mistura 10 vezes.

Como fazer?
o pistão já estivesse iniciando o movimento de descida. Como dissemos no início deste artigo, a taxa de com-
Assim, haveria considerável perda de potência. pressão dos motores mais antigos fica em torno de 8x1
Em geral, os motores têm uma marca que vai de 10 ou 15 (o motor comprime a mistura 8 vezes). Se você aumentar
graus depois do PMS (ponto morto superior) até 40 graus a taxa para 10x1 terá um ganho de potência considerá-
antes do PMS. Esta gravação fica na polia do virabrequim. vel. Para isso pode simplesmente rebaixar o cabeçote.
Com auxílio de pistola de ponto, você consegue determi- Aumentando a taxa você deve trocar as velas de ignição
nar exatamente o momento da explosão. Assim, alterando por velas mais frias. Deve também atrasar um pouco o
a posição do distribuidor, você pode acertar o ponto. Não ponto final, evitando assim a pré-ignição.
se esqueça de que estamos falando de motores antigos, Quando fizer os cálculos acima, não se esqueça de conside-
V8 4 ou 6 cilindros em linha, motores anteriores à era rar a espessura da junta de cabeçote. Você deve considerar
da injeção eletrônica. Os motores de hoje têm sistemas a espessura da junta quando esta estiver montada. Para saber
computadorizados que cuidam da ignição e da injeção a espessura exata, meça com um paquímetro uma junta usada.
de combustível. Esses sistemas acertam o ponto e a mistura Se você achou tudo muito confuso, mas adora mecânica,
ar/combustível, regulando automaticamente o motor. você irá aprender a medir a taxa de compressão na prá-
Nos motores antigos, o distribuidor normalmente conta com tica utilizando as dicas que demos acima. A maioria dos
dois sistemas de avanço automático do ponto, um sistema procedimentos escritos aqui eu aprendi perguntando nas
centrífugo com contrapesos e molas, e um sistema a vácuo, em oficinas de preparação, experimentando e deduzindo.
que uma bomba de vácuo puxa a mesa do distribuidor, avan- Se, na minha época, eu tivesse lido um texto como este,
çando o ponto de ignição. Assim, conforme cresce o giro do teria ganho muito tempo. Portanto, se você gosta mesmo
motor, o ponto vai aumentando, ou seja, a faísca passa a ser de mecânica, ponha tudo isso em prática. Se você leu a
antecipada, dos 5 graus iniciais ela pode chegar até a 35 ou matéria até aqui é porque gosta muito, então não desista
38 graus, quando o motor alcança altos limites de giro. nunca de aprender. Mês que vem tem mais.
A taxa de compressão é a quantidade de vezes em que a
mistura ar/combustível é comprimida dentro do cilindro. Para
medir a taxa de compressão calculamos o volume do cilin-
dro. Isso pode ser feito através da formula π * r² * h. Some
ao volume do cilindro o volume da câmara de combustão.
Este volume você encontra enchendo a câmara de combustão
no cabeçote com óleo (utilize óleo para sistemas hidráulicos,
que é mais fino e mais fácil de manusear). Para fazer isso uti-
lize uma placa de vidro ou acrílico com dois orifícios. Através
de um deles injete óleo, o ar sairá pelo outro orifício. Você
pode injetar o óleo com uma seringa graduada, uma pipeta
Hot Rods 37

ou uma bureta (materiais de laboratório). Esta operação serve


para medir o volume da câmara de combustão e também o
volume do rebaixo na cabeça do pistão. Para isso, o pistão
deve estar no ponto morto superior. Somando o volume do
cilindro, o volume da câmara de combustão e o volume da Ponto morto superior (PMS)
cavidade na cabeça do pistão, divida este valor pela soma
do volume da câmara de combustão mais o volume da cavi-
História

T- Bucket: essência
do hot rod
Modelo é um legítimo hot rod, mas com a vantagem de ser um modelo
extremamente simples de construir
Texto: Aurélio Backo::Fotos: Divulgação

A com várias alterações, “El Polaco”


(este era um dos seus apelidos) instalou
a porção dianteira de uma carcaça
de Ford 1922 e atrás adaptou uma
caçamba de picape Ford encurtada.
O motor escolhido foi um V8 “novinho”
de Cadillac 1952, que foi adaptado
em uma caixa mecânica de três mar-
chas de um Ford 1939. O eixo traseiro
usado era um “banjo” de Ford 1941.
Um item construtivo importante no
estilo do carro era a posição do eixo
dianteiro: o eixo de um Ford 1937 foi
instalado de maneira a ficar sozinho na
frente do carro e para isto até mesmo
o feixe de molas foi alterado para ficar
atrás do eixo dianteiro. Com tantas
Réplica do primeiro T-Bucket construído por Norm Grabowski: eixo dianteiro em destaque, quase peças de carros diferentes, o chassi
isolado do resto do carro foi “picotado” várias vezes até o carro

T
ficar do jeito que Norm queria. O resul-
udo bem, ninguém pergun- direção quase na vertical e, na parte tado final? Excelente! O mérito de “El
tou, mas o meu modelo traseira, uma caçamba bem curta. Polaco” foi juntar vários elementos que
preferido de hot rod é o O Ford T foi alterado e transformado todo mundo já usava, mas de maneira
T-Bucket! E o que é exata- desde o dia em que a primeira unidade diferente. E, o mais importante de tudo,
Hot Rods 38

mente um T-Bucket? saiu da linha de montagem, em 1908. com excelente proporção e harmonia.
O modelo clássico de um Muitos anos depois, em 1952, o norte- A comprovação disto veio quando o
T-Bucket seria um hot rod montado a americano de origem polonesa Norm modelo apareceu na capa da revista
partir da metade dianteira da carcaça Grabowski resolveu montar a sua ver- americana Hot Rod de outubro de
de um Ford Modelo T de 1920 até são de um Ford T e acabou criando um 1955.
1925, com eixo rígido muito à frente hot rod que viraria um clássico. Uma revista sobre hot rods só dava
do chassi, motor V8 exposto, coluna de A partir de um chassi de Ford Modelo visibilidade ao modelo entre os já
A primeira “cópia” do carro de Norm Grabowski
foi montada já em 1956, por Tommy Ivo, usava
motor Buick e fazia o quarto de milha em 11
segundos a 190 km/h!

Norm Grabowski usou uma caçamba de picape encurtada na montagem do primeiro T-Bucket (ao Chassi de T-Bucket: um quadro de tubo
pé da letra, T-Bucket significaria “balde de Ford Modelo T”) retangular de 5cm x 10cm!

aficionados por carros. Mas o carro Um T-Bucket é um legítimo hot rod, mas que produtos mais elaborados fossem
foi apresentado a todo o povo ame- com a vantagem de ser um modelo desenvolvidos como reproduções de
ricano quando apareceu na impor- extremamente simples de construir chassi e carcaças em fibra de mode-
tante revista Life em abril de 1957. (não necessariamente fácil). O motor é los dos Ford mais novos (novo aqui
A reportagem era sobre corridas de exposto, só há um banco para estofar, significa 1929 até 1934).
arrancada e hot rodding. não precisa de portas e a carcaça para A onda do T-Bucket se alastrou pelo
Norm vivia na Califórnia, terra do cine- pintar é mínima. Estas facilidades e mundo e aqui no Brasil um exemplar
ma, e seu carro passou a aparecer em toda a projeção que o modelo ganhou foi montado já no início dos anos
filmagens não muito importantes até ser nas revistas, pistas de arrancada e setenta! Esta história contaríamos
escolhido para participar de um famoso TV, fizeram com que o T-Bucket virasse nesta edição, mas agora fica para o
seriado semanal chamado “77 Sunset moda. A partir de 1964, quem qui- próximo capítulo. Não percam!
Strip”. Este seriado, sobre um detetive sesse montar um carro destes tinha a
particular, foi exibido nacionalmente na possibilidade de comprar um kit com Aurélio Backo é dono da Lakester,
TV a partir de 1958 até o começo da chassi e carcaça em fibra de vidro. O fabricante de carrocerias de fibra
década de 60. O T-Bucket era o carro sucesso desses kits fez com que outras
do personagem “Kookie”, um manobris- companhias passassem a oferecê-lo:
ta do restaurante ao lado do escritório em 1967, a Speedway Motors; em
do detetive. O personagem “Kookie” 1969, a California Custom Roadsters
se transformou em um fenômeno cultural e, em 1971, a Total Performance.
Hot Rods 39

nos Estados Unidos. Era adorado por Todas estas até hoje ofertam tudo
todos, pois fazia um lado cômico na o que é necessário para montar um
série, especialmente pelas garotas, T-Bucket, com exceção da última, que
pelos seus dotes físicos, e os rapazes foi absorvida há alguns anos pela
adoravam... o seu hot rod! A TV trouxe Speedway. Toda esta demanda e T-Bucket estilo década de 70: aros dianteiros
fama para o carro de Norm e até lhe estrutura gerada pelo T Bucket deram raiados e bojos de farol no estilo do Modelo T
deu um nome: “Kookie Kar”. força ao hot rodding e fizeram com original
Ford F-100 1954

Homenagem póstuma
Filho de ex-caminhoneiro restaura picape F-100 1954
do jeito que gostaria de ter realizado junto ao pai
Texto: Flávio Faria::Fotos: Rony Petri/Divulgação
Ford F-100 1954

O
amor pelos carros antigos é o maior combustível
da cultura Hot Rod. Geralmente, este tipo de sen-
timento atravessa gerações e passa de pai para
filho. O funcionário público Roni Petry, de Quedas
do Iguaçu (PR), sabe bem o que é isso. “Sempre
gostei de carros antigos, pois, como sou filho de
caminhoneiro, viajava constantemente com meu pai nas
férias escolares, época em que ainda víamos muitos car-
ros antigos desfilando pelas rodovias do nosso país. Pas-
sados alguns anos, meu pai se aposentou e, numa viagem
que fizemos, encontramos uma F-100 vermelha à venda
na cidade de Cascavel. Sem condições financeiras para
comprá-la, começamos a conversar sobre os veículos anti-
gos. Foi quando ele revelou que, na década de 1960,
trabalhava com caminhões e picapes e, se um dia pudes-
se, iria adquirir uma caminhonete antiga para restaurar.
Infelizmente meu pai faleceu em 2007 e além da nossa
relação de pai e filho, sempre fomos muito amigos. Como
eu sentia muita saudade dele, decidi encarar um projeto
que talvez fosse de alguma maneira amenizar a dor que
sentia naquele momento e realizar um sonho de nós dois”,
conta Roni, que, a partir de então, começou a procurar
picapes que atendessem ao seu anseio. “Acabei por
encontrar esta F-100 na cidade de Turvo e, após algumas
tentativas, consegui adquiri-la. Com nosso “sonho de con-
sumo” em mãos, comecei a pesquisar maneiras de perso-
nalizá-lo.Sou leitor da revista Hot Rods há anos e acabei
decidindo como queria fazer”, conta o proprietário.

Lisa de lata
Como não estava exatamente nadando em dinheiro, Roni
resolveu se organizar e comprar todo mês algumas peças,
sem pressa, mas sempre adquirindo produtos de qualida-
de. Em 2010, a restauração teve de fato início, com a
desmontagem completa da picape e o início do trabalho
de funilaria. Para a sua surpresa, o estado da lataria era
muito bom. “Lisa”, como se costuma dizer. “Foram encon-
trados apenas dois pontos mais sérios de ferrugem, que
necessitavam atenção, mas como deixei claro que não
estava com pressa, o trabalho todo demorou cerca de um
ano para ficar pronto”, conta. A cor original, azul, deu
lugar ao vermelho, remetendo à caminhonete que vira
com o pai anos antes. O pigmento se chama “Vermelho
Modena”, da Fiat, e para chegar a este patamar de
Hot Rods 42

brilho, foram necessárias oito demãos de tinta. Os para-


choques foram retirados e os para-lamas foram ajustados
para dar um aspecto mais limpo à frente. A grade frontal,
que estava em bom estado, foi cromada. Os acessórios
externos, como maçanetas e espelhos, foram adquiridos
no Brasil mesmo. Os frisos são originais do modelo.
As rodas foram compradas em Curitiba, na V-Fort, e são
modelos importados, chamados de “Smoothie”, com 15”
de diâmetro e tala 8” na dianteira e 10” na traseira. Em
volta delas está montado um jogo de pneus Cooper Cobra
nas medidas 255/60 na dianteira e 275/70 na traseira.

Tom sobre tom


Diferentemente da maioria dos projetos que costumamos
ver, que apostam no contraste de cores entre a carroceria
e a parte interna, Roni ousou fazer diferente e fez o interior
em outro tom de vermelho. Os bancos são revestidos de
couro, com imagens de São Cristóvão no centro, outra
homenagem ao pai, devoto do padroeiro dos caminhonei-
ros. Foram utilizados também carpetes grossos, que deram
um visual elegante ao interior. O painel, pintado na cor
da carroceria, conta com instrumentos originais, que foram
restaurados e aferidos para funcionar com a mecânica
refeita. O volante é modelo banjo e a coluna de direção é
cromada. Além disso, foram incorporados novos instrumen-
tos para monitoramento da pressão do óleo e da água.

Na medida
Por baixo do capô está instalado um V8 Y-block de 272”,
modelo original desta picape, que apenas recebeu um
carburador bijet, original do Maverick, e detalhes estéticos,
como novas tampas de válvulas. Radiador, ignição e cabos
de vela são da ProComp e dão um visual bacana ao cofre
da Fordinha. O câmbio é de três marchas, com acionamento
na coluna, um charme a mais para a condução do modelo.
O escape foi feito sob medida e se divide em duas saídas
na traseira. Os freios são a disco na dianteira, herdados do
Omega australiano, enquanto na traseira são utilizados tam-
bores. Com 200cv de potência original, este conjunto não
deixa a desejar e o sistema de escape emite um rugido agra-
dável ao ouvido, principalmente em altas rotações. “Chama
bastante atenção das pessoas quando ela berra alto, princi-
palmente das crianças”, pontua o proprietário.
Por enquanto, o modelo ainda não faz grandes viagens.
Segundo Roni, agora é tempo de melhorar a confiabilidade do
projeto, normal em carros antigos. “Ela ficou pronta em dezem-
bro de 2013 e ainda estou identificando pequenos problemas
que possam surgir e ir consertando até ficar como eu espero.
Tem muita coisa que eu ainda quero fazer com ela”, comenta.
Assim como o sonho do seu pai em ter uma picape restau-
rada foi a sua inspiração, Roni já faz planos para trans-
Bancos revestidos de couro
Hot Rods 43

mitir essa paixão para a próxima geração. “Este primeiro


projeto será o presente do meu filho Samuel, atualmente
vermelho receberam emblemas com com sete anos, para quando ele terminar a universidade.
Já para a Sarah, minha filha de três anos, estou tendo
imagens de São Cristóvão. O motor ideias de como será o próximo projeto. De qualquer
é um V8 Y-block de 272” maneira, terei bastante tempo para aproveitar antes de
passar os “brinquedos” a eles”, finaliza.
Ford F-100 1954
Quem fez:

Motor: Speed Car. Tel. (45) 3227-0749.


Suspensão: Oficina do Tito. Tel. (46) 3532-1929.
Escapamento: Versalles Escapsom. Tel. (45) 3224-2560.
Interior: Santello Couros. Tel. (45) 3223-2435.
Peças alumínio: Art Billits. Tel. (41) 3657-9299.
Rodas: VFort Pneus. Tel. (41) 3254-5222.
Peças importadas: Oficina do Nando. Tel. (45) 3224-6616.
Caçamba: Stepside. Tel. (44) 3687-1357.

Customização incluiu pintura no


tom vermelho Modena e retirada do
para-choque. Coluna de direção é
cromada

Ficha Técnica
Ford F-100 1954
Parte externa
Pintura vermelho “Modena”, da Fiat
Grade cromada
Para-choques retirados
Frisos originais
Acessórios externos cromados
Rodas Smoothie 15”
Pneus Cooper Cobra 255/60 na dianteira e 275/70 na traseira

Parte interna
Bancos em couro vermelho
Interior acarpetado
Volante estilo banjo
Coluna de direção cromada
Instrumentos originais
Medidores de pressão do óleo e água

Mecânica
Motor 272 Y-block
Hot Rods 44

200cv de potência
Carburador bijet
Tampas de válvulas cromadas
Radiador, ignição e cabos ProComp
Câmbio de três marchas na coluna
Escape feito sob medida
Freios a disco na dianteira e tambor na traseira
Hot Rods 45
Peças Originais

Novinha em folha
Ford lança carroceria do modelo Coupe 1932 para restauradores nos Estados
Unidos. Lista de peças originais inclui radiadores, para-lamas e emblemas
Texto: Da Redação::Fotos: Divulgação

A
Hot Rods 46

Ford disponibilizou nos mercado que conta com muitos adep- O Ford 5-Window Coupe 1932 se
Estados Unidos a carroceria tos no país. O programa de peças de tornou uma espécie de símbolo dos
do Ford 5-Window Coupe restauração da Ford conta com mais hot rods envenenados, moda que
1932, vendida por meio de de 9.000 itens licenciados para clás- cresceu no pós-guerra com a cultura
licenciamento para restaura- sicos que vão do Modelo T a veículos das longas viagens e o retorno dos
dores e criadores de hot rods, lançados em 2007. militares aos Estados Unidos com
dinheiro e conhecimento técnico.
“A carroceria do Ford 5-Window
Coupe 1932 permite aos restaurado-
res criar um hot rod clássico sem ter
de recorrer ao ferro-velho”, diz Dennis
Mondrach, gerente de licenciamento
de peças de restauração da Ford.
“Ela se junta à nossa lista de peças
estampadas de aço prontas para
montagem que já inclui os clássicos
Mustangs 1965-1970 e o Ford Cou-
pe 1940”, diz.
A Ford disponibiliza a maioria das
peças necessárias para montar um
carro, como carroceria, motor e trans-
missão, peças internas, instrumentos
de aparência clássica ou personaliza-
dos e até motores e componentes de
performance da Ford Racing. “Com
elas é possível construir um carro clás-
sico ou uma versão atualizada de íco-
nes que fizeram parte da cultura dos
anos 1950 e 1960”, diz Mondrach.
Segundo ele, sempre que possível, a
Ford usa as ferramentas originais para
produzir essas peças de restauração.
Em outros casos, cria estampos novos
com as especificações originais.
A carroceria do Ford 5-Window
Coupe 1932, apresentada no SEMA
Carroceria do modelo de 1932 passa a integrar Show 2013, em Las Vegas, é feita
em chapa de metal soldada e mon-
lista de peças originais para restauração tada com o estado da arte em equi-
pamentos para manter a integridade
dimensional e recebe tratamento
anticorrosão.
As peças são fabricadas pela United
Pacific Industries, fornecedor ofi-
cialmente licenciado, e passam por
controle rigoroso para garantir os
padrões de qualidade e autenticida-
de. A Ford licencia também peças de
reposição como para-lamas, radia-
dores e emblemas para a maioria
Hot Rods 47

dos veículos produzidos pela marca.


Isso evita que os restauradores gas-
tem horas na internet ou desmanches
procurando componentes. A lista de
fornecedores e peças separadas por
modelo de veículo está disponível no
site www.fordrestorationparts.com.
Viva Las Vegas

Túnel do tempo
Edição 2014 do Viva Las Vegas, o maior evento de cultura rockabilly do
mundo, promete se superar em atrações, carros e público
Texto: Da Redação::Fotos: Ricardo Kruppa e Divulgação

A
Hot Rods 48

cidade de Las Vegas, nos Esta- acontece anualmente no feriado da de dança, festas, jogos, eleição das
dos Unidos, irá receber, entre Páscoa, tem como objetivo reunir melhores pin-ups e workshops com
os dias 17 e 20 de abril, a bandas e fãs de todo o mundo, com tatuadores especializados na temáti-
17ª edição do Viva Las Vegas o propósito de celebrar o estilo de ca 50’s são apenas algumas das ati-
Rockabilly Weekend, o maior vida típico dos anos 50. Desfile de vidades programadas para a edição
evento voltado para a cultura veículos da época, competições bur- 2014 do evento. Mais de 60 atra-
rockabilly do mundo. O festival, que lescas, desfile de trajes típicos, aulas ções musicais estão previstas para
Viva Las Vegas
Abaixo, Jorge Khouri, da
CEO Travel: expertise
de 11 anos em
eventos temáticos

esta edição, que promete superar as cliente terá tarifa aérea especializada
anteriores, não apenas em número e valores negociados com os hotéis
de artistas, como também de público. ofertados na proposta.
Atualmente o evento acontece nas
dependências do Orleans Hotel e Viva!
Cassino. O Viva Las Vegas começou em 1998,
Os brasileiros interessados em partici- quando seu fundador e organizador,
par do Viva Las Vegas podem contar Tom Ingram, que reside na Califórnia,
com a assessoria de uma agência levou para a cidade de Las Vegas,
de viagens que atua há mais de 11 Nevada, um grande número de atra-
anos no mercado. A CEO Travel, de ções. E, de lá pra cá, durante os últi-
São Paulo, organiza sua primeira mos 16 anos, o Viva Las Vegas vem
excursão para o evento. “É a primeira reunindo tudo que possa se relacionar
vez que organizamos uma turma para à cultura “rock” dos anos 50: bandas,
este destino e perfil, mas estamos shows, moda, carros, motos, filmes,
acostumados a lidar com outros tipos apresentações de burlesco e muito
de eventos nos ramos de medicina, mais. São quatro dias intensos, com
indústria e comércio, organizando as atrações e atividades o tempo todo,
viagens de acordo com o perfil de sempre com foco nos anos 50. Em
cada cliente”, explica Jorge Khouri, 1998, quando o festival começou,
diretor financeiro da empresa. Segun- cerca de 1.200 pessoas comparece-
do ele, comprando o pacote por ram. Ao entrar no 17º ano, os núme-
meio de uma empresa especializada, ros impressionam. Segundo a mídia,
o viajante conta com todo o apoio a participação hoje é de mais de 22
durante a viagem, expertise e know mil pessoas, sendo o Car Show o
how para o planejamento de sua via- evento mais popular. E não é à toa. A
gem antes, durante e depois do seu organização do Viva vem investindo
Hot Rods 50

término. alto nos sábados, aumentando cada


Para o Viva Las Vegas, a CEO Travel vez mais a segurança, o número de Informações:
oferece pacote que inclui a parte expositores de carros, peças, roupas www.vivalasvegas.net (site oficial do
aérea, hotel, ingresso para o even- e acessórios, e trazendo atrações Festival).
to e transfer. Segundo Khouri, ao musicais de peso para o imenso palco CEO Travel. www.ceotravel.com.br ou
comprar o pacote com a empresa, o que é montado em meio aos carros. tel. (11) 3016-0060.
Cultura Hot

Tiki Kulture
Mergulhe neste estilo de vida inspirado na cultura das ilhas do Pacífico, que
realça o lado bom da vida. E isso mesmo estando a milhares de quilômetros
de distância da ilha tropical mais próxima
Texto: Victor Rodder::Fotos: Divulgação

coquetéis com frutas, batidas servidas


dentro de abacaxis, roupas floridas,
hula-girls e às vezes até pequenas
estatuetas e enfeites de Moais e Tikis.
Mas será que as pessoas sabem
realmente o que é essa coisa toda
de Tiki? Ou melhor, será que elas
têm alguma ideia do que se trata,
de onde veio, o que significa? Pois
bem. Depois de pesquisar um pouco,
eu mesmo descobri que não sabia
praticamente nada. Mesmo já tendo
frequentado alguns bares Tiki, surfar
há muito tempo e curtir um “drinque
com guarda-chuvinha” e um shot fla-
mejante, eu não tinha nem raspado a
superfície dessa intrigante e apaixo-
nante cultura, que foi uma das febres
Esculpidas por volta de 1200 d.C. a 1500 d.C. pelo povo Rapanui, Moai são aquelas cabeças gigantes dos anos 50 nos Estados Unidos.
da ilha de Páscoa. Mais de 887 estátuas de pedra se espalham pela Ilha, que fica no Chile e faz parte E, por isso, por não saber quase nada,
da Polinésia Oriental, ao sul do Oceano Pacífico mas sempre pensando em trazer um

S
bom material sobre o assunto, resolvi
exta-feira, meados de dezem- No caminho, conversava com minha conversar com algumas pessoas que
bro. Para mim, o verão tinha co-piloto sobre a influência da cultura realmente estão “por dentro”. Ainda
finalmente chegado ao hemis- Tiki nas roupas, mobiliário e até mes- na praia disparei alguns e-mails, fiz
fério sul! Em Curitiba, onde mo no comportamento das pessoas alguma pesquisa e, depois de receber
vivo, um calor absurdo: 34 aqui no Brasil. E me dei conta de boas indicações, acabei encontrando
graus centígrados! Mas, para que nunca tinha escrito nada sobre Christopher “Tiki Chris” Pinto, que, den-
Hot Rods 52

a minha sorte, oficialmente estava esse tema. Mas nunca é tarde. Então tre outras coisas, é escritor, músico, hot
de férias! Peguei os pranchões (um convido vocês a um mergulho nessa rodder e um apaixonado e profundo
pra mim, outro pra sereia), amarrei cultura que tem tudo a ver com verão, conhecedor da Tiki Kulture. E não foi
no teto do carro e parti para a praia praia e curtição. nada difícil gostar dele depois de des-
ao som de um obscuro e relaxante Aqui e ali sempre vejo algum ele- cobrir que Chris, assim como eu, toca
estilo de jazz instrumental recheado mento da cultura Tiki. Quando chega sax tenor, dirige um PT Cruiser retrô e
de linhas de sax chamado “Exotica”! o verão, então... Por todo o lado: tem um hot rod na garagem.
Mas nem todos que gostam desse estilo
precisam ser tão radicais e, na verda-
de, talvez até você já tenha um pouco
de Tiki nas veias e não saiba.

Como tudo começou


A teoria mais comumente contada é
que esse estilo surgiu quando alguns
bares com decoração havaiana e
polinésia começaram a aparecer nos
Estados Unidos depois da Segunda
Guerra Mundial. Quando os solda-
dos que retornavam do Pacífico Sul
começaram a contar a todos como
eram maravilhosas e belas as ilhas
tropicais, recheadas de hula-girls,
O “Tiki” propriamente dito é um dos elementos mais fortes da cultura Polinésia e tem significado reli- vestindo sarongues de palha e com
gioso. Ele representa o primeiro homem na Terra, mas modernamente é símbolo de uma cultura que se flores no cabelo, alguém teve a ideia
popularizou nos EUA na década de 50 de devolver a eles aquele clima e
surgiram os bares Tiki. Mas essa não
o Tiki tem um significado religioso, e é exatamente a verdade. Os bares
teria sido o primeiro homem na Ter- e restaurantes Tiki são de fato onde
ra, sendo representado por estátuas tudo começou e são os responsáveis
esculpidas em pedra ou madeira. por essa moda. Mas os primeiros
Mas isso não é, nem de perto, o que malucos nos Estados Unidos a cria-
Tiki significa nos séculos 20 e 21. rem um Tiki Louge estavam na Califór-
Não só nos EUA, como na maior par- nia e fizeram isso na década de 30!
te do mundo, Tiki hoje é sinônimo de Ernest Raymond Beaumont Gantt,
Existe uma grande diferença entre hot rodders e outra cultura, que tem suas raízes tam- mais conhecido como “Don – the
“tiki hot rodders”! Não há dúvida de que ambos bém na Polinésia, mas que foi muito Beachcomber”, normalmente é quem
são apaixonados por carros pré 63, mas essa além disso. Para quem realmente vive leva o crédito de ter sido o primeiro
imagem resume tudo. Esse é o Chevy 53 que
a moderna cultura Tiki, o “Tiki Lifesty- maluco a abrir um restaurante focado
Tiki Chris vem reformando e dirigindo há prati-
le”, tudo é uma questão de viver o lado especificamente na cultura polinésia em
camente 20 anos! Seu nome é StarDust, e com
sorte você vai poder vê-lo rodando em alguma
bom da vida, e para eles isso significa Hollywood, Califórnia, em 1933. Don
rua secundária da Flórida estar numa espreguiçadeira, à sombra nasceu no Texas, mas cresceu viajando
de uma palmeira, tomando um bom pelas ilhas do Caribe, passou algum
drinque com frutas exóticas e muito rum, tempo no Havaí e passeou bastante
Tiki Chris contou-me tanta coisa e me ouvindo os sons da sua “Exotica music” pelas ilhas na região. Quando voltou
surpreendeu tanto com a quantidade e as ondas quebrando numa praia para Califórnia, pensou que seria diver-
e qualidade de suas informações, paradisíaca qualquer. E isso mesmo tido criar um restaurante que trouxesse
que esta primeira parte do artigo é estando a milhares de quilômetros de toda aquela atmosfera para seus clientes.
praticamente toda fruto daquilo que distância da ilha tropical mais próxima. E assim fez quando inaugurou o Donn
ele escreveu. Mas vamos aos fatos! Para eles, isso é “Tiki Kulture”. Beach!. Cerca de três anos depois, em
Histórica e geograficamente, Tiki Tudo bem. Para mim, e para a maioria 1937, surgiu o Trader Vic’s, restaurante
Hot Rods 53

pode ser definido como um dos ele- das pessoas, isso também é um desejo! que Vic Bergeron abriu em Oakland,
mentos mais fortes da cultura Maori – Mas para quem está realmente mer- Califórnia, com um tema semelhante.
uma das tribos da Polinésia, sobre a gulhado na Tiki Kulture isso é um estilo Ambos os proprietários inventaram seus
qual já falamos aqui, quando contei de vida. E, para poder viver isso 24 próprios drinques: fortes, mas saborosos,
a história da tatuagem no ocidente. horas por dia, trouxeram as palmeiras, rapidamente se tornaram populares e
Para os maoris, bem como para a as ondas e a areia para dentro de seus ficaram conhecidos. Os restaurantes
maioria das outras culturas polinésias, bares, restaurantes, casas e carros. também agradavam pela decoração exó-
Cultura Hot

Nessa imagem de Doug P’gosh fica claro como


os anos 50 se mesclaram com a cultura Tiki. A
pintura em acrílico se chama “Tiki Invasion”e é
uma homenagem aos filmes B de sci-fi dos anos Os drinques e coquetéis feitos à base de rum e frutas tropicais foram o estopim da moda dos
50. Tiki bars, drinques e tudo mais misturado. Tiki Bars que, por sua vez, acabaram por catapultar a cultura havaiana e polinésia ao status de
Marte precisa de Hula Girls! “pop culture” nos anos 50

para uma nação que tinha se fartado


tica e a atmosfera descontraída. Muito dos horrores da guerra.
bambu e vime por todo lado, deuses Tikis Os soldados que retornavam queriam
esculpidos a mão, palmeiras, música esquecer o lado ruim, mas, certamente,
havaiana e lindas garotas em sarongues lembrar dos bons tempos era necessá-
apertados definiram o padrão para a era rio. Bares Tiki então surgiram em todos
dos Tiki bars que estava por vir. os estados dos EUA, saindo da costa
da Califórnia em direção ao Atlântico.
Refresco pós-guerra Os novos proprietários de Tiki bars com-
Nos anos 30 e 40, as viagens aéreas binavam elementos do Havaí, Tahiti,
começaram a fazer do mundo um lugar Filipinas e outras culturas do Pacífico
mais próximo, e a música, a comida e para decorar seus salões. Bambu,
a decoração havaiana e polinésia se palha e madeiras esculpidas tornaram-
tornaram mais populares nos Estados -se os materiais de construção básicos.
Unidos. Não é possível deixar de citar Ídolos e máscaras Tiki adornavam as
também a Segunda Guerra Mundial, paredes dos bares e adereços náuticos,
que levou muitos norte-americanos para como redes de pesca e lustres feitos de
as ilhas do Pacifico, trazendo estas cul- baiacu, encontraram um caminho para
turas para dentro dos lares americanos. se tonarem elementos de design. As
E, com o fim da guerra, todos estavam
Hot Rods 54

cozinhas chinesa e japonesa também


enjoados de coisas ruins, e se focavam se infiltraram nos menus e, para criar
na beleza daqueles mundos, nas flores uma trilha sonora perfeita para estes
tropicais e no pôr do sol alaranjado, ambientes, músicos de jazz passaram a
na magia das mulheres exóticas e na combinar as batidas fortes e tribais das
brisa fresca que trazia cheiro de frutas canções havaianas e polinésias com os Nesta imagem, Don serve seus tradicionais
adocicadas. Era um alívio, um refresco elementos da música “cool” da época, coquetéis em seu restaurante- bar em 1934
Hot Rods 55
Cultura Hot
misturando o jazz aos sons exóticos do
Pacífico leste e sul, criando um estilo
musical que ficou conhecido como
“Exotica”. Nasceu, então, o “Pop
Polinésio.

Na próxima edição
Como sempre, vou deixar o melhor
para o final, ou seja, para as próximas
edições. Sim, tem tanto material sobre
o mundo Tiki que, provavelmente, você
ainda vai ler sobre isso nas outras duas
edições. Mas não se desespere. Se
você é uma daquelas pessoas que,
como eu, não gostam de novela,
existem vários sites especializados no
assunto e um deles é do próprio Tiki
Chris (tikilougetalk). Corra lá e descubra
um mundo de informações. Agora, se
você está com preguiça de textos em Fosse pela praticidade de ter um veículo como este na praia, fosse pelo preço, fosse pelo charme de ter
inglês e aguenta esperar um pouco, painéis de madeira por todo o carro, os woodies são os preferidos da geração “beach” e também são
mês que vem eu vou contar como foi a muito associados à Tiki Kulture
explosão da cultura Tiki nos anos 50
e como praticamente ela sumiu nos
anos 70, voltando com força quando
seriados para a TV como Hawaii 5-0,
Magnum e Ilha da Fantasia passaram a
ser produzidos.
E, lógico, vou voltar a falar de meninas
dançando hula e homens comedores de
fogo das ilhas do Pacífico. Vou falar de
surf, woodies e dar receitas de drinques
e pratos Tiki famosos.
Enquanto você espera, dê um pulinho
ali na minha coluna de filmes e música,
no final da revista, e mergulhe um pou-
co mais nesse universo tropical.
Hot Rods 56

Hula girls! Nas paredes, nos


painéis dos carros e nas
memórias e tatuagens dos
A pessoa que contribuiu para a matéria desse soldados, elas sem dúvida
mês, Christopher “Tiki Chris” Pinto e sua
são um dos elementos mais
esposa, em 2011 no Hukilau
lembrados da Tiki Kulture!
Ford Torino Talladega
Mais equilibrado
De carroceria fastback que servia como “galinheiro” a um Torino Talladega para
competição: dez anos, muita história e um clássico da Nascar com sabor V8
Texto: Bruno Bocchini::Fotos: Jason Machado
Ford Torino Talladega

C
ansar os modelos Plymouth Superbird e Dodge
Daytona durante a temporada de 1970 da Nascar
– associação automobilística norte-americana que
controla os campeonatos de stock car dos Estados
Unidos – não era tarefa fácil para o Ford Torino
Talladega. Mas, mesmo não sendo campeão, o
carro parecia mais equilibrado, sobretudo no estilo.
Adonis Lykouropulos, paulistano de 38 anos, é entusiasta e
apaixonado por automóveis Ford. Dentre diversos modelos da
marca ao longo dos anos, ele encontrou uma carroceria do
modelo Torino fastback 1968 e, dez anos depois, transformou
o carro no icônico Torino Talladega. “Um amigo encontrou a
carroceria do fastback em um desmanche no interior de São
Paulo, e como ele sabe que sempre participei de eventos
automotivos e de corrida, me avisou. No momento em que vi a
carroceria já imaginei o Talladega”, lembra Adonis.
O Torino havia sido adquirido ainda totalmente depenado
e, da compra ao primeiro treino no Autódromo de Interlagos
(SP), passaram-se dez anos. Inicialmente, Adonis levou a
carroceria para um galpão particular – para dar início à
remoção de pintura e massa. Na sequência, foram feitas
funilaria e adaptações para homologar o carro para a dis-
puta da categoria Força Livre do Campeonato Paulista de
Automobilismo. “Deixei a carroceria em uma oficina para
trabalhar a lata, pintar, adaptar. Mas, após dois anos de
serviços, o resultado não ficou satisfatório. Decidi tirar o car-
ro de lá, após muito prejuízo financeiro”, lamenta Adonis.
A carroceria ficou sete anos parada até que, em 2009,
Adonis passou a trabalhar como gerente na Batistinha
Garage. “Entrei na Batistinha e consegui reativar a ideia
do projeto com o Torino. Nesta nova etapa, mudei o
projeto com o intuito de enquadrar o carro na categoria
Históricos V8 5000, que havia acabado de ser criada.
Consegui um motor usado em bom estado, ganhei de
presente um diferencial e, somados ao câmbio que eu já
possuía, começamos a montagem mecânica”, conta.
O grande desafio de Adonis foi a funilaria, uma vez que o
carro não possuía os para-lamas dianteiros e sequer contava
com capô. “Mas, desta vez, a sorte estava ao meu lado
e um de nossos clientes nos enviou um Torino 1968 para
restauração completa, tornando possível usar o carro como
parâmetro e molde para a confecção dos itens que faltavam
no meu. Após concluirmos a funilaria, moldamos a frente
Hot Rods 60

alongada em 9” para deixar o carro tal qual a versão Talla-


dega. A pintura foi feita em duas cores, alusivas ao estilo de
pintura usado na Nascar à época, bem como a parte de
adesivagem e o número gigante na porta”, descreve Adonis.
O gosto por automóveis e velocidade começou ainda na
infância de Adonis, primeiro pela convivência com o pai e
o irmão, que foi piloto de 1979 a 1998. “Por conta da
Pintura em duas cores é alusiva ao
estilo usado na Nascar. Interior tem
Hot Rods 61

bancos Sparco, volante de três raios


e contagiros Auto Meter
Ford Torino Talladega
convivência com meu irmão, sempre sonhei em ser piloto
e participar do Campeonato Paulista. Como não tive
incentivo, cheguei tarde para ser profissional, mas posso
matar minha vontade guiando o Torino vez ou outra”, diz.

“Xô, galinhas”
A carroceria fastback chegou a São Paulo em uma plata-
forma que havia saído do interior. Logo após a compra,
Adonis recebeu o carro com três galinhas dentro. “O car-
ro estava servindo de galinheiro, pois o desmanche ficava
dentro de um sítio. Obviamente eu não sabia o que fazer
com as galinhas, mas logo o motorista da plataforma se
prontificou a ficar com elas”, recorda.

Receita sem caldo de galinha


O tratamento da carroceria com funilaria e pintura ficou
a cargo da empresa Batistinha Garage – reconhecida no
segmento. Já a mecânica do Torino foi feita pela oficina
Automotor, também de São Paulo. Com motor 302 V8
de 5000cc, o conjunto conta com bielas, virabrequim e
pistões originais Ford, trabalhando a uma taxa de com-
pressão 9:1. A admissão é original em ferro fundido, e
integra o sistema um carburador Motorcraft bijet, bomba
de gasolina mecânica, coletor de escape original em fer-
ro fundido e um tanque de 70 litros.
A alimentação soma bobina MSD, módulo de ignição,
distribuidor e velas originais Motorcraft. O câmbio esco-
lhido foi um Clark de 4 marchas e a embreagem é da
EmbreMarques.Com 210 cv na roda, a melhor volta em
Interlagos registrada ficou em 2’14”850, a 188 km/h de
velocidade final. Para o futuro, Adonis pretende aliviar o
peso do carro (que está em 1.800 quilos), além de rea-
lizar upgrades no motor para conquistar mais potência e
melhores resultados nos tempos de volta em Interlagos.
Hot Rods 62

Motor 302 V8 de 5000


cc preparado atinge
210 cv na roda
Hot Rods 63
Ford Torino Talladega

Adonis Lykouropulos e seu Ford Ficha Técnica


Torino: do galinheiro a Interlagos Ford Torino Talladega V8
Mecânica
Motor 302 V8, 5000cc
Bielas, virabrequim e pistões originais Ford
Quem fez: Taxa de compressão 9:1
Carroceria, funilaria e pintura: Batistinha Garage. Tel. (11) Admissão original em ferro fundido
3392-2233 Carburador Motorcraft bijet
Mecânica, câmbio, diferencial e manutenção: Automotor. Tel. Bomba de gasolina mecânica
(11) 3392-1108. Coletor de escape original em ferro fundido
Tanque de 70 litros
Bobina MSD
Módulo de ignição, distribuidor e velas originais Motorcraft
Câmbio Clark 4 marchas
Embreagem EmbreMarques
Blocante original
Amortecedores originais

Parte externa
Rodas 17x10” Vintage Wheels
Pneus 245/55 R17
Discos de freio 280 mm duplos ventilados na frente e sólidos
Hot Rods 64

na traseira

Parte interna
Bancos Sparco
Cintos U-racer
Volante de três raios Motorcraft
Contagiros Auto Meter
Hot Rods 65
Dodge Dart 1975
Sonho meu!
Aficionado por Dodge, jovem paulista monta Dart
1975 exatamente do jeito que sonhou quando criança
Texto: Vitor Giglio::Fotos: Ricardo Kruppa
Dodge Dart 1975

M
uitas crianças sonham com o que gostariam
de ser quando crescerem. No entanto, Raniery
Braga, hoje com 28 anos, natural de Campinas
(SP), era uma criança especial. Quando peque-
no, sonhava com o que queria ter, e não ser.
“Aos oito anos de idade eu era louco por um
Dodge Dart preto que o meu tio tinha. Então sempre me
imaginei dono de um Dart. Dono de vários Dart, na verda-
de, e um deles teria que ser amarelo”, conta.
Mesmo sonhando com um Dart amarelo, Raniery acabou, em
sua fase adulta, adquirindo primeiramente o Dart preto de
seu tio. “Além do Dart que era do meu tio, também tinha um
branco na garagem, mas só os dois não eram suficientes. Eu
sentia que estava faltando algo. E esse “algo” era um Dodge
exatamente como eu sempre sonhei: amarelo”, conta.
Não satisfeito com “apenas” os dois modelos Dart que
ocupavam sua garagem, Raniery deu início à busca pelo
carro dos sonhos. E ele acabou por cruzar a vida do
aficionado paulista em 1999. “Um amigo comprou um
Dart 1975 amarelo, mas ele praticamente nem usava o
carro, apenas o deixava encostado. Então, em 2006, eu
comprei o carro dele, e então dei início ao projeto mais
especial da minha vida”, relembra.
Hot Rods 68
Conjunto mecânico original do
modelo, à frente um motor 318 V8,
foi otimizado e agora rende cerca de
320 cavalos

Hot Rods 69
Dodge Dart 1975

Inteiramente restaurado
O objetivo de Raniery era restaurar o modelo 75 que
estava largado, dando vida nova ao modelo sem que
ele perdesse suas características originais. Por este moti-
vo, tudo o que você enxerga na parte externa do Dart é
exatamente como seria em 1975, exceção feita à grade
dianteira, extraída do Gran Coupé 1975, e das rodas
alargadas sob medida, que medem 15x7” na dianteira e
15x8” na traseira. Os pneus são Cooper Cobra.
O veículo tomou um banho de amarelo Montego, original do
Dart. “Todo o restante foi restaurado. Na parte de fora, nada
foi confeccionado”, conta Raniery, com orgulho.
Isso vale também para o interior do veículo, onde estofamen-
to, forros, painel, volante e pedais permanecem originais.

Coloração amarelo Montego, que


Hot Rods 70

consta da paleta de cores original


do modelo, foi utilizada no
exemplar de Raniery
Hot Rods 71
Dodge Dart 1975

Preparação
Já a mecânica original do Dart 1975 entrou para a história. O
motor 318 V8 original permanece, mas os 198HP que ele era
capaz de produzir viraram lenda. O conjunto mecânico rece-
beu pistão tachado, comando de válvulas 278x286 Summit,
carburador quadrijet Holley 650 e coletores Edelbrock.
“A parte elétrica é toda da Mopar. Além disso, eu utilizo
aquela embreagem mista de cerâmica da Centerforce”,
conta o proprietário.
Cabeçote trabalhado, válvulas de titânio e escape duplo
com cano de 3” são as outras modificações, que, soma-
das, dão ao Dart cerca de 320 cavalos de potência.

Perfeccionismo
“O carro está exatamente do jeito que eu queria. Era exa-
tamente o que eu visualizava, desde a infância”, conta
Raniery sobre o projeto, que exibe um nível de perfeccio-
nismo de tirar o chapéu.
O veículo, grande xodó do rodder, só sai da garagem
em ocasiões bastante especiais. “Eu costumo usá-lo nos
encontros do Dodge Clube de Campinas, clube do qual
sou um dos responsáveis, aliás”, frisa.
Perguntando se agora então estaria satisfeito com o que
possui em sua garagem, Raniery não hesita. “Esse proje-
to está concluído, mas já estou pensando no próximo”,
afirma. Assim como uma criança, Raniery não quer nem
saber da hora de parar de brincar. Sorte nossa!

Quem fez: Nika old car. tel. (19) 3227-9555.


Raniery e seu Dodge Dart: sonho de
infãncia realizado. Interior do
veículo foi mantido com
características originais
Hot Rods 72
Ficha Técnica
Dodge Dart 1975
Parte Externa
Pintura amarela Montego
Grade dianteira do Gran Coupé 1975
Rodas 15x7” na dianteira
Rodas 15x8” na traseira
Pneus Cooper Cobra

Parte Interna
Inteiramente restaurada

Mecânica
Hot Rods 73

Motor 318 V8
Comando de válvula Summit
Carburador Quadrijet Holley 650
Coletores Edelbrock
Embreagem Centerforce
Válvulas de cerâmica
Escape duplo de 3”
Vitrine
Caçamba gringa
A sugestão da Stepside é o kit composto por caçamba e para-
lamas da picape C-10 americana. A caçamba tem como modelo
a peça original americana e pode ser adaptada em todos os
modelos de C-10, C-14, C-15, D-10 e A-10 brasileiras. O kit é
integrado por caixote, tampa e acabamento lateral em chapa
de aço de 1,5 mm e para-lamas em fibra de vidro com excelen-
te acabamento. Preço: R$ 2.290.
Informações: www.stepside.com.br ou tel. (44) 3687-1357.

Caçamba para F-100


O destaque da empresa As Pickups Antigas para esta edição é a caçamba modelo F-100 em chapa 16
com coluna tipo “perna de moça” modelo hot. A peça vem com armação de capota marítima com
amortecedor a gás, revestimento de chapa e é personalizada por As Pickups Antigas.
Informações: www.aspickupsantigas.com.br ou tel. (11) 4647-1374 ou (11) 97534-8722.

Mickey Thompson Lanterna restaurada


O destaque do mês da empresa America Parts são os pneus da marca A Old Design, especializada em peças e acessórios para carros antigos, des-
norte-americana Mickey Thompson, disponíveis em várias medidas. taca este mês o serviço de restauração da lanterna traseira para o modelo
Informações: www.americaparts.com.br ou tel. Tel. (11) 2647-1496. Dodge Magnum.
Informações: Tel. (19) 3454-8019 ou (19) 99705-6865.
E-mail: olddesign@hotmail.com

Roda para rat


Hot Rods 80

A sugestão da VFort Pneus é a roda de aço fechada, disponível nas medidas


15x5’’, 6’’, 7’’, 8’’ e 10’’. A peça é ideal para projetos de hot e rat rods. Disponí-
vel na furação 5x114,3/120mm. Acompanha copo central cromado.
Informações: Tel. (41) 3254-5222 ou e-mail: ruvaldow@gmail.com
Hot Rods 81
Rock’n Hots

Tiki Music & Movies


Coluna traz dicas de discos e filmes para você fazer bonito naquela
festinha Tiki no quintal de casa
Por Victor Rodder

O
k! Você leu o texto de cultura deste mês e resolveu nos e por aí vai. Este tipo de música foi popularizado
fazer uma festa Tiki no quintal de sua casa! Des- por orquestras nas décadas de 50 e 60, principalmente
colou aquele bar de vime da sua avó, comprou por Martin Denny, Esquivel, Arthur Lyman, Les Baxter e Al
tochas de querosene e um estoque de garrafas Caiola. Esses títulos são difíceis de encontrar até mesmo
de rum e frutas tropicais está na geladeira. Ok. na internet, mas os discos que eu separei não são assim
Só falta a música e uns filmezinhos para deixar tão obscuros.
rolando no DVD enquanto todos se divertem. Se você Em relação aos filmes, não consegui ser tão objetivo. Por
colocar para tocar uma seleção de jazz latino, meren- isso, separei desde um drama baseado em fatos reais que foi
gue, cha cha cha, bossa nova e salsa, todos vão achar nominado ao Oscar em 2012 a um clássico da Disney da
normal. Mas, para uma verdadeira experiência Tiki, você década de 60, já que, para muitos, foi a Disneylândia que,
precisa de um estilo próprio de música: exotica. Exotica em grande parte, trouxe a onda Tiki no mundo pós-guerra,
significa exatamente o que parece... Uma música dife- com atrações como Adventureland e Tiki Room surgindo em
rente, estranha, que evoca uma atmosfera de florestas sua inauguração, em 1955. Mas é isso. Boa festa para você
tropicais, aldeias do Taiti, selvas africanas, luaus havaia- e até mês que vem!

ULTRA LOUNGE COLECTION – COLETÂNEA – EUA - 1996 A AVENTURA DE KON TIKI (KON-TIKI) – EUA - 2012
Na década de 90, um pessoal que estava “na vibe” se reuniu e montou Inspirado em fatos reais, conta a história da expedição Kon-Tiki, liderada
uma série de CDs chamada “Ultra Lounge”. Quase 30 álbuns compõem pelo pesquisador Thor Heyerdahl, que, em 1947, decidiu provar que a
essa discoteca. Tem de tudo: de Martin Denny a Sam Butera. Se você Polinésia tinha sido ocupada primeiramente pelos povos da América do
conseguir esses discos, ou pelo menos uma parte deles, nunca mais vai Sul, e não pelos povos do oeste. Como? Construindo uma jangada com
precisar se preocupar em como animar uma festa Tiki. E vai agradar até os mesmos materiais de séculos atrás, chamando cinco malucos sem
mesmo o mais chato dos conhecedores da Tiki Kulture. experiência nenhuma no mar e se atirando numa viagem de três meses
pelo oceano Pacífico. Fácil assim!

FORBIDDEN SOUNDS OF DON TIKI – COLETÂNEA – EUA - 2002 O FANTÁSTICO ROBIN CRUSOÉ (LT. ROBIN CRUSOE, U.S.N.) – EUA - 1966
Ok, esse já é um pouco mais difícil de encontrar por esses dias. Não dá para falar em Tiki Kulture sem mencionar a Disney. Vou
Essas faixas foram originalmente gravadas e prensadas quando falar mais sobre isso na edição do mês que vem, mas já adianto
só existia vinil e, depois que a moda Tiki passou, os álbuns que ela é considerada por muitos como a legítima responsável
viraram relíquia! Mas alguém reuniu o melhor da onda e jogou pela explosão da moda Tiki nos EUA dos anos 50. E, neste filme,
nessa coletânea que ainda é possível achar no e-bay e amazon. o astro Dick Van Dyke faz miséria numa ilha paradisíaca deserta,
com! O disco começa com a clássica “exotica” com Martin onde caiu após saltar de seu avião, encontrar um submarino
Denny, o expoente do gênero, e por aí vai! abandonado, um chimpanzé do programa espacial dos EUA e
uma linda nativa chamada Quarta-feira.
Hot Rods 82

HOT NEW ORLEANS NIGHTS – SAM BUTERA – EUA – 1999 OS AVENTUREIROS DO PACÍFICO (DONOVAN’S REEF) – EUA – 1963
Se você curte jazz e música instrumental de qualidade não vai se arre- Este é, sem dúvida, o melhor dos três filmes deste mês. Tam-
pender de conhecer um pouco mais sobre este saxofonista que, duran- bém, não tem como errar com John Wayne interpretando o dono
te muito tempo, foi a menina dos olhos da banda de Louis Prima. de um bar na fictícia ilha franco-polinésia de Haleakola ao lado
Sam Butera não é “exótico” por completo. Ao contrário. Mas estava lá de Lee Marvin, Cesar Romero e Dorothy Lamour. As filmagens
quando inventaram essa onda. Nessa coletânea de 99, várias músicas foram feitas nas deslumbrantes paisagens de Kauai, no Havaí, e
que fazem sucesso até hoje nos tiki bars mais cools dos EUA! o resultado final foi uma comédia fantástica e um dos grandes
sucessos de bilheteria da época. Confira!
Hot Rods 83

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