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Ouve e seja sábio. O deus dos filhos de Adão não é o
monarca mais alto das zonas celestiais. Sobre ele mora um
tão grande que sua grandeza não pode ser medida.
Incluindo o nome de Deus o mancha, porque ele não é um
deus senão uma singularidade de ser sem descontinuidade.
Ele brilha com uma pura luz que nenhum olho pode ver e
fala com voz de trovões que nenhum ouvido pode ouvir. Não
há nada que exista antes dele e que limite sua duração. Ele
é inefável e perfeito, sendo único e completo em si mesmo.
Nem masculino nem feminino, nem grande nem pequeno,
nem sutil nem matéria, a mente do homem nunca poderá
questionar suas qualidades porque ele é o incognoscível.
Ele perdura fora do tempo e abarca sua duração. Ele é o Pai
dos Eons. Ele governa antes de e sobre toda a existência.
Ele dá misericórdia mas não é o Amor. Seu nome é por
sempre impronunciável, porque nele estão todos os nomes
e momentos da existência das coisas, e se alguma vez
disser em voz alta o universo se desintegraria como a bainha
de um vestido e se acabaria.
A eterna Unidade olhou a si mesma e dentro de si, porque
estava sozinho, no espelho de seu próprio resplendor. Ele
enviou uma brilhante semente de desejo dentro da luz e
impregnou sua imagem por um ato de amor próprio. No
entanto, ele seguiu sendo um espírito virginal. O primeiro
poder emitido da mente do Todo foi chamado Barbelo, e sua
luz é como a luz da perfeição invisível.
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Samael ansiava o brilho da Shekhinah que brilha da face de
sua mãe. A mesma luz resplandecia dentro dele mas fazia-
se oculta sob o véu de sua ignorância. Quando ele
amadureceu seu desejo se transformou em suas partes
inferiores. Ele sentia desejos mas desconhecia a forma de
sua luxúria. Vagou em sua solidão através do reino vazio de
sua própria criação.
Voltando-se sobre si mesmo buscou seu reflexo no forno
ardente de seu coração e o distorceu como o oleiro retorce
sua argila imitando a brilhante forma de Barbelo. Ele formou
uma consorte como a sua mãe com todos os ‘linimentos’ que
surgiram de seu lado esquerdo. Seu nome foi Lilith, ela a
beleza que caminha vestida com as sombras da Lua.
Este é o Salmo da beleza de Lilith. Oh meu amor, tu fostes
erguida como a palma cuja fruta está madura. És delgada
como a cana do rio que inclina sua cabeça ao entardecer.
Teus quadris balançam com a graça da serpente que se
desliza pela face das águas, e as águas não a cobrem.
Embaixo do Sol, teu cabelo é uma chama vivente tingida em
telas com fios dourados. Embaixo da Lua teu cabelo é um
rio escuro que varre as estrelas. Teus peitos se levantam
com tua respiração como duas ovelhas que sobem uma
ladeira. Embaixo do Sol teus olhos são pombas brancas que
revoam entre a fresca e verde sombra do cedro. Abaixo da
Lua teus olhos são peças de prata que se lançam e ocultam
em profundidade de obsidiana. Tua voz é como o salpicar
de uma fonte no calor do meio-dia, e a palidez de tuas
bochechas um lugar de sombra no que se abrigam nas
areias do deserto. Refrescas meus lábios ardentes com o
vinho de teus beijos. Apazíguas minha fronte com suspiros
das montanhas nevadas. Tuas coxas são pilares de
mármore que guardam a entrada ao Templo dos Mistérios,
negro sob o Sol mas branco sob a Lua. Com tua boca
escarlate teu sorriso promete silenciosamente. Baila para
mim à luz da lua, Oh meu amor. Vem a minha cama quando
as lâmpadas ardem sedentas de azeite e os cachorros que
guardam o umbral dormem. No altar de teu útero eu ofereço
meu sangue vital. Dança dentro de meus sonhos até que eu
ame dormindo mais que desperto, e aprenda a odiar o
amanhecer.
A consorte era imperfeita porque o criador estava
incompleto. Em sua forma externa a beleza de Lilith era
como a da Primeira Mãe, mas interiormente estava vazia e
insatisfeita. Um vazio se abriu sob sua costela esquerda, a
mesma cavidade que havia nas costas de Samael. Ela
desconhecia sua debilidade e creu ser a Rainha de toda a
Criação, porque isto foi o que Samael lhe disse quando a
levou ao comprimento e largura da terra e lhe mostrou seu
reino.
Seu vazio gerou a luxúria e a necessidade de ser
preenchida, e a mesma luxúria se incendiou em Samael
quando ele olhou sua nudez. Ela abraçou o primeiro Arconte
e foi transformada em serpente igual que ele. Ouviu e
aprendeu sabedoria. Samael é chamado a Serpente
Inclinada e Lilith a Serpente Tortuosa, porque ele cai sobre
ela desde os céus como o golpe de um relâmpago mas ela
se eleva lentamente desde a terra para recebe-lo como uma
parreira trepadora.
Aonde suas partes se encontraram surgiu uma poderosa
agitação espiralando desde o firmamento como o giro de
uma imensa roda de moinho. Foi desse vórtice desta caótica
massa giratória que brotou um Dragão sem princípio nem
fim. Suas escamas eram como gotas de sangue, sua
respiração era ardente. Os olhos da besta estavam fechados
formando fendas como os das serpentes que moram nas
profundidades do Abismo. Nem via o Sol de dia nem a Lua
de noite.
Toda sua cega vontade estava curvada ante o desejo.
Estava enrolado sobre si mesmo três vezes e mediava entre
Samael e Lilith, nenhum deles podiam copular sem o outro
diretamente senão somente através dos anéis do verme
cego. O Dragão Vermelho nasceu do vórtice de sua vazia
necessidade. Eles não poderiam completar-se salvo através
de sua substância.
Sozinho e separado Samael permaneceu incompleto. A
consorte, sua imagem nas chamas, compartilha seu defeito.
Juntos eram uma só carne. Do que carecia Samael o obtinha
através de Lilith. A cavidade nas costas de Lilith era
preenchida por Samael. Somente através da mediação do
Verme Cego podiam eles completar-se entre si.
Quando Samael aprendeu sobre a Natureza do Dragão
começou a forçar seu interminável poder abordando pelos
caminhos de seu desejo. Ele uniu sua mente imperfeita com
o fogo que ardia ao longo da espinha do Verme e engendrou
servos no faminto útero de Lilith. Com uma luxuriosa loucura
criadora ele os formou do calor combinado de suas partes e
os colocou em estações ao redor de seu reino. Cinco Reis
fez e os colocou a governar a profundidade do Abismo, e
Sete Reis fez e os colocou na Sete Zonas do Firmamento.
Doze Autoridades colocou a intervalos ao redor do esplendor
de seu trono.
Ele infundiu em suas obras o ardente calor de sua própria
natureza, mas em sua ignorância ele permanecia cego ante
a pura luz de sua Mãe que morava dentro dele e era a fonte
de seu poder. O fogo acudiu e se mesclou com a
obscuridade e se fez débil, mas a pura luz permanecia
dentro dele.
Samael saboreou o esplendor de suas obras e tornou-se
ébrio pela magnificência de sua criação. Nas alturas do Céu
e nas profundidades do Abismo ele via seu próprio domínio.
Tudo o que entrava sob seu escrutínio era sujeito para criar
ou destruir. Ele não via nenhum outro mundo. Não conhecia
nada da luz de nuvem erigida por Barbelo para ocultá-lo de
seu santo consorte o Autogenito. Permaneceu ignorante do
Espírito perfeito e de sua fonte de luz-água que fluía
eternamente.
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A luz de Barbelo se escureceu. Ela deixou a luz dentro de si
mesma debilitada e viu a causa com a clarividência que o
Espírito invisível a havia concedido como presente. A
blasfêmia e maldade de seu malformado filho escureceu sua
face. Ela permaneceu manchada já que seu consorte não
estava de acordo com seu ato de dar a luz. Com vergonha
ela se escondeu abaixo de um manto de obscuridade.
Pretendendo esquecer vagou de um lado a outro. Temia
regressar a seu Aeon entretanto amargamente arrependida
de seu erro.
Todo o céu ouviu seus prantos atormentados de pesar. Suas
orações foram levadas ao Espírito Invisível. Com
misericórdia infinita o Espírito que é virginal a perdoou e a
banhou na Águas da Vida. Seu consorte, o Autogenito
divino, veio a ela através da plenitude para restaurar seu
brilho. Ela foi elevada com ele, até a Nona Esfera, para
morar com a Fonte Perfeita e ficar renovada.
O Eon de Eons olhou para abaixo às obras de Samael e as
desaprovou, assim como um pai frente a carranca ante a
iniquidade de seu filho. Através do Dragão Cego ele obteve
um grande poder tanto para criar como para destruir. Na
vaidade de sua arrogância ele o havia usado não obstante
somente para criar. Temendo o contorcer dos anéis do
Dragão sobre si mesmo e usara seu poder para destruir, o
Pai de Tudo enviou o Anjo de Luz-eon cujo nome é Armozel,
para golpear o Verme com sua espada flamejante.
Armozel entrou no reino de Samael sem ser visto e se
acercou do lugar de onde dormia entrelaçado com sua
consorte. Samael não o viu, pela embriaguez de desejo que
o envolvia. Os anéis do Dragão Vermelho se agitaram entre
suas partes e esculpiu um interminável torrente de
poderosos demônios. Então Armozel conseguiu ferir com
sua ardente espada entre seus retorcidos corpos e mutilou
o Dragão em sua parte traseira. Castrando o Verme para
que não pudesse criar ou destruir.
Os anéis do Dragão deixaram de trabalhar. Nenhuma
criatura mais surgiu de seu caos. Samael se voltou de sua
consorte com um grito de raiva. Lilith também gritou, mas o
seu era um lamento amargo. Armozel os deixou com suas
costas tocando-se. Samael não o viu partir, porque a luz
velava seus olhos. Sem o vinculante poder do Dragão eles
já não poderiam unir-se. Cada um ficaria imperfeito e só. Sua
luxúria ardeu e não foi apagada. Eles se ergueram e
separando-se desapareceram da visão um do outro.
Lilith vagou pelas montanhas golpeando-se o peito e
rangendo os dentes porque o vazio dentro dela seguia
estando sem acabar. Incluso subiu ao confins mais altos do
reino de Samael. Enquanto estava de pé olhando o
horizonte. As nuvens que obscureciam as bordas do
firmamento se separaram e revelaram a parte inferior das
águas que abraçavam a terra. A luz iluminou as águas e as
fez claras. As raízes das montanhas agitaram-se. O trono
sacudiu no máximo.
Para terminar seu próprio plano a Mãe-Pai de tudo produziu
a imagem de Geradamas para que brilhasse através do
fundo das águas. Sua cara era uma cara humana, e sua
forma uma forma humana. Uma voz de triunfo descendo
desde os Eones superiores, “Contempla esta obra, o
Homem.” Lilith olhou com êxtase a sua imagem celestial,
admirando muito a harmonia de suas partes e a graça de
suas proporções. A luxúria se debateu dentro de suas
partes. Ela determinou formar uma cópia do Homem e usá-
la como seu consorte. Isto seguia o plano do Espírito
Perfeito.
Ela desceu das montanhas e coletou folhas putrefatas, barro
e limo, então o mesclou com outras corrupções e o modelou
com a forma que havia visto nas Águas dos Céus. Com
cuidado infinito ela redondeou seus membros e pintou seu
semblante. Em sua boca ela pôs marfim. Nos buracos dos
seus olhos ela pôs pérolas. Com algas marinhas ela cobriu
ao final dos dedos dos pés e mãos. Entre suas coxas ela
encaixou o osso da pata de uma cabra.
Ela se deitou sobre a imagem e a apertou contra seus peitos
e pôs seus lábios sobre sua boca. Nenhum calor surgia que
suprisse sua luxúria. A imagem do Homem jazia fria e rígida.
O faltava a faísca divina para dar-lhe vida. Ela chorou de
frustração e o molhou com suas lágrimas.
Olhando desde o alto, o Espírito Invisível enviou para baixo
o anjo Armozel para aconselha-la. Ele veio a ela em meio de
sua vegetação e a sussurrou no ouvido esquerdo. Lilith não
viu o anjo cuja luz o velava.
Lilith buscou o colérico Samael e pôs a mão em sua
bochecha para acalmá-lo. Ela lhe sorriu com amor para
aplaca-lo, e o disse, “Meu Senhor, vem e olha a maravilhosa
forma que as ondas do mar vomitaram sobre a orla.”
Ele foi com ela e maravilhado pela beleza da imagem que
jazia na areia. Declarou “Verdadeiramente, é uma obra de
minha Mãe que está no Céu.” Já que ele não conhecia a
nenhum outro Eon salvo Barbelo.
Somente pensa que esplêndido servente seria se tu
pudesses vivificá-lo - lhe disse Lilith. “Se manténs o poder
celestial de tua Mãe, sua cara será uma luz posta entre nós.”
Ela disse as palavras que Armozel havia posto em sua
mente ainda que ela pensasse que eram suas próprias
palavras. Samael aprovou suas palavras. “Chamemo-lo
Adão”, disse ele, “Que seu nome possa ser uma luz e um
poder entre nós.”
Samael desejou fazer brotar a faísca de Barbelo na argila
muda para que o servisse. Ele não sabia que já ardia dentro
de seu próprio peito. Estendendo seu poder diante de Lilith
e observando a hoste de anjos ele transformou sua forma na
de um homem e jazia na figura da terra. Seus pés tocaram
seus pés, e suas canelas se apertaram contra suas canelas.
Suas coxas tocaram suas coxas, e sua barriga estava em
sua barriga. Suas mãos as tinha com suas mãos, e seus
ombros se estenderam até seus ombros. Desde os dedos
dos pés até sua cabeça ele mediu suas medidas. A cara de
Samael beijou a cara da terra, e a respiração da Serpente
se deslizou entre os lábios de argila.
No momento de seu beijo a faísca de luz escapou de Samael
e entrou no Homem Terrestre. Este era o objetivo do Eon
dos Eones. Ele agiu para restaurar o poder da luz à Santa
Mãe, Barbelo. Os membros de terra se tornaram de carne e
se esquentaram com o calor do Sol. O homem respirou e
abriu maravilhado os olhos. Ele se sentou. Sua cara era
luminosa.
Quando Samael olhou Adão supôs que havia sido
enganado. A beleza do homem era mais perfeita que sua
própria beleza. O homem estava completo, enquanto que ele
estava incompleto. A raiva do primeiro Arconte surgiu de
seus olhos como setas ardentes que destroem as pedras e
fizeram ferver o mar.
Ele gritou às hostes reunidas de anjos, “eu sou um Deus
ciumento, e não há outro Deus junto de mim,” Com isso os
anjos se estranharam, e falando com eles, disseram, “Se
não há outro Deus, então de quem estará este Deus com
ciúme?”
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Samael olhou para o luminoso rosto do Homem e seu
coração ardeu maléfico de ciúmes. A criatura que ele havia
dado existência pelo fogo de sua respiração tinha uma
mente maior que qualquer Arconte. Nele não havia nenhuma
mancha de maldade. Era totalmente puro pelo poder de sua
mãe. O primeiro Arconte percebeu a faísca de clara luz no
Homem. E que ele não havia percebido dentro de seu
próprio peito. Como quando uma coisa pode ser vista em um
espelho, sem o qual não é possível ver, ele o viu. Samael
cobiçou a faísca e pretendeu possui-la.
Os Arcontes e anjos odiaram o Homem porque este os
avantajava com seu poder de pensamento e estava livre de
pecado. Eles choraram juntos e despertaram nele o pesar
das necessidade e os desejos que recordam o corpo, mas
fizeram esquecer o espírito. Distraindo os pensamentos do
Homem. Seus olhos deixariam de olhar a faísca de Barbelo
que brilhava dentro deles. Os Arcontes criaram para ele um
lugar aonde colocá-lo e o puseram dentro, o chamaram
Paraíso. Eles o disseram, “Come abundantemente das
frutas das árvores, desfruta embaixo do Sol”, mas as frutas
de suas árvores eram um amargo veneno e seus prazeres
falsidade e morte. Com estas coisas se esqueceram do
espírito. Assim que eles o embriagaram com luxo.
No meio do paraíso crescia uma árvore ao que os Arcontes
chamaram de a Árvore da Vida. Verdadeiramente é uma
árvore do tormento cujas folhas são mentira e cujas raízes
bebem de corrupção. Suas sementes são o desejo, suas
flores o pecado e sua fruta é a morte. A sombra da árvore é
o ódio. Brota na obscuridade e aqueles que comem de sua
fruta entram na obscuridade e no sofrimento.
No meio do Paraíso crescia uma segunda árvore que os
Arcontes chamavam de Árvore do Conhecimento do Bem e
do Mau. É a árvore da presença da pura luz. As raízes da
árvore bebiam da fonte da água da vida que sustenta aos
Eons. Suas folhas são música, sua semente é a promessa,
e suas flores castas. A fruta da árvore é o conhecimento do
caminho de descender e do caminho de ascender. Aqueles
que comem da sua fruta se elevam através dos Eons e se
unem com o Filho do Espírito Invisível perfeito, o Autogenito
o Mashia.
Os Arcontes deixaram a Árvore da Vida sem proteção para
que o Homem pudesse desobedecer a lei de Samael e
pudessem comer dele pecando, mas a Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal a cobriram com suas asas
ocultando-a do Homem para que este não comesse dela e
despertasse e se envergonhasse pela nudez de sua loucura.
Porque o Homem caminha como em um sonho de
esquecimento e obedecia as leis de Samael e o chamavam
de Senhor. Ele não sabia que a luz estava com ele, e em
Samael somente havia fogo e obscuridade.
Samael envolveu em sonhos o homem mas este não era um
verdadeiro sonho senão um esquecimento da mente. Ele
pretendia unir-se com a faísca que brilhava em seu rosto. A
faísca não era algo que pudesse ser capturada ou roubada.
O Arconte principal tomou uma mostra da costela esquerda
de Adão quando este jazia dormindo e fez com ela um vaso
que ele encheu com uma porção de sua luz. A forma do vaso
era feminina. Ela foi chamada Eva, a primeira mulher.
Quando Adão despertou olhou para a mulher e reconheceu
nela sua própria imagem. Ela havia nascido da sua própria
semelhança e ele a amou como se amava a si mesmo. Ele
disse: “Verdadeiramente, é sangue de meu sangue e carne
de minha carne. Nos uniremos e seremos um.”
A vontade de Samael era fazer com a mulher em segredo
enquanto o homem dormia e dessa maneira arrebatar o
poder da faísca que havia dentro dela. Ele pretendia infundir
seu poder em suas obras, como o havia liberado antes na
união com sua consorte. A beleza da mulher despertou sua
luxúria. Ela era inocente e não entendia que estava nua.
Lilith viu o propósito de seu consorte e aumentou a maldade
em seu semblante. A beleza de Eva era maior que sua
própria beleza porque a faísca da Mãe brilhava dentro dela.
A beleza de Eva procede da luz mas a beleza de Lilith é das
sombras. Lilith todavia desejava a Samael mas já não podia
fazer com ele. A mutilação do Dragão Cego os mantinham
separados. O encanto de Eva era como fel e absinto em sua
boca.
Na obscuridade da lua minguante ela se transformou em
uma coruja. Voou desde os mais altos ramos da árvore no
meio do Paraíso chamada de Árvore do Conhecimento do
Bem e do Mau. Com agudos gemidos ela convocou a mulher
de sua cama antes que Samael tivesse relações com ela. A
mulher seguiu os gritos até a raiz da árvore. Ela se
maravilhou muito da sua beleza. Sempre no passado havia
estado oculto detrás das asas dos anjos.
Lilith disse a Eva, “Desperta da profundidade de teu sonho.
Levanta-te da cama de tua embriaguez. Tu és uma Deusa
que caiu desde seu estado. Coma da fruta dessa árvore e
reconhecerás tua nudez.”
Ela se transformou em sua forma de serpente e estendendo
entre suas mandíbulas uma fruta da árvore à mulher.
Maravilhando-se de suas palavras, Eva comeu da fruta.
Seus olhos se abriram a sua nudez e teve vergonha. Ela
correu com a fruta até Adão e o disse que a serpente a havia
revelado. Adão também comeu da fruta. Seus olhos se
abriram a sua nudez e conheceu a vergonha. Eles
encontraram folhas com as que se cobriram e se
esconderam da ira de Samael.
Quando o Arconte principal advertiu que o homem e a
mulher se haviam retirado de sua presença ele montou em
cólera. Entendendo em seguida que eles haviam comido as
frutas da árvore. Samael os maldisseram e também à terra
que pisavam. Eles viram a ignorância da obscuridade que
havia dentro deles mas estavam assustados para censurá-
lo. Ele ainda era seu Deus. Os expulsou do Paraíso e os
vestiu com peles de sombras. Para que eles não
regressassem pôs um Arconte na porta deste com uma
espada flamejante.
6
Passado um tempo depois de que Eva se foi do Paraíso
entretanto era virgem. Toda luxúria e fornicação entre os
homens procediam do Arconte principal, Samael, nascido do
fogo de seu espírito rebelde. Os homens seguiram seu
exemplo e pecaram, assim como as mulheres imitaram as
tentadoras armadilhas de Lilith, sua consorte.
Quando ele expulsou Eva, se arrependeu por ter sido
precipitado, dizendo, “eu farei com a filha do Homem e
engendrarei um filho.” Dizendo isto, ele a seguiu com asas
escuras. Descobriu a mulher quando estava se preparando
no quarto de seu marido. Igual o raio caindo do Céu, ou
como o falcão bate suas asas e se inclina sobre sua presa,
assim Samael a Antiga Serpente caiu sobre Eva para ultrajá-
la.
Ele pretendia manchar a luminosa faísca de vida que
brilhava dentro dela. O Espírito Onisciente olhou até
embaixo desde seu alto trono e entendeu o malvado
propósito de Samael. Ele enviou seu anjo Armozel para tirar
a faísca de Barbelo do vaso da mulher antes que o Arconte
penetrasse sua virgindade. A luxúria de Samael foi satisfeita,
mas a luz não foi contaminada.
Adão foi com sua esposa. Quando ele viu a sujeira de
sangue e semente impura que manchava suas coxas, ele
supôs que a Serpente a havia montado. Esta foi a mancha
da primeira descarga menstrual, a maldição das mulheres
para sempre. Ele rechaçou e negou as carícias de Eva. O
ardor da mulher cresceu pela escoria que Serpente havia
vertido dentro de seu útero. Ela usou seus atrativos para
seduzir Adão até que ele jazeu com ela em sua impureza.
Quando o momento chegou, um filho do homem nasceu.
Eva o envolveu com a borda de seu vestido e o levou a Adão,
dizendo-lhe “Tenho recebido um homem do Senhor.” A cara
do infante era vermelha de indignação, e os olhos do menino
eram negros de raiva. Da sua cabeça caia uma mecha de
cabelo negro como o alo de um corvo. Jamais se viu seu
riso. O nome do menino era Caim. Adão pensou que era o
fruto de suas partes mas Eva sabia que ele era o fruto da
Serpente.
Quando o momento chegou, um segundo filho do homem
nasceu. Porque Adão continuou fazendo com Eva em seu
sangue. A cara do infante era justa, e seus olhos eram azuis.
O cabelo de sua cabeça brilhava como o ouro do Sol.
Quando o menino alcançou sua virilidade ele cantou
canções de sua própria criação enquanto cuidava das
ovelhas de seu pai. O nome do menino era Abel. Ele foi
verdadeiramente o fruto de Adão, mas um destino terrível
desceu sobre sua cabeça pelo pecado de seu pai.
Caim fez oferendas ao Senhor, quer dizer a Samael o
Arconte principal, mas seu coração era rebelde e seus
pensamentos orgulhosos. Abel fez a oferenda de seu
rebanho, e seu coração era manso em seu peito e seus
pensamentos obedientes. Samael aceitou os presentes que
Abel o deu humildemente. E aos de Caim os deu de volta,
determinado pela arrogância. Caim odiou a Abel porque o
Senhor lhe favorecia. Quando Caim estava com seu irmão
no campo levantou sua mão e o matou.
Samael se lamentou pelo assassinato de Abel e a ira
cresceu nele. Maldisse a terra para que Caim não obtivesse
ganância dela. Porque ele amava o filho de Adão mais que
sua própria semente. E a terra já não produzia para nutri-lo.
Ele se foi de seus campos e deixou os rebanhos de Adão.
Para que Caim sofresse a destruição em seu futuro, Samael
pôs uma marca ardente em sua cara. Por esta marca o leão
e o basilisco o evitavam.
Caim entrou na terra ao leste do Paraíso e tomou uma
esposa. Ela não era uma mulher senão uma filha de Lilith
engendrada por Samael através do Dragão Cego. Seu nome
era Yoko. Ela era um demônio dos desejos secretos. Com
ela Caim engendrou Enoque. Este construiu uma cidade, a
qual foi mais tarde mencionada pelo filho de Caim. Enoque
engendrou a Matusalém, e Matusalém engendrou a Lamec.
Toda a linhagem de Caim emanou da luxuriosa copulação
com as filhas de Lilith.
Lamec tomou a dois demônios do deserto para que fossem
suas esposas. Uma se chamava Adah e a outra Zillah. Com
Adah ele engendrou a Jabal que foi sábio em todas as
maneiras de sacrifício e a leitura de sinais. E Adah deu a luz
outro filho chamado Jubal que cantava hinos de louvores e
rendia culto ante ídolos talhados. Com Zillah engendrou a
Tubal-Caim que ensinou a manufatura de armas de guerra.
E Zillah deu a luz a uma irmã de Tubal-Caim que se chamou
Naamah. Ela era uma sedutora e uma feiticeira
experimentada em encantamentos e na criação de talismãs.
Em aparência Naamah era como Lilith. Por cima de seu
umbigo ela estava formada como uma mulher. Mas por
debaixo deste ela era às vezes uma mulher e às vezes um
pilar de chamas devoradoras. Naamah tentou e seduziu a
seu irmão Tubal-Caim para que fizesse com ela. Igualmente
usou seu encanto para despertar a luxúria de Lamec, e
quando ela transou com seu pai e havia recebido sua
semente sobre a semente de seu irmão, ela colocando-se
asas de obscuridade se afastou voando e rindo-se com
maldade em seu coração.
Com remorso por seu malvado ato de incesto, Lamec
levantou sua mão contra Caim e o matou. Mas foi a maldição
de Caim que deu lugar a maldade de Lamec. Assim foi o
juízo de Samael realizado contra Caim pelo assassinato de
Abel seu irmão.
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Depois do assassinato de Abel, Adão se absteve de fazer
com sua esposa durante cento e trinta anos, dizendo “Por
que devo engendrar filhos para que sejam assassinados? O
homem surge da poeira e a ela há de voltar. Melhor para ele
não nascer nunca.” Ele fez uma cama para si em um cômodo
separado e dormiu separado de Eva, que chorou
amargamente. Ela estava vazia e sem ser preenchida. A
mancha da Serpente continuava nela.
Grande foi a corrupção de Adão que desejou Eva em seu
tempo de impureza, e sepultou sua semente na sujeira da
Serpente. Lilith a Rainha das Prostitutas não havia deixado
de desejar acoplar-se com Adão. Quando ela viu a
profundidade de sua maldade se fez poderosa em sua casca
e foi até Adão enquanto ele estava dormindo. Ela voou
entrando por sua boca aberta e entrou em sua carne. Em
seus sonhos ela foi até ela e teve contato sexual com ele.
Este não era bastante forte para resistir a suas seduções.
Ela estirou seu corpo de serpente dentro de sua pele e tirou
calor para engendrar demônios.
Naamah a filha de Lamec cuja mãe era Zillah um demônio
do deserto, também fez sexo com Adão e tomou seu calor.
Com suas feitiçarias ela formou sonhos de ilegítima luxúria
extraindo suas poluções. Ela levou sua semente em um
copo de prata e a levou a sua morada sob as ondas do mar
ocidental. Ali ela a usou para engendrar demônios e
espíritos.
Depois da morte de Caim nas mãos de Lamec, o Espírito
Invisível enviou o anjo Armozel a Eva. O anjo restaurou na
mulher o que havia tomado dela para guardar da desonra.
Uma vez mais a pura luz brilhou em seu semblante. Adão a
olhou, e o amor que havia murchado brotou como um verde
retorno. Ele deixou de receber os abraços de Lilith e
Naamah. Regressando com sua esposa e fazendo
saudavelmente com ela segundo a Lei.
Quando o momento chegou Eva deu a luz um filho. Ela o
envolveu com a borda de seu vestido e o mostrou a Adão,
dizendo-lhe “Deus me destinou outra semente em lugar de
Abel a quem Caim matou.” Ela não disse “eu recebi um
homem do Senhor” porque desta vez Samael não era o
senhor. A face do infante brilhava como a cara do Sol,
porque a faísca que estava em Adão e a que estava em Eva
se mesclaram dentro dele e ardeu com luminosidade dupla.
E o nome do garoto foi Seth, o primeiro na descendência de
Adão.
Havia grande regozijo no Céu porque a luz de Barbelo, a
Shekhinah que havia obscurecido nela com a chegada de
Samael se restaurou por fim seu brilho. Quando for seu
momento a alma de Adão ascenderá ao Primeiro Eon e terá
um lugar ao lado do Poderoso, Autogenito o Mashia, pela luz
de Armozel. A alma de Seth ascenderá ao segundo Eon e
morará na presença da luz de Oroiel. A semente de Seth
inclusive ascenderá ao Terceiro Eon e a luz de Daveithu.
Este Eon está destinado para ser o assento dos profetas. As
almas de todos aqueles que se arrependeram de sua
maldade voltarão ao quarto Eon e a luz de Aleleth.
Os descendentes de Adão sobre quem o espírito de
oposição lançou sua longa sombra serão levados ao mau e
atribulados com o esquecimento. Quando por fim suas
almas deixarem a poeira, elas serão entregues aos
demônios de Samael e serão encarceradas e lançadas nas
profundezas do inferno de onde não há arrependimento. Ali
há muitos lamentos e ranger de dentes. Semelhantes almas
serão ultrajadas por toda a eternidade de maneiras naturais
e antinaturais. Elas não encontrarão nenhum prazer ou
consolo em sua desonra.
Samael enviará seus anjos de maldade entre as filhas dos
homens para tomar aquelas que eles desejam e as levarão
longe para que lhes deem uma descendência da
obscuridade. Ele endurecerá os corações daqueles que o
rendam culto e os enganará. Ele os guiará a dificuldades e
fora da verdade. Os instruirá nas artes da guerra e nas
formas de destruição. Eles envelhecerão antes do tempo na
multidão de suas misérias. Desta maneira, a vontade do
primeiro Arconte (Samael) tentará escravizar a totalidade da
Criação e lançará toda a Humanidade à submissão.
8
O canto de Lilith. Oh meu amor, estavas perdido. O Sol
inclina sua face até as montanhas Ocidentais. Tu
esquecestes os lugares de onde surgiste. Tu vagas sobre as
profundezas e teus pés estão banhados em sangue. Foges
através dos vales e a bruma acumulada te traga, e as
sombras te reclamam. O caminho está semeado de
espinhos. O asno selvagem pasta pelo caminho. Um ladrão
na noite roubou as pedras indicadoras. O crepúsculo cai
entre tu e a tribo de teu pai que vai adiante de ti. Suas
pegadas foram engolidas. Suas vozes deixaram de fazer eco
nas colinas.
Mora comigo nesta noite e eu te confortarei. Embaixo do céu
aberto eu te darei abrigo. Deita na encruzilhada com tua
cabeça em meu colo. Branco minha coxa como a asa do
cisne recentemente amadurecido, suave como a pluma que
reveste o ninho das aves aquáticas. Renuncia a tuas
preocupações do dia e eu aliviarei tua fronte com beijos.
Minha língua transborda a doçura do favo de mel. A
exuberância da granada que é partida em sua madurês,
assim meus lábios fazem-se maduros sobre teus lábios.
Bebe o vinho de minha boca. A qual é um cálice
transbordante como o vinho do desejo. Embriaga-se com
meus beijos. Oh solitário viajante.
Busca refúgio embaixo do arco das minhas coxas. Estas são
poderosos pilares de alabastro que sustentam o firmamento
de estrelas fugazes. Refresca tua língua nas refrescantes
fontes de meus peitos. Estes são distantes montanhas
cobertas de neve que caem em torrentes espumadas. Oculta
tua cara em meio do emaranhado matagal de meus cabelos.
Este é um denso bosque com árvores de fragrâncias
especiarias. Oculta-te profundamente atrás da forte entrada
de meu útero. Esta é a Casa de Santidade, sim, incluindo o
Sancta Sanctórum (santo dos santos).
Eu sou branca e formosa. Meu semblante brilha com a pálida
luz da Lua em seu esplendor. Entra em meu Jardim Secreto
e faça-se dentro de mim caramanchão. Fica comigo, Oh meu
amor. Não te preocupes pelo passo dos dias. As estações
voltam e caem como as pétalas da flor. Os anos se afastam
como as nuvens depois da chuva. Incluindo quando teu
lapso de vida fazia-se finalizado, fica em meu abraço. Eu te
trarei o suave abrigo da terra e jazerei ao teu lado até os
confins do mundo.
Não esforce-se para levantar-te, meu amor. A longa noite
tem ainda que acabar. Eu não partirei tão cedo do calor de
tua respiração. Meus braços se apegam ao redor de teu colo
febril igual o fio da aranha umedecido pelo orvalho agarrado
à mariposa trêmula. Meus lábios vermelhos se grudam com
a doçura do mel em tua cara. Estás capturado entre o forte
arco de minhas coxas. Meu útero devora todo teu membro
inchado como a serpente que traga sua presa rapidamente
e com vida.
Eu sou negra e de terrível aspecto. Meus olhos são vividas
brasas que ardem como um fogo esmeralda nas cavernas
de meu crânio. Meus dentes são afiados como os do dragão
que esmaga seu inimigo em um abraço mortal. Agudas
minhas envenenadas unhas como as presas da víbora que
sibila. Meus lábios são vermelhos pelos coágulos de sangue,
de minha boca goteja sangue fresco, minha língua bifurcada
é negra como a Morte, o fedor da carniça se agarra a minha
respiração, e as moscas veem e se pousam em minhas
bochechas. Negros são meus peitos como as colinas das
profundezas. Minhas coxas imensas colunas de ébano que
inclusive se estendem para abaixo até os mesmos cimentos
do Abismo. O leviatã enrola sua viscosa largura sobre eles
e faz de meu útero sua guarida. Este Engendra serpentes
como o faz a barriga podre de um cavalo morto.
Não tentes escapar, Oh meu amor. Meus braços te contêm
com uma força terrível, eu te sujeito a meu peito com os
grossos fios de meu cabelo. Sou uma Deidade Ciumenta.
Nenhum outro deus deitará contigo. Eu sou a Prostituta
Celestial, a Rainha de Todos os Prazeres. Nenhum outro
amante te agradará na vida. Tua semente é o pagamento
que exijo por minha prostituição. Tu és a fonte de meu
deleite como o cadáver deleita o chacal no deserto. Os gritos
que nascem e morrem em tua garganta nutrem minha
obscuridade. Teu medo excita minha luxúria. Eu não deixarei
de abusar de ti todo o tempo que te ame. Nem tu poderás
libertar-te jamais de mim, porque nos unimos como uma
carne embaixo da face escura da Lua. Eu grito pelo excesso
de minhas paixões. Meus gritos são como os do pássaro que
voam pela noite gritando.
Temeroso viajante, tu sonhas um sonho do qual não vai
despertar. Tu vagas perdido em uma obscuridade que não
tem amanhecer. Resigna tua alma a minhas carícias e
coloque-se ébrio com a embriaguez de meus beijos.
Verdadeiramente eu te amo como nenhuma filha de Eva
pode amar-te. Tu te fazes mais forte em minha luxúria que
na luxúria nascida da carne. Eu te ensino deliciosos pecados
desconhecidos pela luxúria nascida da carne. Eu te ensino
deliciosos pecados desconhecidos pela humanidade. Os
prazeres que eu dou são os mais vívidos. Os caminhos que
abro são profundo caminhos. Guarda-te do vão
arrependimento e esquece a luz rosada do amanhecer. Faça
surdos seus ouvidos ao canto do galo. Aninhe-se para
sempre embaixo da aveludada sombra de minha asa. Meu
filho, minha carne, meu próprio dono, como podes pensar
que te abandonaria?
9
Este é o Mistério dos Nomes. Lilith e seu consorte Samael
são uma só carne. Assim como a Mãe Eva surgiu da costela
de Adão, assim Lilith surgiu da substância do Príncipe dos
Arcontes. Quando esta única essência toma a imagem de
Adão e vai a fazer com as filhas do homem, se lhe chama a
Serpente Inclinada. Quando ela se põe a pele de Eva e visita
aos filhos do homem, se lhe chama a Serpente Enrolada.
Ambos são nomeados como Serpentes para indicar
unidade.
Ela é chamada a Nortenha porque todos os males
descendem do Norte. É a região das tormentas e da
pestilência, o lugar dos ventos embaixo de uma perpétua
obscuridade. Também ela está interiormente fria pela
castração do Dragão cego e deve roubar o calor copulando
com a humanidade.
Ela é Lilith, o ser Ímpio que nunca está satisfeito. Seu útero
está aberto e não pode ser preenchido. Ainda que ela se
deite na cama alheia todas as noites sua luxúria a atormenta.
Nos braços de seu amante ela anseia o abraço. Na plenitude
do prazer ela sente um amargo pesar. Os frutos desse amor
são cascas vazias. Ela tem fome e não se alimenta.
Ela é a avó Lilith e Lilith a anciã porque é mais velha que a
humanidade. Toda a maldade flui de seu útero. A
descendência das uniões entre os anjos caídos e a
humanidade são levados a ela e atados à interminável
bainha de sua saia. Ela os alimenta com absinto e os cria
como a seus próprios filhos.
Ela é chamada a Mãe dos Abortos porque odeia a fertilidade
das filhas de Eva. Com artes maléficas causa abortos.
Ela é a Escassa Medida porque colhe a semente que emite
o homem durante os sonhos, e a semente que é vertida na
terra para prevenir a gravidez, e usa seu calor para
engendrar monstros. Os homens que dormem sozinhos no
quarto caem presos em suas carícias.
Ela é denominada a Bruxa Noturna, e por esta razão, se
senta no peito dos que jazem dormindo, e suga sua
respiração com seu beijo. Sua doçura e nauseante
fragrância obstrui seus orifícios nasais. Às vezes ela se
senta nas faces dos homens e saca seus espíritos com seu
útero. Ela entra em seus sonhos e se diverte com eles. Estes
jazem como se estivessem sujeitos com corrente e não
podem tirá-la.
Ela é chamada de a Estranguladora de crianças. Vai aos
berços dos infantes recém nascidos e se agarra a suas
pequenas caras. Intenta entrar neles e receber a forma de
seus vasos, tentando unir suas almas com ela para possuí-
los. Sua respiração se detém e morrem.
Ela é a Prostituta Escarlate porque usa um vestido vermelho
para despertar as paixões dos homens, já que esta é a cor
da libertinagem. Assim também é seu cabelo da cor da lama.
Ela monta nos lombos do Dragão cego enquanto voa no
grande círculo da bússola do Mundo.
Ela é a Rainha das Prostitutas porque todas as mulheres
caídas que se venderam pelo preço de um pão de forma ou
uma jarra a servem como criadas e a rendem culto. Ela
instrui suas mentes nas artes perversas. Elas se atrevem a
pecar pelo valor que os concede, e é um tipo de loucura
temerária que as conduz a realizar grandes maldades.
Ela é conhecida como a Mulher Estrangeira e a Coroa
Estrangeira pela razão de que se interpõe furtivamente entre
o homem e sua esposa como uma corrupta moça servente
que seduz o Amo da Casa e o tira fora do quarto matrimonial.
Ele esquece a sua esposa e deita-se em uma cama à
margem da lei. Ele a faz a senhora de sua casa e logo ela o
trai.
Ela é chamada a Donzela quando vem ao princípio. Porque
põe uma cara modesta e fala com castas palavras. Leva
cobertas suas extremidades. Ela finge inocência como uma
Noiva nova em sua noite de bodas. Toda esta falsidade está
destinada a engendrar o amor que pode corromper. Embaixo
da ocultação da bainha de seu vestido ela é um pilar de fogo.
10
Os Aspectos de Lilith. Quando ela vem como Samael a
Serpente inclinada para fazer com as mulheres mortais às
vezes tem o corpo de uma grande serpente com a cara de
um leão. Frequentemente tem a cabeça de um homem com
um longo cabelo dourado e leva uma coroa de ouro maciço.
Ele rodeia a mulher entre seus anéis para que não possa
mover-se e a viola. Seu membro é longo e fino com a dureza
do ébano mas é frio, assim que o calor é tirado da sua
barriga. Sua língua é bifurcada como a de um lagarto. Ele a
estende dentro da orelha da mulher ou a coloca na garganta.
Com seus lábios sussurra obscenidades. Morde os peitos e
os deixa enegrecidos. Lança um pingo de veneno em seu
útero que se converte em corrupção e fedores, as moscas
vem e ela morre.
Ela vem como uma mulher cujo cabelo são víboras, e uma
víbora permanece em sua boca no lugar da língua. Eles a
olham com terror mas não podem fugir. Suas pernas se
tornam água e seus corações são como a pedra.
Os viajantes do deserto ouvem seus alaridos. Ela veste a
forma de uma ave de rapina com a cabeça e peitos de uma
mulher formosa. Enquanto eles jazem dormindo, ela defeca
em suas caras. E cai sobre suas costas com suas garras
afiadas e os abaixa às profundezas.
Todavia, ela veste outra forma no deserto, e é esta. Ela cai
sobre os desprevenidos viajantes. Seu corpo é como o de
um leão e sua cabeça e peitos de mulher então os desafia e
prova sua sabedoria com enigmas e se eles falham, os viola.
11
Os filhos de Lilith do Primeiro Tipo. Nasceram da moagem
do Dragão cego quando ela deitava-se acoplada com seu
consorte Samael o Arconte principal de que ela é a imagem
refletida. Entre eles estão as autoridades e reis e anjos
caídos que desejaram às filhas do homem. Estes são
completamente espíritos sem mistura de matéria. Porque
eles não têm parte alguma de humanidade senão que
tomam toda sua natureza do poder ardente de Samael que
ele recebeu de sua mãe Barbelo.
Os primeiros a surgir do Dragão foram as Doze autoridades
que governam sob à Autoridade Suprema. Cada um rege em
sua casa Celestial. Seus nomes são Athoth, Harmas, Galila,
Yobel, Adonaios, Caín, Abel, Abrissina, Yubel, Armoupiael,
Melcheir, e Belias.
Os segundos a surgir foram os Sete Reis. As autoridades os
concentraram e os situaram nos sete céus. Começando pelo
mais alto seus nomes são estes. Athoth tem a semelhança
de uma ovelha. Eloaios tem a semelhança de um asno.
Hastaphaios tem a semelhança de uma hiena. Yao tem a
semelhança de uma serpente com sete cabeças. Sabaoth
tem a semelhança de um dragão. Adonin tem a semelhança
de um babuíno. Zabbedias tem a semelhança de uma
lhama. E estas são as sete partes da semana.
Sete arcanjos foram colocados para que governassem sobre
os anjos menores cujo número é de 365. Seus nomes são
Miguel, Ouriel, Asmenedas, Saphasatoel, Aarmoriam,
Rickramas, Amiorps.
Cinco espíritos foram engendrados para governar os quatro
poderes incorpóreos das essências da matéria e o quinto
poder que compreendem aos outros quatro. O espírito do
calor ou a potência ardente é chamado de Phloxopha. O de
frieza que governa a potência aquosa é Ororothos. O espírito
da secura que está colocado sobre a potência terrestre é
Erimachos. O da umidade sobre a potência aérea se chama
Aethuros. E o espírito do poder da quintessência é
Onorthochras.
Cinco demônios governam as paixões. Ephememphi está
colocado sobre o prazer. Yoko governa o desejo.
Nenentophni governa o sofrimento. Blaomen governa o
medo. Sobre estes quatro está colocado Ouchepiptoe que
os governa a todos eles. Desses quatro demônios surgem
todas as paixões que são a debilidade da carne, como do
sofrimento vem a ansiedade, a angústia, a inveja, os ciúmes,
e assim também para o resto.
Há demônios menores colocados sobre as partes do corpo.
Para ajudar ao Arconte principal a levar seu alento de vida
às extremidades de Adão. Seus nomes são estes.
Diolimodraza a cabeça, Asterechme o olho direito,
Thaspomocha o olho esquerdo, Yeronumos a orelha direita,
Bissom a orelha esquerda, Akiorem o nariz, Pehrom a boca,
Yammeax o pescoço, Yakoui o ombro direito, Verton o
ombro esquerdo, Tebar a parte superior do braço direito,
Anambis a parte superior do braço esquerdo, Mniarchon o
cotovelo direito, Phoraxii o cotovelo esquerdo, Abitrom o
antebraço direito, Eventhon o antebraço esquerdo, Oudidia
a mão direita, Arbao a mão esquerda, Lampno os dedos da
mão direita, Leekaphor os dedos da mão esquerda, Kriman
todas as unhas da mão, Koade o dorso direito, Odeora o
dorso esquerdo, Taphreo o dorso médio, Pisandriapt o tórax
superior, Barbar o peito direito, Imaex o peito esquerdo,
Asphixix as costelas direitas, Synogchota as costelas
esquerdas, Senaphim o abdomem superior, Phthave o
umbigo, Arouph o abdome inferior, Bathinoth todos os
genitais tanto do homem como da mulher, Bedouk o útero,
Sorma a vulva, Arabei o pênis, Eifo os testículos, Baribas o
quadril direito, Phnouth o quadril esquerdo, Carcharb o
glúteo direito, Cthaon o glúteo esquerdo, Cour as coxas
direitas, Carcha as coxas esquerdas, Aol o joelho direito,
Caraner o joelho esquerdo, Aroer a canela direita, Toechea
a canela esquerda, Baston o pé direito, Marephnounth o pé
esquerdo, Archentech os dedos do pé direito, Abrana os
dedos do pé esquerdo, Miamae todas as unhas dos pés.
Estes são os demônios que ajudaram a propagar o alento
de Samael pelas partes interiores de Adão. E eles governam
estes órgãos. Meniggesstroth o cérebro, Amen os dentes,
Dearchos a garganta, Cnoumeninorim a dureza dos ossos,
Abenlenarche a medula, Gesole o estômago, Agromauma o
coração, Banno os pulmões, Zostraphal o fígado,
Anesimalar o baço, Thopithroe os intestinos, Biblo os rins,
Roerur os nervos, Ypouspoboba as veias.
Sobre todos os demônios das partes do corpo está situado
Aenaro, porque ele é quem governa a alma da carne.
Entre os poderes que desejaram depois às filhas dos
homens como Samael desejou a Eva, O primeiro Arconte os
deixou descer à Terra e reverter-se com a aparência de
homens para poder fazer com suas esposas. E ele pecou
com eles porque ele são seus membros. Eles ensinaram ao
homem muitas feitiçarias e os corromperam. Seu número
era duzentos, mas os líderes somente tinham vinte. E nove
anjos seguiram a vontade de cada líder. Seus nomes são
esses. Semjaza, Arakiba, Rameel, Kokabiel, Tamiel, Ramiel,
Danel, Ezeqeel, Baraqijal, Azazel, Armaros, Batarel, Ananel,
Zaqiel, Shamsiel, Satarel, Turel, Jomjael, Sariel, Samiazaz.
Obs: Comparar esses nomes com os nome ditos no livro de
Enoque Capítulo 68, item 2.
http://bruxariasemdogmas.blogspot.com.br/2015/07/os-
anjos-do-livro-apocrifo-de-enoque.html
Enquanto estes moraram nas casas dos homens, os
ensinaram as artes da magia. Azazel era o chefe entre os
mestres, ainda que o décimo entre os líderes. Ele ensinava
as arte de fundir metais e polir gemas, e a fabricação de
armas de guerra, e de tintas e tinturas e ornamentos usados
pelas prostitutas para despertar a luxúria. Semjaza o chefe
entre os líderes ensinou o uso das ervas e o canto de
canções de poder. Armaros ensinou a arte de constituir
amuletos de proteção e de encontrar venenos. Baraqijal deu
instrução na leitura de sinais nos céus. Kokabiel ensinou os
nomes e poderes de todas as estrelas e suas constelações.
Ezeqeel ensinou os sinais do tempo na terra e no mar, e a
maneira de acalmar as tormentas e chamar os ventos e
convocar as chuvas. Arakiba deu instruções nas artes
geomânticas e no crescimento das culturas (agricultura).
Shamsiel ensinou a estações do Sol e a medição dos dias.
Sariel ensinou sobre as mansões da Lua e todo seus
poderes secretos.
Comparar com Livro de Enoque capítulo 8.
http://bruxariasemdogmas.blogspot.com.br/2015/07/os-
anjos-do-livro-apocrifo-de-enoque.html
Sobre as mansões lunares já escrevi sobre como utilizar
seus poderes:
http://bruxariasemdogmas.blogspot.com.br/2016/01/manso
es-lunares.html
Eles dormiram com as filhas dos homens na terra e se
contaminaram. E as mulheres tiveram gigantes, e os
homens usaram as artes proibidas, e o mundo permaneceu
cheio de sangue e injustiça. Em castigo por sua luxúria, o
Autogenito Divino enviou o anjo vingador Miguel com uma
espada flamejante. E ele os lançou em um fosso e os atou
na obscuridade. Ali eles habitarão até que o Autogenito, o
santo Mashia, desça à Terra e redimia a humanidade dos
tormentos da carne.
12
Os filhos de Lilith do Segundo Tipo. Estes surgem da
fornicação com os filhos e filhas dos homens. E têm uma
natureza composta. Uma parte é espírito e a outra é terrena.
Eles moram na terra. É a descendência de Lilith em sua
multidão de formas, e de sua filha Naamah, e de Samael seu
consorte. Entre eles estão os gigantes engendrados pelos
Poderes Caídos nas mulheres mortais. São mais altos e
formosos que os homens comuns. Por sua parte carnal são
chamados os Espíritos da Terra, e espíritos malignos porque
obram destruição sobre a terra causando problemas e
aflições ao filhos dos homens.
Dos Espíritos da Terra há duas classes que se diferenciam
pela forma de nascer. Este tipo é mais espírito que carne, e
o outro tipo é mais carne que espírito. O surgimento do
Primeiro Tipo. Lilith entra na cama de um homem e agita seu
membro. Ela colhe as faíscas de sua semente e as coloca
dentro de seu útero. Os dá nascimento e os nutre de seu
próprio peito. Alguns recebem corpos da essência do fogo.
Estes têm a pele quente e se lançam através do ar com a
rapidez da chama e uma estranha risada. Seu lugar de
morada está nos pântanos e montanhas. Outros são feitos
de ar e de bruma. Suas caras se dissolvem e retorcem em
questão de momentos mudando suas formas. O nome desse
tipo que é mais espírito que carne é Lilitu.
Para o surgimento do Segundo Tipo. Samael se aproxima
de uma mulher em sua sujeira a monta e excita seu desejo.
Então seu marido a monta e mistura sua semente com a da
Serpente. Ou às vezes ocorre que Lilith excita a luxúria de
um homem e ele faz com sua esposa à luz de uma vela, ou
em sua menstruação, ou olha sua nudez de maneiras
proibidas. Suas emissões são sujas e a criança é dada a
Lilith como sua própria. Estes crescem mais rapidamente
que as crianças comuns e possuem uma grande força. Estes
também são mais peludos e desfiguram suas caras com
astutos sorrisos e olhadas enganosas. Há uma maneira de
saber o que são. Quando todavia estão em sua juventude,
começa a cair o cabelo da coroa de suas cabeças. A
vergonha de sua nudez faz que a cubram. O nome deste tipo
que é mais carne que espírito é Lilin.
Caim que nasceu de Eva pela luxúria de Samael foi o
primeiro dos Lilin. Deste mesmo tipo era Enoque chamado o
filho de Caim, e seu filho, e o filho de seu filho, toda a
linhagem de Caim são filhos de Lilith. Nenhum deles
pereceram no mundo senão que todavia perduram. E sua
semente se mistura com a semente dos homens.
E as crianças nascidas da maldade e da luxúria fora da lei
são dados a Lilith como seus próprios. Ela sustenta suas
vidas em suas mãos como o pintinho que cai do ninho. No
entanto ela não os mata senão que se diverte com eles em
seus sonhos. A maneira de conhecer sua presença é esta.
A criança começa a rir-se e a babar como se estivera
dormindo em seu berço. Então é bom despertá-la beliscando
em seu nariz para que Lilith não esqueça seu afeto e beije a
criança extraindo sua vida entre seus lábios.
Tal criança deve ser observada com cuidado enquanto se
faz maior e guiado por virtuosos caminhos. Se enfurece com
rapidez e está disposto a errar. Como um lobo sempre tem
fome. Bebe como se sua abrasadora sede nunca se
apagara. O fogo das chamas de Samael esquentam seu
peito. É de suspiros pesados e de olhar sombrio, não pode
encontrar alegria neste mundo. É melhor que a vara se
rompa em suas costas que sua alma descenda às
profundezas. É melhor ter medo à luz que amor à
obscuridade.
No momento da Lua Nova, Lilith e sua ninhada vêm a deitar-
se com os filhos nascidos fora da lei e com aqueles que
anseiam e tratam de encontrar a maldade e cometer
adultério. Ela os faz manchar-se em sonho. E os espíritos
que a servem são em número de 408 legiões. Aqui há um
mistério para os sábios. Os que tem olhos para ler que leiam!
Eles são do tipo chamado Lilitu, e sua líder se chama Sariel
que é o governante dos espíritos do ar.
Toda a descendência destas uniões ímpias se elevam até
Lilith e ela os cria. Eles buscam refúgio embaixo de suas
amplas saias que são tão amplas como os céus. Eles
penduram como cachos de uvas maduras de seus
inumeráveis peitos. Seus gritos são como as ondas do mar.
Uma montanha de esterco se origina de seus excrementos
que engendram moscas e pestilência. Eles sugam e nunca
se dão por satisfeitos. Todos estão nus e tremendo. Com
enegrecidos olhos e bochechas magras eles desejam
sangue.
13
O método de Amor com os Espíritos. Lilith ou alguma de
suas filhas se aproximam do homem que deita sozinho em
sua cama, e à mulher solitária se lhe aproxima Samael ou
algum de seus filhos. Todos igualmente são filhos de Lilith e
compartilham seu poder. Ela se aproxima do homem
dormente que com certa frequência se desperta entre seus
abraços e deve submeter-se. Somente pode ser rechaçada
com muita dificuldade. Ela luta com ele e toma seu prazer à
força. Na fornicação ela tem a força de um guerreiro. Ele
geme em seus braços como quando se tenciona um arco e
solta sua semente.
Para despertar o amante ela se aparece como uma neblina
resplandecente no ar. Sua cor é o da luz da Lua que brilha
através da água. Sua imagem ondula como a superfície de
uma lagoa movida por uma brisa. Se afasta da vista quando
se busca com o olho e retorna quando se afasta a vista. Suas
feições se alteram constantemente o mesmo que uma
coluna de fumo nunca é a mesma senão que sempre se
renova. Quando o olho alcança seu semblante é a beleza
sublime de uma jovem donzela. Mas quando de novo o olho
a alcança seu semblante é a cara de uma prostituta coberta
pelo pecado. Em um instante se converte na cara de um
homem jovem. Logo no estranho e selvagem semblante de
um demônio. Dessa maneira, assim Lilith dança em suas
cascas ante seu amante.
Estas são as maneira que ela tem de aproximar-se.
Descende suavemente sobre a coroa da cabeça. Seu
amante a sente como um frio nevoeiro que cai por seu coro
cabeludo e cara. Este sente umas cócegas e formigamentos
ou comichões de onde a parte alta do osso do crânio se
encontra com a cora. Às vezes ocorre que o lado direito da
cara se esfria mas o esquerdo permanece inalterado. Seus
olhos pestanejam e lacrimejam como se os houvessem
soprado uma fina poeira. A cócega chega até a ponta do
nariz e dos lábios.
Outras vezes ela ascende pelas pernas desde as pontas dos
dedos gordos dos pés. É como se um espinho afiado
fincasse os dedos dos pés. O frio nevoeiro flui até acima
pelas pernas e as pressiona com um suave peso. O calor
deixa a pele dos pés. Os músculos das coxas se contraem.
Um fogo que é como o relâmpago nas montanhas destelha
desde a pontas dos dedos dos pés até os lados internos das
coxas e faz-se que todo o corpo do amante vibre. O cabelo
dela roça a pele dele quando se deita em cima e este pensa
que é uma brisa noturna.
Pode suceder que seu contato somente seja sentido no lado
direito do corpo. Às vezes ele sente seu frescor ao longo da
sua costa de onde ela toca o acolchoamento do colchão,
porque Lilith passa através da palha e lã com a facilidade
com que um peixe se desliza através das profundidades. Os
cobertores da cama não são nenhuma barreira para ela,
nem uma porta fechada ou janela com persianas impedem
sua aproximação. Seus dedos chegam por debaixo dos
ossos do crânio refrescando o cérebro e se apertam contra
o batente coração dentro de sua jaula de cócegas e
descansam sobre o fígado a prazer.
Frequentemente ela realiza sua aproximação pelo ânus e o
membro sexual. Ela descende sobre os quadris com um tato
parecido a um fino tecido e inflama a raiz do membro por
detrás dos testículos. Este se põe ereto. Ainda que ele não
tenha pensamento algum de desejo ela toca a raiz e se faz
mais duro e grosso que quando faz com uma mulher. Ela faz
que seu membro se ponha ereto e ele começa a sentir
desejo. Mas não é necessário para ele desejar antes de que
ela endureça seu pênis. Seu toque é suficiente.
Ás vezes ele sente uma cócega em seu anus como se fosse
penetrado. A glande de seu pênis se incha duas vezes que
seu tamanho normal e sua cor troca para o púrpura escuro
da uva. Está frio ao tato e carece de sensações. No entanto
quando Lilith o toca ele sente o fogo do raio golpeando-o
desde sua ponta à sua raiz, e seus testículos se retraem
sozinhos em seu ventre. Não são suas próprias carícias
senão as do espírito as que causam esta sensação.
Os tipos de carícias que Lilith dá ao membro. É uma pressão
ao longo de sua longitude como a que exerce uma mão. Se
produz uma cócegas na parte inferior da pele da glande e ao
redor da ponta como o roçar de uma pluma. Se produz uma
pressão nos testículos que causa dor. Se produz uma picada
nos testículos. Também se produz uma dureza dentro da
raiz dos testículos. Surge uma dureza dentro da raiz do
membro. Se produz uma cócega dentro do canal do membro
à metade de sua longitude. Se produz um contato suave e
úmido na glande como a de um beijo. É uma sensação de
sucção que se absorvem os fluidos do desejo. Isto é como
um anel ajustado que se desliza até abaixo por toda a
longitude do membro desde a glande até a raiz e envolve o
membro em um calor pegajoso e úmido.
Lilith encontra deleite mantendo a luxúria de seu amante. Ela
recebe prazer de suas palavras amorosas e extrai calor de
suas fantasias luxuriosas. Ele a pede para soltar sua
semente e finalizar seu atormentado desejo. Ela o provoca
com hábeis carícias para que sua luxúria não decaia, mas
nenhuma é conclusiva. Ele está suspendido em uma cama
de fogo que inflama suas sensações sem permitir-lhe uma
pausa até ser levado perto da loucura. Da ponta de sua
explosiva glande goteja incessantemente um fluxo de
pérolas transparentes sobre seu baixo ventre agrupando-se
ali. Este é o Lago de prata de Lilith que ela extrai dos fluidos
sexuais soltados por sua intensa luxúria. Estes fluidos são
mais abundantes e também mais transparentes que os
liberados durante o ato normal do amor.
Seus beijos são suaves e úmidos. Eles se grudam na pele e
deixam uma sensação de doçura na carne que não pode
descrever-se com palavras. É como a embriaguez do vinho
mais fino antes de que sacie os sentidos, mas mil vezes mais
agradável e nunca diminui ou chega ao excesso. A
respiração que sai de seus lábios está perfumada com raras
especiarias. Seu amante a respira e faz seus pensamentos
pesados e cobre suas extremidades com um manto de
lassidão. Seu beijo sufoca sua cara. Ele se esforça por inalar
suas exalações. Seu fragrante aroma chega até as mesmas
profundidades de seu ventre e dobra a rigidez de seu
membro, assim que ele deseja morrer na brevidade de sua
respiração antes que perder seu beijo. Não há desejo algum
para mover as extremidades. Ele se afoga no vinho de sua
letargia.
Com a chegada de Lilith o coração de seu amante palpita
rapidamente com pesados golpes. Salta em seu peito com a
ansiosa alegria de um jovem potro. A seus ouvidos chega
uma campainha de címbalos de prata e um zumbido de
abelhas. Um aroma como o do incenso fica suspenso no ar
do quarto. Seus beijos fazem que seus lábios e boca fiquem
secos e terrosos como a areia do deserto. Às vezes surge
uma cócega em sua garganta e o provoca tosse. Ele tira
cada respiração com esforço como se o próprio ar fosse
condensado por sua substância. Todos seus sentidos giram.
Em sua cabeça se redemoinha um vórtice.
Finalmente ela provoca o brotar de sua semente.
Verdadeiramente é seu beijo e não o contato de sua amante
que o provoca. A emissão é mais copiosa que a provocada
por uma mulher. Também a sensação é mais intensa, assim
que com certa frequência ele grita com uma mescla de dor
e êxtase. O ato sexual com a mulher é como água
comparado com o vinho de suas carícias. Ele se volta até
ela com o desejo de seu coração e abandona o abraço de
sua esposa. Frequentemente disso resulta que quando um
homem deita muitas vezes com Lilith ou suas filhas, o amor
das mulheres terrestres não tem poder para despertar seu
desejo.
Lilith raras vezes fala a seu amante enquanto este se
desperta quando ela visita sua cama, mas frequentemente
mantem uma conversação com ele quando ela o abraça no
sonho. Seu discurso é provocador e atrevido. Às vezes ela
o revela segredos ao que favorece. Ele vê claramente sua
forma com todas suas luminosas cores, e não se desvanece
quando o sonhador mete o olhar por muito tempo sobre ela.
Quando transforma seu aspecto o faz abertamente ante sua
vista. Ela copula com ele e ele derrama sua semente nas
matas (pentelhos) contaminando-as. Por isso os homens
que buscam o abraço de Lilith em seus sonhos levam um
pano sobre suas partes quando se encostam para dormir.
Ela se aproxima da mulher que está sonhando na aparência
de Samael a Serpente inclinada. Ele não tem nenhum
membro, mas à sua amante parece que ele possui membros
através do glamour de seus adornos. Para a inocente
donzela ele se reveste com o vaso de um formoso jovem
com dourados fios e olhos azuis que a olham com amor. Ela
é seduzida por suas artimanhas e não resiste. Ele entra em
seu corpo em espírito por causa disso seu hímen não se
rompe e a viola com seu membro. É mais grosso que os
membros de um homem terrestre e duro como a madeira,
mas impregnado de frio como se houvesse estado em
repouso no fundo de um profundo poço.
Se ela começa a resistir a suas carícias, se enfada e se põe
impositivo. A beleza de seu rosto se destorce com o fogo de
sua luxúria. Ele zomba dela e a insulta por seus escrúpulos.
Ela não pode recusá-lo pelo que deve submeter-se a seu
desejo. Em frequentes ocasiões ela o dá de bom grado a seu
abraço e se prepara para sua chegada ao quarto igual que
uma Noiva nova se prepara para a recepção do Noivo.
Quando ele está seguro de que ela se rendeu, deixa de lado
a máscara de seu engano e se aparece ante ela em toda a
sua arrogância e crueldade. Assim, ela se converte em sua
escrava e deve dar-se a ele tanto que se quer como se tenta
resistir-lhe. Ainda assim, tão potente é seu ato amoroso que
poucas são suas amantes que se atrevem a desfiá-lo.
14
Comentário: Primeiramente, eu ensino a fazer sangue,
qualquer que seja à partir de vinho e gotas do seu próprio
sangue:
15
A Oração, Invocação e Despedida de Lilith. A oração é
pronunciada em voz baixa com a suavidade da respiração
cada noite antes de entrar em sonho. Seu coração se
regozija por aqueles que a louvam, e vem amorosamente e
não os mata.
“Sagrada Mãe do céu, seja mansa comigo. Eu sou o recém-
nascido que dependuro de teus peitos, eu sou o infante que
se ri sobre teu colo. Abrigando-me sob a borda de teu
vestido sem costuras do calor que devora à Lua. Proteja-me
dos ventos ardentes do deserto. Oculta-me da ira de
Geradamas o Justo, cujo olho busca nos rincones ocultos e
condena o malvado. Eu te adoro com grande louvor. Mais
formosa que a Saída do sol são as sombras secretas de teus
desejos. Mais formoso que o Ocaso o escuro de tuas
promessas. Bendizei-me com as múltiplas bênçãos de teu
amor. Faz chover sobre minha caneca as brilhantes gotas
de teus azeites perfumados. Unge o instrumento da minha
luxúria para que eu possa ascender e empalar-te. Eu sou o
verdadeiro filho de teu útero. Eu sou o desflorado de teus
filhos. Leva-me pelos caminhos de tua maldade e refugie-
me com tua sombra da espada ardente do Todo Poderoso.
Em verdade, Em verdade, Em verdade.”
A invocação de Lilith à Presença Tangível. É pronunciada
por um ungido com seu azeite ajoelhando-se e inclinando a
cabeça dentro do Círculo de Onze Serpentes. Isto a chama
dos Seis Extremos. Ele pronuncia a invocação quando
desejar deitar com ela por prazer em sua cama, ou quando
quer consulta-la sobre mistérios, ou quando percebe as
formas das coisas que entram em seu espelho côncavo.
“Eu te invoco, Oh Antiga que cavalgas sobre a lua minguante
pelos céus da meia-noite. Eu te convoco, Mãe dos Demônios
que te sentas entronizada no meio dos Arcontes. Athoth é
teu estrado e Harmas é poeira sob tuas sandálias. Kalelah é
o resto de tuas unhas e Yabel teus excrementos. Todos te
servem os que foram criados de ti e por ti. Velha e Jovem,
Donzela e Prostituta, Criadora e Destruidora, branca é a
parte direita de tua face e negra a esquerda. Descende!
Descende! Descende! Aparece neste lugar preparado para
ti IHV (Yod He Vau), HIV (He Yod Vau), VIH (Vau Yod He),
eu te recebo a minha direita, IVH (Yod Vau He), HVI (He Vau
Yod), VHI (Vau He Yod), eu te recebo a minha esquerda. IH
(Yod He), IHVH (Yod He Vau He), IHVH (Yod He Vau He).
Pelo poder dos nomes aparece. Sax, Sax, Abrasax. IAO,
IAO, IAO. Zox, Zozazoth, Zoxathazoth. Yaltabaoth, Saklas,
Nehushtan. Eu conheço teu nome, eu conheço teu
verdadeiro nome, verdadeiramente teu nome é este:
O círculo:
Pronúncia (entre parênteses) das palavras hebraicas do
círculo:
1 BIVM HHVA (Beit Yod Vau Meim) (He He Vau Aleph)
2 IPQD IHVH (Yod Pei Koph Dalet) (Yod He Vau He)
3 BChRBV HQShH (Beit RReit Reish Beit Vau) (He Koph Sin
He)
4 VHGDVLH VHChZQH (Vau He Guimel Dalet Vau Lamed
He) (Vau He RReit Zaiyn Koph He)
5 AaL LVIThN (Aleph Lamed) (Lamed Vau Yod RReit Num)
6 NChSh BRCh (Num RReit Sin) (Beit Reish RReit)
7 VAaL LVIThN (Vau Ayin Lamed) (Lamed Vau Yod RReit
Num)
8 NChSh AaQLThVN (Num Kaph Sin) (Aleph Koph Lamed
RReit Vau Num)
9 VHRG ATh (Vau He Reish) (Aleph RReit)
10 HThNIN AShR (He RReit Num Yod Num) (Aleph Sin
Reish)
11 BIM AMN (Beit Yod Meim) (Aleph Mein Num)
12 IHV (Yod He Vau)
13 IVH (Yod Vau He)
14 HIV (He Yod Vau)
15 HVI (He Vau Yod)
16 VIH (Vau Yod He)
17 VHI (Vau He Yod)
16
O azeite de Lilith, sua Extração e Uso. É um azeite suave e
claro que emana em gotas cristalinas do órgão sexual
quando ela o inflama. O azeite é de dois tipos, um tipo
masculino e outro feminino. O tipo masculino flui da ponta do
membro e o do tipo feminino em gotas das paredes internas
da vagina. Este é o Néctar de Lilith dado como recompensa
aos que ela ama. Não pode ser extraído à vontade pela
manipulação do membro porque o que então flui é outro
azeite com aparência nublada e odos hediondo. E carece
das virtudes do verdadeiro azeite.
A maneira de reconhecer o Verdadeiro Azeite é esta. Lilith
vem enquanto o membro está macio e a mente vazia de
desejo. Ela o põe ereto ainda quando o homem não queira.
Ele todavia não sente luxúria no entanto sua parte
pecaminosa está enrijecida como a dureza do ferro e tem
inchado e endurecido a zona abaixo dos testículos perto do
ânus. Ela mantem a rigidez com sua carícia.
O azeite começa a condensar-se em lágrimas de prata no
sulco da glande e não cessará até que Lilith deixe sua cama.
Durante todo o tempo flashes relampejantes o provocam
vibrações em sua extremidade ao longo de seus nervos. Ele
ouvirá música de címbalos de prata e um zumbido de
abelhas em sua cabeça e outro som que é parecido ao
dedilhar da corda de uma arpa.
O azeite do tipo feminino flui quando Samael descende para
jogar com uma donzela solitária ou se abre uma janela em
sua cama enquanto dorme. Ela não se toca. Ela afasta seus
pensamentos do desejo, mas ainda assim os lábios que
selam a boca de seu útero bocejam amplamente e se
obscurecem com a cor do coral. As paredes de sua vagina
se tencionam. Faíscas de fogo como flashes em seu baixo
ventre vão até acima e até abaixo de suas extremidades. O
néctar se acopla em gotas como de orvalho na suaves
circunvoluções da entrada.
A extração do azeite é depois desta maneira. Quando o
tronco do membro esta pleno como para que as pérolas de
azeite começam a derramar-se de sua cabeça, se estruja
(aperta, espreme) com a mão. Duas ou três gotas de prata
caem e se capturam em um pequeno vaso de vidro ou
cristal. Isto se repetirá por tanto tempo com o néctar continue
fluindo. Finalmente o vaso se fecha. Também se pode usar
um frasco pequeno de Prata. A argila não será usada porque
a umidade do azeite se perderia através de suas paredes.
O azeite de uma mulher é recolhido raspando a borda de
uma concha marinha ovalada pela entrada para que o azeite
flua até abaixo e se deposite dentro. Isto se repete por tanto
tempo quanto Samael continue com seu abraço. Finalmente
o azeite é vertido numa pequena vasilha ou vaso de Prata
que possa ser selado firmemente. Será mantido em um lugar
seguro porque é mais precioso que o Âmbar.
As Diversas Virtudes do Azeite, e ela são estas. Eleva a
beleza da mulher. Ela é feita mais cativante para seu
amante. Sua pele se suaviza e as manchas desaparecem,
as rugas ao redor dos olhos e boca desaparecem e se
enrijece os peitos e as nádegas arrebitando-os. Sua voz se
faz persuasiva e sua risada como a música da flauta. Sua
respiração se faz doce, seus dentes brancos, seus lábios
mais cheios. A cor de seu cabelo volta se ela o havia perdido.
Seu cabelo tem o brilho da asa do corvo. Ela sente o desejo
de fazer com um homem ainda quando não o desejou
durante muitos anos. Suas bochechas se voltam como
pétalas de rosa e nenhum amante pode resistir sua beleza.
O homem se faz mais bonito e majestoso na sua presença.
Suas coxas se fazem duras, suas costas retas e sua barriga
plana. Sua voz se faz mais profunda e controla a vontade
dos outros. Seu olhar é penetrante como o da águia. Sua
força se dobra. Nenhuma mulher pode resistir-lhe a seus
encantos nem nenhum rival pode competir contra ele. A
virilidade de seu membro não se esgota pela paixão do
amor. Incluindo um que perdeu o poder de fazer com uma
mulher voltar a seu abraço e a dá ampla satisfação.
Pela virtude do azeite tanto o homem como a mulher vivem
durante anos mais além de seu tempo determinado. Sua
resistência é magnificada e conhecem a liberdade da
enfermidade. As mulheres que não podiam conceber, agora
podem e os homens sem emissão têm filhos. O prazer da
união sexual é aumentado.
O azeite também tem esta virtude, seu odor atrai Lilith para
quem se unge com ele. Ela se faz mais lúcida ante a vista e
sua carícia é de maior força. Por esta razão o azeite é usado
quando se invoca Lilith. Também leva o poder de Lilith
dentro de si. Quando é manchado em um encantamento de
amor, inflama o coração com luxúria. Quando é untado num
espelho ou cristal, mostra cenas lascivas ou visões do futuro.
Os lugares a ungir para uma mulher são as plantas dos pés,
detrás dos joelhos, o interior das coxas, o baixo ventre, as
nádegas, os peitos, embaixo dos braços, detrás das orelhas,
o lábio superior, a linha do cabelo nas cílios dos olhos.
Os lugares de onde ungir para o homem são os peitos dos
pés, a parte dianteira dos joelhos, atrás dos testículos, o
baixo ventre, o esterno entre os mamilos, embaixo dos
braços, o queixo, entre as sobrancelhas.
O homem se unge com o tipo masculino e a mulher com o
feminino, a menos que eles se entreguem ao vício
antinatural. (Relevem, se hoje já é assim, imagina em 1500).
17
A criação do vaso do Espírito. O corpo de Lilith está
composto interiormente por um fogo dançante mas
externamente por vapores úmidos, pelo que é difícil para a
mente desperta aprender. Para ajudar-se na comunhão com
seu espírito seu amante constrói uma imagem para sua
morada. Isto é necessário quando no princípio ele busca
obter seus favores. Igual a donzela que exteriormente é
modesta mas interiormente ardente, Lilith se põe uma
máscara de modéstia e deve ser cortejada com diligência.
Num momento ela outorga seu abraço e ao seguinte o retira.
Para superar seu capricho ele deve demonstrar sua
dedicação.
A altura do vaso é de meio cotovelo (medida que ia da ponta
do dedo médio à ponta do cotovelo, para os egípcios 50 cm
e para os romanos 45 cm). Obviamente não precisa dessa
precisão, tenha um vaso do tamanho que quiser. Seu
aspecto tem de ser como o de uma formosa mulher em pé
com os braços em repouso ao lado. Seu cabelo é comprido,
seus peitos cheios e redondos, sua cintura estreita. As mãos
e pés são delicados. Sua cara deve ser pintada com as cores
da vida. Deve ser modelada com argila vermelha de
qualidade e com uma abertura na coroa da cabeça e uma
câmara oca na metade do corpo.
Comentário: Obviamente nem todos têm habilidades
manuais. Caso more no Brasil, compre uma imagem de
cerca de 40 cm de uma pomba-gira que se assemelhe com
a descrição. Uma imagem não consagrada é só uma
imagem. Caso haja o nome da entidade na base da imagem,
raspe este nome. Com algum instrumento faça um furo na
cora da cabeça e cave uma cavidade dentro da imagem, que
será consagrada e será a morada de Lilith. Eu cavei a minha
na base da imagem para não desfigurar a imagem.
Sobre todos os demais assuntos ele deve assegurar-se que
os olhos da imagem estejam abertos e o devolvem olhar
quando você a olha. Estes estarão compostos com artifícios
de pedaços polidos de Selenita para as partes branca e
Malaquita verde para as pupilas. (Compre essas pedras e
cole nos olhos da imagem ou insira na cavidde.) Uma conta
de Azabache (uma pedra negra, acho que dá para substituir
tranquilamente por turmalina negra, por exemplo.) fora a
órbita interna. Com grande atenção deve ter cuidado em
fazê-la. Nenhuma estátua pode viver sem os olhos. Através
deles ele interpreta o coração de Lilith. Através deles ela
expressa seus propósitos e desejos. (Caso compre uma
imagem como sugeri, ao invés de modificar os olhos da
imagem, você por colocar lascas ou pedacinhos dessas
pedras no espaço oco que você cavou na imagem.)
Exemplos de imagens de pomba-gira vendidos no
Brasil:
18
Pau rosa:
20
A Invocação de Lilith em um Vaso Vivente. Tem dois usos.
A carne da mulher é uma oferenda de amor feita por seu
amante. Lilith sente o prazer da mulher quando ela entra no
vaso e seu Noivo faz com ela. Em lábios quentes pelo
sangue de vida ela se sacia com seus beijos. Quando ele
abre a entrada entre as coxas da mulher é Lilith a que sente
seu membro que golpeia contra seu útero. Ela descende dos
céus ao vaso de terra vital e se deleita nas depravações de
luxúria carnal. Com força tangível ela desfruta das carícias
de seu amado. Ele as dá em troca das carícias que ela
derramou sobre ele. Ele a agradece com seus beijos e a
rende culto com seu abraço.
Também dá a Lilith a respiração vital e um paladar de osso
e dentes de marfim e uma língua de carne com a que
pronuncia palavras que golpeiam o ar. A mulher fala mas são
as palavras de Lilith as emitidas por sua boca. Ela dorme
com seus olhos abertos e não entende o que estarão
dizendo. Através do vaso vital, Lilith comunica matérias sutis
acerca do funcionamento da magia e a convocação e
governo dos demônios. Quando ela fala em sonhos às vezes
ele corre o risco de esquecer suas palavras com o
amanhecer. Mas quando ela entra na carne e pronuncia
palavras viventes ante seu rosto, ele então não as esquece.
A que serve de vaso deve ser jovem e forte de corpo. Ele
terá cuidado de que ela não tenha enfermidades ou
deformidades. Seus dois olhos hão de ver e não há de ser
surda de ouvido algum. Sua boca há de ter todos os dentes.
Quando ela fala não há de fazê-lo com insolência ou
vacilação. Seu rosto será belo, seus membros graciosos e
estilizados. O som de sua voz há de permanecer no ar como
música. Ambos olhos hão de ser de uma só cor. Quando ela
for branca sua pele há de ser da brancura do marfim sem
manchas. Quando ela for negra sua pele será a obscuridade
das sombras que se ocultam da luz da Lua. Sua beleza
honra a Lilith. Quanto maior for a beleza do vaso, mais honra
o Noivo à sua Amada.
É melhor se ela, a que será o vaso, acolhe a Lilith em sua
carne com aceitação de entrega. É melhor se ela é amante
de Samael a Serpente Inclinada porque então não
conhecerá medo. Frequentemente o vaso teme a morte.
Quando Lilith vem ela empurrará a um lado o espírito da
mulher e a sensação será a de morrer. Não obstante o vaso
não morre nem sente dor alguma. Lilith virá e sua respiração
se deterá durante um tempo e o vaso temerá a morte
amenos que ela entenda os métodos Da Invocação.
A Preparação do Vaso. Ela há de lavar-se com cuidado.
Grande atenção deve prestar à purificação de suas partes
secretas. Deve mastigar folhas de menta para limpar o hálito
e a língua. Ela se pintará os olhos com sombra de olhos e
fará vermelhas com hena suas unhas e os cílios. Nas
tranças ela coloca pérolas e rubis. Bandas de Prata se
fecharam em torno à sua garganta e na parte superior dos
braços e nos tornozelos. Ela levará um vestido de linho
branco aberto por abaixo na parte frontal com propósitos
amatórios. Seus pés irão desnudos.
Ela não falará. Seus olhos hão de permanecer baixos com
modéstia. Ele a leva ao Círculo de Onze Serpentes e faz que
se sente em um tapete. Com o Azeite de Lilith a ungirá entre
as sobrancelhas e no lábio superior. O azeite inflamará seus
sentidos. Ela se ruboriza e respira profundamente. Ele a da
de comer doces frutas e vinho de beber. Ao mesmo tempo
ele acaricia seu corpo através da abertura de seu vestido.
Quando ela está bem excitada ele a tira o vestido e fricciona
seu corpo com bom azeite de oásis esquentado sobre a
chama de uma lamparina (vela). Ele fricciona seus ombros,
costas e nádegas, as cavidades abaixo de seus braços, suas
mãos, o dorso das coxas, atrás dos joelhos e as panturrilhas.
Ela se volta. Ele fricciona sua garganta, peitos e barriga, as
coxas, joelhos, costelas, tornozelos e as plantas dos pés. Ele
a faz abrir suas pernas e estender seus braços
completamente para receber a Lilith. Ele se ajoelha entre
suas coxas e deixa que o Azeite de Lilith goteje de seu
membro até seu útero entreaberto enquanto acaricia seu
baixo ventre e coxas com fricções circulares nas gemas dos
dedos. Lilith se apresenta no Círculo e provoca que seu
azeite flua de seu membro.
A oração de Invocação. “Grande Lilith, Rainha, Donzela,
Antiga Mãe, descende, descende, descende, neste Frasco
Generativo. O Noivo o preparou para teu uso. Com cuidado
ele o limpou com grande cuidado, com amor aqueceu com
amor, com desejo ele a abriu com desejo, está vazio e
espera ser preenchido. Veste-te com terra vivente. Faz dele
o vaso para teu ardente espírito. Assiste a ele com teus
amores e recebe sua adoração. Eu te chamo por teu nome,
teu verdadeiro nome, verdadeiramente teu nome é:
iiiiiii êêêêêêêêê ôôôôôôôôôôôô iuiuiuiuiuiuiuiuiu aaa
-aaaaaaaaaa, iea aió eis oua, iiiiii êêêêê óó
-óóóó iuiuiuiuiu aaaaaa óóóóóóó, aêi êis aêi.
Desde as seis direções eu te chamo. Desde IHV (Yod He
Vau), HIV (He Yod Vau), VIH (Vau Yod He), à minha direita
eu te chamo, desde IVH (Yod Vau He), HVI (He Vau Yod),
VHI (Vau He Yod) à minha esquerda eu te convoco. Assiste-
me pelo poder de ShDI (Sin Dalet Yod), Shaddai, assiste-
me. Sax, Sax, Abrasax".
Se o vaso está mal preparado ela não poderá entrar. Ela
tentará mas falhará. A entrada permanecerá selada. Então,
A Invocação tem de ser repetida usando outro vaso. Se o
vaso está bem preparado ela entra em seguida nele. Os
sinais de sua presença serão estes. Seus olhos se girarão
para atrás de sua cabeça até que somente sejam visíveis o
branco abaixo de suas pálpebras. Sua cabeça se debaterá
de um lado a outro, de seus lábios brotará espuma. Seus
membros se contorcerão, seus dedos das mãos e pés se
contrairão, os músculos de sua barriga e do interior de suas
coxas ondularão. Suas costas se arquearão como a de um
gato no cio. Ela falará na língua dos anjos. Se produzirá um
copioso fluxo de Azeite de Lilith da abertura abaixo de sua
barriga.
Ele se une em luxúria com Lilith mediante o vaso e deixa sua
semente dentro de seu útero. Ela recebe prazer de suas
carícias. A paixão do vaso é sua paixão. Depois ela o revela
a ele matérias secretas. Ela partirá e a mulher dormirá.
Quando ela se desperta não recordará nada. Se desta união
nasce uma criança seria um filho de Lilith. Sua mente será
diluída e instável. Vagará solitário e contemplará na
distância coisas que não se veem. A Invocação se realizará
durante o momento escuro da Lua.
De maneira similar a mulher acostumada a receber a
Samael em sua cama pode invocar a Serpente Inclinada no
corpo de uma atrativo jovem de sua escolha. Ele fará com
ela e a dará prazer de seu abraço. Samael o dará uma feroz
luxúria e manterá seu membro até o amanhecer. Quando ele
despertar não recordará nada. Uma criança nascida desta
união também será um filho de Lilith, mas de uma natureza
diferente. Tenderá ao fogo e o desdém de Samael e não
poderá ser governado.
A invocação mais potente em vasos viventes será de dupla
natureza. O Noivo de Lilith fará com a Noiva de Samael. Este
entrará no homem e Lilith na mulher. Eles farão juntos e
desfrutarão da luxúria. A mutilação do Dragão Cego não
poderá impedir sua união. Eles se regozijarão de amor como
fizeram antes da chegada da humanidade à Terra. Uma
criança nascida desta união será duplamente grande e seu
destino será governar a Criação e a Destruição.
21
Só vou postar esse capítulo a título de curiosidade, pois o
que é descrito neste capítulo é crime.
A Invocação de Lilith em um Vaso da Carne Morta. Isto se
realiza durante a obscuridade da Lua quando está
atravessando por Escorpião. Ele entrará no cadáver e
revelará segredos esquecidos somente conhecidos por
aqueles que partiram de seus corpos. É Lilith a Negra, a
Destruidora, a que virá. Ele a invoca com grande cuidado,
com medo e estremecendo ele a invoca para que não o
rasgue em pedaços com suas afiadas unhas. Lhe pergunta
sobre lugares de Ouro e Prata enterrados, e aonde estão
perdidas e esquecidas joias, e os lugares ocultos de raros
livros. Ele mantém sua orelha contra seus lábios e ela fala
com a boca do vaso morto.
Ele buscará o lugar de descanso de uma mulher
recentemente morta. É bom que ela seja jovem e formosa.
É bom se ela morreu por violência repentina, e é melhor se
ela morreu no parto. Aquelas que morrem pela praga não
são escolhidas. As leprosas não são escolhidas. Uma
mulher assassinada por seu marido está pronta para falar.
Assim também é a prostituta estrangulada por seu amante.
A mulher de modos modestos é mais aceitável que a mulher
de riquezas posto que o cadáver de uma mulher
endinheirada está protegido por Potentes Encantamentos e
Nomes Poderosos.
Deverá obter possessão do cadáver antes de que este seja
preparado para a tumba. Que o coração e fígado não
tenham sido todavia tirados de sua pele. Os
embalsamadores venderão o cadáver por Prata e ele os
pagará para que permaneçam calados.
Comentário: Repito, esse capítulo estava contido no
manuscrito escrito por volta de 1500. Eu o reproduzo para
ser fiel ao manuscrito, mas jamais incentivo tal prática.
Depois devolverá o vaso usado a suas mãos. Eles mantém
muito comércio com Feiticeiros e podem ser de confiança
em seus tratos. Se não tem a oportunidade de que algum
guarda do Morto esteja em conformidade em manter
comércio com ele, então subtrairá o vaso da tumba com
suas próprias mãos e a levará longe a um lugar seguro. Se
terá cuidado de que o vaso não seja demasiadamente
pesado.
Comentário: Repito, esse capítulo estava contido no
manuscrito escrito por volta de 1500. Eu o reproduzo para
ser fiel ao manuscrito, mas jamais incentivo tal prática.
Se a leva a um lugar deserto ele a porá desnuda com a cara
exposta e sobre um tapete tecido. Em um círculo ao redor
do vaso o cravará cinco estacas de ferro profundamente na
areia com um martelo de ferro. O espaço entre estas será o
mesmo em todas partes. Ele a atará às estacas com
cadeados de ferro. Na estaca que está encima da coroa da
cabeça a atará ao redor do pescoço. À estaca que está em
sua mão direita a atará por sua munheca direita. À estaca
de seu pé direito a atará por seu tornozelo direito. O mesmo
para as mãos e pés esquerdos. Com cinco cadeados de
ferro forjado o a atará.
Comentário: Repito, esse capítulo estava contido no
manuscrito escrito por volta de 1500. Eu o reproduzo para
ser fiel ao manuscrito, mas jamais incentivo tal prática.
Se leva o cadáver a uma câmara segura de onde não pode
cravar estacas na terra que consiga uma grande roda de
carro de boi e crave cinco cravos de ferro com separações
iguais ao redor do aro. Ele atará o vaso aos cravos com
cadeados de ferro da mesma maneira. Lilith a Negra é
poderosa em suas cascas. Somente o ferro pode atá-la.
Comentário: Repito, esse capítulo estava contido no
manuscrito escrito por volta de 1500. Eu o reproduzo para
ser fiel ao manuscrito, mas jamais incentivo tal prática.
Ao redor das estacas de ferro lançará um Círculo de Onze
Serpentes. Entre as estacas se colocarão velas acesas.
Cinco chamas ardentes serão postas entre as cinco estacas.
É bom que a graxa que alimente as lâmpadas proceda do
cadáver de um infante que tem morrido em sua cama.
Quando isto não pode ser obtido que use o sebo de um
cordeiro que tenha sido estrangulado com uma corda com
onze nós.
Comentário: Repito, esse capítulo estava contido no
manuscrito escrito por volta de 1500. Eu o reproduzo para
ser fiel ao manuscrito, mas jamais incentivo tal prática.
Ele separará as pálpebras do cadáver com seu indicador e
polegar. Com suas duas mão abrirá as mandíbulas do vaso.
A Abertura dos Olhos. Em cada olho deixa cair uma gota do
azeite de Lilith. A Abertura dos Ouvidos. Em cada ouvido
deixa cair uma gota de seu sagrado azeite. A Abertura da
Boca. Na negrura de sua língua deixa cair uma gota do
azeite. Também no fundo de sua garganta insira um
pergaminho nele que é um potente Selo para abrir, tal
pergaminho escrito com tinta de menstruo. E o aspecto
deste aparece aqui.
Selo para abertura da boca:
22
O Discernimento na Tigela dos Eventos que Todavia não
aconteceram. Isto se realiza à meia-noite durante a Lua
minguante ou sua conjunção. Ele enche a tigela de Prata
pura com água de um poço profundo e o coloca no Norte da
câmara dentro do Círculo de Onze Serpentes.
Comentário: Nos tempos modernos e com a grande
urbanização de nossos tempos, não se acha por aí poços de
água nas cidades. Pegue água da torneira e conjure o
quadragésimo oitavo espírito da Goetia, Haagenti, para
transformar simbolicamente a sua água de torneira em água
de um poço profundo.
O situa sobre o Selo de Prata posto dentro do Pantáculo de
Lilith (já foram dados o selo e o pantáculo) ante sua casa de
madeira de cedro (como disse, a casa da Imagem de Lilith
não necessariamente tem de ser de madeira de cedro) a luz
da vela que arde ante seu vaso de argila cai através da
superfície da água.
Ele se senta dentro do Círculo com sua cara voltada ao
Norte. Com sinceras palavras de louvores ele invoca a Lilith
na Imagem. Põe uma gota do azeite de Lilith na ponta do
dedo mais longo da mão direita. Com a gota de azeite unge
sua frente entre as sobrancelhas. Põe uma segunda gota no
segundo dedo mais longo. Com ele unge a pálpebra de seu
olho esquerdo. Põe uma terceira gota no terceiro dedo mais
longo. Com ele unge a pálpebra do olho direito. Depois diz
estas palavras: “Ardente azeite, brilhante azeite, potente
azeite, vivificante azeite dos anjos, azeite que mantém a
virilidade dos homens, com o Azeite de Lilith eu me unjo,
com o Azeite de Samael eu me faço brilhante, que o Azeite
de Vida abra as pálpebras de meu espírito, que o azeite
resplandecente disperse as sombras e ilumine a
obscuridade. Em verdade, em verdade, em verdade.”
Ele deixa cair três gotas de azeite na tigela da água. Depois
de cada gota ele recita as Poderosas Palavras, que são
essas: ShTU (Sin Teit Vau), Satu, AIDV (Aleph Yod Dalet
Vau), Aidu, ZGMA (Zatin Guimel Meim Aleph), Zagma,
GMITTVN (Guimel Meim Yod Teit Teit Vau Num), Gamitton,
HIVH (He Yod Vau He), Heywah, IH (Yod He), Yah. Ele olha
o reflexo da chama na superfície da água. Em breve a tigela
se põe escura. Então ele vê a uma alta mulher velada e
vestida com um traje negro. Ele pronuncia o nome ShDI (Sin
Dalet Yod), Shaddai e o diz que se mova e se ponha um traje
de brancura. Ela se move e regressa com um vestido
branco. A luz de seu semblante enche a tigela. Ele a
pergunta qualquer coisa que deseja e ela criará visões que
revelarão a resposta na superfície da água.
A mulher de negro é Lilith a Destruidora. Ele não a pergunta
porque ela o confundirá com mentiras. Às vezes ela aparece
com forma de corvo. Outras vezes vem como um cachorro
negro. Todavia em outras ocasiões ela está na forma de um
demônio com a pele negra e duas caras de falcão. Suas
mãos e pés têm garras. E ela monta sobre as costas de um
Dragão vermelho. A ele não interessa nenhuma destas
formas e se nega a falar com ela até que não se tenha
colocado o linho branco e tenha a aparência de uma
donzela. Então ele a perguntará e ela dirá a verdade.
Se as visões não aparecem na tigela, ele tentará de novo no
seguinte ciclo da Lua, e se não, de novo durante o ciclo
seguinte. Se ainda assim as visões não chegam o falta o
recurso de um Vidente. É bom se o Vidente é uma mulher
grávida. É melhor se ela é uma donzela recentemente
manchada com o sangue de sua primeira menstruação. Ele
unge sua fronte e pálpebras com o Azeite de Lilith e diz o
Encantamento do azeite que já foi revelado. Ele toma a parte
escura do fundo de uma panela (fuligem) e o mistura com o
azeite e escreve grande sobre a parte alta da frente das três
letras, e estas são: Figura Abaixo das letras em hebraico
AMTh (Aleph Meim RReit). Então deixa cair três gotas de
azeite na vasilha. Com cada gota que toque a água ele
pronuncia as Palavras de Poder que já foram reveladas.
As letras em hebraico:
Ela se senta em seu colo. Ele tem relações com ela desde
suas costas. Ela olha até abaixo à tigela. Ele a excita com
carícias em seus peitos e abdômen até que a transpiração
irrompe na sua pele. Ele não solta sua semente mas a dá
prazer sem cessar. Lilith mantém seu membro. Ele
pronuncia em seu ouvido esquerdo três palavras de três
letras, e são estas: ShTV (Sin Teit Vau), Satu, QRV (Koph
Reish Vau), Qaru, NNU (Num Num Vau), Nanu. Estas
mesmas palavras ele repete em seu ouvido direito. Todavia
uma terceira vez ele as pronuncia ao ar encima de sua
cabeça. Ele pega os lóbulos das orelha entre os dedos
polegares e indicadores de suas mãos e os fricciona até que
fiquem quentes.
Ela o diz que vê obscuridade sobre a face da água. Esta é a
Imagem de Lilith a Destruidora. Não foi domada, somente vê
uma nuvem escura. Ele pede a ela que a envie longe. Isto é
o que faz. Em pouco tempo uma brancura entra na tigela.
Esta é a Imagem de Lilith a Donzela. Ele sussurra sua
pergunta no seu ouvido esquerdo e ela repete as palavras
na tigela. Ela descreve a imagem que descobre na superfície
da água. Às vezes na tigela entram letras. Ela copia isto
sobre uma folha de papel com uma caneta nova.
Quando ele aprendeu o que pretende a ordena que diga as
Palavras de Despedida que ele a tenha ensinado. Ela agita
a superfície da água com seu hálito. Pronuncia as palavras
sobre a tigela. As palavras são estas: “Vá em paz, O
Mensageira do Azeite. VNN (Vau Num Num), Vanon, VRQ
(Vau Reish Koph), Varoq, VTSh (Vau Teit Sin), Vatosh.
Parte, parte, parte. Em verdade, Em verdade, Em verdade.”
Ela emite sua semente em seu útero e Lilith vem levar o calor
de sua essência longe. A brancura de sua semente é a
oferenda que ele faz a ela que a revelou a sabedoria oculta
e matérias secretas. E ele a adora com palavras de grande
louvor.
A sétupla Maldição
Quando Lilith falou e ordenou a Lamec que anotasse ao final
de suas palavras uma advertência para o sábio.
“Maldita seja a cabeça do escriba que altere um só ápice ou
caractere destas verdadeiras palavras. Seu rosto será
deformado e os filhos de suas partes não o conhecerão.”
“Sete vezes maldita seja a cabeça do mercador que venda
estas palavras por ouro na praça do mercado. Ele será
vendido como escravo e seu nome perderá seu brilho.”
“Sete vezes sete seja maldita a cabeça do incrédulo que
danifica estas palavras por fogo ou água ou por
desmoronamento de terra. Por esse mesmo poder haverá
de sofrer tormento e uma morte vergonhosa.”
“Bendita seja a cabeça do escriba que transmite com
diligência estas palavras. Ele será reconhecido em sua
velhice e seu filhos o honrarão.”
“Sete vezes bendita seja a cabeça do estudioso que estuda
estas palavras com reverência. Seu nome perdurará e seus
ensinamentos frutificarão.”
“Sete vezes sete seja bendita a cabeça do santo varão que
resgata estas palavras da destruição. Ele viverá sempre e
sua memória será honrada entre os sábios.”
Lamec anotou as palavras de advertência que Lilith o havia
dito.
E eu, Salomão de Alexandria, copiei todas as palavras
fielmente dos caracteres angélicos para conforto de minha
solidão. Que a benção da Mãe Celestial descenda sobre
minha cabeça. Amém.
E eu, Eosphorus Pluto Eleutherios, tentei ser o mais fiel
possível em traduzir a cópia deste livro que chegou em
minhas mãos e sei que fui inspirado por Lilith para encontrar
soluções modernas para um manuscrito tão antigo. Que a
benção da Mãe Celestial descenda sobre minha cabeça.
Amém.