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A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS PARA A EDCAÇÃO INFANTIL

1
SOUZA, Kezia Andreia Alves de
2
GONZAGA, Wanessa Lorayne Moreira
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BASTOS, Thiago Moraes. Profº Esp. orientador:

RESUMO

A proposta deste estudo aborda o assunto do lúdico e, especificamente, trata da


importância das brincadeiras para a aprendizagem na Educação Infantil. Inicialmente, o
artigo apresenta os conceitos das palavras-chave e, posteriormente, na sequência,
discute as ideias sobre o lúdico na construção do conhecimento, as brincadeiras e suas
vertentes e os aspectos importantes da brincadeira na construção do conhecimento. O
objetivo do artigo é descobrir qual é o sentido das brincadeiras para as crianças e a
importância da ludicidade no processo de aprendizagem dela. O estudo acrescenta ainda
ideias sobre a construção do conhecimento na infância.

PALAVRAS-CHAVE: Lúdico. Brincadeiras. Educação Infantil. Prazer. Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Este artigo discute a construção da aprendizagem de forma prazerosa utilizando


as atividades lúdicas como instrumentos de mediação. Nessa proposta analisa se em
primeiro lugar os conceitos de lúdico, de ensino e aprendizagem e brincadeiras. Na
sequência, são revisitadas as teorias sobre o lúdico na construção do conhecimento, as
brincadeiras e suas vertentes e os aspectos importantes delas para a aprendizagem com
prazer.

Os estudos sobre a Educação Infantil têm buscado inovar e diferenciar conceitos


sobre o lúdico e brincadeiras. Qual é o sentido das brincadeiras para as crianças? Essa é

1
Kezia Andreia Alves de Souza. Graduando em Pedagogia. E mail: kezia.andreia2013@gmail.com

2
Wanessa Lorayne Moreira Gonzaga. Graduando em Pedagogia. E mail: wanessacdo@gmail.com

3
Thiago Moraes Bastos. Graduado em Administração com habilitação em comércio exterior. Mba em
Gestão Executiva. Especialista em Educação Ambiental e Docência do Ensino Superior. E mail:
thiagomoraes@fmb.edu.br
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uma pergunta pertinente que conduz a uma reflexão sobre o significado da
aprendizagem com prazer. Desde muito cedo, em casa, os pais procuram ensinar a fala
por meios dos sons e para isso buscam a forma mais atrativa possível, as brincadeiras. O
sentido delas pode contextualizar (situar) e significar os sons para o desenvolvimento da
fala. Essa atitude dos pais tem na sua essência um significado do aprender com prazer.

Quando a discussão é prazer, a ideia de lúdico sempre aparece como


brincadeiras. Na verdade, o termo lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que
significa "jogo". De acordo com Zacharias (2007, p. 15) esse termo lúdico se refere
apenas ao jogar, ao brincar, ao movimentar espontaneamente. E segundo este autor o
significado desta palavra não pode se reduzir somente a esses termos, pois o lúdico
possui uma amplitude grande se comparado ao que ele proporciona na formação do jeito
de ser do homem. E nessa mesma linha de pensamento, outros autores defendem a ideia
de formação por meio do lúdico.

Olivier (1999, p.22) afirma que o lúdico é um fim em si mesmo; é espontâneo;


pertence à dimensão do sonho, da magia, da sensibilidade; se baseia no aqui e agora;
privilegia a criatividade e a imaginação. É um conjunto de atividades que completam e
aperfeiçoam a personalidade, onde ao brincar a pessoa se encontra na mais perfeita
sintonia consigo mesma. É uma forma de expressar sentimentos, de extravasar e se
encontrar com o próprio eu. Nesse entendimento, mesmo sem a intenção de ensinar
algo, a criança acaba por aprender a ser. O autor Marcellino (1999, p.24), aborda o
lúdico como um componente da cultura e procura vinculá-lo ao lazer, pois, para ele o
lazer é o espaço privilegiado para a sua manifestação. Tem-se vivenciado nas
instituições de Educação Infantil a cobrança sobre as crianças, no seu modo de agir, de
pensar e se expressar, mostrando a obrigação imposta sobre elas. Nesse contexto o
lúdico acaba se separando dos fins educacionais, e se torna uma ferramenta somente
com o objetivo de ensinar algo e passa tempo. Essa redução de sentido do trabalho com
o lúdico minimiza a oportunidade que as crianças têm de aprender pelo prazer, pela
brincadeira e por meio dos jogos.

O termo brincadeira traz no seu bojo o sentido da espontaneidade, da alegria e


do prazer. Uma brincadeira tem o poder de descontrair e de produzir emoções. Por meio
de uma brincadeira é possível construir indagações, comparações, associações e
aprendizagem.

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Quando se fala em aprendizagem é preciso diferenciar esse significado daquele
de ensino. A ideia de ensino é vertical e tem a sua origem na intenção de levar a alguém,
que não sabe ou não conhece algo, um conhecimento estabelecido socialmente. Essa
ideia remete a uma situação, a de que alguém sabe mais e ensina a quem não sabe.
Nesse caso, o significado de ensino se limita ao de transmissão, repasse e entrega de
algo pronto e acabado. Na outra margem dessa compreensão aparece outro conceito, o
de aprendizagem. No reverso da ideia de ensino, a ideia de aprendizagem traz o
significado de construção.

Nesse sentido, a palavra significa “criar pela ação” própria, pelo esforço pessoal
e aprender com o que faz. Nessa linha de raciocínio as brincadeiras podem contribuir
com a aprendizagem no sentido de serem os meios mais agradáveis, divertidos e
prazerosos de se construir o conhecimento. E na Educação Infantil esse recurso assume
grande importância.

O lúdico na construção do conhecimento

O lúdico é uma espécie de conector que liga o sujeito aprendente ao objeto de


aprendizagem. Pode-se dizer que é um meio, uma ponte e/ou recurso por meio do qual
constrói a aprendizagem. Assim, compreender as atividades lúdicas como ações que
contribuem para uma aprendizagem prazerosa é, no mínimo, uma atitude de
conhecimento ou de saber experienciado que possibilita a mudança da prática
pedagógica. Construir conhecimento envolve uma complexidade de fatores que inter-
relacionam para provocar a mudança de comportamento do sujeito que aprende. Entre
eles a forma de construção pode fazer a diferença para a aprendizagem ou não da
criança. Nesse sentido, o lúdico pode ser discutido como uma das formas da criança
canalizar suas energias, vencer as dificuldades de timidez, sentimentos de inferioridade
e aprender a controlar as emoções.

As atividades lúdicas podem propiciar condições de liberação da fantasia da


criança e transformá-la em fonte de prazer. A construção do conhecimento por meio das
atividades lúdicas faz se de forma natural, espontânea e legítima na compreensão do
mundo que rodeia a criança. A satisfação de aprender brincando proporciona a condição
agradável da aprendizagem. E essa condição colabora para a socialização da criança e
desperta suas aptidões para exercer a liderança, o controle de si mesma, a iniciativa para
construir o próprio conhecimento.
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Os jogos e as brincadeiras fazem parte da cultura da criança e é preciso
considerá-los como uma ferramenta de construção do conhecimento. Sobre isso,
Kishimoto (1994, p.13) diz:

[...] no contexto cultural e biológico as atividades são livres, alegres e


envolve uma significação. É de grande valor social, oferecendo
possibilidades educacionais, pois, favorece o desenvolvimento corporal,
estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo
preparando para viver em sociedade, participando e questionando os
pressupostos das relações sociais.

A citação acima corrobora a importância do lúdico para a construção do


conhecimento da criança. É na brincadeira e nos jogos que a criança tem a chance de
vivenciar regras, criar e obedecer a normas, transformar, criar, recriar e aprender de
acordo com as suas potencialidades. A ludicidade canaliza energias e mobiliza esquemas
mentais ativando as capacidades e funções psico-neurológicas e as operatório-mentais
estimulando o pensamento.

Ainda sobre a importância da formação cultural por meio da ludicidade, Feijó


(1992, p.185) considera que é:

Através do lúdico e de sua história que são recuperados os modos e costumes


das civilizações. As possibilidades que ele oferece à criança são enormes: é
capaz de revelar as contradições existentes entre a perspectiva adulta e a
infantil quando da interpretação do brinquedo; travar contato com desafios,
buscar saciar a curiosidade de tudo, conhecer; representar as práticas sociais,
liberar riqueza do imaginário infantil; enfrentar e superar barreiras e
condicionamentos, ofertar a criação, imaginação e fantasia, desenvolvimento
afetivo e cognitivo.

O que o autor confirma na citação acima é que, a possibilidade de construção do


conhecimento por meio do lúdico pode evitar maiores dificuldades de aprendizagem
porque as brincadeiras permitem desenvolver sistemas de linguagem de diferentes
formas que podem auxiliar o desenvolvimento afetivo e o cognitivo da criança. As
crianças anseiam por segurança na hora de construir o próprio conhecimento porque
precisam desenvolver habilidades e para isso o relacionamento com outras crianças é
fundamental. A linguagem descontraída na socialização e na interação com o outro pode
dar essa segurança. E isso se faz com mais facilidades durante as brincadeiras, momento
em que a criança constrói amizades, preferências e desejos.

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As crianças desenvolvem gradualmente a capacidade de utilizar as palavras e
conceitos, nesse sentido, necessariamente, precisam estar envolvidas em situações de
aprendizagem que possibilitem ajuda para a compreensão dos sentidos das palavras.
Nesse caso, as brincadeiras com encenações teatrais, mímicas e os gestos podem
contribuir para diferenciar o que querem comunicar. Na expressão dos sentimentos, por
exemplo, os gestos de afeto e carinho são eficazes no encorajamento das ações. As
palavras de elogio na hora dos jogos podem elevar a auto-estima.

Todos esses fatores discutidos, como a forma de desenvolver a prática da


aprendizagem, o envolvimento da cultura, as diferentes linguagens que fazem parte da
complexidade da aprendizagem podem ser considerados na construção do conhecimento
por meio das atividades lúdicas. E quem explica o efeito do lúdico é Winnicott (1995,
p.25), quando diz que o lúdico é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de
absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este
aspecto de envolvimento emocional que torna uma atividade de forte teor motivacional,
capaz de gerar um estado de vibração e euforia.
Dessa forma, é possível concluir que o lúdico, como recurso de aprendizagem,
tem grande importância para a construção do conhecimento na Educação Infantil.
Porque é capaz de estabelecer uma convecção eficaz entre o sujeito e o objeto de
aprendizagem, é favorável aos estágios de desenvolvimento da criança e adequado aos
níveis de aprendizagem na faixa etária da criança que se alfabetiza.

As brincadeiras e suas vertentes

Para iniciar a discussão sobre a brincadeira e suas vertentes, é preciso antes


apresentar o conceito do termo. Brincadeira no seu sentido etimológico quer dizer “ação
de divertimento”. É o prazer em ação que se expressa por meio de uma emoção, um
desejo ou alegria. A brincadeira é uma ação prazerosa que, por meio do brinquedo,
possibilita a imaginação, o “faz de conta” e a ilusão. O fato é que na brincadeira a
criança cria, recria e inventa a sua imaginação.

Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica


que aquele que brinca tenha domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer
que é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a
realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido
para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal

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forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira
ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade.
Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das
ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada (RCNEI, v.1, p.27).

De acordo com a citação, a brincadeira como recurso de aprendizagem, atua na


articulação entre “a imaginação e a imitação da realidade” e esse fato ocorre “no plano
das emoções e das ideias”. Assim, a brincadeira atua no universo simbólico onde a
criança tem liberdade para inventar e reinventar a realidade conforme as suas
necessidades e desejos. É na brincadeira que a criança reconstrói as relações com o
mundo, interage e adquire novos conhecimentos. As brincadeiras se fazem presentes no
espaço das recreações e, por isso, propiciam a espontaneidade, a desinibição, a
liberdade, a integração, a coordenação, a participação em grupo e, ainda, favorecem as
relações interpessoais, auxiliam no desenvolvimento da comunicação verbal e não-
verbal e no resgate de valores.
No que se refere a questão do resgate dos valores e formação integral da criança,
é necessário discutir as vertentes da brincadeira. Na vertente cultural, conforme os
estudos de Rego (1995, p.47), sobre as teses de Vygotsky, é enorme a importância da
interação social no desenvolvimento do ser humano. E uma das maiores contribuições
desse autor foi a de explicitar como o processo de desenvolvimento é socialmente
constituído. A autora afirma que essa é a principal razão do interesse de Vygotsky no
estudo da infância.
É nesse sentido que Vygotsky se preocupa com a função da brincadeira no
desenvolvimento infantil. A brincadeira pode funcionar como um elo entre uma e outra
cultura. É o caso das brincadeiras populares e folclóricas como a cobra-cega, pique -
esconde, as brincadeiras de roda e de bolinhas de gude. Elas passam de uma geração
para outra e justificam a seguinte teoria de Vygotsky citada por Rego (1995, p. 48):

Uma das principais características que distingue radicalmente o homem dos


animais é justamente o fato de que, além das definições hereditárias e da
experiência individual, a atividade consciente do homem tem uma terceira
fonte, responsável pela grande maioria dos conhecimentos, habilidades e
procedimentos comportamentais: a assimilação da experiência de toda a
humanidade, acumulada no processo da história social e transmitida no
processo de aprendizagem.

A citação da autora é adequada para esclarecer a importância das brincadeiras


para a transmissão e reconstrução dos valores culturais. Essa questão remete a outra

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vertente da brincadeira, a didático-pedagógica. Essa vertente, ainda carente, no que se
refere à orientação pedagógica nas escolas, a brincadeira pode garantir a qualidade do
trabalho docente no que se refere ao bom ensino, aquele que contribui para adiantar o
desenvolvimento da criança.
Do ponto de vista da teoria histórico-cultural, sustentada por Vygotsky, os
processos de aprendizado da criança são impulsionados pelo prazer de se relacionar com
o mundo e com as pessoas com quem se convive. E a brincadeira é a via menos sofrida
e traumática para a criança. Sobre a questão do bom ensino, Rego (1995, p. 107) explica
o pensamento de Vygotsky:

Vygotsky afirma que o bom ensino é aquele que se adianta ao


desenvolvimento, o seja, que se dirige às funções psicológicas que estão vias
de se completarem. Essa dimensão prospectiva do desenvolvimento
psicológico é de grande importância para a educação, pois permite a
compreensão de processos de desenvolvimento que, embora presentes no
indivíduo, necessitam da intervenção, da colaboração de parceiros mais
experientes da cultura para se consolidarem e, como consequência, ajuda a
definir o campo e as possibilidades da atuação pedagógica.

A autora da citação se remete à atitude didático-pedagógica capaz de se adiantar


ao desenvolvimento da criança para complementar a formação das funções psicológicas.
E da importância de como o professor, “parceiro mais experiente”, conduz o ato de
aprender da criança. Nesse ponto, o que se ressalta é a necessidade de fazer um trabalho
com as brincadeiras para despertar as emoções e incentivar a memória, a imaginação e a
criatividade da criança. Nessa vertente, as brincadeiras, quando bem direcionadas,
viabilizam a aprendizagem.
Nessa linha de compreensão, é preciso ressaltar ainda, que as brincadeiras
podem ser trabalhadas como arte. Nesse caso, podem-se relacionar recursos como o
teatro, a contação de histórias, as representações artísticas por meio do desenho, da
pintura, das mímicas e das danças coreográficas. Lançar mão dessas vias didáticas é
possibilitar a maior interação e socialização da criança, é permitir que as oportunidades
de aprendizagens se façam no cotidiano de forma mais natural e espontânea possível.
Essa atitude pedagógica aguça a capacidade cognitiva e fortalece a
disponibilidade da criança para o aprender. As brincadeiras são bastante oportunas para
o desenvolvimento das capacidades de interação social a partir das trocas estabelecidas
com os seus semelhantes. Assim, nessa vertente didático-pedagógica, as brincadeiras
permitem o desenvolvimento das capacidades dos alunos e capacita os para as
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atividades intelectuais que lhes permitem assimilar plenamente os conhecimentos
acumulados.
Numa outra vertente, a dos jogos, as brincadeiras podem colaborar muito para o
desenvolvimento mental das crianças. Nesse âmbito, pode-se destacar o
desenvolvimento do raciocínio lógico, da aprendizagem das regras e normas a serem
seguidas, do desenvolvimento da coordenação motora e dos sentidos dos alunos. Sobre
o jogo, segundo Dohme (2003, p. 9), “... eles têm um fim em si mesmo, os jogadores
entram no mundo lúdico e praticam diversas ações com vontade, às vezes, com extremo
vigor, mas sabem que têm a garantia de voltar ao mundo real quando o jogo termina”.
Os jogos são brincadeiras ricas de oportunidades para transformar a aula
cansativa e com clima pesado em momentos de prazer e de alegrias que podem gerar a
aprendizagem significativa para o aluno. Os jogos com movimentos para as crianças de
2 a 6 anos de idade, possibilitam o desenvolvimento da coordenação motora, da
lateralidade e da agilidade corporal. As brincadeiras de faz-de-conta por meio dos jogos
podem contribuir para a aprendizagem das regras e das normas de conduta e de caráter.
Ao jogar, ou ainda, ao brincar, a criança assimila o que percebe ao seu redor, e
posteriormente, acomoda, para adaptar-se ao meio. Friedmann (1996, p. 12) esclarece a
questão do brincar, do jogar e do lúdico mostrando que a “[ ...] brincadeira refere-se à
ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não
estruturada. O autor explica ainda que: “[...] o jogo é compreendido como uma
brincadeira que envolve regras, o brinquedo é utilizado para designar o sentido de
objeto de brincar e a atividade lúdica abrange, de forma mais ampla, os conceitos
anteriores. Assim, essa vertente da brincadeira com os jogos revigora a memória, o
raciocínio lógico e as potencialidades para o desenvolvimento cognitivo. Por isso, a aula
deve iniciar com um jogo de loto ou quebra-cabeça para estimular as habilidades do
pensamento infantil.

Os aspectos importantes das brincadeiras

Para falar dos aspectos importantes das brincadeiras, é interessante


contextualizar a ação pedagógica nos diferentes tipos de métodos para a formação dos
conceitos. E, para isso, buscar nos estudos de Vygotsky (2008) uma explicação concisa,
mas, cientificamente respeitada, é uma segurança que tranquiliza. Para esse autor, os

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métodos tradicionais de estudo dos conceitos dividem em dois grupos: o método de
definição e o da abstração. O método da definição é típico do primeiro grupo e é
utilizado para investigar os conceitos já formados na criança. Sobre esse método,
Vygotsky (2008, p. 65) explica:

Dois importantes inconvenientes tornaram esse método inadequado para o


estudo aprofundado do processo. Em primeiro lugar, ele lida com o produto
acabado da formação de conceitos, negligenciando a dinâmica e o
desenvolvimento do processo em si. Ao invés de trazer à tona, por instigação,
o pensamento da criança, esse método frequentemente suscita ma mera
reprodução do conhecimento verbal, de definições já prontas, fornecidas a
partir do exterior. [...] Em segundo lugar, ao centrar-se na palavra, esse
método deixa de levar em consideração a percepção e a elaboração mental do
material sensorial que dá origem ao conceito.

O segundo método, do grupo da abstração, diz respeito aos processos psíquicos que
levam à formação de conceitos. Para o autor, os métodos desse segundo grupo
negligenciam o papel desempenhado pelo símbolo (a palavra) na formação dos
conceitos; um quadro simplificado substitui a estrutura complexa do processo total por
um processo parcial.
Mas, Vygotsky (2008, p. 66), explica: “Um passo à frente foi dado com a criação de
um novo método que permite a combinação de ambas as partes. Esse novo método,
introduz na situação experimental, palavras sem sentido, que a princípio não significam
nada ao sujeito do experimento”. Vygotsky continua explicando que esse novo método
introduz também conceitos artificiais, ligando cada palavra sem sentido a uma
determinada combinação de atributos dos objetos para os quais não existe nenhum
conceito ou palavra já pronta.
É nesse ponto das discussões de Vygotsky que se deve acrescentar um adicional
importante: o uso dos instrumentos, ou seja, a mobilização dos meios apropriados sem
os quais o trabalho não poderia ser realizado. É aqui que se acrescenta o papel
importante das brincadeiras.
Elas têm o poder de significar e contextualizar o uso das palavras por meio de uma
linguagem específica da criança. Esse é um aspecto importante das brincadeiras porque
diz respeito à forma de aprendizagem da criança que é diferente da aprendizagem do
adulto. Para confirmar essa afirmação, Vygotsky (2008, p. 69), explica:

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[...] num estágio inicial de seu desenvolvimento, uma criança é capaz de
compreender um problema e visualizar o objetivo colocado por esse
problema; como as tarefas de compreender e comunicar -se são
essencialmente as mesmas para o adulto e para a criança, essa desenvolve
equivalentes funcionais de conceitos numa idade extremamente precoce, mas
as formas de pensamento que ela utiliza ao lidar com essas tarefas diferem
profundamente das do adulto, em sua composição, estrutura e modo de
operação.

A citação de Vygotsky corrobora para a constatação de que as brincadeiras são


formas de estimular o pensamento da criança porque insere elementos psicoemocionais
(elementos como reações de alegria, desejo, anseio,...) que ajudam a lidar com as tarefas
de compreender e comunicar e participar das ações da aprendizagem.
Nesse mesmo entendimento sobre as brincadeiras como atividades auxiliares da
aprendizagem, convém chamar a atenção também para a literatura infantil porque,
literatura é a engenharia das palavras. A encenação de obras clássicas da literatura que
encanta as crianças é também um tipo de brincadeira que vai, ao longo do tempo,
ensinando subliminarmente a história humana e valores.
Sobre as brincadeiras com a literatura na escola, Souza (2010, p. 18) explica que
estas se caracterizam pela existência do “maravilhoso”. A autora reitera ainda que:

Tal categoria traduz a qualidade de situações, fatos e personagens


circunstanciados no tempo indefinido do “Era uma vez...” e assinalados por
um universo de elementos mágicos, poderes sobrenaturais e ações inusitadas
que se encerram na clássica fórmula “... e foram felizes para sempre”. É
nesse espaço que se mesclam as dimensões estéticas, histórica e pedagógica
da obra literária.

O que a autora esclarece que é nesse espaço do “faz de conta” que a literatura
apresenta “[...] elementos estéticos que se constrói a essencialidade intrínseca e
imanente da literatura, o que lhe confere estatuto de arte, e é da escolha e organização
desses elementos que brotam o mágico e o encantatório, que lhes são próprios”
(SOUZA, 2010, p. 18). Nesse entendimento o que se pode concluir é que as brincadeiras
têm seus aspectos importantes em qualquer uma de suas vertentes, seja ela pedagógica,
artística, cultural e literária.
Finalmente, essa reflexão da autora confere a necessidade da orientação pedagógica
nas escolas para o trabalho didático com as brincadeiras. Uma ação pedagógica
centrada na aprendizagem com prazer prima pela ludicidade das brincadeiras. Porém,
essa ação exige formação, preparo planejamento e orientação na execução das atitudes

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pedagógicas. O fato é que nas escolas ainda há carência ou ausência da orientação
planejada para o trabalho com o lúdico.

Considerações finais

O estudo sobre os conceitos de lúdico, de ensino e aprendizagem e


brincadeiras, das teorias sobre o lúdico na construção do conhecimento, das brincadeiras
e suas vertentes e dos aspectos importantes delas para a aprendizagem com prazer,
propiciou algumas conclusões importantes para o debate desse tema. No que se refere
aos conceitos, é preciso explicar que o significado do termo no sentido pedagógico não
está pronto e acabado. É uma abertura para a exploração das possibilidades do que
significa a ludicidade como mediação da aprendizagem.

Os significados dos termos: lúdico, ludicidade, brinquedo e brincadeiras são


variáveis de acordo com o contexto do procedimento metodológico. Portanto, são
conceitos abertos para a ressignificação conforme o ato pedagógico. O que se discutiu
foi a importância do lúdico para auxiliar o processo de aprendizagem. Assim, pode-se
concluir que o conceito inicial dos termos é transitório e se modifica no tempo, no
contexto e de acordo com as necessidades da história da educação.

Isso implica ainda na discussão sobre as vertentes das brincadeiras que oferecem
ao professor, em sala de aula, diferentes possibilidades para trabalhar com as
brincadeiras. Por exemplo, pode-se trabalhar com as brincadeiras folclóricas para a
recuperação da memória histórica dos costumes. Trabalhar as brincadeiras como arte de
representar o mundo vivenciado na região de atuação da criança ou como expressão
cultural. Daí a importância das brincadeiras para a aprendizagem e formação das
crianças nas séries iniciais.

A conclusão mais evidenciada por esse estudo se refere à questão da formação


na infância. Nessa faixa etária a criança precisa ser despertada para as buscas das
emoções, dos sentimentos, das ações, dos desafios, das possibilidades de se expressarem
de modo construtivo e relacional. E as brincadeiras são formas prazerosas para conduzir
essas iniciativas por parte da criança. Elas aumentam as possibilidades da criança para a
realização de novas tarefas, o que desperta o interesse para as descobertas.

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É importante ainda ressaltar que as brincadeiras devem ser introduzidas num
contexto de estudo e referenciadas por uma necessidade. Isso significa que elas não
devem ser realizadas como meios para outros fins. Mas, para provocar o prazer, a
satisfação de aprender mesmo sem ter a intenção pré-estabelecida.

E para finalizar, é preciso concluir que o lúdico, em sua perspectiva simbólica,


significa que as atividades são motivadas e históricas. Assim, está ligado diretamente
com os desejos, sentimentos e valores das crianças. E a ludicidade uma forma de agir
que reitera a disposição de aprendizagem que cada criança traz na sua essência. Dá a ela
a oportunidade para agir na construção efetiva de seus conhecimentos e, por isso,
construir personalidade própria. Fato extremamente importante para a Educação
Infantil.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília:


MEC/SEF, 1998.

DOHME, V. Jogando: o valor educacional dos jogos. São Paulo: Informal Editora,
2003.

FEIJO, O. G. O corpo e movimento: Uma psicologia para o esporte. Rio de Janeiro:


Shape,1992.

KISHIMOTO, I. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.

REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórica cultural da educação. Petrópolis, RJ:


Vozes, 1995.

SOUZA, A. A. de. Literatura infantil na escola: a leitura em sala de aula. Campinas,


SP: Autores Associados, 2010.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. 4ª Ed. São Paulo: Martins Fontes,


2008.

WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio d Janeiro: Imago, 1995.

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