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Primitivismo e ciéncia do homem no século XVIII HELENE CLASTRES ‘Ao longo da sre de estudos que consarou &etnoprafa, 8 sua fistvae suas lacunas, Van Gonnep nota 0 quanto fo aro, compa: ‘ado ao das outras cicias,o aparecimento das cigacias humanas, da ‘inografa em pariclar, es dificuldade que esta tve para se impor: “cule, iz el, impotivel em grande parte & propria etnografia, A lutuagdo de suas ogSes e de suas Yooria." Dal, som divida, essa Tellxio que o reeonduz a0 passa: ao séulo XVII e aos precur sores do que elechama de “etnografia erica". GGostariamos de destacar duas quests que atravessam seu es tudo, pois elas, em muito, ne servzam defo condutor Desde ino, “spresentando as obras de Démicunier, de Lafita, de De Brosts, Val Gennepconsatao solamente, a independéncia de cada uma dels, em cada caso, se intertoga sobre esta descontinuidade, Por que, per sunia ele por exemplo, um Lafitau (que tere, ene outos merits, de sero primeio 4 defini, de una maneia tao precisa, em gue Conise 0 método comparativo dentro de que limites § posivel ‘elicilo) permaneceu som poteridade? Ealé mesmo ignrado por seulo?E, com efit, natural oespanto, tratando-se de um séulo que (0) A. Van Gennep. Religion, Movars et Lgendes, Pals, Metre de Fra 1914 Em paral, na guitar,» Cap 1: “agama coe a cpa a2 uganda pare: “O mato etnogefco ma Fraga to seo XVII”. ese equ so ods exis Oss ens, ‘quis fundara cgncia do Home. De fat, milo somente nenhum desses ladgrafos foi retomado pels tebrics da épocs, como nto hi sequer Tagos de sucesso entre cles, Ao Iles, pode-se ter, muito ao contro, ‘impress de epetich de uma mesa obra (com a diferenga, € claro, os povesestudados) j& de info concluida, ou de antemio limitada ¢ mpossivel de aperfeigoar, que teri sido produzida de mancira inter- imitate: pois os proetoss40 idénticns,* como os métodos, cs modelos Cpleaivr...e mesmo a forma da exposicto ou as qualidadeslitré as. O trago mais mareante da etnografiatebrica do séeulo XVII, se€ possvel caracterizi-la por um tago,& talvez uma cera solugto de ‘Continuidade e, pode-se dizer, wma cert inéria: como se no houvesse histéria propriamente dita, ou como s¢ ela alo fossecumulativa (po- demos pereitemente redusir os inervalos, adicionando outras obras tnogrificas aquelas que Van Gennep toma, vem modifear em nada ts caracteristia). O exalo oposta, conseqientemente, do que vai Caractrizar a etnologia um séeulo dopos, a saber, 0 “estado de iu: {uaga0" do qual x qucixa Van Gennep, as nogSes que tiveram de ser continuamente “desfeits econstruidas enfim, tudo o que marca os ‘comegos da ciéciae€indleio de seu progresso. "Asegunda pergunts de Van Geanep remete &inlerrupgao que se produciu no comego do sfculo XIX: "no concernente as Ciéncias do Fomem, houve uma interrapyl0, marcada pela morte da Sociedade dos Observadores do Homem’, Ele vé ao menos uma rario desta interropedo na conjuntura histrice: “O limite ‘sfeulo XIX’ nfo tem nadia de attic, que a Revoluetoe o Império maream nitidamente ‘uma interrupez0 temporéria da produgo intelectual, nfo somente Iiteriria mas também clentifiea™. E precisa ainda que, se a etnoloia apareceu tardiamente na classe das disciplinas univesitiras, € por ‘causa da “recradescénciareligiosa dos primeiros tr quarts do sésulo SIX". A interrupeto e a rtompda tarda da etnologia seriam conse- ‘Gientemente imputiveis 2 cruras exterores 2 esta cifncia mesma — Dareialmente impatives, em todo 0 caso, pois, por algumas obser- ‘agBes, Van Gennep sugere que€necessio procurar ouras causes, de {al forma que sua questo continua em aberto (2) Or le de ss rato suger te epls,Relemrenss afi: Mocs es Sarge Anrguins,compare out ry es PromireTemp, 7 De Bross: Dw ede ctu fiche ou paral deacon ron TERE eel aco de a Marti, 178; Dewees des une oes ‘Se ifs pps rain tr vor hii 188 tanto em diregdo da histéria © da busca das raztes conjun- turais, quanto em direydo da epistemologiae da busca das raztes in ‘eras, que nos vemos orientados. As duas questi, efetivamente tadose, n4o ‘© que poderia, ingenuamente, ser a: comoé possivel que a etnologa nao tenha nascido no ‘culo XVIII quando, aparentemente, as condigbes estayam reunidas para tomé:-la possivel? Pois, que sontido tem falar de “precursores fem se surpreender com o cariter descontinuo das obras que fazem & “préshistiria” da cifacia? Em outras palavras, o que a histria da ‘inologia indica quando (ndo pensando, aqui, somente em Van Gens rep, mas também emt Lowie, Métratx ou outros) estabelece, no interior ‘do que ela reivindice como seu pr6prio passado, uma diferenga entre seu verdadeiro comeso (por volta do fim do séeulo XIX) e seus pré- dromos mais ou menos esporidicos? Se so admite que a divisho € legitima — ¢ nfo hi razio para ndo eonsideri-la assim — podese perguntar o que a fundamenta. E esta questio remete, nfo historia ronoldgica das obras ¢ das tcorias, mas & histria Iopica de suas condigBes de possibilidade: tas condigSes estavam efetivamente pre sentes no século XVIII? Ou, mais exalamente (J4 que se sabe perfel- lumente que a etnolopia s6 apareceu mais tarde), que obstéeulo, in temo 20 diseurso antropolégico de entio, imporsibiltava seu aparse- E preciso esclarecer que o periodo que nos interesta (dado que, ara nbs, parece revelar uma unidade prépria) vai do inicio do século, om a publicagio das primeiras Lettres Edifiantes et Curieuses... dos esuitas (em 1702) ea dos Dialogues de La Hontan (1703), até o fim da Sociedade dos Observadores do Homem. Concordames, pois, com Van Gennep neste ponto. E ainda estamot de acordo com ele quando Drecisa que apenas pertencem ao territrio da etnologia os “fendmenos te comero, e ndo os fendmenos muito evluidos”,e define 0 objetivo esta ciéncia como “estudar 0 homem semicivlizado e as populagies ‘urais da Europa” a etnologia emprega hoje outros termes, mas ‘antém essasdistingtes. Deixaremos de lado a etnologi rural, cuja histéria no coincide com a da einologia dos povos primitvos, 0, ‘somo se falava ainda no sfeulo XVI, dos povos selvagens. No entanto, 6 uma inovagdo deste séeulo 0 pensar os povos sl ‘agens precisamente como povos primitives. Primitivs, ito € pri- 189) rncires: no comego de uma histria que € a do género humano, Pensamento ele mesmo novo, esta idfia da humanidade como “es péeie" portanto doteda de uma wiidede natural © tendente por hatureca a mesma evolugio (pois a Natureza fer o homem perfee- tel, a0 contirio das outras espécies). “Originariamente”, escreve Buffon, "36 houve uma espéeie de homens que, tendo-se multiple tado ¢ disseminado por toda a terra, sofreu diferentes mudanas por inlugncia do lima, pela difeenca da alimentacio, da mancira fe viver, das doengas epidémicas, ¢ também pela mist fvinfinitodeindividuosmaisoumenossemelhantes".* Pouco importa, ‘Agu, que a hipbtese da unidade da espécie humana no tenha obtio ‘inanimidade, e que alguns pensadores, Voltaire por exemplo, a tenham Nolenlamente evtcado. Permanece a novidade de uma teoria do ho- tem, cintifiea © mo mais religiosa ou metaisica (como nos séulos provedentes), e que vai transformar radicalmente (quer se esteja ov ho de acordo com Butfoa) o made de pensar a diversidade das osieda- tds, As duns iddias, ade um estado primeito do bomem e a de uma Filtra natural da eapéeie, x80 corrlatas e implieam uma tercera ‘gue cite esiado primitive 6 um estado de natura. Voltaremos a essa Uikima nogio, eujo conteédo no deca deser ambiguo. ‘Notemos, porenquamto, ue €n0 Selo ds teoras dos naturalists que so formulados postalads,hipGteses e conceitos sobre os quais vi fe fandar todo 0 discurso antropoligico do séoulo XVII. E que 0 ‘aturalismo vai tentar explicar no somente a dversidade fisea, mas tamibém a dos “naturas” — dos earacteres,difamos n6s — e, mais ainda, dos costumes, Assim Buffon confere, a uma histiria natural da Cspécie,« tarefa de dar conta das variedades que se podem coastatar fntze os homens dos “diferentes climas”: “A primeira e a mais mar ‘ante dessas vaiedades € a da cor, a segunda € a da forma ¢ do {amanho, ea erceira 6 do natural ds diferentes poves”. Dos tages fiscos vamos, ent, gradulmente, para os tragos morals e intl: fai A naturera nio dé salts, a cncia tampouco, “Ainda que os ‘negrostenham pouco esprit, no deixam de ter mult sentiment egies ou melanedlios, Iaborisos ou preguicosos, amigos 0 inimigo® Segundo a mancira pela qual s80 tratados...Elest€m pois... 0 coragdo Cacslntc, possuemo germe de todas as virtudes”, Para nfo serm08 {ijustos com Buffon, acrescentemos que este retato ingenuamente ondescendente era, n0 sev tempo, banalidade muito difundida, ave fo impedia Buffon de tomar vvamente partido contra a escraviio. (Buf, “sve Natale de Home", Buon, ean Pt PUR. 184 p38 190 Como o universo, 0 homem & cognosevel através de leis: pode € deve ser objeto de citncia, Um encamintamento met6dico: do sim- ‘ples ao complezo (do fisico a0 moral eo mental), e do particular 20 eral (do individuo as relagbes soca): um pequeno nimero de prin. ‘ipios bem fundamentados, dentre os quai, aquele, herdado de Locke: as idéias provém dos sentidos, donde segue que, colocados em condi {82s iddntieas, oF homens reoshem as mesmas fensagDes e, portento, Concebem as ismas idas; principio ligado a este outro: que eriate ‘uma ordem natural segundo a qual as sensag@es e as idias se enca ‘diam, de mancira que se pode descobrie sua origem e reconsitir sua {formacio. A partir da, poder-s-& dar coata de todas as diferengas: se hd dversidade, € precisumente porque as condigdes (e nao somente as climaticas) nto so idéntias, & porque variam a& eircurstancias exteriores i natureza do homem. Variam tanto que podem degenericl “alimentagio grossera, malsi ou mal preparada pode fazer degenerar ‘aespécie humans; todos 0s povos que vivem miseravelmente s20feios © ‘mal fetes; mesmo entre nés, agente do campo é mai feia do que a das cidades, e note feqientemente que, nas povoagtes onde a pobreza & ‘menor que nas povoagdes viinhas, os homens 280 melhor fetos © 05 ostos mencs fics” ‘Que a histbria do homem seja, no séeulo XVIUL, natural, mio {mplica, portato, apenas que ela rompe com a teologia relembremee, tno entanto, que ao descrever as Epogues de le nature, sem fazer ‘nenhuma referéncia aos tempos bibicos, Buffon e seus colaboradores csereveram sem dtvida a primeira histéria fiica do mundo). Essa ruptura que, para além dss polémicas, constitui um dos marcos do século e um dos elementos de sua unidade, possui evidentemiente con- ledos positives. Se « Natureza é — para tomar ainda outra definigao de Buffon — “o sistema de Leis estabelecidas pelo Criador, para exisfncia das coisas e para a sucessto dos seres","entao, a hiséria natural emo prejeto,e nao somente 0 projeto como a possibilidade de escobrir a ordem necessiria e sucesiva que, subjacente & multiplic cidade observivel, &capaz de explicé-la. Dois eixor #30 necessérios para fornecer um tal modelo explicativo:geogrifie (referete as cond Bes exteroresacidentals) histrico(referente ds les naturais necessi- as), mas o primi, como veremos,subordinado a0 segundo. (4) Sem ert en pormeors, sublines a noida importa des ‘hfnde, Evin, 4 caro, Docaret og een du cuto cialis ses esse oer € sj ei mse, © ao ena conus interente dia, ene wi ‘Tigamos, os apes da soviedade polciada do séeulo XVII frances, (com efsto, nem mesmo a hipStese de uma pluralidade originiria das ‘spéces no slo do género humano di conta de uma tal distancia); e “través dela, coloca-s0 problema do progresto, © que quer dizer que € preciso encontrar o cansinho necessirio da Natorez. 'No pensamento da maior parte dos homens do século XVI, todos os caraceres pelos guais os homens, eas sciedades, se diferen ‘Gam, esto estreltamenteligados; mais: decorrem logicamente uns ‘Gor outtos. Assi tflura Bsica se conjuga a negitude moral, a est pider, as crengas absurdas, os costumes cris, te, e,inversament, Para as qualidadespositivas (e este resumo nfo € uma earicaturs: que Foie apenas as desergbes que Buffon, Linney, Voltaire, Rayna, ‘De Pau fazem dos africanos, do lapbes, dos chineses, dos indios da América). Alem da divers#0 que proporciona 20 leitor de hoje seme- Thantes Fetratos, hi al um pensamento que nos parece ser uma das Deqas-chave da antropologia de ent: com efeito, nto 6 cle que per. Fate gue se passe, quase sem dar-se conta, de um lado, do individu para g vociedade cde outro, da geografia para a histria isto das, Pondiges externas para ae gondiSesinternas? Ele também nos parece fer uma outra implcasis! toma singularmente difel a dijuncto ‘enite, de um lado, 0 discurs simplemente cientifico (a descrgao € 2 xplicagao dos costumes) de outro, 0 dseurso moral e politico (8 ‘Shtiedaié deserita € boa ov ml, e 0s homens sto nels felizs1).Pois, ‘evtamente, nfo ¢ por acaso que sempre encontramos, constantemente Shescladon nos escrtos dos tebricore dos etndgrafos, a obserragio dos, ‘Costumes e sua avallago moral. Voltaremos a este asrunto, Mas, antes de mais nada, retomemos o primero pont. ste modo de pensar & em suma, a aplicagto so estudo 435 sociedades, das tcoras de Locke e de Condillac. Se a idias prover fl sensagde, seas sensagese a¢idéas se combinam segundo ust Sequeno nimoro de ls auma ordem de complexidadecrescente, enti ‘esta deacobri as causas das diferengasfisias (o primero e 0 mai fimples dos dades, segundo as rogras do método) para que todo o resto fe explique. Esses causes, quaso sempre, sio exteriores, ¢ a mais freqnentemente inyocada € a do lima. A importéncia da teoria dos ‘cmas (controvertida, de certo) € conhecida; © que nes parece inte fesante € 0 tratamento que recebe, fora das teorias naturalists, Je ‘Montexguieu, por exempl, que a faz sua em L esprit des lis. © cima (também a aimentagio, as doengas, ete.) explica,entto, a distinct 12 _que separa as sociedades atualmente observiveis sobre a terra: todas olades, na crigem, de uma natureza idéntica (perfective, lo o ‘squegames)€ portanto de possbllidades iguais, se viram lcalizadas ‘em condigdes reais completamente diferentes, algumas favordvels & fatreea, outras NBO; e, af mesmas causas continuando a agit © a fcarretar of mesmos efeitos, a dstincia diferencial se amplificou pro- ressvamente, Donde: aqui progrest, ali estagnacto, alhures degene facio. Eau estames, come num passe de migica,instalados na hist6- ‘a, transportados das condigdesacidentas para a ordem necessiis. A sgeoerafia est al apenas para alestar a exist@ncia de uma historia (ahis- {ria do homem) cujos diferentes momentos slo representados pelas soviedades resis (celvagens ou antigas, pouco importa); a dversidade ‘spacial ordena-so em decorténcia, j@ que ela € legivel como uma Sicessio temporal mais fundamental; ¢levantada a questio da origem. ‘AG estd, com relagdo aos séculos precedentes, uma reviravolta complea que se opera na maneira de apreender as outras sociedades. Esses outs, bacharoseselvagons,* deixam a partir deste momento de ser eoncebidos como estrangeires, como 0 eram, por exemplo, 205 ‘thos dos homene do séeulo XVI, para tornarem-se semelhantes: de mesma natureza que nés,e tis como éramos em nosso incios. Primi tivos. Que este novo modo de pensar os selvagens 6 tenha realmente tomado forma pelo movimento de idéias que acabamos de relembrar brevemente, poderemos confirmé-l olhando para tris. 'Aos primeiros exploradores do continente americano, os fndios pareceram, antes de tudo, como pessoas de uma outra natureza que a ‘eles mesmos. E, com efeito, © que viram eles? Selvagens que iam € vinham nas, sem sequer sonar em esconder “o que no entanto natu fea requer que se mantenha escondide”; mulheres que no possulam nem wm grama do pudor que “hi naturalmente” neste sexo; criangas Jgqnorando a obediéneia que a "aatureza quer que se tenha” em relasio ‘0s mals velo eessas pessous passavam 0 tempo ase entredevorar ainda, se entregavam 8 sodomia, pecado “contra a natureza" por exceléneia,e que ndo queriam nem mesmo nomear. Nos etnGgrafcs do ‘século XVI, ese vocabulério deve ser lerado ao p& da letra: todos os trapos de “cultura, dirtamos bs, sBo para eles oindicio de uma outra (6) No sou XVI, a aus paler to fegentmente empresas jana ara mea soda Faro tem, 90 ean, a esta conte, « «Pines ‘equiv: era "iebara” te welerenca um momento da sre 9 homer, ore ‘ot un onan de "qualidade fare mora notadamente a coager col "ae, Sahogem € de am uso mus wrx sosdade cade oe indo sto rs, a extent lige em otis 193 raturezae, ertamente, os sclvagens nto thes sfo semelhantes. Por st {essa maneira de descrver, ao entanto Zo particular a0s relatos de ‘nido, poacosignificaria. Mas, justamente, ela no est s6 es histria esti para tesiemunhar o que fol pensado. Eo fato& que os ingios da ‘América pareceram tio estrangeirs ples seus hibitos (nunca pelo seu {specto fico) que se pergunton seriamente,e durant virias décadas, Drecisamente sobre sua nafureza: tinham eles ov nfo ume alma! ram cles humanos? Questio abundantemente argumentada ¢contro- ‘ertida que ndo exigia nada em menos, para ser coneluida, que uma bla pontifiia — que ado impediv, como se pode adivinhar, que se ‘ontnaasse, durante um longo tempo, a debaté-la. (Além do que, © ‘bale sobre os indies ndo fo} coneludo, ele apenas se transformou.) ‘Tanioé que ainda je, & postive oespanto: o que era necesirio que fowsem os sehagens para que, quando foram desoobertos, naseesse {al controvésia, com 0 que ela traduzia de certera e de estupor: exis: tem outras sociedades que tenham suscitado, dentro da nossa, questto ‘asim fundamental? Aqui esté, ao menos, mais do que € preciso para demonstrar que, aqueles que desde entio denominames 05 “seivay fens", foram pereedidos © concebidos como radicalmente outros, roves, singulaes, Que se lela com um pouco de euidado os eronistas ‘4 Spoca os indios hess to inaereditvesafinal, que, mits eae, ines de chegarem a descrever uma ou outra de suas prticularidade, tomam mil preeaugdes de esto, cetfcando 0 fato de n30 estarem inventando nada, exagerando nada, enfim, que sto veridios. Sabe- tts, claro, que, ene as testemunhas de entdo, hi algumas que se ‘cmteadizem: mas sio tara, quando se acusam mutuamente de met: {ira € que suas interpretagdesdivergem; as informacdes etnogrticas, por sua ver, sto perfeitamenteconcordanes (como no caso de Léry © 62 "Thevel), Mas, se teme tanto descrédito, nfo seria na verdade por ‘que esses selvagens so inverossimels? ‘Eniretanto, ess extranheza no excl de forma alguma uma certaprosimidade,e talvez mesmo possatorné-la possivel. Essa prox- fhidade é extemaments marcante, em todo caso, e manifesta-se de as mancras, Pensando ber, nfo somente os individuos 40 proximos (se fizermos abstragio das pinturas, tatuagens, orlhas € Ties perfurados, e outros procedimentos pelos quis os indios saber ‘les nlo sto diferentes ou piores que os euro» (6 Ps esa uae nesses XVI XV A guste de saber soci ehapem coum ead ese ind sor, 194 ras, uina certa order, wa cert justeza ou jstiga. Estranhos pois fesse nafutezs, nos slo no entanto proximos; sua ordem social pode, fnoralmente,comparar.se& nossa: alguns fazem efetivamente 2 com paragio (asim, Léry). ‘Os costumes permanecem irredutivels, impermedveis & com preensio. Na impossbiidade de compreendé ls, era 20 menos poss- {al descrerélos, era um dover testemunhar:viajantes, missionérios {siemutharam, Dedicaram-e & descrigGo, tio minuciosa quanto pos- sil dassingularidades observadas: como osselagens cagam, pescam fu cltivam suas hortas; como preparam seus alimentos ou bebidas, ‘equem os prepara, e quando e camo comem, bebem, dormem; como fascem seus fihos, como se easam, como enterram seus morte: quais ‘Ho suas doengas © « maneita de curiis; 0 jlto com que pintam o corpo, 0 escarfiam, 0 enfeltam: e seus vilerejs, seus cheles, suas errasesua paz. Osindicssuseitaram or grandes livros de ethoprtia. esta dupla relagdo, 20 mesmo tempo préxima ¢ longingua, do Ocidente com os selvagens, que o culo XVII vai derrubar. A nova, ‘ncia vai rproximar, em principio, os selvagens: no menos he ‘anos que née, e arrastados pela mesma histéria. Porém, stuando-os fs orgem desta histiria, de fto ela os distancia infinitamente, abo- do, 30 mesmo tempo, tudo que os diferencia. Por sua vez, entio, 0 séoulo XVII vai interesarse pelo sel- ‘ager. Bo interes choga mesmo & paixio: nfo somente a flsofa se ‘podera dele para pensilo, mas elo tem seu lugar em todas as eragBes literatura e da are, no romance, no teatro, no balé ena propria ‘misica (Rameau compSe uma “dance dos selragens”).. ele € adap ‘ado, em suma, a todos os mobos. Jamais época alguma terd cone ‘do tal entusiamo: ele 6 compreensirel, sem divida, porque a 6poca fer do selvagem um modelo (no sentido logico e moral do termo) E preciso, est certo, estabelecerdistingdes no seio dessa proliferagzo Ao discurso sobre o selvagem. Mas, anes de tudo, quem s80, nesta ‘poca, os sevagens? Sio sinda os Indios da America (aos quals Io se Juntar os tahitianos, mag somente no dltimo tergo do século, apés 8 Viagem de Bougainville)” os do Brasil, que podiam ser vstosséculos (7 0 pre do Mano Ang ak to conser haps. Os do Arco (aps, suc pur btn de Derbi, Bb 40 mene eons t,o da Ae Neg (eto te parame ema cae 198 anes em Roven e em Pars, ¢ que existom apenas nos relatos antiges; 5 do Paraguai, com ot quais os jesuitas ainda prosieguem ma sus ‘aperiéncia de uma sociedade modelo (de que Voltaire cagoava tanto, e ter admirada por Rayna; 0s do Canadé, sobretudo, que n0s inte Fessam de mais pero, j6 que, aliados aos horonianos,€ que os fran- tes ld combatem os inglese,alindos aos iroqueses. Os indis do Ca ‘nad slo certamente aqueles aos quais aos referimes mais facilmente ‘quando pensumcs em "selvagens”. De um lado, porque a realdade de ‘Sua sociedade deixa-s perfeitameate subsumir pelo conceito de selva pera (estado deinsubordinagao politica, ausncia de coer religios, ‘gnordneia da propriedade privada); de outro lado, por serem 08 mais conecides nos meiot escarecdos, eelebrizados pelo barto de La Hrontan desde o comeco do séeulo les inferesem sob varios aspectos: continua a descrevé-los (ea veia elnogréfie, longe de esgotar-se com o Renascimento, duro fquase a o fim do século XVIID), a expic-tos também, a jugs fim (veremos adiante se sio ou ndo o objeto real dessasexplicagBes doses julgamentos); em todos os textos da época, o diseursocienic fico e © discurso morale politco se repercutem constantemente. ‘que a ciéncia do homem, em relasio & qual se 6 untinime em reco. lthecer como “a mais itil", ndo tem em si mesma o seu fim: sua fina~ Tidade é morale politica; trata-se de chogar, através do conbecimento ‘das diversts sociedades, até aguela que coinciir finalmente com @ reino da Razto, onde os individues podertoreairar ofim que Tes fi ttibuido pela Natureza, a saber, a feliidade. Explicacdo cientifiea © Jizo de valor estio, pos, inlimamente associados, até mesmo nos {eéricos da etnografia. Assim, Lafteu comeca por anunciar que n20 esti de forma alguma preocupado com o “conhecimenio estéril” ov fn "vd curiosidade”: "devese", diz ele, “estudar os costumes apenas ‘i eravs« abn Geo cn, poder sem dvi algo & i tao tmpe, mar ed um edo e ena. Van Gemep tt a6 ocscres "a etmpraia lca en Sein, x Kage do meio ton co reancite ml fr lnfuensacs pel cntano, plo extemo-cet {hme nem pen aoa), marae Plo sian, «em 6808) ‘lows op- evo 8,1 (en tet oe La Hoan — Yoopes Mémoires, Comers — pb ‘ads e180 en a lay, no mes a impress Em 1708 5 Este état prawn La Honan far uma seungn ek, em ots ‘eimorena dat wees neve reno an. Em 170 parce uma fia i ‘Sr enpona stn 1709, Duar ots ens am seine 0 ro a [urapto a crea de 7K, Enant io, ado para balan © a ese no apna pars dau aia deseo de ue ob be 195, para formar os costumes, e ha sempre, em tudo, algo de que se pace tirarvantagem",” Os costumes que se deve formar, citar, nto so apenas os dos selvagens (mesmo para o missionirio que é Lafitan), fo também (e para alguns flsofos sto sobretndo) os nosss. Conse. ‘qentemente, nao basa mals desreré-los nem expantarse, € preciso ompreender. e, para ss, comperar. Mas nio qualquer coisa, nem fe qualguer manera. Nio, por exemplo, 0s selvagens, ov 0s antgos, ‘conosco; apenas © que € ccmparivel, como, por exemplo, 0s antigos ‘somos selvagens. Tal aproximacto fl bem cedorealizada ia encon- ‘ramos em Fontenelle, que descobre “uma espantosa conformidade entre a fibulas dos americanos eas dos gregos" ou ainda no Padre ‘Tournemine, que também teve 0 projeto de tratar da origem das bulaseesereve que “para jlgar‘ que € verossiml,€ preciso evtar Julg-io em relagto & nossa época...A verdadeira regra qual deve- mos comparar as fabulas, so of costumes dos selvagens da. AIMS ria.” O fato 6 que o comparatismo, como método eplicado a0 es- tudo dos costumes, se basen num duplo postulado, saber: i uma lunidade do espirto humano que manifesta uma tradi comune or inal, ¢ seu desenvolvimento histrco € sujito a leis. E a projego, ‘0 plano da citnca dos costumes, das hipoteses do naturalismo, on, mais que a projes4o, sua seqUéncia liga’ no & erdade, com efeito, ue a flsofia do Locke funda a passagem do fisiligico ao mental, ‘além disso, ado permite ela (A media que considera que a sensa- 40 & primera eo espirito tabula ra) defini « unidade espiital ‘como identidade deconteie? (Percebe se, & claro, que as cols ten ‘dem 2 complicar-se singularmente, A medida que, com 0 eneades. mento entre sensagteseidlas, 0 espirito progide... mat veltaremos ‘isto mais aiane), Em todo caso, se a comparagiotorna se postvl ‘somo método (pois nfo se esperou 0 século XVIII para Tazar compa ragbes) & porque s80 potsladas uns unidade original de pensamento seal €posivel uma unidade de tempo. ( liv de Lafitanabre-se com uma grevura, que padre explica “0 trontispicio representa uma pessoa na attude de quem exceve, 10 momento empenhada em fazer a comparagio entre diversos mon. ‘mentos da antguidado,pirimides, obeliscos, figuras, pantodes, me- dathas, autores antgos, entre viroe relator, caras, wagers ¢outras ‘curiosidades da Americ, entre as quis et sentada. Dols gnies spr (0 Potent eerie ae Fa 17 simam esses monumentos uns dos outres, ajudando-a a fazer essa omparacio, fazendo-a pereeber a rlagi0 que podem ter entre si ‘Mato tempo, 2 quem cabe dar conhecimento de todas as cosas € ‘esveli-as progresivamente,torn-Ibe essa relaglo ainds mais sensi- ‘el remetendoa A fone de tio, ¢fazendo-a como que tocar com as rnfor 4 conexdo que todos esies monumentos tém com a primeira Grigem dos homens, com o fundo de nossa religite."" Em seguida, Criicando os antigos relatos que chegaram a dizer dos selvagens que ‘lo posvuiam costumes nem religiao (0 que de fato disseram, 20 ‘cam lem que desreviam, emito bem, crengas © costumes, como O'nota 0 proprio Lafitaa), Lafit justice sua propria empress: “tprataseapenss, pols, de provar ests unanimidade de sentimento em todas as Nagfes, mostrando que, eletivamente, nko hf nenhuma to ‘barbara que no tenha uma religito e que nto tenha costumes". Nessa ‘unanimidade se enraiz a postibilidade de comparar: “Nao somente 05 povos que chamamos de brbaros tim uma religio, mas essa religito esau relagSes de uma tal conformidade com a dos primeirs tempes, Como que chamavam, ne antguidade, de Orgias de Bacoe da Mi dos Deuses, on mistéroe de Isis e do Osiris, que se pereede de imediato, pores semelhanga, quese trata em toda parte dos mesmes principios edo meso fundo 'A idl de uma rligiao orginiria € banal no sSeulo XVI. (© que preciso notar, &0 lugar singular que ela ocupe no quadro de eno: comefeto, a contro do que ocorre com os ‘ares, a cléncas, as es ea arte de gover ‘que sb progrediram (com, € claro, interrupebes, deeadéncias ¢ reno ‘asbes), a eligito 46 regredin desde seu inicio.” Originariamente, {Us pestua um conteddo racional: 0 sentimentoe a iin do Criador © ‘Se barmonia da eriagao (epouco importa que se atebua este conteddo {Natureza ou & Revelago, pois pecmanece 0 mesmo); poueo a Pouce, fia fo ae impregnando de toda uma miscelanea de supertiges absur- {dase de sits insensatos (como o atestam os eitose mitos dos antigos ‘repos ou dos antigos epipeios)Amedida que foi se dstanciando de sua Sinplicidade e pureza ergindriae,“O gnero homano”, esereve De (12 Laas, Moet de Soar amiga. O ioe eo, ita eatrde Go eo, duncan peta Senn me pont acres homes nar ves pep os Es or kr moar, Pts, 188, eo nana du mturs, ogo pe deste aoa Ge engender 198 Bosses, “havia de inicio recebido do préprio Deus instregSes ime- ints conformes 3 ntaligncia ds qual sua bondade havia dotado os Ihomens”. Deus ou a Naturers, dependendo das opinides, no final 64 no mesmo, jf que a conclusio ¢ idéntica: 25 religtes realmente ‘observieis, no passado como na atualidade, sto todas depradadss, fmnas mais, otras menos, canforme os povos, em que se as obsera, ‘stejam mais ou menor dstantes do sea comes, Dai (pelo menos em parte) as ivergéncias de julgamento entre Lafitau e De Brosses, por fxamplo, isto 6, ene a regio dos americanos ¢ a dos africanos. [Lafitan, sb ovéu de “maga” ede “iolatria" que comeya acorrompé- Jn, deacobre sem masiores difcaldades esta eligi orginal not. ure aianos «nos iroqueses, om ses eulto do Grande Espirito. Menos mat ‘ado, por eteever com um intuito dliberadamente contestatrio, La Hlatan localiza apenas esta reigitoorigindria,e poe na boca de seu {interlocutor huroniano: "Grayas so Grande Espirito que nos deu spe- ‘nat Luz natura, mio apagamos este fenal,seguimor exatamente (05 Preeits da Reno". B que os americanos, se nlo esto exata- ‘mente no inicio da ists, sna esto bem proximos dele e, portant, nko #80 muito perertios. Tal nko 6 o caso des afrcanos, instalados 1a muito tempo num “estado informe”, tal que “seus costumes, suas ais, seus raiccnios, suas pitas sdo as das criances". Todas as ragdes passaram, pols. por este estado (excepto feta. especifica De Brosses, 4 “raga escolida"), apenas elgumas abandonaram-no, de ‘maneira que se quisermos compreendero que nelas era outrora prai- ado, basa vero que ainda se far nas que permaneceram neste es- ‘ado, bata ver “este amontoado de priticastrivils de uma multidso 4 homens estipidos e grossiros” onde nao se encontram sequer resquicos das “instrugtes medias conformes &ineigencla” de que fora dotado na orgem o género amano. Vé-se, em De Bross, armar- ‘sem modelo explcaivo que éhistrico:expicer um fenémeno sigh fica retornar as causas que © provocaram, as que o perpetuaram, deseelar 0 mecanismo pelo qual uma idéa de inicio inteligire (no ‘eaao a iin da divindade) fot se obseurecendo pou 4 povco, deso- ‘cando-se af encarnar-se em objets. Causa esas: "a ignordncia a5s0- Giada 20 temor” que caraceraam a Infancia dos povos (notemos, desde ja, que hi um elo perdido na histria natural do homem: com eeito, como se passa racionalmente — sem recorer historia (44 De rs, Ce dese fiche (09) Rent, Commande ur ee wm Seo ined soma ‘Atri, ate yes Mea 199 santa — do nascimento eslarecido 8 infincia estipida?). Ignorincia temor explicam, pos, que a divindade posta terse identfiado com Dersonagens que a representavam, e depois com objetos utilizados Dor esses personagens, e, progressivamente, com qualquer tipo de Dbjeto. O que perpetuou estes superstigGes: © hibite, pois 08 usos ‘nao se desenrafzam lo fecilmente. Como prova o exemplo desse se: vragem que tinha um bol por Manitu: “ele concordava em que mio tra este boi que ele adoravs, mas tum Manitu de bot que estava sob a terra e que animara todas os bois: ele concordava também que 05, {que tinham ism urso por Menity adoravam semelhante Manita de tse, Perguntaram-Ihe se no havia também semelhante Manito de hhomens: ele concordou, Mostraram-Ihe eno. que seria mais conve niente invocer 0 espirto que era senhor dos outros, Este raciocinio ppareceu bom a0 selragem, mas noo fez mudar de hibito"." A igno- Fineia e 0 temor, a forga do habite, expicam, pois, 0 fetichisme; fea extonsio que De Brosses div ao termo, que acaba de inventar, permitetheexplicar mais ou menos todos 0s its e todas as rencas, © xamanismo entre outros: tudo pode ser incluido nesta categoria “Tudo, ov quase: so exciuidos as crengase os rts (proprios a "pores ‘menos insensatos") centrados no sl e nos asros estes constituem uma futra eategoria, o sabeismo, F De Brosses, para explicar a diversi ade das roigies, chega a fabricar um modelo digno da botinica (ermaisordenada das cincias de entio). Todos esses modos de pensar, diz ee, a0 falar do que enquadra na categoria de fetichismo, “tém, no fundo, ame mesma foto. esta nio & mais que o acessorio de fama religito geral disseminada nos extremos de toda a terra, que ‘deve ser examinada em separado, como classe particular dentre 3s ‘diversas religides pagis". A outra classe € 0 sabefsmo. Portanto, uma religto original justa, rete, que se subdivide, engendrando (como?) dues clases, felichismo e sabefsmo, onde entra a totalidade das religtes pags. modelo é uma clasiieaeao. “Todo modelo, decert, depurae simplifics 0 real, mas o que este liming, a0 elimingr as singularidades,€ propria etnografia ‘Embore procedenda diferentemente (quanto mais nio seja por estudar uma sociedade particular eestudéta na sua totalidade), Laf fau desemboca na mesma disjungio entre « etnografia e a teora Hd nele 0 mesmo modelo “histérco”, como o indica o diseurso do ‘metodo que inaugura seu veo. procure manter um certo método, feneadeando as coisas de tal modo que elas se encontram na ordem (48) De roe op ip S89 scene ing tes rare SSoeDiicieranr ola lente eee ene ‘Toe oowidnaorin lice woe sans aig ir tag cto! caps ae ea Spates Oelat wn rutin oc ater taeels ae ph fate eg Secesorniee den (corte por sels par coe Sa nm prea causes eee itt dott teas eustas soho cenane aie tne Coc dea 0, tsa vec (are ea a or fos Gunde Eg Ae Mar ane pr ‘Tach pu. tsounute fo Deo aut der Eagle don be ti ps ee cess oo omen ted Soe eigen Sia sce le oe a i Sinz th vat os naga’ Der unig Aan a ate ae Ba, Gea ame, ce eo angels Sager ett eh ces ne alan ca ete eae fers de towve gabon ste earn Bae Wiateerecwee iertan tok een nee tre tiapen Ts oes ate pee Suan tard get one eve Geena «on SSascen ume’ weclencach aseagn son pose fetlo Sevasanet Supe Alle opt afar pg ee a ed ‘ects an panrpanaceepu hd eu aie fone coe fs Sag veri See tet crenata steer Ter ho ten id wi agus dito ee EO cg oeen eee Moir ace ees sewers pr kegs ae ‘Sasha hanoun presuriee ties oorocticie ss tee canoes eee sejalrms snc sitar ovens ogame icles en cele appease Sar ieeatess ee en ae (0) Morph prin xpi conte doe russ ces Ae puts aa) pe ad pane fla ere des meme se Sot teow pets gu en ede Ue: memes cpeet pos oo am que aos gregos ou 40s epipeos, a antropologia nada pode dizer deles. ‘Be modo que ndo € por acaso que o sécolo XVIII ostentou tanto ‘esprezo pelas “catiosdades” ou pols “singularidades" das socie- ddades: com efeto, o que € que se poderia fazer com elas? Tomando-as fem consideragio, todo este conjunto tebrico nfo teria poido funcio- bar, Os pensadores nada querem da etnografia (que eles, no entanto, onbecem), quefem sim viajantes que sejam filbsofos, que tragam {bias endo “curiosidades”. E quanto aos ein6grafos (quer obtenham suas observagbes da pripri experiéncia, quer dos livros), eles des: “revem fat que € imposivel explicar, ja que no tém antecedentes. Ge melhor: nlo énecessirio explicé-los. De um lado porque @ ordem “natural”, conseqientemente necessiria, da desrigao, fax a5 vezes ‘de explicarao, De outro lado, e sobretudo, porque as sociedades onde fs observamos, estando ainda préximas do comeyo da historia hr tana, exo tambem ainda préximas da natureza (no esquegamos que { povubiidade da hstira est inserita na natureza). Ora, por defi- siglo, 4 natureza — assim como 0 conjunto das leis que determi fam 1 condigao humana — tem em si mesma sua propria razio, tno hi que explieé-la, Isto nao quer absolutamente dizer que 0s co*- {umes singulares dos sevagens provém diretamente da natureza, longe ‘ns: dela surgiram apenas as faculdades humanas, de perceber © ‘Conceber idfias, de experimentar sentimentos, pois hi sentimentos faturais (também, mas vollaremes a is0 mais tarde, faculdade de under A felicidade 2, com este intuito, de se reunir em sociedade); t exercico dessas faculdades estésujeito a leis conhecidas, elas fun- ‘onam comouma combinatGria que conta do progreso. Entre este beloordenamenteloieo eo pulular das singularidades reais, abismo { intranspontvel: as singulaidades s6 podem ser acidentais (seo elas ‘nto seriam exatamente singulares)- Eles permanecem entio (assim ‘oma no século anterior) inexpicdvls: mais vale ignori-lase torizar Sobre aguilo que 4 possvel compreender, por exemplo, © estado de ‘Uma ilusto de eiénela que, por graga de uma ordem met6dica, natural racionl ao mesmo tempo, permite descrever 0s faos e 80 {evdslos em conta. “Etnografa terica”, dzia Van Gennep, a rspeito tdesses precarsores do séoulo XVIII: 6 propositalmente que conset- tr sn primios 4 mens hitch gue tes ava, de um ado, be nar ‘Misc utenusse un ea enor de ep (om Davie: de CuO, ‘ectenceradevr nove sh, re ten (com Boucer ePrice 202

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