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PC-SP
Investigador de Polícia
A Apostila Preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial, com
base no último concurso para este cargo, elaboramos essa apostila a fim que o
aluno antecipe seus estudos.
Quando o novo concurso for divulgado aconselhamos a compra de uma nova
apostila elaborada de acordo com o novo Edital.
A antecipação dos estudos é muito importante, porém essa apostila não lhe dá
o direito de troca, atualizações ou quaisquer alterações sofridas no Novo Edital.
LÍNGUA PORTUGUESA
NOÇÕES DE DIREITO
Didatismo e Conhecimento
Índice
2.2.5 O direito de receber serviços públicos adequados.....................................................................................................20
2.2.6 Os sistemas global e americano de proteção dos direitos humanos fundamentais: a Declaração Universal dos
Direitos Humanos e a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica)............................21
2.3 Direito Penal. 2.3.1 Crime: conceitos............................................................................................................................31
2.3.2 Crime e contravenção..................................................................................................................................................31
2.3.3 Crime doloso e crime culposo.....................................................................................................................................32
2.3.4 Crime consumado e crime tentado.............................................................................................................................34
2.3.5 Estado de necessidade. Legítima defesa. Estrito cumprimento do dever legal. Exercício regular do direito.....35
2.3.6 Dos Crimes Contra a Pessoa.......................................................................................................................................37
2.3.7 Dos Crimes Contra o Patrimônio...............................................................................................................................43
2.3.8 Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual.....................................................................................................................51
2.3.9 Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública.............................................................................................................54
2.3.10 Dos Crimes Contra a Paz Pública............................................................................................................................57
2.3.11 Dos Crimes Contra a Fé Pública...............................................................................................................................59
2.3.12 Dos Crimes Contra a Administração Pública..........................................................................................................64
2.4 Direito Processual Penal:. 2.4.1 Do Inquérito Policial.................................................................................................71
2.4.2 Da Prova........................................................................................................................................................................75
2.4.3 Da Prisão em Flagrante...............................................................................................................................................86
2.4.4 Da Prisão Preventiva....................................................................................................................................................91
2.5 Legislação Especial:. 2.5.1 Lei de Abuso de Autoridade - Lei n.º 4.898/65................................................................93
2.5.2 Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei n.º 8.069/90 - artigos 225 ao 244-B....................................................95
2.5.3 Lei de Crimes Hediondos - Lei n.º 8.072/90...............................................................................................................97
2.5.4 Código de Defesa do Consumidor - Lei n.º 8.078/90 - artigos. 61 ao 80..................................................................98
2.5.5 Lei de Improbidade Administrativa - Lei n.º 8.429/92...........................................................................................100
2.5.6 Lei de Tortura - Lei n.º 9.455/97...............................................................................................................................104
2.5.7 Código de Trânsito Brasileiro - Lei n.º 9.503/97 - artigos 302 ao 312....................................................................104
2.5.8 Lei Maria da Penha - Lei n.º 11.340/06....................................................................................................................105
2.5.9 Lei sobre Drogas - Lei n.º 11.343/06 - artigos 27 ao 53........................................................................................... 110
2.5.10 Lei do Crime Organizado - Lei nº 12850/13.......................................................................................................... 114
2.5.11 Lei da Prisão Temporária - Lei nº 7.960/89........................................................................................................... 117
2.5.12 Lei dos Juizados Especiais - Lei nº 9.099/95 - artigos 60 ao 97............................................................................ 118
2.5.13 Lei das Contravenções Penais - Decreto-lei nº 3.688/41.......................................................................................121
2.5.14 Estatuto do Desarmamento - Lei nº 10.826/2003 - artigos 12 ao 21....................................................................126
2.5.15 Lei dos Crimes Ambientais - Lei nº 9.605/98.........................................................................................................127
2.5.16 Lei de Interceptação Telefônica - nº Lei 9.296/96..................................................................................................135
2.5.17 Lei dos Crimes Resultantes de Preconceito de Raça e Cor - Lei nº 7.716/89......................................................136
2.5.18 Estatuto do Idoso - Lei nº 10.741/2003 - artigos 93 ao 108...................................................................................137
2.5.19 Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado - Lei nº 10.261/68.............................................................138
2.5.20 Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo (Lei Complementar n.º 207 de 05/01/1979 ..........................161
Lei Complementar n.º 922/02 ............................................................................................................................................177
Lei Complementar n.º 1.151/11..........................................................................................................................................182
2.5.21 Lei Federal n.º 12.527, de 18/11/2011 (Lei de Acesso à Informação) e seu decreto regulamentador no âmbito do
Estado de São Paulo (Decreto n.º 58.052, de 16/05/2012).......................................................................................................185
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Didatismo e Conhecimento
Índice
NOÇÕES DE LÓGICA
4.1. Conceitos iniciais do raciocínio lógico: proposições, valores lógicos, conectivos, tabelas-verdade, tautologia,
contradição, equivalência entre proposições, negação de uma proposição, validade de argumentos. 4.2. Estruturas
lógicas e lógica de argumentação. 4.3. Questões de associação. 4.4. Verdades e mentiras. 4.5. Diagramas lógicos
(silogismos)..................................................................................................................................................................... 01
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
5.1 MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência,
manipulação de arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos do
MS-Office 2010.............................................................................................................................................................................01
5.2 MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes,
colunas, marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas,
índices, inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto.........................................................................................09
5.3 MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração
de tabelas e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de
quebras e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados........................................................31
5.4 MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos
e rodapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides...............................................................................................................................................52
5.5 Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos...................66
5.6 Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas.................................74
5.7 Computadores pessoais (desktops, tablets, notebooks e noções gerais e operações)................................................85
Didatismo e Conhecimento
SAC
Atenção
SAC
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O SAC possui o objetivo de auxiliar os candidatos que possuem dúvidas relacionadas ao conteúdo do edital.
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Português - paginas 82,86,90.
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.
Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.
*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.
Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de solicita-
1.1. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE ção, deliberação informal, discurso de defesa e acusação (advo-
DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS cacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial.
(LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS). Exposição: Apresenta informações sobre assuntos, expõe
ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Estrutura básica;
ideia principal; desenvolvimento; conclusão. Uso de linguagem
clara. Ex: ensaios, artigos científicos, exposições etc.
Compreensão e Interpretação de Texto
Injunção: Indica como realizar uma ação. É também utilizado
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que tam- para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza lingua-
bém é transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. gem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, emprega-
Ex: um romance, um conto, uma poesia... (Conotação, Figurado, dos no modo imperativo. Há também o uso do futuro do presente.
Subjetivo, Pessoal). Ex: Receita de um bolo e manuais.
Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma mensa- Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas ou mais
gem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como pausas e
jornal, uma bula de medicamento. (Denotação, Claro, Objetivo, retomadas.
Informativo).
O objetivo do texto é passar conhecimento para o leitor. Nesse Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais pessoas (o
tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia. Exemplos de textos entrevistador e o entrevistado), na qual perguntas são feitas pelo
explicativos são os encontrados em manuais de instruções. entrevistador para obter informação do entrevistado. Os repórteres
entrevistam as suas fontes para obter declarações que validem as
Informativo: Tem a função de informar o leitor a respeito de informações apuradas ou que relatem situações vividas por per-
algo ou alguém, é o texto de uma notícia de jornal, de revista, sonagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que
folhetos informativos, propagandas. Uso da função referencial da contém informações que o ajudarão a construir a matéria. Além
linguagem, 3ª pessoa do singular. das informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim
como as fontes a serem entrevistadas. Antes da entrevista o repór-
Descrição: Um texto em que se faz um retrato por escrito de ter costuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre o
um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de pala- assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevistada. Mu-
vras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função nido deste material, ele formula perguntas que levem o entrevista-
caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até des- do a fornecer informações novas e relevantes. O repórter também
crever sensações ou sentimentos. Não há relação de anteriorida- deve ser perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou ma-
de e posterioridade. Significa “criar” com palavras a imagem do nipula dados nas suas respostas, fato que costuma acontecer prin-
objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da cipalmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, quando
personagem a que o texto se refere. o repórter vai entrevistar o presidente de uma instituição pública
sobre um problema que está a afetar o fornecimento de serviços
Narração: Modalidade em que se conta um fato, fictício ou à população, ele tende a evitar as perguntas e a querer reverter a
não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo resposta para o que considera positivo na instituição. É importante
certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma que o repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar a
relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predo- confiança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por
minante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que ele dominado. Caso contrário, acabará induzindo as respostas ou
nos contam histórias infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” perdendo a objetividade.
ou a “Bela Adormecida”, até as picantes piadas do cotidiano. As entrevistas apresentam com frequência alguns sinais de
pontuação como o ponto de interrogação, o travessão, aspas, re-
Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver ou expli- ticências, parêntese e as vezes colchetes, que servem para dar ao
car um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo leitor maior informações que ele supostamente desconhece. O títu-
pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto lo da entrevista é um enunciado curto que chama a atenção do lei-
de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo tor e resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra
enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocu- maiúscula e recebe maior destaque da página. Na maioria dos ca-
pado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sos, apenas as preposições ficam com a letra minúscula. O subtítu-
sendo, portanto, um texto informativo. lo introduz o objetivo principal da entrevista e não vem seguido de
ponto final. É um pequeno texto e vem em destaque também. A fo-
Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrário, têm tografia do entrevistado aparece normalmente na primeira página
por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista da entrevista e pode estar acompanhada por uma frase dita por ele.
do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, As frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem em
também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, destaque nas outras páginas da entrevista são chamadas de “olho”.
temos um texto dissertativo-argumentativo.
Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. O Segundo Nível é a pré-leitura ou leitura inspecional. Tem
É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando duas funções específicas: primeiro, prevenir para que a leitura pos-
as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sa- terior não nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de
cudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmos- escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade,
féricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras de nossa primeira impressão sobre o livro. É a leitura que comu-
sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace mente desenvolvemos “nas livrarias”. Nela, por meio do salteio de
est rompue está começada a crônica. (...) partes, respondem basicamente às seguintes perguntas:
(Machado de Assis. “Crônicas Escolhidas”. - Por que ler este livro?
São Paulo: Editora Ática, 1994) - Será uma leitura útil?
- Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se
à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos. Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que se
A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da in- seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de
formação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos. Se você se pro-
acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, puser a ler um livro sem interesse, com olhar crítico, rejeitando-o
mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por ou- antes de conhecê-lo, provavelmente o aproveitamento será muito
tro ângulo, singular. baixo.
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um Ler é armazenar informações; desenvolver; ampliar horizon-
leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que tes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escrever me-
faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior aten- lhor; relacionar-se melhor com o outro.
ção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contem-
porâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas Pré-Leitura
grandes cidades. Nome do livro
Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer que a crô- Autor
nica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a ob- Dados Bibliográficos
servação atenta da realidade cotidiana e do outro, a construção da Prefácio e Índice
linguagem, o jogo verbal. Algumas crônicas são editadas em livro, Prólogo e Introdução
para garantir sua durabilidade no tempo.
O primeiro passo é memorizar o nome do autor e a edição do
Interpretação de Texto livro, fazer um folheio sistemático: ler o prefácio e o índice (ou
sumário), analisar um pouco da história que deu origem ao livro,
O primeiro passo para interpretar um texto consiste em de- ver o número da edição e o ano de publicação. Se falarmos em ler
compô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou um Machado de Assis, um Júlio Verne, um Jorge Amado, já esta-
ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os con- remos sabendo muito sobre o livro. É muito importante verificar
ceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação estes dados para enquadrarmos o livro na cronologia dos fatos e na
fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do leitor. Ler atualidade das informações que ele contém. Verifique detalhes que
é uma atividade muito mais complexa do que a simples interpre- possam contribuir para a coleta do maior número de informações
tação dos símbolos gráficos, de códigos, requer que o indivíduo possível. Tudo isso vai ser útil quando formos arquivar os dados
seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorpo- lidos no nosso arquivo mental. A propósito, você sabe o que seja
rando-o à sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo um prólogo, um prefácio e uma introdução? Muita gente pensa que
mantenha um comportamento ativo diante da leitura. os três são a mesma coisa, mas não:
Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
Prólogo: é um comentário feito pelo autor a respeito do tema lido com alguma experiência já vivida ou tente exemplificá-lo com
e de sua experiência pessoal. algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando
Prefácio: é escrito por terceiros ou pelo próprio autor, referin- para uma turma de alunos interessados. É importante lembrar que
do-se ao tema abordado no livro e muitas vezes também tecendo esquecemos mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias poste-
comentários sobre o autor. riores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura e
Introdução: escrita também pelo autor, referindo-se ao livro ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. Não pense que
e não ao tema. é um exercício monótono. Nós somos capazes de realizar diaria-
O segundo passo é fazer uma leitura superficial. Pode-se, nes- mente exercícios físicos com o propósito de melhorar a aparência
se caso, aplicar as técnicas da leitura dinâmica. e a saúde. Pois bem, embora não tenhamos condições de ver com
o que se apresenta nossa mente, somos capazes de senti-la quando
O Terceiro Nível é conhecido como analítico. Depois de vas- melhoramos nossas aptidões como o raciocínio, a prontidão de in-
culharmos bem o livro na pré-leitura, analisamos o livro. Para isso, formações e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais. Vale
é imprescindível que saibamos em qual gênero o livro se enquadra: a pena se esforçar no início e criar um método de leitura eficiente
trata-se de um romance, um tratado, um livro de pesquisa e, neste e rápido.
caso, existe apenas teoria ou são inseridas práticas e exemplos. No
caso de ser um livro teórico, que requeira memorização, procure Ideias Núcleo
criar imagens mentais sobre o assunto, ou seja, veja, realmente, o
que está lendo, dando vida e muita criatividade ao assunto. Note O primeiro passo para interpretar um texto consiste em de-
bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta fase, e a primeira coisa a compô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou
fazer é ser capaz de resumir o assunto do livro em duas frases. Já ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os con-
temos algum conteúdo para isso, pois o encadeamento das ideias já ceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação
é de nosso conhecimento. Procure, agora, ler bem o livro, do início fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do leitor.
ao fim. Esta é a leitura efetiva, aproveite bem este momento. Fique Exemplo:
atento! Aproveite todas as informações que a pré-leitura ofereceu.
Não pare a leitura para buscar significados de palavras em dicioná- “Incalculável é a contribuição do famoso neurologista aus-
rios ou sublinhar textos, isto será feito em outro momento. tríaco no tocante aos estudos sobre a formação da personalidade
humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes
O Quarto Nível de leitura é o denominado de controle. Tra- nas camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente
ta-se de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com e subconsciente. Começou estudando casos clínicos de compor-
qualquer dúvida que ainda persista. Normalmente, os termos des- tamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em
conhecidos de um texto são explicitados neste próprio texto, à me- colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Es-
dida que vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicológico tudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obti-
fará com que fiquemos com aquela dúvida incomodando-nos até dos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje é usado pela
que tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, será psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos,
na etapa do controle que lançaremos mão do dicionário. estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente
Veja bem: a esta altura já conhecemos bem o livro e o ato de com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais. Para
interromper a leitura não vai fragmentar a compreensão do assunto este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud se uti-
como um todo. Será, também, nessa etapa que sublinharemos os lizou especialmente da linguagem onírica dos pacientes, conside-
tópicos importantes, se necessário. Para ressaltar trechos impor- rando os sonhos como compensação dos desejos insatisfeitos na
tantes opte por um sinal discreto próximo a eles, visando principal- fase de vigília.
mente a marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o a Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo
fixar a cronologia e a sequência deste fato importante, situando-o cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose
no livro. é de origem sexual.”
Aproveite bem esta etapa de leitura. Para auxiliar no estudo, é (Salvatore D’Onofrio)
interessante que, ao final da leitura de cada capítulo, você faça um
breve resumo com suas próprias palavras de tudo o que foi lido. Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição
do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a
Um Quinto Nível pode ser opcional: a etapa da repetição formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939)
aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do texto, mas conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique
aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prática, ou seja, humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma,
que tenhamos experiência do que foi lido na vida. Você só pode inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender
compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente
como unir a teoria à prática. Na leitura, quando não passamos pela e subconsciente.
etapa da repetição aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos àqueles
brancos quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faça Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clí-
resumos. nicos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a aju-
Observe agora os trechos sublinhados do livro e os resumos da da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e
de cada capítulo, trace um diagrama sobre o livro, esforce-se para Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com
traduzi-lo com suas próprias palavras. Procure associar o assunto os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até
Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
hoje é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias Ele morreu faminto.
e de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigi- faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que “ele” se
das ao paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações encontrava quando morreu.
mentais.” A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a
sua pesquisa estudando os comportamentos humanos anormais ou - As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as
doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou ideias estão coordenadas entre si;
o das “livres associações de ideias e de sentimentos”. - Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o sig-
às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lin- nificado;
guagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como com- - Esclarecer o vocabulário;
pensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está - Entender o vocabulário;
explicitado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por - Viver a história;
meio da compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem me- - Ative sua leitura;
tafórica dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia. - Ver, perceber, sentir, apalpar o que se pergunta e o que se
pede;
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, - Não se deve preocupar com a arrumação das letras nas al-
que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação ternativas;
da tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto - As perguntas são fáceis, dependendo de quem lê o texto ou
afirma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando como o leu;
a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual. - Cuidado com as opiniões pessoais, elas não existem;
- Sentir, perceber a mensagem do autor;
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpre- - Cuidado com a exatidão das questões em relação ao texto;
tação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte: - Descobrir o assunto e procurar pensar sobre ele;
- Todos os termos da análise sintática, cada termo tem seu
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
valor, sua importância;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitu-
- Todas as orações subordinadas têm oração principal e as
ra, vá até o fim, ininterruptamente;
ideias se completam.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
menos umas três vezes;
Vícios de Leitura
- Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
Por acaso você tem o hábito de ler movimentando a cabeça?
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
Ou quem sabe, acompanhando com o dedo? Talvez vocalizando
- Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor
compreensão; baixinho... Você não percebe, mas esses movimentos são alguns
- Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do tex- dos tantos que prejudicam a leitura. Esses movimentos são conhe-
to correspondente; cidos como vícios de linguagem.
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; Movimentar a cabeça: procure perceber se você não está
- Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de...), não, movimentando a cabeça enquanto lê. Este movimento, ao final
correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; de pouco tempo, gera muito cansaço além de não causar nenhum
palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a efeito positivo. Durante a leitura apenas movimentamos os olhos.
entender o que se perguntou e o que se pediu; Regressar no texto, durante a leitura: pessoas que têm dificul-
- Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a dade de memorizar um assunto, que não compreendem algumas
mais exata ou a mais completa; expressões ou palavras tendem a voltar na sua leitura. Este movi-
- Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamen- mento apenas incrementa a falta de memória, pois secciona a linha
to de lógica objetiva; de raciocínio e raramente explica o desconhecido, o que normal-
- Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais; mente é elucidado no decorrer da leitura. Procure sempre manter
- Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela respos- uma sequência e não fique “indo e vindo” no livro. O assunto pode
ta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto; se tornar um bicho de sete cabeças!
- Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denun- Ler palavra por palavra: para escrever usamos muitas pala-
cia a resposta; vras que apenas servem como adereços. Procure ler o conjunto e
- Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo perceber o seu significado.
autor, definindo o tema e a mensagem; Sub-vocalização: é o ato de repetir mentalmente a palavra.
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; Isto só será corrigido quando conseguirmos ultrapassar a marca de
- Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são im- 250 palavras por minuto.
portantíssimos na interpretação do texto. Exemplos: Usar apoios: algumas pessoas têm o hábito de acompanhar
a leitura com réguas, apontando ou utilizando um objeto que sal-
Ele morreu de fome. ta “linha a linha”. O movimento dos olhos é muito mais rápido
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na quando é livre do que quando o fazemos guiado por qualquer ob-
realização do fato (= morte de “ele”). jeto.
Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
Leitura Eficiente - Atitude: pensamento positivo para aquilo que deseja ler.
Manter-se descansado é muito importante também. Não adianta
Ao ler realizamos as seguintes operações: um desgaste físico enorme, pois a retenção da informação será
inversamente proporcional. Uma alimentação adequada é muito
- Captamos o estímulo, ou seja, por meio da visão, encami- importante.
nhamos o material a ser lido para nosso cérebro.
- Passamos, então, a perceber e a interpretar o dado sensorial - Ambiente: o ambiente de leitura deve ser preparado para ela.
(palavras, números etc.) e a organizá-lo segundo nossa bagagem Nada de ambientes com muitos estímulos que forcem a dispersão.
de conhecimentos anteriores. Para essa etapa, precisamos de moti- Deve ser um local tranquilo, agradável, ventilado, com uma cadei-
vação, de forma a tornar o processo mais otimizado possível. ra confortável para o leitor e mesa para apoiar o livro a uma altura
- Assimilamos o conteúdo lido integrando-o ao nosso “arqui- que possibilite postura corporal adequada. Quanto a iluminação,
vo mental” e aplicando o conhecimento ao nosso cotidiano. deve vir do lado posterior esquerdo, pois o movimento de virar a
página acontecerá antes de ter sido lida a última linha da página di-
A leitura é um processo muito mais amplo do que podemos reita e, de outra forma, haveria a formação de sombra nesta página,
imaginar. Ler não é unicamente interpretar os símbolos gráficos, o que atrapalharia a leitura.
mas interpretar o mundo em que vivemos. Na verdade, passamos
todo o nosso tempo lendo! - Objetos necessários: para evitar que, durante a leitura, le-
O psicanalista francês Lacan disse que o olhar da mãe confi- vantarmos para pegar algum objeto que julguemos importante,
gura a estrutura psíquica da criança, ou seja, esta se vê a partir de devemos colocar lápis, marca-texto e dicionário sempre à mão.
como vê seu reflexo nos olhos da mãe! O bebê, então, segundo Quanto sublinhar os pontos importantes do texto, é preciso apren-
esta citação, lê nos olhos da mãe o sentimento com que é rece- der a técnica adequada. Não o fazer na primeira leitura, evitando
bido e interpreta suas emoções: se o que encontra é rejeição, sua que os aspectos sublinhados parecem-se mais com um mosaico de
experiência básica será de terror; se encontra alegria, sua expe- informações aleatórias.
riência será de tranquilidade, etc. Ler está tão relacionado com o
fato de existirmos que nem nos preocupamos em aprimorar este Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por
processo. É lendo que vamos construindo nossos valores e estes finalidade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o can-
são os responsáveis pela transformação dos fatos em objetos de didato deve compreender os níveis estruturais da língua por meio
nosso sentimento. da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado.
Leitura é um dos grandes, senão o maior, ingrediente da ci-
vilização. Ela é uma atividade ampla e livre, fato comprovado As frases produzem significados diferentes de acordo com o
pela frustração de algumas pessoas ao assistirem a um filme, cuja contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sem-
história já foi lida em um livro. Quando lemos, associamos as in- pre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto.
formações lidas à imensa bagagem de conhecimentos que temos Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas
armazenados em nosso cérebro e então somos capazes de criar, por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedi-
imaginar e sonhar. mento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura
É por meio da leitura que podemos entrar em contato com pes- ideológica do autor diante de uma temática qualquer.
soas distantes ou do passado, observando suas crenças, convicções e
descobertas que foram imortalizadas por meio da escrita. Esta pos- Como ler e interpretar uma charge
sibilita o avanço tecnológico e científico, registrando os conheci-
mentos, levando-os a qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, Interpretar cartuns, charges ou quadrinhos exigem três habi-
desde que saibam decodificar a mensagem, interpretando os símbo- lidades: observação, conhecimento do assunto e vocabulário ade-
los usados como registro da informação. A leitura é o verdadeiro elo quado. A primeira permite que o leitor “veja” todos os ícones pre-
integrador do ser humano e a sociedade em que ele vive! sentes - e dono da situação - dê início à descrição minuciosa, mas
O mundo de hoje é marcado pelo enorme fluxo de informações que prioriza as relevâncias. A segunda requer um leitor “antenado”
oferecidas a todo instante. É preciso também tornarmo-nos mais re- com o noticiário mais recente, caso contrário não será possível es-
ceptivos e atentos, para nos mantermos atualizados e competitivos. tabelecer sentidos para o que vê. A terceira encerra o ciclo, pois,
Para isso, é imprescindível leitura que nos estimule cada vez mais sem dar nome ao que vê, o leitor não faz a tradução da imagem.
em vista dos resultados que ela oferece. Se você pretende acom- Desse modo, interpretar charges - ou qualquer outra forma de
panhar a evolução do mundo, manter-se em dia, atualizado e bem expressão visual – exige procedimentos lógicos, atenção aos deta-
informado, precisa preocupar-se com a qualidade da sua leitura. lhes e uma preocupação rigorosa em associar imagens aos fatos.
Observe: você pode gostar de ler sobre esoterismo e uma pes-
soa próxima não se interessar por este assunto. Por outro lado, será
que esta mesma pessoa se interessa por um livro que fale sobre
História ou esportes? No caso da leitura, não existe livro interes-
sante, mas leitores interessados.
A pessoa que se preocupa com a qualidade de sua leitura e
com o resultado que poderá obter, deve pensar no ato de ler como
um comportamento que requer alguns cuidados, para ser realmente
eficaz.
Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
da crítica do chargista. Não necessariamente o antagonista aparece
na cena… O próprio cenário da charge, uma nota de rodapé ou a
própria situação na qual o protagonista está inserido pode fazer a
vez de antagonista. Já nas charges de caráter social ou cultural,
geralmente não há protagonistas e antagonistas, mas elementos do
fato ou da notícia que são caricaturizados – isto é, retratados hu-
moristicamente – com vistas a trazer força à notícia representada
na charge. No caso das charges de crítica econômica e política, a
identificação dos papéis de protagonista e antagonista da situação
é fundamental para o próximo passo na interpretação desta charge.
Passo 3: Identifique a linha editorial do veículo de comunica-
ção: Não é novidade para nenhum de nós que a imparcialidade da
informação é uma mera ilusão, da qual nos convenceram de tanto
repetir. Não existe imparcialidade nem nas ciências, quanto mais
Benett. Folha de São Paulo, 15/02/2010 na imprensa! E por mais que a manipulação da notícia seja um ato
moralmente execrável, a parcialidade na informação noticiada pe-
Charges são desenhos humorísticos que se utilizam da ironia los meios de comunicação não apenas é inevitável, como também
e do sarcasmo para a constituição de uma crítica a uma situação pode vir a ser benéfica no que tange ao processo da constituição
social ou política vigente, e contra a qual se pretende – ou ao me- de posicionamentos críticos e ideológicos no debate democrático.
nos se pretendia, na origem desse fenômeno artístico, na Inglaterra Reafirmando aquele lugar-comum, mas válido, do dramaturgo
do século XIX – fazer uma oposição. Diferente do cartoon, arte Nelson Rodrigues (do qual eu nunca encontrei a citação, confes-
também surgida na Inglaterra e que pretendia parodiar situações so), “toda unanimidade é burra”. Por isso, é preciso compreender
do cotidiano da sociedade, constituindo assim uma crítica dos e identificar a linha editorial do veículo de comunicação no qual a
costumes que ultrapassa os limites do tempo e projeta-se como charge foi publicada, pois esta revela a ideologia que inspira o foco
crítica de época, a charge é caracterizada especificamente por ser de parcialidade que este dá às suas notícias.
uma crônica, ou seja, narra ou satiriza um fato acontecido em de-
terminado momento, e que perderá sua carga humorística ao ser
desvencilhada do contexto temporal no qual está inserida. Toda-
via, a palavra cartunista acabou designando, na nossa linguagem
cotidiana, a categoria de artistas que produz esse tipo de desenho
humorístico (charges ou cartoons)
Na verdade, quatro passos básicos para uma boa interpretação
político-ideológica de uma charge. Afinal, se a corrida eleitoral para
a Presidência da República já começou, não vai mal dar uma boa
olhada nas charges publicadas em cada jornal, impresso ou eletrô-
nico, para ver o que se passa na cabeça dos donos da grande mídia
sobre esse momento ímpar no processo democrático nacional…
Didatismo e Conhecimento 6
LÍNGUA PORTUGUESA
Exercícios II. No segundo parágrafo, a menção ao ditado sobre o alber-
gue espanhol tem por finalidade sugerir que o olhar do observador
Atenção: As questões de números 1 a 5 referem-se ao texto não interfere no sentido próprio e particular de uma foto.
seguinte. III. Um fotógrafo profissional, conforme sugere o terceiro pa-
rágrafo, vê não apenas uma foto, mas os recursos de uma lingua-
Fotografias gem específica nela fixados.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma SOMENTE
Toda fotografia é um portal aberto para outra dimensão: o em
passado. A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do tem- (A) I e II.
po, transformando o que é naquilo que já não é mais, porque o que (B) II e III.
temos diante dos olhos é transmudado imediatamente em passado (C) I.
no momento do clique. Costumamos dizer que a fotografia con- (D) II.
gela o tempo, preservando um momento passageiro para toda a (E) III.
eternidade, e isso não deixa de ser verdade. Todavia, existe algo
que descongela essa imagem: nosso olhar. Em francês, imagem e 4. No contexto do primeiro parágrafo, o segmento Todavia,
magia contêm as mesmas cinco letras: image e magie. Toda ima- existe algo que descongela essa imagem pode ser substituído, sem
gem é magia, e nosso olhar é a varinha de condão que descongela prejuízo para a correção e a coerência do texto, por:
o instante aprisionado nas geleiras eternas do tempo fotográfico. (A) Tendo isso em vista, há que se descongelar essa imagem.
Toda fotografia é uma espécie de espelho da Alice do País (B) Ainda assim, há mais que uma imagem descongelada.
das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse espelho de pa- (C) Apesar de tudo, essa imagem descongela algo.
pel sai numa dimensão diferente e vivencia experiências diversas, (D) Há, não obstante, o que faz essa imagem descongelar.
pois o lado de lá é como o albergue espanhol do ditado: cada um (E) Há algo, outrossim, que essa imagem descongelará.
só encontra nele o que trouxe consigo. Além disso, o significado 5. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre
de uma imagem muda com o passar do tempo, até para o mesmo o texto:
observador. (A) Apesar de se ombrearem com outras artes plásticas, a fo-
Variam, também, os níveis de percepção de uma fotografia. tografia nos faz desfrutar e viver experiências de natureza igual-
Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um músico, por exem- mente temporal.
plo, é capaz de perceber dimensões sonoras inteiramente insus- (B) Na superfície espacial de uma fotografia, nem se imagine
peitas para os leigos. Da mesma forma, um fotógrafo profissional os tempos a que suscitarão essa imagem aparentemente congelada...
lê as imagens fotográficas de modo diferente daqueles que desco- (C) Conquanto seja o registro de um determinado espaço, uma
nhecem a sintaxe da fotografia, a “escrita da luz”. Mas é difícil foto leva-nos a viver profundas experiências de caráter temporal.
imaginar alguém que seja insensível à magia de uma foto. (D) Tal como ocorrem nos espelhos da Alice, as experiências
(Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trás daquela foto. físicas de uma fotografia podem se inocular em planos temporais.
São Paulo: Companhia das Letras, 2010) (E) Nenhuma imagem fotográfica é congelada suficientemen-
te para abrir mão de implicâncias semânticas no plano temporal.
1. O segmento do texto que ressalta a ação mesma da percep-
ção de uma foto é: Atenção: As questões de números 6 a 9 referem-se ao texto
(A) A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do tem- seguinte.
po.
(B) a fotografia congela o tempo. Discriminar ou discriminar?
(C) nosso olhar é a varinha de condão que descongela o ins-
tante aprisionado. Os dicionários não são úteis apenas para esclarecer o sen-
(D) o significado de uma imagem muda com o passar do tempo. tido de um vocábulo; ajudam, com frequência, a iluminar teses
(E) Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à magia controvertidas e mesmo a incendiar debates. Vamos ao Dicionário
de uma foto. Houaiss, ao verbete discriminar, e lá encontramos, entre outras,
estas duas acepções: a) perceber diferenças; distinguir, discernir;
2. No contexto do último parágrafo, a referência aos vários b) tratar mal ou de modo injusto, desigual, um indivíduo ou grupo
níveis de percepção de uma fotografia remete de indivíduos, em razão de alguma característica pessoal, cor da
(A) à diversidade das qualidades intrínsecas de uma foto. pele, classe social, convicções etc.
(B) às diferenças de qualificação do olhar dos observadores. Na primeira acepção, discriminar é dar atenção às diferen-
(C) aos graus de insensibilidade de alguns diante de uma foto. ças, supõe um preciso discernimento; o termo transpira o senti-
(D) às relações que a fotografia mantém com as outras artes. do positivo de quem reconhece e considera o estatuto do que é
(E) aos vários tempos que cada fotografia representa em si diferente. Discriminar o certo do errado é o primeiro passo no
mesma. caminho da ética. Já na segunda acepção, discriminar é deixar
agir o preconceito, é disseminar o juízo preconcebido. Discrimi-
3. Atente para as seguintes afirmações: nar alguém: fazê-lo objeto de nossa intolerância.
I. Ao dizer, no primeiro parágrafo, que a fotografia congela o Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a de-
tempo, o autor defende a ideia de que a realidade apreendida numa sigualdade. Nesse caso, deixar de discriminar (no sentido de dis-
foto já não pertence a tempo algum. cernir) é permitir que uma discriminação continue (no sentido de
Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
preconceito). Estamos vivendo uma época em que a bandeira da (C) Quem vê como justa a aplicação de um mesmo critério
discriminação se apresenta em seu sentido mais positivo: trata-se para julgar casos diferentes não crê que isso reafirme uma situação
de aplicar políticas afirmativas para promover aqueles que vêm de injustiça.
sofrendo discriminações históricas. Mas há, por outro lado, quem (D) Muitas vezes é preciso corrigir certas distorções aplican-
veja nessas propostas afirmativas a forma mais censurável de dis- do-se medidas que, à primeira vista, parecem em si mesmas dis-
criminação... É o caso das cotas especiais para vagas numa uni- torcidas.
versidade ou numa empresa: é uma discriminação, cujo sentido (E) Em nossa época, há desequilíbrios sociais tão graves que
positivo ou negativo depende da convicção de quem a avalia. As tornam necessários os desequilíbrios compensatórios de uma ação
acepções são inconciliáveis, mas estão no mesmo verbete do di- corretiva.
cionário e se mostram vivas na mesma sociedade.
(Aníbal Lucchesi, inédito) Atenção: As questões de números 10 a 14 referem-se à crônica
abaixo.
6. A afirmação de que os dicionários podem ajudar a incendiar
debates confirma-se, no texto, pelo fato de que o verbete discri- Bom para o sorveteiro
minar
(A) padece de um sentido vago e impreciso, gerando por isso Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a
inúmeras controvérsias entre os usuários. notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha
(B) apresenta um sentido secundário, variante de seu sentido cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal,
principal, que não é reconhecido por todos. depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela
(C) abona tanto o sentido legítimo como o ilegítimo que se da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar.
costuma atribuir a esse vocábulo. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores espe-
(D) faz pensar nas dificuldades que existem quando se trata de cializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não
determinar a origem de um vocábulo. acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela monta-
(E) desdobra-se em acepções contraditórias que correspon- nha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um
dem a convicções incompatíveis. belo espetáculo.
7. Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a
À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar
desigualdade.
do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, to-
Da afirmação acima é coerente deduzir esta outra:
dos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula.
(A) Os homens são desiguais porque foram tratados com o
O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava
mesmo critério de igualdade.
encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora
(B) A igualdade só é alcançável se abolida a fixação de um
teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com
mesmo critério para casos muito diferentes.
(C) Quando todos os desiguais são tratados desigualmente, a ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se
desigualdade definitiva torna-se aceitável. começasse logo a repartir os bifes.
(D) Uma forma de perpetuar a igualdade está em sempre tratar Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze
os iguais como se fossem desiguais. minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria
(E) Critérios diferentes implicam desigualdades tais que os voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de
injustiçados são sempre os mesmos. agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que
anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua en-
8. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o tre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio.
sentido de um segmento em: Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma
(A) iluminar teses controvertidas (1º parágrafo) = amainar estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da efi-
posições dubitativas. cácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia reco-
(B) um preciso discernimento (2º parágrafo) = uma arraigada lher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva,
dissuasão. a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil,
(C) disseminar o juízo preconcebido (2º parágrafo) = dissua- à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na
dir o julgamento predestinado. areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs
(D) a forma mais censurável (3º parágrafo) = o modo mais anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo.
repreensível.
(E) As acepções são inconciliáveis (3º parágrafo) = as versões (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)
são inatacáveis.
10. O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso de Sa-
9. É preciso reelaborar, para sanar falha estrutural, a redação quarema, tal como se observa na relação entre estas duas expres-
da seguinte frase: sões:
(A) O autor do texto chama a atenção para o fato de que o (A) drama da baleia encalhada e três dias se debatendo na
desejo de promover a igualdade corre o risco de obter um efeito areia.
contrário. (B) em quinze minutos estava toda retalhada e foram disputa-
(B) Embora haja quem aposte no critério único de julgamento, das as toneladas da vítima.
para se promover a igualdade, visto que desconsideram o risco do (C) se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência e levar pas-
contrário. téis e empadinhas para vender com ágio.
Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar e lá se (E) Ao bom cronista ocorre associar um episódio como o da
foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. jubarte com a natureza de outros, bem distintos, sejam os da eco-
(E) Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás e Logo nomia inflacionada, sejam o crescente prestígio das privatizações.
uma estatal, ó céus.
Atenção: As questões de números 15 a 18 referem-se ao texto
11. Atente para as seguintes afirmações sobre o texto: abaixo.
I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insinua, entre
outros termos de aproximação, o encalhe dos gigantes. A razão do mérito e a do voto
II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia encalhada
revelam que, acima das diferentes providências, atinham-se todos Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a
a um mesmo propósito. campanha pelas eleições diretas para presidente da República,
III. A expressão Tudo é símbolo prende-se ao fato de que o au- buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumen-
tor aproveitou o episódio da baleia encalhada para também figurar to: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma
o encalhe de um país imobilizado pela alta inflação. eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefe-
ririam confiar no mérito do profissional mais abalizado?
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma
(A) I, II e III.
função eminentemente técnica e uma função eminentemente polí-
(B) I e III, apenas. tica. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo
(C) II e III, apenas. muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que
(D) I e II, apenas. ninguém prosseguir no comando da nação.
(E) III, apenas. Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há neces-
sidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a
12. Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes dois avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qual-
fatores: quer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser
(A) o necrológio da União Soviética e os serviços da traineira processos marcados pela transparência do método e pela adequa-
da Petrobrás. ção aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação
(B) o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no lúcido de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o
objetivo comum. desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre
(C) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e o prestí- a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profun-
gio dos valores ecológicos. das de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento.
(D) o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as iniciati- Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o
vas que couberam a uma traineira. prestígio do “assembleísmo” surge como absoluto. Há quem pre-
(E) o aproveitamento comercial da situação e a força desco- tenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a “so-
munal empregada pela jubarte. berania” que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não
por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembran-
13. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o do a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a “meritocra-
sentido de um segmento em: cia”. Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a
(A) em necrológio eufórico (1º parágrafo) = em façanha mortal. legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento
(B) Comum, vírgula (2º parágrafo) = Geral, mas nem tanto. da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado
(C) que se desse por perdida a batalha (2º parágrafo) = que se alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que
imaginasse o efeito de uma derrota. deverá pilotar nosso avião.
(Júlio Castanho de Almeida, inédito)
(D) estabeleceu uma trégua entre todos nós (3º parágrafo) =
derrogou uma imunidade para nós todos.
15. Deve-se presumir, com base no texto, que a razão do mé-
(E) é preciso dar provas da eficácia (4º parágrafo) = convém
rito e a razão do voto devem ser consideradas, diante da tomada
explicitar os bons propósitos. de uma decisão,
(A) complementares, pois em separado nenhuma delas satis-
14. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre faz o que exige uma situação dada.
o último parágrafo do texto. (B) excludentes, já que numa votação não se leva em conta
(A) Apesar de tratar do drama ocorrido com uma baleia, o nenhuma questão de mérito.
cronista não deixa de aludir a circunstâncias nacionais, como o (C) excludentes, já que a qualificação por mérito pressupõe
impulso para as privatizações e os custos da alta inflação. que toda votação é ilegítima.
(B) Mormente tratando de uma jubarte encalhado, o cronista (D) conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que votam se-
não obsta em tratar de assuntos da pauta nacional, como a inflação jam as que decidam pelo mérito.
ou o processo empresarial das privatizações. (E) independentes, visto que cada uma atende a necessidades
(C) Vê-se que um cronista pode assumir, como aqui ocorreu, o de bem distintas naturezas.
papel tanto de um repórter curioso como analisar fatos oportunos,
qual seja a escalada inflacionária ou a privatização. 16. Atente para as seguintes afirmações:
(D) O incidente da jubarte encalhado não impediu de que o I. A argumentação do ministro, referida no primeiro parágrafo,
cronista se valesse de tal episódio para opinar diante de outros fa- é rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e escamotear os
tos, haja vista a inflação nacional ou a escalada das privatizações. reais interesses de quem a formula.
Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
II. O autor do texto manifesta-se francamente favorável à ra-
zão do mérito, a menos que uma situação de real impasse imponha 1.2. SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS.
a resolução pelo voto. 1.3. SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO
III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere ao ter-
mo “assembleísmo” expressa o ponto de vista dos que desconsi-
DAS PALAVRAS.
deram a qualificação técnica.
Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma
em
(A) I. Significação das Palavras
(B) II.
(C) III. Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguin-
(D) I e II. tes categorias:
(E) II e III.
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado.
17. Considerando-se o contexto, são expressões bastante pró- Exemplo:
ximas quanto ao sentido: - Alfabeto, abecedário.
(A) fazer uma eleição e confiar no mérito do profissional. - Brado, grito, clamor.
(B) especialidade técnica e vocação política. - Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
(C) classificação de profissionais e escolha da liderança. - Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.
(D) avaliação do mérito e reconhecimento da qualificação.
(E) transparência do método e desejo da maioria. Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo pelo
18. Atente para a redação do seguinte comunicado: outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os sinônimos dife-
renciam-se, entretanto, uns dos outros, por matizes de significação
Viemos por esse intermédio convocar-lhe para a assembleia e certas propriedades que o escritor não pode desconhecer. Com
geral da próxima sexta-feira, aonde se decidirá os rumos do nos- efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles, mais restrito (ani-
so movimento reivindicatório. mal e quadrúpede); uns são próprios da fala corrente, desataviada,
vulgar, outros, ao invés, pertencem à esfera da linguagem culta,
As falhas do texto encontram-se plenamente sanadas em: literária, científica ou poética (orador e tribuno, oculista e oftalmo-
(A) Vimos, por este intermédio, convocá-lo para a assembleia logista, cinzento e cinéreo).
geral da próxima sexta-feira, quando se decidirão os rumos do A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, em
nosso movimento reivindicatório. nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos:
(B) Viemos por este intermédio convocar-lhe para a assem- - Adversário e antagonista.
bleia geral da próxima sexta-feira, onde se decidirá os rumos do - Translúcido e diáfano.
nosso movimento reivindicatório. - Semicírculo e hemiciclo.
(C) Vimos, por este intermédio, convocar-lhe para a assem- - Contraveneno e antídoto.
bleia geral da próxima sexta-feira, em cuja se decidirão os rumos - Moral e ética.
do nosso movimento reivindicatório. - Colóquio e diálogo.
(D) Vimos por esse intermédio convocá-lo para a assembleia - Transformação e metamorfose.
geral da próxima sexta-feira, em que se decidirá os rumos do nos- - Oposição e antítese.
so movimento reivindicatório.
(E) Viemos, por este intermédio, convocá-lo para a assem- O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinoní-
bleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirão os rumos mia, palavra que também designa o emprego de sinônimos.
do nosso movimento reivindicatório.
Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos:
Respostas: 01-C / 02-B / 03-E / 04-D / 05-C / 06-E / 07-B / - Ordem e anarquia.
08-D / 09-B / 10-C / 11-B / 12-E / 13-B / 14-A / 15-E / 16-A / 17-D - Soberba e humildade.
/ 18-A - Louvar e censurar.
- Mal e bem.
Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
Só o contexto é que determina a significação dos homônimos. Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmi-
A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é conside- cas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que têm dezenas
rada uma deficiência dos idiomas. de acepções.
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico
(som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em: Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser
empregadas no sentido próprio ou no sentido figurado. Exemplos:
Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes no - Construí um muro de pedra. (sentido próprio).
timbre ou na intensidade das vogais. - Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado).
- Rego (substantivo) e rego (verbo). - As águas pingavam da torneira, (sentido próprio).
- Colher (verbo) e colher (substantivo). - As horas iam pingando lentamente, (sentido figurado).
- Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo). Denotação e Conotação: Observe as palavras em destaque
- Para (verbo parar) e para (preposição). nos seguintes exemplos:
- Providência (substantivo) e providencia (verbo). - Comprei uma correntinha de ouro.
- Às (substantivo), às (contração) e as (artigo). - Fulano nadava em ouro.
- Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de per+o). No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou designa sim-
plesmente o conhecido metal precioso, tem sentido próprio, real,
Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e diferentes denotativo.
na escrita. No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas, poder,
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir). glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo, possui várias
- Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar). conotações (ideias associadas, sentimentos, evocações que irra-
- Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de con- diam da palavra).
sertar).
- Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar). Exercícios
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
- Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar). 01. Estava ....... a ....... da guerra, pois os homens ....... nos
- Censo (recenseamento) e senso (juízo). erros do passado.
- Cerrar (fechar) e serrar (cortar). a) eminente, deflagração, incidiram
- Paço (palácio) e passo (andar). b) iminente, deflagração, reincidiram
- Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo). c) eminente, conflagração, reincidiram
- Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar = d) preste, conflaglação, incidiram
anular). e) prestes, flagração, recindiram
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
(tempo de uma reunião ou espetáculo). 02. “Durante a ........ solene era ........ o desinteresse do mestre
diante da ....... demonstrada pelo político”.
Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia. a) seção - fragrante - incipiência
- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo). b) sessão - flagrante - insipiência
- Cedo (verbo), cedo (advérbio). c) sessão - fragrante - incipiência
- Somem (verbo somar), somem (verbo sumir). d) cessão - flagrante - incipiência
- Livre (adjetivo), livre (verbo livrar). e) seção - flagrante - insipiência
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir). 03. Na ..... plenária estudou-se a ..... de direitos territoriais a
..... .
Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pronúncia: a) sessão - cessão - estrangeiros
Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, tetânico e titâni- b) seção - cessão - estrangeiros
co, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e séptico, prescrever c) secção - sessão - extrangeiros
e proscrever, descrição e discrição, infligir (aplicar) e infringir d) sessão - seção - estrangeiros
(transgredir), osso e ouço, sede (vontade de beber) e cede (verbo e) seção - sessão - estrangeiros
ceder), comprimento e cumprimento, deferir (conceder, dar defe-
rimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), ratificar (confir- 04. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
mar) e retificar (tornar reto, corrigir), vultoso (volumoso, muito a) A eminente autoridade acaba de concluir uma viagem po-
grande: soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso). lítica.
b) A catástrofe torna-se iminente.
Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação. c) Sua ascensão foi rápida.
A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos: d) Ascenderam o fogo rapidamente.
- Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plan- e) Reacendeu o fogo do entusiasmo.
tas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de gado.
- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó. 05. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
- Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu a) cozer = cozinhar; coser = costurar
do palato. b) imigrar = sair do país; emigrar = entrar no país
Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
c) comprimento = medida; cumprimento = saudação
d) consertar = arrumar; concertar = harmonizar 1.4. PONTUAÇÃO.
e) chácara = sítio; xácara = verso
Ponto de Exclamação
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
súplica, etc.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
2- Depois de interjeições ou vocativos
Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
- Ai! Que susto! - o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira,
- João! Há quanto tempo! possui um trânsito caótico.
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
Ponto de Interrogação
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. Fontes: http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo) http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm
Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem! 08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da transação. GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU-
c) Maria, você trouxe os documentos? MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo eco-
d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema. nômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame, você aí
e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimentação desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada para te dizer,
estranha. agora afasta que abriu o sinal.”
No período acima, as vírgulas foram empregadas em “Paciên-
05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). Assinale cia, minha filha, este é [...]”, para separar
a alternativa em que a frase mantém-se correta após o acréscimo (A) aposto.
das vírgulas. (B) vocativo.
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira (C) adjunto adverbial.
instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo ou (D) expressão explicativa.
acione o código na internet.
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o có-
09. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
digo foi acionado.
PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011) O período
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, re-
corretamente pontuado é:
cebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a criança
(A) Os filmes que, mostram a luta pela sobrevivência em con-
foi encontrada.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro dições hostis nem sempre conseguem agradar, aos espectadores.
às, areias do Guarujá. (B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone de podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional.
quem a encontrou e informar um ponto de referência (C) A história de heroísmo e de determinação que nem sempre,
é convincente, se passa em um cenário marcado, pelo frio.
06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013) (D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr riscos
Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramaticalmente cor- iminentes que comprometem, a sobrevivência.
reto, é necessário inserir sinais de pontuação. Assinale a posição (E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a liberdade,
em que não deve ser usado o sinal de ponto, e sim a vírgula, para nada poderia parecer, realmente intransponível.
que sejam respeitadas as regras gramaticais. Desconsidere os ajus-
tes nas letras iniciais minúsculas. GABARITO
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de
bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o pro- 01. C 02. C 03. D 04. C 05. E
grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili- 06. D 07. A 08. B 09.B
zarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos ajudam
a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidadania RESOLUÇÃO
e reciclagem(C) as escolas participantes se tornam também cen-
tros de descarte de garrafas PET(D) destinadas depois para reci- 1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
clagem(E) o programa possibilitará o retorno das bicicletas pela (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embo-
saúde das crianças e transformação das comunidades em lugares ra, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma intimidade,
melhores para se viver. procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que
(Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117) pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
a) A (B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa e, em-
b) B bora experimentasse a sensação , (X) de violar uma intimidade,
c) C
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que
d) D
pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
e) E
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, em-
07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO – bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procu-
VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da rou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que
pontuação. pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns- (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora ,
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procu-
(B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque rou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que
você está junto; com os outros motoristas cujos comportamentos, pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
são desconhecidos.
(C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma 2-) A oração restringe o grupo que participará da campanha
extensão de nossa personalidade. (apenas os que não têm o nome do pai na certidão de nascimen-
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os to). Se colocarmos uma vírgula, a oração tornar-se-á “explicativa”,
níveis de estresse em alguns motoristas. generalizando a informação, o que dará a entender que TODAS as
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, pessoa não têm o nome do pai na certidão.
são as principais causas da ira de trânsito. RESPOSTA: “CERTO”.
Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) 8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado para se
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. = dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo.
mantê-la (termo deslocado)
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? = 9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão inadequa-
mantê-la (vocativo) das ou faltantes:
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara (A) Os filmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência em
para o evento. condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) aos espec-
= mantê-la (explicação) tadores.
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen- (B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
to do desportista. podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional.
= pode retirá-la (advérbio de tempo) (C) A história de heroísmo e de determinação (X) que nem
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô, sempre, (X) é convincente, se passa em um cenário marcado, (X)
natação e canoagem. pelo frio.
= mantê-la (enumeração) (D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é correr
4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou faltante: riscos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobrevivência.
a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem! (E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar a liber-
b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da transação. dade, nada poderia parecer, (X) realmente intransponível.
c) Maria, você trouxe os documentos?
d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema.
e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma movimen-
tação estranha. 1.5. CLASSES DE PALAVRAS:
SUBSTANTIVO, ADJETIVO, NUMERAL,
5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO,
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na
pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrônica
PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO: EMPREGO
ao grupo ou acione o código na internet. E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de RELAÇÕES QUE ESTABELECEM.
onde o código foi acionado.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados ,
(X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo que a
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou caracterís-
criança foi encontrada.
tica do ser e se relaciona com o substantivo.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega pri-
meiro às , (X) areias do Guarujá. Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao
6-) lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de bondosa.
bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A). O pro- Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade,
grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili- não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade,
zarem a bicicleta de forma segura e correta(B). Os alunos ajudam moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portanto, não é adjeti-
a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidadania e vo, mas substantivo.
reciclagem(C). As escolas participantes se tornam também centros
de descarte de garrafas PET(D), destinadas depois para recicla- Morfossintaxe do Adjetivo:
gem(E). O programa possibilitará o retorno das bicicletas pela
saúde das crianças e transformação das comunidades em lugares O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de
melhores para se viver. uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto ad-
A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posição nominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
(D), pois antecipa um termo explicativo.
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas:
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns- Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. alguns deles:
(B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse, porque Estados e cidades brasileiros:
você está junto; (X) com os outros motoristas cujos comportamen- Alagoas alagoano
tos, (X) são desconhecidos. Amapá amapaense
(C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros podem Aracaju aracajuano ou aracajuense
ser uma extensão de nossa personalidade. Amazonas amazonense ou baré
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X) au- Belo Horizonte belo-horizontino
mentar os níveis de estresse em alguns motoristas. Brasília brasiliense
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, Cabo Frio cabo-friense
(X) são as principais causas da ira de trânsito. Campinas campineiro ou campinense
Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Adjetivo Pátrio Composto Veja outros exemplos:
Motos vinho (mas: motos verdes)
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento Paredes musgo (mas: paredes brancas).
aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Observe al- Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
guns exemplos:
Adjetivo Composto
África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente,
América américo- / Companhia américo-africana esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na
China sino- / Acordos sino-japoneses forma masculina, singular. Caso um dos elementos que formam
Espanha hispano- / Mercado hispano-português o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o ad-
Europa euro- / Negociações euro-americanas jetivo composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra rosa é
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um
Grécia greco- / Filmes greco-romanos elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substanti-
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa vo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Por
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras exemplo:
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
Flexão dos adjetivos Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
O adjetivo varia em gênero, número e grau. Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer ad-
Gênero dos Adjetivos
jetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis.
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem
dois elementos flexionados.
(masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos,
classificam-se em:
Grau do Adjetivo
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a intensidade
outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu
da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o comparativo
e judia.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino e o superlativo.
somente o último elemento. Por exemplo: o moço norte-america-
no, a moça norte-americana. Comparativo
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída a
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas ao
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade, de superioridade
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no femi- ou de inferioridade. Observe os exemplos abaixo:
nino. Por exemplo: conflito político-social e desavença político- Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
social. No comparativo de igualdade, o segundo termo da comparação
é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
Número dos Adjetivos
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superioridade
Plural dos adjetivos simples Analítico
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com as No comparativo de superioridade analítico, entre os dois subs-
regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos sim- tantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é ana-
ples. Por exemplo: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins boa lítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.
e boas
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Superiori-
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função dade Sintético
de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver
qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de superiorida-
manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra cinza é origi- de, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: bom /melhor,
nalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando um ele- pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, grande/maior, baixo/
mento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: inferior.
camisas cinza, ternos cinza. Observe que:
Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade, O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes na
pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente. Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo, tal qual
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (me- o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade, conti-
lhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre guidade. Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no
duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as formas sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias em
analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por que esse processo se desenvolve.
exemplo: O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois elementos. caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não é
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas quali- modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também modifi-
dades de um mesmo elemento. ca o adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, você
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Inferiori- está até bem informado.
dade Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
alheio, representando uma qualidade, característica.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
O artista canta muito mal.
Superlativo
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos ve-
O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou rificar que se tratava de somente uma palavra funcionando como
em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou relativo advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por mais de uma
e apresenta as seguintes modalidades: palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar tal função. Te-
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um ser mos aí o que chamamos de locução adverbial, representada por al-
é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se nas gumas expressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente,
formas: de modo algum, entre outras.
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras que Dependendo das circunstâncias expressas pelos advérbios, eles
dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O secretário é se classificam em distintas categorias, uma vez expressas por:
muito inteligente.
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de su- de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às
fixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo. claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, des-
Observe alguns superlativos sintéticos: se jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado
benéfico beneficentíssimo a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam em
bom boníssimo ou ótimo -”mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, paciente-
comum comuníssimo mente, amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosa-
cruel crudelíssimo mente, generosamente
difícil dificílimo
doce dulcíssimo de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em exces-
fácil facílimo so, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto,
fiel fidelíssimo que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito,
por completo.
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser é in-
tensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação pode ser: de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, ama-
nhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante,
nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, breve,
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, pro-
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
visoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã,
de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer
Note bem: momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos
advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepos- de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
tos ao adjetivo. além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas for- longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhu-
mas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem res, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis-
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo tancia de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao
latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: lado, em volta
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma popular é constituída
do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
agilíssimo. forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo,
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas serís- de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente,
simo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í. quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA PORTUGUESA
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efetiva- a, as um, uns uma, umas
mente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubitavelmen- à, às - -
te (=sem dúvida). da, das dum, duns duma, dumas
na, nas num, nuns numa, numas
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, pela, pelas - -
simplesmente, só, unicamente
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida por
crase.
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
Constatemos as circunstâncias em que os artigos se mani-
de designação: Eis festam:
de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quando?
(tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), para - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral
quê? (finalidade) “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas.
Locução adverbial
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do artigo,
É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio. outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...
Exemplo:
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) - Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Há locuções adverbiais que possuem advérbios corresponden- - No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia
tes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressada- de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo: O
mente. Pedro é o xodó da família.
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são - No caso de os nomes próprios personativos estarem no plu-
flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única ral, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os Incas, Os
flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios é Astecas...
a de grau:
Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe - longís- - Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para
simo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente - inconstitucio- conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o pro-
nalissimamente, etc.; nome assume a noção de qualquer.
Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto - perti- Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
nho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho. Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica (qualquer classe)
se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida.
Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o número - Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo:
dos substantivos. Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
Classificação dos Artigos - A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de
aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns vinte
Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira anos.
precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal. - O artigo também é usado para substantivar palavras oriundas
Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de maneira de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de tudo isso.
vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei um animal.
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo cujo
Combinação dos Artigos (e flexões).
Este é o homem cujo amigo desapareceu.
É muito presente a combinação dos artigos definidos e inde- Este é o autor cuja obra conheço.
finidos com preposições. Veja a forma assumida por essas com-
binações: - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no sentido
de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), a menos que
Preposições Artigos venham especificadas.
o, os
a ao, aos Eles estavam em casa.
de do, dos Eles estavam na casa dos amigos.
em no, nos Os marinheiros permaneceram em terra.
por (per) pelo, pelos Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
Didatismo e Conhecimento 18
LÍNGUA PORTUGUESA
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento, - ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa excelência re- Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
solverá os problemas de Sua Senhoria. Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer...
quer, já...já.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome - CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações.
de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Estado de Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
S. Paulo. Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (depois
do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
Morfossintaxe
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora.
com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa, o ar- Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes do
tigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo a que se verbo), porquanto.
refere. Tal função independe da função exercida pelo substantivo:
A existência é uma poesia. Conjunções subordinativas
Uma existência é a poesia.
- CAUSAIS
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou dois Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma
termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo: vez que, como (= porque).
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as amigui- Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
nhas.
- COMPARATIVAS
Deste exemplo podem ser retiradas três informações: Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como,
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as ami- mais...do que, menos...do que.
guinhas Ela fala mais que um papagaio.
Didatismo e Conhecimento 19
LÍNGUA PORTUGUESA
- TEMPORAIS A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que não
há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sentenças
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que. da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da
Quando eu sair, vou passar na locadora. alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um
contexto específico. Exemplos:
Diferença entre orações causais e explicativas Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA) Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos com a hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
dúvida de como distinguir uma oração causal de uma explicativa.
Veja os exemplos: O significado das interjeições está vinculado à maneira como
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser atro- elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita o senti-
pelado”: do que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação.
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou Exemplos:
uma explicação do fato expresso na oração anterior. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão na
b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes uma rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! Ei,
da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que vêm mar- espere!”
cadas por vírgula. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão em
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração silêncio!”
Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será expli- Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
cativa. puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo) Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade
porque não havia cemitério no local.” As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada (parte 1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, tris-
destacada) mostra a causa da ação expressa pelo verbo da oração teza, dor, etc.
principal. Outra forma de reconhecê-la é colocá-la no início do Você faz o que no Brasil?
período, introduzida pela conjunção como - o que não ocorre com Eu? Eu negocio com madeiras.
a CS Explicativa. Ah, deve ser muito interessante.
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os
mortos em outra cidade. 2) Sintetizar uma frase apelativa
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente depen- Cuidado! Saia da minha frente.
dentes uma da outra.
As interjeições podem ser formadas por:
Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, sensa- - simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
ções, estados de espírito, ou que procura agir sobre o interlocutor, - palavras: Oba!, Olá!, Claro!
levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso, seja - grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora
necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elaboradas. bolas!
Observe o exemplo:
Droga! Preste atenção quando eu estou falando! A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes da en-
tonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que uma
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia ter dito: - Estou Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
com muita raiva de você! Mas usou simplesmente uma palavra. Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
Ele empregou a interjeição Droga!
As sentenças da língua costumam se organizar de forma ló- Classificação das Interjeições
gica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por outro Comumente, as interjeições expressam sentido de:
lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma ideia - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, Aten-
expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locução ção!, Olha!, Alerta!
interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentença. - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
Veja os exemplos: - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
Bravo! Bis! - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi muito - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
bom! Repitam!” Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença - Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
(sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” - Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!
Didatismo e Conhecimento 20
LÍNGUA PORTUGUESA
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!, Interjeições, leitura e produção de textos
Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá! Usadas com muita frequência na língua falada informal, quan-
- Desculpa: Perdão! do empregadas na língua escrita, as interjeições costumam con-
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, Eh! ferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além disso,
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante - como
Ora! a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou dócil, até
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!, Ca- mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos - particular-
ramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz! mente nos diálogos - que comumente se faz uso das interjeições
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!, com o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora! sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e con-
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! teúdo mais emocional do que racional fazem das interjeições pre-
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Adeus!, sença constante nos textos publicitários.
Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Deus!
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
Numeral é a palavra que indica os seres em termos numéricos,
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa em determinada
sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes, nem sequência.
de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
No entanto, em uso específico, algumas interjeições sofrem varia- [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
ção em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que não se trata de um Eu quero café duplo, e você?
processo natural dessa classe de palavra, mas tão só uma variação ...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
até loguinho. ...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de
“fila”]
Locução Interjetiva
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma expressão Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os nú-
com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bolas! Quem me meros indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão
dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó de casa! Ai de mim! é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata de numerais,
Valha-me Deus! Graças a Deus! Alto lá! Muito bem! mas sim de algarismos.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a ideia
Observações: expressa pelos números, existem mais algumas palavras conside-
- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por radas numerais porque denotam quantidade, proporção ou ordena-
exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = Peço-lhe ção. São alguns exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena.
que me desculpe.
Classificação dos Numerais
- Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu tom
exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais po- Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
dem aparecer como interjeições. um, dois, cem mil, etc.
Viva! Basta! (Verbos) Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
Fora! Francamente! (Advérbios) primeiro, segundo, centésimo, etc.
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase” por- dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
que sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: Socorro!, Aju- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres,
dem-me!, Silêncio!, Fique quieto! indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada: dobro, tri-
plo, quíntuplo, etc.
- Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, que
exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Leitura dos Numerais
Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc. Separando os números em centenas, de trás para frente, obtêm-
- Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no início, tam-
homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc. bém de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vírgula;
Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
depois do “ó” vocativo. 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac) e seis.
Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac) 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de pala-
vras de outras classes, podem aparecer flexionadas no diminutivo
ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Obrigadinho!
Didatismo e Conhecimento 21
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Flexão dos numerais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em diante: tre-
zentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os
demais cardinais são invariáveis.
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo
de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É o que ocorre
em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)
*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a partir daí os
cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empre-
gados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades comunitárias
de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.
Didatismo e Conhecimento 22
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catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente há uma subor-
dinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão
textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.
Tipos de Preposição
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em,
entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante, exceto, fora, me-
diante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas: abaixo de,
acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com,
perto de, por causa de, por cima de, por trás de.
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em gênero ou
em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir de dois processos:
Preposição + Artigos
De + o(s) = do(s)
De + a(s) = da(s)
De + um = dum
De + uns = duns
De + uma = duma
Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
De + umas = dumas Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. / Creio
Em + o(s) = no(s) que a conhecemos melhor que ninguém.
Em + a(s) = na(s)
Em + um = num 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das
Em + uma = numa preposições:
Em + uns = nuns Destino = Irei para casa.
Em + umas = numas Modo = Chegou em casa aos gritos.
A + à(s) = à(s) Lugar = Vou ficar em casa;
Por + o = pelo(s) Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Por + a = pela(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Preposição + Pronomes Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tratamento.
De + ele(s) = dele(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + ela(s) = dela(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + este(s) = deste(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + esta(s) = desta(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + esse(s) = desse(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + essa(s) = dessa(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + aquele(s) = daquele(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + aquela(s) = daquela(s) Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + isto = disto Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + isso = disso Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aquilo = daquilo
De + aqui = daqui Fonte:
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + aí = daí
De + ali = dali
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
De + outro = doutro(s)
se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o de alguma
De + outra = doutra(s)
forma.
Em + este(s) = neste(s)
Em + esta(s) = nesta(s)
A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
Em + esse(s) = nesse(s)
[substituição do nome]
Em + aquele(s) = naquele(s) A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
Em + aquela(s) = naquela(s) [referência ao nome]
Em + isto = nisto Essa moça morava nos meus sonhos!
Em + isso = nisso [qualificação do nome]
Em + aquilo = naquilo
A + aquele(s) = àquele(s) Grande parte dos pronomes não possuem significados fixos,
A + aquela(s) = àquela(s) isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de um con-
A + aquilo = àquilo texto, o qual nos permite recuperar a referência exata daquilo que
está sendo colocado por meio dos pronomes no ato da comunica-
Dicas sobre preposição ção. Com exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os
demais pronomes têm por função principal apontar para as pessoas
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no
oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja um artigo, tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes
virá precedendo um substantivo. Ele servirá para determiná-lo apresentam uma forma específica para cada pessoa do discurso.
como um substantivo singular e feminino.
A dona da casa não quis nos atender. Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
Como posso fazer a Joana concordar comigo? [minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois termos [tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
e estabelece relação de subordinação entre eles. A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. [dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala]
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar
um tratamento adequado. Em termos morfológicos, os pronomes são palavras variáveis
em gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou plu-
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ou ral). Assim, espera-se que a referência através do pronome seja
a função de um substantivo. coerente em termos de gênero e número (fenômeno da concordân-
Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como parte cia) com o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no
da família enunciado.
Didatismo e Conhecimento 24
LÍNGUA PORTUGUESA
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acen-
escola neste ano. tuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância ade-
quada] Pronome Oblíquo Átono
[neste: pronome que determina “ano” = concordância adequada]
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são pre-
inadequada] cedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: Ele me
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, de- deu um presente.
monstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me
Pronomes Pessoais - 2ª pessoa do singular (tu): te
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
São aqueles que substituem os substantivos, indicando dire- - 1ª pessoa do plural (nós): nos
tamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os - 2ª pessoa do plural (vós): vos
pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
“vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, “eles” ou
“elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala. Observações:
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta
exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo. na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome “o” ou
“a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar diretamente uma
Pronome Reto preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a função de objeto
indireto na oração.
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, exerce Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos
a função de sujeito ou predicativo do sujeito. como objetos indiretos.
Nós lhe ofertamos flores. Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos
diretos.
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero (ape-
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
nas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal flexão,
com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro
mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los,
dos pronomes retos é assim configurado:
no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas
formas nos exemplos que seguem:
- 1ª pessoa do singular: eu
- Trouxeste o pacote?
- 2ª pessoa do singular: tu
- 3ª pessoa do singular: ele, ela - Sim, entreguei-to ainda há pouco.
- 1ª pessoa do plural: nós - Não contaram a novidade a vocês?
- 2ª pessoa do plural: vós - Não, no-la contaram.
- 3ª pessoa do plural: eles, elas No português do Brasil, essas combinações não são usadas; até
mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele na Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais
rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”, co- depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em
muns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua formal -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os pronomes tempo que a terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na pra- fiz + o = fi-lo
ça”, “Trouxeram-me até aqui”. fazeis + o = fazei-lo
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome reto dizer + a = dizê-la
em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas ver-
bais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo in- Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as
dicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós) formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
viram + o: viram-no
Pronome Oblíquo repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, tem + as = tem-nas
exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto)
ou complemento nominal. Pronome Oblíquo Tônico
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos por pre-
pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diver- posições, em geral as preposições a, para, de e com. Por esse mo-
sa que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito tivo, os pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto da
da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração. oração. Possuem acentuação tônica forte.
Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA PORTUGUESA
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem a forma
do pronome pessoal do caso reto.
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos contextos inter-
locutivos que exigem o uso da língua formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim.
Não vá sem mim.
Atenção: Há construções em que a preposição, apesar de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo verbo
está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso reto.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Não vá sem eu mandar.
- A combinação da preposição “com” e alguns pronomes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco e convosco.
Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente exercem a função de adjunto adverbial de companhia.
Ele carregava o documento consigo.
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são reforçados por pa-
lavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.
Ele disse que iria com nós três.
Pronome Reflexivo
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. Indicam que
o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me vanglorio disso.
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
Didatismo e Conhecimento 26
LÍNGUA PORTUGUESA
A Segunda Pessoa Indireta
A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlocutor (portanto, a
segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento, que podem ser observados no quadro
seguinte:
Pronomes de Tratamento
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no tratamento ceri-
monioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil; em algumas regiões,
a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação à pessoa com
quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.
- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos um deputado
por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado supostamente tem para poder ocupar o cargo
que ocupa.
- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa. Assim, os
verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do texto, a pessoa do
tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O
uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)
Pronomes Possessivos
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)
Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA PORTUGUESA
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gramati- Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a
cal a que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto um passado próximo.
possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele mo- Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se
mento difícil. referindo a um passado distante.
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá seus - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que o
defeitos, mas eu gosto muito dela. procuraram ontem.
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o pro- - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o pro-
nome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência trouxe sua blema.
mensagem?
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo con-
- tal, tais: Tal era a solução para o problema.
corda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e anotações.
Note que:
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos
- Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em constru-
átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os passos. (=
ções redundantes, com finalidade expressiva, para salientar algum
Vou seguir seus passos.)
termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa é que dera em cheio
casando com o José Afonso. Desfrutar das belezas brasileiras,
Pronomes Demonstrativos
isso é que é sorte!
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a - O pronome demonstrativo neutro ou pode representar um ter-
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. mo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que aparece, ge-
Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou dis- ralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto: O casamento
curso. seria um desastre. Todos o pressentiam.
No espaço:
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente expresso, é
está perto da pessoa que fala. comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, chamado, então,
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro está verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes de): Ninguém teve
perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que fala. coragem de falar antes que ela o fizesse.
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro
está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo. - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa mencio-
nada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro lugar: O
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto por referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos; aquele
meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de fala), casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado]
são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro lo-
caliza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao - O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica: A
destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade. menina foi a tal que ameaçou o professor?
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar in-
formações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com pro-
destinatária). nome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso, no,
Reafirmamos a disposição desta universidade em participar etc: Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que en-
via a mensagem). Pronomes Indefinidos
Didatismo e Conhecimento 28
LÍNGUA PORTUGUESA
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-plantadas. Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado prá-
tico.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa de Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são pes-
quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma imprecisa, soas quaisquer.
vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano que segura-
mente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou não se quer Pronomes Relativos
revelar. Classificam-se em:
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar do ser São aqueles que representam nomes já mencionados anterior-
ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo, al- mente e com os quais se relacionam. Introduzem as orações subor-
guém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. dinadas adjetivas.
Algo o incomoda? O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um
Quem avisa amigo é. grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = ora-
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser expres- ção subordinada adjetiva).
so na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade aproximada. São O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e in-
eles: cada, certo(s), certa(s). troduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema” é
Cada povo tem seus costumes. antecedente do pronome relativo que.
Certas pessoas exercem várias profissões. O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome de-
monstrativo o, a, os, as.
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro- Não sei o que você está querendo dizer.
nomes indefinidos adjetivos: Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), de- Quem casa, quer casa.
mais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, nenhu-
ma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quaisquer, Observe:
qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
Menos palavras e mais ações. Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Alguns se contentam pouco. Note que:
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variáveis e - O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo
invariáveis. Observe: por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído por o
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, tanta, substantivo.
outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, todos, mui- O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
tos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas. Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
cada.
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente prono-
São locuções pronominais indefinidas: mes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para verificar
se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias
cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem classificações) são pronomes relativos. Todos eles são usados com
quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de de-
(= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. terminadas preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio
Cada um escolheu o vinho desejado. de minha tia, o qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste
caso, geraria ambiguidade.)
Indefinidos Sistemáticos Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvi-
das? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, percebe-
mos que existem alguns grupos que criam oposição de sentido. - O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido afirmativo, e refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou de ser
nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; todo/tudo, que poeta, que era a sua vocação natural.
indicam uma totalidade afirmativa, e nenhum/nada, que indicam
uma totalidade negativa; alguém/ninguém, que se referem à pes- - O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente, mas
soa, e algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza, e com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais, das
qualquer, que generaliza. quais.
Essas oposições de sentido são muito importantes na constru- Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
ção de frases e textos coerentes, pois delas muitas vezes dependem (antecedente) (consequente)
a solidez e a consistência dos argumentos expostos. Observe nas
frases seguintes a força que os pronomes indefinidos destacados - “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um
imprimem às afirmações de que fazem parte: pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
Didatismo e Conhecimento 29
LÍNGUA PORTUGUESA
Emprestei tantos quantos foram necessários. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o pro-
(antecedente) nome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda
Ele fez tudo quanto havia falado. pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar....
(antecedente) Ajudar quem? Você (lhe).
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre prece- Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do
dido de preposição. pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo
É um professor a quem muito devemos. “ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou en-
(preposição) tre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) esteja
no infinitivo ou gerúndio.
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente Eu desejo lhe perguntar algo.
e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa onde morava Eu estou perguntando-lhe algo.
foi assaltada.
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que. Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos:
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no ex- os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente dos
terior. segundos que são sempre precedidos de preposição.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras: fazendo.
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo como - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que
você agiu semana passada. eu estava fazendo.
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando podíamos
jogar videogame. A colocação pronominal é a posição que os pronomes pes-
soais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa se referem. São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as,
só frase. lhe, lhes, nos e vos.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na oração
O futebol é um esporte.
em relação ao verbo:
O povo gosta muito deste esporte.
1. próclise: pronome antes do verbo
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
2. ênclise: pronome depois do verbo
3. mesóclise: pronome no meio do verbo
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a
elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente que conver-
Próclise
sava, (que) ria, (que) fumava.
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
Pronomes Interrogativos - Palavras com sentido negativo:
Nada me faz querer sair dessa cama.
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou Não se trata de nenhuma novidade.
indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- -se
à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interro- - Advérbios:
gativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). Nesta casa se fala alemão.
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. Naquele dia me falaram que a professora não veio.
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas pre-
feres. - Pronomes relativos:
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
passageiros desembarcaram. Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.
Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA PORTUGUESA
Ênclise A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-lhes de-
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não salentado
aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A ênclise C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de conhe-
vai acontecer quando: cê-lo?
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: D) ...não parecia ser um importante industrial... − não parecia
Amem-se uns aos outros. ser-lhe
Sigam-me e não terão derrotas. E) incomodaram o general... − incomodaram-no
Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA PORTUGUESA
08. (Agente de Apoio Socioeducativo – VUNESP – 2013- D) ...não parecia ser um importante industrial... − não parecia
adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e respectiva- sê-lo
mente, as lacunas do trecho.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jovem 3-) transpor [...] as matas espessas= transpô-las
fazia referência______ violência______ o brasileiro estava sujei-
to de forma cômica. 4-)
A) Fazem... a ... de que B) Faz ...a ... que (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
C) Fazem ...à ... com que D) Faz ...à ... que (B) A menina tinha se distanciado muito da família.
E) Faz ...à ... a que (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
09. (TRF 3ª região- Técnico Judiciário - /2014)
As sereias então devoravam impiedosamente os tripulantes. 5-)
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça... (A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos.
... e fez de tudo para convencer os tripulantes... (B) Falaram-nos que a diplomacia americana está abalada.
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos grifados (D) Conformado, rendeu-se às punições.
acima foram corretamente substituídos por um pronome, na ordem (E) Todos querem que se combata a corrupção.
dada, em:
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los 6-)
(B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes (B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação de ter
(C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes de procurar a dona de uma bolsa perdida.
(D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los (C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos restituir
(E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los um objeto à pessoa que o perdeu.
10. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013- (D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que abrisse
adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras dos esta- a bolsa que encontrara.
belecimentos felizmente comprovam os acontecimentos, e teste- (E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma tendência
munhas vão ajudar a polícia na investigação. – de acordo com natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
a norma-padrão, os pronomes que substituem, corretamente, os 7-) Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produtos
termos em destaque são: de que não necessitam e acabam tendo de pagar tudo a
A) os comprovam … ajudá-la. prazo.
B) os comprovam …ajudar-la.
C) os comprovam … ajudar-lhe. 8-) Faz alguns anos, num programa de televisão, uma jovem
D) lhes comprovam … ajudar-lhe. fazia referência à violência a que o brasileiro estava sujeito
E) lhes comprovam … ajudá-la. de forma cômica.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular
GABARITO
9-)
01. C 02. E 03. C 04. D 05. C devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblíquo no/
06. A 07. C 08. E 09. A 10. A na (fizeram-na, colocaram-no)
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto; “lhe” é
RESOLUÇÃO para objeto indireto
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto direto; “lhe”
1-) Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não é para objeto indireto
está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
em melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono,
a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que 10-) – Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos fe-
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água faça em si lizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão ajudar
diferença, as companhias não podem suportar ter de pagar, de re- a polícia na investigação.
pente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer felizmente os comprovam ... ajudá-la
preparação. Portanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda (advérbio)
assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar
adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria das po- Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo
líticas de crescimento verde sempre será a segunda opção. é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam
os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos
2-) também nomeiam:
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los -lugares: Alemanha, Porto Alegre...
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os desalen- -sentimentos: raiva, amor...
tado -estados: alegria, tristeza...
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de conhe- -qualidades: honestidade, sinceridade...
cê-las ? -ações: corrida, pescaria...
Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
Morfossintaxe do substantivo Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações
e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e sem os
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral quais não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade), via-
exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua como gem (ação), saudade (sentimento).
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou in-
direto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar como núcleo 3 - Substantivos Coletivos
do complemento nominal ou do aposto, como núcleo do predica-
tivo do sujeito, do objeto ou como núcleo do vocativo. Também Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra abe-
encontramos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e lha, mais outra abelha.
de adjuntos adverbiais - quando essas funções são desempenhadas Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
por grupos de palavras. Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário re-
Classificação dos Substantivos petir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra abelha...
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
1- Substantivos Comuns e Próprios No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com mui- (enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie
tas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda (abelhas).
a sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
oposição aos bairros). O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e edi- Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo es-
fícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade. Isso tando no singular, designa um conjunto de seres da mesma espécie.
significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma Substantivo coletivo Conjunto de:
mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, homem, mu-
assembleia pessoas reunidas
lher, país, cachorro.
alcateia lobos
Estamos voando para Barcelona.
acervo livros
antologia trechos literários selecionados
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie ci-
arquipélago ilhas
dade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Próprio: é aquele
banda músicos
que designa os seres de uma mesma espécie de forma particular:
Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. bando desordeiros ou malfeitores
banca examinadores
2 - Substantivos Concretos e Abstratos batalhão soldados
cardume peixes
LÂMPADA MALA caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com existên- cáfila camelos
cia própria, que são independentes de outros seres. São substan- cancioneiro canções, poesias líricas
tivos concretos. colmeia abelhas
chusma gente, pessoas
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe, concílio bispos
independentemente de outros seres. congresso parlamentares, cientistas.
Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo real elenco atores de uma peça ou filme
e do mundo imaginário. esquadra navios de guerra
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília, etc. enxoval roupas
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc. falange soldados, anjos
fauna animais de uma região
Observe agora: feixe lenha, capim
Beleza exposta flora vegetais de uma região
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual. frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício
O substantivo beleza designa uma qualidade. horda bandidos, invasores
junta médicos, bois, credores, examinadores
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que depen- júri jurados
dem de outros para se manifestar ou existir. legião soldados, anjos, demônios
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser observa- leva presos, recrutas
da. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa que seja malta malfeitores ou desordeiros
bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a manada búfalos, bois, elefantes,
palavra beleza é um substantivo abstrato. matilha cães de raça
Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
molho chaves, verduras O velho e o mar
multidão pessoas em geral Um Natal inesquecível
ninhada pintos Os reis da praia
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
penca bananas, chaves Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir
pinacoteca pinturas, quadros precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
quadrilha ladrões, bandidos A história sem fim
ramalhete flores Uma cidade sem passado
rebanho ovelhas As tartarugas ninjas
récua bestas de carga, cavalgadura
repertório peças teatrais, obras musicais Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
réstia alhos ou cebolas Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de
romanceiro poesias narrativas seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao
revoada pássaros sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino
sínodo párocos e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem – mulher,
talha lenha poeta – poetisa, prefeito - prefeita
tropa muares, soldados
turma estudantes, trabalhadores Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma úni-
vara porcos ca forma, que serve tanto para o masculino quanto para o femini-
no. Classificam-se em:
Formação dos Substantivos - Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a cobra ma-
cho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
Substantivos Simples e Compostos - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas: a
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou ra- indivíduo.
dical. É um substantivo simples. - Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por
meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a doente, o artista
Substantivo Simples: é aquele formado por um único elemento. e a artista.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora:
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos (guarda Saiba que: Substantivos de origem grega terminados em ema
+ chuva). Esse substantivo é composto. ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o sintoma,
o teorema.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais ele- - Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam
mentos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação
emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivos Primitivos e Derivados
Meu limão meu limoeiro, Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
meu pé de jacarandá... - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao masculi-
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de ne- no: freguês - freguesa
nhum outro dentro de língua portuguesa. - Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três
formas:
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
outra palavra da própria língua portuguesa. O substantivo limoeiro - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
é derivado, pois se originou a partir da palavra limão. -troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra palavra. Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sultana
Didatismo e Conhecimento 34
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- Substantivos que formam o feminino de maneira especial, Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a cata-
isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: czar – czari- plasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, a cal, a
na réu - ré faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes - São geralmente masculinos os substantivos de origem grega
Epicenos: terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o plasma, o
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, o estratagema,
o dilema, o teorema, o trema, o eczema, o edema, o magma, o es-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre tigma, o axioma, o tracoma, o hematoma.
porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o
masculino e o feminino. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para de-
signar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de epice- Gênero dos Nomes de Cidades:
nos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade de espe-
cificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea. Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. A histórica Ouro Preto.
A dinâmica São Paulo.
Sobrecomuns: A acolhedora Porto Alegre.
Entregue as crianças à natureza. Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino,
quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem um Gênero e Significação:
possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se
refere a palavra. Veja: Muitos substantivos têm uma significação no masculino e ou-
A criança chorona chamava-se João. tra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à frente da
A criança chorona chamava-se Maria. tropa, indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão),
Outros substantivos sobrecomuns: a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibição
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa cria- de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do corpo), o cisma
tura. (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato de cismar, descon-
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de Marcela fiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza (resíduos de combustão),
faleceu o capital (dinheiro), a capital (cidade), o coma (perda dos senti-
dos), a coma (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em
Comuns de Dois Gêneros: coro), a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sa-
cramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar),
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vegeta-
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que ção), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento, pena
a palavra motorista é um substantivo uniforme. grande das asas das aves), o grama (unidade de peso), a grama
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do arti- (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor
go ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo: o colega - a de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento),
colega; o imigrante - a imigrante; um jovem - uma jovem; artista o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética), o
famoso - artista famosa; repórter francês - repórter francesa nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), o maria-fu-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos dois gê- maça (trem como locomotiva a vapor), maria-fumaça (locomotiva
neros. movida a vapor), o pala (poncho), a pala (parte anterior do boné
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação
pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os personagens emissora), o voga (remador), a voga (moda, popularidade).
dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: O Flexão de Número do Substantivo
problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam a per-
sonagem. Em português, há dois números gramaticais: o singular, que
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo fotográ- indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que indica mais de
fico Ana Belmonte. um ser ou grupo de seres. A característica do plural é o “s” final.
Observe o gênero dos substantivos seguintes:
Plural dos Substantivos Simples
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó (pena), o
sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o maracajá, o clã, - Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” fa-
o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o proclama, o zem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – ímãs; hífen
pernoite, o púbis. - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon - cânones.
Didatismo e Conhecimento 35
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- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em “ns”: substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor
homem - homens. e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como determinante do
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural pelo primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior:
acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. palavra-chave - palavras-chave, bomba-relógio - bombas-re-
lógio, notícia-bomba - notícias-bomba, homem-rã - homens-rã,
Atenção: O plural de caráter é caracteres. peixe- -espada - peixes-espada.
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no - Permanecem invariáveis, quando formados de:
plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; caracol – ca- verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
racóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e cônsules. verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas
- Casos Especiais
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas o louva-a-deus e os louva-a-deus
maneiras: o bem-te-vi e os bem-te-vis
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis o bem-me-quer e os bem-me-queres
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. o joão-ninguém e os joões-ninguém.
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras:
répteis ou reptis (pouco usada). Plural das Palavras Substantivadas
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas
maneiras: As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
de “es”: ás – ases / retrós - retroses flexões próprias dos substantivos.
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: o Pese bem os prós e os contras.
lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. O aluno errou na prova dos noves.
- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
maneiras.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães
variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis e al-
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
guns dez.
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o látex
- os látex.
Plural dos Diminutivos
Plural dos Substantivos Compostos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
-A formação do plural dos substantivos compostos depende acrescenta-se o sufixo diminutivo.
da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o pãe(s) + zinhos = pãezinhos
composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são animai(s) + zinhos = animaizinhos
grafados sem hífen comportam-se como os substantivos simples: botõe(s) + zinhos = botõezinhos
aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
malmequer/malmequeres. farói(s) + zinhos = faroizinhos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são li- tren(s) + zinhos = trenzinhos
gados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. colhere(s) + zinhas = colherezinhas
Algumas orientações são dadas a seguir: flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
- Flexionam-se os dois elementos, quando formados de: papéi(s) + zinhos = papeizinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos funi(s) + zinhos = funizinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras pai(s) + zinhos = paizinhos
pé(s) + zinhos = pezinhos
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando formados de: pé(s) + zitos = pezitos
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto- Plural dos Nomes Próprios Personativos
-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre que
a terminação preste-se à flexão.
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando forma- Os Napoleões também são derrotados.
dos de: As Raquéis e Esteres.
substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colô-
nia e águas-de-colônia
Didatismo e Conhecimento 36
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Plural dos Substantivos Estrangeiros - Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser.
Classifica-se em:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que
como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto quando ter- indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
minam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
aumento. Por exemplo: casarão.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com as
regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os jipes, os esportes, - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser.
as toaletes, os bibelôs, os garçons, os réquiens. Pode ser:
Observe o exemplo: Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que in-
Este jogador faz gols toda vez que joga. dica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
diminuição. Por exemplo: casinha.
Plural com Mudança de Timbre
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, núme-
Certos substantivos formam o plural com mudança de timbre ro, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos: ação
da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético chamado (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); ocorrência (nascer);
metafonia (plural metafônico). desejo (querer).
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus
Singular Plural possíveis significados. Observe que palavras como corrida, chuva
corpo (ô) corpos (ó) e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns verbos
esforço esforços mencionados acima; não apresentam, porém, todas as possibilida-
fogo fogos des de flexão que esses verbos possuem.
forno fornos
fosso fossos Estrutura das Formas Verbais
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresentar
imposto impostos
os seguintes elementos:
olho olhos
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significado es-
osso (ô) ossos (ó)
sencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-)
ovo ovos
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a con-
poço poços
jugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r
porto portos
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), 2ª
posto postos - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - (partir).
tijolo tijolos - Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o tem-
po e o modo do verbo. Por exemplo:
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos, es- falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
posos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de mo- - Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a pes-
lho (ó) = feixe (molho de lenha). soa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural):
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
Particularidades sobre o Número dos Substantivos falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o norte, o Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados (com-
leste, o oeste, a fé, etc. por, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a forma
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, as arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver desa-
espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. parecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do verbo: põe,
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular: pões, põem, etc.
bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom nome) e
honras (homenagem, títulos). Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com sen- Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos ver-
tido de plural: bos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com facili-
Aqui morreu muito negro. dade que nas formas rizotônicas o acento tônico cai no radical do
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas im- verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas formas arrizo-
provisadas. tônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim na terminação
verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos.
Flexão de Grau do Substantivo
Classificação dos Verbos
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as varia- Classificam-se em:
ções de tamanho dos seres. Classifica-se em: - Regulares: são aqueles que possuem as desinências normais
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado nor- de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical:
mal. Por exemplo: casa canto cantei cantarei cantava cantasse.
Didatismo e Conhecimento 37
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- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse.
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais:
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos impes-
soais são:
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer, escurecer,
etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal,
empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu bastante.
Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar: galinha,
coaxar: sapo, cricrilar: grilo
2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que provavelmente
causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade conside-
rada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas verbais repudiadas por alguns
gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a popularização da informática, tem sido conjugado
em todos os tempos, modos e pessoas.
Didatismo e Conhecimento 38
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- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer no par-
ticípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular). Observe:
- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais, ides, fui, foste,
pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).
- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando acompanha-
do de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
Didatismo e Conhecimento 39
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SER - Modo Imperativo
Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
Didatismo e Conhecimento 40
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HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo
Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam
- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa do su-
jeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo (reflexivos
essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, ater-
-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita no radical do
verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma, pois não recebe
ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é
conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por pronome
oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou
transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo:
Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.
Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, são os verbos
reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por
exemplo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto direto) - 1ª pessoa do singular
Modos Verbais
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três modos:
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sempre estudo.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda agora, menino.
Formas Nominais
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advérbio), sendo
por isso denominadas formas nominais. Observe:
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo. Por
exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.
- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências,
assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
- Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma ação
terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo
verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.
Tempos Verbais
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:
1. Tempos do Indicativo
- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente terminado: Ele
estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele estudou as lições
ontem à noite.
Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as lições quando os
amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele estudará as lições
amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu tivesse dinheiro, via-
jaria nas férias.
2. Tempos do Subjuntivo
- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo: Se ele
viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à loja, levará as
encomendas.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja, levará as
encomendas.
Presente do Indicativo
Pretérito mais-que-perfeito
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal (1ª/2ª e 3ª conj.) Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
Futuro do Presente do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão
Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo pela desi-
nência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim,
o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e pessoa correspondente.
Futuro do Subjuntivo
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o tema
desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa correspondente.
Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM
Modo Imperativo
Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós)
eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou conselho só se
aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
Infinitivo Pessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM
02. (Escrevente TJ SP Vunesp 2012-adap.) Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando quedas sucessivas de
2005 para cá. –, a locução verbal em destaque expressa ação
(A) concluída. (B) atemporal. (C) contínua. (D) hipotética. (E) futura.
Didatismo e Conhecimento 45
LÍNGUA PORTUGUESA
03. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013-adap.) Sem querer estereo- 08. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013-adap.).
tipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações Assinale a alternativa em que o verbo destacado está no tempo
sociais terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou futuro.
crédito?”. A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar.
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”…
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela. D) … de onde vem o produto…?
(C) adotar como referência de qualidade. E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. 09. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a
alternativa em que a concordância das formas verbais destacadas
04. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa se dá em conformidade com a norma-padrão da língua.
contendo a frase do texto na qual a expressão verbal destacada (A) Chegou, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos.
exprime possibilidade. (B) Haviam várias hipóteses acerca do que poderia ter aconte-
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sistema cido com a criança.
capaz de disponibilizar um grande número de obras literárias... (C) Fazia horas que a criança tinha saído e os pais já estavam
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação e preocupados.
arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual. (D) Era duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada.
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por associa- (E) Existia várias maneiras de voltar para casa, mas a criança
ção, e não mais por sequências fixas previamente estabelecidas. se perdeu mesmo assim.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse conceito
está ligado a uma nova concepção de textualidade... 10. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibilizar 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
toda a literatura do mundo... I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madeira
no animal.
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO II. Existiam muitos ferimentos no boi.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida movi-
crescimento econômico, se associado à ampliação do emprego, mentada.
PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se pas- Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este pelo
sarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito do indicativo, verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
teremos a forma: A) Existia – Haviam – Existiam
A) puder. B) Existiam – Havia – Existiam
B) poderia. C) Existiam – Haviam – Existiam
C) pôde. D) Existiam – Havia – Existia
D) poderá. E) Existia – Havia – Existia
E) pudesse.
GABARITO
06. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa em
que todos os verbos estão empregados de acordo com a norma-pa- 01. B 02. C 03. E 04. B 05. B
drão. 06. A 07. C 08. B 09. C 10. D
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da impres-
são definitiva. RESOLUÇÃO
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em silêncio.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a trabalhar no 1-) É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
feriado. blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pessoas
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga... mantivessem a atenção voltada para seus pertences, conservando
(E) Se você quer a promoção, é necessário que a requera a seu -os junto ao corpo.
superior.
2-) os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando que-
07. (Papiloscopista Policial Vunesp 2013-adap.) Assinale a das sucessivas de 2005 para cá. –, a locução verbal em destaque
alternativa que substitui, corretamente e sem alterar o sentido da expressa ação contínua (= não concluída)
frase, a expressão destacada em – Se a criança se perder, quem
encontrá-la verá na pulseira instruções para que envie uma mensa- 3-) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de
gem eletrônica ao grupo ou acione o código na internet. um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da
(A) Caso a criança se havia perdido… pergunta “débito ou crédito?”.
(B) Caso a criança perdeu… Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de classificar
(C) Caso a criança se perca… segundo ideias preconcebidas.
(D) Caso a criança estivera perdida…
(E) Caso a criança se perda…
Didatismo e Conhecimento 46
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) (B) Funcionando como um imenso sistema de informação e Exemplo de conjugação do verbo “dar” no presente do indi-
arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual. cativo:
= verbo no futuro do pretérito Eu dou
Tu dás
5-) Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do Ele dá
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós poderíamos, Nós damos
vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é crescimento Vós dais
econômico (singular), portanto, terceira pessoa do singular (ele) Eles dão
= poderia.
Percebe-se que há alteração do radical, afastando-se do origi-
6-) nal “dar” durante a conjugação, sendo considerado verbo irregular.
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em silên- Exemplo: Conjugação do verbo valer:
cio.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a trabalhar Modo Indicativo
no feriado. Presente
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga... eu valho
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a requeira a tu vales
seu superior. ele vale
nós valemos
7-) Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve vós valeis
uma grande perda salarial...) eles valem
10-) I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma- Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo
deira no animal. eu valera
II. Existiam muitos ferimentos no boi. tu valeras
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida movi- ele valera
mentada. nós valêramos
Haver – sentido de existir= invariável, impessoal; vós valêreis
existir = variável. Portanto, temos: eles valeram
I – Existiam onze pessoas...
II – Havia muitos ferimentos... Futuro do Presente do Indicativo
III – Existia muita gente... eu valerei
tu valerás
ele valerá
Verbos irregulares são verbos que sofrem alterações em seu nós valeremos
radical ou em suas desinências, afastando-se do modelo a que per- vós valereis
tencem. eles valerão
No português, para verificar se um verbo sofre alterações, bas-
ta conjugá-lo no presente e no pretérito perfeito do indicativo. Ex: Futuro do Pretérito do Indicativo
faço – fiz, trago – trouxe, posso - pude. eu valeria
Não é considerada irregularidade a alteração gráfica do radi- tu valerias
cal de certos verbos para conservação da regularidade fônica. Ex: ele valeria
embarcar – embarco, fingir – finjo. nós valeríamos
Didatismo e Conhecimento 47
LÍNGUA PORTUGUESA
vós valeríeis por valer ele
eles valeriam por valermos nós
por valerdes vós
Mais-que-perfeito Composto do Indicativo por valerem eles
eu tinha valido
tu tinhas valido Infinitivo Impessoal = valer
ele tinha valido Particípio = Valido
nós tínhamos valido
vós tínheis valido Acompanhe abaixo uma lista com os principais verbos irre-
eles tinham valido gulares:
Didatismo e Conhecimento 48
LÍNGUA PORTUGUESA
Futuro do subjuntivo: Vir, vires, vir, virmos, virdes, virem. c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
Vir
Presente do indicativo: Venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm. - Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mes-
mo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe a trans-
Pretérito perfeito do indicativo: Vim, vieste, veio, viemos, formação da frase seguinte:
viestes, vieram. O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
Futuro do presente do indicativo: Virei, virás, virá, viremos,
vireis, virão. Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva analítica
com outros verbos que podem eventualmente funcionar como au-
Futuro do subjuntivo: Vier, vieres, vier, viermos, vierdes, xiliares. Por exemplo: A moça ficou marcada pela doença.
vierem.
2- Voz Passiva Sintética
Vozes do Verbo A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo
na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Por exemplo:
Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indicar Abriram-se as inscrições para o concurso.
se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São três as Destruiu-se o velho prédio da escola.
vozes verbais: Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sin-
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expres- tética.
sa pelo verbo. Por exemplo:
Ele fez o trabalho. Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz latina de
sujeito agente ação objeto (paciente) paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o sig-
nificado sofrimento, padecimento. Daí vem o significado de voz
- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação ex- passiva como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito.
pressa pelo verbo. Por exemplo: Na voz passiva temos dois elementos que nem sempre aparecem:
O trabalho foi feito por ele. SUJEITO PACIENTE e AGENTE DA PASSIVA.
sujeito paciente ação agente da passiva
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
- Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e pa-
ciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo: Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancial-
O menino feriu-se. mente o sentido da frase.
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a no- Sujeito da Ativa objeto Direto
ção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
Formação da Voz Passiva Sujeito da Passiva Agente da Passiva
A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito
e sintético. da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo assumirá a forma
passiva, conservando o mesmo tempo. Observe mais exemplos:
1- Voz Passiva Analítica - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres.
verbo principal. Por exemplo: - Eu o acompanharei.
A escola será pintada. Ele será acompanhado por mim.
O trabalho é feito por ele.
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado da pre- haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudica-
posição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição de. ram-me. / Fui prejudicado.
Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja ex- Saiba que:
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos,
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), são chamados neutros.
pois o particípio é invariável. Observe a transformação das frases O vinho é bom.
seguintes: Aqui chove muito.
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indicativo) - Há formas passivas com sentido ativo:
É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
Didatismo e Conhecimento 49
LÍNGUA PORTUGUESA
- Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo: (D) ... acolheu-o como patrono.
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas) (E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do Recife ...
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido ci- FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a consti-
rúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said ...
paciente. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
Chamo-me Luís. resultante é:
Batizei-me na Igreja do Carmo. a) se constituiu.
Operou-se de hérnia. b) chegou a ser constituído.
Vacinaram-se contra a gripe. c) teria chegado a constituir.
d) chega a se constituir.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php e) chegaria a ser constituído.
Questões sobre Vozes dos Verbos 07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS
CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indis-
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI- tintamente as músicas produzidas no interior do país...
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é resultante será:
(A) adjunto adnominal. (A) vinham indicadas.
(B) sujeito paciente. (B) era indicado.
(C) objeto indireto. (C) eram indicadas.
(D) complemento nominal. (D) tinha indicado.
(E) agente da passiva. (E) foi indicada.
02. (FCC-COPERGÁS – Auxiliar Técnico Administrativo - 08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. Transpondo- PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 -
-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será: adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está em:
(A) era abatido. (B) fora abatido. (A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
(C) abatera-se. (D) foi abatido. (B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro”
(E) tinha abatido (C) “enviar o brinquedo por sedex”
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa do
03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) Consumidor”
... valores e princípios que sejam percebidos pela sociedade (E) “A empresa fez campanha para recolher”
como tais.
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo passará a 09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010)
ser, corretamente, Transpondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde vim a
(A) perceba. entender a tradução completa, a forma verbal resultante será:
(B) foi percebido. (A) veio a ser entendida.
(C) tenham percebido. (B) teria entendido.
(D) devam perceber. (C) fora entendida.
(E) estava percebendo. (D) terá sido entendida.
(E) tê-la-ia entendido.
04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas pela 10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
multidão... PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAPTADA)
A forma verbal resultante da transposição da frase acima para ... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mu-
a voz ativa é: lheres.
(A) ocupava-se. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
(B) ocupavam. resultante será:
(C) ocupou. (A) foi empreendida.
(D) ocupa. (B) são empreendidos.
(E) ocupava. (C) foi empreendido.
(D) é empreendida.
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) (E) são empreendidas.
A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva está em:
(A) Quando Rodolfo surgiu... GABARITO
(B) ... adquiriu as impressoras... 01. E 02. D 03. A 04. E 05. A
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa. 06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
Didatismo e Conhecimento 50
LÍNGUA PORTUGUESA
RESOLUÇÃO
1.6. CONCORDÂNCIA VERBAL
1-) No enunciado temos uma oração com a voz passiva do ver- E NOMINAL.
bo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou da Paz
divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” funciona como
sujeito da oração, ou seja, na passiva sua função é a de agente da
passiva. O sujeito paciente é “os dados”.
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos re-
2-) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele foi ferindo à relação de dependência estabelecida entre um termo
abatido... e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes
principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
3-) ... valores e princípios que sejam percebidos pela sociedade caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha a
como tais = dois verbos na voz passiva, então teremos um na ativa: função de subordinado.
que a sociedade perceba os valores e princípios... Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-se
pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número e
4-) As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos na pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno
passiva, um verbo na ativa: chegou atrasado. Temos que o verbo apresenta-se na terceira pes-
A multidão ocupava as ruas. soa do singular, pois faz referência a um sujeito, assim também
expresso (ele). Como poderíamos também dizer: os alunos chega-
5-) ram atrasados.
B = as impressoras foram adquiridas...
C = família numerosa é sustentada... Casos referentes a sujeito simples
D – foi acolhido como patrono...
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada... 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo
6-) O engajamento moral e político não chegou a constituir um em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
deslocamento da atenção intelectual de Said = dois verbos na voz
ativa, mas com presença de preposição e, um deles, no infinitivo, 2) Nos casos referentes a sujeito representado por substantivo
então o verbo auxiliar “ser” ficará no infinitivo (na voz passiva) e o coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do singular: A
verbo principal (constituir) ficará no particípio: Um deslocamento multidão, apavorada, saiu aos gritos.
da atenção intelectual de Said não chegou a ser constituído pelo Observação:
engajamento... - No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal
no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o
7-)’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas plural:
no interior do país. Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo sertanejo, Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
indistintamente.
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas,
8-) representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de,
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode concordar com o
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro” = núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a segue:
voz ativa A maioria dos alunos resolveu ficar. A maioria dos alunos resol-
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa veram ficar.
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa do
Consumidor” = voz passiva 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões aproxi-
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa mativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo concorda
com o substantivo determinado por elas: Cerca de mil candidatos
9-)Mais tarde vim a entender a tradução completa... se inscreveram no concurso.
A tradução completa veio a ser entendida por mim.
10-) ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mu- 5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão
lheres. “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de um candi-
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira quase dato se inscreveu no concurso de piadas.
clandestina. Observação:
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou associada
a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, necessariamente,
deverá permanecer no plural:
Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na cam-
panha de doação de alimentos.
Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades
de formatura.
Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos que”, Casos referentes a sujeito composto
o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos que atua-
ram na Copa América. 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas gramati-
cais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando relacionado
7) Em casos relativos à concordância com locuções pronomi- a dois pressupostos básicos:
nais, representadas por “algum de nós, qual de vós, quais de vós, - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as demais:
alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos atermos a duas Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
questões básicas: - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na 2ª ou
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, o na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são primos.
verbo poderá com ele concordar, como poderá também concordar
com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos. / Alguns de 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto ao
nós o receberão. verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois filhos compa-
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso no receram ao evento.
singular, o verbo permanecerá, também, no singular: Algum de
nós o receberá. 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer no
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos. Compa-
“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular ou receu ao evento o pai e seus dois filhos.
poderá concordar com o antecedente desse pronome: Fomos nós
quem contou toda a verdade para ela. / Fomos nós quem contamos 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com mais
toda a verdade para ela. de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: Meu esposo
e grande companheiro merece toda a felicidade do mundo.
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas ou
“que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa
ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá permanecer
palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / Em
no singular ou ir para o plural: Minha vitória, minha conquista, mi-
casa sou eu que decido tudo.
nha premiação são frutos de meu esforço. / Minha vitória, minha
conquista, minha premiação é fruto de meu esforço.
10) No caso de o sujeito aparecer representado por expressões
que indicam porcentagens, o verbo concordará com o numeral ou
Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos demais ter-
com o substantivo a que se refere essa porcentagem: 50% dos mos da oração para que concordem em gênero e número com o
funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50% do eleitora- substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o
do apoiou a decisão. numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se
flexionará à sua maneira.
Observações: Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome con-
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de porcentagem, cordam em gênero e número com o substantivo.
esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram a decisão da - A pequena criança é uma gracinha.
diretoria 50% dos funcionários. - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular:
1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria. Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra ge-
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de deter- ral mostrada acima.
minantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os 50% dos a) Um adjetivo após vários substantivos
funcionários apoiaram a decisão da diretoria. - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou
concorda com o substantivo mais próximo.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por pro- - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
nomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das
homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite. - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural masculi-
no ou concorda com o substantivo mais próximo.
12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo pró- - Ela tem pai e mãe louros.
prio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos que os - Ela tem pai e mãe loura.
determinam: - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser, para o plural.
este permanece no singular, contanto que o predicativo também - O homem e o menino estavam perdidos.
esteja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma cria- - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
ção de Machado de Assis.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também per- b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
manece no plural: Os Estados Unidos são uma potência mundial. - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais pró-
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem ximo.
aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma Comi delicioso almoço e sobremesa.
potência mundial. Provei deliciosa fruta e suco.
Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda k) Tal Qual
com o mais próximo ou vai para o plural. - “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o
Estavam feridos o pai e os filhos. consequente.
Estava ferido o pai e os filhos. As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo
- antecede todos os adjetivos com um artigo. l) Possível
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola. - Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou
“pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
- coloca o substantivo no plural. A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da
d) Pronomes de tratamento
cidade.
- sempre concordam com a 3ª pessoa.
Vossa Santidade esteve no Brasil.
m) Meio
- Como advérbio: invariável.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
- Concordam com o substantivo a que se referem. Estou meio (um pouco) insegura.
As cartas estão anexas.
A bebida está inclusa. - Como numeral: segue a regra geral.
Precisamos de nomes próprios. Comi meia (metade) laranja pela manhã.
Obrigado, disse o rapaz.
n) Só
f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) - apenas, somente (advérbio): invariável.
- Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular Só consegui comprar uma passagem.
e o adjetivo no plural.
Renato advogou um e outro caso fáceis. - sozinho (adjetivo): variável.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. Estiveram sós durante horas.
Didatismo e Conhecimento 53
LÍNGUA PORTUGUESA
B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre de- 05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATI-
lineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor ao ultra- VO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
passar os limites da época em que vivem seus autores, gênios no I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negativa...
domínio das palavras, sua matéria-prima. II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifica-
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe per- ção do continente americano (2,0)...
mitem criar todo um mundo de ficção, em que personagens se Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e II, a
transformam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa ver- concordância segue as mesmas regras, na ordem dos exemplos,
dadeira interação com a realidade. em:
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor so- (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próximo
mente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias entre ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria?
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual (B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas. Vêm
deste último e o prazer da leitura. pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que constitui (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase todos
leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo que quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
ultrapassa os limites de tempo e de época. (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas também
existem umas que não merecem nossa atenção.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para res- (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
ponder à questão.
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não 06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de pe-
em melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbo- regrinação.
no, a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural caso
que mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em si o segmento grifado seja substituído por:
___________diferença, as companhias não podem suportar ter de (A) Há folheteiros que
(B) A maior parte dos folheteiros
pagar, de repente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono,
(C) O folheteiro e sua família
sem qualquer preparação. Portanto, elas começam a usar preços-
(D) O grosso dos folheteiros
-sombra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira
(E) Cada um dos folheteiros
de quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem eles a
maioria das políticas de crescimento verde sempre ___________
07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
a segunda opção.
Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas em:
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)
(A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem pre-
conceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas criações
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as la- poéticas tão originais.
cunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído à
com: arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores uni-
(A) Restam… faça… será (B) Resta… faz… será versidades do país.
(C) Restam… faz... serão (D) Restam… façam… serão (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a situa-
(E) Resta… fazem… será ção dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos requi-
zessem o respeito que faziam por merecer.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alternativa (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e a pouca
em que o trecho visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser resultado do
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de puro e simples desconhecimento.
quantificar adequadamente os insumos básicos.– está corretamen- (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os problemas dos
te reescrito, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. cordelistas estavam diretamente ligados à falta de representativi-
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até dade.
agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até 08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
agora uma maneira adequada de os insumos básicos ser quantifi- FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de concordância
cados. verbal e nominal em:
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre os
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais hu-
quantificado. mildes, são cada vez mais comuns nos dias de hoje.
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos seja Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de
quantificado. seu tempo, não estão apenas nos livros que escreveram.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e ju-
agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos bá- deus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam pró-
sicos. ximos de serem resolvidos ou pelo menos de terem alguma trégua.
Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade, 2-)
ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costu- A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura,
mam encontrar muito mais detratores que admiradores. que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelec-
e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais e tual, estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras,
escritores como Edward Said, que não apenas era notícia pelos sua matéria-prima. = correta
livros que publicavam como pelas posições que corajosamente as- B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre de-
sumiam. lineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o leitor ao
ultrapassarem os limites da época em que vivem seus autores, gê-
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) nios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propostas para o C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes per-
segmento grifado, deverá ser colocado no plural, está em: mite criar todo um mundo de ficção, em que personagens se trans-
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) formam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa verdadeira
interação com a realidade.
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do planeta)
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor so-
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O consumo
mente se realizam plenamente caso haja afinidade de ideias entre
mundial de barris de petróleo)
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo
deste último e o prazer da leitura.
da matéria-prima... (Constantes aumentos) E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que consti-
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços tuem leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo
mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas) que ultrapassa os limites de tempo e de época.
10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- 3-) _Restam___dúvidas
nale a alternativa em que a concordância das formas verbais desta- mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em si
cadas está de acordo com a norma-padrão da língua. __faça __diferença
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higienização a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____
subterrânea. será_____ a segunda opção.
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os trabalha- Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto no
dores da área de limpeza. plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/faça/
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos de serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequadas.
se contrair alguma doença.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da 4-)
manhã, eu já estava fazendo meu serviço. (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, começou agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos.
a adotar medidas mais rigorosas para a proteção de seus funcio- (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
nários. agora uma maneira adequada de os insumos básicos serem quan-
tificados.
GABARITO (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A quantificados.
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
quantificados.
RESOLUÇÃO
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos bá-
1-) Fiz os acertos entre parênteses:
sicos. = correta
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores que
determinam as escolhas dos governantes, para conferir legitimida- 5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos aos
de a suas decisões. itens:
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem (deve) (A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem (sin-
ser embasados (embasada) na percepção dos valores e princípios gular)
que regem a prática política. (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um verdadeiro (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram (plural)
regime democrático, em que se respeita (respeitam) tanto as liber- (D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas
dades individuais quanto as coletivas. (plural)
(D) As instituições fundamentais de um regime democrático (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as for-
não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às ordens in- mas estão no plural)
discriminadas de um único poder central.
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados (vol- 6-)
tado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as diferentes A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto “folhe-
opiniões existentes na sociedade. terios”)
Didatismo e Conhecimento 55
LÍNGUA PORTUGUESA
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto) manhã = eram
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional) (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, começou
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular = começaram
Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
- Chegar, Ir - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos in-
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de troduzidos pela preposição “a”:
lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
ou direção são: a, para. Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Fui ao teatro. - Responder - Tem complemento introduzido pela preposição
Adjunto Adverbial de Lugar “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a quem” ou “ao
que” se responde.
Ricardo foi para a Espanha. Respondi ao meu patrão.
Adjunto Adverbial de Lugar Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a. Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica.
jogo. Veja:
O questionário foi respondido corretamente.
Verbos Transitivos Diretos Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos intro-
diretos. Isso significa que não exigem preposição para o estabele- duzidos pela preposição “com”.
cimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, deve- Antipatizo com aquela apresentadora.
mos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como Simpatizo com os que condenam os políticos que governam
objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, los, para uma minoria privilegiada.
la, las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na,
nos, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), enquan- Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
to lhe e lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, aben- Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de
çoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar, um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:
alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, condenar, Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos que apresentam objeto
conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, humilhar, direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, su- Veja os exemplos:
portar, ver, visitar. Agradeço aos ouvintes a audiência.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o Objeto Indireto Objeto Direto
verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o. Paguei o débito ao cobrador.
Amo aquela moça. / Amo-a. Objeto Direto Objeto Indireto
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com par-
ticular cuidado. Observe:
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para Agradeci o presente. / Agradeci-o.
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais). Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Verbos Transitivos Indiretos
Informar
Os verbos transitivos indiretos são complementados por obje- - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto
tos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preposi- ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
ção para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes Informe os novos preços aos clientes.
pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos preços)
objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não
se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos - Na utilização de pronomes como complementos, veja as
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não represen- construções:
tam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pes- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
soa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: eles)
- Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição
“em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
todos. seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
Comparar ASPIRAR
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposi- - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar),
ções “a” ou “com” para introduzir o complemento indireto. inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como
Pedir ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspiráva-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de mos a elas)
oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Pedi-lhe favores. Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa,
Objeto Indireto Objeto Direto mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” e
“lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o exem-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. plo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta
ASSISTIR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assis-
Saiba que:
tência a, auxiliar. Por exemplo:
- A construção “pedir para”, muito comum na linguagem co-
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
tidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No en-
tanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver su- As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
bentendida.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa. - Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, es-
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma tar presente, caber, pertencer. Exemplos:
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para ir Assistimos ao documentário.
entregar-lhe os catálogos em casa). Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.
- A construção “dizer para”, também muito usada popularmen-
te, é igualmente considerada incorreta. Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intran-
sitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar introdu-
Preferir zido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada cidade.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto in-
troduzido pela preposição “a”. Por Exemplo: CHAMAR
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a
Prefiro trem a ônibus. atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la.
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um mi-
lhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar
próprio verbo (pre). objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicio-
nado ou não.
Mudança de Transitividade X Mudança de Significado A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade,
A torcida chamou o jogador de mercenário.
apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferen-
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
tes regências desses verbos é um recurso linguístico muito impor-
tante, pois além de permitir a correta interpretação de passagens
CUSTAR
escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escre-
ve. Dentre os principais, estão: - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou
preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e verdu-
AGRADAR ras não deveriam custar muito.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, aca-
riciar. - No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada quan- transitivo indireto.
do o revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia Muito custa viver tão longe da família.
não perde oportunidade de agradá-lo. Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Intransitivo Reduzida de Infinitivo
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a,
satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela ati-
preposição “a”. tude.
O cantor não agradou aos presentes. Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
O cantor não lhes agradou. Indireto Reduzida de Infinitivo
Didatismo e Conhecimento 58
LÍNGUA PORTUGUESA
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que ESQUECER – LEMBRAR
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa. - Lembrar algo – esquecer algo
Observe: - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema. No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem
complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
IMPLICAR No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes impli- indiretos:
cavam um firme propósito. - Ele se esqueceu do caderno.
b) Ter como consequência, trazer como consequência, acarre- - Eu me esqueci da chave.
tar, provocar: Liberdade de escolha implica amadurecimento po- - Eles se esqueceram da prova.
lítico de um povo. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
- Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, en- Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada
volver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas. passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de
sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea,
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros
indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem não como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa
trabalhasse arduamente. construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
PROCEDER - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabi-
mento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa se- O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto
gunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).
de modo.
SIMPATIZAR
As afirmações da testemunha procediam, não havia como re-
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei
futá-las.
com os jurados.
Você procede muito mal.
NAMORAR
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria na-
de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela prepo-
mora João.
sição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió. Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito. OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a prepo-
QUERER sição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade
de, cobiçar. Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado
Querem melhor atendimento. na voz passiva: A fila não foi obedecida.
Queremos um país melhor.
VER
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o
amar. filme.
Quero muito aos meus amigos.
Ele quer bem à linda menina. Regência Nominal
Despede-se o filho que muito lhe quer.
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo,
VISAR adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa re-
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer lação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da
pontaria e de pôr visto, rubricar. regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apre-
O homem visou o alvo. sentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam.
O gerente não quis visar o cheque. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o
regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer
- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, e os nomes correspondentes: todos regem complementos introdu-
é transitivo indireto e rege a preposição “a”. zidos pela preposição a. Veja:
O ensino deve sempre visar ao progresso social. Obedecer a algo/ a alguém.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público. Obediente a algo/ a alguém.
Didatismo e Conhecimento 59
LÍNGUA PORTUGUESA
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure,
sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
Substantivos
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
Advérbios
Longe de Perto de
Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente a;
relativa a; relativamente a.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Didatismo e Conhecimento 60
LÍNGUA PORTUGUESA
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se perdido
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes de sua família.
desiguais... (E) A família toda se organizou para realizar a procura à ga-
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifa- rotinha.
do acima está empregado em:
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extre- 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a al-
mos de sutileza. ternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos texto, de acordo com as regras de regência.
troncos mais robustos. Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já assi-
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, nalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e a
não raro, quem... exposição a imagens idealizadas pela mídia.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a mí-
de Tunuí... dia pode exercer sobre os jovens.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, A) dos … na B) nos … entre a
mestre e colaborador... C) aos … para a D) sobre os … pela
E) pelos … sob a
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.).
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públi-
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da cas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão da língua,
frase acima se encontra em: assinale a alternativa em que os trechos destacados estão corretos
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do verbo quanto à regência, verbal ou nominal.
latino dirigere... A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de dez
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das socie- mil tomadas.
dades... B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver um
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
justiça. C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar logo-
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da tipos e negociar.
justiça... D) O taxista levou o autor a indagar no número de tomadas
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento do edifício.
de justiça. E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse a
um prédio na marginal.
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa
em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho
de 2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação. 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). Assinale
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, seu a alternativa que substitui a expressão destacada na frase, confor-
espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais notável me as regras de regência da norma-padrão da língua e sem altera-
em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros. ção de sentido.
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de direitos
seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais no- dos trabalhadores domésticos.
tável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em outros. A) da B) na C) pela
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente D) sob a E) sobre a
seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais no-
tável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em outros. GABARITO
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamen-
te seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais 01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
notável em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em 06. A 07. C 08. A 09. C
outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, seu RESOLUÇÃO
espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais notável
em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros. 1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciên-
cias ...
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a al- Facilitar – verbo transitivo direto
ternativa correta quanto à regência dos termos em destaque. A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a responsa- B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de liga-
bilidade pelo problema. ção
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se per- C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transitivo
dido. direto e indireto
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de um E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = verbo
índio na porta do prédio. transitivo indireto
Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos 8-)
do sueco. B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver um
Pedir = verbo transitivo direto e indireto homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = transitivo C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em criar lo-
direto gotipos e negociar.
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de ligação D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de toma-
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... das do edifício.
=verbo intransitivo E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento. em um prédio na marginal.
=transitivo direto
9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de direitos
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em par- dos trabalhadores domésticos.
tes desiguais...
Constar = verbo intransitivo
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos
troncos mais robustos. =ligação 1.8. COLOCAÇÃO PRONOMINAL.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam,
não raro, quem... =transitivo direto
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra
de Tunuí... = transitivo direto “CARO CANDIDATO, O CONTEÚDO ACIMA, FOI
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, ABORDADO NO DECORRER DA MATÉRIA”
mestre e colaborador...=transitivo direto
Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
Casos em que a crase NÃO ocorre: - em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que
participam palavras femininas. Por exemplo:
- diante de substantivos masculinos: à tarde às ocultas às pressas à medida que
Andamos a cavalo. à noite às claras às escondidas à força
Fomos a pé. à vontade à beça à larga à escuta
Passou a camisa a ferro. às avessas à revelia à exceção de à imitação de
Fazer o exercício a lápis. à esquerda às turras às vezes à chave
Compramos os móveis a prazo. à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
- diante de verbos no infinitivo: à semelhança de às ordens à beira de
A criança começou a falar.
Ela não tem nada a dizer. Crase diante de Nomes de Lugar
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exemplos Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo
acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase. “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante de-
les haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”.
- diante da maioria dos pronomes e das expressões de tra- Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do
tamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona: artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um ver-
Diga a ela que não estarei em casa amanhã. bo que peça a preposição “de” ou “em”. A ocorrência da contração
Entreguei a todos os documentos necessários. “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem. isso, haverá crase. Por exemplo:
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes po- Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
dem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina por
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)
uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocor-
rerá crase. Por exemplo:
*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao se-
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
nhor.)
Vou à praia. = Volto da praia.
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
Cláudio para sair mais cedo.)
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
ocorrerá crase. Veja:
- diante de numerais cardinais: Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela
Chegou a duzentos o número de feridos. regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Daqui a uma semana começa o campeonato. Irei à Salvador de Jorge Amado.
Casos em que a crase SEMPRE ocorre: Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
Aquela (s), Aquilo
- diante de palavras femininas:
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega. Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo re-
Sempre vamos à praia no verão. gente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população. Refiro-me a + aquele atentado.
Fumar é prejudicial à saúde. Preposição Pronome
Este aparelho é posterior à invenção do telefone. Refiro-me àquele atentado.
- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indire-
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida): to referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, portan-
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. to, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Usava sapatos à (moda de) Luís XV. Aluguei aquela casa.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro. O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exi-
ge preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros
- na indicação de horas: exemplos:
Acordei às sete horas da manhã. Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Elas chegaram às dez horas. Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Foram dormir à meia-noite. Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.
Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
Não obedecerei àquele sujeito. Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
Assisti àquele filme três vezes. - diante de nomes próprios femininos:
Espero aquele rapaz. Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes pró-
Fiz aquilo que você disse. prios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
Comprei aquela caneta. Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo femini-
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as no diante de nomes próprios femininos, então podemos escrever as
quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exi- frases abaixo das seguintes formas:
gir a preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.
da crase nesses casos utilizando a substituição do termo regido Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto.
feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:
- diante de pronome possessivo feminino:
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade. possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por você.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase. A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando
Veja outros exemplos: por você.
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam respon- das seguintes formas:
der nenhuma das questões. Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
A sessão à qual assisti estava vazia. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Crase com o Pronome Demonstrativo “a”
- depois da preposição até:
Fui até a praia. ou Fui até à praia.
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” tam-
Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
bém pode ser detectada através da substituição do termo regente
A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai
feminino por um termo regido masculino. Veja:
até às cinco horas da tarde.
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país.
Questões sobre Crase
As orações são semelhantes às de antes.
Os exemplos são semelhantes aos de antes.
Suas perguntas são superiores às dele. 01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as discussões
Seus argumentos são superiores aos dele. sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos jurídicos ou po-
Sua blusa é idêntica à de minha colega. liciais. É como se suas únicas consequências estivessem em lega-
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. lismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler ____res-
peito envolvendo questões de saúde pública como programas de
A Palavra Distância esclarecimento e prevenção, de tratamento para dependentes e de
reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome de
Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a cra- um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um drogado
se deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância de 100km da nossa própria família?
daqui. (A palavra está determinada) (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A pala- 17.09.2012. Adaptado)
vra está especificada.) As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respec-
tivamente, com:
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não (A) aos … à … a … a (B) aos … a … à … a
pode ocorrer. Por exemplo: (C) a … a … à … à (D) à … à … à … à
Os militares ficaram a distância. (E) a … a … a … a
Gostava de fotografar a distância.
Ensinou a distância. 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia o
Dizem que aquele médico cura a distância. texto a seguir.
Reconheci o menino a distância. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
pode-se usar a crase. Veja: -lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
Gostava de fotografar à distância. que fez.
Ensinou à distância. (Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de
Dizem que aquele médico cura à distância. Janeiro: Globo, 1997, p. 6)
Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
dada: – 2013-adap) O acento indicativo de crase está corretamente em-
A) à – a – a B) a – a – à pregado em:
C) à – a – à D) à – à – a A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as
E) a – à – à dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos.
B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos me-
03 (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU- canismos biológicos de controle emocional.
NESP/2013) De acordo com a norma-padrão da língua portugue- C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
sa, o acento indicativo de crase está corretamente empregado em: D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade ali-
(A) A população, de um modo geral, está à espera de que, com mentam a violência crescente nas cidades.
o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes. E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem atinge os mais vulneráveis.
a sua postura.
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). O
muito mais severas. sinal indicativo de crase está correto em:
(D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida dos A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de
demais motoristas e de pedestres. biotecnologia.
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da nova B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à edu-
lei para que ela possa funcionar. cação dos filhos.
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as insta-
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não me lações do prédio.
estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e efervescente. D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se o que envolva a segurança das pessoas.
segmento grifado for substituído por: E) É função da política é dedicar-se à todo problema que com-
A) leitura apressada e sem profundidade. prometa o bem-estar do cidadão.
B) cada um de nós neste formigueiro.
09. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
C) exemplo de obras publicadas recentemente.
O detetive Gervase Fen, que apareceu em 1944, é um homem de
D) uma comunicação festiva e virtual.
face corada, muito afeito ...... frases inteligentes e citações dos
E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
clássicos; sua esposa, Dolly, uma dama meiga e sossegada, fica
sentada tricotando tranquilamente, impassível ...... propensão de
05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
seu marido ...... investigar assassinatos.
– 2013). (Adaptado de P.D.James, op.cit.)
O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) tam- Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
bém desenvolve atividades lúdicas de apoio______ ressociali- dada:
zação do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo para o (A) à - à - a
retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, ele (B) a - à - a
estará capacitado______ ter uma profissão e uma vida digna. (C) à - a - à
(Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/qual_e_a_ (D) a - à - à
importancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso em: (E) à - a – a
18.08.2012. Adaptado)
10. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen- SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) Em qual das op-
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua ções abaixo o acento indicativo de crase foi corretamente indicado?
portuguesa. A) O dia fora quente, mas à noite estava fria e escura.
A) à … à … à B) a … a … à C) a … à … à B) Ninguém se referira à essa ideia antes.
D) à … à ... a E) a … à … a C) Esta era à medida certa do quarto.
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas.
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo.
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
Assinale a alternativa que completa as lacunas do trecho a seguir, em- GABARITO
pregando o sinal indicativo de crase de acordo com a norma-padrão.
Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cederemos es- 01. B 02. A 03. A 04. A 05. D
paço ____ nenhuma ação que se proponha ____ prejudicar nossas 06.C 07. E 08. B 09.B 10. D
instituições.
(A) à … à … à RESOLUÇÃO
(B) a … à … à
(C) à … a … a 1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais.
(D) à … à … a Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina não
(E) a … a … à há crase)
Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida = à) B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos me-
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar encaminhar canismos biológicos de controle emocional. (se o “a” está no
um drogado da nossa própria família? (antes de pronome indefini- singular e antecede palavra no plural, não há crase)
do/relativo) C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade. (arti-
go indefinido)
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la sobre a D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade ali-
verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que _a__car- mentam a violência crescente nas cidades. (palavra masculina)
tomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ confiança (objeto di- E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade
reto), e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nominal: desfa-
3-) vorável a?)
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá para
substituir por “esperando”) de que 8-)
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de
(antes de verbo) biotecnologia. (artigo indefinido)
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à educa-
(generalizando, palavra no plural) ção dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
(D) À ninguém (pronome indefinido) C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as insta-
(E) Cabe à todos (pronome indefinido) lações do prédio. (verbo no infinitivo)
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada e sem D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe
profundidade. que envolva a segurança das pessoas. (pronome indefinido)
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome inde- E) É função da política é dedicar-se à todo problema que com-
finido) prometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido)
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra mascu-
lina) 9-) Afeito a frases (generalizando, já que o “a” está no sin-
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido) gular e “frases”, no plural)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (palavra Impassível à propensão (regência nominal: pede preposição)
masculina) A investigar (antes de verbo no infinitivo não há acento in-
dicativo de crase)
5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) Sequência: a / à / a.
também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__ ressocia-
lização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo para 10-)
o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, A) O dia fora quente, mas à noite = mas a noite (artigo e subs-
ele estará capacitado__a___ ter uma profissão e uma vida digna. tantivo. Diferente de: Estudo à noite = período do dia)
- Apoio a ? Regência nominal pede preposição; B) Ninguém se referira à essa ideia antes.= a essa (antes de
- retorno a? regência nominal pede preposição; pronome demonstrativo)
- antes de verbo no infinitivo não há crase. C) Esta era à medida certa do quarto. = a medida (artigo e subs-
tantivo, no caso. Diferente da conjunção proporcional: À medida
6-) Vamos por partes! que lia, mais aprendia)
- Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, portanto: D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. = correta (advérbio de
pede preposição; modo = apressadamente)
- quem cede, cede algo A alguém, então teremos objeto direto E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. = palavra
e indireto; masculina
- quem se propõe, propõe-se A alguma coisa.
Vejamos:
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cederemos espaço
A nenhuma ação que se proponha A prejudicar nossas instituições.
* Sujeitar A + A corrupção;
* ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto indire-
to. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhuma” é pronome
indefinido);
* que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no caso, ora-
ção subordinada com função de objeto indireto. Não há acento
indicativo de crase porque temos um verbo no infinitivo – “pre-
judicar”).
7-)
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as
dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos. (antes
de verbo no infinitivo não há crase)
Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE DIREITO
NOÇÕES DE DIREITO
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL: termos desta Constituição;
ARTIGOS 1.º A 5.º, 37 E 144 II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu-
mano ou degradante;
TÍTULO I IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
Dos Princípios Fundamentais anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons- VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamen- assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
tos: forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
I - a soberania; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
II - a cidadania religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
III - a dignidade da pessoa humana; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar
V - o pluralismo político. para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos des- IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cien-
ta Constituição. tífica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fe- material ou moral decorrente de sua violação;
derativa do Brasil: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po-
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
II - garantir o desenvolvimento nacional;
dia, por determinação judicial;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-
gualdades sociais e regionais;
ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro-
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
cessual penal;
ções internacionais pelos seguintes princípios: XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro-
I - independência nacional; fissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
II - prevalência dos direitos humanos; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar-
III - autodeterminação dos povos; dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
IV - não-intervenção; XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de
V - igualdade entre os Estados; paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per-
VI - defesa da paz; manecer ou dele sair com seus bens;
VII - solução pacífica dos conflitos; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; locais abertos ao público, independentemente de autorização, des-
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani- de que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
dade; mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com-
X - concessão de asilo político. petente;
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, veda-
a integração econômica, política, social e cultural dos povos da da a de caráter paramilitar;
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-a- XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coo-
mericana de nações. perativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento;
TÍTULO II XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissol-
Dos Direitos e Garantias Fundamentais vidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigin-
CAPÍTULO I do-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma-
E COLETIVOS necer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- extrajudicialmente;
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à XXII - é garantido o direito de propriedade;
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos di-
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- reitos e liberdades fundamentais;
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e im-
previstos nesta Constituição; prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com- XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entor-
prietário indenização ulterior, se houver dano; pecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento)
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, e o Estado Democrático;
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei- XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
ros pelo tempo que a lei fixar; do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
desportivas; entre outras, as seguintes:
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das a) privação ou restrição da liberdade;
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos in- b) perda de bens;
térpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; c) multa;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais d) prestação social alternativa;
privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às e) suspensão ou interdição de direitos;
criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de em- XLVII - não haverá penas:
presas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse so- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
cial e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; art. 84, XIX;
XXX - é garantido o direito de herança; b) de caráter perpétuo;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País c) de trabalhos forçados;
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos d) de banimento;
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei e) cruéis;
pessoal do “de cujus”; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
consumidor; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos in- e moral;
formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou L - às presidiárias serão asseguradas condições para que pos-
geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon- sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta-
sabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à ção;
segurança da sociedade e do Estado; LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa- em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
gamento de taxas: comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de di- drogas afins, na forma da lei;
reitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defe- político ou de opinião;
sa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário autoridade competente;
lesão ou ameaça a direito; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurí- o devido processo legal;
dico perfeito e a coisa julgada; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organi- defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
zação que lhe der a lei, assegurados: LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
a) a plenitude de defesa; meios ilícitos;
b) o sigilo das votações; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
c) a soberania dos veredictos; julgado de sentença penal condenatória;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra LVIII - o civilmente identificado não será submetido a iden-
a vida; tificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regula-
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena mento).
sem prévia cominação legal; LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; se esta não for intentada no prazo legal;
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos proces- LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
suais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da ci-
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por dadania.
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competen- LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são as-
te, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente segurados a razoável duração do processo e os meios que garantam
militar, definidos em lei; a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitu-
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre cional nº 45, de 2004)
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen-
do preso ou à pessoa por ele indicada; tais têm aplicação imediata.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da fa- excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
mília e de advogado; tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federati-
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis va do Brasil seja parte.
por sua prisão ou por seu interrogatório policial; § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela auto- humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Na-
ridade judiciária; cional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluí-
a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon- na forma deste parágrafo)
sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter-
alimentícia e a do depositário infiel; nacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger 2.2 DIREITOS HUMANOS
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas 2.2.1 DIREITOS HUMANOS: NOÇÃO,
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for SIGNIFICADO, FINALIDADES E
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de HISTÓRIA
atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional; O surgimento dos direitos humanos está envolvido num his-
b) organização sindical, entidade de classe ou associação le- tórico complexo no qual pesaram vários fatores: tradição huma-
galmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, nista, recepção do direito romano, senso comum da sociedade da
em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Europa na Idade Média, tradição cristã, entre outros1. Com efeito,
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a são muitos os elementos relevantes para a formação do conceito
falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos di- de direitos humanos tal qual perceptível na atualidade de forma
reitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à que é difícil estabelecer um histórico linear do processo de forma-
nacionalidade, à soberania e à cidadania; ção destes direitos. Entretanto, é possível apontar alguns fatores
LXXII - conceder-se-á habeas data: históricos e filosóficos diretamente ligados à construção de uma
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à concepção contemporânea de direitos humanos.
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados É a partir do período axial (800 a.C. a 200 a.C.), ou seja, mes-
de entidades governamentais ou de caráter público; mo antes da existência de Cristo, que o ser humano passou a ser
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo considerado, em sua igualdade essencial, como um ser dotado de
por processo sigiloso, judicial ou administrativo; liberdade e razão. Surgiam assim os fundamentos intelectuais para
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação a compreensão da pessoa humana e para a afirmação da existência
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de de direitos universais, porque a ela inerentes. Durante este período
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, que despontou a ideia de uma igualdade essencial entre todos os
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o homens. Contudo, foram necessários vinte e cinco séculos para
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus que a Organização das Nações Unidas - ONU, que pode ser con-
da sucumbência; siderada a primeira organização internacional a englobar a quase-
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gra- totalidade dos povos da Terra, proclamasse, na abertura de uma
tuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que “todos
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”2.
assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
1 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na Moderna. Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29,
forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) jul. 2009.
a) o registro civil de nascimento; 2 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
b) a certidão de óbito; Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO
No berço da civilização grega continuou a discussão a respei- em todos os corações, imutável, eterna, cuja voz ensina e pres-
to da existência de uma lei natural inerente a todos os homens. As creve o bem, afasta do mal que proíbe e, ora com seus mandados,
premissas da concepção de lei natural estão justamente na discus- ora com suas proibições, jamais se dirige inutilmente aos bons,
são promovida na Grécia antiga, no espaço da polis. Neste sentido, nem fica impotente ante os maus. Essa lei não pode ser contestada,
destaca Assis3 que, originalmente, a concepção de lei natural está nem derrogada em parte, nem anulada; não podemos ser isentos de
ligada não só à de natureza, mas também à de diké: a noção de seu cumprimento pelo povo nem pelo senado; não há que procurar
justiça simbolizada a partir da deusa diké é muito ampla e abstrata, para ela outro comentador nem intérprete; não é uma lei em Roma
mas com a legislação passou a ter um conteúdo palpável, de modo e outra em Atenas, - uma antes e outra depois, mas uma, sempiter-
que a justiça deveria corresponder às leis da cidade; entretanto, é na e imutável, entre todos os povos e em todos os tempos”.
preciso considerar que os costumes primitivos trazem o justo por Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período me-
natureza, que pode se contrapor ao justo por convenção ou legisla- dieval, predominantemente cristianista. Um dos grandes pensado-
ção, devendo prevalecer o primeiro, que se refere ao naturalmente res do período, Santo Tomás de Aquino (1225 d.C. -1274 d.C.)9,
justo, sendo esta a origem da ideia de lei natural. supondo que o mundo e toda a comunidade do universo são regi-
De início, a literatura grega trouxe na obra Antígona uma dis- dos pela razão divina e que a própria razão do governo das coisas
cussão a respeito da prevalência da lei natural sobre a lei posta. Na em Deus fundamenta-se em lei, entendeu que existe uma lei eterna
obra, a protagonista discorda da proibição do rei Creonte de que seu ou divina, pois a razão divina nada concebe no tempo e é sempre
irmão fosse enterrado, uma vez que ele teria traído a pátria. Assim, eterna. Com base nisso, Aquino10 chamou de lei natural “a par-
enterra seu irmão e argumenta com o rei que nada do que seu irmão
ticipação da lei eterna na lei racional”. Sobre o conteúdo da lei
tivesse feito em vida poderia dar o direito ao rei de violar a regra
natural, definiu Aquino (2005, p. 562) que “todas aquelas coisas
imposta pelos deuses de que todo homem deveria ser enterrado para
que devem ser feitas ou evitadas pertencem aos preceitos da lei de
que pudesse partir desta vida: a lei natural prevaleceria então sobre
natureza, que a razão prática naturalmente apreende ser bens hu-
a ordem do rei.4
Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.), o pri- manos”. Logo, a lei natural determina o agir virtuoso, o que se es-
meiro grande filósofo grego, questionaram essa concepção de lei pera do homem em sociedade, independentemente da lei humana.
natural, pois a lei estabelecida na polis, fruto da vontade dos cida- Com a concepção medieval de pessoa humana é que se iniciou
dãos, seria variável no tempo e no espaço, não havendo que se falar um processo de elaboração em relação ao princípio da igualdade
num direito imutável; ao passo que Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), de todos, independentemente das diferenças existentes, seja de or-
que o sucedeu, estabeleceu uma divisão entre a justiça positiva e a dem biológica, seja de ordem cultural. Foi assim, então, que surgiu
natural, reconhecendo que a lei posta poderia não ser justa5. o conceito universal de direitos humanos, com base na igualdade
Aristóteles6 argumenta: “lei particular é aquela que cada comu- essencial da pessoa11.
nidade determina e aplica a seus próprios membros; ela é em parte No processo de ascensão do absolutismo europeu, a monar-
escrita e em parte não escrita. A lei universal é a lei da natureza. quia da Inglaterra encontrou obstáculos para se estabelecer no iní-
Pois, de fato, há em cada um alguma medida do divino, uma justiça cio do século XIII, sofrendo um revés. Ao se tratar da formação da
natural e uma injustiça que está associada a todos os homens, mes- monarquia inglesa, em 1215 os barões feudais ingleses, em uma
mo naqueles que não têm associação ou pacto com outro”. reação às pesadas taxas impostas pelo Rei João Sem-Terra, im-
Nesta linha, destaca-se o surgimento do estoicismo, doutrina puseram-lhe a Magna Carta. Referido documento, em sua aber-
que se desenvolveu durante seis séculos, desde os últimos três sé- tura, expõe a noção de concessão do rei aos súditos, estabelece a
culos anteriores à era cristã até os primeiros três séculos desta era, existência de uma hierarquia social sem conceder poder absoluto
mas que trouxe ideias que prevaleceram durante toda a Idade Mé- ao soberano, prevê limites à imposição de tributos e ao confisco,
dia e mesmo além dela. O estoicismo organizou-se em torno de constitui privilégios à burguesia e traz procedimentos de julga-
algumas ideias centrais, como a unidade moral do ser humano e a mento ao prever conceitos como o de devido processo legal, ha-
dignidade do homem, considerado filho de Zeus e possuidor, como beas corpus e júri. Não que a carta se assemelhe a uma declaração
consequência, de direitos inatos e iguais em todas as partes do mun- de direitos humanos, principalmente ao se considerar que poucos
do, não obstante as inúmeras diferenças individuais e grupais7. homens naquele período eram de fato livres, mas ela foi funda-
Influenciado pelos estoicos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.), um mental naquele contexto histórico de falta de limites ao soberano12.
dos principais pensadores do período da jovem república romana,
também defendeu a existência de uma lei natural. Neste sentido é 9 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo
a assertiva de Cícero8: “a razão reta, conforme à natureza, gravada Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodríguez.
Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim
3 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, liberdade Pereira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II, questões 57 a
e poder. São Paulo: Lúmen, 2002. 122.
4 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. São 10 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo
Paulo: Martin Claret, 2003. Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodríguez.
5 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, liberdade Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim
e poder. São Paulo: Lúmen, 2002. Pereira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II, questões 57 a
6 ARISTÓTELES. Retórica. Tradução Marcelo Silvano Madeira. 122.
São Paulo: Rideel, 2007. 11 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
7 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 12 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algumas Contribuições
8 CÍCERO, Marco Túlio. Da República. Tradução Amador Jurídicas. Revista Intertemas: revista da Toledo. Presidente Prudente, ano
Cisneiros. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. 09, v. 11, p. 201-227, nov. 2006.
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO
A Magna Carta de 1215 instituiu ainda um Grande Conselho que Todo este movimento resultou, assim, nas garantias expres-
foi o embrião para o Parlamento inglês, embora isto não signifique sas do habeas corpus e do Bill of Rights de 1698. Por sua vez,
que o poder do rei não tenha sido absoluto em certos momentos, a instituição-chave para a limitação do poder monárquico e para
como na dinastia Tudor. Havia um absolutismo de fato, mas não garantia das liberdades na sociedade civil foi o Parlamento e foi
de Direito. a partir do Bill of Rights britânico que surgiu a ideia de governo
Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profundamen- representativo, ainda que não do povo, mas pelo menos de suas
te pelo antropocentrismo, colocando o homem no centro do uni- camadas superiores15.
verso, ocupando o espaço de Deus. Naturalmente, as premissas Tais ideias liberais foram importantes como base para o Ilu-
da lei natural passaram a ser questionadas, já que geralmente se minismo, que se desencadeou por toda a Europa. Destaca-se que
associavam à dimensão do divino. A negação plena da existência quando isso ocorreu, em meados do século XVIII, se dava o ad-
de direitos inatos ao homem implicava em conferir um poder irres- vento do capitalismo em sua fase industrial. O processo de forma-
trito ao soberano, o que gerou consequências que desagradavam a ção do capitalismo e a ascensão da burguesia trouxeram implica-
burguesia. ções profundas no campo teórico, gerando o Iluminismo.
O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.) consi- O Iluminismo lançou base para os principais eventos que
derada um marco para o pensamento absolutista, relata com preci-
ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as
são este contexto no qual o poder do soberano poderia se sobrepor
Revoluções Francesa, Americana e Industrial. Tiveram origem
a qualquer direito alegadamente inato ao ser humano desde que
nestes movimentos todos os principais fatos do século XIX e do
sua atitude garantisse a manutenção do poder. Maquiavel13 consi-
início do século XX, por exemplo, a disseminação do liberalismo
dera “na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra
a qual não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um burguês, o declínio das aristocracias fundiárias e o desenvolvi-
príncipe pretende conquistar e manter o poder, os meios que em- mento da consciência de classe entre os trabalhadores16.
pregue serão sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensadores da
pois o vulgo atenta sempre para as aparências e os resultados”. época, transportando o racionalismo para a política, refutando o
Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de forma Estado Absolutista, idealizando o direito de rebelião da sociedade
autocrática, baseados na teoria política desenvolvida até então que civil e afirmando que o contrato entre os homens não retiraria o
negava a exigência do respeito à Ética, logo, ao direito natural, seu estado de liberdade. Ao lado dele, pode ser colocado Montes-
no espaço público. Somente num momento histórico posterior se quieu (1689 d.C. - 1755 d.C.), que avançou nos estudos de Locke
permitiu algum resgate da aproximação entre a Moral e o Direito, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica
qual seja o da Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, divisão de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim,
com o movimento do Iluminismo, que conferiu alicerce para as merece menção o pensador Rousseau (1712 d.C. - 1778 d.C.), de-
Revoluções Francesa e Industrial - ainda assim a visão antropocen- fendendo que o homem é naturalmente bom e formulando na obra
trista permaneceu, mas começou a se consolidar a ideia de que não O Contrato Social a teoria da vontade geral, aceita pela pequena
era possível que o soberano impusesse tudo incondicionalmente burguesia e pelas camadas populares face ao seu caráter demo-
aos seus súditos. crático. Enfim, estes três contratualistas trouxeram em suas obras
Com efeito, quando passou a se questionar o conceito de So- as ideias centrais das Revoluções Francesa e Americana. Em co-
berano, ao qual todos deveriam obediência mas que não deveria mum, defendiam que o Estado era um mal necessário, mas que
obedecer a ninguém. Indagou-se se os indivíduos que colocaram o soberano não possuía poder divino/absoluto, sendo suas ações
o Soberano naquela posição (pois sem povo não há Soberano) te- limitadas pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime esta-
riam direitos no regime social e, em caso afirmativo, quais seriam tal. No entanto, Rousseau era o pensador que mais se diferenciava
eles. As respostas a estas questões iniciam uma visão moderna do dos dois anteriores, que eram mais individualistas e trouxeram
direito natural, reconhecendo-o como um direito que acompanha os principais fundamentos do Estado Liberal, porque defendia
o cidadão e não pode ser suprimido em nenhuma circunstância.14 a entrega do poder a quem realmente estivesse legitimado para
Antes que despontassem as grandes revoluções que interrom-
exercê-lo, pensamento que mais se aproxima da atual concepção
peram o contexto do absolutismo europeu, na Inglaterra houve uma
de democracia.
árdua discussão sobre a garantia das liberdades pessoais, ainda que
1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a Re-
o foco fosse a proteção do clero e da nobreza. Quando a dinastia
volução Americana. Em 1776 se deu a independência das treze
Stuart tentou transformar o absolutismo de fato em absolutismo
de direito, ignorando o Parlamento, este impôs ao rei a Petição de Colônias da América Continental Britânica, registrada na Decla-
Direitos de 1948, que exigia o cumprimento da Magna Carta de ração de Direitos do Homem e, posteriormente, na Declaração de
1215. Contudo, o rei se recusou a fazê-lo, fechando por duas vezes Independência. Após diversas batalhas, a Inglaterra reconheceu a
o Parlamento, sendo que a segunda vez gerou uma violenta reação independência em 1783. Destacam-se alguns pontos do primeiro
que desencadeou uma guerra civil. Após diversas transições no documento: o artigo I do referido documento assegura a igualdade
trono inglês, despontou a Revolução Gloriosa que durou de 1688 de todos de maneira livre e independente, considerando esta como
até 1689, conferindo-se o trono inglês a Guilherme de Orange, que um direito inato; o artigo II estabelece que o poder pertence ao
aceitou a Declaração de Direitos - Bill of Rights. povo e que o Estado é responsável perante ele; o artigo V pre-
13 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti. 15 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
São Paulo: Martin Claret, 2007. Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
14 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica 16 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do
Moderna. Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner
jul. 2009. e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO
vê a separação dos poderes e o artigo VI institui a realização de No final do século XIX e no início de século XX, o mundo
eleições diretas, necessariamente. A declaração americana estava passou por variadas crises de instabilidade diplomática, posto que
mais voltada aos americanos do que à humanidade, razão pela qual vários países possuíam condições suficientes para se sobreporem
a Revolução Francesa costuma receber mais destaque num cenário sobre os demais, resultado dos avanços tecnológicos e das me-
histórico global. lhorias no padrão de vida da sociedade. Neste contexto, surgiram
2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade do condições para a eclosão das duas Guerras Mundiais, eventos que
governo de resolver sua crise financeira, ascendendo com isso a alteraram o curso da história da civilização ocidental. Entre estas,
classe burguesa (sans-culottes), sendo o primeiro evento de tal as- destaca-se a Segunda Guerra Mundial, cujos eventos foram marca-
censão a Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789, seguida por dos pela desumanização: todos com o devido respaldo jurídico pe-
outros levantes populares. Derrubados os privilégios das classes rante o ordenamento dos países que determinavam os atos. A teoria
dominantes, a Assembleia se reuniu para o preparo de uma carta jurídica que conferiu fundamento a um Direito que aceitasse tantas
de liberdades, que veio a ser a Declaração dos Direitos do Homem barbáries, sem perder a sua validade, foi o Positivismo que teve
e do Cidadão.17 como precursor Hans Kelsen, com a obra Teoria Pura do Direito.
Entre outras noções, tal documento previu: a liberdade e No entender de Kelsen19, a justiça não é a característica que
igualdade entre os homens quanto aos seus direitos (artigo 1º), a distingue o Direito das outras ordens coercitivas porque é relativo
necessidade de conservação dos seus direitos naturais, quais sejam o juízo de valor segundo o qual uma ordem pode ser considerada
a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão justa. Percebe-se que a Moral é afastada como conteúdo necessário
(artigo 2º); a limitação do direito de liberdade somente por lei (ar- do Direito, já que a justiça é o valor moral inerente ao Direito.
tigo 4º); o princípio da legalidade (artigo 7º); o princípio da ino- .A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente em 1945,
cência (artigo 9º); a manifestação livre do pensamento (artigos 10 após uma sucessão de falhas alemãs, que impediram a conquista de
e 11); e a necessária separação de poderes (artigo 16). Moscou, desprotegeram a Itália e impossibilitaram o domínio da
3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou na Ingla- região setentrional da Rússia (produtora de alimentos e petróleo).
terra, criou o sistema fabril, o que reformulou a vida de homens Já o evento que culminou na rendição do Japão foi o lançamento
e mulheres pelo mundo todo, não só pelos avanços tecnológicos, das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. O mundo somente
mas notadamente por determinar o êxodo de milhões de pessoas tomou conhecimento da extensão da tirania alemã quando os exér-
do interior para as cidades. Os milhares de trabalhadores se sujei- citos Aliados abriram os campos de concentração na Alemanha e
tavam a jornadas longas e desgastantes, sem falar nos ambientes nos países por ela ocupados, encontrando prisioneiros famintos,
insalubres e perigosos, aos quais se sujeitavam inclusive as crian-
doentes e brutalizados, além de milhões de corpos dos judeus, po-
ças. Neste contexto, surgiu a consciência de classe18, lançando-se
loneses, russos, ciganos, homossexuais e traidores do Reich em
base para uma árdua luta pelos direitos trabalhistas.
geral, que foram perseguidos, torturados e mortos20.
Fato é que quanto maior a autonomia de vontade - buscada
Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi o responsá-
nas revoluções anteriores - melhor funciona o mercado capitalista,
vel por redigir o primeiro documento de relevância internacional
beneficiando quem possui maior número de bens. Assim, a clas-
abrangendo a questão dos direitos humanos. Em 26 de junho de
se que detinha bens, qual seja a burguesia, ampliou sua esfera de
1945 foi assinada a carta de organização das Nações Unidas, que
poder, enquanto que o proletariado passou a ser vítima do poder
econômico. No Estado Liberal, aquele que não detém poder eco- tem por fundamento o princípio da igualdade soberana de todos os
nômico fica desprotegido. O indivíduo da classe operária sozinho estados que buscassem a paz, possuindo uma Assembleia Geral,
não tinha defesa, mas descobriu que ao se unir com outros em um Conselho de Segurança, uma Secretaria, em Conselho Econô-
situação semelhante poderia conquistar direitos. Para tanto, passa- mico e Social, um Conselho de Mandatos e um Tribunal Interna-
ram a organizar greves. cional de Justiça21.
Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à proteção da Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de 1946 rea-
vítima do poder econômico, o trabalhador. Parte-se do princípio lizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram submetidos a
da hipossuficiência do trabalhador, que é o princípio da proteção julgamento os principais líderes nazistas, o principal argumento
e que gerou os princípios da primazia, da irredutibilidade de ven- levantado foi o de que todas as ações praticadas foram baseadas
cimentos e outros. Nota-se que no campo destes direitos e dos de- em ordens superiores, todas dotadas de validade jurídica perante
mais direitos econômicos, sociais e culturais não basta uma postu- a Constituição. Explica Lafer22: “No plano do Direito, uma das
ra do indivíduo: é preciso que o Estado interfira e controle o poder maneiras de assegurar o primado do movimento foi o amorfismo
econômico. jurídico da gestão totalitária. Este amorfismo reflete-se tanto em
Entre os documentos relevantes que merecem menção nesta matéria constitucional quanto em todos os desdobramentos norma-
esfera, destacam-se: Constituição do México de 1917, Constitui- tivos. A Constituição de Weimar nunca foi ab-rogada durante o re-
ção Alemã de Weimar de 1919 e Tratado de Versalhes de 1919,
19 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João
sendo que o último instituiu a Organização Internacional do Tra-
Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
balho - OIT (que emitia convenções e recomendações) e pôs fim à
20 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do
Primeira Guerra Mundial. homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner
17 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.
homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner 21 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do
e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner
18 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.
homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner 22 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo
e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO
gime nazista, mas a lei de plenos poderes de 24 de março de 1933 Embora muitos direitos humanos também se encontrem nos textos
teve não só o efeito de legalizar a posse de Hitler no poder como o constitucionais, aqueles não positivados na Carta Magna também
de legalizar geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa ma- possuem proteção porque o fato de este direito não estar assegura-
neira, como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois da II Guer- do constitucionalmente é uma ofensa à ordem pública internacio-
ra Mundial -, Hitler foi confirmado no poder, tornando-se a fonte nal, ferindo o princípio da dignidade humana.
de toda legalidade positiva, em virtude de uma lei do Parlamento Trabalhando de forma específica dentro deste histórico prece-
que modificou a Constituição. Também a Constituição stalinista dentes jurídicos da internacionalização dos direitos humanos,
de 1936, completamente ignorada na prática, nunca foi abolida”. menciona-se inicialmente o direito humanitário e a fundação da
No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Na- Cruz Vermelha.
ções Unidas elaborou a Declaração Universal dos Direitos Huma- Historicamente, em 9 de fevereiro de 1863, fundou-se o Co-
nos. Um dos principais pensadores que contribuiu para a Declara- mitê dos Cinco, como uma comissão de investigação da Socieda-
ção Universal dos Direitos Humanos de 1948 foi Maritain23, que de de Genebra para o Bem-estar Público. Entre seus objetivos, se
entendia que os direitos humanos da pessoa como tal se fundamen- encontrava o de organizar uma conferência internacional sobre a
tam no fato de que a pessoa humana é superior ao Estado, que não possível implementação das ideias de Henri Dunant.
pode impor a ela determinados deveres e nem retirar dela alguns Depois da primeira conferência, adotou-se a primeira Conven-
direitos, por ser contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo ção de Genebra, de 22 de agosto de 1864, tratando das condições
o homem ético é fiel aos valores da verdade, da justiça e do amor, dos feridos das forças armadas no campo de batalha. A convenção
e segue a doutrina cristã para determinar seus atos: tais elementos continha dez artigos, estabelecendo pela primeira vez regras legais
determinam o agir moral e levam à produção do bem na sociedade garantindo a neutralidade e a proteção para soldados feridos, mem-
humanista integral. bros de assistência médica e certas instituições humanitárias, no
Moraes24 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais impor- caso de um conflito armado, aceitando-se a fundação de socieda-
tante conquista no âmbito dos direitos humanos fundamentais em des nacionais com este fim de proteção. Após o estabelecimento da
nível internacional, muito embora o instrumento adotado tenha Convenção de Genebra, as primeiras sociedades nacionais foram
sido uma resolução, não constituindo seus dispositivos obriga- fundadas.
ções jurídicas dos Estados que a compõem. O fato é que desse Quando Henri Dunant foi à falência, a imagem do Comitê dos
documento se originaram muitos outros, nos âmbitos nacional e Cinco ficou comprometida perante a opinião pública, embora neste
internacional, sendo que dois deles praticamente repetem e por- meio tempo tivessem sido fundadas outras sociedades nacionais.
menorizam o seu conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Em 1876, o comitê adotou o nome Comitê Internacional da Cruz
Vermelha (CICV), que é até o presente sua designação oficial, cujo
Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Eco-
esforços têm sido reconhecidos até hoje, tanto que por três vezes
nômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966.
recebeu o Prêmio Nobel da Paz (1917, 1944, e 1963).
Ainda internacionalmente, após os pactos mencionados, vá-
Os outros dois precedentes históricos reconhecidos pela dou-
rios tratados internacionais surgiram. Nesta linha, Piovesan25
trina decorrem do Tratado de Versalhes.
apontou os seguintes documentos: Convenção Internacional sobre
Em 1914 eclodiu a Primeira Guerra Mundial, apesar das inú-
a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, Con-
meras tentativas de diplomacia após 1870. Em 1882, foi forma-
venção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação
da a Tríplice Aliança, entre Alemanha, Itália e Áustria-Hungria,
contra a Mulher, Convenção sobre os Direitos da Criança, Con- visando impedir que a França buscasse vingança após a derrota
venção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, Convenção na Guerra Franco-Prussiana. Contudo, os países europeus começa-
contra a Tortura, etc. ram a desconfiar das boas intenções dos seus vizinhos e, em 1907,
Ao lado do sistema global surgiram os sistemas regionais de se formou a Tríplice Entente, composta por França, Grã-Bretanha
proteção, que buscam internacionalizar os direitos humanos no e Rússia. Dentro das próprias alianças não eram poucos os confli-
plano regional, em especial na Europa, na América e na África26. tos internos e, aliados a esta instabilidade diplomática, o naciona-
Resultou deste processo a Convenção Americana de Direitos Hu- lismo e o militarismo contribuíram para que começasse a Primeira
manos (Pacto de São José da Costa Rica) de 1969. Guerra Mundial.
No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos textos Colocados muitos interesses em jogo, os países guerrearam
das Constituições Federais. Afinal, como explica Lafer27, a afir- em dois blocos: de um lado, Sérvia, Rússia, França, Grã-Bretanha,
mação do jusnaturalismo moderno de um direito racional, univer- Japão, Itália, Romênia, Estados Unidos, Grécia, Portugal e Brasil;
salmente válido, gerou implicações relevantes na teoria constitu- de outro lado, Áustria, Alemanha, Bulgária e Turquia. O segun-
cional e influenciou o processo de codificação a partir de então. do grupo foi derrotado, sendo cada país submetido a um pacto de
rendição formulado pela Liga das Nações; o mais famoso destes
23 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed.
é o Tratado de Versalhes, aplicado à Alemanha, que impunha em
Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
suas cláusulas a entrega de territórios e armamentos, bem como o
24 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República
pagamento de uma indenização bilionária.
Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997. Assim, o Tratado de Versalhes foi assinado em 28 de junho de
25 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional
1919, entre as potências aliadas e a Alemanha, fixando as condi-
Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. ções para a paz depois da primeira guerra mundial.
26 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional A cláusula de culpa de guerra considerou a Alemanha nação
Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. agressora, responsável por reparações às nações aliadas, sendo que
27 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo uma comissão determinou em 1921 que a Alemanha deveria pagar
com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. 33 bilhões de dólares.
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO
O tratado foi intensamente criticado pelos alemães. Nos anos infantil, eliminação de todas as formas de discriminação em maté-
seguintes, foi revisto e alterado, quase sempre a favor da Alema- ria de emprego e ocupação), a promoção do emprego produtivo e
nha. Muitas concessões foram feitas à Alemanha antes da ascensão de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do
de Adolf Hitler. diálogo social30.
O Tratado de Versalhes instituiu dois dos precedentes da in- A OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de Versa-
ternacionalização dos direitos humanos: a Liga das Nações e a lhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. É a única das agên-
Organização Internacional do Trabalho. cias do Sistema das Nações Unidas com uma estrutura tripartite,
Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Na- composta de representantes de governos e de organizações de em-
ções, foi uma organização internacional, idealizada em 1919, em pregadores e de trabalhadores. A OIT é responsável pela formula-
Versalhes, nos subúrbios de Paris, onde as potências vencedoras ção e aplicação das normas internacionais do trabalho (convenções
da Primeira Guerra Mundial se reuniram para negociar um acordo e recomendações)31.
de paz, notadamente Inglaterra, França e Estados Unidos. Além da Teoria geral dos direitos humanos é o estudo dos direitos hu-
divisão entre os vencedores que dificultava a paz, os vencidos se manos, desde os seus elementos básicos como conceito, caracterís-
recusavam a assinar o injustos tratados impostos, com a Alema- ticas, fundamentação e finalidade, passando pela análise histórica
nha tentando ludibriar as determinações do Tratado de Versalhes, e chegando à compreensão de sua estrutura normativa.
assim como Áustria, Hungria, Bulgária e Turquia se recusavam a Na atualidade, a primeira noção que vem à mente quando se
aceitar as obrigações impostas. No final das contas, todos assina- fala em direitos humanos é a dos documentos internacionais que os
ram seus tratados. consagram, aliada ao processo de transposição para as Constitui-
Os inúmeros tratados e compromissos firmados fora do âmbito ções Federais dos países democráticos. Contudo, é possível apro-
da Liga das Nações já mostravam a fraqueza da instituição, embo- fundar esta noção se tomadas as raízes históricas e filosóficas dos
ra a princípio ela tenha correspondido às esperanças depositadas. direitos humanos, as quais serão abordadas mais detalhadamente
Ocorre que a Liga das Nações promoveu o isolamento de grandes adiante, acrescentando-se que existem direitos inatos ao homem
países como a Rússia (numa fase inicial), além de fundar-se num independentemente de previsão expressa por serem elementos es-
tratado internacional altamente prejudicial a países perdedores da senciais na construção de sua dignidade.
guerra como a Alemanha. Não obstante, os Estados Unidos nunca Logo, um conceito preliminar de direitos humanos pode ser
apoiaram a Liga das Nações, o que fez com que ela tivesse pouco estabelecido: direitos humanos são aqueles inerentes ao homem
ou nenhum poder no âmbito das Américas. enquanto condição para sua dignidade que usualmente são de
A Liga das Nações funcionou de 1920 a 1946, dissolvida na
sua 21ª sessão e tendo seus bens transferidos à ONU, encerradas Escritos em documentos internacionais para que sejam mais
as contas da comissão de liquidação em 1947. A Liga das Nações seguramente garantidos. A conquista de direitos da pessoa humana
possuía dois organismos autônomos, a Organização Internacio- é, na verdade, uma busca da dignidade da pessoa humana.
nal do Trabalho - OIT, criada pelo Tratado de Versalhes, e a Cor- O direito natural se contrapõe ao direito positivo, localizado
te Permanente de Justiça Internacional - CPJI, cujo estatuto foi no tempo e no espaço: tem como pressuposto a ideia de imutabi-
elaborado em 1920, as quais remanescem, embora a segunda com lidade de certos princípios, que escapam à história, e a universali-
outra nomenclatura e estatuto28, qual seja Corte Internacional de dade destes princípios transcendem a geografia. A estes princípios,
Justiça - CIJ. que são dados e não postos por convenção, os homens têm aces-
Quanto à Organização Internacional do Trabalho, consti- so através da razão comum a todos (todo homem é racional), e
tui a agência das Nações Unidas que tem por missão promover são estes princípios que permitem qualificar as condutas humanas
oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a como boas ou más, qualificação esta que promove uma contínua
um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equi- vinculação entre norma e valor e, portanto, entre Direito e Moral.32
dade, segurança e dignidade. O Trabalho Decente, conceito for- As premissas dos direitos humanos se encontram no conceito
malizado pela OIT em 1999, sintetiza a sua missão histórica de de lei natural. Lei natural é aquela inerente à humanidade, inde-
promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter pendentemente da norma imposta, e que deve ser respeitada acima
um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberda- de tudo. O conceito de lei natural foi fundamental para a estrutu-
de, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo considerado ração dos direitos dos homens, ficando reconhecido que a pessoa
condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das humana possui direitos inalienáveis e imprescritíveis, válidos em
desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática qualquer tempo e lugar, que devem ser respeitados por todos os
e o desenvolvimento sustentável29. Estados e membros da sociedade. O direito natural é, então, co-
O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos quatro mum a todos e, ligado à própria origem da humanidade, representa
objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho um padrão geral, funcionando como instrumento de validação das
(em especial aqueles definidos como fundamentais pela Declara- ordens positivas33.
ção Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho
30 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT.
e seu seguimento adotada em 1998: liberdade sindical e reconhe- Disponível em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013.
cimento efetivo do direito de negociação coletiva, eliminação de
31 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT.
todas as formas de trabalho forçado, abolição efetiva do trabalho Disponível em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013.
28 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional 32 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo
Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.
29 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT. 33 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo
Disponível em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013. com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO
O direito natural, na sua formulação clássica, não é um con- As normas de direitos humanos e direitos fundamentais, por
junto de normas paralelas e semelhantes às do direito positivo, e sua própria natureza, possuem baixa densidade normativa. Isso
sim o fundamento deste direito positivo, sendo formado por nor- significa que elas abrem alta margem para interpretação e geral-
mas que servem de justificativa a este, por exemplo: “deve se fazer mente adotam a forma de princípios, não de regras.
o bem”, “dar a cada um o que lhe é devido”, “a vida social deve ser Neste sentido, toma-se a divisão clássica de Alexy36, segundo
conservada”, “os contratos devem ser observados” etc.34 o qual a distinção entre regras e princípios é uma distinção entre
Em literatura, destaca-se a obra do filósofo Sófocles35 intitula- dois tipos de normas, fornecendo juízos concretos para o dever ser.
da Antígona, na qual a personagem se vê em conflito entre seguir A diferença essencial é que princípios são normas de otimização,
o que é justo pela lei dos homens em detrimento do que é justo por ao passo que regras são normas que são sempre satisfeitas ou não.
natureza quando o rei Creonte impõe que o corpo de seu irmão não Se as regras se conflitam, uma será válida e outra não. Se princí-
seja enterrado porque havia lutado contra o país. Neste sentido, pios colidem, um deles deve ceder, embora não perca sua validade
a personagem Antígona defende, ao ser questionada sobre o des- e nem exista fundamento em uma cláusula de exceção, ou seja,
cumprimento da ordem do rei: “sim, pois não foi decisão de Zeus; haverá razões suficientes para que em um juízo de sopesamento
e a Justiça, a deusa que habita com as divindades subterrâneas, ja- (ponderação) um princípio prevaleça. Enquanto adepto da adoção
mais estabeleceu tal decreto entre os humanos; tampouco acredito de tal critério de equiparação normativa entre regras e princípios,
que tua proclamação tenha legitimidade para conferir a um mortal o jurista alemão Robert Alexy é colocado entre os nomes do pós-
o poder de infringir as leis divinas, nunca escritas, porém irrevogá- -positivismo.
veis; não existem a partir de ontem, ou de hoje; são eternas, sim! E Ainda assim, é possível verificar, com relação a estas normas
ninguém pode dizer desde quando vigoram! Decretos como o que específicas, princípios ou tendências mais abrangentes, que envol-
proclamaste, eu, que não temo o poder de homem algum, posso vem um grupo de diretrizes ou então indiretamente compõem to-
violar sem merecer a punição dos deuses! [...]”. das elas. Em outras palavras, existem determinados fundamentos
O desrespeito às normas de direito natural - e porque não di- que pairam sobre todos os princípios e regras de direitos humanos
zer de direitos humanos - leva à invalidade da norma que assim o e fundamentais, como o caso da dignidade da pessoa humana, da
preveja (Ex: autorizar a tortura para fins de investigação penal e democracia e da razoabilidade proporcionalidade, ou referem-se
processual penal não é simplesmente inconstitucional, é mais que especificamente a um grupo deles, a exemplo da liberdade, da
isso, por ser inválida perante a ordem internacional de garantia de igualdade e da fraternidade.
direitos naturais/humanos uma norma que contrarie a dignidade Por isso, embora a nomenclatura princípio seja usual em dou-
inerente ao homem sob o aspecto da preservação de sua vida e
trina e jurisprudência quanto a estes elementos que serão estudados
integridade física e moral).
neste capítulo, opta-se, para fins de distinção dos demais princípios
Enfim, quando questões inerentes ao direito natural passam a
específicos, a adoção do vocábulo fundamento. Logo, pretende-se
ser colocadas em textos expressos tem-se a formação de um con-
deixar evidente que a existência de normas específicas de baixa
ceito contemporâneo de direitos humanos. Entre outros documen-
densidade normativa, adotando a forma de princípio jurídico, não
tos a partir dos quais tal concepção começou a ganhar forma, des-
exclui normas ainda mais abrangentes, também tomando a forma
tacam-se: Magna Carta de 1215, Bill of Rights ao final do século
de princípio, com baixíssima densidade normativa, a ponto de po-
XVII e Constituições da Revolução Francesa de 1789 e Americana
de 1787. No entanto, o documento que constitui o marco mais sig- derem ser consideradas fundamentos base de todo o sistema de
nificativo para a formação de uma concepção contemporânea de direitos humanos e fundamentais.
direitos humanos é a Declaração Universal de Direitos Humanos O principal fundamento de direitos humanos, sem sombra de
de 1948. Após ela, muitos outros documentos relevantes surgiram, dúvidas, é a dignidade da pessoa humana. A exemplo do que ex-
como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e Pacto põe Comparato37: “Uma das tendências marcantes do pensamento
Internacional de Direitos Humanos, Sociais e Culturais, ambos de moderno é a convicção generalizada de que o verdadeiro funda-
1966, além da Convenção Interamericana de Direitos Humanos mento de validade - do direito em geral e dos direitos humanos
(Pacto de São José da Costa Rica) de 1969, entre outros. em particular - já não deve ser procurado na esfera sobrenatural da
A finalidade primordial dos direitos humanos é garantir que revelação religiosa, nem tampouco numa abstração metafísica - a
a dignidade do homem não seja violada, estabelecendo um rol natureza - como essência imutável de todos os entes no mundo.
de bens jurídicos fundamentais que merecem proteção ineren- Se o direito é uma criação humana, o seu valor deriva, justamen-
tes, basicamente, aos direitos civis (vida, segurança, propriedade te, daquele que o criou. O que significa que esse fundamento não
e liberdade), políticos (participação direta e indireta nas decisões é outro, senão o próprio homem, considerado em sua dignidade
políticas), econômicos (trabalho), sociais (igualdade material, edu- substancial de pessoa, diante da qual as especificações individuais
cação, saúde e bem-estar), culturais (participação na vida cultural) e grupais são sempre secundárias”.
e ambientais (meio ambiente saudável, sustentabilidade para as fu- A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpre-
turas gerações). Percebe-se uma proximidade entre os direitos hu- tação de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que
manos e os direitos fundamentais do homem, o que ocorre porque possa se considerar compatível com os valores éticos, notadamen-
o valor da pessoa humana na qualidade de valor-fonte da ordem te da moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da
de vida em sociedade fica expresso juridicamente nestes direitos
36 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução
fundamentais do homem. Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
34 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. 37 COMPARATO, Fábio Konder. Fundamento dos Direitos
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. Humanos. Instituto de Estudos Avançados da USP, 1997. Disponível em:
35 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. São <http://www.iea.usp.br/publicacoes/textos/comparatodireitoshumanos.pdf>.
Paulo: Martin Claret, 2003. Acesso em: 02 jul. 2013.
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO
pessoa humana significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana bilidade e a proporcionalidade. Alexy39 entende que determina-
como centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídi- dos valores exteriorizam tudo o que é levado em conta num sope-
co, seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação. samento de direitos fundamentais: “assim, com poucos conceitos,
A menção constante da dignidade no que pode ser conside- como ‘dignidade’, ‘liberdade’, ‘igualdade’, ‘proteção’ e ‘bem-es-
rado o principal instrumento de declaração de direitos humanos tar da comunidade’, é possível abarcar quase tudo aquilo que tem
universais, qual seja a Declaração Universal de 1948, desde o seu que ser levado em consideração em um sopesamento de direitos
início a coloca não só como principal norte de interpretação das fundamentais”. Por sua vez, “segundo a lei do sopesamento, a me-
normas de direitos humanos como um todo, mas como a justifica- dida permitida de não-satisfação ou de afetação de um princípio
tiva principal para a criação de um sistema internacional com tal depende do grau de importância da satisfação do outro”40 .
natureza de proteção. Os fundamentos de direitos humanos servem como norte para
Comparato38 aponta outros fundamentos de direitos humanos toda norma de proteção dos direitos humanos, tanto no processo de
associados à dignidade da pessoa humana: elaboração quanto no de aplicação, sempre tendo em vista a pro-
a) Auto consciência: “Contrariamente aos outros animais, o moção da dignidade da pessoa humana em todas suas dimensões
homem não tem apenas memória de fatos exteriores, incorporada de direitos.
ao mecanismo de seus instintos, mas possui a consciência de sua Os direitos humanos possuem as seguintes características
própria subjetividade, no tempo e no espaço; sobretudo, consciên- principais:
cia de sua condição de ser vivente e mortal”. 1) Historicidade: os direitos humanos possuem antecedentes
b) Sociabilidade: “[...] o indivíduo humano somente desen- históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem novas pers-
volve as suas virtualidades de pessoa, isto é, de homem capaz de pectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimensões
cultura e auto aperfeiçoamento, quando vive em sociedade. É pre- de direitos.
ciso não esquecer que as qualidades eminentes e próprias do ser 2) Universalidade: os direitos humanos pertencem a todos e
humano - a razão, a capacidade de criação estética, o amor - são por isso se encontram ligados a um sistema global (ONU), o que
essencialmente comunicativas”. impede o retrocesso.
c) Historicidade: “A substância da natureza humana é his- 3) Inalienabilidade: os direitos humanos não possuem con-
tórica, isto é, vive em perpétua transformação, pela memória do teúdo econômico patrimonial, logo, são intransferíveis, inegociá-
passado e o projeto do futuro”. veis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia
d) Unicidade existencial: “outra característica essencial da uma limitação do princípio da autonomia privada.
condição humana é o fato de que cada um de nós se apresenta 4) Irrenunciabilidade: direitos humanos não podem ser re-
como um ente único e rigorosamente insubstituível no mundo”. nunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material des-
Outro fundamento de direitos humanos é a democracia. A tes direitos para a dignidade da pessoa humana.
adoção da forma democrática de Estado aparece como fundamento 5) Inviolabilidade: direitos humanos não podem deixar de ser
dos direitos humanos por ser um pressuposto para que eles pos- observados por disposições infraconstitucionais ou por atos das
sam ser adequadamente exercidos. Em outras palavras, fora de um autoridades públicas, sob pena de nulidades.
Estado democrático, não há possibilidade de exercício pleno de 6) Indivisibilidade: os direitos humanos compõem um único
nenhuma das dimensões de direito: a liberdade fica tolhida pela conjunto de direitos porque não podem ser analisados de maneira
censura, os direitos políticos pelo impedimento da participação isolada, separada.
popular, os direitos econômicos, sociais e culturais pela manipula- 7) Imprescritibilidade: os direitos humanos não se perdem
ção de recursos ao que é conveniente ao governo antidemocrático com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre exercíveis
e não ao interesse coletivo, os direitos de solidariedade pela im- e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso (prescrição).
possibilidade de criação de consciência coletiva sem o exercício 8) Complementaridade: os sistemas regionais descentrali-
e a efetivação dos direitos individuais. Na Declaração de 1948, zam a ONU para respeitar a complementaridade, ou seja, os di-
o conceito de democracia aparece associado adequadamente ao ferentes elementos de base cultural, religiosa e social das diversas
pressuposto de um Estado de Direito que propicie e assegure todos regiões.
os direitos humanos e fundamentais. 9) Interdependência: as dimensões de direitos humanos
Pode-se afirmar que o centro das três primeiras dimensões de apresentam uma relação orgânica entre si, logo, a dignidade da
direitos humanos consagrados também constituem fundamentos pessoa humana deve ser buscada por meio da implementação mais
de direitos humanos, quais sejam: liberdade, igualdade e frater- eficaz e uniforme das liberdades clássicas, dos direitos sociais,
nidade. Como se depreende do sistema internacional de proteção econômicos e de solidariedade como um todo único e indissolúvel.
de direitos humanos tais fundamentos lançam base para a declara- 10) Efetividade: para dar efetividade aos direitos humanos a
ção de inúmeros direitos humanos, servindo de viés para a leitura ONU se subdivide, isto é, o tratamento é global mas certas áreas
de todos eles. Assim, são mais do que princípios e sim verdadeiros irão cuidar de determinados direitos de suas regiões. Além disso,
nortes para a proteção internacional dos direitos humanos. há uma descentralização para os sistemas regionais para preservar
Não obstante, pela larga margem de interpretação que decorre a complementaridade, sem a qual não há efetividade. Reflete tal
da baixa densidade normativa das normas de direitos humanos, característica a aplicabilidade imediata dos direitos humanos pre-
surgem como fundamentos para a interpretação sistêmica a razoa- vista no art. 5°, §1° da Constituição Federal.
38 COMPARATO, Fábio Konder. Fundamento dos Direitos 39 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução
Humanos. Instituto de Estudos Avançados da USP, 1997. Disponível em: Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
<http://www.iea.usp.br/publicacoes/textos/comparatodireitoshumanos.pdf>. 40 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução
Acesso em: 02 jul. 2013. Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO
11) Relatividade: o princípio da relatividade dos direitos hu- Percebe-se o porquê da dignidade da pessoa humana ter tanto
manos possui dois sentidos: por um, o multiculturalismo existente destaque no sistema jurídico internacional e nacional, sendo men-
no globo impede que a universalidade se consolide plenamente, de ção constante nas legislações específicas e nas decisões judiciais,
forma que é preciso levar em consideração as culturas locais para bem como objeto de estudo na doutrina jurídica.
compreender adequadamente os direitos humanos; por outro, os di- Estabelecer um conceito para a dignidade da pessoa humana
reitos humanos não podem ser utilizados como um escudo para prá- é uma tarefa complicada, notadamente face à altíssima densidade
ticas ilícitas ou como argumento para afastamento ou diminuição da normativa inerente a este fundamento.
responsabilidade por atos ilícitos, assim os direitos humanos não são Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou plena,
ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos igualmente é possível conceituar dignidade da pessoa humana como o prin-
consagrados como humanos. cipal valor do ordenamento ético e, por consequência, jurídico
que pretende colocar a pessoa humana como um sujeito pleno
de direitos e obrigações na ordem internacional e nacional, cujo
2.2.2 A DIGNIDADE DA PESSOA desrespeito acarreta a própria exclusão de sua personalidade.
HUMANA E OS VALORES DA O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do Tri-
LIBERDADE, DA IGUALDADE E bunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito numa
DA SOLIDARIEDADE das decisões que relatou: “a dignidade consiste na percepção in-
trínseca de cada ser humano a respeito dos direitos e obrigações,
de modo a assegurar, sob o foco de condições existenciais míni-
mas, a participação saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação que isso importe destilação dos valores soberanos da democracia
de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa se e das liberdades individuais. O processo de valorização do indi-
considerar compatível com os valores éticos, notadamente da moral, víduo articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem
da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa humana olvidar que o espectro de abrangência das liberdades individuais
significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como centro e encontra limitação em outros direitos fundamentais, tais como a
norte para qualquer processo de interpretação jurídico, seja na ela- honra, a vida privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva regis-
boração da norma, seja na sua aplicação. trar que essas garantias, associadas ao princípio da dignidade da
A importância do princípio da dignidade da pessoa humana já
pessoa humana, subsistem como conquista da humanidade, razão
pode ser detraída com a sua aparição no preâmbulo e no primeiro
pela qual auferiram proteção especial consistente em indenização
artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948:
por dano moral decorrente de sua violação”41.
Pela própria impossibilidade de se estabelecer um conceito
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a
fechado, a doutrina se limita a relatar a importância da dignidade
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e
da pessoa humana, buscando enquadrá-la em termos históricos e
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
filosóficos, com as devidas correlações quanto à universalidade e
mundo,
[...] à validade dos direitos humanos.
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, Para Reale42, a evolução histórica demonstra o domínio de
na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem gra-
no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens dativa entre os valores; mas existem os valores fundamentais e
e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e me- os secundários, sendo que o valor fonte é o da pessoa humana.
lhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, Nesse sentido, são os dizeres de Reale43: “partimos dessa ideia, a
[...] nosso ver básica, de que a pessoa humana é o valor-fonte de todos
Artigo I os valores. O homem, como ser natural biopsíquico, é apenas um
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direi- indivíduo entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais
tos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação da mesma espécie. O homem, considerado na sua objetividade
umas às outras com espírito de fraternidade. espiritual, enquanto ser que só realiza no sentido de seu dever ser,
é o que chamamos de pessoa. Só o homem possui a dignidade ori-
A menção constante da dignidade no que pode ser considerado ginária de ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente como
o principal instrumento de declaração de direitos humanos univer- razão determinante do processo histórico”.
sais desde o seu início a coloca não só como principal norte de inter-
pretação das normas de direitos humanos como um todo, mas como
a justificativa principal para a criação de um sistema internacional
com tal natureza de proteção.
Como seria natural, a dignidade da pessoa humana foi transpos- 41 Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de
ta para os textos constitucionais dos países democráticos, inclusive Revista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz
o brasileiro, na qualidade de fundamento da república federativa: Bresciani de Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012.
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- 42 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed.
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: São Paulo: Saraiva, 2002.
[...] 43 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed.
III - a dignidade da pessoa humana; São Paulo: Saraiva, 2002.
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO
Ou ainda, aponta Barroso44: “o princípio da dignidade da pes- É pacífico que as três primeiras dimensões de direitos huma-
soa humana identifica um espaço de integridade moral a ser asse- nos envolvem: 1) direitos civis e políticos (LIBERDADE); 2) direitos
gurado a todas as pessoas por sua só existência no mundo. É um sociais, econômicos e culturais (IGUALDADE MATERIAL); 3) direi-
respeito à criação, independente da crença que se professe quanto à tos ambientais e de solidariedade (FRATERNIDADE). Destaca-se que
sua origem. A dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valo- as três primeiras dimensões de direitos remetem ao lema da Revolução
res do espírito como com as condições materiais de subsistência”. Francesa: “Liberdade, igualdade, fraternidade”.
Por sua vez, Bonavides45 entende que “a vinculação essencial Em relação à primeira dimensão de direitos, inicialmente, deno-
dos direitos fundamentais à liberdade e à dignidade humana, en- ta-se a afirmação dos direitos de liberdade, referente aos direitos que
quanto valores históricos e filosóficos, nos conduzirá sem óbices tendem a limitar o poder estatal e reservar parcela dele para o indivíduo
ao significado da universalidade inerente a esses direitos como (liberdade em relação ao Estado), sendo que posteriormente despon-
ideal da pessoa humana”. tam os direitos políticos, relativos às liberdades positivas no sentido
Uma das características dos direitos humanos é a interdepen- de garantir uma participação cada vez mais ampla dos indivíduos no
dência, segundo a qual as dimensões de direitos humanos apre- poder político (liberdade no Estado). Os dois movimentos que levaram
sentam uma relação orgânica entre si. Logo, a dignidade da pessoa à afirmação dos direitos de primeira dimensão, que são os direitos de li-
humana deve ser buscada por meio da implementação mais eficaz berdade e os direitos políticos, foram a Revolução Americana, que cul-
e uniforme das liberdades clássicas, dos direitos sociais, econômi- minou na Declaração de Virgínia (1776), e a Revolução Francesa, cujo
cos e de solidariedade como um todo único e indissolúvel. documento essencial foi a Declaração dos Direitos do Homem e do
As dimensões de direitos humanos não são estanques, mas Cidadão (1789)47. Quanto à segunda dimensão, foram proclamados os
sim complementares. Somam-se e dialogam uma com a outra, direitos sociais, expressando o amadurecimento das novas exigências
formando um completo sistema de proteção da pessoa humana. como as de bem-estar e igualdade material (liberdade por meio do Es-
Toma-se o pressuposto de que todos os bens jurídicos garantidos à tado). Durante a Revolução Industrial tomaram proporção os direitos
pessoa humana devem ser preservados e respeitados, sob pena de de segunda dimensão, que são os direitos sociais, refletindo a busca do
uma proteção defeituosa. Por isso mesmo, a nomenclatura dimen- trabalhador por condições dignas de trabalho, remuneração adequada,
são é mais adequada do que geração. educação e assistência social em caso de invalidez ou velhice, garantin-
Aprofunda Piovesan46, ao explicar a estrutura da Declaração do o amparo estatal à parte mais fraca da sociedade.48 Ao lado dos di-
de 1948 sob o aspecto das dimensões de direitos humanos: “Ao reitos sociais, chamados de segunda geração, emergiram os chamados
conjugar o valor da liberdade com o da igualdade, a Declaração in- direitos de terceira geração, que constituem uma categoria ainda hete-
troduz a concepção contemporânea de direitos humanos, pela qual rogênea e vaga, mas que concentra na reivindicação do direito de viver
esses direitos passam a ser concebidos como uma unidade interde- num ambiente sem poluição.49 A doutrina não é pacífica no que tange à
pendente e indivisível. Assim, partindo do critério metodológico definição de dimensões posteriores de direitos humanos. Para Bobbio50
que classifica os direitos humanos em gerações, compartilha-se o - e a maioria da doutrina - os chamados direitos de quarta dimensão se
entendimento de que uma geração de direitos não substitui a outra, referem aos efeitos traumáticos da evolução da pesquisa biológica, que
mas com ela interage. Isto é, afasta-se a equivocada visão da su- permitirá a manipulação do patrimônio genético do indivíduo de modo
cessão ‘geracional’ de direitos, na medida em que se acolhe a ideia cada vez mais intenso; enquanto que Bonavides51 defende que são de
da expansão, cumulação e fortalecimento dos direitos humanos, quarta dimensão os direitos inerentes à globalização política. Bona-
todos essencialmente complementares e em constante dinâmica de vides52 também diverge ao falar de uma quinta dimensão composta
interação. Logo, apresentando os direitos humanos uma unidade pelo direito à paz, o qual foi colocado por Vasak na terceira dimensão.
indivisível, revela-se esvaziado o direito à liberdade quando não Autores do direito eletrônico como Peck53 e Olivo54 entendem que ele
assegurado o direito à igualdade; por sua vez, esvaziado, revela-se seria a quinta dimensão dos direitos humanos, envolvendo o direito
o direito à igualdade quando não assegurada a liberdade”. de acesso e convivência num ambiente salutar no ciberespaço.
Portanto, a consolidação do princípio da dignidade da pessoa 47 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos.
humana depende do reconhecimento e da efetivação de todas as Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
dimensões de direitos humanos, que se consolidam nos fundamen- 48 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos.
tos da liberdade, da igualdade e da solidariedade (ou fraternidade). Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
Conforme evoluíram as chamadas dimensões dos direitos hu- 49 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos.
manos tais bens jurídicos fundamentais adquiriram novas verten-
Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
tes, saindo de uma noção individualista e chegando a uma coletiva,
50 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos.
de modo que a própria finalidade dos direitos humanos adquiriu
nova compreensão, deixando de ser preservar apenas o indivíduo Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
e passando a envolver a manutenção da sociedade sustentável. A 51 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito
teoria das dimensões de direitos humanos foi identificada por Ka- constitucional. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
rel Vasak. 52 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito
constitucional. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
44 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e 53 PECK, Patrícia. Direito digital. São Paulo:
aplicação da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. Saraiva, 2002.
45 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito 54 OLIVO, Luís Carlos Cancellier de. Os
constitucional. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. “novos” direitos enquanto direitos públicos virtuais na sociedade
46 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o da informação. In: WOLKMER, Antônio Carlos; LEITE, José
direito constitucional internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, Rubens Morato (Org.). Os “novos” direitos no Brasil: natureza e
2008. perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2003.
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO
Em resumo, as dimensões de direitos humanos se referem às - Todos são respeitados na sua fé, no seu pensamento e na sua
mudanças de paradigmas quanto aos bens jurídicos que deveriam ação na sociedade;
ser considerados fundamentais ao homem. Embora todo direito hu- - O cidadão é livre para praticar qualquer trabalho, ofício ou
mano seja imutável, isso não significa que o processo interpretativo profissão, mas a lei pode pedir estudo e diploma para isso;
não possa evoluir e, com isso, se reconhecer que um novo aspecto - Só o autor de uma obra tem o direito de usá-la, publicá-la e
da dignidade humana merece ampla proteção. tirar cópia, e esse direito passa para os seus herdeiros;
- Os bens de uma pessoa, quando ela morrer, passam para seus
herdeiros;
2.2.3 CIDADANIA: NOÇÃO, - Em tempo de paz, qualquer pessoa pode ir de uma cidade
SIGNIFICADO E HISTÓRIA para outra, ficar ou sair do país, obedecendo a lei feita para isso.
2.2.3.1 DIREITOS E DEVERES
DA CIDADANIA Fonte: http://www.significados.com.br/cidadania/
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa es- A primeira implicação da democracia em seu sentido clássico
tará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusiva- é que por meio dela é garantida a soberania popular, que pode ser
mente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito conceituada como “a qualidade máxima do poder extraída da soma
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigên- dos atributos de cada membro da sociedade estatal, encarregado de
cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade escolher os seus representantes no governo por meio do sufrágio
democrática. universal e do voto direto, secreto e igualitário”55. O sentido de
soberania popular associado à democracia pode ser depreendido
Quanto à disciplina na Constituição Federal, a adoção do mo- da menção do parágrafo único de que o poder emana do povo, que
delo de Estado Democrático consta desde o preâmbulo: o exerce.
Quanto ao conceito restrito de democracia, tem-se que ela é
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem- o regime de governo no qual os cidadãos participam das decisões
bleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democráti- políticas, direta ou indiretamente. Em outras palavras, democracia
co, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e indivi- (do grego, demo + kratos) é um regime de governo em que o po-
duais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, der de tomar decisões políticas está com os cidadãos, de forma
a igualdade e a justiça como valores supremos de uma socieda- direta (quando um cidadão se reúne com os demais e, juntos, eles
de fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a o poder de eleger um representante). Logo, dentro do conceito de
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção democracia incluem-se três modelos democráticos possíveis: dire-
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERA- to, indireto e misto.
TIVA DO BRASIL. Neste sentido, a principal classificação da democracia refere-
se aos seus modelos possíveis, que variam conforme o nível de
Em verdade, do preâmbulo se depreendem algumas esferas do participação popular direta ou indireta:
modelo de Estado Democrático, demonstrando que este vai além a) Democracia direta, também chamada de pura, na qual o
da simples permissão de participação política e ingressa na pos- cidadão expressa sua vontade por voto direto e individual em casa
sibilidade de exercício de direitos humanos e fundamentais por questão relevante;
todos os cidadãos, assegurando o respeito da dignidade destes. b) Democracia indireta, também chamada representativa,
O mesmo pode ser extraído de outras previsões do texto cons- em que os cidadãos exercem individualmente o direito de voto
titucional, notadamente a do título V, que trata da Defesa do Estado para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais esco-
e das Instituições Democráticas, que será exercida pelos órgãos de lhido(s) representa(m) todos os eleitores;
segurança pública e mediante institutos como o estado de defesa e c) Democracia semidireta ou participativa, em que se tem
o estado de sítio. Como instituições democráticas podem-se colo- uma democracia representativa mesclada com peculiaridades e
car todas aquelas que têm por fulcro assegurar a defesa de alguma atributos da democracia direta (sistema híbrido ou misto).
das facetas da dignidade da pessoa humana, logo, democracia é A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil, conside-
participação popular, mas não somente isso. rado o grande número de cidadãos, de modo que a regra é a demo-
Democracia significa dignidade e igualdade no exercício de cracia indireta. Na Grécia Antiga se encontra um raro exemplo de
direitos (por exemplo, o artigo 215, IV da Constituição Federal democracia direta, que somente era possível porque embora a po-
fala em democratização do acesso aos bens de cultura). pulação fosse grande, a maioria dela não era composta de pessoas
A Constituição Federal confere atenção também ao conceito consideradas como cidadãs, como mulheres, escravos e crianças,
clássico de democracia. O modelo de Estado Democrático previsto e somente os cidadãos tinham direito de participar do processo
no texto constitucional é conceituado de maneira mais restrita no democrático.
artigo 1º da Constituição Federal, que traz os fundamentos da Re- Uma democracia semidireta é um regime de democracia em
pública, em seu parágrafo único: que existe a combinação de representação política com formas de
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união democracia direta. A maioria dos países adota modelo de democra-
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons- cia semidireta, com a diferença de que uns se aproximam mais da
titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamen- indireta e outros mais da indireta. Contemporaneamente, o regime
tos: [...] Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o que mais se aproxima dos ideais de uma democracia direta é a
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos democracia semidireta da Suíça.
termos desta Constituição. A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, por-
que possibilita a participação popular direta no poder por inter-
Antes de esmiuçar este conceito, frisa-se a importância da médio de processos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa
menção ao modelo do Estado Democrático no preâmbulo e no ar- popular (artigo 14, caput, CF). Como são hipóteses restritas, pode-
tigo 1º do texto constitucional, despontando este como condição se afirmar que a democracia indireta é predominantemente adotada
sine qua non à consolidação das premissas trazidas pela Constitui- no Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto direto e secreto
ção Federal de 1988. com igual valor para todos.
A República Federativa do Brasil é um Estado Democrático Regime de governo é diferente de forma de governo. Por regi-
de Direito e a adoção da forma federativa que implica no modelo me de governo entende-se a adoção de uma forma democrática ou
democrático é considerada cláusula pétrea pela Constituição Fede- antidemocrática, ao passo que por forma de governo compreende-
ral em seu artigo 60, §4º, o que exclui a possibilidade de alteração se a adoção de um ou outro modelo governamental que permita
do regime de governo democrático, trocando-o por um antidemo- 55 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição
crático. federal anotada. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO
que tal forma ganhe vida. Em outras palavras, uma democracia humana significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como
pode existir num sistema presidencialista ou parlamentarista, repu- centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídico,
blicano ou monárquico - somente importa que seja dado aos cida- seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação.
dãos o poder de tomar decisões políticas (por si só ou por seu repre- Aponta Barroso56: “o princípio da dignidade da pessoa hu-
sentante eleito) para que exista democracia. mana identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado
Tomando que existe o regime de governo democrático, há tam- a todas as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito
bém o regime de governo antidemocrático ou ditatorial. Tal exis- à criação, independente da crença que se professe quanto à sua
tência não é atestada no campo meramente teórico, mas se detecta origem. A dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valores
de forma prática, isto é, existem na atualidade países que adotam do espírito como com as condições materiais de subsistência”.
regimes de governo ditatoriais. A ONU se opõe aos regimes ditato-
riais e toma medidas não somente para combatê-los, mas para escla- A formação de uma comunidade internacional não significa
recer o passado ditatorial dos países que passaram por um período a eliminação da soberania dos países, mas apenas uma relativi-
de privação da democracia. Ainda assim, muitos países hoje adotam zação, limitando as atitudes por ele tomadas em prol da preser-
regime antidemocrático de governo, utilizando-se de recursos como vação do bem comum e da paz mundial. Na verdade, o próprio
a censura para evitarem a queda do poder, a exemplo de Cuba, Chi- compromisso de respeito aos direitos humanos traduz a limita-
na, Coréia do Norte, Sudão e Irã. Todos estes países fazem parte da ção das ações estatais, que sempre devem se guiar por eles.
ONU e estão no centro dos debates mais polêmicos nela estabeleci- Sobre o direito de asilo, tem-se que serve para proteger uma
dos, uma vez que o ideário dos direitos humanos é completamente pessoa perseguida por suas opiniões políticas, situação racial,
contrário aos modelos antidemocráticos. convicções religiosas ou outro motivo político em seu país de
origem, permitindo que ela requeira perante a autoridade de ou-
tro Estado proteção. Claro, não se protege aquele que praticou
2.2.4 OS DIREITOS HUMANOS um crime comum em seu país e fugiu para outro, caso em que
FUNDAMENTAIS VIGENTES NA deverá ser extraditado para responder pelo crime praticado.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA:
DIREITOS À VIDA E À PRESERVAÇÃO A tortura é um dos piores meios de tratamento desumano,
DA INTEGRIDADE FÍSICA E MORAL expressamente vedada em âmbito internacional, como visto no
(HONRA, IMAGEM, NOME, INTIMIDADE tópico anterior. No Brasil, além da disciplina constitucional, a
E VIDA PRIVADA), À LIBERDADE Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de tortura e
EM TODAS AS SUAS FORMAS, dá outras providências.
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Afi-
À IGUALDADE, À PROPRIEDADE
nal, “o ser humano, através dos processos internos de reflexão,
E À SEGURANÇA, OS DIREITOS formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a
SOCIAIS, A NACIONALIDADE E OS opinião de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao con-
DIREITOS POLÍTICOS. sagrar a livre manifestação do pensamento, imprime a existência
jurídica ao chamado direito de opinião”57. Em outras palavras,
primeiro existe o direito de ter uma opinião, depois o de expres-
Os direitos humanos internacionalmente reconhecidos passa- sá-la.
ram por um processo de institucionalização no âmbito dos Estados, No entanto, tal direito é limitado. Um destes limites é o ano-
notadamente sendo transpostos e especificados nos textos consti- nimato, que consiste na garantia de atribuir a cada manifestação
tucionais, processo que será estudado no próximo tópico. Assim, uma autoria certa e determinada, permitindo eventuais responsa-
quando se falam nos direitos humanos na Constituição Federal bra- bilizações por manifestações que contrariem a lei.
sileira em verdade se pretende dar um olhar diferenciado às prin- “A manifestação do pensamento é livre e garantida em ní-
cipais normas de direitos fundamentais, compreendendo-as como vel constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões
reflexo de um processo de incorporação. Por isso mesmo, para fins e espetáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos no exer-
metodológicos, serão feitos comentários simultâneos ao texto cons- cício indevido da manifestação do pensamento são passíveis de
titucional e aos dispositivos do principal documento internacional exame e apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente
declaratório dos direitos humanos, a Declaração Universal de 1948, responsabilidade civil e penal de seus autores, decorrentes in-
que com ele se relacionam. clusive de publicações injuriosas na imprensa, que deve exercer
Três aspectos merecem destaque em termos de direitos huma- vigilância e controle da matéria que divulga”58.
nos: a forma do Estado Democrático de Direito, garantindo a estrita
observância da lei e a participação do povo no processo de escolha 56 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e
dos governantes; a soberania, que sofre relativizações com a par- aplicação da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382.
ticipação do Estado na comunidade internacional; a dignidade da
pessoa humana, valor norte de todo Estado. 57 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 10. ed.
de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa São Paulo: Saraiva, 2006.
se considerar compatível com os valores éticos, notadamente da 58 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito
moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa constitucional. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO
O direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de O livre exercício profissional é garantido, respeitados os limi-
se defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram tes legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de advogado
publicadas garantida exatamente a mesma repercussão. Mesmo aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Exame
quando for garantido o direito de resposta não é possível reverter da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a medicina
plenamente os danos causados pela manifestação ilícita de pensa- aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida pelo MEC
mento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização. e obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina.
A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa um
dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser indivi-
dual ou coletivo, moral ou material, econômico e não econômico.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material ou 2.2.5 A POLÍCIA CIVIL E A DEFESA
imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financeiramente e in- DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS:
denizado. A POLÍCIA JUDICIÁRIA E A PROMOÇÃO
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido
nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal,
a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afeti-
vos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a A segurança tem um duplo aspecto na Constituição Federal, a
capacidade, o estado de família)”59. saber, o aspecto de direito e garantia individual e coletivo, por es-
Consoante o magistério de José Afonso da Silva60, entra na li- tar prevista no caput, do art. 5º, da Constituição Federal (ao lado do
berdade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberdade de direito à vida, da liberdade, da igualdade, e da propriedade), bem
aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar como o aspecto de direito social, por estar prevista no art. 6º, da
de religião, além da liberdade de não aderir a religião alguma, as- Constituição Federal. A segurança do caput, do art. 5º, CF, todavia,
sim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de ex- se refere à “segurança jurídica”. Já a segurança do art. 6º, CF, se
primir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o refere à “segurança pública”, a qual encontra disciplinamento no
livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liberdade
art. 144, da Constituição da República.
de culto consiste na liberdade de orar e de praticar os atos próprios
Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua que
das manifestações exteriores em casa ou em público, bem como a
a educação e a saúde são “direitos de todos e dever do Estado”,
de recebimento de contribuições para tanto. Por fim, a liberdade de
fala, por outro lado, que a segurança pública, antes mesmo de ser
organização religiosa refere-se à possibilidade de estabelecimento e
direito de todos, é um “dever do Estado”. Com isso, isto é, ao co-
organização de igrejas e suas relações com o Estado.
locar a segurança pública antes de tudo como um dever do Estado,
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao
e só depois como um direito do todos, denota o compromisso dos
abordar a proteção da vida privada - que, em resumo, é a privacida-
de da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de amigos agentes estatais em prevenir a desordem, e, consequencialmente,
-, Silva61 entende que “o segredo da vida privada é condição de ex- evitar a justiça por próprias mãos.
pansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos de perso- Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Federal, se
nalidade em si. “O direito à honra distancia-se levemente dos dois afirma que a segurança pública é exercida para a preservação da
anteriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem ordem pública e da incolumidade das pessoas, como para a preser-
de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros vação dos patrimônios público e particular.
(honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. O Os órgãos responsáveis pela garantia da segurança pública,
direito à imagem também possui duas conotações, podendo ser en- compondo sua estrutura, são: polícia federal; polícia rodoviária fe-
tendido em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica da deral; polícia ferroviária federal; polícias civis; e polícias militares
pessoa, por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em senti- e corpos de bombeiros militares. Em destaque, o papel das polícias
do subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas pela militares, que é de polícia ostensiva e de preservação da ordem
pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”62. pública.
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele Com efeito, a atuação policial se dá no espaço público, que é
entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUAL- aquele de uso comum e posse de todos. Por muito tempo a atua-
QUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador foi fla- ção das polícias ficava restrita, apenas se limitava ao exercício do
grado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) ou desastre poder de polícia fiscalizatório e repressivo. No entanto, uma preo-
(incêndio, enchente, terremoto...) ou para prestar socorro (morador cupação social tem se arraigado nestas instituições, que tomaram
teve ataque do coração, está sufocado, desmaiado...), e SOMEN- novos rumos. Por exemplo as polícias também têm desenvolvido
TE DURANTE O DIA por determinação judicial. iniciativas junto à população em complemento às suas funções tra-
dicionais, como o caso de campanhas preventivas, da presença em
59 ZANNONI, Eduardo. El daño en la redes sociais e do serviço de ouvidoria e pesquisa de satisfação.
responsabilidad civil. Buenos Aires: Astrea, 1982. Pouco a pouco, percebe-se que há uma preocupação em apro-
60 SILVA, José Afonso da. Curso de direito ximar a polícia da sociedade, tirando a imagem de uma instituição
constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. à parte, inimiga da população. Mais que isso, pretende-se acabar
61 SILVA, José Afonso da. Curso de direito com a percepção da polícia como uma instituição avessa aos di-
constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. reitos humanos garantidos à população, passando a ser protetora
62 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso e efetivadora destes direitos, mesmo quando estiver atuando na
de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. repressão de um cidadão que infringiu a lei.
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO
Por outro lado, inegável que inúmeras notícias são veiculadas Neste ponto, será tecido um aprofundamento sobre as atitu-
diariamente a respeito da atuação policial no espaço público para des esperadas dos policiais no que tange ao respeito dos Direi-
dirimir conflitos e controlar manifestações. Muitas vezes, se dá o tos Humanos. Ricardo Balestreri63, com base em sua experiência
uso indevido da força, que deve ser coibido e caracteriza clássica de quase uma década de parceria no campo da educação para os
violação de direitos humanos. O uso desnecessário de disparos de direitos humanos junto a policiais e em demais aspectos de sua
armas, bombas de efeito moral, balas de borracha e outros aparatos experiência prática, tece treze considerações que devem ser guia
de contenção e dispersão caracteriza violação de direitos humanos, na atuação da polícia em relação aos Direitos Humanos, que estu-
notadamente, liberdade de expressão, liberdade de manifestação, daremos individualmente a partir deste ponto.
integridade física, moral e psíquica e vida. Portanto, é preciso res-
ponsabilidade na atuação policial no espaço público, utilizando da 1ª) Cidadania, dimensão primeira
força apenas na medida do necessário e sem perder de vista dos O policial é, antes de tudo um cidadão, e na cidadania deve
direitos humanos consagrados. nutrir sua razão de ser. Cidadão é aquele que possui com o Estado
Assim, durante muitos anos o tema “Direitos Humanos” foi o vínculo jurídico-político da nacionalidade, passando a compor
considerado antagônico ao de Segurança Pública. O principal mo-
o seu povo, adquirindo direitos políticos aos quais correspondem
tivo disso foi o autoritarismo vigente no país entre 1964 e 1984 e
deveres perante à sociedade. Um cidadão não é diferente do outro,
a manipulação, por ele, dos aparelhos policiais. Neste paradigma,
todos têm a mesma importância e o mesmo papel social.
a sociedade foi separada da polícia, como se esta não fizesse parte
Portanto, o policial é equiparado a todos os membros da co-
daquela.
Desde então, a polícia passou a ser caracterizada pelos seg- munidade em direitos e deveres. Sua condição de cidadania é,
mentos progressistas da sociedade de forma equivocada, quer di- portanto, condição primeira, tornando-se bizarra qualquer refle-
zer, passou a ser vista como inimiga da democracia e dos direitos xão fundada sobre suposta dualidade ou antagonismo entre uma
humanos, associando-se à repressão anti-democrática, à truculên- “sociedade civil” e outra “sociedade policial”, isto é, a sociedade
cia, ao conservadorismo. é uma só, composta por todos os cidadãos brasileiros e a polícia
Por sua vez, os Direitos Humanos como militância, na outra não forma uma sociedade paralela.
ponta, passaram a ser vistos como ideologicamente filiados à es- Essa afirmação é plenamente válida mesmo quando se trata
querda, durante toda a vigência da Guerra Fria (estranhamente, da Polícia Militar, que é um serviço público realizado na perspec-
nos países do “socialismo real”, os Direitos Humanos eram vistos tiva de uma sociedade única, da qual todos os segmentos estatais
como uma arma retórica e organizacional do capitalismo). No caso são derivados. Portanto não há, igualmente, uma “sociedade ci-
do Brasil, um país capitalista, em tempos de ditadura os Direitos vil” e outra “sociedade militar”.
Humanos faziam parte do ideário dos que tentavam derrubar o re- A “lógica” da Guerra Fria (socialismo/capitalismo), aliada
gime, por vezes utilizando-se de argumentos socialistas, ao passo aos “anos de chumbo”, no Brasil, quer dizer, ao período de di-
que aqueles que estavam no poder se valiam das violações a estes tadura militar, é que se encarregou de solidificar esses equívo-
Direitos Humanos como mecanismo para a manutenção do poder. cos, tentando transformar a polícia, de um serviço à cidadania,
Bem se sabe que até hoje se tenta quebrar o estigma conferido em ferramenta para enfrentamento do “inimigo interno”. Assim,
aos Direitos Humanos. Mesmo após a rearticulação democrática, o cidadão que não fazia parte do corpo policial passava a ser vis-
inclusive após a Constituição Federal de 1988, os defensores dos to como um potencial inimigo que pudesse derrubar o Estado.
Direitos Humanos passaram a ser vistos como defensores de ban- Mesmo após o encerramento desses anos de paranoia, sequelas
didos e da impunidade. ideológicas persistem indevidamente, obstaculizando, em algu-
Evidentemente, ambas visões, tanto a da época de ditadura mas áreas, a elucidação da real função policial.
militar quanto a que se instalou no início da redemocratização, es-
tão fortemente equivocadas e prejudicadas pelo preconceito. 2ª) Policial: cidadão qualificado
Estamos desde 1988 construindo uma nova democracia e O agente de Segurança Pública é, contudo, um cidadão qua-
essa paralisia de paradigmas das “partes” (uma vez que a visão
lificado: representa o Estado, em seu contato mais imediato com
de Direitos Humanos como um aparato de proteção de crimino-
a população. Em verdade, todo cidadão que é designado para de-
sos, embora de forma atenuada, permanece), representa um forte
sempenho de uma função pública passa a exteriorizar a imagem
impedimento à parceria para a edificação de uma sociedade mais
que o Estado pretende passar, à qual notadamente se encontra
civilizada.
Aproximar a policia das ONGs que atuam com Direitos Hu- aliado um valor ético. Mas não é o Estado que é ético ou não, e
manos, e vice-versa, é tarefa impostergável para que possamos sim as pessoas que compõem o seu aparato. Entre elas, destaca-
viver, a médio prazo, em uma nação que respire “cultura de ci- se o policial, uma das figuras representativas do Estado que mais
dadania”. Para que isso ocorra, é necessário que as lideranças do ficam aos olhos da população.
campo dos Direitos Humanos desarmem as “minas ideológicas” Sendo a autoridade mais comumente encontrada tem, portan-
altamente preconceituosas já referidas e não mais justificáveis, que to, a missão de ser uma espécie de “porta voz” popular do conjun-
agora impedem uma real aproximação. O mesmo vale para a polí- to de autoridades das diversas áreas do poder. Além disso, porta a
cia, que precisa deixar de acreditar que Direitos Humanos são um singular permissão para o uso da força e das armas, no âmbito da
inimigo para o desempenho efetivo das funções policiais. 63 BALESTERI, Ricardo. Direitos humanos:
A polícia pode aprender muito com a sociedade, e vice-versa, Coisa de polícia. Disponível em: <http://www.mpba.mp.br/
de forma a se promover uma atuação de agentes defensores da atuacao/ceosp/artigos/Balestreri_Direitos_Humanos_Coisa_
mesma democracia. policia.pdf>. Acesso em: 03 out. 2013.
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO
lei, o que lhe confere natural e destacada autoridade para a cons- A polícia é, portanto, uma espécie de superego social indispen-
trução social ou para sua devastação. O impacto sobre a vida de sável em culturas urbanas, complexas e de interesses conflitantes,
indivíduos e comunidades, exercido por esse cidadão qualificado é, contendo o óbvio caos a que estaríamos expostos na absurda hi-
pois, sempre um impacto extremado e simbolicamente referencial pótese de sua inexistência. Possivelmente por isso não se conheça
para o bem ou para o mal-estar da sociedade. nenhuma sociedade contemporânea que não tenha assentamento,
entre outros, no poder da polícia. Zelar, pois, diligentemente, pela
3ª) Policial: pedagogo da cidadania segurança pública, pelo direito do cidadão de ir e vir, de não ser
Há, assim, uma dimensão pedagógica no agir policial que, molestado, de não ser saqueado, de ter respeitada sua integridade
como em outras profissões de suporte público, antecede as próprias física e moral, é dever da polícia, um compromisso com o rol mais
especificidades de sua especialidade. básico dos direitos humanos que devem ser garantidos à imensa
Os paradigmas contemporâneos na área da educação nos obri- maioria de cidadãos honestos e trabalhadores.
gam a repensar o agente educacional de forma mais includente. Para isso é que a polícia recebe desses mesmos cidadãos a un-
No passado, esse papel estava reservado unicamente aos pais, pro- ção para o uso da força, quando necessário.
fessores e especialistas em educação. Hoje é preciso incluir com
primazia no rol pedagógico também outras profissões irrecusavel- 6ª) Rigor versus violência
mente formadoras de opinião: médicos, advogados, jornalistas e O uso legítimo da força não se confunde, contudo, com trucu-
policiais, por exemplo. lência. A fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo
O policial, assim, à luz desses paradigmas educacionais mais formal, pela lei, no campo racional pela necessidade técnica e, no
abrangentes, é um pleno e legítimo educador. Essa dimensão é inab- campo moral, pelo antagonismo que deve reger a metodologia de
dicável e reveste de profunda nobreza a função policial, quando policiais e criminosos. Significa que a lei delimita juridicamente a
atuação do policial, mas a própria moralidade incute no policial o
conscientemente explicitada através de comportamentos e atitudes.
bom senso que limita suas atuações. Assim, a força deve ser usada
com bom senso, na medida do necessário ao adequado desempenho
4ª) A importância da autoestima pessoal e institucional
das funções.
O reconhecimento da mencionada “dimensão pedagógica” é,
seguramente, o caminho mais rápido e eficaz para a reconquista
7ª) Policial versus criminoso: metodologias antagônicas
da abalada autoestima policial. Note-se que os vínculos de respeito
Dessa forma, mesmo ao reprimir, o policial oferece uma visua-
e solidariedade só podem constituir-se sobre uma boa base de au-
lização pedagógica, ao antagonizar-se aos procedimentos do crime.
toestima. A experiência primária do “querer-se bem” é fundamental Em termos de inconsciente coletivo, o policial exerce função
para possibilitar o conhecimento de como chegar a “querer bem educativa arquetípica: deve ser “o mocinho”, com procedimentos
o outro”. Não podemos viver para fora o que não vivemos para e atitudes coerentes com a “firmeza moralmente reta”, oposta radi-
dentro. calmente aos desvios perversos do outro arquétipo que se lhe con-
Em nível pessoal, é fundamental que o cidadão policial sinta- trapõe: o bandido.
se motivado e orgulhoso de sua profissão. Isso só é alcançável à Ao olhar para uns e outros, é preciso que a sociedade perceba
partir de um patamar de “sentido existencial”. Se a função policial claramente as diferenças metodológicas, isto é, que distinga o mo-
for esvaziada desse sentido, transformando o homem e a mulher cinho do bandido, ou a “confusão arquetípica” intensificará sua cri-
que a exercem em meros cumpridores de ordens sem um signifi- se de moralidade, incrementando a ciranda da violência. Em outras
cado pessoalmente assumido como ideário, o resultado será uma palavras, a sociedade que não olha para o policial como a pessoa
autoimagem denegrida e uma baixa autoestima. que está certa em sua atuação, e para o bandido como aquele que
Resgatar, pois, o pedagogo que há em cada policial, é permi- deve ser reprimido, tende a delinquir. Isso significa que a violência
tir a ressignificação da importância social da polícia, com a conse- policial é geradora de mais violência da qual, mui comumente, o
quente consciência da nobreza e da dignidade dessa missão. próprio policial torna-se a vítima.
A elevação dos padrões de autoestima pode ser o caminho mais Ao policial, portanto, não cabe ser cruel com os cruéis, vin-
seguro para uma boa prestação de serviços. Só respeita o outro gativo contra os antissociais, hediondo com os hediondos. Apenas
aquele que se dá respeito a si mesmo. Um policial insatisfeito com estaria com isso, liberando, licenciando a sociedade para fazer o
as funções que desempenha não pode ser um bom policial. mesmo, a partir de seu patamar de visibilidade moral. Não se ensina
a respeitar desrespeitando, não se pode educar para preservar a vida
5ª ) Polícia e “superego” social matando, não importa quem seja. O policial jamais pode esquecer
Essa “dimensão pedagógica”, evidentemente, não se confun- que também o observa o inconsciente coletivo.
de com “dimensão demagógica” e, portanto, não exime a polícia
de sua função técnica de intervir preventivamente no cotidiano e 8ª) A “visibilidade moral” da polícia: importância do exemplo
repressivamente em momentos de crise, uma vez que democracia Essa dimensão “testemunhal”, exemplar, pedagógica, que o
nenhuma se sustenta sem a contenção do crime, sempre fundado policial carrega irrecusavelmente é, possivelmente, mais marcante
sobre uma moralidade mal constituída e hedonista, resultante de na vida da população do que a própria intervenção do educador por
uma complexidade causal que vai do social ao psicológico. ofício, o professor.
Assim como nas famílias é preciso, em “ocasiões extremas”, Esse fenômeno ocorre devido à gravidade do momento em que
que o adulto sustente, sem vacilar, limites que possam balizar mo- normalmente o policial encontra o cidadão. À polícia recorre-se,
ralmente a conduta de crianças e jovens, também em nível macro como regra, em horas de fragilidade emocional, que deixam os
é necessário que alguma instituição se encarregue da contenção da indivíduos ou a comunidade fortemente “abertos” ao impacto psi-
sociopatia. cológico e moral da ação realizada.
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO
Por essa razão é que uma intervenção incorreta funda marcas 10ª) Critérios de seleção, permanência e acompanhamento
traumáticas por anos ou até pela vida inteira, assim como a ação Essa preocupação deve crescer à medida em que tenhamos
do “bom policial” será sempre lembrada com satisfação e conforto. clara a preferência da psicopatia pelas profissões de poder. Polí-
Curiosamente, um significativo número de policiais não con- tica profissional, Forças Armadas, Comunicação Social, Direi-
segue perceber com clareza a enorme importância que têm para a to, Medicina, Magistério e Polícia são algumas das profissões
sociedade, talvez por não haverem refletido suficientemente a res- de encantada predileção para os psicopatas, sempre em busca do
peito dessa peculiaridade do impacto emocional do seu agir sobre a exercício livre e sem culpas de seu poder sobre outrem.
clientela. Justamente aí reside a maior força pedagógica da polícia, Profissões magníficas, de grande amplitude social, que agre-
a grande chave para a redescoberta de seu valor e o resgate de sua gam heróis e mesmo santos, são as mesmas que atraem a escória,
autoestima. pelo alcance que têm, pelo poder que representam.
É essa mesma “visibilidade moral” da polícia o mais forte A permissão para o uso da força, das armas, do direito a
argumento para convencê-la de sua “responsabilidade paternal” decidir sobre a vida e a morte, exercem irresistível atração à per-
(ainda que não paternalista) sobre a comunidade. Zelar pela ordem versidade, ao delírio onipotente, à loucura articulada.
pública é, assim, acima de tudo, dar exemplo de conduta fortemente
Os processos de seleção de policiais devem tornar-se cada
baseada em princípios. Não há exceção quando tratamos de princí-
vez mais rígidos no bloqueio à entrada desse tipo de gente. Igual-
pios, mesmo quando está em questão a prisão, guarda e condução
mente, é nefasta a falta de um maior acompanhamento psicológi-
de malfeitores.
Se o policial é capaz de transigir nos seus princípios de civili- co aos policiais já na ativa.
dade, isto é, de relativizá-los, quando no contato com os sociopatas, A polícia é chamada a cuidar dos piores dramas da popula-
abona a violência, contamina-se com o que nega, conspurca a nor- ção e nisso reside um componente desequilibrador. Quem cuida
malidade, confunde o imaginário popular e rebaixa-se à igualdade da polícia?
de procedimentos com aqueles que combate. Os governos, de maneira geral, estruturam pobremente os
Note-se que a perspectiva, aqui, não é refletir do ponto de vista serviços de atendimento psicológico aos policiais e aproveitam
da “defesa do bandido”, mas da defesa da dignidade do policial. muito mal os policiais diplomados nas áreas de saúde mental.
A violência desequilibra e desumaniza o sujeito, não importa Evidentemente, se os critérios de seleção e permanência de-
com que fins seja cometida, e não restringe-se a áreas isoladas, mas, vem tornar-se cada vez mais exigentes, espera-se que o Estado
fatalmente, acaba por dominar-lhe toda a conduta. O violento se cuide também de retribuir com salários cada vez mais dignos.
dá uma perigosa permissão de exercício de pulsões negativas, que De qualquer forma, o zelo pelo respeito e a decência dos
vazam gravemente sua censura moral e que, inevitavelmente, vão quadros policiais não cabe apenas ao Estado mas aos próprios
alastrando-se em todas as direções de sua vida, de maneira incon- policiais, os maiores interessados em participarem de instituições
trolável. livres de vícios, valorizadas socialmente e detentoras de credibi-
lidade histórica.
9ª) “Ética” corporativa versus ética cidadã
Essa consciência da autoimportância obriga o policial a ab- 11ª) Direitos Humanos dos policiais: humilhação ver-
dicar de qualquer lógica corporativista. Por lógica corporativista, sus hierarquia
entende-se reforçar a distinção da polícia como uma corporação O equilíbrio psicológico, tão indispensável na ação da polí-
alheia à sociedade, autônoma. cia, passa também pela saúde emocional da própria instituição.
Ter identidade com a polícia, amar a corporação da qual parti- Mesmo que isso não se justifique, sabemos que policiais maltra-
cipa, coisas essas desejáveis, não se podem confundir, em momento tados internamente tendem a descontar sua agressividade sobre
algum, com acobertar práticas abomináveis. Ao contrário, a verda- o cidadão. Evidentemente, polícia não funciona sem hierarquia.
deira identidade policial exige do sujeito um permanente zelo pela Há, contudo, clara distinção entre hierarquia e humilhação, entre
“limpeza” da instituição da qual participa.
ordem e perversidade.
Um verdadeiro policial, ciente de seu valor social, será o pri-
Em muitas academias de polícia (é claro que não em todas)
meiro interessado no “expurgo” dos maus profissionais, dos cor-
os policiais parecem ainda ser “adestrados” para alguma suposta
ruptos, dos torturadores, dos psicopatas. Sabe que o lugar deles
“guerra de guerrilhas”, sendo submetidos a toda ordem de maus-
não é polícia, pois, além do dano social que causam, prejudicam o
equilíbrio psicológico de todo o conjunto da corporação e inundam tratos (beber sangue no pescoço da galinha, ficar em pé sobre
os meios de comunicação social com um marketing que denigre o formigueiro, ser “afogado” na lama por superior hierárquico, são
esforço heróico de todos aqueles outros que cumprem corretamente só alguns dos recentes exemplos que tenho colecionado à partir
sua espinhosa missão. Por esse motivo, não está disposto a conce- da narrativa de policiais).
der-lhes qualquer tipo de espaço. Por uma contaminação da ideologia militar (diga-se de pas-
Aqui, se antagoniza a “ética da corporação” (que na verdade é sagem, presente não apenas nas PMs mas também em muitas po-
a negação de qualquer possibilidade ética) com a ética da cidadania lícias civis), os futuros policiais são, muitas vezes, submetidos a
(aquela voltada à missão da polícia junto a seu cliente, o cidadão). violento estresse psicológico, a fim de atiçar-lhes a raiva contra o
O acobertamento de práticas espúrias demonstra, ao contrário “inimigo” (será, nesse caso, o cidadão?).
do que muitas vezes parece, o mais absoluto desprezo pelas institui- Essa permissividade na violação interna dos Direitos Hu-
ções policiais. Quem acoberta o espúrio permite que ele enxovalhe manos dos policiais pode dar guarida à ação de personalidades
a imagem do conjunto da instituição e mostra, dessa forma, não ter sádicas e depravadas, que usam sua autoridade superior como
qualquer respeito pelo ambiente do qual faz parte. cobertura para o exercício de suas doenças.
Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO
Além disso, como os policiais não vão lutar na extinta guerra Conclusão
do Vietnã, mas atuar nas ruas das cidades, esse tipo de “formação” A polícia, como instituição de serviço à cidadania em uma
(deformadora) representa uma perda de tempo, geradora apenas de de suas demandas mais básicas - Segurança Pública - tem tudo
brutalidade, atraso técnico e incompetência. para ser altamente respeitada e valorizada. Para tanto, precisa
A verdadeira hierarquia só pode ser exercida com base na lei e na resgatar a consciência da importância de seu papel social e, por
lógica, longe, portanto, do personalismo e do autoritarismo doentios. conseguinte, a autoestima.
O respeito aos superiores não pode ser imposto na base da hu- Esse caminho passa pela superação das sequelas deixadas
milhação e do medo. Não pode haver respeito unilateral, como não pelo período ditatorial: velhos ranços psicopáticos, às vezes ain-
pode haver respeito sem admiração. Não podemos respeitar aqueles da abancados no poder, contaminação anacrônica pela ideologia
a quem odiamos. militar da Guerra Fria, crença de que a competência se alcança
A hierarquia é fundamental para o bom funcionamento da polí- pela truculência e não pela técnica, maus-tratos internos a poli-
cia, mas ela só pode ser verdadeiramente alcançada através do exer- ciais de escalões inferiores, corporativismo no acobertamento de
cício da liderança dos superiores, o que pressupõe práticas bilaterais práticas incompatíveis com a nobreza da missão policial.
de respeito, competência e seguimento de regras lógicas e suprapes- O processo de modernização democrática já está instaurado
soais.
e conta com a parceria de organizações como a Anistia Interna-
cional (que, dentro e fora do Brasil, aliás, mantém um notável
12ª) Direitos Humanos dos policiais: humilhação versus hie-
quadro de policiais a ela filiados).
rarquia
No extremo oposto, a debilidade hierárquica é também um mal. Dessa forma, o velho paradigma antagonista da Segurança
Pode passar uma imagem de descaso e desordem no serviço públi- Pública e dos Direitos Humanos precisa ser substituído por um
co, além de enredar na malha confusa da burocracia toda a prática novo, que exige desacomodação de ambos os campos: “Seguran-
policial. ça Pública com Direitos Humanos”.
A falta de uma Lei Orgânica Nacional para a polícia civil, por O policial, pela natural autoridade moral que porta, tem o po-
exemplo, pode propiciar um desvio fragmentador dessa instituição, tencial de ser o mais marcante promotor dos Direitos Humanos,
amparando uma tendência de definição de conduta, em alguns casos, revertendo o quadro de descrédito social e qualificando-se como
pela mera junção, em “colcha de retalhos”, do conjunto das práticas um personagem central da democracia. As organizações não-go-
de suas delegacias. vernamentais que ainda não descobriram a força e a importância
Enquanto um melhor direcionamento não ocorre em plano na- do policial como agente de transformação, devem abrir-se, ur-
cional, é fundamental que os estados e instituições da polícia civil gentemente, a isso, sob pena de, aferradas a velhos paradigmas,
direcionem estrategicamente o processo de maneira a unificar sob perderem o concurso da ação impactante desse ator social.
regras claras a conduta do conjunto de seus agentes, transcendendo Direitos Humanos, cada vez mais, também é coisa de polí-
a mera predisposição dos delegados localmente responsáveis (e su- cia!
perando, assim, a “ordem” fragmentada, baseada na personificação).
Além do conjunto da sociedade, a própria polícia civil será altamente
beneficiada, uma vez que regras objetivas para todos (incluídas aí as
condutas internas) só podem dar maior segurança e credibilidade aos 2.2.5 O DIREITO DE RECEBER
que precisam executar tão importante e ao mesmo tempo tão intrin- SERVIÇOS PÚBLICOS ADEQUADOS
cado e difícil trabalho.
Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO
O desejável é que tais qualificações caminhem simultanea- Reconhecendo que os direitos essenciais do homem não de-
mente, mas é possível admitir que haja condutas administrativas rivam do fato de ser ele nacional de determinado Estado, mas sim
produzidas com eficiência, embora não tenham eficácia ou efetivi- do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana,
dade. Ou ainda, a conduta pode não ser muito eficiente mas, por razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza
conta dos meios eficazes, acabar por ser efetiva. Até é possível convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o di-
admitir que condutas eficientes e eficazes acabem por não alcançar reito interno dos Estados americanos;
os resultados desejados, sendo assim despidas de efetividade. Considerando que esses princípios foram consagrados na
Carta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração
Qualidade no serviço público Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração
Primeiramente, tem-se que os serviços públicos devem aten- Universal dos Direitos do Homem e que foram reafirmados e de-
der à característica da generalidade, porque devem ser prestados senvolvidos em outros instrumentos internacionais, tanto de âmbi-
com a maior amplitude possível, isto é, beneficiar o maior número to mundial como regional;
possível de indivíduos, não se perdendo de vista a promoção da Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos
igualdade material entre os beneficiários. Direitos do Homem, só pode ser realizado o ideal do ser humano
Por sua vez, o artigo 22, caput do Código de Defesa do Con- livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições
sumidor reflete bem a qualidade esperada do serviço público: “Os que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos,
órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permis- sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e
sionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são Considerando que a Terceira Conferência Interamericana
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à pró-
quanto aos essenciais, contínuos”. pria Carta da Organização de normas mais amplas sobre direitos
Adequados são os serviços compatíveis com as necessidades econômicos, sociais e educacionais e resolveu que uma convenção
da pessoa atendida e com os requisitos objetivos para o tipo de interamericana sobre direitos humanos determinasse a estrutura,
serviço que se espera ser prestado naquela situação. competência e processo dos órgãos encarregados dessa matéria,
Seguros são os serviços que não expõem a pessoa atendida a
riscos desnecessários, que fujam às expectativas normais de risco Convieram no seguinte:
do serviço prestado.
Eficientes são os serviços compatíveis com os novos proces- PARTE I
sos tecnológicos, mas que respeitem o menor gasto possível.
DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGI-
Contínuos são os serviços públicos que não sofrem interrup-
DOS
ção. A prestação dos serviços públicos deve ser contínua para evi-
CAPÍTULO I
tar que a paralisação provoque colapso nas múltiplas atividades
ENUMERAÇÃO DE DEVERES
particulares.
Se o serviço público for dotado destas características míni-
Artigo 1. Obrigação de respeitar os direitos
mas, possuirá qualidade.
1. Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a res-
peitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu
livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua juris-
2.2.6 OS SISTEMAS GLOBAL E dição, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo,
AMERICANO DE PROTEÇÃO DOS idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra nature-
DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS: za, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS qualquer outra condição social.
DIREITOS HUMANOS E A CONVENÇÃO 2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS Artigo 2. Dever de adotar disposições de direito interno
(PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA)
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no ar-
tigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou
de outra natureza, os Estados Partes comprometem-se a adotar, de
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HU- acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições
MANOS desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que
(Assinada na Conferência Especializada Interamericana sobre forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.
Direitos Humanos,
San José, Costa Rica, em 22 de novembro de 1969) CAPÍTULO II
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
PREÂMBULO
Artigo 3. Direito ao reconhecimento da personalidade ju-
Os Estados americanos signatários da presente Convenção, rídica
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente,
dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de li- Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua persona-
berdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direi- lidade jurídica.
tos essenciais do homem;
Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 4. Direito à vida devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades
públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de
direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento caráter privado;
da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. b. o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta motivos de consciência, o serviço nacional que a lei estabelecer
só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento em lugar daquele;
de sentença final de tribunal competente e em conformidade com c. o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que
lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido ameace a existência ou o bem-estar da comunidade; e
cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais d. o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas
não se aplique atualmente. normais.
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que
a hajam abolido. Artigo 7. Direito à liberdade pessoal
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por
delitos políticos, nem por delitos comuns conexos com delitos po- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.
líticos. 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no mo- pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas constitui-
mento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou ções políticas dos Estados Partes ou pelas leis de acordo com elas
maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. promulgadas.
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anis- 3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramen-
tia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos to arbitrários.
em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões
o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente. da sua detenção e notificada, sem demora, da acusação ou acusa-
ções formuladas contra ela.
Artigo 5. Direito à integridade pessoal 5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem de-
mora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de
física, psíquica e moral. um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.
liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade ine- 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um
rente ao ser humano. juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora,
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura
4. Os processados devem ficar separados dos condenados, sal- se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados Partes cujas
vo em circunstâncias excepcionais, e ser submetidos a tratamento leis preveem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada
de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal com-
adequado à sua condição de pessoas não condenadas.
petente a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça,
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser
tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode
separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com
ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.
a maior rapidez possível, para seu tratamento.
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não
6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade
limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos
essencial a reforma e a readaptação social dos condenados.
em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.
Artigo 6. Proibição da escravidão e da servidão Artigo 8. Garantias judiciais
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão, e 1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas ga-
tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são rantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal
proibidos em todas as suas formas. competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra
ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos, ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de na-
pena privativa da liberdade acompanhada de trabalhos forçados, tureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma
o cumprimento da dita pena, imposta por juiz ou tribunal compe- sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa.
tente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem a capa- Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade,
cidade física e intelectual do recluso. às seguintes garantias mínimas:
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os a. direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tra-
efeitos deste artigo: dutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do
a. os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa juízo ou tribunal;
reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedida b. comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusa-
pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços ção formulada;
Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO
c. concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias
a preparação de sua defesa; crenças está sujeita unicamente às limitações prescritas pela lei e
d. direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser que sejam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde
assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livre- ou a moral públicas ou os direitos ou liberdades das demais pessoas.
mente e em particular, com seu defensor; 4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que
e. direito irrenunciável de ser assistido por um defensor pro- seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa e moral que
porcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação esteja acorde com suas próprias convicções.
interna, se o acusado não se defender ele próprio nem nomear de-
fensor dentro do prazo estabelecido pela lei; Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão
f. direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tri-
bunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de
de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos; expressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar, receber
g. direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a e difundir informações e ideias de toda natureza, sem consideração
de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou
declarar-se culpada; e
artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
h. direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de
pode estar sujeito a censura prévia, mas a responsabilidades ulterio-
nenhuma natureza. res, que devem ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias
4. O acusado absolvido por sentença passada em julgado não para assegurar:
poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos. a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for neces- b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da
sário para preservar os interesses da justiça. saúde ou da moral
públicas.
Artigo 9. Princípio da legalidade e da retroatividade 3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou
meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou parti-
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no culares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de
momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acor- equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem
do com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a
grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se circulação de ideias e opiniões.
depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura pré-
mais leve, o delinquente será por isso beneficiado. via, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para prote-
ção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto
Artigo 10. Direito a indenização no inciso 2.
Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem
caso de haver sido condenada em sentença passada em julgado, como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que consti-
por erro judiciário. tua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.
Artigo 11. Proteção da honra e da dignidade Artigo 14. Direito de retificação ou resposta
1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reco- 1. Toda pessoa atingida por informações inexatas ou ofensivas
emitidas em seu prejuízo por meios de difusão legalmente regula-
nhecimento de sua dignidade.
mentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer,
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abu-
pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas con-
sivas em sua vida privada, na de sua família, em seu domicílio ou
dições que estabeleça a lei.
em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou 2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das
reputação. outras responsabilidades legais em que se houver incorrido.
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais inge- 3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publi-
rências ou tais ofensas. cação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rádio ou televi-
são, deve ter uma pessoa responsável que não seja protegida por
Artigo 12. Liberdade de consciência e de religião imunidades nem goze de foro especial.
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de Artigo 15. Direito de reunião
religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião
ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O
a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas
individual ou coletivamente, tanto em público como em privado. pela lei e que sejam necessárias, numa sociedade democrática, no
2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem públi-
limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou cas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e
de mudar de religião ou de crenças. liberdades das demais pessoas.
Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 16. Liberdade de associação Artigo 21. Direito à propriedade privada
1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus bens. A lei
com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, traba- pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.
lhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer outra na- 2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo me-
tureza. diante o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade
2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições pública ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos
previstas pela lei que sejam necessárias, numa sociedade demo- pela lei.
crática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da 3. Tanto a usura como qualquer outra forma de exploração do
ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou homem pelo homem devem ser reprimidas pela lei.
os direitos e liberdades das demais pessoas.
3. O disposto neste artigo não impede a imposição de restri- Artigo 22. Direito de circulação e de residência
ções legais, e mesmo a privação do exercício do direito de asso-
ciação, aos membros das forças armadas e da polícia. 1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Es-
tado tem direito de circular nele e de nele residir em conformidade
com as disposições legais.
Artigo 17. Proteção da família
2. Toda pessoa tem o direito de sair livremente de qualquer
país, inclusive do próprio.
1. A família é o elemento natural e fundamental da socieda-
3. O exercício dos direitos acima mencionados não pode ser
de e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado. restringido senão em virtude de lei, na medida indispensável,
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contraí- numa sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou
rem casamento e de fundarem uma família, se tiverem a idade e para proteger a segurança nacional, a segurança ou a ordem pú-
as condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida em blicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das
que não afetem estas o princípio da não-discriminação estabele- demais pessoas.
cido nesta Convenção. 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode tam-
3. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno bém ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo
consentimento dos contraentes. de interesse público.
4. Os Estados Partes devem tomar medidas apropriadas no 5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual
sentido de assegurar a igualdade de direitos e a adequada equiva- for nacional, nem ser privado do direito de nele entrar.
lência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, 6. O estrangeiro que se ache legalmente no território de um
durante o casamento e em caso de dissolução do mesmo. Em Estado Parte nesta Convenção só poderá dele ser expulso em cum-
caso de dissolução, serão adotadas disposições que assegurem a primento de decisão adotada de acordo com a lei.
proteção necessária aos filhos, com base unicamente no interesse 7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em ter-
e conveniência dos mesmos. ritório estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nas- comuns conexos com delitos políticos e de acordo com a legisla-
cidos fora do casamento como aos nascidos dentro do casamento. ção de cada Estado e com os convênios internacionais.
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entre-
Artigo 18. Direito ao nome gue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou
à liberdade pessoal esteja em risco de violação por causa da sua
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões
pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar políticas.
a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se for necessário. 9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
Artigo 23. Direitos políticos
Artigo 19. Direitos da criança
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e
Toda criança tem direito às medidas de proteção que a sua
oportunidades:
condição de menor requer por parte da sua família, da sociedade
a. de participar na direção dos assuntos públicos, diretamente
e do Estado. ou por meio de representantes livremente eleitos;
b. de votar e ser eleitos em eleições periódicas autênticas, rea-
Artigo 20. Direito à nacionalidade lizadas por sufrágio universal e igual e por voto secreto que garan-
ta a livre expressão da vontade dos eleitores; e
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. c. de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções
públicas de seu país.
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em 2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades
cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra. a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivos de
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua naciona- idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade ci-
lidade nem do direito de mudá-la. vil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em processo
penal.
Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 24. Igualdade perante a lei 3. Todo Estado Parte que fizer uso do direito de suspensão de-
verá informar imediatamente os outros Estados Partes na presente
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm Convenção, por intermédio do Secretário-Geral da Organização
direito, sem discriminação, a igual proteção da lei. dos Estados Americanos, das disposições cuja aplicação haja sus-
pendido, dos motivos determinantes da suspensão e da data em
Artigo 25. Proteção judicial que haja dado por terminada tal suspensão.
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a Artigo 28. Cláusula federal
qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais com-
petentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos funda- 1. Quando se tratar de um Estado Parte constituído como Es-
mentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente tado federal, o governo nacional do aludido Estado Parte cumprirá
Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as
que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais. matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.
2. Os Estados Partes comprometem-se:
a. a assegurar que a autoridade competente prevista pelo siste- 2. No tocante às disposições relativas às matérias que corres-
ma legal do pondem à competência das entidades componentes da federação, o
Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinen-
tal recurso; te, em conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de que
b. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e as autoridades competentes das referidas entidades possam adotar
c. a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, as disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.
de toda decisão em que se tenha considerado procedente o recurso.
3. Quando dois ou mais Estados Partes decidirem constituir
CAPÍTULO III entre eles uma federação ou outro tipo de associação, diligenciarão
DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as dis-
posições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo
Artigo 26. Desenvolvimento progressivo Estado assim organizado as normas da presente Convenção.
Artigo 29. Normas de interpretação
Os Estados Partes comprometem-se a adotar providências,
tanto no âmbito interno como mediante cooperação internacional,
Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada
especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir progressi-
no sentido de:
vamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas
a. permitir a qualquer dos Estados Partes, grupo ou pessoa, su-
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes
primir o gozo e exercício dos direitos e liberdades reconhecidos na
da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo
Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista;
Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por
b. limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade
via legislativa ou por outros meios apropriados. que possam ser reconhecidos de acordo com as leis de qualquer
dos Estados Partes ou de acordo com outra convenção em que seja
CAPÍTULO IV parte um dos referidos Estados;
SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTERPRETAÇÃO E c. excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser
APLICAÇÃO humano ou que decorrem da forma democrática representativa de
governo; e
Artigo 27. Suspensão de garantias d. excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declara-
ção Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos
1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emer- internacionais da mesma natureza.
gência que ameace a independência ou segurança do Estado Parte,
este poderá adotar disposições que, na medida e pelo tempo estrita- Artigo 30. Alcance das restrições
mente limitados às exigências da situação, suspendam as obrigações
contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao
não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconhecidos, não
Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma fundada podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promul-
em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social. gadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual
2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direi- houverem sido estabelecidas.
tos determinados seguintes artigos: 3 (Direito ao reconhecimento da
personalidade jurídica); 4 (Direito à vida); 5 (Direito à integridade Artigo 31. Reconhecimento de outros direitos
pessoal); 6 (Proibição da escravidão e servidão); 9 (Princípio da le-
galidade e da retroatividade); 12 (Liberdade de consciência e de re- Poderão ser incluídos no regime de proteção desta Conven-
ligião); 17 (Proteção da família); 18 (Direito ao nome); 19 (Direitos ção outros direitos e liberdades que forem reconhecidos de acordo
da criança); 20 (Direito à nacionalidade) e 23 (Direitos políticos), com os processos estabelecidos nos artigos 76 e 77.
nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.
Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO V Artigo 38
DEVERES DAS PESSOAS
As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se devam à ex-
Artigo 32. Correlação entre deveres e direitos piração normal do mandato, serão preenchidas pelo Conselho Per-
manente da Organização, de acordo com o que dispuser o Estatuto
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade da Comissão.
e a humanidade.
2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos Artigo 39
demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem
comum, numa sociedade democrática. A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação
da Assembleia Geral e expedirá seu próprio regulamento.
PARTE II
MEIOS DA PROTEÇÃO Artigo 40
CAPÍTULO VI
ÓRGÃOS COMPETENTES Os serviços de secretaria da Comissão devem ser desempenha-
dos pela unidade funcional especializada que faz parte da Secretaria-
Artigo 33 Geral da Organização e devem dispor dos recursos necessários para
São competentes para conhecer dos assuntos relacionados cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela Comissão.
com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados
Partes nesta Convenção: Seção 2 — Funções
a. a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravante
denominada a Comissão; e Artigo 41
b. a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante de-
nominada a Corte. A Comissão tem a função principal de promover a observância
e a defesa dos direitos humanos e, no exercício do seu mandato, tem
CAPÍTULO VII
as seguintes funções e atribuições:
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HU-
a. estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da
MANOS
América;
b. formular recomendações aos governos dos Estados mem-
Seção 1 — Organização
bros, quando o considerar conveniente, no sentido de que adotem
medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito de
Artigo 34
suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como dispo-
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-
se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de alta autoridade sições apropriadas para promover o devido respeito a esses direitos;
moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos. c. preparar os estudos ou relatórios que considerar convenientes
para o desempenho de suas funções;
Artigo 35 d. solicitar aos governos dos Estados membros que lhe propor-
cionem informações sobre as medidas que adotarem em matéria de
A Comissão representa todos os membros da Organização dos direitos humanos;
Estados Americanos. e. atender às consultas que, por meio da Secretaria-Geral da
Organização dos Estados Americanos, lhe formularem os Estados
Artigo 36 membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e,
1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pessoal, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que
pela Assembleia Geral da Organização, de uma lista de candidatos eles lhe solicitarem;
propostos pelos governos dos Estados membros. f. atuar com respeito às petições e outras comunicações, no
2. Cada um dos referidos governos pode propor até três can- exercício de sua autoridade, de conformidade com o disposto nos
didatos, nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro artigos 44 a 51 desta Convenção; e
Estado membro da Organização dos Estados Americanos. Quando g. apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Organi-
for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um deles de- zação dos Estados Americanos.
verá ser nacional de Estado diferente do proponente.
Artigo 42
Artigo 37
Os Estados Partes devem remeter à Comissão cópia dos re-
1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só latórios e estudos que, em seus respectivos campos, submetem
poderão ser reeleitos uma vez, porém o mandato de três dos mem- anualmente às Comissões Executivas do Conselho Interamericano
bros designados na primeira eleição expirará ao cabo de dois anos. Econômico e Social e do Conselho Interamericano de Educação,
Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na Ciência e Cultura, a fim de que aquela vele por que se promovam
Assembleia Geral, os nomes desses três membros. os direitos decorrentes das normas econômicas, sociais e sobre edu-
2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de cação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos
um mesmo Estado. Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.
Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 43 b. não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus
direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido
Os Estados Partes obrigam-se a proporcionar à Comissão as ele impedido de esgotá-los; e
informações que esta lhes solicitar sobre a maneira pela qual o seu c. houver demora injustificada na decisão sobre os menciona-
direito interno assegura a aplicação efetiva de quaisquer disposi- dos recursos.
ções desta Convenção.
Artigo 47
Seção 3 — Competência
A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comuni-
Artigo 44 cação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 quando:
a. não preencher algum dos requisitos estabelecidos no artigo
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-gover- 46;
namental legalmente reconhecida em um ou mais Estados mem- b. não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos
bros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que garantidos por esta
contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por Convenção;
um Estado Parte. c. pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for
manifestamente infundada a petição ou comunicação ou for evi-
Artigo 45 dente sua total improcedência; ou
1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito do seu d. for substancialmente reprodução de petição ou comunica-
instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou ção anterior, já examinada pela Comissão ou por outro organismo
em qualquer momento posterior, declarar que reconhece a compe- internacional.
tência da Comissão para receber e examinar as comunicações em
que um Estado Parte alegue haver outro Estado Parte incorrido em Seção 4 — Processo
violações dos direitos humanos estabelecidos nesta Convenção. Artigo 48
2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem
ser admitidas e examinadas se forem apresentadas por um Estado 1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação na
Parte que haja feito uma declaração pela qual reconheça a referi- qual se alegue violação de qualquer dos direitos consagrados nesta
da competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma Convenção, procederá da seguinte maneira:
comunicação contra um Estado Parte que não haja feito tal decla- a. se reconhecer a admissibilidade da petição ou comunica-
ração. ção, solicitará informações ao Governo do Estado ao qual pertença
3. As declarações sobre reconhecimento de competência po- a autoridade apontada como responsável pela violação alegada e
dem ser feitas para que esta vigore por tempo indefinido, por pe- transcreverá as partes pertinentes da petição ou comunicação. As
ríodo determinado ou para casos específicos. referidas informações devem ser enviadas dentro de um prazo ra-
4. As declarações serão depositadas na Secretária-geral da Or- zoável, fixado pela Comissão ao considerar as circunstâncias de
ganização dos Estados Americanos, a qual encaminhará cópia das cada caso;
mesmas aos Estados membros da referida Organização. b. recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fixado
sem que sejam elas recebidas, verificará se existem ou subsistem
Artigo 46 os motivos da petição ou comunicação. No caso de não existirem
ou não subsistirem, mandará arquivar o expediente;
1. Para que uma petição ou comunicação apresentada de c. poderá também declarar a inadmissibilidade ou a improce-
acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será dência da petição ou comunicação, com base em informação ou
necessário: prova supervenientes;
a. que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da juris- d. se o expediente não houver sido arquivado, e com o fim de
dição interna, de acordo com os princípios de direito internacional comprovar os fatos, a Comissão procederá, com conhecimento das
geralmente reconhecidos; partes, a um exame do assunto exposto na petição ou comunica-
b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir ção. Se for necessário e conveniente, a Comissão procederá a uma
da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha investigação para cuja eficaz realização solicitará, e os Estados
sido notificado da decisão definitiva; interessados lhes proporcionarão todas as facilidades necessárias;
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja pen- e. poderá pedir aos Estados interessados qualquer informação
dente de outro processo de solução internacional; e pertinente e receberá, se isso lhe for solicitado, as exposições ver-
d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a bais ou escritas que apresentarem os interessados; e
nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa f. pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de che-
ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a gar a uma solução amistosa do assunto, fundada no respeito aos
petição. direitos humanos reconhecidos nesta Convenção.
2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste artigo não 2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser realizada
se aplicarão quando: uma investigação, mediante prévio consentimento do Estado em
a. não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, cujo território se alegue haver sido cometida a violação, tão so-
o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que mente com a apresentação de uma petição ou comunicação que
se alegue tenham sido violados; reúna todos os requisitos formais de admissibilidade.
Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 49 Artigo 53
Se se houver chegado a uma solução amistosa de acordo com 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo
as disposições do inciso 1, f, do artigo 48, a Comissão redigirá um voto da maioria absoluta dos Estados Partes na Convenção, na As-
relatório que será encaminhado ao peticionário e aos Estados Par- sembleia Geral da Organização, de uma lista de candidatos propostos
tes nesta Convenção e, posteriormente, transmitido, para sua pu- pelos mesmos Estados.
blicação, ao Secretário-Geral da Organização dos Estados Ameri- 2. Cada um dos Estados Partes pode propor até três candidatos,
canos. O referido relatório conterá uma breve exposição dos fatos nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro Estado
e da solução alcançada. Se qualquer das partes no caso o solicitar, membro da Organização dos Estados Americanos. Quando se pro-
ser-lhe-á proporcionada a mais ampla informação possível. puser uma lista de três candidatos, pelo menos um deles deverá ser
nacional de Estado diferente do proponente.
Artigo 50
Artigo 54
1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do prazo que for
fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá um relatório no 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período de seis anos
qual exporá os fatos e suas conclusões. Se o relatório não repre- e só poderão ser reeleitos uma vez. O mandato de três dos juízes
sentar, no todo ou em parte, o acordo unânime dos membros da designados na primeira eleição expirará ao cabo de três anos. Ime-
Comissão, qualquer deles poderá agregar ao referido relatório seu diatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão por sorteio,
voto em separado. Também se agregarão ao relatório as exposições na Assembleia Geral, os nomes desses três juízes.
verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos interessados em 2. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não haja expi-
virtude do inciso 1, e, do artigo 48. rado, completará o período deste.
2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, aos 3. Os juízes permanecerão em funções até o término dos seus
quais não será facultado publicá-lo. mandatos. Entretanto, continuarão funcionando nos casos de que já
3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as houverem tomado conhecimento e que se encontrem em fase de sen-
proposições e recomendações que julgar adequadas.
tença e, para tais efeitos, não serão substituídos pelos novos juízes
eleitos.
Artigo 51
Artigo 55
1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados
interessados do relatório da Comissão, o assunto não houver sido
1. O juiz que for nacional de algum dos Estados Partes no caso
solucionado ou submetido à decisão da Corte pela Comissão ou
submetido à Corte, conservará o seu direito de conhecer do mesmo.
pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a Comissão
2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for de na-
poderá emitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros,
sua opinião e conclusões sobre a questão submetida à sua consi- cionalidade de um dos Estados Partes, outro Estado Parte no caso
deração. poderá designar uma pessoa de sua escolha para fazer parte da Corte
2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um na qualidade de juiz ad hoc.
prazo dentro do qual o Estado deve tomar as medidas que lhe com- 3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso, nenhum for
petirem para remediar a situação examinada. da nacionalidade dos Estados Partes, cada um destes poderá designar
3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto um juiz ad hoc.
da maioria absoluta dos seus membros, se o Estado tomou ou não 4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no artigo 52.
medidas adequadas e se publica ou não seu relatório. 5. Se vários Estados Partes na Convenção tiverem o mesmo inte-
resse no caso, serão considerados como uma só Parte, para os fins das
CAPÍTULO VIII disposições anteriores. Em caso de dúvida, a Corte decidirá.
CORTE INTERAMERICANA DE
DIREITOS HUMANOS Artigo 56
Seção 1 — Organização O quorum para as deliberações da Corte é constituído por cinco
juízes.
Artigo 52
Artigo 57
1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos Estados
membros da Organização, eleitos a título pessoal dentre juristas da A Comissão comparecerá em todos os casos perante a Corte.
mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em maté-
ria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para Artigo 58
o exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a
lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propu- 1. A Corte terá sua sede no lugar que for determinado, na As-
ser como candidatos. sembleia Geral da Organização, pelos Estados Partes na Conven-
2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade. ção, mas poderá realizar reuniões no território de qualquer Estado
membro da Organização dos Estados Americanos em que o con-
Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO
siderar conveniente pela maioria dos seus membros e mediante 2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se
prévia aquiescência do Estado respectivo. Os Estados Partes na fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos
Convenção podem, na Assembleia Geral, por dois terços dos seus assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as medidas pro-
votos, mudar a sede da Corte. visórias que considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que
2. A Corte designará seu Secretário. ainda não estiverem submetidos ao seu conhecimento, poderá
3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá assistir às atuar a pedido da Comissão.
reuniões que ela realizar fora da mesma.
Artigo 64
Artigo 59
1. Os Estados membros da Organização poderão consultar
A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e funcionará a Corte sobre a interpretação desta Convenção ou de outros tra-
sob a direção do Secretário da Corte, de acordo com as normas ad- tados concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados
ministrativas da Secretaria-Geral da Organização em tudo o que não americanos. Também poderão consultá-la, no que lhes compete,
for incompatível com a independência da Corte. Seus funcionários os órgãos enumerados no capítulo X da Carta da Organização dos
serão nomeados pelo Secretário-Geral da Organização, em consulta Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.
com o Secretário da Corte. 2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Organização,
poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de
Artigo 60 suas leis internas e os mencionados instrumentos internacionais.
A Corte elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Artigo 65
Assembleia Geral e expedirá seu regimento.
A Corte submeterá à consideração da Assembleia Geral da
Seção 2 — Competência e funções Organização, em cada período ordinário de sessões, um relatório
sobre suas atividades no ano anterior. De maneira especial, e com
Artigo 61 as recomendações pertinentes, indicará os casos em que um Estado
não tenha dado cumprimento a suas sentenças.
1. Somente os Estados Partes e a Comissão têm direito de sub-
meter caso à decisão da Corte.
Seção 3 — Procedimento
2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso, é necessá-
Artigo 66
rio que sejam esgotados os processos previstos nos artigos 48 a 50.
1. A sentença da Corte deve ser fundamentada.
Artigo 62
2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte a opinião
unânime dos juízes, qualquer deles terá direito a que se agregue à
1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito do seu
instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou sentença o seu voto dissidente ou individual.
em qualquer momento posterior, declarar que reconhece como obri-
gatória, de pleno direito e sem convenção especial, a competência Artigo 67
da Corte em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação
desta Convenção. A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em caso de
2. A declaração pode ser feita incondicionalmente, ou sob con- divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a Corte inter-
dição de reciprocidade, por prazo determinado ou para casos espe- pretá-la-á, a pedido de qualquer das partes, desde que o pedido seja
cíficos. Deverá ser apresentada ao Secretário-Geral da Organização, apresentado dentro de noventa dias a partir da data da notificação
que encaminhará cópias da mesma aos outros Estados membros da da sentença.
Organização e ao Secretário da Corte.
3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso Artigo 68
relativo à interpretação e aplicação das disposições desta Conven-
ção que lhe seja submetido, desde que os Estados Partes no caso 1. Os Estados Partes na Convenção comprometem-se a cum-
tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja por prir a decisão da Corte em todo caso em que forem partes.
declaração especial, como prevêem os incisos anteriores, seja por 2. A parte da sentença que determinar indenização compensa-
convenção especial. tória poderá ser executada no país respectivo pelo processo interno
vigente para a execução de sentenças contra o Estado.
Artigo 63
Artigo 69
1. Quando decidir que houve violação de um direito ou liber-
dade protegidos nesta Convenção, a Corte determinará que se as- A sentença da Corte deve ser notificada às partes no caso e
segure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade violados. transmitida aos Estados Partes na Convenção.
Determinará também, se isso for procedente, que sejam reparadas
as consequências da medida ou situação que haja configurado a
violação desses direitos, bem como o pagamento de indenização
justa à parte lesada.
Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO IV Convenção entrará em vigor logo que onze Estados houverem
DISPOSIÇÕES COMUNS depositado os seus respectivos instrumentos de ratificação ou de
adesão. Com referência a qualquer outro Estado que a ratificar ou
Artigo 70 que a ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará em vigor na
data do depósito do seu instrumento de ratificação ou de adesão.
1. Os juízes da Corte e os membros da Comissão gozam, des- 3. O Secretário-Geral informará todos os Estados membros da
de o momento de sua eleição e enquanto durar o seu mandato, das Organização sobre a entrada em vigor da Convenção.
imunidades reconhecidas aos agentes diplomáticos pelo Direito
Internacional. Durante o exercício dos seus cargos gozam, além Artigo 75
disso, dos privilégios diplomáticos necessários para o desempenho
de suas funções. Esta Convenção só pode ser objeto de reservas em conformi-
2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo algum dos dade com as disposições da Convenção de Viena sobre o Direito
juízes da Corte, nem dos membros da Comissão, por votos e opi- dos Tratados, assinada em 23 de maio de 1969.
niões emitidos no exercício de suas funções.
Artigo 76
Artigo 71
1. Qualquer Estado Parte, diretamente, e a Comissão ou a
Os cargos de juiz da Corte ou de membro da Comissão são Corte, por intermédio do Secretário-Geral, podem submeter à
incompatíveis com outras atividades que possam afetar sua inde- Assembleia Geral, para o que julgarem conveniente, proposta de
pendência ou imparcialidade conforme o que for determinado nos emenda a esta Convenção.
respectivos estatutos. 2. As emendas entrarão em vigor para os Estados que ratifi-
carem as mesmas na data em que houver sido depositado o res-
Artigo 72 pectivo instrumento de ratificação que corresponda ao número de
dois terços dos Estados Partes nesta Convenção. Quanto aos outros
Os juízes da Corte e os membros da Comissão perceberão
Estados Partes, entrarão em vigor na data em que depositarem eles
honorários e despesas de viagem na forma e nas condições que de-
os seus respectivos instrumentos de ratificação.
terminarem os seus estatutos, levando em conta a importância e in-
dependência de suas funções. Tais honorários e despesas de viagem
Artigo 77
serão fixados no orçamento-programa da Organização dos Estados
Americanos, no qual devem ser incluídas, além disso, as despesas
1. De acordo com a faculdade estabelecida no artigo 31, qual-
da Corte e da sua Secretaria. Para tais efeitos, a Corte elaborará o
seu próprio projeto de orçamento e submetê-lo-á à aprovação da quer Estado Parte e a Comissão podem submeter à consideração
Assembleia Geral, por intermédio da Secretaria-geral. Esta última dos Estados Partes reunidos por ocasião da Assembleia Geral, pro-
não poderá nele introduzir modificações. jetos de protocolos adicionais a esta Convenção, com a finalidade
de incluir progressivamente no regime de proteção da mesma ou-
Artigo 73 tros direitos e liberdades.
2. Cada protocolo deve estabelecer as modalidades de sua en-
Somente por solicitação da Comissão ou da Corte, confor- trada em vigor e será aplicado somente entre os Estados Partes no
me o caso, cabe à Assembleia Geral da Organização resolver sobre mesmo.
as sanções aplicáveis aos membros da Comissão ou aos juízes da
Corte que incorrerem nos casos previstos nos respectivos estatutos. Artigo 78
Para expedir uma resolução, será necessária maioria de dois ter-
ços dos votos dos Estados Membros da Organização, no caso dos 1. Os Estados Partes poderão denunciar esta Convenção de-
membros da Comissão; e, além disso, de dois terços dos votos dos pois de expirado um prazo de cinco anos, a partir da data da entra-
Estados Partes na Convenção, se se tratar dos juízes da Corte. da em vigor da mesma e mediante aviso prévio de um ano, notifi-
cando o Secretário-Geral da Organização, o qual deve informar as
PARTE III outras Partes.
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS 2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar o Estado Parte
CAPÍTULO X interessado das obrigações contidas nesta Convenção, no que diz
ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, RESERVA, EMENDA, respeito a qualquer ato que, podendo constituir violação dessas
PROTOCOLO E DENÚNCIA obrigações, houver sido cometido por ele anteriormente à data na
qual a denúncia produzir efeito.
Artigo 74
1. Esta Convenção fica aberta à assinatura e à ratificação ou
adesão de todos os Estados membros da Organização dos Estados
Americanos.
2. A ratificação desta Convenção ou a adesão a ela efetuar-se-á
mediante depósito de um instrumento de ratificação ou de adesão
na Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos. Esta
Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO XI
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
2.3 DIREITO PENAL
Seção 1 — Comissão Interamericana de Direitos Humanos
2.3.1 CRIME: CONCEITOS
Artigo 79
Conceito de Delito
Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário-Geral pedirá São dois conceitos de delito que importam:
por escrito a cada Estado membro da Organização que apresente,
dentro de um prazo de noventa dias, seus candidatos a membro da A) Conceito analítico
Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O Secretário-Ge- Falar em conceituar analiticamente algo, exige a análise de um
ral preparará uma lista por ordem alfabética dos candidatos apre- fenômeno em setores. Do ponto de vista analítico, o que é crime?
sentados e a encaminhará aos Estados membros da Organização Há uma primeira posição: crime é fato típico e antijurídico.
pelo menos trinta dias antes da Assembleia Geral seguinte. É uma possibilidade de descrever o delito do ponto de vista analí-
tico com dois requisitos. Damásio e Capez fazem isso.
Artigo 80 Outra forma: fato típico, antijurídico e culpável. Agora, es-
tamos falando de 3 elementos. Nelson Hungria, Cesar Bittencourt,
A eleição dos membros da Comissão far-se-á dentre os candi- Regis Prado, entre outros.
datos que figurem na lista a que se refere o artigo 79, por votação Terceira corrente: fato típico, antijurídico, culpável e puní-
secreta da Assembleia Geral, e serão declarados eleitos os candi- vel. Ou seja, quatro efeitos. A diferença é a punibilidade. Punibi-
datos que obtiverem maior número de votos e a maioria absolu- lidade é a ameaça de pena. Ou seja, o que enfatiza essa corrente?
ta dos votos dos representantes dos Estados membros. Se, para Algo novo, que é a ameaça de pena, para dizer o seguinte: não
eleger todos os membros da Comissão, for necessário realizar vá- existe crime sem ameaça de pena.
rias votações, serão eliminados sucessivamente, na forma que for Por último, doutrina minoritária, crime é ação, típica, anti-
determinada pela Assembleia Geral, os candidatos que receberem jurídica, culpável e punível. Ou seja, 5 requisitos (essa doutrina
menor número de votos. decompõe o conceito e dá autonomia para a ação).
Há um novíssimo conceito, teoria constitucionalista do delito
Seção 2 — Corte Interamericana de Direitos Humanos que diz: fato típico, fato formal e materialmente típico e fato
antijurídico. É uma novíssima concepção: teoria constitucionalis-
Artigo 81 ta do delito de Luiz Flávio Gomes.
Qualquer um desses conceitos é possível que se coloque numa
Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário-Geral soli- prova. Não existe nenhum desses conceitos errados, muito embora
deve-se conhecer a banca examinadora do seu concurso antes de
citará por escrito a cada Estado Parte que apresente, dentro de um
optar por um conceito específico. Exemplo: quantos requisitos tem
prazo de noventa dias, seus candidatos a juiz da Corte Interameri-
o delito? O que responder na hora da prova? Falar de todas corren-
cana de Direitos Humanos. O Secretário-Geral preparará uma lista
tes. Todas estão certas.
por ordem alfabética dos candidatos apresentados e a encaminhará
aos Estados Partes pelo menos trinta dias antes da Assembleia Ge-
B) Conceito material
ral seguinte.
Delito é ofensa a um direito subjetivo.
Delito é ofensa a um bem.
Artigo 82 Delito é ofensa aos valores éticos.
Delito é ofensa à norma.
A eleição dos juízes da Corte far-se-á dentre os candidatos Melhor conceito material de delito: “É uma ofensa grave a um
que figurem na lista a que se refere o artigo 81, por votação se- bem jurídico relevante”.
creta dos Estados Partes, na Assembleia Geral, e serão declarados
eleitos os candidatos que obtiverem maior número de votos e a
maioria absoluta dos votos dos representantes do Estados Partes.
Se, para eleger todos os juízes da Corte, for necessário realizar 2.3.2 CRIME E CONTRAVENÇÃO
várias votações, serão eliminados sucessivamente, na forma que
for determinada pelos Estados Partes, os candidatos que receberem
menor número de votos.
Primeiramente, importa esclarecer que o Brasil é dualista, ou
binário. Isso significa que há duas espécies de infrações penais:
1) Crime - delito
2) Contravenção Penal – crime anão, delito lilliputiano, cri-
me vagabundo (este terceiro sinônimo caiu na prova do MP/SP).
“O Brasil é adepto do sistema dualista, estabelecendo a exis-
tência de crimes e contravenções. A diferença destes (crimes) para
contravenção é de grau, é puramente axiológica e não ontológi-
ca”. – Rogério Sanches.
Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE DIREITO
Diferenças entre crimes e contravenções penais Espécies de Dolo:
a) Tipo de pena privativa de liberdade - Dolo normativo
- Em se tratando de crime, as penas privativas de liberdade são É o dolo segundo a teoria clássica, causal ou naturalista. É
reclusão e detenção. o dolo que integra a culpabilidade e não a conduta, e tem como
- Em se tratando de contravenção penal a ÚNICA pena priva- elementos a consciência (sei o que faço), a vontade (quero fazer) e
tiva de liberdade possível é a prisão simples (arts. 5º e 6º da Lei a consciência da ilicitude (sei que é errado). É o dolo que depende
das Contravenções Penais). de um juízo de valor.
- Dolo natural
Prisão simples JAMAIS é cumprida no fechado, nem mesmo É o dolo segundo a doutrina finalista. Para os finalistas, o
por intermédio da regressão. dolo passou a constituir elemento do fato típico (conduta dolosa),
Tipo de ação penal deixando de ser requisito para a culpabilidade. A consciência da
ilicitude se destacou do dolo e passou a integrar a culpabilidade.
- O crime admite ação penal pública e ação penal de iniciativa Assim, o dolo que passou para a conduta é aquele composto ape-
privada. nas por consciência e vontade (sem a consciência da ilicitude, que
- Contravenção penal, não. Crimes, admitem as mais variadas passou a integrar a culpabilidade). É uma manifestação psicológi-
espécies de ação penal. Contravenção penal, não! Contravenção ca, que prescinde de juízo de valor. É o dolo adotado pelo Código
penal só é perseguida mediante ação pena pública incondicio- Penal.
nada. - Dolo genérico
Crime e contravenção penal ontologicamente são idênticos, É a vontade de realizar o verbo do tipo sem qualquer finali-
conforme já dito aqui. A diferença é axiológica, quanto ao grau, dade especial.
quanto à gravidade. O que é crime e o que é contravenção penal, - Dolo específico
vai depender de opção política do legislador. Ele pode, amanhã É a vontade de realizar o verbo do tipo com uma finalidade
transformar uma contravenção em crime e vice-versa porque a di- especial. Sempre que no tipo houver um elemento subjetivo, para
ferença é quanto ao grau. Para fazer a opção, o legislador toma que o fato seja típico, será necessário o dolo específico.
por base o que está na lei. Na hora de escolher se tal fato vai ser - Dolo de perigo
crime ou vai ser contravenção ele deve analisar se exige reclusão É a vontade de expor o bem a uma situação de perigo de dano.
ou prisão simples. O perigo pode ser concreto ou abstrato. Quando o perigo for con-
Vejam como, realmente, a opção é política: o mesmo fato creto, é necessária a efetiva comprovação de que o bem jurídico
(porte ilegal de arma de fogo), até 1997, era uma contravenção ficou exposto a uma real situação de perigo (exemplo: crime do
penal. Em 2003 passou a ser crime. Exatamente o mesmo fato. O artigo 132 do Código Penal). O perigo abstrato, também conhecido
legislador veio enquadrá-lo na condição de crime. O mesmo fato. como presumido, é aquele em que basta a prática da conduta para
Tudo isso com base em opção política. que a lei presuma o perigo (exemplo: artigo 135 do Código Penal).
Os Professores Damásio de Jesus e Luiz Flávio Gomes sustentam
que os crimes de perigo abstrato não existem mais na ordem jurí-
dica.
2.3.3 CRIME DOLOSO E - Dolo de dano
CRIME CULPOSO Existe quando a vontade é de produzir uma efetiva lesão ao
bem jurídico. Quase todos os crimes são de dano (exemplos: furto,
homicídio etc.).
- Dolo direto ou determinado
DOLO Existe quando o agente quer produzir resultado certo e deter-
Conceito minado; é o dolo da teoria da vontade.
Existem três teorias que falam sobre o conceito de dolo: - Dolo indireto ou indeterminado
Teoria da vontade: dolo é a vontade de praticar a conduta e É aquele que existe quando o agente não quer produzir resul-
produzir o resultado. O agente quer o resultado. tado certo e determinado. Pode ser:
Teoria do assentimento ou da aceitação: dolo é a vontade de Eventual: quando o agente não quer produzir o resultado, mas
praticar a conduta com a aceitação dos riscos de produzir o resulta- aceita o risco de produzi-lo (exemplo: o motorista que, em desa-
do. O agente não quer, mas não se importa com o resultado. balada corrida, para chegar em seu destino, aceita o resultado de
Teoria da representação ou da previsão: dolo é a previsão do atropelar uma pessoa). Nélson Hungria lembra a fórmula de Frank
resultado. Para que haja dolo, basta o agente prever o resultado. para explicar o dolo eventual: “Seja como for, dê no que der, em
O Código Penal adotou as teorias da vontade e do assentimen- qualquer caso não deixo de agir”.
to. Ao conceituar crime doloso, o legislador indiretamente concei- Alternativo: quando o agente quer produzir um ou outro resul-
tuou dolo: “quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco tado (exemplo: o agente atira para ferir ou para matar; nesse caso,
de produzi-lo” (artigo 18, inciso I, do Código Penal). A teoria da responde pelo resultado mais grave, aplicando-se o princípio da
representação, que confunde culpa consciente com dolo, não foi consunção).
adotada. - Dolo geral ou erro sucessivo
Conhecido também como erro sobre o nexo causal ou aber-
ratio causae, ocorre quando o agente, supondo já ter produzido o
resultado, pratica nova agressão, que para ele é mero exaurimento,
Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE DIREITO
mas é nesse momento que atinge a consumação (exemplo: “A” Tipo Aberto
quer matar “B” por envenenamento; após o envenenamento, su- O tipo culposo é um tipo aberto, pois não há descrição da con-
pondo que “B” já está morto, “A” joga o que imagina ser um cadá- duta. Assim, se o legislador tentasse descrever todas as hipóteses
ver no rio e “B” acaba morrendo por afogamento; nesse caso, o erro em que ocorresse culpa, certamente jamais esgotaria o rol. Com-
é irrelevante, pois o que vale é a intenção do agente, que responderá para-se a conduta do agente, no caso concreto, com a conduta de
por homicídio doloso). O Professor Damásio de Jesus entende que uma pessoa de prudência mediana. Se a conduta do agente se afas-
o agente deve responder por tentativa de homicídio, aplicando-se a tar dessa prudência, haverá a culpa. Será feita uma valoração para
teoria da imputação objetiva. verificar a existência da culpa.
O tipo culposo, como vimos, é um tipo aberto. Excepcional-
CULPA mente, o tipo culposo é um tipo fechado. Exemplos: receptação
Culpa é o elemento normativo da conduta (não confundir com culposa, tráfico culposo (ministrar dose evidentemente maior) etc.
elemento normativo do tipo), pois sua existência decorre da compa-
ração que se faz entre o comportamento do agente no caso concreto Excepcionalidade da Culpa
e aquele previsto na norma, que seria o ideal. Essa norma corres- Um crime só pode ser punido como culposo quando há pre-
ponde ao sentimento médio da sociedade sobre o que é certo e o visão expressa na lei. Se a lei é omissa o crime só é punido como
que é errado. doloso (artigo 18, parágrafo único, do Código Penal).
Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE DIREITO
- Culpa indireta ou mediata Pergunta: Em que momento o crime sai de sua fase preparató-
É aquela em que o sujeito dá causa indiretamente a um resul- ria e começa a ser executado?
tado culposo (exemplo: o assaltante aponta uma arma a um mo- Resposta: A execução começa com a prática do primeiro ato
torista que está parado no sinal; o motorista, assustado, foge do idôneo e inequívoco à consumação do crime. Ato idôneo é o capaz
carro e acaba sendo atropelado). A solução do problema depende de produzir o resultado e ato inequívoco é o que, fora de qualquer
da previsibilidade ou imprevisibilidade do segundo resultado. dúvida, induz ao resultado. Assim, a execução está ligada ao verbo
- Culpa imprópria de cada tipo. Quando o agente começa a praticar o verbo do tipo,
Também é chamada culpa por extensão, por assimilação ou inicia-se a execução.
por equiparação. Nesse caso, o resultado é previsto e querido pelo
agente, que age em erro de tipo inescusável ou vencível. Exemplo: TENTATIVA
“A” está em casa assistindo televisão quando seu primo entra na Tentativa é a não consumação de um crime, cuja execução foi
casa pelas portas dos fundos; pensando tratar-se de um ladrão, “A” iniciada, por circunstâncias alheias à vontade do agente.
efetua disparos de arma de fogo contra seu azarado parente. Nes-
se caso, “A” acredita estar agindo em legítima defesa. Como “A” Espécies de Tentativa:
agiu em erro de tipo inescusável ou vencível (se fosse mais atento - Tentativa imperfeita ou inacabada
e diligente perceberia que era seu primo), responde por homicídio Ocorre quando a execução do crime é interrompida, ou seja,
culposo nos termos do artigo 20, § 1.º, do Código Penal. Obser- o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não chega a
ve-se que a culpa imprópria, na verdade, diz respeito a um crime praticar todos os atos de execução do crime .
doloso que o legislador aplica pena de crime culposo. - Tentativa perfeita ou acabada
Se “A”, no entanto, tivesse agido em erro de tipo escusável ou Também conhecida como “crime falho”. Ocorre quando o
invencível, haveria exclusão de dolo e culpa, hipótese em que “A” agente pratica todos os atos de execução do crime, mas o resultado
ficaria impune. não se produz por circunstâncias alheias à sua vontade.
Qual a solução se o primo (do exemplo citado acima) não ti-
vesse morrido? - Tentativa branca ou incruenta
Há duas posições na doutrina: Classificação para os crimes contra a pessoa; ocorre quando a
- 1.ª posição: “A” responderia por lesões corporais culposas. vítima não é atingida.
- 2.ª posição: “A” responderia por tentativa de homicídio cul- - Tentativa cruenta
poso. Classificação para os crimes contra a pessoa; ocorre quando
Preferimos a primeira posição, pois não admitimos a tentativa a vítima é atingida, mas o resultado desejado não acontece por
em crime culposo. circunstância alheia à vontade do agente.
Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE DIREITO
que a carta é interceptada por terceiro. Alguns crimes de mera Característica essencial
conduta também admitem tentativa, como a violação de domicílio No estado de necessidade, um bem jurídico é sacrificado para
(o agente pode, sem sucesso, tentar invadir domicílio de outrem). salvar outro ameaçado por situação de perigo (exemplo: naufrágio).
O crime unissubsistente comporta tentativa em alguns casos, por
exemplo, quando o agente efetua um único disparo contra a vítima Teorias
e erra o alvo. Teoria unitária: o estado de necessidade sempre exclui a anti-
juridicidade. Essa teoria foi acolhida pelo Código Penal.
Tentativa Abandonada ou Qualificada Teoria diferenciada (Direito Penal alemão): se o bem sacrifi-
Ocorre quando, iniciada a execução, o resultado não se produz cado for de valor igual ao salvo, o estado de necessidade só exclui
por força da vontade do próprio agente. É chamada pela doutrina a culpabilidade.
de ponte de ouro. Comporta duas espécies: desistência voluntária
e arrependimento eficaz. Requisitos para a existência do estado de necessidade
Na desistência voluntária, o agente interrompe voluntaria- O perigo deve ser atual ou iminente. A lei só fala em perigo
mente a execução do crime, impedindo, desse modo, a sua con- atual, mas a doutrina considera que o agente não precisa aguardar
sumação. Ocorre antes de o agente esgotar os atos de execução, o perigo surgir para só então agir. Assim, o perigo deve estar acon-
sendo possível somente na tentativa imperfeita ou inacabada. Não tecendo naquele momento ou prestes a acontecer. Quando, portan-
há que se falar em desistência voluntária em crime unissubsistente, to, o perigo for remoto ou futuro, não há o estado de necessidade.
visto que este é composto de um único ato. O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio. Necessá-
No arrependimento eficaz, o agente executa o crime até o rio se faz que o bem esteja protegido pelo ordenamento jurídico
último ato, esgotando-os, e logo após se arrepende, impedindo o (exemplo: o condenado à morte não pode alegar estado de neces-
resultado. Só é possível no caso da tentativa perfeita ou acabada. sidade contra o carrasco). No caso de situação de perigo a bem de
Ocorre somente nos crimes materiais que se consumam com a ve- terceiro, não há necessidade da autorização deste.
rificação do resultado naturalístico. O perigo não pode ter sido causado voluntariamente pelo
A desistência ou o arrependimento não precisa ser espontâneo, agente. Quem dá causa a uma situação de perigo não pode invocar
mas deve ser voluntário. Mesmo se a desistência ou a resipiscên- o estado de necessidade para afastá-la. Aquele que provocou o pe-
rigo com dolo não age em estado de necessidade porque tem o de-
cia for sugerida por terceiros subsistirão seus efeitos. A tentativa
ver jurídico de impedir o resultado. Mas, se o perigo foi provocado
abandonada, em suas duas modalidades, exclui a aplicação da pena
culposamente, o agente pode se valer do estado de necessidade.
por tentativa, ou seja, o agente responderá somente pelos atos até
Observação: há, entretanto, quem defenda que, mesmo se o perigo
então praticados.
foi provocado culposamente, o agente não pode se valer do estado
de necessidade.
Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode
2.3.5 ESTADO DE NECESSIDADE. invocar o estado de necessidade, pois deve afastar a situação de
LEGÍTIMA DEFESA. ESTRITO perigo sem lesar qualquer outro bem jurídico (exemplo: bombei-
CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL. ro). Observe-se que a lei fala em dever legal e não dever jurídico,
sendo este mais amplo do que aquele.
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
Inevitabilidade do comportamento lesivo, ou seja, somente
deverá ser sacrificado um bem se não houver outra maneira de
afastar a situação de perigo.
É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade do
As causas de exclusão da ilicitude (também chamadas exclu- perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravi-
são da antijuridicidade, causas justificantes ou descriminantes) dade da lesão causada. Trata-se da razoabilidade do sacrifício, ou
podem ser: seja, se o sacrifício for razoável, haverá estado de necessidade, ex-
- causas legais: são as quatro previstas em lei (estado de ne- cluindo-se a ilicitude. Se houver desproporcionalidade o fato será
cessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e o ilícito, afastando-se o estado de necessidade, e o réu terá direito à
exercício regular de direito); redução da pena de 1/3 a 2/3 (artigo 24, § 2.º, do Código Penal).
- causas supralegais: são aquelas não previstas em lei, que po- Requisito subjetivo: os finalistas consideram mais um requi-
dem ser admitidas sem que haja colisão com o princípio da reserva sito do estado de necessidade; o conhecimento da situação justifi-
legal, pois aqui se cuida de norma não incriminadora (exemplo: cante. Se não houver esse conhecimento, o agente não terá direito
colocação de piercing; não se trata de crime de lesão corporal, pois a invocar o estado de necessidade. Para os clássicos, esse conheci-
há o consentimento do ofendido). mento é irrelevante.
Consiste em uma conduta lesiva praticada para afastar uma Espécies de estado de necessidade
situação de perigo. Obviamente, não é qualquer situação de perigo Próprio ou de terceiro: é próprio quando há o sacrifício de
que admite a conduta lesiva e não é qualquer conduta lesiva que um bem jurídico para salvar outro que é do próprio agente. É de
pode ser praticada na situação de perigo. A situação de perigo pode terceiro quando o sacrifício visa a salvar bem jurídico de terceiro.
ser, por exemplo, um fenômeno da natureza, um ataque de animal Real ou putativo: é real quando se verificam todos os requi-
irracional, um ataque humano justificado (se for injusto, será legí- sitos da situação de perigo. É putativo quando não subsistem, de
tima defesa). fato, todos os requisitos legais da situação de necessidade, mas o
agente os julga presentes.
Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE DIREITO
Defensivo ou agressivo: é defensivo quando há o sacrifício de Espécies de legítima defesa
bem jurídico da própria pessoa que criou a situação de perigo. É - legítima defesa putativa: é a legítima defesa imaginária. É a
agressivo quando há o sacrifício de bem jurídico de terceira pessoa errônea suposição da existência da legítima defesa por erro de tipo
inocente. ou erro de proibição.
- legítima defesa subjetiva: é o excesso cometido por um erro
Legítima Defesa plenamente justificável.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando mode- - legítima defesa sucessiva: é a repulsa contra o excesso.
radamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem. Hipóteses de cabimento da legítima defesa:
Trata-se de causa de exclusão da ilicitude consistente em repe- - cabe legítima defesa real contra legítima defesa putativa.
lir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, - cabe legítima defesa putativa contra legítima defesa real
usando moderadamente dos meios necessários. (exemplo: “A” é o agressor, “B” é a vítima. “A” começa a agredir
Requisitos “B” e este começa a se defender. “C” não sabe quem começou a
- Agressão: ataque humano. No caso de ataque de animal irra-
briga e age em legítima defesa de “A”, agredindo “B”).
cional, não há legítima defesa e sim estado de necessidade.
- cabe legítima defesa putativa contra legítima defesa putativa.
Observação: se uma pessoa açula um animal para atacar ou-
- cabe legítima defesa real contra agressão culposa.
tra, há legítima defesa, pois nesse caso o animal é instrumento do
- cabe legítima defesa real contra agressão de inimputável.
crime.
A agressão pode ser ativa ou passiva:
- ativa: a agressão injusta é uma ação; Pergunta: Cabe legítima defesa real contra legítima defesa
- passiva: quando o ato de agredir é uma omissão, é preciso subjetiva?
que o agressor omitente esteja obrigado a atuar (exemplo: carcerei- Resposta: Em tese caberia, pois a partir da continuidade da
ro que, mesmo com alvará de soltura, não liberta o preso). agressão a vítima se torna agressora. Para a jurisprudência, en-
tretanto, não é aceita quando o excesso for repelido pelo próprio
- Injusta: no sentido de ilícita, contrária ao ordenamento ju- agressor, porque não pode invocar a legítima defesa quem iniciou
rídico. a agressão, mas o excesso pode ser repelido por terceiro.
A agressão deve ser ilícita. Assim, não se admite:
-legítima defesa real contra legítima defesa real; Estrito Cumprimento do Dever Legal
-legítima defesa real contra estado de necessidade real; O dever deve constar de lei, decreto, regulamento ou qualquer
-legítima defesa real contra exercício regular de direto; ato administrativo, desde que de caráter geral. Quando há ordem
-legítima defesa real contra estrito cumprimento do dever específica a um agente, não há o estrito cumprimento do dever
legal. legal, mas obediência hierárquica (estudada na culpabilidade).
Observação: em nenhuma dessas hipóteses havia agressão O agente atua em cumprimento de um dever imposto generi-
injusta. camente, de forma abstrata e impessoal. Se houver abuso no cum-
primento da ordem, não há a excludente, o cumprimento deve ser
- Atual ou iminente:atual é a agressão que está acontecendo e estrito, limitado aos ditames legais.
iminente é a que está prestes a acontecer. Não cabe legítima defe- É possível haver estrito cumprimento do dever legal putativo,
sa contra agressão passada ou futura nem quando há promessa de ou seja, o sujeito pensa que está agindo no estrito cumprimento do
agressão. dever legal, mas não está.
- A direito próprio ou de terceiro: há legítima defesa própria Necessário se faz ainda o requisito subjetivo, a consciência de
quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia quan- que se cumpre um dever legal; do contrário, há um ilícito.
do defende terceiro. Pode-se alegar legítima defesa alheia mesmo
agredindo o próprio terceiro (exemplo: em caso de suicídio, pode-
Exercício Regular do Direito
se agredir o terceiro para o salvar).
O exercício de um direito jamais pode configurar um fato ilíci-
- Meio necessário: é o meio menos lesivo colocado à disposi-
to. O exercício irregular ou abusivo do direito, ou com espírito de
ção do agente no momento da agressão.
- Moderação: é o emprego do meio menos lesivo dentro dos mera emulação, faz desaparecer a excludente.
limites necessários para conter a agressão. Somente quando ficar
evidente a intenção de agredir e não a de se defender, caracterizar- OBSERVAÇÕES:
se-á o excesso. - Ofendículos e defesa mecânica predisposta: Ofendículos
são aparatos visíveis destinados à defesa da propriedade ou de
Excesso é a intensificação desnecessária de uma ação inicial- qualquer outro bem jurídico. O que os caracteriza é a visibilidade,
mente justificada, ou seja, ocorre quando se utiliza um meio que devendo ser perceptíveis por qualquer pessoa (exemplos: lança no
não é necessário ou quando se utiliza meio necessário sem mode- portão da casa, caco de vidro no muro etc.). Existem duas posições
ração. Se o excesso for doloso não há legítima defesa. Se o excesso sobre sua natureza jurídica:
for culposo o agente responde pelo crime culposo. Neste caso, os - legítima defesa preordenada, pois o aparato é armado com
jurados desclassificam o crime doloso contra a vida para um crime antecedência, mas só atua no instante da agressão (Damásio de
culposo (é a chamada desclassificação imprópria). Caso não se ca- Jesus);
racterize nem o dolo nem a culpa do excesso, verifica-se a legítima - exercício regular de direito (Aníbal Bruno).
defesa subjetiva.
Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE DIREITO
- Defesa mecânica predisposta: é aparato oculto destinado à Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo 122 do
defesa da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico. Podem CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga alguém a se suici-
configurar delitos culposos, pois alguns aparatos instalados impru- dar ou presta-lhe auxílio para que o faça. Reclusão de dois a seis
dentemente podem trazer trágicas consequências. Observação: Para anos, se o suicídio se consumar, ou reclusão de um a três anos, se
o Prof. Damásio de Jesus, nos dois casos, salvo condutas manifesta- da tentativa de suicídio resultar lesão corporal de natureza grave.
mente imprudentes, é mais correta a aplicação da justificativa da legí- A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo egoísti-
tima defesa. A predisposição do aparelho constitui exercício regular co, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por qualquer causa,
de direito, mas, no momento em que este atua, o caso é de legítima a capacidade de resistência. Neste crime não se pune a tentativa.
defesa preordenada. Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela mãe con-
tra o filho, sob condições especiais (em estado puerperal, isto é,
logo pós o parto).
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrompe a
2.3.6 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA gravidez de forma a trazer destruição do produto da concepção.
No auto-aborto ou no aborto com consentimento da gestante, esta
sempre será o sujeito ativo do ato, e o feto, o sujeito passivo. No
aborto sem o consentimento da gestante, os sujeitos passivos serão
Crimes. o feto e a gestante.
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado sem
Dos crimes contra a pessoa - crimes contra a vida o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três a dez anos.
Aborto provocado com o consentimento da gestante – Reclu-
HOMICÍDIO são, de um a quatro anos. A pena pode ser aumentada para reclusão
De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da vida de um de três a dez anos, se a gestante for menor de quatorze anos, se for
homem por outro homem. De forma objetiva, é o ato cometido ou alienada ou débil mental, ou ainda se o consentimento for obtido
omitido que resulta na eliminação da vida do ser humano. mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta típica Forma qualificada - As penas são aumentadas de um terço se,
limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio não possui ca- em consequência do aborto ou dos meios empregados para pro-
racterísticas de qualificação, privilégio ou atenuação. É o simples ato vocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal de natureza grave. São
da prática descrita na interpretação da lei, ou seja, o ato de trazer a
duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
morte a uma pessoa.
Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado por médi-
Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo primeiro – É
co: se não há outro meio de salvar a vida da gestante; e se a gravi-
a conduta típica do homicídio que recebe o benefício do privilégio,
dez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
sempre que o agente comete o crime impelido por motivo de relevan-
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
te valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo
após a injusta provocação da vítima, podendo o juiz reduzir a pena
de um sexto a um terço. Lesões corporais
Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segundo – É a
conduta típica do homicídio onde se aumenta a pena pela prática do Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a saúde de
crime, pela sua ocorrência nas seguintes condições: mediante paga outra pessoa.
ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; por motivo
fútil, com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - parágrafo
outro meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo co- primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocupações habituais,
mum; por traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro por mais de trinta dias; perigo de vida; debilidade permanente de
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; e para membro, sentido ou função; ou aceleração de parto.
assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de
outro crime. Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 - parágra-
Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É a con- fo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente para o trabalho;
duta típica do homicídio que se dá pela imprudência, negligência ou enfermidade incurável; perda ou inutilização do membro, sentido
imperícia do agente, o qual produz um resultado não pretendido, mas ou função; deformidade permanente; ou aborto.
previsível, estando claro que o resultado poderia ter sido evitado.
No homicídio culposo a pena é aumentada de um terço, se o Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e as cir-
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou cunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima. O assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio preterintencional).
mesmo ocorre se não procura diminuir as consequências do seu ato,
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a Diminuição de pena - Se o agente comete o crime impelido
pena é aumentada de um terço se o crime é praticado contra pessoa por motivo de relevante valor social ou moral, ou ainda sob o do-
menor de quatorze ou maior de sessenta anos. mínio de violenta emoção, seguida de injusta provocação da víti-
Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz ma, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que torne desneces- Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o resultado
sária a sanção penal. do ato praticado, mesmo sabendo que tal resultado era previsível.
Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE DIREITO
Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra ascen- ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homi-
dente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem cídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
conviva ou tenha convivido; ou ainda prevalecendo-se o agente contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Pena: anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
detenção, de três meses a três anos. § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o pró-
TÍTULO I prio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desne-
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA cessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
CAPÍTULO I § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
DOS CRIMES CONTRA A VIDA crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela
Homicídio simples Lei nº 12.720, de 2012)
Art. 121. Matar alguém: § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de
Caso de diminuição de pena 2015)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele- I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao par-
vante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, to; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode redu- II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
zir a pena de um sexto a um terço. (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104,
Homicídio qualificado de 2015)
§ 2° Se o homicídio é cometido: III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
motivo torpe; Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
II - por motivo fútil; Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma;
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta
comum;
lesão corporal de natureza grave.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou
Parágrafo único - A pena é duplicada:
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofen-
Aumento de pena
dido;
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa,
vantagem de outro crime:
a capacidade de resistência.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Infanticídio
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o pró-
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: prio filho, durante o parto ou logo após:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - detenção, de dois a seis anos.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For- Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que ou-
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em trem lho provoque: (Vide ADPF 54)
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente Pena - detenção, de um a três anos.
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluí- Aborto provocado por terceiro
do pela Lei nº 13.142, de 2015) Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Pena - reclusão, de três a dez anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo fe- Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
minino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de (Vide ADPF 54)
2015) Pena - reclusão, de um a quatro anos.
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a ges-
de 2015) tante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental,
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (In- ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
cluído pela Lei nº 13.104, de 2015) violência
Homicídio culposo Forma qualificada
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são
Pena - detenção, de um a três anos. aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos
Aumento de pena meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas,
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de lhe sobrevém a morte.
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ADPF 54)
Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE DIREITO
Aborto necessário § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representan- de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
te legal. deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente des-
CAPÍTULO II crito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
DAS LESÕES CORPORAIS sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
Lesão corporal companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído
Pena - detenção, de três meses a um ano. pela Lei nº 13.142, de 2015)
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta: CAPÍTULO III
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trin- DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
ta dias;
II - perigo de vida; Perigo de contágio venéreo
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou
IV - aceleração de parto: qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe
Pena - reclusão, de um a cinco anos. ou deve saber que está contaminado:
§ 2° Se resulta: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
I - Incapacidade permanente para o trabalho; § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
II - enfermidade incurável; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; § 2º - Somente se procede mediante representação.
IV - deformidade permanente; Perigo de contágio de moléstia grave
V - aborto: Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia
Pena - reclusão, de dois a oito anos. grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Lesão corporal seguida de morte Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o Perigo para a vida ou saúde de outrem
agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. e iminente:
Diminuição de pena Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele- crime mais grave.
vante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um ter-
logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir ço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre
a pena de um sexto a um terço. do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabele-
Substituição da pena cimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas le-
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a gais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos Abandono de incapaz
de réis: Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defen-
II - se as lesões são recíprocas. der-se dos riscos resultantes do abandono:
Lesão corporal culposa Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Aumento de pena § 2º - Se resulta a morte:
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. (Redação Aumento de pena
dada pela Lei nº 12.720, de 2012) § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. terço:
(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, tutor ou curador da vítima.
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés- Lei nº 10.741, de 2003)
ticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº Exposição ou abandono de recém-nascido
11.340, de 2006) Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação desonra própria:
dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Exceção da verdade
Pena - detenção, de um a três anos. § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
§ 2º - Se resulta a morte: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
Pena - detenção, de dois a seis anos. ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
Omissão de socorro II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fa- nº I do art. 141;
zê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendi-
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente do foi absolvido por sentença irrecorrível.
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Difamação
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis- sua reputação:
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
a morte. Exceção da verdade
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se
emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qual- de suas funções.
quer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários Injúria
administrativos, como condição para o atendimento médico-hospi- Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o
talar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). decoro:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (In- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
cluído pela Lei nº 12.653, de 2012). § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da nega- I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta-
tiva de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até mente a injúria;
o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra in-
Maus-tratos júria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
aviltantes:
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cui-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da
dados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
pena correspondente à violência.
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos refe-
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
rentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pes-
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: soa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 10.741, de 2003)
§ 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. nº 9.459, de 1997)
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado Disposições comuns
contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se
8.069, de 1990) de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de go-
CAPÍTULO IV verno estrangeiro;
DA RIXA II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
Rixa divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portado-
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. ra de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natu- 10.741, de 2003)
reza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou
detenção, de seis meses a dois anos. promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Exclusão do crime
CAPÍTULO V Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
DOS CRIMES CONTRA A HONRA I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela
parte ou por seu procurador;
Calúnia II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cien-
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato tífica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
definido como crime: III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputa- do ofício.
ção, a propala ou divulga. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE DIREITO
Retratação III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata ca- IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito)
balmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha prati- V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela
cado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comu- Lei nº 11.106, de 2005)
nicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natu-
mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº reza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
13.188, de 2015) Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere ca- Redução a condição análoga à de escravo
lúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo,
explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva,
do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer res-
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se tringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida
procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei
da violência resulta lesão corporal. nº 10.803, de 11.12.2003)
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena
da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de
mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mes- 11.12.2003)
mo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009) 10.803, de 11.12.2003)
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do
CAPÍTULO VI trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
SEÇÃO I II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o
fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803,
Constrangimento ilegal de 11.12.2003)
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio,
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
10.803, de 11.12.2003)
fazer o que ela não manda:
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, SEÇÃO II
quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO
ou há emprego de armas. DOMICÍLIO
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspon-
dentes à violência. Violação de domicílio
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosa-
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do mente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito,
paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente em casa alheia ou em suas dependências:
perigo de vida; Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
II - a coação exercida para impedir suicídio. § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar
Ameaça ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou mais pessoas:
qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. correspondente à violência.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representa- § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido
ção. por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservân-
Sequestro e cárcere privado cia das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa
ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002) alheia ou em suas dependências:
Pena - reclusão, de um a três anos. I - durante o dia, com observância das formalidades legais,
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: para efetuar prisão ou outra diligência;
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou compa- II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime
nheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
pela Lei nº 11.106, de 2005) § 4º - A expressão “casa” compreende:
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em I - qualquer compartimento habitado;
casa de saúde ou hospital; II - aposento ocupado de habitação coletiva;
Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE DIREITO
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce Violação do segredo profissional
profissão ou atividade. Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que
§ 5º - Não se compreendem na expressão «casa»: tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, cuja revelação possa produzir dano a outrem:
enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. Parágrafo único - Somente se procede mediante represen-
tação.
SEÇÃO III Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conecta-
DOS CRIMES CONTRA A do ou não à rede de computadores, mediante violação indevida
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou
destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita
Violação de correspondência do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondên- vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
cia fechada, dirigida a outrem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (In-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Sonegação ou destruição de correspondência § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui,
§ 1º - Na mesma pena incorre: vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. (Incluí-
embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; do pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da inva-
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza são resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a ter- 2012) Vigência
ceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comu-
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no nicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais,
número anterior; informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remo-
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, to não autorizado do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº
sem observância de disposição legal.
12.737, de 2012) Vigência
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em
a conduta não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº
serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos
terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a
casos do § 1º, IV, e do § 3º.
terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. (In-
Correspondência comercial
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabe- cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
lecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, § 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for
sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
seu conteúdo: I - Presidente da República, governadores e prefeitos; (Incluí-
Pena - detenção, de três meses a dois anos. do pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
SEÇÃO IV III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Fede-
DOS CRIMES CONTRA A ral, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa
INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou (Incluído pela
Lei nº 12.737, de 2012)Vigência
Divulgação de segredo IV - dirigente máximo da administração direta e indireta fe-
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de docu- deral, estadual, municipal ou do Distrito Federal. (Incluído pela
mento particular ou de correspondência confidencial, de que é desti- Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
natário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem: Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Parágrafo procede mediante representação, salvo se o crime é cometido con-
único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) tra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Po-
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou deres da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra
reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de empresas concessionárias de serviços públicos. (Incluído pela Lei
informações ou banco de dados da Administração Pública: (Incluído nº 12.737, de 2012) Vigência
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluí-
do pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a
ação penal será incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE DIREITO
O crime de furto pode ser praticado também através de ani-
2.3.7 DOS CRIMES CONTRA mais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será de apossamento
indireto, devido ao emprego de animais, caso contrário é de apos-
O PATRIMÔNIO
samento direto.
Impera uma única controvérsia, tendo em vista o desenvolvi-
mento da tecnologia, quanto a subtração praticada com o auxílio da
O Título II da parte especial do Código Penal Brasileiro, faz informática, se ela resultaria de furto ou crime de estelionato.
referências aos Crimes Contra o Patrimônio. O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa em
Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens, o poderio direito penal representa qualquer substância corpórea, seja ela mate-
econômico, a universalidade de direitos que tenham expressão rial ou materializável, ainda que não tangível, suscetível de aprecia-
econômica para a pessoa. Considera-se em geral, o patrimônio ção e transporte, incluindo aqui os corpos gasosos, os instrumentos
como universalidade de direitos. Vale dizer como uma unidade , os títulos, etc.2.
abstrata, distinta, diferente dos elementos que a compõem isola- O homem não pode ser objeto material de furto, conforme o
damente considerados. fato, o agente pode responder por sequestro ou cárcere privado,
Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito pri- conforme artigo 148 do Código Penal Brasileiro, ou subtração de
vado, há uma noção econômica de patrimônio e, segundo a qual, incapazes artigo 249.
ele consiste num complexo de bens, através dos quais o homem Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de furto a
satisfaz suas necessidades. coisa que tiver relevância econômica, ou seja, valor de troca, in-
Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito civil, cluindo no conceito, a ideia de valor afetivo (o que eu acho que não
ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo, e por isso tem validade jurídica penal). Já a jurisprudência invoca o princípio
mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos já tutelados por da insignificância, considerando que se a coisa furtada tem valor
monetário irrisório, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e,
outros ramos do direito, ele o faz com autonomia e de um modo
portanto, não ficará caracterizado o crime.
peculiar.
A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código Penal
Furto é crime material, não existindo sem que haja desfalque
Brasileiro, é sem duvida extensamente realizada, mas não se pode
do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não pertence ao agente,
perder jamais em conta, a necessidade de que no conceito de patri-
nem mesmo parcialmente. Por essa razão não comete furto e sim o
mônio esteja envolvida uma noção econômica, um noção de valor
crime contido no artigo 346 (Subtração ou Dano de Coisa Própria
material econômico do bem.
em Poder de Terceiro) do Código Penal Brasileiro, o proprietário
que subtrai coisa sua que está em poder legitimo de outro3.
FURTO O crime de furto é cometido através do dolo que é a vontade
livre e consciente de subtrair, acrescido do elemento subjetivo do
O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155 do Código injusto também chamado de “dolo específico”, que no crime de fur-
Penal Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair, para si ou para to está representado pela idéia de finalidade do agente, contida da
outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) expressão “para si ou para outrem”. Independe todavia de intuito,
anos, e multa”. objetivo de lucro por parte do agente, que pode atuar por vingança,
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes palavras: capricho, liberalidade.
furto é a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem O consentimento da vítima na subtração elide o crime, já que o
sem a pratica de violência ou de grave ameaça ou de qualquer es- patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre depois da consu-
pécie de constrangimento físico ou moral à pessoa. Significa pois o mação, é evidente que sobrevivi o ilícito penal.
assenhoramento da coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo O delito de furto também pode ser praticado entre: cônjuges,
definitivo. ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos, entre irmãos.
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso ressaltar uma O direito romano não admitia, nesses casos, a ação penal. Já
divergência na doutrina: entende-se que é protegida diretamente a o direito moderno não proíbe o procedimento penal, mas isenta de
posse e indiretamente a propriedade ou, em sentido contrário, que pena, como elemento de preservação da vida familiar.
a incriminação no caso de furto, visa essencial ou principalmente a Para se definir o momento da consumação, existem duas posi-
tutela da propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo ções:
protege não só a propriedade como a posse, seja ela direta ou indi- 1) atinge a consumação no momento em que o objeto material
reta além da própria detenção1. é retirado de posse e disponibilidade do sujeito passivo, ingressan-
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é afetado do na livre disponibilidade do autor, ainda que não obtenha a posse
imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer que a vítima de tranquila4;
furto não é necessariamente o proprietário da coisa subtraída, po- 2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por breve tempo. 5
dendo recair a sujeição passiva sobre o mero detentor ou possuidor
da coisa. Temos a seguinte classificação para o crime de furto: comum
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não exige quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo de dano, mate-
além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal específica. rial e instantâneo.
Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do crime, sendo ela físi- A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hipóteses do arti-
ca ou jurídica, titular da posse, detenção ou da propriedade. go 182 do Código Penal Brasileiro, que é condicionada à representação.
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar, abran- O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto simples,
gendo mesmo o apossamento à vista do possuidor ou proprietário. furto noturno, furto privilegiado e furto qualificado
Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE DIREITO
FURTO DE USO FURTO PRIVILEGIADO ou mínimo
Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usufruí-la mo- O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo 155: “Se o
mentaneamente, está prevista no art. 155 do Código Penal Bra- criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
sileiro, para que seja reconhecível o furto de uso e não o furto pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de
comum, é necessário que a coisa seja restituída, devolvida, ao pos- um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”.
suidor, proprietário ou detentor de que foi subtraída, isto é, que Vale dizer que é uma forma de causa especial de diminuição
seja reposta no lugar, para que o proprietário exerça o poder de de pena. Existem requisitos para que se dê essa causa especial:
disposição sobre a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “animus - O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser o
furandi” dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente. agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em razão de outro
Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do furto de crime condenação anterior transitada em julgado.
uso a efetiva devolução ou restituição, afirmando que há furto co- - O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa subtraída.
mum se a coisa é abandonada em local distante ou diverso ou se A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses dois
não é recolocada na esfera de vigilância de seu dono. Há ainda requisitos já citados, que o agente não revele personalidade ou an-
entendimentos que exigem que a devolução da coisa, além de ser tecedentes comprometedores, indicativos da existência de proba-
feita no mesmo lugar da subtração seja feita em condições de res- bilidade, de voltar a delinquir.
tituição da coisa em sua integridade e aparência interna e externa, A pena pode-se substituir a de reclusão pela de detenção, di-
assim como era no momento da subtração. minuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a multa.
Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e por tudo O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre energia elé-
em sua aparência interna e externa à coisa subtraída6. trica, ou qualquer outra que tenha valor econômico à coisa móvel,
também a caracterizando como crime10.
FURTO NOTURNO A jurisprudência considera essa modalidade de furto como
crime permanente, pois o agente pratica uma só ação, que se pro-
O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155: “apena longa no tempo.
aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno”7. FURTO QUALIFICADO
É furto agravado ou qualificado o praticado durante o repouso
noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a razão da majoran- Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º do art.
te está ligada ao maior perigo que está submetido o bem jurídico 155, para configurar furto qualificado, ao qual é cominada pena
diante da precariedade de vigilância por parte de seu titular. autônoma sensivelmente mais grave: “reclusão de 2 à 8 anos se-
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, que, dor- guida de multa”.
mindo, não poderá efetivá-la com a segurança e a amplitude com
que a faria, caso estivesse acordada, para que se configure a agra- São as seguintes as hipóteses de furto qualificado:
vante do repouso noturno. - se o crime é cometido com destruição ou rompimento de
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa, é variá- obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da destruição,
vel, dependendo do local e dos costumes. isto é, fazer desaparecer em sua individualidade ou romper, que-
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca da ne- brar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou imóvel a apreensão e
cessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar a agravante. subtração da coisa.
A jurisprudência dominante nos tribunais é no sentido de excluir a A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer mo-
agravante, se o furto é praticado em lugar desabitado, pois eviden- mento da execução do crime e não apenas para apreensão da coisa.
te se praticado desta forma não haveria, mesmo durante a época o Porém é imprescindível que seja comprovada pericialmente, nem
momento do não repouso, a possibilidade de vigilância que conti- mesmo a confissão do acusado supre a falta da perícia11 .
nuaria a ser tão precária quanto este momento de repouso. Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no caso de
Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para nós, concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo haja ingressado na
existe a agravante quando o furto se dá durante o tempo em que a esfera do conhecimento dos participantes.
cidade ou local repousa, o que não importa necessariamente seja a A segunda hipótese é quando o crime é cometido com abuso
casa habitada ou estejam seus moradores dormido. Podem até estar de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza.
ausente, ou desabitado o lugar do furto”. Há abuso de confiança quando o agente se prevalece de qua-
A exposição de motivos como a do mestre Noronha, é a que lidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica do furto. Qua-
se iguala ao meu parecer, pois é prevista como agravante especial lifica o crime de furto quando o agente se serve de algum artifício
do furto a circunstância de ser o crime praticado durante o período para fazer a subtração12.
do sossego noturno8, seja ou não habitada a casa, estejam ou não Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir a vigilân-
seus moradores dormindo, cabe a majoração se o delito ocorreu cia do ofendido e permitir maior facilidade na subtração do objeto
naquele período. material. O furto mediante fraude distingue-se do estelionato, na-
Furto em garagem de residência, também há duas posições, quele a fraude é empregada para iludir a atenção e vigilância do
uma em que incide a qualificadora, da qual o Professor Damásio é ofendido, que nem percebe que a coisa lhe está sendo subtraída;
partidário, e outra na qual não incide a qualificadora. no estelionato, ao contrário, a fraude antecede o apossamento da
coisa e é a causa de sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega
a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento.
Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE DIREITO
É ainda qualificadora a penetração no local do furto por via A vontade de subtrair configura o momento subjetivo, fala-
que normalmente não se usa para o acesso, sendo necessário o em- se em dolo específico na doutrina, na expressão “para si ou para
prego de meio artificial, é no caso de escalada, que não se relaciona outrem”.
necessariamente com a ação de galgar ou subir. Também deve ser A pena culminada para furto de coisa comum é alternativa de
comprovada por meio de perícia, assim como o rompimento de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou multa. Dá-se ao juiz
obstáculo. a margem para individualização da pena tendo em vista as circuns-
Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em flagrante tâncias do caso concreto.
indica delito tentado nos casos de furto, por não chegar o agente a
ter a posse tranquila da coisa subtraída, que não ultrapassa a esfera ROUBO
de vigilância da vítima. A ação penal é pública, porém depende de representação da
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: um batedor parte
de carteira segue uma pessoa durante vários dias. Decide, então, Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasileiro:
subtrair, do bolso interno do paletó da vítima, envelope que julga “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante gra-
conter dinheiro. Furtado o envelope, o batedor de carteira é apa- ve ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
nhado. Chegando à Delegacia, verifica-se que o envelope estava meio, reduzido à impossibilidade de resistência: pena – reclusão, de
vazio, pois, naquele dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa”.
agente será responsabilizado pelo crime nesse exemplo? Não, pois Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingido tam-
a ausência do objeto material do delito faz do evento um crime bém a integridade física ou psíquica da vítima.
impossível. É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato do cri-
O último é a qualificadora da destreza, que se dá quando a me é o patrimônio, e tutela-se também a integridade corporal, a saú-
subtração se dá dissimuladamente com especial habilidade por de, a liberdade e na hipótese de latrocínio a vida do sujeito passivo.
parte do agente, onde a ação, sem emprego de violência, em situa- O Roubo também é um delito comum, podendo ser cometi-
ção em que a vítima, embora consciente e alerta, não percebe que do por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com o sujeito passivo.
está tendo os bens furtados. O arrebatamento violento ou inopina- Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos passivos: um que sofre a
do não a configura. violência e o titular do direito de propriedade.
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa móvel alheia,
A terceira hipótese é o emprego de chave falsa. mas faça-se necessário que o agente se utilize de violência, lesões
Constitui chave falsa qualquer instrumento ou engenho de que corporais, ou vias de fato, como grave ameaça ou de qualquer outro
se sirva o agente para abrir fechadura e que tenha ou não o forma- meio que produza a possibilidade de resistência do sujeito passivo.14
to de uma chave, podendo ser grampo, pedaço de arame, pinça, A vontade de subtrair com emprego de violência, grave amea-
gancho, etc. O exame pericial da chave ou desse instrumento é ça ou outro recurso análogo é o dolo do delito de roubo. Exige-se
indispensável para a caracterização da qualificadora porém, o elemento subjetivo do tipo, o chamado dolo específico,
A Quarta e última hipótese é quando ocorre mediante concur- idêntico ao do furto, para si ou para outrem, é que se dá a subtração.
so de duas ou mais pessoas, quando praticado nestas circunstân- Há uma figura denominada roubo impróprio que vem definido
cias, pois isto revela uma maior periculosidade dos agentes, que no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na mesma pena incorre
unem seus esforços para o crime. quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra
No caso de furto cometido por quadrilha, responde por qua- pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
drilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro seguido de furto ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a vio-
simples, ficando excluída a qualificadora13, lência ou a grave ameaça ocorre após a consumação da subtração,
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em duas qua- visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a impuni-
lificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir a outra como dade do crime.
agravante comum. A violência posterior ou roubo para assegurar a sua impunida-
de, deve ser imediato para caracterização do roubo impróprio.
FURTO DE COISA COMUM A consumação do roubo impróprio ocorre com a violência ou
Este crime está definido no art. 156 do Código Penal Brasilei- grave ameaça desde que já ocorrido a subtração, não se consuman-
ro, que diz: “Subtrair o condômino, co-herdeiro, ou sócio, para si do esta, tem se entendido que o agente deverá ser responsabilizado
ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: por tentativa de furto em concurso com o crime de lesões corporais.
pena – detenção, de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos, ou multa”. Consuma-se no momento em que o agente retira o objeto ma-
A razão da incriminação é de que o agente subtraia coisa que terial da esfera de disponibilidade da vítima, mesmo que não haja
pertença também a outrem. Este crime constitui caso especial de a posse tranquila.
furto, distinguindo-se dele apenas as relações existentes entre o Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida, visto po-
agente e o lesado ou os lesados. dendo ocorrer quando o sujeito, após empregar a violência ou grave
Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, co-proprietário, ameaça contra a pessoa, por motivos alheios a sua vontade, não
co- herdeiro ou o sócio. Esta condição é indispensável e chega a consegue efetuar a subtração.
ser uma elementar do crime e por tanto é transmitido ao partícipe Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos duas
estranho nos termos do artigo 29 do Código Penal Brasileiro. correntes:
Sujeito passivo será sempre o condomínio, co-proprietário, Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto ao
co- herdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o terceiro possui- sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e instantâneo.
dor legítimo da coisa. Tendo ação penal pública incondicionada.
Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE DIREITO
ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade
Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasileira da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
primeira parte, é qualificado roubo quando: “da violência resulta gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena num patamar além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-
superior ao fixado anteriormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (In-
(quinze) anos, além da multa”. cluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, não
estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dispositivo em È um crime comum, formal ou material, de forma livre, ins-
estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como enfarte, cho- tantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, doloso, de
que ou do emprego de narcóticos. Haverá no caso roubo simples dano, complexo e admite tentativa.
seguido de lesões corporais de natureza grave em concurso formal. A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, coagir),
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em um mediante violência (física: vias de fato ou lesão corporal) ou gra-
terceiro. ve ameaça (moral: intimidação idônea explicita ou explicita que
Se o agente fere gravemente a vítima mas não consegue sub- incute medo no ofendido) com o objetivo de obter para si ou para
trair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª parte (TACrim outrem indevida (injusta, ilícita) vantagem econômica (qualquer
SP, julgados 72:214). vantagem seja de coisa móvel ou imóvel).
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for econô-
ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO mica e exercício arbitrário das próprias razoes se a vantagem for
Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta a mor- devida.
te, as mesmas considerações referentes aos crimes qualificados
pelo resultado, podem ser aqui aplicadas. Tipo subjetivo
O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), em con- O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído pela
formidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição Federal Brasilei- vontade livre e consciente de constranger alguém mediante violên-
ra, considera crime de latrocínio Hediondo. cia ou grave ameaça, dolo genérico; o segundo exige o elemento
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento morte subjetivo do tipo específico na expressão “com intuito de”.
seja desejado pelo agente, basta que ele empregue violência para
roubar e que dela resulte a morte para que se tenha caracterizado Consumação
o delito. Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal ou
É indiferente porém, que a violência tenha sido exercida para material. Para os que o consideram formal, a consumação ocorre
o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a impunidade do independentemente do resultado. Basta ser idôneo ao constrangi-
crime ou a detenção da coisa subtraída18 . mento imposto à vítima, sendo irrelevante a enfeitava obtenção da
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa diversa vantagem econômica indevida.
daquela que sofre o desapossamento da coisa. Haverá no entanto O comportamento da vítima nesse caso é fundamental para a
um só crime com dois sujeitos passivos. consumação do delito. É a indispensabilidade da conduta do su-
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva subtração jeito passivo para a consumação do crime, se o constrangimento
e a morte da vítima, embora no latrocínio haja morte da vítima, for sério, idôneo o suficiente para ensejar a ação ou omissão da
ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz singular e não do vítima em detrimento do seu patrimônio, perfaz-se o tipo penal do
Tribunal do Júri, essa é a posição válida, art. 168 do CP.
Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa, Da outra parte, se entendido como crime material, a consu-
conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90. Conforme o mação se dará com obtenção de indevida vantagem econômica.
artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de metade quando a vítima se Seguimos esse entendimento, para nós o crime de extorsão é ma-
encontra nas condições do artigo 224 do Código Penal Brasileiro: terial consumando-se com a efetiva obtenção indevida vantagem
“presunção de violência”. econômica.
EXTORSÃO Tentativa
O crime de extorsão é formal e consuma-se no momento e Admite-se quer considerando o crime formal ou material. Sur-
no local em que ocorre o constrangimento para que se faça ou se ge quando a vítima mesmo constrangida, mediante violência ou
deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº 96 do Superior Tribunal grave ameaça, não realiza a condita por circunstâncias alheias à
de Justiça. vontade do agente. A vítima, então não se intimida, vence o medo
e denuncia o fato a polícia.
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159)
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da extorsão
alguma coisa: do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma (inclusive econô-
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. mica). Trata-se de crime hediondo em todas as suas modalidades,
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou havendo privação da liberdade da vítima para se obter a vantagem.
com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. É crime complexo, resultante da extorsão + sequestro ou cárcere
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dis- privado (é o que diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a
posto no § 3º do artigo anterior. extorsão exige finalidade de obter vantagem econômica indevida).
Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE DIREITO
Se o sequestro for para obtenção de qualquer vantagem devi- diante sequestro a lei menciona: “se dos ato resultar lesão grave
da, haverá o crime de exercício arbitrário das próprias razões em ou morte”, pouco importando para qualificar o delito que a lesão
concurso material com o sequestro ou cárcere privado. grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente, se a lesão grave ou
Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, não haverá morte resultar de caso fortuito ou força maior, o resultado agrava-
o crime se a vantagem não tiver algum valor econômico. Isso se dos não poderá ser imputado ao agente.
depreende da interpretação sistêmica do tipo, que está inserido no
Título II, relativo aos crimes contra o patrimônio. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA
Não influi na caracterização do crime o fato de a vítima ser trans- Entendemos que os institutos possuem objetividades jurídicas
portada para algum lugar ou ser retida em sua própria casa. Ademais, distintas e autônomas. Na extorsão são mediante sequestro ofende-
o sequestro deve se dar como condição ou preço do resgate. se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e a vida. Na tortura atinge-
se a dignidade humana, consubstanciada na integridade física e
Sujeito passivo mental. Cm efeito, a nosso, juízo, nada impede o reconhecimento
Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica, que pode do concurso material de infrações.
ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para que seja efetuado o
pagamento. Determina-se o sujeito passivo de acordo com a pes- DELAÇÃO PREMIADA
soa que terá o patrimônio lesado. O benefício somente se aplica quando o crime for cometido
Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for diferente da- em concurso de pessoas, devendo o acusado fornecer às autori-
quela que terá seu patrimônio diminuído, haverá apenas um crime, dades elementos capazes de facilitar a resolução do crime. Causa
não obstante existirem duas vítimas. obrigatória de diminuição de pena se preenchidos os requisitos
estabelecidos pelo parágrafo 4º do art. 159, qual seja, denúncia à
Consumação e tentativa autoridade (juiz, delegado ou promotor) feita por um dos concor-
Ocorre a consumação quando o agente pratica a conduta pre- rentes, e esta facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar
vista no núcleo do tipo, quando realiza o sequestro privando a víti- que, se não houver a libertação do sequestrado, mesmo havendo
ma da liberdade por tempo juridicamente relevante, ainda que não delação do coautor, não haverá diminuição de pena.
aufira a vantagem qualquer e ainda que nem tenha sido pedido o Não se confunde com a confissão espontânea, pois nesta o
resgate. Logo, o crime é formal. agente garante confessa sua participação no crime, sem incriminar
“A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou de
outrem.
consumação antecipada, opera-se com a simples privação da li-
berdade de locomoção da vítima, por tempo juridicamente rele-
EXTORSÃO INDIRETA
vante. Ainda que o sequestrado não tenha sido conduzido ao local
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusan-
de destino, o crime está consumado” (MIRABETE, Julio Fabbrini.
do da situação de alguém, documento que pode dar causa a proce-
Código Penal Interpretado. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág.
dimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
1.476).
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução do crime
Classificação doutrinária
requer um iter criminis desdobrado em vários atos. Porém, difícil
de se configurar. Hipótese seria aquela em que os agentes são fla- Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material (re-
grados logo após colocarem a vítima no carro, pois aí não teriam ceber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada, unissubjetivo,
privado sua liberdade por tempo juridicamente relevante. unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente (receber) e admite
tentativa.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA A conduta recai sobre o documento que pode dar causa a um
Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é menor de procedimento criminal contra o devedor, como a confissão de um
18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometido por bando ou crime, a falsificação de um título de crédito, uma duplicata fria etc.
quadrilha a pena será de reclusão de 12 a 20 anos. Quanto maior o A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar) ou re-
tempo em que a vítima estiver em poder do criminoso, maior será ceber (aceitar) um documento que pode dar causa a procedimento
o dano à saúde e integridade física. criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar da situação daquele
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, entende-se que necessita urgentemente de auxílio financeiro. Necessário para
como a reunião permanente de mais de três pessoas para cometer e a configuração do delito que o documento exigido ou recebido pelo
não uma reunião ocasional para cometer o sequestro agente, que pode ser público ou particular, se preste a instauração
de inquérito policial contra o ofendido. Não se exige a instauração
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO do procedimento criminal, basta que o documento em poder do
CORPORAL GRAVE. credor seja potencialmente apto a iniciar o processo.
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena será
de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a pena será de re- Consumação
clusão de 24 a 30 anos. Observa-se de imediato a diferença deste Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre com a
delito com o de roubo qualificado pelo resultado. No art. 157 do simples exigência do documento pelo extorcionário. A iniciativa
CP a lei diz: “se da violência resultar lesão grave ou morte”; logo, aqui é do agente, na conduta de receber, crime material, a con-
num roubo em que vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a sumação ocorre com o efetivo recebimento do documento. Nesse
falecer, haverá roubo em concurso material com homicídio e não caso a iniciativas provém da vítima.
latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão me-
Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE DIREITO
Tentativa § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível sua confi- I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
guração, embora uma parcela da doutrina a admita com o sovado II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
exemplo, também oferecido nos crimes contra a honra, de a exi- III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
gência ser reduzida por escrito, mas não chegar ao conhecimento agente conhece tal circunstância.
do ofendido. Na de receber, no entanto, é perfeitamente possível, IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
podendo o iter criminis ser interrompido por circunstâncias alheias transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela
à vontade do agente. Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
TÍTULO II sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de
reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a
CAPÍTULO I reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação
DO FURTO dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Furto Extorsão
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
durante o repouso noturno. alguma coisa:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qual- § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o
quer outra que tenha valor econômico. disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Furto qualificado § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
crime é cometido: gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-
da coisa; se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (In-
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou cluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
destreza; Extorsão mediante sequestro
III - com emprego de chave falsa; Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do res-
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração gate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela
Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei
Lei nº 13.330, de 2016) nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Furto de coisa comum Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para nº 8.072, de 25.7.1990)
si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 1º - Somente se procede mediante representação. Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. § 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada
CAPÍTULO II pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
DO ROUBO E DA EXTORSÃO § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que
Roubo o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê- nº 9.269, de 1996)
-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Extorsão indireta
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu-
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída sando da situação de alguém, documento que pode dar causa a
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
ou para terceiro.
Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO III CAPÍTULO V
DA USURPAÇÃO DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE DIREITO
Apropriação de coisa achada Abuso de incapazes
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de neces-
ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo pos- sidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou de-
suidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo bilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de
de quinze dias. ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o de terceiro:
disposto no art. 155, § 2º. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Induzimento à especulação
CAPÍTULO VI Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex-
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES periência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem,
induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com
Estelionato títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em é ruinosa:
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Fraude no comércio
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o
mil réis a dez contos de réis. adquirente ou consumidor:
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuí- I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsi-
zo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. ficada ou deteriorada;
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: II - entregando uma mercadoria por outra:
Disposição de coisa alheia como própria Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em ga- § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou
rantia coisa alheia como própria; o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadei-
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa ra; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Outras fraudes
Defraudação de penhor
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor
ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para
ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
efetuar o pagamento:
objeto empenhado;
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Fraude na entrega de coisa
Parágrafo único - Somente se procede mediante representa-
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa
que deve entregar a alguém; ção, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a
Fraude para recebimento de indenização ou valor de se- pena.
guro Fraudes e abusos na fundação ou administração de socie-
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou dade por ações
lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fa-
lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de zendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assem-
seguro; bleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocul-
Fraude no pagamento por meio de cheque tando fraudulentamente fato a ela relativo:
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em po- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não
der do sacado, ou lhe frustra o pagamento. constitui crime contra a economia popular.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime
em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de eco- contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951)
nomia popular, assistência social ou beneficência. I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações,
Estelionato contra idoso que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido con- público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições
tra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015) econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou
Duplicata simulada em parte, fato a elas relativo;
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualida- artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
de, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade
27.12.1990) ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Reda- sociais, sem prévia autorização da assembleia geral;
ção dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que fal- da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
sificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplica- V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito so-
tas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) cial, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE DIREITO
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de- § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da
sacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou União, Estado, Município, empresa concessionária de servi-
dividendos fictícios; ços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pes- no caput deste artigo aplica-se em dobro. (Incluído pela Lei nº
soa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta 9.426, de 1996)
ou parecer; Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autori- comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que
zada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de cri-
e II, ou dá falsa informação ao Governo. me: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluí-
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para do pela Lei nº 13.330, de 2016)
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral.
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “war-
rant”
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em 2.3.8 DOS CRIMES CONTRA
desacordo com disposição legal: A DIGNIDADE SEXUAL
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Fraude à execução
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo
ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. TÍTULO VI
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
CAPÍTULO VII
DA RECEPTAÇÃO CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Receptação (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, Estupro
ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada
ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 9.426, de 1996)
12.015, de 2009)
Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996) Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em pela Lei nº 12.015, de 2009)
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exer- ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze)
cício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada Lei nº 12.015, de 2009)
pela Lei nº 9.426, de 1996) § 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do pará- 12.015, de 2009)
grafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandesti- Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela
no, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº Lei nº 12.015, de 2009)
9.426, de 1996) Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem nº 12.015, de 2009)
a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidi-
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) noso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Redação
penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isen-
to de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996) pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter
o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar vantagem econômica, aplica-se também multa. (Redação dada
a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. pela Lei nº 12.015, de 2009)
155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE DIREITO
Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificul-
ao exercício de emprego, cargo ou função.” (Incluído pela Lei nº tar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
10.224, de 15 de 2001) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei Lei nº 12.015, de 2009)
nº 10.224, de 15 de 2001) § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem eco-
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de nômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
15 de 2001) 2009)
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor § 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) de 2009)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com
CAPÍTULO II alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na si-
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL tuação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015,
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) de 2009)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em
Sedução que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. (In-
Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) cluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obri-
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato li- gatório da condenação a cassação da licença de localização e de
bidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº funcionamento do estabelecimento.(Incluído pela Lei nº 12.015,
12.015, de 2009) de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela
CAPÍTULO III
Lei nº 12.015, de 2009)
DO RAPTO
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas
no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental,
Rapto violento ou mediante fraude
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
Art. 219 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído
Rapto consensual
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 220 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Diminuição de pena
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza gra-
Art. 221 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
ve: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Concurso de rapto e outro crime
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Art. 222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Lei nº 12.015, de 2009)
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, CAPÍTULO IV
de 2009) DISPOSIÇÕES GERAIS
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela
Lei nº 12.015, de 2009) Art. 223 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Corrupção de menores Art. 224 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satis- Ação penal
fazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Títu-
2009) lo, procede-se mediante ação penal pública condicionada à repre-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada sentação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
pela Lei nº 12.015, de 2009) Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos
2009) ou pessoa vulnerável. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou Aumento de pena
adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 226. A pena é aumentada:(Redação dada pela Lei nº
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 11.106, de 2005)
(catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou ou- I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso
tro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de ou- de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada pela Lei nº 11.106,
trem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) de 2005)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” (Incluído pela II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madras-
Lei nº 12.015, de 2009) ta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex- empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade
ploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. sobre ela; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
(Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014) III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO V § 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça,
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da
FIM DE vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena
EXPLORAÇÃO SEXUAL correspondente à violência.(Redação dada pela Lei nº 12.015, de
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 2009)
Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração se-
Mediação para servir a lascívia de outrem xual (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional,
Pena - reclusão, de um a três anos. de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estran-
anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou com- geiro. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
panheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela
para fins de educação, de tratamento ou de guarda: (Redação dada Lei nº 12.015, de 2009)
pela Lei nº 11.106, de 2005) § 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou com-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. prar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa con-
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave dição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. (Redação dada pela Lei
ameaça ou fraude: nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente § 2o A pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei
à violência. nº 12.015, de 2009)
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se tam- I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº
bém multa. 12.015, de 2009)
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
sexual (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) necessário discernimento para a prática do ato; (Incluído pela Lei nº
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma 12.015, de 2009)
de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, entea-
abandone: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) do, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou emprega-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dor da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) cuidado, proteção ou vigilância; ou (Incluído pela Lei nº 12.015, de
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, 2009)
cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (Incluído
vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, pela Lei nº 12.015, de 2009)
proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) § 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econô-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela mica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Lei nº 12.015, de 2009) Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual (Re-
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave dação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
ameaça ou fraude: Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspon- dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra
dente à violência. forma de exploração sexual: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se tam- 2009)
bém multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela
Casa de prostituição Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabeleci- § 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender
mento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento des-
ou mediação direta do proprietário ou gerente: (Redação dada pela Lei sa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. (Incluído pela Lei
nº 12.015, de 2009) nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. § 2o A pena é aumentada da metade se: (Incluído pela Lei nº
Rufianismo 12.015, de 2009)
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando di- I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº
retamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, 12.015, de 2009)
por quem a exerça: II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. necessário discernimento para a prática do ato; (Incluído pela Lei nº
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) 12.015, de 2009)
anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, en-
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou teado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empre-
empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, gador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei de cuidado, proteção ou vigilância; ou (Incluído pela Lei nº 12.015,
nº 12.015, de 2009) de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Redação IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (In-
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) cluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE DIREITO
§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem eco- Alguns resultados previstos no art. 258 do Código Penal po-
nômica, aplica-se também multa.(Incluído pela Lei nº 12.015, de dem majorar as penas. Isso ocorrerá quando tais resultados não
2009) forem a finalidade da ação do agente, mas ocorrerem a título de
Art. 232 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) culpa.
Esse agravo de pena pode acontecer tanto nas modalidades
CAPÍTULO VI dolosas dos crimes, quanto em suas versões culposas.
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
TÍTULO VIII
Ato obsceno DOS CRIMES CONTRA A
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou INCOLUMIDADE PÚBLICA
exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. CAPÍTULO I
Escrito ou objeto obsceno DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua Incêndio
guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pú- Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a inte-
blica, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obs- gridade física ou o patrimônio de outrem:
ceno: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Aumento de pena
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: § 1º - As penas aumentam-se de um terço:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem
dos objetos referidos neste artigo; pecuniária em proveito próprio ou alheio;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, repre- II - se o incêndio é:
sentação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, a) em casa habitada ou destinada a habitação;
ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo
de assistência social ou de cultura;
rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de trans-
porte coletivo;
CAPÍTULO VII
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
DISPOSIÇÕES GERAIS
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumen-
tada: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Incêndio culposo
I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) meses a dois anos.
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e (Incluído pela Explosão
Lei nº 12.015, de 2009) Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples
doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos
portador. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) análogos:
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
neste Título correrão em segredo de justiça.(Incluído pela Lei nº § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo
12.015, de 2009) de efeitos análogos:
Art. 234-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
2009) Aumento de pena
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer
das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada
ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo
2.3.9 DOS CRIMES CONTRA A parágrafo.
INCOLUMIDADE PÚBLICA Modalidade culposa
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou subs-
tância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis meses a
dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um
É a condição de estar livre de perigo ou dano, ileso, incólume. ano.
É o estado de preservação ou segurança de pessoas ou de coisas em Uso de gás tóxico ou asfixiante
relação a possíveis eventos lesivos. O legislador ao empregar a ex- Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o
pressão “incolumidade pública”, incriminou condutas atentatórias patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante:
à vida, ao patrimônio e à segurança de pessoas indeterminadas. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE DIREITO
Modalidade Culposa II - colocando obstáculo na linha;
Parágrafo único - Se o crime é culposo: III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veí-
Pena - detenção, de três meses a um ano. culos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telé-
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de grafo, telefone ou radiotelegrafia;
explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre:
Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás Desastre ferroviário
tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação: § 1º - Se do fato resulta desastre:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
Inundação § 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a inte- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
gridade física ou o patrimônio de outrem: § 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, ferro qualquer via de comunicação em que circulem veículos de
ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de culpa. tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo.
Perigo de inundação Atentado contra a segurança de transporte marítimo, flu-
Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio vial ou aéreo
ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patri- Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria
mônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar
inundação: navegação marítima, fluvial ou aérea:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Desabamento ou desmoronamento Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo
Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, expondo § 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de
a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: embarcação ou a queda ou destruição de aeronave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Modalidade culposa Prática do crime com o fim de lucro
Parágrafo único - Se o crime é culposo: § 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica
Pena - detenção, de seis meses a um ano. o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para
Subtração, ocultação ou inutilização de material de sal- outrem.
vamento Modalidade culposa
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incên- § 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
dio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, apare- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
lho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao Atentado contra a segurança de outro meio de transporte
perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público,
de tal natureza: impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Pena - detenção, de um a dois anos.
Formas qualificadas de crime de perigo comum § 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de dois
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão a cinco anos.
corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumen- § 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:
tada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso Pena - detenção, de três meses a um ano.
de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de Forma qualificada
metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260
culposo, aumentada de um terço. a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou
Difusão de doença ou praga morte, aplica-se o disposto no art. 258.
Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar dano a Arremesso de projétil
floresta, plantação ou animais de utilidade econômica: Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento,
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. destinado ao transporte público por terra, por água ou pelo ar:
Modalidade culposa Pena - detenção, de um a seis meses.
Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de detenção, de Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é
um a seis meses, ou multa. de detenção, de seis meses a dois anos; se resulta morte, a pena é a
do art. 121, § 3º, aumentada de um terço.
CAPÍTULO II Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pú-
DOS CRIMES CONTRA A blica
SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcionamento de
E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer outro de utilidade
pública:
Perigo de desastre ferroviário Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro: Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um terço)
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcial- até a metade, se o dano ocorrer em virtude de subtração de mate-
mente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra-de-arte ou rial essencial ao funcionamento dos serviços. (Incluído pela Lei nº
instalação; 5.346, de 3.11.1967)
Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE DIREITO
Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefô- Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substân-
nico, informático, telemático ou de informação de utilidade pú- cia ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o noci-
blica (Redação dada pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência va à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo: (Redação dada pela
Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radio- Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
telegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabeleci- Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
mento: dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. § 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende,
§ 1o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemá- expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer
tico ou de informação de utilidade pública, ou impede ou dificul- forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o
ta-lhe o restabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) produto falsificado, corrompido ou adulterado. (Incluído pela Lei nº
Vigência 9.677, de 2.7.1998)
§ 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por § 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações pre-
ocasião de calamidade pública. (Incluído pela Lei nº 12.737, de vistas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico.
2012) Vigência (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Modalidade culposa
§ 2º - Se o crime é culposo: (Redação dada pela Lei nº 9.677,
CAPÍTULO III
de 2.7.1998)
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. (Redação
Epidemia
dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produ-
patogênicos: to destinado a fins terapêuticos ou medicinais (Redação dada pela
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
nº 8.072, de 25.7.1990) Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. destinado a fins terapêuticos ou medicinais: (Redação dada pela
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos. Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Reda-
Infração de medida sanitária preventiva ção dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à
impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente ou alterado. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo
farmacêutico, dentista ou enfermeiro. os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os
Omissão de notificação de doença cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. (Incluído pela
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
doença cuja notificação é compulsória: § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes
Envenenamento de água potável ou de substância alimen- condições: (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
tícia ou medicinal I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitá-
Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particu- ria competente; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
lar, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo: II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei no inciso anterior; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas
nº 8.072, de 25.7.1990)
para a sua comercialização; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua ativida-
tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substân-
de; ((Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
cia envenenada.
V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Modalidade culposa VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade
§ 2º - Se o crime é culposo: sanitária competente. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Modalidade culposa
Corrupção ou poluição de água potável § 2º - Se o crime é culposo:
Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação
particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde: dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. Emprego de processo proibido ou de substância não permitida
Modalidade culposa Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a con-
Parágrafo único - Se o crime é culposo: sumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, subs-
Pena - detenção, de dois meses a um ano. tância aromática, anti-séptica, conservadora ou qualquer outra não
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de subs- expressamente permitida pela legislação sanitária:
tância ou produtos alimentícios (Redação dada pela Lei nº 9.677, Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação
de 2.7.1998) dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE DIREITO
Invólucro ou recipiente com falsa indicação Curandeirismo
Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de produtos Art. 284 - Exercer o curandeirismo:
alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a existência de substân- I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente,
cia que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe em qualquer substância;
quantidade menor que a mencionada: (Redação dada pela Lei nº II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
9.677, de 2.7.1998) III - fazendo diagnósticos:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remunera-
Produto ou substância nas condições dos dois artigos an- ção, o agente fica também sujeito à multa.
teriores Forma qualificada
Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para vender Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previs-
ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto nas condições tos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267.
dos arts. 274 e 275.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.(Redação
dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Substância destinada à falsificação 2.3.10 DOS CRIMES CONTRA
Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou ce- A PAZ PÚBLICA
der substância destinada à falsificação de produtos alimentícios,
terapêuticos ou medicinais:(Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação O Direito Penal busca em critério objetivo a identificação dos
dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) crimes e sua colocação espacial no Código Penal. Existem condu-
Outras substâncias nocivas à saúde pública tas que por si só, induzem medo a sociedade, por isso merecem
Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito repulsa do órgão repressor. Teoricamente todos os crimes seriam
para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou contra a paz publica, todavia o Código Penal traz especificamente
substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação aqueles que tratam do risco à segurança da paz pública:
ou a fim medicinal:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Quadrilha ou Bando (art. 288)
Modalidade culposa Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha
Parágrafo único - Se o crime é culposo: ou bando, para o fim de cometer crimes:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Pena - reclusão, de um a três anos.
Substância avariada Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha
Art. 279 - (Revogado pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) ou bando é armado.
Medicamento em desacordo com receita médica Quadrilha é o grupo composto por quatro pessoas. Bando,
Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo com cinco ou mais. O tipo penal pode ser visto como uma limitação
receita médica: legítima ao direito de associação (art. 5º, XVII, CF/88), uma vez
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa. que tal liberdade não subsiste quando a associação tem fins ilícitos.
Modalidade culposa O crime é de perigo abstrato, uma vez que se presume haver
Parágrafo único - Se o crime é culposo: perigo para a sociedade mediante a simples associação de pessoas
Pena - detenção, de dois meses a um ano. para fins de práticas criminosas. Se a associação é para praticar
Comércio clandestino ou facilitação de uso de entorpe- contravenção penal, não haverá crime.
centes É também crime coletivo, plurissubjetivo ou de concurso ne-
COMÉRCIO, POSSE OU USO DE ENTORPECENTE cessário, de condutas convergentes, uma vez que, diferentemente
OU SUBSTÂNCIA QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA FÍ- da rixa, onde as condutas são contrapostas, na quadrilha as condu-
SICA OU PSÍQUICA. (Redação dada pela Lei nº 5.726, de 1971) tas têm uma finalidade comum.
(Revogado pela Lei nº 6.368, 1976) É também crime permanente, permitindo o flagrante a qual-
Art. 281. (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976) quer tempo, já que sua consumação se prolonga no tempo.
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farma- Inclui-se no cômputo das quatro pessoas
cêutica a) O menor que faz parte da quadrilha, o qual, entretanto,
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de responderá por contravenção;
médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou exce- b) O agente beneficiado com a extinção da punibilidade
dendo-lhe os limites: pela morte;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. c) O agente beneficiado com a prescrição com prazo redu-
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, zido em função da idade;
aplica-se também multa. d) Os agentes não identificados.
Charlatanismo O agente responde pelo delito ainda que não tenha poder de
Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou in- mando, já que não é possível que todos ostentem tal condição.
falível: Possível é a punição mesmo que não tenha sido cometido de-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. lito algum, bastando a associação para tanto.
Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE DIREITO
Entretanto, na grande maioria dos casos a quadrilha somente Concurso de Crimes
será reconhecida em função de crimes efetivamente cometidos, o Reconhece-se o concurso de:
que, aliás, servirá de prova para sua existência. a) Quadrilha com roubo majorado pelo concurso de agen-
No concurso de agentes, há o desígnio de praticar um ou so- tes: isso porque os bens jurídicos são diversos (STF, HC 76.213);
mente alguns crimes, para logo depois se dissociarem os agentes. b) Quadrilha armada com roubo majorado pelo emprego de
Associar-se significa organizar-se, aliar-se, unir esforços para armas: pelo mesmo motivo (STF, HC 107.773);
um determinado fim. c) Quadrilha com furto qualificado pelo concurso de agen-
Para o STF, pouco importa que todos os membros se conhe- tes: pelo mesmo motivo (STF, RHC 58.928/RJ);
çam ou não, que haja um chefe da quadrilha, que cada um desem- d) Quadrilha com porte ilegal de armas: pelo mesmo moti-
penhe uma função específica ou que haja organização. vo (STF, RHC 83.447/SP).
Exige-se, para a configuração do crime, o ânimo de estabi-
lidade ou permanência da quadrilha para a prática de uma série Competência e Ação Penal
indeterminada de crimes, não se configurando crime a associação A competência será da Justiça Federal quando:
a) A quadrilha cometer peculato contra a previdência so-
eventual para praticar delitos
cial;
b) Quando a quadrilha dedica-se ao uso de documentos fal-
Consumação e Tentativa
sificados que servem, entre outros objetivos, à supressão de tribu-
Consuma-se o crime no momento da convergência de von-
tos federais;
tades para o cometimento de uma série indeterminada de crimes. c) Quando a quadrilha pratica crime contra a União, suas
Para o agente que adere à quadrilha, a consumação se dá com a autarquias e empresas públicas.
adesão. Se a quadrilha age em diversos estados, a competência será
O CRIME É FORMAL, independendo da prática de crimes, firmada pela prevenção. O mesmo se ela age em diversas seções
os quais, se ocorrerem, serão autônomos em relação ao crime de judiciárias.
quadrilha. De acordo com o STF, devem ser reunidos os processos em
Não admite tentativa, por se tratar de delito unissubsistente. trâmite praticados pela quadrilha, sendo prevalente o juízo do local
em que foi praticado o crime com pena maior; se iguais as penas,
Crime Hediondo e Associação Para o Tráfico aquele em que foi praticado o maior número de delitos.
De acordo com a Lei nº 8.072/90: A ação penal será sempre pública incondicionada.
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no
artigo 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, Denúncia
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou Admite-se a denúncia genérica, já que se trata de crime de
terrorismo. autoria coletiva. A conduta específica de cada agente será apurada
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar no decorrer da ação penal.
à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantela- Assim, não será inepta a denúncia que não descreve, porme-
mento, terá a pena reduzida de um a dois terços. norizadamente, a conduta dos denunciados, quando não obstrui
Assim, se a quadrilha é formada para praticar crimes hedion- nem dificulta o exercício da ampla defesa.
dos ou equiparados, a pena será de três a seis anos, sendo perfei- Para a condenação, bastará a demonstração de que o réu teve
tamente admissível a aplicação da qualificadora prevista no art. participação na associação ilícita, não sendo necessário demons-
288, p. único, que prevê pena em dobro para quadrilha ou bando trar sua participação em algum dos crimes autônomos perpretados
armado (assim, a pena base passará a ser de 6 a 12 anos). pela quadrilha, muito embora a grande dificuldade de se compro-
O p. único do art. 8º acima prevê a colaboração ou delação var a só participação na quadrilha
premiada, sendo uma causa especial de diminuição de pena so-
Constituição de Milícia Privada (art. 288-A)
mente aplicável aos crimes previstos no caput. Se a quadrilha for
Constituição de milícia privada
para outros fins, não se aplica.
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear
Entretanto, essa qualificadora não se aplica para o delito de
organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão
associação para o tráfico previsto no art. 35 da Lei nº 11.343/06,
com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste
cometido por duas ou mais pessoas, sendo punido com pena de 03 Código:
a 10 anos, não se aplicando o p. único do art. 288 face a absoluta Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.”
autonomia e especialidade desse tipo penal.
TÍTULO IX
Crime Único DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
A quadrilha, como visto, é crime permanente. Assim, os episó- Incitação ao crime
dios sucessivos inerentes ao estado de associação criminosa com- Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
põem quadro evidenciador de um mesmo e só delito ou bando. O Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
agente não pode ser acusado e condenado por dois ou mais crimes Apologia de crime ou criminoso
de quadrilha em função de delitos autônomos dela derivados prati- Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou
cados em momentos distintos, ainda que tenham vítimas diversas. de autor de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE DIREITO
Associação Criminosa Moeda de curso legal é aquela de recebimento obrigatório,
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim por força de lei, que não pode ser recusada no comércio. Ela pode
específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, se referir tanto a moeda metálica quanto ao papel-moeda. Se o
de 2013) (Vigência) aceite de outra moeda for meramente convencional, não restará
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela caracterizado o crime (pode haver, em tese, o estelionato).
Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) O crime se consuma com a simples contrafação ou alteração,
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a asso- sendo indiferente se houve ou não a efetiva introdução das moedas
ciação é armada ou se houver a participação de criança ou ado- falsificadas em circulação; tampouco se exige dano a terceiro.
lescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) A ação penal é pública incondicionada, de competência da
Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº Justiça Federal. Como o crime deixa vestígios, exige-se prova
12.720, de 2012) pericial.
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear Não se admite, predominantemente, a aplicação do princípio
organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão da insignificância, sendo irrelevante o número de cédulas, seu va-
com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste lor ou o número de pessoas eventualmente lesadas.
Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de moeda
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada falsa, pois se trata de delito contra a fé pública, logo não há que
falar em desinteresse estatal à sua repressão
pela Lei nº 12.720, de 2012)
Circulação de Moeda Falsa (art. 289, § 1º)
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
2.3.11 DOS CRIMES CONTRA alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
A FÉ PÚBLICA guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
Nesse caso, não se exige que a moeda falsa seja a de curso
legal no país, podendo ser moeda estrangeira.
O autor pode ser qualquer pessoa, menos o autor da fal-
sificação. É um tipo subsidiário, podendo o agente responder por
Crimes Contra a Fé Pública uma destas condutas caso não seja determinada a autoria da falsi-
Os crimes contra a fé pública são crimes de perigo abstrato, ficação.
porque neles o tipo não faz referência ao perigo. Assim, há de se O tipo se caracteriza por ser misto alternativo. Evidentemente
questionar, por exemplo, o seguinte: alguém falsificou uma cé- que se o agente falsifica a moeda e a faz circular, responderá por
dula, mas é uma cédula de três reais, existiu o crime de falso de um só crime, já que a circulação é mero exaurimento.
moeda? O agente precisa ter conhecimento da falsidade. Se ele recebe
Poderia se levar a pensar que sim, o legislador não fala que a moeda e a faz circular sem saber, não responde pelo crime.
a moeda tenha que ser essencialmente correspondente a uma que O Dolo é muito difícil de se comprovar nesses crimes, pois o
exista. Mas a resposta seria não, inclusive a súmula 73 do STJ agente sempre nega a autoria, alegando que desconhecia a falsida-
nos auxiliaria a dizer isto. A súmula 73 diz assim: o papel moeda de. O juiz, por sua vez, deve se atentar para as máximas da expe-
grosseiramente falsificado não configura crime de moeda falsa, riência, para o modus operandi do agente, a fim de captar a prática
mas sim estelionato em tese, de competência da JE. Qual o racio- do crime. É o que ocorre, por exemplo, quando o agente utiliza a
cínio que se emprega? moeda na calada da noite, com pessoas humildes, quando já tenha
Malgrado seja um crime de perigo abstrato, a conduta tentado trocar a moeda anteriormente etc. Baltazar sugere que se
praticada não dispensa a idoneidade para a demonstração da atente para os seguintes dados:
possibilidade de o perigo acontecer. As condutas têm que ter Quantidade de cédulas encontradas com o agente;
Modo de introdução em circulação;
idoneidade suficiente a produzir perigo, o que não significa dizer
Existência de outras cédulas de menor valor em poder do
que o perigo seja exigido, são coisas diversas. Há como descarac-
agente;
terizar a idoneidade em termos abstratos, e não concretos, como
Verossimilhança da versão do réu para a origem das cédulas;
seria o caso. Uma cédula de três reais pode expor a risco a fé
Grau de instrução do agente;
pública? Não, nem em abstrato. Local onde guarda as cédulas.
Trata-se de crime formal e de perigo abstrato, sendo irrelevan-
Moeda Falsa (art. 289) tes, para a consumação, a obtenção da vantagem indevida para o
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda me- agente ou de prejuízo para terceiros.
tálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. Concurso de Crimes
A fabricação é ação conhecida como contrafação; nela, se Se o agente introduz em circulação várias cédulas ou moedas,
insere materialmente o objeto em circulação. Já a alteração pres- no mesmo contexto, há crime único.
supõe a existência de um suporte, o qual o agente modifica de Se ele introduz moedas em locais próximos, num mesmo con-
alguma forma, geralmente para que valha mais. texto, há entendimento de ser crime único e crime continuado.
O bem jurídico protegido é a fé pública, ou seja, a segurança Se o agente obtém vantagem econômica indevida, O ESTE-
da sociedade em relação à moeda, ao meio circulante e à circula- LIONATO É ABSORVIDO PELO DELITO DE MOEDA FAL-
ção monetária. SA, por aplicação do princípio da consunção ou da especialidade.
Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE DIREITO
Competência Documentos Públicos por Equiparação (art. 297, § 2º)
É da Justiça Federal, já que afeta a fé pública da União, ainda Trata-se de documentos particulares que, pela sua importân-
que tenha por objeto moeda estrangeira. cia, foram equiparados pela lei a documento público. São eles:
A competência para processar e julgar esses crimes de moeda Documentos emitidos por entidade paraestatal;
falsa é da JF, desde que haja idoneidade, desde que se trate de Título ao portador ou transmissível por endosso;
crime de moeda falsa. Livros mercantis;
Se não houver idoneidade haverá o falso inócuo. A figura do Testamento particular.
falso inócuo, então, é aquela em que a falsificação existiu, mas Consumação e Tentativa
com as características dela não se apresenta capaz a iludir um A consumação ocorre quando realizada a falsificação ou al-
número indeterminado de agentes. teração. É um crime formal, bastando o resultado jurídico, sendo
perfeitamente possível a tentativa.
Forma Privilegiada (art. 289, § 2º) Concurso de Crimes
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, Falsificação de documento público e estelionato: para o STF,
ambos os crimes coexistiriam, mas em concurso formal. Para o
moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhe-
STJ:
cer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos,
Falsificação e uso de documento falso (art. 304): o uso será
e multa.
absorvido, já que é mero pós fato impunível. Isso, entretanto, se o
Adquirir a moeda falsa sem ter conhecimento do vício não é
falsário for a mesma pessoa que usa o documento
crime. Entretanto, o é o fato de colocar novamente em circulação Causas de Aumento de Pena (art. 297, 13º)
após conhecer da falsidade. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
Esse crime somente se consuma com a reintrodução da moe- prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
da à circulação. Logo, é material, admitindo a tentativa.
Falsidade de Documento e Sonegação Fiscal
Forma Qualificada (art. 289, § 3º) Nos crimes de sonegação fiscal há causas extintivas de punibi-
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, lidade, assim como também há o entendimento do STF no sentido
o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de de que eles são sujeitos a uma condição objetiva de punibilidade,
emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: que significa o esgotamento da via administrativa.
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado
em lei; Falsificação de Documento Particular (art. 298)
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particu-
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular lar ou alterar documento particular verdadeiro:
moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
O conceito de documento particular é dado por exclusão. Par-
Falsificação de Documento Público (art. 297) ticular é todo documento que não é público. São exemplos:
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, Cheque devolvido pelo banco: é documento particular, pois
ou alterar documento público verdadeiro: após devolvido o cheque, não mais poderá ser transmitido por
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. endosso.
São requisitos da falsificação: Documento endereçado à autoridade pública: não é documen-
Que ela seja idônea: é a falsificação apta a iludir, capaz de to público, já que não foi feito por autoridade pública.
enganar qualquer pessoa normal; para a jurisprudência, a falsifi-
cação grosseira não constitui crime, pois não é capaz de enganar Falsidade Ideológica (art. 299)
as pessoas em geral. Poderia ser, no máximo, estelionato; Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, de-
claração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir
Que tenha capacidade de causar prejuízo a alguém:
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
Disquete, cd, xerox etc. não são documentos. Documento é
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
toda peça escrita que condensa o pensamento de alguém, capaz de
fato juridicamente relevante:
provar um fato ou a realização de um ato de relevância jurídica.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento
é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento
Requisitos do Documento Público é particular.
Deve ser elaborado por agente público; Trata-se de um crime formal, bastando a possibilidade de
O agente público deve estar no exercício da função, tendo dano para ser punível.
atribuição para tanto; A falsidade ideológica é voltada para a declaração que com-
Deve obedecer às formalidades legais exigidas para a valida- põe o documento, para o conteúdo do que se quer falsificar. Nela,
de do documento. o documento é formalmente perfeito e falso seu conteúdo in-
Pode um documento estrangeiro ser considerado público? telectual. O agente declara e faz constar no documento algo que
Sim, desde que seja considerado público no país de origem e que sabe não ser verdadeiro.
satisfaça os requisitos de validade previstos no ordenamento bra- Na falsidade material o vício incide sobre a parte exterior do
sileiro. documento, recaindo sobre o elemento físico do papel escrito e
verdadeiro. O sujeito modifica as características originais do ob-
Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE DIREITO
jeto material por meio de rasuras, borrões, emendas, substituição Falsa Identidade (art. 307)
de palavras ou letras, números, etc. Na falsidade ideológica (ou Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade
pessoa) o vício incide sobre as declarações que o objeto material para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar
deveria possuir, sobre o conteúdo das ideias. Inexistem rasuras, dano a outrem:
emendas, omissões ou acréscimos. O documento, sob o aspecto Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não
material é verdadeiro; falsa é a ideia que ele contém. Daí também constitui elemento de crime mais grave.
chamar-se ideal Trata-se de um delito formal e expressamente subsidiário.
Identidade se refere às características que uma pessoa possui
Requisitos para a Configuração, Conforme Jurisprudên- capazes de a individualizarem na sociedade. Está ligada intimamen-
cia te à noção de estado civil.
Que a declaração tenha valor por si mesma: se a declaração A falsidade tem de ser idônea e deve haver relevância jurídica
tiver de ser investigada pela autoridade pública, não há crime na imputação falsa, capacidade de causar dano.
(v.g., declaração de pobreza falsa). Nesse sentido: O silêncio não pode configurar falsa identidade, já que o crime
Que a declaração faça parte do objeto do documento: as de- é comissivo.
clarações irrelevantes, como o endereço da testemunha num con-
trato, não caracterizam o crime Falsa Identidade e Autodefesa
Para concursos de Defensoria Pública, o preso em flagrante ou
Casuísticas interrogado em juízo que se dá outro nome para se eximir da conde-
Se alguém pega a assinatura de um amigo em uma folha em nação simplesmente exerce a autodefesa, em seu sentido mais am-
branco e preenche como confissão de dívida, pratica o crime de plo, aplicando-se o brocardo nemo tenetur se detegere.
falsidade ideológica; Para o MP, evidentemente que não se trata de autodefesa, já
Pegar uma folha e falsificar a assinatura de outrem é falsidade que a conduta do agente é comissiva, tentando enganar a autoridade
material; pública, se afastando em muito do simples direito à não autoincri-
Se, em um B.O., o escrivão inserir fatos que não foram narra- minação
dos, haverá falsidade ideológica;
A cópia sem autenticação não pode ser considerada docu- TÍTULO X
mento para fins penais. DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
Elemento Subjetivo, Consumação e Tentativa CAPÍTULO I
O crime exige o especial fim de prejudicar direito ou criar DA MOEDA FALSA
obrigação, ou ainda, alterar a verdade sobre fato juridicamente Moeda Falsa
relevante.
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metá-
Na MODALIDADE OMISSIVA, consuma-se com a omissão
lica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
e não cabe tentativa.
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
Na comissiva, ocorre quando o agente insere ou faz terceiro
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
inserir, sendo a tentativa perfeitamente possível.
alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
Causa de Aumento de Pena
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moe-
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e co-
mete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou da falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a
alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
de sexta parte. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o
funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emis-
Uso de Documento Falso (art. 304) são que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular
Trata-se de crime com preceito penal secundário remetido. moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
Fazer uso é utilizar documento falso como se verdadeiro fos- Crimes assimilados ao de moeda falsa
se. O uso deve ser efetivo, não bastando mencionar que possui o Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de
documento. Se o agente falsifica e usa documento, há simples- moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros;
mente progressão criminosa, e o uso se torna um post factum im- suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de res-
punível. tituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à
Não haverá o crime se o documento for encontrado pela au- circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhi-
toridade em revista pessoal do agente; se o documento é apresen- dos para o fim de inutilização:
tado mediante solicitação ou exigência da autoridade policial, há Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
controvérsia. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos
Competência e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na re-
Se o documento utilizado for passaporte, a competência será partição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil
da Justiça Federal do lugar onde apresentado: ingresso, em razão do cargo.(Vide Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE DIREITO
Petrechos para falsificação de moeda § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gra- boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se re-
tuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou ferem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou
qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos,
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. ou multa.
Emissão de título ao portador sem permissão legal § 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino,
vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públi-
ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem cos e em residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
deva ser pago: Petrechos de falsificação
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar ob-
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qual-
jeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis
quer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de de-
tenção, de quinze dias a três meses, ou multa. referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
CAPÍTULO II Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
DA FALSIDADE DE me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
CAPÍTULO III
Falsificação de papéis públicos DA FALSIDADE DOCUMENTAL
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qual- Falsificação do selo ou sinal público
quer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tribu- Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
to; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União,
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso de Estado ou de Município;
legal; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito públi-
III - vale postal; co, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econô- Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
mica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito § 1º - Incorre nas mesmas penas:
público;
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em
relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução
por que o poder público seja responsável; prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
administrada pela União, por Estado ou por Município: logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou iden-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. tificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. (In-
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
11.035, de 2004) § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsifi- prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
cados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de Falsificação de documento público
2004) Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento públi-
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, co, ou alterar documento público verdadeiro:
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, man- prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
tém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento pú-
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exer- blico o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou
cício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercado- transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os
ria: (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
livros mercantis e o testamento particular.
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inse-
tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária rir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
determina a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº I – na folha de pagamento ou em documento de informações
11.035, de 2004) que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pes-
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, soa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído
com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal pela Lei nº 9.983, de 2000)
indicativo de sua inutilização: II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empre-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. gado ou em documento que deva produzir efeito perante a previ-
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, dência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE DIREITO
III – em documento contábil ou em qualquer outro documen- Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que
to relacionado com as obrigações da empresa perante a previdên- tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração
cia social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter consta- está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:
do. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de
mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de Uso de documento falso
serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou
Falsificação de documento particular (Redação dada pela alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particu- Supressão de documento
lar ou alterar documento particular verdadeiro: Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou parti-
cular verdadeiro, de que não podia dispor:
Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento
Vigência
é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a
é particular.
documento particular o cartão de crédito ou débito. (Incluído pela
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência CAPÍTULO IV
Falsidade ideológica DE OUTRAS FALSIDADES
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, de-
claração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir Falsificação do sinal empregado no contraste de metal
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou
juridicamente relevante: sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natu-
é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento reza, falsificado por outrem:
é particular. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa
o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para
é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cum-
parte. primento de formalidade legal:
Falso reconhecimento de firma ou letra Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de fun- Falsa identidade
ção pública, firma ou letra que o não seja: Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar
é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular. dano a outrem:
Certidão ou atestado ideologicamente falso Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função não constitui elemento de crime mais grave.
pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, ca-
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual- derneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia
ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natu-
quer outra vantagem:
reza, próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o
Falsidade material de atestado ou certidão
fato não constitui elemento de crime mais grave.
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou
Fraude de lei sobre estrangeiro
alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no
fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, território nacional, nome que não é o seu:
isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
vantagem: Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para
Pena - detenção, de três meses a dois anos. promover-lhe a entrada em território nacional: (Incluído pela Lei
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, nº 9.426, de 1996)
além da pena privativa de liberdade, a de multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Incluído pela
Falsidade de atestado médico Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, ates- Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor
tado falso: de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que
Pena - detenção, de um mês a um ano. a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: (Re-
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, dação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
aplica-se também multa. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Redação
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Didatismo e Conhecimento 63
NOÇÕES DE DIREITO
Adulteração de sinal identificador de veículo automo- O agente, representante de um poder estatal, tem por função
tor (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) principal cumprir regularmente seus deveres, confiados pelo povo.
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qual- A traição funcional faz com que todos tenhamos interesse na sua
quer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou punição, até porque, de certa forma, somos afetados por elas.
equipamento:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)) Dentro desse espírito, mesmo quando praticado no estrangeiro,
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela logo, fora do alcance da soberania nacional, o delito funcional
Lei nº 9.426, de 1996) será alcançado, obrigatoriamente, pela lei penal.
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função públi-
ca ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. (Incluído pela Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de 2003,
Lei nº 9.426, de 1996) condicionou a progressão de regime prisional nos crimes contra
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que a Administração Pública à prévia reparação do dano causado, ou
contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos
adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação ofi- legais.
cial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
A lei em comento não impede a progressão aos crimes fun-
CAPÍTULO V cionais, mas apenas acrescenta uma nova condição objetiva, de
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) cumprimento obrigatório para que o reeducando conquiste o re-
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE ferido benefício.
PÚBLICO Crimes Funcionais
(INCLUÍDO PELA LEI 12.550. DE 2011) Espécies
Os delitos funcionais são divididos em duas espécies: pró-
Fraudes em certames de interesse público (Incluído pela Lei prios e impróprios.
12.550. de 2011) Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de funcionário
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de público ao autor, o fato passa a ser tratado como um tipo penal
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do
descrito.
certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de servidor
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
publico, desaparece também o crime funcional, desclassificando
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. de
a conduta para outro delito, de natureza diversa.
2011)
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (In-
Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais
cluído pela Lei 12.550. de 2011)
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela
Lei 12.550. de 2011) penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído exerce cargo, emprego ou função pública.
pela Lei 12.550. de 2011) § 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
mencionadas no caput. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração públi- § 2º A pena será aumentada da terça parte quando os autores
ca: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído em comissão ou de função de direção ou assessoramento de ór-
pela Lei 12.550. de 2011) gão da administração direta, sociedade de economia mista, em-
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido presa pública ou fundação instituída pelo poder público.
por funcionário público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Contudo, ao considerar o que seja funcionário público para
fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito unitário, sem
atender aos ensinamentos do Direito Administrativo, tomando a
expressão no sentido amplo.
2.3.12 DOS CRIMES CONTRA Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se funcioná-
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA rio público não apenas o servidor legalmente investido em cargo
público, mas também o que servidor publico efetivo ou tempo-
rário.
O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos crimes
funcionais, praticados por determinado grupo de pessoas no exercí- Tipos penais Contra Administração Pública
cio de sua função, associado ou não com pessoa alheia aos quadros
administrativos, prejudicando o correto funcionamento dos órgãos O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato desvio,
do Estado. Peculato furto, Peculato culposo, Peculato mediante erro de ou-
A Administração Pública deste modo, em geral direta, indireta e trem, Concussão, Excesso de exação, Corrupção passiva e Pre-
empresas privadas prestadoras de serviços públicos, contratadas ou varicação, são os crimes tipificado com praticados por agentes
conveniadas será vítima primária e constante, podendo, secundaria- públicos.
mente, figurar no polo passivo eventual administrado prejudicado.
Didatismo e Conhecimento 64
NOÇÕES DE DIREITO
Peculato Excesso de Exação
Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica do pe- A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe aos
culato é a probidade da administração pública. É um crime próprio cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres públicos,
onde o sujeito ativo será sempre o funcionário público e o sujeito porém o funcionário se apropria do valor.
passivo o Estado e em alguns casos o particular. Admite-se a par-
ticipação. Corrupção Passiva
Didatismo e Conhecimento 65
NOÇÕES DE DIREITO
Peculato culposo Corrupção passiva
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
de outrem: ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
Pena - detenção, de três meses a um ano. mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se tal vantagem:
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Re-
posterior, reduz de metade a pena imposta. dação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Peculato mediante erro de outrem § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequên-
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, cia da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever fun-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. cional.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (In- § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a ou influência de outrem:
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Ad- Facilitação de contrabando ou descaminho
ministração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a práti-
ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, ca de contrabando ou descaminho (art. 334):
de 2000)) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluí- dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
do pela Lei nº 9.983, de 2000) Prevaricação
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para sa-
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de tisfazer interesse ou sentimento pessoal:
informações ou programa de informática sem autorização ou so- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
licitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente
de 2000) público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a apa-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e mul-
relho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até
nº 11.466, de 2007).
a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Ad-
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
ministração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº
Condescendência criminosa
9.983, de 2000)
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de respon-
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
sabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conheci-
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
total ou parcialmente: mento da autoridade competente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
crime mais grave. Advocacia administrativa
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa vado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
da estabelecida em lei: funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Concussão Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta- Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em Violência arbitrária
razão dela, vantagem indevida: Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. pretexto de exercê-la:
Excesso de exação Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social correspondente à violência.
que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega Abandono de função
na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permiti-
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) dos em lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pú- § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
blicos: fronteira:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE DIREITO
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Desobediência
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satis- Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
feitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído Desacato
ou suspenso: Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da fun-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. ção ou em razão dela:
Violação de sigilo funcional Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: 1995)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-
constitui crime mais grave.
trem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela
ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Re-
Lei nº 9.983, de 2000)
dação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e em-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Reda-
préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não
autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Adminis- ção dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
tração Pública;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcioná-
Lei nº 9.983, de 2000) rio. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública Corrupção ativa
ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
Lei nº 9.983, de 2000) de ofício:
Violação do sigilo de proposta de concorrência Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda-
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ção dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato
Funcionário público de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe- Descaminho
nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce car- Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito
go, emprego ou função pública. ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, em- mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
prego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empre- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada
sa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº
de 2000) 13.008, de 26.6.2014)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comis- em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
são ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administra-
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
ção direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
(Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual-
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GE- estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou
RAL fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandesti-
Usurpação de função pública na no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal
Resistência ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Redação
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos
prestando auxílio: deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de um a três anos. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das cor- praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação dada
respondentes à violência. pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Didatismo e Conhecimento 67
NOÇÕES DE DIREITO
Contrabando II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da con-
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluí- tabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as
do pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei pela Lei nº 9.983, de 2000)
nº 13.008, de 26.6.2014) III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferi-
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, dos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
de 26.6.2014) contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983,
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (In- de 2000)
cluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluí-
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que de- do pela Lei nº 9.983, de 2000)
penda de registro, análise ou autorização de órgão público compe- § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamen-
tente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) te, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira des- presta as informações devidas à previdência social, na forma defi-
tinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) nida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluí-
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- do pela Lei nº 9.983, de 2000)
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei bra- mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
sileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proi- II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
bida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste arti- administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
go, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de merca- suas execuções fiscais.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
dorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pa-
pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) gamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajusta-
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência do nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos bene-
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública fícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou pro- CAPÍTULO II-A
curar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de Corrupção ativa em transação comercial internacional
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamen-
Inutilização de edital ou de sinal te, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a ter-
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspur- ceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
car edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inuti- ofício relacionado à transação comercial internacional: (Incluído
lizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Subtração ou inutilização de livro ou documento Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se,
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estran-
oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, geiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo
em razão de ofício, ou de particular em serviço público: dever funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui Tráfico de influência em transação comercial internacio-
crime mais grave. nal (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
Lei nº 9.983, de 2000) outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vanta-
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previden- gem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
ciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (In- estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluí-
de informações previsto pela legislação previdenciária segurados do pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autôno- Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente
mo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário
Lei nº 9.983, de 2000) estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Didatismo e Conhecimento 68
NOÇÕES DE DIREITO
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer ou-
10467, de 11.6.2002) tra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete,
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimen-
para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem to, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entida- Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
des estatais ou em representações diplomáticas de país estrangei- Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada
ro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estran- Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um
geiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas con- terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
troladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. (Incluído parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Reda-
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Coação no curso do processo
CAPÍTULO III Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
JUSTIÇA qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Reingresso de estrangeiro expulso Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que correspondente à violência.
dele foi expulso: Exercício arbitrário das próprias razões
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
expulsão após o cumprimento da pena. pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Denunciação caluniosa Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, pena correspondente à violência.
de processo judicial, instauração de investigação administrativa, Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra al- procede mediante queixa.
guém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria,
pela Lei nº 10.028, de 2000) que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou con-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. venção:
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
de anonimato ou de nome suposto. Fraude processual
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo
prática de contravenção. civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
Comunicação falsa de crime ou de contravenção com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter ve- Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito
rificado: em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. em dobro.
Auto-acusação falsa Favorecimento pessoal
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexisten- Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública
te ou praticado por outrem: autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Falso testemunho ou falsa perícia § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em pro- § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente,
cesso judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Favorecimento real
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Reda- Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria
ção dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime:
crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou fa-
processo civil em que for parte entidade da administração pública cilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisio-
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no pro- nal. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
cesso em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela
verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Lei nº 12.012, de 2009).
Didatismo e Conhecimento 69
NOÇÕES DE DIREITO
Exercício arbitrário ou abuso de poder Exploração de prestígio
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra uti-
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder: lidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério
Pena - detenção, de um mês a um ano. Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou tes-
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: temunha:
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabe- Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
lecimento destinado a execução de pena privativa de liberdade ou Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o
de medida de segurança; agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se
II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar imediata- Violência ou fraude em arrematação judicial
mente a ordem de liberdade; Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial;
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de
vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança pena correspondente à violência.
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspen-
presa ou submetida a medida de segurança detentiva: são de direito
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
dois a seis anos.
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se CAPÍTULO IV
também a pena correspondente à violência. DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o
internado. Contratação de operação de crédito
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédi-
ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, to, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: (Incluí-
ou multa. do pela Lei nº 10.028, de 2000)
Evasão mediante violência contra a pessoa Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo nº 10.028, de 2000)
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, auto-
contra a pessoa:
riza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: (Incluído
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena corres-
pela Lei nº 10.028, de 2000)
pondente à violência.
I – com inobservância de limite, condição ou montante esta-
Arrebatamento de preso
belecido em lei ou em resolução do Senado Federal; (Incluído pela
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de
Lei nº 10.028, de 2000)
quem o tenha sob custódia ou guarda:
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspon-
limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei nº 10.028,
dente à violência.
Motim de presos de 2000)
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou dis- Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pa-
ciplina da prisão: gar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena cor- Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pa-
respondente à violência. gar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que
Patrocínio infiel exceda limite estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o 2000)
dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juí- Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído
zo, lhe é confiado: pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Assunção de obrigação no último ano do mandato ou le-
Patrocínio simultâneo ou tergiversação gislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação,
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legis-
sucessivamente, partes contrárias. latura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício finan-
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório ceiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de resti- não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: (In-
tuir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
qualidade de advogado ou procurador: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. nº 10.028, de 2000)
Didatismo e Conhecimento 70
NOÇÕES DE DIREITO
Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela Lei Do mesmo modo, há a ausência do contraditório e da ampla
nº 10.028, de 2000) defesa, em função de sua natureza inquisitória e em razão d a polícia
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: (Incluído exercer mera função administrativa e não jurisdicional.
pela Lei nº 10.028, de 2000) Sob a égide da constituição federal, Aury Lopes Jr. define:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela “Inquérito é o ato ou efeito de inquirir, isto é, procurar informa-
Lei nº 10.028, de 2000) ções sobre algo, colher informações acerca de um fato, perquirir”.
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº 10.028, (2008, p. 241).
de 2000) Em outras palavras, o inquérito policial é um procedimento ad-
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que ministrativo preliminar, de caráter inquisitivo, presidido pela autori-
tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao dade policial, que visa reunir elementos informativos com objetivo
valor da garantia prestada, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº de contribuir para a formação da “opinio delicti” do titular da ação
10.028, de 2000) penal.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído A Polícia ostensiva ou de segurança (Polícia Militar) tem por
pela Lei nº 10.028, de 2000) função evitar a ocorrência de crimes. Já a Polícia Judiciária (Civil e
Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei nº Federal) se incumbe se investigar a ocorrência de infrações penais.
10.028, de 2000) Desta forma, a Polícia Judiciária, na forma de seus delegados é res-
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o ponsável por presidir o Inquérito Policial.
cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor su- Entretanto, conforme o artigo 4º do Código de Processo Penal
perior ao permitido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Brasileiro, em seu parágrafo único, outras autoridades também pode-
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído rão presidir o inquérito, como nos casos de Comissões Parlamentares
pela Lei nº 10.028, de 2000) de Inquérito (CPI’s), Inquéritos Policiais Militares (IPM’s) e inves-
Aumento de despesa total com pessoal no último ano do tigadores particulares. Este último exemplo é aceito pela jurispru-
mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) dência, desde que respeite as garantias constitucionais e não utilize
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete provas ilícitas.
aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias
A atribuição para presidir o inquérito se dá em função da com-
anteriores ao final do mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei
petência ratione loci, ou seja, em razão do lugar onde se consumou o
nº 10.028, de 2000))
crime. Desta forma, ocorrerá a investigação onde ocorreu o crime. A
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela
atribuição do delegado será definida pela sua circunscrição policial,
Lei nº 10.028, de 2000)
com exceção das delegacias especializadas, como a delegacia da mu-
Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (Incluí-
lher e de tóxicos, dentre outras.
do pela Lei nº 10.028, de 2000)
Os destinatários do IP são os autores da Ação Penal, ou seja, o
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública
Ministério Público ( no caso de ação Penal de Iniciativa Pública) ou
ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública
sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registra- o querelante (no caso de Ação Penal de Iniciativa Privada). Excep-
dos em sistema centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído cionalmente o juiz poderá ser destinatário do Inquérito, quando este
pela Lei nº 10.028, de 2000) estiver diante de cláusula de reserva de jurisdição.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela O inquérito policial não é indispensável para a propositura da
Lei nº 10.028, de 2000) ação penal. Este será dispensável quando já se tiver a materialidade e
indícios de autoria do crime. Entretanto, se não se tiver tais elemen-
tos, o IP será indispensável, conforme disposição do artigo 39, § 5º
do Código de Processo Penal.
2.4 DIREITO PROCESSUAL PENAL; A sentença condenatória será nula, quando fundamentada exclu-
2.4.1 DO INQUÉRITO POLICIAL sivamente nas provas produzidas no inquérito policial. Conforme o
artigo 155 do CPP, o Inquérito serve apenas como reforço de prova.
O inquérito deve ser escrito, sigiloso, unilateral e inquisitivo. A
competência de instauração poderá ser de ofício (Quando se tratar
O Inquérito Policial é o procedimento administrativo perse- de ação penal pública incondicionada), por requisição da autoridade
cutório, informativo, prévio e preparatório da Ação Penal. É um judiciária ou do Ministério Público, a pedido da vítima ou de seu
conjunto de atos concatenados, com unidade e fim de perseguir a representante legal ou mediante requisição do Ministro da Justiça.
materialidade e indícios de autoria de um crime. O inquérito Po- O Inquérito Policial se inicia com a notitia criminis, ou seja, com
licial averígua determinado crime e precede a ação penal, sendo a notícia do crime. O Boletim de Ocorrência (BO) não é uma forma
considerado, portanto como pré processual. técnica de iniciar o Inquérito, mas este se destina às mãos do delega-
Composto de provas de autoria e materialidade de crime, que, do e é utilizado para realizar a Representação, se o crime for de Ação
comumente são produzidas por Investigadores de Polícia e Peritos de Iniciativa Penal Pública condicionada à Representação, ou para
Criminais, o inquérito policial é organizado e numerado pelo Es- o requerimento, se o crime for de Ação Penal da Iniciativa Privada.
crivão de Polícia, e presidido pelo Delegado de Polícia. As peças inaugurais do inquérito policial são a Portaria (Ato de
Importante esclarecer que não há litígio no Inquérito Policial, ofício do delegado, onde ele irá instaurar o inquérito), o Auto de pri-
uma vez que inexistem autor e réu. Apenas figura a presença do são em flagrante (Ato pelo qual o delegado formaliza a prisão em
investigado ou acusado. flagrante), o Requerimento do ofendido ou de seu representante
Didatismo e Conhecimento 71
NOÇÕES DE DIREITO
legal (Quando a vítima ou outra pessoa do povo requer, no caso Procedimento sigiloso:
de Ação Penal de Iniciativa Privada), a Requisição do Ministério O inquérito policial tem o sigilo natural como característica
Público ou do Juiz. em razão de duas finalidades: 1) Eficiência das investigações; 2)
No IP a decretação de incomunicabilidade (máximo de três Resguardar imagem do investigado. O sigilo é intrínseco ao IP, di-
dias) é exclusiva do juiz, a autoridade policial não poderá determi- ferente da ação penal, uma vez que não é necessária a declaração
ná-la de ofício. Entretanto, o advogado poderá comunicar-se com o de sigilo no inquérito. Apesar de sigiloso, deve-se considerar a re-
preso, conforme dispõe o artigo 21 do Código de Processo Penal, em lativização do mesmo, uma vez que alguns profissionais possuem
seu parágrafo único. acesso ao mesmo, como é o exemplo do juiz, do promotor de justi-
Concluídas as investigações, a autoridade policial encaminha o ça e do advogado do ofendido, vide Estatuto da OAB, lei 8.906/94,
ofício ao juiz, desta forma, depois de saneado o juiz o envia ao pro- art. 7º, XIX. O advogado tem o direito de consultar os autos dos IP,
motor, que por sua vez oferece a denúncia ou pede arquivamento. ainda que sem procuração para tal.
O prazo para a conclusão do inquérito, conforme o artigo 10
caput e § 3º do Código de Processo Penal, será de dez dias se o réu Procedimento escrito:
estiver preso, e de trinta dias se estiver solto. Entretanto, se o réu es- Os elementos informativos produzidos oralmente devem ser
tiver solto, o prazo poderá ser prorrogado se o delegado encaminhar reduzidos a termo. O termo “eventualmente datilografado” deve ser
seu pedido ao juiz, e este para o Ministério Público. considerado, através de uma interpretação analógica, como “digita-
Na Polícia Federal, o prazo é de quinze dias se o indiciado es- do”. A partir de 2009, a lei 11.900/09 passou a autorizar a documen-
tiver preso (prorrogável por mais quinze). Nos crimes de tráfico ilí- tação e captação de elementos informativos produzidos através de
cito de entorpecentes o prazo é de trinta dias se o réu estiver preso som e imagem (através de dispositivos de armazenamento).
e noventa dias se estiver solto, esse prazo é prorrogável por igual
período, conforme disposição da Lei 11.343 de 2006. Indisponível:
O arquivamento do inquérito consiste da paralisação das in- A autoridade policial não pode arquivar o inquérito policial.
vestigações pela ausência de justa causa (materialidade e indícios O delegado pode sugerir o arquivamento, enquanto o MP pede o
de autoria), por atipicidade ou pela extinção da punibilidade. Este arquivamento. O sistema presidencialista é o que vigora para o trâ-
deverá ser realizado pelo Ministério Público. O juiz não poderá de-
mite do IP, ou seja, deve passar pelo magistrado.
terminar de ofício, o arquivamento do inquérito, sem a manifestação
do Ministério Público
Importante ilustrar que poderá o delegado deixar de instaurar o
O desarquivamento consiste na retomada das investigações pa-
inquérito nas seguintes hipóteses:
ralisadas, pelo surgimento de uma nova prova.
1) se o fato for atípico (atipicidade material);
2) não ocorrência do fato;
Procedimento inquisitivo:
3) se estiverem presentes causas de extinção de punibilidade,
Todas as funções estão concentradas na mão de única pessoa, o
delegado de polícia. como no caso da prescrição.
Recordando sobre sistemas processuais, suas modalidades são: Contudo o delegado não poderá invocar o princípio da insigni-
inquisitivo, acusatório e misto. O inquisitivo possui funções con- ficância com o objetivo de deixar de lavrar o auto de prisão em fla-
centradas nas mãos de uma pessoa. O juiz exerce todas as funções grante ou de instaurar inquérito policial. No que tange à excludente
dentro do processo. No acusatório puro, as funções são muito bem de ilicitude, a doutrina majoritária entende que o delegado deve ins-
definidas. O juiz não busca provas. O Brasil adota o sistema acusató- taurar o inquérito e ratificar o auto de prisão em flagrante, uma vez
rio não ortodoxo. No sistema misto: existe uma fase investigatória, que a função da autoridade policial é subsunção do fato à norma.
presidida por autoridade policial e uma fase judicial, presidida pelo
juiz inquisidor. Dispensável:
Dita o art. 12 do CPP:
Discricionariedade:
Existe uma margem de atuação do delegado que atuará de acor- Art. 12 - O inquérito policial acompanhará a denúncia ou quei-
do com sua conveniência e oportunidade. A materialização dessa xa, sempre que servir de base a uma ou outra.
discricionariedade se dá, por exemplo, no indeferimento de reque-
rimentos. O art. 6º do Código de Processo Penal, apesar de trazer O termo “sempre que servir” corresponde ao fato de que, pos-
diligências, não retira a discricionariedade do delegado. Diante da suindo o titular da ação penal, elementos para propositura, lastro
situação apresentada, poderia o delegado indeferir quaisquer dili- probatório idôneo de fontes diversas, por exemplo, o inquérito po-
gências? A resposta é não, pois há exceção. Não cabe ao delegado de derá ser dispensado.
polícia indeferir a realização do exame de corpo de delito, uma vez
que o ordenamento jurídico veda tal prática. Caso o delegado opte Segundo o art. 46, §1º do mesmo dispositivo legal:
por indeferir o exame, duas serão as possíveis saídas: a primeira, re-
quisitar ao Ministério Público. A segunda, segundo Tourinho Filho, “Art. 46 - O prazo para oferecimento da denúncia, estando o
recorrer ao Chefe de Polícia (analogia ao art. 5º, §2º, CPP). Outra réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data em que o órgão do
importante observação: O fato de o MP e juiz realizarem requisição Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15
de diligências mitigaria a discricionariedade do delegado? Não, pois (quinze) dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso,
a requisição no processo penal é tratada como ordem, ou seja, uma se houver devolução do inquérito à autoridade policial (Art. 16),
imposição legal. O delegado responderia pelo crime de prevaricação contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público
(art. 319 do Código Penal), segundo a doutrina majoritária. receber novamente os autos.
Didatismo e Conhecimento 72
NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º - Quando o Ministério Público dispensar o inquérito po- Não é possível desindiciar o indivíduo uma vez que represen-
licial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data ta uma espécie de arquivamento subjetivo em relação ao indiciado.
em que tiver recebido as peças de informações ou a representação.” Em contrapartida, há posicionamento diverso, com assentamento
na ideia de que o desindiciamento é possível pelo fato de o IP ser
OUTRAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL um procedimento administrativo. Assim sendo, a autoridade policial
a) CPIs: Inquérito parlamentar. Infrações ou faltas funcionais e goza de autotutela, ou seja, da capacidade de rever os próprios atos.
aqueles crimes de matéria de alta relevância; Com relação às espécies de desindiciamento, o mesmo pode
b) IPM: Inquérito policial militar. Instrumento para investiga- ser de ofício, ou seja, realizado pela própria autoridade policial e
ção de infrações militares próprias; coato/coercitivo, que decorre do deferimento de ordem de habeas
c) Crimes cometidos pelo magistrado: investigação presidida corpus.
pelo juiz presidente do tribunal;
d) MP: PGR/PGJ; PRAZOS PARA ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO PO-
e) Crimes cometidos por outras autoridades com foro privile- LICIAL
giado: ministro ou desembargador do respectivo tribunal.
No caso da justiça estadual, 10 dias se acusado preso; 30 dias
Os elementos informativos colhidos durante a fase do inquérito se acusado solto. Os 10 dias são improrrogáveis, os 30 dias são
policial não poderão ser utilizados para fundamentar sentença penal prorrogáveis por “n” vezes. No caso da justiça federal, 15 dias se o
condenatória. O valor de tais elementos é relativo, uma vez que os acusado estiver preso; 30 dias se o acusado estiver solto. Os 15 dias
mesmos servem para fundamentar o recebimento de uma inicial, são prorrogáveis por uma vez, enquanto os 30 dias são prorrogáveis
mas não são suficientes para fundamentar eventual condenação. por “n” vezes.
No caso da lei de drogas (11.343/2006), o prazo é diverso: 30
PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL dias se o acusado estiver preso, 90 dias se estiver solto. Nessa mo-
dalidade, os prazos podem ser duplicados. Com relação aos crimes
1ª fase: Instauração; contra a economia popular (lei 1.521/51, art. 10, §1º), o prazo para
2º fase: Desenvolvimento/evolução; conclusão do IP é de 10 dias, independente se o acusado estiver
3ª fase: Conclusão preso ou solto.
1ª fase: Instaurado por peças procedimentais:
1ª peça: Portaria; MEIOS DE AÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
2ª peça: APFD (auto de prisão em flagrante delito);
3ª peça: Requisição do juiz/MP/ministro da justiça; 1) Primeiramente, oferecer denúncia, caso haja justa causa. Em
4ª peça: Requerimento da vítima regra, o procedimento é o ordinário. (Sumário: cabe Recurso em
sentido estrito, vide art. 581, I, CPP). Do recebimento da denúncia,
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL cabe habeas corpus. Da rejeição da denúncia no procedimento su-
maríssimo, cabe apelação. (JESPCRIM, prazo de 10 dias);
A peça de encerramento chama-se relatório, definido como
uma prestação de contas daquilo que foi realizado durante todo o 2) O MP pode requisitar novas diligências, mas deve especifi-
inquérito policial ao titular da ação penal. Em outras palavras, é a cá-las. No caso do indeferimento pelo magistrado, cabe a correição
síntese das principais diligências realizadas no curso do inquérito. parcial;
O mesmo só passa pelo juiz devido ao fato de o Código de Proces-
so Penal adotar o sistema presidencialista, já citado anteriormente. 3) MP pode defender o argumento de que não tem atribuição
Entretanto, apesar dessa adoção, este caminho adotado pela auto- para atuar naquele caso e que o juiz não tem competência. Nesse
ridade policial poderia ser capaz de ferir o sistema acusatório, que caso, o juiz pode concordar ou não com o MP. No caso de não
é adotado pelo CPP (pois ainda não há relação jurídica processual concordar, o juiz fará remessa do inquérito ou peças de informação
penal). ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro
Os estados do Rio de Janeiro e Bahia adotaram a Central de in- órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido
quéritos policiais, utilizada para que a autoridade policial remetesse de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender,
os autos à central gerida pelo Ministério Público. Os respectivos como menciona o art. 28 do CPP;
tribunais reagiram diante da situação.
4) MP pode pedir arquivamento. Se o juiz homologa, encerra-
INDICIAMENTO se o mesmo. Trata-se de ato complexo, ou seja, que depende de
duas vontades.
O indiciamento é a individualização do investigado/suspeito.
Há a transição do plano da possibilidade para o campo da probabili- A natureza jurídica do arquivamento é de ato administrativo
dade, ou seja, da potencialização do suspeito. Na presente hipótese, judicial, procedimento que deriva de jurisdição voluntária. É ato
deve o delegado comunicar os órgãos de identificação e estatística. judicial, mas não jurisdicional. Com relação ao art. 28 do CPP e a
Sobre o momento do indiciamento, o CPP não prevê de forma exa- obrigação do outro membro do Ministério Público ser ou não obri-
ta, podendo ser realizado em todas as fases do inquérito policial gado a oferecer a denúncia, existem duas correntes sobre o tema.
(instauração, curso e conclusão). A primeira corrente, representada por Cláudio Fontelis, defende o
argumento de que o promotor não é obrigado a oferecer denún-
Didatismo e Conhecimento 73
NOÇÕES DE DIREITO
cia porque o termo deve ser interpretado como designação, com TÍTULO II
base na independência funcional. A segunda corrente, majoritária, DO INQUÉRITO POLICIAL
defende o ponto de que o termo deve ser interpretado como de-
legação, atuando o promotor como “longa manus” do Procurador Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades
Geral de Justiça. Diante da questão trazida, estaria a independên- policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por
cia funcional comprometida? Não, pois o novo promotor pode fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação
pedir a absolvição/condenação, uma vez que o mesmo possui tal dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995)
liberdade. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não ex-
cluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja come-
A importância do inquérito policial se materializa do ponto tida a mesma função.
de vista de uma garantia contra apressados juízos, formados quan- Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
do ainda não há exata visão do conjunto de todas as circunstâncias iniciado:
de determinado fato. Daí a denominação de instituto pré-proces- I - de ofício;
sual, que de certa forma, protege o acusado de ser jogado aos II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Mi-
braços de uma Justiça apressada e talvez, equivocada. O erro faz nistério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver
parte da essência humana e nem mesmo a autoridade policial, por qualidade para representá-lo.
mais competente que seja, está isenta de equívocos e falsos juí- § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que
zos. Delegados e advogados devem trabalhar em prol de um bom possível:
comum, qual seja, a efetivação da justiça. Imprescindível a parti- a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
cipação do advogado, dentro dos limites estabelecidos pela lei, na b) a individualização do indiciado ou seus sinais característi-
participação da defesa de seu cliente. Diante disso, é de imensa cos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da
importância que o inquérito policial seja desenvolvido sob a égi- infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
de constitucional, respeitando os direitos, garantias fundamentais c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profis-
do acusado e, principalmente, o princípio da dignidade da pessoa são e residência.
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de
humana, norteador do ordenamento jurídico brasileiro.
inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
NOTITIA CRIMINIS
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
O Inquérito Policial se inicia com a notitia criminis, ou seja,
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar
com a notícia do crime.
inquérito.
A Notitia criminis é a comunicação que alguém faz à auto-
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender
ridade pública da infração penal, praticada por ela ou por outra
de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
pessoa. É o instrumento processual utilizado para comunicar uma § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial so-
infração penal à autoridade competente. Não se confunde a notí- mente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha
cia criminal com a denúncia, que é o instrumento inicial da ação qualidade para intentá-la.
penal. A notícia não instaura uma ação penal, mas apenas o inqué- Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração
rito policial. penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem
A notitia criminis de cognição indireta pode dar-se por: o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos cri-
minais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei
Delacio Criminis que é a comunicação por escrito ou verbal, nº 5.970, de 1973)
prestada por pessoa identificada. (CPP, art. 5º, II). Somente auto- II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
rizará a instauração do inquérito policial nos crimes de ação penal liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862,
pública Incondicionada. de 28.3.1994)
No que concerne à delacio criminis inautêntica, ou seja, a III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimen-
delação ou denúncia anônima, apesar de a Constituição Federal to do fato e suas circunstâncias;
vedar o anonimato, o Supremo Tribunal de Justiça se manifestou IV - ouvir o ofendido;
a favor de sua validade, desde que utilizada com cautela. V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o
Notitia Criminis de Cognição Coercitiva - (CPP, art. 301 e respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe te-
302) nham ouvido a leitura;
Esta, ocorre no caso de prisão em flagrante. VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a aca-
Na notitia criminis de cognição coercitiva, a comunicação do reações;
crime é realizada mediante a própria apresentação de seu autor VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo
por servidor público no exercício de suas funções ou por parti- de delito e a quaisquer outras perícias;
cular. VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo da-
tiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de an-
tecedentes;
Didatismo e Conhecimento 74
NOÇÕES DE DIREITO
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguarda-
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e rão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
seu temperamento e caráter. Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo neces-
X - colher informações sobre a existência de filhos, respecti- sário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
vas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem
de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer
pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) anotações referentes a instauração de inquérito contra os requeren-
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido tes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012)
praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá pro- Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre
ceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contra- de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse
rie a moralidade ou a ordem pública. da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o dispos- Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá
to no Capítulo II do Título IX deste Livro. de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz,
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só pro- a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério
cessado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubri- Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89,
cadas pela autoridade. inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o 4.215, de 27 de abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010,
indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventi- de 30.5.1966)
vamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em
solto, mediante fiança ou sem ela. uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido diligências em circunscrição de outra, independentemente de pre-
apurado e enviará autos ao juiz competente. catórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que com-
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que pareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em
não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser sua presença, noutra circunscrição.
encontradas. Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identifi-
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos cação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo
autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração
marcado pelo juiz. penal e à pessoa do indiciado.
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que
interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou quei-
2.4.2 DA PROVA
xa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessá-
rias à instrução e julgamento dos processos;
Prova, é o ato ou o complexo de atos que visam a estabele-
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
cer a veracidade de um fato ou da prática de um ato tendo como
nistério Público;
finalidade a formação da convicção da entidade decidente - juiz
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autori-
ou tribunal - acerca da existência ou inexistência de determinada
dades judiciárias;
situação factual. Em regra, é produzida na fase judicial com a par-
IV - representar acerca da prisão preventiva.
ticipação dialética das partes (contraditório real e ampla defesa que
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
são elaborados perante o juiz).
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a Destarte a prova é o elemento fundamental para a decisão de
juízo da autoridade. uma lide. Tem como objeto fato jurídico relevante, isto é, aquele
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador que possa influenciar no julgamento do feito. Assim, não é qual-
pela autoridade policial. quer fato que carece ser provado, mas sim, aquele que, no processo
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolu- penal, possa influenciar na tipificação do fato delituoso ou na ex-
ção do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligên- clusão de culpabilidade ou de antijuridicidade.
cias, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Convém lembrar, ainda, que o objeto da prova é fato e não
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar opinião, muito embora, em alguns casos (especialmente quando
autos de inquérito. se trata de dosar a pena) a opinião da testemunha pode ter relevo
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela para a fixação da pena quando ela afirma, por exemplo, que o réu é
autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autorida- honesto, trabalhador e bom pai de família.
de policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas
tiver notícia.
Didatismo e Conhecimento 75
NOÇÕES DE DIREITO
Objeto de prova Segundo o princípio da comunhão da prova, quando a prova
Tem a prova um objeto, que são os fatos da causa. O objeto da ingressa no processo deixa de ser exclusiva da parte que a pro-
prova consiste nos fatos cuja evidenciação se torne imprescindí- duziu. O juiz examina todo o contexto da prova podendo inclusi-
vel, no processo, para o juiz convencer-se de sua veracidade. Em ve valorá-la de modo prejudicial a quem a apresentou. Ou seja, a
outras palavras, objeto da prova é o fato ilícito alegado na peça utilização das provas por qualquer das partes é de ser plenamente
acusatória. aceita, independentemente de quem a tenha produzido, porque in-
Em toda ação penal, deve-se provar dois pontos cruciais, a teressa ao juiz descobrir a verdade.
saber: a materialidade e a autoria do fato criminoso. Além disso, é Já na segunda parte e incisos do art. 156, CPP é facultado ao
preciso dar conhecimento ao juiz de todas as circunstâncias obje- juiz, de ofício, ordenar a produção de provas e determinar a reali-
tivas (aspectos externos do crime) e subjetivas (motivos do crime zação de diligências. Vê-se aqui que o juiz tem poderes para influir
e aspectos pessoais do agente) que possam determinar a certeza na produção de provas unilateralmente.
de sua convicção sobre a responsabilidade criminal. As circuns- No inciso I identificamos os poderes inquisitórios, que per-
tâncias que cercam o caso concreto devem ser provadas, ainda, mitem ao juiz influir livremente nas provas. O legislador permitiu
em razão de serem relevantes no momento de fixação da pena. ao juiz ordenar a produção de provas antes do oferecimento da de-
núncia e, ao fazer isso, o magistrado substitui a autoridade policial
Contudo, a atividade probatória deve restringir-se aos fatos
ou o promotor (MP) – e isso fere o princípio da imparcialidade do
relevantes, aqueles que são pertinentes e úteis ao julgamento da
juiz. Esse é um dispositivo amplamente criticado. (Crítica: o ato
ação penal. Observe-se portanto que, que existe um critério para a
unilateral (sem provocação) do juiz pode ser considerado parcial,
produção de provas numa ação penal.
na prática?)
No inciso II identificamos os poderes instrutórios, onde o juiz
Desnecessidade da prova pode interferir na prova para resolver ponto relevantes, indepen-
De acordo com a redação do art. 400, § 1o, CPP diz que o juiz dente de requerimento das partes. Esse dispositivo está relaciona-
poderá “indeferir (as provas) consideradas irrelevantes, imperti- do à instrução do processo e é plenamente aceito. O inciso II está
nentes ou protelatórias”. intimamente ligado com o descobrimento da verdade, uma vez que
Temos, então, que será o juiz quem estabelecerá o que deve o juiz pode solicitar a produção de provas para formação do seu
ser provado, de acordo com o que julgar relevante para a forma- convencimento.
ção do seu convencimento.
Entretanto, existe a desnecessidade de se provar alguns fatos, Princípio do juiz natural
quais sejam: os evidentes, os notórios e as presunções legais. No art. 5º, LIII, CF tem-se que “ninguém será processado nem
Evidentes são os fatos que prescindem de prova para serem sentenciado senão pela autoridade competente”. Em seu inciso
tidos como verdadeiros. São fatos incontroversos, evidentes por si XXXVII, tem-se que “não haverá juízo ou tribunal de exceção”.
mesmos, intuitivos, axiomáticos. Esse princípios constitucionais relacionam-se com a produção
Notórios são fatos que também prescindem de prova. São de provas, conforme veremos a seguir.
os acontecimentos ou situações de conhecimento geral, como as O art. 399, §2o, CPP dita que “o juiz que presidiu a instrução
datas histórias, os fatos políticos ou sociais de conhecimento pú- deverá proferir a sentença”, evidenciando a aplicação princípio da
blico – ou seja, fatos que pertencem ao patrimônio cultural do identidade física do juiz.
cidadão médio. No processo civil, o art. 132, CPC dita que, caso o juiz não
Já as presunções legais são os fatos presumidos verdadeiros possa julgar a lide (por motivos como aposentadoria, afastamento
pela própria lei, que podem ser duas ordens: absoluta e relativa. A ou convocação), os autos passarão para o seu sucessos. Ocorre que
presunção absoluta (“juris et de jure”) não admite fato em contrá- o CPP silencia quanto a essa questão. Assim, valendo-nos do seu
rio. Exemplo disso é o art. 27, CP que diz que menor de 18 anos é art. 3o, é possível que aplique-se as disposições do art. 132, CPC.
inimputável. Já a presunção relativa (“juris tantum”) admite pro- A Lei 8.038/90 estabelece os procedimentos nos casos em que
va em contrário, como no caso do art. 217-A, CP que diz que a uma pessoa é processada nos casos de competência originária do
STF ou STJ. Em seu art. 3o, III temos a exceção ao princípio da
vulnerabilidade do menor de 14 anos é relativa. Essa flexibilidade
identidade física do juiz a medida que juízes e desembargadores
justifica-se diante da possibilidade de se prejudicar o réu.
serão convocados para auxiliar na coleta de provas. Portanto, a
lei autoriza essa exceção ao princípio da identidade física do juiz.
Ônus da prova
De acordo com a primeira parte do art. 156, CPP o ônus da Momentos probatórios
prova é a prova da alegação por quem a fizer. Cabe ao autor da Para podermos adentrar a discussão acerca dos momentos
ação penal (MP ou querelante) o exercício da atividade probatória probatórios, é necessário que façamos as seguintes considerações
principal. Incumbe-lhe demonstrar a existência dos fatos consti- iniciais: as provas só podem ser produzidas no processo, que é
tutivos afirmados na pretensão, devendo provar a existência do quando haverá o contraditório. São sujeitos processuais principais
ilícito penal e sua autoria. no processo penal a acusação (MP ou querelante), defesa (réu e
Por outro lado, sobre o acusado só recai o ônus de provas defensor) e o juiz.
o álibi que apresentar. Contudo, se apresentar fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, relacionados com a pretensão acusa-
tória, ele será obrigado a prová-los. Nesse caso, inverte-se o ônus
da prova. Exemplo: alegação de legítima defesa.
Didatismo e Conhecimento 76
NOÇÕES DE DIREITO
Compreendido isso, são 4 os momentos para produção de provas: A realização do exame de DNA (ácido desoxirribonucléico)
Propositura da prova, que se dá na fase postulatória. Para a também é um meio eficaz de identificação do criminoso. O DNA cons-
acusação, isso dar-se-á na peça acusatória (denúncia ou queixa- titui parte dos cromossomos, sendo encontrado no núcleo das células
crime), enquanto que para o acusado, será na sua resposta, na sua dos seres vivos. São transmitidos de geração em geração, sendo 50%
defesa. do pai e 50% da mãe.
Admissibilidade das provas, que é o deferimento judicial dos Na realização do exame de DNA temos a prova invasiva e a pro-
requerimentos formulados pelas partes, ou seja, quando o juiz es- va não invasiva. A primeira é aquela que necessita de intervenção no
tabelece quais provas serão apresentadas ou não (no processo civil organismo humano. A segunda é aquela onde não há necessidade de se
é o despacho saneador). penetrar no organismo humano.
Produção da prova, que, em regra, se dá na audiência de ins- Para a produção da prova invasiva é absolutamente necessária a
trução e julgamento, na qual todos os sujeitos participam. Nesse obtenção do consentimento. Na produção da prova não invasiva não
momento, serão tomadas as declarações do ofendido, haverá o depende do contato físico. É o juiz que decide a validade da prova não
interrogatório do acusado, inquirição das testemunhas arroladas, invasiva. (ex.: fio de cabelo, saliva no copo)
esclarecimentos dos peritos etc.
Valoração da prova, que significa dizer que o julgador, ao Exame de corpo de delito
fundamentar a sentença, deve manifestar-se sobre todas as provas Em relação aos crimes que deixarem vestígios, será indispensável
produzidas. a realização do exame de corpo de delito (art. 158, CPP)
Vale dizer que, havendo recurso, a prova será sempre substan- Corpo de delito é o conjunto dos vestígios que caracterizam a
cial, i.e., será reavaliada. existência do crime. Não se confunde corpo de delito com o exame
das lesões da vitima. O primeiro é gênero do qual o segundo é espécie.
OS MEIOS DE PROVA O exame de corpo de delito envolve inclusive o processamento
da cena do crime e pode ser tanto direto (art. 161) quanto indireto (art.
Desde o princípio desse debate vale a ressalva: meio de prova 167, CPP).
é diferente de objeto de prova. Meio de prova pode ser todo fato, A materialidade dos fatos muitas vezes deve ser comprovada por
documento ou alegação que sirva, direta ou indiretamente, ao des- meio de exame pericial. Nesse sentido, podemos ter 3 situações: exame
cobrimento da verdade. Ou seja, meio de prova é todo instrumento de lesões corporais, exame necroscópico e exumação. Analisaremos
cada uma dessas situações a seguir.
que se destina a levar ao processo um elemento, uma informação
Exame de lesões corporais
a ser utilizada pelo juiz para formar a sua convicção acerca das
Esse é um meio de prova relacionado a um tipo penal (lesão cor-
alegações.
poral, art. 129, CP), que visa estabelecer a natureza da gravidade da
lesão provocada na vitima. O procedimento (art. 394, CPP) depende da
Prova pericial
gravidade da lesão, e, portanto, da pena. Contudo, temos duas exceções
a aplicação desse exame.
No Código de Processo Penal a prova pericial é tratada nos A primeira refere-se ao caso de lesão corporal de natureza leve,
arts. 158 usque 184. quando o juízo competente será o JECRIM. Nessa hipótese, o procedi-
A perícia é a diligência realizada ou executada por perito, a mento será sumaríssimo, que é célere e informal. Assim, não será exi-
fim de esclarecer ou evidenciar certos fatos, de forma científica e gido o exame de lesões corporais. A lei 9.099, art. 77, §1o diz que essa
técnica. Perito é aquele que tem conhecimento técnico sobre de- prova pode ser substituída pelo boletim medico ou prova equivalente.
terminada área e sua função é a da verificação da verdade ou da A segunda exceção trata dos crimes domésticos, sobretudo os
realidade de certos fatos. praticados contra a mulher, que estão disciplinados na Lei 11.340/06.
No processo penal, a perícia é, via de regra, realizada por pe- No art. 12, §3o, temos que as provas podem ser laudos ou prontuários
rito oficial, ligado ao Estado, sendo que cada estado da federação médicos. Isso porque, na prática, o Ministério Público pode atuar ex
possui seu próprio instituto de criminalística. O perito é um auxi- officio em casos graves.
liar da justiça, não está subordinado a autoridade policia, estando
sua autonomia garantida. Exame necroscópico
Conforme o art. 184, CPP a prova pericial cabe somente quan- O cadáver aqui é o objeto da prova. Sua finalidade é estabelecer a
do for útil para o descobrimento da verdade. causa mortis (art. 162). Esse exame será realizado sempre que a morte
No art. 159, CPP temos que o laudo pode ser subscrito por estiver relacionada a um fato criminoso. Do texto do Parágrafo Único
apenas um perito. A conclusão do perito pode ou não ser subjetiva. do dispositivo extrai-se que esse exame é desnecessário nos casos de
(Ex: perícia psicológica x perícia toxicológica) morte violenta e não haja infração penal a ser apurada (como é o caso,
A defesa pode formular quesitos ao perito. No processo penal, por exemplo, dos acidentes automobilísticos) ou quando as lesões ex-
isso não é comum porque geralmente a perícia é realizada logo ternas permitirem precisar a causa mortis.
depois do acontecimento do crime. Portanto, essa perícia pode ser
questionada em juízo porque à época de sua realização não havia Exumação
defensor constituído. Isso é o que se chama de contraditório diferi- Com previsão no art. 163, CPP, a exumação tem como objeto da
do (postergado, transferido). prova o cadáver já sepultado. A exumação só pode ser feita mediante
De acordo com o art. 5o, LVIII, CF o criminoso “civilmente autorização judicial e em dois casos: a) caso deva ter sido realizado
identificado não será submetido a identificação criminal”. A Lei o exame necroscópico e não foi, gerando, depois do sepultamento,
12.037/09, em seus arts. 2o, 3o e 5o apresenta esclarecimentos e dúvidas a respeito da causa da morte; e b) casos que coloquem em
requisitos quando a identificação do criminoso. duvida o laudo necroscópico.
Didatismo e Conhecimento 77
NOÇÕES DE DIREITO
Prova documental Prova oral
Documento é todo objeto material que condense em si a ma- A prova oral, prevista no art. 201, CPP, refere-se principal-
nifestação de um pensamento ou fato a ser reproduzido em juízo. mente às declarações do ofendido.
Considera-se objeto material todo material visual, auditivo, audio- Os sujeitos processuais podem ser principais ou secundários.
visual, bem como o registrado em meios mecânicos óticos ou mag- Os principais são o Ministério Público, o querelante, o réu e o juiz.
néticos de armazenamento. Os secundários são a testemunha, o perito e o escrivão. O ofendido
A prova documental está disciplinada no CPP nos arts. 231 é tradicionalmente esquecido.
usque 238. Com a Lei 9.099/95, o Estado passa a olhar para a vítima de
modo distinto. Essa lei trata do procedimento sumaríssimo, que
Documento eletrônico tem como característica principal o surgimento da transação penal
Consiste em uma sequência de bytes, e em determinado pro- entre o autor do fato e o ofendido para que seja tentado ao menos a
grama de computador se torna a representação de um fato. Os cri- auto composição das partes. Em 2008 o legislador altera o art. 201,
mes que são praticados por meio da internet ou por outros meios CPP. A partir dai, o ofendido é o sujeito passivo da infração penal.
cibernéticos têm consequências no que dizem respeitos à provas. A oitiva da vítima na ação penal não é obrigatória. Se a víti-
Um dos meios para combater esse tipo de ilícito penal é recru- ma for intimada a comparecer em juízo e não o fizer, poderá ser
conduzida à presença da autoridade. A vítima não presta o compro-
tar os crackers para trabalharem a favor da polícia.
misso de dizer a verdade. Parte-se do princípio que a vítima está
Importante ressaltar a distinção entre os hackers e os crackers:
dizendo a verdade porque tem interesse na sentença condenatória
os primeiros ultrapassam barreiras de segurança para se gabar, en-
e numa eventual reparação do dano.
quanto que os segundos invadem sistemas para causarem prejuízo,
Quanto se tratar do querelante, ele estará obrigado com a ver-
visando lucro. dade. Caso contrário, poderá responder pelo crime de denunciação
caluniosa.
Sigilo telemático
É um mecanismo de proteção do usuário do aparelho, o que Prova testemunhal
gera certa dificuldade para obter informações e muitas vezes será Testemunha é a pessoa que atesta a veracidade de um fato.
necessária autorização judicial para o acesso de dados. Quando Portanto, a testemunha presta o compromisso de dizer a verdade
se tratar de crime em que a polícia tem o dever e a obrigação de (art. 203, CPP).
apurar, tem-se as delegacias que estão incumbidas de investigar Uma das mais inseguras do processo, a prova testemunhal está
crimes cibernéticos prevista no CPP nos arts. 202 .. Do ponto de vista quantitativo, é
uma prova interessante. Do ponto de vista qualitativo, não.
Ata notarial Diz-se isso porque a testemunha pode não se lembrar com
Constatação de um fato ou de um ato que é atestada pelo ta- exatidão dos fatos. Ou então, aliada ao critério subjetivo das con-
belião, com fé publica. Feito isso, e apresentado ao delegado, tere- vicções pessoais da vítima, pode influenciar no depoimento da
mos uma prova pré-constituída e com fé-pública. Isso é bom para testemunha. Ainda, há também o temor da testemunha sofrer re-
as provas nos meio eletrônico que podem ser apagadas instanta- pressões em virtude de suas declarações.
neamente. Estamos diante de uma presunção de verdade relativa, O número de testemunhas
podendo, portanto, ser impugnada. Pode servir como prova tanto O nosso sistema processual penal é regido por procedimento.
na esfera penal quanto na esfera civil. Dependendo do crime, ele deve obedecer determinado procedi-
mento, podendo arrolar ou não testemunhas, tendo que obedecer
Prova emprestada ao número permitido.
Prova emprestada é aquela que é transladada em forma de do- O número de testemunhas depende do procedimento, confor-
cumento para um processo penal no qual se discutirá a sua valida- me passaremos a demonstrar.
de e o seu valor probante. No procedimento ordinário (art. 394, CPP), é possível arrolar
até 8 testemunhas (art. 401, caput, CPP). No procedimento comum
Geralmente a prova emprestada no processo penal se relacio-
sumário, podem ser arroladas até 5 testemunhas (art. 532, CPP). Já
na com depoimento de vítima ou uma declaração que foi dada em
no procedimento comum sumaríssimo, não há referência expressa.
um caso e a testemunha após um tempo morreu, desapareceu, etc.
O art. 81 da Lei 9.099 diz que pode-se arrolar de 3 a 5 testemunhas.
Do ponto de vista da acusação é interessante que a prova seja
Para entendermos a questão das testemunhas no Tribunal do
emprestada de tempo que foi dada, e que seja encarada como uma Júri, é preciso entender seu procedimento bifásico. Na primeira
prova testemunhal, de inteiro teor, e não apenas como um docu- fase se encerra por meio de uma decisão, que pode ser: decisão de
mento. Do ponto de vista da defesa, o que se alega é que o princí- absolvição sumaria, decisão de desclassificação, decisão de impro-
pio da ampla defesa não foi respeitado pois se caso o réu morreu, núncia (efeito semelhante ao arquivamento) ou decisão de pronún-
não teve tempo de contestar, ou caso de testemunha desaparecida, cia. Caso haja pronúncia, prossegue-se para a próxima fase. Essa
que não houve possibilidade de perguntas da defesa para tal. segunda fase cuida da preparação do julgamento e do julgamento
São requisitos para a utilização da prova emprestada: a) que em plenário.
no processo anterior tenha sido respeitado o princípio do contra- Superada a explicação, temos o seguinte: na primeira fase os
ditório;
b) que a prova no processo anterior tenha sido produzida atos seguem a sequência do procedimento comum ordinário, ou
pelo juiz natural; e c) que o réu tenha comparecido no outro pro- seja, até 8 testemunhas podem ser arroladas (art. 406, §2o e 3o,
cesso. CPP). Na segunda fase podem ser arroladas até 5 testemunhas (art.
422, CPP).
Didatismo e Conhecimento 78
NOÇÕES DE DIREITO
A Lei 11.3434, em seu art. 34, trata do tráfico de drogas. Esse Delação premiada
crime admite procedimento especial, podendo arrolar até 5 teste- Esse é um instituto que está ligado ao réu. A delação premia-
munhas, com previsão no art. 54, III, e 55, §1o. da ocorre quando o acusado admite a prática do crime e delata a
Por fim, nos casos complexos o juiz pode intervir para que participação de outrem ou de outras pessoas, fazendo-o em troca
sejam arroladas mais do que 8 testemunhas. As testemunhas exce- da redução da pena ou até mesmo da obtenção do perdão judicial.
dentes são inquiridas como testemunhas do juízo. A delação premiada somente pode ser apresentada por um co
réu, posto que irá delatar para se beneficiar. Caso não tenha bene-
A desobrigação de testemunhar fício será apenas uma testemunha. Não há garantia de que co réu
Em princípio, toda pessoa pode ser testemunha, até mesmo seja beneficiado, pois não existe nenhum diploma disciplinando tal
um menor. Porém, uma vez que a testemunha é intimada a depor, instituto.
esta não pode deixar de depor, sob pena de ser conduzida coerci- Essa delação não tem o mesmo valor que o depoimento de tes-
tivamente, ou até mesmo de responder criminalmente por desobe- temunha. Isso se explica à medida que as testemunhas prestam o
diência. compromisso de dizer a verdade, e o corréu está numa posição de
Existem alguma pessoas que se tornam desobrigadas, pela lei, mero informante, devendo suas alegações serem confirmadas.
a prestar o testemunho, segundo disposição dos arts. 206 e 208, De acordo com o princípio da obrigatoriedade da ação penal,
CPP. Se o juiz, mesmo assim, quiser ouvir as declarações desta o membro do Ministério Público não pode simplesmente alocar o
pessoa, tal testemunha não estará obrigada em prestar compromis- delator como testemunha. Em verdade, deve admitir o delator como
so com a verdade. Neste caso, será ouvida na condição de infor- co réu e, posteriormente, considerar sua redução de pena ou perdão
mante.
De acordo com o art. 207, serão proibidas de depor aquelas judicial por ter colaborado com suas importantes declarações.
que em razão de função, ofício ou profissão devam guardar segre-
do, salvo se desobrigadas pela parte interessada, quiserem prestar Instrumentos do crime
testemunho. Todos os objetos usados para a consumação do crime deverão
Interrogatório ser analisados e periciados, com o fim de lhes verificar a natureza
e a eficiência.
Além da necessidade de se examinar o instrumento
Quando tratamos de interrogatório como meio de prova, é im- utilizado na atividade criminosa, deve-se também elaborar o auto
portante observar que três correntes se formaram. de avaliação (art. 172, CPP)
A primeira corrente, no princípio, entendia como o interro-
gatório sendo um meio de prova. A segunda, por sua vez, dizia Indícios
que o interrogatório era um meio de defesa. Já a terceira e mais Disciplinados no art. 239, CPP, os indícios não são considera-
aceita corrente afirma que o interrogatório é predominantemente dos como provas diretas, mas sim fazem parte do contexto de prova
um meio de defesa, mas não deixa de ser um meio de prova, pois indireta (ou prova circunstancial).
o juiz pode levar em conta o que o réu está falando para formular Os indícios podem ser utilizados para efeitos de formação do
a sua convicção. convencimento do juiz, mas não pode haver condenação apenas
Ressalte-se que o interrogatório é um ato pessoal do juiz, não com base neles. Essa regra aplica-se apenas ao julgador togado, vez
podendo delegar para qualquer outra pessoa. Além disso, deve ser que os jurados do Tribunal do Júri podem convencer-se através de
realizado na presença de um defensor, inclusive no JECRIM, sob indícios, considerando-os suficientes para condenação.
pena de nulidade, e cada réu tem que ser ouvido separadamente. Para a utilização de indícios no convencimento do juiz, impõe-
No tocante ao procedimento, o art. 400, CPP dita que o réu se que eles sejam graves, precisos e concordantes com o fato que
será o último a ser interrogado, para que possa ter conhecimento se quer provar.
de toda as provas produzidas contra ele. Já no Tribunal do Júri o Busca e apreensão
réu será interrogado duas vezes, a saber: pela polícia e na plenária.
A realização do interrogatório é obrigatória. Contudo, é pre- Com previsão legal nos arts. 240 busque 250, CPP, a busca e
visto o direito de o sujeito interrogado manter-se calado, vez que apreensão depende de autorização judicial. Trata-se, em verdade,
ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo. de uma medida cautelar, sendo considerada um meio atípico de pro-
va – diz-se, então, que é instrumento de obtenção da prova.
Confissão Considerando a previsão constitucional de inviolabilidade da
Confissão é o ato de reconhecimento, pelo acusado, da impu- privacidade, da intimidade, do domicilio, a decretação da busca e
tação que lhe é feita. Alguns doutrinadores entendem que a confis- apreensão é medida só pode ser autorizada pelo juiz competente e
são é um meio atípico de prova, uma vez que seria declaração de em decisão fundamentada.
vontade do réu em sua defesa. Por se tratar de medida assecuratória (ou cautelar),o juiz só
Na Idade Média, a confissão era considerada a rainha das pro- pode deferi-la se ficar convencido de que naquele caso específico
vas (“Regina probatorium”), válida ainda que obtida por meio de que lhe é apresentado existem elementos de que o que está sendo
tortura. alegado possui verossimilhança e que há necessidade da urgência
De acordo com as disposições do Código de Processo Penal (fumus boni juris e periculum in mora).
a confissão deve ser corroborada por outras provas. No processo Na prática, a busca e apreensão pode ser pleiteada pelo dele-
penal não predomina a ideia do fato incontroverso, como no pro- gado ao juiz por meio de uma representação. Em sua manifestação,
cesso civil. o promotor de justiça pode reforçar a necessidade ou se opor a
A confissão não supre o exame pericial a medida que é neces- isso. A busca e apreensão pode ser requerida antes do inquérito,
sário confirmar a materialidade do delito. O valor da confissão é o durante a investigação ou no curso da ação penal. Pode ainda ser
mesmo que das outras provas. requerida pela defesa, se lhe for interessante.
Didatismo e Conhecimento 79
NOÇÕES DE DIREITO
A busca e apreensão também pode ser determinada de ofício CAPÍTULO II
pelo juiz, segundo o art. 242, CPP. Contudo, não é conveniente que DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍ-
o juiz o faça, vez que isso pode comprometer sua imparcialidade. CIAS EM GERAL
Pode-se buscar e apreender aquilo que estiver previsto no art.
240, mas o rol não é taxativo. Tudo que estiver relacionado com Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispen-
a elucidação de um crime pode ser objeto de busca e apreensão. sável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
Com base no art. 5o, XI, CF, temos que, mesmo sendo expe- supri-lo a confissão do acusado.
dido o mandado de busca e apreensão, a autoridade policial não Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão
poderá ingressar o domicílio alheio durante o período de repou- realizados por perito oficial, portador de diploma de curso supe-
so noturno. Assim, o cumprimento do mandado judicial deverá rior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
aguardar até a manhã. § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
Se no flagrante delito forem apreendidos objetos relativos a (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
outros crimes, a jurisprudência diz que a apreensão será convalida- preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habi-
da mesmo sem mandado de busca e apreensão específico para isso. litação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação
Ainda, é possível que haja a busca pessoal como medida pre- dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
ventiva, como por exemplo a revista da pessoa, sem a exigência de § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem
mandado para tanto. e fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº
11.690, de 2008)
TÍTULO VII § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
DA PROVA acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação
de quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº
CAPÍTULO I 11.690, de 2008)
DISPOSIÇÕES GERAIS § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo
juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído
da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fun- pela Lei nº 11.690, de 2008)
damentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às par-
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não re-
tes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
petíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão
para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e
observadas as restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela
os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
Lei nº 11.690, de 2008)
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sen-
respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690,
do, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº
11.690, de 2008) de 2008)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a pro- II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pare-
dução antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, ceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiên-
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da me- cia. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
dida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de
ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do a sua conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em viola- § 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de
ção a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a
11.690, de 2008) atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilí- assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
citas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade en- Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre-
tre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas verão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos que-
por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº sitos formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
11.690, de 2008) Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação dada pela Lei
ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da nº 8.862, de 28.3.1994)
prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova de- qualquer dia e a qualquer hora.
clarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, fa- Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois
cultado às partes acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte,
11.690, de 2008) julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) no auto.
Didatismo e Conhecimento 80
NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o sim- Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompi-
ples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal mento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escala-
que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a da, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que
causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o
verificação de alguma circunstância relevante. fato praticado.
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de
autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do cri-
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circuns- me.
tanciado. Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos au-
particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediên- tos e dos que resultarem de diligências.
cia. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e
de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado
autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo cons- para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o
tará do auto. seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição do fato.
em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, to- Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por
das as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. (Re- comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
dação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, será intimada para o ato, se for encontrada;
os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas II - para a comparação, poderão servir quaisquer documen-
fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. tos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exu- reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não
mado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identifi- houver dúvida;
cação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exa-
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, me, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimen-
no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. tos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e ser retirados;
autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem
para a identificação do cadáver. insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escre-
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por va o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que
suprir-lhe a falta. se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados
pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame comple- para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a
mentar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de eficiência.
ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos
do acusado, ou de seu defensor. até o ato da diligência.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos
de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação pri-
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do deli- vada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz
to no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que deprecante.
decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão trans-
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela critos na precatória.
prova testemunhal. Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o lau-
praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente do assinado pelos peritos.
para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peri- Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto
tos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame,
esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973) também pela autoridade.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as altera- Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o lau-
ções do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequên- do, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em
cias dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Incluído pela Lei nº suas folhas por todos os peritos.
8.862, de 28.3.1994) Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão con-
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão signadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de
material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autori-
que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográfi- dade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade
cas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
Didatismo e Conhecimento 81
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso § 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a rea-
de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária lização de atos processuais por sistema de videoconferência será
mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente. § 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista
ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. nos §§ 1o e 2o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, obser- § 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no
var-se-á o disposto no art. 19. que couber, à realização de outros atos processuais que dependam
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, re-
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando conhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou
não for necessária ao esclarecimento da verdade. tomada de declarações do ofendido. (Incluído pela Lei nº 11.900,
de 2009)
CAPÍTULO III § 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompa-
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO nhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor. (Incluído
pela Lei nº 11.900, de 2009)
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judi- § 10. Do interrogatório deverá constar a informação sobre a
ciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma de-
presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação dada ficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cui-
pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) dados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº
§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala pró- 13.257, de 2016)
pria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que este- Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do
jam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Públi- inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes
co e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade
de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e
do ato. (Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009)
de não responder perguntas que lhe forem formuladas. (Redação
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão,
do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tec-
não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela
nológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde
Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes fina-
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: so-
lidades: (Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009)
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada bre a pessoa do acusado e sobre os fatos. (Redação dada pela Lei
suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por nº 10.792, de 1º.12.2003)
outra razão, possa fugir durante o deslocamento; (Incluído pela Lei § 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre
nº 11.900, de 2009) a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais,
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se
quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juí- foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o
zo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; (Incluído pela juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação,
Lei nº 11.900, de 2009) qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e so-
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da ciais. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por § 2o Na segunda parte será perguntado sobre: (Incluído pela
videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; (Incluído Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
pela Lei nº 11.900, de 2009) I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; (Incluído pela Lei
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública . (Incluí- nº 10.792, de 1º.12.2003)
do pela Lei nº 11.900, de 2009) II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem
por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas
antecedência. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) esteve antes da prática da infração ou depois dela; (Incluído pela
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso po- Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
derá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e
todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que se teve notícia desta; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código. (Incluído pela Lei nº IV - as provas já apuradas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de
11.900, de 2009) 1º.12.2003)
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por
ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas; (Incluí-
se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso do pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a in-
que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do fração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido
Fórum, e entre este e o preso. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) apreendido; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Didatismo e Conhecimento 82
NOÇÕES DE DIREITO
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à CAPÍTULO V
elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração; (Incluí- DO OFENDIDO
do pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. (Incluído pela
Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presu-
partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as ma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por ter-
perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. mo as suas declarações. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) § 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem
Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da auto-
parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas. (Redação ridade. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) § 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relati-
Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os vos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data
motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mante-
para a infração, e quais sejam. (Redação dada pela Lei nº 10.792, nham ou modifiquem. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
de 1º.12.2003) § 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no ende-
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados reço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso
separadamente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) de meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo- § 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização,
-mudo será feito pela forma seguinte: (Redação dada pela Lei nº será reservado espaço separado para o ofendido. (Incluído pela Lei
10.792, de 1º.12.2003) nº 11.690, de 2008)
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que § 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofen-
ele responderá oralmente; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de dido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas
psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofen-
1º.12.2003)
sor ou do Estado. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, responden-
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação
do-as por escrito; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo,
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito
inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, de-
e do mesmo modo dará as respostas. (Redação dada pela Lei nº
poimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito
10.792, de 1º.12.2003)
para evitar sua exposição aos meios de comunicação. (Incluído pela
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou es-
Lei nº 11.690, de 2008)
crever, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pes-
soa habilitada a entendê-lo. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de CAPÍTULO VI
1º.12.2003) DAS TESTEMUNHAS
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional,
o interrogatório será feito por meio de intérprete. (Redação dada Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa
Art. 194. (Revogado pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua pro-
não quiser assinar, tal fato será consignado no termo. (Redação fissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau,
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo in- relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou
terrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
partes. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo
permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto,
DA CONFISSÃO breve consulta a apontamentos.
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha,
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios ado- o juiz procederá à verificação pelos meios ao seu alcance, podendo,
tados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo.
juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verifi- Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de
cando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância. depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado,
poderá constituir elemento para a formação do convencimento do o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando
juiz. não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será fato e de suas circunstâncias.
tomada por termo nos autos, observado o disposto no art. 195. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo,
do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu
conjunto. testemunho.
Didatismo e Conhecimento 83
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de
203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quator- comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à auto-
ze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. ridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir ou- oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.
tras testemunhas, além das indicadas pelas partes. Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de
a que as testemunhas se referirem. desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligên-
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada cia. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
souber que interesse à decisão da causa. Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem.
si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governa-
testemunho. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) dores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua
do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembleias
realização, serão reservados espaços separados para a garantia da
Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros
incomunicabilidade das testemunhas. (Incluído pela Lei nº 11.690,
e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distri-
de 2008)
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer to Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em
que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a ver- local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. (Redação
dade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a dada pela Lei nº 3.653, de 4.11.1959)
instauração de inquérito. § 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presi-
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em ple- dentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo
nário de julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiên- Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por es-
cia (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, crito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas
após a votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imediata- pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. (Redação dada pela Lei
mente a testemunha à autoridade policial. nº 6.416, de 24.5.1977)
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes direta- § 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior.
mente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem § 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art.
na repetição de outra já respondida. (Redação dada pela Lei nº 218, devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente
11.690, de 2008) comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz po- do dia e da hora marcados. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
derá complementar a inquirição. (Incluído pela Lei nº 11.690, de Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz
2008) será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa § 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução cri-
do fato. minal.
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão § 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento,
contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou defeitos, que mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos
a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará autos.
consignar a contradita ou arguição e a resposta da testemunha, mas § 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de tes-
só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos ca-
temunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro
sos previstos nos arts. 207 e 208.
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real,
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se,
permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive,
tanto quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas, re-
produzindo fielmente as suas frases. durante a realização da audiência de instrução e julgamento. (Incluí-
Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a termo, do pela Lei nº 11.900, de 2009)
assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não sou- Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demons-
ber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por trada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte reque-
ela, depois de lido na presença de ambos. rente com os custos de envio. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos
causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.900, de
ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, 2009)
fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibili- Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional,
dade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas.
inquirição, com a presença do seu defensor. (Redação dada pela Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo,
Lei nº 11.690, de 2008) proceder-se-á na conformidade do art. 192.
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um
no caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os mo- ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela simples
tivos que a determinaram. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) omissão, às penas do não-comparecimento.
Didatismo e Conhecimento 84
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, CAPÍTULO IX
por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo DOS DOCUMENTOS
da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão
o depoimento. apresentar documentos em qualquer fase do processo.
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, ins-
CAPÍTULO VII trumentos ou papéis, públicos ou particulares.
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente
autenticada, se dará o mesmo valor do original.
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconheci- Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por
mento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma: meios criminosos, não serão admitidas em juízo.
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convida- Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo
da a descrever a pessoa que deva ser reconhecida; respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será coloca- haja consentimento do signatário.
da, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento
semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará,
a apontá-la; independentemente de requerimento de qualquer das partes, para
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para sua juntada aos autos, se possível.
o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão
não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autentici-
autoridade providenciará para que esta não veja aquela; dade.
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenoriza- Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuí-
do, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder zo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por
ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais. tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela au-
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá toridade.
aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de julga- Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferi-
mento. das com o original, em presença da autoridade.
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo,
as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável. quando não exista motivo relevante que justifique a sua conserva-
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o ção nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Mi-
reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em nistério Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando
separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas. traslado nos autos.
Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e
acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou teste- provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, con-
munha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre cluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias
relevantes. CAPÍTULO XI
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que DA BUSCA E DA APREENSÃO
expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato
de acareação. Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações § 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas ra-
divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a co- zões a autorizarem, para:
nhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que a) prender criminosos;
explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á pre- b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
catória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e
transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, objetos falsificados ou contrafeitos;
nos pontos em que divergirem, bem como o texto do referido auto, d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na
a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha prática de crime ou destinados a fim delituoso;
ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha pre- e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à de-
sente. Esta diligência só se realizará quando não importe demora fesa do réu;
prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente. f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou
em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
Didatismo e Conhecimento 85
NOÇÕES DE DIREITO
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se
suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos não importar retardamento ou prejuízo da diligência.
mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior. Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária território de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando,
não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedi- para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa,
da da expedição de mandado. devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da di-
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a re- ligência ou após, conforme a urgência desta.
querimento de qualquer das partes. § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em
Art. 243. O mandado de busca deverá: seguimento da pessoa ou coisa, quando:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a
realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou mo- seguirem sem interrupção, embora depois a percam de vista;
rador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por in-
sofrê-la ou os sinais que a identifiquem; formações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo
II - mencionar o motivo e os fins da diligência; removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que encalço.
o fizer expedir. § 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências,
mandado de busca. entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de
do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do cor- modo que não se frustre a diligência.
po de delito.
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso
de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa es-
teja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que cons- 2.4.3 DA PRISÃO EM FLAGRANTE
tituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no
curso de busca domiciliar.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia,
salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de
Prisão em Flagrante (arts. 301 a 310)
penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado
ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a
É uma medida restritiva de liberdade, de natureza cautelar e
abrir a porta.
caráter eminentemente administrativo, que não exige ordem escri-
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamen-
ta do juiz, porque o fato ocorre de inopino (art. 5º, LXI, CR/88).
te sua qualidade e o objeto da diligência.
É uma forma de autopreservação e autodefesa da sociedade, facul-
§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e for-
tando-se a qualquer do povo a sua realização, sendo que os poste-
çada a entrada.
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de riores atos de documentação ocorrerão normalmente na delegacia
força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobri- de polícia.
mento do que se procura. Relativamente à proteção ao lar, a pessoa pode ser presa em
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes flagrante delito a qualquer tempo, de acordo com o art. 5º, XI, da
os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à dili- CR/88.
gência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o Espécies de Flagrante
morador será intimado a mostrá-la.
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será ime- Flagrante Próprio, Propriamente Dito, Real ou Verdadeiro
diatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de (art. 302, I e II do CPP)
seus agentes. Nele, o agente é surpreendido com a mão na massa, come-
§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circuns- tendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la. A prisão
tanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem pre- deve ocorrer de imediato, sem o decurso de qualquer intervalo de
juízo do disposto no § 4o. tempo.
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior,
quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado Flagrante Impróprio, Irreal ou Quase-Flagrante
ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em comparti- (art. 302, III)
mento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou Flagrante em que o agente é perseguido logo após a infração,
atividade. em situação que faça presumir ser o autor do fato. Não existe prazo
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, certo para a expressão logo após, sendo equivocada a doutrina que
os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido aponta o prazo de 24 horas.
a busca, se o requerer. Não havendo solução de continuidade, isto é, se a perseguição
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não for interrompida, mesmo que dure dias ou até mesmo sema-
não moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito nas, em havendo êxito na captura do perseguido, estar-se-á diante
da diligência. de flagrante delito.
Didatismo e Conhecimento 86
NOÇÕES DE DIREITO
Flagrante Presumido, Ficto ou Assimilado Previsto no art. 2º, II, da Lei nº 9.034/95 (Lei de Combate às
(art. 302, IV) Organizações Criminosas). Não é necessária autorização judicial
Flagrante em que o agente é preso após cometer a infração, nem prévia oitiva do MP, cabendo à autoridade policial adminis-
quando encontrado com instrumentos ou produtos do crime, ar- trar a conveniência ou não da postergação. Ela não pode ser uti-
mas, objetos ou papéis que permitam presumir ser ele o autor da lizada para abarcar atividades de quadrilhas ou bandos, apenas de
infração. organizações criminosas.
Nessa espécie de flagrante não se exige perseguição. Exi- Já no flagrante diferido previsto na Lei nº 11.343/06, é neces-
ge-se, entretanto, que a autoridade ponha-se a procurar o agente sária autorização judicial e prévia oitiva do MP, além do conheci-
logo após ter notícia do acontecimento do crime. mento do provável itinerário da droga e dos eventuais agentes do
delito ou colaboradores.
Flagrante Compulsório ou Obrigatório
Alcança a atuação das forças de segurança englobando as po- Flagrante Forjado
lícias civis, militares, federal, rodoviárias, ferroviárias e o corpo É o flagrante armado, fabricado para incriminar pessoa ino-
de bombeiros. Elas têm o dever de, enquanto em serviço, efetuar cente. Evidentemente é ilícito, sendo o único infrator aqui o agente
a prisão em flagrante. executor da prisão.
Didatismo e Conhecimento 87
NOÇÕES DE DIREITO
conduzida ao hospital ou por qualquer outro motivo relevante, po- Autoridade Competente
derá fazê-lo no prazo de entrega da nota de culpa. Caso preso o Via de regra, é competente para presidir a lavratura do auto a
agente em flagrante e a vítima não autorize, não poderá ser lavrado autoridade policial da circunscrição onde foi efetuada a prisão (art.
o auto, devendo o agente ser liberado. 290, CPP).
d) Crime continuado: o flagrante se dará de forma fracionada,
já que as várias ações são independentes entre si, somente havendo a Procedimentos e Formalidades Legais
continuidade para fins de diminuição da pena quando da dosimetria De acordo com Luís Flávio Gomes, a prisão em flagrante conta
penal. O flagrante é possível para cada crime isoladamente. com quatro momentos distintos:
e) Infração de menor potencial ofensivo: não haverá lavratu- a) Captura do agente;
ra de APFD, e sim de TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), b) Condução coercitiva até a presença da autoridade policial
desde que o infrator seja imediatamente enaminhado ao JECrim ou ou judicial;
assuma o compromisso de lá comparecer na data designada pela c) Lavratura do auto de prisão em flagrante;
autoridade policial. Entretanto, se ele se negar a tanto, lavra-se d) Recolhimento ao cárcere.
o APFD, recolhendo-se o infrator ao cárcere, salvo se for admi- Deve ser dada especial atenção ao aspecto formal do ato,
tida e paga a fiança. Lembrar que, no crime do art. 28 da Lei nº com a documentação da prisão efetuada em razão da captura. Deve-
11.343/06, é absolutamente impossível a prisão. se, pois, seguir os seguintes passos:
Nos crimes particados com violência doméstica contra a mu- a) Comunicação à família do preso ou pessoa por ele indi-
lher, não se aplica a Lei nº 9.099/95; assim, mediante uma infraçao cada sobre a prisão, antes de lavrar o auto (art. 5º, LXIII, CR/88).
de menor potencial ofensivo, ao invés de TCO será lavrado APFD b) Oitiva do condutor: quem apresentou o “meliante” na
(art. 41, lei nº 11.340/06). delegacia deverá ser ouvido, sendo suas declarações reduzidas a
termo, colhida sua assinatura e entregue cópia do termo e recibo
Sujeitos do Flagrante de entrega do preso (esse recibo tem função acautelatória para o
próprio condutor).
Sujeito Ativo c) Oitiva das testemunhas: suas declarações serão reduzi-
É aquele que efetua a prisão. Pode ser qualquer pessoa, poli-
das a termo e assinadas. Devem ser, no mínimo, duas testemunhas
cial ou não. Não se confunde o sujeito ativo com o condutor, que é
para o flagrante ser regular, ainda que uma ou ambas sejam mera-
a pessoa que apresenta o preso à polícia (evidentemente, poderão
mente instrumentárias, aquelas simplesmente presentes na delega-
ser a mesma pessoa).
cia e que são convidadas a assinar como testemunha o ato de ver a
entrega do agente.
Sujeito Passivo
d) Oitiva da vítima: não é requisito imposto pela lei, mas
É aquele detido na situação de flagrância. Em regra, pode ser
é prática corrente no procedimento, até mesmo para fortalecer o
qualquer pessoa, respeitadas as exceções de determinados indiví-
valor probatório.
duos, quais sejam:
a) Presidente da República: nunca poderá ser preso em fla- e) Oitiva do conduzido: o preso será ouvido, podendo, en-
grante ou por outra prisão cautelar (art. 86, § 3º, CR/88). tretanto, calar-se. Admite-se a presença do advogado, o qual, entre-
b) Diplomatas estrangeiros: podem não ser presos em fla- tanto não é imprescindível. Lembrar que o procedimento pré-pro-
grante, a depender de tratados e convenções internacionais. cessual não é contraditório. Se o interrogatório não for realizado
c) Membros do Congresso Nacional e Assembleias Legisla- por força maior, o ato não restará viciado.
tivas: só podem ser presos em flagrante delito por prática de crime f) Decisão da autoridade: se a autoridade estiver convenci-
inafiançável, devendo os autos, no caso, ser remetidos à respectiva da de que o flagrante é legítimo, determinará ao escrivão que lavre e
Casa para que, mediante provocação de partido e pelo voto da maio- encerre o auto de flagrante. Porém, também poderá liberar o detido
ria de seus membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º, CR/88). caso verifique ilegalidade.
d) Magistrados: só poderão ser presos em flagrante por crime LOGO, O POLICIAL TAMBÉM PODE EFETUAR O
inafiançável, devendo os autos serem encaminhados ao Presidente RELAXAMENTO DE PRISÃO. Decorre do princípio admi-
do respectivo Tribunal (art. 33, II, LOMAN). nistrativo da autotutela, pelo qual a Administração deve anular
e) Membros do MP: idem, devendo os autos serem encami- seus próprios atos quando ilegais.
nhados ao respectivo Procurador-Geral (art. 40, III, LONMP).
f) Advogados: somente poderá ser preso em flagrante, por Nota de Culpa
motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, A nota de culpa se presta a informar ao preso os responsáveis
sendo necessária a presença de representante da OAB para se lavrar por sua prisão e os motivos de fato da mesma, contendo o nome
o auto, sob pena de nulidade (art. 7º, § 3º, EOAB). do condutor e das tetemunhas, sendo assinada pela autoridade (art.
g) Menores de 18 anos: penalmente inimputáveis, somente 306, § 2º, CPP).
poderão ser privados da liberdade, mediante determinação escrita e Será entregue em 24 horas da realização da prisão, mediante
fundamentada do juiz ou mediante flagrante de prática de ato infra- recibo. Se o preso se negar a assinar, 02 testemunhas suprirão o ato.
cional (art. 106, ECA). A ENTREGA DA NOTA DE CULPA É DE VITAL IM-
h) Motoristas: no caso de crime de trânsito, se prestarem PORTÂNCIA PARA A VALIDADE DA PRISÃO. Com a nota
pronto e integral socorro à vítima de acidente de trânsito no qual se de culpa, a garantia da informação é assegurada, tendo o preso a
envolveu, não poderá ser preso em flagrante nem poderá ser-lhe cientificação formal dos motivos pelo qual foi encarcerado, com a
exigida fiança (art. 301, CTB). indicação de seus responsáveis.
Didatismo e Conhecimento 88
NOÇÕES DE DIREITO
Remessa à Autoridade e Manifestação sobre o Flagrante
Em 24 horas da realização da prisão, será encaminhado à autoridade judicial competente o APFD acompanhado de todas as oitivas
colhidas e demais documentos e, caso o autuado não indique advogado, será remetida cópia integral à defensoria pública (art. 306, § 1º).
Recebidos os autos, o juiz poderá relaxar a prisão, se tiver sido ilegal, concederá a liberdade provisória com ou sem medida cautelar,
ou decretará a prisão preventiva, se presentes alguma das situações do art. 312 e se não se revelarem adequadas ou suficientes as medidas
cautelares previstas no art. 319.
Prisão em Flagrante
Flagrante Próprio, Propriamente Dito, Real ou Cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la. A prisão deve ocorrer
Verdadeiro de imediato, sem o decurso de qualquer intervalo de tempo.
Flagrante em que o agente é perseguido logo após a infração, em situação que faça
presumir ser o autor do fato. Ele não é visto praticando a infração, mas é persegui-
Flagrante Impróprio, Irreal ou Quase-Flagrante
do. Não existe prazo certo para a expressão logo após, sendo equivocada a doutrina
que aponta o prazo de 24 horas.
Caso em que o agente é preso após cometer a infração, quando encontrado com
instrumentos ou produtos do crime, armas, objetos ou papéis que permitam
Flagrante Presumido, Ficto ou Assimilado
presumir ser ele o autor da infração.
Nessa espécie de flagrante não se exige perseguição.
Alcança a atuação das forças de segurança englobando as polícias civis, militares,
Flagrante Compulsório ou Obrigatório federal, rodoviárias, ferroviárias e o corpo de bombeiros. Elas têm o dever de, en-
quanto em serviço, efetuar a prisão em flagrante.
É a permissão constitucional de que qualquer pessoa efetue a prisão em flagrante,
Flagrante Facultativo
incluindo as autoridades policiais fora de serviço.
Quando a polícia, sabendo que um crime irá se consumar, fica de tocaia, realizando
Flagrante Esperado
a prisão quando os atos executórios são deflagrados.
Flagrante em que o agente é induzido ou instigado a cometer o delito, sendo preso
Flagrante Preparado ou Provocado no ato. É artifício onde verdadeira armadilha é maquinada no intuito de prender em
flagrante aquele que cede à tentação e acaba praticando a infração.
Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, mesmo presenciando o crime,
Flagrante Prorrogado, Retardado, Diferido,
pois do ponto de vista estratégico seria a melhor opção. Organizações criminosas:
Postergado
não precisa de autorização judicial e oitiva do MP. Drogas: precisa.
Didatismo e Conhecimento 89
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO II
DA PRISÃO EM FLAGRANTE
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em fla-
grante delito.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infra-
ção;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este
cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do
acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
(Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de li-
vrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos
à autoridade que o seja.
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo
pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas tes-
temunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se pos-
suem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o
compromisso legal.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério
Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e,
caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o
nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a
narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autorida-
de, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a
autoridade que houver presidido o auto.
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Didatismo e Conhecimento 90
NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em 2-Enfoque constitucional
flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos É cediço pelo artigo 5º, LVII, da CF/88 que ninguém será
incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, condenatória.
conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de com- Aos adeptos da corrente garantista extremada, a interpretação
parecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. gramatical desta regra supra, poderia mergulhar em conclusões no
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). sentido de que qualquer prisão cautelar seria inconstitucional.
Para quase a maioria esmagadora da doutrina, contudo, não se
trata de um instituto que atenta a Carta Política de 1988, mas sim,
2.4.4 DA PRISÃO PREVENTIVA uma medida indispensável para a manutenção da ordem social e
para administração da justiça.
Segundo CLAUS ROXIN, “ entre as medidas que asseguram
o procedimento penal, a prisão preventiva é a ingerência mais gra-
A prisão preventiva é uma espécie de prisão cautelar de natu- ve na liberdade individual; por outra parte, ela é indispensável em
reza processual, consistente na medida restritiva de liberdade, em alguns casos para a administração da justiça penal eficiente.” [02]
qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, a ser
decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a reque- 3-Bases legais
rimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou Tendo por base o artigo 312 do CPP, para que se decrete a
por representação da autoridade policial. preventiva é necessária à demonstração de prova da existência do
A prisão preventiva somente poderá ser decretada quando hou- crime, trazendo à tela a materialidade e indícios suficientes da au-
ver prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria. toria ou de participação no fato típico.
Note-se que a prisão preventiva, nos termos do artigo 313, do Interessante notar que o delito deve ter ocorrido incontestavel-
Código Processual Penal, somente poderá ser decretada nos crimes mente, e sua comprovação pode ser feita pelos diversos meios de
dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior prova admitidos em direito, entretanto, no que toca a autoria, ape-
a 4 (quatro) anos; se tiver sido condenado por outro crime doloso, nas se tem a necessidade de indícios de vinculação do individuo à
em sentença transitada em julgado. Contrário a isso, o disposto no prática do crime.
inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezem- Ainda nesse pensamento, há de se ressaltar os pressupostos da
bro de 1940 - Código Penal; se o crime envolver violência domés- preventiva e esses formam exatamente ofumus commissi delicti,
tica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
que oferece o básico de segurança para a decretação da medida.
ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas
Pelo entendimento do artigo 313 do CPP, a preventiva somen-
protetivas de urgência; quando houver dúvida sobre a identidade
te possui envergadura em crimes dolosos, cuja pena, via de regra,
civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes
ultrapasse quatro anos. Logo, crimes culposos e contravenções pa-
para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em
recem ser rechaçados pelo instituto.
liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a
É de se observar que caso o réu seja reincidente e com res-
manutenção da medida.
peito ao que reza o artigo 64, I do Código Penal, pode-se aplicar
Fundamentação: a prisão preventiva ainda que o novo crime não tenha pena maior
Arts. 311 a 316 do CPP que quatro anos.
Com ressalva de parte da doutrina, pode ser decretada a me-
A prisão preventiva não é uma pena aplicada antecipadamente dida cautelar de segregação da liberdade em tela também quan-
ao trânsito em julgado, é uma medida cautelar. Por esse motivo, não do da dúvida sobre a identidade civil do agente e ele não forneça
viola a garantia constitucional de presunção de inocência se a de- elementos de comprovação de esclarecimentos. A doutrina que vê
cisão for devidamente motivada e a prisão estritamente necessária. como medida extrema excepcional revela cabimento na hipótese
É uma prisão cautelar que tem o objetivo de evitar que o réu co- do acusado se recusar a se submeter a identificação criminal.
meta novos crimes ou ainda que em liberdade prejudique a colheita
de provas ou fuja. De acordo com o processualista Paulo Rangel, « No artigo 311 do CPP reside determinação no sentido de se
se o indiciado ou acusado em liberdade continuar a praticar ilícitos permanecer viva a possibilidade de decretação da preventiva em
penais, haverá perturbação da ordem pública, e a medida extrema qualquer fase da investigação policial ou do processo penal. As-
é necessária se estiverem presentes os demais requisitos legais» sim, é medida que tem alicerce em qualquer fase da persecução
(RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 12. ed. rev. atual. ampl. criminal.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 613).
Pode ser decretada inclusive na fase investigatória da persecu- Necessário notar que apesar de reclamar maior cuidado, a de-
ção criminal, ou seja, durante o inquérito policial. cretação da preventiva ainda no inquérito policial é fato costumei-
É prisão provisória na medida em que ainda não pesa condena- ro na prática penal cotidiana, onde quase sempre há a segregação
ção contra o possível criminoso; medida cautelar, pois tenta resguar- cautelar da liberdade sem a devida preocupação.
dar a harmonia social da ordem pública ou da ordem econômica; Observação importante é que não mais se faz presente no
excepcional, decorrente do poder geral de cautela dado ao magistra- ordenamento jurídico após a lei 12.403/2011 qualquer opção de
do; subsidiária, muito mais após a promulgação da lei 12.403/2011, prisão preventiva obrigatória. Frise-se que apenas autoridade judi-
sendo somente permitida quando a lei não assegurar outra medida ciária competente, em consonância com artigo 5º, LXI, da CF/88
cautelar substitutiva. pode decretar a prisão preventiva.
Didatismo e Conhecimento 91
NOÇÕES DE DIREITO
Pressupostos Existem ainda quatro situações claras em que poderá ser im-
A prisão preventiva não é uma punição aplicada antecipada- posta a prisão preventiva:
mente, inclusive porque a legislação brasileira proíbe a ocorrência a) A qualquer momento da fase de investigação ou do pro-
de qualquer sanção antes da condenação judicial. cesso, de modo autônomo e independente (art. 311, CPP);
Essa modalidade de prisão é determinada pela Justiça para b) Como conversão da prisão em flagrante, quando insufi-
impedir que o acusado (réu) atrapalhe a investigação, a ordem pú- cientes ou inadequadas outras medidas cautelares (art. 310, II, CPP);
blica ou econômica e aplicação da lei. c) Em substituição à medida cautelar eventualmente descum-
O réu pode ser mantido preso preventivamente até o seu jul- prida (art. 282, § 4º, CPP);
gamento ou pelo período necessário para não atrapalhar as inves- d) Quando houver fundadas dúvidas sobre a identidade do
tigações. acusado, devendo ele ser imediatamente liberado assim que confir-
Caso exista a necessidade, a prisão preventiva pode ser de- mada for.
cretada inclusive na fase inicial do inquérito policial, e não dá ao
acusado o direito de defesa prévia. De outro modo, não será cabível a preventiva:
A prisão preventiva é a prisão de natureza cautelar mais am- a) Para os crimes culposos, contravenção penal ou se no caso
pla existente, sendo uma eficiente ferramenta de encarceramento concreto está presente qualquer causa excludente de ilicitude, isso
durante toda a persecução penal, já que pode ser decretada tanto decorre do postulado da proporcionalidade, na perspectiva da proi-
durante o IP quanto na fase processual. bição do excesso, a impedir que uma medida cautelar seja mais gra-
A prisão preventiva, por ser medida de natureza cautelar, só se ve e onerosa que o resultado final do processo condenatório;
sustenta se presentes o lastro probatório mínimo a indicar a ocor- b) Quando não for prevista pena privativa da liberdade para o
rência da infração e os eventuais envolvidos, além de algum moti- delito (art. 283,§ 1º, CPP).
vo legal que fundamente a necessidade de encarceramento.
Admite-se a decretação da preventiva até mesmo sem a ins- CAPÍTULO III
tauração do IP, desde que o atendimento aos requisitos legais seja DA PRISÃO PREVENTIVA
demonstrado por outros elementos indiciários. (Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)
Ela é medida de exceção e deve ser aplicada restritivamente, a
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do pro-
fim de compatibilizá-la com o princípio constitucional da presun-
cesso penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício,
ção de inocência (art. 5º, LVII, CR/88).
se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público,
Se a prisão em flagrante busca sua justificativa e fundamen-
do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade
tação, primeiro, na proteção do ofendido, e, depois, na garantia
policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
da qualidade probatória, a prisão preventiva revela a sua caute-
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garan-
laridade na tutela da persecução penal, objetivando impedir que
tia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da ins-
eventuais condutas praticadas pelo alegado autor e/ou por terceiros
trução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
possam colocar em risco a efetividade do processo. houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Referida modalidade de prisão, por trazer como consequência (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
a privação da liberdade antes do trânsito em julgado, somente se Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decre-
justifica enquanto e na medida em que puder realizar a proteção tada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impos-
da persecução penal, em todo o seu iter procedimental, e, mais, tas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Incluído
quando se mostrar a única maneira de satisfazer tal necessidade. pela Lei nº 12.403, de 2011).
A prisão preventiva, somente deve ser aplicando, como regra, Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
quando as outras medidas cautelares não forem suficientes. decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403,
Em razão da sua gravidade, e como decorrência do sistema de de 2011).
garantias individuais constitucionais, somente se decretará a pri- I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberda-
são preventiva “por ordem escrita e fundamentada da autoridade de máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº
judiciária competente”, conforme se observa com todas as letras 12.403, de 2011).
no art. 5º, LXI, da Carta de 1988. II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do
È possível a DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA, NÃO SÓ art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
NA PRESENÇA DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS DO ART. Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
312, CPP, MAS SEMPRE QUE FOR NECESSÁRIO PARA GA- III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra
RANTIR A EXECUÇÃO DE OUTRA MEDIDA CAUTELAR, a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com defi-
DIVERSA DA PRISÃO (ART. 282, § 4º, CPP). ciência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgên-
cia; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
A prisão preventiva, apresenta duas características bem defi- IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
nidas, a saber: Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva
a) autônoma, podendo ser decretada independentemente de quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando
qualquer outra providência cautelar anterior; esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo
b) subsidiária, a ser decretada em razão do descumprimento o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identifica-
de medida cautelar anteriormente imposta. ção, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Didatismo e Conhecimento 92
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual,
praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
de 1940 - Código Penal. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de constrangimento não autorizado em lei;
2011). c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a pri-
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a pri- são ou detenção de qualquer pessoa;
são preventiva será sempre motivada. (Redação dada pela Lei nº d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção
12.403, de 2011). ilegal que lhe seja comunicada;
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar
correr do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, fiança, permitida em lei;
bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justi- f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem,
fiquem. (Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967) custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança
não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de
importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou
2.5 LEGISLAÇÃO ESPECIAL: de qualquer outra despesa;
2.5.1 LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE - h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou
LEI N.º 4.898/65 jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem com-
petência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medi-
da de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cum-
prir imediatamente ordem de liberdade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de
LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965. 21/12/89)
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem
Regula o Direito de Representação e o processo de Respon- exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar,
sabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de ainda que transitoriamente e sem remuneração.
autoridade. Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção admi-
nistrativa civil e penal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravi-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: dade do abuso cometido e consistirá em:
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsa- a) advertência;
bilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, b) repreensão;
no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento
pela presente lei. e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de d) destituição de função;
petição: e) demissão;
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal f) demissão, a bem do serviço público.
para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano,
sanção; consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil
cruzeiros.
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver compe-
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
tência para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.
artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, b) detenção por dez dias a seis meses;
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer
rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver. outra função pública por prazo até três anos.
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplica-
a) à liberdade de locomoção; das autônoma ou cumulativamente.
b) à inviolabilidade do domicílio; § 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade po-
c) ao sigilo da correspondência; licial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a
d) à liberdade de consciência e de crença; pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções
e) ao livre exercício do culto religioso; de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um
f) à liberdade de associação; a cinco anos.
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplicação
do voto; de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar competente de-
h) ao direito de reunião; terminará a instauração de inquérito para apurar o fato.
i) à incolumidade física do indivíduo; § 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabeleci-
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício das nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares,
profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79) que estabeleçam o respectivo processo.
Didatismo e Conhecimento 93
NOÇÕES DE DIREITO
§ 2º não existindo no município no Estado ou na legislação § 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento
militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão apli- final e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será
cadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei feita por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via
nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários da representação e da denúncia.
Públicos Civis da União). Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para apresentada em juízo, independentemente de intimação.
o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil. Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso
autoridade civil ou militar. previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos para a realização de
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à auto- diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho
ridade administrativa ou independentemente dela, poderá ser pro- motivado, considere indispensáveis tais providências.
movida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal ou Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos
ambas, da autoridade culpada. auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, apre-
Art. 10. Vetado goando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de do Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa
Processo Civil. e o advogado ou defensor do réu.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de in- Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se
quérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, se ausente o Juiz.
instruída com a representação da vítima do abuso. Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o
vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, ocorrido constar do livro de termos de audiência.
desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública,
ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil,
instrução e julgamento. entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcio-
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em nalmente, no local que o Juiz designar.
duas vias. Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o inter-
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade rogatório do réu, se estiver presente.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado,
houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá:
o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiên-
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios,
cia e nos ulteriores termos do processo.
por meio de duas testemunhas qualificadas;
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência
dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advo-
de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as
gado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do
verificações necessárias.
réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e presta-
mais dez (10), a critério do Juiz.
rão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escrito,
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente
querendo, na audiência de instrução e julgamento. a sentença.
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro
poderá conter a indicação de mais duas testemunhas. próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os depoi-
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre- mentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos
sentar a denúncia requerer o arquivamento da representação, o e, por extenso, os despachos e a sentença.
Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Mi-
fará remessa da representação ao Procurador-Geral e este oferece- nistério Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o
rá a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para advogado ou defensor do réu e o escrivão.
oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem di-
Juiz atender. fíceis e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei,
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a de- o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
núncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Có-
órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, re- digo de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de
pudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os instrução e julgamento regulado por esta lei.
termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, cabe-
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. rão os recursos e apelações previstas no Código de Processo Penal.
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de qua- Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
renta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independência e 77º
denúncia. da República.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, H. CASTELLO BRANCO
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamen-
to, que deverá ser realizada, improrrogavelmente. dentro de cinco
dias.
Didatismo e Conhecimento 94
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autorida-
de, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
2.5.2 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO Pena - detenção de seis meses a dois anos.
ADOLESCENTE - LEI N.º 8.069/90
- ARTIGOS 225 AO 244-B Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997:
Didatismo e Conhecimento 95
NOÇÕES DE DIREITO
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguí- § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter
neo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829,
preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro títu- de 2008)
lo, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. (Incluído
pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adultera-
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro ção, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol- outra forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829,
vendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
de 2008) Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação pela Lei nº 11.829, de 2008)
dada pela Lei nº 11.829, de 2008) Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, ex-
põe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qual-
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distri- quer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na
buir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio forma do caput deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol- Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qual-
vendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) quer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 11.829, de 2008)
11.829, de 2008) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das pela Lei nº 11.829, de 2008)
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (In- I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela prati-
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de compu- car ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
tadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexual-
§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste mente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do
serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a ex-
conteúdo ilícito de que trata ocaput deste artigo. (Incluído pela Lei pressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende
nº 11.829, de 2008) qualquer situação que envolva criança ou adolescente em ativida-
des sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente
fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexuais (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição
pela Lei nº 11.829, de 2008) ou explosivo:
§ 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela
pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a fi- Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
nalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos com-
quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, ponentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação
de 2008) dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o
Lei nº 11.829, de 2008) fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, 13.106, de 2015)
entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamen-
to e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste pará- Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre-
grafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampi-
III – representante legal e funcionários responsáveis de prove- do ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial,
dor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computado- sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de uti-
res, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autorida- lização indevida:
de policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
pela Lei nº 11.829, de 2008)
Didatismo e Conhecimento 96
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais defi- III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso
nidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art.
Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o 1994)
responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela
ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluí- Lei nº 12.015, de 2009)
do pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso
(Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 1998)
18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo- VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou altera-
-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) ção de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei
nº 12.015, de 2009) no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695,
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem de 1998)
pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex-
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela ploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art.
Lei nº 12.015, de 2009) 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de
de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar in- genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de
cluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. (In- outubro de 1956, tentado ou consumado. (Parágrafo incluído pela
cluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Lei nº 8.930, de 1994)
Didatismo e Conhecimento 97
NOÇÕES DE DIREITO
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de con- Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados
denação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213,
entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo úni-
reincidente específico em crimes dessa natureza.” co, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único,
todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o li-
Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213; mite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qual-
214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270; caput, quer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
todos do Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 157. ............................................................. Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976,
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte re-
reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a dação:
reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
........................................................................ “Art. 35. ................................................................
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo se-
Art. 159. ...............................................................
rão contados em dobro quando se tratar dos crimes previstos nos
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
arts. 12, 13 e 14.”
§ 1º .................................................................
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º ................................................................. Art. 11. (Vetado).
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º ................................................................. Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
........................................................................ Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.
Didatismo e Conhecimento 98
NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes
retirar do mercado, imediatamente quando determinado pela au- referidos neste código, incide as penas a esses cominadas na me-
toridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma dida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou
deste artigo. gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer
modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou manu-
Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, con- tenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços
trariando determinação de autoridade competente: nas condições por ele proibidas.
Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa.
Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados
prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à morte. neste código:
I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir infor- por ocasião de calamidade;
mação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quan- II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
tidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
produtos ou serviços: IV - quando cometidos:
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econô-
§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. mico-social seja manifestamente superior à da vítima;
§ 2º Se o crime é culposo; b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoi-
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. to ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficiên-
cia mental interditadas ou não;
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria V - serem praticados em operações que envolvam alimentos,
saber ser enganosa ou abusiva: medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais
Pena Detenção de três meses a um ano e multa. .
Parágrafo único. (Vetado).
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria Seção será fixada em dias-multa, correspondente ao mínimo
saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
e ao máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade
prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:
cominada ao crime. Na individualização desta multa, o juiz obser-
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa:
vará o disposto no art. 60, §1° do Código Penal.
Parágrafo único. (Vetado).
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa,
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científi-
podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, observado
cos que dão base à publicidade:
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. odisposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal:
I - a interdição temporária de direitos;
Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou compo- II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circu-
nentes de reposição usados, sem autorização do consumidor: lação ou audiência, às expensas do condenado, de notícia sobre os
Pena Detenção de três meses a um ano e multa. fatos e a condenação;
III - a prestação de serviços à comunidade.
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação,
constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este códi-
enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o con- go, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que presidir o inqué-
sumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu traba- rito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do Tesouro
lho, descanso ou lazer: Nacional (BTN), ou índice equivalente que venha a substituí-lo.
Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica
do indiciado ou réu, a fiança poderá ser:
Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às in- a) reduzida até a metade do seu valor mínimo;
formações que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.
fichas e registros:
Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa. Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste
código, bem como a outros crimes e contravenções que envolvam
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Minis-
consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou re- tério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV,
gistros que sabe ou deveria saber ser inexata: aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. denúncia não for oferecida no prazo legal.
Didatismo e Conhecimento 99
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimô-
2.5.5 LEI DE IMPROBIDADE nio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade
ADMINISTRATIVA - LEI N.º 8.429/92 administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministé-
rio Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarci-
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992. mento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos
casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
emprego ou função na administração pública direta, indireta ou público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
fundacional e dá outras providências. desta lei até o limite do valor da herança.
CAPÍTULO I Seção I
Das Disposições Gerais Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam
Enriquecimento Ilícito
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importan-
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do do enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patri-
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incor- monial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função,
porada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta
custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquen- lei, e notadamente:
ta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
forma desta lei. imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire-
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades des- ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
ta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido
entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação
agente público;
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cin-
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
quenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se,
facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel,
nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a
ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
contribuição dos cofres públicos.
preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o for-
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re-
necimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor
muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, de mercado;
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui-
nas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprieda-
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, de ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art.
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empre-
para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qual- gados ou terceiros contratados por essas entidades;
quer forma direta ou indireta. V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar,
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual-
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
assuntos que lhe são afetos. direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou
avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado-
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no
integral ressarcimento do dano. art. 1º desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda-
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente to, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza
público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à ren-
seu patrimônio. da do agente público;
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psico- Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo au-
motora alterada em razão da influência de álcool ou de outra subs- tomotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com
tância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de
Lei nº 12.760, de 2012) saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condi-
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ções de conduzi-lo com segurança:
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
veículo automotor.
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: (In- Art. 310-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619, de
cluído pela Lei nº 12.760, de 2012) 2012) (Vigência)
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por
litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segu-
litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) rança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embar-
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, que e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde
alteração da capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando
de 2012) perigo de dano:
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perí-
cia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente auto-
admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela mobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento
Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente
testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização policial, o perito, ou juiz:
do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971, Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
de 2014) (Vigência) Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que
não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a per- inquérito ou o processo aos quais se refere.
missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com
fundamento neste Código:
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova
imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição. 2.5.8 LEI MARIA DA PENHA -
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que LEI N.º 11.340/06
deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Per-
missão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.
pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não au-
torizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à in- Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar
columidade pública ou privada: (Redação dada pela Lei nº 12.971, contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição
de 2014) (Vigência) Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e sus- Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana
pensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para di- para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe
rigir veículo automotor. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar con-
(Vigência) tra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que
o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela
Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) TÍTULO I
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado
nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a vio-
é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras lência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do
penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Elimina-
(Vigência) ção de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Conven-
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas
doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que to- cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e
mar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as provi- familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de
dências legais cabíveis. Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. estabelecido nesta Lei.
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser apli-
de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual-
seguinte inciso IV: quer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.
“Art. 313. .................................................
................................................................ Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização
a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
medidas protetivas de urgência.” (NR) submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei II - prestação de serviços à comunidade;
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigo- III - medida educativa de comparecimento a programa ou cur-
rar com a seguinte redação: so educativo.
“Art. 61. .................................................. § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo
................................................................. pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação
II - ............................................................ de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar
................................................................. dependência física ou psíquica.
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações § 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância
contra a mulher na forma da lei específica; apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação,
........................................................... ” (NR) às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos
antecedentes do agente.
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro § 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste arti-
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes altera- go serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.
ções: § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II
“Art. 129. .................................................. e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de
.................................................................. 10 (dez) meses.
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39
que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, de-
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: terminará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamen- as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um
trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
to de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de cri-
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Con-
mes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumenta-
selho Federal da categoria profissional a que pertença o agente.
das até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusa-
do, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo
de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto,
apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proi- anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas
bição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberda- em restritivas de direitos.
de aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo,
dias-multa. dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois ter-
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumu- ços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.
lativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e
de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependên-
referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passa- cia, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior,
geiros. de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
aumentadas de um sexto a dois terços, se: entendimento.
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo,
apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacio- por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto
nalidade do delito; neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pú- determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para trata-
blica ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, mento médico adequado.
guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou ime- Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois ter-
diações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, ços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei,
o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas,
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de re-
de acordo com esse entendimento.
cintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer na-
tureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em ava-
reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em trans- liação que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para
portes públicos; tratamento, realizada por profissional de saúde com competência
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave amea- específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, obser-
ça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimida- vado o disposto no art. 26 desta Lei.
ção difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou en- CAPÍTULO III
tre estes e o Distrito Federal; DO PROCEDIMENTO PENAL
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adoles-
cente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou supri- Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes
mida a capacidade de entendimento e determinação; definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, apli-
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. cando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo
Penal e da Lei de Execução Penal.
Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á
pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual
1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação:
e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos
“
danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de
Art. 4° ...............................................................
liberdade.
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
Seção I
de cumprir imediatamente ordem de liberdade;”
Da Competência e dos Atos Processuais
Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar
plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder Judiciário e em que foi praticada a infração penal.
do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão tem-
porária. Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão reali-
zar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme
Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. dispuserem as normas de organização judiciária.
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preen-
Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da Independência e cherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os
101° da República. critérios indicados no art. 62 desta Lei.
JOSÉ SARNEY § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha ha-
vido prejuízo.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá
ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos ha-
vidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e
julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente.
Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Juizados Espe- Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor
ciais Cíveis e Criminais, sua organização, composição e competência. penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de
prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto. (Redação dada
Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, e as au- pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
diências realizadas fora da sede da Comarca, em bairros ou cidades a § 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre sepa-
ela pertencentes, ocupando instalações de prédios públicos, de acordo rado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção.
com audiências previamente anunciadas. § 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não excede
a quinze dias.
Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão e ins-
talarão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a contar da vi- Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma
gência desta Lei.
contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha
Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado da publi-
condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no
cação desta Lei, serão criados e instalados os Juizados Especiais Iti-
Brasil, por motivo de contravenção.
nerantes, que deverão dirimir, prioritariamente, os conflitos existentes
nas áreas rurais ou nos locais de menor concentração populacional.
(Redação dada pela Lei nº 12.726, de 2012) Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da
lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada.
Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de sessenta dias após a
sua publicação. Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de acordo com
o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de multa em de-
Art. 97. Ficam revogadas a Lei nº 4.611, de 2 de abril de 1965 e tenção.
a Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984. Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, a con-
Brasília, 26 de setembro de 1995; 174º da Independência e 107º versão em prisão simples se faz entre os limites de quinze dias e
da República. três meses.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licenciado: Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexis-
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e multa, de tente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto:
duzentos mil réis a dois contos de réis. Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em
águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia: Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios:
Pena – prisão simples, de quinze das a três meses, ou multa, de I – com gritaria ou algazarra;
trezentos mil réis a dois contos de réis. II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo
com as prescrições legais;
Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias ou a III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
vôos baixos, fora da zona em que a lei o permite, ou fazer descer a IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzi-
aeronave fora dos lugares destinados a esse fim: do por animal de que tem a guarda:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa,
de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições legais, comércio de Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bilhete de
antiguidades, de obras de arte, ou de manuscritos e livros antigos ou raros: loteria, rifa ou tômbola estrangeiras:
Pena – prisão simples de um a seis meses, ou multa, de um a dez Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de
contos de réis. um a cinco contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe
Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrícula ou à escritura- à venda, tem sob sua guarda. para o fim de venda, introduz ou
ção de indústria, de comércio, ou de outra atividade: tenta introduzir na circulação, bilhete de loteria estrangeira.
Pena – multa, de duzentos mil réis a cinco contos de réis.
Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de loteria
CAPÍTULO VII estadual em território onde não possa legalmente circular:
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS Pena – prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de um
À POLÍCIA DE COSTUMES a três contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe
Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou aces-
à venda, tem sob sua guarda, para o fim de venda, introduz ou
sivel ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele: (Vide De-
creto-Lei nº 4.866, de 23.10.1942) (Vide Decreto-Lei 9.215, de 30.4.1946) tonta introduzir na circulação, bilhete de loteria estadual, em ter-
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, e multa, de dois a ritório onde não possa legalmente circular.
quinze contos de réis, estendendo-se os efeitos da condenação à perda dos
moveis e objetos de decoração do local. Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de loteria
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se existe entre os empregados estrangeira:
ou participa do jogo pessoa menor de dezoito anos. Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de duzen-
§ 2o Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ tos mil réis a um conto de réis.
200.000,00 (duzentos mil reais), quem é encontrado a participar do jogo, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe ou tem
ainda que pela internet ou por qualquer outro meio de comunicação, como sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual, em território
ponteiro ou apostador. (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015) onde esta não possa legalmente circular.
§ 3º Consideram-se, jogos de azar:
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sen- Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das dispo-
do válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios sições legais:
bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência median- Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou multa, de
te ocupação ilícita: duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses.
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que as- Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justificada-
segure ao condenado meios bastantes de subsistência, extingue a mente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à
pena. própria identidade, estado, profissão, domicílio e residência:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a
público, de modo ofensivo ao pudor: seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, se
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. o fato não constitui infração penal mais grave, quem, nas mesmas
circunstâncias, faz declarações inverídicas a respeito de sua identi-
Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de embria- dade pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.
guez, de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a segu-
rança própria ou alheia: Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do mono-
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, pólio postal da União:
de duzentos mil réis a dois contos de réis. Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de
Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contraventor é três a dez contos de réis, ou ambas cumulativamente.
internado em casa de custódia e tratamento. DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 63. Servir bebidas alcoólicas: Art. 71. Ressalvada a legislação especial sobre florestas, caça
II – a quem se acha em estado de embriaguez; e pesca, revogam-se as disposições em contrário.
III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais;
IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida Art. 72. Esta lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1942.
de frequentar lugares onde se consome bebida de tal natureza: Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1941; 120º da Independência
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou multa, de e 58º da República.
quinhentos mil réis a cinco contos de réis. GETULIO VARGAS.
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir Comércio ilegal de arma de fogo
que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência
mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocul-
de sua propriedade: tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, ven-
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. der, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito pró-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou prio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desa-
que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia cordo com determinação legal ou regulamentar:
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou indus-
24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
trial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de ser-
viços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
exercido em residência.
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
Tráfico internacional de arma de fogo
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empre-
gar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição,
de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do
legal ou regulamentar: território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. munição, sem autorização da autoridade competente:
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, sal- Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
vo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide
Adin 3.112-1) Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é au-
mentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem
Disparo de arma de fogo de uso proibido ou restrito.
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habi- Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
tado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante
que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançá- Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insusce-
vel. (Vide Adin 3.112-1) tíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1)
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas Art. 8º As penas restritivas de direito são:
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras I - prestação de serviços à comunidade;
providências. II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- IV - prestação pecuniária;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: V - recolhimento domiciliar.
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a
crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de re-
ceber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como
medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador,
de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de
o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o
crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.
preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da con-
duta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas
podia agir para evitá-la.
não estiverem obedecendo às prescrições legais.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas admi-
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em di-
nistrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos
nheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social,
casos em que a infração seja cometida por decisão de seu represen- de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo
tante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago
ou benefício da sua entidade. será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não condenado o infrator.
exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do
mesmo fato. Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina
e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigi-
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre lância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada,
que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência
causados à qualidade do meio ambiente. ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme
estabelecido na sentença condenatória.
Art. 5º (VETADO)
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
CAPÍTULO II I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
DA APLICAÇÃO DA PENA II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
reparação do dano, ou limitação significativa da degradação am-
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade biental causada;
competente observará: III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração degradação ambiental;
e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da le- do controle ambiental.
gislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substi- I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
tuem as privativas de liberdade quando: II - ter o agente cometido a infração:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa a) para obter vantagem pecuniária;
de liberdade inferior a quatro anos; b) coagindo outrem para a execução material da infração;
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, co-
nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da auto- mercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em de-
ridade competente: pósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigên-
cias estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei
de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade nº 12.305, de 2010)
competente: I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de seguran-
ça; (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)
Art. 53. Nos crimes previstos nesta II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reu-
Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se: tiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do diversa da estabelecida em lei ou regulamento. (Incluído pela Lei
solo ou a modificação do regime climático; nº 12.305, de 2010)
II - o crime é cometido: § 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a
a) no período de queda das sementes; pena é aumentada de um sexto a um terço.
b) no período de formação de vegetações; § 3º Se o crime é culposo:
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
a ameaça ocorra somente no local da infração;
d) em época de seca ou inundação; Art. 57. (VETADO)
e) durante a noite, em domingo ou feriado.
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qual- Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qual-
quer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução quer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos
processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de or- do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o
dem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas.
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à intercepta-
imediatamente antes do relatório da autoridade, quando se tratar
ção do fluxo de comunicações em sistemas de informática e tele-
de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou
mática.
na conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do
disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações
telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação
por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou
em infração penal;
após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; parte interessada.
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido
máximo, com pena de detenção. pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com de seu representante legal.
clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indica-
ção e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade mani- Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunica-
festa, devidamente justificada. ções telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo
da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autori-
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá zados em lei.
ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
criminal e na instrução processual penal.
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefôni- Brasília, 24 de julho de 1996; 175º da Independência e 108º
ca conterá a demonstração de que a sua realização é necessária da República.
à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
empregados.
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido
seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pres-
supostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão
será condicionada à sua redução a termo.
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá
sobre o pedido.
Art. 2º (Vetado). Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públi-
cos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente Pena: reclusão de um a três anos.
habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta,
bem como das concessionárias de serviços públicos. Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, meio de transporte concedido.
obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Pena: reclusão de um a três anos.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. qualquer ramo das Forças Armadas.
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de
descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casa-
12.288, de 2010) mento ou convivência familiar e social.
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; (In-
cluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 15. (Vetado).
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra
forma de benefício profissional; (Incluído pela Lei nº 12.288, de Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou fun-
2010) ção pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamen-
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no to do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.
ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. (Incluído
pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 17. (Vetado).
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra- Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei
cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na
de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou sentença.
etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
cias. Art. 19. (Vetado).
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon-
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer- ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação
cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador. dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos. Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Redação dada pela
Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos,
aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qual- emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a
quer grau. cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Re-
Pena: reclusão de três a cinco anos. dação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei
dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). nº 9.459, de 15/05/97)
TÍTULO I
Disposições Preliminares CAPÍTULO II
Das Nomeações
Artigo 1º - Esta lei institui o regime jurídico dos funcionários
públicos civis do Estado. SEÇÃO I
Parágrafo único - As suas disposições, exceto no que colidi- Das Formas de Nomeação
rem com a legislação especial, aplicam-se aos funcionários dos 3
Poderes do Estado e aos do Tribunal de Contas do Estado. Artigo 13 - As nomeações serão feitas:
Artigo 2º - As disposições desta lei não se aplicam aos em- I - em caráter vitalício, nos casos expressamente previstos na
pregados das autarquias, entidades paraestatais e serviços públicos Constituição do Brasil;
de natureza industrial, ressalvada a situação daqueles que, por lei II - em comissão, quando se tratar de cargo que em virtude de
anterior, já tenham a qualidade de funcionário público. lei assim deva ser provido; e
Parágrafo único - Os direitos, vantagens e regalias dos fun- III - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de provi-
cionários públicos só poderão ser estendidos aos empregados das mento dessa natureza.
entidades a que se refere este artigo na forma e condições que a lei
estabelecer.
Artigo 21 - As provas de habilitação serão realizadas pelo Artigo 30 - A reintegração é o reingresso no serviço público,
órgão encarregado dos concursos, para fins de transferência e de decorrente da decisão judicial passada em julgado, com ressarci-
outras formas de provimento que não impliquem em critério com- mento de prejuízos resultantes do afastamento.
petitivo. Artigo 31 - A reintegração será feita no cargo anteriormente
Artigo 22 - As normas gerais para realização das provas de ocupado e, se este houver sido transformado, no cargo resultante.
habilitação serão estabelecidas em regulamento, obedecendo, no § 1º - Se o cargo estiver preenchido, o seu ocupante será
que couber, ao estabelecido para os concursos. exonerado, ou, se ocupava outro cargo, a este será reconduzi-
do, sem direito a indenização.
CAPÍTULO III § 2º - Se o cargo houver sido extinto, a reintegração se fará
Das Substituições em cargo equivalente, respeitada a habilitação profissional, ou,
não sendo possível, ficará o reintegrado em disponibilidade no
Artigo 23 - Haverá substituição no impedimento legal e tem- cargo que exercia.
porário do ocupante de cargo de chefia ou de direção. Artigo 32 - Transitada em julgado a sentença, será expedido o
Parágrafo único - Ocorrendo a vacância, o substituto passará a decreto de reintegração no prazo máximo de 30 (trinta) dias.
responder pelo expediente da unidade ou órgão correspondente até
o provimento do cargo.
CAPÍTULO I SEÇÃO II
Do Vencimento e da Remuneração Do Horário e do Ponto
CAPÍTULO II CAPÍTULO I
Das Providências Preliminares (NR) Das Disposições Gerais (NR)
- Capítulo II com redação dada pela Lei Complementar -
n° 942, de 06/06/2003 Título VIII e Capítulo I com redação dada pela Lei Com-
plementar n° 942, de 06/06/2003.
Artigo 264 - A autoridade que, por qualquer meio, tiver co-
nhecimento de irregularidade praticada por servidor é obrigada a Artigo 268 - A apuração das infrações será feita mediante sin-
adotar providências visando à sua imediata apuração, sem prejuízo dicância ou processo administrativo, assegurados o contraditório e
das medidas urgentes que o caso exigir. (NR) a ampla defesa. (NR)
- Artigo 264 com redação dada pela Lei Complementar n° - Artigo 268 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
942, de 06/06/2003. de 06/06/2003.
Artigo 265 - A autoridade realizará apuração preliminar, de Artigo 269 - Será instaurada sindicância quando a falta disci-
natureza simplesmente investigativa, quando a infração não esti- plinar, por sua natureza, possa determinar as penas de repreensão,
ver suficientemente caracterizada ou definida autoria. (NR) suspensão ou multa. (NR)
§ 1º - A apuração preliminar deverá ser concluída no pra- - Artigo 269 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
zo de 30 (trinta) dias. (NR) de 06/06/2003.
§ 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade Artigo 270 - Será obrigatório o processo administrativo quando
deverá imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete re- a falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de
latório das diligências realizadas e definir o tempo necessário demissão, de demissão a bem do serviço público e de cassação de
para o término dos trabalhos. (NR) aposentadoria ou disponibilidade. (NR)
§ 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade de- - Artigo 270 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
verá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela de 06/06/2003.
instauração de sindicância ou de processo administrativo. (NR) Artigo 271 - Os procedimentos disciplinares punitivos serão
- Artigo 265 com redação dada pela Lei Complementar n° realizados pela Procuradoria Geral do Estado e presididos por Pro-
942, de 06/06/2003. curador do Estado confirmado na carreira. (NR)
Artigo 266 - Determinada a instauração de sindicância ou pro- - Artigo 271 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
cesso administrativo, ou no seu curso, havendo conveniência para de 06/06/2003.
a instrução ou para o serviço, poderá o Chefe de Gabinete, por
despacho fundamentado, ordenar as seguintes providências: (NR) CAPÍTULO II
I - afastamento preventivo do servidor, quando o recomendar Da Sindicância
a moralidade administrativa ou a apuração do fato, sem prejuízo de
vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogá- Artigo 272 - São competentes para determinar a instauração de
veis uma única vez por igual período; (NR) sindicância as autoridades enumeradas no artigo 260. (NR)
II - designação do servidor acusado para o exercício de ativi- Parágrafo único - Instaurada a sindicância, o Procurador do Es-
dades exclusivamente burocráticas até decisão final do procedi- tado que a presidir comunicará o fato ao órgão setorial de pessoal.
mento; (NR) (NR)
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e - Artigo 272 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
algemas; (NR) de 06/06/2003.
IV - proibição do porte de armas; (NR) Artigo 273 - Aplicam-se à sindicância as regras previstas nesta
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser esta- lei complementar para o processo administrativo, com as seguintes
belecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. (NR) modificações: (NR)
Altera a Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de 1979 - Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo, e dá providências corre-
latas.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei complementar:
Artigo 1º - Passam a vigorar com a seguinte redação os dispositivos adiante enumerados da Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro
de 1979:
I - os artigos 55, 56 e 57:
“Artigo 55 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídica, independentemente de pagamento, o direito de petição contra ilegalida-
de ou abuso de poder e para defesa de direitos. (NR)
Parágrafo único - Em nenhuma hipótese, a Administração poderá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição, sob pena
de responsabilidade do agente. (NR)
Artigo 56 - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, erro, omissão ou conduta incompatível no serviço policial. (NR)
Artigo 57 - Ao policial civil é assegurado o direito de requerer ou representar, bem como, nos termos desta lei complementar, pedir
reconsideração
e recorrer de decisões.” (NR);
II - o artigo 70, passando o
CAPÍTULO IX a denominar-se “Das Penalidades, da Extinção da Punibilidade das Providências Preliminares” (NR):
“Artigo 70 - Para a aplicação das penas previstas no artigo 67 são competentes:
I - o Governador; (NR)
II - o Secretário da Segurança Pública; (NR)
III - o Delegado Geral de Polícia, até a de suspensão; (NR)
IV - o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, até a de suspensão limitada a 60 (sessenta)dias; (NR)
V - os Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares, até a de repreensão. (NR)
§ 1º - Compete exclusivamente ao Governador do Estado, a aplicação das penas de demissão, demissão a bem do serviço público
e cassação de aposentadoria ou disponibilidade a Delegado de Polícia. (NR)
§ 2º - Compete às autoridades enumeradas neste artigo, até o inciso III, inclusive, a aplicação de pena a Delegado de Polícia.
(NR)
§ 3º - Para o exercício da competência prevista nos incisos I e II será ouvido o órgão de consultoria jurídica. (NR)
§ 4º - Para a aplicação da pena prevista no artigo 68 é competente o Delegado Geral de Polícia.” (NR);
III - o artigo 80:
“Artigo 80 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
I - da falta sujeita à pena de advertência, repreensão, multa ou suspensão, em 2 (dois) anos; (NR)
II - da falta sujeita à pena de demissão, demissão a bem do serviço público e de cassação da aposentadoria ou disponibilidade, em 5
(cinco) anos; (NR)
III - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 (cinco) anos. (NR)
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassifica-
gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo ção de informação protocolado em órgão da administração pública
órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da área,
cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento do sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reavaliação
custo dos serviços e dos materiais utilizados. de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previstos § 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido
no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe permita fa- às autoridades mencionadas depois de submetido à apreciação de
zê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à autoridade
termos da Lei no 7.115, de 29 de agosto de 1983. que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao
respectivo Comando.
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em § 2o Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como
documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de- objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta,
verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações
confere com o original. prevista no art. 35.
Objetos:
A criminologia é ciência moderna, sendo um modo específico - Ser Humano e sua imprevisibilidade.
e qualificado de conhecimento e uma sistematização do saber de - O Infrator.
várias disciplinas. A partir da experimentação desse saber multi- - As determinantes endógenas e exógenas.
- A Vítima.
disciplinar surgem teorias (um corpo de conceitos sistematizados
- O Controle Social.
que permitem conhecer um dado domínio da realidade).
Enquanto ciência, a criminologia possui objeto próprio e um
Métodos:
rigor metodológico (método) que inclui a necessidade de experi- - Empirismo.
mentação, a possibilidade de refutação de suas teorias e a cons- - Interdisciplinaridade (Sociologia, Psicologia, Ciências Exa-
ciência da transitoriedade de seus postulados. Ainda que interdis- tas, etc).
ciplinar é também ciência autônoma, não se confundindo com ne- - Trabalha com fatos sociais e individuais.
nhuma das áreas que contribuem para a sua formação e sem deixar
considerar o jogo dialético da realidade social como um todo. Quando nasceu, a criminologia tratava de explicar a origem da
Objeto da criminologia é o crime, o criminoso (que é o su- delinquência, utilizando o método das ciências, o esquema causal e
jeito que se envolve numa situação criminógena de onde deriva o explicativo, ou seja, buscava a causa do efeito produzido. Pensou-
crime), os mecanismos de controle social (formais e informais) se que erradicando a causa se eliminaria o efeito, como se fosse
que atuam sobre o crime; e, a vítima (que às vezes pode ter inclu- suficiente fechar as maternidades para o controle da natalidade.
sive certa culpa no evento). Academicamente a Criminologia começa com a publicação
A relevância da criminologia reside no fato de que não existe da obra de Cesare Lombroso chamad “L’Uomo Delinquente”, em
sociedade sem crime. Ela contribui para o crescimento do conheci- 1876. Sua tese principal era a do delinquente nato.
mento científico com uma abordagem adequada do fenômeno cri- Já existiram várias tendências causais na criminologia. Ba-
minal. O fato de ser ciência não significa que ela esteja alheia a sua seado em Rousseau, a criminologia deveria procurar a causa do
função na sociedade. Muito pelo contrário, ela filia-se ao princípio delito na sociedade, baseado em Lombroso, para erradicar o delito
de justiça social. deveríamos encontrar a eventual causa no próprio delinquente e
Os estudos em criminologia têm como finalidade, entre outros não no meio. Um extremo que procura as causas de toda crimina-
aspectos, determinar a etiologia do crime, fazer uma análise da lidade na sociedade e o outro, organicista, investigava o arquétipo
personalidade e conduta do criminoso para que se possa puni-lo do criminoso nato (um delinquente com determinados traços mor-
de forma justa (que é uma preocupação da criminologia e não do fológicos).
Direito Penal), identificar as causas determinantes do fenômeno Isoladamente, tanto as tendências sociológicas, quanto as
criminógeno, auxiliar na prevenção da criminalidade; e permitir a orgânicas fracassaram. Hoje em dia fala-se no elemento bio-psi-
ressocialização do delinquente. co-social. Volta a tomar força os estudos de endocrinologia, que
associam a agressividade do delinquente à testosterona (hormônio
Os estudos em criminologia se dividem em dois ramos que
masculino), os estudos de genética ao tentar identificar no genoma
não são independentes, mas sim interdependentes. Temos de um
humano um possível “gene da criminalidade”, juntamente com os
lado a Criminologia Clínica (bioantropológica), esta utiliza-se do transtornos da violência urbana, de guerra, da fome, etc.
método individual, (particular, análise de casos, biológico, experi- De qualquer forma, a criminologia transita pelas teorias que
mental), que envolve a indução. De outro lado vemos a Crimino- buscam analisar o crime, a criminalidade, o criminoso e a víti-
logia Penal (sociológica), esta utiliza-se do método estatístico (de ma. Passa pela sociologia, pela psicopatologia, psicologia, religião
grupo, estatístico, sociológico, histórico) que enfatiza o procedi- (nos casos de crimes satânicos), antropologia, política, enfim, a
mento de dedução. criminologia habita o universo da ação humana.
Como em outras ciências, também em criminologia se tem
Neste contexto, podemos definir a criminologia como um tentado eliminar o conceito de “causa”, substituindo-o pela ideia
conjunto de conhecimentos que se ocupa do crime, da criminali- de “fator”. Isso implica no reconhecimento de não apenas uma
dade e suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso, causa mas, sobretudo, de fatores que possam desencadear o efeito
bem como da personalidade do criminoso e da maneira de resso- criminoso (fatores biológicos, psíquicos, sociais...). Uma das fun-
cializá-lo. Etmologicamente o termo deriva do latim crimino (cri- ções principais da criminologia é estabelecer uma relação estreita
me) e do grego logos (tratado ou estudo), seria portanto o “estudo entre três disciplinas consideradas fundamentais: a psicopatologia,
do crime”. É uma ciência empírica e interdisciplinar. É empírica, o direito penal e a ciência político-criminal.
pois baseia-se na experiência da observação, nos fatos e na prática,
mais que em opiniões e argumentos. É interdisciplinar e portanto
formada pelo diálogo de uma série de ciências e disciplinas, tais
como a biologia, a psicopatologia, a sociologia, a política, a antro-
pologia, o direito, a criminalística, a filosofia e outros.
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Outra atribuição da criminologia é, por exemplo, elaborar o crime. Na França, Montesquieu procurou relacionar o comporta-
uma série de teorias e hipóteses sobre as razões para o aumento de mento criminoso com o ambiente natural e físico. Por outro lado,
um determinado delito. Os criminólogos se encarregam de dar esse os estudiosos ligados aos movimentos socialistas têm considerado
tipo de informação a quem elabora a política criminal, os quais, o delito como um efeito derivado das necessidades da pobreza.
por sua vez, idealizarão soluções, proporão leis, etc. Esta última Outros teóricos relacionam a criminalidade com o estado geral da
etapa se faz através do direito penal. Posteriormente, outra vez cultura, sobretudo pelo impacto desencadeado pelas crises econô-
mais o criminólogo avaliará o impacto produzido por essa nova micas, as guerras, as revoluções e o sentimento generalizado de
lei na criminalidade. insegurança e desproteção derivados de tais fenômenos. No século
Interessam ao criminólogo as causas e os motivos para o fato XX, destacam-se as teorias elaboradas por psicólogos e psiquia-
delituoso. Normalmente ele procura fazer um diagnóstico do crime tras, que indicam que cerca de um quarto da população reclusa é
e uma tipologia do criminoso, assim como uma classificação do composta por psicóticos, neuróticos ou pessoas instáveis emocio-
delito cometido. Essas causas e motivos abrangem desde avaliação nalmente, e outro quarto padece de deficiências mentais. A maioria
do entorno prévio ao crime, os antecedentes vivenciais e emocio-
dos especialistas, porém, está mais inclinada a assumir as teorias
nais do delinquente, até a motivação pragmática para o crime.
do fator múltiplo, de que o delito surge como consequência de um
Define-se também, em regra como sendo o estudo do crime
conjunto de conflitos e influências biológicas, psicológicas, cultu-
e do criminoso, isto é: criminalidade. A Criminologia, o estudo
rais, econômicas e políticas.
do crime e dos criminosos, dentro de um recorte causal, explica-
tivo, informado de elementos naturalísticos (psicofísicos). Não é Ao lado do desenvolvimento das teorias sobre as causas do
uma ciência independente, mas atrelada à Sociologia, à apreciação delito, são estudados vários modelos correcionais. Assim, a antiga
científica da organização da sociedade humana. Ao lado da Socio- teoria teológica e moral entendia o castigo como uma retribuição à
logia, se mostra numa condição de contrastante de ‘‘uma das mais sociedade pelo mal cometido. Jeremy Bentham procurou que hou-
jovens e uma das mais velhas ciências’’ vesse uma relação mais precisa entre castigo e delito e insistia na
Jovem e livre até da rotulação relativamente recente do res- fixação de penas definidas e inflexíveis para cada classe de crime,
pectivo vocábulo, um termo híbrido, por Augusto Comte, do latim de tal forma que a dor da pena superasse apenas um pouco o prazer
socius, amigo ou companheiro, e do grego logos, ciência. Velha, do delito. No princípio do século XX, a escola neoclássica rejeita-
uma vez que a análise da vida gregária dos seres humanos já era va as penas fixas e propunha que as sentenças variassem em fun-
praticada de vários modos pela Antropologia, bem antes de sua ção das circunstâncias concretas do delito, como a idade, o nível
aparição no panorama cultural. intelectual e o estado psicológico do delinquente. A chamada esco-
Não é tarefa fácil para a Criminologia lidar com a delinquên- la italiana outorgava às medidas preventivas do delito mais impor-
cia constantemente sofisticada, assim como com a violência, que tância do que às destinadas a reprimi-lo. As tentativas modernas
hoje se banalizou. Para ficar mais a par do itinerário, e dos atalhos, de tratamento dos delinquentes devem quase tudo à psiquiatria e
que conduzem ao delito, sobretudo nos agregados sociais urba- aos métodos de estudo aplicados a casos concretos. A atitude dos
nos de densa população, a Criminologia precisa traçar uma tática cientistas contemporâneos é de que os delinquentes são indivíduos
eficaz. A criminologia, não trata unicamente da pessoa humana, e sua reabilitação só poderá ser alcançada através de tratamentos
porque o homem é o agente do ato antissocial, mas sobre este individuais e específicos.
agente existem várias causas e muitas ainda desconhecidas, que Entretanto, há na ciência, Criminologia, já um acervo com que
modificarão o caráter essencialmente humano ou antropológico se deve contar, para ir em demanda das novas rotas que se nos
do fenômeno. A criminologia é e deve ser considerada de acordo deparam. E esse acervo já vem sendo colhido em longas décadas
com a maioria dos estudiosos do assunto, uma ciência pré-jurídica, de estudo e de meditação, armazenando largos cabedais que cons-
sua matéria de estudos é o homem, o seu viver social, suas ações, tituem uma bibliografia inumerável, na qual, ao lado de muito joio,
toda sua evolução, como espécie e como indivíduo. Para um es- excelentes contribuições se podem contar. Todavia, alguns menos
tudo completo de criminologia devemos estudar tanto a filosofia,
ansiosos por avançar sempre na procura da solução de múltiplas
sociologia, psicologia, e a ética. Esta última, que vai à base moral
incógnitas que ainda nos enfrentam, creem desde logo de assentar
da humanidade, daí deve-se entender melhor o que é essa Moral;
a Criminologia em bases suficientemente estáveis.
pois o Código Penal apoia-se sobre a moral.
O crime apresenta uma transformação, ou ampliação, que de
Esta ciência social que estuda a natureza, a extensão e as cau-
sas do crime, possui dois objetivos básicos: a determinação de cau- uma forma aceitavelmente denominada “normal”, se projeta hoje
sas, tanto pessoais como sociais, do comportamento criminoso e o para configurações que poderiam ser consideradas “anormais”.
desenvolvimento de princípios válidos para o controle social do Apenas se deve ponderar que essa atual anormalidade assim se
delito. Desde o século XVIII, são formuladas várias teorias cien- nos apresenta por não terem podido estar os gabaritos normativos
tíficas para explicar as causas do delito. O médico alemão Franz acompanhando sempre as transformações psicossociais que a épo-
Joseph Gall procurou relacionar a estrutura cerebral com as incli- ca atual oferece, dada à tumultuosa evolução dos sistemas de vida
nações criminosas. No final do século XIX, o criminologista Ce- e das colisões sociais. E daí desde logo nos apresenta um dos pro-
sare Lombroso afirmava que os delitos são cometidos por aqueles blemas básicos da Criminologia: é que ela se desenvolveu a partir
que nascem com certos traços físicos hereditários reconhecíveis, do Direito Criminal, mas, por assim dizer, disciplinada, ou jungi-
teoria refutada no começo do século XX por Charles Goring, que da, às condições penais e, ainda, demarcada, em seus horizontes,
fez um estudo comparativo entre delinquentes encarcerados e ci- por uma finalidade que ia mais às situações pós-delituais, e avança
dadãos respeitadores das leis, chegando à conclusão de que não preferentemente para os aspectos punitivos e, depois, recuperados
existem os chamados “tipos criminais” com disposição inata para do delinquente.
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Desta sorte, há uma Criminologia ainda hoje definida como a Biotipologia criminal. E a cada passo, novas esperanças, mas
um ramo subsidiário do Direito Penal, e que serviria mais para a acompanhadas do reconhecimento de que era mister da Psiquiatria
correta aplicação desse mesmo Direito; visaria ela ilustrá-lo com forense, a então recente concepção freudiana, mais euforia domi-
os conhecimentos que se foram adquirindo quanto à pessoa do cri- nou o campo da criminogênese - e a Psicanálise criminal dava a
minoso, às condições do crime dentro da dinâmica delituosa e da entender que tudo estava resolvido a partir de então.
eventual motivação do ato antissocial, inclusive pela incorporação O que estava a se verificar era o entusiasmo que cada “pílula
da vitimologia hoje de tanta nomeada nos círculos científicos. científica”, cada nova fresta entreaberta, parecia anunciar-se como
Tratar-se-á de uma Criminologia que se poderá denominar fórmula final para a solução da incógnita criminogenética. Mas, a
de pragmática e que, na escala do conhecimento, sempre defini- cada nova esperança, depois se verificava que nem tudo estava re-
da como sendo de posição pré-jurídica. A partir dos Códigos, e solvido, e que só mais um ângulo, de abertura estreita, no caminho
atendendo ao seu espírito, busca essa Criminologia oferecer ao cada vez mais longo da via causal do delito. E como já foi dito,
aplicador da Lei os meios mais efetivos e esclarecidos para que o novas pílulas foram se acrescendo, até à diencefalose, criminóge-
cumprimento dos dispositivos penais se torne mais cientificamente na, até aos conjuntos cromossômicos aberrantes (XYX, XXY etc.),
apoiado e informado. até às indagações citoquímicas, enzimáticas, até... aonde puderem
Nessa mesma ordem de aplicação científica dos conheci- ser levadas as observações mais agudas de campos cada vez mais
mentos criminológicos se situou o nosso sábio legislador de 1940 miúdos e estreitos.
quando, no já citado artigo 42 do Código Penal, ainda vigente, Mas desde logo se percebe que a solução bio-criminogenética
preceituou que o Juiz, para aplicar a pena, deverá atender “aos é um dédalo em que se tem perdido a ânsia de resolver o problema
antecedentes e à personalidade do agente, à intensidade do dolo apenas por esse lado. E, ademais, desde logo se verificou que só
ou grau da culpa, aos motivos, às circunstâncias e consequências o exame do “uomo delinqüente” não bastava, visto que ele era
do crime”. também produto do meio. E a Sociologia se aplicou também aos
Aí estão, pois, as vias da Criminologia pragmática, auxiliar estudos criminogenéticos, dando origem á Sociologia Criminal,
do Direito, para assessorá-lo, em matéria de sua competência, e que se arrogava, por sua vez, a pretensão de Ter em si a solução
visando a personalização do tratamento penal. Como nem sempre sempre tão ambicionada. Já vinha, aliás, de Platão, este pensamen-
se pode realizar este exame do delinquente antes do julgamento, to precursor, “atribuindo os crimes à falta de educação dos cida-
momento esse que seria idealmente o ótimo pra o levar a efeito, dãos e má organização do Estado”, como lembrava oportunamente
Afrânio Peixoto, em sua “Criminologia”. Com Durkhein, Ferri,
e como é determinado pela Lei, segundo ficou registrado, quando
Lacassagne, Tarde, Turati, Bataglia, Lafargue, Bebel... desenvol-
menos deve essa análise do criminoso ser posta de triagem sufi-
veu-se esta escola que opunha, ao falar biológico, a gênese social
cientemente capaz de apreciar a pluridimensional personalidade
dos delitos. E houve, incrivelmente, um dissídio que pretendeu,
do agente antissocial. E dessa análise deverá surgir a orientação
cada um do seu lado, impor a conclusão de que o fator mesológico,
a seguir no tratamento, para melhor perspectiva de êxito do mes-
ou o fator biológico, é que determinava prevalentemente o crime.
mo, desde que bem adequado à personalidade do delinquente e
Só mais tarde, e agora mais lucidamente, é que veio a prevale-
às várias opções que se ofereçam dentro do sistema penitenciário cer o princípio de uma globalização de todos os chamados fatores
existente. criminogenéticos que, num caso, podem oferecer predomínio da
Além desta Criminologia pragmática, ainda e sempre ao lado influência mesológica, num outro caso, podem apontar a biologia
do Direito, para servi-lo nas suas indagações sobre a criminogê- como sobressalente, e, em muitos outros, se verificava certa equi-
nese dos fatos delituosos, poder-se-á colocar a Criminologia espe- valência na atuação de tais fatores. Mas sempre se reconhecendo,
culativa, causal da genética, que teria uma posição para-jurídica, em todos os casos, a presença de ambos esses fatores, como desde
cuidando da grande ambição de todos os criminólogos, ou seja, de Ferri, já se fazia patente. Daí resultou, até, uma classificação de
indagar e identificar as causas da criminalidade. criminosos, que tem feito sucesso, e que é absolutamente natural
É a grande meta que os estudos criminogenéticos têm como em sua formulação.
alvo e que, se acaso lá pudéssemos aportar, nos levaria, quiçá, um Mesmo quando muito se haja batendo neste caudal das pos-
dia, a poder aplicar, com total sucesso, o velho preceito, que dita: síveis causas do delito, tanto no campo da biologia, quanto no da
«sublata causa tollitur effectus» ideal fagueiro dos estudos crimi- mesologia, ainda devemos confessar que a gênese delitual conti-
nológicos, mas que tem sido ainda a miragem fugidia de todas as nua a oferecer pontos penumbrosos. De onde, as palavras de Ro-
esperanças causal-explicativas do delito. berto Lyra Filho.
Recorde-se, ainda uma vez, que, inicialmente, houve a fase É que não há fatores específicos para o crime, que o venham a
biológica estricta; a Somatologia criminal, com os seus tipos lom- ocasionar dentro de um determinismo irreversível - nem do ponto
brosianos, pretendeu fornecer a primeira chave para abrir a incóg- de vista endógeno, nem dentro do ângulo exógeno. Essa identifi-
nita criminogenética, chegando-se até à abstração do criminoso cação de causas específicas, como se fossem sintomas patagno-
nato, que não chegou a vingar. Recolhidos os contributos desta mônicos, era a grande ambição do lombrosianismo, para desde
fase, prosseguiram as esperanças quando se iniciou a era endocri- logo caracterizar os criminosos. Ao início de sua carreira, tinha o
nológica, de que nos dá informação assaz completa a monumental sábio de Turim essa visão: “um periodista francês, Laveleye, que
obra de Mariano Ruiz-Funes, Mestre espanhol que, na Faculdade o conheceu neste estágio de sua crítica científica, registrou a se-
de Direito da Universidade de São Paulo, proferiu o curso “En- guinte impressão sobre o emérito investigador, tocada de laivos
docrinologia Y criminalidad”, de 1929, que marcou época pela de ironia:” Apresentaram-me esta noite um jovem sábio desconhe-
amplitude e segurança de seus conceitos. Esta fase funcional das cido, chamado Lombroso; fala de cenas caracteres pelos quais se
endocrinias, por vez, deu ensejo à concepção biotipológica, já in- poderia reconhecer facilmente o delinquente. Que útil e cômoda
tegrada do tipo humano vivente, e que logo se desenvolveu para descoberta para os juízes de instrução...
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Buscava-se, então, a solução de um problema de conduta hu- os fatores bio-mesológicos, que procuram explicar a gênese crimi-
mana sem atentar holisticamente para o autor desse tal comporta- nosa, são de apreciação criminológica estrita; ao passo que o fator
mento. Não só a disputa de primazias bio ou mesológicas, como ético, onde se insere a condição que procura justificar a origem do
também, e principalmente, a exclusão do núcleo ético da perso- delito, só pode ser apreciada pela capacidade do Juiz. Daí, surge
nalidade, entre os núcleos de geração do ato antissocial, levaram aquela distinção do Prof. López-Rey Y Arrojo, ao recordar que se
a decepções no campo da caracterização naturalística das causas deve distinguir precisamente entre o que tende a explicar, daquilo
do delito. E só mais moderadamente se volvem as mentes dos cri- que pode justificar uma conduta antissocial. Se escusável, ou não,
minólogos para uma conceituação mais globalizadora da gênese só o Juiz pode decidir mas, para tanto, deverá ele atender às causas
delital, incluindo todos os elementos com que se deve contar: os aferíveis que podem explicar porque a deliberação humana tenha
chamados fatores criminogenéticos, e também os fundamentos sido mais ou menos comprometida pela influência dos fatores cri-
éticos da personalidade, sobre os quais agem exatamente aqueles minogenéticos endo e exógenos; e até que o ponto ético teria sido
fatores. O “cientificismo” (expressão com que se busca denominar consensual com a prática criminosa.
a falsa posição de uma ciência daltônica que não sabe ver senão Por isso, e para isso mesmo, deve ser considerada também, ao
o seu estreito espectro de visada) deve-se curvar à evidência de lado da Criminologia pragmática (pré-jurídica) e da Criminologia
que, se podemos falar, como dizia Di Túllio e, fatores crimino-im- especulativa (para-jurídica), uma Criminologia crítica ou, melhor,
pelentes, devemos também reconhecer, por parte daquele núcleo dialética, ao estilo do que o propõe Roberto Lyra Filho, a cuja po-
ético, a existência de fatores crimino-repelentes. O ato antissocial sição seria de colocação metajurídica. Esta Criminologia dialética
só resultará se, à ação dos ditos falares que impelem para o cri- deve propor a si mesma um estudo das mutações do conceito so-
me, se somar à ação consensual do núcleo ético da pessoa sobre cial da vida humana. Se voltarmos ao início destas considerações,
a qual eles agem. Daí que é necessário não nos fixarmos somente e nos recordarmos de que há uma criminalidade nova, devemos
na Biologia criminal e na Sociologia criminal, olvidando que, em consequentemente ter a decisão de rever os valores sociais, éticos e
cada pessoa, o que realmente a caracteriza como ser humano é a jurídicos, em face da sociedade tecnocrática em que ingressamos,
existência, ainda e sempre vigente, de um arbítrio. Não é ele livre para buscar as formas adequadas para uma reformulação, inclusive
na existência do homem, como o é era sua essência: mas é sempre, estrutural, das condições anuais da vida humana.
em certa medida capaz de enfrentar a ação dos fatores crimino- Evidentemente, a tripartição da Criminologia em seções, prag-
genéticos, E porque, às vezes, cede é que se faz mister julgar o mática (pré-jurídica), especulativa (para-jurídica) e dialética (me-
homem inteligentemente, a fim de saber até onde e como agiram tajurídica), não quererá significar, de forma alguma, que haja uma
os referidos fatores, e até que medida e de maneira o núcleo moral separação estanque entre esses departamentos; antes, eles se entro-
consentiu, ou se dobrou, à ação dos ditos fatores. sam e entre si estabelecem uma linha de plena fusão. Apenas, em
O reconhecimento de uma avaliação globalizante das condi- graus sucessivos, procura-se ampliar progressivamente o estudo e
ções personalíssimas de cada criminoso, em razão desse conjunto o conhecimento da dificílima e ampla ciência que é a Criminolo-
ora referido, leva a um neo-ecletismo penal. Assim, só será válida gia, para chegar até a formulação de princípios que solucionem os
a retornada da gênese criminal se, às causas endo e exógenas, sou- intrincados problemas da vida contemporânea e prevejam as pos-
bermos anexar o núcleo sobre o qual elas agem, ou seja, a essência síveis rotas a seguir para uma prevenção mais efetiva dos conflitos
ética da personalidade, sem cuja consideração a criminogênese humanos, profilaxia essa que é o alvo supremo das cogitações, e
clássica, ou ortodoxa, cairá na decepção de que nos falava Afrânio que deve pretender chegar até às próprias estruturas e valores fun-
Peixoto. Como entender a ação de fatores criminogenéticos sem damentais, a fim de advertir quanto à conveniência ou necessidade
os coligar à pessoa humana, e ao núcleo dessa pessoa no qual, en- de se realizar as mudanças possíveis e indicadas para se avançar
fim, se delibera? Atualmente, tomadas mais humildes, e sábias, por no objetivo de uma Justiça Social mais efetiva. E só a partir de
isso, as pretensões criminogenéticas naturalísticas, pode-se passar uma base que considere realisticamente, mais instruidamente, os
àquele neo-ecletismo penal, em que, como causas, se escalonam as fatos fundamentais da vida humana hodierna, com todas as suas
ambientais, as bio-psíquicas e as éticas (ou volitivas, em termos de especificações mais compreensivas da conduta dos homens, e não
deliberação, ou de arbítrio). ficar só na obsessão de saber como lutar mais efetivamente contra
Então, só se podendo caracterizar o ratio crime se, aos fatores o delito já praticado, em termos de penitenciariarismo, suposta-
endo e exógenos, se associar o fato ético, esta tripeça, bio-psiquis- mente ressocializante. Assim, se fará a macro-criminologia de que
mo, mesologia e anuência ética, deverá ser considerada como o nos fala, sábia e oportunamente, usando expressões trazidas das
conjunto indispensável para se poder falar em delito, em seu senti- Ciências Econômicas, Roberto Lyra Filho, indo, então, mais além
do mais exato, científico e compreensivo de um complexo pessoal da micro criminologia que se atém ao âmbito de estudo apenas do
que só assim se constitui completamente. crime e do criminoso.
É desse fato fundamental, mas que se tem mantido sem a de- No que se refere à Criminologia especulativa, sem dúvida al-
vida conotação consciente de seus elementos constitutivos, que guma, necessita-se do seu estudo pormenorizado, fazendo sentir
decorre o neo-ecletismo penal, o qual proclama estas verdades ba- quantas informações úteis se recolhem na análise pluridimensio-
silares, sem as quais a Criminologia nunca alcançará uma formula- nal que busca das causas do delito, não só em sentido casuísti-
ção mais inteligente a adequada das suas postulações. co, e em perspectiva globalizadora, em fluxo analítico-sintético,
Desde que integremos estas noções, de que, na gênese cri- como também em sentido de generalização dos conceitos que daí
minal, devem ser considerados os falares bio e mesológicos, e decorreram, desse conhecimento individualizado, para prudentes
também o falar ético leva-nos a admitir, todavia, uma separação considerações gerais. Dentro desse estudo, outrossim, é necessário
das capacidades que podem apreciar e decidir sobre a forma de deixar bem patente que cada delinquente deve ser considerado em
atuação e sobre a ordenação dos seus respectivos valores. É que seu contorno situacional, de modo a permitir uma avaliação dos fa-
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
tores que possam explicar a sua conduta, e daqueles que a possam uma prisão que não corrompa, que não destrua mais o que deve
justificar, ou não. Ou seja, sopesar ambos os campos em que se de- reconstruir. E este último alvo é, sem dúvida, possível, para os le-
senvolve a atuação humana, o daquele que sofre a ação dos fatores gítimos penalistas, cônscios, em verdade, da ciência a que servem.
bio-psicológicos e sociais, e o daquele em que se manifesta o fator E enfim, fale-se em tratamento, sempre como alvo que se su-
deliberativo, em razão do arbítrio, à luz da ética exigível dentro do cede ao conhecimento da personalidade e ao reconhecimento das
“mínimo de moral” que se espera para a conduta humana. suas possíveis falhas, deficiências ou defeitos.
Por fim, no que se projeta dentro do campo imenso e intensa- Ainda dentro desse tratamento, deve-se considerar o seu papel
mente sedutor da Criminologia dialética, há que ensejar um amplo disciplinador, ou seja, criar ou desenvolver no delinquente a ne-
debate em busca, ansiosa e plena de inquietude interrogativa, do cessidade basilar de integrar, em sua maneira de ser, uma estrutura
quanto se possa vislumbrar dentro da avaliação epistemológica do disciplinatória de todas as suas vivências, tomando-as sintônicas
que, em verdade, possa continuar a ser admitido e respeitado, e do com a convivência, obrigatória, a que somos levados pela própria
quanto se deva ciente e conscientemente entender objeto de modi- natureza da nossa vida social.
ficação, de reformulação. Disciplina, outrossim, não quer significar despersonalização,
É evidente que, por sua mesma posição de ciência auxiliar amolgamento da vontade, submissão passiva a outrem, e coisas
do Direito, a Criminologia só poderá ir ao ponto de oferecer a sua desse tipo. Com disciplina quer-se significar a conjugação daquilo
colaboração, sem pretender dogmatizar, o que seja uma atitude, que somos, em todos os nossos atributos e prerrogativas, com a
aliás, contrária ao espírito íntimo dessa disciplina especulativa e necessidade da convivência, que sempre impõe necessárias limi-
de investigação científica. Mas, se for válida esta atitude, estudar tações e normas. O que define uma sociedade é justamente uma
mais afincadamente esta Ciência Criminológica, para poder ofere- unidade de ordem, que põe sentido, pragmatismo e possibilidade
cer uma cooperação cada vez mais instruída e idônea, e sacar dela de sobrevivência, de todo um grupo, mas que não pode abolir ne-
prestimosas conclusões. cessariamente a personalidade de cada um, antes até lhe dá condi-
Recorde-se que a referida definição assim soa: pena é “o tra- ções de preservação e permanência. Sem essa unidade de ordem, a
tamento compulsório ressocializante, personalizado e indetermi- vida seria insuportável e o caos social só seria de esperar. E aquilo
nado”. que se poderia entender como liberdade individual, sempre tão ar-
Retira-se dessa definição um conceito acolhedor da mais atua- dorosamente defendida, até além dos seus convenientes limites,
lizada doutrina neo-eclética, iniciando-se por caracterizar a pena desapareceria, envolvida a pessoa no turbilhão em que não poderia
como tratamento. A introdução dessa expressão, hoje de livre cur- sequer sobreviver. Daí que a unidade de ordem é indispensável à
so para os próprios jus-penalistas, desde logo dá a demonstração própria liberdade, garantindo-a, ainda que disciplinando-a.
de como a influência médico-psicológica foi levada avante e com Disciplinado, em que sentido? No de união, conjugação, coo-
plena aceitação, em certos aspectos, pelos cultores do Direito. Nos peração de esforços e de sacrifícios para o bem comum. Sem esse
nossos dias, já não causa espécie o emprego dessa palavra, que traz princípio, a liberdade seria licenciosidade, a pessoa passando a ser
em seu bojo um conteúdo de índole médica, antropológica, clínica. uma vítima da solidão que essa própria liberdade então imporia,
Fala-se, pois, em tratamento como um processo a que deve ser pois que viver em sociedade é, essencialmente, conviver (com
submetido o criminoso e que visa corrigir os defeitos, que possa equivale a junto, e conviver significa viver junto).
haver apresentado em sua personalidade. É claro que o termo até Essa disciplina social precisa ser ensinada e reestruturada em
ultrapassa, de muito, o que em si mesmo quereria traduzir, desde cada criminoso. O seu crime nada mais é do que um ato, afinal, de
que esse tratamento às vezes em nada será médico, podendo ser indisciplina. É mister que o ensino do respeito e da integração des-
apenas pedagógico, ou social. E sempre deverá admitir parâmetros sa disciplina social seja ministrado subjetiva e objetivamente ao
jurídico-penais sob os quais ainda e sempre deve permanecer a delinquente. E até com um cuidado muito zeloso, eis que o crimi-
aplicação da Justiça, segundo o venho defendendo dentro do neo noso, ao deixar a prisão, certamente vai encontrar uma sociedade
-ecletismo penal. diversa daquela que ele deixou ao iniciar o cumprimento da pena, e
Assim, tratamento será a pena, dentro do amplo conceito ora isso devido ao vertiginoso desenvolvimento da era presente. Des-
expendido, em que entra a atividade médica propriamente dita, ta forma, acompanhando esse desenvolvimento, é indispensável
mas em que, ao lado dela, entra também a pedagogia, o cultivo que o regime penitenciário coloque com o devido cuidado e com
de uma profissão e que a pessoa humana tem de considerar, como a necessária sapiência um sistema disciplinar que prepare o delin-
“animal gregário” que é, e que lhe impõe o estabelecimento dessa quente a compreender que, sem aquelas limitações indispensáveis
Inter-relação. E isso deve assim ocorrer para que o ser humano, para a manutenção desse regime de convivência, sem essa obriga-
no conjunto complexo da sua personalidade, seja deveras tratado tória disciplina, ao voltar ao convívio social, este lhe imporá, como
lá onde o exigir a frincha que permitiu a maior influência crimino resultante da sua própria essência, aquelas e até novas limitações.
-impelente, seja essa debilidade de ordem somático, fisiológico ou Esse regime disciplinar começa por impor ao criminoso um
cultural, além de ética. tratamento compulsório, isto é, um regime que não é adotado es-
A prática tem demonstrado que a “prisão não cura, corrompe”, pontaneamente, mas que se é obrigado a aceitar e a seguir. Haverá
segundo a frase feita que já corre mundo. Mas se a prisão ainda aí um certo ressabio aflitivo, e até retribuitivo. Mas não há mal
assim se apresenta, é apenas porque ela não se deixou embeber do algum em que se mantenha, na dose adequada, esse caráter tam-
seu legítimo sentido e da sua verdadeira meta. bém, desde que, enfim, o criminoso é submetido a esse tratamento
Para que a distorção do tratamento não venha a ocorrer na pri- a partir de um ato antissocial que praticou, em que foram feridos
são, levando-a para a perversão moral, é que tanto se está lutando interesses, valores, normas, de importância para a manutenção da
no campo da doutrina para iluminar uma prática mais sadia. E o comunidade. E até hoje existe uma corrente que tende para uma
que aqui se vem dizendo, quanto ao tratamento, visa exatamente revisão do excesso de liberalidade em termos de regime peniten-
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ciário, com uma também excessiva preocupação com o welfare of É bem claro que não deve ser permitido exagero nesse campo,
the offender, como se só o bem-estar do delinquente importasse e aliás como em nenhum outro. Não é rigorosamente necessário que
fosse o motivo e a razão de ser dos sistemas penitenciários. Esta se pormenorize um só tratamento, e exclusivo, para cada um dos
preocupação mereceu um justo reparo por parte do Prof.Lópe- criminosos. De fato, ainda como para os doentes, a terapêutica dis-
z-Rey Y Arrojo, que não deixou de criticar esse erro em colocar põe de meios que abrangem grupos humanos com caracteres afins.
tanta ênfase naquilo que deve ser apenas um dos aspectos a consi- Há grupos que podem receber um tratamento basicamente comum
derar no regime prisional, mas não o principal, nem o essencial. E a todos os seus integrantes. Daí que sempre se cogitou de estabe-
que não pode fazer descuidar o que é primordial, que será sempre a lecer classificações penitenciadas dos criminosos, para ensejar um
recomposição de uma personalidade, inclusive pela compreensão agrupamento de delinquentes de características assimiláveis, para
que ela deva integrar quanto ao erro cometido, pelo qual deve res- serem enviadas a estabelecimentos de determinado tipo.
ponder moralmente também. E então, neste neo-ecletismo penal Na prática, é admissível, porque necessário, que se façam es-
que deve prevalecer nas modernas perspectivas da Criminologia, tes grupos de tipos afins. Mas não se creia que essa seja a maneira
não se pode descartar uma retomada de posição quanto a estas im- ideal de enfrentar e resolver o problema terapêutico penal, desde
plicações éticas do tratamento penitenciário, no qual se deve me- que, bem no âmago dos fatos, está o ser humano, único em seu
nosprezar o campo moral do problema, em termos de tratamento. perfil e na sua colocação perante a circunstância ambiental.
Há aqui toda uma infinita problemática penitenciária, que Como, todavia, será impraticável uma distribuição dos delin-
dependerá das possibilidades efetivas de cada país e região; mas quentes indo até uma personalização assim tão exclusiva, é ad-
sempre se devendo manter uma certa segurança e atenção para mitida a divisão dos estabelecimentos penais em diversos tipos,
com o tipo especial de população com que se vai lidar, sem nos dentro dos quais se enquadrarão, mais ou menos de acordo com
deixar seduzir por facilitações generosas, mas imprudentes, e sem os seus perfis individuais, os diversos tipos de personalizados de
deixarmos de considerar que, no início de tudo, sempre se par- criminosos.
te de uma ação antissocial praticada, cuja responsabilidade moral Mas não se deixe de dizer que, feita a triagem de acordo com
cabe a, quem a efetivou, sem excusa bastante para ela, como o as várias possibilidades que se ofereçam á administração peniten-
julgamento o deve haver definido. Nunca os regimes penitenciá- ciária, e enviados os criminosos para os vários tipos de estabeleci-
rios devem assumir liberalidades excessivas, e até às vezes anun- mentos mais adequados às suas características pessoais, em cada
ciadas quase com excesso, que toca as raias de uma espécie de um desses estabelecimentos poder-se-á, e se deverá, ir mais longe
propaganda. Recentemente, o noticiário dos canais de televisão na personalização, a partir dos grandes grupos considerados.
deu conhecimento de suas penitenciárias que se projetam em cida- De um ponto de vista ético, todavia, não deve se afastar esse
des do Interior de São Paulo, com tantas vantagens para o welfare tratamento: deve ele dar ao criminoso, sem que assim ele se sinta
of the offender (piscinas, quadras de vários esportes, enxadrismo,
deprimido, ou deformado, ou mesmo sensibilizado, a noção da ne-
cinema, TV, etc.) que o locutor de um dos canais, causticamente,
cessidade da sua recuperação moral, desde que o ponto de partida
comentou: o problema que está surgindo é o número excessivo
da sua ação agressiva contra a sociedade se reconheceu sempre
de telefonemas para essas cidades, de numerosos interessados em
no animus que pôs ao serviço da mentalidade criminosa de que
saber o que é necessário realizar para se ingressar e obter vagas
se deixou assenhorear o seu espírito. Tudo o mais que se possa
nessas instituições...
fazer do ponto de vista médico, psicológico, pedagógico em um
A justiça, que hoje vê bem e julga melhor, deve cercar-se de
serenidade, competência e profundo conhecimento, para saber o enfoque holístico, enfim, ressocializante, deve-se apoiar na base
que deve ser feito de melhor, mas sempre com a extrema serie- de uma sólida, tão sólida quanto possível, reconstrução ética da
dade, que a superioridade da sua posição de suprema sabedoria e sua personalidade. Se não houver a mudança da mente (a meta-
equanimidade deve saber atender e impor. Não é conveniente esse noia, dos gregos), se não houver a sideração da vontade no sentido
caráter que, às vezes, assume uma inautêntica ciência penitenciá- de se robustecer a âmago anímico da personalidade, tudo o mais
ria, de uma pieguice falsa e quase consensual com o delito e o de- pode entrar em falência, pode a qualquer momento ser, de novo,
linquente. O tratamento deve visar o reforço da intimidade anímica submetido às forças crímino-impelentes e por elas dominado, e a
do criminoso, robustecendo caracteres, e não alagando os autores reincidência se manifestar.
de condutas que já foram agressivas para a sociedade, e que se Portanto, dê-se a ênfase maior na reeducação e no fortaleci-
necessita evitar que reincidam na cedência da vontade. E, para tan- mento do núcleo moral da personalidade; ou seja, daquele núcleo
to, use-se a compreensão, o auxílio, a filantropia, o real interesse que é o que define exatamente a natureza humana de que somos
em tudo fazer para recuperar o criminoso, mas não se desvirtue a participantes. A partir daí, então, dê-se ao tratamento todo o con-
rota a seguir por falsas imagens que se afastem da realidade crua teúdo de um processo reeducativo, recuperador, ressocializante,
da disciplina social e de suas correspondentes responsabilidade. indo alcançar todos os ângulos da personalidade e mirando a volta
O tratamento deveria buscar a reeducação (correção do caminho de delinquente ao convívio social, com todas as implicações que
a seguir). daí decorrem, inclusive, e principalmente, a atenção que deva ser
A personalização da pena foi uma das conquistas mais efeti- dada aos deveres sociais e à integração de uma pessoa na comu-
vas do positivismo penal e decorre diretamente da Antropologia nidade; o que importa era receber logo estímulos vários para agir
Criminal. Foi a demonstração, feita a partir de Lombroso, de que de maneira agressiva, antissocial e criminosa, aos quais é dever
se deve enfocar o criminoso em seus caracteres pessoais, diversos resistir.
em cada indivíduo, quer do ponto de vista biológico, quer ainda Ora, uma corrente de penalistas e criminologistas há muito
das influências mesológicas que haja recebido, o que levou a tentar vem reclamando de situação semelhante para a aplicação das pe-
um tratamento adequado a cada um desses tipos personalizados de nas, naquilo que se denomina de pena indeterminada. De fato, um
criminosos. tratamento penal deverá ser aplicado até o momento em que um
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
mínimo de recuperação haja sido obtido, compatível com a volta Deixar de dar, entretanto, toda a ênfase que merece este nú-
do criminoso ao convívio social. Passar daí, é arriscar-se em per- cleo Moral do ser humano é incidir num erro fundamental, visto
der o que se haja alcançado. A doutrina tem repetido, com carradas que a explicação científica da gênese do delito não afasta a neces-
de razão, que, tanto as penas de curta duração, quanto aquelas de sidade de se enfocar este outro aspecto da questão, que, no homem,
longa duração, são prejudiciais para a pessoa do delinquente. Ora, é primordial.
desde logo se deduz que essa duração deverá ser idealmente aquela A forma de atender às necessidades morais da criatura huma-
que leve o indivíduo a obter aquele ótimo de recuperação, nem na tem sido apanágio do ensino religioso; e este ensino tem sido
antes, e nem depois. E, assim, estabelecer-se-ia condições para um facultado nas instituições penitenciárias com ampla liberdade de
melhor resultado final. crença. Ao lado dele, entretanto, complementando-o e abrindo a
Dois óbices têm sido levantados contra esse ideal da pena visão para campos mais amplos, deve-se dar toda a oportunidade
indeterminada: um decorrente ainda de um remanescente espírito à instrução moral e cívica, de largo horizonte, o que não exclui,
retributivo, que deseja para uma espécie de crimes, uma pena mais como disse, a prática do culto religioso, mas que abrange inclusive
severa que para outras espécies de delitos; o outro óbice provém os que não se declaram religiosos, ou tenham apenas parcas no-
de uma ideia, a ser corrigida, de que a execução penal passada, das ções sobre as suas crenças.
mãos do Juiz, para as mãos do técnico.
Quanto ao primeiro desses argumentos contrários à pena in-
determinada, deve-se informar que o tipo de delito praticado nem 3.2. TEORIAS SOCIOLÓGICAS
sempre corresponde à deformação da personalidade ocorrida no DA CRIMINALIDADE.
criminoso; às vezes, sim, desde logo se tem uma noção de gravi-
dade do comprometimento dessa personalidade, como ocorre na
hediondez de certos crimes; mas pode acontecer o contrário, isto
é, de um pequeno delito seja, todavia, a primeira manifestação de A abordagem sociológica do crime tem produzido uma visão
uma personalidade bastante agressiva. deste fenômeno por vezes bastante distinta da que é projetada pela
Justifica-se plenamente que a pena indeterminada seja dotada sociedade em geral, que tende a apresentar a criminalidade como
nas nossas leis penais, desde que atendidos os pontos fundamen- uma das ameaças mais prementes ao que se considera ser o normal
tais anteriormente referidos, ou seja: que a sua indeterminação e esperado funcionamento da sociedade. Sociologicamente o cri-
não fique fora da competência judicante, a qual deliberará sobre a me pode ser encarado como “funcional e normal”, como um con-
extinção da medida punitiva, desde que proposta pelos auxiliares texto de “aprendizagem e de socialização” e como uma “resposta
técnicos do Juiz. das instâncias de controlo”.
Na realidade, a pena fixa é contrária à boa recuperação dos A sociedade em geral tem uma compreensão limitada do cri-
criminosos, ao marcar limites artificiais à mesma, e apenas decor- me, no sentido em que a visão do criminoso é muitas vezes impu-
rentes da quantidade do delito praticado. E deixando de lado a per- tada às suas características individuais não o relacionamento com
sonalidade do réu, e sua capacidade de recuperação ético-social, a sociedade em que se insere. Com isso, as teorias sociológicas
mesmo quando esteja em vigência o artigo 42 do Código Penal, do crime vieram dar ênfase aos grupos sociais em detrimento das
até hoje não atendido adequadamente quanto “aos antecedentes e causas individuais.
à personalidade do agente, à intensidade do dolo ou grau da culpa,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime”. A Sociologia da Criminalidade
Não fique sem dizer que, também na apreciação criminoló- O objeto central da Sociologia é o ser humano e suas diversas
gico-clínica do delinquente, deve entrar em cogitação a natureza interações sociais; isto significa que é necessário, para se enten-
do delito praticado; é um dos elementos centrais que informa a der algum fenômenos social, que se leve em consideração o seu
observação do criminoso. contexto global, isto é, os aspectos sociais, culturais, econômicos,
Mesmo que fossem aceitos e praticados estes preceitos, sem- políticos, psicológicos, geográficos, entre outros.
pre caberá plenamente a manutenção da liberdade condicional, A sociologia da criminalidade é, portanto, um ramo da Socio-
para os que hajam estado segregados do convívio social. E isto logia, cujo objeto de estudo, como o próprio nome indica, é estudar
porque ela representa, nos dizeres de Flamínio Fávero, a convales- os fenômenos sociais como crime e violência.
cença penal, isto é, aquele período de prova em que se verifica se o A importância da Sociologia quanto ao crime e a violência
delinquente já se encontra efetivamente em condições de conviver está na possibilidade de oferecer subsídios teóricos e metodoló-
em sociedade de maneira sintônica, e não agressiva. gicos, por meio de pesquisas sobre o crime e a violência nos seus
O neo-ecletismo penal pretende dar todo o valor, que é in- diversos aspectos.
constante, à evolução da Criminologia Clínica e na investigação Com base em pesquisas sociológicas tem-se a possibilidade de
científica das causas da criminalidade, até onde elas possam ser compreender os processos e mecanismos que levam a existência
rastreadas e reconhecidas. Mas quer reivindicar a necessidade de do crime na sociedade. Com isso, a Sociologia oferece condições
se valorizar a atenção para os aspectos morais do ente humano, que para uma percepção mais segura quanto as questões que envolvem
devem ser devidamente computados: a criminalidade nas sociedades. É, pois, a partir de estudos e pes-
- para a indispensável avaliação da responsabilidade moral quisas sociológicas que se podem planejar ações concretas para o
pelo ato praticado, em termos de uma justificação, ou não, de tal controle da criminalidade e da violência na sociedade.
ato; Para estudar sobre crime na sociedade a sociologia trabalha
- para o reaparelhamento do núcleo moral do delinquente, a com conceitos e teorias que permitam analisar criteriosamente o
fim de aumentar-lhe as resistências futuras aos falares crímino-im- fenômeno em questão e, por sua vez, uma compreensão mais pró-
pelentes que no porvir venham a agir de novo sobre o indivíduo. xima possível da realidade como objeto de estudo.
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Teorias Bioantropológicas encontra-se no sucesso ou insucesso dos processos de aprendizagem
e socialização. Como diz Cohen: “As fontes de variação do impulso
No século XIX, surgem as teorias bioantropológicas, que têm e das variáveis de controlo estão na biografia do indivíduo ou na
seu maior representante em Lombroso, cuja tese central era o ata- situação contemporânea e não na sua constituição biológica”.
vismo. Segundo essas teorias, há “tipos de pessoas” predispostas A preocupação dessas teorias gira em torno dos mecanismos
ao crime. Para Lombroso, por exemplo, criminoso nato seria o de indução do comportamento normal e não em torno do cometi-
indivíduo que manifestasse os ferozes instintos, seja do homem mento do crime. Como dizem Dias e Andrade, “a explicação do
primitivo, seja dos próprios animais inferiores. crime é relativamente fácil”, visto ser resultante do conflito inte-
Dentro dessa perspectiva, Hooton pretendeu dar bases cientí- rior entre os impulsos naturais e as resistências adquiridas pela
ficas à tese de Lombroso do “tipo físico”. Segundo Dias e Andra- aprendizagem de um sistema de normas (consciência ou super
de, comentando a tese de Hooton, esse autor teria analisado mais ego). Assim se percebe a preocupação com o estudo dos mecanis-
de 13.000 reclusos e solidificado a tese da inferioridade. Para ele, mos de socialização para a investigação criminológica.
o delinquente seria um ser humano físico, moral e intelectualmente Há uma fórmula criada por Abrahansen que explicita bem
inferior. Sendo assim, o crime só poderia ser evitado com a eli- essa percepção: C = T + S / R, onde C = crime; T = tendências
minação ou segregação absoluta dos indivíduos inferiores física, impulsivas; S = peso das variáveis situacionais e R = resistências
moral ou intelectualmente.
racionais e emocionais do indivíduo ao cometimento do crime.
Atualmente, com o desenvolvimento de disciplinas como a
Destaca ainda o autor que as resistências podem ser interiores ou
genética, a bioquímica, a endocrinologia e a psicofisiologia, sur-
exteriores. Sendo interiores, elas se exprimem na culpa e, sendo
giram as “modernas teorias bioantropológicas” para tentar dar ex-
exteriores, na vergonha ou no medo.
plicações para o crime. Para essas teorias, embora permaneça o
pressuposto de que o comportamento será melhor compreendido Dentre essas teorias, vale a pena destacar a “criminologia psi-
se forem compreendidas as determinantes biológicas, elas se dife- canalítica”, cujas primeiras manifestações se deram com as obras
renciam das antigas teorias bioantropológicas a partir da mudança de Freud, Adler e Jung, e que objetiva “explicar o crime como
na explicação do crime. Como dizem Dias e Andrade: “[…] o que um ato individual e analisar a psicologia da sociedade punitiva”.
verdadeiramente caracteriza as modernas teorias bioantropológi- Conforme Dias e Andrade, a criminologia psicanalítica se baseia
cas, mais do que o conteúdo das suas hipóteses, é a sua atitude em três princípios:
fundamental face ao problema da explicação do crime. Abando- - O homem é, por natureza, um ser a-social. Por isso é que
naram-se, desde logo, as pretensões de definitividade e exclusi- Freud refere a criança como um perverso polimórfico e Stekel
vidade, características de autores como Lombroso ou Hooton. As como um criminoso universal.
teorias explicativas são acompanhadas de marcados coeficientes - A causa do crime é, em última instância, social. “O crime,
de dúvida e provisoriedade. Por seu turno, parece ter-se supera- escreve Glover, representa uma das parcelas do preço pago pela
do a velha controvérsia natureza/educação […] Não se pretende domesticação de um animal selvagem por natureza; ou, numa for-
que as variáveis bioantropológicas sejam de per si determinantes mulação mais atenuada, é uma das consequências de uma domes-
do crime em geral ou de qualquer forma específica de criminali- ticação sem êxito‟.
dade. Entende-se, pelo contrário, que estas variáveis funcionam - É durante a infância que se modela a personalidade. É, nou-
em interação contínua com as variáveis de índole sociológica ou tros termos, durante a infância que se definem os equilíbrios ou
ambiental. Como escrevem dois autores (S.Shah e L.Roth) que desequilíbrios que, com caráter duradouro, hão de dar origem ao
mais têm contribuído para a fundamentação desta nova perspec- comportamento desviante ou às condutas socialmente aceitas.
tiva: „Partimos do postulado de que o comportamento tem de ser A tese central dessa teoria consiste, portanto, na explicação de
entendido como implicando uma interação entre um organismo e que o crime se dá quando o Super ego não consegue inibir o Ego,
um ambiente determinado. Por variáveis orgânicas entendemos os deixando-o livre para as demandas do Id. O crime significa uma
fatores psicológicos, fisiológicos, bioquímicos, genéticos e outros fuga à vigilância do Super ego.
fatores biológicos que dotam o organismo com certas predisposi- Para fins de ilustração dessa teoria, vale destacar as categorias
ções e capacidades de resposta e um sistema nervoso central, per- do criminoso por sentimento de culpa e do criminoso normal. O
mitindo respostas muito diferenciadas a estímulos ambientais. (…)
criminoso por sentimento de culpa pratica um crime pela necessi-
Desejamos também explicitar que não há nenhuma categoria de
dade de ser punido, ou seja, a culpa é a causa e não a consequência.
crime, nem mesmo os casos de violência episódica, que seja espe-
É comum nesses criminosos formas inconscientes de auto de-
cificamente determinada por fatores biológicos. Não sustentamos
que exista qualquer nexo exclusivo de causalidade entre os fatores núncia e de confissão, como, por exemplo, deixar certos vestígios,
bioantropológicos e o crime‟. ou mesmo, a tendência de voltar ao local do crime. Já o crimino-
so normal é aquele cuja personalidade se identifica com o crime,
Teorias Psicodinâmicas não havendo conflito, portanto, entre o Super ego e o Id. Trata-se
do sujeito socializado conforme modos de vida desviantes, como
O surgimento dessas teorias significa a passagem do plano exemplo, temos a “delinquência juvenil mais ou menos organizada
bioantropológico para o plano da psicologia criminal. e a delinquência habitual”.
Para essas teorias, o homem é um ser antissocial e, partindo No que tange à psicanálise da sociedade punitiva, pode-se di-
dessa premissa, elas se colocam a seguinte questão: Por que a ge- zer que a criminologia psicanalítica antecipou-se à teoria do labe-
neralidade das pessoas não comete crimes? Como bem explicam ling, tentando descobrir os mecanismos que levam uma sociedade
Dias e Andrade, a diferença entre o delinquente e o cidadão normal a punir criminosos.
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
A psicanálise da sociedade punitiva procura, assim, responder Conforme Giddens (2005, p.176) para “as teorias funcionalis-
a um conjunto de questões do gênero: como deve compreender-se tas, o crime e o desvio são resultados de tensões estruturais e de
a indignação coletiva que o crime desperta? Como se explica que o uma falta de regulação social dentro da sociedade”.
crime exerça um fascínio latente tão poderoso e funcione como um Na compreensão de Durkheim, um dos principais teóricos
“exemplo corruptor” com uma tão eficaz força infecciosa? Onde se funcionalistas, o crime é normal nas sociedades, especialmente
situam as raízes dos sentimentos individuais e coletivos de vingan- quando ficam mais complexas, tendo em vista o seu crescimento
ça, expiação e retribuição? Como se explica o sentimento de justi- e desenvolvimento.
ça que preside à sociedade? Que funções desempenha o criminoso “Durkheim via o crime e o desvio como fatos sociais; acre-
na vida espiritual da comunidade e dos seus membros? ditava que ambos fossem elementos inevitáveis e necessários nas
Nessa perspectiva, a pena tem a função de legitimação da or- sociedades modernas”, afirma Giddens (2005, p. 176).
dem vigente. A punição reforça o Ego social, evitando o contágio Para o controle em relação ao crime, conforme a perspectiva
do crime, pois castigar o delinquente significa reconfortar aquele durkheimiana, existem as instituições sociais, as quais são consti-
que cumpre a lei. Os sentimentos de ambivalência da sociedade tuídas de regras e normas para a sociedade. O Estado, por sua vez
frente ao crime (ou seja, ora a sociedade se identifica com a vítima é a instituição principal para a harmonia social; para tanto, há o
ora com o agressor) se exprimem na pena. Portanto, a pena, violên- poder judiciário com o seu aparato necessário para a contenção do
cia legítima, livra a sociedade do uso de seus instintos de agressão crime e da violência.
quando essa se identifica com a vítima, pois quem aplica a pena, Segundo Giddens (2005, p. 177) a teoria interacionista, es-
de forma legítima, também pratica atos criminosos. E quando a tuda o crime e o desvio na tradição interacionista, de modo que
identidade é com o criminoso, a pena atua como uma espécie de percebem o desvio como um fenômeno construído historicamente
“autopunição e expiação” dos sentimentos coletivos de culpa, ou e rejeita a ideia de que haja tipos de conduta que sejam ineren-
seja, a sociedade se pune, punindo o delinquente, transferindo sua temente desviantes. Ao contrário, os interacionistas questionam a
culpa para ele (teoria do bode expiatório). rotulação de indivíduos como desviantes.
Em razão das diferentes perspectivas da teoria psicanalítica Na concepção interacionista tem-se a noção apresentada por
do crime, diversas são as propostas de política criminal. Enquanto Sutherlan de que, em uma sociedade que contém uma variedade de
a interpretação etiológica do crime propõe para o criminoso um subculturas, alguns ambientes sociais tendem a estimular ativida-
“tratamento” pautado na psicanálise, a interpretação da sociedade des ilegais, ao passo que outros não. Dessa forma, “os indivíduos
punitiva propõe: “[…] a mais radical superação dos modelos tra- podem se tornar delinquentes pela associação com outras pessoas
dicionais de sociedade, dos seus sistemas jurídico-institucionais, que são portadoras de norma criminais” (2005, p. 177).
dos seus valores culturais e dos seus mecanismos de educação e A teoria da rotulação está inserida na interacionista e consiste
socialização”. numa forma de percepção da conduta desviante a partir do proces-
so de interação entre desviantes e não-desviantes. Para Giddens
Teorias Psicossociológicas
(2005, p. 178), o sociólogo que se destaca na teoria da rotulação é
Howard Becker, cuja ideia era de que “o comportamento desviante
As teorias psicossociológicas se caracterizam pela abordagem
não é o fator determinante no tornar-se “desviante”. Há sim pro-
dos vínculos do indivíduo com a sociedade, procurando detectar as
cessos que não estão relacionados ao comportamento propriamen-
resistências interiores e exteriores que conduzem o sujeito à obe-
te dito, mas que exercem grande influência ao se rotular ou não
diência da lei.
Dentre as teorias centrais da Sociologia que auxiliam nos es- uma pessoa de desviante”.
tudos da violência e da criminalidade destacam-se positivismo, do De acordo com Giddens (2005, p. 180), “a teoria do controle
funcionalismo, o interacionismo, a teoria de controle e a teoria postula que o crime ocorre como resultado de um desequilíbrio
do conflito. entre os impulsos em direção à atividade criminosa e os controles
O positivismo influencia na analise do crime a partir da uti- sociais ou físicos que a detém. Interessa-se menos pelas motiva-
lização de métodos e de técnicas quantitativas; de forma que pro- ções que os indivíduos possuem para executar os crimes”.
cura mensurar o máximo possível tudo o que está relacionado ao Na perspectiva da teoria do conflito todos os indivíduos são
fenômeno. propensos a cometer algum tipo de crime, basta que a oportunida-
Identificar índices de violência, apontar as principais formas de, de acordo com as situações nas quais as pessoas estejam, assim
de crime e de violência, utilização de questionários, pesquisas por como, a ausência de algum tipo de controle.
amostras, escalas e experimentos, são formas de estudos positi- Conforme Hirsch (1969), citado por Giddens (2005, p. 180-
vistas. 81), “há quatro tipos de elos que ligam as pessoas à sociedade e ao
A percepção positivista quanto a violência e a criminalida- comportamento que obedece a lei: apego, compromisso, envolvi-
de se pauta na lógica da ordem, da racionalidade. O crime é tido mento e crença”.
como uma conduta desviante, portanto adversa a sociedade. Nesse - Apego: “É o elemento emocional do vínculo social. Consiste
sentido, a ideia de controle social, a necessidade de instituições na ligação afetiva de apego, simpatia, empatia e atração do indiví-
e de regras sociais, são fundamentais na lógica positivista para o duo para com o outro convencional; a sociedade, que aos olhos do
enfrentamento do crime, por sua vez, para o equilíbrio social. jovem se mostra sobretudo através do pais, professores e amigos.”
Na linha positivista segue o funcionalismo, cuja teoria par- - Compromisso: “Este elemento corresponde, noutros termos,
te do principio de que a sociedade é um todo organizado, sendo ao cálculo custos-ganhos que empresta racionalidade à decisão de
que as partes são interdependentes. Nesse sentido, a sociedade é cometer ou não um crime […] Quanto mais o indivíduo inves-
também vista como um grande organismo social, de modo que as tir (tempo, recursos, energia) em carreiras convencionais, quanto
instituições sociais são as responsáveis pela harmonia e o equilí- mais expressivas forem as gratificações realizadas ou esperadas,
brio do todo. menos interessante surgirá a solução delinquente.”
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
- Envolvimento: “Representa a medida das energias e do tem- As vítimas de atos ilícitos, especialmente de delitos, passaram
po dispendidos em carreiras convencionais. Sendo as energias e o por fases que, no dizer de Garcia-Pablos de Molina, correspondem
tempo bens escassos, o seu consumo em atividades legais reduz as a um protagonismo, neutralização, e redescobrimento.
oportunidades delinquentes.” O protagonismo correspondeu ao período da vingança priva-
- Crença: “Significa a validação moral das normas convencio- da, em que os danos produzidos sobre uma pessoa ou seus bens
nais e o grau de respeito que merecem por parte dos indivíduos.” eram reparados ou punidos pela própria pessoa. As chamadas ciên-
cias criminais - Ciência do Direito Penal, Criminologia e Política
Dentro da teoria do controle encontra-se a “teoria das jane- Criminal, “abandonaram” a vitima, quando sua atenção volta-se
las quebradas”, que consiste numa forma de percepção a partir da para o infrator.
ideia de que se uma janela quebrada não for consertada, supos- A resposta ao delito assume critérios vingativos e punitivos,
tamente dará margem para indivíduos desviantes entenderem tal quase nunca reparatórios. A ideia de neutralização da vítima en-
fato como uma oportunidade para praticarem crimes. Isto porque tende que a resposta ao crime deve ser imparcial, desapaixonada,
nem a policia, nem mesmo os moradores se preocuparam com a despersonalizando a rivalidade. O problema daí decorrente é que a
conservação. linguagem simbólica do direito e formalismo transformaram víti-
A ideia das janelas quebradas levou a policia a adotar a pratica mas concretas em abstrações.
da tolerância zero, no EUA, de modo a controlar duramente deter-
Observe-se, ainda, que a punição serviria como prevenção
minadas áreas da cidade de Nova York.
geral. Pouca preocupação havia com a reparação. O redescobri-
A teoria do conflito tem base no marxismo, de modo a rejeitar
mento da vítima é um fenômeno do pós 2ª Guerra Mundial. É uma
as teorias de desvio. No entendimento dos teóricos do conflito, “o
desvio é uma escolha deliberada e, frequentemente, de natureza resposta ética e social ao fenômeno multitudinário da macrovitimi-
política, rejeitando de que o desvio seja “determinado” por fatores zação, que atingiu especialmente judeus, ciganos, homossexuais,
como a biologia, a personalidade, a anomia, a desorganização so- e outros grupos vulneráveis. Esse redescobrimento não persegue
cial ou rótulos” (2005, p. 179). nem retorno à vingança privada; nem quebra das garantias para os
A teoria do conflito critica o modelo capitalista de sociedade, delinquentes: a vítima quer justiça.
de modo a perceber no capitalismo o principal culpado do aumento A vitimologia vem, efetivamente, conferir novo status à víti-
da criminalidade. ma, contribuindo para redefinir suas relações com o delinquente;
com o sistema jurídico; com autoridades, etc.
A propósito, o próprio conceito de vítima precisou ser revisto,
3.3 VITIMOLOGIA. posto que já não corresponde apenas ao sujeito passivo (protago-
nista) do fato criminoso. Exemplo de modo amplo de compreender
vítima é trazido por Sue Moody, ao mencionar como o principal
documento definidor de política pública para vítimas de delitos,
Vitimologia pode ser definida como o estudo científico da ex- na Escócia, trata a questão: Vítima é qualquer pessoa que tenha
tensão, natureza e causas da vitimização criminal, suas consequên- sido sujeita a qualquer tipo de crime, como também sua família ou
cias para as pessoas envolvidas e as reações àquela pela sociedade, aqueles que gozam de uma posição equivalente à de família.
em particular pela polícia e pelo sistema de justiça criminal, assim Ao lado do conceito mais amplo de vítima, surgiu também
como pelos trabalhadores voluntários e colaboradores profissio- o de vitimização, que examina tanto a propensão para ser vítima
nais. quanto os vários mecanismos de produção de danos diretos e indi-
A definição abrange tanto a vitimologia penal quanto a geral retos sobre a vítima.
ou vitimologia orientada para a assistência. Israel Charny entende que o processo de vitimização diz res-
O termo “vitimologia” foi utilizado por primeiro pelo psiquia- peito a relações humanas, que podem ser compreendidas como
tra americano Frederick Wertham, mas ganhou notoriedade com relações de poder. Fattah (1979) identificava no crime como que
o trabalho de Hans von Hentig “The Criminal an his Victim”, de uma transação em que agressor e vítima desempenhavam papéis.
1948. Hentig propôs uma abordagem dinâmica, interacionista, de-
Assim, a identificação de vulnerabilidade e de definibilidade da
safiando a concepção de vítima como ator passivo. Salientou que
vítima são essenciais no processo.
poderia haver algumas características das vítimas que poderiam
precipitar os fatos ou condutas delituosas. Sobretudo, realçou a ne- A vulnerabilidade da vítima decorre de diversos fatores (de
cessidade de analisar as relações existentes entre vítima e agressor. ordem física, psicológica, econômica e outras), o que faz com que
A vitimologia é hoje um campo de estudo orientado para a o risco de vitimização seja diferencial, para cada pessoa e deli-
ação ou formulação de políticas públicas. A vitimologia não deve to. Nesse sentido, o exame dos recursos sociais efetivos da vítima
ser definida em termos de direito penal, mas de direitos huma- também deve ser levados em conta.
nos. Assim, a vitimologia deveria ser o estudo das consequências Kurt Vonnegut Jr., com uma certa ironia, afirma que “Os evan-
dos abusos contra os direitos humanos, cometidos por cidadãos gelhos ensinaram, de fato, o seguinte:” Antes de matar alguém,
ou agentes do governo. As violações a direitos humanos são hoje certifique-se de que ele não é bem relacionado.”
consideradas questão central na vitimologia. Os judeus mataram Cristo. Mais de 2.000 anos depois, mais
A expressão “vítimas” significa pessoas que, individual ou de um bilhão de pessoas diariamente escutam, em todas as partes
coletivamente, sofreram dano, incluindo lesão física ou mental, do mundo, a narrativa de sua morte. “Não sabíamos que era o Filho
sofrimento emocional, perda econômica ou restrição substancial de Deus”, poderão responder. Como, em Brasília, os garotos que
dos seus direitos fundamentais, através de atos ou omissões que brincaram de incendiários, e queimaram o índio Galdino Pataxó
consistem em violação a normas penais, incluindo aquelas que disseram: “Não sabíamos que era um índio. Pensávamos que fosse
proscrevem abuso de poder. só um mendigo”.
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Contribuições da vitimologia O sistema legal costuma realizar perseguição aos delitos noti-
ciados. Estudos revelam que há sub notificação. Ou seja, os delitos
Os estudos de vitimologia tem dado imensa contribuição para praticados são em número superior às ocorrências registradas. Por
a compreensão do fenômeno da criminalidade, contribuindo para que se sub notifica? Quem melhor pode responder é a vítima, e o
melhor enfrentamento, a partir da introdução do enfoque sobre as sistema não pode ser indiferente às suas percepções.
vítimas atingidas e os danos produzidos. O primeiro aspecto ob- Ora, a alienação em relação ao sistema diz tanto quanto a
servado por Garcia-Pablos diz respeito à compreensão da dinâmi- afirmação de notificar. O certo é que a vivência da vítima, e suas
ca criminal, e da interação delinquente-vítima. Em que medida a características e atitudes são elementos e fatores relevantes para o
vítima interfere para o desencadear da ação, ou sua precipitação. adequado funcionamento do sistema penal.
Em que medida suas ações ou reações condicionam ou direcionam A relação existente entre crimes conhecidos ou esclarecidos
as ações dos agressores. E em que delitos o papel da vítima é de pela Polícia, ou processados, e o papel desempenhado pela vítima.
menor importância. Identificam que os crimes conhecidos ordinariamente resultam de
Análise sobre a vítima também se faz relevante para a pre- uma proatividade da polícia, ou de uma reatividade. Na pro-ativi-
venção do delito. A introdução da chamada “prevenção vitimaria”, dade, a polícia seleciona suspeitos pelos estereótipos. Isso pode
que se contrapõe à prevenção criminal, realça a importância de se
implicar em procedimentos discriminatórios por parte da polícia,
evitar que delitos aconteçam, a partir da reorientação às vítimas, e
desde que há grupos antecipadamente considerados como mais
aos próprios órgãos do estado, para que adotem condutas e pers-
propensos à prática de delitos, e outros grupos imunes à suspeita,
pectivas distintas, que reduzam ou eliminem as situações de risco.
ou investigação.
A reflexão parte da constatação de que o crime é um fenômeno
seletivo, e que atinge os mais vulneráveis, no momento de maior Na reatividade, a denúncia da vítima desempenha papel vital.
vulnerabilidade. Assim, a prevenção é dirigida aos grupos mais Mas eles advertem: nem toda vítima faz desencadear investiga-
vulneráveis ou mais propensos à vitimização. Além disso, essa ções. Só as capazes de se justificarem como tais. Ou seja, não é
prevenção vitimaria exige adoção de políticas públicas sociais, toda vítima que consegue fazer com que a polícia inicie uma inves-
ensejando intervenção não penal. Finalmente, corresponsabiliza tigação. E é a polícia que define quem e o que investigar.
todos. O que é muito próprio, já que vivemos em uma sociedade As conclusões a que chegaram esses pesquisadores apontam
de risco. no sentido de que a polícia não investiga quando a vítima se opõe
Outro aspecto absolutamente relevante é que a vítima é fonte fortemente, nem quando o investigado é muito poderoso. Por outro
de informações. Com efeito, as pesquisas de vitimização fornecem lado, o ministério público também constrói seu perfil de vítima
imensos subsídios a respeito de como os delitos ocorrem, em que ideal. Esta deve ser aquela que pode ser uma boa testemunha.
circunstâncias de tempo e lugar, e por quais fatores desencadean- Finalmente, os estudos de vitimologia ajudam a melhor com-
tes. A partir da vítima, que é conhecida, e acessível de pronto, é preender a interação existente entre a vítima e justiça penal. O mo-
possível identificar relações existentes ou não com a pessoa do delo clássico, com efeito, tem a vítima como objeto, ou pretexto,
agressor, e outros fatores relevantes. para a investigação. Mas ordinariamente não leva em conta seus
O medo do delito e o medo coletivo de ser a próxima vítima interesses legítimos. Isso fez com que fossem identificados fato-
são também objeto do estudo da vitimologia. O medo, percepção res que pudessem contribuir para mensurar a qualidade de uma
e sentimento individual, mas com forte conteúdo de objetividade, justiça criminal. Entre esses, são examinados como se concebe o
ajuda a reconhecer a presença do risco, e orientar a conduta para fato delitivo e o papel dos protagonistas; como ou se se satisfaz a
minimizá-lo ou mitigar seus efeitos. Mas também o medo aprisio- expectativa dos protagonistas; qual o custo social; qual a atitude
na, e termina sendo, ele mesmo, fator de vitimização. A sensação dos usuários da justiça.
de insegurança coletiva, que enseja a adoção de políticas criminais O Conselho de Ministros da União Europeia publicou uma
fortemente repressoras, plenas de abusos de direitos, e destruição Decisão Referencial sobre a Presença das Vítimas nos Procedi-
de prerrogativas dos cidadãos, encontra aí sua raiz. mentos Criminais. Como padrão mínimo é incluído o dever de
Também o modo como a política criminal trata a vítima é
informação sobre tipos de apoio disponíveis para a vítima; onde
tema de relevo. O modo tradicional tenta, quando o faz, uma res-
e como comunicar a queixa; os procedimentos criminais e o papel
socialização do delinquente. Mas raramente se percebe que tam-
da vítima; acesso a proteção e aconselhamento; elegibilidade para
bém a vítima precisa se encontrar, e ser reintroduzida ao convívio
compensação; resultado do julgamento e da sentença. Uma boa
social. Não sendo percebida, torna-se esquecida em todas as fases
das políticas criminais. A chave para sua inclusão está no respeito comunicação com a vítima é exigida em todas as fases do processo
a seus direitos, para evitar vitimização secundária. Esta termina criminal.
acontecendo quando se tem a lesão e sua não reparação; o crime
e sua impunidade; a vitimização e a ausência de investigação, de Em linhas gerais, podemos definir vitimologia, como muito
processo e de condenação. Uma tendência que tem sido observada mais do que o estudo da influência da vítima na ocorrência do de-
é a introdução de programas de assistência à vítima, que incluem lito, pois estuda os vários momentos do crime, desde a sua ocor-
assistência strictu sensu, reparação pelo infrator, programas de rência até as suas consequências. O Direito Penal desde a Escola
compensação, e programas especiais de assistência, quando a víti- Clássica sempre concentrou seus estudos no trinômio delinquente
ma for declarante. – pena – crime, após trabalhos apresentados sobre a situação da
Talvez as maiores contribuições estejam sendo dadas a partir vítima começaria a mudar, com a evolução do Direito Penal e os
das reflexões sobre as relações existentes entre a vítima e sistema estudos sobre o delito, o infrator e a vítima foi tendo importância
legal, e a vítima e a justiça penal. no mundo todo.
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Percebe-se então, que no estudo da vitimologia há dois pon- 2 - Vítima de culpabilidade menor ou vítima por ignorância:
tos fundamentais: o estudo do comportamento da vítima de for- neste caso se dá um certo impulso involuntário ao delito. O sujeito
ma geral, sua personalidade, seu atuar na dinâmica do crime, sua por certo grau de culpa ou por meio de um ato pouco reflexivo
etiologia e relações com o agente criminoso e a reparação do dano causa sua própria vitimização. Ex. Mulher que provoca um aborto
causado pelo delito. por meios impróprios pagando com sua vida, sua ignorância.
Podemos dizer que no Brasil já tinha noções de vitimilogia,
quando estudos demonstram que o Santo ofício da Inquisição agia 3 - Vítima tão culpável como o infrator ou vítima voluntá-
como uma espécie de jus punienti contra qualquer um que pudesse ria: aquelas que cometem suicídio jogando com a sorte. Ex. roleta
colaborar com ideias diferentes. Nunca se estabeleceu oficialmente russa, suicídio por adesão vítima que sofre de enfermidade incu-
um Tribunal no Brasil, embora tenha sempre agido em terras brasi- rável e que pede que a matem, não podendo mais suportar a dor
leiras por intermédio das autoridades eclesiásticas locais e visita- (eutanásia) a companheira (o) que pactua um suicídio; os amantes
dores. Na primeira década do século XVIII a Inquisição fez prisões desesperados; o esposo que mata a mulher doente e se suicida.
em massa, no auto de fé de 1711 havia 52 brasileiros, as persegui-
4 - Vítima mais culpável que o infrator:
ções e os confiscos de propriedades nesse ano levaram a uma para-
- Vítima provocadora: aquela que por sua própria conduta in-
lisação crescente na fabricação do açúcar, prejudicando seriamente cita o infrator a cometer a infração. Tal incitação cria e favorece a
o comércio. Procurando resolver as demandas, necessita assim de explosão prévia á descarga que significa o crime.
um engajamento do poder público, a fim de proporcionar melhores - Vítima por imprudência: é a que determina o acidente por
condições de vida à população desprovida de recurso. falta de cuidados. Ex. quem deixa o automóvel mal fechado ou
com as chaves no contato.
Vítima: Etmon: Victima ae = da vítima + logos = tratado, es-
tudo = estudo da vítima. 5 - Vítima mais culpável ou unicamente culpável:
A palavra foi usada pela primeira vez, por Benjamim Mendel- - Vítima infratora: cometendo uma infração o agressor cai ví-
son, advogado israelense, vítima da II Guerra mundial, em 1947, tima exclusivamente culpável ou ideal, se trata do caso de legitima
em palestra intitulada “The origins of the Doctrine of Victimology”. defesa, em que o acusado deve ser absolvido.
“Pessoa que, individual ou coletivamente, tenha sofrido da- - Vítima simuladora: o acusador que premedita e irresponsa-
nos, inclusive lesões físicas ou mentais, sofrimento emocional, velmente joga a culpa ao acusado, recorrendo a qualquer manobra
perda financeira ou diminuição substancial de seus direitos fun- com a intenção de fazer justiça num erro.
damentais, como consequências de ações ou omissões que violem
a legislação penal vigente, nos Estados–Membros, incluída a que Meldelsohn conclui que as vítimas podem ser classificadas em
prescreve o abuso de poder”. (Resolução 40/34 da Assembleia Ge- 3 grandes grupos para efeitos de aplicação da pena ao infrator:
ral das Nações Unidas, de 29/11/85). 1 - Primeiro grupo: vítima inocente: não há provocação nem
Pensou-se no passado que a vítima era sempre inocente e o outra forma de participação no delito, mas sim puramente vitimal.
causador do delito o único e exclusivamente culpado. Com o tem- 2 - Segundo grupo: estas vítimas colaboraram na ação nociva
po, as pesquisas, os estudos e segundo a designação de Benjamin e existe uma culpabilidade reciproca, pela qual a pena deve ser
Mendelsohn, a vítima pode ser inteiramente inocente na dinâmica menor para o agente do delito (vítima provocadora)
do crime; pode ser tão culpada quanto o agente; mais culpada do 3 - Terceiro grupo: nestes casos são as vítimas as que co-
que o agente; pode ser menos culpada de que o agente criminoso metem por si a ação nociva e o não culpado deve ser excluído de
e ainda, poderá ser a única culpada do cometimento de um crime. toda pena.
O vitimólogo fundamenta sua classificação na correlação da
Direitos das vítimas
culpabilidade entre a vítima e o infrator. Vislumbrando, pois, em
primeira mão, a atitude da vítima relacionada à aplicação da pena. Basicamente os direitos das vítimas consistem em tratamen-
to justo e respeito à sua dignidade e privacidade; proteção contra
Vitimização: Vitimização, processo vitimizatório, ou vitima- agressor; informação sobre a tramitação processual, e garantia de
ção são termos neológicos, oriundos de “vítima”, e significam ação presença em corte; acesso ao acusador público; restituição das coi-
ou efeito de alguém vem a ser vítima de sua própria conduta ou da sas indevidamente tomadas ou apreendidas; informação sobre a
conduta de terceiro, ou fato da natureza. condenação, a sentença, a prisão e a libertação do agressor.
A Declaração sobre os princípios fundamentais de justiça para
Classificação Vitimológica as vítimas de delitos e do abuso de poder, da ONU, deram a dire-
ção que foi seguida pela norma americana: garantia de ACESSO
O vitimólogo israelita Benjamín Mendelsohn fundamenta A JUSTIÇA E TRATAMENTO JUSTO; tratamento com compai-
sua classificação na correlação da culpabilidade entre a vítima e xão e respeito; Informação sobre seu papel e alcance; assistência
o infrator. E o único que chega a relacionar a pena com a atitude apropriada (legal, medica, psicológica); ressarcimento dos danos;
vitimal. Sustenta que há uma relação inversa entre a culpabilidade informação sobre a tramitação processual.
do agressor e a do ofendido, a maior culpabilidade de uma é menor
que a culpabilidade do outro. Direitos Humanos e Vitimologia
1 - Vítima completamente inocente ou vítima ideal: é a ví- Direitos Humanos e vitimologia resultam de um novo olhar
tima inconsciente que se colocaria em 0% absoluto da escala de sobre as vítimas, como consequência dos horrores da 2ª Guerra
Mendelsohn. E a que nada fez ou nada provocou para desencadear e do nazi-fascismo. Não é obra do acaso o fato de o primeiro ins-
a situação criminal, pela qual se vê danificada. Ex. incêndio trumento vinculante, promulgado no âmbito da ONU, ter sido a
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Convenção contra o Genocídio, em 9 de dezembro de 1948, um Fases do Inter Victimae, o crime precipitado pela vítima
dia antes da promulgação da Declaração Universal de Direitos Hu-
manos. - Intuição, “quando se planta na mente da vítima a ideia de ser
A vitimologia é uma espécie de “filha” da Criminologia, ou prejudicado por um ofensor”.
parte dela. Integra com esta última os pilares das ciências criminais - Atos preparatórios (conatus remotus), “momento em que
(ciência do direito penal, criminologia e política criminal). Analisa revela a preocupação de tomar as medidas preliminares para de-
o sistema de justiça e segurança. O seu objeto de estudo faz parte fender-se ou ajustar o seu comportamento”.
- Início da execução (conatus proximus), “oportunidade em
(estando contido) no âmbito de atuação dos direitos humanos. O
que a vítima começa a operacionalização de sua defesa aproveitan-
âmbito dos direitos humanos é mais amplo. Abrange os direitos do a chance que dispõe para exercitá-la”.
civis e políticos (como vida, liberdade, integridade física e mental, - Execução (executio), “resistência da vítima para evitar a
julgamento justo, propriedade, etc.), mas também acrescenta os todo custo, que seja atingida pelo resultado pretendido por seu
direitos econômicos, sociais e culturais, conhecidos como DESCs. agressor”.
Assim, vítimas de fome, despejos forçados e coletivos, desempre- - Consumação (consumatio), “quando a prática do fato de-
go, discriminação, doenças, etc, são sujeitos de direitos no direito monstrar que o autor não alcançou seu propósito (fins operantis)
internacional dos direitos humanos. O olhar solidário as enxerga, e em virtude de algum impedimento alheio à sua vontade, aí pode se
as traz para protagonizarem as lutas em defesa do reconhecimento classificar como tentativa de crime”.
e respeito de seus direitos.
Quanto ao modo de atuar, a interdisciplinaridade caracteriza Diante do que discorre o artigo 59, Caput do Código Penal,
tanto a criminologia e a vitimologia quanto os estudos de direitos passou a ser do magistrado na dosimetria da pena, analisar o com-
humanos. portamento da vítima (antes e depois do delito) como circunstân-
cia judicial na individualização da pena imposta ao acusado. De
acordo com o professor Edmundo de Oliveira, “Inter Victimae”
Proteção às Vítimas
é o caminho, interno e externo, que segue um indivíduo para se
converter em vítima, o conjunto de etapas que se operam cronolo-
A política criminal não pode continuar limitada à ideia de gicamente no desenvolvimento de Vitimização.
“tratamento”, deve-se tentar de todas as formas de intervenção
destinadas a neutralizar as cargas de medo e frustração da vítima, LEI 9.099/95
consolidando que se converta à vítima em fim autônomo da pró-
pria política criminal. Principais avanços gerais:
A inclusão real da vítima na investigação e no próprio proces- - Concepção do delito como um fato histórico, inter pessoal,
so criminal na condição de aliada ao trabalho do Ministério Públi- comunitário e social;
co, demonstram que, inúmeros delitos não ocorreriam se a vítima - Transformação da vítima em sujeito de direitos;
não facilita-se, diretamente a ação do criminoso. A Lei 9.807 de - O fim da despersonalização do conflito;
13 de Julho de 1.999 estabelece normas e programas para proteção - A ponderação das várias expectativas geradas pelo crime;
das vítimas, que tenham ou venham a ser ameaçadas pelos crimi- - A comunicabilidade, possibilidade do diálogo entre infrator
e vítima;
nosos.
- Resolutibilidade, que a decisão adotada pelo juiz criminal
Diferentemente de Vitimologia o campo de Direitos Humano resolva o conflito, é dizer, permita a reparação do dano;
tem pouco apelo de pesquisa acadêmica e científica e menos litera- - A vítima passa a ser comunicada de todo o andamento do
tura examinando temas de Vitimização. feito e de seus direitos;
A Vitimologia pode oferecer aos Direitos Humanos a metodo- - Evita-se a vulgarização da pena de prisão (última ratio) des-
logia e um conjunto de Teorias Vitimológicas e questões, sem con- mistificando-se;
tar com dados comparativos e outras categorias de vítimas, como - A pretensão punitiva, na linha da “força do Direito”.
vítimas de crime. Com ênfase no crime, a Vitimologia pode auxi-
liar os Direitos Humanos a teorizar mais claramente sobre “crimes Reparação do dano: O tema remota a mais longínqua antigui-
contra a humanidade”, ainda parcialmente operacionalizado. Pode dade, vários monumentos legislativos da história demonstraram a
também ajudar a melhor conceituar a Vitimização definida como preocupação do legislador, da comunidade e do grupo social com
Criminal, comparativamente às não consideradas Criminais, ape- um todo, pela reparação do dano, exemplificando o Código de
sar de seus efeitos danosos. Hamurabi datado do século XXIII a.C.
Modernamente, há que se destacar a Lei n.º 9.099/95 que
O Direito Humano pode ajudar a examinar as fontes de Viti-
preocupou-se com a reparação do dano à vítima. Comenta Luiz
mização e a relação entre causa da opressão. As vítimas de opres-
Flávio Gomes: “...a lei 9.099/95, no âmbito da criminalidade
são terão uma responsabilidade funcional para com a Vitimização? pequena e média, introduziu no Brasil o chamado modelo con-
A que ponto as violações de Direitos Humanos emergem de me- sensual de Justiça Criminal. A prioridade agora não é o castigo
canismos de controle social doméstico? Alguns grupos ou poucos do infrator, senão sobretudo a indenização dos danos e prejuí-
poderiam Ter sido designados implícita ou explicitamente vítima zo causados pelo delito em favor da vítima”.
alternadamente “legitimadas”, não lhes garantindo proteção efeti- Assim, a Lei propõe uma inversão, a pena privativa de liber-
va? Paradoxalmente pode, se fornecer mais dados adotando pers- dade como exceção para casos especiais, e maior destaque para as
pectivas, mas amplas dos Direitos Humanos. penas alternativas.
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
A Lei enfoca a vítima direta ou indiretamente vária vezes com Síntese Histórica
o intuito de participação ativa desta no processo, visando, pois,
minorar os efeitos da vitimização secundária e, consequentemente, As escolas penais, tanto a Escola Clássica de Becaria e Fuer-
atingir um dos objetivos da vitimologia, a reparação do dano. bach, como a Escola Positiva de Lombroso, Ferri e Garofalo, esta-
Há evidências disto quando do estudo dos novos institutos da vam centradas nos elementos delito/delinquente/pena. Não houve
Lei n.º 9.099/95, tais como, a composição civil que implica em grande preocupação com a vítima.
renúncia da vítima ao direito de queixa ou representação; a am- Nesse sentido, Luiz Flávio Gomes e Antônio Garcia Pablos
pliação do rol de crimes que dependem de representação; e a sus- de Molina comentam: “O abandono da vítima do delito é um
pensão condicional do processo, institutos esses, que evidenciam, fato incontestável que se manifesta em todos os âmbitos: no
repita-se, o incentivo à reparação do dano. Direito Penal (material e processual), na Política Criminal, na
Outros diplomas legais preocuparam-se com a vítima no to- Política Social, nas próprias ciências criminológicas. Desde o
cante a reparação do dano, citamos: a Lei n.º 8.078/90, Código de campo da Sociologia e da Psicologia social, diversos autores,
Defesa do Consumidor; a Lei n.º 9.503/98 que instituiu o Código têm denunciado esse abandono: o Direito Penal contemporâ-
de Trânsito; a Lei n.º 9.714/98 que deu nova redação a vários neo, advertem, acha-se unilateral e equivocadamente voltado
artigos do Código Penal; e a Lei n.º 9.605/98 que regulamentou a para a pessoa do infrator, relegando a vítima a uma posição
prestação pecuniária nos crimes ambientais. marginal, no âmbito da previsão social e do Direto civil mate-
rial e processual”.
Mais do que em outros países do mundo, na América Lati- Praticamente, só no final da Segunda Guerra Mundial, um
na, apesar das constituições democráticas e dos Códigos Penais, a advogado de origem israelita chamado Benjamin Mendelsohn,
percepção de crime está diretamente influenciada pelo uso que as também vítima da guerra, começou a pensar em sistematizar uma
elites fazem dos aparelhos judiciais. Há uma confluência entre os nova ciência ou desenvolver um ramo da criminologia que foi a
alvos do medo, do crime das políticas judiciais e da percepção da vitimologia.
mídia nas práticas criminosas que são os crimes comuns. Sua obra “Horizonte Novo na ciência Bio-psicosocial – A Vi-
Em consequência, as políticas de prevenção do crime, espe- timologia”, publicada em 1956 passou a ser um marco no assunto,
seguido posteriormente, de vários outros estudos iniciando uma
cialmente aquelas propostas nas campanhas eleitorais visam me-
fase de redescoberta da vítima, pois, até então não passava de um
nos reduzir e controlar o crime e as oportunidades de delinquir ou
subdesenvolvido sujeito passivo no crime ou no processo penal.
aprofundar a eficiência de políticas de prevenção ao crime, mas
Importante ainda, ressaltar no processo evolutivo, a Resolu-
apenas diminuir o medo e a sensação de insegurança das classes.
ção n.º 40/34 denominada Declaração Universal dos Direitos da
Teóricos apontam ferminização dos processos migratórios,
Vítima, promulgada pela ONU em 29 de novembro de 1985.
milhares de mulheres deixam o Terceiro Mundo para tentar a sor-
Nesse sentido, Antônio Scarance Fernandes reconhece a im-
te em países industrializados e acabam se transformando na face portância da vítima na história do Direito Criminal, citando três
feudal das ricas e modernas sociedades privilegiadas. Tráfico hu- momentos distintos na história processual penal: o primeiro ainda
mano, prostituição involuntária, casamentos forçados, são vários à época da vingança Privada ou Justiça Privada, depois, correspon-
os métodos da escravidão moderna. deria, a punição do culpado, a um dever sagrado exercido conjun-
Para as vítimas desse tráfico humano moderno, o sonho de tamente pela Igreja e Estado e, por último, o estágio atual onde o
uma vida melhor quase sempre desmorona mais rápido do que o direito de punir é exclusivo do Estado.
esperado. O aumento da discriminação e da violência contra os A preocupação com a reparação causada injustamente como
migrantes é uma das consequências de 11 de Setembro de 2001. medida de justiça remonta desde a antiguidade, embora sem a
O Departamento de Estado dos EUA, em relatório divulgado, clareza científica da vitimologia atual, como podemos verificar
considera o Brasil, País fornecedor de vítimas para o tráfico do- através dos Códigos e Leis antigos, dentre eles o Código de Ur-
méstico e internacional de seres humanos. Além de uma falta de Nammu, as Leis de Eshnunna, o Código de Hammurabi, o Alco-
percepção do crime por vítimas, denunciantes, órgãos de defesa e rão, o Código de Manu e a Lei das XII Tábuas.
operadores de direito, outros fatores negativos são as leis inade- A vitimologia nasceu após a segunda Guerra Mundial, mais
quadas, a falta de conhecimento da legislação nacional, tanto de especificamente em 1947, dois anos após seu término, em decor-
brasileiros quanto estrangeiros. As embaixadas e consulados tam- rência do sofrimento dos judeus pelo nazismo de Hitler que teve
bém estão despreparados para proceder nos casos de diagnósticos como resultado milhões de mortos, feridos e desaparecidos que
de tráfico, processos e inquéritos sistematizados. É essencial haver chocou o mundo e influenciou o Direito Penal na Europa.
enfrentamento do problema sob a ótica de responsabilização, au- Com isso, o estudo da vítima, que se encontrava esquecida
mentando a capacidade institucional de investigação e incrementar desde a época da vingança privada, voltou a ter importância dei-
políticas de apoio às vítimas e testemunhas do tráfico. xando de ser o Direito Penal, o Direito dos Criminosos, como afir-
A legislação existente deve vigorar, não permitindo lacunas mou Carrara.
ou incorreção legais. Aquele que “compra” a pessoa traficada deve Nos mostra Calhau que o estudo da vítima teve como seu pre-
ser punido também, o tráfico não deve restringir à prostituição e cursor Benjamim Mendelsohn, Professor Emérito da Universidade
sim incluir outras modalidades estabelecendo uma figura autôno- Hebraica de Jerusalém e também vítima da Guerra, quando falou
ma com punição mais elevada, depois do tráfico de drogas e de em 1947 sobre o assunto na conferencia realizada na Universidade
armas, o de pessoas é o ramo mais lucrativo do crime estabelecido. de Bucareste. No ano seguinte o tema foi abordado por Hans Von
Propõe-se um novo modelo de Justiça Penal, em que o Estado dará Hentig ao divulgar sua pesquisa “O criminoso e sua vítima” na
resposta eficaz à população que exige um sistema adequado garan- universidade de Yale, onde traçou a importância da psicologia no
tindo o ressarcimento do dano causado pela criminalidade. estudo da vítima juntamente com seu ofensor.
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Após estes estudiosos que deram o primeiro passo, outros Assim, as pesquisas de vitimização compostas por questioná-
vieram a discutir o tema, com destaque para Vasile Stanciu autor rios estruturados, direcionados às vítimas dos delitos, sem levar
de grandes obras sobre sociologia criminal, com enfoque para a em conta as estatísticas oficiais, como aponta Molinas, “permitem
vitimologia. avaliar cientificamente a criminalidade real, constituindo a técnica
A vitimologia se consagrou como disciplina criminológica em mais adequada para quantificá-la e identificar suas variáveis”. Per-
1956 quando o próprio Mendelsohn sistematizou vários estudos de mitem identificar variáveis como idade, nível econômico e sexo
sua autoria; começou a crescer, chegando em 1965 à América La- das vítimas em cada tipo de delito, facilitando os programas de
tina, com Jimenez de Asúa, sendo ali o primeiro jurista a se ocupar prevenção.
dela em seminário realizado na Faculdade de Direito de Buenos Nosso pais é recordista em analfabetismo, desigualdade social
Aires. Em seguida, chegou a Israel, onde foi realizado no ano de pela alta concentração de renda nas mão de poucos, desemprego,
1973, na cidade de Jerusalém, sob a supervisão de Israel Drapkin desnutrição infantil e falta de saneamento básico e água potável.
(diretor do Instituto de Criminologia da Faculdade de Direito da Esses fatores favorecem, e muito, o processo de vitimização da
Universidade Hebraica de Jerusalém), o I Congresso Internacional nossa população. Daí a necessidade de se dar maior importância à
de Vitimologia onde se discutiu as causas da vitimização e sua vitimologia, não só buscando a punição do infrator ou a reparação
prevenção e pesquisa. das consequências de sua conduta mas também orientando o Poder
Após este, vários outros simpósios foram organizados ao lon- Público na prevenção dessas causas de vitimização.
go dos anos pelo mundo: 1976 em Boston, Estados Unidos; 1979 O estudo da vítima, sob seus variados aspectos constitui um
em Münter, República Federal da Alemanha; 1982 em Tóquio e dos grande desafios das ciências criminais. O assunto reúne à ele-
Quioto, Japão; 1985 em Zagreb, Iugoslávia e os Congressos In- vação teórica uma significativa importância prática, isso concer-
ternacionais realizados em 1980 nos Estados Unidos e em 1982 nente ao comportamento da vítima no julgamento e aplicação da
na Itália. pena e quanto à reparação do dano.
O surgimento repentino da vítima, a exemplo do que ocorrera Podemos afirmar que a vítima foi, durante muito tempo esque-
no passado com o criminoso, fez com que Mendelsohn propusesse cida, porém, modernamente, e com a edição da Lei n.º 9.099/95
à ONU que considerasse a vitimologia como uma ciência e não que trouxe importantes modificações, a tendência atual do direito
mais como um desdobramento da criminologia, o que foi objetado penal, seguido por outros ramos do Direito, é a valorização da ví-
tima.
por Pinatel sob o argumento de que criminoso e vítima são indis-
Resta claro, pois, que ainda há muito a se explorar, porém, é
sociáveis, sendo a criminologia e a vitimologia o estudo do fato
mister concluirmos pela ascensão do papel da vítima como ele-
criminoso como um todo, definindo a tese de Mendelsohn como
mento estrutural do Estado Democrático de Direito.
abrangente.
Todavia, este argumento posteriormente fora refutado por
Mendelsohn, que ao ampliar seu conceito, considerando todas as 3.4. O ESTADO DEMOCRÁTICO DE
categorias de vítimas na sociedade, inclusive as não decorrentes DIREITO E A PREVENÇÃO DA
de crimes, antecipou-se à concepção atual de vitimologia. É por INFRAÇÃO PENAL.
esta amplitude conceitual que transcende o estudo das vítimas cri-
minais, que a vitimologia era considerada por Mendelsohn e hoje,
por vários outros estudiosos, como ciência autônoma.
Essa consolidação da vitimologia como ciência independente, O Estado de Direito é uma situação jurídica, ou um sistema
veio a se confirmar com a Declaração dos Princípios Básicos de institucional, no qual cada um é submetido ao respeito do direito,
Justiça para as Vítimas de Delitos e Abuso de Poder, no 7° Con- do simples indivíduo até a potência pública. O estado de direito é
gresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e Trata- assim ligado ao respeito da hierarquia das normas, da separação
mento do Delinquente, no ano de 1985, em Milão. dos poderes e dos direitos fundamentais.
Nesse congresso firmou-se um conceito mundial de vítima, Em outras palavras, o estado de direito é aquele no qual os
como sendo o individuo ou coletividade que tenha sofrido lesões mandatários políticos (na democracia: os eleitos) são submissos às
de qualquer tipo (físicas ou psíquicas) em decorrência de violações leis promulgadas.
da legislação de cada Estado-Membro ou ainda de normas reco- A teoria da separação dos poderes de Montesquieu, na qual
nhecidas mundialmente, relativas a Direitos Humanos. se baseiam a maioria dos estados ocidentais modernos, afirma a
No Brasil, temos como estudiosos do tema Edgard de Moura distinção dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) e
Bittencourt, Laércio Pelegrino e a professora Arminda Bergamini suas limitações mútuas. Por exemplo, em uma democracia par-
Miotto, que contribuíram para a difusão da vitimologia no país. lamentar, o legislativo (Parlamento) limita o poder do executivo
(Governo): este não está livre para agir à vontade e deve constan-
A aplicabilidade da Vitimologia no Brasil temente garantir o apoio do Parlamento, que é a expressão da von-
tade do povo. Da mesma forma, o poder judiciário permite fazer
Atualmente temos o que podemos chamar de criminalidade contrapeso às certas decisões governamentais (especialmente, no
oculta vez que nem todos os delitos que ocorrem são levados a Canadá, com o poder que a Carta dos Direitos e Liberdades da
conhecimento das autoridades policiais e judiciária (cifra negra) pessoa confere aos magistrados). O estado de direito se opõe assim
devido ao medo de represálias ou pela descrença na justiça penal, às monarquias absolutas de direito divino (o rei no antigo regi-
fazendo com que as estatísticas oficiais não representem fielmente me pensava ter recebido seu poder de Deus e, assim, não admitia
a real criminalidade. qualquer limitação a ele: “O Estado, sou eu”, como afirmava Luís
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
XIV) e às ditaduras, na qual a autoridade age frequentemente em e somente ele poderá ser invocado nos tribunais para garantir o
violação aos direitos fundamentais. O estado de direito não exige chamado “império da lei”. Todas as outras fontes de direito, como
que todo o direito seja escrito. A Constituição do Reino Unido, o Direito Canônico ou o Direito natural, ficam excluídas, a não
por exemplo, é fundada unicamente no costume: ela não dispõe ser que o direito positivo lhes atribua esta eficácia, e apenas nos
de disposições escritas. Num tal sistema de direito, os mandatários limites estabelecidos pelo último.
políticos devem respeitar o direito baseado no costume com a mes- Nesse contexto, destaca-se o papel exercido pela Constitui-
ma consideração que num sistema de direito escrito. ção. Nela delineiam-se os limites e as regras para o exercício do
O poder do Estado é uno e indivisível. A função do poder se poder estatal (onde se inscrevem as chamadas “garantias funda-
divide em três grandes funções: a função legislativa, a função judi- mentais”), e, a partir dela, e sempre tendo-a como baliza, redige-se
cial e a função executiva. o restante do chamado “ordenamento jurídico”, isto é, o conjunto
de leis que regem uma sociedade. O estado democrático de direito
Estado Democrático de Direito não pode prescindir da existência de uma Constituição.
Estado democrático de direito é um conceito que designa Origem: Considera-se o livro Die deutsche Polizeiwissens-
qualquer Estado que se aplica a garantir os respeitos das mulheres chaft nach den Grundsätzen des Rechtsstaates (A Ciência Policial
em liberdades civis, ou seja, o respeito pelos direitos humanos e Alemã de acordo com os princípios do estado de Direito), do escri-
pelas liberdades fundamentais, através do estabelecimento de uma tor alemão Robert von Mohl, como a obra seminal, inauguradora
proteção jurídica. Em um estado de direito, as próprias autoridades do pensamento teórico sobre o “império da lei”. A obra foi escrita
políticas estão sujeitas ao respeito da regra de direito. Trata-se de entre 1832 e 1834 e publicada em 1835. Além disso, existe cor-
um termo complexo que define certos aspectos do funcionamento rente teórica do pensamento político alemão, que foi comandada
de um ente político soberano, o Estado. pelo influente filósofo político Friedrich Hayek, que considera os
O termo “estado democrático de direito” conjuga dois concei- escritos de Immanuel Kant como a base sobre a qual se construiria,
tos distintos que, juntos, definem a forma de funcionamento tipi- mais tarde, o pensamento político de von Mohl.
camente assumido pelo Estado de inspiração ocidental. Cada um
destes termos possui sua própria definição técnica, mas, neste con- Direito Penal no Estado Democrático de Direito
texto, referem-se especificamente a parâmetros de funcionamento
do Estado ocidental moderno.
A Constituição Federal brasileira, em seu art. 1º, caput, defi-
Neste contexto específico, o termo “democracia” refere-se à
niu o perfil político-constitucional do Brasil como o de um Estado
forma pela qual o Estado exerce o seu poder soberano. Mais espe-
Democrático de Direito. Trata-se do mais importante dispositivo
cificamente, refere-se a quem exercerá o poder de estado, já que o
da Carta de 1988, pois dele decorrem todos os princípios funda-
Estado propriamente dito é uma ficção jurídica, isto é, não possui
mentais de nosso Estado.
vontade própria e depende de pessoas para funcionar.
Estado Democrático de Direito é muito mais do que simples-
Em sua origem grega, “democratia” quer dizer “governo do
mente Estado de Direito. Este último assegura a igualdade mera-
povo”. No sistema moderno, no entanto, o povo não governa pro-
priamente (o que representaria uma democracia direta). Assim, os mente formal entre os homens, e tem como características:
atos de governo são exercidos por membros do povo ditos “po- - a submissão de todos ao império da lei;
liticamente constituídos”, que são aqueles nomeados para cargos - a divisão formal do exercício das funções derivadas do po-
públicos através de eleição. der, entre os órgãos executivos, legislativos e judiciários, como
No Estado democrático, as funções típicas e indelegáveis do forma de evitar a concentração da força e combater o arbítrio;
Estado são exercidas por indivíduos eleitos pelo povo para tanto, de - o estabelecimento formal de garantias individuais;
acordo com regras pré-estabelecidas que regerão o pleito eleitoral. - o povo como origem formal de todo e qualquer poder;
O estado de direito é aquele em que vigora o chamado “impé- - a igualdade de todos perante a lei, na medida em que estão
rio da lei”. Este termo engloba alguns significados: primeiro que, submetidos às mesmas regras gerais, abstratas e impessoais;
neste tipo de estado, as leis são criadas pelo próprio Estado, atra- - a igualdade meramente formal, sem atuação efetiva e inter-
vés de seus representantes politicamente constituídos; o segundo ventiva do Poder Público, no sentido de impedir distorções sociais
aspecto é que, uma vez que o Estado criou as leis e estas passam de ordem material.
a ser eficazes (isto é, aplicáveis), o próprio Estado fica adstrito ao
cumprimento das regras e dos limites por ele mesmo impostos; o Embora configurasse relevantíssimo avanço no combate ao
terceiro aspecto, que se liga diretamente ao segundo, é a caracterís- arbítrio do absolutismo monárquico, a expressão “Estado de Direi-
tica de que, no estado de direito, o poder estatal é limitado pela lei, to” ainda carecia de um conteúdo social.
não sendo absoluto, e o controle desta limitação se dá através do Pela concepção jurídico-positivista do liberalismo burguês,
acesso de todos ao Poder Judiciário, que deve possuir autoridade ungida da necessidade de normas objetivas inflexíveis, como úni-
e autonomia para garantir que as leis existentes cumpram o seu co mecanismo para conter o arbítrio do Absolutismo monárquico,
papel de impor regras e limites ao exercício do poder estatal. considerava-se direito apenas aquilo que se encontrava formal-
Outro aspecto do termo “de direito” refere-se a que tipo de mente disposto no ordenamento legal, sendo desnecessário qual-
direito exercerá o papel de limitar o exercício do poder estatal. quer juízo de valor acerca de seu conteúdo. A busca da igualdade
No estado democrático de direito, apenas o direito positivo (isto se contentava com a generalidade e impessoalidade da norma, que
é, aquele que foi codificado e aprovado pelos órgãos estatais com- garante a todos um tratamento igualitário, ainda que a sociedade
petentes, como o Poder Legislativo) poderá limitar a ação estatal, seja totalmente injusta e desigual.
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Tal visão defensiva do direito constituía um avanço e uma ne- contrário, sob pena de colidir com a Constituição, o tipo incrimi-
cessidade para a época em que predominavam os abusos e mimos nador deverá obrigatoriamente selecionar, dentre todos os compor-
do monarca sobre padrões objetivos de segurança jurídica, de ma- tamentos humanos, somente aqueles que realmente possuem real
neira que se tomara uma obsessão da ascendente classe burguesa lesividade social.
a busca da igualdade por meio de normas gerais, realçando-se a Sendo o Brasil um Estado Democrático de Direito, por refle-
preocupação com a rigidez e a inflexibilidade das regras. Nesse xo, seu direito penal há de ser legítimo, democrático e obediente
contexto, qualquer interpretação que refugisse à visão literal do aos princípios constitucionais que o informam, passando o tipo
texto legal poderia ser confundida com subjetivismo arbitrário, o penal a ser uma categoria aberta, cujo conteúdo deve ser preen-
que favoreceu o surgimento do positivismo jurídico como garantia chido em consonância com os princípios derivados deste perfil po-
do Estado de Direito. Por outro lado, a igualdade formal, por si só, lítico-constitucional. Não se admitem mais critérios absolutos na
com o tempo, acabou revelando-se uma garantia inócua, pois, em- definição dos crimes, os quais passam a ter exigências de ordem
bora todos estivessem submetidos ao império da letra da lei, não formal (somente a lei pode descrevê-los e cominar-lhes uma pena
havia controle sobre seu conteúdo material, o que levou à substi- correspondente) e material (o seu conteúdo deve ser questionado à
tuição do arbítrio do rei pelo do legislador. luz dos princípios constitucionais derivados do Estado Democrá-
Em outras palavras: no Estado Formal de Direito, todos são tico de Direito).
iguais porque a lei é igual para todos e nada mais. No plano con- Pois bem. Do Estado Democrático de Direito partem princí-
creto e social não existe intervenção efetiva do Poder Público, pois pios regradores dos mais diversos campos da atuação humana. No
este já fez a sua parte ao assegurar a todos as mesmas chances, do que diz respeito ao âmbito penal, há um gigantesco princípio a
ponto de vista do aparato legal. De resto, é cada um por si. regular e orientar todo o sistema, transformando-o em um direito
Ocorre que as normas, embora genéricas e impessoais, podem penal democrático. Trata-se de um braço genérico e abrangente,
ser socialmente injustas quanto ao seu conteúdo. É perfeitamente que deriva direta e imediatamente deste moderno perfil político do
possível um Estado de Direito, com leis iguais para todos, sem Estado brasileiro, a partir do qual partem inúmeros outros princí-
que, no entanto, se realize justiça social. É que não existe discus- pios próprios afetos à esfera criminal, que nele encontram guarida
são sobre os critérios de seleção de condutas delituosas feitos pelo e orientam o legislador na definição das condutas delituosas. Es-
legislador. A lei não reconhece como crime uma situação preexis- tamos falando do princípio da dignidade humana (CF, art. 1º, III).
tente, mas, ao contrário, cria o crime. Não existe necessidade de Podemos, então, afirmar que do Estado Democrático de Direi-
se fixar um conteúdo material para o fato típico, pois a vontade to parte o princípio da dignidade humana, orientando toda a for-
suprema da lei é dotada de poder absoluto para eleger como talo mação do Direito Penal. Qualquer construção típica, cujo conteú-
que bem entender, sendo impossível qualquer discussão acerca do do contrariar e afrontar a dignidade humana, será materialmente
seu conteúdo. inconstitucional, posto que atentatória ao próprio fundamento da
Diante disso, pode-se afirmar que a expressão “Estado de Di- existência de nosso Estado.
reito”, por si só, caracteriza a garantia inócua de que todos es- Cabe ao operador do Direito exercer controle técnico de veri-
tão submetidos ao império da lei, cujo conteúdo fica em aberto, ficação da constitucionalidade de todo tipo penal e de toda adequa-
limitado apenas à impessoalidade e à não-violação de garantias ção típica, de acordo com o seu conteúdo. Afrontoso à dignidade
individuais mínimas. humana, deverá ser expurgado do ordenamento jurídico.
Por essa razão, nosso constituinte foi além, afirmando que o Em outras situações, o tipo, abstratamente, pode não ser con-
Brasil não é apenas um Estado de Direito, mas um Estado Demo- trário à Constituição, mas, em determinado caso específico, o en-
crático de Direito. quadramento de uma conduta em sua definição pode revelar-se
Verifica-se o Estado Democrático de Direito não apenas pela atentatório ao mandamento constitucional (por exemplo, enqua-
proclamação formal da igualdade entre todos os homens, mas pela drar no tipo do furto a subtração de uma tampinha de refrigerante).
imposição de metas e deveres quanto à construção de uma socieda- A dignidade humana, assim, orienta o legislador no momento
de livre, justa e solidária; pela garantia do desenvolvimento nacio- de criar um novo delito e o operador no instante em que vai reali-
nal; pela erradicação da pobreza e da marginalização; pela redução zar a atividade de adequação típica.
das desigualdades sociais e regionais; pela promoção do bem co- Com isso, pode-se afirmar que a norma penal em um Estado
mum; pelo combate ao preconceito de raça, cor, origem, sexo, ida- Democrático de Direito não é somente aquela que formalmente
de e quaisquer outras formas de discriminação (CF, art. 3º, I a IV); descreve um fato como infração penal, pouco importando se ele
pelo pluralismo político e liberdade de expressão das ideias; pelo ofende ou não o sentimento social de justiça; ao contrário, sob
resgate da cidadania, pela afirmação do povo como fonte única do pena de colidir com a Constituição, o tipo incriminador deverá
poder e pelo respeito inarredável da dignidade humana. obrigatoriamente selecionar, dentre todos os comportamentos hu-
Significa, portanto, não apenas aquele que impõe a submis- manos, somente aqueles que realmente possuam lesividade social.
são de todos ao império da mesma lei, mas onde as leis possuam É imperativo do Estado Democrático de Direito a investigação
conteúdo e adequação social, descrevendo como infrações penais ontológica do tipo incriminador. Crime não é apenas aquilo que o
somente os fatos que realmente colocam em perigo bens jurídicos legislador diz sê-lo (conceito formal), uma vez que nenhuma con-
fundamentais para a sociedade. duta pode, materialmente, ser considerada criminosa se, de algum
Sem esse conteúdo, a norma se configurará como atentatória modo, não colocar em perigo valores fundamentais da sociedade.
aos princípios básicos da dignidade humana. A norma penal, por- Imaginemos um tipo com a seguinte descrição: “manifestar
tanto, em um Estado Democrático de Direito não é somente aquela ponto de vista contrário ao regime político dominante ou opinião
que formalmente descreve um fato como infração penal, pouco contrária à orientação política dominante: Pena - 6 meses a 1 ano
importando se ele ofende ou não o sentimento social de justiça; ao de detenção”.
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Evidentemente, a par de estarem sendo obedecidas as ga- Com base nessas premissas, deve-se estabelecer uma limita-
rantias de exigência de subsunção formal e de veiculação em lei, ção à eleição de bens jurídicos por parte do legislador, ou seja,
materialmente este tipo não teria qualquer subsistência por ferir o não é todo e qualquer interesse que pode ser selecionado para ser
princípio da dignidade humana e, consequentemente, não resistir defendido pelo Direito Penal, mas tão-somente aquele reconheci-
ao controle de compatibilidade vertical com os princípios insertos do e valorado pelo Direito, de acordo com seus princípios reitores.
na ordem constitucional. O tipo penal está sujeito a um permanente controle prévio (ex
Tipos penais que se limitem a descrever formalmente infra- ante), no sentido de que o legislador deve guiar-se pelos valores
ções penais, independentemente de sua efetiva potencialidade lesi- consagrados pela dialética social, cultural e histórica, conforma-
va, atentam contra a dignidade da pessoa humana. da ao espírito da Constituição, e a um controle posterior, estando
Nesse passo, convém lembrar a lição de Celso Antônio Ban- sujeito ao controle de constitucionalidade concentrado e difuso.
deira de Mello: “Violar um princípio é muito mais grave do que A função da norma é a proteção de bens jurídicos a partir da
solução dos conflitos sociais, razão pela qual a conduta somente
transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa
será considerada típica se criar uma situação de real perigo para a
não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo
coletividade.
o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou
De todo o exposto, podemos extrair as seguintes considera-
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, ções:
porque representa ingerência contra todo o sistema, subversão de - O Direito Penal brasileiro somente pode ser concebido à luz
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabou- do perfil constitucional do Estado Democrático de Direito, deven-
ço lógico e corrosão de sua estrutura mestra”. do, portanto, ser um direito penal democrático.
Aplicar a justiça de forma plena, e não apenas formal, impli- - Do Estado Democrático de Direito parte um gigantesco ten-
ca, portanto, aliar ao ordenamento jurídico positivo a interpretação táculo, a regular todo o sistema penal, que é o princípio da digni-
evolutiva, calcada nos costumes e nas ordens normativas locais, dade humana, de modo que toda incriminação contrária ao mesmo
erigidas sobre padrões culturais, morais e sociais de determinado é substancialmente inconstitucional.
grupo social ou que estejam ligados ao desempenho de determina- - Da dignidade humana derivam princípios constitucionais
da atividade. do Direito Penal, cuja função é estabelecer limites à liberdade de
Os princípios constitucionais e as garantias individuais devem seleção típica do legislador, buscando, com isso, uma definição
atuar como balizas para a correta interpretação e a justa aplicação material do crime.
das normas penais, não se podendo cogitar de uma aplicação mera- - Esses contornos tomam o tipo legal uma estrutura bem dis-
mente robotizada dos tipos incriminadores, ditada pela verificação tinta da concepção meramente descritiva do início do século pas-
rudimentar da adequação típica formal, descurando-se de qualquer sado, de modo que o processo de adequação de um fato passa a
submeter-se à rígida apreciação axiológica.
apreciação ontológica do injusto. Da dignidade humana, princípio
- O legislador, no momento de escolher os interesses que me-
genérico e reitor do Direito Penal, partem outros princípios mais
recerão a tutela penal, bem como o operador do direito, no instan-
específicos, os quais são transportados dentro daquele princípio
te em que vai proceder à adequação típica, devem, forçosamente,
maior, tal como passageiros de uma embarcação. verificar se o conteúdo material daquela conduta atenta contra a
Desta forma, do Estado Democrático de Direito parte o prin- dignidade humana ou os princípios que dela derivam. Em caso po-
cípio reitor de todo o Direito Penal, que é o da dignidade huma- sitivo, estará manifestada a inconstitucionalidade substancial da
na, adequando-o ao perfil constitucional do Brasil e erigindo-o à norma ou daquele enquadramento, devendo ser exercitado o con-
categoria de Direito Penal Democrático. Da dignidade humana, trole técnico, afirmando a incompatibilidade vertical com o Texto
por sua vez, derivam outros princípios mais específicos, os quais Magno.
propiciam um controle de qualidade do tipo penal, isto é, sobre o - A criação do tipo e a adequação concreta da conduta ao tipo
seu conteúdo, em inúmeras situações específicas da vida concreta. devem operar-se em consonância com os princípios constitucio-
Os mais importantes princípios penais derivados da dignida- nais do Direito Penal, os quais derivam da dignidade humana que,
de humana são: legalidade, insignificância, alteridade, confiança, por sua vez, encontra fundamento no Estado Democrático de Di-
adequação social, intervenção mínima, fragmentariedade, propor- reito.
cionalidade, humanidade, necessidade e ofensividade.
De pouco adiantaria assegurar ao cidadão a garantia de sub- No Estado Democrático de Direito é necessário que a conduta
missão do poder persecutório à exigência prévia da definição legal, considerada criminosa tenha realmente conteúdo de crime. Crime
se o legislador tivesse liberdade para eleger de modo autoritário e não é apenas aquilo que o legislador diz sê-lo (conceito formal),
uma vez que nenhuma conduta pode, materialmente, ser conside-
livre de balizas quais os bens jurídicos merecedores de proteção,
rada criminosa se, de algum modo, não colocar em perigo valores
ou seja, se pudesse, a seu bel-prazer, escolher, sem limites impos-
fundamentais da sociedade.
tos por princípios maiores, o que vai ser e o que não vai ser crime.
Da dignidade nascem os demais princípios orientadores e li-
O Direito Penal é muito mais do que um instrumento opressi- mitadores do Direito Penal, dentre os quais merecem destaque:
vo em defesa do aparelho estatal. Exerce uma função de ordenação Insignificância ou Bagatela: originário do Direito Romano,
dos contatos sociais, estimulando práticas positivas e refreando as e de cunho civilista, tal princípio funda-se no conhecido brocardo
perniciosas e, por essa razão, não pode ser fruto de uma elucubra- de “minimis non curat praetor” (O pretor não cuida de coisas pe-
ção abstrata ou da necessidade de atender a momentâneos apelos quenas). Em 1964 acabou sendo introduzido no sistema penal por
demagógicos, mas, ao contrário, refletir, com método e ciência, o Claus Roxin, tendo em vista sua utilidade na realização dos objeti-
justo anseio social. vos sociais traçados pela moderna política criminal.
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Segundo tal princípio, o Direito Penal não deve preocupar- Com relação à aplicação desse princípio, nos crimes contra a
se com bagatelas, do mesmo modo que não podem ser admitidos administração pública, não existe razão para negar incidência nas
tipos incriminadores que descrevam condutas incapazes de lesar o hipóteses em que a lesão ao erário for de ínfima monta. É o caso do
bem jurídico. funcionário público que leva para casa algumas folhas, um punha-
A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem ju- do de clips ou uma borracha, apropriando-se de tais bens. Como o
rídico protegido, pois é inconcebível que o legislador tenha imagi- Direito Penal tutela bens jurídicos, e não a moral, objetivamente o
nado inserir em um tipo penal condutas totalmente inofensivas ou fato será atípico, dada a sua irrelevância. No crime de lesões cor-
incapazes de lesar o interesse protegido. porais, em que se tutela bem indisponível, se as lesões forem in-
Se a finalidade do tipo penal é tutelar um bem jurídico, sempre significantes, como mera vermelhidão provocada por um beliscão,
que a lesão for insignificante, a ponto de se tornar incapaz de lesar também não há que se negar a aplicação do mencionado princípio.
o interesse protegido, não haverá adequação típica. É que no tipo Finalmente, a insignificância nos delitos patrimoniais não leva
não estão descritas condutas incapazes de ofender o bem tutelado, em conta a capacidade econômica do ofendido, mas o valor do
razão pela qual os danos de nenhuma monta devem ser considera- bem em si mesmo. Assim, o furto de um automóvel jamais será
dos fatos atípicos. insignificante, mesmo que, diante do patrimônio da vítima, o valor
O Superior Tribunal de Justiça, por intermédio de sua 5ª Tur- seja pequeno quando cotejado com os seus demais bens.
ma, tem reconhecido a tese da exclusão da tipicidade nos chamados
delitos de bagatela, aos quais se aplica o princípio da insignificân- Alteridade ou Transcendentalidade: proíbe a incriminação
cia, dado que à lei não cabe preocupar-se com infrações de pouca de atitude meramente interna, subjetiva do agente e que, por essa
monta, insuscetíveis de causar o mais ínfimo dano à coletividade. razão, revela-se incapaz de lesionar o bem jurídico. O fato típico
Na hipótese de crime de descaminho de bens, em que o débito pressupõe um comportamento que transcenda a esfera individual
tributário e a multa não excederem determinado valor, a Fazenda do autor e seja capaz de atingir o interesse do outro (altero).
Pública se recusa a efetuar a cobrança em juízo, nos termos da Lei Ninguém pode ser punido por ter feito mal só a si mesmo. Não
n. 9.579/97, sob o argumento de que a irrisória quantia não com- há lógica em punir o suicida frustrado ou a pessoa que se açoita, na
pensa a instauração de um executivo fiscal, o que levou o Superior lúgubre solidão de seu quarto. Se a conduta se esgota na esfera do
Tribunal de Justiça a considerar atípico o fato, por influxo do prin- próprio autor, não há fato típico.
cípio da insignificância. De acordo com o art. 20 da Lei nº 10.522, Tal princípio foi desenvolvido por Claus Roxin, segundo o
de 19 de julho de 2002, as execuções fiscais da União de débitos qual “só pode ser castigado aquele comportamento que lesione di-
iguais ou inferiores a R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) reitos de outras pessoas e que não seja simplesmente pecaminoso
serão arquivadas pela Procuradoria da Fazenda Nacional, sem co- ou imoral. À conduta puramente interna, ou puramente individual
brança, dada a insignificância do valor da dívida. Com isso, enten- - seja pecaminosa, imoral, escandalosa ou diferente -, falta a lesivi-
demos que referido montante passou a servir de parâmetro para se dade que pode legitimar a intervenção penal” (Nilo Batista).
considerar atípica a sonegação fiscal de até R$ 2.500,00 (dois mil Por essa razão, a autolesão não é crime, salvo quando houver
e quinhentos reais) (Atualmente, esse valor sofreu nova modifica- intenção de prejudicar terceiros, como na autoagressão cometida
ção, de forma que serão arquivados os autos das execuções fiscais com o fim de fraude ao seguro, em que a instituição seguradora
de débitos inscritos como Dívida Ativa da União inferiores a R$ será vítima de estelionato (CP, art. 171, § 2º, V).
10.000,00 (dez mil reais) (CF art. 20 da Lei nº 10.522/2002, com O princípio da alteridade veda também a incriminação do pen-
a redação determinada pela Lei nº 11.033/2004). Mantido o racio- samento (pensiero non paga gabella) ou de condutas moralmente
cínio, atualmente, a sonegação fiscal de até R$ 10.000,00 (dez mil censuráveis, mas incapazes de penetrar na esfera do altero.
reais) passa a ser atípica, em face do princípio da insignificância). O bem jurídico tutelado pela norma é, portanto, o interesse
Não se pode, porém, confundir delito insignificante ou de de terceiros, pois seria inconcebível provocar a interveniência cri-
bagatela com crimes de menor potencial ofensivo. Estes últimos minal repressiva contra alguém que está fazendo apenas mal a si
são definidos pelo art. 61 da Lei nº 9.099/95 e submetem-se aos mesmo, como, por exemplo, punir-se um suicida malsucedido com
Juizados Especiais Criminais, sendo que neles a ofensa não pode pena pecuniária, corporal ou até mesmo capital.
ser acoimada de insignificante, pois possui gravidade ao menos
perceptível socialmente, não podendo falar-se em aplicação desse Confiança: trata-se de requisito para a existência do fato tí-
princípio. pico, não devendo ser relegado para o exame da culpabilidade.
O princípio da insignificância não é aplicado no plano abstra- Funda-se na premissa de que todos devem esperar por parte das
to. Não se pode, por exemplo, afirmar que todas as contravenções outras pessoas que estas sejam responsáveis e ajam de acordo com
penais são insignificantes, pois, dependendo do caso concreto, as normas da sociedade, visando a evitar danos a terceiros. Por
isto não se pode revelar verdadeiro. Andar pelas ruas armado com essa razão, consiste na realização da conduta, na confiança de que
uma faca é um fato contravencional que não pode ser considerado o outro atuará de um modo normal já esperado, baseando-se na
insignificante. São de menor potencial ofensivo, submetem-se ao justa expectativa de que o comportamento das outras pessoas se
procedimento sumaríssimo, beneficiam-se de institutos despenali- dará de acordo com o que normalmente acontece.
zadores (transação penal, suspensão condicional do processo etc.), Por exemplo: nas intervenções médico-cirúrgicas, o cirurgião
mas não são, a priori, insignificantes. tem de confiar na assistência correta que costuma receber dos seus
Tal princípio deverá ser verificado em cada caso concreto, de auxiliares, de maneira que, se a enfermeira lhe passa uma injeção
acordo com as suas especificidades. O furto, abstratamente, não é com medicamento trocado e, em face disso, o paciente vem a fale-
uma bagatela, mas a subtração de um chiclete pode ser. Em outras cer, não haverá conduta culposa por parte do médico, pois não foi
palavras, nem toda conduta subsumível ao art. 155 do Código Pe- sua ação mas sim a de sua auxiliar que violou o dever objetivo de
nal é alcançada por este princípio, algumas sim, outras não. É um cuidado. O médico ministrou a droga fatal impelido pela natural e
princípio aplicável no plano concreto, portanto. esperada confiança depositada em sua funcionária.
Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Outro exemplo é o do motorista que, trafegando pela preferen- Entretanto, é forçoso reconhecer que, embora o conceito de
cial, passa por um cruzamento, na confiança de que o veículo da adequação social não possa ser aceito com exclusividade, atual-
via secundária aguardará sua passagem. No caso de um acidente, mente é impossível deixar de reconhecer sua importância na in-
não terá agido com culpa. terpretação da subsunção de um fato concreto a um tipo penal.
A vida social se tornaria extremamente dificultosa se cada um Atuando ao lado de outros princípios, pode levar à exclusão da
tivesse de vigiar o comportamento do outro, para verificar se está tipicidade.
cumprindo todos os seus deveres de cuidado; por conseguinte, não
realiza conduta típica aquele que, agindo de acordo com o direito, Intervenção mínima: assenta-se na Declaração de Direitos do
acaba por envolver-se em situação em que um terceiro descumpriu Homem e do Cidadão, de 1789, cujo art. 8º determinou que a lei só
seu dever de lealdade e cuidado. deve prever as penas estritamente necessárias.
O princípio da confiança, contudo, não se aplica quando era A intervenção mínima tem como ponto de partida a caracte-
função do agente compensar eventual comportamento defeituoso rística da fragmentariedade do Direito Penal. Este se apresenta por
de terceiros. Por exemplo: um motorista que passa bem ao lado meio de pequenos flashs, que são pontos de luz na escuridão do
de um ciclista não tem por que esperar uma súbita guinada do universo. Trata-se de um gigantesco oceano de irrelevância, pon-
mesmo em sua direção, mas deveria ter se acautelado para que teado por ilhas de tipicidade, enquanto o crime é um náufrago à
não passasse tão próximo, a ponto de criar uma situação de perigo deriva, procurando uma porção de terra na qual se possa achegar.
(Günther Jakobs). Como atuou quebrando uma expectativa social Somente haverá Direito Penal naqueles raros episódios típicos
de cuidado, a confiança que depositou na vítima qualifica-se como em que a lei descreve um fato como crime; ao contrário, quando
proibida: é o chamado abuso da situação de confiança. ela nada disser, não haverá espaço para a atuação criminal. Nisso,
Deste modo, surge a confiança permitida, que é aquela que aliás, consiste a principal proteção política do cidadão em face do
decorre do normal desempenho das atividades sociais, dentro do poder punitivo estatal, qual seja, a de que somente poderá ter inva-
papel que se espera de cada um, a qual exclui a tipicidade da con- dida sua esfera de liberdade, se realizar uma conduta descrita em
duta, em caso de comportamento irregular inesperado de terceiro; um daqueles raros pontos onde a lei definiu a existência de uma
e a confiança proibida, quando o autor não deveria ter depositado infração penal.
no outro toda a expectativa, agindo no limite do que lhe era permi- Ou o autor recai sobre um dos tipos, ou se perde no vazio
tido, com nítido espírito emulativo. infinito da ausência de previsão e refoge à incidência punitiva. O
Em suma, se o comportamento do agente se deu dentro do que sistema é, portanto, descontínuo, fragmentado (um tipo aqui, um
dele se esperava, a confiança é permitida; quando há abuso de sua
tipo ali, outro lá e assim por diante).
parte em usufruir da posição que desfruta incorrerá em fato típico.
Por outro lado, esta seleção, a despeito de excepcional, é fei-
ta sem nenhum método científico, atendendo apenas aos reclamos
Adequação social: todo comportamento que, a despeito de
momentâneos da opinião pública, da mídia e das necessidades
ser considerado criminoso pela lei, não afrontar o sentimento so-
impostas pela classe dominante, conforme bem ressaltou Juarez
cial de justiça (aquilo que a sociedade tem por justo) não pode ser
Tavares, em ácida crítica ao sistema legiferante: “Analisando aten-
considerado criminoso. Para essa teoria, o Direito Penal somente
tipifica condutas que tenham certa relevância social. O tipo penal tamente o processo de elaboração das normas incriminadoras, a
pressupõe uma atividade seletiva de comportamento, escolhendo partir primeiramente do dado histórico e depois do objetivo ju-
somente aqueles que sejam contrários e nocivos ao interesse pú- rídico por elas perseguido, bem como o próprio enunciado típico
blico, para serem erigidos à categoria de infrações penais; por con- das ações proibidas ou mandadas, chega-se à conclusão inicial,
seguinte, as condutas aceitas socialmente e consideradas normais embora trágica, de que efetivamente, na maioria das vezes, não
não podem sofrer este tipo de valoração negativa, sob pena de a lei há critérios para essa elaboração. Isto pode parecer panfletário,
incriminadora padecer do vício de inconstitucionalidade. à primeira vista, mas retrata fielmente a atividade de elaboração
Por isso é que Jakobs afirma que determinadas formas de legislativa. Estudos de Haferkamp na Alemanha e Weinberger na
atividade permitida não podem ser incriminadas, uma vez que se França demonstram que, com a institucionalização do poder po-
tomaram consagradas pelo uso histórico, isto é, costumeiro, acei- lítico, a elaboração das normas se expressa como evento do jogo
tando-se como socialmente adequadas. de poder efetuado no marco das forças hegemônicas atuantes no
Não se pode confundir o princípio em análise com o da in- Parlamento.
significância. Na adequação social, a conduta deixa de ser punida A norma, portanto, deixaria de exprimir o tão propalado inte-
por não mais ser considerada injusta pela sociedade; na insignifi- resse geral, cuja simbolização aparece como justificativa do prin-
cância, a conduta é considerada injusta, mas de escassa lesividade. cípio representativo para significar, muitas vezes, simples mani-
Critica-se essa teoria porque, em primeiro lugar, costume não festação de interesses partidários, sem qualquer vínculo com a real
revoga lei, e, em segundo, porque não pode o juiz substituir-se necessidade da nação.
ao legislador e dar por revogada uma lei incriminadora em plena Além disso, as descrições são abstratas, objetivas e impes-
vigência, sob pena de afronta ao princípio constitucional da sepa- soais, alcançando uma gigantesca gama de situações bem diver-
ração dos poderes, devendo a atividade fiscalizadora do juiz ser sas entre si. Os tipos nesse sistema fragmentário transportam des-
suplementar e, em casos extremos, de clara atuação abusiva do de gravíssimas violações operadas no caso concreto até ínfimas
legislador na criação do tipo. agressões. Quando se descreve como infração penal “subtrair para
Além disso, o conceito de adequação social é um tanto quanto si ou para outrem coisa alheia móvel”, incrimina-se tanto o furto
vago e impreciso, criando insegurança e excesso de subjetividade de centenas de milhões de uma instituição bancária, com nefastas
na análise material do tipo, não se ajustando por isso às exigências consequências para milhares de correntistas, quanto a subtração de
da moderna dogmática penal. uma estatueta oca de gesso em uma feira de artesanato.
Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
O tipo do furto é uma nuvem incriminadora na imensidão do Se existe um recurso mais suave em condições de solucionar
céu de atipicidade, mas o método abstrato, que tem a vantagem da plenamente o conflito, torna-se abusivo e desnecessário aplicar ou-
impessoalidade, tem o desconforto de alcançar comportamentos tro mais traumático.
de toda a ordem, mesmo contando com descrição taxativa. A intervenção mínima e o caráter subsidiário do Direito Penal
A imperfeição não decorre da construção abstrata do tipo, mas decorrem da dignidade humana, pressuposto do Estado Democrá-
da fragmentariedade do sistema criminalizador, totalmente depen- tico de Direito, e são uma exigência para a distribuição mais equi-
dente de previsões genéricas, abstratas e abrangentes, incapazes librada da justiça.
de, por si sós, distinguirem entre os fatos relevantes e os irrelevan-
tes que nela formalmente se subsumem. Proporcionalidade: além de encontrar assento na imperativa
Além de defeituoso o sistema de criação normativa e da ex- exigência de respeito à dignidade humana, tal princípio aparece
cessiva abrangência dos modelos objetivos, os quais não levam em insculpido em diversas passagens de nosso Texto Constitucional,
consideração a disparidade das situações concretas, concorre ainda quando abole certos tipos de sanções (art. 5º, XLVII), exige indivi-
a panaceia cultural que faz surgir, dentro do mesmo país, inúmeras dualização da pena (art. 5º, XLVI), maior rigor para casos de maior
nações, com costumes, tradições e conceitos bem diversos, mas gravidade (art. 5º, XLII, XLII e XLIV) e moderação para infrações
submetidas à mesma ordem de incriminação abstrata. menos graves (art. 98, I). Baseia-se na relação custo-benefício.
Nesse triplo problema, déficit do sistema tipificador, diver- Toda vez que o legislador cria um novo delito, impõe um ônus
sidade cultural e abrangência demasiada de casos concretamente à sociedade, decorrente da ameaça de punição que passa a pairar
diversos, mas abstratamente idênticos, insere-se o caráter frag- sobre todos os cidadãos.
mentário do Direito Penal, fincando a questão: Como solucionar, Uma sociedade incriminadora é uma sociedade invasiva, que
por meio de descrições pontuais e abstratas, todos os variados pro- limita em demasia a liberdade das pessoas.
blemas reais? Por outro lado, esse ônus é compensado pela vantagem de
A resposta se impõe, com o reconhecimento prévio da exis- proteção do interesse tutelado pelo tipo incriminador. A sociedade
tência da fragmentariedade e da necessidade de empregar critérios vê limitados certos comportamentos, ante a cominação da pena,
reparadores das falhas de todo o sistema, dentre os quais a inter- mas também desfruta de uma tutela a certos bens, os quais ficarão
venção mínima. sob a guarda do Direito Penal.
Somente assim será possível compensar o alcance excessiva- Para o princípio da proporcionalidade, quando o custo for
mente incriminador de hipóteses concretas tão quantitativamente maior do que a vantagem, o tipo será inconstitucional, porque con-
trário ao Estado Democrático de Direito. Em outras palavras: a
diversas do ponto de vista da danosidade social.
criação de tipos incriminadores deve ser uma atividade compensa-
A intervenção mínima tem, por conseguinte, dois destinatários
dora para os membros da coletividade.
principais. Ao legislador o princípio exige cautela no momento de
Com efeito, um Direito Penal democrático não pode conceber
eleger as condutas que merecerão punição criminal, abstendo-se
uma incriminação que traga mais temor, mais ônus, mais limitação
de incriminar qualquer comportamento. Somente aqueles que, se-
social do que benefício à coletividade.
gundo comprovada experiência anterior, não puderam ser conve-
Somente se pode falar na tipificação de um comportamento
nientemente contidos pela aplicação de outros ramos do direito de- humano, na medida em que isto se revele vantajoso em uma re-
verão ser catalogados como crimes em modelos descritivos legais. lação de custos e benefícios sociais. Em outras palavras, com a
Ao operador do Direito recomenda-se não proceder ao en- transformação de uma conduta em infração penal impõe-se a toda
quadramento típico, quando notar que aquela pendência pode ser coletividade uma limitação, a qual precisa ser compensada por
satisfatoriamente resolvida com a atuação de outros ramos menos uma efetiva vantagem: ter um relevante interesse tutelado penal-
agressivos do ordenamento jurídico. Assim, se a demissão com mente.
justa causa pacifica o conflito gerado pelo pequeno furto cometido Quando a criação do tipo não se revelar proveitosa para a so-
pelo empregado, o direito trabalhista tomou inoportuno o ingresso ciedade, estará ferido o princípio da proporcionalidade, devendo a
do penal. Se o furto de um chocolate em um supermercado já foi descrição legal ser expurgada do ordenamento jurídico por vício
solucionado com o pagamento do débito e a expulsão do incon- de inconstitucionalidade. Além disso, a pena, isto é, a resposta pu-
veniente freguês, não há necessidade de movimentar a máquina nitiva estatal ao crime, deve guardar proporção com o mal infligi-
persecutória do Estado, tão assoberbada com a criminalidade vio- do ao corpo social. Deve ser proporcional à extensão do dano, não
lenta, a organizada, o narcotráfico e as dilapidações ao erário. se admitindo penas idênticas para crimes de lesividades distintas,
Da intervenção mínima decorre, como corolário indestacável, ou para infrações dolosas e culposas.
a característica de subsidiariedade. Com efeito, o ramo penal só Exemplo da aplicação do princípio da proporcionalidade
deve atuar quando os demais campos do Direito, os controles for- ocorreu no julgamento de uma Ação Direta de Inconstitucionali-
mais e sociais tenham perdido a eficácia e não sejam capazes de dade, na qual o Supremo Tribunal Federal suspendeu, por liminar,
exercer essa tutela. Sua intervenção só deve operar quando fracas- os efeitos da Medida Provisória n. 2.045/2000, que proibia o regis-
sam as demais barreiras protetoras do bem jurídico predispostas tro de armas de fogo, por considerar não haver proporcionalidade
por outros ramos do Direito. Pressupõe, portanto, que a interven- entre os custos sociais como desemprego e perda de arrecadação
ção repressiva no círculo jurídico dos cidadãos só tenha sentido tributária e os benefícios que compensassem o sacrifício.
como imperativo de necessidade, isto é, quando a pena se mostrar Necessário, portanto, para que a sociedade suporte os custos
como único e último recurso para a proteção do bem jurídico, ce- sociais de tipificações limitadoras da prática de determinadas con-
dendo a ciência criminal a tutela imediata dos valores primordiais dutas, que se demonstre a utilidade da incriminação para a defesa
da convivência humana a outros campos do Direito, e atuando so- do bem jurídico que se quer proteger, bem como a sua relevância
mente em último caso (ultima ratio) (Nilo Batista). em cotejo com a natureza e quantidade da sanção cominada.
Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Humanidade: a vedação constitucional da tortura e de trata- O princípio da ofensividade considera inconstitucionais todos
mento desumano ou degradante a qualquer pessoa (art. 5º, III), a os chamados “delitos de perigo abstrato”, pois, segundo ele, não
proibição da pena de morte, da prisão perpétua, de trabalhos for- há crime sem comprovada lesão ou perigo de lesão a um bem ju-
çados, de banimento e das penas cruéis (art. 5º, XLVII), o respeito rídico. Não se confunde com princípio da exclusiva proteção do
e proteção à figura do preso (art. 5º, XLVIII, XLIX e L) e ainda bem jurídico, segundo o qual o direito não pode defender valores
normas disciplinadoras da prisão processual (art. 5º, LXI, LXII, meramente morais, éticos ou religiosos, mas tão-somente os bens
LXIII, LXIV, LXV e LXVI), apenas para citar alguns casos, im- fundamentais para a convivência e o desenvolvimento social. Na
põem ao legislador e ao intérprete mecanismos de controle de tipos ofensividade, somente se considera a existência de uma infração
legais. penal quando houver efetiva lesão ou real perigo de lesão ao bem
Disso resulta ser inconstitucional a criação de um tipo ou a jurídico. No primeiro, há uma limitação quanto aos interesses que
cominação de alguma pena que atente desnecessariamente contra a podem ser tutelados pelo Direito Penal; no segundo, só se consi-
incolumidade física ou moral de alguém (atentar necessariamente dera existente o delito quando o interesse já selecionado sofrer um
significa restringir alguns direitos nos termos da Constituição e ataque ou perigo efetivo, real e concreto.
quando exigido para a proteção do bem jurídico). “A função principal do princípio da exclusiva proteção de
Do princípio da humanidade decorre a impossibilidade de bens jurídicos é a de delimitar uma forma de direito penal, o di-
a pena passar da pessoa do delinquente, ressalvados alguns dos reito penal do bem jurídico, daí que não seja tarefa sua proteger
efeitos extrapenais da condenação, como a obrigação de reparar o a ética, a moral, os costumes, uma ideologia, uma determinada
dano na esfera cível, que podem atingir os herdeiros do infrator até religião, estratégias sociais, valores culturais como tais, programas
os limites da herança, (CF, art. 5º, XLV). de governo, a norma penal em si etc. O direito penal, em outras
palavras, pode e deve ser conceituado como um conjunto norma-
Necessidade e idoneidade: decorrem da proporcionalidade. A tivo destinado à tutela de bens jurídicos, isto é, de relações sociais
incriminação de determinada situação só pode ocorrer quando a conflitivas valoradas positivamente na sociedade democrática. O
tipificação revelar-se necessária, idônea e adequada ao fim a que se princípio da ofensividade, por sua vez, nada diz diretamente sobre
destina, ou seja, à concreta e real proteção do bem jurídico. a missão ou forma do direito penal, senão que expressa uma forma
Quando a comprovada demonstração empírica revelar que o de compreender ou de conceber o delito: o delito como ofensa a
tipo não precisava tutelar aquele interesse, dado que outros campos um bem jurídico. E disso deriva, como já afirmamos tantas vezes, a
do direito ou mesmo de outras ciências têm plenas condições de inadmissibilidade de outras formas de delito (mera desobediência,
fazê-lo com sucesso, ou ainda quando a descrição for inadequada, simples violação da norma imperativa etc.). Em face do exposto
ou ainda quando o rigor for excessivo, sem trazer em contraparti- impende a conclusão de que não podemos mencionar tais princí-
da a eficácia pretendida, o dispositivo incriminador padecerá de pios indistintamente, tal como vêm fazendo alguns setores da dou-
insuperável vício de incompatibilidade vertical com os princípios trina e da jurisprudência estrangeira” (Princípio da ofensividade).
constitucionais regentes do sistema penal. A função principal da ofensividade é a de limitar a pretensão
Nenhuma incriminação subsistirá em nosso ordenamento ju- punitiva estatal, de maneira que não pode haver proibição penal
rídico, quando a definição legal revelar-se incapaz, seja pelo cri- sem um conteúdo ofensivo a bens jurídicos.
tério definidor empregado, seja pelo excessivo rigor, seja ainda O legislador deve se abster de formular descrições incapazes
pela afronta à dignidade humana, de tutelar concretamente o bem de lesar ou, pelo menos, colocar em real perigo o interesse tute-
jurídico. lado pela norma. Caso isto ocorra, o tipo deverá ser excluído do
Surge, então, a necessidade de precisa definição do bem jurí- ordenamento jurídico por incompatibilidade vertical com o Texto
dico, sem o que a norma não tem objeto e, por conseguinte, não Constitucional.
pode existir. Um tipo sem bem jurídico para defender é como um Toda norma penal em cujo teor não se vislumbrar um bem
processo sem lide para solucionar, ou seja, um nada. jurídico claramente definido e dotado de um mínimo de relevância
O conceito de bem jurídico é, atualmente, um dos maiores social, será considerada nula e materialmente inconstitucional.
desafios de nossa doutrina, na busca de um direito protetivo e ga- O intérprete também deve cuidar para que em específico caso
rantista, e, portanto, obediente ao Estado Democrático de Direito. concreto, no qual não se vislumbre ofensividade ou real risco de
afetação do bem jurídico, não haja adequação na descrição abstrata
Ofensividade, princípio do fato e da exclusiva proteção do contida na lei.
bem jurídico: não há crime quando a conduta não tiver oferecido Em vista disso, somente restará justificada a intervenção do
ao menos um perigo concreto, real, efetivo e comprovado de lesão Direito Penal quando houver um ataque capaz de colocar em con-
ao bem jurídico. A punição de uma agressão em sua fase ainda creto e efetivo perigo um bem jurídico.
embrionária, embora aparentemente útil do ponto de vista da de- Delineando-se em termos precisos, a noção de bem jurídico
fesa social, representa ameaça à proteção do indivíduo contra uma poderá exercer papel fundamental como mecanismo garantidor e
atuação demasiadamente intervencionista do Estado. limitador dos abusos repressivos do Poder Público.
Como ensina Luiz Flávio Gomes, “o princípio do fato não Sem afetar o bem jurídico, não existe infração penal. Trata-se
permite que o direito penal se ocupe das intenções e pensamentos de princípio ainda em discussão no Brasil. Entendemos que sub-
das pessoas, do seu modo de viver ou de pensar, das suas atitudes siste a possibilidade de tipificação dos crimes de perigo abstrato
internas (enquanto não exteriorizada a conduta delitiva)...”. em nosso ordenamento legal, como legítima estratégia de defesa
A atuação repressivo-penal pressupõe que haja um efetivo e do bem jurídico contra agressões em seu estágio ainda embrioná-
concreto ataque a um interesse socialmente relevante, isto é, o sur- rio, reprimindo-se a conduta, antes que ela venha a produzir um
gimento de, pelo menos, um real perigo ao bem jurídico. perigo concreto ou um dano efetivo. Trata-se de cautela reveladora
Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
de zelo do Estado em proteger adequadamente certos interesses. Princípio da co-culpabilidade ou corresponsabilidade: en-
Eventuais excessos podem, no entanto, ser corrigidos pela aplica- tende que a responsabilidade pela prática de uma infração penal
ção do princípio da proporcionalidade (Cf. sobre o assunto nosso deve ser compartilhada entre o infrator e a sociedade, quando essa
Estatuto do Desarmamento). não lhe tiver proporcionado oportunidades. Não foi adotado entre
nós.
Princípio da auto responsabilidade: os resultados danosos
que decorrem da ação livre e inteiramente responsável de alguém Os limites do controle material do tipo incriminador
só podem ser imputados a este e não àquele que o tenha anterior-
mente motivado. Exemplo: o sujeito, aconselhado por outro a pra- É imperativo do Estado Democrático de Direito a investigação
ticar esportes mais “radicais”, resolve voar de asa-delta. Acaba so- ontológica do tipo incriminador. Crime não é apenas aquilo que o
frendo um acidente e vindo a falecer. O resultado morte não pode legislador diz sê-lo (conceito formal), uma vez que nenhuma con-
ser imputado a ninguém mais além da vítima, pois foi a sua von- duta pode, materialmente, ser considerada criminosa se, de algum
tade livre, consciente e responsável que a impeliu a correr riscos. modo, não colocar em perigo valores fundamentais da sociedade.
Imaginemos um tipo com a seguinte descrição: “manifestar
Princípio da responsabilidade pelo fato: o direito penal não ponto de vista contrário ao regime político dominante ou opinião
se presta a punir pensamentos, ideias, ideologias, nem o modo de capaz de causar melindre nas lideranças políticas”. Por evidente, a
ser das pessoas, mas, ao contrário, fatos devidamente exterioriza- par de estarem sendo obedecidas as garantias formais de veicula-
dos no mundo concreto e objetivamente descritos e identificados ção em lei, materialmente esse tipo não teria qualquer subsistência,
em tipos legais. A função do Estado consiste em proteger bens ju- por ferir o princípio da dignidade humana e, assim, não resistir ao
rídicos contra comportamentos externos, efetivas agressões pre- controle de compatibilidade vertical com os princípios insertos na
viamente descritas em lei como delitos, bem como estabelecer um ordem constitucional. Na doutrina não existe divergência a respei-
compromisso ético com o cidadão para o melhor desenvolvimento to. A polêmica circunscreve-se aos limites desse controle por parte
das relações intersociais. Não pode castigar meros pensamentos, do Poder Judiciário. Entendemos que, a despeito de necessária, a
ideias, ideologias, manifestações políticas ou culturais discordan- verificação do conteúdo da norma deva ser feita em caráter excep-
tes, tampouco incriminar categorias de pessoas. Os tipos devem cional e somente quando houver clara afronta à Constituição.
definir fatos, associando-lhes penas, e não estereotipar autores. Na Com efeito, a regra do art. 5º XXXIX, da Constituição Fede-
Alemanha nazista, por exemplo, não havia propriamente crimes, ral, segundo a qual “não há crime sem lei anterior que o defina,
nem pena sem prévia cominação legal”, incumbiu, com exclusivi-
mas criminosos. Incriminavam-se os “traidores” da nação ariana
dade, ao legislador a tarefa de selecionar, dentre todas as condutas
e não os fatos eventualmente cometidos. Eram tipos de pessoas,
do gênero humano, aquelas capazes de colocar em risco a tranqui-
não de condutas. Castigavam-se a deslealdade com o Estado, as
lidade social e a ordem pública. A isso se convencionou chamar
manifestações ideológicas contrárias à doutrina nacional-socialis-
“função seletiva do tipo”.
ta, os subversivos e assim por diante. Não pode existir, portanto,
A missão de detectar os anseios nas manifestações sociais é
um direito penal do autor, mas sim do fato.
específica de quem detém mandato popular. Ao Poder Legislativo
cabe, por conseguinte, a exclusiva função de selecionar as condu-
Princípio da imputação pessoal: o direito penal não pode cas-
tas mais perniciosas ao convívio social e defini-las como delitos,
tigar um fato cometido por quem não reúna capacidade mental su- associando-lhes penas. A discussão sobre esses critérios escapa
ficiente para compreender o que faz ou de se determinar de acordo à formação predominantemente técnica do Poder Judiciário. Daí
com esse entendimento. Não pune os inimputáveis. por que, em atenção ao princípio da separação dos Poderes, ínsito
em nosso Texto Constitucional (art. 2º, III), o controle judicial de
Princípio da personalidade: ninguém pode ser responsabili- constitucionalidade material do tipo deve ser excepcional e exer-
zado por fato cometido por outra pessoa. A pena não pode passar cido em caso de flagrante atentado aos princípios constitucionais
da pessoa do condenado (CF, art. 5º, XLV). sensíveis. Não padecendo de vícios explícitos em seu conteúdo,
não cabe ao magistrado determinar o expurgo do crime de nos-
Princípio da responsabilidade subjetiva: nenhum resultado so ordenamento jurídico, sob o argumento de que não reflete um
objetivamente típico pode ser atribuído a quem não o tenha pro- verdadeiro anseio popular. O controle material é, por essa razão,
duzido por dolo ou culpa, afastando-se a responsabilidade obje- excepcional e deve ser feito apenas em casos óbvios de afronta a
tiva. Do mesmo modo, ninguém pode ser responsabilizado sem direitos fundamentais do homem.
que reúna todos os requisitos da culpabilidade. Por exemplo: nos
crimes qualificados pelo resultado, o resultado agravador não pode “PREVENÇÃO” E SEUS DIVERSOS CONTEÚDOS.
ser atribuído a quem não o tenha causado pelo menos culposamen-
te. Tome-se o exemplo de um sujeito que acaba de conhecer um Existe um setor doutrinário que identifica a prevenção com o
hemofílico e, após breve discussão, lhe faz um pequeno corte no mero efeito dissuasório da pena. Prevenir equivale a dissuadir o
braço. Em face da patologia já existente, a vítima sangra até mor- infrator potencial com a ameaça do castigo. A prevenção é conce-
rer. O agente deu causa à morte (conditio sine qua non), mas não bida com prevenção criminal e opera no processo da motivação
responde por ela, pois não a causou com dolo (quem quer matar do infrator.
corta a artéria aorta, não o braço), nem com culpa (não tinha como Outros autores ampliam o conceito de prevenção, salientando
prever o desfecho trágico, pois desconhecia a existência do proble- que ele compreende o efeito dissuasório mediato, ou seja indireto,
ma anterior). É a inteligência do art. 19 do CP. que pode ser conseguido por meio de instrumentos não penais que
Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
alteram o “cenário” criminal, modificando alguns dos fatores ou pobre infraestrutura, significativos níveis de desorganização social
elementos do mesmo (espaço físico, desenho arquitetônico e urba- e residência compulsória dos grupos mais conflituosos e neces-
nístico, atitudes das vítimas, efetividade e rendimento do sistema sitados. O espírito reformista desse programa prevê medidas de
legal etc.). reordenação e equipamento urbano, melhorias infraestruturais, do-
Para muitos estudiosos do sistema penitenciário, finalmente, a tação de serviços públicos básicos etc.
prevenção do delito não é um objetivo autônomo da sociedade ou
dos poderes públicos, senão o efeito último perseguido pelos pro- 2) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DO DELITO POR
gramas de reintegração e inserção do condenado. Trata-se, pois, MEIO DO DESENHO ARQUITETÔNICO E URBANÍSTICO:
não tanto de evitar o delito, senão evitar a reincidência do infrator. Tais programas de prevenção orientam-se à reestruturação urba-
Tal conceito de prevenção equipara-se ao de prevenção especial. na e utilizam o desenho arquitetônico para incidir positivamente
Evitar a reincidência do condenado implica em uma intervenção no “habitat” físico e ambiental, procurando neutralizar o elevado
tardia no problema criminal (déficit etiológico). Por outro lado, re- risco de influências que favorecem o comportamento delituoso ou
vela um acentuado traço individualista e ideológico na seleção dos de se tornar vítima desse comportamento que ostentam certos es-
seus destinatários e no desenho dos correspondentes programas paços, assim como modificar, também de forma satisfatória, a es-
(déficit social). Por fim, concede um papel protagonista desmedido trutura “comportamental” do vizinho ou habitante destes lugares.
às instâncias oficiais do sistema legal (déficit comunitário). Assim como o programa de prevenção sobre determinadas “áreas
Contudo, em sentido estrito, prevenir o delito é algo mais. O geográficas”, o programa de prevenção por meio do desenho ar-
conceito de prevenção do delito não pode desvincular-se da gênese quitetônico e urbanístico não previne o delito, somente o desloca
do fenômeno criminal, isto é, reclama uma intervenção dinâmica para outras áreas menos protegidas, deixando intactas as raízes
e positiva que neutralize suas raízes, suas “causas”. A prevenção profundas do problema criminal e tem uma inspiração policial e
deve ser contemplada como prevenção “social”, ou seja, como mo- defensiva, é dizer, não etiológica.
bilização de todos os setores comunitários para enfrentar solida-
riamente um problema “social”. Nesse contexto, há de se destacar 3) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO “VITIMÁRIA”: A
a concepção doutrinária decorrente da classificação dos níveis de prevenção orientada para vítimas parte de uma comprovação em-
prevenção em primária, secundária e terciária. A distinção baseia- pírica não questionada por ninguém, isto é, o risco de se tornar
se em diversos critérios : na maior ou menor relevância etiológica vítima não se reparte de forma igual e uniforme na população nem
dos respectivos programas, nos destinatários aos quais se dirigem, é produto do azar ou da fatalidade: trata-se de um risco diferen-
nos instrumentos e mecanismos que utilizam, nos seus âmbitos e ciado, calculável, cuja maior ou menor probabilidade depende de
fins perseguidos. diversas variáveis pessoais, situacionais, sociais (relacionadas, em
Conforme tal classificação, os programas de prevenção pri- princípio, com a própria vítima).
mária orientam-se à raiz do conflito criminal, para neutralizá-los Os programas de prevenção de orientado para vítimas, poten-
antes que o problema se manifeste. Busca atingir um nível de ciais ou não, pretendem informar - e conscientizar - as vítimas
socialização proveitosa de acordo com os objetivos sociais. Edu- potenciais dos riscos que assumem, com a finalidade de fomen-
cação, habitação, trabalho, bem estar social e qualidade de vida tar atitudes maduras de responsabilidade, autocontrole, em defesa
são os âmbitos essenciais para uma prevenção primária, que opera dos seus próprios interesses. Perseguem também, uma mudança
sempre a longo e médio prazo e se dirige a todos os cidadãos. de mentalidade da sociedade em relação à vítima do delito: maior
A chamada prevenção secundária, por sua parte, atua mais sensibilidade, solidariedade com quem padece as consequências
tarde em termos etiológicos, ou seja, no momento onde se mani- dele.
festa ou se exterioriza o conflito criminal. Opera a curto e médio 4) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DO DELITO DE INS-
prazo e se orienta seletivamente a concretos (particulares) setores PIRAÇÃO POLÍTICO-SOCIAL: Uma Política Social progressi-
da sociedade, àqueles grupos e subgrupos que ostentam maior ris- va, se converte, então, no melhor instrumento preventivo da crimi-
co de padecer ou protagonizar o problema criminal. A prevenção nalidade, já que desde o ponto de vista “etiológico” - pode intervir
secundária conecta-se com a política legislativa penal, assim como positivamente nas causas últimas do problema, do qual o crime
com a ação policial. é um mero sintoma ou indicador. Os programas com esta orien-
Programas de prevenção policial, de controle dos meios de tação político - social são, na verdade, programas de prevenção
comunicação, de ordenação urbana e utilização do desenho arqui- “primária”: genuína e autêntica prevenção. Pois se cada sociedade
tetônico como instrumento de autoproteção, desenvolvidos em tem o crime que merece, uma sociedade mais justa que assegura a
bairros de classes menos favorecidas, são exemplos de prevenção todos os seus membros um acesso efetivo às cotas satisfatórias de
secundária. bem - estar e qualidade de vida - em seus diversos âmbitos (saúde,
Dentre os inumeráveis programas de prevenção conhecidos, educação e cultura, casa etc.) - reduz correlativamente sua intensi-
vejamos uma breve informação sobre os pressupostos teóricos, dade conflituosa assim como as taxas de delinquência. E os reduz,
principais diretrizes e conteúdos de alguns deles: ademais, de modo mais justo e racional, combinando a máxima
efetividade com o menor custo social.
1) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO SOBRE DETERMI-
NADAS “ÁREAS GEOGRÁFICAS”: Seu pressuposto doutriná- 5) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DA CRIMINALIDA-
rio consiste na existência de um determinado espaço, geográfica e DE DE ORIENTAÇÃO “COGNITIVA”: Se a aquisição de ha-
socialmente delimitado, em todos os núcleos urbanos industriali- bilidades cognitivas tem demonstrado ser uma eficaz técnica de
zados, que concentra os mais elevados índices de criminalidade: intervenção reintegradora, porque isola o delinquente de influên-
são áreas muito deterioradas, com péssimas condições de vida, cias perversas, parece lógico supor que uma tempestiva aquisição
Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
pelo jovem de tais habilidades evitaria que este tivesse participa- a) Marquês de Beccaria.
ção em comportamentos delitivos. Sua eficácia, pois, alcança não b) Césare Lombroso.
só o âmbito da intervenção (“tratamento”), senão também o da c) Francesco Carrara.
“prevenção”. d) Pellegrino Rossi.
e) Enrico Pessina.
6) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DA REINCIDÊNCIA:
Embora este tipo de programa não contemple a prevenção como 3. Segundo a teoria behaviorista, o homem comete um delito
objetivo específico imediato, haja vista dirigir-se, antes de tudo, ao porque e seu comportamento
condenado - ou ao infrator - com a pretensão de evitar que o mes- a) é uma resposta às causas ou fatores que o levam à prática
mo volte a delinquir. São, pois, programas de prevenção terciária, do crime.
que tratam de evitar a reincidência do infrator, não de prevenir o b) decorre de sua própria natureza humana, independentemen-
“desvio primário”. Muito destes programas, como se verá, perten- te de fatores internos ou externos.
cem mais à problemática da “intervenção” (ou “tratamento”) que c) é dominado por uma vontade insana de praticar um crime.
à prevenção, entendida em sentido estrito. Outros correspondem d) não permite a distinção entre o bem e o mal.
ao conhecido modelo dos “substitutivos” penais: baseia-se em fór- e) impede-o de entender o caráter delituoso da ação praticada.
mulas alternativas à intervenção drástica do sistema legal (quando
4. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) É correto
se trata de conflitos pouco graves) para liberar o infrator do seu
afirmar que a Criminologia contemporânea tem por objetos
inevitável impacto gerado por estigmas.
(A) o delito, o delinquente, a vítima e o controle social.
(B) a tipificação do delito e a cominação da pena.
BASES DE UMA MODERNA POLÍTICA CRIMINAL (C) apenas o delito, o delinquente e o controle social.
DE PREVENÇÃO DE DELITOS. (D) apenas o delito e o delinquente.
Uma moderna política criminal de prevenção do delito deve (E) apenas a vítima e o controle social.
levar em conta as seguintes bases:
- O objetivo último de uma eficaz política de prevenção não 5. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) O compor-
consiste em erradicar o crime, senão em controlá-lo razoavelmente. tamento inadequado da vítima que de certo modo facilita, instiga
- No marco de um Estado social e democrático de Direito, ou provoca a ação de seu verdugo é denominado
a prevenção do delito suscita inevitavelmente o problema dos (A) vitimização terciária.
“meios” ou “instrumentos” utilizados, assim como dos “custos” (B) vitimização secundária.
sociais da prevenção. (C) periculosidade vitimal.
- Prevenir significa intervir na etiologia do problema criminal, (D) vitimização primária.
neutralizando suas “causas”. (E) vitimologia.
- A efetividade dos programas de prevenção deve ser progra-
mada a médio e longo prazo. 6. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Perito Criminal) Assinale a
- A prevenção deve ser contemplada, antes de tudo, como pre- alternativa correta.
venção “social” e “comunitária”, precisamente porque o crime é (A) No modelo clássico (tradicional) de Justiça Criminal, a
um problema social e comunitário. vítima é encarada como mero objeto, pois dela se espera que cum-
- A prevenção do delito implica em prestações positivas, con- pra seu papel de testemunha, com todos os inconvenientes e riscos
tribuições e esforços solidários que neutralizem situações de ca- que isso acarreta.
rência, conflitos, desequilíbrios, necessidades básicas. (B) A Vitimologia não possui relação com a Sociologia.
- A prevenção científica e eficaz do delito, pressupõe uma de- (C) A Vitimologia não estuda a vítima e suas relações com o
finição mais complexa e aprofundada do “cenário criminal“, assim infrator e com o sistema de persecução criminal.
como nos fatores que nele interagem. (D) A Vitimologia não possui relação com a Criminologia.
- Pode-se também evitar o delito mediante a prevenção da re- (E) No modelo clássico (tradicional) de Justiça Criminal, a ví-
tima é encarada como sujeito passivo da relação jurídica, pois dela
incidência. Mas, desde logo, melhor que prevenir “mais” delitos,
se espera que cumpra seu papel de ofendido, com todos os direitos
seria “produzir” ou “gerar” menos criminalidade.
e deveres que isso acarreta.
EXERCÍCIOS
7. (MPE-SC - 2013 - MPE-SC - Promotor de Justiça) A po-
lítica criminal do Direito Penal Funcional sustenta, como moderni-
1. A criminologia é uma ciência que dispõe de leis zação funcional no combate à “criminalidade moderna”, uma mu-
a) imutáveis e evolutivas. dança semântico-dogmática, tal como: “perigo” em vez de dano;
b) inflexíveis e evolutivas. “risco” em vez de ofensa efetiva a um bem jurídico; “abstrato” em
c) permanentes e flexíveis. vez de concreto; “tipo aberto” em vez de fechado; e “bem jurídico
d) flexíveis e restritivas. coletivo” em vez de individual.
e) evolutivas e flexíveis.
a) VERDADEIRA
2. “L’uomo delinquente” ou “O homem delinquente” é uma b) FALSA
obra clássica da criminologia, de autoria de
Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
8. (MPE-SC - 2013 - MPE-SC - Promotor de Justiça) A 13. As modalidades preventivas nas quais se inserem os pro-
criminalização primária, realizada pelos legisladores, é o ato e o gramas de policiamento orientado à solução de problemas e de
efeito de sancionar uma lei penal material que incrimina ou per- policiamento comunitário, assim como outros programas de apro-
mite a punição de determinadas pessoas; enquanto a criminaliza- ximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas na cate-
ção secundária, exercida por agências estatais como o Ministério goria de prevenção primária.
Público, Polícia e Poder Judiciário, consistente na ação punitiva
exercida sobre pessoas concretas, que acontece quando é detectado a) CERTO
uma pessoa que se supõe tenha praticado certo ato criminalizado b) ERRADO
primariamente.
14. Na terminologia criminológica, criminalização primária
equivale à chamada prevenção primária.
a) VERDADEIRA
a) CERTO
b) FALSA
b) ERRADO
9. (MPE-SC - 2013 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Em 15. A prevenção terciária, considerada intervenção tardia e
sede de Política Criminal, o Direito Penal de segunda velocidade, parcial, destina-se exclusivamente à população carcerária, obje-
identificado, por exemplo, quando da edição das Leis dos Crimes tivando evitar a reincidência, mas não atua nas condições gerais
Hediondos e do Crime Organizado, compreende a utilização da que favorecem a ocorrência de episódios violentos.
pena privativa de liberdade e a permissão de uma flexibilização de a) CERTO
garantias materiais e processuais. b) ERRADO
a) VERDADEIRA GABARITO:
b) FALSA
1 E
10. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) Enten-
2 B
de(m)-se por prevenção primária
(A) as ações policiais dirigidas aos indivíduos vulneráveis. 3 A
(B) as políticas públicas dirigidas aos grupos de risco. 4 A
(C) aquela dirigida exclusivamente ao preso, em busca de sua 5 C
reinserção familiar e/ou social. 6 A
(D) o trabalho de conscientização social, o qual atua no fenô-
meno criminal, em sua etiologia. 7 A
(E) aquela que age em momento posterior ao crime ou na imi- 8 A
nência de seu acontecimento. 9 B
10 D
11. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia) A
atuação das polícias, do ministério público e da justiça criminal, 11 A
quando focada em determinados grupos ou setores da sociedade, 12 A
por possuírem maior risco de praticar o crime ou de ser vitimados 13 B
por este, constitui programa de prevenção 14 B
(A) secundária.
(B) quaternária. 15 A
(C) primária.
(D) quinária.
Algumas Questões da prova anterior (para fixação do con-
(E) terciária.
teúdo)
12. (CESPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia) 1. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) A
No que se refere à prevenção da infração penal, julgue os próximos Criminologia dos dias atuais
itens. (A) é uma ciência empírica, interdisciplinar, multidisciplinar
e integrada.
Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação (B) é uma ciência jurídica, autônoma, não controlável e sis-
urbana, orientadas a determinados grupos ou subgrupos sociais, tematizada.
estão inseridas no âmbito da chamada prevenção secundária do (C) não é considerada uma ciência, mas parte do Direito Pe-
delito. nal.
(D) não é considerada uma ciência, mas parte da Sociologia.
a) CERTO (E) não é considerada uma ciência, mas parte da Antropologia.
b) ERRADO
Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
2. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) São GABARITO:
teorias do consenso as teorias
(A) da desorganização social; da identificação diferencial; da 1 A
criminologia crítica.
(B) do etiquetamento; da associação diferencial; do conflito 2 E
cultural. 3 B
(C) da criminologia crítica; da subcultura; do estrutural fun- 4 A
cionalismo.
5 C
(D) da criminologia radical; da associação diferencial; da
identificação diferencial.
(E) da desorganização social; da neutralização; da associação
diferencial.
Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE LÓGICA
NOÇÕES DE LÓGICA
5. Proposições simples e compostas
4.1. CONCEITOS INICIAIS DO As proposições simples são assim caracterizadas por apresen-
tarem apenas uma ideia. São indicadas pelas letras minúsculas: p,
RACIOCÍNIO LÓGICO: PROPOSIÇÕES,
q, r, s, t...
VALORES LÓGICOS, CONECTIVOS, As proposições compostas são assim caracterizadas por apre-
TABELAS-VERDADE, TAUTOLOGIA, sentarem mais de uma proposição conectadas pelos conectivos ló-
CONTRADIÇÃO, EQUIVALÊNCIA gicos. São indicadas pelas letras maiúsculas: P, Q, R, S, T...
ENTRE PROPOSIÇÕES, NEGAÇÃO DE Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando que a
UMA PROPOSIÇÃO, VALIDADE DE proposição composta Q é formada pelas proposições simples r, s
ARGUMENTOS. e t.
4.2. ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA Exemplo:
DE ARGUMENTAÇÃO. Proposições simples:
4.3. QUESTÕES DE ASSOCIAÇÃO. p: Meu nome é Raissa
4.4. VERDADES E MENTIRAS. q: São Paulo é a maior cidade brasileira
r: 2+2=5
4.5. DIAGRAMAS LÓGICOS
s: O número 9 é ímpar
(SILOGISMOS). t: O número 13 é primo
Proposições compostas
P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12.
Estruturas lógicas Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3.
1. Proposição R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo.
Proposição ou sentença é um termo utilizado para exprimir
ideias, através de um conjunto de palavras ou símbolos. Este con- 6. Tabela-Verdade
junto descreve o conteúdo dessa ideia. A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógico de
São exemplos de proposições: uma proposição composta, sendo que os valores das proposições
p: Pedro é médico. simples já são conhecidos. Pois o valor lógico da proposição com-
q: 5 > 8 posta depende do valor lógico da proposição simples.
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite. A seguir vamos compreender como se constrói essas tabelas-
verdade partindo da árvore das possibilidades dos valores lógicos
2. Princípios fundamentais da lógica das preposições simples, e mais adiante veremos como determinar
Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é. O que o valor lógico de uma proposição composta.
é, é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta a Parménides
de Eleia. Proposição composta do tipo P(p, q)
Principio da não contradição: Uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa, ao mesmo tempo.
Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só pode ser
verdadeira ou falsa.
3. Valor lógico
Considerando os princípios citados acima, uma proposição é
classificada como verdadeira ou falsa.
Sendo assim o valor lógico será:
- a verdade (V), quando se trata de uma proposição verdadeira. Proposição composta do tipo P(p, q, r)
- a falsidade (F), quando se trata de uma proposição falsa.
4. Conectivos lógicos
Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar as pro-
posições formando novas sentenças.
Os principais conectivos lógicos são:
~ não
∧ e Proposição composta do tipo P(p, q, r, s)
A tabela-verdade possui 24 = 16 linhas e é formada igualmente
V Ou
as anteriores.
→ se…então
↔ se e somente se
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE LÓGICA
p = 2 é par p = 7 + 5 < 4
q = o céu é rosa q = 2 é um número primo
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo.
P q pΛq P q p→q
V F F F V V
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE LÓGICA
p = 25 é múltiplo de 2
q = 12 < 3
p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3.
P q p→q
F F V
P q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V
Exemplo
p = 24 é múltiplo de 3
q = 6 é ímpar
= 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar.
P q p↔q
V F F
Exemplo
Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) → (p ⋀ q), onde p e q são
duas proposições simples.
Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4 linhas, logo:
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE LÓGICA
b) Valores lógicos de ~P
d) Valores lógicos de p Λ q
13. Tautologia
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for sempre verdadeira,
independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem.
Exemplos:
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela não passou no concurso do INSS
• Não é verdade que o professor Zambeli parece com o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé gotinha.
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.
Exemplo:
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai para segunda divisão
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE LÓGICA
Exemplo 16. Implicação lógica
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu valor
lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade. Definição
A proposição P implica a proposição Q, quando a condicio-
p ~P pVq nal P → Q for uma tautologia.
O símbolo P ⇒ Q (P implica Q) representa a implicação ló-
V F V gica.
F V V
Diferenciação dos símbolos → e ⇒
Exemplo O símbolo → representa uma operação matemática entre as
A proposição (p Λ q) → (p q) é uma tautologia, pois a última proposições P e Q que tem como resultado a proposição P → Q,
coluna da tabela-verdade só possui V. com valor lógico V ou F.
O símbolo ⇒ representa a não ocorrência de VF na tabe-
p q pΛq p↔q (p Λ q)→(p↔q) la-verdade de P → Q, ou ainda que o valor lógico da condicio-
nal P → Q será sempre V, ou então que P → Q é uma tautologia.
V V V V V
V F F F V Exemplo
F V F F V A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será:
F F F V V
p q pΛq P↔Q (p Λ q)→(P↔Q)
14. Contradição V V V V V
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposi-
ções p, q, r, ... será dita uma contradição se ela for sempre falsa, V F F F V
independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ...
que a compõem F V F F V
Exemplos: F F F V V
• O Zorra total é uma porcaria e Zorra total não é uma porcaria
• Suelen mora em Petrópolis e Suelen não mora em Petrópolis Portanto, (p Λ q) → (p ↔ q) é uma tautologia, por isso (p Λ
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única q) ⇒ (p ↔q)
proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.
Exemplo: 17. Equivalência lógica
Lula é o presidente do Brasil e Lula não é o presidente do
Brasil Definição
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de Há equivalência entre as proposições P e Q somente quando a
“~p” e o conetivo de “^” bicondicional P ↔ Q for uma tautologia ou quando P e Q tiverem
Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte for- a mesma tabela-verdade. P ⇔ Q (P é equivalente a Q) é o símbolo
ma: p ^ ~p que representa a equivalência lógica.
Exemplo Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔
A proposição (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição, pois o seu O símbolo ↔ representa uma operação entre as propo-
valor lógico é sempre F conforme a tabela-verdade. Que significa sições P e Q, que tem como resultado uma nova proposi-
que uma proposição não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo ção P ↔ Q com valor lógico V ou F.
tempo, isto é, o princípio da não contradição. O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e de FV na
tabela-verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógico de P ↔ Q é
p ~P q Λ (~q) sempre V, ou então P ↔ Q é uma tautologia.
V F F
Exemplo
F V F A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será:
15. Contingência
Quando uma proposição não é tautológica nem contra válida, p q ~q ~p p→q ~q→~p (p→q)↔(~q→~p)
a chamamos de contingência ou proposição contingente ou propo- V V F F V V V
sição indeterminada. V F V F F F V
A contingência ocorre quando há tanto valores V como F
na última coluna da tabela-verdade de uma proposição. Exem- F V F V V V V
plos: P∧Q , P∨Q , P→Q ... F F V V V V V
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE LÓGICA
Portanto, p → q é equivalente a ~q → ~p, pois estas proposi- Equivalências da Condicional
ções possuem a mesma tabela-verdade ou a bicondicional (p → q)
↔ (~q → ~p) é uma tautologia. As duas equivalências que se seguem são de fundamental
Veja a representação: importância. Estas equivalências podem ser verificadas, ou seja,
(p → q) ⇔ (~q → ~p) demonstradas, por meio da comparação entre as tabelas-verdade.
Fica como exercício para casa estas demonstrações. As equivalên-
EQUIVALÊNCIAS LOGICAS NOTÁVEIS cias da condicional são as seguintes:
Dizemos que duas proposições são logicamente equivalentes 1) Se p então q = Se não q então não p.
(ou simplesmente equivalentes) quando os resultados de suas tabe- Ex: Se chove então me molho = Se não me molho então não
las-verdade são idênticos. chove
Uma consequência prática da equivalência lógica é que ao tro-
car uma dada proposição por qualquer outra que lhe seja equiva- 2) Se p então q = Não p ou q.
lente, estamos apenas mudando a maneira de dizê-la. Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo ou passo
A equivalência lógica entre duas proposições, p e q, pode ser no concurso
representada simbolicamente como: p q, ou simplesmente por p Colocando estes resultados em uma tabela, para ajudar a me-
= q. morização, teremos:
Começaremos com a descrição de algumas equivalências ló-
gicas básicas.
Equivalências Básicas
1. p e p = p
Ex: André é inocente e inocente = André é inocente Equivalências com o Símbolo da Negação
Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão somen-
2. p ou p = p te, das negações das proposições compostas! Lembremos:
Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cinema
3. p e q = q e p
Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte
4. p ou q = q ou p
Ex: O carro é branco ou azul = O carro é azul ou branco
5. p ↔ q = q ↔ p
Ex: Amo se e somente se vivo = Vivo se e somente se amo.
Outras equivalências
Algumas outras equivalências que podem ser relevantes são
as seguintes:
1) p e (p ou q) = p
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é médico =
Paulo é dentista
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE LÓGICA
2) p ou (p e q) = p C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o mais
Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é médico = novo da classe.
Paulo é dentista D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o mais
velho da classe.
Por meio das tabelas-verdade estas equivalências podem ser E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais novo da
facilmente demonstradas. classe.
Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela seguinte:
p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais novo
da classe.
~p=Pedro não é o mais velho da classe.
~q=Jorge não é o mais novo da classe.
~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe ou Jorge
não é o mais novo da classe.
NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
3. (PC-MA - Farmacêutico Legista - FGV/2012)
Em frente à casa onde moram João e Maria, a prefeitura está
fazendo uma obra na rua. Se o operário liga a britadeira, João sai
de casa e Maria não ouve a televisão. Certo dia, depois do almoço,
Maria ouve a televisão.
Pode-se concluir, logicamente, que
A) João saiu de casa.
B) João não saiu de casa.
C) O operário ligou a britadeira.
Questoes comentadas: D) O operário não ligou a britadeira.
E) O operário ligou a britadeira e João saiu de casa.
1. (PROCERGS - Técnico de Nível Médio - Técnico em Se- “Se o operário liga a britadeira, João sai de casa e Maria não
gurança do Trabalho - FUNDATEC/2012) A proposição “João ouve a televisão”, logo se Maria ouve a televisão, a britadeira não
comprou um carro novo ou não é verdade que João comprou um pode estar ligada.
carro novo e não fez a viagem de férias.” é:
A) um paradoxo. (TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012)
B) um silogismo. Em decisão proferida acerca da prisão de um réu, depois de
C) uma tautologia. constatado pagamento de pensão alimentícia, o magistrado determi-
D) uma contradição. nou: “O réu deve ser imediatamente solto, se por outro motivo não
E) uma contingência. estiver preso”.
Considerando que a determinação judicial corresponde a uma
Tautologia é uma proposição composta cujo resultado é sem- proposição e que a decisão judicial será considerada descumprida
pre verdadeiro para todas as atribuições que se têm, independente- se, e somente se, a proposição correspondente for falsa, julgue os
mente dessas atribuições. itens seguintes.
Rodrigo, posso estar errada, mas ao construir a tabela-verdade
com a proposição que você propôs não vamos ter uma tautologia, 4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo outro moti-
mas uma contingência. vo para estar preso, então, a decisão judicial terá sido descumprida.
A proposição a ser utilizada aqui seria a seguinte: P v ~(P ^ ~Q), A) Certo
que, ao construirmos a tabela-verdade ficaria da seguinte forma: B) Errado
P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q) P V ~(P/\~Q) A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente solto, se por
outro motivo não estiver preso”, logo se o réu continuar preso sem
V V F F V V outro motivo para estar preso, será descumprida a decisão judicial.
V F V V F V
F V F F V V 5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo outro
motivo para permanecer preso, então, a decisão judicial terá sido
F F V F V V descumprida.
A) Certo
2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012) B) Errado
A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho da
classe ou Jorge é o mais novo da classe” é P = se houver outro motivo
A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o mais Q = será solto
velho da classe. A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V
B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais novo A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V
da classe. Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse V + F = F
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE LÓGICA
6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro mo- A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B” (AB)
tivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for imediata- será da forma:
mente solto, então, ele está preso por outro motivo” são logica- ~(A B) A^ ~B
mente equivalentes. Ou seja, para negarmos uma proposição composta represen-
A) Certo tada por uma condicional, devemos confirmar sua primeira parte
B) Errado (“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo conectivo conjun-
ção (“^”) e negarmos sua segunda parte (“~ B”). Assim, teremos:
O réu não estiver preso por outro motivo = ~P RESPOSTA: “B”.
Deve ser imediatamente solto = S
Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser imedia- 10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CE-
tamente solto=P S TRO/2012) Se Viviane não dança, Márcia não canta. Logo,
Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está preso por A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia cantar.
outro motivo = ~SP B) Viviane não dançar é condição necessária para Márcia não
De acordo com a regra de equivalência (A B) = (~B ~A) a cantar.
questão está correta. C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia cantar.
D) Viviane não dançar é condição suficiente para Márcia can-
7. A negação da proposição relativa à decisão judicial estará tar.
corretamente representada por “O réu não deve ser imediatamente E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia não can-
solto, mesmo não estando preso por outro motivo”. tar.
A) Certo
B) Errado Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na forma de
condição suficiente e condição necessária:
“O réu deve ser imediatamente solto, se por outro
motivo não estiver preso” está no texto, assim: “Se Viviane não dança, Márcia não canta”
P = “Por outro motivo não estiver preso”
Q = “O réu deve ser imediatamente solto” 1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição suficiente
PQ, a negação ~(P Q) = P e ~Q para Márcia não cantar. Não há RESPOSTA: para essa possibi-
lidade.
P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve ser
imediatamente solto”
2ª possibilidade: Márcia não cantar é condição necessária para
Viviane não dançar.. Não há RESPOSTA: para essa possibilidade.
8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um
Não havendo RESPOSTA: , modificaremos a condicional
antropólogo estadunidense chega ao Brasil para aperfeiçoar seu
inicial, transformando-a em outra condicional equivalente, nesse
conhecimento da língua portuguesa. Durante sua estadia em nos-
caso utilizaremos o conceito da contrapositiva ou contra posição:
so país, ele fica muito intrigado com a frase “não vou fazer coisa
pq ~q ~p
nenhuma”, bastante utilizada em nossa linguagem coloquial. A
“Se Viviane não dança, Márcia não canta” “Se Márcia canta,
dúvida dele surge porque Viviane dança”
A) a conjunção presente na frase evidencia seu significado. Transformando, a condicional “Se Márcia canta, Viviane dan-
B) o significado da frase não leva em conta a dupla negação. ça” na forma de condição suficiente e condição necessária, obtere-
C) a implicação presente na frase altera seu significado. mos as seguintes possibilidades:
D) o significado da frase não leva em conta a disjunção. 1ª possibilidade: Márcia cantar é condição suficiente para Vi-
E) a negação presente na frase evidencia seu significado. viane dançar. Não há RESPOSTA: para essa possibilidade.
2ª possibilidade: Viviane dançar é condição necessária para
~(~p) é equivalente a p Márcia cantar.
Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar. RESPOSTA: “C”.
RESPOSTA: “B”.
11. (BRDE - ANALISTA DE SISTEMAS - AOCP/2012)
9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário - Considere a sentença: “Se Ana é professora, então Camila é médi-
ESAF/2012) A negação da proposição “se Paulo estuda, então ca.” A proposição equivalente a esta sentença é
Marta é atleta” é logicamente equivalente à proposição: A) Ana não é professora ou Camila é médica.
A) Paulo não estuda e Marta não é atleta. B) Se Ana é médica, então Camila é professora.
B) Paulo estuda e Marta não é atleta. C) Se Camila é médica, então Ana é professora.
C) Paulo estuda ou Marta não é atleta. D) Se Ana é professora, então Camila não é médica.
D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta. E) Se Ana não é professora, então Camila não é médica.
E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta.
Existem duas equivalências particulares em relação a uma
condicional do tipo “Se A, então B”.
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE LÓGICA
1ª) Pela contrapositiva ou contraposição: “Se A, então B” é 14. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Se P for
equivalente a “Se ~B, então ~A” F e P v Q for V, então Q é V.
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equiva- ( )Certo ( ) Errado
lente a:
“Se Camila não é médica, então Ana não é professora.” Lembramos que uma disjunção simples, na forma: “P vQ”,
será verdadeira (V) se, pelo menos, uma de suas partes for ver-
2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A, então dadeira (V). Nesse caso, se “P” for falsa e “PvQ” for verdadeira,
B” é equivalente a “~A ou B” então “Q” será, necessariamente, verdadeira.
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equiva- Resposta: CERTO.
lente a:
“Ana não é professora ou Camila é médica.” (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013)
Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que esta P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
configura no gabarito. P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.
RESPOSTA: “A”. P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
P4: Há criminosos livres.
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Consideran- C: Portanto a criminalidade é alta.
do que P e Q representem proposições conhecidas e que V e F re- Considerando o argumento apresentado acima, em que P1, P2,
presentem, respectivamente, os valores verdadeiro e falso, julgue P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, julgue os itens subse-
os próximos itens. (374 a 376) quentes. (377 e 378)
12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/DF 15. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) O argu-
– Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições Q e P (¬ mento apresentado é um argumento válido.
Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, P for F. ( )Certo ( ) Errado
( )Certo ( ) Errado
Verificaremos se as verdades das premissas P1, P2, P3 e P4
Observando a tabela-verdade da proposição composta “P (¬ sustentam a verdade da conclusão. Nesse caso, devemos conside-
Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”, temos: rar que todas as premissas são, necessariamente, verdadeiras.
P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta. (V)
P Q ¬Q P→(¬Q) P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz. (V)
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres. (V)
V V F F P4: Há criminosos livres. (V)
V F V V Portanto, se a premissa P4 – proposição simples – é verdadei-
F V F V ra (V), então a 2ª parte da condicional representada pela premissa
P3 será considerada falsa (F). Então, veja:
F F V V
P(P;Q) = VFVV
Portanto, essa proposição composta é uma contingência ou
indeterminação lógica.
Resposta: ERRADO.
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE LÓGICA
Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples) e O argumento pode ser representado da seguinte forma:
conhecendo-se o valor lógico de uma das partes como falsa (F),
então o valor lógico da outra parte deverá ser, necessariamente,
verdadeira (V). Lembramos que, uma disjunção simples será con-
siderada verdadeira (V), quando, pelo menos, uma de suas partes
for verdadeira (V).
EXEMPLOS:
1. Todos os cariocas são alegres.
Todas as pessoas alegres vão à praia
Todos os cariocas vão à praia.
2. Todos os cientistas são loucos.
Einstein é cientista.
Einstein é louco!
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE LÓGICA
EXEMPLO: CONCLUSÕES
Todo ser humano têm mãe.
Todos os homens são humanos. VALIDADE DE UM ARGUMENTO
Todos os homens têm mãe. Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de um argu-
mento dedutivo diremos que ele é válido ou inválido. Atente-
2) O argumento será INDUTIVO quando suas premissas não se para o fato que todos os argumentos indutivos são inválidos,
fornecerem o “apoio completo” para ratificar as conclusões. Por- portanto não há de se falar em validade de argumentos indutivos.
tanto, nos argumentos indutivos, a conclusão possui informações A validade é uma propriedade dos argumentos que depende
que ultrapassam as fornecidas nas premissas. Sendo assim, não se apenas da forma (estrutura lógica) das suas proposições (premissas
aplica, então, a definição de argumentos válidos ou não válidos e conclusões) e não do seu conteúdo.
para argumentos indutivos.
Argumento Válido
EXEMPLO: Um argumento será válido quando a sua conclusão é uma con-
O Flamengo é um bom time de futebol. sequência obrigatória de suas premissas. Em outras palavras, po-
O Palmeiras é um bom time de futebol. demos dizer que quando um argumento é válido, a verdade de suas
O Vasco é um bom time de futebol. premissas deve garantir a verdade da conclusão do argumento.
O Cruzeiro é um bom time de futebol. Isso significa que, se o argumento é válido, jamais poderemos che-
Todos os times brasileiros de futebol são bons. gar a uma conclusão falsa quando as premissas forem verdadeiras.
Note que não podemos afirmar que todos os times brasileiros
são bons sabendo apenas que 4 deles são bons. Exemplo: (CESPE) Suponha um argumento no qual as pre-
missas sejam as proposições I e II abaixo.
Exemplo: (FCC) Considere que as seguintes afirmações são I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz.
verdadeiras: II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco.
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.” Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulheres desem-
“Existem crianças que são inteligentes.” pregadas vivem pouco”, tem-se um argumento correto.
Assim sendo, certamente é verdade que:
(A) Alguma criança inteligente não gosta de passear no Me- SOLUÇÃO:
trô de São Paulo. Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver artigo
(B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de São sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução, teremos:
Paulo é inteligente. I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz. =
(C) Alguma criança não inteligente não gosta de passear no Toda mulher desempregada é infeliz.
Metrô de São Paulo. II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. = Toda
(D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de São Paulo mulher infeliz vive pouco.
é inteligente.
(E) Toda criança inteligente não gosta de passear no Metrô
de São Paulo.
SOLUÇÃO:
Representando as proposições na forma de conjuntos (diagra-
mas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos) teremos:
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
“Existem crianças que são inteligentes.”
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE LÓGICA
Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se Ana 2. As proposições “Luiz joga basquete porque Luiz é alto”
cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, mas (e) Ana e “Luiz não é alto porque Luiz não joga basquete” são logica-
não cometeu um crime perfeito, então Ana é suspeita. mente equivalentes.
A) Certo
SOLUÇÃO: B) Errado
Representando as premissas do enunciado na forma de dia- Resposta: A.
gramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), obteremos: São equivalentes por que “Luiz não é alto porque Luiz não
Premissas: joga basquete” nega as duas partes da proposição, a deixando equi-
“Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspei- valente a primeira.
ta” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito não é suspeita”.
“Ana não cometeu um crime perfeito”. 3. A sentença “A justiça e a lei nem sempre andam pelos
Conclusão: mesmos caminhos” pode ser representada simbolicamente
“Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, apenas as por PΛQ, em que as proposições P e Q são convenientemente
premissas!) escolhidas.
A) Certo
B) Errado
Resposta: B.
Não, pois ^ representa o conectivo “e”, e o “e” é usado para
unir A justiça E a lei, e “A justiça” não pode ser considerada uma
proposição, pois não pode ser considerada verdadeira ou falsa.
EXERCICIOS:
Resposta: B.
Fazendo a tabela verdade:
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE LÓGICA
A) Certo Argumento válido é aquele que pode ser concluído a partir das
B) Errado premissas, considerando que as premissas são verdadeiras então
tenho que:
Resposta: A. Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
Fazendo a tabela verdade: Se João disputar a presidência então Pedro não vai disputar;
Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do partido
P Q R (P→Q)^(~R) e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;
Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não disputará
V V V F a presidência.
V V F V
V F V F (PRF - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - Todos os
Cargos - CESPE/2012)
V F F F Um jovem, visando ganhar um novo smartphone no dia
F V V F das crianças, apresentou à sua mãe a seguinte argumentação:
F V F V “Mãe, se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas a
vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem
F F V F da minha idade. Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho
F F F V capacidade para assumir minhas responsabilidades, então não
tenho um mínimo de maturidade. Se não ajo como um homem
TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012) da minha idade, sou tratado como criança. Se não tenho um
mínimo de maturidade, sou tratado como criança. Logo, se sou
tratado como criança, mereço ganhar um novo smartphone no
dia das crianças”.
Com base nessa argumentação, julgue os itens a seguir..
Resposta: B.
Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P
Negação de Proposição: ~ (P ^ Q) = ~ P v ~ Q
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE LÓGICA
7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e “Dependo de mesa-
da”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas
a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha idade”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto que trata-se da
conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.
8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um mínimo de matu-
ridade, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou não tenho um mínimo de ma-
turidade, sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE LÓGICA
Diagramas Lógicos Jornais Leitores
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários pro- A 300
blemas. Uma situação que esses diagramas poderão ser usados, é B 250
na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma C 200
determinada característica.
AeB 70
AeC 65
BeC 105
A, B e C 40
Nenhum 150
Fora dos diagramas teremos 150 elementos que não são leitores
de nenhum dos três jornais.
Na região I, teremos: 70 - 40 = 30 elementos.
Na região II, teremos: 65 - 40 = 25 elementos.
Na região III, teremos: 105 - 40 = 65 elementos.
Marcando o valor da intersecção, então iremos subtraindo esse Na região IV, teremos: 300 - 40 - 30 - 25 = 205 elementos.
valor da quantidade de elementos dos conjuntos A e B. A partir dos Na região V, teremos: 250 - 40 -30 - 65 = 115 elementos.
valores reais, é que poderemos responder as perguntas feitas. Na região VI, teremos: 200 - 40 - 25 - 65 = 70 elementos.
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE LÓGICA
Diagrama de Euler Diagramas de Venn
Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de Venn, mas Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usados em
não precisa conter todas as zonas (onde uma zona é definida como matemática para simbolizar graficamente propriedades, axiomas
a área de intersecção entre dois ou mais contornos). Assim, um e problemas relativos aos conjuntos e sua teoria. Os respectivos
diagrama de Euler pode definir um universo de discurso, isto é, diagramas consistem de curvas fechadas simples desenhadas sobre
ele pode definir um sistema no qual certas intersecções não são um plano, de forma a simbolizar os conjuntos e permitir a repre-
possíveis ou consideradas. Assim, um diagrama de Venn contendo sentação das relações de pertença entre conjuntos e seus elementos
os atributos para Animal, Mineral e quatro patas teria que con- (por exemplo, 4 ∉ {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações
ter intersecções onde alguns estão em ambos animal, mineral e de de continência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, {1, 3}
quatro patas. Um diagrama de Venn, consequentemente, mostra ⊂ {1, 2, 3, 4}). Assim, duas curvas que não se tocam e estão
todas as possíveis combinações ou conjunções. uma no espaço interno da outra simbolizam conjuntos que pos-
suem continência; ao passo que o ponto interno a uma curva repre-
senta um elemento pertencente ao conjunto.
Os diagramas de Venn são construídos com coleções de cur-
vas fechadas contidas em um plano. O interior dessas curvas re-
presenta, simbolicamente, a coleção de elementos do conjunto. De
acordo com Clarence Irving Lewis, o “princípio desses diagramas
é que classes (ou conjuntos) sejam representadas por regiões, com
tal relação entre si que todas as relações lógicas possíveis entre as
classes possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o diagra-
Diagramas de Euler consistem em curvas simples fechadas ma deixa espaço para qualquer relação possível entre as classes, e
(geralmente círculos) no plano que mostra os conjuntos. Os tama- a relação dada ou existente pode então ser definida indicando se
nhos e formas das curvas não são importantes: a significância do alguma região em específico é vazia ou não-vazia”. Pode-se escre-
diagrama está na forma como eles se sobrepõem. As relações es- ver uma definição mais formal do seguinte modo: Seja C = (C1, C2,
paciais entre as regiões delimitadas por cada curva (sobreposição, ... Cn) uma coleção de curvas fechadas simples desenhadas em um
contenção ou nenhuma) correspondem relações teóricas (subcon- plano. C é uma família independente se a região formada por cada
junto interseção e disjunção). Cada curva de Euler divide o plano uma das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o interior ou o
em duas regiões ou zonas estão: o interior, que representa simbo- exterior de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se todas as curvas
licamente os elementos do conjunto, e o exterior, o que represen- se intersectam de todas as maneiras possíveis. Se, além disso, cada
ta todos os elementos que não são membros do conjunto. Curvas uma dessas regiões é conexa e há apenas um número finito de pon-
cujos interiores não se cruzam representam conjuntos disjuntos. tos de interseção entre as curvas, então C é um diagrama de Venn
Duas curvas cujos interiores se interceptam representam conjun- para n conjuntos.
tos que têm elementos comuns, a zona dentro de ambas as curvas Nos casos mais simples, os diagramas são representados por
representa o conjunto de elementos comuns a ambos os conjuntos círculos que se encobrem parcialmente. As partes referidas em um
(intersecção dos conjuntos). Uma curva que está contido comple- enunciado específico são marcadas com uma cor diferente. Even-
tamente dentro da zona interior de outro representa um subconjun- tualmente, os círculos são representados como completamente
to do mesmo. inseridos dentro de um retângulo, que representa o conjunto uni-
Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva de dia- verso daquele particular contexto (já se buscou a existência de um
gramas de Euler. Um diagrama de Venn deve conter todas as pos- conjunto universo que pudesse abranger todos os conjuntos possí-
síveis zonas de sobreposição entre as suas curvas, representando veis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era impossível).
todas as combinações de inclusão / exclusão de seus conjuntos A ideia de conjunto universo é normalmente atribuída a Lewis
constituintes, mas em um diagrama de Euler algumas zonas podem Carroll. Do mesmo modo, espaços internos comuns a dois ou mais
estar faltando. Essa falta foi o que motivou Venn a desenvolver conjuntos representam a sua intersecção, ao passo que a totalidade
seus diagramas. Existia a necessidade de criar diagramas em que dos espaços pertencentes a um ou outro conjunto indistintamente
pudessem ser observadas, por meio de suposição, quaisquer rela- representa sua união.
ções entre as zonas não apenas as que são “verdadeiras”. John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX, am-
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) são pliando e formalizando desenvolvimentos anteriores de Leibniz e
largamente utilizados para ensinar a teoria dos conjuntos no cam- Euler. E, na década de 1960, eles foram incorporados ao currículo
po da matemática ou lógica matemática no campo da lógica. Eles escolar de matemática. Embora seja simples construir diagramas
também podem ser utilizados para representar relacionamentos de Venn para dois ou três conjuntos, surgem dificuldades quando
complexos com mais clareza, já que representa apenas as relações se tenta usá-los para um número maior. Algumas construções pos-
válidas. Em estudos mais aplicados esses diagramas podem ser síveis são devidas ao próprio John Venn e a outros matemáticos
utilizados para provar / analisar silogismos que são argumentos como Anthony W. F. Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith.
lógicos para que se possa deduzir uma conclusão. Além disso, encontram-se em uso outros diagramas similares aos
de Venn, entre os quais os de Euler, Johnston, Pierce e Karnaugh.
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE LÓGICA
Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: suponha-
se que o conjunto A representa os animais bípedes e o conjunto B
representa os animais capazes de voar. A área onde os dois círcu-
los se sobrepõem, designada por intersecção A e B ou intersecção
A-B, conteria todas as criaturas que ao mesmo tempo podem voar
e têm apenas duas pernas motoras.
Intersecção de dois conjuntos: AB
Considere-se agora que cada espécie viva está representada Complementar de dois conjuntos: U \ (AB)
por um ponto situado em alguma parte do diagrama. Os humanos e
os pinguins seriam marcados dentro do círculo A, na parte dele que Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas de 16
não se sobrepõe com o círculo B, já que ambos são bípedes mas formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar sobre os ani-
não podem voar. Os mosquitos, que voam mas têm seis pernas, mais que voam ou tem duas patas (pelo menos uma das caracte-
seriam representados dentro do círculo B e fora da sobreposição. rísticas); tal conjunto seria representado pela união de A e B. Já
Os canários, por sua vez, seriam representados na intersecção A-B, os animais que voam e não possuem duas patas mais os que não
já que são bípedes e podem voar. Qualquer animal que não fosse voam e possuem duas patas, seriam representados pela diferença
bípede nem pudesse voar, como baleias ou serpentes, seria marca- simétrica entre A e B. Estes exemplos são mostrados nas imagens
do por pontos fora dos dois círculos. a seguir, que incluem também outros dois casos.
Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro áreas
distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte de cada
círculo que pertence a ambos os círculos (onde há sobreposição),
e as duas áreas que não se sobrepõem, mas estão em um círculo
ou no outro):
- Animais que possuem duas pernas e não voam (A sem so-
breposição).
- Animais que voam e não possuem duas pernas (B sem so- União de dois conjuntos: A B
breposição).
- Animais que possuem duas pernas e voam (sobreposição).
- Animais que não possuem duas pernas e não voam (branco
- fora).
Complementar de A em U: AC = U \ A
Complementar de B em U: BC = U \ B
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE LÓGICA
Três Conjuntos: Na sua apresentação inicial, Venn focou-se Proposições Categóricas
sobretudo nos diagramas de três conjuntos. Alargando o exemplo
anterior, poderia-se introduzir o conjunto C dos animais que pos- - Todo A é B
suem bico. Neste caso, o diagrama define sete áreas distintas, que - Nenhum A é B
podem combinar-se de 256 (28) maneiras diferentes, algumas delas - Algum A é B e
ilustradas nas imagens seguintes. - Algum A não é B
1 2
B
A = B
A
(B C) \ A
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE LÓGICA
Nenhum A é B. É falsa. QUESTÕES
Algum A é B. É verdadeira.
Algum A não é B. É falsa. 01. Represente por diagrama de Venn-Euler
(A) Algum A é B
2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então temos (B) Algum A não é B
somente a representação: (C) Todo A é B
(D) Nenhum A é B
Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE LÓGICA
O número total de alunos do colégio, no atual semestre, é Respostas
igual a:
(A) 93 01.
(B) 110
(C) 103 (A)
(D) 99
(E) 114
10. Em uma universidade são lidos dois jornais, A e B. Exa- 03. Seja C o conjunto dos músicos que tocam instrumentos de
tamente 80% dos alunos leem o jornal A e 60% leem o jornal B. corda e S dos que tocam instrumentos de sopro. Chamemos de F o
Sabendo que todo aluno é leitor de pelo menos um dos jornais, conjunto dos músicos da Filarmônica. Ao resolver este tipo de pro-
encontre o percentual que leem ambos os jornais. blema faça o diagrama, assim você poderá visualizar o problema e
(A) 40% sempre comece a preencher os dados de dentro para fora.
(B) 45%
(C) 50% Passo 1: 60 tocam os dois instrumentos, portanto, após fazer-
(D) 60% mos o diagrama, este número vai no meio.
(E) 65% Passo 2:
a)160 tocam instrumentos de corda. Já temos 60. Os que só
tocam corda são, portanto 160 - 60 = 100
b) 240 tocam instrumento de sopro. 240 - 60 = 180
Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE LÓGICA
Vamos ao diagrama, preenchemos os dados obtidos acima:
100 60 180
n = 20 + 7 + 8 + 9
Como já foi visto, não há uma representação gráfica única n = 44
para a proposição categórica do Alguns A são R, mas geralmente
a representação em que os dois círculos se interceptam (mostrada 06. Resposta “D”.
abaixo) tem sido suficiente para resolver qualquer questão.
n(FeB) = 45 e n(FeB -V) = 30 → n(FeBeV) = 15
n(FeV) = 17 com n(FeBeV) = 15 → n(FeV - B) = 2
n(F) = n(só F) + n(FeB-V) + n(FeV -B) + n(FeBeV)
60 = n(só F) + 30 + 2 + 15 → n(só F) = 13
n(sóF) = n(sóV) = 13
Agora devemos juntar os desenhos das duas proposições cate- n(B) = n(só B) + n(BeV) + n(BeF-V) → n(só B) = 65 - 20 –
góricas para analisarmos qual é a alternativa correta. Como a ques- 30 = 15
tão não informa sobre a relação entre os conjuntos A e G, então n(nem F nem B nem V) = n(nem F nem V) - n(solo B) = 21-
teremos diversas maneiras de representar graficamente os três con- 15 = 6
juntos (A, G e R). A alternativa correta vai ser aquela que é verda-
deira para quaisquer dessas representações. Para facilitar a solução Total = n(B) + n(só F) + n(só V) + n(Fe V - B) + n(nemF
da questão não faremos todas as representações gráficas possíveis nemB nemV) = 65 + 13 + 13 + 2 + 6 = 99.
entre os três conjuntos, mas sim, uma (ou algumas) representa-
ção(ões) de cada vez e passamos a analisar qual é a alternativa que
satisfaz esta(s) representação(ões), se tivermos somente uma alter-
nativa que satisfaça, então já achamos a resposta correta, senão,
desenhamos mais outra representação gráfica possível e passamos
a testar somente as alternativas que foram verdadeiras. Tomemos
agora o seguinte desenho, em que fazemos duas representações,
uma em que o conjunto A intercepta parcialmente o conjunto G, e
outra em que não há intersecção entre eles.
Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE LÓGICA
07. Resposta “E”.
A B
80 20 130 + 110
A B
+ 59
26 14 21
Então fica:
(0,8 - x) + (0,6 - x) + x = 1
- x + 1,4 = 1
- x = - 0,4
x = 0,4.
Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos o número
MS-WINDOWS 7: CONCEITO DE PASTAS, de capacidades e certos programas que faziam parte do Windows
DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS, Vista não estão mais presentes ou mudaram, resultando na remo-
ÁREA DE TRABALHO, ÁREA DE ção de certas funcionalidades. Mesmo assim, devido ao fato de
TRANSFERÊNCIA, MANIPULAÇÃO ainda ser um sistema operacional em desenvolvimento, nem todos
os recursos podem ser definitivamente considerados excluídos.
DE ARQUIVOS E PASTAS, USO DOS
Fixar navegador de internet e cliente de e-mail padrão no
MENUS, PROGRAMAS E APLICATIVOS, menu Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser fixados
INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE manualmente).
APLICATIVOS Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Windows
Mail e Windows
Calendar foram substituídos pelas suas respectivas contrapar-
tes do Windows Live, com a perda de algumas funcionalidades.
O Windows 7, assim como o Windows Vista, estará disponível
Windows 7 em cinco diferentes edições, porém apenas o Home Premium, Pro-
O Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de julho de fessional e Ultimate serão vendidos na maioria dos países, restando
2009, e começou a ser vendido livremente para usuários comuns outras duas edições que se concentram em outros mercados, como
dia 22 de outubro de 2009. mercados de empresas ou só para países em desenvolvimento.
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas novida- Cada edição inclui recursos e limitações, sendo que só o Ultimate
des, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e direcionada não tem limitações de uso. Segundo a Microsoft, os recursos para
para a linha Windows, tem a intenção de torná-lo totalmente com- todas as edições do Windows 7 são armazenadas no computador.
patível com aplicações e hardwares com os quais o Windows Vista Um dos principais objetivos da Microsoft com este novo Win-
já era compatível. dows é proporcionar uma melhor interação e integração do siste-
Apresentações dadas pela companhia no começo de 2008 ma com o usuário, tendo uma maior otimização dos recursos do
mostraram que o Windows 7 apresenta algumas variações como Windows 7, como maior autonomia e menor consumo de energia,
uma barra de tarefas diferente, um sistema de “network” chamada voltado a profissionais ou usuários de internet que precisam in-
de “HomeGroup”, e aumento na performance. teragir com clientes e familiares com facilidade, sincronizando e
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tarefas e compartilhando facilmente arquivos e diretórios.
suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi-touch)
· Internet Explorer 8; Recursos
· Novo menu Iniciar; Segundo o site da própria Microsoft, os recursos encontrados
· Nova barra de ferramentas totalmente reformulada; no Windows 7 são fruto das novas necessidades encontradas pe-
· Comando de voz (inglês); los usuários. Muitos vêm de seu antecessor, Windows Vista, mas
· Gadgets sobre o desktop; existem novas funcionalidades exclusivas, feitas para facilitar a
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.; utilização e melhorar o desempenho do SO (Sistema Operacional)
· Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows Me- no computador.
dia Player, integrado ao Windows Explorer; Vale notar que, se você tem conhecimentos em outras versões
· Arquitetura modular, como no Windows Server 2008; do Windows, não terá que jogar todo o conhecimento fora. Ape-
· Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Windows nas vai se adaptar aos novos caminhos e aprender “novos truques”
(Paint e WordPad, por exemplo), como no Office 2007; enquanto isso.
· Aceleradores no Internet Explorer 8;
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória RAM; Tarefas Cotidianas
· Home Groups; Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia se tornou
· Melhor desempenho; comum. Não precisamos mais estar em alguma empresa enorme
· Windows Media Player 12; para precisar sempre de um computador perto de nós. O Windows
· Nova versão do Windows Media Center; 7 vem com ferramentas e funções para te ajudar em tarefas comuns
· Gerenciador de Credenciais; do cotidiano.
· Instalação do sistema em VHDs;
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com mais Grupo Doméstico
funções; Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais compu-
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, Gamão tadores em sua casa. Permitir a comunicação entre várias estações
Internet e Internet Damas; vai te poupar de ter que ir fisicamente aonde a outra máquina está
· Windows XP Mode; para recuperar uma foto digital armazenada apenas nele.
· Aero Shake; Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica simplificada
e segura. Você decide o que compartilhar e qual os privilégios que
os outros terão ao acessar a informação, se é apenas de visualiza-
ção, de edição e etc.
Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Tela sensível ao toque Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere importan-
O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensível ao te. Se a edição de um determinado documento é constante, vale a
toque com opção a multitoque, recurso difundido pelo iPhone. pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto que a lista de recentes se
O recurso multitoque percebe o toque em diversos pontos da modifica conforme você abre e fecha novos documentos.
tela ao mesmo tempo, assim tornando possível dimensionar uma
imagem arrastando simultaneamente duas pontas da imagem na tela. Snap
O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de aplicativos e Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum ver vá-
jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Collage é um aplica- rias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recurso de Snap, você
tivo para organizar e redimensionar fotos. Nele é possível montar pode posicioná-las de um jeito prático e divertido. Basta apenas
slide show de fotos e criar papeis de parede personalizados. Essas clicar e arrastá-las pelas bordas da tela para obter diferentes posi-
funções não são novidades, mas por serem feitas para usar uma cionamentos.
tela sensível a múltiplos toques as tornam novidades. O Snap é útil tanto para a distribuição como para a compara-
ção de janelas. Por exemplo, jogue uma para a esquerda e a outra
na direita. Ambas ficaram abertas e dividindo igualmente o espaço
pela tela, permitindo que você as veja ao mesmo tempo.
Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e estendido.
Podemos fazer buscas mais simples e específicas diretamente do
menu iniciar, mas foi mantida e melhorada a busca enquanto você
navega pelas pastas.
Menu iniciar
As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do menu
iniciar. É útil quando você necessita procurar, por exemplo, pelo
Microsoft Surface Collage, atalho de inicialização de algum programa ou arquivo de modo
desenvolvido para usar tela sensível ao toque. rápido.
“Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do Windo-
Lista de Atalhos ws Search, a pesquisa do menu início não olha apenas aos nomes
Novidade desta nova versão, agora você pode abrir diretamen- de pastas e arquivos.
te um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o programa que Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e propriedades tam-
você utilizou. Digamos que você estava editando um relatório em bém” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
seu editor de texto e precisou fechá-lo por algum motivo. Quando Os resultados são mostrados enquanto você digita e são divi-
quiser voltar a trabalhar nele, basta clicar com o botão direito sob didos em categorias, para facilitar sua visualização.
o ícone do editor e o arquivo estará entre os recentes. Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua busca pode
Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se preocu- ser dividido.
par em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai diretamente · Programas
para a informação, ganhando tempo. · Painel de Controle
· Documentos
· Música
· Arquivos
Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As restrições básicas que o 7 disponibiliza:
· Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do dia que
o PC pode ser utilizado.
· Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo horário
e também pela classificação do jogo. Vale notar que a classificação
já vem com o próprio game.
· Bloquear programas: É possível selecionar quais aplicativos
estão autorizados a serem executados.
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a quanti-
dade de restrições, como controlar as páginas que são acessadas, e
até mesmo manter um histórico das atividades online do usuário.
Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de segurança
e manutenção do Windows. Elas são classificadas em vermelho
(importante – deve ser resolvido rapidamente) e amarelas (tarefas
recomendadas).
O painel também é útil caso você sinta algo de estranho no
computador. Basta checar o painel e ver se o Windows detectou
Ao digitar “pai” temos os itens que algo de errado.
contêm essas letras em seu nome.
Windows Explorer
O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena parte do
total disponível. Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é
acionado automaticamente quando você navega pelas pastas do seu
computador – você encontrará uma busca mais abrangente.
Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de se fazer uma
busca é necessário abrir a ferramenta de busca. No 7, precisamos apenas
digitar os termos na caixa de busca, que fica no canto superior direito.
Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Papéis de Parede Reproduzir em
Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou pratica- Permitindo acessando de outros equipamentos a um computa-
mente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos de ídolos, pai- dor com o Windows 7, é possível que eles se comuniquem e seja
sagens ou qualquer outra figura que as agrade. Uma das novidades possível tocar, por exemplo, num aparelho de som as músicas que
fica por conta das fotos que você encontra no próprio SO. Variam de você tem no HD de seu computador.
uma foto focando uma única folha numa floresta até uma montanha. É apenas necessário que o aparelho seja compatível com o
A outra é a possibilidade de criar um slide show com várias Windows 7 – geralmente indicado com um logotipo “Compatível
fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a impressão que com o Windows 7».
sua área de trabalho está mais viva.
Streaming de mídia remoto
Gadgets Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do compu-
As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista, mas tador para outros lugares da casa. Se quiser levar para fora dela,
eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar em qualquer uma opção é o Streaming de mídia remoto.
local do desktop. Com este novo recurso, dois computadores rodando Windows
Servem para deixar sua área de trabalho com elementos sor- 7 podem compartilhar músicas através do Windows Media Player
tidos, desde coisas úteis – como uma pequena agenda – até as de 12. É necessário que ambos estejam associados com um ID online,
gosto mais duvidosas – como uma que mostra o símbolo do Corin- como a do Windows Live.
thians. Fica a critério do usuário o que e como utilizar.
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir necessi- Personalização
dade, pode baixar ainda mais opções da internet. Você pode adicionar recursos ao seu computador alterando o
tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área de trabalho, a pro-
teção de tela, o tamanho da fonte e a imagem da conta de usuário.
Você pode também selecionar “gadgets” específicos para sua área
de trabalho.
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na área de
trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da janela sons e, às
vezes, ícones e ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é um vi-
sual premium dessa versão do Windows, apresentando um design
como o vidro transparente com animações de janela, um novo
menu Iniciar, uma nova barra de tarefas e novas cores de borda
de janela.
Use o tema inteiro ou crie seu próprio tema personalizado al-
terando as imagens, cores e sons individualmente. Você também
pode localizar mais temas online no site do Windows. Você tam-
bém pode alterar os sons emitidos pelo computador quando, por
exemplo, você recebe um e-mail, inicia o Windows ou desliga o
computador.
Gadgets de calendário e relógio. O plano de fundo da área de trabalho, chamado de papel de
parede, é uma imagem, cor ou design na área de trabalho que cria
Temas um fundo para as janelas abertas. Você pode escolher uma imagem
Como nem sempre há tempo de modificar e deixar todas as para ser seu plano de fundo de área de trabalho ou pode exibir uma
configurações exatamente do seu gosto, o Windows 7 disponibiliza apresentação de slides de imagens. Também pode ser usada uma
temas, que mudam consideravelmente os aspectos gráficos, como proteção de tela onde uma imagem ou animação aparece em sua
em papéis de parede e cores. tela quando você não utiliza o mouse ou o teclado por determinado
período de tempo. Você pode escolher uma variedade de proteções
ClearType de tela do Windows.
“Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes parecerem mais Aumentando o tamanho da fonte você pode tornar o texto, os
claras e suaves no monitor. É particularmente efetivo para monitores ícones e outros itens da tela mais fáceis de ver. Também é possível
LCD, mas também tem algum efeito nos antigos modelos CRT(mo- reduzir a escala DPI, escala de pontos por polegada, para diminuir
nitores de tubo). O Windows 7 dá suporte a esta tecnologia” (Jim o tamanho do texto e outros itens na tela para que caibam mais
Boyce; Windows 7 Bible, pg 163, tradução nossa). informações na tela.
Outro recurso de personalização é colocar imagem de conta
Novas possibilidades de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um computador.
Os novos recursos do Windows 7 abrem, por si só, novas possi- A imagem é exibida na tela de boas vindas e no menu Iniciar. Você
bilidades de configuração, maior facilidade na navega, dentre outros pode alterar a imagem da sua conta de usuário para uma das ima-
pontos. Por enquanto, essas novidades foram diretamente aplicadas gens incluídas no Windows ou usar sua própria imagem.
no computador em uso, mas no 7 podemos também interagir com
outros dispositivos.
Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
E para finalizar você pode adicionar “gadgets” de área de tra- O WordPad também foi reformulado, recebeu novo visual
balho, que são miniprogramas personalizáveis que podem exibir mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas ferramentas,
continuamente informações atualizadas como a apresentação de assim se tornando um bom editor para quem não tem o Word 2007.
slides de imagens ou contatos, sem a necessidade de abrir uma A calculadora também sofreu mudanças, agora conta com 2
nova janela. novos modos, programador e estatístico. No modo programador
ela faz cálculos binários e tem opção de álgebra booleana. A esta-
Aplicativos novos tística tem funções de cálculos básicos.
Uma das principais características do mundo Linux é suas Também foi adicionado recurso de conversão de unidades
versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário não precisa como de pés para metros.
ficar baixando arquivos após instalar o sistema, o que não ocorre
com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora existe uma
serie de aplicativos juntos com o Windows 7, para que o usuário
não precisa baixar programas para atividades básicas.
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desktop e
também suportar entrada por caneta e toque.
No Math Input Center, utilizando recursos multitoque, equa-
ções matemáticas escritas na tela são convertidas em texto, para
poder adicioná-la em um processador de texto.
O print screen agora tem um aplicativo que permite capturar
de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela inteira, partes
ou áreas desenhadas da tela com o mouse.
Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de lentidão Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de não
e ainda usufruir de recursos como o Aero, o recomendado é a se- ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prioriza o que o
guinte configuração. usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
Configuração Recomendada: Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois são
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da visão” do
· Memória (RAM) de 2 GB usuário, dando a impressão que o computador não está lento.
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB Essa característica permite que o usuário não sinta uma lenti-
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos DirectX 9 dão desnecessária no computador.
com 256 MB Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada vez mais
de memória (para habilitar o tema do Windows Aero) recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o sistema operacio-
· Unidade de DVD-R/W nal se torne um forte consumidor de memória e processamento. O
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) 7 disponibiliza vários recursos de ponta e mantêm uma performan-
ce satisfatória.
Atualizar de um SO antigo
O melhor cenário possível para a instalação do Windows 7 é Monitor de desempenho
com uma máquina nova, com os requisitos apropriados. Entretan- Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma ferramenta
to, é possível utilizá-lo num computador antigo, desde que atenda poderosa para verificar como o sistema está se portando. Podem-
se adicionar contadores (além do que já existe) para colher ainda
as especificações mínimas.
mais informações e gerar relatórios.
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista instala-
do, você terá a opção de atualizar o sistema operacional. Caso sua
Monitor de recursos
máquina utilize Windows XP, você deverá fazer a re-instalação do
Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra infor-
sistema operacional. mações sobre o uso do processador, da memória, disco e conexão
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito provavelmen- à rede.
te seu computador não atende aos requisitos mínimos. Entretanto,
nada impede que você tente fazer a reinstalação. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES
Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para a área de trabalho, Meu Computador e Windows Ex-
plorer
Para
•Renomear um item.
Pressione......F2
•Localizar uma pasta ou arquivo
Pressione......F3
•Excluir imediatamente sem colocar o item na Lixeira
Pressione......SHIFT+DEL
•Exibir as propriedades do item
Pressione......ALT+ENTER OU ALT+clique duplo
•Copiar um arquivo
Pressione......CTRL enquanto arrasta o arquivo
•Criar atalho
Pressione......CTRL+SHIFT enquanto arrasta um arquivo
Meu Computador
Para
•Selecionar tudo
Pressione......CTRL+A
•Atualizar uma janela.
Navegando em tópicos da Ajuda por assunto Pressione......F5
•Exibir a pasta um nível
OS SEGUINTES ATALHOS PODEM SER USADOS Pressione......BACKSPACE
COM O WINDOWS •Fechar a pasta selecionada e todas as pastas pai
Pressione......SHIFT enquanto clica no botão “Fechar”
Teclas Gerais do Windows Somente para o Windows Explorer
•Ir Para
Para Pressione......CTRL+G
•Alternar entre os painéis esquerdo e direito
•Consultar a Ajuda sobre o item selecionado na caixa de diá- Pressione......F6
logo •Expandir todas as subpastas sob a pasta selecionada
Pressione......F1 Pressione......NUMLOCK+ ASTERISCO (* no teclado nu-
•Fechar um programa. mérico)
Pressione......ALT+F4 •Expandir a pasta selecionada
•Exibir o menu de atalhos para o item selecionado Pressione......NUMLOCK+SINAL DE ADIÇÃO (+ no tecla-
Pressione......ESHIFT+F10 do numérico)
•Exibir o menu Iniciar •Ocultar a pasta selecionada.
Pressione......CTRL+ESC Pressione......NUMLOCK+SINAL DE SUBTRAÇÃO no te-
•Alternar para a janela anterior. Ou alternar para a próxima clado numérico)
janela mantendo pressionada a •Expandir a seleção atual se estiver oculta; caso contrário, se-
tecla ALT enquanto pressiona TAB repetidamente lecionar a primeira subpasta
Pressione......ALT+TAB Pressione......SETA À DIREITA
•Recortar. •Expandir a seleção atual se estiver expandida; caso contrário,
Pressione......CTRL+X selecionar a pasta pai
•Copiar Pressione......SETA À ESQUERDA
Pressione......CTRL+C
•Colar Para caixas de diálogo de propriedades
Pressione......CTRL+V
•Excluir Para
Pressione......DEL •Mover-se entre as opções, para frente
•Desfazer Pressione......TAB
Pressione......CTRL+Z •Mover-se entre as opções, para trás
•Ignorar a auto - execução ao inserir um CD Pressione......SHIFT+TAB
Pressione......SHIFT enquanto insere o CD-ROM •Mover-se entre as guias, para frente
Pressione......CTRL+TAB
Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
•Mover-se entre as guias, para trás
Pressione......CTRL+SHIFT+TAB MS-OFFICE 2010. MS-WORD 2010:
Para caixas de diálogo Abrir e Salvar Como ESTRUTURA BÁSICA DOS DOCUMEN-
Para TOS, EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE
•Abrir a lista “Salvar em” ou “Procurar em”
Pressione......F4
TEXTOS, CABEÇALHOS, PARÁGRAFOS,
•Atualizar FONTES, COLUNAS, MARCADORES
Pressione......F5 SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS, TABELAS,
•Abrir a pasta um nível acima, se houver uma pasta selecio- IMPRESSÃO, CONTROLE DE QUEBRAS E
nada NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, LEGENDAS,
Pressione......BACKSPACE ÍNDICES, INSERÇÃO DE OBJETOS,
CAMPOS PREDEFINIDOS,
Teclas de Atalho para Opções de Acessibilidade CAIXAS DE TEXTO.
Para usar teclas de atalho para Opções Acessibilidade, as
teclas de atalho devem estar ativadas. Para maiores informações
consulte “Acessibilidade, teclas de atalho” no Índice da Ajuda.
MS WORD
Para
•Ativar e desativar as Teclas de Aderência O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considera-
Pressione......SHIFT 5 vezes do um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte que do-
•Ativar e desativar as Teclas de Filtragem mina o mercado de suítes de escritório, mesmo com o crescimento
Pressione......SHIFT DIREITA Durante 8 segundos de ferramentas gratuitas como Google Docs e Open Office.
•Ativar e desativar as Teclas de Alternação
Pressione......NUMLOCK Durante 5 segundos Interface
•Ativar e desativar as Teclas do Mouse
Pressione......ALT ESQUERDA+ SHIFT ESQUERDA No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do docu-
+NUMLOCK mento
•Ativar e desativar o Alto Contraste
Pressione......ALT ESQUERDA+ SHIFT ESQUERDA + , que como é um novo documento apresenta como título “Do-
PRINTSCREEN cumento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido,
que permite acessar alguns comandos mais rapi-
damente como salvar, desfazer. Você pode personalizar essa barra,
clicando no menu de contexto (flecha para baixo) à direita dela.
Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.
Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir
arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar o do-
cumento (permite adicionar propriedades ao documento, cripto-
grafar, adicionar assinaturas digitais, etc.). Vamos utilizar alguns
destes recursos no andamento de nosso curso.
ABAS
Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Salvando Arquivos
É importante ao terminar um documento, ou durante a digitação
do mesmo, quando o documento a ser criado é longo, salvar seu traba-
lho. Salvar consiste em armazenar se documento em forma de arquivo
em seu computador, pendrive, ou outro dispositivo de armazenamento.
Para salvar seu documento, clique no botão salvar no topo da tela. Será
aberta uma tela onde você poderá definir o nome, local e formato de
seu arquivo.
Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Abrindo um arquivo do Word Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos em mi-
niaturas no rodapé.
Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo. • Layout de Impressão: Formato atual de seu documento é
o formato de como seu documento ficará na folha impressa.
• Leitura em Tela Inteira: Ele oculta as barras de seu do-
cumento, facilitando a leitura em tela, observe que no rodapé do
documento à direita, ele possui uma flecha apontado para a próxi-
ma página. Para sair desse modo de visualização, clique no botão
fechar no topo à direita da tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visualização
na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários postam tex-
tos produzidos no Word em sites e blogs na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu documento
em tópicos, o formato terá melhor compreensão quando trabalhar-
mos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar diversos
recursos de produção de texto, porém não visualiza como impres-
são nem outro tipo de meio.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição permite tra-
balhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão Zoom o Word
Na esquerda da janela, o botão abrir é o segundo abaixo de apresenta a seguinte janela:
novo, observe também que ele mostra uma relação de documentos
recentes, nessa área serão mostrados os últimos documentos abertos
pelo Word facilitando a abertura. Ao clicar em abrir, será necessário
localizar o arquivo no local onde o mesmo foi salvo.
Visualização do Documento
Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No Word 2010 a ABA que permite configurar sua página é a
ABA Layout da Página.
Colunas
Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as suas
colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-definidas, mas
você pode colocar em um número maior de colunas, adicionar li-
nha entre as colunas, definir a largura e o espaçamento entre as
colunas. Observe que se você pretende utilizar larguras de colunas
diferentes é preciso desmarcar a opção “Colunas de mesma largu-
ra”. Atente também que se preciso adicionar colunas a somente
uma parte do texto, eu preciso primeiro selecionar esse texto.
Números de Linha
Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Selecionando Textos
Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formatação de texto
Formatação de Fonte
A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, tamanho
de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para formatar uma
palavra, basta apenas clicar sobre ela, para duas ou mais é neces-
sário selecionar o texto, se quiser formatar somente uma letra tam-
bém é necessário selecionar a letra. No grupo Fonte, temos visível
o tipo de letra, tamanho, botões de aumentar fonte e diminuir fon-
te, limpar formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao
lado de sublinhado temos uma seta apontando para baixo, ao clicar
nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.
Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte.
Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Tachado – que A janela fonte contém os principais comandos de formatação
coloca um risco no meio da palavra, botão subscrito e sobrescrito e permite que você possa observar as alterações antes de aplica.
e o botão Maiúsculas e Minúsculas. Ainda nessa janela temos a opção Avançado.
Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento entre os Bordas no parágrafo.
caracteres que pode ser condensado ou comprimido, a posição é
referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo que se faça algo
como: .
Formatação de parágrafos
Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As opções disponíveis são praticamente as mesmas disponí-
veis pelo grupo.
Marcadores e Numeração
Bordas e Sombreamento
Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Cabeçalho e Rodapé
Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para aplicar números de páginas automaticamente em seu ca- Imagens
beçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome o cui- O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem.
dado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo nome no
aplicará o número da página no rodapé. Podemos também aplicar grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o
cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta arquivo de imagem em seu computador.
que ambos estejam em seções diferentes do documento. O cuidado
é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular
ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho,
apenas deve-se clicar no botão Rodapé.
Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a jane-
la Layout Avançado que permite trabalhar a disposição da ima-
gem em relação ao bloco de texto no qual ela esta inserida. Essas
mesmas opções estão disponíveis na opção Quebra Automática
de Texto nesse mesmo grupo. Ao colocar a sua imagem em uma
disposição com o texto, é habilitado alguns recursos da barra de
imagens. Como bordas
Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Os comandos vistos até o momento estavam disponíveis da
seguinte forma, pois nosso documento esta salvo em.DOC – ver-
são compatível com Office XP e 2003. Ao salvar o documento em
.DOCX compatível somente com a versão 2010, acontecem algu-
mas alterações na barra de imagens.
Clip Art
Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta clicar
na forma desejada e arrastar o mouse na tela para definir as suas
dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra passa a ter as proprie-
dade para modificar a forma.
Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar em Mais Gradações, será possível personalizar a
forma como será o preenchimento do gradiente.
Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Podemos aplicar efeitos tridimensionais em nossas formas.
Além de aplicar o efeitos podemos mudar a cor do 3D, alterar a
profundidade, a direção, luminosidade e superfície. As demais op-
ções da Forma são idênticas as das imagens.
SmartArt
Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
WordArt
Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office, ele ainda mantém a
mesma interface desde a versão do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de WorArt Selecione um formato de WordArt
e clique sobre ele.
Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt
O primeiro grupo é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos. No grupo Estilos de
WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organizar e Tamanho.
Tabelas
As tabelas são com certeza um dos elementos mais importantes para colocar dados em seu documento.
Use tabelas para organizar informações e criar formas de páginas interessantes e disponibilizar seus dados.
Ao clicar no botão de Tabela, você pode definir a quantidade de linhas e colunas, pode clicar no item Inserir Tabela ou Desenhar a
Tabela, Inserir uma planilha do Excel ou usar uma Tabela Rápida que nada mais são do que tabelas prontas onde será somente necessário
alterar o conteúdo.
Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa, por exemplo, que contenha células de diferentes alturas ou um número variável
de colunas por linha semelhante à maneira como você usa uma caneta para desenhar uma tabela.
Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você pode utilizar o topo
Ferramentas de Tabela.
Através do grupo Opções de Estilo de Tabela é possível definir células de cabeçalho. O grupo Estilos de Tabela permite aplicar uma
formatação a sua tabela e o grupo Desenhar Bordas permite definir o estilo, espessura e cor da linha. O botão Desenhar Tabela transforma
seu cursor em um lápis para desenhar as células de sua tabela, e o botão Borracha apaga as linhas da tabela.
Você pode observar também que ao estar com alguma célula da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma ABA ao final, chamada
Layout, clique sobre essa ABA.
O primeiro grupo Tabela permite selecionar em sua tabela, apenas uma célula, uma linha, uma coluna ou toda a tabela.
Ao clicar na opção Propriedades será aberto uma janela com as propriedades da janela.
Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O segundo grupo é o Linhas e Colunas permite adicionar e remover linhas e colunas de sua tabela.
Ao clicar na Faixa deste grupo ele abre uma janela onde é possível deslocar células, inserir linhas e colunas. O terceiro grupo é referente
à divisão e mesclagem de células.
Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A opção classificar como o próprio nome diz permite classifi-
car os dados de sua tabela.
A opção dividir células permite dividir uma célula. Ao clicar Ele abre a seguinte janela e coloca sua primeira linha como a
nessa opção será mostrada uma janela onde você deve definir em linha de cabeçalho, você pode colocar até três colunas como crité-
quantas linhas e colunas a célula será dividida. rios de classificação.
ABA Revisão
O grupo Dados permite classificar, criar cálculos, etc., em sua O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu documento
tabela. em busca de erros.
Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Os de ortografia ele marca em vermelho e os de gramática em
verde. É importante lembrar que o fato dele marcar com cores para
verificação na impressão sairá com as cores normais. Ao encontrar
uma palavra considerada pelo Word como errada você pode:
• Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa parte
do texto.
• Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela aparecer em Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Título2
qualquer parte do texto. em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado somente no
• Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao dicioná- texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na linha de baixo o texto
rio do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em outro texto ela foi selecionado, então a aplicação do estilo foi somente no que
não será grafada como errada. Esta opção deve ser utilizada quan- estava selecionado. Ao clicar no botão Alterar Estilos é possível
do palavras que existam, mas que ainda não façam parte do Word. acessar a diversas definições de estilos através da opção Conjunto
• Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por uma de Estilos.
palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou se você a
corrigiu no quadro superior.
• Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras que
estejam da mesma forma no texto.
Impressão
Estilos
Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Será mostrado todos os estilos presentes no documento em
uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela existem três bo-
tões, o primeiro deles chama-se Novo Estilo, clique sobre ele.
Sumário
O Sumário ou Índice Analítico é o mais utilizado, ele normal-
mente aparece no inicio de documentos. A principal regra é que
todo parágrafo que faça parte de seu índice precisa estar atrelado a
um estilo. Clique no local onde você precisa que fique seu índice
e clique no botão Sumário. Serão mostrados alguns modelos de
sumário, clique em Inserir Sumário.
Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos os es- podemos observar uma série de linhas (números) e colunas (le-
tilos presentes no documento, então é nela que você define quais tras). A cada encontro de uma linha com uma coluna temos uma
estilos farão parte de seu índice. célula onde podemos armazenar um texto, um valor, funções ou
No exemplo apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título 1, o fórmula para os cálculos. O Excel oferece, inicialmente, em uma
nível 2 ao Título 2 e o nível 3 ao Título 3. Após definir quais serão única pasta de trabalho três planilhas, mas é claro que você poderá
suas entradas de índice clique em OK. inserir mais planilhas conforma sua necessidade.
Retorna-se a janela anterior, onde você pode definir qual será
o preenchimento entre as chamadas de índice e seu respectivo nú- Interface
mero de página e na parte mais abaixo, você pode definir o Forma- A interface do Excel segue o padrão dos aplicativos Office,
to de seu índice e quantos níveis farão parte do índice. com ABAS, Botão Office, controle de Zoom na direita. O que
Ao clicar em Ok, seu índice será criado. muda são alguns grupos e botões exclusivos do Excel e as guias de
planilha no rodapé à esquerda:
Guias de Planilha
Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um clique Entrada de textos e números
em cima dela e observe que a célula na qual você clicou é mostrada
como referência na barra de fórmulas. Na área de trabalho do Excel podem ser digitados caracteres,
números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de seus dados, você
pode pressionar a tecla ENTER, ou com as setas mudar de célula,
esse recurso somente não será válido quando estiver efetuando um
cálculo. Caso precise alterar o conteúdo de uma célula sem preci-
sar redigitar tudo novamente, clique sobre ela e pressione F2, faça
sua alteração e pressione ENTER em seu teclado.
Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Operadores e Funções
Operadores
Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo da le-
tra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que existem menos
recursos de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de suas
células. Ele dividido em categorias e dentro de cada categoria ele
possui exemplos de utilização e algumas personalizações como,
por exemplo, na categoria Moeda em que é possível definir o sím-
bolo a ser usado e o número de casas decimais.
Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O título Relação de Produtos ficará melhor visualmente se es-
tiver centralizado entra a largura da planilha, então selecione desde
a célula A1 até a célula D1 depois clique no botão Mesclar e Cen-
tralizar centralize e aumente um pouco o tamanho da fonte.
Estilos
No grupo Opções de Estilo de Tabela desmarque a opção Li-
Esta opção é utilizada par aplicar, automaticamente um for-
nhas de Cabeçalho.
mato pré-definido a uma planilha selecionada.
Para poder manipular também os dados de sua planilha é ne-
cessário selecionar as células que pretende manipular como pla-
nilha e no grupo Ferramentas clique no botão Converter em In-
tervalo.
Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Congelar Painéis
Este processo pode ser feito também pelo grupo Células que
está na ABA inicio.
Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Pelo grupo Mostrar / Ocultar podemos retirar as linhas de gra-
de, as linhas de cabeçalho de coluna e linha e a barra de formulas.
Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Máximo
Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Função SE
Esta é com certeza uma das funções mais importantes do Ex-
Para calcular os valores mínimos para o peso e a altura o pro- cel e provavelmente uma das mais complexas para quem está ini-
cesso é o mesmo. ciando.
Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
VALOR FALSO - Valor a ser apresentado na célula quando o Temos então agora na coluna J a referência de idade, e na
teste lógico for falso, pode ser outra célula, um caçulo, um número coluna K a categoria.
ou um texto, apenas lembrando que se for um texto deverá estar
entre aspas. Então agora preciso verificar a idade de acordo com o valor na
Para exemplificar o funcionamento da função vamos acres- coluna J e retornar com valores verdadeiros e falsos o conteúdo da
centar em nossa planilha de controle de atletas uma coluna cha- coluna K. A função então ficará da seguinte forma:
mada categoria.
=SE(E4<J4;K4;SE(E4<J5;K5;K6))
Temos então:
=SE(E4<J4: Aqui temos nosso primeiro teste lógico, onde
verificamos se a idade que consta na célula E4 é menor que o
valor que consta na célula J4.
K4: Célula definida a ser retornada como verdadeiro deste tes-
te lógico, no caso o texto “Juvenil”.
Vamos atribuir inicialmente que atletas com idade menor que SE(E4<J5: segundo teste lógico, onde verificamos se valor
18 anos serão da categoria Juvenil e acima disso categoria Profis- da célula E4 é menor que 30, se for real retorna o segundo valor
sional. Então a lógica da função será que quando a Idade do atleta verdadeiro, é importante ressaltar que este teste lógico somente
for menor que 18 ele será Juvenil e quando ela for igual ou maior será utilizado se o primeiro teste der como falso.
que 18 ele será Profissional. K5: Segundo valor verdadeiro, será retornado se o segundo
Convertendo isso para a função e baseando-se que a idade do teste lógico estiver correto.
primeiro atleta está na célula E4 à função ficará: K6: Valor falso, será retornado se todos os testes lógicos de-
=SE(E4<18;”Juvenil”;”Profissional”.) rem como falso.
Permite contar em um intervalo de valores quantas vezes se
repete determinado item. Vamos aplicar a função em nossa plani-
lha de controle de atletas
Explicando a função.
=SE(E4<18: inicio da função e teste lógico, aqui é verificado
se o conteúdo da célula E4 é menor que 18.
“Juvenil”: Valor a ser apresentado como verdadeiro.
“Profissional”: Valor a ser apresentado como falso.
)
Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, vamos
criar uma tabela em separado com a seguinte definição. Até 18 Então vamos utilizar a função CONT.SE para buscar em nossa
anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será considerado profis- planilha quantos atletas temos em cada categoria.
sional e acima dos 30 anos será considerado Master.
Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A função ficou da seguinte forma =CONT.SE(H4:H13;K4)
onde se faz a contagem em um intervalo de H3:H13 que é o
resultado calculado pela função
SE e retorna a célula K4 onde está a categoria juvenil de atle-
tas. Para as demais categorias basta repetir o cálculo mudando-se
somente a categoria que está sendo buscada.
Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
tinuar a contagem. Clique na faixa do grupo número na ABA Vamos renomear a planilha para resultado.
Inicio, na janela que se abre clique na categoria Hora e escolha o
formato 37:30:55 esse formato faz com que a contagem continue.
Planilhas 3D
Vamos a um exemplo
Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Com isso toda vez que eu alterar na planilha valores o valor do
dólar, ele atualiza na planilha resultado.
Faça o cálculo para o valor do dólar para venda, a função fica-
rá da seguinte forma: =B2/valores!C2.
Inserção de Objetos
Clique agora na ABA Revisão e no grupo Alterações clique no
botão Proteger Planilha. A inserção de objetos no Excel é muito semelhante ao que
aprendemos no Word, as opções de inserção de objetos estão na
ABA Inserir.
Gráficos
Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para criar um gráfico é importante decidir quais dados serão
avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha Atletas para
criarmos nosso gráfico, vamos criar um gráfico que mostre os atle-
tas x peso.
Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a distribui-
ção dos elementos do Gráfico.
Dados
Podemos também modificar o estilo de nosso gráfico através O Excel possui uma ABA chamada Dados que permite impor-
do grupo Estilos de Gráfico tar dados de outras fontes, ou trabalhar os dados de uma planilha
do Excel
Classificação
Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Você precisa definir quais serão os critérios de sua classificação, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no botão Adicionar Nível e coloque Modalidade.
Antes de clicar em OK, verifique se está marcada a opção Meus dados contêm cabeçalhos, pois selecionamos a linha de títulos em nossa
planilha e clique em OK.
Você pode mudar a ordem de classificação sempre que for necessário, basta clicar no botão de Classificar.
Auto Filtro
Este é um recurso que permite listar somente os dados que você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com seus dados sele-
cionados clique no botão Filtro e observe que será adicionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha uma seta.
Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Estas setas permite visualizar somente os dados que te interessam na planilha, por exemplo caso eu precise da relação de atletas do sexo
feminino, basta eu clicar na seta do cabeçalho sexo e marcar somente Feminino, que os demais dados da planilha ficarão ocultos.
Posso ainda refinar mais a minha filtragem, caso precise saber dentro do sexo feminino quantos atletas estão na categoria Profissional,
eu faço um novo filtro na coluna Categoria.
Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Observe que as colunas que estão com filtro possuem um ícone em forma de funil no lugar da seta.
Para remover os filtros, basta clicar nos cabeçalhos com filtro e escolher a opção selecionar tudo.
Você também pode personalizar seus filtros através da opção Filtros de Texto e Filtro de número (quando conteúdo da célula for um
número).
Subtotais
Podemos agrupar nossos dados através de seus valores, vamos inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo dos atletas relacionado
com a idade.
Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Em A cada alteração em: coloque sexo e em Adicionar subto-
tal a deixe marcado apenas Peso, depois clique em OK.
Observe na esquerda que são mostrados os níveis de visuali- Marque a opção Paisagem e clique em OK.
zação dos subtotais e que ele faz um total a cada sequência do sexo
dos atletas.
Para remover os subtotais, basta clicar no botão Subtotal e na
janela que aparece clique em Remover Todos.
Impressão
O processo de impressão no Excel é muito parecido com o que
fizemos no Word.
Clique no botão Office e depois em Imprimir e escolha Visua-
lizar Impressão.
Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
que usar o mouse para encontrar as opções de formatação faz você CTRL + R: funciona da mesma forma que o comando acima,
perder muito tempo. Portanto, pressionando CTRL + !, você fará mas para preenchimento de colunas. Exemplo: selecione da célula
com que a janela de opções de formatação da célula seja exibida. A1 até a E1 e pressione CTRL + R. Todas as células selecionadas
Lembre-se que você pode selecionar várias células para aplicar a terão o mesmo valor da A1.
formatação de uma só vez.
CTRL + ALT + V: você já deve ter cometido o erro de copiar
CTRL + (: muitas vezes você precisa visualizar dados que não uma célula e colar em outro local, acabando com a formatação que
estão próximos uns dos outros. Para isso o Excel fornece a opção tinha definido anteriormente, pois as células de origem eram azuis
de ocultar células e colunas. Pressionando CTRL + (, você fará e as de destino eram verdes. Ou seja, você agora tem células azuis
com que as linhas correspondentes à seleção sejam ocultadas. Se onde tudo deveria ser verde. Para que isso não aconteça, você pode
houver somente uma célula ativa, só será ocultada a linha corres- utilizar o comando “colar valores”, que fará com que somente os
pondente. Por exemplo: se você selecionar células que estão nas valores das células copiadas apareçam, sem qualquer formatação.
linhas 1, 2, 3 e 4 e pressionar as teclas mencionadas, essas quatro Para não precisar usar o mouse, copie as células desejadas e na
linhas serão ocultadas. hora de colar utilize as teclas CTRL + ALT + V.
Para reexibir aquilo que você ocultou, selecione uma célula
da linha anterior e uma da próxima, depois utilize as teclas CTRL CTRL + PAGE DOWN: não há como ser rápido utilizando
+ SHIFT + (. Por exemplo: se você ocultou a linha 14 e precisa o mouse para alternar entre as planilhas de um mesmo arquivo.
reexibi-la, selecione uma célula da linha 13, uma da linha 15 e Utilize esse comando para mudar para a próxima planilha da sua
pressione as teclas de atalho. pasta de trabalho.
CTRL + ): esse atalho funciona exatamente como o anterior, CTRL + PAGE UP: similar ao comando anterior. Porém, exe-
porém, ele não oculta linhas, mas sim COLUNAS. Para reexibir as cutando-o você muda para a planilha anterior.
colunas que você ocultou, utilize as teclas CTRL + SHIFT + ). Por *É possível selecionar as planilhas que estão antes ou depois
exemplo: você ocultou a coluna C e quer reexibi-la. Selecione uma da atual, pressionando também o SHIFT nos dois comando acima.
célula da coluna B e uma da célula D, depois pressione as teclas Teclas de função
mencionadas. Poucas pessoas conhecem todo o potencial das teclas que fi-
cam na mesma linha do “Esc”. Assim como o CTRL, as teclas de
CTRL + SHIFT + $: quando estiver trabalhando com valores função podem ser utilizadas em combinação com outras, para pro-
monetários, você pode aplicar o formato de moeda utilizando esse duzir comandos diferentes do padrão atribuído a elas. Veja alguns
atalho. Ele coloca o símbolo R$ no número e duas casas decimais. deles abaixo.
Valores negativos são colocados entre parênteses.
F2: se você cometer algum erro enquanto está inserindo fór-
CTRL + SHIFT + Asterisco (*): esse comando é extremamen- mulas em uma célula, pressione o F2 para poder mover o cursor do
te útil quando você precisa selecionar os dados que estão envolta teclado dentro da célula, usando as setas para a direita e esquerda.
da célula atualmente ativa. Caso existam células vazias no meio Caso você pressione uma da setas sem usar o F2, o cursor será
dos dados, elas também serão selecionadas. Veja na imagem abai- movido para outra célula.
xo um exemplo. A célula selecionada era a D6.
CTRL + Sinal de adição (+): quando você precisar inserir cé- ALT + SHIFT + F1: inserir novas planilhas dentro de um ar-
lulas, linhas ou colunas no meio dos dados, ao invés de clicar com quivo do Excel também exige vários cliques com o mouse, mas
o mouse no número da linha ou na letra da coluna, basta pressionar você pode usar o comando ALT + SHIFT + F1 para ganhar algum
esse comando. tempo. As teclas SHIFT + F11 produzem o mesmo efeito.
*Utilize o sinal de adição do teclado numérico ou a combina- F8: use essa tecla para ligar ou desligar o modo de seleção
ção CTRL + SHIFT + Sinal de adição que fica à esquerda da tecla estendida. Esse pode ser usado da mesma forma que o SHIFT. Po-
backspace, pois ela tem o mesmo efeito. rém, ele só será desativado quando for pressionado novamente,
diferente do SHIFT, que precisa ser mantido pressionado para que
CTRL + Sinal de subtração (-): para excluir células, linhas você possa selecionar várias células da planilha.
ou colunas inteiras, pressione essas teclas. Esse comando funciona
tanto no teclado normal quanto no teclado numérico. Veja abaixo outros comandos úteis:
CTRL + D: você pode precisar que todas as células de deter- CTRL + Setas de direção: move o cursor para a última célula
minada coluna tenham o mesmo valor. Apertando CTRL + D, você preenchida. Se houve alguma célula vazia no meio, o cursor será
fará com que a célula ativa seja preenchida com o mesmo valor da movido para a última célula preenchida que estiver antes da vazia.
célula que está acima dela. Por exemplo: você digitou o número END: pressione essa tecla uma vez para ativar ou desativar o
5432 na célula A1 e quer que ele se repita até a linha 30. Selecione “Modo de Término”. Sua função é parecida com o comando ante-
da célula A1 até a A30 e pressione o comando. Veja que todas as rior. Pressiona uma vez para ativar e depois pressione uma tecla de
células serão preenchidas com o valor 5432. direção para mover o cursor para a última célula preenchida.
Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
*Se a tecla Scroll Lock estiver ativada, pressionar END fará Uma imagem do PowerPoint 2010 no modo Normal que pos-
com que o cursor seja movido para a célula que estiver visível no sui vários elementos rotulados.
canto inferior direito da janela. 1 No painel Slide, você pode trabalhar em slides individuais.
CTRL + BARRA DE ESPAÇO: utilize essa atalho se você 2 As bordas pontilhadas identificam os espaços reservados,
quiser selecionar a coluna inteira onde está o cursor. onde você pode digitar texto ou inserir imagens, gráficos e outros
SHIFT + BARRA DE ESPAÇOS: semelhante ao comando objetos.
acima, porém, seleciona a linha inteira onde está o cursor. 3 A guia Slides mostra uma versão em miniatura de cada slide
inteiro mostrado no painel Slide. Depois de adicionar outros slides,
você poderá clicar em uma miniatura na guia Slides para fazer com
que o slide apareça no painel Slide ou poderá arrastar miniaturas
MS-POWERPOINT 2010: ESTRUTURA para reorganizar os slides na apresentação. Também é possível adi-
BÁSICA DAS APRESENTAÇÕES, cionar ou excluir slides na guia Slides.
CONCEITOS DE SLIDES, ANOTAÇÕES, 4 No painel Anotações, você pode digitar observações sobre o
RÉGUA, GUIAS, CABEÇALHOS E slide atual. Também pode distribuir suas anotações para a audiên-
RODAPÉS, NOÇÕES DE EDIÇÃO E cia ou consultá-las no Modo de Exibição do Apresentador durante
FORMATAÇÃO DE APRESENTAÇÕES, a apresentação.
INSERÇÃO DE OBJETOS, NUMERAÇÃO
DE PÁGINAS, BOTÕES DE AÇÃO, Etapa 2: Começar com uma apresentação em branco
Por padrão, o PowerPoint 2010 aplica o modelo Apresentação
ANIMAÇÃO E TRANSIÇÃO em Branco, mostrado na ilustração anterior, às novas apresenta-
ENTRE SLIDES. ções. Apresentação em Branco é o mais simples e o mais genérico
dos modelos no PowerPoint 2010 e será um bom modelo a ser
usado quando você começar a trabalhar com o PowerPoint.
Para criar uma nova apresentação baseada no modelo Apre-
MS POWERPOINT 2010 sentação em Branco, faça o seguinte:
1. Clique na guia Arquivo.
O PowerPoint 2010 é um aplicativo visual e gráfico, usa- 2. Aponte para Novo e, em Modelos e Temas Disponíveis,
selecione Apresentação em Branco.
do principalmente para criar apresentações. Com ele, você pode
3. Clique em Criar.
criar, visualizar e mostrar apresentações de slides que combinam
texto, formas, imagens, gráficos, animações, tabelas, vídeos e
Etapa 3: Ajustar o tamanho do painel de anotações
muito mais.
Depois que você abre o modelo Apresentação em Branco, so-
mente uma pequena parte do painel Anotações fica visível. Para
Familiarizar-se com o espaço de trabalho do PowerPoint
ver uma parte maior desse painel e ter mais espaço para digitar,
O espaço de trabalho, ou modo de exibição Normal, foi desen-
faça o seguinte:
volvido para ajudá-lo a encontrar e usar facilmente os recursos do 1. Aponte para a borda superior do painel Anotações.
Microsoft PowerPoint 2010. 2. Quando o ponteiro se transformar em uma , arraste a
Este artigo contém instruções passo a passo para ajudá-lo a se borda para cima a fim de criar mais espaço para as anotações do
preparar para criar apresentações com o PowerPoint 2010 apresentador, como mostrado na ilustração a seguir.
Etapa 1: Abrir o PowerPoint
Quando você inicia o PowerPoint, ele é aberto no modo de
exibição chamado Normal, onde você cria e trabalha em slides.
Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Desfazer , que desfaz sua última alteração (para Outros elementos que podem ser exibidos na Faixa de Opções
ver uma dica de tela sobre qual ação será desfeita, coloque o pon- são as guias contextuais, as galerias e os iniciadores de caixa de
teiro sobre o botão. Para ver um menu de outras alterações recentes diálogo.
que também podem ser desfeitas, clique na seta à direita de Desfa- Uma galeria, neste caso a galeria de formas no grupo Dese-
zer ). nho. As galerias são janelas ou menus retangulares que apresentam
• Você também pode desfazer uma alteração pressionando uma gama de opções visuais relacionadas.
CTRL+Z. Uma guia contextual, neste caso a guia Ferramentas
• Refazer ou Repetir , que repete ou refaz sua úl- de Imagem. Para diminuir a poluição visual, algumas guias são
tima alteração, dependendo da ação feita anteriormente (para ver mostradas somente quando necessárias. Por exemplo, a guia Fer-
uma dica de tela sobre qual ação será repetida ou refeita, coloque o ramentas de Imagem será mostrada somente se você inserir uma
ponteiro sobre o botão). Você também pode repetir ou refazer uma imagem a um slide e a selecionar.
alteração pressionando CTRL+Y. Um Iniciador da Caixa de Diálogo, neste caso, um que
• A Ajuda do Microsoft Office PowerPoint , que abre inicia a caixa de diálogo Formatar Forma.
o painel Ajuda do PowerPoint. Você também pode abrir a Ajuda
pressionando F1. Localização dos comandos conhecidos na Faixa de Opções
Para encontrar a localização de comandos específicos em
Familiarizar-se com a Faixa de Opções do PowerPoint 2010 guias e grupos, consulte os diagramas a seguir.
Ao iniciar o Microsoft PowerPoint 2010 pela primeira vez,
você perceberá que os menus e as barras de ferramentas do Power- A guia Arquivo
Point 2003 e das versões anteriores foram substituídos pela Faixa
de Opções.
Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A guia Página Inicial
A guia Página Inicial é o local onde é possível inserir novos slides, agrupar objetos e formatar texto no slide.
1 Se você clicar na seta ao lado de Novo Slide, poderá escolher entre vários layouts de slide.
2 O grupo Fonte inclui os botões Fonte, Negrito, Itálico e Tamanho da Fonte.
3 O grupo Parágrafo inclui Alinhar Texto à Direita, Alinhar Texto à Esquerda, Justificar e Centralizar.
4 Para localizar o comando Agrupar, clique em Organizar e, em Agrupar Objetos, selecione Agrupar.
Guia Inserir
A guia Inserir é o local onde é possível inserir tabelas, formas, gráficos, cabeçalhos ou rodapés em sua apresentação.
1 Tabela
2 Formas
3 Gráfico
4 Cabeçalho e Rodapé
Guia Design
A guia Design é o local onde é possível personalizar o plano de fundo, o design e as cores do tema ou a configuração de página na
apresentação.
1 Clique em Configurar Página para iniciar a caixa de diálogo Configurar Página.
2 No grupo Temas, clique em um tema para aplicá-lo à sua apresentação.
3 Clique em Estilos de Plano de Fundo para selecionar uma cor e design de plano de fundo para sua apresentação.
Guia Transições
A guia Transições é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover transições no slide atual.
1 No grupo Transições para este Slide, clique em uma transição para aplicá-la ao slide atual.
2 Na lista Som, você pode selecionar entre vários sons que serão executados durante a transição.
3 Em Avançar Slide, você pode selecionar Ao Clicar com o Mouse para fazer com que a transição ocorra ao clicar.
Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Guia Animações
A guia Animações é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover animações em objetos do slide.
1 Clique em Adicionar Animação e selecione uma animação que será aplicada ao objeto selecionado.
2 Clique em Painel de Animação para iniciar o painel de tarefas Painel de Animação.
3 O grupo Intervalo inclui áreas para definir o Página Inicial e a Duração.
A guia Apresentação de Slides é o local onde é possível iniciar uma apresentação de slides, personalizar as configurações da apresenta-
ção de slides e ocultar slides individuais.
1 O grupo Iniciar Apresentação de Slides, que inclui Do Começo e Do Slide Atual.
2 Clique em Configurar Apresentação de Slides para iniciar a caixa de diálogo Configurar Apresentação.
3 Ocultar Slide
Guia Revisão
A guia Revisão é o local onde é possível verificar a ortografia, alterar o idioma da apresentação ou comparar alterações na apresentação
atual com outra.
1 Ortografia, para iniciar o verificador ortográfico.
2 O grupo Idioma, que inclui Editando Idiomas, onde é possível selecionar o idioma.
3 Comparar, onde é possível comparar as alterações na apresentação atual com outra.
Guia Exibir
A guia Exibir é o local onde é possível exibir o slide mestre, as anotações mestras, a classificação de slides. Você também pode ativar
ou desativar a régua, as linhas de grade e as guias de desenho.
1 Classificação de Slides
2 Slide Mestre
3 O grupo Mostrar, que inclui Régua e Linhas de Grade.
Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Localizar e aplicar um modelo unidade ou pasta que contém a apresentação desejada.
O PowerPoint 2010 permite aplicar modelos internos ou os 3. No painel direito da caixa de diálogo Abrir, abra a pasta
seus próprios modelos personalizados e pesquisar vários modelos que contém a apresentação.
disponíveis no Office.com. O Office.com fornece uma ampla se- 4. Clique na apresentação e clique em Abrir.
leção de modelos do PowerPoint populares, incluindo apresenta-
ções e slides de design. Observação Por padrão, o PowerPoint 2010 mostra somente
Para localizar um modelo no PowerPoint 2010, siga este pro- apresentações do PowerPoint na caixa de diálogo Abrir. Para exi-
cedimento:
bir outros tipos de arquivos, clique em Todas as Apresentações do
Na guia Arquivo, clique em Novo.
PowerPoint e selecione o tipo de arquivo que deseja exibir.
Em Modelos e Temas Disponíveis, siga um destes procedi-
mentos:
• Para reutilizar um modelo usado recentemente, clique
em Modelos Recentes, clique no modelo desejado e depois em
Criar.
• Para utilizar um modelo já instalado, clique em Meus
Modelos, selecione o modelo desejado e clique em OK.
• Para utilizar um dos modelos internos instalados com o
PowerPoint, clique em Modelos de Exemplo, clique no modelo
desejado e depois em Criar.
• Para localizar um modelo no Office.com, em Modelos
do Office.com, clique em uma categoria de modelo, selecione o
modelo desejado e clique em Baixar para baixar o modelo do Offi-
ce.com para o computador.
Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
sentação. 3. Clique no layout desejado para o novo slide.
4. Na caixa Nome de arquivo, digite um nome para a apre-
sentação ou aceite o nome padrão e clique em Salvar.
De agora em diante, você pode pressionar CTRL+S ou pode
clicar em Salvar, próximo à parte superior da tela, para salvar rapi-
damente a apresentação, a qualquer momento.
Observação: Para salvar a apresentação em um formato di-
ferente de .pptx, clique na lista Salvar como tipo e selecione o
formato de arquivo desejado.
O Microsoft PowerPoint 2010 oferece uma série de tipos
de arquivo que você pode usar para salvar; por exemplo, JPEGs
(.jpg), arquivos Portable Document Format (.pdf), páginas da Web
(.html), Apresentação OpenDocument (.odp), inclusive como ví-
deo ou filme etc.
Também é possível abrir vários formatos de arquivo diferen-
tes com o PowerPoint 2010, como Apresentações OpenDocument,
páginas da Web e outros tipos de arquivos.
Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Se houver uma grande quantidade de material para apresentar sobre qualquer um dos pontos ou áreas principais, talvez você queira criar
um subagrupamento de slides para esse material, usando a mesma estrutura de tópicos básica.
Dica: Pense em quanto tempo cada slide deve ficar visível na tela durante a sua apresentação. Uma boa estimativa padrão é de dois a
cinco minutos por slide.
Aplicar um novo layout a um slide
Para alterar o layout de um slide existente, faça o seguinte:
• No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides e clique no slide ao qual deseja
aplicar um novo layout.
• Na guia Página Inicial, no grupo Slides, clique em Layout e, em seguida, clique no novo layout desejado.
Observação Se você aplicar um layout que não possua tipos de espaços reservados suficientes para o conteúdo que já existe no slide,
serão criados espaços reservados adicionais automaticamente para armazenar esse conteúdo.
Copiar um slide
Se você deseja criar dois ou mais slides que tenham conteúdo e layout semelhantes, salve o seu trabalho criando um slide que tenha
toda a formatação e o conteúdo que será compartilhado por ambos os slides, fazendo uma cópia desse slide antes dos retoques finais em
cada um deles.
1. No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o botão direito do
mouse no slide que deseja copiar e clique em Copiar.
2. Na guia Slides, clique com o botão direito do mouse onde você deseja adicionar a nova cópia do slide e clique em Colar.
Você também pode usar esse procedimento para inserir uma cópia de um slide de uma apresentação para outra.
Excluir um slide
No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o botão direito do
mouse no slide que deseja excluir e clique em Excluir Slide.
Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
2. Clique na forma desejada, clique em qualquer parte do slide e arraste para colocar a forma.
Para criar um quadrado ou círculo perfeito (ou restringir as dimensões de outras formas), pressione e mantenha a tecla SHIFT pressio-
nada ao arrastar.
Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do primeiro slide, siga este procedimento:
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo (ou pressione F5).
Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do slide atual, siga este procedimento(ou pressione
Shift+F5):
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Slide Atual.
Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Criar e imprimir folhetos
Você pode imprimir as apresentações na forma de folhetos,
com até nove slides em uma página, que podem ser utilizados pelo
público para acompanhar a apresentação ou para referência futura.
O folheto com três slides por página possui espaços entre as
linhas para anotações.
Você pode selecionar um layout para os folhetos em visuali-
zação de impressão (um modo de exibição de um documento da
maneira como ele aparecerá ao ser impresso).
Organizar conteúdo em um folheto:
Na visualização de impressão é possível organizar o conteúdo
no folheto e visualizá-lo para saber como ele será impresso. Você
pode especificar a orientação da página como paisagem ou retrato
e o número de slides que deseja exibir por página.
Você pode adicionar visualizar e editar cabeçalhos e rodapés,
como os números das páginas. No layout com um slide por pági-
na, você só poderá aplicar cabeçalhos e rodapés ao folheto e não
aos slides, se não desejar exibir texto, data ou numeração no cabe-
çalho ou no rodapé dos slides.
Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
11 – Alinhar Texto à Esquerda
Alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+Q.
12 – Centralizar
Centraliza o texto. Também pode ser acionado através do co-
mando Ctrl+E.
13 – Alinhar Texto à Direita
Alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+G.
14 – Justificar
Alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando es-
paço extra entre as palavras conforme o necessário, promovendo
uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
15 – Colunas
Divide o texto em duas ou mais colunas.
Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para Limpar formatação
selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o boto esquerdo Para limpar toda a formatação de um texto basta selecioná-lo
sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão e clicar no botão , localizado na guia Início.
pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o botão
esquerdo. Inserir símbolos especiais
Além dos caracteres que aparecem no teclado, é possível inse-
rir no slide vários caracteres e símbolos especiais.
1. Posicionar o cursor no local que se deseja inserir o símbolo.
2. Acionar a guia Inserir.
1 – Fonte
Altera o tipo de fonte
2 – Tamanho da fonte
Altera o tamanho da fonte
3 – Negrito
Aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser acio-
nado através do comando Ctrl+N.
4 – Itálico
Aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser aciona-
do através do comando Ctrl+I.
5 – Sublinhado
Sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+S.
6 – Tachado
Desenha uma linha no meio do texto selecionado. 5. Clicar em Inserir e em seguida Fechar.
7 – Sombra de Texto Marcadores e numeração
Adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para destacá- Com a guia Início acionada, clicar no botão , para criar
-lo no slide. parágrafos com marcadores. Para escolher o tipo de marcador cli-
8 – Espaçamento entre Caracteres car na seta.
Ajusta o espaçamento entre caracteres.
9 – Maiúsculas e Minúsculas
Altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minús-
culas, ou outros usos comuns de maiúsculas/minúsculas.
10 – Cor da Fonte
Altera a cor da fonte.
Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Alterar plano de fundo
Para alterar o plano de fundo de um slide, basta clicar com o
botão direito do mouse sobre ele, e em seguida clicar em Formatar
Plano de Fundo.
Inserir figuras
Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Os quiosques podem ser configurados para executar apresen-
tações do PowerPoint de forma automática, contínua ou ambas).
1. Na guia Inserir, no grupo Ilustrações, clicar na seta abaixo
de Formas e, em seguida, clique no botão Mais .
2. Em Botões de Ação, clicar no botão que se deseja adicionar.
3. Clicar sobre um local do slide e arrastar para desenhar a
forma para o botão.
4. Na caixa Configurar Ação, seguir um destes procedimen-
tos:
• Para escolher o comportamento do botão de ação quando
você clicar nele, clicar na guia Selecionar com o Mouse.
• Para escolher o comportamento do botão de ação quando
você mover o ponteiro sobre ele, clicar na guia Selecionar sem o
Mouse.
5. Para escolher o que acontece quando você clica ou move
o ponteiro sobre o botão de ação, siga um destes procedimentos: 1. Na guia Apresentações de Slides, no grupo Iniciar Apre-
• Se você não quiser que nada aconteça, clicar em Nenhuma. sentação de Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de Slides
• Para criar um hiperlink, clicar em Hiperlink para e selecionar Personalizada e, em seguida, clicar em Apresentações Personali-
o destino para o hiperlink. zadas.
• Para executar um programa, clicar em Executar programa 2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, clicar
e, em seguida, clicar em Procurar e localizar o programa que você em Novo.
deseja executar. 3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que você de-
• Para executar um macro (uma ação ou um conjunto de ações seja incluir na apresentação personalizada e, em seguida, clicar em
que você pode usar para automatizar tarefas. Os macros são grava- Adicionar.
dos na linguagem de programação Visual Basic for Applications), Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no primeiro
clicar em Executar macro e selecionar a macro que você deseja slide e, em seguida, manter pressionada a tecla SHIFT enquanto
executar. clica no último slide que deseja selecionar. Para selecionar diver-
As configurações de Executar macro estarão disponíveis so- sos slides não sequenciais, manter pressionada a tecla CTRL en-
mente se a sua apresentação contiver um macro. quanto clica em cada slide que queira selecionar.
• Se você deseja que a forma escolhida como um botão de 4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos, em
ação execute uma ação, clicar em Ação do objeto e selecionar a Slides na apresentação personalizada, clicar em um slide e, em
ação que você deseja que ele execute. seguida, clicar em uma das setas para mover o slide para cima ou
As configurações de Ação do objeto estarão disponíveis so- para baixo na lista.
mente se a sua apresentação contiver um objeto OLE (uma tecno- 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de slides
logia de integração de programa que pode ser usada para compar- e clicar em OK. Para criar apresentações personalizadas adicionais
tilhamento de informações entre programas. Todos os programas com quaisquer slides da sua apresentação, repetir as etapas de 1
do Office oferecem suporte para OLE; por isso, você pode compar- a 5.
tilhar informações por meio de objetos vinculados e incorporados). Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar no
• Para tocar um som, marcar a caixa de seleção Tocar som e nome da apresentação na caixa de diálogo Apresentações Persona-
selecionar o som desejado. lizadas e, em seguida, clicar em Mostrar.
2 – Apresentação Personalizada com Hiperlink
Criar apresentação personalizada Utilizar uma apresentação personalizada com hiperlinks para
Existem dois tipos de apresentações personalizadas: básica e organizar o conteúdo de uma apresentação. Por exemplo, se você
com hiperlinks. cria uma apresentação personalizada principal sobre a nova orga-
Uma apresentação personalizada básica é uma apresentação nização geral da sua empresa, é possível criar uma apresentação
separada ou uma apresentação que inclui alguns slides originais. personalizada para cada departamento da sua organização e vincu-
Uma apresentação personalizada com hiperlinks é uma forma lá-los a essas exibições da apresentação principal.
rápida de navegar para uma ou mais apresentações separadas.
1 – Apresentação Personalizada Básica
Utilizar uma apresentação personalizada básica para fornecer
apresentações separadas para diferentes grupos da sua organiza-
ção. Por exemplo, se sua apresentação contém um total de cinco
slides, é possível criar uma apresentação personalizada chamada
“Site 1” que inclui apenas os slides 1, 3 e 5. É possível criar uma
segunda apresentação personalizada chamada “Site 2” que inclui
os slides 1, 2, 4 e 5. Quando você criar uma apresentação perso-
nalizada a partir de outra apresentação, é possível executá-la, na
íntegra, em sua sequência original.
Didatismo e Conhecimento 63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Na guia Apresentações, no grupo Iniciar Apresentação de 6. Quadriculado na Horizontal
Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de Slides Personali- 7. Quadriculado na Vertical
zada e, em seguida, clicar em Apresentações Personalizadas. 8. Pente Horizontal
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, clicar 9. Pente Vertical
em Novo.
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que você de- Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos Rápi-
seja incluir na apresentação personalizada principal e, em seguida, dos, clicar no botão Mais, conforme mostrado no diagrama acima.
clicar em Adicionar. • Adicionar a mesma transição de slides a todos os slides em
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no primeiro sua apresentação:
slide e, em seguida, manter pressionada a tecla SHIFT enquanto 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na
clica no último slide que deseja selecionar. Para selecionar diver- guia Slides.
sos slides não sequenciais, manter pressionada a tecla CTRL en- 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
quanto clica em cada slide que queira selecionar. 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide,
4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos, em clicar em um efeito de transição de slides.
Slides na apresentação personalizada, clicar em um slide e, em 4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos
seguida, clicar em uma das setas para mover o slide para cima ou Rápidos, clicar no botão Mais.
para baixo na lista. 5. Para definir a velocidade de transição de slides, no grupo
5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de slides Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de Velocidade da
e clicar em OK. Para criar apresentações personalizadas adicionais Transição e, em seguida, selecionar a velocidade desejada.
com quaisquer slides da sua apresentação, repetir as etapas de 1 6. No grupo Transição para Este Slide, clicar em Aplicar a
a 5. Tudo.
6. Para criar um hiperlink da apresentação principal para uma • Adicionar diferentes transições de slides aos slides em sua
apresentação de suporte, selecionar o texto ou objeto que você de- apresentação
seja para representar o hiperlink. 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na
7. Na guia Inserir, no grupo Vínculos, clicar na seta abaixo guia Slides.
de Hiperlink. 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
8. Em Vincular para, clicar em Colocar Neste Documento. 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide,
clicar no efeito de transição de slides que você deseja para esse
9. Seguir um destes procedimentos:
slide.
• Para se vincular a uma apresentação personalizada, na lista
4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos
Selecionar um local neste documento, selecionar a apresentação
Rápidos, clicar no botão Mais.
personalizada para a qual deseja ir e marcar a caixa de seleção
5. Para definir a velocidade de transição de slides, no grupo
Mostrar e retornar.
Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de Velocidade da
• Para se vincular a um local na apresentação atual, na lista
Transição e, em seguida, selecionar a velocidade desejada.
Selecione um local neste documento, selecionar o slide para o qual
6. Para adicionar uma transição de slides diferente a outro
você deseja ir. slide em sua apresentação, repetir as etapas 2 a 4.
Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar no • Adicionar som a transições de slides
nome da apresentação na caixa de diálogo Apresentações Persona- 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na
lizadas e, em seguida, clicar em Mostrar. guia Slides.
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
Transição de slides 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide,
As transições de slide são os efeitos semelhantes à animação clicar na seta ao lado de Som de Transição e, em seguida, seguir
que ocorrem no modo de exibição Apresentação de Slides quando um destes procedimentos:
você move de um slide para o próximo. • Para adicionar um som a partir da lista, selecionar o som
É possível controlar a velocidade de cada efeito de transição desejado.
de slides e também adicionar som. • Para adicionar um som não encontrado na lista, selecionar
O Microsoft Office PowerPoint 2010 inclui vários tipos dife- Outro Som, localizar o arquivo de som que você deseja adicionar
rentes de transições de slides, incluindo (mas não se limitando) as e, em seguida, clicar em OK.
seguintes: 4. Para adicionar som a uma transição de slides diferente,
repetir as etapas 2 e 3.
Didatismo e Conhecimento 64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
o Para permitir que a audiência role por sua apresentação de É possível executar sua apresentação do Microsoft Office Po-
auto execução a partir de um computador autônomo, marcar a cai- werPoint 2010 de um monitor (por exemplo, em um pódio) en-
xa de seleção Mostrar barra de rolagem. quanto o público a vê em um segundo monitor.
o Para entregar uma apresentação de auto execução execu- Usando dois monitores, é possível executar outros programas
tada em um quiosque (um computador e monitor, geralmente lo- que não são vistos pelo público e acessar o modo de exibição Apre-
calizados em uma área frequentada por muitas pessoas, que pode sentador. Este modo de exibição oferece as seguintes ferramentas
incluir tela sensível ao toque, som ou vídeo. Os quiosques podem para facilitar a apresentação de informação:
ser configurados para executar apresentações do PowerPoint de o É possível utilizar miniaturas para selecionar os slides de
forma automática, contínua ou ambas), clicar em Apresentada em uma sequência e criar uma apresentação personalizada para o seu
um quiosque (tela inteira). público.
• Mostrar slides o A visualização de texto mostra aquilo que o seu próximo cli-
Usar as opções na seção Mostrar slides para especificar quais que adicionará à tela, como um slide novo ou o próximo marcador
slides estão disponíveis em uma apresentação ou para criar uma de uma lista.
apresentação personalizada (uma apresentação dentro de uma o As anotações do orador são mostradas em letras grandes e
apresentação na qual você agrupa slides em uma apresentação claras, para que você possa utilizá-las como um script para a sua
existente para poder mostrar essa seção da apresentação para um apresentação.
público em particular). o É possível escurecer a tela durante sua apresentação e, de-
o Para mostrar todos os slides em sua apresentação, clicar em pois, prosseguir do ponto em que você parou. Por exemplo, talvez
Tudo. você não queira exibir o conteúdo do slide durante um intervalo ou
o Para mostrar um grupo específico de slides de sua apresen- uma seção de perguntas e respostas.
tação, digitar o número do primeiro slide que você deseja mostrar
na caixa De e digitar o número do último slide que você deseja
mostrar na caixa Até.
o Para iniciar uma apresentação de slides personalizada que
seja derivada de outra apresentação do PowerPoint, clicar em
Apresentação personalizada e, em seguida, clicar na apresenta-
ção que você deseja exibir como uma apresentação personalizada
(uma apresentação dentro de uma apresentação na qual você agru-
pa slides em uma apresentação existente para poder mostrar essa
seção da apresentação para um público em particular).
• Opções da apresentação
Usar as opções na seção Opções da apresentação para especi-
ficar como você deseja que arquivos de som, narrações ou anima-
ções sejam executados em sua apresentação.
o Para executar um arquivo de som ou animação continua- No modo de exibição do Apresentador, os ícones e botões são
mente, marcar a caixa de opções Repetir até ‘Esc’ ser pressionada. grandes o suficiente para uma fácil navegação, mesmo quando
o Para mostrar uma apresentação sem executar uma narração você está usando um teclado ou mouse desconhecido. A seguin-
incorporada, marcar a caixa de seleção Apresentação sem narra- te ilustração mostra as várias ferramentas disponibilizadas pelo
ção. modo de exibição Apresentador.
o Para mostrar uma apresentação sem executar uma animação
incorporada, marcar a caixa de seleção Apresentação sem anima-
ção.
o Ao fazer sua apresentação diante de uma audiência ao vivo,
é possível escrever nos slides. Para especificar uma cor de tinta, na
lista Cor da caneta, selecionar uma cor de tinta.
Didatismo e Conhecimento 65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Miniaturas dos slides que você pode clicar para pular um sli- o Na lista Resolução da apresentação de slides, clicar na reso-
de ou retornar para um slide já apresentado. lução, ou número de pixels por polegada, que você deseja. Quanto
2. O slide que você está exibindo no momento para o público. mais pixels, mais nítida será a imagem, contudo mais lento será o
3. O botão Finalizar Apresentação, que você pode clicar a qual- desempenho do computador. Por exemplo, uma tela de 640 x 480
quer momento para finalizar a sua apresentação. pixels é capaz de exibir 640 pontos distintos em cada uma das 480
4. O botão Escurecer, que você pode clicar para escurecer a tela linhas, ou aproximadamente 300.000 pixels. Essa é a resolução
do público temporariamente e, em seguida, clicar de novo para exibir com desempenho mais rápido, contudo fornece a menor qualidade.
o slide atual. Em contraste, uma tela com 1280 x 1024 pixels fornece as imagens
5. Avançar para cima, que indica o slide que o seu público verá mais nítidas, mas com desempenho mais lento.
em seguida.
6. Botões que você pode selecionar para mover para frente ou
para trás na sua apresentação.
7. O Número do slide (por exemplo, Slide 7 de 12) CORREIO ELETRÔNICO: USO DE
8. O tempo decorrido, em horas e minutos, desde o início da sua
apresentação.
CORREIO ELETRÔNICO, PREPARO E
9. As anotações do orador, que você pode usar como um script ENVIO DE MENSAGENS, ANEXAÇÃO
para a sua apresentação. DE ARQUIVOS.
Requisitos para o uso do modo de exibição Apresentador:
Para utilizar o modo de exibição Apresentador, faça o seguinte:
o Certifique-se que o computador usado para a apresentação tem
capacidade para vários monitores.
o Ativar o suporte a vários monitores CORREIO ELETRÔNICO
o Ativar o modo de exibição Apresentador. O correio eletrônico1 se parece muito com o correio tradicio-
nal. Todo usuário tem um endereço próprio e uma caixa postal, o
Ativar o suporte a vários monitores: carteiro é a Internet. Você escreve sua mensagem, diz pra quem
Embora os computadores possam oferecer suporte a mais de dois quer mandar e a Internet cuida do resto. Mas por que o e-mail
monitores, o PowerPoint oferece suporte para o uso de até dois monito- se popularizou tão depressa? A primeira coisa é pelo custo. Você
res para uma apresentação. Para desativar o suporte a vários monitores, não paga nada por uma comunicação via e-mail, apenas os custos
selecionar o segundo monitor e desmarcar a caixa de seleção Estender a de conexão com a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o
área de trabalho do Windows a este monitor. correio tradicional levaria dias para entregar uma mensagem, o
1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Monitores, clicar em eletrônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza papel.
Mostrar Modo de Exibição do Apresentador. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário, não precisa
2. Na caixa de diálogo Propriedades de Vídeo, na guia Configura- passa de mão-em-mão (funcionário do correio, carteiro, etc.), fica
ções, clicar no ícone do monitor para o monitor do apresentador e des- na sua caixa postal onde somente o dono tem acesso e, apesar
marcar a caixa de seleção Usar este dispositivo como monitor primário. de cada pessoa ter seu endereço próprio, você pode acessar seu
Se a caixa de seleção Usar este dispositivo como monitor primá- e-mail de qualquer computador conectado à Internet.
rio estiver marcada e não disponível, o monitor foi designado como o Bem, o e-mail mesclou a facilidade de uso do correio conven-
monitor primário. Somente é possível selecionar um monitor primário cional com a velocidade do telefone, se tornando um dos melho-
por vez. Se você clicar em um ícone de monitor diferente, a caixa de res e mais utilizado meio de comunicação.
seleção Usar este dispositivo como monitor primário é desmarcada e
torna-se disponível novamente. Estrutura e Funcionalidade do e-mail
É possível mostrar o modo de exibição Apresentador e executar a
Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos os en-
apresentação de apenas um monitor — geralmente, o monitor 1.
dereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão, nome do usuá-
3. Clicar no ícone do monitor para o monitor do público e marcar a
rio + @ + host, onde:
caixa de seleção Estender a área de trabalho do Windows a este monitor.
Executar uma apresentação em dois monitores usando o modo de » Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuá-
exibição do Apresentador: rio na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecastro.
Após configurar seus monitores, abrir a apresentação que deseja » @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa o
executar e fazer o seguinte: nome do usuário do seu provedor.
1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Configuração, clicar » Host – é o nome do provedor onde foi criado o endereço
em Configurar a Apresentação de Slides. eletrônico. Exemplo: click21.com.br .
2. Na caixa de diálogo Configurar Apresentação, escolher as op- » Provedor – é o host, um computador dedicado ao serviço
ções desejadas e clicar em OK. 24 horas por dia.
3. Para começar a entrega da apresentação, na guia Exibir, no
grupo Modos de Exibição de Apresentação, clicar em Apresentação de Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.com.br
Slides.
• Desempenho A caixa postal é composta pelos seguintes itens:
Usar as opções na seção Desempenho para especificar o nível de » Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens
clareza visual da apresentação. recebidas.
o Para acelerar o desenho de elementos gráficos na apresentação, 1 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronicoewe-
selecionar Usar aceleração de elementos gráficos do hardware. bmail001.asp
Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
» Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não en- WebMail
viadas.
» E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails que O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação acessada
foram enviados. diretamente na Internet, sem a necessidade de usar programa de
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda não ter- correio eletrônico. Praticamente todos os e-mails possuem aplica-
minou de redigir. ções para acesso direto na Internet. É grande o número de prove-
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas. dores que oferecem correio eletrônico gratuitamente, logo abaixo
segue uma lista dos mais populares.
Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão presentes: » Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do desti- » GMail – http://www.gmail.com
natário. » Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da mesma » iG Mail – http://www.ig.com.br
mensagem, ao usar este campo os endereços aparecerão para to- » Yahoo – http://www.yahoo.com.br
dos os destinatários.
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, no en- Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e seguir
tanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos. as instruções do site. Outro importante fator a ser observado é o
» Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem. tamanho máximo permitido por anexo, este foi outro fator que au-
» Anexos – são dados que são anexados à mensagem (ima- mentou muito de tamanho, há pouco tempo a maioria dos prove-
gens, programas, música, arquivos de texto, etc.). dores permitiam em torno de 2 Mb, mas atualmente a maioria já
» Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a mensa- oferecem em média 25 Mb. Além de caixa postal os provedores
gem. costumam oferecer serviços de agenda e contatos.
Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério de
Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor, porém cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por exemplo,
representando as mesmas funções. Além dos destes campos tem procuro aqueles que oferecem uma interface com o menor propa-
ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e EXCLUIR as
ganda possível.
mensagens, este botões bem como suas funcionalidades veremos
em detalhes, mais à frente.
» Criando seu e-mail
Para receber seus e-mails você não precisa estar conectado
Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamente simples,
à Internet, pois o e-mail funciona com provedores. Mesmo você
eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste WebMail não tem
não estado com seu computador ligado, seus e-mail são recebidos
propagandas e isso ajudar muito os entendimentos, no entanto
e armazenados na sua caixa postal, localizada no seu provedor.
você pode acessar qualquer dos endereços informados acima ou
Quando você acessa sua caixa postal, pode ler seus e-mail on-line
ainda qualquer outro que você conheça. O processo de cadastro é
(diretamente na Internet, pelo WebMail) ou baixar todos para seu
muito simples, basta preencher um formulário e depois você terá
computador através de programas de correio eletrônico. Um pro-
grama muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais sua conta de e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos:
à frente. 1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com.br) ou
A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de e-mail qualquer outro de sua preferência.
e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode enviar mensa- 2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será aber-
gens para você. Também é possível enviar mensagens para várias to um formulário, preencha-o observando todos os campos. Os
pessoas ao mesmo tempo, para isto basta usar os campos “Cc” e campos do formulário têm suas particularidades de provedor para
“Cco” descritos acima. provedor, no entanto todos trazem a mesma ideia, colher infor-
Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a maioria mações do usuário. Este será a primeira parte do seu e-mail e é
das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet através igual a este em qualquer cadastro, no exemplo temos “@outlook.
do navegador. Este tipo de correio é chamado de WebMail. O com”. A junção do nome de usuário com o nome do provedor é
WebMail é responsável pela grande popularização do e-mail, que será seu endereço eletrônico. No exemplo ficaria o seguinte:
pois mesmo as pessoas que não tem computador, podem acessar seunome@outlook.com.
sua caixa postal de qualquer lugar (um cyber, casa de um ami- 3. Após preencher todo o formulário clique no botão “Criar
go, etc.). Para ter um endereço eletrônico basta querer e acessar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado.
a Internet, é claro. Existe quase que uma guerra por usuários. Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é comum que
Os provedores, também, disputam quem oferece maior espaço muitos nomes já tenham sido cadastrados por outros usuários,
em suas caixas postais. Há pouco tempo encontrar um e-mail neste caso será exibida uma mensagem lhe informando do pro-
com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil. Lembro que, quando blema. Isso acontece porque dentro de um mesmo provedor não
a Embratel ofereceu o Click21 com 30 Mb, achei que era muito pode ter dois nomes de usuários iguais. A solução é procurar outro
espaço, mas logo o iBest ofereceu 120 Mb e não parou por ai, a nome que ainda esteja livre, alguns provedores mostram sugestões
“guerra” continuo culminando com o anúncio de que o Google como: seunome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você (o
iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). A última campanha do GMail, que é bem provável que acontecerá) escolha uma das sugestões ou
e-mail do Google, é de aumentar sua caixa postal constantemen- informe outro nome (não desista, você vai conseguir), finalize seu
te, a última vez que acessei estava em 2663 Mb. cadastro que seu e-mail vai está pronto para ser usado.
Didatismo e Conhecimento 67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
» Entendendo a Interface do WebMail ser feito pela caixa de seleção do lado esquerdo do título da coluna “Reme-
A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que nos tente”. O título das colunas, além de nomeá-las, também serve para clas-
liga do mundo externo aos comandos do programa. Estes conhe- sificar as mensagens que por padrão estão classificadas através da coluna
cimentos vão lhe servir para qualquer WebMail que você tiver e “Data”, para usar outra coluna na classificação basta clicar sobre nome dela.
também para o Outlook, que é um programa de gerenciamento de 14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adicionar, reno-
e-mails, vamos ver este programa mais adiante. mear e apagar as suas pastas. As pastas são um modo de organizar seu
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua caixa conteúdo, armazenando suas mensagens por temas. Quando seu e-mail é
de entrar, verificando se há novas mensagens no servidor. criado não existem pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário de
2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição de acordo com suas necessidades.
e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no qual você vai 15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a seção onde
redigir, responder e encaminhar mensagens. Semelhante à função pode ser feita uma configuração que permitirá você acessar outras caixas
novo e-mail do Outlook. postais diretamente da sua. O próximo link, como o nome já diz, abre a
3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus endere- janela de configuração dos e-mails bloqueados e mais abaixo o link para
ços de e-mail são previamente guardados para utilização futura, baixar um plug-in que lhe permite fazer uma configuração automá-
nesta seção também é possível criar grupos para facilitar o geren- tica do Outlook Express. Estes dois primeiros links são os mesmos
ciamento dos seus contatos. apresentados no item 10.
4. Configurações – Este botão abre (como o próprio nome já
diz) a janela de configurações. Nesta janela podem ser feitas diver- MS OUTLOOK 2010
sas configurações, tais como: mudar senha, definir número de e-mail
por página, assinatura, resposta automática, etc. O Microsoft Outlook 2010 oferece excelentes ferramentas de
5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma seção com vários gerenciamento de emails profissionais e pessoais para mais de 500
tópicos de ajuda. milhões de usuários do Microsoft Office no mundo todo. Com o
6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através dele que você lançamento do Outlook 2010, você terá uma série de experiências
vai fechar sua caixa postal, muito recomendado quando o uso de seu e-mail mais ricas para atender às suas necessidades de comunicação no
ocorrer em computadores de terceiros. trabalho, em casa e na escola.
Do visual redesenhado aos avançados recursos de organização
7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu endereço de
de emails, pesquisa, comunicação e redes sociais, o Outlook 2010
e-mail; quantidade total de sua caixa posta; parte utilizada em porcentagem
proporciona uma experiência fantástica para você se manter pro-
e um pequeno gráfico.
dutivo e em contato com suas redes pessoais e profissionais.
8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você está, no exem-
plo a Caixa de Entrada.
Adicionar uma conta de email
9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de mensagens que estão
Antes de poder enviar e receber emails no Outlook 2010, você
na tela e também o total da seção selecionada. precisa adicionar e configurar uma conta de email. Se tiver usado
10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão todos os co- uma versão anterior do Microsoft Outlook no mesmo computador
mandos relacionados com as mensagens exibidas. Para usar estes coman- em que instalou o Outlook 2010, suas configurações de conta serão
dos, selecione uma ou mais mensagens o comando desejado e clique no importadas automaticamente.
botão “OK”. O botão “Bloquear”, bloqueia o endereço de e-mail da men- Se você não tem experiência com o Outlook ou se estiver ins-
sagem, útil para bloquear e-mails indesejados. Já o botão “Contas externas” talando o Outlook 2010 em um computador novo, o recurso Con-
abre uma seção para configurar outras contas de e-mails que enviarão as figuração Automática de Conta será iniciado automaticamente e
mensagens a sua caixa postal. Para o correto funcionamento desta opção é o ajudará a configurar as definições de suas contas de email. Essa
preciso que a conta a ser acessada tenha serviço POP3 e SMTP. configuração exige somente seu nome, endereço de email e senha.
11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista de página, que Se não for possível configurar sua conta de email automaticamen-
aumenta conforme a quantidade de e-mails na seção. Para acessar selecione te, será necessário digitar as informações adicionais obrigatórias
a página desejada e clique no botão “OK”. Veja que todos os comandos manualmente.
estão disponíveis também na parte inferior, isto para facilitar o uso de sua 1. Clique na guia Arquivo.
caixa postal. 2. Em Dados da Conta e clique em Adicionar Conta.
12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um correio eletrô-
nico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas; Rascunho e Lixeira. Um de-
talhe importante é o estilo do nome, quando está normal significa que todas
as mensagens foram abertas, porém quando estão em negrito, acusam que
há uma ou mais mensagens que não foram lidas, o número entre parêntese
indica a quantidade. Este detalhe funciona para todas as pastas e mensagens
do correio.
13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir as mensagens.
Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exibido o conteúdo da Caixa de En-
trada, mas este painel exibe também as mensagens das diversas pastas exis- Sobre contas de email
tentes na sua caixa postal. A observação feita no item anterior, sobre negrito, O Outlook dá suporte a contas do Microsoft Exchange, POP3
também é válida para esta seção. Observe as caixas de seleção localizadas e IMAP. Seu ISP (provedor de serviços de Internet) ou administra-
do lado esquerdo de cada mensagem, é através delas que as mensagens são dor de emails pode lhe fornecer as informações necessárias para a
selecionadas. A seleção de todos os itens ao mesmo tempo, também pode configuração da sua conta de email no Outlook.
Didatismo e Conhecimento 68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Contas de email estão contidas em um perfil. Um perfil é com-
posto de contas, arquivos de dados e configurações que especifi-
cam onde as suas mensagens de email são salvas. Um novo perfil
é criado automaticamente quando o Outlook é executando pela
primeira vez.
Adicionar uma conta de email ao iniciar o Outlook 2010 pela
primeira vez
Se você ainda não tem experiência com o Outlook ou se esti-
ver instalando o Outlook 2010 em um computador novo, o recurso
Configuração Automática de Conta será iniciado automaticamente
e o ajudará a definir as configurações das suas contas de email.
Esse processo exige somente seu nome, endereço de email e senha.
Se não for possível configurar a sua conta de email automatica-
mente, você precisará inserir as informações adicionais obrigató-
rias manualmente.
1. Inicie o Outlook. Se a tentativa inicial de configurar a conta falhar, uma segunda
2. Quando solicitado a configurar uma conta de email, cli- tentativa poderá ser feita com o uso de uma conexão não crip-
que em Avançar. tografada com o servidor de email. Se você vir essa mensagem,
clique em Avançar para continuar. Se a conexão não criptografada
também falhar, não será possível configurar a sua conta de email
automaticamente.
Didatismo e Conhecimento 69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Observação: Se o seu perfil já tiver uma conta do Micro- • Nas caixas Senha e Confirmar Senha, digite a senha atri-
soft Exchange Server e você quiser adicionar outra, será neces- buída ou criada por você.
sário usar a Configuração Automática de Conta. Para configurar Dica: A senha poderá diferenciar maiúsculas de minúsculas.
manualmente uma conta adicional do Exchange Server, você deve Verifique se a tecla CAPS LOCK foi pressionada durante a inser-
sair do Outlook e depois usar o módulo Email no Painel de Con- ção da sua senha.
trole. 4. Em Informações do Servidor, faça o seguinte:
• Na caixa de listagem Tipo de Conta, escolha POP3 ou
Adicionar uma conta de email manualmente IMAP.
Existem três maneiras de adicionar manualmente sua conta de • Na caixa Servidor de entrada de emails, digite o nome
email. A maioria das pessoas só possui um perfil e deverá usar a completo do servidor fornecido pelo provedor de serviços de In-
seção Adicionar ao perfil em execução. ternet ou pelo administrador de email. Geralmente, é mail. seguido
Observação A configuração manual de contas do Microsoft do nome de domínio, por exemplo, mail.contoso.com.
Exchange não pode ser feita enquanto o Outlook estiver em exe-
• Na caixa Servidor de saída de emails (SMTP), digite o
cução. Use as etapas das seções Adicionar a um perfil existente ou
nome completo do servidor fornecido pelo provedor de serviços
Adicionar a um novo perfil.
de Internet ou pelo administrador de email. Geralmente, é mail.
Adicionar ao perfil em execução
1. Clique na guia Arquivo. seguido do nome do domínio, por exemplo, mail.contoso.com.
2. Na guia Info, em Informações da Conta, clique em Con- 5. Em Informações de Logon, faça o seguinte:
figurações de Conta. • Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do usuário
3. Clique em Configurações de Conta. fornecido pelo provedor ou pelo administrador de email. Ele pode
4. Clique em Adicionar Conta. fazer parte do seu endereço de email antes do símbolo @, como
Adicionar a um perfil existente pat, ou pode ser o seu endereço de email completo, como pat@
1. Feche o Outlook. contoso.com.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes em • Na caixa Senha, digite a senha fornecida pelo provedor
Email. ou pelo administrador de email ou uma senha que tenha sido criada
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email contém por você.
o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil diferente já exis- • Marque a caixa de seleção Lembrar senha.
tente, clique em Mostrar Perfis, selecione o nome do perfil e, em Observação: Você tem a opção de salvar sua senha digitando-
seguida, clique em Propriedades. -a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção Lembrar senha.
3. Clique em Contas de Email. Se você escolheu essa opção, não precisará digitar a senha sempre
Adicionar a um novo perfil que acessar a conta. No entanto, isso também torna a conta vulne-
1. Feche o Outlook. rável a qualquer pessoa que tenha acesso ao seu computador.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes no Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de email
módulo Email. como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você esteja usan-
3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis. do mais de uma conta de email. Clique em Mais Configurações.
4. Clique em Adicionar. Na guia Geral, em Conta de Email, digite um nome que ajudará a
5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome para o identificar a conta, por exemplo, Meu Email de Provedor de Servi-
perfil e, em seguida, clique em OK. ços de Internet Residencial.
Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso confi- A sua conta de email pode exigir uma ou mais das configura-
gure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado. ções adicionais a seguir. Entre em contato com o seu ISP se tiver
6. Clique em Contas de Email.
dúvidas sobre quais configurações usar para sua conta de email.
• Autenticação de SMTP Clique em Mais Configura-
Configurar manualmente uma conta POP3 ou IMAP
ções. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu servidor de
Uma conta POP3 é o tipo mais comum de conta de email.
Uma conta IMAP é um tipo avançado de conta de email que saída de emails requer autenticação, caso isso seja exigido pela
oferece várias pastas de email em um servidor de emails. As contas conta.
do Google GMail e da AOL podem ser usadas no Outlook 2010 • Criptografia de POP3 Para contas POP3, clique em
como contas IMAP. Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das portas
Se não souber ao certo qual é o tipo da sua conta, entre em do servidor, em Servidor de entrada (POP3), marque a caixa de
contato com o seu provedor de serviços de Internet (ISP) ou admi- seleção O servidor requer uma conexão criptografada (SSL), caso
nistrador de email. o provedor de serviços de Internet instrua você a usar essa confi-
1. Clique em Definir manualmente as configurações do ser- guração.
vidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar. • Criptografia de IMAP Para contas IMAP, clique em
2. Clique em Email da Internet e em Avançar. Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das portas
3. Em Informações do Usuário, faça o seguinte: do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), para a opção Usar o
• Na caixa Nome, digite seu nome da forma que aparecerá seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Nenhuma, SSL,
para as outras pessoas. TLS ou Automática, caso o provedor de serviços de Internet ins-
• Na caixa Endereço de Email, digite o endereço de email trua você a usar uma dessas configurações.
completo atribuído por seu administrador de email ou ISP. Não se • Criptografia de SMTP Clique em Mais Configurações.
esqueça de incluir o nome de usuário, o símbolo @ e o nome do Na guia Avançada, em Números das portas do servidor, em Servi-
domínio como, por exemplo, pat@contoso.com. dor de saída (SMTP), para a opção Usar o seguinte tipo de conexão
Didatismo e Conhecimento 70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
criptografada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Automática, caso
o provedor de serviços de internet instrua você a usar uma dessas
configurações.
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da Conta
para verificar se a conta está funcionando. Se houver informações
ausentes ou incorretas, como a senha, será solicitado que sejam
fornecidas ou corrigidas. Verifique se o computador está conectado
com a Internet.
Clique em Avançar.
Clique em Concluir.
Didatismo e Conhecimento 71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4. Depois de redigir a mensagem, clique em Enviar. 1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem existente,
clique em Responder, Responder a Todos ou Encaminhar.
Responder ou encaminhar uma mensagem de email 2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no grupo
Quando você responde a uma mensagem de email, o reme- Incluir, clique em Anexar Arquivo.
tente da mensagem original é automaticamente adicionado à caixa
Para. De modo semelhante, quando você usa Responder a Todos,
uma mensagem é criada e endereçada ao remetente e a todos os
destinatários adicionais da mensagem original. Seja qual for sua
escolha, você poderá alterar os destinatários nas caixas Para, Cc
e Cco.
Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc e Cco fi- Abrir e salvar anexos
cam vazias e é preciso fornecer pelo menos um destinatário. Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluídos em uma
mensagem de email. As mensagens com anexos são identificadas
Responder ao remetente ou a outros destinatários por um ícone de clipe de papel na lista de mensagens. Depen-
Você poder responder apenas ao remetente de uma mensagem dendo do formato da mensagem recebida, os anexos são exibidos
ou a qualquer combinação de pessoas existente nas linhas Para e em um de dois locais na mensagem.
Cc. Pode também adicionar novos destinatários. • Se o formato da mensagem for HTML ou texto sem for-
1. Na guia Página Inicial ou na guia Mensagem, no grupo matação, os anexos serão exibidos na caixa de anexo, sob a linha
Responder, clique em Responder ou em Responder a Todos. Assunto.
Observação: O nome da guia depende da condição da men- • Se o formato da mensagem for o formato menos comum
sagem, se está selecionada na lista de mensagens ou se está aberta RTF (Rich Text Format), os anexos serão exibidos no corpo da
na respectiva janela. mensagem. Mesmo que o arquivo apareça no corpo da mensagem,
Para remover o nome das linhas Para e Cc, clique no nome ele continua sendo um anexo separado.
Observação O formato utilizado na criação da mensagem é
e pressione DELETE. Para adicionar um destinatário, clique na
indicado na barra de título, na parte superior da mensagem.
caixa Para, Cc ou Cco e especifique o destinatário.
2. Escreva sua mensagem.
Abrir um anexo
3. Clique em Enviar.
Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou em uma
Dica Seja cuidadoso ao clicar em Responder a Todos, prin-
mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, clique duas vezes
cipalmente quando houver listas de distribuição ou um grande nú-
no anexo para abri-lo.
mero de destinatários em sua resposta. Geralmente, o melhor é
Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique com o botão
usar Responder e adicionar somente os destinatários necessários, direito do mouse na mensagem que contém o anexo, clique em
ou então usar Responder a Todos, mas remover os destinatários Exibir Anexos e clique no nome do anexo.
desnecessários e as listas de distribuição. Observações
• Você pode visualizar anexos de mensagens HTML ou
Encaminhar uma mensagem com texto sem formatação no Painel de Leitura e em mensagens
Ao encaminhar uma mensagem, ela incluirá todos os anexos abertas. Clique no anexo a ser visualizado e ele será exibido no
que estavam incluídos na mensagem original. Para incluir mais corpo da mensagem. Para voltar à mensagem, na guia Ferramentas
anexos, consulte Anexar um arquivo ou outro item a uma mensa- de Anexo, no grupo Mensagem, clique em Mostrar Mensagem. O
gem de email. recurso de visualização não está disponível para mensagens RTF.
1. Na guia Página Inicial ou Mensagem, no grupo Respon- • Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arquivos de
der, clique em Encaminhar. anexo potencialmente perigosos (inclusive os arquivos .bat, .exe,
Observação: O nome da guia depende da condição da mensa- .vbs e .js), os quais possam conter vírus. Se o Outlook bloquear
gem, se está selecionada na lista de mensagens ou se está aberta na algum arquivo de anexo em uma mensagem, uma lista dos tipos
respectiva janela. de arquivos bloqueados será exibida na Barra de Informações, na
2. Especifique destinatários nas caixas Para, Cc ou Cco. parte superior da mensagem.
3. Escreva sua mensagem.
4. Clique em Enviar.
Dica: Se quiser encaminhar duas ou mais mensagens para os
mesmos destinatários, como se fossem uma só, em Email, clique
em uma das mensagens, pressione CTRL e clique em cada mensa-
gem adicional. Na guia Página Inicial, no grupo Responder, clique
em Encaminhar. Cada mensagem será encaminhada como anexo
de uma nova mensagem.
Salvar um anexo
Adicionar um anexo a uma mensagem de email Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir salvá-lo em
Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de email. uma unidade de disco. Se a mensagem tiver mais de um anexo,
Além disso, outros itens do Outlook, como mensagens, contatos você poderá salvar os vários anexos como um grupo ou um de
ou tarefas, podem ser incluídos com as mensagens enviadas. cada vez.
Didatismo e Conhecimento 72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Salvar um único anexo de mensagem
Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto
sem formatação Clique no anexo, no Painel de Leitura, ou abra
a mensagem. Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em Salvar
como. É possível clicar com o botão direito do mouse no anexo e
então clicar em Salvar como.
• Se a mensagem estiver no formato RTF No Painel Criar um compromisso de calendário
de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o botão direito do Compromissos são atividades que você agenda no seu calen-
mouse no anexo e clique em Salvar como. dário e que não envolvem convites a outras pessoas nem reserva
Escolha uma local de pasta e clique em Salvar. de recursos.
Salvar vários anexos de uma mensagem • Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, selecione clique em Novo Compromisso. Como alternativa, você pode clicar
os anexos a serem salvos. Para selecionar vários anexos, clique com o botão direito do mouse em um bloco de tempo em sua grade
neles mantendo pressionada a tecla CTRL. de calendário e clicar em Novo Compromisso.
2. Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto
sem formatação Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em
Salvar como.
• Se a mensagem estiver no formato RTF Clique com
o botão direito do mouse em uma das mensagens selecionadas e
depois clique em Salvar como.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
Salvar todos os anexos de uma mensagem Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pressione
1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, clique em CTRL+SHIFT+A.
um anexo. Agendar uma reunião com outras pessoas
2. Siga um destes procedimentos: Uma reunião é um compromisso que inclui outras pessoas e
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto pode incluir recursos como salas de conferência. As respostas às
sem formatação Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em suas solicitações de reunião são exibidas na Caixa de Entrada.
Salvar Todos os Anexos. • Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
• Se a mensagem estiver no formato RTF Clique na guia clique em Nova Reunião.
Arquivo para abrir o modo de exibição Backstage. Em seguida,
clique em Salvar anexos e depois em OK.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
Didatismo e Conhecimento 73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Criar uma anotação
Anotações são o equivalente eletrônico de notas adesivas em
papel. Use-as para rascunhar dúvidas, ideias, lembretes e qualquer
coisa que você escreveria em papel.
• Em Anotações, no grupo Novo, clique em Nova Anota-
ção.
Didatismo e Conhecimento 74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Com esta popularidade e o surgimento de softwares de nave- Um hipertexto é um texto em formato digital, e pode le-
gação de interface amigável, no fim da década de 90, pessoas que var a outros, fazendo o uso de elementos especiais (palavras,
não tinham conhecimentos profundos de informática começaram a frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa Sensitivo o qual leva
utilizar a rede internacional. a outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos,
imagens ou sons.
Acesso à Internet Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o mouse,
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço de remete o usuário à outra parte do documento ou outro documento.
Internet, oferece principalmente serviço de acesso à Internet, adi-
cionando serviços como e-mail, hospedagem de sites ou blogs, ou Home Page
seja, são instituições que se conectam à Internet com o ob- Sendo assim, home page designa a página inicial, principal do
jetivo de fornecer serviços à ela relacionados, e em função do site ou web page.
serviço classificam-se em: É muito comum os usuários confundirem um Blog ou Perfil
no Orkut com uma Home Page, porém são coisas distintas, aonde
• Provedores de Backbone: São instituições que constroem e
um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é um Profile, ou seja um
administram backbones de longo alcance, ou seja, estrutura física
hipertexto que possui informações de um usuário dentro de uma
de conexão, com o objetivo de fornecer acesso à Internet para re-
comunidade virtual.
des locais;
• Provedores de Acesso: São instituições que se conectam à HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de Mar-
Internet via um ou mais acessos dedicados e disponibilizam acesso cação de Hipertexto
à terceiros a partir de suas instalações; É a linguagem com a qual se cria as páginas para a web.
• Provedores de Informação: São instituições que disponibili- Suas principais características são:
zam informação através da Internet. • Portabilidade (Os documentos escritos em HTML devem ter
aparência semelhante nas diversas plataformas de trabalho);
Endereço Eletrônico ou URL • Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “customi-
Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se conhe- zar” diversos elementos do documento, como o tamanho padrão
cer o seu endereço. da letra, as cores, etc);
Este endereço, que é único, também é considerado sua URL • Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter um ta-
(Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recursos Univer- manho reduzido, a fim de economizar tempo na transmissão
sal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim: www.xxxx.com. através da Internet, evitando longos períodos de espera e
br congestionamento na rede).
Onde:
www = protocolo da World Wide Web Browser ou Navegador
xxx = domínio É o programa específico para visualizar as páginas da web.
com = comercial O Browser lê e interpreta os documentos escritos em HTML,
br = brasil apresentando as páginas formatadas para os usuários.
Didatismo e Conhecimento 75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
a camada imediatamente abaixo, até que o nível mais baixo seja Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu computa-
alcançado. Abaixo do nível 1 está o meio físico de comunicação, dor seja encontrado e possa fazer parte da rede mundial de com-
através do qual a comunicação ocorre. Na Figura abaixo, a comu- putadores, necessita ter um endereço único. O mesmo vale para
nicação virtual é mostrada através de linhas pontilhadas e a comu- websites: este fica em um servidor, que por sua vez precisa ter um
nicação física através de linhas sólidas. endereço para ser localizado na internet. Isto é feito pelo endereço
IP (IP Address), recurso que também é utilizado para redes locais,
como a existente na empresa que você trabalha, por exemplo.
O endereço IP é uma sequência de números composta de 32
bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro sequências de
8 bits. Cada uma destas é separada por um ponto e recebe o nome
de octeto ou simplesmente byte, já que um byte é formado por
8 bits. O número 172.31.110.10 é um exemplo. Repare que cada
octeto é formado por números que podem ir de 0 a 255, não mais
do que isso.
Entre cada par de camadas adjacentes há uma interface. A A divisão de um IP em quatro partes facilita a organização da
interface define quais operações primitivas e serviços a camada rede, da mesma forma que a divisão do seu endereço em cidade,
inferior oferece à camada superior. Quando os projetistas decidem bairro, CEP, número, etc, torna possível a organização das casas
quantas camadas incluir em uma rede e o que cada camada deve da região onde você mora. Neste sentido, os dois primeiros octetos
fazer, uma das considerações mais importantes é definir interfaces de um endereço IP podem ser utilizados para identificar a rede, por
limpas entre as camadas. Isso requer, por sua vez, que cada camada exemplo. Em uma escola que tem, por exemplo, uma rede para
desempenhe um conjunto específico de funções bem compreendi- alunos e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma
das. Além de minimizar a quantidade de informações que deve ser rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos octetos
passada de camada em camada, interfaces bem definidas também são usados na identificação de computadores.
tornam fácil a troca da implementação de uma camada por outra
implementação completamente diferente (por exemplo, trocar to- Classes de endereços IP
das as linhas telefônicas por canais de satélite), pois tudo o que é Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem ser utili-
exigido da nova implementação é que ela ofereça à camada supe- zados tanto para identificar o seu computador dentro de uma rede,
rior exatamente os mesmos serviços que a implementação antiga quanto para identificá-lo na internet.
oferecia. Se na rede da empresa onde você trabalha o seu computador
O conjunto de camadas e protocolos é chamado de arquitetura tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma máquina em outra rede
de rede. A especificação de arquitetura deve conter informações pode ter este mesmo número, afinal, ambas as redes são distintas
suficientes para que um implementador possa escrever o programa e não se comunicam, sequer sabem da existência da outra. Mas,
ou construir o hardware de cada camada de tal forma que obedeça como a internet é uma rede global, cada dispositivo conectado nela
corretamente ao protocolo apropriado. Nem os detalhes de imple- precisa ter um endereço único. O mesmo vale para uma rede local:
mentação nem a especificação das interfaces são parte da arquite- nesta, cada dispositivo conectado deve receber um endereço único.
tura, pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e não Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se então um
são visíveis externamente. Não é nem mesmo necessário que as in- problema chamado “conflito de IP”, que dificulta a comunicação
terfaces em todas as máquinas em uma rede sejam as mesmas, des- destes dispositivos e pode inclusive atrapalhar toda a rede.
de que cada máquina possa usar corretamente todos os protocolos. Para que seja possível termos tanto IPs para uso em redes
locais quanto para utilização na internet, contamos com um es-
O endereço IP quema de distribuição estabelecido pelas entidades IANA (Inter-
Quando você quer enviar uma carta a alguém, você... Ok, net Assigned Numbers Authority) e ICANN (Internet Corporation
você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um recado for Assigned Names and Numbers) que, basicamente, divide os
no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo: quando você endereços em três classes principais e mais duas complementares.
quer enviar um presente a alguém, você obtém o endereço da pes- São elas:
soa e contrata os Correios ou uma transportadora para entregar. É Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128 redes,
graças ao endereço que é possível encontrar exatamente a pessoa cada uma com até 16.777.214 dispositivos conectados;
a ser presenteada. Também é graças ao seu endereço - único para Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até 16.384
cada residência ou estabelecimento - que você recebe suas contas redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
de água, aquele produto que você comprou em uma loja on-line, Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até
enfim. 2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos;
Didatismo e Conhecimento 76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast; - A: N.H.H.H;
Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast reserva- - B: N.N.H.H;
do. - C: N.N.N.H.
As três primeiras classes são assim divididas para atender às N significa Network (rede) e H indica Host. Com o uso de
seguintes necessidades: máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se “transformar”
em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras de sub-rede per-
- Os endereços IP da classe A são usados em locais onde são mitem determinar quantos octetos e bits são destinados para a
necessárias poucas redes, mas uma grande quantidade de máqui- identificação da rede e quantos são utilizados para identificar os
nas nelas. Para isso, o primeiro byte é utilizado como identificador dispositivos.
da rede e os demais servem como identificador dos dispositivos Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se um
conectados (PCs, impressoras, etc); octeto é usado para identificação da rede, este receberá a máscara
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos onde a de sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado para os dispositivos,
quantidade de redes é equivalente ou semelhante à quantidade de seu valor na máscara de sub-rede será 0 (zero). A tabela a seguir
dispositivos. Para isso, usam-se os dois primeiros bytes do ende- mostra um exemplo desta relação:
reço IP para identificar a rede e os restantes para identificar os
dispositivos;
Identifica-
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que reque- Identifica- Máscara de sub-
Classe Endereço IP dor do com-
rem grande quantidade de redes, mas com poucos dispositivos em dor da rede -rede
putador
cada uma. Assim, os três primeiros bytes são usados para identifi-
car a rede e o último é utilizado para identificar as máquinas. A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0
Quanto às classes D e E, elas existem por motivos especiais:
B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0
a primeira é usada para a propagação de pacotes especiais para a
comunicação entre os computadores, enquanto que a segunda está C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0
reservada para aplicações futuras ou experimentais.
Vale frisar que há vários blocos de endereços reservados para Você percebe então que podemos ter redes com máscara
fins especiais. Por exemplo, quando o endereço começa com 127, 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indicando uma
geralmente indica uma rede “falsa”, isto é, inexistente, utilizada classe. Mas, como já informado, ainda pode haver situações onde
para testes. No caso do endereço 127.0.0.1, este sempre se refere à há desperdício. Por exemplo, suponha que uma faculdade tenha
própria máquina, ou seja, ao próprio host, razão esta que o leva a que criar uma rede para cada um de seus cinco cursos. Cada curso
ser chamado de localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utili- possui 20 computadores. A solução seria então criar cinco redes
zado para propagar mensagens para todos os hosts de uma rede de classe C? Pode ser melhor do que utilizar classes B, mas ainda
maneira simultânea. haverá desperdício. Uma forma de contornar este problema é criar
uma rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as más-
caras novamente entram em ação.
Endereços IP privados
Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas estes, na
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são pri-
verdade, representam bytes (linguagem binária). 255 em binário
vados. Isto significa que eles não podem ser utilizados na internet,
é 11111111. O número zero, por sua vez, é 00000000. Assim, a
sendo reservados para aplicações locais. São, essencialmente, es-
máscara de um endereço classe C, 255.255.255.0, é:
tes:
11111111.11111111.11111111.00000000
-Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255;
Perceba então que, aqui, temos uma máscara formada por 24
-Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255; bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para criarmos as nossas
-Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255. sub-redes, temos que ter um esquema com 25, 26 ou mais bits,
Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede com conforme a necessidade e as possibilidades. Em outras palavras,
cerca de 50 computadores. Você pode alocar para estas máquinas precisamos trocar alguns zeros do último octeto por 1.
endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, por exemplo. Todas Suponha que trocamos os três primeiros bits do último octeto
elas precisam de acesso à internet. O que fazer? Adicionar mais um (sempre trocamos da esquerda para a direita), resultando em:
IP para cada uma delas? Não. Na verdade, basta conectá-las a um 11111111.11111111.11111111.11100000
servidor ou equipamento de rede - como um roteador - que receba Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de bits “tro-
a conexão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos cados”, teremos a quantidade possível de sub-redes. Em nosso
conectados a ele. Com isso, somente este equipamento precisará caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possibilidade de criar até oito
de um endereço IP para acesso à rede mundial de computadores. sub-redes. Sobrou cinco bits para o endereçamento dos host. Fa-
zemos a mesma conta: 2^5 = 32. Assim, temos 32 dispositivos em
Máscara de sub-rede cada sub-rede (estamos fazendo estes cálculos sem considerar li-
As classes IP ajudam na organização deste tipo de endereça- mitações que possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
mento, mas podem também representar desperdício. Uma solução 11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultante é
bastante interessante para isso atende pelo nome de máscara de 255.255.255.224.
sub-rede, recurso onde parte dos números que um octeto destina- Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser empre-
do a identificar dispositivos conectados (hosts) é “trocado” para gado também em endereços classes A e B, conforme a necessi-
aumentar a capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos dade. Vale ressaltar também que não é possível utilizar 0.0.0.0 ou
enxergar as classes A, B e C da seguinte forma: 255.255.255.255 como máscara.
Didatismo e Conhecimento 77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
IP estático e IP dinâmico
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanentemente
a um dispositivo, ou seja, seu número não muda, exceto se tal ação
for executada manualmente. Como exemplo, há casos de assina-
turas de acesso à internet via ADSL onde o provedor atribui um
IP estático aos seus assinantes. Assim, sempre que um cliente se
conectar, usará o mesmo IP.
O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado a um
computador quando este se conecta à rede, mas que muda toda
vez que há conexão. Por exemplo, suponha que você conectou seu
computador à internet hoje. Quando você conectá-lo amanhã, lhe
será dado outro IP. Para entender melhor, imagine a seguinte situa-
ção: uma empresa tem 80 computadores ligados em rede. Usan- O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no aumento da
do IPs dinâmicos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para quantidade de octetos. Um endereço do tipo pode ser, por exemplo:
tais máquinas. Como nenhum IP é fixo, um computador receberá, FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
quando se conectar, um endereço IP destes 90 que não estiver sen-
do utilizado. É mais ou menos assim que os provedores de internet Finalizando
trabalham. Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a es-
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos é o pecificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa. Isso até
protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol). deve acontecer, mas vai demorar bastante. Durante essa fase, que
podemos considerar de transição, o que veremos é a “convivência”
IP nos sites entre ambos os padrões. Não por menos, praticamente todos os
Você já sabe que os sites na Web também necessitam de um IP. sistemas operacionais atuais e a maioria dos dispositivos de rede
Mas, se você digitar em seu navegador www.infowester.com, por estão aptos a lidar tanto com um quanto com o outro. Por isso, se
exemplo, como é que o seu computador sabe qual o IP deste site ao você é ou pretende ser um profissional que trabalha com redes ou
ponto de conseguir encontrá-lo? simplesmente quer conhecer mais o assunto, procure se aprofundar
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, um nas duas especificações.
servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. Ele é A esta altura, você também deve estar querendo descobrir qual
quem informa qual IP está associado a cada site. O sistema DNS o seu IP. Cada sistema operacional tem uma forma de mostrar isso.
possui uma hierarquia interessante, semelhante a uma árvore (ter- Se você é usuário de Windows, por exemplo, pode fazê-lo digi-
mo conhecido por programadores). Se, por exemplo, o site www. tando cmd em um campo do Menu Iniciar e, na janela que surgir,
infowester.com é requisitado, o sistema envia a solicitação a um informar ipconfig /all e apertar Enter. Em ambientes Linux, o co-
servidor responsável por terminações “.com”. Esse servidor loca- mando é ifconfig.
lizará qual o IP do endereço e responderá à solicitação. Se o site
solicitado termina com “.br”, um servidor responsável por esta ter-
minação é consultado e assim por diante.
IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um passado
não muito distante, você conectava apenas o PC da sua casa à in-
ternet, hoje o faz com o celular, com o seu notebook em um serviço
de acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por diante. Somando este
aspecto ao fato de cada vez mais pessoas acessarem a internet no
mundo inteiro, nos deparamos com um grande problema: o núme-
ro de IPs disponíveis deixa de ser suficiente para toda as (futuras)
aplicações.
A solução para este grande problema (grande mesmo, afinal, Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a partir
a internet não pode parar de crescer!) atende pelo nome de IPv6, de uma rede local - tal como uma rede wireless - visualizará o IP
uma nova especificação capaz de suportar até - respire fundo - 340. que esta disponibiliza à sua conexão. Para saber o endereço IP do
282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456 de endereços, acesso à internet em uso pela rede, você pode visitar sites como
um número absurdamente alto! whatsmyip.org.
Provedor
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que oferece
acesso à Internet. Para acessar a Internet, é necessário conectar-se
com um computador que já esteja na Internet (no caso, o prove-
dor) e esse computador deve permitir que seus usuários também
tenham acesso a Internet.
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada à Embra-
Didatismo e Conhecimento 78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
tel, que por sua vez, está conectada com outros computadores fora ......br -> identifica o país
do Brasil. Esta conexão chama-se link, que é a conexão física que Tipos de Organizações:
interliga o provedor de acesso com a Embratel. Neste caso, a Em- .edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam.edu
bratel é conhecida como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” .com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.com
da Internet no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse .gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
uma avenida de três pistas e os links como se fossem as ruas que .mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
estão interligadas nesta avenida. .net -> computadores com funções de administrar redes.
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade de Exemplo: embratel.net
transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados. .org -> organizações não governamentais. Exemplo: care.org
Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). Deve ser feito
um contrato com o provedor de acesso, que fornecerá um nome de Home Page
usuário, uma senha de acesso e um endereço eletrônico na Internet. Pela definição técnica temos que uma Home Page é um arqui-
vo ASCII (no formato HTML) acessado de computadores rodando
URL - Uniform Resource Locator um Navegador (Browser), que permite o acesso às informações em
Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma identificação um ambiente gráfico e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando
de onde está localizado o computador e quais recursos este com- a busca de informações dentro das Home Pages.
putador oferece. Por exemplo, a URL: O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
http://www.novaconcursos.com.br http://www.endereço.com/página.html
Será mais bem explicado adiante. Por exemplo, a página principal da Pronag:
http://www.pronag.com.br/index.html
Como descobrir um endereço na Internet?
PLUG-INS
Para que possamos entender melhor, vamos exemplificar. Os plug-ins são programas que expandem a capacidade do
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algumas Browser em recursos específicos - permitindo, por exemplo, que
pesquisas para um trabalho. Onde procurar as informações que você toque arquivos de som ou veja filmes em vídeo dentro de
preciso? uma Home Page. As empresas de software vêm desenvolvendo
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de procura, plug-ins a uma velocidade impressionante. Maiores informações e
que são sites que possuem um enorme banco de dados (que contém endereços sobre plug-ins são encontradas na página:
o cadastro de milhares de Home Pages), que permitem a procura http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Software/
por um determinado assunto. Caso a palavra ou o assunto que foi Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indices/
procurado exista em alguma dessas páginas, será listado toda esta Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo temos
relação de páginas encontradas. uma relação de alguns deles:
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, referente ao - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime, etc.).
assunto desejado. Por exemplo, você quer pesquisar sobre amor- - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
tecedores, caso não encontre nada como amortecedores, procure - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP, PCX,
como autopeças, e assim sucessivamente. etc.).
- Negócios e Utilitários
Barra de endereços - Apresentações
Didatismo e Conhecimento 79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Como salvar documentos, arquivos e sites
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.
Navegadores
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar museus, ler revistas
eletrônicas, fazer compras e até participar de novelas interativas. As informações na Web são organizadas na forma de páginas de hipertexto,
cada um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços no campo cha-
mado Endereço no navegador. O software estabelece a conexão e traz, para a tela, a página correspondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração especial para exibir uma página da Web, mas é necessário ajustar alguns parâmetros
para que ele seja capaz de enviar e receber algumas mensagens de correio eletrônico e acessar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Recherche Nucleaire),
Suíça. Originalmente, o WWW era um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre suas pesquisas através da exibição de páginas
de texto. Ficou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não científicas.
O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW ganhou força extra
com a inserção de um visualizador (também conhecido como browser) de páginas capaz não apenas de formatar texto, mas também de exibir
gráficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por Mark Andreesen. O
sucesso do Mosaic foi espetacular.
Depois disto, várias outras companhias passaram a produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic. Mark Andreesen
partiu para a criação da Netscape Communications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos outros browsers.
Didatismo e Conhecimento 80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pesquisa.
Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem palavras com ou sem acento.
Opções de pesquisa
Didatismo e Conhecimento 81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Como escolher palavra-chave
• Busca com uma palavra: retorna páginas que incluam a palavra digitada.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a sequência de termos
que foram digitadas.
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna páginas que incluam todas as palavras aleatoriamente na página.
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que ficam antes do sinal de menos são excluídas da pesquisa.
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um cálculo em um site de pesquisa.
O resultado da pesquisa
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte forma:
INTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma empresa. As intranets ou
Webs corporativas, são redes de comunicação internas baseadas na tecnologia usada na Internet. Como um jornal editado internamente, e
que pode ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e departamentos, mesclando (com segurança) as suas informações particulares
dentro da estrutura de comunicações da empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na evolução da informática
nos últimos anos.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos interligados através de vínculos, ou links) e a enorme facilidade de se criar, inter-
ligar e disponibilizar documentos multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratizaram o acesso à informação através de redes de
computadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de informática e
de navegação na Internet. Finalmente, surgiram muitas ferramentas de software de custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer organi-
zação ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e colocar informação. O resultado inevitável foi a impressionante
explosão na informação disponível na Internet, que segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito, que tem interessado um número cada vez maior de empresas, hospitais, faculda-
des e outras organizações interessadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu advento e disseminação promete operar uma revo-
lução tão profunda para a vida organizacional quanto o aparecimento das primeiras redes locais de computadores, no final da década de 80.
O que é Intranet?
O termo “intranet” começou a ser usado em meados de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se referirem ao uso dentro das
empresas privadas de tecnologias projetadas para a comunicação por computador entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consiste
em uma rede privativa de computadores que se baseia nos padrões de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na tecnologia
usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão o
custo de implantação relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos programas de navegação na Web, os browsers.
Didatismo e Conhecimento 82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Objetivo de construir uma Intranet Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repositório das
Organizações constroem uma intranet porque ela é uma ferra- informações contidas na intranet. É lá que os clientes vão buscar
menta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente para economizar as páginas HTML, mensagens de e-mail ou qualquer outro tipo de
tempo, diminuir as desvantagens da distância e alavancar sobre o arquivo.
seu maior patrimônio de capital-funcionários com conhecimentos
das operações e produtos da empresa. Protocolos - São os diferentes idiomas de comunicação uti-
lizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. O primeiro é
Aplicações da Intranet o HTTP, responsável pela comunicação do browser com o servi-
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comunicações dor, em seguida vem o SMTP ligado ao envio de mensagens pelo
corporativas em uma intranet dá para simplificar o trabalho, pois e-mail, e o FTP usado na transferência de arquivos. Independen-
estamos virtualmente todos na mesma sala. De qualquer modo, é temente das aplicações utilizadas na intranet, todas as máquinas
cedo para se afirmar onde a intranet vai ser mais efetiva para unir nela ligadas devem falar um idioma comum: o TCP/IP, protocolo
(no sentido operacional) os diversos profissionais de uma empresa. da Internet.
Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo:
• Marketing e Vendas - Informações sobre produtos, listas Identificação do Servidor e das Estações - Depois de definidos
de preços, promoções, planejamento de eventos; os protocolos, o sistema já sabe onde achar as informações e como
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de Tra- requisitá-las. Falta apenas saber o nome de quem pede e de quem
balho), planejamentos, listas de responsabilidades de membros das solicita. Para isso existem dois programas: o DNS que identifica
equipes, situações de projetos; o servidor e o DHCP (Dinamic Host Configuration Protocol) que
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sistemas atribui nome às estações clientes.
de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), manuais de quali- Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcionários aces-
dade; sam as informações colocadas à sua disposição no servidor. Para
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apostilas, isso usam o Web browser, software que permite folhear os docu-
políticas da companhia, organograma, oportunidades de trabalho, mentos.
programas de desenvolvimento pessoal, benefícios.
Para acessar as informações disponíveis na Web corporativa, Comparando Intranet com Internet
o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Afinal, o es- Na verdade as diferenças entre uma intranet e a Internet, é
forço de operação desses programas se resume quase somente em uma questão de semântica e de escala. Ambas utilizam as mesmas
clicar nos links que remetem às novas páginas. No entanto, a sim- técnicas e ferramentas, os mesmos protocolos de rede e os mesmos
plicidade de uma intranet termina aí. Projetar e implantar uma rede produtos servidores. O conteúdo na Internet, por definição, fica
desse tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de profissio- disponível em escala mundial e inclui tudo, desde uma home-page
nais especializados. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da de alguém com seis anos de idade até as previsões do tempo. A
intranet, sua diversidade de funções e a quantidade de informações maior parte dos dados de uma empresa não se destina ao consumo
nela armazenadas. externo, na verdade, alguns dados, tais como as cifras das ven-
A intranet é baseada em quatro conceitos: das, clientes e correspondências legais, devem ser protegidos com
• Conectividade - A base de conexão dos computadores li- cuidado. E, do ponto de vista da escala, a Internet é global, uma
gados através de uma rede, e que podem transferir qualquer tipo de intranet está contida dentro de um pequeno grupo, departamento
informação digital entre si; ou organização corporativa. No extremo, há uma intranet global,
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computadores e mas ela ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.
sistemas operacionais podem ser conectados de forma transparen- A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, por
te; serem uma mistura caótica de informações úteis e irrelevantes, o
• Navegação - É possível passar de um documento a outro meteórico aumento da popularidade de sites da Web dedicados a
através de referências ou vínculos de hipertexto, que facilitam o índices e mecanismos de busca é uma medida da necessidade de
acesso não linear aos documentos; uma abordagem organizada. Uma intranet aproveita a utilidade da
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de acesso Internet e da Web num ambiente controlado e seguro.
ou manipulação na intranet só podem ocorrer graças à execução de
programas aplicativos, que podem estar no servidor, ou nos micro- Vantagens e Desvantagens da Intranet
computadores que acessam a rede (também chamados de clientes, Alguns dos benefícios são:
daí surgiu à expressão que caracteriza a arquitetura da intranet: • Redução de custos de impressão, papel, distribuição de soft-
cliente-servidor). A vantagem da intranet é que esses programas ware, e-mail e processamento de pedidos;
são ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade. • Redução de despesas com telefonemas e pessoal no suporte
Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande impor- telefônico;
tância no desenvolvimento de softwares aplicativos que obedeçam • Maior facilidade e rapidez no acesso as informações técnicas
aos três conceitos anteriores. e de marketing;
• Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações remotas;
Como montar uma Intranet • Incrementando o acesso a informações da concorrência;
Basicamente a montagem de uma intranet consiste em usar as • Uma base de pesquisa mais compreensiva;
estruturas de redes locais existentes na maioria das empresas, e em • Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e parceiros
instalar um servidor Web. (revendas);
Didatismo e Conhecimento 83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso à infor- Autenticação - É o processo que consiste em verificar se um
mação; usuário é realmente quem alega ser. Os documentos e dados podem
• Uma única interface amigável e consistente para aprender ser protegidos através da solicitação de uma combinação de nome
e usar; do usuário/senha, ou da verificação do endereço IP do solicitante,
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); ou de ambas. Os usuários autenticados têm o acesso autorizado ou
• As informações disponíveis são visualizadas com clareza; negado a recursos específicos de uma intranet, com base em uma
• Redução de tempo na pesquisa a informações; ACL (Access Control List) mantida no servidor Web;
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e infor-
mação; Criptografia - É a conversão dos dados para um formato que
• Redução no tempo de configuração e atualização dos sis- pode ser lido por alguém que tenha uma chave secreta de descrip-
temas; tografia. Um método de criptografia amplamente utilizado para a
• Simplificação e/ou redução das licenças de software e ou- segurança de transações Web é a tecnologia de chave pública, que
tros; constitui a base do HTTPS - um protocolo Web seguro;
• Redução de custos de documentação;
• Redução de custos de suporte; Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação segura
• Redução de redundância na criação e manutenção de pá- entre uma intranet e a Internet através de servidores proxy, que são
ginas; programas que residem no firewall e permitem (ou não) a trans-
• Redução de custos de arquivamento; missão de pacotes com base no serviço que está sendo solicitado.
• Compartilhamento de recursos e habilidade. Um proxy HTTP, por exemplo, pode permitir que navegadores
Alguns dos empecilhos são: Webs internos da empresa acessem servidores Web externos, mas
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de colaboração, não o contrário.
não são tão poderosos quanto os oferecidos pelos programas para Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
grupos de trabalho tradicionais. É necessário configurar e manter Os dispositivos para a realização de cópias de segurança do(s)
aplicativos separados, como e-mail e servidores Web, em vez de servidor(es) constituem uma das peças de especial importância.
usar um sistema unificado, como faria com um pacote de software Por exemplo, unidades de disco amovíveis com grande capacidade
para grupo de trabalho; de armazenamento, tapes...
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número limitado Queremos ainda referir que para o funcionamento de uma
de ferramentas para conectar um servidor Web a bancos de da- rede existem outros conceitos como topologias/configurações
dos ou outros aplicativos back-end. As intranets exigem uma rede (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede em árvore, rede
TCP/IP, ao contrário de outras soluções de software para grupo de em malha …), métodos de acesso, tipos de cabos, protocolos de
trabalho que funcionam com os protocolos de transmissão de redes comunicação, velocidade de transmissão …
local existentes;
• Ausência de Replicação Embutida – As intranets não apre- EXTRANET
sentam nenhuma replicação embutida para usuários remotos. A A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de compu-
HMTL não é poderosa o suficiente para desenvolver aplicativos tadores que faz uso da Internet para partilhar com segurança parte
cliente/servidor. do seu sistema de informação.
Como a Intranet é ligada à Internet A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de compu-
tadores que faz uso da Internet para partilhar com segurança parte
do seu sistema de informação.
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o conceito con-
funde-se com Intranet. Uma Extranet também pode ser vista como
uma parte da empresa que é estendida a usuários externos (“rede
extra-empresa”), tais como representantes e clientes. Outro uso co-
mum do termo Extranet ocorre na designação da “parte privada”
de um site, onde somente “usuários registrados” podem navegar,
previamente autenticados por sua senha (login).
Empresa estendida
O acesso à intranet de uma empresa através de um Portal (in-
ternet) estabelecido na web de forma que pessoas e funcionários
de uma empresa consigam ter acesso à intranet através de redes
externas ao ambiente da empresa.
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via Web
por clientes ou outros usuários autorizados. Uma intranet é uma
Segurança da Intranet rede restrita à empresa que utiliza as mesmas tecnologias presentes
Três tecnologias fornecem segurança ao armazenamento e à na Internet, como e-mail, webpages, servidor FTP etc.
troca de dados em uma rede: autenticação, controle de acesso e A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação entre os
criptografia. funcionários e parceiros além de acumular uma base de conhe-
cimento que possa ajudar os funcionários a criar novas soluções.
Didatismo e Conhecimento 84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Exemplificando uma rede de conexões privadas, baseada na MAINFRAMES
Internet, utilizada entre departamentos de uma empresa ou parcei-
ros externos, na cadeia de abastecimento, trocando informações
sobre compras, vendas, fabricação, distribuição, contabilidade en-
tre outros.
HISTÓRICO
Os primeiros computadores construídos pelo homem foram Os computadores podem ser classificados pelo porte. Basica-
idealizados como máquinas para processar números (o que conhe- mente, existem os de grande porte ― mainframes ― e os de pe-
cemos hoje como calculadoras), porém, tudo era feito fisicamente. queno porte ― microcomputadores ― sendo estes últimos dividi-
Existia ainda um problema, porque as máquinas processavam dos em duas categorias: desktops ou torres e portáteis (notebooks,
os números, faziam operações aritméticas, mas depois não sabiam laptops, handhelds e smartphones).
o que fazer com o resultado, ou seja, eram simplesmente máquinas Conceitualmente, todos eles realizam funções internas idênti-
de calcular, não recebiam instruções diferentes e nem possuíam cas, mas em escalas diferentes.
uma memória. Até então, os computadores eram utilizados para Os mainframes se destacam por ter alto poder de processa-
pouquíssimas funções, como calcular impostos e outras operações. mento, muita capacidade de memória e por controlar atividades
Os computadores de uso mais abrangente apareceram logo depois com grande volume de dados. Seu custo é bastante elevado. São
da Segunda Guerra Mundial. Os EUA desenvolveram ― secre- encontrados, geralmente, em bancos, grandes empresas e centros
tamente, durante o período ― o primeiro grande computador que de pesquisa.
calculava trajetórias balísticas. A partir daí, o computador come-
çou a evoluir num ritmo cada vez mais acelerado, até chegar aos CLASSIFICAÇÃO DOS COMPUTADORES
dias de hoje.
A classificação de um computador pode ser feita de diversas
Código Binário, Bit e Byte maneiras. Podem ser avaliados:
• Capacidade de processamento;
O sistema binário (ou código binário) é uma representação nu- • Velocidade de processamento;
mérica na qual qualquer unidade pode ser demonstrada usando-se • Capacidade de armazenamento das informações;
apenas dois dígitos: 0 e 1. Esta é a única linguagem que os compu- • Sofisticação do software disponível e compatibilidade;
tadores entendem. Cada um dos dígitos utilizados no sistema biná- • Tamanho da memória e tipo de CPU (Central Processing
rio é chamado de Binary Digit (Bit), em português, dígito binário e Uni), Unidade Central de Processamento.
representa a menor unidade de informação do computador.
Os computadores geralmente operam com grupos de bits. Um TIPOS DE MICROCOMPUTADORES
grupo de oito bits é denominado Byte. Este pode ser usado na re-
presentação de caracteres, como uma letra (A-Z), um número (0-9) Os microcomputadores atendem a uma infinidade de aplica-
ou outro símbolo qualquer (#, %, *,?, @), entre outros. ções. São divididos em duas plataformas: PC (computadores pes-
Assim como podemos medir distâncias, quilos, tamanhos etc., soais) e Macintosh (Apple).
também podemos medir o tamanho das informações e a velocidade Os dois padrões têm diversos modelos, configurações e op-
de processamento dos computadores. A medida padrão utilizada é cionais. Além disso, podemos dividir os microcomputadores em
o byte e seus múltiplos, conforme demonstramos na tabela abaixo: desktops, que são os computadores de mesa, com uma torre, tecla-
do, mouse e monitor e portáteis, que podem ser levados a qualquer
lugar.
DESKTOPS
Didatismo e Conhecimento 85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
São compostos por: O processamento de dados sempre envolve três fases essen-
• Monitor (vídeo) ciais: Entrada de Dados, Processamento e Saída da Informação.
• Teclado Para que um sistema de processamento de dados funcione ao
• Mouse contento, faz-se necessário que três elementos funcionem em per-
• Gabinete: Placa-mãe, CPU (processador), memórias, dri- feita harmonia, são eles:
ves, disco rígido (HD), modem, portas USB etc.
Hardware
PORTÁTEIS
Hardware é toda a parte física que compõe o sistema de pro-
Os computadores portáteis possuem todas as partes integradas cessamento de dados: equipamentos e suprimentos tais como:
num só conjunto. Mouse, teclado, monitor e gabinete em uma úni- CPU, disquetes, formulários, impressoras.
ca peça. Os computadores portáteis começaram a aparecer no iní-
Software
cio dos anos 80, nos Estados Unidos e hoje podem ser encontrados
nos mais diferentes formatos e tamanhos, destinados a diferentes
É toda a parte lógica do sistema de processamento de dados.
tipos de operações.
Desde os dados que armazenamos no hardware, até os programas
LAPTOPS
que os processam.
Também chamados de notebooks, são computadores portáteis, Peopleware
leves e produzidos para serem transportados facilmente. Os lap-
tops possuem tela, geralmente de Liquid Crystal Display (LCD), Esta é a parte humana do sistema: usuários (aqueles que usam
teclado, mouse (touchpad), disco rígido, drive de CD/DVD e por- a informática como um meio para a sua atividade fim), progra-
tas de conexão. Seu nome vem da junção das palavras em inglês madores e analistas de sistemas (aqueles que usam a informática
lap (colo) e top (em cima), significando “computador que cabe no como uma atividade fim).
colo de qualquer pessoa”. Embora não pareça, a parte mais complexa de um sistema
de processamento de dados é, sem dúvida o Peopleware, pois por
NETBOOKS mais moderna que sejam os equipamentos, por mais fartos que se-
jam os suprimentos, e por mais inteligente que se apresente o soft-
São computadores portáteis muito parecidos com o notebook, ware, de nada adiantará se as pessoas (peopleware) não estiverem
porém, em tamanho reduzido, mais leves, mais baratos e não pos- devidamente treinadas a fazer e usar a informática.
suem drives de CD/ DVD. O alto e acelerado crescimento tecnológico vem aprimoran-
do o hardware, seguido de perto pelo software. Equipamentos que
PDA cabem na palma da mão, softwares que transformam fantasia em
realidade virtual não são mais novidades. Entretanto ainda temos
É a abreviação do inglês Personal Digital Assistant e também em nossas empresas pessoas que sequer tocaram algum dia em um
são conhecidos como palmtops. São computadores pequenos e, teclado de computador.
geralmente, não possuem teclado. Para a entrada de dados, sua tela Mesmo nas mais arrojadas organizações, o relacionamento
é sensível ao toque. É um assistente pessoal com boa quantidade entre as pessoas dificulta o trâmite e consequente processamento
de memória e diversos programas para uso específico. da informação, sucateando e subutilizando equipamentos e softwa-
res. Isto pode ser vislumbrado, sobretudo nas instituições públicas.
SMARTPHONES
POR DENTRO DO GABINETE
São telefones celulares de última geração. Possuem alta ca-
pacidade de processamento, grande potencial de armazenamento,
acesso à Internet, reproduzem músicas, vídeos e têm outras fun-
cionalidades.
Didatismo e Conhecimento 86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Fonte de Energia
• Cabos
• Drivers
• Portas de Entrada/Saída
MOTHERBOARD (PLACA-MÃE)
Didatismo e Conhecimento 87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Slots para módulos de memória Assim como a velocidade de clock, a arquitetura interna de
Na época dos micros XT e 286, os chips de memória eram um microprocessador tem influência na sua performance. Dessa
encaixados (ou até soldados) diretamente na placa mãe, um a um. forma, 2 CPUs com a mesma velocidade de clock não necessa-
O agrupamento dos chips de memória em módulos (pentes), inicial- riamente trabalham igualmente. Enquanto um processador Intel
mente de 30 vias, e depois com 72 e 168 vias, permitiu maior ver- 80286 requer 20 ciclos para multiplicar 2 números, um Intel 80486
satilidade na composição dos bancos de memória de acordo com as (ou superior) pode fazer o mesmo cálculo em um simples ciclo.
necessidades das aplicações e dos recursos financeiros disponíveis. Por essa razão, estes novos processadores poderiam ser 20 vezes
Durante o período de transição para uma nova tecnologia é mais rápido que os antigos mesmo se a velocidade de clock fosse a
comum encontrar placas mãe com slots para mais de um modelo. mesma. Além disso, alguns microprocessadores são superescalar,
Atualmente as placas estão sendo produzidas apenas com módulos o que significa que eles podem executar mais de uma instrução
de 168 vias, mas algumas comportam memórias de mais de um tipo por ciclo.
(não simultaneamente): SDRAM, Rambus ou DDR-SDRAM. Como as CPUs, os barramentos de expansão também têm a
• Clock sua velocidade de clock. Seria ideal que as velocidades de clock da
Relógio interno baseado num cristal de Quartzo que gera um CPU e dos barramentos fossem a mesma para que um componente
pulso elétrico. A função do clock é sincronizar todos os circuitos da não deixe o outro mais lento. Na prática, a velocidade de clock dos
placa mãe e também os circuitos internos do processador para que barramentos é mais lenta que a velocidade da CPU.
o sistema trabalhe harmonicamente. • Overclock
Estes pulsos elétricos em intervalos regulares são medidos pela Overclock é o aumento da frequência do processador para que
sua frequência cuja unidade é dada em hertz (Hz). 1 MHz é igual ele trabalhe mais rapidamente.
a 1 milhão de ciclos por segundo. Normalmente os processadores A frequência de operação dos computadores domésticos é de-
são referenciados pelo clock ou frequência de operação: Pentium terminada por dois fatores:
IV 2.8 MHz. • A velocidade de operação da placa-mãe, conhecida também
como velocidade de barramento, que nos computadores Pentium
PROCESSADOR pode ser de 50, 60 e 66 MHz.
• Um multiplicador de clock, criado a partir dos 486 que
permite ao processador trabalhar internamente a uma velocidade
maior que a da placa-mãe. Vale lembrar que os outros periféricos
do computador (memória RAM, cache L2, placa de vídeo, etc.)
continuam trabalhando na velocidade de barramento.
Como exemplo, um computador Pentium 166 trabalha com
velocidade de barramento de 66 MHz e multiplicador de 2,5x. Fa-
zendo o cálculo, 66 x 2,5 = 166, ou seja, o processador trabalha a
166 MHz, mas se comunica com os demais componentes do micro
a 66 MHz.
Tendo um processador Pentium 166 (como o do exemplo aci-
ma), pode-se fazê-lo trabalhar a 200 MHz, simplesmente aumen-
tando o multiplicador de clock de 2,5x para 3x. Caso a placa-mãe
permita, pode-se usar um barramento de 75 ou até mesmo 83 MHz
O microprocessador, também conhecido como processador, (algumas placas mais modernas suportam essa velocidade de bar-
consiste num circuito integrado construído para realizar cálculos e ramento). Neste caso, mantendo o multiplicador de clock de 2,5x,
operações. Ele é a parte principal do computador, mas está longe de o Pentium 166 poderia trabalhar a 187 MHz (2,5 x 75) ou a 208
ser uma máquina completa por si só: para interagir com o usuário MHz (2,5 x 83). As frequências de barramento e do multiplicador
é necessário memória, dispositivos de entrada e saída, conversores podem ser alteradas simplesmente através de jumpers de configu-
de sinais, entre outros. ração da placa-mãe, o que torna indispensável o manual da mesma.
É o processador quem determina a velocidade de processa- O aumento da velocidade de barramento da placa-mãe pode criar
mento dos dados na máquina. Os primeiros modelos comerciais problemas caso algum periférico (como memória RAM, cache L2,
começaram a surgir no início dos anos 80. etc.) não suporte essa velocidade.
• Clock Speed ou Clock Rate Quando se faz um overclock, o processador passa a trabalhar
É a velocidade pela qual um microprocessador executa instru- a uma velocidade maior do que ele foi projetado, fazendo com que
ções. Quanto mais rápido o clock, mais instruções uma CPU pode haja um maior aquecimento do mesmo. Com isto, reduz-se a vida
executar por segundo. útil do processador de cerca de 20 para 10 anos (o que não chega
Usualmente, a taxa de clock é uma característica fixa do pro- a ser um problema já que os processadores rapidamente se tornam
cessador. Porém, alguns computadores têm uma “chave” que per- obsoletos). Esse aquecimento excessivo pode causar também fre-
mite 2 ou mais diferentes velocidades de clock. Isto é útil porque quentes “crashes” (travamento) do sistema operacional durante o
programas desenvolvidos para trabalhar em uma máquina com alta seu uso, obrigando o usuário a reiniciar a máquina.
velocidade de clock podem não trabalhar corretamente em uma Ao fazer o overclock, é indispensável a utilização de um coo-
máquina com velocidade de clock mais lenta, e vice versa. Além ler (ventilador que fica sobre o processador para reduzir seu aque-
disso, alguns componentes de expansão podem não ser capazes de cimento) de qualidade e, em alguns casos, uma pasta térmica espe-
trabalhar a alta velocidade de clock. cial que é passada diretamente sobre a superfície do processador.
Didatismo e Conhecimento 88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Atualmente fala-se muito em CORE, seja dual, duo ou quad, FONTE DE ENERGIA
essa denominação refere-se na verdade ao núcleo do processador,
onde fica a ULA (Unidade Aritmética e Lógica). Nos modelos
DUAL ou DUO, esse núcleo é duplicado, o que proporciona uma
execução de duas instruções efetivamente ao mesmo tempo, em-
bora isto não aconteça o tempo todo. Basta uma instrução precisar
de um dado gerado por sua “concorrente” que a execução paralela
torna-se inviável, tendo uma instrução que esperar pelo término
da outra. Os modelos QUAD CORE possuem o núcleo quadru-
plicado.
Esses são os processadores fabricados pela INTEL, empresa
que foi pioneira nesse tipo de produto. Temos também alguns con-
correntes famosos dessa marca, tais como NEC, Cyrix e AMD; É um aparelho que transforma a corrente de eletricidade alter-
sendo que atualmente apenas essa última marca mantém-se fazen- nada (que vem da rua), em corrente contínua, para ser usada nos
do frente aos lançamentos da INTEL no mercado. Por exemplo, computadores. Sua função é alimentar todas as partes do com-
um modelo muito popular de 386 foi o de 40 MHz, que nunca putador com energia elétrica apropriada para seu funcionamento.
foi feito pela INTEL, cujo 386 mais veloz era de 33 MHz, esse Fica ligada à placa-mãe e aos outros dispositivos por meio de
processador foi obra da AMD. Desde o lançamento da linha Pen- cabos coloridos com conectores nas pontas.
tium, a AMD foi obrigada a criar também novas denominações CABOS
para seus processadores, sendo lançados modelos como K5, K6-2,
K7, Duron (fazendo concorrência direta à ideia do Celeron) e os
mais atuais como: Athlon, Turion, Opteron e Phenom.
MEMÓRIAS
DRIVERS
Didatismo e Conhecimento 89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
PORTAS DE ENTRADA/SAÍDA • Non-Volatile Random Access Memory (Nvram)
Também conhecida como flash RAM ou memória flash, a
NVRAM é um tipo de memória RAM que não perde os dados
quando desligada. Este tipo de memória é o mais usado atualmen-
te para armazenar os dados da BIOS, não só da placa-mãe, mas
de vários outros dispositivos, como modems, gravadores de CD-
-ROM etc.
É justamente o fato do BIOS da placa-mãe ser gravado em
memória flash que permite realizarmos upgrades de BIOS. Na
verdade essa não é exatamente uma memória ROM, já que pode
ser reescrita, mas a substitui com vantagens.
MEMÓRIAS E DISPOSITIVOS
DE ARMAZENAMENTO
Memórias
Didatismo e Conhecimento 90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Memória Cache HD Externo
A memória cache é um tipo de memória de acesso rápido uti- Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta capa-
lizada, exclusivamente, para armazenamento de dados que prova- cidade de armazenamento, chegando facilmente à casa dos Tera-
velmente serão usados novamente. bytes. Eles, normalmente, funcionam a partir de qualquer entrada
Quando executamos algum programa, por exemplo, parte das USB do computador.
instruções fica guardada nesta memória para que, caso posterior-
mente seja necessário abrir o programa novamente, sua execução As grandes vantagens destes dispositivos são:
seja mais rápida. • Alta capacidade de armazenamento;
Atualmente, a memória cache já é estendida a outros dispo- • Facilidade de instalação;
sitivos, a fim de acelerar o processo de acesso aos dados. Os pro- • Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qualquer lugar
cessadores e os HDs, por exemplo, já utilizam este tipo de arma- sem necessidade de abrir o computador.
zenamento. CD, CD-R e CD-RW
DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO
O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década de 80
Disco Rígido (HD) e é hoje um dos meios mais populares de armazenar dados digi-
talmente.
Sua composição é geralmente formada por quatro camadas:
• Uma camada de policarbonato (espécie de plástico),
onde ficam armazenados os dados
• Uma camada refletiva metálica, com a finalidade de re-
fletir o laser
• Uma camada de acrílico, para proteger os dados
• Uma camada superficial, onde são impressos os rótulos
1. CD comercial
(que já vem gravado com música ou dados)
2. CD-R
(que vem vazio e pode ser gravado uma única vez)
O disco rígido é popularmente conhecido como HD (Hard
Disk Drive - HDD) e é comum ser chamado, também, de memó- 3. CD-RW
ria, mas ao contrário da memória RAM, quando o computador é (que pode ter seus dados apagados e regravados)
desligado, não perde as informações. Atualmente, a capacidade dos CDs é armazenar cerca de 700
O disco rígido é, na verdade, o único dispositivo para armaze- MB ou 80 minutos de música.
namento de informações indispensável ao funcionamento do com-
putador. É nele que ficam guardados todos os dados e arquivos,
incluindo o sistema operacional. Geralmente é ligado à placa-mãe
por meio de um cabo, que pode ser padrão IDE, SATA ou SATA2.
Didatismo e Conhecimento 91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
DVD, DVD-R e DVD-RW Cartão de Memória
Entrada
Didatismo e Conhecimento 92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Touchpad Câmeras de Vídeo
Teclado
Câmera fotográfica moderna que não usa mais filmes foto- É um dispositivo utilizado para interpretar e enviar à memória
gráficos. As imagens são capturadas e gravadas numa memória do computador uma imagem desenhada, pintada ou fotografada.
interna ou, ainda, mais comumente, em cartões de memória. Ele é formado por minúsculos sensores fotoelétricos, geralmente
O formato de arquivo padrão para armazenar as fotos é o distribuídos de forma linear. Cada linha da imagem é percorrida
JPEG (.jpg) e elas podem ser transferidas ao computador por meio por um feixe de luz. Ao mesmo tempo, os sensores varrem (per-
de um cabo ou, nos computadores mais modernos, colocando-se o correm) esse espaço e armazenam a quantidade de luz refletida por
cartão de memória diretamente no leitor. cada um dos pontos da linha.
Didatismo e Conhecimento 93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A princípio, essas informações são convertidas em cargas elé- Todas as imagens que você vê na tela são compostas de cen-
tricas que, depois, ainda no scanner, são transformadas em valores tenas (ou milhares) de pontos gráficos (ou pixels). Quanto mais
numéricos. O computador decodifica esses números, armazena-os pixels, maior a resolução e mais detalhada será a imagem na tela.
e pode transformá-los novamente em imagem. Após a imagem ser Uma resolução de 640 x 480 significa 640 pixels por linha e 480
convertida para a tela, pode ser gravada e impressa como qualquer linhas na tela, resultando em 307.200 pixels.
outro arquivo. A placa gráfica permite que as informações saiam do compu-
Existem scanners que funcionam apenas em preto e branco e tador e sejam apresentadas no monitor. A placa determina quantas
outros, que reproduzem cores. No primeiro caso, os sensores pas- cores você verá e qual a qualidade dos gráficos e imagens apre-
sam apenas uma vez por cada ponto da imagem. Os aparelhos de sentadas.
fax possuem um scanner desse tipo para captar o documento. Para Os primeiros monitores eram monocromáticos, ou seja, apre-
capturar as cores é preciso varrer a imagem três vezes: uma regis- sentavam apenas uma cor e suas tonalidades, mostrando os textos
tra o verde, outra o vermelho e outra o azul. em branco ou verde sobre um fundo preto. Depois, surgiram os
Há aparelhos que produzem imagens com maior ou menor policromáticos, trabalhando com várias cores e suas tonalidades.
definição. Isso é determinado pelo número de pontos por polega- A tecnologia utilizada nos monitores também tem acompa-
da (ppp) que os sensores fotoelétricos podem ler. As capacidades nhado o mercado de informática. Procurou-se reduzir o consumo
variam de 300 a 4800 ppp. Alguns modelos contam, ainda, com de energia e a emissão de radiação eletromagnética. Outras ino-
softwares de reconhecimento de escrita, denominados OCR. vações, como controles digitais, tela plana e recursos multimídia
Hoje em dia, existem diversos tipos de utilização para os contribuíram nas mudanças.
scanners, que podem ser encontrados até nos caixas de supermer- Nos desktops mais antigos, utilizava-se a Catodic Rays Tube
cados, para ler os códigos de barras dos produtos vendidos. (CRT), que usava o tubo de cinescópio (o mesmo princípio da TV),
em que um canhão dispara por trás o feixe de luz e a imagem é
Webcam mostrada no vídeo. Uma grande evolução foi o surgimento de
uma tela especial, a Liquid Crystal Display (LCD) - Tela de Cristal
Líquido.
A tecnologia LCD troca o tubo de cinescópio por minúsculos
cristais líquidos na formação dos feixes de luz até a montagem dos
pixels. Com este recurso, pode-se aumentar a área útil da tela.
Os monitores LCD permitem qualidade na visibilidade da
imagem - dependendo do tipo de tela ― que pode ser:
• Matriz ativa: maior contraste, nitidez e amplo campo de
visão
• Matriz passiva: menor tempo de resposta nos movimen-
tos de vídeo
Além do CRT e do LCD, uma nova tecnologia esta ganhando
É uma câmera de vídeo que capta imagens e as transfere ins- força no mercado, o LED. A principal diferença entre LED x LCD
tantaneamente para o computador. A maioria delas não tem alta está diretamente ligado à tela. Em vez de células de cristal líquido,
resolução, já que as imagens têm a finalidade de serem transmi- os LED possuem diodos emissores de luz (Light Emitting Diode)
tidas a outro computador via Internet, ou seja, não podem gerar que fornecem o conjunto de luzes básicas (verde, vermelho e azul).
um arquivo muito grande, para que possam ser transmitidas mais Eles não aquecem para emitir luz e não precisam de uma luz bran-
rapidamente. ca por trás, o que permite iluminar apenas os pontos necessários na
Hoje, muitos sites e programas possuem chats (bate-papo) tela. Como resultado, ele consume até 40% menos energia.
com suporte para webcam. Os participantes podem conversar e A definição de cores também é superior, principalmente do
visualizar a imagem um do outro enquanto conversam. Nos lap- preto, que possui fidelidade não encontrada em nenhuma das de-
tops e notebooks mais modernos, a câmera já vem integrada ao mais tecnologias disponíveis no mercado.
computador. Sem todo o aparato que o LCD precisa por trás, o LED tam-
bém pode ser mais fina, podendo chegar a apenas uma polegada de
Saída espessura. Isso resultado num monitor de design mais agradável e
bem mais leve.
São dispositivos utilizados para saída de dados do computa- Ainda é possível encontrar monitores CRT (que usavam o
dor, por exemplo: monitor, impressora, projetor, caixa de som etc. tubo de cinescópio), mas os fabricantes, no entanto, não deram
continuidade à produção dos equipamentos com tubo de imagem.
Monitor Os primeiros monitores tinham um tamanho de, geralmente,
13 ou 14 polegadas. Com profissionais trabalhando com imagens,
É um dispositivo físico (semelhante a uma televisão) que tem cores, movimentos e animações multimídia, sentiu-se a necessida-
a função de exibir a saída de dados. de de produzir telas maiores.
A qualidade do que é mostrado na tela depende da resolução Hoje, os monitores são vendidos nos mais diferentes formatos
do monitor, designada pelos pontos (pixels - Picture Elements), e tamanhos. As televisões mais modernas apresentam uma entrada
que podem ser representados na sua superfície. VGA ou HDMI, para que computadores sejam conectados a elas.
Didatismo e Conhecimento 94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Impressora Jato de Tinta Outro dispositivo utilizado para impressão é a plotter, que é
uma impressora destinada a imprimir desenhos em grandes dimen-
sões, com elevada qualidade e rigor, como plantas arquitetônicas,
mapas cartográficos, projetos de engenharia e grafismo, ou seja, a
impressora plotter é destinada às artes gráficas, editoração eletrô-
nica e áreas de CAD/CAM.
Vários modelos de impressora plotter têm resolução de 300
dpi, mas alguns podem chegar a 1.200 pontos por polegada, per-
mitindo imprimir, aproximadamente, 20 páginas por minuto (no
Atualmente, as impressoras a jato de tinta ou inkjet (como padrão de papel utilizado em impressoras a laser).
também são chamadas), são as mais populares do mercado. Silen- Existe a plotter que imprime materiais coloridos com largura
ciosas, elas oferecem qualidade de impressão e eficiência. de até três metros (são usadas em empresas que imprimem grandes
A impressora jato de tinta forma imagens lançando a tinta di- volumes e utilizam vários formatos de papel).
retamente sobre o papel, produzindo os caracteres como se fossem
contínuos. Imprime sobre papéis especiais e transparências e são Projetor
bastante versáteis. Possuem fontes (tipos de letras) internas e acei-
tam fontes via software. Também preparam documentos em preto É um equipamento muito utilizado em apresentações multi-
e branco e possuem cartuchos de tinta independentes, um preto e mídia.
outro colorido. Antigamente, as informações de uma apresentação eram im-
pressas em transparências e ampliadas num retroprojetor, mas,
Impressora Laser com o avanço tecnológico, os projetores têm auxiliado muito nesta
área.
Quando conectados ao computador, esses equipamentos re-
produzem o que está na tela do computador em dimensões amplia-
das, para que várias pessoas vejam ao mesmo tempo.
Entrada/Saída
São dispositivos que possuem tanto a função de inserir dados,
quanto servir de saída de dados. Exemplos: pen drive, modem,
CD-RW, DVD-RW, tela sensível ao toque, impressora multifun-
As impressoras a laser apresentam elevada qualidade de im- cional, etc.
pressão, aliada a uma velocidade muito superior. Utilizam folhas IMPORTANTE: A impressora multifuncional pode ser clas-
avulsas e são bastante silenciosas. sificada como periférico de Entrada/Saída, pois sua principal ca-
Possuem fontes internas e também aceitam fontes via software racterística é a de realizar os papeis de impressora (Saída) e scan-
(dependendo da quantidade de memória). Algumas possuem um ner (Entrada) no mesmo dispositivo.
recurso que ajusta automaticamente as configurações de cor, elimi-
nando a falta de precisão na impressão colorida, podendo atingir BARRAMENTOS – CONCEITOS GERAIS
uma resolução de 1.200 dpi (dots per inch - pontos por polegada).
Os barramentos, conhecidos como BUS em inglês, são con-
Impressora a Cera juntos de fios que normalmente estão presentes em todas as placas
do computador.
Categoria de impressora criada para ter cor no impresso com Na verdade existe barramento em todas as placas de produtos
qualidade de laser, porém o custo elevado de manutenção aliado ao eletrônicos, porém em outros aparelhos os técnicos referem-se aos
surgimento da laser colorida fizeram essa tecnologia ser esquecida. barramentos simplesmente como o “impresso da placa”.
A ideia aqui é usar uma sublimação de cera (aquela do lápis de Barramento é um conjunto de 50 a 100 fios que fazem a comu-
cera) para fazer impressão. nicação entre todos os dispositivos do computador: UCP, memó-
ria, dispositivos de entrada e saída e outros. Os sinais típicos en-
Plotters contrados no barramento são: dados, clock, endereços e controle.
Os dados trafegam por motivos claros de necessidade de se-
rem levados às mais diversas porções do computador.
Os endereços estão presentes para indicar a localização para
onde os dados vão ou vêm.
O clock trafega nos barramentos conhecidos como síncronos,
pois os dispositivos são obrigados a seguir uma sincronia de tempo
para se comunicarem.
O controle existe para informar aos dispositivos envolvidos
na transmissão do barramento se a operação em curso é de escrita,
leitura, reset ou outra qualquer. Alguns sinais de controle são bas-
tante comuns:
Didatismo e Conhecimento 95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Memory Write - Causa a escrita de dados do barramento de Foi lançado em 1984 pela IBM para suportar o novo PC-AT.
dados no endereço especificado no barramento de endereços. Tornou-se, de imediato, o padrão de todos os PC-compatíveis. Era
• Memory Read - Causa dados de um dado endereço especi- um barramento único para todos os componentes do computador,
ficado pelo barramento de endereço a ser posto no barramento de operando com largura de 16 bits e com clock de 8 MHz.
dados.
• I/O Write - Causa dados no barramento de dados serem en- PCI – Peripheral Components Interconnect
viados para uma porta de saída (dispositivo de I/O).
• I/O Read - Causa a leitura de dados de um dispositivo de I/O,
os quais serão colocados no barramento de dados.
• Bus request - Indica que um módulo pede controle do barra-
mento do sistema.
• Reset - Inicializa todos os módulos
Os barramentos têm como principais vantagens o fato de ser PCI é um barramento síncrono de alta performance, indicado
o mesmo conjunto de fios que é usado para todos os periféricos, como mecanismo entre controladores altamente integrados, plug-
o que barateia o projeto do computador. Outro ponto positivo é a -in placas, sistemas de processadores/memória.
versatilidade, tendo em vista que toda placa sempre tem alguns Foi o primeiro barramento a incorporar o conceito plug-and-
slots livres para a conexão de novas placas que expandem as pos- -play.
sibilidades do sistema. Seu lançamento foi em 1993, em conjunto com o processador
A grande desvantagem dessa idéia é o surgimento de engarra- PENTIUM da Intel. Assim o novo processador realmente foi re-
famentos pelo uso da mesma via por muitos periféricos, o que vem volucionário, pois chegou com uma série de inovações e um novo
a prejudicar a vazão de dados (troughput). barramento. O PCI foi definido com o objetivo primário de estabe-
Dispositivos conectados ao barramento lecer um padrão da indústria e uma arquitetura de barramento que
ofereça baixo custo e permita diferenciações na implementação.
• Ativos ou Mestres - dispositivos que comandam o acesso ao
barramento para leitura ou escrita de dados Componente PCI ou PCI master
• Passivos ou Escravos - dispositivos que simplesmente obe- Funciona como uma ponte entre processador e barramento
decem à requisição do mestre. PCI, no qual dispositivos add-in com interface PCI estão conec-
Exemplo: tados.
- CPU ordena que o controlador de disco leia ou escreva um
bloco de dados. - Add-in cards interface
A CPU é o mestre e o controlador de disco é o escravo. Possuem dispositivos que usam o protocolo PCI. São geren-
ciados pelo PCI master e são totalmente programáveis.
Barramentos Comerciais
Serão listados aqui alguns barramentos que foram e alguns AGP – Advanced Graphics Port
que ainda são bastante usados comercialmente.
ISA – Industry Standard Architeture
Didatismo e Conhecimento 96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Esse barramento permite que uma placa controladora gráfica AGP PCI Express
AGP substitua a placa gráfica no barramento PCI. O Chip con-
trolador AGP substitui o controlador de E/S do barramento PCI. AGP 1X: 266 MB por PCI Express 1X: 250 MB por
O novo conjunto AGP continua com funções herdadas do PCI. O segundo segundo
conjunto faz a transferência de dados entre memória, o processa- AGP 4X: 1064 MB por PCI Express 2X: 500 MB por
dor e o controlador ISA, tudo, simultaneamente. segundo segundo
Permite acesso direto mais rápido à memória. Pela porta grá- AGP 8X: 2128 MB por PCI Express 8X: 2000 MB por
fica aceleradora, a placa tem acesso direto à RAM, eliminando a segundo segundo
necessidade de uma VRAM (vídeo RAM) na própria placa para
armazenar grandes arquivos de bits como mapas e textura. PCI Express 16X: 4000 MB por
O uso desse barramento iniciou-se através de placas-mãe que segundo
usavam o chipset i440LX, da Intel, já que esse chipset foi o primei-
ro a ter suporte ao AGP. A principal vantagem desse barramento é É importante frisar que o padrão 1X foi pouco utilizado e,
o uso de uma maior quantidade de memória para armazenamento devido a isso, há empresas que chamam o PC I Express 2X de PCI
de texturas para objetos tridimensionais, além da alta velocidade Express 1X.
no acesso a essas texturas para aplicação na tela. Assim sendo, o padrão PCI Express 1X pode representar tam-
O primeiro AGP (1X) trabalhava a 133 MHz, o que proporcio- bém taxas de transferência de dados de 500 MB por segundo.
na uma velocidade 4 vezes maior que o PCI. Além disso, sua taxa A Intel é uma das grandes precursoras de inovações tecnoló-
de transferência chegava a 266 MB por segundo quando operando gicas.
no esquema de velocidade X1, e a 532 MB quando no esquema de No início de 2001, em um evento próprio, a empresa mostrou
velocidade 2X. Existem também as versões 4X, 8X e 16X. Geral- a necessidade de criação de uma tecnologia capaz de substituir o
mente, só se encontra um único slot nas placas-mãe, visto que o padrão PCI: tratava-se do 3GIO (Third Generation I/O – 3ª gera-
AGP só interessa às placas de vídeo. ção de Entrada e Saída). Em agosto desse mesmo ano, um grupo
de empresas chamado de
PCI Express PCI-SIG (composto por companhias como IBM, AMD e Mi-
crosoft) aprovou as primeiras especificações do 3GIO.
Entre os quesitos levantados nessas especificações, estão os
que se seguem: suporte ao barramento PCI, possibilidade de uso
de mais de uma lane, suporte a outros tipos de conexão de plata-
formas, melhor gerenciamento de energia, melhor proteção contra
erros, entre outros.
Didatismo e Conhecimento 97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
comum o surgimento de dispositivos como smartphones e câmeras
digitais que atendem a essas necessidades. A consequência não po-
deria ser outra: grandes volumes de dados nas mãos de um número
cada vez maior de pessoas.
Com suas especificações finais anunciadas em novembro de
2008, o USB 3.0 surgiu para dar conta desta e da demanda que está
por vir. É isso ou é perder espaço para tecnologias como o FireWire
ou Thunderbolt, por exemplo. Para isso, o USB 3.0 tem como prin-
cipal característica a capacidade de oferecer taxas de transferência
de dados de até 4,8 Gb/s (gigabits por segundo). Mas não é só isso...
Didatismo e Conhecimento 98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Micro-USB 3.0
Didatismo e Conhecimento 99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O USB 3.0 também consegue ser mais eficiente no controle Sabe aquelas situações onde você encaixa um cabo ou pen-
do consumo de energia. Para isso, o host, isto é, a máquina na qual drive de um jeito, nota que o dispositivo não funcionou e somente
os dispositivos são conectados, se comunica com os aparelhos de então percebe que o conectou incorretamente? Com o novo co-
maneira assíncrona, aguardando estes indicarem a necessidade de nector, este problema será coisa do passado: qualquer lado fará o
transmissão de dados. No USB 2.0, há uma espécie de “pesquisa dispositivo funcionar.
contínua”, onde o host necessita enviar sinais constantemente para Trata-se de um plugue reversível, portanto, semelhante aos
saber qual deles necessita trafegar informações. conectores Lightning existentes nos produtos da Apple. Tal como
Ainda no que se refere ao consumo de energia, tanto o host estes, o conector tipo C deverá ter também dimensões reduzidas,
quanto os dispositivos conectados podem entrar em um estado de o que facilitará a sua adoção em smartphones, tablets e outros dis-
economia em momentos de ociosidade. Além disso, no USB 2.0, positivos móveis.
os dados transmitidos acabam indo do host para todos os disposi- Tamanha evolução tem um preço: o conector tipo C não será
tivos conectados. No USB 3.0, essa comunicação ocorre somente compatível com as portas dos padrões anteriores, exceto pelo uso
com o dispositivo de destino. de adaptadores. É importante relembrar, no entanto, que será pos-
sível utilizar os conectores já existentes com o USB 3.1.
Como saber rapidamente se uma porta é USB 3.0 A USB.org promete liberar mais informações sobre esta novi-
dade em meados de 2014.
Em determinados equipamentos, especialmente laptops, é co-
mum encontrar, por exemplo, duas portas USB 2.0 e uma USB 3.0. Firewire
Quando não houver nenhuma descrição identificando-as, como sa-
ber qual é qual? Pela cor existente no conector. O barramento firewire, também conhecido como IEEE 1394
Pode haver exceções, é claro, mas pelo menos boa parte dos ou como i.Link, é um barramento de grande volume de transfe-
fabricantes segue a recomendação de identificar os conectores rência de dados entre computadores, periféricos e alguns produtos
USB 3.0 com a sua parte plástica em azul, tal como informado eletrônicos de consumo. Foi desenvolvido inicialmente pela Apple
anteriormente. Nas portas USB 2.0, por sua vez, os conectores são como um barramento serial de alta velocidade, mas eles estavam
muito à frente da realidade, ainda mais com, na época, a alternati-
pretos ou, menos frequentemente, brancos.
va do barramento USB que já possuía boa velocidade, era barato
e rapidamente integrado no mercado. Com isso, a Apple, mesmo
USB 3.1: até 10 Gb/s
incluindo esse tipo de conexão/portas no Mac por algum tempo,
a realidade “de fato”, era a não existência de utilidade para elas
Em agosto de 2013, a USB.org anunciou as especificações fi-
devido à falta de periféricos para seu uso. Porém o desenvolvi-
nais do USB 3.1 (também chamado deSuperSpeed USB 10 Gbps),
mento continuou, sendo focado principalmente pela área de vídeo,
uma variação do USB 3.0 que se propõe a oferecer taxas de trans-
que poderia tirar grandes proveitos da maior velocidade que ele
ferência de dados de até 10 Gb/s (ou seja, o dobro). oferecia.
Na teoria, isso significa que conexões 3.1 podem alcançar
taxas de até 1,2 gigabyte por segundo! E não é exagero, afinal, Suas principais vantagens:
há aplicações que podem usufruir desta velocidade. É o caso de • São similares ao padrão USB;
monitores de vídeo que são conectados ao computador via porta • Conexões sem necessidade de desligamento/boot do micro
USB, por exemplo. (hot-plugable);
Para conseguir taxas tão elevadas, o USB 3.1 não faz uso de • Capacidade de conectar muitos dispositivos (até 63 por por-
nenhum artefato físico mais elaborado. O “segredo”, essencial- ta);
mente, está no uso de um método de codificação de dados mais • Permite até 1023 barramentos conectados entre si;
eficiente e que, ao mesmo tempo, não torna a tecnologia signifi- • Transmite diferentes tipos de sinais digitais:
cantemente mais cara. vídeo, áudio, MIDI, comandos de controle de dispositivo, etc;
Vale ressaltar que o USB 3.1 é compatível com conectores e • Totalmente Digital (sem a necessidade de conversores analó-
cabos das especificações anteriores, assim como com dispositivos gico-digital, e portanto mais seguro e rápido);
baseados nestas versões. • Devido a ser digital, fisicamente é um cabo fino, flexível,
Merece destaque ainda o aspecto da alimentação elétrica: barato e simples;
o USB 3.1 poderá suportar até de 100 watts na transferência de • Como é um barramento serial, permite conexão bem facilita-
energia, indicando que dispositivos mais exigentes poderão ser ali- da, ligando um dispositivo ao outro, sem a necessidade de conexão
mentados por portas do tipo. Monitores de vídeo e HDs externos ao micro (somente uma ponta é conectada no micro).
são exemplos: não seria ótimo ter um único cabo saindo destes
dispositivos? A distância do cabo é limitada a 4.5 metros antes de haver
A indústria trabalha com a possiblidade de os primeiros equi- distorções no sinal, porém, restringindo a velocidade do barramen-
pamentos baseados em USB 3.1 começarem a chegar ao mercado to podem-se alcançar maiores distâncias de cabo (até 14 metros).
no final de 2014. Até lá, mais detalhes serão revelados. Lembrando que esses valores são para distâncias “ENTRE PERI-
Novo conector “tipo C”: uso dos dois lados FÉRICOS”, e SEM A UTILIZAÇÃO DE TRANSCEIVERS (com
Em dezembro de 2013, a USB.org anunciou outra novidade transceivers a previsão é chegar a até 70 metros usando fibra ótica).
para a versão 3.1 da tecnologia: um conector chamado (até agora, O barramento firewire permite a utilização de dispositivos de
pelos menos) de tipo C que permitirá que você conecte um cabo à diferentes velocidades (100, 200, 400, 800, 1200 Mb/s) no mesmo
entrada a partir de qualquer lado. barramento.
INTERFACE DE VIDEO
MONITOR DE VÍDEO
O monitor é um dispositivo de saída do computador, cuja fun-
ção é transmitir informação ao utilizador através da imagem.
Os monitores são classificados de acordo com a tecnolo-
gia de amostragem de vídeo utilizada na formação da imagem.
Atualmente, essas tecnologias são três: CRT , LCD e plasma. À
superfície do monitor sobre a qual se projecta a imagem chama-
mos tela, ecrã ou écran.
Tem como vantagens:
• O baixo consumo de energia;
• As dimensões e peso reduzidas;
• A não-emissão de radiações nocivas;
• A capacidade de formar uma imagem praticamente per-
feita, estável, sem cintilação, que cansa menos a visão - desde que
esteja operando na resolução nativa;
As maiores desvantagens são:
• o maior custo de fabricação (o que, porém, tenderá a im-
pactar cada vez menos no custo final do produto, à medida que o
mesmo se for popularizando);
Monitor CRT da marca LG. • o fato de que, ao trabalhar em uma resolução diferente
CRT (Cathodic Ray Tube), em inglês, sigla de (Tubo de raios daquela para a qual foi projetado, o monitor LCD utiliza vários
catódicos) é o monitor “tradicional”, em que a tela é repetidamente artifícios de composição de imagem que acabam degradando a
atingida por um feixe de elétrons, que atuam no material fosfores- qualidade final da mesma; e
cente que a reveste, assim formando as imagens. • o “preto” que ele cria emite um pouco de luz, o que con-
fere ao preto um aspecto acinzentado ou azulado, não apresentan-
Este tipo de monitor tem como principais vantagens: do desta forma um preto real similar aos oferecidos nos monitores
• longa vida útil; CRTs;
• baixo custo de fabricação; • o contraste não é muito bom como nos monitores CRT
• grande banda dinâmica de cores e contrastes; e ou de Plasma, assim a imagem fica com menos definição, este as-
• grande versatilidade (uma vez que pode funcionar em pecto vem sendo atenuado com os novos paineis com iluminação
diversas resoluções, sem que ocorram grandes distorções na ima- por leds e a fidelidade de cores nos monitores que usam paineis
gem). do tipo TN (monitores comuns) são bem ruins, os monitores com
paineis IPS, mais raros e bem mais caros, tem melhor fidelidade de
As maiores desvantagens deste tipo de monitor são: cores, chegando mais proximo da qualidade de imagem dos CRTs;
• suas dimensões (um monitor CRT de 20 polegadas pode • um fato não-divulgado pelos fabricantes: se o cristal lí-
ter até 50 cm de profundidade e pesar mais de 20 kg); quido da tela do monitor for danificado e ficar exposto ao ar, pode
• o consumo elevado de energia; emitir alguns compostos tóxicos, tais como o óxido de zinco e o
• seu efeito de cintilação (flicker); e sulfeto de zinco; este será um problema quando alguns dos mo-
• a possibilidade de emitir radiação que está fora do espec- nitores fabricados hoje em dia chegarem ao fim de sua vida útil
tro luminoso (raios x), danosa à saúde no caso de longos períodos (estimada em 20 anos).
de exposição. Este último problema é mais frequentemente cons- • ângulo de visão inferiores: Um monitor LCD, diferente
tatado em monitores e televisores antigos e desregulados, já que de um monitor CRT, apresenta limitação com relação ao ângulo
atualmente a composição do vidro que reveste a tela dos monitores em que a imagem pode ser vista sem distorção. Isto era mais sen-
detém a emissão dessas radiações. sível tempos atrás quando os monitores LCDs eram de tecnologia
• Distorção geométrica. passiva, mas atualmente apresentam valores melhores em torno
de 160º.
LCD Apesar das desvantagens supra mencionadas, a venda de mo-
nitores e televisores LCD vem crescendo bastante.
KIT MULTIMÍDIA
Multimídia nada mais é do que a combinação de textos, sons Porta PS/2
e vídeos utilizados para apresentar informações de maneira que, Surgiram com os IBM PS/2 e nos respectivos teclados. Tam-
antes somente imaginávamos, praticamente dando vida às suas bém são designadas por mini-DIM de 6 pinos. Os teclados e ratos
apresentação comerciais e pessoais. A multimídia mudou comple- dos computadores actuais são, na maior parte dos casos, ligados
tamente a maneira como as pessoas utilizam seus computadores. através destes conectores. Nas motherboards actuais existem duas
Kit multimídia nada mais é do que o conjunto que compõem a portas deste tipo.
parte física (hardwares) do computador relacionados a áudio e som
do sistema operacional. Porta Série
Podemos citar como exemplo de Kit Multimídia, uma pla- A saída série de um computador geralmente está localizada
ca de som, um drive de CD-ROM, microfone e um par de caixas na placa MULTI-IDE e é utilizada para diversos fins como, por
acústicas. exemplo, ligar um fax modem externo, ligar um rato série, uma
plotter, uma impressora e outros periféricos. As portas cujas fichas
têm 9 ou 25 pinos são também designadas de COM1 e COM2. As
motherboards possuem uma ou duas portas deste tipo.
Porta Paralela
A porta paralela obedece à norma Centronics. Nas portas pa-
ralelas o sinal eléctrico é enviado em simultâneo e, como tal, tem
As portas são, por definição, locais onde se entra e sai. Em um desempenho superior em relação às portas série. No caso desta
termos de tecnologia informática não é excepção. As portas são norma, são enviados 8 bits de cada vez, o que faz com que a sua ca-
tomadas existentes na face posterior da caixa do computador, às pacidade de transmisssão atinja os 100 Kbps. Esta porta é utilizada
quais se ligam dispositivos de entrada e de saída, e que são direc- para ligar impressoras e scanners e possui 25 pinos em duas filas.
tamente ligados à motherboard .
Estas portas ou canais de comunicação podem ser: Porta USB (Universal Serial Bus)
* Porta Dim
* Porta PS/2 Desenvolvida por 7 empresas (Compaq, DEC, IBM, Intel,
* Porta série Microsoft, NEC e Northern Telecom), vai permitir conectar pe-
* Porta Paralela riféricos por fora da caixa do computador, sem a necessidade de
* Porta USB instalar placas e reconfigurar o sistema. Computadores equipados
* Porta FireWire com USB vão permitir que os periféricos sejam automaticamente
configurados assim que estejam conectados fisicamente, sem a ne-
Porta DIM cessidade de reboot ou programas de setup. O número de acessó-
É uma porta em desuso, com 5 pinos, e a ela eram ligados os rios ligados à porta USB pode chegar a 127, usando para isso um
teclados dos computadores da geração da Intel 80486, por exem- periférico de expansão.
plo. Como se tratava apenas de ligação para teclados, existia só A conexão é Plug & Play e pode ser feita com o computador
uma porta destas nas motherboards. Nos equipamentos mais re- ligado. O barramento USB promete acabar com os problemas de
centes, os teclados são ligados às portas PS/2. IRQs e DMAs.
Os Arquivos
O Windows, o UNIX e o Macintosh são sistemas opera- 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser excluído
cionais proprietários. Isto significa que é necessário comprá-los permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressionando-se si-
ou pagar uma taxa por seu uso às companhias que registraram multaneamente as teclas
o produto em seu nome e cobram pelo seu uso. (A) Ctrl + Delete.
O Linux, por exemplo, pode ser distribuído livremente e (B) Shift + End.
tem grande aceitação por parte dos profissionais da área, uma (C) Shift + Delete.
vez que, por possuir o código aberto, qualquer pessoa que (D) Ctrl + End.
entenda de programação pode contribuir com o processo de (E) Ctrl + X.
melhoria dele.
Sistemas operacionais estão em constante evolução e hoje
não são mais restritos aos computadores. Eles são usados em
PDAs, celulares, laptops etc.
Comentários: O URL é o endereço (único) de um recurso na 9- Com relação a conceitos de Internet e intranet, assinale a
Internet. A questão parece diferenciar um recurso de página, mas opção correta.
na verdade uma página é um recurso (o mais conhecido, creio) da (A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla a en-
Web. Item verdadeiro. trada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre na Internet.
É comum confundir os itens II e III, por isso memorize: down (B) A intranet só pode ser acessada por usuários da Internet
= baixar que possuam uma conexão http, ao digitarem na barra de endere-
o = baixar para sua máquina, descarregar. II e III são verda- ços do navegador: http://intranet.com.
deiros. (C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma rede
local, pois sua função é conectar um computador à rede de tele-
fonia fixa.
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina denomi-
nada cliente requisita serviços a outra, denominada servidor, ainda
é o atual paradigma de acesso à Internet.
(E) Um servidor de páginas web é a máquina que armazena
os nomes dos usuários que possuem permissão de acesso a uma
quantidade restrita de páginas da Internet.
Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado em ter-
mos de internet pois não é tão robusto quanto redes P2P pois, en-
quanto no primeiro modelo uma queda do servidor central impede
No item IV encontramos o item falso da questão, o que nos
o acesso aos usuários clientes, no segundo mesmo que um servidor
leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em mensagem de
“caia” outros servidores ainda darão acesso ao mesmo conteúdo
e-mail significa copiar e não mover!
permitindo que o download continue. Ex: programas torrent, Emu-
Resposta: C.
le, Limeware, etc.
Em relação às outras letras:
8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos do am-
letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve para loca-
biente MS Office, assinale a opção correta. lizar e identificar conjuntos de computadores na Internet e corres-
(A) Ao se clicar no nome de um documento gravado com a ponde ao endereço que digitamos no navegador.
extensão .xls a partir do Meu Computador, o Windows ativa o MS letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma forma
Access para a abertura do documento em tela. que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede é restrito a
(B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obtidas ao se uma rede local e não a internet como um todo.
acionar simultaneamente as teclas CTRL + C e CTRL + V,respecti- letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o computador
vamente, estão disponíveis no menu Editar de todos os aplicativos a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma forma só que
da suíte MS Office. de maneira local, o acesso via ADSL pode sim acessar redes locais.
(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das aplicações letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de computação
do MS Office, permite que o usuário salve o documento corren- que fornece serviços a uma rede de computadores. E não necessa-
temente aberto com outro nome. Nesse caso, a versão antiga do riamente armazena nomes de usuários e/ou restringe acessos.
documento é apagada e só a nova versão permanece armazenada Resposta: D
no computador.
(D) O menu Exibir permite a visualização do documento aber- 10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
to correntemente, por exemplo, no formato do MS Word para ser (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na Internet,
aberto no MS PowerPoint. pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde está localizada
(E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é a elabora- tal máquina.
ção de apresentações de slides que utilizem conteúdo e imagens de (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários se co-
maneira estruturada e organizada. nectarem a uma mesma máquina simultaneamente, como no caso
de salas de bate-papo.
Comentários: O menu editar geralmente contém os comandos (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebimento
universais dos programas da Microsoft como é o caso dos atalhos de arquivos na Internet.
CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do localizar. (D) Quando se digita o endereço de uma página web, o termo
Em relação às outras letras: http significa o protocolo de acesso a páginas em formato HTML,
Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo Excel por exemplo.
e não o Access (E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de correio
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma cópia do eletrônico envia uma mensagem com anexo para outro destinatário
arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. de correio eletrônico.
a) 3, 0 e 7.
b) 5, 0 e 7.
c) 5, 1 e 2.
Resposta: “C” d) 7, 5 e 2.
Comentários: e) 8, 3 e 4.
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, e. En-
tretanto, temos que observar que na questão os itens d, e, além de Resposta: “C”
receberem taxado, também ficaram em caixa alta. O único que re-
Comentário:
cebe apenas o taxada, sem alterar outras formatações foi o item c.
Expressão =MÉDIA(A1:A3)
São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é divi-
16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo -
dido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento de um arquivo
Expressão =MENOR(B1:B3;2)
de textos ou de imagens na internet, entre um servidor e um
Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número, que
cliente, constituem, em relação ao cliente, respectivamente, um
seria o número 1. Para facilitar coloque esses números em ordem
(A) download e um upload
(B) downgrade e um upgrade crescente.
(C) downfile e um upfile Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
(D) upgrade e um downgrade Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número, que
(E) upload e um download seria o número 2. Para facilitar coloque esses números em ordem
Resposta: “E”. decrescente.
Comentários:
Up – Cima / Down – baixo / Load – Carregar; 19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II)
Upload – Carregar para cima (enviar).
Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)
Resposta: D
Comentário:
Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas
em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em
cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e
mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O pai-
nel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra
todas as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desk-
top (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe
o conteúdo do item selecionado à esquerda e funciona de maneira
idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador,
como padrão ele traz a janela sem divisão, as é possível dividi-la
também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)