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Índice

POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO

PC-SP
Investigador de Polícia
A Apostila Preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial, com
base no último concurso para este cargo, elaboramos essa apostila a fim que o
aluno antecipe seus estudos.
Quando o novo concurso for divulgado aconselhamos a compra de uma nova
apostila elaborada de acordo com o novo Edital.
A antecipação dos estudos é muito importante, porém essa apostila não lhe dá
o direito de troca, atualizações ou quaisquer alterações sofridas no Novo Edital.

ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS

LÍNGUA PORTUGUESA

1.1. Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários).......................................................01


1.2. Sinônimos e antônimos. 1.3. Sentido próprio e figurado das palavras......................................................................10
1.4. Pontuação........................................................................................................................................................................12
1.5. Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego
e sentido que imprimem às relações que estabelecem..............................................................................................................15
1.6. Concordância verbal e nominal....................................................................................................................................51
1.7. Regência verbal e nominal............................................................................................................................................56
1.8. Colocação pronominal...................................................................................................................................................62
1.9. Crase................................................................................................................................................................................62

NOÇÕES DE DIREITO

2.1 Constituição Federal: artigos 1.º a 5.º, 37 e 144............................................................................................................01


2.2 Direitos Humanos 2.2.1 Direitos Humanos: noção, significado, finalidades e história.............................................03
2.2.2 A dignidade da pessoa humana e os valores da liberdade, da igualdade e da solidariedade................................ 11
2.2.3 Cidadania: noção, significado e história. 2.2.3.1 Direitos e deveres da cidadania..................................................13
2.2.3 Democracia: noção, significado e valores.2.2.3.1 Estado Democrático de Direito: noção e significado...............13
2.2.4 Os Direitos Humanos fundamentais vigentes na Constituição da República: direitos à vida e à preservação
da integridade física e moral (honra, imagem, nome, intimidade e vida privada), à liberdade em todas as suas formas,
àigualdade, à propriedade e à segurança, os direitos sociais, a nacionalidade e os direitos políticos..................................15
2.2.5 A Polícia Civil e a defesa das instituições democráticas: a polícia judiciária e a promoção dos direitos
fundamentais................................................................................................................................................................................16

Didatismo e Conhecimento
Índice
2.2.5 O direito de receber serviços públicos adequados.....................................................................................................20
2.2.6 Os sistemas global e americano de proteção dos direitos humanos fundamentais: a Declaração Universal dos
Direitos Humanos e a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica)............................21
2.3 Direito Penal. 2.3.1 Crime: conceitos............................................................................................................................31
2.3.2 Crime e contravenção..................................................................................................................................................31
2.3.3 Crime doloso e crime culposo.....................................................................................................................................32
2.3.4 Crime consumado e crime tentado.............................................................................................................................34
2.3.5 Estado de necessidade. Legítima defesa. Estrito cumprimento do dever legal. Exercício regular do direito.....35
2.3.6 Dos Crimes Contra a Pessoa.......................................................................................................................................37
2.3.7 Dos Crimes Contra o Patrimônio...............................................................................................................................43
2.3.8 Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual.....................................................................................................................51
2.3.9 Dos Crimes Contra a Incolumidade Pública.............................................................................................................54
2.3.10 Dos Crimes Contra a Paz Pública............................................................................................................................57
2.3.11 Dos Crimes Contra a Fé Pública...............................................................................................................................59
2.3.12 Dos Crimes Contra a Administração Pública..........................................................................................................64
2.4 Direito Processual Penal:. 2.4.1 Do Inquérito Policial.................................................................................................71
2.4.2 Da Prova........................................................................................................................................................................75
2.4.3 Da Prisão em Flagrante...............................................................................................................................................86
2.4.4 Da Prisão Preventiva....................................................................................................................................................91
2.5 Legislação Especial:. 2.5.1 Lei de Abuso de Autoridade - Lei n.º 4.898/65................................................................93
2.5.2 Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei n.º 8.069/90 - artigos 225 ao 244-B....................................................95
2.5.3 Lei de Crimes Hediondos - Lei n.º 8.072/90...............................................................................................................97
2.5.4 Código de Defesa do Consumidor - Lei n.º 8.078/90 - artigos. 61 ao 80..................................................................98
2.5.5 Lei de Improbidade Administrativa - Lei n.º 8.429/92...........................................................................................100
2.5.6 Lei de Tortura - Lei n.º 9.455/97...............................................................................................................................104
2.5.7 Código de Trânsito Brasileiro - Lei n.º 9.503/97 - artigos 302 ao 312....................................................................104
2.5.8 Lei Maria da Penha - Lei n.º 11.340/06....................................................................................................................105
2.5.9 Lei sobre Drogas - Lei n.º 11.343/06 - artigos 27 ao 53........................................................................................... 110
2.5.10 Lei do Crime Organizado - Lei nº 12850/13.......................................................................................................... 114
2.5.11 Lei da Prisão Temporária - Lei nº 7.960/89........................................................................................................... 117
2.5.12 Lei dos Juizados Especiais - Lei nº 9.099/95 - artigos 60 ao 97............................................................................ 118
2.5.13 Lei das Contravenções Penais - Decreto-lei nº 3.688/41.......................................................................................121
2.5.14 Estatuto do Desarmamento - Lei nº 10.826/2003 - artigos 12 ao 21....................................................................126
2.5.15 Lei dos Crimes Ambientais - Lei nº 9.605/98.........................................................................................................127
2.5.16 Lei de Interceptação Telefônica - nº Lei 9.296/96..................................................................................................135
2.5.17 Lei dos Crimes Resultantes de Preconceito de Raça e Cor - Lei nº 7.716/89......................................................136
2.5.18 Estatuto do Idoso - Lei nº 10.741/2003 - artigos 93 ao 108...................................................................................137
2.5.19 Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado - Lei nº 10.261/68.............................................................138
2.5.20 Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo (Lei Complementar n.º 207 de 05/01/1979 ..........................161
Lei Complementar n.º 922/02 ............................................................................................................................................177
Lei Complementar n.º 1.151/11..........................................................................................................................................182
2.5.21 Lei Federal n.º 12.527, de 18/11/2011 (Lei de Acesso à Informação) e seu decreto regulamentador no âmbito do
Estado de São Paulo (Decreto n.º 58.052, de 16/05/2012).......................................................................................................185

NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA

3.1. Conceito, método, objeto e finalidade da Criminologia..............................................................................................01


3.2. Teorias sociológicas da criminalidade..........................................................................................................................07
3.3. Vitimologia......................................................................................................................................................................10
3.4. O Estado Democrático de Direito e a prevenção da infração penal..........................................................................15

Didatismo e Conhecimento
Índice

NOÇÕES DE LÓGICA

4.1. Conceitos iniciais do raciocínio lógico: proposições, valores lógicos, conectivos, tabelas-verdade, tautologia,
contradição, equivalência entre proposições, negação de uma proposição, validade de argumentos. 4.2. Estruturas
lógicas e lógica de argumentação. 4.3. Questões de associação. 4.4. Verdades e mentiras. 4.5. Diagramas lógicos
(silogismos)..................................................................................................................................................................... 01

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5.1 MS-Windows 7: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transferência,
manipulação de arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicativos do
MS-Office 2010.............................................................................................................................................................................01
5.2 MS-Word 2010: estrutura básica dos documentos, edição e formatação de textos, cabeçalhos, parágrafos, fontes,
colunas, marcadores simbólicos e numéricos, tabelas, impressão, controle de quebras e numeração de páginas, legendas,
índices, inserção de objetos, campos predefinidos, caixas de texto.........................................................................................09
5.3 MS-Excel 2010: estrutura básica das planilhas, conceitos de células, linhas, colunas, pastas e gráficos, elaboração
de tabelas e gráficos, uso de fórmulas, funções e macros, impressão, inserção de objetos, campos predefinidos, controle de
quebras e numeração de páginas, obtenção de dados externos, classificação de dados........................................................31
5.4 MS-PowerPoint 2010: estrutura básica das apresentações, conceitos de slides, anotações, régua, guias, cabeçalhos
e rodapés, noções de edição e formatação de apresentações, inserção de objetos, numeração de páginas, botões de ação,
animação e transição entre slides...............................................................................................................................................52
5.5 Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arquivos...................66
5.6 Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas.................................74
5.7 Computadores pessoais (desktops, tablets, notebooks e noções gerais e operações)................................................85

Didatismo e Conhecimento
SAC

Atenção
SAC
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.

A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO

Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.

Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.

E então, você já teve estes problemas?


Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral,
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em
tudo que fazemos.

*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.

Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de solicita-
1.1. LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE ção, deliberação informal, discurso de defesa e acusação (advo-
DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS cacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial.
(LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS). Exposição: Apresenta informações sobre assuntos, expõe
ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Estrutura básica;
ideia principal; desenvolvimento; conclusão. Uso de linguagem
clara. Ex: ensaios, artigos científicos, exposições etc.
Compreensão e Interpretação de Texto
Injunção: Indica como realizar uma ação. É também utilizado
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que tam- para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza lingua-
bém é transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. gem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, emprega-
Ex: um romance, um conto, uma poesia... (Conotação, Figurado, dos no modo imperativo. Há também o uso do futuro do presente.
Subjetivo, Pessoal). Ex: Receita de um bolo e manuais.

Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma mensa- Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas ou mais
gem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como pausas e
jornal, uma bula de medicamento. (Denotação, Claro, Objetivo, retomadas.
Informativo).
O objetivo do texto é passar conhecimento para o leitor. Nesse Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais pessoas (o
tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia. Exemplos de textos entrevistador e o entrevistado), na qual perguntas são feitas pelo
explicativos são os encontrados em manuais de instruções. entrevistador para obter informação do entrevistado. Os repórteres
entrevistam as suas fontes para obter declarações que validem as
Informativo: Tem a função de informar o leitor a respeito de informações apuradas ou que relatem situações vividas por per-
algo ou alguém, é o texto de uma notícia de jornal, de revista, sonagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que
folhetos informativos, propagandas. Uso da função referencial da contém informações que o ajudarão a construir a matéria. Além
linguagem, 3ª pessoa do singular. das informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim
como as fontes a serem entrevistadas. Antes da entrevista o repór-
Descrição: Um texto em que se faz um retrato por escrito de ter costuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre o
um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de pala- assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevistada. Mu-
vras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função nido deste material, ele formula perguntas que levem o entrevista-
caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até des- do a fornecer informações novas e relevantes. O repórter também
crever sensações ou sentimentos. Não há relação de anteriorida- deve ser perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou ma-
de e posterioridade. Significa “criar” com palavras a imagem do nipula dados nas suas respostas, fato que costuma acontecer prin-
objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da cipalmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, quando
personagem a que o texto se refere. o repórter vai entrevistar o presidente de uma instituição pública
sobre um problema que está a afetar o fornecimento de serviços
Narração: Modalidade em que se conta um fato, fictício ou à população, ele tende a evitar as perguntas e a querer reverter a
não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo resposta para o que considera positivo na instituição. É importante
certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma que o repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar a
relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predo- confiança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por
minante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que ele dominado. Caso contrário, acabará induzindo as respostas ou
nos contam histórias infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” perdendo a objetividade.
ou a “Bela Adormecida”, até as picantes piadas do cotidiano. As entrevistas apresentam com frequência alguns sinais de
pontuação como o ponto de interrogação, o travessão, aspas, re-
Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver ou expli- ticências, parêntese e as vezes colchetes, que servem para dar ao
car um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo leitor maior informações que ele supostamente desconhece. O títu-
pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto lo da entrevista é um enunciado curto que chama a atenção do lei-
de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo tor e resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra
enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocu- maiúscula e recebe maior destaque da página. Na maioria dos ca-
pado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento, sos, apenas as preposições ficam com a letra minúscula. O subtítu-
sendo, portanto, um texto informativo. lo introduz o objetivo principal da entrevista e não vem seguido de
ponto final. É um pequeno texto e vem em destaque também. A fo-
Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrário, têm tografia do entrevistado aparece normalmente na primeira página
por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista da entrevista e pode estar acompanhada por uma frase dita por ele.
do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, As frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem em
também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, destaque nas outras páginas da entrevista são chamadas de “olho”.
temos um texto dissertativo-argumentativo.

Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA

Crônica: Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um O diferentes níveis de leitura


gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus
grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou Para que isso aconteça, é necessário que haja maturidade para
trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto, a compreensão do material lido, senão tudo cairá no esquecimento
você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de ou ficará armazenado em nossa memória sem uso, até que tenha-
sua redação e terá exemplos. mos condições cognitivas para utilizar.
Uma das mais famosas crônicas da história da literatura lu- De uma forma geral, passamos por diferentes níveis ou etapas
so-brasileira corresponde à definição de crônica como “narração até termos condições de aproveitar totalmente o assunto lido. Es-
histórica”. É a “Carta de Achamento do Brasil”, de Pero Vaz de sas etapas ou níveis são cumulativas e vão sendo adquiridas pela
Caminha”, na qual são narrados ao rei português, D. Manuel, o vida, estando presente em praticamente toda a nossa leitura.
descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os
marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretu- O Primeiro Nível é elementar e diz respeito ao período de
do, da crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia. alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sofisticada e
Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis: requer experiência: não basta apenas conhecermos os códigos, a
gramática, a semântica, é preciso que tenhamos um bom domínio
O nascimento da crônica da língua.

“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. O Segundo Nível é a pré-leitura ou leitura inspecional. Tem
É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando duas funções específicas: primeiro, prevenir para que a leitura pos-
as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sa- terior não nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de
cudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmos- escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade,
féricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras de nossa primeira impressão sobre o livro. É a leitura que comu-
sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace mente desenvolvemos “nas livrarias”. Nela, por meio do salteio de
est rompue está começada a crônica. (...) partes, respondem basicamente às seguintes perguntas:
(Machado de Assis. “Crônicas Escolhidas”. - Por que ler este livro?
São Paulo: Editora Ática, 1994) - Será uma leitura útil?
- Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se
à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos. Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que se
A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da in- seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de
formação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos. Se você se pro-
acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, puser a ler um livro sem interesse, com olhar crítico, rejeitando-o
mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por ou- antes de conhecê-lo, provavelmente o aproveitamento será muito
tro ângulo, singular. baixo.
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um Ler é armazenar informações; desenvolver; ampliar horizon-
leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que tes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escrever me-
faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior aten- lhor; relacionar-se melhor com o outro.
ção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contem-
porâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas Pré-Leitura
grandes cidades. Nome do livro
Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer que a crô- Autor
nica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a ob- Dados Bibliográficos
servação atenta da realidade cotidiana e do outro, a construção da Prefácio e Índice 
linguagem, o jogo verbal. Algumas crônicas são editadas em livro, Prólogo e Introdução
para garantir sua durabilidade no tempo.
O primeiro passo é memorizar o nome do autor e a edição do
Interpretação de Texto livro, fazer um folheio sistemático: ler o prefácio e o índice (ou
sumário), analisar um pouco da história que deu origem ao livro,
O primeiro passo para interpretar um texto consiste em de- ver o número da edição e o ano de publicação. Se falarmos em ler
compô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou um Machado de Assis, um Júlio Verne, um Jorge Amado, já esta-
ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os con- remos sabendo muito sobre o livro. É muito importante verificar
ceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação estes dados para enquadrarmos o livro na cronologia dos fatos e na
fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do leitor. Ler atualidade das informações que ele contém.  Verifique detalhes que
é uma atividade muito mais complexa do que a simples interpre- possam contribuir para a coleta do maior número de informações
tação dos símbolos gráficos, de códigos,  requer que o indivíduo possível. Tudo isso vai ser útil quando formos arquivar os dados
seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorpo- lidos no nosso arquivo mental. A propósito, você sabe o que seja
rando-o à sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo um prólogo, um prefácio e uma introdução? Muita gente pensa que
mantenha um comportamento ativo diante da leitura. os três são a mesma coisa, mas não:

Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
Prólogo: é um comentário feito pelo autor a respeito do tema lido com alguma experiência já vivida ou tente exemplificá-lo com
e de sua experiência pessoal. algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando
Prefácio: é escrito por terceiros ou pelo próprio autor, referin- para uma turma de alunos interessados. É importante lembrar que
do-se ao tema abordado no livro e muitas vezes também tecendo esquecemos mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias poste-
comentários sobre o autor. riores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura e
Introdução: escrita também pelo autor, referindo-se ao livro ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. Não pense que
e não ao tema. é um exercício monótono. Nós somos capazes de realizar diaria-
O segundo passo é fazer uma leitura superficial. Pode-se, nes- mente exercícios físicos com o propósito de melhorar a aparência
se caso, aplicar as técnicas da leitura dinâmica. e a saúde. Pois bem, embora não tenhamos condições de ver com
o que se apresenta nossa mente, somos capazes de senti-la quando
O Terceiro Nível é conhecido como analítico. Depois de vas- melhoramos nossas aptidões como o raciocínio, a prontidão de in-
culharmos bem o livro na pré-leitura, analisamos o livro. Para isso, formações e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais. Vale
é imprescindível que saibamos em qual gênero o livro se enquadra: a pena se esforçar no início e criar um método de leitura eficiente
trata-se de um romance, um tratado, um livro de pesquisa e, neste e rápido.
caso, existe apenas teoria ou são inseridas práticas e exemplos. No
caso de ser um livro teórico, que requeira memorização, procure Ideias Núcleo
criar imagens mentais sobre o assunto, ou seja, veja, realmente, o
que está lendo, dando vida e muita criatividade ao assunto.  Note O primeiro passo para interpretar um texto consiste em de-
bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta fase, e a primeira coisa a compô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou
fazer é ser capaz de resumir o assunto do livro em duas frases. Já ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os con-
temos algum conteúdo para isso, pois o encadeamento das ideias já ceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação
é de nosso conhecimento. Procure, agora, ler bem o livro, do início fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do leitor.
ao fim. Esta é a leitura efetiva, aproveite bem este momento. Fique Exemplo:
atento! Aproveite todas as informações que a pré-leitura ofereceu.
Não pare a leitura para buscar significados de palavras em dicioná- “Incalculável é a contribuição do famoso neurologista aus-
rios ou sublinhar textos, isto será feito em outro momento. tríaco no tocante aos estudos sobre a formação da personalidade
humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes
O Quarto Nível de leitura é o denominado de controle. Tra- nas camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente
ta-se de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com e subconsciente. Começou estudando casos clínicos de compor-
qualquer dúvida que ainda persista. Normalmente, os termos des- tamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em
conhecidos de um texto são explicitados  neste próprio texto, à me- colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Es-
dida que vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicológico tudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obti-
fará com que fiquemos com aquela dúvida incomodando-nos até dos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje é usado pela
que tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, será psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos,
na etapa do controle que lançaremos mão do dicionário. estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente
Veja bem: a esta altura já conhecemos bem o livro e o ato de com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais. Para
interromper a leitura não vai fragmentar a compreensão do assunto este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud se uti-
como um todo. Será, também, nessa etapa que sublinharemos os lizou especialmente da linguagem onírica dos pacientes, conside-
tópicos importantes, se necessário. Para ressaltar trechos impor- rando os sonhos como compensação dos desejos insatisfeitos na
tantes opte por um sinal discreto próximo a eles, visando principal- fase de vigília.
mente a marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o a Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo
fixar a cronologia e a sequência deste fato importante, situando-o cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose
no livro. é de origem sexual.”
Aproveite bem esta etapa de leitura. Para auxiliar no estudo, é (Salvatore D’Onofrio)
interessante que, ao final da leitura de cada capítulo, você faça um
breve resumo com suas próprias palavras de tudo o que foi lido. Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição
do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a
Um Quinto Nível pode ser opcional: a etapa da repetição formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939)
aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do texto, mas conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique
aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prática, ou seja, humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma,
que tenhamos experiência do que foi lido na vida. Você só pode inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender
compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente
como unir a teoria à prática. Na leitura, quando não passamos pela e subconsciente.
etapa da repetição aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos  àqueles
brancos quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faça Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clí-
resumos. nicos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a aju-
Observe agora os trechos sublinhados do livro e os resumos da da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e
de cada capítulo, trace um diagrama sobre o livro, esforce-se para Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com
traduzi-lo com suas próprias palavras. Procure associar o assunto os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até

Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
hoje é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias Ele morreu faminto.
e de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigi- faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que “ele” se
das ao paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações encontrava quando morreu.
mentais.” A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a
sua pesquisa estudando os comportamentos humanos anormais ou - As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as
doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou ideias estão coordenadas entre si;
o das “livres associações de ideias e de sentimentos”. - Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior
Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o sig-
às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lin- nificado;
guagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como com- - Esclarecer o vocabulário;
pensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está - Entender o vocabulário;
explicitado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por - Viver a história;
meio da compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem me- - Ative sua leitura;
tafórica dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia. - Ver, perceber, sentir, apalpar o que se pergunta e o que se
pede;
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, - Não se deve preocupar com a arrumação das letras nas al-
que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação ternativas;
da tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o texto - As perguntas são fáceis, dependendo de quem lê o texto ou
afirma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando como o leu;
a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual. - Cuidado com as opiniões pessoais, elas não existem;
- Sentir, perceber a mensagem do autor;
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpre- - Cuidado com a exatidão das questões em relação ao texto;
tação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte: - Descobrir o assunto e procurar pensar sobre ele;
- Todos os termos da análise sintática, cada termo tem seu
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
valor, sua importância;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitu-
- Todas as orações subordinadas têm oração principal e as
ra, vá até o fim, ininterruptamente;
ideias se completam.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
menos umas três vezes;
Vícios de Leitura
- Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
Por acaso você tem o hábito de ler movimentando a cabeça?
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
Ou quem sabe, acompanhando com o dedo? Talvez vocalizando
- Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor
compreensão; baixinho... Você não percebe, mas esses movimentos são alguns
- Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do tex- dos tantos que prejudicam a leitura. Esses movimentos são conhe-
to correspondente; cidos como vícios de linguagem.
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; Movimentar a cabeça: procure perceber se você não está
- Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de...), não, movimentando a cabeça enquanto lê. Este movimento, ao final
correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; de pouco tempo, gera muito cansaço além de não causar nenhum
palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a efeito positivo. Durante a leitura apenas movimentamos os olhos.
entender o que se perguntou e o que se pediu; Regressar no texto, durante a leitura: pessoas que têm dificul-
- Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a dade de memorizar um assunto, que não compreendem algumas
mais exata ou a mais completa; expressões ou palavras tendem a voltar na sua leitura. Este movi-
- Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamen- mento apenas incrementa a falta de memória, pois secciona a linha
to de lógica objetiva; de raciocínio e raramente explica o desconhecido, o que normal-
- Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais; mente é elucidado no decorrer da leitura. Procure sempre manter
- Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela respos- uma sequência e não fique “indo e vindo” no livro. O assunto pode
ta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto; se tornar um bicho de sete cabeças!
- Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denun- Ler palavra por palavra: para escrever usamos muitas pala-
cia a resposta; vras que apenas servem como adereços. Procure ler o conjunto e
- Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo perceber o seu significado.
autor, definindo o tema e a mensagem; Sub-vocalização: é o ato de repetir mentalmente a palavra.
- O autor defende ideias e você deve percebê-las; Isto só será corrigido quando conseguirmos ultrapassar a marca de
- Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são im- 250 palavras por minuto.
portantíssimos na interpretação do texto. Exemplos: Usar apoios: algumas pessoas têm o hábito de acompanhar
a leitura com réguas, apontando ou utilizando um objeto que sal-
Ele morreu de fome. ta “linha a linha”. O movimento dos olhos é muito mais rápido
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na quando é livre do que quando o fazemos guiado por qualquer ob-
realização do fato (= morte de “ele”). jeto.

Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
Leitura Eficiente - Atitude: pensamento positivo para aquilo que deseja ler.
Manter-se descansado é muito importante também. Não adianta
Ao ler realizamos as seguintes operações: um desgaste físico enorme, pois a retenção da informação será
inversamente proporcional. Uma alimentação adequada é muito
- Captamos o estímulo, ou seja, por meio da visão, encami- importante.
nhamos o material a ser lido para nosso cérebro.
- Passamos, então, a perceber e a interpretar o dado sensorial - Ambiente: o ambiente de leitura deve ser preparado para ela.
(palavras, números etc.) e a organizá-lo segundo nossa bagagem Nada de ambientes com muitos estímulos que forcem a dispersão.
de conhecimentos anteriores. Para essa etapa, precisamos de moti- Deve ser um local tranquilo, agradável, ventilado, com uma cadei-
vação, de forma a tornar o processo mais otimizado possível. ra confortável para o leitor e mesa para apoiar o livro a uma altura
- Assimilamos o conteúdo lido integrando-o ao nosso “arqui- que possibilite postura corporal adequada. Quanto a iluminação,
vo mental” e aplicando o conhecimento ao nosso cotidiano. deve vir do lado posterior esquerdo, pois o movimento de virar a
página acontecerá antes de ter sido lida a última linha da página di-
A leitura é um processo muito mais amplo do que podemos reita e, de outra forma, haveria a formação de sombra nesta página,
imaginar. Ler não é unicamente interpretar os símbolos gráficos, o que atrapalharia a leitura.
mas interpretar o mundo em que vivemos. Na verdade, passamos
todo o nosso tempo lendo! - Objetos necessários: para evitar que, durante a leitura, le-
O psicanalista francês Lacan disse que o olhar da mãe confi- vantarmos para pegar algum objeto que julguemos importante,
gura a estrutura psíquica da criança, ou seja, esta se vê a partir de devemos colocar lápis, marca-texto e dicionário sempre à mão.
como vê seu reflexo nos olhos da mãe! O bebê, então, segundo Quanto sublinhar os pontos importantes do texto, é preciso apren-
esta citação, lê nos olhos da mãe o sentimento com que é rece- der a técnica adequada. Não o fazer na primeira leitura, evitando
bido e interpreta suas emoções: se o que encontra é rejeição, sua que os aspectos sublinhados parecem-se mais com um mosaico de
experiência básica será de terror; se encontra alegria, sua expe- informações aleatórias.
riência será de tranquilidade, etc. Ler está tão relacionado com o
fato de existirmos que nem nos preocupamos em aprimorar este Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por
processo. É lendo que vamos construindo nossos valores e estes finalidade a identificação de um  leitor autônomo. Portanto, o can-
são os responsáveis pela transformação dos fatos em objetos de didato deve compreender os níveis estruturais da língua por meio
nosso sentimento. da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado.
Leitura é um dos grandes, senão o maior, ingrediente da ci-
vilização. Ela é uma atividade ampla e livre, fato comprovado As frases produzem significados diferentes de acordo com o
pela frustração de algumas pessoas ao assistirem a um filme, cuja contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sem-
história já foi lida em um livro. Quando lemos, associamos as in- pre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto.
formações lidas à imensa bagagem de conhecimentos que temos Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas
armazenados em nosso cérebro e então somos capazes de criar, por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedi-
imaginar e sonhar. mento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura
É por meio da leitura que podemos entrar em contato com pes- ideológica do autor diante de uma temática qualquer.
soas distantes ou do passado, observando suas crenças, convicções e
descobertas que foram imortalizadas por meio da escrita. Esta pos- Como ler e interpretar uma charge
sibilita o avanço tecnológico e científico, registrando os conheci-
mentos, levando-os a qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, Interpretar cartuns, charges ou quadrinhos exigem três habi-
desde que saibam decodificar a mensagem, interpretando os símbo- lidades: observação, conhecimento do assunto e vocabulário ade-
los usados como registro da informação. A leitura é o verdadeiro elo quado. A primeira permite que o leitor “veja” todos os ícones pre-
integrador do ser humano e a sociedade em que ele vive! sentes - e dono da situação - dê início à descrição minuciosa, mas
O mundo de hoje é marcado pelo enorme fluxo de informações que prioriza as relevâncias. A segunda requer um leitor “antenado”
oferecidas a todo instante. É preciso também tornarmo-nos mais re- com o noticiário mais recente, caso contrário não será possível es-
ceptivos e atentos, para nos mantermos atualizados e competitivos. tabelecer sentidos para o que vê. A terceira encerra o ciclo, pois,
Para isso, é imprescindível leitura que nos estimule cada vez mais sem dar nome ao que vê, o leitor não faz a tradução da imagem.
em vista dos resultados que ela oferece. Se você pretende acom- Desse modo, interpretar charges - ou qualquer outra forma de
panhar a evolução do mundo, manter-se em dia, atualizado e bem expressão visual – exige procedimentos lógicos, atenção aos deta-
informado, precisa preocupar-se com a qualidade da sua leitura. lhes e uma preocupação rigorosa em associar imagens aos fatos.
Observe: você pode gostar de ler sobre esoterismo e uma pes-
soa próxima não se interessar por este assunto. Por outro lado, será
que esta mesma pessoa se interessa por um livro que fale sobre
História ou esportes? No caso da leitura, não existe livro interes-
sante, mas leitores interessados.
A pessoa que se preocupa com a qualidade de sua leitura e
com o resultado que poderá obter, deve pensar no ato de ler como
um comportamento que requer alguns cuidados, para ser realmente
eficaz.

Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
da crítica do chargista. Não necessariamente o antagonista aparece
na cena… O próprio cenário da charge, uma nota de rodapé ou a
própria situação na qual o protagonista está inserido pode fazer a
vez de antagonista. Já nas charges de caráter social ou cultural,
geralmente não há protagonistas e antagonistas, mas elementos do
fato ou da notícia que são caricaturizados – isto é, retratados hu-
moristicamente – com vistas a trazer força à notícia representada
na charge. No caso das charges de crítica econômica e política, a
identificação dos papéis de protagonista e antagonista da situação
é fundamental para o próximo passo na interpretação desta charge.
Passo 3: Identifique a linha editorial do veículo de comunica-
ção: Não é novidade para nenhum de nós que a imparcialidade da
informação é uma mera ilusão, da qual nos convenceram de tanto
repetir. Não existe imparcialidade nem nas ciências, quanto mais
Benett. Folha de São Paulo, 15/02/2010 na imprensa! E por mais que a manipulação da notícia seja um ato
moralmente execrável, a parcialidade na informação noticiada pe-
Charges são desenhos humorísticos que se utilizam da ironia los meios de comunicação não apenas é inevitável, como também
e do sarcasmo para a constituição de uma crítica a uma situação pode vir a ser benéfica no que tange ao processo da constituição
social ou política vigente, e contra a qual se pretende – ou ao me- de posicionamentos críticos e ideológicos no debate democrático.
nos se pretendia, na origem desse fenômeno artístico, na Inglaterra Reafirmando aquele lugar-comum, mas válido, do dramaturgo
do século XIX – fazer uma oposição. Diferente do cartoon, arte Nelson Rodrigues (do qual eu nunca encontrei a citação, confes-
também surgida na Inglaterra e que pretendia parodiar situações so), “toda unanimidade é burra”. Por isso, é preciso compreender
do cotidiano da sociedade, constituindo assim uma crítica dos e identificar a linha editorial do veículo de comunicação no qual a
costumes que ultrapassa os limites do tempo e projeta-se como charge foi publicada, pois esta revela a ideologia que inspira o foco
crítica de época, a charge é caracterizada especificamente por ser de parcialidade que este dá às suas notícias.
uma crônica, ou seja, narra ou satiriza um fato acontecido em de-
terminado momento, e que perderá sua carga humorística ao ser
desvencilhada do contexto temporal no qual está inserida. Toda-
via, a palavra cartunista acabou designando, na nossa linguagem
cotidiana, a categoria de artistas que produz esse tipo de desenho
humorístico (charges ou cartoons)
Na verdade, quatro passos básicos para uma boa interpretação
político-ideológica de uma charge. Afinal, se a corrida eleitoral para
a Presidência da República já começou, não vai mal dar uma boa
olhada nas charges publicadas em cada jornal, impresso ou eletrô-
nico, para ver o que se passa na cabeça dos donos da grande mídia
sobre esse momento ímpar no processo democrático nacional…

Thiago Recchia. Gazeta do Povo, 01/04/2010

Passo 4: Compreenda qual o posicionamento ideológico fren-


te ao fato, do qual a charge quer te convencer: Assim como a
notícia vem, como já foi comentado, carregada de parcialidade
ideológica, a charge não está longe de ser um meio propício de co-
municação de um ponto de vista. E com um detalhe a mais: a char-
ge convence! Por seu efeito humorístico, a crítica proposta pela
Amarildo. A Gazeta-ES, 12/04/2010 charge permanece enraizada por tempo indeterminado em nossa
imaginação e, por decorrência, como vários autores da consagra-
Passo 1: Procure saber do que a charge está tratando: A char- da psicologia da imagem já demonstraram, nos processos incons-
ge geralmente está relacionada, por meio do uso de ANALOGIAS, cientes que podem influenciar as decisões e escolhas que julgamos
a uma notícia ou fato político, econômico, social ou cultural. Por- serem estritamente voluntárias. Compreender a mensagem ideo-
tanto, a primeira tarefa de um “analista de charges” será compreen- lógica da qual é composta uma charge acaba tendo a função de
der a qual fato ou notícia a charge em questão está relacionada. tornar conscientes estes processos, fazendo com que nossa decisão
seja fundamentada numa decisão mais racional e posicionada, e
Passo 2: Entenda os elementos contidos na charge: Numa ao mesmo tempo menos ingênua e caricata da situação. Aí, sim,
charge de crítica política ou econômica, sempre há um protago- a charge poderá auxiliar na formulação clara e cônscia de um po-
nista e um antagonista da situação – ou seja, um personagem al- sicionamento perante os fatos e notícias apresentados por esses
vejado pela crítica do chargista e outro que faz a vez de porta-voz meios de comunicação!

Didatismo e Conhecimento 6
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Exercícios II. No segundo parágrafo, a menção ao ditado sobre o alber-
gue espanhol tem por finalidade sugerir que o olhar do observador
Atenção: As questões de números 1 a 5 referem-se ao texto não interfere no sentido próprio e particular de uma foto.
seguinte. III. Um fotógrafo profissional, conforme sugere o terceiro pa-
rágrafo, vê não apenas uma foto, mas os recursos de uma lingua-
Fotografias gem específica nela fixados.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma SOMENTE
Toda fotografia é um portal aberto para outra dimensão: o em
passado. A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do tem- (A) I e II.
po, transformando o que é naquilo que já não é mais, porque o que (B) II e III.
temos diante dos olhos é transmudado imediatamente em passado (C) I.
no momento do clique. Costumamos dizer que a fotografia con- (D) II.
gela o tempo, preservando um momento passageiro para toda a (E) III.
eternidade, e isso não deixa de ser verdade. Todavia, existe algo
que descongela essa imagem: nosso olhar. Em francês, imagem e 4. No contexto do primeiro parágrafo, o segmento Todavia,
magia contêm as mesmas cinco letras: image e magie. Toda ima- existe algo que descongela essa imagem pode ser substituído, sem
gem é magia, e nosso olhar é a varinha de condão que descongela prejuízo para a correção e a coerência do texto, por:
o instante aprisionado nas geleiras eternas do tempo fotográfico. (A) Tendo isso em vista, há que se descongelar essa imagem.
Toda fotografia é uma espécie de espelho da Alice do País (B) Ainda assim, há mais que uma imagem descongelada.
das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse espelho de pa- (C) Apesar de tudo, essa imagem descongela algo.
pel sai numa dimensão diferente e vivencia experiências diversas, (D) Há, não obstante, o que faz essa imagem descongelar.
pois o lado de lá é como o albergue espanhol do ditado: cada um (E) Há algo, outrossim, que essa imagem descongelará.
só encontra nele o que trouxe consigo. Além disso, o significado 5. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre
de uma imagem muda com o passar do tempo, até para o mesmo o texto:
observador. (A) Apesar de se ombrearem com outras artes plásticas, a fo-
Variam, também, os níveis de percepção de uma fotografia. tografia nos faz desfrutar e viver experiências de natureza igual-
Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um músico, por exem- mente temporal.
plo, é capaz de perceber dimensões sonoras inteiramente insus- (B) Na superfície espacial de uma fotografia, nem se imagine
peitas para os leigos. Da mesma forma, um fotógrafo profissional os tempos a que suscitarão essa imagem aparentemente congelada...
lê as imagens fotográficas de modo diferente daqueles que desco- (C) Conquanto seja o registro de um determinado espaço, uma
nhecem a sintaxe da fotografia, a “escrita da luz”. Mas é difícil foto leva-nos a viver profundas experiências de caráter temporal.
imaginar alguém que seja insensível à magia de uma foto. (D) Tal como ocorrem nos espelhos da Alice, as experiências
(Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trás daquela foto. físicas de uma fotografia podem se inocular em planos temporais.
São Paulo: Companhia das Letras, 2010) (E) Nenhuma imagem fotográfica é congelada suficientemen-
te para abrir mão de implicâncias semânticas no plano temporal.
1. O segmento do texto que ressalta a ação mesma da percep-
ção de uma foto é: Atenção: As questões de números 6 a 9 referem-se ao texto
(A) A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do tem- seguinte.
po.
(B) a fotografia congela o tempo. Discriminar ou discriminar?
(C) nosso olhar é a varinha de condão que descongela o ins-
tante aprisionado. Os dicionários não são úteis apenas para esclarecer o sen-
(D) o significado de uma imagem muda com o passar do tempo. tido de um vocábulo; ajudam, com frequência, a iluminar teses
(E) Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à magia controvertidas e mesmo a incendiar debates. Vamos ao Dicionário
de uma foto. Houaiss, ao verbete discriminar, e lá encontramos, entre outras,
estas duas acepções: a) perceber diferenças; distinguir, discernir;
2. No contexto do último parágrafo, a referência aos vários b) tratar mal ou de modo injusto, desigual, um indivíduo ou grupo
níveis de percepção de uma fotografia remete de indivíduos, em razão de alguma característica pessoal, cor da
(A) à diversidade das qualidades intrínsecas de uma foto. pele, classe social, convicções etc.
(B) às diferenças de qualificação do olhar dos observadores. Na primeira acepção, discriminar é dar atenção às diferen-
(C) aos graus de insensibilidade de alguns diante de uma foto. ças, supõe um preciso discernimento; o termo transpira o senti-
(D) às relações que a fotografia mantém com as outras artes. do positivo de quem reconhece e considera o estatuto do que é
(E) aos vários tempos que cada fotografia representa em si diferente. Discriminar o certo do errado é o primeiro passo no
mesma. caminho da ética. Já na segunda acepção, discriminar é deixar
agir o preconceito, é disseminar o juízo preconcebido. Discrimi-
3. Atente para as seguintes afirmações: nar alguém: fazê-lo objeto de nossa intolerância.
I. Ao dizer, no primeiro parágrafo, que a fotografia congela o Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a de-
tempo, o autor defende a ideia de que a realidade apreendida numa sigualdade. Nesse caso, deixar de discriminar (no sentido de dis-
foto já não pertence a tempo algum. cernir) é permitir que uma discriminação continue (no sentido de

Didatismo e Conhecimento 7
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preconceito). Estamos vivendo uma época em que a bandeira da (C) Quem vê como justa a aplicação de um mesmo critério
discriminação se apresenta em seu sentido mais positivo: trata-se para julgar casos diferentes não crê que isso reafirme uma situação
de aplicar políticas afirmativas para promover aqueles que vêm de injustiça.
sofrendo discriminações históricas. Mas há, por outro lado, quem (D) Muitas vezes é preciso corrigir certas distorções aplican-
veja nessas propostas afirmativas a forma mais censurável de dis- do-se medidas que, à primeira vista, parecem em si mesmas dis-
criminação... É o caso das cotas especiais para vagas numa uni- torcidas.
versidade ou numa empresa: é uma discriminação, cujo sentido (E) Em nossa época, há desequilíbrios sociais tão graves que
positivo ou negativo depende da convicção de quem a avalia. As tornam necessários os desequilíbrios compensatórios de uma ação
acepções são inconciliáveis, mas estão no mesmo verbete do di- corretiva.
cionário e se mostram vivas na mesma sociedade.
(Aníbal Lucchesi, inédito) Atenção: As questões de números 10 a 14 referem-se à crônica
abaixo.
6. A afirmação de que os dicionários podem ajudar a incendiar
debates confirma-se, no texto, pelo fato de que o verbete discri- Bom para o sorveteiro
minar
(A) padece de um sentido vago e impreciso, gerando por isso Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a
inúmeras controvérsias entre os usuários. notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha
(B) apresenta um sentido secundário, variante de seu sentido cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal,
principal, que não é reconhecido por todos. depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela
(C) abona tanto o sentido legítimo como o ilegítimo que se da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar.
costuma atribuir a esse vocábulo. Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores espe-
(D) faz pensar nas dificuldades que existem quando se trata de cializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não
determinar a origem de um vocábulo. acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela monta-
(E) desdobra-se em acepções contraditórias que correspon- nha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um
dem a convicções incompatíveis. belo espetáculo.
7. Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a
À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar
desigualdade.
do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, to-
Da afirmação acima é coerente deduzir esta outra:
dos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula.
(A) Os homens são desiguais porque foram tratados com o
O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava
mesmo critério de igualdade.
encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora
(B) A igualdade só é alcançável se abolida a fixação de um
teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com
mesmo critério para casos muito diferentes.
(C) Quando todos os desiguais são tratados desigualmente, a ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se
desigualdade definitiva torna-se aceitável. começasse logo a repartir os bifes.
(D) Uma forma de perpetuar a igualdade está em sempre tratar Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze
os iguais como se fossem desiguais. minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria
(E) Critérios diferentes implicam desigualdades tais que os voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de
injustiçados são sempre os mesmos. agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que
anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua en-
8. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o tre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio.
sentido de um segmento em: Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma
(A) iluminar teses controvertidas (1º parágrafo) = amainar estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da efi-
posições dubitativas. cácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia reco-
(B) um preciso discernimento (2º parágrafo) = uma arraigada lher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva,
dissuasão. a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil,
(C) disseminar o juízo preconcebido (2º parágrafo) = dissua- à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na
dir o julgamento predestinado. areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs
(D) a forma mais censurável (3º parágrafo) = o modo mais anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo.
repreensível.
(E) As acepções são inconciliáveis (3º parágrafo) = as versões (Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)
são inatacáveis.
10. O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso de Sa-
9. É preciso reelaborar, para sanar falha estrutural, a redação quarema, tal como se observa na relação entre estas duas expres-
da seguinte frase: sões:
(A) O autor do texto chama a atenção para o fato de que o (A) drama da baleia encalhada e três dias se debatendo na
desejo de promover a igualdade corre o risco de obter um efeito areia.
contrário. (B) em quinze minutos estava toda retalhada e foram disputa-
(B) Embora haja quem aposte no critério único de julgamento, das as toneladas da vítima.
para se promover a igualdade, visto que desconsideram o risco do (C) se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência e levar pas-
contrário. téis e empadinhas para vender com ágio.

Didatismo e Conhecimento 8
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar e lá se (E) Ao bom cronista ocorre associar um episódio como o da
foi, espero que salva, a baleia de Saquarema. jubarte com a natureza de outros, bem distintos, sejam os da eco-
(E) Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás e Logo nomia inflacionada, sejam o crescente prestígio das privatizações.
uma estatal, ó céus.
Atenção: As questões de números 15 a 18 referem-se ao texto
11. Atente para as seguintes afirmações sobre o texto: abaixo.
I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insinua, entre
outros termos de aproximação, o encalhe dos gigantes. A razão do mérito e a do voto
II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia encalhada
revelam que, acima das diferentes providências, atinham-se todos Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a
a um mesmo propósito. campanha pelas eleições diretas para presidente da República,
III. A expressão Tudo é símbolo prende-se ao fato de que o au- buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumen-
tor aproveitou o episódio da baleia encalhada para também figurar to: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma
o encalhe de um país imobilizado pela alta inflação. eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefe-
ririam confiar no mérito do profissional mais abalizado?
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma
(A) I, II e III.
função eminentemente técnica e uma função eminentemente polí-
(B) I e III, apenas. tica. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo
(C) II e III, apenas. muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que
(D) I e II, apenas. ninguém prosseguir no comando da nação.
(E) III, apenas. Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há neces-
sidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a
12. Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes dois avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qual-
fatores: quer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser
(A) o necrológio da União Soviética e os serviços da traineira processos marcados pela transparência do método e pela adequa-
da Petrobrás. ção aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação
(B) o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no lúcido de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o
objetivo comum. desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre
(C) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e o prestí- a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profun-
gio dos valores ecológicos. das de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento.
(D) o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as iniciati- Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o
vas que couberam a uma traineira. prestígio do “assembleísmo” surge como absoluto. Há quem pre-
(E) o aproveitamento comercial da situação e a força desco- tenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a “so-
munal empregada pela jubarte. berania” que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não
por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembran-
13. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o do a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a “meritocra-
sentido de um segmento em: cia”. Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a
(A) em necrológio eufórico (1º parágrafo) = em façanha mortal. legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento
(B) Comum, vírgula (2º parágrafo) = Geral, mas nem tanto. da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado
(C) que se desse por perdida a batalha (2º parágrafo) = que se alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que
imaginasse o efeito de uma derrota. deverá pilotar nosso avião.
(Júlio Castanho de Almeida, inédito)
(D) estabeleceu uma trégua entre todos nós (3º parágrafo) =
derrogou uma imunidade para nós todos.
15. Deve-se presumir, com base no texto, que a razão do mé-
(E) é preciso dar provas da eficácia (4º parágrafo) = convém
rito e a razão do voto devem ser consideradas, diante da tomada
explicitar os bons propósitos. de uma decisão,
(A) complementares, pois em separado nenhuma delas satis-
14. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre faz o que exige uma situação dada.
o último parágrafo do texto. (B) excludentes, já que numa votação não se leva em conta
(A) Apesar de tratar do drama ocorrido com uma baleia, o nenhuma questão de mérito.
cronista não deixa de aludir a circunstâncias nacionais, como o (C) excludentes, já que a qualificação por mérito pressupõe
impulso para as privatizações e os custos da alta inflação. que toda votação é ilegítima.
(B) Mormente tratando de uma jubarte encalhado, o cronista (D) conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que votam se-
não obsta em tratar de assuntos da pauta nacional, como a inflação jam as que decidam pelo mérito.
ou o processo empresarial das privatizações. (E) independentes, visto que cada uma atende a necessidades
(C) Vê-se que um cronista pode assumir, como aqui ocorreu, o de bem distintas naturezas.
papel tanto de um repórter curioso como analisar fatos oportunos,
qual seja a escalada inflacionária ou a privatização. 16. Atente para as seguintes afirmações:
(D) O incidente da jubarte encalhado não impediu de que o I. A argumentação do ministro, referida no primeiro parágrafo,
cronista se valesse de tal episódio para opinar diante de outros fa- é rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e escamotear os
tos, haja vista a inflação nacional ou a escalada das privatizações. reais interesses de quem a formula.

Didatismo e Conhecimento 9
LÍNGUA PORTUGUESA
II. O autor do texto manifesta-se francamente favorável à ra-
zão do mérito, a menos que uma situação de real impasse imponha 1.2. SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS.
a resolução pelo voto. 1.3. SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO
III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere ao ter-
mo “assembleísmo” expressa o ponto de vista dos que desconsi-
DAS PALAVRAS.
deram a qualificação técnica.
Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma
em
(A) I. Significação das Palavras
(B) II.
(C) III. Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguin-
(D) I e II. tes categorias:
(E) II e III.
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado.
17. Considerando-se o contexto, são expressões bastante pró- Exemplo:
ximas quanto ao sentido: - Alfabeto, abecedário.
(A) fazer uma eleição e confiar no mérito do profissional. - Brado, grito, clamor.
(B) especialidade técnica e vocação política. - Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
(C) classificação de profissionais e escolha da liderança. - Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.
(D) avaliação do mérito e reconhecimento da qualificação.
(E) transparência do método e desejo da maioria. Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo pelo
18. Atente para a redação do seguinte comunicado: outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os sinônimos dife-
renciam-se, entretanto, uns dos outros, por matizes de significação
Viemos por esse intermédio convocar-lhe para a assembleia e certas propriedades que o escritor não pode desconhecer. Com
geral da próxima sexta-feira, aonde se decidirá os rumos do nos- efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles, mais restrito (ani-
so movimento reivindicatório. mal e quadrúpede); uns são próprios da fala corrente, desataviada,
vulgar, outros, ao invés, pertencem à esfera da linguagem culta,
As falhas do texto encontram-se plenamente sanadas em: literária, científica ou poética (orador e tribuno, oculista e oftalmo-
(A) Vimos, por este intermédio, convocá-lo para a assembleia logista, cinzento e cinéreo).
geral da próxima sexta-feira, quando se decidirão os rumos do A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, em
nosso movimento reivindicatório. nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos:
(B) Viemos por este intermédio convocar-lhe para a assem- - Adversário e antagonista.
bleia geral da próxima sexta-feira, onde se decidirá os rumos do - Translúcido e diáfano.
nosso movimento reivindicatório. - Semicírculo e hemiciclo.
(C) Vimos, por este intermédio, convocar-lhe para a assem- - Contraveneno e antídoto.
bleia geral da próxima sexta-feira, em cuja se decidirão os rumos - Moral e ética.
do nosso movimento reivindicatório. - Colóquio e diálogo.
(D) Vimos por esse intermédio convocá-lo para a assembleia - Transformação e metamorfose.
geral da próxima sexta-feira, em que se decidirá os rumos do nos- - Oposição e antítese.
so movimento reivindicatório.
(E) Viemos, por este intermédio, convocá-lo para a assem- O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinoní-
bleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirão os rumos mia, palavra que também designa o emprego de sinônimos.
do nosso movimento reivindicatório.
Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos:
Respostas: 01-C / 02-B / 03-E / 04-D / 05-C / 06-E / 07-B / - Ordem e anarquia.
08-D / 09-B / 10-C / 11-B / 12-E / 13-B / 14-A / 15-E / 16-A / 17-D - Soberba e humildade.
/ 18-A - Louvar e censurar.
- Mal e bem.

A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido oposto


ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/antipático,
progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/implícito, ativo/
inativo, esperar/desesperar, comunista/anticomunista, simétrico/
assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial.

Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às


vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos:
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
- Aço (substantivo) e asso (verbo).

Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
Só o contexto é que determina a significação dos homônimos. Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmi-
A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é conside- cas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que têm dezenas
rada uma deficiência dos idiomas. de acepções.
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico
(som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em: Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser
empregadas no sentido próprio ou no sentido figurado. Exemplos:
Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes no - Construí um muro de pedra. (sentido próprio).
timbre ou na intensidade das vogais. - Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado).
- Rego (substantivo) e rego (verbo). - As águas pingavam da torneira, (sentido próprio).
- Colher (verbo) e colher (substantivo). - As horas iam pingando lentamente, (sentido figurado).
- Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo). Denotação e Conotação: Observe as palavras em destaque
- Para (verbo parar) e para (preposição). nos seguintes exemplos:
- Providência (substantivo) e providencia (verbo). - Comprei uma correntinha de ouro.
- Às (substantivo), às (contração) e as (artigo). - Fulano nadava em ouro.
- Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de per+o). No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou designa sim-
plesmente o conhecido metal precioso, tem sentido próprio, real,
Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e diferentes denotativo.
na escrita. No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas, poder,
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir). glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo, possui várias
- Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar). conotações (ideias associadas, sentimentos, evocações que irra-
- Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de con- diam da palavra).
sertar).
- Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar). Exercícios
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
- Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar). 01. Estava ....... a ....... da guerra, pois os homens ....... nos
- Censo (recenseamento) e senso (juízo). erros do passado.
- Cerrar (fechar) e serrar (cortar). a) eminente, deflagração, incidiram
- Paço (palácio) e passo (andar). b) iminente, deflagração, reincidiram
- Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo). c) eminente, conflagração, reincidiram
- Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar = d) preste, conflaglação, incidiram
anular). e) prestes, flagração, recindiram
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
(tempo de uma reunião ou espetáculo). 02. “Durante a ........ solene era ........ o desinteresse do mestre
diante da ....... demonstrada pelo político”.
Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia. a) seção - fragrante - incipiência
- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo). b) sessão - flagrante - insipiência
- Cedo (verbo), cedo (advérbio). c) sessão - fragrante - incipiência
- Somem (verbo somar), somem (verbo sumir). d) cessão - flagrante - incipiência
- Livre (adjetivo), livre (verbo livrar). e) seção - flagrante - insipiência
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir). 03. Na ..... plenária estudou-se a ..... de direitos territoriais a
..... .
Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pronúncia: a) sessão - cessão - estrangeiros
Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, tetânico e titâni- b) seção - cessão - estrangeiros
co, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e séptico, prescrever c) secção - sessão - extrangeiros
e proscrever, descrição e discrição, infligir (aplicar) e infringir d) sessão - seção - estrangeiros
(transgredir), osso e ouço, sede (vontade de beber) e cede (verbo e) seção - sessão - estrangeiros
ceder), comprimento e cumprimento, deferir (conceder, dar defe-
rimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), ratificar (confir- 04. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
mar) e retificar (tornar reto, corrigir), vultoso (volumoso, muito a) A eminente autoridade acaba de concluir uma viagem po-
grande: soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso). lítica.
b) A catástrofe torna-se iminente.
Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação. c) Sua ascensão foi rápida.
A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos: d) Ascenderam o fogo rapidamente.
- Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plan- e) Reacendeu o fogo do entusiasmo.
tas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de gado.
- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó. 05. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
- Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu a) cozer = cozinhar; coser = costurar
do palato. b) imigrar = sair do país; emigrar = entrar no país

Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
c) comprimento = medida; cumprimento = saudação
d) consertar = arrumar; concertar = harmonizar 1.4. PONTUAÇÃO.
e) chácara = sítio; xácara = verso

06. Assinale o item em que a palavra destacada está incorre-


tamente aplicada: Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. para compor a coesão e a coerência textual, além de ressaltar es-
b) A justiça infligiu a pena merecida aos desordeiros. pecificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
d) Devemos ser fiéis ao cumprimento do dever. portuguesa.
e) A cessão de terras compete ao Estado.
Ponto
07. O ...... do prefeito foi ..... ontem. 1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
a) mandado - caçado - Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
b) mandato - cassado se encontra.
c) mandato - caçado - Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
d) mandado - casçado - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
e) mandado - cassado
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
08. Marque a alternativa cujas palavras preenchem correta-
mente as respectivas lacunas, na frase seguinte: “Necessitando ...... Ponto e Vírgula ( ; )
o número do cartão do PIS, ...... a data de meu nascimento.” 1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma impor-
a) ratificar, proscrevi tância.
b) prescrever, discriminei - “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão
c) descriminar, retifiquei a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
d) proscrever, prescrevi nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
e) retificar, ratifiquei
2- Separa partes de frases que já estão separadas por vírgulas.
09. “A ......... científica do povo levou-o a .... de feiticeiros os - Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, montanhas,
..... em astronomia.” frio e cobertor.
a) insipiência tachar expertos
b) insipiência taxar expertos 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos, de-
c) incipiência taxar espertos creto de lei, etc.
d) incipiência tachar espertos - Ir ao supermercado;
e) insipiência taxar espertos - Pegar as crianças na escola;
- Caminhada na praia;
10. Na oração: Em sua vida, nunca teve muito ......, apresen- - Reunião com amigos.
tava-se sempre ...... no ..... de tarefas ...... . As palavras adequadas
para preenchimento das lacunas são: Dois pontos
a) censo - lasso - cumprimento - eminentes 1- Antes de uma citação
b) senso - lasso - cumprimento - iminentes - Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
c) senso - laço - comprimento - iminentes
d) senso - laço - cumprimento - eminentes 2- Antes de um aposto
e) censo - lasso - comprimento - iminentes - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
e calor à noite.
Respostas: (01.B)(02.B)(03.A)(04.D)(05.B)(06.C)(07.B)
(08.E)(09.A)(10.B) 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
rotina de sempre.

4- Em frases de estilo direto


Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?

Ponto de Exclamação
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
súplica, etc.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
2- Depois de interjeições ou vocativos

Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
- Ai! Que susto! - o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira,
- João! Há quanto tempo! possui um trânsito caótico.
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
Ponto de Interrogação
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. Fontes: http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo) http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm

Reticências Questões sobre Pontuação


1- Indica que palavras foram suprimidas.
- Comprei lápis, canetas, cadernos... 01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alternativa
em que a pontuação está corretamente empregada, de acordo com
2- Indica interrupção violenta da frase. a norma-padrão da língua portuguesa.
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!” (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou a
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju-
- Este mal... pega doutor? dar a revelar quem era a sua dona.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou a
- Deixa, depois, o coração falar... esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju-
dar a revelar quem era a sua dona.
Vírgula (C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a
Não se usa vírgula esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse aju-
*separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se dar a revelar quem era a sua dona.
diretamente entre si:
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora
- entre sujeito e predicado.
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a
Todos os alunos da sala foram advertidos.
esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse aju-
Sujeito predicado
dar a revelar quem era a sua dona.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
- entre o verbo e seus objetos.
experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou a
O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse aju-
V.T.D.I. O.D. O.I.
dar a revelar quem era a sua dona.
Usa-se a vírgula:
- Para marcar intercalação: 02. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 - ADAP-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, TADA) Jogadores de futebol de diversos times entraram em cam-
vem caindo de preço. po em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do Campeo-
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão produ- nato Nacional em apoio à campanha que visa 4 reduzir o número
zindo, todavia, altas quantidades de alimentos. de pessoas que não possuem o nome do pai em sua certidão de
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias não nascimento. (...)
querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir mão A oração subordinada “que não possuem o nome do pai em sua
dos lucros altos. certidão de nascimento” não é antecedida por vírgula porque tem
natureza restritiva.
- Para marcar inversão: ( ) Certo ( ) Errado
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): Depois
das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. 03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos pesquisa- DES/2012) Em que período a vírgula pode ser retirada, mantendo-
dores, não lhes destinaram verba alguma. se o sentido e a obediência à norma-padrão?
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio de (A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino.
1982. (B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes?
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos em para o evento.
enumeração): (D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen-
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. to do desportista.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. (E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô,
natação e canoagem.
- Para marcar elipse (omissão) do verbo:
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. 04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012)
- Para isolar: Assinale a alternativa em que a pontuação está correta.

Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem! 08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da transação. GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU-
c) Maria, você trouxe os documentos? MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo eco-
d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema. nômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame, você aí
e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimentação desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada para te dizer,
estranha. agora afasta que abriu o sinal.”
No período acima, as vírgulas foram empregadas em “Paciên-
05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). Assinale cia, minha filha, este é [...]”, para separar
a alternativa em que a frase mantém-se correta após o acréscimo (A) aposto.
das vírgulas. (B) vocativo.
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira (C) adjunto adverbial.
instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo ou (D) expressão explicativa.
acione o código na internet.
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o có-
09. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
digo foi acionado.
PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011) O período
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, re-
corretamente pontuado é:
cebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a criança
(A) Os filmes que, mostram a luta pela sobrevivência em con-
foi encontrada.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro dições hostis nem sempre conseguem agradar, aos espectadores.
às, areias do Guarujá. (B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone de podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional.
quem a encontrou e informar um ponto de referência (C) A história de heroísmo e de determinação que nem sempre,
é convincente, se passa em um cenário marcado, pelo frio.
06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013) (D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr riscos
Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramaticalmente cor- iminentes que comprometem, a sobrevivência.
reto, é necessário inserir sinais de pontuação. Assinale a posição (E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a liberdade,
em que não deve ser usado o sinal de ponto, e sim a vírgula, para nada poderia parecer, realmente intransponível.
que sejam respeitadas as regras gramaticais. Desconsidere os ajus-
tes nas letras iniciais minúsculas. GABARITO
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de
bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o pro- 01. C 02. C 03. D 04. C 05. E
grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili- 06. D 07. A 08. B 09.B
zarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos ajudam
a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidadania RESOLUÇÃO
e reciclagem(C) as escolas participantes se tornam também cen-
tros de descarte de garrafas PET(D) destinadas depois para reci- 1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
clagem(E) o programa possibilitará o retorno das bicicletas pela (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embo-
saúde das crianças e transformação das comunidades em lugares ra, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma intimidade,
melhores para se viver. procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que
(Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117) pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
a) A (B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa e, em-
b) B bora experimentasse a sensação , (X) de violar uma intimidade,
c) C
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que
d) D
pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
e) E
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa e, em-
07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO – bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procu-
VUNESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da rou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que
pontuação. pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns- (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora ,
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. (X) experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procu-
(B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, porque rou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encontrar algo que
você está junto; com os outros motoristas cujos comportamentos, pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
são desconhecidos.
(C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser uma 2-) A oração restringe o grupo que participará da campanha
extensão de nossa personalidade. (apenas os que não têm o nome do pai na certidão de nascimen-
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumentar os to). Se colocarmos uma vírgula, a oração tornar-se-á “explicativa”,
níveis de estresse em alguns motoristas. generalizando a informação, o que dará a entender que TODAS as
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, pessoa não têm o nome do pai na certidão.
são as principais causas da ira de trânsito. RESPOSTA: “CERTO”.

Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
3-) 8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado para se
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o treino. = dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo.
mantê-la (termo deslocado)
(B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos esportes? = 9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão inadequa-
mantê-la (vocativo) das ou faltantes:
(C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se prepara (A) Os filmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência em
para o evento. condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) aos espec-
= mantê-la (explicação) tadores.
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimoramen- (B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre si,
to do desportista. podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história ficcional.
= pode retirá-la (advérbio de tempo) (C) A história de heroísmo e de determinação (X) que nem
(E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda: judô, sempre, (X) é convincente, se passa em um cenário marcado, (X)
natação e canoagem. pelo frio.
= mantê-la (enumeração) (D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é correr
4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou faltante: riscos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobrevivência.
a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem! (E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar a liber-
b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da transação. dade, nada poderia parecer, (X) realmente intransponível.
c) Maria, você trouxe os documentos?
d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema.
e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma movimen-
tação estranha. 1.5. CLASSES DE PALAVRAS:
SUBSTANTIVO, ADJETIVO, NUMERAL,
5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inadequadas PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO,
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá na
pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem eletrônica
PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO: EMPREGO
ao grupo ou acione o código na internet. E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais de RELAÇÕES QUE ESTABELECEM.
onde o código foi acionado.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados ,
(X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem dizendo que a
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou caracterís-
criança foi encontrada.
tica do ser e se relaciona com o substantivo.
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega pri-
meiro às , (X) areias do Guarujá. Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, percebemos
que, além de expressar uma qualidade, ela pode ser colocada ao
6-) lado de um substantivo: homem bondoso, moça bondosa, pessoa
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de bondosa.
bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A). O pro- Já com a palavra bondade, embora expresse uma qualidade,
grama desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças utili- não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: homem bondade,
zarem a bicicleta de forma segura e correta(B). Os alunos ajudam moça bondade, pessoa bondade. Bondade, portanto, não é adjeti-
a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre cidadania e vo, mas substantivo.
reciclagem(C). As escolas participantes se tornam também centros
de descarte de garrafas PET(D), destinadas depois para recicla- Morfossintaxe do Adjetivo:
gem(E). O programa possibilitará o retorno das bicicletas pela
saúde das crianças e transformação das comunidades em lugares O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de
melhores para se viver. uma oração) relativas aos substantivos, atuando como adjunto ad-
A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posição nominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).
(D), pois antecipa um termo explicativo.
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas:
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas circuns- Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe
tâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. alguns deles:
(B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse, porque Estados e cidades brasileiros:
você está junto; (X) com os outros motoristas cujos comportamen- Alagoas alagoano
tos, (X) são desconhecidos. Amapá amapaense
(C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros podem Aracaju aracajuano ou aracajuense
ser uma extensão de nossa personalidade. Amazonas amazonense ou baré
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X) au- Belo Horizonte belo-horizontino
mentar os níveis de estresse em alguns motoristas. Brasília brasiliense
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na rua, Cabo Frio cabo-friense
(X) são as principais causas da ira de trânsito. Campinas campineiro ou campinense

Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
Adjetivo Pátrio Composto Veja outros exemplos:
Motos vinho (mas: motos verdes)
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento Paredes musgo (mas: paredes brancas).
aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita. Observe al- Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
guns exemplos:
Adjetivo Composto
África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente,
América américo- / Companhia américo-africana esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último elemento
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na
China sino- / Acordos sino-japoneses forma masculina, singular. Caso um dos elementos que formam
Espanha hispano- / Mercado hispano-português o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o ad-
Europa euro- / Negociações euro-americanas jetivo composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra rosa é
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas originalmente um substantivo, porém, se estiver qualificando um
Grécia greco- / Filmes greco-romanos elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substanti-
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa vo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Por
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras exemplo:
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros Camisas rosa-claro.
Ternos rosa-claro.
Flexão dos adjetivos Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
O adjetivo varia em gênero, número e grau. Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer ad-
Gênero dos Adjetivos
jetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre invariáveis.
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha têm os
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem
dois elementos flexionados.
(masculino e feminino). De forma semelhante aos substantivos,
classificam-se em:
Grau do Adjetivo
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a intensidade
outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, mau e má, judeu
da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o comparativo
e judia.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino e o superlativo.
somente o último elemento. Por exemplo: o moço norte-america-
no, a moça norte-americana. Comparativo
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atribuída a
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas ao
para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher feliz. mesmo ser. O comparativo pode ser de igualdade, de superioridade
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no femi- ou de inferioridade. Observe os exemplos abaixo:
nino. Por exemplo: conflito político-social e desavença político- Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
social. No comparativo de igualdade, o segundo termo da comparação
é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
Número dos Adjetivos
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superioridade
Plural dos adjetivos simples Analítico
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo com as No comparativo de superioridade analítico, entre os dois subs-
regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos sim- tantivos comparados, um tem qualidade superior. A forma é ana-
ples. Por exemplo: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins boa lítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou “mais...que”.
e boas
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Superiori-
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função dade Sintético
de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que estiver
qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de superiorida-
manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra cinza é origi- de, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: bom /melhor,
nalmente um substantivo; porém, se estiver qualificando um ele- pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, grande/maior, baixo/
mento, funcionará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: inferior.
camisas cinza, ternos cinza. Observe que:

Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
a) As formas menor e pior são comparativos de superioridade, O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes na
pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respectivamente. Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo, tal qual
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas (me- o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade, conti-
lhor, pior, maior e menor), porém, em comparações feitas entre guidade. Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no
duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se usar as formas sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias em
analíticas mais bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por que esse processo se desenvolve.
exemplo: O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sentido de
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois elementos. caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não é
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas quali- modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também modifi-
dades de um mesmo elemento. ca o adjetivo e até outro advérbio. Seguem alguns exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, você
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Inferiori- está até bem informado.
dade Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo
alheio, representando uma qualidade, característica.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
O artista canta muito mal.
Superlativo
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro
advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos pudemos ve-
O superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou rificar que se tratava de somente uma palavra funcionando como
em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou relativo advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por mais de uma
e apresenta as seguintes modalidades: palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar tal função. Te-
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de um ser mos aí o que chamamos de locução adverbial, representada por al-
é intensificada, sem relação com outros seres. Apresenta-se nas gumas expressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente,
formas: de modo algum, entre outras.
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de palavras que Dependendo das circunstâncias expressas pelos advérbios, eles
dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: O secretário é se classificam em distintas categorias, uma vez expressas por:
muito inteligente.
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo de su- de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pressas, às
fixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo. claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, des-
Observe alguns superlativos sintéticos: se jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado
benéfico beneficentíssimo a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior parte dos que terminam em
bom boníssimo ou ótimo -”mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, paciente-
comum comuníssimo mente, amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosa-
cruel crudelíssimo mente, generosamente
difícil dificílimo
doce dulcíssimo de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em exces-
fácil facílimo so, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto,
fiel fidelíssimo que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito,
por completo.
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de um ser é in-
tensificada em relação a um conjunto de seres. Essa relação pode ser: de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora, ama-
nhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante,
nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, breve,
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, pro-
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
visoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã,
de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer
Note bem: momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio dos
advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, etc., antepos- de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
tos ao adjetivo. além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde,
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob duas for- longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhu-
mas : uma erudita, de origem latina, outra popular, de origem res, nenhures, aquém, embaixo, externamente, a distância, à dis-
vernácula. A forma erudita é constituída pelo radical do adjetivo tancia de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao
latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou érrimo. Por exemplo: lado, em volta
fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma popular é constituída
do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo: pobríssimo, de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
agilíssimo. forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariíssimo,
necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as formas serís- de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente,
simo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desagradável hiato i-í. quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe

Didatismo e Conhecimento 17
LÍNGUA PORTUGUESA
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efetiva- a, as um, uns uma, umas
mente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubitavelmen- à, às - -
te (=sem dúvida). da, das dum, duns duma, dumas
na, nas num, nuns numa, numas
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, pela, pelas - -
simplesmente, só, unicamente
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com o
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhecida por
crase.
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
Constatemos as circunstâncias em que os artigos se mani-
de designação: Eis festam:
de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quando?
(tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), para - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do numeral
quê? (finalidade) “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar das olimpíadas.
Locução adverbial
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso do artigo,
É reunião de duas ou mais palavras com valor de advérbio. outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia...
Exemplo:
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) - Quando indicado no singular, o artigo definido pode indicar
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.

Há locuções adverbiais que possuem advérbios corresponden- - No caso de nomes próprios personativos, denotando a ideia
tes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu apressada- de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do artigo: O
mente. Pedro é o xodó da família.

Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo são - No caso de os nomes próprios personativos estarem no plu-
flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis. A única ral, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os Incas, Os
flexão propriamente dita que existe na categoria dos advérbios é Astecas...
a de grau:
Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe - longís- - Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) para
simo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente - inconstitucio- conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o artigo), o pro-
nalissimamente, etc.; nome assume a noção de qualquer.
Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto - perti- Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
nho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho. Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, indica (qualquer classe)
se ele está sendo empregado de maneira definida ou indefinida.
Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o gênero e o número - Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é facultativo:
dos substantivos. Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.

Classificação dos Artigos - A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia de
aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns vinte
Artigos Definidos: determinam os substantivos de maneira anos.
precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal. - O artigo também é usado para substantivar palavras oriundas
Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de maneira de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de tudo isso.
vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei um animal.
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome relativo cujo
Combinação dos Artigos (e flexões).
Este é o homem cujo amigo desapareceu.
É muito presente a combinação dos artigos definidos e inde- Este é o autor cuja obra conheço.
finidos com preposições. Veja a forma assumida por essas com-
binações: - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no sentido
de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), a menos que
Preposições Artigos venham especificadas.
o, os
a ao, aos Eles estavam em casa.
de do, dos Eles estavam na casa dos amigos.
em no, nos Os marinheiros permaneceram em terra.
por (per) pelo, pelos Os marinheiros permanecem na terra dos anões.

Didatismo e Conhecimento 18
LÍNGUA PORTUGUESA
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de tratamento, - ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa excelência re- Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
solverá os problemas de Sua Senhoria. Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora, quer...
quer, já...já.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do nome - CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às orações.
de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Estado de Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
S. Paulo. Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (depois
do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
Morfossintaxe
- EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex. É
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas relações melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora.
com o substantivo. Assim, nas orações da língua portuguesa, o ar- Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes do
tigo exerce a função de adjunto adnominal do substantivo a que se verbo), porquanto.
refere. Tal função independe da função exercida pelo substantivo:
A existência é uma poesia. Conjunções subordinativas
Uma existência é a poesia.
- CAUSAIS
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou dois Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma
termos semelhantes de uma mesma oração. Por exemplo: vez que, como (= porque).
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as amigui- Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
nhas.
- COMPARATIVAS
Deste exemplo podem ser retiradas três informações: Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...como,
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as ami- mais...do que, menos...do que.
guinhas Ela fala mais que um papagaio.

Cada informação está estruturada em torno de um verbo: segu- - CONCESSIVAS


rou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações: Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, mesmo
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e mostrou que, apesar de, se bem que.
3ª oração: quando viu as amiguinhas. Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e a ter- inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
ceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. As palavras Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar
“e” e “quando” ligam, portanto, orações. cansada)
Apesar de ter chovido fui ao cinema.
Observe: Gosto de natação e de futebol.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são partes ou - CONFORMATIVAS
termos de uma mesma oração. Logo, a palavra “e” está ligando Principais conjunções conformativas: como, segundo, confor-
termos de uma mesma oração. me, consoante
Cada um colhe conforme semeia.
Morfossintaxe da Conjunção Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade.

As conjunções, a exemplo das preposições, não exercem pro- - CONSECUTIVAS


priamente uma função sintática: são conectivos. Expressam uma ideia de consequência.
Classificação Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”,
- Conjunções Coordenativas “tão”, “tamanho”).
- Conjunções Subordinativas Falou tanto que ficou rouco.

Conjunções coordenativas - FINAIS


Expressam ideia de finalidade, objetivo.
Dividem-se em: Todos trabalham para que possam sobreviver.
- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gosto de Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque
cantar e de dançar. (=para que),
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas também,
não só...como também. - PROPORCIONAIS
Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de oposição, mais, ao passo que, à proporção que.
de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada. À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo, to-
davia, no entanto, entretanto.

Didatismo e Conhecimento 19
LÍNGUA PORTUGUESA
- TEMPORAIS A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que não
há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sentenças
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que. da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da
Quando eu sair, vou passar na locadora. alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um
contexto específico. Exemplos:
Diferença entre orações causais e explicativas Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais (OSA) Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos deparamos com a hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
dúvida de como distinguir uma oração causal de uma explicativa.
Veja os exemplos: O significado das interjeições está vinculado à maneira como
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser atro- elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita o senti-
pelado”: do que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação.
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificativa ou Exemplos:
uma explicação do fato expresso na oração anterior. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão na
b) As orações são coordenadas e, por isso, independentes uma rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! Ei,
da outra. Neste caso, há uma pausa entre as orações que vêm mar- espere!”
cadas por vírgula. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão em
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Oração silêncio!”
Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela será expli- Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
cativa. puxa: interjeição; tom da fala: euforia
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo imperativo) Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra cidade
porque não havia cemitério no local.” As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada (parte 1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, tris-
destacada) mostra a causa da ação expressa pelo verbo da oração teza, dor, etc.
principal. Outra forma de reconhecê-la é colocá-la no início do Você faz o que no Brasil?
período, introduzida pela conjunção como - o que não ocorre com Eu? Eu negocio com madeiras.
a CS Explicativa. Ah, deve ser muito interessante.
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar os
mortos em outra cidade. 2) Sintetizar uma frase apelativa
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente depen- Cuidado! Saia da minha frente.
dentes uma da outra.
As interjeições podem ser formadas por:
Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, sensa- - simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
ções, estados de espírito, ou que procura agir sobre o interlocutor, - palavras: Oba!, Olá!, Claro!
levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso, seja - grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!, Ora
necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elaboradas. bolas!
Observe o exemplo:
Droga! Preste atenção quando eu estou falando! A ideia expressa pela interjeição depende muitas vezes da en-
tonação com que é pronunciada; por isso, pode ocorrer que uma
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. Toda sua interjeição tenha mais de um sentido. Por exemplo:
raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia ter dito: - Estou Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrariedade)
com muita raiva de você! Mas usou simplesmente uma palavra. Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
Ele empregou a interjeição Droga!
As sentenças da língua costumam se organizar de forma ló- Classificação das Interjeições
gica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e os distribui
em posições adequadas a cada um deles. As interjeições, por outro Comumente, as interjeições expressam sentido de:
lado, são uma espécie de “palavra-frase”, ou seja, há uma ideia - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, Aten-
expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locução ção!, Olha!, Alerta!
interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma sentença. - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!
Veja os exemplos: - Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva!
Bravo! Bis! - Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi muito - Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!,
bom! Repitam!” Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença - Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, Boa!
(sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!” - Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã!

Didatismo e Conhecimento 20
LÍNGUA PORTUGUESA
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Safa!, Interjeições, leitura e produção de textos
Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá! Usadas com muita frequência na língua falada informal, quan-
- Desculpa: Perdão! do empregadas na língua escrita, as interjeições costumam con-
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Oh!, Eh! ferir-lhe certo tom inconfundível de coloquialidade. Além disso,
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Epa!, elas podem muitas vezes indicar traços pessoais do falante - como
Ora! a escassez de vocabulário, o temperamento agressivo ou dócil, até
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Quê!, Ca- mesmo a origem geográfica. É nos textos narrativos - particular-
ramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Cruz!, Putz! mente nos diálogos - que comumente se faz uso das interjeições
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Raios!, com o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à
Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora! sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e con-
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! teúdo mais emocional do que racional fazem das interjeições pre-
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, Adeus!, sença constante nos textos publicitários.
Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-me, Deus!
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.php
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
Numeral é a palavra que indica os seres em termos numéricos,
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa em determinada
sofrem variação em gênero, número e grau como os nomes, nem sequência.
de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
No entanto, em uso específico, algumas interjeições sofrem varia- [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
ção em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que não se trata de um Eu quero café duplo, e você?
processo natural dessa classe de palavra, mas tão só uma variação ...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
até loguinho. ...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência de
“fila”]
Locução Interjetiva
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma expressão Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que os nú-
com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bolas! Quem me meros indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão
dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó de casa! Ai de mim! é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se trata de numerais,
Valha-me Deus! Graças a Deus! Alto lá! Muito bem! mas sim de algarismos.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a ideia
Observações: expressa pelos números, existem mais algumas palavras conside-
- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Por radas numerais porque denotam quantidade, proporção ou ordena-
exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = Peço-lhe ção. São alguns exemplos: década, dúzia, par, ambos(as), novena.
que me desculpe.
Classificação dos Numerais
- Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o seu tom
exclamativo; por isso, palavras de outras classes gramaticais po- Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico:
dem aparecer como interjeições. um, dois, cem mil, etc.
Viva! Basta! (Verbos) Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
Fora! Francamente! (Advérbios) primeiro, segundo, centésimo, etc.
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-frase” por- dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
que sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: Socorro!, Aju- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres,
dem-me!, Silêncio!, Fique quieto! indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada: dobro, tri-
plo, quíntuplo, etc.
- Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitativas, que
exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba! Zás! Plaft! Leitura dos Numerais
Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc. Separando os números em centenas, de trás para frente, obtêm-
- Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com a sua se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no início, tam-
homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria, tristeza, etc. bém de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vírgula;
Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo e não a fazemos as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
depois do “ó” vocativo. 1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac) e seis.
Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac) 45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.
- Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas de pala-
vras de outras classes, podem aparecer flexionadas no diminutivo
ou no superlativo: Calminha! Adeusinho! Obrigadinho!

Didatismo e Conhecimento 21
LÍNGUA PORTUGUESA
Flexão dos numerais

Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas em diante: tre-
zentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os
demais cardinais são invariáveis.

Os numerais ordinais variam em gênero e número:


primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e conseguiram o triplo
de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de sentido. É o que ocorre
em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego dos Numerais

*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo e a partir daí os
cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empre-
gados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades comunitárias
de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos

Didatismo e Conhecimento 22
LÍNGUA PORTUGUESA
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normalmente há uma subor-
dinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão
textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, contra, de, desde, em,
entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante, exceto, fora, me-
diante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas: abaixo de,
acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com,
perto de, por causa de, por cima de, por trás de.
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância em gênero ou
em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir de dois processos:

1. Combinação: A preposição não sofre alteração.


preposição a + artigos definidos o, os
a + o = ao
preposição a + advérbio onde
a + onde = aonde
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração.

Preposição + Artigos
De + o(s) = do(s)
De + a(s) = da(s)
De + um = dum
De + uns = duns
De + uma = duma

Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
De + umas = dumas Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. / Creio
Em + o(s) = no(s) que a conhecemos melhor que ninguém.
Em + a(s) = na(s)
Em + um = num 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio das
Em + uma = numa preposições:
Em + uns = nuns Destino = Irei para casa.
Em + umas = numas Modo = Chegou em casa aos gritos.
A + à(s) = à(s) Lugar = Vou ficar em casa;
Por + o = pelo(s) Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Por + a = pela(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Preposição + Pronomes Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tratamento.
De + ele(s) = dele(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + ela(s) = dela(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + este(s) = deste(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + esta(s) = desta(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + esse(s) = desse(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + essa(s) = dessa(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + aquele(s) = daquele(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + aquela(s) = daquela(s) Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + isto = disto Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + isso = disso Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aquilo = daquilo
De + aqui = daqui Fonte:
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + aí = daí
De + ali = dali
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele
De + outro = doutro(s)
se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o de alguma
De + outra = doutra(s)
forma.
Em + este(s) = neste(s)
Em + esta(s) = nesta(s)
A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
Em + esse(s) = nesse(s)
[substituição do nome]
Em + aquele(s) = naquele(s) A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
Em + aquela(s) = naquela(s) [referência ao nome]
Em + isto = nisto Essa moça morava nos meus sonhos!
Em + isso = nisso [qualificação do nome]
Em + aquilo = naquilo
A + aquele(s) = àquele(s) Grande parte dos pronomes não possuem significados fixos,
A + aquela(s) = àquela(s) isto é, essas palavras só adquirem significação dentro de um con-
A + aquilo = àquilo texto, o qual nos permite recuperar a referência exata daquilo que
está sendo colocado por meio dos pronomes no ato da comunica-
Dicas sobre preposição ção. Com exceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os
demais pronomes têm por função principal apontar para as pessoas
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação no
oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja um artigo, tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, os pronomes
virá precedendo um substantivo. Ele servirá para determiná-lo apresentam uma forma específica para cada pessoa do discurso.
como um substantivo singular e feminino.
A dona da casa não quis nos atender. Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
Como posso fazer a Joana concordar comigo? [minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois termos [tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se fala]
e estabelece relação de subordinação entre eles. A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
Cheguei a sua casa ontem pela manhã. [dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem se fala]
Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para procurar
um tratamento adequado. Em termos morfológicos, os pronomes são palavras variáveis
em gênero (masculino ou feminino) e em número (singular ou plu-
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ou ral). Assim, espera-se que a referência através do pronome seja
a função de um substantivo. coerente em termos de gênero e número (fenômeno da concordân-
Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como parte cia) com o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no
da família enunciado.

Didatismo e Conhecimento 24
LÍNGUA PORTUGUESA
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nossa Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com a acen-
escola neste ano. tuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou tônicos.
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância ade-
quada] Pronome Oblíquo Átono
[neste: pronome que determina “ano” = concordância adequada]
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concordância São chamados átonos os pronomes oblíquos que não são pre-
inadequada] cedidos de preposição. Possuem acentuação tônica fraca: Ele me
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, de- deu um presente.
monstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me
Pronomes Pessoais - 2ª pessoa do singular (tu): te
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
São aqueles que substituem os substantivos, indicando dire- - 1ª pessoa do plural (nós): nos
tamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os - 2ª pessoa do plural (vós): vos
pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
“vocês” para designar a quem se dirige e “ele”, “ela”, “eles” ou
“elas” para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala. Observações:
Os pronomes pessoais variam de acordo com as funções que O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta
exercem nas orações, podendo ser do caso reto ou do caso oblíquo. na forma contraída, ou seja, houve a união entre o pronome “o” ou
“a” e preposição “a” ou “para”. Por acompanhar diretamente uma
Pronome Reto preposição, o pronome “lhe” exerce sempre a função de objeto
indireto na oração.
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sentença, exerce Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos diretos
a função de sujeito ou predicativo do sujeito. como objetos indiretos.
Nós lhe ofertamos flores. Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como objetos
diretos.
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gênero (ape-
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combinar-se
nas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a principal flexão,
com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas como mo,
uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro
mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas; no-lo, no-los,
dos pronomes retos é assim configurado:
no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Observe o uso dessas
formas nos exemplos que seguem:
- 1ª pessoa do singular: eu
- Trouxeste o pacote?
- 2ª pessoa do singular: tu
- 3ª pessoa do singular: ele, ela - Sim, entreguei-to ainda há pouco.
- 1ª pessoa do plural: nós - Não contaram a novidade a vocês?
- 2ª pessoa do plural: vós - Não, no-la contaram.
- 3ª pessoa do plural: eles, elas No português do Brasil, essas combinações não são usadas; até
mesmo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados como
complementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele na Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais
rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”, co- depois de certas terminações verbais. Quando o verbo termina em
muns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas na língua formal -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo
escrita ou falada. Na língua formal, devem ser usados os pronomes tempo que a terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
oblíquos correspondentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na pra- fiz + o = fi-lo
ça”, “Trouxeram-me até aqui”. fazeis + o = fazei-lo
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pronome reto dizer + a = dizê-la
em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias formas ver-
bais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo in- Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assume as
dicadas pelo pronome reto: Fizemos boa viagem. (Nós) formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
viram + o: viram-no
Pronome Oblíquo repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sentença, tem + as = tem-nas
exerce a função de complemento verbal (objeto direto ou indireto)
ou complemento nominal. Pronome Oblíquo Tônico
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos por pre-
pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diver- posições, em geral as preposições a, para, de e com. Por esse mo-
sa que eles desempenham na oração: pronome reto marca o sujeito tivo, os pronomes tônicos exercem a função de objeto indireto da
da oração; pronome oblíquo marca o complemento da oração. oração. Possuem acentuação tônica forte.

Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA PORTUGUESA
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas

Observe que as únicas formas próprias do pronome tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As demais repetem a forma
do pronome pessoal do caso reto.
- As preposições essenciais introduzem sempre pronomes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos contextos inter-
locutivos que exigem o uso da língua formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:
Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
Não há nenhuma acusação contra mim.
Não vá sem mim.

Atenção: Há construções em que a preposição, apesar de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração cujo verbo
está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser do caso reto.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Não vá sem eu mandar.

- A combinação da preposição “com” e alguns pronomes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco e convosco.
Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente exercem a função de adjunto adverbial de companhia.
Ele carregava o documento consigo.
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são reforçados por pa-
lavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.
Ele disse que iria com nós três.

Pronome Reflexivo

São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da oração. Indicam que
o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me vanglorio disso.
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.

- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.


Assim tu te prejudicas.
Conhece a ti mesmo.

- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.


Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Antônio conversou consigo mesmo.

- 1ª pessoa do plural (nós): nos.


Lavamo-nos no rio.

- 2ª pessoa do plural (vós): vos.


Vós vos beneficiastes com a esta conquista.

- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.


Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.

Didatismo e Conhecimento 26
LÍNGUA PORTUGUESA
A Segunda Pessoa Indireta

A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlocutor (portanto, a
segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento, que podem ser observados no quadro
seguinte:

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) acerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no tratamento ceri-
monioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português do Brasil; em algumas regiões,
a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação à pessoa com
quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratarmos um deputado
por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado supostamente tem para poder ocupar o cargo
que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa. Assim, os
verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do texto, a pessoa do
tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O
uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)

Pronomes Possessivos

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa possuída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)

NÚMERO PESSOA PRONOME


singular primeira meu(s), minha(s)
singular segunda teu(s), tua(s)
singular terceira seu(s), sua(s)
plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s)
plural terceira seu(s), sua(s)

Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA PORTUGUESA
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gramati- Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se refere a
cal a que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto um passado próximo.
possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele mo- Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está se
mento difícil. referindo a um passado distante.

Observações: - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou inva-


riáveis, observe:
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da alte- Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s).
ração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu José. Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Também aparecem como pronomes demonstrativos:
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Po- - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e puderem
dem ter outros empregos, como: ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela que
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 anos. te indiquei.)

c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá seus - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que o
defeitos, mas eu gosto muito dela. procuraram ontem.

3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o pro- - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o pro-
nome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência trouxe sua blema.
mensagem?
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo con-
- tal, tais: Tal era a solução para o problema.
corda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e anotações.
Note que:
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblíquos
- Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em constru-
átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os passos. (=
ções redundantes, com finalidade expressiva, para salientar algum
Vou seguir seus passos.)
termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa é que dera em cheio
casando com o José Afonso. Desfrutar das belezas brasileiras,
Pronomes Demonstrativos
isso é que é sorte!
Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar a - O pronome demonstrativo neutro ou pode representar um ter-
posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao contexto. mo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em que aparece, ge-
Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no tempo ou dis- ralmente, como objeto direto, predicativo ou aposto: O casamento
curso. seria um desastre. Todos o pressentiam.
No espaço:
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o carro - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente expresso, é
está perto da pessoa que fala. comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, chamado, então,
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro está verbo vicário (= que substitui, que faz as vezes de): Ninguém teve
perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que fala. coragem de falar antes que ela o fizesse.
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o carro
está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo. - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa mencio-
nada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro lugar: O
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto por referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos íntimos; aquele
meio de correspondência, que é uma modalidade escrita de fala), casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, aquele casado]
são particularmente importantes o este e o esse - o primeiro lo-
caliza os seres em relação ao emissor; o segundo, em relação ao - O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica: A
destinatário. Trocá-los pode causar ambiguidade. menina foi a tal que ameaçou o professor?
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar in-
formações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universidade - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com pro-
destinatária). nome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso, no,
Reafirmamos a disposição desta universidade em participar etc: Não acreditei no que estava vendo. (no = naquilo)
no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que en-
via a mensagem). Pronomes Indefinidos

No tempo: São palavras que se referem à terceira pessoa do discurso, dan-


Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se refere do-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quantidade inde-
ao ano presente. terminada.

Didatismo e Conhecimento 28
LÍNGUA PORTUGUESA
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-plantadas. Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado prá-
tico.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa de Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são pes-
quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma imprecisa, soas quaisquer.
vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser humano que segura-
mente existe, mas cuja identidade é desconhecida ou não se quer Pronomes Relativos
revelar. Classificam-se em:
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lugar do ser São aqueles que representam nomes já mencionados anterior-
ou da quantidade aproximada de seres na frase. São eles: algo, al- mente e com os quais se relacionam. Introduzem as orações subor-
guém, fulano, sicrano, beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. dinadas adjetivas.
Algo o incomoda? O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um
Quem avisa amigo é. grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = ora-
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser expres- ção subordinada adjetiva).
so na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade aproximada. São O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e in-
eles: cada, certo(s), certa(s). troduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra “sistema” é
Cada povo tem seus costumes. antecedente do pronome relativo que.
Certas pessoas exercem várias profissões. O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome de-
monstrativo o, a, os, as.
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro- Não sei o que você está querendo dizer.
nomes indefinidos adjetivos: Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), de- Quem casa, quer casa.
mais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, nenhu-
ma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quaisquer, Observe:
qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais,
toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, quantas.
Menos palavras e mais ações. Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Alguns se contentam pouco. Note que:
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variáveis e - O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo
invariáveis. Observe: por isso chamado relativo universal. Pode ser substituído por o
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto, qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um
outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, tanta, substantivo.
outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, todos, mui- O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
tos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas. Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, algo, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
cada.
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente prono-
São locuções pronominais indefinidas: mes relativos: por isso, são utilizados didaticamente para verificar
se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias
cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem classificações) são pronomes relativos. Todos eles são usados com
quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de de-
(= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc. terminadas preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio
Cada um escolheu o vinho desejado. de minha tia, o qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste
caso, geraria ambiguidade.)
Indefinidos Sistemáticos Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dúvi-
das? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.)
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, percebe-
mos que existem alguns grupos que criam oposição de sentido. - O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e se
É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido afirmativo, e refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou de ser
nenhum/ninguém/nada, que têm sentido negativo; todo/tudo, que poeta, que era a sua vocação natural.
indicam uma totalidade afirmativa, e nenhum/nada, que indicam
uma totalidade negativa; alguém/ninguém, que se referem à pes- - O pronome “cujo” não concorda com o seu antecedente, mas
soa, e algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza, e com o consequente. Equivale a do qual, da qual, dos quais, das
qualquer, que generaliza. quais.
Essas oposições de sentido são muito importantes na constru- Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas.
ção de frases e textos coerentes, pois delas muitas vezes dependem (antecedente) (consequente)
a solidez e a consistência dos argumentos expostos. Observe nas
frases seguintes a força que os pronomes indefinidos destacados - “Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um
imprimem às afirmações de que fazem parte: pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:

Didatismo e Conhecimento 29
LÍNGUA PORTUGUESA
Emprestei tantos quantos foram necessários. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o pro-
(antecedente) nome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda
Ele fez tudo quanto havia falado. pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar....
(antecedente) Ajudar quem? Você (lhe).

- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre prece- Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do
dido de preposição. pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do verbo intransitivo
É um professor a quem muito devemos. “ajudar” porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou en-
(preposição) tre locução verbal, caso o verbo principal (no caso “ajudar”) esteja
no infinitivo ou gerúndio.
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente Eu desejo lhe perguntar algo.
e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa onde morava Eu estou perguntando-lhe algo.
foi assaltada.
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que. Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos:
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos no ex- os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente dos
terior. segundos que são sempre precedidos de preposição.
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as palavras: fazendo.
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo como - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que
você agiu semana passada. eu estava fazendo.
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando podíamos
jogar videogame. A colocação pronominal é a posição que os pronomes pes-
soais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações numa se referem. São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as,
só frase. lhe, lhes, nos e vos.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na oração
O futebol é um esporte.
em relação ao verbo:
O povo gosta muito deste esporte.
1. próclise: pronome antes do verbo
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
2. ênclise: pronome depois do verbo
3. mesóclise: pronome no meio do verbo
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a
elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente que conver-
Próclise
sava, (que) ria, (que) fumava.
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
Pronomes Interrogativos - Palavras com sentido negativo:
Nada me faz querer sair dessa cama.
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou Não se trata de nenhuma novidade.
indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, referem- -se
à 3ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interro- - Advérbios:
gativos: que, quem, qual (e variações), quanto (e variações). Nesta casa se fala alemão.
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. Naquele dia me falaram que a professora não veio.
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas pre-
feres. - Pronomes relativos:
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quantos A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
passageiros desembarcaram. Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.

Sobre os pronomes: - Pronomes indefinidos:


Quem me disse isso?
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujei- Todos se comoveram durante o discurso de despedida.
to na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desem-
penha função de complemento. Vamos entender, primeiramente, - Pronomes demonstrativos:
como o pronome pessoal surge na frase e que função exerce. Ob- Isso me deixa muito feliz!
serve as orações: Aquilo me incentivou a mudar de atitude!
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe - Preposição seguida de gerúndio:
ajudar. Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem indicado à pesquisa escolar.
função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Já na se-
gunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo função de - Conjunção subordinativa:
complemento, e, consequentemente, é do caso oblíquo. Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.

Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA PORTUGUESA
Ênclise A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-lhes de-
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não salentado
aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A ênclise C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de conhe-
vai acontecer quando: cê-lo?
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: D) ...não parecia ser um importante industrial... − não parecia
Amem-se uns aos outros. ser-lhe
Sigam-me e não terão derrotas. E) incomodaram o general... − incomodaram-no

- O verbo iniciar a oração: 03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). A subs-


Diga-lhe que está tudo bem. tituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os
Chamaram-me para ser sócio. necessários ajustes, foi realizada de modo INCORRETO em:
A) mostrando o rio= mostrando-o.
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição “a”: B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = nada lhes
- O verbo estiver no gerúndio: acrescentariam.
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreocupada. E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.
Despediu-se, beijando-me a face.
04. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013). Assinale a al-
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: ternativa em que o pronome destacado está posicionado de acordo
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no mesmo com a norma-padrão da língua.
instante. (A) Ela não lembrava-se do caminho de volta.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. (B) A menina tinha distanciado-se muito da família.
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais.
Mesóclise (D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança.
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no futuro
do presente ou no futuro do pretérito: 05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2011). Assinale a alternativa
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se cujo emprego do pronome está em conformidade com a norma
realizará) padrão da língua.
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma proposta (A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos.
a você) (B) Nos falaram que a diplomacia americana está abalada.
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks.
Questões sobre Pronome (D) Conformado, se rendeu às punições.
(E) Todos querem que combata-se a corrupção.
01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012).
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não está 06. (Papiloscopista Policial = Vunesp - 2013). Assinale a al-
claro até onde pode realmente chegar uma política baseada em ternativa correta quanto à colocação pronominal, de acordo com a
melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono, a norma-padrão da língua portuguesa.
água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que mes- (A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que eles
mo que a ameaça dos preços do carbono e da água faça em si sejam sempre trazidos junto ao corpo.
diferença, as companhias não podem suportar ter de pagar, de re- (B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação de ter
pente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer de procurar a dona de uma bolsa perdida.
preparação. Portanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda (C) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos resti-
assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar tuir um objeto à pessoa que o perdeu.
adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria das po- (D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que abrisse
líticas de crescimento verde sempre será a segunda opção. a bolsa que encontrara.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado) (E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma tendência
Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, referem- natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
-se, respectivamente, a
(A) dúvidas e preços. 07. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013).
(B) dúvidas e insumos básicos. Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
(C) companhias e insumos básicos. tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______
(D) companhias e preços do carbono e da água. prazo.
(E) políticas de crescimento e preços adequados. Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta e res-
pectivamente, considerando a norma culta da língua.
02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013- adap.). A) a que … acaba … à B) com que … acabam … à
Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho grifado está correta- C) de que … acabam … a D) em que … acaba … a
mente substituído por um pronome em: E) dos quais … acaba … à

Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA PORTUGUESA
08. (Agente de Apoio Socioeducativo – VUNESP – 2013- D) ...não parecia ser um importante industrial... − não parecia
adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e respectiva- sê-lo
mente, as lacunas do trecho.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jovem 3-) transpor [...] as matas espessas= transpô-las
fazia referência______ violência______ o brasileiro estava sujei-
to de forma cômica. 4-)
A) Fazem... a ... de que B) Faz ...a ... que (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
C) Fazem ...à ... com que D) Faz ...à ... que (B) A menina tinha se distanciado muito da família.
E) Faz ...à ... a que (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
09. (TRF 3ª região- Técnico Judiciário - /2014)
As sereias então devoravam impiedosamente os tripulantes. 5-)
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça... (A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos.
... e fez de tudo para convencer os tripulantes... (B) Falaram-nos que a diplomacia americana está abalada.
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos grifados (D) Conformado, rendeu-se às punições.
acima foram corretamente substituídos por um pronome, na ordem (E) Todos querem que se combata a corrupção.
dada, em:
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los 6-)
(B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes (B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação de ter
(C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes de procurar a dona de uma bolsa perdida.
(D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los (C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos restituir
(E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los um objeto à pessoa que o perdeu.
10. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013- (D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que abrisse
adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras dos esta- a bolsa que encontrara.
belecimentos felizmente comprovam os acontecimentos, e teste- (E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma tendência
munhas vão ajudar a polícia na investigação. – de acordo com natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
a norma-padrão, os pronomes que substituem, corretamente, os 7-) Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produtos
termos em destaque são: de que não necessitam e acabam tendo de pagar tudo a
A) os comprovam … ajudá-la. prazo.
B) os comprovam …ajudar-la.
C) os comprovam … ajudar-lhe. 8-) Faz alguns anos, num programa de televisão, uma jovem
D) lhes comprovam … ajudar-lhe. fazia referência à violência a que o brasileiro estava sujeito
E) lhes comprovam … ajudá-la. de forma cômica.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular
GABARITO
9-)
01. C 02. E 03. C 04. D 05. C devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblíquo no/
06. A 07. C 08. E 09. A 10. A na (fizeram-na, colocaram-no)
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto; “lhe” é
RESOLUÇÃO para objeto indireto
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto direto; “lhe”
1-) Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não é para objeto indireto
está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
em melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbono,
a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade que 10-) – Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos fe-
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água faça em si lizmente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão ajudar
diferença, as companhias não podem suportar ter de pagar, de re- a polícia na investigação.
pente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer felizmente os comprovam ... ajudá-la
preparação. Portanto, elas começam a usar preços-sombra. Ainda (advérbio)
assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar
adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria das po- Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Substantivo
líticas de crescimento verde sempre será a segunda opção. é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais denominam
os seres. Além de objetos, pessoas e fenômenos, os substantivos
2-) também nomeiam:
A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los -lugares: Alemanha, Porto Alegre...
B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os desalen- -sentimentos: raiva, amor...
tado -estados: alegria, tristeza...
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de conhe- -qualidades: honestidade, sinceridade...
cê-las ? -ações: corrida, pescaria...

Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
Morfossintaxe do substantivo Os substantivos abstratos designam estados, qualidades, ações
e sentimentos dos seres, dos quais podem ser abstraídos, e sem os
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em geral quais não podem existir: vida (estado), rapidez (qualidade), via-
exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: atua como gem (ação), saudade (sentimento).
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou in-
direto) e do agente da passiva. Pode ainda funcionar como núcleo 3 - Substantivos Coletivos
do complemento nominal ou do aposto, como núcleo do predica-
tivo do sujeito, do objeto ou como núcleo do vocativo. Também Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra abe-
encontramos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e lha, mais outra abelha.
de adjuntos adverbiais - quando essas funções são desempenhadas Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
por grupos de palavras. Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi necessário re-
Classificação dos Substantivos petir o substantivo: uma abelha, outra abelha, mais outra abelha...
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
1- Substantivos Comuns e Próprios No terceiro caso, empregou-se um substantivo no singular
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com mui- (enxame) para designar um conjunto de seres da mesma espécie
tas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda (abelhas).
a sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
oposição aos bairros). O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas e edi- Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mesmo es-
fícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada cidade. Isso tando no singular, designa um conjunto de seres da mesma espécie.
significa que a palavra cidade é um substantivo comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de uma Substantivo coletivo Conjunto de:
mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, homem, mu-
assembleia pessoas reunidas
lher, país, cachorro.
alcateia lobos
Estamos voando para Barcelona.
acervo livros
antologia trechos literários selecionados
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da espécie ci-
arquipélago ilhas
dade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Próprio: é aquele
banda músicos
que designa os seres de uma mesma espécie de forma particular:
Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. bando desordeiros ou malfeitores
banca examinadores
2 - Substantivos Concretos e Abstratos batalhão soldados
cardume peixes
LÂMPADA MALA caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com existên- cáfila camelos
cia própria, que são independentes de outros seres. São substan- cancioneiro canções, poesias líricas
tivos concretos. colmeia abelhas
chusma gente, pessoas
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que existe, concílio bispos
independentemente de outros seres. congresso parlamentares, cientistas.
Obs.: os substantivos concretos designam seres do mundo real elenco atores de uma peça ou filme
e do mundo imaginário. esquadra navios de guerra
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, Brasília, etc. enxoval roupas
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantasma, etc. falange soldados, anjos
fauna animais de uma região
Observe agora: feixe lenha, capim
Beleza exposta flora vegetais de uma região
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual. frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício
O substantivo beleza designa uma qualidade. horda bandidos, invasores
junta médicos, bois, credores, examinadores
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que depen- júri jurados
dem de outros para se manifestar ou existir. legião soldados, anjos, demônios
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser observa- leva presos, recrutas
da. Só podemos observar a beleza numa pessoa ou coisa que seja malta malfeitores ou desordeiros
bela. A beleza depende de outro ser para se manifestar. Portanto, a manada búfalos, bois, elefantes,
palavra beleza é um substantivo abstrato. matilha cães de raça

Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
molho chaves, verduras O velho e o mar
multidão pessoas em geral Um Natal inesquecível
ninhada pintos Os reis da praia
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
penca bananas, chaves Pertencem ao gênero feminino os substantivos que podem vir
pinacoteca pinturas, quadros precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
quadrilha ladrões, bandidos A história sem fim
ramalhete flores Uma cidade sem passado
rebanho ovelhas As tartarugas ninjas
récua bestas de carga, cavalgadura
repertório peças teatrais, obras musicais Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
réstia alhos ou cebolas Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes de
romanceiro poesias narrativas seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao
revoada pássaros sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino
sínodo párocos e outra para o feminino. Observe: gato – gata, homem – mulher,
talha lenha poeta – poetisa, prefeito - prefeita
tropa muares, soldados
turma estudantes, trabalhadores Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam uma úni-
vara porcos ca forma, que serve tanto para o masculino quanto para o femini-
no. Classificam-se em:
Formação dos Substantivos - Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a cobra ma-
cho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
Substantivos Simples e Compostos - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas: a
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o
O substantivo chuva é formado por um único elemento ou ra- indivíduo.
dical. É um substantivo simples. - Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pessoas por
meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a doente, o artista
Substantivo Simples: é aquele formado por um único elemento. e a artista.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja agora:
O substantivo guarda-chuva é formado por dois elementos (guarda Saiba que: Substantivos de origem grega terminados em ema
+ chuva). Esse substantivo é composto. ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o sintoma,
o teorema.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou mais ele- - Existem certos substantivos que, variando de gênero, variam
mentos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação
emissora) o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivos Primitivos e Derivados
Meu limão meu limoeiro, Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
meu pé de jacarandá... - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao masculi-
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de ne- no: freguês - freguesa
nhum outro dentro de língua portuguesa. - Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de três
formas:
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de nenhuma - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
outra palavra da própria língua portuguesa. O substantivo limoeiro - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
é derivado, pois se originou a partir da palavra limão. -troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona

Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra palavra. Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - sultana

Flexão dos substantivos - Substantivos terminados em -or:


O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável quan- - acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
do sofre flexão (variação). A palavra menino, por exemplo, pode - troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
sofrer variações para indicar:
Plural: meninos Feminino: menina - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul - con-
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho sulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque - duquesa /
conde - condessa / profeta - profetisa
Flexão de Gênero
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar sexo - Substantivos que formam o feminino trocando o -e final por
real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois gêneros: -a: elefante - elefanta
masculino e feminino. Pertencem ao gênero masculino os subs-
tantivos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja - Substantivos que têm radicais diferentes no masculino e no
estes títulos de filmes: feminino: bode – cabra / boi - vaca

Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA PORTUGUESA
- Substantivos que formam o feminino de maneira especial, Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a cata-
isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: czar – czari- plasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, a cal, a
na réu - ré faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes - São geralmente masculinos os substantivos de origem grega
Epicenos: terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o plasma, o
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema, o estratagema,
o dilema, o teorema, o trema, o eczema, o edema, o magma, o es-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso ocorre tigma, o axioma, o tracoma, o hematoma.
porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma para indicar o
masculino e o feminino. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma para de-
signar os dois sexos. Esses substantivos são chamados de epice- Gênero dos Nomes de Cidades:
nos. No caso dos epicenos, quando houver a necessidade de espe-
cificar o sexo, utilizam-se palavras macho e fêmea. Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. A histórica Ouro Preto.
A dinâmica São Paulo.
Sobrecomuns: A acolhedora Porto Alegre.
Entregue as crianças à natureza. Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo masculino,
quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem o artigo nem um Gênero e Significação:
possível adjetivo permitem identificar o sexo dos seres a que se
refere a palavra. Veja: Muitos substantivos têm uma significação no masculino e ou-
A criança chorona chamava-se João. tra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à frente da
A criança chorona chamava-se Maria. tropa, indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão),
Outros substantivos sobrecomuns: a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibição
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa cria- de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do corpo), o cisma
tura. (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato de cismar, descon-
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de Marcela fiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza (resíduos de combustão),
faleceu o capital (dinheiro), a capital (cidade), o coma (perda dos senti-
dos), a coma (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em
Comuns de Dois Gêneros: coro), a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sa-
cramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar),
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vegeta-
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma vez que ção), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento, pena
a palavra motorista é um substantivo uniforme. grande das asas das aves), o grama (unidade de peso), a grama
A distinção de gênero pode ser feita através da análise do arti- (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor
go ou adjetivo, quando acompanharem o substantivo: o colega - a de pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento),
colega; o imigrante - a imigrante; um jovem - uma jovem; artista o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética), o
famoso - artista famosa; repórter francês - repórter francesa nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte), o maria-fu-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos dois gê- maça (trem como locomotiva a vapor), maria-fumaça (locomotiva
neros. movida a vapor), o pala (poncho), a pala (parte anterior do boné
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada preferência ou quepe, anteparo), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação
pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os personagens emissora), o voga (remador), a voga (moda, popularidade).
dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: O Flexão de Número do Substantivo
problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam a per-
sonagem. Em português, há dois números gramaticais: o singular, que
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo fotográ- indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que indica mais de
fico Ana Belmonte. um ser ou grupo de seres. A característica do plural é o “s” final.
Observe o gênero dos substantivos seguintes:
Plural dos Substantivos Simples
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó (pena), o
sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o maracajá, o clã, - Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e “n” fa-
o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o proclama, o zem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – ímãs; hífen
pernoite, o púbis. - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon - cânones.

Didatismo e Conhecimento 35
LÍNGUA PORTUGUESA
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em “ns”: substantivo + preposição oculta + substantivo = cavalo-vapor
homem - homens. e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como determinante do
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural pelo primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do termo anterior:
acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. palavra-chave - palavras-chave, bomba-relógio - bombas-re-
lógio, notícia-bomba - notícias-bomba, homem-rã - homens-rã,
Atenção: O plural de caráter é caracteres. peixe- -espada - peixes-espada.

- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se no - Permanecem invariáveis, quando formados de:
plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; caracol – ca- verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
racóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul e cônsules. verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os saca-rolhas
- Casos Especiais
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de duas o louva-a-deus e os louva-a-deus
maneiras: o bem-te-vi e os bem-te-vis
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis o bem-me-quer e os bem-me-queres
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. o joão-ninguém e os joões-ninguém.
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas maneiras:
répteis ou reptis (pouco usada). Plural das Palavras Substantivadas
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de duas
maneiras: As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras classes
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo gramaticais usadas como substantivo, apresentam, no plural, as
de “es”: ás – ases / retrós - retroses flexões próprias dos substantivos.
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam invariáveis: o Pese bem os prós e os contras.
lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. O aluno errou na prova dos noves.
- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de três
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
maneiras.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães
variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis e al-
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
guns dez.
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o látex
- os látex.
Plural dos Diminutivos
Plural dos Substantivos Compostos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final e
-A formação do plural dos substantivos compostos depende acrescenta-se o sufixo diminutivo.
da forma como são grafados, do tipo de palavras que formam o pãe(s) + zinhos = pãezinhos
composto e da relação que estabelecem entre si. Aqueles que são animai(s) + zinhos = animaizinhos
grafados sem hífen comportam-se como os substantivos simples: botõe(s) + zinhos = botõezinhos
aguardente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
malmequer/malmequeres. farói(s) + zinhos = faroizinhos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos são li- tren(s) + zinhos = trenzinhos
gados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e discussões. colhere(s) + zinhas = colherezinhas
Algumas orientações são dadas a seguir: flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
- Flexionam-se os dois elementos, quando formados de: papéi(s) + zinhos = papeizinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-perfeitos funi(s) + zinhos = funizinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras pai(s) + zinhos = paizinhos
pé(s) + zinhos = pezinhos
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando formados de: pé(s) + zitos = pezitos
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e alto- Plural dos Nomes Próprios Personativos
-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sempre que
a terminação preste-se à flexão.
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando forma- Os Napoleões também são derrotados.
dos de: As Raquéis e Esteres.
substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colô-
nia e águas-de-colônia

Didatismo e Conhecimento 36
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Plural dos Substantivos Estrangeiros - Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho do ser.
Classifica-se em:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser escritos Analítico = o substantivo é acompanhado de um adjetivo que
como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto quando ter- indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
minam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
aumento. Por exemplo: casarão.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo com as
regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os jipes, os esportes, - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho do ser.
as toaletes, os bibelôs, os garçons, os réquiens. Pode ser:
Observe o exemplo: Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo que in-
Este jogador faz gols toda vez que joga. dica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indicador de
diminuição. Por exemplo: casinha.
Plural com Mudança de Timbre
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, núme-
Certos substantivos formam o plural com mudança de timbre ro, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros processos: ação
da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fonético chamado (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); ocorrência (nascer);
metafonia (plural metafônico). desejo (querer).
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus
Singular Plural possíveis significados. Observe que palavras como corrida, chuva
corpo (ô) corpos (ó) e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns verbos
esforço esforços mencionados acima; não apresentam, porém, todas as possibilida-
fogo fogos des de flexão que esses verbos possuem.
forno fornos
fosso fossos Estrutura das Formas Verbais
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresentar
imposto impostos
os seguintes elementos:
olho olhos
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significado es-
osso (ô) ossos (ó)
sencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-)
ovo ovos
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a con-
poço poços
jugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r
porto portos
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), 2ª
posto postos - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - (partir).
tijolo tijolos - Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o tem-
po e o modo do verbo. Por exemplo:
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos, es- falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
posos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de mo- - Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a pes-
lho (ó) = feixe (molho de lenha). soa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou plural):
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
Particularidades sobre o Número dos Substantivos falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o norte, o Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados (com-
leste, o oeste, a fé, etc. por, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a forma
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, as arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver desa-
espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. parecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do verbo: põe,
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do singular: pões, põem, etc.
bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom nome) e
honras (homenagem, títulos). Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com sen- Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos ver-
tido de plural: bos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com facili-
Aqui morreu muito negro. dade que nas formas rizotônicas o acento tônico cai no radical do
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas im- verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas formas arrizo-
provisadas. tônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim na terminação
verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos.
Flexão de Grau do Substantivo
Classificação dos Verbos
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir as varia- Classificam-se em:
ções de tamanho dos seres. Classifica-se em: - Regulares: são aqueles que possuem as desinências normais
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considerado nor- de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical:
mal. Por exemplo: casa canto cantei cantarei cantava cantasse.

Didatismo e Conhecimento 37
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- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse.
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais:
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os principais verbos impes-
soais são:
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)

** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)


Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Era primavera quando a conheci.
Estava frio naquele dia.

** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer, escurecer,
etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal,
empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

** São impessoais, ainda:


1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.
2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de, indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência a sujeito expres-
so anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, então, pessoais.
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uns trocados?

* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu bastante.

Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, cacarejar: galinha,
coaxar: sapo, cricrilar: grilo

Os principais verbos unipessoais são:


1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário, etc.):
Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que provavelmente
causaria problemas de interpretação em certos contextos.

- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade conside-
rada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas verbais repudiadas por alguns
gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a popularização da informática, tem sido conjugado
em todos os tempos, modos e pessoas.

Didatismo e Conhecimento 38
LÍNGUA PORTUGUESA
- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma ocorrer no par-
ticípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular). Observe:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR

Anexar Anexado Anexo


Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR

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Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais, ides, fui, foste,
pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal, quando acompanha-
do de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar as moscas.


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo


Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito
sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

Didatismo e Conhecimento 39
LÍNGUA PORTUGUESA
SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo


Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríei
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

Didatismo e Conhecimento 40
LÍNGUA PORTUGUESA
HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo
Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mesma pessoa do su-
jeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no próprio sentido do verbo (reflexivos
essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abster-se, ater-
-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já está implícita no radical do
verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mesma, pois não recebe
ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é
conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto representado por pronome
oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou
transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo:
Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.

Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pronominais, são os verbos
reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por
exemplo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto direto) - 1ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três modos:
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sempre estudo.
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda agora, menino.

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advérbio), sendo
por isso denominadas formas nominais. Observe:
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo. Por
exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências,
assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de adjetivo)
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.

- Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma ação
terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo (adjetivo
verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna escolhida para representar a escola.

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos. Veja:
1. Tempos do Indicativo
- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente terminado: Ele
estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele estudou as lições
ontem à noite.

Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as lições quando os
amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele estudará as lições
amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu tivesse dinheiro, via-
jaria nas férias.

2. Tempos do Subjuntivo
- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo: Se ele
viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à loja, levará as
encomendas.

Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja, levará as
encomendas.
Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal (1ª/2ª e 3ª conj.) Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
Futuro do Presente do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do indicativo pela desi-
nência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim,
o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-se, assim, o tema
desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES

Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda pessoa do plural (vós)
eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo

Eu canto --- Que eu cante


Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:

- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido ou conselho só se
aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (Agente Polícia Vunesp 2013) Considere o trecho a seguir.


É comum que objetos ___________ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pessoas
_____________ a atenção voltada para seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
(A) sejam … mantesse (B) sejam … mantivessem (C) sejam … mantém (D) seja … mantivessem (E) seja … mantêm

02. (Escrevente TJ SP Vunesp 2012-adap.) Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando quedas sucessivas de
2005 para cá. –, a locução verbal em destaque expressa ação
(A) concluída. (B) atemporal. (C) contínua. (D) hipotética. (E) futura.

Didatismo e Conhecimento 45
LÍNGUA PORTUGUESA
03. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013-adap.) Sem querer estereo- 08. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013-adap.).
tipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações Assinale a alternativa em que o verbo destacado está no tempo
sociais terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou futuro.
crédito?”. A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de B) … somente eles podem decidir se irão ou não comprar.
(A) considerar ao acaso, sem premeditação. C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”…
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela. D) … de onde vem o produto…?
(C) adotar como referência de qualidade. E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas. 09. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a
alternativa em que a concordância das formas verbais destacadas
04. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa se dá em conformidade com a norma-padrão da língua.
contendo a frase do texto na qual a expressão verbal destacada (A) Chegou, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos.
exprime possibilidade. (B) Haviam várias hipóteses acerca do que poderia ter aconte-
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sistema cido com a criança.
capaz de disponibilizar um grande número de obras literárias... (C) Fazia horas que a criança tinha saído e os pais já estavam
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação e preocupados.
arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual. (D) Era duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada.
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por associa- (E) Existia várias maneiras de voltar para casa, mas a criança
ção, e não mais por sequências fixas previamente estabelecidas. se perdeu mesmo assim.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse conceito
está ligado a uma nova concepção de textualidade... 10. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP –
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibilizar 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
toda a literatura do mundo... I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de madeira
no animal.
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO II. Existiam muitos ferimentos no boi.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida movi-
crescimento econômico, se associado à ampliação do emprego, mentada.
PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, se pas- Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este pelo
sarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito do indicativo, verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
teremos a forma: A) Existia – Haviam – Existiam
A) puder. B) Existiam – Havia – Existiam
B) poderia. C) Existiam – Haviam – Existiam
C) pôde. D) Existiam – Havia – Existia
D) poderá. E) Existia – Havia – Existia
E) pudesse.
GABARITO
06. (Escrevente TJ SP Vunesp 2013) Assinale a alternativa em
que todos os verbos estão empregados de acordo com a norma-pa- 01. B 02. C 03. E 04. B 05. B
drão. 06. A 07. C 08. B 09. C 10. D
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da impres-
são definitiva. RESOLUÇÃO
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em silêncio.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a trabalhar no 1-) É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
feriado. blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pessoas
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga... mantivessem a atenção voltada para seus pertences, conservando
(E) Se você quer a promoção, é necessário que a requera a seu -os junto ao corpo.
superior.
2-) os níveis de pessoas sem emprego estão apresentando que-
07. (Papiloscopista Policial Vunesp 2013-adap.) Assinale a das sucessivas de 2005 para cá. –, a locução verbal em destaque
alternativa que substitui, corretamente e sem alterar o sentido da expressa ação contínua (= não concluída)
frase, a expressão destacada em – Se a criança se perder, quem
encontrá-la verá na pulseira instruções para que envie uma mensa- 3-) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de
gem eletrônica ao grupo ou acione o código na internet. um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da
(A) Caso a criança se havia perdido… pergunta “débito ou crédito?”.
(B) Caso a criança perdeu… Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de classificar
(C) Caso a criança se perca… segundo ideias preconcebidas.
(D) Caso a criança estivera perdida…
(E) Caso a criança se perda…

Didatismo e Conhecimento 46
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) (B) Funcionando como um imenso sistema de informação e Exemplo de conjugação do verbo “dar” no presente do indi-
arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo virtual. cativo:
= verbo no futuro do pretérito Eu dou
Tu dás
5-) Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do Ele dá
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós poderíamos, Nós damos
vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é crescimento Vós dais
econômico (singular), portanto, terceira pessoa do singular (ele) Eles dão
= poderia.
Percebe-se que há alteração do radical, afastando-se do origi-
6-) nal “dar” durante a conjugação, sendo considerado verbo irregular.
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em silên- Exemplo: Conjugação do verbo valer:
cio.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a trabalhar Modo Indicativo
no feriado. Presente
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga... eu valho
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a requeira a tu vales
seu superior. ele vale
nós valemos
7-) Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve vós valeis
uma grande perda salarial...) eles valem

8-) Pretérito Perfeito do Indicativo


A) Os consumidores são assediados pelo marketing = presente eu vali
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessidades”… tu valeste
= pretérito do Subjuntivo ele valeu
D) … de onde vem o produto…? = presente nós valemos
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… = preté- vós valestes
rito perfeito eles valeram

9-) Pretérito Imperfeito do Indicativo


(A) Chegaram, para ajudar a família, vários amigos e vizinhos. eu valia
(B) Havia várias hipóteses acerca do que poderia ter aconteci- tu valias
do com a criança. ele valia
(D) Eram duas horas da tarde, quando a criança foi encontrada. nós valíamos
(E) Existiam várias maneiras de voltar para casa, mas a criança vós valíeis
se perdeu mesmo assim. eles valiam

10-) I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma- Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo
deira no animal. eu valera
II. Existiam muitos ferimentos no boi. tu valeras
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida movi- ele valera
mentada. nós valêramos
Haver – sentido de existir= invariável, impessoal; vós valêreis
existir = variável. Portanto, temos: eles valeram
I – Existiam onze pessoas...
II – Havia muitos ferimentos... Futuro do Presente do Indicativo
III – Existia muita gente... eu valerei
tu valerás
ele valerá
Verbos irregulares são verbos que sofrem alterações em seu nós valeremos
radical ou em suas desinências, afastando-se do modelo a que per- vós valereis
tencem. eles valerão
No português, para verificar se um verbo sofre alterações, bas-
ta conjugá-lo no presente e no pretérito perfeito do indicativo. Ex: Futuro do Pretérito do Indicativo
faço – fiz, trago – trouxe, posso - pude. eu valeria
Não é considerada irregularidade a alteração gráfica do radi- tu valerias
cal de certos verbos para conservação da regularidade fônica. Ex: ele valeria
embarcar – embarco, fingir – finjo. nós valeríamos

Didatismo e Conhecimento 47
LÍNGUA PORTUGUESA
vós valeríeis por valer ele
eles valeriam por valermos nós
por valerdes vós
Mais-que-perfeito Composto do Indicativo por valerem eles
eu tinha valido
tu tinhas valido Infinitivo Impessoal = valer
ele tinha valido Particípio = Valido
nós tínhamos valido
vós tínheis valido Acompanhe abaixo uma lista com os principais verbos irre-
eles tinham valido gulares:

Gerúndio do verbo valer = valendo Dizer


Presente do indicativo: Digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, di-
Modo Subjuntivo zem.
Presente
que eu valha Pretérito perfeito do indicativo: Disse, disseste, disse, disse-
que tu valhas mos, dissestes, disseram.
que ele valha
que nós valhamos Futuro do presente do indicativo: Direi, dirás, dirá, dire-
que vós valhais mos, direis, dirão.
que eles valham
Fazer
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo Presente do indicativo: Faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fa-
se eu valesse zem.
se tu valesses
Pretérito perfeito do indicativo: Fiz, fizeste, fez, fizemos, fi-
se ele valesse
zestes, fizeram.
se nós valêssemos
se vós valêsseis
Futuro do presente do indicativo: Farei, farás, fará, fare-
se eles valessem
mos, fareis, farão.
Futuro do Subjuntivo
Ir
quando eu valer Presente do indicativo: Vou, vais, vai, vamos, ides, vão.
quando tu valeres
quando ele valer Pretérito perfeito do indicativo: Fui, foste, foi, fomos, fostes,
quando nós valermos foram.
quando vós valerdes
quando eles valerem Futuro do presente do indicativo: Irei, irás, irá, iremos,
ireis, irão.
Imperativo
Imperativo Afirmativo Futuro do subjuntivo: For, fores, for, formos, fordes, forem.
--
vale tu Querer
valha ele Presente do indicativo: Quero, queres, quer, queremos, que-
valhamos nós reis, querem.
valei vós
valham eles Pretérito perfeito do indicativo: Quis, quiseste, quis, quise-
mos, quisestes, quiseram.
Imperativo Negativo
-- Presente do subjuntivo: Queira, queiras, queira, queiramos,
não valhas tu queirais, queiram.
não valha ele
não valhamos nós Ver
não valhais vós Presente do indicativo: Vejo, vês, vê, vemos, vedes, veem.
não valham eles
Pretérito perfeito do indicativo: Vi, viste, viu, vimos, vistes,
Infinitivo viram.
Infinitivo Pessoal
por valer eu Futuro do presente do indicativo:Verei, verás, verá, vere-
por valeres tu mos, vereis, verão.

Didatismo e Conhecimento 48
LÍNGUA PORTUGUESA
Futuro do subjuntivo: Vir, vires, vir, virmos, virdes, virem. c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
Vir
Presente do indicativo: Venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm. - Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mes-
mo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe a trans-
Pretérito perfeito do indicativo: Vim, vieste, veio, viemos, formação da frase seguinte:
viestes, vieram. O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
Futuro do presente do indicativo: Virei, virás, virá, viremos,
vireis, virão. Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva analítica
com outros verbos que podem eventualmente funcionar como au-
Futuro do subjuntivo: Vier, vieres, vier, viermos, vierdes, xiliares. Por exemplo: A moça ficou marcada pela doença.
vierem.
2- Voz Passiva Sintética
Vozes do Verbo A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo
na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Por exemplo:
Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indicar Abriram-se as inscrições para o concurso.
se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São três as Destruiu-se o velho prédio da escola.
vozes verbais: Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sin-
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expres- tética.
sa pelo verbo. Por exemplo:
Ele fez o trabalho. Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz latina de
sujeito agente ação objeto (paciente) paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o sig-
nificado sofrimento, padecimento. Daí vem o significado de voz
- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação ex- passiva como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito.
pressa pelo verbo. Por exemplo: Na voz passiva temos dois elementos que nem sempre aparecem:
O trabalho foi feito por ele. SUJEITO PACIENTE e AGENTE DA PASSIVA.
sujeito paciente ação agente da passiva
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
- Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e pa-
ciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo: Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancial-
O menino feriu-se. mente o sentido da frase.
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a no- Sujeito da Ativa objeto Direto
ção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva)
Formação da Voz Passiva Sujeito da Passiva Agente da Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito
e sintético. da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo assumirá a forma
passiva, conservando o mesmo tempo. Observe mais exemplos:
1- Voz Passiva Analítica - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mestres.
verbo principal. Por exemplo: - Eu o acompanharei.
A escola será pintada. Ele será acompanhado por mim.
O trabalho é feito por ele.
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado da pre- haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudica-
posição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição de. ram-me. / Fui prejudicado.
Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja ex- Saiba que:
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos,
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), são chamados neutros.
pois o particípio é invariável. Observe a transformação das frases O vinho é bom.
seguintes: Aqui chove muito.
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indicativo) - Há formas passivas com sentido ativo:
É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)

Didatismo e Conhecimento 49
LÍNGUA PORTUGUESA
- Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo: (D) ... acolheu-o como patrono.
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas) (E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do Recife ...
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido ci- FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a consti-
rúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said ...
paciente. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
Chamo-me Luís. resultante é:
Batizei-me na Igreja do Carmo. a) se constituiu.
Operou-se de hérnia. b) chegou a ser constituído.
Vacinaram-se contra a gripe. c) teria chegado a constituir.
d) chega a se constituir.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php e) chegaria a ser constituído.

Questões sobre Vozes dos Verbos 07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS
CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indis-
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI- tintamente as músicas produzidas no interior do país...
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é resultante será:
(A) adjunto adnominal. (A) vinham indicadas.
(B) sujeito paciente. (B) era indicado.
(C) objeto indireto. (C) eram indicadas.
(D) complemento nominal. (D) tinha indicado.
(E) agente da passiva. (E) foi indicada.

02. (FCC-COPERGÁS – Auxiliar Técnico Administrativo - 08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. Transpondo- PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 -
-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será: adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está em:
(A) era abatido. (B) fora abatido. (A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
(C) abatera-se. (D) foi abatido. (B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro”
(E) tinha abatido (C) “enviar o brinquedo por sedex”
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa do
03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) Consumidor”
... valores e princípios que sejam percebidos pela sociedade (E) “A empresa fez campanha para recolher”
como tais.
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo passará a 09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010)
ser, corretamente, Transpondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde vim a
(A) perceba. entender a tradução completa, a forma verbal resultante será:
(B) foi percebido. (A) veio a ser entendida.
(C) tenham percebido. (B) teria entendido.
(D) devam perceber. (C) fora entendida.
(E) estava percebendo. (D) terá sido entendida.
(E) tê-la-ia entendido.
04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas pela 10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
multidão... PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAPTADA)
A forma verbal resultante da transposição da frase acima para ... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mu-
a voz ativa é: lheres.
(A) ocupava-se. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
(B) ocupavam. resultante será:
(C) ocupou. (A) foi empreendida.
(D) ocupa. (B) são empreendidos.
(E) ocupava. (C) foi empreendido.
(D) é empreendida.
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) (E) são empreendidas.
A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva está em:
(A) Quando Rodolfo surgiu... GABARITO
(B) ... adquiriu as impressoras... 01. E 02. D 03. A 04. E 05. A
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa. 06. B 07. C 08. D 09. A 10. D

Didatismo e Conhecimento 50
LÍNGUA PORTUGUESA
RESOLUÇÃO
1.6. CONCORDÂNCIA VERBAL
1-) No enunciado temos uma oração com a voz passiva do ver- E NOMINAL.
bo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou da Paz
divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” funciona como
sujeito da oração, ou seja, na passiva sua função é a de agente da
passiva. O sujeito paciente é “os dados”.
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos re-
2-) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele foi ferindo à relação de dependência estabelecida entre um termo
abatido... e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes
principais desse processo são representados pelo sujeito, que no
3-) ... valores e princípios que sejam percebidos pela sociedade caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha a
como tais = dois verbos na voz passiva, então teremos um na ativa: função de subordinado.
que a sociedade perceba os valores e princípios... Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza-se
pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número e
4-) As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos na pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno
passiva, um verbo na ativa: chegou atrasado. Temos que o verbo apresenta-se na terceira pes-
A multidão ocupava as ruas. soa do singular, pois faz referência a um sujeito, assim também
expresso (ele). Como poderíamos também dizer: os alunos chega-
5-) ram atrasados.
B = as impressoras foram adquiridas...
C = família numerosa é sustentada... Casos referentes a sujeito simples
D – foi acolhido como patrono...
E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada... 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo
6-) O engajamento moral e político não chegou a constituir um em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
deslocamento da atenção intelectual de Said = dois verbos na voz
ativa, mas com presença de preposição e, um deles, no infinitivo, 2) Nos casos referentes a sujeito representado por substantivo
então o verbo auxiliar “ser” ficará no infinitivo (na voz passiva) e o coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do singular: A
verbo principal (constituir) ficará no particípio: Um deslocamento multidão, apavorada, saiu aos gritos.
da atenção intelectual de Said não chegou a ser constituído pelo Observação:
engajamento... - No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal
no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o
7-)’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas plural:
no interior do país. Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo sertanejo, Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
indistintamente.
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas,
8-) representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de,
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa uma porção de” entre outras, o verbo tanto pode concordar com o
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro” = núcleo dessas expressões quanto com o substantivo que a segue:
voz ativa A maioria dos alunos resolveu ficar. A maioria dos alunos resol-
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa veram ficar.
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa do
Consumidor” = voz passiva 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões aproxi-
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa mativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo concorda
com o substantivo determinado por elas: Cerca de mil candidatos
9-)Mais tarde vim a entender a tradução completa... se inscreveram no concurso.
A tradução completa veio a ser entendida por mim.
10-) ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mu- 5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão
lheres. “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de um candi-
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira quase dato se inscreveu no concurso de piadas.
clandestina. Observação:
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou associada
a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, necessariamente,
deverá permanecer no plural:
Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na cam-
panha de doação de alimentos.
Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades
de formatura.

Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos que”, Casos referentes a sujeito composto
o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos que atua-
ram na Copa América. 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas gramati-
cais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando relacionado
7) Em casos relativos à concordância com locuções pronomi- a dois pressupostos básicos:
nais, representadas por “algum de nós, qual de vós, quais de vós, - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as demais:
alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos atermos a duas Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
questões básicas: - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na 2ª ou
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural, o na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são primos.
verbo poderá com ele concordar, como poderá também concordar
com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos. / Alguns de 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto ao
nós o receberão. verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois filhos compa-
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso no receram ao evento.
singular, o verbo permanecerá, também, no singular: Algum de
nós o receberá. 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este
poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer no
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos. Compa-
“quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular ou receu ao evento o pai e seus dois filhos.
poderá concordar com o antecedente desse pronome: Fomos nós
quem contou toda a verdade para ela. / Fomos nós quem contamos 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com mais
toda a verdade para ela. de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: Meu esposo
e grande companheiro merece toda a felicidade do mundo.
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas ou
“que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa
ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá permanecer
palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. / Em
no singular ou ir para o plural: Minha vitória, minha conquista, mi-
casa sou eu que decido tudo.
nha premiação são frutos de meu esforço. / Minha vitória, minha
conquista, minha premiação é fruto de meu esforço.
10) No caso de o sujeito aparecer representado por expressões
que indicam porcentagens, o verbo concordará com o numeral ou
Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos demais ter-
com o substantivo a que se refere essa porcentagem: 50% dos mos da oração para que concordem em gênero e número com o
funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50% do eleitora- substantivo. Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o
do apoiou a decisão. numeral e o pronome. Além disso, temos também o verbo, que se
flexionará à sua maneira.
Observações: Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome con-
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de porcentagem, cordam em gênero e número com o substantivo.
esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram a decisão da - A pequena criança é uma gracinha.
diretoria 50% dos funcionários. - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular:
1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria. Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra ge-
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de deter- ral mostrada acima.
minantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os 50% dos a) Um adjetivo após vários substantivos
funcionários apoiaram a decisão da diretoria. - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou
concorda com o substantivo mais próximo.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por pro- - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
nomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das
homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite. - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural masculi-
no ou concorda com o substantivo mais próximo.
12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo pró- - Ela tem pai e mãe louros.
prio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos que os - Ela tem pai e mãe loura.
determinam: - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser, para o plural.
este permanece no singular, contanto que o predicativo também - O homem e o menino estavam perdidos.
esteja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma cria- - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
ção de Machado de Assis.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também per- b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos
manece no plural: Os Estados Unidos são uma potência mundial. - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais pró-
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem ximo.
aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma Comi delicioso almoço e sobremesa.
potência mundial. Provei deliciosa fruta e suco.

Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda k) Tal Qual
com o mais próximo ou vai para o plural. - “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o
Estavam feridos o pai e os filhos. consequente.
Estava ferido o pai e os filhos. As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo
- antecede todos os adjetivos com um artigo. l) Possível
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola. - Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou
“pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
- coloca o substantivo no plural. A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da
d) Pronomes de tratamento
cidade.
- sempre concordam com a 3ª pessoa.
Vossa Santidade esteve no Brasil.
m) Meio
- Como advérbio: invariável.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
- Concordam com o substantivo a que se referem. Estou meio (um pouco) insegura.
As cartas estão anexas.
A bebida está inclusa. - Como numeral: segue a regra geral.
Precisamos de nomes próprios. Comi meia (metade) laranja pela manhã.
Obrigado, disse o rapaz.
n) Só
f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a) - apenas, somente (advérbio): invariável.
- Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular Só consegui comprar uma passagem.
e o adjetivo no plural.
Renato advogou um e outro caso fáceis. - sozinho (adjetivo): variável.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. Estiveram sós durante horas.

g) É bom, é necessário, é proibido Fonte:


- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal.
de artigo ou outro determinante. htm
Canja é bom. / A canja é boa.
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença. Questões sobre Concordância Nominal e Verbal
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é
proibida. 01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
cordância verbal e nominal está inteiramente correta na frase:
h) Muito, pouco, caro (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores que
- Como adjetivos: seguem a regra geral. determinam as escolhas dos governantes, para conferir legitimida-
Comi muitas frutas durante a viagem. de a suas decisões.
Pouco arroz é suficiente para mim.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem ser
Os sapatos estavam caros.
embasados na percepção dos valores e princípios que regem a prá-
tica política.
- Como advérbios: são invariáveis.
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro regi-
Comi muito durante a viagem.
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. me democrático, em que se respeita tanto as liberdades individuais
Comprei caro os sapatos. quanto as coletivas.
i) Mesmo, bastante (D) As instituições fundamentais de um regime democrático
- Como advérbios: invariáveis não pode estar subordinado às ordens indiscriminadas de um único
Preciso mesmo da sua ajuda. poder central.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados para o
momento eleitoral, que expõem as diferentes opiniões existentes
- Como pronomes: seguem a regra geral. na sociedade.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou. 02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de concordân-
cia verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em:
j) Menos, alerta A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura,
- Em todas as ocasiões são invariáveis. que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelec-
Preciso de menos comida para perder peso. tual, estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras,
Estamos alerta para com suas chamadas. sua matéria-prima.

Didatismo e Conhecimento 53
LÍNGUA PORTUGUESA
B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre de- 05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATI-
lineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor ao ultra- VO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
passar os limites da época em que vivem seus autores, gênios no I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota negativa...
domínio das palavras, sua matéria-prima. II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classifica-
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe per- ção do continente americano (2,0)...
mitem criar todo um mundo de ficção, em que personagens se Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e II, a
transformam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa ver- concordância segue as mesmas regras, na ordem dos exemplos,
dadeira interação com a realidade. em:
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor so- (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o próximo
mente se realiza plenamente caso haja afinidade de ideias entre ano. Será que alguém tem opinião diferente da maioria?
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual (B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas. Vêm
deste último e o prazer da leitura. pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que constitui (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase todos
leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo que quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
ultrapassa os limites de tempo e de época. (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas também
existem umas que não merecem nossa atenção.
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para res- (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
ponder à questão.
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não 06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
está claro até onde pode realmente chegar uma política baseada Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de pe-
em melhorar a eficiência sem preços adequados para o carbo- regrinação.
no, a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É verdade O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural caso
que mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em si o segmento grifado seja substituído por:
___________diferença, as companhias não podem suportar ter de (A) Há folheteiros que
(B) A maior parte dos folheteiros
pagar, de repente, digamos, 40 dólares por tonelada de carbono,
(C) O folheteiro e sua família
sem qualquer preparação. Portanto, elas começam a usar preços-
(D) O grosso dos folheteiros
-sombra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira
(E) Cada um dos folheteiros
de quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem eles a
maioria das políticas de crescimento verde sempre ___________
07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
a segunda opção.
Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas em:
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)
(A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel sem pre-
conceitos, as pessoas não serão capazes de fruir dessas criações
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as la- poéticas tão originais.
cunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído à
com: arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores uni-
(A) Restam… faça… será (B) Resta… faz… será versidades do país.
(C) Restam… faz... serão (D) Restam… façam… serão (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a situa-
(E) Resta… fazem… será ção dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos requi-
zessem o respeito que faziam por merecer.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alternativa (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e a pouca
em que o trecho visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser resultado do
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira de puro e simples desconhecimento.
quantificar adequadamente os insumos básicos.– está corretamen- (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os problemas dos
te reescrito, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. cordelistas estavam diretamente ligados à falta de representativi-
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até dade.
agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até 08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
agora uma maneira adequada de os insumos básicos ser quantifi- FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de concordância
cados. verbal e nominal em:
(C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou até a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre os
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais hu-
quantificado. mildes, são cada vez mais comuns nos dias de hoje.
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos seja Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de
quantificado. seu tempo, não estão apenas nos livros que escreveram.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e ju-
agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos bá- deus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam pró-
sicos. ximos de serem resolvidos ou pelo menos de terem alguma trégua.

Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade, 2-)
ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costu- A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitura,
mam encontrar muito mais detratores que admiradores. que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento intelec-
e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais e tual, estão na capacidade de criação do autor, mediante palavras,
escritores como Edward Said, que não apenas era notícia pelos sua matéria-prima. = correta
livros que publicavam como pelas posições que corajosamente as- B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre de-
sumiam. lineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o leitor ao
ultrapassarem os limites da época em que vivem seus autores, gê-
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) nios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propostas para o C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes per-
segmento grifado, deverá ser colocado no plural, está em: mite criar todo um mundo de ficção, em que personagens se trans-
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) formam em seres vivos a acompanhar os leitores, numa verdadeira
interação com a realidade.
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do planeta)
D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor so-
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O consumo
mente se realizam plenamente caso haja afinidade de ideias entre
mundial de barris de petróleo)
ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento intelectual
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo
deste último e o prazer da leitura.
da matéria-prima... (Constantes aumentos) E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que consti-
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços tuem leitura obrigatória e se tornam referências por seu conteúdo
mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas) que ultrapassa os limites de tempo e de época.
10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- 3-) _Restam___dúvidas
nale a alternativa em que a concordância das formas verbais desta- mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água em si
cadas está de acordo com a norma-padrão da língua. __faça __diferença
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higienização a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____
subterrânea. será_____ a segunda opção.
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os trabalha- Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto no
dores da área de limpeza. plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/faça/
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos de serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequadas.
se contrair alguma doença.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da 4-)
manhã, eu já estava fazendo meu serviço. (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, começou agora uma maneira adequada de se quantificar os insumos básicos.
a adotar medidas mais rigorosas para a proteção de seus funcio- (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
nários. agora uma maneira adequada de os insumos básicos serem quan-
tificados.
GABARITO (C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A quantificados.
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada para que os insumos básicos sejam
quantificados.
RESOLUÇÃO
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou até
agora uma maneira adequada de se quantificarem os insumos bá-
1-) Fiz os acertos entre parênteses:
sicos. = correta
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores que
determinam as escolhas dos governantes, para conferir legitimida- 5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos aos
de a suas decisões. itens:
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem (deve) (A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém tem (sin-
ser embasados (embasada) na percepção dos valores e princípios gular)
que regem a prática política. (B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural)
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um verdadeiro (C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram (plural)
regime democrático, em que se respeita (respeitam) tanto as liber- (D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem umas
dades individuais quanto as coletivas. (plural)
(D) As instituições fundamentais de um regime democrático (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas as for-
não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às ordens in- mas estão no plural)
discriminadas de um único poder central.
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados (vol- 6-)
tado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as diferentes A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto “folhe-
opiniões existentes na sociedade. terios”)

Didatismo e Conhecimento 55
LÍNGUA PORTUGUESA
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete da
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto) manhã = eram
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional) (E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, começou
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular = começaram

7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta:


(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a considerar o 1.7. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL.
cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
dessas criações poéticas tão originais.
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status atribuído à
arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje nas melhores uni- Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocor-
versidades do país. re entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. Ocupa-se
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que a situa- em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não am-
ção dos cordelistas não mudaria a não ser que eles mesmos requi- bíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado, que sejam
zessem (requeressem) o respeito que faziam por merecer. corretas e claras.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desvaloriza-
ção e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode (po- Regência Verbal
dem) ser resultado do puro e simples desconhecimento.
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que os Termo Regente: VERBO
problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
representatividade. A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os
verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e obje-
8-) Fiz as correções entre parênteses: tos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como entre os O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capa-
mais diversos tipos de pessoas, das mais sofisticadas às mais hu- cidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as
mildes, são (é) cada vez mais comuns (comum) nos dias de hoje. diversas significações que um verbo pode assumir com a simples
b) A importância de intelectuais como Edward Said e Tony mudança ou retirada de uma preposição. Observe:
Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões polêmicas de A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
seu tempo, não estão (está) apenas nos livros que escreveram. A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre árabes e prazer”, satisfazer.
judeus, responsável por tantas mortes e tanto sofrimento, estejam Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agradar
(esteja) próximos (próximo) de serem (ser) resolvidos (resolvido) a alguém”.
ou pelo menos de terem (ter) alguma trégua.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a verdade,
Saiba que:
ainda que conscientes de que esta é até certo ponto relativa, costu-
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos
mam encontrar muito mais detratores que admiradores.
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos intelec-
nominal). As preposições são capazes de modificar completamente
tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era (eram)
o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos:
notícia pelos livros que publicavam como pelas posições que co-
rajosamente assumiam.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
9-)
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = “há”
permaneceria no singular No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do planeta) = caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei
“sabe” permaneceria no singular no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O consumo vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é
mundial de barris de petróleo) = “dá” permaneceria no singular muito comum existirem divergências entre a regência coloquial,
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no custo cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete” passaria para Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de acor-
“refletem-se” do com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um fato
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esforços absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas em
mundiais... (a preocupação em torno das mudanças climáticas) = frases distintas.
“pressiona” permaneceria no singular
Verbos Intransitivos
10-) Fiz as correções:
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular) Os verbos intransitivos não possuem complemento. É impor-
(B) Ainda existe muitas pessoas = existem tante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos adjuntos
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos adverbiais que costumam acompanhá-los.

Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
- Chegar, Ir - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos in-
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de troduzidos pela preposição “a”:
lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
ou direção são: a, para. Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Fui ao teatro. - Responder - Tem complemento introduzido pela preposição
Adjunto Adverbial de Lugar “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a quem” ou “ao
que” se responde.
Ricardo foi para a Espanha. Respondi ao meu patrão.
Adjunto Adverbial de Lugar Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a. Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica.
jogo. Veja:
O questionário foi respondido corretamente.
Verbos Transitivos Diretos Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.

Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos intro-
diretos. Isso significa que não exigem preposição para o estabele- duzidos pela preposição “com”.
cimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, deve- Antipatizo com aquela apresentadora.
mos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como Simpatizo com os que condenam os políticos que governam
objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, los, para uma minoria privilegiada.
la, las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na,
nos, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), enquan- Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
to lhe e lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar, aben- Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de
çoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar, um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:
alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, condenar, Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos que apresentam objeto
conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, humilhar, direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas.
namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, su- Veja os exemplos:
portar, ver, visitar. Agradeço aos ouvintes a audiência.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o Objeto Indireto Objeto Direto
verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o. Paguei o débito ao cobrador.
Amo aquela moça. / Amo-a. Objeto Direto Objeto Indireto
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. - O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com par-
ticular cuidado. Observe:
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para Agradeci o presente. / Agradeci-o.
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais). Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Verbos Transitivos Indiretos
Informar
Os verbos transitivos indiretos são complementados por obje- - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto
tos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preposi- ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
ção para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes Informe os novos preços aos clientes.
pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos preços)
objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não
se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos - Na utilização de pronomes como complementos, veja as
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não represen- construções:
tam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pes- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
soa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: eles)
- Consistir - Tem complemento introduzido pela preposição
“em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
todos. seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
Comparar ASPIRAR
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposi- - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar),
ções “a” ou “com” para introduzir o complemento indireto. inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança. - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como
Pedir ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspiráva-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de mos a elas)
oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Pedi-lhe favores. Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa,
Objeto Indireto Objeto Direto mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” e
“lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o exem-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. plo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta
ASSISTIR
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assis-
Saiba que:
tência a, auxiliar. Por exemplo:
- A construção “pedir para”, muito comum na linguagem co-
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
tidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No en-
tanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver su- As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
bentendida.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa. - Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, es-
Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma tar presente, caber, pertencer. Exemplos:
oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para ir Assistimos ao documentário.
entregar-lhe os catálogos em casa). Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.
- A construção “dizer para”, também muito usada popularmen-
te, é igualmente considerada incorreta. Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intran-
sitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar introdu-
Preferir zido pela preposição “em”: Assistimos numa conturbada cidade.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto in-
troduzido pela preposição “a”. Por Exemplo: CHAMAR
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a
Prefiro trem a ônibus. atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la.
Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um mi-
lhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar
próprio verbo (pre). objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicio-
nado ou não.
Mudança de Transitividade X Mudança de Significado A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade,
A torcida chamou o jogador de mercenário.
apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferen-
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
tes regências desses verbos é um recurso linguístico muito impor-
tante, pois além de permitir a correta interpretação de passagens
CUSTAR
escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escre-
ve. Dentre os principais, estão: - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou
preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas e verdu-
AGRADAR ras não deveriam custar muito.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, aca-
riciar. - No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada quan- transitivo indireto.
do o revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia Muito custa viver tão longe da família.
não perde oportunidade de agradá-lo. Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Intransitivo Reduzida de Infinitivo
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a,
satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela ati-
preposição “a”. tude.
O cantor não agradou aos presentes. Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
O cantor não lhes agradou. Indireto Reduzida de Infinitivo

Didatismo e Conhecimento 58
LÍNGUA PORTUGUESA
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que ESQUECER – LEMBRAR
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa. - Lembrar algo – esquecer algo
Observe: - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema. No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem
complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
IMPLICAR No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes impli- indiretos:
cavam um firme propósito. - Ele se esqueceu do caderno.
b) Ter como consequência, trazer como consequência, acarre- - Eu me esqueci da chave.
tar, provocar: Liberdade de escolha implica amadurecimento po- - Eles se esqueceram da prova.
lítico de um povo. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

- Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, en- Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada
volver: Implicaram aquele jornalista em questões econômicas. passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de
sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea,
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros
indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem não como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa
trabalhasse arduamente. construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
PROCEDER - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabi-
mento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa se- O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto
gunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).
de modo.
SIMPATIZAR
As afirmações da testemunha procediam, não havia como re-
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei
futá-las.
com os jurados.
Você procede muito mal.
NAMORAR
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria na-
de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela prepo-
mora João.
sição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió. Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito. OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a prepo-
QUERER sição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade
de, cobiçar. Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado
Querem melhor atendimento. na voz passiva: A fila não foi obedecida.
Queremos um país melhor.
VER
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o
amar. filme.
Quero muito aos meus amigos.
Ele quer bem à linda menina. Regência Nominal
Despede-se o filho que muito lhe quer.
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo,
VISAR adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa re-
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer lação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da
pontaria e de pôr visto, rubricar. regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apre-
O homem visou o alvo. sentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam.
O gerente não quis visar o cheque. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o
regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer
- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, e os nomes correspondentes: todos regem complementos introdu-
é transitivo indireto e rege a preposição “a”. zidos pela preposição a. Veja:
O ensino deve sempre visar ao progresso social. Obedecer a algo/ a alguém.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público. Obediente a algo/ a alguém.

Didatismo e Conhecimento 59
LÍNGUA PORTUGUESA
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure,
sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
Substantivos

Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de


Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente a;
relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

Didatismo e Conhecimento 60
LÍNGUA PORTUGUESA
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se perdido
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes de sua família.
desiguais... (E) A família toda se organizou para realizar a procura à ga-
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifa- rotinha.
do acima está empregado em:
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extre- 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale a al-
mos de sutileza. ternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos texto, de acordo com as regras de regência.
troncos mais robustos. Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já assi-
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, nalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e a
não raro, quem... exposição a imagens idealizadas pela mídia.
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a mí-
de Tunuí... dia pode exercer sobre os jovens.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, A) dos … na B) nos … entre a
mestre e colaborador... C) aos … para a D) sobre os … pela
E) pelos … sob a
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.).
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Públi-
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da cas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão da língua,
frase acima se encontra em: assinale a alternativa em que os trechos destacados estão corretos
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do verbo quanto à regência, verbal ou nominal.
latino dirigere... A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de dez
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das socie- mil tomadas.
dades... B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver um
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
justiça. C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar logo-
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da tipos e negociar.
justiça... D) O taxista levou o autor a indagar no número de tomadas
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento do edifício.
de justiça. E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse a
um prédio na marginal.
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alternativa
em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de junho
de 2012, está correto quanto à regência nominal e à pontuação. 09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). Assinale
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, seu a alternativa que substitui a expressão destacada na frase, confor-
espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais notável me as regras de regência da norma-padrão da língua e sem altera-
em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em outros. ção de sentido.
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de direitos
seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais no- dos trabalhadores domésticos.
tável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em outros. A) da B) na C) pela
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente D) sob a E) sobre a
seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais no-
tável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em outros. GABARITO
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamen-
te seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais 01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
notável em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em 06. A 07. C 08. A 09. C
outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente, seu RESOLUÇÃO
espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais notável
em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros. 1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciên-
cias ...
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assinale a al- Facilitar – verbo transitivo direto
ternativa correta quanto à regência dos termos em destaque. A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a responsa- B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de liga-
bilidade pelo problema. ção
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se per- C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transitivo
dido. direto e indireto
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de um E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = verbo
índio na porta do prédio. transitivo indireto

Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos 8-)
do sueco. B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de haver um
Pedir = verbo transitivo direto e indireto homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = transitivo C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em criar lo-
direto gotipos e negociar.
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de ligação D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de toma-
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... das do edifício.
=verbo intransitivo E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor reparasse
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento. em um prédio na marginal.
=transitivo direto
9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de direitos
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em par- dos trabalhadores domésticos.
tes desiguais...
Constar = verbo intransitivo
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos
troncos mais robustos. =ligação 1.8. COLOCAÇÃO PRONOMINAL.
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam,
não raro, quem... =transitivo direto
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na serra
de Tunuí... = transitivo direto “CARO CANDIDATO, O CONTEÚDO ACIMA, FOI
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, ABORDADO NO DECORRER DA MATÉRIA”
mestre e colaborador...=transitivo direto

4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...


Lidar = transitivo indireto
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das socie- 1.9. CRASE.
dades... =transitivo direto
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela
justiça. =ligação
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações da
justiça... =transitivo direto e indireto A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mistu-
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sentimento ra”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção” de duas
de justiça. =transitivo direto vogais idênticas. É de grande importância a crase da preposição
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pontuação “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos pronomes
também. Assinalei apenas os desvios quanto à regência (pontua- aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as
ção encontra-se em tópico específico) quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, crase. O uso apropriado do acento grave depende da compreensão
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pontuação) da fusão das duas vogais. É fundamental também, para o entendi-
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto à mento da crase, dominar a regência dos verbos e nomes que exi-
pontuação) gem a preposição “a”. Aprender a usar a crase, portanto, consiste
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente, em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição
seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais no- e um artigo ou pronome. Observe:
tável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em outros. Vou a + a igreja.
Vou à igreja.
6-)
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por ter se No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
perdido. exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de um índio “a” que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando
na porta do prédio. ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se perdido de é indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos:
sua família. Conheço a aluna.
(E) A família toda se organizou para realizar a procura pela Refiro-me à aluna.
garotinha.
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se reportou já algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem corporal e ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir-
a exposição a imagens idealizadas pela mídia. -se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”. Portanto, a crase
A pesquisa faz um alerta para a influência negativa que a é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e admita o
mídia pode exercer sobre os jovens. artigo feminino “a” ou um dos pronomes já especificados.

Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
Casos em que a crase NÃO ocorre: - em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que
participam palavras femininas. Por exemplo:
- diante de substantivos masculinos: à tarde às ocultas às pressas à medida que
Andamos a cavalo. à noite às claras às escondidas à força
Fomos a pé. à vontade à beça à larga à escuta
Passou a camisa a ferro. às avessas à revelia à exceção de à imitação de
Fazer o exercício a lápis. à esquerda às turras às vezes à chave
Compramos os móveis a prazo. à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
- diante de verbos no infinitivo: à semelhança de às ordens à beira de
A criança começou a falar.
Ela não tem nada a dizer. Crase diante de Nomes de Lugar

Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exemplos Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo
acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase. “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante de-
les haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”.
- diante da maioria dos pronomes e das expressões de tra- Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do
tamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona: artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um ver-
Diga a ela que não estarei em casa amanhã. bo que peça a preposição “de” ou “em”. A ocorrência da contração
Entreguei a todos os documentos necessários. “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem. isso, haverá crase. Por exemplo:
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes po- Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
dem ser identificados pelo método: troque a palavra feminina por
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)
uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocor-
rerá crase. Por exemplo:
*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao se-
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
nhor.)
Vou à praia. = Volto da praia.
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
Cláudio para sair mais cedo.)
- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
ocorrerá crase. Veja:
- diante de numerais cardinais: Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela
Chegou a duzentos o número de feridos. regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Daqui a uma semana começa o campeonato. Irei à Salvador de Jorge Amado.
Casos em que a crase SEMPRE ocorre: Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s),
Aquela (s), Aquilo
- diante de palavras femininas:
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega. Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo re-
Sempre vamos à praia no verão. gente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população. Refiro-me a + aquele atentado.
Fumar é prejudicial à saúde. Preposição Pronome
Este aparelho é posterior à invenção do telefone. Refiro-me àquele atentado.

- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indire-
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida): to referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, portan-
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. to, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
Usava sapatos à (moda de) Luís XV. Aluguei aquela casa.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro. O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exi-
ge preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros
- na indicação de horas: exemplos:
Acordei às sete horas da manhã. Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.
Elas chegaram às dez horas. Quero agradecer àqueles que me socorreram.
Foram dormir à meia-noite. Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.

Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
Não obedecerei àquele sujeito. Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
Assisti àquele filme três vezes. - diante de nomes próprios femininos:
Espero aquele rapaz. Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes pró-
Fiz aquilo que você disse. prios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
Comprei aquela caneta. Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo femini-
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as no diante de nomes próprios femininos, então podemos escrever as
quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exi- frases abaixo das seguintes formas:
gir a preposição “a”, haverá crase. É possível detectar a ocorrência Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.
da crase nesses casos utilizando a substituição do termo regido Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto.
feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:
- diante de pronome possessivo feminino:
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade. possessivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por você.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase. A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando
Veja outros exemplos: por você.
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam respon- das seguintes formas:
der nenhuma das questões. Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
A sessão à qual assisti estava vazia. Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.

Crase com o Pronome Demonstrativo “a”
- depois da preposição até:
Fui até a praia. ou Fui até à praia.
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a” tam-
Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
bém pode ser detectada através da substituição do termo regente
A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai
feminino por um termo regido masculino. Veja:
até às cinco horas da tarde.
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país.
Questões sobre Crase
As orações são semelhantes às de antes.
Os exemplos são semelhantes aos de antes.
Suas perguntas são superiores às dele. 01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as discussões
Seus argumentos são superiores aos dele. sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos jurídicos ou po-
Sua blusa é idêntica à de minha colega. liciais. É como se suas únicas consequências estivessem em lega-
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. lismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler ____res-
peito envolvendo questões de saúde pública como programas de
A Palavra Distância esclarecimento e prevenção, de tratamento para dependentes e de
reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome de
Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a cra- um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um drogado
se deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância de 100km da nossa própria família?
daqui. (A palavra está determinada) (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A pala- 17.09.2012. Adaptado)
vra está especificada.) As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respec-
tivamente, com:
Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não (A) aos … à … a … a (B) aos … a … à … a
pode ocorrer. Por exemplo: (C) a … a … à … à (D) à … à … à … à
Os militares ficaram a distância. (E) a … a … a … a
Gostava de fotografar a distância.
Ensinou a distância. 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia o
Dizem que aquele médico cura a distância. texto a seguir.
Reconheci o menino a distância. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
pode-se usar a crase. Veja: -lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
Gostava de fotografar à distância. que fez.
Ensinou à distância. (Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de
Dizem que aquele médico cura à distância. Janeiro: Globo, 1997, p. 6)

Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
dada: – 2013-adap) O acento indicativo de crase está corretamente em-
A) à – a – a B) a – a – à pregado em:
C) à – a – à D) à – à – a A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as
E) a – à – à dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos.
B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos me-
03 (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU- canismos biológicos de controle emocional.
NESP/2013) De acordo com a norma-padrão da língua portugue- C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
sa, o acento indicativo de crase está corretamente empregado em: D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade ali-
(A) A população, de um modo geral, está à espera de que, com mentam a violência crescente nas cidades.
o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes. E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem atinge os mais vulneráveis.
a sua postura.
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições 08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). O
muito mais severas. sinal indicativo de crase está correto em:
(D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida dos A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de
demais motoristas e de pedestres. biotecnologia.
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da nova B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à edu-
lei para que ela possa funcionar. cação dos filhos.
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as insta-
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não me lações do prédio.
estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e efervescente. D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe
O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se o que envolva a segurança das pessoas.
segmento grifado for substituído por: E) É função da política é dedicar-se à todo problema que com-
A) leitura apressada e sem profundidade. prometa o bem-estar do cidadão.
B) cada um de nós neste formigueiro.
09. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
C) exemplo de obras publicadas recentemente.
O detetive Gervase Fen, que apareceu em 1944, é um homem de
D) uma comunicação festiva e virtual.
face corada, muito afeito ...... frases inteligentes e citações dos
E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
clássicos; sua esposa, Dolly, uma dama meiga e sossegada, fica
sentada tricotando tranquilamente, impassível ...... propensão de
05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VUNESP
seu marido ...... investigar assassinatos.
– 2013). (Adaptado de P.D.James, op.cit.)
O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) tam- Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
bém desenvolve atividades lúdicas de apoio______ ressociali- dada:
zação do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo para o (A) à - à - a
retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, ele (B) a - à - a
estará capacitado______ ter uma profissão e uma vida digna. (C) à - a - à
(Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/qual_e_a_ (D) a - à - à
importancia_da_ressocializacao_de_presos. Acesso em: (E) à - a – a
18.08.2012. Adaptado)
10. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamen- SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) Em qual das op-
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão da língua ções abaixo o acento indicativo de crase foi corretamente indicado?
portuguesa. A) O dia fora quente, mas à noite estava fria e escura.
A) à … à … à B) a … a … à C) a … à … à B) Ninguém se referira à essa ideia antes.
D) à … à ... a E) a … à … a C) Esta era à medida certa do quarto.
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas.
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo.
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
Assinale a alternativa que completa as lacunas do trecho a seguir, em- GABARITO
pregando o sinal indicativo de crase de acordo com a norma-padrão.
Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cederemos es- 01. B 02. A 03. A 04. A 05. D
paço ____ nenhuma ação que se proponha ____ prejudicar nossas 06.C 07. E 08. B 09.B 10. D
instituições.
(A) à … à … à RESOLUÇÃO
(B) a … à … à
(C) à … a … a 1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais.
(D) à … à … a Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina não
(E) a … a … à há crase)

Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a vida = à) B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações nos me-
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar encaminhar canismos biológicos de controle emocional. (se o “a” está no
um drogado da nossa própria família? (antes de pronome indefini- singular e antecede palavra no plural, não há crase)
do/relativo) C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade. (arti-
go indefinido)
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la sobre a D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade ali-
verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que _a__car- mentam a violência crescente nas cidades. (palavra masculina)
tomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ confiança (objeto di- E) Um ambiente desfavorável à formação da personalidade
reto), e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nominal: desfa-
3-) vorável a?)
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá para
substituir por “esperando”) de que 8-)
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensarem A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na área de
(antes de verbo) biotecnologia. (artigo indefinido)
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à punições B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à educa-
(generalizando, palavra no plural) ção dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
(D) À ninguém (pronome indefinido) C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as insta-
(E) Cabe à todos (pronome indefinido) lações do prédio. (verbo no infinitivo)
4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressada e sem D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer detalhe
profundidade. que envolva a segurança das pessoas. (pronome indefinido)
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de pronome inde- E) É função da política é dedicar-se à todo problema que com-
finido) prometa o bem-estar do cidadão. (pronome indefinido)
a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra mascu-
lina) 9-) Afeito a frases (generalizando, já que o “a” está no sin-
a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefinido) gular e “frases”, no plural)
a respeito de autores reconhecidos pelo público. (palavra Impassível à propensão (regência nominal: pede preposição)
masculina) A investigar (antes de verbo no infinitivo não há acento in-
dicativo de crase)
5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) Sequência: a / à / a.
também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__ ressocia-
lização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará--lo para 10-)
o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando em liberdade, A) O dia fora quente, mas à noite = mas a noite (artigo e subs-
ele estará capacitado__a___ ter uma profissão e uma vida digna. tantivo. Diferente de: Estudo à noite = período do dia)
- Apoio a ? Regência nominal pede preposição; B) Ninguém se referira à essa ideia antes.= a essa (antes de
- retorno a? regência nominal pede preposição; pronome demonstrativo)
- antes de verbo no infinitivo não há crase. C) Esta era à medida certa do quarto. = a medida (artigo e subs-
tantivo, no caso. Diferente da conjunção proporcional: À medida
6-) Vamos por partes! que lia, mais aprendia)
- Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, portanto: D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. = correta (advérbio de
pede preposição; modo = apressadamente)
- quem cede, cede algo A alguém, então teremos objeto direto E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. = palavra
e indireto; masculina
- quem se propõe, propõe-se A alguma coisa.
Vejamos:
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cederemos espaço
A nenhuma ação que se proponha A prejudicar nossas instituições.
* Sujeitar A + A corrupção;
* ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto indire-
to. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhuma” é pronome
indefinido);
* que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no caso, ora-
ção subordinada com função de objeto indireto. Não há acento
indicativo de crase porque temos um verbo no infinitivo – “pre-
judicar”).

7-)
A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas com as
dificuldades para lidar com as frustrações de seus desejos. (antes
de verbo no infinitivo não há crase)

Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE DIREITO
NOÇÕES DE DIREITO
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL: termos desta Constituição;
ARTIGOS 1.º A 5.º, 37 E 144 II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu-
mano ou degradante;
TÍTULO I IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
Dos Princípios Fundamentais anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons- VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamen- assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
tos: forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
I - a soberania; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
II - a cidadania religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
III - a dignidade da pessoa humana; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar
V - o pluralismo político. para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos des- IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cien-
ta Constituição. tífica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fe- material ou moral decorrente de sua violação;
derativa do Brasil: XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po-
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
II - garantir o desenvolvimento nacional;
dia, por determinação judicial;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-
gualdades sociais e regionais;
ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro-
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
cessual penal;
ções internacionais pelos seguintes princípios:  XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro-
I - independência nacional; fissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
II - prevalência dos direitos humanos; XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar-
III - autodeterminação dos povos; dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
IV - não-intervenção; XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de
V - igualdade entre os Estados; paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per-
VI - defesa da paz; manecer ou dele sair com seus bens;
VII - solução pacífica dos conflitos; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; locais abertos ao público, independentemente de autorização, des-
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humani- de que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
dade; mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com-
X - concessão de asilo político. petente;
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, veda-
a integração econômica, política, social e cultural dos povos da da a de caráter paramilitar;
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-a- XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coo-
mericana de nações. perativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento;
TÍTULO II XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissol-
Dos Direitos e Garantias Fundamentais vidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigin-
CAPÍTULO I do-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma-
E COLETIVOS necer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- extrajudicialmente;
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à XXII - é garantido o direito de propriedade;
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:  XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE DIREITO
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos di-
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me- reitos e liberdades fundamentais;
diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e im-
previstos nesta Constituição; prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
 XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com-  XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro- de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entor-
prietário indenização ulterior, se houver dano; pecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento)
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, e o Estado Democrático;
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei- XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
ros pelo tempo que a lei fixar; do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,
desportivas; entre outras, as seguintes:
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das a) privação ou restrição da liberdade;
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos in- b) perda de bens;
térpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; c) multa;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais d) prestação social alternativa;
privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às e) suspensão ou interdição de direitos;
criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de em- XLVII - não haverá penas:
presas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse so- a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
cial e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; art. 84, XIX;
XXX - é garantido o direito de herança; b) de caráter perpétuo;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País c) de trabalhos forçados;
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos d) de banimento;
filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei e) cruéis;
pessoal do “de cujus”; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
consumidor; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos in- e moral;
formações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou L - às presidiárias serão asseguradas condições para que pos-
geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de respon- sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta-
sabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à ção;
segurança da sociedade e do Estado; LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pa- em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
gamento de taxas: comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de di- drogas afins, na forma da lei;
reitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defe- político ou de opinião;
sa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário autoridade competente;
lesão ou ameaça a direito; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurí- o devido processo legal;
dico perfeito e a coisa julgada; LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organi- defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
zação que lhe der a lei, assegurados: LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
a) a plenitude de defesa; meios ilícitos;
b) o sigilo das votações; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
c) a soberania dos veredictos; julgado de sentença penal condenatória;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra LVIII - o civilmente identificado não será submetido a iden-
a vida; tificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regula-
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena mento).
sem prévia cominação legal; LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; se esta não for intentada no prazo legal;

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE DIREITO
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos proces- LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas
suais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da ci-
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por dadania.
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competen- LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são as-
te, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente segurados a razoável duração do processo e os meios que garantam
militar, definidos em lei; a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitu-
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre cional nº 45, de 2004)
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen-
do preso ou à pessoa por ele indicada; tais têm aplicação imediata.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da fa- excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
mília e de advogado; tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federati-
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis va do Brasil seja parte.
por sua prisão ou por seu interrogatório policial; § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela auto- humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Na-
ridade judiciária; cional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluí-
a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon- na forma deste parágrafo)
sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter-
alimentícia e a do depositário infiel; nacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger 2.2 DIREITOS HUMANOS
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas 2.2.1 DIREITOS HUMANOS: NOÇÃO,
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for SIGNIFICADO, FINALIDADES E
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de HISTÓRIA
atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional; O surgimento dos direitos humanos está envolvido num his-
b) organização sindical, entidade de classe ou associação le- tórico complexo no qual pesaram vários fatores: tradição huma-
galmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, nista, recepção do direito romano, senso comum da sociedade da
em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Europa na Idade Média, tradição cristã, entre outros1. Com efeito,
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a são muitos os elementos relevantes para a formação do conceito
falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos di- de direitos humanos tal qual perceptível na atualidade de forma
reitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à que é difícil estabelecer um histórico linear do processo de forma-
nacionalidade, à soberania e à cidadania; ção destes direitos. Entretanto, é possível apontar alguns fatores
LXXII - conceder-se-á habeas data: históricos e filosóficos diretamente ligados à construção de uma
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à concepção contemporânea de direitos humanos.
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados É a partir do período axial (800 a.C. a 200 a.C.), ou seja, mes-
de entidades governamentais ou de caráter público; mo antes da existência de Cristo, que o ser humano passou a ser
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo considerado, em sua igualdade essencial, como um ser dotado de
por processo sigiloso, judicial ou administrativo; liberdade e razão. Surgiam assim os fundamentos intelectuais para
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação a compreensão da pessoa humana e para a afirmação da existência
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de de direitos universais, porque a ela inerentes. Durante este período
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, que despontou a ideia de uma igualdade essencial entre todos os
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o homens. Contudo, foram necessários vinte e cinco séculos para
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus que a Organização das Nações Unidas - ONU, que pode ser con-
da sucumbência; siderada a primeira organização internacional a englobar a quase-
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gra- totalidade dos povos da Terra, proclamasse, na abertura de uma
tuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que “todos
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”2.
assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
1 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na Moderna. Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29,
forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) jul. 2009.
a) o registro civil de nascimento; 2 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
b) a certidão de óbito; Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE DIREITO
No berço da civilização grega continuou a discussão a respei- em todos os corações, imutável, eterna, cuja voz ensina e pres-
to da existência de uma lei natural inerente a todos os homens. As creve o bem, afasta do mal que proíbe e, ora com seus mandados,
premissas da concepção de lei natural estão justamente na discus- ora com suas proibições, jamais se dirige inutilmente aos bons,
são promovida na Grécia antiga, no espaço da polis. Neste sentido, nem fica impotente ante os maus. Essa lei não pode ser contestada,
destaca Assis3 que, originalmente, a concepção de lei natural está nem derrogada em parte, nem anulada; não podemos ser isentos de
ligada não só à de natureza, mas também à de diké: a noção de seu cumprimento pelo povo nem pelo senado; não há que procurar
justiça simbolizada a partir da deusa diké é muito ampla e abstrata, para ela outro comentador nem intérprete; não é uma lei em Roma
mas com a legislação passou a ter um conteúdo palpável, de modo e outra em Atenas, - uma antes e outra depois, mas uma, sempiter-
que a justiça deveria corresponder às leis da cidade; entretanto, é na e imutável, entre todos os povos e em todos os tempos”.
preciso considerar que os costumes primitivos trazem o justo por Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período me-
natureza, que pode se contrapor ao justo por convenção ou legisla- dieval, predominantemente cristianista. Um dos grandes pensado-
ção, devendo prevalecer o primeiro, que se refere ao naturalmente res do período, Santo Tomás de Aquino (1225 d.C. -1274 d.C.)9,
justo, sendo esta a origem da ideia de lei natural. supondo que o mundo e toda a comunidade do universo são regi-
De início, a literatura grega trouxe na obra Antígona uma dis- dos pela razão divina e que a própria razão do governo das coisas
cussão a respeito da prevalência da lei natural sobre a lei posta. Na em Deus fundamenta-se em lei, entendeu que existe uma lei eterna
obra, a protagonista discorda da proibição do rei Creonte de que seu ou divina, pois a razão divina nada concebe no tempo e é sempre
irmão fosse enterrado, uma vez que ele teria traído a pátria. Assim, eterna. Com base nisso, Aquino10 chamou de lei natural “a par-
enterra seu irmão e argumenta com o rei que nada do que seu irmão
ticipação da lei eterna na lei racional”. Sobre o conteúdo da lei
tivesse feito em vida poderia dar o direito ao rei de violar a regra
natural, definiu Aquino (2005, p. 562) que “todas aquelas coisas
imposta pelos deuses de que todo homem deveria ser enterrado para
que devem ser feitas ou evitadas pertencem aos preceitos da lei de
que pudesse partir desta vida: a lei natural prevaleceria então sobre
natureza, que a razão prática naturalmente apreende ser bens hu-
a ordem do rei.4
Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.), o pri- manos”. Logo, a lei natural determina o agir virtuoso, o que se es-
meiro grande filósofo grego, questionaram essa concepção de lei pera do homem em sociedade, independentemente da lei humana.
natural, pois a lei estabelecida na polis, fruto da vontade dos cida- Com a concepção medieval de pessoa humana é que se iniciou
dãos, seria variável no tempo e no espaço, não havendo que se falar um processo de elaboração em relação ao princípio da igualdade
num direito imutável; ao passo que Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), de todos, independentemente das diferenças existentes, seja de or-
que o sucedeu, estabeleceu uma divisão entre a justiça positiva e a dem biológica, seja de ordem cultural. Foi assim, então, que surgiu
natural, reconhecendo que a lei posta poderia não ser justa5. o conceito universal de direitos humanos, com base na igualdade
Aristóteles6 argumenta: “lei particular é aquela que cada comu- essencial da pessoa11.
nidade determina e aplica a seus próprios membros; ela é em parte No processo de ascensão do absolutismo europeu, a monar-
escrita e em parte não escrita. A lei universal é a lei da natureza. quia da Inglaterra encontrou obstáculos para se estabelecer no iní-
Pois, de fato, há em cada um alguma medida do divino, uma justiça cio do século XIII, sofrendo um revés. Ao se tratar da formação da
natural e uma injustiça que está associada a todos os homens, mes- monarquia inglesa, em 1215 os barões feudais ingleses, em uma
mo naqueles que não têm associação ou pacto com outro”. reação às pesadas taxas impostas pelo Rei João Sem-Terra, im-
Nesta linha, destaca-se o surgimento do estoicismo, doutrina puseram-lhe a Magna Carta. Referido documento, em sua aber-
que se desenvolveu durante seis séculos, desde os últimos três sé- tura, expõe a noção de concessão do rei aos súditos, estabelece a
culos anteriores à era cristã até os primeiros três séculos desta era, existência de uma hierarquia social sem conceder poder absoluto
mas que trouxe ideias que prevaleceram durante toda a Idade Mé- ao soberano, prevê limites à imposição de tributos e ao confisco,
dia e mesmo além dela. O estoicismo organizou-se em torno de constitui privilégios à burguesia e traz procedimentos de julga-
algumas ideias centrais, como a unidade moral do ser humano e a mento ao prever conceitos como o de devido processo legal, ha-
dignidade do homem, considerado filho de Zeus e possuidor, como beas corpus e júri. Não que a carta se assemelhe a uma declaração
consequência, de direitos inatos e iguais em todas as partes do mun- de direitos humanos, principalmente ao se considerar que poucos
do, não obstante as inúmeras diferenças individuais e grupais7. homens naquele período eram de fato livres, mas ela foi funda-
Influenciado pelos estoicos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.), um mental naquele contexto histórico de falta de limites ao soberano12.
dos principais pensadores do período da jovem república romana,
também defendeu a existência de uma lei natural. Neste sentido é 9 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo
a assertiva de Cícero8: “a razão reta, conforme à natureza, gravada Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodríguez.
Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim
3 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, liberdade Pereira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II, questões 57 a
e poder. São Paulo: Lúmen, 2002. 122.
4 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. São 10 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo
Paulo: Martin Claret, 2003. Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodríguez.
5 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, liberdade Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição Joaquim
e poder. São Paulo: Lúmen, 2002. Pereira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II, questões 57 a
6 ARISTÓTELES. Retórica. Tradução Marcelo Silvano Madeira. 122.
São Paulo: Rideel, 2007.  11 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
7 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. 12 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algumas Contribuições
8 CÍCERO, Marco Túlio. Da República. Tradução Amador Jurídicas. Revista Intertemas: revista da Toledo. Presidente Prudente, ano
Cisneiros. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. 09, v. 11, p. 201-227, nov. 2006.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO
A Magna Carta de 1215 instituiu ainda um Grande Conselho que Todo este movimento resultou, assim, nas garantias expres-
foi o embrião para o Parlamento inglês, embora isto não signifique sas do habeas corpus e do Bill of Rights de 1698. Por sua vez,
que o poder do rei não tenha sido absoluto em certos momentos, a instituição-chave para a limitação do poder monárquico e para
como na dinastia Tudor. Havia um absolutismo de fato, mas não garantia das liberdades na sociedade civil foi o Parlamento e foi
de Direito. a partir do Bill of Rights britânico que surgiu a ideia de governo
Em geral, o absolutismo europeu foi marcado profundamen- representativo, ainda que não do povo, mas pelo menos de suas
te pelo antropocentrismo, colocando o homem no centro do uni- camadas superiores15.
verso, ocupando o espaço de Deus. Naturalmente, as premissas Tais ideias liberais foram importantes como base para o Ilu-
da lei natural passaram a ser questionadas, já que geralmente se minismo, que se desencadeou por toda a Europa. Destaca-se que
associavam à dimensão do divino. A negação plena da existência quando isso ocorreu, em meados do século XVIII, se dava o ad-
de direitos inatos ao homem implicava em conferir um poder irres- vento do capitalismo em sua fase industrial. O processo de forma-
trito ao soberano, o que gerou consequências que desagradavam a ção do capitalismo e a ascensão da burguesia trouxeram implica-
burguesia. ções profundas no campo teórico, gerando o Iluminismo.
O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.) consi- O Iluminismo lançou base para os principais eventos que
derada um marco para o pensamento absolutista, relata com preci-
ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as
são este contexto no qual o poder do soberano poderia se sobrepor
Revoluções Francesa, Americana e Industrial. Tiveram origem
a qualquer direito alegadamente inato ao ser humano desde que
nestes movimentos todos os principais fatos do século XIX e do
sua atitude garantisse a manutenção do poder. Maquiavel13 consi-
início do século XX, por exemplo, a disseminação do liberalismo
dera “na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra
a qual não há recurso, os fins justificam os meios. Portanto, se um burguês, o declínio das aristocracias fundiárias e o desenvolvi-
príncipe pretende conquistar e manter o poder, os meios que em- mento da consciência de classe entre os trabalhadores16.
pregue serão sempre tidos como honrosos, e elogiados por todos, Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensadores da
pois o vulgo atenta sempre para as aparências e os resultados”. época, transportando o racionalismo para a política, refutando o
Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de forma Estado Absolutista, idealizando o direito de rebelião da sociedade
autocrática, baseados na teoria política desenvolvida até então que civil e afirmando que o contrato entre os homens não retiraria o
negava a exigência do respeito à Ética, logo, ao direito natural, seu estado de liberdade. Ao lado dele, pode ser colocado Montes-
no espaço público. Somente num momento histórico posterior se quieu (1689 d.C. - 1755 d.C.), que avançou nos estudos de Locke
permitiu algum resgate da aproximação entre a Moral e o Direito, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica
qual seja o da Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, divisão de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por fim,
com o movimento do Iluminismo, que conferiu alicerce para as merece menção o pensador Rousseau (1712 d.C. - 1778 d.C.), de-
Revoluções Francesa e Industrial - ainda assim a visão antropocen- fendendo que o homem é naturalmente bom e formulando na obra
trista permaneceu, mas começou a se consolidar a ideia de que não O Contrato Social a teoria da vontade geral, aceita pela pequena
era possível que o soberano impusesse tudo incondicionalmente burguesia e pelas camadas populares face ao seu caráter demo-
aos seus súditos. crático. Enfim, estes três contratualistas trouxeram em suas obras
Com efeito, quando passou a se questionar o conceito de So- as ideias centrais das Revoluções Francesa e Americana. Em co-
berano, ao qual todos deveriam obediência mas que não deveria mum, defendiam que o Estado era um mal necessário, mas que
obedecer a ninguém. Indagou-se se os indivíduos que colocaram o soberano não possuía poder divino/absoluto, sendo suas ações
o Soberano naquela posição (pois sem povo não há Soberano) te- limitadas pelos direitos dos cidadãos submetidos ao regime esta-
riam direitos no regime social e, em caso afirmativo, quais seriam tal. No entanto, Rousseau era o pensador que mais se diferenciava
eles. As respostas a estas questões iniciam uma visão moderna do dos dois anteriores, que eram mais individualistas e trouxeram
direito natural, reconhecendo-o como um direito que acompanha os principais fundamentos do Estado Liberal, porque defendia
o cidadão e não pode ser suprimido em nenhuma circunstância.14 a entrega do poder a quem realmente estivesse legitimado para
Antes que despontassem as grandes revoluções que interrom-
exercê-lo, pensamento que mais se aproxima da atual concepção
peram o contexto do absolutismo europeu, na Inglaterra houve uma
de democracia.
árdua discussão sobre a garantia das liberdades pessoais, ainda que
1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a Re-
o foco fosse a proteção do clero e da nobreza. Quando a dinastia
volução Americana. Em 1776 se deu a independência das treze
Stuart tentou transformar o absolutismo de fato em absolutismo
de direito, ignorando o Parlamento, este impôs ao rei a Petição de Colônias da América Continental Britânica, registrada na Decla-
Direitos de 1948, que exigia o cumprimento da Magna Carta de ração de Direitos do Homem e, posteriormente, na Declaração de
1215. Contudo, o rei se recusou a fazê-lo, fechando por duas vezes Independência. Após diversas batalhas, a Inglaterra reconheceu a
o Parlamento, sendo que a segunda vez gerou uma violenta reação independência em 1783. Destacam-se alguns pontos do primeiro
que desencadeou uma guerra civil. Após diversas transições no documento: o artigo I do referido documento assegura a igualdade
trono inglês, despontou a Revolução Gloriosa que durou de 1688 de todos de maneira livre e independente, considerando esta como
até 1689, conferindo-se o trono inglês a Guilherme de Orange, que um direito inato; o artigo II estabelece que o poder pertence ao
aceitou a Declaração de Direitos - Bill of Rights. povo e que o Estado é responsável perante ele; o artigo V pre-
13 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti. 15 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
São Paulo: Martin Claret, 2007. Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
14 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica 16 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do
Moderna. Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p. 27-29, homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner
jul. 2009. e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO
vê a separação dos poderes e o artigo VI institui a realização de No final do século XIX e no início de século XX, o mundo
eleições diretas, necessariamente. A declaração americana estava passou por variadas crises de instabilidade diplomática, posto que
mais voltada aos americanos do que à humanidade, razão pela qual vários países possuíam condições suficientes para se sobreporem
a Revolução Francesa costuma receber mais destaque num cenário sobre os demais, resultado dos avanços tecnológicos e das me-
histórico global. lhorias no padrão de vida da sociedade. Neste contexto, surgiram
2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade do condições para a eclosão das duas Guerras Mundiais, eventos que
governo de resolver sua crise financeira, ascendendo com isso a alteraram o curso da história da civilização ocidental. Entre estas,
classe burguesa (sans-culottes), sendo o primeiro evento de tal as- destaca-se a Segunda Guerra Mundial, cujos eventos foram marca-
censão a Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789, seguida por dos pela desumanização: todos com o devido respaldo jurídico pe-
outros levantes populares. Derrubados os privilégios das classes rante o ordenamento dos países que determinavam os atos. A teoria
dominantes, a Assembleia se reuniu para o preparo de uma carta jurídica que conferiu fundamento a um Direito que aceitasse tantas
de liberdades, que veio a ser a Declaração dos Direitos do Homem barbáries, sem perder a sua validade, foi o Positivismo que teve
e do Cidadão.17 como precursor Hans Kelsen, com a obra Teoria Pura do Direito.
Entre outras noções, tal documento previu: a liberdade e No entender de Kelsen19, a justiça não é a característica que
igualdade entre os homens quanto aos seus direitos (artigo 1º), a distingue o Direito das outras ordens coercitivas porque é relativo
necessidade de conservação dos seus direitos naturais, quais sejam o juízo de valor segundo o qual uma ordem pode ser considerada
a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão justa. Percebe-se que a Moral é afastada como conteúdo necessário
(artigo 2º); a limitação do direito de liberdade somente por lei (ar- do Direito, já que a justiça é o valor moral inerente ao Direito.
tigo 4º); o princípio da legalidade (artigo 7º); o princípio da ino- .A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente em 1945,
cência (artigo 9º); a manifestação livre do pensamento (artigos 10 após uma sucessão de falhas alemãs, que impediram a conquista de
e 11); e a necessária separação de poderes (artigo 16). Moscou, desprotegeram a Itália e impossibilitaram o domínio da
3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou na Ingla- região setentrional da Rússia (produtora de alimentos e petróleo).
terra, criou o sistema fabril, o que reformulou a vida de homens Já o evento que culminou na rendição do Japão foi o lançamento
e mulheres pelo mundo todo, não só pelos avanços tecnológicos, das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. O mundo somente
mas notadamente por determinar o êxodo de milhões de pessoas tomou conhecimento da extensão da tirania alemã quando os exér-
do interior para as cidades. Os milhares de trabalhadores se sujei- citos Aliados abriram os campos de concentração na Alemanha e
tavam a jornadas longas e desgastantes, sem falar nos ambientes nos países por ela ocupados, encontrando prisioneiros famintos,
insalubres e perigosos, aos quais se sujeitavam inclusive as crian-
doentes e brutalizados, além de milhões de corpos dos judeus, po-
ças. Neste contexto, surgiu a consciência de classe18, lançando-se
loneses, russos, ciganos, homossexuais e traidores do Reich em
base para uma árdua luta pelos direitos trabalhistas.
geral, que foram perseguidos, torturados e mortos20.
Fato é que quanto maior a autonomia de vontade - buscada
Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi o responsá-
nas revoluções anteriores - melhor funciona o mercado capitalista,
vel por redigir o primeiro documento de relevância internacional
beneficiando quem possui maior número de bens. Assim, a clas-
abrangendo a questão dos direitos humanos. Em 26 de junho de
se que detinha bens, qual seja a burguesia, ampliou sua esfera de
1945 foi assinada a carta de organização das Nações Unidas, que
poder, enquanto que o proletariado passou a ser vítima do poder
econômico. No Estado Liberal, aquele que não detém poder eco- tem por fundamento o princípio da igualdade soberana de todos os
nômico fica desprotegido. O indivíduo da classe operária sozinho estados que buscassem a paz, possuindo uma Assembleia Geral,
não tinha defesa, mas descobriu que ao se unir com outros em um Conselho de Segurança, uma Secretaria, em Conselho Econô-
situação semelhante poderia conquistar direitos. Para tanto, passa- mico e Social, um Conselho de Mandatos e um Tribunal Interna-
ram a organizar greves. cional de Justiça21.
Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à proteção da Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de 1946 rea-
vítima do poder econômico, o trabalhador. Parte-se do princípio lizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram submetidos a
da hipossuficiência do trabalhador, que é o princípio da proteção julgamento os principais líderes nazistas, o principal argumento
e que gerou os princípios da primazia, da irredutibilidade de ven- levantado foi o de que todas as ações praticadas foram baseadas
cimentos e outros. Nota-se que no campo destes direitos e dos de- em ordens superiores, todas dotadas de validade jurídica perante
mais direitos econômicos, sociais e culturais não basta uma postu- a Constituição. Explica Lafer22: “No plano do Direito, uma das
ra do indivíduo: é preciso que o Estado interfira e controle o poder maneiras de assegurar o primado do movimento foi o amorfismo
econômico. jurídico da gestão totalitária. Este amorfismo reflete-se tanto em
Entre os documentos relevantes que merecem menção nesta matéria constitucional quanto em todos os desdobramentos norma-
esfera, destacam-se: Constituição do México de 1917, Constitui- tivos. A Constituição de Weimar nunca foi ab-rogada durante o re-
ção Alemã de Weimar de 1919 e Tratado de Versalhes de 1919,
19 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João
sendo que o último instituiu a Organização Internacional do Tra-
Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
balho - OIT (que emitia convenções e recomendações) e pôs fim à
20 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do
Primeira Guerra Mundial. homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner
17 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.
homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner 21 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do
e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner
18 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.
homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert E. Lerner 22 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo
e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO
gime nazista, mas a lei de plenos poderes de 24 de março de 1933 Embora muitos direitos humanos também se encontrem nos textos
teve não só o efeito de legalizar a posse de Hitler no poder como o constitucionais, aqueles não positivados na Carta Magna também
de legalizar geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa ma- possuem proteção porque o fato de este direito não estar assegura-
neira, como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois da II Guer- do constitucionalmente é uma ofensa à ordem pública internacio-
ra Mundial -, Hitler foi confirmado no poder, tornando-se a fonte nal, ferindo o princípio da dignidade humana.
de toda legalidade positiva, em virtude de uma lei do Parlamento Trabalhando de forma específica dentro deste histórico prece-
que modificou a Constituição. Também a Constituição stalinista dentes jurídicos da internacionalização dos direitos humanos,
de 1936, completamente ignorada na prática, nunca foi abolida”. menciona-se inicialmente o direito humanitário e a fundação da
No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Na- Cruz Vermelha.
ções Unidas elaborou a Declaração Universal dos Direitos Huma- Historicamente, em 9 de fevereiro de 1863, fundou-se o Co-
nos. Um dos principais pensadores que contribuiu para a Declara- mitê dos Cinco, como uma comissão de investigação da Socieda-
ção Universal dos Direitos Humanos de 1948 foi Maritain23, que de de Genebra para o Bem-estar Público. Entre seus objetivos, se
entendia que os direitos humanos da pessoa como tal se fundamen- encontrava o de organizar uma conferência internacional sobre a
tam no fato de que a pessoa humana é superior ao Estado, que não possível implementação das ideias de Henri Dunant.
pode impor a ela determinados deveres e nem retirar dela alguns Depois da primeira conferência, adotou-se a primeira Conven-
direitos, por ser contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo ção de Genebra, de 22 de agosto de 1864, tratando das condições
o homem ético é fiel aos valores da verdade, da justiça e do amor, dos feridos das forças armadas no campo de batalha. A convenção
e segue a doutrina cristã para determinar seus atos: tais elementos continha dez artigos, estabelecendo pela primeira vez regras legais
determinam o agir moral e levam à produção do bem na sociedade garantindo a neutralidade e a proteção para soldados feridos, mem-
humanista integral. bros de assistência médica e certas instituições humanitárias, no
Moraes24 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais impor- caso de um conflito armado, aceitando-se a fundação de socieda-
tante conquista no âmbito dos direitos humanos fundamentais em des nacionais com este fim de proteção. Após o estabelecimento da
nível internacional, muito embora o instrumento adotado tenha Convenção de Genebra, as primeiras sociedades nacionais foram
sido uma resolução, não constituindo seus dispositivos obriga- fundadas.
ções jurídicas dos Estados que a compõem. O fato é que desse Quando Henri Dunant foi à falência, a imagem do Comitê dos
documento se originaram muitos outros, nos âmbitos nacional e Cinco ficou comprometida perante a opinião pública, embora neste
internacional, sendo que dois deles praticamente repetem e por- meio tempo tivessem sido fundadas outras sociedades nacionais.
menorizam o seu conteúdo, quais sejam: o Pacto Internacional dos Em 1876, o comitê adotou o nome Comitê Internacional da Cruz
Vermelha (CICV), que é até o presente sua designação oficial, cujo
Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Eco-
esforços têm sido reconhecidos até hoje, tanto que por três vezes
nômicos, Sociais e Culturais, ambos de 1966.
recebeu o Prêmio Nobel da Paz (1917, 1944, e 1963).
Ainda internacionalmente, após os pactos mencionados, vá-
Os outros dois precedentes históricos reconhecidos pela dou-
rios tratados internacionais surgiram. Nesta linha, Piovesan25
trina decorrem do Tratado de Versalhes.
apontou os seguintes documentos: Convenção Internacional sobre
Em 1914 eclodiu a Primeira Guerra Mundial, apesar das inú-
a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial, Con-
meras tentativas de diplomacia após 1870. Em 1882, foi forma-
venção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação
da a Tríplice Aliança, entre Alemanha, Itália e Áustria-Hungria,
contra a Mulher, Convenção sobre os Direitos da Criança, Con- visando impedir que a França buscasse vingança após a derrota
venção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, Convenção na Guerra Franco-Prussiana. Contudo, os países europeus começa-
contra a Tortura, etc. ram a desconfiar das boas intenções dos seus vizinhos e, em 1907,
Ao lado do sistema global surgiram os sistemas regionais de se formou a Tríplice Entente, composta por França, Grã-Bretanha
proteção, que buscam internacionalizar os direitos humanos no e Rússia. Dentro das próprias alianças não eram poucos os confli-
plano regional, em especial na Europa, na América e na África26. tos internos e, aliados a esta instabilidade diplomática, o naciona-
Resultou deste processo a Convenção Americana de Direitos Hu- lismo e o militarismo contribuíram para que começasse a Primeira
manos (Pacto de São José da Costa Rica) de 1969. Guerra Mundial.
No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos textos Colocados muitos interesses em jogo, os países guerrearam
das Constituições Federais. Afinal, como explica Lafer27, a afir- em dois blocos: de um lado, Sérvia, Rússia, França, Grã-Bretanha,
mação do jusnaturalismo moderno de um direito racional, univer- Japão, Itália, Romênia, Estados Unidos, Grécia, Portugal e Brasil;
salmente válido, gerou implicações relevantes na teoria constitu- de outro lado, Áustria, Alemanha, Bulgária e Turquia. O segun-
cional e influenciou o processo de codificação a partir de então. do grupo foi derrotado, sendo cada país submetido a um pacto de
rendição formulado pela Liga das Nações; o mais famoso destes
23 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural. 3. ed.
é o Tratado de Versalhes, aplicado à Alemanha, que impunha em
Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
suas cláusulas a entrega de territórios e armamentos, bem como o
24 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República
pagamento de uma indenização bilionária.
Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997. Assim, o Tratado de Versalhes foi assinado em 28 de junho de
25 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional
1919, entre as potências aliadas e a Alemanha, fixando as condi-
Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. ções para a paz depois da primeira guerra mundial.
26 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional A cláusula de culpa de guerra considerou a Alemanha nação
Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. agressora, responsável por reparações às nações aliadas, sendo que
27 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo uma comissão determinou em 1921 que a Alemanha deveria pagar
com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. 33 bilhões de dólares.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO
O tratado foi intensamente criticado pelos alemães. Nos anos infantil, eliminação de todas as formas de discriminação em maté-
seguintes, foi revisto e alterado, quase sempre a favor da Alema- ria de emprego e ocupação), a promoção do emprego produtivo e
nha. Muitas concessões foram feitas à Alemanha antes da ascensão de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do
de Adolf Hitler. diálogo social30.
O Tratado de Versalhes instituiu dois dos precedentes da in- A OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de Versa-
ternacionalização dos direitos humanos: a Liga das Nações e a lhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. É a única das agên-
Organização Internacional do Trabalho. cias do Sistema das Nações Unidas com uma estrutura tripartite,
Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Na- composta de representantes de governos e de organizações de em-
ções, foi uma organização internacional, idealizada em 1919, em pregadores e de trabalhadores. A OIT é responsável pela formula-
Versalhes, nos subúrbios de Paris, onde as potências vencedoras ção e aplicação das normas internacionais do trabalho (convenções
da Primeira Guerra Mundial se reuniram para negociar um acordo e recomendações)31.
de paz, notadamente Inglaterra, França e Estados Unidos. Além da Teoria geral dos direitos humanos é o estudo dos direitos hu-
divisão entre os vencedores que dificultava a paz, os vencidos se manos, desde os seus elementos básicos como conceito, caracterís-
recusavam a assinar o injustos tratados impostos, com a Alema- ticas, fundamentação e finalidade, passando pela análise histórica
nha tentando ludibriar as determinações do Tratado de Versalhes, e chegando à compreensão de sua estrutura normativa.
assim como Áustria, Hungria, Bulgária e Turquia se recusavam a Na atualidade, a primeira noção que vem à mente quando se
aceitar as obrigações impostas. No final das contas, todos assina- fala em direitos humanos é a dos documentos internacionais que os
ram seus tratados. consagram, aliada ao processo de transposição para as Constitui-
Os inúmeros tratados e compromissos firmados fora do âmbito ções Federais dos países democráticos. Contudo, é possível apro-
da Liga das Nações já mostravam a fraqueza da instituição, embo- fundar esta noção se tomadas as raízes históricas e filosóficas dos
ra a princípio ela tenha correspondido às esperanças depositadas. direitos humanos, as quais serão abordadas mais detalhadamente
Ocorre que a Liga das Nações promoveu o isolamento de grandes adiante, acrescentando-se que existem direitos inatos ao homem
países como a Rússia (numa fase inicial), além de fundar-se num independentemente de previsão expressa por serem elementos es-
tratado internacional altamente prejudicial a países perdedores da senciais na construção de sua dignidade.
guerra como a Alemanha. Não obstante, os Estados Unidos nunca Logo, um conceito preliminar de direitos humanos pode ser
apoiaram a Liga das Nações, o que fez com que ela tivesse pouco estabelecido: direitos humanos são aqueles inerentes ao homem
ou nenhum poder no âmbito das Américas. enquanto condição para sua dignidade que usualmente são de
A Liga das Nações funcionou de 1920 a 1946, dissolvida na
sua 21ª sessão e tendo seus bens transferidos à ONU, encerradas Escritos em documentos internacionais para que sejam mais
as contas da comissão de liquidação em 1947. A Liga das Nações seguramente garantidos. A conquista de direitos da pessoa humana
possuía dois organismos autônomos, a Organização Internacio- é, na verdade, uma busca da dignidade da pessoa humana.
nal do Trabalho - OIT, criada pelo Tratado de Versalhes, e a Cor- O direito natural se contrapõe ao direito positivo, localizado
te Permanente de Justiça Internacional - CPJI, cujo estatuto foi no tempo e no espaço: tem como pressuposto a ideia de imutabi-
elaborado em 1920, as quais remanescem, embora a segunda com lidade de certos princípios, que escapam à história, e a universali-
outra nomenclatura e estatuto28, qual seja Corte Internacional de dade destes princípios transcendem a geografia. A estes princípios,
Justiça - CIJ. que são dados e não postos por convenção, os homens têm aces-
Quanto à Organização Internacional do Trabalho, consti- so através da razão comum a todos (todo homem é racional), e
tui a agência das Nações Unidas que tem por missão promover são estes princípios que permitem qualificar as condutas humanas
oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a como boas ou más, qualificação esta que promove uma contínua
um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equi- vinculação entre norma e valor e, portanto, entre Direito e Moral.32
dade, segurança e dignidade. O Trabalho Decente, conceito for- As premissas dos direitos humanos se encontram no conceito
malizado pela OIT em 1999, sintetiza a sua missão histórica de de lei natural. Lei natural é aquela inerente à humanidade, inde-
promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter pendentemente da norma imposta, e que deve ser respeitada acima
um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberda- de tudo. O conceito de lei natural foi fundamental para a estrutu-
de, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo considerado ração dos direitos dos homens, ficando reconhecido que a pessoa
condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das humana possui direitos inalienáveis e imprescritíveis, válidos em
desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática qualquer tempo e lugar, que devem ser respeitados por todos os
e o desenvolvimento sustentável29. Estados e membros da sociedade. O direito natural é, então, co-
O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos quatro mum a todos e, ligado à própria origem da humanidade, representa
objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho um padrão geral, funcionando como instrumento de validação das
(em especial aqueles definidos como fundamentais pela Declara- ordens positivas33.
ção Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho
30 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT.
e seu seguimento adotada em 1998: liberdade sindical e reconhe- Disponível em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013.
cimento efetivo do direito de negociação coletiva, eliminação de
31 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT.
todas as formas de trabalho forçado, abolição efetiva do trabalho Disponível em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013.
28 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Internacional 32 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo
Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.
29 OIT - Organização Internacional do Trabalho. Conheça a OIT. 33 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo
Disponível em: <http://www.oit.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2013. com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO
O direito natural, na sua formulação clássica, não é um con- As normas de direitos humanos e direitos fundamentais, por
junto de normas paralelas e semelhantes às do direito positivo, e sua própria natureza, possuem baixa densidade normativa. Isso
sim o fundamento deste direito positivo, sendo formado por nor- significa que elas abrem alta margem para interpretação e geral-
mas que servem de justificativa a este, por exemplo: “deve se fazer mente adotam a forma de princípios, não de regras.
o bem”, “dar a cada um o que lhe é devido”, “a vida social deve ser Neste sentido, toma-se a divisão clássica de Alexy36, segundo
conservada”, “os contratos devem ser observados” etc.34 o qual a distinção entre regras e princípios é uma distinção entre
Em literatura, destaca-se a obra do filósofo Sófocles35 intitula- dois tipos de normas, fornecendo juízos concretos para o dever ser.
da Antígona, na qual a personagem se vê em conflito entre seguir A diferença essencial é que princípios são normas de otimização,
o que é justo pela lei dos homens em detrimento do que é justo por ao passo que regras são normas que são sempre satisfeitas ou não.
natureza quando o rei Creonte impõe que o corpo de seu irmão não Se as regras se conflitam, uma será válida e outra não. Se princí-
seja enterrado porque havia lutado contra o país. Neste sentido, pios colidem, um deles deve ceder, embora não perca sua validade
a personagem Antígona defende, ao ser questionada sobre o des- e nem exista fundamento em uma cláusula de exceção, ou seja,
cumprimento da ordem do rei: “sim, pois não foi decisão de Zeus; haverá razões suficientes para que em um juízo de sopesamento
e a Justiça, a deusa que habita com as divindades subterrâneas, ja- (ponderação) um princípio prevaleça. Enquanto adepto da adoção
mais estabeleceu tal decreto entre os humanos; tampouco acredito de tal critério de equiparação normativa entre regras e princípios,
que tua proclamação tenha legitimidade para conferir a um mortal o jurista alemão Robert Alexy é colocado entre os nomes do pós-
o poder de infringir as leis divinas, nunca escritas, porém irrevogá- -positivismo.
veis; não existem a partir de ontem, ou de hoje; são eternas, sim! E Ainda assim, é possível verificar, com relação a estas normas
ninguém pode dizer desde quando vigoram! Decretos como o que específicas, princípios ou tendências mais abrangentes, que envol-
proclamaste, eu, que não temo o poder de homem algum, posso vem um grupo de diretrizes ou então indiretamente compõem to-
violar sem merecer a punição dos deuses! [...]”. das elas. Em outras palavras, existem determinados fundamentos
O desrespeito às normas de direito natural - e porque não di- que pairam sobre todos os princípios e regras de direitos humanos
zer de direitos humanos - leva à invalidade da norma que assim o e fundamentais, como o caso da dignidade da pessoa humana, da
preveja (Ex: autorizar a tortura para fins de investigação penal e democracia e da razoabilidade proporcionalidade, ou referem-se
processual penal não é simplesmente inconstitucional, é mais que especificamente a um grupo deles, a exemplo da liberdade, da
isso, por ser inválida perante a ordem internacional de garantia de igualdade e da fraternidade.
direitos naturais/humanos uma norma que contrarie a dignidade Por isso, embora a nomenclatura princípio seja usual em dou-
inerente ao homem sob o aspecto da preservação de sua vida e
trina e jurisprudência quanto a estes elementos que serão estudados
integridade física e moral).
neste capítulo, opta-se, para fins de distinção dos demais princípios
Enfim, quando questões inerentes ao direito natural passam a
específicos, a adoção do vocábulo fundamento. Logo, pretende-se
ser colocadas em textos expressos tem-se a formação de um con-
deixar evidente que a existência de normas específicas de baixa
ceito contemporâneo de direitos humanos. Entre outros documen-
densidade normativa, adotando a forma de princípio jurídico, não
tos a partir dos quais tal concepção começou a ganhar forma, des-
exclui normas ainda mais abrangentes, também tomando a forma
tacam-se: Magna Carta de 1215, Bill of Rights ao final do século
de princípio, com baixíssima densidade normativa, a ponto de po-
XVII e Constituições da Revolução Francesa de 1789 e Americana
de 1787. No entanto, o documento que constitui o marco mais sig- derem ser consideradas fundamentos base de todo o sistema de
nificativo para a formação de uma concepção contemporânea de direitos humanos e fundamentais.
direitos humanos é a Declaração Universal de Direitos Humanos O principal fundamento de direitos humanos, sem sombra de
de 1948. Após ela, muitos outros documentos relevantes surgiram, dúvidas, é a dignidade da pessoa humana. A exemplo do que ex-
como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e Pacto põe Comparato37: “Uma das tendências marcantes do pensamento
Internacional de Direitos Humanos, Sociais e Culturais, ambos de moderno é a convicção generalizada de que o verdadeiro funda-
1966, além da Convenção Interamericana de Direitos Humanos mento de validade - do direito em geral e dos direitos humanos
(Pacto de São José da Costa Rica) de 1969, entre outros. em particular - já não deve ser procurado na esfera sobrenatural da
A finalidade primordial dos direitos humanos é garantir que revelação religiosa, nem tampouco numa abstração metafísica - a
a dignidade do homem não seja violada, estabelecendo um rol natureza - como essência imutável de todos os entes no mundo.
de bens jurídicos fundamentais que merecem proteção ineren- Se o direito é uma criação humana, o seu valor deriva, justamen-
tes, basicamente, aos direitos civis (vida, segurança, propriedade te, daquele que o criou. O que significa que esse fundamento não
e liberdade), políticos (participação direta e indireta nas decisões é outro, senão o próprio homem, considerado em sua dignidade
políticas), econômicos (trabalho), sociais (igualdade material, edu- substancial de pessoa, diante da qual as especificações individuais
cação, saúde e bem-estar), culturais (participação na vida cultural) e grupais são sempre secundárias”.
e ambientais (meio ambiente saudável, sustentabilidade para as fu- A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpre-
turas gerações). Percebe-se uma proximidade entre os direitos hu- tação de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que
manos e os direitos fundamentais do homem, o que ocorre porque possa se considerar compatível com os valores éticos, notadamen-
o valor da pessoa humana na qualidade de valor-fonte da ordem te da moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da
de vida em sociedade fica expresso juridicamente nestes direitos
36 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução
fundamentais do homem. Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
34 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 26. 37 COMPARATO, Fábio Konder. Fundamento dos Direitos
ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. Humanos. Instituto de Estudos Avançados da USP, 1997. Disponível em:
35 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. São <http://www.iea.usp.br/publicacoes/textos/comparatodireitoshumanos.pdf>.
Paulo: Martin Claret, 2003. Acesso em: 02 jul. 2013.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO
pessoa humana significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana bilidade e a proporcionalidade. Alexy39 entende que determina-
como centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídi- dos valores exteriorizam tudo o que é levado em conta num sope-
co, seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação. samento de direitos fundamentais: “assim, com poucos conceitos,
A menção constante da dignidade no que pode ser conside- como ‘dignidade’, ‘liberdade’, ‘igualdade’, ‘proteção’ e ‘bem-es-
rado o principal instrumento de declaração de direitos humanos tar da comunidade’, é possível abarcar quase tudo aquilo que tem
universais, qual seja a Declaração Universal de 1948, desde o seu que ser levado em consideração em um sopesamento de direitos
início a coloca não só como principal norte de interpretação das fundamentais”. Por sua vez, “segundo a lei do sopesamento, a me-
normas de direitos humanos como um todo, mas como a justifica- dida permitida de não-satisfação ou de afetação de um princípio
tiva principal para a criação de um sistema internacional com tal depende do grau de importância da satisfação do outro”40 .
natureza de proteção. Os fundamentos de direitos humanos servem como norte para
Comparato38 aponta outros fundamentos de direitos humanos toda norma de proteção dos direitos humanos, tanto no processo de
associados à dignidade da pessoa humana: elaboração quanto no de aplicação, sempre tendo em vista a pro-
a) Auto consciência: “Contrariamente aos outros animais, o moção da dignidade da pessoa humana em todas suas dimensões
homem não tem apenas memória de fatos exteriores, incorporada de direitos.
ao mecanismo de seus instintos, mas possui a consciência de sua Os direitos humanos possuem as seguintes características
própria subjetividade, no tempo e no espaço; sobretudo, consciên- principais:
cia de sua condição de ser vivente e mortal”. 1) Historicidade: os direitos humanos possuem antecedentes
b) Sociabilidade: “[...] o indivíduo humano somente desen- históricos relevantes e, através dos tempos, adquirem novas pers-
volve as suas virtualidades de pessoa, isto é, de homem capaz de pectivas. Nesta característica se enquadra a noção de dimensões
cultura e auto aperfeiçoamento, quando vive em sociedade. É pre- de direitos.
ciso não esquecer que as qualidades eminentes e próprias do ser 2) Universalidade: os direitos humanos pertencem a todos e
humano - a razão, a capacidade de criação estética, o amor - são por isso se encontram ligados a um sistema global (ONU), o que
essencialmente comunicativas”. impede o retrocesso.
c) Historicidade: “A substância da natureza humana é his- 3) Inalienabilidade: os direitos humanos não possuem con-
tórica, isto é, vive em perpétua transformação, pela memória do teúdo econômico patrimonial, logo, são intransferíveis, inegociá-
passado e o projeto do futuro”. veis e indisponíveis, estando fora do comércio, o que evidencia
d) Unicidade existencial: “outra característica essencial da uma limitação do princípio da autonomia privada.
condição humana é o fato de que cada um de nós se apresenta 4) Irrenunciabilidade: direitos humanos não podem ser re-
como um ente único e rigorosamente insubstituível no mundo”. nunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade material des-
Outro fundamento de direitos humanos é a democracia. A tes direitos para a dignidade da pessoa humana.
adoção da forma democrática de Estado aparece como fundamento 5) Inviolabilidade: direitos humanos não podem deixar de ser
dos direitos humanos por ser um pressuposto para que eles pos- observados por disposições infraconstitucionais ou por atos das
sam ser adequadamente exercidos. Em outras palavras, fora de um autoridades públicas, sob pena de nulidades.
Estado democrático, não há possibilidade de exercício pleno de 6) Indivisibilidade: os direitos humanos compõem um único
nenhuma das dimensões de direito: a liberdade fica tolhida pela conjunto de direitos porque não podem ser analisados de maneira
censura, os direitos políticos pelo impedimento da participação isolada, separada.
popular, os direitos econômicos, sociais e culturais pela manipula- 7) Imprescritibilidade: os direitos humanos não se perdem
ção de recursos ao que é conveniente ao governo antidemocrático com o tempo, não prescrevem, uma vez que são sempre exercíveis
e não ao interesse coletivo, os direitos de solidariedade pela im- e exercidos, não deixando de existir pela falta de uso (prescrição).
possibilidade de criação de consciência coletiva sem o exercício 8) Complementaridade: os sistemas regionais descentrali-
e a efetivação dos direitos individuais. Na Declaração de 1948, zam a ONU para respeitar a complementaridade, ou seja, os di-
o conceito de democracia aparece associado adequadamente ao ferentes elementos de base cultural, religiosa e social das diversas
pressuposto de um Estado de Direito que propicie e assegure todos regiões.
os direitos humanos e fundamentais. 9) Interdependência: as dimensões de direitos humanos
Pode-se afirmar que o centro das três primeiras dimensões de apresentam uma relação orgânica entre si, logo, a dignidade da
direitos humanos consagrados também constituem fundamentos pessoa humana deve ser buscada por meio da implementação mais
de direitos humanos, quais sejam: liberdade, igualdade e frater- eficaz e uniforme das liberdades clássicas, dos direitos sociais,
nidade. Como se depreende do sistema internacional de proteção econômicos e de solidariedade como um todo único e indissolúvel.
de direitos humanos tais fundamentos lançam base para a declara- 10) Efetividade: para dar efetividade aos direitos humanos a
ção de inúmeros direitos humanos, servindo de viés para a leitura ONU se subdivide, isto é, o tratamento é global mas certas áreas
de todos eles. Assim, são mais do que princípios e sim verdadeiros irão cuidar de determinados direitos de suas regiões. Além disso,
nortes para a proteção internacional dos direitos humanos. há uma descentralização para os sistemas regionais para preservar
Não obstante, pela larga margem de interpretação que decorre a complementaridade, sem a qual não há efetividade. Reflete tal
da baixa densidade normativa das normas de direitos humanos, característica a aplicabilidade imediata dos direitos humanos pre-
surgem como fundamentos para a interpretação sistêmica a razoa- vista no art. 5°, §1° da Constituição Federal.
38 COMPARATO, Fábio Konder. Fundamento dos Direitos 39 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução
Humanos. Instituto de Estudos Avançados da USP, 1997. Disponível em: Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
<http://www.iea.usp.br/publicacoes/textos/comparatodireitoshumanos.pdf>. 40 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução
Acesso em: 02 jul. 2013. Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO
11) Relatividade: o princípio da relatividade dos direitos hu- Percebe-se o porquê da dignidade da pessoa humana ter tanto
manos possui dois sentidos: por um, o multiculturalismo existente destaque no sistema jurídico internacional e nacional, sendo men-
no globo impede que a universalidade se consolide plenamente, de ção constante nas legislações específicas e nas decisões judiciais,
forma que é preciso levar em consideração as culturas locais para bem como objeto de estudo na doutrina jurídica.
compreender adequadamente os direitos humanos; por outro, os di- Estabelecer um conceito para a dignidade da pessoa humana
reitos humanos não podem ser utilizados como um escudo para prá- é uma tarefa complicada, notadamente face à altíssima densidade
ticas ilícitas ou como argumento para afastamento ou diminuição da normativa inerente a este fundamento.
responsabilidade por atos ilícitos, assim os direitos humanos não são Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou plena,
ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos igualmente é possível conceituar dignidade da pessoa humana como o prin-
consagrados como humanos. cipal valor do ordenamento ético e, por consequência, jurídico
que pretende colocar a pessoa humana como um sujeito pleno
de direitos e obrigações na ordem internacional e nacional, cujo
2.2.2 A DIGNIDADE DA PESSOA desrespeito acarreta a própria exclusão de sua personalidade.
HUMANA E OS VALORES DA O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, do Tri-
LIBERDADE, DA IGUALDADE E bunal Superior do Trabalho, trouxe interessante conceito numa
DA SOLIDARIEDADE das decisões que relatou: “a dignidade consiste na percepção in-
trínseca de cada ser humano a respeito dos direitos e obrigações,
de modo a assegurar, sob o foco de condições existenciais míni-
mas, a participação saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação que isso importe destilação dos valores soberanos da democracia
de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa se e das liberdades individuais. O processo de valorização do indi-
considerar compatível com os valores éticos, notadamente da moral, víduo articula a promoção de escolhas, posturas e sonhos, sem
da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa humana olvidar que o espectro de abrangência das liberdades individuais
significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como centro e encontra limitação em outros direitos fundamentais, tais como a
norte para qualquer processo de interpretação jurídico, seja na ela- honra, a vida privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva regis-
boração da norma, seja na sua aplicação. trar que essas garantias, associadas ao princípio da dignidade da
A importância do princípio da dignidade da pessoa humana já
pessoa humana, subsistem como conquista da humanidade, razão
pode ser detraída com a sua aparição no preâmbulo e no primeiro
pela qual auferiram proteção especial consistente em indenização
artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948:
por dano moral decorrente de sua violação”41.
Pela própria impossibilidade de se estabelecer um conceito
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a
fechado, a doutrina se limita a relatar a importância da dignidade
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e
da pessoa humana, buscando enquadrá-la em termos históricos e
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
filosóficos, com as devidas correlações quanto à universalidade e
mundo,
[...] à validade dos direitos humanos.
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, Para Reale42, a evolução histórica demonstra o domínio de
na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma ordem gra-
no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens dativa entre os valores; mas existem os valores fundamentais e
e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e me- os secundários, sendo que o valor fonte é o da pessoa humana.
lhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, Nesse sentido, são os dizeres de Reale43: “partimos dessa ideia, a
[...] nosso ver básica, de que a pessoa humana é o valor-fonte de todos
Artigo I os valores. O homem, como ser natural biopsíquico, é apenas um
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direi- indivíduo entre outros indivíduos, um ente animal entre os demais
tos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação da mesma espécie. O homem, considerado na sua objetividade
umas às outras com espírito de fraternidade. espiritual, enquanto ser que só realiza no sentido de seu dever ser,
é o que chamamos de pessoa. Só o homem possui a dignidade ori-
A menção constante da dignidade no que pode ser considerado ginária de ser enquanto deve ser, pondo-se essencialmente como
o principal instrumento de declaração de direitos humanos univer- razão determinante do processo histórico”.
sais desde o seu início a coloca não só como principal norte de inter-
pretação das normas de direitos humanos como um todo, mas como
a justificativa principal para a criação de um sistema internacional
com tal natureza de proteção.
Como seria natural, a dignidade da pessoa humana foi transpos- 41 Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de
ta para os textos constitucionais dos países democráticos, inclusive Revista n. 259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz
o brasileiro, na qualidade de fundamento da república federativa: Bresciani de Fontan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união Disponível em: www.tst.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012.
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- 42 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed.
tui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: São Paulo: Saraiva, 2002.
[...] 43 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed.
III - a dignidade da pessoa humana; São Paulo: Saraiva, 2002.

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO
Ou ainda, aponta Barroso44: “o princípio da dignidade da pes- É pacífico que as três primeiras dimensões de direitos huma-
soa humana identifica um espaço de integridade moral a ser asse- nos envolvem: 1) direitos civis e políticos (LIBERDADE); 2) direitos
gurado a todas as pessoas por sua só existência no mundo. É um sociais, econômicos e culturais (IGUALDADE MATERIAL); 3) direi-
respeito à criação, independente da crença que se professe quanto à tos ambientais e de solidariedade (FRATERNIDADE). Destaca-se que
sua origem. A dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valo- as três primeiras dimensões de direitos remetem ao lema da Revolução
res do espírito como com as condições materiais de subsistência”. Francesa: “Liberdade, igualdade, fraternidade”.
Por sua vez, Bonavides45 entende que “a vinculação essencial Em relação à primeira dimensão de direitos, inicialmente, deno-
dos direitos fundamentais à liberdade e à dignidade humana, en- ta-se a afirmação dos direitos de liberdade, referente aos direitos que
quanto valores históricos e filosóficos, nos conduzirá sem óbices tendem a limitar o poder estatal e reservar parcela dele para o indivíduo
ao significado da universalidade inerente a esses direitos como (liberdade em relação ao Estado), sendo que posteriormente despon-
ideal da pessoa humana”. tam os direitos políticos, relativos às liberdades positivas no sentido
Uma das características dos direitos humanos é a interdepen- de garantir uma participação cada vez mais ampla dos indivíduos no
dência, segundo a qual as dimensões de direitos humanos apre- poder político (liberdade no Estado). Os dois movimentos que levaram
sentam uma relação orgânica entre si. Logo, a dignidade da pessoa à afirmação dos direitos de primeira dimensão, que são os direitos de li-
humana deve ser buscada por meio da implementação mais eficaz berdade e os direitos políticos, foram a Revolução Americana, que cul-
e uniforme das liberdades clássicas, dos direitos sociais, econômi- minou na Declaração de Virgínia (1776), e a Revolução Francesa, cujo
cos e de solidariedade como um todo único e indissolúvel. documento essencial foi a Declaração dos Direitos do Homem e do
As dimensões de direitos humanos não são estanques, mas Cidadão (1789)47. Quanto à segunda dimensão, foram proclamados os
sim complementares. Somam-se e dialogam uma com a outra, direitos sociais, expressando o amadurecimento das novas exigências
formando um completo sistema de proteção da pessoa humana. como as de bem-estar e igualdade material (liberdade por meio do Es-
Toma-se o pressuposto de que todos os bens jurídicos garantidos à tado). Durante a Revolução Industrial tomaram proporção os direitos
pessoa humana devem ser preservados e respeitados, sob pena de de segunda dimensão, que são os direitos sociais, refletindo a busca do
uma proteção defeituosa. Por isso mesmo, a nomenclatura dimen- trabalhador por condições dignas de trabalho, remuneração adequada,
são é mais adequada do que geração. educação e assistência social em caso de invalidez ou velhice, garantin-
Aprofunda Piovesan46, ao explicar a estrutura da Declaração do o amparo estatal à parte mais fraca da sociedade.48 Ao lado dos di-
de 1948 sob o aspecto das dimensões de direitos humanos: “Ao reitos sociais, chamados de segunda geração, emergiram os chamados
conjugar o valor da liberdade com o da igualdade, a Declaração in- direitos de terceira geração, que constituem uma categoria ainda hete-
troduz a concepção contemporânea de direitos humanos, pela qual rogênea e vaga, mas que concentra na reivindicação do direito de viver
esses direitos passam a ser concebidos como uma unidade interde- num ambiente sem poluição.49 A doutrina não é pacífica no que tange à
pendente e indivisível. Assim, partindo do critério metodológico definição de dimensões posteriores de direitos humanos. Para Bobbio50
que classifica os direitos humanos em gerações, compartilha-se o - e a maioria da doutrina - os chamados direitos de quarta dimensão se
entendimento de que uma geração de direitos não substitui a outra, referem aos efeitos traumáticos da evolução da pesquisa biológica, que
mas com ela interage. Isto é, afasta-se a equivocada visão da su- permitirá a manipulação do patrimônio genético do indivíduo de modo
cessão ‘geracional’ de direitos, na medida em que se acolhe a ideia cada vez mais intenso; enquanto que Bonavides51 defende que são de
da expansão, cumulação e fortalecimento dos direitos humanos, quarta dimensão os direitos inerentes à globalização política. Bona-
todos essencialmente complementares e em constante dinâmica de vides52 também diverge ao falar de uma quinta dimensão composta
interação. Logo, apresentando os direitos humanos uma unidade pelo direito à paz, o qual foi colocado por Vasak na terceira dimensão.
indivisível, revela-se esvaziado o direito à liberdade quando não Autores do direito eletrônico como Peck53 e Olivo54 entendem que ele
assegurado o direito à igualdade; por sua vez, esvaziado, revela-se seria a quinta dimensão dos direitos humanos, envolvendo o direito
o direito à igualdade quando não assegurada a liberdade”. de acesso e convivência num ambiente salutar no ciberespaço.
Portanto, a consolidação do princípio da dignidade da pessoa 47 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos.
humana depende do reconhecimento e da efetivação de todas as Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
dimensões de direitos humanos, que se consolidam nos fundamen- 48 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos.
tos da liberdade, da igualdade e da solidariedade (ou fraternidade). Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
Conforme evoluíram as chamadas dimensões dos direitos hu- 49 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos.
manos tais bens jurídicos fundamentais adquiriram novas verten-
Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
tes, saindo de uma noção individualista e chegando a uma coletiva,
50 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos.
de modo que a própria finalidade dos direitos humanos adquiriu
nova compreensão, deixando de ser preservar apenas o indivíduo Tradução Celso Lafer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
e passando a envolver a manutenção da sociedade sustentável. A 51 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito
teoria das dimensões de direitos humanos foi identificada por Ka- constitucional. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
rel Vasak. 52 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito
constitucional. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
44 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e 53 PECK, Patrícia. Direito digital. São Paulo:
aplicação da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. Saraiva, 2002.
45 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito 54 OLIVO, Luís Carlos Cancellier de. Os
constitucional. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. “novos” direitos enquanto direitos públicos virtuais na sociedade
46 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o da informação. In: WOLKMER, Antônio Carlos; LEITE, José
direito constitucional internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, Rubens Morato (Org.). Os “novos” direitos no Brasil: natureza e
2008. perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2003.

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO
Em resumo, as dimensões de direitos humanos se referem às - Todos são respeitados na sua fé, no seu pensamento e na sua
mudanças de paradigmas quanto aos bens jurídicos que deveriam ação na sociedade;
ser considerados fundamentais ao homem. Embora todo direito hu- - O cidadão é livre para praticar qualquer trabalho, ofício ou
mano seja imutável, isso não significa que o processo interpretativo profissão, mas a lei pode pedir estudo e diploma para isso;
não possa evoluir e, com isso, se reconhecer que um novo aspecto - Só o autor de uma obra tem o direito de usá-la, publicá-la e
da dignidade humana merece ampla proteção. tirar cópia, e esse direito passa para os seus herdeiros;
- Os bens de uma pessoa, quando ela morrer, passam para seus
herdeiros;
2.2.3 CIDADANIA: NOÇÃO, - Em tempo de paz, qualquer pessoa pode ir de uma cidade
SIGNIFICADO E HISTÓRIA para outra, ficar ou sair do país, obedecendo a lei feita para isso.
2.2.3.1 DIREITOS E DEVERES
DA CIDADANIA Fonte: http://www.significados.com.br/cidadania/

O que é Cidadania: 2.2.3 DEMOCRACIA: NOÇÃO,


SIGNIFICADO E VALORES
Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e 2.2.3.1 ESTADO DEMOCRÁTICO DE
sociais estabelecidos na Constituição de um país. DIREITO: NOÇÃO E SIGNIFICADO
A cidadania também pode ser definida como a condição do ci-
dadão, indivíduo que vive de acordo com um conjunto de estatutos
pertencentes a uma comunidade politicamente e socialmente arti-
culada.
A adoção da forma democrática de Estado aparece como fun-
Uma boa cidadania implica que os direitos e deveres estão in-
damento dos direitos humanos por ser um pressuposto para que
terligados, e o respeito e cumprimento de ambos contribuem para
eles possam ser adequadamente exercidos. Em outras palavras,
uma sociedade mais equilibrada e justa.
fora de um Estado democrático, não há possibilidade de exercí-
Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obri-
cio pleno de nenhuma das dimensões de direito: a liberdade fica
gações, garantindo que estes sejam colocados em prática. Exercer
tolhida pela censura, os direitos políticos pelo impedimento da
a cidadania é estar em pleno gozo das disposições constitucionais.
participação popular, os direitos econômicos, sociais e culturais
Preparar o cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos
da educação de um país. pela manipulação de recursos ao que é conveniente ao governo
O conceito de cidadania também está relacionado com o país antidemocrático e não ao interesse coletivo, os direitos de soli-
onde a pessoa exerce os seus direitos e deveres. Assim, a cidadania dariedade pela impossibilidade de criação de consciência coletiva
brasileira está relacionada com o indivíduo que está ligado aos direi- sem o exercício e a efetivação dos direitos individuais.
tos e deveres que estão definidos na Constituição do Brasil. Na Declaração de 1948, o conceito de democracia aparece as-
Para ter cidadania brasileira, a pessoa deve ter nascido em ter- sociado adequadamente ao pressuposto de um Estado de Direito
ritório brasileiro ou solicitar a sua naturalização, em caso de estran- que propicie e assegure todos os direitos humanos e fundamentais,
geiros. No entanto, os cidadãos de outros países que desejam adqui- como se denota no preâmbulo:
rir a cidadania brasileira devem obedecer todas as etapas requeridas
para este processo. Considerando essencial que os direitos humanos sejam pro-
Uma pessoa pode ter direito a dupla cidadania, isso significa tegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja com-
de deve obedecer os diretos e deveres dos países em que foi natu- pelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opres-
ralizada. são, [...]
A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada Considerando que os Estados-Membros se comprometeram
em 5 de outubro de 1988, pela Assembleia Nacional Constituinte, a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito
composta por 559 congressistas (deputados e senadores), consoli- universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a
dou a democracia, após longos anos da ditadura militar no Brasil. observância desses direitos e liberdades, [...].

Deveres do cidadão Indiretamente depreendem-se aspectos da democracia, quais


- Votar para escolher os governantes; sejam o respeito ao princípio da legalidade e da anterioridade, a
- Cumprir as leis; existência de um modelo estatal que crie e aplique leis utilizan-
- Educar e proteger seus semelhantes; do um adequado processo legislativo e judicial, o impedimento da
- Proteger a natureza; tirania e da opressão (marca de regimes totalitários e ditatoriais),
- Proteger o patrimônio público e social do País. a garantia de respeito e observância dos direitos humanos funda-
mentais.
Direitos do cidadão Não obstante, no artigo XXIV há menção direta ao direito de
- Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previdência so- se conviver numa sociedade democrática:
cial, lazer, entre outros;
- O cidadão é livre para escrever e dizer o que pensa, mas preci-
sa assinar o que disse e escreveu;

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa es- A primeira implicação da democracia em seu sentido clássico
tará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusiva- é que por meio dela é garantida a soberania popular, que pode ser
mente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito conceituada como “a qualidade máxima do poder extraída da soma
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigên- dos atributos de cada membro da sociedade estatal, encarregado de
cias da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade escolher os seus representantes no governo por meio do sufrágio
democrática. universal e do voto direto, secreto e igualitário”55. O sentido de
soberania popular associado à democracia pode ser depreendido
Quanto à disciplina na Constituição Federal, a adoção do mo- da menção do parágrafo único de que o poder emana do povo, que
delo de Estado Democrático consta desde o preâmbulo: o exerce.
Quanto ao conceito restrito de democracia, tem-se que ela é
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem- o regime de governo no qual os cidadãos participam das decisões
bleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democráti- políticas, direta ou indiretamente. Em outras palavras, democracia
co, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e indivi- (do grego, demo + kratos) é um regime de governo em que o po-
duais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, der de tomar decisões políticas está com os cidadãos, de forma
a igualdade e a justiça como valores supremos de uma socieda- direta (quando um cidadão se reúne com os demais e, juntos, eles
de fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia tomam a decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a o poder de eleger um representante). Logo, dentro do conceito de
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção democracia incluem-se três modelos democráticos possíveis: dire-
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERA- to, indireto e misto.
TIVA DO BRASIL. Neste sentido, a principal classificação da democracia refere-
se aos seus modelos possíveis, que variam conforme o nível de
Em verdade, do preâmbulo se depreendem algumas esferas do participação popular direta ou indireta:
modelo de Estado Democrático, demonstrando que este vai além a) Democracia direta, também chamada de pura, na qual o
da simples permissão de participação política e ingressa na pos- cidadão expressa sua vontade por voto direto e individual em casa
sibilidade de exercício de direitos humanos e fundamentais por questão relevante;
todos os cidadãos, assegurando o respeito da dignidade destes. b) Democracia indireta, também chamada representativa,
O mesmo pode ser extraído de outras previsões do texto cons- em que os cidadãos exercem individualmente o direito de voto
titucional, notadamente a do título V, que trata da Defesa do Estado para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais esco-
e das Instituições Democráticas, que será exercida pelos órgãos de lhido(s) representa(m) todos os eleitores;
segurança pública e mediante institutos como o estado de defesa e c) Democracia semidireta ou participativa, em que se tem
o estado de sítio. Como instituições democráticas podem-se colo- uma democracia representativa mesclada com peculiaridades e
car todas aquelas que têm por fulcro assegurar a defesa de alguma atributos da democracia direta (sistema híbrido ou misto).
das facetas da dignidade da pessoa humana, logo, democracia é A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil, conside-
participação popular, mas não somente isso. rado o grande número de cidadãos, de modo que a regra é a demo-
Democracia significa dignidade e igualdade no exercício de cracia indireta. Na Grécia Antiga se encontra um raro exemplo de
direitos (por exemplo, o artigo 215, IV da Constituição Federal democracia direta, que somente era possível porque embora a po-
fala em democratização do acesso aos bens de cultura). pulação fosse grande, a maioria dela não era composta de pessoas
A Constituição Federal confere atenção também ao conceito consideradas como cidadãs, como mulheres, escravos e crianças,
clássico de democracia. O modelo de Estado Democrático previsto e somente os cidadãos tinham direito de participar do processo
no texto constitucional é conceituado de maneira mais restrita no democrático.
artigo 1º da Constituição Federal, que traz os fundamentos da Re- Uma democracia semidireta é um regime de democracia em
pública, em seu parágrafo único: que existe a combinação de representação política com formas de
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união democracia direta. A maioria dos países adota modelo de democra-
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons- cia semidireta, com a diferença de que uns se aproximam mais da
titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamen- indireta e outros mais da indireta. Contemporaneamente, o regime
tos: [...] Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o que mais se aproxima dos ideais de uma democracia direta é a
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos democracia semidireta da Suíça.
termos desta Constituição. A democracia brasileira adota a modalidade semidireta, por-
que possibilita a participação popular direta no poder por inter-
Antes de esmiuçar este conceito, frisa-se a importância da médio de processos como o plebiscito, o referendo e a iniciativa
menção ao modelo do Estado Democrático no preâmbulo e no ar- popular (artigo 14, caput, CF). Como são hipóteses restritas, pode-
tigo 1º do texto constitucional, despontando este como condição se afirmar que a democracia indireta é predominantemente adotada
sine qua non à consolidação das premissas trazidas pela Constitui- no Brasil, por meio do sufrágio universal e do voto direto e secreto
ção Federal de 1988. com igual valor para todos.
A República Federativa do Brasil é um Estado Democrático Regime de governo é diferente de forma de governo. Por regi-
de Direito e a adoção da forma federativa que implica no modelo me de governo entende-se a adoção de uma forma democrática ou
democrático é considerada cláusula pétrea pela Constituição Fede- antidemocrática, ao passo que por forma de governo compreende-
ral em seu artigo 60, §4º, o que exclui a possibilidade de alteração se a adoção de um ou outro modelo governamental que permita
do regime de governo democrático, trocando-o por um antidemo- 55 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição
crático. federal anotada. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO
que tal forma ganhe vida. Em outras palavras, uma democracia humana significa, acima de tudo, colocar a pessoa humana como
pode existir num sistema presidencialista ou parlamentarista, repu- centro e norte para qualquer processo de interpretação jurídico,
blicano ou monárquico - somente importa que seja dado aos cida- seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação.
dãos o poder de tomar decisões políticas (por si só ou por seu repre- Aponta Barroso56: “o princípio da dignidade da pessoa hu-
sentante eleito) para que exista democracia. mana identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado
Tomando que existe o regime de governo democrático, há tam- a todas as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito
bém o regime de governo antidemocrático ou ditatorial. Tal exis- à criação, independente da crença que se professe quanto à sua
tência não é atestada no campo meramente teórico, mas se detecta origem. A dignidade relaciona-se tanto com a liberdade e valores
de forma prática, isto é, existem na atualidade países que adotam do espírito como com as condições materiais de subsistência”.
regimes de governo ditatoriais. A ONU se opõe aos regimes ditato-
riais e toma medidas não somente para combatê-los, mas para escla- A formação de uma comunidade internacional não significa
recer o passado ditatorial dos países que passaram por um período a eliminação da soberania dos países, mas apenas uma relativi-
de privação da democracia. Ainda assim, muitos países hoje adotam zação, limitando as atitudes por ele tomadas em prol da preser-
regime antidemocrático de governo, utilizando-se de recursos como vação do bem comum e da paz mundial. Na verdade, o próprio
a censura para evitarem a queda do poder, a exemplo de Cuba, Chi- compromisso de respeito aos direitos humanos traduz a limita-
na, Coréia do Norte, Sudão e Irã. Todos estes países fazem parte da ção das ações estatais, que sempre devem se guiar por eles.
ONU e estão no centro dos debates mais polêmicos nela estabeleci- Sobre o direito de asilo, tem-se que serve para proteger uma
dos, uma vez que o ideário dos direitos humanos é completamente pessoa perseguida por suas opiniões políticas, situação racial,
contrário aos modelos antidemocráticos. convicções religiosas ou outro motivo político em seu país de
origem, permitindo que ela requeira perante a autoridade de ou-
tro Estado proteção. Claro, não se protege aquele que praticou
2.2.4 OS DIREITOS HUMANOS um crime comum em seu país e fugiu para outro, caso em que
FUNDAMENTAIS VIGENTES NA deverá ser extraditado para responder pelo crime praticado.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA:
DIREITOS À VIDA E À PRESERVAÇÃO A tortura é um dos piores meios de tratamento desumano,
DA INTEGRIDADE FÍSICA E MORAL expressamente vedada em âmbito internacional, como visto no
(HONRA, IMAGEM, NOME, INTIMIDADE tópico anterior. No Brasil, além da disciplina constitucional, a
E VIDA PRIVADA), À LIBERDADE Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define os crimes de tortura e
EM TODAS AS SUAS FORMAS, dá outras providências.
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. Afi-
À IGUALDADE, À PROPRIEDADE
nal, “o ser humano, através dos processos internos de reflexão,
E À SEGURANÇA, OS DIREITOS formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada mais do que a
SOCIAIS, A NACIONALIDADE E OS opinião de seu emitente. Assim, a regra constitucional, ao con-
DIREITOS POLÍTICOS. sagrar a livre manifestação do pensamento, imprime a existência
jurídica ao chamado direito de opinião”57. Em outras palavras,
primeiro existe o direito de ter uma opinião, depois o de expres-
Os direitos humanos internacionalmente reconhecidos passa- sá-la.
ram por um processo de institucionalização no âmbito dos Estados, No entanto, tal direito é limitado. Um destes limites é o ano-
notadamente sendo transpostos e especificados nos textos consti- nimato, que consiste na garantia de atribuir a cada manifestação
tucionais, processo que será estudado no próximo tópico. Assim, uma autoria certa e determinada, permitindo eventuais responsa-
quando se falam nos direitos humanos na Constituição Federal bra- bilizações por manifestações que contrariem a lei.
sileira em verdade se pretende dar um olhar diferenciado às prin- “A manifestação do pensamento é livre e garantida em ní-
cipais normas de direitos fundamentais, compreendendo-as como vel constitucional, não aludindo a censura prévia em diversões
reflexo de um processo de incorporação. Por isso mesmo, para fins e espetáculos públicos. Os abusos porventura ocorridos no exer-
metodológicos, serão feitos comentários simultâneos ao texto cons- cício indevido da manifestação do pensamento são passíveis de
titucional e aos dispositivos do principal documento internacional exame e apreciação pelo Poder Judiciário com a consequente
declaratório dos direitos humanos, a Declaração Universal de 1948, responsabilidade civil e penal de seus autores, decorrentes in-
que com ele se relacionam. clusive de publicações injuriosas na imprensa, que deve exercer
Três aspectos merecem destaque em termos de direitos huma- vigilância e controle da matéria que divulga”58.
nos: a forma do Estado Democrático de Direito, garantindo a estrita
observância da lei e a participação do povo no processo de escolha 56 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e
dos governantes; a soberania, que sofre relativizações com a par- aplicação da Constituição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382.
ticipação do Estado na comunidade internacional; a dignidade da
pessoa humana, valor norte de todo Estado. 57 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES
A dignidade da pessoa humana é o valor-base de interpretação JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito constitucional. 10. ed.
de qualquer sistema jurídico, internacional ou nacional, que possa São Paulo: Saraiva, 2006.
se considerar compatível com os valores éticos, notadamente da 58 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito
moral, da justiça e da democracia. Pensar em dignidade da pessoa constitucional. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO
O  direito de resposta é o direito que uma pessoa tem de O livre exercício profissional é garantido, respeitados os limi-
se defender de críticas públicas no mesmo meio em que foram tes legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão de advogado
publicadas garantida exatamente a mesma repercussão. Mesmo aquele que não se formou em Direito e não foi aprovado no Exame
quando for garantido o direito de resposta não é possível reverter da Ordem dos Advogados do Brasil; não pode exercer a medicina
plenamente os danos causados pela manifestação ilícita de pensa- aquele que não fez faculdade de medicina reconhecida pelo MEC
mento, razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização. e obteve o cadastro no Conselho Regional de Medicina.
A manifestação ilícita do pensamento geralmente causa um
dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser indivi-
dual ou coletivo, moral ou material, econômico e não econômico.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (material ou 2.2.5 A POLÍCIA CIVIL E A DEFESA
imaterial) da vítima, podendo ser mensurado financeiramente e in- DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS:
denizado. A POLÍCIA JUDICIÁRIA E A PROMOÇÃO
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido
nos direitos da personalidade (como a vida, a integridade corporal,
a liberdade, a honra, o decoro, a intimidade, os sentimentos afeti-
vos, a própria imagem) ou nos atributos da pessoa (como o nome, a A segurança tem um duplo aspecto na Constituição Federal, a
capacidade, o estado de família)”59. saber, o aspecto de direito e garantia individual e coletivo, por es-
Consoante o magistério de José Afonso da Silva60, entra na li- tar prevista no caput, do art. 5º, da Constituição Federal (ao lado do
berdade de crença a liberdade de escolha da religião, a liberdade de direito à vida, da liberdade, da igualdade, e da propriedade), bem
aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade (ou o direito) de mudar como o aspecto de direito social, por estar prevista no art. 6º, da
de religião, além da liberdade de não aderir a religião alguma, as- Constituição Federal. A segurança do caput, do art. 5º, CF, todavia,
sim como a liberdade de descrença, a liberdade de ser ateu e de ex- se refere à “segurança jurídica”. Já a segurança do art. 6º, CF, se
primir o agnosticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o refere à “segurança pública”, a qual encontra disciplinamento no
livre exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liberdade
art. 144, da Constituição da República.
de culto consiste na liberdade de orar e de praticar os atos próprios
Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua que
das manifestações exteriores em casa ou em público, bem como a
a educação e a saúde são “direitos de todos e dever do Estado”,
de recebimento de contribuições para tanto. Por fim, a liberdade de
fala, por outro lado, que a segurança pública, antes mesmo de ser
organização religiosa refere-se à possibilidade de estabelecimento e
direito de todos, é um “dever do Estado”. Com isso, isto é, ao co-
organização de igrejas e suas relações com o Estado.
locar a segurança pública antes de tudo como um dever do Estado,
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimidade, ao
e só depois como um direito do todos, denota o compromisso dos
abordar a proteção da vida privada - que, em resumo, é a privacida-
de da vida pessoal no âmbito do domicílio e de círculos de amigos agentes estatais em prevenir a desordem, e, consequencialmente,
-, Silva61 entende que “o segredo da vida privada é condição de ex- evitar a justiça por próprias mãos.
pansão da personalidade”, mas não caracteriza os direitos de perso- Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Federal, se
nalidade em si. “O direito à honra distancia-se levemente dos dois afirma que a segurança pública é exercida para a preservação da
anteriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem ordem pública e da incolumidade das pessoas, como para a preser-
de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os outros vação dos patrimônios público e particular.
(honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade no meio social. O Os órgãos responsáveis pela garantia da segurança pública,
direito à imagem também possui duas conotações, podendo ser en- compondo sua estrutura, são: polícia federal; polícia rodoviária fe-
tendido em sentido objetivo, com relação à reprodução gráfica da deral; polícia ferroviária federal; polícias civis; e polícias militares
pessoa, por meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em senti- e corpos de bombeiros militares. Em destaque, o papel das polícias
do subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas pela militares, que é de polícia ostensiva e de preservação da ordem
pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”62. pública.
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode nele Com efeito, a atuação policial se dá no espaço público, que é
entrar sem o consentimento do morador, a não ser EM QUAL- aquele de uso comum e posse de todos. Por muito tempo a atua-
QUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o morador foi fla- ção das polícias ficava restrita, apenas se limitava ao exercício do
grado na prática de crime e fugiu para seu domicílio) ou desastre poder de polícia fiscalizatório e repressivo. No entanto, uma preo-
(incêndio, enchente, terremoto...) ou para prestar socorro (morador cupação social tem se arraigado nestas instituições, que tomaram
teve ataque do coração, está sufocado, desmaiado...), e SOMEN- novos rumos. Por exemplo as polícias também têm desenvolvido
TE DURANTE O DIA por determinação judicial. iniciativas junto à população em complemento às suas funções tra-
dicionais, como o caso de campanhas preventivas, da presença em
59 ZANNONI, Eduardo. El daño en la redes sociais e do serviço de ouvidoria e pesquisa de satisfação.
responsabilidad civil. Buenos Aires: Astrea, 1982. Pouco a pouco, percebe-se que há uma preocupação em apro-
60 SILVA, José Afonso da. Curso de direito ximar a polícia da sociedade, tirando a imagem de uma instituição
constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. à parte, inimiga da população. Mais que isso, pretende-se acabar
61 SILVA, José Afonso da. Curso de direito com a percepção da polícia como uma instituição avessa aos di-
constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. reitos humanos garantidos à população, passando a ser protetora
62 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso e efetivadora destes direitos, mesmo quando estiver atuando na
de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. repressão de um cidadão que infringiu a lei.

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO
Por outro lado, inegável que inúmeras notícias são veiculadas Neste ponto, será tecido um aprofundamento sobre as atitu-
diariamente a respeito da atuação policial no espaço público para des esperadas dos policiais no que tange ao respeito dos Direi-
dirimir conflitos e controlar manifestações. Muitas vezes, se dá o tos Humanos. Ricardo Balestreri63, com base em sua experiência
uso indevido da força, que deve ser coibido e caracteriza clássica de quase uma década de parceria no campo da educação para os
violação de direitos humanos. O uso desnecessário de disparos de direitos humanos junto a policiais e em demais aspectos de sua
armas, bombas de efeito moral, balas de borracha e outros aparatos experiência prática, tece treze considerações que devem ser guia
de contenção e dispersão caracteriza violação de direitos humanos, na atuação da polícia em relação aos Direitos Humanos, que estu-
notadamente, liberdade de expressão, liberdade de manifestação, daremos individualmente a partir deste ponto.
integridade física, moral e psíquica e vida. Portanto, é preciso res-
ponsabilidade na atuação policial no espaço público, utilizando da 1ª) Cidadania, dimensão primeira
força apenas na medida do necessário e sem perder de vista dos O policial é, antes de tudo um cidadão, e na cidadania deve
direitos humanos consagrados. nutrir sua razão de ser. Cidadão é aquele que possui com o Estado
Assim, durante muitos anos o tema “Direitos Humanos” foi o vínculo jurídico-político da nacionalidade, passando a compor
considerado antagônico ao de Segurança Pública. O principal mo-
o seu povo, adquirindo direitos políticos aos quais correspondem
tivo disso foi o autoritarismo vigente no país entre 1964 e 1984 e
deveres perante à sociedade. Um cidadão não é diferente do outro,
a manipulação, por ele, dos aparelhos policiais. Neste paradigma,
todos têm a mesma importância e o mesmo papel social.
a sociedade foi separada da polícia, como se esta não fizesse parte
Portanto, o policial é equiparado a todos os membros da co-
daquela.
Desde então, a polícia passou a ser caracterizada pelos seg- munidade em direitos e deveres. Sua condição de cidadania é,
mentos progressistas da sociedade de forma equivocada, quer di- portanto, condição primeira, tornando-se bizarra qualquer refle-
zer, passou a ser vista como inimiga da democracia e dos direitos xão fundada sobre suposta dualidade ou antagonismo entre uma
humanos, associando-se à repressão anti-democrática, à truculên- “sociedade civil” e outra “sociedade policial”, isto é, a sociedade
cia, ao conservadorismo. é uma só, composta por todos os cidadãos brasileiros e a polícia
Por sua vez, os Direitos Humanos como militância, na outra não forma uma sociedade paralela.
ponta, passaram a ser vistos como ideologicamente filiados à es- Essa afirmação é plenamente válida mesmo quando se trata
querda, durante toda a vigência da Guerra Fria (estranhamente, da Polícia Militar, que é um serviço público realizado na perspec-
nos países do “socialismo real”, os Direitos Humanos eram vistos tiva de uma sociedade única, da qual todos os segmentos estatais
como uma arma retórica e organizacional do capitalismo). No caso são derivados. Portanto não há, igualmente, uma “sociedade ci-
do Brasil, um país capitalista, em tempos de ditadura os Direitos vil” e outra “sociedade militar”.
Humanos faziam parte do ideário dos que tentavam derrubar o re- A “lógica” da Guerra Fria (socialismo/capitalismo), aliada
gime, por vezes utilizando-se de argumentos socialistas, ao passo aos “anos de chumbo”, no Brasil, quer dizer, ao período de di-
que aqueles que estavam no poder se valiam das violações a estes tadura militar, é que se encarregou de solidificar esses equívo-
Direitos Humanos como mecanismo para a manutenção do poder. cos, tentando transformar a polícia, de um serviço à cidadania,
Bem se sabe que até hoje se tenta quebrar o estigma conferido em ferramenta para enfrentamento do “inimigo interno”. Assim,
aos Direitos Humanos. Mesmo após a rearticulação democrática, o cidadão que não fazia parte do corpo policial passava a ser vis-
inclusive após a Constituição Federal de 1988, os defensores dos to como um potencial inimigo que pudesse derrubar o Estado.
Direitos Humanos passaram a ser vistos como defensores de ban- Mesmo após o encerramento desses anos de paranoia, sequelas
didos e da impunidade. ideológicas persistem indevidamente, obstaculizando, em algu-
Evidentemente, ambas visões, tanto a da época de ditadura mas áreas, a elucidação da real função policial.
militar quanto a que se instalou no início da redemocratização, es-
tão fortemente equivocadas e prejudicadas pelo preconceito. 2ª) Policial: cidadão qualificado
Estamos desde 1988 construindo uma nova democracia e O agente de Segurança Pública é, contudo, um cidadão qua-
essa paralisia de paradigmas das “partes” (uma vez que a visão
lificado: representa o Estado, em seu contato mais imediato com
de Direitos Humanos como um aparato de proteção de crimino-
a população. Em verdade, todo cidadão que é designado para de-
sos, embora de forma atenuada, permanece), representa um forte
sempenho de uma função pública passa a exteriorizar a imagem
impedimento à parceria para a edificação de uma sociedade mais
que o Estado pretende passar, à qual notadamente se encontra
civilizada.
Aproximar a policia das ONGs que atuam com Direitos Hu- aliado um valor ético. Mas não é o Estado que é ético ou não, e
manos, e vice-versa, é tarefa impostergável para que possamos sim as pessoas que compõem o seu aparato. Entre elas, destaca-
viver, a médio prazo, em uma nação que respire “cultura de ci- se o policial, uma das figuras representativas do Estado que mais
dadania”. Para que isso ocorra, é necessário que as lideranças do ficam aos olhos da população.
campo dos Direitos Humanos desarmem as “minas ideológicas” Sendo a autoridade mais comumente encontrada tem, portan-
altamente preconceituosas já referidas e não mais justificáveis, que to, a missão de ser uma espécie de “porta voz” popular do conjun-
agora impedem uma real aproximação. O mesmo vale para a polí- to de autoridades das diversas áreas do poder. Além disso, porta a
cia, que precisa deixar de acreditar que Direitos Humanos são um singular permissão para o uso da força e das armas, no âmbito da
inimigo para o desempenho efetivo das funções policiais. 63 BALESTERI, Ricardo. Direitos humanos:
A polícia pode aprender muito com a sociedade, e vice-versa, Coisa de polícia. Disponível em: <http://www.mpba.mp.br/
de forma a se promover uma atuação de agentes defensores da atuacao/ceosp/artigos/Balestreri_Direitos_Humanos_Coisa_
mesma democracia. policia.pdf>. Acesso em: 03 out. 2013.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO
lei, o que lhe confere natural e destacada autoridade para a cons- A polícia é, portanto, uma espécie de superego social indispen-
trução social ou para sua devastação. O impacto sobre a vida de sável em culturas urbanas, complexas e de interesses conflitantes,
indivíduos e comunidades, exercido por esse cidadão qualificado é, contendo o óbvio caos a que estaríamos expostos na absurda hi-
pois, sempre um impacto extremado e simbolicamente referencial pótese de sua inexistência. Possivelmente por isso não se conheça
para o bem ou para o mal-estar da sociedade. nenhuma sociedade contemporânea que não tenha assentamento,
entre outros, no poder da polícia. Zelar, pois, diligentemente, pela
3ª) Policial: pedagogo da cidadania segurança pública, pelo direito do cidadão de ir e vir, de não ser
Há, assim, uma dimensão pedagógica no agir policial que, molestado, de não ser saqueado, de ter respeitada sua integridade
como em outras profissões de suporte público, antecede as próprias física e moral, é dever da polícia, um compromisso com o rol mais
especificidades de sua especialidade. básico dos direitos humanos que devem ser garantidos à imensa
Os paradigmas contemporâneos na área da educação nos obri- maioria de cidadãos honestos e trabalhadores.
gam a repensar o agente educacional de forma mais includente. Para isso é que a polícia recebe desses mesmos cidadãos a un-
No passado, esse papel estava reservado unicamente aos pais, pro- ção para o uso da força, quando necessário.
fessores e especialistas em educação. Hoje é preciso incluir com
primazia no rol pedagógico também outras profissões irrecusavel- 6ª) Rigor versus violência
mente formadoras de opinião: médicos, advogados, jornalistas e O uso legítimo da força não se confunde, contudo, com trucu-
policiais, por exemplo. lência. A fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo
O policial, assim, à luz desses paradigmas educacionais mais formal, pela lei, no campo racional pela necessidade técnica e, no
abrangentes, é um pleno e legítimo educador. Essa dimensão é inab- campo moral, pelo antagonismo que deve reger a metodologia de
dicável e reveste de profunda nobreza a função policial, quando policiais e criminosos. Significa que a lei delimita juridicamente a
atuação do policial, mas a própria moralidade incute no policial o
conscientemente explicitada através de comportamentos e atitudes.
bom senso que limita suas atuações. Assim, a força deve ser usada
com bom senso, na medida do necessário ao adequado desempenho
4ª) A importância da autoestima pessoal e institucional
das funções.
O reconhecimento da mencionada “dimensão pedagógica” é,
seguramente, o caminho mais rápido e eficaz para a reconquista
7ª) Policial versus criminoso: metodologias antagônicas
da abalada autoestima policial. Note-se que os vínculos de respeito
Dessa forma, mesmo ao reprimir, o policial oferece uma visua-
e solidariedade só podem constituir-se sobre uma boa base de au-
lização pedagógica, ao antagonizar-se aos procedimentos do crime.
toestima. A experiência primária do “querer-se bem” é fundamental Em termos de inconsciente coletivo, o policial exerce função
para possibilitar o conhecimento de como chegar a “querer bem educativa arquetípica: deve ser “o mocinho”, com procedimentos
o outro”. Não podemos viver para fora o que não vivemos para e atitudes coerentes com a “firmeza moralmente reta”, oposta radi-
dentro. calmente aos desvios perversos do outro arquétipo que se lhe con-
Em nível pessoal, é fundamental que o cidadão policial sinta- trapõe: o bandido.
se motivado e orgulhoso de sua profissão. Isso só é alcançável à Ao olhar para uns e outros, é preciso que a sociedade perceba
partir de um patamar de “sentido existencial”. Se a função policial claramente as diferenças metodológicas, isto é, que distinga o mo-
for esvaziada desse sentido, transformando o homem e a mulher cinho do bandido, ou a “confusão arquetípica” intensificará sua cri-
que a exercem em meros cumpridores de ordens sem um signifi- se de moralidade, incrementando a ciranda da violência. Em outras
cado pessoalmente assumido como ideário, o resultado será uma palavras, a sociedade que não olha para o policial como a pessoa
autoimagem denegrida e uma baixa autoestima. que está certa em sua atuação, e para o bandido como aquele que
Resgatar, pois, o pedagogo que há em cada policial, é permi- deve ser reprimido, tende a delinquir. Isso significa que a violência
tir a ressignificação da importância social da polícia, com a conse- policial é geradora de mais violência da qual, mui comumente, o
quente consciência da nobreza e da dignidade dessa missão. próprio policial torna-se a vítima.
A elevação dos padrões de autoestima pode ser o caminho mais Ao policial, portanto, não cabe ser cruel com os cruéis, vin-
seguro para uma boa prestação de serviços. Só respeita o outro gativo contra os antissociais, hediondo com os hediondos. Apenas
aquele que se dá respeito a si mesmo. Um policial insatisfeito com estaria com isso, liberando, licenciando a sociedade para fazer o
as funções que desempenha não pode ser um bom policial. mesmo, a partir de seu patamar de visibilidade moral. Não se ensina
a respeitar desrespeitando, não se pode educar para preservar a vida
5ª ) Polícia e “superego” social matando, não importa quem seja. O policial jamais pode esquecer
Essa “dimensão pedagógica”, evidentemente, não se confun- que também o observa o inconsciente coletivo.
de com “dimensão demagógica” e, portanto, não exime a polícia
de sua função técnica de intervir preventivamente no cotidiano e 8ª) A “visibilidade moral” da polícia: importância do exemplo
repressivamente em momentos de crise, uma vez que democracia Essa dimensão “testemunhal”, exemplar, pedagógica, que o
nenhuma se sustenta sem a contenção do crime, sempre fundado policial carrega irrecusavelmente é, possivelmente, mais marcante
sobre uma moralidade mal constituída e hedonista, resultante de na vida da população do que a própria intervenção do educador por
uma complexidade causal que vai do social ao psicológico. ofício, o professor.
Assim como nas famílias é preciso, em “ocasiões extremas”, Esse fenômeno ocorre devido à gravidade do momento em que
que o adulto sustente, sem vacilar, limites que possam balizar mo- normalmente o policial encontra o cidadão. À polícia recorre-se,
ralmente a conduta de crianças e jovens, também em nível macro como regra, em horas de fragilidade emocional, que deixam os
é necessário que alguma instituição se encarregue da contenção da indivíduos ou a comunidade fortemente “abertos” ao impacto psi-
sociopatia. cológico e moral da ação realizada.

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO
Por essa razão é que uma intervenção incorreta funda marcas 10ª) Critérios de seleção, permanência e acompanhamento
traumáticas por anos ou até pela vida inteira, assim como a ação Essa preocupação deve crescer à medida em que tenhamos
do “bom policial” será sempre lembrada com satisfação e conforto. clara a preferência da psicopatia pelas profissões de poder. Polí-
Curiosamente, um significativo número de policiais não con- tica profissional, Forças Armadas, Comunicação Social, Direi-
segue perceber com clareza a enorme importância que têm para a to, Medicina, Magistério e Polícia são algumas das profissões
sociedade, talvez por não haverem refletido suficientemente a res- de encantada predileção para os psicopatas, sempre em busca do
peito dessa peculiaridade do impacto emocional do seu agir sobre a exercício livre e sem culpas de seu poder sobre outrem.
clientela. Justamente aí reside a maior força pedagógica da polícia, Profissões magníficas, de grande amplitude social, que agre-
a grande chave para a redescoberta de seu valor e o resgate de sua gam heróis e mesmo santos, são as mesmas que atraem a escória,
autoestima. pelo alcance que têm, pelo poder que representam.
É essa mesma “visibilidade moral” da polícia o mais forte A permissão para o uso da força, das armas, do direito a
argumento para convencê-la de sua “responsabilidade paternal” decidir sobre a vida e a morte, exercem irresistível atração à per-
(ainda que não paternalista) sobre a comunidade. Zelar pela ordem versidade, ao delírio onipotente, à loucura articulada.
pública é, assim, acima de tudo, dar exemplo de conduta fortemente
Os processos de seleção de policiais devem tornar-se cada
baseada em princípios. Não há exceção quando tratamos de princí-
vez mais rígidos no bloqueio à entrada desse tipo de gente. Igual-
pios, mesmo quando está em questão a prisão, guarda e condução
mente, é nefasta a falta de um maior acompanhamento psicológi-
de malfeitores.
Se o policial é capaz de transigir nos seus princípios de civili- co aos policiais já na ativa.
dade, isto é, de relativizá-los, quando no contato com os sociopatas, A polícia é chamada a cuidar dos piores dramas da popula-
abona a violência, contamina-se com o que nega, conspurca a nor- ção e nisso reside um componente desequilibrador. Quem cuida
malidade, confunde o imaginário popular e rebaixa-se à igualdade da polícia?
de procedimentos com aqueles que combate. Os governos, de maneira geral, estruturam pobremente os
Note-se que a perspectiva, aqui, não é refletir do ponto de vista serviços de atendimento psicológico aos policiais e aproveitam
da “defesa do bandido”, mas da defesa da dignidade do policial. muito mal os policiais diplomados nas áreas de saúde mental.
A violência desequilibra e desumaniza o sujeito, não importa Evidentemente, se os critérios de seleção e permanência de-
com que fins seja cometida, e não restringe-se a áreas isoladas, mas, vem tornar-se cada vez mais exigentes, espera-se que o Estado
fatalmente, acaba por dominar-lhe toda a conduta. O violento se cuide também de retribuir com salários cada vez mais dignos.
dá uma perigosa permissão de exercício de pulsões negativas, que De qualquer forma, o zelo pelo respeito e a decência dos
vazam gravemente sua censura moral e que, inevitavelmente, vão quadros policiais não cabe apenas ao Estado mas aos próprios
alastrando-se em todas as direções de sua vida, de maneira incon- policiais, os maiores interessados em participarem de instituições
trolável. livres de vícios, valorizadas socialmente e detentoras de credibi-
lidade histórica.
9ª) “Ética” corporativa versus ética cidadã
Essa consciência da autoimportância obriga o policial a ab- 11ª) Direitos Humanos dos policiais: humilhação ver-
dicar de qualquer lógica corporativista. Por lógica corporativista, sus hierarquia
entende-se reforçar a distinção da polícia como uma corporação O equilíbrio psicológico, tão indispensável na ação da polí-
alheia à sociedade, autônoma. cia, passa também pela saúde emocional da própria instituição.
Ter identidade com a polícia, amar a corporação da qual parti- Mesmo que isso não se justifique, sabemos que policiais maltra-
cipa, coisas essas desejáveis, não se podem confundir, em momento tados internamente tendem a descontar sua agressividade sobre
algum, com acobertar práticas abomináveis. Ao contrário, a verda- o cidadão. Evidentemente, polícia não funciona sem hierarquia.
deira identidade policial exige do sujeito um permanente zelo pela Há, contudo, clara distinção entre hierarquia e humilhação, entre
“limpeza” da instituição da qual participa.
ordem e perversidade.
Um verdadeiro policial, ciente de seu valor social, será o pri-
Em muitas academias de polícia (é claro que não em todas)
meiro interessado no “expurgo” dos maus profissionais, dos cor-
os policiais parecem ainda ser “adestrados” para alguma suposta
ruptos, dos torturadores, dos psicopatas. Sabe que o lugar deles
“guerra de guerrilhas”, sendo submetidos a toda ordem de maus-
não é polícia, pois, além do dano social que causam, prejudicam o
equilíbrio psicológico de todo o conjunto da corporação e inundam tratos (beber sangue no pescoço da galinha, ficar em pé sobre
os meios de comunicação social com um marketing que denigre o formigueiro, ser “afogado” na lama por superior hierárquico, são
esforço heróico de todos aqueles outros que cumprem corretamente só alguns dos recentes exemplos que tenho colecionado à partir
sua espinhosa missão. Por esse motivo, não está disposto a conce- da narrativa de policiais).
der-lhes qualquer tipo de espaço. Por uma contaminação da ideologia militar (diga-se de pas-
Aqui, se antagoniza a “ética da corporação” (que na verdade é sagem, presente não apenas nas PMs mas também em muitas po-
a negação de qualquer possibilidade ética) com a ética da cidadania lícias civis), os futuros policiais são, muitas vezes, submetidos a
(aquela voltada à missão da polícia junto a seu cliente, o cidadão). violento estresse psicológico, a fim de atiçar-lhes a raiva contra o
O acobertamento de práticas espúrias demonstra, ao contrário “inimigo” (será, nesse caso, o cidadão?).
do que muitas vezes parece, o mais absoluto desprezo pelas institui- Essa permissividade na violação interna dos Direitos Hu-
ções policiais. Quem acoberta o espúrio permite que ele enxovalhe manos dos policiais pode dar guarida à ação de personalidades
a imagem do conjunto da instituição e mostra, dessa forma, não ter sádicas e depravadas, que usam sua autoridade superior como
qualquer respeito pelo ambiente do qual faz parte. cobertura para o exercício de suas doenças.

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO
Além disso, como os policiais não vão lutar na extinta guerra Conclusão
do Vietnã, mas atuar nas ruas das cidades, esse tipo de “formação” A polícia, como instituição de serviço à cidadania em uma
(deformadora) representa uma perda de tempo, geradora apenas de de suas demandas mais básicas - Segurança Pública - tem tudo
brutalidade, atraso técnico e incompetência. para ser altamente respeitada e valorizada. Para tanto, precisa
A verdadeira hierarquia só pode ser exercida com base na lei e na resgatar a consciência da importância de seu papel social e, por
lógica, longe, portanto, do personalismo e do autoritarismo doentios. conseguinte, a autoestima.
 O respeito aos superiores não pode ser imposto na base da hu- Esse caminho passa pela superação das sequelas deixadas
milhação e do medo. Não pode haver respeito unilateral, como não pelo período ditatorial: velhos ranços psicopáticos, às vezes ain-
pode haver respeito sem admiração. Não podemos respeitar aqueles da abancados no poder, contaminação anacrônica pela ideologia
a quem odiamos. militar da Guerra Fria, crença de que a competência se alcança
A hierarquia é fundamental para o bom funcionamento da polí- pela truculência e não pela técnica, maus-tratos internos a poli-
cia, mas ela só pode ser verdadeiramente alcançada através do exer- ciais de escalões inferiores, corporativismo no acobertamento de
cício da liderança dos superiores, o que pressupõe práticas bilaterais práticas incompatíveis com a nobreza da missão policial.
de respeito, competência e seguimento de regras lógicas e suprapes- O processo de modernização democrática já está instaurado
soais.
e conta com a parceria de organizações como a Anistia Interna-
cional (que, dentro e fora do Brasil, aliás, mantém um notável
12ª) Direitos Humanos dos policiais: humilhação versus hie-
quadro de policiais a ela filiados).
rarquia
No extremo oposto, a debilidade hierárquica é também um mal. Dessa forma, o velho paradigma antagonista da Segurança
Pode passar uma imagem de descaso e desordem no serviço públi- Pública e dos Direitos Humanos precisa ser substituído por um
co, além de enredar na malha confusa da burocracia toda a prática novo, que exige desacomodação de ambos os campos: “Seguran-
policial. ça Pública com Direitos Humanos”.
A falta de uma Lei Orgânica Nacional para a polícia civil, por O policial, pela natural autoridade moral que porta, tem o po-
exemplo, pode propiciar um desvio fragmentador dessa instituição, tencial de ser o mais marcante promotor dos Direitos Humanos,
amparando uma tendência de definição de conduta, em alguns casos, revertendo o quadro de descrédito social e qualificando-se como
pela mera junção, em “colcha de retalhos”, do conjunto das práticas um personagem central da democracia. As organizações não-go-
de suas delegacias. vernamentais que ainda não descobriram a força e a importância
Enquanto um melhor direcionamento não ocorre em plano na- do policial como agente de transformação, devem abrir-se, ur-
cional, é fundamental que os estados e instituições da polícia civil gentemente, a isso, sob pena de, aferradas a velhos paradigmas,
direcionem estrategicamente o processo de maneira a unificar sob perderem o concurso da ação impactante desse ator social.
regras claras a conduta do conjunto de seus agentes, transcendendo Direitos Humanos, cada vez mais, também é coisa de polí-
a mera predisposição dos delegados localmente responsáveis (e su- cia!
perando, assim, a “ordem” fragmentada, baseada na personificação).
Além do conjunto da sociedade, a própria polícia civil será altamente
beneficiada, uma vez que regras objetivas para todos (incluídas aí as
condutas internas) só podem dar maior segurança e credibilidade aos 2.2.5 O DIREITO DE RECEBER
que precisam executar tão importante e ao mesmo tempo tão intrin- SERVIÇOS PÚBLICOS ADEQUADOS
cado e difícil trabalho.

13ª) A formação dos policiais


A superação desses desvios poderia dar-se, ao menos em parte, Conceitos de eficiência, eficácia e efetividade na adminis-
pelo estabelecimento de um “núcleo comum”, de conteúdos e meto-
tração pública
dologias na formação de ambas as polícias, que privilegiasse a for-
mação do juízo moral, as ciências humanísticas e a tecnologia como
A eficiência não se confunde com a eficácia e a efetividade.
contraponto de eficácia à incompetência da força bruta. Trata-se de
aprender a ser policial, tendo por base de estudo todas as diretrizes A eficiência da Administração Pública é vista sob dois as-
anteriores. pectos: produtividade e economicidade, de forma a reduzir os
Aqui, deve-se ressaltar a importância das academias de Polícia desperdícios de dinheiro público e executar, ainda assim, tais
Civil, das escolas formativas de oficiais e soldados e dos institutos serviços com presteza, perfeição e rendimento funcional. Logo,
superiores de ensino e pesquisa, como bases para a construção da transmite sentido relacionado ao modo pelo qual se processa o
Polícia Cidadã, seja através de suas intervenções junto aos policiais desempenho da atividade administrativa, quer dizer, relaciona-se
ingressantes, seja na qualificação daqueles que se encontram há mais à conduta dos agentes.
tempo na ativa. Um bom currículo e professores habilitados não ape- Eficácia, por sua vez, tem relação com os meios e instru-
nas nos conhecimentos técnicos, mas igualmente nas artes didáticas mentos empregados pelos agentes no exercício de seus misteres
e no relacionamento interpessoal, são fundamentais para a geração na administração, ou seja, trata-se de expressão com sentido ins-
de policiais que atuem com base na lei e na ordem hierárquica, mas trumental.
também na autonomia moral e intelectual. Do policial contemporâ- Por fim, efetividade é voltada para os resultados obtidos com
neo, mesmo o de mais simples escalão, se exigirá, cada vez mais, as ações administrativas, sobreleva neste aspecto a positividade
discernimento de valores éticos e condução rápida de processos de dos objetivos. A efetividade é a consequência do que é efetivo,
raciocínio na tomada de decisões. isto é, constitui a produção de um resultado por uma ação efetiva.

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO
O desejável é que tais qualificações caminhem simultanea- Reconhecendo que os direitos essenciais do homem não de-
mente, mas é possível admitir que haja condutas administrativas rivam do fato de ser ele nacional de determinado Estado, mas sim
produzidas com eficiência, embora não tenham eficácia ou efetivi- do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana,
dade. Ou ainda, a conduta pode não ser muito eficiente mas, por razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza
conta dos meios eficazes, acabar por ser efetiva. Até é possível convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o di-
admitir que condutas eficientes e eficazes acabem por não alcançar reito interno dos Estados americanos;
os resultados desejados, sendo assim despidas de efetividade. Considerando que esses princípios foram consagrados na
Carta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração
Qualidade no serviço público Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração
Primeiramente, tem-se que os serviços públicos devem aten- Universal dos Direitos do Homem e que foram reafirmados e de-
der à característica da generalidade, porque devem ser prestados senvolvidos em outros instrumentos internacionais, tanto de âmbi-
com a maior amplitude possível, isto é, beneficiar o maior número to mundial como regional;
possível de indivíduos, não se perdendo de vista a promoção da Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos
igualdade material entre os beneficiários. Direitos do Homem, só pode ser realizado o ideal do ser humano
Por sua vez, o artigo 22, caput do Código de Defesa do Con- livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições
sumidor reflete bem a qualidade esperada do serviço público: “Os que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos,
órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permis- sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e
sionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são Considerando que a Terceira Conferência Interamericana
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à pró-
quanto aos essenciais, contínuos”. pria Carta da Organização de normas mais amplas sobre direitos
Adequados são os serviços compatíveis com as necessidades econômicos, sociais e educacionais e resolveu que uma convenção
da pessoa atendida e com os requisitos objetivos para o tipo de interamericana sobre direitos humanos determinasse a estrutura,
serviço que se espera ser prestado naquela situação. competência e processo dos órgãos encarregados dessa matéria,
Seguros são os serviços que não expõem a pessoa atendida a  
riscos desnecessários, que fujam às expectativas normais de risco Convieram no seguinte:
do serviço prestado.
Eficientes são os serviços compatíveis com os novos proces- PARTE I
sos tecnológicos, mas que respeitem o menor gasto possível.
DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGI-
Contínuos são os serviços públicos que não sofrem interrup-
DOS
ção. A prestação dos serviços públicos deve ser contínua para evi-
CAPÍTULO I
tar que a paralisação provoque colapso nas múltiplas atividades
ENUMERAÇÃO DE DEVERES
particulares.
 
Se o serviço público for dotado destas características míni-
Artigo 1. Obrigação de respeitar os direitos
mas, possuirá qualidade.
1. Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a res-
peitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu
livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua juris-
2.2.6 OS SISTEMAS GLOBAL E dição, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo,
AMERICANO DE PROTEÇÃO DOS idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra nature-
DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS: za, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS qualquer outra condição social.
DIREITOS HUMANOS E A CONVENÇÃO 2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS Artigo 2. Dever de adotar disposições de direito interno
(PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA)  
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no ar-
tigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou
de outra natureza, os Estados Partes comprometem-se a adotar, de
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HU- acordo com as suas normas constitucionais e com as disposições
MANOS desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que
(Assinada na Conferência Especializada Interamericana sobre forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades. 
Direitos Humanos,
San José, Costa Rica, em 22 de novembro de 1969)  CAPÍTULO II
  DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
PREÂMBULO  
  Artigo 3. Direito ao reconhecimento da personalidade ju-
Os Estados americanos signatários da presente Convenção, rídica
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente,  
dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de li- Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua persona-
berdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direi- lidade jurídica.
tos essenciais do homem;  

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 4. Direito à vida devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades
  públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de
direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento caráter privado;
da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. b. o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta motivos de consciência, o serviço nacional que a lei estabelecer
só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento em lugar daquele;
de sentença final de tribunal competente e em conformidade com c. o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que
lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido ameace a existência ou o bem-estar da comunidade; e
cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais d. o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas
não se aplique atualmente. normais.
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que  
a hajam abolido. Artigo 7. Direito à liberdade pessoal
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por  
delitos políticos, nem por delitos comuns conexos com delitos po- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.
líticos. 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no mo- pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas constitui-
mento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou ções políticas dos Estados Partes ou pelas leis de acordo com elas
maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. promulgadas.
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anis- 3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramen-
tia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos to arbitrários.
em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões
o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente. da sua detenção e notificada, sem demora, da acusação ou acusa-
  ções formuladas contra ela.
Artigo 5. Direito à integridade pessoal 5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem de-
  mora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de
física, psíquica e moral. um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.
liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade ine- 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um
rente ao ser humano. juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora,
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura
4. Os processados devem ficar separados dos condenados, sal- se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados Partes cujas
vo em circunstâncias excepcionais, e ser submetidos a tratamento leis preveem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada
de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal com-
adequado à sua condição de pessoas não condenadas.
petente a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça,
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser
tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode
separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com
ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.
a maior rapidez possível, para seu tratamento.
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não
6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade
limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos
essencial a reforma e a readaptação social dos condenados.
em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.
 
 
Artigo 6. Proibição da escravidão e da servidão Artigo 8. Garantias judiciais
   
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão, e 1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas ga-
tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são rantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal
proibidos em todas as suas formas. competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra
ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos, ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de na-
pena privativa da liberdade acompanhada de trabalhos forçados, tureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma
o cumprimento da dita pena, imposta por juiz ou tribunal compe- sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa.
tente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem a capa- Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade,
cidade física e intelectual do recluso. às seguintes garantias mínimas:
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os a. direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tra-
efeitos deste artigo: dutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do
a. os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa juízo ou tribunal;
reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedida b. comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusa-
pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços ção formulada;

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO
c. concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias
a preparação de sua defesa; crenças está sujeita unicamente às limitações prescritas pela lei e
d. direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser que sejam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde
assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livre- ou a moral públicas ou os direitos ou liberdades das demais pessoas.
mente e em particular, com seu defensor; 4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que
e. direito irrenunciável de ser assistido por um defensor pro- seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa e moral que
porcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação esteja acorde com suas próprias convicções.
interna, se o acusado não se defender ele próprio nem nomear de-  
fensor dentro do prazo estabelecido pela lei; Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão
f. direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tri-  
bunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de
de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos; expressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar, receber
g. direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a e difundir informações e ideias de toda natureza, sem consideração
de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou
declarar-se culpada; e
artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
h. direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de
pode estar sujeito a censura prévia, mas a responsabilidades ulterio-
nenhuma natureza. res, que devem ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias
4. O acusado absolvido por sentença passada em julgado não para assegurar:
poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos. a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for neces- b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da
sário para preservar os interesses da justiça. saúde ou da moral
  públicas.
Artigo 9. Princípio da legalidade e da retroatividade 3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou
  meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou parti-
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no culares de papel de imprensa, de frequências radioelétricas ou de
momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acor- equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem
do com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a
grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se circulação de ideias e opiniões.
depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura pré-
mais leve, o delinquente será por isso beneficiado. via, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para prote-
  ção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto
Artigo 10. Direito a indenização no inciso 2.
   
Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem
caso de haver sido condenada em sentença passada em julgado, como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que consti-
por erro judiciário. tua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.
   
Artigo 11. Proteção da honra e da dignidade Artigo 14. Direito de retificação ou resposta
   
1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reco- 1. Toda pessoa atingida por informações inexatas ou ofensivas
emitidas em seu prejuízo por meios de difusão legalmente regula-
nhecimento de sua dignidade.
mentados e que se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer,
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abu-
pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas con-
sivas em sua vida privada, na de sua família, em seu domicílio ou
dições que estabeleça a lei.
em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou 2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das
reputação. outras responsabilidades legais em que se houver incorrido.
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais inge- 3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publi-
rências ou tais ofensas. cação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rádio ou televi-
  são, deve ter uma pessoa responsável que não seja protegida por
Artigo 12. Liberdade de consciência e de religião imunidades nem goze de foro especial.
   
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de Artigo 15. Direito de reunião
religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião  
ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O
a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas
individual ou coletivamente, tanto em público como em privado. pela lei e que sejam necessárias, numa sociedade democrática, no
2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem públi-
limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou cas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e
de mudar de religião ou de crenças. liberdades das demais pessoas.

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 16. Liberdade de associação Artigo 21. Direito à propriedade privada
   
1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus bens. A lei
com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, traba- pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.
lhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer outra na- 2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo me-
tureza. diante o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade
2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições pública ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos
previstas pela lei que sejam necessárias, numa sociedade demo- pela lei.
crática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da 3. Tanto a usura como qualquer outra forma de exploração do
ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou homem pelo homem devem ser reprimidas pela lei.
os direitos e liberdades das demais pessoas.  
3. O disposto neste artigo não impede a imposição de restri- Artigo 22. Direito de circulação e de residência
ções legais, e mesmo a privação do exercício do direito de asso-  
ciação, aos membros das forças armadas e da polícia. 1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Es-
tado tem direito de circular nele e de nele residir em conformidade
 
com as disposições legais.
Artigo 17. Proteção da família
2. Toda pessoa tem o direito de sair livremente de qualquer
 
país, inclusive do próprio.
1. A família é o elemento natural e fundamental da socieda-
3. O exercício dos direitos acima mencionados não pode ser
de e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado. restringido senão em virtude de lei, na medida indispensável,
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contraí- numa sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou
rem casamento e de fundarem uma família, se tiverem a idade e para proteger a segurança nacional, a segurança ou a ordem pú-
as condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida em blicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das
que não afetem estas o princípio da não-discriminação estabele- demais pessoas.
cido nesta Convenção. 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode tam-
3. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno bém ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo
consentimento dos contraentes. de interesse público.
4. Os Estados Partes devem tomar medidas apropriadas no 5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual
sentido de assegurar a igualdade de direitos e a adequada equiva- for nacional, nem ser privado do direito de nele entrar.
lência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, 6. O estrangeiro que se ache legalmente no território de um
durante o casamento e em caso de dissolução do mesmo. Em Estado Parte nesta Convenção só poderá dele ser expulso em cum-
caso de dissolução, serão adotadas disposições que assegurem a primento de decisão adotada de acordo com a lei.
proteção necessária aos filhos, com base unicamente no interesse 7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em ter-
e conveniência dos mesmos. ritório estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nas- comuns conexos com delitos políticos e de acordo com a legisla-
cidos fora do casamento como aos nascidos dentro do casamento. ção de cada Estado e com os convênios internacionais.
  8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entre-
Artigo 18. Direito ao nome gue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou
  à liberdade pessoal esteja em risco de violação por causa da sua
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões
pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar políticas.
a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se for necessário. 9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
   
Artigo 23. Direitos políticos
Artigo 19. Direitos da criança
 
 
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e
Toda criança tem direito às medidas de proteção que a sua
oportunidades:
condição de menor requer por parte da sua família, da sociedade
a. de participar na direção dos assuntos públicos, diretamente
e do Estado. ou por meio de representantes livremente eleitos;
  b. de votar e ser eleitos em eleições periódicas autênticas, rea-
Artigo 20. Direito à nacionalidade lizadas por sufrágio universal e igual e por voto secreto que garan-
  ta a livre expressão da vontade dos eleitores; e
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.  c. de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções
  públicas de seu país.
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em 2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades
cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra. a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivos de
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua naciona- idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade ci-
lidade nem do direito de mudá-la. vil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em processo
  penal. 

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 24. Igualdade perante a lei 3. Todo Estado Parte que fizer uso do direito de suspensão de-
  verá informar imediatamente os outros Estados Partes na presente
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm Convenção, por intermédio do Secretário-Geral da Organização
direito, sem discriminação, a igual proteção da lei. dos Estados Americanos, das disposições cuja aplicação haja sus-
  pendido, dos motivos determinantes da suspensão e da data em
Artigo 25. Proteção judicial que haja dado por terminada tal suspensão.
   
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a Artigo 28. Cláusula federal
qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais com-  
petentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos funda- 1. Quando se tratar de um Estado Parte constituído como Es-
mentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente tado federal, o governo nacional do aludido Estado Parte cumprirá
Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas todas as disposições da presente Convenção, relacionadas com as
que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais. matérias sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.
2. Os Estados Partes comprometem-se:  
a. a assegurar que a autoridade competente prevista pelo siste- 2. No tocante às disposições relativas às matérias que corres-
ma legal do pondem à competência das entidades componentes da federação, o
Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que interpuser governo nacional deve tomar imediatamente as medidas pertinen-
tal recurso; te, em conformidade com sua constituição e suas leis, a fim de que
b. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e as autoridades competentes das referidas entidades possam adotar
c. a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, as disposições cabíveis para o cumprimento desta Convenção.
de toda decisão em que se tenha considerado procedente o recurso.   
  3. Quando dois ou mais Estados Partes decidirem constituir
CAPÍTULO III entre eles uma federação ou outro tipo de associação, diligenciarão
DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS no sentido de que o pacto comunitário respectivo contenha as dis-
  posições necessárias para que continuem sendo efetivas no novo
Artigo 26. Desenvolvimento progressivo Estado assim organizado as normas da presente Convenção.
 
 
Artigo 29. Normas de interpretação
Os Estados Partes comprometem-se a adotar providências,
 
tanto no âmbito interno como mediante cooperação internacional,
Nenhuma disposição desta Convenção pode ser interpretada
especialmente econômica e técnica, a fim de conseguir progressi-
no sentido de:
vamente a plena efetividade dos direitos que decorrem das normas
a. permitir a qualquer dos Estados Partes, grupo ou pessoa, su-
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura, constantes
primir o gozo e exercício dos direitos e liberdades reconhecidos na
da Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo
Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista;
Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos disponíveis, por
b. limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade
via legislativa ou por outros meios apropriados.  que possam ser reconhecidos de acordo com as leis de qualquer
  dos Estados Partes ou de acordo com outra convenção em que seja
CAPÍTULO IV parte um dos referidos Estados;
SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTERPRETAÇÃO E c. excluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser
APLICAÇÃO humano ou que decorrem da forma democrática representativa de
  governo; e
Artigo 27. Suspensão de garantias d. excluir ou limitar o efeito que possam produzir a Declara-
  ção Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos
1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emer- internacionais da mesma natureza.
gência que ameace a independência ou segurança do Estado Parte,  
este poderá adotar disposições que, na medida e pelo tempo estrita- Artigo 30. Alcance das restrições
mente limitados às exigências da situação, suspendam as obrigações  
contraídas em virtude desta Convenção, desde que tais disposições As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção, ao
não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o gozo e exercício dos direitos e liberdades nela reconhecidos, não
Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma fundada podem ser aplicadas senão de acordo com leis que forem promul-
em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou origem social. gadas por motivo de interesse geral e com o propósito para o qual
2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direi- houverem sido estabelecidas.
tos determinados seguintes artigos: 3 (Direito ao reconhecimento da  
personalidade jurídica); 4 (Direito à vida); 5 (Direito à integridade Artigo 31. Reconhecimento de outros direitos
pessoal); 6 (Proibição da escravidão e servidão); 9 (Princípio da le-  
galidade e da retroatividade); 12 (Liberdade de consciência e de re- Poderão ser incluídos no regime de proteção desta Conven-
ligião); 17 (Proteção da família); 18 (Direito ao nome); 19 (Direitos ção outros direitos e liberdades que forem reconhecidos de acordo
da criança); 20 (Direito à nacionalidade) e 23 (Direitos políticos), com os processos estabelecidos nos artigos 76 e 77. 
nem das garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos.  

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO V Artigo 38
DEVERES DAS PESSOAS  
  As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se devam à ex-
Artigo 32. Correlação entre deveres e direitos piração normal do mandato, serão preenchidas pelo Conselho Per-
  manente da Organização, de acordo com o que dispuser o Estatuto
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comunidade da Comissão.
e a humanidade.  
2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos dos Artigo 39
demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências do bem  
comum, numa sociedade democrática. A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação
  da Assembleia Geral e expedirá seu próprio regulamento.
PARTE II  
MEIOS DA PROTEÇÃO Artigo 40
CAPÍTULO VI  
ÓRGÃOS COMPETENTES Os serviços de secretaria da Comissão devem ser desempenha-
  dos pela unidade funcional especializada que faz parte da Secretaria-
Artigo 33 Geral da Organização e devem dispor dos recursos necessários para
 São competentes para conhecer dos assuntos relacionados cumprir as tarefas que lhe forem confiadas pela Comissão.
com o cumprimento dos compromissos assumidos pelos Estados  
Partes nesta Convenção: Seção 2 — Funções
a. a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, doravante  
denominada a Comissão; e Artigo 41
b. a Corte Interamericana de Direitos Humanos, doravante de-  
nominada a Corte.  A Comissão tem a função principal de promover a observância
  e a defesa dos direitos humanos e, no exercício do seu mandato, tem
CAPÍTULO VII
as seguintes funções e atribuições:
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HU-
a. estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da
MANOS
América;
 
b. formular recomendações aos governos dos Estados mem-
Seção 1 — Organização
bros, quando o considerar conveniente, no sentido de que adotem
medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito de
Artigo 34
suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como dispo-
  A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-
se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de alta autoridade sições apropriadas para promover o devido respeito a esses direitos;
moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos. c. preparar os estudos ou relatórios que considerar convenientes
  para o desempenho de suas funções;
Artigo 35 d. solicitar aos governos dos Estados membros que lhe propor-
  cionem informações sobre as medidas que adotarem em matéria de
A Comissão representa todos os membros da Organização dos direitos humanos;
Estados Americanos. e. atender às consultas que, por meio da Secretaria-Geral da
  Organização dos Estados Americanos, lhe formularem os Estados
Artigo 36 membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e,
 1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pessoal, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que
pela Assembleia Geral da Organização, de uma lista de candidatos eles lhe solicitarem;
propostos pelos governos dos Estados membros. f. atuar com respeito às petições e outras comunicações, no
2. Cada um dos referidos governos pode propor até três can- exercício de sua autoridade, de conformidade com o disposto nos
didatos, nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro artigos 44 a 51 desta Convenção; e
Estado membro da Organização dos Estados Americanos. Quando g. apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Organi-
for proposta uma lista de três candidatos, pelo menos um deles de- zação dos Estados Americanos.
verá ser nacional de Estado diferente do proponente.  
  Artigo 42
Artigo 37  
  Os Estados Partes devem remeter à Comissão cópia dos re-
1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro anos e só latórios e estudos que, em seus respectivos campos, submetem
poderão ser reeleitos uma vez, porém o mandato de três dos mem- anualmente às Comissões Executivas do Conselho Interamericano
bros designados na primeira eleição expirará ao cabo de dois anos. Econômico e Social e do Conselho Interamericano de Educação,
Logo depois da referida eleição, serão determinados por sorteio, na Ciência e Cultura, a fim de que aquela vele por que se promovam
Assembleia Geral, os nomes desses três membros. os direitos decorrentes das normas econômicas, sociais e sobre edu-
2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional de cação, ciência e cultura, constantes da Carta da Organização dos
um mesmo Estado.  Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 43 b. não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus
  direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido
Os Estados Partes obrigam-se a proporcionar à Comissão as ele impedido de esgotá-los; e
informações que esta lhes solicitar sobre a maneira pela qual o seu c. houver demora injustificada na decisão sobre os menciona-
direito interno assegura a aplicação efetiva de quaisquer disposi- dos recursos.
ções desta Convenção.  
  Artigo 47
Seção 3 — Competência  
  A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comuni-
Artigo 44 cação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 quando:
  a. não preencher algum dos requisitos estabelecidos no artigo
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-gover- 46;
namental legalmente reconhecida em um ou mais Estados mem- b. não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos
bros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que garantidos por esta
contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por Convenção;
um Estado Parte. c. pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for
  manifestamente infundada a petição ou comunicação ou for evi-
Artigo 45 dente sua total improcedência; ou
1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito do seu d. for substancialmente reprodução de petição ou comunica-
instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou ção anterior, já examinada pela Comissão ou por outro organismo
em qualquer momento posterior, declarar que reconhece a compe- internacional. 
tência da Comissão para receber e examinar as comunicações em  
que um Estado Parte alegue haver outro Estado Parte incorrido em Seção 4 — Processo
violações dos direitos humanos estabelecidos nesta Convenção. Artigo 48
2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só podem  
ser admitidas e examinadas se forem apresentadas por um Estado 1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação na
Parte que haja feito uma declaração pela qual reconheça a referi- qual se alegue violação de qualquer dos direitos consagrados nesta
da competência da Comissão. A Comissão não admitirá nenhuma Convenção, procederá da seguinte maneira:
comunicação contra um Estado Parte que não haja feito tal decla- a. se reconhecer a admissibilidade da petição ou comunica-
ração. ção, solicitará informações ao Governo do Estado ao qual pertença
3. As declarações sobre reconhecimento de competência po- a autoridade apontada como responsável pela violação alegada e
dem ser feitas para que esta vigore por tempo indefinido, por pe- transcreverá as partes pertinentes da petição ou comunicação. As
ríodo determinado ou para casos específicos. referidas informações devem ser enviadas dentro de um prazo ra-
4. As declarações serão depositadas na Secretária-geral da Or- zoável, fixado pela Comissão ao considerar as circunstâncias de
ganização dos Estados Americanos, a qual encaminhará cópia das cada caso;
mesmas aos Estados membros da referida Organização. b. recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fixado
  sem que sejam elas recebidas, verificará se existem ou subsistem
Artigo 46 os motivos da petição ou comunicação. No caso de não existirem
  ou não subsistirem, mandará arquivar o expediente;
1. Para que uma petição ou comunicação apresentada de c. poderá também declarar a inadmissibilidade ou a improce-
acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será dência da petição ou comunicação, com base em informação ou
necessário: prova supervenientes;
a. que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da juris- d. se o expediente não houver sido arquivado, e com o fim de
dição interna, de acordo com os princípios de direito internacional comprovar os fatos, a Comissão procederá, com conhecimento das
geralmente reconhecidos; partes, a um exame do assunto exposto na petição ou comunica-
b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir ção. Se for necessário e conveniente, a Comissão procederá a uma
da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha investigação para cuja eficaz realização solicitará, e os Estados
sido notificado da decisão definitiva; interessados lhes proporcionarão todas as facilidades necessárias;
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja pen- e. poderá pedir aos Estados interessados qualquer informação
dente de outro processo de solução internacional; e pertinente e receberá, se isso lhe for solicitado, as exposições ver-
d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a bais ou escritas que apresentarem os interessados; e
nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa f. pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de che-
ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a gar a uma solução amistosa do assunto, fundada no respeito aos
petição. direitos humanos reconhecidos nesta Convenção.
2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste artigo não 2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser realizada
se aplicarão quando: uma investigação, mediante prévio consentimento do Estado em
a. não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, cujo território se alegue haver sido cometida a violação, tão so-
o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que mente com a apresentação de uma petição ou comunicação que
se alegue tenham sido violados; reúna todos os requisitos formais de admissibilidade. 

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 49 Artigo 53
   
Se se houver chegado a uma solução amistosa de acordo com 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo
as disposições do inciso 1, f, do artigo 48, a Comissão redigirá um voto da maioria absoluta dos Estados Partes na Convenção, na As-
relatório que será encaminhado ao peticionário e aos Estados Par- sembleia Geral da Organização, de uma lista de candidatos propostos
tes nesta Convenção e, posteriormente, transmitido, para sua pu- pelos mesmos Estados.
blicação, ao Secretário-Geral da Organização dos Estados Ameri- 2. Cada um dos Estados Partes pode propor até três candidatos,
canos. O referido relatório conterá uma breve exposição dos fatos nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro Estado
e da solução alcançada. Se qualquer das partes no caso o solicitar, membro da Organização dos Estados Americanos. Quando se pro-
ser-lhe-á proporcionada a mais ampla informação possível. puser uma lista de três candidatos, pelo menos um deles deverá ser
  nacional de Estado diferente do proponente.
Artigo 50  
  Artigo 54
1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do prazo que for  
fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá um relatório no 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período de seis anos
qual exporá os fatos e suas conclusões. Se o relatório não repre- e só poderão ser reeleitos uma vez. O mandato de três dos juízes
sentar, no todo ou em parte, o acordo unânime dos membros da designados na primeira eleição expirará ao cabo de três anos. Ime-
Comissão, qualquer deles poderá agregar ao referido relatório seu diatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão por sorteio,
voto em separado. Também se agregarão ao relatório as exposições na Assembleia Geral, os nomes desses três juízes.
verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos interessados em 2. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não haja expi-
virtude do inciso 1, e, do artigo 48. rado, completará o período deste.
2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, aos 3. Os juízes permanecerão em funções até o término dos seus
quais não será facultado publicá-lo. mandatos. Entretanto, continuarão funcionando nos casos de que já
3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular as houverem tomado conhecimento e que se encontrem em fase de sen-
proposições e recomendações que julgar adequadas.
tença e, para tais efeitos, não serão substituídos pelos novos juízes
 
eleitos.
Artigo 51
 
 
Artigo 55
1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos Estados
 
interessados do relatório da Comissão, o assunto não houver sido
1. O juiz que for nacional de algum dos Estados Partes no caso
solucionado ou submetido à decisão da Corte pela Comissão ou
submetido à Corte, conservará o seu direito de conhecer do mesmo. 
pelo Estado interessado, aceitando sua competência, a Comissão
2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for de na-
poderá emitir, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros,
sua opinião e conclusões sobre a questão submetida à sua consi- cionalidade de um dos Estados Partes, outro Estado Parte no caso
deração. poderá designar uma pessoa de sua escolha para fazer parte da Corte
2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará um na qualidade de juiz ad hoc.
prazo dentro do qual o Estado deve tomar as medidas que lhe com- 3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso, nenhum for
petirem para remediar a situação examinada. da nacionalidade dos Estados Partes, cada um destes poderá designar
3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo voto um juiz ad hoc.
da maioria absoluta dos seus membros, se o Estado tomou ou não 4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no artigo 52.
medidas adequadas e se publica ou não seu relatório. 5. Se vários Estados Partes na Convenção tiverem o mesmo inte-
  resse no caso, serão considerados como uma só Parte, para os fins das
CAPÍTULO VIII disposições anteriores. Em caso de dúvida, a Corte decidirá.
CORTE INTERAMERICANA DE  
DIREITOS HUMANOS Artigo 56
   
Seção 1 — Organização O quorum para as deliberações da Corte é constituído por cinco
  juízes.
Artigo 52  
  Artigo 57
1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos Estados  
membros da Organização, eleitos a título pessoal dentre juristas da A Comissão comparecerá em todos os casos perante a Corte.
mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em maté-  
ria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para Artigo 58
o exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a  
lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propu- 1. A Corte terá sua sede no lugar que for determinado, na As-
ser como candidatos. sembleia Geral da Organização, pelos Estados Partes na Conven-
2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade. ção, mas poderá realizar reuniões no território de qualquer Estado
  membro da Organização dos Estados Americanos em que o con-

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO
siderar conveniente pela maioria dos seus membros e mediante 2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se
prévia aquiescência do Estado respectivo. Os Estados Partes na fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas, a Corte, nos
Convenção podem, na Assembleia Geral, por dois terços dos seus assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as medidas pro-
votos, mudar a sede da Corte. visórias que considerar pertinentes. Se se tratar de assuntos que
2. A Corte designará seu Secretário. ainda não estiverem submetidos ao seu conhecimento, poderá
3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá assistir às atuar a pedido da Comissão.
reuniões que ela realizar fora da mesma.  
  Artigo 64
Artigo 59  
  1. Os Estados membros da Organização poderão consultar
A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e funcionará a Corte sobre a interpretação desta Convenção ou de outros tra-
sob a direção do Secretário da Corte, de acordo com as normas ad- tados concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados
ministrativas da Secretaria-Geral da Organização em tudo o que não americanos. Também poderão consultá-la, no que lhes compete,
for incompatível com a independência da Corte. Seus funcionários os órgãos enumerados no capítulo X da Carta da Organização dos
serão nomeados pelo Secretário-Geral da Organização, em consulta Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.
com o Secretário da Corte. 2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Organização,
  poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de
Artigo 60 suas leis internas e os mencionados instrumentos internacionais.
   
A Corte elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Artigo 65
Assembleia Geral e expedirá seu regimento.  
  A Corte submeterá à consideração da Assembleia Geral da
Seção 2 — Competência e funções Organização, em cada período ordinário de sessões, um relatório
  sobre suas atividades no ano anterior. De maneira especial, e com
Artigo 61 as recomendações pertinentes, indicará os casos em que um Estado
  não tenha dado cumprimento a suas sentenças. 
1. Somente os Estados Partes e a Comissão têm direito de sub-
 
meter caso à decisão da Corte.
Seção 3 — Procedimento
2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso, é necessá-
Artigo 66
rio que sejam esgotados os processos previstos nos artigos 48 a 50.
 
 
1. A sentença da Corte deve ser fundamentada.
Artigo 62
2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte a opinião
 
unânime dos juízes, qualquer deles terá direito a que se agregue à
1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito do seu
instrumento de ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou sentença o seu voto dissidente ou individual.
em qualquer momento posterior, declarar que reconhece como obri-  
gatória, de pleno direito e sem convenção especial, a competência Artigo 67
da Corte em todos os casos relativos à interpretação ou aplicação  
desta Convenção. A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em caso de
2. A declaração pode ser feita incondicionalmente, ou sob con- divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a Corte inter-
dição de reciprocidade, por prazo determinado ou para casos espe- pretá-la-á, a pedido de qualquer das partes, desde que o pedido seja
cíficos. Deverá ser apresentada ao Secretário-Geral da Organização, apresentado dentro de noventa dias a partir da data da notificação
que encaminhará cópias da mesma aos outros Estados membros da da sentença.
Organização e ao Secretário da Corte.  
3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso Artigo 68
relativo à interpretação e aplicação das disposições desta Conven-  
ção que lhe seja submetido, desde que os Estados Partes no caso 1. Os Estados Partes na Convenção comprometem-se a cum-
tenham reconhecido ou reconheçam a referida competência, seja por prir a decisão da Corte em todo caso em que forem partes.
declaração especial, como prevêem os incisos anteriores, seja por 2. A parte da sentença que determinar indenização compensa-
convenção especial. tória poderá ser executada no país respectivo pelo processo interno
  vigente para a execução de sentenças contra o Estado.
Artigo 63  
  Artigo 69
1. Quando decidir que houve violação de um direito ou liber-  
dade protegidos nesta Convenção, a Corte determinará que se as- A sentença da Corte deve ser notificada às partes no caso e
segure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade violados. transmitida aos Estados Partes na Convenção. 
Determinará também, se isso for procedente, que sejam reparadas  
as consequências da medida ou situação que haja configurado a
violação desses direitos, bem como o pagamento de indenização
justa à parte lesada.

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO IV Convenção entrará em vigor logo que onze Estados houverem
DISPOSIÇÕES COMUNS depositado os seus respectivos instrumentos de ratificação ou de
  adesão. Com referência a qualquer outro Estado que a ratificar ou
Artigo 70 que a ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará em vigor na
  data do depósito do seu instrumento de ratificação ou de adesão.
1. Os juízes da Corte e os membros da Comissão gozam, des- 3. O Secretário-Geral informará todos os Estados membros da
de o momento de sua eleição e enquanto durar o seu mandato, das Organização sobre a entrada em vigor da Convenção.
imunidades reconhecidas aos agentes diplomáticos pelo Direito  
Internacional. Durante o exercício dos seus cargos gozam, além Artigo 75
disso, dos privilégios diplomáticos necessários para o desempenho  
de suas funções. Esta Convenção só pode ser objeto de reservas em conformi-
2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo algum dos dade com as disposições da Convenção de Viena sobre o Direito
juízes da Corte, nem dos membros da Comissão, por votos e opi- dos Tratados, assinada em 23 de maio de 1969.
niões emitidos no exercício de suas funções.  
  Artigo 76
Artigo 71  
  1. Qualquer Estado Parte, diretamente, e a Comissão ou a
Os cargos de juiz da Corte ou de membro da Comissão são Corte, por intermédio do Secretário-Geral, podem submeter à
incompatíveis com outras atividades que possam afetar sua inde- Assembleia Geral, para o que julgarem conveniente, proposta de
pendência ou imparcialidade conforme o que for determinado nos emenda a esta Convenção.
respectivos estatutos. 2. As emendas entrarão em vigor para os Estados que ratifi-
  carem as mesmas na data em que houver sido depositado o res-
Artigo 72 pectivo instrumento de ratificação que corresponda ao número de
 
dois terços dos Estados Partes nesta Convenção. Quanto aos outros
Os juízes da Corte e os membros da Comissão perceberão
Estados Partes, entrarão em vigor na data em que depositarem eles
honorários e despesas de viagem na forma e nas condições que de-
os seus respectivos instrumentos de ratificação.
terminarem os seus estatutos, levando em conta a importância e in-
 
dependência de suas funções. Tais honorários e despesas de viagem
Artigo 77
serão fixados no orçamento-programa da Organização dos Estados
 
Americanos, no qual devem ser incluídas, além disso, as despesas
1. De acordo com a faculdade estabelecida no artigo 31, qual-
da Corte e da sua Secretaria. Para tais efeitos, a Corte elaborará o
seu próprio projeto de orçamento e submetê-lo-á à aprovação da quer Estado Parte e a Comissão podem submeter à consideração
Assembleia Geral, por intermédio da Secretaria-geral. Esta última dos Estados Partes reunidos por ocasião da Assembleia Geral, pro-
não poderá nele introduzir modificações. jetos de protocolos adicionais a esta Convenção, com a finalidade
  de incluir progressivamente no regime de proteção da mesma ou-
Artigo 73 tros direitos e liberdades.
  2. Cada protocolo deve estabelecer as modalidades de sua en-
Somente por solicitação da Comissão ou da Corte, confor- trada em vigor e será aplicado somente entre os Estados Partes no
me o caso, cabe à Assembleia Geral da Organização resolver sobre mesmo.
as sanções aplicáveis aos membros da Comissão ou aos juízes da  
Corte que incorrerem nos casos previstos nos respectivos estatutos. Artigo 78
Para expedir uma resolução, será necessária maioria de dois ter-  
ços dos votos dos Estados Membros da Organização, no caso dos 1. Os Estados Partes poderão denunciar esta Convenção de-
membros da Comissão; e, além disso, de dois terços dos votos dos pois de expirado um prazo de cinco anos, a partir da data da entra-
Estados Partes na Convenção, se se tratar dos juízes da Corte.  da em vigor da mesma e mediante aviso prévio de um ano, notifi-
  cando o Secretário-Geral da Organização, o qual deve informar as
PARTE III outras Partes.
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS 2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar o Estado Parte
CAPÍTULO X interessado das obrigações contidas nesta Convenção, no que diz
ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, RESERVA, EMENDA, respeito a qualquer ato que, podendo constituir violação dessas
PROTOCOLO E DENÚNCIA obrigações, houver sido cometido por ele anteriormente à data na
  qual a denúncia produzir efeito.
Artigo 74  
 
1. Esta Convenção fica aberta à assinatura e à ratificação ou
adesão de todos os Estados membros da Organização dos Estados
Americanos.
2. A ratificação desta Convenção ou a adesão a ela efetuar-se-á
mediante depósito de um instrumento de ratificação ou de adesão
na Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos. Esta

Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO XI
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
2.3 DIREITO PENAL
 
Seção 1 — Comissão Interamericana de Direitos Humanos
2.3.1 CRIME: CONCEITOS
 
Artigo 79
  Conceito de Delito
Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário-Geral pedirá São dois conceitos de delito que importam:
por escrito a cada Estado membro da Organização que apresente,
dentro de um prazo de noventa dias, seus candidatos a membro da A) Conceito analítico
Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O Secretário-Ge- Falar em conceituar analiticamente algo, exige a análise de um
ral preparará uma lista por ordem alfabética dos candidatos apre- fenômeno em setores. Do ponto de vista analítico, o que é crime?
sentados e a encaminhará aos Estados membros da Organização Há uma primeira posição: crime é fato típico e antijurídico.
pelo menos trinta dias antes da Assembleia Geral seguinte. É uma possibilidade de descrever o delito do ponto de vista analí-
  tico com dois requisitos. Damásio e Capez fazem isso.
Artigo 80 Outra forma: fato típico, antijurídico e culpável. Agora, es-
  tamos falando de 3 elementos. Nelson Hungria, Cesar Bittencourt,
A eleição dos membros da Comissão far-se-á dentre os candi- Regis Prado, entre outros.
datos que figurem na lista a que se refere o artigo 79, por votação Terceira corrente: fato típico, antijurídico, culpável e puní-
secreta da Assembleia Geral, e serão declarados eleitos os candi- vel. Ou seja, quatro efeitos. A diferença é a punibilidade. Punibi-
datos que obtiverem maior número de votos e a maioria absolu- lidade é a ameaça de pena. Ou seja, o que enfatiza essa corrente?
ta dos votos dos representantes dos Estados membros. Se, para Algo novo, que é a ameaça de pena, para dizer o seguinte: não
eleger todos os membros da Comissão, for necessário realizar vá- existe crime sem ameaça de pena.
rias votações, serão eliminados sucessivamente, na forma que for Por último, doutrina minoritária, crime é ação, típica, anti-
determinada pela Assembleia Geral, os candidatos que receberem jurídica, culpável e punível. Ou seja, 5 requisitos (essa doutrina
menor número de votos.  decompõe o conceito e dá autonomia para a ação).
  Há um novíssimo conceito, teoria constitucionalista do delito
Seção 2 — Corte Interamericana de Direitos Humanos que diz: fato típico, fato formal e materialmente típico e fato
  antijurídico. É uma novíssima concepção: teoria constitucionalis-
Artigo 81 ta do delito de Luiz Flávio Gomes.
  Qualquer um desses conceitos é possível que se coloque numa
Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário-Geral soli- prova. Não existe nenhum desses conceitos errados, muito embora
deve-se conhecer a banca examinadora do seu concurso antes de
citará por escrito a cada Estado Parte que apresente, dentro de um
optar por um conceito específico. Exemplo: quantos requisitos tem
prazo de noventa dias, seus candidatos a juiz da Corte Interameri-
o delito? O que responder na hora da prova? Falar de todas corren-
cana de Direitos Humanos. O Secretário-Geral preparará uma lista
tes. Todas estão certas.
por ordem alfabética dos candidatos apresentados e a encaminhará
aos Estados Partes pelo menos trinta dias antes da Assembleia Ge-
B) Conceito material
ral seguinte.
Delito é ofensa a um direito subjetivo.
 
Delito é ofensa a um bem.
Artigo 82 Delito é ofensa aos valores éticos.
  Delito é ofensa à norma.
A eleição dos juízes da Corte far-se-á dentre os candidatos Melhor conceito material de delito: “É uma ofensa grave a um
que figurem na lista a que se refere o artigo 81, por votação se- bem jurídico relevante”.
creta dos Estados Partes, na Assembleia Geral, e serão declarados
eleitos os candidatos que obtiverem maior número de votos e a
maioria absoluta dos votos dos representantes do Estados Partes.
Se, para eleger todos os juízes da Corte, for necessário realizar 2.3.2 CRIME E CONTRAVENÇÃO
várias votações, serão eliminados sucessivamente, na forma que
for determinada pelos Estados Partes, os candidatos que receberem
menor número de votos.
Primeiramente, importa esclarecer que o Brasil é dualista, ou
binário. Isso significa que há duas espécies de infrações penais:
1) Crime - delito
2) Contravenção Penal – crime anão, delito lilliputiano, cri-
me vagabundo (este terceiro sinônimo caiu na prova do MP/SP).
“O Brasil é adepto do sistema dualista, estabelecendo a exis-
tência de crimes e contravenções. A diferença destes (crimes) para
contravenção é de grau, é puramente axiológica e não ontológi-
ca”. – Rogério Sanches.

Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE DIREITO
Diferenças entre crimes e contravenções penais Espécies de Dolo:
a) Tipo de pena privativa de liberdade - Dolo normativo
- Em se tratando de crime, as penas privativas de liberdade são É o dolo segundo a teoria clássica, causal ou naturalista. É
reclusão e detenção. o dolo que integra a culpabilidade e não a conduta, e tem como
- Em se tratando de contravenção penal a ÚNICA pena priva- elementos a consciência (sei o que faço), a vontade (quero fazer) e
tiva de liberdade possível é a prisão simples (arts. 5º e 6º da Lei a consciência da ilicitude (sei que é errado). É o dolo que depende
das Contravenções Penais). de um juízo de valor.
- Dolo natural
Prisão simples JAMAIS é cumprida no fechado, nem mesmo É o dolo segundo a doutrina finalista. Para os finalistas, o
por intermédio da regressão. dolo passou a constituir elemento do fato típico (conduta dolosa),
Tipo de ação penal deixando de ser requisito para a culpabilidade. A consciência da
ilicitude se destacou do dolo e passou a integrar a culpabilidade.
- O crime admite ação penal pública e ação penal de iniciativa Assim, o dolo que passou para a conduta é aquele composto ape-
privada. nas por consciência e vontade (sem a consciência da ilicitude, que
- Contravenção penal, não. Crimes, admitem as mais variadas passou a integrar a culpabilidade). É uma manifestação psicológi-
espécies de ação penal. Contravenção penal, não! Contravenção ca, que prescinde de juízo de valor. É o dolo adotado pelo Código
penal só é perseguida mediante ação pena pública incondicio- Penal.
nada. - Dolo genérico
Crime e contravenção penal ontologicamente são idênticos, É a vontade de realizar o verbo do tipo sem qualquer finali-
conforme já dito aqui. A diferença é axiológica, quanto ao grau, dade especial.
quanto à gravidade. O que é crime e o que é contravenção penal, - Dolo específico
vai depender de opção política do legislador. Ele pode, amanhã É a vontade de realizar o verbo do tipo com uma finalidade
transformar uma contravenção em crime e vice-versa porque a di- especial. Sempre que no tipo houver um elemento subjetivo, para
ferença é quanto ao grau. Para fazer a opção, o legislador toma que o fato seja típico, será necessário o dolo específico.
por base o que está na lei. Na hora de escolher se tal fato vai ser - Dolo de perigo
crime ou vai ser contravenção ele deve analisar se exige reclusão É a vontade de expor o bem a uma situação de perigo de dano.
ou prisão simples. O perigo pode ser concreto ou abstrato. Quando o perigo for con-
Vejam como, realmente, a opção é política: o mesmo fato creto, é necessária a efetiva comprovação de que o bem jurídico
(porte ilegal de arma de fogo), até 1997, era uma contravenção ficou exposto a uma real situação de perigo (exemplo: crime do
penal. Em 2003 passou a ser crime. Exatamente o mesmo fato. O artigo 132 do Código Penal). O perigo abstrato, também conhecido
legislador veio enquadrá-lo na condição de crime. O mesmo fato. como presumido, é aquele em que basta a prática da conduta para
Tudo isso com base em opção política. que a lei presuma o perigo (exemplo: artigo 135 do Código Penal).
Os Professores Damásio de Jesus e Luiz Flávio Gomes sustentam
que os crimes de perigo abstrato não existem mais na ordem jurí-
dica.
2.3.3 CRIME DOLOSO E - Dolo de dano
CRIME CULPOSO Existe quando a vontade é de produzir uma efetiva lesão ao
bem jurídico. Quase todos os crimes são de dano (exemplos: furto,
homicídio etc.).
- Dolo direto ou determinado
DOLO Existe quando o agente quer produzir resultado certo e deter-
Conceito minado; é o dolo da teoria da vontade.
Existem três teorias que falam sobre o conceito de dolo: - Dolo indireto ou indeterminado
Teoria da vontade: dolo é a vontade de praticar a conduta e É aquele que existe quando o agente não quer produzir resul-
produzir o resultado. O agente quer o resultado. tado certo e determinado. Pode ser:
Teoria do assentimento ou da aceitação: dolo é a vontade de Eventual: quando o agente não quer produzir o resultado, mas
praticar a conduta com a aceitação dos riscos de produzir o resulta- aceita o risco de produzi-lo (exemplo: o motorista que, em desa-
do. O agente não quer, mas não se importa com o resultado. balada corrida, para chegar em seu destino, aceita o resultado de
Teoria da representação ou da previsão: dolo é a previsão do atropelar uma pessoa). Nélson Hungria lembra a fórmula de Frank
resultado. Para que haja dolo, basta o agente prever o resultado. para explicar o dolo eventual: “Seja como for, dê no que der, em
O Código Penal adotou as teorias da vontade e do assentimen- qualquer caso não deixo de agir”.
to. Ao conceituar crime doloso, o legislador indiretamente concei- Alternativo: quando o agente quer produzir um ou outro resul-
tuou dolo: “quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco tado (exemplo: o agente atira para ferir ou para matar; nesse caso,
de produzi-lo” (artigo 18, inciso I, do Código Penal). A teoria da responde pelo resultado mais grave, aplicando-se o princípio da
representação, que confunde culpa consciente com dolo, não foi consunção).
adotada. - Dolo geral ou erro sucessivo
Conhecido também como erro sobre o nexo causal ou aber-
ratio causae, ocorre quando o agente, supondo já ter produzido o
resultado, pratica nova agressão, que para ele é mero exaurimento,

Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE DIREITO
mas é nesse momento que atinge a consumação (exemplo: “A” Tipo Aberto
quer matar “B” por envenenamento; após o envenenamento, su- O tipo culposo é um tipo aberto, pois não há descrição da con-
pondo que “B” já está morto, “A” joga o que imagina ser um cadá- duta. Assim, se o legislador tentasse descrever todas as hipóteses
ver no rio e “B” acaba morrendo por afogamento; nesse caso, o erro em que ocorresse culpa, certamente jamais esgotaria o rol. Com-
é irrelevante, pois o que vale é a intenção do agente, que responderá para-se a conduta do agente, no caso concreto, com a conduta de
por homicídio doloso). O Professor Damásio de Jesus entende que uma pessoa de prudência mediana. Se a conduta do agente se afas-
o agente deve responder por tentativa de homicídio, aplicando-se a tar dessa prudência, haverá a culpa. Será feita uma valoração para
teoria da imputação objetiva. verificar a existência da culpa.
O tipo culposo, como vimos, é um tipo aberto. Excepcional-
CULPA mente, o tipo culposo é um tipo fechado. Exemplos: receptação
Culpa é o elemento normativo da conduta (não confundir com culposa, tráfico culposo (ministrar dose evidentemente maior) etc.
elemento normativo do tipo), pois sua existência decorre da compa-
ração que se faz entre o comportamento do agente no caso concreto Excepcionalidade da Culpa
e aquele previsto na norma, que seria o ideal. Essa norma corres- Um crime só pode ser punido como culposo quando há pre-
ponde ao sentimento médio da sociedade sobre o que é certo e o visão expressa na lei. Se a lei é omissa o crime só é punido como
que é errado. doloso (artigo 18, parágrafo único, do Código Penal).

Elementos do Fato Típico Culposo Compensação de Culpas


São elementos do fato típico culposo: No Direito Penal, não existe compensação de culpas. O fato de
conduta voluntária; a vítima ter agido também com culpa não impede que o agente res-
resultado naturalístico involuntário; ponda pela sua conduta culposa. Somente nos casos em que existir
nexo causal; culpa exclusiva da vítima haverá exclusão da culpa do agente.
tipicidade; Não confundir com concorrência de culpas que ocorre quando
previsibilidade objetiva: é a possibilidade de qualquer pessoa dois ou mais agentes, culposamente, contribuem para a produção
ter previsto o resultado; o que se leva em conta é se o resultado era do resultado (exemplo: choque de dois veículos num cruzamento).
ou não previsível para uma pessoa de prudência mediana, e não a
capacidade do agente de prever o resultado; Graus de Culpa
ausência de previsão: não prever o previsível. Exceção: na cul- Para efeito de cominação abstrata de pena, não há diferença.
pa consciente há previsão; Na dosagem da pena concreta, entretanto, é levado em conta o
quebra do dever objetivo de cuidado: é o dever de cuidado im- grau da culpa na primeira fase de sua fixação (artigo 59 do Código
posto a todos. Existem três maneiras de violar o dever objetivo de Penal). São três níveis: grave, leve e levíssima.
cuidado. São as três modalidades de culpa.
Participação no Crime Culposo
Modalidades de Culpa: Sobre a possibilidade de participação em crime culposo, há
- Imprudência: É a culpa de quem age (exemplo: passar no duas posições na doutrina:
farol fechado). É a prática de um fato perigoso, ou seja, é uma ação 1.ª posição: não é possível a participação em crime culpo-
descuidada. Decorre de uma conduta comissiva. so. Isto porque, o tipo culposo é aberto, logo não há descrição da
conduta. Assim, não há que se falar em conduta acessória e em
- Negligência: É a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado conduta principal.
antes de começar a agir. Ocorre sempre antes da ação (exemplo: não 2.ª posição: é possível a participação em crime culposo, sendo
verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo em movimento). o autor aquele que realiza o núcleo do tipo doloso e partícipe quem
- Imperícia: É a falta de habilidade no exercício de uma pro- concorre para tal. Exemplo: motorista dirige de forma imprudente
fissão ou atividade. e, instigado pelo acompanhante, acaba atropelando uma pessoa. O
No caso de exercício de profissão, arte ou ofício, se não for motorista matou a vítima, pois foi ele quem a atropelou; o acom-
observada uma regra técnica o fato poderá enquadrar-se nos artigos panhante teve participação nesta morte.
121, § 4.º, e 129, § 7.º, do Código Penal. Observe-se que só haverá A primeira posição prevalece na doutrina, pois a culpa é um
aumento de pena se o agente conhecer a regra técnica e não aplicá- tipo aberto, não possuindo, por esse motivo, conduta principal dis-
-la. Não incide o aumento de pena se o agente desconhece a regra. tinta da secundária. É a nossa posição.
Se a imperícia advier de pessoa que não exerce a arte ou pro-
fissão, haverá imprudência ou negligência (exemplo: motorista sem Espécies de Culpa:
habilitação). - Culpa inconsciente ou sem previsão
Difere-se a imperícia do erro profissional, que ocorre quando É a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era
são empregados os conhecimentos normais da arte ou ofício e o previsível.
agente chega a uma conclusão equivocada. - Culpa consciente ou com previsão
O Código Penal de 1890, em seu artigo 297, previa a culpa in É aquela em que o agente prevê o resultado, mas acredita sin-
re ipsa ou culpa presumida, resultante de inobservância de disposi- ceramente que ele não ocorrerá. Não se pode confundir a culpa
ção regulamentar. Se, por exemplo, um motorista sem habilitação consciente com o dolo eventual. Tanto na culpa consciente quanto
atropelasse uma criança, responderia pelo resultado, mesmo se não no dolo eventual o agente prevê o resultado, entretanto na culpa
tivesse agido culposamente. Adotava-se, como se vê, a responsabi- consciente o agente não aceita o resultado, e no dolo eventual o
lidade penal objetiva, abolida no Código Penal de 1940. agente aceita o resultado.

Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE DIREITO
- Culpa indireta ou mediata Pergunta: Em que momento o crime sai de sua fase preparató-
É aquela em que o sujeito dá causa indiretamente a um resul- ria e começa a ser executado?
tado culposo (exemplo: o assaltante aponta uma arma a um mo- Resposta: A execução começa com a prática do primeiro ato
torista que está parado no sinal; o motorista, assustado, foge do idôneo e inequívoco à consumação do crime. Ato idôneo é o capaz
carro e acaba sendo atropelado). A solução do problema depende de produzir o resultado e ato inequívoco é o que, fora de qualquer
da previsibilidade ou imprevisibilidade do segundo resultado. dúvida, induz ao resultado. Assim, a execução está ligada ao verbo
- Culpa imprópria de cada tipo. Quando o agente começa a praticar o verbo do tipo,
Também é chamada culpa por extensão, por assimilação ou inicia-se a execução.
por equiparação. Nesse caso, o resultado é previsto e querido pelo
agente, que age em erro de tipo inescusável ou vencível. Exemplo: TENTATIVA
“A” está em casa assistindo televisão quando seu primo entra na Tentativa é a não consumação de um crime, cuja execução foi
casa pelas portas dos fundos; pensando tratar-se de um ladrão, “A” iniciada, por circunstâncias alheias à vontade do agente.
efetua disparos de arma de fogo contra seu azarado parente. Nes-
se caso, “A” acredita estar agindo em legítima defesa. Como “A” Espécies de Tentativa:
agiu em erro de tipo inescusável ou vencível (se fosse mais atento - Tentativa imperfeita ou inacabada
e diligente perceberia que era seu primo), responde por homicídio Ocorre quando a execução do crime é interrompida, ou seja,
culposo nos termos do artigo 20, § 1.º, do Código Penal. Obser- o agente, por circunstâncias alheias à sua vontade, não chega a
ve-se que a culpa imprópria, na verdade, diz respeito a um crime praticar todos os atos de execução do crime .
doloso que o legislador aplica pena de crime culposo. - Tentativa perfeita ou acabada
Se “A”, no entanto, tivesse agido em erro de tipo escusável ou Também conhecida como “crime falho”. Ocorre quando o
invencível, haveria exclusão de dolo e culpa, hipótese em que “A” agente pratica todos os atos de execução do crime, mas o resultado
ficaria impune. não se produz por circunstâncias alheias à sua vontade.
Qual a solução se o primo (do exemplo citado acima) não ti-
vesse morrido? - Tentativa branca ou incruenta
Há duas posições na doutrina: Classificação para os crimes contra a pessoa; ocorre quando a
- 1.ª posição: “A” responderia por lesões corporais culposas. vítima não é atingida.
- 2.ª posição: “A” responderia por tentativa de homicídio cul- - Tentativa cruenta
poso. Classificação para os crimes contra a pessoa; ocorre quando
Preferimos a primeira posição, pois não admitimos a tentativa a vítima é atingida, mas o resultado desejado não acontece por
em crime culposo. circunstância alheia à vontade do agente.

Infrações que Não Admitem Tentativa:


- Crimes culposos: parte da doutrina admite no caso de culpa
2.3.4 CRIME CONSUMADO imprópria.
E CRIME TENTADO - Crimes preterdolosos: no caso dos crimes preterdolosos ou
preterintencionais, o evento de maior gravidade, não querido pelo
agente, é punido a título de culpa. No caso de latrocínio tentado, o
resultado morte era querido pelo agente; assim, embora qualifica-
Crime consumado é aquele em que foram realizados todos os do pelo resultado, o latrocínio só poderá ser preterdoloso quando
elementos da definição legal. consumado.
Crime exaurido é aquele em que o agente já consumou o cri- - Crimes omissivos próprios: são crimes de mera conduta
me, mas continua atingindo o bem jurídico. O exaurimento influi (exemplo: artigo 135 do Código Penal).
na primeira fase da fixação da pena (artigo 59, caput, do Código - Contravenção penal: a tentativa não é punida (artigo 4.º do
Penal). Decreto-lei n. 3.688/41).
Iter criminis é o itinerário do crime. A doutrina aponta quatro - Delitos de atentado: são crimes em que a lei pune a tentativa
etapas diferentes no caminho do crime: como se fosse consumado o delito (exemplo: artigo 352 do Código
Cogitação: nesta fase, o agente somente está pensando, idea- Penal).
lizando, planejando a prática do crime. Nessa fase o crime é im- - Crimes habituais: tais crimes exigem, para consumação, a
punível. reiteração de atos que, isolados, não configuram fato típico. Inviá-
Preparação: é a prática dos atos antecedentes necessários ao vel a verificação da tentativa, posto que uma segunda conduta já
início da execução. Não existe fato típico ainda, salvo se o ato caracteriza o delito.
preparatório constituir crime autônomo. - Crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado: trata-se,
Execução: começa a agressão ao bem jurídico. Nessa fase, o por exemplo, do artigo 122 do Código Penal.
agente inicia a realização do núcleo do tipo, e o crime já se torna
punível. Observações:
Consumação: quando todos os elementos do fato típico são Parte da doutrina entende que os crimes formais e de mera
realizados. conduta não admitem tentativa. Não concordamos com esse en-
tendimento. O crime de ameaça, por exemplo, trata-se de crime
formal, mas admite a tentativa no caso de ameaça por escrito, em

Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE DIREITO
que a carta é interceptada por terceiro. Alguns crimes de mera Característica essencial
conduta também admitem tentativa, como a violação de domicílio No estado de necessidade, um bem jurídico é sacrificado para
(o agente pode, sem sucesso, tentar invadir domicílio de outrem). salvar outro ameaçado por situação de perigo (exemplo: naufrágio).
O crime unissubsistente comporta tentativa em alguns casos, por
exemplo, quando o agente efetua um único disparo contra a vítima Teorias
e erra o alvo. Teoria unitária: o estado de necessidade sempre exclui a anti-
juridicidade. Essa teoria foi acolhida pelo Código Penal.
Tentativa Abandonada ou Qualificada Teoria diferenciada (Direito Penal alemão): se o bem sacrifi-
Ocorre quando, iniciada a execução, o resultado não se produz cado for de valor igual ao salvo, o estado de necessidade só exclui
por força da vontade do próprio agente. É chamada pela doutrina a culpabilidade.
de ponte de ouro. Comporta duas espécies: desistência voluntária
e arrependimento eficaz. Requisitos para a existência do estado de necessidade
Na desistência voluntária, o agente interrompe voluntaria- O perigo deve ser atual ou iminente. A lei só fala em perigo
mente a execução do crime, impedindo, desse modo, a sua con- atual, mas a doutrina considera que o agente não precisa aguardar
sumação. Ocorre antes de o agente esgotar os atos de execução, o perigo surgir para só então agir. Assim, o perigo deve estar acon-
sendo possível somente na tentativa imperfeita ou inacabada. Não tecendo naquele momento ou prestes a acontecer. Quando, portan-
há que se falar em desistência voluntária em crime unissubsistente, to, o perigo for remoto ou futuro, não há o estado de necessidade.
visto que este é composto de um único ato. O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio. Necessá-
No arrependimento eficaz, o agente executa o crime até o rio se faz que o bem esteja protegido pelo ordenamento jurídico
último ato, esgotando-os, e logo após se arrepende, impedindo o (exemplo: o condenado à morte não pode alegar estado de neces-
resultado. Só é possível no caso da tentativa perfeita ou acabada. sidade contra o carrasco). No caso de situação de perigo a bem de
Ocorre somente nos crimes materiais que se consumam com a ve- terceiro, não há necessidade da autorização deste.
rificação do resultado naturalístico. O perigo não pode ter sido causado voluntariamente pelo
A desistência ou o arrependimento não precisa ser espontâneo, agente. Quem dá causa a uma situação de perigo não pode invocar
mas deve ser voluntário. Mesmo se a desistência ou a resipiscên- o estado de necessidade para afastá-la. Aquele que provocou o pe-
rigo com dolo não age em estado de necessidade porque tem o de-
cia for sugerida por terceiros subsistirão seus efeitos. A tentativa
ver jurídico de impedir o resultado. Mas, se o perigo foi provocado
abandonada, em suas duas modalidades, exclui a aplicação da pena
culposamente, o agente pode se valer do estado de necessidade.
por tentativa, ou seja, o agente responderá somente pelos atos até
Observação: há, entretanto, quem defenda que, mesmo se o perigo
então praticados.
foi provocado culposamente, o agente não pode se valer do estado
de necessidade.
Quem possui o dever legal de enfrentar o perigo não pode
2.3.5 ESTADO DE NECESSIDADE. invocar o estado de necessidade, pois deve afastar a situação de
LEGÍTIMA DEFESA. ESTRITO perigo sem lesar qualquer outro bem jurídico (exemplo: bombei-
CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL. ro). Observe-se que a lei fala em dever legal e não dever jurídico,
sendo este mais amplo do que aquele.
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
Inevitabilidade do comportamento lesivo, ou seja, somente
deverá ser sacrificado um bem se não houver outra maneira de
afastar a situação de perigo.
É necessário existir proporcionalidade entre a gravidade do
As causas de exclusão da ilicitude (também chamadas exclu- perigo que ameaça o bem jurídico do agente ou alheio e a gravi-
são da antijuridicidade, causas justificantes ou descriminantes) dade da lesão causada. Trata-se da razoabilidade do sacrifício, ou
podem ser: seja, se o sacrifício for razoável, haverá estado de necessidade, ex-
- causas legais: são as quatro previstas em lei (estado de ne- cluindo-se a ilicitude. Se houver desproporcionalidade o fato será
cessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e o ilícito, afastando-se o estado de necessidade, e o réu terá direito à
exercício regular de direito); redução da pena de 1/3 a 2/3 (artigo 24, § 2.º, do Código Penal).
- causas supralegais: são aquelas não previstas em lei, que po- Requisito subjetivo: os finalistas consideram mais um requi-
dem ser admitidas sem que haja colisão com o princípio da reserva sito do estado de necessidade; o conhecimento da situação justifi-
legal, pois aqui se cuida de norma não incriminadora (exemplo: cante. Se não houver esse conhecimento, o agente não terá direito
colocação de piercing; não se trata de crime de lesão corporal, pois a invocar o estado de necessidade. Para os clássicos, esse conheci-
há o consentimento do ofendido). mento é irrelevante.

Consiste em uma conduta lesiva praticada para afastar uma Espécies de estado de necessidade
situação de perigo. Obviamente, não é qualquer situação de perigo Próprio ou de terceiro: é próprio quando há o sacrifício de
que admite a conduta lesiva e não é qualquer conduta lesiva que um bem jurídico para salvar outro que é do próprio agente. É de
pode ser praticada na situação de perigo. A situação de perigo pode terceiro quando o sacrifício visa a salvar bem jurídico de terceiro.
ser, por exemplo, um fenômeno da natureza, um ataque de animal Real ou putativo: é real quando se verificam todos os requi-
irracional, um ataque humano justificado (se for injusto, será legí- sitos da situação de perigo. É putativo quando não subsistem, de
tima defesa). fato, todos os requisitos legais da situação de necessidade, mas o
agente os julga presentes.

Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE DIREITO
Defensivo ou agressivo: é defensivo quando há o sacrifício de Espécies de legítima defesa
bem jurídico da própria pessoa que criou a situação de perigo. É - legítima defesa putativa: é a legítima defesa imaginária. É a
agressivo quando há o sacrifício de bem jurídico de terceira pessoa errônea suposição da existência da legítima defesa por erro de tipo
inocente. ou erro de proibição.
- legítima defesa subjetiva: é o excesso cometido por um erro
Legítima Defesa plenamente justificável.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando mode- - legítima defesa sucessiva: é a repulsa contra o excesso.
radamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem. Hipóteses de cabimento da legítima defesa:
Trata-se de causa de exclusão da ilicitude consistente em repe- - cabe legítima defesa real contra legítima defesa putativa.
lir injusta agressão, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, - cabe legítima defesa putativa contra legítima defesa real
usando moderadamente dos meios necessários. (exemplo: “A” é o agressor, “B” é a vítima. “A” começa a agredir
Requisitos “B” e este começa a se defender. “C” não sabe quem começou a
- Agressão: ataque humano. No caso de ataque de animal irra-
briga e age em legítima defesa de “A”, agredindo “B”).
cional, não há legítima defesa e sim estado de necessidade.
- cabe legítima defesa putativa contra legítima defesa putativa.
Observação: se uma pessoa açula um animal para atacar ou-
- cabe legítima defesa real contra agressão culposa.
tra, há legítima defesa, pois nesse caso o animal é instrumento do
- cabe legítima defesa real contra agressão de inimputável.
crime.
A agressão pode ser ativa ou passiva:
- ativa: a agressão injusta é uma ação; Pergunta: Cabe legítima defesa real contra legítima defesa
- passiva: quando o ato de agredir é uma omissão, é preciso subjetiva?
que o agressor omitente esteja obrigado a atuar (exemplo: carcerei- Resposta: Em tese caberia, pois a partir da continuidade da
ro que, mesmo com alvará de soltura, não liberta o preso). agressão a vítima se torna agressora. Para a jurisprudência, en-
tretanto, não é aceita quando o excesso for repelido pelo próprio
- Injusta: no sentido de ilícita, contrária ao ordenamento ju- agressor, porque não pode invocar a legítima defesa quem iniciou
rídico. a agressão, mas o excesso pode ser repelido por terceiro.
A agressão deve ser ilícita. Assim, não se admite:
-legítima defesa real contra legítima defesa real; Estrito Cumprimento do Dever Legal
-legítima defesa real contra estado de necessidade real; O dever deve constar de lei, decreto, regulamento ou qualquer
-legítima defesa real contra exercício regular de direto; ato administrativo, desde que de caráter geral. Quando há ordem
-legítima defesa real contra estrito cumprimento do dever específica a um agente, não há o estrito cumprimento do dever
legal. legal, mas obediência hierárquica (estudada na culpabilidade).
Observação: em nenhuma dessas hipóteses havia agressão O agente atua em cumprimento de um dever imposto generi-
injusta. camente, de forma abstrata e impessoal. Se houver abuso no cum-
primento da ordem, não há a excludente, o cumprimento deve ser
- Atual ou iminente:atual é a agressão que está acontecendo e estrito, limitado aos ditames legais.
iminente é a que está prestes a acontecer. Não cabe legítima defe- É possível haver estrito cumprimento do dever legal putativo,
sa contra agressão passada ou futura nem quando há promessa de ou seja, o sujeito pensa que está agindo no estrito cumprimento do
agressão. dever legal, mas não está.
- A direito próprio ou de terceiro: há legítima defesa própria Necessário se faz ainda o requisito subjetivo, a consciência de
quando o sujeito está se defendendo e legítima defesa alheia quan- que se cumpre um dever legal; do contrário, há um ilícito.
do defende terceiro. Pode-se alegar legítima defesa alheia mesmo
agredindo o próprio terceiro (exemplo: em caso de suicídio, pode-
Exercício Regular do Direito
se agredir o terceiro para o salvar).
O exercício de um direito jamais pode configurar um fato ilíci-
- Meio necessário: é o meio menos lesivo colocado à disposi-
to. O exercício irregular ou abusivo do direito, ou com espírito de
ção do agente no momento da agressão.
- Moderação: é o emprego do meio menos lesivo dentro dos mera emulação, faz desaparecer a excludente.
limites necessários para conter a agressão. Somente quando ficar
evidente a intenção de agredir e não a de se defender, caracterizar- OBSERVAÇÕES:
se-á o excesso. - Ofendículos e defesa mecânica predisposta: Ofendículos
são aparatos visíveis destinados à defesa da propriedade ou de
Excesso é a intensificação desnecessária de uma ação inicial- qualquer outro bem jurídico. O que os caracteriza é a visibilidade,
mente justificada, ou seja, ocorre quando se utiliza um meio que devendo ser perceptíveis por qualquer pessoa (exemplos: lança no
não é necessário ou quando se utiliza meio necessário sem mode- portão da casa, caco de vidro no muro etc.). Existem duas posições
ração. Se o excesso for doloso não há legítima defesa. Se o excesso sobre sua natureza jurídica:
for culposo o agente responde pelo crime culposo. Neste caso, os - legítima defesa preordenada, pois o aparato é armado com
jurados desclassificam o crime doloso contra a vida para um crime antecedência, mas só atua no instante da agressão (Damásio de
culposo (é a chamada desclassificação imprópria). Caso não se ca- Jesus);
racterize nem o dolo nem a culpa do excesso, verifica-se a legítima - exercício regular de direito (Aníbal Bruno).
defesa subjetiva.

Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE DIREITO
- Defesa mecânica predisposta: é aparato oculto destinado à Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo 122 do
defesa da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico. Podem CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga alguém a se suici-
configurar delitos culposos, pois alguns aparatos instalados impru- dar ou presta-lhe auxílio para que o faça. Reclusão de dois a seis
dentemente podem trazer trágicas consequências. Observação: Para anos, se o suicídio se consumar, ou reclusão de um a três anos, se
o Prof. Damásio de Jesus, nos dois casos, salvo condutas manifesta- da tentativa de suicídio resultar lesão corporal de natureza grave.
mente imprudentes, é mais correta a aplicação da justificativa da legí- A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo egoísti-
tima defesa. A predisposição do aparelho constitui exercício regular co, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por qualquer causa,
de direito, mas, no momento em que este atua, o caso é de legítima a capacidade de resistência. Neste crime não se pune a tentativa.
defesa preordenada. Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela mãe con-
tra o filho, sob condições especiais (em estado puerperal, isto é,
logo pós o parto).
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrompe a
2.3.6 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA gravidez de forma a trazer destruição do produto da concepção.
No auto-aborto ou no aborto com consentimento da gestante, esta
sempre será o sujeito ativo do ato, e o feto, o sujeito passivo. No
aborto sem o consentimento da gestante, os sujeitos passivos serão
Crimes. o feto e a gestante.
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado sem
Dos crimes contra a pessoa - crimes contra a vida o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três a dez anos.
Aborto provocado com o consentimento da gestante – Reclu-
HOMICÍDIO são, de um a quatro anos. A pena pode ser aumentada para reclusão
De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da vida de um de três a dez anos, se a gestante for menor de quatorze anos, se for
homem por outro homem. De forma objetiva, é o ato cometido ou alienada ou débil mental, ou ainda se o consentimento for obtido
omitido que resulta na eliminação da vida do ser humano. mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta típica Forma qualificada - As penas são aumentadas de um terço se,
limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio não possui ca- em consequência do aborto ou dos meios empregados para pro-
racterísticas de qualificação, privilégio ou atenuação. É o simples ato vocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal de natureza grave. São
da prática descrita na interpretação da lei, ou seja, o ato de trazer a
duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
morte a uma pessoa.
Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado por médi-
Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo primeiro – É
co: se não há outro meio de salvar a vida da gestante; e se a gravi-
a conduta típica do homicídio que recebe o benefício do privilégio,
dez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
sempre que o agente comete o crime impelido por motivo de relevan-
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
te valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo
após a injusta provocação da vítima, podendo o juiz reduzir a pena
de um sexto a um terço. Lesões corporais
Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segundo – É a
conduta típica do homicídio onde se aumenta a pena pela prática do Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a saúde de
crime, pela sua ocorrência nas seguintes condições: mediante paga outra pessoa.
ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; por motivo
fútil, com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 - parágrafo
outro meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo co- primeiro - Se resulta: incapacidade para as ocupações habituais,
mum; por traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro por mais de trinta dias; perigo de vida; debilidade permanente de
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; e para membro, sentido ou função; ou aceleração de parto.
assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de
outro crime. Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 - parágra-
Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É a con- fo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente para o trabalho;
duta típica do homicídio que se dá pela imprudência, negligência ou enfermidade incurável; perda ou inutilização do membro, sentido
imperícia do agente, o qual produz um resultado não pretendido, mas ou função; deformidade permanente; ou aborto.
previsível, estando claro que o resultado poderia ter sido evitado.
No homicídio culposo a pena é aumentada de um terço, se o Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte e as cir-
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou cunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima. O assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio preterintencional).
mesmo ocorre se não procura diminuir as consequências do seu ato,
ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a Diminuição de pena - Se o agente comete o crime impelido
pena é aumentada de um terço se o crime é praticado contra pessoa por motivo de relevante valor social ou moral, ou ainda sob o do-
menor de quatorze ou maior de sessenta anos. mínio de violenta emoção, seguida de injusta provocação da víti-
Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz ma, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que torne desneces- Lesão corporal culposa – Se o agente não queria o resultado
sária a sanção penal. do ato praticado, mesmo sabendo que tal resultado era previsível.

Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE DIREITO
Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra ascen- ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homi-
dente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem cídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
conviva ou tenha convivido; ou ainda prevalecendo-se o agente contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Pena: anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
detenção, de três meses a três anos. § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o pró-
TÍTULO I prio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desne-
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA cessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
CAPÍTULO I § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
DOS CRIMES CONTRA A VIDA crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela
Homicídio simples Lei nº 12.720, de 2012)
Art. 121. Matar alguém: § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de
Caso de diminuição de pena 2015)
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele- I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao par-
vante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, to; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode redu- II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
zir a pena de um sexto a um terço. (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104,
Homicídio qualificado de 2015)
§ 2° Se o homicídio é cometido: III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
motivo torpe; Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
II - por motivo fútil; Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma;
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta
comum;
lesão corporal de natureza grave.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou
Parágrafo único - A pena é duplicada:
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofen-
Aumento de pena
dido;
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa,
vantagem de outro crime:
a capacidade de resistência.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Infanticídio
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o pró-
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: prio filho, durante o parto ou logo após:
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - detenção, de dois a seis anos.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For- Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que ou-
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em trem lho provoque: (Vide ADPF 54)
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente Pena - detenção, de um a três anos.
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluí- Aborto provocado por terceiro
do pela Lei nº 13.142, de 2015) Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Pena - reclusão, de três a dez anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo fe- Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
minino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de (Vide ADPF 54)
2015) Pena - reclusão, de um a quatro anos.
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a ges-
de 2015) tante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental,
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (In- ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
cluído pela Lei nº 13.104, de 2015) violência
Homicídio culposo Forma qualificada
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são
Pena - detenção, de um a três anos. aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos
Aumento de pena meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas,
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de lhe sobrevém a morte.
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ADPF 54)

Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE DIREITO
Aborto necessário § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representan- de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
te legal. deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente des-
CAPÍTULO II crito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
DAS LESÕES CORPORAIS sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
Lesão corporal companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído
Pena - detenção, de três meses a um ano. pela Lei nº 13.142, de 2015)
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta: CAPÍTULO III
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trin- DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
ta dias;
II - perigo de vida; Perigo de contágio venéreo
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou
IV - aceleração de parto: qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe
Pena - reclusão, de um a cinco anos. ou deve saber que está contaminado:
§ 2° Se resulta: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
I - Incapacidade permanente para o trabalho; § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
II - enfermidade incurável; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; § 2º - Somente se procede mediante representação.
IV - deformidade permanente; Perigo de contágio de moléstia grave
V - aborto: Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia
Pena - reclusão, de dois a oito anos. grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Lesão corporal seguida de morte Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o Perigo para a vida ou saúde de outrem
agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. e iminente:
Diminuição de pena Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de rele- crime mais grave.
vante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um ter-
logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir ço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre
a pena de um sexto a um terço. do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabele-
Substituição da pena cimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas le-
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a gais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998)
pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos Abandono de incapaz 
de réis: Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda,
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defen-
II - se as lesões são recíprocas. der-se dos riscos resultantes do abandono:
Lesão corporal culposa Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Aumento de pena § 2º - Se resulta a morte:
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
das hipóteses dos §§ 4o e 6o  do art. 121 deste Código. (Redação Aumento de pena
dada pela Lei nº 12.720, de 2012) § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. terço:
(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, tutor ou curador da vítima.
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domés- Lei nº 10.741, de 2003)
ticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº Exposição ou abandono de recém-nascido
11.340, de 2006) Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação desonra própria:
dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Exceção da verdade
Pena - detenção, de um a três anos. § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
§ 2º - Se resulta a morte: I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
Pena - detenção, de dois a seis anos. ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
Omissão de socorro II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fa- nº I do art. 141;
zê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendi-
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente do foi absolvido por sentença irrecorrível.
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Difamação
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omis- sua reputação:
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
a morte. Exceção da verdade
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se
emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qual- de suas funções.
quer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários Injúria
administrativos, como condição para o atendimento médico-hospi- Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o
talar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). decoro:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (In- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
cluído pela Lei nº 12.653, de 2012). § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da nega- I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou direta-
tiva de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até mente a injúria;
o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra in-
Maus-tratos júria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem
autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
aviltantes:
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cui-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da
dados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou
pena correspondente à violência.
inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos refe-
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
rentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pes-
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: soa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 10.741, de 2003)
§ 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. nº 9.459, de 1997)
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado Disposições comuns
contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se
8.069, de 1990) de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de go-
CAPÍTULO IV verno estrangeiro;
DA RIXA II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a
Rixa divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portado-
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. ra de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natu- 10.741, de 2003)
reza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou
detenção, de seis meses a dois anos. promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Exclusão do crime
CAPÍTULO V Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
DOS CRIMES CONTRA A HONRA I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela
parte ou por seu procurador;
Calúnia II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cien-
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato tífica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
definido como crime: III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputa- do ofício.
ção, a propala ou divulga. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.

Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE DIREITO
Retratação III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata ca- IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito)
balmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha prati- V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela
cado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comu- Lei nº 11.106, de 2005)
nicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natu-
mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº reza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
13.188, de 2015) Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere ca- Redução a condição análoga à de escravo
lúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo,
explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva,
do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer res-
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se tringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida
procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei
da violência resulta lesão corporal. nº 10.803, de 11.12.2003)
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena
da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de
mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mes- 11.12.2003)
mo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009) 10.803, de 11.12.2003)
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do
CAPÍTULO VI trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; (Incluído
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
SEÇÃO I II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o
fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803,
Constrangimento ilegal de 11.12.2003)
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio,
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
10.803, de 11.12.2003)
fazer o que ela não manda:
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, SEÇÃO II
quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO
ou há emprego de armas. DOMICÍLIO
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspon-
dentes à violência. Violação de domicílio
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosa-
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do mente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito,
paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente em casa alheia ou em suas dependências:
perigo de vida; Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
II - a coação exercida para impedir suicídio. § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar
Ameaça ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou mais pessoas:
qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. correspondente à violência.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representa- § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido
ção. por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservân-
Sequestro e cárcere privado cia das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa
ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002) alheia ou em suas dependências:
Pena - reclusão, de um a três anos. I - durante o dia, com observância das formalidades legais,
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: para efetuar prisão ou outra diligência;
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou compa- II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime
nheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
pela Lei nº 11.106, de 2005) § 4º - A expressão “casa” compreende:
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em I - qualquer compartimento habitado;
casa de saúde ou hospital; II - aposento ocupado de habitação coletiva;

Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE DIREITO
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce Violação do segredo profissional
profissão ou atividade. Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que
§ 5º - Não se compreendem na expressão «casa»: tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, cuja revelação possa produzir dano a outrem:
enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. Parágrafo único - Somente se procede mediante represen-
tação.
SEÇÃO III Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conecta-
DOS CRIMES CONTRA A do ou não à rede de computadores, mediante violação indevida
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou
destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita
Violação de correspondência do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondên- vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
cia fechada, dirigida a outrem: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (In-
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Sonegação ou destruição de correspondência § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui,
§ 1º - Na mesma pena incorre: vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. (Incluí-
embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói; do pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica § 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da inva-
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza são resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a ter- 2012) Vigência
ceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; § 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comu-
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no nicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais,
número anterior; informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remo-
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, to não autorizado do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº
sem observância de disposição legal.
12.737, de 2012) Vigência
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em
a conduta não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº
serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos
terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a
casos do § 1º, IV, e do § 3º.
terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. (In-
Correspondência comercial
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabe- cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
lecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, § 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for
sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
seu conteúdo: I - Presidente da República, governadores e prefeitos; (Incluí-
Pena - detenção, de três meses a dois anos. do pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
SEÇÃO IV III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Fede-
DOS CRIMES CONTRA A ral, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa
INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou (Incluído pela
Lei nº 12.737, de 2012)Vigência
Divulgação de segredo IV - dirigente máximo da administração direta e indireta fe-
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de docu- deral, estadual, municipal ou do Distrito Federal. (Incluído pela
mento particular ou de correspondência confidencial, de que é desti- Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
natário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem: Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Parágrafo procede mediante representação, salvo se o crime é cometido con-
único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) tra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Po-
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou deres da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra
reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de empresas concessionárias de serviços públicos. (Incluído pela Lei
informações ou banco de dados da Administração Pública: (Incluído nº 12.737, de 2012) Vigência
pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluí-
do pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o  Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a
ação penal será incondicionada. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE DIREITO
O crime de furto pode ser praticado também através de ani-
2.3.7 DOS CRIMES CONTRA mais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será de apossamento
indireto, devido ao emprego de animais, caso contrário é de apos-
O PATRIMÔNIO
samento direto.
Impera uma única controvérsia, tendo em vista o desenvolvi-
mento da tecnologia, quanto a subtração praticada com o auxílio da
O Título II da parte especial do Código Penal Brasileiro, faz informática, se ela resultaria de furto ou crime de estelionato.
referências aos Crimes Contra o Patrimônio. O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa em
Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens, o poderio direito penal representa qualquer substância corpórea, seja ela mate-
econômico, a universalidade de direitos que tenham expressão rial ou materializável, ainda que não tangível, suscetível de aprecia-
econômica para a pessoa. Considera-se em geral, o patrimônio ção e transporte, incluindo aqui os corpos gasosos, os instrumentos
como universalidade de direitos. Vale dizer como uma unidade , os títulos, etc.2.
abstrata, distinta, diferente dos elementos que a compõem isola- O homem não pode ser objeto material de furto, conforme o
damente considerados. fato, o agente pode responder por sequestro ou cárcere privado,
Além desse conceito jurídico, que é próprio do direito pri- conforme artigo 148 do Código Penal Brasileiro, ou subtração de
vado, há uma noção econômica de patrimônio e, segundo a qual, incapazes artigo 249.
ele consiste num complexo de bens, através dos quais o homem Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de furto a
satisfaz suas necessidades. coisa que tiver relevância econômica, ou seja, valor de troca, in-
Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito civil, cluindo no conceito, a ideia de valor afetivo (o que eu acho que não
ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo, e por isso tem validade jurídica penal). Já a jurisprudência invoca o princípio
mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos já tutelados por da insignificância, considerando que se a coisa furtada tem valor
monetário irrisório, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e,
outros ramos do direito, ele o faz com autonomia e de um modo
portanto, não ficará caracterizado o crime.
peculiar.
A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código Penal
Furto é crime material, não existindo sem que haja desfalque
Brasileiro, é sem duvida extensamente realizada, mas não se pode
do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não pertence ao agente,
perder jamais em conta, a necessidade de que no conceito de patri-
nem mesmo parcialmente. Por essa razão não comete furto e sim o
mônio esteja envolvida uma noção econômica, um noção de valor
crime contido no artigo 346 (Subtração ou Dano de Coisa Própria
material econômico do bem.
em Poder de Terceiro) do Código Penal Brasileiro, o proprietário
que subtrai coisa sua que está em poder legitimo de outro3.
FURTO O crime de furto é cometido através do dolo que é a vontade
livre e consciente de subtrair, acrescido do elemento subjetivo do
O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155 do Código injusto também chamado de “dolo específico”, que no crime de fur-
Penal Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair, para si ou para to está representado pela idéia de finalidade do agente, contida da
outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) expressão “para si ou para outrem”. Independe todavia de intuito,
anos, e multa”. objetivo de lucro por parte do agente, que pode atuar por vingança,
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes palavras: capricho, liberalidade.
furto é a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem O consentimento da vítima na subtração elide o crime, já que o
sem a pratica de violência ou de grave ameaça ou de qualquer es- patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre depois da consu-
pécie de constrangimento físico ou moral à pessoa. Significa pois o mação, é evidente que sobrevivi o ilícito penal.
assenhoramento da coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo O delito de furto também pode ser praticado entre: cônjuges,
definitivo. ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos, entre irmãos.
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso ressaltar uma O direito romano não admitia, nesses casos, a ação penal. Já
divergência na doutrina: entende-se que é protegida diretamente a o direito moderno não proíbe o procedimento penal, mas isenta de
posse e indiretamente a propriedade ou, em sentido contrário, que pena, como elemento de preservação da vida familiar.
a incriminação no caso de furto, visa essencial ou principalmente a Para se definir o momento da consumação, existem duas posi-
tutela da propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo ções:
protege não só a propriedade como a posse, seja ela direta ou indi- 1) atinge a consumação no momento em que o objeto material
reta além da própria detenção1. é retirado de posse e disponibilidade do sujeito passivo, ingressan-
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é afetado do na livre disponibilidade do autor, ainda que não obtenha a posse
imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer que a vítima de tranquila4;
furto não é necessariamente o proprietário da coisa subtraída, po- 2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por breve tempo. 5
dendo recair a sujeição passiva sobre o mero detentor ou possuidor
da coisa. Temos a seguinte classificação para o crime de furto: comum
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não exige quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo de dano, mate-
além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal específica. rial e instantâneo.
Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do crime, sendo ela físi- A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hipóteses do arti-
ca ou jurídica, titular da posse, detenção ou da propriedade. go 182 do Código Penal Brasileiro, que é condicionada à representação.
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar, abran- O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto simples,
gendo mesmo o apossamento à vista do possuidor ou proprietário. furto noturno, furto privilegiado e furto qualificado

Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE DIREITO
FURTO DE USO FURTO PRIVILEGIADO ou mínimo

Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usufruí-la mo- O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo 155: “Se o
mentaneamente, está prevista no art. 155 do Código Penal Bra- criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
sileiro, para que seja reconhecível o furto de uso e não o furto pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de
comum, é necessário que a coisa seja restituída, devolvida, ao pos- um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”.
suidor, proprietário ou detentor de que foi subtraída, isto é, que Vale dizer que é uma forma de causa especial de diminuição
seja reposta no lugar, para que o proprietário exerça o poder de de pena. Existem requisitos para que se dê essa causa especial:
disposição sobre a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “animus - O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser o
furandi” dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente. agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em razão de outro
Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do furto de crime condenação anterior transitada em julgado.
uso a efetiva devolução ou restituição, afirmando que há furto co- - O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa subtraída.
mum se a coisa é abandonada em local distante ou diverso ou se A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses dois
não é recolocada na esfera de vigilância de seu dono. Há ainda requisitos já citados, que o agente não revele personalidade ou an-
entendimentos que exigem que a devolução da coisa, além de ser tecedentes comprometedores, indicativos da existência de proba-
feita no mesmo lugar da subtração seja feita em condições de res- bilidade, de voltar a delinquir.
tituição da coisa em sua integridade e aparência interna e externa, A pena pode-se substituir a de reclusão pela de detenção, di-
assim como era no momento da subtração. minuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a multa.
Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo e por tudo O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre energia elé-
em sua aparência interna e externa à coisa subtraída6. trica, ou qualquer outra que tenha valor econômico à coisa móvel,
também a caracterizando como crime10.
FURTO NOTURNO A jurisprudência considera essa modalidade de furto como
crime permanente, pois o agente pratica uma só ação, que se pro-
O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155: “apena longa no tempo.
aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno”7. FURTO QUALIFICADO
É furto agravado ou qualificado o praticado durante o repouso
noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a razão da majoran- Em determinadas circunstâncias são destacadas o §4º do art.
te está ligada ao maior perigo que está submetido o bem jurídico 155, para configurar furto qualificado, ao qual é cominada pena
diante da precariedade de vigilância por parte de seu titular. autônoma sensivelmente mais grave: “reclusão de 2 à 8 anos se-
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, que, dor- guida de multa”.
mindo, não poderá efetivá-la com a segurança e a amplitude com
que a faria, caso estivesse acordada, para que se configure a agra- São as seguintes as hipóteses de furto qualificado:
vante do repouso noturno. - se o crime é cometido com destruição ou rompimento de
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa, é variá- obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da destruição,
vel, dependendo do local e dos costumes. isto é, fazer desaparecer em sua individualidade ou romper, que-
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca da ne- brar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou imóvel a apreensão e
cessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar a agravante. subtração da coisa.
A jurisprudência dominante nos tribunais é no sentido de excluir a A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer mo-
agravante, se o furto é praticado em lugar desabitado, pois eviden- mento da execução do crime e não apenas para apreensão da coisa.
te se praticado desta forma não haveria, mesmo durante a época o Porém é imprescindível que seja comprovada pericialmente, nem
momento do não repouso, a possibilidade de vigilância que conti- mesmo a confissão do acusado supre a falta da perícia11 .
nuaria a ser tão precária quanto este momento de repouso. Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no caso de
Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para nós, concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo haja ingressado na
existe a agravante quando o furto se dá durante o tempo em que a esfera do conhecimento dos participantes.
cidade ou local repousa, o que não importa necessariamente seja a A segunda hipótese é quando o crime é cometido com abuso
casa habitada ou estejam seus moradores dormido. Podem até estar de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza.
ausente, ou desabitado o lugar do furto”. Há abuso de confiança quando o agente se prevalece de qua-
A exposição de motivos como a do mestre Noronha, é a que lidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica do furto. Qua-
se iguala ao meu parecer, pois é prevista como agravante especial lifica o crime de furto quando o agente se serve de algum artifício
do furto a circunstância de ser o crime praticado durante o período para fazer a subtração12.
do sossego noturno8, seja ou não habitada a casa, estejam ou não Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir a vigilân-
seus moradores dormindo, cabe a majoração se o delito ocorreu cia do ofendido e permitir maior facilidade na subtração do objeto
naquele período. material. O furto mediante fraude distingue-se do estelionato, na-
Furto em garagem de residência, também há duas posições, quele a fraude é empregada para iludir a atenção e vigilância do
uma em que incide a qualificadora, da qual o Professor Damásio é ofendido, que nem percebe que a coisa lhe está sendo subtraída;
partidário, e outra na qual não incide a qualificadora. no estelionato, ao contrário, a fraude antecede o apossamento da
coisa e é a causa de sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega
a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento.

Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE DIREITO
É ainda qualificadora a penetração no local do furto por via A vontade de subtrair configura o momento subjetivo, fala-
que normalmente não se usa para o acesso, sendo necessário o em- se em dolo específico na doutrina, na expressão “para si ou para
prego de meio artificial, é no caso de escalada, que não se relaciona outrem”.
necessariamente com a ação de galgar ou subir. Também deve ser A pena culminada para furto de coisa comum é alternativa de
comprovada por meio de perícia, assim como o rompimento de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou multa. Dá-se ao juiz
obstáculo. a margem para individualização da pena tendo em vista as circuns-
Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em flagrante tâncias do caso concreto.
indica delito tentado nos casos de furto, por não chegar o agente a
ter a posse tranquila da coisa subtraída, que não ultrapassa a esfera ROUBO
de vigilância da vítima. A ação penal é pública, porém depende de representação da
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo: um batedor parte
de carteira segue uma pessoa durante vários dias. Decide, então, Como expresso no artigo 157 do Código Penal Brasileiro:
subtrair, do bolso interno do paletó da vítima, envelope que julga “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante gra-
conter dinheiro. Furtado o envelope, o batedor de carteira é apa- ve ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
nhado. Chegando à Delegacia, verifica-se que o envelope estava meio, reduzido à impossibilidade de resistência: pena – reclusão, de
vazio, pois, naquele dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa”.
agente será responsabilizado pelo crime nesse exemplo? Não, pois Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingido tam-
a ausência do objeto material do delito faz do evento um crime bém a integridade física ou psíquica da vítima.
impossível. É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato do cri-
O último é a qualificadora da destreza, que se dá quando a me é o patrimônio, e tutela-se também a integridade corporal, a saú-
subtração se dá dissimuladamente com especial habilidade por de, a liberdade e na hipótese de latrocínio a vida do sujeito passivo.
parte do agente, onde a ação, sem emprego de violência, em situa- O Roubo também é um delito comum, podendo ser cometi-
ção em que a vítima, embora consciente e alerta, não percebe que do por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com o sujeito passivo.
está tendo os bens furtados. O arrebatamento violento ou inopina- Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos passivos: um que sofre a
do não a configura. violência e o titular do direito de propriedade.
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa móvel alheia,
A terceira hipótese é o emprego de chave falsa. mas faça-se necessário que o agente se utilize de violência, lesões
Constitui chave falsa qualquer instrumento ou engenho de que corporais, ou vias de fato, como grave ameaça ou de qualquer outro
se sirva o agente para abrir fechadura e que tenha ou não o forma- meio que produza a possibilidade de resistência do sujeito passivo.14
to de uma chave, podendo ser grampo, pedaço de arame, pinça, A vontade de subtrair com emprego de violência, grave amea-
gancho, etc. O exame pericial da chave ou desse instrumento é ça ou outro recurso análogo é o dolo do delito de roubo. Exige-se
indispensável para a caracterização da qualificadora porém, o elemento subjetivo do tipo, o chamado dolo específico,
A Quarta e última hipótese é quando ocorre mediante concur- idêntico ao do furto, para si ou para outrem, é que se dá a subtração.
so de duas ou mais pessoas, quando praticado nestas circunstân- Há uma figura denominada roubo impróprio que vem definido
cias, pois isto revela uma maior periculosidade dos agentes, que no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na mesma pena incorre
unem seus esforços para o crime. quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra
No caso de furto cometido por quadrilha, responde por qua- pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
drilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro seguido de furto ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a vio-
simples, ficando excluída a qualificadora13, lência ou a grave ameaça ocorre após a consumação da subtração,
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em duas qua- visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a impuni-
lificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir a outra como dade do crime.
agravante comum. A violência posterior ou roubo para assegurar a sua impunida-
de, deve ser imediato para caracterização do roubo impróprio.
FURTO DE COISA COMUM A consumação do roubo impróprio ocorre com a violência ou
Este crime está definido no art. 156 do Código Penal Brasilei- grave ameaça desde que já ocorrido a subtração, não se consuman-
ro, que diz: “Subtrair o condômino, co-herdeiro, ou sócio, para si do esta, tem se entendido que o agente deverá ser responsabilizado
ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: por tentativa de furto em concurso com o crime de lesões corporais.
pena – detenção, de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos, ou multa”. Consuma-se no momento em que o agente retira o objeto ma-
A razão da incriminação é de que o agente subtraia coisa que terial da esfera de disponibilidade da vítima, mesmo que não haja
pertença também a outrem. Este crime constitui caso especial de a posse tranquila.
furto, distinguindo-se dele apenas as relações existentes entre o Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida, visto po-
agente e o lesado ou os lesados. dendo ocorrer quando o sujeito, após empregar a violência ou grave
Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, co-proprietário, ameaça contra a pessoa, por motivos alheios a sua vontade, não
co- herdeiro ou o sócio. Esta condição é indispensável e chega a consegue efetuar a subtração.
ser uma elementar do crime e por tanto é transmitido ao partícipe Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos duas
estranho nos termos do artigo 29 do Código Penal Brasileiro. correntes:
Sujeito passivo será sempre o condomínio, co-proprietário, Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto ao
co- herdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o terceiro possui- sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e instantâneo.
dor legítimo da coisa. Tendo ação penal pública incondicionada.

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE DIREITO
ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade
Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal Brasileira da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
primeira parte, é qualificado roubo quando: “da violência resulta gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena num patamar além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-
superior ao fixado anteriormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (In-
(quinze) anos, além da multa”. cluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, não
estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dispositivo em È um crime comum, formal ou material, de forma livre, ins-
estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como enfarte, cho- tantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, doloso, de
que ou do emprego de narcóticos. Haverá no caso roubo simples dano, complexo e admite tentativa.
seguido de lesões corporais de natureza grave em concurso formal. A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, coagir),
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em um mediante violência (física: vias de fato ou lesão corporal) ou gra-
terceiro. ve ameaça (moral: intimidação idônea explicita ou explicita que
Se o agente fere gravemente a vítima mas não consegue sub- incute medo no ofendido) com o objetivo de obter para si ou para
trair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 § 3º 1ª parte (TACrim outrem indevida (injusta, ilícita) vantagem econômica (qualquer
SP, julgados 72:214). vantagem seja de coisa móvel ou imóvel).
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for econô-
ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO mica e exercício arbitrário das próprias razoes se a vantagem for
Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta a mor- devida.
te, as mesmas considerações referentes aos crimes qualificados
pelo resultado, podem ser aqui aplicadas. Tipo subjetivo
O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), em con- O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído pela
formidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição Federal Brasilei- vontade livre e consciente de constranger alguém mediante violên-
ra, considera crime de latrocínio Hediondo. cia ou grave ameaça, dolo genérico; o segundo exige o elemento
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento morte subjetivo do tipo específico na expressão “com intuito de”.
seja desejado pelo agente, basta que ele empregue violência para
roubar e que dela resulte a morte para que se tenha caracterizado Consumação
o delito. Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal ou
É indiferente porém, que a violência tenha sido exercida para material. Para os que o consideram formal, a consumação ocorre
o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a impunidade do independentemente do resultado. Basta ser idôneo ao constrangi-
crime ou a detenção da coisa subtraída18 . mento imposto à vítima, sendo irrelevante a enfeitava obtenção da
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa diversa vantagem econômica indevida.
daquela que sofre o desapossamento da coisa. Haverá no entanto O comportamento da vítima nesse caso é fundamental para a
um só crime com dois sujeitos passivos. consumação do delito. É a indispensabilidade da conduta do su-
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva subtração jeito passivo para a consumação do crime, se o constrangimento
e a morte da vítima, embora no latrocínio haja morte da vítima, for sério, idôneo o suficiente para ensejar a ação ou omissão da
ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz singular e não do vítima em detrimento do seu patrimônio, perfaz-se o tipo penal do
Tribunal do Júri, essa é a posição válida, art. 168 do CP.
Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa, Da outra parte, se entendido como crime material, a consu-
conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90. Conforme o mação se dará com obtenção de indevida vantagem econômica.
artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de metade quando a vítima se Seguimos esse entendimento, para nós o crime de extorsão é ma-
encontra nas condições do artigo 224 do Código Penal Brasileiro: terial consumando-se com a efetiva obtenção indevida vantagem
“presunção de violência”. econômica.

EXTORSÃO Tentativa
O crime de extorsão é formal e consuma-se no momento e Admite-se quer considerando o crime formal ou material. Sur-
no local em que ocorre o constrangimento para que se faça ou se ge quando a vítima mesmo constrangida, mediante violência ou
deixe de fazer alguma coisa. Súmula nº 96 do Superior Tribunal grave ameaça, não realiza a condita por circunstâncias alheias à
de Justiça. vontade do agente. A vítima, então não se intimida, vence o medo
e denuncia o fato a polícia.
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159)
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da extorsão
alguma coisa: do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma (inclusive econô-
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. mica). Trata-se de crime hediondo em todas as suas modalidades,
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou havendo privação da liberdade da vítima para se obter a vantagem.
com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. É crime complexo, resultante da extorsão + sequestro ou cárcere
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o dis- privado (é o que diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a
posto no § 3º do artigo anterior. extorsão exige finalidade de obter vantagem econômica indevida).

Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE DIREITO
Se o sequestro for para obtenção de qualquer vantagem devi- diante sequestro a lei menciona: “se dos ato resultar lesão grave
da, haverá o crime de exercício arbitrário das próprias razões em ou morte”, pouco importando para qualificar o delito que a lesão
concurso material com o sequestro ou cárcere privado. grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente, se a lesão grave ou
Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”, não haverá morte resultar de caso fortuito ou força maior, o resultado agrava-
o crime se a vantagem não tiver algum valor econômico. Isso se dos não poderá ser imputado ao agente.
depreende da interpretação sistêmica do tipo, que está inserido no
Título II, relativo aos crimes contra o patrimônio. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA
Não influi na caracterização do crime o fato de a vítima ser trans- Entendemos que os institutos possuem objetividades jurídicas
portada para algum lugar ou ser retida em sua própria casa. Ademais, distintas e autônomas. Na extorsão são mediante sequestro ofende-
o sequestro deve se dar como condição ou preço do resgate. se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e a vida. Na tortura atinge-
se a dignidade humana, consubstanciada na integridade física e
Sujeito passivo mental. Cm efeito, a nosso, juízo, nada impede o reconhecimento
Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica, que pode do concurso material de infrações.
ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para que seja efetuado o
pagamento. Determina-se o sujeito passivo de acordo com a pes- DELAÇÃO PREMIADA
soa que terá o patrimônio lesado. O benefício somente se aplica quando o crime for cometido
Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for diferente da- em concurso de pessoas, devendo o acusado fornecer às autori-
quela que terá seu patrimônio diminuído, haverá apenas um crime, dades elementos capazes de facilitar a resolução do crime. Causa
não obstante existirem duas vítimas. obrigatória de diminuição de pena se preenchidos os requisitos
estabelecidos pelo parágrafo 4º do art. 159, qual seja, denúncia à
Consumação e tentativa autoridade (juiz, delegado ou promotor) feita por um dos concor-
Ocorre a consumação quando o agente pratica a conduta pre- rentes, e esta facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar
vista no núcleo do tipo, quando realiza o sequestro privando a víti- que, se não houver a libertação do sequestrado, mesmo havendo
ma da liberdade por tempo juridicamente relevante, ainda que não delação do coautor, não haverá diminuição de pena.
aufira a vantagem qualquer e ainda que nem tenha sido pedido o Não se confunde com a confissão espontânea, pois nesta o
resgate. Logo, o crime é formal. agente garante confessa sua participação no crime, sem incriminar
“A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou de
outrem.
consumação antecipada, opera-se com a simples privação da li-
berdade de locomoção da vítima, por tempo juridicamente rele-
EXTORSÃO INDIRETA
vante. Ainda que o sequestrado não tenha sido conduzido ao local
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusan-
de destino, o crime está consumado” (MIRABETE, Julio Fabbrini.
do da situação de alguém, documento que pode dar causa a proce-
Código Penal Interpretado. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág.
dimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
1.476).
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução do crime
Classificação doutrinária
requer um iter criminis desdobrado em vários atos. Porém, difícil
de se configurar. Hipótese seria aquela em que os agentes são fla- Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material (re-
grados logo após colocarem a vítima no carro, pois aí não teriam ceber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada, unissubjetivo,
privado sua liberdade por tempo juridicamente relevante. unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente (receber) e admite
tentativa.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA A conduta recai sobre o documento que pode dar causa a um
Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é menor de procedimento criminal contra o devedor, como a confissão de um
18 e maior que 60 anos, ou se o crime é cometido por bando ou crime, a falsificação de um título de crédito, uma duplicata fria etc.
quadrilha a pena será de reclusão de 12 a 20 anos. Quanto maior o A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar) ou re-
tempo em que a vítima estiver em poder do criminoso, maior será ceber (aceitar) um documento que pode dar causa a procedimento
o dano à saúde e integridade física. criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar da situação daquele
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, entende-se que necessita urgentemente de auxílio financeiro. Necessário para
como a reunião permanente de mais de três pessoas para cometer e a configuração do delito que o documento exigido ou recebido pelo
não uma reunião ocasional para cometer o sequestro agente, que pode ser público ou particular, se preste a instauração
de inquérito policial contra o ofendido. Não se exige a instauração
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO do procedimento criminal, basta que o documento em poder do
CORPORAL GRAVE. credor seja potencialmente apto a iniciar o processo.
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena será
de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a morte a pena será de re- Consumação
clusão de 24 a 30 anos. Observa-se de imediato a diferença deste Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre com a
delito com o de roubo qualificado pelo resultado. No art. 157 do simples exigência do documento pelo extorcionário. A iniciativa
CP a lei diz: “se da violência resultar lesão grave ou morte”; logo, aqui é do agente, na conduta de receber, crime material, a con-
num roubo em que vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a sumação ocorre com o efetivo recebimento do documento. Nesse
falecer, haverá roubo em concurso material com homicídio e não caso a iniciativas provém da vítima.
latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão me-

Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE DIREITO
Tentativa § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível sua confi- I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
guração, embora uma parcela da doutrina a admita com o sovado II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
exemplo, também oferecido nos crimes contra a honra, de a exi- III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o
gência ser reduzida por escrito, mas não chegar ao conhecimento agente conhece tal circunstância.
do ofendido. Na de receber, no entanto, é perfeitamente possível, IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
podendo o iter criminis ser interrompido por circunstâncias alheias transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela
à vontade do agente. Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
TÍTULO II sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de
reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a
CAPÍTULO I reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação
DO FURTO dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Furto Extorsão
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer
durante o repouso noturno. alguma coisa:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qual- § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o
quer outra que tenha valor econômico. disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Furto qualificado § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
crime é cometido: gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-
da coisa; se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (In-
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou cluído pela Lei nº 11.923, de 2009)
destreza; Extorsão mediante sequestro
III - com emprego de chave falsa; Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do res-
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração gate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90  (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela
Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)
abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. Vide Lei
Lei nº 13.330, de 2016) nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Furto de coisa comum Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para nº 8.072, de 25.7.1990)
si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Lei nº 8.072, de 25.7.90
§ 1º - Somente se procede mediante representação. Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente. § 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada
CAPÍTULO II pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
DO ROUBO E DA EXTORSÃO § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que
Roubo o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê- nº 9.269, de 1996)
-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Extorsão indireta
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abu-
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída sando da situação de alguém, documento que pode dar causa a
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
ou para terceiro.

Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO III CAPÍTULO V
DA USURPAÇÃO DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Alteração de limites Apropriação indébita


Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a
outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo posse ou a detenção:
ou em parte, de coisa imóvel alheia: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Aumento de pena
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente re-
Usurpação de águas cebeu a coisa:
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas I - em depósito necessário;
alheias; II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, in-
Esbulho possessório ventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou me- III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
diante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº
para o fim de esbulho possessório. 9.983, de 2000)
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as con-
esta cominada. tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de vio- convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
lência, somente se procede mediante queixa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluí-
Supressão ou alteração de marca em animais do pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou re- § 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela
banho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade: Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância
destinada à previdência social que tenha sido descontada de paga-
CAPÍTULO IV
mento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
DO DANO
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – recolher contribuições devidas à previdência social que
Dano
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983,
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
de 2000)
Dano qualificado
Parágrafo único - Se o crime é cometido: III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela pre-
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o vidência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
fato não constitui crime mais grave § 2o  É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, impor-
concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mis- tâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência
ta; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967) social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
a vítima: § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
pena correspondente à violência. desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previ-
sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte pre- denciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de
juízo: 2000)
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
ou histórico: Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. força da natureza
Alteração de local especialmente protegido Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o as- poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
pecto de local especialmente protegido por lei: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Ação penal Apropriação de tesouro
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo
e do art. 164, somente se procede mediante queixa. ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;

Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE DIREITO
Apropriação de coisa achada Abuso de incapazes
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de neces-
ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo pos- sidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou de-
suidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo bilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de
de quinze dias. ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o de terceiro:
disposto no art. 155, § 2º. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Induzimento à especulação
CAPÍTULO VI Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex-
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES periência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem,
induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com
Estelionato títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em é ruinosa:
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: Fraude no comércio
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o
mil réis a dez contos de réis. adquirente ou consumidor:
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuí- I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsi-
zo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. ficada ou deteriorada;
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: II - entregando uma mercadoria por outra:
Disposição de coisa alheia como própria Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em ga- § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou
rantia coisa alheia como própria; o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadei-
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa ra; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:
própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Outras fraudes
Defraudação de penhor
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor
ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para
ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do
efetuar o pagamento:
objeto empenhado;
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Fraude na entrega de coisa
Parágrafo único - Somente se procede mediante representa-
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa
que deve entregar a alguém; ção, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a
Fraude para recebimento de indenização ou valor de se- pena.
guro Fraudes e abusos na fundação ou administração de socie-
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou dade por ações
lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fa-
lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de zendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assem-
seguro; bleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocul-
Fraude no pagamento por meio de cheque tando fraudulentamente fato a ela relativo:
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em po- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não
der do sacado, ou lhe frustra o pagamento. constitui crime contra a economia popular.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime
em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de eco- contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951)
nomia popular, assistência social ou beneficência. I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações,
Estelionato contra idoso que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido con- público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições
tra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015) econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou
Duplicata simulada em parte, fato a elas relativo;
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualida- artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
de, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade
27.12.1990) ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Reda- sociais, sem prévia autorização da assembleia geral;
ção dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que fal- da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
sificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplica- V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito so-
tas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) cial, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;

Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE DIREITO
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de- § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da
sacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou União, Estado, Município, empresa concessionária de servi-
dividendos fictícios; ços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pes- no  caput deste artigo aplica-se em dobro. (Incluído pela Lei nº
soa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta 9.426, de 1996)
ou parecer; Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autori- comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que
zada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de cri-
e II, ou dá falsa informação ao Governo. me: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluí-
e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para do pela Lei nº 13.330, de 2016)
outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral.
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “war-
rant”
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em 2.3.8 DOS CRIMES CONTRA
desacordo com disposição legal: A DIGNIDADE SEXUAL
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Fraude à execução
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo
ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. TÍTULO VI
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
CAPÍTULO VII
DA RECEPTAÇÃO CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL 
Receptação (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, Estupro 
ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada
ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 9.426, de 1996)
12.015, de 2009)
Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996) Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em pela Lei nº 12.015, de 2009)
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exer- ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze)
cício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada Lei nº 12.015, de 2009)
pela Lei nº 9.426, de 1996) § 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do pará- 12.015, de 2009)
grafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandesti- Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela
no, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº Lei nº 12.015, de 2009)
9.426, de 1996) Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem nº 12.015, de 2009)
a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidi-
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) noso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as
ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Redação
penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isen-
to de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada
pela Lei nº 9.426, de 1996) pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter
o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar vantagem econômica, aplica-se também multa. (Redação dada
a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. pela Lei nº 12.015, de 2009)
155.  (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE DIREITO
Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificul-
ao exercício de emprego, cargo ou função.” (Incluído pela Lei nº tar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
10.224, de 15 de 2001) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei Lei nº 12.015, de 2009)
nº 10.224, de 15 de 2001) § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem eco-
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de nômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
15 de 2001) 2009)
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor § 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) de 2009)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com
CAPÍTULO II alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na si-
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL  tuação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015,
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) de 2009)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em
Sedução que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. (In-
Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) cluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obri-
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato li- gatório da condenação a cassação da licença de localização e de
bidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº funcionamento do estabelecimento.(Incluído pela Lei nº 12.015,
12.015, de 2009) de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela
CAPÍTULO III
Lei nº 12.015, de 2009)
DO RAPTO
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas
no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental,
Rapto violento ou mediante fraude
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
Art. 219 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído
Rapto consensual
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 220 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Diminuição de pena
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza gra-
Art. 221 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
ve: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Concurso de rapto e outro crime
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Art. 222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
Lei nº 12.015, de 2009)
§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, CAPÍTULO IV
de 2009) DISPOSIÇÕES GERAIS
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela
Lei nº 12.015, de 2009) Art. 223 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Corrupção de menores  Art. 224 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satis- Ação penal
fazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Títu-
2009) lo, procede-se mediante ação penal pública condicionada à repre-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada sentação. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
pela Lei nº 12.015, de 2009) Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos
2009) ou pessoa vulnerável. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou Aumento de pena
adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 226. A pena é aumentada:(Redação dada pela Lei nº
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 11.106, de 2005)
(catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou ou- I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso
tro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de ou- de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada pela Lei nº 11.106,
trem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) de 2005)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” (Incluído pela II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madras-
Lei nº 12.015, de 2009) ta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex- empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade
ploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. sobre ela; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
(Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014) III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO V § 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça,
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da
FIM DE  vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE  Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena
EXPLORAÇÃO SEXUAL  correspondente à violência.(Redação dada pela Lei nº 12.015, de
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 2009)
Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração se-
Mediação para servir a lascívia de outrem xual (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional,
Pena - reclusão, de um a três anos. de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estran-
anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou com- geiro. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
panheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela
para fins de educação, de tratamento ou de guarda:  (Redação dada Lei nº 12.015, de 2009)
pela Lei nº 11.106, de 2005) § 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou com-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. prar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa con-
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave dição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. (Redação dada pela Lei
ameaça ou fraude: nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente § 2o A pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei
à violência. nº 12.015, de 2009)
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se tam- I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº
bém multa. 12.015, de 2009)
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
sexual (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) necessário discernimento para a prática do ato; (Incluído pela Lei nº
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma 12.015, de 2009)
de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, entea-
abandone: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) do, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou emprega-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dor da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) cuidado, proteção ou vigilância; ou (Incluído pela Lei nº 12.015, de
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, 2009)
cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (Incluído
vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, pela Lei nº 12.015, de 2009)
proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) § 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econô-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela mica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Lei nº 12.015, de 2009) Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual (Re-
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave dação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
ameaça ou fraude: Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspon- dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra
dente à violência. forma de exploração sexual: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se tam- 2009)
bém multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela
Casa de prostituição Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabeleci- § 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender
mento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento des-
ou mediação direta do proprietário ou gerente: (Redação dada pela Lei sa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. (Incluído pela Lei
nº 12.015, de 2009) nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. § 2o A pena é aumentada da metade se: (Incluído pela Lei nº
Rufianismo 12.015, de 2009)
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando di- I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº
retamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, 12.015, de 2009)
por quem a exerça: II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. necessário discernimento para a prática do ato; (Incluído pela Lei nº
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) 12.015, de 2009)
anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, en-
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou teado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empre-
empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, gador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei de cuidado, proteção ou vigilância; ou (Incluído pela Lei nº 12.015,
nº 12.015, de 2009) de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Redação IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (In-
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) cluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE DIREITO
§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem eco- Alguns resultados previstos no art. 258 do Código Penal po-
nômica, aplica-se também multa.(Incluído pela Lei nº 12.015, de dem majorar as penas. Isso ocorrerá quando tais resultados não
2009) forem a finalidade da ação do agente, mas ocorrerem a título de
Art. 232 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) culpa.
Esse agravo de pena pode acontecer tanto nas modalidades
CAPÍTULO VI dolosas dos crimes, quanto em suas versões culposas.
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
TÍTULO VIII
Ato obsceno DOS CRIMES CONTRA A
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou INCOLUMIDADE PÚBLICA
exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. CAPÍTULO I
Escrito ou objeto obsceno DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua Incêndio
guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pú- Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a inte-
blica, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obs- gridade física ou o patrimônio de outrem:
ceno: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Aumento de pena
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: § 1º - As penas aumentam-se de um terço:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem
dos objetos referidos neste artigo; pecuniária em proveito próprio ou alheio;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, repre- II - se o incêndio é:
sentação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, a) em casa habitada ou destinada a habitação;
ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo
de assistência social ou de cultura;
rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de trans-
porte coletivo;
CAPÍTULO VII
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
DISPOSIÇÕES GERAIS 
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumen-
tada: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Incêndio culposo
I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) meses a dois anos.
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e (Incluído pela Explosão
Lei nº 12.015, de 2009) Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples
doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos
portador. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) análogos:
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
neste Título correrão em segredo de justiça.(Incluído pela Lei nº § 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo
12.015, de 2009)  de efeitos análogos:
Art. 234-C. (VETADO).  (Incluído pela Lei nº 12.015, de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
2009) Aumento de pena
§ 2º - As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer
das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada
ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo
2.3.9 DOS CRIMES CONTRA A parágrafo.
INCOLUMIDADE PÚBLICA Modalidade culposa
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou subs-
tância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis meses a
dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um
É a condição de estar livre de perigo ou dano, ileso, incólume. ano.
É o estado de preservação ou segurança de pessoas ou de coisas em Uso de gás tóxico ou asfixiante
relação a possíveis eventos lesivos. O legislador ao empregar a ex- Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física ou o
pressão “incolumidade pública”, incriminou condutas atentatórias patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante:
à vida, ao patrimônio e à segurança de pessoas indeterminadas. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE DIREITO
Modalidade Culposa II - colocando obstáculo na linha;
Parágrafo único - Se o crime é culposo: III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veí-
Pena - detenção, de três meses a um ano. culos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telé-
Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de grafo, telefone ou radiotelegrafia;
explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre:
Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás Desastre ferroviário
tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação: § 1º - Se do fato resulta desastre:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa.
Inundação § 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a vida, a inte- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
gridade física ou o patrimônio de outrem: § 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, ferro qualquer via de comunicação em que circulem veículos de
ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de culpa. tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo.
Perigo de inundação Atentado contra a segurança de transporte marítimo, flu-
Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio vial ou aéreo
ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patri- Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria
mônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar
inundação: navegação marítima, fluvial ou aérea:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Desabamento ou desmoronamento Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo
Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento, expondo § 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de
a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: embarcação ou a queda ou destruição de aeronave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Modalidade culposa Prática do crime com o fim de lucro
Parágrafo único - Se o crime é culposo: § 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica
Pena - detenção, de seis meses a um ano. o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para
Subtração, ocultação ou inutilização de material de sal- outrem.
vamento Modalidade culposa
Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incên- § 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
dio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, apare- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
lho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao Atentado contra a segurança de outro meio de transporte
perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público,
de tal natureza: impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Pena - detenção, de um a dois anos.
Formas qualificadas de crime de perigo comum § 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de dois
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão a cinco anos.
corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumen- § 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:
tada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso Pena - detenção, de três meses a um ano.
de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de Forma qualificada
metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260
culposo, aumentada de um terço. a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou
Difusão de doença ou praga morte, aplica-se o disposto no art. 258.
Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar dano a Arremesso de projétil
floresta, plantação ou animais de utilidade econômica: Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento,
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. destinado ao transporte público por terra, por água ou pelo ar:
Modalidade culposa Pena - detenção, de um a seis meses.
Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de detenção, de Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a pena é
um a seis meses, ou multa. de detenção, de seis meses a dois anos; se resulta morte, a pena é a
do art. 121, § 3º, aumentada de um terço.
CAPÍTULO II Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pú-
DOS CRIMES CONTRA A blica
SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o funcionamento de
E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer outro de utilidade
pública:
Perigo de desastre ferroviário Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro: Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um terço)
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcial- até a metade, se o dano ocorrer em virtude de subtração de mate-
mente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra-de-arte ou rial essencial ao funcionamento dos serviços. (Incluído pela Lei nº
instalação; 5.346, de 3.11.1967)

Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE DIREITO
Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefô- Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substân-
nico, informático, telemático ou de informação de utilidade pú- cia ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o noci-
blica (Redação dada pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência va à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo: (Redação dada pela
Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radio- Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
telegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabeleci- Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
mento: dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. § 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende,
§ 1o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemá- expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer
tico ou de informação de utilidade pública, ou impede ou dificul- forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o
ta-lhe o restabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) produto falsificado, corrompido ou adulterado. (Incluído pela Lei nº
Vigência 9.677, de 2.7.1998)
§ 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por § 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações pre-
ocasião de calamidade pública. (Incluído pela Lei nº 12.737, de vistas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico.
2012) Vigência (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Modalidade culposa
§ 2º - Se o crime é culposo: (Redação dada pela Lei nº 9.677,
CAPÍTULO III
de 2.7.1998)
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. (Redação
Epidemia
dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produ-
patogênicos: to destinado a fins terapêuticos ou medicinais (Redação dada pela
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
nº 8.072, de 25.7.1990) Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. destinado a fins terapêuticos ou medicinais:  (Redação dada pela
§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos. Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Reda-
Infração de medida sanitária preventiva ção dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à
impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa. ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente ou alterado. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo
farmacêutico, dentista ou enfermeiro. os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os
Omissão de notificação de doença cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. (Incluído pela
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
doença cuja notificação é compulsória: § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes
Envenenamento de água potável ou de substância alimen- condições: (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
tícia ou medicinal I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitá-
Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particu- ria competente; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
lar, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo: II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei no inciso anterior; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas
nº 8.072, de 25.7.1990)
para a sua comercialização; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua ativida-
tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substân-
de; ((Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
cia envenenada.
V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Modalidade culposa VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade
§ 2º - Se o crime é culposo: sanitária competente. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Modalidade culposa
Corrupção ou poluição de água potável § 2º - Se o crime é culposo: 
Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação
particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde: dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. Emprego de processo proibido ou de substância não permitida
Modalidade culposa Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a con-
Parágrafo único - Se o crime é culposo: sumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, subs-
Pena - detenção, de dois meses a um ano. tância aromática, anti-séptica, conservadora ou qualquer outra não
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de subs- expressamente permitida pela legislação sanitária:
tância ou produtos alimentícios (Redação dada pela Lei nº 9.677, Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação
de 2.7.1998) dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE DIREITO
Invólucro ou recipiente com falsa indicação Curandeirismo
Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de produtos Art. 284 - Exercer o curandeirismo:
alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a existência de substân- I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente,
cia que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe em qualquer substância;
quantidade menor que a mencionada: (Redação dada pela Lei nº II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
9.677, de 2.7.1998) III - fazendo diagnósticos:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remunera-
Produto ou substância nas condições dos dois artigos an- ção, o agente fica também sujeito à multa.
teriores Forma qualificada
Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para vender Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previs-
ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto nas condições tos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267.
dos arts. 274 e 275.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.(Redação
dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)
Substância destinada à falsificação 2.3.10 DOS CRIMES CONTRA
Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou ce- A PAZ PÚBLICA
der substância destinada à falsificação de produtos alimentícios,
terapêuticos ou medicinais:(Redação dada pela Lei nº 9.677, de
2.7.1998)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação O Direito Penal busca em critério objetivo a identificação dos
dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) crimes e sua colocação espacial no Código Penal. Existem condu-
Outras substâncias nocivas à saúde pública tas que por si só, induzem medo a sociedade, por isso merecem
Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito repulsa do órgão repressor. Teoricamente todos os crimes seriam
para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou contra a paz publica, todavia o Código Penal traz especificamente
substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação aqueles que tratam do risco à segurança da paz pública:
ou a fim medicinal:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Quadrilha ou Bando (art. 288)
Modalidade culposa Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha
Parágrafo único - Se o crime é culposo: ou bando, para o fim de cometer crimes:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Pena - reclusão, de um a três anos.
Substância avariada Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha
Art. 279 - (Revogado pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) ou bando é armado.
Medicamento em desacordo com receita médica Quadrilha é o grupo composto por quatro pessoas. Bando,
Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo com cinco ou mais. O tipo penal pode ser visto como uma limitação
receita médica: legítima ao direito de associação (art. 5º, XVII, CF/88), uma vez
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa. que tal liberdade não subsiste quando a associação tem fins ilícitos.
Modalidade culposa O crime é de perigo abstrato, uma vez que se presume haver
Parágrafo único - Se o crime é culposo: perigo para a sociedade mediante a simples associação de pessoas
Pena - detenção, de dois meses a um ano. para fins de práticas criminosas. Se a associação é para praticar
Comércio clandestino ou facilitação de uso de entorpe- contravenção penal, não haverá crime.
centes É também crime coletivo, plurissubjetivo ou de concurso ne-
COMÉRCIO, POSSE OU USO DE ENTORPECENTE cessário, de condutas convergentes, uma vez que, diferentemente
OU SUBSTÂNCIA QUE DETERMINE DEPENDÊNCIA FÍ- da rixa, onde as condutas são contrapostas, na quadrilha as condu-
SICA OU PSÍQUICA. (Redação dada pela Lei nº 5.726, de 1971) tas têm uma finalidade comum.
(Revogado pela Lei nº 6.368, 1976) É também crime permanente, permitindo o flagrante a qual-
Art. 281. (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976) quer tempo, já que sua consumação se prolonga no tempo.
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farma- Inclui-se no cômputo das quatro pessoas
cêutica a) O menor que faz parte da quadrilha, o qual, entretanto,
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de responderá por contravenção;
médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou exce- b) O agente beneficiado com a extinção da punibilidade
dendo-lhe os limites: pela morte;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. c) O agente beneficiado com a prescrição com prazo redu-
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, zido em função da idade;
aplica-se também multa. d) Os agentes não identificados.
Charlatanismo O agente responde pelo delito ainda que não tenha poder de
Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou in- mando, já que não é possível que todos ostentem tal condição.
falível: Possível é a punição mesmo que não tenha sido cometido de-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. lito algum, bastando a associação para tanto.

Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE DIREITO
Entretanto, na grande maioria dos casos a quadrilha somente Concurso de Crimes
será reconhecida em função de crimes efetivamente cometidos, o Reconhece-se o concurso de:
que, aliás, servirá de prova para sua existência. a) Quadrilha com roubo majorado pelo concurso de agen-
No concurso de agentes, há o desígnio de praticar um ou so- tes: isso porque os bens jurídicos são diversos (STF, HC 76.213);
mente alguns crimes, para logo depois se dissociarem os agentes. b) Quadrilha armada com roubo majorado pelo emprego de
Associar-se significa organizar-se, aliar-se, unir esforços para armas: pelo mesmo motivo (STF, HC 107.773);
um determinado fim. c) Quadrilha com furto qualificado pelo concurso de agen-
Para o STF, pouco importa que todos os membros se conhe- tes: pelo mesmo motivo (STF, RHC 58.928/RJ);
çam ou não, que haja um chefe da quadrilha, que cada um desem- d) Quadrilha com porte ilegal de armas: pelo mesmo moti-
penhe uma função específica ou que haja organização. vo (STF, RHC 83.447/SP).
Exige-se, para a configuração do crime, o ânimo de estabi-
lidade ou permanência da quadrilha para a prática de uma série Competência e Ação Penal
indeterminada de crimes, não se configurando crime a associação A competência será da Justiça Federal quando:
a) A quadrilha cometer peculato contra a previdência so-
eventual para praticar delitos
cial;
b) Quando a quadrilha dedica-se ao uso de documentos fal-
Consumação e Tentativa
sificados que servem, entre outros objetivos, à supressão de tribu-
Consuma-se o crime no momento da convergência de von-
tos federais;
tades para o cometimento de uma série indeterminada de crimes. c) Quando a quadrilha pratica crime contra a União, suas
Para o agente que adere à quadrilha, a consumação se dá com a autarquias e empresas públicas.
adesão. Se a quadrilha age em diversos estados, a competência será
O CRIME É FORMAL, independendo da prática de crimes, firmada pela prevenção. O mesmo se ela age em diversas seções
os quais, se ocorrerem, serão autônomos em relação ao crime de judiciárias.
quadrilha. De acordo com o STF, devem ser reunidos os processos em
Não admite tentativa, por se tratar de delito unissubsistente. trâmite praticados pela quadrilha, sendo prevalente o juízo do local
em que foi praticado o crime com pena maior; se iguais as penas,
Crime Hediondo e Associação Para o Tráfico aquele em que foi praticado o maior número de delitos.
De acordo com a Lei nº 8.072/90: A ação penal será sempre pública incondicionada.
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no
artigo 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, Denúncia
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou Admite-se a denúncia genérica, já que se trata de crime de
terrorismo. autoria coletiva. A conduta específica de cada agente será apurada
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar no decorrer da ação penal.
à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantela- Assim, não será inepta a denúncia que não descreve, porme-
mento, terá a pena reduzida de um a dois terços. norizadamente, a conduta dos denunciados, quando não obstrui
Assim, se a quadrilha é formada para praticar crimes hedion- nem dificulta o exercício da ampla defesa.
dos ou equiparados, a pena será de três a seis anos, sendo perfei- Para a condenação, bastará a demonstração de que o réu teve
tamente admissível a aplicação da qualificadora prevista no art. participação na associação ilícita, não sendo necessário demons-
288, p. único, que prevê pena em dobro para quadrilha ou bando trar sua participação em algum dos crimes autônomos perpretados
armado (assim, a pena base passará a ser de 6 a 12 anos). pela quadrilha, muito embora a grande dificuldade de se compro-
O p. único do art. 8º acima prevê a colaboração ou delação var a só participação na quadrilha
premiada, sendo uma causa especial de diminuição de pena so-
Constituição de Milícia Privada (art. 288-A)
mente aplicável aos crimes previstos no caput. Se a quadrilha for
Constituição de milícia privada
para outros fins, não se aplica.
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear
Entretanto, essa qualificadora não se aplica para o delito de
organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão
associação para o tráfico previsto no art. 35 da Lei nº 11.343/06,
com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste
cometido por duas ou mais pessoas, sendo punido com pena de 03 Código:
a 10 anos, não se aplicando o p. único do art. 288 face a absoluta Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.”
autonomia e especialidade desse tipo penal.
TÍTULO IX
Crime Único DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
A quadrilha, como visto, é crime permanente. Assim, os episó- Incitação ao crime
dios sucessivos inerentes ao estado de associação criminosa com- Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
põem quadro evidenciador de um mesmo e só delito ou bando. O Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
agente não pode ser acusado e condenado por dois ou mais crimes Apologia de crime ou criminoso
de quadrilha em função de delitos autônomos dela derivados prati- Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou
cados em momentos distintos, ainda que tenham vítimas diversas. de autor de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.

Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE DIREITO
Associação Criminosa Moeda de curso legal é aquela de recebimento obrigatório,
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim por força de lei, que não pode ser recusada no comércio. Ela pode
específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, se referir tanto a moeda metálica quanto ao papel-moeda. Se o
de 2013) (Vigência) aceite de outra moeda for meramente convencional, não restará
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela caracterizado o crime (pode haver, em tese, o estelionato).
Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) O crime se consuma com a simples contrafação ou alteração,
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a asso- sendo indiferente se houve ou não a efetiva introdução das moedas
ciação é armada ou se houver a participação de criança ou ado- falsificadas em circulação; tampouco se exige dano a terceiro.
lescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) A ação penal é pública incondicionada, de competência da
Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº Justiça Federal. Como o crime deixa vestígios, exige-se prova
12.720, de 2012) pericial.
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear Não se admite, predominantemente, a aplicação do princípio
organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão da insignificância, sendo irrelevante o número de cédulas, seu va-
com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste lor ou o número de pessoas eventualmente lesadas.
Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de moeda
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada falsa, pois se trata de delito contra a fé pública, logo não há que
falar em desinteresse estatal à sua repressão
pela Lei nº 12.720, de 2012)
Circulação de Moeda Falsa (art. 289, § 1º)
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
2.3.11 DOS CRIMES CONTRA alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
A FÉ PÚBLICA guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
Nesse caso, não se exige que a moeda falsa seja a de curso
legal no país, podendo ser moeda estrangeira.
O autor pode ser qualquer pessoa, menos o autor da fal-
sificação. É um tipo subsidiário, podendo o agente responder por
Crimes Contra a Fé Pública uma destas condutas caso não seja determinada a autoria da falsi-
Os crimes contra a fé pública são crimes de perigo abstrato, ficação.
porque neles o tipo não faz referência ao perigo. Assim, há de se O tipo se caracteriza por ser misto alternativo. Evidentemente
questionar, por exemplo, o seguinte: alguém falsificou uma cé- que se o agente falsifica a moeda e a faz circular, responderá por
dula, mas é uma cédula de três reais, existiu o crime de falso de um só crime, já que a circulação é mero exaurimento.
moeda? O agente precisa ter conhecimento da falsidade. Se ele recebe
Poderia se levar a pensar que sim, o legislador não fala que a moeda e a faz circular sem saber, não responde pelo crime.
a moeda tenha que ser essencialmente correspondente a uma que O Dolo é muito difícil de se comprovar nesses crimes, pois o
exista. Mas a resposta seria não, inclusive a súmula 73 do STJ agente sempre nega a autoria, alegando que desconhecia a falsida-
nos auxiliaria a dizer isto. A súmula 73 diz assim: o papel moeda de. O juiz, por sua vez, deve se atentar para as máximas da expe-
grosseiramente falsificado não configura crime de moeda falsa, riência, para o modus operandi do agente, a fim de captar a prática
mas sim estelionato em tese, de competência da JE. Qual o racio- do crime. É o que ocorre, por exemplo, quando o agente utiliza a
cínio que se emprega? moeda na calada da noite, com pessoas humildes, quando já tenha
Malgrado seja um crime de perigo abstrato, a conduta tentado trocar a moeda anteriormente etc. Baltazar sugere que se
praticada não dispensa a idoneidade para a demonstração da atente para os seguintes dados:
possibilidade de o perigo acontecer. As condutas têm que ter Quantidade de cédulas encontradas com o agente;
Modo de introdução em circulação;
idoneidade suficiente a produzir perigo, o que não significa dizer
Existência de outras cédulas de menor valor em poder do
que o perigo seja exigido, são coisas diversas. Há como descarac-
agente;
terizar a idoneidade em termos abstratos, e não concretos, como
Verossimilhança da versão do réu para a origem das cédulas;
seria o caso. Uma cédula de três reais pode expor a risco a fé
Grau de instrução do agente;
pública? Não, nem em abstrato. Local onde guarda as cédulas.
Trata-se de crime formal e de perigo abstrato, sendo irrelevan-
Moeda Falsa (art. 289) tes, para a consumação, a obtenção da vantagem indevida para o
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda me- agente ou de prejuízo para terceiros.
tálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. Concurso de Crimes
A fabricação é ação conhecida como contrafação; nela, se Se o agente introduz em circulação várias cédulas ou moedas,
insere materialmente o objeto em circulação. Já a alteração pres- no mesmo contexto, há crime único.
supõe a existência de um suporte, o qual o agente modifica de Se ele introduz moedas em locais próximos, num mesmo con-
alguma forma, geralmente para que valha mais. texto, há entendimento de ser crime único e crime continuado.
O bem jurídico protegido é a fé pública, ou seja, a segurança Se o agente obtém vantagem econômica indevida, O ESTE-
da sociedade em relação à moeda, ao meio circulante e à circula- LIONATO É ABSORVIDO PELO DELITO DE MOEDA FAL-
ção monetária. SA, por aplicação do princípio da consunção ou da especialidade.

Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE DIREITO
Competência Documentos Públicos por Equiparação (art. 297, § 2º)
É da Justiça Federal, já que afeta a fé pública da União, ainda Trata-se de documentos particulares que, pela sua importân-
que tenha por objeto moeda estrangeira. cia, foram equiparados pela lei a documento público. São eles:
A competência para processar e julgar esses crimes de moeda Documentos emitidos por entidade paraestatal;
falsa é da JF, desde que haja idoneidade, desde que se trate de Título ao portador ou transmissível por endosso;
crime de moeda falsa. Livros mercantis;
Se não houver idoneidade haverá o falso inócuo. A figura do Testamento particular.
falso inócuo, então, é aquela em que a falsificação existiu, mas Consumação e Tentativa
com as características dela não se apresenta capaz a iludir um A consumação ocorre quando realizada a falsificação ou al-
número indeterminado de agentes. teração. É um crime formal, bastando o resultado jurídico, sendo
perfeitamente possível a tentativa.
Forma Privilegiada (art. 289, § 2º) Concurso de Crimes
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, Falsificação de documento público e estelionato: para o STF,
ambos os crimes coexistiriam, mas em concurso formal. Para o
moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhe-
STJ:
cer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos,
Falsificação e uso de documento falso (art. 304): o uso será
e multa.
absorvido, já que é mero pós fato impunível. Isso, entretanto, se o
Adquirir a moeda falsa sem ter conhecimento do vício não é
falsário for a mesma pessoa que usa o documento
crime. Entretanto, o é o fato de colocar novamente em circulação Causas de Aumento de Pena (art. 297, 13º)
após conhecer da falsidade. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
Esse crime somente se consuma com a reintrodução da moe- prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
da à circulação. Logo, é material, admitindo a tentativa.
Falsidade de Documento e Sonegação Fiscal
Forma Qualificada (art. 289, § 3º) Nos crimes de sonegação fiscal há causas extintivas de punibi-
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, lidade, assim como também há o entendimento do STF no sentido
o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de de que eles são sujeitos a uma condição objetiva de punibilidade,
emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: que significa o esgotamento da via administrativa.
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado
em lei; Falsificação de Documento Particular (art. 298)
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particu-
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular lar ou alterar documento particular verdadeiro:
moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
O conceito de documento particular é dado por exclusão. Par-
Falsificação de Documento Público (art. 297) ticular é todo documento que não é público. São exemplos:
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, Cheque devolvido pelo banco: é documento particular, pois
ou alterar documento público verdadeiro: após devolvido o cheque, não mais poderá ser transmitido por
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. endosso.
São requisitos da falsificação: Documento endereçado à autoridade pública: não é documen-
Que ela seja idônea: é a falsificação apta a iludir, capaz de to público, já que não foi feito por autoridade pública.
enganar qualquer pessoa normal; para a jurisprudência, a falsifi-
cação grosseira não constitui crime, pois não é capaz de enganar Falsidade Ideológica (art. 299)
as pessoas em geral. Poderia ser, no máximo, estelionato; Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, de-
claração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir
Que tenha capacidade de causar prejuízo a alguém:
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de
Disquete, cd, xerox etc. não são documentos. Documento é
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
toda peça escrita que condensa o pensamento de alguém, capaz de
fato juridicamente relevante:
provar um fato ou a realização de um ato de relevância jurídica.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento
é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento
Requisitos do Documento Público é particular.
Deve ser elaborado por agente público; Trata-se de um crime formal, bastando a possibilidade de
O agente público deve estar no exercício da função, tendo dano para ser punível.
atribuição para tanto; A falsidade ideológica é voltada para a declaração que com-
Deve obedecer às formalidades legais exigidas para a valida- põe o documento, para o conteúdo do que se quer falsificar. Nela,
de do documento. o documento é formalmente perfeito e falso seu conteúdo in-
Pode um documento estrangeiro ser considerado público? telectual. O agente declara e faz constar no documento algo que
Sim, desde que seja considerado público no país de origem e que sabe não ser verdadeiro.
satisfaça os requisitos de validade previstos no ordenamento bra- Na falsidade material o vício incide sobre a parte exterior do
sileiro. documento, recaindo sobre o elemento físico do papel escrito e
verdadeiro. O sujeito modifica as características originais do ob-

Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE DIREITO
jeto material por meio de rasuras, borrões, emendas, substituição Falsa Identidade (art. 307)
de palavras ou letras, números, etc. Na falsidade ideológica (ou Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade
pessoa) o vício incide sobre as declarações que o objeto material para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar
deveria possuir, sobre o conteúdo das ideias. Inexistem rasuras, dano a outrem:
emendas, omissões ou acréscimos. O documento, sob o aspecto Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não
material é verdadeiro; falsa é a ideia que ele contém. Daí também constitui elemento de crime mais grave.
chamar-se ideal Trata-se de um delito formal e expressamente subsidiário.
Identidade se refere às características que uma pessoa possui
Requisitos para a Configuração, Conforme Jurisprudên- capazes de a individualizarem na sociedade. Está ligada intimamen-
cia te à noção de estado civil.
Que a declaração tenha valor por si mesma: se a declaração A falsidade tem de ser idônea e deve haver relevância jurídica
tiver de ser investigada pela autoridade pública, não há crime na imputação falsa, capacidade de causar dano.
(v.g., declaração de pobreza falsa). Nesse sentido: O silêncio não pode configurar falsa identidade, já que o crime
Que a declaração faça parte do objeto do documento: as de- é comissivo.
clarações irrelevantes, como o endereço da testemunha num con-
trato, não caracterizam o crime Falsa Identidade e Autodefesa
Para concursos de Defensoria Pública, o preso em flagrante ou
Casuísticas interrogado em juízo que se dá outro nome para se eximir da conde-
Se alguém pega a assinatura de um amigo em uma folha em nação simplesmente exerce a autodefesa, em seu sentido mais am-
branco e preenche como confissão de dívida, pratica o crime de plo, aplicando-se o brocardo nemo tenetur se detegere.
falsidade ideológica; Para o MP, evidentemente que não se trata de autodefesa, já
Pegar uma folha e falsificar a assinatura de outrem é falsidade que a conduta do agente é comissiva, tentando enganar a autoridade
material; pública, se afastando em muito do simples direito à não autoincri-
Se, em um B.O., o escrivão inserir fatos que não foram narra- minação
dos, haverá falsidade ideológica;
A cópia sem autenticação não pode ser considerada docu- TÍTULO X
mento para fins penais. DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
Elemento Subjetivo, Consumação e Tentativa CAPÍTULO I
O crime exige o especial fim de prejudicar direito ou criar DA MOEDA FALSA
obrigação, ou ainda, alterar a verdade sobre fato juridicamente Moeda Falsa
relevante.
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metá-
Na MODALIDADE OMISSIVA, consuma-se com a omissão
lica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
e não cabe tentativa.
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
Na comissiva, ocorre quando o agente insere ou faz terceiro
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou
inserir, sendo a tentativa perfeitamente possível.
alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
Causa de Aumento de Pena
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moe-
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e co-
mete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou da falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a
alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
de sexta parte. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o
funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emis-
Uso de Documento Falso (art. 304) são que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular
Trata-se de crime com preceito penal secundário remetido. moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
Fazer uso é utilizar documento falso como se verdadeiro fos- Crimes assimilados ao de moeda falsa
se. O uso deve ser efetivo, não bastando mencionar que possui o Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de
documento. Se o agente falsifica e usa documento, há simples- moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros;
mente progressão criminosa, e o uso se torna um post factum im- suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de res-
punível. tituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à
Não haverá o crime se o documento for encontrado pela au- circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhi-
toridade em revista pessoal do agente; se o documento é apresen- dos para o fim de inutilização:
tado mediante solicitação ou exigência da autoridade policial, há Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
controvérsia. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos
Competência e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha na re-
Se o documento utilizado for passaporte, a competência será partição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil
da Justiça Federal do lugar onde apresentado: ingresso, em razão do cargo.(Vide Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE DIREITO
Petrechos para falsificação de moeda § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gra- boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se re-
tuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou ferem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou
qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos,
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. ou multa.
Emissão de título ao portador sem permissão legal § 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino,
vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públi-
ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem cos e em residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
deva ser pago: Petrechos de falsificação
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar ob-
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qual-
jeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis
quer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de de-
tenção, de quinze dias a três meses, ou multa. referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
CAPÍTULO II Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
DA FALSIDADE DE me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
CAPÍTULO III
Falsificação de papéis públicos DA FALSIDADE DOCUMENTAL
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qual- Falsificação do selo ou sinal público
quer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tribu- Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
to; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União,
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso de Estado ou de Município;
legal; II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito públi-
III - vale postal; co, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econô- Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
mica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito § 1º - Incorre nas mesmas penas:
público;
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em
relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução
por que o poder público seja responsável; prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
administrada pela União, por Estado ou por Município: logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou iden-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. tificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. (In-
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº cluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
11.035, de 2004) § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsifi- prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
cados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de Falsificação de documento público
2004) Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento públi-
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, co, ou alterar documento público verdadeiro:
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, man- prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
tém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento pú-
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exer- blico o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou
cício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercado- transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os
ria: (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
livros mercantis e o testamento particular.
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle
§ 3o  Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inse-
tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária rir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
determina a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº I – na folha de pagamento ou em documento de informações
11.035, de 2004) que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pes-
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, soa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído
com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal pela Lei nº 9.983, de 2000)
indicativo de sua inutilização: II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empre-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. gado ou em documento que deva produzir efeito perante a previ-
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, dência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido
qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior. escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE DIREITO
III – em documento contábil ou em qualquer outro documen- Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que
to relacionado com as obrigações da empresa perante a previdên- tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração
cia social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter consta- está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:
do. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de
mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de Uso de documento falso
serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou
Falsificação de documento particular (Redação dada pela alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particu- Supressão de documento
lar ou alterar documento particular verdadeiro: Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou parti-
cular verdadeiro, de que não podia dispor:
Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento
Vigência
é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a
é particular.
documento particular o cartão de crédito ou débito. (Incluído pela
Lei nº 12.737, de 2012) Vigência CAPÍTULO IV
Falsidade ideológica DE OUTRAS FALSIDADES
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, de-
claração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir Falsificação do sinal empregado no contraste de metal
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou
juridicamente relevante: sinal empregado pelo poder público no contraste de metal precioso
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal dessa natu-
é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento reza, falsificado por outrem:
é particular. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa
o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para
é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o cum-
parte. primento de formalidade legal:
Falso reconhecimento de firma ou letra Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de fun- Falsa identidade
ção pública, firma ou letra que o não seja: Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar
é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular. dano a outrem:
Certidão ou atestado ideologicamente falso Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função não constitui elemento de crime mais grave.
pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, ca-
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qual- derneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia
ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natu-
quer outra vantagem:
reza, próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o
Falsidade material de atestado ou certidão
fato não constitui elemento de crime mais grave.
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou
Fraude de lei sobre estrangeiro
alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no
fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, território nacional, nome que não é o seu:
isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
vantagem: Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para
Pena - detenção, de três meses a dois anos. promover-lhe a entrada em território nacional: (Incluído pela Lei
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, nº 9.426, de 1996)
além da pena privativa de liberdade, a de multa. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Incluído pela
Falsidade de atestado médico Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, ates- Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor
tado falso: de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que
Pena - detenção, de um mês a um ano. a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: (Re-
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, dação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
aplica-se também multa. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Redação
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Didatismo e Conhecimento 63
NOÇÕES DE DIREITO
Adulteração de sinal identificador de veículo automo- O agente, representante de um poder estatal, tem por função
tor (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) principal cumprir regularmente seus deveres, confiados pelo povo.
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qual- A traição funcional faz com que todos tenhamos interesse na sua
quer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou punição, até porque, de certa forma, somos afetados por elas.
equipamento:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)) Dentro desse espírito, mesmo quando praticado no estrangeiro,
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela logo, fora do alcance da soberania nacional, o delito funcional
Lei nº 9.426, de 1996) será alcançado, obrigatoriamente, pela lei penal.
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função públi-
ca ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. (Incluído pela Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de 2003,
Lei nº 9.426, de 1996) condicionou a progressão de regime prisional nos crimes contra
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que a Administração Pública à prévia reparação do dano causado, ou
contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos
adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação ofi- legais.
cial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
A lei em comento não impede a progressão aos crimes fun-
CAPÍTULO V cionais, mas apenas acrescenta uma nova condição objetiva, de
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) cumprimento obrigatório para que o reeducando conquiste o re-
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE ferido benefício.
PÚBLICO  Crimes Funcionais
(INCLUÍDO PELA LEI 12.550. DE 2011) Espécies
Os delitos funcionais são divididos em duas espécies: pró-
Fraudes em certames de interesse público (Incluído pela Lei prios e impróprios.
12.550. de 2011) Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de funcionário
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de público ao autor, o fato passa a ser tratado como um tipo penal
beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do
descrito.
certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de servidor
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
publico, desaparece também o crime funcional, desclassificando
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. de
a conduta para outro delito, de natureza diversa.
2011)
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (In-
Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais
cluído pela Lei 12.550. de 2011)
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela
Lei 12.550. de 2011) penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração,
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído exerce cargo, emprego ou função pública.
pela Lei 12.550. de 2011) § 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo,
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
mencionadas no caput. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) execução de atividade típica da Administração Pública.
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração públi- § 2º A pena será aumentada da terça parte quando os autores
ca: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído em comissão ou de função de direção ou assessoramento de ór-
pela Lei 12.550. de 2011) gão da administração direta, sociedade de economia mista, em-
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido presa pública ou fundação instituída pelo poder público.
por funcionário público. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Contudo, ao considerar o que seja funcionário público para
fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito unitário, sem
atender aos ensinamentos do Direito Administrativo, tomando a
expressão no sentido amplo.
2.3.12 DOS CRIMES CONTRA Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se funcioná-
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA rio público não apenas o servidor legalmente investido em cargo
público, mas também o que servidor publico efetivo ou tempo-
rário.
O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos crimes
funcionais, praticados por determinado grupo de pessoas no exercí- Tipos penais Contra Administração Pública
cio de sua função, associado ou não com pessoa alheia aos quadros
administrativos, prejudicando o correto funcionamento dos órgãos O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato desvio,
do Estado. Peculato furto, Peculato culposo, Peculato mediante erro de ou-
A Administração Pública deste modo, em geral direta, indireta e trem, Concussão, Excesso de exação, Corrupção passiva e Pre-
empresas privadas prestadoras de serviços públicos, contratadas ou varicação, são os crimes tipificado com praticados por agentes
conveniadas será vítima primária e constante, podendo, secundaria- públicos.
mente, figurar no polo passivo eventual administrado prejudicado.

Didatismo e Conhecimento 64
NOÇÕES DE DIREITO
Peculato Excesso de Exação

Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica do pe- A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe aos
culato é a probidade da administração pública. É um crime próprio cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres públicos,
onde o sujeito ativo será sempre o funcionário público e o sujeito porém o funcionário se apropria do valor.
passivo o Estado e em alguns casos o particular. Admite-se a par-
ticipação. Corrupção Passiva

Peculato Apropriação Art. 317 C.P., o Objeto jurídico é a probidade administra-


tiva. Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é o Estado e
É uma apropriação indébita e o objeto pode ser dinheiro, valor apenas na conduta solicitar é que a vítima será, além do Estado a
ou bem móvel. É de extrema importância que o funcionário tenha a pessoa ao qual foi solicitada.
posse da coisa em razão do seu cargo. Consumação: Se dá no mo-
mento da apropriação, em que ele passa a agir como o titular da
Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa, aumenta-se
coisa apropriada. Admite-se a tentativa.
a pena se o funcionário retarda ou deixa de praticar atos de ofício.
Não admite-se a tentativa, é no caso de privilegiado, onde cede
Peculato Desvio
ao pedido ou influência de 3a pessoa. Só se consuma pela prática
O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui o sujei- do ato do servidor público.
to ativo além do servidor pode tem participação de uma 3a pessoa. Prevaricação
Consumação: No momento do desvio e admite-se a tentativa.
Peculato Furto Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade adminis-
trativa. É um crime próprio, cometido por funcionário público
Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público não detêm e a vítima é o Estado. A conduta é: retardar ou deixar de prati-
a posse, mas consegue deter a coisa em razão da facilidade de ser car ato de ofício. O Crime consuma-se com o retardamento ou a
servidor público. Ex: Diretor de escola pública que tem a chave de omissão, é doloso e o objetivo do agente é buscar satisfação ou
todas as salas da escola, aproveita-se da sua função e facilidade e vantagem pessoal.
subtrai algo que não estava sob sua posse, tem-se o peculato furto.
Os crimes contra a Administração Pública é demasiadamente
Peculato Culposo prejudicial, pois refletem e afetam a todos os cidadãos dependen-
tes do serviço publico, colocando em crédito e a prova a credibi-
Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o diretor esque- lidade das instituições públicas, para apenas satisfazer o egoísmo
ce a porta aberta e alguém entra no colégio e subtrai um bem. A e egocentrismo desses agentes corruptos.
consumação se dá no momento em que o 3o subtrai a coisa. Não Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com rigor
admite-se a tentativa. e aperfeiçoados para que estes desviantes do serviço publico,
tenham suas praticas de errôneas coibidas e extintas, podem
Peculato mediante Erro de Outrem assim fortalecer as instituições públicas.

Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade administra- TÍTULO XI


tiva. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito passivo: Estado e o DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚ-
particular lesado. A modalidade de peculato mediante erro de ou- BLICA
trem, é um peculato estelionato, onde a pessoa é induzida a erro.
Ex: Um fiscal vai aplicar uma multa a um determinado contribuinte
CAPÍTULO I
e esse contribuinte paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa
DOS CRIMES PRATICADOS
o dinheiro. Só que na verdade nunca existiu multa alguma e esse
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO
dinheiro não tinha como destino os cofres públicos e sim o favore-
cimento pessoal do agente. É um crime doloso e sua consumação se CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
dá quando ele passa a ser o titular da coisa. Admite-se a tentativa.
Peculato
Concussão Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão praticada pelo servidor tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio
público com abuso de autoridade. O objeto jurídico é a probidade ou alheio:
da administração pública. Sujeito ativo: Crime próprio praticado Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
pelo servidor e o seu jeito passivo é o Estado e a pessoa lesada. A § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, em-
conduta é exigir. Trata-se de crime formal pois consuma-se com a bora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou
exigência, se houver entrega de valor há exaurimento do crime e a concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
vítima não responde por corrupção ativa porque foi obrigada a agir valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de fun-
dessa maneira. cionário.

Didatismo e Conhecimento 65
NOÇÕES DE DIREITO
Peculato culposo Corrupção passiva
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
de outrem: ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
Pena - detenção, de três meses a um ano. mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se tal vantagem:
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Re-
posterior, reduz de metade a pena imposta. dação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
Peculato mediante erro de outrem § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequên-
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, cia da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever fun-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. cional.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (In- § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a ou influência de outrem:
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Ad- Facilitação de contrabando ou descaminho
ministração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a práti-
ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, ca de contrabando ou descaminho (art. 334):
de 2000)) Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluí- dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
do pela Lei nº 9.983, de 2000) Prevaricação
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para sa-
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de tisfazer interesse ou sentimento pessoal:
informações ou programa de informática sem autorização ou so- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
licitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente
de 2000) público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a apa-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e mul-
relho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até
nº 11.466, de 2007).
a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a Ad-
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
ministração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº
Condescendência criminosa
9.983, de 2000)
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de respon-
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
sabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conheci-
que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
total ou parcialmente: mento da autoridade competente:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
crime mais grave. Advocacia administrativa
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri-
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa vado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
da estabelecida em lei: funcionário:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Concussão Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta- Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.
mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em Violência arbitrária
razão dela, vantagem indevida: Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. pretexto de exercê-la:
Excesso de exação Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social correspondente à violência.
que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega Abandono de função
na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permiti-
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) dos em lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres pú- § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de
blicos: fronteira:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE DIREITO
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado Desobediência
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satis- Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
feitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído Desacato
ou suspenso: Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da fun-
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. ção ou em razão dela:
Violação de sigilo funcional Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, de
que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: 1995)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para ou-
constitui crime mais grave.
trem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (Incluído pela
ato praticado por funcionário público no exercício da função: (Re-
Lei nº 9.983, de 2000)
dação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e em-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Reda-
préstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não
autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Adminis- ção dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
tração Pública;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído pela alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcioná-
Lei nº 9.983, de 2000) rio. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública Corrupção ativa
ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcio-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela nário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato
Lei nº 9.983, de 2000) de ofício:
Violação do sigilo de proposta de concorrência Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Reda-
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ção dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato
Funcionário público de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos pe- Descaminho
nais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce car- Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito
go, emprego ou função pública. ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, em- mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
prego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empre- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada
sa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº
de 2000) 13.008, de 26.6.2014)
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comis- em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
são ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administra-
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;
ção direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
(Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual-
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GE- estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou
RAL fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandesti-
Usurpação de função pública na no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de
Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio,
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal
Resistência ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Redação
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos
prestando auxílio: deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de um a três anos. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das cor- praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação dada
respondentes à violência. pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

Didatismo e Conhecimento 67
NOÇÕES DE DIREITO
Contrabando II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da con-
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluí- tabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as
do pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei pela Lei nº 9.983, de 2000)
nº 13.008, de 26.6.2014) III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferi-
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, dos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
de 26.6.2014) contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983,
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (In- de 2000)
cluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluí-
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que de- do pela Lei nº 9.983, de 2000)
penda de registro, análise ou autorização de órgão público compe- § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamen-
tente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) te, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira des- presta as informações devidas à previdência social, na forma defi-
tinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) nida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluí-
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qual- do pela Lei nº 9.983, de 2000)
quer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar so-
atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei bra- mente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes,
sileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proi- II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios,
bida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§ seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social,
2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste arti- administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
go, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de merca- suas execuções fiscais.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
dorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pa-
pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) gamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade
praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Incluído pela ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajusta-
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência do nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos bene-
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública fícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
ou venda em hasta pública, promovida pela administração federal,
estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou pro- CAPÍTULO II-A 
curar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de Corrupção ativa em transação comercial internacional
concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida. Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamen-
Inutilização de edital ou de sinal te, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a ter-
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspur- ceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de
car edital afixado por ordem de funcionário público; violar ou inuti- ofício relacionado à transação comercial internacional: (Incluído
lizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Subtração ou inutilização de livro ou documento Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se,
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público estran-
oficial, processo ou documento confiado à custódia de funcionário, geiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo
em razão de ofício, ou de particular em serviço público: dever funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui Tráfico de influência em transação comercial internacio-
crime mais grave. nal (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para
Lei nº 9.983, de 2000) outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de vanta-
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previden- gem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
ciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:  (In- estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação
cluído pela Lei nº 9.983, de 2000) comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluí-
de informações previsto pela legislação previdenciária segurados do pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autôno- Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente
mo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela alega ou insinua que a vantagem é também destinada a funcionário
Lei nº 9.983, de 2000) estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)

Didatismo e Conhecimento 68
NOÇÕES DE DIREITO
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer ou-
10467, de 11.6.2002) tra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete,
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimen-
para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem to, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entida- Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
des estatais ou em representações diplomáticas de país estrangei- Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada
ro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estran- Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um
geiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas con- terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
troladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. (Incluído parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Reda-
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Coação no curso do processo
CAPÍTULO III Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
JUSTIÇA qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Reingresso de estrangeiro expulso Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que correspondente à violência.
dele foi expulso: Exercício arbitrário das próprias razões
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer
expulsão após o cumprimento da pena. pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Denunciação caluniosa Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, pena correspondente à violência.
de processo judicial, instauração de investigação administrativa, Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra al- procede mediante queixa.
guém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria,
pela Lei nº 10.028, de 2000) que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou con-
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. venção:
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
de anonimato ou de nome suposto. Fraude processual
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo
prática de contravenção. civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
Comunicação falsa de crime ou de contravenção com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter ve- Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito
rificado: em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. em dobro.
Auto-acusação falsa Favorecimento pessoal
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexisten- Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública
te ou praticado por outrem: autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Falso testemunho ou falsa perícia § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em pro- § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente,
cesso judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Favorecimento real
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Reda- Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria
ção dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime:
crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou fa-
processo civil em que for parte entidade da administração pública cilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de
direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisio-
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no pro- nal. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
cesso em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela
verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Lei nº 12.012, de 2009).

Didatismo e Conhecimento 69
NOÇÕES DE DIREITO
Exercício arbitrário ou abuso de poder Exploração de prestígio
Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra uti-
individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder: lidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério
Pena - detenção, de um mês a um ano. Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou tes-
Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: temunha:
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabe- Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
lecimento destinado a execução de pena privativa de liberdade ou Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o
de medida de segurança; agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se
II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
deixando de expedir em tempo oportuno ou de executar imediata- Violência ou fraude em arrematação judicial
mente a ordem de liberdade; Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial;
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de
vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança pena correspondente à violência.
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspen-
presa ou submetida a medida de segurança detentiva: são de direito
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
dois a seis anos.
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se CAPÍTULO IV
também a pena correspondente à violência. DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o
internado. Contratação de operação de crédito
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédi-
ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano, to, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: (Incluí-
ou multa. do pela Lei nº 10.028, de 2000)
Evasão mediante violência contra a pessoa Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo nº 10.028, de 2000)
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, auto-
contra a pessoa:
riza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: (Incluído
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena corres-
pela Lei nº 10.028, de 2000)
pondente à violência.
I – com inobservância de limite, condição ou montante esta-
Arrebatamento de preso
belecido em lei ou em resolução do Senado Federal; (Incluído pela
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de
Lei nº 10.028, de 2000)
quem o tenha sob custódia ou guarda:
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspon-
limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei nº 10.028,
dente à violência.
Motim de presos de 2000)
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou dis- Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pa-
ciplina da prisão: gar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena cor- Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pa-
respondente à violência. gar, de despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que
Patrocínio infiel exceda limite estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o 2000)
dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juí- Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído
zo, lhe é confiado: pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Assunção de obrigação no último ano do mandato ou le-
Patrocínio simultâneo ou tergiversação gislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação,
procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legis-
sucessivamente, partes contrárias. latura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício finan-
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório ceiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de resti- não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: (In-
tuir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
qualidade de advogado ou procurador: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. nº 10.028, de 2000)

Didatismo e Conhecimento 70
NOÇÕES DE DIREITO
Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela Lei Do mesmo modo, há a ausência do contraditório e da ampla
nº 10.028, de 2000) defesa, em função de sua natureza inquisitória e em razão d a polícia
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: (Incluído exercer mera função administrativa e não jurisdicional.
pela Lei nº 10.028, de 2000) Sob a égide da constituição federal, Aury Lopes Jr. define:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela “Inquérito é o ato ou efeito de inquirir, isto é, procurar informa-
Lei nº 10.028, de 2000) ções sobre algo, colher informações acerca de um fato, perquirir”.
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº 10.028, (2008, p. 241).
de 2000) Em outras palavras, o inquérito policial é um procedimento ad-
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que ministrativo preliminar, de caráter inquisitivo, presidido pela autori-
tenha sido constituída contragarantia em valor igual ou superior ao dade policial, que visa reunir elementos informativos com objetivo
valor da garantia prestada, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº de contribuir para a formação da “opinio delicti” do titular da ação
10.028, de 2000) penal.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído A Polícia ostensiva ou de segurança (Polícia Militar) tem por
pela Lei nº 10.028, de 2000) função evitar a ocorrência de crimes. Já a Polícia Judiciária (Civil e
Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela Lei nº Federal) se incumbe se investigar a ocorrência de infrações penais.
10.028, de 2000) Desta forma, a Polícia Judiciária, na forma de seus delegados é res-
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o ponsável por presidir o Inquérito Policial.
cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor su- Entretanto, conforme o artigo 4º do Código de Processo Penal
perior ao permitido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) Brasileiro, em seu parágrafo único, outras autoridades também pode-
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído rão presidir o inquérito, como nos casos de Comissões Parlamentares
pela Lei nº 10.028, de 2000) de Inquérito (CPI’s), Inquéritos Policiais Militares (IPM’s) e inves-
Aumento de despesa total com pessoal no último ano do tigadores particulares. Este último exemplo é aceito pela jurispru-
mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) dência, desde que respeite as garantias constitucionais e não utilize
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete provas ilícitas.
aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias
A atribuição para presidir o inquérito se dá em função da com-
anteriores ao final do mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei
petência ratione loci, ou seja, em razão do lugar onde se consumou o
nº 10.028, de 2000))
crime. Desta forma, ocorrerá a investigação onde ocorreu o crime. A
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela
atribuição do delegado será definida pela sua circunscrição policial,
Lei nº 10.028, de 2000)
com exceção das delegacias especializadas, como a delegacia da mu-
Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (Incluí-
lher e de tóxicos, dentre outras.
do pela Lei nº 10.028, de 2000)
Os destinatários do IP são os autores da Ação Penal, ou seja, o
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública
Ministério Público ( no caso de ação Penal de Iniciativa Pública) ou
ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública
sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registra- o querelante (no caso de Ação Penal de Iniciativa Privada). Excep-
dos em sistema centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído cionalmente o juiz poderá ser destinatário do Inquérito, quando este
pela Lei nº 10.028, de 2000) estiver diante de cláusula de reserva de jurisdição.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela O inquérito policial não é indispensável para a propositura da
Lei nº 10.028, de 2000) ação penal. Este será dispensável quando já se tiver a materialidade e
indícios de autoria do crime. Entretanto, se não se tiver tais elemen-
tos, o IP será indispensável, conforme disposição do artigo 39, § 5º
do Código de Processo Penal.
2.4 DIREITO PROCESSUAL PENAL; A sentença condenatória será nula, quando fundamentada exclu-
2.4.1 DO INQUÉRITO POLICIAL sivamente nas provas produzidas no inquérito policial. Conforme o
artigo 155 do CPP, o Inquérito serve apenas como reforço de prova.
O inquérito deve ser escrito, sigiloso, unilateral e inquisitivo. A
competência de instauração poderá ser de ofício (Quando se tratar
O Inquérito Policial é o procedimento administrativo perse- de ação penal pública incondicionada), por requisição da autoridade
cutório, informativo, prévio e preparatório da Ação Penal. É um judiciária ou do Ministério Público, a pedido da vítima ou de seu
conjunto de atos concatenados, com unidade e fim de perseguir a representante legal ou mediante requisição do Ministro da Justiça.
materialidade e indícios de autoria de um crime. O inquérito Po- O Inquérito Policial se inicia com a notitia criminis, ou seja, com
licial averígua determinado crime e precede a ação penal, sendo a notícia do crime. O Boletim de Ocorrência (BO) não é uma forma
considerado, portanto como pré processual. técnica de iniciar o Inquérito, mas este se destina às mãos do delega-
Composto de provas de autoria e materialidade de crime, que, do e é utilizado para realizar a Representação, se o crime for de Ação
comumente são produzidas por Investigadores de Polícia e Peritos de Iniciativa Penal Pública condicionada à Representação, ou para
Criminais, o inquérito policial é organizado e numerado pelo Es- o requerimento, se o crime for de Ação Penal da Iniciativa Privada.
crivão de Polícia, e presidido pelo Delegado de Polícia. As peças inaugurais do inquérito policial são a Portaria (Ato de
Importante esclarecer que não há litígio no Inquérito Policial, ofício do delegado, onde ele irá instaurar o inquérito), o Auto de pri-
uma vez que inexistem autor e réu. Apenas figura a presença do são em flagrante (Ato pelo qual o delegado formaliza a prisão em
investigado ou acusado. flagrante), o Requerimento do ofendido ou de seu representante

Didatismo e Conhecimento 71
NOÇÕES DE DIREITO
legal (Quando a vítima ou outra pessoa do povo requer, no caso Procedimento sigiloso:
de Ação Penal de Iniciativa Privada), a Requisição do Ministério O inquérito policial tem o sigilo natural como característica
Público ou do Juiz. em razão de duas finalidades: 1) Eficiência das investigações; 2)
No IP a decretação de incomunicabilidade (máximo de três Resguardar imagem do investigado. O sigilo é intrínseco ao IP, di-
dias) é exclusiva do juiz, a autoridade policial não poderá determi- ferente da ação penal, uma vez que não é necessária a declaração
ná-la de ofício. Entretanto, o advogado poderá comunicar-se com o de sigilo no inquérito. Apesar de sigiloso, deve-se considerar a re-
preso, conforme dispõe o artigo 21 do Código de Processo Penal, em lativização do mesmo, uma vez que alguns profissionais possuem
seu parágrafo único. acesso ao mesmo, como é o exemplo do juiz, do promotor de justi-
Concluídas as investigações, a autoridade policial encaminha o ça e do advogado do ofendido, vide Estatuto da OAB, lei 8.906/94,
ofício ao juiz, desta forma, depois de saneado o juiz o envia ao pro- art. 7º, XIX. O advogado tem o direito de consultar os autos dos IP,
motor, que por sua vez oferece a denúncia ou pede arquivamento. ainda que sem procuração para tal.
O prazo para a conclusão do inquérito, conforme o artigo 10
caput e § 3º do Código de Processo Penal, será de dez dias se o réu Procedimento escrito:
estiver preso, e de trinta dias se estiver solto. Entretanto, se o réu es- Os elementos informativos produzidos oralmente devem ser
tiver solto, o prazo poderá ser prorrogado se o delegado encaminhar reduzidos a termo. O termo “eventualmente datilografado” deve ser
seu pedido ao juiz, e este para o Ministério Público. considerado, através de uma interpretação analógica, como “digita-
Na Polícia Federal, o prazo é de quinze dias se o indiciado es- do”. A partir de 2009, a lei 11.900/09 passou a autorizar a documen-
tiver preso (prorrogável por mais quinze). Nos crimes de tráfico ilí- tação e captação de elementos informativos produzidos através de
cito de entorpecentes o prazo é de trinta dias se o réu estiver preso som e imagem (através de dispositivos de armazenamento).
e noventa dias se estiver solto, esse prazo é prorrogável por igual
período, conforme disposição da Lei 11.343 de 2006. Indisponível:
O arquivamento do inquérito consiste da paralisação das in- A autoridade policial não pode arquivar o inquérito policial.
vestigações pela ausência de justa causa (materialidade e indícios O delegado pode sugerir o arquivamento, enquanto o MP pede o
de autoria), por atipicidade ou pela extinção da punibilidade. Este arquivamento. O sistema presidencialista é o que vigora para o trâ-
deverá ser realizado pelo Ministério Público. O juiz não poderá de-
mite do IP, ou seja, deve passar pelo magistrado.
terminar de ofício, o arquivamento do inquérito, sem a manifestação
do Ministério Público
Importante ilustrar que poderá o delegado deixar de instaurar o
O desarquivamento consiste na retomada das investigações pa-
inquérito nas seguintes hipóteses:
ralisadas, pelo surgimento de uma nova prova.
1) se o fato for atípico (atipicidade material);
2) não ocorrência do fato;
Procedimento inquisitivo:
3) se estiverem presentes causas de extinção de punibilidade,
Todas as funções estão concentradas na mão de única pessoa, o
delegado de polícia. como no caso da prescrição.
Recordando sobre sistemas processuais, suas modalidades são: Contudo o delegado não poderá invocar o princípio da insigni-
inquisitivo, acusatório e misto. O inquisitivo possui funções con- ficância com o objetivo de deixar de lavrar o auto de prisão em fla-
centradas nas mãos de uma pessoa. O juiz exerce todas as funções grante ou de instaurar inquérito policial. No que tange à excludente
dentro do processo. No acusatório puro, as funções são muito bem de ilicitude, a doutrina majoritária entende que o delegado deve ins-
definidas. O juiz não busca provas. O Brasil adota o sistema acusató- taurar o inquérito e ratificar o auto de prisão em flagrante, uma vez
rio não ortodoxo. No sistema misto: existe uma fase investigatória, que a função da autoridade policial é subsunção do fato à norma.
presidida por autoridade policial e uma fase judicial, presidida pelo
juiz inquisidor. Dispensável:
Dita o art. 12 do CPP:
Discricionariedade:
Existe uma margem de atuação do delegado que atuará de acor- Art. 12 - O inquérito policial acompanhará a denúncia ou quei-
do com sua conveniência e oportunidade. A materialização dessa xa, sempre que servir de base a uma ou outra.
discricionariedade se dá, por exemplo, no indeferimento de reque-
rimentos. O art. 6º do Código de Processo Penal, apesar de trazer O termo “sempre que servir” corresponde ao fato de que, pos-
diligências, não retira a discricionariedade do delegado. Diante da suindo o titular da ação penal, elementos para propositura, lastro
situação apresentada, poderia o delegado indeferir quaisquer dili- probatório idôneo de fontes diversas, por exemplo, o inquérito po-
gências? A resposta é não, pois há exceção. Não cabe ao delegado de derá ser dispensado.
polícia indeferir a realização do exame de corpo de delito, uma vez
que o ordenamento jurídico veda tal prática. Caso o delegado opte Segundo o art. 46, §1º do mesmo dispositivo legal:
por indeferir o exame, duas serão as possíveis saídas: a primeira, re-
quisitar ao Ministério Público. A segunda, segundo Tourinho Filho, “Art. 46 - O prazo para oferecimento da denúncia, estando o
recorrer ao Chefe de Polícia (analogia ao art. 5º, §2º, CPP). Outra réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data em que o órgão do
importante observação: O fato de o MP e juiz realizarem requisição Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15
de diligências mitigaria a discricionariedade do delegado? Não, pois (quinze) dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso,
a requisição no processo penal é tratada como ordem, ou seja, uma se houver devolução do inquérito à autoridade policial (Art. 16),
imposição legal. O delegado responderia pelo crime de prevaricação contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público
(art. 319 do Código Penal), segundo a doutrina majoritária. receber novamente os autos.

Didatismo e Conhecimento 72
NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º - Quando o Ministério Público dispensar o inquérito po- Não é possível desindiciar o indivíduo uma vez que represen-
licial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data ta uma espécie de arquivamento subjetivo em relação ao indiciado.
em que tiver recebido as peças de informações ou a representação.” Em contrapartida, há posicionamento diverso, com assentamento
na ideia de que o desindiciamento é possível pelo fato de o IP ser
OUTRAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL um procedimento administrativo. Assim sendo, a autoridade policial
a) CPIs: Inquérito parlamentar. Infrações ou faltas funcionais e goza de autotutela, ou seja, da capacidade de rever os próprios atos.
aqueles crimes de matéria de alta relevância; Com relação às espécies de desindiciamento, o mesmo pode
b) IPM: Inquérito policial militar. Instrumento para investiga- ser de ofício, ou seja, realizado pela própria autoridade policial e
ção de infrações militares próprias; coato/coercitivo, que decorre do deferimento de ordem de habeas
c) Crimes cometidos pelo magistrado: investigação presidida corpus.
pelo juiz presidente do tribunal;
d) MP: PGR/PGJ; PRAZOS PARA ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO PO-
e) Crimes cometidos por outras autoridades com foro privile- LICIAL
giado: ministro ou desembargador do respectivo tribunal.
No caso da justiça estadual, 10 dias se acusado preso; 30 dias
Os elementos informativos colhidos durante a fase do inquérito se acusado solto. Os 10 dias são improrrogáveis, os 30 dias são
policial não poderão ser utilizados para fundamentar sentença penal prorrogáveis por “n” vezes. No caso da justiça federal, 15 dias se o
condenatória. O valor de tais elementos é relativo, uma vez que os acusado estiver preso; 30 dias se o acusado estiver solto. Os 15 dias
mesmos servem para fundamentar o recebimento de uma inicial, são prorrogáveis por uma vez, enquanto os 30 dias são prorrogáveis
mas não são suficientes para fundamentar eventual condenação. por “n” vezes.
No caso da lei de drogas (11.343/2006), o prazo é diverso: 30
PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL dias se o acusado estiver preso, 90 dias se estiver solto. Nessa mo-
dalidade, os prazos podem ser duplicados. Com relação aos crimes
1ª fase: Instauração; contra a economia popular (lei 1.521/51, art. 10, §1º), o prazo para
2º fase: Desenvolvimento/evolução; conclusão do IP é de 10 dias, independente se o acusado estiver
3ª fase: Conclusão preso ou solto.
1ª fase: Instaurado por peças procedimentais:
1ª peça: Portaria; MEIOS DE AÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
2ª peça: APFD (auto de prisão em flagrante delito);
3ª peça: Requisição do juiz/MP/ministro da justiça; 1) Primeiramente, oferecer denúncia, caso haja justa causa. Em
4ª peça: Requerimento da vítima regra, o procedimento é o ordinário. (Sumário: cabe Recurso em
sentido estrito, vide art. 581, I, CPP). Do recebimento da denúncia,
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL cabe habeas corpus. Da rejeição da denúncia no procedimento su-
maríssimo, cabe apelação. (JESPCRIM, prazo de 10 dias);
A peça de encerramento chama-se relatório, definido como
uma prestação de contas daquilo que foi realizado durante todo o 2) O MP pode requisitar novas diligências, mas deve especifi-
inquérito policial ao titular da ação penal. Em outras palavras, é a cá-las. No caso do indeferimento pelo magistrado, cabe a correição
síntese das principais diligências realizadas no curso do inquérito. parcial;
O mesmo só passa pelo juiz devido ao fato de o Código de Proces-
so Penal adotar o sistema presidencialista, já citado anteriormente. 3) MP pode defender o argumento de que não tem atribuição
Entretanto, apesar dessa adoção, este caminho adotado pela auto- para atuar naquele caso e que o juiz não tem competência. Nesse
ridade policial poderia ser capaz de ferir o sistema acusatório, que caso, o juiz pode concordar ou não com o MP. No caso de não
é adotado pelo CPP (pois ainda não há relação jurídica processual concordar, o juiz fará remessa do inquérito ou peças de informação
penal). ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro
Os estados do Rio de Janeiro e Bahia adotaram a Central de in- órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido
quéritos policiais, utilizada para que a autoridade policial remetesse de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender,
os autos à central gerida pelo Ministério Público. Os respectivos como menciona o art. 28 do CPP;
tribunais reagiram diante da situação.
4) MP pode pedir arquivamento. Se o juiz homologa, encerra-
INDICIAMENTO se o mesmo. Trata-se de ato complexo, ou seja, que depende de
duas vontades.
O indiciamento é a individualização do investigado/suspeito.
Há a transição do plano da possibilidade para o campo da probabili- A natureza jurídica do arquivamento é de ato administrativo
dade, ou seja, da potencialização do suspeito. Na presente hipótese, judicial, procedimento que deriva de jurisdição voluntária. É ato
deve o delegado comunicar os órgãos de identificação e estatística. judicial, mas não jurisdicional. Com relação ao art. 28 do CPP e a
Sobre o momento do indiciamento, o CPP não prevê de forma exa- obrigação do outro membro do Ministério Público ser ou não obri-
ta, podendo ser realizado em todas as fases do inquérito policial gado a oferecer a denúncia, existem duas correntes sobre o tema.
(instauração, curso e conclusão). A primeira corrente, representada por Cláudio Fontelis, defende o
argumento de que o promotor não é obrigado a oferecer denún-

Didatismo e Conhecimento 73
NOÇÕES DE DIREITO
cia porque o termo deve ser interpretado como designação, com TÍTULO II
base na independência funcional. A segunda corrente, majoritária, DO INQUÉRITO POLICIAL
defende o ponto de que o termo deve ser interpretado como de-
legação, atuando o promotor como “longa manus” do Procurador Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades
Geral de Justiça. Diante da questão trazida, estaria a independên- policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por
cia funcional comprometida? Não, pois o novo promotor pode fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação
pedir a absolvição/condenação, uma vez que o mesmo possui tal dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995)
liberdade. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não ex-
cluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja come-
A importância do inquérito policial se materializa do ponto tida a mesma função.
de vista de uma garantia contra apressados juízos, formados quan- Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
do ainda não há exata visão do conjunto de todas as circunstâncias iniciado:
de determinado fato. Daí a denominação de instituto pré-proces- I - de ofício;
sual, que de certa forma, protege o acusado de ser jogado aos II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Mi-
braços de uma Justiça apressada e talvez, equivocada. O erro faz nistério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver
parte da essência humana e nem mesmo a autoridade policial, por qualidade para representá-lo.
mais competente que seja, está isenta de equívocos e falsos juí- § 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que
zos. Delegados e advogados devem trabalhar em prol de um bom possível:
comum, qual seja, a efetivação da justiça. Imprescindível a parti- a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
cipação do advogado, dentro dos limites estabelecidos pela lei, na b) a individualização do indiciado ou seus sinais característi-
participação da defesa de seu cliente. Diante disso, é de imensa cos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da
importância que o inquérito policial seja desenvolvido sob a égi- infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
de constitucional, respeitando os direitos, garantias fundamentais c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profis-
do acusado e, principalmente, o princípio da dignidade da pessoa são e residência.
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de
humana, norteador do ordenamento jurídico brasileiro.
inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
NOTITIA CRIMINIS
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e
O Inquérito Policial se inicia com a notitia criminis, ou seja,
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar
com a notícia do crime.
inquérito.
A Notitia criminis é a comunicação que alguém faz à auto-
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender
ridade pública da infração penal, praticada por ela ou por outra
de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
pessoa. É o instrumento processual utilizado para comunicar uma § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial so-
infração penal à autoridade competente. Não se confunde a notí- mente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha
cia criminal com a denúncia, que é o instrumento inicial da ação qualidade para intentá-la.
penal. A notícia não instaura uma ação penal, mas apenas o inqué- Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração
rito policial. penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem
A notitia criminis de cognição indireta pode dar-se por: o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos cri-
minais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei
Delacio Criminis que é a comunicação por escrito ou verbal, nº 5.970, de 1973)
prestada por pessoa identificada. (CPP, art. 5º, II). Somente auto- II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
rizará a instauração do inquérito policial nos crimes de ação penal liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862,
pública Incondicionada. de 28.3.1994)
No que concerne à delacio criminis inautêntica, ou seja, a III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimen-
delação ou denúncia anônima, apesar de a Constituição Federal to do fato e suas circunstâncias;
vedar o anonimato, o Supremo Tribunal de Justiça se manifestou IV - ouvir o ofendido;
a favor de sua validade, desde que utilizada com cautela. V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o
Notitia Criminis de Cognição Coercitiva - (CPP, art. 301 e respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe te-
302) nham ouvido a leitura;
Esta, ocorre no caso de prisão em flagrante. VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a aca-
Na notitia criminis de cognição coercitiva, a comunicação do reações;
crime é realizada mediante a própria apresentação de seu autor VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo
por servidor público no exercício de suas funções ou por parti- de delito e a quaisquer outras perícias;
cular. VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo da-
tiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de an-
tecedentes;

Didatismo e Conhecimento 74
NOÇÕES DE DIREITO
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguarda-
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e rão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
seu temperamento e caráter. Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo neces-
X - colher informações sobre a existência de filhos, respecti- sário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
vas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem
de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer
pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) anotações referentes a instauração de inquérito contra os requeren-
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido tes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012)
praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá pro- Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre
ceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contra- de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse
rie a moralidade ou a ordem pública. da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o dispos- Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá
to no Capítulo II do Título IX deste Livro. de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz,
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só pro- a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério
cessado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubri- Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89,
cadas pela autoridade. inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o 4.215, de 27 de abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010,
indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventi- de 30.5.1966)
vamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em
solto, mediante fiança ou sem ela. uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido diligências em circunscrição de outra, independentemente de pre-
apurado e enviará autos ao juiz competente. catórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que com-
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que pareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em
não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser sua presença, noutra circunscrição.
encontradas. Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identifi-
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos cação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo
autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração
marcado pelo juiz. penal e à pessoa do indiciado.
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que
interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou quei-
2.4.2 DA PROVA
xa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessá-
rias à instrução e julgamento dos processos;
Prova, é o ato ou o complexo de atos que visam a estabele-
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
cer a veracidade de um fato ou da prática de um ato tendo como
nistério Público;
finalidade a formação da convicção da entidade decidente - juiz
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autori-
ou tribunal - acerca da existência ou inexistência de determinada
dades judiciárias;
situação factual. Em regra, é produzida na fase judicial com a par-
IV - representar acerca da prisão preventiva.
ticipação dialética das partes (contraditório real e ampla defesa que
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
são elaborados perante o juiz).
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a Destarte a prova é o elemento fundamental para a decisão de
juízo da autoridade. uma lide. Tem como objeto fato jurídico relevante, isto é, aquele
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador que possa influenciar no julgamento do feito. Assim, não é qual-
pela autoridade policial. quer fato que carece ser provado, mas sim, aquele que, no processo
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolu- penal, possa influenciar na tipificação do fato delituoso ou na ex-
ção do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligên- clusão de culpabilidade ou de antijuridicidade.
cias, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Convém lembrar, ainda, que o objeto da prova é fato e não
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar opinião, muito embora, em alguns casos (especialmente quando
autos de inquérito. se trata de dosar a pena) a opinião da testemunha pode ter relevo
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela para a fixação da pena quando ela afirma, por exemplo, que o réu é
autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autorida- honesto, trabalhador e bom pai de família.
de policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas
tiver notícia.

Didatismo e Conhecimento 75
NOÇÕES DE DIREITO
Objeto de prova Segundo o princípio da comunhão da prova, quando a prova
Tem a prova um objeto, que são os fatos da causa. O objeto da ingressa no processo deixa de ser exclusiva da parte que a pro-
prova consiste nos fatos cuja evidenciação se torne imprescindí- duziu. O juiz examina todo o contexto da prova podendo inclusi-
vel, no processo, para o juiz convencer-se de sua veracidade. Em ve valorá-la de modo prejudicial a quem a apresentou. Ou seja, a
outras palavras, objeto da prova é o fato ilícito alegado na peça utilização das provas por qualquer das partes é de ser plenamente
acusatória. aceita, independentemente de quem a tenha produzido, porque in-
Em toda ação penal, deve-se provar dois pontos cruciais, a teressa ao juiz descobrir a verdade.
saber: a materialidade e a autoria do fato criminoso. Além disso, é Já na segunda parte e incisos do art. 156, CPP é facultado ao
preciso dar conhecimento ao juiz de todas as circunstâncias obje- juiz, de ofício, ordenar a produção de provas e determinar a reali-
tivas (aspectos externos do crime) e subjetivas (motivos do crime zação de diligências. Vê-se aqui que o juiz tem poderes para influir
e aspectos pessoais do agente) que possam determinar a certeza na produção de provas unilateralmente.
de sua convicção sobre a responsabilidade criminal. As circuns- No inciso I identificamos os poderes inquisitórios, que per-
tâncias que cercam o caso concreto devem ser provadas, ainda, mitem ao juiz influir livremente nas provas. O legislador permitiu
em razão de serem relevantes no momento de fixação da pena. ao juiz ordenar a produção de provas antes do oferecimento da de-
núncia e, ao fazer isso, o magistrado substitui a autoridade policial
Contudo, a atividade probatória deve restringir-se aos fatos
ou o promotor (MP) – e isso fere o princípio da imparcialidade do
relevantes, aqueles que são pertinentes e úteis ao julgamento da
juiz. Esse é um dispositivo amplamente criticado. (Crítica: o ato
ação penal. Observe-se portanto que, que existe um critério para a
unilateral (sem provocação) do juiz pode ser considerado parcial,
produção de provas numa ação penal.
na prática?)
No inciso II identificamos os poderes instrutórios, onde o juiz
Desnecessidade da prova pode interferir na prova para resolver ponto relevantes, indepen-
De acordo com a redação do art. 400, § 1o, CPP diz que o juiz dente de requerimento das partes. Esse dispositivo está relaciona-
poderá “indeferir (as provas) consideradas irrelevantes, imperti- do à instrução do processo e é plenamente aceito. O inciso II está
nentes ou protelatórias”. intimamente ligado com o descobrimento da verdade, uma vez que
Temos, então, que será o juiz quem estabelecerá o que deve o juiz pode solicitar a produção de provas para formação do seu
ser provado, de acordo com o que julgar relevante para a forma- convencimento.
ção do seu convencimento.
Entretanto, existe a desnecessidade de se provar alguns fatos, Princípio do juiz natural
quais sejam: os evidentes, os notórios e as presunções legais. No art. 5º, LIII, CF tem-se que “ninguém será processado nem
Evidentes são os fatos que prescindem de prova para serem sentenciado senão pela autoridade competente”. Em seu inciso
tidos como verdadeiros. São fatos incontroversos, evidentes por si XXXVII, tem-se que “não haverá juízo ou tribunal de exceção”.
mesmos, intuitivos, axiomáticos. Esse princípios constitucionais relacionam-se com a produção
Notórios são fatos que também prescindem de prova. São de provas, conforme veremos a seguir.
os acontecimentos ou situações de conhecimento geral, como as O art. 399, §2o, CPP dita que “o juiz que presidiu a instrução
datas histórias, os fatos políticos ou sociais de conhecimento pú- deverá proferir a sentença”, evidenciando a aplicação princípio da
blico – ou seja, fatos que pertencem ao patrimônio cultural do identidade física do juiz.
cidadão médio. No processo civil, o art. 132, CPC dita que, caso o juiz não
Já as presunções legais são os fatos presumidos verdadeiros possa julgar a lide (por motivos como aposentadoria, afastamento
pela própria lei, que podem ser duas ordens: absoluta e relativa. A ou convocação), os autos passarão para o seu sucessos. Ocorre que
presunção absoluta (“juris et de jure”) não admite fato em contrá- o CPP silencia quanto a essa questão. Assim, valendo-nos do seu
rio. Exemplo disso é o art. 27, CP que diz que menor de 18 anos é art. 3o, é possível que aplique-se as disposições do art. 132, CPC.
inimputável. Já a presunção relativa (“juris tantum”) admite pro- A Lei 8.038/90 estabelece os procedimentos nos casos em que
va em contrário, como no caso do art. 217-A, CP que diz que a uma pessoa é processada nos casos de competência originária do
STF ou STJ. Em seu art. 3o, III temos a exceção ao princípio da
vulnerabilidade do menor de 14 anos é relativa. Essa flexibilidade
identidade física do juiz a medida que juízes e desembargadores
justifica-se diante da possibilidade de se prejudicar o réu.
serão convocados para auxiliar na coleta de provas. Portanto, a
lei autoriza essa exceção ao princípio da identidade física do juiz.
Ônus da prova
De acordo com a primeira parte do art. 156, CPP o ônus da Momentos probatórios
prova é a prova da alegação por quem a fizer. Cabe ao autor da Para podermos adentrar a discussão acerca dos momentos
ação penal (MP ou querelante) o exercício da atividade probatória probatórios, é necessário que façamos as seguintes considerações
principal. Incumbe-lhe demonstrar a existência dos fatos consti- iniciais: as provas só podem ser produzidas no processo, que é
tutivos afirmados na pretensão, devendo provar a existência do quando haverá o contraditório. São sujeitos processuais principais
ilícito penal e sua autoria. no processo penal a acusação (MP ou querelante), defesa (réu e
Por outro lado, sobre o acusado só recai o ônus de provas defensor) e o juiz.
o álibi que apresentar. Contudo, se apresentar fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, relacionados com a pretensão acusa-
tória, ele será obrigado a prová-los. Nesse caso, inverte-se o ônus
da prova. Exemplo: alegação de legítima defesa.

Didatismo e Conhecimento 76
NOÇÕES DE DIREITO
Compreendido isso, são 4 os momentos para produção de provas: A realização do exame de DNA (ácido desoxirribonucléico)
Propositura da prova, que se dá na fase postulatória. Para a também é um meio eficaz de identificação do criminoso. O DNA cons-
acusação, isso dar-se-á na peça acusatória (denúncia ou queixa- titui parte dos cromossomos, sendo encontrado no núcleo das células
crime), enquanto que para o acusado, será na sua resposta, na sua dos seres vivos. São transmitidos de geração em geração, sendo 50%
defesa. do pai e 50% da mãe.
Admissibilidade das provas, que é o deferimento judicial dos Na realização do exame de DNA temos a prova invasiva e a pro-
requerimentos formulados pelas partes, ou seja, quando o juiz es- va não invasiva. A primeira é aquela que necessita de intervenção no
tabelece quais provas serão apresentadas ou não (no processo civil organismo humano. A segunda é aquela onde não há necessidade de se
é o despacho saneador). penetrar no organismo humano.
Produção da prova, que, em regra, se dá na audiência de ins- Para a produção da prova invasiva é absolutamente necessária a
trução e julgamento, na qual todos os sujeitos participam. Nesse obtenção do consentimento. Na produção da prova não invasiva não
momento, serão tomadas as declarações do ofendido, haverá o depende do contato físico. É o juiz que decide a validade da prova não
interrogatório do acusado, inquirição das testemunhas arroladas, invasiva. (ex.: fio de cabelo, saliva no copo)
esclarecimentos dos peritos etc.
Valoração da prova, que significa dizer que o julgador, ao Exame de corpo de delito
fundamentar a sentença, deve manifestar-se sobre todas as provas Em relação aos crimes que deixarem vestígios, será indispensável
produzidas. a realização do exame de corpo de delito (art. 158, CPP)
Vale dizer que, havendo recurso, a prova será sempre substan- Corpo de delito é o conjunto dos vestígios que caracterizam a
cial, i.e., será reavaliada. existência do crime. Não se confunde corpo de delito com o exame
das lesões da vitima. O primeiro é gênero do qual o segundo é espécie.
OS MEIOS DE PROVA O exame de corpo de delito envolve inclusive o processamento
da cena do crime e pode ser tanto direto (art. 161) quanto indireto (art.
Desde o princípio desse debate vale a ressalva: meio de prova 167, CPP).
é diferente de objeto de prova. Meio de prova pode ser todo fato, A materialidade dos fatos muitas vezes deve ser comprovada por
documento ou alegação que sirva, direta ou indiretamente, ao des- meio de exame pericial. Nesse sentido, podemos ter 3 situações: exame
cobrimento da verdade. Ou seja, meio de prova é todo instrumento de lesões corporais, exame necroscópico e exumação. Analisaremos
cada uma dessas situações a seguir.
que se destina a levar ao processo um elemento, uma informação
Exame de lesões corporais
a ser utilizada pelo juiz para formar a sua convicção acerca das
Esse é um meio de prova relacionado a um tipo penal (lesão cor-
alegações.
poral, art. 129, CP), que visa estabelecer a natureza da gravidade da
lesão provocada na vitima. O procedimento (art. 394, CPP) depende da
Prova pericial
gravidade da lesão, e, portanto, da pena. Contudo, temos duas exceções
a aplicação desse exame.
No Código de Processo Penal a prova pericial é tratada nos A primeira refere-se ao caso de lesão corporal de natureza leve,
arts. 158 usque 184. quando o juízo competente será o JECRIM. Nessa hipótese, o procedi-
A perícia é a diligência realizada ou executada por perito, a mento será sumaríssimo, que é célere e informal. Assim, não será exi-
fim de esclarecer ou evidenciar certos fatos, de forma científica e gido o exame de lesões corporais. A lei 9.099, art. 77, §1o diz que essa
técnica. Perito é aquele que tem conhecimento técnico sobre de- prova pode ser substituída pelo boletim medico ou prova equivalente.
terminada área e sua função é a da verificação da verdade ou da A segunda exceção trata dos crimes domésticos, sobretudo os
realidade de certos fatos. praticados contra a mulher, que estão disciplinados na Lei 11.340/06.
No processo penal, a perícia é, via de regra, realizada por pe- No art. 12, §3o, temos que as provas podem ser laudos ou prontuários
rito oficial, ligado ao Estado, sendo que cada estado da federação médicos. Isso porque, na prática, o Ministério Público pode atuar ex
possui seu próprio instituto de criminalística. O perito é um auxi- officio em casos graves.
liar da justiça, não está subordinado a autoridade policia, estando
sua autonomia garantida. Exame necroscópico
Conforme o art. 184, CPP a prova pericial cabe somente quan- O cadáver aqui é o objeto da prova. Sua finalidade é estabelecer a
do for útil para o descobrimento da verdade. causa mortis (art. 162). Esse exame será realizado sempre que a morte
No art. 159, CPP temos que o laudo pode ser subscrito por estiver relacionada a um fato criminoso. Do texto do Parágrafo Único
apenas um perito. A conclusão do perito pode ou não ser subjetiva. do dispositivo extrai-se que esse exame é desnecessário nos casos de
(Ex: perícia psicológica x perícia toxicológica) morte violenta e não haja infração penal a ser apurada (como é o caso,
A defesa pode formular quesitos ao perito. No processo penal, por exemplo, dos acidentes automobilísticos) ou quando as lesões ex-
isso não é comum porque geralmente a perícia é realizada logo ternas permitirem precisar a causa mortis.
depois do acontecimento do crime. Portanto, essa perícia pode ser
questionada em juízo porque à época de sua realização não havia Exumação
defensor constituído. Isso é o que se chama de contraditório diferi- Com previsão no art. 163, CPP, a exumação tem como objeto da
do (postergado, transferido). prova o cadáver já sepultado. A exumação só pode ser feita mediante
De acordo com o art. 5o, LVIII, CF o criminoso “civilmente autorização judicial e em dois casos: a) caso deva ter sido realizado
identificado não será submetido a identificação criminal”. A Lei o exame necroscópico e não foi, gerando, depois do sepultamento,
12.037/09, em seus arts. 2o, 3o e 5o apresenta esclarecimentos e dúvidas a respeito da causa da morte; e b) casos que coloquem em
requisitos quando a identificação do criminoso. duvida o laudo necroscópico.

Didatismo e Conhecimento 77
NOÇÕES DE DIREITO
Prova documental Prova oral
Documento é todo objeto material que condense em si a ma- A prova oral, prevista no art. 201, CPP, refere-se principal-
nifestação de um pensamento ou fato a ser reproduzido em juízo. mente às declarações do ofendido.
Considera-se objeto material todo material visual, auditivo, audio- Os sujeitos processuais podem ser principais ou secundários.
visual, bem como o registrado em meios mecânicos óticos ou mag- Os principais são o Ministério Público, o querelante, o réu e o juiz.
néticos de armazenamento. Os secundários são a testemunha, o perito e o escrivão. O ofendido
A prova documental está disciplinada no CPP nos arts. 231 é tradicionalmente esquecido.
usque 238. Com a Lei 9.099/95, o Estado passa a olhar para a vítima de
modo distinto. Essa lei trata do procedimento sumaríssimo, que
Documento eletrônico tem como característica principal o surgimento da transação penal
Consiste em uma sequência de bytes, e em determinado pro- entre o autor do fato e o ofendido para que seja tentado ao menos a
grama de computador se torna a representação de um fato. Os cri- auto composição das partes. Em 2008 o legislador altera o art. 201,
mes que são praticados por meio da internet ou por outros meios CPP. A partir dai, o ofendido é o sujeito passivo da infração penal.
cibernéticos têm consequências no que dizem respeitos à provas. A oitiva da vítima na ação penal não é obrigatória. Se a víti-
Um dos meios para combater esse tipo de ilícito penal é recru- ma for intimada a comparecer em juízo e não o fizer, poderá ser
conduzida à presença da autoridade. A vítima não presta o compro-
tar os crackers para trabalharem a favor da polícia.
misso de dizer a verdade. Parte-se do princípio que a vítima está
Importante ressaltar a distinção entre os hackers e os crackers:
dizendo a verdade porque tem interesse na sentença condenatória
os primeiros ultrapassam barreiras de segurança para se gabar, en-
e numa eventual reparação do dano.
quanto que os segundos invadem sistemas para causarem prejuízo,
Quanto se tratar do querelante, ele estará obrigado com a ver-
visando lucro. dade. Caso contrário, poderá responder pelo crime de denunciação
caluniosa.
Sigilo telemático
É um mecanismo de proteção do usuário do aparelho, o que Prova testemunhal
gera certa dificuldade para obter informações e muitas vezes será Testemunha é a pessoa que atesta a veracidade de um fato.
necessária autorização judicial para o acesso de dados. Quando Portanto, a testemunha presta o compromisso de dizer a verdade
se tratar de crime em que a polícia tem o dever e a obrigação de (art. 203, CPP).
apurar, tem-se as delegacias que estão incumbidas de investigar Uma das mais inseguras do processo, a prova testemunhal está
crimes cibernéticos prevista no CPP nos arts. 202 .. Do ponto de vista quantitativo, é
uma prova interessante. Do ponto de vista qualitativo, não.
Ata notarial Diz-se isso porque a testemunha pode não se lembrar com
Constatação de um fato ou de um ato que é atestada pelo ta- exatidão dos fatos. Ou então, aliada ao critério subjetivo das con-
belião, com fé publica. Feito isso, e apresentado ao delegado, tere- vicções pessoais da vítima, pode influenciar no depoimento da
mos uma prova pré-constituída e com fé-pública. Isso é bom para testemunha. Ainda, há também o temor da testemunha sofrer re-
as provas nos meio eletrônico que podem ser apagadas instanta- pressões em virtude de suas declarações.
neamente. Estamos diante de uma presunção de verdade relativa, O número de testemunhas
podendo, portanto, ser impugnada. Pode servir como prova tanto O nosso sistema processual penal é regido por procedimento.
na esfera penal quanto na esfera civil. Dependendo do crime, ele deve obedecer determinado procedi-
mento, podendo arrolar ou não testemunhas, tendo que obedecer
Prova emprestada ao número permitido.
Prova emprestada é aquela que é transladada em forma de do- O número de testemunhas depende do procedimento, confor-
cumento para um processo penal no qual se discutirá a sua valida- me passaremos a demonstrar.
de e o seu valor probante. No procedimento ordinário (art. 394, CPP), é possível arrolar
até 8 testemunhas (art. 401, caput, CPP). No procedimento comum
Geralmente a prova emprestada no processo penal se relacio-
sumário, podem ser arroladas até 5 testemunhas (art. 532, CPP). Já
na com depoimento de vítima ou uma declaração que foi dada em
no procedimento comum sumaríssimo, não há referência expressa.
um caso e a testemunha após um tempo morreu, desapareceu, etc.

O art. 81 da Lei 9.099 diz que pode-se arrolar de 3 a 5 testemunhas.
Do ponto de vista da acusação é interessante que a prova seja
Para entendermos a questão das testemunhas no Tribunal do
emprestada de tempo que foi dada, e que seja encarada como uma Júri, é preciso entender seu procedimento bifásico. Na primeira
prova testemunhal, de inteiro teor, e não apenas como um docu- fase se encerra por meio de uma decisão, que pode ser: decisão de
mento. Do ponto de vista da defesa, o que se alega é que o princí- absolvição sumaria, decisão de desclassificação, decisão de impro-
pio da ampla defesa não foi respeitado pois se caso o réu morreu, núncia (efeito semelhante ao arquivamento) ou decisão de pronún-
não teve tempo de contestar, ou caso de testemunha desaparecida, cia. Caso haja pronúncia, prossegue-se para a próxima fase. Essa
que não houve possibilidade de perguntas da defesa para tal. segunda fase cuida da preparação do julgamento e do julgamento
São requisitos para a utilização da prova emprestada: a) que em plenário.
no processo anterior tenha sido respeitado o princípio do contra- Superada a explicação, temos o seguinte: na primeira fase os
ditório;
b) que a prova no processo anterior tenha sido produzida atos seguem a sequência do procedimento comum ordinário, ou
pelo juiz natural; e c) que o réu tenha comparecido no outro pro- seja, até 8 testemunhas podem ser arroladas (art. 406, §2o e 3o,
cesso. CPP). Na segunda fase podem ser arroladas até 5 testemunhas (art.
422, CPP).

Didatismo e Conhecimento 78
NOÇÕES DE DIREITO
A Lei 11.3434, em seu art. 34, trata do tráfico de drogas. Esse Delação premiada
crime admite procedimento especial, podendo arrolar até 5 teste- Esse é um instituto que está ligado ao réu. A delação premia-
munhas, com previsão no art. 54, III, e 55, §1o. da ocorre quando o acusado admite a prática do crime e delata a
Por fim, nos casos complexos o juiz pode intervir para que participação de outrem ou de outras pessoas, fazendo-o em troca
sejam arroladas mais do que 8 testemunhas. As testemunhas exce- da redução da pena ou até mesmo da obtenção do perdão judicial.

dentes são inquiridas como testemunhas do juízo. A delação premiada somente pode ser apresentada por um co
réu, posto que irá delatar para se beneficiar. Caso não tenha bene-
A desobrigação de testemunhar fício será apenas uma testemunha. Não há garantia de que co réu
Em princípio, toda pessoa pode ser testemunha, até mesmo seja beneficiado, pois não existe nenhum diploma disciplinando tal
um menor. Porém, uma vez que a testemunha é intimada a depor, instituto.

esta não pode deixar de depor, sob pena de ser conduzida coerci- Essa delação não tem o mesmo valor que o depoimento de tes-
tivamente, ou até mesmo de responder criminalmente por desobe- temunha. Isso se explica à medida que as testemunhas prestam o
diência. compromisso de dizer a verdade, e o corréu está numa posição de
Existem alguma pessoas que se tornam desobrigadas, pela lei, mero informante, devendo suas alegações serem confirmadas.
a prestar o testemunho, segundo disposição dos arts. 206 e 208, De acordo com o princípio da obrigatoriedade da ação penal,
CPP. Se o juiz, mesmo assim, quiser ouvir as declarações desta o membro do Ministério Público não pode simplesmente alocar o
pessoa, tal testemunha não estará obrigada em prestar compromis- delator como testemunha. Em verdade, deve admitir o delator como
so com a verdade. Neste caso, será ouvida na condição de infor- co réu e, posteriormente, considerar sua redução de pena ou perdão
mante.
De acordo com o art. 207, serão proibidas de depor aquelas judicial por ter colaborado com suas importantes declarações.
que em razão de função, ofício ou profissão devam guardar segre-
do, salvo se desobrigadas pela parte interessada, quiserem prestar Instrumentos do crime
testemunho. Todos os objetos usados para a consumação do crime deverão
Interrogatório ser analisados e periciados, com o fim de lhes verificar a natureza
e a eficiência.
 Além da necessidade de se examinar o instrumento
Quando tratamos de interrogatório como meio de prova, é im- utilizado na atividade criminosa, deve-se também elaborar o auto
portante observar que três correntes se formaram. de avaliação (art. 172, CPP)
A primeira corrente, no princípio, entendia como o interro-
gatório sendo um meio de prova. A segunda, por sua vez, dizia Indícios
que o interrogatório era um meio de defesa. Já a terceira e mais Disciplinados no art. 239, CPP, os indícios não são considera-
aceita corrente afirma que o interrogatório é predominantemente dos como provas diretas, mas sim fazem parte do contexto de prova
um meio de defesa, mas não deixa de ser um meio de prova, pois indireta (ou prova circunstancial).
o juiz pode levar em conta o que o réu está falando para formular Os indícios podem ser utilizados para efeitos de formação do
a sua convicção. convencimento do juiz, mas não pode haver condenação apenas
Ressalte-se que o interrogatório é um ato pessoal do juiz, não com base neles. Essa regra aplica-se apenas ao julgador togado, vez
podendo delegar para qualquer outra pessoa. Além disso, deve ser que os jurados do Tribunal do Júri podem convencer-se através de
realizado na presença de um defensor, inclusive no JECRIM, sob indícios, considerando-os suficientes para condenação.
pena de nulidade, e cada réu tem que ser ouvido separadamente. Para a utilização de indícios no convencimento do juiz, impõe-
No tocante ao procedimento, o art. 400, CPP dita que o réu se que eles sejam graves, precisos e concordantes com o fato que
será o último a ser interrogado, para que possa ter conhecimento se quer provar.
de toda as provas produzidas contra ele. Já no Tribunal do Júri o Busca e apreensão
réu será interrogado duas vezes, a saber: pela polícia e na plenária.
A realização do interrogatório é obrigatória. Contudo, é pre- Com previsão legal nos arts. 240 busque 250, CPP, a busca e
visto o direito de o sujeito interrogado manter-se calado, vez que apreensão depende de autorização judicial. Trata-se, em verdade,
ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo. de uma medida cautelar, sendo considerada um meio atípico de pro-
va – diz-se, então, que é instrumento de obtenção da prova.
Confissão Considerando a previsão constitucional de inviolabilidade da
Confissão é o ato de reconhecimento, pelo acusado, da impu- privacidade, da intimidade, do domicilio, a decretação da busca e
tação que lhe é feita. Alguns doutrinadores entendem que a confis- apreensão é medida só pode ser autorizada pelo juiz competente e
são é um meio atípico de prova, uma vez que seria declaração de em decisão fundamentada.
vontade do réu em sua defesa. Por se tratar de medida assecuratória (ou cautelar),o juiz só
Na Idade Média, a confissão era considerada a rainha das pro- pode deferi-la se ficar convencido de que naquele caso específico
vas (“Regina probatorium”), válida ainda que obtida por meio de que lhe é apresentado existem elementos de que o que está sendo
tortura. alegado possui verossimilhança e que há necessidade da urgência
De acordo com as disposições do Código de Processo Penal (fumus boni juris e periculum in mora).
a confissão deve ser corroborada por outras provas. No processo Na prática, a busca e apreensão pode ser pleiteada pelo dele-
penal não predomina a ideia do fato incontroverso, como no pro- gado ao juiz por meio de uma representação. Em sua manifestação,
cesso civil. o promotor de justiça pode reforçar a necessidade ou se opor a
A confissão não supre o exame pericial a medida que é neces- isso. A busca e apreensão pode ser requerida antes do inquérito,
sário confirmar a materialidade do delito. O valor da confissão é o durante a investigação ou no curso da ação penal. Pode ainda ser
mesmo que das outras provas. requerida pela defesa, se lhe for interessante.

Didatismo e Conhecimento 79
NOÇÕES DE DIREITO
A busca e apreensão também pode ser determinada de ofício CAPÍTULO II
pelo juiz, segundo o art. 242, CPP. Contudo, não é conveniente que DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍ-
o juiz o faça, vez que isso pode comprometer sua imparcialidade. CIAS EM GERAL
Pode-se buscar e apreender aquilo que estiver previsto no art.
240, mas o rol não é taxativo. Tudo que estiver relacionado com Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispen-
a elucidação de um crime pode ser objeto de busca e apreensão. sável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
Com base no art. 5o, XI, CF, temos que, mesmo sendo expe- supri-lo a confissão do acusado.
dido o mandado de busca e apreensão, a autoridade policial não Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão
poderá ingressar o domicílio alheio durante o período de repou- realizados por perito oficial, portador de diploma de curso supe-
so noturno. Assim, o cumprimento do mandado judicial deverá rior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
aguardar até a manhã. § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
Se no flagrante delito forem apreendidos objetos relativos a (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
outros crimes, a jurisprudência diz que a apreensão será convalida- preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habi-
da mesmo sem mandado de busca e apreensão específico para isso. litação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação
Ainda, é possível que haja a busca pessoal como medida pre- dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
ventiva, como por exemplo a revista da pessoa, sem a exigência de § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem
mandado para tanto. e fielmente desempenhar o encargo.  (Redação dada pela Lei nº
11.690, de 2008)
TÍTULO VII § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
DA PROVA acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação
de quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº
CAPÍTULO I 11.690, de 2008)
DISPOSIÇÕES GERAIS § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo
juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído
da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fun- pela Lei nº 11.690, de 2008)
damentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às par-
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não re-
tes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
petíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão
para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e
observadas as restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela
os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
Lei nº 11.690, de 2008)
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sen-
respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690,
do, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº
11.690, de 2008) de 2008)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a pro- II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pare-
dução antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, ceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiên-
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da me- cia. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
dida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de
ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do a sua conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em viola- § 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de
ção a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a
11.690, de 2008) atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilí- assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
citas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade en- Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre-
tre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas verão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos que-
por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº sitos formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
11.690, de 2008) Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação dada pela Lei
ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da nº 8.862, de 28.3.1994)
prova. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova de- qualquer dia e a qualquer hora.
clarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, fa- Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois
cultado às partes acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte,
11.690, de 2008) julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) no auto.

Didatismo e Conhecimento 80
NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o sim- Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompi-
ples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal mento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escala-
que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a da, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que
causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o
verificação de alguma circunstância relevante. fato praticado.
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de
autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente coisas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do cri-
marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circuns- me.
tanciado. Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos au-
particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediên- tos e dos que resultarem de diligências.
cia. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e
de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado
autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo cons- para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o
tará do auto. seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição do fato.
em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, to- Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por
das as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. (Re- comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
dação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, será intimada para o ato, se for encontrada;
os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas II - para a comparação, poderão servir quaisquer documen-
fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. tos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exu- reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não
mado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identifi- houver dúvida;
cação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exa-
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, me, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimen-
no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. tos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e ser retirados;
autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem
para a identificação do cadáver. insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escre-
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por va o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que
suprir-lhe a falta. se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados
pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame comple- para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a
mentar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de eficiência.
ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos
do acusado, ou de seu defensor. até o ato da diligência.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos
de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação pri-
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do deli- vada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz
to no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que deprecante.
decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão trans-
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela critos na precatória.
prova testemunhal. Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o lau-
praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente do assinado pelos peritos.
para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peri- Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto
tos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame,
esquemas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973) também pela autoridade.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as altera- Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o lau-
ções do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequên- do, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em
cias dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Incluído pela Lei nº suas folhas por todos os peritos.
8.862, de 28.3.1994) Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão con-
Art.  170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão signadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de
material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autori-
que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográfi- dade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade
cas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.

Didatismo e Conhecimento 81
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso § 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a rea-
de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária lização de atos processuais por sistema de videoconferência será
mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do
Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente. § 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista
ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. nos §§ 1o e 2o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, obser- § 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no
var-se-á o disposto no art. 19. que couber, à realização de outros atos processuais que dependam
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, re-
autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando conhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou
não for necessária ao esclarecimento da verdade. tomada de declarações do ofendido. (Incluído pela Lei nº 11.900,
de 2009)
CAPÍTULO III § 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompa-
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO nhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor. (Incluído
pela Lei nº 11.900, de 2009)
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judi- § 10. Do interrogatório deverá constar a informação sobre a
ciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma de-
presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação dada ficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cui-
pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) dados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº
§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala pró- 13.257, de 2016)
pria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que este- Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do
jam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Públi- inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes
co e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade
de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e
do ato. (Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009)
de não responder perguntas que lhe forem formuladas. (Redação
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão,
do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tec-
não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela
nológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde
Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes fina-
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: so-
lidades: (Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009)
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada bre a pessoa do acusado e sobre os fatos. (Redação dada pela Lei
suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por nº 10.792, de 1º.12.2003)
outra razão, possa fugir durante o deslocamento; (Incluído pela Lei § 1o  Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre
nº 11.900, de 2009) a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais,
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se
quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juí- foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o
zo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; (Incluído pela juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação,
Lei nº 11.900, de 2009) qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e so-
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da ciais. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por § 2o  Na segunda parte será perguntado sobre: (Incluído pela
videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; (Incluído Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
pela Lei nº 11.900, de 2009) I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; (Incluído pela Lei
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública . (Incluí- nº 10.792, de 1º.12.2003)
do pela Lei nº 11.900, de 2009) II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem
por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas
antecedência. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) esteve antes da prática da infração ou depois dela; (Incluído pela
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso po- Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
derá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e
todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que se teve notícia desta; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código. (Incluído pela Lei nº IV - as provas já apuradas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de
11.900, de 2009) 1º.12.2003)
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por
ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas; (Incluí-
se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso do pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a in-
que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do fração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido
Fórum, e entre este e o preso. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) apreendido; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

Didatismo e Conhecimento 82
NOÇÕES DE DIREITO
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à CAPÍTULO V
elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração; (Incluí- DO OFENDIDO
do pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. (Incluído pela
Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presu-
partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as ma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por ter-
perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. mo as suas declarações. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) § 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem
Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da auto-
parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas. (Redação ridade. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) § 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relati-
Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os vos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data
motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mante-
para a infração, e quais sejam. (Redação dada pela Lei nº 10.792, nham ou modifiquem. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
de 1º.12.2003) § 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no ende-
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados reço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso
separadamente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) de meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo- § 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização,
-mudo será feito pela forma seguinte: (Redação dada pela Lei nº será reservado espaço separado para o ofendido. (Incluído pela Lei
10.792, de 1º.12.2003) nº 11.690, de 2008)
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que § 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofen-
ele responderá oralmente; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de dido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas
psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofen-
1º.12.2003)
sor ou do Estado. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, responden-
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação
do-as por escrito; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo,
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito
inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, de-
e do mesmo modo dará as respostas. (Redação dada pela Lei nº
poimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito
10.792, de 1º.12.2003)
para evitar sua exposição aos meios de comunicação. (Incluído pela
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou es-
Lei nº 11.690, de 2008)
crever, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pes-
soa habilitada a entendê-lo. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de CAPÍTULO VI
1º.12.2003) DAS TESTEMUNHAS
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional,
o interrogatório será feito por meio de intérprete. (Redação dada Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa
Art. 194. (Revogado pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua pro-
não quiser assinar, tal fato será consignado no termo. (Redação fissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau,
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo in- relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou
terrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
partes. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo
permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto,
DA CONFISSÃO breve consulta a apontamentos.
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha,
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios ado- o juiz procederá à verificação pelos meios ao seu alcance, podendo,
tados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo.
juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verifi- Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de
cando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância. depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado,
poderá constituir elemento para a formação do convencimento do o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando
juiz. não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será fato e de suas circunstâncias.
tomada por termo nos autos, observado o disposto no art. 195. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo,
do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu
conjunto. testemunho.

Didatismo e Conhecimento 83
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de
203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quator- comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à auto-
ze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. ridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir ou- oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.
tras testemunhas, além das indicadas pelas partes. Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de
a que as testemunhas se referirem. desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligên-
§ 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada cia. (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
souber que interesse à decisão da causa. Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem.
si, de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governa-
testemunho. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) dores de Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua
do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembleias
realização, serão reservados espaços separados para a garantia da
Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros
incomunicabilidade das testemunhas. (Incluído pela Lei nº 11.690,
e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distri-
de 2008)
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer to Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em
que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a ver- local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. (Redação
dade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial para a dada pela Lei nº 3.653, de 4.11.1959)
instauração de inquérito. § 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presi-
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em ple- dentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo
nário de julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiên- Tribunal Federal poderão optar pela prestação de depoimento por es-
cia (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, crito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas
após a votação dos quesitos, poderão fazer apresentar imediata- pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. (Redação dada pela Lei
mente a testemunha à autoridade policial. nº 6.416, de 24.5.1977)
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes direta- § 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior.
mente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem (Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem § 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art.
na repetição de outra já respondida. (Redação dada pela Lei nº 218, devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente
11.690, de 2008) comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz po- do dia e da hora marcados. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
derá complementar a inquirição. (Incluído pela Lei nº 11.690, de Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz
2008) será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste esse fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes.
suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa § 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução cri-
do fato. minal.
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão § 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento,
contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou defeitos, que mas, a todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos
a tornem suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará autos.
consignar a contradita ou arguição e a resposta da testemunha, mas § 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de tes-
só excluirá a testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos ca-
temunha poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro
sos previstos nos arts. 207 e 208.
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real,
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se,
permitida a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive,
tanto quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas, re-
produzindo fielmente as suas frases. durante a realização da audiência de instrução e julgamento. (Incluí-
Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a termo, do pela Lei nº 11.900, de 2009)
assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não sou- Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demons-
ber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por trada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte reque-
ela, depois de lido na presença de ambos. rente com os custos de envio. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
Art.  217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos
causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.900, de
ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, 2009)
fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibili- Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional,
dade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na será nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas.
inquirição, com a presença do seu defensor. (Redação dada pela Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo,
Lei nº 11.690, de 2008) proceder-se-á na conformidade do art. 192.
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um
no caput deste artigo deverá constar do termo, assim como os mo- ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela simples
tivos que a determinaram. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) omissão, às penas do não-comparecimento.

Didatismo e Conhecimento 84
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, CAPÍTULO IX
por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo DOS DOCUMENTOS
da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão
o depoimento. apresentar documentos em qualquer fase do processo.
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, ins-
CAPÍTULO VII trumentos ou papéis, públicos ou particulares.
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente
autenticada, se dará o mesmo valor do original.
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconheci- Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por
mento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma: meios criminosos, não serão admitidas em juízo.
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convida- Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo
da a descrever a pessoa que deva ser reconhecida; respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será coloca- haja consentimento do signatário.
da, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento
semelhança, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará,
a apontá-la; independentemente de requerimento de qualquer das partes, para
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para sua juntada aos autos, se possível.
o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão
não diga a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a submetidas a exame pericial, quando contestada a sua autentici-
autoridade providenciará para que esta não veja aquela; dade.
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenoriza- Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuí-
do, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder zo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por
ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais. tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela au-
Parágrafo único. O disposto no no  III deste artigo não terá toridade.
aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário de julga- Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferi-
mento. das com o original, em presença da autoridade.
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo,
as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável. quando não exista motivo relevante que justifique a sua conserva-
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o ção nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Mi-
reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em nistério Público, ser entregues à parte que os produziu, ficando
separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas. traslado nos autos.

CAPÍTULO VIII CAPÍTULO X


DA ACAREAÇÃO DOS INDÍCIOS

Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e
acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou teste- provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, con-
munha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre cluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias
relevantes. CAPÍTULO XI
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que DA BUSCA E DA APREENSÃO
expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato
de acareação. Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações § 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas ra-
divirjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão a co- zões a autorizarem, para:
nhecer os pontos da divergência, consignando-se no auto o que a) prender criminosos;
explicar ou observar. Se subsistir a discordância, expedir-se-á pre- b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
catória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente, c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e
transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, objetos falsificados ou contrafeitos;
nos pontos em que divergirem, bem como o texto do referido auto, d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na
a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se a testemunha prática de crime ou destinados a fim delituoso;
ausente, pela mesma forma estabelecida para a testemunha pre- e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à de-
sente. Esta diligência só se realizará quando não importe demora fesa do réu;
prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente. f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou
em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.

Didatismo e Conhecimento 85
NOÇÕES DE DIREITO
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se
suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos não importar retardamento ou prejuízo da diligência.
mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior. Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária território de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando,
não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedi- para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa,
da da expedição de mandado. devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da di-
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a re- ligência ou após, conforme a urgência desta.
querimento de qualquer das partes. § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em
Art. 243. O mandado de busca deverá: seguimento da pessoa ou coisa, quando:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a
realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou mo- seguirem sem interrupção, embora depois a percam de vista;
rador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por in-
sofrê-la ou os sinais que a identifiquem; formações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo
II - mencionar o motivo e os fins da diligência; removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que encalço.
o fizer expedir. § 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências,
mandado de busca. entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de
do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do cor- modo que não se frustre a diligência.
po de delito.
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso
de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa es-
teja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que cons- 2.4.3 DA PRISÃO EM FLAGRANTE
tituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no
curso de busca domiciliar.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia,
salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de
Prisão em Flagrante (arts. 301 a 310)
penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado
ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a
É uma medida restritiva de liberdade, de natureza cautelar e
abrir a porta.
caráter eminentemente administrativo, que não exige ordem escri-
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamen-
ta do juiz, porque o fato ocorre de inopino (art. 5º, LXI, CR/88).
te sua qualidade e o objeto da diligência.
É uma forma de autopreservação e autodefesa da sociedade, facul-
§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e for-
tando-se a qualquer do povo a sua realização, sendo que os poste-
çada a entrada.
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de riores atos de documentação ocorrerão normalmente na delegacia
força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobri- de polícia.
mento do que se procura. Relativamente à proteção ao lar, a pessoa pode ser presa em
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes flagrante delito a qualquer tempo, de acordo com o art. 5º, XI, da
os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à dili- CR/88.
gência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o Espécies de Flagrante
morador será intimado a mostrá-la.
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será ime- Flagrante Próprio, Propriamente Dito, Real ou Verdadeiro
diatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de (art. 302, I e II do CPP)
seus agentes. Nele, o agente é surpreendido com a mão na massa, come-
§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circuns- tendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la. A prisão
tanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem pre- deve ocorrer de imediato, sem o decurso de qualquer intervalo de
juízo do disposto no § 4o. tempo.
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior,
quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado Flagrante Impróprio, Irreal ou Quase-Flagrante
ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em comparti- (art. 302, III)
mento não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou Flagrante em que o agente é perseguido logo após a infração,
atividade. em situação que faça presumir ser o autor do fato. Não existe prazo
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, certo para a expressão logo após, sendo equivocada a doutrina que
os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido aponta o prazo de 24 horas.
a busca, se o requerer. Não havendo solução de continuidade, isto é, se a perseguição
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não for interrompida, mesmo que dure dias ou até mesmo sema-
não moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito nas, em havendo êxito na captura do perseguido, estar-se-á diante
da diligência. de flagrante delito.

Didatismo e Conhecimento 86
NOÇÕES DE DIREITO
Flagrante Presumido, Ficto ou Assimilado Previsto no art. 2º, II, da Lei nº 9.034/95 (Lei de Combate às
(art. 302, IV) Organizações Criminosas). Não é necessária autorização judicial
Flagrante em que o agente é preso após cometer a infração, nem prévia oitiva do MP, cabendo à autoridade policial adminis-
quando encontrado com instrumentos ou produtos do crime, ar- trar a conveniência ou não da postergação. Ela não pode ser uti-
mas, objetos ou papéis que permitam presumir ser ele o autor da lizada para abarcar atividades de quadrilhas ou bandos, apenas de
infração. organizações criminosas.
Nessa espécie de flagrante não se exige perseguição. Exi- Já no flagrante diferido previsto na Lei nº 11.343/06, é neces-
ge-se, entretanto, que a autoridade ponha-se a procurar o agente sária autorização judicial e prévia oitiva do MP, além do conheci-
logo após ter notícia do acontecimento do crime. mento do provável itinerário da droga e dos eventuais agentes do
delito ou colaboradores.
Flagrante Compulsório ou Obrigatório
Alcança a atuação das forças de segurança englobando as po- Flagrante Forjado
lícias civis, militares, federal, rodoviárias, ferroviárias e o corpo É o flagrante armado, fabricado para incriminar pessoa ino-
de bombeiros. Elas têm o dever de, enquanto em serviço, efetuar cente. Evidentemente é ilícito, sendo o único infrator aqui o agente
a prisão em flagrante. executor da prisão.

Flagrante Facultativo Flagrante por Apresentação


É a permissão constitucional de que qualquer do povo efetue Não é flagrante propriamente dito, pois quem se entrega à po-
a prisão em flagrante. Ela abrange também as autoridades poli- lícia não se enquadra em nenhuma das hipóteses legais autorizado-
ciais fora de serviço. ras do flagrante. Assim, não será lavrado APFD, apesar de poder o
agente ter sua prisão preventiva decretada pela autoridade policial.
Flagrante Esperado
Não está disciplinado na legislação, sendo uma idealização Flagrante Vedado
doutrinária. Ocorre quando a polícia, sabendo que um crime irá São hipóteses em que a autoridade não pode, de forma algu-
se consumar, fica de tocaia, realizando a prisão quando os atos ma, decretar o flagrante delito, sob pena de ilegalidade manifesta.
executórios são deflagrados. Apesar de não indicado, o particular Assim, não se decreta a prisão em flagrante, ou seja, se decre-
também poderá efetuar o flagrante esperado. tada, deverá ser relaxada:
1. Com o advento da lei dos juizados especiais criminais,
Flagrante Preparado ou Provocado aquele que for capturado em flagrante pela prática de crimes de
Flagrante em que o agente é induzido ou instigado a cometer menor potencial ofensivo, e assumir o compromisso de compare-
o delito, sendo preso no ato. É artifício onde verdadeira armadilha cer ao Juizado, a ele não será imposta a prisão em flagrante (será
é maquinada no intuito de prender em flagrante aquele que cede à elaborado o Termo Circunstanciado). Assim, praticamente, todas
tentação e acaba praticando a infração. as hipóteses em que o réu se livra solto estão abrangidas pelo con-
ceito de crime de menor potencial ofensivo (por isso que caiu em
Dispõe a Súmula 145, STF: “Não há crime quando a prepa- desuso). A jurisprudência majoritariamente (STJ e STF) entende
ração do flagrante pela polícia torna impossível a sua consuma- que os crimes de menor potencial ofensivo são os crimes com pena
ção”. máxima de até 02 anos. Assim, a hipótese de incidência do artigo
323 será aplicada na hipótese excepcional de o indivíduo não assu-
A súmula para o STF, com a preparação do flagrante e conse- mir o compromisso (aliás, o descumprimento do compromisso de
quente realização da prisão, existiria crime só na aparência, já que comparecimento não traz qualquer consequência para o indivíduo,
o resultado da prática supostamente delituosa já era conhecido mesmo se ele não comparecer).
pela polícia de antemão e ela já estaria com toda a estrutura mon- 2. A Lei nº 9.503/97 (CTB) (artigo 301) prevê que ao con-
tada para prender o agente logo após a conduta. Assim, haveria dutor por delito de trânsito NÃO se imporá a prisão em flagrante
verdadeiro crime impossível, por absoluta ineficácia do meio ou se ele prestar pronto e integral socorro à vítima.
absoluta impropriedade do objeto criminoso. 3. No caso do art. 28 da Lei de Drogas.
Entretanto, se, preparando o flagrante, o agente consegue
consumar o delito e fugir, o crime restará plenamente caracteri- Flagrante nas Várias Espécies de Crime
zado. a) Crimes permantentes: enquanto não cessada a permanên-
Não é flagrante preparado o caso de se prender alguém, que cia poderá haver flagrante a qualquer tempo.
adentra no território nacional portando drogas, após o recebimen- b) Crime habitual: de acordo com Tourinho, não é possível
to de notícias sobre esse fato. A polícia esperará a pessoa chegar e o flagrante no crime habitual, já que este ocorre somente quando
efetuará a prisão. Note-se que o indivíduo já estava com o crime a conduta típica se integra com a prática de diversas açoes. Se
em andamento. houver o flagrante antes da consumação, os atos realizados serão
indiferentes penais, não passíveis de configurar qualquer crime.
Flagrante Prorrogado, Retardado, Diferido, Postergado ou c) Crime de ação penal privada e ação pública condiciona-
Ação Controlada da: nada impede a realizaçao do flagrante nestes crimes. Porém,
Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, mesmo para a lavratura do APFD, deverá haver manifestação de von-
presenciando o crime, pois do ponto de vista estratégico seria a tade da pessoa legitimada a propor a ação ou a representar.
melhor opção. Caso a vítima não possa ir imediatamente à delegacia, por ter sido

Didatismo e Conhecimento 87
NOÇÕES DE DIREITO
conduzida ao hospital ou por qualquer outro motivo relevante, po- Autoridade Competente
derá fazê-lo no prazo de entrega da nota de culpa. Caso preso o Via de regra, é competente para presidir a lavratura do auto a
agente em flagrante e a vítima não autorize, não poderá ser lavrado autoridade policial da circunscrição onde foi efetuada a prisão (art.
o auto, devendo o agente ser liberado. 290, CPP).
d) Crime continuado: o flagrante se dará de forma fracionada,
já que as várias ações são independentes entre si, somente havendo a Procedimentos e Formalidades Legais
continuidade para fins de diminuição da pena quando da dosimetria De acordo com Luís Flávio Gomes, a prisão em flagrante conta
penal. O flagrante é possível para cada crime isoladamente. com quatro momentos distintos:
e) Infração de menor potencial ofensivo: não haverá lavratu- a) Captura do agente;
ra de APFD, e sim de TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), b) Condução coercitiva até a presença da autoridade policial
desde que o infrator seja imediatamente enaminhado ao JECrim ou ou judicial;
assuma o compromisso de lá comparecer na data designada pela c) Lavratura do auto de prisão em flagrante;
autoridade policial. Entretanto, se ele se negar a tanto, lavra-se d) Recolhimento ao cárcere.
o APFD, recolhendo-se o infrator ao cárcere, salvo se for admi- Deve ser dada especial atenção ao aspecto formal do ato,
tida e paga a fiança. Lembrar que, no crime do art. 28 da Lei nº com a documentação da prisão efetuada em razão da captura. Deve-
11.343/06, é absolutamente impossível a prisão. se, pois, seguir os seguintes passos:
Nos crimes particados com violência doméstica contra a mu- a) Comunicação à família do preso ou pessoa por ele indi-
lher, não se aplica a Lei nº 9.099/95; assim, mediante uma infraçao cada sobre a prisão, antes de lavrar o auto (art. 5º, LXIII, CR/88).
de menor potencial ofensivo, ao invés de TCO será lavrado APFD b) Oitiva do condutor: quem apresentou o “meliante” na
(art. 41, lei nº 11.340/06). delegacia deverá ser ouvido, sendo suas declarações reduzidas a
termo, colhida sua assinatura e entregue cópia do termo e recibo
Sujeitos do Flagrante de entrega do preso (esse recibo tem função acautelatória para o
próprio condutor).
Sujeito Ativo c) Oitiva das testemunhas: suas declarações serão reduzi-
É aquele que efetua a prisão. Pode ser qualquer pessoa, poli-
das a termo e assinadas. Devem ser, no mínimo, duas testemunhas
cial ou não. Não se confunde o sujeito ativo com o condutor, que é
para o flagrante ser regular, ainda que uma ou ambas sejam mera-
a pessoa que apresenta o preso à polícia (evidentemente, poderão
mente instrumentárias, aquelas simplesmente presentes na delega-
ser a mesma pessoa).
cia e que são convidadas a assinar como testemunha o ato de ver a
entrega do agente.
Sujeito Passivo
d) Oitiva da vítima: não é requisito imposto pela lei, mas
É aquele detido na situação de flagrância. Em regra, pode ser
é prática corrente no procedimento, até mesmo para fortalecer o
qualquer pessoa, respeitadas as exceções de determinados indiví-
valor probatório.
duos, quais sejam:
a) Presidente da República: nunca poderá ser preso em fla- e) Oitiva do conduzido: o preso será ouvido, podendo, en-
grante ou por outra prisão cautelar (art. 86, § 3º, CR/88). tretanto, calar-se. Admite-se a presença do advogado, o qual, entre-
b) Diplomatas estrangeiros: podem não ser presos em fla- tanto não é imprescindível. Lembrar que o procedimento pré-pro-
grante, a depender de tratados e convenções internacionais. cessual não é contraditório. Se o interrogatório não for realizado
c) Membros do Congresso Nacional e Assembleias Legisla- por força maior, o ato não restará viciado.
tivas: só podem ser presos em flagrante delito por prática de crime f) Decisão da autoridade: se a autoridade estiver convenci-
inafiançável, devendo os autos, no caso, ser remetidos à respectiva da de que o flagrante é legítimo, determinará ao escrivão que lavre e
Casa para que, mediante provocação de partido e pelo voto da maio- encerre o auto de flagrante. Porém, também poderá liberar o detido
ria de seus membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º, CR/88). caso verifique ilegalidade.
d) Magistrados: só poderão ser presos em flagrante por crime LOGO, O POLICIAL TAMBÉM PODE EFETUAR O
inafiançável, devendo os autos serem encaminhados ao Presidente RELAXAMENTO DE PRISÃO. Decorre do princípio admi-
do respectivo Tribunal (art. 33, II, LOMAN). nistrativo da autotutela, pelo qual a Administração deve anular
e) Membros do MP: idem, devendo os autos serem encami- seus próprios atos quando ilegais.
nhados ao respectivo Procurador-Geral (art. 40, III, LONMP).
f) Advogados: somente poderá ser preso em flagrante, por Nota de Culpa
motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, A nota de culpa se presta a informar ao preso os responsáveis
sendo necessária a presença de representante da OAB para se lavrar por sua prisão e os motivos de fato da mesma, contendo o nome
o auto, sob pena de nulidade (art. 7º, § 3º, EOAB). do condutor e das tetemunhas, sendo assinada pela autoridade (art.
g) Menores de 18 anos: penalmente inimputáveis, somente 306, § 2º, CPP).
poderão ser privados da liberdade, mediante determinação escrita e Será entregue em 24 horas da realização da prisão, mediante
fundamentada do juiz ou mediante flagrante de prática de ato infra- recibo. Se o preso se negar a assinar, 02 testemunhas suprirão o ato.
cional (art. 106, ECA). A ENTREGA DA NOTA DE CULPA É DE VITAL IM-
h) Motoristas: no caso de crime de trânsito, se prestarem PORTÂNCIA PARA A VALIDADE DA PRISÃO. Com a nota
pronto e integral socorro à vítima de acidente de trânsito no qual se de culpa, a garantia da informação é assegurada, tendo o preso a
envolveu, não poderá ser preso em flagrante nem poderá ser-lhe cientificação formal dos motivos pelo qual foi encarcerado, com a
exigida fiança (art. 301, CTB). indicação de seus responsáveis.

Didatismo e Conhecimento 88
NOÇÕES DE DIREITO
Remessa à Autoridade e Manifestação sobre o Flagrante
Em 24 horas da realização da prisão, será encaminhado à autoridade judicial competente o APFD acompanhado de todas as oitivas
colhidas e demais documentos e, caso o autuado não indique advogado, será remetida cópia integral à defensoria pública (art. 306, § 1º).
Recebidos os autos, o juiz poderá relaxar a prisão, se tiver sido ilegal, concederá a liberdade provisória com ou sem medida cautelar,
ou decretará a prisão preventiva, se presentes alguma das situações do art. 312 e se não se revelarem adequadas ou suficientes as medidas
cautelares previstas no art. 319.

Tudo isso terá que ser feito de forma fundamentada.

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente:


I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos
I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao
acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011)
O art. 310 impede que ocorra as situações do sujeito ficar preso indefinidamente em flagrante. Ou ele é solto, ou é decretada sua prisão
preventiva ou alguma medida cautelar. A não adoção de alguma dessas determinações constituirá flagrante ilegalidade por desrespeito à lei
processual.

Prisão em Flagrante: Réu Preso e Excesso de Prazo


É muito comum de ocorrer a manutenção do flagrante sem decretação da prisão preventiva, o que não deveria se dar. Logo que recebe
os autos, o juiz teria que, necessariamente, se manifestar sobre o cabimento ou não.
Logo, a prisao em flagrante deve ocorrer pelo tempo suficiente para análise dos autos pelo juiz, e não como justificativa para o conde-
nado ficar encarcerado até seu julgamento, o que é ilegal.
Às vezes a ilegalidade ocorre até mesmo em função da demora da remessa dos autos do flagrante da repartição policial para o juízo.

Passemos a analisar a seguinte tabela:

Prisão em Flagrante
Flagrante Próprio, Propriamente Dito, Real ou Cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la. A prisão deve ocorrer
Verdadeiro de imediato, sem o decurso de qualquer intervalo de tempo.
Flagrante em que o agente é perseguido logo após a infração, em situação que faça
presumir ser o autor do fato. Ele não é visto praticando a infração, mas é persegui-
Flagrante Impróprio, Irreal ou Quase-Flagrante
do. Não existe prazo certo para a expressão logo após, sendo equivocada a doutrina
que aponta o prazo de 24 horas.
Caso em que o agente é preso após cometer a infração, quando encontrado com
instrumentos ou produtos do crime, armas, objetos ou papéis que permitam
Flagrante Presumido, Ficto ou Assimilado
presumir ser ele o autor da infração.
Nessa espécie de flagrante não se exige perseguição.
Alcança a atuação das forças de segurança englobando as polícias civis, militares,
Flagrante Compulsório ou Obrigatório federal, rodoviárias, ferroviárias e o corpo de bombeiros. Elas têm o dever de, en-
quanto em serviço, efetuar a prisão em flagrante.
É a permissão constitucional de que qualquer pessoa efetue a prisão em flagrante,
Flagrante Facultativo
incluindo as autoridades policiais fora de serviço.
Quando a polícia, sabendo que um crime irá se consumar, fica de tocaia, realizando
Flagrante Esperado
a prisão quando os atos executórios são deflagrados.
Flagrante em que o agente é induzido ou instigado a cometer o delito, sendo preso
Flagrante Preparado ou Provocado no ato. É artifício onde verdadeira armadilha é maquinada no intuito de prender em
flagrante aquele que cede à tentação e acaba praticando a infração.
Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, mesmo presenciando o crime,
Flagrante Prorrogado, Retardado, Diferido,
pois do ponto de vista estratégico seria a melhor opção. Organizações criminosas:
Postergado
não precisa de autorização judicial e oitiva do MP. Drogas: precisa.

Didatismo e Conhecimento 89
NOÇÕES DE DIREITO

É o flagrante armado, fabricado para incriminar pessoa inocente. Evidentemente é


Flagrante Forjado
ilícito, sendo o único infrator aqui o agente executor da prisão.
Não é flagrante propriamente dito, pois quem se entrega à polícia não se enqua-
dra em nenhuma das hipóteses legais autorizadoras do flagrante. Assim, não será
Flagrante por Apresentação
lavrado APFD, apesar de poder o agente ter sua prisão preventiva decretada pela
autoridade policial.
São hipóteses em que a autoridade não pode, de forma alguma, decretar o flagrante
Flagrante Vedado
delito, sob pena de ilegalidade manifesta.
Procedimento: deverá ser o agente conduzido à delegacia, identificados e ouvidos os condutores, as testemunhas, a vítima e, por fim,
o agente. Se não relaxada a prisão ou se não arbitrada fiança, deve ser entregue ao condutor a nota de culpa. Assim, no prazo máximo
de 24 horas, devem os autos serem remetidos ao juiz, que deverá relaxar a prisão, conceder liberdade provisória com ou sem medida
cautelar, ou decretar a prisão preventiva presentes os pressupostos.

CAPÍTULO II
DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em fla-
grante delito.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infra-
ção;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este
cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do
acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
(Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de li-
vrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos
à autoridade que o seja.
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo
pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas tes-
temunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se pos-
suem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o
compromisso legal.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério
Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e,
caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o
nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a
narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autorida-
de, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a
autoridade que houver presidido o auto.
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Didatismo e Conhecimento 90
NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em 2-Enfoque constitucional
flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos É cediço pelo artigo 5º, LVII, da CF/88 que ninguém será
incisos I a III do caput  do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente, condenatória.
conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de com- Aos adeptos da corrente garantista extremada, a interpretação
parecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. gramatical desta regra supra, poderia mergulhar em conclusões no
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). sentido de que qualquer prisão cautelar seria inconstitucional.
Para quase a maioria esmagadora da doutrina, contudo, não se
trata de um instituto que atenta a Carta Política de 1988, mas sim,
2.4.4 DA PRISÃO PREVENTIVA uma medida indispensável para a manutenção da ordem social e
para administração da justiça.
Segundo CLAUS ROXIN, “ entre as medidas que asseguram
o procedimento penal, a prisão preventiva é a ingerência mais gra-
A prisão preventiva é uma espécie de prisão cautelar de natu- ve na liberdade individual; por outra parte, ela é indispensável em
reza processual, consistente na medida restritiva de liberdade, em alguns casos para a administração da justiça penal eficiente.” [02]
qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, a ser
decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a reque- 3-Bases legais
rimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou Tendo por base o artigo 312 do CPP, para que se decrete a
por representação da autoridade policial. preventiva é necessária à demonstração de prova da existência do
A prisão preventiva somente poderá ser decretada quando hou- crime, trazendo à tela a materialidade e indícios suficientes da au-
ver prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria. toria ou de participação no fato típico.
Note-se que a prisão preventiva, nos termos do artigo 313, do Interessante notar que o delito deve ter ocorrido incontestavel-
Código Processual Penal, somente poderá ser decretada nos crimes mente, e sua comprovação pode ser feita pelos diversos meios de
dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior prova admitidos em direito, entretanto, no que toca a autoria, ape-
a 4 (quatro) anos; se tiver sido condenado por outro crime doloso, nas se tem a necessidade de indícios de vinculação do individuo à
em sentença transitada em julgado. Contrário a isso, o disposto no prática do crime.
inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezem- Ainda nesse pensamento, há de se ressaltar os pressupostos da
bro de 1940 - Código Penal; se o crime envolver violência domés- preventiva e esses formam exatamente ofumus commissi delicti,
tica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
que oferece o básico de segurança para a decretação da medida.
ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas
Pelo entendimento do artigo 313 do CPP, a preventiva somen-
protetivas de urgência; quando houver dúvida sobre a identidade
te possui envergadura em crimes dolosos, cuja pena, via de regra,
civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes
ultrapasse quatro anos. Logo, crimes culposos e contravenções pa-
para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em
recem ser rechaçados pelo instituto.
liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a
É de se observar que caso o réu seja reincidente e com res-
manutenção da medida.
peito ao que reza o artigo 64, I do Código Penal, pode-se aplicar
Fundamentação: a prisão preventiva ainda que o novo crime não tenha pena maior
Arts. 311 a 316 do CPP que quatro anos.
Com ressalva de parte da doutrina, pode ser decretada a me-
A prisão preventiva não é uma pena aplicada antecipadamente dida cautelar de segregação da liberdade em tela também quan-
ao trânsito em julgado, é uma medida cautelar. Por esse motivo, não do da dúvida sobre a identidade civil do agente e ele não forneça
viola a garantia constitucional de presunção de inocência se a de- elementos de comprovação de esclarecimentos. A doutrina que vê
cisão for devidamente motivada e a prisão estritamente necessária. como medida extrema excepcional revela cabimento na hipótese
É uma prisão cautelar que tem o objetivo de evitar que o réu co- do acusado se recusar a se submeter a identificação criminal.
meta novos crimes ou ainda que em liberdade prejudique a colheita
de provas ou fuja. De acordo com o processualista Paulo Rangel, « No artigo 311 do CPP reside determinação no sentido de se
se o indiciado ou acusado em liberdade continuar a praticar ilícitos permanecer viva a possibilidade de decretação da preventiva em
penais, haverá perturbação da ordem pública, e a medida extrema qualquer fase da investigação policial ou do processo penal. As-
é necessária se estiverem presentes os demais requisitos legais» sim, é medida que tem alicerce em qualquer fase da persecução
(RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 12. ed. rev. atual. ampl. criminal.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 613).
Pode ser decretada inclusive na fase investigatória da persecu- Necessário notar que apesar de reclamar maior cuidado, a de-
ção criminal, ou seja, durante o inquérito policial. cretação da preventiva ainda no inquérito policial é fato costumei-
É prisão provisória na medida em que ainda não pesa condena- ro na prática penal cotidiana, onde quase sempre há a segregação
ção contra o possível criminoso; medida cautelar, pois tenta resguar- cautelar da liberdade sem a devida preocupação.
dar a harmonia social da ordem pública ou da ordem econômica; Observação importante é que não mais se faz presente no
excepcional, decorrente do poder geral de cautela dado ao magistra- ordenamento jurídico após a lei 12.403/2011 qualquer opção de
do; subsidiária, muito mais após a promulgação da lei 12.403/2011, prisão preventiva obrigatória. Frise-se que apenas autoridade judi-
sendo somente permitida quando a lei não assegurar outra medida ciária competente, em consonância com artigo 5º, LXI, da CF/88
cautelar substitutiva. pode decretar a prisão preventiva.

Didatismo e Conhecimento 91
NOÇÕES DE DIREITO
Pressupostos Existem ainda quatro situações claras em que poderá ser im-
A prisão preventiva não é uma punição aplicada antecipada- posta a prisão preventiva:
mente, inclusive porque a legislação brasileira proíbe a ocorrência a) A qualquer momento da fase de investigação ou do pro-
de qualquer sanção antes da condenação judicial. cesso, de modo autônomo e independente (art. 311, CPP);
Essa modalidade de prisão é determinada pela Justiça para b) Como conversão da prisão em flagrante, quando insufi-
impedir que o acusado (réu) atrapalhe a investigação, a ordem pú- cientes ou inadequadas outras medidas cautelares (art. 310, II, CPP);
blica ou econômica e aplicação da lei. c) Em substituição à medida cautelar eventualmente descum-
O réu pode ser mantido preso preventivamente até o seu jul- prida (art. 282, § 4º, CPP);
gamento ou pelo período necessário para não atrapalhar as inves- d) Quando houver fundadas dúvidas sobre a identidade do
tigações. acusado, devendo ele ser imediatamente liberado assim que confir-
Caso exista a necessidade, a prisão preventiva pode ser de- mada for.
cretada inclusive na fase inicial do inquérito policial, e não dá ao
acusado o direito de defesa prévia. De outro modo, não será cabível a preventiva:
A prisão preventiva é a prisão de natureza cautelar mais am- a) Para os crimes culposos, contravenção penal ou se no caso
pla existente, sendo uma eficiente ferramenta de encarceramento concreto está presente qualquer causa excludente de ilicitude, isso
durante toda a persecução penal, já que pode ser decretada tanto decorre do postulado da proporcionalidade, na perspectiva da proi-
durante o IP quanto na fase processual. bição do excesso, a impedir que uma medida cautelar seja mais gra-
A prisão preventiva, por ser medida de natureza cautelar, só se ve e onerosa que o resultado final do processo condenatório;
sustenta se presentes o lastro probatório mínimo a indicar a ocor- b) Quando não for prevista pena privativa da liberdade para o
rência da infração e os eventuais envolvidos, além de algum moti- delito (art. 283,§ 1º, CPP).
vo legal que fundamente a necessidade de encarceramento.
Admite-se a decretação da preventiva até mesmo sem a ins- CAPÍTULO III
tauração do IP, desde que o atendimento aos requisitos legais seja DA PRISÃO PREVENTIVA
demonstrado por outros elementos indiciários. (Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967)
Ela é medida de exceção e deve ser aplicada restritivamente, a
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do pro-
fim de compatibilizá-la com o princípio constitucional da presun-
cesso penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício,
ção de inocência (art. 5º, LVII, CR/88).
se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público,
Se a prisão em flagrante busca sua justificativa e fundamen-
do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade
tação, primeiro, na proteção do ofendido, e, depois, na garantia
policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
da qualidade probatória, a prisão preventiva revela a sua caute-
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garan-
laridade na tutela da persecução penal, objetivando impedir que
tia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da ins-
eventuais condutas praticadas pelo alegado autor e/ou por terceiros
trução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando
possam colocar em risco a efetividade do processo. houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Referida modalidade de prisão, por trazer como consequência (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
a privação da liberdade antes do trânsito em julgado, somente se Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decre-
justifica enquanto e na medida em que puder realizar a proteção tada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impos-
da persecução penal, em todo o seu iter procedimental, e, mais, tas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Incluído
quando se mostrar a única maneira de satisfazer tal necessidade. pela Lei nº 12.403, de 2011).
A prisão preventiva, somente deve ser aplicando, como regra, Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
quando as outras medidas cautelares não forem suficientes. decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403,
Em razão da sua gravidade, e como decorrência do sistema de de 2011).
garantias individuais constitucionais, somente se decretará a pri- I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberda-
são preventiva “por ordem escrita e fundamentada da autoridade de máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº
judiciária competente”, conforme se observa com todas as letras 12.403, de 2011).
no art. 5º, LXI, da Carta de 1988. II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do
È possível a DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA, NÃO SÓ art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
NA PRESENÇA DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS DO ART. Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
312, CPP, MAS SEMPRE QUE FOR NECESSÁRIO PARA GA- III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra
RANTIR A EXECUÇÃO DE OUTRA MEDIDA CAUTELAR, a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com defi-
DIVERSA DA PRISÃO (ART. 282, § 4º, CPP). ciência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgên-
cia; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
A prisão preventiva, apresenta duas características bem defi- IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
nidas, a saber: Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva
a) autônoma, podendo ser decretada independentemente de quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando
qualquer outra providência cautelar anterior; esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo
b) subsidiária, a ser decretada em razão do descumprimento o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identifica-
de medida cautelar anteriormente imposta. ção, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Didatismo e Conhecimento 92
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual,
praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
de 1940 - Código Penal. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de constrangimento não autorizado em lei;
2011). c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a pri-
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a pri- são ou detenção de qualquer pessoa;
são preventiva será sempre motivada. (Redação dada pela Lei nº d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção
12.403, de 2011). ilegal que lhe seja comunicada;
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar
correr do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, fiança, permitida em lei;
bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justi- f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem,
fiquem. (Redação dada pela Lei nº 5.349, de 3.11.1967) custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança
não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de
importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou
2.5 LEGISLAÇÃO ESPECIAL: de qualquer outra despesa;
2.5.1 LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE - h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou
LEI N.º 4.898/65 jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem com-
petência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medi-
da de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cum-
prir imediatamente ordem de liberdade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de
LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965. 21/12/89)
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem
Regula o Direito de Representação e o processo de Respon- exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar,
sabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de ainda que transitoriamente e sem remuneração.
autoridade. Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção admi-
nistrativa civil e penal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravi-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: dade do abuso cometido e consistirá em:
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsa- a) advertência;
bilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, b) repreensão;
no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento
pela presente lei. e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de d) destituição de função;
petição: e) demissão;
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal f) demissão, a bem do serviço público.
para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano,
sanção; consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil
cruzeiros.
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver compe-
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
tência para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.
artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, b) detenção por dez dias a seis meses;
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer
rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver. outra função pública por prazo até três anos.
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplica-
a) à liberdade de locomoção; das autônoma ou cumulativamente.
b) à inviolabilidade do domicílio; § 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade po-
c) ao sigilo da correspondência; licial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a
d) à liberdade de consciência e de crença; pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções
e) ao livre exercício do culto religioso; de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um
f) à liberdade de associação; a cinco anos.
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício Art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplicação
do voto; de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar competente de-
h) ao direito de reunião; terminará a instauração de inquérito para apurar o fato.
i) à incolumidade física do indivíduo; § 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabeleci-
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício das nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares,
profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79) que estabeleçam o respectivo processo.

Didatismo e Conhecimento 93
NOÇÕES DE DIREITO
§ 2º não existindo no município no Estado ou na legislação § 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento
militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão apli- final e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será
cadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei feita por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via
nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários da representação e da denúncia.
Públicos Civis da União). Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para apresentada em juízo, independentemente de intimação.
o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil. Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso
autoridade civil ou militar. previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos para a realização de
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à auto- diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho
ridade administrativa ou independentemente dela, poderá ser pro- motivado, considere indispensáveis tais providências.
movida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal ou Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos
ambas, da autoridade culpada. auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, apre-
Art. 10. Vetado goando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de do Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa
Processo Civil. e o advogado ou defensor do réu.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de in- Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se
quérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, se ausente o Juiz.
instruída com a representação da vítima do abuso. Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o
vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, ocorrido constar do livro de termos de audiência.
desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública,
ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil,
instrução e julgamento. entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcio-
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em nalmente, no local que o Juiz designar.
duas vias. Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o inter-
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade rogatório do réu, se estiver presente.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado,
houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá:
o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiên-
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios,
cia e nos ulteriores termos do processo.
por meio de duas testemunhas qualificadas;
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência
dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advo-
de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as
gado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do
verificações necessárias.
réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e presta-
mais dez (10), a critério do Juiz.
rão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escrito,
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente
querendo, na audiência de instrução e julgamento. a sentença.
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro
poderá conter a indicação de mais duas testemunhas. próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os depoi-
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apre- mentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos
sentar a denúncia requerer o arquivamento da representação, o e, por extenso, os despachos e a sentença.
Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Mi-
fará remessa da representação ao Procurador-Geral e este oferece- nistério Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o
rá a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para advogado ou defensor do réu e o escrivão.
oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem di-
Juiz atender. fíceis e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei,
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a de- o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
núncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Có-
órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, re- digo de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de
pudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os instrução e julgamento regulado por esta lei.
termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, cabe-
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. rão os recursos e apelações previstas no Código de Processo Penal.
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de qua- Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
renta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independência e 77º
denúncia. da República.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, H. CASTELLO BRANCO 
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamen-
to, que deverá ser realizada, improrrogavelmente. dentro de cinco
dias.

Didatismo e Conhecimento 94
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autorida-
de, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
2.5.2 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO Pena - detenção de seis meses a dois anos.
ADOLESCENTE - LEI N.º 8.069/90
- ARTIGOS 225 AO 244-B Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997:

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa,


de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão
Título VII logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Capítulo I
Dos Crimes Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta
Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
Seção I Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Disposições Gerais
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciá-
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a ria, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério
criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do dispos-
Público no exercício de função prevista nesta Lei:
to na legislação penal.
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da
Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem
Código de Processo Penal. o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o
fim de colocação em lar substituto:
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública in- Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
condicionada
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a
Seção II terceiro, mediante paga ou recompensa:
Dos Crimes em Espécie Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de es- efetiva a paga ou recompensa.
tabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das
atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado
Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobser-
ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as vância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça
Parágrafo único. Se o crime é culposo: ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
correspondente à violência.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabele-
cimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou
o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográ-
proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: fica, envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei
Pena - detenção de seis meses a dois anos. nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Re-
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
dação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, re-
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, pro-
cedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou cruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de
inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. ou ainda quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à 11.829, de 2008)
apreensão sem observância das formalidades legais. § 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete
o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de
de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação
indicada: ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 2008)

Didatismo e Conhecimento 95
NOÇÕES DE DIREITO
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguí-  § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter
neo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829,
preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro títu- de 2008)
lo, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. (Incluído  
pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adultera-
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro ção, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol- outra forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829,
vendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
de 2008)  Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação pela Lei nº 11.829, de 2008)
dada pela Lei nº 11.829, de 2008) Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, ex-
põe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qual-
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distri- quer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na
buir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio forma do caput deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro  
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol- Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qual-
vendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) quer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
pela Lei nº 11.829, de 2008)  Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 11.829, de 2008)
11.829, de 2008)  Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das pela Lei nº 11.829, de 2008)
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (In-  I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela prati-
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de compu- car ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
tadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste  II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o
artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexual-
 § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste mente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do  
serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a ex-
conteúdo ilícito de que trata ocaput deste artigo. (Incluído pela Lei pressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende
nº 11.829, de 2008) qualquer situação que envolva criança ou adolescente em ativida-
  des sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente
fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexuais (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre-
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição
pela Lei nº 11.829, de 2008) ou explosivo:
 § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela
pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
 § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a fi- Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
nalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos com-
quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, ponentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação
de 2008) dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
 I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o
Lei nº 11.829, de 2008) fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº
 II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, 13.106, de 2015)
entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamen-
to e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste pará- Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre-
grafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampi-
 III – representante legal e funcionários responsáveis de prove- do ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial,
dor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computado- sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de uti-
res, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autorida- lização indevida:
de policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
pela Lei nº 11.829, de 2008)

Didatismo e Conhecimento 96
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais defi- III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso
nidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art.
Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o 1994)
responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela
ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluí- Lei nº 12.015, de 2009)
do pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e
§ 2o  Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso
(Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 1998)
18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo- VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou altera-
-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) ção de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei
nº 12.015, de 2009) no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695,
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem de 1998)
pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex-
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela ploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art.
Lei nº 12.015, de 2009) 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº 12.978, de 2014)
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de
de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar in- genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de
cluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990. (In- outubro de 1956, tentado ou consumado. (Parágrafo incluído pela
cluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Lei nº 8.930, de 1994)

Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilí-


2.5.3 LEI DE CRIMES HEDIONDOS cito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetí-
- LEI N.º 8.072/90 veis de: (Vide Súmula Vinculante)
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida ini-
cialmente em regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464,
LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990.
de 2007)
Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, in- § 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos cri-
ciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providên- mes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5
cias. (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três
quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- 2007)
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: § 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá funda-
mentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. (Redação dada
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos pela Lei nº 11.464, de 2007)
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - § 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de
Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o
8.930, de 1994) (Vide Lei nº 7.210, de 1984) prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica extrema e comprovada necessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464,
de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e de 2007)
homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e
VII); (Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015) Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segu-
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, rança máxima, destinados ao cumprimento de penas impostas a
§ 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando condenados de alta periculosidade, cuja permanência em presídios
praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da For-
ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em Art. 4º (Vetado).
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluí- Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o seguinte in-
do pela Lei nº 13.142, de 2015) ciso:
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei “Art. 83. ..............................................................
nº 8.930, de 1994) ........................................................................

Didatismo e Conhecimento 97
NOÇÕES DE DIREITO
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de con- Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados
denação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213,
entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo úni-
reincidente específico em crimes dessa natureza.” co, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único,
todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o li-
Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213; mite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qual-
214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 270; caput, quer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
todos do Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 157. ............................................................. Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976,
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a seguinte re-
reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a dação:
reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
........................................................................ “Art. 35. ................................................................
Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo se-
Art. 159. ...............................................................
rão contados em dobro quando se tratar dos crimes previstos nos
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
arts. 12, 13 e 14.”
§ 1º .................................................................
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º ................................................................. Art. 11. (Vetado).
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º ................................................................. Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
........................................................................ Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.

Art. 213. ............................................................... Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º


Pena - reclusão, de seis a dez anos. da República.
FERNANDO COLLOR 
Art. 214. ...............................................................
Pena - reclusão, de seis a dez anos.
........................................................................
2.5.4 CÓDIGO DE DEFESA DO
Art. 223. ............................................................... CONSUMIDOR - LEI N.º 8.078/90 -
Pena - reclusão, de oito a doze anos. ARTIGOS. 61 AO 80
Parágrafo único. ........................................................
Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
........................................................................
TÍTULO II
Art. 267. ............................................................... Das Infrações Penais
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
........................................................................ Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo
previstas neste código, sem prejuízo do disposto no Código Penal
Art. 270. ...............................................................
e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos seguintes.
Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
.......................................................................”
Art. 62. (Vetado).
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o seguinte
parágrafo: Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade
“Art. 159. .............................................................. ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros,
........................................................................ recipientes ou publicidade:
§ 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-autor Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do sequestra- § 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, me-
do, terá sua pena reduzida de um a dois terços.” diante recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade
do serviço a ser prestado.
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista § 2° Se o crime é culposo:
no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de crimes hediondos, Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou
terrorismo. Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo co-
à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantela- nhecimento seja posterior à sua colocação no mercado:
mento, terá a pena reduzida de um a dois terços. Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.

Didatismo e Conhecimento 98
NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes
retirar do mercado, imediatamente quando determinado pela au- referidos neste código, incide as penas a esses cominadas na me-
toridade competente, os produtos nocivos ou perigosos, na forma dida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou
deste artigo. gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer
modo aprovar o fornecimento, oferta, exposição à venda ou manu-
Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, con- tenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços
trariando determinação de autoridade competente: nas condições por ele proibidas.
Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa.
Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados
prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à morte. neste código:
I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir infor- por ocasião de calamidade;
mação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quan- II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
tidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
produtos ou serviços: IV - quando cometidos:
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econô-
§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. mico-social seja manifestamente superior à da vítima;
§ 2º Se o crime é culposo; b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de dezoi-
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. to ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras de deficiên-
cia mental interditadas ou não;
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria V - serem praticados em operações que envolvam alimentos,
saber ser enganosa ou abusiva: medicamentos ou quaisquer outros produtos ou serviços essenciais
Pena Detenção de três meses a um ano e multa. .
Parágrafo único. (Vetado).
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria Seção será fixada em dias-multa, correspondente ao mínimo
saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
e ao máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade
prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:
cominada ao crime. Na individualização desta multa, o juiz obser-
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa:
vará o disposto no art. 60, §1° do Código Penal.
Parágrafo único. (Vetado).
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa,
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científi-
podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, observado
cos que dão base à publicidade:
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. odisposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal:
I - a interdição temporária de direitos;
Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou compo- II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circu-
nentes de reposição usados, sem autorização do consumidor: lação ou audiência, às expensas do condenado, de notícia sobre os
Pena Detenção de três meses a um ano e multa. fatos e a condenação;
III - a prestação de serviços à comunidade.
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação,
constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este códi-
enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o con- go, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que presidir o inqué-
sumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu traba- rito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus do Tesouro
lho, descanso ou lazer: Nacional (BTN), ou índice equivalente que venha a substituí-lo.
Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica
do indiciado ou réu, a fiança poderá ser:
Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às in- a) reduzida até a metade do seu valor mínimo;
formações que sobre ele constem em cadastros, banco de dados, b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.
fichas e registros:
Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa. Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste
código, bem como a outros crimes e contravenções que envolvam
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Minis-
consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou re- tério Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV,
gistros que sabe ou deveria saber ser inexata: aos quais também é facultado propor ação penal subsidiária, se a
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. denúncia não for oferecida no prazo legal.

Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garan-


tia adequadamente preenchido e com especificação clara de seu
conteúdo;
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.

Didatismo e Conhecimento 99
NOÇÕES DE DIREITO
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimô-
2.5.5 LEI DE IMPROBIDADE nio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade
ADMINISTRATIVA - LEI N.º 8.429/92 administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministé-
rio Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput
deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarci-
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992. mento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos
casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
emprego ou função na administração pública direta, indireta ou público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
fundacional e dá outras providências. desta lei até o limite do valor da herança.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Con- CAPÍTULO II


gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Dos Atos de Improbidade Administrativa

CAPÍTULO I Seção I
Das Disposições Gerais Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam
Enriquecimento Ilícito
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importan-
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do do enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patri-
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incor- monial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função,
porada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta
custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquen- lei, e notadamente:
ta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
forma desta lei. imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire-
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades des- ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
ta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido
entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação
agente público;
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cin-
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
quenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se,
facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel,
nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a
ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
contribuição dos cofres públicos.
preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei,
facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o for-
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re-
necimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor
muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, de mercado;
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui-
nas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprieda-
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, de ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art.
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empre-
para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qual- gados ou terceiros contratados por essas entidades;
quer forma direta ou indireta. V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar,
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual-
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
assuntos que lhe são afetos. direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou
avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercado-
omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o rias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no
integral ressarcimento do dano. art. 1º desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda-
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente to, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza
público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à ren-
seu patrimônio. da do agente público;

Didatismo e Conhecimento 100


NOÇÕES DE DIREITO
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou ren-
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que da, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio
tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação público;
ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante XI - liberar verba pública sem a estrita observância das nor-
a atividade; mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera- irregular;
ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se en-
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta riqueça ilicitamente;
ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou decla- XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
ração a que esteja obrigado; veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natu-
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, reza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor
entidades mencionadas no art. 1° desta lei; público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valo- XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
res integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão asso-
no art. 1° desta lei. ciada sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela
Lei nº 11.107, de 2005)
Seção II XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
Dos Atos de Improbidade Administrativa que suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as for-
Causam Prejuízo ao Erário malidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a in-
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que cau- corporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídi-
sa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, ca, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamen- administração pública a entidades privadas mediante celebração
to ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regu-
art. 1º desta lei, e notadamente: lamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpora- 2014) (Vigência)
ção ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferi-
entidades mencionadas no art. 1º desta lei; dos pela administração pública a entidade privada mediante cele-
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica bração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acer- regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019,
vo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem de 2014) (Vigência)
a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicá- XVIII - celebrar parcerias da administração pública com en-
veis à espécie; tidades privadas sem a observância das formalidades legais ou re-
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des- gulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de
personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, 2014) (Vigência)
rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e aná-
mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades lise das prestações de contas de parcerias firmadas pela administra-
legais e regulamentares aplicáveis à espécie; ção pública com entidades privadas; (Incluído pela Lei nº 13.019,
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de de 2014) (Vigência)
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor-
por preço inferior ao de mercado; mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
bem ou serviço por preço superior ao de mercado; XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administra-
VI - realizar operação financeira sem observância das normas ção pública com entidades privadas sem a estrita observância das
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô- normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua apli-
nea; cação irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob-
servância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à Seção III
espécie; Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo Contra os Princípios da Administração Pública
seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucra-
tivos, ou dispensá-los indevidamente; (Redação dada pela Lei nº Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que aten-
13.019, de 2014) (Vigência) ta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autori- omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, le-
zadas em lei ou regulamento; galidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

Didatismo e Conhecimento 101


NOÇÕES DE DIREITO
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou CAPÍTULO IV
diverso daquele previsto, na regra de competência; Da Declaração de Bens
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condi-
das atribuições e que deva permanecer em segredo; cionados à apresentação de declaração dos bens e valores que com-
IV - negar publicidade aos atos oficiais; põem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de
V - frustrar a licitude de concurso público; pessoal competente.(Regulamento) (Regulamento)
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes,
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de ter- dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores
ceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida polí- patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso,
tica ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companhei-
ro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência eco-
serviço.
nômica do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscali-
uso doméstico.
zação e aprovação de contas de parcerias firmadas pela adminis- § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data
tração pública com entidades privadas. (Redação dada pela Lei nº em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, em-
13.019, de 2014) (Vigência) prego ou função.
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessi- § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
bilidade previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público
2015) (Vigência) que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo deter-
minado, ou que a prestar falsa.
CAPÍTULO III § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da decla-
Das Penas ração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na
conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e ad- de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para suprir a
ministrativas previstas na legislação específica, está o responsá- exigência contida no caput e no § 2° deste artigo .
vel pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com CAPÍTULO V
a gravidade do fato: (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009). Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade admi-
ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quan-
nistrativa competente para que seja instaurada investigação destina-
do houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políti-
da a apurar a prática de ato de improbidade.
cos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e
o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o assinada, conterá a qualificação do representante, as informações
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credi- sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha
tícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa conhecimento.
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades esta-
perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, belecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação
se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspen- ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
são dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa § 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de
com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratan-
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de do de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos
cinco anos; disciplinares.
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministé-
houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos
rio Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de pro-
de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o
cedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contra-
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conse-
tar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais lho de Contas poderá, a requerimento, designar representante para
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio acompanhar o procedimento administrativo.
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
três anos. Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a co-
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o missão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do ór-
juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o gão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro
proveito patrimonial obtido pelo agente. dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente
ou causado dano ao patrimônio público.

Didatismo e Conhecimento 102


NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação
disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil. de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa
exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações finan- jurídica prejudicada pelo ilícito.
ceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos
tratados internacionais. CAPÍTULO VI
Das Disposições Penais
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será pro-
posta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade
dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denún-
§ 1º É vedada a transação, acordo ou conciliação nas ações de cia o sabe inocente.
que trata o caput. Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a
ações necessárias à complementação do ressarcimento do patri- indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que
mônio público. houver provocado.
§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Minis-
tério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políti-
6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. (Redação dada pela Lei cos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
nº 9.366, de 1996) Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa compe-
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como tente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nu- do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a
lidade. medida se fizer necessária à instrução processual.
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quan-
causa de pedir ou o mesmo objeto. (Incluído pela Medida provisó-
to à pena de ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
ria nº 2.180-35, de 2001)
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
§ 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que
interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
contenham indícios suficientes da existência do ato de improbida-
de ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresen-
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Ministé-
tação de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente,
rio Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrativa ou
inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de
mediante representação formulada de acordo com o disposto no art. 14,
Processo Civil. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
poderá requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento ad-
2001) ministrativo.
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-
-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer manifes- CAPÍTULO VII
tação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e jus- Da Prescrição
tificações, dentro do prazo de quinze dias. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.225-45, de 2001) Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, nesta lei podem ser propostas:
em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da ine- I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo
xistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou em comissão ou de função de confiança;
da inadequação da via eleita.(Incluído pela Medida Provisória nº II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para
2.225-45, de 2001) faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apre- casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
sentar contestação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública
de 2001) da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo do art. 1o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
de instrumento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
2001) CAPÍTULO VIII
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inade- Das Disposições Finais
quação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem
julgamento do mérito. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225- Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
45, de 2001)
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 1957,
processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições em contrário.
do Código de Processo Penal. (Incluído pela Medida Provisória nº Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e
2.225-45, de 2001) 104° da República.
FERNANDO COLLOR

Didatismo e Conhecimento 103


NOÇÕES DE DIREITO

2.5.6 LEI DE TORTURA - 2.5.7 CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO


LEI N.º 9.455/97 - LEI N.º 9.503/97 - ARTIGOS 302 AO 312

LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997. Seção II


Dos Crimes em Espécie
Define os crimes de tortura e dá outras providências.
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- automotor:
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proi-
bição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
Art. 1º Constitui crime de tortura: automotor.
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave § 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
vítima ou de terceira pessoa; I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita-
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; ção; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida risco pessoal, à vítima do acidente; (Incluído pela Lei nº 12.971,
de caráter preventivo. de 2014) (Vigência)
Pena - reclusão, de dois a oito anos. IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver condu-
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou zindo veículo de transporte de passageiros. (Incluído pela Lei nº
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por 12.971, de 2014) (Vigência)
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante V - (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008)
de medida legal. § 2o Se o agente conduz veículo automotor com capacidade
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando ti-
psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra
nha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
substância psicoativa que determine dependência ou participa, em
de um a quatro anos.
via, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo
a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu-
automotor, não autorizada pela autoridade competente: (Incluído
são é de oito a dezesseis anos.
pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação veículo automotor. (Incluído dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
dada pela Lei nº 10.741, de 2003) (Vigência)
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em- Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo automotor:
da pena aplicada. Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veí-
ou anistia. culo automotor.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipó- Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à meta-
tese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. de, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. (Redação
dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasilei- Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do aciden-
ra ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. te, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo
diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autori-
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. dade pública:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de não constituir elemento de crime mais grave.
1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e 109º da condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por ter-
República. ceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ferimentos leves.

Didatismo e Conhecimento 104


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do aci- Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a
dente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado
atribuída: o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psico- Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo au-
motora alterada em razão da influência de álcool ou de outra subs- tomotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com
tância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de
Lei nº 12.760, de 2012) saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condi-
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ções de conduzi-lo com segurança:
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
veículo automotor.
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: (In- Art. 310-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619, de
cluído pela Lei nº 12.760, de 2012) 2012) (Vigência)
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por
litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segu-
litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) rança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embar-
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, que e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde
alteração da capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando
de 2012) perigo de dano:
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perí-
cia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente auto-
admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela mobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento
Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente
testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização policial, o perito, ou juiz:
do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971, Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
de 2014) (Vigência) Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que
não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a per- inquérito ou o processo aos quais se refere.
missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com
fundamento neste Código:
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova
imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição. 2.5.8 LEI MARIA DA PENHA -
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que LEI N.º 11.340/06
deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Per-
missão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
 
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.
pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não au-
torizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à in- Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar
columidade pública ou privada: (Redação dada pela Lei nº 12.971, contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição
de 2014) (Vigência) Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e sus- Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana
pensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para di- para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe
rigir veículo automotor. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar con-
(Vigência) tra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que
o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela
Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)  TÍTULO I
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado
nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a vio-
é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras lência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do
penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Elimina-
(Vigência)  ção de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Conven-

Didatismo e Conhecimento 105


NOÇÕES DE DIREITO
ção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência CAPÍTULO II
contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMI-
República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juiza- LIAR
dos de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabe- CONTRA A MULHER
lece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de
violência doméstica e familiar. Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a
mulher, entre outras:
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofen-
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e reli- da sua integridade ou saúde corporal;
gião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta
sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que
sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfei- lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise de-
çoamento moral, intelectual e social. gradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, iso-
Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o lamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chan-
exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à ali- tagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir
mentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, à autodeterminação;
ao respeito e à convivência familiar e comunitária. III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que
§ 1o O poder público desenvolverá políticas que visem ga- a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual
rantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força;
domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou
opressão. que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição,
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite
condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enun- ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
ciados no caput. IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer condu-
ta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições pecu- valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a
liares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que
TÍTULO II configure calúnia, difamação ou injúria.
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA
A MULHER TÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
CAPÍTULO I VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO I
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência domés- DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
tica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada
no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e
psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado
nº 150, de 2015) de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública,
II - no âmbito da família, compreendida como a comunida- assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
de formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras in-
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; formações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia,
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor concernentes às causas, às consequências e à frequência da violência
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados,
de coabitação. a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resul-
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo tados das medidas adotadas;
independem de orientação sexual. III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores
éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis es-
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher cons- tereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e fa-
titui uma das formas de violação dos direitos humanos. miliar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso
IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal;

Didatismo e Conhecimento 106


NOÇÕES DE DIREITO
IV - a implementação de atendimento policial especializado para Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência
as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras pro-
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de pre- vidências:
venção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando
ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou Instituto Médico Legal;
outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos gover- III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes
namentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
por objetivo a implementação de programas de erradicação da vio- IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a
lência doméstica e familiar contra a mulher; retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, familiar;
da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei
pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às e os serviços disponíveis.
questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que dissemi- Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar
nem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa hu- contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade
mana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre-
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de juízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à equi- I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a
dade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência do- representação a termo, se apresentada;
méstica e familiar contra a mulher. II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
do fato e de suas circunstâncias;
CAPÍTULO II III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expedien-
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE te apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR medidas protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência do-
ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
méstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos
Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Seguran-
autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência
ça Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e
de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais
emergencialmente quando for o caso.
contra ele;
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mu-
lher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao
programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal. juiz e ao Ministério Público.
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência § 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autorida-
doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psi- de policial e deverá conter:
cológica: I - qualificação da ofendida e do agressor;
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, in- II - nome e idade dos dependentes;
tegrante da administração direta ou indireta; III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solici-
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o tadas pela ofendida.
afastamento do local de trabalho, por até seis meses. § 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referi-
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência domés- do no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos
tica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes disponíveis em posse da ofendida.
do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços § 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou pron-
de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexual- tuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
mente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e TÍTULO IV
cabíveis nos casos de violência sexual. DOS PROCEDIMENTOS

CAPÍTULO III CAPÍTULO I


DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas
doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que to- cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e
mar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as provi- familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de
dências legais cabíveis. Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o
descumprimento de medida protetiva de urgência deferida. estabelecido nesta Lei.

Didatismo e Conhecimento 107


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar con- Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
tra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo
e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a representação da autoridade policial.
execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva
e familiar contra a mulher. se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que sub-
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em sista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização justifiquem.
judiciária.
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os proces- relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e
sos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado: à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado consti-
I - do seu domicílio ou de sua residência; tuído ou do defensor público.
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou
III - do domicílio do agressor. notificação ao agressor.

Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à represen- Seção II


tação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o
à representação perante o juiz, em audiência especialmente desig- Agressor
nada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvi-
do o Ministério Público. Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência domés- imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
tica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras medidas protetivas de urgência, entre outras:
de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que im- I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com
plique o pagamento isolado de multa. comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826,
de 22 de dezembro de 2003;
CAPÍTULO II II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
Seção I a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemu-
Disposições Gerais nhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, qualquer meio de comunicação;
caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as me- integridade física e psicológica da ofendida;
didas protetivas de urgência; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes meno-
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de res, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço
assistência judiciária, quando for o caso; similar;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as pro- V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
vidências cabíveis. § 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a apli-
cação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser conce- segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a
didas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido providência ser comunicada ao Ministério Público.
da ofendida. § 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedi- agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art.
das de imediato, independentemente de audiência das partes e de 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará
manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas proteti-
comunicado. vas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo
ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos
por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
nesta Lei forem ameaçados ou violados. § 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de ur-
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a gência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da
pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgên- força policial.
cia ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à prote- § 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que cou-
ção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o ber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869,
Ministério Público. de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).

Didatismo e Conhecimento 108


NOÇÕES DE DIREITO
Seção III TÍTULO V
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida DA EQUIPE DE ATENDIMENTO
MULTIDISCIPLINAR
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de
outras medidas: Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de
ou comunitário de proteção ou de atendimento; atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais espe-
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependen- cializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
tes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, en-
dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; tre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local,
IV - determinar a separação de corpos. fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à De-
fensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade con- desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e
jugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares,
determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor
à ofendida; Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissional
de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo ex- especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento mul-
pressa autorização judicial; tidisciplinar.
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao
agressor; Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta or-
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, çamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção da
por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência do- equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Dire-
méstica e familiar contra a ofendida. trizes Orçamentárias.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente
para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo. TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
CAPÍTULO III
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Do-
méstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas
nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mu-
familiar contra a mulher. lher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela
legislação processual pertinente.
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas va-
atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mu- ras criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no
lher, quando necessário: caput.
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de edu-
cação, de assistência social e de segurança, entre outros; TÍTULO VII
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de DISPOSIÇÕES FINAIS
atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami-
liar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Fa-
cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas; miliar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação das
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.
a mulher.
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
CAPÍTULO IV poderão criar e promover, no limite das respectivas competências:
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mu-
lheres e respectivos dependentes em situação de violência doméstica
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, e familiar;
a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes me-
estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. nores em situação de violência doméstica e familiar;
19 desta Lei. III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde
e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência mulher em situação de violência doméstica e familiar;
doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência
ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede doméstica e familiar;
policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado. V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.

Didatismo e Conhecimento 109


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
pios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha
às diretrizes e aos princípios desta Lei. convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações do-
mésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais pre- Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
vistos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Mi- ..................................................................
nistério Público e por associação de atuação na área, regularmente § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada
constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil. de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser deficiência.” (NR)
dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade
com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei
coletiva. de Execução Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 152. ...................................................
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a
contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos ofi- mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do
ciais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o siste- agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR)
ma nacional de dados e informações relativo às mulheres.
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias
Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informações após sua publicação.
criminais para a base de dados do Ministério da Justiça.
Brasília, 7 de agosto de 2006; 185o da Independência e 118o da
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- República.
pios, no limite de suas competências e nos termos das respectivas LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações or- Dilma Rousseff
çamentárias específicas, em cada exercício financeiro, para a im-
plementação das medidas estabelecidas nesta Lei.
2.5.9 LEI SOBRE DROGAS -
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras LEI N.º 11.343/06 - ARTIGOS 27 AO 53
decorrentes dos princípios por ela adotados.

Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e fa-


miliar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não CAPÍTULO III
se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995. DOS CRIMES E DAS PENAS

Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser apli-
de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual-
seguinte inciso IV: quer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.
“Art. 313. .................................................
................................................................ Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização
a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
medidas protetivas de urgência.” (NR) submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei II - prestação de serviços à comunidade;
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigo- III - medida educativa de comparecimento a programa ou cur-
rar com a seguinte redação: so educativo.
“Art. 61. .................................................. § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo
................................................................. pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação
II - ............................................................ de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar
................................................................. dependência física ou psíquica.
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações § 2o Para determinar se a droga destinava-se a consumo
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância
contra a mulher na forma da lei específica; apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação,
........................................................... ” (NR) às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos
antecedentes do agente.
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro § 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput deste arti-
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes altera- go serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses.
ções: § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II
“Art. 129. .................................................. e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de
.................................................................. 10 (dez) meses.

Didatismo e Conhecimento 110


NOÇÕES DE DIREITO
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será cumprida em CAPÍTULO II
programas comunitários, entidades educacionais ou assistenciais, DOS CRIMES
hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fa-
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas. bricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas educativas a transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar
que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que injustificadamen- a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem auto-
te se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a: rização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
I - admoestação verbal; Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento
II - multa. de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque à dispo- § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
sição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, prefe- I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende,
rencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz
consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se refere o em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-
inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à reprovabilidade da -prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de
conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade nunca in- drogas;
ferior a 40 (quarenta) nem superior a 100 (cem), atribuindo depois II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em
a cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor de desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas
um trinta avos até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo. que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição da mul- III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a
ta a que se refere o § 6o do art. 28 serão creditados à conta do propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou con-
Fundo Nacional Antidrogas. sente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem au-
torização ou em desacordo com determinação legal ou regulamen-
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a exe- tar, para o tráfico ilícito de drogas.
cução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o § 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de
disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. droga: (Vide ADI nº 4.274)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100
TÍTULO IV (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a
E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento
CAPÍTULO I de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem
DISPOSIÇÕES GERAIS prejuízo das penas previstas no art. 28.
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as
Art. 31. É indispensável a licença prévia da autoridade com- penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a
petente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, pos- conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja
suir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, remeter, primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades cri-
transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou ad- minosas nem integre organização criminosa. (Vide Resolução nº
quirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua 5, de 2012)
preparação, observadas as demais exigências legais.
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, ven-
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruí- der, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou for-
das pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que recolherá necer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento
quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção
de levantamento das condições encontradas, com a delimitação do ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo
local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da com determinação legal ou regulamentar:
prova. (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014) 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 3o Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plan- Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de
tação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à proteção ao praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos
meio ambiente, o disposto no Decreto no 2.661, de 8 de julho de arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
1998, no que couber, dispensada a autorização prévia do órgão Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de
próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama. 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
§ 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expro- Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo in-
priadas, conforme o disposto no art. 243 da Constituição Federal, corre quem se associa para a prática reiterada do crime definido no
de acordo com a legislação em vigor. art. 36 desta Lei.

Didatismo e Conhecimento 111


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntaria-
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: mente com a investigação policial e o processo criminal na identi-
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de ficação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recupe-
1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa. ração total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação,
terá pena reduzida de um terço a dois terços.
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organiza-
ção ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com pre-
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei: ponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a nature-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de za e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a
300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa. conduta social do agente.

Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39
que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, de-
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: terminará o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamen- as condições econômicas dos acusados, valor não inferior a um
trinta avos nem superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
to de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de cri-
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Con-
mes serão impostas sempre cumulativamente, podem ser aumenta-
selho Federal da categoria profissional a que pertença o agente.
das até o décuplo se, em virtude da situação econômica do acusa-
do, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo
de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto,
apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proi- anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas
bição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberda- em restritivas de direitos.
de aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo,
dias-multa. dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois ter-
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumu- ços da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.
lativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e
de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependên-
referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passa- cia, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior,
geiros. de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
aumentadas de um sexto a dois terços, se: entendimento.
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo,
apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacio- por força pericial, que este apresentava, à época do fato previsto
nalidade do delito; neste artigo, as condições referidas no caput deste artigo, poderá
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pú- determinar o juiz, na sentença, o seu encaminhamento para trata-
blica ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, mento médico adequado.
guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou ime- Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois ter-
diações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, ços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei,
o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas,
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de re-
de acordo com esse entendimento.
cintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer na-
tureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em ava-
reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em trans- liação que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para
portes públicos; tratamento, realizada por profissional de saúde com competência
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave amea- específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda, obser-
ça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimida- vado o disposto no art. 26 desta Lei.
ção difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou en- CAPÍTULO III
tre estes e o Distrito Federal; DO PROCEDIMENTO PENAL
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adoles-
cente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou supri- Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes
mida a capacidade de entendimento e determinação; definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, apli-
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. cando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo
Penal e da Lei de Execução Penal.

Didatismo e Conhecimento 112


NOÇÕES DE DIREITO
§ 1o O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a ocor-
desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes previstos nos rência de prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo
arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts. máximo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, guardan-
60 e seguintes da Lei no9.099, de 26 de setembro de 1995, que do-se amostra necessária à realização do laudo definitivo, apli-
dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. cando-se, no que couber, o procedimento dos §§ 3o a 5o do art. 50.
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser ime-
diatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30
assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias,
circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e quando solto.
perícias necessários. Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem
§ 3o Se ausente a autoridade judicial, as providências previs- ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante
tas no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato pela autorida- pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
de policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do
agente. Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a
§ 4o Concluídos os procedimentos de que trata o § 2o deste autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito
artigo, o agente será submetido a exame de corpo de delito, se o ao juízo:
requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender conve- I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justifican-
niente, e em seguida liberado. do as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a
§ 5o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099, de quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o
1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Minis- local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as
tério Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os anteceden-
no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta. tes do agente; ou
II - requererá sua devolução para a realização de diligências
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33,
necessárias.
caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as circuns-
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo
tâncias o recomendem, empregará os instrumentos protetivos de
de diligências complementares:
colaboradores e testemunhas previstos na Lei no 9.807, de 13 de
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resul-
julho de 1999.
tado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias
antes da audiência de instrução e julgamento;
Seção I
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valo-
Da Investigação
res de que seja titular o agente, ou que figurem em seu nome, cujo
resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três)
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de po-
lícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz com- dias antes da audiência de instrução e julgamento.
petente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada
vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos
§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público,
de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por os seguintes procedimentos investigatórios:
perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investi-
§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere o § gação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes;
1  deste artigo não ficará impedido de participar da elaboração do
o II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus
laudo definitivo. precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua pro-
§ 3o Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no dução, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade
prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de
de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas, operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definiti- cabível.
vo. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014) Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a au-
§ 4o A destruição das drogas será executada pelo delegado de torização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário
polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do provável e a identificação dos agentes do delito ou de colabora-
Ministério Público e da autoridade sanitária. (Incluído pela Lei nº dores.
12.961, de 2014)
§ 5o O local será vistoriado antes e depois de efetivada a des-
truição das drogas referida no § 3o, sendo lavrado auto circunstan-
ciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a destruição
total delas. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)

Didatismo e Conhecimento 113


NOÇÕES DE DIREITO
§ 5o Se houver indícios suficientes de que o funcionário pú-
2.5.10 LEI DO CRIME ORGANIZADO - blico integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu
LEI Nº 12850/13 afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo
da remuneração, quando a medida se fizer necessária à investiga-
ção ou instrução processual.
§ 6o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao fun-
LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013. cionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato
eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público
Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação cri- pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.
minal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas § 7o Se houver indícios de participação de policial nos crimes
e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inqué-
dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de rito policial e comunicará ao Ministério Público, que designará
maio de 1995; e dá outras providências. membro para acompanhar o feito até a sua conclusão.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- CAPÍTULO II
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE
OBTENÇÃO DA PROVA
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, serão permiti-
Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre dos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios
a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações de obtenção da prova:
penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. I - colaboração premiada;
§ 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos
(quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracteriza- ou acústicos;
da pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo III - ação controlada;
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas,
mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou pri-
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. vados e a informações eleitorais ou comerciais;
§ 2o Esta Lei se aplica também: V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas,
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção inter- nos termos da legislação específica;
nacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; termos da legislação específica;
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas volta- VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação,
das para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Re- na forma do art. 11;
dação dada pela lei nº 13.260, de 2016) VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distri-
tais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de
Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente
interesse da investigação ou da instrução criminal.
ou por interposta pessoa, organização criminosa:
§ 1o Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo
a capacidade investigatória, poderá ser dispensada licitação para
das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou lo-
forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva orga- cação de equipamentos destinados à polícia judiciária para o ras-
nização criminosa. treamento e obtenção de provas previstas nos incisos II e V. (In-
§ 2o As penas aumentam-se até a metade se na atuação da orga- cluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
nização criminosa houver emprego de arma de fogo. § 2o No caso do § 1o, fica dispensada a publicação de que
§ 3o A pena é agravada para quem exerce o comando, individual trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
ou coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pes- de 1993, devendo ser comunicado o órgão de controle interno da
soalmente atos de execução. realização da contratação.(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
§ 4o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
I - se há participação de criança ou adolescente; Seção I
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a orga- Da Colaboração Premiada
nização criminosa dessa condição para a prática de infração penal;
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o
todo ou em parte, ao exterior; perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que
organizações criminosas independentes; tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnaciona- com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha
lidade da organização. um ou mais dos seguintes resultados:

Didatismo e Conhecimento 114


NOÇÕES DE DIREITO
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da orga- § 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será
nização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fide-
da organização criminosa; lidade das informações.
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das ativida- § 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na
des da organização criminosa; presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao com-
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito promisso legal de dizer a verdade.
das infrações penais praticadas pela organização criminosa; § 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor.
física preservada. § 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com funda-
§ 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em mento apenas nas declarações de agente colaborador.
conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstân-
cias, a gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a efi- Art. 5o São direitos do colaborador:
cácia da colaboração. I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação espe-
§ 2o Considerando a relevância da colaboração prestada, o cífica;
Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais
nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério preservados;
Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores
de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não te- e partícipes;
nha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, IV - participar das audiências sem contato visual com os outros
o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código acusados;
de Processo Penal). V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação,
§ 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;
relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) me- VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais
ses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as corréus ou condenados.
medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo pres-
cricional. Art. 6o O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito
§ 4o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público po- por escrito e conter:
derá deixar de oferecer denúncia se o colaborador: I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;
I - não for o líder da organização criminosa; II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos de polícia;
deste artigo. III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;
§ 5o Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do
ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor;
ainda que ausentes os requisitos objetivos. V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua
§ 6o O juiz não participará das negociações realizadas entre família, quando necessário.
as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocor-
rerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com Art. 7o O pedido de homologação do acordo será sigilosamente
a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre distribuído, contendo apenas informações que não possam identificar o
o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. colaborador e o seu objeto.
§ 7o Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo, § 1o As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigi-
acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da inves- das diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo
tigação, será remetido ao juiz para homologação, o qual deverá de 48 (quarenta e oito) horas.
verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo § 2o O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público
para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investiga-
seu defensor. ções, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo
§ 8o O juiz poderá recusar homologação à proposta que não acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direi-
atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto. to de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalva-
§ 9o Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, dos os referentes às diligências em andamento.
sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro § 3o O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim
do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pe- que recebida a denúncia, observado o disposto no art. 5o.
las investigações.
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as Seção II
provas auto-incriminatórias produzidas pelo colaborador não po- Da Ação Controlada
derão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado Art. 8o Consiste a ação controlada em retardar a intervenção poli-
e sua eficácia. cial ou administrativa relativa à ação praticada por organização crimino-
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denun- sa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanha-
ciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento mento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à
das partes ou por iniciativa da autoridade judicial. formação de provas e obtenção de informações.

Didatismo e Conhecimento 115


NOÇÕES DE DIREITO
§ 1o O retardamento da intervenção policial ou administrati- § 2o Os autos contendo as informações da operação de infil-
va será previamente comunicado ao juiz competente que, se for tração acompanharão a denúncia do Ministério Público, quando
o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da
Público. identidade do agente.
§ 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a § 3o Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado so-
não conter informações que possam indicar a operação a ser efe- fre risco iminente, a operação será sustada mediante requisição do
tuada. Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata
§ 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.
restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia,
como forma de garantir o êxito das investigações. Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida
§ 4o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstan- proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá
ciado acerca da ação controlada. pelos excessos praticados.
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a
Art. 9o Se a ação controlada envolver transposição de frontei- prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação,
ras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa so- quando inexigível conduta diversa.
mente poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países
que figurem como provável itinerário ou destino do investigado, Art. 14. São direitos do agente:
de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto, I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
instrumento ou proveito do crime. II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber,
o disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999, bem
Seção III como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;
Da Infiltração de Agentes III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e
demais informações pessoais preservadas durante a investigação e
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de in- o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;
vestigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou
pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de
filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização
polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será prece-
por escrito.
dida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial,
que estabelecerá seus limites.
Seção IV
§ 1o Na hipótese de representação do delegado de polícia, o
Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e
juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
Informações
§ 2o Será admitida a infiltração se houver indícios de infração
penal de que trata o art. 1o e se a prova não puder ser produzida por
outros meios disponíveis. Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão
§ 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) me- acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos
ses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a
sua necessidade. qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça
§ 4o Findo o prazo previsto no § 3o, o relatório circunstanciado Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedo-
será apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientifi- res de internet e administradoras de cartão de crédito.
cará o Ministério Público.
§ 5o No curso do inquérito policial, o delegado de polícia po- Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo
derá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do Minis-
requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração. tério Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de
reservas e registro de viagens.
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a represen-
tação do delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel man-
a demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas terão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades
dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas mencionadas no art. 15, registros de identificação dos números dos
investigadas e o local da infiltração. terminais de origem e de destino das ligações telefônicas interna-
cionais, interurbanas e locais.
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído,
de forma a não conter informações que possam indicar a operação Seção V
a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado. Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na
§ 1o As informações quanto à necessidade da operação de in- Obtenção da Prova
filtração serão dirigidas diretamente ao juiz competente, que deci-
dirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após manifestação do Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colabora-
Ministério Público na hipótese de representação do delegado de dor, sem sua prévia autorização por escrito:
polícia, devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
investigações e a segurança do agente infiltrado.

Didatismo e Conhecimento 116


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com Art. 26. Revoga-se a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995.
a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que sabe ser inocente,
ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa Art. 27. Esta Lei entra em vigor após decorridos 45 (quarenta
que sabe inverídicas: e cinco) dias de sua publicação oficial.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Brasília, 2 de agosto de 2013; 192o da Independência e 125o da
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações República.
que envolvam a ação controlada e a infiltração de agentes: DILMA ROUSSEFF
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, docu-


mentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou 2.5.11 LEI DA PRISÃO TEMPORÁRIA
delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo: - LEI Nº 7.960/89
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma in-
devida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos dados cadastrais
de que trata esta Lei. LEI Nº 7.960, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1989.

CAPÍTULO III Dispõe sobre prisão temporária.


DISPOSIÇÕES FINAIS
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
conexas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto
no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Pro- Art. 1° Caberá prisão temporária:
cesso Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo. I - quando imprescindível para as investigações do inquérito
Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em policial;
prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não for-
quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por necer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;
decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer
da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu.
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do
indiciado nos seguintes crimes:
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela au-
toridade judicial competente, para garantia da celeridade e da efi- a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
cácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1°
no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova e 2°);
que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às dili- d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
gências em andamento. e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°,
Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, 2° e 3°);
seu defensor terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda que f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223,
classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que caput, e parágrafo único);
antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combina-
responsável pela investigação. ção com o art. 223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223
Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro caput, e parágrafo único);
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
“Associação Criminosa j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia
ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim
com art. 285);
específico de cometer crimes:
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associa- m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outu-
ção é armada ou se houver a participação de criança ou adolescen- bro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
te.” (NR) n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro
de 1976);
Art. 25. O art. 342 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de
de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: junho de 1986).
“Art. 342. ................................................................................... p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído pela Lei
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. nº 13.260, de 2016)
.......................................................................................” (NR)

Didatismo e Conhecimento 117


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face
da representação da autoridade policial ou de requerimento do Mi- 2.5.12 LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS -
nistério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por LEI Nº 9.099/95 - ARTIGOS 60 AO 97
igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o
Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser Capítulo III
fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) Dos Juizados Especiais Criminais
horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do
requerimento. Disposições Gerais
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresenta- Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes to-
do, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial gados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o
e submetê-lo a exame de corpo de delito. julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação
prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
servirá como nota de culpa. Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo co-
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da expedi- mum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de
ção de mandado judicial. conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação pe-
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso nal e da composição dos danos civis. (Incluído pela Lei nº 11.313,
dos direitos previstos no art. 5° da Constituição Federal. de 2006)
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso
deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial
decretada sua prisão preventiva. ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os cri-
mes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obrigato- cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de
riamente, separados dos demais detentos. 2006)

Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á
pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual
1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação:
e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos

danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de
Art. 4° ...............................................................
liberdade.
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
Seção I
de cumprir imediatamente ordem de liberdade;”
Da Competência e dos Atos Processuais
Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar
plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder Judiciário e em que foi praticada a infração penal.
do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão tem-
porária. Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão reali-
zar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme
Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. dispuserem as normas de organização judiciária.
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preen-
Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da Independência e cherem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos os
101° da República. critérios indicados no art. 62 desta Lei.
JOSÉ SARNEY § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha ha-
vido prejuízo.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá
ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos ha-
vidos por essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e
julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente.

Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado,


sempre que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o
Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção
do procedimento previsto em lei.

Didatismo e Conhecimento 118


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada
de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou firma imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de
individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será representação verbal, que será reduzida a termo.
obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de Parágrafo único. O não oferecimento da representação na au-
justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou diência preliminar não implica decadência do direito, que poderá
ainda por qualquer meio idôneo de comunicação. ser exercido no prazo previsto em lei.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência conside-
rar-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados e defensores. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de
ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquiva-
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de mento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de
citação do acusado, constará a necessidade de seu comparecimento pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
acompanhado de advogado, com a advertência de que, na sua falta, § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o
ser-lhe-á designado defensor público. Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
Seção II I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de cri-
Da Fase Preliminar me, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imedia- deste artigo;
tamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providencian- III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a per-
do-se as requisições dos exames periciais necessários. sonalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do ser necessária e suficiente a adoção da medida.
termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor,
compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em fla- será submetida à apreciação do Juiz.
grante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo
juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou
do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação multa, que não importará em reincidência, sendo registrada ape-
dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002)) nas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco
anos.
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a ape-
possível a realização imediata da audiência preliminar, será desig-
lação referida no art. 82 desta Lei.
nada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não
constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvi-
previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo
dos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a do
aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
responsável civil, na forma dos arts. 67 e 68 desta Lei.

Art. 72. Na audiência preliminar, presente o representante Seção III


do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, Do Procedimento Sumariíssimo
o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz
esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não hou-
aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa ver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não
de liberdade. ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério
Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não hou-
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conci- ver necessidade de diligências imprescindíveis.
liador sob sua orientação. § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justiça, base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dis-
recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis pensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de
em Direito, excluídos os que exerçam funções na administração da delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
Justiça Criminal. médico ou prova equivalente.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não per-
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito mitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá
e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficá- requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma
cia de título a ser executado no juízo civil competente. do parágrafo único do art. 66 desta Lei.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa pri- § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser ofe-
vada ou de ação penal pública condicionada à representação, o recida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e
acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências
representação. previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.

Didatismo e Conhecimento 119


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a ter- Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em sentença
mo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado e ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou omissão. (Reda-
imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a au- ção dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
diência de instrução e julgamento, da qual também tomarão ciên- § 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou
cia o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão.
advogados.
§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na forma § 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo para
dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da audiência de a interposição de recurso. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de
instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou 2015) (Vigência)
apresentar requerimento para intimação, no mínimo cinco dias an- § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
tes de sua realização.
§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, Seção IV
serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para comparece- Da Execução
rem à audiência de instrução e julgamento.
Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu cumpri-
§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma pre-
mento far-se-á mediante pagamento na Secretaria do Juizado.
vista no art. 67 desta Lei.
Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará
extinta a punibilidade, determinando que a condenação não fique
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de instru- constando dos registros criminais, exceto para fins de requisição
ção e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido possibi- judicial.
lidade de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta
pelo Ministério Público, proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será feita a con-
74 e 75 desta Lei. versão em pena privativa da liberdade, ou restritiva de direitos, nos
termos previstos em lei.
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando
imprescindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer. Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade e restri-
tivas de direitos, ou de multa cumulada com estas, será processada
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor perante o órgão competente, nos termos da lei.
para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a
denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima Seção V
e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o Das Despesas Processuais
acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais
e à prolação da sentença. Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e aplicação
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instru- de pena restritiva de direitos ou multa (arts. 74 e 76, § 4º), as des-
ção e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que consi- pesas processuais serão reduzidas, conforme dispuser lei estadual.
derar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, as- Seção VI
sinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos Disposições Finais
relevantes ocorridos em audiência e a sentença.
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os ele- Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação
mentos de convicção do Juiz. especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos cri-
mes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual
sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por turma com-
ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério
posta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do pro-
reunidos na sede do Juizado. cesso, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presen-
da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu de- tes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional
fensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido da pena (art. 77 do Código Penal).
do recorrente. § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na pre-
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita sença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o pro-
no prazo de dez dias. cesso, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação da condições:
fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei. I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de julgamen- II - proibição de frequentar determinados lugares;
to pela imprensa. III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamen- autorização do Juiz;
tos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensal-
mente, para informar e justificar suas atividades.

Didatismo e Conhecimento 120


NOÇÕES DE DIREITO
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica
subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação 2.5.13 LEI DAS CONTRAVENÇÕES
pessoal do acusado. PENAIS - DECRETO-LEI Nº 3.688/41
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o benefi-
ciário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem moti-
vo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser pro- DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941.
cessado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer
outra condição imposta. Lei das Contravenções Penais
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a
punibilidade. O Presidente da República, usando das atribuições que lhe
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do confere o artigo 180 da Constituição,
processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o DECRETA:
processo prosseguirá em seus ulteriores termos. LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS
PARTE GERAL
Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos processos
penais cuja instrução já estiver iniciada. (Vide ADIN nº 1.719-9)
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Códi-
go Penal, sempre que a presente lei não disponha de modo diverso.
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da
Justiça Militar. (
Artigo incluído pela Lei nº 9.839, de 27.9.1999) Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada
no território nacional.
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação
para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu represen- Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou
tante legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a
pena de decadência. culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito
jurídico.
Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Có-
digos Penal e de Processo Penal, no que não forem incompatíveis Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.
com esta Lei.
Art. 5º As penas principais são:
Capítulo IV I – prisão simples.
Disposições Finais Comuns II – multa.

Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Juizados Espe- Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor
ciais Cíveis e Criminais, sua organização, composição e competência. penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de
prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto. (Redação dada
Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, e as au- pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
diências realizadas fora da sede da Comarca, em bairros ou cidades a § 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre sepa-
ela pertencentes, ocupando instalações de prédios públicos, de acordo rado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção.
com audiências previamente anunciadas. § 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não excede
a quinze dias.
Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão e ins-
talarão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a contar da vi- Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma
gência desta Lei.
contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha
Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado da publi-
condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no
cação desta Lei, serão criados e instalados os Juizados Especiais Iti-
Brasil, por motivo de contravenção.
nerantes, que deverão dirimir, prioritariamente, os conflitos existentes
nas áreas rurais ou nos locais de menor concentração populacional.
(Redação dada pela Lei nº 12.726, de 2012) Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da
lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada.
Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de sessenta dias após a
sua publicação. Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de acordo com
o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de multa em de-
Art. 97. Ficam revogadas a Lei nº 4.611, de 2 de abril de 1965 e tenção.
a Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984. Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, a con-
Brasília, 26 de setembro de 1995; 174º da Independência e 107º versão em prisão simples se faz entre os limites de quinze dias e
da República. três meses.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Didatismo e Conhecimento 121


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, em caso § 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o agente
algum, ser superior a cinco anos, nem a importância das multas ultra- já foi condenado, em sentença irrecorrível, por violência contra
passar cinquenta contos. pessoa.
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três
Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto de réis, quem,
suspender por tempo não inferior a um ano nem superior a três, a possuindo arma ou munição:
execução da pena de prisão simples, bem como conceder livramento a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quan-
condicional. Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) do a lei o determina;
b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa inexpe-
Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sentença e as riente no manejo de arma a tenha consigo;
seguintes interdições de direitos: c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apo-
I – a incapacidade temporária para profissão ou atividade, cujo dere facilmente alienado, menor de 18 anos ou pessoa inexperiente
exercício dependa de habilitação especial, licença ou autorização do em manejá-la.
poder público;
lI – a suspensão dos direitos políticos. Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto destinado a
Parágrafo único. Incorrem: provocar aborto: (Redação dada pela Lei nº 6.734, de 1979)
a) na interdição sob nº I, por um mês a dois anos, o condenado Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil cruzeiros. (Reda-
por motivo de contravenção cometida com abuso de profissão ou ati- ção dada pela Lei nº 6.734, de 1979)
vidade ou com infração de dever a ela inerente;
b) na interdição sob nº II, o condenado a pena privativa de liber- Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:
dade, enquanto dure a execução do pena ou a aplicação da medida de Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa,
segurança detentiva. de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a
Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, os medidas de metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. (Incluído pela
segurança estabelecidas no Código Penal, à exceção do exílio local.
Lei nº 10.741, de 2003)
Art. 14. Presumem-se perigosos, além dos indivíduos a que se
Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele in-
referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal:
ternar, sem as formalidades legais, pessoa apresentada como doen-
I – o condenado por motivo de contravenção cometido, em es-
te mental:
tado de embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos análogos,
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
quando habitual a embriaguez;
§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar a
II – o condenado por vadiagem ou mendicância;
reeducação ou de ensino profissional, pelo prazo mínimo de um autoridade competente, no prazo legal, internação que tenha admi-
ano: (Regulamento) tido, por motivo de urgência, sem as formalidades legais.
I – o condenado por vadiagem (art. 59); § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três
II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu parágrafo); meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco contos de réis,
aquele que, sem observar as prescrições legais, deixa retirar-se ou
Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em manicô- despede de estabelecimento psiquiátrico pessoa nele, internada.
mio judiciário ou em casa de custódia e tratamento é de seis meses.
Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de decretar a Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora do caso
internação, submeter o indivíduo a liberdade vigiada. previsto no artigo anterior, sem autorização de quem de direito:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa,
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
de ofício.
CAPÍLULO II
PARTE ESPECIAL DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES
AO PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento em-
pregado usualmente na prática de crime de furto:
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender, Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, de
sem permissão da autoridade, arma ou munição: trezentos mil réis a três contos de réis.
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de
um a cinco contos de réis, ou ambas cumulativamente, se o fato não Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por
constitui crime contra a ordem política ou social. crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou
quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas
Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de
desta, sem licença da autoridade: crime de furto, desde que não prove destinação legítima:
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de
duzentos mil réis a três contos de réis, ou ambas cumulativamente. duzentos mil réis a dois contos de réis.

Didatismo e Conhecimento 122


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de serralhei- Art. 36. Deixar do colocar na via pública, sinal ou obstáculo,
ro ou oficio análogo, a pedido ou por incumbência de pessoa de determinado em lei ou pela autoridade e destinado a evitar perigo a
cuja legitimidade não se tenha certificado previamente, fechadura transeuntes:
ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar nu objeto: Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, duzentos mil réis a dois contos de réis.
de duzentos mil réis a um conto de réis. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de outra natu-
CAPÍTULO III reza ou obstáculo destinado a evitar perigo a transeuntes;
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES b) remove qualquer outro sinal de serviço público.
À INCOLUMIDADE PÚBLICA
Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em lugar
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas de uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa ofender, sujar ou
adjacências, em via pública ou em direção a ela:
molestar alguem:
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de trezen-
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
tos mil réis a três contos de réis.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, sem as
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quin-
ze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa coisa que, caindo em via
de réis, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em lugar de uso comum ou de uso alheio, possa ofender,
pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa de- sujar ou molestar alguém.
flagração perigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso.
Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou
Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por erro no gás, que possa ofender ou molestar alguém:
projeto ou na execução, dar-lhe causa: Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena – multa, de um a dez contos de réis, se o fato não consti-
tui crime contra a incolumidade pública. CAPÍTULO IV
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES
Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo Estado À PAZ PÚBLICA
ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja conservação lhe
incumbe: Art. 39. Participar de associação de mais de cinco pessoas, que
Pena – multa, de um a cinco contos de réis. se reúnam periodicamente, sob compromisso de ocultar à autoridade
a existência, objetivo, organização ou administração da associação:
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inex- Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de trezen-
periente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso: tos mil réis a três contos de réis.
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de § 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupante de pré-
cem mil réis a um conto de réis. dio que o cede, no todo ou em parte, para reunião de associação que
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: saiba ser de caráter secreto.
a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou § 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, deixar de
o confia à pessoa inexperiente; aplicar a pena, quando lícito o objeto da associação.
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia;
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a seguran- Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo inconveniente
ça alheia.
ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, em assembleia ou
espetáculo público, se o fato não constitui infração penal mais grave;
Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via públi-
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de
ca, ou embarcação a motor em aguas públicas:
duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licenciado: Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexis-
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e multa, de tente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto:
duzentos mil réis a dois contos de réis. Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em
águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia: Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios:
Pena – prisão simples, de quinze das a três meses, ou multa, de I – com gritaria ou algazarra;
trezentos mil réis a dois contos de réis. II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo
com as prescrições legais;
Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias ou a III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
vôos baixos, fora da zona em que a lei o permite, ou fazer descer a IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzi-
aeronave fora dos lugares destinados a esse fim: do por animal de que tem a guarda:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa,
de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. de duzentos mil réis a dois contos de réis.

Didatismo e Conhecimento 123


NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO V a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES principalmente da sorte;
À FÉ PÚBLICA b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo ou
de local onde sejam autorizadas;
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de curso legal no c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva.
país: § 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar acessível
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. ao público:
a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, quando
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou objeto que pessoa
deles habitualmente participam pessoas que não sejam da família
inexperiente ou rústica possa confundir com moeda:
de quem a ocupa;
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspedes e
Art. 45. Fingir-se funcionário público: moradores se proporciona jogo de azar;
Pena – prisão simples, de um a três meses, ou multa, de quinhentos c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, em que
mil réis a três contos de réis. se realiza jogo de azar;
d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de azar,
Art 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo de função pú- ainda que se dissimule esse destino.
blica que não exerce; usar, indevidamente, de sinal, distintivo ou denomi-
nação cujo emprêgo seja regulado por lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autorização
nº 6.916, de 2.10.1944) legal:
Pena – multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o fato não constitui Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, de
infração penal mais grave. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 6.916, de cinco a dez contos de réis, estendendo-se os efeitos da condena-
2.10.1944) ção à perda dos moveis existentes no local.
§ 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou expõe à
CAPÍTULO VI venda, tem sob sua guarda para o fim de venda, introduz ou tenta
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO introduzir na circulação bilhete de loteria não autorizada.
DO TRABALHO § 2º Considera-se loteria toda operação que, mediante a
distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais, símbolos ou
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a
meios análogos, faz depender de sorteio a obtenção de prêmio em
exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu
exercício: dinheiro ou bens de outra natureza.
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de qui- § 3º Não se compreendem na definição do parágrafo anterior
nhentos mil réis a cinco contos de réis. os sorteios autorizados na legislação especial.

Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições legais, comércio de Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bilhete de
antiguidades, de obras de arte, ou de manuscritos e livros antigos ou raros: loteria, rifa ou tômbola estrangeiras:
Pena – prisão simples de um a seis meses, ou multa, de um a dez Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de
contos de réis. um a cinco contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe
Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrícula ou à escritura- à venda, tem sob sua guarda. para o fim de venda, introduz ou
ção de indústria, de comércio, ou de outra atividade: tenta introduzir na circulação, bilhete de loteria estrangeira.
Pena – multa, de duzentos mil réis a cinco contos de réis.
Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de loteria
CAPÍTULO VII estadual em território onde não possa legalmente circular:
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS Pena – prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de um
À POLÍCIA DE COSTUMES a três contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe
Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou aces-
à venda, tem sob sua guarda, para o fim de venda, introduz ou
sivel ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele: (Vide De-
creto-Lei nº 4.866, de 23.10.1942) (Vide Decreto-Lei 9.215, de 30.4.1946) tonta introduzir na circulação, bilhete de loteria estadual, em ter-
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, e multa, de dois a ritório onde não possa legalmente circular.
quinze contos de réis, estendendo-se os efeitos da condenação à perda dos
moveis e objetos de decoração do local. Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de loteria
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se existe entre os empregados estrangeira:
ou participa do jogo pessoa menor de dezoito anos. Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de duzen-
§ 2o Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ tos mil réis a um conto de réis.
200.000,00 (duzentos mil reais), quem é encontrado a participar do jogo, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe ou tem
ainda que pela internet ou por qualquer outro meio de comunicação, como sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual, em território
ponteiro ou apostador. (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015) onde esta não possa legalmente circular.
§ 3º Consideram-se, jogos de azar:

Didatismo e Conhecimento 124


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de feitura de § 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins
bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes relativos a loteria, em didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou exposto ao
lugar onde ela não possa legalmente circular: publico, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo.
Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, de duzen- § 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal
tos mil réis a dois contos de réis. é submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em
exibição ou espetáculo público.
Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de sorteio ou
avisos de loteria, onde ela não possa legalmente circular: Art. 65. Molestar alguém ou perturbar lhe a tranquilidade, por
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de cem a acinte ou por motivo reprovável:
quinhentos mil réis. Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa,
de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impresso, de rá-
dio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda que disfarçadamente, CAPÍTULO VIII
anúncio, aviso ou resultado de extração de loteria, onde a circula- DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES
ção dos seus bilhetes não seria legal: À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Pena – multa, de um a dez contos de réis.
Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente:
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do I – crime de ação pública, de que teve conhecimento no exer-
bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realização ou explo- cício de função pública, desde que a ação penal não dependa de
ração: representação;
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de II – crime de ação pública, de que teve conhecimento no exer-
dois a vinte contos de réis. cício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação
Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzentos mil penal não dependa de representação e a comunicação não exponha
réis a dois contos de réis, aquele que participa da loteria, visando a o cliente a procedimento criminal:
obtenção de prêmio, para si ou para terceiro. Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.

Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sen- Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das dispo-
do válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios sições legais:
bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência median- Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou multa, de
te ocupação ilícita: duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses.
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que as- Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justificada-
segure ao condenado meios bastantes de subsistência, extingue a mente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à
pena. própria identidade, estado, profissão, domicílio e residência:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a
público, de modo ofensivo ao pudor: seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, se
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. o fato não constitui infração penal mais grave, quem, nas mesmas
circunstâncias, faz declarações inverídicas a respeito de sua identi-
Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de embria- dade pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.
guez, de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a segu-
rança própria ou alheia: Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do mono-
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, pólio postal da União:
de duzentos mil réis a dois contos de réis. Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de
Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contraventor é três a dez contos de réis, ou ambas cumulativamente.
internado em casa de custódia e tratamento. DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 63. Servir bebidas alcoólicas: Art. 71. Ressalvada a legislação especial sobre florestas, caça
II – a quem se acha em estado de embriaguez; e pesca, revogam-se as disposições em contrário.
III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais;
IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida Art. 72. Esta lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1942.
de frequentar lugares onde se consome bebida de tal natureza: Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1941; 120º da Independência
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou multa, de e 58º da República.
quinhentos mil réis a cinco contos de réis. GETULIO VARGAS. 

Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho


excessivo:
Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa, de
cem a quinhentos mil réis.

Didatismo e Conhecimento 125


NOÇÕES DE DIREITO
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
2.5.14 ESTATUTO DO DESARMAMENTO - Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
LEI Nº 10.826/2003 - ARTIGOS 12 AO 21 I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal
de identificação de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a
torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou
CAPÍTULO IV para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autorida-
DOS CRIMES E DAS PENAS de policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determina-
ção legal ou regulamentar;
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de
ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identifica-
ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ção raspado, suprimido ou adulterado;
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o respon- V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
sável legal do estabelecimento ou empresa: arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou ado-
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. lescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal,
Omissão de cautela ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.

Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir Comércio ilegal de arma de fogo
que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência
mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocul-
de sua propriedade: tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, ven-
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. der, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito pró-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou prio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desa-
que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia cordo com determinação legal ou regulamentar:
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou indus-
24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.
trial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de ser-
viços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
exercido em residência.
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
Tráfico internacional de arma de fogo
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empre-
gar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição,
de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do
legal ou regulamentar: território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. munição, sem autorização da autoridade competente:
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, sal- Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
vo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. (Vide
Adin 3.112-1) Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é au-
mentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem
Disparo de arma de fogo de uso proibido ou restrito.

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habi- Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a
tado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante
que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançá- Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insusce-
vel. (Vide Adin 3.112-1) tíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1)

Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em


depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, reme-
ter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, aces-
sório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Didatismo e Conhecimento 126


NOÇÕES DE DIREITO
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
2.5.15 LEI DOS CRIMES personalidade do condenado, bem como os motivos e as circuns-
tâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para
AMBIENTAIS - LEI Nº 9.605/98
efeitos de reprovação e prevenção do crime.
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refe-
re este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade
LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. substituída.

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas Art. 8º As penas restritivas de direito são:
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras I - prestação de serviços à comunidade;
providências. II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- IV - prestação pecuniária;
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: V - recolhimento domiciliar.

CAPÍTULO I Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atri-


DISPOSIÇÕES GERAIS buição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins
públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa
Art. 1º (VETADO) particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a
crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de re-
ceber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como
medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador,
de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de
o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o
crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.
preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da con-
duta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas
podia agir para evitá-la.
não estiverem obedecendo às prescrições legais.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas admi-
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em di-
nistrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos
nheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social,
casos em que a infração seja cometida por decisão de seu represen- de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo
tante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago
ou benefício da sua entidade. será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não condenado o infrator.
exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do
mesmo fato. Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina
e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigi-
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre lância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada,
que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência
causados à qualidade do meio ambiente. ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme
estabelecido na sentença condenatória.
Art. 5º (VETADO)
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
CAPÍTULO II I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
DA APLICAÇÃO DA PENA II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
reparação do dano, ou limitação significativa da degradação am-
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade biental causada;
competente observará: III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração degradação ambiental;
e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da le- do controle ambiental.
gislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substi- I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
tuem as privativas de liberdade quando: II - ter o agente cometido a infração:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa a) para obter vantagem pecuniária;
de liberdade inferior a quatro anos; b) coagindo outrem para a execução material da infração;

Didatismo e Conhecimento 127


NOÇÕES DE DIREITO
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
pública ou o meio ambiente; I - suspensão parcial ou total de atividades;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou ativi-
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujei- dade;
tas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos huma- dele obter subsídios, subvenções ou doações.
nos; § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não
g) em período de defeso à fauna; estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, re-
h) em domingos ou feriados; lativas à proteção do meio ambiente.
i) à noite; § 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra
j) em épocas de seca ou inundações; ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura ou regulamentar.
de animais;
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autori-
dez anos.
zação ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcial-
mente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa ju-
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios ofi- rídica consistirá em:
ciais das autoridades competentes; I - custeio de programas e de projetos ambientais;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas fun- II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
ções. III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condi-
cional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponde-
privativa de liberdade não superior a três anos. rantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de
crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal per-
art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão
relacionar-se com a proteção ao meio ambiente. CAPÍTULO III
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMEN-
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código TO DE INFRAÇÃO
Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, ADMINISTRATIVA OU DE CRIME
poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da
vantagem econômica auferida. Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos
e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre § 1o Os animais serão prioritariamente libertados em seu habi-
que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de tat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões
prestação de fiança e cálculo de multa. sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no
assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de
juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-
técnicos habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.052, de 2014)
se o contraditório.
§ 2o Até que os animais sejam entregues às instituições men-
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, cionadas no § 1o deste artigo, o órgão autuante zelará para que eles
fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela in- sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e
fração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo transporte que garantam o seu bem-estar físico. (Redação dada pela
meio ambiente. Lei nº 13.052, de 2014)
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condena- § 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão es-
tória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos tes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais
do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efeti- e outras com fins beneficentes. (Renumerando do §2º para §3º pela
vamente sofrido. Lei nº 13.052, de 2014)
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alterna- destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educa-
tivamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. cionais. (Renumerando do §3º para §4º pela Lei nº 13.052, de 2014)
3º, são: § 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão
I - multa; vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da recicla-
II - restritivas de direitos; gem. (Renumerando do §4º para §5º pela Lei nº 13.052, de 2014)
III - prestação de serviços à comunidade.

Didatismo e Conhecimento 128


NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO IV § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as
circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal § 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles perten-
é pública incondicionada. centes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquá-
Parágrafo único. (VETADO) ticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida
ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas ju-
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, risdicionais brasileiras.
a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou § 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção,
1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a pré- ainda que somente no local da infração;
via composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma II - em período proibido à caça;
lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. III - durante a noite;
IV - com abuso de licença;
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de
V - em unidade de conservação;
setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofen-
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de
sivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:
provocar destruição em massa.
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o §
5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do
de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade pre- exercício de caça profissional.
vista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não pesca.
ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo
será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e
no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental com-
prescrição; petente:
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput;
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer téc-
novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, poden- nico oficial favorável e licença expedida por autoridade compe-
do, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período tente:
de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, ob- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
servado o disposto no inciso III;
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar
extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exó-
comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à re- ticos:
paração integral do dano. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência do-
CAPÍTULO V lorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre
Seção I morte do animal.
Dos Crimes contra a Fauna
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes
de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática exis-
da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou tentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais
em desacordo com a obtida: brasileiras:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumu-
§ 1º Incorre nas mesmas penas: lativamente.
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autoriza- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
ção ou em desacordo com a obtida; I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou cria- aquicultura de domínio público;
douro natural; II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáti-
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, cos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade
tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou competente;
espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demar-
não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização cados em carta náutica.
da autoridade competente.

Didatismo e Conhecimento 129


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Con-
lugares interditados por órgão competente: servação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as de junho de 1990, independentemente de sua localização:
penas cumulativamente. Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção In-
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tegral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques
tamanhos inferiores aos permitidos; Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silves-
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a tre. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000)
utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espéci- extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção In-
mes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. tegral será considerada circunstância agravante para a fixação da
pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000)
Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produ-
zam efeito semelhante;
Art. 40-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Susten-
competente:
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. tável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Inte-
resse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas,
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Susten-
tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espé- tável e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. (Incluído
cimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidró- pela Lei nº 9.985, de 2000)
bios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da extinção no interior das Unidades de Conservação de Uso Susten-
fauna e da flora. tável será considerada circunstância agravante para a fixação da
pena. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: § 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
sua família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predató- Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
ria ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autori- Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
zado pela autoridade competente; Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de
III – (VETADO) seis meses a um ano, e multa.
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo
órgão competente. Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que pos-
sam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegeta-
Seção II ção, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:
Dos Crimes contra a Flora Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência
Art. 43. (VETADO)
das normas de proteção:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou conside-
cumulativamente.
radas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra,
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
metade. areia, cal ou qualquer espécie de minerais:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundá-
ria, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, as-
Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: (In- sim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais,
cluído pela Lei nº 11.428, de 2006). energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não,
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as em desacordo com as determinações legais:
penas cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
metade. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou indus-
triais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal,
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela auto-
permanente, sem permissão da autoridade competente: ridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas o produto até final beneficiamento:
cumulativamente. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Didatismo e Conhecimento 130


NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, ex- Seção III
põe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, le- Da Poluição e outros Crimes Ambientais
nha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença váli-
da para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais
pela autoridade competente. que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que
provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa
Art. 47. (VETADO) da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de flores- § 1º Se o crime é culposo:
tas e demais formas de vegetação: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 2º Se o crime:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupa-
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer ção humana;
modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda
ou em propriedade privada alheia: que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas danos diretos à saúde da população;
as penas cumulativamente. III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis me- do abastecimento público de água de uma comunidade;
ses, ou multa. IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo
ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
especial preservação: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior
quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade compe-
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar tente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental
floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou de- grave ou irreversível.
volutas, sem autorização do órgão competente: (Incluído pela Lei
nº 11.284, de 2006)
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos mi-
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído
nerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou li-
pela Lei nº 11.284, de 2006)
cença, ou em desacordo com a obtida:
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à sub-
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
sistência imediata pessoal do agente ou de sua família. (Incluído
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de
pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autori-
a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. (In- zação, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão
cluído pela Lei nº 11.284, de 2006) competente.

Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, co-
nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da auto- mercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em de-
ridade competente: pósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigên-
cias estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei
de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade nº 12.305, de 2010)
competente: I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de seguran-
ça; (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)
Art. 53. Nos crimes previstos nesta II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reu-
Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se: tiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de forma
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do diversa da estabelecida em lei ou regulamento. (Incluído pela Lei
solo ou a modificação do regime climático; nº 12.305, de 2010)
II - o crime é cometido: § 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a
a) no período de queda das sementes; pena é aumentada de um sexto a um terço.
b) no período de formação de vegetações; § 3º Se o crime é culposo:
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
a ameaça ocorra somente no local da infração;
d) em época de seca ou inundação; Art. 57. (VETADO)
e) durante a noite, em domingo ou feriado.

Didatismo e Conhecimento 131


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta § 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada
Seção, as penas serão aumentadas: em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. (Renumerado
ou ao meio ambiente em geral; do parágrafo único pela Lei nº 12.408, de 2011)
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de na- § 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o
tureza grave em outrem; objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e,
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somen- quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e,
te serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave. no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e
a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos
Art. 59. (VETADO) órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conserva-
ção do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído pela Lei
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcio- nº 12.408, de 2011)
nar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos,
obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou au- Seção V
torização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as Dos Crimes contra a Administração Ambiental
normas legais e regulamentares pertinentes:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou en-
penas cumulativamente. ganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-
científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam ambiental:
causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecos- Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
sistemas:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização
ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as
Seção IV atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato auto-
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimô- rizativo do Poder Público:
nio Cultural
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
decisão judicial;
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instala-
de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:
ção científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
decisão judicial:
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
a um ano, sem prejuízo da multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis me-
ses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Pú-
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou lo- blico no trato de questões ambientais:
cal especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico,
artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, conces-
ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em são florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, es-
desacordo com a concedida: tudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. enganoso, inclusive por omissão:(Incluído pela Lei nº 11.284, de
2006)
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, pela Lei nº 11.284, de 2006)
ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueo- § 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de
lógico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade 2006)
competente ou em desacordo com a concedida: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. nº 11.284, de 2006)
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso
monumento urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011) da informação falsa, incompleta ou enganosa. (Incluído pela Lei
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Re- nº 11.284, de 2006)
dação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)

Didatismo e Conhecimento 132


NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO VI I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas,
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do
SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA
ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promo- ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.
ção, proteção e recuperação do meio ambiente. § 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de pre-
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração servação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.
ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de § 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da
órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Am- infração se prolongar no tempo.
biente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, § 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V
bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.
Marinha. § 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabeleci-
dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo an- mento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regula-
terior, para efeito do exercício do seu poder de polícia. mentares.
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de in- § 8º As sanções restritivas de direito são:
fração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, I - suspensão de registro, licença ou autorização;
mediante processo administrativo próprio, sob pena de correspon- II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
sabilidade. III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo admi- IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financia-
nistrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contra- mento em estabelecimentos oficiais de crédito;
ditório, observadas as disposições desta Lei. V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo
período de até três anos.
Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração
ambiental deve observar os seguintes prazos máximos: Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio
contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação; Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fun-
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de do Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932,
infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos,
defesa ou impugnação; conforme dispuser o órgão arrecadador.
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenató-
ria à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico,
- SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto
Marinha, de acordo com o tipo de autuação; jurídico lesado.
IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data
do recebimento da notificação. Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado
no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as se- índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de
guintes sanções, observado o disposto no art. 6º: R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cin-
I - advertência; quenta milhões de reais).
II - multa simples;
III - multa diária; Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Muni-
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e cípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na
flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qual- mesma hipótese de incidência.
quer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto; CAPÍTULO VII
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRE-
VII - embargo de obra ou atividade; SERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades; Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e
X – (VETADO) os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne
XI - restritiva de direitos. ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qual-
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais in- quer ônus, quando solicitado para:
frações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas I - produção de prova;
cominadas. II - exame de objetos e lugares;
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das dispo- III - informações sobre pessoas e coisas;
sições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regula- IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações
mentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo. tenham relevância para a decisão de uma causa;
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em
negligência ou dolo: vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

Didatismo e Conhecimento 133


NOÇÕES DE DIREITO
§ 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Mi- V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser
nistério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão ju- superior ao valor do investimento previsto; (Redação dada pela
diciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
à autoridade capaz de atendê-la. VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes.
§ 2º A solicitação deverá conter: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante; § 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30
II - o objeto e o motivo de sua formulação; de março de 1998, envolvendo construção, instalação, ampliação
III - a descrição sumária do procedimento em curso no país e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de
solicitante; recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente po-
IV - a especificação da assistência solicitada; luidores, a assinatura do termo de compromisso deverá ser reque-
V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, rida pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 de
quando for o caso. dezembro de 1998, mediante requerimento escrito protocolizado
junto aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado
Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e espe- pelo dirigente máximo do estabelecimento. (Redação dada pela
cialmente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio § 3o Da data da protocolização do requerimento previsto no
rápido e seguro de informações com órgãos de outros países. § 2o e enquanto perdurar a vigência do correspondente termo de
compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos que deram
CAPÍTULO VIII causa à celebração do instrumento, a aplicação de sanções admi-
DISPOSIÇÕES FINAIS nistrativas contra a pessoa física ou jurídica que o houver firmado.
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições § 4o A celebração do termo de compromisso de que trata este
do Código Penal e do Código de Processo Penal. artigo não impede a execução de eventuais multas aplicadas antes
da protocolização do requerimento. (Redação dada pela Medida
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os ór- Provisória nº 2.163-41, de 2001)
gãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela § 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de com-
execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização promisso, quando descumprida qualquer de suas cláusulas, res-
dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem salvado o caso fortuito ou de força maior. (Incluído pela Medida
a qualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de Provisória nº 2.163-41, de 2001)
título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pes- § 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até no-
soas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, venta dias, contados da protocolização do requerimento. (Incluído
ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades uti- pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
lizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou poten- § 7o O requerimento de celebração do termo de compromis-
cialmente poluidores. (Redação dada pela Medida Provisória nº so deverá conter as informações necessárias à verificação da sua
2.163-41, de 2001) viabilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento do plano.
§ 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo des- (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
tinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas e ju- § 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deve-
rídicas mencionadas no caput possam promover as necessárias rão ser publicados no órgão oficial competente, mediante extrato.
correções de suas atividades, para o atendimento das exigências (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
impostas pelas autoridades ambientais competentes, sendo obriga-
tório que o respectivo instrumento disponha sobre: (Redação dada Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo
pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001) de noventa dias a contar de sua publicação.
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromis-
sadas e dos respectivos representantes legais; (Redação dada pela Art. 81. (VETADO)
Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.
complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o Brasília, 12 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e
mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilida- 110º da República.
de de prorrogação por igual período; (Redação dada pela Medida FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Provisória nº 2.163-41, de 2001)
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investi-
mento previsto e o cronograma físico de execução e de implanta-
ção das obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem
atingidas; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de
2001)
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou ju-
rídica compromissada e os casos de rescisão, em decorrência do
não-cumprimento das obrigações nele pactuadas; (Redação dada
pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)

Didatismo e Conhecimento 134


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os
2.5.16 LEI DE INTERCEPTAÇÃO procedimentos de interceptação, dando ciência ao Ministério Pú-
blico, que poderá acompanhar a sua realização.
TELEFÔNICA - Nº LEI 9.296/96
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comu-
nicação interceptada, será determinada a sua transcrição.
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará
o resultado da interceptação ao juiz, acompanhado de auto circuns-
LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996. tanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a provi-
Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da Constitui- dência do art. 8° , ciente o Ministério Público.
ção Federal.
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar serviços e técnicos
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: especializados às concessionárias de serviço público.

Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qual- Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qual-
quer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução quer natureza, ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos
processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de or- do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o
dem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas.
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser realizada
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à intercepta-
imediatamente antes do relatório da autoridade, quando se tratar
ção do fluxo de comunicações em sistemas de informática e tele-
de inquérito policial (Código de Processo Penal, art.10, § 1°) ou
mática.
na conclusão do processo ao juiz para o despacho decorrente do
disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações
telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses:
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação
por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução processual ou
em infração penal;
após esta, em virtude de requerimento do Ministério Público ou da
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; parte interessada.
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido
máximo, com pena de detenção. pelo Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com de seu representante legal.
clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a indica-
ção e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade mani- Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunica-
festa, devidamente justificada. ções telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo
da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autori-
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá zados em lei.
ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
criminal e na instrução processual penal.
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefôni- Brasília, 24 de julho de 1996; 175º da Independência e 108º
ca conterá a demonstração de que a sua realização é necessária da República.
à apuração de infração penal, com indicação dos meios a serem FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
empregados.
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido
seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pres-
supostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão
será condicionada à sua redução a termo.
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá
sobre o pedido.

Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade,


indicando também a forma de execução da diligência, que não po-
derá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo
uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

Didatismo e Conhecimento 135


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pen-
2.5.17 LEI DOS CRIMES RESULTANTES são, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar.
DE PRECONCEITO DE RAÇA E COR Pena: reclusão de três a cinco anos.
- LEI Nº 7.716/89 Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restauran-
tes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989.
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabele-
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. cimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos
ao público.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- Pena: reclusão de um a três anos.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massagem ou estabele-
de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou pro- cimento com as mesmas finalidades.
cedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 2º (Vetado). Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públi-
cos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos:
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente Pena: reclusão de um a três anos.
habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta,
bem como das concessionárias de serviços públicos. Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro
discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, meio de transporte concedido.
obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Pena: reclusão de um a três anos.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.  qualquer ramo das Forças Armadas.
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de discrimi- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
nação de raça ou de cor ou práticas resultantes do preconceito de
descendência ou origem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casa-
12.288, de 2010) mento ou convivência familiar e social.
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empre- Pena: reclusão de dois a quatro anos.
gado em igualdade de condições com os demais trabalhadores; (In-
cluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 15. (Vetado).
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra
forma de benefício profissional;  (Incluído pela Lei nº 12.288, de Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou fun-
2010) ção pública, para o servidor público, e a suspensão do funcionamen-
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no to do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses.
ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário. (Incluído
pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 17. (Vetado).
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços
à comunidade, incluindo atividades de promoção da igualdade ra- Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei
cial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recrutamento não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na
de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou sentença.
etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas exigên-
cias. Art. 19. (Vetado).
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou precon-
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comer- ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação
cial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador. dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos. Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Redação dada pela
Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos,
aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qual- emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a
quer grau. cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Re-
Pena: reclusão de três a cinco anos. dação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei
dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). nº 9.459, de 15/05/97)

Didatismo e Conhecimento 136


NOÇÕES DE DIREITO
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultan-
por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de do seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao
qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
nº 9.459, de 15/05/97) Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, § 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, me-
ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do in- nosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
quérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela § 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se
Lei nº 9.459, de 15/05/97) encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos
exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando pos-
15/05/97) sível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo,
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, tele- ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa
visivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio; (Redação causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública:
dada pela Lei nº 12.735, de 2012) Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de in- Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omis-
formação na rede mundial de computadores. (Incluído pela Lei nº são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
12.288, de 2010) a morte.
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após
o trânsito em julgado da decisão, a destruição do material apreen- Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, en-
dido. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) tidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas
necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
ção. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990)
Art. 99.  Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Renumera- psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou de-
do pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) gradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis,
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e 101º quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo
da República. ou inadequado:
JOSÉ SARNEY Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2o Se resulta a morte:
2.5.18 ESTATUTO DO IDOSO Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
- LEI Nº 10.741/2003 - ARTIGOS 93 AO 108
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) me-
ses a 1 (um) ano e multa:
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por
TÍTULO VI motivo de idade;
Dos Crimes II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou traba-
lho;
CAPÍTULO I III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de
Disposições Gerais prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo,
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dis- a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude
posições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985. esta Lei;
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis
Art. 94.  Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima à propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados
privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o pelo Ministério Público.
procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995,
e, subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Pe- Art. 101.  Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo
nal e do Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF) motivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que
for parte ou interveniente o idoso:
CAPÍTULO II Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Dos Crimes em Espécie
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pú- ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação di-
blica incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do versa da de sua finalidade:
Código Penal. Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.

Didatismo e Conhecimento 137


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 103.  Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, Artigo 3º - Funcionário público, para os fins deste Estatuto, é
como abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à entida- a pessoa legalmente investida em cargo público.
de de atendimento: Artigo 4º - Cargo público é o conjunto de atribuições e respon-
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. sabilidades cometidas a um funcionário.
Artigo 5º - Os cargos públicos são isolados ou de carreira.
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa Artigo 6º - Aos cargos públicos serão atribuídos valores deter-
a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer minados por referências numéricas, seguidas de letras em ordem
outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou res- alfabética, indicadoras de graus.
sarcimento de dívida: Parágrafo único - O conjunto de referência e grau constitui o
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. padrão do cargo.
Artigo 7º - Classe é o conjunto de cargos da mesma denomi-
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunica- nação.
ção, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa Artigo 8º - Carreira é o conjunto de classes da mesma natureza
do idoso: de trabalho, escalonadas segundo o nível de complexidade e o grau
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. de responsabilidade.
Artigo 9º - Quadro é o conjunto de carreiras e de cargos iso-
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos lados.
a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles Artigo 10 - É vedado atribuir ao funcionário serviços diversos
dispor livremente: dos inerentes ao seu cargo, exceto as funções de chefia e direção e
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. as comissões legais.
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar,
testar ou outorgar procuração: TÍTULO II
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO E DA VACÂN-
CIA DOS CARGOS PÚBLICOS
Art. 108.  Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem
discernimento de seus atos, sem a devida representação legal:
CAPÍTULO I
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Do Provimento

Artigo 11 - Os cargos públicos serão providos por:


2.5.19 ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS I - nomeação;
PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO II - transferência;
- LEI Nº 10.261/68 III - reintegração;
IV - acesso;
V - reversão;
LEI Nº 10.261, DE 28 DE OUTUBRO DE 1968 VI - aproveitamento; e
VII - readmissão.
(Atualizada até a Lei Complementar nº 1.196, de 27 de feve- Artigo 12 - Não havendo candidato habilitado em concurso,
reiro de 2013) os cargos vagos, isolados ou de carreira, só poderão ser ocupados
no regime da legislação trabalhista, até o prazo máximo de 2 (dois)
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do anos, considerando-se findo o contrato após esse período, vedada
Estado a recondução.

TÍTULO I
Disposições Preliminares CAPÍTULO II
Das Nomeações
Artigo 1º - Esta lei institui o regime jurídico dos funcionários
públicos civis do Estado. SEÇÃO I
Parágrafo único - As suas disposições, exceto no que colidi- Das Formas de Nomeação
rem com a legislação especial, aplicam-se aos funcionários dos 3
Poderes do Estado e aos do Tribunal de Contas do Estado. Artigo 13 - As nomeações serão feitas:
Artigo 2º - As disposições desta lei não se aplicam aos em- I - em caráter vitalício, nos casos expressamente previstos na
pregados das autarquias, entidades paraestatais e serviços públicos Constituição do Brasil;
de natureza industrial, ressalvada a situação daqueles que, por lei II - em comissão, quando se tratar de cargo que em virtude de
anterior, já tenham a qualidade de funcionário público. lei assim deva ser provido; e
Parágrafo único - Os direitos, vantagens e regalias dos fun- III - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de provi-
cionários públicos só poderão ser estendidos aos empregados das mento dessa natureza.
entidades a que se refere este artigo na forma e condições que a lei
estabelecer.

Didatismo e Conhecimento 138


NOÇÕES DE DIREITO
SEÇÃO II Artigo 24 - A substituição, que recairá sempre em funcionário
Da Seleção de Pessoal público, quando não for automática, dependerá da expedição de
SUB ato de autoridade competente.
SEÇÃO I § 1º - O substituto exercerá o cargo enquanto durar o im-
Do Concurso pedimento do respectivo ocupante.
§ 2º - O substituto, durante todo o tempo em que exercer
Artigo 14 - A nomeação para cargo público de provimento a substituição terá direito a perceber o valor do padrão e as
efetivo será precedida de concurso público de provas ou de provas vantagens pecuniárias inerentes ao cargo do substituído e mais
e títulos. as vantagens pessoais a que fizer jus.
Parágrafo único - As provas serão avaliadas na escala de 0 § 3º - O substituto perderá, durante o tempo da substitui-
(zero) a 100 (cem) pontos e aos títulos serão atribuídos, no máxi- ção, o vencimento ou a remuneração e demais vantagens pecu-
mo, 50 (cinquenta) pontos. niárias inerentes ao seu cargo, se pelo mesmo não optar.
Artigo 15 - A realização dos concursos será centralizada num Artigo 25 - Exclusivamente para atender à necessidade de ser-
só órgão. viço, os tesoureiros, caixas e outros funcionários que tenham va-
Artigo 16 - As normas gerais para a realização dos concursos lores sob sua guarda, em caso de impedimento, serão substituídos
e para a convocação e indicação dos candidatos para o provimento por funcionários de sua confiança, que indicarem, respondendo a
dos cargos serão estabelecidas em regulamento. sua fiança pela gestão do substituto.
Artigo 17 - Os concursos serão regidos por instruções espe- Parágrafo único - Feita a indicação, por escrito, ao chefe da
ciais, expedidas pelo órgão competente. repartição ou do serviço, este proporá a expedição do ato de desig-
Artigo 18 - As instruções especiais determinarão, em função nação, aplicando-se ao substituto a partir da data em que assumir
da natureza do cargo: as funções do cargo, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 24.
I - se o concurso será:
1 - de provas ou de provas e títulos; e
2 - por especializações ou por modalidades profissionais, CAPÍTULO IV
quando couber; Da Transferência
II - as condições para provimento do cargo referentes a:
1 - diplomas ou experiência de trabalho; Artigo 26 - O funcionário poderá ser transferido de um para
2 - capacidade física; e outro cargo de provimento efetivo.
3 - conduta; Artigo 27 - As transferências serão feitas a pedido do funcio-
III - o tipo e conteúdo das provas e as categorias de títulos; nário ou “ex-officio”, atendidos sempre a conveniência do serviço
IV - a forma de julgamento das provas e dos títulos; e os requisitos necessários ao provimento do cargo.
V - os critérios de habilitação e de classificação; e Artigo 28 - A transferência será feita para cargo do mesmo pa-
VI - o prazo de validade do concurso. drão de vencimento ou de igual remuneração, ressalvados os casos
Artigo 19 - As instruções especiais poderão determinar que a de transferência a pedido, em que o vencimento ou a remuneração
execução do concurso, bem como a classificação dos habilitados, poderá ser inferior.
seja feita por regiões. Artigo 29 - A transferência por permuta se processará a re-
Artigo 20 - A nomeação obedecerá à ordem de classificação querimento de ambos os interessados e de acordo com o prescrito
no concurso. neste capítulo.
- Nota: vide Decreto nº 4.633, de 01/10/1974.
SUB
SEÇÃO II CAPÍTULO V
Das Provas de Habilitação Da Reintegração

Artigo 21 - As provas de habilitação serão realizadas pelo Artigo 30 - A reintegração é o reingresso no serviço público,
órgão encarregado dos concursos, para fins de transferência e de decorrente da decisão judicial passada em julgado, com ressarci-
outras formas de provimento que não impliquem em critério com- mento de prejuízos resultantes do afastamento.
petitivo. Artigo 31 - A reintegração será feita no cargo anteriormente
Artigo 22 - As normas gerais para realização das provas de ocupado e, se este houver sido transformado, no cargo resultante.
habilitação serão estabelecidas em regulamento, obedecendo, no § 1º - Se o cargo estiver preenchido, o seu ocupante será
que couber, ao estabelecido para os concursos. exonerado, ou, se ocupava outro cargo, a este será reconduzi-
do, sem direito a indenização.
CAPÍTULO III § 2º - Se o cargo houver sido extinto, a reintegração se fará
Das Substituições em cargo equivalente, respeitada a habilitação profissional, ou,
não sendo possível, ficará o reintegrado em disponibilidade no
Artigo 23 - Haverá substituição no impedimento legal e tem- cargo que exercia.
porário do ocupante de cargo de chefia ou de direção. Artigo 32 - Transitada em julgado a sentença, será expedido o
Parágrafo único - Ocorrendo a vacância, o substituto passará a decreto de reintegração no prazo máximo de 30 (trinta) dias.
responder pelo expediente da unidade ou órgão correspondente até
o provimento do cargo.

Didatismo e Conhecimento 139


NOÇÕES DE DIREITO
CAPÍTULO VI § 2º - Se o aproveitamento se der em cargo de padrão infe-
Do Acesso rior ao provento da disponibilidade, terá o funcionário direito
à diferença.
Artigo 33 - Acesso é a elevação do funcionário, dentro do res- § 3º - Em nenhum caso poderá efetuar -se o aproveitamen-
pectivo quadro a cargo da mesma natureza de trabalho, de maior to sem que, mediante inspeção médica, fique provada a capaci-
grau de responsabilidade e maior complexidade de atribuições, dade para o exercício do cargo.
obedecido o interstício na classe e as exigências a serem instituí- § 4º - Se o laudo médico não for favorável, poderá ser pro-
das em regulamento. cedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, decorridos
§ 1º - Serão reservados para acesso os cargos cujas atri- no mínimo 90 (noventa) dias.
buições exijam experiência prévia do exercício de outro cargo. § 5º - Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada
§ 2º - O acesso será feito mediante aferição do mérito den- a disponibilidade do funcionário que, aproveitado, não tomar
tre titulares de cargos cujo exercício proporcione a experiência posse e não entrar em exercício dentro do prazo legal.
necessária ao desempenho das atribuições dos cargos referidos § 6º - Será aposentado no cargo anteriormente ocupado, o
no parágrafo anterior. funcionário em disponibilidade que for julgado incapaz para o
Artigo 34 - Será de 3 (três) anos de efetivo exercício o inters- serviço público, em inspeção médica.
§ 7º - Se o aproveitamento se der em cargo de provimento
tício para concorrer ao acesso.
em comissão, terá o aproveitado assegurado, no novo cargo,
a condição de efetividade que tinha no cargo anteriormente
CAPÍTULO VII
ocupado. (NR)
Da Reversão
- § 7º acrescentado pelo Decreto-Lei nº 76, de 27/05/1969.
Artigo 35 - Reversão é o ato pelo qual o aposentado reingressa CAPÍTULO IX
no serviço público a pedido ou ex-officio. Da Readmissão
§ 1º - A reversão ex-officio será feita quando insubsistentes
as razões que determinaram a aposentadoria por invalidez. Artigo 39 - Readmissão é o ato pelo qual o ex-funcionário,
§ 2º - Não poderá reverter à atividade o aposentado que demitido ou exonerado, reingressa no serviço público, sem direito
contar mais de 58 (cinquenta e oito) anos de idade. a ressarcimento de prejuízos, assegurada, apenas, a contagem de
§ 3º - No caso de reversão ex-officio, será permitido o rein- tempo de serviço em cargos anteriores, para efeito de aposentado-
gresso além do limite previsto no parágrafo anterior. ria e disponibilidade.
§ 4º - A reversão só poderá efetivar-se quando, em inspe- § 1º - A readmissão do ex-funcionário demitido será obri-
ção médica, ficar comprovada a capacidade para o exercício gatoriamente precedida de reexame do respectivo processo
do cargo. administrativo, em que fique demonstrado não haver inconve-
§ 5º - Se o laudo médico não for favorável, poderá ser pro- niente, para o serviço público, na decretação da medida.
cedida nova inspeção de saúde, para o mesmo fim, decorridos § 2º - Observado o disposto no parágrafo anterior, se a
pelo menos 90 (noventa) dias. demissão tiver sido a bem do serviço público, a readmissão não
§ 6º - Será tornada sem efeito a reversão ex-officio e cas- poderá ser decretada antes de decorridos 5 (cinco) anos do ato
sada a aposentadoria do funcionário que reverter e não tomar demissório.
posse ou não entrar em exercício dentro do prazo legal. Artigo 40 - A readmissão será feita no cargo anteriormente
Artigo 36 - A reversão far-se-á no mesmo cargo. exercido pelo ex-funcionário ou, se transformado, no cargo resul-
§ 1º - Em casos especiais, a juízo do Governo, poderá o tante da transformação.
aposentado reverter em outro cargo, de igual padrão de venci-
mentos, respeitada a habilitação profissional. CAPÍTULO X
§ 2º - A reversão a pedido, que será feita a critério da Ad- Da Readaptação
ministração, dependerá também da existência de cargo vago,
Artigo 41 - Readaptação é a investidura em cargo mais com-
que deva ser provido mediante promoção por merecimento.
patível com a capacidade do funcionário e dependerá sempre de
inspeção médica.
Artigo 42 - A readaptação não acarretará diminuição, nem au-
CAPÍTULO VIII mento de vencimento ou remuneração e será feita mediante trans-
Do Aproveitamento ferência.
Artigo 37 - Aproveitamento é o reingresso no serviço público CAPÍTULO XI
do funcionário em disponibilidade. Da Remoção
Artigo 38 - O obrigatório aproveitamento do funcionário em
disponibilidade ocorrerá em vagas existentes ou que se verificarem Artigo 43 - A remoção, que se processará a pedido do funcio-
nos quadros do funcionalismo. nário ou ex-officio, só poderá ser feita:
§ 1º - O aproveitamento dar-se-á, tanto quanto possível, I - de uma para outra repartição, da mesma Secretaria; e
em cargo de natureza e padrão de vencimentos corresponden- II - de um para outro órgão da mesma repartição.
tes ao que ocupava, não podendo ser feito em cargo de padrão Parágrafo único - A remoção só poderá ser feita respeitada a
superior. lotação de cada repartição.

Didatismo e Conhecimento 140


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 44 - A remoção por permuta será processada a reque- § 1º - O prazo fixado neste artigo poderá ser prorrogado
rimento de ambos os interessados, com anuência dos respectivos por mais 30 (trinta) dias, a requerimento do interessado.
chefes e de acordo com o prescrito neste Capítulo. § 2º - O prazo inicial para a posse do funcionário em férias
Artigo 45 - O funcionário não poderá ser removido ou trans- ou licença, será contado da data em que voltar ao serviço.
ferido ex-officio para cargo que deva exercer fora da localidade § 3º - Se a posse não se der dentro do prazo, será tornado
de sua residência, no período de 6 (seis) meses antes e até 3 (três) sem efeito o ato de provimento.
meses após a data das eleições. Artigo 53 - A contagem do prazo a que se refere o artigo ante-
Parágrafo único - Essa proibição vigorará no caso de eleições rior poderá ser suspensa nas seguintes hipóteses: (NR)
federais, estaduais ou municipais, isolada ou simultaneamente rea- I - por até 120 (cento e vinte) dias, a critério do órgão médi-
lizadas. co oficial, a partir da data de apresentação do candidato junto ao
referido órgão para perícia de sanidade e capacidade física, para
CAPÍTULO XII fins de ingresso, sempre que a inspeção médica exigir essa provi-
Da Posse dência; (NR)
II - por 30 (trinta) dias, mediante a interposição de recurso
Artigo 46 - Posse é o ato que investe o cidadão em cargo pú- pelo candidato contra a decisão do órgão médico oficial (NR).
blico. § 1º - o prazo a que se refere o inciso I deste artigo recome-
Artigo 47 - São requisitos para a posse em cargo público: çará a correr sempre que o candidato, sem motivo justificado,
I - ser brasileiro; deixe de submeter-se aos exames médicos julgados necessários.
II - ter completado 18 (dezoito) anos de idade; (NR)
III - estar em dia com as obrigações militares; § 2º - a interposição de recurso a que se refere o inciso II
IV - estar no gozo dos direitos políticos; deste artigo dar-se-á no prazo máximo de 5 (cinco) dias, a con-
V - ter boa conduta; tar da data de decisão do órgão médico oficial. (NR)
VI - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção realizada - Artigo 53 com redação dada pela Lei Complementar nº
por órgão médico oficial do Estado, para provimento de cargo efe- 1.123, de 01/07/2010.
tivo, ou mediante apresentação de Atestado de Saúde Ocupacional, Artigo 54 - O prazo a que se refere o art. 52 para aquele que,
expedido por médico registrado no Conselho Regional correspon- antes de tomar posse, for incorporado às Forças Armadas, será
dente, para provimento de cargo em comissão; (NR) contado a partir da data da desincorporação.
- Inciso VI com redação dada pela Lei Complementar nº Artigo 55 - o funcionário efetivo, nomeado para cargo em co-
1.123, de 01/07/2010. missão, fica dispensado, no ato da posse, da apresentação do ates-
VII - possuir aptidão para o exercício do cargo; e tado de que trata o inciso VI do artigo 47 desta lei. (NR)
VIII - ter atendido às condições especiais prescritas para o - Artigo 55 com redação dada pela Lei Complementar nº
cargo. 1.123, de 01/07/2010.
Parágrafo único - A deficiência da capacidade física, compro-
vadamente estacionária, não será considerada impedimento para a CAPÍTULO XIII
caracterização da capacidade psíquica e somática a que se refere Da Fiança
o item VI deste artigo, desde que tal deficiência não impeça o de-
sempenho normal das funções inerentes ao cargo de cujo provi- Artigo 56 - Revogado.
mento se trata. - Artigo 56 revogado pela Lei Complementar nº 575, de
Artigo 48 - São competentes para dar posse: 11/11/1988.
I - Os Secretários de Estado, aos diretores gerais, aos diretores
ou chefes das repartições e aos funcionários que lhes são direta- CAPÍTULO XIV
mente subordinados; e Do Exercício
II - Os diretores gerais e os diretores ou chefes de repartição
ou serviço, nos demais casos, de acordo com o que dispuser o re- Artigo 57 - O exercício é o ato pelo qual o funcionário assume
gulamento. as atribuições e responsabilidades do cargo.
Artigo 49 - A posse verificar-se-á mediante a assinatura de § 1º - O início, a interrupção e o reinicio do exercício serão
termo em que o funcionário prometa cumprir fielmente os deveres registrados no assentamento individual do funcionário.
do cargo. § 2º - O início do exercício e as alterações que ocorrerem
Parágrafo único - O termo será lavrado em livro próprio e as- serão comunicados ao órgão competente, pelo chefe da repar-
sinado pela autoridade que der posse. tição ou serviço em que estiver lotado o funcionário.
Artigo 50 - A posse poderá ser tomada por procuração quando Artigo 58 - Entende-se por lotação, o número de funcionários
se tratar de funcionário ausente do Estado, em comissão do Go- de carreira e de cargos isolados que devam ter exercício em cada
verno ou, em casos especiais, a critério da autoridade competente. repartição ou serviço.
Artigo 51 - A autoridade que der posse deverá verificar, sob Artigo 59 - O chefe da repartição ou de serviço em que for
pena de responsabilidade, se foram satisfeitas as condições estabe- lotado o funcionário é a autoridade competente para dar-lhe exer-
lecidas, em lei ou regulamento, para a investidura no cargo. cício.
Artigo 52 - A posse deverá verificar-se no prazo de 30 (trinta) Parágrafo único - É competente para dar exercício ao funcio-
dias, contados da data da publicação do ato de provimento do car- nário, com sede no Interior do Estado, a autoridade a que o mesmo
go, no órgão oficial. estiver diretamente subordinado.

Didatismo e Conhecimento 141


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 60 - O exercício do cargo terá início dentro do prazo de - Artigo 70 com redação dada pela Lei Complementar nº
30 (trinta) dias, contados: 1.012, de 05/04/2007.
I - da data da posse; e Artigo 71 - As autoridades competentes determinarão o afas-
II - da data da publicação oficial do ato, no caso de remoção. tamento imediato do trabalho, do funcionário que apresente indí-
§ 1º - Os prazos previstos neste artigo poderão ser prorro- cios de lesões orgânicas ou funcionais causadas por raios X ou
gados por 30 (trinta) dias, a requerimento do interessado e a substâncias radioativas, podendo atribuir-lhe conforme o caso,
juízo da autoridade competente. tarefas sem risco de radiação ou conceder-lhe licença “ex-officio”
§ 2º - No caso de remoção, o prazo para exercício de fun- na forma do art. 194 e seguintes.
cionário em férias ou em licença, será contado da data em que Artigo 72 - O funcionário, quando no desempenho do man-
voltar ao serviço. dato eletivo federal ou estadual, ficará afastado de seu cargo, com
§ 3º - No interesse do serviço público, os prazos previstos prejuízo do vencimento ou remuneração.
neste artigo poderão ser reduzidos para determinados cargos. Artigo 73 - O exercício do mandato de Prefeito, ou o de Ve-
§ 4º - O funcionário que não entrar em exercício dentro do reador, quando remunerado, determinará o afastamento do funcio-
prazo será exonerado. nário, com a faculdade de opção entre os subsídios do mandato e
Artigo 61 - Em caso de mudança de sede, será concedido um os vencimentos ou a remuneração do cargo, inclusive vantagens
período de trânsito, até 8 (oito) dias, a contar do desligamento do pecuniárias, ainda que não incorporadas. (NR)
funcionário. Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se igualmente
Artigo 62 - O funcionário deverá apresentar ao órgão compe- à hipótese de nomeação de Prefeito. (NR)
tente, logo após ter tomado posse e assumido o exercício, os ele- - Artigo 73 com redação dada pela Lei Complementar nº 87,
mentos necessários à abertura do assentamento individual. de 25/04/1974.
Artigo 63 - Salvo os casos previstos nesta lei, o funcionário Artigo 74 - Quando não remunerada a vereança, o afastamen-
que interromper o exercício por mais de 30 (trinta) dias consecuti- to somente ocorrerá nos dias de sessão e desde que o horário das
vos, ficará sujeito à pena de demissão por abandono de cargo. sessões da Câmara coincida com o horário normal de trabalho a
Artigo 64 - O funcionário deverá ter exercício na repartição em que estiver sujeito o funcionário. (NR)
cuja lotação houver claro. § 1º - Na hipótese prevista neste artigo, o afastamento se
Artigo 65 - Nenhum funcionário poderá ter exercício em servi- dará sem prejuízo de vencimentos e vantagens, ainda que não
ço ou repartição diferente daquela em que estiver lotado, salvo nos incorporadas, do respectivo cargo.(NR)
casos previstos nesta lei, ou mediante autorização do Governador. § 2º - É vedada a remoção ou transferência do funcionário
Artigo 66 - Na hipótese de autorização do Governador, o afas- durante o exercício do mandato. (NR)
tamento só será permitido, com ou sem prejuízo de vencimentos, - Artigo 74 com redação dada pela Lei Complementar nº 87,
para fim determinado e prazo certo.
de 25/04/1974.
Parágrafo único - O afastamento sem prejuízo de vencimentos
Artigo 75 - O funcionário, devidamente autorizado pelo Go-
poderá ser condicionado ao reembolso das despesas efetuadas pelo
vernador, poderá afastar-se do cargo para participar de provas de
órgão de origem, na forma a ser estabelecida em regulamento. (NR)
competições desportivas, dentro ou fora do Estado.
- Parágrafo único acrescentado pela Lei Complementar nº
§ 1º - O afastamento de que trata este artigo, será precedi-
1.043, de 09/05/2008.
do de requisição justificada do órgão competente.
Artigo 67 - O afastamento do funcionário para ter exercício em
§ 2º - O funcionário será afastado por prazo certo, nas se-
entidades com as quais o Estado mantenha convênios, reger-se-á
guintes condições:
pelas normas nestes estabelecidas.
Artigo 68 - O funcionário poderá ausentar-se do Estado ou I - sem prejuízo do vencimento ou remuneração, quando re-
deslocar-se da respectiva sede de exercício, para missão ou estudo presentar o Brasil, ou o Estado, em competições desportivas ofi-
de interesse do serviço público, mediante autorização expressa do ciais; e
Governador. II - com prejuízo do vencimento ou remuneração, em quais-
Artigo 69 - Os afastamentos de funcionários para participação quer outros casos.
em congressos e outros certames culturais, técnicos ou científicos,
poderão ser autorizados pelo Governador, na forma estabelecida CAPÍTULO XV
em regulamento. Da Contagem de Tempo de Serviço
Artigo 70 - O servidor preso em flagrante, preventiva ou tem-
porariamente ou pronunciado será considerado afastado do exercí- - Suspensa a aplicabilidade pela Administração com base no
cio do cargo, com prejuízo da remuneração, até a condenação ou pronunciamento do Secretário de Estado - Chefe da Casa Civil de
absolvição transitada em julgado. (NR) 04/08/1971, publicado no DOE de 06/08/1971, pág. 3.
§ 1º - Estando o servidor licenciado, sem prejuízo de sua Artigo 76 - O tempo de serviço público, assim considerado o
remuneração, será considerada cessada a licença na data em exclusivamente prestado ao Estado e suas Autarquias, será conta-
que o servidor for recolhido à prisão. (NR) do singelamente para todos os fins.
§ 2º - Se o servidor for, ao final do processo judicial, conde- Parágrafo único - O tempo de serviço público prestado à
nado, o afastamento sem remuneração perdurará até o cumpri- União, outros Estados e Municípios, e suas autarquias, anterior-
mento total da pena, em regime fechado ou semiaberto, salvo mente ao ingresso do funcionário no serviço público estadual, será
na hipótese em que a decisão condenatória determinar a perda contado integralmente para os efeitos de aposentadoria e disponi-
do cargo público. (NR) bilidade.

Didatismo e Conhecimento 142


NOÇÕES DE DIREITO
- Artigo 76 com redação dada pela Lei Complementar nº 318, Artigo 81 - Os tempos adiante enunciados serão contados: (NR)
de 10/03/1983. I - para efeito de concessão de adicional por tempo de serviço,
Nota: O artigo 1º da Lei Complementar nº 437, de 23/12/1985, sexta-parte, aposentadoria e disponibilidade: (NR)
fixou a vigência deste artigo para 21/12/1984. a) o de afastamento nos termos dos artigos 65 e 66 junto a
Artigo 77 - A apuração do tempo de serviço será feita em dias. outros poderes do Estado, a fundações instituídas pelo Estado ou
§ 1º - Serão computados os dias de efetivo exercício, do re- empresas em que o Estado tenha participação majoritária pela sua
gistro de frequência ou da folha de pagamento. Administração Centralizada ou Descentralizada, bem como junto a
§ 2º - O número de dias será convertido em anos, conside- órgãos da Administração Direta da União, de outros Estados e Mu-
rados sempre estes como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) nicípios, e de suas autarquias; (NR)
dias. b) o de afastamento nos termos do artigo 67; (NR)
§ 3º - Feita a conversão de que trata o parágrafo anterior, II - para efeito de disponibilidade e aposentadoria, o de licença
os dias restantes, até 182 (cento e oitenta e dois), não serão com- para tratamento de saúde.(NR)
putados, arredondando-se para 1 (um) ano, na aposentadoria - Artigo 81 com redação dada pela Lei Complementar nº 318,
compulsória ou por invalidez, quando excederem esse número. de 10/03/1983.
Artigo 78 - Serão considerados de efetivo exercício, para todos Artigo 82 - O tempo de mandato federal e estadual, bem como
os efeitos legais, os dias em que o funcionário estiver afastado do o municipal, quando remunerado, será contado para fins de aposen-
serviço em virtude de: tadoria e de promoção por antiguidade. (NR)
I - férias; Parágrafo único - O disposto neste artigo aplica-se à hipótese de
II - casamento, até 8 (oito) dias; nomeação de Prefeito. (NR)
III - falecimento do cônjuge, filhos, pais e irmãos, até 8 (oito) - Artigo 82 com redação dada pela Lei Complementar nº 87, de
dias; 25/04/1974.
IV - falecimento dos avós, netos, sogros, do padrasto ou ma- Artigo 83 - Para efeito de aposentadoria será contado o tempo
drasta, até 2 (dois) dias; (NR) em que o funcionário esteve em disponibilidade.
- Inciso IV com redação dada pela Lei Complementar nº 318, Artigo 84 - É vedada a acumulação de tempo de serviço con-
de 10/03/1983. corrente ou simultaneamente prestado, em dois ou mais cargos ou
V - serviços obrigatórios por lei; funções, à União, Estados, Municípios ou Autarquias em geral.
VI - licença quando acidentado no exercício de suas atribui- Parágrafo único - Em regime de acumulação é vedado contar tempo
ções ou atacado de doença profissional; de um dos cargos para reconhecimento de direito ou vantagens no outro.
VII - licença à funcionária gestante; Artigo 85 - Não será computado, para nenhum efeito, o tempo
VIII - licenciamento compulsório, nos termos do art. 206; de serviço gratuito.
IX - licença-prêmio;
X - faltas abonadas nos termos do parágrafo 1º do art. 110, CAPÍTULO XVI
observados os limites ali fixados; Da Vacância
XI - missão ou estudo dentro do Estado, em outros pontos do
território nacional ou no estrangeiro, nos termos do art. 68; Artigo 86 - A vacância do cargo decorrerá de:
XII - nos casos previstos no art. 122; I - exoneração;
XIII - afastamento por processo administrativo, se o funcioná- II - demissão;
rio for declarado inocente ou se a pena imposta for de repreensão ou III - transferência;
multa; e, ainda, os dias que excederem o total da pena de suspensão IV - acesso;
efetivamente aplicada; V - aposentadoria; e
XIV - trânsito, em decorrência de mudança de sede de exercí- VI - falecimento.
cio, desde que não exceda o prazo de 8 (oito) dias; e § 1º - Dar-se-á a exoneração:
XV - provas de competições desportivas, nos termos do item 1 - a pedido do funcionário;
I, do § 2º, do art. 75. 2 - a critério do Governo, quando se tratar de ocupante de cargo
XVI - licença-paternidade, por 5 (cinco) dias; (NR) em comissão; e
- Inciso XVI acrescentado pela Lei Complementar nº 1.054, 3 - quando o funcionário não entrar em exercício dentro do pra-
de 07/07/2008. zo legal.
Artigo 79 - Os dias em que o funcionário deixar de compare- § 2º - A demissão será aplicada como penalidade nos casos
cer ao serviço em virtude de mandato legislativo municipal serão previstos nesta lei.
considerados de efetivo exercício para todos os eleitos legais. (NR)
- Artigo 79, “caput”, com redação dada pela Lei Complemen- TÍTULO III
tar nº 124, de 11/11/1975. DA PROMOÇÃO
Parágrafo único — No caso de vereança remunerada, os dias
de afastamento não serão computados para fins de vencimento ou CAPÍTULO ÚNICO
remuneração, salvo se por eles tiver optado o funcionário. Da Promoção
Artigo 80 - Será contado para todos os efeitos, salvo para a
percepção de vencimento ou remuneração: Artigo 87 - Promoção é a passagem do funcionário de um grau
I - o afastamento para provas de competições desportivas nos a outro da mesma classe e se processará obedecidos, alternadamen-
termos do item II do § 2º do art. 75; e te, os critérios de merecimento e de antiguidade na forma que dis-
II - as licenças previstas nos arts. 200 e 201. puser o regulamento.

Didatismo e Conhecimento 143


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 88 - O merecimento do funcionário será apurado em Artigo 100 - O merecimento do funcionário é adquirido na
pontos positivos e negativos. classe.
§ 1º - Os pontos positivos se referem a condições de efi- Artigo 101 - Revogado.
ciência no cargo e ao aperfeiçoamento funcional resultante do - Artigo 101 revogado pela Lei Complementar nº 318, de
aprimoramento dos seus conhecimentos. 10/03/1983.
§ 2º - Os pontos negativos resultam da falta de assiduidade Artigo 102 - O tempo no cargo será o efetivo exercício, contado
e da indisciplina. na seguinte conformidade:
Artigo 89 - Da apuração do merecimento será dada ciência ao I - a partir da data em que o funcionário assumir o exercício do
funcionário. cargo, nos casos de nomeação, transferência a pedido, reversão e
Artigo 90 - A antiguidade será determinada pelo tempo de aproveitamento;
efetivo exercício no cargo e no serviço público, apurado em dias. II - como se o funcionário estivesse em exercício, no caso de
Artigo 91 - As promoções serão feitas em junho e dezembro reintegração;
de cada ano, dentro de limites percentuais a serem estabelecidos III - a partir da data em que o funcionário assumir o exercício do
em regulamento e corresponderão às condições existentes até o cargo do qual foi transferido, no caso de transferência ex-officio; e
último dia do semestre imediatamente anterior. IV - a partir da data em que o funcionário assumir o exercício
Artigo 92 - Os direitos e vantagens que decorrerem da pro- do cargo reclassificado ou transformado.
moção serão contados a partir da publicação do ato, salvo quando Artigo 103 - Será contado como tempo no cargo o efetivo exer-
publicado fora do prazo legal, caso em que vigorará a contar do cício que o funcionário houver prestado no mesmo cargo, sem solu-
último dia do semestre a que corresponder. ção de continuidade, desde que por prazo superior a 6 (seis) meses:
Parágrafo único - Ao funcionário que não estiver em efetivo I - como substituto; e
exercício, só se abonarão as vantagens a partir da data da reassun- II - no desempenho de função gratificada, em período anterior à
ção. criação do respectivo cargo.
Artigo 93 - Será declarada sem efeito a promoção indevida, Artigo 104 - As promoções obedecerão à ordem de classifica-
não ficando o funcionário, nesse caso, obrigado a restituições, sal- ção.
vo na hipótese de declaração falsa ou omissão intencional. Artigo 105 - Haverá em cada Secretaria de Estado uma Comis-
Artigo 94 - Só poderão ser promovidos os servidores que tive-
são de Promoção que terá as seguintes atribuições:
rem o interstício de efetivo exercício no grau.
I - eleger o respectivo presidente;
Parágrafo único - O interstício a que se refere este artigo será
II - decidir as reclamações contra a avaliação do mérito, poden-
estabelecido em regulamento.
do alterar, fundamentalmente, os pontos atribuídos ao reclamante ou
Artigo 95 - Dentro de cada quadro, haverá para cada classe,
a outros funcionários;
nos respectivos graus, uma lista de classificação, para os critérios
III - avaliar o mérito do funcionário quando houver divergência
de merecimento e antiguidade.
Parágrafo único - Ocorrendo empate terão preferência, suces- igual ou superior a 20 (vinte) pontos entre os totais atribuídos pelas
sivamente: autoridades avaliadoras;
1 - na classificação por merecimento: IV - propor à autoridade competente a penalidade que couber
a) os títulos e os comprovantes de conclusão de cursos, rela- ao responsável pelo atraso na expedição e remessa do Boletim de
cionados com a função exercida; Promoção, pela falta de qualquer informação ou de elementos soli-
b) a assiduidade; citados, pelos fatos de que decorram irregularidade ou parcialidade
c) a antiguidade no cargo; no processamento das promoções;
d) os encargos de família; e V - Avaliar os títulos e os certificados de cursos apresentados
e) a idade; pelos funcionários; e
2 - na classificação por antiguidade: VI - dar conhecimento aos interessados mediante afixação na
a) o tempo no cargo; repartição:
b) o tempo de serviço prestado ao Estado; 1 - das alterações de pontos feitos nos Boletins de Promoção; e
c) o tempo de serviço público; 2 - dos pontos atribuídos pelos títulos e certificados de cursos.
d) os encargos de família; e Artigo 106 - No processamento das promoções cabem as se-
e) a idade. guintes reclamações:
Artigo 96 - O funcionário em exercício de mandato eletivo I - da avaliação do mérito; e
federal ou estadual ou de mandato de prefeito, somente poderá ser II - da classificação final.
promovido por antiguidade. § 1º - Da avaliação do mérito podem ser interpostos pedi-
Artigo 97 - Não serão promovidos por merecimento, ainda dos de reconsideração e recurso, e, da classificação final, apenas
que classificados dentro dos limites estabelecidos no regulamento, recurso.
os funcionários que tiverem sofrido qualquer penalidade nos dois § 2º - Terão efeito suspensivo as reclamações relativas à ava-
anos anteriores à data de vigência da promoção. liação do mérito.
Artigo 98 - O funcionário submetido a processo administrati- § 3º - Serão estabelecidos em regulamento as normas e os
vo poderá ser promovido, ficando, porém, sem efeito a promoção prazos para o processamento das reclamações de que trata este
por merecimento no caso de o processo resultar em penalidade. artigo.
Artigo 99 - Para promoção por merecimento é indispensável Artigo 107 - A orientação das promoções do funcionalismo
que o funcionário obtenha número de pontos não inferior à metade público civil será centralizada, cabendo ao órgão a que for deferida
do máximo atribuível. tal competência:

Didatismo e Conhecimento 144


NOÇÕES DE DIREITO
I - expedir normas relativas ao processamento das promoções I - quando se tratar de prestação de alimentos, na forma da lei
e elaborar as respectivas escalas de avaliação, com a aprovação do civil; e
Governador; II - nos casos previstos no Capítulo II do Título VI deste Es-
II - orientar as autoridades competentes quanto à avaliação tatuto.
das condições de promoção; Artigo 114 - É proibido, fora dos casos expressamente con-
III - realizar estudos e pesquisas no sentido de averiguar a signados neste Estatuto, ceder ou gravar vencimento, remuneração
eficiência do sistema em vigor, propondo medidas tendentes ao seu ou qualquer vantagem decorrente do exercício de cargo público.
aperfeiçoamento; e Artigo 115 - O vencimento ou remuneração do funcionário
IV - opinar em processos sobre assuntos de promoção, sempre não poderá sofrer outros descontos, exceto os obrigatórios e os
que solicitado. autorizados por lei.
Artigo 116 - As consignações em folha, para efeito de descon-
TÍTULO IV to de vencimentos ou remuneração, serão disciplinadas em regu-
DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS DE ORDEM PE- lamento.
CUNIÁRIA

CAPÍTULO I SEÇÃO II
Do Vencimento e da Remuneração Do Horário e do Ponto

SEÇÃO I Artigo 117 - O horário de trabalho nas repartições será fixa-


Disposições Gerais do pelo Governo de acordo com a natureza e as necessidades do
serviço.
Artigo 108 - Vencimento é a retribuição paga ao funcionário Artigo 118 - O período de trabalho, nos casos de comprovada
pelo efetivo exercício do cargo, correspondente ao valor do res- necessidade, poderá ser antecipado ou prorrogado pelo chefe da
pectivo padrão fixado em lei, mais as vantagens a ele incorporadas repartição ou serviço.
para todos os efeitos legais. Parágrafo único - No caso de antecipação ou prorrogação, será
Artigo 109 - Remuneração é a retribuição paga ao funcionário remunerado o trabalho extraordinário, na forma estabelecida no
pelo efetivo exercício do cargo, correspondente a 2/3 (dois terços) art. 136.
do respectivo padrão, mais as quotas ou porcentagens que, por lei, Artigo 119 - Nos dias úteis, só por determinação do Gover-
lhe tenham sido atribuídas e as vantagens pecuniárias a ela incor- nador poderão deixar de funcionar as repartições públicas ou ser
poradas. suspenso o expediente.
Artigo 110 - O funcionário perderá: Artigo 120 - Ponto é o registro pelo qual se verificará, diaria-
I - o vencimento ou remuneração do dia. quando não compa- mente, a entrada e saída do funcionário em serviço.
recer ao serviço, salvo no caso previsto no § 1º deste artigo; e § 1º - Para registro do ponto serão usados, de preferência,
II - 1/3 (um terço) do vencimento ou remuneração diária, meios mecânicos.
quando comparecer ao serviço dentro da hora seguinte à marcada § 2º - É vedado dispensar o funcionário do registro do pon-
para o início do expediente ou quando dele retirar-se dentro da to, salvo os casos expressamente previstos em lei.
última hora. § 3º - A infração do disposto no parágrafo anterior deter-
§ 1º - As faltas ao serviço, até o máximo de 6 (seis) por minará a responsabilidade da autoridade que tiver expedido a
ano, não excedendo a uma por mês, em razão de moléstia ou ordem, sem prejuízo da ação disciplinar cabível.
outro motivo relevante, poderão ser abonadas pelo superior Artigo 121 - Para o funcionário estudante, conforme dispuser
imediato, a requerimento do funcionário, no primeiro dia útil o regulamento, poderão ser estabelecidas normas especiais quanto
subsequente ao da falta. (NR) à frequência ao serviço.
- § 1º com redação dada pela Lei Complementar nº 294, de Artigo 122 - O funcionário que comprovar sua contribuição
02/09/1982. para banco de sangue mantido por órgão estatal ou paraestatal, ou
§ 2º - No caso de faltas sucessivas, justificadas ou injustifi- entidade com a qual o Estado mantenha convênio, fica dispensado
cadas, os dias intercalados — domingos, feriados e aqueles em de comparecer ao serviço no dia da doação.
que não haja expediente — serão computados exclusivamente Artigo 123 - Apurar-se-á a frequência do seguinte modo:
para efeito de desconto do vencimento ou remuneração. I - pelo ponto; e
Artigo 111 - As reposições devidas pelo funcionário e as in- II - pela forma determinada, quanto aos funcionários não su-
denizações por prejuízos que causar à Fazenda Pública Estadual, jeitos a ponto.
serão descontadas em parcelas mensais não excedentes da décima
parte do vencimento ou remuneração ressalvados os casos espe-
ciais previstos neste Estatuto. CAPÍTULO II
Artigo 112 - Só será admitida procuração para efeito de rece- Das Vantagens de Ordem Pecuniária
bimento de quaisquer importâncias dos cofres estaduais, decorren-
tes do exercício do cargo, quando o funcionário se encontrar fora SEÇÃO I
da sede ou comprovadamente impossibilitado de locomover-se. Disposições Gerais
Artigo 113 - O vencimento, remuneração ou qualquer vanta-
gem pecuniária atribuídos ao funcionário, não poderão ser objeto Artigo 124 - Além do valor do padrão do cargo, o funcionário
de arresto, sequestro ou penhora, salvo: só poderá receber as seguintes vantagens pecuniárias:

Didatismo e Conhecimento 145


NOÇÕES DE DIREITO
I - adicionais por tempo de serviço; Parágrafo único — O adicional por tempo de serviço será con-
II - gratificações; cedido pela autoridade competente, na forma que fôr estabelecida
III - diárias; em regulamento.
IV - ajudas de custo; Artigo 128 - A apuração do quinquênio será feita em dias e o
V - salário-família e salário-esposa; total convertido em anos, considerados estes sempre como de 365
VI - Revogado; (trezentos e sessenta e cinco) dias.
- Inciso VI revogado pelo Decreto-lei de 27/02/1970. Artigo 129 - Vetado.
VII - quota-parte de multas e porcentagens fixadas em lei; Artigo 130 - O funcionário que completar 25 (vinte e cinco)
VIII - honorários, quando fora do período normal ou extraor- anos de efetivo exercício perceberá mais a sexta-parte do venci-
dinário de trabalho a que estiver sujeito, for designado para reali- mento ou remuneração, a estes incorporada para todos os efeitos.
zar investigações ou pesquisas científicas, bem como para exercer Artigo 131 - O funcionário que exercer cumulativamente car-
as funções de auxiliar ou membro de bancas e comissões de con- gos ou funções, terá direito aos adicionais de que trata esta Seção,
curso ou prova, ou de professor de cursos de seleção e aperfei- isoladamente, referentes a cada cargo ou a função.
çoamento ou especialização de servidores, legalmente instituídos, Artigo 132 - O ocupante de cargo em comissão fará jus aos
observadas as proibições atinentes a regimes especiais de trabalho adicionais previstos nesta Seção, calculados sobre o vencimento
fixados em lei; que perceber no exercício desse cargo, enquanto nele permanecer.
IX - honorários pela prestação de serviço peculiar à profissão Artigo 133 - Ao funcionário no exercício de cargo em substi-
que exercer e, em função dela, à Justiça, desde que não a execute tuição aplica-se o disposto no artigo anterior.
dentro do período normal ou extraordinário de trabalho a que es- Artigo 134 - Para efeito dos adicionais a que se refere esta
tiver sujeito e sejam respeitadas as restrições estabelecidas em lei Seção, será computado o tempo de serviço, na forma estabelecida
pela subordinação a regimes especiais de trabalho; e nos arts. 76 e 78.
X - outras vantagens ou concessões pecuniárias previstas em
leis especiais ou neste Estatuto.
§ 1º - Excetuados os casos expressamente previstos nes- SEÇÃO III
te artigo, o funcionário não poderá receber, a qualquer títu-
Das Gratificações
lo, seja qual for o motivo ou forma de pagamento, nenhuma
outra vantagem pecuniária dos órgãos do serviço público, das
Artigo 135 - Poderá ser concedida gratificação ao funcionário:
entidades autárquicas ou paraestatais ou outras organizações
I - pela prestação de serviço extraordinário;
públicas, em razão de seu cargo ou função nos quais tenha sido
II - pela elaboração ou execução de trabalho técnico ou cientí-
mandado servir.
fico ou de utilidade para o serviço público;
§ 2º - O não cumprimento do que preceitua este artigo im-
III - a título de representação, quando em função de gabinete,
portará na demissão do funcionário, por procedimento irre-
missão ou estudo fora do Estado ou designação para função de
gular, e na imediata reposição, pela autoridade ordenadora do
pagamento, da importância indevidamente paga. confiança do Governador;
§ 3º - Nenhuma importância relativa às vantagens cons- IV - quando designado para fazer parte de órgão legal de de-
tantes deste artigo será paga ou devida ao funcionário, seja liberação coletiva; e
qual for o seu fundamento, se não houver crédito próprio, or- V - outras que forem previstas em lei.
çamentário ou adicional. Artigo 136 - A gratificação pela prestação de serviço extraor-
Artigo 125 - As porcentagens ou quotas-partes, atribuídas em dinário será paga por hora de trabalho prorrogado ou antecipado,
virtude de multas ou serviços de fiscalização e inspeção, só serão na mesma razão percebida pelo funcionário em cada hora de perío-
creditadas ao funcionário após a entrada da importância respecti- do normal de trabalho a que estiver sujeito.
va, a título definitivo, para os cofres públicos. Parágrafo único - A prestação de serviço extraordinário não
Artigo 126 - O funcionário não fará jus à percepção de quais- poderá exceder a duas horas diárias de trabalho.
quer vantagens pecuniárias, nos casos em que deixar de perceber Artigo 137 - É vedado conceder gratificação por serviço ex-
o vencimento ou remuneração, ressalvado o disposto no parágrafo traordinário, com o objetivo de remunerar outros serviços ou en-
único do art. 160. cargos.
§ 1º - O funcionário que receber importância relativa a
serviço extraordinário que não prestou, será obrigado a res-
SEÇÃO Il tituí-la de uma só vez, ficando ainda sujeito à punição disci-
Dos Adicionais por Tempo de Serviço plinar.
§ 2º - Será responsabilizada a autoridade que infringir o
Artigo 127 - O funcionário terá direito, após cada período de disposto no caput deste artigo.
5 (cinco) anos, contínuos, ou não, à percepção de adicional por Artigo 138 - Será punido com pena de suspensão e, na rein-
tempo de serviço, calculado à razão de 5% (cinco por cento) sobre cidência, com a de demissão, a bem do serviço público, o funcio-
o vencimento ou remuneração, a que se incorpora para todos os nário:
efeitos. I - que atestar falsamente a prestação de serviço extraordiná-
Nota: A Lei Complementar nº 792, de 20/3/1995 foi declarada rio; e
Inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI II - que se recusar, sem justo motivo, à prestação de serviço
nº 3.167, julgada em 18/06/2007. extraordinário.

Didatismo e Conhecimento 146


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 139 - O funcionário que exercer cargo de direção não SEÇÃO V
poderá perceber gratificação por serviço extraordinário. Das Ajudas de Custo
§ 1º - O disposto neste artigo não se aplica durante o pe-
ríodo em que subordinado de titular de cargo nele mencionado Artigo 149 - A juízo da Administração, poderá ser concedida
venha a perceber, em consequência do acréscimo da gratifica- ajuda de custo ao funcionário que no interesse do serviço passar a
ção por serviço extraordinário, quantia que iguale ou ultrapas- ter exercício em nova sede.
se o valor do padrão do cargo de direção. § 1º - A ajuda de custo destina-se a indenizar o funcionário
§ 2º - Aos titulares de cargos de direção, para efeito do das despesas de viagem e de nova instalação .
parágrafo anterior, apenas será paga gratificação por serviço § 2º - O transporte do funcionário e de sua família com-
extraordinário correspondente à quantia a esse título percebi- preende passagem e bagagem e correrá por conta do Governo.
da pelo subordinado de padrão mais elevado. Artigo 150 - A ajuda de custo, desde que em território do País,
Artigo 140 - A gratificação pela elaboração ou execução de será arbitrada pelos Secretários de Estado, não podendo exceder
trabalho técnico ou científico, ou de utilidade para o serviço, será importância correspondente a 3 (três) vezes o valor do padrão do
arbitrada pelo Governador, após sua conclusão. cargo.
Artigo 141 - A gratificação a título de representação, quando Parágrafo único - O regulamento fixará o critério para o arbi-
o funcionário for designado para serviço ou estudo fora do Estado, tramento, tendo em vista o número de pessoas que acompanham
será arbitrada pelo Governador, ou por autoridade que a lei deter- o funcionário, as condições de vida na nova sede, a distância a ser
minar, podendo ser percebida cumulativamente com a diária. percorrida, o tempo de viagem e os recursos orçamentários dispo-
Artigo 142 - A gratificação relativa ao exercício em órgão le- níveis.
gal de deliberação coletiva, será fixada pelo Governador. Artigo 151 - Não será concedida ajuda de custo:
Artigo 143 - A gratificação de representação de gabinete, fi- I - ao funcionário que se afastar da sede ou a ela voltar, em
xada em regulamento, não poderá ser percebida cumulativamente virtude de mandato eletivo; e
com a referida no inciso I do art. 135. II - ao que for afastado junto a outras Administrações.
Parágrafo único - O funcionário que recebeu ajuda de custo,
se for obrigado a mudar de sede dentro do período de 2 (dois)
SEÇÃO IV anos poderá receber, apenas, 2/3 (dois terços) do benefício que
Das Diárias
lhe caberia.
Artigo 152 - Quando o funcionário for incumbido de serviço
Artigo 144 - Ao funcionário que se deslocar temporariamen-
que o obrigue a permanecer fora da sede por mais de 30 (trinta)
te da respectiva sede, no desempenho de suas atribuições, ou em
dias, poderá receber ajuda de custo sem prejuízos das diárias que
missão ou estudo, desde que relacionados com o cargo que exerce,
lhe couberem.
poderá ser concedida, além do transporte, uma diária a título de
Parágrafo único - A importância dessa ajuda de custo será fi-
indenização das despesas de alimentação e pousada.
xada na forma do art. 150, não podendo exceder a quantia relativa
§ 1º - Não será concedida diária ao funcionário removido
ou transferido, durante o período de trânsito. a 1 (uma) vez o valor do padrão do cargo.
§ 2º - Não caberá a concessão de diária quando o deslo- Artigo 153 - Restituirá a ajuda de custo que tiver recebido:
camento de funcionário constituir exigência permanente do I - o funcionário que não seguir para a nova sede dentro dos
cargo ou função. prazos fixados, salvo motivo independente de sua vontade, devida-
§ 3º - Entende-se por sede o município onde o funcionário mente comprovado sem prejuízo da pena disciplinar cabível;
tem exercício. II - o funcionário que, antes de concluir o serviço que lhe foi
§ 4º - O disposto no «caput» deste artigo não se aplica aos cometido, regressar da nova sede, pedir exoneração ou abandonar
casos de missão ou estudo fora do País. o cargo.
§ 5º - As diárias relativas aos deslocamentos de funcioná- § 1º - A restituição poderá ser feita parceladamente, a juízo
rios para outros Estados e Distrito Federal, serão fixadas por da autoridade que houver concedido a ajuda de custo, salvo
decreto. no caso de recebimento indevido, em que a importância por
Artigo 145 - O valor das diárias será fixado em decreto. (NR) devolver será descontada integralmente do vencimento ou re-
- Artigo 145 com redação dada pela Lei Complementar nº muneração, sem prejuízo da pena disciplinar cabível.
556, de 15/07/1988. § 2º - A responsabilidade pela restituição de que trata este
Artigo 146 - A tabela de diárias, bem como as autoridades que artigo, atinge exclusivamente a pessoa do funcionário.
as concederem, deverão constar de decreto. § 3º - Se o regresso do funcionário for determinado pela
Artigo 147 - O funcionário que indevidamente receber diária, autoridade competente ou por motivo de força maior devida-
será obrigado a restituí-la de uma só vez, ficando ainda sujeito à mente comprovado, não ficará ele obrigado a restituir a ajuda
punição disciplinar. de custo.
Artigo 148 - É vedado conceder diárias com o objetivo de Artigo 154 - Caberá também ajuda de custo ao funcionário
remunerar outros encargos ou serviços. designado para serviço ou estudo no estrangeiro.
Parágrafo único - Será responsabilizada a autoridade que in- Parágrafo único - A ajuda de custo de que trata este artigo será
fringir o disposto neste artigo. arbitrada pelo Governador.

Didatismo e Conhecimento 147


NOÇÕES DE DIREITO
SEÇÃO VI § 1º - A mesma concessão poderá ser feita à família do fun-
Do Salário-Família e do Salário-Esposa cionário falecido fora do Estado.
§ 2º - Só serão atendidos os pedidos de transporte formu-
Artigo 155 - O salário-família será concedido ao funcionário lados dentro do prazo de 1 (um) ano, a partir da data em que
ou ao inativo por: houver falecido o funcionário.
I - filho menor de 18 (dezoito) anos; e Artigo 166 - Revogado.
II - filho inválido de qualquer idade. - Artigo 166 revogado pelo Decreto-lei de 27/02/1970.
Parágrafo único - Consideram-se dependentes, desde que vi- Artigo 167 - A concessão de que trata o artigo anterior só po-
vam total ou parcialmente às expensas do funcionário, os filhos de derá ser deferida ao funcionário que se encontre no exercício do
qualquer condição, os enteados e os adotivos, equiparando-se a cargo e mantenha contato com o público, pagando ou recebendo
estes os tutelados sem meios próprios de subsistência. em moeda corrente.
Artigo 156 - A invalidez que caracteriza a dependência é a (NR)
incapacidade total e permanente para o trabalho. Artigo 168 - Ao cônjuge, ao companheiro ou companheira ou,
Artigo 157 - Quando o pai e a mãe tiverem ambos a condição na falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas em virtude
de funcionário público ou de inativo e viverem em comum, o salá- do falecimento de funcionário ativo ou inativo será concedido au-
rio-família será concedido a um deles. xílio-funeral, a título de benefício assistencial, de valor correspon-
Parágrafo único - Se não viverem em comum, será concedido dente a 1 (um) mês da respectiva remuneração. (NR)
ao que tiver os dependentes sob sua guarda, ou a ambos, de acordo § 1º - o pagamento será efetuado pelo órgão competente,
com a distribuição de dependentes. mediante apresentação de atestado de óbito pelas pessoas indi-
Artigo 158 - Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto e a ma- cadas no «caput» deste artigo, ou procurador legalmente habi-
drasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes. litado, feita a prova de identidade. (NR)
Artigo 158-A - Fica assegurada, nas mesmas bases e condi- § 2º - no caso de integrante da carreira de Agente de Se-
ções, ao cônjuge supérstite ou ao responsável legal pelos filhos do gurança Penitenciária ou da classe de Agente de Escolta e Vi-
casal, a percepção do salário-família a que tinha direito o funcio- gilância Penitenciária, se ficar comprovado, por meio de com-
nário ou inativo falecidos. (NR) petente apuração, que o óbito decorreu de lesões recebidas no
- Artigo 158-A acrescentado pela Lei Complementar nº 177,
exercício de suas funções, o benefício será acrescido do valor
de 28/04/1978.
correspondente a mais 1 (um) mês da respectiva remuneração,
Artigo 159 - A concessão e a supressão do salário-família se-
cujo pagamento será efetivado mediante apresentação de alva-
rão processadas na forma estabelecida em lei.
rá judicial. (NR)
Artigo 160 - Não será pago o salário-família nos casos em
§ 3º - o pagamento do benefício previsto neste artigo, caso
que o funcionário deixar de perceber o respectivo vencimento ou
as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em virtude
remuneração.
Parágrafo único - O disposto neste artigo não se aplica aos da contratação de planos funerários, somente será efetivado
casos disciplinares e penais, nem aos de licença por motivo de mediante apresentação de alvará judicial. (NR)
doença em pessoa da família. - Artigo 168 com redação dada pela Lei Complementar nº
Artigo 161 - É vedada a percepção de salário-família por de- 1.123, de 01/07/2010.
pendente em relação ao qual já esteja sendo pago este benefício Artigo 169 - O Governo do Estado poderá conceder prêmios
por outra entidade pública federal, estadual ou municipal, ficando em dinheiro, dentro das dotações orçamentárias próprias, aos fun-
o infrator sujeito às penalidades da lei. cionários autores dos melhores trabalhos, classificados em concur-
Artigo 162 - O salário esposa será concedido ao funcionário sos de monografias de interesse para o serviço público.
que não perceba vencimento ou remuneração de importância su- Artigo 170 - Revogado.
perior a 2 (duas) vezes o valor do menor vencimento pago pelo - Artigo 170 com revogado pelo Decreto-Lei nº 24, de
Estado, desde que a mulher não exerça atividade remunerada. 28/03/1969.
Parágrafo único - A concessão do benefício a que se refere
este artigo será objeto de regulamento.
CAPÍTULO III
Das Acumulações Remuneradas
SEÇÃO VII
Outras Concessões Pecuniárias Artigo 171 - É vedada a acumulação remunerada, exceto:
I - a de um juiz e um cargo de professor;
Artigo 163 - O Estado assegurará ao funcionário o direito de II - a de dois cargos de professor;
pleno ressarcimento de danos ou prejuízos, decorrentes de aciden- III - a de um cargo de professor e outro técnico ou científico; e
tes no trabalho, do exercício em determinadas zonas ou locais e da IV - a de dois cargos privativos de médico.
execução de trabalho especial, com risco de vida ou saúde. - Nota: vide art. 37, XVI da Constituição Federal.
Artigo 164 - Ao funcionário licenciado, para tratamento de § 1º - Em qualquer dos casos, a acumulação somente é per-
saúde poderá ser concedido transporte, se decorrente do tratamen- mitida quando haja correlação de matérias e compatibilidade
to, inclusive para pessoa de sua família. de horários.
Artigo 165 - Poderá ser concedido transporte à família do fun- § 2º - A proibição de acumular se estende a cargos, funções
cionário, quando este falecer fora da sede de exercício, no desem- ou empregos em autarquias, empresas públicas e sociedades de
penho de serviço. economia mista.

Didatismo e Conhecimento 148


NOÇÕES DE DIREITO
§ 3º - A proibição de acumular proventos não se aplica aos Parágrafo único - Será contado para efeito deste artigo o tem-
aposentados, quanto ao exercício de mandato eletivo, cargo em po de serviço prestado em outro cargo público, desde que entre a
comissão ou ao contrato para prestação de serviços técnicos ou cessação do anterior e o início do subsequente exercício não haja
especializados. interrupção superior a 10 (dez) dias.
Artigo 172 - O funcionário ocupante de cargo efetivo, ou em Artigo 179 - Caberá ao chefe da repartição ou do serviço, or-
disponibilidade, poderá ser nomeado para cargo em comissão, per- ganizar, no mês de dezembro, a escala de férias para o ano seguin-
dendo, durante o exercício desse cargo, o vencimento ou remune- te, que poderá alterar de acordo com a conveniência do serviço.
ração do cargo efetivo ou o provento, salvo se optar pelo mesmo. Artigo 180 - O funcionário transferido ou removido, quando
Artigo 173 - Não se compreende na proibição de acumular, em gozo de férias, não será obrigado a apresentar-se antes de ter-
desde que tenha correspondência com a função principal, a percep- miná-las.
ção das vantagens enumeradas no art. 124.
Artigo 174 - Verificado, mediante processo administrativo, CAPÍTULO II
que o funcionário está acumulando, fora das condições previstas Das Licenças
neste Capítulo, será ele demitido de todos os cargos e funções e
obrigado a restituir o que indevidamente houver recebido. SEÇÃO I
§ 1º - Provada a boa-fé, o funcionário será mantido no car- Disposições Gerais
go ou função que exercer há mais tempo.
§ 2º - Em caso contrário, o funcionário demitido ficará ain- Artigo 181 - O funcionário efetivo poderá ser licenciado:(NR)
da inabilitado pelo prazo de 5 (cinco) anos, para o exercício de I - para tratamento de saúde; (NR)
função ou cargo público, inclusive em entidades que exerçam II - quando acidentado no exercício de suas atribuições ou
função delegada do poder público ou são por este mantidas ou acometido por doença profissional; (NR)
administradas. III - no caso previsto no artigo 198; (NR)
Artigo 175 - As autoridades civis e os chefes de serviço, bem IV - por motivo de doença em pessoa de sua família; (NR)
como os diretores ou responsáveis pelas entidades referidas no V - para cumprir obrigações concernentes ao serviço militar;
parágrafo 2º do artigo anterior e os fiscais ou representantes dos (NR)
VI - para tratar de interesses particulares; (NR)
poderes públicos junto às mesmas, que tiverem conhecimento de
VII - no caso previsto no artigo 205; (NR)
que qualquer dos seus subordinados ou qualquer empregado da
VIII - compulsoriamente, como medida profilática; (NR)
empresa sujeita à fiscalização está no exercício de acumulação
IX - como prêmio de assiduidade. (NR)
proibida, farão a devida comunicação ao órgão competente, para
§ 1º - Ao funcionário ocupante exclusivamente de cargo
os fins indicados no artigo anterior.
em comissão serão concedidas as licenças previstas neste arti-
Parágrafo único - Qualquer cidadão poderá denunciar a exis-
go, salvo as referidas nos incisos IV, VI e VII. (NR)
tência de acumulação ilegal.
§ 2º - As licenças previstas nos incisos I a III serão conce-
didas ao funcionário de que trata o § 1º deste artigo mediante
regras estabelecidas pelo regime geral de previdência social.
TÍTULO V (NR)
DOS DIREITOS E VANTAGENS EM GERAL - Artigo 181 com redação dada pela Lei Complementar nº
1.123, de 01/07/2010.
CAPÍTULO I Artigo 182 - As licenças dependentes de inspeção médica se-
Das Férias rão concedidas pelo prazo indicado pelos órgãos oficiais compe-
tentes. (NR)
Artigo 176 - O funcionário terá direito ao gozo de 30 (trinta) - Artigo 182 com redação dada pela Lei Complementar nº
dias de férias anuais, observada a escala que for aprovada. 1.123, de 01/07/2010.
§ 1º - É proibido levar à conta de férias qualquer falta ao Artigo 183 - Finda a licença, o funcionário deverá reassumir,
trabalho. imediatamente, o exercício do cargo.(NR)
§ 2º - É proibida a acumulação de férias, salvo por ab- § 1º - o disposto no «caput» deste artigo não se aplica às
soluta necessidade de serviço e pelo máximo de 2 (dois) anos licenças previstas nos incisos V e VII do artigo 181, quando em
consecutivos. prorrogação. (NR)
§ 3º - O período de férias será reduzido para 20 (vinte) § 2º - a infração do disposto no «caput» deste artigo im-
dias, se o servidor, no exercício anterior, tiver, considerados portará em perda total do vencimento ou remuneração corres-
em conjunto, mais de 10 (dez) não comparecimentos corres- pondente ao período de ausência e, se esta exceder a 30 (trinta)
pondentes a faltas abonadas, justificadas e injustificadas ou às dias, ficará o funcionário sujeito à pena de demissão por aban-
licenças previstas nos itens IV, VI e VII do art. 181. dono de cargo. (NR)
§ 4º - Durante as férias, o funcionário terá direito a todas - Artigo 183 com redação dada pela Lei Complementar nº
as vantagens, como se estivesse em exercício. 1.123, de 01/07/2010.
Artigo 177 - Atendido o interesse do serviço, o funcionário Artigo 184 - O funcionário licenciado nos termos dos itens I a
poderá gozar férias de uma só vez ou em dois períodos iguais. IV do art. 181, é obrigado a reassumir o exercício, se for considera-
Artigo 178 - Somente depois do primeiro ano de exercício no do apto em inspeção médica realizada ex-officio ou se não subsistir
serviço público, adquirirá o funcionário direito a férias. a doença na pessoa de sua família.

Didatismo e Conhecimento 149


NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único - O funcionário poderá desistir da licença, § 3º - O funcionário poderá ser dispensado da inspeção
desde que em inspeção médica fique comprovada a cessação dos médica de que trata o “caput” deste artigo em caso de licença
motivos determinantes da licença. para tratamento de saúde de curta duração, conforme estabe-
Artigo 185 - As licenças previstas nos incisos I, II e IV do lecido em decreto. (NR);
artigo 181 não serão concedidas em prorrogação, cabendo ao fun- - Artigo 193 com redação dada pela Lei complementar nº
cionário ou à autoridade competente ingressar, quando for o caso, 1.196, de 27/02/2013.
com um novo pedido. (NR)
- Artigo 185 com redação dada pela Lei Complementar nº SEÇÃO III
1.123, de 01/07/2010. Da Licença ao Funcionário Acidentado no Exercício de
Artigo 186 - Revogado. suas Atribuições ou Atacado de Doença Profissional
- Artigo 186 revogado pela Lei Complementar nº 1.123, de
01/07/2010. Artigo 194 - O funcionário acidentado no exercício de suas
Artigo 187 - O funcionário licenciado nos termos dos itens I atribuições ou que tenha adquirido doença profissional terá direito
e II do art. 181 não poderá dedicar-se a qualquer atividade remu- à licença com vencimento ou remuneração. (NR)
nerada, sob pena de ser cassada a licença e de ser demitido por Parágrafo único - Considera-se também acidente: (NR)
abandono do cargo, caso não reassuma o seu exercício dentro do 1 - a agressão sofrida e não provocada pelo funcionário, no
prazo de 30 (trinta) dias. exercício de suas funções; (NR)
Artigo 188 - Revogado. 2 - a lesão sofrida pelo funcionário, quando em trânsito, no
- Artigo 188 revogado pela Lei Complementar nº 1.123, de percurso usual para o trabalho. (NR)
01/07/2010. - Artigo 194 com redação dada pela Lei Complementar nº
Artigo 189 - Revogado. 1.123, de 01/07/2010.
- Artigo 189 revogado pela Lei Complementar nº 1.123, de Artigo 195 - A licença prevista no artigo anterior não poderá
01/07/2010. exceder de 4 (quatro) anos.
Artigo 190 - O funcionário que se recusar a submeter-se à ins- Parágrafo único - No caso de acidente, verificada a incapaci-
peção médica, quando julgada necessária, será punido com pena dade total para qualquer função pública, será desde logo concedida
de suspensão. aposentadoria ao funcionário.
Parágrafo único - A suspensão cessará no dia em que se rea- Artigo 196 - A comprovação do acidente, indispensável para
lizar a inspeção. a concessão da licença, será feita em procedimento próprio, que
deverá iniciar-se no prazo de 10 (dez) dias, contados da data do
SEÇÃO II acidente. (NR)
Da Licença para Tratamento de Saúde § 1º - O funcionário deverá requerer a concessão da licen-
ça de que trata o «caput» deste artigo junto ao órgão de ori-
Artigo 191 - Ao funcionário que, por motivo de saúde, estiver gem. (NR)
impossibilitado para o exercício do cargo, será concedida licença § 2º - Concluído o procedimento de que trata o «caput»
até o máximo de 4 (quatro) anos, com vencimento ou remunera- deste artigo caberá ao órgão médico oficial a decisão. (NR)
ção. (NR) § 3º - O procedimento para a comprovação do acidente de
- Artigo 191 com redação dada pela Lei complementar nº que trata este artigo deverá ser cumprido pelo órgão de origem
1.196, de 27/02/2013. do funcionário, ainda que não venha a ser objeto de licença.
§ 1º - Findo o prazo, previsto neste artigo, o funcionário (NR)
será submetido à inspeção médica e aposentado, desde que ve- - Artigo 196 com redação dada pela Lei Complementar nº
rificada a sua invalidez, permitindo-se o licenciamento além 1.123, de 01/07/2010.
desse prazo, quando não se justificar a aposentadoria. Artigo 197 - Para a conceituação do acidente da doença pro-
§ 2º - Será obrigatória a reversão do aposentado, desde fissional, serão adotados os critérios da legislação federal de aci-
que cessados os motivos determinantes da aposentadoria. dentes do trabalho.
Artigo 192 - O funcionário ocupante de cargo em comissão
poderá ser aposentado, nas condições do artigo anterior, desde que SEÇÃO IV
preencha os requisitos do art. 227. Da Licença à Funcionária Gestante
Artigo 193 - A licença para tratamento de saúde dependerá de
inspeção médica oficial e poderá ser concedida: (NR) Artigo 198 - À funcionária gestante será concedida licença
I - a pedido do funcionário; (NR) de 180 (cento e oitenta) dias com vencimento ou remuneração,
II - “ex officio”. (NR) observado o seguinte: (NR)
§ 1º - A inspeção médica de que trata o “caput” deste arti- I - a licença poderá ser concedida a partir da 32ª (trigésima se-
go poderá ser dispensada, a critério do órgão oficial, quando a gunda) semana de gestação, mediante documentação médica que
análise documental for suficiente para comprovar a incapaci- comprove a gravidez e a respectiva idade gestacional; (NR).
dade laboral, observado o estabelecido em decreto. (NR) - Artigo 198, “caput” e Inciso I com redação dada pela Lei
§ 2º - A licença “ex officio” de que trata o inciso II deste complementar nº 1.196, de 27/02/2013.
artigo será concedida por decisão do órgão oficial: (NR) II - ocorrido o parto, sem que tenha sido requerida a licença,
1 - quando as condições de saúde do funcionário assim o de- será esta concedida mediante a apresentação da certidão de nasci-
terminarem; (NR) mento e vigorará a partir da data do evento, podendo retroagir até
2 - a pedido do órgão de origem do funcionário. (NR) 15 (quinze) dias; (NR)

Didatismo e Conhecimento 150


NOÇÕES DE DIREITO
III - durante a licença, cometerá falta grave a servidora que § 1º - Poderá ser negada a licença quando o afastamento
exercer qualquer atividade remunerada ou mantiver a criança em do funcionário for inconveniente ao interesse do serviço.
creche ou organização similar; (NR) § 2º - O funcionário deverá aguardar em exercício a con-
Parágrafo único - No caso de natimorto, será concedida a li- cessão da licença.
cença para tratamento de saúde, a critério médico, na forma pre- § 3º - A licença poderá ser gozada parceladamente a juí-
vista no artigo 193. (NR) zo da Administração, desde que dentro do período de 3 (três)
- Incisos II,III e parágrafo único com redação dada pela Lei anos.
complementar nº 1.054, de 07/07/2008. § 4º - O funcionário poderá desistir da licença, a qualquer
tempo, reassumindo o exercício em seguida.
SEÇÃO V Artigo 203 - Não será concedida licença para tratar de interes-
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família ses particulares ao funcionário nomeado, removido ou transferido,
antes de assumir o exercício do cargo.
Artigo 199 - O funcionário poderá obter licença, por motivo Artigo 204 - Só poderá ser concedida nova licença depois de
de doença do cônjuge e de parentes até segundo grau. (NR) decorridos 5 (cinco) anos do término da anterior.
§ 1º - Provar-se-á a doença em inspeção médica na forma
prevista no artigo 193. (NR) SEÇÃO VIII
§ 2º - A licença de que trata este artigo será concedida com Da Licença à Funcionária Casada com Funcionário ou
vencimentos ou remuneração até 1 (um) mês e com os seguin- Militar
tes descontos: (NR)
1 - de 1/3 (um terço), quando exceder a 1 (um) mês até 3 Artigo 205 - A funcionária casada com funcionário estadual
(três); (NR) ou com militar terá direito à licença, sem vencimento ou remune-
2 - 2/3 (dois terços), quando exceder a 3 (três) até 6 (seis); ração, quando o marido for mandado servir, independentemente
(NR) de solicitação, em outro ponto do Estado ou do território nacional
3 - sem vencimento ou remuneração do sétimo ao vigésimo ou no estrangeiro.
mês. (NR) Parágrafo único - A licença será concedida mediante pedido
§ 3º - Para os efeitos do § 2º deste artigo, serão somadas devidamente instruído e vigorará pelo tempo que durar a comissão
as licenças concedidas durante o período de 20 (vinte) meses, ou a nova função do marido.
contado da primeira concessão. (NR)
- Artigo 199 com redação dada pela Lei Complementar nº
SEÇÃO IX
1.123, de 01/07/2010.
Da Licença Compulsória
SEÇÃO VI
Artigo 206 - O funcionário, ao qual se possa atribuir a con-
Da Licença para Atender a Obrigações Concernentes ao
dição de fonte de infecção de doença transmissível, poderá ser
Serviço Militar
licenciado, enquanto durar essa condição, a juízo de autoridade
Artigo 200 - Ao funcionário que for convocado para o serviço sanitária competente, e na forma prevista no regulamento.
militar e outros encargos da segurança nacional, será concedida Artigo 207 - Verificada a procedência da suspeita, o funcioná-
licença sem vencimento ou remuneração. rio será licenciado para tratamento de saúde na forma prevista no
§ 1º - A licença será concedida mediante comunicação do art. 191, considerando-se incluídos no período da licença os dias
funcionário ao chefe da repartição ou do serviço, acompanha- de licenciamento compulsório.
da de documentação oficial que prove a incorporação. Artigo 208 - Quando não positivada a moléstia, deverá o fun-
§ 2º - O funcionário desincorporado reassumirá imedia- cionário retornar ao serviço, considerando -se como de efetivo
tamente o exercício, sob pena de demissão por abandono do exercício para todos os efeitos legais, o período de licença com-
cargo, se a ausência exceder a 30 (trinta) dias. pulsória.
§ 3º - Quando a desincorporação se verificar em lugar di-
verso do da sede, os prazos para apresentação serão os previs- SEÇÃO X
tos no art. 60. Da licença-prêmio
Artigo 201 - Ao funcionário que houver feito curso para ser
admitido como oficial da reserva das Forças Armadas, será tam- Artigo 209 - O funcionário terá direito, como prêmio de as-
bém concedida licença sem vencimento ou remuneração, durante siduidade, à licença de 90 (noventa) dias em cada período de 5
os estágios prescritos pelos regulamentos militares. (cinco) anos de exercício ininterrupto, em que não haja sofrido
qualquer penalidade administrativa.
SEÇÃO VII Parágrafo único - O período da licença será considerado de
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares efetivo exercício para todos os efeitos legais, e não acarretará des-
conto algum no vencimento ou remuneração.
Artigo 202 - Depois de 5 (cinco) anos de exercício, o funcio- Artigo 210 - Para fins da licença prevista nesta Seção, não se
nário poderá obter licença, sem vencimento ou remuneração, para consideram interrupção de exercício:
tratar de interesses particulares, pelo prazo máximo de 2 (dois) I - os afastamentos enumerados no art. 78, excetuado o pre-
anos. visto no item X; e

Didatismo e Conhecimento 151


NOÇÕES DE DIREITO
II - as faltas abonadas, as justificadas e os dias de licença a CAPÍTULO IV
que se referem os itens I e IV do art. 181 desde que o total de todas Da Disponibilidade
essas ausências não exceda o limite máximo de 30 (trinta) dias, no
período de 5 (cinco) anos. Artigo 219 - O funcionário poderá ser posto em disponibili-
Artigo 211 - Revogado. dade remunerada:
- Artigo 211 revogado pela Lei Complementar nº 318, de I - no caso previsto no § 2º do art. 31; e
10/03/1983. II - quando, tendo adquirido estabilidade, o cargo for extinto
Artigo 212 - A licença-prêmio será concedida mediante certi- por lei.
dão de tempo de serviço, independente de requerimento do funcio- Parágrafo único - O funcionário ficará em disponibilidade até
nário, e será publicada no Diário Oficial do Estado, nos termos da o seu obrigatório aproveitamento em cargo equivalente.
legislação em vigor. (NR) Artigo 220 - O provento da disponibilidade não poderá ser
- Artigo 212 com redação dada pela Lei Complementar nº superior ao vencimento ou remuneração e vantagens percebidos
1048, de 10/06/2008. pelo funcionário.
Artigo 213 - O funcionário poderá requerer o gozo da licen- Artigo 221 - Qualquer alteração do vencimento ou remune-
ça-prêmio: (NR) ração e vantagens percebidas pelo funcionário em virtude de me-
I - por inteiro ou em parcelas não inferiores a 15 (quinze) dias; dida geral, será extensiva ao provento do disponível, na mesma
(NR) proporção.
II - até o implemento das condições para a aposentadoria vo-
luntária. (NR) CAPÍTULO V
§ 1º - Caberá à autoridade competente: (NR) Da Aposentadoria
1 - adotar, após manifestação do chefe imediato, sem prejuízo
para o serviço, as medidas necessárias para que o funcionário pos- Artigo 222 - O funcionário será aposentado:
sa gozar a licença-prêmio a que tenha direito; (NR) I - por invalidez;
2 - decidir, após manifestação do chefe imediato, observada a II - compulsoriamente, aos 70 (setenta) anos; e
opção do funcionário e respeitado o interesse do serviço, pelo gozo III - voluntariamente, após 35 (trinta e cinco) anos de serviço.
da licença-prêmio por inteiro ou parceladamente. (NR) § 1º - No caso do item III, o prazo é reduzido a 30 (trinta)
§ 2º - A apresentação de pedido de passagem à inativida- anos para as mulheres.
de, sem a prévia e oportuna apresentação do requerimento de § 2º - Os limites de idade e de tempo de serviço para a
gozo, implicará perda do direito à licença-prêmio. (NR) aposentadoria poderão ser reduzidos, nos termos do parágrafo
- Artigo 213 com redação dada pela Lei Complementar nº único do art. 94 da Constituição do Estado de São Paulo.
1.048, de 10/06/2008. Artigo 223 - A aposentadoria prevista no item I do artigo an-
Artigo 214 - O funcionário deverá aguardar em exercício a terior, só será concedida, após a comprovação da invalidez do fun-
apreciação do requerimento de gozo da licença-prêmio. (NR) cionário, mediante inspeção de saúde realizada em órgão médico
Parágrafo único - O gozo da licença-prêmio dependerá de oficial.
novo requerimento, caso não se inicie em até 30 (trinta) dias con- Artigo 224 - A aposentadoria compulsória prevista no item II
tados da publicação do ato que o houver autorizado. (NR) do art. 222 é automática.
- Artigo 214 com redação dada pela Lei Complementar nº Parágrafo único - O funcionário se afastará no dia imediato
1.048, de 10/06/2008. àquele em que atingir a idade limite, independentemente da publi-
Artigo 215 - Revogado. cação do ato declaratório da aposentadoria.
- Artigo 215 revogado pela Lei Complementar nº 644, de Artigo 225 - O funcionário em disponibilidade poderá ser
26/12/1989. aposentado nos termos do art. 222.
Artigo 216 - Revogado. Artigo 226 - O provento da aposentadoria será:
- Artigo 216 revogado pela Lei Complementar nº 644, de I - igual ao vencimento ou remuneração e demais vantagens
26/12/1989. pecuniárias incorporadas para esse efeito:
1 - quando o funcionário, do sexo masculino, contar 35 (trinta
e cinco) anos de serviço e do sexo feminino, 30 (trinta) anos; e
CAPÍTULO III 2 - quando ocorrer a invalidez.
Da Estabilidade II - proporcional ao tempo de serviço, nos demais casos.
Artigo 227 - As disposições dos itens I e II do art. 222 apli-
Artigo 217 - É assegurada a estabilidade somente ao funcio- cam-se ao funcionário ocupante de cargo em comissão, que contar
nário que, nomeado por concurso, contar mais de 2 (dois) anos de mais de 15 (quinze) anos de exercício ininterrupto nesse cargo,
efetivo exercício. seja ou não ocupante de cargo de provimento efetivo.
Artigo 218 - O funcionário estável só poderá ser demitido em Artigo 228 - A aposentadoria prevista no item III do art. 222
virtude de sentença judicial ou mediante processo administrativo, produzirá efeito a partir da publicação do ato no “Diário Oficial”.
assegurada ampla defesa. Artigo 229 - O pagamento dos proventos a que tiver direito o
Parágrafo único - A estabilidade diz respeito ao serviço pú- aposentado deverá iniciar-se no mês seguinte ao em que cessar a
blico e não ao cargo, ressalvando-se à Administração o direito de percepção do vencimento ou remuneração.
aproveitar o funcionário em outro cargo de igual padrão, de acordo Artigo 230 - O provento do aposentado só poderá sofrer des-
com as suas aptidões. contos autorizados em lei.

Didatismo e Conhecimento 152


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 231 - O provento da aposentadoria não poderá ser su- TÍTULO VI
perior ao vencimento ou remuneração e demais vantagens perce- DOS DEVERES, DAS PROIBIÇÕES E DAS
bidas pelo funcionário. RESPONSABILIDADES
Artigo 232 - Qualquer alteração do vencimento ou remune-
ração e vantagens percebidas pelo funcionário em virtude de me- CAPÍTULO I
dida geral, será extensiva ao provento do aposentado, na mesma Dos Deveres e das Proibições
proporção.
SEÇÃO I
CAPÍTULO VI Dos Deveres
Da Assistência ao Funcionário
Artigo 241 - São deveres do funcionário:
Artigo 233 - Nos trabalhos insalubres executados pelos fun- I - ser assíduo e pontual;
cionários, o Estado é obrigado a fornecer-lhes gratuitamente equi- II - cumprir as ordens superiores, representando quando forem
pamentos de proteção à saúde. manifestamente ilegais;
Parágrafo único - Os equipamentos aprovados por órgão com- III - desempenhar com zelo e presteza os trabalhos de que for
petente, serão de uso obrigatório dos funcionários, sob pena de incumbido;
suspensão. IV - guardar sigilo sobre os assuntos da repartição e, especial-
Artigo 234 - Ao funcionário é assegurado o direito de remoção mente, sobre despachos, decisões ou providências;
para igual cargo no local de residência do cônjuge, se este também V - representar aos superiores sobre todas as irregularidades
for funcionário e houver vaga. de que tiver conhecimento no exercício de suas funções;
Artigo 235 - Havendo vaga na sede do exercício de ambos VI - tratar com urbanidade as pessoas; (NR)
os cônjuges, a remoção poderá ser feita para o local indicado por - Inciso VI com redação dada pela Lei Complementar nº
qualquer deles, desde que não prejudique o serviço. 1.096, de 24/09/2009.
Artigo 236 - Somente será concedida nova remoção por união VII - residir no local onde exerce o cargo ou, onde autorizado;
VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem, no as-
de cônjuges ao funcionário que for removido a pedido para outro
sentamento individual, a sua declaração de família;
local, após transcorridos 5 (cinco) anos.
IX - zelar pela economia do material do Estado e pela conser-
Artigo 237 - Considera-se local, para os fins dos arts. 234 a
vação do que for confiado à sua guarda ou utilização;
236, o município onde o cônjuge tem sua residência.
X - apresentar -se convenientemente trajado em serviço ou
Artigo 238 - O ato que remover ou transferir o funcionário
com uniforme determinado, quando for o caso;
estudante de uma para outra cidade ficará suspenso se, na nova
XI - atender prontamente, com preferência sobre qualquer ou-
sede, não existir estabelecimento congênere, oficial, reconhecido tro serviço, às requisições de papéis, documentos, informações ou
ou equiparado àquele em que o interessado esteja matriculado. providências que lhe forem feitas pelas autoridades judiciárias ou
§ 1º - Efetivar-se-á a transferência, se o funcionário con- administrativas, para defesa do Estado, em Juízo;
cluir o curso, deixar de cursá-lo ou for reprovado durante 2 XII - cooperar e manter espírito de solidariedade com os com-
(dois) anos. panheiros de trabalho,
§ 2º - Anualmente, o interessado deverá fazer prova, pe- XIII - estar em dia com as leis, regulamentos, regimentos, ins-
rante a repartição a que esteja subordinado, de que está fre- truções e ordens de serviço que digam respeito às suas funções; e
quentando regularmente o curso em que estiver matriculado. XIV - proceder na vida pública e privada na forma que digni-
fique a função pública.
CAPÍTULO VII
Do Direito de Petição SEÇÃO II
Das Proibições
Artigo 239 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídi-
ca, independentemente de pagamento, o direito de petição contra Artigo 242 - Ao funcionário é proibido:
ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de direitos. (NR) I - Revogado.
§ 1º - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, erro, - Inciso I revogado pela Lei Complementar nº 1.096, de
omissão ou conduta incompatível no serviço público.(NR) 24/09/2009.
§ 2º - Em nenhuma hipótese, a Administração poderá re- II - retirar, sem prévia permissão da autoridade competente,
cusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição, sob qualquer documento ou objeto existente na repartição;
pena de responsabilidade do agente. (NR) III - entreter-se, durante as horas de trabalho, em palestras,
- Artigo 239 com redação dada pela Lei Complementar n° leituras ou outras atividades estranhas ao serviço;
942, de 06/06/2003. IV - deixar de comparecer ao serviço sem causa justificada;
Artigo 240 - Ao servidor é assegurado o direito de requerer ou V - tratar de interesses particulares na repartição;
representar, bem como, nos termos desta lei complementar, pedir VI - promover manifestações de apreço ou desapreço dentro
reconsideração e recorrer de decisões, no prazo de 30 (trinta) dias, da repartição, ou tornar-se solidário com elas;
salvo previsão legal específica. (NR) VII - exercer comércio entre os companheiros de serviço, pro-
- Artigo 240 com redação dada pela Lei Complementar n° mover ou subscrever listas de donativos dentro da repartição; e
942, de 06/06/2003. VIII - empregar material do serviço público em serviço par-
ticular.

Didatismo e Conhecimento 153


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 243 - É proibido ainda, ao funcionário: III - pela falta ou inexatidão das necessárias averbações nas
I - fazer contratos de natureza comercial e industrial com o notas de despacho, guias e outros documentos da receita, ou que
Governo, por si, ou como representante de outrem; tenham com eles relação; e
II - participar da gerência ou administração de empresas ban- IV - por qualquer erro de cálculo ou redução contra a Fazenda
cárias ou industriais, ou de sociedades comerciais, que mantenham Estadual.
relações comerciais ou administrativas com o Governo do Estado, Artigo 246 - O funcionário que adquirir materiais em desacor-
sejam por este subvencionadas ou estejam diretamente relaciona- do com disposições legais e regulamentares, será responsabilizado
das com a finalidade da repartição ou serviço em que esteja lotado; pelo respectivo custo, sem prejuízo das penalidades disciplinares
III - requerer ou promover a concessão de privilégios, garan- cabíveis, podendo-se proceder ao desconto no seu vencimento ou
tias de juros ou outros favores semelhantes, federais, estaduais ou remuneração.
municipais, exceto privilégio de invenção própria; Artigo 247 - Nos casos de indenização à Fazenda Estadual, o
IV - exercer, mesmo fora das horas de trabalho, emprego ou funcionário será obrigado a repor, de uma só vez, a importância
função em empresas, estabelecimentos ou instituições que tenham do prejuízo causado em virtude de alcance, desfalque, remissão
relações com o Governo, em matéria que se relacione com a finali- ou omissão em efetuar recolhimento ou entrada nos prazos legais.
Artigo 248 - Fora dos casos incluídos no artigo anterior, a im-
dade da repartição ou serviço em que esteja lotado;
portância da indenização poderá ser descontada do vencimento ou
V - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autoriza-
remuneração não excedendo o desconto à 10ª (décima) parte do
ção do Presidente da República;
valor destes.
VI - comerciar ou ter parte em sociedades comerciais nas con- Parágrafo único - No caso do item IV do parágrafo único do
dições mencionadas no item II deste artigo, podendo, em qualquer art. 245, não tendo havido má-fé, será aplicada a pena de repreen-
caso, ser acionista, quotista ou comanditário; são e, na reincidência, a de suspensão.
VII - incitar greves ou a elas aderir, ou praticar atos de sabota- Artigo 249 - Será igualmente responsabilizado o funcionário
gem contra o serviço público; que, fora dos casos expressamente previstos nas leis, regulamen-
VIII - praticar a usura; tos ou regimentos, cometer a pessoas estranhas às repartições, o
IX - constituir-se procurador de partes ou servir de interme- desempenho de encargos que lhe competirem ou aos seus subor-
diário perante qualquer repartição pública, exceto quando se tratar dinados.
de interesse de cônjuge ou parente até segundo grau;
X - receber estipêndios de firmas fornecedoras ou de entida- Artigo 250 - A responsabilidade administrativa não exime
des fiscalizadas, no País, ou no estrangeiro, mesmo quando estiver o funcionário da responsabilidade civil ou criminal que no caso
em missão referente à compra de material ou fiscalização de qual- couber, nem o pagamento da indenização a que ficar obrigado, na
quer natureza; forma dos arts. 247 e 248, o exame da pena disciplinar em que
XI - valer-se de sua qualidade de funcionário para desempe- incorrer.
nhar atividade estranha às funções ou para lograr, direta ou indire- § 1º - A responsabilidade administrativa é independente da
tamente, qualquer proveito; e civil e da criminal.(NR)
XII - fundar sindicato de funcionários ou deles fazer parte. § 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo que
Parágrafo único — Não está compreendida na proibição dos ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servi-
itens II e VI deste artigo, a participação do funcionário em socie- dor absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação do
dades em que o Estado seja acionista, bem assim na direção ou ge- trânsito em julgado de decisão que negue a existência de sua
rência de cooperativas e associações de classe, ou como seu sócio. autoria ou do fato que deu origem à sua demissão.(NR)
Artigo 244 - É vedado ao funcionário trabalhar sob as ordens § 3º - O processo administrativo só poderá ser sobrestado
imediatas de parentes, até segundo grau, salvo quando se tratar para aguardar decisão judicial por despacho motivado da au-
de função de confiança e livre escolha, não podendo exceder a 2 toridade competente para aplicar a pena.(NR)
- §§ 1º ao 3º acrescentados pela Lei Complementar n° 942,
(dois) o número de auxiliares nessas condições.
de 06/06/2003.
CAPÍTULO II
TÍTULO VII
Das Responsabilidades
DAS PENALIDADES, DA EXTINÇÃO DA PUNIBILI-
Artigo 245 - O funcionário é responsável por todos os prejuí- DADE E DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES (NR)
zos que, nessa qualidade, causar à Fazenda Estadual, por dolo ou
culpa, devidamente apurados. -
Parágrafo único - Caracteriza-se especialmente a responsabi- Título VII com redação dada pela Lei Complementar n°
lidade: 942, de 06/06/2003
I - pela sonegação de valores e objetos confiados à sua guar-
da ou responsabilidade, ou por não prestar contas, ou por não as CAPÍTULO I
tomar, na forma e no prazo estabelecidos nas leis, regulamentos, Das Penalidades e de sua Aplicação
regimentos, instruções e ordens de serviço;
II - pelas faltas, danos, avarias e quaisquer outros prejuízos Artigo 251 - São penas disciplinares:
que sofrerem os bens e os materiais sob sua guarda, ou sujeitos a I - repreensão;
seu exame ou fiscalização; II - suspensão;

Didatismo e Conhecimento 154


NOÇÕES DE DIREITO
III - multa; XI - praticar ato definido como crime hediondo, tortura, tráfi-
IV - demissão; co ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo; (NR)
V - demissão a bem do serviço público; e XII - praticar ato definido como crime contra o Sistema Fi-
VI - cassação de aposentadoria ou disponibilidade nanceiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores;
Artigo 252 - Na aplicação das penas disciplinares serão con- (NR)
sideradas a natureza e a gravidade da infração e os danos que dela XIII - praticar ato definido em lei como de improbidade.(NR)
provierem para o serviço público. - Incisos XI ao XIII acrescentados pela Lei Complementar n°
Artigo 253 - A pena de repreensão será aplicada por escrito, 942, de 06/06/2003.
nos casos de indisciplina ou falta de cumprimento dos deveres. Artigo 258 - O ato que demitir o funcionário mencionará sem-
Artigo 254 - A pena de suspensão, que não excederá de 90 pre a disposição legal em que se fundamenta.
(noventa) dias, será aplicada em caso de falta grave ou de reinci- Artigo 259 - Será aplicada a pena de cassação de aposentado-
dência. ria ou disponibilidade, se ficar provado que o inativo:
§ 1º - O funcionário suspenso perderá todas as vantagens I - praticou, quando em atividade, falta grave para a qual é
e direitos decorrentes do exercício do cargo. cominada nesta lei a pena de demissão ou de demissão a bem do
§ 2º - A autoridade que aplicar a pena de suspensão poderá serviço público;
converter essa penalidade em multa, na base de 50% (cinquen- II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
ta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, sendo III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem prévia
o funcionário, nesse caso, obrigado a permanecer em serviço. autorização do Presidente da República; e
Artigo 255 - A pena de multa será aplicada na forma e nos IV - praticou a usura em qualquer de suas formas.
casos expressamente previstos em lei ou regulamento. Artigo 260 - Para aplicação das penalidades previstas no arti-
Artigo 256 - Será aplicada a pena de demissão nos casos de: go 251, são competentes: (NR)
I - abandono de cargo; I - o Governador; (NR)
II - procedimento irregular, de natureza grave; II - os Secretários de Estado, o Procurador Geral do Estado e
III - ineficiência no serviço; os Superintendentes de Autarquia; (NR)
IV - aplicação indevida de dinheiros públicos, e III - os Chefes de Gabinete, até a de suspensão; (NR)
V - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de IV - os Coordenadores, até a de suspensão limitada a 60 (ses-
45 (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante 1 (um) ano. senta) dias; e (NR)
§ 1º - Considerar-se-á abandono de cargo, o não compa- V - os Diretores de Departamento e Divisão, até a de suspen-
recimento do funcionário por mais de (30) dias consecutivos são limitada a 30 (trinta) dias. (NR)
ex-vi do art. 63. Parágrafo único - Havendo mais de um infrator e diversidade
§ 2º - A pena de demissão por ineficiência no serviço, só de sanções, a competência será da autoridade responsável pela im-
será aplicada quando verificada a impossibilidade de readap- posição da penalidade mais grave. (NR)
tação. - Artigo 260 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 257 - Será aplicada a pena de demissão a bem do servi- 942, de 06/06/2003.
ço público ao funcionário que: Artigo 261 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição: (NR)
I - for convencido de incontinência pública e escandalosa e de I - da falta sujeita à pena de repreensão, suspensão ou multa,
vício de jogos proibidos; em 2 (dois) anos; (NR)
II - praticar ato definido como crime contra a administração II - da falta sujeita à pena de demissão, de demissão a bem do
pública, a fé pública e a Fazenda Estadual, ou previsto nas leis serviço público e de cassação da aposentadoria ou disponibilidade,
relativas à segurança e à defesa nacional; (NR) em 5 (cinco) anos; (NR)
- Inciso II com redação dada pela Lei Complementar n° 942, III - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo de
de 06/06/2003. prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 (cinco)
III - revelar segredos de que tenha conhecimento em razão do anos. (NR)
cargo, desde que o faça dolosamente e com prejuízo para o Estado § 1º - A prescrição começa a correr: (NR)
ou particulares; 1 - do dia em que a falta for cometida; (NR)
IV - praticar insubordinação grave; 2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a permanên-
V - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcionários ou cia, nas faltas continuadas ou permanentes. (NR)
particulares, salvo se em legítima defesa; § 2º - Interrompem a prescrição a portaria que instaura
VI - lesar o patrimônio ou os cofres públicos; sindicância e a que instaura processo administrativo.(NR)
VII - receber ou solicitar propinas, comissões, presentes ou § 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR)
vantagens de qualquer espécie, diretamente ou por intermédio de 1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da pena
outrem, ainda que fora de suas funções mas em razão delas; efetivamente aplicada; (NR)
VIII - pedir, por empréstimo, dinheiro ou quaisquer valores 2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena em tese
a pessoas que tratem de interesses ou o tenham na repartição, ou cabível. (NR)
estejam sujeitos à sua fiscalização; § 4º - A prescrição não corre: (NR)
IX - exercer advocacia administrativa; e 1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para aguar-
X - apresentar com dolo declaração falsa em matéria de salá- dar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo 250; (NR)
rio-família, sem prejuízo da responsabilidade civil e de procedi- 2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser
mento criminal, que no caso couber. restabelecido. (NR)

Didatismo e Conhecimento 155


NOÇÕES DE DIREITO
§ 5º - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade § 1º - A autoridade que determinar a instauração ou presi-
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos dir sindicância ou processo administrativo poderá representar
individuais do servidor. (NR) ao Chefe de Gabinete para propor a aplicação das medidas pre-
§ 6º - A decisão que reconhecer a existência de prescrição vistas neste artigo, bem como sua cessação ou alteração. (NR)
deverá desde logo determinar, quando for o caso, as providên- § 2º - O Chefe de Gabinete poderá, a qualquer momento,
cias necessárias à apuração da responsabilidade pela sua ocor- por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as medidas
rência. (NR) previstas neste artigo. (NR)
- Artigo 261 com redação dada pela Lei Complementar n° - Artigo 266 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
942, de 06/06/2003. de 06/06/2003.
Artigo 262 - O funcionário que, sem justa causa, deixar de Artigo 267 - O período de afastamento preventivo computa-se
atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja marcado como de efetivo exercício, não sendo descontado da pena de suspen-
prazo certo, terá suspenso o pagamento de seu vencimento ou re- são eventualmente aplicada. (NR)
muneração até que satisfaça essa exigência. - Artigo 267 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
Parágrafo único - Aplica-se aos aposentados ou em disponibi- de 06/06/2003.
lidade o disposto neste artigo.
Artigo 263 - Deverão constar do assentamento individual do TÍTULO VIII
funcionário todas as penas que lhe forem impostas. DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR (NR)

CAPÍTULO II CAPÍTULO I
Das Providências Preliminares (NR) Das Disposições Gerais (NR)
- Capítulo II com redação dada pela Lei Complementar -
n° 942, de 06/06/2003 Título VIII e Capítulo I com redação dada pela Lei Com-
plementar n° 942, de 06/06/2003.
Artigo 264 - A autoridade que, por qualquer meio, tiver co-
nhecimento de irregularidade praticada por servidor é obrigada a Artigo 268 - A apuração das infrações será feita mediante sin-
adotar providências visando à sua imediata apuração, sem prejuízo dicância ou processo administrativo, assegurados o contraditório e
das medidas urgentes que o caso exigir. (NR) a ampla defesa. (NR)
- Artigo 264 com redação dada pela Lei Complementar n° - Artigo 268 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
942, de 06/06/2003. de 06/06/2003.
Artigo 265 - A autoridade realizará apuração preliminar, de Artigo 269 - Será instaurada sindicância quando a falta disci-
natureza simplesmente investigativa, quando a infração não esti- plinar, por sua natureza, possa determinar as penas de repreensão,
ver suficientemente caracterizada ou definida autoria. (NR) suspensão ou multa. (NR)
§ 1º - A apuração preliminar deverá ser concluída no pra- - Artigo 269 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
zo de 30 (trinta) dias. (NR) de 06/06/2003.
§ 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade Artigo 270 - Será obrigatório o processo administrativo quando
deverá imediatamente encaminhar ao Chefe de Gabinete re- a falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar as penas de
latório das diligências realizadas e definir o tempo necessário demissão, de demissão a bem do serviço público e de cassação de
para o término dos trabalhos. (NR) aposentadoria ou disponibilidade. (NR)
§ 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade de- - Artigo 270 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
verá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela de 06/06/2003.
instauração de sindicância ou de processo administrativo. (NR) Artigo 271 - Os procedimentos disciplinares punitivos serão
- Artigo 265 com redação dada pela Lei Complementar n° realizados pela Procuradoria Geral do Estado e presididos por Pro-
942, de 06/06/2003. curador do Estado confirmado na carreira. (NR)
Artigo 266 - Determinada a instauração de sindicância ou pro- - Artigo 271 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
cesso administrativo, ou no seu curso, havendo conveniência para de 06/06/2003.
a instrução ou para o serviço, poderá o Chefe de Gabinete, por
despacho fundamentado, ordenar as seguintes providências: (NR) CAPÍTULO II
I - afastamento preventivo do servidor, quando o recomendar Da Sindicância
a moralidade administrativa ou a apuração do fato, sem prejuízo de
vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogá- Artigo 272 - São competentes para determinar a instauração de
veis uma única vez por igual período; (NR) sindicância as autoridades enumeradas no artigo 260. (NR)
II - designação do servidor acusado para o exercício de ativi- Parágrafo único - Instaurada a sindicância, o Procurador do Es-
dades exclusivamente burocráticas até decisão final do procedi- tado que a presidir comunicará o fato ao órgão setorial de pessoal.
mento; (NR) (NR)
III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e - Artigo 272 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
algemas; (NR) de 06/06/2003.
IV - proibição do porte de armas; (NR) Artigo 273 - Aplicam-se à sindicância as regras previstas nesta
V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser esta- lei complementar para o processo administrativo, com as seguintes
belecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. (NR) modificações: (NR)

Didatismo e Conhecimento 156


NOÇÕES DE DIREITO
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão arrolar até 3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, que
3 (três) testemunhas; (NR) deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado; (NR)
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 (ses- 4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por advo-
senta) dias; (NR) gado dativo, caso não constitua advogado próprio; (NR)
III - com o relatório, a sindicância será enviada à autoridade 5 - informação de que o acusado poderá arrolar testemunhas
competente para a decisão. (NR) e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a data designada
- Artigo 273 com redação dada pela Lei Complementar n° para seu interrogatório; (NR)
942, de 06/06/2003. 6 - advertência de que o processo será extinto se o acusado pe-
dir exoneração até o interrogatório, quando se tratar exclusivamen-
CAPÍTULO III te de abandono de cargo ou função, bem como inassiduidade. (NR)
Do Processo Administrativo (NR) § 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no mí-
- Capítulo III com redação dada pela Lei Complementar nimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio do
n° 942, de 06/06/2003. respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde possa
ser encontrado. (NR)
Artigo 274 - São competentes para determinar a instauração § 3º - Não sendo encontrado em seu local de trabalho ou no
de processo administrativo as autoridades enumeradas no artigo endereço constante de seu assentamento individual, furtando-
260, até o inciso IV, inclusive. (NR) se o acusado à citação ou ignorando-se seu paradeiro, a cita-
- Artigo 274 com redação dada pela Lei Complementar n° ção far-se-á por edital, publicado uma vez no Diário Oficial do
942, de 06/06/2003. Estado, no mínimo 10 (dez) dias antes do interrogatório. (NR)
Artigo 275 - Não poderá ser encarregado da apuração, nem - Artigo 278 com redação dada pela Lei Complementar n°
atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente consan- 942, de 06/06/2003.
guíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau in- Artigo 279 - Havendo denunciante, este deverá prestar decla-
clusive, cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do núcleo rações, no interregno entre a data da citação e a fixada para o inter-
familiar do denunciante ou do acusado, bem assim o subordinado rogatório do acusado, sendo notificado para tal fim. (NR)
deste. (NR) § 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada
- Artigo 275 com redação dada pela Lei Complementar n° pelo advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR)
942, de 06/06/2003. § 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denunciante;
Artigo 276 - A autoridade ou o funcionário designado deverão antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência das decla-
comunicar, desde logo, à autoridade competente, o impedimento rações que aquele houver prestado. (NR)
que houver. (NR) - Artigo 279 com redação dada pela Lei Complementar n°
- Artigo 276 com redação dada pela Lei Complementar n° 942, de 06/06/2003.
942, de 06/06/2003. Artigo 280 - Não comparecendo o acusado, será, por despa-
Artigo 277 - O processo administrativo deverá ser instaurado cho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos demais atos e ter-
por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias do recebimen- mos do processo. (NR)
to da determinação, e concluído no de 90 (noventa) dias da citação - Artigo 280 com redação dada pela Lei Complementar n°
do acusado. (NR) 942, de 06/06/2003.
§ 1º - Da portaria deverão constar o nome e a identifica- Artigo 281 - Ao acusado revel será nomeado advogado dativo.
ção do acusado, a infração que lhe é atribuída, com descrição (NR)
sucinta dos fatos, a indicação das normas infringidas e a pena- - Artigo 281 com redação dada pela Lei Complementar n°
lidade mais elevada em tese cabível. (NR) 942, de 06/06/2003.
§ 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo, o Artigo 282 - O acusado poderá constituir advogado que o re-
Procurador do Estado que o presidir deverá imediatamente presentará em todos os atos e termos do processo. (NR)
encaminhar ao seu superior hierárquico relatório indicando as § 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir aos
providências faltantes e o tempo necessário para término dos atos e termos do processo, não sendo obrigatória qualquer no-
trabalhos. (NR) tificação. (NR)
§ 3º - O superior hierárquico dará ciência dos fatos a que § 2º - O advogado será intimado por publicação no Diário
se refere o parágrafo anterior e das providências que houver Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de inscri-
adotado à autoridade que determinou a instauração do pro- ção na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os dados
cesso. (NR) necessários à identificação do procedimento. (NR)
- Artigo 277 com redação dada pela Lei Complementar n° § 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou negan-
942, de 06/06/2003. do-se a constituir advogado, o presidente nomeará advogado
Artigo 278 - Autuada a portaria e demais peças preexistentes, dativo. (NR)
designará o presidente dia e hora para audiência de interrogatório, § 4º — O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir
determinando a citação do acusado e a notificação do denunciante, advogado para prosseguir na sua defesa. (NR)
se houver. (NR) - Artigo 282 com redação dada pela Lei Complementar n°
§ 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR) 942, de 06/06/2003.
1 - cópia da portaria; (NR) Artigo 283 - Comparecendo ou não o acusado ao interroga-
2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser acom- tório, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a produção de
panhado pelo advogado do acusado; (NR) provas, ou apresentá-las. (NR)

Didatismo e Conhecimento 157


NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º - O presidente e cada acusado poderão arrolar até 5 Artigo 288 - Em qualquer fase do processo, poderá o presi-
(cinco) testemunhas. (NR) dente, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar diligências
§ 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita exclusi- que entenda convenientes. (NR)
vamente por documentos, até as alegações finais. (NR) § 1º - As informações necessárias à instrução do processo
§ 3º - Até a data do interrogatório,será designada a audiên- serão solicitadas diretamente, sem observância de vinculação
cia de instrução. (NR) hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será juntada aos au-
- Artigo 283 com redação dada pela Lei Complementar n° 942, tos. (NR)
de 06/06/2003 § 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos ofi-
Artigo 284 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela or- ciais, o presidente os requisitará, observados os impedimentos
dem, as testemunhas arroladas pelo presidente e pelo acusado. (NR) do artigo 275. (NR)
Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu compa- - Artigo 288 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
recimento poderá ser solicitado ao respectivo superior imediato com de 06/06/2003.
as indicações necessárias. (NR) Artigo 289 - Durante a instrução, os autos do procedimento ad-
- Artigo 284 com redação dada pela Lei Complementar n° 942, ministrativo permanecerão na repartição competente. (NR)
de 06/06/2003. § 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, mediante
Artigo 285 - A testemunha não poderá eximir-se de depor, salvo simples solicitação, sempre que não prejudicar o curso do pro-
se for ascendente, descendente, cônjuge, ainda que legalmente sepa- cedimento. (NR)
rado, companheiro, irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou filho ado- § 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo para
tivo do acusado, exceto quando não for possível, por outro modo, manifestação do acusado ou para apresentação de recursos, me-
obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. (NR) diante publicação no Diário Oficial do Estado. (NR)
§ 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com o de- § 3º - Não corre o prazo senão depois da publicação a que se
nunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a exceção refere o parágrafo anterior e desde que os autos estejam efetiva-
deste artigo.(NR) mente disponíveis para vista. (NR)
§ 2º - Ao servidor que se recusar a depor, sem justa causa, § 4º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os autos
será pela autoridade competente adotada a providência a que se da repartição, mediante recibo, durante o prazo para manifesta-
refere o artigo 262, mediante comunicação do presidente. (NR) ção de seu representado, salvo na hipótese de prazo comum, de
§ 3º - O servidor que tiver de depor como testemunha fora processo sob regime de segredo de justiça ou quando existirem
da sede de seu exercício, terá direito a transporte e diárias na nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer
forma da legislação em vigor, podendo ainda expedir-se precató- circunstância relevante que justifique a permanência dos autos
ria para esse efeito à autoridade do domicílio do depoente. (NR) na repartição, reconhecida pela autoridade em despacho moti-
§ 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de vado. (NR)
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, - Artigo 289 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o de 06/06/2003.
seu testemunho. (NR) Artigo 290 - Somente poderão ser indeferidos pelo presidente,
- Artigo 285 com redação dada pela Lei Complementar n° 942, mediante decisão fundamentada, os requerimentos de nenhum in-
de 06/06/2003. teresse para o esclarecimento do fato, bem como as provas ilícitas,
Artigo 286 - A testemunha que morar em comarca diversa po- impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. (NR)
derá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua residência, expe- - Artigo 290 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
dindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, inti- de 06/06/2003.
mada a defesa. (NR) Artigo 291 - Quando, no curso do procedimento, surgirem fatos
§ 1º - Deverá constar da precatória a síntese da imputação e novos imputáveis ao acusado, poderá ser promovida a instauração
os esclarecimentos pretendidos, bem como a advertência sobre a de novo procedimento para sua apuração, ou, caso conveniente, adi-
necessidade da presença de advogado. (NR) tada a portaria, reabrindo-se oportunidade de defesa. (NR)
§ 2º - A expedição da precatória não suspenderá a instrução - Artigo 291 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
do procedimento. (NR) de 06/06/2003.
§ 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá pros- Artigo 292 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos au-
seguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma vez de- tos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, no prazo de 7
volvida, será juntada aos autos. (NR) (sete) dias. (NR)
- Artigo 286 com redação dada pela Lei Complementar n° 942, Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as alegações fi-
de 06/06/2003 nais, o presidente designará advogado dativo, assinando-lhe novo
Artigo 287 - As testemunhas arroladas pelo acusado compare- prazo. (NR)
cerão à audiência designada independente de notificação. (NR) - Artigo 292 com redação dada pela Lei Complementar n° 942,
§ 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoimento de 06/06/2003.
for relevante e que não comparecer espontaneamente. (NR) Artigo 293 - O relatório deverá ser apresentado no prazo de 10
§ 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá (dez) dias, contados da apresentação das alegações finais. (NR)
substituí-la, se quiser, levando na mesma data designada para a § 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada acu-
audiência outra testemunha, independente de notificação. (NR) sado, separadamente, as irregularidades imputadas, as provas
- Artigo 287 com redação dada pela Lei Complementar n° colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvição ou punição
942, de 06/06/2003. e indicando, nesse caso, a pena que entender cabível. (NR)

Didatismo e Conhecimento 158


NOÇÕES DE DIREITO
§ 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão de quais- - Artigo 302 com redação dada pela Lei Complementar n°
quer outras providências de interesse do serviço público. (NR) 942, de 06/06/2003.
- Artigo 293 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 303 - As autoridades responsáveis pela condução do
942, de 06/06/2003. processo administrativo e do inquérito policial se auxiliarão para
Artigo 294 - Relatado, o processo será encaminhado à autori- que os mesmos se concluam dentro dos prazos respectivos. (NR)
dade que determinou sua instauração. (NR) - Artigo 303 com redação dada pela Lei Complementar n°
- Artigo 294 com redação dada pela Lei Complementar n° 942, de 06/06/2003.
942, de 06/06/2003. Artigo 304 - Quando o ato atribuído ao funcionário for consi-
Artigo 295 - Recebendo o processo relatado, a autoridade que derado criminoso, serão remetidas à autoridade competente cópias
houver determinado sua instauração deverá, no prazo de 20 (vinte) autenticadas das peças essenciais do processo. (NR)
dias, proferir o julgamento ou determinar a realização de diligên- - Artigo 304 com redação dada pela Lei Complementar n°
cia, sempre que necessária ao esclarecimento de fatos. (NR) 942, de 06/06/2003.
- Artigo 295 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 305 - Não será declarada a nulidade de nenhum ato
942, de 06/06/2003. processual que não houver influído na apuração da verdade subs-
Artigo 296 - Determinada a diligência, a autoridade encar- tancial ou diretamente na decisão do processo ou sindicância. (NR)
regada do processo administrativo terá prazo de 15 (quinze) dias - Artigo 305 com redação dada pela Lei Complementar n°
para seu cumprimento, abrindo vista à defesa para manifestar-se 942, de 06/06/2003.
em 5 (cinco) dias. (NR) Artigo 306 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros meios
- Artigo 296 com redação dada pela Lei Complementar n° de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo no interesse
942, de 06/06/2003. da Administração, a juízo do Secretário de Estado ou do Procura-
Artigo 297 - Quando escaparem à sua alçada as penalidades e dor Geral do Estado. (NR)
providências que lhe parecerem cabíveis, a autoridade que deter- - Artigo 306 com redação dada pela Lei Complementar n°
minou a instauração do processo administrativo deverá propô-las, 942, de 06/06/2003.
justificadamente, dentro do prazo para julgamento, à autoridade Artigo 307 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercício,
competente. (NR) contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem cometimento
- Artigo 297 com redação dada pela Lei Complementar n° de nova infração, não mais poderá aquela ser considerada em pre-
942, de 06/06/2003. juízo do infrator, inclusive para efeito de reincidência. (NR)
Artigo 298 - A autoridade que proferir decisão determinará os Parágrafo único - A demissão e a demissão a bem do serviço
atos dela decorrentes e as providências necessárias a sua execução. público acarretam a incompatibilidade para nova investidura em
(NR) cargo, função ou emprego público, pelo prazo de 5 (cinco) e 10
- Artigo 298 com redação dada pela Lei Complementar n° (dez) anos, respectivamente. (NR)
942, de 06/06/2003. - Artigo 307 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 299 - As decisões serão sempre publicadas no Diário 942, de 06/06/2003.
Oficial do Estado, dentro do prazo de 8 (oito) dias, bem como aver-
badas no registro funcional do servidor. (NR) CAPÍTULO IV
- Artigo 299 com redação dada pela Lei Complementar n° Do Processo por Abandono do Cargo ou Função e por
942, de 06/06/2003. Inassiduidade (NR)
Artigo 300 - Terão forma processual resumida, quando pos- - Capítulo IV com redação dada pela Lei Complementar
sível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais sejam: au- n° 942, de 06/06/2003.
tuação, juntada, conclusão, intimação, data de recebimento, bem
como certidões e compromissos. (NR) Artigo 308 - Verificada a ocorrência de faltas ao serviço que
§ 1º - Toda e qualquer juntada aos autos se fará na ordem caracterizem abandono de cargo ou função, bem como inassidui-
cronológica da apresentação, rubricando o presidente as fo- dade, o superior imediato comunicará o fato à autoridade compe-
lhas acrescidas. (NR) tente para determinar a instauração de processo disciplinar, ins-
§ 2º - Todos os atos ou decisões, cujo original não conste do truindo a representação com cópia da ficha funcional do servidor e
processo, nele deverão figurar por cópia. (NR) atestados de frequência. (NR)
- Artigo 300 com redação dada pela Lei Complementar n° - Artigo 308 com redação dada pela Lei Complementar n°
942, de 06/06/2003. 942, de 06/06/2003.
Artigo 301 - Constará sempre dos autos da sindicância ou do Artigo 309 - Não será instaurado processo para apurar aban-
processo a folha de serviço do indiciado. (NR) dono de cargo ou função, bem como inassiduidade, se o servidor
- Artigo 301 com redação dada pela Lei Complementar n° tiver pedido exoneração. (NR)
942, de 06/06/2003. - Artigo 309 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 302 - Quando ao funcionário se imputar crime, pra- 942, de 06/06/2003.
ticado na esfera administrativa, a autoridade que determinou a Artigo 310 - Extingue-se o processo instaurado exclusivamen-
instauração do processo administrativo providenciará para que se te para apurar abandono de cargo ou função, bem como inassidui-
instaure, simultaneamente, o inquérito policial. (NR) dade, se o indiciado pedir exoneração até a data designada para o
Parágrafo único - Quando se tratar de crime praticado fora interrogatório, ou por ocasião deste. (NR)
da esfera administrativa, a autoridade policial dará ciência dele à - Artigo 310 com redação dada pela Lei Complementar n°
autoridade administrativa. (NR) 942, de 06/06/2003.

Didatismo e Conhecimento 159


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 311 - A defesa só poderá versar sobre força maior, - Artigo 315 com redação dada pela Lei Complementar n°
coação ilegal ou motivo legalmente justificável. (NR) 942, de 06/06/2003.
- Artigo 311 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 316 - A pena imposta não poderá ser agravada pela
942, de 06/06/2003. revisão. (NR)
- Artigo 316 com redação dada pela Lei Complementar n°
CAPÍTULO V 942, de 06/06/2003.
Dos Recursos (NR) Artigo 317 - A instauração de processo revisional poderá ser
- Capítulo V com redação dada pela Lei Complementar requerida fundamentadamente pelo interessado ou, se falecido ou
n° 942, de 06/06/2003. incapaz, por seu curador, cônjuge, companheiro, ascendente, des-
cendente ou irmão, sempre por intermédio de advogado. (NR)
Artigo 312 - Caberá recurso, por uma única vez, da decisão Parágrafo único - O pedido será instruído com as provas que
que aplicar penalidade. (NR) o requerente possuir ou com indicação daquelas que pretenda pro-
§ 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, contados duzir. (NR)
da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial do Es- - Artigo 317 com redação dada pela Lei Complementar n°
tado ou da intimação pessoal do servidor, quando for o caso. 942, de 06/06/2003.
(NR) Artigo 318 - A autoridade que aplicou a penalidade, ou que a
§ 2º - Do recurso deverá constar, além do nome e qualifi- tiver confirmado em grau de recurso, será competente para o exa-
cação do recorrente, a exposição das razões de inconformismo. me da admissibilidade do pedido de revisão, bem como, caso defe-
(NR) rido o processamento, para a sua decisão final. (NR)
§ 3º - O recurso será apresentado à autoridade que aplicou - Artigo 318 com redação dada pela Lei Complementar n°
a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, motivadamente, 942, de 06/06/2003.
manter sua decisão ou reformá-la. (NR) Artigo 319 - Deferido o processamento da revisão, será este
§ 4º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, será realizado por Procurador de Estado que não tenha funcionado no
imediatamente encaminhada a reexame pelo superior hierár- procedimento disciplinar de que resultou a punição do requerente.
quico. (NR) (NR)
§ 5º - O recurso será apreciado pela autoridade competen- - Artigo 319 com redação dada pela Lei Complementar n°
te ainda que incorretamente denominado ou endereçado. (NR) 942, de 06/06/2003.
- Artigo 312 com redação dada pela Lei Complementar n° Artigo 320 - Recebido o pedido, o presidente providenciará
942, de 06/06/2003. o apensamento dos autos originais e notificará o requerente para,
Artigo 313 - Caberá pedido de reconsideração, que não poderá no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, ou requerer
ser renovado, de decisão tomada pelo Governador do Estado em outras provas que pretenda produzir. (NR)
única instância, no prazo de 30 (trinta) dias. (NR) Parágrafo único - No processamento da revisão serão obser-
- Artigo 313 com redação dada pela Lei Complementar n° vadas as normas previstas nesta lei complementar para o processo
942, de 06/06/2003. administrativo. (NR)
Artigo 314 - Os recursos de que trata esta lei complementar - Artigo 320 com redação dada pela Lei Complementar n°
não têm efeito suspensivo; os que forem providos darão lugar às 942, de 06/06/2003.
retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à data do ato pu- Artigo 321 - A decisão que julgar procedente a revisão poderá
nitivo. (NR) alterar a classificação da infração, absolver o punido, modificar
- Artigo 314 com redação dada pela Lei Complementar n° a pena ou anular o processo, restabelecendo os direitos atingidos
942, de 06/06/2003. pela decisão reformada. (NR)
- Artigo 321 com redação dada pela Lei Complementar n°
CAPÍTULO VI 942, de 06/06/2003.
Da Revisão (NR)
Disposições Finais
- Capítulo VI com redação dada pela Lei Complementar n°
942, de 06/06/2003. Artigo 322 - O dia 28 de outubro será consagrado ao “Funcio-
Artigo 315 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de pu- nário Público Estadual”.
nição disciplinar de que não caiba mais recurso, se surgirem fatos Artigo 323 - Os prazos previstos neste Estatuto serão todos
ou circunstâncias ainda não apreciados, ou vícios insanáveis de contados por dias corridos.
procedimento, que possam justificar redução ou anulação da pena Parágrafo único - Não se computará no prazo o dia inicial,
aplicada. (NR) prorrogando-se o vencimento, que incidir em sábado, domingo,
§ 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não cons- feriado ou facultativo, para o primeiro dia útil seguinte.
titui fundamento do pedido. (NR) Artigo 324 - As disposições deste Estatuto se aplicam aos ex-
§ 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo tranumerários, exceto no que colidirem com a precariedade de sua
fundamento. (NR) situação no Serviço Público.
§ 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este artigo
serão indeferidos. (NR)
§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. (NR)

Didatismo e Conhecimento 160


NOÇÕES DE DIREITO
Disposições Transitórias Parágrafo único - Abrange o serviço policial a prevenção e
investigação criminais, o policiamento ostensivo, o trânsito e a
Artigo 325 - Aplicam-se aos atuais funcionários interinos as dis- proteção em casos de calamidade pública, incêndio e salvamento.
posições deste Estatuto, salvo as que colidirem com a natureza precá- Artigo 2.º - São órgãos policiais, subordinados hierárquica,
ria de sua investidura e, em especial, as relativas a acesso, promoção, administrativa e funcionalmente ao Secretário da Segurança Pú-
afastamentos, aposentadoria voluntária e às licenças previstas nos blica:
itens VI, VII e IX do artigo 181. I - Polícia Civil;
Artigo 326 - Serão obrigatoriamente exonerados os ocupantes in- II - Polícia Militar.
terinos de cargos para cujo provimento for realizado concurso. § 1.º - Integrarão também a Secretaria da Segurança Pú-
Parágrafo único - As exonerações serão efetivadas dentro de 30 blica os órgãos de assessoramento do Secretário da Segurança,
(trinta) dias, após a homologação do concurso. que constituem a administração superior da Pasta.
Artigo 327 - Revogado. § 2.º - A organização, estrutura, atribuições e competên-
- Artigo 327 revogado pelo Decreto-lei nº 60, de 15/05/1969. cia pormenorizada dos órgãos de que trata este artigo serão
Artigo 328 - Dentro de 120 (cento e vinte) dias proceder-se-á estabelecidos por decreto, nos termos desta lei e da legislação
ao levantamento geral das atuais funções gratificadas, para efeito de federal pertinente.
implantação de novo sistema retribuitório dos encargos por elas aten- Artigo 3.º - São atribuições básicas:
didos. I - Da Polícia Civil - o exercício da Polícia Judiciária, admi-
Parágrafo único - Até a implantação do sistema de que trata este nistrativa e preventiva especializada;
artigo, continuarão em vigor as disposições legais referentes à função II - Da Polícia Militar - o planejamento, a coordenação e a
gratificada. execução do policiamento ostensivo, fardado e a prevenção e ex-
Artigo 329 - Ficam expressamente revogadas: tinção de incêndios.
I - as disposições de leis gerais ou especiais que estabeleçam con- Artigo 4.º - Para efeito de entrosamento dos órgãos policiais
tagem de tempo em divergência com o disposto no Capítulo XV do contará a administração superior com mecanismos de planejamen-
Título II, ressalvada, todavia, a contagem, nos termos da legis-
to, coordenação e controle, pelos quais se assegurem, tanto a efi-
lação ora revogada, do tempo de serviço prestado anteriormente ao
ciência, quanto a complementaridade das ações, quando necessá-
presente Estatuto;
rias a consecução dos objetivos policiais.
II - a Lei nº 1.309, de 29 de novembro de 1951 e as demais dispo-
Artigo 5.º - Os direitos, deveres, vantagens e regime de tra-
sições atinentes aos extranumerários; e
balho dos policiais civis e militares, bem como as condições de
III - a Lei nº 2.576, de 14 de janeiro de 1954.
ingresso as classes, séries de classes, carreiras ou quadros são es-
Artigo 330 - Vetado.
tabelecidos em estatutos.
Artigo 331 - Revogam-se as disposições em contrário.
Palácio dos Bandeirantes, aos 28 de outubro de 1968. Artigo 6.º - É vedada, salvo com autorização expressa do
Governador em cada caso, a utilização de integrantes dos órgãos
policiais em funções estranhas ao serviço policial, sob pena de res-
ponsabilidade da autoridade que o permitir.
2.5.20 LEI ORGÂNICA DA POLÍCIA Parágrafo único - É considerado serviço policial, para todos os
DO ESTADO DE SÃO PAULO efeitos inclusive arregimentação, o exercido em cargo, ou funções
(LEI COMPLEMENTAR de natureza policial, inclusive os de ensino a esta legados.
N.º 207 DE 05/01/1979 Artigo 7.º - As funções administrativas e outras de natureza
não policial serão exercidas por funcionário ou por servidor, admi-
tido nos termos da legislação vigente não pertencente às classes,
séries de classes, carreiras e quadros policiais.
LEI COMPLEMENTAR Nº 207, DE 05 DE JANEIRO DE 1979 Parágrafo único - Vetado.
Artigo 8.º - As guardas municipais, guardas noturnas e os ser-
(Atualizada até a Lei Complementar n° 1.282, de 18 de janeiro viços de segurança e vigilância, autorizados por lei, ficam sujeitos
de 2016) à orientação, condução e fiscalização da Secretaria da Segurança
Pública, na forma de regulamentada específica.
Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo
TÍTULO II
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: Da Polícia Civil
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a
seguinte lei complementar: CAPÍTULO I
Das Disposições Preliminares
TÍTULO I
Da Polícia do Estado de São Paulo Artigo 9.º - Esta lei complementar estabelece as normas, os
direitos, os deveres e as vantagens dos titulares de cargos policiais
Artigo 1.º - A Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança civis do Estado.
Pública responsável pela manutenção, em todo o Estado, da ordem e Artigo 10. - Consideram-se para os fins desta lei complementar:
da segurança pública internas, executará o serviço policial por inter- I - classe: conjunto de cargos públicos de natureza policial da
médio dos órgãos policiais que a integram. mesma denominação e amplitude de vencimentos;

Didatismo e Conhecimento 161


NOÇÕES DE DIREITO
II - série de classes: conjunto de classes da mesma natureza § 1.º - Vetado.
de trabalho policial, hierarquicamente escalonadas de acordo com § 2.º - O provimento dos cargos de que trata o inciso II
o grau de complexidade das atribuições e nível de responsabili- deste artigo far-se-á por transposição, na forma prevista no
dade; artigo 27 da Lei Complementar n.º 180, de 12 de maio de 1978.
III - carreira policial: conjunto de cargos de natureza policial § 3.º - Vetado.
civil, de provimento efetivo.
Artigo 11 - São classes policiais civis aquelas constantes do CAPÍTULO II
anexo que faz parte integrante desta lei complementar. Vetado
Artigo 12 - As classes e as séries de classes policiais civis in-
tegram o Quadro da Secretaria da Segurança Pública na seguinte Artigo 13 - Vetado.
conformidade: Artigo 14 - Vetado:
I - na Tabela I (SQC-I): I - vetado;
a) Delegado Geral de Polícia; II - vetado;
b) Diretor Geral de Polícia (Departamento Policial); III - vetado;
IV - vetado;
c) Assistente Técnico de Polícia;
V - vetado.
d) Delegado Regional de Polícia;
§ 1.º - vetado.
e) Diretor de Divisão Policial;
§ 2.º - vetado.
f) Vetado; § 3.º - Vetado.
g) Vetado;
h) Assistente de Planejamento e Controle Policial; CAPÍTULO III
i) Vetado; Do Provimento de Cargos
j) Delegado de Polícia Substituto;
l) Escrivão de Polícia Chefe II; SEÇÃO I
m) Investigador de Polícia Chefe II; Das Exigências para Provimento
n) Escrivão de Polícia Chefe I;
o) Investigador de Polícia Chefe I; Artigo 15 - No provimento dos cargos policiais civis, serão
II - na Tabela II (SQC-II): exigidos os seguintes requisitos:
a) Chefe de Seção (Telecomunicação Policial); I - Para o de Delegado Geral de Polícia, ser ocupante do cargo
b) Encarregado de Setor (Telecomunicação Policial); de Delegado de Polícia de Classe Especial (vetado);
c) Chefe de Seção (Pesquisador Dactiloscópico Policial); II - Para os de Diretor Geral de Polícia, Assistente Técnico de
d) Encarregado de Setor (Pesquisador Dactiloscópico Poli- Polícia e Delegado Regional de Polícia, ser ocupante do cargo de
cial) Delegado de Polícia de Classe Especial;
e) Encarregado de Setor (Carceragem); III - vetado;
f) Chefe de Seção (Dactiloscopista Policial); IV - vetado;
g) Encarregado de Setor (Dactiloscopista Policial); V - para os de Diretor de Divisão Policial: ser ocupante, no
h) Perito Criminal Chefe; (NR) mínimo. do cargo de Delegado de Polícia de 1.ª Classe;
i) Perito Criminal Encarregado. (NR) VI - para os de Assistente de Planejamento e Controle Poli-
- Alíneas “h” e “i” acrescentadas pela Lei Complementar n° cial: ser ocupante, no mínimo, de cargo de Delegado de Polícia de
247, de 06/04/1981. 2.ª Classe;
III - na Tabela III (SQC-III) VII - para os de Escrivão de Polícia Chefe II: ser ocupante do
a) os das séries de classe de: cargo de Escrivão de Polícia III;
VIII - para os de Investigador de Polícia Chefe II: ser ocupan-
1. Delegado de Polícia;
te do cargo de Investigador de Polícia III;
2. Escrivão de Polícia;
IX - para os de Escrivão de Polícia Chefe I: ser ocupante do
3. Investigador de Polícia;
cargo de Escrivão de Polícia III ou II;
b) os das seguintes classes: X - para os de Investigador de Polícia Chefe I: ser ocupante do
1. Perito Criminal; cargo de Investigador de Polícia III ou II;
2. Técnico em Telecomunicações Policial; XI - para os de Delegado de Polícia de 5.ª Classe; ser portador
3. Operador de Telecomunicações Policial; de Diploma de Bacharel em Direito;
4. Fotógrafo (Técnica Policial); XII - para os de Delegado de Polícia de Classe Especial e de
5. Inspetor de Diversões Públicas; 2.ª Classe: ser portador de certificado de curso específico ministra-
6. Auxiliar de Necrópsia; do pela Academia de Polícia de São Paulo;
7. Pesquisador Dactiloscópico Policial; XII - Revogado.
8. Carcereiro; - Inciso XII revogado pela Lei Complementar n° 238, de
9. Dactiloscopista Policial; 27/06/1980.
10. Agente Policial; (NR) XIII - para os de Escrivão de Polícia e Investigador dc Policia:
- Item 10 com redação dada pela Lei Complementar n.º 456, ser portador de certificado de conclusão de curso de segundo grau.
de 12/5/1986. XIV - para os de Agente Policial: ser portador de certificado
11. Atendente de Necrotério Policial. de conclusão de curso de segundo grau. (NR)

Didatismo e Conhecimento 162


NOÇÕES DE DIREITO
- Inciso XIV com redação dada pela Lei Complementar n° 858, § 1.º - A admissão de que trata este artigo far-se-á com re-
de 02/09/1999. tribuição equivalente a do vencimento e demais vantagens do
- Parágrafo único acrescentado pela Lei Complementar n° 238, cargo vago a que se candidatar o concursando.
de 27/06/1980. § 2.º - Sendo funcionário ou servidor, o candidato matri-
Parágrafo único - Revogado. culado ficara afastado do seu cargo ou função-atividade, até o
- Parágrafo único revogado pela Lei Complementar n° 503, de término do concurso junto à Academia de Polícia de São Pau-
06/01/1987. lo, sem prejuízo do vencimento ou salário e demais vantagens,
contando-se-lhe o tempo de serviço para todos os efeitos legais.
SEÇÃO II § 3.º - É facultado ao funcionário ou servidor, afastado nos
Dos Concursos Públicos termos do parágrafo anterior, optar pela retribuição prevista
no § 1.º.
Artigo 16 - O provimento mediante nomeação para cargos po- Artigo 21 - O candidato terá sua matricula cancelada e será
liciais civis, de caráter efetivo, será precedido de concurso público, dispensado do curso de formação, nas hipóteses em que:
realizado em 3 (três) fases eliminatórias e sucessivas: (NR) I - não atinja o mínimo de frequência estabelecida para o curso;
I - a de prova escrita ou, quando se tratar de provimento de car- II - não revele aproveitamento no curso;
gos em relação aos quais a lei exija formação de nível universitário, III - não tenha conduta irrepreensível na vida pública ou pri-
de prova escrita e títulos; (NR) vada.
II - a de prova oral; (NR) Parágrafo único - Os critérios para a apuração das condições
III - a de frequência e aproveitamento em curso de formação constantes dos incisos II e III serão fixados em regulamento.
técnico-profissional na Academia de Polícia. (NR) Artigo 22 - Homologado o concurso pelo Secretário da Segu-
- Artigo 16 com redação dada pela Lei Complementar n° 268, rança Pública, serão nomeados os candidatos aprovados, expedin-
de 25/11/1981. do-se lhes certificados dos quais constará a média final.
Artigo 17 - Os concursos públicos terão validade máxima de Artigo 23 - A nomeação obedecerá a ordem de classificação
2 (dois) anos e reger-se-ão por instruções especiais que estabelece- no concurso.
rão, em função da natureza do cargo:
I - tipo e conteúdo das provas e as categorias dos títulos;
SEÇÃO III
II - a forma de julgamento das provas e dos títulos;
Da Posse
III - cursos de formação a que ficam sujeitos os candidatos
classificados;
Artigo 24 - Posse é o ato que investe o cidadão em cargo pú-
IV - os critérios de habilitação e classificação final para fins de
blico polícia civil.
nomeação;
Artigo 25 - São competentes para dar posse:
V - as condições para provimento do cargo, referentes a:
a) capacidade, física e mental; I - O Secretário da Segurança Pública, ao Delegado Geral de
b) conduta na vida pública e privada e a forma de sua apuração; Polícia;
c) diplomas e certificados. II - O Delegado Geral de Polícia, aos Delegados de Polícia;
Artigo 18 - São requisitos para a inscrição nos concursos: III - O Diretor do Departamento de Administração da Polícia
I - ser brasileiro; Civil, nos demais casos.
II - ter no mínimo 18 (dezoito) anos, e no máximo 45 (quarenta Artigo 26 - A autoridade que der posse deverá verificar, sob pena
e cinco) anos incompletos, à data do encerramento das inscrições; de responsabilidade, se foram satisfeitas as condições estabelecidas
III - não registrar antecedentes criminais; em lei ou regulamento para a investidura no cargo policial civil.
IV - estar em gozo dos direitos políticos; Artigo 27 - A posse verificar-se-á mediante assinatura de ter-
V - estar quite com o serviço militar; mo em livro próprio, assinado pelo empossado e pela autoridade
VI - Revogado. competente, após o policial civil prestar solenemente o respectivo
- Inciso VI revogado pela Lei Complementar n° 538, de compromisso, cujo teor será definido pelo Secretário da Segurança
26/05/1988. Pública.
Parágrafo único - Para efeito de inscrição, ficam dispensados Artigo 28 - A posse deverá verificar-se no prazo de 15 (quin-
do limite de idade, a que se refere o inciso II, os ocupantes de car- ze) dias, contados da publicação do ato de provimento, no órgão
gos policiais civis. (NR) oficial.
- Parágrafo único com redação dada pela Lei Complementar n° § 1.º - O prazo fixado neste artigo poderá ser prorrogado
350, de 25/06/1984. por mais 15 (quinze) dias, a requerimento do interessado.
Artigo 19 - Observada a ordem de classificação pela média § 2.º - Se a posse não se der dentro do prazo será tornado
aritmética das notas obtidas nas provas escrita e oral (incisos I e II sem efeito o ato de provimento.
do artigo 16), os candidatos, em número equivalente ao de cargos Artigo 29 - A contagem do prazo a que se refere o artigo an-
vagos, serão matriculados no curso de formação técnico-profissio- terior poderá ser suspensa até o máximo de 120 (cento e vinte)
nal específico. (NR) dias, a critério do órgão médico encarregado da inspeção respec-
- Artigo 19 com redação dada pela Lei Complementar n° 268, tiva, sempre que este estabelecer exigência para a expedição de
de 25/11/1981. certificado de sanidade.
Artigo 20 - Os candidatos a que se refere o artigo anterior serão Parágrafo único - O prazo a que se refere este artigo recome-
admitidos, pelo Secretário da Segurança Pública, em caráter experi- çara a fluir sempre que o candidato, sem motivo justificado, deixar
mental e transitório para a formação técnico-profissional. de cumprir as exigências do órgão médico.

Didatismo e Conhecimento 163


NOÇÕES DE DIREITO
SEÇÃO IV Artigo 38 - A remoção só poderá ser feita, respeitada a lotação
Do Exercício cada unidade policial.
Artigo 39 - O policial civil não poderá, ser removido no interesse
Artigo 30 - O exercício terá início dentro de 15 (quinze) dias, serviço, para município diverso do de sua sede de exercício, no perío-
contados do de 6 (seis meses antes e até 3 (três) meses após a data das eleições.
I - da data da posse, Parágrafo único - Esta proibição vigorará no caso de eleições
II - da data da publicação do ato no caso de remoção. federal estaduais ou municipais, isolada ou simultaneamente reali-
Parágrafo 1.º - Quando o acesso, remoção ou transposição não zadas.
importar mudança de município, deverá o policial civil entrar em Artigo 40 - É preferencial, na união de cônjuges, a sede de exer-
exercício no prazo de 5 (cinco) dias. cício do policial civil, quando este for cabeça do casal.
Parágrafo 2.º - No interesse do serviço policial o Delegado
Geral de Polícia poderá determinar que os policiais civis assumam CAPÍTULO V
imediatamente o exercício do cargo. Do Vencimento e Outras Vantagens de Ordem Pecuniária
Artigo 31 - O exercício terá inicio dentro de 15 (quinze) dias,
constados: unidade diversa daquela para o qual foi designado, sal- SEÇÃO I
vo autorização do Delegado Geral de Polícia. Do Vencimento
Artigo 32 - O Delegado de Polícia só poderá chefiar unidade
ou serviço de categoria correspondente à sua classe, ou, em caso Artigo 41 - Aos cargos policiais civis aplicam-se os valores dos
excepcional, à classe imediatamente superior. grau das referências numéricas fixados na Tabela I da escala de ven-
Artigo 33 - Quando em exercício em unidade ou serviço de cimentos do funcionalismo público civil do Estado.
categoria superior, nos termos deste artigo, terá o Delegado de Po- - Vide Lei Complementar n° 219, de 10/07/1979.
lícia direito à percepção da diferença entre os vencimentos do seu Artigo 42 - O enquadramento das classes na escala de vencimen-
cargo e os do cargo de classe imediatamente superior. tos bem como a amplitude de vencimentos, e a velocidade evolutiva
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo aplicam-se as dis- correspondente, cada classe policial, são estabelecidos na conformi-
posições do artigo 195 da Lei Complementar n. 180, de 12 de maio dade do Anexo que faz parte Integrante desta lei complementar.
de 1978. - Vide Lei Complementar n° 219, de 10/07/1979.
- Vide Lei Complementar nº 247, de 06/04/1981.
SEÇÃO V
Da reversão “Ex Offício” SEÇÃO II
Das Vantagens de Ordem Pecuniária
Artigo 34 - Reversão “ex offício” é o ato pelo qual o aposen- SUBSEÇÃO I
tado reingressa no serviço policial quando insubsistentes as razões Das Disposições Gerais
que determinaram a aposentadoria por invalidez.
Parágrafo 1.º - A reversão só poderá efetivar-se quando, em Artigo 43 - Além do valor do padrão do cargo e sem prejuízo
inspeção médica, ficar comprovada à capacidade para o exercício das vantagens previstas na Lei n.º 10.261, de 28 de outubro de 1978,
do cargo. e demais legislação pertinente, o policial civil fará jus as seguintes
vantagens pecuniárias.
Parágrafo 2.º - Será tornada sem efeito a reversão “ex offício”
I - gratificação por regime especial de trabalho policial;
e cassada a aposentadoria do policial civil que reverter e não to-
II - ajuda de custo, em caso de remoção.
mar posse ou não entrar em exercício injustificadamente, dentro
do prazo legal.
SUBSEÇÃO II
Artigo 35 - A reversão far-se-á no mesmo cargo.
Da Gratificação pelo Regime Especial de
Trabalho Policial
CAPÍTULO IV
Da Remoção Artigo 44 - O exercício dos cargos policiais civis dar-se-á, ne-
cessariamente, em Regime Especial de Trabalho Policial - RETP, o
Artigo 36 - O Delegado de Polícia só poderá ser removido, de qual é caracterizado: (NR)
um para o outro município (vetado): I - pela prestação de serviços em condições precárias de seguran-
I - a pedido; ça, cumprimento de horário irregular, sujeito a plantões noturnos e a
II - por permuta; chamadas a qualquer hora; (NR)
III - com seu assentimento, após consulta. II - pela proibição do exercício de atividade remunerada, exceto
IV - no interesse do serviço policial, com a aprovação de dois aquelas: (NR)
terça do Conselho da Polícia Civil (vetado). a) relativas ao ensino e à difusão cultural; (NR)
Artigo 37 - A remoção dos integrantes das demais séries de b) decorrentes de convênio firmado entre Estado e municípios
classe e cargos policiais civis, de uma para outra unidade policial, ou com associações e entidades privadas para gestão associada de
será processada: serviços públicos, cuja execução possa ser atribuída à Polícia Civil;
I - a pedido; (NR)
II - por permuta; III - pelo risco de o policial tornar-se vítima de crime no exer-
III - no interesse do serviço policial. cício ou em razão de suas atribuições. (NR)

Didatismo e Conhecimento 164


NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º - O exercício, pelo policial civil, de atividades decor- § 2º - A concessão do benefício será precedida da compe-
rentes do convênio a que se refere a alínea “b” do inciso II tente apuração, retroagindo seus efeitos à data da invalidez ou
deste artigo dependerá: (NR) da morte. (NR)
1 - de inscrição voluntária do interessado, revestindo-se de § 3º - O policial inválido nos termos deste artigo será apo-
obrigatoriedade depois de publicadas as respectivas escalas; (NR) sentado com proventos decorrentes da promoção, observado
2 - de estrita observância, nas escalas, do direito ao descanso o disposto no parágrafo anterior. (NR)
mínimo previsto na legislação em vigor. (NR) § 4º - Aos beneficiários do policial civil falecido nos termos
§ 2º - À sujeição ao regime de que trata este artigo cor- deste artigo será deferida pensão mensal correspondente aos
responde gratificação que se incorpora aos vencimentos para vencimentos integrais, observado o disposto nos parágrafos
todos os efeitos legais. (NR); anteriores. (NR)
- Artigo 44 com redação dada pela Lei Complementar n° - Artigo 50 com redação dada Lei Complementar n° 765, de
1.249, de 03/07/2014.
12/12/1994.
Artigo 45 - Pela sujeição ao regime de que trata o artigo ante-
Artigo 51 - Ao cônjuge, companheiro ou companheira ou, na
rior, os titulares de cargos policiais civis fazem jus a gratificação
calculada sobre o respectivo padrão de vencimento, na seguinte falta destes, à pessoa que provar ter feito despesas em virtude
conformidade: (NR) do falecimento do policial civil, ativo ou inativo, será concedido
I - de 140% (cento e quarenta por cento), os titulares de cargos auxílio-funeral, a título de benefício assistencial, de valor corres-
da série de classes de Delegado de Polícia, bem como titular do pondente a 1 (um) mês da respectiva remuneração. (NR)
cargo de Delegado Geral de Polícia; (NR) § 1º - O pagamento será efetuado pelo órgão competen-
II - de 200% (duzentos por cento), os titulares de cargos das te, mediante apresentação de atestado de óbito pelas pessoas
demais classes policiais civis. (NR) indicadas no “caput” deste artigo, ou procurador legalmente
- Artigo 45 com redação dada pela Lei Complementar n° 491, habilitado, feita a prova de identidade. (NR)
de 23/12/1986. § 2º - No caso de ficar comprovado, por meio de compe-
tente apuração que o óbito do policial civil decorreu de lesões
SUBSEÇÃO III recebidas no exercício de suas funções ou doenças delas decor-
Da Ajuda de Custo em Caso de Remoção rentes, o benefício será acrescido do valor correspondente a
mais 1 (um) mês da respectiva remuneração, cujo pagamento
Artigo 46 - Ao policial civil removido no interesse do serviço será efetivado mediante apresentação de alvará judicial. (NR)
policial de um para outro município, será concedida ajuda de custo § 3º - O pagamento do benefício previsto neste artigo, caso
correspondente a um mês de vencimento. as despesas tenham sido custeadas por terceiros, em virtude
§ 1.º - A ajuda de custo será paga à vista da publicação do
da contratação de planos funerários, somente será efetivado
ato de remoção no Diário Oficial.
mediante apresentação de alvará judicial. (NR)
§ 2.º - A ajuda de custo de que trata este decreto não será
devida. quando a remoção se processar a pedido ou por per- - Artigo 51 com redação dada pela Lei Complementar n°
muta. 1.123, de 01/07/2010.
Artigo 52 - O policial civil que sofrer lesões no exercício de
SEÇÃO III suas funções deverá ser encaminhado a qualquer hospital, público
Das Outras Concessões ou particular às expensas do Estado.
Artigo 53 - Ao policial civil processado por ato praticado no
Artigo 47 - Ao policial civil licenciado para tratamento de saú- desempenho de função policial, será prestada assistência judiciá-
de, em razão de moléstia profissional ou lesão recebida em servi- ria na forma que dispuser o regulamento.
ço, será concedido transporte por conta do Estado para instituição Artigo 54 - Vetado.
onde deva ser atendido. Parágrafo único - Vetado.
Artigo 48 - A família do policial civil que falecer fora da sede
de exercício e dentro do território nacional no desempenho de ser- CAPÍTULO VI
viço, será concedido transporte para, no máximo, 3 (três) pessoas Do Direito de Petição
do local de domicílio ao do óbito (ida e volta).
Artigo 49 - O Secretário da Segurança Pública, por proposta Artigo 55 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídi-
do Delegado Geral de Polícia, ouvido o Conselho da Polícia Ci- ca, independentemente de pagamento, o direito de petição contra
vil, poderá conceder honrarias ou prêmios aos policiais autores de
ilegalidade ou abuso de poder e para defesa de direitos. (NR)
trabalhos de relevante interesse policial ou por atos de bravura, na
Parágrafo único - Em nenhuma hipótese, a Administração
forma em que for regulamentado.
Artigo 50 - O policial civil que ficar inválido ou que vier a fa- poderá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição,
lecer em consequência de lesões recebidas ou de doenças contraí- sob pena de responsabilidade do agente. (NR)
das em razão do serviço será promovido à classe imediatamente - Artigo 55 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
superior. (NR) de 02/07/2002.
§ 1º - Se o policial civil estiver enquadrado na última classe Artigo 56 - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso,
da carreira, ser-lhe-á atribuída a diferença entre o valor do pa- erro, omissão ou conduta incompatível no serviço policial. (NR)
drão de vencimento do seu cargo e o da classe imediatamente - Artigo 56 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
inferior. (NR) de 02/07/2002.

Didatismo e Conhecimento 165


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 57 - Ao policial civil é assegurado o direito de reque- XI - frequentar, com assiduidade, para fins de aperfeiçoamen-
rer ou representar, bem como, nos termos desta lei complementar, to e atualização de conhecimentos profissionais, cursos instituídos
pedir reconsideração e recorrer de decisões. (NR) periodicamente pela Academia de Polícia;
- Artigo 57 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, XII - portar a carteira funcional;
de 02/07/2002. XIII - promover as comemorações do «Dia da Policia» a 21
de abril, ou delas participar, exaltando o vulto de Joaquim José da
CAPÍTULO VII Silva Xavier, o Tiradentes, Patrono da Polícia;
Do Elogio XIV - ser leal para com os companheiros de trabalho e com
eles cooperar e manter espirito de solidariedade;
Artigo 58 - Entende-se por elogio, para os fins desta lei, a XV - estar em dia com as normas de interesse policial;
menção nominal ou coletiva que deva constar dos assentamentos XVI - divulgar para conhecimento dos subordinados as nor-
funcionais do policial civil por atos meritórios que haja praticado. mas referidas no inciso anterior;
Artigo 59 - O elogio destina-se a ressaltar: XVII - manter discrição sobre os assuntos da repartição e, es-
I - morte, invalidez ou lesão corporal de natureza grave, no pecialmente, sobre despachos, decisões e providências.
cumprimento do dever;
II - ato que traduza dedicação excepcional no cumprimento do SEÇÃO II
dever, transcendendo ao que e normalmente exigível do policial Das Transgressões Disciplinares
civil por disposição legal ou regulamentar e que importe ou possa
importar risco da própria segurança pessoal; Artigo 63 - São transgressões disciplinares:
III - execução de serviços que, pela sua relevância e pelo que I - manter relações de amizade ou exibir-se em público com
pessoas de notórios e desabonadores antecedentes criminais, salvo
representam para a instituição ou para a coletividade, mereçam ser
por motivo de serviço;
enaltecidos como reconhecimento pela atividade desempenhada.
II - constituir-se procurador de partes ou servir de intermediá-
Artigo 60 - Não constitui motivo para elogio o cumprimento
rio, perante qualquer repartição pública, salvo quando se tratar de
dos deveres impostos ao policial civil.
interesse de cônjuge ou parente até segundo grau;
Artigo 61 - São competentes para determinar a inscrição de
III - descumprir ordem superior salvo quando manifestamente
elogios nos assentamentos do policial o Secretário da Segurança
ilegal, representando neste caso; IV - não tomar as providências
e o Delegado Geral de Polícia, ouvido, no caso deste, o Conselho
necessárias ou deixar de comunicar, imediatamente, à autoridade
da Polícia Civil.
competente, faltas ou irregularidades de que tenha conhecimento;
Parágrafo único - Os elogios nos casos dos incisos II e III do V - deixar de oficiar tempestivamente nos expedientes que lhe
artigo 59 serão obrigatoriamente considerados para efeito de ava- forem encaminhados;
liação de desempenho. VI - negligenciar na execução de ordem legítima;
VII - interceder maliciosamente em favor de parte;
CAPÍTULO VIII VIII - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de
Dos Deveres, das Transgressões Disciplinares e das obrigação;
Responsabilidades IX - faltar, chegar atrasado ou abandonar escala de serviço ou
plantões, ou deixar de comunicar, com antecedência, à autoridade
SEÇÃO I a que estiver subordinado, a impossibilidade de comparecer à re-
Dos Deveres partição, salvo por motivo justo;
X - permutar horário de serviço ou execução de tarefa sem
Artigo 62 - São deveres do policial civil: expressa permissão da autoridade competente;
I - ser assíduo e pontual; XI - usar vestuário incompatível com o decoro da função;
II - ser leal as instituições; XII - descurar de sua aparência física ou do asseio;
III - cumprir as normas legais e regulamentares; XIII - apresentar-se ao trabalho alcoolizado ou sob efeito de
IV - zelar pela economia e conservação dos bens do Estado, substância que determine dependência física ou psíquica;
especialmente daqueles cuja guarda ou utilização lhe for confiada; XIV - lançar intencionalmente, em registros oficiais, papeis ou
V - desempenhar com zelo e presteza as missões que lhe fo- quaisquer expedientes, dados errôneos, incompletos ou que pos-
rem contidas, usando moderadamente de força ou outro meio ade- sam induzir a erro, bem como inserir neles anotações indevidas;
quado de que dispõe, para esse fim; XV - faltar, salvo motivo relevante a ser comunicado por es-
VI - informar incontinente toda e qualquer alteração de ende- crito no primeiro dia em que comparecer à sua sede de exercício,
reço da residência e número de telefone, se houver; a ato processual, judiciário ou administrativo, do qual tenha sido
VII - prestar informações corretas ou encaminhar o solicitante previamente cientificado;
a quem possa prestá-las; XVI - utilizar, para fins particulares, qualquer que seja o pre-
VIII - comunicar o endereço onde possa ser encontrado, quan- texto, material pertencente ao Estado;
do dos afastamentos regulamentares; XVII - interferir indevidamente em assunto de natureza poli-
IX - proceder na vida pública e particular de modo a dignificar cial, que não seja de sua competência;
a função policial; XVIII - fazer uso indevido de bens ou valores que lhe che-
X - residir na sede do município onde exerça o cargo ou fun- guem as mãos, em decorrência da função, ou não entregá-los, com
ção, ou onde autorizado; a brevidade possível, a quem de direito;

Didatismo e Conhecimento 166


NOÇÕES DE DIREITO
XIX - exibir, desnecessariamente, arma, distintivo ou algema; XLVII - atribuir ou permitir que se atribua a pessoa estranha
XX - deixar de ostentar distintivo quando exigido para o serviço; à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de en-
XXI - deixar de identificar-se, quando solicitado ou quando as cargos policiais;
circunstâncias o exigirem; XLVIII - praticar a usura em qualquer de suas formas;
XXII - divulgar ou propiciar a divulgação, sem autorização da XLIX - praticar ato definido em lei como abuso de poder;
autoridade competente, através da imprensa escrita, falada ou tele- L - aceitar representação de Estado estrangeiro, sem autoriza-
visada, de fato ocorrido na repartição. ção do Presidente da República;
XXIII - promover manifestações contra atos da administração LI - tratar de interesses particulares na repartição;
ou movimentos de apreço ou desapreço a qualquer autoridade; LII - exercer comércio entre colegas, promover ou subscrever
XXIV - referir-se de modo depreciativo às autoridades e a atos listas de donativos dentro da repartição;
da administração pública, qualquer que seja o meio empregado para LIII - exercer comércio ou participar de sociedade comercial
esse fim; salvo como acionista, cotista ou comanditário;
XXV - retirar, sem prévia autorização da autoridade competen- LIV - exercer, mesmo nas horas de folga, qualquer outro em-
te, qualquer objeto ou documentos da repartição; prego ou função, exceto atividade relativa ao ensino e à difusão
XXVI - tecer comentários que possam gerar descrédito da ins- cultural, quando compatível com a atividade policial;
tituição policial; LV - exercer pressão ou influir junto a subordinado para forçar
XXVII - valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou velado, de determinada solução ou resultado.
obter proveito de qualquer natureza para si ou para terceiros; Artigo 64 - É vedado ao policial civil trabalhar sob as ordens
XXVIII - deixar de reassumir exercício sem motivo justo, ao imediatas de parentes, até segundo grau, salvo quando se tratar
final dos afastamentos regulares ou, ainda depois de saber que qual- de função de confiança e livre escolha, não podendo exceder de 2
quer deste foi interrompido por ordem superior; (dois) o número de auxiliares nestas condições.
XXIX - atribuir-se qualidade funcional diversa do cargo ou fun-
ção que exerce; SEÇÃO III
XXX - fazer uso indevido de documento funcional, arma, alge- Das responsabilidades
ma ou bens da repartição ou cedê-los a terceiro;
XXXI - maltratar ou permitir maltrato físico ou moral a preso Artigo 65 - O policial responde civil, penal e administrativa-
sob sua guarda; mente pelo exercício irregular de suas atribuições, ficando sujeito,
XXXII - negligenciar na revista a preso; cumulativamente, às respectivas cominações.
XXXIII - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de deci- § 1º - A responsabilidade administrativa é independente da
são ou ordem judicial; civil e da criminal. (NR)
XXXIV - tratar o superior hierárquico, subordinado ou colega § 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo que
sem o devido respeito ou deferência; ocupava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servi-
XXXV - faltar à verdade no exercício de suas funções; dor absolvido pela Justiça, mediante simples comprovação do
XXXVI - deixar de comunicar incontinente à autoridade com- trânsito em julgado de decisão que negue a existência de sua
petente informação que tiver sobre perturbação da ordem pública ou autoria ou do fato que deu origem à sua demissão. (NR)
qualquer fato que exija intervenção policial; § 3º - O processo administrativo só poderá ser sobrestado
XXXVII - dificultar ou deixar de encaminhar expediente à au- para aguardar decisão judicial por despacho motivado da au-
toridade competente, se não estiver na sua alçada resolvê-lo; toridade competente para aplicar a pena. (NR)
XXXVIII - concorrer para o não cumprimento ou retardamento - §§1º ao §3º acrescentados pela Lei Complementar n° 922,
de ordem de autoridade competente; de 02/07/2002.
XXXIX - deixar, sem justa causa, de submeter-se a inspeção Artigo 66 - A responsabilidade civil decorre de procedimento
médica determinada por lei ou pela autoridade competente; doloso ou culposo, que importe prejuízo à Fazenda Pública ou a
XL - deixar de concluir nos prazos legais, sem motivo justo, terceiros.
procedimento de polícia judiciária, administrativos ou disciplinares; Parágrafo único - A importância da indenização será descon-
XLI - cobrar taxas ou emolumentos não previstos em lei; tada dos vencimentos e vantagens e o desconto não excederá à
XLII - expedir identidade funcional ou qualquer tipo de creden- décima parte do valor destes.
cial a quem não exerça cargo ou função policial civil;
XLIII - deixar de encaminhar ao órgão competente, para tra- CAPÍTULO IX
tamento ou inspeção médica, subordinado que apresentar sintomas Das Penalidades, da Extinção da Punibilidade das Provi-
de intoxicação habitual por álcool, entorpecente ou outra substância dências Preliminares (NR)
que determine dependência física ou psíquica, ou de comunicar tal - Capítulo IX com redação dada pela Lei Complementar
fato, se incompetente, à autoridade que o for; n° 922, de 02/07/2002.
XLIV - dirigir viatura policial com imprudência, imperícia, ne-
gligência ou sem habilitação; SEÇÃO I
XLV - manter transação ou relacionamento indevido com pre-
so, pessoa em custódia ou respectivos familiares; Artigo 67 - São penas disciplinares principais:
XLVI - criar animosidade, velada ou ostensivamente, entre su- I - advertência;
balternos e superiores ou entre colegas, ou indispô-los de qualquer II - repreensão;
forma; III - multa;

Didatismo e Conhecimento 167


NOÇÕES DE DIREITO
IV - suspensão; Artigo 74 - Será aplicada a pena de demissão nos casos de:
V - demissão; I - abandono de cargo;
VI - demissão a bem do serviço público; II - procedimento irregular, de natureza grave;
VII - cassação de aposentadoria ou disponibilidade. III - ineficiência intencional e reiterada no serviço;
Artigo 68 - Constitui pena disciplinar a remoção compulsória, IV - aplicação indevida de dinheiros públicos;
que poderá ser aplicada cumulativamente com as penas previstas V - insubordinação grave.
nos incisos II, III e IV do artigo anterior quando em razão da falta VI - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de 45
cometida houver conveniência nesse afastamento para o serviço (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante um ano. (NR)
policial. - Inciso VI acrescentado pela Lei Complementar n° 922, de
Parágrafo único - Quando se tratar de Delegado de Polícia, 02/07/2002.
para a aplicação da pena prevista neste artigo deverá ser observado Artigo 75 - Será aplicada a pena de demissão a bem do serviço
o disposto no artigo 36, inciso IV. público, nos casos de:
Artigo 69 - Na aplicação das penas disciplinares serão con- I - conduzir-se com incontinência pública e escandalosa e pra-
siderados a natureza, a gravidade, os motivos determinantes e a ticar Jogos proibidos;
repercussão da infração, os danos causados, a personalidade e os II - praticar ato definido como crime contra a Administração
antecedentes do agente, a intensidade do dolo ou o grau de culpa. Pública, a Fé Pública e a Fazenda Pública ou previsto na Lei de
Artigo 70 - Para a aplicação das penas previstas no artigo 67 Segurança Nacional;
são competentes: (NR) III - revelar dolosamente segredos de que tenha conhecimento
I - o Governador; (NR) em razão do cargo ou função, com prejuízo para o Estado ou par-
II - o Secretário da Segurança Pública; (NR) ticulares;
III - o Delegado Geral de Polícia, até a de suspensão; (NR) IV - praticar ofensas físicas contra funcionários, servidores ou
IV - o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, até a de particulares, salvo em legitíma defesa;
suspensão limitada a 60 (sessenta) dias; (NR) V - causar lesão dolosa ao patrimônio ou aos cofres públicos;
V - os Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares, até a de VI - exigir, receber ou solicitar vantagem indevida, diretamen-
repreensão. (NR) te ou por intermédio de outrem, ainda que fora de suas funções,
§ 1º - Compete exclusivamente ao Governador do Estado, mas em razão destas;
a aplicação das penas de demissão, demissão a bem do serviço VII - provocar movimento de paralisação total ou parcial do
público e cassação de aposentadoria ou disponibilidade a Dele- serviço policial ou outro qualquer serviço, ou dele participar;
gado de Polícia. (NR) VIII - pedir ou aceitar empréstimo de dinheiro ou valor de
§ 2º - Compete às autoridades enumeradas neste artigo, pessoas que tratem de interesses ou os tenham na repartição, ou
até o inciso III, inclusive, a aplicação de pena a Delegado de estejam sujeitos à sua fiscalização;
Polícia. (NR) IX - exercer advocacia administrativa.
§ 3º - Para o exercício da competência prevista nos incisos X - praticar ato definido como crime hediondo, tortura, tráfico
I e II será ouvido o órgão de consultoria jurídica. (NR) ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo; (NR)
§ 4º - Para a aplicação da pena prevista no artigo 68 é com- XI - praticar ato definido como crime contra o Sistema Finan-
petente o Delegado Geral de Polícia. (NR) ceiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores;
- Artigo 70 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, (NR)
de 02/07/2002. XII - praticar ato definido em lei como de improbidade. (NR)
Artigo 71 - A pena de advertência será aplicada verbalmente, - Incisos X a XII acrescentados pela Lei Complementar n°
no caso de falta de cumprimento dos deveres, ao infrator primário. 922, de 02/07/2002.
Parágrafo único - A pena de advertência não acarreta perda de Artigo 76 - O ato que cominar pena ao policial civil mencio-
vencimentos ou de qualquer vantagem de ordem funcional, mas nará, sempre, a disposição legal em que se fundamenta.
contará pontos negativos na avaliação de desempenho. § 1.º - Desse ato será dado conhecimento ao órgão do pes-
Artigo 72 - A pena de repreensão será aplicada por escrito, soal, para registro e publicidade, no prazo de 8 (oito) dias, des-
no caso de transgressão disciplinar, sendo o infrator primário e na de que não se tenha revestido de reserva.
reincidência de falta de cumprimento dos deveres. § 2.º - As penas previstas nos incisos I a IV do artigo 67,
Parágrafo único - A pena de repreensão poderá ser transforma- quando aplicadas aos integrantes da carreira de Delegado de
da em advertência, aplicada por escrito e sem publicidade. Polícia, revestir-se-ão sempre de reserva.
Artigo 73 - A pena de suspensão, que não excederá de 90 (no- Artigo 77 - Será aplicada a pena de cassação de aposentadoria
venta) dias, será aplicada nos casos de: ou disponibilidade, se ficar provado que o inativo:
I - descumprimento dos deveres e transgressão disciplinar, I - praticou, quando em atividade, falta para a qual é cominada
ocorrendo dolo ou má fé; nesta lei a pena de demissão ou de demissão a bem do serviço
II - reincidência em falta já punida com repreensão. público;
Parágrafo 1.º - O policial suspenso perderá, durante o período II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública;
da suspensão, todos os direitos e vantagens decorrentes do exercí- III - aceitou representação de Estado estrangeiro sem previa
cio do cargo. autorização do Presidente da República.
Parágrafo 2.º - A autoridade que aplicar a pena de suspensão Artigo 78 - Constitui motivo de exclusão de falta disciplinar a
poderá convertê-la em multa, na base de 50% (cinquenta por cen- não exigibilidade de outra conduta do policial civil.
to), por dia, do vencimento e demais vantagens, sendo o policial, Artigo 79 - Independe do resultado de eventual ação penal a
neste caso, obrigado a permanecer em serviço. aplicação das penas disciplinares previstas neste Estatuto.

Didatismo e Conhecimento 168


NOÇÕES DE DIREITO
SEÇÃO II - Artigo 84 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
Da Extinção da Punibilidade de 02/07/2002.
Artigo 85 - A autoridade corregedora realizará apuração preli-
Artigo 80 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição: (NR) minar, de natureza simplesmente investigativa, quando a infração
I - da falta sujeita à pena de advertência, repreensão, multa ou não estiver suficientemente caracterizada ou definida autoria. (NR)
suspensão, em 2 (dois) anos; (NR) § 1º - O início da apuração será comunicado ao Delegado
II - da falta sujeita à pena de demissão, demissão a bem do de Polícia Diretor da Corregedoria, devendo ser concluída e a
serviço público e de cassação da aposentadoria ou disponibilidade, este encaminhada no prazo de 30 (trinta) dias. (NR)
em 5 (cinco) anos; (NR) § 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade
III - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo de deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de Polícia Di-
prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 (cinco) retor da Corregedoria relatório das diligências realizadas e
anos. (NR) definir o tempo necessário para o término dos trabalhos. (NR)
§ 1º - A prescrição começa a correr: (NR) § 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade de-
1 - do dia em que a falta for cometida; (NR) verá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a permanên- instauração de sindicância ou processo administrativo. (NR)
cia, nas faltas continuadas ou permanentes. (NR) - Artigo 85 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
§ 2º - Interrompe a prescrição a portaria que instaura sin- de 02/07/2002.
dicância e a que instaura processo administrativo. (NR) Artigo 86 - Determinada a instauração de sindicância ou pro-
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR) cesso administrativo, ou no seu curso, havendo conveniência para
1 - na hipótese de desclassificação da infração, ao da pena efe- a instrução ou para o serviço policial, poderá o Delegado Geral de
tivamente aplicada; (NR) Polícia, por despacho fundamentado, ordenar as seguintes provi-
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena em tese dências: (NR)
cabível. (NR) I - afastamento preventivo do policial civil, quando o reco-
§ 4º - A prescrição não corre: (NR) mendar a moralidade administrativa ou a repercussão do fato, sem
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para aguar- prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oitenta)
dar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo 65; (NR) dias, prorrogáveis uma única vez por igual período; (NR)
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser II - designação do policial acusado para o exercício de ativi-
restabelecido. (NR) dades exclusivamente burocráticas até decisão final do procedi-
§ 5º - A decisão que reconhecer a existência de prescrição mento; (NR)
deverá determinar, desde logo, as providências necessárias à III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e
apuração da responsabilidade pela sua ocorrência. (NR) algemas; (NR)
- Artigo 80 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, IV - proibição do porte de armas; (NR)
de 02/07/2002. V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser esta-
Artigo 81 - Extingue-se, ainda, a punibilidade: belecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. (NR)
I - Pela morte do agente; § 1º - O Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, ou
II - Pela anistia administrativa; qualquer autoridade que determinar a instauração ou presidir
III - Pela retroatividade da lei que não considere o fato como sindicância ou processo administrativo, poderá representar ao
falta Delegado Geral de Polícia para propor a aplicação das medi-
Artigo 82 - O policial civil que, sem justa causa, deixar de das previstas neste artigo, bem como sua cessação ou altera-
atender a qualquer exigência para cujo cumprimento seja marcado ção. (NR)
prazo certo, terá suspenso o pagamento de seu vencimento ou re- § 2º - O Delegado Geral de Polícia poderá, a qualquer mo-
muneração até que satisfaça essa exigência. mento, por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as
Parágrafo único - Aplica-se aos aposentados ou em disponibi- medidas previstas neste artigo. (NR)
lidade o disposto neste artigo. § 3º - O período de afastamento preventivo computa- se
Artigo 83 - Deverão constar do assentamento individual do po- como de efetivo exercício, não sendo descontado da pena de
licial civil as penas que lhe forem impostas. suspensão eventualmente aplicada. (NR)
- Artigo 86 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
SEÇÃO III de 02/07/2002.
Das Providências Preliminares (NR)
- Seção III com redação dada pela Lei Complementar n° CAPÍTULO X
922, de 02/07/2002. Do Procedimento Disciplinar (NR)
- Capítulo X com redação dada pela Lei Complementar
Artigo 84 - A autoridade policial que, por qualquer meio, tiver n° 922, de 02/07/2002.
conhecimento de irregularidade praticada por policial civil, comu-
nicará imediatamente o fato ao órgão corregedor, sem prejuízo das SEÇÃO I
medidas urgentes que o caso exigir. (NR) Das Disposições Gerais
Parágrafo único - Ao instaurar procedimento administrativo
ou de polícia judiciária contra policial civil, a autoridade que o Artigo 87 - A apuração das infrações será feita mediante sin-
presidir comunicará o fato ao Delegado de Polícia Diretor da dicância ou processo administrativo, assegurados o contraditório e
Corregedoria. (NR) a ampla defesa. (NR).

Didatismo e Conhecimento 169


NOÇÕES DE DIREITO
- Artigo 87 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, - Artigo 94 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
de 02/07/2002. de 02/07/2002.
Artigo 88 - Será instaurada sindicância quando a falta discipli- Artigo 95 - O processo administrativo será presidido por De-
nar, por sua natureza, possa determinar as penas de advertência, re- legado de Polícia, que designará como secretário um Escrivão de
preensão, multa e suspensão. (NR) Polícia. (NR)
- Artigo 88 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, Parágrafo único - Havendo imputação contra Delegado de Po-
de 02/07/2002. lícia, a autoridade que presidir a apuração será de classe igual ou
Artigo 89 - Será obrigatório o processo administrativo quando a superior à do acusado. (NR)
falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar a pena de demis- - Artigo 95 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
são, demissão a bem do serviço público, cassação de aposentadoria de 02/07/2002.
ou disponibilidade. (NR) Artigo 96 - Não poderá ser encarregado da apuração, nem
§ 1º - Não será instaurado processo para apurar abandono atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente consan-
de cargo, se o servidor tiver pedido exoneração. (NR) guíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau in-
§ 2º - Extingue-se o processo instaurado exclusivamente para
clusive, cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do núcleo
apurar abandono de cargo, se o indiciado pedir exoneração até
familiar do denunciante ou do acusado, bem assim o subordinado
a data designada para o interrogatório, ou por ocasião deste. (NR)
deste. (NR)
- Artigo 89 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
de 02/07/2002. Parágrafo único - A autoridade ou o funcionário designado
deverão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o impe-
SEÇÃO II dimento que houver. (NR)
Da Sindicância - Artigo 96 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
de 02/07/2002.
Artigo 90 - São competentes para determinar a instauração de Artigo 97 - O processo administrativo deverá ser instaurado
sindicância as autoridades enumeradas no artigo 70. (NR) por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias do recebimen-
Parágrafo único - Quando a determinação incluir Delegado de to da determinação, e concluído no de 90 (noventa) dias da citação
Polícia, a competência é das autoridades enumeradas no artigo 70, do acusado. (NR)
até o inciso IV, inclusive. (NR) § 1º - Da portaria deverá constar o nome e a identificação
- Artigo 90 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, do acusado, a infração que lhe é atribuída, com descrição su-
de 02/07/2002. cinta dos fatos e indicação das normas infringidas. (NR)
Artigo 91 - Instaurada a sindicância, a autoridade que a presidir § 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo, a
comunicará o fato à Corregedoria Geral da Polícia Civil e ao órgão autoridade deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de
setorial de pessoal. (NR) Polícia Diretor da Corregedoria relatório indicando as provi-
- Artigo 91 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, dências faltantes e o tempo necessário para término dos tra-
de 02/07/2002. balhos. (NR)
Artigo 92 - Aplicam-se à sindicância as regras previstas nesta § 3º - Caso o processo não esteja concluído no prazo de 180
lei complementar para o processo administrativo, com as seguintes (cento e oitenta) dias, o Delegado de Polícia Diretor da Corre-
modificações: (NR) gedoria deverá justificar o fato circunstanciadamente ao De-
I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão arrolar até 3 legado Geral de Polícia e ao Secretário da Segurança Pública.
(três) testemunhas; (NR) (NR)
II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 (sessen- - Artigo 97 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
ta) dias; (NR) de 02/07/2002.
III - com o relatório, a sindicância será enviada à autoridade
Artigo 98 - Autuada a portaria e demais peças preexistentes,
competente para a decisão. (NR)
designará o presidente dia e hora para audiência de interrogatório,
- Artigo 92 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
determinando a citação do acusado e a notificação do denunciante,
de 02/07/2002.
se houver. (NR)
Artigo 93 - O Delegado Geral de Polícia poderá, quando enten-
der conveniente, solicitar manifestação do Conselho da Polícia Civil, § 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR)
antes de opinar ou proferir decisão em sindicância. (NR) 1 - cópia da portaria; (NR)
- Artigo 93 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, 2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser acom-
de 02/07/2002. panhado pelo advogado do acusado; (NR)
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, que
SEÇÃO III deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado; (NR)
Do Processo Administrativo 4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por advo-
gado dativo, caso não constitua advogado próprio; (NR)
Artigo 94 - São competentes para determinar a instauração de 5 - informação de que o acusado poderá arrolar testemunhas
processo administrativo as autoridades enumeradas no artigo 70, até e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a data designada
o inciso IV, inclusive. (NR) para seu interrogatório; (NR)
Parágrafo único - Quando a determinação incluir Delegado de 6 - advertência de que o processo será extinto se o acusado
Polícia, a competência é das autoridades enumeradas no artigo 70, pedir exoneração até o interrogatório, quando se tratar exclusiva-
até o inciso III, inclusive. (NR) mente de abandono de cargo. (NR)

Didatismo e Conhecimento 170


NOÇÕES DE DIREITO
§ 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no mí- Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu compa-
nimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio do recimento poderá ser solicitado ao respectivo superior imediato com
respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde possa as indicações necessárias. (NR)
ser encontrado. (NR) - Artigo 104 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
§ 3º - Não sendo encontrado, furtando-se o acusado à cita- de 02/07/2002.
ção ou ignorando-se seu paradeiro, a citação far-se-á por edi- Artigo 105 - A testemunha não poderá eximir-se de depor, salvo
tal, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado, no mínimo se for ascendente, descendente, cônjuge, ainda que legalmente sepa-
10 (dez) dias antes do interrogatório. (NR) rado, companheiro, irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou filho ado-
- Artigo 98 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, tivo do acusado, exceto quando não for possível, por outro modo,
de 02/07/2002. obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. (NR)
Artigo 99 - Havendo denunciante, este deverá prestar declara- § 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com o de-
ções, no interregno entre a data da citação e a fixada para o interro- nunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a exceção
gatório do acusado, sendo notificado para tal fim. (NR) deste artigo. (NR)
§ 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada § 2º - Ao policial civil que se recusar a depor, sem justa cau-
pelo advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR) sa, será pela autoridade competente aplicada a sanção a que se
§ 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denunciante; refere o artigo 82, mediante comunicação do presidente. (NR)
antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência das decla- § 3º - O policial civil que tiver de depor como testemunha
rações que aquele houver prestado. (NR) fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte e diárias
- Artigo 99 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, na forma da legislação em vigor, podendo ainda expedir-se pre-
de 02/07/2002. catória para esse efeito à autoridade do domicílio do depoente.
Artigo 100 - Não comparecendo o acusado, será, por despa- (NR)
cho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos demais atos e ter-
mos do processo. (NR) § 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de
- Artigo 100 com redação dada pela Lei Complementar n° função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo,
922, de 02/07/2002. salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
Artigo 101 - Ao acusado revel será nomeado advogado dativo. seu testemunho. (NR)
- Artigo 105 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
(NR)
de 02/07/2002.
- Artigo 101 com redação dada pela Lei Complementar n°
Artigo 106 - A testemunha que morar em comarca diversa po-
922, de 02/07/2002.
derá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua residência, expe-
Artigo 102 - O acusado poderá constituir advogado que o re-
dindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, inti-
presentará em todos os atos e termos do processo. (NR)
mada a defesa. (NR)
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir aos
§ 1º - Deverá constar da precatória a síntese da imputação e
atos e termos do processo, não sendo obrigatória qualquer no-
os esclarecimentos pretendidos. (NR)
tificação. (NR) § 2º - A expedição da precatória não suspenderá a instrução
§ 2º - O advogado será intimado por publicação no Diário do procedimento. (NR)
Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de inscri- § 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá pros-
ção na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os dados seguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma vez de-
necessários à identificação do procedimento. (NR) volvida, será juntada aos autos. (NR)
§ 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou negan- - Artigo 106 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
do-se a constituir advogado, o presidente nomeará advogado de 02/07/2002.
dativo. (NR) Artigo 107 - As testemunhas arroladas pelo acusado compare-
§ 4º - O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir ad- cerão à audiência designada independente de notificação. (NR)
vogado para prosseguir na sua defesa. (NR) § 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoimento
- Artigo 102 com redação dada pela Lei Complementar n° for relevante e que não comparecer espontaneamente. (NR)
922, de 02/07/2002. § 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá
Artigo 103 - Comparecendo ou não o acusado ao interrogató- substitui-la, se quiser, levando na mesma data designada para a
rio, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a produção de audiência outra testemunha, independente de notificação. (NR)
provas, ou apresentálas. (NR) - Artigo 107 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
§ 1º - Ao acusado é facultado arrolar até 5 (cinco) testemu- de 02/07/2002.
nhas. (NR) Artigo 108 - Em qualquer fase do processo, poderá o presiden-
§ 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita exclu- te, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar diligências que
sivamente por documentos, até as alegações finais. (NR) entenda convenientes. (NR)
§ 3º - Até a data do interrogatório, será designada a au- § 1º - As informações necessárias à instrução do processo
diência de instrução. (NR) serão solicitadas diretamente, sem observância de vinculação
- Artigo 103 com redação dada pela Lei Complementar n° hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será juntada aos au-
922, de 02/07/2002. tos. (NR)
Artigo 104 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela § 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos
ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente, em número não oficiais, o presidente os requisitará, observados os impedimen-
superior a 5 (cinco), e pelo acusado. (NR) tos do artigo 105. (NR)

Didatismo e Conhecimento 171


NOÇÕES DE DIREITO
- Artigo 108 com redação dada pela Lei Complementar n° § 3º - Cumpridas as diligências, o Conselho da Polícia Civil
922, de 02/07/2002. emitirá parecer conclusivo, no prazo de 20 (vinte) dias, enca-
Artigo 109 - Durante a instrução, os autos do procedimento ad- minhando os autos ao Delegado Geral de Polícia. (NR)
ministrativo permanecerão na repartição competente. (NR) § 4º - O Delegado Geral de Polícia, no prazo de 10 (dez)
§ 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, mediante dias, emitirá manifestação conclusiva e encaminhará o proces-
simples solicitação, sempre que não prejudicar o curso do proce- so administrativo à autoridade competente para decisão. (NR)
dimento. (NR) § 5º - A autoridade que proferir decisão determinará os
§ 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo para atos dela decorrentes e as providências necessárias a sua exe-
manifestação do acusado ou para apresentação de recursos, me- cução. (NR)
diante publicação no Diário Oficial do Estado. (NR) - Artigo 114 com redação dada pela Lei Complementar n°
§ 3º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os autos 922, de 02/07/2002.
da repartição, mediante recibo, durante o prazo para manifesta- Artigo 115 - Terão forma processual resumida, quando pos-
ção de seu representado, salvo na hipótese de prazo comum, de sível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais sejam: au-
processo sob regime de segredo de justiça ou quando existirem tuação, juntada, conclusão, intimação, data de recebimento, bem
nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer como certidões e compromissos. (NR)
circunstância relevante que justifique a permanência dos autos Parágrafo único - Toda e qualquer juntada aos autos se fará
na repartição, reconhecida pela autoridade em despacho moti- na ordem cronológica da apresentação, rubricando o presidente as
vado. (NR) folhas acrescidas. (NR)
- Artigo 109 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, - Artigo 115 com redação dada pela Lei Complementar n°
de 02/07/2002. 922, de 02/07/2002.
Artigo 110 - Somente poderão ser indeferidos pelo presidente, Artigo 116 - Não será declarada a nulidade de nenhum ato
mediante decisão fundamentada, os requerimentos de nenhum in- processual que não houver influído na apuração da verdade subs-
teresse para o esclarecimento do fato, bem como as provas ilícitas, tancial ou diretamente na decisão do processo ou sindicância. (NR)
impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. (NR) - Artigo 116 com redação dada pela Lei Complementar n°
- Artigo 110 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, 922, de 02/07/2002.
de 02/07/2002. Artigo 117 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros meios
Artigo 111 - Quando, no curso do procedimento, surgirem fatos
de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo no interesse
novos imputáveis ao acusado, poderá ser promovida a instauração de
da Administração, a juízo do Delegado Geral de Polícia. (NR)
novo procedimento para sua apuração, ou, caso conveniente, aditada
- Artigo 117 com redação dada pela Lei Complementar n°
a portaria, reabrindo-se oportunidade de defesa. (NR)
922, de 02/07/2002.
- Artigo 111 com redação dada pela Lei Complementar n° 922,
Artigo 118 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercício,
de 02/07/2002.
contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem cometimento
Artigo 112 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos autos
à defesa, que poderá apresentar alegações finais, no prazo de 7 (sete) de nova infração, não mais poderá aquela ser considerada em pre-
dias. (NR) juízo do infrator, inclusive para efeito de reincidência. (NR)
Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as alegações finais, - Artigo 118 com redação dada pela Lei Complementar n°
o presidente designará advogado dativo, assinando-lhe novo prazo. 922, de 02/07/2002.
(NR)
- Artigo 112 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, SEÇÃO IV (NR)
de 02/07/2002. Dos Recursos (NR)
Artigo 113 - O relatório deverá ser apresentado no prazo de 10 - Seção inserida pela Lei Complementar n° 922, de
(dez) dias, contados da apresentação das alegações finais. (NR) 02/07/2002.
§ 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada acu-
sado, separadamente, as irregularidades imputadas, as provas Artigo 119 - Caberá recurso, por uma única vez, da decisão
colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvição ou punição que aplicar penalidade. (NR)
e indicando, nesse caso, a pena que entender cabível. (NR) § 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta-
§ 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão de quais- dos da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial do
quer outras providências de interesse do serviço público. (NR) Estado. (NR)
- Artigo 113 com redação dada pela Lei Complementar n° 922, § 2º - Tratando-se de pena de advertência, sem publici-
de 02/07/2002. dade, o prazo será contado da data em que o policial civil for
Artigo 114 - Relatado, o processo será encaminhado ao Delega- pessoalmente intimado da decisão. (NR)
do Geral de Polícia, que o submeterá ao Conselho da Polícia Civil, no § 3º - Do recurso deverá constar, além do nome e qualifi-
prazo de 48 (quarenta e oito) horas. (NR) cação do recorrente, a exposição das razões de inconformismo.
§ 1º - O Presidente do Conselho da Polícia Civil, no prazo (NR)
de 20 (vinte) dias, poderá determinar a realização de diligência, § 4º - O recurso será apresentado à autoridade que aplicou
sempre que necessário ao esclarecimento dos fatos. (NR) a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, motivadamente,
§ 2º - Determinada a diligência, a autoridade encarregada do manter sua decisão ou reformá-la. (NR)
processo administrativo terá prazo de 15 (quinze) dias para seu § 5º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, será
cumprimento, abrindo vista à defesa para manifestar-se em 5 imediatamente encaminhada a reexame pelo superior hierár-
(cinco) dias. (NR) quico. (NR)

Didatismo e Conhecimento 172


NOÇÕES DE DIREITO
§ 6º - O recurso será apreciado pela autoridade competen- Artigo 127 - Recebido o pedido, o presidente providenciará
te ainda que incorretamente denominado ou endereçado. (NR) o apensamento dos autos originais e notificará o requerente para,
- Artigo 119 com redação dada pela Lei Complementar n° no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, ou requerer
922, de 02/07/2002. outras provas que pretenda produzir. (NR)
Artigo 120 - Caberá pedido de reconsideração, que não poderá Parágrafo único - No processamento da revisão serão obser-
ser renovado, de decisão tomada pelo Governador do Estado em vadas as normas previstas nesta lei complementar para o processo
única instância, no prazo de 30 (trinta) dias. (NR) administrativo. (NR)
- Artigo 120 com redação dada pela Lei Complementar n° - Artigo 127 com redação dada pela Lei Complementar n°
922, de 02/07/2002. 922, de 02/07/2002.
Artigo 121 - Os recursos de que trata esta lei complementar Artigo 128 - A decisão que julgar procedente a revisão poderá
não têm efeito suspensivo; os que forem providos darão lugar às alterar a classificação da infração, absolver o punido, modificar
retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à data do ato pu- a pena ou anular o processo, restabelecendo os direitos atingidos
nitivo. (NR) pela decisão reformada. (NR)
- Artigo 121 com redação dada pela Lei Complementar n° - Artigo 128 com redação dada pela Lei Complementar n°
922, de 02/07/2002. 922, de 02/07/2002.

CAPÍTULO XI CAPÍTULO XII


Da Revisão (NR) Das Disposições Gerais e Finais
- Capítulo XI com redação dada pela Lei Complementar
n° 922, de 02/07/2002. Artigo 129 - Vetado.
Artigo 130 - Contar-se-ão por dias corridos os prazos previs-
Artigo 122 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de pu- tos nesta lei complementar.
nição disciplinar, se surgirem fatos ou circunstâncias ainda não Parágrafo único - Computam-se os prazos excluindo o dia do
apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento, que possam começo e incluindo o do vencimento, prorrogando-se este, quando
justificar redução ou anulação da pena aplicada. (NR) incidir em sábado, domingo, feriado ou facultativo, para o primei-
§ 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não cons- ro dia útil seguinte.
titui fundamento do pedido. (NR) Artigo 131 - Compete ao órgão Setorial de Recursos Humanos
§ 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo da Polícia Civil, o planejamento, a coordenação, a orientação téc-
fundamento. (NR) nica e o controle, sempre em integração com o órgão central, das
§ 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este artigo atividades de administração do pessoal policial civil.
serão indeferidos. (NR) Artigo 132 - O Estado fornecerá aos policiais civis carteira
§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. (NR) de identidade funcional, distintivo, algema, armamento e munição,
- Artigo 122 com redação dada pela Lei Complementar n° para o efetivo exercício de suas funções. (NR)
922, de 02/07/2002. § 1º - A carteira de identidade funcional dos policiais civis
Artigo 123 - A pena imposta não poderá ser agravada pela será elaborada com observância das diretrizes básicas previs-
revisão. (NR) tas na legislação federal para emissão da carteira de identida-
- Artigo 123 com redação dada pela Lei Complementar n° de pelo órgão estadual de identificação, dará direito ao por-
922, de 02/07/2002. te de arma e ao uso de distintivo, e terá fé pública e validade
Artigo 124 - A instauração de processo revisional poderá ser como documento de identificação civil. (NR)
requerida fundamentadamente pelo interessado ou, se falecido ou § 2º - Aplica-se, no que couber, à carteira de identidade
incapaz, por seu curador, cônjuge, companheiro, ascendente, des- funcional instituída para os policiais civis aposentados o dis-
cendente ou irmão, sempre por intermédio de advogado. (NR) posto no §1º deste artigo. (NR)
Parágrafo único - O pedido será instruído com as provas que - Artigo 132 com redação dada pela Lei Complementar n°
o requerente possuir ou com indicação daquelas que pretenda pro- 1.282, de 18/01/2016.
duzir. (NR) Artigo 133 - É proibida a acumulação de férias, salvo por ab-
- Artigo 124 com redação dada pela Lei Complementar n° soluta necessidade de serviço e pelo prazo máximo de 3 (três) anos
922, de 02/07/2002. consecutivos.
Artigo 125 - O exame da admissibilidade do pedido de revisão Artigo 134 - O disposto nos artigos 41, 42, 44 e 45 desta lei
será feito pela autoridade que aplicou a penalidade, ou que a tiver complementar aplica-se aos integrantes da série de classes de
confirmado em grau de recurso. (NR) Agente de Segurança Penitenciária da Secretaria da Justiça. (NR)
- Artigo 125 com redação dada pela Lei Complementar n° - Artigo 134 com redação dada pela Lei Complementar n°
922, de 02/07/2002. 498, de 29/12/1986.
Artigo 126 - Deferido o processamento da revisão, será este Artigo 135 - Aplicam-se aos funcionários policiais civis, no
realizado por Delegado de Polícia de classe igual ou superior à do que não conflitar com esta lei complementar as disposições da Lei
acusado, que não tenha funcionado no procedimento disciplinar de n º 199, de 1.º de dezembro de 1948, do Decreto-lei n.º 141, de 24
que resultou a punição do requerente. (NR) de julho de 1969, da Lei n.º Lei Complementar n.º 180, de 12 de
- Artigo 126 com redação dada pela Lei Complementar n° maio de 1978, bem como o regime de mensal, instituído pela Lei
922, de 02/07/2002. n.º 4.832, de 4 de setembro de 1958, com alterações posteriores.

Didatismo e Conhecimento 173


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 136 - Esta lei complementar aplica-se, nas mesmas bases, termos e condições, aos inativos.
Artigo 137 - As despesas decorrentes da aplicação desta lei complementar, correrão à conta de créditos suplementares que o Poder
Executivo fica autorizado a abrir, até o limite de Cr$ 270.000.000,00 (duzentos e setenta milhões de cruzeiros).
Parágrafo único - O valor do crédito autorizado neste artigo será coberto com recursos de que trata o artigo 43 da Lei Federal n.º 4.320,
de 17 de março de 1964.
Artigo 138 - Esta lei complementar e suas disposições transitórias entrarão em vigor em 1.º de março de 1979 revogadas as disposições
em contrário, especialmente a Lei n.º 7.626, de 6 de dezembro de 1962, o Decreto-lei n.º 156, de 8 de outubro de 1969, bem como a alínea
“a” do inciso III do artigo 64 e o artigo 182, ambos da Lei Complementar n.º 180, de 12 de maio de 1978.
Das Disposições Transitórias
Artigo 1.º - Somente se aplicará esta lei complementar às infrações disciplinares praticadas na vigência da lei anterior, quando:
I - o fato não for mais considerado infração disciplinar;
II - de qualquer forma, for mais branda a pena cominada.
Artigo 2.º - Os processos em curso, quando da entrada em vigor desta lei complementar, obedecerão ao rito processual estabelecido
pela legislação anterior.
Artigo 3.º - Os atuais cargos de Delegado de Polícia Substituto serão extintos na vacância.
Parágrafo único - Os ocupantes dos cargos a que alude este artigo, serão inscritos nos concursos de ingresso na carreira de Delegado
de Polícia.
Artigo 4.º - Vetado.
Artigo 5.º - Vetado.
Parágrafo único - Vetado.
Artigo 6.º - Vetado.
a) vetado;
b) vetado;
c) vetado;
d) vetado.
Palácio dos Bandeirantes, 5 de janeiro de 1979.
PAULO EGYDIO MARTINS
Murillo Macêdo, Secretário da Fazenda
Antonio Erasmo Dias, Secretário da Segurança Pública
Fernando Milliet de Oliveira, Secretário da Administração
Jorge Wilheim, Secretário de Economia e Planejamento
Péricles Eugênio da Silva Ramos, Secretário Extraordinário do Governo
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 5 de janeiro de 1979.
Nelson Petersen da Costa, Diretor (Divisão Nível II) Subst.º

ANEXO A QUE SE REFERE O ARTIGO 42 DA LEI COMPLEMENTAR N. 207, DE 5 DE JANEIRO DE 1979

SITUAÇÃO ATUAL SITUAÇÃO NOVA


Referência Referência
DENOMINAÇÃO Tabela I n i - A V DENOMINAÇÃO Tabela A V
Final Inicial Final
cial
Delegado Geral de
Delegado Geral SQC-I 60 75 I VE-1 SQC-I 60 75 I VE-1
Polícia
Diretor Geral de
Diretor Geral de Polícia
SQC-I 59 74 I VE-1 Polícia (Departa- SQC-I 59 74 I VE-1
(Departamento Nível II)
mento Policial)
Assistente Técnico de Assistente Técnico
SQC-I 58 73 I VE-1 SQC-I 58 73 I VE-1
Polícia de Polícia
Diretor Técnico (Divi-
SQC-I 58 73 I VE-1 Vetado          
são - Nível III)
Diretor Técnico (Divi-
SQC-I 58 73 I VE-1 Vetado          
são - Nível III)
Diretor Técnico (Divi-
SQC-I 57 72 I VE-1 Vetado          
são - Nível II)

Didatismo e Conhecimento 174


NOÇÕES DE DIREITO

Diretor Técnico (Servi-


SQC-I 55 70 I VE-1 Vetado          
ço - Nível I)
Delegado Regional de Delegado Regional
SQC-I 58 73 I VE-1 SQC-I 58 73 I VE-1
Polícia de Polícia
Assistente de Plane-
Assistente de Planeja-
SQC-I 55 70 I VE-1 jamento e Controle SQC-I 55 70 I VE-1
mento e Controle II
Policial
Delegado de Polícia Delegado de Polícia
SQC-I 43 58 I VE-3 SQC-I 43 58 I VE-3
Substituto Substituto
Escrivão de Polícia Che- Escrivão de Polícia
SQC-I 34 53 III VE-2 SQC-I 34 53 III VE-2
fe II Chefe II
Investigador de Polícia Investigador de Po-
SQC-I 34 53 III VE-2 SQC-I 34 53 III VE-2
Chefe II lícia Chefe II
Escrivão de Polícia Che- Escrivão de Polícia
SQC-I 33 52 III VE-2 SQC-I 33 52 III VE-2
fe I Chefe I
Investigador de Polícia Investigador de Po-
SQC-I 33 52 III VE-2 SQC-I 33 52 III VE-2
Chefe I lícia Chefe I
Chefe de Seção (Te-
Chefe de Seção Teleco- S Q C -
34 53 III VE-3 lecomunicações Po- SQC-II 34 53 III VE-3
municações Policial -II
licial)
Encarregado de Setor de Encarregado de Se-
SQC-
Telecomunicações Po- 31 48 II VE-2 tor (Telecomunica- SQC-II 31 48 II VE-2
-II
licial ções Policial)
Chefe de Seção
            (Pesquisador Dacti- SQC-II 30 47 II VE-2
loscópico Policial)
Encarregado de Se-
tor (Pesquisador
            SQC-II 28 45 II VE-2
Dactiloscópico Po-
licial)
Encarregado de Se-
            SQC-II 27 44 III VE-2
tor (Carceragem)
Chefe de Seção
            (Dactiloscopista Po- SQC-II 24 41 II VE-2
licial)
Encarregado de Setor Encarregado de Se-
SQC-
(Dactiloscopista Poli- 17 34 II VE-2 tor (Dactiloscopista SQC-II 17 34 II VE-2
-II
cial) Policial)
Perito Criminal Chefe
- Classe incluída S Q C - Perito Criminal
44 65 IV VE-4 SQC-II 44 65 IV VE-4
pela  Lei Complementar -II Chefe
nº 247, de 06/04/1981.
Perito Criminal Encar-
regado
SQC- Perito Criminal En-
- Classe incluída 42 63 IV VE-4 SQC-II 42 63 IV VE-4
-II carregado
pela  Lei Complementar
nº 247, de 06/04/1981.
SQC-
Perito Criminal 40 61 IV VE-4 Perito Criminal SQC-III 40 61 IV VE-4
-III
Técnico de Telecomuni- S Q C - Técnico de Teleco-
27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
cações Policial -III municações Policial

Didatismo e Conhecimento 175


NOÇÕES DE DIREITO

Operador de Telecomu- S Q C - Operador de Teleco-


27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
nicações Policial -III municações Policial
Fotógrafo (Técnica Po- S Q C - Fotógrafo (Técnica
27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
licial) -III Policial)
Inspetor de Diversões S Q C - Inspetor de Diver-
27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
Públicas -III sões Públicas
SQC- Auxiliar de Necróp-
Auxiliar de Necrópsia 27 44 II VE-2 SQC-III 27 44 II VE-2
-III sia
Pesquisador Dactiloscó- S Q C - Pesquisador Dacti-
24 41 II VE-2 SQC-III 24 41 II VE-2
pico Policial -III loscópico Policial
SQC-
Carcereiro 23 40 II VE-2 Carcereiro SQC-III 23 40 II VE-2
-III
SQC- Dactiloscopista Po-
Dactiloscopista Policial 16 31 I VE-1 SQC-III 16 31 I VE-1
-III licial
Motorista Policial
SQC-
- Vide Lei Complementar 16 33 II VE-2 Motorista Policial SQC-III 16 33 II VE-2
-III
n° 456, de 12/05/1986.
Atendente de Necrotério S Q C - Atendente de Necro-
15 32 II VE-2 SQC-III 15 32 II VE-2
Policial -III tério Policial

- Vide Lei Complementar nº 219, de 10/07/1979.


- Vide Lei Complementar nº 247, de 06/04/1981.

SITUAÇÃO ATUAL SITUAÇÃO NOVA


Referência Referência
DENOMINAÇÃO Tabela A V DENOMINAÇÃO Tabela A V
Inicial Final Inicial Final
SÉRIE DE
          SÉRIE DE CLASSES          
CLASSES
                       
Delegado de
          Delegado de Polícia:          
Polícia:
Delegado de
Delegado de Polícia S Q C -
Polícia Classe SQC-III 52 71 III VE-2 52 71 III VE-2
Classe Especial III
Especial
Delegado de Delegado de Polícia 1ª S Q C -
SQC-III 50 69 III VE-2 50 69 III VE-2
Polícia 1ª Classe Classe III
Delegado de Delegado de Polícia 2ª S Q C -
SQC-III 48 65 II VE-2 48 65 II VE-2
Polícia 2ª Classe Classe III
Delegado de Delegado de Polícia 3ª S Q C -
SQC-III 46 61 I VE-2 46 61 I VE-2
Polícia 3ª Classe Classe III
Delegado de Delegado de Polícia 4ª S Q C -
SQC-III 44 59 I VE-3 44 59 I VE-3
Polícia 4ª Classe Classe III
Delegado de Delegado de Polícia 5ª S Q C -
SQC-III 43 58 I VE-3 43 58 I VE-3
Polícia 5ª Classe Classe III
                       
Escrivão de Polícia:           Escrivão de Polícia:          
Escrivão de Polícia SQC-
SQC-III 33 52 III VE-2 Escrivão de Polícia III 33 52 III VE-2
III III
Escrivão de Polícia SQC-
SQC-III 31 48 II VE-2 Escrivão de Polícia II 31 48 II VE-2
II III

Didatismo e Conhecimento 176


NOÇÕES DE DIREITO

Escrivão de Polícia SQC-


SQC-III 30 45 I VE-2 Escrivão de Polícia I 30 45 I VE-2
I III
                       
Investigador de Investigador de
                   
Polícia: Polícia:
Investigador de Investigador de Polícia S Q C -
SQC-III 33 52 III VE-2 33 52 III VE-2
Polícia III III III
Investigador de Investigador de Polícia S Q C -
SQC-III 31 48 II VE-2 31 48 II VE-2
Polícia II II III
Investigador de Investigador de Polícia S Q C -
SQC-III 30 45 I VE-2 30 45 I VE-2
Polícia I I III

LEI COMPLEMENTAR N.º 922/02

LEI COMPLEMENTAR Nº 922, DE 02 DE JULHO DE 2002

Altera a Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de 1979 - Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo, e dá providências corre-
latas.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei complementar:
Artigo 1º - Passam a vigorar com a seguinte redação os dispositivos adiante enumerados da Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro
de 1979:
I - os artigos 55, 56 e 57:
“Artigo 55 - É assegurado a qualquer pessoa, física ou jurídica, independentemente de pagamento, o direito de petição contra ilegalida-
de ou abuso de poder e para defesa de direitos. (NR)
Parágrafo único - Em nenhuma hipótese, a Administração poderá recusar-se a protocolar, encaminhar ou apreciar a petição, sob pena
de responsabilidade do agente. (NR)
Artigo 56 - Qualquer pessoa poderá reclamar sobre abuso, erro, omissão ou conduta incompatível no serviço policial. (NR)
Artigo 57 - Ao policial civil é assegurado o direito de requerer ou representar, bem como, nos termos desta lei complementar, pedir
reconsideração
e recorrer de decisões.” (NR);
II - o artigo 70, passando o
CAPÍTULO IX a denominar-se “Das Penalidades, da Extinção da Punibilidade das Providências Preliminares” (NR):
“Artigo 70 - Para a aplicação das penas previstas no artigo 67 são competentes:
I - o Governador; (NR)
II - o Secretário da Segurança Pública; (NR)
III - o Delegado Geral de Polícia, até a de suspensão; (NR)
IV - o Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, até a de suspensão limitada a 60 (sessenta)dias; (NR)
V - os Delegados de Polícia Corregedores Auxiliares, até a de repreensão. (NR)
§ 1º - Compete exclusivamente ao Governador do Estado, a aplicação das penas de demissão, demissão a bem do serviço público
e cassação de aposentadoria ou disponibilidade a Delegado de Polícia. (NR)
§ 2º - Compete às autoridades enumeradas neste artigo, até o inciso III, inclusive, a aplicação de pena a Delegado de Polícia.
(NR)
§ 3º - Para o exercício da competência prevista nos incisos I e II será ouvido o órgão de consultoria jurídica. (NR)
§ 4º - Para a aplicação da pena prevista no artigo 68 é competente o Delegado Geral de Polícia.” (NR);
III - o artigo 80:
“Artigo 80 - Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
I - da falta sujeita à pena de advertência, repreensão, multa ou suspensão, em 2 (dois) anos; (NR)
II - da falta sujeita à pena de demissão, demissão a bem do serviço público e de cassação da aposentadoria ou disponibilidade, em 5
(cinco) anos; (NR)
III - da falta prevista em lei como infração penal, no prazo de prescrição em abstrato da pena criminal, se for superior a 5 (cinco) anos. (NR)

Didatismo e Conhecimento 177


NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º - A prescrição começa a correr: (NR) III - recolhimento de carteira funcional, distintivo, armas e al-
1 - do dia em que a falta for cometida; (NR) gemas; (NR)
2 - do dia em que tenha cessado a continuação ou a permanên- IV - proibição do porte de armas; (NR)
cia, nas faltas continuadas ou permanentes. (NR) V - comparecimento obrigatório, em periodicidade a ser estabe-
§ 2º - Interrompe a prescrição a portaria que instaura sin- lecida, para tomar ciência dos atos do procedimento. (NR)
dicância e a que instaura processo administrativo. (NR) § 1º - O Delegado de Polícia Diretor da Corregedoria, ou
§ 3º - O lapso prescricional corresponde: (NR) 1 - na hipó- qualquer autoridade que determinar a instauração ou presidir
tese de desclassificação da infração, ao da pena efetivamente sindicância ou processo administrativo, poderá representar ao
aplicada; (NR) Delegado Geral de Polícia para propor a aplicação das medidas
2 - na hipótese de mitigação ou atenuação, ao da pena em tese previstas neste artigo, bem como sua cessação ou alteração. (NR)
cabível. (NR) § 2º - O Delegado Geral de Polícia poderá, a qualquer mo-
§ 4º - A prescrição não corre: (NR) mento, por despacho fundamentado, fazer cessar ou alterar as
1 - enquanto sobrestado o processo administrativo para aguar- medidas previstas neste artigo. (NR)
dar decisão judicial, na forma do § 3º do artigo 65; (NR) § 3º - O período de afastamento preventivo computa- se
2 - enquanto insubsistente o vínculo funcional que venha a ser como de efetivo exercício, não sendo descontado da pena de sus-
restabelecido. (NR) pensão eventualmente aplicada. (NR)
§ 5º - A decisão que reconhecer a existência de prescrição
deverá determinar, desde logo, as providências necessárias à CAPÍTULO X
apuração da responsabilidade pela sua ocorrência.” (NR); Do Procedimento Disciplinar (NR)
IV - os artigos 84 a 128, agrupados nas seções e capítulos a
seguir indicados: SEÇÃO I
Das Disposições Gerais
“SEÇÃO III
Das Providências Preliminares (NR) Artigo 87 - A apuração das infrações será feita mediante sindi-
cância ou processo administrativo, assegurados o contraditório e a
Artigo 84 - A autoridade policial que, por qualquer meio, tiver ampla defesa. (NR).
Artigo 88 - Será instaurada sindicância quando a falta discipli-
conhecimento de irregularidade praticada por policial civil, comu-
nar, por sua natureza, possa determinar as penas de advertência, re-
nicará imediatamente o fato ao órgão corregedor, sem prejuízo das
preensão, multa e suspensão. (NR)
medidas urgentes que o caso exigir. (NR)
Artigo 89 - Será obrigatório o processo administrativo quando a
Parágrafo único - Ao instaurar procedimento administrativo
falta disciplinar, por sua natureza, possa determinar a pena de demis-
ou de polícia judiciária contra policial civil, a autoridade que o
são, demissão a bem do serviço público, cassação de aposentadoria
presidir comunicará o fato ao Delegado de Polícia Diretor da Cor-
ou disponibilidade. (NR)
regedoria. (NR)
§ 1º - Não será instaurado processo para apurar abandono
Artigo 85 - A autoridade corregedora realizará apuração preli-
de cargo, se o servidor tiver pedido exoneração. (NR)
minar, de natureza simplesmente investigativa, quando a infração § 2º - Extingue-se o processo instaurado exclusivamente para
não estiver suficientemente caracterizada ou definida autoria. (NR) apurar abandono de cargo, se o indiciado pedir exoneração até a
§ 1º - O início da apuração será comunicado ao Delegado data designada para o interrogatório, ou por ocasião deste. (NR)
de Polícia Diretor da Corregedoria, devendo ser concluída e a
este encaminhada no prazo de 30 (trinta) dias. (NR) SEÇÃO II
§ 2º - Não concluída no prazo a apuração, a autoridade Da Sindicância
deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de Polícia Di-
retor da Corregedoria relatório das diligências realizadas e Artigo 90 - São competentes para determinar a instauração de
definir o tempo necessário para o término dos trabalhos. (NR) sindicância as autoridades enumeradas no artigo 70. (NR)
§ 3º - Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade de- Parágrafo único - Quando a determinação incluir Delegado de
verá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou pela Polícia, a competência é das autoridades enumeradas no artigo 70,
instauração de sindicância ou processo administrativo. (NR) até o inciso IV, inclusive. (NR)
Artigo 86 - Determinada a instauração de sindicância ou pro- Artigo 91 - Instaurada a sindicância, a autoridade que a presidir
cesso administrativo, ou no seu curso, havendo conveniência para comunicará o fato à Corregedoria Geral da Polícia Civil e ao órgão
a instrução ou para o serviço policial, poderá o Delegado Geral de setorial de pessoal. (NR)
Polícia, por despacho fundamentado, ordenar as seguintes provi- Artigo 92 - Aplicam-se à sindicância as regras previstas nesta
dências: (NR) lei complementar para o processo administrativo, com as seguintes
I - afastamento preventivo do policial civil, quando o reco- modificações: (NR)
mendar a moralidade administrativa ou a repercussão do fato, sem I - a autoridade sindicante e cada acusado poderão arrolar até 3
prejuízo de vencimentos ou vantagens, até 180 (cento e oitenta) (três) testemunhas; (NR)
dias, prorrogáveis uma única vez por igual período; (NR) II - a sindicância deverá estar concluída no prazo de 60 (sessen-
II - designação do policial acusado para o exercício de ativi- ta) dias; (NR)
dades exclusivamente burocráticas até decisão final do procedi- III - com o relatório, a sindicância será enviada à autoridade
mento; (NR) competente para a decisão. (NR)

Didatismo e Conhecimento 178


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 93 - O Delegado Geral de Polícia poderá, quando en- 6 - advertência de que o processo será extinto se o acusado
tender conveniente, solicitar manifestação do Conselho da Polícia pedir exoneração até o interrogatório, quando se tratar exclusiva-
Civil, antes de opinar ou proferir decisão em sindicância. (NR) mente de abandono de cargo. (NR)
§ 2º - A citação do acusado será feita pessoalmente, no mí-
SEÇÃO III nimo 2 (dois) dias antes do interrogatório, por intermédio do
Do Processo Administrativo respectivo superior hierárquico, ou diretamente, onde possa
ser encontrado. (NR)
Artigo 94 - São competentes para determinar a instauração de § 3º - Não sendo encontrado, furtando-se o acusado à cita-
processo administrativo as autoridades enumeradas no artigo 70, ção ou ignorando-se seu paradeiro, a citação far-se-á por edi-
até o inciso IV, inclusive. (NR) tal, publicado uma vez no Diário Oficial do Estado, no mínimo
Parágrafo único - Quando a determinação incluir Delegado de 10 (dez) dias antes do interrogatório. (NR)
Polícia, a competência é das autoridades enumeradas no artigo 70, Artigo 99 - Havendo denunciante, este deverá prestar declara-
até o inciso III, inclusive. (NR) ções, no interregno entre a data da citação e a fixada para o interro-
Artigo 95 - O processo administrativo será presidido por De- gatório do acusado, sendo notificado para tal fim. (NR)
legado de Polícia, que designará como secretário um Escrivão de § 1º - A oitiva do denunciante deverá ser acompanhada
Polícia. (NR) pelo advogado do acusado, próprio ou dativo. (NR)
Parágrafo único - Havendo imputação contra Delegado de Po- § 2º - O acusado não assistirá à inquirição do denunciante;
lícia, a autoridade que presidir a apuração será de classe igual ou antes porém de ser interrogado, poderá ter ciência das decla-
superior à do acusado. (NR) rações que aquele houver prestado. (NR)
Artigo 96 - Não poderá ser encarregado da apuração, nem Artigo 100 - Não comparecendo o acusado, será, por despa-
atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo, parente consan- cho, decretada sua revelia, prosseguindo-se nos demais atos e ter-
guíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau in- mos do processo. (NR)
clusive, cônjuge, companheiro ou qualquer integrante do núcleo Artigo 101 - Ao acusado revel será nomeado advogado dativo.
familiar do denunciante ou do acusado, bem assim o subordinado (NR)
deste. (NR) Artigo 102 - O acusado poderá constituir advogado que o re-
Parágrafo único - A autoridade ou o funcionário designado
presentará em todos os atos e termos do processo. (NR)
deverão comunicar, desde logo, à autoridade competente, o impe-
§ 1º - É faculdade do acusado tomar ciência ou assistir aos
dimento que houver. (NR)
atos e termos do processo, não sendo obrigatória qualquer no-
Artigo 97 - O processo administrativo deverá ser instaurado
tificação. (NR)
por portaria, no prazo improrrogável de 8 (oito) dias do recebimen-
§ 2º - O advogado será intimado por publicação no Diário
to da determinação, e concluído no de 90 (noventa) dias da citação
Oficial do Estado, de que conste seu nome e número de inscri-
do acusado. (NR)
§ 1º - Da portaria deverá constar o nome e a identificação ção na Ordem dos Advogados do Brasil, bem como os dados
do acusado, a infração que lhe é atribuída, com descrição su- necessários à identificação do procedimento. (NR)
cinta dos fatos e indicação das normas infringidas. (NR) § 3º - Não tendo o acusado recursos financeiros ou negan-
§ 2º - Vencido o prazo, caso não concluído o processo, a do-se a constituir advogado, o presidente nomeará advogado
autoridade deverá imediatamente encaminhar ao Delegado de dativo. (NR)
Polícia Diretor da Corregedoria relatório indicando as provi- § 4º - O acusado poderá, a qualquer tempo, constituir ad-
dências faltantes e o tempo necessário para término dos tra- vogado para prosseguir na sua defesa. (NR)
balhos. (NR) Artigo 103 - Comparecendo ou não o acusado ao interrogató-
§ 3º - Caso o processo não esteja concluído no prazo de 180 rio, inicia-se o prazo de 3 (três) dias para requerer a produção de
(cento e oitenta) dias, o Delegado de Polícia Diretor da Corre- provas, ou apresentá-las. (NR)
gedoria deverá justificar o fato circunstanciadamente ao De- § 1º - Ao acusado é facultado arrolar até 5 (cinco) testemu-
legado Geral de Polícia e ao Secretário da Segurança Pública. nhas. (NR)
(NR) § 2º - A prova de antecedentes do acusado será feita exclu-
Artigo 98 - Autuada a portaria e demais peças preexistentes, sivamente por documentos, até as alegações finais. (NR)
designará o presidente dia e hora para audiência de interrogatório, § 3º - Até a data do interrogatório, será designada a au-
determinando a citação do acusado e a notificação do denunciante, diência de instrução. (NR)
se houver. (NR) Artigo 104 - Na audiência de instrução, serão ouvidas, pela
§ 1º - O mandado de citação deverá conter: (NR) ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente, em número não
1 - cópia da portaria; (NR) superior a 5 (cinco), e pelo acusado. (NR)
2 - data, hora e local do interrogatório, que poderá ser acom- Parágrafo único - Tratando-se de servidor público, seu com-
panhado pelo advogado do acusado; (NR) parecimento poderá ser solicitado ao respectivo superior imediato
3 - data, hora e local da oitiva do denunciante, se houver, que com as indicações necessárias. (NR)
deverá ser acompanhada pelo advogado do acusado; (NR) Artigo 105 - A testemunha não poderá eximir-se de depor, sal-
4 - esclarecimento de que o acusado será defendido por advo- vo se for ascendente, descendente, cônjuge, ainda que legalmente
gado dativo, caso não constitua advogado próprio; (NR) separado, companheiro, irmão, sogro e cunhado, pai, mãe ou fi-
5 - informação de que o acusado poderá arrolar testemunhas lho adotivo do acusado, exceto quando não for possível, por outro
e requerer provas, no prazo de 3 (três) dias após a data designada modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstân-
para seu interrogatório; (NR) cias. (NR)

Didatismo e Conhecimento 179


NOÇÕES DE DIREITO
§ 1º - Se o parentesco das pessoas referidas for com o de- Artigo 110 - Somente poderão ser indeferidos pelo presidente,
nunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a exceção mediante decisão fundamentada, os requerimentos de nenhum in-
deste artigo. (NR) teresse para o esclarecimento do fato, bem como as provas ilícitas,
§ 2º - Ao policial civil que se recusar a depor, sem justa cau- impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. (NR)
sa, será pela autoridade competente aplicada a sanção a que se Artigo 111 - Quando, no curso do procedimento, surgirem fa-
refere o artigo 82, mediante comunicação do presidente. (NR) tos novos imputáveis ao acusado, poderá ser promovida a instaura-
§ 3º - O policial civil que tiver de depor como testemunha ção de novo procedimento para sua apuração, ou, caso convenien-
fora da sede de seu exercício, terá direito a transporte e diárias te, aditada a portaria, reabrindo-se oportunidade de defesa. (NR)
na forma da legislação em vigor, podendo ainda expedir-se pre- Artigo 112 - Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos
catória para esse efeito à autoridade do domicílio do depoente. autos à defesa, que poderá apresentar alegações finais, no prazo de
(NR) 7 (sete) dias. (NR)
§ 4º - São proibidas de depor as pessoas que, em razão de Parágrafo único - Não apresentadas no prazo as alegações fi-
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, nais, o presidente designará advogado dativo, assinando-lhe novo
salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o prazo. (NR)
seu testemunho. (NR) Artigo 113 - O relatório deverá ser apresentado no prazo de
Artigo 106 - A testemunha que morar em comarca diversa 10 (dez) dias, contados da apresentação das alegações finais. (NR)
poderá ser inquirida pela autoridade do lugar de sua residência, § 1º - O relatório deverá descrever, em relação a cada acu-
expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo razoável, sado, separadamente, as irregularidades imputadas, as provas
intimada a defesa. (NR) colhidas e as razões de defesa, propondo a absolvição ou puni-
§ 1º - Deverá constar da precatória a síntese da imputação ção e indicando, nesse caso, a pena que entender cabível. (NR)
e os esclarecimentos pretendidos. (NR) § 2º - O relatório deverá conter, também, a sugestão de
§ 2º - A expedição da precatória não suspenderá a instrução quaisquer outras providências de interesse do serviço público.
do procedimento. (NR) (NR)
§ 3º - Findo o prazo marcado, o procedimento poderá pros- Artigo 114 - Relatado, o processo será encaminhado ao De-
seguir até final decisão; a todo tempo, a precatória, uma vez legado Geral de Polícia, que o submeterá ao Conselho da Polícia
devolvida, será juntada aos autos. (NR) Civil, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. (NR)
Artigo 107 - As testemunhas arroladas pelo acusado compa- § 1º - O Presidente do Conselho da Polícia Civil, no prazo
recerão à audiência designada independente de notificação. (NR) de 20 (vinte) dias, poderá determinar a realização de diligên-
§ 1º - Deverá ser notificada a testemunha cujo depoimento cia, sempre que necessário ao esclarecimento dos fatos. (NR)
for relevante e que não comparecer espontaneamente. (NR) § 2º - Determinada a diligência, a autoridade encarregada
§ 2º - Se a testemunha não for localizada, a defesa poderá do processo administrativo terá prazo de 15 (quinze) dias para
substituí-la, se quiser, levando na mesma data designada para a seu cumprimento, abrindo vista à defesa para manifestar-se
audiência outra testemunha, independente de notificação. (NR) em 5 (cinco) dias. (NR)
Artigo 108 - Em qualquer fase do processo, poderá o presiden- § 3º - Cumpridas as diligências, o Conselho da Polícia Civil
te, de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar diligências que emitirá parecer conclusivo, no prazo de 20 (vinte) dias, enca-
entenda convenientes. (NR) minhando os autos ao Delegado Geral de Polícia. (NR)
§ 1º - As informações necessárias à instrução do processo § 4º - O Delegado Geral de Polícia, no prazo de 10 (dez)
serão solicitadas diretamente, sem observância de vinculação dias, emitirá manifestação conclusiva e encaminhará o proces-
hierárquica, mediante ofício, do qual cópia será juntada aos so administrativo à autoridade competente para decisão. (NR)
autos. (NR) § 5º - A autoridade que proferir decisão determinará os
§ 2º - Sendo necessário o concurso de técnicos ou peritos atos dela decorrentes e as providências necessárias a sua exe-
oficiais, o presidente os requisitará, observados os impedimen- cução. (NR)
tos do artigo 105. (NR) Artigo 115 - Terão forma processual resumida, quando pos-
Artigo 109 - Durante a instrução, os autos do procedimento sível, todos os termos lavrados pelo secretário, quais sejam: au-
administrativo permanecerão na repartição competente. (NR) tuação, juntada, conclusão, intimação, data de recebimento, bem
§ 1º - Será concedida vista dos autos ao acusado, mediante como certidões e compromissos. (NR)
simples solicitação, sempre que não prejudicar o curso do pro- Parágrafo único - Toda e qualquer juntada aos autos se fará
cedimento. (NR) na ordem cronológica da apresentação, rubricando o presidente as
§ 2º - A concessão de vista será obrigatória, no prazo para folhas acrescidas. (NR)
manifestação do acusado ou para apresentação de recursos, Artigo 116 - Não será declarada a nulidade de nenhum ato
mediante publicação no Diário Oficial do Estado. (NR) processual que não houver influído na apuração da verdade subs-
§ 3º - Ao advogado é assegurado o direito de retirar os au- tancial ou diretamente na decisão do processo ou sindicância. (NR)
tos da repartição, mediante recibo, durante o prazo para ma- Artigo 117 - É defeso fornecer à imprensa ou a outros meios
nifestação de seu representado, salvo na hipótese de prazo co- de divulgação notas sobre os atos processuais, salvo no interesse
mum, de processo sob regime de segredo de justiça ou quando da Administração, a juízo do Delegado Geral de Polícia. (NR)
existirem nos autos documentos originais de difícil restauração Artigo 118 - Decorridos 5 (cinco) anos de efetivo exercício,
ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanên- contados do cumprimento da sanção disciplinar, sem cometimento
cia dos autos na repartição, reconhecida pela autoridade em de nova infração, não mais poderá aquela ser considerada em pre-
despacho motivado. (NR) juízo do infrator, inclusive para efeito de reincidência. (NR)

Didatismo e Conhecimento 180


NOÇÕES DE DIREITO
SEÇÃO IV Artigo 127 - Recebido o pedido, o presidente providenciará
Dos Recursos o apensamento dos autos originais e notificará o requerente para,
no prazo de 8 (oito) dias, oferecer rol de testemunhas, ou requerer
Artigo 119 - Caberá recurso, por uma única vez, da decisão outras provas que pretenda produzir. (NR)
que aplicar penalidade. (NR) Parágrafo único - No processamento da revisão serão obser-
§ 1º - O prazo para recorrer é de 30 (trinta) dias, conta- vadas as normas previstas nesta lei complementar para o processo
dos da publicação da decisão impugnada no Diário Oficial do administrativo. (NR)
Estado. (NR) Artigo 128 - A decisão que julgar procedente a revisão poderá
§ 2º - Tratando-se de pena de advertência, sem publici- alterar a classificação da infração, absolver o punido, modificar a
dade, o prazo será contado da data em que o policial civil for pena ou anular o processo, restabelecendo os direitos atingidos pela
pessoalmente intimado da decisão. (NR) decisão reformada. (NR)”
§ 3º - Do recurso deverá constar, além do nome e qualifi- Artigo 2º - Ficam acrescentados à Lei Complementar nº 207, de
cação do recorrente, a exposição das razões de inconformismo. 5 de janeiro de 1979, os seguintes dispositivos:
(NR) I - ao artigo 65, os §§ 1º, 2º e 3º:
§ 4º - O recurso será apresentado à autoridade que aplicou § 1º - A responsabilidade administrativa é independente da
a pena, que terá o prazo de 10 (dez) dias para, motivadamente, civil e da criminal.
manter sua decisão ou reformá-la. (NR) § 2º - Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocu-
§ 5º - Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, será pava e com todos os direitos e vantagens devidas, o servidor ab-
imediatamente encaminhada a reexame pelo superior hierár- solvido pela Justiça, mediante simples comprovação do trânsito
quico. (NR) em julgado de decisão que negue a existência de sua autoria ou
§ 6º - O recurso será apreciado pela autoridade competen- do fato que deu origem à sua demissão.
te ainda que incorretamente denominado ou endereçado. (NR) § 3º - O processo administrativo só poderá ser sobrestado
Artigo 120 - Caberá pedido de reconsideração, que não poderá para aguardar decisão judicial por despacho motivado da auto-
ser renovado, de decisão tomada pelo Governador do Estado em ridade competente para aplicar a pena.”
única instância, no prazo de 30 (trinta) dias. (NR) II - ao artigo 74, o inciso VI:
Artigo 121 - Os recursos de que trata esta lei complementar “VI - ausência ao serviço, sem causa justificável, por mais de 45
não têm efeito suspensivo; os que forem providos darão lugar às (quarenta e cinco) dias, interpoladamente, durante um ano.”
retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à data do ato pu- III - ao artigo 75, os incisos X, XI e XII:
nitivo. (NR) “X - praticar ato definido como crime hediondo, tortura, tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo;
CAPÍTULO XI XI - praticar ato definido como crime contra o Sistema Finan-
Da Revisão ceiro, ou de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores;
XII - praticar ato definido em lei como de improbidade.”
Artigo 122 - Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de pu- Artigo 3º - Esta lei complementar entra em vigor na data de sua
nição disciplinar, se surgirem fatos ou circunstâncias ainda não publicação.
apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento, que possam
justificar redução ou anulação da pena aplicada. (NR) Disposições Transitórias
§ 1º - A simples alegação da injustiça da decisão não cons-
titui fundamento do pedido. (NR) Artigo 1º - A nova tipificação acrescentada aos artigos 74 e 75
§ 2º - Não será admitida reiteração de pedido pelo mesmo da Lei Complementar nº 207, de 5 de janeiro de 1979, só se aplica
fundamento. (NR) aos atos praticados após a entrada em vigor desta lei complementar.
§ 3º - Os pedidos formulados em desacordo com este artigo Artigo 2º - As demais disposições desta lei complementar apli-
serão indeferidos. (NR) cam-se imediatamente, sem prejuízo da validade dos atos realizados
§ 4º - O ônus da prova cabe ao requerente. (NR) na vigência da legislação anterior.
Artigo 123 - A pena imposta não poderá ser agravada pela Artigo 3º - Serão adaptados os procedimentos em curso na data
revisão. (NR) da entrada em vigor desta lei complementar, cabendo ao presidente
Artigo 124 - A instauração de processo revisional poderá ser tomar as providências necessárias, ouvido o acusado.
requerida fundamentadamente pelo interessado ou, se falecido ou Parágrafo único - O presidente da Comissão Processante as-
incapaz, por seu curador, cônjuge, companheiro, ascendente, des- sumirá a condução do processo administrativo em curso, podendo
cendente ou irmão, sempre por intermédio de advogado. (NR) propor, motivadamente, ao Delegado de Polícia Diretor da Correge-
Parágrafo único - O pedido será instruído com as provas que doria, sua substituição por outro membro.
o requerente possuir ou com indicação daquelas que pretenda pro- Artigo 4º - Os policiais civis que tiverem recebido punição da
duzir. (NR) qual ainda caiba recurso ou pedido de reconsideração, terão prazo
Artigo 125 - O exame da admissibilidade do pedido de revisão decadencial de 30 (trinta) dias para a respectiva interposição, na for-
será feito pela autoridade que aplicou a penalidade, ou que a tiver ma desta lei complementar.
confirmado em grau de recurso. (NR) Parágrafo único - A Administração publicará aviso, por 3 (três)
Artigo 126 - Deferido o processamento da revisão, será este vezes, no Diário Oficial do Estado, quanto ao disposto no “caput”,
realizado por Delegado de Polícia de classe igual ou superior à do contando-se o prazo do primeiro dia útil após a terceira publicação.
acusado, que não tenha funcionado no procedimento disciplinar de Palácio dos Bandeirantes, 2 de julho de 2002.
que resultou a punição do requerente. (NR) GERALDO ALCKMIN

Didatismo e Conhecimento 181


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 7º - Os primeiros 3 (três) anos de efetivo exercício nos
cargos das carreiras policiais civis de 3ª Classe, a que se refere
LEI COMPLEMENTAR N.º 1.151/11
o artigo 3º desta lei complementar, caracteriza-se como estágio
probatório.
§ 1º - Durante o período a que se refere o “caput” deste
artigo, os integrantes das carreiras policiais civis serão obser-
LEI COMPLEMENTAR Nº 1.151, DE 25 DE OUTUBRO DE vados e avaliados, semestralmente, no mínimo, quanto aos se-
2011 guintes requisitos:
1 - aprovação no curso de formação técnico-profissional;
Dispõe sobre a reestruturação das carreiras de policiais civis, 2 - conduta ilibada, na vida pública e na vida privada;
do Quadro da Secretaria da Segurança Pública, e dá providências 3 - aptidão;
correlatas. 4 - disciplina;
5 - assiduidade;
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: 6 - dedicação ao serviço;
Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo 7 - eficiência;
a seguinte lei complementar:
8 - responsabilidade.
Artigo 1º - As carreiras policiais civis, do Quadro da Secretaria
§ 2º - O curso de formação técnico-profissional, fase ini-
da Segurança Pública, de que trata a Lei Complementar nº 494, de
cial do estágio probatório, a que se refere o item 1 do § 1º deste
24 de dezembro de 1986, alterada pela Lei Complementar nº 1.064,
de 13 de novembro de 2008, ficam estruturadas, para efeito de es- artigo, terá a duração mínima 3 (três) meses.
calonamento e promoção, em quatro classes, dispostas hierarquica- § 3º - O policial civil será considerado aprovado no curso
mente de acordo com o grau de complexidade das atribuições e nível de formação técnico-profissional desde que obtenha nota mí-
de responsabilidade. nima correspondente a 50% (cinquenta por cento) da pontua-
Artigo 2º - As carreiras policiais civis passam a ser compostas ção máxima, em cada disciplina.
pelo quantitativo de cargos fixados no Anexo I desta lei complemen- § 4º - Durante o período de estágio probatório, será exone-
tar, distribuídos hierarquicamente em ordem crescente na seguinte rado, mediante procedimento administrativo, a qualquer tem-
conformidade: po, o policial civil que não atender aos requisitos estabelecidos
I - 3ª Classe; neste artigo, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
II - 2ª Classe; § 5º - Os demais critérios e procedimentos para fins do
III - 1ª Classe; cumprimento do estágio probatório serão estabelecidos em
IV - Classe Especial. decreto, mediante proposta do Secretário da Segurança Públi-
Artigo 3º - O ingresso nas carreiras policiais civis, precedido de ca, ouvida a Secretaria de Gestão Pública, no prazo máximo
aprovação em concurso público de provas e títulos, dar-se-á em 3ª de 90 (noventa) dias a contar da data da publicação desta lei
Classe, mediante nomeação em caráter de estágio probatório, pelo complementar.
período de 3 (três) anos de efetivo exercício, obrigatoriamente em § 6º - Cumpridos os requisitos para fins de estágio proba-
unidades territoriais de Polícia Judiciária da Polícia Civil e da Polí- tório, o policial civil obterá estabilidade, mantido o nível de
cia Técnico-Científica. ingresso na respectiva carreira.
Artigo 4º - Constituem exigências prévias para inscrição no Artigo 8º - Os vencimentos dos integrantes das carreiras po-
concurso público de ingresso nas carreiras policiais civis ser porta- liciais civis, de que trata o artigo 2º da Lei Complementar nº 731,
dor de nível de escolaridade estabelecido para cada carreira no arti- de 26 de outubro de 1993, alterado pelo artigo 2º da Lei Comple-
go 5º da Lei Complementar nº 494, de 24 de dezembro de 1986, e no mentar nº 1.064, de 13 de novembro de 2008, em decorrência de
artigo 1º da Lei Complementar nº 1.067, de 1º de dezembro de 2008. reclassificação, passam a ser fixados na seguinte conformidade:
Artigo 5º - O concurso público a que se refere o artigo 3º desta I - Anexos II e III desta lei complementar, a partir de 1º de
lei complementar será realizado em 6 (seis) fases, a saber:
julho de 2011;
I - prova preambular com questões de múltipla escolha;
II - Anexos IV e V desta lei complementar, a partir de 1º de
II - prova escrita com questões dissertativas, quando for o caso,
agosto de 2012.
a ser regulada em edital de concurso público;
III - prova de aptidão psicológica; Artigo 9º - A evolução funcional dos integrantes das carreiras
IV - prova de aptidão física; policiais civis dar-se-á por meio de promoção, que consiste na
V - comprovação de idoneidade e conduta escorreita, mediante elevação à classe imediatamente superior da respectiva carreira.
investigação social; Artigo 10 - A promoção será processada pelo Conselho da
VI - prova de títulos, quando for o caso, a ser regulada em edital Polícia Civil, adotados os critérios de antiguidade e merecimento,
de concurso público. realizando-se, no mínimo, uma promoção por semestre.
Parágrafo único - As fases a que se referem os incisos I a V § 1º - A evolução funcional até a 1ª Classe das carreiras de
deste artigo serão de caráter eliminatório e sucessivas, e a constante policiais civis dar-se-á por quaisquer dos critérios estabeleci-
do inciso VI, de caráter classificatório. dos neste artigo, e para a Classe Especial, somente por mere-
Artigo 6º - O cargo de Superintendente da Polícia Técnico- cimento.
Científica, de provimento em comissão, será ocupado, alternada- § 2º - O processo de promoção a que se refere o “caput”
mente, por integrante das carreiras de Médico Legista e Perito deste artigo instaura-se mediante Portaria do Presidente do
Criminal, nos termos da lei. Conselho da Polícia Civil.

Didatismo e Conhecimento 182


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 11 - A promoção de que trata o artigo 10 desta lei com- 1 - estar na primeira metade da lista de classificação em sua
plementar será processada na seguinte conformidade: respectiva classe;
I - alternadamente, em proporções iguais, por antiguidade e 2 - estar em efetivo exercício na Secretaria da Segurança Pú-
por merecimento, da 3ª até a 1ª Classe, limitado o quantitativo de blica, ou regularmente afastado para exercer cargo ou função;
promoções ao número correspondente de vacâncias ocorridas em 3 - não ter sofrido punição disciplinar na qual tenha sido im-
cada uma das classes das respectivas carreiras, no período que an- posta pena de:
tecede a abertura do respectivo processo; a) advertência ou de repreensão, nos 12 (doze) meses ante-
II - somente por merecimento, para a Classe Especial, limita- riores;
do o quantitativo de promoções a um número que não ultrapasse o b) multa ou de suspensão, nos 24 (vinte e quatro) meses an-
contingente estabelecido no Anexo VI desta lei complementar, em teriores.
atividade, na referida classe das respectivas carreiras. § 2º - O preenchimento dos requisitos deverá ser apurado
§ 1º - O quantitativo de promoções a que se refere o inciso pelo Conselho da Polícia Civil até a data que antecede a aber-
I deste artigo poderá ser acrescido em número correspondente tura do processo de promoção.
ao de promoções ocorridas dentro do próprio processo, inclu- § 3º - A avaliação por merecimento será efetuada pelo
sive aquelas ocorridas nos termos do artigo 22 desta lei com-
Conselho da Polícia Civil e deverá observar, entre outros, os
plementar.
seguintes critérios:
§ 2º - Poderá concorrer à promoção o policial civil que, no
1 - conduta do candidato;
período que anteceder a abertura do processo de promoção:
1 - esteja em efetivo exercício na Secretaria da Segurança Pú- 2 - assiduidade;
blica ou regularmente afastado para exercer cargo ou função de 3 - eficiência;
interesse estritamente policial; 4 - elaboração de trabalho técnico-científico de interesse po-
2 - tenha cumprido o interstício a que se refere o artigo 12 licial.
desta lei complementar. Artigo 16 - A promoção do policial civil da 1ª Classe para a
§ 3º - A promoção de que trata o “caput” deste artigo pro- Classe Especial, observado o limite fixado no inciso II do artigo
duzirá efeitos a partir da data da publicação do ato a que se 11 desta lei complementar, deverá atender, ainda, o requisito de
refere o artigo 23 desta lei complementar. interstício de 20 (vinte) anos na respectiva carreira, além daqueles
Artigo 12 - Poderá participar do processo de promoção, de previstos no artigo 15 desta lei complementar.
que trata o artigo 10 desta lei complementar, o policial civil que Artigo 17 - Para promoção por merecimento serão indicados
tenha cumprido o interstício mínimo de: policiais civis em número equivalente ao quantitativo de promo-
I - 4 (quatro) anos de efetivo exercício na 3ª Classe; ções fixado para cada classe da respectiva carreira, mais dois.
II - 4 (quatro) anos de efetivo exercício na 2ª e na 1ª Classe. § 1º - A votação será descoberta e única para cada indica-
Artigo 13 - Interromper-se-á o interstício a que se refere o ção.
artigo 12 desta lei complementar quando o policial civil estiver § 2º - O policial civil com maior número de votos será con-
afastado para ter exercício em cargo ou função de natureza diversa siderado indicado para promoção.
da do cargo ou função que exerce, exceto quando: § 3º - Ao Presidente do Conselho da Polícia Civil caberá
I - afastado nos termos dos artigos 78, 79 e 80 da Lei nº emitir o voto de qualidade, em caso de empate.
10.261, de 28 de outubro de 1968; § 4º - Quando o quantitativo fixado para promoção for su-
II - afastado, sem prejuízo dos vencimentos, para participação perior ao número de indicações possíveis, observar-se-á lista
em cursos, congressos ou demais certames afetos à sua área de de antiguidade para a respectiva promoção.
atuação, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias; Artigo 18 - Ao policial civil indicado para promoção pelo
III - afastado nos termos do § 1º do artigo 125 da Constituição Conselho da Polícia Civil e não promovido, fica assegurado o
do Estado; direito de novas indicações, desde que não sobrevenha punição
IV - designado para função de direção, chefia ou encarregatu-
administrativa.
ra retribuída mediante gratificação “pro labore” a que se refere o
Parágrafo único - O policial civil que figurar em três listas
artigo 7º da Lei Complementar nº 731, de 26 de outubro de 1993,
consecutivas de merecimento terá sua promoção assegurada, por
com alterações posteriores, e o artigo 5º da Lei Complementar nº
1.064, de 13 de novembro de 2008. esse critério, no processo de promoção subsequente.
Artigo 14 - Na promoção por antiguidade, apurada pelo tempo Artigo 19 - As listas dos policiais civis indicados à promoção
de efetivo exercício na classe, computado até a data que antecede por antiguidade e merecimento, esta última disposta em ordem al-
a abertura do respectivo processo, o empate na classificação final fabética, serão publicadas no Diário Oficial do Estado, no prazo
resolver-se-á observada a seguinte ordem: máximo de 15 (quinze) dias, a partir da data da portaria de instau-
I - maior tempo de serviço na respectiva carreira; ração do respectivo processo.
II - maior tempo de serviço público estadual; § 1º - Cabe reclamação, dentro do prazo de 5 (cinco) dias
III - maior idade. úteis a partir da publicação, dirigida ao Presidente do Conse-
Artigo 15 - A promoção por merecimento depende do preen- lho, contra a classificação na lista de antiguidade ou não indi-
chimento dos requisitos e de avaliação do merecimento. cação na lista de merecimento.
§ 1º - Para fins de promoção a que se refere o “caput” des- § 2º - Findo o prazo, as reclamações serão distribuídas me-
te artigo, além do interstício de que trata o artigo 12 desta lei diante rotatividade entre os membros do Conselho da Polícia
complementar, o policial civil deverá preencher os seguintes Civil, que deverão emitir parecer no prazo improrrogável de
requisitos: 3 (três) dias úteis.

Didatismo e Conhecimento 183


NOÇÕES DE DIREITO
§ 3º - Esgotado o prazo a que se refere o § 2º deste artigo, Policial e Fotógrafo Técnico-Pericial, quando o policial civil pres-
as reclamações serão submetidas à deliberação do Conselho tar serviços em município com população inferior a 500.000 (qui-
da Polícia Civil, que as decidirá no prazo improrrogável de 3 nhentos mil) habitantes;
(três) dias úteis. II - R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), para as carreiras de
§ 4º - A decisão e a alteração das listas, se houver, serão Investigador de Polícia, Escrivão de Polícia, Agente Policial, Car-
publicadas no Diário Oficial do Estado. cereiro, Auxiliar de Papiloscopista Policial, Atendente de Necroté-
§ 5º - Não caberá qualquer recurso contra a nova classi- rio Policial, Papiloscopista Policial, Desenhista Técnico-Pericial,
ficação. Auxiliar de Necropsia, Agente de Telecomunicações Policial e Fo-
Artigo 20 - O Presidente do Conselho da Polícia Civil enca- tógrafo Técnico-Pericial, quando o policial civil prestar serviços
minhará as listas de promoção ao Secretário da Segurança Pública, em município com população igual ou superior 500.000 (quinhen-
que as transmitirá ao Governador, para efetivação da promoção tos mil) habitantes.” (NR)
dos classificados por antiguidade e por merecimento. Artigo 26 - Fica constituído grupo de trabalho integrado por
Artigo 21 - Os casos omissos serão objeto de deliberação do representantes do Poder Executivo e Legislativo, com a finalidade
Conselho da Polícia Civil. de avaliar as possibilidades de valorização das carreiras de Inves-
Artigo 22 - Além da promoção prevista no artigo 10 desta lei tigador de Polícia e Escrivão de Polícia, considerando a Lei Com-
complementar, o policial civil será promovido à classe superior, plementar nº 1.067, de 1º de dezembro de 2008, no prazo de 180
independente de limite, observados os seguintes critérios: (cento e oitenta) dias.
I - para a 2ª Classe da respectiva carreira, contar com 15 (quin- Artigo 27 - Esta lei complementar e suas disposições transitó-
ze) anos de efetivo exercício na carreira, considerado o tempo de rias aplicam-se, no que couber, aos ocupantes de funções ativida-
estágio probatório; des, bem como aos inativos e pensionistas.
II - para a 1ª Classe da respectiva carreira, contar com 25 (vin- Artigo 28 - As despesas decorrentes desta lei complementar
te e cinco) anos na referida carreira. correrão à conta das dotações próprias consignadas no orçamento
§ 1º - A promoção de que trata este artigo será realizada da Secretaria da Segurança Pública, suplementadas, se necessário,
semestralmente, nos meses de março e setembro de cada ano, e mediante utilização de recursos nos termos do § 1º do artigo 43 da
produzirá efeitos a partir da data subsequente ao implemento Lei federal nº 4.320, de 17 de março de 1964.
dos critérios estabelecidos nos incisos I e II deste artigo. Artigo 29 - Esta lei complementar e suas disposições transitó-
§ 2º - Caberá ao órgão setorial de recursos humanos apre- rias entram em vigor na data de sua publicação, retroagindo seus
sentar a lista dos policiais civis com direito à promoção de que efeitos a 1º de julho de 2011, exceto o artigo 25, que retroage seus
trata este artigo, para homologação pelo Conselho da Polícia efeitos a 1º de março de 2010, ficando revogados os artigos 5º a 14
Civil. da Lei Complementar nº 675, de 5 de junho de 1992.
Artigo 23 - Atendidas as exigências previstas nesta lei com-
plementar, as promoções serão efetivadas por ato do Governador. Disposições Transitórias
Artigo 24 - Na vacância, os cargos das carreiras policiais civis
de 2ª Classe a Classe Especial retornarão à 3ª Classe da respectiva Artigo 1º - Os atuais policiais civis de 4ª Classe terão seus
carreira. cargos enquadrados na 3ª Classe da respectiva carreira, mantida a
Artigo 25 - Os dispositivos adiante mencionados passam a vi- ordem de classificação.
gorar com a seguinte redação: § 1º - O tempo de efetivo exercício no cargo de 4ª Classe
I - a alínea “a” do inciso II do artigo 3º da Lei Complementar será computado para efeito de estágio probatório a que se re-
nº 696, de 18 de novembro de 1992, alterado pela Lei Complemen- fere o artigo 3º desta lei complementar.
tar nº 1.114, de 26 de maio de 2010: § 2º - Os títulos dos servidores abrangidos por este artigo
“Artigo 3º - Os valores do Adicional de Local de Exercício serão apostilados pelas autoridades competentes.
ficam fixados na seguinte conformidade: Artigo 2º - O provimento em cargos das carreiras de policiais
............................................................................ civis de candidatos aprovados em concursos públicos de ingresso,
II - para o Local II: em andamento ou encerrado, cujo prazo de validade não tenha se
a) R$ 1.575,00 (mil, quinhentos e setenta e cinco reais), para expirado, dar-se-á em conformidade com o disposto no artigo 3º
o Delegado Geral de Polícia, Superintendente da Polícia Técni- desta lei complementar.
co-Científica e para as carreiras de Delegado de Polícia, Médico Parágrafo único - Os policiais civis que tenham concluído ou
Legista e Perito Criminal;” (NR); estejam frequentando o Curso Específico de Aperfeiçoamento ne-
II - os incisos I e II do artigo 4º da Lei Complementar nº 1.114, cessário à promoção de 3ª Classe para 2ª Classe, e de 1ª Classe
de 26 de maio de 2010: para a Classe Especial, terão preferência para concorrer ao primei-
“Artigo 4º - Quando a retribuição total mensal do policial civil ro processo de promoção que houver após a aprovação desta lei
for inferior aos valores fixados neste artigo, será concedido abono complementar.
complementar para que sua retribuição total mensal corresponda a Artigo 3º - O primeiro processo de promoção a que se refere o
esses valores, na seguinte conformidade: artigo 22 desta lei complementar observará os critérios estabeleci-
I - R$ 1.350,00 (mil, trezentos e cinquenta reais), para as car- dos de tempo de efetivo exercício na classe e na respectiva carreira
reiras de Investigador de Polícia, Escrivão de Polícia, Agente Po- até a data que antecede a publicação desta lei complementar.
licial, Carcereiro, Auxiliar de Papiloscopista Policial, Atendente Parágrafo único - As promoções a que se refere o “caput” des-
de Necrotério Policial, Papiloscopista Policial, Desenhista Técni- te artigo produzirão efeitos a partir da vigência desta lei comple-
co-Pericial, Auxiliar de Necropsia, Agente de Telecomunicações mentar.

Didatismo e Conhecimento 184


NOÇÕES DE DIREITO
Palácio dos Bandeirantes, 25 de outubro de 2011 III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec-
2.5.21 LEI FEDERAL N.º 12.527, DE nologia da informação; 
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na
18/11/2011 (LEI DE ACESSO À
administração pública; 
INFORMAÇÃO) E SEU DECRETO V - desenvolvimento do controle social da administração pú-
REGULAMENTADOR NO ÂMBITO blica. 
DO ESTADO DE SÃO PAULO
(DECRETO N.º 58.052, DE 16/05/2012) . Art. 4o  Para os efeitos desta Lei, considera-se: 
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser uti-
lizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em
qualquer meio, suporte ou formato; 
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. II - documento: unidade de registro de informações, qualquer
que seja o suporte ou formato; 
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente
art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Cons- à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
tituição Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; para a segurança da sociedade e do Estado; 
revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural
no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. identificada ou identificável; 
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à
produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução,
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamen-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
to, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informação; 
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser
CAPÍTULO I
conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas
DISPOSIÇÕES GERAIS autorizados; 
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido
Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem obser- produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado indi-
vados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim víduo, equipamento ou sistema; 
de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. VIII - integridade: qualidade da informação não modificada,
5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição inclusive quanto à origem, trânsito e destino; 
Federal.  IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte,
Parágrafo único.  Subordinam-se ao regime desta Lei:  com o máximo de detalhamento possível, sem modificações. 
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos
Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Ju- Art. 5o  É dever do Estado garantir o direito de acesso à infor-
diciário e do Ministério Público;  mação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil com-
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas preensão. 
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Mu-
nicípios.  CAPÍTULO II
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA
Art. 2o  Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, SUA DIVULGAÇÃO
às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para reali-
zação de ações de interesse público, recursos públicos diretamente Art. 6o  Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observa-
do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, das as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a: 
termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos I - gestão transparente da informação, propiciando amplo aces-
congêneres.  so a ela e sua divulgação; 
Parágrafo único.  A publicidade a que estão submetidas as en- II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,
autenticidade e integridade; e 
tidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos
III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal,
recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas
observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e even-
a que estejam legalmente obrigadas. 
tual restrição de acesso. 
Art. 3o  Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a as- Art. 7o  O acesso à informação de que trata esta Lei compreen-
segurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser de, entre outros, os direitos de obter: 
executados em conformidade com os princípios básicos da adminis- I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
tração pública e com as seguintes diretrizes:  acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou ob-
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo tida a informação almejada; 
como exceção;  II - informação contida em registros ou documentos, produ-
II - divulgação de informações de interesse público, indepen- zidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou
dentemente de solicitações;  não a arquivos públicos; 

Didatismo e Conhecimento 185


NOÇÕES DE DIREITO
III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou § 2o  Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e
entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos entidades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos
ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;  legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;  sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet). 
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti- § 3o  Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de regula-
dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;  mento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: 
VI - informação pertinente à administração do patrimônio pú- I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o
blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos admi- acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em
nistrativos; e  linguagem de fácil compreensão; 
VII - informação relativa:  II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro- eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como plani-
gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem lhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações; 
como metas e indicadores propostos;  III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina; 
de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estrutu-
incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.  ração da informação; 
§ 1o  O acesso à informação previsto no caput não compreen- V - garantir a autenticidade e a integridade das informações
de as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvi- disponíveis para acesso; 
mento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à VI - manter atualizadas as informações disponíveis para aces-
segurança da sociedade e do Estado.  so; 
§ 2o  Quando não for autorizado acesso integral à informação VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado
por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou en-
sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da tidade detentora do sítio; e 
parte sob sigilo.  VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibili-
dade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art.
§ 3o  O direito de acesso aos documentos ou às informações
17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9o da
neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprova-
e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato deci-
da pelo Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008. 
sório respectivo. 
§ 4o  Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil)
§ 4o  A negativa de acesso às informações objeto de pedido
habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet
formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o, quando não
a que se refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade de divulgação,
fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
em tempo real, de informações relativas à execução orçamentária
termos do art. 32 desta Lei.  e financeira, nos critérios e prazos previstos no  art. 73-B da Lei
§ 5o  Informado do extravio da informação solicitada, poderá Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabi-
o interessado requerer à autoridade competente a imediata aber- lidade Fiscal). 
tura de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva
documentação.  Art. 9o  O acesso a informações públicas será assegurado me-
§ 6o  Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o res- diante: 
ponsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos
de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que com- e entidades do poder público, em local com condições apropriadas
provem sua alegação.  para: 
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informa-
Art. 8o  É dever dos órgãos e entidades públicas promover, ções; 
independentemente de requerimentos, a divulgação em local de b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas res-
fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de pectivas unidades; 
interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.  c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a in-
§ 1o  Na divulgação das informações a que se refere o caput, formações; e 
deverão constar, no mínimo:  II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
I - registro das competências e estrutura organizacional, en- participação popular ou a outras formas de divulgação. 
dereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendi-
mento ao público;  CAPÍTULO III
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recur- DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
sos financeiros;  Seção I
III - registros das despesas;  Do Pedido de Acesso
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios,
inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os Art. 10.  Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
contratos celebrados;  acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art.
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, 1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido con-
ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e  ter a identificação do requerente e a especificação da informação
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.  requerida. 

Didatismo e Conhecimento 186


NOÇÕES DE DIREITO
§ 1o  Para o acesso a informações de interesse público, a iden- Parágrafo único.  Na impossibilidade de obtenção de cópias, o
tificação do requerente não pode conter exigências que inviabili- interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão
zem a solicitação.  de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não
§ 2o  Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar ponha em risco a conservação do documento original. 
alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de
seus sítios oficiais na internet.  Art. 14.  É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão
§ 3o  São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos de negativa de acesso, por certidão ou cópia. 
determinantes da solicitação de informações de interesse público. 
Seção II
Art. 11.  O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou con- Dos Recursos
ceder o acesso imediato à informação disponível. 
§ 1o  Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma Art. 15.  No caso de indeferimento de acesso a informações ou
disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deve- às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recur-
rá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:  so contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência. 
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, Parágrafo único.  O recurso será dirigido à autoridade hierarqui-
efetuar a reprodução ou obter a certidão;  camente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. 
parcial, do acesso pretendido; ou 
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do Art. 16.  Negado o acesso a informação pelos órgãos ou enti-
seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, dades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à
remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco)
interessado da remessa de seu pedido de informação.  dias se: 
§ 2o  O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por mais I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for
10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cienti- negado; 
ficado o requerente.  II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou par-
§ 3o  Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações cialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade clas-
e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade po- sificadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
derá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar pedido de acesso ou desclassificação; 
a informação de que necessitar.  III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa
§ 4o  Quando não for autorizado o acesso por se tratar de in- estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e 
formação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedi-
informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições mentos previstos nesta Lei. 
para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autorida- § 1o  O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido
de competente para sua apreciação.  à Controladoria-Geral da União depois de submetido à apreciação
§ 5o  A informação armazenada em formato digital será forne- de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela
cida nesse formato, caso haja anuência do requerente.  que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cin-
§ 6o  Caso a informação solicitada esteja disponível ao público co) dias. 
em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de § 2o  Verificada a procedência das razões do recurso, a Contro-
acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o ladoria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que adote
lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir as providências necessárias para dar cumprimento ao disposto nesta
a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão Lei. 
ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo § 3o  Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral
se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si da União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reava-
mesmo tais procedimentos.  liação de Informações, a que se refere o art. 35. 

Art. 12.  O serviço de busca e fornecimento da informação é Art. 17.  No caso de indeferimento de pedido de desclassifica-
gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo ção de informação protocolado em órgão da administração pública
órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da área,
cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento do sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reavaliação
custo dos serviços e dos materiais utilizados.  de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16. 
Parágrafo único.  Estará isento de ressarcir os custos previstos § 1o  O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido
no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe permita fa- às autoridades mencionadas depois de submetido à apreciação de
zê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à autoridade
termos da Lei no 7.115, de 29 de agosto de 1983.  que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao
respectivo Comando. 
Art. 13.  Quando se tratar de acesso à informação contida em § 2o  Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como
documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de- objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta,
verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações
confere com o original.  prevista no art. 35. 

Didatismo e Conhecimento 187


NOÇÕES DE DIREITO
Art. 18.  Os procedimentos de revisão de decisões denegató- VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas auto-
rias proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de clas- ridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou 
sificação de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de
própria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Pú- investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a
blico, em seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em prevenção ou repressão de infrações. 
qualquer caso, o direito de ser informado sobre o andamento de
seu pedido.  Art. 24.  A informação em poder dos órgãos e entidades pú-
blicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilida-
Art. 19.  (VETADO).  de à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada
§ 1o  (VETADO).  como ultrassecreta, secreta ou reservada. 
§ 2o  Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público in- § 1o  Os prazos máximos de restrição de acesso à informação,
formarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da
do Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau data de sua produção e são os seguintes: 
de recurso, negarem acesso a informações de interesse público.  I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; 
II - secreta: 15 (quinze) anos; e 
Art. 20.  Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei III - reservada: 5 (cinco) anos. 
no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata § 2o  As informações que puderem colocar em risco a segu-
este Capítulo.  rança do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos
cônjuges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão
CAPÍTULO IV sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO mandato, em caso de reeleição. 
Seção I § 3o  Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, poderá ser
Disposições Gerais estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência
de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso
Art. 21.  Não poderá ser negado acesso à informação neces-
do prazo máximo de classificação. 
sária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. 
§ 4o  Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o
Parágrafo único.  As informações ou documentos que versem
evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, au-
sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos pra-
tomaticamente, de acesso público. 
ticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas
§ 5o  Para a classificação da informação em determinado grau
não poderão ser objeto de restrição de acesso. 
de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação
e utilizado o critério menos restritivo possível, considerados: 
Art. 22.  O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e
legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo
do Estado; e 
industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômica
pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que
qualquer vínculo com o poder público.  defina seu termo final. 
Seção III
Seção II Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas
Da Classificação da Informação quanto ao
Grau e Prazos de Sigilo Art. 25.  É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades,
Art. 23.  São consideradas imprescindíveis à segurança da assegurando a sua proteção. (Regulamento)
sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as § 1o  O acesso, a divulgação e o tratamento de informação
informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam:  classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integri- necessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas
dade do território nacional;  na forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agen-
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou tes públicos autorizados por lei. 
as relações internacionais do País, ou as que tenham sido forneci- § 2o  O acesso à informação classificada como sigilosa cria a
das em caráter sigiloso por outros Estados e organismos interna- obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo. 
cionais;  § 3o  Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;  a serem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômi- modo a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, trans-
ca ou monetária do País;  missão e divulgação não autorizados. 
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégi-
cos das Forças Armadas;  Art. 26.  As autoridades públicas adotarão as providências
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e de- necessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquica-
senvolvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, mente conheça as normas e observe as medidas e procedimentos
bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;  de segurança para tratamento de informações sigilosas. 

Didatismo e Conhecimento 188


NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único.  A pessoa física ou entidade privada que, § 1o  O regulamento a que se refere o caput deverá considerar
em razão de qualquer vínculo com o poder público, executar ativi- as peculiaridades das informações produzidas no exterior por
dades de tratamento de informações sigilosas adotará as providências autoridades ou agentes públicos. 
necessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes § 2o  Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser
observem as medidas e procedimentos de segurança das informações examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibili-
resultantes da aplicação desta Lei.  dade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação da in-
formação. 
Seção IV § 3o  Na hipótese de redução do prazo de sigilo da infor-
Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e Des- mação, o novo prazo de restrição manterá como termo inicial a
classificação data da sua produção. 
Art. 27.  A classificação do sigilo de informações no âmbito da Art. 30.  A autoridade máxima de cada órgão ou entidade
administração pública federal é de competência:  (Regulamento) publicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e desti-
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:  nado à veiculação de dados e informações administrativas, nos
a) Presidente da República; 
termos de regulamento: 
b) Vice-Presidente da República; 
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerroga-
nos últimos 12 (doze) meses; 
tivas; 
d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e  II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo,
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes com identificação para referência futura; 
no exterior;  III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como
titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e sociedades informações genéricas sobre os solicitantes. 
de economia mista; e  § 1o  Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da pu-
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos I blicação prevista no caput para consulta pública em suas sedes. 
e II e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia, nível § 2o  Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de
DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento Supe- informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de
riores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação sigilo e dos fundamentos da classificação. 
específica de cada órgão ou entidade, observado o disposto nesta Lei. 
§ 1o  A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere Seção V
à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada pela Das Informações Pessoais
autoridade responsável a agente público, inclusive em missão no ex-
terior, vedada a subdelegação.  Art. 31.  O tratamento das informações pessoais deve ser
§ 2o  A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecreto feito de forma transparente e com respeito à intimidade, vida
pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I deverá ser privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades
ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo previsto em e garantias individuais. 
regulamento.  § 1o  As informações pessoais, a que se refere este artigo,
§ 3o  A autoridade ou outro agente público que classificar infor- relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: 
mação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que trata I - terão seu acesso restrito, independentemente de clas-
o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que se sificação de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a
refere o art. 35, no prazo previsto em regulamento.  contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente
autorizados e à pessoa a que elas se referirem; e 
Art. 28.  A classificação de informação em qualquer grau de si-
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por
gilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da
seguintes elementos: 
pessoa a que elas se referirem. 
I - assunto sobre o qual versa a informação; 
II - fundamento da classificação, observados os critérios estabe- § 2o  Aquele que obtiver acesso às informações de que trata
lecidos no art. 24;  este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. 
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou § 3o  O consentimento referido no inciso II do § 1o não será
dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites pre- exigido quando as informações forem necessárias: 
vistos no art. 24; e  I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa es-
IV - identificação da autoridade que a classificou.  tiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e ex-
Parágrafo único.  A decisão referida no caput será mantida no clusivamente para o tratamento médico; 
mesmo grau de sigilo da informação classificada.  II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo ve-
Art. 29.  A classificação das informações será reavaliada pela au- dada a identificação da pessoa a que as informações se referi-
toridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente superior, rem; 
mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos previstos em III - ao cumprimento de ordem judicial; 
regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo IV - à defesa de direitos humanos; ou 
de sigilo, observado o disposto no art. 24.  (Regulamento) V - à proteção do interesse público e geral preponderante. 

Didatismo e Conhecimento 189


NOÇÕES DE DIREITO
§ 4o  A restrição de acesso à informação relativa à vida pri- IV - suspensão temporária de participar em licitação e impe-
vada, honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com dimento de contratar com a administração pública por prazo não
o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularidades superior a 2 (dois) anos; e 
em que o titular das informações estiver envolvido, bem como V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com
em ações voltadas para a recuperação de fatos históricos de maior a administração pública, até que seja promovida a reabilitação pe-
relevância.  rante a própria autoridade que aplicou a penalidade. 
§ 5o  Regulamento disporá sobre os procedimentos para trata- § 1o  As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser
mento de informação pessoal.  aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de
defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez)
CAPÍTULO V dias. 
DAS RESPONSABILIDADES § 2o  A reabilitação referida no inciso V será autorizada so-
mente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou
Art. 32.  Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabi- entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da san-
lidade do agente público ou militar:  ção aplicada com base no inciso IV. 
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos des- § 3o  A aplicação da sanção prevista no inciso V é de compe-
ta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la tência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pú-
intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;  blica, facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no
II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inu- prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista. 
tilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, infor-
mação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou Art. 34.  Os órgãos e entidades públicas respondem direta-
conhecimento em razão do exercício das atribuições de cargo, em- mente pelos danos causados em decorrência da divulgação não
autorizada ou utilização indevida de informações sigilosas ou in-
prego ou função pública; 
formações pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade fun-
III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de
cional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito
acesso à informação; 
de regresso. 
IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir
Parágrafo único.  O disposto neste artigo aplica-se à pessoa
acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal; 
física ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou
natureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigi-
de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si
losa ou pessoal e a submeta a tratamento indevido. 
ou por outrem; 
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente in- CAPÍTULO VI
formação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
de terceiros; e 
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos con- Art. 35.  (VETADO). 
cernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de § 1o  É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Infor-
agentes do Estado.  mações, que decidirá, no âmbito da administração pública federal,
§ 1o  Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa sobre o tratamento e a classificação de informações sigilosas e terá
e do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão competência para: 
consideradas:  I - requisitar da autoridade que classificar informação como
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Arma- ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou in-
das, transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios tegral da informação; 
neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou se-
ou contravenção penal; ou  cretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interessada,
II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de observado o disposto no art. 7o e demais dispositivos desta Lei; e 
1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão ser III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada
apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu
estabelecidos.  acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania
§ 2o  Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou nacional ou à integridade do território nacional ou grave risco às
agente público responder, também, por improbidade administrati- relações internacionais do País, observado o prazo previsto no §
va, conforme o disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de abril de 1950, 1o do art. 24. 
e 8.429, de 2 de junho de 1992.  § 2o  O prazo referido no inciso III é limitado a uma única
renovação. 
Art. 33.  A pessoa física ou entidade privada que detiver infor- § 3o  A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1o de-
mações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder verá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação
público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às prevista no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos
seguintes sanções:  ou secretos. 
I - advertência;  § 4o  A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista
II - multa;  de Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3o impli-
III - rescisão do vínculo com o poder público;  cará a desclassificação automática das informações. 

Didatismo e Conhecimento 190


NOÇÕES DE DIREITO
§ 5o  Regulamento disporá sobre a composição, organização e Art. 41.  O Poder Executivo Federal designará órgão da admi-
funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, nistração pública federal responsável: 
observado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e demais I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de
disposições desta Lei.  (Regulamento) fomento à cultura da transparência na administração pública e
conscientização do direito fundamental de acesso à informação; 
Art. 36.  O tratamento de informação sigilosa resultante de trata- II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao
dos, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e recomenda- desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na admi-
ções constantes desses instrumentos.  nistração pública; 
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da ad-
Art. 37.  É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Institu- ministração pública federal, concentrando e consolidando a publi-
cional da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e Creden- cação de informações estatísticas relacionadas no art. 30; 
ciamento (NSC), que tem por objetivos:  (Regulamento) IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relató-
I - promover e propor a regulamentação do credenciamento de rio anual com informações atinentes à implementação desta Lei. 
segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para trata-
mento de informações sigilosas; e  Art. 42.  O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive aque- Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua
las provenientes de países ou organizações internacionais com os quais publicação. 
a República Federativa do Brasil tenha firmado tratado, acordo, contra-
to ou qualquer outro ato internacional, sem prejuízo das atribuições do Art. 43.  O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de de-
Ministério das Relações Exteriores e dos demais órgãos competentes.  zembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: 
Parágrafo único.  Regulamento disporá sobre a composição, orga- “
nização e funcionamento do NSC.  Art. 116.  ...................................................................
............................................................................................ 
Art. 38.  Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de no- VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
vembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurídica, cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
constante de registro ou banco de dados de entidades governamentais suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
ou de caráter público.  dade competente para apuração;
.................................................................................” (NR) 
Art. 39.  Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à reava-
liação das informações classificadas como ultrassecretas e secretas no Art. 44.  O Capítulo IV do
prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de vigência Título IV da Lei no 8.112, de 1990, passa a vigorar acrescido
desta Lei.  do seguinte art. 126-A: 
§ 1o  A restrição de acesso a informações, em razão da reavalia- “
ção prevista no caput, deverá observar os prazos e condições previstos Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci-
nesta Lei.  vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su-
§ 2o  No âmbito da administração pública federal, a reavaliação perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra
prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Comissão autoridade competente para apuração de informação concernente
Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos desta Lei. à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento,
§ 3o  Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun-
no caput, será mantida a classificação da informação nos termos da ção pública.” 
legislação precedente. 
§ 4o  As informações classificadas como secretas e ultrassecretas Art. 45.  Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas, auto- pios, em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabele-
maticamente, de acesso público.  cidas nesta Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao
disposto no art. 9o e na Seção II do Capítulo III. 
Art. 40.  No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência desta
Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da administração Art. 46.  Revogam-se: 
pública federal direta e indireta designará autoridade que lhe seja dire- I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e 
tamente subordinada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade, II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991. 
exercer as seguintes atribuições: 
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a in- Art. 47.  Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias
formação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei;  após a data de sua publicação.  
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apresentar Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Independência e
relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;  o
123  da República.  
III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação e ao DILMA ROUSSEFF
aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao correto
cumprimento do disposto nesta Lei; e 
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cumpri-
mento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. 

Didatismo e Conhecimento 191


NOÇÕES DE DIREITO
Decreto nº 58.052, de 16 de Maio de 2012 Artigo 3º Para os efeitos deste decreto, consideram-se as se-
guintes definições:
GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR DO ESTADO DE I arquivos públicos: conjuntos de documentos produzidos, re-
SÃO PAULO, no uso de suas atribuições legais, cebidos e acumulados por órgãos públicos, autarquias, fundações
instituídas ou mantidas pelo Poder Público, empresas públicas,
CONSIDERANDO que é dever do Poder Público promover sociedades de economia mista, entidades privadas encarregadas
a gestão dos documentos públicos para assegurar o acesso às in- da gestão de serviços públicos e organizações sociais, no exercí-
formações neles contidas, de acordo com o § 2º do artigo 216 da cio de suas funções e atividades;
Constituição Federal e com o artigo 1º da Lei federal nº 8.159, de II autenticidade: qualidade da informação que tenha sido pro-
8 de janeiro de 1991; duzida, expedida, recebida ou modificada por determinado indiví-
duo, equipamento ou sistema;
CONSIDERANDO que cabe ao Estado definir, em legislação III classificação de sigilo: atribuição, pela autoridade compe-
própria, regras específicas para o cumprimento das determinações
tente, de grau de sigilo a documentos, dados e informações;
previstas na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que
IV credencial de segurança: autorização por escrito concedi-
regula o acesso a informações;
da por autoridade competente, que habilita o agente público esta-
CONSIDERANDO as disposições das Leis estaduais nº dual no efetivo exercício de cargo, função, emprego ou atividade
10.177, de 30 de dezembro de 1998, que regula o processo ad- pública a ter acesso a documentos, dados e informações sigilosas;
ministrativo e nº 10.294, de 20 de abril de 1999, que dispõe sobre V criptografia: processo de escrita à base de métodos lógicos
proteção e defesa do usuário de serviços públicos, e dos Decretos e controlados por chaves, cifras ou códigos, de forma que somente
estaduais nº 22.789, de 19 de outubro de 1984, que institui o Sis- os usuários autorizados possam reestabelecer sua forma original;
tema de Arquivos do Estado de São Paulo SAESP, nº 44.074, de VI custódia: responsabilidade pela guarda de documentos,
1º de julho de 1999, que regulamenta a composição e estabelece dados e informações;
a competência das Ouvidorias, nº 54.276, de 27 de abril de 2009, VII dado público: sequência de símbolos ou valores, repre-
que reorganiza a Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa sentado em algum meio, produzido ou sob a guarda governamen-
Civil, nº 55.479, de 25 de fevereiro de 2010, que institui na Casa tal, em decorrência de um processo natural ou artificial, que não
Civil o Comitê Gestor do Sistema Informatizado Unificado de tenha seu acesso restrito por legislação específica;
Gestão Arquivística de Documentos e Informações SPdoc, alte- VIII desclassificação: supressão da classificação de sigilo por
rado pelo de nº 56.260, de 6 de outubro de 2010, nº 55.559, de 12 ato da autoridade competente ou decurso de prazo, tornando irres-
de março de 2010, que institui o Portal do Governo Aberto SP e nº trito o acesso a documentos, dados e informações sigilosas;
57.500, de 8 de novembro de 2011, que reorganiza a Corregedoria IX documentos de arquivo: todos os registros de informação,
Geral da Administração e institui o Sistema Estadual de Contro- em qualquer suporte, inclusive o magnético ou óptico, produzi-
ladoria; e Considerando, finalmente, a proposta apresentada pelo dos, recebidos ou acumulados por órgãos e entidades da Admi-
Grupo Técnico instituído pela Resolução CC-3, de 9 de janeiro de nistração Pública Estadual, no exercício de suas funções e ativi-
2012, junto ao Comitê de Qualidade da Gestão Pública, dades; X disponibilidade: qualidade da informação que pode ser
conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas
DECRETA: autorizados;
XI documento: unidade de registro de informações, qualquer
CAPÍTULO I que seja o suporte ou formato;
Disposições Gerais XII gestão de documentos: conjunto de procedimentos e ope-
rações técnicas referentes à sua produção, classificação, avalia-
Artigo 1º Este decreto define procedimentos a serem observa-
ção, tramitação, uso, arquivamento e reprodução, que assegura a
dos pelos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual,
racionalização e a eficiência dos arquivos;
e pelas entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recur-
sos públicos estaduais para a realização de atividades de interesse XIII informação: dados, processados ou não, que podem ser
público, à vista das normas gerais estabelecidas na Lei federal nº utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos
12.527, de 18 de novembro de 2011. em qualquer meio, suporte ou formato;
XIV informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural
Artigo 2º O direito fundamental de acesso a documentos, da- identificada ou identificável;
dos e informações será assegurado mediante: XV informação sigilosa: aquela submetida temporariamente
I observância da publicidade como preceito geral e do sigilo à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
como exceção; II implementação da política estadual de arquivos para a segurança da sociedade e do Estado; XVI integridade: qua-
e gestão de documentos; lidade da informação não modificada, inclusive quanto à origem,
III divulgação de informações de interesse público, indepen- trânsito e destino;
dentemente de solicitações; XVII marcação: aposição de marca assinalando o grau de si-
IV utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec- gilo de documentos, dados ou informações, ou sua condição de
nologia da informação; acesso irrestrito, após sua desclassificação;
V fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na XVIII metadados: são informações estruturadas e codificadas
administração pública; VI desenvolvimento do controle social da que descrevem e permitem gerenciar, compreender, preservar e
administração pública. acessar os documentos digitais ao longo do tempo e referem-se a:

Didatismo e Conhecimento 192


NOÇÕES DE DIREITO
a) identificação e contexto documental (identificador único, refere o artigo 2º, inciso II deste decreto, e deverá propor normas,
instituição produtora, nomes, assunto, datas, local, código de clas- procedimentos e requisitos técnicos complementares, visando o
sificação, tipologia documental, temporalidade, destinação, versão, tratamento da informação.
documentos relacionados, idioma e indexação); Parágrafo único Integram a política estadual de arquivos e
b) segurança (grau de sigilo, informações sobre criptografia, as- gestão de documentos:
sinatura digital e outras marcas digitais); 1. os serviços de protocolo e arquivo dos órgãos e entidades;
c) contexto tecnológico (formato de arquivo, tamanho de arqui- 2. as Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso
vo, dependências de hardware e software, tipos de mídias, algoritmos CADA, a que se refere o artigo 11 deste decreto;
de compressão) e localização física do documento; 3. o Sistema Informatizado Unificado de Gestão Arquivística
XIX primariedade: qualidade da informação coletada na fonte, de Documentos e Informações SPdoc;
com o máximo de detalhamento possível, sem modificações; 4. os Serviços de Informações ao Cidadão SIC.
XX reclassificação: alteração, pela autoridade competente, da
classificação de sigilo de documentos, dados e informações;
XXI rol de documentos, dados e informações sigilosas e pes- Artigo 6º Para garantir efetividade à política de arquivos e
soais: relação anual, a ser publicada pelas autoridades máximas de gestão de documentos, os órgãos e entidades da Administração
órgãos e entidades, de documentos, dados e informações classifica- Pública Estadual deverão:
das, no período, como sigilosas ou pessoais, com identificação para I providenciar a elaboração de planos de classificação e tabe-
referência futura; las de temporalidade de documentos de suas atividades-fim, a que
XXII serviço ou atendimento presencial: aquele prestado na se referem, respectivamente, os artigos 10 a
presença física do cidadão, principal beneficiário ou interessado no 18 e 19 a 23, do Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de 2004;
serviço; II cadastrar todos os seus documentos no Sistema Informati-
XXIII serviço ou atendimento eletrônico: aquele prestado remo- zado Unificado de Gestão
tamente ou à distância, utilizando meios eletrônicos de comunicação; Arquivística de Documentos e Informações SPdoc.
XXIV tabela de documentos, dados e informações sigilosas e Parágrafo único As propostas de planos de classificação e de
pessoais: relação exaustiva de documentos, dados e informações tabelas de temporalidade de documentos deverão ser apreciadas
com quaisquer restrição de acesso, com a indicação do grau de sigilo, pelos órgãos jurídicos dos órgãos e entidades e encaminhadas à
decorrente de estudos e pesquisas promovidos pelas Comissões de
Unidade do Arquivo Público do Estado para aprovação, antes de
Avaliação de Documentos e Acesso CADA, e publicada pelas autori-
sua oficialização.
dades máximas dos órgãos e entidades;
XXV tratamento da informação: conjunto de ações referentes
Artigo 7º Ficam criados, em todos os órgãos e entidades da
à produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução,
Administração Pública Estadual, os Serviços de Informações ao
transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento,
Cidadão SIC, a que se refere o artigo 5º, inciso IV, deste decreto,
eliminação, avaliação, destinação ou controle da informação.
diretamente subordinados aos seus titulares, em local com condi-
ções apropriadas, infraestrutura tecnológica e equipe capacitada
CAPÍTULO II
Do Acesso a Documentos, Dados e Informações para:
I realizar atendimento presencial e/ou eletrônico na sede e
SEÇÃO I nas unidades subordinadas, prestando orientação ao público sobre
Disposições Gerais os direitos do requerente, o funcionamento do Serviço de Infor-
mações ao Cidadão SIC, a tramitação de documentos, bem como
Artigo 4º É dever dos órgãos e entidades da Administração Pú- sobre os serviços prestados pelas respectivas unidades do órgão
blica Estadual: ou entidade;
I promover a gestão transparente de documentos, dados e infor- II protocolar documentos e requerimentos de acesso a infor-
mações, assegurando mações, bem como encaminhar os pedidos de informação aos
sua disponibilidade, autenticidade e integridade, para garantir o setores produtores ou detentores de documentos, dados e infor-
pleno direito de acesso; II divulgar documentos, dados e informações mações;
de interesse coletivo ou geral, sob sua custódia, independentemente III controlar o cumprimento de prazos por parte dos setores
de solicitações; produtores ou detentores de documentos, dados e informações,
III proteger os documentos, dados e informações sigilosas e pes- previstos no artigo 15 deste decreto;
soais, por meio de critérios técnicos e objetivos, o menos restritivo IV realizar o serviço de busca e fornecimento de documen-
possível. tos, dados e informações sob custódia do respectivo órgão ou en-
tidade, ou fornecer ao requerente orientação sobre o local onde
SEÇÃO II encontrá-los.
Da Gestão de Documentos, Dados e Informações § 1º As autoridades máximas dos órgãos e entidades da Ad-
ministração Pública Estadual deverão designar, no prazo de 30
Artigo 5º A Unidade do Arquivo Público do Estado, na condi- (trinta) dias, os responsáveis pelos Serviços de Informações ao
ção de órgão central do Sistema de Arquivos do Estado de São Pau- Cidadão SIC.
lo SAESP, é a responsável pela formulação e implementação da § 2º Para o pleno desempenho de suas atribuições, os Servi-
política estadual de arquivos e gestão de documentos, a que se ços de Informações ao Cidadão SIC deverão:

Didatismo e Conhecimento 193


NOÇÕES DE DIREITO
1. manter intercâmbio permanente com os serviços de proto- § 1º O acesso aos documentos, dados e informações previsto
colo e arquivo; no “caput” deste artigo não compreende as informações referentes
2. buscar informações junto aos gestores de sistemas informa- a projetos de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecnológi-
tizados e bases de dados, inclusive de portais e sítios institucionais; cos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
3. atuar de forma integrada com as Ouvidorias, instituídas Estado.
pela Lei estadual nº 10.294, de 20 de abril de 1999, e organizadas § 2º Quando não for autorizado acesso integral ao documento,
pelo Decreto nº 44.074, de 1º de julho de 1999. dado ou informação por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado
§ 3º Os Serviços de Informações ao Cidadão SIC, indepen- o acesso à parte não sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia
dentemente do meio utilizado, deverão ser identificados com am- com ocultação da parte sob sigilo.
pla visibilidade. § 3º O direito de acesso aos documentos, aos dados ou às in-
formações neles contidas utilizados como fundamento da tomada
Artigo 8º A Casa Civil deverá providenciar a contratação de de decisão e do ato administrativo será assegurado com a edição do
serviços para o desenvolvimento de “Sistema Integrado de Infor- ato decisório respectivo.
mações ao Cidadão”, capaz de interoperar com o SPdoc, a ser utili- § 4º A negativa de acesso aos documentos, dados e informa-
zado por todos os órgãos e entidades nos seus respectivos Serviços ções objeto de pedido formulado aos órgãos e entidades referidas
de Informações ao Cidadão SIC. no artigo 1º deste decreto, quando não fundamentada, sujeitará o
responsável a medidas disciplinares, nos termos do artigo 32 da Lei
Artigo 9º A Unidade do Arquivo Público do Estado, da Casa federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.
Civil, deverá adotar as providências necessárias para a organiza- § 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o
ção dos serviços da Central de Atendimento ao Cidadão CAC, interessado requerer à autoridade competente a imediata instaura-
instituída pelo Decreto nº 54.276, de 27 de abril de 2009, com a ção de apuração preliminar para investigar o desaparecimento da
finalidade de: respectiva documentação.
I coordenar a integração sistêmica dos Serviços de Informa- § 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o res-
ções ao Cidadão SIC, instituídos nos órgãos e entidades; ponsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de
II realizar a consolidação e sistematização de dados a que se 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que compro-
vem sua alegação.
refere o artigo 26 deste decreto, bem como a elaboração de es-
tatísticas sobre as demandas de consulta e os perfis de usuários,
SEÇÃO III
visando o aprimoramento dos serviços.
Das Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso
Parágrafo único Os Serviços de Informações ao Cidadão SIC
deverão fornecer, periodicamente, à Central de Atendimento ao
Artigo 11 As Comissões de Avaliação de Documentos de Ar-
Cidadão CAC, dados atualizados dos atendimentos prestados.
quivo, a que se referem os Decretos nº 29.838, de 18 de abril de
1989, e nº 48.897, de 27 de agosto de 2004, instituídas nos órgãos e
Artigo 10 O acesso aos documentos, dados e informações entidades da Administração Pública Estadual, passarão a ser deno-
compreende, entre outros, os direitos de obter: minadas Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso CADA.
I orientação sobre os procedimentos para a consecução de § 1º As Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso
acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrado ou CADA deverão ser vinculadas ao Gabinete da autoridade máxima
obtido o documento, dado ou informação almejada; II dado ou do órgão ou entidade.
informação contida em registros ou documentos, produzidos ou § 2º As Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso
acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a ar- CADA serão integradas por servidores de nível superior das áreas
quivos públicos; jurídica, de administração geral, de administração financeira, de ar-
III documento, dado ou informação produzida ou custodia- quivo e protocolo, de tecnologia da informação e por representantes
da por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer das áreas específicas da documentação a ser analisada.
vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já § 3º As Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso
tenha cessado; CADA serão compostas por 5 (cinco), 7 (sete) ou 9 (nove) mem-
IV dado ou informação primária, íntegra, autêntica e atuali- bros, designados pela autoridade máxima do órgão ou entidade.
zada;
V documento, dado ou informação sobre atividades exercidas Artigo 12 São atribuições das Comissões de Avaliação de Do-
pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, or- cumentos e Acesso CADA, além daquelas previstas para as Co-
ganização e serviços; missões de Avaliação de Documentos de Arquivo nos Decretos nº
VI documento, dado ou informação pertinente à administra- 29.838, de 18 de abril de 1989, e nº 48.897, de 27 de agosto de
ção do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licita- 2004:
ção, contratos administrativos; I orientar a gestão transparente dos documentos, dados e infor-
VII documento, dado ou informação relativa: mações do órgão ou entidade, visando assegurar o amplo acesso e
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro- divulgação;
gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem II realizar estudos, sob a orientação técnica da Unidade do Ar-
como metas e indicadores propostos; quivo Público do Estado, órgão central do Sistema de Arquivos do
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas Estado de São Paulo SAESP, visando à identificação e elaboração
de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, de tabela de documentos, dados e informações sigilosas e pessoais,
incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. de seu órgão ou entidade;

Didatismo e Conhecimento 194


NOÇÕES DE DIREITO
III encaminhar à autoridade máxima do órgão ou entidade a 3. comunicar que não possui a informação, indicar, se for do
tabela mencionada no inciso II deste artigo, bem como as normas seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda,
e procedimentos visando à proteção de documentos, dados e infor- remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o
mações sigilosas e pessoais, para oitiva do órgão jurídico e poste- interessado da remessa de seu pedido de informação.
rior publicação; § 2º O prazo referido no § 1º deste artigo poderá ser prorrogado
IV orientar o órgão ou entidade sobre a correta aplicação dos por mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será
critérios de restrição de acesso constantes das tabelas de documen- cientificado o interessado.
tos, dados e informações sigilosas e pessoais; § 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações
V comunicar à Unidade do Arquivo Público do Estado a pu- e do cumprimento da legislação aplicável, o Serviço de Informa-
blicação de tabela de documentos, dados e informações sigilosas e ções ao Cidadão SIC do órgão ou entidade poderá oferecer meios
pessoais, e suas eventuais alterações, para consolidação de dados, para que o próprio interessado possa pesquisar a informação de que
padronização de critérios e realização de estudos técnicos na área; necessitar.
VI propor à autoridade máxima do órgão ou entidade a reno- § 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de infor-
vação, alteração de prazos, reclassificação ou desclassificação de mação total ou parcialmente sigilosa, o interessado deverá ser infor-
documentos, dados e informações sigilosas; mado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições para sua
VII manifestar-se sobre os prazos mínimos de restrição de interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade compe-
acesso aos documentos, dados ou informações pessoais; tente para sua apreciação.
VIII atuar como instância consultiva da autoridade máxima § 5º A informação armazenada em formato digital será forneci-
do órgão ou entidade, sempre que provocada, sobre os recursos in- da nesse formato, caso haja anuência do interessado.
terpostos relativos às solicitações de acesso a documentos, dados e § 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao públi-
informações não atendidas ou indeferidas, nos termos do parágrafo co em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de
único do artigo 19 deste decreto; acesso universal, serão informados ao interessado, por escrito, o lu-
IX informar à autoridade máxima do órgão ou entidade a pre- gar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir a
visão de necessidades orçamentárias, bem como encaminhar rela- referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão ou
tórios periódicos sobre o andamento dos trabalhos. entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo se o
Parágrafo único Para o perfeito cumprimento de suas atribui- interessado declarar não dispor de meios para realizar por si mesmo
ções as Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso CADA tais procedimentos.
poderão convocar servidores que possam contribuir com seus co-
nhecimentos e experiências, bem como constituir subcomissões e Artigo 16 O serviço de busca e fornecimento da informação
grupos de trabalho. é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo
órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser
Artigo 13 À Unidade do Arquivo Público do Estado, órgão cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento do cus-
central do Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo SAESP, to dos serviços e dos materiais utilizados, a ser fixado em ato norma-
responsável por propor a política de acesso aos documentos públi- tivo pelo Chefe do Executivo.
cos, nos termos do artigo 6º, inciso XII, do Decreto nº 22.789, de Parágrafo único Estará isento de ressarcir os custos previstos
19 de outubro de 1984, caberá o reexame, a qualquer tempo, no “caput” deste artigo todo aquele cuja situação econômica não
das tabelas de documentos, dados e informações sigilosas e pes- lhe permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família,
soais dos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual. declarada nos termos da Lei federal nº 7.115, de 29 de agosto de
1983.
SEÇÃO IV
Do Pedido Artigo 17 Quando se tratar de acesso à informação contida em
documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de-
Artigo 14 O pedido de informações deverá ser apresentado ao verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta
Serviço de Informações ao Cidadão SIC do órgão ou entidade, por confere com o original.
qualquer meio legítimo que contenha a identificação do interessa- Parágrafo único Na impossibilidade de obtenção de cópias, o
do (nome, número de documento e endereço) e a especificação da interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob Grupo Técni-
informação requerida. co supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por outro
meio que não ponha em risco a conservação do documento original.
Artigo 15 O Serviço de Informações ao Cidadão SIC do órgão
ou entidade responsável pelas informações solicitadas deverá con- Artigo 18 É direito do interessado obter o inteiro teor de deci-
ceder o acesso imediato àquelas disponíveis. são de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
§ 1º Na impossibilidade de conceder o acesso imediato, o Ser-
viço de Informações ao SEÇÃO V
Cidadão SIC do órgão ou entidade, em prazo não superior a Dos Recursos
20 (vinte) dias, deverá:
1. comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, Artigo 19 No caso de indeferimento de acesso aos documentos,
efetuar a reprodução ou obter a certidão; dados e informações ou às razões da negativa do acesso, bem como
2. indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou o não atendimento do pedido, poderá o interessado interpor recurso
parcial, do acesso pretendido; contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar de sua ciência.

Didatismo e Conhecimento 195


NOÇÕES DE DIREITO
Parágrafo único O recurso será dirigido à apreciação de pelo 3. registros de receitas e despesas;
menos uma autoridade hierarquicamente superior à que exarou a 4. informações concernentes a procedimentos licitatórios, in-
decisão impugnada, que deverá se manifestar, após eventual con- clusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os
sulta à Comissão de Avaliação de Documentos e Acesso CADA, a contratos celebrados;
que se referem os artigos 11 e 12 deste decreto, e ao órgão jurídico, 5. relatórios, estudos e pesquisas;
no prazo de 5 (cinco) dias. 6. dados gerais para o acompanhamento da execução orça-
mentária, de programas, ações, projetos e obras de órgãos e enti-
Artigo 20 Negado o acesso ao documento, dado e informação dades;
pelos órgãos ou entidades da Administração Pública Estadual, o 7. respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. § 2º
interessado poderá recorrer à Corregedoria Geral da Administra- Para o cumprimento do disposto no “caput” deste artigo, os órgãos
ção, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: e entidades estaduais deverão utilizar todos os meios e instrumen-
I o acesso ao documento, dado ou informação não classificada tos legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação
como sigilosa for negado; em sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet).
II a decisão de negativa de acesso ao documento, dado ou § 3º Os sítios de que trata o § 2º deste artigo deverão atender,
informação, total ou parcialmente classificada como sigilosa, não entre outros, aos seguintes requisitos:
indicar a autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior 1. conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o
a quem possa ser dirigido o pedido de acesso ou desclassificação; acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em
III os procedimentos de classificação de sigilo estabelecidos linguagem de fácil compreensão;
na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, não tiverem 2. possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos
sido observados; eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como plani-
IV estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedi- lhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;
mentos previstos na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 3. possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos
2011. em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri- 4. divulgar em detalhes os formatos utilizados para estrutura-
gido à Corregedoria Geral da Administração depois de submeti- ção da informação;
do à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente 5. garantir a autenticidade e a integridade das informações dis-
superior àquela que exarou a decisão impugnada, nos termos do poníveis para acesso;
parágrafo único do artigo 19 deste decreto. 6. manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
§ 2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Corre- 7. indicar local e instruções que permitam ao interessado co-
gedoria Geral da Administração determinará ao órgão ou entidade municar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou enti-
que adote as providências necessárias para dar cumprimento ao dade detentora do sítio;
disposto na Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e 8. adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade
neste decreto. de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do artigo
17 da Lei federal nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, artigo
Artigo 21 Negado o acesso ao documento, dado ou informa- 9° da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
ção pela Corregedoria Geral da Administração, o requerente po- aprovada pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, e
derá, no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência, interpor da Lei estadual n° 12.907, de 15 de abril de 2008.
recurso à Comissão Estadual de Acesso à Informação, de que trata
o artigo 76 deste decreto. Artigo 24 Os documentos que contenham informações que
se enquadrem nos casos referidos no artigo anterior deverão estar
Artigo 22 Aplica-se, no que couber, a Lei estadual nº 10.177, cadastrados no Sistema Informatizado Unificado de Gestão Arqui-
de 30 de dezembro de 1998, ao procedimento de que trata este vística de Documentos e Informações SPdoc.
Capítulo.
Artigo 25 A autoridade máxima de cada órgão ou entidade
CAPÍTULO III estadual publicará, anual-
Da Divulgação de Documentos, Dados e Informações mente, em sítio próprio, bem como no Portal da Transparência
e do Governo Aberto:
Artigo 23 É dever dos órgãos e entidades da Administração I rol de documentos, dados e informações que tenham sido
Pública Estadual promover, independentemente de requerimentos, desclassificadas nos últimos 12 (doze) meses;
a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas compe- II rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com
tências, de documentos, dados e informações de interesse coletivo identificação para referência futura;
ou geral por eles produzidas ou custodiadas. III relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere o “caput” informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como infor-
deste artigo, deverão constar, no mínimo: mações genéricas sobre os solicitantes. Parágrafo único Os órgãos
1. registro das competências e estrutura organizacional, en- e entidades da Administração Pública Estadual deverão manter
dereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendi- exemplar da publicação prevista no “caput” deste artigo para con-
mento ao público; sulta pública em suas sedes, bem como o extrato com o rol de
2. registros de quaisquer repasses ou transferências de recur- documentos, dados e informações classificadas, acompanhadas da
sos financeiros; data, do grau de sigilo e dos fundamentos da classificação.

Didatismo e Conhecimento 196


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 26 Os órgãos e entidades da Administração Pública Artigo 29 O disposto neste decreto não exclui as demais hi-
Estadual deverão prestar no prazo de 60 (sessenta) dias, para com- póteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses
por o “Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da Administração de segredo industrial decorrentes da exploração direta de atividade
Pública do Estado de São Paulo CSBD”, as seguintes informações: econômica pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada
I tamanho e descrição do conteúdo das bases de dados; II me- que tenha qualquer vínculo com o poder público.
tadados;
III dicionário de dados com detalhamento de conteúdo; IV ar- 1SEÇÃO II
quitetura da base de dados; Da Classificação, Reclassificação e Desclassificação de
V periodicidade de atualização; VI software da base de dados; Documentos, Dados e Informações Sigilosas
VII existência ou não de sistema de consulta à base de dados
e sua linguagem de programação; Artigo 30 São considerados imprescindíveis à segurança da
VIII formas de consulta, acesso e obtenção à base de dados. sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação de
§ 1º Os órgãos e entidades da Administração Pública Estadual sigilo, os documentos, dados e informações cuja divulgação ou
deverão indicar o setor responsável pelo fornecimento e atualiza- acesso irrestrito possam:
ção permanente de dados e informações que compõem o “Catá- I pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integrida-
logo de Sistemas e Bases de Dados da Administração Pública do de do território nacional;
Estado de São Paulo CSBD”. II prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as
§ 2º O desenvolvimento do “Catálogo de Sistemas e Bases de relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas
Dados da Administração Pública do Estado de São Paulo CSBD”, em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacio-
coleta de informações, manutenção e atualização permanente fi- nais;
cará a cargo da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados III pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
SEADE. IV oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica
§ 3º O “Catálogo de Sistemas e Bases de Dados da Adminis- ou monetária do País; V prejudicar ou causar risco a planos ou
tração Pública do Estado de São Paulo CSBD”, bem como as bases operações estratégicos das Forças Armadas;
de dados da Administração Pública Estadual deverão estar dispo- VI prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e de-
níveis no Portal do Governo Aberto e no Portal da Transparência, senvolvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas,
nos termos dos Decretos nº 57.500, de 8 de novembro de 2011, e bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;
nº 55.559, de 12 de março de 2010, com todos os elementos neces- VII pôr em risco a segurança de instituições ou de altas auto-
sários para permitir sua utilização por terceiros, como a arquitetura ridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares;
da base e o dicionário de dados. VIII comprometer atividades de inteligência, bem como de
investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a
CAPÍTULO IV prevenção ou repressão de infrações.
Das Restrições de Acesso a Documentos,
Dados e Informações Artigo 31 Os documentos, dados e informações sigilosas em
poder de órgãos e entidades da Administração Pública Estadual,
SEÇÃO I observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à se-
Disposições Gerais gurança da sociedade ou do Estado, poderão ser classificados nos
seguintes graus:
Artigo 27 São consideradas passíveis de restrição de acesso, I ultrassecreto;
no âmbito da Administração Pública Estadual, duas categorias de II secreto;
documentos, dados e informações: III reservado.
I Sigilosos: aqueles submetidos temporariamente à restrição § 1º Os prazos máximos de restrição de acesso aos documen-
de acesso público em razão de sua imprescindibilidade para a se- tos, dados e informações, conforme a classificação prevista no
gurança da sociedade e do Estado; “caput” e incisos deste artigo, vigoram a partir da data de sua pro-
II Pessoais: aqueles relacionados à pessoa natural identificada dução e são os seguintes:
ou identificável, relativas à intimidade, vida privada, honra e ima- 1. ultrassecreto: até 25 (vinte e cinco) anos;
gem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. 2. secreto: até 15 (quinze) anos;
Parágrafo único Cabe aos órgãos e entidades da Administra- 3. reservado: até 5 (cinco) anos.
ção Pública Estadual, por meio de suas respectivas Comissões de § 2º Os documentos, dados e informações que puderem co-
Avaliação de Documentos e Acesso CADA, a que se referem os locar em risco a segurança do Governador e Vice-Governador
artigos 11 e 12 deste decreto, promover os estudos necessários à do Estado e respectivos cônjuges e filhos (as) serão classificados
elaboração de tabela com a identificação de documentos, dados e como reservados e ficarão sob sigilo até o término do mandato em
informações sigilosas e pessoais, visando assegurar a sua proteção. exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º deste arti-
Artigo 28 Não poderá ser negado acesso à informação neces- go, poderá ser estabelecida como termo final de restrição de acesso
sária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. a ocorrência de determinado evento, desde que este ocorra antes do
Parágrafo único Os documentos, dados e informações que transcurso do prazo máximo de classificação.
versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos hu- § 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o
manos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades evento que defina o seu termo final, o documento, dado ou infor-
públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso. mação tornar-se-á, automaticamente, de acesso público.

Didatismo e Conhecimento 197


NOÇÕES DE DIREITO
§ 5º Para a classificação do documento, dado ou informação § 2º A classificação de documentos, dados e informações no
em determinado grau de sigilo, deverá ser observado o interesse grau de sigilo ultrassecreto pelas autoridades previstas na alínea
público da informação, e utilizado o critério menos restritivo pos- “d” do inciso I deste artigo deverá ser ratificada pelo Secretário da
sível, considerados: Segurança Pública, no prazo de 10 (dez) dias.
1. a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e § 3º A autoridade ou outro agente público que classificar docu-
do Estado; mento, dado e informação como ultrassecreto deverá encaminhar a
2. o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que decisão de que trata o inciso II do artigo 32 deste decreto, à Comis-
defina seu termo final. são Estadual de Acesso à Informação, a que se refere o artigo 76
deste diploma legal, no prazo previsto em regulamento.
Artigo 32 A classificação de sigilo de documentos, dados e
informações no âmbito da Administração Pública Estadual deverá Artigo 34 A classificação de documentos, dados e informa-
ser realizada mediante: ções será reavaliada pela autoridade classificadora ou por autorida-
I publicação oficial, pela autoridade máxima do órgão ou en- de hierarquicamente superior, mediante provocação ou de ofício,
tidade, de tabela de documentos, dados e informações sigilosas e nos termos e prazos previstos em regulamento, com vistas à sua
pessoais, que em razão de seu teor e de sua imprescindibilidade à desclassificação ou à redução do prazo de sigilo, observado o dis-
segurança da sociedade e do Estado ou à proteção da intimidade, posto no artigo 31 deste decreto.
da vida privada, da honra e imagem das pessoas, sejam passíveis § 1º O regulamento a que se refere o “caput” deste artigo de-
de restrição de acesso, a partir do momento de sua produção, verá considerar as peculiaridades das informações produzidas no
II análise do caso concreto pela autoridade responsável ou exterior por autoridades ou agentes públicos.
agente público competente, e formalização da decisão de classifi- § 2º Na reavaliação a que se refere o “caput” deste artigo
cação, reclassificação ou desclassificação de sigilo, bem como de deverão ser examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a
restrição de acesso à informação pessoal, que conterá, no mínimo, possibilidade de danos decorrentes do acesso ou da divulgação da
os seguintes elementos: informação.
a) assunto sobre o qual versa a informação; § 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação,
b) fundamento da classificação, reclassificação ou desclassi- o novo prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua
ficação de sigilo, observados os critérios estabelecidos no artigo produção.
31 deste decreto, bem como da restrição de acesso à informação
pessoal; SEÇÃO III
c) indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou Da Proteção de Documentos, Dados e
dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites Informações Pessoais
previstos no artigo 31 deste decreto, bem como a indicação do pra-
zo mínimo de restrição de acesso à informação pessoal; Artigo 35 O tratamento de documentos, dados e informações
d) identificação da autoridade que a classificou, reclassificou
pessoais deve ser feito de forma transparente e com respeito à in-
ou desclassificou.
timidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às
Parágrafo único O prazo de restrição de acesso contar-se-á da
liberdades e garantias individuais.
data da produção do documento, dado ou informação.
§ 1º Os documentos, dados e informações pessoais, a que
se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada, honra
Artigo 33 A classificação de sigilo de documentos, dados e
e imagem:
informações no âmbito da
1. terão seu acesso restrito, independentemente de classifica-
Administração Pública Estadual, a que se refere o inciso II do
artigo 32 deste decreto, é de competência: ção de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da
I no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e
a) Governador do Estado; à pessoa a que elas se referirem;
b) Vice-Governador do Estado; 2. poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por tercei-
c) Secretários de Estado e Procurador Geral do Estado; ros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa
d) Delegado Geral de Polícia e Comandante Geral da Polícia a que elas se referirem.
Militar; § 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata
II no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I este artigo será responsabilizado por seu uso indevido.
deste artigo, das autoridades máximas de autarquias, fundações ou § 3º O consentimento referido no item 2 do § 1º deste artigo
empresas públicas e sociedades de economia mista; não será exigido quando as informações forem necessárias:
III no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos 1. à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver
I e II deste artigo e das que exerçam funções de direção, comando física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusiva-
ou chefia, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regulamen- mente para o tratamento médico;
tação específica de cada órgão ou entidade, observado o disposto 2. à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi-
neste decreto. dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a
§ 1º A competência prevista nos incisos I e II deste artigo, no identificação da pessoa a que as informações se referirem;
que se refere à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá 3. ao cumprimento de ordem judicial;
ser delegada pela autoridade responsável a agente público, vedada 4. à defesa de direitos humanos;
a subdelegação. 5. à proteção do interesse público e geral preponderante.

Didatismo e Conhecimento 198


NOÇÕES DE DIREITO
§ 4º A restrição de acesso aos documentos, dados e informa- Artigo 40 Os documentos sigilosos em sua expedição e trami-
ções relativos à vida privada, honra e imagem de pessoa não pode- tação obedecerão às seguintes prescrições:
rá ser invocada com o intuito de prejudicar processo de apuração I deverão ser registrados no momento de sua produção, prio-
de irregularidades em que o titular das informações estiver envol- ritariamente em sistema informatizado de gestão arquivística de
vido, bem como em ações voltadas para a recuperação de fatos documentos;
históricos de maior relevância. II serão acondicionados em envelopes duplos;
§ 5º Os documentos, dados e informações identificados como III no envelope externo não constará qualquer indicação do
pessoais somente poderão ser fornecidos pessoalmente, com a grau de sigilo ou do teor do documento;
identificação do interessado. IV o envelope interno será fechado, lacrado e expedido me-
diante relação de remessa, que indicará, necessariamente, reme-
SEÇÃO IV tente, destinatário, número de registro e o grau de sigilo do docu-
Da Proteção e do Controle de Documentos, mento;
Dados e Informações Sigilosos V para os documentos sigilosos digitais deverão ser observa-
das as prescrições referentes à criptografia.
Artigo 36 É dever da Administração Pública Estadual contro-
lar o acesso e a divulgação de documentos, dados e informações Artigo 41 A expedição, tramitação e entrega de documento
sigilosos sob a custódia de seus órgãos e entidades, assegurando a ultrassecreto e secreto, deverá ser efetuadas pessoalmente, por
agente público credenciado, sendo vedada a sua postagem.
sua proteção contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão
Parágrafo único A comunicação de informação de natureza ul-
e divulgação não autorizados.
trassecreta e secreta, de outra forma que não a prescrita no “caput”
§ 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de documentos,
deste artigo, só será permitida excepcionalmente e em casos ex-
dados e informações classificados como sigilosos ficarão restritos
tremos, que requeiram tramitação e solução imediatas, em atendi-
a pessoas que tenham necessidade de conhecê-la e que sejam devi- mento ao princípio da oportunidade e considerados os interesses
damente credenciadas na forma dos artigos 62 a 65 deste decreto, da segurança da sociedade e do Estado, utilizando-se o adequado
sem prejuízo das atribuições dos agentes públicos autorizados por meio de criptografia.
lei.
§ 2º O acesso aos documentos, dados e informações classifi- Artigo 42 A expedição de documento reservado poderá ser
cados como sigilosos ou identificados como pessoais, cria a obri- feita mediante serviço postal, com opção de registro, mensageiro
gação para aquele que as obteve de resguardar restrição de acesso. oficialmente designado, sistema de encomendas ou, quando for o
caso, mala diplomática.
Artigo 37 As autoridades públicas adotarão as providências Parágrafo único A comunicação dos documentos de que trata
necessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamen- este artigo poderá ser feita por outros meios, desde que sejam usa-
te conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de dos recursos de criptografia compatíveis com o grau de sigilo do
segurança para tratamento de documentos, dados e informações documento, conforme previsto nos artigos 51 a 56 deste decreto.
sigilosos e pessoais.
Parágrafo único A pessoa física ou entidade privada que, em Artigo 43 Cabe aos agentes públicos credenciados responsá-
razão de qualquer vínculo com o poder público executar ativida- veis pelo recebimento de documentos sigilosos:
des de tratamento de documentos, dados e informações sigilosos I verificar a integridade na correspondência recebida e re-
e pessoais adotará as providências necessárias para que seus em- gistrar indícios de violação ou de qualquer irregularidade, dando
pregados, prepostos ou representantes observem as medidas e pro- ciência do fato ao seu superior hierárquico e ao destinatário, o qual
cedimentos de segurança das informações resultantes da aplicação informará imediatamente ao remetente;
deste decreto. II proceder ao registro do documento e ao controle de sua tra-
mitação.
Artigo 38 O acesso a documentos, dados e informações sigi-
losos, originários de outros órgãos ou instituições privadas, custo- Artigo 44 O envelope interno só será aberto pelo destinatá-
diados para fins de instrução de procedimento, processo adminis- rio, seu representante autorizado ou autoridade competente hierar-
quicamente superior, observados os requisitos do artigo 62 deste
trativo ou judicial, somente poderá ser realizado para outra finali-
decreto.
dade se autorizado pelo agente credenciado do respectivo órgão,
entidade ou instituição de origem.
Artigo 45 O destinatário de documento sigiloso comunicará
imediatamente ao remetente qualquer indício de violação ou adul-
SUBSEÇÃO I teração do documento.
Da Produção, do Registro, Expedição,
Tramitação e Guarda Artigo 46 Os documentos, dados e informações sigilosos se-
rão mantidos em condições especiais de segurança, na forma do
Artigo 39 A produção, manuseio, consulta, transmissão, ma- regulamento interno de cada órgão ou entidade.
nutenção e guarda de documentos, dados e informações sigilosos Parágrafo único Para a guarda de documentos secretos e ul-
observarão medidas especiais de segurança. trassecretos deverá ser utilizado cofre forte ou estrutura que ofere-
ça segurança equivalente ou superior.

Didatismo e Conhecimento 199


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 47 Os agentes públicos responsáveis pela guarda ou Artigo 53 A aquisição e uso de aplicativos de criptografia no
custódia de documentos sigilosos os transmitirão a seus substitutos, âmbito da Administração Pública Estadual sujeitar-se-ão às normas
devidamente conferidos, quando da passagem ou transferência de gerais baixadas pelo Comitê de Qualidade da Gestão Pública CQGP.
responsabilidade. Parágrafo único Os programas, aplicativos, sistemas e equipa-
mentos de criptografia são considerados sigilosos e deverão, anteci-
SUBSEÇÃO II padamente, ser submetidos à certificação de conformidade.
Da Marcação
Artigo 54 Aplicam-se aos programas, aplicativos, sistemas e
Artigo 48 O grau de sigilo será indicado em todas as páginas equipamentos de criptografia todas as medidas de segurança previs-
do documento, nas capas e nas cópias, se houver, pelo produtor do tas neste decreto para os documentos, dados e informações sigilosos
documento, dado ou informação, após classificação, ou pelo agente e também os seguintes procedimentos:
classificador que juntar a ele documento ou informação com alguma I realização de vistorias periódicas, com a finalidade de assegu-
restrição de acesso. rar uma perfeita execução das operações criptográficas;
§ 1º Os documentos, dados ou informações cujas partes conte- II elaboração de inventários completos e atualizados do mate-
nham diferentes níveis de restrição de acesso devem receber dife- rial de criptografia existente;
rentes marcações, mas no seu todo, será tratado nos termos de seu III escolha de sistemas criptográficos adequados a cada destina-
grau de sigilo mais elevado. tário, quando necessário;
§ 2º A marcação será feita em local que não comprometa a lei- IV comunicação, ao superior hierárquico ou à autoridade com-
tura e compreensão do conteúdo do documento e em local que pos- petente, de qualquer anormalidade relativa ao sigilo, à inviolabilida-
sibilite sua reprodução em eventuais cópias. de, à integridade, à autenticidade, à legitimidade e à disponibilidade
§ 3º As páginas serão numeradas seguidamente, devendo a jun- de documentos, dados e informações sigilosos criptografados;
tada ser precedida de termo próprio consignando o número total de V identificação e registro de indícios de violação ou intercepta-
folhas acrescidas ao documento. ção ou de irregularidades na transmissão ou recebimento de docu-
§ 4º A marcação deverá ser necessariamente datada. mentos, dados e informações criptografados.
§ 1º A autoridade máxima do órgão ou entidade da Adminis-
Artigo 49 A marcação em extratos de documentos, esboços, tração Pública Estadual responsável pela custódia de documentos,
desenhos, fotografias, imagens digitais, multimídia, negativos, dia- dados e informações sigilosos e detentor de material criptográfico
positivos, mapas, cartas e fotocartas obedecerá ao prescrito no artigo designará um agente público responsável pela segurança criptográ-
48 deste decreto. fica, devidamente credenciado, que deverá observar os procedimen-
§ 1º Em fotografias e reproduções de negativos sem legenda, a tos previstos no “caput” deste artigo.
indicação do grau de sigilo será no verso e nas respectivas embala- § 2º O agente público referido no § 1º deste artigo deverá pro-
gens. videnciar as condições de segurança necessárias ao resguardo do
§ 2º Em filmes cinematográficos, negativos em rolos contínuos sigilo de documentos, dados e informações durante sua produção,
e microfilmes, a categoria e o grau de sigilo serão indicados nas ima- tramitação e guarda, em suporte magnético ou óptico, bem como a
gens de abertura e de encerramento de cada rolo, cuja embalagem segurança dos equipamentos e sistemas utilizados.
será tecnicamente segura e exibirá a classificação do conteúdo. § 3º As cópias de segurança de documentos, dados e informa-
§ 3º Os esboços, desenhos, fotografias, imagens digitais, mul- ções sigilosos deverão ser criptografados, observadas as disposições
timídia, negativos, diapositivos, mapas, cartas e fotocartas de que dos §§ 1º e 2º deste artigo.
trata esta seção, que não apresentem condições para a indicação do
grau de sigilo, serão guardados em embalagens que exibam a classi- Artigo 55 Os equipamentos e sistemas utilizados para a produ-
ficação correspondente à classificação do conteúdo. ção e guarda de documentos, dados e informações sigilosos poderão
estar ligados a redes de comunicação de dados desde que possuam
Artigo 50 A marcação da reclassificação e da desclassificação sistemas de proteção e segurança adequados, nos termos das normas
de documentos, dados gerais baixadas pelo Comitê de Qualidade da Gestão Pública CQGP.
ou informações sigilosos obedecerá às mesmas regras da mar-
cação da classificação. Parágrafo único Havendo mais de uma mar- Artigo 56 Cabe ao órgão responsável pela criptografia de docu-
cação, prevalecerá a mais recente. mentos, dados e informações sigilosos providenciar a sua descripta-
ção após a sua desclassificação.
SUBSEÇÃO III
Da Criptografia SUBSEÇÃO IV
Da Preservação e Eliminação
Artigo 51 Fica autorizado o uso de código, cifra ou sistema de
criptografia no âmbito da Administração Pública Estadual e das ins- Artigo 57 Aplicam-se aos documentos, dados e informações si-
tituições de caráter público para assegurar o sigilo de documentos, gilosos os prazos de guarda estabelecidos na Tabela de Temporalida-
dados e informações. de de Documentos das Atividades-Meio, oficializada pelo Decreto
nº 48.898, de 27 de agosto de 2004, e nas Tabelas de Temporalidade
Artigo 52 Para circularem fora de área ou instalação sigilosa, os de Documentos das Atividades-Fim, oficializadas pelos órgãos e
documentos, dados e informações sigilosos, produzidos em suporte entidades da Administração Pública Estadual, ressalvado o dispos-
magnético ou óptico, deverão necessariamente estar criptografados. to no artigo 59 deste decreto.

Didatismo e Conhecimento 200


NOÇÕES DE DIREITO
Artigo 58 Os documentos, dados e informações sigilosos Artigo 65 A emissão da credencial de segurança compete às
considerados de guarda permanente, nos termos dos Decretos nº autoridades máximas de órgãos e entidades da Administração Pú-
48.897 e nº 48.898, ambos de 27 de agosto de 2004, somente po- blica Estadual, podendo ser objeto de delegação.
derão ser recolhidos à Unidade do Arquivo Público do Estado após § 1º A credencial de segurança será concedida mediante ter-
a sua desclassificação. mo de compromisso de preservação de sigilo, pelo qual os agentes
Parágrafo único Excetuam-se do disposto no “caput” deste ar- públicos responsabilizam-se por não revelarem ou divulgarem do-
tigo, os documentos de guarda permanente de órgãos ou entidades cumentos, dados ou informações sigilosos dos quais tiverem co-
extintos ou que cessaram suas atividades, em conformidade com nhecimento direta ou indiretamente no exercício de cargo, função
o artigo 7, § 2º, da Lei federal nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, ou emprego público.
e com o artigo 1º, § 2º, do Decreto nº 48.897, de 27 de agosto de § 2º Para a concessão de credencial de segurança serão avalia-
2004. dos, por meio de investigação, os requisitos profissionais, funcio-
nais e pessoais dos propostos.
Artigo 59 Decorridos os prazos previstos nas tabelas de tem- § 3º A validade da credencial de segurança poderá ser limitada
poralidade de documentos, os documentos, dados e informações no tempo e no espaço.
sigilosos de guarda temporária somente poderão ser eliminados § 4º O compromisso referido no “caput” deste artigo persistirá
após 1 (um) ano, a contar da data de sua desclassificação, a fim de enquanto durar o sigilo dos documentos a que tiveram acesso.
garantir o pleno acesso às informações neles contidas.
SUBSEÇÃO VII
Artigo 60 A eliminação de documentos dados ou informações Da Reprodução e Autenticação
sigilosos em suporte magnético ou ótico que não possuam valor
permanente deve ser feita, por método que sobrescreva as infor- Artigo 66 Os Serviços de Informações ao Cidadão SIC dos
mações armazenadas, após sua desclassificação. órgãos e entidades da Administração Pública Estadual fornecerão,
Parágrafo único Se não estiver ao alcance do órgão a elimina- desde que haja autorização expressa das autoridades classificado-
ção que se refere o “caput” deste artigo, deverá ser providenciada ras ou das autoridades hierarquicamente superiores, reprodução
a destruição física dos dispositivos de armazenamento. total ou parcial de documentos, dados e informações sigilosos.
§ 1º A reprodução do todo ou de parte de documentos, dados
SUBSEÇÃO V
e informações sigilosos terá o mesmo grau de sigilo dos documen-
Da Publicidade de Atos Administrativos
tos, dados e informações originais.
§ 2º A reprodução e autenticação de cópias de documentos,
Artigo 61 A publicação de atos administrativos referentes a
dados e informações sigilosos serão realizadas por agentes públi-
documentos, dados e informações sigilosos poderá ser efetuada
cos credenciados.
mediante extratos, com autorização da autoridade classificadora
§ 3º Serão fornecidas certidões de documentos sigilosos que
ou hierarquicamente superior.
não puderem ser reproduzidos integralmente, em razão das restri-
§ 1º Os extratos referidos no “caput” deste artigo limitar-se-ão
ao seu respectivo número, ao ano de edição e à sua ementa, redigi- ções legais ou do seu estado de conservação.
dos por agente público credenciado, de modo a não comprometer § 4º A reprodução de documentos, dados e informações pes-
o sigilo. soais que possam comprometer a intimidade, a vida privada, a
§ 2º A publicação de atos administrativos que trate de do- honra ou a imagem de terceiros poderá ocorrer desde que haja
cumentos, dados e informações sigilosos para sua divulgação ou autorização nos termos item 2 do § 1º do artigo 35 deste decreto.
execução dependerá de autorização da autoridade classificadora ou
autoridade competente hierarquicamente superior. Artigo 67 O responsável pela preparação ou reprodução de
documentos sigilosos de-
SUBSEÇÃO VI verá providenciar a eliminação de provas ou qualquer outro
Da Credencial de Segurança recurso, que possam dar origem à cópia não autorizada do todo
ou parte.
Artigo 62 O credenciamento e a necessidade de conhecer são
condições indispensáveis para que o agente público estadual no Artigo 68 Sempre que a preparação, impressão ou, se for o
efetivo exercício de cargo, função, emprego ou atividade tenha caso, reprodução de documentos, dados e informações sigilosos
acesso a documentos, dados e informações sigilosos equivalentes forem efetuadas em tipografias, impressoras, oficinas gráficas,
ou inferiores ao de sua credencial de segurança. ou similares, essa operação deverá ser acompanhada por agente
público credenciado, que será responsável pela garantia do sigilo
Artigo 63 As credenciais de segurança referentes aos graus de durante a confecção do documento.
sigilo previstos no artigo 31 deste decreto, serão classificadas nos
graus de sigilo ultrassecreta, secreta ou reservada. SUBSEÇÃO VIII
Da Gestão de Contratos
Artigo 64 A credencial de segurança referente à informação
pessoal, prevista no artigo 35 deste decreto, será identificada como Artigo 69 O contrato cuja execução implique o acesso por
personalíssima. parte da contratada a documentos, dados ou informações sigilosos,
obedecerá aos seguintes requisitos:

Didatismo e Conhecimento 201


NOÇÕES DE DIREITO
I assinatura de termo de compromisso de manutenção de sigi- Artigo 73 Os agentes responsáveis pela custódia de documen-
lo; II o contrato conterá cláusulas prevendo: tos e informações sigilosos sujeitam-se às normas referentes ao
a) obrigação de o contratado manter o sigilo relativo ao objeto sigilo profissional, em razão do ofício, e ao seu código de ética
contratado, bem como à sua execução; específico, sem prejuízo das sanções legais.
b) obrigação de o contratado adotar as medidas de segurança
adequadas, no âmbito de suas atividades, para a manutenção do Artigo 74 A pessoa física ou entidade privada que detiver do-
sigilo de documentos, dados e informações aos quais teve acesso; cumentos, dados e informações em virtude de vínculo de qualquer
c) identificação, para fins de concessão de credencial de se- natureza com o poder público e deixar de observar o disposto na
gurança, das pessoas que, em nome da contratada, terão acesso a Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, e neste decreto
documentos, dados e informações sigilosos. estará sujeita às seguintes sanções:
I advertência; II multa;
Artigo 70 Os órgãos contratantes da Administração Pública III rescisão do vínculo com o poder público;
Estadual fiscalizarão o cumprimento das medidas necessárias à IV suspensão temporária de participar em licitação e impe-
proteção dos documentos, dados e informações de natureza sigi- dimento de contratar com a Administração Pública Estadual por
losa transferidos aos contratados ou decorrentes da execução do prazo não superior a 2 (dois) anos;
contrato. V declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública Estadual, até que seja promovida a reabili-
CAPÍTULO V tação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade.
Das Responsabilidades § 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo
poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o
Artigo 71 Constituem condutas ilícitas que ensejam responsa- direito de defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo
bilidade do agente público: de 10 (dez) dias.
I recusar-se a fornecer documentos, dados e informações re- § 2º A reabilitação referida no inciso V deste artigo será auto-
queridas nos termos deste decreto, retardar deliberadamente o seu rizada somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao
fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e decorrido o prazo da
incompleta ou imprecisa; sanção aplicada com base no inciso IV.
II utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutili- § 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V deste artigo
zar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, documen- é de competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou
to, dado ou informação que se encontre sob sua guarda ou a que entidade pública, facultada a defesa do interessado, no respectivo
tenha acesso ou conhecimento em razão do exercício das atribui- processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista.
ções de cargo, emprego ou função pública;
Artigo 75 Os órgãos e entidades estaduais respondem dire-
III agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de aces-
tamente pelos danos causados em decorrência da divulgação não
so a documento, dado e informação;
autorizada ou utilização indevida de documentos, dados e informa-
IV divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir
ções sigilosos ou pessoais, cabendo a apuração de responsabilida-
acesso indevido ao documento, dado e informação sigilosos ou
de funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo
pessoal;
direito de regresso.
V impor sigilo a documento, dado e informação para obter
Parágrafo único O disposto neste artigo aplica-se à pessoa fí-
proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato sica ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer
ilegal cometido por si ou por outrem; natureza com órgãos ou entidades estaduais, tenha acesso a do-
VI ocultar da revisão de autoridade superior competente do- cumento, dado ou informação sigilosos ou pessoal e a submeta a
cumento, dado ou informação sigilosos para beneficiar a si ou a tratamento indevido.
outrem, ou em prejuízo de terceiros;
VII destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos con- CAPÍTULO VI
cernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de Disposições Finais
agentes do Estado.
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e Artigo 76 O tratamento de documento, dado ou informação
do devido processo legal, as condutas descritas no “caput” deste sigilosos resultante de tratados, acordos ou atos internacionais
artigo serão apuradas e punidas na forma da legislação em vigor. atenderá às normas e recomendações constantes desses instru-
§ 2º Pelas condutas descritas no “caput” deste artigo, poderá mentos.
o agente público responder, também, por improbidade administra-
tiva, conforme o disposto na Lei federal nº 8.429, de 2 de junho Artigo 77 Aplica-se, no que couber, a Lei federal nº 9.507,
de 1992. de 12 de novembro de 1997, em relação à informação de pessoa,
física ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de enti-
Artigo 72 O agente público que tiver acesso a documentos, dades governamentais ou de caráter público.
dados ou informações sigilosos, nos termos deste decreto, é res-
ponsável pela preservação de seu sigilo, ficando sujeito às sanções Artigo 78 Cabe à Secretaria de Gestão Pública:
administrativas, civis e penais previstas na legislação, em caso de I realizar campanha de abrangência estadual de fomento à cul-
eventual divulgação não autorizada. tura da transparência na Administração Pública Estadual e cons-
cientização do direito fundamental de acesso à informação;

Didatismo e Conhecimento 202


NOÇÕES DE DIREITO
II promover treinamento de agentes públicos no que se refe- I planejar e propor, no prazo de 90 (noventa) dias, os recursos
re ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na organizacionais, materiais e humanos, bem como as demais pro-
Administração Pública Estadual; vidências necessárias à instalação e funcionamento dos Serviços
III formular e implementar política de segurança da infor- de Informações ao Cidadão SIC, a que se refere o artigo 7º deste
mação, em consonância com as diretrizes da política estadual de decreto;
arquivos e gestão de documentos; II assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a
IV propor e promover a regulamentação do credenciamento documentos, dados ou informações, de forma eficiente e adequada
de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades da aos objetivos da Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011,
Administração Pública Estadual para tratamento de informações e deste decreto;
sigilosas e pessoais. III orientar e monitorar a implementação do disposto na Lei
federal nº 12.527, de 1 de novembro de 2011, e neste decreto, e
Artigo 79 A Corregedoria Geral da Administração será res- apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;
ponsável pela fiscalização da aplicação da Lei federal nº 12.527, IV recomendar as medidas indispensáveis à implementação
de 18 de novembro de 2011, e deste decreto no âmbito da Admi- e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao
nistração Pública Estadual, sem prejuízo da atuação dos órgãos correto cumprimento do disposto neste decreto; V promover a ca-
de controle interno. pacitação, o aperfeiçoamento e a atualização de pessoal que desem-
penhe atividades inerentes à salvaguarda de documentos, dados e
informações sigilosos e pessoais.
Artigo 80 Este decreto e suas disposições transitórias en-
tram em vigor na data de sua publicação.
Artigo 4º As Comissões de Avaliação de Documentos e Aces-
so CADA deverão apresentar à autoridade máxima do órgão ou en-
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS tidade, plano e cronograma de trabalho, no prazo de 30 (trinta) dias,
para o cumprimento das atribuições previstas no artigo 6º, incisos I
Artigo 1º Fica instituído Grupo Técnico, junto ao Comitê e II, e artigo 32, inciso I, deste decreto.
de Qualidade da Gestão Pública CQGP, visando a promover os
estudos necessários à criação, composição, organização e funcio- Questões
namento da Comissão Estadual de Acesso à Informação.
Parágrafo único O Presidente do Comitê de Qualidade da 01. Nos termos do que dispõe a Lei Federal n.º 12.527/2011
Gestão Pública designará, no prazo de 30 (trinta) dias, os mem- (Lei de Acesso à Informação), quando se tratar de acesso à in-
bros integrantes do Grupo Técnico. formação contida em documento cuja manipulação possa pre-
judicar sua integridade,
Artigo 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública a) o interessado deverá obter decisão judicial que lhe autorize
Estadual deverão proceder à reavaliação dos documentos, da- o acesso.
dos e informações classificados como ultrassecretos e secretos b) o próprio interessado poderá extrair cópia do documento, as
no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de suas próprias expensas e sob sua responsabilidade, devendo assinar
vigência da Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. declaração de que restituirá o documento em perfeitas condições.
§ 1º A restrição de acesso a documentos, dados e informa- c) deverá ser negado o acesso ao interessado.
ções, em razão da reavaliação prevista no “caput” deste artigo, d) deverá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de
deverá observar os prazos e condições previstos na Lei federal nº que esta confere com o original.
12.527, de 18 de novembro de 2011. e) o interessado poderá ter acesso direto ao documento que
§ 2º No âmbito da administração pública estadual, a reava- contém a informação, sem qualquer restrição, mas não poderá ob-
liação prevista no “caput” deste artigo poderá ser revista, a qual- ter cópia.
quer tempo, pela Comissão Estadual de Acesso à Informação, ob-
servados os termos da Lei federal nº 12.527, de 18 de novembro 02. VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil
de 2011, e deste decreto. De acordo com o disposto, expressamente, na Lei Federal
n. o 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação), se depois de so-
§ 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação pre-
licitar a informação, o interessado souber que houve o extravio
visto no “caput” deste artigo, será mantida a classificação dos
da informação solicitada,
documentos, dados e informações nos termos da legislação pre-
a) poderá pedir indenização à autoridade administrativa com-
cedente. petente.
§ 4º Os documentos, dados e informações classificados b) poderá requerer à autoridade competente a imediata aber-
como secretos e ultrassecretos não reavaliados no prazo previsto tura de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva
no “caput” deste artigo serão considerados, automaticamente, de documentação.
acesso público. c) deverá providenciar dados e documentos que tiver e forne-
cê-los à autoridade competente para restituição da respectiva infor-
Artigo 3º No prazo de 30 (trinta) dias, a contar da vigência mação.
deste decreto, a autoridade máxima de cada órgão ou entidade da d) deverá requerer judicialmente a restituição da informação.
Administração Pública Estadual designará subordinado para, no e) poderá requerer a abertura de processo administrativo para
âmbito do respectivo órgão ou entidade, exercer as seguintes atri- punição do responsável e obtenção de respectiva indenização por
buições: danos morais.

Didatismo e Conhecimento 203


NOÇÕES DE DIREITO
03. A Lei n.º 12.527/2011 regulamenta o direito constitu- 08. VUNESP - 2013 - CETESB - Advogado
cional de acesso à informação. Nesse sentido, submetem-se ao João, interessado em obter informações sobre o andamen-
regime dessa Lei diferentes órgãos e pessoas jurídicas. No en- to de um pedido de interesse geral junto à Secretaria da CE-
tanto, não se sujeita(m) aos ditames dessa Lei: TESB, é informado pelo funcionário que não poderá ter acesso
a) Ministério Público. à informação requerida. Nesse caso, o que poderá fazer João?
b) corretoras de valores. a) Conformar-se com a decisão, uma vez que o pedido refere-
c) autarquias. se a um interesse geral de caráter sigiloso.
d) sociedades de economia mista. b) Recorrer da decisão, encaminhando o requerimento para o
e) Poder Judiciário. funcionário que o atendeu, no prazo de 03 (três) dias.
c) Recorrer da decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da
04. CESPE - 2013 - ANTT - Analista Administrativo ciência da negativa do acesso à informação.
Tendo em vista que a Lei de Acesso à Informação é um d) Não recorrer da decisão, uma vez que a informação reque-
instrumento que auxilia o exercício de um direito constitucio- rida está contida em documento cuja manipulação poderá prejudi-
nal dos cidadãos, o de acesso às informações públicas, julgue car sua integridade.
os itens a seguir. e) Encaminhar novo requerimento de solicitação de acesso à
A classificação de sigilo no grau ultrassecreto é de compe- mesma informação, dirigido à autoridade hierarquicamente supe-
tência do primeiro escalão do governo, incluindo-se os titulares rior ao funcionário que exarou a decisão impugnada.
de autarquias, as fundações ou as empresas públicas e as socie-
dades de econômica mista. 09. VUNESP - 2013 - CETESB - Advogado
( ) Certo ( ) Errado Conforme dispõe a Lei n.º 12.527/11, agir com dolo ou má-
fé na análise das solicitações de acesso à informação ensejará
05. CESPE - 2013 - ANTT - Analista Administrativo ao agente público que praticar a conduta ilícita a pena de,
Tendo em vista que a Lei de Acesso à Informação é um a) no mínimo, suspensão.
instrumento que auxilia o exercício de um direito constitucio- b) no máximo, multa.
nal dos cidadãos, o de acesso às informações públicas, julgue c) no máximo, advertência.
os itens a seguir. d) no máximo, repreensão.
O acesso à informação, contida em documento cuja mani- e) no mínimo, dispensa.
pulação possa prejudicar sua integridade deverá ser feito por
cópia com certificação de que confere com o original. 10. VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia
( ) Certo ( ) Errado De acordo com o que dispõe a Lei n.º 12.527/11, os pro-
06. VUNESP - 2013 - SAP-SP - Agente de Segurança Pe- cedimentos nela previstos destinam-se a assegurar o direito
nitenciária fundamental de acesso à informação e devem ser executados
Para os efeitos da Lei Federal nº. 12.527/11, considera­se em conformidade com os princípios básicos da administração
informação sigilosa aquela submetida temporariamente à res- pública e, entre outras, com a seguinte diretriz:
trição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade a) trabalho incansável do administrador público para evitar o
para controle social da administração pública.
a) todos os setores das Polícias Civil e Militar. b) divulgação de todo o tipo de informação, pública ou priva-
b) os órgãos de inteligência civil e militar. da, desde que solicitada.
c) a Administração Pública. c) vedação da utilização dos meios de comunicação eletrôni-
d) a segurança da sociedade e do Estado. cos para transmissão das informações de interesse público.
e) o serviço reservado militar. d) proibição da transparência na administração pública.
e) observância da publicidade como preceito geral e do sigilo
07. VUNESP - 2013 - SAP-SP - Agente de Segurança Pe- como exceção.
nitenciária
É dever dos órgãos e entidades públicas promover a divul- 11. VUNESP - 2013 - CETESB - Escriturário
gação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, Para efeitos da Lei n.º 12.527/11 – Lei de Acesso à Infor-
de informações de interesse coletivo ou geral por eles produ- mação, considera(m)-se como informação(ões) sigilosa(s)
zidas ou custodiadas. Para esse fim, os órgãos e entidades pú- a) aquela relacionada à pessoa natural identificável.
blicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos b) os dados processados, que só podem ser utilizados para
de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios produção de conhecimento e transmissão em qualquer meio, su-
oficiais da rede mundial de computadores (internet). porte ou formato.
No entanto, ficam dispensados da divulgação obrigatória c) aquela submetida temporariamente à restrição de acesso
na internet público em razão de sua imprescindibilidade para a segurança da
a) as autarquias. sociedade e do Estado.
b) as empresas públicas. d) aquela de qualidade da informação não modificada, inclu-
c) os órgãos integrantes da Polícia Civil. sive quanto à origem, trânsito e destino.
d) as sociedades de economia mista. e) aquela pertinente à administração do patrimônio público,
e) os Municípios com população de até dez mil habitantes. utilização de recursos públicos, licitação e contratos administra-
tivos.

Didatismo e Conhecimento 204


NOÇÕES DE DIREITO
12. VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil Gabarito:
De acordo com o disposto, expressamente, na Lei Federal
n. o 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação), se depois de so- 01 D
licitar a informação, o interessado souber que houve o extravio 02 B
da informação solicitada, 03 B
a) poderá pedir indenização à autoridade administrativa com- 04 Errado
petente. 05 Certo
b) poderá requerer à autoridade competente a imediata aber- 06 D
tura de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva 07 E
documentação. 08 C
c) deverá providenciar dados e documentos que tiver e for- 09 A
necê-los à autoridade competente para restituição da respectiva
10 E
informação.
11 C
d) deverá requerer judicialmente a restituição da informação.
12 B
e) poderá requerer a abertura de processo administrativo para
13 Errado
punição do responsável e obtenção de respectiva indenização por
14 Certo
danos morais.
15 D
13. CESPE - 2012 - ANAC - Analista Administrativo
À luz da Lei n.º 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação),
julgue os itens a seguir.
Por serem pessoas de direito privado, as sociedades de eco-
nomia mista não se sujeitam à lei em questão.
( ) Certo ( ) Errado

14. CESPE - 2012 - TCE-ES - Auditor de Controle Externo


Com base nas Leis n.os 12.232/2010, 4.320/1964 e
12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação) e na Lei Comple-
mentar n.º 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), julgue
os itens subsecutivos.
A solicitação de informação relativa ao resultado das pres-
tações de contas relativas a exercícios anteriores de determina-
do órgão público independe de motivação, podendo qualquer
cidadão ter acesso a essa informação.
( ) Certo ( ) Errado

15. FAURGS - 2012 - TJ-RS - Historiógrafo


A Lei n.º 12.527, sancionada pela Presidenta da República
em 18 de novembro de 2011, tem o propósito de regulamentar
o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações
públicas, sendo que seus dispositivos são aplicáveis aos três
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios.
No que se refere a essa lei, considere as afirmações abaixo.
I - Sua regulamentação torna essencial o princípio de que
o acesso é a regra, e o sigilo é a exceção.
II - Sua regulamentação consolida e define o marco regula-
tório em relação ao acesso à informação pública sob a guarda
do Estado e à informação privada em arquivos pessoais.
III - Sua regulamentação estabelece os procedimentos
para que a Administração responda a pedidos de informação
do cidadão.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.

Didatismo e Conhecimento 205


NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
A Criminologia é uma visão de 360° sobre os seus objetos,
não apenas uma visão de “Ser contra” ou a “Favor” de uma pu-
3.1 CONCEITO, MÉTODO, OBJETO E nição, desenvolvendo linhas de raciocínio e ultrapassando a linha
FINALIDADE DA CRIMINOLOGIA. do senso comum. Trabalha com dados de fatos passados e não é
conclusiva, dando subsídios as ciências penais.

Objetos:
A criminologia é ciência moderna, sendo um modo específico - Ser Humano e sua imprevisibilidade.
e qualificado de conhecimento e uma sistematização do saber de - O Infrator.
várias disciplinas. A partir da experimentação desse saber multi- - As determinantes endógenas e exógenas.
- A Vítima.
disciplinar surgem teorias (um corpo de conceitos sistematizados
- O Controle Social.
que permitem conhecer um dado domínio da realidade).
Enquanto ciência, a criminologia possui objeto próprio e um
Métodos:
rigor metodológico (método) que inclui a necessidade de experi- - Empirismo.
mentação, a possibilidade de refutação de suas teorias e a cons- - Interdisciplinaridade (Sociologia, Psicologia, Ciências Exa-
ciência da transitoriedade de seus postulados. Ainda que interdis- tas, etc).
ciplinar é também ciência autônoma, não se confundindo com ne- - Trabalha com fatos sociais e individuais.
nhuma das áreas que contribuem para a sua formação e sem deixar
considerar o jogo dialético da realidade social como um todo. Quando nasceu, a criminologia tratava de explicar a origem da
Objeto da criminologia é o crime, o criminoso (que é o su- delinquência, utilizando o método das ciências, o esquema causal e
jeito que se envolve numa situação criminógena de onde deriva o explicativo, ou seja, buscava a causa do efeito produzido. Pensou-
crime), os mecanismos de controle social (formais e informais) se que erradicando a causa se eliminaria o efeito, como se fosse
que atuam sobre o crime; e, a vítima (que às vezes pode ter inclu- suficiente fechar as maternidades para o controle da natalidade.
sive certa culpa no evento). Academicamente a Criminologia começa com a publicação
A relevância da criminologia reside no fato de que não existe da obra de Cesare Lombroso chamad “L’Uomo Delinquente”, em
sociedade sem crime. Ela contribui para o crescimento do conheci- 1876. Sua tese principal era a do delinquente nato.
mento científico com uma abordagem adequada do fenômeno cri- Já existiram várias tendências causais na criminologia. Ba-
minal. O fato de ser ciência não significa que ela esteja alheia a sua seado em Rousseau, a criminologia deveria procurar a causa do
função na sociedade. Muito pelo contrário, ela filia-se ao princípio delito na sociedade, baseado em Lombroso, para erradicar o delito
de justiça social. deveríamos encontrar a eventual causa no próprio delinquente e
Os estudos em criminologia têm como finalidade, entre outros não no meio. Um extremo que procura as causas de toda crimina-
aspectos, determinar a etiologia do crime, fazer uma análise da lidade na sociedade e o outro, organicista, investigava o arquétipo
personalidade e conduta do criminoso para que se possa puni-lo do criminoso nato (um delinquente com determinados traços mor-
de forma justa (que é uma preocupação da criminologia e não do fológicos).
Direito Penal), identificar as causas determinantes do fenômeno Isoladamente, tanto as tendências sociológicas, quanto as
criminógeno, auxiliar na prevenção da criminalidade; e permitir a orgânicas fracassaram. Hoje em dia fala-se no elemento bio-psi-
ressocialização do delinquente. co-social. Volta a tomar força os estudos de endocrinologia, que
associam a agressividade do delinquente à testosterona (hormônio
Os estudos em criminologia se dividem em dois ramos que
masculino), os estudos de genética ao tentar identificar no genoma
não são independentes, mas sim interdependentes. Temos de um
humano um possível “gene da criminalidade”, juntamente com os
lado a Criminologia Clínica (bioantropológica), esta utiliza-se do transtornos da violência urbana, de guerra, da fome, etc.
método individual, (particular, análise de casos, biológico, experi- De qualquer forma, a criminologia transita pelas teorias que
mental), que envolve a indução. De outro lado vemos a Crimino- buscam analisar o crime, a criminalidade, o criminoso e a víti-
logia Penal (sociológica), esta utiliza-se do método estatístico (de ma. Passa pela sociologia, pela psicopatologia, psicologia, religião
grupo, estatístico, sociológico, histórico) que enfatiza o procedi- (nos casos de crimes satânicos), antropologia, política, enfim, a
mento de dedução. criminologia habita o universo da ação humana.
Como em outras ciências, também em criminologia se tem
Neste contexto, podemos definir a criminologia como um tentado eliminar o conceito de “causa”, substituindo-o pela ideia
conjunto de conhecimentos que se ocupa do crime, da criminali- de “fator”. Isso implica no reconhecimento de não apenas uma
dade e suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso, causa mas, sobretudo, de fatores que possam desencadear o efeito
bem como da personalidade do criminoso e da maneira de resso- criminoso (fatores biológicos, psíquicos, sociais...). Uma das fun-
cializá-lo. Etmologicamente o termo deriva do latim crimino (cri- ções principais da criminologia é estabelecer uma relação estreita
me) e do grego logos (tratado ou estudo), seria portanto o “estudo entre três disciplinas consideradas fundamentais: a psicopatologia,
do crime”. É uma ciência empírica e interdisciplinar. É empírica, o direito penal e a ciência político-criminal.
pois baseia-se na experiência da observação, nos fatos e na prática,
mais que em opiniões e argumentos. É interdisciplinar e portanto
formada pelo diálogo de uma série de ciências e disciplinas, tais
como a biologia, a psicopatologia, a sociologia, a política, a antro-
pologia, o direito, a criminalística, a filosofia e outros.

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Outra atribuição da criminologia é, por exemplo, elaborar o crime. Na França, Montesquieu procurou relacionar o comporta-
uma série de teorias e hipóteses sobre as razões para o aumento de mento criminoso com o ambiente natural e físico. Por outro lado,
um determinado delito. Os criminólogos se encarregam de dar esse os estudiosos ligados aos movimentos socialistas têm considerado
tipo de informação a quem elabora a política criminal, os quais, o delito como um efeito derivado das necessidades da pobreza.
por sua vez, idealizarão soluções, proporão leis, etc. Esta última Outros teóricos relacionam a criminalidade com o estado geral da
etapa se faz através do direito penal. Posteriormente, outra vez cultura, sobretudo pelo impacto desencadeado pelas crises econô-
mais o criminólogo avaliará o impacto produzido por essa nova micas, as guerras, as revoluções e o sentimento generalizado de
lei na criminalidade. insegurança e desproteção derivados de tais fenômenos. No século
Interessam ao criminólogo as causas e os motivos para o fato XX, destacam-se as teorias elaboradas por psicólogos e psiquia-
delituoso. Normalmente ele procura fazer um diagnóstico do crime tras, que indicam que cerca de um quarto da população reclusa é
e uma tipologia do criminoso, assim como uma classificação do composta por psicóticos, neuróticos ou pessoas instáveis emocio-
delito cometido. Essas causas e motivos abrangem desde avaliação nalmente, e outro quarto padece de deficiências mentais. A maioria
do entorno prévio ao crime, os antecedentes vivenciais e emocio-
dos especialistas, porém, está mais inclinada a assumir as teorias
nais do delinquente, até a motivação pragmática para o crime.
do fator múltiplo, de que o delito surge como consequência de um
Define-se também, em regra como sendo o estudo do crime
conjunto de conflitos e influências biológicas, psicológicas, cultu-
e do criminoso, isto é: criminalidade. A Criminologia, o estudo
rais, econômicas e políticas.
do crime e dos criminosos, dentro de um recorte causal, explica-
tivo, informado de elementos naturalísticos (psicofísicos). Não é Ao lado do desenvolvimento das teorias sobre as causas do
uma ciência independente, mas atrelada à Sociologia, à apreciação delito, são estudados vários modelos correcionais. Assim, a antiga
científica da organização da sociedade humana. Ao lado da Socio- teoria teológica e moral entendia o castigo como uma retribuição à
logia, se mostra numa condição de contrastante de ‘‘uma das mais sociedade pelo mal cometido. Jeremy Bentham procurou que hou-
jovens e uma das mais velhas ciências’’ vesse uma relação mais precisa entre castigo e delito e insistia na
Jovem e livre até da rotulação relativamente recente do res- fixação de penas definidas e inflexíveis para cada classe de crime,
pectivo vocábulo, um termo híbrido, por Augusto Comte, do latim de tal forma que a dor da pena superasse apenas um pouco o prazer
socius, amigo ou companheiro, e do grego logos, ciência. Velha, do delito. No princípio do século XX, a escola neoclássica rejeita-
uma vez que a análise da vida gregária dos seres humanos já era va as penas fixas e propunha que as sentenças variassem em fun-
praticada de vários modos pela Antropologia, bem antes de sua ção das circunstâncias concretas do delito, como a idade, o nível
aparição no panorama cultural. intelectual e o estado psicológico do delinquente. A chamada esco-
Não é tarefa fácil para a Criminologia lidar com a delinquên- la italiana outorgava às medidas preventivas do delito mais impor-
cia constantemente sofisticada, assim como com a violência, que tância do que às destinadas a reprimi-lo. As tentativas modernas
hoje se banalizou. Para ficar mais a par do itinerário, e dos atalhos, de tratamento dos delinquentes devem quase tudo à psiquiatria e
que conduzem ao delito, sobretudo nos agregados sociais urba- aos métodos de estudo aplicados a casos concretos. A atitude dos
nos de densa população, a Criminologia precisa traçar uma tática cientistas contemporâneos é de que os delinquentes são indivíduos
eficaz. A criminologia, não trata unicamente da pessoa humana, e sua reabilitação só poderá ser alcançada através de tratamentos
porque o homem é o agente do ato antissocial, mas sobre este individuais e específicos.
agente existem várias causas e muitas ainda desconhecidas, que Entretanto, há na ciência, Criminologia, já um acervo com que
modificarão o caráter essencialmente humano ou antropológico se deve contar, para ir em demanda das novas rotas que se nos
do fenômeno. A criminologia é e deve ser considerada de acordo deparam. E esse acervo já vem sendo colhido em longas décadas
com a maioria dos estudiosos do assunto, uma ciência pré-jurídica, de estudo e de meditação, armazenando largos cabedais que cons-
sua matéria de estudos é o homem, o seu viver social, suas ações, tituem uma bibliografia inumerável, na qual, ao lado de muito joio,
toda sua evolução, como espécie e como indivíduo. Para um es- excelentes contribuições se podem contar. Todavia, alguns menos
tudo completo de criminologia devemos estudar tanto a filosofia,
ansiosos por avançar sempre na procura da solução de múltiplas
sociologia, psicologia, e a ética. Esta última, que vai à base moral
incógnitas que ainda nos enfrentam, creem desde logo de assentar
da humanidade, daí deve-se entender melhor o que é essa Moral;
a Criminologia em bases suficientemente estáveis.
pois o Código Penal apoia-se sobre a moral.
O crime apresenta uma transformação, ou ampliação, que de
Esta ciência social que estuda a natureza, a extensão e as cau-
sas do crime, possui dois objetivos básicos: a determinação de cau- uma forma aceitavelmente denominada “normal”, se projeta hoje
sas, tanto pessoais como sociais, do comportamento criminoso e o para configurações que poderiam ser consideradas “anormais”.
desenvolvimento de princípios válidos para o controle social do Apenas se deve ponderar que essa atual anormalidade assim se
delito. Desde o século XVIII, são formuladas várias teorias cien- nos apresenta por não terem podido estar os gabaritos normativos
tíficas para explicar as causas do delito. O médico alemão Franz acompanhando sempre as transformações psicossociais que a épo-
Joseph Gall procurou relacionar a estrutura cerebral com as incli- ca atual oferece, dada à tumultuosa evolução dos sistemas de vida
nações criminosas. No final do século XIX, o criminologista Ce- e das colisões sociais. E daí desde logo nos apresenta um dos pro-
sare Lombroso afirmava que os delitos são cometidos por aqueles blemas básicos da Criminologia: é que ela se desenvolveu a partir
que nascem com certos traços físicos hereditários reconhecíveis, do Direito Criminal, mas, por assim dizer, disciplinada, ou jungi-
teoria refutada no começo do século XX por Charles Goring, que da, às condições penais e, ainda, demarcada, em seus horizontes,
fez um estudo comparativo entre delinquentes encarcerados e ci- por uma finalidade que ia mais às situações pós-delituais, e avança
dadãos respeitadores das leis, chegando à conclusão de que não preferentemente para os aspectos punitivos e, depois, recuperados
existem os chamados “tipos criminais” com disposição inata para do delinquente.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Desta sorte, há uma Criminologia ainda hoje definida como a Biotipologia criminal. E a cada passo, novas esperanças, mas
um ramo subsidiário do Direito Penal, e que serviria mais para a acompanhadas do reconhecimento de que era mister da Psiquiatria
correta aplicação desse mesmo Direito; visaria ela ilustrá-lo com forense, a então recente concepção freudiana, mais euforia domi-
os conhecimentos que se foram adquirindo quanto à pessoa do cri- nou o campo da criminogênese - e a Psicanálise criminal dava a
minoso, às condições do crime dentro da dinâmica delituosa e da entender que tudo estava resolvido a partir de então.
eventual motivação do ato antissocial, inclusive pela incorporação O que estava a se verificar era o entusiasmo que cada “pílula
da vitimologia hoje de tanta nomeada nos círculos científicos. científica”, cada nova fresta entreaberta, parecia anunciar-se como
Tratar-se-á de uma Criminologia que se poderá denominar fórmula final para a solução da incógnita criminogenética. Mas, a
de pragmática e que, na escala do conhecimento, sempre defini- cada nova esperança, depois se verificava que nem tudo estava re-
da como sendo de posição pré-jurídica. A partir dos Códigos, e solvido, e que só mais um ângulo, de abertura estreita, no caminho
atendendo ao seu espírito, busca essa Criminologia oferecer ao cada vez mais longo da via causal do delito. E como já foi dito,
aplicador da Lei os meios mais efetivos e esclarecidos para que o novas pílulas foram se acrescendo, até à diencefalose, criminóge-
cumprimento dos dispositivos penais se torne mais cientificamente na, até aos conjuntos cromossômicos aberrantes (XYX, XXY etc.),
apoiado e informado. até às indagações citoquímicas, enzimáticas, até... aonde puderem
Nessa mesma ordem de aplicação científica dos conheci- ser levadas as observações mais agudas de campos cada vez mais
mentos criminológicos se situou o nosso sábio legislador de 1940 miúdos e estreitos.
quando, no já citado artigo 42 do Código Penal, ainda vigente, Mas desde logo se percebe que a solução bio-criminogenética
preceituou que o Juiz, para aplicar a pena, deverá atender “aos é um dédalo em que se tem perdido a ânsia de resolver o problema
antecedentes e à personalidade do agente, à intensidade do dolo apenas por esse lado. E, ademais, desde logo se verificou que só
ou grau da culpa, aos motivos, às circunstâncias e consequências o exame do “uomo delinqüente” não bastava, visto que ele era
do crime”. também produto do meio. E a Sociologia se aplicou também aos
Aí estão, pois, as vias da Criminologia pragmática, auxiliar estudos criminogenéticos, dando origem á Sociologia Criminal,
do Direito, para assessorá-lo, em matéria de sua competência, e que se arrogava, por sua vez, a pretensão de Ter em si a solução
visando a personalização do tratamento penal. Como nem sempre sempre tão ambicionada. Já vinha, aliás, de Platão, este pensamen-
se pode realizar este exame do delinquente antes do julgamento, to precursor, “atribuindo os crimes à falta de educação dos cida-
momento esse que seria idealmente o ótimo pra o levar a efeito, dãos e má organização do Estado”, como lembrava oportunamente
Afrânio Peixoto, em sua “Criminologia”. Com Durkhein, Ferri,
e como é determinado pela Lei, segundo ficou registrado, quando
Lacassagne, Tarde, Turati, Bataglia, Lafargue, Bebel... desenvol-
menos deve essa análise do criminoso ser posta de triagem sufi-
veu-se esta escola que opunha, ao falar biológico, a gênese social
cientemente capaz de apreciar a pluridimensional personalidade
dos delitos. E houve, incrivelmente, um dissídio que pretendeu,
do agente antissocial. E dessa análise deverá surgir a orientação
cada um do seu lado, impor a conclusão de que o fator mesológico,
a seguir no tratamento, para melhor perspectiva de êxito do mes-
ou o fator biológico, é que determinava prevalentemente o crime.
mo, desde que bem adequado à personalidade do delinquente e
Só mais tarde, e agora mais lucidamente, é que veio a prevale-
às várias opções que se ofereçam dentro do sistema penitenciário cer o princípio de uma globalização de todos os chamados fatores
existente. criminogenéticos que, num caso, podem oferecer predomínio da
Além desta Criminologia pragmática, ainda e sempre ao lado influência mesológica, num outro caso, podem apontar a biologia
do Direito, para servi-lo nas suas indagações sobre a criminogê- como sobressalente, e, em muitos outros, se verificava certa equi-
nese dos fatos delituosos, poder-se-á colocar a Criminologia espe- valência na atuação de tais fatores. Mas sempre se reconhecendo,
culativa, causal da genética, que teria uma posição para-jurídica, em todos os casos, a presença de ambos esses fatores, como desde
cuidando da grande ambição de todos os criminólogos, ou seja, de Ferri, já se fazia patente. Daí resultou, até, uma classificação de
indagar e identificar as causas da criminalidade. criminosos, que tem feito sucesso, e que é absolutamente natural
É a grande meta que os estudos criminogenéticos têm como em sua formulação.
alvo e que, se acaso lá pudéssemos aportar, nos levaria, quiçá, um Mesmo quando muito se haja batendo neste caudal das pos-
dia, a poder aplicar, com total sucesso, o velho preceito, que dita: síveis causas do delito, tanto no campo da biologia, quanto no da
«sublata causa tollitur effectus» ideal fagueiro dos estudos crimi- mesologia, ainda devemos confessar que a gênese delitual conti-
nológicos, mas que tem sido ainda a miragem fugidia de todas as nua a oferecer pontos penumbrosos. De onde, as palavras de Ro-
esperanças causal-explicativas do delito. berto Lyra Filho.
Recorde-se, ainda uma vez, que, inicialmente, houve a fase É que não há fatores específicos para o crime, que o venham a
biológica estricta; a Somatologia criminal, com os seus tipos lom- ocasionar dentro de um determinismo irreversível - nem do ponto
brosianos, pretendeu fornecer a primeira chave para abrir a incóg- de vista endógeno, nem dentro do ângulo exógeno. Essa identifi-
nita criminogenética, chegando-se até à abstração do criminoso cação de causas específicas, como se fossem sintomas patagno-
nato, que não chegou a vingar. Recolhidos os contributos desta mônicos, era a grande ambição do lombrosianismo, para desde
fase, prosseguiram as esperanças quando se iniciou a era endocri- logo caracterizar os criminosos. Ao início de sua carreira, tinha o
nológica, de que nos dá informação assaz completa a monumental sábio de Turim essa visão: “um periodista francês, Laveleye, que
obra de Mariano Ruiz-Funes, Mestre espanhol que, na Faculdade o conheceu neste estágio de sua crítica científica, registrou a se-
de Direito da Universidade de São Paulo, proferiu o curso “En- guinte impressão sobre o emérito investigador, tocada de laivos
docrinologia Y criminalidad”, de 1929, que marcou época pela de ironia:” Apresentaram-me esta noite um jovem sábio desconhe-
amplitude e segurança de seus conceitos. Esta fase funcional das cido, chamado Lombroso; fala de cenas caracteres pelos quais se
endocrinias, por vez, deu ensejo à concepção biotipológica, já in- poderia reconhecer facilmente o delinquente. Que útil e cômoda
tegrada do tipo humano vivente, e que logo se desenvolveu para descoberta para os juízes de instrução...

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Buscava-se, então, a solução de um problema de conduta hu- os fatores bio-mesológicos, que procuram explicar a gênese crimi-
mana sem atentar holisticamente para o autor desse tal comporta- nosa, são de apreciação criminológica estrita; ao passo que o fator
mento. Não só a disputa de primazias bio ou mesológicas, como ético, onde se insere a condição que procura justificar a origem do
também, e principalmente, a exclusão do núcleo ético da perso- delito, só pode ser apreciada pela capacidade do Juiz. Daí, surge
nalidade, entre os núcleos de geração do ato antissocial, levaram aquela distinção do Prof. López-Rey Y Arrojo, ao recordar que se
a decepções no campo da caracterização naturalística das causas deve distinguir precisamente entre o que tende a explicar, daquilo
do delito. E só mais moderadamente se volvem as mentes dos cri- que pode justificar uma conduta antissocial. Se escusável, ou não,
minólogos para uma conceituação mais globalizadora da gênese só o Juiz pode decidir mas, para tanto, deverá ele atender às causas
delital, incluindo todos os elementos com que se deve contar: os aferíveis que podem explicar porque a deliberação humana tenha
chamados fatores criminogenéticos, e também os fundamentos sido mais ou menos comprometida pela influência dos fatores cri-
éticos da personalidade, sobre os quais agem exatamente aqueles minogenéticos endo e exógenos; e até que o ponto ético teria sido
fatores. O “cientificismo” (expressão com que se busca denominar consensual com a prática criminosa.
a falsa posição de uma ciência daltônica que não sabe ver senão Por isso, e para isso mesmo, deve ser considerada também, ao
o seu estreito espectro de visada) deve-se curvar à evidência de lado da Criminologia pragmática (pré-jurídica) e da Criminologia
que, se podemos falar, como dizia Di Túllio e, fatores crimino-im- especulativa (para-jurídica), uma Criminologia crítica ou, melhor,
pelentes, devemos também reconhecer, por parte daquele núcleo dialética, ao estilo do que o propõe Roberto Lyra Filho, a cuja po-
ético, a existência de fatores crimino-repelentes. O ato antissocial sição seria de colocação metajurídica. Esta Criminologia dialética
só resultará se, à ação dos ditos falares que impelem para o cri- deve propor a si mesma um estudo das mutações do conceito so-
me, se somar à ação consensual do núcleo ético da pessoa sobre cial da vida humana. Se voltarmos ao início destas considerações,
a qual eles agem. Daí que é necessário não nos fixarmos somente e nos recordarmos de que há uma criminalidade nova, devemos
na Biologia criminal e na Sociologia criminal, olvidando que, em consequentemente ter a decisão de rever os valores sociais, éticos e
cada pessoa, o que realmente a caracteriza como ser humano é a jurídicos, em face da sociedade tecnocrática em que ingressamos,
existência, ainda e sempre vigente, de um arbítrio. Não é ele livre para buscar as formas adequadas para uma reformulação, inclusive
na existência do homem, como o é era sua essência: mas é sempre, estrutural, das condições anuais da vida humana.
em certa medida capaz de enfrentar a ação dos fatores crimino- Evidentemente, a tripartição da Criminologia em seções, prag-
genéticos, E porque, às vezes, cede é que se faz mister julgar o mática (pré-jurídica), especulativa (para-jurídica) e dialética (me-
homem inteligentemente, a fim de saber até onde e como agiram tajurídica), não quererá significar, de forma alguma, que haja uma
os referidos fatores, e até que medida e de maneira o núcleo moral separação estanque entre esses departamentos; antes, eles se entro-
consentiu, ou se dobrou, à ação dos ditos fatores. sam e entre si estabelecem uma linha de plena fusão. Apenas, em
O reconhecimento de uma avaliação globalizante das condi- graus sucessivos, procura-se ampliar progressivamente o estudo e
ções personalíssimas de cada criminoso, em razão desse conjunto o conhecimento da dificílima e ampla ciência que é a Criminolo-
ora referido, leva a um neo-ecletismo penal. Assim, só será válida gia, para chegar até a formulação de princípios que solucionem os
a retornada da gênese criminal se, às causas endo e exógenas, sou- intrincados problemas da vida contemporânea e prevejam as pos-
bermos anexar o núcleo sobre o qual elas agem, ou seja, a essência síveis rotas a seguir para uma prevenção mais efetiva dos conflitos
ética da personalidade, sem cuja consideração a criminogênese humanos, profilaxia essa que é o alvo supremo das cogitações, e
clássica, ou ortodoxa, cairá na decepção de que nos falava Afrânio que deve pretender chegar até às próprias estruturas e valores fun-
Peixoto. Como entender a ação de fatores criminogenéticos sem damentais, a fim de advertir quanto à conveniência ou necessidade
os coligar à pessoa humana, e ao núcleo dessa pessoa no qual, en- de se realizar as mudanças possíveis e indicadas para se avançar
fim, se delibera? Atualmente, tomadas mais humildes, e sábias, por no objetivo de uma Justiça Social mais efetiva. E só a partir de
isso, as pretensões criminogenéticas naturalísticas, pode-se passar uma base que considere realisticamente, mais instruidamente, os
àquele neo-ecletismo penal, em que, como causas, se escalonam as fatos fundamentais da vida humana hodierna, com todas as suas
ambientais, as bio-psíquicas e as éticas (ou volitivas, em termos de especificações mais compreensivas da conduta dos homens, e não
deliberação, ou de arbítrio). ficar só na obsessão de saber como lutar mais efetivamente contra
Então, só se podendo caracterizar o ratio crime se, aos fatores o delito já praticado, em termos de penitenciariarismo, suposta-
endo e exógenos, se associar o fato ético, esta tripeça, bio-psiquis- mente ressocializante. Assim, se fará a macro-criminologia de que
mo, mesologia e anuência ética, deverá ser considerada como o nos fala, sábia e oportunamente, usando expressões trazidas das
conjunto indispensável para se poder falar em delito, em seu senti- Ciências Econômicas, Roberto Lyra Filho, indo, então, mais além
do mais exato, científico e compreensivo de um complexo pessoal da micro criminologia que se atém ao âmbito de estudo apenas do
que só assim se constitui completamente. crime e do criminoso.
É desse fato fundamental, mas que se tem mantido sem a de- No que se refere à Criminologia especulativa, sem dúvida al-
vida conotação consciente de seus elementos constitutivos, que guma, necessita-se do seu estudo pormenorizado, fazendo sentir
decorre o neo-ecletismo penal, o qual proclama estas verdades ba- quantas informações úteis se recolhem na análise pluridimensio-
silares, sem as quais a Criminologia nunca alcançará uma formula- nal que busca das causas do delito, não só em sentido casuísti-
ção mais inteligente a adequada das suas postulações. co, e em perspectiva globalizadora, em fluxo analítico-sintético,
Desde que integremos estas noções, de que, na gênese cri- como também em sentido de generalização dos conceitos que daí
minal, devem ser considerados os falares bio e mesológicos, e decorreram, desse conhecimento individualizado, para prudentes
também o falar ético leva-nos a admitir, todavia, uma separação considerações gerais. Dentro desse estudo, outrossim, é necessário
das capacidades que podem apreciar e decidir sobre a forma de deixar bem patente que cada delinquente deve ser considerado em
atuação e sobre a ordenação dos seus respectivos valores. É que seu contorno situacional, de modo a permitir uma avaliação dos fa-

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
tores que possam explicar a sua conduta, e daqueles que a possam uma prisão que não corrompa, que não destrua mais o que deve
justificar, ou não. Ou seja, sopesar ambos os campos em que se de- reconstruir. E este último alvo é, sem dúvida, possível, para os le-
senvolve a atuação humana, o daquele que sofre a ação dos fatores gítimos penalistas, cônscios, em verdade, da ciência a que servem.
bio-psicológicos e sociais, e o daquele em que se manifesta o fator E enfim, fale-se em tratamento, sempre como alvo que se su-
deliberativo, em razão do arbítrio, à luz da ética exigível dentro do cede ao conhecimento da personalidade e ao reconhecimento das
“mínimo de moral” que se espera para a conduta humana. suas possíveis falhas, deficiências ou defeitos.
Por fim, no que se projeta dentro do campo imenso e intensa- Ainda dentro desse tratamento, deve-se considerar o seu papel
mente sedutor da Criminologia dialética, há que ensejar um amplo disciplinador, ou seja, criar ou desenvolver no delinquente a ne-
debate em busca, ansiosa e plena de inquietude interrogativa, do cessidade basilar de integrar, em sua maneira de ser, uma estrutura
quanto se possa vislumbrar dentro da avaliação epistemológica do disciplinatória de todas as suas vivências, tomando-as sintônicas
que, em verdade, possa continuar a ser admitido e respeitado, e do com a convivência, obrigatória, a que somos levados pela própria
quanto se deva ciente e conscientemente entender objeto de modi- natureza da nossa vida social.
ficação, de reformulação. Disciplina, outrossim, não quer significar despersonalização,
É evidente que, por sua mesma posição de ciência auxiliar amolgamento da vontade, submissão passiva a outrem, e coisas
do Direito, a Criminologia só poderá ir ao ponto de oferecer a sua desse tipo. Com disciplina quer-se significar a conjugação daquilo
colaboração, sem pretender dogmatizar, o que seja uma atitude, que somos, em todos os nossos atributos e prerrogativas, com a
aliás, contrária ao espírito íntimo dessa disciplina especulativa e necessidade da convivência, que sempre impõe necessárias limi-
de investigação científica. Mas, se for válida esta atitude, estudar tações e normas. O que define uma sociedade é justamente uma
mais afincadamente esta Ciência Criminológica, para poder ofere- unidade de ordem, que põe sentido, pragmatismo e possibilidade
cer uma cooperação cada vez mais instruída e idônea, e sacar dela de sobrevivência, de todo um grupo, mas que não pode abolir ne-
prestimosas conclusões. cessariamente a personalidade de cada um, antes até lhe dá condi-
Recorde-se que a referida definição assim soa: pena é “o tra- ções de preservação e permanência. Sem essa unidade de ordem, a
tamento compulsório ressocializante, personalizado e indetermi- vida seria insuportável e o caos social só seria de esperar. E aquilo
nado”. que se poderia entender como liberdade individual, sempre tão ar-
Retira-se dessa definição um conceito acolhedor da mais atua- dorosamente defendida, até além dos seus convenientes limites,
lizada doutrina neo-eclética, iniciando-se por caracterizar a pena desapareceria, envolvida a pessoa no turbilhão em que não poderia
como tratamento. A introdução dessa expressão, hoje de livre cur- sequer sobreviver. Daí que a unidade de ordem é indispensável à
so para os próprios jus-penalistas, desde logo dá a demonstração própria liberdade, garantindo-a, ainda que disciplinando-a.
de como a influência médico-psicológica foi levada avante e com Disciplinado, em que sentido? No de união, conjugação, coo-
plena aceitação, em certos aspectos, pelos cultores do Direito. Nos peração de esforços e de sacrifícios para o bem comum. Sem esse
nossos dias, já não causa espécie o emprego dessa palavra, que traz princípio, a liberdade seria licenciosidade, a pessoa passando a ser
em seu bojo um conteúdo de índole médica, antropológica, clínica. uma vítima da solidão que essa própria liberdade então imporia,
Fala-se, pois, em tratamento como um processo a que deve ser pois que viver em sociedade é, essencialmente, conviver (com
submetido o criminoso e que visa corrigir os defeitos, que possa equivale a junto, e conviver significa viver junto).
haver apresentado em sua personalidade. É claro que o termo até Essa disciplina social precisa ser ensinada e reestruturada em
ultrapassa, de muito, o que em si mesmo quereria traduzir, desde cada criminoso. O seu crime nada mais é do que um ato, afinal, de
que esse tratamento às vezes em nada será médico, podendo ser indisciplina. É mister que o ensino do respeito e da integração des-
apenas pedagógico, ou social. E sempre deverá admitir parâmetros sa disciplina social seja ministrado subjetiva e objetivamente ao
jurídico-penais sob os quais ainda e sempre deve permanecer a delinquente. E até com um cuidado muito zeloso, eis que o crimi-
aplicação da Justiça, segundo o venho defendendo dentro do neo noso, ao deixar a prisão, certamente vai encontrar uma sociedade
-ecletismo penal. diversa daquela que ele deixou ao iniciar o cumprimento da pena, e
Assim, tratamento será a pena, dentro do amplo conceito ora isso devido ao vertiginoso desenvolvimento da era presente. Des-
expendido, em que entra a atividade médica propriamente dita, ta forma, acompanhando esse desenvolvimento, é indispensável
mas em que, ao lado dela, entra também a pedagogia, o cultivo que o regime penitenciário coloque com o devido cuidado e com
de uma profissão e que a pessoa humana tem de considerar, como a necessária sapiência um sistema disciplinar que prepare o delin-
“animal gregário” que é, e que lhe impõe o estabelecimento dessa quente a compreender que, sem aquelas limitações indispensáveis
Inter-relação. E isso deve assim ocorrer para que o ser humano, para a manutenção desse regime de convivência, sem essa obriga-
no conjunto complexo da sua personalidade, seja deveras tratado tória disciplina, ao voltar ao convívio social, este lhe imporá, como
lá onde o exigir a frincha que permitiu a maior influência crimino resultante da sua própria essência, aquelas e até novas limitações.
-impelente, seja essa debilidade de ordem somático, fisiológico ou Esse regime disciplinar começa por impor ao criminoso um
cultural, além de ética. tratamento compulsório, isto é, um regime que não é adotado es-
A prática tem demonstrado que a “prisão não cura, corrompe”, pontaneamente, mas que se é obrigado a aceitar e a seguir. Haverá
segundo a frase feita que já corre mundo. Mas se a prisão ainda aí um certo ressabio aflitivo, e até retribuitivo. Mas não há mal
assim se apresenta, é apenas porque ela não se deixou embeber do algum em que se mantenha, na dose adequada, esse caráter tam-
seu legítimo sentido e da sua verdadeira meta. bém, desde que, enfim, o criminoso é submetido a esse tratamento
Para que a distorção do tratamento não venha a ocorrer na pri- a partir de um ato antissocial que praticou, em que foram feridos
são, levando-a para a perversão moral, é que tanto se está lutando interesses, valores, normas, de importância para a manutenção da
no campo da doutrina para iluminar uma prática mais sadia. E o comunidade. E até hoje existe uma corrente que tende para uma
que aqui se vem dizendo, quanto ao tratamento, visa exatamente revisão do excesso de liberalidade em termos de regime peniten-

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
ciário, com uma também excessiva preocupação com o welfare of É bem claro que não deve ser permitido exagero nesse campo,
the offender, como se só o bem-estar do delinquente importasse e aliás como em nenhum outro. Não é rigorosamente necessário que
fosse o motivo e a razão de ser dos sistemas penitenciários. Esta se pormenorize um só tratamento, e exclusivo, para cada um dos
preocupação mereceu um justo reparo por parte do Prof.Lópe- criminosos. De fato, ainda como para os doentes, a terapêutica dis-
z-Rey Y Arrojo, que não deixou de criticar esse erro em colocar põe de meios que abrangem grupos humanos com caracteres afins.
tanta ênfase naquilo que deve ser apenas um dos aspectos a consi- Há grupos que podem receber um tratamento basicamente comum
derar no regime prisional, mas não o principal, nem o essencial. E a todos os seus integrantes. Daí que sempre se cogitou de estabe-
que não pode fazer descuidar o que é primordial, que será sempre a lecer classificações penitenciadas dos criminosos, para ensejar um
recomposição de uma personalidade, inclusive pela compreensão agrupamento de delinquentes de características assimiláveis, para
que ela deva integrar quanto ao erro cometido, pelo qual deve res- serem enviadas a estabelecimentos de determinado tipo.
ponder moralmente também. E então, neste neo-ecletismo penal Na prática, é admissível, porque necessário, que se façam es-
que deve prevalecer nas modernas perspectivas da Criminologia, tes grupos de tipos afins. Mas não se creia que essa seja a maneira
não se pode descartar uma retomada de posição quanto a estas im- ideal de enfrentar e resolver o problema terapêutico penal, desde
plicações éticas do tratamento penitenciário, no qual se deve me- que, bem no âmago dos fatos, está o ser humano, único em seu
nosprezar o campo moral do problema, em termos de tratamento. perfil e na sua colocação perante a circunstância ambiental.
Há aqui toda uma infinita problemática penitenciária, que Como, todavia, será impraticável uma distribuição dos delin-
dependerá das possibilidades efetivas de cada país e região; mas quentes indo até uma personalização assim tão exclusiva, é ad-
sempre se devendo manter uma certa segurança e atenção para mitida a divisão dos estabelecimentos penais em diversos tipos,
com o tipo especial de população com que se vai lidar, sem nos dentro dos quais se enquadrarão, mais ou menos de acordo com
deixar seduzir por facilitações generosas, mas imprudentes, e sem os seus perfis individuais, os diversos tipos de personalizados de
deixarmos de considerar que, no início de tudo, sempre se par- criminosos.
te de uma ação antissocial praticada, cuja responsabilidade moral Mas não se deixe de dizer que, feita a triagem de acordo com
cabe a, quem a efetivou, sem excusa bastante para ela, como o as várias possibilidades que se ofereçam á administração peniten-
julgamento o deve haver definido. Nunca os regimes penitenciá- ciária, e enviados os criminosos para os vários tipos de estabeleci-
rios devem assumir liberalidades excessivas, e até às vezes anun- mentos mais adequados às suas características pessoais, em cada
ciadas quase com excesso, que toca as raias de uma espécie de um desses estabelecimentos poder-se-á, e se deverá, ir mais longe
propaganda. Recentemente, o noticiário dos canais de televisão na personalização, a partir dos grandes grupos considerados.
deu conhecimento de suas penitenciárias que se projetam em cida- De um ponto de vista ético, todavia, não deve se afastar esse
des do Interior de São Paulo, com tantas vantagens para o welfare tratamento: deve ele dar ao criminoso, sem que assim ele se sinta
of the offender (piscinas, quadras de vários esportes, enxadrismo,
deprimido, ou deformado, ou mesmo sensibilizado, a noção da ne-
cinema, TV, etc.) que o locutor de um dos canais, causticamente,
cessidade da sua recuperação moral, desde que o ponto de partida
comentou: o problema que está surgindo é o número excessivo
da sua ação agressiva contra a sociedade se reconheceu sempre
de telefonemas para essas cidades, de numerosos interessados em
no animus que pôs ao serviço da mentalidade criminosa de que
saber o que é necessário realizar para se ingressar e obter vagas
se deixou assenhorear o seu espírito. Tudo o mais que se possa
nessas instituições...
fazer do ponto de vista médico, psicológico, pedagógico em um
A justiça, que hoje vê bem e julga melhor, deve cercar-se de
serenidade, competência e profundo conhecimento, para saber o enfoque holístico, enfim, ressocializante, deve-se apoiar na base
que deve ser feito de melhor, mas sempre com a extrema serie- de uma sólida, tão sólida quanto possível, reconstrução ética da
dade, que a superioridade da sua posição de suprema sabedoria e sua personalidade. Se não houver a mudança da mente (a meta-
equanimidade deve saber atender e impor. Não é conveniente esse noia, dos gregos), se não houver a sideração da vontade no sentido
caráter que, às vezes, assume uma inautêntica ciência penitenciá- de se robustecer a âmago anímico da personalidade, tudo o mais
ria, de uma pieguice falsa e quase consensual com o delito e o de- pode entrar em falência, pode a qualquer momento ser, de novo,
linquente. O tratamento deve visar o reforço da intimidade anímica submetido às forças crímino-impelentes e por elas dominado, e a
do criminoso, robustecendo caracteres, e não alagando os autores reincidência se manifestar.
de condutas que já foram agressivas para a sociedade, e que se Portanto, dê-se a ênfase maior na reeducação e no fortaleci-
necessita evitar que reincidam na cedência da vontade. E, para tan- mento do núcleo moral da personalidade; ou seja, daquele núcleo
to, use-se a compreensão, o auxílio, a filantropia, o real interesse que é o que define exatamente a natureza humana de que somos
em tudo fazer para recuperar o criminoso, mas não se desvirtue a participantes. A partir daí, então, dê-se ao tratamento todo o con-
rota a seguir por falsas imagens que se afastem da realidade crua teúdo de um processo reeducativo, recuperador, ressocializante,
da disciplina social e de suas correspondentes responsabilidade. indo alcançar todos os ângulos da personalidade e mirando a volta
O tratamento deveria buscar a reeducação (correção do caminho de delinquente ao convívio social, com todas as implicações que
a seguir). daí decorrem, inclusive, e principalmente, a atenção que deva ser
A personalização da pena foi uma das conquistas mais efeti- dada aos deveres sociais e à integração de uma pessoa na comu-
vas do positivismo penal e decorre diretamente da Antropologia nidade; o que importa era receber logo estímulos vários para agir
Criminal. Foi a demonstração, feita a partir de Lombroso, de que de maneira agressiva, antissocial e criminosa, aos quais é dever
se deve enfocar o criminoso em seus caracteres pessoais, diversos resistir.
em cada indivíduo, quer do ponto de vista biológico, quer ainda Ora, uma corrente de penalistas e criminologistas há muito
das influências mesológicas que haja recebido, o que levou a tentar vem reclamando de situação semelhante para a aplicação das pe-
um tratamento adequado a cada um desses tipos personalizados de nas, naquilo que se denomina de pena indeterminada. De fato, um
criminosos. tratamento penal deverá ser aplicado até o momento em que um

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
mínimo de recuperação haja sido obtido, compatível com a volta Deixar de dar, entretanto, toda a ênfase que merece este nú-
do criminoso ao convívio social. Passar daí, é arriscar-se em per- cleo Moral do ser humano é incidir num erro fundamental, visto
der o que se haja alcançado. A doutrina tem repetido, com carradas que a explicação científica da gênese do delito não afasta a neces-
de razão, que, tanto as penas de curta duração, quanto aquelas de sidade de se enfocar este outro aspecto da questão, que, no homem,
longa duração, são prejudiciais para a pessoa do delinquente. Ora, é primordial.
desde logo se deduz que essa duração deverá ser idealmente aquela A forma de atender às necessidades morais da criatura huma-
que leve o indivíduo a obter aquele ótimo de recuperação, nem na tem sido apanágio do ensino religioso; e este ensino tem sido
antes, e nem depois. E, assim, estabelecer-se-ia condições para um facultado nas instituições penitenciárias com ampla liberdade de
melhor resultado final. crença. Ao lado dele, entretanto, complementando-o e abrindo a
Dois óbices têm sido levantados contra esse ideal da pena visão para campos mais amplos, deve-se dar toda a oportunidade
indeterminada: um decorrente ainda de um remanescente espírito à instrução moral e cívica, de largo horizonte, o que não exclui,
retributivo, que deseja para uma espécie de crimes, uma pena mais como disse, a prática do culto religioso, mas que abrange inclusive
severa que para outras espécies de delitos; o outro óbice provém os que não se declaram religiosos, ou tenham apenas parcas no-
de uma ideia, a ser corrigida, de que a execução penal passada, das ções sobre as suas crenças.
mãos do Juiz, para as mãos do técnico.
Quanto ao primeiro desses argumentos contrários à pena in-
determinada, deve-se informar que o tipo de delito praticado nem 3.2. TEORIAS SOCIOLÓGICAS
sempre corresponde à deformação da personalidade ocorrida no DA CRIMINALIDADE.
criminoso; às vezes, sim, desde logo se tem uma noção de gravi-
dade do comprometimento dessa personalidade, como ocorre na
hediondez de certos crimes; mas pode acontecer o contrário, isto
é, de um pequeno delito seja, todavia, a primeira manifestação de A abordagem sociológica do crime tem produzido uma visão
uma personalidade bastante agressiva. deste fenômeno por vezes bastante distinta da que é projetada pela
Justifica-se plenamente que a pena indeterminada seja dotada sociedade em geral, que tende a apresentar a criminalidade como
nas nossas leis penais, desde que atendidos os pontos fundamen- uma das ameaças mais prementes ao que se considera ser o normal
tais anteriormente referidos, ou seja: que a sua indeterminação e esperado funcionamento da sociedade. Sociologicamente o cri-
não fique fora da competência judicante, a qual deliberará sobre a me pode ser encarado como “funcional e normal”, como um con-
extinção da medida punitiva, desde que proposta pelos auxiliares texto de “aprendizagem e de socialização” e como uma “resposta
técnicos do Juiz. das instâncias de controlo”.
Na realidade, a pena fixa é contrária à boa recuperação dos A sociedade em geral tem uma compreensão limitada do cri-
criminosos, ao marcar limites artificiais à mesma, e apenas decor- me, no sentido em que a visão do criminoso é muitas vezes impu-
rentes da quantidade do delito praticado. E deixando de lado a per- tada às suas características individuais não o relacionamento com
sonalidade do réu, e sua capacidade de recuperação ético-social, a sociedade em que se insere. Com isso, as teorias sociológicas
mesmo quando esteja em vigência o artigo 42 do Código Penal, do crime vieram dar ênfase aos grupos sociais em detrimento das
até hoje não atendido adequadamente quanto “aos antecedentes e causas individuais.
à personalidade do agente, à intensidade do dolo ou grau da culpa,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime”. A Sociologia da Criminalidade
Não fique sem dizer que, também na apreciação criminoló- O objeto central da Sociologia é o ser humano e suas diversas
gico-clínica do delinquente, deve entrar em cogitação a natureza interações sociais; isto significa que é necessário, para se enten-
do delito praticado; é um dos elementos centrais que informa a der algum fenômenos social, que se leve em consideração o seu
observação do criminoso. contexto global, isto é, os aspectos sociais, culturais, econômicos,
Mesmo que fossem aceitos e praticados estes preceitos, sem- políticos, psicológicos, geográficos, entre outros.
pre caberá plenamente a manutenção da liberdade condicional, A sociologia da criminalidade é, portanto, um ramo da Socio-
para os que hajam estado segregados do convívio social. E isto logia, cujo objeto de estudo, como o próprio nome indica, é estudar
porque ela representa, nos dizeres de Flamínio Fávero, a convales- os fenômenos sociais como crime e violência.
cença penal, isto é, aquele período de prova em que se verifica se o A importância da Sociologia quanto ao crime e a violência
delinquente já se encontra efetivamente em condições de conviver está na possibilidade de oferecer subsídios teóricos e metodoló-
em sociedade de maneira sintônica, e não agressiva. gicos, por meio de pesquisas sobre o crime e a violência nos seus
O neo-ecletismo penal pretende dar todo o valor, que é in- diversos aspectos.
constante, à evolução da Criminologia Clínica e na investigação Com base em pesquisas sociológicas tem-se a possibilidade de
científica das causas da criminalidade, até onde elas possam ser compreender os processos e mecanismos que levam a existência
rastreadas e reconhecidas. Mas quer reivindicar a necessidade de do crime na sociedade. Com isso, a Sociologia oferece condições
se valorizar a atenção para os aspectos morais do ente humano, que para uma percepção mais segura quanto as questões que envolvem
devem ser devidamente computados: a criminalidade nas sociedades. É, pois, a partir de estudos e pes-
- para a indispensável avaliação da responsabilidade moral quisas sociológicas que se podem planejar ações concretas para o
pelo ato praticado, em termos de uma justificação, ou não, de tal controle da criminalidade e da violência na sociedade.
ato; Para estudar sobre crime na sociedade a sociologia trabalha
- para o reaparelhamento do núcleo moral do delinquente, a com conceitos e teorias que permitam analisar criteriosamente o
fim de aumentar-lhe as resistências futuras aos falares crímino-im- fenômeno em questão e, por sua vez, uma compreensão mais pró-
pelentes que no porvir venham a agir de novo sobre o indivíduo. xima possível da realidade como objeto de estudo.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Teorias Bioantropológicas encontra-se no sucesso ou insucesso dos processos de aprendizagem
e socialização. Como diz Cohen: “As fontes de variação do impulso
No século XIX, surgem as teorias bioantropológicas, que têm e das variáveis de controlo estão na biografia do indivíduo ou na
seu maior representante em Lombroso, cuja tese central era o ata- situação contemporânea e não na sua constituição biológica”.
vismo. Segundo essas teorias, há “tipos de pessoas” predispostas A preocupação dessas teorias gira em torno dos mecanismos
ao crime. Para Lombroso, por exemplo, criminoso nato seria o de indução do comportamento normal e não em torno do cometi-
indivíduo que manifestasse os ferozes instintos, seja do homem mento do crime. Como dizem Dias e Andrade, “a explicação do
primitivo, seja dos próprios animais inferiores. crime é relativamente fácil”, visto ser resultante do conflito inte-
Dentro dessa perspectiva, Hooton pretendeu dar bases cientí- rior entre os impulsos naturais e as resistências adquiridas pela
ficas à tese de Lombroso do “tipo físico”. Segundo Dias e Andra- aprendizagem de um sistema de normas (consciência ou super
de, comentando a tese de Hooton, esse autor teria analisado mais ego). Assim se percebe a preocupação com o estudo dos mecanis-
de 13.000 reclusos e solidificado a tese da inferioridade. Para ele, mos de socialização para a investigação criminológica.
o delinquente seria um ser humano físico, moral e intelectualmente Há uma fórmula criada por Abrahansen que explicita bem
inferior. Sendo assim, o crime só poderia ser evitado com a eli- essa percepção: C = T + S / R, onde C = crime; T = tendências
minação ou segregação absoluta dos indivíduos inferiores física, impulsivas; S = peso das variáveis situacionais e R = resistências
moral ou intelectualmente.
racionais e emocionais do indivíduo ao cometimento do crime.
Atualmente, com o desenvolvimento de disciplinas como a
Destaca ainda o autor que as resistências podem ser interiores ou
genética, a bioquímica, a endocrinologia e a psicofisiologia, sur-
exteriores. Sendo interiores, elas se exprimem na culpa e, sendo
giram as “modernas teorias bioantropológicas” para tentar dar ex-
exteriores, na vergonha ou no medo.
plicações para o crime. Para essas teorias, embora permaneça o
pressuposto de que o comportamento será melhor compreendido Dentre essas teorias, vale a pena destacar a “criminologia psi-
se forem compreendidas as determinantes biológicas, elas se dife- canalítica”, cujas primeiras manifestações se deram com as obras
renciam das antigas teorias bioantropológicas a partir da mudança de Freud, Adler e Jung, e que objetiva “explicar o crime como
na explicação do crime. Como dizem Dias e Andrade: “[…] o que um ato individual e analisar a psicologia da sociedade punitiva”.
verdadeiramente caracteriza as modernas teorias bioantropológi- Conforme Dias e Andrade, a criminologia psicanalítica se baseia
cas, mais do que o conteúdo das suas hipóteses, é a sua atitude em três princípios:
fundamental face ao problema da explicação do crime. Abando- - O homem é, por natureza, um ser a-social. Por isso é que
naram-se, desde logo, as pretensões de definitividade e exclusi- Freud refere a criança como um perverso polimórfico e Stekel
vidade, características de autores como Lombroso ou Hooton. As como um criminoso universal.
teorias explicativas são acompanhadas de marcados coeficientes - A causa do crime é, em última instância, social. “O crime,
de dúvida e provisoriedade. Por seu turno, parece ter-se supera- escreve Glover, representa uma das parcelas do preço pago pela
do a velha controvérsia natureza/educação […] Não se pretende domesticação de um animal selvagem por natureza; ou, numa for-
que as variáveis bioantropológicas sejam de per si determinantes mulação mais atenuada, é uma das consequências de uma domes-
do crime em geral ou de qualquer forma específica de criminali- ticação sem êxito‟.
dade. Entende-se, pelo contrário, que estas variáveis funcionam - É durante a infância que se modela a personalidade. É, nou-
em interação contínua com as variáveis de índole sociológica ou tros termos, durante a infância que se definem os equilíbrios ou
ambiental. Como escrevem dois autores (S.Shah e L.Roth) que desequilíbrios que, com caráter duradouro, hão de dar origem ao
mais têm contribuído para a fundamentação desta nova perspec- comportamento desviante ou às condutas socialmente aceitas.
tiva: „Partimos do postulado de que o comportamento tem de ser A tese central dessa teoria consiste, portanto, na explicação de
entendido como implicando uma interação entre um organismo e que o crime se dá quando o Super ego não consegue inibir o Ego,
um ambiente determinado. Por variáveis orgânicas entendemos os deixando-o livre para as demandas do Id. O crime significa uma
fatores psicológicos, fisiológicos, bioquímicos, genéticos e outros fuga à vigilância do Super ego.
fatores biológicos que dotam o organismo com certas predisposi- Para fins de ilustração dessa teoria, vale destacar as categorias
ções e capacidades de resposta e um sistema nervoso central, per- do criminoso por sentimento de culpa e do criminoso normal. O
mitindo respostas muito diferenciadas a estímulos ambientais. (…)
criminoso por sentimento de culpa pratica um crime pela necessi-
Desejamos também explicitar que não há nenhuma categoria de
dade de ser punido, ou seja, a culpa é a causa e não a consequência.
crime, nem mesmo os casos de violência episódica, que seja espe-
É comum nesses criminosos formas inconscientes de auto de-
cificamente determinada por fatores biológicos. Não sustentamos
que exista qualquer nexo exclusivo de causalidade entre os fatores núncia e de confissão, como, por exemplo, deixar certos vestígios,
bioantropológicos e o crime‟. ou mesmo, a tendência de voltar ao local do crime. Já o crimino-
so normal é aquele cuja personalidade se identifica com o crime,
Teorias Psicodinâmicas não havendo conflito, portanto, entre o Super ego e o Id. Trata-se
do sujeito socializado conforme modos de vida desviantes, como
O surgimento dessas teorias significa a passagem do plano exemplo, temos a “delinquência juvenil mais ou menos organizada
bioantropológico para o plano da psicologia criminal. e a delinquência habitual”.
Para essas teorias, o homem é um ser antissocial e, partindo No que tange à psicanálise da sociedade punitiva, pode-se di-
dessa premissa, elas se colocam a seguinte questão: Por que a ge- zer que a criminologia psicanalítica antecipou-se à teoria do labe-
neralidade das pessoas não comete crimes? Como bem explicam ling, tentando descobrir os mecanismos que levam uma sociedade
Dias e Andrade, a diferença entre o delinquente e o cidadão normal a punir criminosos.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
A psicanálise da sociedade punitiva procura, assim, responder Conforme Giddens (2005, p.176) para “as teorias funcionalis-
a um conjunto de questões do gênero: como deve compreender-se tas, o crime e o desvio são resultados de tensões estruturais e de
a indignação coletiva que o crime desperta? Como se explica que o uma falta de regulação social dentro da sociedade”.
crime exerça um fascínio latente tão poderoso e funcione como um Na compreensão de Durkheim, um dos principais teóricos
“exemplo corruptor” com uma tão eficaz força infecciosa? Onde se funcionalistas, o crime é normal nas sociedades, especialmente
situam as raízes dos sentimentos individuais e coletivos de vingan- quando ficam mais complexas, tendo em vista o seu crescimento
ça, expiação e retribuição? Como se explica o sentimento de justi- e desenvolvimento.
ça que preside à sociedade? Que funções desempenha o criminoso “Durkheim via o crime e o desvio como fatos sociais; acre-
na vida espiritual da comunidade e dos seus membros? ditava que ambos fossem elementos inevitáveis e necessários nas
Nessa perspectiva, a pena tem a função de legitimação da or- sociedades modernas”, afirma Giddens (2005, p. 176).
dem vigente. A punição reforça o Ego social, evitando o contágio Para o controle em relação ao crime, conforme a perspectiva
do crime, pois castigar o delinquente significa reconfortar aquele durkheimiana, existem as instituições sociais, as quais são consti-
que cumpre a lei. Os sentimentos de ambivalência da sociedade tuídas de regras e normas para a sociedade. O Estado, por sua vez
frente ao crime (ou seja, ora a sociedade se identifica com a vítima é a instituição principal para a harmonia social; para tanto, há o
ora com o agressor) se exprimem na pena. Portanto, a pena, violên- poder judiciário com o seu aparato necessário para a contenção do
cia legítima, livra a sociedade do uso de seus instintos de agressão crime e da violência.
quando essa se identifica com a vítima, pois quem aplica a pena, Segundo Giddens (2005, p. 177) a teoria interacionista, es-
de forma legítima, também pratica atos criminosos. E quando a tuda o crime e o desvio na tradição interacionista, de modo que
identidade é com o criminoso, a pena atua como uma espécie de percebem o desvio como um fenômeno construído historicamente
“autopunição e expiação” dos sentimentos coletivos de culpa, ou e rejeita a ideia de que haja tipos de conduta que sejam ineren-
seja, a sociedade se pune, punindo o delinquente, transferindo sua temente desviantes. Ao contrário, os interacionistas questionam a
culpa para ele (teoria do bode expiatório). rotulação de indivíduos como desviantes.
Em razão das diferentes perspectivas da teoria psicanalítica Na concepção interacionista tem-se a noção apresentada por
do crime, diversas são as propostas de política criminal. Enquanto Sutherlan de que, em uma sociedade que contém uma variedade de
a interpretação etiológica do crime propõe para o criminoso um subculturas, alguns ambientes sociais tendem a estimular ativida-
“tratamento” pautado na psicanálise, a interpretação da sociedade des ilegais, ao passo que outros não. Dessa forma, “os indivíduos
punitiva propõe: “[…] a mais radical superação dos modelos tra- podem se tornar delinquentes pela associação com outras pessoas
dicionais de sociedade, dos seus sistemas jurídico-institucionais, que são portadoras de norma criminais” (2005, p. 177).
dos seus valores culturais e dos seus mecanismos de educação e A teoria da rotulação está inserida na interacionista e consiste
socialização”. numa forma de percepção da conduta desviante a partir do proces-
so de interação entre desviantes e não-desviantes. Para Giddens
Teorias Psicossociológicas
(2005, p. 178), o sociólogo que se destaca na teoria da rotulação é
Howard Becker, cuja ideia era de que “o comportamento desviante
As teorias psicossociológicas se caracterizam pela abordagem
não é o fator determinante no tornar-se “desviante”. Há sim pro-
dos vínculos do indivíduo com a sociedade, procurando detectar as
cessos que não estão relacionados ao comportamento propriamen-
resistências interiores e exteriores que conduzem o sujeito à obe-
te dito, mas que exercem grande influência ao se rotular ou não
diência da lei.
Dentre as teorias centrais da Sociologia que auxiliam nos es- uma pessoa de desviante”.
tudos da violência e da criminalidade destacam-se positivismo, do De acordo com Giddens (2005, p. 180), “a teoria do controle
funcionalismo, o interacionismo, a teoria de controle e a teoria postula que o crime ocorre como resultado de um desequilíbrio
do conflito. entre os impulsos em direção à atividade criminosa e os controles
O positivismo influencia na analise do crime a partir da uti- sociais ou físicos que a detém. Interessa-se menos pelas motiva-
lização de métodos e de técnicas quantitativas; de forma que pro- ções que os indivíduos possuem para executar os crimes”.
cura mensurar o máximo possível tudo o que está relacionado ao Na perspectiva da teoria do conflito todos os indivíduos são
fenômeno. propensos a cometer algum tipo de crime, basta que a oportunida-
Identificar índices de violência, apontar as principais formas de, de acordo com as situações nas quais as pessoas estejam, assim
de crime e de violência, utilização de questionários, pesquisas por como, a ausência de algum tipo de controle.
amostras, escalas e experimentos, são formas de estudos positi- Conforme Hirsch (1969), citado por Giddens (2005, p. 180-
vistas. 81), “há quatro tipos de elos que ligam as pessoas à sociedade e ao
A percepção positivista quanto a violência e a criminalida- comportamento que obedece a lei: apego, compromisso, envolvi-
de se pauta na lógica da ordem, da racionalidade. O crime é tido mento e crença”.
como uma conduta desviante, portanto adversa a sociedade. Nesse - Apego: “É o elemento emocional do vínculo social. Consiste
sentido, a ideia de controle social, a necessidade de instituições na ligação afetiva de apego, simpatia, empatia e atração do indiví-
e de regras sociais, são fundamentais na lógica positivista para o duo para com o outro convencional; a sociedade, que aos olhos do
enfrentamento do crime, por sua vez, para o equilíbrio social. jovem se mostra sobretudo através do pais, professores e amigos.”
Na linha positivista segue o funcionalismo, cuja teoria par- - Compromisso: “Este elemento corresponde, noutros termos,
te do principio de que a sociedade é um todo organizado, sendo ao cálculo custos-ganhos que empresta racionalidade à decisão de
que as partes são interdependentes. Nesse sentido, a sociedade é cometer ou não um crime […] Quanto mais o indivíduo inves-
também vista como um grande organismo social, de modo que as tir (tempo, recursos, energia) em carreiras convencionais, quanto
instituições sociais são as responsáveis pela harmonia e o equilí- mais expressivas forem as gratificações realizadas ou esperadas,
brio do todo. menos interessante surgirá a solução delinquente.”

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
- Envolvimento: “Representa a medida das energias e do tem- As vítimas de atos ilícitos, especialmente de delitos, passaram
po dispendidos em carreiras convencionais. Sendo as energias e o por fases que, no dizer de Garcia-Pablos de Molina, correspondem
tempo bens escassos, o seu consumo em atividades legais reduz as a um protagonismo, neutralização, e redescobrimento.
oportunidades delinquentes.” O protagonismo correspondeu ao período da vingança priva-
- Crença: “Significa a validação moral das normas convencio- da, em que os danos produzidos sobre uma pessoa ou seus bens
nais e o grau de respeito que merecem por parte dos indivíduos.” eram reparados ou punidos pela própria pessoa. As chamadas ciên-
cias criminais - Ciência do Direito Penal, Criminologia e Política
Dentro da teoria do controle encontra-se a “teoria das jane- Criminal, “abandonaram” a vitima, quando sua atenção volta-se
las quebradas”, que consiste numa forma de percepção a partir da para o infrator.
ideia de que se uma janela quebrada não for consertada, supos- A resposta ao delito assume critérios vingativos e punitivos,
tamente dará margem para indivíduos desviantes entenderem tal quase nunca reparatórios. A ideia de neutralização da vítima en-
fato como uma oportunidade para praticarem crimes. Isto porque tende que a resposta ao crime deve ser imparcial, desapaixonada,
nem a policia, nem mesmo os moradores se preocuparam com a despersonalizando a rivalidade. O problema daí decorrente é que a
conservação. linguagem simbólica do direito e formalismo transformaram víti-
A ideia das janelas quebradas levou a policia a adotar a pratica mas concretas em abstrações.
da tolerância zero, no EUA, de modo a controlar duramente deter-
Observe-se, ainda, que a punição serviria como prevenção
minadas áreas da cidade de Nova York.
geral. Pouca preocupação havia com a reparação. O redescobri-
A teoria do conflito tem base no marxismo, de modo a rejeitar
mento da vítima é um fenômeno do pós 2ª Guerra Mundial. É uma
as teorias de desvio. No entendimento dos teóricos do conflito, “o
desvio é uma escolha deliberada e, frequentemente, de natureza resposta ética e social ao fenômeno multitudinário da macrovitimi-
política, rejeitando de que o desvio seja “determinado” por fatores zação, que atingiu especialmente judeus, ciganos, homossexuais,
como a biologia, a personalidade, a anomia, a desorganização so- e outros grupos vulneráveis. Esse redescobrimento não persegue
cial ou rótulos” (2005, p. 179). nem retorno à vingança privada; nem quebra das garantias para os
A teoria do conflito critica o modelo capitalista de sociedade, delinquentes: a vítima quer justiça.
de modo a perceber no capitalismo o principal culpado do aumento A vitimologia vem, efetivamente, conferir novo status à víti-
da criminalidade. ma, contribuindo para redefinir suas relações com o delinquente;
com o sistema jurídico; com autoridades, etc.
A propósito, o próprio conceito de vítima precisou ser revisto,
3.3 VITIMOLOGIA. posto que já não corresponde apenas ao sujeito passivo (protago-
nista) do fato criminoso. Exemplo de modo amplo de compreender
vítima é trazido por Sue Moody, ao mencionar como o principal
documento definidor de política pública para vítimas de delitos,
Vitimologia pode ser definida como o estudo científico da ex- na Escócia, trata a questão: Vítima é qualquer pessoa que tenha
tensão, natureza e causas da vitimização criminal, suas consequên- sido sujeita a qualquer tipo de crime, como também sua família ou
cias para as pessoas envolvidas e as reações àquela pela sociedade, aqueles que gozam de uma posição equivalente à de família.
em particular pela polícia e pelo sistema de justiça criminal, assim Ao lado do conceito mais amplo de vítima, surgiu também
como pelos trabalhadores voluntários e colaboradores profissio- o de vitimização, que examina tanto a propensão para ser vítima
nais. quanto os vários mecanismos de produção de danos diretos e indi-
A definição abrange tanto a vitimologia penal quanto a geral retos sobre a vítima.
ou vitimologia orientada para a assistência. Israel Charny entende que o processo de vitimização diz res-
O termo “vitimologia” foi utilizado por primeiro pelo psiquia- peito a relações humanas, que podem ser compreendidas como
tra americano Frederick Wertham, mas ganhou notoriedade com relações de poder. Fattah (1979) identificava no crime como que
o trabalho de Hans von Hentig “The Criminal an his Victim”, de uma transação em que agressor e vítima desempenhavam papéis.
1948. Hentig propôs uma abordagem dinâmica, interacionista, de-
Assim, a identificação de vulnerabilidade e de definibilidade da
safiando a concepção de vítima como ator passivo. Salientou que
vítima são essenciais no processo.
poderia haver algumas características das vítimas que poderiam
precipitar os fatos ou condutas delituosas. Sobretudo, realçou a ne- A vulnerabilidade da vítima decorre de diversos fatores (de
cessidade de analisar as relações existentes entre vítima e agressor. ordem física, psicológica, econômica e outras), o que faz com que
A vitimologia é hoje um campo de estudo orientado para a o risco de vitimização seja diferencial, para cada pessoa e deli-
ação ou formulação de políticas públicas. A vitimologia não deve to. Nesse sentido, o exame dos recursos sociais efetivos da vítima
ser definida em termos de direito penal, mas de direitos huma- também deve ser levados em conta.
nos. Assim, a vitimologia deveria ser o estudo das consequências Kurt Vonnegut Jr., com uma certa ironia, afirma que “Os evan-
dos abusos contra os direitos humanos, cometidos por cidadãos gelhos ensinaram, de fato, o seguinte:” Antes de matar alguém,
ou agentes do governo. As violações a direitos humanos são hoje certifique-se de que ele não é bem relacionado.”
consideradas questão central na vitimologia. Os judeus mataram Cristo. Mais de 2.000 anos depois, mais
A expressão “vítimas” significa pessoas que, individual ou de um bilhão de pessoas diariamente escutam, em todas as partes
coletivamente, sofreram dano, incluindo lesão física ou mental, do mundo, a narrativa de sua morte. “Não sabíamos que era o Filho
sofrimento emocional, perda econômica ou restrição substancial de Deus”, poderão responder. Como, em Brasília, os garotos que
dos seus direitos fundamentais, através de atos ou omissões que brincaram de incendiários, e queimaram o índio Galdino Pataxó
consistem em violação a normas penais, incluindo aquelas que disseram: “Não sabíamos que era um índio. Pensávamos que fosse
proscrevem abuso de poder. só um mendigo”.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Contribuições da vitimologia O sistema legal costuma realizar perseguição aos delitos noti-
ciados. Estudos revelam que há sub notificação. Ou seja, os delitos
Os estudos de vitimologia tem dado imensa contribuição para praticados são em número superior às ocorrências registradas. Por
a compreensão do fenômeno da criminalidade, contribuindo para que se sub notifica? Quem melhor pode responder é a vítima, e o
melhor enfrentamento, a partir da introdução do enfoque sobre as sistema não pode ser indiferente às suas percepções.
vítimas atingidas e os danos produzidos. O primeiro aspecto ob- Ora, a alienação em relação ao sistema diz tanto quanto a
servado por Garcia-Pablos diz respeito à compreensão da dinâmi- afirmação de notificar. O certo é que a vivência da vítima, e suas
ca criminal, e da interação delinquente-vítima. Em que medida a características e atitudes são elementos e fatores relevantes para o
vítima interfere para o desencadear da ação, ou sua precipitação. adequado funcionamento do sistema penal.
Em que medida suas ações ou reações condicionam ou direcionam A relação existente entre crimes conhecidos ou esclarecidos
as ações dos agressores. E em que delitos o papel da vítima é de pela Polícia, ou processados, e o papel desempenhado pela vítima.
menor importância. Identificam que os crimes conhecidos ordinariamente resultam de
Análise sobre a vítima também se faz relevante para a pre- uma proatividade da polícia, ou de uma reatividade. Na pro-ativi-
venção do delito. A introdução da chamada “prevenção vitimaria”, dade, a polícia seleciona suspeitos pelos estereótipos. Isso pode
que se contrapõe à prevenção criminal, realça a importância de se
implicar em procedimentos discriminatórios por parte da polícia,
evitar que delitos aconteçam, a partir da reorientação às vítimas, e
desde que há grupos antecipadamente considerados como mais
aos próprios órgãos do estado, para que adotem condutas e pers-
propensos à prática de delitos, e outros grupos imunes à suspeita,
pectivas distintas, que reduzam ou eliminem as situações de risco.
ou investigação.
A reflexão parte da constatação de que o crime é um fenômeno
seletivo, e que atinge os mais vulneráveis, no momento de maior Na reatividade, a denúncia da vítima desempenha papel vital.
vulnerabilidade. Assim, a prevenção é dirigida aos grupos mais Mas eles advertem: nem toda vítima faz desencadear investiga-
vulneráveis ou mais propensos à vitimização. Além disso, essa ções. Só as capazes de se justificarem como tais. Ou seja, não é
prevenção vitimaria exige adoção de políticas públicas sociais, toda vítima que consegue fazer com que a polícia inicie uma inves-
ensejando intervenção não penal. Finalmente, corresponsabiliza tigação. E é a polícia que define quem e o que investigar.
todos. O que é muito próprio, já que vivemos em uma sociedade As conclusões a que chegaram esses pesquisadores apontam
de risco. no sentido de que a polícia não investiga quando a vítima se opõe
Outro aspecto absolutamente relevante é que a vítima é fonte fortemente, nem quando o investigado é muito poderoso. Por outro
de informações. Com efeito, as pesquisas de vitimização fornecem lado, o ministério público também constrói seu perfil de vítima
imensos subsídios a respeito de como os delitos ocorrem, em que ideal. Esta deve ser aquela que pode ser uma boa testemunha.
circunstâncias de tempo e lugar, e por quais fatores desencadean- Finalmente, os estudos de vitimologia ajudam a melhor com-
tes. A partir da vítima, que é conhecida, e acessível de pronto, é preender a interação existente entre a vítima e justiça penal. O mo-
possível identificar relações existentes ou não com a pessoa do delo clássico, com efeito, tem a vítima como objeto, ou pretexto,
agressor, e outros fatores relevantes. para a investigação. Mas ordinariamente não leva em conta seus
O medo do delito e o medo coletivo de ser a próxima vítima interesses legítimos. Isso fez com que fossem identificados fato-
são também objeto do estudo da vitimologia. O medo, percepção res que pudessem contribuir para mensurar a qualidade de uma
e sentimento individual, mas com forte conteúdo de objetividade, justiça criminal. Entre esses, são examinados como se concebe o
ajuda a reconhecer a presença do risco, e orientar a conduta para fato delitivo e o papel dos protagonistas; como ou se se satisfaz a
minimizá-lo ou mitigar seus efeitos. Mas também o medo aprisio- expectativa dos protagonistas; qual o custo social; qual a atitude
na, e termina sendo, ele mesmo, fator de vitimização. A sensação dos usuários da justiça.
de insegurança coletiva, que enseja a adoção de políticas criminais O Conselho de Ministros da União Europeia publicou uma
fortemente repressoras, plenas de abusos de direitos, e destruição Decisão Referencial sobre a Presença das Vítimas nos Procedi-
de prerrogativas dos cidadãos, encontra aí sua raiz. mentos Criminais. Como padrão mínimo é incluído o dever de
Também o modo como a política criminal trata a vítima é
informação sobre tipos de apoio disponíveis para a vítima; onde
tema de relevo. O modo tradicional tenta, quando o faz, uma res-
e como comunicar a queixa; os procedimentos criminais e o papel
socialização do delinquente. Mas raramente se percebe que tam-
da vítima; acesso a proteção e aconselhamento; elegibilidade para
bém a vítima precisa se encontrar, e ser reintroduzida ao convívio
compensação; resultado do julgamento e da sentença. Uma boa
social. Não sendo percebida, torna-se esquecida em todas as fases
das políticas criminais. A chave para sua inclusão está no respeito comunicação com a vítima é exigida em todas as fases do processo
a seus direitos, para evitar vitimização secundária. Esta termina criminal.
acontecendo quando se tem a lesão e sua não reparação; o crime
e sua impunidade; a vitimização e a ausência de investigação, de Em linhas gerais, podemos definir vitimologia, como muito
processo e de condenação. Uma tendência que tem sido observada mais do que o estudo da influência da vítima na ocorrência do de-
é a introdução de programas de assistência à vítima, que incluem lito, pois estuda os vários momentos do crime, desde a sua ocor-
assistência strictu sensu, reparação pelo infrator, programas de rência até as suas consequências. O Direito Penal desde a Escola
compensação, e programas especiais de assistência, quando a víti- Clássica sempre concentrou seus estudos no trinômio delinquente
ma for declarante. – pena – crime, após trabalhos apresentados sobre a situação da
Talvez as maiores contribuições estejam sendo dadas a partir vítima começaria a mudar, com a evolução do Direito Penal e os
das reflexões sobre as relações existentes entre a vítima e sistema estudos sobre o delito, o infrator e a vítima foi tendo importância
legal, e a vítima e a justiça penal. no mundo todo.

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Percebe-se então, que no estudo da vitimologia há dois pon- 2 - Vítima de culpabilidade menor ou vítima por ignorância:
tos fundamentais: o estudo do comportamento da vítima de for- neste caso se dá um certo impulso involuntário ao delito. O sujeito
ma geral, sua personalidade, seu atuar na dinâmica do crime, sua por certo grau de culpa ou por meio de um ato pouco reflexivo
etiologia e relações com o agente criminoso e a reparação do dano causa sua própria vitimização. Ex. Mulher que provoca um aborto
causado pelo delito. por meios impróprios pagando com sua vida, sua ignorância.
Podemos dizer que no Brasil já tinha noções de vitimilogia,
quando estudos demonstram que o Santo ofício da Inquisição agia 3 - Vítima tão culpável como o infrator ou vítima voluntá-
como uma espécie de jus punienti contra qualquer um que pudesse ria: aquelas que cometem suicídio jogando com a sorte. Ex. roleta
colaborar com ideias diferentes. Nunca se estabeleceu oficialmente russa, suicídio por adesão vítima que sofre de enfermidade incu-
um Tribunal no Brasil, embora tenha sempre agido em terras brasi- rável e que pede que a matem, não podendo mais suportar a dor
leiras por intermédio das autoridades eclesiásticas locais e visita- (eutanásia) a companheira (o) que pactua um suicídio; os amantes
dores. Na primeira década do século XVIII a Inquisição fez prisões desesperados; o esposo que mata a mulher doente e se suicida.
em massa, no auto de fé de 1711 havia 52 brasileiros, as persegui-
4 - Vítima mais culpável que o infrator:
ções e os confiscos de propriedades nesse ano levaram a uma para-
- Vítima provocadora: aquela que por sua própria conduta in-
lisação crescente na fabricação do açúcar, prejudicando seriamente cita o infrator a cometer a infração. Tal incitação cria e favorece a
o comércio. Procurando resolver as demandas, necessita assim de explosão prévia á descarga que significa o crime.
um engajamento do poder público, a fim de proporcionar melhores - Vítima por imprudência: é a que determina o acidente por
condições de vida à população desprovida de recurso. falta de cuidados. Ex. quem deixa o automóvel mal fechado ou
com as chaves no contato.
Vítima: Etmon: Victima ae = da vítima + logos = tratado, es-
tudo = estudo da vítima. 5 - Vítima mais culpável ou unicamente culpável:
A palavra foi usada pela primeira vez, por Benjamim Mendel- - Vítima infratora: cometendo uma infração o agressor cai ví-
son, advogado israelense, vítima da II Guerra mundial, em 1947, tima exclusivamente culpável ou ideal, se trata do caso de legitima
em palestra intitulada “The origins of the Doctrine of Victimology”. defesa, em que o acusado deve ser absolvido.
“Pessoa que, individual ou coletivamente, tenha sofrido da- - Vítima simuladora: o acusador que premedita e irresponsa-
nos, inclusive lesões físicas ou mentais, sofrimento emocional, velmente joga a culpa ao acusado, recorrendo a qualquer manobra
perda financeira ou diminuição substancial de seus direitos fun- com a intenção de fazer justiça num erro.
damentais, como consequências de ações ou omissões que violem
a legislação penal vigente, nos Estados–Membros, incluída a que Meldelsohn conclui que as vítimas podem ser classificadas em
prescreve o abuso de poder”. (Resolução 40/34 da Assembleia Ge- 3 grandes grupos para efeitos de aplicação da pena ao infrator:
ral das Nações Unidas, de 29/11/85). 1 - Primeiro grupo: vítima inocente: não há provocação nem
Pensou-se no passado que a vítima era sempre inocente e o outra forma de participação no delito, mas sim puramente vitimal.
causador do delito o único e exclusivamente culpado. Com o tem- 2 - Segundo grupo: estas vítimas colaboraram na ação nociva
po, as pesquisas, os estudos e segundo a designação de Benjamin e existe uma culpabilidade reciproca, pela qual a pena deve ser
Mendelsohn, a vítima pode ser inteiramente inocente na dinâmica menor para o agente do delito (vítima provocadora)
do crime; pode ser tão culpada quanto o agente; mais culpada do 3 - Terceiro grupo: nestes casos são as vítimas as que co-
que o agente; pode ser menos culpada de que o agente criminoso metem por si a ação nociva e o não culpado deve ser excluído de
e ainda, poderá ser a única culpada do cometimento de um crime. toda pena.
O vitimólogo fundamenta sua classificação na correlação da
Direitos das vítimas
culpabilidade entre a vítima e o infrator. Vislumbrando, pois, em
primeira mão, a atitude da vítima relacionada à aplicação da pena. Basicamente os direitos das vítimas consistem em tratamen-
to justo e respeito à sua dignidade e privacidade; proteção contra
Vitimização: Vitimização, processo vitimizatório, ou vitima- agressor; informação sobre a tramitação processual, e garantia de
ção são termos neológicos, oriundos de “vítima”, e significam ação presença em corte; acesso ao acusador público; restituição das coi-
ou efeito de alguém vem a ser vítima de sua própria conduta ou da sas indevidamente tomadas ou apreendidas; informação sobre a
conduta de terceiro, ou fato da natureza. condenação, a sentença, a prisão e a libertação do agressor.
A Declaração sobre os princípios fundamentais de justiça para
Classificação Vitimológica as vítimas de delitos e do abuso de poder, da ONU, deram a dire-
ção que foi seguida pela norma americana: garantia de ACESSO
O vitimólogo israelita Benjamín Mendelsohn fundamenta A JUSTIÇA E TRATAMENTO JUSTO; tratamento com compai-
sua classificação na correlação da culpabilidade entre a vítima e xão e respeito; Informação sobre seu papel e alcance; assistência
o infrator. E o único que chega a relacionar a pena com a atitude apropriada (legal, medica, psicológica); ressarcimento dos danos;
vitimal. Sustenta que há uma relação inversa entre a culpabilidade informação sobre a tramitação processual.
do agressor e a do ofendido, a maior culpabilidade de uma é menor
que a culpabilidade do outro. Direitos Humanos e Vitimologia

1 - Vítima completamente inocente ou vítima ideal: é a ví- Direitos Humanos e vitimologia resultam de um novo olhar
tima inconsciente que se colocaria em 0% absoluto da escala de sobre as vítimas, como consequência dos horrores da 2ª Guerra
Mendelsohn. E a que nada fez ou nada provocou para desencadear e do nazi-fascismo. Não é obra do acaso o fato de o primeiro ins-
a situação criminal, pela qual se vê danificada. Ex. incêndio trumento vinculante, promulgado no âmbito da ONU, ter sido a

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Convenção contra o Genocídio, em 9 de dezembro de 1948, um Fases do Inter Victimae, o crime precipitado pela vítima
dia antes da promulgação da Declaração Universal de Direitos Hu-
manos. - Intuição, “quando se planta na mente da vítima a ideia de ser
A vitimologia é uma espécie de “filha” da Criminologia, ou prejudicado por um ofensor”.
parte dela. Integra com esta última os pilares das ciências criminais - Atos preparatórios (conatus remotus), “momento em que
(ciência do direito penal, criminologia e política criminal). Analisa revela a preocupação de tomar as medidas preliminares para de-
o sistema de justiça e segurança. O seu objeto de estudo faz parte fender-se ou ajustar o seu comportamento”.
- Início da execução (conatus proximus), “oportunidade em
(estando contido) no âmbito de atuação dos direitos humanos. O
que a vítima começa a operacionalização de sua defesa aproveitan-
âmbito dos direitos humanos é mais amplo. Abrange os direitos do a chance que dispõe para exercitá-la”.
civis e políticos (como vida, liberdade, integridade física e mental, - Execução (executio), “resistência da vítima para evitar a
julgamento justo, propriedade, etc.), mas também acrescenta os todo custo, que seja atingida pelo resultado pretendido por seu
direitos econômicos, sociais e culturais, conhecidos como DESCs. agressor”.
Assim, vítimas de fome, despejos forçados e coletivos, desempre- - Consumação (consumatio), “quando a prática do fato de-
go, discriminação, doenças, etc, são sujeitos de direitos no direito monstrar que o autor não alcançou seu propósito (fins operantis)
internacional dos direitos humanos. O olhar solidário as enxerga, e em virtude de algum impedimento alheio à sua vontade, aí pode se
as traz para protagonizarem as lutas em defesa do reconhecimento classificar como tentativa de crime”.
e respeito de seus direitos.
Quanto ao modo de atuar, a interdisciplinaridade caracteriza Diante do que discorre o artigo 59, Caput do Código Penal,
tanto a criminologia e a vitimologia quanto os estudos de direitos passou a ser do magistrado na dosimetria da pena, analisar o com-
humanos. portamento da vítima (antes e depois do delito) como circunstân-
cia judicial na individualização da pena imposta ao acusado. De
acordo com o professor Edmundo de Oliveira, “Inter Victimae”
Proteção às Vítimas
é o caminho, interno e externo, que segue um indivíduo para se
converter em vítima, o conjunto de etapas que se operam cronolo-
A política criminal não pode continuar limitada à ideia de gicamente no desenvolvimento de Vitimização.
“tratamento”, deve-se tentar de todas as formas de intervenção
destinadas a neutralizar as cargas de medo e frustração da vítima, LEI 9.099/95
consolidando que se converta à vítima em fim autônomo da pró-
pria política criminal. Principais avanços gerais:
A inclusão real da vítima na investigação e no próprio proces- - Concepção do delito como um fato histórico, inter pessoal,
so criminal na condição de aliada ao trabalho do Ministério Públi- comunitário e social;
co, demonstram que, inúmeros delitos não ocorreriam se a vítima - Transformação da vítima em sujeito de direitos;
não facilita-se, diretamente a ação do criminoso. A Lei 9.807 de - O fim da despersonalização do conflito;
13 de Julho de 1.999 estabelece normas e programas para proteção - A ponderação das várias expectativas geradas pelo crime;
das vítimas, que tenham ou venham a ser ameaçadas pelos crimi- - A comunicabilidade, possibilidade do diálogo entre infrator
e vítima;
nosos.
- Resolutibilidade, que a decisão adotada pelo juiz criminal
Diferentemente de Vitimologia o campo de Direitos Humano resolva o conflito, é dizer, permita a reparação do dano;
tem pouco apelo de pesquisa acadêmica e científica e menos litera- - A vítima passa a ser comunicada de todo o andamento do
tura examinando temas de Vitimização. feito e de seus direitos;
A Vitimologia pode oferecer aos Direitos Humanos a metodo- - Evita-se a vulgarização da pena de prisão (última ratio) des-
logia e um conjunto de Teorias Vitimológicas e questões, sem con- mistificando-se;
tar com dados comparativos e outras categorias de vítimas, como - A pretensão punitiva, na linha da “força do Direito”.
vítimas de crime. Com ênfase no crime, a Vitimologia pode auxi-
liar os Direitos Humanos a teorizar mais claramente sobre “crimes Reparação do dano: O tema remota a mais longínqua antigui-
contra a humanidade”, ainda parcialmente operacionalizado. Pode dade, vários monumentos legislativos da história demonstraram a
também ajudar a melhor conceituar a Vitimização definida como preocupação do legislador, da comunidade e do grupo social com
Criminal, comparativamente às não consideradas Criminais, ape- um todo, pela reparação do dano, exemplificando o Código de
sar de seus efeitos danosos. Hamurabi datado do século XXIII a.C.
Modernamente, há que se destacar a Lei n.º 9.099/95 que
O Direito Humano pode ajudar a examinar as fontes de Viti-
preocupou-se com a reparação do dano à vítima. Comenta Luiz
mização e a relação entre causa da opressão. As vítimas de opres-
Flávio Gomes: “...a lei 9.099/95, no âmbito da criminalidade
são terão uma responsabilidade funcional para com a Vitimização? pequena e média, introduziu no Brasil o chamado modelo con-
A que ponto as violações de Direitos Humanos emergem de me- sensual de Justiça Criminal. A prioridade agora não é o castigo
canismos de controle social doméstico? Alguns grupos ou poucos do infrator, senão sobretudo a indenização dos danos e prejuí-
poderiam Ter sido designados implícita ou explicitamente vítima zo causados pelo delito em favor da vítima”.
alternadamente “legitimadas”, não lhes garantindo proteção efeti- Assim, a Lei propõe uma inversão, a pena privativa de liber-
va? Paradoxalmente pode, se fornecer mais dados adotando pers- dade como exceção para casos especiais, e maior destaque para as
pectivas, mas amplas dos Direitos Humanos. penas alternativas.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
A Lei enfoca a vítima direta ou indiretamente vária vezes com Síntese Histórica
o intuito de participação ativa desta no processo, visando, pois,
minorar os efeitos da vitimização secundária e, consequentemente, As escolas penais, tanto a Escola Clássica de Becaria e Fuer-
atingir um dos objetivos da vitimologia, a reparação do dano. bach, como a Escola Positiva de Lombroso, Ferri e Garofalo, esta-
Há evidências disto quando do estudo dos novos institutos da vam centradas nos elementos delito/delinquente/pena. Não houve
Lei n.º 9.099/95, tais como, a composição civil que implica em grande preocupação com a vítima.
renúncia da vítima ao direito de queixa ou representação; a am- Nesse sentido, Luiz Flávio Gomes e Antônio Garcia Pablos
pliação do rol de crimes que dependem de representação; e a sus- de Molina comentam: “O abandono da vítima do delito é um
pensão condicional do processo, institutos esses, que evidenciam, fato incontestável que se manifesta em todos os âmbitos: no
repita-se, o incentivo à reparação do dano. Direito Penal (material e processual), na Política Criminal, na
Outros diplomas legais preocuparam-se com a vítima no to- Política Social, nas próprias ciências criminológicas. Desde o
cante a reparação do dano, citamos: a Lei n.º 8.078/90, Código de campo da Sociologia e da Psicologia social, diversos autores,
Defesa do Consumidor; a Lei n.º 9.503/98 que instituiu o Código têm denunciado esse abandono: o Direito Penal contemporâ-
de Trânsito; a Lei n.º 9.714/98 que deu  nova redação a vários neo, advertem, acha-se unilateral e equivocadamente voltado
artigos do Código Penal; e a Lei n.º 9.605/98 que regulamentou a para a pessoa do infrator, relegando a vítima a uma posição
prestação pecuniária nos crimes ambientais. marginal, no âmbito da previsão social e do Direto civil mate-
rial e processual”.
Mais do que em outros países do mundo, na América Lati- Praticamente, só no final da Segunda Guerra Mundial, um
na, apesar das constituições democráticas e dos Códigos Penais, a advogado de origem israelita chamado Benjamin Mendelsohn,
percepção de crime está diretamente influenciada pelo uso que as também vítima da guerra, começou a pensar em sistematizar uma
elites fazem dos aparelhos judiciais. Há uma confluência entre os nova ciência ou desenvolver um ramo da criminologia que foi a
alvos do medo, do crime das políticas judiciais e da percepção da vitimologia.
mídia nas práticas criminosas que são os crimes comuns. Sua obra “Horizonte Novo na ciência Bio-psicosocial – A Vi-
Em consequência, as políticas de prevenção do crime, espe- timologia”, publicada em 1956 passou a ser um marco no assunto,
seguido posteriormente, de vários outros estudos iniciando uma
cialmente aquelas propostas nas campanhas eleitorais visam me-
fase de redescoberta da vítima, pois, até então não passava de um
nos reduzir e controlar o crime e as oportunidades de delinquir ou
subdesenvolvido sujeito passivo no crime ou no processo penal.
aprofundar a eficiência de políticas de prevenção ao crime, mas
Importante ainda, ressaltar no processo evolutivo, a Resolu-
apenas diminuir o medo e a sensação de insegurança das classes.
ção n.º 40/34 denominada Declaração Universal dos Direitos da
Teóricos apontam ferminização dos processos migratórios,
Vítima, promulgada pela ONU em 29 de novembro de 1985.
milhares de mulheres deixam o Terceiro Mundo para tentar a sor-
Nesse sentido, Antônio Scarance Fernandes reconhece a im-
te em países industrializados e acabam se transformando na face portância da vítima na história do Direito Criminal, citando três
feudal das ricas e modernas sociedades privilegiadas. Tráfico hu- momentos distintos na história processual penal: o primeiro ainda
mano, prostituição involuntária, casamentos forçados, são vários à época da vingança Privada ou Justiça Privada, depois, correspon-
os métodos da escravidão moderna. deria, a punição do culpado, a um dever sagrado exercido conjun-
Para as vítimas desse tráfico humano moderno, o sonho de tamente pela Igreja e Estado e, por último, o estágio atual onde o
uma vida melhor quase sempre desmorona mais rápido do que o direito de punir é exclusivo do Estado.
esperado. O aumento da discriminação e da violência contra os A preocupação com a reparação causada injustamente como
migrantes é uma das consequências de 11 de Setembro de 2001. medida de justiça remonta desde a antiguidade, embora sem a
O Departamento de Estado dos EUA, em relatório divulgado, clareza científica da vitimologia atual, como podemos verificar
considera o Brasil, País fornecedor de vítimas para o tráfico do- através dos Códigos e Leis antigos, dentre eles o Código de Ur-
méstico e internacional de seres humanos. Além de uma falta de Nammu, as Leis de Eshnunna, o Código de Hammurabi, o Alco-
percepção do crime por vítimas, denunciantes, órgãos de defesa e rão, o Código de Manu e a Lei das XII Tábuas.
operadores de direito, outros fatores negativos são as leis inade- A vitimologia nasceu após a segunda Guerra Mundial, mais
quadas, a falta de conhecimento da legislação nacional, tanto de especificamente em 1947, dois anos após seu término, em decor-
brasileiros quanto estrangeiros. As embaixadas e consulados tam- rência do sofrimento dos judeus pelo nazismo de Hitler que teve
bém estão despreparados para proceder nos casos de diagnósticos como resultado milhões de mortos, feridos e desaparecidos que
de tráfico, processos e inquéritos sistematizados. É essencial haver chocou o mundo e influenciou o Direito Penal na Europa.
enfrentamento do problema sob a ótica de responsabilização, au- Com isso, o estudo da vítima, que se encontrava esquecida
mentando a capacidade institucional de investigação e incrementar desde a época da vingança privada, voltou a ter importância dei-
políticas de apoio às vítimas e testemunhas do tráfico. xando de ser o Direito Penal, o Direito dos Criminosos, como afir-
A legislação existente deve vigorar, não permitindo lacunas mou Carrara.
ou incorreção legais. Aquele que “compra” a pessoa traficada deve Nos mostra Calhau que o estudo da vítima teve como seu pre-
ser punido também, o tráfico não deve restringir à prostituição e cursor Benjamim Mendelsohn, Professor Emérito da Universidade
sim incluir outras modalidades estabelecendo uma figura autôno- Hebraica de Jerusalém e também vítima da Guerra, quando falou
ma com punição mais elevada, depois do tráfico de drogas e de em 1947 sobre o assunto na conferencia realizada na Universidade
armas, o de pessoas é o ramo mais lucrativo do crime estabelecido. de Bucareste. No ano seguinte o tema foi abordado por Hans Von
Propõe-se um novo modelo de Justiça Penal, em que o Estado dará Hentig ao divulgar sua pesquisa “O criminoso e sua vítima” na
resposta eficaz à população que exige um sistema adequado garan- universidade de Yale, onde traçou a importância da psicologia no
tindo o ressarcimento do dano causado pela criminalidade. estudo da vítima juntamente com seu ofensor.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Após estes estudiosos que deram o primeiro passo, outros Assim, as pesquisas de vitimização compostas por questioná-
vieram a discutir o tema, com destaque para Vasile Stanciu autor rios estruturados, direcionados às vítimas dos delitos, sem levar
de grandes obras sobre sociologia criminal, com enfoque para a em conta as estatísticas oficiais, como aponta Molinas, “permitem
vitimologia. avaliar cientificamente a criminalidade real, constituindo a técnica
A vitimologia se consagrou como disciplina criminológica em mais adequada para quantificá-la e identificar suas variáveis”. Per-
1956 quando o próprio Mendelsohn sistematizou vários estudos de mitem identificar variáveis como idade, nível econômico e sexo
sua autoria; começou a crescer, chegando em 1965 à América La- das vítimas em cada tipo de delito, facilitando os programas de
tina, com Jimenez de Asúa, sendo ali o primeiro jurista a se ocupar prevenção.
dela em seminário realizado na Faculdade de Direito de Buenos Nosso pais é recordista em analfabetismo, desigualdade social
Aires. Em seguida, chegou a Israel, onde foi realizado no ano de pela alta concentração de renda nas mão de poucos, desemprego,
1973, na cidade de Jerusalém, sob a supervisão de Israel Drapkin desnutrição infantil e falta de saneamento básico e água potável.
(diretor do Instituto de Criminologia da Faculdade de Direito da Esses fatores favorecem, e muito, o processo de vitimização da
Universidade Hebraica de Jerusalém), o I Congresso Internacional nossa população. Daí a necessidade de se dar maior importância à
de Vitimologia onde se discutiu as causas da vitimização e sua vitimologia, não só buscando a punição do infrator ou a reparação
prevenção e pesquisa. das consequências de sua conduta mas também orientando o Poder
Após este, vários outros simpósios foram organizados ao lon- Público na prevenção dessas causas de vitimização.
go dos anos pelo mundo: 1976 em Boston, Estados Unidos; 1979 O estudo da vítima, sob seus variados aspectos constitui um
em Münter, República Federal da Alemanha; 1982 em Tóquio e dos grande desafios das ciências criminais. O assunto reúne à ele-
Quioto, Japão; 1985 em Zagreb, Iugoslávia e os Congressos In- vação teórica uma significativa importância prática, isso concer-
ternacionais realizados em 1980 nos Estados Unidos e em 1982 nente ao comportamento da vítima no julgamento e aplicação da
na Itália. pena e quanto à reparação do dano.
O surgimento repentino da vítima, a exemplo do que ocorrera Podemos afirmar que a vítima foi, durante muito tempo esque-
no passado com o criminoso, fez com que Mendelsohn propusesse cida, porém, modernamente, e com a edição da Lei n.º 9.099/95
à ONU que considerasse a vitimologia como uma ciência e não que trouxe importantes modificações, a tendência atual do direito
mais como um desdobramento da criminologia, o que foi objetado penal, seguido por outros ramos do Direito, é a valorização da ví-
tima.
por Pinatel sob o argumento de que criminoso e vítima são indis-
Resta claro, pois, que ainda há muito a se explorar, porém, é
sociáveis, sendo a criminologia e a vitimologia o estudo do fato
mister concluirmos pela ascensão do papel da vítima como ele-
criminoso como um todo, definindo a tese de Mendelsohn como
mento estrutural do Estado Democrático de Direito.
abrangente.
Todavia, este argumento posteriormente fora refutado por
Mendelsohn, que ao ampliar seu conceito, considerando todas as 3.4. O ESTADO DEMOCRÁTICO DE
categorias de vítimas na sociedade, inclusive as não decorrentes DIREITO E A PREVENÇÃO DA
de crimes, antecipou-se à concepção atual de vitimologia. É por INFRAÇÃO PENAL.
esta amplitude conceitual que transcende o estudo das vítimas cri-
minais, que a vitimologia era considerada por Mendelsohn e hoje,
por vários outros estudiosos, como ciência autônoma.
Essa consolidação da vitimologia como ciência independente, O Estado de Direito é uma situação jurídica, ou um sistema
veio a se confirmar com a Declaração dos Princípios Básicos de institucional, no qual cada um é submetido ao respeito do direito,
Justiça para as Vítimas de Delitos e Abuso de Poder, no 7° Con- do simples indivíduo até a potência pública. O estado de direito é
gresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e Trata- assim ligado ao respeito da hierarquia das normas, da separação
mento do Delinquente, no ano de 1985, em Milão. dos poderes e dos direitos fundamentais.
Nesse congresso firmou-se um conceito mundial de vítima, Em outras palavras, o estado de direito é aquele no qual os
como sendo o individuo ou coletividade que tenha sofrido lesões mandatários políticos (na democracia: os eleitos) são submissos às
de qualquer tipo (físicas ou psíquicas) em decorrência de violações leis promulgadas.
da legislação de cada Estado-Membro ou ainda de normas reco- A teoria da separação dos poderes de Montesquieu, na qual
nhecidas mundialmente, relativas a Direitos Humanos. se baseiam a maioria dos estados ocidentais modernos, afirma a
No Brasil, temos como estudiosos do tema Edgard de Moura distinção dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) e
Bittencourt, Laércio Pelegrino e a professora Arminda Bergamini suas limitações mútuas. Por exemplo, em uma democracia par-
Miotto, que contribuíram para a difusão da vitimologia no país. lamentar, o legislativo (Parlamento) limita o poder do executivo
(Governo): este não está livre para agir à vontade e deve constan-
A aplicabilidade da Vitimologia no Brasil temente garantir o apoio do Parlamento, que é a expressão da von-
tade do povo. Da mesma forma, o poder judiciário permite fazer
Atualmente temos o que podemos chamar de criminalidade contrapeso às certas decisões governamentais (especialmente, no
oculta vez que nem todos os delitos que ocorrem são levados a Canadá, com o poder que a Carta dos Direitos e Liberdades da
conhecimento das autoridades policiais e judiciária (cifra negra) pessoa confere aos magistrados). O estado de direito se opõe assim
devido ao medo de represálias ou pela descrença na justiça penal, às monarquias absolutas de direito divino (o rei no antigo regi-
fazendo com que as estatísticas oficiais não representem fielmente me pensava ter recebido seu poder de Deus e, assim, não admitia
a real criminalidade. qualquer limitação a ele: “O Estado, sou eu”, como afirmava Luís

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
XIV) e às ditaduras, na qual a autoridade age frequentemente em e somente ele poderá ser invocado nos tribunais para garantir o
violação aos direitos fundamentais. O estado de direito não exige chamado “império da lei”. Todas as outras fontes de direito, como
que todo o direito seja escrito. A Constituição do Reino Unido, o Direito Canônico ou o Direito natural, ficam excluídas, a não
por exemplo, é fundada unicamente no costume: ela não dispõe ser que o direito positivo lhes atribua esta eficácia, e apenas nos
de disposições escritas. Num tal sistema de direito, os mandatários limites estabelecidos pelo último.
políticos devem respeitar o direito baseado no costume com a mes- Nesse contexto, destaca-se o papel exercido pela Constitui-
ma consideração que num sistema de direito escrito. ção. Nela delineiam-se os limites e as regras para o exercício do
O poder do Estado é uno e indivisível. A função do poder se poder estatal (onde se inscrevem as chamadas “garantias funda-
divide em três grandes funções: a função legislativa, a função judi- mentais”), e, a partir dela, e sempre tendo-a como baliza, redige-se
cial e a função executiva. o restante do chamado “ordenamento jurídico”, isto é, o conjunto
de leis que regem uma sociedade. O estado democrático de direito
Estado Democrático de Direito não pode prescindir da existência de uma Constituição.

Estado democrático de direito é um conceito que designa Origem: Considera-se o livro Die deutsche Polizeiwissens-
qualquer Estado que se aplica a garantir os respeitos das mulheres chaft nach den Grundsätzen des Rechtsstaates (A Ciência Policial
em liberdades civis, ou seja, o respeito pelos direitos humanos e Alemã de acordo com os princípios do estado de Direito), do escri-
pelas liberdades fundamentais, através do estabelecimento de uma tor alemão Robert von Mohl, como a obra seminal, inauguradora
proteção jurídica. Em um estado de direito, as próprias autoridades do pensamento teórico sobre o “império da lei”. A obra foi escrita
políticas estão sujeitas ao respeito da regra de direito. Trata-se de entre 1832 e 1834 e publicada em 1835. Além disso, existe cor-
um termo complexo que define certos aspectos do funcionamento rente teórica do pensamento político alemão, que foi comandada
de um ente político soberano, o Estado. pelo influente filósofo político Friedrich Hayek, que considera os
O termo “estado democrático de direito” conjuga dois concei- escritos de Immanuel Kant como a base sobre a qual se construiria,
tos distintos que, juntos, definem a forma de funcionamento tipi- mais tarde, o pensamento político de von Mohl.
camente assumido pelo Estado de inspiração ocidental. Cada um
destes termos possui sua própria definição técnica, mas, neste con- Direito Penal no Estado Democrático de Direito
texto, referem-se especificamente a parâmetros de funcionamento
do Estado ocidental moderno.
A Constituição Federal brasileira, em seu art. 1º, caput, defi-
Neste contexto específico, o termo “democracia” refere-se à
niu o perfil político-constitucional do Brasil como o de um Estado
forma pela qual o Estado exerce o seu poder soberano. Mais espe-
Democrático de Direito. Trata-se do mais importante dispositivo
cificamente, refere-se a quem exercerá o poder de estado, já que o
da Carta de 1988, pois dele decorrem todos os princípios funda-
Estado propriamente dito é uma ficção jurídica, isto é, não possui
mentais de nosso Estado.
vontade própria e depende de pessoas para funcionar.
Estado Democrático de Direito é muito mais do que simples-
Em sua origem grega, “democratia” quer dizer “governo do
mente Estado de Direito. Este último assegura a igualdade mera-
povo”. No sistema moderno, no entanto, o povo não governa pro-
priamente (o que representaria uma democracia direta). Assim, os mente formal entre os homens, e tem como características:
atos de governo são exercidos por membros do povo ditos “po- - a submissão de todos ao império da lei;
liticamente constituídos”, que são aqueles nomeados para cargos - a divisão formal do exercício das funções derivadas do po-
públicos através de eleição. der, entre os órgãos executivos, legislativos e judiciários, como
No Estado democrático, as funções típicas e indelegáveis do forma de evitar a concentração da força e combater o arbítrio;
Estado são exercidas por indivíduos eleitos pelo povo para tanto, de - o estabelecimento formal de garantias individuais;
acordo com regras pré-estabelecidas que regerão o pleito eleitoral. - o povo como origem formal de todo e qualquer poder;
O estado de direito é aquele em que vigora o chamado “impé- - a igualdade de todos perante a lei, na medida em que estão
rio da lei”. Este termo engloba alguns significados: primeiro que, submetidos às mesmas regras gerais, abstratas e impessoais;
neste tipo de estado, as leis são criadas pelo próprio Estado, atra- - a igualdade meramente formal, sem atuação efetiva e inter-
vés de seus representantes politicamente constituídos; o segundo ventiva do Poder Público, no sentido de impedir distorções sociais
aspecto é que, uma vez que o Estado criou as leis e estas passam de ordem material.
a ser eficazes (isto é, aplicáveis), o próprio Estado fica adstrito ao
cumprimento das regras e dos limites por ele mesmo impostos; o Embora configurasse relevantíssimo avanço no combate ao
terceiro aspecto, que se liga diretamente ao segundo, é a caracterís- arbítrio do absolutismo monárquico, a expressão “Estado de Direi-
tica de que, no estado de direito, o poder estatal é limitado pela lei, to” ainda carecia de um conteúdo social.
não sendo absoluto, e o controle desta limitação se dá através do Pela concepção jurídico-positivista do liberalismo burguês,
acesso de todos ao Poder Judiciário, que deve possuir autoridade ungida da necessidade de normas objetivas inflexíveis, como úni-
e autonomia para garantir que as leis existentes cumpram o seu co mecanismo para conter o arbítrio do Absolutismo monárquico,
papel de impor regras e limites ao exercício do poder estatal. considerava-se direito apenas aquilo que se encontrava formal-
Outro aspecto do termo “de direito” refere-se a que tipo de mente disposto no ordenamento legal, sendo desnecessário qual-
direito exercerá o papel de limitar o exercício do poder estatal. quer juízo de valor acerca de seu conteúdo. A busca da igualdade
No estado democrático de direito, apenas o direito positivo (isto se contentava com a generalidade e impessoalidade da norma, que
é, aquele que foi codificado e aprovado pelos órgãos estatais com- garante a todos um tratamento igualitário, ainda que a sociedade
petentes, como o Poder Legislativo) poderá limitar a ação estatal, seja totalmente injusta e desigual.

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Tal visão defensiva do direito constituía um avanço e uma ne- contrário, sob pena de colidir com a Constituição, o tipo incrimi-
cessidade para a época em que predominavam os abusos e mimos nador deverá obrigatoriamente selecionar, dentre todos os compor-
do monarca sobre padrões objetivos de segurança jurídica, de ma- tamentos humanos, somente aqueles que realmente possuem real
neira que se tomara uma obsessão da ascendente classe burguesa lesividade social.
a busca da igualdade por meio de normas gerais, realçando-se a Sendo o Brasil um Estado Democrático de Direito, por refle-
preocupação com a rigidez e a inflexibilidade das regras. Nesse xo, seu direito penal há de ser legítimo, democrático e obediente
contexto, qualquer interpretação que refugisse à visão literal do aos princípios constitucionais que o informam, passando o tipo
texto legal poderia ser confundida com subjetivismo arbitrário, o penal a ser uma categoria aberta, cujo conteúdo deve ser preen-
que favoreceu o surgimento do positivismo jurídico como garantia chido em consonância com os princípios derivados deste perfil po-
do Estado de Direito. Por outro lado, a igualdade formal, por si só, lítico-constitucional. Não se admitem mais critérios absolutos na
com o tempo, acabou revelando-se uma garantia inócua, pois, em- definição dos crimes, os quais passam a ter exigências de ordem
bora todos estivessem submetidos ao império da letra da lei, não formal (somente a lei pode descrevê-los e cominar-lhes uma pena
havia controle sobre seu conteúdo material, o que levou à substi- correspondente) e material (o seu conteúdo deve ser questionado à
tuição do arbítrio do rei pelo do legislador. luz dos princípios constitucionais derivados do Estado Democrá-
Em outras palavras: no Estado Formal de Direito, todos são tico de Direito).
iguais porque a lei é igual para todos e nada mais. No plano con- Pois bem. Do Estado Democrático de Direito partem princí-
creto e social não existe intervenção efetiva do Poder Público, pois pios regradores dos mais diversos campos da atuação humana. No
este já fez a sua parte ao assegurar a todos as mesmas chances, do que diz respeito ao âmbito penal, há um gigantesco princípio a
ponto de vista do aparato legal. De resto, é cada um por si. regular e orientar todo o sistema, transformando-o em um direito
Ocorre que as normas, embora genéricas e impessoais, podem penal democrático. Trata-se de um braço genérico e abrangente,
ser socialmente injustas quanto ao seu conteúdo. É perfeitamente que deriva direta e imediatamente deste moderno perfil político do
possível um Estado de Direito, com leis iguais para todos, sem Estado brasileiro, a partir do qual partem inúmeros outros princí-
que, no entanto, se realize justiça social. É que não existe discus- pios próprios afetos à esfera criminal, que nele encontram guarida
são sobre os critérios de seleção de condutas delituosas feitos pelo e orientam o legislador na definição das condutas delituosas. Es-
legislador. A lei não reconhece como crime uma situação preexis- tamos falando do princípio da dignidade humana (CF, art. 1º, III).
tente, mas, ao contrário, cria o crime. Não existe necessidade de Podemos, então, afirmar que do Estado Democrático de Direi-
se fixar um conteúdo material para o fato típico, pois a vontade to parte o princípio da dignidade humana, orientando toda a for-
suprema da lei é dotada de poder absoluto para eleger como talo mação do Direito Penal. Qualquer construção típica, cujo conteú-
que bem entender, sendo impossível qualquer discussão acerca do do contrariar e afrontar a dignidade humana, será materialmente
seu conteúdo. inconstitucional, posto que atentatória ao próprio fundamento da
Diante disso, pode-se afirmar que a expressão “Estado de Di- existência de nosso Estado.
reito”, por si só, caracteriza a garantia inócua de que todos es- Cabe ao operador do Direito exercer controle técnico de veri-
tão submetidos ao império da lei, cujo conteúdo fica em aberto, ficação da constitucionalidade de todo tipo penal e de toda adequa-
limitado apenas à impessoalidade e à não-violação de garantias ção típica, de acordo com o seu conteúdo. Afrontoso à dignidade
individuais mínimas. humana, deverá ser expurgado do ordenamento jurídico.
Por essa razão, nosso constituinte foi além, afirmando que o Em outras situações, o tipo, abstratamente, pode não ser con-
Brasil não é apenas um Estado de Direito, mas um Estado Demo- trário à Constituição, mas, em determinado caso específico, o en-
crático de Direito. quadramento de uma conduta em sua definição pode revelar-se
Verifica-se o Estado Democrático de Direito não apenas pela atentatório ao mandamento constitucional (por exemplo, enqua-
proclamação formal da igualdade entre todos os homens, mas pela drar no tipo do furto a subtração de uma tampinha de refrigerante).
imposição de metas e deveres quanto à construção de uma socieda- A dignidade humana, assim, orienta o legislador no momento
de livre, justa e solidária; pela garantia do desenvolvimento nacio- de criar um novo delito e o operador no instante em que vai reali-
nal; pela erradicação da pobreza e da marginalização; pela redução zar a atividade de adequação típica.
das desigualdades sociais e regionais; pela promoção do bem co- Com isso, pode-se afirmar que a norma penal em um Estado
mum; pelo combate ao preconceito de raça, cor, origem, sexo, ida- Democrático de Direito não é somente aquela que formalmente
de e quaisquer outras formas de discriminação (CF, art. 3º, I a IV); descreve um fato como infração penal, pouco importando se ele
pelo pluralismo político e liberdade de expressão das ideias; pelo ofende ou não o sentimento social de justiça; ao contrário, sob
resgate da cidadania, pela afirmação do povo como fonte única do pena de colidir com a Constituição, o tipo incriminador deverá
poder e pelo respeito inarredável da dignidade humana. obrigatoriamente selecionar, dentre todos os comportamentos hu-
Significa, portanto, não apenas aquele que impõe a submis- manos, somente aqueles que realmente possuam lesividade social.
são de todos ao império da mesma lei, mas onde as leis possuam É imperativo do Estado Democrático de Direito a investigação
conteúdo e adequação social, descrevendo como infrações penais ontológica do tipo incriminador. Crime não é apenas aquilo que o
somente os fatos que realmente colocam em perigo bens jurídicos legislador diz sê-lo (conceito formal), uma vez que nenhuma con-
fundamentais para a sociedade. duta pode, materialmente, ser considerada criminosa se, de algum
Sem esse conteúdo, a norma se configurará como atentatória modo, não colocar em perigo valores fundamentais da sociedade.
aos princípios básicos da dignidade humana. A norma penal, por- Imaginemos um tipo com a seguinte descrição: “manifestar
tanto, em um Estado Democrático de Direito não é somente aquela ponto de vista contrário ao regime político dominante ou opinião
que formalmente descreve um fato como infração penal, pouco contrária à orientação política dominante: Pena - 6 meses a 1 ano
importando se ele ofende ou não o sentimento social de justiça; ao de detenção”.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Evidentemente, a par de estarem sendo obedecidas as ga- Com base nessas premissas, deve-se estabelecer uma limita-
rantias de exigência de subsunção formal e de veiculação em lei, ção à eleição de bens jurídicos por parte do legislador, ou seja,
materialmente este tipo não teria qualquer subsistência por ferir o não é todo e qualquer interesse que pode ser selecionado para ser
princípio da dignidade humana e, consequentemente, não resistir defendido pelo Direito Penal, mas tão-somente aquele reconheci-
ao controle de compatibilidade vertical com os princípios insertos do e valorado pelo Direito, de acordo com seus princípios reitores.
na ordem constitucional. O tipo penal está sujeito a um permanente controle prévio (ex
Tipos penais que se limitem a descrever formalmente infra- ante), no sentido de que o legislador deve guiar-se pelos valores
ções penais, independentemente de sua efetiva potencialidade lesi- consagrados pela dialética social, cultural e histórica, conforma-
va, atentam contra a dignidade da pessoa humana. da ao espírito da Constituição, e a um controle posterior, estando
Nesse passo, convém lembrar a lição de Celso Antônio Ban- sujeito ao controle de constitucionalidade concentrado e difuso.
deira de Mello: “Violar um princípio é muito mais grave do que A função da norma é a proteção de bens jurídicos a partir da
solução dos conflitos sociais, razão pela qual a conduta somente
transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa
será considerada típica se criar uma situação de real perigo para a
não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo
coletividade.
o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou
De todo o exposto, podemos extrair as seguintes considera-
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, ções:
porque representa ingerência contra todo o sistema, subversão de - O Direito Penal brasileiro somente pode ser concebido à luz
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabou- do perfil constitucional do Estado Democrático de Direito, deven-
ço lógico e corrosão de sua estrutura mestra”. do, portanto, ser um direito penal democrático.
Aplicar a justiça de forma plena, e não apenas formal, impli- - Do Estado Democrático de Direito parte um gigantesco ten-
ca, portanto, aliar ao ordenamento jurídico positivo a interpretação táculo, a regular todo o sistema penal, que é o princípio da digni-
evolutiva, calcada nos costumes e nas ordens normativas locais, dade humana, de modo que toda incriminação contrária ao mesmo
erigidas sobre padrões culturais, morais e sociais de determinado é substancialmente inconstitucional.
grupo social ou que estejam ligados ao desempenho de determina- - Da dignidade humana derivam princípios constitucionais
da atividade. do Direito Penal, cuja função é estabelecer limites à liberdade de
Os princípios constitucionais e as garantias individuais devem seleção típica do legislador, buscando, com isso, uma definição
atuar como balizas para a correta interpretação e a justa aplicação material do crime.
das normas penais, não se podendo cogitar de uma aplicação mera- - Esses contornos tomam o tipo legal uma estrutura bem dis-
mente robotizada dos tipos incriminadores, ditada pela verificação tinta da concepção meramente descritiva do início do século pas-
rudimentar da adequação típica formal, descurando-se de qualquer sado, de modo que o processo de adequação de um fato passa a
submeter-se à rígida apreciação axiológica.
apreciação ontológica do injusto. Da dignidade humana, princípio
- O legislador, no momento de escolher os interesses que me-
genérico e reitor do Direito Penal, partem outros princípios mais
recerão a tutela penal, bem como o operador do direito, no instan-
específicos, os quais são transportados dentro daquele princípio
te em que vai proceder à adequação típica, devem, forçosamente,
maior, tal como passageiros de uma embarcação. verificar se o conteúdo material daquela conduta atenta contra a
Desta forma, do Estado Democrático de Direito parte o prin- dignidade humana ou os princípios que dela derivam. Em caso po-
cípio reitor de todo o Direito Penal, que é o da dignidade huma- sitivo, estará manifestada a inconstitucionalidade substancial da
na, adequando-o ao perfil constitucional do Brasil e erigindo-o à norma ou daquele enquadramento, devendo ser exercitado o con-
categoria de Direito Penal Democrático. Da dignidade humana, trole técnico, afirmando a incompatibilidade vertical com o Texto
por sua vez, derivam outros princípios mais específicos, os quais Magno.
propiciam um controle de qualidade do tipo penal, isto é, sobre o - A criação do tipo e a adequação concreta da conduta ao tipo
seu conteúdo, em inúmeras situações específicas da vida concreta. devem operar-se em consonância com os princípios constitucio-
Os mais importantes princípios penais derivados da dignida- nais do Direito Penal, os quais derivam da dignidade humana que,
de humana são: legalidade, insignificância, alteridade, confiança, por sua vez, encontra fundamento no Estado Democrático de Di-
adequação social, intervenção mínima, fragmentariedade, propor- reito.
cionalidade, humanidade, necessidade e ofensividade.
De pouco adiantaria assegurar ao cidadão a garantia de sub- No Estado Democrático de Direito é necessário que a conduta
missão do poder persecutório à exigência prévia da definição legal, considerada criminosa tenha realmente conteúdo de crime. Crime
se o legislador tivesse liberdade para eleger de modo autoritário e não é apenas aquilo que o legislador diz sê-lo (conceito formal),
uma vez que nenhuma conduta pode, materialmente, ser conside-
livre de balizas quais os bens jurídicos merecedores de proteção,
rada criminosa se, de algum modo, não colocar em perigo valores
ou seja, se pudesse, a seu bel-prazer, escolher, sem limites impos-
fundamentais da sociedade.
tos por princípios maiores, o que vai ser e o que não vai ser crime.
Da dignidade nascem os demais princípios orientadores e li-
O Direito Penal é muito mais do que um instrumento opressi- mitadores do Direito Penal, dentre os quais merecem destaque:
vo em defesa do aparelho estatal. Exerce uma função de ordenação Insignificância ou Bagatela: originário do Direito Romano,
dos contatos sociais, estimulando práticas positivas e refreando as e de cunho civilista, tal princípio funda-se no conhecido brocardo
perniciosas e, por essa razão, não pode ser fruto de uma elucubra- de “minimis non curat praetor” (O pretor não cuida de coisas pe-
ção abstrata ou da necessidade de atender a momentâneos apelos quenas). Em 1964 acabou sendo introduzido no sistema penal por
demagógicos, mas, ao contrário, refletir, com método e ciência, o Claus Roxin, tendo em vista sua utilidade na realização dos objeti-
justo anseio social. vos sociais traçados pela moderna política criminal.

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Segundo tal princípio, o Direito Penal não deve preocupar- Com relação à aplicação desse princípio, nos crimes contra a
se com bagatelas, do mesmo modo que não podem ser admitidos administração pública, não existe razão para negar incidência nas
tipos incriminadores que descrevam condutas incapazes de lesar o hipóteses em que a lesão ao erário for de ínfima monta. É o caso do
bem jurídico. funcionário público que leva para casa algumas folhas, um punha-
A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem ju- do de clips ou uma borracha, apropriando-se de tais bens. Como o
rídico protegido, pois é inconcebível que o legislador tenha imagi- Direito Penal tutela bens jurídicos, e não a moral, objetivamente o
nado inserir em um tipo penal condutas totalmente inofensivas ou fato será atípico, dada a sua irrelevância. No crime de lesões cor-
incapazes de lesar o interesse protegido. porais, em que se tutela bem indisponível, se as lesões forem in-
Se a finalidade do tipo penal é tutelar um bem jurídico, sempre significantes, como mera vermelhidão provocada por um beliscão,
que a lesão for insignificante, a ponto de se tornar incapaz de lesar também não há que se negar a aplicação do mencionado princípio.
o interesse protegido, não haverá adequação típica. É que no tipo Finalmente, a insignificância nos delitos patrimoniais não leva
não estão descritas condutas incapazes de ofender o bem tutelado, em conta a capacidade econômica do ofendido, mas o valor do
razão pela qual os danos de nenhuma monta devem ser considera- bem em si mesmo. Assim, o furto de um automóvel jamais será
dos fatos atípicos. insignificante, mesmo que, diante do patrimônio da vítima, o valor
O Superior Tribunal de Justiça, por intermédio de sua 5ª Tur- seja pequeno quando cotejado com os seus demais bens.
ma, tem reconhecido a tese da exclusão da tipicidade nos chamados
delitos de bagatela, aos quais se aplica o princípio da insignificân- Alteridade ou Transcendentalidade: proíbe a incriminação
cia, dado que à lei não cabe preocupar-se com infrações de pouca de atitude meramente interna, subjetiva do agente e que, por essa
monta, insuscetíveis de causar o mais ínfimo dano à coletividade. razão, revela-se incapaz de lesionar o bem jurídico. O fato típico
Na hipótese de crime de descaminho de bens, em que o débito pressupõe um comportamento que transcenda a esfera individual
tributário e a multa não excederem determinado valor, a Fazenda do autor e seja capaz de atingir o interesse do outro (altero).
Pública se recusa a efetuar a cobrança em juízo, nos termos da Lei Ninguém pode ser punido por ter feito mal só a si mesmo. Não
n. 9.579/97, sob o argumento de que a irrisória quantia não com- há lógica em punir o suicida frustrado ou a pessoa que se açoita, na
pensa a instauração de um executivo fiscal, o que levou o Superior lúgubre solidão de seu quarto. Se a conduta se esgota na esfera do
Tribunal de Justiça a considerar atípico o fato, por influxo do prin- próprio autor, não há fato típico.
cípio da insignificância. De acordo com o art. 20 da Lei nº 10.522, Tal princípio foi desenvolvido por Claus Roxin, segundo o
de 19 de julho de 2002, as execuções fiscais da União de débitos qual “só pode ser castigado aquele comportamento que lesione di-
iguais ou inferiores a R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) reitos de outras pessoas e que não seja simplesmente pecaminoso
serão arquivadas pela Procuradoria da Fazenda Nacional, sem co- ou imoral. À conduta puramente interna, ou puramente individual
brança, dada a insignificância do valor da dívida. Com isso, enten- - seja pecaminosa, imoral, escandalosa ou diferente -, falta a lesivi-
demos que referido montante passou a servir de parâmetro para se dade que pode legitimar a intervenção penal” (Nilo Batista).
considerar atípica a sonegação fiscal de até R$ 2.500,00 (dois mil Por essa razão, a autolesão não é crime, salvo quando houver
e quinhentos reais) (Atualmente, esse valor sofreu nova modifica- intenção de prejudicar terceiros, como na autoagressão cometida
ção, de forma que serão arquivados os autos das execuções fiscais com o fim de fraude ao seguro, em que a instituição seguradora
de débitos inscritos como Dívida Ativa da União inferiores a R$ será vítima de estelionato (CP, art. 171, § 2º, V).
10.000,00 (dez mil reais) (CF art. 20 da Lei nº 10.522/2002, com O princípio da alteridade veda também a incriminação do pen-
a redação determinada pela Lei nº 11.033/2004). Mantido o racio- samento (pensiero non paga gabella) ou de condutas moralmente
cínio, atualmente, a sonegação fiscal de até R$ 10.000,00 (dez mil censuráveis, mas incapazes de penetrar na esfera do altero.
reais) passa a ser atípica, em face do princípio da insignificância). O bem jurídico tutelado pela norma é, portanto, o interesse
Não se pode, porém, confundir delito insignificante ou de de terceiros, pois seria inconcebível provocar a interveniência cri-
bagatela com crimes de menor potencial ofensivo. Estes últimos minal repressiva contra alguém que está fazendo apenas mal a si
são definidos pelo art. 61 da Lei nº 9.099/95 e submetem-se aos mesmo, como, por exemplo, punir-se um suicida malsucedido com
Juizados Especiais Criminais, sendo que neles a ofensa não pode pena pecuniária, corporal ou até mesmo capital.
ser acoimada de insignificante, pois possui gravidade ao menos
perceptível socialmente, não podendo falar-se em aplicação desse Confiança: trata-se de requisito para a existência do fato tí-
princípio. pico, não devendo ser relegado para o exame da culpabilidade.
O princípio da insignificância não é aplicado no plano abstra- Funda-se na premissa de que todos devem esperar por parte das
to. Não se pode, por exemplo, afirmar que todas as contravenções outras pessoas que estas sejam responsáveis e ajam de acordo com
penais são insignificantes, pois, dependendo do caso concreto, as normas da sociedade, visando a evitar danos a terceiros. Por
isto não se pode revelar verdadeiro. Andar pelas ruas armado com essa razão, consiste na realização da conduta, na confiança de que
uma faca é um fato contravencional que não pode ser considerado o outro atuará de um modo normal já esperado, baseando-se na
insignificante. São de menor potencial ofensivo, submetem-se ao justa expectativa de que o comportamento das outras pessoas se
procedimento sumaríssimo, beneficiam-se de institutos despenali- dará de acordo com o que normalmente acontece.
zadores (transação penal, suspensão condicional do processo etc.), Por exemplo: nas intervenções médico-cirúrgicas, o cirurgião
mas não são, a priori, insignificantes. tem de confiar na assistência correta que costuma receber dos seus
Tal princípio deverá ser verificado em cada caso concreto, de auxiliares, de maneira que, se a enfermeira lhe passa uma injeção
acordo com as suas especificidades. O furto, abstratamente, não é com medicamento trocado e, em face disso, o paciente vem a fale-
uma bagatela, mas a subtração de um chiclete pode ser. Em outras cer, não haverá conduta culposa por parte do médico, pois não foi
palavras, nem toda conduta subsumível ao art. 155 do Código Pe- sua ação mas sim a de sua auxiliar que violou o dever objetivo de
nal é alcançada por este princípio, algumas sim, outras não. É um cuidado. O médico ministrou a droga fatal impelido pela natural e
princípio aplicável no plano concreto, portanto. esperada confiança depositada em sua funcionária.

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Outro exemplo é o do motorista que, trafegando pela preferen- Entretanto, é forçoso reconhecer que, embora o conceito de
cial, passa por um cruzamento, na confiança de que o veículo da adequação social não possa ser aceito com exclusividade, atual-
via secundária aguardará sua passagem. No caso de um acidente, mente é impossível deixar de reconhecer sua importância na in-
não terá agido com culpa. terpretação da subsunção de um fato concreto a um tipo penal.
A vida social se tornaria extremamente dificultosa se cada um Atuando ao lado de outros princípios, pode levar à exclusão da
tivesse de vigiar o comportamento do outro, para verificar se está tipicidade.
cumprindo todos os seus deveres de cuidado; por conseguinte, não
realiza conduta típica aquele que, agindo de acordo com o direito, Intervenção mínima: assenta-se na Declaração de Direitos do
acaba por envolver-se em situação em que um terceiro descumpriu Homem e do Cidadão, de 1789, cujo art. 8º determinou que a lei só
seu dever de lealdade e cuidado. deve prever as penas estritamente necessárias.
O princípio da confiança, contudo, não se aplica quando era A intervenção mínima tem como ponto de partida a caracte-
função do agente compensar eventual comportamento defeituoso rística da fragmentariedade do Direito Penal. Este se apresenta por
de terceiros. Por exemplo: um motorista que passa bem ao lado meio de pequenos flashs, que são pontos de luz na escuridão do
de um ciclista não tem por que esperar uma súbita guinada do universo. Trata-se de um gigantesco oceano de irrelevância, pon-
mesmo em sua direção, mas deveria ter se acautelado para que teado por ilhas de tipicidade, enquanto o crime é um náufrago à
não passasse tão próximo, a ponto de criar uma situação de perigo deriva, procurando uma porção de terra na qual se possa achegar.
(Günther Jakobs). Como atuou quebrando uma expectativa social Somente haverá Direito Penal naqueles raros episódios típicos
de cuidado, a confiança que depositou na vítima qualifica-se como em que a lei descreve um fato como crime; ao contrário, quando
proibida: é o chamado abuso da situação de confiança. ela nada disser, não haverá espaço para a atuação criminal. Nisso,
Deste modo, surge a confiança permitida, que é aquela que aliás, consiste a principal proteção política do cidadão em face do
decorre do normal desempenho das atividades sociais, dentro do poder punitivo estatal, qual seja, a de que somente poderá ter inva-
papel que se espera de cada um, a qual exclui a tipicidade da con- dida sua esfera de liberdade, se realizar uma conduta descrita em
duta, em caso de comportamento irregular inesperado de terceiro; um daqueles raros pontos onde a lei definiu a existência de uma
e a confiança proibida, quando o autor não deveria ter depositado infração penal.
no outro toda a expectativa, agindo no limite do que lhe era permi- Ou o autor recai sobre um dos tipos, ou se perde no vazio
tido, com nítido espírito emulativo. infinito da ausência de previsão e refoge à incidência punitiva. O
Em suma, se o comportamento do agente se deu dentro do que sistema é, portanto, descontínuo, fragmentado (um tipo aqui, um
dele se esperava, a confiança é permitida; quando há abuso de sua
tipo ali, outro lá e assim por diante).
parte em usufruir da posição que desfruta incorrerá em fato típico.
Por outro lado, esta seleção, a despeito de excepcional, é fei-
ta sem nenhum método científico, atendendo apenas aos reclamos
Adequação social: todo comportamento que, a despeito de
momentâneos da opinião pública, da mídia e das necessidades
ser considerado criminoso pela lei, não afrontar o sentimento so-
impostas pela classe dominante, conforme bem ressaltou Juarez
cial de justiça (aquilo que a sociedade tem por justo) não pode ser
Tavares, em ácida crítica ao sistema legiferante: “Analisando aten-
considerado criminoso. Para essa teoria, o Direito Penal somente
tipifica condutas que tenham certa relevância social. O tipo penal tamente o processo de elaboração das normas incriminadoras, a
pressupõe uma atividade seletiva de comportamento, escolhendo partir primeiramente do dado histórico e depois do objetivo ju-
somente aqueles que sejam contrários e nocivos ao interesse pú- rídico por elas perseguido, bem como o próprio enunciado típico
blico, para serem erigidos à categoria de infrações penais; por con- das ações proibidas ou mandadas, chega-se à conclusão inicial,
seguinte, as condutas aceitas socialmente e consideradas normais embora trágica, de que efetivamente, na maioria das vezes, não
não podem sofrer este tipo de valoração negativa, sob pena de a lei há critérios para essa elaboração. Isto pode parecer panfletário,
incriminadora padecer do vício de inconstitucionalidade. à primeira vista, mas retrata fielmente a atividade de elaboração
Por isso é que Jakobs afirma que determinadas formas de legislativa. Estudos de Haferkamp na Alemanha e Weinberger na
atividade permitida não podem ser incriminadas, uma vez que se França demonstram que, com a institucionalização do poder po-
tomaram consagradas pelo uso histórico, isto é, costumeiro, acei- lítico, a elaboração das normas se expressa como evento do jogo
tando-se como socialmente adequadas. de poder efetuado no marco das forças hegemônicas atuantes no
Não se pode confundir o princípio em análise com o da in- Parlamento.
significância. Na adequação social, a conduta deixa de ser punida A norma, portanto, deixaria de exprimir o tão propalado inte-
por não mais ser considerada injusta pela sociedade; na insignifi- resse geral, cuja simbolização aparece como justificativa do prin-
cância, a conduta é considerada injusta, mas de escassa lesividade. cípio representativo para significar, muitas vezes, simples mani-
Critica-se essa teoria porque, em primeiro lugar, costume não festação de interesses partidários, sem qualquer vínculo com a real
revoga lei, e, em segundo, porque não pode o juiz substituir-se necessidade da nação.
ao legislador e dar por revogada uma lei incriminadora em plena Além disso, as descrições são abstratas, objetivas e impes-
vigência, sob pena de afronta ao princípio constitucional da sepa- soais, alcançando uma gigantesca gama de situações bem diver-
ração dos poderes, devendo a atividade fiscalizadora do juiz ser sas entre si. Os tipos nesse sistema fragmentário transportam des-
suplementar e, em casos extremos, de clara atuação abusiva do de gravíssimas violações operadas no caso concreto até ínfimas
legislador na criação do tipo. agressões. Quando se descreve como infração penal “subtrair para
Além disso, o conceito de adequação social é um tanto quanto si ou para outrem coisa alheia móvel”, incrimina-se tanto o furto
vago e impreciso, criando insegurança e excesso de subjetividade de centenas de milhões de uma instituição bancária, com nefastas
na análise material do tipo, não se ajustando por isso às exigências consequências para milhares de correntistas, quanto a subtração de
da moderna dogmática penal. uma estatueta oca de gesso em uma feira de artesanato.

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
O tipo do furto é uma nuvem incriminadora na imensidão do Se existe um recurso mais suave em condições de solucionar
céu de atipicidade, mas o método abstrato, que tem a vantagem da plenamente o conflito, torna-se abusivo e desnecessário aplicar ou-
impessoalidade, tem o desconforto de alcançar comportamentos tro mais traumático.
de toda a ordem, mesmo contando com descrição taxativa. A intervenção mínima e o caráter subsidiário do Direito Penal
A imperfeição não decorre da construção abstrata do tipo, mas decorrem da dignidade humana, pressuposto do Estado Democrá-
da fragmentariedade do sistema criminalizador, totalmente depen- tico de Direito, e são uma exigência para a distribuição mais equi-
dente de previsões genéricas, abstratas e abrangentes, incapazes librada da justiça.
de, por si sós, distinguirem entre os fatos relevantes e os irrelevan-
tes que nela formalmente se subsumem. Proporcionalidade: além de encontrar assento na imperativa
Além de defeituoso o sistema de criação normativa e da ex- exigência de respeito à dignidade humana, tal princípio aparece
cessiva abrangência dos modelos objetivos, os quais não levam em insculpido em diversas passagens de nosso Texto Constitucional,
consideração a disparidade das situações concretas, concorre ainda quando abole certos tipos de sanções (art. 5º, XLVII), exige indivi-
a panaceia cultural que faz surgir, dentro do mesmo país, inúmeras dualização da pena (art. 5º, XLVI), maior rigor para casos de maior
nações, com costumes, tradições e conceitos bem diversos, mas gravidade (art. 5º, XLII, XLII e XLIV) e moderação para infrações
submetidas à mesma ordem de incriminação abstrata. menos graves (art. 98, I). Baseia-se na relação custo-benefício.
Nesse triplo problema, déficit do sistema tipificador, diver- Toda vez que o legislador cria um novo delito, impõe um ônus
sidade cultural e abrangência demasiada de casos concretamente à sociedade, decorrente da ameaça de punição que passa a pairar
diversos, mas abstratamente idênticos, insere-se o caráter frag- sobre todos os cidadãos.
mentário do Direito Penal, fincando a questão: Como solucionar, Uma sociedade incriminadora é uma sociedade invasiva, que
por meio de descrições pontuais e abstratas, todos os variados pro- limita em demasia a liberdade das pessoas.
blemas reais? Por outro lado, esse ônus é compensado pela vantagem de
A resposta se impõe, com o reconhecimento prévio da exis- proteção do interesse tutelado pelo tipo incriminador. A sociedade
tência da fragmentariedade e da necessidade de empregar critérios vê limitados certos comportamentos, ante a cominação da pena,
reparadores das falhas de todo o sistema, dentre os quais a inter- mas também desfruta de uma tutela a certos bens, os quais ficarão
venção mínima. sob a guarda do Direito Penal.
Somente assim será possível compensar o alcance excessiva- Para o princípio da proporcionalidade, quando o custo for
mente incriminador de hipóteses concretas tão quantitativamente maior do que a vantagem, o tipo será inconstitucional, porque con-
trário ao Estado Democrático de Direito. Em outras palavras: a
diversas do ponto de vista da danosidade social.
criação de tipos incriminadores deve ser uma atividade compensa-
A intervenção mínima tem, por conseguinte, dois destinatários
dora para os membros da coletividade.
principais. Ao legislador o princípio exige cautela no momento de
Com efeito, um Direito Penal democrático não pode conceber
eleger as condutas que merecerão punição criminal, abstendo-se
uma incriminação que traga mais temor, mais ônus, mais limitação
de incriminar qualquer comportamento. Somente aqueles que, se-
social do que benefício à coletividade.
gundo comprovada experiência anterior, não puderam ser conve-
Somente se pode falar na tipificação de um comportamento
nientemente contidos pela aplicação de outros ramos do direito de- humano, na medida em que isto se revele vantajoso em uma re-
verão ser catalogados como crimes em modelos descritivos legais. lação de custos e benefícios sociais. Em outras palavras, com a
Ao operador do Direito recomenda-se não proceder ao en- transformação de uma conduta em infração penal impõe-se a toda
quadramento típico, quando notar que aquela pendência pode ser coletividade uma limitação, a qual precisa ser compensada por
satisfatoriamente resolvida com a atuação de outros ramos menos uma efetiva vantagem: ter um relevante interesse tutelado penal-
agressivos do ordenamento jurídico. Assim, se a demissão com mente.
justa causa pacifica o conflito gerado pelo pequeno furto cometido Quando a criação do tipo não se revelar proveitosa para a so-
pelo empregado, o direito trabalhista tomou inoportuno o ingresso ciedade, estará ferido o princípio da proporcionalidade, devendo a
do penal. Se o furto de um chocolate em um supermercado já foi descrição legal ser expurgada do ordenamento jurídico por vício
solucionado com o pagamento do débito e a expulsão do incon- de inconstitucionalidade. Além disso, a pena, isto é, a resposta pu-
veniente freguês, não há necessidade de movimentar a máquina nitiva estatal ao crime, deve guardar proporção com o mal infligi-
persecutória do Estado, tão assoberbada com a criminalidade vio- do ao corpo social. Deve ser proporcional à extensão do dano, não
lenta, a organizada, o narcotráfico e as dilapidações ao erário. se admitindo penas idênticas para crimes de lesividades distintas,
Da intervenção mínima decorre, como corolário indestacável, ou para infrações dolosas e culposas.
a característica de subsidiariedade. Com efeito, o ramo penal só Exemplo da aplicação do princípio da proporcionalidade
deve atuar quando os demais campos do Direito, os controles for- ocorreu no julgamento de uma Ação Direta de Inconstitucionali-
mais e sociais tenham perdido a eficácia e não sejam capazes de dade, na qual o Supremo Tribunal Federal suspendeu, por liminar,
exercer essa tutela. Sua intervenção só deve operar quando fracas- os efeitos da Medida Provisória n. 2.045/2000, que proibia o regis-
sam as demais barreiras protetoras do bem jurídico predispostas tro de armas de fogo, por considerar não haver proporcionalidade
por outros ramos do Direito. Pressupõe, portanto, que a interven- entre os custos sociais como desemprego e perda de arrecadação
ção repressiva no círculo jurídico dos cidadãos só tenha sentido tributária e os benefícios que compensassem o sacrifício.
como imperativo de necessidade, isto é, quando a pena se mostrar Necessário, portanto, para que a sociedade suporte os custos
como único e último recurso para a proteção do bem jurídico, ce- sociais de tipificações limitadoras da prática de determinadas con-
dendo a ciência criminal a tutela imediata dos valores primordiais dutas, que se demonstre a utilidade da incriminação para a defesa
da convivência humana a outros campos do Direito, e atuando so- do bem jurídico que se quer proteger, bem como a sua relevância
mente em último caso (ultima ratio) (Nilo Batista). em cotejo com a natureza e quantidade da sanção cominada.

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Humanidade: a vedação constitucional da tortura e de trata- O princípio da ofensividade considera inconstitucionais todos
mento desumano ou degradante a qualquer pessoa (art. 5º, III), a os chamados “delitos de perigo abstrato”, pois, segundo ele, não
proibição da pena de morte, da prisão perpétua, de trabalhos for- há crime sem comprovada lesão ou perigo de lesão a um bem ju-
çados, de banimento e das penas cruéis (art. 5º, XLVII), o respeito rídico. Não se confunde com princípio da exclusiva proteção do
e proteção à figura do preso (art. 5º, XLVIII, XLIX e L) e ainda bem jurídico, segundo o qual o direito não pode defender valores
normas disciplinadoras da prisão processual (art. 5º, LXI, LXII, meramente morais, éticos ou religiosos, mas tão-somente os bens
LXIII, LXIV, LXV e LXVI), apenas para citar alguns casos, im- fundamentais para a convivência e o desenvolvimento social. Na
põem ao legislador e ao intérprete mecanismos de controle de tipos ofensividade, somente se considera a existência de uma infração
legais. penal quando houver efetiva lesão ou real perigo de lesão ao bem
Disso resulta ser inconstitucional a criação de um tipo ou a jurídico. No primeiro, há uma limitação quanto aos interesses que
cominação de alguma pena que atente desnecessariamente contra a podem ser tutelados pelo Direito Penal; no segundo, só se consi-
incolumidade física ou moral de alguém (atentar necessariamente dera existente o delito quando o interesse já selecionado sofrer um
significa restringir alguns direitos nos termos da Constituição e ataque ou perigo efetivo, real e concreto.
quando exigido para a proteção do bem jurídico). “A função principal do princípio da exclusiva proteção de
Do princípio da humanidade decorre a impossibilidade de bens jurídicos é a de delimitar uma forma de direito penal, o di-
a pena passar da pessoa do delinquente, ressalvados alguns dos reito penal do bem jurídico, daí que não seja tarefa sua proteger
efeitos extrapenais da condenação, como a obrigação de reparar o a ética, a moral, os costumes, uma ideologia, uma determinada
dano na esfera cível, que podem atingir os herdeiros do infrator até religião, estratégias sociais, valores culturais como tais, programas
os limites da herança, (CF, art. 5º, XLV). de governo, a norma penal em si etc. O direito penal, em outras
palavras, pode e deve ser conceituado como um conjunto norma-
Necessidade e idoneidade: decorrem da proporcionalidade. A tivo destinado à tutela de bens jurídicos, isto é, de relações sociais
incriminação de determinada situação só pode ocorrer quando a conflitivas valoradas positivamente na sociedade democrática. O
tipificação revelar-se necessária, idônea e adequada ao fim a que se princípio da ofensividade, por sua vez, nada diz diretamente sobre
destina, ou seja, à concreta e real proteção do bem jurídico. a missão ou forma do direito penal, senão que expressa uma forma
Quando a comprovada demonstração empírica revelar que o de compreender ou de conceber o delito: o delito como ofensa a
tipo não precisava tutelar aquele interesse, dado que outros campos um bem jurídico. E disso deriva, como já afirmamos tantas vezes, a
do direito ou mesmo de outras ciências têm plenas condições de inadmissibilidade de outras formas de delito (mera desobediência,
fazê-lo com sucesso, ou ainda quando a descrição for inadequada, simples violação da norma imperativa etc.). Em face do exposto
ou ainda quando o rigor for excessivo, sem trazer em contraparti- impende a conclusão de que não podemos mencionar tais princí-
da a eficácia pretendida, o dispositivo incriminador padecerá de pios indistintamente, tal como vêm fazendo alguns setores da dou-
insuperável vício de incompatibilidade vertical com os princípios trina e da jurisprudência estrangeira” (Princípio da ofensividade).
constitucionais regentes do sistema penal. A função principal da ofensividade é a de limitar a pretensão
Nenhuma incriminação subsistirá em nosso ordenamento ju- punitiva estatal, de maneira que não pode haver proibição penal
rídico, quando a definição legal revelar-se incapaz, seja pelo cri- sem um conteúdo ofensivo a bens jurídicos.
tério definidor empregado, seja pelo excessivo rigor, seja ainda O legislador deve se abster de formular descrições incapazes
pela afronta à dignidade humana, de tutelar concretamente o bem de lesar ou, pelo menos, colocar em real perigo o interesse tute-
jurídico. lado pela norma. Caso isto ocorra, o tipo deverá ser excluído do
Surge, então, a necessidade de precisa definição do bem jurí- ordenamento jurídico por incompatibilidade vertical com o Texto
dico, sem o que a norma não tem objeto e, por conseguinte, não Constitucional.
pode existir. Um tipo sem bem jurídico para defender é como um Toda norma penal em cujo teor não se vislumbrar um bem
processo sem lide para solucionar, ou seja, um nada. jurídico claramente definido e dotado de um mínimo de relevância
O conceito de bem jurídico é, atualmente, um dos maiores social, será considerada nula e materialmente inconstitucional.
desafios de nossa doutrina, na busca de um direito protetivo e ga- O intérprete também deve cuidar para que em específico caso
rantista, e, portanto, obediente ao Estado Democrático de Direito. concreto, no qual não se vislumbre ofensividade ou real risco de
afetação do bem jurídico, não haja adequação na descrição abstrata
Ofensividade, princípio do fato e da exclusiva proteção do contida na lei.
bem jurídico: não há crime quando a conduta não tiver oferecido Em vista disso, somente restará justificada a intervenção do
ao menos um perigo concreto, real, efetivo e comprovado de lesão Direito Penal quando houver um ataque capaz de colocar em con-
ao bem jurídico. A punição de uma agressão em sua fase ainda creto e efetivo perigo um bem jurídico.
embrionária, embora aparentemente útil do ponto de vista da de- Delineando-se em termos precisos, a noção de bem jurídico
fesa social, representa ameaça à proteção do indivíduo contra uma poderá exercer papel fundamental como mecanismo garantidor e
atuação demasiadamente intervencionista do Estado. limitador dos abusos repressivos do Poder Público.
Como ensina Luiz Flávio Gomes, “o princípio do fato não Sem afetar o bem jurídico, não existe infração penal. Trata-se
permite que o direito penal se ocupe das intenções e pensamentos de princípio ainda em discussão no Brasil. Entendemos que sub-
das pessoas, do seu modo de viver ou de pensar, das suas atitudes siste a possibilidade de tipificação dos crimes de perigo abstrato
internas (enquanto não exteriorizada a conduta delitiva)...”. em nosso ordenamento legal, como legítima estratégia de defesa
A atuação repressivo-penal pressupõe que haja um efetivo e do bem jurídico contra agressões em seu estágio ainda embrioná-
concreto ataque a um interesse socialmente relevante, isto é, o sur- rio, reprimindo-se a conduta, antes que ela venha a produzir um
gimento de, pelo menos, um real perigo ao bem jurídico. perigo concreto ou um dano efetivo. Trata-se de cautela reveladora

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
de zelo do Estado em proteger adequadamente certos interesses. Princípio da co-culpabilidade ou corresponsabilidade: en-
Eventuais excessos podem, no entanto, ser corrigidos pela aplica- tende que a responsabilidade pela prática de uma infração penal
ção do princípio da proporcionalidade (Cf. sobre o assunto nosso deve ser compartilhada entre o infrator e a sociedade, quando essa
Estatuto do Desarmamento). não lhe tiver proporcionado oportunidades. Não foi adotado entre
nós.
Princípio da auto responsabilidade: os resultados danosos
que decorrem da ação livre e inteiramente responsável de alguém Os limites do controle material do tipo incriminador
só podem ser imputados a este e não àquele que o tenha anterior-
mente motivado. Exemplo: o sujeito, aconselhado por outro a pra- É imperativo do Estado Democrático de Direito a investigação
ticar esportes mais “radicais”, resolve voar de asa-delta. Acaba so- ontológica do tipo incriminador. Crime não é apenas aquilo que o
frendo um acidente e vindo a falecer. O resultado morte não pode legislador diz sê-lo (conceito formal), uma vez que nenhuma con-
ser imputado a ninguém mais além da vítima, pois foi a sua von- duta pode, materialmente, ser considerada criminosa se, de algum
tade livre, consciente e responsável que a impeliu a correr riscos. modo, não colocar em perigo valores fundamentais da sociedade.
Imaginemos um tipo com a seguinte descrição: “manifestar
Princípio da responsabilidade pelo fato: o direito penal não ponto de vista contrário ao regime político dominante ou opinião
se presta a punir pensamentos, ideias, ideologias, nem o modo de capaz de causar melindre nas lideranças políticas”. Por evidente, a
ser das pessoas, mas, ao contrário, fatos devidamente exterioriza- par de estarem sendo obedecidas as garantias formais de veicula-
dos no mundo concreto e objetivamente descritos e identificados ção em lei, materialmente esse tipo não teria qualquer subsistência,
em tipos legais. A função do Estado consiste em proteger bens ju- por ferir o princípio da dignidade humana e, assim, não resistir ao
rídicos contra comportamentos externos, efetivas agressões pre- controle de compatibilidade vertical com os princípios insertos na
viamente descritas em lei como delitos, bem como estabelecer um ordem constitucional. Na doutrina não existe divergência a respei-
compromisso ético com o cidadão para o melhor desenvolvimento to. A polêmica circunscreve-se aos limites desse controle por parte
das relações intersociais. Não pode castigar meros pensamentos, do Poder Judiciário. Entendemos que, a despeito de necessária, a
ideias, ideologias, manifestações políticas ou culturais discordan- verificação do conteúdo da norma deva ser feita em caráter excep-
tes, tampouco incriminar categorias de pessoas. Os tipos devem cional e somente quando houver clara afronta à Constituição.
definir fatos, associando-lhes penas, e não estereotipar autores. Na Com efeito, a regra do art. 5º XXXIX, da Constituição Fede-
Alemanha nazista, por exemplo, não havia propriamente crimes, ral, segundo a qual “não há crime sem lei anterior que o defina,
nem pena sem prévia cominação legal”, incumbiu, com exclusivi-
mas criminosos. Incriminavam-se os “traidores” da nação ariana
dade, ao legislador a tarefa de selecionar, dentre todas as condutas
e não os fatos eventualmente cometidos. Eram tipos de pessoas,
do gênero humano, aquelas capazes de colocar em risco a tranqui-
não de condutas. Castigavam-se a deslealdade com o Estado, as
lidade social e a ordem pública. A isso se convencionou chamar
manifestações ideológicas contrárias à doutrina nacional-socialis-
“função seletiva do tipo”.
ta, os subversivos e assim por diante. Não pode existir, portanto,
A missão de detectar os anseios nas manifestações sociais é
um direito penal do autor, mas sim do fato.
específica de quem detém mandato popular. Ao Poder Legislativo
cabe, por conseguinte, a exclusiva função de selecionar as condu-
Princípio da imputação pessoal: o direito penal não pode cas-
tas mais perniciosas ao convívio social e defini-las como delitos,
tigar um fato cometido por quem não reúna capacidade mental su- associando-lhes penas. A discussão sobre esses critérios escapa
ficiente para compreender o que faz ou de se determinar de acordo à formação predominantemente técnica do Poder Judiciário. Daí
com esse entendimento. Não pune os inimputáveis. por que, em atenção ao princípio da separação dos Poderes, ínsito
em nosso Texto Constitucional (art. 2º, III), o controle judicial de
Princípio da personalidade: ninguém pode ser responsabili- constitucionalidade material do tipo deve ser excepcional e exer-
zado por fato cometido por outra pessoa. A pena não pode passar cido em caso de flagrante atentado aos princípios constitucionais
da pessoa do condenado (CF, art. 5º, XLV). sensíveis. Não padecendo de vícios explícitos em seu conteúdo,
não cabe ao magistrado determinar o expurgo do crime de nos-
Princípio da responsabilidade subjetiva: nenhum resultado so ordenamento jurídico, sob o argumento de que não reflete um
objetivamente típico pode ser atribuído a quem não o tenha pro- verdadeiro anseio popular. O controle material é, por essa razão,
duzido por dolo ou culpa, afastando-se a responsabilidade obje- excepcional e deve ser feito apenas em casos óbvios de afronta a
tiva. Do mesmo modo, ninguém pode ser responsabilizado sem direitos fundamentais do homem.
que reúna todos os requisitos da culpabilidade. Por exemplo: nos
crimes qualificados pelo resultado, o resultado agravador não pode “PREVENÇÃO” E SEUS DIVERSOS CONTEÚDOS.
ser atribuído a quem não o tenha causado pelo menos culposamen-
te. Tome-se o exemplo de um sujeito que acaba de conhecer um Existe um setor doutrinário que identifica a prevenção com o
hemofílico e, após breve discussão, lhe faz um pequeno corte no mero efeito dissuasório da pena. Prevenir equivale a dissuadir o
braço. Em face da patologia já existente, a vítima sangra até mor- infrator potencial com a ameaça do castigo. A prevenção é conce-
rer. O agente deu causa à morte (conditio sine qua non), mas não bida com prevenção criminal e opera no processo da motivação
responde por ela, pois não a causou com dolo (quem quer matar do infrator.
corta a artéria aorta, não o braço), nem com culpa (não tinha como Outros autores ampliam o conceito de prevenção, salientando
prever o desfecho trágico, pois desconhecia a existência do proble- que ele compreende o efeito dissuasório mediato, ou seja indireto,
ma anterior). É a inteligência do art. 19 do CP. que pode ser conseguido por meio de instrumentos não penais que

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NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
alteram o “cenário” criminal, modificando alguns dos fatores ou pobre infraestrutura, significativos níveis de desorganização social
elementos do mesmo (espaço físico, desenho arquitetônico e urba- e residência compulsória dos grupos mais conflituosos e neces-
nístico, atitudes das vítimas, efetividade e rendimento do sistema sitados. O espírito reformista desse programa prevê medidas de
legal etc.). reordenação e equipamento urbano, melhorias infraestruturais, do-
Para muitos estudiosos do sistema penitenciário, finalmente, a tação de serviços públicos básicos etc.
prevenção do delito não é um objetivo autônomo da sociedade ou
dos poderes públicos, senão o efeito último perseguido pelos pro- 2) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DO DELITO POR
gramas de reintegração e inserção do condenado. Trata-se, pois, MEIO DO DESENHO ARQUITETÔNICO E URBANÍSTICO:
não tanto de evitar o delito, senão evitar a reincidência do infrator. Tais programas de prevenção orientam-se à reestruturação urba-
Tal conceito de prevenção equipara-se ao de prevenção especial. na e utilizam o desenho arquitetônico para incidir positivamente
Evitar a reincidência do condenado implica em uma intervenção no “habitat” físico e ambiental, procurando neutralizar o elevado
tardia no problema criminal (déficit etiológico). Por outro lado, re- risco de influências que favorecem o comportamento delituoso ou
vela um acentuado traço individualista e ideológico na seleção dos de se tornar vítima desse comportamento que ostentam certos es-
seus destinatários e no desenho dos correspondentes programas paços, assim como modificar, também de forma satisfatória, a es-
(déficit social). Por fim, concede um papel protagonista desmedido trutura “comportamental” do vizinho ou habitante destes lugares.
às instâncias oficiais do sistema legal (déficit comunitário). Assim como o programa de prevenção sobre determinadas “áreas
Contudo, em sentido estrito, prevenir o delito é algo mais. O geográficas”, o programa de prevenção por meio do desenho ar-
conceito de prevenção do delito não pode desvincular-se da gênese quitetônico e urbanístico não previne o delito, somente o desloca
do fenômeno criminal, isto é, reclama uma intervenção dinâmica para outras áreas menos protegidas, deixando intactas as raízes
e positiva que neutralize suas raízes, suas “causas”. A prevenção profundas do problema criminal e tem uma inspiração policial e
deve ser contemplada como prevenção “social”, ou seja, como mo- defensiva, é dizer, não etiológica.
bilização de todos os setores comunitários para enfrentar solida-
riamente um problema “social”. Nesse contexto, há de se destacar 3) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO “VITIMÁRIA”: A
a concepção doutrinária decorrente da classificação dos níveis de prevenção orientada para vítimas parte de uma comprovação em-
prevenção em primária, secundária e terciária. A distinção baseia- pírica não questionada por ninguém, isto é, o risco de se tornar
se em diversos critérios : na maior ou menor relevância etiológica vítima não se reparte de forma igual e uniforme na população nem
dos respectivos programas, nos destinatários aos quais se dirigem, é produto do azar ou da fatalidade: trata-se de um risco diferen-
nos instrumentos e mecanismos que utilizam, nos seus âmbitos e ciado, calculável, cuja maior ou menor probabilidade depende de
fins perseguidos. diversas variáveis pessoais, situacionais, sociais (relacionadas, em
Conforme tal classificação, os programas de prevenção pri- princípio, com a própria vítima).
mária orientam-se à raiz do conflito criminal, para neutralizá-los Os programas de prevenção de orientado para vítimas, poten-
antes que o problema se manifeste. Busca atingir um nível de ciais ou não, pretendem informar - e conscientizar - as vítimas
socialização proveitosa de acordo com os objetivos sociais. Edu- potenciais dos riscos que assumem, com a finalidade de fomen-
cação, habitação, trabalho, bem estar social e qualidade de vida tar atitudes maduras de responsabilidade, autocontrole, em defesa
são os âmbitos essenciais para uma prevenção primária, que opera dos seus próprios interesses. Perseguem também, uma mudança
sempre a longo e médio prazo e se dirige a todos os cidadãos. de mentalidade da sociedade em relação à vítima do delito: maior
A chamada prevenção secundária, por sua parte, atua mais sensibilidade, solidariedade com quem padece as consequências
tarde em termos etiológicos, ou seja, no momento onde se mani- dele.
festa ou se exterioriza o conflito criminal. Opera a curto e médio 4) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DO DELITO DE INS-
prazo e se orienta seletivamente a concretos (particulares) setores PIRAÇÃO POLÍTICO-SOCIAL: Uma Política Social progressi-
da sociedade, àqueles grupos e subgrupos que ostentam maior ris- va, se converte, então, no melhor instrumento preventivo da crimi-
co de padecer ou protagonizar o problema criminal. A prevenção nalidade, já que desde o ponto de vista “etiológico” - pode intervir
secundária conecta-se com a política legislativa penal, assim como positivamente nas causas últimas do problema, do qual o crime
com a ação policial. é um mero sintoma ou indicador. Os programas com esta orien-
Programas de prevenção policial, de controle dos meios de tação político - social são, na verdade, programas de prevenção
comunicação, de ordenação urbana e utilização do desenho arqui- “primária”: genuína e autêntica prevenção. Pois se cada sociedade
tetônico como instrumento de autoproteção, desenvolvidos em tem o crime que merece, uma sociedade mais justa que assegura a
bairros de classes menos favorecidas, são exemplos de prevenção todos os seus membros um acesso efetivo às cotas satisfatórias de
secundária. bem - estar e qualidade de vida - em seus diversos âmbitos (saúde,
Dentre os inumeráveis programas de prevenção conhecidos, educação e cultura, casa etc.) - reduz correlativamente sua intensi-
vejamos uma breve informação sobre os pressupostos teóricos, dade conflituosa assim como as taxas de delinquência. E os reduz,
principais diretrizes e conteúdos de alguns deles: ademais, de modo mais justo e racional, combinando a máxima
efetividade com o menor custo social.
1) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO SOBRE DETERMI-
NADAS “ÁREAS GEOGRÁFICAS”: Seu pressuposto doutriná- 5) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DA CRIMINALIDA-
rio consiste na existência de um determinado espaço, geográfica e DE DE ORIENTAÇÃO “COGNITIVA”: Se a aquisição de ha-
socialmente delimitado, em todos os núcleos urbanos industriali- bilidades cognitivas tem demonstrado ser uma eficaz técnica de
zados, que concentra os mais elevados índices de criminalidade: intervenção reintegradora, porque isola o delinquente de influên-
são áreas muito deterioradas, com péssimas condições de vida, cias perversas, parece lógico supor que uma tempestiva aquisição

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pelo jovem de tais habilidades evitaria que este tivesse participa- a) Marquês de Beccaria.
ção em comportamentos delitivos. Sua eficácia, pois, alcança não b) Césare Lombroso.
só o âmbito da intervenção (“tratamento”), senão também o da c) Francesco Carrara.
“prevenção”. d) Pellegrino Rossi.
e) Enrico Pessina.
6) PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DA REINCIDÊNCIA:
Embora este tipo de programa não contemple a prevenção como 3. Segundo a teoria behaviorista, o homem comete um delito
objetivo específico imediato, haja vista dirigir-se, antes de tudo, ao porque e seu comportamento
condenado - ou ao infrator - com a pretensão de evitar que o mes- a) é uma resposta às causas ou fatores que o levam à prática
mo volte a delinquir. São, pois, programas de prevenção terciária, do crime.
que tratam de evitar a reincidência do infrator, não de prevenir o b) decorre de sua própria natureza humana, independentemen-
“desvio primário”. Muito destes programas, como se verá, perten- te de fatores internos ou externos.
cem mais à problemática da “intervenção” (ou “tratamento”) que c) é dominado por uma vontade insana de praticar um crime.
à prevenção, entendida em sentido estrito. Outros correspondem d) não permite a distinção entre o bem e o mal.
ao conhecido modelo dos “substitutivos” penais: baseia-se em fór- e) impede-o de entender o caráter delituoso da ação praticada.
mulas alternativas à intervenção drástica do sistema legal (quando
4. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) É correto
se trata de conflitos pouco graves) para liberar o infrator do seu
afirmar que a Criminologia contemporânea tem por objetos
inevitável impacto gerado por estigmas.
(A) o delito, o delinquente, a vítima e o controle social.
(B) a tipificação do delito e a cominação da pena.
BASES DE UMA MODERNA POLÍTICA CRIMINAL (C) apenas o delito, o delinquente e o controle social.
DE PREVENÇÃO DE DELITOS. (D) apenas o delito e o delinquente.
Uma moderna política criminal de prevenção do delito deve (E) apenas a vítima e o controle social.
levar em conta as seguintes bases:
- O objetivo último de uma eficaz política de prevenção não 5. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) O compor-
consiste em erradicar o crime, senão em controlá-lo razoavelmente. tamento inadequado da vítima que de certo modo facilita, instiga
- No marco de um Estado social e democrático de Direito, ou provoca a ação de seu verdugo é denominado
a prevenção do delito suscita inevitavelmente o problema dos (A) vitimização terciária.
“meios” ou “instrumentos” utilizados, assim como dos “custos” (B) vitimização secundária.
sociais da prevenção. (C) periculosidade vitimal.
- Prevenir significa intervir na etiologia do problema criminal, (D) vitimização primária.
neutralizando suas “causas”. (E) vitimologia.
- A efetividade dos programas de prevenção deve ser progra-
mada a médio e longo prazo. 6. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Perito Criminal) Assinale a
- A prevenção deve ser contemplada, antes de tudo, como pre- alternativa correta.
venção “social” e “comunitária”, precisamente porque o crime é (A) No modelo clássico (tradicional) de Justiça Criminal, a
um problema social e comunitário. vítima é encarada como mero objeto, pois dela se espera que cum-
- A prevenção do delito implica em prestações positivas, con- pra seu papel de testemunha, com todos os inconvenientes e riscos
tribuições e esforços solidários que neutralizem situações de ca- que isso acarreta.
rência, conflitos, desequilíbrios, necessidades básicas. (B) A Vitimologia não possui relação com a Sociologia.
- A prevenção científica e eficaz do delito, pressupõe uma de- (C) A Vitimologia não estuda a vítima e suas relações com o
finição mais complexa e aprofundada do “cenário criminal“, assim infrator e com o sistema de persecução criminal.
como nos fatores que nele interagem. (D) A Vitimologia não possui relação com a Criminologia.
- Pode-se também evitar o delito mediante a prevenção da re- (E) No modelo clássico (tradicional) de Justiça Criminal, a ví-
tima é encarada como sujeito passivo da relação jurídica, pois dela
incidência. Mas, desde logo, melhor que prevenir “mais” delitos,
se espera que cumpra seu papel de ofendido, com todos os direitos
seria “produzir” ou “gerar” menos criminalidade.
e deveres que isso acarreta.
EXERCÍCIOS
7. (MPE-SC - 2013 - MPE-SC - Promotor de Justiça) A po-
lítica criminal do Direito Penal Funcional sustenta, como moderni-
1. A criminologia é uma ciência que dispõe de leis zação funcional no combate à “criminalidade moderna”, uma mu-
a) imutáveis e evolutivas. dança semântico-dogmática, tal como: “perigo” em vez de dano;
b) inflexíveis e evolutivas. “risco” em vez de ofensa efetiva a um bem jurídico; “abstrato” em
c) permanentes e flexíveis. vez de concreto; “tipo aberto” em vez de fechado; e “bem jurídico
d) flexíveis e restritivas. coletivo” em vez de individual.
e) evolutivas e flexíveis.
a) VERDADEIRA
2. “L’uomo delinquente” ou “O homem delinquente” é uma b) FALSA
obra clássica da criminologia, de autoria de

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
8. (MPE-SC - 2013 - MPE-SC - Promotor de Justiça) A 13. As modalidades preventivas nas quais se inserem os pro-
criminalização primária, realizada pelos legisladores, é o ato e o gramas de policiamento orientado à solução de problemas e de
efeito de sancionar uma lei penal material que incrimina ou per- policiamento comunitário, assim como outros programas de apro-
mite a punição de determinadas pessoas; enquanto a criminaliza- ximação entre polícia e comunidade, podem ser incluídas na cate-
ção secundária, exercida por agências estatais como o Ministério goria de prevenção primária.
Público, Polícia e Poder Judiciário, consistente na ação punitiva
exercida sobre pessoas concretas, que acontece quando é detectado a) CERTO
uma pessoa que se supõe tenha praticado certo ato criminalizado b) ERRADO
primariamente.
14. Na terminologia criminológica, criminalização primária
equivale à chamada prevenção primária.
a) VERDADEIRA
a) CERTO
b) FALSA
b) ERRADO
9. (MPE-SC - 2013 - MPE-SC - Promotor de Justiça) Em 15. A prevenção terciária, considerada intervenção tardia e
sede de Política Criminal, o Direito Penal de segunda velocidade, parcial, destina-se exclusivamente à população carcerária, obje-
identificado, por exemplo, quando da edição das Leis dos Crimes tivando evitar a reincidência, mas não atua nas condições gerais
Hediondos e do Crime Organizado, compreende a utilização da que favorecem a ocorrência de episódios violentos.
pena privativa de liberdade e a permissão de uma flexibilização de a) CERTO
garantias materiais e processuais. b) ERRADO

a) VERDADEIRA GABARITO:
b) FALSA
1 E
10. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Agente de Polícia) Enten-
2 B
de(m)-se por prevenção primária
(A) as ações policiais dirigidas aos indivíduos vulneráveis. 3 A
(B) as políticas públicas dirigidas aos grupos de risco. 4 A
(C) aquela dirigida exclusivamente ao preso, em busca de sua 5 C
reinserção familiar e/ou social. 6 A
(D) o trabalho de conscientização social, o qual atua no fenô-
meno criminal, em sua etiologia. 7 A
(E) aquela que age em momento posterior ao crime ou na imi- 8 A
nência de seu acontecimento. 9 B
10 D
11. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia) A
atuação das polícias, do ministério público e da justiça criminal, 11 A
quando focada em determinados grupos ou setores da sociedade, 12 A
por possuírem maior risco de praticar o crime ou de ser vitimados 13 B
por este, constitui programa de prevenção 14 B
(A) secundária.
(B) quaternária. 15 A
(C) primária.
(D) quinária.
Algumas Questões da prova anterior (para fixação do con-
(E) terciária.
teúdo)
12. (CESPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia) 1. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) A
No que se refere à prevenção da infração penal, julgue os próximos Criminologia dos dias atuais
itens. (A) é uma ciência empírica, interdisciplinar, multidisciplinar
e integrada.
Ações como controle dos meios de comunicação e ordenação (B) é uma ciência jurídica, autônoma, não controlável e sis-
urbana, orientadas a determinados grupos ou subgrupos sociais, tematizada.
estão inseridas no âmbito da chamada prevenção secundária do (C) não é considerada uma ciência, mas parte do Direito Pe-
delito. nal.
(D) não é considerada uma ciência, mas parte da Sociologia.
a) CERTO (E) não é considerada uma ciência, mas parte da Antropologia.
b) ERRADO

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
2. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) São GABARITO:
teorias do consenso as teorias
(A) da desorganização social; da identificação diferencial; da 1 A
criminologia crítica.
(B) do etiquetamento; da associação diferencial; do conflito 2 E
cultural. 3 B
(C) da criminologia crítica; da subcultura; do estrutural fun- 4 A
cionalismo.
5 C
(D) da criminologia radical; da associação diferencial; da
identificação diferencial.
(E) da desorganização social; da neutralização; da associação
diferencial.

3. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil)


Assinale a alternativa correta, a respeito da Vitimologia.
(A) O comportamento da vítima em nada contribui para a
ocorrência do crime contra si praticado.
(B) A Vitimologia estuda o papel da vítima no episódio da-
noso, o modo pelo qual participa, bem como sua contribuição na
ocorrência do delito.
(C) A Vitimologia nasceu como ramo das ciências jurídicas,
por conta das observações feitas pelos estudiosos a respeito do
comportamento da vítima perante o ordenamento jurídico em vi-
gor.
(D) A Vitimologia surgiu, como ramo da Criminologia, em
1876, por meio da obra “O Homem Delinquente”, de Cesare Lom-
broso.
(E) O comportamento da vítima sempre contribui para a ocor-
rência do crime contra si praticado.

4. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil)


Entende-se por sobrevitimização
(A) a vitimização secundária, a qual consiste em sofrimento
causado à vítima pelas instâncias formais da justiça criminal.
(B) a vitimização secundária, a qual consiste em efeitos decor-
rentes do crime, como, por exemplo, o dano patrimonial, físico e
moral sofridos pela vítima, como consequência do crime.
(C) a vitimização primária, a qual consiste em discriminação
oriunda do círculo de relacionamentos familiares e sociais da víti-
ma, em razão do delito.
(D) a vitimização primária, a qual consiste em efeitos decor-
rentes do crime, como, por exemplo, o dano patrimonial, físico e
moral sofridos pela vítima, como consequência do crime.
(E) a vitimização terciária, a qual consiste em discriminação
oriunda do círculo de relacionamentos familiares e sociais da víti-
ma, em razão do delito.

5. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) As


políticas públicas de prevenção criminal terciária têm por públi-
co-alvo
(A) a vítima de violência doméstica.
(B) o adolescente.
(C) o preso.
(D) o idoso.
(E) o usuário de drogas ilícitas

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE LÓGICA
NOÇÕES DE LÓGICA
5. Proposições simples e compostas
4.1. CONCEITOS INICIAIS DO As proposições simples são assim caracterizadas por apresen-
tarem apenas uma ideia. São indicadas pelas letras minúsculas: p,
RACIOCÍNIO LÓGICO: PROPOSIÇÕES,
q, r, s, t...
VALORES LÓGICOS, CONECTIVOS, As proposições compostas são assim caracterizadas por apre-
TABELAS-VERDADE, TAUTOLOGIA, sentarem mais de uma proposição conectadas pelos conectivos ló-
CONTRADIÇÃO, EQUIVALÊNCIA gicos. São indicadas pelas letras maiúsculas: P, Q, R, S, T...
ENTRE PROPOSIÇÕES, NEGAÇÃO DE Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando que a
UMA PROPOSIÇÃO, VALIDADE DE proposição composta Q é formada pelas proposições simples r, s
ARGUMENTOS. e t.
4.2. ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA Exemplo:
DE ARGUMENTAÇÃO. Proposições simples:
4.3. QUESTÕES DE ASSOCIAÇÃO. p: Meu nome é Raissa 
4.4. VERDADES E MENTIRAS. q: São Paulo é a maior cidade brasileira 
r: 2+2=5 
4.5. DIAGRAMAS LÓGICOS
s: O número 9 é ímpar 
(SILOGISMOS). t: O número 13 é primo

Proposições compostas 
P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12. 
Estruturas lógicas Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3. 
1. Proposição R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo.
Proposição ou sentença é um termo utilizado para exprimir
ideias, através de um conjunto de palavras ou símbolos. Este con- 6. Tabela-Verdade
junto descreve o conteúdo dessa ideia. A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógico de
São exemplos de proposições: uma proposição composta, sendo que os valores das proposições
p: Pedro é médico. simples já são conhecidos. Pois o valor lógico da proposição com-
q: 5 > 8 posta depende do valor lógico da proposição simples. 
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite. A seguir vamos compreender como se constrói essas tabelas-
verdade partindo da árvore das possibilidades dos valores lógicos
2. Princípios fundamentais da lógica das preposições simples, e mais adiante veremos como determinar
Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é. O que o valor lógico de uma proposição composta.
é, é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta a Parménides
de Eleia. Proposição composta do tipo P(p, q)
Principio da não contradição: Uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa, ao mesmo tempo.
Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só pode ser
verdadeira ou falsa.

3. Valor lógico 
Considerando os princípios citados acima, uma proposição é
classificada como verdadeira ou falsa.
Sendo assim o valor lógico será:
- a verdade (V), quando se trata de uma proposição verdadeira. Proposição composta do tipo P(p, q, r)
- a falsidade (F), quando se trata de uma proposição falsa.

4. Conectivos lógicos 
Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar as pro-
posições formando novas sentenças.
Os principais conectivos lógicos são: 

~ não
∧ e Proposição composta do tipo P(p, q, r, s) 
A tabela-verdade possui 24 = 16 linhas e é formada igualmente
V Ou
as anteriores.
→  se…então
↔ se e somente se

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE LÓGICA

Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn) 9. O conectivo ou e a disjunção


A tabela-verdade possui 2n  linhas e é formada igualmente as O conectivo ou e a disjunção de duas proposições p e q é ou-
anteriores. tra proposição que tem como valor lógico V se alguma das propo-
sições for verdadeira e F se as duas forem falsas. O símbolo p ∨
7. O conectivo não e a negação q (p ou q) representa a disjunção, com a seguinte tabela-verdade: 
O conectivo não e a negação de uma proposição p é outra
proposição que tem como valor lógico V se p for falsa e F se p é P q pVq
verdadeira. O símbolo ~p (não p) representa a negação de p com
a seguinte tabela-verdade:  V V V
V F V
P ~P F V V
V F F F F
F V
Exemplo:
Exemplo:
p = 7 é ímpar  p = 2 é par 
~p = 7 não é ímpar  q = o céu é rosa 
p ν q = 2 é par ou o céu é rosa 
P ~P
P q pVq
V F
V F V
q = 24 é múltiplo de 5 
~q = 24 não é múltiplo de 5  10. O conectivo se… então… e a condicional
A condicional se p então q é outra proposição que tem como
valor lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbolo p → q re-
q ~q
presenta a condicional, com a seguinte tabela-verdade: 
F V
P q p→q
8. O conectivo e e a conjunção
O conectivo e e a conjunção de duas proposições p e q é outra V V V
proposição que tem como valor lógico V se p e q forem verda- V F F
deiras, e F em outros casos. O símbolo p Λ q (p e q) representa a
conjunção, com a seguinte tabela-verdade:  F V V
F F V
P q pΛq
Exemplo:
V V V P: 7 + 2 = 9 
V F F Q: 9 – 7 = 2 
F V F p → q: Se 7 + 2 = 9 então 9 – 7 = 2 
F F F
P q p→q
Exemplo V V V

p = 2 é par  p = 7 + 5 < 4 
q = o céu é rosa q = 2 é um número primo 
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa  p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo. 

P q pΛq P q p→q
V F F F V V

p = 9 < 6  p = 24 é múltiplo de 3 q = 3 é par 


q = 3 é par p → q: Se 24 é múltiplo de 3 então 3 é par. 
p Λ q: 9 < 6 e 3 é par 
P q p→q
P q pΛq
V F F
F F F

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE LÓGICA
p = 25 é múltiplo de 2 
q = 12 < 3 
p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3. 

P q p→q
F F V

11. O conectivo se e somente se e a bicondicional


A bicondicional p se e somente se q é outra proposição que tem como valor lógico V se p e q forem ambas verdadeiras ou ambas falsas,
e F nos outros casos. 
O símbolo     representa a bicondicional, com a seguinte tabela-verdade: 

P q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V

Exemplo

p = 24 é múltiplo de 3 
q = 6 é ímpar  
= 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar. 

P q p↔q
V F F

12. Tabela-Verdade de uma proposição composta

Exemplo
Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) → (p ⋀ q), onde p e q são
duas proposições simples.
Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4 linhas, logo: 

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V          
V F          
F V          
F F          

Agora veja passo a passo a determinação dos valores lógicos de P.

a) Valores lógicos de p ν q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V        
V F V        
F V V        
F F F        

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE LÓGICA
b) Valores lógicos de ~P

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F      
V F V F      
F V V V      
F F F V      

c) Valores lógicos de (p V p)→(~p)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F    
V F V F F    
F V V V V    
F F F V V    

d) Valores lógicos de p Λ q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V  
V F V F F F  
F V V V V F  
F F F V V F  

e) Valores lógicos de ((p V p)→(~p))→(p Λ q)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V V
V F V F F F V
F V V V V F F
F F F V V F F

13. Tautologia

Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for sempre verdadeira,
independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem.

Exemplos:
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela não passou no concurso do INSS
• Não é verdade que o professor Zambeli parece com o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé gotinha.
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.

Exemplo:
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai para segunda divisão

Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de “~p” e o conetivo de “V”


Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte forma: p V ~p

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE LÓGICA
Exemplo 16. Implicação lógica
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu valor
lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade.  Definição
A proposição P implica a proposição Q, quando a condicio-
p ~P pVq nal P → Q for uma tautologia.
O símbolo P ⇒ Q (P implica Q) representa a implicação ló-
V F V gica. 
F V V
Diferenciação dos símbolos → e ⇒
Exemplo O símbolo → representa uma operação matemática entre as
A proposição (p Λ q) → (p  q) é uma tautologia, pois a última proposições P e Q que tem como resultado a proposição P → Q,
coluna da tabela-verdade só possui V.  com valor lógico V ou F.
O símbolo ⇒  representa a não ocorrência de  VF na tabe-
p q pΛq p↔q (p Λ q)→(p↔q) la-verdade de P  →  Q, ou ainda que o valor lógico da condicio-
nal P → Q será sempre V, ou então que P → Q é uma tautologia. 
V V V V V
V F F F V Exemplo
F V F F V A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será: 
F F F V V
p q pΛq P↔Q (p Λ q)→(P↔Q)
14. Contradição V V V V V
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposi-
ções p, q, r, ... será dita uma contradição se ela for sempre falsa, V F F F V
independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ...
que a compõem F V F F V
Exemplos: F F F V V
• O Zorra total é uma porcaria e Zorra total não é uma porcaria
• Suelen mora em Petrópolis e Suelen não mora em Petrópolis Portanto, (p Λ q) → (p ↔ q) é uma tautologia, por isso (p Λ
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única q) ⇒ (p ↔q)
proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.
Exemplo: 17. Equivalência lógica
Lula é o presidente do Brasil e Lula não é o presidente do
Brasil Definição
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de Há equivalência entre as proposições P e Q somente quando a
“~p” e o conetivo de “^” bicondicional P ↔ Q for uma tautologia ou quando P e Q tiverem
Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte for- a mesma tabela-verdade. P ⇔ Q (P é equivalente a Q) é o símbolo
ma: p ^ ~p que representa a equivalência lógica. 
Exemplo Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔
A proposição (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição, pois o seu O símbolo  ↔  representa uma operação entre as propo-
valor lógico é sempre F conforme a tabela-verdade. Que significa sições P e Q, que tem como resultado uma nova proposi-
que uma proposição não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo ção P ↔ Q com valor lógico V ou F.
tempo, isto é, o princípio da não contradição. O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e de FV na
tabela-verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógico de P ↔ Q é
p ~P q Λ (~q) sempre V, ou então P ↔ Q é uma tautologia.
V F F
Exemplo
F V F A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será: 
15. Contingência
Quando uma proposição não é tautológica nem contra válida, p q ~q ~p p→q ~q→~p (p→q)↔(~q→~p)
a chamamos de contingência ou proposição contingente ou propo- V V F F V V V
sição indeterminada. V F V F F F V
A contingência ocorre quando há tanto valores V como F
na última coluna da tabela-verdade de uma proposição. Exem- F V F V V V V
plos: P∧Q , P∨Q , P→Q ... F F V V V V V

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE LÓGICA
Portanto, p → q é equivalente a ~q → ~p, pois estas proposi- Equivalências da Condicional
ções possuem a mesma tabela-verdade ou a bicondicional (p → q)
↔ (~q → ~p) é uma tautologia. As duas equivalências que se seguem são de fundamental
Veja a representação: importância. Estas equivalências podem ser verificadas, ou seja,
(p → q) ⇔ (~q → ~p) demonstradas, por meio da comparação entre as tabelas-verdade.
Fica como exercício para casa estas demonstrações. As equivalên-
EQUIVALÊNCIAS LOGICAS NOTÁVEIS cias da condicional são as seguintes:

Dizemos que duas proposições são logicamente equivalentes 1) Se p então q = Se não q então não p.
(ou simplesmente equivalentes) quando os resultados de suas tabe- Ex: Se chove então me molho = Se não me molho então não
las-verdade são idênticos. chove
Uma consequência prática da equivalência lógica é que ao tro-
car uma dada proposição por qualquer outra que lhe seja equiva- 2) Se p então q = Não p ou q.
lente, estamos apenas mudando a maneira de dizê-la. Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo ou passo
A equivalência lógica entre duas proposições, p e q, pode ser no concurso
representada simbolicamente como: p q, ou simplesmente por p Colocando estes resultados em uma tabela, para ajudar a me-
= q. morização, teremos:
Começaremos com a descrição de algumas equivalências ló-
gicas básicas.

Equivalências Básicas

1. p e p = p
Ex: André é inocente e inocente = André é inocente Equivalências com o Símbolo da Negação
Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão somen-
2. p ou p = p te, das negações das proposições compostas! Lembremos:
Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cinema

3. p e q = q e p
Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte

4. p ou q = q ou p
Ex: O carro é branco ou azul = O carro é azul ou branco

5. p ↔ q = q ↔ p
Ex: Amo se e somente se vivo = Vivo se e somente se amo.

6. p ↔ q = (pq) e (qp) É possível que surja alguma dúvida em relação a última


Ex: Amo se e somente se vivo = Se amo então vivo, e se vivo linha da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do que foi apren-
então amo dido:

Para facilitar a memorização, veja a tabela abaixo: p↔q = (pq) e (qp)

(Obs: a BICONDICIONAL tem esse nome: porque equivale


a duas condicionais!)
Para negar a bicondicional, teremos na verdade que negar a
sua conjunção equivalente.
E para negar uma conjunção, já sabemos, nega-se as duas par-
tes e troca-se o E por OU. Fica para casa a demonstração da nega-
ção da bicondicional. Ok?

Outras equivalências
Algumas outras equivalências que podem ser relevantes são
as seguintes:

1) p e (p ou q) = p
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é médico =
Paulo é dentista

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE LÓGICA
2) p ou (p e q) = p C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o mais
Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é médico = novo da classe.
Paulo é dentista D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o mais
velho da classe.
Por meio das tabelas-verdade estas equivalências podem ser E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais novo da
facilmente demonstradas. classe.
Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela seguinte:
p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais novo
da classe.
~p=Pedro não é o mais velho da classe.
~q=Jorge não é o mais novo da classe.
~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe ou Jorge
não é o mais novo da classe.
NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
3. (PC-MA - Farmacêutico Legista - FGV/2012)
Em frente à casa onde moram João e Maria, a prefeitura está
fazendo uma obra na rua. Se o operário liga a britadeira, João sai
de casa e Maria não ouve a televisão. Certo dia, depois do almoço,
Maria ouve a televisão.
Pode-se concluir, logicamente, que
A) João saiu de casa.
B) João não saiu de casa.
C) O operário ligou a britadeira.
Questoes comentadas: D) O operário não ligou a britadeira.
E) O operário ligou a britadeira e João saiu de casa.
1. (PROCERGS - Técnico de Nível Médio - Técnico em Se- “Se o operário liga a britadeira, João sai de casa e Maria não
gurança do Trabalho - FUNDATEC/2012) A proposição “João ouve a televisão”, logo se Maria ouve a televisão, a britadeira não
comprou um carro novo ou não é verdade que João comprou um pode estar ligada.
carro novo e não fez a viagem de férias.” é:
A) um paradoxo. (TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012)
B) um silogismo. Em decisão proferida acerca da prisão de um réu, depois de
C) uma tautologia. constatado pagamento de pensão alimentícia, o magistrado determi-
D) uma contradição. nou: “O réu deve ser imediatamente solto, se por outro motivo não
E) uma contingência. estiver preso”.
Considerando que a determinação judicial corresponde a uma
Tautologia é uma proposição composta cujo resultado é sem- proposição e que a decisão judicial será considerada descumprida
pre verdadeiro para todas as atribuições que se têm, independente- se, e somente se, a proposição correspondente for falsa, julgue os
mente dessas atribuições. itens seguintes.
Rodrigo, posso estar errada, mas ao construir a tabela-verdade
com a proposição que você propôs não vamos ter uma tautologia, 4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo outro moti-
mas uma contingência. vo para estar preso, então, a decisão judicial terá sido descumprida.
A proposição a ser utilizada aqui seria a seguinte: P v ~(P ^ ~Q), A) Certo
que, ao construirmos a tabela-verdade ficaria da seguinte forma: B) Errado

P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q) P V ~(P/\~Q) A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente solto, se por
outro motivo não estiver preso”, logo se o réu continuar preso sem
V V F F V V outro motivo para estar preso, será descumprida a decisão judicial.
V F V V F V
F V F F V V 5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo outro
motivo para permanecer preso, então, a decisão judicial terá sido
F F V F V V descumprida.
A) Certo
2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012) B) Errado
A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho da
classe ou Jorge é o mais novo da classe” é P = se houver outro motivo
A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o mais Q = será solto
velho da classe. A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V
B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais novo A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V
da classe. Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse V + F = F

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE LÓGICA
6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro mo- A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B” (AB)
tivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for imediata- será da forma:
mente solto, então, ele está preso por outro motivo” são logica- ~(A B) A^ ~B
mente equivalentes. Ou seja, para negarmos uma proposição composta represen-
A) Certo tada por uma condicional, devemos confirmar sua primeira parte
B) Errado (“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo conectivo conjun-
ção (“^”) e negarmos sua segunda parte (“~ B”). Assim, teremos:
O réu não estiver preso por outro motivo = ~P RESPOSTA: “B”.
Deve ser imediatamente solto = S
Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser imedia- 10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CE-
tamente solto=P S TRO/2012) Se Viviane não dança, Márcia não canta. Logo,
Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está preso por A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia cantar.
outro motivo = ~SP B) Viviane não dançar é condição necessária para Márcia não
De acordo com a regra de equivalência (A B) = (~B ~A) a cantar.
questão está correta. C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia cantar.
D) Viviane não dançar é condição suficiente para Márcia can-
7. A negação da proposição relativa à decisão judicial estará tar.
corretamente representada por “O réu não deve ser imediatamente E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia não can-
solto, mesmo não estando preso por outro motivo”. tar.
A) Certo
B) Errado Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na forma de
condição suficiente e condição necessária:
“O réu deve ser imediatamente solto, se por outro
motivo não estiver preso” está no texto, assim: “Se Viviane não dança, Márcia não canta”
P = “Por outro motivo não estiver preso”
Q = “O réu deve ser imediatamente solto” 1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição suficiente
PQ, a negação ~(P Q) = P e ~Q para Márcia não cantar. Não há RESPOSTA: para essa possibi-
lidade.
P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve ser
imediatamente solto”
2ª possibilidade: Márcia não cantar é condição necessária para
Viviane não dançar.. Não há RESPOSTA: para essa possibilidade.
8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um
Não havendo RESPOSTA: , modificaremos a condicional
antropólogo estadunidense chega ao Brasil para aperfeiçoar seu
inicial, transformando-a em outra condicional equivalente, nesse
conhecimento da língua portuguesa. Durante sua estadia em nos-
caso utilizaremos o conceito da contrapositiva ou contra posição:
so país, ele fica muito intrigado com a frase “não vou fazer coisa
pq ~q ~p
nenhuma”, bastante utilizada em nossa linguagem coloquial. A
“Se Viviane não dança, Márcia não canta” “Se Márcia canta,
dúvida dele surge porque Viviane dança”
A) a conjunção presente na frase evidencia seu significado. Transformando, a condicional “Se Márcia canta, Viviane dan-
B) o significado da frase não leva em conta a dupla negação. ça” na forma de condição suficiente e condição necessária, obtere-
C) a implicação presente na frase altera seu significado. mos as seguintes possibilidades:
D) o significado da frase não leva em conta a disjunção. 1ª possibilidade: Márcia cantar é condição suficiente para Vi-
E) a negação presente na frase evidencia seu significado. viane dançar. Não há RESPOSTA: para essa possibilidade.
2ª possibilidade: Viviane dançar é condição necessária para
~(~p) é equivalente a p Márcia cantar.
Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar. RESPOSTA: “C”.
RESPOSTA: “B”.
11. (BRDE - ANALISTA DE SISTEMAS - AOCP/2012)
9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário - Considere a sentença: “Se Ana é professora, então Camila é médi-
ESAF/2012) A negação da proposição “se Paulo estuda, então ca.” A proposição equivalente a esta sentença é
Marta é atleta” é logicamente equivalente à proposição: A) Ana não é professora ou Camila é médica.
A) Paulo não estuda e Marta não é atleta. B) Se Ana é médica, então Camila é professora.
B) Paulo estuda e Marta não é atleta. C) Se Camila é médica, então Ana é professora.
C) Paulo estuda ou Marta não é atleta. D) Se Ana é professora, então Camila não é médica.
D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta. E) Se Ana não é professora, então Camila não é médica.
E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta.
Existem duas equivalências particulares em relação a uma
condicional do tipo “Se A, então B”.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE LÓGICA
1ª) Pela contrapositiva ou contraposição: “Se A, então B” é 14. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Se P for
equivalente a “Se ~B, então ~A” F e P v Q for V, então Q é V.
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equiva- ( )Certo ( ) Errado
lente a:
“Se Camila não é médica, então Ana não é professora.” Lembramos que uma disjunção simples, na forma: “P vQ”,
será verdadeira (V) se, pelo menos, uma de suas partes for ver-
2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A, então dadeira (V). Nesse caso, se “P” for falsa e “PvQ” for verdadeira,
B” é equivalente a “~A ou B” então “Q” será, necessariamente, verdadeira.
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equiva- Resposta: CERTO.
lente a:
“Ana não é professora ou Camila é médica.” (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013)
Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que esta P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
configura no gabarito. P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.
RESPOSTA: “A”. P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
P4: Há criminosos livres.
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Consideran- C: Portanto a criminalidade é alta.
do que P e Q representem proposições conhecidas e que V e F re- Considerando o argumento apresentado acima, em que P1, P2,
presentem, respectivamente, os valores verdadeiro e falso, julgue P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, julgue os itens subse-
os próximos itens. (374 a 376) quentes. (377 e 378)

12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/DF 15. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) O argu-
– Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições Q e P (¬ mento apresentado é um argumento válido.
Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, P for F. ( )Certo ( ) Errado
( )Certo ( ) Errado
Verificaremos se as verdades das premissas P1, P2, P3 e P4
Observando a tabela-verdade da proposição composta “P (¬ sustentam a verdade da conclusão. Nesse caso, devemos conside-
Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”, temos: rar que todas as premissas são, necessariamente, verdadeiras.
P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta. (V)
P Q ¬Q P→(¬Q) P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz. (V)
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres. (V)
V V F F P4: Há criminosos livres. (V)
V F V V Portanto, se a premissa P4 – proposição simples – é verdadei-
F V F V ra (V), então a 2ª parte da condicional representada pela premissa
P3 será considerada falsa (F). Então, veja:
F F V V

Observando-se a 3 linha da tabela-verdade acima, ―Q‖ e ―P


® (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, ―P‖ for F.
Resposta: CERTO.

13. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A pro-


posição [PvQ]Q é uma tautologia.
( )Certo ( ) Errado Sabendo-se que a condicional P3 é verdadeira e conhecen-
do-se o valor lógico de sua 2ª parte como falsa (F), então o valor
Construindo a tabela-verdade da proposição composta: [P Ú lógico de sua 1ª parte nunca poderá ser verdadeiro (V). Assim, a
Q] ® Q, teremos como solução: proposição simples ―a justiça é eficaz‖ será considerada falsa (F).
Se a proposição simples ―a justiça é eficaz‖ é considerada
P Q Pv Q (Pv Q)→Q (p^~q)↔(~p v q) falsa (F), então a 2ª parte da disjunção simples representada pela
V V V V→V V premissa P2, também, será falsa (F).
V F V V→F F
F V V V→V V
F F F F→F V

P(P;Q) = VFVV
Portanto, essa proposição composta é uma contingência ou
indeterminação lógica.
Resposta: ERRADO.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE LÓGICA
Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples) e O argumento pode ser representado da seguinte forma:
conhecendo-se o valor lógico de uma das partes como falsa (F),
então o valor lógico da outra parte deverá ser, necessariamente,
verdadeira (V). Lembramos que, uma disjunção simples será con-
siderada verdadeira (V), quando, pelo menos, uma de suas partes
for verdadeira (V).

Sendo verdadeira (V) a proposição simples ―a impunidade


é alta‖, então, confirmaremos também como verdadeira (V), a 1ª
parte da condicional representada pela premissa P1.

EXEMPLOS:
1. Todos os cariocas são alegres.
    Todas as pessoas alegres vão à praia
    Todos os cariocas vão à praia.
2. Todos os cientistas são loucos.
    Einstein é cientista.
    Einstein é louco!

Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico de


Considerando-se como verdadeira (V) a 1ª parte da condicio- forma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos são os ar-
nal em P1, então, deveremos considerar também como verdadeira gumentos que têm somente duas premissas e mais a conclusão, e
(V), sua 2ª parte, pois uma verdade sempre implica em outra ver- utilizam os termos: todo, nenhum e algum, em sua estrutura.
dade.
Considerando a proposição simples ―a criminalidade é alta‖ ANALOGIAS
como verdadeira (V), logo a conclusão desse argumento é, de fato,
verdadeira (V), o que torna esse argumento válido. A analogia é uma das melhores formas para utilizar o racio-
Resposta: CERTO. cínio. Nesse tipo de raciocínio usa-se a comparação de uma situa-
16. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A nega- ção conhecida com uma desconhecida. Uma analogia depende de
ção da proposição P1 pode ser escrita como “Se a impunidade não três situações:
é alta, então a criminalidade não é alta”. • os fundamentos precisam ser verdadeiros e importantes;
( )Certo ( ) Errado • a quantidade de elementos parecidos entre as situações
deve ser significativo;
Seja P1 representada simbolicamente, por: • não pode existir conflitos marcantes.
A impunidade não é alta(p) então a criminalidade não é alta(q)
A negação de uma condicional é dada por: INFERÊNCIAS
~(pq)
Logo, sua negação será dada por: ~P1 a impunidade é alta e a A indução está relacionada a diversos casos pequenos que
criminalidade não é alta. chegam a uma conclusão geral. Nesse sentido podemos definir
Resposta:ERRADO. também a indução fraca e a indução forte. Essa indução forte ocor-
re quando não existe grandes chances de que um caso discorde da
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO premissa geral. Já a fraca refere-se a falta de sustentabilidade de
um conceito ou conclusão.
ARGUMENTO
DEDUÇÕES
Argumento é uma relação que associa um conjunto de propo-
sições (p1, p2, p3,... pn), chamadas premissas ou hipóteses, e uma ARGUMENTOS DEDUTIVOS E INDUTIVOS
proposição C chamada conclusão. Esta relação é tal que a estrutura Os argumentos podem ser classificados em dois tipos: Dedu-
lógica das premissas acarretam ou tem como consequência a pro- tivos e Indutivos.
posição C (conclusão).
1) O argumento será DEDUTIVO quando suas premissas for-
necerem informações suficientes para comprovar a veracidade da
conclusão, isto é, o argumento é dedutivo quando a conclusão é
completamente derivada das premissas.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE LÓGICA
EXEMPLO: CONCLUSÕES
Todo ser humano têm mãe.
Todos os homens são humanos. VALIDADE DE UM ARGUMENTO
Todos os homens têm mãe. Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de um argu-
mento dedutivo diremos que ele é válido ou inválido. Atente-
2) O argumento será INDUTIVO quando suas premissas não se para o fato que todos os argumentos indutivos são inválidos,
fornecerem o “apoio completo” para ratificar as conclusões. Por- portanto não há de se falar em validade de argumentos indutivos.
tanto, nos argumentos indutivos, a conclusão possui informações A validade é uma propriedade dos argumentos que depende
que ultrapassam as fornecidas nas premissas. Sendo assim, não se apenas da forma (estrutura lógica) das suas proposições (premissas
aplica, então, a definição de argumentos válidos ou não válidos e conclusões) e não do seu conteúdo.
para argumentos indutivos.
Argumento Válido
EXEMPLO: Um argumento será válido quando a sua conclusão é uma con-
O Flamengo é um bom time de futebol. sequência obrigatória de suas premissas. Em outras palavras, po-
O Palmeiras é um bom time de futebol. demos dizer que quando um argumento é válido, a verdade de suas
O Vasco é um bom time de futebol. premissas deve garantir a verdade da conclusão do argumento.
O Cruzeiro é um bom time de futebol. Isso significa que, se o argumento é válido, jamais poderemos che-
Todos os times brasileiros de futebol são bons. gar a uma conclusão falsa quando as premissas forem verdadeiras.
Note que não podemos afirmar que todos os times brasileiros
são bons sabendo apenas que 4 deles são bons. Exemplo: (CESPE) Suponha um argumento no qual as pre-
missas sejam as proposições I e II abaixo.
Exemplo: (FCC) Considere que as seguintes afirmações são I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz.
verdadeiras: II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco.
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.” Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulheres desem-
“Existem crianças que são inteligentes.” pregadas vivem pouco”, tem-se um argumento correto.
Assim sendo, certamente é verdade que:
(A) Alguma criança inteligente não gosta de passear no Me- SOLUÇÃO:
trô de São Paulo. Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver artigo
(B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de São sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução, teremos:
Paulo é inteligente. I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz. =
(C) Alguma criança não inteligente não gosta de passear no Toda mulher desempregada é infeliz.
Metrô de São Paulo. II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. = Toda
(D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de São Paulo mulher infeliz vive pouco.
é inteligente.
(E) Toda criança inteligente não gosta de passear no Metrô
de São Paulo.

SOLUÇÃO:
Representando as proposições na forma de conjuntos (diagra-
mas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos) teremos:
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
“Existem crianças que são inteligentes.”

Com isso, qualquer mulher que esteja no conjunto das desem-


pregadas (ver boneco), automaticamente estará no conjunto das
mulheres que vivem pouco. Portanto, se a conclusão for a propo-
sição “Mulheres desempregadas vivem pouco”, tem-se um argu-
mento correto (correto = válido!).
Pelo gráfico, observamos claramente que se todas as crian-
ças gostam de passear no metrô e existem crianças inteligentes, Argumento Inválido
então  alguma criança que gosta de passear no Metrô de São Dizemos que um argumento é inválido, quando a verdade das
Paulo é inteligente. Logo, a alternativa correta é a opção B. premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclusão,
ou seja, quando a conclusão não é uma consequência obrigató-
ria das premissas.

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE LÓGICA
Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se Ana 2. As proposições “Luiz joga basquete porque Luiz é alto”
cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, mas (e) Ana e “Luiz não é alto porque Luiz não joga basquete” são logica-
não cometeu um crime perfeito, então Ana é suspeita. mente equivalentes.
A) Certo
SOLUÇÃO: B) Errado
Representando as premissas do enunciado na forma de dia- Resposta: A.
gramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), obteremos: São equivalentes por que “Luiz não é alto porque Luiz não
Premissas: joga basquete” nega as duas partes da proposição, a deixando equi-
“Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspei- valente a primeira.
ta” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito não é suspeita”. 
“Ana não cometeu um crime perfeito”. 3. A sentença “A justiça e a lei nem sempre andam pelos
 Conclusão: mesmos caminhos” pode ser representada simbolicamente
“Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, apenas as por PΛQ, em que as proposições P e Q são convenientemente
premissas!) escolhidas.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.
Não, pois ^ representa o conectivo “e”, e o “e” é usado para
unir A justiça E a lei, e “A justiça” não pode ser considerada uma
proposição, pois não pode ser considerada verdadeira ou falsa.

4. Considere que a tabela abaixo representa as primeiras


colunas da tabela-verdade da proposição

O fato do enunciado ter falado apenas que “Ana não cometeu


um crime perfeito”, não nos diz se ela é suspeita ou não. Por isso
temos duas possibilidades (ver bonecos). Logo, a questão está er-
rada, pois não podemos afirmar, com certeza, que Ana é suspeita.
Logo, o argumento é inválido.

EXERCICIOS:

(TJ-AC - Analista Judiciário - Conhecimentos Básicos -


Cargos 1 e 2 - CESPE/2012) (10 a 13)

Considerando que as proposições lógicas sejam represen-


tadas por letras maiúsculas, julgue os próximos itens, relativos
a lógica proposicional e de argumentação. Logo, a coluna abaixo representa a última coluna dessa
tabela-verdade.
1. A expressão é uma tautologia.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.
Fazendo a tabela verdade:

P Q P→Q (P→Q) V P [(P→Q) V P]→Q


V V V V V
V F F V V
F V V V V
F F F F F

Portanto não é uma tautologia.

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE LÓGICA
A) Certo Argumento válido é aquele que pode ser concluído a partir das
B) Errado premissas, considerando que as premissas são verdadeiras então
tenho que:
Resposta: A. Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
Fazendo a tabela verdade: Se João disputar a presidência então Pedro não vai disputar;
Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do partido
P Q R (P→Q)^(~R) e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;
Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não disputará
V V V F a presidência.
V V F V
V F V F (PRF - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - Todos os
Cargos - CESPE/2012)
V F F F Um jovem, visando ganhar um novo smartphone no dia
F V V F das crianças, apresentou à sua mãe a seguinte argumentação:
F V F V “Mãe, se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas a
vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem
F F V F da minha idade. Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho
F F F V capacidade para assumir minhas responsabilidades, então não
tenho um mínimo de maturidade. Se não ajo como um homem
TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012) da minha idade, sou tratado como criança. Se não tenho um
mínimo de maturidade, sou tratado como criança. Logo, se sou
tratado como criança, mereço ganhar um novo smartphone no
dia das crianças”.
Com base nessa argumentação, julgue os itens a seguir..

6. A proposição “Se estou há 7 anos na faculdade e não te-


nho capacidade para assumir minhas responsabilidades, então
não tenho um mínimo de maturidade” é equivalente a “Se eu
tenho um mínimo de maturidade, então não estou há 7 anos na
faculdade e tenho capacidade para assumir minhas responsa-
bilidades”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.
Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P 
Negação de Proposição: ~ (P ^ Q)  =  ~ P v ~ Q 

Com base na situação descrita acima, julgue o item a


seguir.

5. O argumento cujas premissas correspondem às quatro


afirmações do jornalista e cuja conclusão é “Pedro não dis-
putará a eleição presidencial da República” é um argumento
válido.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE LÓGICA

P Q R ¬P ¬Q ¬R P^¬Q (P^¬Q) → ¬R ¬P^Q R→ (¬P^Q)


V V V F F F F V F F
V V F F F V F V F V
V F V F V F V F F F
V F F F V V V V F V
F V V V F F F V V V
F V F V F V F V V V
F F V V V F F V F F
F F F V V V F V F V

Portanto não são equivalentes.

7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e “Dependo de mesa-
da”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas
a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha idade”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: A.
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto que trata-se da
conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.

8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um mínimo de matu-
ridade, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou não tenho um mínimo de ma-
turidade, sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade

A B C ~A  ~C (~A → B) (~C → B) (~A v ~ C) (~A→ B) ^ (~ C→ B) (~A v ~ C)→ B


V V V F F V V F V V
V V F F V V V V V V
V F V F F V V F V V
V F F F V V F V F F
F V V V F V V V V V
F V F V V V V V V V
F F V V F F V V F F
F F F V V F F V F F

De acordo com a tabela verdade são equivalentes.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE LÓGICA
Diagramas Lógicos Jornais Leitores
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários pro- A 300
blemas. Uma situação que esses diagramas poderão ser usados, é B 250
na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma C 200
determinada característica.
AeB 70
AeC 65
BeC 105
A, B e C 40
Nenhum 150

Para termos os valores reais da pesquisa, vamos inicialmente


montar os diagramas que representam cada conjunto. A colocação dos
valores começará pela intersecção dos três conjuntos e depois para as
intersecções duas a duas e por último às regiões que representam cada
conjunto individualmente. Representaremos esses conjuntos dentro
Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem carro, 18 de um retângulo que indicará o conjunto universo da pesquisa.
que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto. Baseando-se
nesses dados, e nos diagramas lógicos poderemos saber: Quantas
pessoas têm no grupo ou quantas dirigem somente carro ou ainda
quantas dirigem somente motos. Vamos inicialmente montar os
diagramas dos conjuntos que representam os motoristas de motos
e motoristas de carros. Começaremos marcando quantos elemen-
tos tem a intersecção e depois completaremos os outros espaços.

Fora dos diagramas teremos 150 elementos que não são leitores
de nenhum dos três jornais.
Na região I, teremos: 70 - 40 = 30 elementos.
Na região II, teremos: 65 - 40 = 25 elementos.
Na região III, teremos: 105 - 40 = 65 elementos.
Marcando o valor da intersecção, então iremos subtraindo esse Na região IV, teremos: 300 - 40 - 30 - 25 = 205 elementos.
valor da quantidade de elementos dos conjuntos A e B. A partir dos Na região V, teremos: 250 - 40 -30 - 65 = 115 elementos.
valores reais, é que poderemos responder as perguntas feitas. Na região VI, teremos: 200 - 40 - 25 - 65 = 70 elementos.

Dessa forma, o diagrama figura preenchido com os seguintes ele-


mentos:

a) Temos no grupo: 8 + 10 + 33 = 51 motoristas.


b) Dirigem somente carros 33 motoristas.
c) Dirigem somente motos 8 motoristas.
No caso de uma pesquisa de opinião sobre a preferência quan- Com essa distribuição, poderemos notar que 205 pessoas leem
to à leitura de três jornais. A, B e C, foi apresentada a seguinte apenas o jornal A. Verificamos que 500 pessoas não leem o jornal
tabela: C, pois é a soma 205 + 30 + 115 + 150. Notamos ainda que 700
pessoas foram entrevistadas, que é a soma 205 + 30 + 25 + 40 +
115 + 65 + 70 + 150.

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE LÓGICA
Diagrama de Euler Diagramas de Venn

Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de Venn, mas Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usados em
não precisa conter todas as zonas (onde uma zona é definida como matemática para simbolizar graficamente propriedades, axiomas
a área de intersecção entre dois ou mais contornos). Assim, um e problemas relativos aos conjuntos e sua teoria. Os respectivos
diagrama de Euler pode definir um universo de discurso, isto é, diagramas consistem de curvas fechadas simples desenhadas sobre
ele pode definir um sistema no qual certas intersecções não são um plano, de forma a simbolizar os conjuntos e permitir a repre-
possíveis ou consideradas. Assim, um diagrama de Venn contendo sentação das relações de pertença entre conjuntos e seus elementos
os atributos para Animal, Mineral e quatro patas teria que con- (por exemplo, 4 ∉ {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações
ter intersecções onde alguns estão em ambos animal, mineral e de de continência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, {1, 3}
quatro patas. Um diagrama de Venn, consequentemente, mostra ⊂ {1, 2, 3, 4}). Assim, duas curvas que não se tocam e estão
todas as possíveis combinações ou conjunções. uma no espaço interno da outra simbolizam conjuntos que pos-
suem continência; ao passo que o ponto interno a uma curva repre-
senta um elemento pertencente ao conjunto.
Os diagramas de Venn são construídos com coleções de cur-
vas fechadas contidas em um plano. O interior dessas curvas re-
presenta, simbolicamente, a coleção de elementos do conjunto. De
acordo com Clarence Irving Lewis, o “princípio desses diagramas
é que classes (ou conjuntos) sejam representadas por regiões, com
tal relação entre si que todas as relações lógicas possíveis entre as
classes possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o diagra-
Diagramas de Euler consistem em curvas simples fechadas ma deixa espaço para qualquer relação possível entre as classes, e
(geralmente círculos) no plano que mostra os conjuntos. Os tama- a relação dada ou existente pode então ser definida indicando se
nhos e formas das curvas não são importantes: a significância do alguma região em específico é vazia ou não-vazia”. Pode-se escre-
diagrama está na forma como eles se sobrepõem. As relações es- ver uma definição mais formal do seguinte modo: Seja C = (C1, C2,
paciais entre as regiões delimitadas por cada curva (sobreposição, ... Cn) uma coleção de curvas fechadas simples desenhadas em um
contenção ou nenhuma) correspondem relações teóricas (subcon- plano. C é uma família independente se a região formada por cada
junto interseção e disjunção). Cada curva de Euler divide o plano uma das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o interior ou o
em duas regiões ou zonas estão: o interior, que representa simbo- exterior de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se todas as curvas
licamente os elementos do conjunto, e o exterior, o que represen- se intersectam de todas as maneiras possíveis. Se, além disso, cada
ta todos os elementos que não são membros do conjunto. Curvas uma dessas regiões é conexa e há apenas um número finito de pon-
cujos interiores não se cruzam representam conjuntos disjuntos. tos de interseção entre as curvas, então C é um diagrama de Venn
Duas curvas cujos interiores se interceptam representam conjun- para n conjuntos.
tos que têm elementos comuns, a zona dentro de ambas as curvas Nos casos mais simples, os diagramas são representados por
representa o conjunto de elementos comuns a ambos os conjuntos círculos que se encobrem parcialmente. As partes referidas em um
(intersecção dos conjuntos). Uma curva que está contido comple- enunciado específico são marcadas com uma cor diferente. Even-
tamente dentro da zona interior de outro representa um subconjun- tualmente, os círculos são representados como completamente
to do mesmo. inseridos dentro de um retângulo, que representa o conjunto uni-
Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva de dia- verso daquele particular contexto (já se buscou a existência de um
gramas de Euler. Um diagrama de Venn deve conter todas as pos- conjunto universo que pudesse abranger todos os conjuntos possí-
síveis zonas de sobreposição entre as suas curvas, representando veis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era impossível).
todas as combinações de inclusão / exclusão de seus conjuntos A ideia de conjunto universo é normalmente atribuída a Lewis
constituintes, mas em um diagrama de Euler algumas zonas podem Carroll. Do mesmo modo, espaços internos comuns a dois ou mais
estar faltando. Essa falta foi o que motivou Venn a desenvolver conjuntos representam a sua intersecção, ao passo que a totalidade
seus diagramas. Existia a necessidade de criar diagramas em que dos espaços pertencentes a um ou outro conjunto indistintamente
pudessem ser observadas, por meio de suposição, quaisquer rela- representa sua união.
ções entre as zonas não apenas as que são “verdadeiras”. John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX, am-
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) são pliando e formalizando desenvolvimentos anteriores de Leibniz e
largamente utilizados para ensinar a teoria dos conjuntos no cam- Euler. E, na década de 1960, eles foram incorporados ao currículo
po da matemática ou lógica matemática no campo da lógica. Eles escolar de matemática. Embora seja simples construir diagramas
também podem ser utilizados para representar relacionamentos de Venn para dois ou três conjuntos, surgem dificuldades quando
complexos com mais clareza, já que representa apenas as relações se tenta usá-los para um número maior. Algumas construções pos-
válidas. Em estudos mais aplicados esses diagramas podem ser síveis são devidas ao próprio John Venn e a outros matemáticos
utilizados para provar / analisar silogismos que são argumentos como Anthony W. F. Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith.
lógicos para que se possa deduzir uma conclusão. Além disso, encontram-se em uso outros diagramas similares aos
de Venn, entre os quais os de Euler, Johnston, Pierce e Karnaugh.

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE LÓGICA
Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: suponha-
se que o conjunto A representa os animais bípedes e o conjunto B
representa os animais capazes de voar. A área onde os dois círcu-
los se sobrepõem, designada por intersecção A e B ou intersecção
A-B, conteria todas as criaturas que ao mesmo tempo podem voar
e têm apenas duas pernas motoras.
Intersecção de dois conjuntos: AB

Considere-se agora que cada espécie viva está representada Complementar de dois conjuntos: U \ (AB)
por um ponto situado em alguma parte do diagrama. Os humanos e
os pinguins seriam marcados dentro do círculo A, na parte dele que Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas de 16
não se sobrepõe com o círculo B, já que ambos são bípedes mas formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar sobre os ani-
não podem voar. Os mosquitos, que voam mas têm seis pernas, mais que voam ou tem duas patas (pelo menos uma das caracte-
seriam representados dentro do círculo B e fora da sobreposição. rísticas); tal conjunto seria representado pela união de A e B. Já
Os canários, por sua vez, seriam representados na intersecção A-B, os animais que voam e não possuem duas patas mais os que não
já que são bípedes e podem voar. Qualquer animal que não fosse voam e possuem duas patas, seriam representados pela diferença
bípede nem pudesse voar, como baleias ou serpentes, seria marca- simétrica entre A e B. Estes exemplos são mostrados nas imagens
do por pontos fora dos dois círculos. a seguir, que incluem também outros dois casos.
Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro áreas
distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte de cada
círculo que pertence a ambos os círculos (onde há sobreposição),
e as duas áreas que não se sobrepõem, mas estão em um círculo
ou no outro):
- Animais que possuem duas pernas e não voam (A sem so-
breposição).
- Animais que voam e não possuem duas pernas (B sem so- União de dois conjuntos: A B
breposição).
- Animais que possuem duas pernas e voam (sobreposição).
- Animais que não possuem duas pernas e não voam (branco
- fora).

Essas configurações são representadas, respectivamente, pe-


las operações de conjuntos: diferença de A para B, diferença de B
para A, intersecção entre A e B, e conjunto complementar de A e Diferença Simétrica de dois conjuntos: A B
B. Cada uma delas pode ser representada como as seguintes áreas
(mais escuras) no diagrama:

Complementar de A em U: AC = U \ A

Diferença de A para B: A\B

Complementar de B em U: BC = U \ B

Diferença de B para A: B\A

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE LÓGICA
Três Conjuntos: Na sua apresentação inicial, Venn focou-se Proposições Categóricas
sobretudo nos diagramas de três conjuntos. Alargando o exemplo
anterior, poderia-se introduzir o conjunto C dos animais que pos- - Todo A é B
suem bico. Neste caso, o diagrama define sete áreas distintas, que - Nenhum A é B
podem combinar-se de 256 (28) maneiras diferentes, algumas delas - Algum A é B e
ilustradas nas imagens seguintes. - Algum A não é B

Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o conjunto A


é um subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está contido em B.
Atenção: dizer que Todo A é B não significa o mesmo que Todo
B é A. Enunciados da forma Nenhum A é B afirmam que os con-
juntos A e B são disjuntos, isto é, não tem elementos em comum.
Atenção: dizer que Nenhum A é B é logicamente equivalente a
dizer que Nenhum B é A.
Por convenção universal em Lógica, proposições da forma
Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo menos um
Diagrama de Venn mostrando todas as intersecções possíveis elemento em comum com o conjunto B. Contudo, quando dizemos
entre A, B e C. que Algum A é B, pressupomos que nem todo A é B. Entretanto,
no sentido lógico de algum, está perfeitamente correto afirmar que
“alguns de meus colegas estão me elogiando”, mesmo que todos
eles estejam. Dizer que Algum A é B é logicamente equivalente
a dizer que Algum B é A. Também, as seguintes expressões são
equivalentes: Algum A é B = Pelo menos um A é B = Existe um
A que é B.
Proposições da forma Algum A não é B estabelecem que o
conjunto A tem pelo menos um elemento que não pertence ao con-
junto B. Temos as seguintes equivalências: Algum A não é B =
Algum A é não B = Algum não B é A. Mas não é equivalente a
União de três conjuntos: A B C Algum B não é A. Nas proposições categóricas, usam-se também
as variações gramaticais dos verbos ser e estar, tais como é, são,
está, foi, eram, ..., como elo de ligação entre A e B.

- Todo A é B = Todo A não é não B.


- Algum A é B = Algum A não é não B.
- Nenhum A é B = Nenhum A não é não B.
- Todo A é não B = Todo A não é B.
- Algum A é não B = Algum A não é B.
- Nenhum A é não B = Nenhum A não é B.
Intersecção de três conjuntos: A B C - Nenhum A é B = Todo A é não B.
- Todo A é B = Nenhum A é não B.
- A negação de Todo A é B é Algum A não é B (e vice-versa).
- A negação de Algum A é B é Nenhum A não é B (e vice-
versa).

Verdade ou Falsidade das Proposições Categóricas


Dada a verdade ou a falsidade de qualquer uma das proposi-
ções categóricas, isto é, de Todo A é B, Nenhum A é B, Algum A é
B e Algum A não é B, pode-se inferir de imediato a verdade ou a
A \ (B C) falsidade de algumas ou de todas as outras.

1. Se a proposição Todo A é B é verdadeira, então temos as


duas representações possíveis:

1 2
B
A = B
A

(B C) \ A

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE LÓGICA
Nenhum A é B. É falsa. QUESTÕES
Algum A é B. É verdadeira.
Algum A não é B. É falsa. 01. Represente por diagrama de Venn-Euler
(A) Algum A é B
2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então temos (B) Algum A não é B
somente a representação: (C) Todo A é B
(D) Nenhum A é B

A B 02. (Especialista em Políticas Públicas Bahia - FCC) Conside-


rando “todo livro é instrutivo” como uma proposição verdadeira,
é correto inferir que:
(A) “Nenhum livro é instrutivo” é uma proposição necessaria-
mente verdadeira.
Todo A é B. É falsa. (B) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição necessaria-
Algum A é B. É falsa. mente verdadeira.
Algum A não é B. É verdadeira. (C) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição verda-
deira ou falsa.
3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as quatro (D) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição verdadeira
representações possíveis: ou falsa.
(E) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição necessa-
riamente verdadeira.

03. Dos 500 músicos de uma Filarmônica, 240 tocam instru-


mentos de sopro, 160 tocam instrumentos de corda e 60 tocam
esses dois tipos de instrumentos. Quantos músicos desta Filarmô-
nica tocam:
(A) instrumentos de sopro ou de corda?
(B) somente um dos dois tipos de instrumento?
(C) instrumentos diferentes dos dois citados?

04. (TTN - ESAF) Se é verdade que “Alguns A são R” e que


“Nenhum G é R”, então é necessariamente verdadeiro que:
Nenhum A é B. É falsa. (A) algum A não é G;
Todo A é B. Pode ser verdadeira (em 3 e 4) ou falsa (em 1 e 2). (B) algum A é G.
Algum A não é B. Pode ser verdadeira (em 1 e 2) ou falsa (em (C) nenhum A é G;
3 e 4) – é indeterminada. (D) algum G é A;
(E) nenhum G é A;
4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as
três representações possíveis: 05. Em uma classe, há 20 alunos que praticam futebol mas não
praticam vôlei e há 8 alunos que praticam vôlei mas não praticam
futebol. O total dos que praticam vôlei é 15. Ao todo, existem 17
alunos que não praticam futebol. O número de alunos da classe é:
(A) 30.
(B) 35.
(C) 37.
(D) 42.
(E) 44.
3
06. Um colégio oferece a seus alunos a prática de um ou mais
A B
dos seguintes esportes: futebol, basquete e vôlei. Sabe-se que, no
atual semestre:
- 20 alunos praticam vôlei e basquete.
Todo A é B. É falsa. - 60 alunos praticam futebol e 55 praticam basquete.
Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em 1 e - 21 alunos não praticam nem futebol nem vôlei.
2 – é indeterminada). - o número de alunos que praticam só futebol é idêntico ao
Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira (em 1 e número de alunos que praticam só vôlei.
2 – é indeterminada). - 17 alunos praticam futebol e vôlei.
- 45 alunos praticam futebol e basquete; 30, entre os 45, não
praticam vôlei.

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE LÓGICA
O número total de alunos do colégio, no atual semestre, é Respostas
igual a:
(A) 93 01.
(B) 110
(C) 103 (A)
(D) 99
(E) 114

07. Numa pesquisa, verificou-se que, das pessoas entrevista-


das, 100 liam o jornal X, 150 liam o jornal Y, 20 liam os dois (B)
jornais e 110 não liam nenhum dos dois jornais. Quantas pessoas
foram entrevistadas?
(A) 220
(B) 240
(C) 280 (C)
(D) 300
(E) 340

08. Em uma entrevista de mercado, verificou-se que 2.000 (D)


pessoas usam os produtos C ou D. O produto D é usado por 800
pessoas e 320 pessoas usam os dois produtos ao mesmo tempo.
Quantas pessoas usam o produto C?
(A) 1.430
(B) 1.450 02. Resposta “B”.
(C) 1.500
(D) 1.520
(E) 1.600

09. Sabe-se que o sangue das pessoas pode ser classificado em


quatro tipos quanto a antígenos. Em uma pesquisa efetuada num
grupo de 120 pessoas de um hospital, constatou-se que 40 delas
têm o antígeno A, 35 têm o antígeno B e 14 têm o antígeno AB.
Com base nesses dados, quantas pessoas possuem o antígeno O? A opção A é descartada de pronto: “nenhum livro é instrutivo”
(A) 50 implica a total dissociação entre os diagramas. E estamos com a
(B) 52 situação inversa. A opção “B” é perfeitamente correta. Percebam
(C) 59 como todos os elementos do diagrama “livro” estão inseridos no
(D) 63 diagrama “instrutivo”. Resta necessariamente perfeito que algum
(E) 65 livro é instrutivo.

10. Em uma universidade são lidos dois jornais, A e B. Exa- 03. Seja C o conjunto dos músicos que tocam instrumentos de
tamente 80% dos alunos leem o jornal A e 60% leem o jornal B. corda e S dos que tocam instrumentos de sopro. Chamemos de F o
Sabendo que todo aluno é leitor de pelo menos um dos jornais, conjunto dos músicos da Filarmônica. Ao resolver este tipo de pro-
encontre o percentual que leem ambos os jornais. blema faça o diagrama, assim você poderá visualizar o problema e
(A) 40% sempre comece a preencher os dados de dentro para fora.
(B) 45%
(C) 50% Passo 1: 60 tocam os dois instrumentos, portanto, após fazer-
(D) 60% mos o diagrama, este número vai no meio.
(E) 65% Passo 2:
a)160 tocam instrumentos de corda. Já temos 60. Os que só
tocam corda são, portanto 160 - 60 = 100
b) 240 tocam instrumento de sopro. 240 - 60 = 180

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE LÓGICA
Vamos ao diagrama, preenchemos os dados obtidos acima:

100 60 180

Teste das alternativas:


Teste da alternativa “A” (algum A não é G). Observando os
desenhos dos círculos, verificamos que esta alternativa é verda-
Com o diagrama completamente preenchido, fica fácil achara deira para os dois desenhos de A, isto é, nas duas representações
as respostas: Quantos músicos desta Filarmônica tocam: há elementos em A que não estão em G. Passemos para o teste da
a) instrumentos de sopro ou de corda? Pelos dados do proble- próxima alternativa.
ma: 100 + 60 + 180 = 340 Teste da alternativa “B” (algum A é G). Observando os dese-
b) somente um dos dois tipos de instrumento? 100 + 180 = nhos dos círculos, verificamos que, para o desenho de A que está
280 mais a direita, esta alternativa não é verdadeira, isto é, tem elemen-
c) instrumentos diferentes dos dois citados? 500 - 340 = 160 tos em A que não estão em G. Pelo mesmo motivo a alternativa
“D” não é correta. Passemos para a próxima.
04. Esta questão traz, no enunciado, duas proposições cate- Teste da alternativa “C” (Nenhum A é G). Observando os
góricas: desenhos dos círculos, verificamos que, para o desenho de A que
- Alguns A são R está mais a esquerda, esta alternativa não é verdadeira, isto é, tem
- Nenhum G é R elementos em A que estão em G. Pelo mesmo motivo a alternativa
“E” não é correta. Portanto, a resposta é a alternativa “A”.
Devemos fazer a representação gráfica de cada uma delas por
círculos para ajudar-nos a obter a resposta correta. Vamos iniciar 05. Resposta “E”.
pela representação do Nenhum G é R, que é dada por dois círculos
separados, sem nenhum ponto em comum.

n = 20 + 7 + 8 + 9
Como já foi visto, não há uma representação gráfica única n = 44
para a proposição categórica do Alguns A são R, mas geralmente
a representação em que os dois círculos se interceptam (mostrada 06. Resposta “D”.
abaixo) tem sido suficiente para resolver qualquer questão.
n(FeB) = 45 e n(FeB -V) = 30 → n(FeBeV) = 15
n(FeV) = 17 com n(FeBeV) = 15 → n(FeV - B) = 2
n(F) = n(só F) + n(FeB-V) + n(FeV -B) + n(FeBeV)
60 = n(só F) + 30 + 2 + 15 → n(só F) = 13

n(sóF) = n(sóV) = 13
Agora devemos juntar os desenhos das duas proposições cate- n(B) = n(só B) + n(BeV) + n(BeF-V) → n(só B) = 65 - 20 –
góricas para analisarmos qual é a alternativa correta. Como a ques- 30 = 15
tão não informa sobre a relação entre os conjuntos A e G, então n(nem F nem B nem V) = n(nem F nem V) - n(solo B) = 21-
teremos diversas maneiras de representar graficamente os três con- 15 = 6
juntos (A, G e R). A alternativa correta vai ser aquela que é verda-
deira para quaisquer dessas representações. Para facilitar a solução Total = n(B) + n(só F) + n(só V) + n(Fe V - B) + n(nemF
da questão não faremos todas as representações gráficas possíveis nemB nemV) = 65 + 13 + 13 + 2 + 6 = 99.
entre os três conjuntos, mas sim, uma (ou algumas) representa-
ção(ões) de cada vez e passamos a analisar qual é a alternativa que
satisfaz esta(s) representação(ões), se tivermos somente uma alter-
nativa que satisfaça, então já achamos a resposta correta, senão,
desenhamos mais outra representação gráfica possível e passamos
a testar somente as alternativas que foram verdadeiras. Tomemos
agora o seguinte desenho, em que fazemos duas representações,
uma em que o conjunto A intercepta parcialmente o conjunto G, e
outra em que não há intersecção entre eles.

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE LÓGICA
07. Resposta “E”.

A B

80 20 130 + 110

Começamos resolvendo pelo que é comum: 20 alunos gostam


de ler os dois.
Leem somente A: 100 – 20 = 80
Leem somente B: 150 – 20 = 130
Totaliza: 80 + 20 + 130 + 110 = 340 pessoas.

08. Resposta “D”.

A B

1200 320 480

Somente B: 800 – 320 = 480


Usam A = total – somente B = 2000 – 480 = 1520.

09. Resposta “C”.


A B

+ 59
26 14 21

Começa-se resolvendo pelo AB, então somente A = 40 – 14 =


26 e somente B = 35 – 14 = 21.
Somando-se A, B e AB têm-se 61, então o O são 120 – 61 =
59 pessoas.

10. Resposta “A”.


- Jornal A → 0,8 – x
- Jornal B → 0,6 – x
- Intersecção → x

Então fica:

(0,8 - x) + (0,6 - x) + x = 1
- x + 1,4 = 1
- x = - 0,4
x = 0,4.

Resposta “40% dos alunos leem ambos os jornais”.

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos o número
MS-WINDOWS 7: CONCEITO DE PASTAS, de capacidades e certos programas que faziam parte do Windows
DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS, Vista não estão mais presentes ou mudaram, resultando na remo-
ÁREA DE TRABALHO, ÁREA DE ção de certas funcionalidades. Mesmo assim, devido ao fato de
TRANSFERÊNCIA, MANIPULAÇÃO ainda ser um sistema operacional em desenvolvimento, nem todos
os recursos podem ser definitivamente considerados excluídos.
DE ARQUIVOS E PASTAS, USO DOS
Fixar navegador de internet e cliente de e-mail padrão no
MENUS, PROGRAMAS E APLICATIVOS, menu Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser fixados
INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE manualmente).
APLICATIVOS Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Windows
Mail e Windows
Calendar foram substituídos pelas suas respectivas contrapar-
tes do Windows Live, com a perda de algumas funcionalidades.
O Windows 7, assim como o Windows Vista, estará disponível
Windows 7 em cinco diferentes edições, porém apenas o Home Premium, Pro-
O Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de julho de fessional e Ultimate serão vendidos na maioria dos países, restando
2009, e começou a ser vendido livremente para usuários comuns outras duas edições que se concentram em outros mercados, como
dia 22 de outubro de 2009. mercados de empresas ou só para países em desenvolvimento.
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas novida- Cada edição inclui recursos e limitações, sendo que só o Ultimate
des, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e direcionada não tem limitações de uso. Segundo a Microsoft, os recursos para
para a linha Windows, tem a intenção de torná-lo totalmente com- todas as edições do Windows 7 são armazenadas no computador.
patível com aplicações e hardwares com os quais o Windows Vista Um dos principais objetivos da Microsoft com este novo Win-
já era compatível. dows é proporcionar uma melhor interação e integração do siste-
Apresentações dadas pela companhia no começo de 2008 ma com o usuário, tendo uma maior otimização dos recursos do
mostraram que o Windows 7 apresenta algumas variações como Windows 7, como maior autonomia e menor consumo de energia,
uma barra de tarefas diferente, um sistema de “network” chamada voltado a profissionais ou usuários de internet que precisam in-
de “HomeGroup”, e aumento na performance. teragir com clientes e familiares com facilidade, sincronizando e
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tarefas e compartilhando facilmente arquivos e diretórios.
suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi-touch)
· Internet Explorer 8; Recursos
· Novo menu Iniciar; Segundo o site da própria Microsoft, os recursos encontrados
· Nova barra de ferramentas totalmente reformulada; no Windows 7 são fruto das novas necessidades encontradas pe-
· Comando de voz (inglês); los usuários. Muitos vêm de seu antecessor, Windows Vista, mas
· Gadgets sobre o desktop; existem novas funcionalidades exclusivas, feitas para facilitar a
· Novos papéis de parede, ícones, temas etc.; utilização e melhorar o desempenho do SO (Sistema Operacional)
· Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows Me- no computador.
dia Player, integrado ao Windows Explorer; Vale notar que, se você tem conhecimentos em outras versões
· Arquitetura modular, como no Windows Server 2008; do Windows, não terá que jogar todo o conhecimento fora. Ape-
· Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Windows nas vai se adaptar aos novos caminhos e aprender “novos truques”
(Paint e WordPad, por exemplo), como no Office 2007; enquanto isso.
· Aceleradores no Internet Explorer 8;
· Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória RAM; Tarefas Cotidianas
· Home Groups; Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia se tornou
· Melhor desempenho; comum. Não precisamos mais estar em alguma empresa enorme
· Windows Media Player 12; para precisar sempre de um computador perto de nós. O Windows
· Nova versão do Windows Media Center; 7 vem com ferramentas e funções para te ajudar em tarefas comuns
· Gerenciador de Credenciais; do cotidiano.
· Instalação do sistema em VHDs;
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com mais Grupo Doméstico
funções; Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais compu-
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet, Gamão tadores em sua casa. Permitir a comunicação entre várias estações
Internet e Internet Damas; vai te poupar de ter que ir fisicamente aonde a outra máquina está
· Windows XP Mode; para recuperar uma foto digital armazenada apenas nele.
· Aero Shake; Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica simplificada
e segura. Você decide o que compartilhar e qual os privilégios que
os outros terão ao acessar a informação, se é apenas de visualiza-
ção, de edição e etc.

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Tela sensível ao toque Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere importan-
O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensível ao te. Se a edição de um determinado documento é constante, vale a
toque com opção a multitoque, recurso difundido pelo iPhone. pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto que a lista de recentes se
O recurso multitoque percebe o toque em diversos pontos da modifica conforme você abre e fecha novos documentos.
tela ao mesmo tempo, assim tornando possível dimensionar uma
imagem arrastando simultaneamente duas pontas da imagem na tela. Snap
O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de aplicativos e Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum ver vá-
jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Collage é um aplica- rias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recurso de Snap, você
tivo para organizar e redimensionar fotos. Nele é possível montar pode posicioná-las de um jeito prático e divertido. Basta apenas
slide show de fotos e criar papeis de parede personalizados. Essas clicar e arrastá-las pelas bordas da tela para obter diferentes posi-
funções não são novidades, mas por serem feitas para usar uma cionamentos.
tela sensível a múltiplos toques as tornam novidades. O Snap é útil tanto para a distribuição como para a compara-
ção de janelas. Por exemplo, jogue uma para a esquerda e a outra
na direita. Ambas ficaram abertas e dividindo igualmente o espaço
pela tela, permitindo que você as veja ao mesmo tempo.

Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e estendido.
Podemos fazer buscas mais simples e específicas diretamente do
menu iniciar, mas foi mantida e melhorada a busca enquanto você
navega pelas pastas.

Menu iniciar
As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do menu
iniciar. É útil quando você necessita procurar, por exemplo, pelo
Microsoft Surface Collage, atalho de inicialização de algum programa ou arquivo de modo
desenvolvido para usar tela sensível ao toque. rápido.
“Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do Windo-
Lista de Atalhos ws Search, a pesquisa do menu início não olha apenas aos nomes
Novidade desta nova versão, agora você pode abrir diretamen- de pastas e arquivos.
te um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o programa que Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e propriedades tam-
você utilizou. Digamos que você estava editando um relatório em bém” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
seu editor de texto e precisou fechá-lo por algum motivo. Quando Os resultados são mostrados enquanto você digita e são divi-
quiser voltar a trabalhar nele, basta clicar com o botão direito sob didos em categorias, para facilitar sua visualização.
o ícone do editor e o arquivo estará entre os recentes. Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua busca pode
Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se preocu- ser dividido.
par em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai diretamente · Programas
para a informação, ganhando tempo. · Painel de Controle
· Documentos
· Música
· Arquivos

Exemplo de arquivos recentes no Paint.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As restrições básicas que o 7 disponibiliza:
· Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do dia que
o PC pode ser utilizado.
· Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo horário
e também pela classificação do jogo. Vale notar que a classificação
já vem com o próprio game.
· Bloquear programas: É possível selecionar quais aplicativos
estão autorizados a serem executados.
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a quanti-
dade de restrições, como controlar as páginas que são acessadas, e
até mesmo manter um histórico das atividades online do usuário.

Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de segurança
e manutenção do Windows. Elas são classificadas em vermelho
(importante – deve ser resolvido rapidamente) e amarelas (tarefas
recomendadas).
O painel também é útil caso você sinta algo de estranho no
computador. Basta checar o painel e ver se o Windows detectou
Ao digitar “pai” temos os itens que algo de errado.
contêm essas letras em seu nome.

Windows Explorer
O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena parte do
total disponível. Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é
acionado automaticamente quando você navega pelas pastas do seu
computador – você encontrará uma busca mais abrangente.
Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de se fazer uma
busca é necessário abrir a ferramenta de busca. No 7, precisamos apenas
digitar os termos na caixa de busca, que fica no canto superior direito.

A central de ações e suas opções.

Windows Explorer com a caixa de busca - Do seu jeito


(Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 774). O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para nossa qua-
lidade de vida quanto para o desempenho no trabalho. O compu-
A busca não se limita a digitação de palavras. Você pode apli- tador é uma extensão desse ambiente. O Windows 7 permite uma
car filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas, todas as canções alta personalização de ícones, cores e muitas outras opções, dei-
do gênero Rock. Existem outros, como data, tamanho e tipo. De- xando um ambiente mais confortável, não importa se utilizado no
pendendo do arquivo que você procura, podem existir outras clas- ambiente profissional ou no doméstico.
sificações disponíveis. Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão na página
Imagine que todo arquivo de texto sem seu computador possui de Personalização1, que pode ser acessada por um clique com o
um autor. Se você está buscando por arquivos de texto, pode ter a botão direito na área de trabalho e em seguida um clique em Per-
opção de filtrar por autores. sonalizar.
É importante notar que algumas configurações podem deixar
Controle dos pais seu computador mais lento, especialmente efeitos de transparên-
Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que visuali- cia. Abaixo estão algumas das opções de personalização mais in-
zam por meio do computador. O Windows 7 ajuda a limitar o que teressantes.
pode ser visualizado ou não. Para que essa funcionalidade fique
disponível, é importante que o computador tenha uma conta de ad-
ministrador, protegida por senha, registrada. Além disso, o usuário
que se deseja restringir deve ter sua própria conta.

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Papéis de Parede Reproduzir em
Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou pratica- Permitindo acessando de outros equipamentos a um computa-
mente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos de ídolos, pai- dor com o Windows 7, é possível que eles se comuniquem e seja
sagens ou qualquer outra figura que as agrade. Uma das novidades possível tocar, por exemplo, num aparelho de som as músicas que
fica por conta das fotos que você encontra no próprio SO. Variam de você tem no HD de seu computador.
uma foto focando uma única folha numa floresta até uma montanha. É apenas necessário que o aparelho seja compatível com o
A outra é a possibilidade de criar um slide show com várias Windows 7 – geralmente indicado com um logotipo “Compatível
fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a impressão que com o Windows 7».
sua área de trabalho está mais viva.
Streaming de mídia remoto
Gadgets Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do compu-
As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista, mas tador para outros lugares da casa. Se quiser levar para fora dela,
eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar em qualquer uma opção é o Streaming de mídia remoto.
local do desktop. Com este novo recurso, dois computadores rodando Windows
Servem para deixar sua área de trabalho com elementos sor- 7 podem compartilhar músicas através do Windows Media Player
tidos, desde coisas úteis – como uma pequena agenda – até as de 12. É necessário que ambos estejam associados com um ID online,
gosto mais duvidosas – como uma que mostra o símbolo do Corin- como a do Windows Live.
thians. Fica a critério do usuário o que e como utilizar.
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir necessi- Personalização
dade, pode baixar ainda mais opções da internet. Você pode adicionar recursos ao seu computador alterando o
tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área de trabalho, a pro-
teção de tela, o tamanho da fonte e a imagem da conta de usuário.
Você pode também selecionar “gadgets” específicos para sua área
de trabalho.
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na área de
trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da janela sons e, às
vezes, ícones e ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é um vi-
sual premium dessa versão do Windows, apresentando um design
como o vidro transparente com animações de janela, um novo
menu Iniciar, uma nova barra de tarefas e novas cores de borda
de janela.
Use o tema inteiro ou crie seu próprio tema personalizado al-
terando as imagens, cores e sons individualmente. Você também
pode localizar mais temas online no site do Windows. Você tam-
bém pode alterar os sons emitidos pelo computador quando, por
exemplo, você recebe um e-mail, inicia o Windows ou desliga o
computador.
Gadgets de calendário e relógio. O plano de fundo da área de trabalho, chamado de papel de
parede, é uma imagem, cor ou design na área de trabalho que cria
Temas um fundo para as janelas abertas. Você pode escolher uma imagem
Como nem sempre há tempo de modificar e deixar todas as para ser seu plano de fundo de área de trabalho ou pode exibir uma
configurações exatamente do seu gosto, o Windows 7 disponibiliza apresentação de slides de imagens. Também pode ser usada uma
temas, que mudam consideravelmente os aspectos gráficos, como proteção de tela onde uma imagem ou animação aparece em sua
em papéis de parede e cores. tela quando você não utiliza o mouse ou o teclado por determinado
período de tempo. Você pode escolher uma variedade de proteções
ClearType de tela do Windows.
“Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes parecerem mais Aumentando o tamanho da fonte você pode tornar o texto, os
claras e suaves no monitor. É particularmente efetivo para monitores ícones e outros itens da tela mais fáceis de ver. Também é possível
LCD, mas também tem algum efeito nos antigos modelos CRT(mo- reduzir a escala DPI, escala de pontos por polegada, para diminuir
nitores de tubo). O Windows 7 dá suporte a esta tecnologia” (Jim o tamanho do texto e outros itens na tela para que caibam mais
Boyce; Windows 7 Bible, pg 163, tradução nossa). informações na tela.
Outro recurso de personalização é colocar imagem de conta
Novas possibilidades de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um computador.
Os novos recursos do Windows 7 abrem, por si só, novas possi- A imagem é exibida na tela de boas vindas e no menu Iniciar. Você
bilidades de configuração, maior facilidade na navega, dentre outros pode alterar a imagem da sua conta de usuário para uma das ima-
pontos. Por enquanto, essas novidades foram diretamente aplicadas gens incluídas no Windows ou usar sua própria imagem.
no computador em uso, mas no 7 podemos também interagir com
outros dispositivos.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
E para finalizar você pode adicionar “gadgets” de área de tra- O WordPad também foi reformulado, recebeu novo visual
balho, que são miniprogramas personalizáveis que podem exibir mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas ferramentas,
continuamente informações atualizadas como a apresentação de assim se tornando um bom editor para quem não tem o Word 2007.
slides de imagens ou contatos, sem a necessidade de abrir uma A calculadora também sofreu mudanças, agora conta com 2
nova janela. novos modos, programador e estatístico. No modo programador
ela faz cálculos binários e tem opção de álgebra booleana. A esta-
Aplicativos novos tística tem funções de cálculos básicos.
Uma das principais características do mundo Linux é suas Também foi adicionado recurso de conversão de unidades
versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário não precisa como de pés para metros.
ficar baixando arquivos após instalar o sistema, o que não ocorre
com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora existe uma
serie de aplicativos juntos com o Windows 7, para que o usuário
não precisa baixar programas para atividades básicas.
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desktop e
também suportar entrada por caneta e toque.
No Math Input Center, utilizando recursos multitoque, equa-
ções matemáticas escritas na tela são convertidas em texto, para
poder adicioná-la em um processador de texto.
O print screen agora tem um aplicativo que permite capturar
de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela inteira, partes
ou áreas desenhadas da tela com o mouse.

Calculadora: 2 novos modos.

Aplicativo de copiar tela (botão print screen).

O Paint foi reformulado, agora conta com novas ferramentas e design


melhorado, ganhou menus e ferramentas que parecem do Office 2007.
WordPad remodelado
Requisitos
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve em
relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de hardware
(peças) relativamente boa, para que seja utilizado sem problemas
de desempenho.
Esta é a configuração mínima:
· Processador de 1 GHz (32-bit)
· Memória (RAM) de 1 GB
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de
memória (sem Windows Aero)
· Espaço requerido de 16GB
· DVD-ROM
· Saída de Áudio

Paint com novos recursos.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de lentidão Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de não
e ainda usufruir de recursos como o Aero, o recomendado é a se- ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prioriza o que o
guinte configuração. usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
Configuração Recomendada: Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois são
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da visão” do
· Memória (RAM) de 2 GB usuário, dando a impressão que o computador não está lento.
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB Essa característica permite que o usuário não sinta uma lenti-
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos DirectX 9 dão desnecessária no computador.
com 256 MB Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada vez mais
de memória (para habilitar o tema do Windows Aero) recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o sistema operacio-
· Unidade de DVD-R/W nal se torne um forte consumidor de memória e processamento. O
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) 7 disponibiliza vários recursos de ponta e mantêm uma performan-
ce satisfatória.
Atualizar de um SO antigo
O melhor cenário possível para a instalação do Windows 7 é Monitor de desempenho
com uma máquina nova, com os requisitos apropriados. Entretan- Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma ferramenta
to, é possível utilizá-lo num computador antigo, desde que atenda poderosa para verificar como o sistema está se portando. Podem-
se adicionar contadores (além do que já existe) para colher ainda
as especificações mínimas.
mais informações e gerar relatórios.
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista instala-
do, você terá a opção de atualizar o sistema operacional. Caso sua
Monitor de recursos
máquina utilize Windows XP, você deverá fazer a re-instalação do
Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra infor-
sistema operacional. mações sobre o uso do processador, da memória, disco e conexão
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito provavelmen- à rede.
te seu computador não atende aos requisitos mínimos. Entretanto,
nada impede que você tente fazer a reinstalação. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES

Atualização Windows 7 Starter


“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Windows 7 em Como o próprio título acima sugere, esta versão do Windows
seu computador, pois mantém os arquivos, as configurações e os é a mais simples e básica de todas. A Barra de Tarefas foi comple-
programas do Windows Vista no lugar” (Site da Microsoft, http:// tamente redesenhada e não possui suporte ao famoso Aero Glass.
windows.microsoft.com/pt- Uma limitação da versão é que o usuário não pode abrir mais do
BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-to-win- que três aplicativos ao mesmo tempo.
dows-7). Esta versão será instalada em computadores novo apenas nos
É o método mais adequado, se o usuário não possui conheci- países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e Brasil. Disponí-
mento ou tempo para fazer uma instalação do método tradicional. vel apenas na versão de 32 bits.
Optando por essa opção, ainda devesse tomar cuidado com a com-
patibilidade dos programas, o que funciona no Vista nem sempre Windows 7 Home Basic
funcionará no 7. Esta é uma versão intermediária entre as edições Starter e
Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá também a
Instalação versão de 64 bits e permitirá a execução de mais de três aplicativos
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser efetuada, ao mesmo tempo.
a instalação completa se torna a opção mais viável. Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass
Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se deseja nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um pouco
utilizar, como drivers e documentos de texto, pois todas as infor- da principal novidade do Windows 7. Computadores novos pode-
mações no computador serão perdidas. Quando iniciar o Windows rão contar também com a instalação desta edição, mas sua venda
será proibida nos Estados Unidos.
7, ele vai estar sem os programas que você havia instalado e com
as configurações padrão.
Windows 7 Home Premium
Edição que os usuários domésticos podem chamar de “com-
Desempenho
pleta”, a Home Premium acumula todas as funcionalidades das
De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7 se ele edições citadas anteriormente e soma mais algumas ao pacote.
mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida por seu anteces- Dentre as funções adicionadas, as principais são o suporte à
sor. Testes indicam que a nova versão tem ganhou alguns pontos interface Aero Glass e também aos recursos Touch Windows (tela
na velocidade. sensível ao toque) e Aero Background, que troca seu papel de pa-
O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho: “Seu sis- rede automaticamente no intervalo de tempo determinado. Haverá
tema operacional toma conta do gerenciamento do processador e ainda um aplicativo nativo para auxiliar no gerenciamento de redes
memória para você” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 1041, tra- wireless, conhecido como Mobility Center.
dução nossa).

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e tam-


bém poderá ser encontrada em computadores novos. Usando a Ajuda e Suporte do Windows
A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda in-
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas terno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas a dú-
Mais voltada para as pequenas empresas, a versão Professio- vidas comuns, sugestões para solução de problemas e instruções
nal do Windows 7 possuirá diversos recursos que visam facilitar sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de ajuda com relação
a comunicação entre computadores e até mesmo impressoras de a um programa que não faz parte do Windows, consulte a Ajuda
uma rede corporativa. desse programa (consulte “Obtendo ajuda sobre um programa”, a
Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o Domain seguir).
Join, que ajuda os computadores de uma rede a “se enxergarem” Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no botão Ini-
e conseguirem se comunicar. O Location Aware Printing, por sua ciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.
vez, tem como objetivo tornar muito mais fácil o compartilhamen- Obter o conteúdo mais recente da Ajuda
to de impressoras. Se você estiver conectado à Internet, verifique se o Centro de
Como empresas sempre estão procurando maneiras para se Ajuda e Suporte do Windows está configurado como Ajuda Onli-
proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz o Encrypting ne. A Ajuda Online inclui novos tópicos da Ajuda e as versões mais
File System, que dificulta a violação de dados. Esta versão também recentes dos tópicos existentes.
será encontrada em lojas de varejo ou computadores novos. Clique no botão Iniciar  e em Ajuda e Suporte.
Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows, clique
Windows 7 Enterprise, apenas para vários em Opções e em Configurações.
Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma versão Em Resultados da pesquisa, marque a caixa de seleção Me-
mais voltada para empresas de médio e grande porte, só poderá lhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda online (recomen-
ser adquirida com licenciamento para diversas máquinas. Acumula dado) e clique em OK. Quando você estiver conectado, as pala-
todas as funcionalidades citadas na edição Professional e possui vras Ajuda Online serão exibidas no canto inferior direito da janela
recursos mais sofisticados de segurança. Ajuda e Suporte.
Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável pela Pesquisar na Ajuda
criptografia de dados e o AppLocker, que impede a execução de A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma ou duas
programas não-autorizados. Além disso, há ainda o BrachCache, palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para obter informa-
para turbinar transferência de arquivos grandes e também o Di- ções sobre rede sem fio, digite rede sem fio e pressione Enter. Será
rectAccess, que dá uma super ajuda com a configuração de redes exibida uma lista de resultados, com os mais úteis na parte supe-
corporativas. rior. Clique em um dos resultados para ler o tópico.

Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro


Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas, pois
contém todas as funcionalidades já citadas neste artigo e mais al-
gumas. Apesar de sua venda não ser restrita às empresas, o Mi-
crosoft disponibilizará uma quantidade limitada desta versão do
sistema.
Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos presentes A caixa de pesquisa na Ajuda e Suporte do Windows
na Ultimate são dedicados às corporações, não interessando muito Pesquisar Ajuda
aos usuários comuns. Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Clique no
botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em um item na lista
de títulos de assuntos que será exibida. Esses títulos podem conter
tópicos da Ajuda ou outros títulos de assuntos. Clique em um tópi-
co da Ajuda para abri-lo ou clique em outro título para investigar
mais a fundo a lista de assuntos.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para a área de trabalho, Meu Computador e Windows Ex-
plorer

Quando um item está selecionado, você pode usar as seguintes


teclas de atalho.

Para
•Renomear um item.
Pressione......F2
•Localizar uma pasta ou arquivo
Pressione......F3
•Excluir imediatamente sem colocar o item na Lixeira
Pressione......SHIFT+DEL
•Exibir as propriedades do item
Pressione......ALT+ENTER OU ALT+clique duplo
•Copiar um arquivo
Pressione......CTRL enquanto arrasta o arquivo
•Criar atalho
Pressione......CTRL+SHIFT enquanto arrasta um arquivo
Meu Computador
Para
•Selecionar tudo
Pressione......CTRL+A
•Atualizar uma janela.
Navegando em tópicos da Ajuda por assunto Pressione......F5
•Exibir a pasta um nível
OS SEGUINTES ATALHOS PODEM SER USADOS Pressione......BACKSPACE
COM O WINDOWS •Fechar a pasta selecionada e todas as pastas pai
Pressione......SHIFT enquanto clica no botão “Fechar”
Teclas Gerais do Windows Somente para o Windows Explorer
•Ir Para
Para Pressione......CTRL+G
•Alternar entre os painéis esquerdo e direito
•Consultar a Ajuda sobre o item selecionado na caixa de diá- Pressione......F6
logo •Expandir todas as subpastas sob a pasta selecionada
Pressione......F1 Pressione......NUMLOCK+ ASTERISCO (* no teclado nu-
•Fechar um programa. mérico)
Pressione......ALT+F4 •Expandir a pasta selecionada
•Exibir o menu de atalhos para o item selecionado Pressione......NUMLOCK+SINAL DE ADIÇÃO (+ no tecla-
Pressione......ESHIFT+F10 do numérico)
•Exibir o menu Iniciar •Ocultar a pasta selecionada.
Pressione......CTRL+ESC Pressione......NUMLOCK+SINAL DE SUBTRAÇÃO no te-
•Alternar para a janela anterior. Ou alternar para a próxima clado numérico)
janela mantendo pressionada a •Expandir a seleção atual se estiver oculta; caso contrário, se-
tecla ALT enquanto pressiona TAB repetidamente lecionar a primeira subpasta
Pressione......ALT+TAB Pressione......SETA À DIREITA
•Recortar. •Expandir a seleção atual se estiver expandida; caso contrário,
Pressione......CTRL+X selecionar a pasta pai
•Copiar Pressione......SETA À ESQUERDA
Pressione......CTRL+C
•Colar Para caixas de diálogo de propriedades
Pressione......CTRL+V
•Excluir Para
Pressione......DEL •Mover-se entre as opções, para frente
•Desfazer Pressione......TAB
Pressione......CTRL+Z •Mover-se entre as opções, para trás
•Ignorar a auto - execução ao inserir um CD Pressione......SHIFT+TAB
Pressione......SHIFT enquanto insere o CD-ROM •Mover-se entre as guias, para frente
Pressione......CTRL+TAB

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
•Mover-se entre as guias, para trás
Pressione......CTRL+SHIFT+TAB MS-OFFICE 2010. MS-WORD 2010:
Para caixas de diálogo Abrir e Salvar Como ESTRUTURA BÁSICA DOS DOCUMEN-
Para TOS, EDIÇÃO E FORMATAÇÃO DE
•Abrir a lista “Salvar em” ou “Procurar em”
Pressione......F4
TEXTOS, CABEÇALHOS, PARÁGRAFOS,
•Atualizar FONTES, COLUNAS, MARCADORES
Pressione......F5 SIMBÓLICOS E NUMÉRICOS, TABELAS,
•Abrir a pasta um nível acima, se houver uma pasta selecio- IMPRESSÃO, CONTROLE DE QUEBRAS E
nada NUMERAÇÃO DE PÁGINAS, LEGENDAS,
Pressione......BACKSPACE ÍNDICES, INSERÇÃO DE OBJETOS,
CAMPOS PREDEFINIDOS,
Teclas de Atalho para Opções de Acessibilidade CAIXAS DE TEXTO.
Para usar teclas de atalho para Opções Acessibilidade, as
teclas de atalho devem estar ativadas. Para maiores informações
consulte “Acessibilidade, teclas de atalho” no Índice da Ajuda.
MS WORD
Para
•Ativar e desativar as Teclas de Aderência O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é considera-
Pressione......SHIFT 5 vezes do um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte que do-
•Ativar e desativar as Teclas de Filtragem mina o mercado de suítes de escritório, mesmo com o crescimento
Pressione......SHIFT DIREITA Durante 8 segundos de ferramentas gratuitas como Google Docs e Open Office.
•Ativar e desativar as Teclas de Alternação
Pressione......NUMLOCK Durante 5 segundos Interface
•Ativar e desativar as Teclas do Mouse
Pressione......ALT ESQUERDA+ SHIFT ESQUERDA No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos do docu-
+NUMLOCK mento
•Ativar e desativar o Alto Contraste
Pressione......ALT ESQUERDA+ SHIFT ESQUERDA + , que como é um novo documento apresenta como título “Do-
PRINTSCREEN cumento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido,
que permite acessar alguns comandos mais rapi-
damente como salvar, desfazer. Você pode personalizar essa barra,
clicando no menu de contexto (flecha para baixo) à direita dela.
Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.
Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir
arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar o do-
cumento (permite adicionar propriedades ao documento, cripto-
grafar, adicionar assinaturas digitais, etc.). Vamos utilizar alguns
destes recursos no andamento de nosso curso.

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agru-


padas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os grupos de
ferramentas, por exemplo, na guia Inicio, temos “Fonte”, “Pará-
grafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para os usuários os princi-
pais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de
ferramentas, alguns destes grupos possuem pequenas marcações
na sua direita inferior.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Salvando Arquivos
É importante ao terminar um documento, ou durante a digitação
do mesmo, quando o documento a ser criado é longo, salvar seu traba-
lho. Salvar consiste em armazenar se documento em forma de arquivo
em seu computador, pendrive, ou outro dispositivo de armazenamento.
Para salvar seu documento, clique no botão salvar no topo da tela. Será
aberta uma tela onde você poderá definir o nome, local e formato de
seu arquivo.

O Word possui também guias contextuais quando determina-


dos elementos dentro de seu texto são selecionados, por exemplo,
ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia
com a possibilidade de manipulação do elemento selecionado.

Trabalhando com documentos


Observe na janela de salvar que o Word procura salvar seus arqui-
Ao iniciarmos o Word temos um documento em branco que
vos na pasta Documents do usuário, você pode mudar o local do arqui-
é sua área de edição de texto. Vamos digitar um pequeno texto
vo a ser salvo, pela parte esquerda da janela. No campo nome do arqui-
conforme abaixo: vo, o Word normalmente preenche com o título do documento, como o
documento não possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres
e atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e que se
aproxime do conteúdo de seu texto. “Em Tipo a maior mudança, até
versão 2003, os documentos eram salvos no formato”. DOC”, a partir
da versão 2010, os documentos são salvos na versão”. DOCX”, que não
são compatíveis com as versões anteriores. Para poder salvar seu docu-
mento e manter ele compatível com versões anteriores do Word, clique
na direita dessa opção e mude para Documento do Word 97-2003.

Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na barra de


títulos.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Abrindo um arquivo do Word Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos em mi-
niaturas no rodapé.
Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo. • Layout de Impressão: Formato atual de seu documento é
o formato de como seu documento ficará na folha impressa.
• Leitura em Tela Inteira: Ele oculta as barras de seu do-
cumento, facilitando a leitura em tela, observe que no rodapé do
documento à direita, ele possui uma flecha apontado para a próxi-
ma página. Para sair desse modo de visualização, clique no botão
fechar no topo à direita da tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visualização
na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários postam tex-
tos produzidos no Word em sites e blogs na Internet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu documento
em tópicos, o formato terá melhor compreensão quando trabalhar-
mos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar diversos
recursos de produção de texto, porém não visualiza como impres-
são nem outro tipo de meio.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição permite tra-
balhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão Zoom o Word
Na esquerda da janela, o botão abrir é o segundo abaixo de apresenta a seguinte janela:
novo, observe também que ele mostra uma relação de documentos
recentes, nessa área serão mostrados os últimos documentos abertos
pelo Word facilitando a abertura. Ao clicar em abrir, será necessário
localizar o arquivo no local onde o mesmo foi salvo.

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido, ou co-


locarmos a porcentagem desejada, podemos visualizar o documen-
to em várias páginas. E finalizando essa aba temos as formas de
exibir os documentos aberto em uma mesma seção do Word.
Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato, outro lo-
cal ou outro nome, clique no botão Office e escolha Salvar Como.

Visualização do Documento

Podemos alterar a forma de visualização de nosso documento.


No rodapé a direta da tela temos o controle de Zoom.·. Anterior a
este controle de zoom temos os botões de forma de visualização
de seu documento, que podem também ser acessados Configuração de Documentos
pela Aba Exibição.
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus docu-
mentos é em relação à configuração da página. A ABNT (Associa-
ção Brasileira de Normas Técnicas) possui um manual de regras
para documentações, então é comum escutar “o documento tem
que estar dentro das normas”, não vou me atentar a nenhuma das
normas especificas, porém vou ensinar como e onde estão as op-
ções de configuração de um documento.

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
No Word 2010 a ABA que permite configurar sua página é a
ABA Layout da Página.

A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primeira op-


ção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como será uma nova
seção do documento, vamos aprender mais frente como trabalhar
com seções.
O grupo “Configurar Página”, permite definir as margens de Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos utilizar
seu documento, ele possui alguns tamanhos pré-definidos, como cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares e ímpares, e se
também personalizá-las. quero ocultar as informações de cabeçalho e rodapé da primeira
Ao personalizar as margens, é possível alterar as margens su-
página. Em Página, pode-se definir o alinhamento do conteúdo do
perior, esquerda, inferior e direita, definir a orientação da página,
texto na página. O padrão é o alinhamento superior, mesmo que
se retrato ou paisagem, configurar a fora de várias páginas, como
fique um bom espaço em branco abaixo do que está editado. Ao es-
normal, livro, espelho. Ainda nessa mesma janela temos a guia
colher a opção centralizada, ele centraliza o conteúdo na vertical.
Papel.
A opção números de linha permite adicionar numeração as linhas
do documento.

Colunas

Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de alimen-


tação do papel.

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as suas
colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-definidas, mas
você pode colocar em um número maior de colunas, adicionar li-
nha entre as colunas, definir a largura e o espaçamento entre as
colunas. Observe que se você pretende utilizar larguras de colunas
diferentes é preciso desmarcar a opção “Colunas de mesma largu-
ra”. Atente também que se preciso adicionar colunas a somente
uma parte do texto, eu preciso primeiro selecionar esse texto.

Números de Linha

É bastante comum em documentos acrescentar numeração nas


páginas dos documentos, o Word permite que você possa fazer fa-
cilmente, clicando no botão “Números de Linhas”.

O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos o item


Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção.

Ao clicar em “Opções de Numeração de Linhas...”, abre-se a


janela que vimos em Layout.

Plano de Fundo da Página

Nesta janela podemos definir uma imagem como marca d’água,


basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a imagem e depois de-
Podemos adicionar as páginas do documento, marcas d’água, finir a dimensão e se a imagem ficará mais fraca (desbotar) e cli-
cores e bordas. O grupo Plano de Fundo da Página possui três bo- car em OK. Como também é possível definir um texto como marca
tões para modificar o documento. d’água. O segundo botão permite colocar uma cor de fundo em seu
Clique no botão Marca d’água. texto, um recurso interessante é que o Word verifica a cor aplicada e
automaticamente ele muda a cor do texto.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O botão Bordas da Página, já estudamos seu funcionamento


ao clicar nas opções de Margens.

Selecionando Textos

Embora seja um processo simples, a seleção de textos é indis-


pensável para ganho de tempo na edição de seu texto. Através da
seleção de texto podemos mudar a cor, tamanho e tipo de fonte,
etc.
Observe na imagem que ele traz o texto no formato HTML.
Selecionando pelo Mouse Precisa-se do texto limpo para que você possa manipulá-lo, mar-
que a opção Texto não formatado e clique em OK.
Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o cursor
aponta para a direita. Localizar e Substituir
• Ao dar um clique ele seleciona toda a linha Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro dela temos
• Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o parágrafo. a opção Localizar e a opção Substituir. Clique na opção Substituir.
• Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
• Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi clicado
• Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra.
• Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo
Podemos também clicar, manter o mouse pressionado e arras-
tar até onde se deseja selecionar. O problema é que se o mouse for
solto antes do desejado, é preciso reiniciar o processo, ou pressio-
nar a tecla SHIFT no teclado e clicar ao final da seleção desejada.
Podemos também clicar onde começa a seleção, pressionar a tecla
SHIFT e clicar onde termina a seleção. É possível selecionar pala- A janela que se abre possui três guias, localizar, Substituir e
vras alternadas. Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite substituir em
selecionando as partes do texto que deseja modificar. seu documento uma palavra por outra. A substituição pode ser feita
uma a uma, clicando em substituir, ou pode ser todas de uma única
Copiar e Colar vez clicando-se no botão Substituir Tudo.
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma que qual- Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por ela
quer outro programa, pode-se utilizar as teclas de atalho CTRL+C mesma, porém com outra cor, ou então somente quando escrita em
(copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Colar), ou o primeiro maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais. As opções são:
grupo na ABA Inicio. • Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da pes-
quisa;
• Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localizada
exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
• Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não par-
te de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
• Usar caracteres curinga: Procura somente as palavras que
você especificou com o caractere coringa. Ex. Se você digitou *ão
Este é um processo comum, porém um cuidado importante é o Word vai localizar todas as palavras terminadas em ão.
quando se copia texto de outro tipo de meio como, por exemplo, • Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma sonorida-
da Internet. Textos na Internet possuem formatações e padrões de- de, mas escrita diferente. Disponível somente para palavras em inglês.
ferentes dos editores de texto. Ao copiar um texto da Internet, se • Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da
você precisa adequá-lo ao seu documento, não basta apenas clicar palavra, não será permitida se as opções usar caractere coringa e
em colar, é necessário clicar na setinha apontando para baixo no semelhantes estiverem marcadas.
botão Colar, escolher Colar Especial. • Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especifi-
cado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar.
A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Formatação de texto

Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibi-


lidade de se formatar o texto. No Office 2010 a ABA responsável
pela formatação é a Inicio e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.

Formatação de Fonte
A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, tamanho
de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para formatar uma
palavra, basta apenas clicar sobre ela, para duas ou mais é neces-
sário selecionar o texto, se quiser formatar somente uma letra tam-
bém é necessário selecionar a letra. No grupo Fonte, temos visível
o tipo de letra, tamanho, botões de aumentar fonte e diminuir fon-
te, limpar formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao
lado de sublinhado temos uma seta apontando para baixo, ao clicar
nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.
Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte.

Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Tachado – que A janela fonte contém os principais comandos de formatação
coloca um risco no meio da palavra, botão subscrito e sobrescrito e permite que você possa observar as alterações antes de aplica.
e o botão Maiúsculas e Minúsculas. Ainda nessa janela temos a opção Avançado.

Este botão permite alterar a colocação de letras maiúsculas e


minúsculas em seu texto. Após esse botão temos o de realce – que
permite colocar uma cor de fundo para realçar o texto e o botão de
cor do texto.

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento entre os Bordas no parágrafo.
caracteres que pode ser condensado ou comprimido, a posição é
referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo que se faça algo
como: .

Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras, pois al-


gumas vezes acontece de as letras ficaram com espaçamento entre
elas de forma diferente. Uma ferramenta interessante do Word é a
ferramenta pincel, pois com ela você pode copiar toda a formata-
ção de um texto e aplicar em outro.

Formatação de parágrafos

A principal regra da formatação de parágrafos é que indepen-


dente de onde estiver o cursor a formatação será aplicada em todo
o parágrafo, tendo ele uma linha ou mais. Quando se trata de dois
ou mais parágrafos será necessárioselecionar os parágrafos a se-
rem formatados. A formatação de parágrafos pode ser localizada
na ABA Inicio, e os recuos também na ABA Layout da Página.

Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos apenas


No grupo da Guia Inicio, temos as opções de marcadores (bul- os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao clicar na Faixa
lets e numeração e listas de vários níveis), diminuir e aumentar do grupo Parágrafos, será aberta a janela de Formatação de Pará-
recuo, classificação e botão Mostrar Tudo, na segunda linha temos grafos.
os botões de alinhamentos: esquerda, centralizado, direita e justifi-
cado, espaçamento entre linhas, observe que o espaçamento entre
linhas possui uma seta para baixo, permitindo que se possa definir
qual o espaçamento a ser utilizado.

Cor do Preenchimento do Parágrafo.

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
As opções disponíveis são praticamente as mesmas disponí-
veis pelo grupo.

Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas réguas


superiores.

Marcadores e Numeração

Os marcadores e numeração fazem parte do grupo parágrafos,


mas devido a sua importância, merecem um destaque. Existem
dois tipos de marcadores: Símbolos e Numeração.

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto tenha


níveis de marcação como, por exemplo, contratos e petições. Os
marcadores do tipo Símbolos como o nome já diz permite adicio-
nar símbolos a frente de seus parágrafos. Onde você poderá escolher a Fonte (No caso aconselha-se a
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar antes utilizar fontes de símbolos como a Winddings, Webdings), e de-
do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressionar a tecla TAB pois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você poderá utilizar uma
no teclado. imagem do Office, e ao clicar no botão importar, poderá utilizar
uma imagem externa.

Bordas e Sombreamento

Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso texto.


Podem ser bordas simples aplicadas a textos e parágrafos. Bordas
na página como vimos quando estudamos a ABA Layout da Página
e sombreamentos. Selecione o texto ou o parágrafo a ser aplicado
Você pode observar que o Word automaticamente adicionou à borda e ao clicar no botão de bordas do grupo Parágrafo, você
outros símbolos ao marcador, você pode alterar os símbolos dos pode escolher uma borda pré-definida ou então clicar na última
marcadores, clicando na seta ao lado do botão Marcadores e esco- opção Bordas e Sombreamento.
lhendo a opção Definir Novo Marcador.

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e Número


de Página.

Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas opções


de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao clicar em Edi-
tar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho e a barra superior
passa a ter comandos para alteração do cabeçalho.

A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o


restante do documento fica em segundo plano. Tudo o que for inse-
Podemos começar escolhendo uma definição de borda (caixa,
rido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção
sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada uma das bordas
se você definiu seções diferentes nas páginas.
na direita onde diz Visualização. Pode-se pelo meio da janela es-
pecificar cor e largura da linha da borda. A Guia Sombreamento
permite atribuir um preenchimento de fundo ao texto selecionado.
Você pode escolher uma cor base, e depois aplicar uma textura
junto dessa cor.

Cabeçalho e Rodapé

O Word sempre reserva uma parte das margens para o cabeça-


lho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e rodapé, clique
na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para aplicar números de páginas automaticamente em seu ca- Imagens
beçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome o cui- O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento Imagem.
dado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele Para inserir uma imagem clique no botão com o mesmo nome no
aplicará o número da página no rodapé. Podemos também aplicar grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela que se abre, localize o
cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta arquivo de imagem em seu computador.
que ambos estejam em seções diferentes do documento. O cuidado
é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular
ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabeçalho,
apenas deve-se clicar no botão Rodapé.

A imagem será inserida no local onde estava seu cursor.


Data e Hora O que será ensinado agora é praticamente igual para todo os
elementos gráficos, que é a manipulação dos elementos gráficos.
O Word Permite que você possa adicionar um campo de Data Ao inserir a imagem é possível observar que a mesma enquan-
e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo Texto, temos to selecionada possui uma caixa pontilhadas em sua volta, para
o botão Data e Hora. mover a imagem de local, basta clicar sobre ela e arrastar para o
local desejado, se precisar redimensionar a imagem, basta clicar
em um dos pequenos quadrados em suas extremidades, que são
chamados por Alças de redimensionamento. Para sair da seleção
da imagem, basta apenas clicar em qualquer outra parte do texto.
Ao clicar sobre a imagem, a barra superior mostra as configurações
de manipulação da imagem.

O primeiro grupo é o Ajustar, dentre as opções temos Brilho e


Contraste, que permite clarear ou escurecer a imagem e adicionar
ou remover o contraste. Podemos recolorir a imagem.

Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. Se


precisar que esse campo sempre atualize data, marque a opção
Atualizar automaticamente.

Inserindo Elementos Gráficos


O Word permite que se insira em seus documentos arquivos
gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as opções de inser-
ção estão disponíveis na ABA Inserir. Entre as opções de recolorir podemos colocar nossa imagem
em tons de cinza, preto e branco, desbotar a imagem e remover
uma cor da imagem. Este recurso permite definir uma imagem
com fundo transparente. A opção Compactar Imagens permite dei-
xar sua imagem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta
opção o Word mostra a seguinte janela:

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a jane-
la Layout Avançado que permite trabalhar a disposição da ima-
gem em relação ao bloco de texto no qual ela esta inserida. Essas
mesmas opções estão disponíveis na opção Quebra Automática
de Texto nesse mesmo grupo. Ao colocar a sua imagem em uma
disposição com o texto, é habilitado alguns recursos da barra de
imagens. Como bordas

Através deste grupo é possível acrescentar bordas a sua ima-


gem E no grupo Organizar ele habilita as opções de Trazer para
Frente, Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar no botão Trazer para
Frente, ele abre três opções: Trazer para Frente e Avançar, são uti-
Pode-se aplicar a compactação a imagem selecionada, ou a lizadas quando houver duas ou mais imagens e você precisa mu-
todas as imagens do texto. Podemos alterar a resolução da ima- dar o empilhamento delas. A opção Trazer para Frente do Texto
gem. A opção Redefinir Imagem retorna a imagem ao seu estado faz com que a imagem flutue sobre o Texto. Ao ter mais de uma
inicial, abandonando todas as alterações feitas. O próximo grupo imagem e ao selecionar as imagens (Utilize a tecla SHIFT), você
chama-se Sombra, como o próprio nome diz, permite adicionar poderá alinhar as suas imagens.
uma sombra a imagem que foi inserida.

No botão Efeitos de Sombra, você poderá escolher algumas


posições de sombra (Projetada, Perspectiva) e cor da sombra. Ao
lado deste botão é possível definir a posição da sombra e no meio a
opção de ativar e desativar a sombra. No grupo Organizar é possí-
vel definir a posição da imagem em relação ao texto.

O primeiro dos botões é a Posição, ela permite definir em qual


posição a imagem deverá ficar em relação ao texto.

O último grupo é referente às dimensões da imagem.

Neste grupo você pode cortar a sua imagem, ou redimensionar


a imagem definindo Largura e Altura.

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Os comandos vistos até o momento estavam disponíveis da
seguinte forma, pois nosso documento esta salvo em.DOC – ver-
são compatível com Office XP e 2003. Ao salvar o documento em
.DOCX compatível somente com a versão 2010, acontecem algu-
mas alterações na barra de imagens.

No grupo Ajustar já temos algumas alterações, ao clicar no


item Cor. Em estilos de imagem podemos definir bordas e som-
breamentos para a imagem.

Clique sobre a imagem a ser adicionada ao seu texto com o


botão direito e escolha Copiar (CTRL+C). Clique em seu texto
onde o Clip-Art deve ser adicionado e clique em Colar (CTRL+V)
Podemos aplicar também os Efeitos de Imagem As configurações de manipulação do clip-art são as mesmas das
imagens.
Formas

Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo do texto

Clip Art

Clip-Art são imagens, porém são imagens que fazem parte


do pacote Office. Para inserir um clipart, basta pela ABA Inserir,
clicar na opção Clip-Art. Na direita da tela abre-se a opção de con-
sulta aos clip-Art.

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta clicar
na forma desejada e arrastar o mouse na tela para definir as suas
dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra passa a ter as proprie-
dade para modificar a forma.

O primeiro grupo chama-se Inserir Forma, ele possui a fer-


ramenta de Inserir uma forma. Ao lado temos a ferramenta Editar
Forma essa ferramenta permite trabalhar os nós da forma – Algu-
mas formas bloqueiam a utilização dessa ferramenta. Abaixo dela
temos a ferramenta de caixa de texto, que permite adicionar uma
caixa de texto ao seu documento. Estando com uma forma fecha-
da, podemos transformar essa forma em uma caixa de texto. Ao
lado temos o Grupo Estilos de Forma.

Os primeiros botões permitem aplicar um estilo a sua forma.

A opção Imagem preenche sua forma com alguma imagem. A


opção Gradação permite aplicar tons de gradiente em sua forma.

Ainda nesse grupo temos a opção de trabalharmos as cores,


contorno e alterar a forma.

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ao clicar em Mais Gradações, será possível personalizar a
forma como será o preenchimento do gradiente.

Ao clicar em Pré-definidas, o Office possui algumas cores de


preenchimento prontas.

Na guia gradiente, temos as opções de Uma cor, Duas cores e


Pré-definidas.
Ao escolher uma cor você pode escolher a cor a ser aplicada,
se quer ela mais para o claro ou escuro, pode definir a transparên-
cia do gradiente e como será o sombreamento.

A Guia Textura permite aplicar imagens como texturas ao


preenchimento, a guia Padrão permite aplicar padrões de preenchi-
mento e imagem permite aplicar uma imagem Após o grupo Esti-
los de Forma temos o grupo sombra e após ele o grupo Efeitos 3D.

Ao clicar na opção Duas Cores, você pode definir a cor 1 e cor


2, o nível de transparência e o sombreamento.

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Podemos aplicar efeitos tridimensionais em nossas formas.
Além de aplicar o efeitos podemos mudar a cor do 3D, alterar a
profundidade, a direção, luminosidade e superfície. As demais op-
ções da Forma são idênticas as das imagens.

SmartArt

O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao seu


documento. Se você estiver usando o Office 2003 ou seu docu-
mento estiver salvo em DOC, ao clicar nesse botão, ele habilita a
seguinte janela:
Altere os textos conforme a sua necessidade. Ao clicar no topo
em Ferramentas SmartArt, serão mostradas as opções de alteração
do objeto.

O primeiro botão é o de Adicionar uma forma. Basta clicar em


um botão do mesmo nível do que será criado e clicar neste botão.
Outra forma de se criar novas caixas dentro de um mesmo nível é
ao terminar de digitar o texto pressionar ENTER. Ainda no grupo
Criar Gráfico temos os botões de Elevar / Rebaixar que permite
mudar o nível hierárquico de nosso organograma.

No grupo Layout podemos mudar a disposição de nosso or-


ganograma.

O próximo grupo é o Estilos de SmartArt que permite mudar


as cores e o estilo do organograma.

Basta selecionar o tipo de organograma a ser trabalhado e cli-


que em OK. Porém se o formato de seu documento for DOCX, a
janela a ser mostrada será:

Em hierarquia, escolha o primeiro da segunda linha e clique


em OK.

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
WordArt

Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office, ele ainda mantém a
mesma interface desde a versão do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de WorArt Selecione um formato de WordArt
e clique sobre ele.

Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt

O primeiro grupo é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos. No grupo Estilos de
WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organizar e Tamanho.
Tabelas
As tabelas são com certeza um dos elementos mais importantes para colocar dados em seu documento.
Use tabelas para organizar informações e criar formas de páginas interessantes e disponibilizar seus dados.

Para inserir uma tabela, na ABA Inserir clique no botão Tabela.

Ao clicar no botão de Tabela, você pode definir a quantidade de linhas e colunas, pode clicar no item Inserir Tabela ou Desenhar a
Tabela, Inserir uma planilha do Excel ou usar uma Tabela Rápida que nada mais são do que tabelas prontas onde será somente necessário
alterar o conteúdo.

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa, por exemplo, que contenha células de diferentes alturas ou um número variável
de colunas por linha semelhante à maneira como você usa uma caneta para desenhar uma tabela.

Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você pode utilizar o topo

Ferramentas de Tabela.

Através do grupo Opções de Estilo de Tabela é possível definir células de cabeçalho. O grupo Estilos de Tabela permite aplicar uma
formatação a sua tabela e o grupo Desenhar Bordas permite definir o estilo, espessura e cor da linha. O botão Desenhar Tabela transforma
seu cursor em um lápis para desenhar as células de sua tabela, e o botão Borracha apaga as linhas da tabela.

Você pode observar também que ao estar com alguma célula da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma ABA ao final, chamada
Layout, clique sobre essa ABA.

O primeiro grupo Tabela permite selecionar em sua tabela, apenas uma célula, uma linha, uma coluna ou toda a tabela.

Ao clicar na opção Propriedades será aberto uma janela com as propriedades da janela.

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nesta janela existem quatro Guias.


A primeira é relativa à tabela, pode-se definir a largura da tabela, o alinhamento e a quebra do texto na tabela. Ao clicar no botão Bordas
e Sombreamento abre-se a janela de bordas e sombreamento estudada anteriormente. Ao clicar em Opções é possível definir as margens das
células e o espaçamento entre as células.

O segundo grupo é o Linhas e Colunas permite adicionar e remover linhas e colunas de sua tabela.

Ao clicar na Faixa deste grupo ele abre uma janela onde é possível deslocar células, inserir linhas e colunas. O terceiro grupo é referente
à divisão e mesclagem de células.

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A opção classificar como o próprio nome diz permite classifi-
car os dados de sua tabela.

A opção Mesclar Células, somente estará disponível se você


selecionar duas ou mais células. Esse comando permite fazer com
que as células selecionadas tornem-se uma só.

A opção dividir células permite dividir uma célula. Ao clicar Ele abre a seguinte janela e coloca sua primeira linha como a
nessa opção será mostrada uma janela onde você deve definir em linha de cabeçalho, você pode colocar até três colunas como crité-
quantas linhas e colunas a célula será dividida. rios de classificação.

O botão Converter em Texto permite transformar sua tabela


em textos normal. A opção fórmula permite fazer cálculos na ta-
bela.

ABA Revisão

A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comen-


tários etc., de seu documento.
A opção dividir tabela insere um parágrafo acima da célula
que o cursor está, dividindo a tabela. O grupo Tamanho da Célula
permite definir a largura e altura da célula. A opção AutoAjuste
tem a função de ajustar sua célula de acordo com o conteúdo den-
tro dela. O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão
o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.

O grupo Alinhamento permite definir o alinhamento do con-


teúdo da tabela. O botão Direção do Texto permite mudar a direção
de seu texto. A opção Margens da Célula, permite alterar as mar-
gens das células como vimos anteriormente.

O grupo Dados permite classificar, criar cálculos, etc., em sua O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu documento
tabela. em busca de erros.

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Os de ortografia ele marca em vermelho e os de gramática em
verde. É importante lembrar que o fato dele marcar com cores para
verificação na impressão sairá com as cores normais. Ao encontrar
uma palavra considerada pelo Word como errada você pode:
• Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa parte
do texto.
• Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela aparecer em Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Título2
qualquer parte do texto. em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado somente no
• Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao dicioná- texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na linha de baixo o texto
rio do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em outro texto ela foi selecionado, então a aplicação do estilo foi somente no que
não será grafada como errada. Esta opção deve ser utilizada quan- estava selecionado. Ao clicar no botão Alterar Estilos é possível
do palavras que existam, mas que ainda não façam parte do Word. acessar a diversas definições de estilos através da opção Conjunto
• Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por uma de Estilos.
palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou se você a
corrigiu no quadro superior.
• Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras que
estejam da mesma forma no texto.

Impressão

Para imprimir seu documento o processo é muito simples. Cli-


que no botão

Office e ao posicionar o mouse em Imprimir ele abre algumas


opções.

Podemos também se necessário criarmos nossos próprios esti-


los. Clique na Faixa do grupo Estilo.

Estilos

Os estilos podem ser considerados formatações prontas a se-


rem aplicadas em textos e parágrafos. O Word disponibiliza uma
grande quantidade de estilos através do grupo estilos.

Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você clicar em


seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um estilo existente, ele
aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém se algum texto estiver
selecionado o estilo será aplicado somente ao que foi selecionado.

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Será mostrado todos os estilos presentes no documento em
uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela existem três bo-
tões, o primeiro deles chama-se Novo Estilo, clique sobre ele.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo, defini que


ele será aplicado a parágrafos, que a base de criação dele foi o
estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar um novo parágrafo o
próximo será também corpo.
Abaixo definir a formatação a ser aplicada no mesmo. Na par-
te de baixo mantive a opção dele aparecer nos estilos rápidos e que
o mesmo está disponível somente a este documento. Ao finalizar
clique em OK. Veja um exemplo do estilo aplicado:

Será mostrada uma janela de configuração de seu índice. Cli-


que no botão Opções.
Índices

Sumário
O Sumário ou Índice Analítico é o mais utilizado, ele normal-
mente aparece no inicio de documentos. A principal regra é que
todo parágrafo que faça parte de seu índice precisa estar atrelado a
um estilo. Clique no local onde você precisa que fique seu índice
e clique no botão Sumário. Serão mostrados alguns modelos de
sumário, clique em Inserir Sumário.

Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos os es- podemos observar uma série de linhas (números) e colunas (le-
tilos presentes no documento, então é nela que você define quais tras). A cada encontro de uma linha com uma coluna temos uma
estilos farão parte de seu índice. célula onde podemos armazenar um texto, um valor, funções ou
No exemplo apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título 1, o fórmula para os cálculos. O Excel oferece, inicialmente, em uma
nível 2 ao Título 2 e o nível 3 ao Título 3. Após definir quais serão única pasta de trabalho três planilhas, mas é claro que você poderá
suas entradas de índice clique em OK. inserir mais planilhas conforma sua necessidade.
Retorna-se a janela anterior, onde você pode definir qual será
o preenchimento entre as chamadas de índice e seu respectivo nú- Interface
mero de página e na parte mais abaixo, você pode definir o Forma- A interface do Excel segue o padrão dos aplicativos Office,
to de seu índice e quantos níveis farão parte do índice. com ABAS, Botão Office, controle de Zoom na direita. O que
Ao clicar em Ok, seu índice será criado. muda são alguns grupos e botões exclusivos do Excel e as guias de
planilha no rodapé à esquerda:

Quando houver necessidade de atualizar o índice, basta clicar


com o botão direito do mouse em qualquer parte do índice e esco-
lher Atualizar Campo.

Guias de Planilha

Um arquivo do Excel ao iniciar com três guias de planilha,


Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro. estas guias permite que se possa em um único arquivo armazenar
mais de uma planilha, inicialmente o Excel possui três planilhas,
e ao final da Plan3 temos o ícone de inserir planilha que cria uma
MS-EXCEL 2010: ESTRUTURA BÁSICA nova planilha. Você pode clicar com o botão direito do mouse em
DAS PLANILHAS, CONCEITOS DE uma planilha existente para manipular as planilhas.
CÉLULAS, LINHAS, COLUNAS, PASTAS E
GRÁFICOS, ELABORAÇÃO DE
TABELAS E GRÁFICOS, USO DE
FÓRMULAS, FUNÇÕES E MACROS,
IMPRESSÃO, INSERÇÃO DE OBJETOS,
CAMPOS PREDEFINIDOS, CONTROLE
DE QUEBRAS E NUMERAÇÃO DE
PÁGINAS, OBTENÇÃO DE DADOS
EXTERNOS, CLASSIFICAÇÃO DE DADOS.

MS EXCEL Na janela que é mostrada é possível inserir uma nova planilha,


O Excel é uma das melhores planilhas existentes no merca- excluir uma planilha existente, renomear uma planilha, mover ou
do. As planilhas eletrônicas são programas que se assemelham a copiar essa planilha, etc...
uma folha de trabalho, na qual podemos colocar dados ou valores
em forma de tabela e aproveitar a grande capacidade de cálculo e Movimentação na planilha
armazenamento do computador para conseguir efetuar trabalhos Para selecionar uma célula ou torná-la ativa, basta movimen-
que, normalmente, seriam resolvidos com uma calculadora, lápis tar o retângulo (cursor) de seleção para a posição desejada. A mo-
e papel. A tela do computador se transforma numa folha onde vimentação poderá ser feita através do mouse ou teclado.

Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um clique Entrada de textos e números
em cima dela e observe que a célula na qual você clicou é mostrada
como referência na barra de fórmulas. Na área de trabalho do Excel podem ser digitados caracteres,
números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de seus dados, você
pode pressionar a tecla ENTER, ou com as setas mudar de célula,
esse recurso somente não será válido quando estiver efetuando um
cálculo. Caso precise alterar o conteúdo de uma célula sem preci-
sar redigitar tudo novamente, clique sobre ela e pressione F2, faça
sua alteração e pressione ENTER em seu teclado.

Salvando e Abrindo Arquivos

Para salvar uma planilha o processo é igual ao feito no Word,


clique no botão Office e clique me Salvar.

Se você precisar selecionar mais de uma célula, basta manter


pressionado o mouse e arrastar selecionando as células em sequência.

Se precisar selecionar células alternadamente, clique sobre a


primeira célula a ser selecionada, pressione CTRL e vá clicando Dê um nome ao seu arquivo, defina o local onde ele deverá ser
nas que você quer selecionar. salvo e clique em Salvar, o formato padrão das planilhas do Excel
2010 é o xlsx, se precisar salvar em xls para manter compatibilida-
de com as versões anteriores é preciso em tipo definir como Pasta
de Trabalho do Excel 97 – 2003.
Para abrir um arquivo existente, clique no botão Office e de-
pois no botão Abrir, localize seu arquivo e clique sobre ele e depois
em abrir.

Podemos também nos movimentar com o teclado, neste caso


usamos a combinação das setas do teclado com a tecla SHIFT.

Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Operadores e Funções

A função é um método utilizado para tornar mais fácil e rápido


a montagem de fórmulas que envolvem cálculos mais complexos
e vários valores.
Existem funções para os cálculos matemáticos, financeiros e
estatísticos. Por exemplo, na função: =SOMA (A1:A10) seria o
mesmo que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que
com a função o processo passa a ser mais fácil. Ainda conforme
o exemplo pode-se observar que é necessário sempre iniciar um
cálculo com sinal de igual (=) e usa-se nos cálculos a referência de
células (A1) e não somente valores.

A quantidade de argumentos empregados em uma função de-


pende do tipo de função a ser utilizada. Os argumentos podem ser
números, textos, valores lógicos, referências, etc...

Operadores

Operadores são símbolos matemáticos que permitem fazer


cálculos e comparações entre as células. Os operadores são:

O objetivo desta planilha é calcularmos o valor total de cada


produto (quantidade multiplicado por valor unitário) e depois o
total de todos os produtos.
Para o total de cada produto precisamos utilizar o operador de
multiplicação (*), no caso do Mouse temos que a quantidade está
na célula A4 e o valor unitário está na célula C4, o nosso caçulo
Vamos montar uma planilha simples. será feito na célula D4.
Poderíamos fazer o seguinte cálculo =1*20 que me traria o re-
sultado, porém bastaria alterar o valor da quantidade ou o V. unitá-
rio que eu precisaria fazer novamente o cálculo. O correto é então
é fazer =A4*C4 com isso eu multiplico referenciando as células,
independente do conteúdo dela, ele fará a multiplicação, desde que
ali se tenha um número.

Observe que o conteúdo de algumas células é maior que a sua


largura, podemos acertar isso da seguinte forma.
Se precisar trabalhar a largura de uma coluna, posiciono o
mouse entre as colunas, o mouse fica com o formato de uma flecha
de duas pontas, posso arrastar para definir a nova largura, ou posso
dar um duplo clique que fará com que a largura da coluna acerte- Observe que ao fazer o cálculo é colocado também na barra
se com o conteúdo. Posso também clicar com o botão direito do de fórmulas, e mesmo após pressionar ENTER, ao clicar sobre a
mouse e escolher Largura da Coluna. célula onde está o resultado, você poderá ver como se chegou ao
resultado pela barra de fórmulas.

Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe conforme a imagem que o Excel acrescenta a soma


e o intervalo de células pressione ENTER e você terá seu cálculo.
Para o cálculo do teclado é necessário então fazer o cálculo da
segunda linha A5*C5 e assim sucessivamente. Observamos então Formatação de células
que a coluna representada pela letra não muda, muda-se somente A formatação de células é muito semelhante a que vimos para
o número que representa a linha, e se nossa planilha tivesse uma formatação de fonte no Word, basta apenas que a célula onde será
grande quantidade de produtos, repetir o cálculo seria cansativo e aplicada a formatação esteja selecionada, se precisar selecionar
com certeza sujeita a erros. Quando temos uma sequência de cál- mais de uma célula, basta selecioná-las.
culos como a nossa planilha o Excel permite que se faça um único As opções de formatação de célula estão na ABA Inicio.
cálculo e ao posicionar o cursor do mouse no canto inferior direito
da célula o cursor se transforma em uma cruz (não confundir com
a seta branca que permite mover o conteúdo da célula e ao pres-
sionar o mouse e arrastar ele copia a fórmula poupando tempo).
Para calcular o total você poderia utilizar o seguinte cálculo
D4+D5+D6+D7+D8, porém isso não seria nada pratico em plani- Temos o grupo Fonte que permite alterar a fonte a ser utili-
lhas maiores. Quando tenho sequências de cálculos o Excel per- zada, o tamanho, aplicar negrito, itálico e sublinhado, linhas de
mite a utilização de funções. grade, cor de preenchimento e cor de fonte. Ao clicar na faixa do
No caso a função a ser utilizada é a função SOMA, a sua es- grupo será mostrada a janela de fonte.
trutura é =SOMA(CelIni:Celfim), ou seja, inicia-se com o sinal de
igual (=), escreve-se o nome da função, abrem-se parênteses, cli-
ca-se na célula inicial da soma e arrasta-se até a última célula a
ser somada, este intervalo é representado pelo sinal de dois pontos
(:), e fecham-se os parênteses.

Embora você possa fazer manualmente na célula o Excel pos-


sui um assistente de função que facilita e muito a utilização das
mesmas em sua planilha. Na ABA Inicio do Excel dentro do grupo
Edição existe o botão de função.

A primeira função é justamente Soma, então clique na célula e


clique no botão de função.

Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo da le-
tra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que existem menos
recursos de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de suas
células. Ele dividido em categorias e dentro de cada categoria ele
possui exemplos de utilização e algumas personalizações como,
por exemplo, na categoria Moeda em que é possível definir o sím-
bolo a ser usado e o número de casas decimais.

A guia Preenchimento permite adicionar cores de preenchi-


mento às suas células.

A guia Alinhamento permite definir o alinhamento do conteú-


do da célula na horizontal e vertical, além do controle do texto.

Vamos então formatar nossa planilha, inicialmente selecione


todas as células de valores em moeda. Você pode utilizar a janela
de formatação como vimos antes, como pode também no grupo
Número clicar sobre o botão moeda.

A guia Bordas permite adicionar bordas a sua planilha, em-


bora a planilha já possua as linhas de grade que facilitam a identi-
ficação de suas células, você pode adicionar bordas para dar mais
destaque.

Vamos colocar também a linha onde estão Quant, Produto


etc... em negrito e centralizado.

Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O título Relação de Produtos ficará melhor visualmente se es-
tiver centralizado entra a largura da planilha, então selecione desde
a célula A1 até a célula D1 depois clique no botão Mesclar e Cen-
tralizar centralize e aumente um pouco o tamanho da fonte.

Para finalizar selecione toda a sua planilha e no botão de bor-


das, selecione uma borda externa.

Ele acrescenta uma coluna superior com indicações de colu-


nas e abre uma nova ABA chamada Design

Estilos
No grupo Opções de Estilo de Tabela desmarque a opção Li-
Esta opção é utilizada par aplicar, automaticamente um for-
nhas de Cabeçalho.
mato pré-definido a uma planilha selecionada.
Para poder manipular também os dados de sua planilha é ne-
cessário selecionar as células que pretende manipular como pla-
nilha e no grupo Ferramentas clique no botão Converter em In-
tervalo.

O botão estilo de Célula permite que se utilize um estilo de


cor para sua planilha.

Auto Preenchimento das Células


Vimos no exemplo anterior que é possível copiar uma fórmula
que o Excel entende que ali temos uma fórmula e faz a cópia. Po-
demos usar este recurso em outras situações, se eu tiver um texto
comum ou um número único, e aplicar este recurso, ele copia sem
alterar o que será copiado, mas posso utilizar este recurso para
ganhar tempo.
Se eu criar uma sequência numérica, por exemplo, na célula
A1 o número 1 e na célula A2 o número 2, ao selecionar ambos, o
Excel entende que preciso copiar uma sequência.
Se eu colocar na célula A1 o número 1 e na célula A2 o núme-
ro 3, ele entende que agora a sequência é de dois em dois.

A segunda opção Formatar como Tabela permite também apli-


car uma formatação a sua planilha, porém ele já começa a trabalhar
com Dados.

Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Congelar Painéis

Algumas planilhas quando muito longas necessitam que se-


jam mantidos seus cabeçalho e primeiras linhas, evitando-se assim
a digitação de valores em locais errados. Esse recurso chama-se
congelar painéis e está disponível na ABA exibição.

No grupo Janela temos o botão Congelar Painéis, clique na


opção congelar primeira linha e mesmo que você role a tela a pri-
Esta mesma sequência pode ser aplicada a dias da semana, meira linha ficará estática.
horas, etc...
Inserção de linhas e colunas
Para adicionar ou remover linhas e colunas no Excel é sim-
ples. Para adicionar, basta clicar com o botão direito do mouse em
uma linha e depois clicar em Inserir, a linha será adicionada acima
da selecionada, no caso a coluna será adicionada à esquerda. Para
excluir uma linha ou uma coluna, basta clicar com o botão direito
na linha ou coluna a ser excluída.

Este processo pode ser feito também pelo grupo Células que
está na ABA inicio.

Ainda dentro desta ABA podemos criar uma nova janela da


planilha Ativa clicando no botão Nova Janela, podemos organizar
as janelas abertas clicando no botão Organizar Tudo,

Através da opção Formatar podemos também definir a largura


das linhas e colunas.

Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Pelo grupo Mostrar / Ocultar podemos retirar as linhas de gra-
de, as linhas de cabeçalho de coluna e linha e a barra de formulas.

Trabalhando com Referências


Percebemos que ao copiar uma fórmula, automaticamente são
alteradas as referências, isso ocorre, pois trabalhamos até o mo-
mento com valores relativos. Porém se utilizarmos o conceito aprendido de copiar a célula
Porém, vamos adicionar em nossa planilha mais uma E4 para resolver os demais cálculos na célula E5 à fórmula fica-
coluna onde pretendo calcular qual a porcentagem cada produto rá =D5/D10, porém se observarmos o correto seria ficar =D5/D9,
representa no valor total pois a célula D9 é a célula com o valor total, ou seja, esta é a célula
comum a todos os cálculos a serem feitos, com isso não posso
copiar a fórmula, pelo menos não como está.
Uma solução seria fazer uma a uma, mas a ideia de uma pla-
nilha é ganhar-se tempo.
A célula D9 então é um valor absoluto, ele não muda é tam-
bém chamado de valor constante.
A solução é então travar a célula dentro da formula, para isso
usamos o símbolo do cifrão ($), na célula que fizemos o cálculo
E4 de clique sobre ela, depois clique na barra de fórmulas sobre a
referência da célula D9.

O cálculo ficaria para o primeiro produto =D4/D9 e depois


bastaria aplicar a formatação de porcentagem e acrescentar duas
casas decimais.

Pressione em seu teclado a tecla F4. Será então adicionado


o símbolo de cifrão antes da letra D e antes do número 9. $D$9.

Pressione ENTER e agora você poderá copiar a sua célula.

Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No exemplo acima foi possível travar toda a células, existem


casos em que será necessário travar somente a linha e casos onde
será necessário travar somente a coluna.
As combinações então ficariam (tomando como base a célula D9)
D9 - Relativa, não fixa linha nem coluna Ao clicar na opção Mais Funções abre-se a tela de Inserir
$D9 - Mista, fixa apenas a coluna, permitindo a variação da Função, você pode digitar uma descrição do que gostaria de saber
linha. calcular, pode buscar por categoria, como Financeira,m Data Hora
D$9 - Mista, fixa apenas a linha, permitindo a variação da etc..., ao escolher uma categoria, na caixa central serão mostradas
coluna. todas as funções relativas a essa categoria.
$D$9 - Absoluta, fixa a linha e a coluna. Ao selecionar, por exemplo, a categoria Estatística e dentro
do conjunto de funções desta categoria a função Máximo abaixo é
Algumas outras funções apresentado uma breve explicação da utilização desta função. Se
Vamos inicialmente montar a seguinte planilha precisar de mais detalhes da utilização da função clique sobre o
link Ajuda sobre esta função.

Em nosso controle de atletas vamos através de algumas outras


funções saber algumas outras informações de nossa planilha.
O Excel possui muitas funções, você pode conhecer mais so-
bre elas através do assistente de função.

Máximo

Mostra o valor MAIOR de uma seleção de células.


Em nossa planilha vamos utilizar essa função para saber é a
maior idade, maior peso e a maior altura.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade
na linha de valores máximos E15 e monte a seguinte função =MA-
XIMO(E4:E13). Com essa função estamos buscando no intervalo
das células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado.

Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para o peso e a altura basta apenas repetir o processo


Vamos utilizar essa função em nossa planilha de controle de
Vamos repetir o processo para os valores máximos do peso e atletas. Vamos utilizar a função nos valores médios da planilha,
da altura. deixaremos com duas casas decimais.
MIN
Mostra o valor mínimo de uma seleção de células. Vamos aproveitar também o exemplo para utilizarmos um re-
Vamos utilizar essa função em nossa planilha para saber os curso muito interessante do Excel que é o aninhamento de funções,
valores mínimos nas características de nossos atletas. ou seja, uma função fazendo parte de outra.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de ida- A função para o cálculo da média da Idade é =MÉDIA(E4:E13)
de na linha de valores máximos E16 e monte a seguinte função clique na célula onde está o cálculo e depois clique na barra de
=MIN(E4:E13). Com essa função está buscando no intervalo das fórmulas.
células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado. Altere a função para =ARRED(MÉDIA(E4:E13);1) com isso
fizemos com que caso exista números após a vírgula o mesmo
será arredonda a somente uma casa decimal. Caso você não queira
casas decimais coloque após o ponto e vírgula o número zero.

Nesta situação deve-se ter uma atenção grande em relação aos


parênteses, observe que foi aberto uma após a função ARRED e
um a pós a função MÉDIA então se deve ter o cuidado de fechá-los
corretamente. O que auxilia no fechamento correto dos parênte-
ses é que o Excel vai colorindo os mesmos enquanto você faz o
cálculo.

Função SE
Esta é com certeza uma das funções mais importantes do Ex-
Para calcular os valores mínimos para o peso e a altura o pro- cel e provavelmente uma das mais complexas para quem está ini-
cesso é o mesmo. ciando.

Média Esta função retorna um valor de teste_lógico que permite ava-


liar uma célula ou um cálculo e retornar um valor verdadeiro ou
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores. um valor falso.
Vamos utilizar essa função em nossa planilha para saber os
valores médios nas características de nossos atletas. Sua sintaxe é =SE (TESTELÓGICO;VALOR
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de idade VERDADEIRO;VALOR FALSO).
na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte função =ME- =SE - Atribuição de inicio da função;
DIA(E4:E13). Com essa função estamos buscando no intervalo
das células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado. TESTELÓGICO - Teste a ser feito par validar a célula;
VALOR VERDADEIRO - Valor a ser apresentado na célula
quando o teste lógico for verdadeiro, pode ser outra célula, um
caçulo, um número ou um texto, apenas lembrando que se for um
texto deverá estar entre aspas.

Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
VALOR FALSO - Valor a ser apresentado na célula quando o Temos então agora na coluna J a referência de idade, e na
teste lógico for falso, pode ser outra célula, um caçulo, um número coluna K a categoria.
ou um texto, apenas lembrando que se for um texto deverá estar
entre aspas. Então agora preciso verificar a idade de acordo com o valor na
Para exemplificar o funcionamento da função vamos acres- coluna J e retornar com valores verdadeiros e falsos o conteúdo da
centar em nossa planilha de controle de atletas uma coluna cha- coluna K. A função então ficará da seguinte forma:
mada categoria.

=SE(E4<J4;K4;SE(E4<J5;K5;K6))
Temos então:
=SE(E4<J4: Aqui temos nosso primeiro teste lógico, onde
verificamos se a idade que consta na célula E4 é menor que o
valor que consta na célula J4.
K4: Célula definida a ser retornada como verdadeiro deste tes-
te lógico, no caso o texto “Juvenil”.
Vamos atribuir inicialmente que atletas com idade menor que SE(E4<J5: segundo teste lógico, onde verificamos se valor
18 anos serão da categoria Juvenil e acima disso categoria Profis- da célula E4 é menor que 30, se for real retorna o segundo valor
sional. Então a lógica da função será que quando a Idade do atleta verdadeiro, é importante ressaltar que este teste lógico somente
for menor que 18 ele será Juvenil e quando ela for igual ou maior será utilizado se o primeiro teste der como falso.
que 18 ele será Profissional. K5: Segundo valor verdadeiro, será retornado se o segundo
Convertendo isso para a função e baseando-se que a idade do teste lógico estiver correto.
primeiro atleta está na célula E4 à função ficará: K6: Valor falso, será retornado se todos os testes lógicos de-
=SE(E4<18;”Juvenil”;”Profissional”.) rem como falso.
Permite contar em um intervalo de valores quantas vezes se
repete determinado item. Vamos aplicar a função em nossa plani-
lha de controle de atletas

Adicione as seguintes linhas abaixo de sua planilha

Explicando a função.
=SE(E4<18: inicio da função e teste lógico, aqui é verificado
se o conteúdo da célula E4 é menor que 18.
“Juvenil”: Valor a ser apresentado como verdadeiro.
“Profissional”: Valor a ser apresentado como falso.
)
Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, vamos
criar uma tabela em separado com a seguinte definição. Até 18 Então vamos utilizar a função CONT.SE para buscar em nossa
anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será considerado profis- planilha quantos atletas temos em cada categoria.
sional e acima dos 30 anos será considerado Master.

Nossa planilha ficará da seguinte forma.

Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A função ficou da seguinte forma =CONT.SE(H4:H13;K4)
onde se faz a contagem em um intervalo de H3:H13 que é o
resultado calculado pela função
SE e retorna a célula K4 onde está a categoria juvenil de atle-
tas. Para as demais categorias basta repetir o cálculo mudando-se
somente a categoria que está sendo buscada.

Funções de Data e Hora


Podemos trabalhar com diversas funções que se baseiam na
data e hora de seu computador. As principais funções de data e
hora são: Para calcular o V. da hora que o funcionário recebe coloque
=HOJE( ) Retorna a data atual. um valor, no caso adicione 15 e coloquei no formato Moeda. Va-
=MÊS(HOJE()) Retorna o mês atual mos agora então calcular quanto ele ganhou por dia, pois temos
=ANO(HOJE()) Retorna o ano atual quantas horas ele trabalhou durante o dia e sabemos o valor da
=HORA(AGORA()) Retorna à hora atual hora. Como temos dois formatos de números precisamos durante
=MINUTO(AGORA()) Retorna o minuto atual o cálculo fazer a conversão.
=SEGUNDO(AGORA()) Retorna o segundo atual Para a segunda-feira o cálculo fica da seguinte forma:
=AGORA( ) Retorna a data e à hora =HORA(B6)*B7+MINUTO(B6)*B7/60.
=DIA.DA.SEMANA(HOJE()) Retorna o dia da semana em Inicialmente utilizamos a função HORA e pegamos como re-
número ferência de hora o valor da célula B6, multiplicamos pelo valor que
=DIAS360( ) Calcula o número de dias que há entre uma está em B7, essa parte calcula somente à hora cheia então precisa-
data inicial e uma data final. mos somar os minutos que pega a função MINUTO e multiplica a
Para exemplificar monte a seguinte planilha. quantidade de horas pelo valor da hora, como o valor é para a hora
o dividimos então por 60
Após isso coloque o valor em formato Moeda.

Em V.Diário, vamos calcular quantas horas foram trabalhadas


durante cada dia.
=B3-B2+B5-B4, pegamos a data de saída e subtraímos pela Para os demais cálculos o V.Hora será igual há todos os dias
data de entrada de manhã, com isso sabemos quantas horas foram então ele precisa ser fixo para que o cálculo possa ser copiado, o
trabalhadas pela manhã na mesma função faço a subtração da saída número 60 por ser um número não é muda.
no período da tarde pela entrada do período da tarde e somo os dois
períodos. =HORA(B6)*$B$7+MINUTO(B6)*$B$7/60
Para sabermos quantas horas o funcionário trabalhou na sema-
na, faça a soma de todos os dias trabalhados.

Repita o processo para todos os demais dias da semana, so-


mente no sábado é preciso apenas calcular a parte da manhã, ou
seja, não precisa ser feito o cálculo do período da tarde.
Ao observar atentamente o valor calculado ele mostra 20:40,
porém nessa semana o funcionário trabalhou mais de 40 horas,
isso ocorre pois o cálculo de horas zera ao chegar em 23:59:59,
então preciso fazer com que o Excel entenda que ele precisa con-

Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
tinuar a contagem. Clique na faixa do grupo número na ABA Vamos renomear a planilha para resultado.
Inicio, na janela que se abre clique na categoria Hora e escolha o
formato 37:30:55 esse formato faz com que a contagem continue.

Para isso dê um duplo clique no nome de sua planilha Plan1 e


digite o novo nome.

Salve seu arquivo e clique na guia Plan2 e digite a seguinte


planilha

Crie um novo campo abaixo da Tabela e coloque V. a receber


e faça a soma dos valores totais.

Renomeie essa planilha para valores

Retorne a planilha resultado e coloque um valor qualquer no


campo onde será digitado valor.

Planilhas 3D

O conceito de planilha 3D foi implantado no Excel na versão


5 do programa, ele é chamado dessa forma pois permite que se
façam referências de uma planilha em outra.

Posso por exemplo fazer uma soma de valores que estejam em


outra planilha, ou seja quando na planilha matriz algum valor seja
alterado na planilha que possui referência com ela também muda.

Vamos a um exemplo

Clique agora no campo onde será colocado o valor de compra


do dólar na célula B4 e clique na célula onde está o valor que aca-
bou de digitar célula B2, adicione o sinal de divisão (/) e depois cli-
que na planilha valores ele vai colocar o nome da planilha seguido
de um ponto de exclamação (!) e clique onde está o valor de com-
pra do dólar. A função ficará da seguinte forma =B2/valores!B2.

Faremos uma planilha para conversão de valores, então na


planilha 1 vamos ter um campo para que se coloque o valore em
real e automaticamente ele fará a conversão para outras moedas,
monte a seguinte planilha.

Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Com isso toda vez que eu alterar na planilha valores o valor do
dólar, ele atualiza na planilha resultado.
Faça o cálculo para o valor do dólar para venda, a função fica-
rá da seguinte forma: =B2/valores!C2.

Para poder copiar a fórmula para as demais células, bloqueie a


célula B2 que é referente ao valor em real.
O ideal nesta planilha é que a única célula onde o usuário pos-
sa manipular seja a célula onde será digitado valor em real para a
conversão, então vamos bloquear a planilha deixando essa célula
desprotegia.
Clique na célula onde será digitado o valor em real depois na
ABA Inicio no grupo Fonte clique na faixa e na janela que se abre Ao tentar alterar uma célula protegida será mostrado o seguin-
clique na guia Proteção. te aviso
Desmarque a opção Bloqueadas, isso é necessário, pois esta
célula é a única que poderá receber dados.

Se precisar alterar alguma célula protegida basta clicar no bo-


tão Desproteger Planilha no grupo Alterações.

Inserção de Objetos
Clique agora na ABA Revisão e no grupo Alterações clique no
botão Proteger Planilha. A inserção de objetos no Excel é muito semelhante ao que
aprendemos no Word, as opções de inserção de objetos estão na
ABA Inserir.

Será mostrada mais uma janela coloque uma senha (recomen-


dável) Podemos inserir Imagens, clip-arts, formas, SmartArt, caixas
de texto, WordArt, objetos, símbolos, etc.

Como a maioria dos elementos já sabemos como implementar


vamos focar em Gráficos.

Gráficos

A utilização de um gráfico em uma planilha além de deixá-la


com uma aparência melhor também facilita na hora de mostrar
resultados. As opções de gráficos, esta no grupo Gráficos na ABA
Inserir do Excel

Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Para criar um gráfico é importante decidir quais dados serão
avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha Atletas para
criarmos nosso gráfico, vamos criar um gráfico que mostre os atle-
tas x peso.

Selecione a coluna com o nome dos atletas, pressione CTRL e


selecione os valores do peso.

Para mover o gráfico para qualquer parte de sua planilha basta


clicar em uma área em branco de o gráfico manter o mouse pres-
sionado e arrastar para outra parte.
Ao clicar em um dos modelos de gráfico no grupo Gráficos Na parte superior do Excel é mostrada a ABA Design (Acima
você poderá selecionar um tipo de gráfico disponível, no exemplo dela Ferramentas de Gráfico).
cliquei no estilo de gráfico de colunas.

Se você quiser mudar o estilo de seu gráfico, você pode clicar


no botão Alterar Tipo de Gráfico.

Para alterar a exibição entre linhas e colunas, basta clicar no


botão Alterar Linha/Coluna.

Escolha no subgrupo coluna 2D a primeira opção e seu gráfico


será criado.

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a distribui-
ção dos elementos do Gráfico.

Dados
Podemos também modificar o estilo de nosso gráfico através O Excel possui uma ABA chamada Dados que permite impor-
do grupo Estilos de Gráfico tar dados de outras fontes, ou trabalhar os dados de uma planilha
do Excel

Classificação

Vamos agora trabalhar com o gerenciamento de dados criados


no Excel.
Vamos utilizar para isso a planilha de Atletas.
Classificar uma lista de dados é muito fácil, e este recurso
pode ser obtido pelo botão Classificar e Filtrar na ABA Inicio, ou
pelo grupo Classificar e Filtrar na ABA Dados.

Vamos então selecionar os dados de nossa planilha que serão


classificados.

Podemos também deixar nosso gráfico isolado em uma nova


planilha, basta clicar no botão Mover Gráfico.

Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no botão Classificar.

Você precisa definir quais serão os critérios de sua classificação, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no botão Adicionar Nível e coloque Modalidade.

Antes de clicar em OK, verifique se está marcada a opção Meus dados contêm cabeçalhos, pois selecionamos a linha de títulos em nossa
planilha e clique em OK.

Você pode mudar a ordem de classificação sempre que for necessário, basta clicar no botão de Classificar.

Auto Filtro
Este é um recurso que permite listar somente os dados que você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com seus dados sele-
cionados clique no botão Filtro e observe que será adicionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha uma seta.

Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Estas setas permite visualizar somente os dados que te interessam na planilha, por exemplo caso eu precise da relação de atletas do sexo
feminino, basta eu clicar na seta do cabeçalho sexo e marcar somente Feminino, que os demais dados da planilha ficarão ocultos.

Posso ainda refinar mais a minha filtragem, caso precise saber dentro do sexo feminino quantos atletas estão na categoria Profissional,
eu faço um novo filtro na coluna Categoria.

Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe que as colunas que estão com filtro possuem um ícone em forma de funil no lugar da seta.

Para remover os filtros, basta clicar nos cabeçalhos com filtro e escolher a opção selecionar tudo.
Você também pode personalizar seus filtros através da opção Filtros de Texto e Filtro de número (quando conteúdo da célula for um
número).

Subtotais
Podemos agrupar nossos dados através de seus valores, vamos inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo dos atletas relacionado
com a idade.

Depois clique no botão Subtotal.

Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Em A cada alteração em: coloque sexo e em Adicionar subto-
tal a deixe marcado apenas Peso, depois clique em OK.

No caso escolhi a planilha atletas, podemos observar que a


mesma não cabe em uma única página. Clique no botão Configurar
Página.

Observe na esquerda que são mostrados os níveis de visuali- Marque a opção Paisagem e clique em OK.
zação dos subtotais e que ele faz um total a cada sequência do sexo
dos atletas.
Para remover os subtotais, basta clicar no botão Subtotal e na
janela que aparece clique em Remover Todos.

Impressão
O processo de impressão no Excel é muito parecido com o que
fizemos no Word.
Clique no botão Office e depois em Imprimir e escolha Visua-
lizar Impressão.

Teclas de atalho do Excel

CTRL + !: quando se está trabalhando com planilhas grandes,


quando os dados precisam ser apresentados a um gerente, ou mes-
mo só para facilitar sua vida, a melhor maneira de destacar certas
informações é formatar a célula, de modo que a fonte, a cor do tex-
to, as bordas e várias outras configurações de formatação. Mas ter

Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
que usar o mouse para encontrar as opções de formatação faz você CTRL + R: funciona da mesma forma que o comando acima,
perder muito tempo. Portanto, pressionando CTRL + !, você fará mas para preenchimento de colunas. Exemplo: selecione da célula
com que a janela de opções de formatação da célula seja exibida. A1 até a E1 e pressione CTRL + R. Todas as células selecionadas
Lembre-se que você pode selecionar várias células para aplicar a terão o mesmo valor da A1.
formatação de uma só vez.
CTRL + ALT + V: você já deve ter cometido o erro de copiar
CTRL + (: muitas vezes você precisa visualizar dados que não uma célula e colar em outro local, acabando com a formatação que
estão próximos uns dos outros. Para isso o Excel fornece a opção tinha definido anteriormente, pois as células de origem eram azuis
de ocultar células e colunas. Pressionando CTRL + (, você fará e as de destino eram verdes. Ou seja, você agora tem células azuis
com que as linhas correspondentes à seleção sejam ocultadas. Se onde tudo deveria ser verde. Para que isso não aconteça, você pode
houver somente uma célula ativa, só será ocultada a linha corres- utilizar o comando “colar valores”, que fará com que somente os
pondente. Por exemplo: se você selecionar células que estão nas valores das células copiadas apareçam, sem qualquer formatação.
linhas 1, 2, 3 e 4 e pressionar as teclas mencionadas, essas quatro Para não precisar usar o mouse, copie as células desejadas e na
linhas serão ocultadas. hora de colar utilize as teclas CTRL + ALT + V.
Para reexibir aquilo que você ocultou, selecione uma célula
da linha anterior e uma da próxima, depois utilize as teclas CTRL CTRL + PAGE DOWN: não há como ser rápido utilizando
+ SHIFT + (. Por exemplo: se você ocultou a linha 14 e precisa o mouse para alternar entre as planilhas de um mesmo arquivo.
reexibi-la, selecione uma célula da linha 13, uma da linha 15 e Utilize esse comando para mudar para a próxima planilha da sua
pressione as teclas de atalho. pasta de trabalho.

CTRL + ): esse atalho funciona exatamente como o anterior, CTRL + PAGE UP: similar ao comando anterior. Porém, exe-
porém, ele não oculta linhas, mas sim COLUNAS. Para reexibir as cutando-o você muda para a planilha anterior.
colunas que você ocultou, utilize as teclas CTRL + SHIFT + ). Por *É possível selecionar as planilhas que estão antes ou depois
exemplo: você ocultou a coluna C e quer reexibi-la. Selecione uma da atual, pressionando também o SHIFT nos dois comando acima.
célula da coluna B e uma da célula D, depois pressione as teclas Teclas de função
mencionadas. Poucas pessoas conhecem todo o potencial das teclas que fi-
cam na mesma linha do “Esc”. Assim como o CTRL, as teclas de
CTRL + SHIFT + $: quando estiver trabalhando com valores função podem ser utilizadas em combinação com outras, para pro-
monetários, você pode aplicar o formato de moeda utilizando esse duzir comandos diferentes do padrão atribuído a elas. Veja alguns
atalho. Ele coloca o símbolo R$ no número e duas casas decimais. deles abaixo.
Valores negativos são colocados entre parênteses.
F2: se você cometer algum erro enquanto está inserindo fór-
CTRL + SHIFT + Asterisco (*): esse comando é extremamen- mulas em uma célula, pressione o F2 para poder mover o cursor do
te útil quando você precisa selecionar os dados que estão envolta teclado dentro da célula, usando as setas para a direita e esquerda.
da célula atualmente ativa. Caso existam células vazias no meio Caso você pressione uma da setas sem usar o F2, o cursor será
dos dados, elas também serão selecionadas. Veja na imagem abai- movido para outra célula.
xo um exemplo. A célula selecionada era a D6.
CTRL + Sinal de adição (+): quando você precisar inserir cé- ALT + SHIFT + F1: inserir novas planilhas dentro de um ar-
lulas, linhas ou colunas no meio dos dados, ao invés de clicar com quivo do Excel também exige vários cliques com o mouse, mas
o mouse no número da linha ou na letra da coluna, basta pressionar você pode usar o comando ALT + SHIFT + F1 para ganhar algum
esse comando. tempo. As teclas SHIFT + F11 produzem o mesmo efeito.
*Utilize o sinal de adição do teclado numérico ou a combina- F8: use essa tecla para ligar ou desligar o modo de seleção
ção CTRL + SHIFT + Sinal de adição que fica à esquerda da tecla estendida. Esse pode ser usado da mesma forma que o SHIFT. Po-
backspace, pois ela tem o mesmo efeito. rém, ele só será desativado quando for pressionado novamente,
diferente do SHIFT, que precisa ser mantido pressionado para que
CTRL + Sinal de subtração (-): para excluir células, linhas você possa selecionar várias células da planilha.
ou colunas inteiras, pressione essas teclas. Esse comando funciona
tanto no teclado normal quanto no teclado numérico. Veja abaixo outros comandos úteis:

CTRL + D: você pode precisar que todas as células de deter- CTRL + Setas de direção: move o cursor para a última célula
minada coluna tenham o mesmo valor. Apertando CTRL + D, você preenchida. Se houve alguma célula vazia no meio, o cursor será
fará com que a célula ativa seja preenchida com o mesmo valor da movido para a última célula preenchida que estiver antes da vazia.
célula que está acima dela. Por exemplo: você digitou o número END: pressione essa tecla uma vez para ativar ou desativar o
5432 na célula A1 e quer que ele se repita até a linha 30. Selecione “Modo de Término”. Sua função é parecida com o comando ante-
da célula A1 até a A30 e pressione o comando. Veja que todas as rior. Pressiona uma vez para ativar e depois pressione uma tecla de
células serão preenchidas com o valor 5432. direção para mover o cursor para a última célula preenchida.

Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
*Se a tecla Scroll Lock estiver ativada, pressionar END fará Uma imagem do PowerPoint 2010 no modo Normal que pos-
com que o cursor seja movido para a célula que estiver visível no sui vários elementos rotulados.
canto inferior direito da janela. 1 No painel Slide, você pode trabalhar em slides individuais.
CTRL + BARRA DE ESPAÇO: utilize essa atalho se você 2 As bordas pontilhadas identificam os espaços reservados,
quiser selecionar a coluna inteira onde está o cursor. onde você pode digitar texto ou inserir imagens, gráficos e outros
SHIFT + BARRA DE ESPAÇOS: semelhante ao comando objetos.
acima, porém, seleciona a linha inteira onde está o cursor. 3 A guia Slides mostra uma versão em miniatura de cada slide
inteiro mostrado no painel Slide. Depois de adicionar outros slides,
você poderá clicar em uma miniatura na guia Slides para fazer com
que o slide apareça no painel Slide ou poderá arrastar miniaturas
MS-POWERPOINT 2010: ESTRUTURA para reorganizar os slides na apresentação. Também é possível adi-
BÁSICA DAS APRESENTAÇÕES, cionar ou excluir slides na guia Slides.
CONCEITOS DE SLIDES, ANOTAÇÕES, 4 No painel Anotações, você pode digitar observações sobre o
RÉGUA, GUIAS, CABEÇALHOS E slide atual. Também pode distribuir suas anotações para a audiên-
RODAPÉS, NOÇÕES DE EDIÇÃO E cia ou consultá-las no Modo de Exibição do Apresentador durante
FORMATAÇÃO DE APRESENTAÇÕES, a apresentação.
INSERÇÃO DE OBJETOS, NUMERAÇÃO
DE PÁGINAS, BOTÕES DE AÇÃO, Etapa 2: Começar com uma apresentação em branco
Por padrão, o PowerPoint 2010 aplica o modelo Apresentação
ANIMAÇÃO E TRANSIÇÃO em Branco, mostrado na ilustração anterior, às novas apresenta-
ENTRE SLIDES. ções. Apresentação em Branco é o mais simples e o mais genérico
dos modelos no PowerPoint 2010 e será um bom modelo a ser
usado quando você começar a trabalhar com o PowerPoint.
Para criar uma nova apresentação baseada no modelo Apre-
MS POWERPOINT 2010 sentação em Branco, faça o seguinte:
1. Clique na guia Arquivo.
O PowerPoint 2010 é um aplicativo visual e gráfico, usa- 2. Aponte para Novo e, em Modelos e Temas Disponíveis,
selecione Apresentação em Branco.
do principalmente para criar apresentações. Com ele, você pode
3. Clique em Criar.
criar, visualizar e mostrar apresentações de slides que combinam
texto, formas, imagens, gráficos, animações, tabelas, vídeos e
Etapa 3: Ajustar o tamanho do painel de anotações
muito mais.
Depois que você abre o modelo Apresentação em Branco, so-
mente uma pequena parte do painel Anotações fica visível. Para
Familiarizar-se com o espaço de trabalho do PowerPoint
ver uma parte maior desse painel e ter mais espaço para digitar,
O espaço de trabalho, ou modo de exibição Normal, foi desen-
faça o seguinte:
volvido para ajudá-lo a encontrar e usar facilmente os recursos do 1. Aponte para a borda superior do painel Anotações.
Microsoft PowerPoint 2010. 2. Quando o ponteiro se transformar em uma , arraste a
Este artigo contém instruções passo a passo para ajudá-lo a se borda para cima a fim de criar mais espaço para as anotações do
preparar para criar apresentações com o PowerPoint 2010 apresentador, como mostrado na ilustração a seguir.
Etapa 1: Abrir o PowerPoint
Quando você inicia o PowerPoint, ele é aberto no modo de
exibição chamado Normal, onde você cria e trabalha em slides.

Observe que o slide no painel Slide se redimensiona automa-


ticamente para se ajustar ao espaço disponível.

Etapa 4: Criar a apresentação


Agora que preparou o espaço de trabalho para ser usado, você
está pronto para começar a adicionar texto, formas, imagens, ani-
mações (e outros slides também) à apresentação. Próximo à parte
superior da tela, há três botões que podem ser úteis quando você
iniciar o trabalho:

Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Desfazer , que desfaz sua última alteração (para Outros elementos que podem ser exibidos na Faixa de Opções
ver uma dica de tela sobre qual ação será desfeita, coloque o pon- são as guias contextuais, as galerias e os iniciadores de caixa de
teiro sobre o botão. Para ver um menu de outras alterações recentes diálogo.
que também podem ser desfeitas, clique na seta à direita de Desfa-  Uma galeria, neste caso a galeria de formas no grupo Dese-
zer ). nho. As galerias são janelas ou menus retangulares que apresentam
• Você também pode desfazer uma alteração pressionando uma gama de opções visuais relacionadas.
CTRL+Z.  Uma guia contextual, neste caso a guia Ferramentas
• Refazer ou Repetir , que repete ou refaz sua úl- de Imagem. Para diminuir a poluição visual, algumas guias são
tima alteração, dependendo da ação feita anteriormente (para ver mostradas somente quando necessárias. Por exemplo, a guia Fer-
uma dica de tela sobre qual ação será repetida ou refeita, coloque o ramentas de Imagem será mostrada somente se você inserir uma
ponteiro sobre o botão). Você também pode repetir ou refazer uma imagem a um slide e a selecionar.
alteração pressionando CTRL+Y.  Um Iniciador da Caixa de Diálogo, neste caso, um que
• A Ajuda do Microsoft Office PowerPoint , que abre inicia a caixa de diálogo Formatar Forma.
o painel Ajuda do PowerPoint. Você também pode abrir a Ajuda
pressionando F1. Localização dos comandos conhecidos na Faixa de Opções
Para encontrar a localização de comandos específicos em
Familiarizar-se com a Faixa de Opções do PowerPoint 2010 guias e grupos, consulte os diagramas a seguir.
Ao iniciar o Microsoft PowerPoint 2010 pela primeira vez,
você perceberá que os menus e as barras de ferramentas do Power- A guia Arquivo
Point 2003 e das versões anteriores foram substituídos pela Faixa
de Opções.

O que é a Faixa de Opções?


A Faixa de Opções contém os comandos e os outros itens de
menu presentes nos menus e barras de ferramentas do PowerPoint
2003 e de versões anteriores. A Faixa de Opções foi projetada para
ajudá-lo a localizar rapidamente os comandos necessários para con-
cluir uma tarefa.

Principais recursos da Faixa de Opções

A Faixa de Opções exibida no lado esquerdo da guia Página


Inicial do PowerPoint 2010.
1 Uma guia da Faixa de Opções, neste caso a guia Página Ini-
cial. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade, como inse-
rir mídia ou aplicar animações a objetos.
2 Um grupo na guia Página Inicial, neste caso o grupo Fonte.
Os comandos são organizados em grupos lógicos e reunidos nas A guia Arquivo é o local onde é possível criar um novo arqui-
guias. vo, abrir ou salvar um existente e imprimir sua apresentação.
3 Um botão ou comando individual no grupo Slides, neste caso 1 Salvar como
o botão Novo Slide. 2 Abrir
3 Novo
Outros recursos da Faixa de Opções 4 Imprimir

Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A guia Página Inicial

A guia Página Inicial é o local onde é possível inserir novos slides, agrupar objetos e formatar texto no slide.

1 Se você clicar na seta ao lado de Novo Slide, poderá escolher entre vários layouts de slide.
2 O grupo Fonte inclui os botões Fonte, Negrito, Itálico e Tamanho da Fonte.
3 O grupo Parágrafo inclui Alinhar Texto à Direita, Alinhar Texto à Esquerda, Justificar e Centralizar.
4 Para localizar o comando Agrupar, clique em Organizar e, em Agrupar Objetos, selecione Agrupar.

Guia Inserir

A guia Inserir é o local onde é possível inserir tabelas, formas, gráficos, cabeçalhos ou rodapés em sua apresentação.

1 Tabela
2 Formas
3 Gráfico
4 Cabeçalho e Rodapé
Guia Design

A guia Design é o local onde é possível personalizar o plano de fundo, o design e as cores do tema ou a configuração de página na
apresentação.
1 Clique em Configurar Página para iniciar a caixa de diálogo Configurar Página.
2 No grupo Temas, clique em um tema para aplicá-lo à sua apresentação.
3 Clique em Estilos de Plano de Fundo para selecionar uma cor e design de plano de fundo para sua apresentação.

Guia Transições

A guia Transições é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover transições no slide atual.
1 No grupo Transições para este Slide, clique em uma transição para aplicá-la ao slide atual.
2 Na lista Som, você pode selecionar entre vários sons que serão executados durante a transição.
3 Em Avançar Slide, você pode selecionar Ao Clicar com o Mouse para fazer com que a transição ocorra ao clicar.

Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Guia Animações

A guia Animações é o local onde é possível aplicar, alterar ou remover animações em objetos do slide.
1 Clique em Adicionar Animação e selecione uma animação que será aplicada ao objeto selecionado.
2 Clique em Painel de Animação para iniciar o painel de tarefas Painel de Animação.
3 O grupo Intervalo inclui áreas para definir o Página Inicial e a Duração.

Guia Apresentação de Slides

A guia Apresentação de Slides é o local onde é possível iniciar uma apresentação de slides, personalizar as configurações da apresenta-
ção de slides e ocultar slides individuais.
1 O grupo Iniciar Apresentação de Slides, que inclui Do Começo e Do Slide Atual.
2 Clique em Configurar Apresentação de Slides para iniciar a caixa de diálogo Configurar Apresentação.
3 Ocultar Slide

Guia Revisão

A guia Revisão é o local onde é possível verificar a ortografia, alterar o idioma da apresentação ou comparar alterações na apresentação
atual com outra.
1 Ortografia, para iniciar o verificador ortográfico.
2 O grupo Idioma, que inclui Editando Idiomas, onde é possível selecionar o idioma.
3 Comparar, onde é possível comparar as alterações na apresentação atual com outra.

Guia Exibir

A guia Exibir é o local onde é possível exibir o slide mestre, as anotações mestras, a classificação de slides. Você também pode ativar
ou desativar a régua, as linhas de grade e as guias de desenho.
1 Classificação de Slides
2 Slide Mestre
3 O grupo Mostrar, que inclui Régua e Linhas de Grade.

Eu não vejo o comando de que preciso!    


Alguns comandos, como Recortar ou Compactar, são guias contextuais.
Para exibir uma guia contextual, primeiramente selecione o objeto que será trabalhado e verifique se uma guia contextual é exibida na
Faixa de Opções.

Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Localizar e aplicar um modelo unidade ou pasta que contém a apresentação desejada.
O PowerPoint 2010 permite aplicar modelos internos ou os 3. No painel direito da caixa de diálogo Abrir, abra a pasta
seus próprios modelos personalizados e pesquisar vários modelos que contém a apresentação.
disponíveis no Office.com. O Office.com fornece uma ampla se- 4. Clique na apresentação e clique em Abrir.
leção de modelos do PowerPoint populares, incluindo apresenta-
ções e slides de design. Observação   Por padrão, o PowerPoint 2010 mostra somente
Para localizar um modelo no PowerPoint 2010, siga este pro- apresentações do PowerPoint na caixa de diálogo Abrir. Para exi-
cedimento:
bir outros tipos de arquivos, clique em Todas as Apresentações do
Na guia Arquivo, clique em Novo.
PowerPoint e selecione o tipo de arquivo que deseja exibir.
Em Modelos e Temas Disponíveis, siga um destes procedi-
mentos:
• Para reutilizar um modelo usado recentemente, clique
em Modelos Recentes, clique no modelo desejado e depois em
Criar.
• Para utilizar um modelo já instalado, clique em Meus
Modelos, selecione o modelo desejado e clique em OK.
• Para utilizar um dos modelos internos instalados com o
PowerPoint, clique em Modelos de Exemplo, clique no modelo
desejado e depois em Criar.
• Para localizar um modelo no Office.com, em Modelos
do Office.com, clique em uma categoria de modelo, selecione o
modelo desejado e clique em Baixar para baixar o modelo do Offi-
ce.com para o computador.

Salvar uma apresentação

Observação- Você também pode pesquisar modelos no Offi-


ce.com de dentro do PowerPoint. Na caixa Pesquisar modelos no
Office.com, digite um ou mais termos de pesquisa e clique no Como com qualquer programa de software, é uma boa ideia
botão de seta para pesquisar. nomear e salvar a apresentação imediatamente e salvar suas altera-
ções com frequência enquanto você trabalha:
Criar uma apresentação 1. Clique na guia Arquivo.
1. Clique na guia Arquivo e clique em Novo. 2. Clique em Salvar como e siga um destes procedimentos:
2. Siga um destes procedimentos: • Para que uma apresentação só possa ser aberta no Po-
• Clique em Apresentação em Branco e em Criar. werPoint 2010 ou no PowerPoint 2007, na lista Salvar como tipo,
• Aplique um modelo ou tema, seja interno fornecido com selecione Apresentação do PowerPoint (*.pptx).
o PowerPoint 2010 ou baixado do Office.com. • Para uma apresentação que possa ser aberta no Power-
Point 2010 ou em versões anteriores do PowerPoint, selecione
Abrir uma apresentação Apresentação do PowerPoint 97-2003 (*.ppt).
1. Clique na guia Arquivo e em Abrir. 3. No painel esquerdo da caixa de diálogo Salvar como, cli-
2. No painel esquerdo da caixa de diálogo Abrir, clique na que na pasta ou em outro local onde você queira salvar sua apre-

Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
sentação. 3. Clique no layout desejado para o novo slide.
4. Na caixa Nome de arquivo, digite um nome para a apre-
sentação ou aceite o nome padrão e clique em Salvar.
De agora em diante, você pode pressionar CTRL+S ou pode
clicar em Salvar, próximo à parte superior da tela, para salvar rapi-
damente a apresentação, a qualquer momento.
Observação: Para salvar a apresentação em um formato di-
ferente de .pptx, clique na lista Salvar como tipo e selecione o
formato de arquivo desejado.
O Microsoft PowerPoint 2010 oferece uma série de tipos
de arquivo que você pode usar para salvar; por exemplo, JPEGs
(.jpg), arquivos Portable Document Format (.pdf), páginas da Web
(.html), Apresentação OpenDocument (.odp), inclusive como ví-
deo ou filme etc.
Também é possível abrir vários formatos de arquivo diferen-
tes com o PowerPoint 2010, como Apresentações OpenDocument,
páginas da Web e outros tipos de arquivos.

Adicionar, reorganizar e excluir slides


O único slide que é exibido automaticamente ao abrir o Po-
werPoint tem dois espaços reservados, sendo um formatado para
um título e o outro formatado para um subtítulo. A organização dos
espaços reservados em um slide é chamada layout. O Microsoft
PowerPoint 2010 também oferece outros tipos de espaços reserva- O novo slide agora aparece na guia Slides, onde está realçado
dos, como aqueles de imagens e elementos gráficos de SmartArt. como o slide atual, e também como o grande slide à direita no
Ao adicionar um slide à sua apresentação, siga este procedi- painel Slide. Repita esse procedimento para cada novo slide que
mento para escolher um layout para o novo slide ao mesmo tempo: você deseja adicionar.
1. No modo de exibição Normal, no painel que contém as
guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides e clique abaixo do Determinar quantos slides são necessários
único slide exibido automaticamente ao abrir o PowerPoint. Para calcular o número de slides necessários, faça um rascu-
2. Na guia Página Inicial, no grupo Slides, clique na seta nho do material que você planeja abordar e, em seguida, divida
ao lado de Novo Slide. Ou então, para que o novo slide tenha o o material em slides individuais. Você provavelmente deseja pelo
mesmo layout do slide anterior, basta clicar em Novo Slide em vez menos:
de clicar na seta ao lado dele. • Um slide de título principal
• Um slide introdutório que lista os pontos principais ou
áreas da sua apresentação
• Um slide para cada ponto ou área que esteja listada no
slide introdutório
• Um slide de resumo que repete a lista de pontos ou áreas
principais da sua apresentação
Usando essa estrutura básica, se você possui três pontos ou
áreas principais para apresentar, planeje ter um mínimo de seis: um
slide de título, um slide introdutório, um slide para cada um dos
Será exibida uma galeria que mostra as miniaturas dos vários três pontos ou áreas principais e um slide de resumo.
layouts de slide disponíveis.
• O nome identifica o conteúdo para o qual cada slide foi
criado.
• Os espaços reservados que exibem ícones coloridos po-
dem conter texto, mas você também pode clicar nos ícones para
inserir objetos automaticamente, incluindo elementos gráficos
SmartArt e clip-art.

Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se houver uma grande quantidade de material para apresentar sobre qualquer um dos pontos ou áreas principais, talvez você queira criar
um subagrupamento de slides para esse material, usando a mesma estrutura de tópicos básica.
Dica: Pense em quanto tempo cada slide deve ficar visível na tela durante a sua apresentação. Uma boa estimativa padrão é de dois a
cinco minutos por slide.
Aplicar um novo layout a um slide
Para alterar o layout de um slide existente, faça o seguinte:
• No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides e clique no slide ao qual deseja
aplicar um novo layout.
• Na guia Página Inicial, no grupo Slides, clique em Layout e, em seguida, clique no novo layout desejado.
 Observação   Se você aplicar um layout que não possua tipos de espaços reservados suficientes para o conteúdo que já existe no slide,
serão criados espaços reservados adicionais automaticamente para armazenar esse conteúdo.

Copiar um slide
Se você deseja criar dois ou mais slides que tenham conteúdo e layout semelhantes, salve o seu trabalho criando um slide que tenha
toda a formatação e o conteúdo que será compartilhado por ambos os slides, fazendo uma cópia desse slide antes dos retoques finais em
cada um deles.
1. No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o botão direito do
mouse no slide que deseja copiar e clique em Copiar.
2. Na guia Slides, clique com o botão direito do mouse onde você deseja adicionar a nova cópia do slide e clique em Colar.
Você também pode usar esse procedimento para inserir uma cópia de um slide de uma apresentação para outra.

Reorganizar a ordem dos slides


No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique no slide que deseja mover
e arraste-o para o local desejado.
Para selecionar vários slides, clique em um slide que deseja mover, pressione e mantenha pressionada a tecla CTRL enquanto clica em
cada um dos outros slides que deseja mover.

Excluir um slide
No modo de exibição Normal, no painel que contém as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o botão direito do
mouse no slide que deseja excluir e clique em Excluir Slide.

Adicionar formas ao slide


1. Na guia Início, no grupo Desenho, clique em Formas.

Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
2. Clique na forma desejada, clique em qualquer parte do slide e arraste para colocar a forma.
Para criar um quadrado ou círculo perfeito (ou restringir as dimensões de outras formas), pressione e mantenha a tecla SHIFT pressio-
nada ao arrastar.

Exibir uma apresentação de slides

Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do primeiro slide, siga este procedimento:
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Começo (ou pressione F5).

Para exibir a apresentação no modo de exibição Apresentação de Slides a partir do slide atual, siga este procedimento(ou pressione
Shift+F5):
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apresentação de Slides, clique em Do Slide Atual.

Imprimir uma apresentação


1. Clique na guia Arquivo e clique em Imprimir.
2. Em Imprimir, siga um destes procedimentos:
• Para imprimir todos os slides, clique em Tudo.
• Para imprimir somente o slide exibido no momento, clique em Slide Atual.
• Para imprimir slides específicos por número, clique em Intervalo Personalizado de Slides e digite uma lista de slides individuais,
um intervalo, ou ambos.
Observação   Use vírgulas para separar os números, sem espaços. Por exemplo: 1,3,5-12.
3. Em Outras Configurações, clique na lista Cor e selecione a configuração desejada.
4. Ao concluir as seleções, clique em Imprimir.

Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Criar e imprimir folhetos
Você pode imprimir as apresentações na forma de folhetos,
com até nove slides em uma página, que podem ser utilizados pelo
público para acompanhar a apresentação ou para referência futura.
O folheto com três slides por página possui espaços entre as
linhas para anotações.
Você pode selecionar um layout para os folhetos em visuali-
zação de impressão (um modo de exibição de um documento da
maneira como ele aparecerá ao ser impresso).
Organizar conteúdo em um folheto:
Na visualização de impressão é possível organizar o conteúdo
no folheto e visualizá-lo para saber como ele será impresso. Você
pode especificar a orientação da página como paisagem ou retrato
e o número de slides que deseja exibir por página.
Você pode adicionar visualizar e editar cabeçalhos e rodapés,
como os números das páginas. No layout com um slide por pági-
na, você só poderá aplicar cabeçalhos e rodapés ao folheto e não
aos slides, se não desejar exibir texto, data ou numeração no cabe-
çalho ou no rodapé dos slides.

Aplicar conteúdo e formatação em todos os folhetos:


Se desejar alterar a aparência, a posição e o tamanho da nu-
meração, da data ou do texto do cabeçalho e do rodapé em todos O formato Folhetos (3 Slides por Página) possui linhas para
os folhetos, faça as alterações no folheto mestre. Para incluir um anotações do público.
nome ou logotipo em todas as páginas do folheto, basta adicioná-
-lo ao mestre. As alterações feitas no folheto mestre também são Para especificar a orientação da página, clicar na seta em
exibidas na impressão da estrutura de tópicos. Orientação e, em seguida, clicar em Paisagem ou Retrato.
Imprimir folhetos: Clicar em Imprimir.
1. Abrir a apresentação em que deseja imprimir os folhetos.
2. Clicar na aba Arquivo, clicar na seleção de layout de sli- Inserir texto
des para impressão na seção ‘Configurações’ e escolher o modo
de impressão(aqui também podemos selecionar os modos ‘Anota- Para inserir um texto no slide clicar com o botão esquerdo do
ções’ e ‘Estrutura de tópicos’) mouse no retângulo (Clique para adicionar um título), após clicar
o ponto de inserção (cursor será exibido).
Então basta começar a digitar.

Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
11 – Alinhar Texto à Esquerda
Alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+Q.
12 – Centralizar
Centraliza o texto. Também pode ser acionado através do co-
mando Ctrl+E.
13 – Alinhar Texto à Direita
Alinha o texto à direita. Também pode ser acionado através
do comando Ctrl+G.
14 – Justificar
Alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando es-
paço extra entre as palavras conforme o necessário, promovendo
uma aparência organizada nas laterais esquerda e direita da página.
15 – Colunas
Divide o texto em duas ou mais colunas.
Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo. Para Limpar formatação
selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o boto esquerdo Para limpar toda a formatação de um texto basta selecioná-lo
sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e manter o botão e clicar no botão , localizado na guia Início.
pressionado, arrastar o mouse até o ponto desejado e soltar o botão
esquerdo. Inserir símbolos especiais
Além dos caracteres que aparecem no teclado, é possível inse-
rir no slide vários caracteres e símbolos especiais.
1. Posicionar o cursor no local que se deseja inserir o símbolo.
2. Acionar a guia Inserir.

3. Clicar no botão Símbolo.


4. Selecionar o símbolo.

1 – Fonte
Altera o tipo de fonte
2 – Tamanho da fonte
Altera o tamanho da fonte
3 – Negrito
Aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser acio-
nado através do comando Ctrl+N.
4 – Itálico
Aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser aciona-
do através do comando Ctrl+I.
5 – Sublinhado
Sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+S.
6 – Tachado
Desenha uma linha no meio do texto selecionado. 5. Clicar em Inserir e em seguida Fechar.
7 – Sombra de Texto Marcadores e numeração
Adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para destacá- Com a guia Início acionada, clicar no botão , para criar
-lo no slide. parágrafos com marcadores. Para escolher o tipo de marcador cli-
8 – Espaçamento entre Caracteres car na seta.
Ajusta o espaçamento entre caracteres.
9 – Maiúsculas e Minúsculas
Altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, minús-
culas, ou outros usos comuns de maiúsculas/minúsculas.
10 – Cor da Fonte
Altera a cor da fonte.

Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Alterar plano de fundo
Para alterar o plano de fundo de um slide, basta clicar com o
botão direito do mouse sobre ele, e em seguida clicar em Formatar
Plano de Fundo.

Com a guia Início acionada, clicar no botão , para iniciar uma


lista numerada. Para escolher diferentes formatos de numeração
clicar na seta. Depois escolher entre as opções clicar Aplicar a tudo para
aplicar a mudança a todos os slides, se for alterar apenas o slide
atual clicar em fechar.

Inserir figuras

Animar textos e objetos


Para animar um texto ou objeto, selecionar o texto ou objeto,
clicar na guia Animações, e depois em Animações Personalizadas,
abrirá um painel à direita, clicar em Adicionar efeito. Nele se en-
contram várias opções de animação de entrada, ênfase, saída e tra-
jetórias de animação.
Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar
em um desses botões: Inserir botão de ação
• Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo. Um botão de ação consiste em um botão já existente que pode
• Clip-art: é possível escolher entre várias figuras que acompa- ser inserido na apresentação e para o qual pode definir hiperlinks.
nham o Microsoft Office. Os botões de ação contêm formas, como setas para direita e para
• Formas: insere formas prontas, como retângulos e círculos, esquerda e símbolos de fácil compreensão referentes às ações de
setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos. ir para o próximo, anterior, primeiro e último slide, além de exe-
• SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para comu- cutarem filmes ou sons. Eles são mais comumente usados para
nicar informações visualmente. Esses elementos gráficos variam apresentações autoexecutáveis — por exemplo, apresentações que
desde listas gráficas e diagramas de processos até gráficos mais são exibidas várias vezes em uma cabine ou quiosque (um compu-
complexos, como diagramas de Venn e organogramas. tador e monitor, geralmente localizados em uma área frequentada
• Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados. por muitas pessoas, que pode incluir tela sensível ao toque, som
• WordArt: insere um texto com efeitos especiais. ou vídeo.

Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Os quiosques podem ser configurados para executar apresen-
tações do PowerPoint de forma automática, contínua ou ambas).
1. Na guia Inserir, no grupo Ilustrações, clicar na seta abaixo
de Formas e, em seguida, clique no botão Mais .
2. Em Botões de Ação, clicar no botão que se deseja adicionar.
3. Clicar sobre um local do slide e arrastar para desenhar a
forma para o botão.
4. Na caixa Configurar Ação, seguir um destes procedimen-
tos:
• Para escolher o comportamento do botão de ação quando
você clicar nele, clicar na guia Selecionar com o Mouse.
• Para escolher o comportamento do botão de ação quando
você mover o ponteiro sobre ele, clicar na guia Selecionar sem o
Mouse.
5. Para escolher o que acontece quando você clica ou move
o ponteiro sobre o botão de ação, siga um destes procedimentos: 1. Na guia Apresentações de Slides, no grupo Iniciar Apre-
• Se você não quiser que nada aconteça, clicar em Nenhuma. sentação de Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de Slides
• Para criar um hiperlink, clicar em Hiperlink para e selecionar Personalizada e, em seguida, clicar em Apresentações Personali-
o destino para o hiperlink. zadas.
• Para executar um programa, clicar em Executar programa 2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, clicar
e, em seguida, clicar em Procurar e localizar o programa que você em Novo.
deseja executar. 3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que você de-
• Para executar um macro (uma ação ou um conjunto de ações seja incluir na apresentação personalizada e, em seguida, clicar em
que você pode usar para automatizar tarefas. Os macros são grava- Adicionar.
dos na linguagem de programação Visual Basic for Applications), Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no primeiro
clicar em Executar macro e selecionar a macro que você deseja slide e, em seguida, manter pressionada a tecla SHIFT enquanto
executar. clica no último slide que deseja selecionar. Para selecionar diver-
As configurações de Executar macro estarão disponíveis so- sos slides não sequenciais, manter pressionada a tecla CTRL en-
mente se a sua apresentação contiver um macro. quanto clica em cada slide que queira selecionar.
• Se você deseja que a forma escolhida como um botão de 4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos, em
ação execute uma ação, clicar em Ação do objeto e selecionar a Slides na apresentação personalizada, clicar em um slide e, em
ação que você deseja que ele execute. seguida, clicar em uma das setas para mover o slide para cima ou
As configurações de Ação do objeto estarão disponíveis so- para baixo na lista.
mente se a sua apresentação contiver um objeto OLE (uma tecno- 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de slides
logia de integração de programa que pode ser usada para compar- e clicar em OK. Para criar apresentações personalizadas adicionais
tilhamento de informações entre programas. Todos os programas com quaisquer slides da sua apresentação, repetir as etapas de 1
do Office oferecem suporte para OLE; por isso, você pode compar- a 5.
tilhar informações por meio de objetos vinculados e incorporados). Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar no
• Para tocar um som, marcar a caixa de seleção Tocar som e nome da apresentação na caixa de diálogo Apresentações Persona-
selecionar o som desejado. lizadas e, em seguida, clicar em Mostrar.
2 – Apresentação Personalizada com Hiperlink
Criar apresentação personalizada Utilizar uma apresentação personalizada com hiperlinks para
Existem dois tipos de apresentações personalizadas: básica e organizar o conteúdo de uma apresentação. Por exemplo, se você
com hiperlinks. cria uma apresentação personalizada principal sobre a nova orga-
Uma apresentação personalizada básica é uma apresentação nização geral da sua empresa, é possível criar uma apresentação
separada ou uma apresentação que inclui alguns slides originais. personalizada para cada departamento da sua organização e vincu-
Uma apresentação personalizada com hiperlinks é uma forma lá-los a essas exibições da apresentação principal.
rápida de navegar para uma ou mais apresentações separadas.
1 – Apresentação Personalizada Básica
Utilizar uma apresentação personalizada básica para fornecer
apresentações separadas para diferentes grupos da sua organiza-
ção. Por exemplo, se sua apresentação contém um total de cinco
slides, é possível criar uma apresentação personalizada chamada
“Site 1” que inclui apenas os slides 1, 3 e 5. É possível criar uma
segunda apresentação personalizada chamada “Site 2” que inclui
os slides 1, 2, 4 e 5. Quando você criar uma apresentação perso-
nalizada a partir de outra apresentação, é possível executá-la, na
íntegra, em sua sequência original.

Didatismo e Conhecimento 63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Na guia Apresentações, no grupo Iniciar Apresentação de 6. Quadriculado na Horizontal
Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de Slides Personali- 7. Quadriculado na Vertical
zada e, em seguida, clicar em Apresentações Personalizadas. 8. Pente Horizontal
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, clicar 9. Pente Vertical
em Novo.
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que você de- Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos Rápi-
seja incluir na apresentação personalizada principal e, em seguida, dos, clicar no botão Mais, conforme mostrado no diagrama acima.
clicar em Adicionar. • Adicionar a mesma transição de slides a todos os slides em
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no primeiro sua apresentação:
slide e, em seguida, manter pressionada a tecla SHIFT enquanto 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na
clica no último slide que deseja selecionar. Para selecionar diver- guia Slides.
sos slides não sequenciais, manter pressionada a tecla CTRL en- 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
quanto clica em cada slide que queira selecionar. 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide,
4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos, em clicar em um efeito de transição de slides.
Slides na apresentação personalizada, clicar em um slide e, em 4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos
seguida, clicar em uma das setas para mover o slide para cima ou Rápidos, clicar no botão Mais.
para baixo na lista. 5. Para definir a velocidade de transição de slides, no grupo
5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de slides Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de Velocidade da
e clicar em OK. Para criar apresentações personalizadas adicionais Transição e, em seguida, selecionar a velocidade desejada.
com quaisquer slides da sua apresentação, repetir as etapas de 1 6. No grupo Transição para Este Slide, clicar em Aplicar a
a 5. Tudo.
6. Para criar um hiperlink da apresentação principal para uma • Adicionar diferentes transições de slides aos slides em sua
apresentação de suporte, selecionar o texto ou objeto que você de- apresentação
seja para representar o hiperlink. 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na
7. Na guia Inserir, no grupo Vínculos, clicar na seta abaixo guia Slides.
de Hiperlink. 2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
8. Em Vincular para, clicar em Colocar Neste Documento. 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide,
clicar no efeito de transição de slides que você deseja para esse
9. Seguir um destes procedimentos:
slide.
• Para se vincular a uma apresentação personalizada, na lista
4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos
Selecionar um local neste documento, selecionar a apresentação
Rápidos, clicar no botão Mais.
personalizada para a qual deseja ir e marcar a caixa de seleção
5. Para definir a velocidade de transição de slides, no grupo
Mostrar e retornar.
Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de Velocidade da
• Para se vincular a um local na apresentação atual, na lista
Transição e, em seguida, selecionar a velocidade desejada.
Selecione um local neste documento, selecionar o slide para o qual
6. Para adicionar uma transição de slides diferente a outro
você deseja ir. slide em sua apresentação, repetir as etapas 2 a 4.
Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar no • Adicionar som a transições de slides
nome da apresentação na caixa de diálogo Apresentações Persona- 1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar na
lizadas e, em seguida, clicar em Mostrar. guia Slides.
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide.
Transição de slides 3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Slide,
As transições de slide são os efeitos semelhantes à animação clicar na seta ao lado de Som de Transição e, em seguida, seguir
que ocorrem no modo de exibição Apresentação de Slides quando um destes procedimentos:
você move de um slide para o próximo. • Para adicionar um som a partir da lista, selecionar o som
É possível controlar a velocidade de cada efeito de transição desejado.
de slides e também adicionar som. • Para adicionar um som não encontrado na lista, selecionar
O Microsoft Office PowerPoint 2010 inclui vários tipos dife- Outro Som, localizar o arquivo de som que você deseja adicionar
rentes de transições de slides, incluindo (mas não se limitando) as e, em seguida, clicar em OK.
seguintes: 4. Para adicionar som a uma transição de slides diferente,
repetir as etapas 2 e 3.

Configurar apresentação de slides


• Tipo de apresentação
Usar as opções na seção Tipo de apresentação para especificar
como você deseja mostrar a apresentação para sua audiência.
1. Sem transição o Para fazer sua apresentação diante de uma audiência ao
2. Persiana Horizontal vivo, clicar em Exibida por um orador (tela inteira).
3. Persiana Vertical o Para permitir que a audiência exiba sua apresentação a partir
4. Quadro Fechar de um disco rígido ou CD em um computador ou na Internet, clicar
5. Quadro Abrir em Apresentada por uma pessoa (janela).

Didatismo e Conhecimento 64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
o Para permitir que a audiência role por sua apresentação de É possível executar sua apresentação do Microsoft Office Po-
auto execução a partir de um computador autônomo, marcar a cai- werPoint 2010 de um monitor (por exemplo, em um pódio) en-
xa de seleção Mostrar barra de rolagem. quanto o público a vê em um segundo monitor.
o Para entregar uma apresentação de auto execução execu- Usando dois monitores, é possível executar outros programas
tada em um quiosque (um computador e monitor, geralmente lo- que não são vistos pelo público e acessar o modo de exibição Apre-
calizados em uma área frequentada por muitas pessoas, que pode sentador. Este modo de exibição oferece as seguintes ferramentas
incluir tela sensível ao toque, som ou vídeo. Os quiosques podem para facilitar a apresentação de informação:
ser configurados para executar apresentações do PowerPoint de o É possível utilizar miniaturas para selecionar os slides de
forma automática, contínua ou ambas), clicar em Apresentada em uma sequência e criar uma apresentação personalizada para o seu
um quiosque (tela inteira). público.
• Mostrar slides o A visualização de texto mostra aquilo que o seu próximo cli-
Usar as opções na seção Mostrar slides para especificar quais que adicionará à tela, como um slide novo ou o próximo marcador
slides estão disponíveis em uma apresentação ou para criar uma de uma lista.
apresentação personalizada (uma apresentação dentro de uma o As anotações do orador são mostradas em letras grandes e
apresentação na qual você agrupa slides em uma apresentação claras, para que você possa utilizá-las como um script para a sua
existente para poder mostrar essa seção da apresentação para um apresentação.
público em particular). o É possível escurecer a tela durante sua apresentação e, de-
o Para mostrar todos os slides em sua apresentação, clicar em pois, prosseguir do ponto em que você parou. Por exemplo, talvez
Tudo. você não queira exibir o conteúdo do slide durante um intervalo ou
o Para mostrar um grupo específico de slides de sua apresen- uma seção de perguntas e respostas.
tação, digitar o número do primeiro slide que você deseja mostrar
na caixa De e digitar o número do último slide que você deseja
mostrar na caixa Até.
o Para iniciar uma apresentação de slides personalizada que
seja derivada de outra apresentação do PowerPoint, clicar em
Apresentação personalizada e, em seguida, clicar na apresenta-
ção que você deseja exibir como uma apresentação personalizada
(uma apresentação dentro de uma apresentação na qual você agru-
pa slides em uma apresentação existente para poder mostrar essa
seção da apresentação para um público em particular).
• Opções da apresentação
Usar as opções na seção Opções da apresentação para especi-
ficar como você deseja que arquivos de som, narrações ou anima-
ções sejam executados em sua apresentação.
o Para executar um arquivo de som ou animação continua- No modo de exibição do Apresentador, os ícones e botões são
mente, marcar a caixa de opções Repetir até ‘Esc’ ser pressionada. grandes o suficiente para uma fácil navegação, mesmo quando
o Para mostrar uma apresentação sem executar uma narração você está usando um teclado ou mouse desconhecido. A seguin-
incorporada, marcar a caixa de seleção Apresentação sem narra- te ilustração mostra as várias ferramentas disponibilizadas pelo
ção. modo de exibição Apresentador.
o Para mostrar uma apresentação sem executar uma animação
incorporada, marcar a caixa de seleção Apresentação sem anima-
ção.
o Ao fazer sua apresentação diante de uma audiência ao vivo,
é possível escrever nos slides. Para especificar uma cor de tinta, na
lista Cor da caneta, selecionar uma cor de tinta.

A lista Cor da caneta estará disponível apenas se Exibida por


um orador (tela inteira) (na seção Tipo de apresentação) estiver
selecionada.
• Avançar slides
Usar as opções na seção Avançar slides para especificar como
mover de um slide para outro.
o Para avançar para cada slide manualmente durante a apre-
sentação, clicar em Manualmente.
o Para usar intervalos de slide para avançar para cada slide
automaticamente durante a apresentação, clicar em Usar interva-
los, se houver.
• Vários Monitores

Didatismo e Conhecimento 65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
1. Miniaturas dos slides que você pode clicar para pular um sli- o Na lista Resolução da apresentação de slides, clicar na reso-
de ou retornar para um slide já apresentado. lução, ou número de pixels por polegada, que você deseja. Quanto
2. O slide que você está exibindo no momento para o público. mais pixels, mais nítida será a imagem, contudo mais lento será o
3. O botão Finalizar Apresentação, que você pode clicar a qual- desempenho do computador. Por exemplo, uma tela de 640 x 480
quer momento para finalizar a sua apresentação. pixels é capaz de exibir 640 pontos distintos em cada uma das 480
4. O botão Escurecer, que você pode clicar para escurecer a tela linhas, ou aproximadamente 300.000 pixels. Essa é a resolução
do público temporariamente e, em seguida, clicar de novo para exibir com desempenho mais rápido, contudo fornece a menor qualidade.
o slide atual. Em contraste, uma tela com 1280 x 1024 pixels fornece as imagens
5. Avançar para cima, que indica o slide que o seu público verá mais nítidas, mas com desempenho mais lento.
em seguida.
6. Botões que você pode selecionar para mover para frente ou
para trás na sua apresentação.
7. O Número do slide (por exemplo, Slide 7 de 12) CORREIO ELETRÔNICO: USO DE
8. O tempo decorrido, em horas e minutos, desde o início da sua
apresentação.
CORREIO ELETRÔNICO, PREPARO E
9. As anotações do orador, que você pode usar como um script ENVIO DE MENSAGENS, ANEXAÇÃO
para a sua apresentação. DE ARQUIVOS.
Requisitos para o uso do modo de exibição Apresentador:
Para utilizar o modo de exibição Apresentador, faça o seguinte:
o Certifique-se que o computador usado para a apresentação tem
capacidade para vários monitores.
o Ativar o suporte a vários monitores CORREIO ELETRÔNICO
o Ativar o modo de exibição Apresentador. O correio eletrônico1 se parece muito com o correio tradicio-
nal. Todo usuário tem um endereço próprio e uma caixa postal, o
Ativar o suporte a vários monitores: carteiro é a Internet. Você escreve sua mensagem, diz pra quem
Embora os computadores possam oferecer suporte a mais de dois quer mandar e a Internet cuida do resto. Mas por que o e-mail
monitores, o PowerPoint oferece suporte para o uso de até dois monito- se popularizou tão depressa? A primeira coisa é pelo custo. Você
res para uma apresentação. Para desativar o suporte a vários monitores, não paga nada por uma comunicação via e-mail, apenas os custos
selecionar o segundo monitor e desmarcar a caixa de seleção Estender a de conexão com a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o
área de trabalho do Windows a este monitor. correio tradicional levaria dias para entregar uma mensagem, o
1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Monitores, clicar em eletrônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza papel.
Mostrar Modo de Exibição do Apresentador. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário, não precisa
2. Na caixa de diálogo Propriedades de Vídeo, na guia Configura- passa de mão-em-mão (funcionário do correio, carteiro, etc.), fica
ções, clicar no ícone do monitor para o monitor do apresentador e des- na sua caixa postal onde somente o dono tem acesso e, apesar
marcar a caixa de seleção Usar este dispositivo como monitor primário. de cada pessoa ter seu endereço próprio, você pode acessar seu
Se a caixa de seleção Usar este dispositivo como monitor primá- e-mail de qualquer computador conectado à Internet.
rio estiver marcada e não disponível, o monitor foi designado como o Bem, o e-mail mesclou a facilidade de uso do correio conven-
monitor primário. Somente é possível selecionar um monitor primário cional com a velocidade do telefone, se tornando um dos melho-
por vez. Se você clicar em um ícone de monitor diferente, a caixa de res e mais utilizado meio de comunicação.
seleção Usar este dispositivo como monitor primário é desmarcada e
torna-se disponível novamente. Estrutura e Funcionalidade do e-mail
É possível mostrar o modo de exibição Apresentador e executar a
Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos os en-
apresentação de apenas um monitor — geralmente, o monitor 1.
dereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão, nome do usuá-
3. Clicar no ícone do monitor para o monitor do público e marcar a
rio + @ + host, onde:
caixa de seleção Estender a área de trabalho do Windows a este monitor.
Executar uma apresentação em dois monitores usando o modo de » Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuá-
exibição do Apresentador: rio na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecastro.
Após configurar seus monitores, abrir a apresentação que deseja » @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa o
executar e fazer o seguinte: nome do usuário do seu provedor.
1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Configuração, clicar » Host – é o nome do provedor onde foi criado o endereço
em Configurar a Apresentação de Slides. eletrônico. Exemplo: click21.com.br .
2. Na caixa de diálogo Configurar Apresentação, escolher as op- » Provedor – é o host, um computador dedicado ao serviço
ções desejadas e clicar em OK. 24 horas por dia.
3. Para começar a entrega da apresentação, na guia Exibir, no
grupo Modos de Exibição de Apresentação, clicar em Apresentação de Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.com.br
Slides.
• Desempenho A caixa postal é composta pelos seguintes itens:
Usar as opções na seção Desempenho para especificar o nível de » Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens
clareza visual da apresentação. recebidas.
o Para acelerar o desenho de elementos gráficos na apresentação, 1 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronicoewe-
selecionar Usar aceleração de elementos gráficos do hardware. bmail001.asp

Didatismo e Conhecimento 66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
» Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não en- WebMail
viadas.
» E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails que O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação acessada
foram enviados. diretamente na Internet, sem a necessidade de usar programa de
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda não ter- correio eletrônico. Praticamente todos os e-mails possuem aplica-
minou de redigir. ções para acesso direto na Internet. É grande o número de prove-
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas. dores que oferecem correio eletrônico gratuitamente, logo abaixo
segue uma lista dos mais populares.
Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão presentes: » Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do desti- » GMail – http://www.gmail.com
natário. » Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da mesma » iG Mail – http://www.ig.com.br
mensagem, ao usar este campo os endereços aparecerão para to- » Yahoo – http://www.yahoo.com.br
dos os destinatários.
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, no en- Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e seguir
tanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos. as instruções do site. Outro importante fator a ser observado é o
» Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem. tamanho máximo permitido por anexo, este foi outro fator que au-
» Anexos – são dados que são anexados à mensagem (ima- mentou muito de tamanho, há pouco tempo a maioria dos prove-
gens, programas, música, arquivos de texto, etc.). dores permitiam em torno de 2 Mb, mas atualmente a maioria já
» Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a mensa- oferecem em média 25 Mb. Além de caixa postal os provedores
gem. costumam oferecer serviços de agenda e contatos.
Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a critério de
Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor, porém cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu, por exemplo,
representando as mesmas funções. Além dos destes campos tem procuro aqueles que oferecem uma interface com o menor propa-
ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e EXCLUIR as
ganda possível.
mensagens, este botões bem como suas funcionalidades veremos
em detalhes, mais à frente.
» Criando seu e-mail
Para receber seus e-mails você não precisa estar conectado
Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamente simples,
à Internet, pois o e-mail funciona com provedores. Mesmo você
eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste WebMail não tem
não estado com seu computador ligado, seus e-mail são recebidos
propagandas e isso ajudar muito os entendimentos, no entanto
e armazenados na sua caixa postal, localizada no seu provedor.
você pode acessar qualquer dos endereços informados acima ou
Quando você acessa sua caixa postal, pode ler seus e-mail on-line
ainda qualquer outro que você conheça. O processo de cadastro é
(diretamente na Internet, pelo WebMail) ou baixar todos para seu
muito simples, basta preencher um formulário e depois você terá
computador através de programas de correio eletrônico. Um pro-
grama muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais sua conta de e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos:
à frente. 1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com.br) ou
A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de e-mail qualquer outro de sua preferência.
e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode enviar mensa- 2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será aber-
gens para você. Também é possível enviar mensagens para várias to um formulário, preencha-o observando todos os campos. Os
pessoas ao mesmo tempo, para isto basta usar os campos “Cc” e campos do formulário têm suas particularidades de provedor para
“Cco” descritos acima. provedor, no entanto todos trazem a mesma ideia, colher infor-
Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a maioria mações do usuário. Este será a primeira parte do seu e-mail e é
das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet através igual a este em qualquer cadastro, no exemplo temos “@outlook.
do navegador. Este tipo de correio é chamado de WebMail. O com”. A junção do nome de usuário com o nome do provedor é
WebMail é responsável pela grande popularização do e-mail, que será seu endereço eletrônico. No exemplo ficaria o seguinte:
pois mesmo as pessoas que não tem computador, podem acessar seunome@outlook.com.
sua caixa postal de qualquer lugar (um cyber, casa de um ami- 3. Após preencher todo o formulário clique no botão “Criar
go, etc.). Para ter um endereço eletrônico basta querer e acessar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado.
a Internet, é claro. Existe quase que uma guerra por usuários. Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é comum que
Os provedores, também, disputam quem oferece maior espaço muitos nomes já tenham sido cadastrados por outros usuários,
em suas caixas postais. Há pouco tempo encontrar um e-mail neste caso será exibida uma mensagem lhe informando do pro-
com mais de 10 Mb, grátis, não era fácil. Lembro que, quando blema. Isso acontece porque dentro de um mesmo provedor não
a Embratel ofereceu o Click21 com 30 Mb, achei que era muito pode ter dois nomes de usuários iguais. A solução é procurar outro
espaço, mas logo o iBest ofereceu 120 Mb e não parou por ai, a nome que ainda esteja livre, alguns provedores mostram sugestões
“guerra” continuo culminando com o anúncio de que o Google como: seunome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você (o
iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). A última campanha do GMail, que é bem provável que acontecerá) escolha uma das sugestões ou
e-mail do Google, é de aumentar sua caixa postal constantemen- informe outro nome (não desista, você vai conseguir), finalize seu
te, a última vez que acessei estava em 2663 Mb. cadastro que seu e-mail vai está pronto para ser usado.

Didatismo e Conhecimento 67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
» Entendendo a Interface do WebMail ser feito pela caixa de seleção do lado esquerdo do título da coluna “Reme-
A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que nos tente”. O título das colunas, além de nomeá-las, também serve para clas-
liga do mundo externo aos comandos do programa. Estes conhe- sificar as mensagens que por padrão estão classificadas através da coluna
cimentos vão lhe servir para qualquer WebMail que você tiver e “Data”, para usar outra coluna na classificação basta clicar sobre nome dela.
também para o Outlook, que é um programa de gerenciamento de 14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adicionar, reno-
e-mails, vamos ver este programa mais adiante. mear e apagar as suas pastas. As pastas são um modo de organizar seu
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua caixa conteúdo, armazenando suas mensagens por temas. Quando seu e-mail é
de entrar, verificando se há novas mensagens no servidor. criado não existem pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário de
2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição de acordo com suas necessidades.
e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no qual você vai 15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a seção onde
redigir, responder e encaminhar mensagens. Semelhante à função pode ser feita uma configuração que permitirá você acessar outras caixas
novo e-mail do Outlook. postais diretamente da sua. O próximo link, como o nome já diz, abre a
3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus endere- janela de configuração dos e-mails bloqueados e mais abaixo o link para
ços de e-mail são previamente guardados para utilização futura, baixar um plug-in que lhe permite fazer uma configuração automá-
nesta seção também é possível criar grupos para facilitar o geren- tica do Outlook Express. Estes dois primeiros links são os mesmos
ciamento dos seus contatos. apresentados no item 10.
4. Configurações – Este botão abre (como o próprio nome já
diz) a janela de configurações. Nesta janela podem ser feitas diver- MS OUTLOOK 2010
sas configurações, tais como: mudar senha, definir número de e-mail
por página, assinatura, resposta automática, etc. O Microsoft Outlook 2010 oferece excelentes ferramentas de
5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma seção com vários gerenciamento de emails profissionais e pessoais para mais de 500
tópicos de ajuda. milhões de usuários do Microsoft Office no mundo todo. Com o
6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através dele que você lançamento do Outlook 2010, você terá uma série de experiências
vai fechar sua caixa postal, muito recomendado quando o uso de seu e-mail mais ricas para atender às suas necessidades de comunicação no
ocorrer em computadores de terceiros. trabalho, em casa e na escola.
Do visual redesenhado aos avançados recursos de organização
7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu endereço de
de emails, pesquisa, comunicação e redes sociais, o Outlook 2010
e-mail; quantidade total de sua caixa posta; parte utilizada em porcentagem
proporciona uma experiência fantástica para você se manter pro-
e um pequeno gráfico.
dutivo e em contato com suas redes pessoais e profissionais.
8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você está, no exem-
plo a Caixa de Entrada.
Adicionar uma conta de email
9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de mensagens que estão
Antes de poder enviar e receber emails no Outlook 2010, você
na tela e também o total da seção selecionada. precisa adicionar e configurar uma conta de email. Se tiver usado
10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão todos os co- uma versão anterior do Microsoft Outlook no mesmo computador
mandos relacionados com as mensagens exibidas. Para usar estes coman- em que instalou o Outlook 2010, suas configurações de conta serão
dos, selecione uma ou mais mensagens o comando desejado e clique no importadas automaticamente.
botão “OK”. O botão “Bloquear”, bloqueia o endereço de e-mail da men- Se você não tem experiência com o Outlook ou se estiver ins-
sagem, útil para bloquear e-mails indesejados. Já o botão “Contas externas” talando o Outlook 2010 em um computador novo, o recurso Con-
abre uma seção para configurar outras contas de e-mails que enviarão as figuração Automática de Conta será iniciado automaticamente e
mensagens a sua caixa postal. Para o correto funcionamento desta opção é o ajudará a configurar as definições de suas contas de email. Essa
preciso que a conta a ser acessada tenha serviço POP3 e SMTP. configuração exige somente seu nome, endereço de email e senha.
11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista de página, que Se não for possível configurar sua conta de email automaticamen-
aumenta conforme a quantidade de e-mails na seção. Para acessar selecione te, será necessário digitar as informações adicionais obrigatórias
a página desejada e clique no botão “OK”. Veja que todos os comandos manualmente.
estão disponíveis também na parte inferior, isto para facilitar o uso de sua 1. Clique na guia Arquivo.
caixa postal. 2. Em Dados da Conta e clique em Adicionar Conta.
12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um correio eletrô-
nico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas; Rascunho e Lixeira. Um de-
talhe importante é o estilo do nome, quando está normal significa que todas
as mensagens foram abertas, porém quando estão em negrito, acusam que
há uma ou mais mensagens que não foram lidas, o número entre parêntese
indica a quantidade. Este detalhe funciona para todas as pastas e mensagens
do correio.
13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir as mensagens.
Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exibido o conteúdo da Caixa de En-
trada, mas este painel exibe também as mensagens das diversas pastas exis- Sobre contas de email
tentes na sua caixa postal. A observação feita no item anterior, sobre negrito, O Outlook dá suporte a contas do Microsoft Exchange, POP3
também é válida para esta seção. Observe as caixas de seleção localizadas e IMAP. Seu ISP (provedor de serviços de Internet) ou administra-
do lado esquerdo de cada mensagem, é através delas que as mensagens são dor de emails pode lhe fornecer as informações necessárias para a
selecionadas. A seleção de todos os itens ao mesmo tempo, também pode configuração da sua conta de email no Outlook.

Didatismo e Conhecimento 68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Contas de email estão contidas em um perfil. Um perfil é com-
posto de contas, arquivos de dados e configurações que especifi-
cam onde as suas mensagens de email são salvas. Um novo perfil
é criado automaticamente quando o Outlook é executando pela
primeira vez.
Adicionar uma conta de email ao iniciar o Outlook 2010 pela
primeira vez
Se você ainda não tem experiência com o Outlook ou se esti-
ver instalando o Outlook 2010 em um computador novo, o recurso
Configuração Automática de Conta será iniciado automaticamente
e o ajudará a definir as configurações das suas contas de email.
Esse processo exige somente seu nome, endereço de email e senha.
Se não for possível configurar a sua conta de email automatica-
mente, você precisará inserir as informações adicionais obrigató-
rias manualmente.
1. Inicie o Outlook. Se a tentativa inicial de configurar a conta falhar, uma segunda
2. Quando solicitado a configurar uma conta de email, cli- tentativa poderá ser feita com o uso de uma conexão não crip-
que em Avançar. tografada com o servidor de email. Se você vir essa mensagem,
clique em Avançar para continuar. Se a conexão não criptografada
também falhar, não será possível configurar a sua conta de email
automaticamente.

3. Para adicionar uma conta de email, clique em Sim e de-


pois em Avançar.
4. Insira seu nome, endereço de email e senha e clique em
Avançar. Clique em Repetir ou marque a caixa de seleção Configurar
servidor manualmente.
Depois que a conta for adicionada com êxito, você poderá adi-
cionar mais contas clicando em Adicionar outra conta.

Observação: Quando o seu computador está conectado a um


domínio de rede de uma organização que usa o Microsoft Exchan-
ge Server, suas informações de email são automaticamente inseri- 5. Para sair da caixa de diálogo Adicionar Nova Conta, cli-
das. A senha não aparece porque a sua senha de rede é usada. Um que em Concluir.
indicador de progresso é exibido à medida que a sua conta está Se você tiver adicionado uma conta do Exchange Server, de-
sendo configurada. O processo de configuração pode levar vários verá sair e reiniciar o Outlook para que essa conta apareça e possa
minutos. ser usada no Outlook.

Didatismo e Conhecimento 69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
  Observação: Se o seu perfil já tiver uma conta do Micro- • Nas caixas Senha e Confirmar Senha, digite a senha atri-
soft Exchange Server e você quiser adicionar outra, será neces- buída ou criada por você.
sário usar a Configuração Automática de Conta. Para configurar  Dica: A senha poderá diferenciar maiúsculas de minúsculas.
manualmente uma conta adicional do Exchange Server, você deve Verifique se a tecla CAPS LOCK foi pressionada durante a inser-
sair do Outlook e depois usar o módulo Email no Painel de Con- ção da sua senha.
trole. 4. Em Informações do Servidor, faça o seguinte:
• Na caixa de listagem Tipo de Conta, escolha POP3 ou
Adicionar uma conta de email manualmente IMAP.
Existem três maneiras de adicionar manualmente sua conta de • Na caixa Servidor de entrada de emails, digite o nome
email. A maioria das pessoas só possui um perfil e deverá usar a completo do servidor fornecido pelo provedor de serviços de In-
seção Adicionar ao perfil em execução. ternet ou pelo administrador de email. Geralmente, é mail. seguido
 Observação   A configuração manual de contas do Microsoft do nome de domínio, por exemplo, mail.contoso.com.
Exchange não pode ser feita enquanto o Outlook estiver em exe-
• Na caixa Servidor de saída de emails (SMTP), digite o
cução. Use as etapas das seções Adicionar a um perfil existente ou
nome completo do servidor fornecido pelo provedor de serviços
Adicionar a um novo perfil.
de Internet ou pelo administrador de email. Geralmente, é mail.
Adicionar ao perfil em execução
1. Clique na guia Arquivo. seguido do nome do domínio, por exemplo, mail.contoso.com.
2. Na guia Info, em Informações da Conta, clique em Con- 5. Em Informações de Logon, faça o seguinte:
figurações de Conta. • Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do usuário
3. Clique em Configurações de Conta. fornecido pelo provedor ou pelo administrador de email. Ele pode
4. Clique em Adicionar Conta. fazer parte do seu endereço de email antes do símbolo @, como
Adicionar a um perfil existente pat, ou pode ser o seu endereço de email completo, como pat@
1. Feche o Outlook. contoso.com.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes em • Na caixa Senha, digite a senha fornecida pelo provedor
Email. ou pelo administrador de email ou uma senha que tenha sido criada
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email contém por você.
o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil diferente já exis- • Marque a caixa de seleção Lembrar senha.
tente, clique em Mostrar Perfis, selecione o nome do perfil e, em  Observação: Você tem a opção de salvar sua senha digitando-
seguida, clique em Propriedades. -a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção Lembrar senha.
3. Clique em Contas de Email. Se você escolheu essa opção, não precisará digitar a senha sempre
Adicionar a um novo perfil que acessar a conta. No entanto, isso também torna a conta vulne-
1. Feche o Outlook. rável a qualquer pessoa que tenha acesso ao seu computador.
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes no Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de email
módulo Email. como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você esteja usan-
3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis. do mais de uma conta de email. Clique em Mais Configurações.
4. Clique em Adicionar. Na guia Geral, em Conta de Email, digite um nome que ajudará a
5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome para o identificar a conta, por exemplo, Meu Email de Provedor de Servi-
perfil e, em seguida, clique em OK. ços de Internet Residencial.
Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso confi- A sua conta de email pode exigir uma ou mais das configura-
gure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado. ções adicionais a seguir. Entre em contato com o seu ISP se tiver
6. Clique em Contas de Email.
dúvidas sobre quais configurações usar para sua conta de email.
• Autenticação de SMTP     Clique em Mais Configura-
Configurar manualmente uma conta POP3 ou IMAP
ções. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu servidor de
Uma conta POP3 é o tipo mais comum de conta de email.
Uma conta IMAP é um tipo avançado de conta de email que saída de emails requer autenticação, caso isso seja exigido pela
oferece várias pastas de email em um servidor de emails. As contas conta.
do Google GMail e da AOL podem ser usadas no Outlook 2010 • Criptografia de POP3     Para contas POP3, clique em
como contas IMAP. Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das portas
Se não souber ao certo qual é o tipo da sua conta, entre em do servidor, em Servidor de entrada (POP3), marque a caixa de
contato com o seu provedor de serviços de Internet (ISP) ou admi- seleção O servidor requer uma conexão criptografada (SSL), caso
nistrador de email. o provedor de serviços de Internet instrua você a usar essa confi-
1. Clique em Definir manualmente as configurações do ser- guração.
vidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar. • Criptografia de IMAP     Para contas IMAP, clique em
2. Clique em Email da Internet e em Avançar. Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das portas
3. Em Informações do Usuário, faça o seguinte: do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), para a opção Usar o
• Na caixa Nome, digite seu nome da forma que aparecerá seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Nenhuma, SSL,
para as outras pessoas. TLS ou Automática, caso o provedor de serviços de Internet ins-
• Na caixa Endereço de Email, digite o endereço de email trua você a usar uma dessas configurações.
completo atribuído por seu administrador de email ou ISP. Não se • Criptografia de SMTP    Clique em Mais Configurações.
esqueça de incluir o nome de usuário, o símbolo @ e o nome do Na guia Avançada, em Números das portas do servidor, em Servi-
domínio como, por exemplo, pat@contoso.com. dor de saída (SMTP), para a opção Usar o seguinte tipo de conexão

Didatismo e Conhecimento 70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
criptografada, clique em Nenhuma, SSL, TLS ou Automática, caso
o provedor de serviços de internet instrua você a usar uma dessas
configurações.
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da Conta
para verificar se a conta está funcionando. Se houver informações
ausentes ou incorretas, como a senha, será solicitado que sejam
fornecidas ou corrigidas. Verifique se o computador está conectado
com a Internet.
Clique em Avançar.
Clique em Concluir.

Configurar manualmente uma conta do Microsoft Ex-


3. Selecione a conta de email que você deseja remover e
change
clique em Remover.
As contas do Microsoft Exchange são usadas por organizações
4. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim.
como parte de um pacote de ferramentas de colaboração incluindo
Para remover uma conta de email de um perfil diferente, en-
mensagens de email, calendário e agendamento de reuniões e con-
cerre e reinicie o Outlook com o outro perfil e siga as etapas an-
trole de tarefas. Alguns provedores de serviços de Internet (ISPs)
teriores. Você também pode remover contas de outros perfis da
também oferecem contas do Exchange hospedadas. Se não estiver
seguinte forma:
certo sobre o tipo de conta que utiliza, entre em contato com o seu 1. Saia do Outlook.
ISP ou administrador de email. 2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes em
A configuração manual de contas do Microsoft Exchange não Email.
pode ser feita enquanto o Outlook estiver em execução. Para adi-
cionar uma conta do Microsoft Exchange, siga as etapas de Adi- A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email contém
cionar a um perfil existente ou Adicionar a um novo perfil e siga o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil diferente já exis-
um destes procedimentos: tente, clique em Mostrar Perfis, selecione o nome do perfil e, em
1. Clique em Definir manualmente as configurações do ser- seguida, clique em Propriedades.
vidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar. 3. Clique em Contas de Email.
2. Clique em Microsoft Exchange e, em seguida, clique em 4. Selecione a conta e clique em Remover.
Avançar. 5. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim.
3. Digite o nome atribuído pelo administrador de email para  Observações 
o servidor executando o Exchange. • A remoção de uma conta de email POP3 ou IMAP não
4. Para usar as Configurações do Modo Cache do Exchan- exclui os itens enviados e recebidos com o uso dessa conta. Se
ge, marque a caixa de seleção Usar o Modo Cache do Exchange. você estiver usando uma conta POP3, ainda poderá usar o Arquivo
5. Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do usuário de Dados do Outlook (.pst) para trabalhar com os seus itens.
atribuído ao administrador de email. Ele não costuma ser seu nome • Se estiver usando uma conta do Exchange, seus dados
completo. permanecerão no servidor de email, a não ser que eles sejam mo-
6. Opcionalmente, siga um destes procedimentos: vidos para um Arquivo de Dados do Outlook (.pst).
• Clique em Mais Configurações. Na guia Geral em Con-
ta de Email, digite o nome que ajudará a identificar a conta, por Criar uma mensagem de email
exemplo, Meu Email de Trabalho. 1. Na guia Página Inicial, no grupo Novo, clique em Novo
• Clique em Mais Configurações. Em qualquer uma das Email.
guias, configure as opções desejadas.
• Clique em Verificar Nomes para confirmar se o servidor
reconhece o seu nome e se o computador está conectado com a
rede. Os nomes de conta e de servidor especificados nas etapas 3
e 5 devem se tornar sublinhados. Se isso não acontecer, entre em
contato com o administrador do Exchange.
7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a caixa de
diálogo Microsoft Exchange Server, clique em OK.
8. Clique em Avançar.
9. Clique em Concluir. Atalho do teclado  Para criar uma mensagem de email a partir
de qualquer pasta do Outlook, pressione CTRL+SHIFT+M
Remover uma conta de email 2. Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem.
1. Clique na guia Arquivo. 3. Insira os endereços de email ou os nomes dos destina-
2. Em Informações da Conta, clique em Configurações de tários na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários destinatários por
Conta e depois em Configurações de Conta. ponto-e-vírgula.
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lista no
Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e clique nos
nomes desejados.

Didatismo e Conhecimento 71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
4. Depois de redigir a mensagem, clique em Enviar. 1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem existente,
clique em Responder, Responder a Todos ou Encaminhar.
Responder ou encaminhar uma mensagem de email 2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no grupo
Quando você responde a uma mensagem de email, o reme- Incluir, clique em Anexar Arquivo.
tente da mensagem original é automaticamente adicionado à caixa
Para. De modo semelhante, quando você usa Responder a Todos,
uma mensagem é criada e endereçada ao remetente e a todos os
destinatários adicionais da mensagem original. Seja qual for sua
escolha, você poderá alterar os destinatários nas caixas Para, Cc
e Cco.

Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc e Cco fi- Abrir e salvar anexos
cam vazias e é preciso fornecer pelo menos um destinatário. Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluídos em uma
mensagem de email. As mensagens com anexos são identificadas
Responder ao remetente ou a outros destinatários por um ícone de clipe de papel   na lista de mensagens. Depen-
Você poder responder apenas ao remetente de uma mensagem dendo do formato da mensagem recebida, os anexos são exibidos
ou a qualquer combinação de pessoas existente nas linhas Para e em um de dois locais na mensagem.
Cc. Pode também adicionar novos destinatários. • Se o formato da mensagem for HTML ou texto sem for-
1. Na guia Página Inicial ou na guia Mensagem, no grupo matação, os anexos serão exibidos na caixa de anexo, sob a linha
Responder, clique em Responder ou em Responder a Todos. Assunto.
 Observação: O nome da guia depende da condição da men- • Se o formato da mensagem for o formato menos comum
sagem, se está selecionada na lista de mensagens ou se está aberta RTF (Rich Text Format), os anexos serão exibidos no corpo da
na respectiva janela. mensagem. Mesmo que o arquivo apareça no corpo da mensagem,
Para remover o nome das linhas Para e Cc, clique no nome ele continua sendo um anexo separado.
Observação   O formato utilizado na criação da mensagem é
e pressione DELETE. Para adicionar um destinatário, clique na
indicado na barra de título, na parte superior da mensagem.
caixa Para, Cc ou Cco e especifique o destinatário.
2. Escreva sua mensagem.
Abrir um anexo
3. Clique em Enviar.
Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou em uma
 Dica   Seja cuidadoso ao clicar em Responder a Todos, prin-
mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, clique duas vezes
cipalmente quando houver listas de distribuição ou um grande nú-
no anexo para abri-lo.
mero de destinatários em sua resposta. Geralmente, o melhor é
Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique com o botão
usar Responder e adicionar somente os destinatários necessários, direito do mouse na mensagem que contém o anexo, clique em
ou então usar Responder a Todos, mas remover os destinatários Exibir Anexos e clique no nome do anexo.
desnecessários e as listas de distribuição.  Observações 
• Você pode visualizar anexos de mensagens HTML ou
Encaminhar uma mensagem com texto sem formatação no Painel de Leitura e em mensagens
Ao encaminhar uma mensagem, ela incluirá todos os anexos abertas. Clique no anexo a ser visualizado e ele será exibido no
que estavam incluídos na mensagem original. Para incluir mais corpo da mensagem. Para voltar à mensagem, na guia Ferramentas
anexos, consulte Anexar um arquivo ou outro item a uma mensa- de Anexo, no grupo Mensagem, clique em Mostrar Mensagem. O
gem de email. recurso de visualização não está disponível para mensagens RTF.
1. Na guia Página Inicial ou Mensagem, no grupo Respon- • Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arquivos de
der, clique em Encaminhar. anexo potencialmente perigosos (inclusive os arquivos .bat, .exe,
Observação: O nome da guia depende da condição da mensa- .vbs e .js), os quais possam conter vírus. Se o Outlook bloquear
gem, se está selecionada na lista de mensagens ou se está aberta na algum arquivo de anexo em uma mensagem, uma lista dos tipos
respectiva janela. de arquivos bloqueados será exibida na Barra de Informações, na
2. Especifique destinatários nas caixas Para, Cc ou Cco. parte superior da mensagem.
3. Escreva sua mensagem.
4. Clique em Enviar.
Dica: Se quiser encaminhar duas ou mais mensagens para os
mesmos destinatários, como se fossem uma só, em Email, clique
em uma das mensagens, pressione CTRL e clique em cada mensa-
gem adicional. Na guia Página Inicial, no grupo Responder, clique
em Encaminhar. Cada mensagem será encaminhada como anexo
de uma nova mensagem.
Salvar um anexo
Adicionar um anexo a uma mensagem de email Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir salvá-lo em
Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de email. uma unidade de disco. Se a mensagem tiver mais de um anexo,
Além disso, outros itens do Outlook, como mensagens, contatos você poderá salvar os vários anexos como um grupo ou um de
ou tarefas, podem ser incluídos com as mensagens enviadas. cada vez.

Didatismo e Conhecimento 72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Salvar um único anexo de mensagem
Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto
sem formatação     Clique no anexo, no Painel de Leitura, ou abra
a mensagem. Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em Salvar
como. É possível clicar com o botão direito do mouse no anexo e
então clicar em Salvar como.
• Se a mensagem estiver no formato RTF     No Painel Criar um compromisso de calendário
de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o botão direito do Compromissos são atividades que você agenda no seu calen-
mouse no anexo e clique em Salvar como. dário e que não envolvem convites a outras pessoas nem reserva
Escolha uma local de pasta e clique em Salvar. de recursos.
Salvar vários anexos de uma mensagem • Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, selecione clique em Novo Compromisso. Como alternativa, você pode clicar
os anexos a serem salvos. Para selecionar vários anexos, clique com o botão direito do mouse em um bloco de tempo em sua grade
neles mantendo pressionada a tecla CTRL. de calendário e clicar em Novo Compromisso.
2. Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto
sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em
Salvar como.
• Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique com
o botão direito do mouse em uma das mensagens selecionadas e
depois clique em Salvar como.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
Salvar todos os anexos de uma mensagem Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pressione
1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, clique em CTRL+SHIFT+A.
um anexo. Agendar uma reunião com outras pessoas
2. Siga um destes procedimentos: Uma reunião é um compromisso que inclui outras pessoas e
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de texto pode incluir recursos como salas de conferência. As respostas às
sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações, clique em suas solicitações de reunião são exibidas na Caixa de Entrada.
Salvar Todos os Anexos. • Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
• Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique na guia clique em Nova Reunião.
Arquivo para abrir o modo de exibição Backstage. Em seguida,
clique em Salvar anexos e depois em OK.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.

Adicionar uma assinatura de email às mensagens


Você pode criar assinaturas personalizadas para suas mensa-
gens de email que incluem texto, imagens, seu Cartão de Visita
Eletrônico, um logotipo ou até mesmo uma imagem da sua assina-
tura manuscrita. Atalho do teclado: Para criar uma nova solicitação de reunião
Criar uma assinatura de qualquer pasta no Outlook, pressione CTRL+SHIFT+Q.
• Abra uma nova mensagem. Na guia Mensagem, no gru-
po Incluir, clique em Assinatura e em Assinaturas. Definir um lembrete
Você pode definir ou remover lembretes para vários itens, in-
cluindo mensagens de email, compromissos e contatos.
Para compromissos ou reuniões
Em um item aberto, na guia Compromisso ou Reunião, no
grupo Opções, na lista suspensa Lembrete, selecione o período de
tempo antes do compromisso ou da reunião para que o lembrete
apareça. Para desativar um lembrete, selecione Nenhum.
Para mensagens de email, contatos e tarefas
• Na guia Página Inicial, no grupo Marcas, clique em
• Na guia Assinatura de Email, clique em Novo. Acompanhar e em Adicionar Lembrete.
Adicionar uma assinatura
• Em uma nova mensagem, na guia Mensagem, no grupo
Incluir, clique em Assinatura e clique na assinatura desejada.

Didatismo e Conhecimento 73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Criar uma anotação
Anotações são o equivalente eletrônico de notas adesivas em
papel. Use-as para rascunhar dúvidas, ideias, lembretes e qualquer
coisa que você escreveria em papel.
• Em Anotações, no grupo Novo, clique em Nova Anota-
ção.

Atalho do teclado: Para criar uma anotação, pressione CTR-


L+SHIFT+N.
 Dica: Você pode sinalizar rapidamente mensagens de email
como itens de tarefas pendentes usando lembretes. Clique com o
botão direito do mouse na coluna Status do Sinalizador na lista de
mensagens. Ou, se a mensagem estiver aberta, na guia Mensagem, INTERNET: NAVEGAÇÃO INTERNET,
no grupo Controle, clique em Acompanhamento e, em seguida, CONCEITOS DE URL, LINKS, SITES,
clique em Adicionar Lembrete. BUSCA E IMPRESSÃO
DE PÁGINAS.
Criar um contato
Contatos podem ser tão simples quanto um nome e endereço
de email ou incluir outras informações detalhadas, como endereço
físico, vários telefones, uma imagem, datas de aniversário e quais-
quer outras informações que se relacionem ao contato. INTERNET
• Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo Novo, cli- “Imagine que fosse descoberto um continente tão vasto
que em Novo Contato. que suas dimensões não tivessem fim. Imagine um mundo
novo, com tantos recursos que a ganância do futuro não seria ca-
paz de esgotar; com tantas oportunidades que os empreendedores
seriam poucos para aproveitá-las; e com um tipo peculiar de
imóvel que se expandiria com o desenvolvimento.”
John P. Barlow
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear ficas-
sem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentágono.
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da década de
Atalho do teclado: Para criar um contato de qualquer pasta no 60, ficou em poder exclusivo do governo conectando bases milita-
Outlook, pressione CTRL+SHIFT+C. res, em quatro localidades.
Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições norte-
Criar uma tarefa -americanas de pesquisa que desejassem aprimorar a tecnologia,
 Muitas pessoas mantêm uma lista de coisas a fazer  — em logo vinte e três computadores foram conectados, porém o padrão
papel, em uma planilha ou com uma combinação de papel e méto- de conversação entre as máquinas se tornou impróprio pela quan-
dos eletrônicos. No Microsoft Outlook, você pode combinar várias tidade de equipamentos.
listas em uma só, receber lembretes e controlar o andamento das Era necessário criar um modelo padrão e universal para
tarefas. que as máquinas continuassem trocando dados, surgiu então o
• Em Tarefas, na guia Página Inicial, no grupo Novo, cli- Protocolo Padrão TCP/IP, que permitiria portanto que mais outras
que em Nova Tarefa. máquinas fossem inseridas àquela rede.
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrônico, o
• E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as máquinas que

compunham aquela rede de pesquisa, assim no ano seguinte a rede

se torna internacional.

Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do Brasil

conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aquilo que co-
nhecemos hoje como internet, auxiliando portanto o processo de
Atalho do teclado: Para criar uma nova tarefa, pressione CTR-
pesquisa em tecnologia e outras áreas a nível mundial, além de
L+SHIFT+K.
alimentar as forças armadas brasileiras de informação de todos os
tipos, até que em 1990 caísse no domínio público.

Didatismo e Conhecimento 74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Com esta popularidade e o surgimento de softwares de nave- Um hipertexto é um texto em formato digital, e pode le-
gação de interface amigável, no fim da década de 90, pessoas que var a outros, fazendo o uso de elementos especiais (palavras,
não tinham conhecimentos profundos de informática começaram a frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa Sensitivo o qual leva
utilizar a rede internacional. a outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos,
imagens ou sons.
Acesso à Internet Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o mouse,
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço de remete o usuário à outra parte do documento ou outro documento.
Internet, oferece principalmente serviço de acesso à Internet, adi-
cionando serviços como e-mail, hospedagem de sites ou blogs, ou Home Page
seja, são instituições que se conectam à Internet com o ob- Sendo assim, home page designa a página inicial, principal do
jetivo de fornecer serviços à ela relacionados, e em função do site ou web page.
serviço classificam-se em: É muito comum os usuários confundirem um Blog ou Perfil
no Orkut com uma Home Page, porém são coisas distintas, aonde
• Provedores de Backbone: São instituições que constroem e
um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é um Profile, ou seja um
administram backbones de longo alcance, ou seja, estrutura física
hipertexto que possui informações de um usuário dentro de uma
de conexão, com o objetivo de fornecer acesso à Internet para re-
comunidade virtual.
des locais;
• Provedores de Acesso: São instituições que se conectam à HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de Mar-
Internet via um ou mais acessos dedicados e disponibilizam acesso cação de Hipertexto
à terceiros a partir de suas instalações; É a linguagem com a qual se cria as páginas para a web.
• Provedores de Informação: São instituições que disponibili- Suas principais características são:
zam informação através da Internet. • Portabilidade (Os documentos escritos em HTML devem ter
aparência semelhante nas diversas plataformas de trabalho);
Endereço Eletrônico ou URL • Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “customi-
Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se conhe- zar” diversos elementos do documento, como o tamanho padrão
cer o seu endereço. da letra, as cores, etc);
Este endereço, que é único, também é considerado sua URL • Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter um ta-
(Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recursos Univer- manho reduzido, a fim de economizar tempo na transmissão
sal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim: www.xxxx.com. através da Internet, evitando longos períodos de espera e
br congestionamento na rede).
Onde:
www = protocolo da World Wide Web Browser ou Navegador
xxx = domínio É o programa específico para visualizar as páginas da web.
com = comercial O Browser lê e interpreta os documentos escritos em HTML,
br = brasil apresentando as páginas formatadas para os usuários.

WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial ARQUITETURAS DE REDES


As modernas redes de computadores são projetadas de forma
É um serviço disponível na Internet que possui um conjun- altamente estruturada. Nas seções seguintes examinaremos com
to de documentos espalhados por toda rede e disponibilizados a algum detalhe a técnica de estruturação.
qualquer um.
HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS
Estes documentos são escritos em hipertexto, que utiliza uma
Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das redes é
linguagem especial, chamada HTML.
organizada em camadas ou níveis, cada uma construída sobre sua
predecessora. O número de camadas, o nome, o conteúdo e a fun-
Domínio ção de cada camada diferem de uma rede para outra. No entanto,
Designa o dono do endereço eletrônico em questão, e em todas as redes, o propósito de cada camada é oferecer certos
onde os hipertextos deste empreendimento estão localizados. serviços às camadas superiores, protegendo essas camadas dos de-
Quanto ao tipo do domínio, existem: talhes de como os serviços oferecidos são de fato implementados.
.com = Instituição comercial ou provedor de serviço A camada n em uma máquina estabelece uma conversão com
.edu = Instituição acadêmica a camada n em outra máquina. As regras e convenções utilizadas
.gov = Instituição governamental nesta conversação são chamadas coletivamente de protocolo da
.mil = Instituição militar norte-americana camada n, conforme ilustrado na Figura abaixo para uma rede
.net = Provedor de serviços em redes com sete camadas. As entidades que compõem as camadas cor-
.org = Organização sem fins lucrativos respondentes em máquinas diferentes são chamadas de processos
parceiros. Em outras palavras, são os processos parceiros que se
HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de Trasfe- comunicam utilizando o protocolo.
rência em Hipertexto Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente da cama-
É um protocolo ou língua específica da internet, responsável da n em uma máquina para a camada n em outra máquina. Em vez
pela comunicação entre computadores. disso, cada camada passa dados e informações de controle para

Didatismo e Conhecimento 75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
a camada imediatamente abaixo, até que o nível mais baixo seja Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu computa-
alcançado. Abaixo do nível 1 está o meio físico de comunicação, dor seja encontrado e possa fazer parte da rede mundial de com-
através do qual a comunicação ocorre. Na Figura abaixo, a comu- putadores, necessita ter um endereço único. O mesmo vale para
nicação virtual é mostrada através de linhas pontilhadas e a comu- websites: este fica em um servidor, que por sua vez precisa ter um
nicação física através de linhas sólidas. endereço para ser localizado na internet. Isto é feito pelo endereço
IP (IP Address), recurso que também é utilizado para redes locais,
como a existente na empresa que você trabalha, por exemplo.
O endereço IP é uma sequência de números composta de 32
bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro sequências de
8 bits. Cada uma destas é separada por um ponto e recebe o nome
de octeto ou simplesmente byte, já que um byte é formado por
8 bits. O número 172.31.110.10 é um exemplo. Repare que cada
octeto é formado por números que podem ir de 0 a 255, não mais
do que isso.

Entre cada par de camadas adjacentes há uma interface. A A divisão de um IP em quatro partes facilita a organização da
interface define quais operações primitivas e serviços a camada rede, da mesma forma que a divisão do seu endereço em cidade,
inferior oferece à camada superior. Quando os projetistas decidem bairro, CEP, número, etc, torna possível a organização das casas
quantas camadas incluir em uma rede e o que cada camada deve da região onde você mora. Neste sentido, os dois primeiros octetos
fazer, uma das considerações mais importantes é definir interfaces de um endereço IP podem ser utilizados para identificar a rede, por
limpas entre as camadas. Isso requer, por sua vez, que cada camada exemplo. Em uma escola que tem, por exemplo, uma rede para
desempenhe um conjunto específico de funções bem compreendi- alunos e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma
das. Além de minimizar a quantidade de informações que deve ser rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos octetos
passada de camada em camada, interfaces bem definidas também são usados na identificação de computadores.
tornam fácil a troca da implementação de uma camada por outra
implementação completamente diferente (por exemplo, trocar to- Classes de endereços IP
das as linhas telefônicas por canais de satélite), pois tudo o que é Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem ser utili-
exigido da nova implementação é que ela ofereça à camada supe- zados tanto para identificar o seu computador dentro de uma rede,
rior exatamente os mesmos serviços que a implementação antiga quanto para identificá-lo na internet.
oferecia. Se na rede da empresa onde você trabalha o seu computador
O conjunto de camadas e protocolos é chamado de arquitetura tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma máquina em outra rede
de rede. A especificação de arquitetura deve conter informações pode ter este mesmo número, afinal, ambas as redes são distintas
suficientes para que um implementador possa escrever o programa e não se comunicam, sequer sabem da existência da outra. Mas,
ou construir o hardware de cada camada de tal forma que obedeça como a internet é uma rede global, cada dispositivo conectado nela
corretamente ao protocolo apropriado. Nem os detalhes de imple- precisa ter um endereço único. O mesmo vale para uma rede local:
mentação nem a especificação das interfaces são parte da arquite- nesta, cada dispositivo conectado deve receber um endereço único.
tura, pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e não Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se então um
são visíveis externamente. Não é nem mesmo necessário que as in- problema chamado “conflito de IP”, que dificulta a comunicação
terfaces em todas as máquinas em uma rede sejam as mesmas, des- destes dispositivos e pode inclusive atrapalhar toda a rede.
de que cada máquina possa usar corretamente todos os protocolos. Para que seja possível termos tanto IPs para uso em redes
locais quanto para utilização na internet, contamos com um es-
O endereço IP quema de distribuição estabelecido pelas entidades IANA (Inter-
Quando você quer enviar uma carta a alguém, você... Ok, net Assigned Numbers Authority) e ICANN (Internet Corporation
você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um recado for Assigned Names and Numbers) que, basicamente, divide os
no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo: quando você endereços em três classes principais e mais duas complementares.
quer enviar um presente a alguém, você obtém o endereço da pes- São elas:
soa e contrata os Correios ou uma transportadora para entregar. É Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128 redes,
graças ao endereço que é possível encontrar exatamente a pessoa cada uma com até 16.777.214 dispositivos conectados;
a ser presenteada. Também é graças ao seu endereço - único para Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até 16.384
cada residência ou estabelecimento - que você recebe suas contas redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
de água, aquele produto que você comprou em uma loja on-line, Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até
enfim. 2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos;

Didatismo e Conhecimento 76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast; - A: N.H.H.H;
Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast reserva- - B: N.N.H.H;
do. - C: N.N.N.H.
As três primeiras classes são assim divididas para atender às N significa Network (rede) e H indica Host. Com o uso de
seguintes necessidades: máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se “transformar”
em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras de sub-rede per-
- Os endereços IP da classe A são usados em locais onde são mitem determinar quantos octetos e bits são destinados para a
necessárias poucas redes, mas uma grande quantidade de máqui- identificação da rede e quantos são utilizados para identificar os
nas nelas. Para isso, o primeiro byte é utilizado como identificador dispositivos.
da rede e os demais servem como identificador dos dispositivos Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se um
conectados (PCs, impressoras, etc); octeto é usado para identificação da rede, este receberá a máscara
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos onde a de sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado para os dispositivos,
quantidade de redes é equivalente ou semelhante à quantidade de seu valor na máscara de sub-rede será 0 (zero). A tabela a seguir
dispositivos. Para isso, usam-se os dois primeiros bytes do ende- mostra um exemplo desta relação:
reço IP para identificar a rede e os restantes para identificar os
dispositivos;
Identifica-
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que reque- Identifica- Máscara de sub-
Classe Endereço IP dor do com-
rem grande quantidade de redes, mas com poucos dispositivos em dor da rede -rede
putador
cada uma. Assim, os três primeiros bytes são usados para identifi-
car a rede e o último é utilizado para identificar as máquinas. A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0
Quanto às classes D e E, elas existem por motivos especiais:
B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0
a primeira é usada para a propagação de pacotes especiais para a
comunicação entre os computadores, enquanto que a segunda está C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0
reservada para aplicações futuras ou experimentais.
Vale frisar que há vários blocos de endereços reservados para Você percebe então que podemos ter redes com máscara
fins especiais. Por exemplo, quando o endereço começa com 127, 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indicando uma
geralmente indica uma rede “falsa”, isto é, inexistente, utilizada classe. Mas, como já informado, ainda pode haver situações onde
para testes. No caso do endereço 127.0.0.1, este sempre se refere à há desperdício. Por exemplo, suponha que uma faculdade tenha
própria máquina, ou seja, ao próprio host, razão esta que o leva a que criar uma rede para cada um de seus cinco cursos. Cada curso
ser chamado de localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utili- possui 20 computadores. A solução seria então criar cinco redes
zado para propagar mensagens para todos os hosts de uma rede de classe C? Pode ser melhor do que utilizar classes B, mas ainda
maneira simultânea. haverá desperdício. Uma forma de contornar este problema é criar
uma rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as más-
caras novamente entram em ação.
Endereços IP privados
Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas estes, na
Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são pri-
verdade, representam bytes (linguagem binária). 255 em binário
vados. Isto significa que eles não podem ser utilizados na internet,
é 11111111. O número zero, por sua vez, é 00000000. Assim, a
sendo reservados para aplicações locais. São, essencialmente, es-
máscara de um endereço classe C, 255.255.255.0, é:
tes:
11111111.11111111.11111111.00000000
-Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255;
Perceba então que, aqui, temos uma máscara formada por 24
-Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255; bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para criarmos as nossas
-Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255. sub-redes, temos que ter um esquema com 25, 26 ou mais bits,
Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede com conforme a necessidade e as possibilidades. Em outras palavras,
cerca de 50 computadores. Você pode alocar para estas máquinas precisamos trocar alguns zeros do último octeto por 1.
endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, por exemplo. Todas Suponha que trocamos os três primeiros bits do último octeto
elas precisam de acesso à internet. O que fazer? Adicionar mais um (sempre trocamos da esquerda para a direita), resultando em:
IP para cada uma delas? Não. Na verdade, basta conectá-las a um 11111111.11111111.11111111.11100000
servidor ou equipamento de rede - como um roteador - que receba Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de bits “tro-
a conexão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos cados”, teremos a quantidade possível de sub-redes. Em nosso
conectados a ele. Com isso, somente este equipamento precisará caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possibilidade de criar até oito
de um endereço IP para acesso à rede mundial de computadores. sub-redes. Sobrou cinco bits para o endereçamento dos host. Fa-
zemos a mesma conta: 2^5 = 32. Assim, temos 32 dispositivos em
Máscara de sub-rede cada sub-rede (estamos fazendo estes cálculos sem considerar li-
As classes IP ajudam na organização deste tipo de endereça- mitações que possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
mento, mas podem também representar desperdício. Uma solução 11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultante é
bastante interessante para isso atende pelo nome de máscara de 255.255.255.224.
sub-rede, recurso onde parte dos números que um octeto destina- Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser empre-
do a identificar dispositivos conectados (hosts) é “trocado” para gado também em endereços classes A e B, conforme a necessi-
aumentar a capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos dade. Vale ressaltar também que não é possível utilizar 0.0.0.0 ou
enxergar as classes A, B e C da seguinte forma: 255.255.255.255 como máscara.

Didatismo e Conhecimento 77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
IP estático e IP dinâmico
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanentemente
a um dispositivo, ou seja, seu número não muda, exceto se tal ação
for executada manualmente. Como exemplo, há casos de assina-
turas de acesso à internet via ADSL onde o provedor atribui um
IP estático aos seus assinantes. Assim, sempre que um cliente se
conectar, usará o mesmo IP.
O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado a um
computador quando este se conecta à rede, mas que muda toda
vez que há conexão. Por exemplo, suponha que você conectou seu
computador à internet hoje. Quando você conectá-lo amanhã, lhe
será dado outro IP. Para entender melhor, imagine a seguinte situa-
ção: uma empresa tem 80 computadores ligados em rede. Usan- O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no aumento da
do IPs dinâmicos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para quantidade de octetos. Um endereço do tipo pode ser, por exemplo:
tais máquinas. Como nenhum IP é fixo, um computador receberá, FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
quando se conectar, um endereço IP destes 90 que não estiver sen-
do utilizado. É mais ou menos assim que os provedores de internet Finalizando
trabalham. Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a es-
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos é o pecificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa. Isso até
protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol). deve acontecer, mas vai demorar bastante. Durante essa fase, que
podemos considerar de transição, o que veremos é a “convivência”
IP nos sites entre ambos os padrões. Não por menos, praticamente todos os
Você já sabe que os sites na Web também necessitam de um IP. sistemas operacionais atuais e a maioria dos dispositivos de rede
Mas, se você digitar em seu navegador www.infowester.com, por estão aptos a lidar tanto com um quanto com o outro. Por isso, se
exemplo, como é que o seu computador sabe qual o IP deste site ao você é ou pretende ser um profissional que trabalha com redes ou
ponto de conseguir encontrá-lo? simplesmente quer conhecer mais o assunto, procure se aprofundar
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, um nas duas especificações.
servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. Ele é A esta altura, você também deve estar querendo descobrir qual
quem informa qual IP está associado a cada site. O sistema DNS o seu IP. Cada sistema operacional tem uma forma de mostrar isso.
possui uma hierarquia interessante, semelhante a uma árvore (ter- Se você é usuário de Windows, por exemplo, pode fazê-lo digi-
mo conhecido por programadores). Se, por exemplo, o site www. tando cmd em um campo do Menu Iniciar e, na janela que surgir,
infowester.com é requisitado, o sistema envia a solicitação a um informar ipconfig /all e apertar Enter. Em ambientes Linux, o co-
servidor responsável por terminações “.com”. Esse servidor loca- mando é ifconfig.
lizará qual o IP do endereço e responderá à solicitação. Se o site
solicitado termina com “.br”, um servidor responsável por esta ter-
minação é consultado e assim por diante.

IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um passado
não muito distante, você conectava apenas o PC da sua casa à in-
ternet, hoje o faz com o celular, com o seu notebook em um serviço
de acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por diante. Somando este
aspecto ao fato de cada vez mais pessoas acessarem a internet no
mundo inteiro, nos deparamos com um grande problema: o núme-
ro de IPs disponíveis deixa de ser suficiente para toda as (futuras)
aplicações.
A solução para este grande problema (grande mesmo, afinal, Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a partir
a internet não pode parar de crescer!) atende pelo nome de IPv6, de uma rede local - tal como uma rede wireless - visualizará o IP
uma nova especificação capaz de suportar até - respire fundo - 340. que esta disponibiliza à sua conexão. Para saber o endereço IP do
282.366.920.938.463.463.374.607.431.768.211.456 de endereços, acesso à internet em uso pela rede, você pode visitar sites como
um número absurdamente alto! whatsmyip.org.

Provedor
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que oferece
acesso à Internet. Para acessar a Internet, é necessário conectar-se
com um computador que já esteja na Internet (no caso, o prove-
dor) e esse computador deve permitir que seus usuários também
tenham acesso a Internet.
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada à Embra-

Didatismo e Conhecimento 78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
tel, que por sua vez, está conectada com outros computadores fora ......br -> identifica o país
do Brasil. Esta conexão chama-se link, que é a conexão física que Tipos de Organizações:
interliga o provedor de acesso com a Embratel. Neste caso, a Em- .edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam.edu
bratel é conhecida como backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” .com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.com
da Internet no Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse .gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
uma avenida de três pistas e os links como se fossem as ruas que .mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
estão interligadas nesta avenida. .net -> computadores com funções de administrar redes.
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade de Exemplo: embratel.net
transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite os dados. .org -> organizações não governamentais. Exemplo: care.org
Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). Deve ser feito
um contrato com o provedor de acesso, que fornecerá um nome de Home Page
usuário, uma senha de acesso e um endereço eletrônico na Internet. Pela definição técnica temos que uma Home Page é um arqui-
vo ASCII (no formato HTML) acessado de computadores rodando
URL - Uniform Resource Locator um Navegador (Browser), que permite o acesso às informações em
Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma identificação um ambiente gráfico e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando
de onde está localizado o computador e quais recursos este com- a busca de informações dentro das Home Pages.
putador oferece. Por exemplo, a URL: O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
http://www.novaconcursos.com.br http://www.endereço.com/página.html
Será mais bem explicado adiante. Por exemplo, a página principal da Pronag:
http://www.pronag.com.br/index.html
Como descobrir um endereço na Internet?
PLUG-INS
Para que possamos entender melhor, vamos exemplificar. Os plug-ins são programas que expandem a capacidade do
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algumas Browser em recursos específicos - permitindo, por exemplo, que
pesquisas para um trabalho. Onde procurar as informações que você toque arquivos de som ou veja filmes em vídeo dentro de
preciso? uma Home Page. As empresas de software vêm desenvolvendo
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de procura, plug-ins a uma velocidade impressionante. Maiores informações e
que são sites que possuem um enorme banco de dados (que contém endereços sobre plug-ins são encontradas na página:
o cadastro de milhares de Home Pages), que permitem a procura http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Software/
por um determinado assunto. Caso a palavra ou o assunto que foi Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indices/
procurado exista em alguma dessas páginas, será listado toda esta Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo temos
relação de páginas encontradas. uma relação de alguns deles:
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, referente ao - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime, etc.).
assunto desejado. Por exemplo, você quer pesquisar sobre amor- - Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
tecedores, caso não encontre nada como amortecedores, procure - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP, PCX,
como autopeças, e assim sucessivamente. etc.).
- Negócios e Utilitários
Barra de endereços - Apresentações

FTP - Transferência de Arquivos


Permite copiar arquivos de um computador da Internet para o
A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar em pá- seu computador.
ginas da internet, bastando para isto digitar o endereço da página. Os programas disponíveis na Internet podem ser:
Alguns sites interessantes: • Freeware: Programa livre que pode ser distribuído e uti-
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) lizado livremente, não requer nenhuma taxa para sua utilização, e
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) não é considerado “pirataria” a cópia deste programa.
• www.cefetrs.tche.br (Cefet) • Shareware: Programa demonstração que pode ser uti-
• www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor público) lizado por um determinado prazo ou que contém alguns limites,
• www.siapenet.gog.br (contracheque) para ser utilizado apenas como um teste do programa. Se o usuário
• www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas) gostar ele compra, caso contrário, não usa mais o programa. Na
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação) maioria das vezes, esses programas exibem, de tempos em tem-
pos, uma mensagem avisando que ele deve ser registrado. Outros
Identificação de endereços de um site tipos de shareware têm tempo de uso limitado. Depois de expirado
Exemplo: http://www.pelotas.com.br este tempo de teste, é necessário que seja feito a compra deste
http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de comu- programa.
nicação
WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial Navegar nas páginas
pelotas -> empresa ou organização que mantém o site Consiste percorrer as páginas na internet a partir de um docu-
.com -> tipo de organização mento normal e de links das próprias páginas.

Didatismo e Conhecimento 79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Como salvar documentos, arquivos e sites
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.

Como copiar e colar para um editor de textos


Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com o botão direito do mouse e escolha a opção Copiar.

Abra o editor de texto clique em colar

Navegadores
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar museus, ler revistas
eletrônicas, fazer compras e até participar de novelas interativas. As informações na Web são organizadas na forma de páginas de hipertexto,
cada um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços no campo cha-
mado Endereço no navegador. O software estabelece a conexão e traz, para a tela, a página correspondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração especial para exibir uma página da Web, mas é necessário ajustar alguns parâmetros
para que ele seja capaz de enviar e receber algumas mensagens de correio eletrônico e acessar grupos de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Recherche Nucleaire),
Suíça. Originalmente, o WWW era um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre suas pesquisas através da exibição de páginas
de texto. Ficou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não científicas.
O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW ganhou força extra
com a inserção de um visualizador (também conhecido como browser) de páginas capaz não apenas de formatar texto, mas também de exibir
gráficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por Mark Andreesen. O
sucesso do Mosaic foi espetacular.
Depois disto, várias outras companhias passaram a produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic. Mark Andreesen
partiu para a criação da Netscape Communications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos outros browsers.

Busca e pesquisa na web


Os sites de busca servem para procurar por um determinado assunto ou informação na internet.
Alguns sites interessantes:
• www.google.com.br
• http://br.altavista.com
• http://cade.search.yahoo.com
• http://br.bing.com/
Como fazer a pesquisa
Digite na barra de endereço o endereço do site de pesquisa. Por exemplo:
www.google.com.br

Didatismo e Conhecimento 80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pesquisa.

Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem palavras com ou sem acento.

Opções de pesquisa

Web: pesquisa em todos os sites


Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas. Exemplo do resultado se uma pesquisa.

Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. Exemplo:

Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organizados por assunto em categorias. Exemplo:

Didatismo e Conhecimento 81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Como escolher palavra-chave
• Busca com uma palavra: retorna páginas que incluam a palavra digitada.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a sequência de termos
que foram digitadas.
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna páginas que incluam todas as palavras aleatoriamente na página.
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que ficam antes do sinal de menos são excluídas da pesquisa.
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um cálculo em um site de pesquisa.

Por exemplo: 3+4


Irá retornar:

O resultado da pesquisa
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte forma:

INTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma empresa. As intranets ou
Webs corporativas, são redes de comunicação internas baseadas na tecnologia usada na Internet. Como um jornal editado internamente, e
que pode ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e departamentos, mesclando (com segurança) as suas informações particulares
dentro da estrutura de comunicações da empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na evolução da informática
nos últimos anos.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos interligados através de vínculos, ou links) e a enorme facilidade de se criar, inter-
ligar e disponibilizar documentos multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratizaram o acesso à informação através de redes de
computadores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de informática e
de navegação na Internet. Finalmente, surgiram muitas ferramentas de software de custo zero ou pequeno, que permitem a qualquer organi-
zação ou empresa, sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e colocar informação. O resultado inevitável foi a impressionante
explosão na informação disponível na Internet, que segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito, que tem interessado um número cada vez maior de empresas, hospitais, faculda-
des e outras organizações interessadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu advento e disseminação promete operar uma revo-
lução tão profunda para a vida organizacional quanto o aparecimento das primeiras redes locais de computadores, no final da década de 80.

O que é Intranet?
O termo “intranet” começou a ser usado em meados de 1995 por fornecedores de produtos de rede para se referirem ao uso dentro das
empresas privadas de tecnologias projetadas para a comunicação por computador entre empresas. Em outras palavras, uma intranet consiste
em uma rede privativa de computadores que se baseia nos padrões de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na tecnologia
usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre as razões para este sucesso, estão o
custo de implantação relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos programas de navegação na Web, os browsers.

Didatismo e Conhecimento 82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Objetivo de construir uma Intranet Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repositório das
Organizações constroem uma intranet porque ela é uma ferra- informações contidas na intranet. É lá que os clientes vão buscar
menta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente para economizar as páginas HTML, mensagens de e-mail ou qualquer outro tipo de
tempo, diminuir as desvantagens da distância e alavancar sobre o arquivo.
seu maior patrimônio de capital-funcionários com conhecimentos
das operações e produtos da empresa. Protocolos - São os diferentes idiomas de comunicação uti-
lizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. O primeiro é
Aplicações da Intranet o HTTP, responsável pela comunicação do browser com o servi-
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comunicações dor, em seguida vem o SMTP ligado ao envio de mensagens pelo
corporativas em uma intranet dá para simplificar o trabalho, pois e-mail, e o FTP usado na transferência de arquivos. Independen-
estamos virtualmente todos na mesma sala. De qualquer modo, é temente das aplicações utilizadas na intranet, todas as máquinas
cedo para se afirmar onde a intranet vai ser mais efetiva para unir nela ligadas devem falar um idioma comum: o TCP/IP, protocolo
(no sentido operacional) os diversos profissionais de uma empresa. da Internet.
Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo:
• Marketing e Vendas - Informações sobre produtos, listas Identificação do Servidor e das Estações - Depois de definidos
de preços, promoções, planejamento de eventos; os protocolos, o sistema já sabe onde achar as informações e como
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de Tra- requisitá-las. Falta apenas saber o nome de quem pede e de quem
balho), planejamentos, listas de responsabilidades de membros das solicita. Para isso existem dois programas: o DNS que identifica
equipes, situações de projetos; o servidor e o DHCP (Dinamic Host Configuration Protocol) que
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sistemas atribui nome às estações clientes.
de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), manuais de quali- Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcionários aces-
dade; sam as informações colocadas à sua disposição no servidor. Para
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apostilas, isso usam o Web browser, software que permite folhear os docu-
políticas da companhia, organograma, oportunidades de trabalho, mentos.
programas de desenvolvimento pessoal, benefícios.
Para acessar as informações disponíveis na Web corporativa, Comparando Intranet com Internet
o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Afinal, o es- Na verdade as diferenças entre uma intranet e a Internet, é
forço de operação desses programas se resume quase somente em uma questão de semântica e de escala. Ambas utilizam as mesmas
clicar nos links que remetem às novas páginas. No entanto, a sim- técnicas e ferramentas, os mesmos protocolos de rede e os mesmos
plicidade de uma intranet termina aí. Projetar e implantar uma rede produtos servidores. O conteúdo na Internet, por definição, fica
desse tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de profissio- disponível em escala mundial e inclui tudo, desde uma home-page
nais especializados. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da de alguém com seis anos de idade até as previsões do tempo. A
intranet, sua diversidade de funções e a quantidade de informações maior parte dos dados de uma empresa não se destina ao consumo
nela armazenadas. externo, na verdade, alguns dados, tais como as cifras das ven-
A intranet é baseada em quatro conceitos: das, clientes e correspondências legais, devem ser protegidos com
• Conectividade - A base de conexão dos computadores li- cuidado. E, do ponto de vista da escala, a Internet é global, uma
gados através de uma rede, e que podem transferir qualquer tipo de intranet está contida dentro de um pequeno grupo, departamento
informação digital entre si; ou organização corporativa. No extremo, há uma intranet global,
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computadores e mas ela ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.
sistemas operacionais podem ser conectados de forma transparen- A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, por
te; serem uma mistura caótica de informações úteis e irrelevantes, o
• Navegação - É possível passar de um documento a outro meteórico aumento da popularidade de sites da Web dedicados a
através de referências ou vínculos de hipertexto, que facilitam o índices e mecanismos de busca é uma medida da necessidade de
acesso não linear aos documentos; uma abordagem organizada. Uma intranet aproveita a utilidade da
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de acesso Internet e da Web num ambiente controlado e seguro.
ou manipulação na intranet só podem ocorrer graças à execução de
programas aplicativos, que podem estar no servidor, ou nos micro- Vantagens e Desvantagens da Intranet
computadores que acessam a rede (também chamados de clientes, Alguns dos benefícios são:
daí surgiu à expressão que caracteriza a arquitetura da intranet: • Redução de custos de impressão, papel, distribuição de soft-
cliente-servidor). A vantagem da intranet é que esses programas ware, e-mail e processamento de pedidos;
são ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade. • Redução de despesas com telefonemas e pessoal no suporte
Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande impor- telefônico;
tância no desenvolvimento de softwares aplicativos que obedeçam • Maior facilidade e rapidez no acesso as informações técnicas
aos três conceitos anteriores. e de marketing;
• Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações remotas;
Como montar uma Intranet • Incrementando o acesso a informações da concorrência;
Basicamente a montagem de uma intranet consiste em usar as • Uma base de pesquisa mais compreensiva;
estruturas de redes locais existentes na maioria das empresas, e em • Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e parceiros
instalar um servidor Web. (revendas);

Didatismo e Conhecimento 83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso à infor- Autenticação - É o processo que consiste em verificar se um
mação; usuário é realmente quem alega ser. Os documentos e dados podem
• Uma única interface amigável e consistente para aprender ser protegidos através da solicitação de uma combinação de nome
e usar; do usuário/senha, ou da verificação do endereço IP do solicitante,
• Informação e treinamento imediato (Just in Time); ou de ambas. Os usuários autenticados têm o acesso autorizado ou
• As informações disponíveis são visualizadas com clareza; negado a recursos específicos de uma intranet, com base em uma
• Redução de tempo na pesquisa a informações; ACL (Access Control List) mantida no servidor Web;
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e infor-
mação; Criptografia - É a conversão dos dados para um formato que
• Redução no tempo de configuração e atualização dos sis- pode ser lido por alguém que tenha uma chave secreta de descrip-
temas; tografia. Um método de criptografia amplamente utilizado para a
• Simplificação e/ou redução das licenças de software e ou- segurança de transações Web é a tecnologia de chave pública, que
tros; constitui a base do HTTPS - um protocolo Web seguro;
• Redução de custos de documentação;
• Redução de custos de suporte; Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação segura
• Redução de redundância na criação e manutenção de pá- entre uma intranet e a Internet através de servidores proxy, que são
ginas; programas que residem no firewall e permitem (ou não) a trans-
• Redução de custos de arquivamento; missão de pacotes com base no serviço que está sendo solicitado.
• Compartilhamento de recursos e habilidade. Um proxy HTTP, por exemplo, pode permitir que navegadores
Alguns dos empecilhos são: Webs internos da empresa acessem servidores Web externos, mas
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de colaboração, não o contrário.
não são tão poderosos quanto os oferecidos pelos programas para Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
grupos de trabalho tradicionais. É necessário configurar e manter Os dispositivos para a realização de cópias de segurança do(s)
aplicativos separados, como e-mail e servidores Web, em vez de servidor(es) constituem uma das peças de especial importância.
usar um sistema unificado, como faria com um pacote de software Por exemplo, unidades de disco amovíveis com grande capacidade
para grupo de trabalho; de armazenamento, tapes...
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número limitado Queremos ainda referir que para o funcionamento de uma
de ferramentas para conectar um servidor Web a bancos de da- rede existem outros conceitos como topologias/configurações
dos ou outros aplicativos back-end. As intranets exigem uma rede (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede em árvore, rede
TCP/IP, ao contrário de outras soluções de software para grupo de em malha …), métodos de acesso, tipos de cabos, protocolos de
trabalho que funcionam com os protocolos de transmissão de redes comunicação, velocidade de transmissão …
local existentes;
• Ausência de Replicação Embutida – As intranets não apre- EXTRANET
sentam nenhuma replicação embutida para usuários remotos. A A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de compu-
HMTL não é poderosa o suficiente para desenvolver aplicativos tadores que faz uso da Internet para partilhar com segurança parte
cliente/servidor. do seu sistema de informação.
Como a Intranet é ligada à Internet A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de compu-
tadores que faz uso da Internet para partilhar com segurança parte
do seu sistema de informação.
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o conceito con-
funde-se com Intranet. Uma Extranet também pode ser vista como
uma parte da empresa que é estendida a usuários externos (“rede
extra-empresa”), tais como representantes e clientes. Outro uso co-
mum do termo Extranet ocorre na designação da “parte privada”
de um site, onde somente “usuários registrados” podem navegar,
previamente autenticados por sua senha (login).

Empresa estendida
O acesso à intranet de uma empresa através de um Portal (in-
ternet) estabelecido na web de forma que pessoas e funcionários
de uma empresa consigam ter acesso à intranet através de redes
externas ao ambiente da empresa.
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via Web
por clientes ou outros usuários autorizados. Uma intranet é uma
Segurança da Intranet rede restrita à empresa que utiliza as mesmas tecnologias presentes
Três tecnologias fornecem segurança ao armazenamento e à na Internet, como e-mail, webpages, servidor FTP etc.
troca de dados em uma rede: autenticação, controle de acesso e A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação entre os
criptografia. funcionários e parceiros além de acumular uma base de conhe-
cimento que possa ajudar os funcionários a criar novas soluções.

Didatismo e Conhecimento 84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Exemplificando uma rede de conexões privadas, baseada na MAINFRAMES
Internet, utilizada entre departamentos de uma empresa ou parcei-
ros externos, na cadeia de abastecimento, trocando informações
sobre compras, vendas, fabricação, distribuição, contabilidade en-
tre outros.

5.7 COMPUTADORES PESSOAIS


(DESKTOPS, TABLETS, NOTEBOOKS E
NOÇÕES GERAIS E OPERAÇÕES)

HISTÓRICO

Os primeiros computadores construídos pelo homem foram Os computadores podem ser classificados pelo porte. Basica-
idealizados como máquinas para processar números (o que conhe- mente, existem os de grande porte ― mainframes ― e os de pe-
cemos hoje como calculadoras), porém, tudo era feito fisicamente. queno porte ― microcomputadores ― sendo estes últimos dividi-
Existia ainda um problema, porque as máquinas processavam dos em duas categorias: desktops ou torres e portáteis (notebooks,
os números, faziam operações aritméticas, mas depois não sabiam laptops, handhelds e smartphones).
o que fazer com o resultado, ou seja, eram simplesmente máquinas Conceitualmente, todos eles realizam funções internas idênti-
de calcular, não recebiam instruções diferentes e nem possuíam cas, mas em escalas diferentes.
uma memória. Até então, os computadores eram utilizados para Os mainframes se destacam por ter alto poder de processa-
pouquíssimas funções, como calcular impostos e outras operações. mento, muita capacidade de memória e por controlar atividades
Os computadores de uso mais abrangente apareceram logo depois com grande volume de dados. Seu custo é bastante elevado. São
da Segunda Guerra Mundial. Os EUA desenvolveram ― secre- encontrados, geralmente, em bancos, grandes empresas e centros
tamente, durante o período ― o primeiro grande computador que de pesquisa.
calculava trajetórias balísticas. A partir daí, o computador come-
çou a evoluir num ritmo cada vez mais acelerado, até chegar aos CLASSIFICAÇÃO DOS COMPUTADORES
dias de hoje.
A classificação de um computador pode ser feita de diversas
Código Binário, Bit e Byte maneiras. Podem ser avaliados:
• Capacidade de processamento;
O sistema binário (ou código binário) é uma representação nu- • Velocidade de processamento;
mérica na qual qualquer unidade pode ser demonstrada usando-se • Capacidade de armazenamento das informações;
apenas dois dígitos: 0 e 1. Esta é a única linguagem que os compu- • Sofisticação do software disponível e compatibilidade;
tadores entendem. Cada um dos dígitos utilizados no sistema biná- • Tamanho da memória e tipo de CPU (Central Processing
rio é chamado de Binary Digit (Bit), em português, dígito binário e Uni), Unidade Central de Processamento.
representa a menor unidade de informação do computador.
Os computadores geralmente operam com grupos de bits. Um TIPOS DE MICROCOMPUTADORES
grupo de oito bits é denominado Byte. Este pode ser usado na re-
presentação de caracteres, como uma letra (A-Z), um número (0-9) Os microcomputadores atendem a uma infinidade de aplica-
ou outro símbolo qualquer (#, %, *,?, @), entre outros. ções. São divididos em duas plataformas: PC (computadores pes-
Assim como podemos medir distâncias, quilos, tamanhos etc., soais) e Macintosh (Apple).
também podemos medir o tamanho das informações e a velocidade Os dois padrões têm diversos modelos, configurações e op-
de processamento dos computadores. A medida padrão utilizada é cionais. Além disso, podemos dividir os microcomputadores em
o byte e seus múltiplos, conforme demonstramos na tabela abaixo: desktops, que são os computadores de mesa, com uma torre, tecla-
do, mouse e monitor e portáteis, que podem ser levados a qualquer
lugar.

DESKTOPS

São os computadores mais comuns. Geralmente dispõem de


teclado, mouse, monitor e gabinete separados fisicamente e não
são movidos de lugar frequentemente, uma vez que têm todos os
componentes ligados por cabos.

Didatismo e Conhecimento 85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
São compostos por: O processamento de dados sempre envolve três fases essen-
• Monitor (vídeo) ciais: Entrada de Dados, Processamento e Saída da Informação.
• Teclado Para que um sistema de processamento de dados funcione ao
• Mouse contento, faz-se necessário que três elementos funcionem em per-
• Gabinete: Placa-mãe, CPU (processador), memórias, dri- feita harmonia, são eles:
ves, disco rígido (HD), modem, portas USB etc.
Hardware
PORTÁTEIS
Hardware é toda a parte física que compõe o sistema de pro-
Os computadores portáteis possuem todas as partes integradas cessamento de dados: equipamentos e suprimentos tais como:
num só conjunto. Mouse, teclado, monitor e gabinete em uma úni- CPU, disquetes, formulários, impressoras.
ca peça. Os computadores portáteis começaram a aparecer no iní-
Software
cio dos anos 80, nos Estados Unidos e hoje podem ser encontrados
nos mais diferentes formatos e tamanhos, destinados a diferentes
É toda a parte lógica do sistema de processamento de dados.
tipos de operações.
Desde os dados que armazenamos no hardware, até os programas
LAPTOPS
que os processam.
Também chamados de notebooks, são computadores portáteis, Peopleware
leves e produzidos para serem transportados facilmente. Os lap-
tops possuem tela, geralmente de Liquid Crystal Display (LCD), Esta é a parte humana do sistema: usuários (aqueles que usam
teclado, mouse (touchpad), disco rígido, drive de CD/DVD e por- a informática como um meio para a sua atividade fim), progra-
tas de conexão. Seu nome vem da junção das palavras em inglês madores e analistas de sistemas (aqueles que usam a informática
lap (colo) e top (em cima), significando “computador que cabe no como uma atividade fim).
colo de qualquer pessoa”. Embora não pareça, a parte mais complexa de um sistema
de processamento de dados é, sem dúvida o Peopleware, pois por
NETBOOKS mais moderna que sejam os equipamentos, por mais fartos que se-
jam os suprimentos, e por mais inteligente que se apresente o soft-
São computadores portáteis muito parecidos com o notebook, ware, de nada adiantará se as pessoas (peopleware) não estiverem
porém, em tamanho reduzido, mais leves, mais baratos e não pos- devidamente treinadas a fazer e usar a informática.
suem drives de CD/ DVD. O alto e acelerado crescimento tecnológico vem aprimoran-
do o hardware, seguido de perto pelo software. Equipamentos que
PDA cabem na palma da mão, softwares que transformam fantasia em
realidade virtual não são mais novidades. Entretanto ainda temos
É a abreviação do inglês Personal Digital Assistant e também em nossas empresas pessoas que sequer tocaram algum dia em um
são conhecidos como palmtops. São computadores pequenos e, teclado de computador.
geralmente, não possuem teclado. Para a entrada de dados, sua tela Mesmo nas mais arrojadas organizações, o relacionamento
é sensível ao toque. É um assistente pessoal com boa quantidade entre as pessoas dificulta o trâmite e consequente processamento
de memória e diversos programas para uso específico. da informação, sucateando e subutilizando equipamentos e softwa-
res. Isto pode ser vislumbrado, sobretudo nas instituições públicas.
SMARTPHONES
POR DENTRO DO GABINETE
São telefones celulares de última geração. Possuem alta ca-
pacidade de processamento, grande potencial de armazenamento,
acesso à Internet, reproduzem músicas, vídeos e têm outras fun-
cionalidades.

Sistema de Processamento de Dados

Quando falamos em “Processamento de Dados” tratamos de


uma grande variedade de atividades que ocorre tanto nas organi-
zações industriais e comerciais, quanto na vida diária de cada um
de nós.
Para tentarmos definir o que seja processamento de dados te-
mos de ver o que existe em comum em todas estas atividades. Ao Identificaremos as partes internas do computador, localizadas
analisarmos, podemos perceber que em todas elas são dadas certas no gabinete ou torre:
informações iniciais, as quais chamamos de dados. • Motherboard (placa-mãe)
E que estes dados foram sujeitos a certas transformações, com • Processador
as quais foram obtidas as informações. • Memórias

Didatismo e Conhecimento 86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Fonte de Energia
• Cabos
• Drivers
• Portas de Entrada/Saída

MOTHERBOARD (PLACA-MÃE)

O BIOS é gravado em um chip de memória do tipo EPROM


É uma das partes mais importantes do computador. A mo- (Erased Programmable Read Only Memory). É um tipo de memória
therboard é uma placa de circuitos integrados que serve de suporte “não volátil”, isto é, desligando o computador não há a perda das
para todas as partes do computador. informações (programas) nela contida. O BIOS é contem 2 progra-
Praticamente, tudo fica conectado à placa-mãe de alguma ma- mas: POST (Power On Self Test) e SETUP para teste do sistema
neira, seja por cabos ou por meio de barramentos. e configuração dos parâmetros de inicialização, respectivamente, e
A placa mãe é desenvolvida para atender às características de funções básicas para manipulação do hardware utilizadas pelo
especificas de famílias de processadores, incluindo até a possibi- Sistema Operacional.
lidade de uso de processadores ainda não lançados, mas que apre- Quando inicializamos o sistema, um programa chamado POST
sentem as mesmas características previstas na placa. conta a memória disponível, identifica dispositivos plug-and-play e
realiza uma checagem geral dos componentes instalados, verifican-
A placa mãe é determinante quanto aos componentes que po-
do se existe algo de errado com algum componente. Após o término
dem ser utilizados no micro e sobre as possibilidades de upgrade,
desses testes, é emitido um relatório com várias informações sobre
influenciando diretamente na performance do micro.
o hardware instalado no micro. Este relatório é uma maneira fácil e
rápida de verificar a configuração de um computador. Para paralisar
Diversos componentes integram a placa-mãe, como:
a imagem tempo suficiente para conseguir ler as informações, basta
• Chipset
pressionar a tecla “pause/break” do teclado.
Denomina-se chipset os circuitos de apoio ao microcomputa-
Caso seja constatado algum problema durante o POST, serão
dor que gerenciam praticamente todo o funcionamento da placa- emitidos sinais sonoros indicando o tipo de erro encontrado. Por
mãe (controle de memória cache, DRAM, controle do buffer de isso, é fundamental a existência de um alto-falante conectado à pla-
dados, interface com a CPU, etc.). ca mãe.
O chipset é composto internamente de vários outros peque- Atualmente algumas motherboards já utilizam chips de memó-
nos chips, um para cada função que ele executa. Há um chip con- ria com tecnologia flash. Memórias que podem ser atualizadas por
trolador das interfaces IDE, outro controlador das memórias, etc. software e também não perdem seus dados quando o computador é
Existem diversos modelos de chipsets, cada um com recursos bem desligado, sem necessidade de alimentação permanente.
diferentes. As BIOS mais conhecidas são: AMI, Award e Phoenix. 50%
Devido à complexidade das motherboards, da sofisticação dos dos micros utilizam BIOS AMI.
sistemas operacionais e do crescente aumento do clock, o chipset é
o conjunto de CIs (circuitos integrados) mais importante do micro- • Memória CMOS
computador. Fazendo uma analogia com uma orquestra, enquanto
o processador é o maestro, o chipset seria o resto! CMOS (Complementary Metal-Oxide Semicondutor) é uma
memória formada por circuitos integrados de baixíssimo consumo
• BIOS de energia, onde ficam armazenadas as informações do sistema (se-
tup), acessados no momento do BOOT. Estes dados são atribuídos
O BIOS (Basic Input Output System), ou sistema básico de na montagem do microcomputador refletindo sua configuração (tipo
entrada e saída, é a primeira camada de software do micro, um pe- de winchester, números e tipo de drives, data e hora, configurações
queno programa que tem a função de “iniciar” o microcomputador. gerais, velocidade de memória, etc.) permanecendo armazenados na
Durante o processo de inicialização, o BIOS é o responsável pelo re- CMOS enquanto houver alimentação da bateria interna. Algumas
conhecimento dos componentes de hardware instalados, dar o boot, alterações no hardware (troca e/ou inclusão de novos componentes)
e prover informações básicas para o funcionamento do sistema. podem implicar na alteração de alguns desses parâmetros.
O BIOS é a camada (vide diagrama 1.1) que viabiliza a uti- Muitos desses itens estão diretamente relacionados com o
lização de Sistemas Operacionais diferentes (Linux, Unix, Hurd, processador e seu chipset e portanto é recomendável usar os va-
BSD, Windows, etc.) no microcomputador. É no BIOS que estão lores default sugerido pelo fabricante da BIOS. Mudanças nesses
descritos os elementos necessários para operacionalizar o Hardwa- parâmetros pode ocasionar o travamento da máquina, intermitên-
re, possibilitando aos diversos S.O. acesso aos recursos independe cia na operação, mau funcionamento dos drives e até perda de
de suas características específicas. dados do HD.

Didatismo e Conhecimento 87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Slots para módulos de memória Assim como a velocidade de clock, a arquitetura interna de
Na época dos micros XT e 286, os chips de memória eram um microprocessador tem influência na sua performance. Dessa
encaixados (ou até soldados) diretamente na placa mãe, um a um. forma, 2 CPUs com a mesma velocidade de clock não necessa-
O agrupamento dos chips de memória em módulos (pentes), inicial- riamente trabalham igualmente. Enquanto um processador Intel
mente de 30 vias, e depois com 72 e 168 vias, permitiu maior ver- 80286 requer 20 ciclos para multiplicar 2 números, um Intel 80486
satilidade na composição dos bancos de memória de acordo com as (ou superior) pode fazer o mesmo cálculo em um simples ciclo.
necessidades das aplicações e dos recursos financeiros disponíveis. Por essa razão, estes novos processadores poderiam ser 20 vezes
Durante o período de transição para uma nova tecnologia é mais rápido que os antigos mesmo se a velocidade de clock fosse a
comum encontrar placas mãe com slots para mais de um modelo. mesma. Além disso, alguns microprocessadores são superescalar,
Atualmente as placas estão sendo produzidas apenas com módulos o que significa que eles podem executar mais de uma instrução
de 168 vias, mas algumas comportam memórias de mais de um tipo por ciclo.
(não simultaneamente): SDRAM, Rambus ou DDR-SDRAM. Como as CPUs, os barramentos de expansão também têm a
• Clock sua velocidade de clock. Seria ideal que as velocidades de clock da
Relógio interno baseado num cristal de Quartzo que gera um CPU e dos barramentos fossem a mesma para que um componente
pulso elétrico. A função do clock é sincronizar todos os circuitos da não deixe o outro mais lento. Na prática, a velocidade de clock dos
placa mãe e também os circuitos internos do processador para que barramentos é mais lenta que a velocidade da CPU.
o sistema trabalhe harmonicamente. • Overclock
Estes pulsos elétricos em intervalos regulares são medidos pela Overclock é o aumento da frequência do processador para que
sua frequência cuja unidade é dada em hertz (Hz). 1 MHz é igual ele trabalhe mais rapidamente.
a 1 milhão de ciclos por segundo. Normalmente os processadores A frequência de operação dos computadores domésticos é de-
são referenciados pelo clock ou frequência de operação: Pentium terminada por dois fatores:
IV 2.8 MHz. • A velocidade de operação da placa-mãe, conhecida também
como velocidade de barramento, que nos computadores Pentium
PROCESSADOR pode ser de 50, 60 e 66 MHz.
• Um multiplicador de clock, criado a partir dos 486 que
permite ao processador trabalhar internamente a uma velocidade
maior que a da placa-mãe. Vale lembrar que os outros periféricos
do computador (memória RAM, cache L2, placa de vídeo, etc.)
continuam trabalhando na velocidade de barramento.
Como exemplo, um computador Pentium 166 trabalha com
velocidade de barramento de 66 MHz e multiplicador de 2,5x. Fa-
zendo o cálculo, 66 x 2,5 = 166, ou seja, o processador trabalha a
166 MHz, mas se comunica com os demais componentes do micro
a 66 MHz.
Tendo um processador Pentium 166 (como o do exemplo aci-
ma), pode-se fazê-lo trabalhar a 200 MHz, simplesmente aumen-
tando o multiplicador de clock de 2,5x para 3x. Caso a placa-mãe
permita, pode-se usar um barramento de 75 ou até mesmo 83 MHz
O microprocessador, também conhecido como processador, (algumas placas mais modernas suportam essa velocidade de bar-
consiste num circuito integrado construído para realizar cálculos e ramento). Neste caso, mantendo o multiplicador de clock de 2,5x,
operações. Ele é a parte principal do computador, mas está longe de o Pentium 166 poderia trabalhar a 187 MHz (2,5 x 75) ou a 208
ser uma máquina completa por si só: para interagir com o usuário MHz (2,5 x 83). As frequências de barramento e do multiplicador
é necessário memória, dispositivos de entrada e saída, conversores podem ser alteradas simplesmente através de jumpers de configu-
de sinais, entre outros. ração da placa-mãe, o que torna indispensável o manual da mesma.
É o processador quem determina a velocidade de processa- O aumento da velocidade de barramento da placa-mãe pode criar
mento dos dados na máquina. Os primeiros modelos comerciais problemas caso algum periférico (como memória RAM, cache L2,
começaram a surgir no início dos anos 80. etc.) não suporte essa velocidade.
• Clock Speed ou Clock Rate Quando se faz um overclock, o processador passa a trabalhar
É a velocidade pela qual um microprocessador executa instru- a uma velocidade maior do que ele foi projetado, fazendo com que
ções. Quanto mais rápido o clock, mais instruções uma CPU pode haja um maior aquecimento do mesmo. Com isto, reduz-se a vida
executar por segundo. útil do processador de cerca de 20 para 10 anos (o que não chega
Usualmente, a taxa de clock é uma característica fixa do pro- a ser um problema já que os processadores rapidamente se tornam
cessador. Porém, alguns computadores têm uma “chave” que per- obsoletos). Esse aquecimento excessivo pode causar também fre-
mite 2 ou mais diferentes velocidades de clock. Isto é útil porque quentes “crashes” (travamento) do sistema operacional durante o
programas desenvolvidos para trabalhar em uma máquina com alta seu uso, obrigando o usuário a reiniciar a máquina.
velocidade de clock podem não trabalhar corretamente em uma Ao fazer o overclock, é indispensável a utilização de um coo-
máquina com velocidade de clock mais lenta, e vice versa. Além ler (ventilador que fica sobre o processador para reduzir seu aque-
disso, alguns componentes de expansão podem não ser capazes de cimento) de qualidade e, em alguns casos, uma pasta térmica espe-
trabalhar a alta velocidade de clock. cial que é passada diretamente sobre a superfície do processador.

Didatismo e Conhecimento 88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Atualmente fala-se muito em CORE, seja dual, duo ou quad, FONTE DE ENERGIA
essa denominação refere-se na verdade ao núcleo do processador,
onde fica a ULA (Unidade Aritmética e Lógica). Nos modelos
DUAL ou DUO, esse núcleo é duplicado, o que proporciona uma
execução de duas instruções efetivamente ao mesmo tempo, em-
bora isto não aconteça o tempo todo. Basta uma instrução precisar
de um dado gerado por sua “concorrente” que a execução paralela
torna-se inviável, tendo uma instrução que esperar pelo término
da outra. Os modelos QUAD CORE possuem o núcleo quadru-
plicado.
Esses são os processadores fabricados pela INTEL, empresa
que foi pioneira nesse tipo de produto. Temos também alguns con-
correntes famosos dessa marca, tais como NEC, Cyrix e AMD; É um aparelho que transforma a corrente de eletricidade alter-
sendo que atualmente apenas essa última marca mantém-se fazen- nada (que vem da rua), em corrente contínua, para ser usada nos
do frente aos lançamentos da INTEL no mercado. Por exemplo, computadores. Sua função é alimentar todas as partes do com-
um modelo muito popular de 386 foi o de 40 MHz, que nunca putador com energia elétrica apropriada para seu funcionamento.
foi feito pela INTEL, cujo 386 mais veloz era de 33 MHz, esse Fica ligada à placa-mãe e aos outros dispositivos por meio de
processador foi obra da AMD. Desde o lançamento da linha Pen- cabos coloridos com conectores nas pontas.
tium, a AMD foi obrigada a criar também novas denominações CABOS
para seus processadores, sendo lançados modelos como K5, K6-2,
K7, Duron (fazendo concorrência direta à ideia do Celeron) e os
mais atuais como: Athlon, Turion, Opteron e Phenom.

MEMÓRIAS

Podemos encontrar diferentes tipos de cabos dentro do gabi-


nete: podem ser de energia ou de dados e conectam dispositivos,
como discos rígidos, drives de CDs e DVDs, LEDs (luzes), botão
liga/desliga, entre outros, à placa-mãe.
Os tipos de cabos encontrados dentro do PC são: IDE, SATA,
SATA2, energia e som.

DRIVERS

Vamos chamar de memória o que muitos autores denominam


memória primária, que é a memória interna do computador, sem a
qual ele não funciona.
A memória é formada, geralmente, por chips e é utilizada para
guardar a informação para o processador num determinado mo-
mento, por exemplo, quando um programa está sendo executado.
As memórias ROM (Read Only Memory - Memória Somen-
te de Leitura) e RAM (Random Access Memory - Memória de
Acesso Randômico) ficam localizadas junto à placa-mãe. A ROM
são chips soldados à placa-mãe, enquanto a RAM são “pentes” de
memória.

São dispositivos de suporte para mídias - fixas ou removíveis


- de armazenamento de dados, nos quais a informação é gravada
por meio digital, ótico, magnético ou mecânico.
Hoje, os tipos mais comuns são o disco rígido ou HD, os dri-
ves de CD/DVD e o pen drive. Os computadores mais antigos
ainda apresentam drives de disquetes, que são bem pouco usados
devido à baixa capacidade de armazenamento. Todos os drives são
ligados ao computador por meio de cabos.

Didatismo e Conhecimento 89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
PORTAS DE ENTRADA/SAÍDA • Non-Volatile Random Access Memory (Nvram)
Também conhecida como flash RAM ou memória flash, a
NVRAM é um tipo de memória RAM que não perde os dados
quando desligada. Este tipo de memória é o mais usado atualmen-
te para armazenar os dados da BIOS, não só da placa-mãe, mas
de vários outros dispositivos, como modems, gravadores de CD-
-ROM etc.
É justamente o fato do BIOS da placa-mãe ser gravado em
memória flash que permite realizarmos upgrades de BIOS. Na
verdade essa não é exatamente uma memória ROM, já que pode
ser reescrita, mas a substitui com vantagens.

• Programmable Read-Only Memory (Prom)


É um tipo de memória ROM, fabricada em branco, sendo pro-
São as portas do computador nas quais se conectam todos os gramada posteriormente. Uma vez gravados os dados, eles não
periféricos. São utilizadas para entrada e saída de dados. Os com- podem ser alterados. Este tipo de memória é usado em vários dis-
putadores de hoje apresentam normalmente as portas USB, VGA, positivos, assim como em placas-mãe antigas.
FireWire, HDMI, Ethernet e Modem.
Veja alguns exemplos de dispositivos ligados ao computador Memoria RAM
por meio dessas Portas: modem, monitor, pen drive, HD externo,
scanner, impressora, microfone, Caixas de som, mouse, teclado etc.

Obs.: são dignas de citação portas ainda bastante usadas,


como as portas paralelas (impressoras e scanners) e as portas
PS/2(mouses e teclados).

MEMÓRIAS E DISPOSITIVOS
DE ARMAZENAMENTO

Memórias

Memória ROM Random Access Memory (RAM) - Memória de acesso alea-


tório onde são armazenados dados em tempo de processamento,
isto é, enquanto o computador está ligado e, também, todas as in-
formações que estiverem sendo executadas, pois essa memória é
mantida por pulsos elétricos. Todo conteúdo dela é apagado ao
desligar-se a máquina, por isso é chamada também de volátil.
O módulo de memória é um componente adicionado à placa-
mãe. É composto de uma série de pequenos circuitos integrados,
chamados chip de RAM. A memória pode ser aumentada, de acor-
do com o tipo de equipamento ou das necessidades do usuário. O
local onde os chips de memória são instalados chama-se SLOT de
No microcomputador também se encontram as memórias de- memória.
finidas como dispositivos eletrônicos responsáveis pelo armaze- A memória ganhou melhor desempenho com versões mais po-
namento de informações e instruções utilizadas pelo computador. derosas, como DRAM (Dynamic RAM - RAM dinâmica), EDO
(Extended Data Out - Saída Estendida Dados), entre outras, que
Read Only Memory (ROM) é um tipo de memória em que proporcionam um aumento no desempenho de 10% a 30% em
os dados não se perdem quando o computador é desligado. Este comparação à RAM tradicional. Hoje, as memórias mais utilizadas
tipo de memória é ideal para guardar dados da BIOS (Basic Input/ são do tipo DDR2 e DDR3.
Output System - Sistema Básico de Entrada/Saída) da placa-mãe
e outros dispositivos.

Os tipos de ROM usados atualmente são:


• Electrically-Erasable Programmable Read-Only Me-
mory (Eeprom)
É um tipo de PROM que pode ser apagada simplesmente com
uma carga elétrica, podendo ser, posteriormente, gravada com no-
vos dados. Depois da NVRAM é o tipo de memória ROM mais
utilizado atualmente.

Didatismo e Conhecimento 90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Memória Cache HD Externo

A memória cache é um tipo de memória de acesso rápido uti- Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta capa-
lizada, exclusivamente, para armazenamento de dados que prova- cidade de armazenamento, chegando facilmente à casa dos Tera-
velmente serão usados novamente. bytes. Eles, normalmente, funcionam a partir de qualquer entrada
Quando executamos algum programa, por exemplo, parte das USB do computador.
instruções fica guardada nesta memória para que, caso posterior-
mente seja necessário abrir o programa novamente, sua execução As grandes vantagens destes dispositivos são:
seja mais rápida. • Alta capacidade de armazenamento;
Atualmente, a memória cache já é estendida a outros dispo- • Facilidade de instalação;
sitivos, a fim de acelerar o processo de acesso aos dados. Os pro- • Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qualquer lugar
cessadores e os HDs, por exemplo, já utilizam este tipo de arma- sem necessidade de abrir o computador.
zenamento. CD, CD-R e CD-RW
DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO
O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década de 80
Disco Rígido (HD) e é hoje um dos meios mais populares de armazenar dados digi-
talmente.
Sua composição é geralmente formada por quatro camadas:
• Uma camada de policarbonato (espécie de plástico),
onde ficam armazenados os dados
• Uma camada refletiva metálica, com a finalidade de re-
fletir o laser
• Uma camada de acrílico, para proteger os dados
• Uma camada superficial, onde são impressos os rótulos

Na camada de gravação existe uma grande espiral que tem


um relevo de partes planas e partes baixas que representam os bits.
Um feixe de laser “lê” o relevo e converte a informação. Temos
hoje, no mercado, três tipos principais de CDs:

1. CD comercial
(que já vem gravado com música ou dados)

2. CD-R
(que vem vazio e pode ser gravado uma única vez)
O disco rígido é popularmente conhecido como HD (Hard
Disk Drive - HDD) e é comum ser chamado, também, de memó- 3. CD-RW
ria, mas ao contrário da memória RAM, quando o computador é (que pode ter seus dados apagados e regravados)
desligado, não perde as informações. Atualmente, a capacidade dos CDs é armazenar cerca de 700
O disco rígido é, na verdade, o único dispositivo para armaze- MB ou 80 minutos de música.
namento de informações indispensável ao funcionamento do com-
putador. É nele que ficam guardados todos os dados e arquivos,
incluindo o sistema operacional. Geralmente é ligado à placa-mãe
por meio de um cabo, que pode ser padrão IDE, SATA ou SATA2.

Didatismo e Conhecimento 91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
DVD, DVD-R e DVD-RW Cartão de Memória

O Digital Vídeo Disc ou Digital Versatille Disc (DVD) é hoje


o formato mais comum para armazenamento de vídeo digital. Foi
inventado no final dos anos 90, mas só se popularizou depois do
ano 2000. Assim como o CD, é composto por quatro camadas,
com a diferença de que o feixe de laser que lê e grava as informa-
ções é menor, possibilitando uma espiral maior no disco, o que
proporciona maior capacidade de armazenamento.
Também possui as versões DVD-R e DVD-RW, sendo R de
gravação única e RW que possibilita a regravação de dados. A
capacidade dos DVDs é de 120 minutos de vídeo ou 4,7 GB de
dados, existindo ainda um tipo de DVD chamado Dual Layer, que Assim como o pen drive, o cartão de memória é um tipo de
contém duas camadas de gravação, cuja capacidade de armazena- dispositivo de armazenamento de dados com memória flash, muito
mento chega a 8,5 GB. encontrado em máquinas fotográficas digitais e aparelhos celulares
Blu-Ray smartphones.
Nas máquinas digitais registra as imagens capturadas e nos
O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia entre telefones é utilizado para armazenar vídeos, fotos, ringtones, en-
25 e 50 GB. O de maior capacidade contém duas camadas de dereços, números de telefone etc.
gravação. O cartão de memória funciona, basicamente, como o pen dri-
Seu processo de fabricação segue os padrões do CD e DVD ve, mas, ao contrário dele, nem sempre fica aparente no dispositivo
comuns, com a diferença de que o feixe de laser usado para leitu- e é bem mais compacto.
ra é ainda menor que o do DVD, o que possibilita armazenagem Os formatos mais conhecidos são:
maior de dados no disco. • Memory Stick Duo
O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do leitor ótico • SD (Secure Digital Card)
que, na verdade, para o olho humano, apresenta uma cor violeta • Mini SD
azulada. O “e” da palavra blue (azul) foi retirado do nome por • Micro SD
fins jurídicos, já que muitos países não permitem que se registre
comercialmente uma palavra comum. O Blu-Ray foi introduzido OS PERIFÉRICOS
no mercado no ano de 2006.
Os periféricos são partes extremamente importantes dos com-
Pen Drive putadores. São eles que, muitas vezes, definem sua aplicação.

Entrada

São dispositivos que possuem a função de inserir dados ao


computador, por exemplo: teclado, scanner, caneta óptica, leitor
de código de barras, mesa digitalizadora, mouse, microfone, joys-
tick, CD-ROM, DVD-ROM, câmera fotográfica digital, câmera de
vídeo, webcam etc.

É um dispositivo de armazenamento de dados em memória Mouse


flash e conecta-se ao computador por uma porta USB. Ele com-
bina diversas tecnologias antigas com baixo custo, baixo consumo
de energia e tamanho reduzido, graças aos avanços nos micro-
processadores. Funciona, basicamente, como um HD externo e
quando conectado ao computador pode ser visualizado como um
drive. O pen drive também é conhecido como thumbdrive (por ter
o tamanho aproximado de um dedo polegar - thumb), flashdrive
(por usar uma memória flash) ou, ainda, disco removível.
Ele tem a mesma função dos antigos disquetes e dos CDs, ou É utilizado para selecionar operações dentro de uma tela apre-
seja, armazenar dados para serem transportados, porém, com uma sentada. Seu movimento controla a posição do cursor na tela e
capacidade maior, chegando a 256 GB. apenas clicando (pressionando) um dos botões sobre o que você
precisa, rapidamente a operação estará definida.
O mouse surgiu com o ambiente gráfico das famílias Macin-
tosh e Windows, tornando-se indispensável para a utilização do
microcomputador.

Didatismo e Conhecimento 92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Touchpad Câmeras de Vídeo

As câmeras de vídeo, além de utilizadas no lazer, são também


aplicadas no trabalho de multimídia. As câmeras de vídeo digitais
ligam-se ao microcomputador por meio de cabos de conexão e per-
mitem levar a ele as imagens em movimento e alterá-las utilizando
Existem alguns modelos diferentes de mouse para notebooks, um programa de edição de imagens. Existe, ainda, a possibilidade
como o touchpad, que é um item de fábrica na maioria deles. de transmitir as imagens por meio de placas de captura de vídeo,
É uma pequena superfície sensível ao toque e tem a mesma que podem funcionar interna ou externamente no computador.
funcionalidade do mouse. Para movimentar o cursor na tela, pas-
sa-se o dedo levemente sobre a área do touchpad.

Teclado

É o periférico mais conhecido e utilizado para entrada de da-


dos no computador.
Acompanha o PC desde suas primeiras versões e foi pouco
alterado. Possui teclas representando letras, números e símbolos,
bem como teclas com funções específicas (F1... F12, ESC etc.).
Scanner
Câmera Digital

Câmera fotográfica moderna que não usa mais filmes foto- É um dispositivo utilizado para interpretar e enviar à memória
gráficos. As imagens são capturadas e gravadas numa memória do computador uma imagem desenhada, pintada ou fotografada.
interna ou, ainda, mais comumente, em cartões de memória. Ele é formado por minúsculos sensores fotoelétricos, geralmente
O formato de arquivo padrão para armazenar as fotos é o distribuídos de forma linear. Cada linha da imagem é percorrida
JPEG (.jpg) e elas podem ser transferidas ao computador por meio por um feixe de luz. Ao mesmo tempo, os sensores varrem (per-
de um cabo ou, nos computadores mais modernos, colocando-se o correm) esse espaço e armazenam a quantidade de luz refletida por
cartão de memória diretamente no leitor. cada um dos pontos da linha.

Didatismo e Conhecimento 93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
A princípio, essas informações são convertidas em cargas elé- Todas as imagens que você vê na tela são compostas de cen-
tricas que, depois, ainda no scanner, são transformadas em valores tenas (ou milhares) de pontos gráficos (ou pixels). Quanto mais
numéricos. O computador decodifica esses números, armazena-os pixels, maior a resolução e mais detalhada será a imagem na tela.
e pode transformá-los novamente em imagem. Após a imagem ser Uma resolução de 640 x 480 significa 640 pixels por linha e 480
convertida para a tela, pode ser gravada e impressa como qualquer linhas na tela, resultando em 307.200 pixels.
outro arquivo. A placa gráfica permite que as informações saiam do compu-
Existem scanners que funcionam apenas em preto e branco e tador e sejam apresentadas no monitor. A placa determina quantas
outros, que reproduzem cores. No primeiro caso, os sensores pas- cores você verá e qual a qualidade dos gráficos e imagens apre-
sam apenas uma vez por cada ponto da imagem. Os aparelhos de sentadas.
fax possuem um scanner desse tipo para captar o documento. Para Os primeiros monitores eram monocromáticos, ou seja, apre-
capturar as cores é preciso varrer a imagem três vezes: uma regis- sentavam apenas uma cor e suas tonalidades, mostrando os textos
tra o verde, outra o vermelho e outra o azul. em branco ou verde sobre um fundo preto. Depois, surgiram os
Há aparelhos que produzem imagens com maior ou menor policromáticos, trabalhando com várias cores e suas tonalidades.
definição. Isso é determinado pelo número de pontos por polega- A tecnologia utilizada nos monitores também tem acompa-
da (ppp) que os sensores fotoelétricos podem ler. As capacidades nhado o mercado de informática. Procurou-se reduzir o consumo
variam de 300 a 4800 ppp. Alguns modelos contam, ainda, com de energia e a emissão de radiação eletromagnética. Outras ino-
softwares de reconhecimento de escrita, denominados OCR. vações, como controles digitais, tela plana e recursos multimídia
Hoje em dia, existem diversos tipos de utilização para os contribuíram nas mudanças.
scanners, que podem ser encontrados até nos caixas de supermer- Nos desktops mais antigos, utilizava-se a Catodic Rays Tube
cados, para ler os códigos de barras dos produtos vendidos. (CRT), que usava o tubo de cinescópio (o mesmo princípio da TV),
em que um canhão dispara por trás o feixe de luz e a imagem é
Webcam mostrada no vídeo. Uma grande evolução foi o surgimento de
uma tela especial, a Liquid Crystal Display (LCD) - Tela de Cristal
Líquido.
A tecnologia LCD troca o tubo de cinescópio por minúsculos
cristais líquidos na formação dos feixes de luz até a montagem dos
pixels. Com este recurso, pode-se aumentar a área útil da tela.
Os monitores LCD permitem qualidade na visibilidade da
imagem - dependendo do tipo de tela ― que pode ser:
• Matriz ativa: maior contraste, nitidez e amplo campo de
visão
• Matriz passiva: menor tempo de resposta nos movimen-
tos de vídeo
Além do CRT e do LCD, uma nova tecnologia esta ganhando
É uma câmera de vídeo que capta imagens e as transfere ins- força no mercado, o LED. A principal diferença entre LED x LCD
tantaneamente para o computador. A maioria delas não tem alta está diretamente ligado à tela. Em vez de células de cristal líquido,
resolução, já que as imagens têm a finalidade de serem transmi- os LED possuem diodos emissores de luz (Light Emitting Diode)
tidas a outro computador via Internet, ou seja, não podem gerar que fornecem o conjunto de luzes básicas (verde, vermelho e azul).
um arquivo muito grande, para que possam ser transmitidas mais Eles não aquecem para emitir luz e não precisam de uma luz bran-
rapidamente. ca por trás, o que permite iluminar apenas os pontos necessários na
Hoje, muitos sites e programas possuem chats (bate-papo) tela. Como resultado, ele consume até 40% menos energia.
com suporte para webcam. Os participantes podem conversar e A definição de cores também é superior, principalmente do
visualizar a imagem um do outro enquanto conversam. Nos lap- preto, que possui fidelidade não encontrada em nenhuma das de-
tops e notebooks mais modernos, a câmera já vem integrada ao mais tecnologias disponíveis no mercado.
computador. Sem todo o aparato que o LCD precisa por trás, o LED tam-
bém pode ser mais fina, podendo chegar a apenas uma polegada de
Saída espessura. Isso resultado num monitor de design mais agradável e
bem mais leve.
São dispositivos utilizados para saída de dados do computa- Ainda é possível encontrar monitores CRT (que usavam o
dor, por exemplo: monitor, impressora, projetor, caixa de som etc. tubo de cinescópio), mas os fabricantes, no entanto, não deram
continuidade à produção dos equipamentos com tubo de imagem.
Monitor Os primeiros monitores tinham um tamanho de, geralmente,
13 ou 14 polegadas. Com profissionais trabalhando com imagens,
É um dispositivo físico (semelhante a uma televisão) que tem cores, movimentos e animações multimídia, sentiu-se a necessida-
a função de exibir a saída de dados. de de produzir telas maiores.
A qualidade do que é mostrado na tela depende da resolução Hoje, os monitores são vendidos nos mais diferentes formatos
do monitor, designada pelos pontos (pixels - Picture Elements), e tamanhos. As televisões mais modernas apresentam uma entrada
que podem ser representados na sua superfície. VGA ou HDMI, para que computadores sejam conectados a elas.

Didatismo e Conhecimento 94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Impressora Jato de Tinta Outro dispositivo utilizado para impressão é a plotter, que é
uma impressora destinada a imprimir desenhos em grandes dimen-
sões, com elevada qualidade e rigor, como plantas arquitetônicas,
mapas cartográficos, projetos de engenharia e grafismo, ou seja, a
impressora plotter é destinada às artes gráficas, editoração eletrô-
nica e áreas de CAD/CAM.
Vários modelos de impressora plotter têm resolução de 300
dpi, mas alguns podem chegar a 1.200 pontos por polegada, per-
mitindo imprimir, aproximadamente, 20 páginas por minuto (no
Atualmente, as impressoras a jato de tinta ou inkjet (como padrão de papel utilizado em impressoras a laser).
também são chamadas), são as mais populares do mercado. Silen- Existe a plotter que imprime materiais coloridos com largura
ciosas, elas oferecem qualidade de impressão e eficiência. de até três metros (são usadas em empresas que imprimem grandes
A impressora jato de tinta forma imagens lançando a tinta di- volumes e utilizam vários formatos de papel).
retamente sobre o papel, produzindo os caracteres como se fossem
contínuos. Imprime sobre papéis especiais e transparências e são Projetor
bastante versáteis. Possuem fontes (tipos de letras) internas e acei-
tam fontes via software. Também preparam documentos em preto É um equipamento muito utilizado em apresentações multi-
e branco e possuem cartuchos de tinta independentes, um preto e mídia.
outro colorido. Antigamente, as informações de uma apresentação eram im-
pressas em transparências e ampliadas num retroprojetor, mas,
Impressora Laser com o avanço tecnológico, os projetores têm auxiliado muito nesta
área.
Quando conectados ao computador, esses equipamentos re-
produzem o que está na tela do computador em dimensões amplia-
das, para que várias pessoas vejam ao mesmo tempo.

Entrada/Saída
São dispositivos que possuem tanto a função de inserir dados,
quanto servir de saída de dados. Exemplos: pen drive, modem,
CD-RW, DVD-RW, tela sensível ao toque, impressora multifun-
As impressoras a laser apresentam elevada qualidade de im- cional, etc.
pressão, aliada a uma velocidade muito superior. Utilizam folhas IMPORTANTE: A impressora multifuncional pode ser clas-
avulsas e são bastante silenciosas. sificada como periférico de Entrada/Saída, pois sua principal ca-
Possuem fontes internas e também aceitam fontes via software racterística é a de realizar os papeis de impressora (Saída) e scan-
(dependendo da quantidade de memória). Algumas possuem um ner (Entrada) no mesmo dispositivo.
recurso que ajusta automaticamente as configurações de cor, elimi-
nando a falta de precisão na impressão colorida, podendo atingir BARRAMENTOS – CONCEITOS GERAIS
uma resolução de 1.200 dpi (dots per inch - pontos por polegada).
Os barramentos, conhecidos como BUS em inglês, são con-
Impressora a Cera juntos de fios que normalmente estão presentes em todas as placas
do computador.
Categoria de impressora criada para ter cor no impresso com Na verdade existe barramento em todas as placas de produtos
qualidade de laser, porém o custo elevado de manutenção aliado ao eletrônicos, porém em outros aparelhos os técnicos referem-se aos
surgimento da laser colorida fizeram essa tecnologia ser esquecida. barramentos simplesmente como o “impresso da placa”.
A ideia aqui é usar uma sublimação de cera (aquela do lápis de Barramento é um conjunto de 50 a 100 fios que fazem a comu-
cera) para fazer impressão. nicação entre todos os dispositivos do computador: UCP, memó-
ria, dispositivos de entrada e saída e outros. Os sinais típicos en-
Plotters contrados no barramento são: dados, clock, endereços e controle.
Os dados trafegam por motivos claros de necessidade de se-
rem levados às mais diversas porções do computador.
Os endereços estão presentes para indicar a localização para
onde os dados vão ou vêm.
O clock trafega nos barramentos conhecidos como síncronos,
pois os dispositivos são obrigados a seguir uma sincronia de tempo
para se comunicarem.
O controle existe para informar aos dispositivos envolvidos
na transmissão do barramento se a operação em curso é de escrita,
leitura, reset ou outra qualquer. Alguns sinais de controle são bas-
tante comuns:

Didatismo e Conhecimento 95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
• Memory Write - Causa a escrita de dados do barramento de Foi lançado em 1984 pela IBM para suportar o novo PC-AT.
dados no endereço especificado no barramento de endereços. Tornou-se, de imediato, o padrão de todos os PC-compatíveis. Era
• Memory Read - Causa dados de um dado endereço especi- um barramento único para todos os componentes do computador,
ficado pelo barramento de endereço a ser posto no barramento de operando com largura de 16 bits e com clock de 8 MHz.
dados.
• I/O Write - Causa dados no barramento de dados serem en- PCI – Peripheral Components Interconnect
viados para uma porta de saída (dispositivo de I/O).
• I/O Read - Causa a leitura de dados de um dispositivo de I/O,
os quais serão colocados no barramento de dados.
• Bus request - Indica que um módulo pede controle do barra-
mento do sistema.
• Reset - Inicializa todos os módulos

Todo barramento é implementado seguindo um conjunto de


regras de comunicação entre dispositivos conhecido como BUS
STANDARD, ou simplesmente PROTOCOLO DE BARRAMEN-
TO, que vem a ser um padrão que qualquer dispositivo que queira
ser compatível com este barramento deva compreender e respeitar.
Mas um ponto sempre é certeza: todo dispositivo deve ser único
no acesso ao barramento, porque os dados trafegam por toda a
extensão da placa-mãe ou de qualquer outra placa e uma mistura
de dados seria o caos para o funcionamento do computador.

Os barramentos têm como principais vantagens o fato de ser PCI é um barramento síncrono de alta performance, indicado
o mesmo conjunto de fios que é usado para todos os periféricos, como mecanismo entre controladores altamente integrados, plug-
o que barateia o projeto do computador. Outro ponto positivo é a -in placas, sistemas de processadores/memória.
versatilidade, tendo em vista que toda placa sempre tem alguns Foi o primeiro barramento a incorporar o conceito plug-and-
slots livres para a conexão de novas placas que expandem as pos- -play.
sibilidades do sistema. Seu lançamento foi em 1993, em conjunto com o processador
A grande desvantagem dessa idéia é o surgimento de engarra- PENTIUM da Intel. Assim o novo processador realmente foi re-
famentos pelo uso da mesma via por muitos periféricos, o que vem volucionário, pois chegou com uma série de inovações e um novo
a prejudicar a vazão de dados (troughput). barramento. O PCI foi definido com o objetivo primário de estabe-
Dispositivos conectados ao barramento lecer um padrão da indústria e uma arquitetura de barramento que
ofereça baixo custo e permita diferenciações na implementação.
• Ativos ou Mestres - dispositivos que comandam o acesso ao
barramento para leitura ou escrita de dados Componente PCI ou PCI master
• Passivos ou Escravos - dispositivos que simplesmente obe- Funciona como uma ponte entre processador e barramento
decem à requisição do mestre. PCI, no qual dispositivos add-in com interface PCI estão conec-
Exemplo: tados.
- CPU ordena que o controlador de disco leia ou escreva um
bloco de dados. - Add-in cards interface
A CPU é o mestre e o controlador de disco é o escravo. Possuem dispositivos que usam o protocolo PCI. São geren-
ciados pelo PCI master e são totalmente programáveis.
Barramentos Comerciais
Serão listados aqui alguns barramentos que foram e alguns AGP – Advanced Graphics Port
que ainda são bastante usados comercialmente.
ISA – Industry Standard Architeture

Didatismo e Conhecimento 96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Esse barramento permite que uma placa controladora gráfica AGP PCI Express
AGP substitua a placa gráfica no barramento PCI. O Chip con-
trolador AGP substitui o controlador de E/S do barramento PCI. AGP 1X: 266 MB por PCI Express 1X: 250 MB por
O novo conjunto AGP continua com funções herdadas do PCI. O segundo segundo
conjunto faz a transferência de dados entre memória, o processa- AGP 4X: 1064 MB por PCI Express 2X: 500 MB por
dor e o controlador ISA, tudo, simultaneamente. segundo segundo
Permite acesso direto mais rápido à memória. Pela porta grá- AGP 8X: 2128 MB por PCI Express 8X: 2000 MB por
fica aceleradora, a placa tem acesso direto à RAM, eliminando a segundo segundo
necessidade de uma VRAM (vídeo RAM) na própria placa para
armazenar grandes arquivos de bits como mapas e textura. PCI Express 16X: 4000 MB por
 
O uso desse barramento iniciou-se através de placas-mãe que segundo
usavam o chipset i440LX, da Intel, já que esse chipset foi o primei-
ro a ter suporte ao AGP. A principal vantagem desse barramento é É importante frisar que o padrão 1X foi pouco utilizado e,
o uso de uma maior quantidade de memória para armazenamento devido a isso, há empresas que chamam o PC I Express 2X de PCI
de texturas para objetos tridimensionais, além da alta velocidade Express 1X.
no acesso a essas texturas para aplicação na tela. Assim sendo, o padrão PCI Express 1X pode representar tam-
O primeiro AGP (1X) trabalhava a 133 MHz, o que proporcio- bém taxas de transferência de dados de 500 MB por segundo.
na uma velocidade 4 vezes maior que o PCI. Além disso, sua taxa A Intel é uma das grandes precursoras de inovações tecnoló-
de transferência chegava a 266 MB por segundo quando operando gicas.
no esquema de velocidade X1, e a 532 MB quando no esquema de No início de 2001, em um evento próprio, a empresa mostrou
velocidade 2X. Existem também as versões 4X, 8X e 16X. Geral- a necessidade de criação de uma tecnologia capaz de substituir o
mente, só se encontra um único slot nas placas-mãe, visto que o padrão PCI: tratava-se do 3GIO (Third Generation I/O – 3ª gera-
AGP só interessa às placas de vídeo. ção de Entrada e Saída). Em agosto desse mesmo ano, um grupo
de empresas chamado de
PCI Express PCI-SIG (composto por companhias como IBM, AMD e Mi-
crosoft) aprovou as primeiras especificações do 3GIO.
Entre os quesitos levantados nessas especificações, estão os
que se seguem: suporte ao barramento PCI, possibilidade de uso
de mais de uma lane, suporte a outros tipos de conexão de plata-
formas, melhor gerenciamento de energia, melhor proteção contra
erros, entre outros.

Esse barramento é fortemente voltado para uso em subsiste-


mas de vídeo.

Interfaces – Barramentos Externos

Os barramentos circulam dentro do computador, cobrem toda


a extensão da placa-mãe e servem para conectar as placas meno-
Na busca de uma solução para algumas limitações dos bar- res especializadas em determinadas tarefas do computador. Mas
ramentos AGP e PCI, a indústria de tecnologia trabalha no barra- os dispositivos periféricos precisam comunicarem-se com a UCP,
mento PCI Express, cujo nome inicial era 3GIO. Trata-se de um para isso, historicamente foram desenvolvidas algumas soluções
padrão que proporciona altas taxas de transferência de dados entre de conexão tais como: serial, paralela, USB e Firewire. Passan-
o computador em si e um dispositivo, por exemplo, entre a placa- do ainda por algumas soluções proprietárias, ou seja, que somente
mãe e uma placa de vídeo 3D. funcionavam com determinado periférico e de determinado fabri-
A tecnologia PCI Express conta com um recurso que permite cante.
o uso de uma ou mais conexões seriais, também chamados de la-
nes para transferência de dados. Se um determinado dispositivo Interface Serial
usa um caminho, então diz-se que esse utiliza o barramento PCI Conhecida por seu uso em mouse e modems, esta interface
Express 1X; se utiliza 4 lanes , sua denominação é PCI Express 4X no passado já conectou até impressoras. Sua característica fun-
e assim por diante. Cada lane pode ser bidirecional, ou seja, recebe damental é que os bits trafegam em fila, um por vez, isso torna
e envia dados. Cada conexão usada no PCI Express trabalha com 8 a comunicação mais lenta, porém o cabo do dispositivo pode ser
bits por vez, sendo 4 em cada direção. A freqüência usada é de 2,5 mais longo, alguns chegam até a 10 metros de comprimento. Isso
GHz, mas esse valor pode variar. Assim sendo, o PCI Express 1X é útil para usar uma barulhenta impressora matricial em uma sala
consegue trabalhar com taxas de 250 MB por segundo, um valor separada daquela onde o trabalho acontece.
bem maior que os 132 MB do padrão PCI. Esse barramento traba- As velocidades de comunicação dessa interface variam de 25
lha com até 16X, o equivalente a 4000 MB por segundo. A tabela bps até 57.700 bps (modems mais recentes). Na parte externa do
abaixo mostra os valores das taxas do PCI Express comparadas às gabinete, essas interfaces são representadas por conectores DB-9
taxas do padrão AGP: ou DB-25 machos.

Didatismo e Conhecimento 97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
comum o surgimento de dispositivos como smartphones e câmeras
digitais que atendem a essas necessidades. A consequência não po-
deria ser outra: grandes volumes de dados nas mãos de um número
cada vez maior de pessoas.
Com suas especificações finais anunciadas em novembro de
2008, o USB 3.0 surgiu para dar conta desta e da demanda que está
por vir. É isso ou é perder espaço para tecnologias como o FireWire
ou Thunderbolt, por exemplo. Para isso, o USB 3.0 tem como prin-
cipal característica a capacidade de oferecer taxas de transferência
de dados de até 4,8 Gb/s (gigabits por segundo). Mas não é só isso...

O que é USB 3.0?

Como você viu no tópico acima, o USB 3.0 surgiu porque o


Interface Paralela padrão precisou evoluir para atender novas necessidades. Mas, no
que consiste exatamente esta evolução? O que o USB 3.0 tem de
Criada para ser uma opção ágil em relação à serial, essa inter- diferente do USB 2.0? A principal característica você já sabe: a ve-
face transmite um byte de cada vez. Devido aos 8 bits em paralelo locidade de até 4,8 Gb/s (5 Gb/s, arredondando), que corresponde a
existe um RISCo de interferência na corrente elétrica dos conduto- cerca de 600 megabytes por segundo, dez vezes mais que a veloci-
res que formam o cabo. Por esse motivo os cabos de comunicação dade do USB 2.0. Nada mal, não?
desta interface são mais curtos, normalmente funcionam muito
bem até a distância de 1,5 metro, embora exista no mercado cabos
paralelos de até 3 metros de comprimento. A velocidade de trans-
missão desta porta chega até a 1,2 MB por segundo.
Nos gabinetes dos computadores essa porta é encontrada na
forma de conectores DB-25 fêmeas. Nas impressoras, normalmen-
te, os conectores paralelos são conhecidos como interface centro-
nics. Símbolo para dispositivos USB 3.0

Mas o USB 3.0 também se destaca pelo fator “alimentação


elétrica”: o USB 2.0 fornece até 500 miliampéres, enquanto que o
novo padrão pode suportar 900 miliampéres. Isso significa que as
portas USB 3.0 podem alimentar dispositivos que consomem mais
energia (como determinados HDs externos, por exemplo, cenário
quase impossível com o USB 2.0).
É claro que o USB 3.0 também possui as características que
fizeram as versões anteriores tão bem aceitas, como  Plug and
Play (plugar e usar), possibilidade de conexão de mais de um dis-
positivo na mesma porta, hot-swappable (capacidade de conectar e
desconectar dispositivos sem a necessidade de desligá-los) e com-
patibilidade com dispositivos nos padrões anteriores.
USB – Universal Serial Bus Conectores USB 3.0
A tecnologia USB surgiu no ano de 1994 e, desde então, foi Outro aspecto no qual o padrão USB 3.0 difere do 2.0 diz res-
passando por várias revisões. As mais populares são as versões peito ao conector. Os conectores de ambos são bastante parecidos,
1.1 e 2.0, sendo esta última ainda bastante utilizada. A primeira é mas não são iguais.
capaz de alcançar, no máximo, taxas de transmissão de 12 Mb/s
(megabits por segundo), enquanto que a segunda pode oferecer Conector USB 3.0 A
até 480 Mb/s.
Como se percebe, o USB 2.0 consegue ser bem rápido, afinal, Como você verá mais adiante, os cabos da tecnologia USB 3.0
480 Mb/s correspondem a cerca de 60 megabytes por segundo. No são compostos por nove fios, enquanto que os cabos USB 2.0 utili-
entanto, acredite, a evolução da tecnologia acaba fazendo com que zam apenas 4. Isso acontece para que o padrão novo possa suportar
velocidades muito maiores sejam necessárias. maiores taxas de transmissão de dados. Assim, os conectores do
Não é difícil entender o porquê: o número de conexões à in- USB 3.0 possuem contatos para estes fios adicionais na parte do
ternet de alta velocidade cresce rapidamente, o que faz com que as fundo. Caso um dispositivo USB 2.0 seja utilizado, este usará ape-
pessoas queiram consumir, por exemplo, vídeos, músicas, fotos e nas os contatos da parte frontal do conector. As imagens a seguir
jogos em alta definição. Some a isso ao fato de ser cada vez mais mostram um conector USB 3.0 do tipo A:

Didatismo e Conhecimento 98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Micro-USB 3.0

O conector micro-USB, utilizado em smartphones, por exem-


plo, também sofreu modificações: no padrão USB 3.0 - com nome
de micro-USB B -, passou a contar com uma área de contatos adi-
cional na lateral, o que de certa forma diminui a sua praticidade,
mas foi a solução encontrada para dar conta dos contatos adicio-
nais:

Estrutura interna de um conector USB 3.0 A

Conector micro-USB 3.0 B - imagem por USB.org

Para facilitar a diferenciação, fabricantes estão adotando a cor


azul na parte interna dos conectores USB 3.0 e, algumas vezes,
nos cabos destes. Note, no entanto, que é essa não é uma regra
obrigatória, portanto, é sempre conveniente prestar atenção nas es-
pecificações do produto antes de adquiri-lo.
Conector USB 3.0 A
Sobre o funcionamento do USB 3.0
Você deve ter percebido que é possível conectar dispositivos
USB 2.0 ou 1.1 em portas USB 3.0. Este último é compatível com Como você já sabe, cabos USB 3.0 trabalham com 9 fios, en-
as versões anteriores. Fabricantes também podem fazer dispositi- quanto que o padrão anterior utiliza 4: VBus (VCC), D+, D- e
vos USB 3.0 compatíveis com o padrão 2.0, mas neste caso a ve- GND. O primeiro é o responsável pela alimentação elétrica, o se-
locidade será a deste último. E é claro: se você quer interconectar gundo e o terceiro são utilizados na transmissão de dados, enquan-
dois dispositivos por USB 3.0 e aproveitar a sua alta velocidade, o to que o quarto atua como “fio terra”.
cabo precisa ser deste padrão. No padrão USB 3.0, a necessidade de transmissão de dados
em alta velocidade fez com que, no início, fosse considerado o uso
Conector USB 3.0 B de fibra óptica para este fim, mas tal característica tornaria a tec-
nologia cara e de fabricação mais complexa. A solução encontrada
Tal como acontece na versão anterior, o USB 3.0 também con- para dar viabilidade ao padrão foi a adoção de mais fios. Além
ta com conectores diferenciados para se adequar a determinados daqueles utilizados no USB 2.0, há também os seguintes: StdA_
dispositivos. Um deles é o conector do tipo B, utilizado em apare- SSRX- e StdA_SSRX+ para recebimento de dados, StdA_SSTX-
lhos de porte maior, como impressoras ou scanners, por exemplo. e StdA_SSTX+ para envio, e GND_DRAIN como “fio terra” para
Em relação ao tipo B do padrão USB 2.0, a porta USB 3.0 o sinal.
possui uma área de contatos adicional na parte superior. Isso sig- O conector USB 3.0 B pode contar ainda com uma variação
nifica que nela podem ser conectados tantos dispositivos USB 2.0 (USB 3.0 B Powered) que utiliza um contato a mais para alimen-
(que aproveitam só a parte inferior) quanto USB 3.0. No entanto, tação elétrica e outro associado a este que serve como “fio terra”,
dispositivos 3.0 não poderão ser conectados em portas B 2.0: permitindo o fornecimento de até 1000 miliampéres a um dispo-
sitivo.
Quanto ao tamanho dos cabos, não há um limite definido,
no entanto, testes efetuados por algumas entidades especialistas
(como a empresa Cable Wholesale) recomendam, no máximo, até
3 metros para total aproveitamento da tecnologia, mas esta medida
pode variar de acordo com as técnicas empregadas na fabricação.
No que se refere à transmissão de dados em si, o USB 3.0 faz
esse trabalho de maneira bidirecional, ou seja, entre dispositivos
conectados, é possível o envio e o recebimento simultâneo de da-
dos. No USB 2.0, é possível apenas um tipo de atividade por vez.
Conector USB 3.0 B - imagem por USB.org

Didatismo e Conhecimento 99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O USB 3.0 também consegue ser mais eficiente no controle Sabe aquelas situações onde você encaixa um cabo ou pen-
do consumo de energia. Para isso, o host, isto é, a máquina na qual drive de um jeito, nota que o dispositivo não funcionou e somente
os dispositivos são conectados, se comunica com os aparelhos de então percebe que o conectou incorretamente? Com o novo co-
maneira assíncrona, aguardando estes indicarem a necessidade de nector, este problema será coisa do passado: qualquer lado fará o
transmissão de dados. No USB 2.0, há uma espécie de “pesquisa dispositivo funcionar.
contínua”, onde o host necessita enviar sinais constantemente para Trata-se de um plugue reversível, portanto, semelhante aos
saber qual deles necessita trafegar informações. conectores Lightning existentes nos produtos da Apple. Tal como
Ainda no que se refere ao consumo de energia, tanto o host estes, o conector tipo C deverá ter também dimensões reduzidas,
quanto os dispositivos conectados podem entrar em um estado de o que facilitará a sua adoção em smartphones, tablets e outros dis-
economia em momentos de ociosidade. Além disso, no USB 2.0, positivos móveis.
os dados transmitidos acabam indo do host para todos os disposi- Tamanha evolução tem um preço: o conector tipo C não será
tivos conectados. No USB 3.0, essa comunicação ocorre somente compatível com as portas dos padrões anteriores, exceto pelo uso
com o dispositivo de destino. de adaptadores. É importante relembrar, no entanto, que será pos-
sível utilizar os conectores já existentes com o USB 3.1.
Como saber rapidamente se uma porta é USB 3.0 A USB.org promete liberar mais informações sobre esta novi-
dade em meados de 2014.
Em determinados equipamentos, especialmente laptops, é co-
mum encontrar, por exemplo, duas portas USB 2.0 e uma USB 3.0. Firewire
Quando não houver nenhuma descrição identificando-as, como sa-
ber qual é qual? Pela cor existente no conector. O barramento firewire, também conhecido como IEEE 1394
Pode haver exceções, é claro, mas pelo menos boa parte dos ou como i.Link, é um barramento de grande volume de transfe-
fabricantes segue a recomendação de identificar os conectores rência de dados entre computadores, periféricos e alguns produtos
USB 3.0 com a sua parte plástica em azul, tal como informado eletrônicos de consumo. Foi desenvolvido inicialmente pela Apple
anteriormente. Nas portas USB 2.0, por sua vez, os conectores são como um barramento serial de alta velocidade, mas eles estavam
muito à frente da realidade, ainda mais com, na época, a alternati-
pretos ou, menos frequentemente, brancos.
va do barramento USB que já possuía boa velocidade, era barato
e rapidamente integrado no mercado. Com isso, a Apple, mesmo
USB 3.1: até 10 Gb/s
incluindo esse tipo de conexão/portas no Mac por algum tempo,
a realidade “de fato”, era a não existência de utilidade para elas
Em agosto de 2013, a USB.org anunciou as especificações fi-
devido à falta de periféricos para seu uso. Porém o desenvolvi-
nais do USB 3.1 (também chamado deSuperSpeed USB 10 Gbps),
mento continuou, sendo focado principalmente pela área de vídeo,
uma variação do USB 3.0 que se propõe a oferecer taxas de trans-
que poderia tirar grandes proveitos da maior velocidade que ele
ferência de dados de até 10 Gb/s (ou seja, o dobro). oferecia.
Na teoria, isso significa que conexões 3.1 podem alcançar
taxas de até 1,2 gigabyte por segundo! E não é exagero, afinal, Suas principais vantagens:
há aplicações que podem usufruir desta velocidade. É o caso de • São similares ao padrão USB;
monitores de vídeo que são conectados ao computador via porta • Conexões sem necessidade de desligamento/boot do micro
USB, por exemplo. (hot-plugable);
Para conseguir taxas tão elevadas, o USB 3.1 não faz uso de • Capacidade de conectar muitos dispositivos (até 63 por por-
nenhum artefato físico mais elaborado. O “segredo”, essencial- ta);
mente, está no uso de um método de codificação de dados mais • Permite até 1023 barramentos conectados entre si;
eficiente e que, ao mesmo tempo, não torna a tecnologia signifi- • Transmite diferentes tipos de sinais digitais:
cantemente mais cara. vídeo, áudio, MIDI, comandos de controle de dispositivo, etc;
Vale ressaltar que o USB 3.1 é compatível com conectores e • Totalmente Digital (sem a necessidade de conversores analó-
cabos das especificações anteriores, assim como com dispositivos gico-digital, e portanto mais seguro e rápido);
baseados nestas versões. • Devido a ser digital, fisicamente é um cabo fino, flexível,
Merece destaque ainda o aspecto da alimentação elétrica: barato e simples;
o USB 3.1 poderá suportar até de 100 watts na transferência de • Como é um barramento serial, permite conexão bem facilita-
energia, indicando que dispositivos mais exigentes poderão ser ali- da, ligando um dispositivo ao outro, sem a necessidade de conexão
mentados por portas do tipo. Monitores de vídeo e HDs externos ao micro (somente uma ponta é conectada no micro).
são exemplos: não seria ótimo ter um único cabo saindo destes
dispositivos? A distância do cabo é limitada a 4.5 metros antes de haver
A indústria trabalha com a possiblidade de os primeiros equi- distorções no sinal, porém, restringindo a velocidade do barramen-
pamentos baseados em USB 3.1 começarem a chegar ao mercado to podem-se alcançar maiores distâncias de cabo (até 14 metros).
no final de 2014. Até lá, mais detalhes serão revelados. Lembrando que esses valores são para distâncias “ENTRE PERI-
Novo conector “tipo C”: uso dos dois lados FÉRICOS”, e SEM A UTILIZAÇÃO DE TRANSCEIVERS (com
Em dezembro de 2013, a USB.org anunciou outra novidade transceivers a previsão é chegar a até 70 metros usando fibra ótica).
para a versão 3.1 da tecnologia: um conector chamado (até agora, O barramento firewire permite a utilização de dispositivos de
pelos menos) de tipo C que permitirá que você conecte um cabo à diferentes velocidades (100, 200, 400, 800, 1200 Mb/s) no mesmo
entrada a partir de qualquer lado. barramento.

Didatismo e Conhecimento 100


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O suporte a esse barramento está nativamente em Macs, e em Conector DVI (Digital Video Interface)
PCs através de placas de expansão específicas ou integradas com
placas de captura de vídeo ou de som. Os conectores DVI  são bem mais recentes e proporcionam
Os principais usos que estão sendo direcionados a essa inter- qualidade de imagem superior, portanto, são considerados subs-
face, devido às características listadas, são na área de multimídia, titutos do padrão VGA. Isso ocorre porque, conforme indica seu
especialmente na conexão de dispositivos de vídeo (placas de cap- nome, as informações das imagens podem ser tratadas de maneira
tura, câmeras, TVs digitais, setup boxes, home theather, etc). totalmente digital, o que não ocorre com o padrão VGA.

INTERFACE DE VIDEO

Conector VGA (Video Graphics Array)

Os conectores VGA são bastante conhecidos, pois estão pre-


sentes na maioria absoluta dos “grandalhões” monitores CRT (Ca- Conector DVI-D
thode Ray Tube) e também em alguns modelos que usam a tec-
nologia LCD, além de não ser raro encontrá-los em placas de ví- Quando, por exemplo, um monitor LCD trabalha com conec-
deos (como não poderia deixar de ser). O conector desse padrão, tores VGA, precisa converter o sinal que recebe para digital. Esse
cujo nome é D-Sub, é composto por três “fileiras” de cinco pinos. processo faz com que a qualidade da imagem diminua. Como o
Esses pinos são conectados a um cabo cujos fios transmitem, de DVI trabalha diretamente com sinais digitais, não é necessário fa-
maneira independente, informações sobre as cores vermelha (red), zer a conversão, portanto, a qualidade da imagem é mantida. Por
verde (green) e azul (blue) - isto é, o conhecido esquema RGB - e essa razão, a saída DVI é ótima para ser usada em monitores LCD,
sobre as frequências verticais e horizontais. Em relação a estes úl- DVDs, TVs de plasma, entre outros.
timos aspectos: frequência horizontal consiste no número de linhas É necessário frisar que existe mais de um tipo de conector
da tela que o monitor consegue “preencher” por segundo. Assim, DVI:
se um monitor consegue varrer 60 mil linhas, dizemos que sua DVI-A: é um tipo que utiliza sinal analógico, porém oferece
frequência horizontal é de 60 KHz. Frequência vertical, por sua qualidade de imagem superior ao padrão VGA;
vez, consiste no tempo em que o monitor leva para ir do canto DVI-D: é um tipo similar ao DVI-A, mas utiliza sinal digital.
superior esquerdo da tela para o canto inferior direito. Assim, se a É também mais comum que seu similar, justamente por ser usado
frequência horizontal indica a quantidade de vezes que o canhão em placas de vídeo;
consegue varrer linhas por segundo, a frequência vertical indica a DVI-I: esse padrão consegue trabalhar tanto com DVI-A
quantidade de vezes que a tela toda é percorrida por segundo. Se como com DVI-D. É o tipo mais encontrado atualmente.
é percorrida, por exemplo, 56 vezes por segundo, dizemos que a Há ainda conectores DVI que trabalham com as especifica-
frequência vertical do monitor é de 56 Hz. ções Single Link e Dual Link. O primeiro suporta resoluções de até
É comum encontrar monitores cujo cabo VGA possui pinos 1920x1080 e, o segundo, resoluções de até 2048x1536, em ambos
faltantes. Não se trata de um defeito: embora os conectores VGA os casos usando uma frequência de 60 Hz.
utilizem um encaixe com 15 pinos, nem todos são usados. O cabo dos dispositivos que utilizam a tecnologia DVI é com-
posto, basicamente, por quatro pares de fios trançados, sendo um
par para cada cor primária (vermelho, verde e azul) e um para o
sincronismo. Os conectores, por sua vez, variam conforme o tipo
do DVI, mas são parecidos entre si, como mostra a imagem a se-
guir:

Conector e placa de vídeo com conexão VGA

Didatismo e Conhecimento 101


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Atualmente, praticamente todas as placas de vídeo e moni-
tores são compatíveis com DVI. A tendência é a de que o padrão
VGA caia, cada vez mais, em desuso.

Conector S-Video (Separated Video)

Placa de vídeo com conectores S-Video, DVI e VGA


Component Video (Vídeo Componente)
O padrão Component Video é, na maioria das vezes, usado em
computadores para trabalhos profissionais - por exemplo, para ati-
vidades de edição de vídeo. Seu uso mais comum é em aparelhos
de DVD e em televisores de alta definição (HDTV - High-Defini-
tion Television), sendo um dos preferidos para sistemas de home
theater. Isso ocorre justamente pelo fato de o Vídeo Componente
Padrão S-Video oferecer excelente qualidade de imagem.

Para entender o S-Video, é melhor compreender, primeira-


mente, outro padrão: o Compost Video, mais conhecido como Ví-
deo Composto. Esse tipo utiliza conectores do tipo RCA e é comu-
mente encontrado em TVs, aparelhos de DVD, filmadoras, entre
outros.
Geralmente, equipamentos com Vídeo Composto fazem uso Component Video
de três cabos, sendo dois para áudio (canal esquerdo e canal direi-
to) e o terceiro para o vídeo, sendo este o que realmente faz parte A conexão do Component Video é feita através de um cabo
do padrão. Esse cabo é constituído de dois fios, um para a trans- com três fios, sendo que, geralmente, um é indicado pela cor verde,
missão da imagem e outro que atua como “terra”. outro é indicado pela cor azul e o terceiro é indicado pela cor ver-
O S-Video, por sua vez, tem seu cabo formado com três fios: melha, em um esquema conhecido como Y-Pb-Pr (ou Y-Cb-Cr). O
um transmite imagem em preto e branco; outro transmite imagens primeiro (de cor verde), é responsável pela transmissão do vídeo
em cores; o terceiro atua como terra. É essa distinção que faz com em preto e branco, isto é, pela “estrutura” da imagem. Os demais
que o S-Video receba essa denominação, assim como é essa uma conectores trabalham com os dados das cores e com o sincronis-
das características que faz esse padrão ser melhor que o Vídeo mo.
Composto. Como dito anteriormente, o padrão S-Video é cada vez mais
O conector do padrão S-Video usado atualmente é conhecido comum em placas de vídeo. No entanto, alguns modelos são tam-
como Mini-Din de quatro pinos (é semelhante ao usado em mou- bém compatíveis com Vídeo Componente. Nestes casos, o encaixe
ses do tipo PS/2). Também é possível encontrar conexões S-Video que fica na placa pode ser do tipo que aceita sete pinos (pode haver
de sete pinos, o que indica que o dispositivo também pode contar mais). Mas, para ter certeza dessa compatibilidade, é necessário
com Vídeo Componente (visto adiante). consultar o manual do dispositivo.
Muitas placas de vídeo oferecem conexão VGA ou DVI com Para fazer a conexão de um dispositivo ao computador usando
S-Video. Dependendo do caso, é possível encontrar os três tipos o Component Video, é necessário utilizar um cabo especial (geral-
na mesma placa. Assim, se você quiser assistir na TV um vídeo mente disponível em lojas especializadas): uma de suas extremi-
armazenado em seu computador, basta usar a conexão S-Video, dades contém os conectores Y-Pb-Pr, enquanto a outra possui um
desde que a televisão seja compatível com esse conector, é claro. encaixe único, que deve ser inserido na placa de vídeo.

MONITOR DE VÍDEO
O monitor é um dispositivo de saída do computador, cuja fun-
ção é transmitir informação ao utilizador através da imagem.
Os monitores são classificados de acordo com a tecnolo-
gia de amostragem de vídeo utilizada na formação da imagem.
Atualmente, essas tecnologias são três: CRT , LCD e plasma. À
superfície do monitor sobre a qual se projecta a imagem chama-
mos tela, ecrã ou écran.

Didatismo e Conhecimento 102


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
LCD (Liquid Cristal Display, em inglês, sigla de tela de cristal
Tecnologias líquido) é um tipo mais moderno de monitor. Nele, a tela é com-
CRT posta por cristais que são polarizados para gerar as cores.

Tem como vantagens:
• O baixo consumo de energia;
• As dimensões e peso reduzidas;
• A não-emissão de radiações nocivas;
• A capacidade de formar uma imagem praticamente per-
feita, estável, sem cintilação, que cansa menos a visão - desde que
esteja operando na resolução nativa;
As maiores desvantagens são:
• o maior custo de fabricação (o que, porém, tenderá a im-
pactar cada vez menos no custo final do produto, à medida que o
mesmo se for popularizando);
Monitor CRT da marca LG. • o fato de que, ao trabalhar em uma resolução diferente
CRT (Cathodic Ray Tube), em inglês, sigla de (Tubo de raios daquela para a qual foi projetado, o monitor LCD utiliza vários
catódicos) é o monitor “tradicional”, em que a tela é repetidamente artifícios de composição de imagem que acabam degradando a
atingida por um feixe de elétrons, que atuam no material fosfores- qualidade final da mesma; e
cente que a reveste, assim formando as imagens. • o “preto” que ele cria emite um pouco de luz, o que con-
fere ao preto um aspecto acinzentado ou azulado, não apresentan-
Este tipo de monitor tem como principais vantagens: do desta forma um preto real similar aos oferecidos nos monitores
• longa vida útil; CRTs;
• baixo custo de fabricação; • o contraste não é muito bom como nos monitores CRT
• grande banda dinâmica de cores e contrastes; e ou de Plasma, assim a imagem fica com menos definição, este as-
• grande versatilidade (uma vez que pode funcionar em pecto vem sendo atenuado com os novos paineis com iluminação
diversas resoluções, sem que ocorram grandes distorções na ima- por leds e a fidelidade de cores nos monitores que usam paineis
gem). do tipo TN (monitores comuns) são bem ruins, os monitores com
paineis IPS, mais raros e bem mais caros, tem melhor fidelidade de
As maiores desvantagens deste tipo de monitor são: cores, chegando mais proximo da qualidade de imagem dos CRTs;
• suas dimensões (um monitor CRT de 20 polegadas pode • um fato não-divulgado pelos fabricantes: se o cristal lí-
ter até 50 cm de profundidade e pesar mais de 20 kg); quido da tela do monitor for danificado e ficar exposto ao ar, pode
• o consumo elevado de energia; emitir alguns compostos tóxicos, tais como o óxido de zinco e o
• seu efeito de cintilação (flicker); e sulfeto de zinco; este será um problema quando alguns dos mo-
• a possibilidade de emitir radiação que está fora do espec- nitores fabricados hoje em dia chegarem ao fim de sua vida útil
tro luminoso (raios x), danosa à saúde no caso de longos períodos (estimada em 20 anos).
de exposição. Este último problema é mais frequentemente cons- • ângulo de visão inferiores: Um monitor LCD, diferente
tatado em monitores e televisores antigos e desregulados, já que de um monitor CRT, apresenta limitação com relação ao ângulo
atualmente a composição do vidro que reveste a tela dos monitores em que a imagem pode ser vista sem distorção. Isto era mais sen-
detém a emissão dessas radiações. sível tempos atrás quando os monitores LCDs eram de tecnologia
• Distorção geométrica. passiva, mas atualmente apresentam valores melhores em torno
de 160º.
LCD Apesar das desvantagens supra mencionadas, a venda de mo-
nitores e televisores LCD vem crescendo bastante.

Principais características técnicas


Para a especificação de um monitor de vídeo, as característi-
cas técnicas mais relevantes são:
• Luminância;
• Tamanho da tela;
• Tamanho do ponto;
• Temperatura da cor;
• Relação de contraste;
• Interface (DVI ou VGA, usualmente);
• Frequência de sincronismo horizontal;
• Frequência de sincronismo vertical;
• Tempo de resposta; e
• Frequência de atualização da imagem
Um monitor de cristal líquido.

Didatismo e Conhecimento 103


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
LED
Painéis LCD com retro iluminação LED, ou LED TVs, o mes-
mo mecanismo básico de um LCD, mas com iluminação LED. Ao
invés de uma única luz branca que incide sobre toda a superfície
da tela, encontra-se um painel com milhares de pequenas luzes co-
loridas que acendem de forma independente. Em outras palavras,
aplica-se uma tecnologia similar ao plasma a uma tela de LCD.

KIT MULTIMÍDIA
Multimídia nada mais é do que a combinação de textos, sons Porta PS/2
e vídeos utilizados para apresentar informações de maneira que, Surgiram com os IBM PS/2 e nos respectivos teclados. Tam-
antes somente imaginávamos, praticamente dando vida às suas bém são designadas por mini-DIM de 6 pinos. Os teclados e ratos
apresentação comerciais e pessoais. A multimídia mudou comple- dos computadores actuais são, na maior parte dos casos, ligados
tamente a maneira como as pessoas utilizam seus computadores. através destes conectores. Nas motherboards actuais existem duas
Kit multimídia nada mais é do que o conjunto que compõem a portas deste tipo.
parte física (hardwares) do computador relacionados a áudio e som
do sistema operacional. Porta Série
Podemos citar como exemplo de Kit Multimídia, uma pla- A saída série de um computador geralmente está localizada
ca de som, um drive de CD-ROM, microfone e um par de caixas na placa MULTI-IDE e é utilizada para diversos fins como, por
acústicas. exemplo, ligar um fax modem externo, ligar um rato série, uma
plotter, uma impressora e outros periféricos. As portas cujas fichas
têm 9 ou 25 pinos são também designadas de COM1 e COM2. As
motherboards possuem uma ou duas portas deste tipo.

Porta Paralela
A porta paralela obedece à norma Centronics. Nas portas pa-
ralelas o sinal eléctrico é enviado em simultâneo e, como tal, tem
As portas são, por definição, locais onde se entra e sai. Em um desempenho superior em relação às portas série. No caso desta
termos de tecnologia informática não é excepção. As portas são norma, são enviados 8 bits de cada vez, o que faz com que a sua ca-
tomadas existentes na face posterior da caixa do computador, às pacidade de transmisssão atinja os 100 Kbps. Esta porta é utilizada
quais se ligam dispositivos de entrada e de saída, e que são direc- para ligar impressoras e scanners e possui 25 pinos em duas filas.
tamente ligados à motherboard .
Estas portas ou canais de comunicação podem ser: Porta USB (Universal Serial Bus)
* Porta Dim
* Porta PS/2 Desenvolvida por 7 empresas (Compaq, DEC, IBM, Intel,
* Porta série Microsoft, NEC e Northern Telecom), vai permitir conectar pe-
* Porta Paralela riféricos por fora da caixa do computador, sem a necessidade de
* Porta USB instalar placas e reconfigurar o sistema. Computadores equipados
* Porta FireWire com USB vão permitir que os periféricos sejam automaticamente
configurados assim que estejam conectados fisicamente, sem a ne-
Porta DIM cessidade de reboot ou programas de setup. O número de acessó-
É uma porta em desuso, com 5 pinos, e a ela eram ligados os rios ligados à porta USB pode chegar a 127, usando para isso um
teclados dos computadores da geração da Intel 80486, por exem- periférico de expansão.
plo. Como se tratava apenas de ligação para teclados, existia só A conexão é Plug & Play e pode ser feita com o computador
uma porta destas nas motherboards. Nos equipamentos mais re- ligado. O barramento USB promete acabar com os problemas de
centes, os teclados são ligados às portas PS/2. IRQs e DMAs.

Didatismo e Conhecimento 104


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
O padrão suportará acessórios como controles de monitor, Com o desenvolvimento dos processadores, os computado-
acessórios de áudio, telefones, modems, teclados, mouses, drives res tornaram-se capazes de executar mais e mais instruções por
de CD ROM, joysticks, drives de fitas e disquetes, acessórios de segundo. Estes avanços possibilitaram aos sistemas operacionais
imagem como scanners e impressoras. A taxa de dados de 12 me- executar várias tarefas ao mesmo tempo. Quando um computador
gabits/s da USB vai acomodar uma série de periféricos avançados, necessita permitir usuários simultâneos e trabalhos múltiplos, os
incluindo produtos baseados em Vídeo MPEG-2, digitalizadores e profissionais da tecnologia de informação (TI) procuram utilizar
interfaces de baixo custo para ISDN (Integrated Services Digital computadores mais rápidos e que tenham sistemas operacionais
Network) e PBXs digital. robustos, um pouco diferente daqueles que os usuários comuns
usam.

Os Arquivos

O gerenciador do sistema de arquivos é utilizado pelo sistema


operacional para organizar e controlar os arquivos. Um arquivo
é uma coleção de dados gravados com um nome lógico chamado
“nomedoarquivo” (filename). Toda informação que o computador
armazena está na forma de arquivos.
Porta FireWire Há muitos tipos de arquivos, incluindo arquivos de progra-
A porta FireWire assenta no barramento com o mesmo nome, mas, dados, texto, imagens e assim por diante. A maneira que
que representa um padrão de comunicações recente e que tem vá- um sistema operacional organiza as informações em arquivos é
rias características em comum como o USB, mas traz a vantagem chamada sistema de arquivos.
de ser muito mais rápido, permitindo transferências a 400 Mbps A maioria dos sistemas operacionais usa um sistema de arqui-
e, pela norma IEEE 1394b, irá permitir a transferência de dados a vo hierárquico em que os arquivos são organizados em diretórios
velocidades a partir de 800 Mbps. sob a estrutura de uma árvore. O início do sistema de diretório é
As ligações FireWire são utilizadas para ligar discos amoví- chamado diretório raiz.
veis, Flash drives (Pen-Disks), Câmaras digitais, televisões, im-
pressoras, scanners, dispositivos de som, etc. . Funções do Sistema Operacional
Assim como na ligação USB, os dispositivos FireWire podem
ser conectados e desconectados com o computador ligado. Não importa o tamanho ou a complexidade do computador:
todos os sistemas operacionais executam as mesmas funções bá-
FAX/MODEM sicas.
- Gerenciador de arquivos e diretórios (pastas): um sistema
operacional cria uma estrutura de arquivos no disco rígido (hard
disk), de forma que os dados dos usuários possam ser armazena-
dos e recuperados. Quando um arquivo é armazenado, o sistema
operacional o salva, atribuindo a ele um nome e local, para usá-lo
no futuro.
- Gerenciador de aplicações: quando um usuário requisita um
programa (aplicação), o sistema operacional localiza-o e o carrega
na memória RAM.
Placa utilizada para conecção internet pela linha discada Quando muitos programas são carregados, é trabalho do sis-
(DIAL UP) geralmente opera com 56 Kbps(velocidade de trans- tema operacional alocar recursos do computador e gerenciar a me-
missão dos dados 56.000 bits por segundo( 1 byte = 8 bits).Usa mória.
interface PCI.
Programas Utilitários do Sistema Operacional
O SISTEMA OPERACIONAL E OS OUTROS SOFT-
WARES Suporte para programas internos (vulto-in): os programas uti-
litários são os programas que o sistema operacional usa para se
Um sistema operacional (SO) é um programa (software) que manter e se reparar. Estes programas ajudam a identificar proble-
controla milhares de operações, faz a interface entre o usuário e o mas, encontram arquivos perdidos, reparam arquivos danificados
computador e executa aplicações. e criam cópias de segurança (backup).
Basicamente, o sistema operacional é executado quando liga- Controle do hardware: o sistema operacional está situado en-
mos o computador. Atualmente, os computadores já são vendidos tre os programas e o BIOS (Basic Input/Output System - Sistema
com o SO pré-instalado. Básico de Entrada/Saída).
Os computadores destinados aos usuários individuais, chama- O BIOS faz o controle real do hardware. Todos os programas
dos de PCs (Personal Computer), vêm com o sistema operacional que necessitam de recursos do hardware devem, primeiramente,
projetado para pequenos trabalhos. Um SO é projetado para con- passar pelo sistema operacional que, por sua vez, pode alcançar o
trolar as operações dos programas, como navegadores, processa- hardware por meio do BIOS ou dos drivers de dispositivos.
dores de texto e programas de e-mail.

Didatismo e Conhecimento 105


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Todos os programas são escritos para um sistema operacional Questões Comentadas
específico, o que os torna únicos para cada um. Explicando: um
programa feito para funcionar no Windows não funcionará no Li- 1- Com relação ao sistema operacional Windows, assinale a
nux e vice-versa. opção correta.
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve ser
Termos Básicos feita a partir de opção equivalente do Painel de Controle, de modo
a garantir a correta remoção dos arquivos relacionados ao aplicati-
Para compreender do que um sistema operacional é capaz, é vo, sem prejuízo ao sistema operacional.
importante conhecer alguns termos básicos. Os termos abai- (B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e DE-
xo são usados frequentemente ao comparar ou descrever sistemas LETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos diretó-
operacionais: rios de programas instalados na máquina em uso.
• Multiusuário: dois ou mais usuários executando pro- (C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de um
gramas e compartilhando, ao mesmo tempo, dispositivos, como computador, pois bastam o nome do usuário e a senha da máquina
a impressora. para se ter acesso às contas dos demais usuários possivelmente
• Multitarefa: capacidade do sistema operacional em exe- cadastrados nessa máquina.
cutar mais de um programa ao mesmo tempo. (D) O Windows oferece um conjunto de acessórios disponí-
• Multiprocessamento: permite que um computador te- veis por meio da instalação do pacote Office, entre eles, calculado-
nha duas ou mais unidades centrais de processamento (CPU) que ra, bloco de notas, WordPad e Paint.
compartilhem programas. (E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do botão Ini-
• Multithreading: capacidade de um programa ser que- ciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o Windows, dar
brado em pequenas partes podendo ser carregadas conforme saída no usuário correntemente em uso na máquina e, em seguida,
necessidade do sistema operacional. Multithreading permite que desligar o computador.
os programas individuais sejam multitarefa. Comentários: Para desinstalar um programa de forma segura
deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou remover pro-
Tipos de Sistemas Operacionais gramas
Resposta – Letra A
Atualmente, quase todos os sistemas operacionais são
multiusuário, multitarefa e suportam multithreading. Os mais uti- 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as informa-
lizados são o Microsoft Windows, Mac OSX e o Linux. ções estão contidas em arquivos de vários formatos, que são arma-
O Windows é hoje o sistema operacional mais popular que zenados no disco fixo ou em outros tipos de mídias removíveis do
existe e é projetado para funcionar em PCs e para ser usado em computador, organizados em:
CPUs compatíveis com processadores Intel e AMD. Quase todos (A) telas.
os sistemas operacionais voltados ao consumidor doméstico (B) pastas.
utilizam interfaces gráficas para realizar a ponte máquina-homem. (C) janelas.
As primeiras versões dos sistemas operacionais foram (D) imagens.
construídas para serem utilizadas por somente uma pessoa em (E) programas.
um único computador. Com o decorrer do tempo, os fabrican-
tes atenderam às necessidades dos usuários e permitiram que seus Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma bem cla-
softwares operassem múltiplas funções com (e para) múltiplos ra a organização por meio de PASTAS, que nada mais são do que
usuários. compartimentos que ajudam a organizar os arquivos em endereços
específicos, como se fosse um sistema de armário e gavetas.
Sistemas Proprietários e Sistemas Livres Resposta: Letra B

O Windows, o UNIX e o Macintosh são sistemas opera- 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser excluído
cionais proprietários. Isto significa que é necessário comprá-los permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressionando-se si-
ou pagar uma taxa por seu uso às companhias que registraram multaneamente as teclas
o produto em seu nome e cobram pelo seu uso. (A) Ctrl + Delete.
O Linux, por exemplo, pode ser distribuído livremente e (B) Shift + End.
tem grande aceitação por parte dos profissionais da área, uma (C) Shift + Delete.
vez que, por possuir o código aberto, qualquer pessoa que (D) Ctrl + End.
entenda de programação pode contribuir com o processo de (E) Ctrl + X.
melhoria dele.
Sistemas operacionais estão em constante evolução e hoje
não são mais restritos aos computadores. Eles são usados em
PDAs, celulares, laptops etc.

Didatismo e Conhecimento 106


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Comentário: Quando desejamos excluir permanentemente um 6- “O correio eletrônico é um método que permite compor,
arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes para a lixeira, bas- enviar e receber mensagens através de sistemas eletrônicos de co-
ta pressionarmos a tecla Shift em conjunto com a tecla Delete. O municação”. São softwares gerenciadores de email, EXCETO:
Windows exibirá uma mensagem do tipo “Você tem certeza que A) Mozilla Thunderbird.
deseja excluir permanentemente este arquivo?” ao invés de “Você B) Yahoo Messenger.
tem certeza que deseja enviar este arquivo para a lixeira?”. C) Outlook Express.
Resposta: C D) IncrediMail.
E) Microsoft Office Outlook 2003.
4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de arquivos, Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de e-mail
sem que haja perda de informação? (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos memorizar
(A) Compactação que os sistemas que trabalham o correio eletrônico podem fun-
(B) Deleção cionar por meio de um software instalado em nosso computador
(C) Criptografia local ou por meio de um programa que funciona dentro de um
(D) Minimização navegador, via acesso por Internet. Este programa da Internet, que
(E) Encolhimento adaptativo não precisa ser instalado, e é chamado de WEBMAIL, enquanto o
software local é o gerenciador de e-mail citado pela questão.
Comentários: A compactação de arquivos é uma técnica am- Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:
plamente utilizada. Alguns arquivos compactados podem conter • Pode ler e escrever mensagens mesmo quando está des-
extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exemplos de programas conectado da Internet;
compactadores são o WinZip, WinRar, SolusZip, etc. • Permite armazenar as mensagens localmente (no com-
Resposta: A putador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo tempo;
5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel: Maiores Desvantagens:
• Ocupam espaço em disco;
• Compatibilidade com os servidores de e-mail (nem sem-
pre são compatíveis).
A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em negrito os
mais conhecidos e utilizados atualmente):
Microsoft Office Outlook
Microsoft Outlook Express;
Mozilla Thunderbird;
Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e colado IcrediMail
(Ctrl+V) na célula D3, seu valor será: Eudora
(A) 7 Pegasus Mail
(B) 56 Apple Mail (Apple)
(C) 448 Kmail (Linux)
(D) 511 Windows Mail
(E) uma mensagem de erro Comentários: temos que D1=SO- A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL, ou
MA(A1:C1). Quando copiamos uma célula que contém uma fór- seja, não é instalado no computador local. Logo, é o gabarito da
mula e colamos em outra célula, a fórmula mudará ajustando-se à questão.
nova posição. Veja como saber como ficará a nova fórmula ao ser Resposta: B.
copiada de D1 para D3:
7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e correio ele-
trônico, analise:
I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pelos navega-
dores da Web (Internet Explorer, Mozilla e Google Chrome) para
localizar recursos e páginas da Internet (Exemplo: http://www.
google.com.br).
II. Download significa descarregar ou baixar; é a transferência
de dados de um servidor ou computador remoto para um compu-
tador local.
III. Upload é a transferência de dados de um computador local
  para um servidor ou computador remoto.
IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail significa mo-
Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para somar vê-lo definitivamente da máquina local, para envio a um destinatá-
todas as células de A3 até C3(dois pontos significam ‘até’), sendo rio, com endereço eletrônico.
assim teremos que somar A3,  , B3, C3 obtendo-se o resultado 448.
Resposta: C.

Didatismo e Conhecimento 107


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Estão corretas apenas as afirmativas: Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de exibi-
A) I, II, III, IV ção do documento dentro do contexto de cada programa e não de
B) I, II um programa para o outro como é o caso da afirmativa.
C) I, II, III Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação de
D) I, II, IV slides e sim o Ms Power Point.
E) I, III, IV Resposta: B

Comentários: O URL é o endereço (único) de um recurso na 9- Com relação a conceitos de Internet e  intranet, assinale a
Internet. A questão parece diferenciar um recurso de página, mas opção correta.
na verdade uma página é um recurso (o mais conhecido, creio) da (A) Domínio é o nome dado a um servidor que controla a en-
Web. Item verdadeiro. trada e a saída de conteúdo em uma rede, como ocorre na Internet.
É comum confundir os itens II e III, por isso memorize: down (B) A intranet só pode ser acessada por usuários da Internet
= baixar que possuam uma conexão http, ao digitarem na barra de endere-
o = baixar para sua máquina, descarregar. II e III são verda- ços do navegador: http://intranet.com.
deiros. (C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma rede
local, pois sua função é conectar um computador à rede de tele-
fonia fixa.
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máquina denomi-
nada cliente requisita serviços a outra, denominada servidor, ainda
é o atual paradigma de acesso à Internet.
(E) Um servidor de páginas web é a máquina que armazena
os nomes dos usuários que possuem permissão de acesso a uma
quantidade restrita de páginas da Internet.
Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado em ter-
mos de internet pois não é tão robusto quanto redes P2P pois, en-
quanto no primeiro modelo uma queda do servidor central impede
No item IV encontramos o item falso da questão, o que nos
o acesso aos usuários clientes, no segundo mesmo que um servidor
leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em mensagem de
“caia” outros servidores ainda darão acesso ao mesmo conteúdo
e-mail significa copiar e não mover!
permitindo que o download continue. Ex: programas torrent, Emu-
Resposta: C.
le, Limeware, etc.
Em relação às outras letras:
8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos do am-
letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve para loca-
biente MS Office, assinale a opção correta. lizar e identificar conjuntos de computadores na Internet e corres-
(A) Ao se clicar no nome de um documento gravado com a ponde ao endereço que digitamos no navegador.
extensão .xls a partir do Meu Computador, o Windows ativa o MS letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma forma
Access para a abertura do documento em tela. que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede é restrito a
(B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obtidas ao se uma rede local e não a internet como um todo.
acionar simultaneamente as teclas CTRL + C e CTRL + V,respecti- letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o computador
vamente, estão disponíveis no menu Editar de todos os aplicativos a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma forma só que
da suíte MS Office. de maneira local, o acesso via ADSL pode sim acessar redes locais.
(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das aplicações letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de computação
do MS Office, permite que o usuário salve o documento corren- que fornece serviços a uma rede de computadores. E não necessa-
temente aberto com outro nome. Nesse caso, a versão antiga do riamente armazena nomes de usuários e/ou restringe acessos.
documento é apagada e só a nova versão permanece armazenada Resposta: D
no computador.
(D) O menu Exibir permite a visualização do documento aber- 10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
to correntemente, por exemplo, no formato do MS Word para ser (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na Internet,
aberto no MS PowerPoint. pois, por esse endereço, determina-se a cidade onde está localizada
(E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é a elabora- tal máquina.
ção de apresentações de slides que utilizem conteúdo e imagens de (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuários se co-
maneira estruturada e organizada. nectarem a uma mesma máquina simultaneamente, como no caso
de salas de bate-papo.
Comentários: O menu editar geralmente contém os comandos (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e recebimento
universais dos programas da Microsoft como é o caso dos atalhos de arquivos na Internet.
CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do localizar. (D) Quando se digita o endereço de uma página web, o termo
Em relação às outras letras: http significa o protocolo de acesso a páginas em formato HTML,
Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo Excel por exemplo.
e não o Access (E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de correio
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma cópia do eletrônico envia uma mensagem com anexo para outro destinatário
arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. de correio eletrônico.

Didatismo e Conhecimento 108


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Comentários: Os itens apresentados nessa questão estão rela- Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes, CD’s
cionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os protocolos mais e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acoplada em por-
comuns: tas do tipo USB) e outras funcionalmente semelhantes.
- HTTP (Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de carrega-
mento de páginas de Hipertexto –  HTML - IP (Internet Protocol) 12- As células que contêm cálculos feitos na planilha eletrô-
– Identificação lógica de uma máquina na rede- POP (Post Office nica,
Protocol) – Protocolo de recebimento de emails direto no PC via (A) quando “coladas” no editor de textos, apresentarão resul-
gerenciador de emails - SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) tados diferentes do original.
– Protocolo padrão de envio de emails - IMAP(Internet Message (B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
Access Protocol) – Semelhante ao POP, no entanto, possui mais re- (C) somente podem ser copiadas para o editor de textos dentro
cursos e dá ao usuário a possibilidade de armazenamento e acesso de um limite máximo de dez linhas e cinco colunas.
a suas mensagens de email direto no servidor. - FTP(File Transfer (D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma a uma.
Protocol) – Protocolo para transferência de arquivos (E) quando integralmente selecionadas, copiadas e “coladas”
Resposta: D no editor de textos, serão exibidas na forma de tabela.
 
11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção correta. Comentários: Sempre que se copia células de uma planilha
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pastas e eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam como uma tabe-
arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o Painel de la simples, onde as fórmulas são esquecidas e só os números são
Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão Iniciar do Win- colados.
dows. Resposta: E
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos salvos em
um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de modificação, de- 13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio do cor-
ve-se selecionar Detalhes nas opções de Modos de Exibição. reio eletrônico, deve considerar as operações de
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede ofere- (A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços eletrô-
ce um histórico de páginas visitadas na Internet para acesso direto nicos dos destinatários no campo “Cco”.
a elas. (B) de desanexação de arquivos e de inserção dos endereços
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e a opção eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
Renomear for acionada no Windows Explorer com o botão direito (C) de anexação de arquivos e de inserção dos endereços ele-
do mouse,será salva uma nova versão do arquivo e a anterior con- trônicos dos destinatários no campo “Cc”.
tinuará aberta com o nome antigo. (D) de desanexação de arquivos e de inserção dos endereços
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutura de eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de busca Google, (E) de anexação de arquivos e de inserção dos endereços ele-
pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de máquinas ligadas trônicos dos destinatários no campo “Para”.
à Internet.  
Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo correio
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arquivos são eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou seja, anexar o
mostrados de várias formas como Listas, Miniaturas e Detalhes. arquivo à mensagem. Quando colocamos os endereços dos desti-
Resposta: B natários no campo Cco, ou seja, no campo “com cópia oculta”, um
destinatário não ficará sabendo quem mais recebeu aquela mensa-
Atenção: Para responder às questões de números 12 e 13, gem, o que atende a segurança solicitada no enunciado.
considere integralmente o texto abaixo: Resposta: A
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão deverão
ser publicados em rede interna de uso exclusivo do órgão, com 14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo -
tecnologia semelhante à usada na rede mundial de computadores. CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio de arquivos em
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deverão ser lotes, também denominados scripts, o shell de comando é um
verificados para que não contenham erros. Alguns artigos digita- programa que fornece comunicação entre o usuário e o sistema
dos deverão conter a imagem dos resultados obtidos em planilhas operacional de forma direta e independente. Nos sistemas ope-
eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, valores e totais. racionais Windows XP, esse programa pode ser acessado por
Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados devem meio de um comando da pasta Acessórios denominado
ser tomados para a recuperação em caso de perda e também para (A) Prompt de Comando
evitar o acesso por pessoas não autorizadas às informações guar- (B) Comandos de Sistema
dadas. (C) Agendador de Tarefas
Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas na in- (D) Acesso Independente
ternet visando o atendimento do nível de qualidade da informação (E) Acesso Direto
prestada à sociedade, pelo órgão.
O ambiente operacional de computação disponível para rea-
lizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do MS-Offi-
ce, das ferramentas Internet Explorer e de correio eletrônico, em
português e em suas versões padrões mais utilizadas atualmente.

Didatismo e Conhecimento 109


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Resposta: “A” 18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
Comentários
Prompt de Comando é um recurso do Windows que oferece
um ponto de entrada para a digitação de comandos do MSDOS
(Microsoft Disk Operating System) e outros comandos do com-
putador. O mais importante é o fato de que, ao digitar comandos,
você pode executar tarefas no computador sem usar a interface
gráfica do Windows. O Prompt de Comando é normalmente usado
apenas por usuários avançados.

15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo


- CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir digitado no apli-
cativo Word. Aplicativos para edição de textos. Aplicando-se
a esse texto o efeito de fonte Tachado, o resultado obtido será

a) 3, 0 e 7.
b) 5, 0 e 7.
c) 5, 1 e 2.
Resposta: “C” d) 7, 5 e 2.
Comentários: e) 8, 3 e 4.
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, e. En-
tretanto, temos que observar que na questão os itens d, e, além de Resposta: “C”
receberem taxado, também ficaram em caixa alta. O único que re-
Comentário:
cebe apenas o taxada, sem alterar outras formatações foi o item c.
Expressão =MÉDIA(A1:A3)
São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é divi-
16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo -
dido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento de um arquivo
Expressão =MENOR(B1:B3;2)
de textos ou de imagens na internet, entre um servidor e um
Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número, que
cliente, constituem, em relação ao cliente, respectivamente, um
seria o número 1. Para facilitar coloque esses números em ordem
(A) download e um upload
(B) downgrade e um upgrade crescente.
(C) downfile e um upfile Expressão =MAIOR(C1:C3;3)
(D) upgrade e um downgrade Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número, que
(E) upload e um download seria o número 2. Para facilitar coloque esses números em ordem
Resposta: “E”. decrescente.
Comentários:
 Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar; 19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II)
Upload – Carregar para cima (enviar).
Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)

17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011) Assinale


a alternativa que contém os nomes dos menus do programa
Microsoft Word XP, em sua configuração padrão, que, respec-
tivamente, permitem aos usuários: (I) numerar as páginas do
documento, (II) contar as palavras de um parágrafo e (III) adi-
cionar um cabeçalho ao texto em edição.
a) Janela, Ferramentas e Inserir.
b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
c) Formatar, Editar e Janela.
d) Arquivo, Exibir e Formatar.
e) Arquivo, Ferramentas e Tabela. a) 1
Resposta: “B” b) 2
Comentário: c) 3
• Ação numerar - “INSERIR” d) 4
• Ação contar paginas - “FERRAMENTAS” e) 5
• Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR”

Didatismo e Conhecimento 110


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Resposta: “D” Resposta: “E”
Comentário:
Passo 1 Comentário:
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1

21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbito


das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.zzz.br. O
domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em inglês) utilizado
para classificar o tipo de instituição, no exemplo dado acima,
éo
a) protocolo.
Passo 2 b) xxx.
que foi propagada pela alça de preenchimento para A2 e A3 c) zzz.
d) yyy.
e) br.
Resposta: “C”
Comentários:
a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
d) yyy. subdomínios
e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio

22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Analise a


régua horizontal do Microsoft Word, na sua configuração pa-
drão, exibida na figura.

Click na imagem para melhor visualizar


Passo 3
Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a pro-
pagação, o resultado

Assinale a alternativa que contém apenas os indicadores


de tabulação.
(A) II, III, IV e V.
(B) III e VI.
(C) I, IV e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e VI.

Resposta: D

20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No PowerPoint


2007, a inserção de um novo comentário pode ser feita na guia
a) Geral.
b) Inserir.
c) Animações.
d) Apresentação de slides.
e) Revisão.

Didatismo e Conhecimento 111


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Comentário: Comentário:

Você pode usar a régua para definir tabulações manuais no


lado esquerdo, no meio e no lado direito do documento.
Obs.: Se a régua horizontal localizada no topo do documento
não estiver sendo exibida, clique no botão Exibir Régua no topo
da barra de rolagem vertical.
É possível definir tabulações rapidamente clicando no seletor
de tabulação na extremidade esquerda da régua até que ela exiba
o tipo de tabulação que você deseja. Em seguida, clique na régua
no local desejado.
Uma tabulação Direita define a extremidade do texto à direi-
ta. Conforme você digita, o texto é movido para a esquerda.
Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de um pon-
to decimal. Independentemente do numero de dígitos, o ponto de-
cimal ficará na mesma posição.
Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere uma
barra vertical na posição de tabulação.

23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Uma


planilha do Microsoft Excel, na sua configuração padrão, pos-
sui os seguintes valores nas células: B1=4, B2=1 e B3=3. A fór-
mula =ARRED(MÍNIMO(SOMA (B1:B3)/3;2,7);2) inserida
na célula B5 apresentará o seguinte resultado:
(A) 2
(B) 1,66
(C) 2,667
(D) 2,7
(E) 2,67

Resposta: E Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrincha-


das no exemplo acima (arredondamento, mínimo e somatório) em
uma única questão. A função ARRED é para arredondamento e
pertence a mesma família de INT(parte inteira) e TRUNCAR (par-
te do valor sem arredondamento). A resposta está no item 2 que in-
dica a quantidade de casas decimais. Sendo duas casas decimais,
não poderia ser letra A, C ou D. A função SOMA efetua a soma
das três células (B1:B3->B1 até B3). A função MÍNIMO descobre
o menor entre os dois valores informados (2,66666 - dízima pe-
riódica - e 2,7). A função ARRED arredonda o número com duas
casas decimais.

Didatismo e Conhecimento 112


NOÇÕES DE INFORMÁTICA
Considere a figura que mostra o Windows Explorer do Mi- Resposta: C
crosoft Windows XP, em sua configuração original, e responda
às questões de números 24 e 25.

Comentário:

24. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) O arqui-


vo zaSetup_en se encontra
(A) no disquete.
(B) no DVD.
(C) em Meus documentos.
(D) no Desktop. Este botão, contido na barra de ferramentas, exibe/ oculta o
(E) na raiz do disco rígido. painel PASTAS.
Resposta: E

Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pastas
em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados em
cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar e
mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O pai-
nel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que mostra
todas as unidades de disco, a Lixeira, a área de trabalho ou Desk-
top (também tratada como uma pasta); O painel da direita exibe
o conteúdo do item selecionado à esquerda e funciona de maneira
idêntica às janelas do Meu Computador (no Meu Computador,
como padrão ele traz a janela sem divisão, as é possível dividi-la
também clicando no ícone Pastas na Barra de Ferramentas)

25. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Ao se


clicar em , localizado abaixo do menu Favoritos, será fe-
chado
(A) o Meu computador.
(B) o Disco Local (C:).
(C) o painel Pastas.
(D) Meus documentos.
(E) o painel de arquivos.

Didatismo e Conhecimento 113

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