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RESUMO
Esta pesquisa discute a crise de credibilidade e o estado de insularidade que assola o Poder
Judiciário brasileiro e seus agentes. Questiona-se o excesso de autonomia e independência
conferida ao Poder Judiciário, os quais facilitam o surgimento de uma alcova intocável e
inacessível ao próprio cidadão. Em decorrência da insatisfação social perante a atuação desse
órgão, surgem propostas de reformulações no âmbito jurídico nacional, com o intuito de
aperfeiçoar a eficiência das cortes, facilitar o acesso à justiça e fortalecer a responsabilidade
judicial. Diante da ineficácia dos métodos de controle interno, o controle externo, ou popular,
mostra ser a alternativa mais promissora para uma reforma estrutural efetiva do Judiciário.
PALAVRAS-CHAVE: Crise do Judiciário. Insularidade. Responsabilidade.
ABSTRACT
This research discusses the crisis of credibility and the state of insularity that plagues the
Brazilian Judiciary and its agents. The excess of autonomy and independence granted to the
judiciary is questioned, since it facilitate the emergence of an alcove untouchable and
inaccessible to citizens. As a result of social dissatisfaction with the performance of this
entity, reformulations of the national legal framework are proposed in order to improve the
efficiency of the courts, to facilitate access to justice and strengthen judicial accountability.
Given the ineffectiveness of methods of internal control, an external or popular control proves
to be the most promising alternative for effective structural reform of the judiciary.
KEYWORDS: Judiciary crisis. Insularity. Responsibility.
1. INTRODUÇÃO
do Poder Judiciário e de controle disciplinar dos Juízes. Todavia, seu controle promovido
também tem caráter interno e administrativo, além de ser bastante tímido e pouco eficaz.
Zauli (2007, 72-73) reconhece o esforço de jurisdicionalização do processo disciplinar
a partir da criação do CNJ como órgão autônomo com poderes corretivos. Porém, o excesso
de preocupação em impedir que a responsabilização acarretaria em ameaças à independência
do Judiciário acabou por manter o insulamento da magistratura.
Abre-se, então, a discussão sobre a possibilidade de responsabilização popular do
Poder Judiciário, um controle social. O tema é bastante controverso, sendo continuamente
abafado no país, vez que, primeiramente, ainda mantém-se uma atitude formalista, de
superioridade, quase religiosa sobre a figura do julgador. Em segundo, que qualquer discussão
sobre a relativização dos poderes dos magistrados não é de interesse da hierarquia judicial,
que deseja manter em suas mãos o poder que atualmente detém.
Barbosa (2002) aponta para a possibilidade da criação de um órgão de controle externo
como alternativa para perfazer as mazelas dos atuais mecanismos de controle. Neste caso, tal
órgão deveria assumir a função jurisdicional, a fim de julgar as faltas cometidas pelos
magistrados. Entretanto, argumentos contrários surgem alertando dos perigos da interferência
indevida na atividade jurisdicional, atingindo a famigerada independência, supostamente
imprescindível para a efetividade da prestação jurisdicional.
Não obstante, a autora lembra que durante a criação do CNJ, discutiu-se a participação
de cidadãos na sua composição. A proposta foi logo rechaçada e retirada qualquer
participação popular ou de membros estranhos ao Judiciário neste órgão fiscalizatório,
também com base no princípio da independência e separação dos poderes.
Registra-se que, ainda que tímido, existem o controle realizados pelas partes no
processo, seus advogados, pelo Ministério Público, pela OAB, ou mesmo pelas exigências de
motivação e fundamentação das decisões. Entretanto, esse controle é claramente insuficiente e
raro. O cidadão não possui de fato poder efetivo de responsabilização e correição dos juízes.
Barbosa (2002) conclui lembrando que a questão do controle do Judiciário precisa,
necessariamente, perpassar pela criação de um órgão de planejamento e fiscalização do
Judiciário. Esta seria apenas uma das alternativas para o aperfeiçoamento da instituição. Cita-
se, talvez, a possibilidade de um controle popular direto, por meio de eleição dos magistrados.
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS