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Teresina
2017
JEAN VALÉRIO MEDEIROS LIMA
Teresina
2017
JEAN VALÉRIO MEDEIROS LIMA
BANCA EXAMINADORA
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Prof. Dr. Ednardo Monteiro Gonzaga do Monti - UFPI
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Profa. Dra. Paula Maria Aristides de Oliveira Molinari - UFPI
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Prof. Dr. Edson Antônio de Freitas Figueiredo - UFPI (orientador)
RESUMO
This paper presents the own creation concept called chord interpretation and proposes
some activities for tonal improvisation teaching. Here we develop the concept as well its
structure and organization, explaining the conception and application process, aiming, with
exercises, to propose this concept as a tool for tonal improvisation musical instrument
teaching. The development of this paper was accomplished through textual and graphic
production based on reflections of musical language elements and jazz theory definitions.
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 7
1. O CONCEITO “INTERPRETAÇÃO DE ACORDES” ................................................. 10
1.1 APLICAÇÕES PERANTE CONTEXTO HARMÔNICO ................................................ 16
INTRODUÇÃO
É possível apontar alguns fatores que contribuíram para motivar tal interesse
pela jazz theory (teoria ou metodologia jazzística). Observa-se que existe
uma grande quantidade de material musical transcrito, analisado e
sistematizado nesta área, assim como um mercado editorial norte americano
sólido. Por vezes, confunde-se o estudo da improvisação com o aprendizado
dos elementos musicais que se tornaram representativos do jazz.
introduzir este conceito através de sua estrutura e propor exercícios progressivos visando
demonstrar sua aplicação e facilitar a compreensão. A proposta deste material é, na extensão
deste trabalho, direcionada para estudantes de música que já tenham conhecimento prévio
sobre elementos da música tonal, como intervalos e suas inversões, formação de escalas,
acordes e campos harmônicos bem como domínio mecânico sobre as escalas maior, menor
harmônica e menor melódica.
Os exercícios que serão propostos são baseados no conceito denominado
“Interpretação de acordes”, que consiste na sistematização do uso de determinados elementos
que fazem parte do vocabulário comum ao improvisador, tendo como ponto central reflexões
sobre os campos harmônicos maior, menor harmônico, menor melódico bem como sua
estrutura, análise comparativa dos acordes neles contidos e a junção das possibilidades
originadas meio a este processo. Em segundo momento serão apresentadas, através de
exercícios, simulações de situações harmônicas as quais servirão como base para exploração
de sonoridades e possíveis interpretações (posição hierárquica) cabíveis aos acordes –
posteriormente conjuntos de acordes – ali presentes.
Apoiando-se na afirmação de Gainza (1986) de que a motivação do aluno deve ser
resultado de seu acesso à informação levando-o ao processo de apropriação, digestão e
metabolização destes conhecimentos juntamente com o pressuposto de que novas formas de
ensino sempre serão potenciais ferramentas nos processos de ensino-aprendizagem justifica-se
a proposta deste trabalho, que visa com que o aluno execute ao mesmo tempo em que
aprende.
A primeira sessão possui o nome “O conceito interpretação de acordes”. Neste
momento será apresentada a estrutura deste conceito por meio dos elementos tradicionais da
linguagem musical, cuja nomenclatura e funcionalidade seguem em consenso perante obras
relacionadas ao assunto. De sua utilização resultará os gráficos de possibilidades de
interpretação de acordes maiores e menores, que nortearão a análise de dois temas
consagrados da música instrumental cujas estruturas harmônicas assemelham-se as situações a
serem simuladas nos exercícios das sessões seguintes.
A segunda sessão deste trabalho será denominada “Exercícios: acordes isolados” e
será dividido em duas partes: “Acordes isolados maiores” e “Acordes isolados menores”.
Assim como a sessão seguinte, tem como ponto em comum a análise de possibilidades de
aplicação de elementos derivados das escalas maior, menor harmônica e menor melódica
visando à improvisação tonal e será sistematizado através de explicações acompanhadas por
aparato gráfico seguidos de exercícios progressivos. Porém, esta parte do trabalho será
9
voltada a acordes que não possuem relação de campo-harmônico, ou seja, não possuem
ligação hierárquica uns com os outros.
A sessão seguinte denomina-se “Exercícios: progressões harmônicas” e será
destinada a reflexão e execução sobre situações em que haverá um ou mais conjuntos de
acordes pertencentes a um ou mais campos harmônicos. Esta parte contém a mesma
organização de textos, gráficos e exercícios da sessão anterior, os quais conterão aplicações
melódicas perante acordes cifrados que poderão ser executadas pelo professor ou através de
backing tracks.
10
.
Figura 1 - Sistema de cores
apenas. Estes conjuntos de acordes serão separados e indicados por chaves ( ) durante
as aplicações desta sessão e exercícios posteriores – e acordes isolados das análises presentes
nas figuras 4 e 5 e exercícios da sessão 3 –.
Em ambas as fases do processo de aplicação serão utilizadas as possibilidades de
interpretação de acordes apontadas no primeiro passo da sistematização deste conceito. Para
efeito de firmamento serão amostradas análises de estruturas harmônicas presentes em dois
consagrados temas da música instrumental que, por sua vez, se assemelham as situações
harmônicas simuladas nos exercícios que constarão nas sessões seguintes. O primeiro deles
chama-se “So what”, composta por Miles Davis 1 . O segundo tema é “Blue bossa”,
composição de Kenny Dorham2.
Ambos os exemplos servirão como base para demonstrar situações musicais que a
proposta deste conceito e suas etapas procurarão reproduzir e proporcionar a experimentação
sonora de acordo com suas diretrizes – na edição destas partituras para este trabalho não serão
levadas em consideração convenções ou repetições –. O exemplo nº1 possui estrutura
harmônica cujos acordes, pertencentes à categoria “Xm”, não se relacionam entre si. Através
de uma análise sobre a estrutura melódica e harmonia utilizada em cada um dos temas
poderemos determinar de que maneira cada um de seus acordes ou conjuntos foram
interpretados por seus compositores.
1
1926 - 1991.
2
1924 - 1972.
17
Somando estas notas ao corpo dos acordes teremos como resultado os acordes
Dm7/9/11/13 e Ebm7/9/11/13. Sendo assim, ao consultarmos o gráfico de possibilidades de
interpretação de acordes Xm (Figura 3) podemos concluir que ao construir a melodia deste
tema Miles Davis interpretou ambos acordes da música como sendo segundo grau (ii) de seu
respectivo campo harmônico maior (C. h. M.), uma vez que as tensões utilizadas neste
processo em relação à harmonia são próprias de seu segundo acorde. Logo, podemos afirmar
que foram utilizadas as escalas “Dó maior” e “Ré bemol maior” na construção melódica deste
tema.
Segue abaixo a primeira das três análises realizadas sobre o tema “Blue bossa”. Esta
apresentará apenas a indicação dos conjuntos de acordes e acordes isolados que puderam ser
encontrados e sua relação com a estrutura melódica do tema.
Esta sessão será dividida em duas partes, que se chamarão “Exercícios: acordes
isolados maiores” e “Exercícios: acordes isolados menores”. Constarão em ambas, exercícios
contendo acordes – “XM” e “Xm”, respectivamente – pertencentes a campos harmônicos
diferentes.
Estes exercícios obedecerão a uma organização progressiva de dificuldade
relacionada às adições de possibilidades de interpretação proporcional ao surgimento de novas
indicações de cores e tensões nos acordes, apresentadas através de indicações de grau e campo
harmônico de origem e interpretação perante estrutura do acorde cifrado.
Cada uma das duas categorias de acordes receberá três pares de exercícios. No
primeiro deles constarão acordes e indicações originadas da escala maior apenas. No segundo
par será adicionada a escala menor harmônica e no terceiro serão utilizadas as três escalas.
O primeiro exercício pertencente ao par conterá indicações de grau e cor
direcionadas a cada um dos acordes isolados e o segundo apresentará adição de tensões
características ao acorde presente o qual deverá ser interpretado adequadamente de acordo
com os gráficos presentes nas figuras 2 e 3.
Os acordes isolados presentes nos exercícios pares conterão mesma ordenação e
tônicas, porém suas possibilidades de interpretação diferirão a partir da indicação de
interpretação presente no primeiro e a cifragem dos acordes do exercício seguinte, procurando
assim tornar possível que o aluno explore uma maior quantidade de sonoridades.
Cada exercício conterá um total de oito compassos quaternários. Cada acorde isolado
ocupará dois compassos sendo que no último par de compassos constará uma repetição do
primeiro acorde do exercício, porém, poderá ou não conter indicações de interpretação ou
cifragens diferentes. Desta maneira, torna-se possível que dentro do mesmo exercício possam
ser utilizadas deferentes escalas tomando como referência uma mesma nota (tônica).
Após os “exercícios nº 1 e 2” constarão comentários sobre suas estruturas
harmônicas e indicativos de interpretação/interpretações por meio do sistema de cores ou
cifragem contida em seus acordes. Abaixo dos pares seguintes haverá apenas apontamento das
tônicas, escalas a serem utilizadas perante as indicações de cor presentes e possibilidades de
interpretação dos acordes cifrados nos acordes dos primeiros e segundos exercícios de cada
par.
Ambas as partes desta sessão obedecerão à organização estrutural dos exercícios
explicada acima.
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Figura 9 - Exercícios nº 1 e 2
indicação de sétima maior) e indicação de interpretação como sendo primeiro grau de sua
escala correspondente, o que também implica no uso da escala maior de mesmo nome.
O segundo exercício pertencente a este par possui os acordes “G7MA(#11)”,
“Eb7MA(11)”, “B7” e “G7MA(11)”. O objetivo deste exercício consiste na prática da
improvisação através da relação entre a harmonia estabelecida e as possibilidades de
interpretação destes acordes (vide figuras 1 e 2), resultando no processo de livre escolha entre
cada uma das interpretações disponíveis cabíveis ao acorde considerado.
Ao consultar o “Gráfico de possibilidades de interpretação de acordes XM” (p.12),
podemos perceber que os acordes “GMA7(#11)”, “Eb7MA(11)”, “B7” e “G7MA(11)”
recebem as possibilidades de interpretação “IV”, “I”, “V” e “I”, respectivamente,
considerando-se apenas as possibilidades geradas a partir da escala maior (cor azul).
Figura 10 - Exercícios nº 3 e 4
Neste par de exercícios foram utilizadas as tônicas “Eb” (primeiro e último acordes),
“F#” e “C”. No primeiro exercício estes acordes receberam indicações de sexto grau amarelo,
quinto grau azul, quinto grau amarelo e quarto grau azul. Logo, as escalas utilizadas perante
estes acordes serão, respectivamente, sol menor harmônica, si maior, fá menor harmônica e si
bemol maior.
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Figura 11 - Exercícios nº 5 e 6
Figura 12 - Exercícios nº 7 e 8
Figura 13 - Exercícios nº 9 e 10
Figura 14 - Exercícios nº 11 e 12
3
Em inglês “Rhythm changes”. Progressão harmônica bastante utilizada no Bebop. Recebe esse nome por ter
sua origem ligada à música “I got rhythm”, de George Gershwin.
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Figura 15 - Exercício nº 13
em dois destes campos harmônicos (C. h. M. e C. h. m. m.) teremos situações em que existem
dois acordes com distância intervalar de quarta justa entre o acorde menor (primeiro acorde) e
o acorde maior (segundo acorde). Neste caso, optou-se por atribuir a estes acordes o uso de
sua escala menor melódica e campo harmônico correspondente, no qual estes acordes
representam segundo (ii) e quinto (V) graus.
O último acorde, isolado, presente neste exercício, contém para cada um dos dois
compassos os quais se prolonga indicações de interpretação distintas. São estas indicações de
quarto grau azul e sexto grau amarelo, nesta ordem. Ao observar as possibilidades de
interpretação presentes na figura 2 perante a estrutura do acorde “A7MA(#11)” pode-se
perceber que sua estrutura pode ser encontrada em ambos os campos harmônicos indicados.
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Figura 16 - Exercício nº 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi basicamente dividido em duas partes. Na primeira delas foram
apresentadas informações detalhadas em relação às definições referentes ao conceito
denominado “interpretação de acordes” e todo o seu processo de sistematização e
organização. A segunda parte engloba todos os exercícios, que foram produzidos baseados
nos sistemas de indicação de interpretação de acordes pertencente a este conceito e
apresentados neste trabalho com o intuito de facilitar o processo de entendimento e
demonstrar sua aplicação prática.
Uma vez que a eficácia deste conceito como método de ensino será diretamente
proporcional à quantidade e qualidade do conhecimento sobre os campos da harmonia e
improvisação, é necessário ainda realizar uma consulta mais ampla e detalhada de maior
quantidade de obras sobre o assunto, trabalhar melhor a linguagem utilizada e adicionar o uso
de novas escalas e campos harmônicos procurando atribuir novas possibilidades de
interpretação aos acordes já catalogados, bem como encontrar possibilidades cabíveis a
acordes que não foram incluídos até o momento.
O conceito propõe relevância didática através de uma base multifuncional, ao tentar
estimular a partir de uma abordagem sensorial (experimentação de sonoridades), visual
(sistema de cores), uma sistematização do conteúdo teórico (diagramas) e busca
acessibilidade ao viabilizar uma linguagem atual e inteligível, além de aplicação de exercícios
de fixação, prática usual no ensino geral.
Tal relevância depende, ainda, de maior experimentação prática, com elaboração
detalhada de planejamento para abordagem em sala de aula, a fim de obtenção de dados sobre
a aplicabilidade deste, bem como outros materiais auxiliares cuja finalidade se faça positiva
para fins de pesquisa e obtenham impacto na prática pedagógica, detalhe de extrema
importância na busca pela evolução do ensino.
Fazendo uso da afirmação, aqui traduzida, de que “a criatividade, a invenção e a
improvisação, constituem pedagogicamente instrumentos valiosos e indispensáveis para o
desenvolvimento global do ensino da música” (SILVA, 2008, p.) procuraremos expandir a
sistematização deste conceito esperando que sua organização e relação de acordes e escalas
possam servir como ferramentas para o ensino, estudo e prática musical.
35
REFERÊNCIAS
BARRETO, A. C. Um estudo sobre o choro, o frevo e o baião e sua relação com a “música
instrumental” brasileira. Tese de doutorado. Campinas, 2012.
GRILLO, Marlene Correro et al. Transposição didática: uma criação ou recriação cotidiana.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Faculdade de Educação - Programa
de Pós-graduação em Educação, 2000.