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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA


BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

ANDRÉ IURI SENA CARVALHO

DIMENSIONAMENTO DE CORTINA DE ESTACAS JUSTAPOSTAS


AUTOPORTANTES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO


2

CRUZ DAS ALMAS


2018
ANDRÉ IURI SENA CARVALHO

DIMENSIONAMENTO DE CORTINA DE ESTACAS JUSTAPOSTAS


AUTOPORTANTES

Trabalho de Conclusão de Curso de


graduação, apresentado à disciplina
Trabalho de Conclusão de Curso, do curso
de Bacharelado de Ciências Exatas e
Tecnológicas da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia – UFRB, como
requisito parcial para a obtenção do título
de Bacharel.

Orientador: Prof. Luciano Santana


Rocha

Co-orientador: Weiner Gustavo


3

CRUZ DAS ALMAS


2018
FOLHA DE APROVAÇÃO
4

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”

Dedico este trabalho à minha família.


5

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador Prof. Luciano Rocha Santana, pela sabedoria


com que me guiou nesta trajetória.
Aos meus colegas de sala.
A Secretaria do Curso, pela cooperação.
Gostaria de deixar registrado também, o meu reconhecimento à minha
família, pois acredito que sem o apoio deles seria muito difícil vencer esse desafio.
Enfim, a todos os que por algum motivo contribuíram para a realização
desta pesquisa.
6

Epígrafe – elemento opcional


7

Espaço destinado à epígrafe (elemento opcional). Nesta


folha, o autor usa uma citação, seguida de indicação de autoria
e ano, relacionada com a matéria tratada no corpo do trabalho.
8

RESUMO

CARVALHO, André Iuri Sena. Dimensionamento de Cortinas de Estacas


Justapostas Autoportantes. 2018. 69 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação) – Bacharelado em Ciências Exatas e Tecnológicas. Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia. Cruz das Almas, 2018.

Este Trabalho de Conclusão de Curso apresenta o dimensionamento de uma


contenção do tipo cortina de estaca justaposta autoportante, ou seja, a estabilidade é
garantida pelo equilíbrio das forças atuantes sobre a estrutura. Serão utilizados dois
métodos, um analítico (método de Bowles) e outro numérico, afim de compará-los e
estabelecer uma relação entre o comportamento de ambos. Será feita toda uma varredura
a respeito das características do solo, da sua estabilidade, dos fatores instabilizantes e
da tipologia das estruturas de contenção, apontando suas vantagens e desvantagens. Um
estudo de caso demonstrará a aplicabilidade do método escolhido e com o auxílio do
programa GEO5 2018, serão encontrados os esforços solicitantes máximos e, por
conseguinte, o dimensionamento da armadura necessária para satisfazer as condições
de equilíbrio do sistema e suas verificações com base nas normas vigentes no território.

Palavras-chave: Cortina de estacas. Autoportantes. Dimensionamento.


Método de Bowles. Estruturas de Contenção.
9

ABSTRACT

CARVALHO, André Iuri Sena. Dimensioning of Curtains of Self-supporting


juxtaposed Stakes. 2018. 69 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –
Bacharelado em Ciências Exatas e Tecnológicas. Universidade Tecnológica Federal
do Recôncavo de Bahia. Cruz das Almas, 2018.

This Work of Conclusion of Course presents the dimensioning of a curtain-type


containment of self-supporting juxtaposition, that is, stability is guaranteed by the
balance of the forces acting on the structure. Two methods will be used, one analytical
(Bowles's method) and another numerical one, in order to compare them and to
establish a relation between the behavior of both. A sweep will be made on soil
characteristics, stability, instabilizing factors and the typology of containment
structures, pointing out their advantages and disadvantages. A case study will
demonstrate the applicability of the chosen method and with the aid of the GEO5 2018
program, the maximum stresses will be found and therefore the sizing of the necessary
reinforcement to satisfy the equilibrium conditions of the system and its checks based
on the norms territory.

Keywords: Curtain of cuttings. Self-supporting. Sizing. Bowles Method.


Containment Structures
10
11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Avaliação dos Parâmetros de Resistência e de deformabilidade

em Função do SPT (correlações empíricas – uso limitado a

estudos preliminares).................................................................. 54

Tabela 2 - Parâmetros do solo de estudo.................................................... 20

Tabela 3 – Comparação dos resultados...................................................... 56

Tabela 4 - Cálculo de seções circulares sujeitas a flexão composta........... 61


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LISTA DE SÍMBOLOS

γ𝑛 Peso específico do solo natural


γ𝑠𝑢𝑏 Peso específico submerso
γ𝑤 Peso específico da água
σℎ Tensão horizontal
σ𝑎 Tensão ativa
σ𝑝 Tensão passiva
σ𝑣 Tensão vertical
𝐴𝑠 Área de aço da seção transversal da armadura longitudinal
𝐴𝑠𝑤 Área de aço da seção transversal dos estribos
𝐷0 Ficha mínima
𝐸0 Empuxo em repouso
𝐸𝑎 Empuxo ativo
𝐸𝑝 Empuxo passivo
𝐹𝐻 Força horizontal
𝐻𝑐 Altura de corte
𝐾0 Coeficiente de empuxo em repouso
𝐾𝑎 Coeficiente de empuxo ativo
𝐾𝑝 Coeficiente de empuxo passivo
𝑀𝑏𝑎𝑠𝑒 Momento fletor na base
𝑀𝑑 Momento fletor solicitante de cálculo
𝑀𝑚á𝑥 Momento fletor máximo
𝑁𝑑 Força normal solicitante de cálculo
𝑃𝐴 Empuxo A
𝑃𝐴2 Empuxo A2
𝑃𝐸 Empuxo E
𝑃𝐽 Empuxo J
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𝑉𝑅𝑑2 Força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais


comprimidas de concreto
𝑉𝑅𝑑3 Força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração
diagonal
𝑉𝑐 Força cortante resistente de cálculo do concreto
𝑉𝑠𝑑 Força cortante solicitante de cálculo
𝑓𝑐𝑘 Resistência característica a compressão do concreto
𝑓𝑐𝑡,𝑚 Resistência média à tração do concreto
𝑓𝑐𝑡𝑑 Resistência de cálculo à tração do concreto
𝑓𝑦𝑤𝑑 Resistência de cálculo do aço da armadura transversal
𝑓𝑦𝑤𝑘 Resistência característica do aço da armadura transversal
𝜌𝑠𝑤,𝑚í𝑛 Taxa geométrica da mínima da armadura transversal
𝜏𝑐 Tensão resistente de cálculo à tração do concreto
𝜏𝑤𝑑 Tensão de cisalhamento de cálculo, por força cortante
∅ Diâmetro das barras da armadura
c’ Coesão efetiva
E Empuxo
FS Fator de Segurança
S Tensões resistentes ao cisalhamento
γ′ Peso específico do solo saturado
σ' Tensão normal efetiva
φ Ângulo de atrito efetivo entre partículas
𝐷 Ficha majorada
𝐻 Altura
𝑀 Momento fletor
𝑐 Coesão
𝑑′ Cobrimento da armadura
𝑞 Carregamento
𝑟 Raio da seção da estaca
𝑢 Poropressão
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𝛽 Ângulo de inclinação do terreno


𝛾 Peso específico do solo
𝛿 Ângulo de atrito solo-muro
𝜇 Coeficiente momento fletor adimensional
𝜌 Taxa geométrica da armadura
𝜏 Tensões cisalhantes
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 17
1.1. OBJETIVOS.......................................................................................... 20
1.1.2 Objetivo geral............................................................................... 20
1.2 Objetivos específicos................................................................. 20
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................. 21
2.1 TALUDES.............................................................................................. 21
2.2 ESTABILIDADE DE TALUDES............................................................. 21
2.3 FATORES INSTABILIZANTES............................................................. 22
2.4 ANÁLISE DA ESTABILIDADAE............................................................ 23
2.5 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO........................................................ 25
2.6 TIPOS DE ESTRUTURAS.................................................................... 27
2.6.1 Estrutura de suporte rígido.................................................................... 27
2.6.2 Estrutura de suporte flexível.................................................................. 28
2.7 PAREDE OU CORTINA DE CONTENÇÃO.......................................... 29
2.7.1 Cortinas de Estaca-Prancha................................................................. 30
2.7.2 Cortina tipo Berlim................................................................................. 31
2.7.3 Cortina de Estacas Moldadas................................................................ 32
2.7.4 Parede Moldada de Concreto Armado.................................................. 33
2.8 ACIDENTES EM ESTRUTURAS DE CONTENÇÕES.......................... 35

3 MÉTODO DE ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE CORTINA DE


ESTACAS MOLDADAS IN LOCO........................................................ 36

3.1 EMPUXOS DE TERRA.......................................................................... 36


3.2 TEORIA DE RANKINE........................................................................... 38
3.3 TEORIA DO EQUILÍBRIO ELÁSTICO................................................... 39
3.4 TENSÕES VERTICAIS.......................................................................... 40
3.5 TENSÕES HORIZONTAIS.................................................................... 41
16

3.6 TENSÕES ATIVAS................................................................................ 42


3.7 TENSÕES PASSIVAS........................................................................... 43
3.8 INFLUÊCIA DA COESÃO...................................................................... 44
3.9 INFLUÊNCIA DA SOBRECARGA.......................................................... 46
3.10 INFLUÊNCIA DO FREÁTICO................................................................. 48
4 DIMENSIONAMENTO DE CORTINAS AUTOPORTANTES................ 50
4.1 CONCEITOS.......................................................................................... 50
4.2 MÉTODO DE BOWLES......................................................................... 50
5 ESTUDO DE CASO............................................................................... 54
5.1 MODELO ANALÍTICO........................................................................... 55
5.2 MODELO NUMÉRICO........................................................................... 56
5.3 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS.................................................. 57
5.4 DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL................................................. 58
5.5 DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA LONGITUDINAL.................. 58
5.6 DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA TRANSVERSAL.................. 61
6 DISCUSSÃO.......................................................................................... 59
7 CONCLUSÃO........................................................................................ 60
8 REFERÊNCIAS..................................................................................... 62
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1 INTRODUÇÃO

A crescente populacional, atrelada a grande ocupação de áreas urbanas, tem


exigido um melhor aproveitamento espacial, sobretudo em áreas onde a construção,
devido à má qualidade do solo local (frequentemente de origem argilosa, em geral
de baixa resistência e permeabilidade, bem como elevada deformabilidade), mostra-
se complicada. Grandes centros encontram-se incontrolavelmente condicionados, o
que reitera a necessidade da criação de novos espaços.

Descartada a possibilidade da expansão superficial, recorrer ao subsolo e à


volumetria que se apresenta disponível com a remoção de solo abaixo da cota
superficial tornou-se uma solução viável e bastante eficaz. Porém, uma nova
abordagem e estudo particular de caso é de suma importância na obtenção segura
dessa nova área útil. As escavações provocam movimentações das massas de solo,
e isso se dá devido a variação no seu estado de tensões, adensamento de solos
saturados, por rebaixamento do lençol freático, entre outras tantas causas, e tais
perturbações tendem a torná-lo instável nas paredes do corte e consequentemente
nos terrenos adjacentes. Ações que envolvam aberturas de trincheiras, obras
subterrâneas e afins, necessitam de procedimentos que assegurem a estabilidade
do terreno vizinho à escavação. Várias soluções de suporte foram, ao longo dos
anos, com o evoluir da técnica e dos materiais, desenvolvidas para garantir que
dentro de limites razoáveis, o trabalho a ser desenvolvido não venha perturbar a
situação de equilíbrio existente. Um conjunto de estruturas geotécnicas, através das
suas diferentes características, visam garantir o equilíbrio e assegurar um
comportamento estável na escavação.

Tais estruturas de suporte, usualmente, dividem-se em dois grupos distintos


em conformidade com a forma que “trabalham” para a garantia da estabilidade do
conjunto, sendo elas: Estrutura de suporte rígido e flexível. O primeiro grupo,
também conhecido como muros de suporte, através da sua grande massa (quando
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comparada à do segundo grupo) garantem que não ocorram, nem deslocamentos


significativos, nem o deslize do terreno suportado. Um segundo grupo, denominado
de estruturas de suporte flexíveis, têm como características principais a esbelteza
de seu corpo, e a capacidade de assegurar a estabilidade através do seu
comportamento enterrado, e/ou pelos apoios - escoras ou ancoragens.

Tratando-se de escavações profundas (criação de transporte subterrâneo,


como o metro, o parqueamento subterrâneo, caves e fundações de edifícios a
maiores profundidades) fica inviável, construtiva e economicamente falando, a
execução de estruturas robustas, como as de suporte rígido. Logo, o grupo de
suporte flexíveis apresenta-se como uma boa opção.

No presente trabalho dar-se-á enfoque ao grupo das estruturas de suporte


flexíveis do tipo cortinas de estacas de concreto armado, mais especificamente ao
grupo das cortinas autoportantes. Limitando-se ao seu dimensionamento e
verificação quanto ao suporte às cargas solicitantes.
19

1 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL

Verificar a aplicabilidade das teorias de mecânica dos solos mediante às


estruturas de contenção de concreto armado do tipo cortina de estacas autoportantes,
exemplificando de forma sequenciada como devem ser feitas as análises para a
obtenção dos esforços analiticamente.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

O trabalho possui os seguintes objetivos específicos:

 Estabelecer as condições de estabilidade da estrutura de contenção de


cortina de estacas;

 Determinação analítica dos esforços na estrutura;

 Dimensionamento da cortina de estacas de concreto armado


autoportantes.
20

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 TALUDES

São inclinações de um terreno (declive, rampa) que delimitam uma superfície


terrosa ou rochosa. Classificado em duas categorias: naturais e artificiais. De acordo
com Pinhal (2009) os naturais (também conhecidos por encostas) são aqueles
formados pela ação das intempéries (ventos, chuvas, clima e etc.) e fatores
geológicos. Para conhecer sua estrutura é necessário um criterioso programa de
prospecção. Os artificiais, advindos de atuações do homem na alteração do terreno,
frequentemente exibem uma homogeneidade mais acentuada que os maciços
naturais e, por isto, adequam-se melhor às teorias desenvolvidas para as análises
de estabilidade. Dentre as modificações artificiais no terreno, tem-se o corte
(escavações) e aterramento do mesmo.

2.2 ESTABILIDADE DE TALUDES

Aspecto de máxima importância, garantir a estabilidade do talude é


indispensável para que se iniciem as obras de escavação, visto que, a ruptura
do mesmo desencadearia uma série de complicações, podendo ir de atrasos no
cronograma construtivo às tragédias.

O processo de instabilização do talude ocorre quando a tensão cisalhante


atuante no maciço é maior do que a resistência ao cisalhamento do solo
(MARANGON, 2009). Desta forma, surge uma superfície de cisalhamento contínua
na massa de solo, cujo material no entorno desta superfície perde as características
originais durante o processo de ruptura, o que leva à formação da zona cisalhada.
Após atingir a ruptura, o solo rompido pode se deslocar por ação da gravidade.
21

De acordo com Moliterno (1927), alguns dos métodos para aumentar a


estabilidade em taludes, são:

 Diminuição da inclinação: (Ganho na estabilidade, porém o aumento da


área exposta acentua a erosão das águas da chuva);

 Drenagem;

 Estaqueamento no pé do talude (estacas prancha);

 Estruturas de contenção;

 Bermas;

 Ancoragem/Atirantamento;

 Obstrução de fissuras (cimento ou betume);

2.3 FATORES INSTABILIZANTES

Condições que ocasionam ou aceleram o processo de ruptura do solo, ora


pelo aumento das tensões cisalhantes, ora pela redução da resistência ao
cisalhamento. De acordo com Sayão et al. (1994), as principais causas de uma
ruptura:

Alterações na geometria do talude

Configurando uma das causas mais comuns em instabilidades, a retirada de


massa sólida de um talude altera a geometria do mesmo e consequentemente, o
ângulo de atrito entre as partículas e as tensões cisalhantes no solo. Quanto mais
íngreme o talude, mais crítica a situação de ruptura.
22

Aumento da poro-pressão

Baseado no princípio das tensões efetivas de Terzaghi, o aumento da poro-


pressão pode vir a ocasionar a ruptura, uma vez que ela reduz as tensões efetivas,
reduzindo a resistência ao cisalhamento do terreno.

Vibração

Abalos sísmicos, explosões, cravações de estacas, fluxo de veículos ou


qualquer movimento vibratório, em áreas próximas ao talude, podem causar um
considerável aumento do nível de tensões.

Sobrecarga

Cargas adicionais, que não as do talude, ocasionam um aumento das tensões


solicitantes do talude. Construções, vegetação, aterros e maquinários, são alguns
exemplos de cargas que contribuem para a ruptura do solo.

2.4 ANÁLISE DA ESTABILIDADE

O engenheiro, antes de se decidir sobre a solução para atender ao problema


de contenção de um talude, deve procurar se identificar com a natureza
geológica da região. Deve ser observado, antes de implantar a obra de
contenção, se há ocorrência de movimentos lentos da encosta (creep),
manifestado pela fissuração da superfície e inclinação das árvores, rupturas
de canalização de esgotos e águas pluviais. (MOLITERNO,1927).

Uma análise de estabilidade de taludes é bastante complexa, no entanto,


importante para que haja mensura, em valores quantitativos, do quão instável
encontra-se o maciço de terra. Tudo isso, pois uma solução inadequada pode ser
23

bastante onerosa, já que alguns taludes permanecem em estado de repouso mesmo


após a interferência operacional, não necessitando de estruturas de suporte.

O valor de referência que representa a sensibilidade do talude em relação a


mudanças de determinados parâmetros críticos, com base no que Silva (2013) disse,
é conhecido por fator de segurança (𝐹𝑆), e o valor é obtido pela razão entra as
tensões resistentes ao cisalhamento (𝑆) e as tensões cisalhantes (𝜏). Como
descreve a expressão abaixo:

𝐹𝑆 > 1,0 → 𝑂𝑏𝑟𝑎 𝑒𝑠𝑡á𝑣𝑒𝑙


𝑆
𝐹𝑆 = 𝐹𝑆 = 1,0 → 𝑂𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑔𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝜏
𝐹𝑆 < 1,0 → 𝑁ã𝑜 𝑝𝑜𝑠𝑠𝑢𝑖 𝑠𝑖𝑔𝑛𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑓í𝑠𝑖𝑐𝑜

Onde o 𝑆, expresso em termos da tensão efetiva:

𝑆 = 𝑐 ′ + 𝜎 ′ 𝑡𝑔𝜑 ′ (2.1)

𝑐 ′ : Coesão efetiva, baseada na teoria de Mohr-Coulomb;

𝜑′ : Ângulo de atrito efetivo, baseado na teoria de Mohr-Coulomb;

𝜎 ′ : Tensão normal efetiva no plano de ruptura;

Terzaghi (1950) conseguiu conceituar essa resistência como consequência


imediata da pressão normal ao plano de ruptura correspondente a pressão grão a grão
ou pressão efetiva. Inúmeros são os métodos utilizados para o cálculo de
estabilidade de taludes, no entanto, todos partem da premissa dos métodos de
equilíbrio limite, diferenciando entre si apenas as considerações a respeito da
superfície de ruptura e simplificações convenientes, quando estas não
comprometam o estudo do caso.
24

Aplicadas à massa de solo potencialmente instável, sendo esta limitada pela


superfície do talude e a superfície potencial de ruptura, as equações de equilíbrio
serão calculadas repetitivamente, até que seja encontrada a superfície crítica do
maciço de terra, ou seja, o menor valor do 𝐹𝑆. Existem alguns métodos para tal
verificação, fruto de trabalhos feitos por autores bastante renomados, como Fellenius
(1936), Bishop (1955) e Taylor (1949), trabalhando com o método das fatias
considerando a superfície de ruptura circular. Já, Janbu (1973) e Morgenstern &
Price (1965), diferem dos outros três autores pelo fato de não considerarem a
superfície de ruptura obrigatoriamente circular, admitindo outras formas de
superfície. No entanto, para o presente trabalho, partiu-se do pressuposto que o que
será necessária uma intervenção para a segurança e a manutenção da estabilidade
do mesmo, optou-se pelas estruturas de contenção. No próximo capítulo, daremos
ênfase as essas estruturas, o centro de estudo do atual trabalho.

2.5 ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO

Estruturas capazes de suportar os esforços causados pelo maciço de solo


(em alguns casos o material contido é a água) num estado instável e todas as
contribuições de carregamento do terreno circundante à escavação, afim de garantir
a estabilidade do corpo. Segundo Gerscovich (2010), estruturas corridas de
contenção de parede vertical ou quase vertical, apoiadas em uma fundação rasa ou
profunda, são conhecidas como muros. Podem ser construídos em alvenaria (tijolos
ou pedras) ou em concreto (simples ou armado), ou ainda, de elementos especiais.
Visto a gama de estruturas de contenção disponíveis, o primeiro passo é avaliar
quais delas encaixam-se à necessidade requerida.

De uma forma geral, os seguintes fatores influenciam a escolha do tipo de


estrutura, de acordo com Sousa et al. (2008):

 as dimensões da escavação (profundidade, largura e comprimento);

 as propriedades do solo na região;


16

 a sequência imposta pelo método construtivo;

 sobrecargas devidas ao trânsito local e aos equipamentos utilizados na


obra;

 o regime do nível de água, quando presente na escavação;

 a presença de utilidades e edificações vizinhas;

 o clima (principalmente a temperatura nas estroncas);

 o tempo de construção (tanto de escavação, quanto de instalação do


escoramento);

 técnicas construtivas e equipamentos disponíveis;

 experiência profissional e prática local;

 disponibilidade financeira;
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2.6 TIPOS DE ESTRUTURAS

Os sistemas de contenção de solo podem ser provisórios ou definitivos. Esses


dois tipos de contenção são divididos em diversos sistemas construtivos de contenção
(SALUH, 2012). Tacitano (2006) dividiu os tipos de estruturas de contenção de
acordo com a forma que trabalham para garantir a estabilidade do conjunto, e listou
da seguinte forma:

Estruturas de gravidade

 muros de gravidade;

 crib walls;

 gabiões;

Muros de flexão

 muros de flexão simples;

 muros de flexão com contrafortes;

Paredes ou Cortinas

 cortina autoportante;

 cortina atirantada;

2.7 ESTRUTURA DE SUPORTE RÍGIDO

O primeiro grupo é composto por estruturas mais robustas, apoiadas sobre


fundações rasas, onde comumente seu peso próprio e geometria são responsáveis
18

por garantir que não ocorram deslocamentos significativos, nem o deslizamento do


terreno suportado, e praticamente não apresentam deformações por flexão
(RANZINE E NEGRO JR., 1998). É bem frequente a classificação em "muros de
gravidade" para os casos dos muros de alvenaria, de concreto e de gabiões de
acordo com Santos (2015). São muito utilizados em projetos de barragens, para a
contenção dos aterros junto às estruturas do vertedouro e da tomada d'água.

2.8 ESTRUTURA DE SUPORTE FLEXÍVEL

De acordo com a normalização europeia expressa através do Eurocódigo 7,


uma estrutura de suporte flexível definida como cortina, seja um muro ou parede,
geralmente confeccionadas em concreto, aço ou madeira, é caracterizada por ser
consideravelmente mais esbelta que o grupo de estruturas rígidas, possuir elevada
resistência à flexibilidade, fundações mais profundas e tendo seu peso próprio,
contribuição insignificante para a manutenção de estabilidade. Classificadas quanto
à suas condições de apoio, podem ser suportadas por escoras, ancoragens e/ou
pela parcela de empuxo passivo gerado pelo solo do lado da escavação (RANZINI E
NEGRO, 1998).

As estruturas de suporte flexíveis sofrem deformações por flexão suscetíveis


de condicionar a magnitude e a distribuição das pressões de terras, logo, dos
empuxos, momentos fletores e esforços cortantes para que são dimensionadas
(TERZAGHI, 1943). Em decorrência dessas deformações causadas por flexão ao
longo da parede, os diagramas de pressões a que estão sujeitas não são, em alguns
casos, provenientes das teorias de cálculo de empuxos estudadas. Alguns pontos
apresentam maiores deslocamentos em relação a pontos vizinhos, gerando um
mecanismo de efeito arco que atenua as pressões nas zonas onde os
deslocamentos são menores e reduz as mesmas onde há maiores deslocamentos,
podendo alcançar valores inferiores aos correspondentes ao estado ativo de
Rankine.
19

(Dentre as diversas estruturas citadas acima, este trabalho limitou-se a lidar


apenas com paredes ou cortinas de contenção autoportantes. Aspectos do efeito
arco e interação solo-estrutura não foram abordados, sendo assim fica a sugestão
para trabalhos futuros.)

2.9 PAREDE OU CORTINA DE CONTENÇÃO

Parede ou cortina de contenção é todo elemento ou estrutura destinado a


contrapor-se às tensões geradas em um maciço de solo, fruto de escavações
idealmente verticais cuja condição de equilíbrio foi alterada, permitindo a realização
de tais operações em segurança e, em muitos casos, sendo incorporada a estrutura
em definitivo (algumas são temporárias). Consideravelmente mais esbeltas que as
estruturas de gravidade, a grandeza e distribuição de terras dependem, da
deformabilidade da cortina, das suas condições de apoio e dos estados de tensões
à que o terreno se encontra submetido. Os elementos de contenção trabalham como
uma viga em balanço sendo, portanto, constituídos por peças de reação que
resistam a tração. Classificadas quanto às suas condições de apoio, podem ser
suportadas por escoras, ancoragens e/ou pela parcela de empuxo passivo gerado
pelo solo do lado escavado onde a cortina encontra-se fincada. (PINTO, 2013)

Mediante a uma série de análises e com base no conhecimento empírico, fica


a critério do projetista a escolha da tipologia mais adequada de acordo com o serviço
solicitado. As mais utilizadas, são:

 Cortina tipo berlim;

 Cortina de estaca-prancha;

 Cortina de estacas moldadas;

 Parede moldada de concreto armado;


20

2.9.1 Cortinas de Estaca-Prancha

As estaca-prancha são cortinas de contenção formadas por perfis pré-


fabricados, geralmente metálicos e estruturas laminares, com conexões em suas
bordas justapostos, ou seja, com engates laterais que permitem a acoplagem de
várias placas criando paredes contínuas e resistentes aos movimentos do solo e da
água. As estacas são comumente de aço ou de concreto, podendo ser usados
elementos de madeiras em obras provisórias.

As principais vantagens desse tipo de estrutura, são:

 possibilidade de vãos livres, sem a necessidade de contraventamento;

 possibilidade de várias reutilizações;

 estruturas leves e bastante versáteis;

 atinge grandes profundidades;

 possibilidade de contenções impermeáveis;

 execução rápida em obras temporárias;

As desvantagens:

 equipamentos de cravação muito pesados;

 dificuldades para o transporte, devido às grandes dimensões e pesos


elevados;

 problemas de corrosão em longo prazo;

 excessivos ruídos e vibrações em sua cravação;


21

 dificuldades em manter a verticalidade durante a cravação;

 não pode ser usado em substratos rochosos;

2.9.2 Cortina tipo Berlim

Elementos de contenção de pequena rigidez perpendicularmente ao seu


plano, constituídos por perfis verticais, em geral metálicos do tipo HEB ou INP,
espaçados de 1,5m a 3m entre si, instalados na periferia da área a ser escavada,
onde a escavação é conduzida por níveis, acompanhando a execução do
corte. Entre os perfis metálicos colocam-se placas, geralmente de madeira. Muito
utilizadas para o escorrimento de poços de fundação, escavados abaixo do nível do
freático, esse tipo de estrutura é comumente empregue de forma provisória,
podendo, no entanto, ser utilizada de forma definitiva. Em casos onde a contenção
tenha carácter definitivo, os painéis podem ser confeccionados em concreto armado,
através da realização da concretagem "in situ" entre os perfis metálicos (TEIXEIRA,
2006).

Segundo Cristiano (2008), como vantagens para este sistema, temos:

 economia, sobretudo para contenções provisórias;

 facilidade de manobrar e construir, com bons rendimentos diários em


área de parede;

 permite em simultâneo a realização da escavação e a execução da


contenção;

 não exigem grande área de estaleiro ou acessos largos à obra;

 não exigem pessoal nem tecnologia muito especializada recorrendo a


técnicas, equipamento e "know-how" correntes.
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Sendo desvantajosa sua utilização pelos seguintes aspectos:

 mau desempenho para nível freático elevado, devido à percolação


dos finos e à erosão interna do solo;

 não oferecem qualquer obstáculo à passagem da água contido no


terreno a tardoz;

 causam uma descompressão do solo, originando o assentamento das


fundações vizinhas;

 exigem terrenos com alguma consistência;

 estão relativamente limitadas em termos de profundidade;

 a cravação dos perfis metálicos pode introduzir vibrações nas


construções vizinhas.

2.9.3 Cortina de Estacas Moldadas

As cortinas de estacas moldadas são soluções comuns de estruturas


permanentes, destinadas a conter esforços laterais. Constituídas por estacas
moldadas anteriormente à escavação do terreno, sendo este perfurado, estabilizado,
e em seguida preenchido com armadura e concreto, e por uma viga de coroamento
destinada a uni-las no topo, onde só após a construção dessa frente de estacas, e
só então iniciam-se as escavações em um dos lados. Quando se trata de
consideráveis alturas de contenção ou em terrenos próximos a construções de
médio a grande porte mostra-se uma solução bastante vantajosa, dada a elevada
rigidez que a inclusão de um ou vários apoios a diferentes níveis confere a estrutura.
Segundo Magalhães (2003), baseadas em seu tipo estrutural e esquema de
carregamento, as cortinas classificam-se em dois grupos principais: as de balanço
(em “cantilever”) e as ancoradas (ou apoiadas), e de acordo com a distância axial
23

entre as estacas consecutivas, estas podem ser divididas em: espaçadas, tangentes
e secantes.

As principais vantagens a se destacar, são:

 é possível atingir elevadas profundidades;

 pode-se dispensar o recurso a fluídos estabilizadores, caso o terreno


seja coesivo;

 não há vibrações importantes associadas ao processo de execução;

 existe uma grande variedade de diâmetros disponíveis;

 a possibilidade de recolha de amostras dos solos atravessados e


atingidos para serem comparadas com os dados do projeto.

Como desvantagens, temos:

 possibilidade de se dar estrangulamento em solos moles ou soltos;

 é difícil garantir a verticalidade das estacas;

 a entrada e/ou percolação de água pode causar anomalias no concreto


antes da pega;

 exigem equipamentos e mão de obra especializados;

 a impermeabilização não é garantida.


24

2.9.4 Parede Moldada de Concreto Armado

Semelhante às cortinas de estacas, as paredes de concreto armado são


vistas como a evolução das mesmas. De método construtivo semelhante, ao invés
de furos, abre-se uma trincheira no solo previamente à escavação, desde a
superfície do terreno até a parte do muro que ficará embutida no solo escavado,
utiliza-se um
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25

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////////////////////////////////////////estabilizador de paredes (geralmente lama betônica), afim
de garantir que as paredes da vala não irão ceder. Logo após, insere-se a armadura
e inicia-se a concretagem, de baixo para cima, expulsando toda lama betônica. O
26

modelo de cálculo é análogo ao de uma laje, pois a parede moldada é um elemento


pouco espesso em relação ao desenvolvimento no seu plano e está sujeito a
carregamento com importante componente normal a este. Sua profundidade habitual
situa-se entre 15 a 30 metros, no então não é um limitante, podendo chegar a
maiores valores. Além de servir como estrutura de contenção, pode desempenhar o
papel de fundação devido a sua elevada resistência vertical.

As principais vantagens desta solução, são:

 método que pode ser utilizado praticamente em qualquer circunstância


(mesmo com nível freático elevado, percolação de água e/ou terrenos
/incoerentes ou moles);

 é possível atingir elevadas profundidades;

 boa garantia de estanqueidade à passagem de água do exterior;

 permite grande maleabilidade na programação da obra (painéis);

 assegura uma boa contenção dos terrenos vizinhos;

Como desvantagens, podemos citar:

 em terrenos rijos, a execução é mais difícil e conduz a menores


rendimentos;

 exigem equipamento e mão de obra especializados;

 exige grande espaço de estaleiro;

 solução relativamente onerosa - lamas betoníticas (fabrico,


recuperação e reciclagem) / recurso a ancoragens na fase provisória;
27

2.10 ACIDENTES EM ESTRUTURAS DE CONTENÇÕES

Como em todo tipo de construção, nas estruturas de contenção também


há riscos de acidentes, e estes têm se tornado mais frequentes, muito em função
da crescente execução deste tipo de estrutura. Afim de alertar e evitar tais
acontecimentos é que foram listadas as principais causas dos acidentes.

De acordo com Nunes (1975), as causas dos acidentes em estruturas de


arrimo foram classificadas da seguinte forma:

1- Deficiência de drenagem – 33%


2- Dimensionamento de base insuficiente – 25%
3- Insuficiência Estrutural – 19%
4- Falhas de execução durante o aterro – 10%
5- Falhas nos apoios superiores ou laterais – 5%
6- Acidentes nos trabalhos – 5%
7- Causas diversas – 3%
28

3 MÉTODO DE ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE CORTINA DE ESTACAS


MOLDADAS IN LOCO

3.1 EMPUXOS DE TERRA

Chama-se empuxo de terra o esforço exercido pelo solo contra uma estrutura,
e são dependentes da interação solo/estrutura. Machado e Machado (1997), diz que
as obras de contenção exigem em seus dimensionamentos e análises de estabilidade,
o conhecimento dos valores dos empuxos. Tais estruturas frequentemente requerem
verificações adicionais no seu dimensionamento, não só a análise da sua estabilidade
global, como a segurança de seus elementos de construção.

Moliterno (1980) afirma a condição básica da grandeza do empuxo:

A grandeza de “𝐸 “[empuxo] pode ser considerada como uma pressão


distribuída ao longo da altura do muro, cujo diagrama de distribuição, para
simplificação do cálculo, admite-se linear, em analogia com o empuxo proveniente da
pressão hidrostática, e cuja área representa o valor de “𝐸 “.

Descreve-se empuxo ativo, o esforço exercido pela terra contra o muro. O


estado ativo ocorre quando o muro sofre movimentos laterais suficientemente grandes
no sentido de se afastar do retroaterro. Esta condição é atingida mesmo com um
pequeno deslocamento do muro, logo o empuxo atuante nesse instante denomina-se
empuxo ativo “𝐸𝑎 ”.

O empuxo passivo “𝐸𝑝 ” designa-se pela resultante da pressão da terra contra


o muro, onde o estado passivo corresponde à movimentação do muro de encontro ao
retroaterro, causando assim um aumento da tensão. Há um aumento de tensão de
forma progressiva, tornando-se maior que a tensão vertical, onde o maciço entra em
equilíbrio plástico. Diferentemente do estado ativo, o estado passivo só é atingido
após um deslocamento bem maior do anteparo. Quando não há deformação ou
29

deslocamento da estrutura, tem-se o Empuxo em repouso “𝐸0 ”. Segundo Craig (2007),


o empuxo de repouso pode ser determinado por meio de um ensaio triaxial, onde a
resultado é visto na imagem a seguir. Para este trabalho, adotaremos as anotações
feitas por Terzaghi, sobre as tensões atuantes no solo.

Figura 1: Empuxo sobre um anteparo – Relação empuxo x deslocamento.

O critério de ruptura de Mohr-Coulomb é o mais conhecido e mais simples


critério de ruptura, tendo como vantagem dispensar o cálculo dos deslocamentos da
estrutura, pois qualquer deformação é suficiente para se alcançar a plastificação do
material. D’Alessandro (2007), consiste em uma envoltória linear, tangenciando o
círculo de Mohr, que representa as condições críticas de combinações dos esforços
principais.
30

Figura 2: Círculo de Mohr para os estados ativo e passivo

Nota-se que sempre se terá 𝜎𝑎 < 𝜎ℎ < 𝜎𝑣 < 𝜎𝑝

De acordo com as anotações de Terzaghi (1943), sobre o princípio das tensões


no que diz respeito ao cálculo de empuxo, as primeiras teorias de que se têm registros
foram formuladas por Coulomb (1773), Poncelet (1840) e Rankine (1856), conhecidas
com Teorias Antigas. Sob posse de uma nova análise, a teoria da elasticidade para
muros elásticos, surgiram novas teorias, as de Caquoí, Muller e Resal são algumas
delas. As recomendações de Terzaghi têm apresentado resultados práticos bastante
satisfatórios.

Pela limitação deste trabalho adotaremos a teoria de Rankine, por utilizar


dados geotécnicos mais simples, sendo o mais prático no cálculo destas estruturas.

3.2 TEORIA DE RANKINE (1856)

Segundo Craig (2007, p. 133):

A teoria de Rankine (1857) considera o estado de tensões em uma massa de


solo quando a condição de equilíbrio plástico é alcançada, [...] quando a
ruptura por cisalhamento está prestes a ocorrer ao longo do maciço. [...] A
ruptura por cisalhamento ocorre ao longo de um plano que faz um ângulo de
31

45°+Ф com o plano da tensão principal maior. Se a massa de solo como um


todo estiver submetida a tensões de forma que as tensões principais em
todos os pontos estejam nas mesmas direções, então, teoricamente, haverá
uma rede de planos de ruptura (conhecidos como um campo de linhas de
deslizamento) [...]

Em resumo, o método de Rankine (1856) considera o solo em estado de


equilíbrio plástico e baseia-se nas seguintes hipóteses:

 Solo isotrópico;

 Solo homogêneo;

 Superfície do terreno plana;

 A ruptura ocorre em todos os pontos do maciço simultaneamente;

 Muro perfeitamente liso (atrito solo-muro: 𝛿=0) os empuxos atuam


paralelamente à superfície do terreno;

 A parede da estrutura em contato com o solo é vertical;

3.3 TEORIA DO EQUILÍBRIO PLÁSTICO

De acordo com Edmarques (2003), o comportamento de deformação do solo


está diretamente relacionado com o nível de tensão envolvida. Para níveis de tensões
relativamente baixos, os solos podem ser classificados como elásticos, e para níveis
de tensões elevados, eles podem atingir o seu estado plástico. Os métodos de análise
estão condicionados pelo estado do solo, visto que, para o primeiro exemplo o
embasamento é feito por meio da teoria da elasticidade, já para o segundo, toma-se
mão da teoria da plasticidade. A figura abaixo representa de forma ideal, a curva
tensão versus deformação.
32

Figura 3: Diagrama Tensão x Deformação.

Diz-se que a massa de solo está sob equilíbrio plástico quando todos os pontos
estão em situação de ruptura, ou seja, quando há um equilíbrio entre as tensões
atuantes e resistentes. O valor da tensão atuante de cisalhamento passa a ser igual à
resistência ao cisalhamento do material.

3.4 TENSÕES VERTICAIS

A tensão total vertical (𝜎𝑣 ) em um determinado ponto, depende do volume de


material que se encontra acima do mesmo. Em resumo, é o produto do peso
específico do solo (𝛾), pela profundidade (𝐻) do ponto referente ao maciço. Segue a
expressão que traduz o que foi dito, abaixo:

Solo não saturado:

𝐻
𝜎𝑣 = ∫0 𝛾𝑑𝑧 (3.1)
33

Onde:

𝛾 = 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜;

𝐻 = 𝑝𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑜;

Para uma massa de solo homogênea, a tensão vertical pode ser escrita como:

𝜎𝑣 = 𝛾𝐻 (3.2)

Figura 4: O equilíbrio plástico atuando em um elemento do solo a uma


profundidade z (Marchetti, 2007).

3.5 TENSÕES HORIZONTAIS

As tensões horizontais em algum ponto do solo, podem ser descritas em função


das tensões verticais. A relação entre as duas pode ser estabelecida pelo coeficiente
de empuxo em repouso (𝐾0 ), e está representada na equação abaixo.

𝜎ℎ
𝐾0 = (3.3)
𝜎𝑣
34

Logo, a tensão horizontal em um solo sem coesão e não saturado é dada por:

𝜎ℎ = 𝐾0 𝜎𝑣 (3.4)

Substituindo (3.3) em (3.4), temos a tensão horizonta (𝜎ℎ ):

𝜎ℎ = 𝐾0 𝛾𝐻 (3.5)

3.6 TENSÕES ATIVAS

Tensões geradas pelo solo contra o tardoz da estrutura, são consideradas


tensões ativas (𝜎𝑎 ). Para solos não saturados e sem coesão, estas tensões são
descritas pela equação a seguir:

𝜎𝑎 = 𝐾𝑎 𝛾𝐻 (3.6)

Sendo (𝐾𝑎 ) o coeficiente de empuxo ativo, descrito por Rankine, com base no
círculo de tensões de Mohr-Coulomb, como:

1−𝑠𝑒𝑛𝜑 𝜑
𝐾𝑎 = 1+𝑠𝑒𝑛𝜑 = 𝑡𝑔2 (45° − 2 ) (3.7)

Substituindo a Eq. (3.4) em (3.5) tem-se:

𝜑
𝜎𝑎 = 𝑡𝑔2 (45° − 2 ) 𝛾𝐻 (3.8)
35

3.7 TENSÕES PASSIVAS

De forma análoga as tensões ativas, as tensões geradas pela estrutura contra


a face frontal do solo, são consideradas tensões passivas (𝜎𝑝 ). Mantendo-se as
considerações de um solo não saturado e sem coesão, estas tensões são descritas
pela seguinte equação:

𝜎𝑝 = 𝐾𝑝 𝛾𝐻 (3.9)

Tendo o coeficiente de empuxo passivo (𝐾𝑝 ), descrito por Rankine, baseado


no círculo de tensões de Mohr-Coulomb, como sendo:

1+𝑠𝑒𝑛𝜑 𝜑
𝐾𝑝 = 1−𝑠𝑒𝑛𝜑 = 𝑡𝑔2 (45° + 2 ) (3.10)

Aplicando a Eq. (3.7) em (3.8) tem-se:

𝜑
𝜎𝑝 = 𝑡𝑔2 (45° + 2 ) 𝛾𝐻 (3.11)

O empuxo total é calculado a partir da integral da distribuição de tensões


horizontais:

𝑧
𝐸 = ∫0 𝜎ℎ 𝑑𝑧 (3.12)

Considerando o caso mais simples possível, onde um solo homogêneo, sem


coesão (𝑐 = 0), encontra-se seco. O diagrama de tensões é triangular, neste caso,
logo:
36

(𝑎) (𝑏) (𝑐)

Figura 5: a) Talude de corte em perfil; b) Diagrama de tensões ativas; c) Diagrama de tensões


passivas

O empuxo ativo é dado por:

𝐾𝑎 𝛾𝐻 2
𝐸𝑎 = (3.13)
2

Enquanto o empuxo passivo é dado por:

𝐾𝑝 𝛾𝐻 2
𝐸𝑝 = (3.14)
2

A seguir, apresentam-se as relações de tensões e empuxos passivos e ativos


para as diversas condições à que o solo poderá estar submetido:

Solo coesivo (𝑐 ≠ 0):

As tensões ativas são representadas por:

𝜎𝑎 = 𝜎𝑣 𝐾𝑎 − 2𝑐√𝐾𝑎 (3.15)
37

2. 𝑐. √𝐾𝑎

𝑍0

𝐻𝑐
𝐸𝑎

𝐻𝐶
3

𝐾𝑎 . 𝛾. 𝐻 − 2. 𝑐. √𝐾𝑎

Figura 6: Diagrama de tensões ativas para solos coesivos

No caso ativo, a distribuição de empuxos se anula a uma determinada

profundidade 𝑧0 . Profundidade essa, representada pela expressão:

2𝑐
𝑧0 = (3.16)
𝛾 √𝐾𝑎

As tensões horizontais acima do ponto (𝑧0 ) são negativas, gerando esforço de


tração no solo. Dito isto, é possível afirmar que escavações verticais feitas até este
ponto, são estáveis.

De acordo com Gerscovich (2010), a região de tensões acima do ponto (𝑧0 )


deve ser desconsiderada em projeto, em função do favorecimento à segurança, uma
vez que os parâmetros coesivos do solo podem sofrer variações.

As tensões passivas em solos que apresentem coesão, são expressas pela


equação:

𝜎𝑝 = 𝜎𝑣 𝐾𝑝 + 2𝑐 √𝐾𝑝 (3.17)
38

Logo, seu empuxo passivo é obtido a partir da seguinte expressão:

𝐻 𝛾𝐻 2 𝐾𝑝
𝐸𝑝 = ∫ (𝐾𝑝 𝛾𝑧 + 2𝑐 ) 𝑑𝑧 = + 2𝑐𝐻𝐾𝑝 (3.18)
0 2

2. 𝑐√𝐾𝑝

Figura 7: Diagrama de tensões passivas em solos coesivos

3.8 INFLUÊNCIAS DA SOBRECARGA

De acordo com Gerscovich (), na presença de uma carga (𝑞) distribuída


uniformemente sobre a superfície do terreno, a tensão vertical que ela exercerá em
qualquer ponto do terreno é verificada, por:

𝜎 ′ 𝑣 = 𝛾𝑧 + 𝑞 (3.19)

Caso o maciço se encontre em equilíbrio limite, a tensão horizontal sobre a


parede, a uma profundidade 𝑧 passa a ser:
39

Caso ativo:

𝜎𝑎 = 𝜎 ′ 𝑣 𝐾𝑎 + 𝑞𝐾𝑎 (3.20)

Caso passivo:

𝜎𝑝 = 𝜎 ′ 𝑣 𝐾𝑝 + 𝑞𝐾𝑝 (3.21)

Tendo seus empuxos encontrados de forma semelhante, diferindo apenas nos


coeficientes, a expressão utilizada para os casos passivo e ativo, é dada pela
expressão abaixo:

𝐻 𝐻 𝛾𝐻 2 𝐾
𝐸 = 𝐸1 + 𝐸2 = ∫0 (𝐾𝛾𝑧) 𝑑𝑧 + ∫0 (𝐾𝑞) 𝑑𝑧 = + 𝑞𝐻𝐾 (3.22)
2

Em referência as Eq. 3.18 e 3.19 tem-se os diagramas de tensões abaixo:

𝐻
𝐻 𝐸2

𝐻
2 3𝐻 𝐸1
2

𝐾. 𝑞 𝐾. 𝛾. 𝐻

(𝑎) (𝑏)

Figura 9: (a) solo sofrendo ação de um carregamento q (b) diagrama de tensões ativas
e passivas do solo sob o esforço do carregamento q.
40

3.9 INFLUÊNCIA DO NÍVEL FREÁTICO

De acordo com as anotações feitas Terzaghi (1943), que notou a diferença da


natureza das tensões efetivas e neutras, conclui-se que a tensão total num plano
qualquer deve ser considerada como a soma das suas parcelas. Logo, caso haja um
nível de freático onde o solo se encontre submerso, a verificação da tensão em
determinado ponto, abaixo desse nível, é feita da seguinte forma:

𝜎𝑣 = 𝜎 ′ 𝑣 + 𝑢 (3.23)

Onde:

𝜎 ′ 𝑣 = 𝛾(𝐻 − 𝐻𝑤 ) + 𝛾𝑠𝑢𝑏 𝐻𝑤 (3.24)

E a tensão neutra é dada por:

𝑢 = 𝛾𝑤 𝐻𝑤 (3.25)

Substituindo as (3.22) e (3.23) em (3.21) , obtém-se:

𝜎𝑣 = 𝛾(𝐻 − 𝐻𝑤 ) + 𝛾𝑠𝑢𝑏 𝐻𝑤 + 𝛾𝑤 𝐻𝑤 (3.26)

Sendo as tensões horizontais expressas por:

𝜎ℎ = 𝐾𝜎𝑣′ + 𝑢 (3.27)

Logo, para os casos ativos e passivos temos as seguintes equações:

Caso ativo:

𝜎𝑎 = 𝐾𝑎 𝛾(𝐻 − 𝐻𝑤 ) + 𝐾𝑎 𝛾𝑠𝑢𝑏 𝐻𝑤 + 𝛾𝑤 𝐻𝑤 (3.28)

Caso passivo:

𝜎𝑝 = 𝐾𝑝 𝛾(𝐻 − 𝐻𝑤 ) + 𝐾𝑝 𝛾𝑠𝑢𝑏 𝐻𝑤 + 𝛾𝑤 𝐻𝑤 (3.29)


41

Figura 10: Diagrama de tensões para um solo com influência do nível freático.

Visto acima alguns dos mais comuns casos determinantes de tensões, no


entanto de forma isolada, é necessário relacioná-los, uma vez que o material poderá
enquadrar-se em mais de um dos estados citados. A expressão abaixo contempla
todos os casos citados, sendo ela:

Para tensões ativas:

𝜎𝑎 = 𝛾𝐻𝐾𝑎 − 2𝑐√𝐾𝑎 + 𝑞𝐾𝑎 + 𝛾𝑤 𝐻𝑤 (3.30)

Para tensões passivas:

𝜎𝑝 = 𝛾𝐻𝐾𝑝 + 2𝑐√𝐾𝑝 + 𝑞𝐾𝑝 + 𝛾𝑤 𝐻𝑤 (3.31)


42

4 DIMENSIONAMENTO DE CORTINAS AUTOPORTANTES

4.1 CONCEITOS

Partindo do pressuposto que a estaca só apresenta movimento de um corpo


rígido, sendo desprezíveis as deformações sofridas pela estrutura mediante as
deformações do terreno, o dimensionamento é feito com base nos esforços das
tensões solicitantes e tensões resistentes. Primeiro calcula-se uma “ficha” mínima,
que garanta a estabilidade da parede, em seguida determina-se o valor do momento
máximo e o ponto de atuação e por último dimensiona-se a seção da estaca.

4.2 MÉTODO DE BOWLES (1968)

Para o dimensionamento de uma cortina em balanço, a metodologia de Bowles


(1968) é comumente utilizada nos Estados Unidos. Em relação às contenções em
balanço, os elementos básicos a serem determinados se resumem ao comprimento
da ficha e o momento fletor máximo a serem considerados para o dimensionamento
da seção (Magalhães, 2003).

De acordo com Antunes (2007), este método segue alguns princípios no


dimensionamento convencional, sendo dois deles comumente utilizados: Método da
Extremidade Fixa e Método da Extremidade Livre.

No método da extremidade livre, os elementos de contenção são concebidos


utilizando-se o critério de ficha mínima, podendo haver rotação pelo “pé” do elemento
em analogia à instalação de uma rótula. No método de extremidade fixa, os elementos
de contenção são idealizados a partir da contemplação de que a ficha é aprofundada
de forma a coibir deslocamentos no fundo da peça estrutural, analogamente à um
apoio engastado (VELLOSO FILHO, 2009). A figura 3 apresenta um esquema
43

representando a atuação dos empuxos ativos e passivos para um perfil em balanço


com ficha mínima.

A resultante do empuxo ativo é dada pela soma do empuxo ativo acima da linha
de escavação e o empuxo ativo abaixo da linha de escavação, conforme mostrado na
Figura.

Figura 11: Diagrama de empuxos resultantes e esquema de cálculo (ANTUNES,


2007).

Estando o centro de rotação localizado no ponto “𝑂”, a uma distância 𝑦 abaixo


da linha de escavação, onde a pressão na cortina é nula, isto é, onde ocorre o
equilíbrio entre os empuxos ativo e passivo. A distância entre o ponto de rotação e a
cota de implantação 𝑦 é dada pela seguinte expressão:

𝑃𝐴 𝑃𝐴
y= ′
𝛾 (𝐾𝑝 −𝐾𝑎 )
= 𝐶
(4.1)

Tendo em vista que no ponto “𝑂”, a tensão é nula e 𝐶 = 𝛾 ′ (𝐾𝑝 − 𝐾𝑎 ), no


extremo inferior da ficha tem-se a pressão resultante descrita a partir da seguinte
expressão:
44

𝑃𝐸 = 𝛾 ′ 𝐷(𝐾𝑝 − 𝐾𝑎 ) − 𝑃𝐴 (4.2)

Onde a tensão, a uma profundidade igual a cota do corte, no lado direito do


terreno é dada por:

𝑃𝐴 = 𝛾𝐻′𝐾𝑎 (4.3)

Admitindo-se que a deformação do paramento ocasionará inversão dos


estados de ruptura, ativos e passivos, em algum ponto ′′𝑂′′ , define-se a tensão
passiva, 𝑃𝐴2 atuante no pé da parede, do lado direito, posteriormente, define-se a
tensão passiva líquida, 𝑃𝐽 , atuante no “pé” da parede:

A pressão resultante, à direita da cortina, no pé da estaca é dada pela


expressão:

𝑃𝐴2 = 𝑃𝐴 + 𝛾 ′ 𝐷𝐾𝑎 (4.4)

E no seu extremo inferior, conforme mostrado na Figura 3, tem-se:

𝑃𝐽 = 𝑃𝐸 + 𝛾𝐻 ′ 𝐾𝑝 (4.5)

A partir dos empuxos podem-se determinar os esforços horizontais e,


consequentemente, os momentos que satisfaçam o equilíbrio na estrutura.
Os valores de esforços horizontais são encontrados através das áreas triangulares
delimitadas pelos empuxos e as respectivas alturas mostradas na Figura 3.

Logo, para forças horizontais, ∑ 𝐹𝐻 = 0:

𝐻′𝑃𝐴 𝐷(𝑃𝐴 +𝑃𝐴2 ) 𝑧(𝑃𝐸 +𝑃𝐽 ) 𝐷(𝑃𝐸 +𝑃𝐴2 )


+ + − =0 (4.6)
2 2 2 2

Para o momento, tem-se ∑ 𝑀𝑏𝑎𝑠𝑒 = 0, logo:


45

𝐻 ′ (𝑃𝐴 ) 𝐻′ 𝐷2 𝑃𝐴 𝐷(𝑃 −𝑃 ) (𝐷) 𝑧(𝑃 +𝑃 ) (𝑧) 𝐷(𝑃𝐸 +𝑃𝐴2 ) (𝐷)


[ 2
(𝐷 + 3
)] +[ 2
] + [ 𝐴22 𝐴 3 ] + [ 𝐸2 𝐽 3 ] −[ 2 3
] =0 (4.7)

O esforço cortante é zero, quando ∑ 𝑃𝐴 = ∑ 𝑃𝑃 .

[(𝐻 ′ +𝑦)(𝑃𝐴 )]
∑ 𝑃𝐴 = (4.8)
2

[𝛾(𝐾𝑝 −𝐾𝑎 )(𝑥²)]


∑ 𝑃𝑃 = (4.9)
2

Colocando x em evidência, encontra-se o ponto onde o cortante é nulo. Com


base em Eduardo (2012), o momento máximo não ocorre no pé da escavação e sim,
onde o esforço cortante é nulo. Para as duas equações têm-se duas variáveis
desconhecidas: D, que é o tamanho da ficha, e z, que definirá o triângulo de empuxo
passivo. Desta forma, deve-se encontrar um valor de D e z que satisfaçam as
equações (4.6) e (4.7) simultaneamente. O desenvolvimento das expressões de
equilíbrio de momentos e forças horizontais desencadeará equações do 3º e 4º graus,
resolvidas com o auxílio de uma planilha eletrônica.

Multiplica-se o valor de 𝑀𝑚á𝑥 obtido, pelo espaçamento entre eixos das estacas
para se obter o valor do momento em cada uma das estacas. Após a obtenção dos
esforços, procede-se o dimensionamento.
46

5 ESTUDO DE CASO

Os conceitos demonstrados anteriormente foram aplicados em um projeto de


estrutura de contenção para a execução do subsolo de um edifício residencial. A
altura da escavação (𝐻) é de três metros.

Verificou-se que não havia a presença de estruturas vizinhas que exerçam um


carregamento sobre o terreno e a topografia foi considerada plana, logo 𝛽 = 0.

Os parâmetros para os solos encontrados de forma empírica são expressos


na Tabela 1, (MARAGON, 1982).

TABELA 1 – Avaliação dos Parâmetros de Resistência e de deformabilidade


em Função do SPT (correlações empíricas – uso limitado a estudos preliminares).

Foi executada uma sondagem para investigação geotécnica e constatou-se


que há homogeneidade na camada a ser escavada. O solo era de natureza arenosa
47

e seu estado de compacidade era considerado mediamente compacto. Foram


arbitrados, com base na Tabela 1. Os valores do terreno estão expressos na Tabela
2.

TABELA 2 – Parâmetros do solo de estudo

Parâmetros do solo
𝛾(𝐾𝑁/𝑚² ) 𝜑(°) 𝐻 c
20 32 3 0

O solo descrito é predominantemente arenoso e pouco compacto. O


dimensionamento envolveu o cálculo da profundidade da ficha (𝐷0 ), o momento
máximo atuante (𝑀𝑚á𝑥 ) e sua posição (x), para isso aplicou-se o equilíbrio estático e
determinaram-se aqueles valores através de um estudo paramétrico. Logo, para
encontrar (𝐷0 ), (𝑀𝑚á𝑥 ) 𝑒 (𝑥). Com base nos dados coletados e aplicamos dois
métodos para a obtenção dos dados necessários

5.1 Método Analítico

Para este modelo, utilizadas considerações apresentadas pela teoria de


Rankine (1856) para o cálculo dos coeficientes de empuxo, desconsiderando assim o
contato solo-contenção, a superfície de ruptura sendo plana e o solo como um material
isotrópico e homogêneo, e aplicado o método de Bowles, temos:

Ficha mínima (𝐷0 ) = 4,39m

Momento Fletor máximo (𝑀𝑚á𝑥 ) = 68,221KNm/m

Ponto de aplicação do 𝑀𝑚á𝑥 (𝑥) = 1,607m

Esforço cortante máximo (𝑄𝑚á𝑥 ) = 91,687KN/m


48

5.2 Modelo numérico

Foi utilizado o programa comercial GEO5 2018 – Projeto de contenções para


o dimensionamento da contenção. Os dados de entrada no programa, tais como
altura de corte, peso específico do solo, ângulo de atrito entre as partículas e entre o
solo e a estrutura, nível do freático, coesão e carregamentos adicionais, foram os
mesmos utilizados nos cálculos manuais, afim de relacioná-los.

A Figura 12 é uma representação virtual da cortina de estacas contendo a


massa de solo, tirada do software GEO5.

Figura 12: Representação virtual da estrutura de contenção cortina de estacas justapostas


atuando no talude. (GEO5)

A figura 13 apresenta os resultados do solo, baseado nos parâmetros de


entrada. Podemos identificar os diagramas de momento fletor e cortante, tal como
seus comportamentos e valores de máxima.
49

(𝑎) (𝑏) (𝑐)


Figura 13: Diagramas: (a) geometria da estrutura (b) momento fletor (c) esforço cortante

5.3 Comparação dos resultados

A tabela 3 apresenta os valores encontrados nos dois métodos de cálculo.

TABELA 3

D 𝑀𝑚á𝑥 𝑄𝑚á𝑥
Cálculo 5,26m 68,22KNm/m 74,687KN/m
Manual
GEO 5 5,00m 74,84KNm/m 100,93KN
Diferença (%) 4 9,7 25,07

Conforme mostrado na Tabela 3, o modelo computacional foi mais


conservador. Para ambos os métodos foram considerados uma minoração de 50% do
empuxo passivo (NBR-6122,1996) e após o cálculo da ficha (𝐷0 ), foi calculado o
comprimento designado por ficha de projeto (D), aumentando o valor de (𝐷0 ), em 20%
segundo Budhu (2013). Cabe observar que a introdução do coeficiente de segurança
50

no empuxo passivo tem a finalidade de assegurar a estabilidade da parede. A ficha


adicional (0,2𝐷0 ) tem a finalidade de garantir o equilíbrio das componentes horizontais
das forças do sistema, no caso de o empuxo passivo disponível real ser inferior ao
calculado, em função das simplificações realizadas em cada método e pela
possibilidade de erro na hora da escavação, tornando-se importante a existência de
uma folga para a estabilidade da estrutura.

5.4 DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL

No dimensionamento das estacas foram considerados esforços de flexo


compressão normal e cortante, assim como se calcula em seções de pilares
circulares.

Trata-se da obtenção do diâmetro da estaca adequado às solicitações e


consequentemente da área de aço para tal seção

5.5 DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA LONGITUDINAL

Com base na literatura de concreto armado, segundo RODRIGO (2012), a


seções circulares, tanto de flexão simples, quanto as de flexo-compressão serão
obtidas por meio de ábacos, para facilitarem o dimensionamento. Neste projeto
utilizou-se as recomendações de Rocha (1987).

Para utilização das tabelas é necessário:

• Calcular os parâmetros, que são em função do esforço normal, momento e

disposição da armadura;

• Definir a resistência da argamassa ou concreto (para o trabalho atual, foi


utilizado 𝑓𝑐𝑘 = 20𝑀𝑃𝑎
51

Os parâmetros são:

𝑟−𝑑 ′
(5.1)
𝑟

𝑁𝑑
𝑣= 2𝑓 (5.2)
𝑟 𝑐𝑘

𝑀𝑑
𝜇= (5.3)
𝑟 3𝑓𝑐𝑘

Sendo:

r: raio da seção;

d’: cobrimento da armadura;

𝑀𝑑 : momento fletor solicitante;

𝑁𝑑 : normal solicitante;

𝑓𝑐𝑘 : resistência do concreto;

A taxa de armadura (𝜌), de acordo com Antunes (2007) é obtida aplicando-se


os parâmetros encontrados nas Eq. (5.2), (5.3) e na Tabela 4. Encontrada a taxa de
armadura em porcentagem, é possível determinar a área de aço (𝐴𝑠 ), dada por:

𝐴𝑠 = 𝜌𝑓𝑐𝑘 𝑟 2 (5.4)

Com (ρ) em porcentagem, r em centímetro e fck em t/cm². Cada tabela é


elaborada para um tipo de disposição da armadura, obedecendo a simetria na
52

distribuição das barras de aço. Utilizando-se estacas com 40cm de diâmetro e


cobrimento de 3cm

𝑟 − 𝑑 ′ 0,2 − 0,03
= = 0,85
𝑟 0,2

Segundo Antunes (2007), por se tratar de uma contenção que bem


provavelmente não receberá carregamentos horizontais tão elevados, o esforço
normal (Nd) de projeto foi considerado igual a 8 toneladas força (tf) por estaca, o
que corresponderia a 100 toneladas força a cada 5 metros (pilares de uma futura
obra), mais o peso próprio das estacas.

Foi utilizado o maior momento fletor (Md) encontrado entre o método analítico
e numérico com valor igual a 6,6tf.m por estaca com diâmetro de 400mm.

Então, temos:

6𝑡𝑓. 1,4
𝑣= = 0,14
(0,2𝑚)2 2000𝑡𝑓/𝑚²

6,6𝑡𝑓. 1,4
𝜇= = 0,5775
(0,2𝑚)3 2000𝑡𝑓/𝑚²

TABELA 4: Cálculo de seções circulares sujeitas a flexão composta


53

Através do ábaco, por meio de interpolação, encontramos 𝜌 igual a 24,67%.


Logo, temos:

𝐴𝑠 = 𝜌𝑓𝑐𝑘 𝑟 2 = 0,246. (202 )0,2 = 19,73𝑐𝑚²

A área de aço corresponde a 10 barras de 16mm de diâmetro, que tem uma


área total de 20,11cm². A norma NBR-6118 estabelece valores limites para
armaduras longitudinais de pilares em:

0,15𝑁𝑑
𝐴𝑠,𝑚í𝑛 = ≥ 0,004𝐴𝑐 → 0,245𝑐𝑚2 ≤ 5,04𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑

𝐴𝑠,𝑚á𝑥 = 8,0%𝐴𝑐 = 100,48𝑐𝑚2

Logo, ambas as condições foram satisfeitas, uma vez que a área de cálculo é
de 20,11cm².

5.6 DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA TRANSVERSAL


54

A força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais


comprimidas de concreto é dada pela seguinte expressão:

𝑉𝑅𝑑2 = 0,27𝛼𝑣2 𝑓𝑐𝑑 𝑏𝑤 𝑑 (5.5)

Sendo 𝛼𝑣2 , dado por:

𝑓𝑐𝑘
𝛼𝑣2 = (1 − ) (5.6)
250

Com 𝑓𝑐𝑘 dado em (𝑀𝑃𝑎), o valor do coeficiente é:

𝛼𝑣2 = 0,85

𝑏𝑤 𝑑 é a área efetiva de uma seção retangular, no entanto, por tratar-


se de uma seção circular, a conversão é feita por uma área referente ao
diâmetro efetivo da armadura, que é:

𝜑𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎
𝑑𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜 = 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 − (𝑑 ′ + ) (5.7)
2

1,6
𝑑𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜 = 40 − (3 + ) = 36,2𝑐𝑚
2

Substituindo (5.6) e (5.7) em (5.5), temos:

2000
𝑉𝑅𝑑2 = 0,27.0,92. (0,362)2 = 365,04𝐾𝑁
1,4

Logo, a condição em que 𝑉𝑠𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑2 , sendo 𝑉𝑠𝑑 = 138,6𝐾𝑁 está satisfeita. Isto
implica dizer que as bielas de concreto resistem.

O cálculo da armadura transversal é dado pela seguinte expressão:


55

𝑉𝑠𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑3 = 𝑉𝑐 + 𝑉𝑠𝑤 (5.8)

Onde tem-se a força cortante resistente de cálculo do concreto de acordo a


seguinte expressão abaixo:

𝑉𝑐 = 1,2𝑓𝑐𝑡𝑑 𝑏𝑤 𝑑 (5.9)

Sendo

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓
𝑓𝑐𝑡𝑑 = = 1,1 𝑀𝑃𝑎
𝛾

Onde 𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 é igual a:

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,7𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 1,547 MPa

E o 𝑓𝑐𝑡,𝑚 é dado por:

𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 0,3 3√𝑓𝑐𝑘 2 = 2,21 MPa

Logo, tem-se:

3 2
0,7(0,3 √𝑓𝑐𝑘 2 ) 𝜋𝑑𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑜
𝑉𝑐 = 1,2 = 136,43𝐾𝑁
𝛾 4

onde:

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 : valor inferior da resistência característica à tração do concreto;

𝑓𝑐𝑡,𝑚 : resistência média à tração do concreto;

𝑓𝑐𝑘 : resistência característica à compressão do concreto;

𝑓𝑐𝑡𝑑 : resistência de cálculo à tração do concreto.

𝛾: peso específico do concreto

A força cortante resistente de cálculo do aço é expressa por:


56

𝐴𝑠𝑤
𝑉𝑠𝑤 = ( ) 0,9𝑑𝑓𝑦𝑤𝑑 (𝑠𝑒𝑛𝛼 + 𝑐𝑜𝑠𝛼) (5.10)
𝑠

no entanto, segundo RODRIGO (2012), a contribuição de 𝑉𝑠𝑤 é irrelevante, uma vez


que o concreto é capaz de resistir a todo esforço cisalhante, sendo assim a taxa de
armadura mínima será a prevista pela NBR-6118.

𝑉𝑠𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 𝜌𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 0,9𝑏. 𝑑𝑤 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 (5.11)

Sendo:

𝑓𝑐𝑡,𝑚
𝜌𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 0,2
𝑓𝑦𝑤𝑘

Onde:

𝜌𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 : taxa da armadura transversal mínima, dependente das resistências do


concreto e do aço. A seguir é apresentada uma tabela com os valores da taxa mínima
da armadura transversal, em porcentagem, segundo Pinheiro (2010).

TABELA 5 – Taxa da armadura transversal mínima

De acordo com a tabela (), 𝜌𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 0,088%. Substituindo em

0,088
𝑉𝑠𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 𝜌𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 0,9𝑏. 𝑑. 𝑓𝑦𝑤𝑑 = . (3,14). (202 ). (43,5) = 43,47KN
100
57

Resultando assim, em:

𝑉𝑠𝑑,𝑚𝑖𝑛 + 𝑉𝑐 = 43,47 + 136,4 = 179,87𝐾𝑁

Para o cálculo da área mínima de armadura, temos:

0,088
𝐴𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 = 𝜌𝑠𝑤,𝑚𝑖𝑛 100𝑏𝑤 = ( . (100)(40)) = 2,454𝑐𝑚2 /𝑚
100

Também é necessário definir o espaçamento dos estribos. De acordo com a NBR-


6118 temos que o espaçamento longitudinal entre estribos deve ser igual ou inferior
ao menor dos seguintes valores:

 200mm;
 menor dimensão da seção, que no projeto é de 310mm;
 12 vezes a bitola do aço da seção longitudinal, que no projeto é de 16mm, ou
seja, 192mm.

O espaçamento máximo entre estribos para 𝑉𝑠𝑑 < 0,67𝑉𝑟𝑑2 é:

𝑆𝑚á𝑥 = 0,6. 𝑑 ≤ 300𝑚𝑚

𝑆𝑚á𝑥 = 0,6. 36𝑐𝑚 = 216,0𝑚𝑚

216𝑚𝑚 ≤ 300𝑚𝑚

Logo para a área de estribo calculada e utilizando barra de 6,3 mm, teremos:

Área por espaçamento:

𝜋𝑑² 𝜋(6,3)²
= = 0,31𝑐𝑚²
4 4

Espaçamento entre os estribos:

0,31𝑐𝑚2 . 1
𝑠= = 0,126 𝑜𝑢 12𝑐𝑚
2,454
58

Portanto, para atender os requisitos de espaçamento e área mínima por


metro, foi adotada uma armadura transversal composta por barra de 6,30mm a cada
12cm.
59

6 DISCUSSÃO

Com base nos resultados obtidos pode-se observar que, o comprimento da


ficha mínima, nas duas análises, foi maior que o corte em questão, o que reafirma a
consideração de que esse tipo de contenção não é vantajoso para alturas maiores
que 5 metros. Para um perfil de solo, com a mesma configuração e parâmetros, um
corte de 5 metros necessitaria de uma ficha mínima de 8,76 metros, o que mostra um
crescimento não linear.
Fatores como coesão e carregamento sobre o terreno não foram abordados no
estudo de caso, uma vez que as condições do local não forneciam a presença de tais
aspectos. A coesão trabalha a favor da contenção, gerando assim uma redução no
tamanho da ficha, no entanto essa característica varia com uma certa facilidade em
decorrência da exposição do corte a chuvas intermitentes e insolação por longo
período.
É necessário um estudo laboratorial para a determinação dos valores de
coesão do solo, pois os métodos empíricos apenas mensuram tais valores, e o solo
possui uma complexidade variante de local para local. A desconsideração da coesão
acarretará num superdimensionamento da obra, entretanto, superestimar seu valor
pode trazer riscos ao dimensionamento da estrutura.
Carregamentos externos aumentam a tensão no terreno e consequentemente
na estrutura. Observou-se que um acréscimo de 15KN/m distribuídos nas adjacências
do terreno, geram um acréscimo de 49% no comprimento de ficha. Dito isto, é
necessário saber se o terreno está (ou estará) sujeito a carregamentos elevados.
60

7 CONCLUSÃO

Demonstrou-se neste trabalho, conceitos da mecânica dos solos aplicados ao


dimensionamento de uma estrutura de estaca justaposta autoportante.
Para tal, foram utilizadas ferramentas como softwares e planilhas eletrônicas
para soluções analíticas e numéricas, e o conhecimento necessário para interpretar e
analisar os dados obtidos. No método analítico, foi escolhido o método de Bowles,
dentre tantos outros propostos na literatura, por sua praticidade. Entretanto, apesar
de prático, o método conserva a variação de empuxos característica que ocorre abaixo
do ponto de rotação, devido ao movimento da estrutura, representado o que ocorre
numa situação real. Foi possível observar que o momento fletor máximo não ocorre
no pé do corte, como se acreditava. Ele ocorre onde o esforço cortante é nulo, e tal
ponto se encontra abaixo da cota de escavação. A armadura longitudinal deve ser
dimensionada para este ponto.
No método numérico, foi utilizado o programa GEO5, com os valores de entrada
iguais aos parâmetros do terreno, afim de uma comparação entre os dois resultados.
O método computacional mostrou-se mais conservador, uma vez que apresentou
maiores valores para o momento fletor máximo, esforço cortante e comprimento de
ficha. Tais discrepâncias talvez se devam ao método utilizado, uma vez que existem
inúmeros e dentre eles várias considerações ou aproximações nos cálculos analíticos.
Encontrados o momento máximo e o esforço cortante máximo, a sombra da
NBR-6118, foi verificada a resistência do concreto e da armadura presente na peça.
A cortina de estacas secante, com diâmetro de 40cm e cobrimento de 3cm por estaca
satisfez todas as à flexão, cortante e princípios construtivos.
61

REFERÊNCIAS

ABNT – NBR 6118 – Projeto e execução de Obras de Concreto Armado

ABNT – NBR 6122 – Projeto e execução de Fundações

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Graduação em Engenharia Civil. Universidade Estadual do Norte Fluminense,
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657p.

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1975.

CRAIG, Robert F. Craig’s soil mechanics. 7.ed. Londres: Taylor & Francis Group.
2004. 447p.

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Paulo, 2007.

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projeto e execução de escavações e contenções. In: HACHICH, W. C. Fundações:
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MOLITERNO, A., Caderno de Muros de Arrimo, Editora Edgard Blücher, 2ª Edição,


São Paulo, 1994, 194p.

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of the Royal Society of London, Vol. 147, Part 1(n.o 1):páginas 9–27. Obra não
consultada diretamente.

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pré-moldadas. Trabalho de Conclusão de Curso. Graduação em Engenharia Civil.
Universidade Estadual de Goiás, Goiás, 2015.
62

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área de concentração de estruturas da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
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VELLOSO, D.A. e Lopes, F.R. Fundações – Volume 2. Editora COPPE/UFRJ, 1ª


Edição, Rio de Janeiro, 2002, 472p.

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