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CIRCUITOS DE
CORRENTE ALTERNADA
Julho - 2003
ÍNDICE
1 - CIRCUITOS DE C.A.
Agora que você tem algum conhecimento de uma oposição líquida (resultante) à corrente. Esta
corrente contínua (C:C.) e de corrente alternada resultante é a impedância, representada pelo sím-
(C.A.), bem como sobre o comportamento da re- bolo Z. Usa-se a fórmula da Lei de Ohm para cal-
sistência (R), da indutância (L) e da capacitância cular Z do mesmo modo que para o calculo da re-
(C) nos circuitos básicos de C.C. e de C.A., você sistência (R).
está pronto para estudar como esses elementos de
um circuito podem ser combinados para controlar A Impedância (Z) de um circuito de
e afetar a corrente nos circuitos elétricos de C.A. C.A. é a oposição resultante (líqui-
Você também aprendeu a analisar circuitos sim- da) à passagem da corrente elétrica
ples de C.A. (e de C.C.) com apenas um dos ele-
mentos de um circuito - resistência, indutância ou Z=E/I
capacitância.
A expressão ângulo de fase (ϕ) é usada para
designar a relação de tempo entre tensões e cor-
rentes alternadas de mesma freqüência. Por exem-
plo, se duas tensões alternadas têm polaridades
opostas em cada instante, elas estão defasadas
180° ou, em outras palavras, o ângulo de fase en-
tre elas é de 180 graus. Se a corrente atinge sua
amplitude máxima quando a tensão está no seu
valor zero, o ângulo de fase entre elas é de 90
graus.
Existe uma relação de fase bem definida entre
a tensão aplicada e a corrente nos circuitos resisti-
vo, indutivo e capacitivo, sendo que:
1. Em um circuito resistivo, a tensão e a cor-
rente estão em fase.
Nos circuitos de C.A. em série, ao mesmo mo- pelo indutor no sentido oposto.
do que nos circuitos de C.C. em série só existe um Para efeito de um melhor entendimento de
caminho para a corrente. Isto é verdade, seja qual nosso estudo, estaremos nos referenciando a um
for o tipo de circuito em série: RL, RC, LC ou circuito em série, onde as resistências estão agru-
RLC, bem como circuitos com várias impedâncias padas numa única resistência (R = R1+R2+...+Rn);
dos tipos já citados. Como existe somente um ca- numa única reatância indutiva (XL =
minho, a intensidade da corrente é a mesma em XL1+XL2+...+XLn) e numa única reatância capaci-
todas as partes do circuito, em qualquer instante; tiva (XC = XC1+XC2+...+XCn).
os ângulos de defasagem, em um circuito em sé- Se você traçar as ondas de corrente no resistor,
rie, são medidos, portanto, em relação à corrente, na bobina e no capacitor (IR, IL e IC), elas terão a
a não ser que haja indicação em contrário. mesma forma e o mesmo ângulo de fase. A cor-
Assim, em um circuito em série como o da rente total no circuito (IT) é também igual a cada
figura, a corrente de carga do capacitor passa pelo uma dessas correntes (It = IR = IL = IC). Também é
resistor e pelo indutor. Quando o sentido da cor- evidente que não importa a ordem dos elementos
rente é invertido, ela também passa pelo resistor e do circuito.
CEDUP Diomício Freitas CIRCUITOS DE C.A. 6
Representação vetorial
Considerando o circuito em série acima, ire-
mos representar a tensão ER em fase com a corren-
te, a tensão EL adiantada 90° (um ângulo reto) em
relação à corrente e a ER e a tensão EC atrasada
CEDUP Diomício Freitas CIRCUITOS DE C.A. 7
do circuito é igual a reatância capacitiva (XC) do ressonância e que pode ser assim calculada:
mesmo circuito. Em ressonância, X L = X C
Neste caso, a impedância (Z) do circuito será 1
igual a resistência (R) do circuito ... como X L = 2.π . f .L e X C =
2.π . f .C
Z = R2 + (X L − X C )2 1
temos : 2.π . f .L =
como X L = X C 2.π . f .C
Z=R 2 1 1
∴ f = 2
⇒ f = 2
... e a corrente atingirá o seu valor máximo no cir- 4.π .L.C 4.π .L.C
cuito (I = V/Z). 1
ou f r =
Em todo circuito elétrico em série contendo 2.π . L.C
indutância (L) e capacitância (C), existe uma fre-
qüência na qual XL = XC que é a freqüência de
capacitância do circuito.
Resolução:
r
a - Cálculo de Z
r
Z = Z∠ϕ Resolução:
r
a - Cálculo de Z
Z = R2 + ( X L − X C )2 r
Z = Z∠ϕ
Z = 80 2 + (60 − 0) 2 = 10000 = 100Ω
Z = R2 + ( X L − X C )2
X − XC 60
ϕ = tg −1 L = tg −1 = 36,87° Z = 90 2 + (90 − 210) 2 = 22500 = 150Ω
R 80
r
isto é: Z = 100∠36,87°Ω X − XC 90 − 210
ϕ = tg −1 L = tg −1 = −53,13°
Obs.: o ângulo positivo indica que a carga é R 90
r
indutiva. isto é: Z = 150∠ − 53,13°Ω
r Obs.: o ângulo negativo indica que a carga é
b - Cálculo de i
r capacitiva.
r E
Pela Lei de Ohm, i = r r
Z b - Cálculo de i
r
Como r E
r r Pela Lei de Ohm, i = r
E = 120∠0°V e Z = 100∠36,87°Ω Z
r 120∠0° Como
r r
i = = 1,2∠(0 − 36,87°) E = 220∠0°V e Z = 150∠ − 53,13°Ω
100∠36,87°
r r 220∠0°
ou seja : i = 1,2∠ − 36,87° A i = = 1,47∠[0 − (−53,13°)]
O ângulo negativo indica que a corrente está 150∠ − 53,13°
r
atrasada em relação à tensão. ou seja : i = 1,47∠53,13° A
c - Cálculo das Potências O ângulo positivo indica que a corrente está
S = E.i = 120 x1,2 = 144VA adiantada em relação à tensão.
P = R.i 2 = 80 x1,2 2 = 115,2W c - Cálculo das Potências
Q = X .i 2 = 60 x1,2 2 = 86,4VAR S = V .i = 220 x1,47 = 323,4VA
Os equipamentos elétricos são ligados geral- va, mas, para um dado circuito, podemos deixar
mente em paralelo e aos terminais da fonte de a- de considerar qualquer um desses fatores cujo e-
limentação de C.A. Da mesma forma que nos cir- feito seja desprezível.
cuitos em série, todo circuito em paralelo contém No nosso estudo vamos nos referir a circuitos
resistência, reatância indutiva e reatância capaciti- com impedâncias em paralelo.
temos: r
r E
it = it ∠ϕ = r = (i1H + ji1V ) + (i 2 H + ji 2V )
ZT
r
∴ it = (i1H + i 2 H ) + j (i1V + i 2V )
r
a - Cálculo de Z eq Req = Z eq . cos ϕ eq
sendo
r r X eq = Z eq .senϕ eq
r r r Z b .Z c
Z eq = Z b // Z c = r r , onde r
Zb + Zc b - Calculo de Z T
r r r r r
Z T = Z T ∠ϕ ZT = Z a + Z eq
Z b .Z c = Z b ∠ϕ b .Z c ∠ϕ c = Z b .Z c ∠(ϕ b + ϕ c ) r
r r
Z b + Z c = Z b + c ∠ϕ b + c = Z T = Ra + j ( X La − X Ca ) + Req + jX eq =
= Rb + j ( X Lb − X Cb ) + Rc + j ( X Lc − X Cc ) = = Ra + Req + j ( X La − X Ca + X eq )
= Rb + Rc + j ( X Lb + X Lc − X Cb − X Cc ) Z T = ( Ra + Req ) 2 + ( X La − X Ca + X eq ) 2
sendo : onde X La − X Ca + X eq
2 2 ϕ ZT = tg −1
Z b + c = ( Rb + Rc ) + ( X Lb + X Lc − X Cb − X Cc ) Ra + Req
X Lb + X Lc − X Cb − X Cc r
ϕ b + c = tg −1 c - Cálculo de I T
Rb + R c r
r E E∠ϕ E E
r Z .Z ∠[(ϕ b + ϕ c ) − ϕ b + c ] IT = r = = ∠ϕ E − ϕ ZT
∴ Z eq = b c = Z eq ∠ϕ eq Z T Z T ∠ϕ ZT Z T
Z b+c
Na forma complexa teremos:
r
Z eq = Req + jX eq
S (VA) = E.i P Q E2
Z .i 2
cos ϕ senϕ Z
Exercício de fixação:
Calcular no circuito ao lado, a corrente total do
circuito, seu ângulo de fase, a impedância total, a
potência aparente, a potência real e o fator de
potência.
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Resolução: 250
ϕ b + c = tg −1 = tg −1 (0,3125) = 17,35°
a - determinação da impedância total do circuito: 800
r r
r r r r r r ∴ Z b + Z c = 838,15∠17,35° [Ω]
Z T = Z a + ( Z b // Z c ) = Z a + Z eq
Logo:
r r
a.1 - determinação das impedâncias individuais r Z b .Z c 261010∠36,43°
Z eq = r r = = 311,41∠19,08° [Ω]
r Zb + Zc 838,15∠17,35°
Z a = Z a ∠ϕ a = Ra + jX La = 105 + j198 [Ω]
Req = Z eq . cos ϕ eq = 311,41x cos(19,08°) = 294,3Ω
Za = Ra2 + 2
X La 2 2
= 105 + 198 = 224,12Ω X eq = Z eq .senϕ eq = 311,41xsen(19,08°) = 101,8Ω
X La 198 r
e ϕ a = tg −1 = tg −1 = 62,06° ∴ Z eq = 311,41∠19,08° = 294,3 + j101,8 [Ω]
Ra 105
r
Z b = Z b ∠ϕ b = Rb + jX Lb = 300 + j 400 [Ω] a.3
r
- Cálculo da impedância
r r
total
Z T = Z T ∠ϕ ZT = Z a + Z eq = 105 + j198 + 294,3 + j101,8
Z b = R B2 + X Lb
2
= 300 2 + 400 2 = 500Ω
= 399,3 + j 299,8 [Ω]
X Lb 400
e ϕ b = tg −1 = tg −1 = 53,13°
Rb 300 Z T = 399,3 2 + 299,8 2 = 249320,53 = 499,32Ω
r
Z c = Z c ∠ϕ c = Rc + j ( − X Cc ) = 500 − j150 [Ω] 299,8
ϕ ZT = tg −1 = tg −1 (0,75) = 36,9°
399,3
Z c = Rc2 + X Cc
2
= 500 2 + (−150) 2 = 522,02Ω r
∴ Z T = 499,32∠36,9° [Ω]
(− X Cc ) − 150
e ϕ c = tg −1 = tg −1 = −16,7°
Rc 500 b - Cálculo da corrente total do circuito:
a.2 - Cálculo da impedância equivalente nos bra- r
r E 240∠0°
ços do circuito: it = r = = 0,48∠ − 36,9° [A]
r r ZT 499,32∠36,9°
r r r Z b .Z c
Z eq = Z b // Z c = r r , onde
Zb + Zc f - Cálculo das potências:
r r
Z b .Z c = Z b ∠ϕ b .Z c ∠ϕ c = Z b .Z c ∠ϕ b + ϕ c = S = E.i = 240 x0,48 = 115,2 [VA]
= 500 x522,02∠53,13 − 16,7 = 261010∠36,43° [Ω] P = S . cos ϕ ZT = 115,2. cos(36,9°) = 92,12 [W]
r r Q = S .senϕ ZT = 115,2.sen(36,9°) = 69,17 [VAR]
Z b + Z c = Z b + c ∠ϕ b + c =
= 300 + j 400 + 500 − j150 = 800 + j 250 P 92,12
FP = = = 0,8
S 115,2
Z b + c = 800 2 + 250 2 = 702500 = 838,15Ω
4 - Calcular a nova potência reativa do circuito (Q1) 60Hz. Determinar os capacitores que deveremos li-
gar no circuito se quisermos corrigir o Fator de Po-
Q1 = P. tg ϕ1
tência para 0,94:
5 - Calcular a Potência Reativa devida ao Capaci- a - Cos ϕ = 0,75 ⇒ ϕ = 41,41º ⇒ tg ϕ = 0,88
tor (QC)
Cos ϕ1 = 0,94 ⇒ ϕ1 = 19,95º ⇒ tg ϕ1 = 0,36
QC = Q − Q1
b - Q = P. tg ϕ = 35.000 x 0,88 = 30.800 VAR
6 - Calcular a Potência Reativa devida ao Capaci-
c - Q1 = P. tg ϕ1 = 35.000 x 0,36 = 12.600 VAR
tor por fase (QCF)
d - QC = Q - Q1 = 30.800 - 12.600 = 18.200 VAR
Q
QCF = C QC 18200
3 e - QCF = = = 6066,7 VAR
3 3
7 - Calcular as Reatâncias Capacitivas (XC).
f - Para ligação dos capacitores em Estrela
Obs.: A tensão a ser usada no cálculo é aquela a
que o capacitor estará submetido. Se os capaci- VF 2 (VL / 3 ) 2 (440 / 3 ) 2
tores estiverem ligados em triângulo, V = V L e XC = = = =
QCF 6066,7 6066,7
V
se estiverem ligados em estrela, V = V F = L 254 2 64516
3 = = = 10,63 Ω
6066,7 6066,7
V2 1 1
XC = ∴C = = = 0,000249 F
QC 2π . f . X C 2.π .60 x10,63
8 - Calcular a capacitância do Capacitor (C) ou C = 249 µF
ANEXO 1
VETORES
Toda grandeza física é definida por uma inten- Intensidade de um vetor
sidade (quantidade). Como exemplo podemos ci-
tar os termos “5 dias” e “5 ohms”. Esses termos
são expressões de grandezas físicas e cada uma
delas é descrita pelo número 5. Entretanto existem
grandezas físicas que não são descritas apenas pe-
la intensidade. Algumas só terão sentido se outras Sentido e direção
informações forem agregadas. Imagine se fosse-
mos perguntados como chegar a Laguna vindo de
Imbituba e respondêssemos que seria necessário
dirigir o carro aproximadamente 30 Km. A
Graficamente, a direção de um vetor é dada
resposta não os levaria a nenhum lugar. A
pelo ângulo que ele forma com o eixo horizontal.
informação só será completa se indicássemos
além da distância (grandeza física), a direção e/ou
o sentido, isto é, será necessário dirigir o carro
aproximadamente uns 30 Km para o sul.
Grandezas que possuem apenas intensidade
são denominadas escalares, enquanto aquelas que
possuem intensidade e sentido são chamadas de 2 - Operações com vetores
vetoriais.
Os vetores podem ser somados, subtraídos,
1 - Representação gráfica dos vetores multiplicados ou divididos.
Os vetores são representados por um segmento
de reta com uma seta em uma das extremidades,
sendo que o seu comprimento é proporcional à in-
tensidade ou módulo do vetor e a seta indica o
sentido. Quando um vetor é desenhado num gráfi-
co, sua direção é representada pelo ângulo que ele Para somarmos ou subtrairmos vetores com
forma com o eixo horizontal. mesma direção e sentido, basta que somemos ou
Representação gráfica diminuamos as suas intensidade, obtendo-se assim
o vetor resultante que terá a mesma direção, po-
dendo ter o mesmo sentido (no caso de soma) ou
sentido inverso conforme a intensidade dos veto-
res envolvidos. Se somarmos 2 vetores de mesma
intensidade, mesma direção e sentidos opostos, o
vetor resultante será nulo, o mesmo ocorrendo se
subtrairmos 2 vetores de mesma intensidade, dire-
ção e sentido. Como a subtração de 2 vetores é i-
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gual a soma de um com o sentido invertido do ou- A linha que fecha a figura e que vai da origem
tro, trataremos apenas de soma de vetores. do primeira à extremidade do segundo completan-
do o triângulo, é o vetor resultante. O seu com-
Soma de vetores pelo método do paralelogramo primento é a intensidade ou módulo do vetor e o
Quando dois vetores não têm mesmo sentido e ângulo ϕ dá a sua direção e sentido.
mesma direção, podemos somá-los pelo método
do paralelogramo. Paralelogramo é uma figura
geométrica de quatro lados, cujos lados opostos
são iguais e paralelos entre si.
Para somar dois vetores v1 e v2 ...
v r2 = v12 + v 22
∴ v r = v12 + v 22
Soma de vetores pelo método do triângulo
Para somar dois vetores v1 e v2 pelo método do
triângulo, ...
A direção da resultante, dada pelo ângulo ϕ
entre o vetor resultante (hipotenusa) e o eixo hori-
zontal, pode ser determinada pelas relações trigo-
... primeiramente faz-se coincidir a extremida- nométricas entre os 3 vetores (lados do triângulo
de do primeiro com a origem do segundo. retângulo).
cateto oposto v 2 v
senϕ = = ⇒ ϕ = sen -1 2
hipotenusa vr vr
cateto adjacente v1 v
cos ϕ = = ⇒ ϕ = cos -1 1
hipotenusa vr vr
cateto oposto v 2 v
tgϕ = = ⇒ ϕ = tg -1 2
cateto ajacente v1 v1
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ANEXO 2
TABELA DAS RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
ANEXO 3
RESULTADOS DOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VALKENBURGh, Van, Eletricidade Básica - Volume 5, Livraria Freitas Bastos, 1ª edição brasilei-
ra - 1960.