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CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS

AULA 09: ESPÉCIES DE CONTRATO


Prof. Lauro Escobar

AULA 09

= ESPÉCIES DE CONTRATO =

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CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS
AULA 09: ESPÉCIES DE CONTRATO
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Aula 09
Espécies de Contrato

Temas que serão abordados nesta aula → ESPÉCIES DE CONTRATOS


REGULADOS PELO CÓDIGO CIVIL. Compra e Venda. Troca ou Permuta.
Contrato Estimatório. Doação. Locação de coisa móvel e imóvel. Empréstimo:
Comodato e Mútuo. Prestação de Serviços. Empreitada. Depósito. Mandato.
Comissão. Agência e Distribuição. Corretagem. Transporte. Seguro. Constituição
de Renda. Jogo e Aposta. Fiança. Transação. Compromisso. Contrato de
Sociedade. Lei do Inquilinato (Lei n° 8.245/91).

Legislação a ser consultada → CÓDIGO CIVIL: Compra e Venda (arts. 481


a 532). Troca ou Permuta (art. 533). Estimatório (arts. 534 a 537). Doação (arts.
538 a 564). Locação de coisa móvel e imóvel (arts. 565 a 578). LEI DO
INQUILINATO (Lei n° 8.245/91). Empréstimo: a) Comodato (arts. 579 a 585); b)
Mútuo (arts. 586 a 592). Prestação de Serviços (arts. 593 a 609). Empreitada (arts.
610 a 626). Depósito (arts. 627 a 652). Mandato (arts. 653 a 692). Comissão (arts.
693 a 709). Agência e Distribuição (arts. 710 a 721). Corretagem (arts. 722 a 729).
Transporte (arts. 730 a 756). Seguro (arts. 757 a 802). Constituição de Renda (arts.
803 a 813). Jogo e Aposta (arts. 818 a 817). Fiança (arts. 818 a 839). Transação
(arts. 840 a 850). Compromisso (arts. 851 a 853). Contrato de Sociedade (art. 981
e seguintes, CC).

Sumário
Compra e Venda .......................................................................... 03
Troca ou Permuta ....................................................................... 14
Estimatório ................................................................................. 15
Doação ....................................................................................... 16

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Locação ...................................................................................... 24
Empréstimo ................................................................................ 39
Comodato .............................................................................. 40
Mútuo .................................................................................... 43
Prestação de Serviço ................................................................... 45
Empreitada ................................................................................. 48
Depósito ..................................................................................... 53
Mandato ..................................................................................... 57
Comissão .................................................................................... 67
Agência e Distribuição ................................................................ 68
Corretagem ................................................................................ 69
Transporte .................................................................................. 70
Seguro ........................................................................................ 76
Constituição de Renda ................................................................ 84
Jogo e Aposta ............................................................................. 85
Fiança ......................................................................................... 86
Transação ................................................................................... 93
Compromisso .............................................................................. 95
Contrato de Sociedade ................................................................ 96
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ................................................ 98
Bibliografia Básica .................................................................... 107
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) ............................................. 107
EXERCÍCIOS COMENTADOS (CESPE) ......................................... 174

COMPRA E VENDA
(arts. 481 a 532, CC)

Contrato de compra e venda é aquele pelo qual um dos contratantes se


obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro lhe pagar o preço em
dinheiro (art. 481, CC). É importante deixar uma coisa bem clara: o contrato de
compra e venda não transfere o domínio (ou seja, a propriedade). A
propriedade é transferida pela tradição (bens móveis) ou pelo registro (bens
imóveis). Em relação aos bens móveis, estabelece o art. 1.267, CC: A
propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Em relação aos bens imóveis, estabelece o art. 1.245, CC: Transfere-se entre
vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de
Imóveis. §1° Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a
ser havido como dono do imóvel.

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Concluindo: o contrato de compra e venda dá aos contratantes tão
somente um direito pessoal, gerando ao vendedor a obrigação de transferir
o domínio (obrigação de dar) da coisa, seja ela móvel ou imóvel; a propriedade
é transferida pela tradição (móveis) ou registro (imóveis). Caso o vendedor não
entregue a coisa vendida, o contrato será resolvido nos termos do inadimplemento
das obrigações de dar (que vimos na aula anterior).

NATUREZA JURÍDICA
• Bilateral ou sinalagmático: cria obrigações para ambos os contratantes, que
serão ao mesmo tempo credores e devedores, uns dos outros.
• Oneroso: ambas as partes auferem vantagens e ônus patrimoniais de suas
prestações.
• Típico: previsto do Código.
• Comutativo: em regra possui objeto certo com equivalência das prestações e
contraprestações. Admite-se, em algumas hipóteses, que seja Aleatório,
quando dependente de um evento incerto.
• Consensual: o contrato de compra e venda é consensual, pois ele se
aperfeiçoa com o simples consenso ou manifestação de vontade dos
contraentes, principalmente no que toca os bens móveis. Pode ter a forma
solene em algumas situações (ex.: escritura pública para a compra de bens
imóveis).
• Translativo do domínio: embora a propriedade só seja transferida com a
tradição (para bens móveis) ou com o registro (para bens imóveis), serve
como título adquirendi, isto é, serve como fato gerador da transmissão da
propriedade. No entanto, o contrato apenas cria a obrigação para a
transferência da coisa.

ELEMENTOS ESSENCIAIS
São elementos dos contratos de compra e venda, além dos comuns a todos
os negócios jurídicos e os contratos: a) coisa; b) preço e c) consentimento. Art.
482, CC: A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita,
desde que as partes acordarem no objeto e no preço. Vejamos cada um deles.
A) COISA OU OBJETO (res)  é o objeto da compra e venda. Segundo a
doutrina deve ser corpórea (móveis ou imóveis). Isto porque os bens incorpóreos
(direitos de invenção, de propriedade literária, científica ou artística) somente
poderiam ser objeto de contrato de cessão de direitos.
Características
• Disponibilidade: a coisa deve ser disponível (estar in commercium); as coisas
insuscetíveis de apropriação (indisponibilidade natural), legalmente
inalienáveis (indisponibilidade legal) e gravadas com cláusula de

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inalienabilidade (indisponibilidade voluntária) não podem ser objeto de
contrato. As coisas litigiosas podem ser objeto, desde que o adquirente assuma
o risco da evicção (art. 457, CC).
• Existência potencial: segundo o art. 483, CC, o contrato pode se referir a
coisas atuais (já existem) ou futuras (irão existir), embora devam ser
individualizadas no momento da execução do contrato (coisa determinada ou
determinável). No caso de coisas futuras, o contrato fica sem efeito se a coisa
não vier a existir, salvo se a intenção das partes era a de pactuar um contrato
aleatório (ex.: frutos de uma colheita esperada).

B) PREÇO (pretium)  é a quantia que o comprador é obrigado a pagar


pela coisa; é o valor da compra e venda. Se não houver preço, estaríamos
diante de uma doação. A lei diz que deve ser pago em dinheiro (art. 481, CC),
todavia, nada impede que o valor expresso em dinheiro seja pago por coisas
representativas de dinheiro (cheque, nota promissória, cartão de crédito, etc.). Se
a contraprestação for realizada de forma diversa da de dinheiro não haverá compra
e venda. Ex.: se o objeto de um contrato for pago com outra coisa, haverá troca
ou permuta; se for em prestação de serviço será um contrato inominado. Mas se
no contrato houver um misto entre dinheiro e coisa e prevalecer o dinheiro como
maior parte do pagamento, será admissível a compra e venda.
O preço deve ser sério, certo e fixado de comum acordo pelas partes. É
NULO o contrato em que o preço pode ser fixado ao livre arbítrio de uma
das partes (art. 489, CC). Todavia, pode ser fixado:
No futuro, ao arbítrio de terceiro (art. 485, CC) que os contratantes
designarem no contrato ou prometerem designar. Neste caso, se o terceiro
não aceitar a incumbência, o contrato será considerado sem efeito (nulo), salvo
se as partes concordarem, no contrato, em designar outra pessoa.
À taxa de mercado ou da bolsa, em certo e determinado dia e lugar (art.
486, CC). Também é lícita a fixação do preço em função de índices ou
parâmetros, desde que suscetíveis de determinação objetiva (art. 487, CC).
Não sendo a venda à crédito (ou seja, a compra e venda foi instantânea), o
vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço (art. 491,
CC). Nesse caso há uma simultaneidade das prestações. Segundo
jurisprudência do STF, “não pode exigir entrega da coisa quem não satisfez o
preço, na forma estipulada no contrato”.

C) CONSENTIMENTO (consensus)  é o acordo de vontade, isento de


vícios, entre os contratantes sobre a coisa, o preço e as demais condições do
negócio.

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EFEITOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA
A) Tradição: obrigação do vendedor de entregar a coisa com todos os
seus acessórios, transferindo ao adquirente a propriedade. Geralmente a
tradição é efetiva ou real. Mas em certos casos pode ser simbólica, como a entrega
de algo que represente a coisa (ex.: as chaves do carro). Nos termos do art. 493,
CC, a tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no
lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda.
B) Garantia: o vendedor deve garantir a qualidade e o bom
funcionamento da coisa alienada (garantia quanto aos vícios redibitórios – art.
441 a 446, CC; garantia contra os vícios do produto – art. 18 e 26, do CDC - Lei
n° 8.078/90). O vendedor também deve assegurar ao comprador a propriedade
da coisa (garantia contra a evicção – arts. 447 a 457, CC). Os vícios aparentes
poderão ser reclamados dentro do prazo decadencial de 30 (produtos não
duráveis) ou 90 dias (produtos duráveis), contados da entrega do produto. Se o
vício for oculto o prazo computa-se no instante em que o defeito se evidenciar.
C) Riscos (perigo que a coisa está sujeita): relacionam-se com a
responsabilidade, caso a coisa ou preço não seja pago. Determina o art. 492,
CC que até o momento da tradição os riscos da coisa correm por conta do vendedor
e os do preço por conta do comprador. Assim, temos como regras:
Risco da coisa: se o bem vier a se perder ou a se deteriorar, por caso
fortuito ou força maior, até o momento da entrega (antes da tradição), o
vendedor sofrerá as consequências, devendo restituir o preço, se já o havia
recebido; se o fato se der após a tradição, sem culpa do vendedor, este terá
direito ao preço.
Risco do preço: se o preço se perder ou se degradar antes da tradição, o
comprador sofrerá o risco; se isso ocorrer após o pagamento, o vendedor
arcará com o prejuízo.
Exceções
• Se a coisa, para ser entregue, necessitar de ser contada, pesada, medida ou
assinalada, desde o momento em que tiver sido colocada à disposição do
comprador, por sua conta correm os riscos.
• Correm por conta do comprador os riscos das coisas que já tiverem sido
colocadas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados, se o
comprador estiver em mora para recebê-las.

D) Despesas: aquilo que se gasta para a transferência do bem. Segundo o


art. 490, CC, temos como regra (admite-se disposição contratual em contrário):
• Despesas da tradição: correm por conta do vendedor (ex.: de
transporte ou carreto, frete, corretagem, comissão, etc.).

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• Despesas da escritura: correm por conta do comprador (além dos
impostos sobre transmissão da propriedade, registro, etc.).
E) Defeito oculto na venda de coisas conjuntas (art. 503, CC): o atual
Código optou pela redibição parcial, ou seja, ainda que o preço da venda tenha
sigo global, se as coisas não formarem um todo inseparável, somente a coisa
defeituosa será devolvida, deduzindo-se o seu valor do preço, e mantendo as
demais que estejam em ordem. Ex.: pessoa compra 100 sacas de arroz,
percebendo depois que 10 sacas estavam estragadas; o comprador pode rejeitar
as 10 sacas estragadas, abatendo-se o valor destas no preço final, mas o negócio
fica mantido em relação às outras 90 sacas. Portanto, o defeito de uma coisa não
autoriza a rejeição das que estejam em ordem.
F) Complemento de Área: um contrato de venda de terras pode ser feito
de duas maneiras: a) ad mensuram; b) ad corpus.
A venda ad mensuram ou por medida (art. 500, CC) é aquela em que no
contrato se fixa área determinada e estipula o preço por medida de extensão (a
área é requisito essencial do contrato). O comprador adquire uma determinada
metragem de terreno e o vendedor deve entregar a quantidade vendida. No
entanto há uma tolerância em favor do vendedor de até menos de 1/20 (um
vigésimo ou 5%) da área total enunciada. Trata-se de uma presunção relativa que
cede às circunstâncias reais em que se deu o negócio. Se a medida for menor, o
comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo
possível, o de reclamar a rescisão do contrato ou abatimento proporcional do
preço. Se a área encontrada for maior do que a declarada no título, o vendedor
tem direito, por escolha do comprador, de receber a complementação do preço ou
a devolução do excesso, desde que o vendedor possa provar que tinha motivo
suficiente para ignorar a medida exata da área vendida. Tanto o vendedor quanto
o comprador têm o prazo de um ano (decadencial) para ingressaram com as ações
correspondentes (art. 501, CC).
Considera-se ad corpus ou por corpo certo (art. 500, §3°, CC) a compra e
venda de uma gleba determinada de terra, com limites e confrontações conhecidas
por ambos os contratantes e colocados na descrição no título. As partes não estão
interessadas em medidas, mas no todo que compõe a gleba (compro a Fazenda
“Sol Nascente”). Eventual referência a dimensões devem ser consideradas
meramente enunciativas. Neste caso não haverá complementação da área e nem
devolução do excesso.

G) Certidões Negativas de Impostos: a lei determina que em toda


escritura de imóveis devam ser transcritas as certidões de se acharem eles quites
com a Fazenda Federal, Estadual e Municipal, de quaisquer impostos a que possam
estar sujeitos. Isto é, quando se compra um imóvel deve ser apresentado, no
momento do registro, uma certidão de que aquele imóvel está quite de todo e

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qualquer imposto. Chamamos este documento de Certidão Negativa de Impostos.
Por outro lado, existe a regra de que os ônus dos impostos sobre prédios se
transmitem aos adquirentes, exceto se constarem da escritura pública as
certidões de recebimento, pelo fisco, dos impostos devidos. Desta forma, o
adquirente do imóvel pode ser exonerado de exibir certidão negativa de débito
fiscal a que possa estar sujeito o bem adquirido, de responsabilidade por dívida
anterior do imóvel por impostos.

Resumindo. Obrigações do comprador: pagar o preço e receber a coisa.


Obrigações do vendedor: transferir a coisa (tradição ou escritura) e responder
pela evicção e pelos vícios redibitórios.

PROIBIÇÃO DE VENDA
• A lei proíbe que os ascendentes vendam aos descendentes quaisquer bens, sem
que haja o consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do
alienante, salvo se este for casado sob o regime de separação obrigatória de
bens (art. 496, e seu parágrafo único, do CC), sob pena de anulação do ato
(e não nulidade). Isto porque essa venda poderia simular uma doação em
prejuízo dos demais herdeiros. Assim, pergunto: um pai pode vender um imóvel
para um de seus filhos? Resposta: pode, desde que haja o consentimento de
todos os outros filhos e também da esposa do pai, que é o alienante (salvo se
o regime de bens entre ambos for o da separação obrigatória), sob pena de
anulação desta venda. Como esse dispositivo não estabelece prazo para
requerer a anulação, aplica-se o art. 179, CC: “Quando a lei dispuser que
determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação,
será esta de dois anos, a contar da data da conclusão do ato”.
• Pessoa casada (exceto no regime de separação absoluta de bens) não
poderá alienar ou gravar de ônus (ex.: hipotecar) os bens imóveis do seu
domínio sem a autorização do outro cônjuge (art. 1.647, CC). Exige-se a
outorga: a) uxória (a mulher autoriza a venda feita pelo marido); b) marital
(o marido autoriza a venda realizada pela esposa).
• Em regra os consortes não podem fazer contrato entre si em relação aos
bens incluídos na comunhão (nulidade absoluta). Observem que se isto for
realizado no regime da comunhão universal teremos uma venda fictícia, pois
os bens do casal já são comuns e ninguém pode comprar o que já lhe pertence.
No entanto, nos termos do art. 499, CC, é lícita a compra e venda entre
cônjuges em relação aos bens excluídos da comunhão (que estão
relacionados nos arts. 1.659 e 1.668, CC, como por exemplo, os bens que cada
cônjuge possuía ao se casar, os bens de uso pessoal como os instrumentos de
trabalho, etc.).

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Observação: para que haja a venda de bens (especialmente imóveis) de
pessoas absolutamente incapazes (menores de 16 anos) é indispensável que
eles sejam representados por seus pais, tutores ou curadores que deverão solicitar
autorização judicial para tanto, com prévia avaliação do bem que se pretende
vender, e ainda a demonstração da necessidade da venda ou o benefício
econômico desta. Já os relativamente podem alienar seus bens, desde que
assistidos por seus representantes legais neste ato.

PROIBIÇÃO DA COMPRA
Não podem ser comprados, ainda que em hasta pública (art. 497, CC):
• Pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados
à sua guarda ou administração. A lei receia que estas pessoas se façam
prevalecer de sua posição especial para lograrem vantagem em detrimento dos
titulares dos bens que guardam ou administram.
• Pelos servidores públicos, os bens da União, dos Estados e dos Municípios, que
estiverem sob sua administração direta ou indireta, aplicando-se a mesma
disposição aos juízes, arbitradores, ou peritos que, de qualquer modo, possam
influir no ato ou no preço da venda.
• Pelos juízes, empregados da Fazenda, secretários de tribunais, escrivães e
outros oficiais da Justiça, os bens ou direitos, sobre os quais se litigam em
tribunal, juízo, ou conselho, no lugar onde esses funcionários servirem ou a que
se estender sua autoridade.
• Pelos leiloeiros e seus prepostos quanto aos bens de cuja venda estejam
encarregados e os corretores das Bolsas quanto aos bens a eles confiados.
• O proprietário de coisa alugada, para vendê-la deverá dar conhecimento do
fato ao inquilino, que terá direito de preferência (veremos isso melhor ainda na
aula de hoje) para adquiri-la em igualdade de condições com terceiros.
• O condômino, enquanto pender o estado de indivisão, não poderá vender a sua
parte a estranho, se o outro condômino a quiser (art. 504, 1a parte, CC). Trata-
se do chamado direito de preferência do condômino sobre a venda de
bem indivisível. O condômino a quem não se der conhecimento da venda,
poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, no
prazo de seis meses. Um condomínio pode ser classificado em: a) pro
indiviso: quando o bem se encontra indiviso (não foi dividido) entre os vários
proprietários, de modo que cada um apenas possui parte ou fração ideal) ou
b) pro diviso: quando apesar de possuírem em condomínio, cada condômino
já tem a sua parte delimitada e determinada. Nesta última hipótese, cada
condômino pode vender sua parte a terceiro sem oferecer aos outros
condôminos. No caso do condomínio ser pro indiviso, e o bem for indivisível,

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cada condômino só pode vender sua parte a estranhos se antes oferecer aos
outros condôminos (como dissemos, há o direito de preferência).

CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA


Um contrato de compra e venda, desde que os contraentes consintam, pode
vir acompanhado de cláusulas especiais, que não retiram sua essência, mas
alteram um pouco sua “fisionomia”, inserindo uma obrigação acessória. A doutrina
costuma chamar estas cláusulas especiais de pactos adjetos à compra e venda.
São eles: a retrovenda; a venda a contento; a preempção; a venda com reserva
de domínio e a venda sobre documentos. Vejamos.
1) Retrovenda (arts. 505 a 508, CC)
Retrovenda (ou direito de retrato) é o direito que tem o vendedor de
readquirir o imóvel que vendeu, dentro de certo prazo, restituindo ao comprador
o preço recebido, mais as despesas feitas pelo comprador, inclusive as que,
durante o período de resgate, se efetuaram com a autorização escrita, ou para a
realização de benfeitorias necessárias (art. 505, CC). O comprador não pode se
recusar a restituir o imóvel, podendo o vendedor depositar judicialmente os
valores devidos para exercer o direito de retrato.
A retrovenda é uma cláusula acessória da compra e venda, caracterizando-
se como uma condição resolutiva expressa, tendo como consequência o
desfazimento da venda. Ela não é considerada como uma nova venda, mas sim
como consequência da venda anterior. Ex.: estou passando por necessidades
financeiras e não desejo perder um imóvel. Desta forma eu vendo este imóvel
para você. No entanto estabeleço uma cláusula que posteriormente você deverá
revender o imóvel para mim pelo mesmo preço que pagou (acrescidos dos
dispêndios feitos como escritura, impostos, etc.). Na prática ela não é usada, por
trazer certa insegurança nos negócios jurídicos. Esta cláusula deve estar
expressa no contrato. A propriedade resolúvel se extinguirá no instante em que
o alienante exercer seu direito de reaver o bem.
As partes podem pactuar o prazo de retrovenda, mas o máximo é de 03
(três) anos. Trata-se de prazo decadencial. Este prazo é improrrogável,
ininterrupto e insuscetível de suspensão. No caso de não se estipular o prazo, este
será considerado como sendo de três anos. Na hipótese de se estipular prazo
maior, este será considerado não escrito e ficam valendo os três anos. Vencido o
prazo e não exercido o direito, a venda se torna irretratável.
Se o comprador do bem vendê-lo a terceiro durante o período de resgate,
este somente terá a propriedade plena após a fluência total do prazo decadencial,
pois o vendedor primitivo conserva o direito de ação contra o adquirente da coisa
(ainda que este alegue desconhecimento da cláusula de retrato). Além disso, se o
vendedor falecer o direito é transmissível aos herdeiros e legatários (art. 507, CC).

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Se o direito de retrato couber a duas ou mais pessoas sobre o mesmo imóvel,
e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as outras para nele acordarem,
prevalecendo o pacto em favor de quem haja efetuado o depósito, contanto que
seja integral (art. 508, CC).
2) Venda a contento e Venda sujeita a prova (arts. 509 a 512, CC)
Venda a contento (ad gustum) é a cláusula especial de compra e venda
que possibilita que o contrato se torne perfeito e acabado somente com a
manifestação do comprador de que pretende ficar com a coisa em definitivo. Por
ela, o comprador reserva-se o direito de rejeitar a coisa se não lhe aprouver, sem
que o vendedor possa se opor a isso. Trata-se de uma venda feita sob condição
suspensiva, em que o negócio não se aperfeiçoa enquanto o comprador não se
declarar por satisfeito. Durante o período de vigência da cláusula condicional, o
adquirente terá os direitos equiparados aos do comodatário (tem a posse direta
da coisa), sendo que a coisa continua a pertencer ao vendedor. Ex.: A vende para
B certa quantidade de vinho e a entrega. No entanto a conclusão do negócio fica
na dependência de B manifestar sua aceitação, após provar o produto.
Admite-se a cláusula de manifestação de aceitação tácita. Ex.: se você não
se manifestar em 30 dias, estamos entendendo que você está satisfeito e não
poderá mais reclamar. Não havendo prazo estipulado para a manifestação do
comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente,
para que o faça em prazo improrrogável.
Ocorre a venda sujeita a prova quando o vendedor apresenta ao
comprador amostras que indiquem a qualidade do produto a ser vendido. Neste
caso, entende-se que o vendedor assegura ter a coisa vendida as qualidades por
ele apresentadas. Também se de trata de uma condição suspensiva. Ex.: você
prova um copo de vinho e o acha excelente. Compra uma caixa deste produto.
Mas as demais garrafas não são tão boas quanto àquela que você provou. Na
hipótese da coisa não apresentar as qualidades explicitadas pelo vendedor, ela
poderá ser enjeitada, aplicando-se as regras do vício redibitório (art. 510, CC).
Resumindo. Na venda a contento basta que o comprador não se agrade da
coisa para que ela seja devolvida ao vendedor (aspecto subjetivo). Na venda
sujeita a prova não pode o comprador pura e simplesmente se recusar a ficar com
o bem; deve ter um motivo justo, que é a diferença de qualidade entre os produtos
(aspecto objetivo).

3) Preempção, preferência ou prelação (arts. 513 a 520, CC)


O contrato de compra e venda pode conter a cláusula segundo a qual o
comprador se obriga a oferecer ao vendedor a coisa objeto do contrato (móvel ou
imóvel), se caso o comprador for vendê-la a terceiro ou dá-la em pagamento, para

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que o comprador use de seu direito de prelação (preferência) na compra. O preço
será "tanto por tanto", isto é, o valor que seria pago pelo terceiro.

Cuidado para não confundir o direito de preempção (preferência) com


a retrovenda. Nesta última a pessoa é obrigada (num prazo de até três anos)
revender a coisa para quem lhe vendeu inicialmente, sendo que o preço é o mesmo
que ela pagou (mais despesas de transferência). No direito de preempção, quando
eu for revender a coisa (se um dia eu for revendê-la), devo oferecer primeiro ao
primeiro vendedor. E o preço será o de mercado, ou seja, o mesmo valor que o
terceiro interessado pagaria se ele fosse comprar a coisa. É muito parecido. Mas
existem diferenças. E o examinador gosta de confundir tais institutos.
O direito de preferência é intransmissível, isto é, não se pode ceder a
terceiros e nem passar aos seus herdeiros, sendo personalíssimo (art. 520, CC).
Prazo máximo para o exercício da preempção: a) se a coisa for móvel, não
poderá exceder 180 dias; b) se for imóvel, não poderá exceder 02 anos.

Observação: não sendo fixado um prazo determinado, o direito de preempção


caducará em 03 dias se for móvel, ou 60 dias se for imóvel.
Se o comprador alienar a coisa sem ter dado ciência ao vendedor do preço
e das vantagens que por ela lhe ofereceram, responderá por perdas e danos. Se
o adquirente também estiver de má-fé, responde solidariamente (art. 518, CC).
Como regra o direito de preferência decorre do contrato. Mas em algumas
situações é a lei que o prevê. Assim, têm direito de prelação (ou preferência)
legal:
• o dono de bem desapropriado (trata-se do direito de retrocessão, previsto
no art. 519, CC); ou seja, se a coisa expropriada para fins de necessidade ou
utilidade pública, ou interesse social, não tiver o destino para que se
desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao
expropriando o direito de preferência, pelo preço atual da coisa.
• o condômino de bem indivisível – um condômino só pode vender sua parte a
estranhos, se oferecer primeiro a outro condômino, nas mesmas condições. O
condômino preterido poderá, depositando o preço, requerer para si a coisa
vendida a estranhos, se o fizer no prazo (decadencial) de 180 dias.
• o locatário em relação ao bem locado – o art. 27, da Lei n° 8.245/91 prevê que
o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em igualdade de
condições com terceiros, nos casos de venda ou promessa de venda. O locatário
deverá exercer este direito no prazo (decadencial) de 30 dias. Se o locador não
respeitar o direito de preferência, há duas opções para o locatário preterido:
reclamar perdas e danos ou depositar o preço (e demais despesas do ato de
transferência) e haver para si o imóvel locado. Nesta última hipótese deve
requerer no prazo de 06 (seis) meses, a contar do registro do ato no cartório

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de imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos 30
dias antes da alienação, junto à matrícula do imóvel.

4) Reserva de domínio (arts. 521 a 528, CC)


Ocorre quando se estipula em contrato de compra e venda de coisa móvel
infungível (regra), que o vendedor reserve para si a propriedade do bem, até o
momento em que se realize o pagamento integral do preço, quando então o
negócio terá eficácia plena. O vendedor transfere ao comprador a posse da
coisa, mas conserva a propriedade até o pagamento (art. 521, CC). Ex.: eu
vendo um veículo para você em dez prestações; nesse ato transfiro a posse do
carro para você. Mas a propriedade continua sendo minha. Somente após o
pagamento integral do preço é que eu irei transferir a propriedade para você em
definitivo.
Trata-se de um contrato formal, que deve ser feito sempre por escrito.
Para valer contra terceiros (erga omnes) deve ser registrado no Cartório de Títulos
e Documentos. A doutrina predominante o considera como sendo uma venda sob
condição suspensiva, em que o evento futuro e incerto é o pagamento integral
do preço; suspende-se a transmissão da propriedade até que se tenha o
implemento da condição, isto é, o pagamento integral do preço ajustado. Efetuado
o pagamento, a transferência do domínio opera-se automaticamente. Se o
comprador não pagar as prestações no vencimento, poderá o vendedor:
Pleitear a rescisão do contrato, reintegração de posse da coisa, devolvendo as
prestações pagas (deduzidas as despesas).
Mover ação pleiteando a cobrança das prestações vencidas e vincendas, pois
o atraso de uma prestação acarreta no vencimento antecipado das demais.

Observação: o comprador somente poderá dispor ou alienar esse bem se


houver a expressa autorização do vendedor.

5) Venda sobre documentos (arts. 529 a 532, CC)


Esta prática vem sendo usada em negócios de importação e exportação,
ligando-se à técnica de pagamento denominada crédito documentado (trust
receipt). Isso porque os encontram-se em lugares diversos de onde está a
mercadoria no ato da conclusão do contrato. Substitui-se a tradição da coisa,
pela entrega de seu título representativo ou outros documentos exigidos no
contrato. O vendedor, entregando os documentos, se libera da obrigação e tem
direito ao preço; o comprador, na posse justificada de tais documentos, pode
exigir do transportador a entrega da mercadoria.

6) Pacto Comissório
É a cláusula por força da qual se opera a extinção (resolução) dos direitos
contratuais da parte contratante que não cumpre a sua prestação. Era um

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dispositivo expresso no Código Civil anterior. O atual não cuida mais de tal
cláusula nos contratos em geral. Tal cláusula não é contrária à lei, nem à
ordem pública e nem aos bons costumes, como também não está proibida a sua
utilização em nenhum dispositivo da lei. Portanto, entendo que o simples fato de
o novo Código não mais se referir, de modo expresso, à cláusula “pacto
comissório” não excluiu a possibilidade dela vir a ser adotada, principalmente nos
negócios jurídicos bilaterais. Quando expressamente previsto no contrato de
compra e venda, pelas partes intervenientes, ele funciona como condição
resolutiva expressa.

TROCA OU PERMUTA
(art. 533, CC)

O contrato de troca ou permuta é aquele pelo qual as partes se obrigam


a dar uma coisa por outra coisa que não seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo
tempo, duas vendas, servindo as coisas trocadas de compensação recíproca. Este
contrato também é chamado de escambo.

NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de um contrato bilateral, oneroso, comutativo e translativo de
propriedade (há duas tradições, duas entregas).

OBJETO
O objeto da permuta há de ser dois bens. Se um dos contraentes der
dinheiro ou prestar serviços, não haverá a troca ou permuta. Podem ser trocados
todos os bens que puderem ser vendidos, mesmo sendo de espécies diversas e
valores diferentes. Assim como na compra e venda, gera para cada contratante a
obrigação de transferir para o outro o domínio da coisa objeto de sua prestação.

RELAÇÃO COM A COMPRA E VENDA


Há uma grande analogia entre os dois institutos. Por isso o legislador (art.
533, CC) determina que se apliquem à permuta as mesmas disposições
relativas à compra e venda (em relação às garantias, vícios redibitórios,
evicção, etc.). No entanto, ressaltamos as seguintes diferenças:
Na troca, ambas as prestações são em espécie; na venda, a prestação de um
dos contratantes é em dinheiro.
O vendedor, uma vez entregue a coisa vendida, não poderá pedir-lhe a
devolução no caso de não ter recebido o preço; já o permutante terá o direito
de repetir o que deu, se a outra parte não lhe entregar o objeto permutado.

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(lembrando que repetir é devolver coisa ou dinheiro; ou seja, restituir o que
foi entregue).

EFEITOS
A permuta encerra uma dupla venda.
• Cada um dos permutantes pagará metade das despesas da troca, além de
pagar, cada um, o imposto sobre o valor do bem adquirido.
• É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes,
sem o expresso consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do
alienante; se os valores forem iguais a troca é válida.

CONTRATO ESTIMATÓRIO
(arts. 534 a 537, CC)

Contrato Estimatório é o negócio jurídico em que alguém (consignatário)


recebe de outrem (consignante) bens móveis, ficando autorizado a vendê-los,
obrigando-se a pagar um preço estimado previamente, se não restituir as coisas
consignadas, dentro do prazo ajustado (art. 534, CC). Trata-se de um contrato
real, pois há necessidade da efetiva entrega da coisa. Os bens imóveis e os bens
imateriais (direitos do autor) não podem ser objeto desse contrato, pois não são
passíveis de tradição real. Não há qualquer impedimento que o bem móvel seja
fungível. Nesse caso se ocorrer a restituição esta se dará por coisa de iguais
gêneros, qualidades e quantidades. Esse contrato também é conhecido
popularmente como “venda em consignação”, prática habitual antes mesmo da
vigência do atual Código (ele não era previsto na lei anterior).
Exemplo: Digamos que em minha residência eu fabrique, manualmente,
alguns brinquedos ou enfeites, doces ou salgados, etc. Desejo vender esses bens.
Mas não tenho um ponto de venda. Assim, eu deixo esses bens na padaria de um
amigo ou no salão de beleza de outra amiga. Esses bens ficam expostos para à
venda. Entrego os bens a meus amigos e eles podem vender os bens.
Posteriormente sendo os bens vendidos, eles devem prestar contas comigo. Outro
exemplo é o das livrarias, que recebem os livros das editoras em consignação.
PARTES
• Consignante: é o proprietário da coisa consignada que a entrega para
venda; no exemplo acima sou eu.
• Consignatário: é aquele que recebe a coisa para vendê-la; no nosso
exemplo, são os meus amigos: o dono da padaria, a dona do salão de beleza,
etc.

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NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de um contrato bilateral ou sinalagmático (gera obrigações para
ambas as partes), oneroso (envolve sacrifício patrimonial), real (aperfeiçoa-se
com a entrega da coisa), comutativo (as partes têm conhecimento prévio acerca
de suas prestações), informal ou não solene (não exige forma especial, podendo
ser verbal) e temporário.

EFEITOS
• o consignante não perderá o domínio (a propriedade) da coisa consignada,
até que o consignatário a negocie com terceiros.
• o consignante não poderá dispor da coisa antes de lhe ser restituída ou de
lhe ser comunicada a restituição.
• a coisa consignada não poderá ser objeto de penhora pelos credores do
consignatário, enquanto não for pago integralmente o seu preço.
• o consignatário deverá pagar as despesas de custódia e venda.
• o consignatário não se libertará da obrigação de pagar o preço, se a
restituição da coisa consignada, em sua integridade, se tornar impossível,
ainda que por fato a ele não imputável.

Venda em Consignação X Pagamento em Consignação


É muito comum o aluno confundir o contrato de venda em consignação
(contrato estimatório) com o pagamento em consignação. Já vimos este último
instituto na aula sobre Obrigações, sendo ele uma forma especial de pagamento
e extinção da obrigação; trata-se do depósito da coisa devida (judicial ou
extrajudicialmente) feito pelo devedor, com o objetivo de liberar-se da obrigação
líquida e certa. O exemplo clássico é o do credor que, sem justa causa, se recusa
a receber a coisa (ou dar a quitação); neste caso o devedor deposita a coisa e se
libera da obrigação.

DOAÇÃO
(arts. 538 a 564, CC)

Doação é o contrato pelo qual uma pessoa, por liberalidade, transfere do


seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra, que os aceita. Exige-se, para
tanto, dois elementos: a) subjetivo: o animus donandi, ou seja, a vontade de se
fazer uma liberalidade espontânea; b) objetivo: transferência da propriedade de
bens ou direitos do patrimônio de uma pessoa para outra.

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Da mesma forma que a compra e venda, a doação apenas gera a obrigação
de transferir os bens e direitos e não a propriedade (esta se transmite com a
tradição ou o registro).
PARTES
Doador: é a pessoa que doa.
Donatário: é a pessoa que recebe o bem objeto da doação.

NATUREZA JURÍDICA
Contrato unilateral e gratuito: requer intervenção de duas partes
contratantes. No entanto, apenas o doador assume a obrigação de transferir
bens ao donatário (apenas uma é devedora), não havendo contraprestação por
parte do donatário. A doação é ato de liberalidade. Todavia, pode ser
estipulado um encargo, caso o doador vincule o donatário a determinado
ônus. Ex.: dou-lhe um terreno, desde que você plante determinada cultura, ou
construa uma casa, etc.
Consensual: aperfeiçoa-se com a manifestação de vontade das partes.
Supõe a aceitação: o contrato de doação só se aperfeiçoa com a aceitação do
bem por parte do donatário. Portanto trata-se de um negócio receptício
(quer dizer, exige a manifestação de vontade da outra parte: ou seja, a
aceitação). Referida aceitação pode ser expressa ou tácita. Neste último caso
o doador marca um prazo para que o donatário recuse a doação. Se ele não
se manifestar neste prazo, o silêncio acarreta em aceitação tácita da doação,
desde que seja “pura”: presume-se que ele aceitou a doação. Se a doação for
com encargos, exige-se a forma expressa.
Forma: em regra, trata-se de um contrato solene, pois o art. 541, CC impõe
uma forma que deverá ser respeitada, sob pena de não valer o contrato. É
obrigatória a forma escrita, uma vez que se exige instrumento público ou
particular. Admite-se a forma verbal (seguida de tradição) para os bens móveis
de pequeno valor (é chamada de “doação manual” – art. 541, parágrafo único,
CC). É necessária a forma de escritura pública para imóveis de valor superior
a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no País (art. 108, CC), sujeita à
posterior transcrição no Registro Imobiliário.
Ato inter vivos: Não existe doação para após a morte (caso contrário estaríamos
diante de uma cláusula testamentária e não de uma doação).

CAPACIDADE ATIVA PARA DOAR


Para que a doação seja válida, além dos elementos genéricos e comuns a
todos os negócios jurídicos, ainda é imprescindível observar os seguintes
requisitos:

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• Os absoluta ou relativamente incapazes em regra não podem doar, nem
mesmo por meio de representantes legais, visto que tais liberalidades não são
feitas no interesse do representado. O pródigo (pessoa que dissipa seus bens;
dilapida seu patrimônio) pode doar, desde que assistido por seu curador, que
dará ou não sua anuência para o ato.
• Os cônjuges, sem a devida outorga (exceto no regime da separação absoluta),
estão impedidos de fazer doação, não sendo remuneratória, com os bens e
rendimentos comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
• O cônjuge adúltero não pode fazer doação a seu cúmplice, sob pena de
anulabilidade (pleiteada pelo cônjuge inocente ou seus herdeiros necessários,
no prazo decadencial de até dois anos depois de dissolvida a sociedade
conjugal: art. 550, CC).
• Os consortes (marido e mulher) não podem fazer doações entre si se o regime
for da comunhão universal; se outro for o regime, não havendo disposição em
contrário, nada obsta a doação, importando em adiantamento do que lhes
couber por herança (art. 544, CC).
• As pessoas jurídicas de direito privado podem fazer e receber doações.
• O falido não pode fazer doações porque perdeu a administração de seus bens
e isso lesaria seus credores.

REQUISITOS OBJETIVOS PARA A DOAÇÃO


Inicialmente é necessário que a coisa esteja in commercium. Esta coisa pode
se referir a bem móvel ou imóvel; corpóreo ou incorpóreo; presente ou futuro;
etc. Além disso, deve ser observado:
• Uma pessoa não pode doar todos os seus bens (doação universal), sem
reserva de parte ou renda suficiente para sua subsistência (art. 548, CC). Nula
será tal doação. Mas a proibição será eliminada se o doador se reservar o
usufruto dos bens. Ex.: uma pessoa, já com 80 anos, deseja doar todos os
seus bens em vida, para evitar “futuras desavenças familiares” após a sua
morte. Ele não pode fazer a doação pura e simples. Qual a solução? Ele doa os
bens e no mesmo instrumento se reserva no direito de usufruto. Desta forma
ele perde a propriedade dos bens, mas continua a usufruir (morar ou alugar)
o mesmo.
• Se com a doação o doador ficar insolvente (passivo maior que o ativo – em
outras palavras tem mais dívidas do que patrimônio), os credores prejudicados
poderão anulá-la, pois neste caso pode ter ocorrido a fraude contra credores
(caso tenha ficado com alguma dúvida, releia este ponto na aula referente aos
Fatos e Atos Jurídicos).

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• Nula também será a doação da parte excedente do que poderia dispor o
doador em testamento (doação inoficiosa, que veremos logo adiante).

DOAÇÃO A INCAPAZES
As pessoas que não podem contratar (os incapazes, relativa e
absolutamente) podem aceitar doações puras (isto é, sem encargos  art. 543,
CC). A doação feita ao nascituro é válida, desde que aceita pelos pais (art. 542,
CC). Trata-se de caso de ato jurídico sujeito a condição suspensiva, pois a doação
somente se efetivará se houver o nascimento com vida do nascituro. Caso ele
nasça morto (natimorto), o contrato será considerado ineficaz. Igualmente válida
será a doação feita em contemplação de casamento futuro e referente aos filhos
futuros do casal.

ESPÉCIE DE DOAÇÃO
Pura e simples ou típica: é aquela feita por mera liberalidade; quando não
se impõe nenhum ônus, nenhuma restrição ao donatário, que desfrutará
amplamente do bem recebido, sem qualquer limitação.
Condicional: quando surte efeitos somente a partir de determinado
momento ou ao findar uma determinada situação (lembrem-se que condição se
subordina a ocorrência de um acontecimento futuro e incerto). Exemplo: doação
feita subordinando-se a realização de um casamento (chamamos de doação
propter nuptias). Neste caso há uma condição suspensiva: a doação só terá efeito
se o casamento se realizar. A doação também pode ser condicionada aos futuros
filhos do casal (art. 546, CC). Se houver dúvidas sobre o tema, retorne à aula
sobre Fatos e Atos Jurídicos.
A termo: quando contém um termo inicial ou final (lembrem-se que o termo
se subordina à ocorrência de um evento futuro e certo). Ex.: doei um sítio a João,
que terá o direito de usá-lo durante dez anos; após esta data o direito de usar
passará a ser de Antônio.
Contemplativa: ocorre quando a pessoa doa e declara o motivo da doação.
Ex.: doo uma casa a uma fundação séria, em razão dos excelentes trabalhos
prestados com crianças carentes e sabendo que a doação será revertida para
suas finalidades (art. 540, 1ª parte, CC).
Subvenção periódica: o doador estipula rendas ao donatário em
periodicidade (semanal, quinzenal, mensal, etc.). Ao invés de haver apenas um
ato na doação, esta é feita por meio de vários atos, daí ser uma modalidade de
contrato de “trato sucessivo”. Obs.: este tipo de doação extingue com a morte
do doador, salvo se houver previsão no contrato sobre a transferência da
obrigação para os herdeiros (hipótese em que ficará limitada ao valor da

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herança). No entanto o prazo máximo é a vida do donatário, que não poderá
estendê-la a seus herdeiros (art. 545, CC).
Com encargo ou modal ou onerosa: quando o doador impõe ao donatário
alguma incumbência em seu benefício, em proveito de terceiro ou de interesse
geral. Ex.: doei um terreno com a obrigação de o donatário ali construir uma
escola; doei uma casa com a obrigação de se colocar os impostos em dia, etc.
Com esse encargo a doação passa a ser onerosa, aplicando-se as regras
referentes aos vícios redibitórios (art. 441, parágrafo único, CC), além de
surgir a possibilidade de revogação da doação por inexecução do encargo. A
aceitação deve ser expressa. Têm legitimidade para exigir o cumprimento do
encargo o próprio doador, o terceiro por ele beneficiado, ou mesmo o Ministério
Público (após a morte do doador), se o encargo for em benefício de interesse
geral (art. 533, CC). Caso a doação não estabeleça um prazo para o cumprimento
do encargo, pode o beneficiário conceder um “prazo razoável”, devendo constituir
o donatário em mora por meio de uma interpelação judicial ou notificação (art.
562, 2ª parte, CC). O não cumprimento do encargo é causa de resolução da
doação.
Remuneratória: é aquela que tem por finalidade recompensar ou agradecer
um serviço ou favor prestado pelo donatário ao doador (art. 540, 2ª parte, CC).
Esta doação não é tida como gratuita, mas onerosa. Ex.: doação de um leitão ao
médico que tratou do doador sem nada cobrar. Na verdade a parte que
corresponde à retribuição do serviço prestado é pagamento; só será doação,
propriamente dita, quanto à parte que exceder o valor desse serviço.
Com cláusula de reversão (resolutiva): o doador estipula que se o
donatário morrer antes dele, os bens doados retornarão ao patrimônio do
doador, gerando, assim, uma sucessão anômala (isto porque não segue o
caminho natural de uma sucessão, que seria rumo ao patrimônio dos sucessores
do donatário). Não prevalece a cláusula de reversão em favor de terceiro; apenas
é permitida em favor do próprio doador (art. 547 e seu parágrafo único, CC), ou
seja, o doador não pode, por exemplo, estipular que caso João (donatário) morra
este bem vá para o patrimônio de José. Se isso fosse admitido, ainda que de
forma indireta, estaríamos diante de um caso de pacto sucessório (pacta
corvina), expressamente proibido por nosso Direito (art. 426, CC). Tem efeitos
retroativos, anulando eventuais alienações feitas pelo donatário, fazendo os bens
reverterem livres de quaisquer ônus ao doador.
Doação conjuntiva: é aquela feita em comum a mais de uma pessoa, sendo
distribuída por igual entre os diversos donatários, exceto se o contrato estipulou
o contrário (art. 551, CC). Caso os beneficiários sejam marido e mulher,
falecendo um deles, terá o cônjuge sobrevivente o direito de acrescer à sua parte
a do falecido.

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Doação inoficiosa: segundo o dicionário jurídico “De Plácido e Silva”,
inoficioso é o “ato que se pratica, injustamente, em detrimento de outrem,
privando-o do que lhe deveria competir”. Portanto doação inoficiosa é a ocorre
quando uma pessoa doa a um filho bens que deveriam pertencer à legítima do
outro, ou seja, é a que excede a parte do patrimônio que poderia ser
incluída no testamento. Assim, havendo herdeiros necessários (art. 1.845,
CC: descendentes, ascendentes ou cônjuge) o doador não pode ultrapassar
metade dos bens da herança (art. 1.846, CC). Segundo o art. 549, CC, será nula
a doação quanto ao valor que exceder ao que o doador poderia dispor em
testamento. A doação em si é válida; a nulidade incidirá somente naquilo que
ultrapassar o valor legal.
Doação a entidade futura (art. 554, CC): é aquela cujo donatário é uma
pessoa jurídica que ainda não foi criada, mas que será constituída. Se isso não
ocorrer no prazo de dois anos, haverá a caducidade do ato (trata-se de uma
doação sob condição suspensiva: a criação da pessoa jurídica).

IMPORTANTE DOAÇÃO A DESCENDENTES


A doação de ascendente para descendentes é perfeitamente válida e não
necessita de anuência dos demais herdeiros para sua eficácia. No entanto,
estabelece o art. 544, CC: A doação de ascendentes a descendentes, ou de um
cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
Assim, quando do falecimento do doador, os bens que tiverem sido doados aos
descendentes (ou ao cônjuge) deverão ser arrolados no inventário como
antecipação da legítima e compensados nas suas respectivas quotas em relação
aos demais herdeiros. Exemplo: Um homem viúvo possui três imóveis do mesmo
valor e três filhos. Pergunto: ele pode doar em vida um imóvel a um dos filhos?
Necessita de autorização dos outros filhos? Resposta: o pai pode fazer a doação
do bem sem autorização dos demais filhos. No entanto, quando esse pai falecer,
esta situação será levada em consideração no inventário. Aquele filho que recebeu
a doação, em tese, não terá mais direito à herança. Houve o que chamamos de
adiantamento da parte que lhe era cabível, ou seja, adiantamento da legítima.
Ele terá que prestar contas desta doação no inventário, trazendo aquele bem à
colação, para um “acerto de contas”. Portanto os dois imóveis restantes serão
divididos entre os outros dois filhos. Vamos dar outro exemplo em cifras. Um pai
(viúvo) tinha três filhos e um patrimônio de 150. Em vida doou 30 para um dos
filhos. Patrimônio restante: 120. Logo depois o pai faleceu. Não basta
simplesmente dividir o que restou por três. No inventário a quantia doada deve
ser “colada” ao que restou, totalizando os 150. Somente após a colação o
patrimônio será dividido. Assim os outros dois filhos receberão 50 cada um e o
que recebeu a doação inicial receberá somente 20, pois já havia recebido 30 antes.
Outra pergunta: E se o pai, que tinha três imóveis, doar dois deles a um dos filhos?

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Resposta: neste caso a doação de um dos imóveis será válida, pois está dentro de
sua parte disponível. Mas o outro não. Nesse caso, a doação que ultrapassou a
parte disponível é considerada nula. Isto porque qualquer cláusula que altere
normas de ordem pública de direito sucessório é considerada nula.
Por ocasião da morte do doador, se faz necessário que os bens recebidos
pelos filhos sejam arrecadados no inventário, para nova conferência, por meio da
colação. Colação consiste na arrecadação dos bens recebidos pelos herdeiros do
de cujus, quando este ainda vivia, trazendo-os todos para o processo de
inventário, a fim de serem submetidos a uma conferência e divisão no juízo do
inventário.
Todavia, pode ocorrer que a doação tenha sido feita saindo os bens da parte
disponível de seu patrimônio, dispensando-se expressamente o donatário da
colação. Neste caso, a doação não importa em adiantamento da legítima.

REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO
A doação é um contrato e, como tal, uma vez aperfeiçoado (com a aceitação
do donatário), só pode ser rescindido pela vontade de ambas as partes ou pela
presença de algum vício, gerando nulidade ou anulabilidade (ex.: coação, estado
de perigo, não se respeitar a forma adequada, etc.). Todavia, excepcionalmente a
doação poderá ser revogada por ingratidão do donatário ou por inexecução
do encargo (art. 555, CC). Vejamos.
A) Ingratidão do donatário. Isto ocorrerá se o donatário:
• Atentar contra a vida do doador.
• Cometer alguma ofensa física contra o doador.
• Injuriar ou caluniar o doador.
• Recusar alimentos ao doador, desde que pudesse ministrá-los.
A revogação deve ser pleiteada dentro do prazo decadencial de um ano,
a partir do conhecimento do fato que a autorizar pelo doador, mediante ação
judicial. Trata-se de um direito personalíssimo (art. 560, CC), ou seja, somente
o próprio doador pode revogar uma doação. No entanto, se a ingratidão consistiu
em homicídio doloso contra o doador, a ação caberá aos seus herdeiros (art. 561,
CC). Além disso, nas outras hipóteses, se o doador requereu a revogação
judicialmente e depois faleceu, seus herdeiros podem continuar com a ação.
Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade
por ingratidão do donatário (art. 556, CC), sendo nula disposição neste sentido.
A revogação não prejudica os direitos adquiridos de terceiros (art. 563, CC).
Isto é, revogada a doação, os bens voltam ao patrimônio do doador, respeitados,
porém, os direitos dos terceiros. Se o donatário já vendeu um bem, o terceiro não

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fica prejudicado. Porém o preço recebido pelo donatário na venda deve retornar
ao doador.
Não se revogam por ingratidão as doações:
• Puramente remuneratórias.
• Oneradas com encargo.
• Que se fizerem em cumprimento de obrigação natural (dívidas de jogo ou
prescritas).
• Feitas para determinado casamento.
B) Descumprimento do encargo imposto (se houver): a doação onerosa
poderá ser revogada pela inexecução de um encargo, desde que o donatário
incorra em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá
notificar judicialmente o donatário, assinalando-lhe prazo razoável para que
cumpra a obrigação assumida (art. 562, CC).

LOCAÇÃO

Locação é o contrato pelo qual uma das partes, mediante remuneração


paga pela outra, se compromete a fornecer-lhe, durante certo lapso de tempo, o
uso e gozo de uma coisa infungível, a prestação de um serviço apreciável
economicamente ou a execução de alguma obra determinada. Levando-se em
consideração este conceito, podemos estabelecer três espécies de locação:
Locação de Coisas (locatio rei): uso e gozo de bem infungível.
Locação de Serviços (locatio operarum): prestação de serviços
economicamente apreciável.
Locação de Obras ou empreitada (locatio operis faciendi): execução de
obra ou trabalho.

OBSERVAÇÕES

01) Essa era a forma que o Código anterior classificava a locação. Pela
disposição atual no Código Civil, a prestação de serviços e a empreitada
não são mais espécies de locação, até porque o legislador as colocou no Código
após o contrato de empréstimo, fazendo questão de separar esses contratos
(prestação de serviços e empreitada) da locação de coisas. E reservou a expressão
“locação” apenas para as coisas.
02) É conveniente também esclarecer que as expressões “locação” e
“arrendamento” são usadas como sinônimas. No entanto, na prática, se costuma

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usar o termo arrendamento para se designar o aluguel de imóveis rústicos (ou
rurais) e locação para bens (móveis ou imóveis) urbanos. Trata-se apenas de uma
questão de terminologia da doutrina, não estando expressa na lei.

CARACTERÍSTICAS COMUNS
As três modalidades de contrato acima mencionadas apresentam as
seguintes características comuns:
• Cessão temporária do uso e gozo da coisa, sem haver a transmissão da
propriedade.
• Termos usados para a Remuneração:
a) Locação de coisas → aluguel.
b) Prestação de Serviços → salário.
c) Empreitada (locação de obras) → preço.

LOCAÇÃO DE COISAS
(arts. 565 a 578, CC)

Locação de Coisas é o contrato pelo qual uma das partes (locador,


senhorio) se obriga a ceder à outra (locatário, inquilino), por tempo
determinado, ou não, o uso e gozo de coisa não fungível (ou infungível: que não
pode ser substituído por outro igual), mediante certa remuneração (art. 565, CC).
Se houver mais de um locador ou locatário, entende-se que são solidários, salvo
se o contrato estabeleceu o contrário.
Como vimos, refere-se a bem infungível. Se fosse fungível teríamos o
mútuo (que veremos mais adiante) e não a locação. No entanto, em certas
hipóteses, os bens fungíveis podem ser alugados. Isto quando o seu uso e gozo
for concedido ad pompam vel ostentationem. Ex.: ceder ao locatário garrafas de
vinho, ou cestas de frutas, para que sirvam apenas de ornamentação em uma
festa, sendo que estes bens serão devolvidos depois da festa. Por outro lado, se a
coisa fosse infungível, porém gratuita, teríamos não uma locação, mas sim o
comodato (que também será analisado mais adiante).

NATUREZA JURÍDICA
• Bilateral ou sinalagmático: cria obrigações para ambos os contratantes.
• Oneroso: ambas as partes auferem vantagens e ônus patrimoniais de suas
prestações. Se fosse gratuito, seria um comodato.
• Tipico: previsto do Código Civil.

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• Comutativo: em regra possui objeto certo com equivalência das prestações e
contraprestações.
• Consensual: o contrato de compra e venda é consensual, pois ele se
aperfeiçoa com o simples consenso ou manifestação de vontade dos
contraentes, não se exigindo a entrega da coisa pelo locador para que ocorre
seu aperfeiçoamento.
• Não solene: em regra a forma é livre, celebrado por escrito ou até
verbalmente, no entanto a forma escrita é exigida em algumas situações. Em
caso de alienação do bem o locatário somente estará protegido se o contrato
for celebrado por escrito e for registrado (registro de títulos e documentos:
bens móveis; registro de imóveis: imóveis).
• Trato sucessivo (ou execução continuada): a execução do contrato de locação
se prolonga no tempo e o pagamento do aluguel, em regra, corresponde a uma
obrigação periódica.
PARTES
• Locador (senhorio ou arrendador): é quem oferece a coisa em locação,
transmitindo a posse direta ao locatário, reservando para si a posse
indireta. Em regra, o locador é o proprietário da coisa. No entanto isso nem
sempre ocorre, pois em algumas situações o locador pode não ser o titular
do domínio. Ex.: no usufruto o nu proprietário possui o título de propriedade
e o usufrutuário tem o direito de usar a coisa alheia (morar) ou retirar os
frutos por ela produzidos, sem alterar-lhe a substância (alugar); portanto,
o usufrutuário, embora não seja proprietário, pode ser locador. O
mesmo ocorre na sublocação (desde que expressamente permitida no
contrato) e com o inventariante, que pode alugar os bens do espólio.
• Locatário (inquilino ou arrendatário): é o que recebe a coisa em locação e
que por sua vez, deve pagar o aluguel.
ELEMENTOS
Sendo a locação um contrato, e, portanto, um negócio jurídico, será sempre
um ato jurídico bilateral. Portanto, seus elementos serão os mesmos previstos
para um negócio jurídico em geral, acrescentando-se: a coisa (res), o preço
(pretium) e o consenso (consensus):
• COISA (objeto): como vimos, o bem a ser locado pode ser móvel ou imóvel,
corpóreo ou incorpóreo, divisível ou indivisível. Por outro lado, ele deve ser
infungível (regra), inconsumível e suscetível de gozo. Além disso, deve ser
sempre lícito e possível. É conveniente ressaltar que mesmo um bem
inalienável (ex.: bem gravado com cláusula de inalienabilidade, bem de família)
pode ser locado. Se o contrato nada dispuser, como regra, a locação do
principal abrange os acessórios (a locação de uma fazenda abrange as casas,

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as pertenças, as benfeitorias, etc.). Observação: é possível a locação de
coisa alheia, enquanto durar a posse do locador (ex.: um bem imóvel foi
entregue a um credor para garantir uma dívida; se houver previsão expressa é
possível que este credor alugue a coisa do devedor, inclusive para abater o
recebido da dívida).
• PREÇO (remuneração, aluguel ou renda): é a importância que o locatário paga
pelo uso da coisa. Em regra esse valor é periódico (prestação sucessiva). No
entanto admite-se que o valor seja pago de uma só vez (aluguéis para
temporada). O valor do aluguel pode ser estipulado livremente pelas partes,
sendo proibida a imposição exclusiva de uma das partes. Em algumas
hipóteses especiais o valor pode ser feito por arbitramento administrativo ou
judicial ou até imposto por ato governamental. Pode também decorrer de
concorrência pública (locações de bens da União). Ele deve ser certo, podendo
ser em dinheiro ou qualquer outro bem. Deve também ser sério; se for irrisório
será um empréstimo da coisa de forma dissimulada. Como vimos na aula sobre
o Direito das Obrigações, é proibida qualquer forma de vinculação ao
salário mínimo, moedas estrangeiras e metais preciosos (art. 318, CC).
Os reajustes devem seguir o disposto em lei específica. Se o locatário não pagar
o preço, sua cobrança poderá ser feita judicialmente, havendo motivo para
rescisão contratual.
• CONSENTIMENTO VÁLIDO: é o acordo de vontades, que pode ser expresso
ou tácito. No entanto, para que o negócio seja válido o consentimento deve ser
dado de forma livre, consciente e de boa-fé. Os incapazes só poderão alugar se
forem representados (para os absolutamente incapazes) ou assistidos (para os
relativamente incapazes) por seus representantes legais (pais, tutores ou
curadores).

FORMA E PRAZO
A forma do contrato de locação pode ser qualquer uma, inclusive a verbal,
uma vez que é um contrato consensual.
O prazo é sempre temporário. Poderá até ser vitalício, mas nunca
perpétuo. O prazo pode ser determinado ou indeterminado, dependendo do
que se pactuar no contrato. O Código Civil não estabelece um prazo máximo para
a vigência da locação. Se não for estipulado um prazo exato, ele será
indeterminado. A Lei do Inquilinato (LI) estabelece uma restrição para
contratos celebrados com prazo igual ou superior a 10 anos: depende de
autorização ou vênia conjugal (outorga marital ou uxória), na hipótese de
apenas um dos consortes ser o locador. Se não houver esta vênia, o cônjuge não
estará obrigado a observar o prazo excedente.

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Se o contrato de locação for pactuado com prazo fixo o locador não poderá
reaver a coisa alugada antes do seu vencimento (salvo se rescindir o contrato
e indenizar o locatário pelas perdas e danos resultantes desta quebra de contrato;
neste caso o locatário terá direito de retenção do bem até o pagamento da
indenização). Por outro lado, o locatário poderá devolver a coisa pagando a
multa prevista no contrato de forma proporcional ao tempo que resta para
o fim da locação (art. 571, CC). Se este valor for excessivo, o Juiz pode reduzir
este valor para “bases razoáveis” (art. 572, CC). Tal dispositivo está em sintonia
com o art. 413, CC que permite ao Juiz “reduzir equitativamente” o valor da
cláusula penal, quando a obrigação principal tiver sido cumprida em parte ou se o
seu montante for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a
finalidade do negócio. Nota-se, mais uma vez, a presença da “função social do
contrato” (art. 421, CC) e a proibição do enriquecimento indevido.

ESPÉCIES
De uma forma geral a locação pode ser de:
1) Coisa
a) Móvel: rege-se pelo Código Civil (ex.: locação de um carro).
b) Imóvel: rege-se pelo Código Civil (ex.: locação de um terreno, de uma
garagem autônoma, etc.).
2) Prédios Urbanos (neste caso aplica-se a Lei n° 8.245/91)
a) Residenciais urbanos
b) Não residenciais:
• Comerciais ou industriais urbanos e rústicos (art. 51).
• Hospitais, unidades sanitárias oficiais, asilos, estabelecimentos de
saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder Público (art.
53).
• Lojistas e empreendedores de shopping center (art. 54).
• Não comerciais urbanos (ex.: prédio para rede de associação).
3) Prédios Rústicos (destinados à atividade rural)  neste caso aplica-se o
Dec. 59.566/66 e o Estatuto da Terra.

LOCAÇÃO NO CÓDIGO CIVIL


As regras do Código Civil aplicam-se à locação de objetos (móveis e
imóveis), que não se enquadram como prédios urbanos com fins residenciais e
comerciais (pois nestes casos aplica-se a Lei 8.245/91). Assim continuam sendo
regulados pelo Código Civil:

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1) Locações
• de imóveis de propriedade da União, dos Estados, dos Municípios.
• de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamentos
de veículos.
• de espaços destinados à publicidade.
• de apart-hotéis, hotéis-residência ou equiparados
2) Arrendamento Mercantil.

LOCAÇÃO DE COISAS MÓVEIS E IMÓVEIS


a) Pode ela ser por tempo determinado ou indeterminado. Se por prazo
determinado, ela cessa de pleno direito, findo o prazo estipulado,
independente de notificação ou aviso (art. 573, CC).
b) Findo o prazo da locação, se o locatário continuar na posse da coisa
alugada, sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada sem prazo
determinado (art. 574, CC): presunção de prorrogação da locação por
continuação na posse.
c) A qualquer tempo, vencido o prazo do contrato, pode o locador notificar
o locatário para restituir a coisa. Se notificado, o locatário não restituir a coisa,
pagará, enquanto a tiver em seu poder, o aluguel que o locador arbitrar, e
responderá pelo dano que ela venha a sofrer, ainda que proveniente de caso
fortuito. Mas se o aluguel arbitrado for manifestamente excessivo, o juiz pode
reduzi-lo equitativamente, mas sempre tendo em conta o se caráter de
penalidade.
d) Se a coisa foi alienada durante a locação, o novo proprietário não é
obrigado a respeitar o contrato, salvo se o contrato contiver “cláusula de vigência
no caso de alienação”, e conste do Registro de Imóveis (art. 576, CC).
e) Morrendo o locador ou locatário transfere-se a locação a seus
herdeiros (art. 577, CC), por esse motivo a doutrina afirma que o contrato de
locação não é personalíssimo.
f) O art. 578, CC trata do direito de retenção. Salvo disposição em
contrário, o locatário goza do direito de retenção, no caso de benfeitorias
necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido feitas com
expresso consentimento do locador.
g) Na dúvida quanto à interpretação do contrato, deve ser entendida a que
mais favorecer o locatário.

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Direitos do locador
• Receber pagamento do aluguel.
• Exigir algumas garantias do locatário, como a fiança (veremos isso mais
adiante de forma minuciosa).
• Mover ação de despejo nos casos em que a lei permitir.
• Autorizar (ou não) a sublocação ou a cessão de locação.
• Pedir revisão judicial do aluguel.
Obrigações do locador (arts. 566 a 568, CC)
• Entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado
de servir ao uso a que se destina.
• Manter a coisa alugada neste estado pelo tempo do contrato, salvo
cláusula expressa.
• Garantir ao locatário o uso pacífico da coisa, durante o prazo do contrato.
• Resguardar o locatário dos embaraços e turbações de terceiros (tanto o
locador, como o locatário possuem legitimidade para ingressar com as
ações possessórias), bem como responder pelos seus vícios ou defeitos
anteriores à locação.
• Indenizar benfeitorias úteis e necessárias feitas pelo locatário de boa-fé
• Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do
locatário, a este caberá pedir redução proporcional do aluguel, ou
resolver o contrato, caso já não sirva a coisa para o fim a que se
destinava.
Direitos do locatário
• Exigir a entrega da coisa e recibo de aluguel.
• Reter o bem no caso de benfeitorias necessárias ou úteis feitas com o
consentimento por escrito do locador enquanto não receba indenização
relativa a elas.
• Preferência na aquisição no caso de alienação do imóvel locado.
• Purgar a mora. Trata-se do ato que repara ou corrige a falta cometida.
No caso é o pagamento da dívida, ou seja, os eventuais aluguéis
vencidos, para evitar a rescisão do contrato.
Obrigações do locatário (arts. 569 a 570, CC)
• Servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos,
conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o
mesmo cuidado como se sua fosse. Se o locatário empregar a coisa em
uso diverso do ajustado, ou do a que se destina, ou se ela se danificar
por abuso do locatário, poderá o locador, além de rescindir o contrato,
exigir perdas e danos.

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• Pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de
ajuste, segundo o costume do lugar.
• Levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se
pretendam fundadas em direito.
• Restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvo as
deteriorações naturais ao uso regular.

LOCAÇÃO DE IMÓVEL URBANO


Lei n° 8.245/91

A Lei n° 8.245/91 com suas alterações regulam a locação de imóveis


urbanos residenciais e não residenciais. O Código Civil, apesar de ser uma lei
posterior, não afastou a aplicação da Lei 8.245/91 para as locações de imóveis
urbanos. É o que dispõe o art. 2.036, CC, que dispõe: “a locação de prédio urbano,
que esteja sujeita à lei especial, por esta continua a ser regida”. O art. 1o da Lei
de Locações afirma que ela não terá incidência:
a) Na locação de:
• Imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas
autarquias e fundações públicas; o fundamento para esta não incidência é
o interesse público, que não permite que tais locações se sujeitem ao
regime privado.
• Vagas autônomas de garagem ou espaços para estacionamentos de
veículos, desde que não haja vinculação com o imóvel locado.
• Espaços destinados à publicidade (neste caso aplicam-se as regras do
poder de polícia concedidas às autoridades municipais, na regulação do
interesse local).
• Apart-hotéis, hotéis-residências ou equiparados (flats); entende-se que
esta hipótese se refere mais a um contrato de hospedagem do que de
locação, pois o pagamento é feito na forma de diárias e não de aluguel e
não há ação de despejo.
b) No arrendamento mercantil (leasing): o fundamento de sua exclusão reside
no fato de que o pagamento que se faz nestes casos não é de aluguel, pois ele
pode servir de pagamento parcial do bem arrendado, sendo regulado por lei
própria;
c) Em imóveis rurais, entendidos conforme a sua destinação e não de acordo
com sua localidade.

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CLASSIFICAÇÃO
A) Locação Residencial
• Prazo certo igual ou superior a 30 meses.
• Prazo indeterminado ou inferior a 30 meses.
B) Locação Não Residencial
• Locação comercial com direito à renovatória.
• Outras locações livres.
C) Locação Especial ou por Temporada

CARACTERÍSTICAS GERAIS
A locação pode ser fixada por qualquer prazo. Sendo igual ou superior a
dez anos, é necessária a outorga (ou vênia) conjugal (art. 3°, LI).
Havendo prazo determinado, o locador não pode reaver o imóvel. Já o
locatário pode devolvê-lo, desde que pague a multa, caso pactuada, proporcional
ao período de cumprimento do contrato ou, na sua falta, a que for judicialmente
estipulada (art. 4°, 2a parte, LI, com redação dada pela Lei n° 12.112/09).
Entende-se que o caráter da multa é compensatório. Embora a lei use a expressão
“multa”, trata-se, na verdade, de uma prefixação de indenização por perdas e
danos, estimada de acordo com a natureza e o vulto do contrato. Por tal motivo,
não se pode cumular essa multa com eventuais perdas e danos, nos termos do
artigo 413 do Código Civil. Eventual indenização suplementar somente será devida
se o contrato permitir e houver provas de efetivo prejuízo. Não havendo prazo
determinado o locatário poderá rescindir a locação, mediante aviso por escrito
ao locador, com antecedência mínima de 30 dias.
O locatário pode ser exonerado da multa pela resilição antecipada da
locação no caso de transferência do seu local de trabalho, determinada pelo
empregador (art. 4°, parágrafo único, LI). Para ter este direito deve notificar o
locador por escrito, com antecedência mínima de 30 dias, sob pena de incorrer na
multa. Este benefício não se aplica quando o pedido de transferência é de iniciativa
do próprio locatário. É admissível quando a mudança do local de trabalho se dá de
um bairro para outro nos grandes centros urbanos, dada a dificuldade de
locomoção do empregado.
É livre a convenção do preço do aluguel, podendo as partes fixar novo
valor para o aluguel, bem como inserir ou modificar cláusula de reajuste (art. 18,
LI). No entanto é vedada a sua estipulação em moeda estrangeira e a sua
vinculação à variação cambial ou ao salário-mínimo (art. 17 e 85, LI).

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O aluguel não pode ser cobrado adiantado, salvo se a locação for por
temporada (art. 49, LI) e nos casos em que o contrato foi celebrado sem garantia
alguma.
Após três anos de vigência do contrato ou do último acordo, não havendo
composição, caberá o ajuizamento de ação revisional de aluguel (arts. 19 e 68
a 70, LI), a fim de adequá-lo ao preço de mercado.
A alienação do imóvel durante a locação rompe o contrato (denúncia
vazia ou imotivada), devendo ser exercida no prazo de 90 dias. O adquirente do
bem, por ser estranho ao pacto locatício, ingressa na posição de locador somente
se o desejar. Ocorre exceção a esta regra se a locação for por tempo determinado
e o respectivo contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e
constar do Registro de Imóveis (art. 8°, LI).
A ação do locador para reaver o imóvel é sempre o despejo, que pode
ser cumulada com a cobrança dos alugueis vencidos e acessórios. A petição inicial
deve ser instruída com o cálculo, discriminando, pormenorizadamente o valor do
débito e todos os acréscimos, permitindo ao devedor impugnar algum que repute
indevido. O locatário deve ser citado para responder ao pedido de rescisão
contratual. Se houver pedido de cobrança cita-se o locatário e o eventual fiador.
Nesta hipótese, com a petição inicial deve ser apresentado cálculo discriminado
do valor do débito (arts. 62, I, LI).
O locatário e o fiador poderão evitar a rescisão da locação efetuando,
no prazo de 15 dias, contado da citação da ação de despejo e independentemente
de cálculo, depósito judicial que contemple a totalidade dos valores devidos
atualizados (art. 62, II, LI, com a redação dada pela Lei 12.112/09), abrangendo:
aluguéis e acessórios da locação que vencerem até a sua efetivação, multas ou
penalidades contratuais (quando exigíveis), juros de mora, custas e honorários do
advogado do locador. Trata-se da purgação (ou emenda) da mora. Esta não será
admitida se o locatário já utilizou tal faculdade nos 24 meses imediatamente
anteriores à propositura da ação (art. 62, parágrafo único, LI, com redação dada
pela Lei n° 12.112/09). Efetuada a purga da mora, se o locador alegar que a oferta
não é integral, justificando a diferença, o locatário poderá complementar o
depósito no prazo de 10 dias, contado da intimação, que poderá ser dirigida ao
locatário ou diretamente ao patrono deste, por carta ou publicação no órgão oficial,
a requerimento do locador. Não sendo integralmente complementado o depósito,
o pedido de rescisão prosseguirá pela diferença, podendo o locador levantar a
quantia depositada.
Se a ação de despejo for julgada procedente, o juiz determinará a
expedição de mandado de despejo, com prazo de 30 dias para a desocupação
voluntária (art. 63, LI, com redação dada pela Lei n° 12.112/09).

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Se o bem locado for apartamento, o locatário poderá votar nas
assembleias que não envolvam despesas extraordinárias de condomínio, caso o
locador a ela não compareça (art. 24, §4°, da Lei n° 4.591/64).

GARANTIAS
O locador pode exigir uma das seguintes modalidades de garantia (art. 37,
LI):
a) Caução: O termo vem do latim cautio, que, de modo geral, significa a
cautela que se tem ou que se toma como garantia ou segurança do
cumprimento da obrigação. Pode se referir a bens (caução real) móveis ou
imóveis. Ex.: se o locatário for proprietário de um imóvel em outro Estado,
pode caucioná-lo por meio de uma averbação no Registro de Imóveis,
deixando-o como garantia da locação. No entanto, na prática esta garantia é
em dinheiro, não podendo exceder a três meses de aluguel, efetuada
mediante depósito em caderneta de poupança (art. 38, LI), em nome do
locador e do locatário (conta conjunta), pelo prazo de duração da locação. As
correções monetárias e os juros revertem em favor do inquilino quando
levantados no término da locação.

b) Garantia fidejussória: trata-se da fiança, que poderá ser pessoal ou


bancária. É a preferida pelo locador, pois possibilita avaliar a capacidade
econômica do fiador para garantir eventual inadimplemento do locatário.
(Vejam o tópico “Fiança” mais adiante)

c) Seguro de fiança locatícia: é o pagamento de uma taxa correspondente


a um prêmio anual ou mensal ao locador. Garante-se, mediante prêmio, o
pagamento de indenização dos prejuízos sofridos como o inadimplemento do
locatário. É comum nas locações comerciais.

d) Cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento (art. 37, IV,


LI, acrescido pela Lei n° 11.196/05): o locatário (devedor) cede, até que se dê
a liquidação total da dívida ao locador (credor), os seus direitos creditórios,
representados em quotas emitidas por entidade financeira, originárias de
operações nos segmentos financeiro, comercial, industrial, arrendamento
mercantil, prestação de serviços, sistema de distribuição de valores mobiliários
destinados à aplicação em empreendimentos imobiliários (construção de
imóveis, aquisição de imóveis prontos ou investimentos em projetos, visando
viabilizar o acesso à habitação e serviços, inclusive em áreas rurais para
posterior alienação, locação ou arrendamento).

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OBSERVAÇÕES
O locador não pode exigir, sob pena de nulidade da cláusula contratual,
mais de uma das modalidades de garantia no mesmo contrato de locação (art. 37,
parágrafo único, LI).
O aluguel somente pode ser cobrado adiantado (até o sexto dia útil do mês
vincendo) se o contrato não estiver garantido por nenhuma das modalidades
citadas (art. 42, LI). Se o locador impôs que o locatário apresentasse um fiador,
não pode exigir que o aluguel seja pago de forma adiantada.

FIANÇA

Prevista nos artigos 818 e seguintes do Código Civil, fiança (ou caução
fidejussória), é a promessa feita por uma ou mais pessoas (fiadores), de garantir
ou satisfazer a obrigação de um devedor principal (no caso o locatário), se este
não a cumprir, assegurando ao credor (locador) o seu efetivo cumprimento. Pode
ser fiador qualquer pessoa maior que esteja na livre administração de seus bens.
Na locação exige-se que tenha pelo menos um bem imóvel, devidamente quitado.
Como o patrimônio do fiador será exposto à execução do credor caso o locatário
não pague os aluguéis, se o fiador for casado é necessária a outorga conjugal.
Assim, salvo no regime de separação absoluta de bens, nenhum dos
cônjuges pode, sem autorização do outro prestar fiança (art. 1.647, CC). A
falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária, tornará anulável o
ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos
depois de terminada a sociedade conjugal (art. 1.649, CC). Assim, havendo a
arguição da anulabilidade da fiança dada sem o devido consentimento do outro
cônjuge, essa garantia fidejussória será anulada não apenas quanto à metade do
cônjuge que não deu o seu consentimento, e sim por inteiro. É neste sentido o
teor da Súmula 332 do STJ: "A fiança prestada sem autorização de um dos
cônjuges implica a ineficácia total da garantia". Por outro lado, o próprio STJ já
decidiu (REsp n° 1.299.866 – DF. Rel. Min. Luis Felipe Salomão) no sentido de que
“ainda que a união estável esteja formalizada por meio de escritura pública, é
válida a fiança prestada por um dos conviventes sem a autorização do outro”.
A fiança (assim como as demais garantias da locação) se estende até a
efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo
indeterminado, salvo disposição contratual em contrário (art. 39, LI, com redação
dada pela Lei n° 12.112/09). No entanto, o fiador pode se eximir da obrigação,
notificando o locador da sua intenção de desoneração. Mesmo assim, ainda ficará
obrigado por todos os efeitos da fiança durante 120 dias após a notificação. Neste
caso o locador pode notificar o locatário para apresentar nova garantia locatícia
no prazo de 30 dias, sob pena de desfazimento da locação (art. 40, inciso X e
parágrafo único, LI, com a redação dada pela Lei n° 12.112/09).

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LOCAÇÃO RESIDENCIAL – Hipóteses:
Contratos fixados por 30 meses ou mais (art. 46, LI)  Nas locações
ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a 30 meses, a resolução
(extinção) do contrato ocorrerá quando terminar o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso. Findo o prazo ajustado, se o
locatário não desocupar o imóvel, o locador tem 30 dias para notificar o
locatário e a partir do prazo concedido na notificação deve ingressar com ação
de despejo, sob pena de perder a eficácia. Decorrido o prazo, se o locatário
continuar na posse do imóvel alugado sem oposição do locador, presumir-se-
á prorrogada a locação por prazo indeterminado, mantidas as demais
cláusulas e condições do contrato. Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá
pedir o imóvel para si (o que é chamado de “denunciar o contrato”) a qualquer
tempo (denúncia vazia), apenas concedendo o prazo de 30 dias para
desocupação. Se houver ação de despejo e o locatário concordar em sair do
imóvel, terá seis meses para a desocupação.
Contratos fixados até 30 meses (art. 47, LI)  Quando ajustado verbalmente
ou por escrito e com prazo inferior a 30 meses, findo o prazo, a locação
prorroga-se automaticamente, por tempo indeterminado. Neste caso o imóvel
somente pode ser retomado (denúncia cheia ou motivada) nas seguintes
hipóteses: a) por mútuo acordo; b) em decorrência da prática de infração legal
ou contratual (arts. 22 e 23, LI); c) por falta de pagamento do aluguel e
demais encargos; d) para a realização de obras urgentes determinadas pelo
poder público, que não possam ser normalmente executadas com a
permanência do locatário no imóvel ou, podendo, ele se recuse a consenti-las;
e) em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do
imóvel pelo locatário for relacionada com o seu emprego (ex.: zelador do
prédio); f) se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro
(neste caso a retomada pode ser para fim residencial ou não), ou para uso
residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu
cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio (neste caso a retomada
somente pode ser feita para uso residencial destas pessoas); g) se for pedido
para demolição e edificação licenciada ou para a realização de obras aprovadas
pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em, no mínimo, 20%, se
o imóvel for destinado a exploração de hotel ou pensão, em 50%; h) se a
vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos, ou seja, se for
pactuada locação verbal ou se por escrito seu período for inferior a 30 meses,
somente após cinco anos de vigência do contrato o locador pode despejar o
inquilino de forma imotivada.
Locação por temporada (arts. 48 a 50, LI)  É a locação destinada à residência
temporária do locatário, para a prática do lazer, realização de cursos,
tratamento de saúde, feituras de obras em seu imóvel, e outros fatos que

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decorrem tão somente de determinado tempo, e contratada por prazo não
superior a 90 dias, esteja ou não mobiliado o imóvel. Se estiver mobiliado,
constará do contrato, obrigatoriamente, a descrição dos móveis e utensílios
que o guarnecem, bem como o estado em que se encontram. Nesse caso o
aluguel e os encargos podem ser cobrados antecipadamente e de uma
só vez.

Observação
O contrato de locação somente é rescindido com a efetiva entrega das
chaves do imóvel ao locador, ou sua imissão na posse por ato judicial, sendo
irrelevante a simples desocupação do imóvel. Este ato, por si só, não exonera o
locatário da responsabilidade pelo pagamento dos aluguéis e demais encargos
contratuais.

DIREITO DE PREFERÊNCIA (arts. 27 a 34, da Lei n° 8.245/91)


No caso de alienação do imóvel, o locatário tem preferência para adquirir
o bem locado, em igualdade de condições com terceiros (e em especial no preço),
devendo o locador dar-lhe conhecimento do negócio mediante: notificação
judicial, ou notificação extrajudicial, ou qualquer outro meio de ciência inequívoca.
O locatário deve se manifestar no prazo de 30 dias, sob pena de caducar o
direito. Ocorrendo a aceitação da proposta e posterior desistência por parte do
locador, este deve responder pelos prejuízos causados (danos emergentes e lucros
cessantes).
O locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do
alienante as perdas e danos. Poderá alternativamente, depositar o preço e demais
despesas do ato de transferência e haver para si o imóvel locado. Mas isso se o
requerer no prazo de seis meses a contar do registro do ato no cartório de imóveis,
desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos 30 dias antes da
alienação, junto à matrícula do imóvel.
Benfeitorias: arts. 35 e 36
As benfeitorias necessárias (são as têm por finalidade conservar ou evitar
que o bem se deteriore) introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas
pelo locador, bem como as úteis (são as que aumentam ou facilitam o uso da
coisa), desde que autorizadas, são indenizáveis e ainda permitem o direito de
retenção.
Já as benfeitorias voluptuárias (destinadas ao embelezamento ou ao
recreio) não são indenizáveis, podendo ser levantadas pelo locatário, finda a
locação, desde que a sua retirada não afete a estrutura e a substância do imóvel.
Tais disposições podem ser deliberadas de modo diverso no próprio contrato
de locação.

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Transferência do contrato de locação
É perfeitamente admissível que um contrato de locação seja transferido para
terceiros nas seguintes hipóteses:
• Ato inter vivos: cessão locacional, sublocação ou empréstimo.
• Morte de um dos contratantes.

Cessão locacional
A cessão locacional consiste na transferência a outrem, mediante
alienação, da posição contratual do locatário. O locatário desliga-se do contrato
primitivo, desaparecendo a sua responsabilidade. O cessionário se entenderá com
o locador. A cessão, por importar em transferência de direito pessoal, rege-se
pelas disposições do Código Civil atinentes à cessão de crédito (arts. 286/298,
CC).
Sublocação (arts. 14 a 16)
A Sublocação consiste na concessão do gozo (parcial ou total) da coisa
locada, por parte de um locatário e uma terceira pessoa, que se torna locatária do
locatário, tendo os mesmos direitos e deveres. O locatário primitivo não se
exonera da locação original.
Rescindida ou finda a locação resolvem-se (extinguem-se) as sublocações,
salvo o direito de indenização que possa competir ao sublocatário contra o
sublocador.
Empréstimo
Se o locatário empresta de forma gratuita o imóvel locado a uma terceira
pessoa, mesmo que por breve tempo, ele (o locatário) continua responsável
perante o locador.

Observação Na cessão locacional, na sublocação e no


empréstimo deve haver consentimento prévio, por escrito, do
locador.

Morte (arts. 10 e 11)


Na locação de prédio urbano, falecendo o locador, os herdeiros receberão
os direitos inerentes à locação. Em outras palavras, não se extingue a locação,
uma vez que seus direitos e obrigações passarão aos sucessores. Em caso de
óbito do locatário, têm direito à continuidade da locação (sub-rogação) o:
• Cônjuge sobrevivente e sucessivamente os herdeiros necessários e pessoas
que viviam na dependência econômica do locatário, desde que residentes
no imóvel para fins residenciais (inclui o/a companheiro/a).

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• Espólio do locatário falecido e a seguir o seu sucessor, no caso de locação
não residencial.
Locação de imóvel residencial ao empregado e direito de retomada
A locação para locatário empregado é aquela em que a figura do locador se
confunde com a figura do patrão e destina-se a uso residencial de empregado e
de sua família, em razão do emprego. Esse tipo de locação exige contrato que
contenha cláusula registrando que a locação somente vigerá enquanto o locatário
trabalhar para o locador. Exige ainda que haja valor efetivamente pago ou
descontado, a título de aluguel. O desconto pode ser efetuado na folha de
pagamento ou pode ser cobrado normalmente como em qualquer outra situação.
O que importa é que a locação tenha relação com o emprego, e as condições da
locação sejam formalmente estabelecidas (locação vinculada). Nesta hipótese o
art. 47, II permite da denúncia imotivada do contrato de locação. Esta norma
procurou envolver zeladores, vigias, porteiros, etc. Assim, desfeito o vínculo
trabalhista, abre-se ensejo ao despejo. O art. 59, §1º, II, abre-se a possibilidade
de despejo liminar nestes casos, evitando-se que o empregador tenha que tolerar
ex-empregado no local até a sentença.
No entanto, se o empregador fornece moradia ao empregado sem cobrar
qualquer contraprestação (aluguel), não se cogita do uso da faculdade de
retomada prevista na Lei do Inquilinato. Neste caso não está caracterizada a
locação, mas sim um comodato. Portanto, a retomada não se processará pela via
de ação de despejo, mas pela via da ação de reintegração de posse.

EXTINÇÃO DA LOCAÇÃO DAS COISAS


A locação das coisas, de uma forma geral, cessará se houver:
• Distrato ou resilição bilateral (mútuo acordo).
• Retomada do bem locado.
• Implemento de condição resolutiva.
• Perda ou destruição da coisa.
• Vencimento do prazo sem prorrogação ou renovação.
• Desapropriação.
• Morte do locatário sem sucessores.
• Resilição unilateral por inexecução contratual ou infração à lei. A resilição
por parte do locador também é denominada de denúncia, que se consuma
com a sentença de despejo.
• Extinção do usufruto, tratando-se de contrato ajustado pelo usufrutuário
(salvo se com ele anuiu, por escrito, o nu proprietário).

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LOCAÇÃO NÃO RESIDENCIAL
Nesta área existem quatro hipóteses:
• Locação comercial ou empresarial: contrato por qualquer prazo, com
prorrogação por tempo indeterminado, se no seu término ficarem silentes
as partes por mais de 30 dias. Ocorrida a prorrogação, caberá denúncia
imotivada (denúncia vazia), a qualquer tempo, com 30 dias para a
desocupação. O locatário comerciante ou industrial pode obter judicialmente
a renovação do aluguel, e continuar no imóvel desde que haja contrato
escrito com prazo determinado, vigente, por mais de 05 (cinco) anos
ininterruptos, estando o locatário exercendo o mesmo ramo de atividade há
pelo menos 03 (três) anos ininterruptos, sendo proposta a ação
renovatória de aluguel de 01 ano até 06 meses antes do fim do prazo
contratual. As sociedades civis com fins lucrativos têm também direito à
ação renovatória. A atual Lei sobre Locações revogou expressamente a
antiga Lei de Luvas (Decreto n° 24.150, de 1934), incorporando no seu
texto a matéria revogada.
• Locação não residencial civil: abrange locatários com atividades civis,
suas sedes, escritórios, estúdios e consultórios. Rege-se pelos princípios da
locação comercial (denúncia vazia). No entanto, nesta hipótese, o locatário
não tem direito à ação renovatória.
• Locação não residencial especial: abrange escolas, hospitais e asilos.
Rege-se por sistemática própria, que exclui a denúncia vazia e prevê prazo
de desocupação de 06 meses até 1 ano.
• Locação de benefício ou vantagem profissional indireta: ocorre
quando o locatário é pessoa jurídica e o imóvel é destinado ao uso de seus
dirigentes ou empregados. Segue, como regra, a locação comercial:
denúncia vazia.

EMPRÉSTIMO
(arts. 579 a 592, CC)

Empréstimo é o contrato pelo qual alguém entrega uma coisa para


outrem, gratuitamente, obrigando-se este a devolver a mesma coisa ou a devolver
outra da mesma espécie e quantidade. O contrato de empréstimo poderá se
materializar em um comodato ou em um mútuo.
Ambos, em regra, são contratos: benéficos (gratuitos), temporários (com
prazo determinado ou determinável), unilaterais (havendo obrigação apenas
para uma das partes) e reais (exigem a entregado bem para que se reputem
perfeitos). Portanto, são suas espécies:

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Comodato: empréstimo de uso em que o bem é emprestado para ser
usado e depois deverá ser restituído (transfere-se a posse), não podendo
ser fungível ou consumível. É sempre gratuito. Também é chamado de
empréstimo civil de uso. Ex.: empresto a você minha casa na praia.
Mútuo: empréstimo de consumo em que o bem usado sendo fungível ou
consumível não poderá ser devolvido (transfere-se a propriedade) e a
restituição será no seu equivalente, por outra coisa do mesmo gênero,
qualidade e quantidade. Pode ser gratuito ou oneroso. Também é chamado
de empréstimo civil de consumo. Ex.: empréstimo de 1 kg de feijão,
carioquinha, tipo 01; empréstimo de dinheiro, etc.

Observação no mútuo opera-se a transferência do domínio da coisa a


quem a emprestou, que poderá até mesmo aliená-la. Já no comodato haverá
apenas o direito de usar a coisa, restituindo-a posteriormente. Resumindo:
comodato transfere a posse; mútuo transfere a propriedade.

COMODATO
(arts. 579 a 585, CC)

Comodato é o contrato unilateral, a título gratuito, pelo qual alguém


entrega a outra pessoa coisa infungível, para ser usada temporariamente e
depois restituída.

NATUREZA JURÍDICA
• Contrato unilateral: é contrato, pois decorre de acordo de vontades; no
entanto é unilateral, pois apenas o comodante assume obrigação: a de
entregar a coisa para uso do comodatário.
• Gratuito: não exige contraprestação do comodatário (caso contrário seria
uma locação). Se o empréstimo for de um apartamento, pode-se
convencionar que o comodatário pague o condomínio, sem que isso
desnature o contrato, pois a onerosidade é inferior à contraprestação
(chamamos isso de comodato modal ou de comodato com encargo).
• Real: o contrato se perfaz com a entrega (tradição) da coisa ao
comodatário (que passará a ter a posse direta da coisa).
• Não solene: não se exige uma forma especial para a celebração do
contrato; pode até ser verbal, mas oriundo de elementos seguros de
existência (não se admite a forma presumida).
• Temporário: o uso da coisa deverá ser temporário, podendo o prazo ser
determinado ou indeterminado. Sendo por prazo indeterminado, a lei

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prevê que o contrato terá a duração necessária para o uso convencionado,
ou para o fim a que se destinou (ex.: comodato de terras para plantio de
cultura temporária). Não se admite o comodato perpétuo (pois neste caso
poderia estar havendo a simulação de uma doação).
• Intuitu personae (personalíssimo): é pessoal; ou seja, não poderá ser
cedido pelo comodatário a terceiros.
PARTES
• Comodante: o que empresta a coisa, gratuitamente.
• Comodatário: o que toma a coisa emprestada e tem o dever de devolvê-
la posteriormente, quando do término do contrato.
FORMA
O contrato de comodato pode ser pactuado por qualquer das formas
permitidas pelo Direito, inclusive a verbal. Mas, na prática, por cautela, é
preferível fazer um contrato escrito, para se evitar problemas posteriores.
OBJETO
O objeto do comodato deve ser coisa infungível e inconsumível, podendo
recair sobre bens móveis (ex.: um automóvel) ou imóveis (ex.: uma casa, um
terreno), que deverão ser entregues ao comodatário. Ou seja, deve ser devolvido
exatamente o mesmo bem que foi emprestado.

RESTITUIÇÃO DA COISA
Terminado o prazo do comodato por prazo determinado o comodatário há
de devolver a coisa recebida. No caso de comodato sem prazo determinado o
comodatário deve ser notificado para que seja posto fim ao contrato, como a
consequente devolução do bem em um prazo razoável (contado da efetiva
notificação). Não restituída a coisa no prazo acertado, ocorre o esbulho
possessório, ou seja, a “posse” do comodatário passa a ser injusta e de má-fé.
Nesse caso, o comodante deverá utilizar a ação de reintegração de posse.

Atenção Cuidado! Trata-se da ação de reintegração de posse e não da


ação de despejo. Vejam uma decisão de nossos Tribunais a respeito: “Comodato.
Ação Possessória. Reintegração de Posse. Imóvel objeto de contrato não restituído
quando findo o prazo contratual. Esbulho Possessório caracterizado. Justifica-
se, inclusive, a concessão de liminar, reintegrando-se o comodante de imediato”
in RT 779/264.
Segundo jurisprudência do STJ (REsp 1.175.848-PR) a natureza do “aluguel” é
de uma autêntica pena privada, e não de indenização pela ocupação
indevida do imóvel emprestado. O objetivo central dele não é transformar o
comodato em contrato de locação (daí porque não ser o caso de despejo), mas

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sim coagir o comodatário a restituir o mais rapidamente possível a coisa
emprestada, que indevidamente não foi devolvida no prazo legal. O arbitramento
do aluguel-pena não pode ser feito de forma abusiva, devendo respeito aos
princípios da boa-fé objetiva (art. 422, CC), da vedação ao enriquecimento sem
causa e do repúdio ao abuso de direito (art. 187, CC). Havendo arbitramento em
valor exagerado, poderá ser objeto de controle judicial, com eventual aplicação
analógica da regra do parágrafo único do art. 575, CC, que, no aluguel-pena fixado
pelo locador, confere ao juiz a faculdade de redução quando o valor arbitrado se
mostre manifestamente excessivo ou abusivo. Assim, para não se caracterizar
como abusivo, o montante do aluguel-pena não pode ser superior ao dobro da
média do mercado, considerando que não deve servir de meio para o
enriquecimento injustificado do comodante.

PROIBIÇÃO DE PACTUAR COMODATO


São proibidos de dar bens em comodato: os tutores, os curadores e os
administradores, relativamente aos bens confiados à sua guarda. Cessa a
proibição se houver autorização especial do Juiz.

MORA DO COMODATÁRIO
Não devolvida a coisa ao término do contrato ou após a competente
notificação, o comodatário é constituído em mora. Nesse caso:
• Deverá pagar o aluguel arbitrado pelo comodante.
• Ficará responsável pelos riscos, perda ou deterioração da coisa.

OBRIGAÇÕES DO COMODATÁRIO
• Conservar e guardar a coisa como se fosse sua, pagando as despesas
ordinárias feitas com o uso e gozo da coisa (conta de luz, água, gás,
condomínio, etc.).
• Usá-la de acordo com o contrato ou sua natureza, ou seja, uma casa
residencial deve ser utilizada para moradia e não para a realização de
eventos (salvo estipulação expressa em contrário), sob pena de responder
por perdas e danos. Da mesma forma uma geladeira dada em comodato por
uma empresa de bebidas a um supermercado só poderá ser usada para
armazenar produtos daquela empresa (e não por outros, principalmente da
concorrente).
• Restituir a coisa no final do prazo.
• Pagar aluguel, se constituído em mora.
• Responder pelos danos causados à coisa.
• Não emprestar a coisa a terceiro, nem alugá-la sem autorização.

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Observação. Se houver mais de um comodatário, todos responderão de forma
solidária. Por outro lado, o comodante continuará responsável pelas despesas
extraordinárias e necessárias, feitas em caso de urgência, para a conservação da
coisa.

INDENIZAÇÃO DE BENFEITORIAS
O comodatário é um possuidor de boa-fé (pois há um contrato autorizando
a posse). Se ele realizar benfeitorias na coisa recebida em comodato, no término
do contrato, terá direito à indenização das benfeitorias úteis e necessárias, bem
como a levantar (levar embora) as voluptuárias, se a retirada não danificar o bem.

MÚTUO
(arts. 586 a 592, CC)

Mútuo é o contrato pelo qual alguém transfere a propriedade de bem


fungível a outrem, que se obriga a lhe restituir coisa do mesmo gênero,
qualidade e quantidade (art. 586, CC). Ex.: empréstimo de sacas de arroz para
consumo, devolvendo-se outras da mesma qualidade e quantidade.

PARTES
• Mutuante: é a pessoa que dá por empréstimo.
• Mutuário: é a pessoa que toma emprestado.

DESTINO DO BEM E FORMA


A coisa recebida em mútuo passa para a propriedade do mutuário (art.
587, CC: há transferência do domínio da coisa), que lhe dará o destino que quiser,
consumindo-a, guardando-a, emprestando-a para terceiro ou mesmo alienando-a
por venda ou doação. A lei não exige um modo especial para a sua celebração
(possui forma livre), exceto se for o mútuo oneroso, hipótese que deverá ser
convencionada expressamente (art. 591, CC).

DEVOLUÇÃO DO BEM
A coisa a ser devolvida deve ser do mesmo gênero, qualidade e quantidade
da recebida. Não pode ser devolvida coisa diversa ou soma em dinheiro, pois nesse
caso teríamos outro tipo de contrato (troca, compra e venda, etc.).

NATUREZA JURÍDICA
• Contrato unilateral e gratuito (regra): por ser um contrato, requer a
manifestação de duas vontades; é unilateral, pois somente o mutuário
assume obrigações (devolver o empréstimo); é gratuito porque o mutuante
nada recebe do mutuário em troca do empréstimo. No entanto o mútuo pode

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ser oneroso, se se referir a empréstimo de dinheiro, onde se estipula o
pagamento de juros. “Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-
se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa
a que se refere o art. 406, CC, permitida a capitalização anual” (art. 591, CC).
• Real: somente se perfaz com a entrega da coisa emprestada.
• Não solene: a lei não exige forma especial para a sua celebração, podendo
até ser verbal.
• Temporário: por prazo curto e determinado ou determinável. Caso contrário,
seria doação. Se não for estipulado prazo, o mútuo será (art. 592, CC):
- até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas (consumo
ou semeadura).
- de 30 (trinta) dias, pelo menos, se for de dinheiro.
- do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for qualquer outra coisa
fungível.
• Que supõe a transferência do domínio: pois sendo o mútuo referente a
coisa fungível e móvel, só se perfaz com a tradição (entrega da coisa) e esta
transfere o domínio (a propriedade) ao mutuário.

MÚTUO FENERATÍCIO
Trata-se do mútuo oneroso, permitido por nossa legislação, pois o Código
Civil prescreve que se presumem devidos juros, (que não poderão exceder a taxa
legal), destinando-se o mútuo a fins econômicos (art. 591, CC). São nulas de
pleno direito as estipulações cujos valores forem superiores às legalmente
permitidas (isto é chamado de usura). O Juiz deverá ajustá-las à medida legal;
mas se já foram pagas deve ordenar a restituição em dobro da quantia paga em
excesso.
A capitalização de juros (a doutrina chama isso de anatocismo, ou seja,
juros sobre juros) foi proibida pela Lei de Usura (Dec. n° 22.262/33), mas nas
operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional, é admissível a capitalização com periodicidade inferior a um ano. No
entanto passou-se a utilizar a correção monetária para garantir a integridade do
valor emprestado, isto é, do poder aquisitivo da moeda que será restituído no final
do contrato. Atualmente a correção monetária passou a ser um ajuste do valor do
débito, podendo ser convencionada nos contratos de mútuo, mesmo fora do
sistema financeiro.

MÚTUO FEITO A PESSOA MENOR


Em regra, se o mútuo for feito à pessoa menor, sem prévia autorização de
seu representante legal, o mutuante não poderá reaver a coisa emprestada

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uma vez que o contrato é inválido (art. 588, CC). Todavia, cessa essa disposição
se (art. 589, CC):
• A primeira pessoa de cuja autorização o menor precisava, ratifica o ato
posteriormente.
• Estando ausente essa pessoa, o menor se viu obrigado a contrair o
empréstimo para seus alimentos habituais (inclui estudos, vestuário,
médico, etc.).
• O menor tiver bens ganhos com o seu trabalho (nessa hipótese a execução
do credor não pode ultrapassar as forças dos ganhos).
• O empréstimo reverteu em benefício do menor.
• O menor obteve o empréstimo maliciosamente.
Alteração da situação econômica: o mutuante pode exigir garantia da
restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua
situação econômica.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
(arts. 593 a 609, CC)

Prestação de Serviço (ou locação de serviço) é o contrato em que uma


das partes (pessoa física ou jurídica: prestador) se compromete com a outra
(tomador) a realizar certa atividade (obrigação de fazer), mediante remuneração,
mas sem vínculo empregatício. Portanto, trata-se de um contrato civil
autônomo.
Excluídos os serviços regulados pela legislação trabalhista (Consolidação das
Leis do Trabalho = CLT, Código de Defesa do Consumidor = CDC ou mesmo outras
leis especiais = art. 593, CC), todas as demais prestações de serviço devem ser
reguladas pelo Código Civil. Ou seja, percebemos que o contrato de prestação de
serviço regulado pelo Código Civil tem natureza residual, pois somente será
aplicado, quando não houver aplicação das demais leis. Apesar de restrito, ele
ainda existe. Trata-se de um contrato individual, pois o coletivo também é
reservado para o contrato de trabalho (CLT).
O contrato de trabalho cria a chamada relação de emprego (ou vínculo
empregatício), de ordem trabalhista, com seus três elementos: habitualidade,
subordinação e dependência econômica.
Já a prestação de serviços não gera qualquer vínculo trabalhista,
sendo regido pelo Código Civil. No contrato de prestação de serviços não há
dependência econômica, subordinação e obediência hierárquica entre o prestador
e o tomador dos serviços. Isso porque a atividade contratada não se caracteriza

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habitual em sua prestação ao contratante e é exercida pelo prestador com
autonomia técnica e sem qualquer subordinação de poder (sujeição hierárquica)
ou dependência econômica. Ficam sob sua égide os profissionais liberais, os
representantes comerciais, o trabalhador eventual (ex.: jardineiro), etc.

OBJETO
Toda espécie de serviços ou trabalhos (material ou imaterial), desde que
lícito, isto é, não proibido pela lei e pelos bons costumes. Trata-se de uma
obrigação de fazer.

PARTES
• Prestador de serviços (executor, contratado, locador): é o que entrega
sua força de trabalho; compromete-se a prestar certos serviços.
• Tomador (solicitante, contratante, locatário): é o que contrata os serviços
da outra parte; necessita do serviço e o remunera.

NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de contrato: bilateral (gera obrigações para ambos os
contratante: prestação de serviço para o prestador e remuneração pra o tomador),
comutativo (prestações conhecidas e equivalentes), oneroso (contraprestações
recíprocas de direitos e vantagens) e consensual (o contrato se aperfeiçoa com
o simples acordo de vontades, independentemente de qualquer materialidade
externa, podendo ser provado por testemunhas, seja qual for seu valor), não
solene (não exige forma especial, mas geralmente é feito por instrumento
particular).

PAGAMENTO
A remuneração é estipulada livremente entre as partes. Se elas não o
fizerem, a remuneração será fixada por arbitramento, segundo o costume do
lugar, o tempo de serviço e a qualidade. A regra é que seja feita em dinheiro,
mas nada impede que parte dela seja em alimentos, vestuário, condução,
moradia, etc. A gratuidade da prestação de serviço é inaceitável. No entanto se o
serviço foi prestado por quem não possuía título de habilitação, o valor cobrado
poderá ser atenuado.
Segundo o art. 597, CC, em regra, a retribuição será paga depois de
prestado o serviço (serviço feito... serviço pago). No entanto, as partes podem
convencionar sistema diferenciado, com antecipação total ou parcial da retribuição
ou mesmo em prestações.

PRAZO
A locação de serviço não pode ser convencionada por mais de quatro
anos (art. 598, CC). Decorrido este prazo, dar-se-á por findo o contrato, ainda

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que não concluída a obra (caso contrário haveria uma verdadeira escravidão). Se
o contrato estipular prazo superior a quatro anos, isso não é causa de anulação
do contrato, mas apenas causa de redução do excesso ao tempo máximo fixado
em lei. Terminado o prazo o prestador pode despedir-se ou ser despedido
unilateralmente. Nada impede que findo o prazo de quatro anos, novo contrato
seja ajustado pelas partes, por tempo igual ou inferior.
Não se computa no prazo do contrato o tempo em que o prestador de
serviço, por culpa sua, deixou de servir (art. 600, CC).
Segundo o art. 599, CC, não havendo prazo estipulado, nem se podendo
concluir seu prazo pela natureza do contrato ou pelo costume do lugar, qualquer
das partes pode rescindir o contrato, a qualquer tempo, bastando simples
prévio aviso, com antecedência de:
a) 08 (oito) dias, se o salário for fixado por um mês ou mais.
b) 04 (quatro) dias, se o salário for fixado por uma semana ou quinzena.
c) de véspera, se por menos de 07 (sete) dias.

Obs.: a doutrina critica as expressões “prévio aviso”, “salário”, etc. colocadas


neste dispositivo, pois são termos do Direito do Trabalho, sugerindo a substituição
para “denúncia imotivada” e “remuneração”, respectivamente.

TIPOS DE SERVIÇOS
O contrato deverá determinar o serviço a ser prestado (serviço certo e
específico). Se o contrato não estabelecer o serviço a ser prestado (omissão
contratual), entende-se que o prestador de serviços se obrigou a todo e qualquer
serviço compatível com suas forças e condições, dele não se podendo exigir
obrigação superior a essas limitações pessoais.

RESCISÃO DO CONTRATO
O prestador de serviços, contratado por tempo certo ou por obra
determinada, não pode se ausentar ou rescindir o contrato, sem justa causa, antes
de preenchido o tempo ou concluída a obra. Assim, incabível a rescisão unilateral
do contrato sem que haja um motivo justificado. Se rescindir o contrato sem justa
causa, terá direito à retribuição vencida, mas responderá por perdas e danos. O
mesmo ocorre se for despedido por justa causa.
No entanto, se o prestador for despedido sem justa causa, o tomador será
obrigado a pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida e por metade a que lhe
tocaria se concluísse o contrato.
Findo o contrato o prestador tem o direito a exigir da outra parte a
declaração que o contrato está findo (seria uma espécie de quitação). Esse direito
também lhe cabe se ele foi despedido sem justa causa.

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Obs.: novamente a doutrina aponta uma imprecisão terminológica, pois não
deveria mencionar “despedida com ou sem justa causa”, expressões do Direito do
Trabalho, mas sim “denúncia motivada ou imotivada do contrato”.

SUBSTITUIÇÃO
Caberá ao prestador executar pessoalmente o serviço contratado, não
podendo transferi-lo a outro prestador, em razão da impessoalidade e da
confiança que decorrem da prestação (intuitu personae), exceto se houver
expressa autorização para tanto. Da mesma forma, não pode o tomador exigir que
o prestador preste para um terceiro o serviço contratado.

TÉRMINO DO CONTRATO (art. 607, CC)


• Morte de qualquer das partes.
• Pelo vencimento do prazo previsto no contrato ou no máximo quatro anos.
• Pela conclusão da obra a que se referir o serviço contratado.
• Denúncia do contrato por aviso prévio (denúncia imotivada): é a resilição
unilateral quando ajustada sem prazo.
• Inadimplemento de qualquer das partes: com ou sem justa causa (havendo ou
não indenização pelas perdas e danos, respectivamente).
• Impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior: como
não há culpa, não haverá perdas e danos.

Aliciamento de executores (art. 608, CC): “A” contratou “B” para prestar-lhe
um determinado serviço durante o prazo de um ano, pela remuneração de 20 mil.
Durante o contrato “C” aliciou “B” para desfazer o contrato com “A” e celebrar
outro consigo mediante o valor de 30 mil. Neste caso, como “A” foi prejudicado,
poderá exigir de “C” (aliciador) indenização referente ao valor de dois anos de
prestação de serviço (40 mil), independentemente da quantidade de serviço que
já foi prestada.

EMPREITADA
(arts. 610 a 626, CC)

Empreitada (anteriormente era chamada de locação de obras) é o contrato


pelo qual uma das partes (empreiteiro) se obriga, sem subordinação ou
dependência, a realizar, pessoalmente ou por meio de terceiros, certa obra para
a outra parte (dono da obra ou comitente), com material próprio ou por este
fornecido, mediante remuneração determinada ou proporcional ao trabalho
executado. Assim, o empreiteiro pode contribuir somente com o seu trabalho, ou

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pode contribuir com seu trabalho e os materiais. No entanto a obrigação de
fornecer os materiais não se presume: resulta da lei ou da vontade das partes.
O empreiteiro se obriga a entregar uma obra pronta por um preço
determinado ou proporcional ao serviço, sem se prender ao tempo nela
empregado. Mesmo que demore mais que o esperado, não terá direito a qualquer
majoração. A direção e fiscalização competem ao próprio empreiteiro, que
contratará ou despedirá os operários. Pode ter por finalidade uma obra material
(ex.: ponte, conserto de veículo, plantações, etc.) ou intelectual (ex.: elaboração
de um projeto, de uma obra literária, etc.).

PARTES
• Comitente (proprietário da obra, dono da obra, empreitante, empreitador
ou contratante): é o que contrata a obra.
• Empreiteiro (contratado): é o que põe à disposição sua atividade.

NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de contrato: bilateral (cria para ambos obrigações recíprocas),
comutativo (prestações equivalentes, podendo-se, desde logo, apreciar tal
equivalência), oneroso (transferência recíproca de direitos e vantagens =
contraprestação), consensual (o contrato de aperfeiçoa com o simples acordo de
vontade das partes, independentemente de tradição) e não solene (não se exige
forma especial; pode até mesmo ser verbal), indivisibilidade (o que se objetiva
é a obra completa, não se permitindo, em regra, a execução fracionada; no
entanto a lei permite em algumas situações que as partes pactuem a realização
da obra por partes – art. 614, CC), execução sucessiva ou continuada
(necessita de certo espaço de tempo para a sua conclusão, dada a própria
estrutura do seu objeto: efetivação de um trabalho para atingir certo resultado).

EMPREITADA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

O objeto do contrato é a obra O objeto do contrato é a atividade


contratada, permanecendo do prestador, sendo a remuneração
inalterada a remuneração, qualquer proporcional ao tempo dedicado ao
que seja o tempo de trabalho trabalho.
consumido na execução.

A direção do serviço compete ao A execução do serviço é dirigida e


próprio empreiteiro. Ele é o fiscalizada por quem contratou o
responsável pela entrega de uma prestador, a quem este fica
obra terminada (o resultado), não diretamente subordinado.
apenas pela execução de serviços.

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O empreiteiro assume os riscos do O patrão (locatário) assume os
empreendimento, sem estar riscos do negócio.
subordinado ao dono da obra.

CLASSIFICAÇÃO DA EMPREITADA
A) QUANTO AO MODO DE FIXAÇÃO DO PREÇO OU REMUNERAÇÃO:
1. Empreitada a preço fixo (ou marché à forfait): a retribuição é estipulada
para a obra inteira, de antemão, em quantia certa e invariável, sem considerar
o fracionamento da atividade. Esta espécie possui uma subdivisão:
a) empreitada a preço fixo absoluto: não admite qualquer alteração na
remuneração, seja qual for o custo da mão de obra ou dos materiais.
b) empreitada a preço fixo relativo: quando permite variação em
decorrência do preço de algum dos componentes da obra, ou de alterações
que já estejam programadas por influência de fatos previsíveis, ainda que
não constatados.
2. Empreitada por medida (ou ad mensuram, ou marché sur dévis): se na
fixação do preço se atender ao fracionamento da obra, considerando-se as
partes em que ela se divide ou a medida. Estipula-se o pagamento por parte
concluída.
3. Empreitada de valor reajustável: se contiver cláusula permissiva de
variação do preço em consequência de aumento ou diminuição valorativa da
mão de obra e dos materiais; possibilita que o preço varie segundo índices
oficiais, procedendo-se à revisão periódica em datas preestabelecidas. Protege-
se o empreiteiro de variações de preços repentinas em períodos de grande
inflação.
4. Empreitada por preço máximo: se estabelecer um limite de valor que não
poderá ser ultrapassado pelo empreiteiro.
5. Empreitada a preço de custo: se o empreiteiro se obrigar a realizar o
trabalho, ficando sob sua responsabilidade o fornecimento dos materiais e o
pagamento da mão de obra, mediante o reembolso do dependido, acrescido do
lucro assegurado.

B) QUANTO À EXECUÇÃO DO TRABALHO PELO EMPREITEIRO:


1. Empreitada de lavor: o empreiteiro assume a obrigação de prestar o
trabalho; fornece apenas a mão de obra (sem os materiais) para a confecção,
produção, construção ou execução da obra.
2. Empreitada de materiais de construção (ou mista): o empreiteiro, além
do trabalho, fornece também os materiais; contrai, ao mesmo tempo, uma
obrigação de fazer e de dar.

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3. Empreitada de projeto: o empreiteiro elabora um projeto que possibilite a
realização tangível da obra.

Em caso de dúvida, há presunção juris tantum (relativa, que admite prova


em contrário) que a empreitada é de mão de obra (lavor).

DIREITOS E DEVERES
A) Direitos do Empreiteiro (contratado)
• Receber a remuneração pactuada.
• Exigir a aceitação da obra concluída.
• Reter a obra para assegurar o recebimento do preço, se cumpriu com seus
deveres.
• Constituir o comitente em mora, consignando judicialmente a obra.
• Ceder o contrato (desde que não seja intuitu personae – personalíssimo) –
trata-se da subempreitada.
• Suspender a obra (nos casos de culpa do dono, dificuldades imprevisíveis,
etc.).
B) Deveres do Empreiteiro
• Executar a obra conforme as determinações contratuais, corrigindo os vícios
e defeitos que a mesma apresentar e entregando-a concluída ao dono.
• Não fazer acréscimos ou mudanças sem necessidade e sem consentimento
do comitente.
• Pagar os materiais que recebeu do comitente, se por negligência ou
imperícia os inutilizar e responder por perdas e danos se suspender a
empreitada sem justa causa.
• Apontar os defeitos nos materiais entregues pelo comitente, que possam
comprometer a execução da obra.
C) Direitos do Comitente (dono da obra)
• Acompanhar a execução da obra e recebê-la concluída, exigindo a
observância do contrato.
• Enjeitar a obra ou pedir o abatimento proporcional do preço.
• Pedir o pagamento dos materiais que forneceu e foram inutilizados por culpa
do empreiteiro.
• Pedir a revisão do contrato se ocorrer diminuição no preço do material ou
da mão de obra superior a um décimo (10%) do preço global convencionado.
D) Deveres do Comitente
• Verificar o que foi feito, pagar a remuneração e receber a obra.
• Não alterar o projeto da obra, sem anuência do seu autor.

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• Indenizar o empreiteiro pelos trabalhos e despesas que houver feito, se
rescindir ou suspender o contrato sem justa causa.

RESPONSABILIDADES
• Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções
consideráveis, o empreiteiro de materiais e o de lavor responderão durante
o prazo irredutível de 05 (cinco) anos pela solidez e segurança do
trabalho, tanto em relação aos materiais, como ao solo (art. 618, CC),
exceto quanto a este, se prevenir a tempo o dono da obra.
• Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos
até o momento da entrega da obra, não estando o comitente em mora.
Estando em mora, os riscos correrão, por igual, contra as duas partes.
• Quando o empreiteiro só fornece a mão de obra, todos os riscos correrão
por conta do dono, exceto se o empreiteiro tiver culpa.
• Sendo a empreitada unicamente de lavor, se a coisa perecer antes de ser
entregue, sem mora do dono, nem culpa do empreiteiro, este perderá o
salário, a não ser que prove que a perda resultou de defeito dos materiais,
sobre cuja qualidade e quantidade reclamou a tempo.
• O arquiteto ou construtor que, por empreitada, se incumbir de executar uma
obra segundo aceito por quem a encomendou, não terá direito de exigir
acréscimo de preço, ainda que haja aumento de salários ou encarecimento
de materiais, nem ainda que se altere ou aumente a obra em relação à
planta, exceto se alterou por instruções escritas do contratante.

RECEBIMENTO DA OBRA
Concluída a obra de acordo com o ajuste ou o costume do lugar, o dono é
obrigado a recebê-la. No entanto, o dono não é obrigado a receber a obra, se o
empreiteiro:
• Afastou-se das instruções percebidas e dos planos dados.
• Descumpriu regras técnicas previstas para trabalhos da espécie; neste caso,
o empreitante pode receber a obra com abatimento do preço.

RESCISÃO DO CONTRATO
Pode o dono da obra (empreitante) rescindir o contrato de empreitada, sem
pagamento de indenização nas seguintes hipóteses:
• Se ocorrer enfermidade do empreiteiro, ou outra causa que o tome,
deixando-o incapaz de executar a obra contratada.
• Por vício ou procedimento errôneo do empreiteiro.
• Pela não observância do contrato pelo empreiteiro.
Fora desses casos, se o proprietário rescindir o contrato com o empreiteiro,
apesar de começada a execução, indenizará o empreiteiro pelas despesas e

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trabalhos já feitos, bem como pelos lucros que este poderia ter se concluísse o
trabalho (lucros cessantes).

EXTINÇÃO
• Execução da obra (adimplemento da obrigação).
• Morte do empreiteiro (somente se o ajuste foi celebrado intuitu pesonae:
art. 626, CC). Se não for este o caso, os sucessores continuarão sua obra.
Se a morte for do dono da coisa, seus herdeiros assumirão seu lugar até as
forças da herança.
• Resilição unilateral por parte do comitente, que indenizará o empreiteiro das
despesas por ele feitas e do valor da mão de obra, pagando, ainda,, o lucro
razoável que ele poderia ter tido se viesse a concluí-la.
• Distrato (resilição bilateral): ambos os contratantes desatam o vínculo
obrigacional antes do vencimento do prazo convencionado.
• Resolução por inexecução contratual, caso que o inadimplente deverá
ressarcir a outra parte pelas perdas e danos.
• Impossibilidade da prestação (caso fortuito ou força maior).

DEPÓSITO
(arts. 627 a 652, CC)

Depósito é o contrato pelo qual uma pessoa (depositária) recebe de outra


(depositante) um objeto móvel, para guardá-lo, temporária e gratuitamente, até
que o depositante o reclame. Ex.: depósito de sacas de café em um armazém para
posterior venda. No depósito não há transferência da propriedade e nem
permissão para o uso da coisa. Difere-se do comodato, pois neste haverá uso da
coisa, enquanto no depósito haverá somente a guarda desta coisa.
PARTES
• Depositário: a pessoa que recebe a coisa em depósito.
• Depositante: a pessoa que entrega a coisa em depósito.

ELEMENTOS CARACTERIZADORES
• Entrega de coisa móvel corpórea pelo depositante ao depositário.
• Obrigação de custódia.
• Restituição da coisa pelo depositário na ocasião ajustada ou quando
reclamada.
• Temporariedade e gratuidade.

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NATUREZA JURÍDICA
• Contrato Unilateral (regra): é contrato, pois exige mútuo consenso, duas
vontades; é unilateral, pois origina obrigações apenas para o depositário (o
depósito, às vezes pode ser bilateral, pois pode ser cobrado).
• Real: para ele se tornar perfeito é necessária a efetiva entrega (tradição) da
coisa, exceto se o depositário já se encontrava na sua posse.
• Gratuito: determina o art. 628, CC que: “O contrato de depósito é gratuito,
exceto se houver convenção em contrário, se resultante de atividade negocial
ou se o depositário o praticar por profissão”. Se o depósito for oneroso e a
retribuição do depositário não constar de lei, nem resultar de ajuste, será
determinado pelos usos do lugar, e, na falta destes, por arbitramento.
• Intuitu personae: funda-se nas qualidades pessoais do depositante
(honradez, honestidade, etc.).
• Coisa móvel e corpórea: se for imóvel entende-se haver locação de
serviços, em que se recebe o bem para guarda e conservação; se for
incorpóreo não tem consistência e não poderá ser manipulada para a guarda.
A coisa também deve ser infungível. No entanto se recair sobre bem
fungível (depositário se obriga a restituir coisa do mesmo gênero, qualidade
e quantidade), de acordo com o art. 645, CC, serão aplicadas as regras do
mútuo (a doutrina chama isso de depósito irregular), com a exceção de
que no depósito o depositante poderá exigir a devolução da coisa a qualquer
instante, o que não ocorre com o mútuo (ex.: depósito em dinheiro).
• Contrato temporário: o depositário deverá apenas guardar a coisa que lhe
foi confiada, e, ao final do contrato, tem a obrigação de restituir a coisa
depositada. Não há depósito perpétuo. Caso o prazo não seja estipulado, a
Lei n° 2.313, de 03/09/1954 estabeleceu que ele será de no máximo 25 anos,
findo os quais o bem depositado é recolhido ao Tesouro Nacional, onde
aguardará seu dono por mais 05 (cinco) anos. Exaurido este prazo, se os bens
não forem reclamados, passará ao patrimônio nacional.

DIREITOS E OBRIGAÇÕES NO DEPÓSITO


1) Obrigações do depositário
• Ter na custódia da coisa o cuidado e diligência exigíveis, como se a coisa
fosse sua, respondendo pelos prejuízos a que der causa.
• Não usar a coisa depositada sem autorização, nem transferi-la, sob pena
de responder por perdas e danos.
• Manter a coisa no estado em que lhe foi entregue.
• Restituí-la ao final do contrato ou quando solicitada, no local
convencionado.

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2) Direitos do depositário
• Receber as despesas feitas com a coisa e a indenização dos prejuízos.
• Exigir a remuneração, se esta for pactuada.
• Reter a coisa até que se lhe pague a retribuição devida.
• Requerer o depósito judicial, nos casos permitidos (arts. 635 e 641, CC).
3) Obrigações do depositante
• Pagar a remuneração, se convencionado e reembolsar as despesas
necessárias.
• Responder pelo risco do contrato de depósito.
4) Direitos do depositante
• Exigir a conservação da coisa que entregou e a sua restituição, com todos
os seus acessórios, a qualquer tempo (mesmo que haja prazo
estipulado), e impedir o uso da coisa, se não o autorizou.

MODALIDADES
1) Voluntário ou Convencional (arts. 627 a 646, CC): resulta de livre acordo
entre as partes. Deve ser feito por escrito, pois a lei só permite sua prova se for
escrito.
2) Necessário (arts. 647 a 652, CC): independe da vontade das partes.
a) Por imposição de lei (legal): feito por desempenho de obrigação legal.
Ex.: depósito de objeto achado; de dívida vencida, na pendência da lide, se vários
credores disputarem o montante; feito pelo administrador dos bens do depositário
que tenha se tornado incapaz, etc.
b) Por ocasião de calamidade (também chamado de depósito miserável).
Ex.: terremoto, incêndio, inundação, naufrágio ou saque, quando o depositante é
obrigado a se socorrer de pessoa que aceita depositar os bens que conseguiu
salvar, etc. Observação: esta modalidade de depósito admite qualquer meio
como prova de sua existência.
c) depósito do hoteleiro ou hospedeiro (art. 649, CC): vamos analisá-lo
mais abaixo adiante de forma mais minuciosa.

Observação O depósito necessário não se presume gratuito; a


remuneração do depósito do hoteleiro está incluída no preço da hospedagem (art.
651, CC).
3) Judicial (também chamado de sequestro): determinado por ato judicial,
que entrega a terceiro, coisa litigiosa (móvel ou imóvel), com a intenção de
preservá-la até que se decida a causa principal. Esse depósito é remunerado e
confere poderes de administração, necessários à conservação dos bens (art. 635,
CC).

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4) Irregular: recai sobre bem fungível ou consumível, que deverá ser
restituído por outro do mesmo gênero, qualidade e quantidade (art. 645, CC).

BAGAGEM EM HOTEL E SIMILARES


A bagagem deixada em hotel, hospedaria, pensão, etc., é considerada
depositada em mãos do dono do hotel, hospedaria, etc., o qual responde como
depositário (art. 649, CC). Trata-se de depósito necessário.
Esta responsabilidade se estende mesmo em casos de furtos e roubos
perpetrados pelos empregados e pessoas admitidas na hospedaria.
A responsabilidade cessa se: celebrar convenção com o hóspede, o prejuízo
não poderia ter sido evitado, o fato se deu por caso fortuito ou força maior (ex.:
roubo a mão armada – se for furto há responsabilidade) ou houver culpa do
hóspede (ex.: deixou a porta de seu quarto aberta).
A responsabilidade do hospedeiro se caracteriza pela ocorrência do dano,
desde que haja contrato de hospedagem. Este depósito não é gratuito, sendo que
seu preço se considera incluído no valor da diária.

PRISÃO DO DEPOSITÁRIO
A prisão civil vem regulada na Constituição Federal de 1988, em seu no
art. 5°, LXVII, que impede, como regra, a prisão do devedor. Mas existem duas
exceções: o inadimplemento inescusável das obrigações alimentares e o
depositário infiel. Assim, o depositário que injustificadamente não restituir a
coisa depositada, ao final do contrato, ou quando solicitada, e desde que não
esteja amparado pelas causas de exclusão da obrigação de restituir (arts. 633 e
634, CC), passa a ser considerado depositário infiel. Estabelece o art. 652, CC
que pode ser decretada a prisão, pelo prazo de até um ano, além de ser obrigado
a indenizar o depositante pelos prejuízos decorrentes de sua infidelidade. Bem...
isso é o que está previsto no Código Civil. Porém... vejamos o item abaixo...

ATENÇÃO!!!
O Supremo Tribunal Federal, em recentes decisões (Recursos
Extraordinários 466.343/SP e 349.703/RS e Habeas Corpus 87.585/TO), estendeu
a proibição de prisão civil por dívida (art. 5°, LXVII, CF) à hipótese de
infidelidade no depósito de bens e, por analogia, também à alienação fiduciária,
revogando a Súmula 619. Explicando melhor o assunto:
A Emenda Constitucional 45/04 tornou os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos equivalentes à norma constitucional,
desde que aprovados pelo Congresso Nacional, pela maioria de dois terços, em
dois turnos de votação (art. 5°, §3°, CF/88). Como o Pacto de São José da Costa
Rica (Convenção Interamericana de Direitos Humanos), que proíbe a prisão civil

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por dívidas (exceto quanto ao devedor voluntário de pensão alimentícia), do qual
o Brasil é signatário (Decreto n° 678/92), não foi submetido a essa votação
especial após a edição da emenda, a posição majoritária do STF dá a ele um
“status supralegal”. Ou seja, o Pacto de São José estaria acima da legislação
ordinária, porém abaixo da Constituição Federal. No entanto, como ele conflita
com a nossa Constituição, a solução fornecida pela maioria dos membros do STF
é buscada não na hierarquia das leis, mas sim no princípio pro homine. Ou seja,
independentemente da hierarquia da norma, prepondera sempre a de conteúdo
mais favorável aos direitos humanos.
Já para outros Ministros do STF, o mencionado Pacto possui status
constitucional. Consoante esta corrente destacam-se “três distintas situações
relativas a esses tratados: 1) os tratados celebrados pelo Brasil (ou aos quais ele
aderiu), e regularmente incorporados à ordem interna, em momento anterior ao
da promulgação da CF/88, revestir-se-iam de índole constitucional, haja vista que
formalmente recebidos nessa condição pelo §2o do art. 5o da CF; 2) os que vierem
a ser celebrados por nosso País (ou aos quais ele venha a aderir) em data posterior
à da promulgação da EC 45/2004, para terem natureza constitucional, deverão
observar o iter procedimental do §3o do art. 5o da CF; 3) aqueles celebrados pelo
Brasil (ou aos quais nosso País aderiu) entre a promulgação da CF/88 e a
superveniência da EC 45/2004, assumiriam caráter materialmente constitucional,
porque essa hierarquia jurídica teria sido transmitida por efeito de sua inclusão no
bloco de constitucionalidade”.
Seja como for, independentemente do status que assumem os tratados e
convenções internacionais de direitos humanos, no ordenamento jurídico
brasileiro, é possível concluir, que o Pacto de São José da Costa Rica, subscrito
pelo Brasil, torna inaplicável a legislação com ele conflitante, não havendo mais
base legal para a prisão civil do depositário infiel, sendo admitida apenas
na hipótese de inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia.
Em decorrência de toda essa discussão, foi editada a Súmula Vinculante
no25 pelo Supremo Tribunal Federal que estabelece: “É ilícita a prisão civil
do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito”.

MANDATO
(arts. 653 a 692, CC)

Mandato é um contrato pelo qual alguém (mandatário) recebe de outro


(mandante) poderes para, em seu nome (em nome do mandante), praticar atos
ou administrar interesses (art. 653, CC). Por este contrato, A, mandante, confere
poderes a B, mandatário, e este age em nome de A, como se fosse o próprio A, a

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praticar os atos jurídicos. O mandatário é um representante do mandante; fala e
age em nome e por conta dele. É o mandante quem contrai as obrigações e adquire
os direitos como se tivesse tomado parte pessoalmente no negócio jurídico. Os
atos jurídicos praticados por B são assumidos por A como se ele próprio os tivesse
praticado. Como veremos, pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.

PARTES
• Mandante (outorgante): a pessoa que confere os poderes.
• Mandatário (outorgado, procurador): a pessoa que recebe os poderes
outorgados pela outra parte.

NATUREZA JURÍDICA
• Contrato Bilateral: contrato porque são necessárias duas vontades:
além do mandante, o mandatário deve aceitar o mandato, embora este,
como regra, não assine o instrumento. A aceitação pode ser expressa
ou tácita (se resultar do começo da execução, ou seja, se o mandatário
der início a atos de execução, presume que aceitou o mandato). O simples
silêncio não indica aceitação do encargo. É bilateral porque gera efeitos
tanto para o mandante quanto para o mandatário.
• Gratuito ou Remunerado (oneroso): o mandato presume-se gratuito
quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto
corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão
lucrativa (ex.: o advogado, o despachante, etc.). Se a retribuição não
estiver prevista no contrato o quantum será determinado pelos usos e
costumes locais ou, na sua ausência, por arbitramento judicial.
• Intuitu personae: é celebrado em consideração à idoneidade técnica e
moral do mandatário, predominando a mútua confiança entre os
contratantes (caráter pessoal ou personalíssimo).
• Representatividade: é imprescindível a ideia de representação, que
estabelece um liame obrigacional entre o mandante e a terceira pessoa,
por meio do representante (mandatário). O mandato é uma representação
convencional.
• Revogabilidade: qualquer um dos contratantes poderá por fim ao
contrato sem a anuência do outro ou qualquer justificativa. Resilição
unilateral: a) revogação por parte do mandante; b) renúncia por parte
do mandatário. Há casos de irrevogabilidade, que serão analisados
adiante.
• Forma Livre: não exige forma especial, podendo ser até verbal. É
contrato consensual (depende só da vontade das partes) e não formal
(não tem forma prevista em lei). Todavia, para os atos que exigem
instrumento público ou particular (ex.: compra e venda de bens imóveis

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por escritura pública, fiança, aceite de cambial, etc.), o mandato não pode
ser verbal, necessitando de instrumento.

Observação: é inadmissível mandato verbal para os atos que


exigem instrumento público ou particular (art. 657, CC).

INSTRUMENTO DO MANDATO
O instrumento do mandato escrito é a procuração, que é uma autorização
representativa. É muito comum o aluno confundir Mandato com Procuração. Na
prática, muitas vezes estes termos são usados como sinônimos. Mandato é o nome
do contrato. Já a Procuração é o instrumento do Mandato; é a forma pela qual
o contrato de mandato se instrumentaliza, se materializa, se torna concreto. A
procuração pode ser outorgada por instrumento público ou particular.
A procuração por instrumento público só é exigida em casos especiais
(ex.: para os relativamente incapazes, o cego, o analfabeto, etc.). Fora desses
casos, é lícito outorgar procuração mediante instrumento particular, somente
tendo validade se tiver assinatura do mandante (art. 654, in fine, CC). O
reconhecimento da firma do outorgante no instrumento particular será
condição essencial à sua validade em relação a terceiros (efeito erga omnes),
que poderão exigi-lo (art. 654, §2°, CC). Como a procuração geralmente é
destinada para produzir efeitos perante terceiros, recomenda-se sempre o
reconhecimento de firma.
A procuração deve ser por instrumento público quando dada por um
cônjuge para o outro para: alienar, hipotecar ou gravar de ônus real os bens
imóveis do casal; prestar fiança; fazer doação de bens ou rendimentos comuns,
etc.

ESPÉCIES
O mandato, por ser caracterizado pela ideia de representação, pode ser
classificado em: legal, judicial ou convencional (ad judicia ou ad negotia).
1) Mandato Legal
É o que decorre da lei e dispensa qualquer instrumento. São seus exemplos:
o mandato que os pais têm para representar os filhos menores e administrar-lhes
seus negócios, bem como o dos tutores e curadores em relação aos tutelados e
curatelados. Os sindicatos têm mandado legal para representar seus associados
perante autoridades administrativas e judiciais, etc.
2) Mandato Judicial
É o conferido em virtude de um processo judicial, sendo o mandatário
nomeado pela autoridade judicial, como o Inventariante (que representa o

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espólio), o Administrador Judicial (anteriormente falava-se em Síndico da
Falência) a representa ativa e passivamente a massa falida, etc.
3) Mandato Convencional
Decorre de contratos entre as partes, dos quais cuidaremos mais adiante,
sendo que o ad judicia é conferido a advogado, e o ad negotia é conferido a
qualquer pessoa, com 16 anos ou mais, para administrar interesses.

NÃO SE ADMITE MANDATO


Nada obsta que atos extrapatrimoniais sejam praticados por meio de
procuração. Poucas pessoas sabem disso, mas um casamento pode ser
realizado por procuração (conforme o art. 1.542, CC, exigindo-se, para tanto
poderes especiais e instrumento público). Outro exemplo é o reconhecimento de
um filho.
No entanto proíbe-se a realização de certos atos personalíssimos como
fazer testamento ou revogá-lo, prestar exames, exercer cargos ou funções,
exercício do voto, depoimento pessoal, recebimento de indenização por acidente
trabalhista, etc.

CLASSIFICAÇÃO DO MANDATO
O contrato de mandato pode ser classificado da seguinte forma:
1) Quanto às relações entre mandante e mandatário
• Oneroso: quando a atividade do mandatário é remunerada; ou seja, se
ele recebe algo para exercer o mandato.
• Gratuito: quando o mandatário exerce o mandato sem remuneração.
2) Quanto à pessoa do procurador
Singular ou simples: quando há apenas um mandatário.
Plural: quando há vários procuradores. Neste caso há uma subclassificação:
a) Conjunto: se os mandatários não puderem agir separadamente.
b) Solidário: se os mandatários puderem agir separadamente e
independentemente da ordem de nomeação (qualquer um pode fazer
qualquer coisa).
c) Fracionário: se a ação de cada mandatário estiver delimitada,
devendo cada qual agir em seu setor.
d) Substitutivo: se um puder agir na falta do outro, mas observando
sempre a ordem de nomeação.
3) Quanto ao modo de manifestação de vontade
• Expresso: específico daquelas hipóteses onde há uma procuração
contendo poderes específicos.

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• Tácito: quando a aceitação do encargo se der por atos que se
presumem (ex.: pessoa já começa a praticar atos de execução, como
pedido de certidões para venda de um imóvel, etc.).
4) Quanto à forma de celebração
• Verbal: quando se efetiva via oral; é permitido em todos os casos
onde não se exige a forma escrita; pode ser provado até mesmo por
testemunhas.
• Escrito: se feito por escrito: por instrumento particular (ou seja, uma
procuração simples – lembrando que para valer perante terceiros é
necessário reconhecimento de firma) ou por instrumento público (ou
seja, a procuração feita em cartório).
5) Quanto ao objeto
• Empresarial (comercial ou mercantil): se o mandatário tiver de
praticar atos de comércio (geralmente oneroso).
• Civil: as obrigações do procurador não constituem na prática ou
administração de interesses mercantis.
6) Quanto ao fim
• Ad negotia (ou extrajudicial): se a ação do mandatário se der fora do
âmbito judicial.
• Ad judicia: mandatário (que deve ser sempre um advogado) age em
juízo em nome do constituinte, sendo sempre oneroso. Deve ser por
escrito e tem por objeto o patrocínio dos interesses de uma pessoa
perante Juízos ou Tribunais.

MANDATO AD JUDICIA
O mandato ad judicia também é conhecido como mandato judicial. É o
conferido a Advogado. Para ser Advogado, não basta ser formado em Direito. A
pessoa, para exercer o mandato judicial, deve ser inscrita na Ordem dos
Advogados do Brasil, sob pena de nulidade do ato. Com isso, pode praticar todos
os atos do fórum em geral, excetuados os que exigem poderes especiais. É um
contrato intuitu personae (pessoal, personalíssimo), lastreado na mútua
confiança. É admissível a sua resilição unilateral e será oneroso (há uma
presunção de onerosidade), devendo ser feito por escrito.
A procuração ad judicia, que é instrumento do mandato, pode ser outorgada
por instrumento público ou particular, dependendo da hipótese. Dispensa-se o
instrumento o defensor que foi nomeado pelo Juiz. Ex.: uma pessoa foi presa em
flagrante e será processada criminalmente. Comparece em juízo desacompanhada
de advogado constituído. Neste caso o Juiz deve nomear um advogado dativo ao
réu, sem a necessidade de uma procuração.

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NÃO PODEM ser procuradores ad judicia os:
• Menores de 18 anos, a não ser que sejam emancipados.
• Funcionários judiciais, escrivães, Juízes e membros do Ministério Público.
• Ascendentes, descendentes e irmãos do Juiz da causa.
• Ascendentes ou descendentes da parte adversa, exceto em causa própria.
• Vereadores, deputados e senadores não podem patrocinar causas contra as
pessoas jurídicas de direito público.

QUEM PODE OUTORGAR PROCURAÇÃO


Todas as pessoas capazes (maiores ou emancipadas) podem outorgar
(conferir, conceder) procuração mediante instrumento particular, que valerá,
desde que tenha a assinatura do mandante (art. 654, CC). Os absolutamente
incapazes não podem outorgar procuração, pois eles já têm um representante
legal. Os relativamente incapazes só poderão outorgar mandato se estiverem
assistidos pelo representante legal e mesmo assim deve ser feito por instrumento
público. No entanto há hipóteses que o relativamente incapaz pode praticar o ato
sem ser assistido. Nestes casos ele pode outorgar a procuração sem
problemas; ele não precisa da assistência e nem que a procuração seja por
instrumento público. Ex.: o art. 792 da CLT permite que o menor, entre 16 e 18
anos, pleiteie na Justiça do Trabalho sem assistência dos pais ou tutores.

REQUISITOS ESSENCIAIS DA PROCURAÇÃO


• Designação do Estado, cidade e circunscrição civil onde é passada.
• Data em que é outorgada.
• Nome do outorgante e a sua qualificação civil.
• Nome do outorgado e sua qualificação.
• Objetivo da procuração.
• Natureza, designação.
• Extensão dos poderes conferidos.

SUBSTABELECIMENTO
Em que pese o caráter intuitu personae (pessoal) do contrato de mandato
e sem quebra dessa característica, há a possibilidade do mandatário
substabelecer, não representando esse fato violação de seus
deveres. Substabelecer significa transferir ou conferir a outra pessoa, total
ou parcialmente os poderes que o mandatário recebeu do mandante. Ex.:
“A” (mandante) outorgou poderes para “B” (mandatário) realizar um negócio
perante “C”. Como “B” também não poderá realizar este negócio neste dia,
transferiu os poderes que recebeu para “D”.

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O substabelecimento pode ser feito por instrumento particular,
ainda que o mandatário tenha recebido os poderes por procuração pública
(art. 655, CC), desde que a lei não exija instrumento público para a realização do
ato.
O contrato de mandato pode permitir ou proibir o substabelecimento.
Tendo-se em vista essa possibilidade, podemos estabelecer as seguintes
situações:
1) O mandato possibilita o substabelecimento: neste caso, como é
evidente, o substabelecimento é válido e o substabelecido (também chamado de
submandatário, ou seja, a pessoa que recebeu os poderes do mandatário ou
substabelecente) responde pessoalmente perante o mandante, como seu
procurador. Neste caso haverá responsabilidade do mandatário que substabelece,
só se o substabelecido for notoriamente incapaz ou insolvente.
2) O mandato não confere poderes para substabelecer: o mandato é
omisso; neste caso o substabelecimento é válido, mas o mandatário continua
responsável por prejuízo causado a título de culpa do substabelecido.
3) O mandato proíbe o substabelecimento: neste caso o
substabelecimento também é válido, sendo que o mandatário responde perante o
mandante por qualquer prejuízo que aquele lhe causar, mesmo que seja por caso
fortuito, salvo provando que o fato teria ocorrido ainda que não tivesse havido o
substabelecimento.
O substabelecimento pode ser classificado em:
a) Sem reserva de poderes: o procurador (chamado de substabelecente)
transfere os poderes ao substabelecido (neste caso este passa a ser o único
procurador), definitivamente, renunciando ao mandato. Nesta hipótese deve
haver a notificação do constituinte (mandante), pois se assim não proceder, não
ficará isento de responsabilidade pelas obrigações. Ex.: um advogado está
representando um cliente; ele não deseja mais representá-lo; entra em um
acordo com o cliente lhe dá ciência da renúncia e faz um substabelecimento sem
reservas de poderes, em nome de outro advogado, retirando-se, definitivamente
da causa. Na prática este substabelecimento contém a expressão: “sem reserva
de iguais”.
b) Com reserva de poderes: o procurador (substabelecente) outorga poderes
ao substabelecido (novo procurador), sem perdê-los; qualquer um dos dois pode
exercer os poderes outorgados. Ex.: um escritório de advocacia está
representando um cliente. Este escritório cresceu e necessita de mais um
advogado. Contrata outro profissional. Para que este tenha acesso aos processos
deve ter procuração nos autos. É feito um substabelecimento. Assim, tanto os

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antigos advogados, quanto o novo podem continuar trabalhando na causa. Na
prática este substabelecimento contém a expressão: “com reserva de iguais”.

PODERES ESPECIAIS
O mandato ad negotia confere poderes para os atos de administração em
geral, e o ad judicia confere poderes para advogado praticar todos os atos do
processo, com exceção dos que exigem poderes especiais. Em determinadas
situações exige-se que a procuração seja minuciosa, dizendo exatamente quais os
seus termos, quais os poderes que está outorgando, quais os limites dos poderes
conferidos. Assim:
A) Exige poderes especiais o mandado ad negotia para: alienar, levantar
dinheiro, hipotecar, dar fiança, casar (art. 1.542, CC), emitir cheque, transigir
(por fim a uma demanda através de um acordo), oferecer queixa-crime, etc.
B) Exige poderes especiais o mandato ad judicia para: receber citação,
receber e dar quitação, confessar, representar testamenteiro, transigir, etc.

GESTÃO DE NEGÓCIOS  RATIFICAÇÃO


O mandatário pode se exceder no cumprimento do mandato e praticar atos
para os quais não tinha procuração. Estes atos podem ser impugnados pelo
mandante. Mas em algumas hipóteses os atos podem ser ratificados, ou seja,
confirmados. Tudo vai depender do caso concreto. Ex.: o mandatário pode praticar
atos mesmo após o término do mandato, como, recebendo pagamento de
aluguéis, dando quitação, adquirindo ou vendendo bens, etc.
Quando o mandatário extrapola os poderes da procuração dizemos que ele
agiu como gestor de negócios, que é a pessoa que, sem autorização, gera
negócios alheios segundo a vontade presumível do dono. Ratificados tais atos
pelo dono do negócio, tornam-se válidos e perfeitos.

PROCURAÇÃO DADA A MENORES


Vimos que os atos praticados por menores entre 16 e 18 anos dependem de
assistência de seus representantes legais. Se não houver a assistência o ato será
anulável. No entanto, no tocante ao mandato, os menores, a partir de 16 anos,
já podem ser mandatários ad negotia. Mas há um inconveniente: o mandante
não tem ação de regresso contra ele, para cobrar-lhe os prejuízos eventualmente
causados, exceto:
• Se o menor foi autorizado pelo seu representante.
• Se o menor se apresentou como maior ou ocultou a própria idade.
Exemplo: vamos supor que eu outorguei uma procuração para uma pessoa de 17
anos para ela alugar minha casa de praia por R$ 200,00 a diária. O menor aluga
minha casa por R$ 100,00, sendo que o locatário não sabia deste ajuste, estando

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de boa-fé. Neste caso o contrato de mandato, mesmo celebrado por menor de 18
anos (embora maior de 16 anos), é válido, mesmo não emancipado e sem a
assistência de seu representante legal. Também não será possível a anulação do
contrato de locação. Se a pessoa fosse maior, eu apenas poderia responsabilizá-
la civilmente; iria mover uma ação contra o mandatário para que me indenizasse
no prejuízo que me causou. No entanto, sendo menor eu não tenho esse direito
de regresso. É o que determina o art. 666, CC. Observe-se que terceiros com
quem o mandatário menor contratou não podem ser prejudicados (nossa lei
protege o terceiro de boa-fé), por isso o mandatário irá arcar com o prejuízo
sozinho. Devemos recordar, ainda, que deve ser respeitada a regra geral do art.
180, CC: “O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de
uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido
pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior”.

OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO
• Cumprir fielmente o mandato, de modo que se não o cumprir responde por
culpa (em sentido amplo).
• Não substabelecer sem autorização, sob pena de responder pelos prejuízos,
como já visto anteriormente.
• Prestar contas ao mandante, transferindo-lhe as vantagens.
• Representar a procuração com quem tratar.

OBRIGAÇÕES DO MANDANTE
• Assumir as obrigações contraídas nos limites do mandato.
• Reembolsar as despesas decorrentes do mandato (a regra é adiantá-las).
• Pagar a remuneração tratada.
• Cobrir os prejuízos do mandatário.

VÁRIOS MANDATÁRIOS
Se houver mais de dois mandatários nomeados no mesmo instrumento,
qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados (salvo se não forem
expressamente declarados conjuntos, nem especificamente designados para atos
diferentes, ou subordinados a atos sucessivos). Se os mandatários forem
declarados conjuntos, todos deverão praticar o ato em conjunto, sob pena de
não produzir efeitos (ressalvada a ocorrência de ratificação, que retroagirá a data
do ato).

EXTINÇÃO DO MANDATO
• Revogação do mandante, que pode ser expressa ou tácita. Ex.: o mandante
assume pessoalmente a realização do negócio.

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• Renúncia do mandatário. No entanto ele deve comunicar a renúncia
antecipadamente ao mandante, sob pena de arcar com os prejuízos daí
decorrentes.
• Morte ou interdição de qualquer das partes. ATENÇÃO. Art. 674, CC:
Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante,
deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo na
demora.
• Mudança de estado civil que o inabilite para a outorga do mandato. Ex.:
mulher solteira outorgou uma procuração para vender um imóvel de sua
propriedade; posteriormente ela se casou pelo regime da comunhão parcial (ou
mesmo universal) de bens. Aquela procuração não tem mais valor, pois depois
do casamento ela necessita da outorga de seu marido para a venda do imóvel.
• Término do prazo ou conclusão do negócio.
• Extinção da pessoa jurídica, quando o mandato for daqueles que decorrer
do contrato social.

Observações
1) A Revogação Tácita ocorre quando:
a) O mandante constitui novo mandatário e comunica o anterior. Se ele não
comunicar ao primeiro mandatário, os atos por este praticados não podem ser
considerados excessivos e valem.
b) O mandante assume pessoalmente o negócio.

2) Na hipótese de morte, há que se observar:


a) Em relação aos contratantes de boa-fé, os atos ajustados pelo mandatário
serão válidos, enquanto este ignorar a morte do mandante.
b) A morte do representante do incapaz não extingue o contrato.
c) A morte do representante da pessoa jurídica não extingue o mandato
conferido a terceiro.
d) Ocorrendo a morte do mandatário, seus herdeiros têm obrigação de
prestar contas.

MANDATO IRREVOGÁVEL
Como vimos, o mandato pode ser revogado a qualquer tempo. No entanto é
irrevogável o mandato quando:
• Assim se convencionar.
• Conferido a sócio, pelo estatuto social.
• For condição de um contrato bilateral
• Em causa própria (veremos melhor essa situação logo abaixo).

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MANDATO EM CAUSA PRÓPRIA
Trata-se de espécie de mandato em que o beneficiário é o próprio
mandatário, podendo agir em seu próprio interesse (art. 685, CC). Também é
chamado de in rem propriam ou in rem suam. O mandante transfere direitos ao
mandatário para que esse possa alienar bens do primeiro, sem necessidade de
prestação de contas sobre o ocorrido. Ex.: A confere mandato para B vender um
terreno, sendo que B pode vendê-lo a si mesmo ou para terceiro.
Características:
• É irrevogável.
• Isenta o mandatário de prestação de contas perante o mandante.
• Tem seus poderes ilimitados e não se extinguem pela morte do mandante e/ou
do mandatário; os herdeiros deste se sub-rogam no direito de crédito.
• Possui natureza de negócio jurídico translativo de direitos; equivale a uma
verdadeira venda ou cessão de direitos, se contiver os respectivos requisitos
(res, pretium et consensus), sendo pago o imposto de transmissão, caso
devido.
• O mandatário responde perante terceiros em caso de evicção.
• O mandatário pode acioná-lo em seu próprio nome, como se proprietário fosse.

Observação apesar do mandato em causa própria ser irrevogável, se ainda


assim o mandante o revogar, esse ato terá validade. No entanto ele responderá
por perdas e danos decorrentes.

COMISSÃO
(arts. 693 a 709, CC)

Comissão é o contrato pelo qual uma pessoa (comissário) adquire ou vende


bens, em seu próprio nome e responsabilidade, mas por ordem e por conta de
outrem (comitente), em troca de certa remuneração, obrigando-se para com
terceiros com quem contrata (art. 693, CC). A expressão vem do latim,
committere, que significa incumbência, ou seja, atribuir uma tarefa a outrem. O
contrato de comissão não tem um fim em si mesmo; ele é preparatório de outros
contratos que o comissário vai celebrar com terceiros.
Trata-se de um contrato parecido com o mandato. O art. 709, CC prevê que
são aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre o mandato. No entanto
na comissão não há uma representação direta. Neste caso a representação é
indireta. Ou seja, no mandato o representante (mandatário) age em nome do
representado (mandante). Já na comissão o representante (comissário) age em
nome próprio. O comissário contrata diretamente com terceiros em seu nome,

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vinculando-se obrigacionalmente. Por isso, as pessoas com as quais contratar não
poderão acionar o comitente; e este também não poderá acioná-las. O comissário
(pessoa física ou jurídica) deverá ser, em regra, empresário (comerciante), ainda
que o comitente não o seja.

Natureza Jurídica
Trata-se de um contrato bilateral, oneroso, consensual e personalíssimo
(intuitu personae: baseado na confiança que se deposita no comissário). Trata-se
de uma intermediação aliada à prestação de serviços.
Responsabilidade
A responsabilidade do comissário vem estabelecida no art. 696, CC: No
desempenho das suas incumbências o comissário é obrigado a agir com cuidado
e diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para
lhe proporcionar o lucro que razoavelmente se podia esperar do negócio. Parágrafo
único. Responderá o comissário, salvo motivo de força maior, por qualquer
prejuízo que, por ação ou omissão, ocasionar ao comitente.
Comissão del credere
A comissão pode ser simples ou del credere (= da confiança). Esta é uma
modalidade em que o comissário assume a responsabilidade de responder
pela solvência daquele com que vier a contratar no interesse e por conta do
comitente. Assim, nesta hipótese, o comissário responde solidariamente com
as pessoas com quem houver tratado em nome do comitente. Ex.: o comissário
vende o café do comitente e dá prazo para o terceiro pagar. Ocorre que este
terceiro não paga... neste caso o comissário deve pagar ao comitente e depois
executa (processualmente falando) o terceiro. Tendo em vista o maior risco
assumido, o comissário faz jus a uma remuneração bem mais elevada.

AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO
(arts. 710 a 721, CC)

Na realidade, neste tópico o legislador tratou de dois contratos: o de


agência e o de distribuição.

AGÊNCIA
É o contrato pelo qual uma pessoa (agente ou representante comercial), sob
remuneração, mas sem vínculo trabalhista, se obriga em caráter duradouro a
negociar em certo lugar por conta do proponente (art. 710, 1ª parte, CC). O
agente cabe fazer propaganda dos produtos do proponente, conhecer o mercado,
captar clientela, intermediar os negócios, fiscalizar os concorrentes e encaminhar
os pedidos, tudo sob orientação do proponente (art. 712, CC). O agente deve ter

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cuidado para não vender além da capacidade de produção do proponente. O
agente ou representante comercial precisa ser registrado no conselho da
categoria, nos mesmos termos da OAB para os advogados, o CREA para os
engenheiros e o CRM para os médicos etc. Esse contrato também é conhecido
como “representação comercial”, sendo útil ao comerciante que deseja expandir
suas vendas para outras praças, como uma “longa mão” da empresa. Está previsto
no Código Civil e em leis especiais. Aplicam-se supletivamente as regras do
mandato e da comissão. O que diferencia a agência da comissão é que na agência
a coisa vendida tem marca. Além disso, na agência não se aplica a cláusula “del
credere”, que vimos acima e o agente tem sempre que divulgar o nome do
proponente, o que pode não ocorrer na comissão.
Características Gerais
Contrato bilateral, oneroso, comutativo, consensual (pode até ser verbal) e
personalíssimo (intuitu personae). Contém cláusula de exclusividade de
produto e de local de venda (área específica). Há habitualidade e autonomia na
prestação do serviço. O chamado “promotor de eventos” que tanto vemos na
mídia, dedicado a promover shows, comícios, jogos e feiras, nada mais é do que
o agente. Ele é autônomo e tem seus próprios empregados, mas sem vínculo com
o proponente.
Ao representado cabe fornecer os produtos vendidos, pagar a comissão do
representante e respeitar sua exclusividade na área, não podendo naquela região
constituir outro representante.

DISTRIBUIÇÃO
Quando o agente tem à sua disposição, a coisa do proponente, o contrato
de agência chama-se de distribuição (art. 710, in fine, CC). O agente (nesse caso
chamado de distribuidor) se obriga a comprar a mercadoria do proponente
(fornecedor, fabricante) regularmente, para ser revendida em determinada região
por ele determinada com exclusividade (ex: as distribuidoras/revendas de
veículos); o fabricante fica obrigado a não vender a mercadoria a outro negociante
na mesma região.
Diferença básica: o agente promove negócios; o distribuidor realiza vendas.

CORRETAGEM
(arts. 722 a 729, CC)

O atual Código Civil trata a corretagem e a mediação como expressões


sinônimas, embora a doutrina faça distinções. É interessante deixar claro que o

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Código procura disciplinar o contrato de corretagem (e não a profissão de
corretor).
Corretagem (ou mediação) é o contrato pelo qual uma pessoa, não ligada
a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação
de dependência, obriga-se, mediante remuneração, a obter para outrem um ou
mais negócios, conforme as instruções recebidas, ou a fornecer-lhe as informações
necessárias para a celebração do contrato. O corretor aproxima pessoas que
pretendem contratar, procurando conciliar interesses; ele coloca o seu cliente em
contato com pessoas interessadas a celebrar contratos com ele (ex.: corretor de
imóveis, automóveis, seguros, obras de arte, etc.). É uma intermediação entre
um vendedor e um comprador. No entanto ele não está vinculado àqueles que
pretendem efetuar entre si o contrato futuro. Realizado o negócio fará jus a uma
remuneração.

NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de contrato bilateral, oneroso, aleatório ou comutativo, consensual,
acessório e impessoal (não personalíssimo). Trata-se de uma obrigação de fazer.
E de resultado (e não de meio), pois não depende do serviço prestado
propriamente, mas em razão do resultado obtido (a venda).
Obrigações. Segundo o art. 723, CC, o corretor é obrigado a executar a
mediação com diligência e prudência, e a prestar ao cliente, espontaneamente,
todas as informações sobre o andamento do negócio. Sob pena de responder por
perdas e danos, o corretor prestará ao cliente todos os esclarecimentos acerca da
segurança ou do risco do negócio, das alterações de valores e de outros fatores
que possam influir nos resultados da incumbência (redação dada pela Lei n°
12.236/2010).
Remuneração. Segundo o art. 725, CC, a remuneração é devida ao corretor
uma vez que tenha conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, ou
ainda que este não se efetive em virtude de arrependimento das partes. Além
disso, não havendo prazo determinado, se o dono do negócio dispensar o corretor,
e o negócio se realizar posteriormente, como fruto da sua mediação, a corretagem
lhe será devida.

TRANSPORTE
(arts. 730 a 756, CC)

Contrato de Transporte é a aquele em que uma pessoa ou empresa se


obriga, mediante retribuição, a transportar, de um local para outro, pessoas ou
coisas animadas ou inanimadas.

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O contrato de transporte é celebrado entre o transportador e a pessoa que
vai ser transportada (viajante ou passageiro – no caso de transporte de pessoas)
ou a pessoa que entrega o objeto a ser transportado (remetente ou expedidor –
no caso de transporte de coisa). O destinatário, a quem a mercadoria deverá ser
expedida, não é contratante, embora tenha alguns direitos e obrigações.

NATUREZA JURÍDICA
• Bilateral: cria obrigações tanto para o transportador (remover a coisa ou
pessoa de um lugar para o outro), como o passageiro ou expedidor (pagar
o preço ajustado – passagem ou frete).
• Oneroso: há interesse e utilidade para ambas as partes.
• Comutativo: as prestações de ambas as partes já estão certas, não ficando
na dependência de evento incerto (que seria o contrato aleatório).
• Consensual: aperfeiçoa-se pelo mútuo consentimento dos contraentes.

CLASSIFICAÇÃO
1) Quanto ao objeto conduzido
• Transporte de pessoas
• Transporte de coisas
2) Quanto ao meio empregado
• Rodoviário
• Ferroviário
• Marítimo ou Fluvial
• Aéreo

TRANSPORTE DE COISAS OU MERCADORIAS


O transporte de coisas ou mercadorias é aquele em que o expedidor ou
rementente entrega ao transportador determinado objeto para que, mediante
pagamento de frete, seja remetido a outra pessoa (consignatário ou destinatário),
em local diverso daquele em que a coisa foi recebida (arts. 743, 744 e 745, CC).
Partes
• Remetente ou Expedidor: pessoa que entrega a mercadoria para ser
transportada.
• Transportador: pessoa que recebe a mercadoria, encarregando-se de
transportá-la.
• Destinatário: pessoa a quem a mercadoria deve ser entregue. Esta pessoa,
na verdade, não integra a relação contratual, será apenas a pessoa a que,
a mercadoria será enviada.

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É possível que o próprio remetente seja, também destinatário (ex: alguém
muda de residência, sendo convencionado que seus móveis lhe sejam entregues
em seu novo endereço. Será, ao mesmo tempo, remetente e destinatário).

Conhecimento de Transporte
A mercadoria a ser transportada será entregue ao transportador que emitirá,
como prova do recebimento da coisa, um documento designado Conhecimento de
Transporte, Conhecimento de Carga ou Conhecimento de Frete. Esse documento
deverá conter:
• nome comercial da empresa emissora do Conhecimento de Frete (ou seja,
do transportador)
• número de ordem do Conhecimento
• data da emissão do Conhecimento
• nome do remetente e do destinatário
• lugar em que a mercadoria é recebida
• espécie, quantidade e peso da mercadoria
• importância do frete, com a declaração de que é pago ou a pagar
• assinatura da empresa emissora (transportador)

Devido ao caráter probatório de entrega da mercadoria pelo remetente ao


transportador, o Conhecimento de Transporte representa as mercadorias
expedidas que só poderão ser retiradas pelo destinatário mediante sua
apresentação. É considerado um título de crédito, representativo das mercadorias
nele mencionadas, sujeitando-se às normas de circulação desses títulos. Tratar-
se de um título normalmente negociável, suscetível de transferência por endosso.
Obrigações do Remetente
• entregar a mercadoria que deverá ser transportada.
• pagar o frete nos modos e condições pactuadas, porque ele representa a
contraprestação pelo serviço. O frete será ajustado entre as partes nos
transportes livres. Nos transportes de estrada de ferro ou empresa de
aviação, o transportador fixa uma tabela de preços aprovada por órgãos
oficiais, firmando-se um contrato por adesão. O preço pode ser pago antes
da execução do transporte (frete pago) ou depois de executado o transporte
(frete a pagar).
• acondicionar bem a mercadoria para o transporte, para que possa ser
transportada sem perigo de perda ou deterioração. O transportador poderá
recusar despacho se a mercadoria estiver mal acondicionada.
• declarar a natureza, o valor e a relação das mercadorias a serem
transportadas. Isto porque, quando o remetente entrega os objetos ao

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transportador, este se responsabilizará pela perda total ou parcial, furto ou
avaria que venham a sofrer durante o transporte, sendo que sua culpa será
sempre presumida (salvo exceções prevista na lei).
• correr os riscos oriundos de vício próprio, de caso fortuito ou força maior.
• responder por prejuízos causados à mercadoria durante o transporte, se a
espécie de transporte faz naturalmente correr ou se a perda ou avaria
decorrer do fato de a mercadoria ter sido entregue mal acondicionada, ou
se o dano for anterior ao transporte, etc.
Direitos do Remetente
• variar a consignação antes da entrega da mercadoria ao destinatário, ou
seja, o remetente pode mudar a pessoa a quem a mercadoria deverá ser
entregue, alterar o seu destino, fazendo-a entregar em local diverso do
anteriormente combinado.
• receber indenização por furto, perda ou avaria do transportador,desde que
se prove que o dano ocorreu quando o objeto estava sob os cuidados do
transportador.
Obrigações do Transportador
• receber, transportar e entregar as mercadorias no tempo e no lugar
convencionados.
• transportar as mercadorias com diligência, tomando todas as providências
necessárias para que não se deteriorem, sob pena de responder por danos
que vierem a sofrer enquanto estiverem sob seus cuidados.
• expedir Conhecimento do Frete ou Carga, contendo todos os requisitos
legais.
• seguir itinerário ajustado, exceto se o caminho for intransitável ou oferecer
maiores riscos.
• assumir a responsabilidade pelas perdas, furtos ou avarias que as
mercadorias transportadas, sofrerem, exceto se oriundos de vício próprio,
força maior ou caso fortuito. Deverá pagar, em caso de perda ou furto,
indenização equivalente ao preço da mercadoria. Se houver avaria, a
indenização será proporcional à depreciação sofrida pelo objeto. Só se
responsabiliza pelas mercadorias constantes do Conhecimento. A cláusula
de não-responsabilidade reputa-se como não escrita.

Direitos do Transportador
• reter a mercadoria até receber o frete.
• reajustar o frete se houver variação de consignação.
• receber indenização pelo prejuízo que vier a sofrer, com informação falsa.

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• recusar mercadoria cujo transporte não seja permitido ou esteja
desacompanhado de documentos legais.

TRANSPORTE DE PESSOAS
O contrato de transporte de pessoas é aquele em que o transportador se
obriga a remover uma pessoa e sua bagagem de um local para outro, mediante
remuneração (arts. 734 a 742, CC).

Observação: o transporte feito de forma gratuita (por amizade, cortesia ou


auferindo vantagens indiretas) não se subordina às normas do contrato de
transporte (art. 736, CC).
Conforme o meio em que é feito o transporte, o contrato poderá ser:
• Terrestre: se em terra ou em pequeno percurso de água.
• Marítimo: se feito em alto mar ou rios e lagos navegáveis em longos
percursos.
• Aéreo (ou aeronáutico): se utilizar o espaço aéreo.

Partes
• Transportador: pessoa que se compromete a fazer o transporte.
• Passageiro: pessoa que se propõe a ser transportada, pagando um certo
preço.
Ambos deverão ser capazes, em se tratando de viagens de longos percursos,
e nelas os passageiros menores serão representados por seus pais. Nos
transportes urbanos, qualquer menor ou incapaz poderá fazer uso dos veículos,
pagando o preço da passagem. Crianças até 12 anos não podem viajar para fora
da comarca onde residem, exceto se estiverem acompanhadas dos pais ou de
responsável, ou devidamente munidas de autorização judicial.
Bilhete
O passageiro adquire um bilhete de passagem, que poderá ser nominativo
ou ao portador, e que dará direito a quem o apresentar de ser transportado. É um
título de legitimação, que atesta a vontade do adquirente de ser transportado de
um lugar para outro, e a do transportador de realizar o transporte. Poderá designar
lugares para os passageiros.
O bilhete de passagem não é indispensável para a efetivação do contrato.
Bagagem
O contrato de transporte de pessoas abrangerá a obrigação de transportar
a bagagem do passageiro ou viajante no próprio compartimento em que viajar ou
em depósitos apropriados dos veículos, mediante despacho, hipótese em que o

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transportador fornecerá uma nota de bagagem, que servirá de documento para a
sua retirada no local de destino.
O viajante, ao contratar o transporte, pagando o bilhete de passagem,
adquirirá o direito de transportar consigo sua bagagem, e o condutor assumirá a
obrigação de fazer esse transporte. O passageiro só pagará o transporte de sua
bagagem se houver excesso de peso, de tamanho ou de volumes.

Obrigações do Transportador
• transportar o passageiro de um local para outro, no tempo e modo
convencionados.
• efetuar o transporte com cuidado, exatidão e presteza.
• responder pelos danos causados ao viajante, oriundos de desastres não
provocados por força maior ou caso fortuito, ou culpa do passageiro,
pagando uma indenização variável, conforme a natureza ou a extensão do
prejuízo. Deverá, ainda, indenizar pela perda ou avaria de bagagens dos
viajantes.
• responder pelos prejuízos causados aos passageiros em virtude de atraso
dos transportes, na saída ou na chegada, se esse atraso não for motivado
por força maior.
• concluir o transporte contratado, se a viagem se interromper por fato
imprevisível, em outro veículo, à sua custa, correndo também durante a
espera de novo transporte.

Direitos do Transportador
• reter até 5% da importância a ser restituída ao passageiro, a título de multa
compensatória, se ele desistir da viagem.
• reter a bagagem do passageiro para garantir-se do pagamento do preço da
passagem que não tiver sido paga no início do percurso.
• exigir declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da indenização.

Deveres do Passageiro
• pagar a importância determinada de acordo com a tarifa estabelecida.
• apresentar-se no local de embarque antes da hora marcada para partida,
pois não terá direito a ser reembolsado do preço do bilhete, por não estar
presente no local e no horário fixados, perder a condução, salvo se provar
que outra pessoa foi transportada em seu lugar.
• sujeitar-se às normas estabelecidas pelo condutor.
• não conduzir armas.

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• não se debruçar fora das janelas com o veículo em movimento.
• proceder de modo a não perturbar demais passageiros, e não danificar o
veículo.
• não transportar objeto que cause perigo ou incômodo aos viajantes.
• apresentar documento de identidade nos transportes de navio ou avião.
• apresentar bilhete de viagem quando lhe for pedido, mesmo no curso da
viagem.

Direitos do Passageiro
• exigir o transporte, uma vez apresentado o bilhete de passagem.
• ser transportado com cuidado, presteza e exatidão, do lugar do início de sua
viagem ao local de chegada.
• ocupar o lugar mencionado no bilhete, ou, se o bilhete não mencionar local
certo, ocupar qualquer um do veículo, já que o transportador não poderá
vender bilhetes em número superior aos dos lugares existentes. Em certos
tipos de transportes coletivos, para facilitar o tráfego das pessoas, será
permitido ao condutor transportar um número de pessoas superior ao dos
assentos existentes.
• desistir do transporte, mesmo depois de iniciada a viagem, com direito à
devolução do valor correspondente ao trecho não utilizado, desde que
comprove que outro passageiro foi transportado em seu lugar.
• receber a restituição do valor do bilhete não utilizado se deixar de embarcar
e provar que outro foi transportado em seu lugar.

Observação: o art. 734, CC determina que o transportador responde pelos


danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens (salvo motivo
de força maior) sendo nula qualquer cláusula excludente de
responsabilidade. Já o art. 735, CC determina que a responsabilidade do
transportador não é elidida (eliminada) por culpa de terceiro. Se ocorrer algum
acidente por culpa de terceiro, o transportador deve indenizar o transportado e
depois acionar, de forma regressiva, o terceiro responsável pelo acidente.

SEGURO
(arts. 757 a 802, CC)

Contrato de Seguro é aquele pelo qual uma pessoa (segurador) se obriga


perante outra (segurado), mediante o pagamento de um prêmio, a garantir-lhe

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interesse legítimo relativo a pessoa ou coisa e a indenizá-la de prejuízo
decorrentes de riscos futuros, previsto no contrato.
A noção de seguro supõe a de risco, isto é, o fato de estar o sujeito exposto
à eventualidade de um dano (à pessoa ou a seu patrimônio). Assim, o contrato de
seguro é o meio pelo qual a pessoa física ou jurídica se protege contra os
riscos que podem incidir sobre a sua vida ou sobre o objeto de seus negócios. O
objeto do seguro é o risco. Quando o risco se materializa temos o sinistro
(ex.: acidente de trânsito, incêndio da nossa casa, morte, etc.) surgindo para a
seguradora a obrigação de indenizar.

PARTES
• Segurador: é o que suporta o risco, mediante recebimento do prêmio. A
atividade do segurador é exercida por pessoas jurídicas legalmente
autorizadas pelo governo federal.
• Segurado: é o que tem interesse direto na conservação da pessoa ou coisa,
adquirindo a apólice, mediante uma contribuição periódica e moderada, isto
é, o prêmio, em troca do risco que o segurador assumirá. Deve ter
capacidade civil.
• Beneficiário: é a pessoa física ou jurídica que fará jus à indenização
podendo ser o próprio segurado ou um terceiro.

NATUREZA JURÍDICA
• Contrato Bilateral: gera obrigações para o segurado (pagar o prêmio) e
para o segurador (que assume o risco pelo sinistro).
• Oneroso: traz prestações e contraprestações a ambas as partes.
• Aleatório: por não haver equivalência entre as prestações. Na realidade, a
obrigação do segurado é certa (pagar o prêmio), porém ele não pode
antever, de imediato, se receberá algo em troca de sua prestação. O
segurador assume o risco, ressarcindo o dano sofrido pelo segurado, se o
evento incerto ocorrer. Observem que o evento pode ocorrer ou não! Vamos
tomar como exemplo o seguro de um veículo. Se não ocorrer o sinistro
(acidente com o veículo), o segurador irá receber o prêmio (quantia paga
pelo segurado e que não será devolvida) sem nada desembolsar. Mas se o
sinistro ocorrer, ele deverá pagar uma indenização cujo valor pode ser muito
maior do que o prêmio recebido. Lembrando que o segurador pode mover
ação regressiva contra o causador do dano.
• Formal: a forma escrita é obrigatória; para se provar é necessária a
exibição da apólice ou do bilhete do seguro e, na falta deles, de um
documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio.

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• Por adesão: o segurado deve aceitar, sem qualquer discussão, as cláusulas
impostas pelo segurador na apólice impressa.
• Boa-fé: conduta sincera e leal das partes, em especial do segurado (no
contrato de seguro de vida, deve o segurado indicar moléstias de que sofre;
se ocultar, perderá o direito ao valor do seguro). Se o segurado mentir ou
omitir:
a) se estiver de má-fé: paga o prêmio vencido e perde o direito à
garantia.
b) se não estiver de má-fé: o segurador pode extinguir o contrato ou
cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio.

REQUISITOS
• Segurador só poderá ser entidade devidamente autorizada pelo Governo
Federal para operar no ramo.
• Capacidade civil do segurado.
• O objeto do segurado deve ser lícito e possível (ex.: é nulo o contrato de
seguro de uma operação de contrabando).
• O valor do objeto deve ser determinado.
• O pagamento da seguradora deverá ser equivalente ao valor real do bem ou
de sua reposição.
• O contrato exige forma escrita para ser obrigatório. Esse instrumento
chama-se apólice ou bilhete do seguro.

PRÊMIO
Estabelecido o contrato de seguro, o segurado deve pagar uma contribuição,
periódica e moderada, chamada prêmio, em troca do risco que o segurador
assumirá em caso de incêndio, abalroamento, naufrágio, furto, falência, acidente,
morte, etc.
As partes fixam livremente a taxa do prêmio, tendo-se em vista a duração
do risco, as causas que possa efetivá-lo e o montante da indenização. O prêmio
deve ser líquido e certo.

APÓLICE (art. 760, CC)


Como já vimos, o contrato de seguro exige a forma escrita que se
instrumentaliza pela apólice ou bilhete do seguro, que pode ser nominativo, à
ordem ou ao portador. Deverão mencionar os riscos assumidos, o início e o fim de
sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o caso, o nome
do segurado e o do beneficiário. No entanto, no seguro de pessoas a apólice
ou o bilhete não podem ser ao portador.

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Resumindo: Risco: é a possibilidade de ocorrer o sinistro (risco de morte).
Sinistro: é o risco concretizado (a morte). Apólice (ou bilhete de seguro) é o
documento emitido pela seguradora no qual estão previstos os riscos assumidos,
o início e o fim de sua validade, etc. Prêmio é a quantia paga pelo segurado para
que o segurador assuma o risco (deve ser pago depois de recebida a apólice; seu
valor é fixado a partir de cálculos levando em consideração os riscos cobertos).
Indenização é o valor pago pela seguradora caso o risco se concretize (sinistro).

Classificação das Apólices


a) Quanto à titularidade
• nominativas: quando mencionarem o nome do segurador, do
segurado e do beneficiário.
• à ordem: quando transmissíveis por endosso em preto (com
indicação).
• ao portador: quando transferíveis por simples tradição (inadmissíveis
no caso de seguro de vida ou de pessoas).
b) Quanto ao risco
• específicas: ocupam de um risco apenas.
• plúrimas: dizem respeito a vários riscos dentro de um mesmo contrato
• abertas: se o risco se desenvolver ao longo da atividade.
c) Quanto à substituição
• simples: se o objeto do seguro é determinado precisamente sem que
haja possibilidade de substituí-lo;
• flutuantes: se for possível a substituição da coisa segurada.

Observações
1) A apólice deverá ser precedida de proposta escrita com a declaração dos
elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco.
2) A falta de apólice pode ser suprida pelo registro mediante a comprovação
do pagamento do prêmio.
3) As apólices de acidentes são plurianuais.
4) O seguro pode ser contratado por meio de bilhete de seguro, que é um
instrumento simplificado.

Espécies de Contrato de Seguro


1) Quanto às normas que disciplinam
• Comerciais: regidas pelo Código Comercial.

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• Civis: disciplinados pelo Código Civil.
2) Quanto ao número de pessoas
• Individuais: um só segurado.
• Coletivos: abrangem várias pessoas.
3) Quanto ao objeto
• Patrimoniais: cobrir perdas resultantes de obrigações.
• Reais: prejuízos sofridos por uma coisa.
• Pessoais: faculdades humanas, saúde, vida.

SEGURO DE DANO
É aquele de natureza essencialmente indenizatória. O seguro de dano
protege o patrimônio do segurado (qualquer que seja o bem da pessoa física
ou jurídica: casa, joia, automóvel, etc.), contra incêndio, abalroamento, roubo,
acidente, etc. As cláusulas de cobertura, bem como as de exclusão devem constar
no contrato. Se o sinistro ocorrido não estiver expressamente previsto no contrato,
não haverá indenização.
A garantia prometida não pode ser maior que o valor do interesse
segurado na conclusão do contrato e a indenização não pode ultrapassar o valor
do interesse segurado no momento do sinistro. Ou seja, se eu fiz o seguro de um
carro que vale 20 mil, o limite máximo do seguro são os 20 mil, não se podendo
segurar uma coisa por mais do que ela valha. No entanto, o risco do seguro
compreende todos os prejuízos ocasionados pelos estragos para evitar o
sinistro, minorar o dano, ou salvar a coisa. Mas é importante lembrar que se eu
fiz um seguro do veículo e o mesmo foi roubado com muitos pertences em seu
interior, a seguradora somente irá pagar pelo veículo.
Posso fazer dois seguros sobre a mesma coisa? Pode... mas não
convém. Isso porque o art. 782, CC estabelece que, no caso de um novo seguro
para o mesmo bem, a pessoa deve comunicar por escrito à seguradora inicial, e,
caso haja o sinistro, o valor da indenização (somando os dois seguros) não pode
ultrapassar o valor real do bem.
No seguro de coisas transportadas, a garantia começa no momento em
que o transportador recebe e, termina com a entrega ao destinatário. Não se inclui
na garantia o sinistro provocado por defeito próprio da coisa segurada, não
declarado pelo segurado.
Pode ocorrer a transferência do contrato a terceiro com a alienação ou
cessão do interesse segurado. Se o contrato for nominativo, a transferência só
terá efeito para o segurador, mediante aviso escrito assinado pelo cedente e pelo
cessionário. No caso de apólice ou o bilhete à ordem, o contrato só poderá ser

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transferido por endosso em preto, datado e assinado pelo endossante e pelo
endossatário (art. 785, CC).
O segurador garante o pagamento de perdas e danos devidos pelo segurado
a terceiro, no caso de seguro de responsabilidade civil. Em caso de
responsabilidade legal obrigatória, a indenização por sinistro será paga pelo
segurador diretamente ao terceiro prejudicado.
Após ocorrer o pagamento da indenização a empresa seguradora tem o
direito de cobrar os prejuízos do causador do dano (trata-se do direito de
regresso). A empresa se sub-roga nos direitos e ações contra o autor do dano,
sendo ineficaz qualquer ato do segurado que diminua ou extinga esse direito. No
entanto há uma ressalva: se o dano foi causado pelo cônjuge, descendentes ou
ascendentes (consanguíneos ou afins) do segurado, não haverá sub-rogação, a
menos que tenha ocorrido dolo desses (art. 786, CC).
O seguro de responsabilidade civil (art. 787, CC) se caracteriza pelo fato
da seguradora garantir o pagamento de danos que o segurado eventualmente
causar a um terceiro. É comum sua estipulação no seguro de automóveis (a pessoa
segura o seu automóvel e de um terceiro, se o acidente atingir este também).

SEGURO DE PESSOA
É aquele em que tem por objeto a vida ou a integridade física de
determinada pessoa (arts. 789 a 802, CC). Isso porque nossa legislação permite
que a vida humana seja objeto de seguro contra os riscos de morte involuntária.
O seguro não será pago se o segurado vier a falecer de morte voluntária nos dois
primeiros anos de vigência inicial do contrato (ex.: suicídio, duelo, etc.) e no caso
em que o beneficiário foi o assassino do segurado. No entanto, é admissível o
seguro em casos de esportes arriscados, alistamento militar, ato de heroísmo, etc.
O seguro de pessoas garante que o capital segurado seja livremente
estipulado pelo proponente (diferentemente do seguro de dano).
Como a saúde e a vida não tem preço, pode haver diversas contratações
por seguradoras diferentes, independentemente do valor de cada contrato (art.
789, CC), sendo que cada apólice será indenizada.
É nula qualquer transação entre seguradora e beneficiário para que haja
pagamento reduzido do capital segurado (art. 795, CC).
O seguro pode ser feito por pessoa natural ou jurídica em proveito de grupo
que a ela se vincule (art. 801, CC). A apólice de seguro só poderá ser modificada
mediante a expressa anuência de segurados representados por três quartos do
grupo.

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SEGURO SOBRE A VIDA DE OUTROS
O proponente pode fazer seguro não de si, mas de terceiros. No entanto,
nesse caso ele é obrigado a declarar (justificar) qual o seu interesse (lícito e
legítimo) em preservar a vida do segurado, seja ele de ordem jurídica, econômica,
moral ou sentimental (é comum fazer seguro em nome do cônjuge, ascendentes
e descendentes).

SEGURO DE VIDA
No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital
estipulado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança
para efeitos de direito (art. 794, CC), pois não integra o patrimônio do segurado.
O prêmio será conveniado por prazo limitado, ou por toda a vida do segurado.
Para o caso de morte pode ser estipulado um prazo de carência, durante o
qual o segurador não responde pelo sinistro. O segurador é obrigado a devolver
ao beneficiário o montante da reserva já formada.
Uma característica essencial do seguro de vida é a livre escolha dos
beneficiários, que podem ser indicados e substituídos a qualquer tempo pelo
segurado. O segurado pode, inclusive, preterir seus herdeiros em favor de
estranhos (pois não integra a herança). O segurador pode não indicar de imediato
o nome do beneficiário. No entanto se falecer e não foi indicada a pessoa
beneficiária, o capital segurado será pago a metade ao cônjuge não separado
judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado (art. 792, CC).
A instituição do companheiro como beneficiário é válida, se ao tempo do
contrato o segurado era separado judicialmente, ou de fato (art. 793, CC).

Atenção A seguradora tem obrigação de pagar a indenização no caso


de suicídio do segurado? De acordo com o atual entendimento do STJ (REsp
1.334.005-GO), o beneficiário não terá direito ao capital estipulado quando
o segurado se suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato
ou nos dois primeiros anos depois de o contrato ter sido reiniciado (recondução)
depois de um tempo suspenso (art. 798, CC). O beneficiário não terá direito à
indenização, mas receberá o valor da reserva técnica já formada, ou seja, terá
direito à quantia que o segurado pagou a título de prêmio para a seguradora. A
seguradora será obrigada a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica
já formada mesmo que fique provado que o segurado premeditou o suicídio. No
entanto, se o suicídio ocorrer depois dos dois primeiros anos do contrato,
será devida a indenização ainda que exista cláusula expressa em
contrário. Assim, é nula a cláusula contratual que exclua a indenização da
seguradora em caso de suicídio ocorrido depois dos dois primeiros anos do
contrato (art. 798, parágrafo único, CC).

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Com esse entendimento parte da doutrina entende que estão superadas
(precisaria ser cancelada pelo órgão que as editou): a Súmula 105 do STF, a
Súmula 61 do STJ e o Enunciado 187 da Jornada de Direito Civil, pois elas se
referem a suicídio premeditado e não premeditado, critérios que foram
abandonados pelo atual Código, que acolheu um critério meramente temporal
(menos ou mais de dois anos).
Súmula 105, STF: Salvo se tiver havido premeditação, o suicídio do segurado no
período contratual de carência não exime o segurador do pagamento do seguro.
Súmula 61, STJ: O seguro de vida cobre o suicídio não premeditado.
Enunciado 187 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “No contrato de seguro de
vida, presume-se, de forma relativa, ser premeditado o suicídio cometido nos dois
primeiros anos de vigência da cobertura, ressalvado ao beneficiário o ônus de
demonstrar a ocorrência do chamado suicídio involuntário”.
Obrigações do Segurado
• Pagar o prêmio convencionado no prazo estipulado.
• Caso atrase o pagamento do prêmio, deve pagá-lo com juros moratórios.
• Abster-se de tudo que possa aumentar os riscos e for contrário ao
estipulado.
• Comunicar ao segurador todos os fatos imprevistos que possam agravar o
risco.
• Levar ao conhecimento do segurador a ocorrência do sinistro.
• Demonstrar os prejuízos que sofreu com o sinistro.
• Abster-se de transacionar com a vítima, com o responsável pelos danos sem
o prévio consentimento do segurador.

Direitos do Segurado
• Receber a indenização e a reparação do dano.
• Não ver aumentado o prêmio, embora agravados os riscos, em razão de fato
alheio à sua vontade.
• Receber reembolso de despesas feitas no interesse da seguradora para
diminuir prejuízos.
• Ser defendido pelo segurado nos casos de responsabilidade civil, cuja
reparação esteja a cargo dela.

Obrigações do Segurador
• Indenizar o segurado quanto aos prejuízos resultantes do risco assumido.
• Aceitar cessão do seguro e pagar a terceiro, havendo a transferência do
contrato.

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• Constituir reservas técnicas, fundos especiais e provisões para garantir
obrigações assumidas.

Direitos do Segurador
• Receber o prêmio durante a vigência do contrato.
• Isentar-se do pagamento da indenização no caso de má-fé do segurado, ou
se este deu à coisa segurada valor superior ao real ou no caso de caducidade
da apólice.
• Responder somente pelos riscos que assumiu.
• Reajustar o prêmio para que este corresponda ao risco assumido.

EXTINÇÃO DO SEGURO
• Decurso do prazo estipulado.
• Distrato: ambos os contratantes concordam em dissolver os vínculos.
• Inadimplemento de obrigação legal.
• Superveniência do risco: o contrato perde o objeto e a seguradora paga o
valor assegurado.
• Cessação do risco.
• Nulidade, tornando o contrato ineficaz.

Observação: além do Código Civil, outras leis regem a matéria. Extrai-se


destas que as Sociedades de Seguro não estão à falência e também não podem
ingressar com pedido de recuperação judicial. Em caso de insolvência ou má
situação financeira, a empresa é submetida a um processo de liquidação,
acarretando em dissolução compulsória.

CONSTITUIÇÃO DE RENDA
(arts. 803 a 813, CC)

Constituição de Renda é o contrato em que uma pessoa (instituidor ou


censuísta) entrega certo capital, em dinheiro, bem móvel ou imóvel, a outra
(rendeiro ou censuário), que se obriga a pagar, temporariamente, renda ou
prestação periódica. O contrato de constituição de renda será feito a prazo certo
(até uma data determinada) ou incerto (até a morte do beneficiário). Ele pode
ultrapassar a vida do devedor, mas nunca a do credor, seja ele o contratante, seja
terceiro. Exemplo: “A” transfere a “B” a propriedade de um imóvel; “B” deverá,
então, pagar uma renda, vitalícia ou não, ao próprio instituidor ou a terceiro (“C”),
que será o beneficiário.

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Partes: a) censuário ou rendeiro – recebe o capital com o encargo de pagar
certa renda; é o devedor da renda e o adquirente do capital; b) censuísta (ou
instituidor), que entrega o capital e constitui renda em benefício próprio ou alheio;
é o credor da renda.

NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de um contrato muito peculiar, podendo assumir diversos aspectos:
unilateral ou bilateral; gratuito ou oneroso (pode haver uma contraprestação);
comutativo ou aleatório; real (entrega efetiva); temporário (pode até ser vitalícia,
mas é proibida a perpetuidade e não se transmite aos herdeiros do beneficiário).
Modos constitutivos: ato inter vivos (contrato – escritura pública), ato
causa mortis (testamento – o testador deixa a renda de herança) ou por sentença
judicial (o Juiz, em ação de responsabilidade civil condena o réu a prestar
alimentos ao ofendido ou pessoa de sua família).
Extinção: expiração do prazo estipulado em contrato, rescisão contratual,
declaração de ausência do credor, implemento de condição resolutiva e
perecimento ou destruição do imóvel a que a renda estiver vinculada.

JOGO E APOSTA
(arts. 814 a 817, CC)

O legislador colocou jogo e aposta no mesmo Capítulo do Código Civil. No


entanto não são institutos sinônimos, havendo distinção quanto ao resultado,
ganho ou perda.

JOGO
É o contrato aleatório, em que duas ou mais pessoas convencionam entre si
pagar certa soma àquela que conseguir um resultado favorável de um
acontecimento incerto.

APOSTA
É a convenção em que duas ou mais pessoas de opiniões discordantes sobre
qualquer assunto prometem, entre si, pagar certa quantia ou entregar
determinado bem àquela cuja opinião prevalecer em virtude de um evento incerto.
Diferencia-se primordialmente do jogo, pois nela sempre haverá um perdedor e
um ganhador, e o seu cumprimento ou entrega dependerá de ato de terceiro.

Espécies
Embora haja controvérsias, a doutrina costuma distinguir os jogos da
seguinte forma:

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a) Proibidos ou ilícitos: o ganho ou a perda dependem da sorte (jogo do
bicho, roleta, máquina caça-níquel, etc.). Quem perde não tem o dever de pagar.
Se pagar não poderá pedir o dinheiro de volta. As dívidas de jogo resultam são só
da importância perdida no jogo, mas também de empréstimos feitos ao jogador.
A cobrança não é admitida sequer mediante confissão de dívida pelos contraentes.
b) Tolerados: o resultado não depende exclusivamente da sorte, mas também
da habilidade do jogador (poker, truco, etc.). Não são contravenções, mas a ordem
jurídica não lhes regula os efeitos. Da mesma forma não podem ser cobrados.
c) Autorizados ou lícitos: decorrem estritamente de lei e para a sua
regularização, todas as suas exigências devem ser cumpridas sob pena de tornar-
se ilícito. São os que visam uma utilidade social, trazendo proveito a quem os
pratica, incrementando a destreza, força, coragem, inteligência (ex.: futebol,
boxe, corridas, xadrez, etc.). Ex.: “Lei Pelé”, loteria esportiva, mega sena, turfe,
etc. Nesses casos há um benefício por parte do Estado, que emprega parte de seu
resultado na realização de obras sociais, eventos esportivos etc.

Consequências jurídicas
Como vimos, o jogo e aposta não obrigam o pagamento, salvo casos
excepcionais. Mas havendo pagamento, não se pode recobrar a quantia que
voluntariamente se pagou (não há repetição), salvo se foi ganha por dolo, ou se
a pessoa que perdeu (perdente) é menor ou interdito.
Isso tem aplicação em caso de jogos proibidos e tolerados; só se excetuando
os jogos e apostas legalmente permitidas (art. 814, §2°, CC). Também se
excetuam os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição
de natureza esportiva, intelectual ou artística.
A dívida de jogo ou aposta não pode ser usada para compensação, não pode
ser garantida por ônus real e nem pode haver reforço por meio de cláusula penal
(multa).

Observação: não se pode confundir o jogo e aposta com os contratos sobre


títulos de bolsa valores. Os negócios de mercadorias, derivativos e futuro têm seu
risco (possibilidade de alguém perder, e, de outro, alguém ganhar), mas isso não
pode ser considerado ilegal, até porque há toda uma regulamentação rigorosa a
respeito.

FIANÇA
(arts. 818 a 839, CC)

Contrato de Fiança (ou caução fidejussória) é a promessa feita por uma


ou mais pessoas, de garantir com o seu patrimônio ou satisfazer a obrigação de

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um devedor, se este não a cumprir, assegurando ao credor o seu efetivo
cumprimento (art. 818, CC).
No direito brasileiro temos duas espécies de contratos de caução ou
garantia:
Garantia Real: lembrando que res significa coisa; ou seja, a coisa garante
a dívida. Ex.: penhor, hipoteca, anticrese e alienação fiduciária (tais temas
são desenvolvidos na aula Direito das Coisas, quando isso é exigido no
edital).
Garantia Fidejussória: é o outro nome que se dá à garantia pessoal,
lastrada na confiança existente entre as partes. Ex.: fiança e aval.
Como se vê, a fiança é uma espécie de contrato de caução ou garantia. É
negócio entabulado entre credor e fiador; o devedor (afiançado) não é parte
na relação jurídica fidejussória, tanto assim que o art. 820, CC estabelece que
pode-se estipular fiança ainda que sem o consentimento ou contra a vontade
do devedor. A fiança pode ser dada a qualquer espécie de obrigação, seja ela de
dar (coisa certa ou incerta), de fazer ou de não fazer.

NATUREZA JURÍDICA
• Acessório: não existe a fiança sem que haja um contrato, onde se encontra
a obrigação que está sendo garantida pela fiança. Ex.: José contrata um
mútuo (empréstimo) de dinheiro com um Banco (contrato principal). Pedro,
seu fiador, assume obrigação acessória de quitar a dívida, caso José não
pague (fiança – contrato acessório). Como o acessório segue o principal
(accessorium sequitur principale), se o contrato principal for nulo, nula
também será a fiança (art. 824, CC). No entanto a recíproca não é verdadeira.
Além disso, abrange todos os acessórios da dívida principal (juros, cláusula
penal, despesas judiciais, etc.). Apesar de ser sempre acessória, a fiança pode
ser estipulada em um contrato diverso do garantido ou inserido em uma das
cláusulas do contrato principal. A fiança pode ser de valor inferior da
obrigação principal; no entanto nunca poderá ser superior ao valor do débito
principal, nem ser mais onerosa do que ele, sob pena de ser reduzida ao nível
da dívida afiançada (art. 823, CC).
• Unilateral: gera obrigação apenas para o fiador que se obriga para com o
credor, mas este nenhum compromisso assume em relação àquele. Parte da
doutrina considera a fiança como contrato bilateral imperfeito, uma vez que
paga a dívida pelo fiador, este se sub-roga nos direitos do credor, permitindo-
se a ação regressiva.
• Gratuito: em regra o fiador não recebe remuneração; apenas ajuda o
devedor. No entanto nada obsta que se pactue certa remuneração (isso
é muito comum em contratos bancários, em que os bancos assinam termos

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de responsabilidade em favor de seus clientes, em troca de uma porcentagem
sobre o montante garantido).
• Personalíssimo (intuito personae): baseado na confiança que o fiador
merece.
• Aleatório: diz-se aleatório contrato no qual a prestação de uma ou de
ambas as partes depende de um acontecimento incerto; na fiança
o inadimplemento do terceiro é considerado como evento incerto,
determinante à prestação do fiador (satisfação da obrigação).

CARACTERÍSTICAS
• Forma escrita: a forma da fiança é obrigatoriamente escrita (art. 819,
CC), por instrumento público ou particular e assinada, não se admitindo a
fiança verbal, ainda que com muitas testemunhas. Fiança não se presume;
trata-se de um contrato solene. Ela pode ser realizada no próprio instrumento
do contrato principal.
• Não admite interpretação extensiva: por ser um contrato benéfico, não
se pode falar em interpretação extensiva, nos termos dos arts. 114 e 819,
CC. O fiador responde apenas por aquilo que efetiva e expressamente se
consignou no instrumento. Se alguma dúvida surgir, interpreta-se
favoravelmente ao fiador. Ex.: se concedida para garantir aluguel, não se
estende a danos causados no prédio por eventual incêndio. Se concedida para
garantir aluguel, não se estende a pagamentos de impostos, etc.
• Não se estende além do tempo convencionado: para prorrogar-se a
fiança, caso o contrato se prorrogue, exige-se disposição expressa a esse
respeito. Costuma-se dizer: “a fiança não se estende de uma coisa para outra,
de uma pessoa para outra, de um tempo para outro”.
• Obrigação Subsidiária: o fiador somente se obrigará pela dívida se o
devedor principal (afiançado) não cumprir a prestação devida. Ou seja, o
credor aciona primeiro o devedor principal. Se este não pagar a dívida,
acionará então o fiador (trata-se do “benefício de ordem”, do qual falaremos
logo adiante). No entanto pode ser pactuada a solidariedade (art. 828, II,
CC). Nesse caso o fiador assume a posição de codevedor (sem desnaturar a
fiança); ou seja, o credor pode acionar tanto o devedor principal como o fiador
ou os dois ao mesmo tempo.
• Vontade: a fiança pode ser estabelecida, ainda que sem consentimento ou
contra a vontade do devedor (art. 820, CC).
• Súmula 214 do Superior Tribunal de Justiça: se houver alguma
modificação ou aditamento no contrato principal e o fiador não foi consultado
para esta alteração, não pode ele ser responsável. Nestes termos é o teor da

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Súmula: “o fiador na locação não responde por obrigações resultantes de
aditamento ao qual não anuiu”.
• Súmula 332 do Superior Tribunal de Justiça (nova redação): “A fiança
prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da
garantia”. Além disso, a jurisprudência STJ é no sentido de que somente pode
arguir a invalidade do negócio o outro cônjuge (e não aquele que concedeu a
garantia), nos termos do art. 1.650, CC.
OBSERVAÇÃO: há uma divisão da doutrina e da jurisprudência nesse tópico.
Alguns entendem que o ato praticado seria nulo, em face da Súmula do STJ.
Outros entendem que o ato é anulável. Isso porque o art. 1.649, combinado com
o 1.647, III, ambos do CC, preveem claramente que a fiança dada sem a outorga
conjugal é ato anulável. Além disso, o art. 176, CC confirma a anulabilidade ao
dispor: "Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de
terceiro, será validado se este a der posteriormente". No caso o ato poderia ser
validado caso o cônjuge que não deu a outorga o fizesse posteriormente. Em
uma prova feita em 2014 a FCC (TJ/CE – Juiz) entendeu ser hipótese de
anulabilidade.
• União estável: o STJ já decidiu (REsp n° 1.299.866 – DF. Rel. Min. Luis
Felipe Salomão) no sentido de que “ainda que a união estável esteja
formalizada por meio de escritura pública, é válida a fiança prestada por um
dos conviventes sem a autorização do outro”.

SUBSTITUIÇÃO
O credor pode exigir a substituição do fiador se este (art. 826, CC):
• Se tornar insolvente (não tiver bens para responder pela obrigação assumida).
• Se tornar incapaz (foi acometido de alguma doença mental).

CONDIÇÕES PARA SER FIADOR


Para ser fiador, é necessário que a pessoa:
• Seja idônea (moral e financeiramente).
• Resida no mesmo município onde tenha que prestar fiança (será mais fácil
avisá-lo do inadimplemento do devedor).
Podem ser fiador: todas as pessoas maiores ou emancipadas, que tenham a
livre disposição de seus bens e preencham os requisitos descritos acima.
Não podem ser fiador
• Os pródigos sem assistência do curador.
• Os absolutamente incapazes, ainda que representados.
• O cônjuge sem o consentimento do outro (outorga uxória ou marital).
Dispõe o art. 1.647, III, CC: “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos

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cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação
absoluta (...) prestar fiança ou aval”. Como esse dispositivo não especifica qual
a hipótese de separação absoluta que isso ocorre (consensual ou obrigatória),
o STJ vem entendendo que apenas o regime consensual (ou voluntário) de
separação permite a dispensa de outorga. Conforme decidido, a separação de
bens adotada por livre manifestação da vontade corresponderia a uma
antecipação da liberdade de gestão dos bens de cada um, afastando qualquer
expectativa de um em relação ao patrimônio do outro.
• O analfabeto, a não ser que o faça por procurador constituído por instrumento
público, com poderes especiais.
• Certas pessoas em razão de seu ofício (tesoureiros, leiloeiros – Dec. n°
2.198/32, tutores, curadores, etc.).

Observação. Embora não haja previsão legal expressa, segundo a professora


Maria Helena Diniz, o menor de 18 anos, ainda que emancipado, não pode ser
fiador, mesmo sendo representado ou assistido por seu representante legal. Isso
porque segundo a doutrinadora, a emancipação confere o direito de administrar
seus próprios negócios e a fiança é uma obrigação por dívida alheia. Tal posição
já caiu em uma prova da CESPE/UnB e a questão não foi anulada (Técnico
Bancário da Caixa Econômica Federal, em 2006).

FIANÇA DE OBRIGAÇÃO NULA


As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança. Assim, sendo nula a
obrigação principal, nula também será a fiança.

FIANÇA DE OBRIGAÇÕES CONTRAÍDAS POR MENOR


Vimos que as obrigações nulas não são suscetíveis de fiança. No entanto, se
a fiança foi dada tendo-se em vista uma obrigação contraída por menor, embora
a obrigação principal seja nula ou anulável, mesmo assim prevalece a fiança.
Trata-se de uma exceção, conforme estipula o art. 824, CC. Ex.: menor de 16
anos assina contrato de locação; o contrato é considerado nulo; mesmo assim,
prevalece a obrigação do fiador quanto aos aluguéis não pagos pelo menor. O
mesmo ocorre se a pessoa for menor de 18, porém maior de 16 anos
(relativamente incapaz – anulável).

FIANÇA A MÚTUO CONTRAÍDO POR MENOR


Se a fiança se referir a contrato de mútuo contraído por menor, sendo nulo
ou anulado o contrato de mútuo, nula também será a fiança. Esta é uma exceção
à regra acima (trata-se, portanto de uma exceção da exceção). É o que determina
o parágrafo único do art. 824, CC. Ex.: menor toma dinheiro emprestado e terceira
pessoa assina o contrato como fiador. Declarado nulo ou anulado o contrato de
mútuo, exonera-se também o fiador.

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BENEFÍCIO DE ORDEM (ou benefício de excussão)
Se o fiador for demandado para pagar a dívida, ele tem o direito de indicar
os bens livres e desembaraçados do devedor principal (art. 827, CC). Isso porque,
como vimos, a fiança é obrigação acessória a subsidiária. No entanto, só poderá
requerer tal benefício em relação aos bens existentes antes da contestação e
desde que estes sejam suficientes para saldar a dívida.
No entanto, o fiador não poderá se socorrer deste benefício se
renunciou ao benefício, ou se se obrigou como principal pagador (devedor
solidário), ou se o devedor for insolvente ou falido (art. 828, CC). Portanto, é
perfeitamente possível o fiador renunciar a esse benefício, por expressa
previsão legal.

Observações
01) Segundo remansosa jurisprudência de nossos Tribunais, a renúncia ao
benefício de ordem pelo fiador enseja a sua responsabilidade solidária
quanto ao adimplemento das obrigações assumidas em contrato de locação; ao
credor (locador) assegura-se exigir o pagamento do débito de qualquer um dos
devedores solidários.
02) O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que havendo cláusula
expressa no contrato de locação de que a responsabilidade do fiador perdura até
a efetiva entrega das chaves do imóvel, objeto da locação, não há que se falar em
desobrigação do mesmo, ainda que o contrato tenha se prorrogado por prazo
indeterminado.

BENEFÍCIO DE DIVISÃO
Havendo mais de um fiador garantindo a mesma obrigação, estes serão
considerados, em regra, solidários entre si (aplicam-se as regras das obrigações
solidárias). Todavia, os fiadores podem, entre si, prever expressamente no
contrato de fiança, que se utilizarão o benefício de divisão, isto é, de que a
obrigação entre eles seja divisível. Assim, cada fiador só responderá pela parte
que, em proporção, lhe couber no pagamento (art. 829 e parágrafo único, CC).

SUB-ROGAÇÃO
O fiador que pagar integralmente a dívida ficará sub-rogado nos direitos do
credor, mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva
cota (art. 831, CC). Recordando: sub-rogar significa estar no lugar de. Sub-
rogação nos direitos do credor significa que o fiador que paga passa a ocupar o
lugar do credor, assumindo-lhe todos seus direitos, inclusive o de executar o
devedor, ou os outros fiadores.

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RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS
É necessário esclarecer que a morte do fiador extingue a fiança. Mas os
herdeiros do fiador respondem quanto às obrigações assumidas pelo de cujus em
razão de fiança. Ou seja, a obrigação pode ser transmitida aos herdeiros do fiador.
Mas a responsabilidade da fiança não pode ultrapassar as forças da herança
e se limitará até a data da morte do fiador. Ex.: “A” firmou um contrato de locação
com “B”, sendo este último o locatário. “C” é fiador de “B”. Este último sempre
honrou com os seus débitos. Passado um tempo, “C”, o fiador, morreu. A fiança
se extingue e os herdeiros de “C” por nada responderão. Outra situação,
aproveitando o mesmo exemplo: “B” (locatário) não paga o aluguel devido.
Digamos que já esteja devendo dez meses de aluguel. Logo o credor “A” pode
acionar “B” (locatário) e “C” (o fiador). Neste ínterim “C” morreu. Neste momento
a fiança se extingue. No entanto os herdeiros de “C” irão responder por suas
dívidas (no caso os dez meses de aluguel atrasado) até o momento de sua morte
e até o limite das forças da herança. A partir daí eles nada mais responderão, pois
com a morte extingue-se a fiança.

EXTINÇÃO DA FIANÇA
• Por vontade do fiador, quando tiver assinado o contrato de fiança sem
limitação de tempo. Neste caso, a exoneração pode ser por ato amigável
entre o fiador e o credor ou por decisão judicial.
• Pela morte do fiador.
• Por anulação judicial, nos casos de anulabilidade dos atos jurídicos em geral
(falta de legitimação, vícios do ato jurídico, etc.).
• Se, sem o consentimento do fiador, o credor conceder moratória ao devedor.
• Se, por algum fato causado pelo credor, tornar-se impossível a sub-rogação
do fiador nos seus direitos e preferências. Ex.: credor levanta hipoteca que
garante a dívida, sendo que por isso o fiador não pode se sub-rogar no
direito de executar aquela hipoteca.
• Se o credor, em quitação amigável, aceitar do devedor objeto diverso do
que venha a perdê-lo por evicção (perda da coisa em virtude de sentença
judicial e sentença anterior). Ex.: A, credor, aceita do devedor um terreno
para quitar a dívida, em lugar de pagamento em dinheiro (novação). Se A
vier a perder este terreno, mesmo por evicção, o fiador está liberado.
• Se o fiador indicar bens do devedor para serem executados em primeiro
lugar, demorando-se o credor a executá-los, e caindo, posteriormente, o
devedor em insolvência, libera-se o fiador.

AVAL
O aval, a exemplo da fiança, é uma garantia pessoal, em que uma pessoa
(o avalista) obriga-se a pagar a dívida de outrem (o avalizado). O avalista é

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devedor solidário (diferentemente da fiança em que o fiador, em regra, é
devedor subsidiário). O aval é figura do direito cambiário, isto é, uma garantia
própria dos títulos de crédito (letra de câmbio, nota promissória, etc.) que importa
na responsabilidade autônoma do avalista, independente da validade da
obrigação garantida. Para dar o aval, basta que o avalista aponha sua assinatura,
de próprio punho, ou mesmo através de procurador, no título.
FIANÇA X AVAL

Fiança Aval

Inserida nos contratos de uma forma Inserido nos títulos de crédito


geral e não nos títulos de crédito. (cambial) e não em contratos.

Obrigação acessória em relação à Obrigação autônoma em relação


outra obrigação assumida pelo à obrigação avalizada.
devedor.

Fiador – Devedor subsidiário. Em Avalista – Devedor solidário.


regra responde apenas quando o Torna-se codevedor. Não pode
devedor não o faz, havendo o ser alegado o benefício de ordem.
benefício de ordem.

Exige outorga conjugal. Também se exige outorga.

Instrumento escrito. Assinatura do avalista no título.

TRANSAÇÃO
(arts. 840 a 850, CC)

A Transação é um negócio jurídico bilateral em que as partes fazem


mútuas concessões, prevenindo ou extinguindo obrigações. É a composição
amigável entre as partes, em que cada qual abre mão de suas pretensões, para
evitar riscos de uma futura demanda (extrajudicial) ou extinguir um litígio que já
foi instaurado (judicial). Exemplo: A alega que B lhe deve 200; B, por sua vez,
admite que deve, mas afirma que a dívida é apenas de 100. As partes acabam
entrando em acordo por 150. Assim, uma pessoa cede um pouco... a outra cede
um outro tanto... e um acordo acaba saindo. Na realidade a transação é um
negócio jurídico bilateral declaratório, indivisível e de interpretação restrita.

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ELEMENTOS
• Existência de uma dúvida ou litígio.
• Intenção em se dirimir a dúvida, extinguindo o conflito (acordo de
vontade entre os interessados capazes).
• Reciprocidade de concessões: ambos os transigentes devem conceder
alguma coisa ou abrir mão de algum direito; não há transação se apenas
uma das partes receber privilégios e a outra, sacrifícios.

FORMA
A transação é feita por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige,
ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos
contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos,
assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz.

MODALIDADES
• Judicial: realizada no curso de um processo, recaindo sobre direitos
disputados em juízo.
• Extrajudicial: levada a efeito para se evitar a ação judicial. Pode ser
realizada por instrumento público ou particular, dependendo do que a lei
determina.
É importante observar que o Código atual trata a transação como um
contrato típico ou nominado e não mais como uma forma de pagamento
indireto.

EFEITOS
A transação só aproveita aos que nela intervierem, ainda que diga
respeito a coisa indivisível.
Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador. Se for feita
entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste para
com os outros credores. Se for feita entre um dos devedores solidários e seu
credor, extingue a dívida em relação aos codevedores.
OBJETO
A transação somente é permitida em relação a direitos patrimoniais de
caráter privado, ou seja, somente pode haver transação quanto a direitos
disponíveis, em que a parte pode dispor. Portanto, não é possível transação em
relação às coisas fora do comércio, como o estado e a capacidade das pessoas,
legitimidade e dissolução do casamento, investigação de paternidade, etc.
Pergunto: Cabe transação referente aos alimentos? Resposta: – Não! Os
alimentos envolvem direitos de personalidade; são indisponíveis não podendo ser
objeto de transação, tanto no caso de alimentos devidos em decorrência de
parentesco, casamento ou união estável (há uma proteção constitucional da

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dignidade da pessoa humana – art. 3°, III, CF/88). No entanto pode haver
transação acerca do quantum devido. Ou seja: não pode haver transação em
relação ao direito de alimentos; mas pode haver quanto aos valores devidos. No
entanto, tecnicamente falando, para se alterar os valores dos alimentos deve-se
ingressar com uma ação específica chamada de “revisional de alimentos”. Da
mesma forma não é permitida a transação em relação à guarda de filhos,
investigação de paternidade, legitimidade ou dissolução do casamento, uma vez
que estes não são direitos disponíveis.

COMPROMISSO
(arts. 851 a 853, CC)

A exemplo da transação, o atual Código Civil não mais considera o


compromisso (ou arbitragem) como uma forma de pagamento indireto. Mas sim
como uma espécie de contrato típico ou nominado.
Trata-se de um acordo de vontades (bilateral) por meio do qual as partes,
preferindo não se submeter à decisão judicial (ou seja, a um processo judicial),
confiam a árbitros a solução de seus conflitos de interesses. Exemplo: A celebrou
um contrato com B, sendo que surgiu um conflito de interesses em relação a
algumas cláusulas que estavam ambíguas no contrato. A, ao invés de se ingressar
com uma ação judicial contra B, pode pactuar que irão por fim ao conflito por meio
de um árbitro (e não um Juiz), cuja decisão as partes se comprometem a acatar.
Com isso, além de proporcionar decisão mais rápida, é menos formal, menos
dispendioso (custas processuais, honorários advocatícios, etc.) e mais discreto
(não tem a publicidade de um processo judicial). O Código Civil trata do tema na
parte alusiva às várias espécies de contratos. O assunto, atualmente, também é
regulado pela Lei n° 9.307/96, tanto no plano interno, como internacional. A
exemplo da transação, também se restringe a direitos patrimoniais
disponíveis.

ESPÉCIES
1. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA (pactum de compromittendo – tem um
caráter preventivo): é a promessa de celebrar o compromisso futuramente;
convenção (preliminar) através da qual as partes, em um contrato,
comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir,
relativamente a tal contrato. Exemplo: vou celebrar um contato; ainda não tenho
problema algum neste contrato; mas eu penso: e se surgir algum problema? E eu
mesmo respondo: se surgir o problema nós o resolveremos por meio da
arbitragem. Portanto as partes pactuam isso no próprio contrato, de forma
preventiva. Esta cláusula é autônoma em relação ao contrato. Deve ser

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estipulada por escrito. Nos contratos de adesão só terá eficácia se o aderente
tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a
sua instituição.
2. COMPROMISSO ARBITRAL: é a regulamentação definitiva da
arbitragem, feita após o surgimento do conflito de interesses. Surgindo um conflito
de interesses durante a execução de um contrato as partes podem convencionar
a se submeterem à arbitragem. Pode ser classificada em:
a) Judicial: na pendência do processo judicial (por isso é chamado
também de “endoprocessual”) – faz-se um termo nos autos, cessam as funções
do Juiz togado (isto é, aquele que é concursado, de carreira) e as partes passam
a resolver suas pendências, a partir daí, por meio de nomeação de árbitros.
b) Extrajudicial: não foi ajuizada ação (extraprocessual) – pode ser
celebrado por escritura pública ou escrito particular – eventual ação não pode ser
mais ajuizada, pois as partes abriram mão de tal direito (salvo exceções previstas
na lei).
Quem pode ser árbitro? Resposta: qualquer pessoa física capaz
(excetuando-se o analfabeto), que tenha a confiança das partes. Estas podem
nomear um ou mais árbitros, sempre em número ímpar e eventuais suplentes.
Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a nomeação pelos árbitros. É
licito às partes estabelecer o procedimento, um rito a ser seguido. Não havendo
previsão a respeito, competirá ao árbitro ou tribunal arbitral discipliná-lo.
A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes ou no
prazo de seis meses, contado da instituição da arbitragem. Produz, entre as partes
e seus sucessores os mesmos efeitos da sentença proferida pelos Juízes togados.
Sendo condenatória, é considerada como um título executivo. A sentença
proferida pelo árbitro não fica sujeita a recurso ou homologação do Poder
Judiciário. No entanto pode ser impugnada se for nula (ex: o árbitro era
absolutamente incapaz).

CONTRATO DE SOCIEDADE
(Arts. 981 e seguintes, CC)

O contrato de sociedade é a convenção pela qual duas ou mais pessoas


se obrigam a conjugar seus esforços ou recursos ou contribuir com bens ou
serviços para a consecução de fim comum, ou seja, para o exercício de uma
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados (art. 981, CC).

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Há uma congregação de vontades paralelas, dirigidas no mesmo sentido,
para a obtenção de um resultado comum. A negociação entre as partes pode
restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados.

NATUREZA JURÍDICA
• Bilateral ou Plurilateral: duas ou mais pessoas se obrigam para a
realização de um benefício comum.
• Oneroso: sócios contraem obrigações recíprocas e adquirem direitos.
• Consensual: basta o consentimento das partes para sua formação (embora
para a formação da sociedade simples se exija contrato escrito, particular
ou público).
• Comutativo (regra): o valor das prestações é fixado possibilitando perceber
as vantagens e ônus que poderão advir.

ELEMENTOS ESSENCIAIS
• Existência de duas ou mais pessoas: como regra geral, as sociedades
empresárias precisam de pelo menos dois sócios, sejam pessoas físicas ou
jurídicas. Todavia, há exceções (ex.: subsidiárias integrais).
• Constituição do capital social: todos os sócios devem contribuir de
alguma forma para a sociedade, seja em dinheiro, bens ou trabalho. Tal é
imprescindível por ser o capital social (a soma das contribuições dos sócios)
o fundo inicial, o patrimônio originário da nova pessoa jurídica, com o qual
será possível o exercício da atividade comercial.

• Obtenção do fim comum pela cooperação dos sócios (razão determinante


do contrato)
• Participação nos lucros e prejuízos: todos os sócios devem participar
dos lucros (ainda que a distribuição seja feita de forma não igualitária) e das
perdas da sociedade (ainda que percam tão somente o valor investido).
• Affectio Societatis: intenção de ingressar na sociedade e atingir um
escopo comum, vontade de cooperação ativa dos sócios e de submeter-se
ao regime societário, contribuindo com bens ou serviços. Sem tal intenção
não haverá sociedade, sem esse nexo subjetivo entre os sócios.

Quanto à classificação (sociedades simples ou empresárias com


subdivisões), efeitos jurídicos, dissolução e liquidação, recomendamos a leitura
da aula referente às pessoas jurídicas, onde abordamos o tema com maior
profundidade.

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Resumo Esquemático da Aula

COMPRA E VENDA (arts. 481 a 532, CC)


Conceito: contrato pelo qual um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de
certa coisa, e o outro, a pagar-lhe o preço em dinheiro. O contrato não transfere a
propriedade da coisa. O contrato não transfere o domínio (propriedade); somente cria
a obrigação de uma transferência da coisa. A propriedade é transferida pela tradição
(bens móveis) ou pelo registro do título aquisitivo no Cartório de Registro de Imóveis
(bens imóveis).
Elementos: a) Coisa (res): objeto do contrato; b) Preço (pretium): deve ser certo e
fixado de comum acordo; c) Consenso (consensus): acordo de vontades sobre a coisa, o
preço e demais condições contratuais.
Natureza Jurídica: bilateral, oneroso, típico, comutativo (regra), consensual (regra).
Efeitos: o vendedor deve entregar a coisa e a propriedade com todos os seus acessórios;
deve também garantir a qualidade e o bom funcionamento da coisa alienada (garantia
quanto aos vícios redibitórios – art. 441 a 446, CC; garantia contra os vícios do produto –
art. 18 e 26, do CDC - Lei n° 8.078/90), bem como assegurar ao comprador a propriedade
da coisa (garantia contra a evicção – arts. 447 a 457, CC).
Riscos (perigo que a coisa está sujeita): relacionam-se com a responsabilidade, caso
a coisa ou preço não seja pago. Regras: a) Risco da Coisa: se o bem vier a se perder
ou a se deteriorar, por caso fortuito ou força maior, até o momento da entrega (antes da
tradição), o vendedor sofrerá as consequências, devendo restituir o preço, se já o havia
recebido; se o fato se der após a tradição, sem culpa do vendedor, este terá direito ao
preço; b) Risco do Preço: se o preço se perder ou se degradar antes da tradição, o
comprador sofrerá o risco; se isso ocorrer após o pagamento, o vendedor arcará com o
prejuízo.
Despesas: aquilo que se gasta para a transferência do bem. Regras: a) Despesas da
tradição: correm por conta do vendedor (ex.: de transporte ou carreto, frete,
corretagem, comissão, etc.); b) Despesas da escritura: correm por conta do
comprador (além dos impostos sobre transmissão da propriedade, registro, etc.).
Venda ad mensuram: faz-se o preço por medida de extensão do imóvel (condição
essencial para a realização do contrato). Venda ad corpus: as dimensões do imóvel são
apenas enunciativas ou descritivas; o que importa é o imóvel em si.
Proibição de Venda. A) Ascendentes não podem vender para descendentes sem que
haja o consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante (salvo se este
for casado sob o regime de separação obrigatória de bens), sob pena de anulação do ato
(poderia simular uma doação em prejuízo dos demais herdeiros). B) Pessoa
casada (exceto no regime de separação absoluta de bens) necessita de autorização do
outro cônjuge. C) Os consortes não podem fazer contrato entre si em relação aos bens
incluídos na comunhão (nulidade absoluta). D) Absolutamente incapazes: representados
por seus pais, tutores ou curadores que deverão solicitar autorização judicial.
Relativamente incapazes podem alienar seus bens, desde que assistidos por seus
representantes legais neste ato.
Cláusulas Especiais (pactos adjetos)
a) Retrovenda ou direito de retrato (arts. 505 a 508): faculdade que se reserva o
vendedor de reaver o imóvel vendido, em certo prazo certo (condição resolutiva
expressa), devolvendo ao comprador o preço mais as despesas realizadas (custas de

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escritura e impostos), incluindo aquelas efetuadas com a sua autorização ou para
realização de benfeitorias necessárias. Prazo decadencial máximo: 3 anos.
b) Venda a contento ou ad gustum (arts. 509 a 512): o negócio somente se perfaz
se o comprador se declarar satisfeito (condição suspensiva), ainda que a coisa já tenha
sido entregue. Venda sujeita à prova: vendedor apresenta ao comprador amostras que
indiquem a qualidade do produto a ser vendido
c) Preempção, preferência ou prelação (arts. 513 a 520): faculdade pessoal que se
assegura ao vendedor para readquirir a coisa (móvel ou imóvel) em igualdade de
condições com uma terceira pessoa, caso o comprador deseje vender o bem; obriga-se
o comprador a oferecer ao vendedor a coisa caso for vendê-la, para que exerça o direito
de prelação (preferência).
d) Reserva de domínio (arts. 521 a 528): o vendedor reserva para si a propriedade
do bem até que se realize o pagamento integral do preço. A coisa vendida funciona como
uma garantia dada pelo comprador para o recebimento do preço. A posse é transferida
para o comprador, mas a propriedade continua em nome do vendedor até que haja o
recebimento integral do preço.

TROCA OU PERMUTA (art. 533, CC)


Conceito: contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não
seja dinheiro. Operam-se, ao mesmo tempo, duas vendas, servindo as coisas trocadas de
compensação recíproca. É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes
e descendentes, sem o expresso consentimento dos outros descendentes e do cônjuge
do alienante. Em regra, aplicam-se as mesmas disposições da compra e venda.

CONTRATO ESTIMATÓRIO (art. 534 a 537, CC)


Conceito: alguém (consignatário) recebe de outrem (consignante) bens móveis, ficando
autorizado a vendê-los e obrigando-se a pagar um preço estimado previamente, se não
restituir as coisas consignadas, dentro do prazo ajustado. Também conhecido como
venda em consignação. O consignante não perde a propriedade da coisa, até que o
consignatário a negocie com terceiros. O consignatário deve pagar as despesas de
custódia e venda. A coisa consignada não pode ser penhorada por credores do
consignatário.
Natureza jurídica: bilateral, oneroso, real (entrega), comutativo, informal (não solene)
e temporário.

DOAÇÃO (arts. 538 a 564, CC)


Conceito: negócio jurídico pelo qual uma pessoa (doador), por liberalidade, transfere
bens ou vantagens de seu patrimônio para outra (donatário), que os aceita.
Natureza Jurídica: unilateral, gratuito (pode haver encargo), consensual, supõe
aceitação, solene (regra), inter vivos.
Espécies: pura e simples, condicional, a termo, com encargo, contemplativa (declara o
motivo), remuneratória (há o propósito de se recompensar o donatário por serviços
prestados), com cláusula de reversão, conjuntiva.
Capacidade para doar (além dos elementos comuns a todos contratos): os
cônjuges (exceto no regime da separação absoluta) necessitam da outorga; o cônjuge
adúltero não pode fazer doação a seu cúmplice, sob pena de anulabilidade; os consortes
não podem fazer doações entre si se o regime for da comunhão universal. Se outro for o
regime, não havendo disposição em contrário, nada obsta a doação, importando
em adiantamento do que lhes couber por herança (art. 544, CC).

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Requisitos Objetivos: a) a pessoa não pode doar todos os seus bens (doação
universal), sem reserva de parte ou renda suficiente para sua subsistência (art. 548, CC)
sob pena de nulidade. A proibição será eliminada se o doador se reservar o usufruto dos
bens; b) se com a doação o doador ficar insolvente os credores prejudicados poderão
anulá-la (pode ter ocorrido a fraude contra credores); c) nula será a doação da parte
excedente do que poderia dispor o doador em testamento (chamada de doação
inoficiosa).
Doação a Descendentes: os ascendentes podem fazer doações a seus descendentes,
mas isso importa em adiantamento da legítima (art. 544, CC). Nula será a doação da
parte excedente do que poderia dispor em testamento. Há nulidade da doação inoficiosa
apenas no que exceder à legítima dos herdeiros (art. 549, CC).
Revogação: a doação pode ser revogada se houver ingratidão do donatário (ex.:
atentar contra a vida ou caluniar o doador) ou descumprimento de encargo. Como
regra deve ser por escrito (verbal em caso de bens móveis de pequeno valor).

LOCAÇÃO DE COISAS
(arts. 565 a 578, CC e Lei n° 8.245/91, com suas alterações)
Conceito. Locação de Coisas. É o contrato pelo qual uma das partes (locador ou
senhorio) se obriga a ceder à outra (locatário ou inquilino), por tempo determinado ou
não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa remuneração (art. 565, CC). Se
houver mais de um locador ou locatário, presume-se que eles são solidários.
Natureza Jurídica: bilateral, onerosos, típico, comutativo, consensual, não solene, trato
sucessivo.
Elementos: além dos comuns a todos contratos, acrescente-se: coisa, preço e consenso.
Forma: livre. Prazo: sempre temporário (determinado ou indeterminado); superior a 10
anos: outorga conjugal.
Espécies: 1) Coisa: a) móvel: Código Civil; b) imóvel (terrenos, garagens autônomas):
Código Civil. 2) Prédios Urbanos (Lei n° 8.245/91): a) Residenciais urbanos; b) Não
residenciais: comerciais ou industriais urbanos e rústicos (art. 51); hospitais, unidades
sanitárias oficiais, asilos, estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados
pelo Poder Público (art. 53); lojistas e empreendedores de shopping center (art. 54); não
comerciais urbanos (ex.: prédio para rede de associação). 3) Prédios Rústicos
(atividade rural): Dec. 59.566/66 e Estatuto da Terra.
Locação de imóvel urbano: Lei n° 8.245/91 e alterações. Espécies. 1) Residencial:
a) prazo certo igual ou superior a 30 meses; b) prazo indeterminado ou inferior a 30
meses. 2) Não Residencial: a) locação comercial com direito à renovatória; b) outras
locações livres. 3) Locação por Temporada.
Características mais importantes: 1) Havendo prazo determinado, o locador não pode
reaver o imóvel alugado. Já o locatário pode devolvê-lo, desde que pague a multa, caso
pactuada, proporcional ao período de cumprimento do contrato ou, na sua falta, a que for
judicialmente estipulada. 2) O aluguel não pode ser cobrado adiantado, salvo se for por
temporada e nos casos em que foi celebrado sem garantias. 3) Após três anos de vigência
do contrato ou do último acordo cabe ação revisional de aluguel. 4) alienação do imóvel
durante a locação rompe o contrato (denúncia vazia ou imotivada); locatário tem direito
de preferência para adquirir o imóvel em igualdade de condições com terceiros. 5) A ação
do locador para reaver o imóvel é sempre o despejo, que pode ser cumulada com a
cobrança dos alugueis vencidos e acessórios.

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Garantias. O locador pode exigir somente uma das seguintes garantias sob pena de
nulidade: a) caução (máximo 03 meses); b) fiança; c) seguro-fiança locatícia; d) cessão
fiduciária de quotas de fundo de investimento.
Transferência. O contrato de locação pode ser transferido para terceiros: cessão
locacional, sublocação, empréstimo ou morte de um dos contratantes.

EMPRÉSTIMO (arts. 579 a 592, CC)


Conceito: é o negócio pelo qual uma das partes recebe coisa alheia para utilizá-la,
obrigando-se a devolver a mesma coisa ou devolver outra da mesma espécie e
quantidade. Modalidades:
1) COMODATO (arts. 579 a 585, CC): contrato unilateral, a título gratuito pelo qual
alguém (comodante) entrega a outrem (comodatário) coisa infungível (casa, automóvel),
para ser usada temporariamente e depois restituída. Ao termino do contrato o
comodatário deve devolver ao comodante o mesmo bem que recebeu em empréstimo.
Também chamado de empréstimo de uso. Não restituindo o bem, o comodante pode
ingressar com ação de reintegração de posse e cobrar aluguel.
2) MÚTUO (arts. 586 a 592, CC): alguém (mutuante) transfere a propriedade de um
bem fungível a outrem (mutuário), que fica obrigada a restituir coisa do mesmo gênero,
quantidade e qualidade que recebeu. Também chamado de empréstimo de consumo
em que o bem usado, sendo fungível ou consumível, não poderá ser devolvido e a
restituição será em seu equivalente. Pode ser gratuito ou oneroso (nesse caso chamado
de mútuo feneratício).

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO (arts. 593 a 609, CC)


Conceito: é o contrato em que uma das partes se obriga para com a outra lhe fornecer
a prestação da sua atividade (eventual e autônoma), sem vínculo empregatício,
mediante remuneração (em regra dinheiro, mas nada impede que parte dela seja em
alimento, moradia, etc.).
Partes: a) Prestador de serviços (executor, contratado, locador): é o que se compromete
a prestar os serviços; b) Tomador (solicitante, contratante, locatário): é o que contrata
os serviços da outra parte.
Natureza Jurídica: bilateral, comutativo, oneroso, consensual e não solene.
Objeto: prestação de atividade lícita (obrigação de fazer), material ou imaterial.
Prazo máximo: 04 anos (art. 598, CC), sob pena de redução.
Extinção: morte de qualquer das partes, vencimento do prazo ou no máximo quatro
anos, conclusão da obra, denúncia imotivada quando ajustada sem prazo,
inadimplemento (com ou sem justa causa, havendo ou não indenização pelas perdas e
danos, respectivamente), força maior (não há perdas e danos).

EMPREITADA (arts. 610 a 626, CC)


Conceito: é o contrato pelo qual uma das partes (empreiteiro) se obriga, sem
subordinação ou dependência, a realizar, pessoalmente ou por meio de terceiro, certa
obra para a outra parte (dono da obra ou comitente), com material próprio ou por este
fornecido, mediante remuneração determinada ou proporcional ao trabalho executado.
Partes: a) Comitente (proprietário da obra, dono da obra, empreitante, empreitador ou
contratante): é o que contrata a obra; b) Empreiteiro (contratado): é o que põe à
disposição sua atividade.

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Natureza Jurídica: bilateral, comutativo, oneroso, consensual, indivisível (regra que
admite exceções), execução sucessiva ou continuada.
Modalidades: 1) Quanto ao modo de fixação de preço: a) a preço fixo (absoluto ou
relativo; b) por medida; c) de valor reajustável; d) por preço máximo; e) por preço de
custo. 2) Quanto à execução do trabalho pelo empreiteiro: a) empreitada de lavor ou
mão de obra (o empreiteiro contribui somente com o seu trabalho); b) empreitada de
materiais ou mista (empreiteiro contribui com seu trabalho e os materiais; no entanto a
obrigação de fornecer os materiais não se presume: resulta da lei ou da vontade das
partes). Extinção: execução da obra, morte do empreiteiro (intuitu personae), resilição
unilateral, distrato, resolução por inexecução contratual, falência do empreiteiro,
desapropriação, impossibilidade da prestação (caso fortuito ou força maior).
Observação: pela atual disposição do Código Civil, a prestação de serviços e a
empreitada não são mais espécies de locação, mas sim contratos autônomos.

DEPÓSITO (arts. 627 a 652, CC)


Conceito: uma pessoa (depositária) recebe de outra (depositante) um objeto móvel para
guardá-lo, temporária e gratuitamente, até que o depositante o reclame. Não há
transmissão da propriedade e nem permissão para o uso da coisa.
Natureza Jurídica: contrato unilateral (regra), real (exige entrega da coisa), gratuito
(regra), intuitu personae, recai sobre coisa móvel, corpórea e infungível (se recair sobre
bem fungível: depósito irregular) e temporário.
Espécies: 1) Voluntário: decorrente da vontade das partes. 2) Necessário: é o que
independe da vontade das partes: a) legal: quando se faz em desempenho de obrigação
legal; b) miserável: é o que se efetua por ocasião de alguma calamidade pública
(incêndio, inundação, naufrágio, etc.). 3) Judicial. 4) Irregular.
Bagagem deixada em hotel: depósito necessário.
Prisão. Súmula Vinculante n° 25 do STF: É ilícita a prisão civil do depositário
infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.

MANDATO (arts. 653 a 692, CC)


Conceito: é o contrato pelo qual alguém (mandatário) recebe de outrem (mandante),
poderes para, em seu nome (em nome do mandante), praticar atos ou administrar
interesses. O instrumento do mandato escrito é a Procuração.
Partes: a) Mandante (outorgante): pessoa que confere os poderes; b) Mandatário
(outorgado, procurador): pessoa que recebe os poderes outorgados pela outra parte.
Caracteres jurídicos: contratualidade (bilateral, gratuito ou oneroso, intuitu
personae, preparatório, consensual), representatividade (representação convencional:
liame entre o mandante e terceira pessoa, por meio do representante ou mandatário) e
revogabilidade (comporta resilição unilateral por parte de qualquer contratante, salvo
hipóteses especiais). Exige-se: consentimento das partes, objeto lícito e possível, sendo
a forma livre, salvo caso excepcionais.
Espécies: a) Legal; b) Judicial; c) Convencional: ad negotia e ad judicia (Advogados).
Classificação: 1) Quanto às relações entre mandante e mandatário: gratuito ou
oneroso; 2) Quanto à pessoa do procurador: singular ou plural (conjunto, solidário,
fracionário e substitutivo); 3) Quanto ao modo de manifestação da vontade: expresso ou
tácito; 4) Quanto à forma de celebração: verbal ou escrito; 5) Quanto ao objeto: civil ou
empresarial; 6) Quanto à extensão: geral ou especial; 7) Quanto ao conteúdo: poderes
gerais ou especiais; 8) Quanto ao fim colimado: ad negotia (extrajudicial) ou ad judicia
(judicial: para advogados regularmente inscritos na OAB).

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Substabelecer significa transferir a terceiros, total ou parcialmente, os poderes que o
mandatário recebeu do mandante. O mandato pode permitir, ser omisso, ou proibir o
substabelecimento. Mesmo proibido, o substabelecimento é válido, sendo que nesse caso
o mandatário responde diretamente perante o mandante por qualquer prejuízo causado,
ainda que por caso fortuito ou força maior. O substabelecimento pode ser: a) com
reserva de poderes (mandatário transfere poderes, mas também continua podendo
exercê-los); b) sem reserva de poderes (mandatário transfere os poderes, renunciando
ao mandato.
Ainda que se outorgue mandato por instrumento público, pode estabelecer-se mediante
instrumento particular (art. 655, CC). O maior de 16 e menor de 18 anos não
emancipado: pode ser mandatário, mas nesse caso o mandante não terá ação contra
ele, salvo em decorrência das regras gerais e princípios aplicáveis às obrigações
contraídas pelos menores (art. 666, CC). Analfabeto: só pode outorgar procuração por
instrumento público, uma vez que não pode assinar o instrumento particular (art. 654,
CC).
Mandato Irrevogável: a) se assim se convencionou; b) conferido a sócio pelo estatuto
social; c) mandato em causa própria (espécie de mandato em que o beneficiário é o
próprio mandatário, podendo agir em seu próprio interesse, inclusive transferir para si os
bens objeto do mandato, ficando isento de prestação de contas).
Extinção: a) revogação do mandante (expressa ou tácita); b) renúncia do mandatário;
c) morte ou interdição de qualquer das partes; d) mudança de estado civil; d) término do
prazo ou conclusão do negócio; e) extinção da pessoa jurídica.

COMISSÃO (arts. 693 a 709, CC)


Alguém (comissário) adquire ou vende bens, em seu próprio nome e
responsabilidade, mas por ordem e conta de outrem (comitente), em troca de
remuneração, obrigando-se com terceiros com quem contrata. É intermediação aliada à
prestação de serviços. O comissário contrata diretamente com terceiros em seu nome,
vinculando-se obrigacionalmente. As pessoas com as quais contrata não podem acionar
o comitente; este também não pode acioná-las. Como regra o comissário deve ser
empresário (pessoa física ou jurídica), ainda que o comitente não o seja.
Responsabilidade: O comissário é obrigado a agir com cuidado e diligência, para evitar
prejuízos ao comitente e para lhe proporcionar lucro razoável que se podia esperar.
Comissão del credere. Modalidade em que o comissário assume a responsabilidade pela
solvência daquele com quem vier a contratar no interesse e por conta do comitente. O
comissário responde solidariamente com as pessoas com quem tratou em nome do
comitente. Por isso, tem direito a remuneração mais elevada, compensando o risco
assumido.

AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO (arts. 710 a 721, CC)


Pessoa se obriga, mediante retribuição, a realizar negócios, com habitualidade,
em favor e por conta de outrem, sem subordinação hierárquica. O distribuidor compra
a mercadoria do fabricante para revendê-la em região por ele determinada, com
exclusividade. O fabricante fica obrigado a não vender a mercadoria a outro negociante
na mesma região. Previsto também em leis especiais. É contrato bilateral, oneroso,
consensual e personalíssimo. Aplicam-se supletivamente as regras do mandato.

CORRETAGEM (arts. 722 a 729, CC)


Pessoa (corretor), sem relação de dependência, se obriga, mediante remuneração,
a obter negócios para outrem, conforme instruções recebidas, ou a fornecer-lhe

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informações necessárias para a celebração. O corretor aproxima pessoas que pretendem
contratar, procurando conciliar interesses. É intermediação (ou mediação) entre
vendedor e comprador, não se vinculando aos que pretendem efetuar o contrato futuro.
Realizado o negócio faz jus à remuneração; fará jus à remuneração ainda que o negócio
não se efetive em razão do arrependimento das partes.

TRANSPORTE (arts. 730 a 756, CC)


Conceito: contrato pelo qual uma pessoa ou empresa se obriga, mediante retribuição, a
transportar, de um local para outro, pessoas ou coisas animadas ou inanimadas.
Natureza Jurídica: bilateral, oneroso, comutativo, consensual. Espécies:
1) TRANSPORTE DE PESSOAS: pessoa se obriga a remover outra e sua bagagem, com
segurança e sem danos, obedecendo aos horários e aos itinerários, de um local para
outro, mediante remuneração. O transporte gratuito (amizade ou cortesia) não se
subordina a estas normas. Pode ser terrestre, marítimo ou aéreo.
Partes: a) Transportador: pessoa que se compromete a fazer o transporte; b)
Passageiro: pessoa que se propõe a ser transportada, pagando um certo preço.
Bilhete: dá direito a quem o apresentar de ser transportado (título de legitimação). Pode
ser nominativo ou ao portador. Não é indispensável para a efetivação do contrato.
2) TRANSPORTE DE COISAS: alguém entrega ao transportador objeto para, mediante
pagamento de frete, ser remetido a outrem, em local diverso daquele em que foi
recebido, dentro do prazo contratado ou previsto, devendo tomar todas as providências
e os cuidados para manter o seu bom estado.
Partes: a) Remetente (expedidor): quem entrega a mercadoria para ser transportada;
b) Transportador: quem recebe a mercadoria, encarregando-se de transportá-la; c)
Destinatário: a quem a mercadoria deve ser entregue (essa pessoa não integra a relação
contratual.
Conhecimento de Transporte: documento que comprova a entrega da mercadoria pelo
remetente ao transportador (título de crédito).

SEGURO (arts. 757 a 802, CC)


Conceito. Contrato em que uma das partes (segurador) se obriga perante outra
(segurado), mediante o pagamento de um prêmio, a garantir-lhe interesse
legítimorelativo a pessoa ou coisa e a indenizá-la de prejuízo decorrente de riscos
futuros, previstos no contrato. É concebido como uma promessa condicional de
indenização na hipótese de ocorrência de um sinistro, tendo como contraprestação o
pagamento do prêmio pelo segurado. Seu principal elemento é o risco.
Terminologia. Risco: possibilidade de ocorrer o sinistro. Sinistro: risco concretizado.
Apólice: documento emitido pela seguradora no qual estão previstos os riscos assumidos,
o início e o fim de sua validade, etc. Prêmio: quantia paga pelo segurado para que o
segurador assuma o risco. Indenização: o valor pago pela seguradora caso o risco se
concretize (sinistro).
Espécies
A) Seguro de Dano: hipótese de sinistros ao patrimônio do segurado. Garantia
prometida não pode exceder o valor do interesse segurado. Indenização não pode
ultrapassar seu valor no momento do sinistro e nunca o limite máximo da garantia fixado
na apólice.
B) Seguro de Pessoa: hipótese de sinistro à pessoa. Divide-se em seguro de saúde e
seguro de vida. A vida humana pode ser objeto de seguro contra riscos de morte

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involuntária. O seguro não será pago se o segurado falecer de morte voluntária nos dois
primeiros anos de vigência do contrato (ex.: suicídio, duelo) e quando beneficiário é o
assassino do segurado. É admissível o seguro em casos de esportes arriscados,
alistamento militar, ato de heroísmo, etc. É possível contratar mais de um seguro sobre
o mesmo interesse, com o mesmo ou diversos seguradores. Seguro de vida ou de
acidentes pessoais: para o caso de morte, o capital estipulado não está sujeito às
dívidas do segurado, nem se considera herança (não integra o patrimônio do
segurado). Livre escolha dos beneficiários (inclusive estranhos à herança), que podem ser
indicados e substituídos a qualquer tempo pelo segurado. Seguro de terceira pessoa:
o proponente é obrigado a declarar qual o interesse em preservar a vida do segurado
(cônjuge, ascendente ou descendente).

CONSTITUIÇÃO DE RENDA (arts. 803 a 813, CC)


Conceito: alguém (instituidor ou censuísta) entrega capital, em dinheiro, bem móvel ou
imóvel, a outrem (rendeiro ou censuário), que se obriga a pagar, temporariamente, renda
ou prestação periódica.

JOGO E APOSTA (arts. 814 a 817, CC)


Jogo: duas ou mais pessoas prometem, entre si, pagar certa soma àquela que conseguir
um resultado favorável de um acontecimento incerto.
Aposta: convenção em que duas ou mais pessoas de opiniões discordantes sobre
qualquer assunto prometem, entre si, pagar certa quantia ou entregar determinado bem
àquela cuja opinião prevalecer em virtude de um evento incerto.
Regra: as espécies de jogo ou aposta não obrigam o pagamento. Mas se houver o
pagamento este valeu e não se pode pedir a repetição (devolução) da quantia paga. O
pagamento não pode ser garantido por nenhum ônus real.

FIANÇA (arts. 818 a 839, CC) ou caução fidejussória


Conceito. É a promessa feita por uma ou mais pessoas de garantir ou satisfazer a
obrigação de um devedor, se este não a cumprir, assegurando ao credor seu efetivo
cumprimento. Trata-se de uma garantia fidejussória (pessoal). É negócio entre credor
e fiador. O devedor (afiançado) não é parte na relação jurídica, tanto assim, que a fiança
pode se estipulada sem o consentimento ou contra a vontade do devedor (art.
820, CC).
Natureza Jurídica: contrato acessório, unilateral, gratuito (embora possa ser pactuada
certa remuneração em contratos bancários) e personalíssimo.
Características: forma escrita, não se admitindo interpretação extensiva. É obrigação
subsidiária, mas pode ser pactuada a solidariedade. As obrigações nulas não são
suscetíveis de fiança (exceto se a fiança foi dada tendo-se em vista uma obrigação
contraída por menor). Pode ser contraída de valor inferior ao da obrigação e em condições
menos onerosas. Quando exceder o valor da dívida ou for mais onerosa do que ela, não
valerá senão até o limite da obrigação afiançada.
Benefício de ordem: consiste na possibilidade dada ao fiador de, até a contestação da
ação, indicar bens do devedor livres e desembaraçados existentes no município suficientes
para solver o débito, a fim de evitar a execução de seus próprios bens. O fiador não
poderá se socorrer desse instrumento se renunciou ao benefício.
Benefício de divisão: No caso de pluralidade de fiadores para um mesmo débito,
entende-se que eles são solidários, salvo se limitaram a responsabilidade de cada um ou
convencionaram a divisão das responsabilidades (art. 829, CC).

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Súmulas STJ. 214: O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de
aditamento ao qual não anuiu. 332: A fiança prestada sem autorização de um dos
cônjuges implica a ineficácia total da garantia. Isso não se aplica à união estável. Não
confundir fiança com aval.

TRANSAÇÃO (arts. 840 a 850, CC)


Conceito: as partes, por composição amigável, fazem mútuas concessões, prevenindo
ou extinguindo obrigações. Ambos abrem mão de suas pretensões, evitando riscos de
futura demanda ou extinguindo litígio já instaurado.
Espécies: a) judicial: curso do processo; b) extrajudicial: previne ação judicial;
formalizada por instrumento público ou particular.
Natureza Jurídica: negócio jurídico típico ou nominado, bilateral, declaratório, indivisível
e de interpretação restrita. Somente é permitida em relação a direitos patrimoniais de
caráter privado (direitos disponíveis).
Efeitos: só aproveita aos que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa
indivisível. Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.

COMPROMISSO (arts. 851 a 853, CC)


Conceito: as partes, preferindo não se submeter à decisão judicial, confiam a árbitros
a solução de conflitos de interesses. Restringe a direitos patrimoniais disponíveis.
Espécies: 1. Cláusula compromissória: Promessa por escrito de celebrar o
compromisso futuramente (caráter preventivo) caso venha a surgir conflito em um
contrato, sendo autônoma em relação a este. Se de adesão só terá eficácia se o aderente
concordar expressamente com a arbitragem. 2. Compromisso arbitral –
Regulamentação definitiva da arbitragem, feita após o surgimento do conflito de
interesses.
Classificação: a) judicial: pendência de processo judicial; faz-se um termo nos autos,
cessam as funções do juiz togado e as partes, sendo as pendências resolvidas por meio
de árbitros. b) extrajudicial: não foi ajuizada ação e não poderá ser proposta, salvo
exceções, pois as partes abriram mão do direito.

CONTRATO DE SOCIEDADE (art. 981 e seguintes, CC)


Art. 981, CC: Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente
se obrigam a contribuir com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e
à partilha, entre si, dos resultados. Caracteres: bilateral ou plurilateral, oneroso,
comutativo, consensual. Elementos: a) duas ou mais pessoas; b) constituição do capital
social (contribuição de cada sócio). c) fim comum; d) participação nos lucros e prejuízos;
d) affectio societatis.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:


DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito Civil.
Editora JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito
Civil. Editora Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Editora Freitas
Bastos.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Editora
Revista dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.

Exercícios Comentados
Fundação Carlos Chagas

01) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2013) Quanto à


compra e venda,
(A) o preço da coisa deve ser fixado sempre em dinheiro, vedado que se o
estabeleça à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
(B) só pode ter por objeto coisa atual, vedada a transação sobre coisas futuras.
(C) uma vez estabelecida, automaticamente transfere o domínio da coisa ao
comprador, que se obriga ao pagamento do preço em dinheiro.
(D) é válido o contrato se for deixada ao arbítrio exclusivo de uma das partes a
fixação do preço, desde que as partes sejam maiores e capazes.

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(E) quando pura, o contrato respectivo considerar-se-á consumado, obrigatório
e perfeito, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. De fato o art. 481, CC prevê que pelo
contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio
de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. No entanto o art.
486, CC permite que se deixe a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa,
em certo e determinado dia e lugar. A letra “b” está errada, pois segundo o art.
483, CC, a compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. A letra “c”
está errada, pois o contrato de compra e venda não transfere o domínio
(propriedade) da coisa ao comprador; o contrato apenas cria a obrigação dessa
transferência. A letra “d” está errada, pois, segundo o art. 489, CC, nulo é o
contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das
partes a fixação do preço. A letra “e” está correta, nos termos do art. 482, CC.
Gabarito: “E”.

02) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) Em relação


à compra e venda,
(A) o objeto do contrato será sempre coisa atual, sendo defeso contratar a
compra e venda de coisas futuras.
(B) é ilícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, ainda
que suscetíveis de objetiva de- terminação.
(C) válido é o contrato, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes
a fixação do preço, por se tratar de cláusula meramente potestativa.
(D) até o momento da tradição, todos os riscos, da coisa e do preço, correm por
conta do vendedor.
(E) a fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os
contratantes logo designarem ou prometerem designar.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada nos termos do art. 483, CC: “A compra
e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura”. A letra “b” está errada nos
termos do art. 487, CC: “É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou
parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação“. A letra “c” está
errada nos termos do art. 489, CC: “Nulo é o contrato de compra e venda, quando
se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço”. A letra “d”
está errada nos termos do art. 492, CC: “Até o momento da tradição, os riscos da
coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador”. A
letra “e” está correta segundo o art. 485, CC: “A fixação do preço pode ser deixada
ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem
designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato,
salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa”. Gabarito: “E”.

03) (FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa – 2013) No


contrato de compra e venda,
(A) seu objeto pode ser coisa atual ou futura, ficando sem efeito o contrato se
esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato
aleatório.

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(B) será nula a venda de ascendente a descendente, salvo consentimento
expresso do cônjuge do alienante e dos demais descendentes.
(C) não podem as partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, em
razão do curso forçado da moeda.
(D) até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do
comprador, e os do preço por conta do vendedor.
(E) será ele anulável, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a
fixação do preço.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois é o que dispõe literalmente o art.
483, CC. A letra “b” está errada, pois nesse caso a venda é anulável (e não nula)
nos termos do art. 496, CC. A letra “c” está errada, pois estabelece o art. 487, CC
que é lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que
suscetíveis de objetiva determinação. A letra “d” está errada, pois estabelece o
art. 492, CC que até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta
do vendedor, e os do preço por conta do comprador. A letra “e” está errada, pois
nesse caso a venda é nula (e não anulável), nos termos do art. 489, CC. Gabarito:
“A”.

04) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Assessor Técnico Legislativo –


2013) Paulo adquiriu uma máquina de beneficiar café, cuja descrição no
contrato de compra e venda era diferente da amostra apresentada pela
empresa vendedora por ocasião da celebração do contrato. Nesse caso,
prevalecerá
(A) a praxe do mercado.
(B) o contrato.
(C) a amostra.
(D) a vontade do comprador.
(E) a vontade do vendedor.
COMENTÁRIOS. No problema apresentado trata-se da chamada venda por
amostra, tipificada no art. 484, CC: Se a venda se realizar à vista de amostras,
protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as
qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. Prevalece a amostra, o
protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela
qual se descreveu a coisa no contrato. Gabarito: “C”.

05) (FCC – TCE/CE – Procurador de Contas – 2015) Em relação à compra


e venda, considere:
I. A compra e venda só pode ter por objeto coisa atual, sendo ineficaz o
contrato que aliene coisa futura.
II. A fixação do preço deve ser feita sempre em moeda corrente, sendo defeso
convencioná-lo em função de índices ou parâmetros diversos, ainda que
suscetíveis de objetiva determinação.
III. Anulável é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio
exclusivo de uma das partes a fixação do preço.

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IV. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
V. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa
antes de receber o preço.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I, II e IV.
(B) II, III, IV e V.
(C) I, II, III e V.
(D) IV e V.
(E) I, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está errado. Art. 483, CC: A compra e venda pode ter
por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta
não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
O item II está errado. Art. 487, CC: É lícito às partes fixar o preço em função de
índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação. O item
III está errado. Art. 489, CC: Nulo é o contrato de compra e venda, quando se
deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. O item IV está
correto nos termos do art. 496, CC. O item V está correto nos termos do art. 491,
CC. Gabarito: “D”.

06) (FCC – TRF/3ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere uma


venda realizada à vista de amostras, protótipos ou modelos. Neste caso,
de acordo com o Código Civil brasileiro, em regra, a referida venda é
(A) vedada se a celebração do contrato for realizada entre pessoas físicas.
(B) amparada pela legislação sob a condição de que as amostras, protótipos ou
modelos tenham sido aprovados pelos órgãos de fiscalização administrativa, bem
como façam parte integrantes do contrato de compra e venda,
independentemente de descrição da coisa.
(C) amparada pela legislação sendo que, se houver contradição ou diferença com
a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato de compra e venda,
prevalecerá a amostra, o protótipo ou o modelo.
(D) vedada em razão da proibição da celebração de contrato de compra e venda
com base em amostras, protótipos ou modelos.
(E) amparada pela legislação sendo que, se houver contradição ou diferença com
a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato de compra e venda,
prevalecerá o contrato celebrado entre as partes.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 484, CC, Se a venda se realizar à vista de
amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a
coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. Prevalece a
amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a
maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato. Gabarito: “C”.

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07) (FCC – Procurador Judicial – Recife/PE – 2014) Mateus vende um
veículo a Celso e combina a entrega para o dia 22 de janeiro, em sua
residência, com retirada a ser feita pelo comprador. Na data combinada,
sem justificativa, Celso não aparece para receber o bem, fazendo-o
apenas no dia 25 daquele mês. Entre os dias 22 e 25, porém, o veículo é
furtado da residência de Mateus. O prejuízo deverá ser suportado por
(A) Mateus, que, no entanto, possui direito de postular indenização equitativa
em razão da mora do comprador.
(B) Celso, pois, até a tradição, os riscos correm por conta do comprador, salvo
em caso de mora do vendedor.
(C) Mateus, que, além de perder a coisa, não terá direito de indenização contra
o comprador.
(D) Celso, pois, embora os riscos da coisa, até a tradição, corram por conta do
vendedor, o comprador estava em mora de a receber.
(E) Celso e Mateus, na proporção de 50% cada um, em vista da comutatividade
do contrato de compra e venda.
COMENTÁRIOS. A responsabilidade sobre os riscos da coisa até a data
combinada para a entrega é do vendedor (Mateus). Posta a coisa à sua disposição
no dia, lugar e modo ajustados, após a data combinada os riscos passam a ser do
comprador (Celso). Celso deveria aparecer para receber o bem no dia 22 de
janeiro. Como assim não procedeu passou a estar em mora. Sendo o bem furtado,
o prejuízo será do comprador (Celso). Neste sentido, estabelece o art. 492, §2°,
CC: Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor,
e os do preço por conta do comprador. Correrão também por conta do comprador
os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à
sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados. Gabarito: “D”.

08) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Analista Judiciário – 2011) Tício vendeu


uma coleção de livros jurídicos a Cícero, sendo que três meses depois, o
comprador descobriu que um dos livros apresentava defeito oculto e
estava em branco. Nesse caso, Cícero
(A) não poderá rejeitar a coleção porque já foi ultrapassado o prazo máximo de
trinta dias da data da celebração do contrato.
(B) poderá rejeitar a coleção e reclamar abatimento no preço.
(C) só poderá rejeitar a coleção se o alienante conhecia o vício e não avisou o
comprador no ato da venda.
(D) não poderá rejeitar a coleção, porque o defeito oculto de uma das coisas
vendidas em conjunto não autoriza a rejeição de todas.
(E) poderá rejeitar a coleção e pleitear indenização por perdas e danos.
COMENTÁRIOS. Cuidado! Aqui temos um exemplo claro de conflito aparente de
normas (antinomia). Para resolver isso temos três critérios: hierárquico,
especialidade e cronológico. O critério acolhido é o da especialidade. Explico. O
art. 445, CC estabelece que o adquirente decai do direito de obter a redibição ou
o abatimento no preço no prazo de 30 dias, se a coisa for móvel. Este prazo já foi

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superado. No entanto devemos notar que não se trata da compra de apenas um
livro. Se fosse isso (compra de um livro) aplicaríamos o art. 445, CC, e estaria
correta a letra “a”. No caso concreto houve a compra de uma coleção de livros e
descobriu-se um defeito em apenas um dos livros. Neste caso o comprador não
pode rejeitar a coleção, uma vez que é hipótese de aplicação do art. 503, CC, que
estabelece: “nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não
autoriza a rejeição de todas”. Gabarito: “D”.

09) (FCC – TRT/11ª Região/AM e RR – Analista Judiciário – 2012) Mário,


é solteiro, possui três filhos maiores e uma neta também maior. Mário
pretende vender uma de suas casas de praia para sua neta. Neste caso,
Mário
(A) poderá celebrar contrato de compra e venda com sua neta, mas precisará do
consentimento dos seus filhos, com exceção do pai da menina.
(B) poderá celebrar contrato de compra e venda com sua neta, mas precisará do
consentimento de todos os seus filhos.
(C) poderá celebrar contrato de compra e venda com sua neta,
independentemente do consentimento dos seus filhos.
(D) não poderá celebrar contrato de compra e venda com sua neta,
independentemente do consentimento de seus filhos, tendo em vista expressa
vedação legal.
(E) poderá celebrar contrato de compra e venda com sua neta, mas precisará
apenas do consentimento do filho que é o pai da menina.
COMENTÁRIOS. Nos termos do art. 496, CC, Mário poderá vender sua casa para
a neta (que também é sua descendente). Porém, ele necessitará do consentimento
dos outros descendentes (os três filhos), sob pena de o negócio ser anulado
futuramente. No caso concreto Mário é solteiro, mas se fosse casado também seria
necessária a autorização de sua esposa, exceto se o casamento fosse celebrado
pelo regime da separação obrigatória de bens. Gabarito: “B”.

10) (FCC – MPE/CE – Analista Ministerial – Direito – 2013) A compra e


venda
(A) aperfeiçoa-se apenas com a entrega da coisa.
(B) possibilita a fixação do preço pelo arbítrio exclusivo de uma das partes.
(C) obriga o vendedor a entregar a coisa antes de recebido o preço, mesmo que
se trate de negócio à vista.
(D) feita de ascendente a descendente é nula, salvo se os outros descendentes
e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
(E) salvo estipulação em contrário, obriga o vendedor às despesas da tradição.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o art. 482, CC estabelece que a
compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que
as partes acordarem no objeto e no preço. Portanto, desnecessária a entrega da
coisa para que o contrato esteja perfeito. A letra “b” está errada, pois o art. 489,
CC determina que é nulo o contrato de compra e venda, quando se deixa ao
arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. A letra “c” está errada.

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Inicialmente porque dispõe o art. 491, CC que não sendo a venda a crédito, o
vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço. Além disso,
se a compra e venda for à vista a entrega da coisa está condicionada ao
pagamento imediato do preço; ou seja, nessa hipótese há o cumprimento
concomitante das obrigações (simultaneidade das obrigações recíprocas). Aliás, o
vendedor poderá até mesmo reter a coisa enquanto não recebido o preço. A letra
“d” está errada, pois nos termos do art. 496, CC, é anulável a venda de ascendente
a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido. Parágrafo único. Em ambos os casos,
dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação
obrigatória. A letra “e” está correta, pois prevê o art. 490, CC que salvo cláusula
em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e
a cargo do vendedor as da tradição. Gabarito: “E”.

11) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Analista Judiciário – 2016) Mário vendeu


um apartamento a seu filho Caio, porém sem obter, antes, a anuência dos
demais filhos seus. Tal contrato é
(A) anulável, e, salvo convenção em contrário, Mário arcará com as despesas de
escritura e registro e responderá por todos os débitos que gravem a coisa até o
momento da tradição.
(B) válida, devendo o bem, no entanto, ser trazido à colação por ocasião do
falecimento de Mário. Salvo convenção em contrário, Caio arcará com as
despesas de escritura e registro e Mário responderá por todos os débitos que
gravem a coisa até o momento da tradição.
(C) válida, devendo o bem, no entanto, ser trazido à colação por ocasião do
falecimento de Mário. Salvo convenção em contrário, Mário arcará com as
despesas de escritura e registro e responderá por todos os débitos que gravem
a coisa até o momento da tradição.
(D) anulável, e, salvo convenção em contrário, Caio arcará com as despesas de
escritura e registro e Mário responderá por todos os débitos que gravem a coisa
até o momento da tradição.
(E) anulável, e, salvo convenção em contrário, Mário arcará com as despesas de
escritura e registro e Caio responderá por todos os débitos que gravem a coisa
até o momento da tradição.
COMENTÁRIOS. A venda é anulável, uma vez que Mario deveria obter a
autorização dos demais filhos. Art. 496, CC: É anulável a venda de ascendente a
descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido. As despesas de escritura e registro
(salvo disposição expressa em contrário) correm por conta de Caio (comprador)
nos termos do art. 490, CC: Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de
escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Já os débitos que gravam a coisa até o momento da tradição, salvo disposição
em contrário, corre por conta de Mário (vendedor), nos termos do art. 502, CC:
O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que
gravem a coisa até o momento da tradição. Gabarito: “D”.

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12) (FCC – Prefeitura de Manaus/AM – MANAUSPREV – Procurador
Autárquico – 2015) Na compra e venda
(A) os riscos da tradição, em regra, correm por conta do vendedor.
(B) o vendedor é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço, mesmo
que o negócio tenha sido praticado à vista.
(C) não pode o cônjuge, na constância do casamento, alienar um bem a outro,
ainda que particular.
(D) a entrega da coisa é pressuposto de existência do contrato.
(E) o vendedor sempre responde pelos débitos, até o momento da tradição.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. Art. 492, CC: Até o momento da
tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta
do comprador. A letra “b” está errada. Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o
vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço. A letra “c”
está errada. Art. 499, CC: É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação
a bens excluídos da comunhão. A letra “d” está errada. Contrato de compra e
venda é aquele pelo qual um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de
certa coisa, e o outro lhe pagar o preço em dinheiro. Basta que as partes acordem
sobre o objeto e o preço da coisa. Portanto, a tradição (entrega) da coisa não é
pressuposto de existência do contrato. Art. 481, CC: Pelo contrato de compra e
venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o
outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Art. 482. A compra e venda, quando
pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no
objeto e no preço. A letra “e” está errada. Art. 502, CC: O vendedor, salvo
convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem a coisa até o
momento da tradição. Gabarito: “A”.

13) (FCC – TRE/PE – Analista Judiciário – 2011) Considere as seguintes


assertivas a respeito da compra e venda:
I. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a
cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
II. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão.
III. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários,
poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.
IV. É vedado às partes, em qualquer hipótese, fixar o preço em função de
índices ou parâmetros suscetíveis de objetiva determinação, em razão da
oscilação existente e da instabilidade daí resultante.
De acordo com o Código Civil brasileiro, está CORRETO o que consta
APENAS em
(A) I, II e III.
(B) II, III e IV.
(C) I e II.
(D) II e III.
(E) I, II e IV.

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COMENTÁRIOS. A afirmativa I está correta nos termos do art. 490, CC. A
assertiva II está correta nos termos do art. 499, CC. O item III está certo nos
termos do art. 507, CC. O item IV está errado, pois o art. 487, CC prevê que é
lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que
suscetíveis de objetiva determinação. Gabarito: “A”.

14) (FCC – TRF/5ª Região – Analista Judiciário – 2012) A venda realizada


de ascendente para descendente, sem o expresso consentimento dos
outros descendentes e do cônjuge do alienante, quando casado pelo
regime da comunhão parcial de bens é
(A) nula.
(B) válida.
(C) inoficiosa.
(D) anulável.
(E) ineficaz.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 496, CC, é anulável a venda de ascendente a
descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido. Interessante acrescentar com o Enunciado
368 da Jornada de Direito Civil do CJF: “O prazo para anular venda de ascendente
para descendente é decadencial de dois anos (art. 179, CC)”. Gabarito: “D”.

15) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2011) Sobre o contrato de compra e


venda analise os itens abaixo:
I. Transfere o domínio da coisa mediante o pagamento de certo preço em
dinheiro, independente de tradição.
II. Não pode ter por objeto coisa futura.
III. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
IV. É lícita a compra e venda entre cônjuge, com relação a bens excluídos da
comunhão.
V. Na venda ad corpus, presume-se que a referência às dimensões foi
simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um
vigésimo da área total enunciada.
Está CORRETO APENAS o que se afirma em
(A) I, II e III.
(B) I, III e V.
(C) II, III e IV.
(D) II, IV e V.
(E) III, IV e V.
COMENTÁRIOS. A afirmativa I está errada, pois pelo contrato de compra e venda
não se transmite o domínio da coisa; apenas gera a obrigação de transferência da
mesma (art. 481, CC). Na realidade a transferência da propriedade de bens móveis
se dá com a tradição (entrega) da coisa e de bens imóveis pelo registro

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(transcrição). A afirmativa II está errada, pois o art. 483, CC permite que o
contrato de compra e venda tenha por objeto coisa atual ou futura. O item III
está correto nos termos do art. 496, CC. O item IV está correto nos termos do
art. 499, CC. E a afirmativa V está correta nos termos do art. 500 e seu §1°, do
CC. Gabarito: “E”.

16) (FCC – TRT/23ª Região/MT – Analista Judiciário – 2016) Jorge


vendeu um imóvel a Plínio. Plínio, por sua vez, vendeu um veículo a Jorge.
As partes não convencionaram quem arcaria com as despesas com
escritura e registro do imóvel, nem com as da tradição do veículo. Neste
caso, de acordo com o Código Civil,
(A) Jorge arcará com as despesas com escritura e registro do imóvel e também
com as da tradição do veículo.
(B) Plínio arcará com as despesas com escritura e registro do imóvel e Jorge com
as da tradição do veículo.
(C) Plínio arcará com as despesas com escritura e registro do imóvel e também
com as da tradição do veículo.
(D) Jorge arcará com as despesas com escritura e registro do imóvel e Plínio com
as da tradição do veículo.
(E) Plínio e Jorge arcarão, em parte iguais, com as despesas com escritura e
registro do imóvel e com as da tradição do veículo.
COMENTÁRIOS. Como as partes nada convencionaram sobre o tema, é de se
aplicar o art. 490, CC: Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de
escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Desta forma: a) em relação ao imóvel, as despesas com escritura e registro do
imóvel ficarão a cargo do comprador (Plínio); b) em relação ao veículo as despesas
de tradição ficarão a cargo do vendedor (que também é o Plínio). Gabarito: “C”.

17) (FCC – Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado


do Ceará – ARCE – Analista – 2012) No contrato de compra e venda regido
pelo Código Civil, a cláusula é considerada nula se
(A) reservar exclusivamente ao vendedor a prerrogativa de fixação do preço na
data do vencimento.
(B) delegar a fixação do preço ao arbítrio de terceiro escolhido de comum acordo.
(C) reservar ao vendedor a prerrogativa de suspender a entrega da coisa no caso
de se tornar insolvente o comprador.
(D) fixar o pagamento em parcela única nos casos de entrega parcelada da coisa.
(E) fixar o preço da coisa de acordo com sua cotação em determinada bolsa, na
data do vencimento.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois estabelece o art. 489, CC que é
nulo o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma
das partes a fixação do preço. As demais alternativas não tornam o contrato nulo.
Gabarito: “A”.

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18) (FCC – MPE/AP – Analista Ministerial – 2012) Segundo as normas
preconizadas pelo Código Civil brasileiro, na compra e venda cujo objeto
seja um apartamento em Macapá, o exercício do direito de preempção
(A) deverá ser exercido no prazo mínimo de seis meses e máximo de um ano.
(B) não possui prazo mínimo ou máximo para o seu exercício previsto no referido
diploma legal, tratando-se de livre ajuste entre as partes.
(C) não poderá exceder noventa dias.
(D) não poderá exceder dois anos.
(E) deverá ser exercido no prazo mínimo de trinta dias e máximo de sessenta.
COMENTÁRIOS. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação
de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento,
para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. Segundo
o parágrafo único do art. 513, CC, o prazo para exercer esse direito não poderá
exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.
Gabarito: “D”.

19) (FCC – TRT/5ª Região/BA – Analista Judiciário – 2013) No tocante ao


contrato de compra e venda, é CORRETO afirmar que
(A) a compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura, neste caso ficando
o contrato sem efeito se a coisa não vier a existir, salvo se a intenção das partes
era a de concluir contrato aleatório.
(B) é defeso às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, ainda
que suscetíveis de determinação objetiva, pois é obrigatória a fixação em moeda
corrente.
(C) em obediência à autonomia da vontade, válido o contrato de compra e venda,
quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
(D) até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do
comprador, e os do preço por conta do vendedor, inclusive em todas as situações
nas quais possam ocorrer casos fortuitos.
(E) não sendo a venda a crédito, o comprador não é obrigado a pagar o preço
antes de receber a coisa.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois é transcrição literal do art. 483,
CC. A letra “b” está errada, pois dispõe o art. 487, CC que é lícito às partes fixar
o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva
determinação. A letra “c” está errada, pois determina o art. 489, CC que é nulo o
contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das
partes a fixação do preço. A letra “d” está errada, pois estabelece o art. 492, CC
que até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor,
e os do preço por conta do comprador. A letra “e” está errada, pois o examinador
alterou a ordem da redação do art. 491, CC que dispõe: “não sendo a venda a
crédito (ou seja, a compra e venda foi instantânea), o vendedor não é obrigado a
entregar a coisa antes de receber o preço”. Ou seja, nesse caso há uma
simultaneidade das prestações. Gabarito: “A”.

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20) (FCC – TJ/PI – Juiz de Direito – 2015) Sobre a compra e venda,
considere:
I. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a
cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
II. É nula a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
III. O ascendente não pode vender a seus descendentes bens cujo valor
ultrapasse a metade de seu patrimônio.
IV. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do
vendedor, e os do preço por conta do comprador.
V. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II, III e V.
(B) II, III e IV.
(C) I, III e V.
(D) I, IV e V.
(E) I, II e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 490, CC. Os itens II e
III estão errados. Art. 496. É anulável (e não nula) a venda de ascendente a
descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido. Parágrafo único, do art. 496, CC: Em ambos
os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da
separação obrigatória. O item IV está correto nos termos do art. 492, CC. O item
V está correto nos termos do art. 499, CC. Gabarito: “D”.

21) (FUNRIO – Advogado da Eletrobrás-Furnas) Nos primórdios da


civilização, o procedimento de troca ou permuta de objetos predominava. Com o
avanço da história e a alternância dos ciclos econômicos, surgiu a moeda; e, com
esta, a compra e venda. O texto legal sobre o tema (Código Civil, Título VI,
Capítulo I), ressalta o caráter obrigacional do referido contrato. Sobre o tema,
segundo os respectivos dispositivos legais, é CORRETO afirmar o que
segue:
(A) a compra e venda, pura ou impura, é obrigatória e perfeita, desde que as
partes acordem no objeto e no preço.
(B) se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-
se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem.
Em caso de contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a
coisa no contrato, o descrito no contrato prevalece, independentemente do
demonstrado nas amostras, protótipos ou modelos.
(C) é lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde
que suscetíveis de objetiva determinação.

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(D) anulável é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio
exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
(E) a compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura Neste caso, ficará
sem efeito o contrato se esta não vier a existir, mesmo que a intenção das partes
era de concluir contrato aleatório.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Segundo a doutrina, a compra e venda
pura e simples ou condicional. Considera-se pura a compra e venda que não está
sujeita a condição ou cláusulas especiais. Portanto não se usa falar em compra e
venda “impura”, mas sim condicional. Além disso, estabelece o art. 482, CC: A
compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que
as partes acordarem no objeto e no preço. A letra “b” está errada, pois o art. 484,
CC estabelece que se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou
modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a
elas correspondem. Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o
modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu
a coisa no contrato. A letra “c” está correta, pois prevê o art. 487, CC: É lícito às
partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis
de objetiva determinação. A letra “d” está errada, pois o art. 489, CC prescreve
que nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo
de uma das partes a fixação do preço. Finalmente a letra “e” está errada, pois
estabelece o art. 483, CC que a compra e venda pode ter por objeto coisa atual
ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a
existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.
Gabarito: “C”.

22) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2016) A


respeito do contrato de compra e venda, é correto afirmar:
(A) Até o momento da tradição, os riscos do preço correm por conta do
comprador.
(B) Não é lícita a compra e venda entre cônjuges com relação a bens excluídos
da comunhão.
(C) Será anulável a venda de ascendente a descendente quando houver expresso
consentimento pelos outros descendentes, mas não pelo cônjuge do alienante,
independentemente do regime de bens.
(D) Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o
vendedor cair em insolvência, poderá o comprador sobrestar o pagamento da
coisa, até que o vendedor garanta a entrega do bem.
(E) A fixação do preço não pode ser deixada ao arbítrio de terceiro.
COMENTÁRIOS. A letra A está correta. Art. 492, CC: Até o momento da
tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta
do comprador. Letra B, incorreta. Art. 499, CC: É lícita a compra e venda entre
cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão. Letra C, incorreta. Art. 496,
CC: É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se

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o regime de bens for o da separação obrigatória. Letra D, incorreta. Art. 495, CC:
Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da tradição o
comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega da coisa,
até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado. Letra E, incorreta.
Art. 485, CC: A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os
contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar
a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os
contratantes designar outra pessoa. Gabarito: “A”.

23) (FCC – TRT/16ª Região/MA – Analista Judiciário – 2014) A respeito


do contrato de compra e venda,
(A) as despesas com transporte e tradição correm, em regra, por conta do
comprador.
(B) as despesas com escritura e registro serão pagas, em regra, pelo vendedor.
(C) é nula a venda de ascendente para descendente.
(D) é lícita a compra e venda entre cônjuges, desde que o contrato seja
compatível com o regime de bens por eles adotado.
(E) os bens confiados à guarda ou administração de tutores ou curadores só
podem ser por estes comprados em hasta pública.
COMENTÁRIOS. As letras “a” e “b” estão erradas, pois houve uma inversão.
Segundo o art. 490, CC, salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de
escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
A letra “c” está errada, pois nos termos do art. 496, CC, é anulável (e não nula) a
venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge
do alienante expressamente houverem consentido. A letra “d” está correta, pois o
parágrafo único do art. 496, CC prevê que “Em ambos os casos, dispensa-se o
consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória”.
Completa o art. 499, CC: É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a
bens excluídos da comunhão. A letra “e” está errada, pois estabelece o art. 497,
CC: Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública:
I. pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados
à sua guarda ou administração. Gabarito: “D”.

24) (FCC – TRT/16ª Região/MA – Analista Judiciário – 2014) A respeito


da compra e venda, é CORRETO afirmar:
(A) É licita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão.
(B) Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma autoriza a
rejeição de todas.
(C) As despesas com a tradição da coisa móvel correrão por conta do comprador.
(D) Nas vendas a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de
receber o preço.
(E) A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação em contrário, dar-se-á
no domicílio do comprador.

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COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos exatos termos do art. 499, CC: É
lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão. A letra “b” está errada, pois dispõe o art. 503, CC: Nas coisas vendidas
conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas. A letra
“c” está errada, pois em regra as despesas com a tradição correm por conta do
vendedor (art. 490, CC). A letra “d” está errada, a contrário senso do que
determina o art. 491, CC que “Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é
obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço”. Ou seja, deve haver uma
simultaneidade entre o pagamento e a entrega da coisa. Finalmente a letra “e”
está errada, pois de acordo com o art. 493, CC, “A tradição da coisa vendida, na
falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo
da venda” (e não no domicílio do comprador). Gabarito: “A”.

25) (FCC – TRT/2ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere as


afirmativas relativas à compra e venda:
I. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo
de uma das partes, a fixação do preço.
II. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a
cargo do vendedor, e a cargo do comprador as da tradição.
III. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do
comprador, e os do preço por conta do vendedor.
IV. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa
antes de receber o preço.
Está CORRETO o que consta em
(A) I e IV, apenas.
(B) II e III, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) III e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos exatos termos do art. 489, CC. O item
II está errado, pois a situação é inversa. Ou seja, pelo art. 490, CC, salvo cláusula
em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e
a cargo do vendedor as da tradição. O item III está errado, pois estabelece o art.
492, CC que até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do
vendedor, e os do preço por conta do comprador. O item IV está correto, pois é
o que dispõe literalmente o art. 491, CC. Gabarito: “A” (estão corretos os itens
I e IV).

26) (BIO-RIO – Advogado da EMGEPRON – Empresa Gerencial de Projetos


Navais – 2014) Nos termos do Código Civil o vendedor de coisa imóvel pode
reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos,
restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive
as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita,

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ou para a realização de benfeitorias necessárias. Trata-se da denominada
cláusula de:
(A) reserva de domínio.
(B) venda a contento.
(C) retrovenda.
(D) preempção.
COMENTÁRIOS. Reserva de domínio: art. 521, CC. Na venda de coisa móvel,
pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja
integralmente pago. Somente poderá executar essa cláusula após constituir o
comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial. Venda
a contento: art. 509, CC. Entende-se realizada sob condição suspensiva ainda que
a coisa não lhe tenha sido entregue e não se reputará perfeita, enquanto o
adquirente não manifestar seu agrado. Retrovenda: art. 505, CC. O vendedor de
coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de três
anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador,
inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua
autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. Preempção
ou preferência: art. 513, CC. Impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao
vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use
de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. O prazo para preempção
dos pode exceder a 180 dias se a coisa for móvel e 2 anos se imóvel. Gabarito:
“C”.

27) (FCC – TRF/3ª Região – Analista Judiciário – 2014) Márcia celebrará


contrato de compra e venda de imóvel com Isaías possuindo a intenção
de estipular cláusula especial de retrovenda. No tocante à retrovenda,
Márcia
(A) terá que respeitar o prazo decadencial máximo de dois anos previsto no
Código Civil brasileiro.
(B) terá que respeitar o prazo prescricional máximo de doze meses previsto no
Código Civil brasileiro.
(C) poderá estipular qualquer prazo uma vez que o Código Civil brasileiro não
limita o tempo para o exercício da retomada do imóvel.
(D) terá que respeitar o prazo decadencial máximo de três anos previsto no
Código Civil brasileiro.
(E) poderá estipular prazo não superior a cinco anos, sendo que este prazo, em
casos excepcionais, poderá ser aumentado conjuntamente pelas partes.
COMENTÁRIOS. Dispõe o art. 505, CC: O vendedor de coisa imóvel pode
reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos,
restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive
as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita,
ou para a realização de benfeitorias necessárias. Gabarito: “D”.

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28) (FCC – TRT/11ª Região – AM/RR – Analista Judiciário – Oficial de
Justiça Avaliador – 2017) A respeito do contrato de compra e venda,
considere:
I. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos e houver
contradição ou diferença entre estes e a maneira pela qual se descreveu a
coisa no contrato, prevalecerá a descrição constante do contrato.
II. As partes podem deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa,
em certo e determinado dia e local.
III. É lícita a compra e venda entre cônjuges com relação a bens excluídos da
comunhão.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II e III.
(B) I e II.
(C) I e III.
(D) II.
(E) III.
COMENTÁRIOS. Item I, incorreto. Art. 484, CC: Se a venda se realizar à vista de
amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a
coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. Prevalece a
amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a
maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato. Item II, correto. Art. 486,
CC: Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa,
em certo e determinado dia e lugar. Item III, correto. Art. 499, CC: É lícita a
compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão.
Gabarito: “A” (estão corretos os itens II e III).

29) (FCC – TRT/11ª Região – AM/RR – Analista Judiciário – Área


Judiciária – 2017) Paulo vendeu um automóvel para Pedro, reservando
para si a propriedade até que o preço esteja integralmente pago. Tal
modalidade de compra e venda denomina-se
(A) venda sujeita a preferência.
(B) venda a contento.
(C) venda sobre documentos.
(D) retrovenda.
(E) venda com reserva de domínio.
COMENTÁRIOS. A venda com reserva de domínio está prevista nos arts.
521/528, CC. Ela ocorre quando se estipula em contrato de compra e venda de
coisa móvel infungível (regra), que o vendedor reserve para si a propriedade do
bem, até o momento em que se realize o pagamento integral do preço, quando
então o negócio terá eficácia plena. Essa cláusula deve ser estipulada por escrito
e depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros. A
doutrina predominante o considera como sendo uma venda sob condição

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suspensiva, em que o evento futuro e incerto é o pagamento integral do preço.
Gabarito: “E”.

30) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Oficial de Justiça


Avaliador – 2017) O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito
de recobrá-la no prazo máximo de decadência de 3 anos, restituindo o
preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as
que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização
escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. No tocante às
cláusulas especiais à compra e venda, trata-se especificamente da
(A) venda com reserva de domínio.
(B) preempção.
(C) preferência.
(D) retrovenda.
(E) venda a contento.
COMENTÁRIOS. O cabeçalho é transcrição literal do art. 505, CC, que trata da
retrovenda. Retrovenda (ou direito de retrato) é o direito que tem o vendedor de
readquirir o imóvel que vendeu, dentro de certo prazo, restituindo ao comprador
o preço recebido, mais as despesas feitas pelo comprador, inclusive as que,
durante o período de resgate, se efetuaram com a autorização escrita, ou para a
realização de benfeitorias necessárias. O comprador não pode se recusar a
restituir o imóvel, podendo o vendedor depositar judicialmente os valores
devidos para exercer o direito de retrato. Trata-se de uma cláusula acessória
da compra e venda, caracterizando-se como uma condição resolutiva
expressa, tendo como consequência o desfazimento da venda. Ela não é
considerada como uma nova venda, mas sim como consequência da venda
anterior. Gabarito: “D”.

31) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Área Judiciária –


2017) Sobre o contrato de compra e venda, nos termos estabelecidos pelo
Código Civil, é correto afirmar:
(A) O prazo para exercer o direito de preferência ou preempção não poderá
exceder a cinco anos, se a coisa for imóvel.
(B) É anulável a venda de ascendente a descendente sem o consentimento dos
outros descendentes e do cônjuge do alienante, independentemente do regime
de bens estabelecido para o casamento.
(C) Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos,
se outro consorte a quiser, tanto por tanto, observadas as regras estabelecidas
pela legislação em vigor.
(D) No contrato de compra e venda com reserva de domínio o vendedor poderá
executar a cláusula de reserva de domínio independentemente de constituir o
devedor em mora, mediante protesto ou interpelação judicial.
(E) É vedada a fixação pelas partes do preço da coisa à taxa de mercado ou de
bolsa em certo e determinado dia e lugar.

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COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 513, parágrafo único, CC: O prazo para
exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a
coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel. Letra B, incorreta. Art. 496, CC: É
anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes
e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único.
Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime
de bens for o da separação obrigatória. Letra C, correta. Art. 504, CC: Não
pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro
consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento
da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos,
se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Letra D,
incorreta. Art. 525, CC: O vendedor somente poderá executar a cláusula de
reserva de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto
do título ou interpelação judicial. Letra E, incorreta. Art. 486, CC: Também se
poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e
determinado dia e lugar. Gabarito: “C”.

32) (FCC – TRE/SP – Analista Judiciário – 2012) Minotauro, empresário


milionário, celebrou contrato de doação com seu amigo de infância Aquiles.
Através do referido contrato Minotauro doou para Aquiles uma pequena
propriedade imóvel, onde ele pudesse organizar seu comitê eleitoral, já que
pretende se candidatar nas próximas eleições municipais. O contrato de doação,
em regra, é
(A) oneroso, bilateral e solene.
(B) gratuito, bilateral e de natureza real.
(C) gratuito, unilateral e de natureza real.
(D) gratuito, bilateral e de caráter pessoal.
(E) gratuito, unilateral e de caráter pessoal.
COMENTÁRIOS. O contrato de doação está regulamentado entre os arts. 538 e
564 do Código Civil. Trata-se de contrato pelo qual uma pessoa, por liberalidade,
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra, que os aceita. É
um contrato unilateral, pois embora exija duas manifestações de vontade apenas
uma (o doador) assume a obrigação de transferir bens ao donatário. É gratuito
(embora possa ser imposto um encargo) e formal, pois o art. 541, CC impõe
formalidades que devem ser respeitadas para ter validade. Além disso, é contrato
pessoal, uma vez que gera apenas a obrigação do doador de entregar a coisa; a
transferência da propriedade somente se dará com a tradição (para bens móveis)
ou o registro (para os imóveis). Portanto, não tem a doação a natureza real, pois
ela, por si própria, não é apta a transferir a propriedade; como vimos, ela apenas
cria a obrigação. Gabarito: “E”.

33) (VUNESP – TJ/RJ – Juiz de Direito – 2013) É CORRETO afirmar que a


doação feita a nascituro
(A) deve ser considerada nula tanto nos casos de natimorto como nos casos de
nascimento com deficiência mental.

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(B) deve ser considerada inexistente no caso de natimorto e nula nos casos de
nascimento com vida, ainda que haja aceitação por seu representante legal.
(C) é nula de pleno direito, já que a personalidade civil começa apenas com o
nascimento com vida, independentemente de aceitação por seu representante
legal.
(D) desde que seja aceita por seu representante legal, é válida, ficando, porém,
sujeita a condição, qual seja, o nascimento com vida.
COMENTÁRIOS. A doação feita ao nascituro é válida, desde que aceita pelos pais
(art. 542, CC). Trata-se de caso de ato jurídico sujeito a condição suspensiva, pois
a doação somente se efetivará se houver o nascimento com vida do nascituro.
Caso ele nasça morto (natimorto), o contrato será considerado ineficaz. Gabarito:
“D”.

34) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Magistratura do Trabalho – 2012)


Quanto à doação, é correto afirmar:
(A) falecendo o donatário o bem doado volta automaticamente ao patrimônio do
devedor.
(B) a doação de um imóvel com o valor de R$ 200.000,00 deve ser feita por
instrumento público.
(C) aquela feita ao nascituro não é válida porque este não goza de capacidade
nem personalidade.
(D) se feita por ascendente em favor de apenas um de seus descendentes, sem
anuência dos demais será nula.
(E) pode ser revogada por indignidade do donatário quando este atentar contra
a vida do doador.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois se o donatário (beneficiário da
doação) falecer, o bem doado será partilhado entre os herdeiros deste, não
voltando automaticamente ao patrimônio do doador. No entanto este pode
estabelecer uma cláusula (expressa) no sentido de que o bem doado retorne ao
seu patrimônio, se sobreviver ao donatário. Isto é chamado de cláusula de
reversão. No entanto esta cláusula não prevalece em favor de terceiros (art. 547
e parágrafo único, CC). A letra “b” está certa, pois embora o art. 541, CC
estabeleça que a doação possa ser feita por escritura pública ou instrumento
particular, estabelece o art.108, CC que “não dispondo a lei em contrário, a
escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à
constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre
imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País”
(na época do concurso o salário mínimo era de R$ 622,00, assim qualquer imóvel
com valor superior a R$ 18.660,00 deveria ser feita a escritura). A letra “c” está
errada, pois estabelece o art. 542, CC que a doação feita ao nascituro valerá,
sendo aceita pelo seu representante legal. A letra “d” está errada, pois o art. 544,
CC prevê que a doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro,
importa adiantamento do que lhes cabe por herança. Portanto, é permitida a
doação de bens dos pais aos filhos. E não é imprescindível a autorização dos outros
filhos para esta doação até o seu limite da parte disponível. No entanto, se a

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doação exceder a parte que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor
em testamento, será considerada nula, nos termos do art. 549, CC. Finalmente a
letra “e” está errada. Trata-se de uma tremenda “pegadinha”. Observem que a
alternativa fala em “revogação por indignidade”. No entanto, estabelece o art.
555, CC que a doação pode ser revogada por ingratidão (e não indignidade) do
donatário, ou por inexecução do encargo. Completa o art. 557, CC afirmando que
podem ser revogadas por ingratidão as doações: I - se o donatário atentou contra
a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II - se cometeu
contra ele ofensa física; III - se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV - se,
podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
Gabarito: “B”.

35) (FCC – TRT/18a Região/GO – Magistratura do Trabalho – 2012) A


doação feita de ascendente a descendente constitui
(A) doação com cláusula de reversão.
(B) simulação anulável.
(C) negócio jurídico nulo.
(D) adiantamento de legítima.
(E) negócio jurídico inexistente.
COMENTÁRIOS. Nos termos do art. 544, CC, a doação de ascendentes a
descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe
por herança (adiantamento da legítima). Lembrando que será nula a doação
quanto ao valor que exceder ao que o doador poderia dispor em testamento (art.
549, CC). Gabarito: “D”.

36) (FCC – TCE/CE – Procurador de Contas – 2015) A doação de


ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro,
(A) só poderá ser feita, em ambos os casos, se houver a anuência dos demais
herdeiros necessários, sendo nulos os atos na hipótese de ausência dessa
concordância prévia.
(B) pode ser feita de ascendentes a descendentes, como adiantamento da
legítima, mas não de um cônjuge a outro, que será ineficaz pela presunção de
fraude contra credores.
(C) pode ser feita de um cônjuge a outro, preservados interesses de terceiros,
mas não de ascendentes a descendentes, por lesarem a legítima dos não
beneficiados.
(D) não pode ser feita em nenhum dos casos, pela lesão presumida à legítima e
a credores, respectivamente.
(E) pode ser feita legalmente, em ambos os casos importando adiantamento do
que lhes couber por herança.
COMENTÁRIOS. A doação de ascendente para descendente é perfeitamente
válida e não necessita de anuência dos demais herdeiros para sua eficácia.
Estabelece o art. 544, CC: A doação de ascendentes a descendentes, ou de um
cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.

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Assim, quando do falecimento do doador, os bens que tiverem sido doados aos
descendentes e/ou ao cônjuge deverão ser arrolados no inventário como
antecipação da legítima e compensados nas suas respectivas quotas em relação
aos demais herdeiros. Lembrando que a doação não poderá ultrapassar a legítima,
que é a parte de 50% do patrimônio do doador, cabível aos seus herdeiros
necessários (descendentes, ascendentes e cônjuges). Se o valor ultrapassar a
legítima ocorrerá a chamada doação inoficiosa. Art. 549, CC: “será nula a
doação quanto ao valor que exceder ao que o doador poderia dispor em
testamento”. A colação tem por fim igualar as legítimas dos descendentes e do
cônjuge sobrevivente, obrigando também os donatários que, ao tempo do
falecimento do doador, já não possuírem os bens doados. Gabarito: “E”.

37) (FCC – Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado


do Ceará – ARCE – Analista – 2012) Se Maria doar uma casa a seu sobrinho
Alberto, estipulando que o imóvel doado retorne ao seu patrimônio se
sobreviver ao donatário, está configurada a doação
(A) inoficiosa.
(B) com cláusula de reversão.
(C) com encargo.
(D) sob forma de subvenção periódica.
(E) com sub-rogação de vínculo.
COMENTÁRIOS. Trata-se da doação com cláusula de reversão nos termos do art.
547, caput, CC. Gabarito: “B”.

38) (FCC – TRE/RR – Analista Judiciário – 2015) No tocante à doação,


considere:
I. Na doação, a capacidade ativa ou capacidade para doar é um requisito
subjetivo deste negócio jurídico.
II. A doação possui natureza contratual e gera direitos pessoais.
III. Em regra, nas doações para casamento com certa e determinada pessoa,
o doador ficará sujeito à evicção.
IV. A doação para entidade futura caducará se, em cinco anos, esta não estiver
constituída regularmente.
Esta CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I, II e III.
(B) III e IV.
(C) I e II.
(D) I, II e IV.
(E) II, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto. O requisito subjetivo da doação é a
capacidade do doador; isso porque somente quem tem a capacidade plena pode
doar. Como regra, os absoluta e relativamente incapazes não podem doar, nem
mesmo por meio de representantes legais, uma que tais liberalidades não são

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feitas no interesse do representado. O item II está correto. A doação tem natureza
contratual, pois exige para sua formação, a vontade de duas partes: de um lado
o doador (capacidade ativa) e do outro o donatário (capacidade passiva). Ocorre
se trata de um contrato unilateral, pois apenas o doador assume a obrigação de
transferir bens ao donatário (apenas uma é devedora), não havendo
contraprestação por parte do donatário. Embora seja um ato de liberalidade,
admite-se a estipulação de encargo, caso o doador vincule o donatário a
determinado ônus. O item III está correto. Estabelece o art. 552, CC: O doador
não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às consequências da
evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e
determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em
contrário. O item IV está errado. Estabelece o art. 554, CC: A doação a entidade
futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída
regularmente. Gabarito: “A” (estão corretos os itens I, II, III).

39) (FCC – TCM/RJ – Auditor-Substituto de Conselheiro – 2015) De


acordo com o Código Civil, a doação
(A) não se reveste, em regra, da forma escrita.
(B) é nula quando realizada de ascendente para descendente.
(C) dispensa aceitação, ainda que sujeita a encargo.
(D) é anulável quando realizada de ascendente para descendente.
(E) não poderá ultrapassar a vida do donatário, quando feita em forma de
subvenção periódica.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois, a regra é que a doação é um
contrato solene. Estabelece o art. 541, CC: A doação far-se-á por escritura pública
ou instrumento particular. Parágrafo único. A doação verbal será válida, se,
versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a
tradição. As letras “b” e “d” estão erradas, pois nosso Direito permite a doação de
ascendente para descendente; a doação é válida. Ocorre que nesse caso, nos
termos do art. 544, CC, essa doação importa adiamento do que lhe cabe por
herança. Em outras palavras, é o que se chama de “adiantamento da legítima”. A
letra “c” está errada. O art. 539, CC é muito claro ao prever que “o doador pode
fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que
o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á
que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo”. Portanto, no caso de encargo
(doação modal ou onerosa) não há dispensa de aceitação, que deve ser expressa.
A letra “e” está correta. Na doação em forma de subvenção periódica o doador
estipula rendas ao donatário em periodicidade (semanal, quinzenal, mensal, etc.).
Ao invés de haver apenas um ato na doação, esta é feita por meio de vários atos,
daí ser uma modalidade de contrato de “trato sucessivo”. Esse tipo de doação
extingue com a morte do doador, salvo se houver previsão no contrato sobre a
transferência da obrigação para os herdeiros (hipótese em que ficará limitada ao
valor da herança). No entanto o prazo máximo é a vida do donatário (beneficiário),
segundo previsão do art. 545, CC, que não poderá estendê-la a seus herdeiros.
Gabarito: “E”.

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40) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Assessor Técnico Legislativo –
2013) No que concerne à locação de coisas, considere:
I. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito, findo o prazo
estipulado, após ter sido o locatário notificado com prazo de quinze dias.
II. Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a que
se destina, poderá o locador, além de rescindir o contrato, exigir perdas e
danos.
III. Morrendo o locador ou o locatário, transfere-se aos seus herdeiros a
locação por tempo determinado.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I e III.
(D) I.
(E) II.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois de acordo com o art. 573, CC, a
locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo estipulado,
independentemente de notificação ou aviso. O item II está correto nos termos do
art. 570, CC. O item III está certo nos termos do art. 577, CC. Gabarito: “B”
(estão corretos os itens II e III).

41) (VUNESP – Câmara Municipal de São José dos Campos – Advogado –


2014) Assinale a alternativa CORRETA, com relação ao contrato de
locação, de acordo com o Código Civil de 2002.
(A) Havendo alienação do bem enquanto vigente a locação, e sendo omisso o
contrato de locação com relação a esta hipótese, o adquirente não fica obrigado
a respeitar o contrato.
(B) Se o locatário utilizar o bem de forma diversa da ajustada, poderá o locador
exigir perdas e danos, mas não poderá rescindir o contrato.
(C) Na locação por tempo determinado, o locador deve notificar o locatário com
até 30 (trinta) dias de antecedência do fim do prazo, sob pena de prorrogação
por prazo indeterminado.
(D) Notificado o locatário para devolver o bem, se não devolvê-lo, estará sujeito
ao pagamento do aluguel em dobro e prisão civil.
(E) Deteriorando-se a coisa alugada, durante a locação e sem culpa do locatário,
este poderá requerer a resolução do contrato, mas não a redução proporcional
do aluguel.
COMENTÁRIOS. A questão deve ser respondida pelo que dispõe o Código Civil e
não a Lei do Inquilinato (Lei n° 8.245/91). A letra “a” está correta. Estabelece o
art. 576, CC: “Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará
obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua
vigência no caso de alienação, e não constar de registro”. A letra “b” está errada.

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Estabelece o art. 570, CC: Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do
ajustado, ou do a que se destina, ou se ela se danificar por abuso do locatário,
poderá o locador, além de rescindir o contrato, exigir perdas e danos. A letra “c”
está errada. Prevê o art. 573, CC: “A locação por tempo determinado cessa de
pleno direito findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou
aviso”. A letra “d” está errada. Prescreve o art. 575, CC: “Se, notificado o locatário,
não restituir a coisa, pagará, enquanto a tiver em seu poder, o aluguel que o
locador arbitrar, e responderá pelo dano que ela venha a sofrer, embora
proveniente de caso fortuito”. Lembrando que a Súmula Vinculante n° 25 impede
a prisão civil, inclusive a do depositário infiel (“É ilícita a prisão civil de depositário
infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”). Assim, atualmente somente
é aplicável no Brasil a prisão civil por dívida ao responsável pelo inadimplemento
de obrigação alimentícia. A letra “e” está errada, pois o art. 567, CC prevê: “Se,
durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do locatário, a este
caberá pedir redução proporcional do aluguel, ou resolver o contrato, caso já não
sirva a coisa para o fim a que se destinava”. Gabarito: “A”.

42) (FCC – Câmara Municipal de São Paulo – Procurador Legislativo –


2014) Em relação à locação, é CORRETO afirmar:
(A) é defeso ao locador receber de uma só vez e antecipadamente os aluguéis e
encargos locatícios.
(B) na locação para temporada, se o locatário não desocupar o bem locado no
prazo ajustado caberá ação reintegratória de posse do imóvel, com pedido liminar
de desocupação.
(C) nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a trinta
meses, a resolução do contrato só ocorrerá, ao fim do prazo estipulado, se o
locador notificar previamente o locatário.
(D) o contrato de locação não residencial, que se encontre vigorando por prazo
indeterminado, pode ser denunciado por escrito, pelo locador, concedidos ao
locatário trinta dias para a desocupação.
(E) quando a locação for ajustada verbalmente ou por escrito e com prazo inferior
a trinta meses, o locador, findo o prazo estabelecido, poderá retomar livremente
o imóvel, concedidos trinta dias ao locatário para sua desocupação.
COMENTÁRIOS. A questão trata da Lei do Inquilinato (Lei n° 8.245/91). A letra
“a” está errada, pois estabelece o art. 29 que salvo nas hipóteses do art. 42 (não
havendo garantia) e da locação para temporada, o locador não poderá exigir o
pagamento antecipado do aluguel. A letra “b” está errada, pois dispõe o art. 5°,
que seja qual for o fundamento do término da locação a ação do locador para
reaver o imóvel é a de despejo. A letra “c” está errada, pois prescreve o art. 46
que nas locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a trinta meses,
a resolução do contrato ocorrerá findo o prazo estipulado, independente de
notificação ou aviso. A letra “d” está correta nos exatos termos do art. 57.
Finalmente a letra “e” está errada, pois estabelece o art. 47 que quando ajustada
verbalmente ou por escrito e com prazo inferior a trinta meses, findo o prazo
estabelecido, a locação prorroga-se automaticamente, por prazo indeterminado,

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somente podendo ser retomado o imóvel: (...) tem que justificar, chamada
denuncia cheia. Gabarito: “D”.

43) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2014) O


direito de retomada do imóvel pelo locador, em decorrência de extinção
do contrato de trabalho, considerada a ocupação do imóvel como
relacionada ao emprego, dar-se-á
(A) vigorando a locação por prazo indeterminado, somente após notificação para
desocupação do imóvel em noventa dias, celebrado o contrato sempre por escrito
e por prazo não inferior a um ano.
(B) vigorando o contrato por tempo determinado de trinta meses, finda ao menos
a primeira metade do ajuste, após notificação escrita ao locatário.
(C) somente se a locação estiver vigorando por prazo indeterminado e o contrato
houver sido celebrado por escrito e com prazo igual ou superior a trinta meses.
(D) mesmo quando a locação se encontre prorrogada automaticamente, por
prazo indeterminado, por estar findo o prazo estabelecido, ajustada a locação
verbalmente ou por escrito e ainda que com prazo inferior a trinta meses.
(E) vigorando a locação por prazo determinado ou não, findo ou não o prazo
contratual, desde que celebrada por escrito por prazo superior a trinta meses.
COMENTÁRIOS. No caso da questão é de se aplicar o art. 47 da Lei do Inquilinato
(Lei n° 8.245/91) que, com uma redação um pouco diferente, afirma: “Quando
ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a trinta meses, findo o
prazo estabelecido, a locação prorroga-se automaticamente, por prazo
indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel (...) II. em decorrência
de extinção do contrato de trabalho, se a ocupação do imóvel pelo locatário
relacionada com o seu emprego”. Gabarito: “D”.

44) (FCC – TRT/11ª Região – AM/RR – Analista Judiciário – Área


Judiciária – 2017) No que concerne ao contrato de locação de coisas,
considere:
I. Benfeitorias necessárias feitas com expresso consentimento do locador.
II. Benfeitorias necessárias feitas sem expresso consentimento do locador.
III. Benfeitorias úteis feitas com expresso consentimento do locador.
IV. Benfeitorias úteis feitas sem expresso consentimento do locador.
Salvo disposição em contrário, o locatário goza do direito de retenção
APENAS em
(A) I, III e IV.
(B) III e IV.
(C) I e III.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.
COMENTÁRIOS. Segundo o disposto no art. 578, CC, salvo disposição em
contrário, o locatário possui direito de retenção, no caso de benfeitorias

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necessárias (com ou sem autorização do locador) e também no caso de
benfeitorias úteis, mas nessa hipótese, somente se elas foram com expresso
consentimento do locador. Portanto, estão corretos os itens I, II e III. Gabarito:
“D”.

45) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) O comodato é o empréstimo


de bem
(A) fungível, a exemplo do dinheiro, aperfeiçoando-se com a tradição, tal como
ocorre com o mútuo.
(B) fungível, a exemplo de obra de arte autografada por seu autor,
aperfeiçoando-se com a tradição, diferentemente do que ocorre com o mútuo.
(C) infungível, a exemplo do dinheiro, aperfeiçoando-se com o acordo de
vontades, tal como ocorre com o mútuo.
(D) infungível, a exemplo de obra de arte autografada por seu autor,
aperfeiçoando-se com o acordo de vontades, tal como ocorre com o mútuo.
(E) infungível, a exemplo de obra de arte autografada por seu autor,
aperfeiçoando-se com a tradição, tal como ocorre com o mútuo.
COMENTÁRIOS. Comodato é o contrato unilateral, a título gratuito, pelo qual
alguém entrega a outra pessoa coisa infungível (não pode ser substituída por
outra), para ser usada temporariamente e depois restituída. Trata-se de um
contrato unilateral, gratuito, real, pois o contrato se perfaz com a tradição
(entrega) da coisa ao comodatário, não solene e temporário. Gabarito: “E”.

46) (TRT/9ª Região/PR – Magistratura do Trabalho – 2012) Jéssica Alseda


e Marcopolo Fernandes celebraram contrato de comodato de imóvel residencial
com vigência de 15/4/2007 a 15/4/2012. Marcopolo, no entanto, não devolveu a
Jessica o imóvel ao término do prazo convencionado. Em 30/5/2012, foi notificado
extrajudicialmente para desocupar o imóvel no prazo de trinta dias e pagar aluguel
de R$ 1.500,00 por mês. Marcopolo ainda permanece no imóvel, não tendo pago
qualquer valor a título de aluguel.
Analise as proposições abaixo:
I. É ilícito a Jessica arbitrar valor de aluguel após o prazo fixado para Marcopolo
devolver o imóvel. A ela caberá apenas postular judicialmente a reintegração
e imissão na posse, bem como indenização para reparar os prejuízos sofridos.
II. Jessica tem direito a aluguel que será devido por Marcopolo desde a
notificação até a desocupação, desde que fixado por decisão judicial.
III. Será lícito a Jessica arbitrar o valor do aluguel que será de uma autêntica
pena privada, tendo por objetivo central coagir o comodatário a restituir o mais
rapidamente possível a coisa emprestada, que indevidamente não foi devolvida
no prazo legal.
IV. O montante do aluguel-pena, para não se caracterizar como abusivo, não
pode ser superior ao dobro da média do mercado, pois não deve também servir
de meio para o enriquecimento injustificado do comodante.
Assinale a alternativa CORRETA:

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(A) apenas a proposição I é a correta.
(B) apenas as proposições II e IV são corretas.
(C) apenas as proposições III e IV são corretas.
(D) apenas a proposição III é correta.
(E) apenas a proposição IV é correta.
COMENTÁRIOS. A proposição I está errada. Comodato é o empréstimo gratuito
de coisas não fungíveis que se perfaz com a tradição do objeto. Nele a posse é
transmitida a título provisório (posse precária), sendo o comodatário obrigado a
devolvê-la tão logo o comodante a reclame de volta. Com a notificação
extrajudicial, extingue-se o comodato, transformando-se a posse anteriormente
justa, em injusta, em virtude da recusa de devolução do imóvel após o transcurso
do lapso temporal estipulado, caracterizando o esbulho, sendo possível ingressar
com a ação de reintegração para reaver o imóvel. Além disso, segundo estabelece
a segunda parte do art. 582, CC, o comodatário constituído em mora (no
problema, a notificação extrajudicial), além de por ela responder, pagará, até
restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante. Notem que o erro
da afirmação é sutil: o enunciado fala que é ilícito a Jéssica arbitrar o valor do
aluguel. No entanto tal prática é totalmente lícita e protegida pela lei. O item II
está errado, pois como vimos o valor do aluguel é fixado pelo comodante (e não
pelo Juiz como fala o enunciado). Por esses mesmos motivos os itens III e IV
estão corretos. Segundo jurisprudência do STJ, a natureza do “aluguel” é de uma
autêntica pena privada, e não de indenização pela ocupação indevida do imóvel
emprestado. O objetivo central dele não é transformar o comodato em contrato
de locação, mas sim coagir o comodatário a restituir o mais rapidamente possível
a coisa emprestada, que indevidamente não foi devolvida no prazo legal. O
arbitramento do aluguel-pena não pode ser feito de forma abusiva, devendo
respeito aos princípios da boa-fé objetiva (art. 422, CC), da vedação ao
enriquecimento sem causa e do repúdio ao abuso de direito (art. 187, CC).
Havendo arbitramento em valor exagerado, poderá ser objeto de controle judicial,
com eventual aplicação analógica da regra do parágrafo único do art. 575, CC,
que, no aluguel-pena fixado pelo locador, confere ao juiz a faculdade de redução
quando o valor arbitrado se mostre manifestamente excessivo ou abusivo. Assim,
para não se caracterizar como abusivo, o montante do aluguel-pena não pode ser
superior ao dobro da média do mercado, considerando que não deve servir de
meio para o enriquecimento injustificado do comodante. Gabarito: “C”.

47) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2012) Os contratos de mútuo e


comodato têm em comum as seguintes características:
(A) constituem-se desde o consentimento das partes e se extinguem com o
pedido de devolução do dono da coisa.
(B) uma vez realizada a entrega da coisa transfere a propriedade ao devedor e
obriga o dono a aguardar o fim do contrato para reavê-la.
(C) obriga o devedor ao pagamento de juros sempre que houver atraso na
devolução da coisa.

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(D) só se aperfeiçoam com a entrega da coisa e tornam o devedor obrigado a
devolver o bem sob pena de pagamento de aluguel pelo atraso na devolução.
(E) são contratos considerados reais, intuitu personae e não solenes.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois ambos pressupõem a entrega da
coisa (são contratos reais) que posteriormente será restituída, não sendo
suficiente o mero consentimento entre as partes. A letra “b” está errada, pois no
comodato não há a transferência da propriedade, mas sim mero desdobramento
da posse (comodante = posse indireta, comodatário = posse direta); ou seja,
transferência de apenas alguns dos poderes inerentes a propriedade. A letra “c”
está errada, pois os juros no atraso referem-se apenas no contrato de mútuo. A
letra “d” está errada, pois esta consequência (pagamento de aluguel) é específica
do comodato. A letra “e” está correta, pois ambos são contratos reais (entrega),
intuitu personae (levam em conta a pessoa dos contratantes) e não solenes
(podem ser celebrados até verbalmente, sem maiores formalidades). Gabarito:
“E”.

48) (FCC – PGE/MT – Procurador do Estado – 2016) Acerca do comodato,


considere:
I. O comodato é contrato real, perfazendo-se com a tradição do objeto.
II. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará,
até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.
III. O comodatário responde pelo dano decorrente de caso fortuito ou força
maior se, correndo risco o objeto do comodato, juntamente com os seus,
antepuser a salvação destes, abandonando o do comodante.
IV. Se o comodato não tiver prazo convencional, o comodante poderá, a
qualquer momento, suspender o uso e gozo da coisa emprestada,
independentemente de decisão judicial e da finalidade do negócio.
Está correta o que ser afirma em
(A) I, II e III, apenas.
(B) II e III, apenas.
(C) II e IV, apenas.
(D) I, III e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.
COMENTÁRIOS. Item I, correto. Art. 579, CC: O comodato é o empréstimo
gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto. Item II,
correto. Art. 582, CC: O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria
fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou
a natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário
constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel
da coisa que for arbitrado pelo comodante. Item III, correto. Art. 583, CC: Se,
correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário,
antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá
pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.
Item IV, incorreto. Art. 581, CC: Se o comodato não tiver prazo convencional,

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presumir-se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante,
salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso
e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se
determine pelo uso outorgado. Gabarito: “A”.

49) (FCC – Advogado da Infraero – 2012) No contrato de mútuo,


(A) não se presumem devidos juros, ainda que se destinar a fins econômicos.
(B) o mutuante não pode exigir garantia da restituição, mesmo se, antes do
vencimento, o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica.
(C) o prazo, não tendo sido convencionado expressamente, será de trinta dias,
pelo menos, se for de dinheiro.
(D) o prazo, não tendo sido convencionado expressamente, será de um ano, pelo
menos, se for de bem imóvel.
(E) os produtos agrícolas para semeadura não poderão ser objeto do empréstimo.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 591, CC, destinando-
se o mútuo para fins econômicos, presumem-se devidos os juros. A letra “b” está
errada, pois nos termos do art. 590, CC, o mutuante pode exigir garantia de
restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua
situação econômica. A letra “c” está correta nos termos do art. 592, II, CC. A letra
“d” está errada, pois não há mútuo de bem imóvel; segundo o art. 586, CC, o
mútuo é empréstimo de coisas fungíveis. Finalmente a letra “e” está errada, pois
pode haver mútuo de produtos agrícolas para semeadura, sendo que neste caso
não havendo prazo determinado o prazo será até a próxima colheita. Gabarito:
“C”.

50) (ACEP – BNB – Analista Bancário – 2014) “A”, menor de 16 anos,


celebra com o Banco “X”, sem prévia autorização da pessoa que detém
sua guarda, contrato de mútuo, recebendo, em uma única parcela, a
totalidade do empréstimo. Considerando que o mutuário indicou “B”,
maior e apta ao encargo da fiança, como fiador, assinale a afirmativa
CORRETA.
(A) a fiança é possível, no caso acima, considerando-se que o Código Civil admite
essa possibilidade, quando a nulidade da obrigação resultar da incapacidade
pessoal do devedor.
(B) como regra geral, o mútuo pode ser reavido pelo Banco mutuante do
mutuário, mas não de seu fiador.
(C) como regra geral, o mútuo não pode ser reavido pelo Banco mutuante do
mutuário, mas sim de seu fiador, em face de sua capacidade e idoneidade.
(D) como regra geral, o mútuo pode ser reavido pelo Banco mutuante, tanto do
mutuário, quanto de seu fiador.
(E) como regra geral, o mútuo não pode ser reavido pelo Banco mutuante do
mutuário, nem tampouco de seu fiador.

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COMENTÁRIOS. Art. 588, CC: O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia
autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do
mutuário, nem de seus fiadores. Gabarito: “E”.

51) (FCC – SEFAZ/PI – Auditor Fiscal da Fazenda Estadual – 2015) De


acordo com o Código Civil, o mútuo
(A) não transfere ao mutuário o domínio da coisa emprestada.
(B) autoriza o mutuário a devolver coisa de gênero, qualidade e quantidades
diferentes da emprestada, desde que de igual valor.
(C) é empréstimo de coisa infungível.
(D) será de um ano, pelo menos, se for de dinheiro e as partes não houverem
estipulado prazo.
(E) pode se destinar a fins econômicos, presumindo-se, neste caso, serem
devidos juros, permitida a capitalização anual.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 587, CC que este
empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta
correm todos os riscos dela desde a tradição. A letra “b” está errada, pois segundo
o art. 586, segunda parte, CC, segunda parte o mutuário é obrigado a restituir ao
mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
A letra “c” está errada, pois o art. 586, primeira parte, CC estabelece que o mútuo
é o empréstimo de coisas fungíveis. A letra “d” está errada, pois o art. 592, CC
estabelece que não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo
será: I. até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para
o consumo, como para semeadura; II. de trinta dias, pelo menos, se for de
dinheiro; III. do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer
outra coisa fungível. A letra “e” está correta nos termos do art. 591, CC:
Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais,
sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406,
permitida a capitalização anual. Gabarito: “E”.

52) (FCC – DPE/PR – Defensor Público – 2012) Marcelo firmou contrato


de mútuo feneratício com João e José, pelo qual emprestou cinco mil reais
para cada um, a fim de que os mesmos iniciassem um pequeno comércio.
Neste caso,
(A) não havendo estipulação de juros, estes não serão presumidos.
(B) em se tratando de contrato civil, é válida a previsão de juros capitalizados
anualmente, ainda que sem taxa estipulada, quando então estes encargos serão
fixados segundo a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia
(SELIC).
(C) em sendo prevista a solidariedade passiva, e sendo inadimplidas as
prestações por José, Marcelo deverá primeiramente requerer o pagamento deste,
para depois acionar João.
(D) o contrato é existente, eis que possui objeto idôneo, qual seja, bem
infungível.

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(E) verificada a inviabilidade do comércio de João e José, indicando mudança na
situação econômica dos mutuários, antes do vencimento da prestação Marcelo
não pode exigir garantia da restituição dos valores emprestados.
COMENTÁRIOS. Mútuo feneratício é o mútuo oneroso, cujo exemplo clássico é o
empréstimo mediante pagamento de juros. A letra “a” está errada, pois segundo
o art. 591, CC, destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos
juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere
o art. 406, permitida a capitalização anual. A letra “b”, considerada pelo gabarito
como correta é polêmica. Estabelece o art. 406, CC que quando os juros
moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando
provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em
vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. Assim,
a taxa de juros remuneratórios deve ser fixada em valores iguais ou inferiores à
taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à
Fazenda Nacional, que são flutuantes, fixados periodicamente pelo Conselho de
Política Monetária do Banco Central (COPOM) e que correspondente à chamada
“Taxa SELIC” (Sistema Especial de Liquidação e Custódia para os Títulos Federais),
instituída pela Lei n° 8.981/95. No entanto há quem entenda que não é
recomendável a aplicação de tal índice, pois ainda está em vigor a limitação da
taxa de juros a 12% ao ano fixada no Decreto n° 22.626/33 (Lei de Usura). A letra
“c” está errada, pois segundo o art. 275, CC, o credor tem direito a exigir e receber
de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o
pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados
solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da
solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos
devedores. A letra “d” está errada, pois o art. 586, CC estabelece que o mútuo é
o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante
o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade, que no
caso é o dinheiro. Finalmente a letra “e” está errada, pois prevê o art. 590, CC
que o mutuante pode exigir garantia da restituição, e antes do vencimento o
mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica. Gabarito: “B”.

53) (FCC – TRF/2ª Região/RJ e ES – Analista Judiciário – 2012) A fiança


(A) é admissível em obrigação futura ou condicional.
(B) não pode possuir valor inferior ao da obrigação principal.
(C) é uma espécie de garantia real prevista no Código Civil brasileiro.
(D) é, em regra, um contrato bilateral, oneroso e principal.
(E) não se extingue com a extinção da obrigação principal.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 821, primeira parte, CC, a fiança é admissível
em obrigação futura ou condicional. A letra “b” está errada, pois ela pode ter valor
inferior ao do principal e ser contraída em condições menos onerosa (art. 823,
CC). A letra “c” está errada, pois ela é uma garantia pessoal e não real (como o
caso do penhor, da hipoteca, etc.). A letra “d” está errada, pois a fiança é um
contrato acessório. A letra “e” está errada, pois sendo a fiança acessória,
extinguindo-se a obrigação principal ficará ela extinta também. Gabarito: “A”.

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54) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2013) Amélia e Alberto são casados
pelo regime de comunhão parcial de bens. Alfredo, amigo de Alberto, pede
que ele seja seu fiador na compra de um imóvel. Diante da situação
apresentada, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) a garantia acessória poderá ser prestada exclusivamente por Alberto.
(B) a outorga de Amélia se fará indispensável, independente do regime de bens.
(C) a fiança, se prestada por Alberto sem o consentimento de Amélia, será
anulável.
(D) a anulação do aval somente poderá ser pleiteada por Amélia durante o
período em que estiver casada.
COMENTÁRIOS. Dispõe o art. 1.647, III CC que nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta, prestar fiança ou
aval. Acrescenta o art. 1.649, CC que a falta de autorização, não suprida pelo juiz,
quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro
cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade
conjugal. Gabarito: “C”.

55) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Henrique afiançou


ilimitadamente contrato de mútuo feneratício por meio do qual Carlos
emprestou R$ 10.000,00 a Cláudio, que se opôs à fiança. A fiança é
(A) existente e válida, porém ineficaz, porque celebrada contra a vontade do
devedor.
(B) juridicamente inexistente, porque celebrada contra a vontade do devedor.
(C) existente, válida e eficaz, abrangendo o principal e os juros que houverem
de ser pagos a Henrique.
(D) inválida, porque celebrada contra a vontade do devedor.
(E) existente, válida e eficaz, abrangendo o principal, mas não os juros que
houverem de ser pagos a Henrique, tendo em vista que o mútuo se presume
gratuito.
COMENTÁRIOS. Pouco importa que Cláudio (devedor afiançado) se oponha à
fiança. Nos termos do art. 820, CC, “pode-se estipular a fiança, ainda que sem
consentimento do devedor ou contra a sua vontade”. Portanto a fiança é existente,
válida e eficaz. Além disso, nos termos do art. 822, CC, “não sendo limitada, a
fiança compreenderá todos os acessórios da dívida principal, inclusive as despesas
judiciais, desde a citação do fiador”. Gabarito: “C”.

56) (FCC – TRF/4ª Região – Analista Judiciário – 2014) Considere:


I. Fiança estipulada sem o consentimento do devedor.
II. Fiança estipulada contra a vontade do devedor.
Nestes casos, em regra, no tocante às normas específicas sobre fianças
previstas no Código Civil brasileiro,
(A) há desrespeito às normas, apenas, na segunda hipótese.
(B) não há desrespeito às normas.

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(C) há desrespeito às normas, apenas, quando se tratar de contrato de compra
e venda.
(D) há desrespeito às normas em ambas as hipóteses.
(E) há desrespeito às normas, apenas, na primeira hipótese.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 820, CC: Pode-se estipular a fiança, ainda que
sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade. Portanto, ambas as
afirmações estão corretas. Gabarito: “B”.

57) (FCC – TCE/PI – Auditor Fiscal de Controle Externo – 2014) Carolina


celebrou um contrato e Cláudia prestou fiança mesmo contra a vontade
de Carolina. Obrigou-se, no entanto, por apenas metade do valor da
obrigação. A fiança é
(A) inválida, pois a fiança pressupõe anuência do devedor, além de sempre
abranger o valor total da obrigação.
(B) válida, pois é possível estipular fiança contra a vontade do devedor e em
valor inferior ao da obrigação.
(C) válida, mas abrangendo o valor todo, pois é possível estipular fiança contra
a vontade do devedor, mas não em valor inferior ao da obrigação.
(D) inválida, pois, embora possa abranger apenas parte do valor da obrigação, a
fiança pressupõe anuência do devedor.
(E) inválida, porque a dispensa da anuência do devedor só é possível nos casos
em que o fiador houver se obrigado por ¼ do valor da obrigação.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 820, CC, pode-se estipular a fiança, ainda que
sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade. Além disso, estabelece
o art. 823, CC: A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e
contraída em condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou
for mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada.
Gabarito: “B”.

58) (FCC – TRF/3ª Região – Analista Judiciário – 2014) Em determinado


contrato, o fiador renunciou expressamente ao benefício de ordem. O
credor está executando o contrato em razão da dívida não paga
requerendo a penhora de imóvel de propriedade do fiador, apesar do
devedor ser proprietário de diversos imóveis. Neste caso,
(A) a renúncia ao benefício de ordem é anulável, uma vez que o fiador possui o
direito de exigir, até contestação da lide, que seja executado, primeiramente, os
bens do devedor.
(B) o fiador somente possui o direito de exigir que sejam executados,
primeiramente, os bens do devedor se houver bens sitos no mesmo município
em que tramita a execução, livres e desembargados.
(C) o fiador somente possui o direito de exigir que sejam executados,
primeiramente, os bens do devedor se houver bens sitos no mesmo município na
qual foi celebrado o contrato de locação, livres e desembargados.

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(D) a renúncia ao benefício de ordem é lícita e permitida pelo Código Civil
brasileiro.
(E) a renúncia ao benefício de ordem é nula, uma vez que o fiador possui o direito
de exigir, até contestação da lide, que seja executado, primeiramente, os bens
do devedor.
COMENTÁRIOS. Benefício de ordem é o direito assegurado ao fiador de exigir do
credor que acione, em primeiro lugar, o devedor principal, isto é, que os bens do
devedor principal sejam executados antes dos seus (art. 827, CC). A invocação
desse benefício deve ser manifestada expressamente. No entanto o fiador não
poderá se socorrer deste benefício se renunciou o benefício, conforme permite o
art. 828, CC. Gabarito: “D”.

59) (FCC – PGE/SP – Procurador do Estado – 2012) No contrato de fiança


(A) é nula cláusula de renúncia ao benefício de ordem.
(B) o fiador tem legitimidade para dar andamento à execução iniciada e
abandonada, sem justa causa, pelo credor.
(C) havendo pluralidade de fiadores, cada qual responde pela parte que
proporcionalmente lhe couber no pagamento, exceto se expressamente pactuada
a solidariedade.
(D) a responsabilidade dos herdeiros do fiador se limita ao tempo decorrido até
a abertura de inventário ou arrolamento, e não pode ultrapassar as forças da
herança.
(E) o fiador pode se exonerar desde que notifique o credor, ficando responsável
por todos os efeitos da fiança durante noventa dias a contar da comunicação.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Nada dispondo as partes em contrário,
a regra é que o fiador goza do benefício de ordem, ou seja, quando acionado pelo
credor, tem o direito de exigir que sejam vendidos primeiramente os bens do
afiançado. Mas nada impede que fiador e beneficiário da garantia estabeleçam a
renúncia a esse direito. A letra “b” está correta, pois estabelece o art. 834, CC que
se o credor, sem justa causa, demorar a execução iniciada contra o devedor,
poderá o fiador promover-lhe o andamento. A letra “c” está errada, pois o que
ocorre é o inverso: a solidariedade é a regra e o beneficio de divisão deve ser
estabelecido de forma expressa. Segundo o art. 829, CC, a fiança conjuntamente
prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de
solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de
divisão. Somente se estipulado este benefício é que cada fiador responderá pela
parte que, em proporção, lhe couber no pagamento. A letra “d” está errada, pois
nos termos do art. 836, CC, a obrigação do fiador passa aos herdeiros, mas a
responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador e
não pode ultrapassar as forças da herança. Finamente a letra “e” está errada,
somente porque nos termos do art. 835, CC o prazo é de 60 dias após a notificação
do credor. Gabarito: “B”.

60) (FCC – PGM/João Pessoa/PB – Procurador do Município – 2012) No


contrato “A” o credor, sem o consentimento do fiador, concedeu

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moratória ao devedor; no contrato “B”, por fato do credor, é impossível a
sub-rogação nos direitos e preferências do fiador. Nestes casos, o fiador
(A) dos contratos “A” e “B” ficará desobrigado, ainda que solidário.
(B) dos contratos “A” e “B” ficará desobrigado, exceto se solidário.
(C) apenas do contrato “A” ficará desobrigado, ainda que solidário.
(D) apenas do contrato “B” ficará desobrigado, exceto se solidário.
(E) apenas do contrato “B” ficará desobrigado, ainda que solidário.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 838, CC, o fiador, ainda que solidário, ficará
desobrigado: I. se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao
devedor; II. se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus direitos
e preferências; III. se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente
do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois
venha a perdê-lo por evicção. Explicando melhor. Além das causas que extinguem
os contratos em geral, a fiança também se extingue também por atos praticados
pelo credor (art. 838, CC): a) concessão de moratória (dilação de prazo contratual)
ao devedor, sem consentimento do fiador, ainda que solidário, pois o fato pode
piorar a situação econômica do devedor; b) frustração da sub-rogação legal do
fiador nos direitos de preferência (por abrir mão de hipoteca, de dação em
pagamento feita pelo devedor, ainda que depois venha a perder o objeto por
evicção, pois neste caso ocorre pagamento indireto, que extingue a própria
obrigação principal). A obrigação acessória não se revigora, neste caso, com a
eventual evicção da coisa dada em pagamento. Gabarito: “A” (o fiador ficará
desobrigado de ambos os contratos).

61) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2012) Sobre a fiança é INCORRETO


afirmar:
(A) pode ser contratada para garantir apenas parcialmente a dívida.
(B) o fiador exonera-se da fiança dada por prazo indeterminado a qualquer
tempo, bastando notificar o credor, ficando, porém obrigado por todos os efeitos
da força por prazo fixado na Lei.
(C) o fiador pode propor a execução contra o devedor quando o credor sem justa
causa retardar o ajuizamento.
(D) pelas obrigações decorrentes da fiança respondem os herdeiros do fiador,
limitadas ao tempo decorrido até a morte do fiador e desde que não ultrapassem
as forças da herança.
(E) a moratória concedida ao devedor exonera o fiador, se este não a consentiu.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 823, CC: A fiança
pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e contraída em condições
menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa que
ela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada. A letra “b” está correta
nos termos do art. 825, CC: O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver
assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por
todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor. A
letra “c” está errada. Segundo o art. 834, CC: "Quando o credor, sem justa causa,

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demorar a execução iniciada contra o devedor, poderá o fiador promover-lhe o
andamento" (e não propor a execução). A letra “d” está correta nos termos do art.
836, CC. Finalmente a letra “e” está correta, pois ela se encaixa em uma das
hipóteses previstas no art. 838, CC. Gabarito: “C”.

62) (FCC – TJ/CE – Juiz de Direito – 2014) Analise as assertivas a seguir:


I. Prestada a fiança por quem seja casado sob o regime da comunhão universal
de bens, sem anuência do outro cônjuge, esse contrato é nulo.
II. São partes no contrato de fiança o fiador e o devedor da obrigação principal.
III. A fiança que exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa que ela, não
valerá senão até o limite da obrigação afiançada.
IV. Não se pode estipular fiança sem o consentimento do devedor.
V. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a nulidade
resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor e que não se trate de
mútuo feito a menor.
Sobre o contrato de fiança, é CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) III e V.
(B) I e V.
(C) III e IV.
(D) I e II.
(E) II e III.
COMENTÁRIOS. O item I, embora seja discutível, está errado. Há quem sustente
a nulidade do contrato. Até porque, estabelece a Súmula 332 do STJ: “A fiança
prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da
garantia”. No entanto, o art. 1.649, combinado com o 1.647, III, ambos do CC,
preveem claramente que a fiança dada sem a outorga conjugal é ato anulável.
Além disso, o art. 176, CC confirma a anulabilidade ao dispor: "Quando a
anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se
este a der posteriormente". No caso o ato poderia ser validado caso o cônjuge
que não deu a outorga o fizesse posteriormente. O item II está errado. Fiança é
o contrato por meio do qual uma pessoa (fiador), garante com seu patrimônio a
satisfação de um credor, caso o devedor principal (aquele que contraiu a dívida)
não a solva em seu vencimento. Portanto, trata-se de negócio entabulado entre
credor e fiador, sendo que o devedor não faz parte dessa relação. Tanto assim que
nem é necessário o seu consentimento para que o contrato se concretize (art. 820,
CC). O item III está correto nos termos do art. 823, CC. O item IV está errado,
pois estabelece o art. 820, CC que pode se estipular a fiança, ainda que sem
consentimento do devedor ou contra a sua vontade. O item V está certo nos
termos do art. 824 e seu parágrafo único, CC. Gabarito: “A” (estão corretos os
itens III e V).

63) (ACEP – BNB – Analista Bancário – 2014) Sobre contrato de fiança,


assinale a alternativa CORRETA.

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(A) a fiança, espécie de garantia fidejussória, dar-se-á de forma escrita ou
verbal, mas não admite interpretação extensiva.
(B) pode-se estipular a fiança, ainda que sem o consentimento do devedor ou
contra sua vontade.
(C) somente as dívidas presentes podem ser objeto de fiança.
(D) a fiança não pode ser dada em valor inferior ao da obrigação principal, nem
ser contraída em condições menos onerosas.
(E) ainda que o fiador tome-se insolvente ou incapaz, o credor não poderá exigir
que seja substituído.
COMENTÁRIOS. A letra "a" está errada, pois a fiança somente pode ser escrita.
Art. 819, CC: A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
A letra "b" está correta nos termos do art. 820, CC. A letra "c" está errada, pois
estabelece o art. 821, CC: As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o
fiador, neste caso, não será demandado senão depois que se fizer certa e líquida
a obrigação do principal devedor. A letra "d" está errada, pois dispõe o art. 823,
CC: A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e contraída em
condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida,ou for mais
onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada. A letra
"e" está errada, pois prevê o art. 826, CC: Se o fiador se tornar insolvente ou
incapaz, poderá o credor exigir que seja substituído. Gabarito: “B”.

64) (FCC – SEGEP/MA – Procurador do Estado – 2016) Fábio locou imóvel


residencial para Cláudio. Luiz afiançou o contrato, embora contra a
vontade de Cláudio e em valor inferior ao da obrigação principal,
renunciado ao benefício de ordem. Tal contrato é
(A) inválido, pois, embora a fiança possa ser estipulada contra a vontade do
devedor, e em valor inferior ao da obrigação principal, é nula a renúncia ao
benefício de ordem, tendo em vista que a fiança não pode receber interpretação
extensiva.
(B) válido, pois a fiança pode ser estipulada mesmo contra a vontade do devedor
e em valor inferior ao da obrigação principal, e havendo renunciado ao benefício
de ordem, Luiz terá direito de exigir sejam excutidos, antes dos seus, os bens do
devedor.
(C) inválido, pois a fiança, assim como qualquer contrato, não pode ser estipulada
contra a vontade de uma das partes.
(D) inválido, pois, embora a fiança possa ser estipulada contra a vontade do
devedor, deve necessariamente compreender o valor integral da obrigação
principal.
(E) válido, pois a fiança pode ser estipulada mesmo contra a vontade do devedor
e em valor inferior ao da obrigação principal, mas havendo renunciado ao
benefício de ordem, Luiz não terá direito de exigir sejam excutidos, antes dos
seus, os bens do devedor.
COMENTÁRIOS. O contrato é válido. Art. 820, CC: “Pode-se estipular a fiança,
ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade”. Art. 823,

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CC: “A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e contraída em
condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da dívida, ou for mais
onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da obrigação afiançada”. Benefício
de ordem é o direito que o fiador tem de exigir que sejam primeiro executados os
bens do devedor (art. 827, CC). No entanto afirma o art. 828, CC: Não aproveita
este benefício ao fiador: I. se ele o renunciou expressamente. Gabarito: “E”.

65) (FCC – TRE/SP – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2017) A


respeito da fiança, considere:
I. Pode ser estipulada na forma verbal, desde que na presença de, ao menos,
duas testemunhas.
II. Pode ser estipulada ainda que contra a vontade do devedor.
III. Não pode ser de valor inferior ao da obrigação principal.
IV. Não admite interpretação extensiva.
Está correto o que consta APENAS em
(A) II e IV.
(B) II e III.
(C) I e IV.
(D) I e II.
(E) I e III.
COMENTÁRIOS. Art. 818, CC: Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante
satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a
cumpra. Item I, incorreto. Art. 819, CC: A fiança dar-se-á por escrito, e não
admite interpretação extensiva. Item II, correto. Art. 820, CC: Pode-se estipular
a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade. Item
III, incorreto. Art. 823, CC: A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação
principal e contraída em condições menos onerosas, e, quando exceder o valor da
dívida, ou for mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da obrigação
afiançada. Item IV, correto, pelo mesmo motivo citado no item I (art. 819, CC,
in fine). Gabarito: “A” (corretos somente os itens II e IV).

66) (FCC – TRE/TO – Analista Judiciário – 2011) Em regra, no seguro de


dano, a transferência do contrato a terceiro com a alienação ou cessão do
interesse segurado é
(A) vedada pelo Código Civil brasileiro em atenção aos princípios da transparência
e da boa-fé objetiva.
(B) admitida, sendo que, se o instrumento contratual é nominativo, a
transferência produz efeitos em relação ao segurador imediatamente, sendo
desnecessário aviso escrito.
(C) admitida, sendo que a apólice ou o bilhete à ordem se transfere por endosso
em branco.
(D) admitida, sendo que a apólice ou o bilhete à ordem só se transfere por
endosso em preto, datado e assinado pelo endossante e pelo endossatário.

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(E) admitida, sendo que se o instrumento contratual é nominativo, a
transferência produz efeitos em relação ao segurador após dez dias úteis da
efetivação da transferência, sendo desnecessário aviso escrito.
COMENTÁRIOS. Prevê o art. 785 e seu §2°, CC que: “Salvo disposição em
contrário, admite-se a transferência do contrato a terceiro com a alienação ou
cessão do interesse segurado. §2° A apólice ou o bilhete à ordem só se transfere
por endosso em preto, datado e assinado pelo endossante e pelo endossatário”.
Gabarito: “D”.

67) (FCC – TRE/RO – Analista Judiciário – 2013) Paulo celebrou contrato de


seguro de dano com uma determinada seguradora que opera no mercado
nacional, envolvendo um veículo de passeio. Alguns meses depois, a esposa de
Paulo, Larissa, dirigindo outro veículo da família, segurado com outra seguradora,
ao manobrá-lo na garagem da residência onde residem, colide violentamente e
culposamente contra o veículo segurado de propriedade de Paulo. Paulo, então,
aciona a seguradora de seu veículo após o acidente e recebe o valor da
indenização, nos termos previstos em contrato. Neste caso, a seguradora do
veículo de Paulo
(A) não terá direito à sub-rogação, pois a causadora do sinistro é esposa do
segurado.
(B) terá direito à sub-rogação e poderá exercer direito regressivo contra Larissa,
causadora do sinistro.
(C) terá o direito à sub-rogação e poderá exercer direito regressivo contra
Larissa, causadora do sinistro, mas poderá exigir apenas o pagamento de 50%
do valor da indenização que pagou para o segurado.
(D) terá o direito à sub-rogação e poderá exercer direito regressivo contra
Larissa, causadora do sinistro, mas poderá exigir apenas o pagamento de 25%
do valor da indenização que pagou para o segurado.
(E) terá direito à sub-rogação e poderá exercer direito regressivo contra Larissa,
causadora do sinistro, mas poderá exigir apenas o pagamento de 75% do valor
da indenização que pagou para o segurado.
COMENTÁRIOS. Trata-se de um dispositivo muito específico do Código Civil.
Segundo o art. 786, CC se a empresa seguradora pagar a indenização ao
segurado, ela se sub-roga, nos limites do valor da indenização, nos direitos e ações
contra o autor do dano. Porém o §1° deste dispositivo estabelece uma exceção:
“Salvo dolo, a sub-rogação não tem lugar se o dano foi causado pelo cônjuge do
segurado, seus descendentes ou ascendentes, consanguíneos ou afins”. Portanto,
no caso concreto, como o examinador deixou claro que não houve dolo (mas sim
apenas culpa), simplesmente não será hipótese de sub-rogação por parte da
seguradora, não havendo direito de regresso contra Larissa, pois ela é esposa de
Paulo. Também pouco importa o regime de bens em que eles são casados.
Gabarito: “A”.

68) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2013) No seguro de vida ou de


acidentes pessoais para o caso de morte,

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(A) é obrigatória a indicação de beneficiário, sob pena de ineficácia, revertendo
o prêmio pago à herança do segurado falecido.
(B) o capital estipulado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera
herança para todos os efeitos de direito.
(C) o capital segurado só pode ser pago a herdeiros legítimos, não se admitindo
a indicação de pessoa estranha à ordem de vocação hereditária para recebê-lo.
(D) a indenização sempre beneficiará o cônjuge sobrevivente casado sob o
regime da comunhão universal ou parcial de bens.
(E) o capital estipulado só fica sujeito às dívidas do segurado que gozem de
privilégio geral ou especial.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o art. 792, CC estabelece que na
falta de indicação da pessoa ou beneficiário (...) o capital segurado será pago por
metade ao cônjuge não separado judicialmente e o restante aos herdeiros do
segurado. A letra “b” está correta nos exatos termos do art. 794, CC. A letra “c”
está errada, pois segundo o art. 789, CC o capital segurado pode ser livremente
estipulado pelo proponente, portanto, ele pode preterir seus herdeiros em favor
de estranhos. A letra “d” está errada, pois não é obrigatório que o cônjuge seja
um dos beneficiários e muito menos a espécie de regime de bens adotado. A letra
“e” está errado, pois como já afirmado, o capital estipulado não fica sujeito a
qualquer dívida do segurado. Gabarito: “B”.

69) (CONSULPAN – BANESTES – Assistente Jurídico – 2013) Sobre o


tratamento que o Código Civil dá ao tema “Seguros”, marque a
afirmativa INCORRETA.
(A) no seguro de pessoas, a apólice ou o bilhete não pode ser ao portador.
(B) o segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco
objeto do contrato.
(C) o fato de se não ter verificado o risco, em previsão do qual se faz o seguro,
exime o segurado de pagar o prêmio.
(D) nulo será o contrato para garantia de risco proveniente de ato doloso do
segurado, do beneficiário, do representante de um ou de outro.
(E) o contrato de seguro prova - se com a exibição da apólice ou do bilhete do
seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do
respectivo prêmio.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. Art. 760, parágrafo único, CC: No seguro
de pessoas, a apólice ou o bilhete não podem ser ao portador. A letra “b” está
correta. Art. 768, CC: O segurado perderá o direito à garantia se agravar
intencionalmente o risco objeto do contrato. A letra “c” está errada. Art. 764:
Salvo disposição especial, o fato de se não ter verificado o risco, em previsão do
qual se faz o seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio. A letra “d”
está correta. Art. 762, CC: Nulo será o contrato para garantia de risco proveniente
de ato doloso do segurado, do beneficiário, ou de representante de um ou de
outro. A letra “e” correta. Art. 758, CC: O contrato de seguro prova-se com a

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exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento
comprobatório do pagamento do respectivo prêmio. Gabarito: “C”.

70) (TRT/9ª Região/PR – Magistratura do Trabalho – 2012) Edilson Valente


contratou em 4/11/2000 apólice de seguro com Mutualidade de Curitiba Vida e
Previdência S/A no valor de R$ 42.000,00, indicando como beneficiária sua esposa
Magna Pimenta Valente. No contrato, havia cláusula prevendo que para o
recebimento da indenização seria necessário o implemento de todas as
contribuições vencidas anteriormente ao evento coberto. Edilson pagou
tempestivamente as parcelas mensais relativas ao seguro até 30/4/2009. De maio
a outubro de 2009, deixou de pagar essas parcelas. No dia 20/11/2009, Edilson
quitou todas as parcelas atrasadas com as respectivas multas, juros e correção
monetária. A Mutualidade de Curitiba Vida e Previdência S/A, contudo, devolveu
os valores pagos a Edilson, sob o fundamento de que o contrato fora cancelado
administrativamente, embora não tenha avisado anteriormente a Edilson. Edilson
veio a falecer em 10/02/2010. Analise as proposições abaixo:
I. Magna não faz jus à indenização, visto que era necessário que o implemento
de todas as contribuições vencidas fosse anterior ao evento coberto (morte de
Edilson), conforme previsão contratual.
II. Magna não faz jus à indenização, ainda, porque Edilson antes de falecer foi
constituído em mora, o que confere validade à cláusula contratual referida.
III. O mero atraso no pagamento de prestação do prêmio do seguro não
importa em desfazimento automático do contrato, para o que se exige, ao
menos, a prévia constituição em mora do contratante pela seguradora,
mediante interpelação, o que, no caso, não ocorreu.
IV. Incide a teoria do adimplemento substancial, que visa a impedir o uso
desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, em prol da
preservação da avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé e da
função social do contrato.
Assinale a alternativa CORRETA, conforme a jurisprudência dominante
nos Tribunais Superiores e considerado o princípio da boa-fé objetiva:
(A) apenas a proposição IV é correta.
(B) apenas a proposição I é correta,
(C) apenas as proposições III e IV são corretas.
(D) apenas a proposição III é correta.
(E) apenas as proposições I e II são corretas.
COMENTÁRIOS. Os itens I e II estão errados. Conforme consta do cabeçalho da
questão, quando Edilson faleceu estava em dia com a seguradora. Isto porque em
2009 quitou todas as parcelas atrasadas com as respectivas multas, juros e
correção monetária. Além disso, segundo a própria questão Edilson não foi
constituído em mora; ao contrário, o contrato foi cancelado administrativamente
sem que Edilson fosse avisado anteriormente. Por outro lado, os itens III e IV
estão corretos. Segundo jurisprudência do STJ, no caso de contrato de seguro, o
simples atraso no pagamento do prêmio não é o bastante para a suspensão da

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cobertura e consequente negativa da indenização, mostrando-se necessária a
interpelação do devedor para lhe dar oportunidade de acertar os atrasados. Como
isso não ocorreu no caso, Magda tem o direito de receber o valor da indenização.
Até porque, como se nota, no momento da morte de Edilson o mesmo estava em
dia com a seguradora A faculdade que o credor tem de simplesmente resolver o
contrato, diante do inadimplemento do devedor, deve ser reconhecida com
cautela, sobretudo quando evidente o desequilíbrio financeiro entre as partes
contratantes. Assim, deve-se aferir, também, a legitimidade da resolução do
contrato, de modo a respeitar os princípios da função social e da boa-fé objetiva.
Gabarito: “C” (apenas os itens III e IV estão corretos).

71) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) Marcel


abalroou o veículo de Henrique, que sofreu danos materiais. Visando à
reparação do dano, Henrique acionou direta e exclusivamente a
seguradora de Marcel. De acordo com o Código Civil e com jurisprudência
consolidada do Superior Tribunal de Justiça,
(A) não pode Henrique acionar direta e exclusivamente a seguradora.
(B) o Juiz deverá, de ofício, incluir no polo passivo da ação a pessoa de Marcel,
o qual responderá, solidariamente com a seguradora, pelos danos que houver
causado culposamente a Henrique.
(C) a obrigação da seguradora é aferida independentemente da responsabilidade
civil do segurado.
(D) a seguradora responderá de maneira objetiva, no âmbito de referida ação,
se ficar comprovado que Marcel agiu com culpa.
(E) a seguradora responderá de maneira objetiva, no âmbito de referida ação,
independentemente de prova de que Marcel agiu com culpa.
COMENTÁRIOS. Segundo entendimento pacífico do STJ, o terceiro prejudicado
não pode ajuizar, direta e exclusivamente, ação judicial em face da
seguradora do causador do dano (REsp 962.230-RS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão). Súmula 529, STJ: No seguro de responsabilidade civil facultativo, não
cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em
face da seguradora do apontado causador do dano. Gabarito: A.

72) (FCC – TRF/3ª Região – Analista Judiciário – 2014) No tocante ao


depósito, considere as seguintes assertivas:
I. O depósito necessário não se presume gratuito.
II. Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir
quando exigido será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a dois
anos.
III. No depósito voluntário, em regra, a restituição da coisa deve dar-se no
lugar em que tiver de ser guardada. As despesas de restituição correm por
conta do depositante.
IV. No depósito voluntário, o depositante é obrigado a pagar ao depositário as
despesas feitas com a coisa, e os prejuízos que do depósito provierem.

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De acordo com o Código Civil brasileiro, está CORRETO o que consta
APENAS em
(A) III e IV.
(B) I, II e III.
(C) II e IV.
(D) I.
(E) I, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 651, CC: “O depósito
necessário não se presume gratuito”. O item II está errado por dois motivos.
Primeiro porque o art. 652, CC estabeleces que “Seja o depósito voluntário ou
necessário, o depositário que não o restituir quando exigido será compelido a fazê-
lo mediante prisão não excedente a um ano (e não dois como afirmado na
questão), e ressarcir os prejuízos. Segundo porque o Supremo Tribunal Federal
aprovou a Súmula Vinculante n° 25 nos seguintes termos: “É ilícita a prisão civil
de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.” Ou seja,
segundo esta súmula o art. 652, CC encontra-se revogado. O item III está correto
nos termos do art. 631, CC: “Salvo disposição em contrário, a restituição da coisa
deve dar-se no lugar em que tiver de ser guardada. As despesas de restituição
correm por conta do depositante”. O item IV está correto nos termos do art. 643,
CC: “O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas com a
coisa, e os prejuízos que do depósito provierem”. Gabarito: “E” (estão corretos
os itens I, III e IV).

73) (FCC – PGE/RO – Procurador do Estado de Rondônia – 2012) A prisão


civil do inadimplente em se tratando de depósito e de alienação fiduciária
em garantia
(A) nunca foi admitida pelo Supremo Tribunal Federal, porquanto sempre se
reconheceu a inconstitucionalidade superveniente do Decreto-Lei n° 911/69.
(B) é possível, haja vista que a Constituição Federal de forma expressa equipara
o alienante fiduciário à figura do depositário infiel, conforme sedimentado pela
Súmula Vinculante n° 25.
(C) não é mais admissível em razão de entendimento sumulado de forma
vinculante pelo Supremo Tribunal Federal.
(D) é admitida pelo Supremo Tribunal Federal, haja vista que o Decreto-Lei n°
911/69 não pode ser oposto ao texto expresso da Constituição Federal que
admite a responsabilidade corporal do depositário infiel.
(E) é possível, haja vista a recepção do disposto no Decreto-Lei n° 911/69, o
qual equipara o devedor à figura do depositário infiel, conforme entendimento
sumulado pelo Supremo Tribunal Federal.
COMENTÁRIOS. Embora ainda haja a previsão da prisão civil na lei, o STF editou
a Súmula Vinculante n° 25: “É ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade de depósito”. Gabarito: “C”.

74) (FCC – SEFAZ/PI – Auditor Fiscal da Fazenda Estadual – 2015) De


acordo com o Código Civil, o depósito

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(A) obriga a restituição da coisa, em regra, no lugar em que tiver sido celebrado
o negócio, ainda que não seja o mesmo em que a coisa tenha sido guardada.
(B) transfere ao depositário o domínio de bem móvel e necessariamente
infungível.
(C) obriga o depositário a pagar as despesas feitas com a coisa.
(D) é oneroso, em regra.
(E) não autoriza o depositário a servir-se da coisa depositada, salvo licença
expressa do depositante.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 631, CC: “Salvo
disposição em contrário, a restituição da coisa deve dar-se no lugar em que tiver
de ser guardada”. A letra “b” está errada, pois nos termos do art. 627, CC o
depositário deverá apenas guardar a coisa que lhe foi confiada, e, ao final do
contrato, tem a obrigação de restituir a coisa depositada. Portanto não há a
transferência do domínio (propriedade da coisa). Além disso, o depósito deve
recair sobre coisas móveis e infungíveis. No entanto o próprio art. 645, CC admite
o depósito de coisas fungíveis, sendo que nesse caso serão aplicadas as regras do
mútuo. Art. 645, CC: “O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se
obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-
á pelo disposto acerca do mútuo”. A doutrina chama isso de depósito irregular. A
letra “c” está errada, pois determina o art. 643, CC que o depositante é obrigado
a pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa, e os prejuízos que do
depósito provierem. A letra “d” está errada, pois prescreve o art. 628, CC que o
contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se
resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão. A
letra “e” está correta nos termos do art. 640, CC: “Sob pena de responder por
perdas e danos, não poderá o depositário, sem licença expressa do depositante,
servir-se da coisa depositada, nem a dar em depósito a outrem”. Gabarito: “E”.

75) (FCC – TRT/18a Região/GO – Magistratura do Trabalho – 2012)


Considere:
I. O contratado é obrigado a ter na guarda e conservação do objeto do contrato
o cuidado e a diligência que costuma ter com o que lhe pertence, bem como a
devolvê-lo, com todos os frutos e acrescidos, quando o exija o contratante.
II. Nos contratos bilaterais, antes de cumprida a sua obrigação, nenhum dos
contratantes pode exigir o implemento da obrigação do outro.
III. Quando estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior,
pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula
especial ou simplesmente à mora.
As afirmações I, II e III correspondem, respectivamente, aos institutos:
(A) contrato de depósito, exceção do contrato não cumprido e cláusula penal.
(B) contrato de comodato, purgação da mora e cláusula resolutória expressa.
(C) contrato de mútuo, exceção do contrato não cumprido e cláusula resolutória
expressa.

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(D) contrato de depósito, cláusula resolutória expressa e cláusula penal.
(E) contrato de locação, cláusula resolutória expressa e cláusula penal.
COMENTÁRIOS. A afirmação I está prevista no art. 629, CC quando se refere ao
contrato de depósito. A afirmação II é o que a doutrina chama de exceptio non
adimpleti contractus (exceção de contrato não cumprido), previsto no art. 476,
CC. E a afirmação III está prevista no art. 409, CC referindo-se à cláusula penal.
Gabarito: “A”.

76) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) Relativos ao


mandato, considere:
I. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser
praticado. Admite-se mandato verbal mesmo que o ato deva ser celebrado por
escrito, dado o caráter não solene do contrato.
II. A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução.
III. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser
mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade
com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores.
Está CORRETO o que consta em
(A) II, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
COMENTÁRIOS. O item I está errado. Segundo o art. 657, CC: “A outorga do
mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se
admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito”. O item II
está correto nos exatos termos do art. 659, CC. O item III está correto segundo
o texto literal do art. 666, CC. Gabarito: “D” (estão corretas as afirmativas II e
III).

77) (UEPA – Procurador Autárquico e Fundacional – SEAD/PA – 2013)


Sobre o mandato, é CORRETO afirmar que:
I. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
II. O maior de dezesseis anos e menor de dezoito anos não emancipado não
pode ser mandatário.
III. O mandatário pode compensar os prejuízos a que deu causa com os
proveitos que tenha granjeado ao seu constituinte.
IV. Conferido o mandato com a cláusula “em causa própria”, a sua revogação
não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes.
Das afirmativas acima estão CORRETAS:
(A) I e II.
(B) II e III.

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(C) III e IV.
(D) I e IV.
(E) I, II, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I esta correto nos termos do art. 656, CC. O item II está
errado, pois estabelece o art. 666, CC que o maior de dezesseis e menor de dezoito
anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra
ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações
contraídas por menores. O item III está errado, pois o art. 669, CC prevê que o
mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos
que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte. O item IV está correto
nos termos do art. 685, CC. Gabarito: “D” (estão corretos os itens I e IV).

78) (FGV – Exame Unificado da OAB – 2013) De acordo com o Código Civil,
opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em nome
deste, praticar atos ou administrar interesses. Daniel outorgou a Heron, por
instrumento público, poderes especiais e expressos, por prazo indeterminado,
para vender sua casa na Rua da Abolição, em Salvador, Bahia. Ocorre que, três
dias depois de lavrada e assinada a procuração, em viagem para um congresso
realizado no exterior, Daniel sofre um acidente automobilístico e vem a falecer,
quando ainda fora do país. Heron, no mesmo dia da morte de Daniel, ignorando o
óbito, vende a casa para Fábio, que a compra, estando ambos de boa-fé. De
acordo com a situação narrada, assinale a afirmativa CORRETA.
(A) a compra e venda é nula, em razão de ter cessado o mandato
automaticamente, com a morte do mandante.
(B) a compra e venda é válida, em relação aos contratantes.
(C) a compra e venda é inválida, em razão de ter o mandato sido celebrado por
prazo indeterminado, quando deveria, no caso, ter termo certo.
(D) a compra e venda é anulável pelos herdeiros de Daniel, que podem escolher
entre corroborar o negócio realizado em nome do mandante falecido, revogá-lo,
ou cobrar indenização do mandatário.
COMENTÁRIOS. De fato, a morte é uma forma de extinção do mandato (art. 682,
II, CC). No entanto, no caso apresentado, como Heron não sabia do óbito de Daniel
e vendeu a casa dele para Fábio, sendo que ambos os contratantes agiram de boa-
fé, contrato de compra e venda é considerado válido. A propósito, dispõe o art.
689, CC: São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os atos com estes
ajustados em nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte
daquele ou a extinção do mandato, por qualquer outra causa. Gabarito: “B”.

79) (FCC – TCE/AP – Procurador – 2014) O mandato com a cláusula em


causa própria
(A) poderá dispensar o mandatário de prestar contas.
(B) é revogável.
(C) extingue-se pela morte de qualquer das partes.

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(D) não autoriza a transferência de bens móveis objeto do mandato para o
mandatário.
(E) não autoriza a transferência de bens imóveis objeto do mandato para o
mandatário.
COMENTÁRIOS. Mandato com a cláusula "em causa própria", também
denominado como in rem propriam ou in rem suam é uma modalidade de cessão
indireta de direitos, estipulada no interesse exclusivo do mandatário. Segundo o
art. 685, CC: Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua
revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes,
ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si
os bens móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.
Gabarito: “A”.

80) (FCC – TRF/2ª Região/RJ e ES – Analista Judiciário – 2012) O


mandato
(A) não pode ser verbal, mas pode ser tácito ou expresso, desde que por escrito.
(B) não pode se referir a todos os negócios do mandante, devendo indicar um ou
alguns negócios pré-determinados.
(C) é um contrato sinalagmático e intuito personae e pode ser oneroso e gratuito.
(D) com cláusula "em causa própria" será extinto por meio da revogação, bem
como pela morte de qualquer das partes.
(E) que contiver cláusula de irrevogabilidade não poderá, em qualquer hipótese,
ser extinto pela revogação.
COMENTÁRIOS. De fato, o mandato é um contrato sinalagmático (isto é,
bilateral: gera efeitos tanto para o mandante quanto para o mandatário; há uma
reciprocidade das vontades, tanto que ele exige a aceitação, ainda que tácita –
art. 659, CC), intuito personae (celebrado em consideração à idoneidade técnica
e moral do mandatário), podendo ser oneroso (regra) ou gratuito (art. 658, CC).
A letra “a” está errada. O art. 656, CC estabelece que o mandato pode ser
expresso ou tácito, verbal ou escrito. Há a exigência de mandato escrito, porém o
art. 657, CC prescreve que o mandato será obrigatoriamente escrito quando a lei
assim exigir. A letra “b” está errada, pois existe o mandato geral, previsto na
segunda parte do art. 660, CC; quando o mandato que se refere a apenas um ou
alguns negócios é chamado de mandato especial (art. 660, primeira parte). A letra
“d” está errada, pois esse é exatamente o tipo de mandato que não pode ser
extinto pela revogação, nem pela morte (art. 685, CC). A letra “e” está errada,
pois esta espécie admite a revogação; mas se ela ocorrer o mandante pagará por
eventuais perdas e danos. Gabarito: ”C”.

81) (FCC – TRF/5ª Região – Analista Judiciário – 2012) Sobre o mandato,


é CORRETO afirmar:
(A) o mandatário não tem direito de retenção sobre a coisa de que tenha a posse
em virtude do mandato, pelo reembolso do que no desempenho do encargo
despendeu.

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(B) a morte do mandante não faz cessar imediatamente o mandato quando o
negócio já houver começado e houver perigo na demora.
(C) o terceiro com quem o mandatário tratar os negócios do mandante não
poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida.
(D) quando o mandato for outorgado por instrumento público, não se poderá
substabelecer por instrumento particular.
(E) a conclusão do negócio atribuído ao mandatário não é causa determinante
para a cessação do mandato.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois de acordo com o art. 681, CC: O
mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do mandato, direito
de retenção, até se reembolsar do que no desempenho do encargo despendeu. A
letra “b” está certa, nos termos do art. 674, CC: Embora ciente da morte,
interdição ou mudança de estado do mandante, deve o mandatário concluir o
negócio já começado, se houver perigo na demora. A letra “c” está errada, pois
de acordo com o art. 654, §2°, CC, o terceiro com quem o mandatário tratar
poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida. A letra “d” está errada,
pois de acordo com o art. 655, CC, ainda quando se outorgue mandato por
instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular.
Finalmente a letra “e” também está errada, de acordo com o art. 682, IV, CC,
cessa o mandato (...) pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.
Gabarito: “B”.

82) (FCC – TRF/5ª Região – Analista Judiciário – 2012) NÃO constitui


causa para a cessação do mandato,
(A) a revogação dos poderes outorgados ao mandatário, pelo mandante.
(B) a morte do mandante.
(C) o resultado insatisfatório do mandato judicial sem culpa do mandatário.
(D) a mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes.
(E) o término do prazo estabelecido na procuração para a conclusão do negócio.
COMENTÁRIOS. A letra “c” é a única que não está prevista no art. 682, CC.
Interessante acrescentar que um advogado, como profissional liberal, tem
responsabilidade contratual perante o seu cliente, cujo vínculo decorre do
mandato judicial celebrado com o seu constituinte. Assim, é indispensável, para a
apuração da responsabilidade profissional do advogado, a análise do conteúdo
obrigacional, pois o mesmo não tem o dever de sair vitorioso na causa, ou seja, a
sua obrigação é de meio e não de resultado. Obrigação de meio é aquela em que
o devedor se obriga tão somente a usar de prudência e diligência na prestação do
serviço para atingir um resultado, sem, contudo, se obrigar ou se vincular a obtê-
lo. Gabarito: “C”.

83) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Magistratura do Trabalho – 2012) O


mandato outorgado com permissão expressa de substabelecimento:
(A) implica responsabilização do mandatário na hipótese do substabelecido ser
notoriamente inabilitado para a prática dos atos necessários à execução do
mandato.

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(B) sempre desonera o mandatário de qualquer responsabilidade quanto aos atos
do substabelecido.
(C) impossibilita o mandante de exigir prestação de contas do mandatário,
devendo fazê-lo apenas com relação ao substabelecido.
(D) gera responsabilidade do mandatário pelos prejuízos ocorridos sob a gerência
do substabelecido, ainda que proveniente de caso fortuito.
(E) é nulo porque transfere a terceiro a obrigação principal do contrato.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 667, §2°, CC que “havendo poderes de
substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos causados pelo
substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas instruções dadas
a ele”. Como a alternativa fala que houve o substabelecimento para pessoa
notoriamente inabilitada, é evidente que houve culpa na escolha, devendo o
mandatário ser responsabilizado. Gabarito: ”A”.

84) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2014) Sobre


o mandato, é correto afirmar que
(A) ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode
substabelecer-se mediante instrumento particular.
(B) o mandato em termos gerais confere poderes de administração, bem como
para alienar bens móveis e transigir, dependendo o mandatário de poderes
especiais e expressos para alienar e hipotecar bens imóveis.
(C) o mandato presume-se oneroso, salvo estipulação contrária prevendo sua
gratuidade.
(D) o mandato pode ser expresso ou tácito, mas sua aceitação deverá ser sempre
expressa.
(E) a outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser
praticado, admitido mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 655, CC: Ainda
quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se
mediante instrumento particular. A letra “b” está errada, pois dispõe o art. 661,
CC. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração. §1° Para
alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da
administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.
A letra “c” está errada. Prevê o art. 658, CC que: O mandato presume-se gratuito
quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto
corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa.
A letra “d” está errada, tendo-se e vista a combinação de dois dispositivos. Art.
656, CC: O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito. Art. 659, CC:
A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução. A letra
“e” está errada, pois determina o art. 657, CC que: A outorga do mandato está
sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato
verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito. Gabarito: “A”.

85) (FCC – TJ/GO – Juiz de Direito – 2015) Já muito idosa, porém lúcida,
Vera outorgou mandato para que seu filho José passasse a realizar, em

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seu nome, negócios em geral. Na posse do instrumento de mandato, José
alienou bem imóvel de propriedade de Vera, partilhando o produto da
venda com seus irmãos. Em relação a Vera, o ato é
(A) ineficaz, salvo ratificação expressa, que retroagirá à data do ato.
(B) eficaz apenas se a partilha entre os filhos tiver se dado por igual.
(C) eficaz, pois estava lúcida no momento da outorga do mandato.
(D) ineficaz e não passível de ratificação.
(E) ineficaz, salvo ratificação expressa, que produzirá efeitos a partir dela.
COMENTÁRIOS. Inicialmente é de se esclarecer que José extrapolou os poderes
do mandato. Isso porque o mandato que Vera conferiu foi para “poderes em
geral”. Segundo o art. 661, CC, o mandato em termos gerais só confere poderes
de administração. §1° Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros
quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária, depende a procuração
de poderes especiais e expressos. Dessa forma, deve-se aplicar o art. 662, CC que
dispõe: Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes
suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados,
salvo se este os ratificar. Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou
resultar de ato inequívoco, e retroagirá à data do ato. Gabarito: “A”.

86) (FCC – TRT/14ª Região/RO/AC – Analista Judiciário – 2016) Analise


as seguintes assertivas sobre o contrato de mandato, de acordo com o
que estabelece o Código Civil:
I. A ratificação de atos praticados por quem não tenha o mandato, ou o tenha
sem poderes suficientes, deverá ser expressa, ou resultar de ato inequívoco,
e produzirá efeitos a partir da data da ratificação.
II. Para administração ordinária e para transigir o mandatário dependerá de
procuração com poderes especiais ou expressos.
III. O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os
proveitos que, por outro lado, tenha obtido com esforço ao seu constituinte.
Está correto o que se afirma em
(A) II e III, apenas.
(B) I, II e III.
(C) I e II, apenas.
(D) III, apenas.
(E) I, apenas.
COMENTÁRIOS. O item I está errado. Art. 662, CC: Os atos praticados por quem
não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação
àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar. Parágrafo único.
A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagirá à
data do ato. O item II está errado, pois para a administração ordinária não se
exige procuração com poderes especiais ou expressos. Art. 661, CC: O mandato
em termos gerais só confere poderes de administração. §1°. Para alienar,

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hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da
administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e
expressos. O item III está correto nos exatos termos do art. 669, CC. Gabarito:
“D”.

87) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2016)


Necessitando, com urgência, comprar remédios muito caros para o tratamento de
um doença da qual padecia e não possuindo rendas ou economias para tanto, o
proprietário de certo imóvel o alienou a terceiro por cerca de 1/5 de seu valor de
mercado. Agravando-se o quadro do mesmo ex-proprietário cerca de três anos
após a alienação, seu procurador, constituído por escritura pública para
representá-lo em todos os atos da vida civil enquanto estivesse em nosocômio,
substabeleceu a procuração por instrumento particular e o substabelecido
ajuizou ação em face de terceiro para anulação da alienação do imóvel,
depositando em juízo, à disposição do mesmo terceiro, o valor recebido pelo
falecido pela venda do imóvel, com juros e correções legais. Nesse caso,
(A) teria ocorrido já decadência do direito de promover a referida ação.
(B) o substabelecido poderia mover a ação e o fundamento dela seria a lesão
sofrida pelo vendedor.
(C) a compra e venda já estaria perfeita e acabada quando em nosocômio o
vendedor, não havendo fundamento legal para a anulação, se ele era maior e
capaz ao tempo do negócio.
(D) o substabelecido seria representante da parte legítima e o fundamento da
ação seria a venda efetuada durante estado de perigo.
(E) para que o substabelecido pudesse promover a ação, seria necessário que o
substabelecimento também tivesse sido feito por instrumento público.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. No caso concreto ocorreu o vício da lesão,
uma vez que alienou seu imóvel por 1/5 do valor real para a compra de remédios
para tratamento de sua doença. Art. 157, CC: “Ocorre a lesão quando uma pessoa,
sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta”. Nesse caso o
prazo decadencial é de quatro anos (e não três como constou na alternativa).
Art. 178, CC: É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação
do negócio jurídico, contado: (...) II. no de erro, dolo, fraude contra credores,
estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico. Letra B,
correta. A pessoa lesada constituiu um procurador e este substabeleceu os
poderes recebidos. Portanto o substabelecido poderia ingressar com a demanda
baseado no fato da lesão sofrida pelo vendedor. Acrescente-se que, nos termos
do art. 655, CC: Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público,
pode substabelecer-se mediante instrumento particular. Letra C, incorreta.
Ainda que o vendedor seja maior e capaz e somente estava em nosocômio
(hospital) após a realização do negócio, como vimos, houve a lesão, vício de
consentimento, previsto no art. 157, CC. Letra D, incorreta. De fato, o
substabelecido é o representante da parte legítima (vendedor). No entanto o
fundamento da ação é a venda efetuada sob o vício da lesão (e não estado de
perigo). E isso, basicamente, por dois motivos. No estado de perigo (art. 156, CC)

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exige-se o requisito “premido da necessidade de salvar-se”. A questão, embora
diga que a pessoa estava doente, não afirmou que ela estava em perigo e
necessitava salvar-se. Já a lesão (art. 157, CC) apenas exige que a pessoa esteja
“sob premente necessidade”. Por isso a situação encaixa-se melhor na situação da
lesão. Além disso, o estado de perigo (ao contrário da lesão) exige que o “grave
dano seja conhecido pela outra parte”, sendo que esta situação não fica clara no
problema. Letra E, incorreta. Como vimos, de acordo com o art. 655, CC, ainda
quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se
mediante instrumento particular. Gabarito: B.

88) (FCC – Procurador do Município de Cuiabá – 2014) Renato contratou


André para transportá-lo onerosamente, de carro, de Cuiabá a Sorriso. No
contrato, as partes estabeleceram que, em caso de acidente causado por
terceiro, André não teria o dever de indenizar Renato. No trajeto, um
caminhão conduzido negligentemente abalroou o veículo que
transportava Renato, causando-lhe danos. Renato
(A) poderá pedir indenização contra André, pois a cláusula excludente de
responsabilidade é nula e a culpa de terceiro não afasta a responsabilidade do
transportador, que possui ação de regresso contra o causador do dano.
(B) não poderá pedir indenização contra André, pois a responsabilidade do
transportador é subjetiva.
(C) não poderá pedir indenização contra André, pois a responsabilidade do
transportador é afastada em caso de culpa de terceiro.
(D) não poderá pedir indenização contra André, pois pactuou cláusula excludente
de responsabilidade.
(E) poderá pedir indenização contra André, pois a cláusula excludente de
responsabilidade é nula e a culpa de terceiro não afasta a responsabilidade do
transportador nem lhe confere ação de regresso contra o causador do dano.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 734, CC, o transportador responde pelos danos
causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior,
sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. Complementa o art.
735, CC que a responsabilidade contratual do transportador por acidente com o
passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
Desta forma, ocorrendo um acidente por culpa de terceiro, o transportador (André)
deve indenizar o transportado (Renato) e depois acionar, de forma regressiva, o
terceiro responsável pelo acidente. Gabarito: “A”.

89) (FCC – MPE/PB – Analista Ministerial – 2015) A respeito do contrato


de transporte, considere:
I. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e
suas bagagens, salvo motivo de força maior, ou, então, se tal
responsabilidade tiver sido excluída por cláusula contratual.
II. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com
passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação
regressiva,

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III. Não se subordina às normas do contrato de transporte o feito
gratuitamente, por amizade ou cortesia.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I e III.
(D) II.
(E) I.
COMENTÁRIOS. O item I está errado. Art. 734, CC: O transportador responde
pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de
força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. O item
II está correto nos termos do art. 735, CC. O item III está correto nos termos do
art. 736, CC. Gabarito: “B”.

90) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2012) Em


relação a cada espécie de contrato é CORRETO afirmar:
(A) o mandato pode ser expresso ou tácito, mas somente se outorga por escrito,
por se tratar de contrato formal.
(B) a transação interpreta-se restritivamente, por ela transmitindo-se,
declarando e reconhecendo direitos.
(C) a compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura; neste caso, ficará
sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes
era de concluir contrato aleatório.
(D) a doação feita em contemplação do merecimento do donatário perde o
caráter de liberalidade por parte do doador.
(E) o comodato perfaz-se com a tradição do objeto e significa o empréstimo
gratuito de coisas fungíveis.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nos termos do art. 656, CC o
mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou por escrito. A letra “b” está errada,
pois segundo o art. 843, CC a transação interpreta-se restritivamente, e por ela
não se transmitem, apenas se declaram direitos. A letra “c” está correta nos
termos do art. 483, CC. A letra “d” está errada, pois nos termos do art. 540, CC,
a doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter
de liberalidade por parte do doador. A letra “e” está errada, pois nos termos do
art. 579, CC, o comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis.
Gabarito: “C”.

91) (FCC – TCE/CE – Procurador de Contas – 2015) No que se refere à


prestação de serviço, é CORRETO afirmar:
(A) Pode ser contratada somente para trabalhos lícitos de natureza material, pois
serviços imateriais são regidos somente pelas normas de direito autoral.

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(B) Pode ser estipulada por prazo indeterminado, a não ser que se destine à
execução de obra certa e determinada, caso em que a convenção deverá ser o
tempo de sua execução.
(C) Sua retribuição será paga sempre antecipadamente, salvo se ajustada em
parcelas sucessivas.
(D) Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do
contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante
prévio aviso, pode resolver o contrato.
(E) Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não
satisfaça requisitos estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar
qualquer quantia a título de retribuição.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 594, CC: Toda a espécie de serviço
ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição.
A letra “b” está errada. Art. 598, CC: A prestação de serviço não se poderá
convencionar por mais de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o
pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa e
determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o
contrato, ainda que não concluída a obra. A letra “c” está errada. Art. 597, CC: A
retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou
costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações. A letra “d” está
correta nos termos do art. 599, CC. A letra “e” está errada. Art. 606, CC: Se o
serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça
requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a
retribuição normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste
resultar benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma
compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé. Gabarito: “D”.

92) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Magistratura do Trabalho – 2014) No


tocante à prestação de serviço, é INCORRETO afirmar que
(A) não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por
arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e
sua qualidade.
(B) toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser
contratada mediante retribuição.
(C) no contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber
ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas
testemunhas.
(D) o contrato de prestação de serviço não termina com a morte de qualquer das
partes, devendo ter seguimento por seus herdeiros, dado seu caráter meramente
pessoal.
(E) a retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou
costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 596, CC. A letra “b”
está correta nos termos do art. 594, CC. A letra “c” está correta nos termos do

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art. 595, CC. A letra “d” está errada, pois estabelece o art. 607, CC: “O contrato
de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes (...)”. A letra
“e” está correta nos termos do art. 597, CC. Gabarito: “D”.

93) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2015) Na


prestação de serviço,
(A) não havendo prazo estipulado, qualquer das partes pode resolver o contrato,
a seu arbítrio, independentemente de prévio aviso.
(B) o contrato correspondente termina, exclusivamente, pela morte do prestador
do serviço, pelo escoamento do prazo ou pela conclusão da obra.
(C) mesmo que o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o
presta, ou ainda que se destine à execução de certa e determinada obra, não se
pode convencioná-la por mais de dois anos.
(D) a retribuição será paga sempre após prestado o serviço contratado.
(E) não se tendo estipulado, nem chegado a acordo entre as partes, fixar-se-á
por arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço
e sua qualidade.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 599, CC, não
havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do
costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode
resolver o contrato. A letra “b” está errada, pois estabelece o art. 607, CC que de
fato o contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes.
No entanto esse dispositivo continua: “Termina, ainda, pelo escoamento do prazo,
pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por
inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do
contrato, motivada por força maior”. A letra “c” está errada, pois segundo o art.
598, CC, a prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro
anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta,
ou se destine à execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos
quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra. A letra
“d” está errada, pois estabelece o art. 597, CC: A retribuição pagar-se-á depois
de prestado o serviço, se, por convenção, ou costume, não houver de ser
adiantada, ou paga em prestações. A letra “e” está certa nos exatos termos do
art. 596, CC. Gabarito: “E”.

94) (FCC – Assembleia Legislativa/PB – Assessor Técnico Legislativo –


2013) Quanto à prestação de serviço, não havendo prazo estipulado, nem
se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar,
qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, poderá
resolver o contrato. Dar-se-á o aviso
(A) com antecedência mínima de trinta dias, se o salário tiver sido ajustado por
sessenta dias ou mais.
(B) com antecedência mínima de sete dias, se o salário tiver sido ajustado por
semana.

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(C) com antecedência mínima de oito dias, se o salário tiver sido ajustado por
quinzena.
(D) com antecedência mínima de quinze dias, se o salário tiver sido ajustado por
um mês.
(E) na véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 599, CC que não havendo prazo estipulado,
nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer
das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso: I. com antecedência de oito dias, se o salário
se houver fixado por tempo de um mês, ou mais; II. com antecipação de quatro
dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena; III. de véspera,
quando se tenha contratado por menos de sete dias. Gabarito: “E”.

95) (FUNDATEC – Advogado do Conselho Regional de Medicina Veterinária


do Rio Grande do Sul – CRMV/RS – 2013) Considerando o regramento que
o Código Civil brasileiro destina ao contrato de prestação de serviços,
analise as seguintes afirmações:
I. Toda espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser
contratada mediante contribuição.
II. O contrato de prestação de serviços exige a forma escrita, não admitindo
assinatura a rogo.
III. A prestação de serviços pode ser convencionada por qualquer prazo, mas
em caso de omissão no contrato, presume-se a contratação por dois anos.
Quais estão CORRETAS?
(A) apenas I.
(B) apenas II.
(C) apenas III.
(D) apenas I e II.
(E) apenas II e III.
COMENTÁRIOS. O item I está certo nos exatos termos do art. 594, CC. O item
II está errado. Prescreve o art. 595, CC: No contrato de prestação de serviço,
quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá
ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas. O item III está errado.
Determina o art. 598, CC: A prestação de serviço não se poderá convencionar por
mais de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida
de quem o presta, ou se destine à execução de certa e determinada obra. Neste
caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não
concluída a obra. Gabarito: “A” (somente o item I está correto).

96) (FCC – TRT/18a Região/GO – Magistratura do Trabalho – 2012) No


contrato de prestação de serviços sem prazo estipulado para o término,
nem se podendo inferi-lo da natureza da celebração, qualquer das partes
poderá resolver o contrato, mediante aviso prévio que deverá ser dado
(A) com antecedência de quatro dias, se o salário for fixado por dia.

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(B) com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de
um mês, ou mais.
(C) com antecedência de sete dias ou uma semana, se o salário for fixado por
um mês ou mais.
(D) na véspera, quando se tenha contratado por prazo maior de um mês.
(E) com antecedência de quinze dias se já tiver decorrido mais de dois meses de
prestação de serviço.
COMENTÁRIOS. Estabelece o inciso I, do parágrafo único, do art. 599, CC que
dar-se-á o aviso com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por
tempo de um mês, ou mais. Gabarito: “B”.

97) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2013) No


contrato de prestação de serviço,
(A) desde que a obrigação não seja personalíssima, sempre poderá o prestador
de serviço, mesmo sem aprazimento da outra parte, dar substituto que o preste.
(B) a retribuição pagar-se-á antes de prestado o serviço, salvo se por convenção
ou costume tiver de ser paga depois de prestado o serviço ou em prestações.
(C) quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento
poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas,
independentemente de escritura pública.
(D) não se poderá convencioná-lo por mais de quatro anos, salvo se o contrato
tiver por causa o pagamento de dívida de quem o presta.
(E) se ele for prestado por quem não possua título de habilitação ou não satisfaça
os requisitos previstos em lei, em nenhuma hipótese será devida remuneração,
nem poderá arbitrá-la o Juiz.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois determina o art. 605, CC que nem
aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a outrem o direito aos
serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem aprazimento da outra parte,
dar substituto que os preste. A letra “b” está errada, pois estabelece o art. 597,
CC que a retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção,
ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações. A letra “c” está
correta nos exatos termos do art. 595, CC. A letra “d” está errada, pois prescreve
o art. 598, CC que a prestação de serviço não se poderá convencionar por mais
de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de
quem o presta, ou se destine à execução de certa e determinada obra. Neste caso,
decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a
obra. Finalmente a letra “e” está errada, pois estabelece o art. 606, CC: Se o
serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça
requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a
retribuição normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste
resultar benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma
compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé. Gabarito: “C”.

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98) (FCC – PGE/BA – Analista da Procuradoria do Estado – 2013) Em
relação aos contratos, é CORRETO afirmar:
(A) o comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis, perfazendo-se
com a tradição do objeto.
(B) a fiança dar-se-á por escrito ou verbalmente, não admitindo interpretação
extensiva.
(C) o mandato deve ser específico a um ou mais negócios, determinadamente,
defeso o mandato geral.
(D) a prestação de serviço, contratada mediante retribuição, pode ser realizada
em face de qualquer trabalho lícito, desde que material, apenas.
(E) na empreitada, a obrigação de fornecimento dos materiais é presumida.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos exatos termos do art. 579, CC. A
letra “b” está errada, pois determina o art. 819, CC que a fiança dar-se-á por
escrito, e não admite interpretação extensiva. A letra “c” está errada, pois o art.
660, CC estabelece que o mandato pode ser especial a um ou mais negócios
determinadamente, ou geral a todos os do mandante. A letra “d” está errada, pois
prevê o art. 594, CC que toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou
imaterial, pode ser contratada mediante retribuição. Finalmente a letra “e” está
errada, pois estabelece o §1°, do art. 610, CC que a obrigação de fornecer os
materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Gabarito:
“A”.

99) (FCC – TRE/RO – Analista Judiciário – 2013) Sobre o contrato de


empreitada analise as seguintes assertivas:
I. A obrigação do empreiteiro de fornecer os materiais é presumida no contrato
de empreitada.
II. O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de
executá-lo, ou de fiscalizar-lhe a execução.
III. Nos contratos de empreitada de edifícios, o empreiteiro responderá,
durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho,
assim em razão dos materiais, como do solo e o dono do imóvel está sujeito
ao prazo de decadência de 60 dias do aparecimento do vício ou defeito para
propor a ação contra o empreiteiro.
Está CORRETO o que consta em
(A) I e II, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) II, apenas.
(E) I, II e III.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois segundo o art. 610, §1°, CC
estabelece que a obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da
lei ou da vontade das partes. O item II está correto nos exatos termos do §2°
desse mesmo dispositivo. Finalmente o item III está errado apenas em razão do

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prazo decadencial mencionado. Dispõe o art. 618, CC: Nos contratos de
empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de
materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela
solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que
não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao
aparecimento do vício ou defeito. Gabarito: “D” (apenas o item II está correto).

100) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas – Analista Judiciário – 2013)


Analise as proposições abaixo, a respeito do contrato de empreitada.
I. Na empreitada, presume-se a obrigação de fornecer os materiais.
II. O contrato para elaboração de um projeto implica a obrigação de executá-
lo, bem como de fiscalizar-lhe a execução.
III. Sendo a empreitada unicamente de lavor, se a coisa perecer antes de
entregue, sem mora do dono nem culpa do empreiteiro, este perderá a
retribuição, se não provar que a perda resultou de defeito dos materiais e que
em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) II e III, apenas.
(B) I, II e III.
(C) III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) II, apenas.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois o art. 610, §1°, CC, estabelece que
na empreitada a obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da
lei ou da vontade das partes. O item II está errado, pois segundo o art. 610, §2°,
CC, o contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-
lo, ou de fiscalizar-lhe a execução. O item III está correto nos exatos termos do
art. 613, CC. Gabarito: “C”.

101) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2013) Na


empreitada,
(A) presume-se a obrigação de o empreiteiro fornecer os materiais.
(B) quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos
até o momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendara, mesmo
que este esteja em mora de a receber.
(C) o empreiteiro contribuirá para a obra, com o seu trabalho, e não poderá
contribuir com ele e os materiais.
(D) o que se mediu presume-se verificado, não podendo o dono da obra, qualquer
que seja o tempo decorrido, denunciar vícios ou defeitos.
(E) o contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-
lo, ou de fiscalizar-lhe a execução.

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COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nos termos do art. 610, §1°, CC, a
obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade
das partes. A letra “b” está errada, pois segundo o art. 611, CC, quando o
empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos até o momento
da entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se este não estiver em
mora de receber. Mas se estiver, por sua conta correrão os riscos. A letra “c” está
errada, pois prevê o art. 610, caput, CC, que o empreiteiro de uma obra pode
contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais. A letra “d” está
errada, pois prescreve o art. 614, §2°, CC: o que se mediu presume-se verificado
se, em trinta dias, a contar da medição, não forem denunciados os vícios ou
defeitos pelo dono da obra ou por quem estiver incumbido da sua fiscalização. A
letra “e” está correta, pois é o que prevê expressamente o art. 610, §2°, CC.
Gabarito: “E”.

102) (FCC – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo –


SABESP – Advogado – 2014) De acordo com o Código Civil atual, na
empreitada:
(A) a obrigação de fornecer os materiais se presume.
(B) os riscos da obra correrão por conta do dono se este estiver em mora de a
receber, mesmo que o empreiteiro tenha fornecido os materiais.
(C) o contrato para elaboração de um projeto implica, automaticamente,
obrigação de fiscalizar-lhe a execução.
(D) o dono da obra possui o prazo prescricional de 180 dias do aparecimento do
vício ou defeito para requerer indenização em razão de fato relacionado com a
falta de solidez da obra.
(E) se não tiver fornecido autorização escrita, o dono da obra não é obrigado a
pagar ao empreiteiro por aumentos e acréscimos, mesmo que, por continuadas
visitas, tenha estado sempre presente na obra, não ignorando nem nunca
protestando pelo que se passava.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois o art. 610, §1°, CC, estabelece que
na empreitada a obrigação de fornecer os materiais não se presume. A letra “b”
certa, nos termos do art. 611, CC: quando o empreiteiro fornece os materiais,
correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra, a contento de
quem a encomendou, se este não estiver em mora de receber. Mas se estiver, por
sua conta correrão os riscos. A letra “c” está errada, pois segundo o art. 610, §2°,
CC, o contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-
lo, ou de fiscalizar-lhe a execução. A letra “d” está errada, pois dispõe o art. 618,
CC que nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo
irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão
dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste
artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e
oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito. Finalmente a letra “e”
está errada, pois estabelece o parágrafo único do art. 619, CC: Ainda que não
tenha havido autorização escrita, o dono da obra é obrigado a pagar ao
empreiteiro os aumentos e acréscimos, segundo o que for arbitrado, se, sempre

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presente à obra, por continuadas visitas, não podia ignorar o que se estava
passando, e nunca protestou. Gabarito: “B”.

103) (FCC – TRT/18ª Região/GO – Magistratura do Trabalho – 2014) Em


relação à empreitada, é CORRETO afirmar que
(A) após iniciada a construção, o dono da obra só poderá suspendê-la por motivo
de caso fortuito ou força maior.
(B) salvo estipulação em contrário, o empreiteiro que se incumbir de executar
uma obra, segundo plano aceito por quem a encomendou, como regra não terá
direito a exigir acréscimo no preço, mesmo que introduzidas modificações no
projeto, a não ser que estas resultem de instruções escritas do dono da obra.
(C) nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis,
o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de
dez anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais,
como do solo.
(D) sendo a empreitada unicamente de lavor, se a coisa perecer antes de
entregue, sem mora do dono nem culpa do empreiteiro, este não perderá sua
remuneração, devida independentemente da qualidade dos materiais ou de
reclamação do empreiteiro a esse respeito.
(E) se o empreiteiro só forneceu mão de obra, todos os riscos correrão por sua
conta, haja ou não culpa de sua parte.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 623, CC: Mesmo
após iniciada a construção, pode o dono da obra suspendê-la, desde que pague
ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais
indenização razoável, calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a
obra. A letra “b” está correta nos exatos termos do art. 619, CC. A letra “c” está
errada, pois segundo o art. 618, CC: Nos contratos de empreitada de edifícios ou
outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução
responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do
trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá
do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra
o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou
defeito. A letra “d” está errada, pois dispõe o art. 613, CC: Sendo a empreitada
unicamente de lavor (art. 610), se a coisa perecer antes de entregue, sem mora
do dono nem culpa do empreiteiro, este perderá a retribuição, se não provar que
a perda resultou de defeito dos materiais e que em tempo reclamara contra a sua
quantidade ou qualidade. Finalmente a letra “e” está errada, pois o art. 612, CC
prescreve: Se o empreiteiro só forneceu mão de obra, todos os riscos em que não
tiver culpa correrão por conta do dono. Gabarito: “B”.

104) (FCC – TRT/16ª Região/MA – Analista Judiciário – 2014) Lucius,


através de contrato de empreitada com preço global certo e ajustado no
respectivo instrumento, contratou o empreiteiro Petrus para reformar a
sua residência. Durante a reforma, o preço de mercado dos materiais
sofreu redução de 12% do preço global convencionado. Nesse caso, o
preço global convencionado, a pedido do dono da obra,

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(A) poderá ser revisto, para que se lhe assegure a diferença apurada.
(B) não poderá ser revisto, porque o contrato faz lei entre as partes.
(C) só poderá ser revisto, se a redução ocorrida no mercado for superior a 20%.
(D) só poderia ser revisto se a redução ocorrida no mercado fosse do preço da
mão de obra.
(E) só comporta redução se o preço do material e também da mão de obra for
superior a 30%.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 620, CC, Se ocorrer diminuição no preço do
material ou da mão de obra superior a um décimo do preço global convencionado,
poderá este ser revisto, a pedido do dono da obra, para que se lhe assegure a
diferença apurada. Gabarito: “A”.

105) (FCC – TRT/14ª Região/RO/AC – Analista Judiciário – 2016)


Conforme estabelece o Código Civil Brasileiro, nos contratos de empreitada de
edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e
execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e
segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. Contudo,
decairá deste direito assegurado pelo Código Civil, o dono da obra que NÃO
propuser a ação contra o empreiteiro, nos
(A) 90 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
(B) 180 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
(C) 12 meses seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
(D) 30 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
(E) 60 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
COMENTÁRIOS. Art. 618, CC: Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras
construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá,
durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho,
assim em razão dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá do direito
assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o
empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício
ou defeito. Gabarito: “B”.

106) (FCC – TRT/11ª Região – AM/RR – Analista Judiciário – Área


Judiciária – 2017) No contrato de empreitada,
(A) o contrato para elaboração de um projeto implica a obrigação de executá-lo.
(B) presume-se a obrigação de fornecer materiais por parte do empreiteiro.
(C) o empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por imperícia
ou negligência os inutilizar.
(D) o contrato para elaboração de um projeto implica a obrigação de fiscalizar a
sua execução.
(E) a morte de qualquer das partes implica sempre a sua extinção.

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COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 610, §2°, CC: O contrato para elaboração
de um projeto não implica a obrigação de executá-lo, ou de fiscalizar-lhe a
execução. Letra B, incorreta. Art. 610, §1°, CC: A obrigação de fornecer os
materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. Letra C,
correta. Art. 617, CC: O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu,
se por imperícia ou negligência os inutilizar. Letra D, incorreta nos termos do já
mencionado §2° do art. 610, CC. Letra E, incorreta. Art. 626, CC: Não se
extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo se
ajustado em consideração às qualidades pessoais do empreiteiro. Gabarito: “C”.

107) (FCC – TRT/24ª Região/MS – Analista Judiciário – Área Judiciária –


2017) Ricardo, empreiteiro, firmou contrato de empreitada com Rodrigo,
envolvendo fornecimento de mão de obra e materiais para construção de uma
casa com cinco dormitórios em condomínio fechado na cidade de São Paulo. A
obra transcorreu de forma regular e o imóvel foi entregue ao contratante Rodrigo.
À luz do Código Civil, com a entrega da obra, Ricardo responderá pela solidez e
segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como o solo, durante o
prazo irredutível de
(A) 10 anos, decaindo deste direito assegurado ao dono da obra, se Rodrigo não
propuser a ação nos 180 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
(B) 5 anos, decaindo deste direito assegurado ao dono da obra, se Rodrigo não
propuser a ação nos 180 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
(C) 5 anos, decaindo deste direito assegurado ao dono da obra, se Rodrigo não
propuser a ação nos 90 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
(D) 15 anos, decaindo deste direito assegurado ao dono da obra, se Rodrigo não
propuser a ação nos 90 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
(E) 10 anos, decaindo deste direito assegurado ao dono da obra, se Rodrigo não
propuser a ação nos 90 dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
COMENTÁRIOS. Art. 618, CC: Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras
construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá,
durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho,
assim em razão dos materiais, como do solo. Parágrafo único. Decairá do direito
assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o
empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou
defeito. Gabarito: “B”.

108) (FCC – TRT/5ª Região/BA – Analista Judiciário – 2013) Tom e Jorge


transigem em litígio judicial por herança paterna, celebrando o respectivo
instrumento, por via pública, em Cartório de Notas de Feira de Santana.
Esta transação
(A) foi feita adequadamente, por ela podendo ser declarados, reconhecidos e
transmitidos direitos.
(B) é inválida, pois como há litígio judicial só será admitida por meio de termo
nos autos, a ser homologado judicialmente.

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(C) é inválida, pois dependerá sempre de petição conjunta, assinada pelos
advogados de Tom e Jorge, não podendo ser realizada extrajudicialmente.
(D) além do instrumento público, poderia ter sido feita por termo nos autos,
assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz.
(E) foi feita adequadamente, pois transações, mesmo que não recaiam sobre
direitos contestados em juízo, por sua natureza não podem em nenhuma
hipótese ser realizadas por instrumento particular.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 842, CC, “A transação far-se-á por escritura
pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou por instrumento particular, nas
em que ela o admite; se recair sobre direitos contestados em juízo, será feita
por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado pelos transigentes e
homologado pelo juiz”. Gabarito: “D”.

109) (FCC – TRT/16ª Região/MA – Analista Judiciário – 2014) A respeito


da transação, considere:
I. Em regra, se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.
II. Se for concluída entre um dos credores solidários e o devedor, extinguirá a
obrigação deste para com os outros credores.
III. A nulidade de qualquer de suas cláusulas não implicará em nulidade da
transação.
IV. Se for concluída entre um dos devedores solidários e seu credor, extinguirá
a dívida em relação aos codevedores.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) I, II e IV.
(B) II e IV.
(C) I e III.
(D) II, III e IV.
(E) I, II e III.
COMENTÁRIOS. Os itens I, II e IV estão corretos nos termos do art. 844, CC:
A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem, ainda
que diga respeito a coisa indivisível. §1° Se for concluída entre o credor e o
devedor, desobrigará o fiador. §2° Se entre um dos credores solidários e o
devedor, extingue a obrigação deste para com os outros credores. §3° Se entre
um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação aos
codevedores. O item III está errado, pois prevê o art. 848, CC: Sendo nula
qualquer das cláusulas da transação, nula será esta. Gabarito: “A”.

110) (FCC – MPE/PE – Promotor de Justiça – 2014) Sobre a transação,


considere as seguintes afirmações:
I. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por ele
transferida à outra parte, revive a obrigação extinta pela transação.
II. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta.

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III. A transação poderá ser anulada por dolo, coação, erro quanto à pessoa ou
coisa controversa, bem como por erro de direito a respeito das questões que
foram objeto de controvérsia entre as partes.
IV. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem,
apenas se declaram ou reconhecem direitos.
V. Não se admite na transação pena convencional, mas apenas multa
moratória.
Estão CORRETAS apenas as afirmações
(A) I e V.
(B) II e IV.
(C) I e III.
(D) III e IV.
(E) II e V.
COMENTÁRIOS. O item I está errado. Dispõe o art. 845, CC: Dada a evicção da
coisa renunciada por um dos transigentes, ou por ele transferida à outra parte, não
revive a obrigação extinta pela transação; mas ao evicto cabe o direito de reclamar
perdas e danos. O item II está correto. Dispõe o art. 843, CC: A transação
interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram
ou reconhecem direitos. O item III está errado. Prevê o art. 849, CC: A transação
só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa
controversa. Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a
respeito das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes. O item
IV está correto nos termos do art. 843, CC: A transação interpreta-se
restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem
direitos. O item V está errado, pois estabelece o art. 847, CC: É admissível, na
transação, a pena convencional. Gabarito: “B” (somente os itens II e IV estão
corretos).

111) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) A respeito


da transação, considere:
I. Admite-se a transação apenas quanto a direitos patrimoniais de caráter
privado.
II. Quando recair sobre direitos contestados em juízo, a transação será feita
por escritura ou por termo nos autos, assinados pelos transigentes e
homologado pelo juiz.
III. A transação se interpreta restritivamente.
IV. A transação feita entre credor e devedor obriga o fiador.
De acordo com o Código Civil, é correto o que se afirma APENAS em
(A) I, II e IV.
(B) I, II e III.
(C) II, III e IV.
(D) I, III e IV.

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(E) II e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto nos termos do art. 841, CC. O item II está
correto conforme o disposto na segunda parte do art. 842, CC. O item III está
correto nos termos do art. 843, CC. Finalmente o item IV está errado. Art. 844,
CC: A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem,
ainda que diga respeito a coisa indivisível. §1° Se for concluída entre o credor e o
devedor, desobrigará o fiador. Gabarito: “B” (corretos os itens I, II e III).

112) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2015) A


transação
(A) é interpretada restritivamente, mas por ela transmitem-se, declaram-se e
reconhecem-se direitos.
(B) será admitida quanto a direitos de qualquer natureza, desde que as partes
sejam maiores e capazes.
(C) só se anula por dolo, coação ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa
controversa, não se anulando por erro de direito a respeito das questões que
foram objeto de controvérsia entre as partes.
(D) concernente a obrigações resultantes de delito, extinguirá a ação penal de
qualquer natureza.
(E) não desobrigará o fiador, salvo cláusula expressa nesse sentido, se for
concluída entre o credor e o devedor.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 843, CC que a
transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se
declaram ou reconhecem direitos. A letra “b” está errada, pois a transação só é
admitida quanto a direitos patrimoniais de caráter privado (art. 841, CC). A letra
“c” está correta nos exatos termos do art. 849 e seu parágrafo único, CC. A letra
“d” está errada pois estabelece o art. 846, CC que a transação concernente a
obrigações resultantes de delito não extingue a ação penal pública. Finalmente a
letra “e” está errada. Estabelece o art. 844, CC: A transação não aproveita, nem
prejudica senão aos que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa
indivisível. §1° Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.
Gabarito: “C”.

113) (FCC – Técnico de Nível Superior – Advogado – Prefeitura de


Teresina/PI – 2016) A transação
(A) concernente a obrigações resultantes de delito extingue a Ação Penal Pública.
(B) entre um dos credores solidários e o devedor não extingue a obrigação deste
para com os outros credores.
(C) entre um dos devedores solidários e seu credor, não extingue a dívida em
relação aos codevedores.
(D) deve ser interpretada de forma ampla e irrestrita.
(E) concluída entre o credor e o devedor desobrigará o fiador.

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COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 846, CC: A transação concernente a
obrigações resultantes de delito não extingue a ação penal pública. Letra B,
incorreta. Art. 844, §2°, CC: Se entre um dos credores solidários e o devedor,
extingue a obrigação deste para com os outros credores. Letra C, incorreta. Art.
844, §3°, CC: Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a
dívida em relação aos codevedores. Letra D, incorreta. Art. 843, C: A transação
interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram
ou reconhecem direitos. Letra E, correta. Art. 844, §1°, CC: Se for concluída entre
o credor e o devedor, desobrigará o fiador. Gabarito: “E”.

Exercícios Comentados
CESPE – Certo ou Errado

QUESTÃO 01 (CESPE – TELEBRAS – Analista – 2015) Julgue o item


subsecutivo, relativo a contrato de venda.
a) O contrato de compra e venda é o meio pelo qual uma pessoa transfere a
outra determinado bem, mediante o pagamento, em dinheiro, de determinado
valor. Nesse tipo de contrato, o bem deve ser revendido em determinado prazo
pelo comprador, com a possibilidade de devolução, caso a venda não seja
realizada.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 481, CC, pelo contrato de compra e venda, um dos
contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-
lhe certo preço em dinheiro. Não há necessidade de haver revenda do bem e muito
menos de possibilidade de devolução no caso dessa revenda não ser realizada. O
que pode (e não deve) ocorrer é um acordo de revenda do bem ao comprador. No
entanto isso depende de uma cláusula específica denominada pacto adjeto de
retrovenda (art. 505, CC).

QUESTÃO 02 (CESPE – TJ/AM – Juiz de Direito – 2016) A respeito dos


contratos regidos pelo Código Civil, julgue os itens a seguir.
a) O pacto de retrovenda é condição resolutiva expressa que permite ao credor
reaver, a qualquer tempo, o imóvel alienado, desde que restitua ao adquirente
o preço recebido, acrescido de todas as despesas por ele realizadas.
b) Na venda ad corpus, o imóvel é alienado com especificação de sua área, de
modo que, na falta de correspondência entre a área mencionada e a efetiva
área adquirida, poderá o comprador reclamar a resolução do contrato ou o
abatimento proporcional do preço.

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COMENTÁRIOS
a) Errado. É errada a expressão a qualquer tempo. Art. 505, CC: O vendedor de
coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de
decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as
despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se
efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias
necessária.
b) Errado. A afirmação se refere à venda ad mensuram. Na venda ad corpus não
haverá complemento de área. Art. 500, CC: Se, na venda de um imóvel, se
estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e
esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador
terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de
reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço. §3° Não
haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for
vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a
referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido
a venda ad corpus.

QUESTÃO 03 (CESPE/UnB – Câmara dos Deputados – Consultor


Legislativo – 2014) Em relação às diversas espécies de contrato, julgue
os itens subsequentes.
a) O comodato, empréstimo gratuito de coisas infungíveis, é um contrato real,
visto que só se completará com a tradição do objeto ao comodatário, que
passará a ter a posse direta da coisa.
b) Segundo o STJ, a fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges
implica a ineficácia total da garantia, podendo, assim, ser suscitada por
qualquer um dos cônjuges a invalidade da garantia fidejussória concedida.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Comodato é um contrato unilateral de empréstimo de coisas infungíveis,
para ser usada temporariamente. Trata-se de um contrato real, pois só se perfaz
com a entrega (tradição) da coisa ao comodatário, que passará a ter a posse direta
da coisa.
b) Errado. A nova redação da Súmula 332 é no sentido de que “A fiança prestada
sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia”. Além
disso, o entendimento do STJ é de não conferir ao cônjuge que concedeu a
garantia legitimidade para arguir a sua invalidade. Ou seja, somente se permite
arguir a nulidade o outro cônjuge, nos termos do art. 1.650, CC.

QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – TCE/ES – Analista Administrativo – Direito –


2013) Com relação ao contrato de compra e venda, julgue os itens a
seguir.
a) Se comprar trinta sacos de arroz de tipo especial, e um deles for visivelmente
imprestável para o consumo, o comprador estará autorizado a devolver todos
os outros sacos de arroz.

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b) A venda de imóvel pertencente a um incapaz se dá da mesma forma que a
de um pertencente a um capaz e não depende de qualquer procedimento
específico.
c) É possível, na compra e venda, o estabelecimento de contraprestação de
coisa diversa de dinheiro, sem que isso descaracterize o contrato de compra e
venda.
d) A coisa litigiosa pode servir de objeto da compra e venda, afastando-se,
nesse caso, a responsabilidade pela evicção, assumindo o comprador os riscos
decorrentes da perda da coisa, desde que este tenha conhecimento de que se
trata de um objeto de litígio e assuma o risco.
e) O contrato de compra e venda opera a transferência da propriedade da coisa
para o adquirente, conferindo-lhe eficácia translativa.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Estabelece o art. 503, CC que nas coisas vendidas conjuntamente, o
defeito de uma não autoriza a rejeição de todas. Portanto, se o defeito constatado
foi apenas em um dos sacos, somente esse será restituído e o seu valor deduzido
do preço total.
b) Errado. O art. 166, I, CC estabelece que é nulo o negócio realizado por
absolutamente incapaz, cuja relação está no art. 3°, CC. Por outro lado se a pessoa
for relativamente incapaz (art. 4°, CC) o negócio será considerado anulável (art.
171, I, CC). Para que o negócio tenha validade, no caso de venda de bens de
absolutamente incapazes, devem estes ser representados por seus pais, tutores
ou curadores e que façam um pedido de autorização judicial, com prévia avaliação
do bem e ficar cabalmente demonstrada a necessidade da venda ou o benefício
econômico desta venda. Se a pessoa for relativamente incapaz será necessária a
assistência de seu representante legal.
c) Errado. O preço é um elemento essencial da compra e venda que deve ser
fixado em dinheiro ou título representativo de dinheiro (cheque, cartão de crédito,
etc.). Se a contraprestação for realizada de forma diversa da de dinheiro não
haverá compra e venda. Ex.: se o objeto de um contrato for pago com outra coisa,
haverá troca ou permuta. Mas se no contrato houver um misto entre dinheiro e
coisa e prevalecer o dinheiro como maior parte do pagamento, será admissível a
compra e venda.
d) Certo. A coisa litigiosa pode ser transferida e alienada desde que o vendedor
responda pela possível evicção (art. 457, CC).
e) Errado. Pelo nosso sistema, no contrato de compra e venda o vendedor
somente assume a obrigação de transferir a coisa (obrigação de dar); o contrato,
por si só, não opera a transferência da coisa, que se efetiva pela tradição (móveis)
ou registro (imóveis). Dispõe o art. 481, CC: “Pelo contrato de compra e venda,
um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a
pagar-lhe certo preço em dinheiro”.

QUESTÃO 05 (CESPE/UNB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013) No


tocante aos contratos em espécie, julgue os itens a seguir.

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a) A fiança admite interpretação extensiva.
b) Se o indivíduo X outorgar, por instrumento público, mandato ao indivíduo Y
para, em nome de X, praticar determinados atos e, nesse mesmo instrumento,
permitir o substabelecimento dos poderes outorgados, Y poderá substabelecer
tais poderes por instrumento particular.
c) A venda a contento é cláusula inserida em contrato de compra e venda pela
qual o vendedor se reserva o direito de reaver, em certo tempo, o bem alienado.
d) De acordo com os regramentos relativos ao contrato de seguro e a
jurisprudência do STJ, o atraso no pagamento de prestação mensal acarreta o
desfazimento automático do contrato, mesmo sem prévia notificação do
segurado.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 819, CC a fiança somente poderá ser fornecida por
escrito e não admite interpretação extensiva.
b) Certo. Estabelece o art. 655, CC que ainda quando se outorgue mandato por
instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular.
c) Errado. A venda a contento (art. 509, CC) consiste na hipótese de venda feita
sob condição suspensiva em que o negócio não se aperfeiçoa enquanto o
comprador não se declara satisfeito.
d) Errado. O entendimento do STJ é no sentido de que o atraso no pagamento
de prestação do prêmio do seguro não importa em desfazimento automático do
contrato, para o que se exige, ao menos, a prévia constituição em mora do
contratante pela seguradora, mediante interpelação.

QUESTÃO 06 (CESPE/UnB – STM – Analista Judiciário – 2011) Com relação


ao Novo Código Civil, julgue os itens seguintes.
a) No contrato de compra e venda, até a tradição, em regra, os riscos pela
perda da coisa objeto do contrato correm por conta do comprador.
b) A execução da fiança está subordinada ao não cumprimento da obrigação
pelo devedor e, uma vez nula a obrigação principal, a fiança se extingue. Ao
contrário, a nulidade do contrato de fiança não tem qualquer efeito no que
concerne à validade da obrigação principal.
c) O contrato de mútuo se presta ao empréstimo de coisa infungível, a qual,
com a tradição, passa a ser de propriedade do mutuário.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 492, CC, no contrato de compra e venda, até o
momento da tradição, os riscos pela perda da coisa objeto do contrato correm por
conta do vendedor (e não do comprador).
b) Certo. De fato, a execução de da fiança está subordinada ao não cumprimento
da obrigação principal pelo devedor (art. 818, CC). Uma obrigação nula, como
regra, não pode ser suscetível de fiança (art. 824, CC). Se mesmo assim foi
elaborado o contrato, este também é nulo e deve ser extinto. Porém se o vício
atingir apenas à fiança, este fato não contaminará a obrigação principal.

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c) Errado. O mútuo é o contrato pelo qual alguém transfere a propriedade de
bem fungível, ou seja, que pode ser substituído por outro igual (e não infungível
como na afirmação) a outrem, que se obriga a lhe restituir coisa do mesmo gênero,
qualidade e quantidade (art. 586, CC). A outra afirmação está correta, pois a coisa
recebida em mútuo passa para a propriedade do mutuário, que lhe dará o destino
que quiser, consumindo-a, guardando-a, emprestando-a para terceiro ou mesmo
alienando-a por venda ou doação. A lei não exige um modo especial para a sua
celebração (possui forma livre), exceto se for o mútuo oneroso, hipótese que
deverá ser convencionada expressamente (art. 591, CC).

QUESTÃO 07 (CESPE/UNB – ANTT – Agência Nacional de Transportes


Terrestres – Analista Administrativo – 2013) Julgue o próximo item
relativo aos contratos.
a) Dado o princípio da autonomia da vontade, é permitida a celebração de
contrato de compra e venda com cláusula que estabeleça a estipulação do preço
ao arbítrio exclusivo de uma das partes.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 122, CC, são lícitas, em geral, todas as condições não
contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas
se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico ou o sujeitarem ao
puro arbítrio de uma das partes. Completa o art. 489, CC afirmando que é nulo o
contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das
partes a fixação do preço.

QUESTÃO 08 (FUNRIO – Advogado da Eletrobrás-Furnas) Sobre as


cláusulas especiais previstas nos contratos de compra e venda, julgue os
itens subsequentes.
a) o vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo
máximo prescricional de três anos.
b) o direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários,
poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.
c) a venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição
suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará
perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
d) tanto na venda a contento, como na sujeita à prova, as obrigações do
comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de
mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
e) não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor
terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em
prazo improrrogável.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Trata-se de prazo decadencial, conforme prevê o art. 505, CC: O
vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo
máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando
as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se

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efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias
necessárias.
b) Certo. Art. 507, CC.
c) Certo. Art. 509, CC.
d) Certo. Art. 511, CC.
e) Certo. Art. 512, CC.

QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – TRF/1ª Região – Juiz Federal – 2013)


Considere que um indivíduo tenha contratado com sua esposa a venda, pelo preço
de R$ 50,00, de um carro raro que ele tenha herdado do pai, tendo sido
estabelecida a condição de que ela poderia experimentar o objeto pelo prazo de
cinco dias, dentro do qual, caso não se sentisse satisfeita, poderia devolvê-lo.
Baseado nessa situação hipotética, julgue os itens a seguir:
a) O contrato é ineficaz, pois foi realizado entre cônjuges.
b) O preço ínfimo estabelecido afeta a natureza do negócio.
c) O contrato é viciado porque condiciona o recebimento da coisa a condição
potestativa.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Em nosso direito a regra é a proibição de compra e venda entre
cônjuges se o contrato versar sobre bem comum, ou seja, se a coisa negociada
pertencer a ambos os cônjuges. A proibição se justifica porque não se pode
comprar aquilo que já é seu, nem pagar com dinheiro do próprio vendedor. Nessa
hipótese, a compra e venda, se realizada, não passa de uma ficção, de uma
simulação. No entanto é possível tal contrato se se tratar de bem excluído da
comunhão, portanto que pertença exclusivamente a um dos cônjuges. É isso o
que determina o art. 499, CC: “É lícita a compra e venda entre cônjuges, com
relação a bens excluídos da comunhão”.
b) Certo. Embora não seja necessária uma perfeita equivalência entre a coisa e
o preço para se efetivar uma compra e venda, o preço deverá ser sério, real e
verdadeiro. Se o valor for irrisório, ínfimo ou fictício não haverá venda ante o real
valor da coisa e o preço estabelecido, portanto, afeta a natureza do negócio,
podendo até mesmo se caracterizar uma doação disfarçada.
c) Errado. No caso ocorreu uma condição suspensiva plenamente admitida em
nosso Direito (art. 509, CC), conhecida como venda a contento.

QUESTÃO 10 (CESPE/UnB – DPE/PE – Defensor Público – 2015) A respeito


dos contratos, julgue o item que se segue.
a) Se um contrato de locação de imóvel urbano residencial for estipulado com
prazo de duração de trinta e seis meses, findo esse prazo, deverá o locador
notificar o locatário para que se opere a resolução do contrato.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 46 da Lei do Inquilinato, nas locações ajustadas por
escrito e por prazo igual ou superior a trinta meses, a resolução do contrato

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ocorrerá findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso. §1°
Findo o prazo ajustado, se o locatário continuar na posse do imóvel alugado por
mais de trinta dias sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação
por prazo indeterminado, mantidas as demais cláusulas e condições do contrato.
§2° Ocorrendo a prorrogação, o locador poderá denunciar o contrato a qualquer
tempo, concedido o prazo de trinta dias para desocupação. Art. 47. Quando
ajustada verbalmente ou por escrito e como prazo inferior a trinta meses, findo o
prazo estabelecido, a locação prorroga-se automaticamente, por prazo
indeterminado. Resumindo: a) prazo igual ou superior a 30 meses: resolução do
contrato independentemente de notificação ou aviso; b) prazo inferior a 30
meses: prorrogação do contrato automaticamente.

QUESTÃO 11 (CESPE/UnB – TJ/AC – Juiz de Direito – 2012) Acerca do


contrato de locação, julgue o item que se segue.
a) Nos contratos de locação, é inválida a cláusula de renúncia à indenização das
benfeitorias e ao direito de retenção.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo a Súmula 335 do Superior Tribunal de Justiça, “Nos contratos
de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao
direito de retenção”.

QUESTÃO 12 (CESPE/UnB – Advogado da TELEBRÁS – 2013) Julgue o


seguinte item, referente à locação de imóveis.
a) Se um locatário instalar armários embutidos nos quartos do imóvel locado,
e tal benfeitoria aumentar o uso e o valor financeiro do bem, o proprietário do
imóvel, ainda que não tenha autorizado referida instalação, deverá indenizar o
locatário ao final do contrato.
COMENTÁRIOS
a) Errado. A questão fala que o armário embutido irá “aumentar o uso e o valor
do bem”. Essa definição se encaixa no conceito de benfeitoria útil (art. 96, §2°,
CC: São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem). Desta forma, nos
termos do art. 35 da Lei do Inquilinato (Lei n° 8.245/91), salvo expressa
disposição contratual em contrário, (...) as benfeitorias úteis, desde que
autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
Portanto, não havendo autorização do proprietário, não é hipótese de indenização.

QUESTÃO 13 (CESPE/UnB – DPE/ES – Defensor Público – 2013) Acerca


da locação de imóveis urbanos, julgue os itens que se seguem.
a) Se o indivíduo A adquirir do indivíduo B imóvel no qual, por força de contrato
de locação, resida o indivíduo C, presumir-se-á a concordância de A com a
locação, caso este não a denuncie no prazo de noventa dias.
b) De acordo com a jurisprudência do STJ, caso uma pessoa se obrigue como
principal pagador dos aluguéis de imóvel até a entrega das chaves, a
prorrogação do contrato por prazo indeterminado acarretará a exoneração da
fiança.
COMENTÁRIOS

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a) Certo. Estabelece o art. 8°, da Lei do Inquilinato (Lei n° 8.245/91): Se o imóvel
for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o contrato, com o
prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por tempo
determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e
estiver averbado junto à matrícula do imóvel. §2° A denúncia deverá ser
exercitada no prazo de noventa dias contados do registro da venda ou do
compromisso, presumindo-se, após esse prazo, a concordância na manutenção da
locação.
b) Errado. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que havendo cláusula
expressa no contrato de locação de que a responsabilidade do fiador perdura até
a efetiva entrega das chaves do imóvel, objeto da locação, não há que se falar em
desobrigação do mesmo, ainda que o contrato tenha se prorrogado por prazo
indeterminado.

QUESTÃO 14 (CESPE/UnB – PG/DF – Procurador do Distrito Federal –


2013) Acerca da locação de imóveis urbanos, julgue os próximos itens.
a) Nos contratos de locação, não é válida a cláusula de renúncia à indenização
das benfeitorias e ao direito de retenção, uma vez que tais garantias são fixadas
no Código Civil e na Lei de Locações, respectivamente.
b) Celebrado contrato de locação de imóvel, violará o princípio da boa-fé
objetiva o locatário que, após exercer a posse direta do imóvel, alegar que o
locador, por não ser o proprietário do imóvel, não tem legitimidade para o
ajuizamento de eventual ação de despejo nas hipóteses em que a lei não exija
essa condição do demandante.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Benfeitorias são obras realizadas no bem com o fim de conservá-lo,
melhorá-lo ou embelezá-lo. Elas se classificam em necessárias, úteis e
voluptuárias (art. 96, CC). O art. 35 da Lei do Inquilinato estabelece que o
locatário deve ser indenizado pelas benfeitorias necessárias, ainda que não
autorizadas pelo locador, e pelas úteis, desde que autorizadas previamente,
permitindo que exerça o direito de retenção. Entretanto, esse dispositivo legal traz
expressamente uma exceção: “salvo disposição contratual em contrário”. Daí
porque é importante verificar se o contrato de locação tem uma cláusula que retira
do locatário o direito de ser indenizado pelas benfeitorias (normalmente os
contratos contêm expressamente essa cláusula de renúncia). Há quem defenda
que tal cláusula não tem validade, principalmente porque o Código de Defesa do
Consumidor, art. 51, I e XVI, proíbe qualquer cláusula que exonere o fornecedor
do dever de indenizar ou importe em renúncia do direito a indenização, por
benfeitorias necessárias. No entanto a posição majoritária é que o CDC não pode
ser aplicado às relações locatícias, já que estas possuem legislação específica, a
qual inclusive prevê a possibilidade do locatário renunciar a esse direito. Baseado
nisso o STJ editou a Súmula 335 que estabelece: “Nos contratos de locação, é
válida a cláusula de renúncia à indenização de benfeitorias e ao direito de
retenção”.
b) Certo. Segundo decisão do STJ (REsp 1.196.824-AL, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 19/2/2013): “O locador, ainda que não seja o proprietário

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do imóvel alugado, é parte legítima para a propositura de ação de despejo fundada
na prática de infração legal/contratual ou na falta de pagamento de aluguéis. A
Lei n° 8.245/1991 (Lei de Locações) especifica as hipóteses nas quais é exigida a
prova da propriedade para o ajuizamento da ação de despejo. Nos demais casos,
entre os quais se encontram os ora analisados, deve-se atentar para a natureza
pessoal da relação de locação, de modo a considerar desnecessária a condição de
proprietário para a propositura da demanda. Ademais, cabe invocar o princípio da
boa-fé objetiva, cuja função de relevo é impedir que o contratante adote
comportamento que contrarie o conteúdo de manifestação anterior, em cuja
seriedade o outro pactuante confiou. Assim, uma vez celebrado contrato de
locação de imóvel, fere o aludido princípio a atitude do locatário que, após exercer
a posse direta do imóvel, alega que o locador, por não ser o proprietário do imóvel,
não tem legitimidade para o ajuizamento de eventual ação de despejo nas
hipóteses em que a lei não exige essa condição do demandante”.

QUESTÃO 15 (FUNCAB – Delegado de Polícia/ES – 2013) Quanto ao


contrato de locação, julgue os seguintes itens.
a) A responsabilidade do locatário de um imóvel que comete uma infração
condominial exclui a responsabilidade do proprietário do imóvel, pois o locatário
está na posse direta e o proprietário na posse indireta.
b) Em um contrato de locação de imóvel, o locador mantém o poder residual
concernente à vigilância, à conservação ou mesmo o aproveitamento de certas
vantagens da coisa, mesmo depois de transferir a outrem o direito de usar o
bem, objeto da locação.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Vide decisão abaixo
b) Certo. Segundo uma decisão recente do STJ (REsp 1.125.153-RS, Rel. Min.
Massami Uyeda, julgado em 4/10/2012): “O proprietário possui legitimidade
passiva ad causam para responder por eventuais danos relativos ao uso de sua
propriedade decorrentes do descumprimento dos deveres condominiais pelo
locatário. Ao firmar um contrato de locação de imóvel, o locador mantém a posse
indireta do imóvel, entendida como o poder residual concernente à vigilância, à
conservação ou mesmo o aproveitamento de certas vantagens da coisa, mesmo
depois de transferir a outrem o direito de usar o bem objeto da locação. Dessa
forma, ao locador cumpre zelar pelo uso adequado de sua propriedade,
assegurando-se que o locatário dê a destinação correta ao imóvel, visto que lhe
são conferidos instrumentos coercitivos para compelir o locatário a cumprir as
disposições condominiais, inclusive com a possibilidade de ajuizamento de ação
de despejo, nos termos da Lei n. 8.245/1991. Assim, tratando-se de direito de
vizinhança, a obrigação é propter rem, ou seja, decorre da propriedade da coisa.
Por isso, o proprietário com posse indireta não pode se eximir de responder pelos
danos causados pelo uso indevido de sua propriedade. Todavia, a demanda
também pode ser ajuizada contra o possuidor do imóvel que, em tese, é quem
comete a infração condominial, sem excluir a responsabilidade do proprietário”.
Precedentes: REsp 254.520-PR, DJ 18/12/2000, e AgRg no AgRg no Ag 776.699-
SP, DJ 8/2/2008.

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QUESTÃO 16 (TRT/9ª Região/PR – Magistratura do Trabalho – 2012)
Jéssica Alseda e Marcopolo Fernandes celebraram contrato de comodato de imóvel
residencial com vigência de 15/4/2007 a 15/4/2012. Marcopolo, no entanto, não
devolveu a Jessica o imóvel ao término do prazo convencionado. Em 30/5/2012,
foi notificado extrajudicialmente para desocupar o imóvel no prazo de trinta dias
e pagar aluguel de R$ 1.500,00 por mês. Marcopolo ainda permanece no imóvel,
não tendo pago qualquer valor a título de aluguel. Baseado nestes fatos, julgue
as proposições abaixo:
a) Será lícito a Jessica arbitrar o valor do aluguel que será de uma autêntica
pena privada, tendo por objetivo central coagir o comodatário a restituir o mais
rapidamente possível a coisa emprestada, que indevidamente não foi devolvida
no prazo legal.
b) O montante do aluguel-pena, para não se caracterizar como abusivo, não
pode ser superior ao dobro da média do mercado, pois não deve também servir
de meio para o enriquecimento injustificado do comodante.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis que se perfaz
com a tradição do objeto. Nele a posse é transmitida a título provisório (posse
precária), sendo o comodatário obrigado a devolvê-la tão logo o comodante a
reclame de volta. Com a notificação extrajudicial, extingue-se o comodato,
transformando-se a posse anteriormente justa, em injusta, em virtude da recusa
de devolução do imóvel após o transcurso do lapso temporal estipulado,
caracterizando o esbulho, sendo possível ingressar com a ação de reintegração
para reaver o imóvel. Além disso, segundo estabelece a segunda parte do art.
582, CC, o comodatário constituído em mora (no problema, a notificação
extrajudicial), além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa
que for arbitrado pelo comodante. Segundo jurisprudência do STJ, a natureza do
“aluguel” é de uma autêntica pena privada, e não de indenização pela ocupação
indevida do imóvel emprestado. O objetivo central dele não é transformar o
comodato em contrato de locação, mas sim coagir o comodatário a restituir o mais
rapidamente possível a coisa emprestada, que indevidamente não foi devolvida no
prazo legal.
b) Certo. O arbitramento do aluguel-pena não pode ser feito de forma abusiva,
devendo respeito aos princípios da boa-fé objetiva (art. 422, CC), da vedação ao
enriquecimento sem causa e do repúdio ao abuso de direito (art. 187, CC).
Havendo arbitramento em valor exagerado, poderá ser objeto de controle judicial,
com eventual aplicação analógica da regra do parágrafo único do art. 575, CC,
que, no aluguel-pena fixado pelo locador, confere ao juiz a faculdade de redução
quando o valor arbitrado se mostre manifestamente excessivo ou abusivo. Assim,
para não se caracterizar como abusivo, o montante do aluguel-pena não pode ser
superior ao dobro da média do mercado, considerando que não deve servir de
meio para o enriquecimento injustificado do comodante.

QUESTÃO 17 (CESPE/UnB – TCE/RO – Auditor de Controle Externo –


Direito – 2013) Acerca dos contratos, julgue o item subsequente.

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a) É decadencial o prazo de um ano, contado do conhecimento do fato, previsto
para que o doador pleiteie a revogação da doação, com base no argumento de
que houve ingratidão do donatário.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Segundo o art. 555, CC, a doação pode ser revogada por ingratidão do
donatário, ou por inexecução do encargo. Completa o art. 559, CC que a revogação
por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de
quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de ter sido o
donatário o seu autor.

QUESTÃO 18 (CESPE/UnB – TJ/Pará – Juiz de Direito – 2012) Ricardo,


casado com Carla, pretende proceder à doação pura e simples de bem
imóvel de sua propriedade a seu único filho, Rafael, de quatorze anos de
idade. Acerca dessa situação hipotética, julgue os itens a seguir.
a) Mesmo que Ricardo não demonstre os motivos da revogação, a doação
poderá ser revogada antes de Rafael completar dezoito anos de idade.
b) O nascimento de outro filho do casal não tornará a doação ineficaz.
c) Para aperfeiçoamento da doação é necessária a aceitação, mesmo que seja
tácita.
COMENTÁRIOS
a) Errado. A doação somente poderá ser revogada por ingratidão e pelo não
cumprimento de encargo (art. 555, CC). Nenhuma destas hipóteses ocorreu no
caso concreto.
b) Certo. O nascimento de outro filho do casal não tornará a doação ineficaz. O
que eventualmente pode ocorrer é se considerar esta doação como um
adiantamento do que lhe cabe como herança (art. 544, CC).
c) Errado. No caso, como o donatário é absolutamente incapaz, dispensa-se a
aceitação, desde que se trate de doação pura (art. 543, CC).

QUESTÃO 19 (MPE/SC – Promotor de Justiça – 2013) Analise cada um dos


enunciados das questões e assinale Certo (“C”) ou Errado (“E”).
a) Quando trata sobre a doação, o Código Civil menciona que aquela feita em
contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade,
como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor
dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.
b) Se o donatário injuriar gravemente ou caluniar o doador, bem como, se o
donatário cometer ofensa física contra o doador, este poderá revogar, por
ingratidão, a doação feita.
c) Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento,
qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, se não forem
expressamente declarados conjuntos, nem especificamente designados para
atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos. Se os mandatários forem
declarados conjuntos, não terá eficácia o ato praticado sem interferência de
todos, salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do ato.

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COMENTÁRIOS
a) Certo. Segundo o art. 540, CC, a doação feita em contemplação do
merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o perde
a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços
remunerados ou ao encargo imposto.
b) Certo. Estabelece o art. 557, CC que as doações podem ser revogadas por
ingratidão nas seguintes hipóteses: I. se o donatário atentou contra a vida do
doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II. se cometeu contra
ele ofensa física; III. se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV. se, podendo
ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava. Completa
o art. 558, CC: Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido, nos casos
do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou
irmão do doador.
c) Certo. Prevê o art. 672, CC: Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no
mesmo instrumento, qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, se
não forem expressamente declarados conjuntos, nem especificamente designados
para atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos. Se os mandatários forem
declarados conjuntos, não terá eficácia o ato praticado sem interferência de todos,
salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do ato.

QUESTÃO 20 (CESPE/UnB – DPE-ES – Defensor Público – 2013) Com


relação aos contratos, julgue os itens subsequentes, de acordo com o
previsto no Código Civil.
a) Caso João venda seu terreno mediante contrato de compra e venda ad
corpus, o tamanho do terreno será fator preponderante para a realização do
negócio jurídico.
b) Considere que João, proprietário de um apartamento de três quartos,
avaliado em R$ 1.000.000,00, proponha a seu descendente José contrato de
permuta do referido imóvel pela casa de praia de José, avaliada em R$
800.000,00. Nessa situação, caso não haja o consentimento dos demais
descendentes, o contrato é nulo de pleno direito.
c) Suponha que Manuela doe, verbalmente, a Marcela um broche de ouro
avaliado em R$ 200,00. Nessa situação, para que a doação seja válida, é
necessário que Manuela entregue o broche a Marcela e redija um instrumento
particular formalizando a doação.
d) Caso Marcos empreste sua casa de praia a Joana, esta fica obrigada a
conservar a coisa como se sua fosse, devendo pagar a conta de água e de luz
referente ao que tiver sido gasto durante o período em que utilizar a casa,
podendo, posteriormente, cobrar esses valores de Marcos.
e) Suponha que Carla entregue a Letícia um envelope lacrado a título de
depósito voluntário. Nessa situação, conforme o pactuado, não pode Letícia
abrir o envelope para verificar o seu conteúdo, devendo devolver o envelope
como lhe foi entregue.
COMENTÁRIOS

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a) Errado. Considera-se ad corpus (art. 500, §3°, CC) a compra e venda de uma
gleba determinada de terra, com limites e confrontações conhecidas por ambos os
contratantes e colocados na descrição no título, sendo que as partes não estão
interessadas em medidas (neste caso seria venda ad mensuram), mas no todo
que compõe a gleba.
b) Errado. Segundo o art. 533, II, CC, é anulável a troca de valores desiguais
entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes
e do cônjuge do alienante.
c) Errado. De fato, como regra, uma doação deve ser feita por escritura pública
ou instrumento particular. No entanto, estabelece o parágrafo único do art. 541,
CC que a doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno
valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
d) Errado. O acordo celebrado é um comodato. Nos termos do art. 582, CC, o
comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa
emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza
dela, sob pena de responder por perdas e danos. Completa o art. 584, CC no
sentido de que o comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as
despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.
e) Certo. Trata-se do contrato de depósito. Segundo o art. 627, CC, pelo contrato
de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o
depositante o reclame. Completa o art. 630, CC que, se o depósito se entregou
fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse mesmo estado se manterá.

QUESTÃO 21 (CESPE/UnB – TJ/MA – Juiz de Direito 2013) Em relação aos


contratos, julgue o item seguinte.
a) Considere que João, com a intenção de doar um imóvel a seu filho Pedro,
tenha firmado contrato de compra e venda do referido bem sem ter havido
pagamento da coisa e que, passados quatro anos da transação, Marina, filha de
João, pleiteie a anulação do contrato. Nessa situação, de acordo com o Código
Civil, o contrato de compra e venda é nulo de pleno direito, devendo o imóvel
retornar ao patrimônio de João.
b) No contrato de mútuo com fins econômicos, presumem-se devidos juros, os
quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa previamente
estipulada, permitida a capitalização mensal.
COMENTÁRIOS
a) Errado. O contrato de compra e venda, ainda que a intenção seja a doação e
não a compra e venda não é nulo de pleno direito, mas anulável, nos termos do
art. 496, CC. Ainda que na realidade tenha sido uma doação, o contrato pode ser
considerado válido, sendo considerado como um adiantamento da legítima (art.
544, CC). E somente será considerado nulo naquilo que exceder à parte que o
doador poderia dispor em testamento (art. 549, CC).
b) Errado. Erro sutil. Prevê o art. 591, CC: Destinando-se o mútuo a fins
econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não
poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual
(e não mensal como afirmado na questão).

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QUESTÃO 22 (CESPE/UNB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013)
Considere a seguinte situação hipotética e julgue o item a seguir.
a) Célia, ao retornar para a sua residência, deu carona a Pedro, seu colega de
universidade, vizinho e trabalhador autônomo, e, no trajeto, ao passar por um
buraco na pista, Célia perdeu o controle do carro, que colidiu contra um poste.
Devido a esse acidente, Pedro se feriu gravemente e ficou hospitalizado por dois
meses. Nessa situação, Célia poderá ser responsabilizada pelos danos causados
a Pedro.
COMENTÁRIOS
a) Errado. De acordo com a Súmula 145 do STJ, “No transporte desinteressado,
de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos
causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave”.

QUESTÃO 23 (CESPE – TJ/AM – Juiz de Direito – 2016) A respeito dos


contratos regidos pelo Código Civil, julgue o item a seguir.
a) No contrato de transporte de pessoas, a responsabilidade do transportador
pelo acidente com o passageiro será afastada quando for comprovada culpa
exclusiva de terceiro.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Art. 735, CC: A responsabilidade contratual do transportador por
acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual
tem ação regressiva.

QUESTÃO 24 (CESPE/UnB – TRT/10ª Região/DF/TO – Analista Judiciário


– 2013) Julgue o próximo item relativo aos contratos.
a) Se o indivíduo “A” receber do indivíduo “B”, mediante contrato estimatório,
duas dúzias de bordados, esses bens não poderão ser penhorados pelos
credores de A, salvo se o preço já houver sido pago integralmente.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Contrato estimatório (arts. 534 a 537, CC) é aquele em que alguém
recebe de outrem bens móveis, ficando autorizado a vendê-los e obrigando-se a
pagar um preço estimado previamente, se não restituir as coisas consignadas,
dentro do prazo ajustado. Também conhecido como venda em consignação. O
consignante não perde a propriedade da coisa, até que o consignatário a negocie
com terceiros. Nos termos do art. 536, CC a coisa consignada não pode ser objeto
de penhora ou sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não pago
integralmente o preço.

QUESTÃO 25 (CESPE/UnB – SEGER/ES – Governo do Estado do Espírito


Santo – Analista do Executivo – Direito – 2013) No que tange à Lei n°
8.245/1991, que trata de locações de imóveis urbanos, e a suas
alterações, julgue as seguintes assertivas.
a) Tanto as benfeitorias úteis quanto as necessárias serão indenizadas pelo
locador, ainda que ele não tenha autorizado.

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b) A locação para temporada é destinada à residência temporária do locatário,
não superior a sessenta dias, para a prática de lazer ou para a realização de
cursos.
c) No caso de um imóvel alugado que precise de reparos urgentes, cuja
realização seja obrigação do locador, se os reparos durarem mais de quinze
dias, o locatário poderá pedir o abatimento do aluguel ou resilir o contrato.
d) Pelo princípio da autonomia privada, é possível que o valor da sublocação
seja superior ao da locação.
e) Na hipótese de haver condomínio, o condômino terá prioridade no seu direito
de preferência em detrimento do locatário.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Estabelece o art. 35 da Lei do Inquilinato que salvo expressa disposição
contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário,
ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que
autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção.
b) Errado. Dispõe o art. 48, LI que considera-se locação para temporada aquela
destinada à residência temporária do locatário, para prática de lazer, realização
de cursos, tratamento de saúde, feitura de obras em seu imóvel, e outros fatos
que decorrem tão somente de determinado tempo, e contratada por prazo não
superior a noventa dias, esteja ou não mobiliado o imóvel.
c) Errado. Nos termos do art. 26, LI, que necessitando o imóvel de reparos
urgentes, cuja realização incumba ao locador, o locatário é obrigado a consenti-
los. Parágrafo único. Se os reparos durarem mais de dez dias, o locatário terá
direito ao abatimento do aluguel, proporcional ao período excedente; se mais de
trinta dias, poderá resilir o contrato.
d) Errado. Prevê o art. 21, LI que o aluguel da sublocação não poderá exceder o
da locação (...). Parágrafo único. O descumprimento deste artigo autoriza o
sublocatário a reduzir o aluguel até os limites nele estabelecidos.
e) Certo. É o que estabelece expressamente o art. 34, LI: Havendo condomínio
no imóvel, a preferência do condômino terá prioridade sobre a do locatário.

QUESTÃO 26 (CESPE/UnB – TRF/2ª Região – Juiz Federal – 2013) Acerca


das modalidades de contratos, julgue os itens a seguir.
a) É lícita a compra e venda entre cônjuges com relação a bens excluídos da
comunhão.
b) Na compra e venda o direito de preferência é passível de cessão e pode ser
transmitido aos herdeiros.
c) Segundo o Código Civil, o doador pode estipular cláusula de reversão em
favor de terceiro na hipótese de este sobreviver ao donatário.
d) Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a liberalidade
por ingratidão do donatário.

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e) Não se revogam por ingratidão as doações puramente remuneratórias, mas
as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural são passíveis de
revogação.
f) O comodatário poderá recobrar do comodante as despesas feitas com o uso
e gozo da coisa emprestada.
g) À luz da Lei do Inquilinato (Lei n° 8.245/91) não se admitirá a emenda da
mora se o locatário já houver utilizado essa faculdade por duas vezes nos vinte
e quatro meses imediatamente anteriores à propositura da ação.
h) Conferido o mandato com a cláusula in rem suam, a sua revogação não terá
eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o
mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens
móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.
i) No seguro de pessoas, a apólice ou o bilhete podem ser ao portador.
j) Pode-se estipular a fiança ainda que sem consentimento do devedor, mas
não contra a sua vontade.
COMENTÁRIOS
a) Certo. É o que dispõe expressamente o art. 499, CC.
b) Errado. De acordo com o art. 520, CC, o direito de preferência não se pode
ceder nem passa aos herdeiros.
c) Errado. Embora o art. 547, caput, CC estabeleça que o doador pode estipular
que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário,
determina o parágrafo único deste dispositivo que não prevalece cláusula de
reversão em favor de terceiro.
d) Certo. É o que prevê o art. 556, CC.
e) Errado. Segundo o art. 564, CC, não se revogam por ingratidão: I. as doações
puramente remuneratórias; II. as oneradas com encargo já cumprido; III. as que
se fizerem em cumprimento de obrigação natural e IV - as feitas para determinado
casamento.
f) Errado. Estabelece o art. 584, CC que o comodatário não poderá jamais
recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.
g) Errado. O texto original da Lei do Inquilinato previa que o inquilino somente
poderia utilizar esse benefício caso não houvesse usado essa faculdade por duas
vezes nos doze meses imediatamente anteriores à propositura da ação.
Atualmente, com a edição da Lei n° 12.112/09, basta uma única vez. Art. 62,
parágrafo único, LI: “Não se admitirá a emenda da mora se o locatário já houver
utilizado essa faculdade nos 24 (vinte e quatro) meses imediatamente anteriores
à propositura da ação”.
h) Certo. O mandato com a cláusula in rem suam, é o mesmo que mandato em
causa própria, previsto no art. 685, CC.
i) Errado. Segundo prevê o art. 760, CC, a apólice ou o bilhete de seguro serão
nominativos, à ordem ou ao portador, e mencionarão os riscos assumidos, o início
e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prêmio devido, e, quando for o

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caso, o nome do segurado e o do beneficiário. Estabelece o parágrafo único deste
dispositivo que no seguro de pessoas, a apólice ou o bilhete não podem ser ao
portador.
j) Errado. Estabelece o art. 820, CC: Pode-se estipular a fiança, ainda que sem
consentimento do devedor ou contra a sua vontade.

QUESTÃO 27 (CESPE/UnB – TJ/DF – Analista Judiciário – 2013) Julgue o


item a seguir.
a) Considere que Alfredo, com o objetivo de vender imóvel de sua propriedade,
tenha firmado, a título gratuito, contrato de mandato com Mário. Nessa situação
hipotética, a partir da formalização do contrato, Alfredo não poderá impedir a
realização do negócio, salvo se ficar demonstrada a incapacidade civil de Mário.

COMENTÁRIOS
a) Errado. A qualquer momento Alfredo pode revogar o mandato outorgado para
Mário e retomar a negociação da venda para si, inclusive impedindo esta venda.
A revogação é ato do mandante e depende apenas de sua simples vontade e esta
pode se dar a qualquer tempo. A revogação pode ser expressa ou tácita.
Será tácita quando o outorgante pratica pessoalmente os atos para os quais
conferiu poderes ao outorgado ou quando constitui novo outorgado para a prática
destes mesmos atos. O art. 682, CC prevê a revogação como uma das causas da
extinção do mandato.

QUESTÃO 28 (CESPE – AGU – Advogado da União – 2015) A respeito dos


contratos, julgue os próximos itens à luz do Código Civil.
a) Se vendedor e comprador estipularem o cumprimento das obrigações de
forma simultânea em venda à vista, ficará afastada a utilização do direito de
retenção por parte do vendedor caso o preço não seja pago.
b) No mandato outorgado por mandante capaz, são válidos os atos praticados
por mandatário com dezesseis anos de idade, ainda que não emancipado, desde
que não sejam excedidos os limites do mandato.
COMENTÁRIOS
a) Errado. No caso concreto o devedor poderá usar o direito de retenção (ou seja,
não ficará afastado o direito de retenção). Isso porque, pactuando-se o
cumprimento simultâneo e não sendo pago o preço, o vendedor também não será
obrigado a entregar a coisa (podendo retê-la até que o pagamento seja feito). Art.
491, CC: Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a
coisa antes de receber o preço.
b) Certo. Art. 666, CC: O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não
emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão
de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por
menores. Art. 679, CC: Ainda que o mandatário contrarie as instruções do
mandante, se não exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado
para com aqueles com quem o seu procurador contratou; mas terá contra este
ação pelas perdas e danos resultantes da inobservância das instruções.

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QUESTÃO 29 (CESPE/UnB – TRT/10ª Região/DF/TO – Analista Judiciário
– 2013) Em relação aos contratos, julgue o item subsequente.
a) Considera-se fiança o contrato de garantia real pelo qual uma pessoa obriga-
se a pagar um débito de outra pessoa.
COMENTÁRIOS
a) Errada. No direito brasileiro temos duas espécies de contratos de caução ou
garantia: a) real (ex.: hipoteca, penhor, etc.); b) pessoal ou fidejussória (ex.:
aval, fiança, etc.). Portanto a fiança é um contrato de garantia pessoal (e não real
como afirmado na questão). Trata-se de um contrato pelo qual uma terceira
pessoa se obriga por outra perante o credor desta a responder pela obrigação
contratada caso o devedor principal deixe de cumpri-la.

QUESTÃO 30 (CESPE/UnB – IEMA/ES – Advogado do Instituto Estadual


do Meio Ambiente – 2013) Acerca dos contratos regidos pelo Código Civil,
julgue o item a seguir.
a) É nula a fiança dada em valor inferior ou superior ao da obrigação principal,
pois, sendo a fiança acessória à obrigação contraída em outro contrato,
servindo-lhe de garantia, a sua fixação deve corresponder ao valor da dívida
principal.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 823, CC, a fiança pode ser de valor inferior ao da
obrigação principal e contraída em condições menos onerosas, e, quando exceder
o valor da dívida, ou for mais onerosa que ela, não valerá senão até ao limite da
obrigação afiançada. Portanto, não é causa de nulidade da fiança. Ela apenas é
ineficaz em relação ao que exceder o valor da obrigação principal.

QUESTÃO 31 (CESPE/UnB – BACEN – Procurador – 2013) Julgue os itens


subsequentes a respeito da fiança.
a) O benefício de ordem é direito garantido legalmente ao fiador,
considerando-se não escrita cláusula de renúncia.
b) Não extingue a fiança o fato de o credor aceitar, em pagamento da dívida,
dação em pagamento feita pelo devedor, se este vier a perder o objeto pela
evicção.
c) Independentemente do regime de bens do casamento, será anulável e
ineficaz a fiança prestada pelo cônjuge sem o consentimento do outro.
d) Ainda que a consequência da fiança seja onerosa, dada a garantia da dívida
à custa do patrimônio do fiador, a solidariedade entre os fiadores se presume.
e) A obrigação de pagar a dívida do devedor não se transmite aos herdeiros,
que não são obrigados a afiançar dívidas alheias.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Estabelece inicialmente o art. 827, CC que o “fiador demandado pelo
pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam
primeiro executados os bens do devedor” (este é o chamado benefício de ordem).

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Prossegue o art. 828, I, CC: Não aproveita este benefício ao fiador: I. se ele o
renunciou expressamente.
b) Errado. Estabelece o art. 838, III, CC: O fiador, ainda que solidário, ficará
desobrigado: (...) III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar
amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar (esta
é a chamada dação em pagamento), ainda que depois venha a perdê-lo por
evicção.
c) Errado. De fato, estabelece a Súmula 332, STJ: "A fiança prestada sem
autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia". No entanto
estabelece o art. 1.647, CC: "Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos
cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação
absoluta: (...) III - prestar fiança ou aval”.
d) Certo. É o que dispõe, em outras palavras, o art. 829, CC: A fiança
conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o
compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o
benefício de divisão.
e) Errado. Nos termos do art. 836, CC: A obrigação do fiador passa aos herdeiros;
mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do
fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança.

QUESTÃO 32 (CESPE/UnB – Procurador do Ministério Público – Tribunal


de Contas do Distrito Federal – 2013) Mediante a formalização de um
contrato escrito, Paulo, que é casado com Lúcia, se obrigou a pagar a
Dimas o que este tem a receber de Lauro, caso Lauro não cumpra a
obrigação. A propósito dessa situação hipotética, julgue os itens
subsequentes.
a) O fato de Lauro não ter conhecimento do contrato não representa empecilho
à formação desse instrumento.
b) Dada a natureza do contrato entabulado, haverá solidariedade entre Paulo e
Lauro.
c) Caso o contrato seja anulado em razão da ausência de outorga uxória de
Lúcia, esposa de Paulo, a consequência será a ineficácia total da garantia dada.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Para resolver esta questão, inicialmente precisamos partir de algumas
premissas. Primeiro. Dimas e Lauro firmaram um contrato principal (a questão
não diz que contrato é esse). Segundo. Para garantir esse contrato, Dimas firmou
outro contrato com Paulo em que este se obriga a pagar a Dimas a obrigação que
Lauro assumiu, caso este não a cumpra. Portanto, o contrato firmado entre Dimas
e Paulo é o de fiança, nos termos do art. 818, CC (sendo que Paulo é o fiador).
Nos termos do art. 820, CC, pode-se estipular a fiança, ainda que sem o
consentimento do devedor (Lauro) ou contra a sua vontade.
b) Errado. O contrato de fiança tem natureza subsidiária (e não solidária). Isso
é, somente se Lauro não cumprir a obrigação e que Paulo será acionado. Isso é
chamado de benefício de ordem. É o que estabelece o art. 827, CC: O fiador

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demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da
lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. É certo que é admissível
a renúncia a este benefício. Mas a questão nada menciona sobre este fato.
Prevalece então a subsidiariedade.
c) Certo. O Código Civil de 2002 manteve a necessidade do consentimento do
cônjuge para se prestar fiança. Dispõe o art. 1.647, III, CC que, salvo no regime
de separação absoluta de bens, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do
outro prestar fiança. Acrescenta o art. 1.649, CC que a fiança prestada sem a
outorga conjugal é ato anulável: "A falta de autorização, não suprida pelo juiz,
quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro
cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade
conjugal". Assim, a fiança deixará de produzir seus efeitos, caso a sua
anulabilidade seja decretada por decisão judicial. Havendo a arguição da
anulabilidade da fiança dada sem o devido consentimento, essa garantia
fidejussória será anulada não apenas quanto à metade do cônjuge que não deu o
seu consentimento, mas por inteiro. Ou seja, a fiança deixará de produzir a
totalidade de seus efeitos. Nesse sentido é a Súmula 332 do STJ: "A fiança
prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da
garantia".

QUESTÃO 33 (CESPE/UnB – TRT/8ª Região/PA/AP – Analista Judiciário –


2013) Acerca dos contratos, julgue os itens subsequentes.
a) Será nulo o contrato de prestação de serviços com prazo de dez anos de
duração, por ofender norma de ordem pública.
b) Dada a impessoalidade do contrato de prestação de serviços, o prestador
pode, mesmo sem autorização da outra parte, fazer com que terceiro execute
o serviço.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Na realidade o contrato de prestação de serviço não pode superar o
prazo de 04 (quatro) anos, de acordo com o art. 598, CC. Esse mesmo dispositivo
determina que decorrido esse prazo dar-se-á por findo o contrato, ainda que não
concluída a obra. Portanto, não é caso de nulidade do contrato. Pelo princípio da
conservação o contrato deve ser considerado válido. No entanto será reputado
extinto apenas em relação ao excesso que foi pactuado.
b) Errado. Dispõe o art. 605, CC: Nem aquele a quem os serviços são prestados,
poderá transferir a outrem o direito aos serviços ajustados, nem o prestador de
serviços, sem aprazimento da outra parte, dar substituto que os preste.

QUESTÃO 34 (FUNDATEC – Advogado do Conselho Regional de Medicina


Veterinária do Rio Grande do Sul – CRMV/RS – 2013) Considerando o
regramento que o Código Civil brasileiro destina ao contrato de prestação
de serviços, julgue os itens a seguir:
a) Toda espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser
contratada mediante contribuição.

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b) O contrato de prestação de serviços exige a forma escrita, não admitindo
assinatura a rogo.
c) A prestação de serviços pode ser convencionada por qualquer prazo, mas em
caso de omissão no contrato, presume-se a contratação por dois anos.
COMENTÁRIOS
a) Certo. É o que dispõe literalmente o art. 594, CC.
b) Errado. Prescreve o art. 595, CC: No contrato de prestação de serviço, quando
qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser
assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.
c) Errado. Determina o art. 598, CC: A prestação de serviço não se poderá
convencionar por mais de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o
pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa e
determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o
contrato, ainda que não concluída a obra.

QUESTÃO 35 (CESPE/UnB – Câmara dos Deputados – Consultor


Legislativo – 2014) A respeito dos contratos de prestação de serviços,
empreitada e mandato, julgue os itens subsequentes.
a) Terá eficácia perante o mandatário a revogação do mandato com a cláusula
em causa própria por simples iniciativa do outorgante.
b) No contrato de prestação de serviços há dependência econômica,
subordinação e obediência hierárquica entre o prestador ou locador e o tomador
dos serviços ou comitente.
c) A empreitada é contrato consensual, bilateral, comutativo, oneroso e por
prazo determinado.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 685, CC, “Conferido o mandato com a cláusula ‘em
causa própria’, a sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte
de qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e
podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato,
obedecidas as formalidades legais”.
b) Errado. O contrato de prestação de serviços não gera qualquer vínculo
trabalhista, diferentemente do contrato de trabalho que cria a chamada relação
de emprego (ou vínculo empregatício), com seus três elementos: habitualidade,
subordinação e dependência econômica. No contrato de prestação de serviços não
há dependência econômica, subordinação e obediência hierárquica entre o
prestador e o tomador dos serviços. Isso porque a atividade contratada não se
caracteriza habitual em sua prestação ao contratante e é exercida pelo prestador
com autonomia técnica e sem qualquer subordinação de poder (sujeição
hierárquica) ou dependência econômica. Estabelece o art. 593, CC: A prestação
de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou a lei especial, reger-se-
á pelas disposições deste Capítulo.
c) Certo. A empreitada é contrato: bilateral (cria para ambos obrigações
recíprocas), comutativo (prestações equivalentes, podendo-se, desde logo,

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apreciar tal equivalência), oneroso (transferência recíproca de direitos e vantagens
= contraprestação), consensual (o contrato de aperfeiçoa com o simples acordo
de vontade das partes, independentemente de tradição) e não solene (não se
exige forma especial; pode até mesmo ser verbal), execução sucessiva ou
continuada (necessita de certo espaço de tempo para a sua conclusão, dada a
própria estrutura do seu objeto: efetivação de um trabalho para atingir certo
resultado).

QUESTÃO 36 (CESPE – TJ/AM – Juiz de Direito – 2016) A respeito dos


contratos regidos pelo Código Civil, julgue o item a seguir.
a) No silêncio do contrato, o empreiteiro contratado deve contribuir para
execução da obra com seu trabalho e com os materiais necessários à sua
conclusão.
COMENTÁRIOS
a) Errado. No silêncio do contrato não se pode presumir a obrigação de se
fornecer os materiais. Art. 610, CC: O empreiteiro de uma obra pode contribuir
para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais. §1° A obrigação de
fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

QUESTÃO 37 (CESPE – TJ/DFT – Analista Judiciário – 2015) Julgue o item


seguinte, relativo aos contratos.
a) Se um indivíduo cometer suicídio quatro anos após contratar seguro de vida,
a seguradora estará dispensada de pagar a indenização prevista no contrato
caso haja cláusula contratual que exclua o pagamento na hipótese de suicídio.
COMENTÁRIOS
a) Errado. De acordo com o atual entendimento do STJ (REsp 1.334.005-GO), o
beneficiário não terá direito ao capital estipulado quando o segurado se
suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato ou nos dois
primeiros anos depois de o contrato ter sido reiniciado (recondução) depois de um
tempo suspenso (art. 798, CC). O beneficiário não terá direito à indenização, mas
receberá o valor da reserva técnica já formada, ou seja, terá direito à quantia que
o segurado pagou a título de prêmio para a seguradora. A seguradora será
obrigada a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica já formada
mesmo que fique provado que o segurado premeditou o suicídio. No entanto, se
o suicídio ocorrer depois dos dois primeiros anos do contrato, será devida
a indenização ainda que exista cláusula expressa em contrário. Assim, é
nula a cláusula contratual que exclua a indenização da seguradora em caso de
suicídio ocorrido depois dos dois primeiros anos do contrato (art. 798, parágrafo
único, CC). Essa questão também caiu no concurso: CESPE – TJ/AM Juiz de Direito
– 2016.

QUESTÃO 38 (CESPE – TRE/MT – Analista Judiciário – 2015) Em relação


aos contratos, julgue os itens a seguir, à luz da jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça (STJ).

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a) O aluguel fixado de modo unilateral pelo comodante em razão de mora do
comodatário na restituição do imóvel emprestado tem natureza de indenização
pela ocupação indevida da coisa.
b) A dívida de jogo firmada em casa de bingo é exigível na hipótese de o
funcionamento da casa ter sido autorizado pelo Poder Judiciário.
COMENTÁRIOS
a) Errado. REsp 1.175.848/PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino: O
comodante pode fixar aluguel de forma unilateral em caso de mora do comodatário
na restituição da coisa emprestada, desde que em montante não superior ao dobro
do valor de mercado. O art. 582, 2ª parte, do CC dispõe que o comodatário
constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituir a coisa, o
aluguel que for arbitrado pelo comodante. A natureza desse aluguel é de uma
autêntica pena privada, e não de indenização pela ocupação indevida do
imóvel emprestado. O objetivo central do aluguel não é transmudar o comodato
em contrato de locação, mas sim coagir o comodatário a restituir o mais
rapidamente possível a coisa emprestada, que indevidamente não foi devolvida no
prazo legal. O arbitramento do aluguel-pena não pode ser feito de forma abusiva,
devendo respeito aos princípios da boa-fé objetiva (art. 422/CC), da vedação ao
enriquecimento sem causa e do repúdio ao abuso de direito (art. 187/CC).
Havendo arbitramento em valor exagerado, poderá ser objeto de controle judicial,
com eventual aplicação analógica da regra do parágrafo único, do art. 575 do CC,
que, no aluguel-pena fixado pelo locador, confere ao juiz a faculdade de redução
quando o valor arbitrado se mostre manifestamente excessivo ou abusivo. Para
não se caracterizar como abusivo, o montante do aluguel-pena não pode ser
superior ao dobro da média do mercado, considerando que não deve servir de
meio para o enriquecimento injustificado do comodante.
b) Errado. REsp 1406487/SP – Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino: 1.
Controvérsia acerca da exigibilidade de vultosa dívida de jogo contraída em Casa
de Bingo mediante a emissão de cheques por pessoa diagnosticada com estado
patológico de jogadora compulsiva. 3. "As dívidas de jogo ou de aposta não
obrigam a pagamento" (art. 814, caput), sendo que "o preceito contido neste
artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se excetuando
os jogos e apostas legalmente permitidos." (art. 814, §2°, CC). 4. Distinção entre
jogo proibido, tolerado e legalmente permitido, somente sendo exigíveis as dívidas
de jogo nessa última hipótese. 5. Caráter precário da liminar que autorizou o
funcionamento da casa de bingos, não se equiparando aos jogos legalmente
autorizados. 6. Inexigibilidade da obrigação, na espécie, tratando-se de
mera obrigação natural.

QUESTÃO 39 (CESPE – TJ/DFT – Juiz de Direito – 2016) A respeito dos


contratos regidos pelo Código Civil, julgue o item a seguir.
a) A doação remuneratória, tal como a pura, não sujeita o doador às
consequências do vício redibitório.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Doação remuneratória é aquela que tem por finalidade recompensar
ou agradecer um serviço ou favor prestado pelo donatário ao doador (art. 540, 2ª

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parte, CC). Ex.: José, médico, faz um tratamento em João seu amigo, que não
tinha condições financeiras de pagar pelos serviços. Decorrido 10 anos (já
prescrita eventual pretensão) João se torna rico e resolve quitar aquela dívida com
José. Após atualizar o valor do tratamento chegou-se à cifra de vinte mil reais.
Como a dívida está prescrita, ela não é mais exigível. João resolve então fazer
uma doação remuneratória, no valor de cem mil reais em bens como carros e
joias. Ao fazer a doação o valor dos serviços prestados passa a ser exigível
judicialmente. Portanto, se o pagamento foi realizado através da entrega de um
automóvel e se esse veículo apresentar um defeito que lhe diminua
substancialmente o valor João responderá (pela evicção e pelos vícios
redibitórios) somente até o valor dos serviços prestados (ou seja, vinte mil
reais), sendo que o valor excedente não perde o caráter de liberalidade.

QUESTÃO 40 (CESPE – FUNPRESP-JUD – Analista – Direito – 2016) A


respeito das espécies de contratos, julgue o item subsequente.
a) Com relação ao contrato de prestação de serviços, é permitida, de acordo
com o Código Civil, a subcontratação sem autorização da outra parte, nos casos
em que o prestador da obrigação de fazer garanta o resultado.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Art. 605, CC: Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá
transferir a outrem o direito aos serviços ajustados, nem o prestador de serviços,
sem aprazimento da outra parte, dar substituto que os preste.

QUESTÃO 41 (CESPE – TRT/8ª Região/PA/AP – Analista Judiciário –


2016) A respeito das espécies de contratos, julgue os itens a seguir.
a) O doador pode fixar cláusula de reversão, pela qual o bem doado volta ao
seu patrimônio se ele sobreviver ao donatário.
b) A pessoa que se tornar fiadora de devedor declarado insolvente poderá
invocar o benefício de ordem quando for cobrada pela dívida antes do devedor
principal.
c) A outorga de mandato por meio de instrumento público desautoriza o
substabelecimento mediante instrumento particular.
d) Tratando-se de contrato consensual, considera-se concluído o comodato no
momento do acordo de vontades.
e) Em caso de descumprimento de acordo que previa o direito de preferência
na venda de um imóvel, a parte preterida terá o direito de desfazer o negócio
sobre o qual tinha prelação.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Art. 547, CC: O doador pode estipular que os bens doados voltem ao
seu patrimônio, se sobreviver ao donatário.
b) Errado. Art. 827, CC: O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem
direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens
do devedor. Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se
refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres

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e desembargados, quantos bastem para solver o débito. Art. 828. Não aproveita
este benefício ao fiador: I. se ele o renunciou expressamente; II. se se obrigou
como principal pagador, ou devedor solidário; III. se o devedor for insolvente, ou
falido.
c) Errado. Art. 655, CC: Ainda quando se outorgue mandato por instrumento
público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular.
d) Errado. Art. 579, CC: O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não
fungíveis. Trata-se de um contrato real que se perfaz com a tradição do objeto.
e) Errada. Art. 518, CC: Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar
a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela
lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-
fé. Portanto, o negócio não se desfaz; resolve-se tudo em perdas e danos.

QUESTÃO 42 (CESPE – TCE/SC – Auditor Fiscal de Controle Externo –


2016) Julgue o próximo item, relativo às espécies de contrato.
a) Em se tratando de comodato celebrado verbalmente sem prazo determinado,
admite-se a presunção do tempo necessário à retomada do bem.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Segundo a doutrina e a jurisprudência de nossos Tribunais, existindo
contrato de comodato (arts. 579 a 585, CC) verbal e sem prazo determinado, a
notificação extrajudicial possui o condão de constituir o comodatário em mora; o
esbulho somente fica caracterizado com o decurso do prazo para desocupação
contado do recebimento da notificação. Portanto, admite-se a presunção do tempo
necessário à retomada do bem.

QUESTÃO 43 (CESPE – TCE/PR – Analista de Controle – Jurídica – 2016)


Acerca da disciplina das espécies de contratos do Código Civil, julgue o
item subsequente.
a) Aprovado o projeto, é lícito ao proprietário da obra introduzir modificações
de pequena monta sem anuência do autor, ainda que a execução tenha sido
confiada a terceiro por contrato de empreitada.
COMENTÁRIOS
a) Certo. Art. 621, CC: Sem anuência de seu autor, não pode o proprietário da
obra introduzir modificações no projeto por ele aprovado, ainda que a execução
seja confiada a terceiros, a não ser que, por motivos supervenientes ou razões de
ordem técnica, fique comprovada a inconveniência ou a excessiva onerosidade de
execução do projeto em sua forma originária. Parágrafo único. A proibição deste
artigo não abrange alterações de pouca monta, ressalvada sempre a
unidade estética da obra projetada.

QUESTÃO 44 (CESPE – FUNPRESP-EXE – Área Jurídica – 2016) Julgue o


item que se segue, relativo aos contratos.
a) A resolução de contrato de serviço residencial a ser realizado uma vez por
semana, no qual não conste cláusula que estipule prazo, dependerá de
demonstração de justa causa.

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COMENTÁRIOS
a) Errado. Trata-se de contrato de prestação de serviços. Segundo o art. 599,
CC, não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do
contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante
prévio aviso, pode resolver o contrato. Portanto não há necessidade de demonstrar
justa causa; basta o aviso prévio.

QUESTÃO 45 (CESPE – PGM/Fortaleza – Procurador do Município – 2017)


Acerca dos contratos, julgue os itens que se seguem.
a) Tratando-se de contrato de mandato, o casamento do mandante não
influenciará nos poderes já conferidos ao mandatário.
b) Em se tratando de contrato de locação, se o fiador tiver se comprometido
até a devolução do imóvel pelo locatário, a prorrogação do prazo contratual sem
sua anuência o desobriga de responder por ausência de pagamento.
COMENTÁRIOS
a) Errado. Segundo o art. 682, CC, cessa o mandato: (...) “III. pela mudança de
estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os
exercer”. A doutrina aponta diversos exemplos de mudança de estado que
determinam a extinção do mandato. Um deles é o mandato outorgado por pessoa
solteira, divorciada ou viúva, que confere poderes para alienação de bem imóvel,
para constituição de direito real ou para prestar fiança, sendo que este se extingue
com o casamento do outorgante. Ainda segundo a doutrina, a inabilitação se dá
ipso jure, ou seja, ocorre a extinção automática do contrato, tão logo se verifique
a mudança de estado de uma das partes, independentemente de notificação da
outra parte, ressalvados os direitos dos terceiros que tratarem com mandatário
desconhecedor da causa que promoveu a extinção do mandato.
a) Errado. STJ em Agravo Regimental em Agravo em Recurso Especial (AgRg no
AREsp: 234428 SP 2012/0200943-6, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, DJe 20/06/2013): “A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que,
havendo cláusula contratual expressa, a responsabilidade do fiador, pelas
obrigações contratuais decorrentes da prorrogação do contrato de locação, deve
perdurar até a efetiva entrega das chaves do imóvel”.

EXERCÍCIOS CESPE = MÚLTIPLA ESCOLHA

01) (CESPE/UnB – TJ/RO – Analista Processual – 2012) Pedro vendeu um


apartamento a Paulo, o qual se comprometeu a oferecer primeiro a Pedro
na hipótese de pretender vender o referido imóvel futuramente. Nesse
caso, verifica-se a figura da cláusula de
(A) venda com encargo.
(B) venda a termo.
(C) preempção.
(D) condição.
(E) retrovenda.

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COMENTÁRIOS. Segundo o art. 513, CC, a preempção ou preferência impõe
ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender
ou dar em pagamento, para que este use o seu direito de prelação na compra,
tanto por tanto. Gabarito: “C”.

02) (CESPE/UnB – TJ/ES – Titular de Serviços de Notas e Registro – 2013)


Determinado imóvel urbano está alugado e o locador deseja vendê-lo
antes do prazo final do contrato de locação. Nesse caso,
(A) a preferência do locatário sobrepõe-se à do condômino, nos casos em que
houver condomínio no imóvel.
(B) o direito de preferência incidirá sobre a totalidade dos bens que sejam objeto
da alienação, no caso de haver alienação de mais de uma unidade imobiliária.
(C) o locador não tem legitimidade para o registro do contrato de locação com
cláusula de vigência, em caso de alienação.
(D) o locatário deverá exercer seu direito de preempção no prazo de sessenta
dias.
(E) o locatário preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do
alienante perdas e danos, independentemente de o contrato de locação ter sido
averbado no cartório de imóveis antes da alienação.
COMENTÁRIOS. A questão se refere à Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91). A letra
“a” está errada nos termos do art. 34: “Havendo condomínio no imóvel, a
preferência do condômino terá prioridade sobre a do locatário”. A letra “b” está
correta nos exatos termos do art. 31. A letra “c” está errada, pois prevê o art. 8°:
“Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá denunciar o
contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for
por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de
alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel”. A letra “d” está errada,
conforme dispõe o art. 28: “O direito de preferência do locatário caducará (...) no
prazo de 30 dias” (Preempção = prioridade na compra, preferência). Finalmente a
letra “e” está errada, nos termos do art. 33: “O locatário preterido no seu direito
de preferência poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou, depositando o
preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado,
se o requerer no prazo de seis meses, a contar do registro do ato no cartório de
imóveis, desde que o contrato de locação esteja averbado pelo menos trinta dias
antes da alienação junto à matrícula do imóvel”. Gabarito: “B”.

03) (CESPE – TJ/DFT – Juiz de Direito – 2016) No que se refere ao


contrato estimatório do Direito Civil, assinale a opção correta.
(A) Pode ter por objeto bem fungível, e a restituição, se for o caso, será por coisa
de igual gênero, qualidade e quantidade.
(B) Os riscos são do consignante, que suporta a perda ou deterioração da coisa.
(C) Após a entrega da coisa, a posse é exercida em nome do consignante, que a
mantém de forma mediata ou indireta.

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(D) O preço de estima é ato unilateral do consignatário e, se não alcançado em
determinado lapso temporal, emerge o dever de restituir a coisa.
(E) Em decorrência da natureza própria do contrato, especialmente a obtenção
da posse e o poder de disposição, o Código Civil exige a forma escrita.
COMENTÁRIOS. Contrato estimatório ou venda em consignação é o negócio
jurídico em que alguém (consignatário) recebe de outrem (consignante) bens
móveis, ficando autorizado a vendê-los, obrigando-se a pagar um preço ajustado
previamente, se não restituir as coisas consignadas, dentro do prazo ajustado (art.
534, CC). Trata-se de um contrato real, pois há necessidade da entrega do objeto.
A letra “a” está correta. O art. 534, CC fala em bens móveis de uma forma geral.
Assim, não há impedimento que se trate de bem fungível. Nesse caso se ocorrer
a restituição esta se dará por coisa de iguais gêneros, qualidades e quantidades.
A letra “b” está errada. Estabelece o art. 535, CC: O consignatário não se exonera
da obrigação de pagar o preço, se a restituição da coisa, em sua integridade, se
tornar impossível, ainda que o fato a ele não seja imputável. Assim, os riscos são
do consignatário (e não do consignante). A letra “c” está errada. O consignatário
não exerce a posse em nome do consignante. Ao contrário, ele fica autorizado a
vender os bens consignados e o consignante não pode dispor da coisa antes de
lhe ser restituída ou de lhe ser comunicada a restituição (art. 534 e 537, CC). A
letra “d” está errada, pois o valor da estima não é ato unilateral, mas ajustado
entre as partes (art. 534, CC). A letra “e” está errada, pois o contrato estimatório
é um contrato informal, não solene, não exigindo forma especial, podendo até
mesmo ser verbal. Gabarito: “A”.

04) (CESPE – TCE/PR – AUDITOR – 2016) A respeito dos contratos em


geral e suas espécies, assinale a opção correta.
(A) Em se tratando de venda ad mensuram de imóveis, há presunção relativa de
tolerância de variação de até 5% na extensão do imóvel.
(B) O defeito oculto de uma coisa autoriza a rejeição de todas as outras vendidas
em conjunto com ela, dado o princípio da função social do contrato.
(C) É anulável a permuta de bens de valores desiguais entre ascendentes e
descendentes sem o consentimento dos demais descendentes, ainda que o
ascendente receba o bem de maior valor.
(D) É ilícita a compra e venda, entre cônjuges, de imóvel que pertença
exclusivamente a um deles.
(E) O condômino de condomínio pro diviso não poderá vender a sua parte a
estranho se outro condômino a quiser em igualdade de condições.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. Venda ad mensuram ou por medida
(art. 500, CC) é aquela em que no contrato se fixa área determinada e estipula o
preço por medida de extensão (a área é requisito essencial do contrato). O
comprador adquire uma determinada metragem de terreno e o vendedor deve
entregar a quantidade vendida. No entanto há uma tolerância em favor do
vendedor de até menos de 1/20 (um vigésimo ou 5%) da área total enunciada.
Se a medida for menor, o comprador terá o direito de exigir o complemento da
área, e, não sendo possível, o de reclamar a rescisão do contrato ou abatimento

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proporcional do preço. Se a área encontrada for maior do que a declarada no título,
o vendedor tem direito, por escolha do comprador, de receber a complementação
do preço ou a devolução do excesso, desde que o vendedor possa provar que tinha
motivo suficiente para ignorar a medida exata da área vendida. Tanto o vendedor
quanto o comprador têm o prazo de um ano (decadencial) para ingressaram com
as ações correspondentes (art. 501, CC). A letra “b” está errada. Art. 503, CC:
Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a
rejeição de todas. A letra “c” está errada. De fato, segundo o art. 533, II, CC é
anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem
consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante. No entanto,
se os valores forem iguais ou se o bem entregue pelo descendente ao ascendente
for de valor superior não será necessária a anuência, pois não haverá decréscimo
do patrimônio do ascendente, e, em consequência, não haverá interesse dos
demais descendentes em discordar da permuta realizada. A letra “d” está errada.
Art. 499, CC: É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens
excluídos da comunhão. A letra “e” está errada. Art. 504, CC: Não pode um
condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte
a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da
venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos,
se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Gabarito:
“A”.

05) (CESPE – TRE/PI – Analista Judiciário – 2016) Pedro, em razão de ter


mudado de cidade, concedeu a seu amigo Carlos, que tem dezesseis anos
de idade, poderes para, em seu nome, praticar os atos necessários à
venda de um imóvel. Considerando essa situação hipotética, assinale a
opção correta.
(A) Caso Carlos desatenda a alguma instrução, Pedro se desobriga a cumprir o
contrato.
(B) Para que o contrato se aperfeiçoe, Carlos deverá aceitar expressamente.
(C) Caso Pedro venha a falecer, Carlos poderá agir no interesse dos herdeiros,
se houver.
(D) O fato de Carlos ter dezesseis anos não torna anulável o contrato.
(E) Por ser ato intuitu personae, é vedado a Carlos substabelecer.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Art. 679, CC: Ainda que o mandatário
contrarie as instruções do mandante, se não exceder os limites do mandato, ficará
o mandante obrigado para com aqueles com quem o seu procurador contratou;
mas terá contra este ação pelas perdas e danos resultantes da inobservância das
instruções. A letra “b” está errada, pois a aceitação pode ser tácita. Art. 659, CC:
A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução. A letra
“c” está errada. Por ter caráter pessoal, com o falecimento de qualquer uma das
partes, cessarão todos os efeitos do instrumento de mandato. Art. 682, CC: Cessa
o mandato: II. pela morte ou interdição de uma das partes. A letra “d” está correta
nos termos do art. 666, CC: O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não
emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão
de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por

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menores. A letra “e” está errada. Em que pese o caráter intuitu personae do
contrato de mandato e sem quebra dessa característica, há a possibilidade do
mandatário substabelecer os poderes recebidos não representando esse fato
qualquer violação a seus deveres. Gabarito: “D”.

06) (CESPE – TRE/PE – Analista Judiciário – Área Judiciária – 2017) A


empresa Bebidas Bom Preço Ltda. celebrou com uma empresa de
alimentos, por prazo determinado, contrato de comodato cujo objeto era
o empréstimo de um freezer. Era dever da comodatária armazenar
somente produtos adquiridos da comodante. Nessa situação hipotética,
conforme a legislação aplicável ao caso e o entendimento doutrinário
sobre o tema,
(A) por ter natureza pessoal, o contrato de comodato não se estenderá no caso
de sucessão empresarial da empresa comodatária.
(B) a comodante não poderá suspender o uso da coisa antes do término do prazo
do contrato, ainda que demonstre necessidade imprevista e urgente.
(C) o negócio jurídico perfez-se com a assinatura do contrato.
(D) a empresa comodatária pode cobrar da empresa comodante as despesas
referentes ao uso e ao gozo da coisa emprestada.
(E) a cláusula de exclusividade acerca dos produtos que devem ficar
armazenados no freezer não poderia ter sido estipulada.
COMENTÁRIOS. Letra A, correta. Uma das características do contrato de
comodato é a de ter natureza pessoal (intuito personae ou personalíssimo), por
isso não poderá ser cedido pelo comodatário a terceiros e nem se estenderá em
caso de sucessão empresarial. Letra B, incorreta. Art. 581, CC: Se o comodato
não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessário para o uso
concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e
urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada,
antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.
Letra C, incorreta. O comodato é um contrato real, ou seja, perfaz-se com a
entrega (tradição) da coisa ao comodatário (que passará a ter a posse direta da
coisa). Art. 579, CC: O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis.
Perfaz-se com a tradição do objeto. Letra D, incorreta. O comodato é contrato
gratuito, não exigindo contraprestação do comodatário (caso contrário seria uma
locação). No entanto pode-se exigir algum encargo, desse que este seja bem
inferior (comodato modal com encargo). Art. 584, CC: O comodatário não poderá
jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa
emprestada. Letra E, incorreta. Art. 582, CC: O comodatário é obrigado a
conservar, como se sua própria fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la
senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena de responder por
perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder,
pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.
Portanto, admissível a cláusula de exclusividade. Gabarito: “A”.

07) (CESPE – Procurador Municipal de Belo Horizonte – 2017) Pedro —


maior, capaz e solteiro — outorgou a Antônio — maior, capaz e solteiro —, por

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instrumento público e prazo indeterminado, procuração com cláusula causa
própria, para a venda de imóvel cujo preço era de R$ 1 milhão. Posteriormente,
Pedro revogou o mandato e notificou Antônio, que, por sua vez, havia transferido
o imóvel para si próprio. Inconformado, Pedro ingressou com ação visando à
anulabilidade do mandato. Considerando essa situação hipotética, assinale a
opção correta à luz das disposições do Código Civil.
(A) Por serem maiores e capazes, Pedro e Antônio poderiam ter dado procuração
mediante instrumento particular.
(B) A prova do negócio jurídico celebrado entre Pedro e Antônio não pode ser
exclusivamente testemunhal.
(C) A conduta de Antônio caracteriza simulação, de modo que a nulidade pode
ser reconhecida de ofício pelo juiz.
(D) A revogação do mandato efetuada por Pedro é ineficaz, ainda que ocorra a
notificação de Antônio.
COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. O art. 108, CC, estabelece a obrigatoriedade
do instrumento público para validade dos negócios jurídicos que visem a
constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre
imóveis. Já o art. 657, CC estabelece que a outorga do mandato está sujeito à
forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Portanto, deve haver unidade de
forma, não podendo ser aceito o instrumento de mandato particular para
transferência de imóvel. Letra B, incorreta. Cuidado! O art. 227, caput do Código
Civil foi revogado pelo Código de Processo Civil de 2015. Sobre o tema,
atualmente, vigora o seguinte: Art. 227, parágrafo único, CC: Qualquer que seja
o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou
complementar da prova por escrito. Art. 442, CPC: A prova testemunhal é sempre
admissível, não dispondo a lei de modo diverso. Letra C, incorreta. No caso
concreto não houve simulação, mas um mandata em causa própria, em que o
beneficiário é o próprio mandatário. O mandante (Pedro) transfere direitos ao
mandatário (Antônio) para que esse possa alienar bens do primeiro, sem
necessidade de prestação de contas sobre o ocorrido. Letra D, correta. Art. 685,
CC: Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua revogação não
terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o
mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens
móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.
Gabarito: “D”.

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