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1 - DISPOSIÇÕES GERAIS
Provas são meios que o agente tem para comprovar sua versão dos fatos, estabelecer a
verdade sobre algo. O novo Código de Processo Civil tem sido conduzido pelo instituto de
constitucionalização do Processo, uma vez que se preocupa em interpretar as normas contidas no
código com base em nossa Carta Maior promovendo proteção aos direitos fundamentais em
detrimento da intervenção estatal. Portanto, ao assumir essa nova conduta, diz-se que o Processo
será dirigido e interpretado consoante as disposições da Constituição.
Considerando que o Direito se baseia na alegação de fatos, cabe constatá-los através das
provas. O autor Alexandre Câmara, no livro O Novo Processo Civil Brasileiro, 2ª Edição, pág.
224, afirma que:
A corrente doutrinária majoritária afirma que a prova ilegítima é aquela no qual ocorre
no momento da sua produção no processo, sendo uma violação ao direito processual. Ademais,
significa afirmar que a prova em si é legítima, havendo uma violação ao princípio da boa – fé na
produção da prova em juízo. Assim sendo, é o comportamento aético que agride o dever de
comportamento moral que as partes devem deter no processo, v.g. no colhimento de depoimento
de uma das partes sem a presença do advogado, ou seja, o colhimento do depoimento é legítimo
quando seguido os requisitos necessários, no qual seja a presença do advogado, tornando-se
ilegítima quando ocorre sem a presença deste. Ao passo em que a prova ilícita é um vício
diretamente no direito material, no qual no momento da sua obtenção há violação de norma
constitucional e legal, v.g. a obtenção de prova documental mediante furto.
Lado outro, afirma o doutrinador Fredie Didier que, tentar diferenciar a prova ilícita à
prova ilegítima, não passa de uma mera diferenciação artificial, pois, ao violar o princípio da
boa-fé, o sujeito estará violando uma norma e ao violar uma norma a prova se torna ilícita, ou
seja, não há necessidade da diferenciação da natureza jurídica da prova violada, visto que de
qualquer maneira esta será vetada do processo. O autor afirma ainda, que ao considerar a
violação da boa fé uma prova ilegítima, traduz a ideia de um período em que a boa – fé não
possuía uma força normativa.
Neste sentido, não há uma diferença certa para a prova ilícita para a ilegítima, haja vista
a ilicitude abranger toda esfera jurídica, e ainda, em razão do princípio da boa-fé possuir força
normativa, significando afirmar que a transgressão em face deste princípio é uma ilicitude.
A forma de ser obter as provas não poderá violar os direitos inerentes à pessoa, seu
direito à intimidade, à comunicação, à honra. Ademais, as provas obtidas de forma ilícita
contaminam a sequência de atos realizados no processo.
Posto isto, em síntese, as provas ilícitas no processo civil brasileiro não são admissíveis,
porém levando em conta o princípio da proporcionalidade alguns julgadores têm admitido à
permanência de provas obtidas ilicitamente, quando observada a consequência da violação do
bem jurídico em questão.
Exemplificando, as provas obtidas ilicitamente, podem ocorrer quando uma pessoa furta
documentos no domicílio do seu adversário judicial a fim usá-los como prova; ou quando
suborna uma testemunha; ou ainda quando intercepta as ligações sem autorização judicial.
Neste sentido, é importante ressaltar que ainda que haja a autorização judicial, não é
admitida a interceptação telefônica para instrução processual civil, sendo permitida apenas para
investigação criminal, bem como instrução processual em razão da garantia constitucional da
proteção da intimidade e da privacidade dos indivíduos da sociedade, estabelecida no art. 5º, XII,
CF, in verbis:
A decisão baseada em prova ilícita será nula, podendo o acusado ser imputado.
Contudo, Tribunais Superiores firmaram o entendimento do qual se uma sentença não for
baseada somente naquela prova ilícita, afastará a nulidade, isto é, a prova ilícita não deverá ter
grau de relevância na sentença. Assim sendo, a sentença não será nula, entretanto a prova ilícita
deverá ser desentranhada do processo.
(Inserir jurisprudência)