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O Aparelho Psíquico

O aparelho psíquico, ou somente psique, é o nome dado ao método


estrutural proposto por Freud. Primeiramente foi dividido em inconsciente, pré-
consciente e consciente, o que posteriormente foi modificado e dividido em três
elementos que unidos trabalham nas ações e reações, o Id, Ego e Superego.

O Id, instinto primitivo, bastante destacado em crianças é a forma


irracional da mente que faz as pessoas agirem de forma impulsiva e irracional,
ou seja, é a forma de ação e reação onde a pessoa se expressa sem ao menos
pensar. Como dito anteriormente, o Id é bastante visto em crianças porque
essas agem irracionalmente, por exemplo, quando uma criança deseja um
brinquedo não pensa duas vezes antes de cair no chão e espernear até que o
responsável faça sua vontade. É a manifestação do Id.

O Ego, denominado equilibrador das forças irracionais e racionais, age


sempre pressionado pelo Id e pelo Superego cabendo a ele a dosagem entre as
vontades liberadas pelo Id e entre as limitações liberadas pelo Superego. É a
parte consciente do aparelho psíquico que faz com que um indivíduo consiga
regular suas ações e reações.

O Superego, denominado repressor do Id, atua influenciado por regras,


crenças, leis morais, ética e outros métodos que nos são ensinadas no decorrer
da vida e limitam as ações e reações, fazendo com que pensemos nas
conseqüências. A partir de suas influências, busca através do Ego reprimir o Id
para que nenhuma ação e reação sejam realizadas irracionalmente.

Tal divisão acima citada foi uma remodelação feita entre 1920 e 1923
para distinguir o inconsciente do consciente.

Aparelho psíquico
Aparelho psíquico designa os modelos concebidos por Sigmund
Freud para explicar a organização e o funcionamento da mente. Para isso, ele
propôs cronologicamente algumas hipóteses, entre as quais as mais
conhecidas são:
1. a hipótese econômica, que concerne essencialmente à quantidade e
movimento da energia na atividade psíquica;

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2. a hipótese topográfica, que tenta localizar a atividade mental em alguma
parte do aparelho, que ele inicialmente dividiu em consciente, pré-
consciente e inconsciente; e a

3. hipótese estrutural, na qual ele finalmente dividiu a mente em três


instâncias funcionais: id, ego e superego, atribuindo a cada uma delas
uma função específica.

Embora cada hipótese represente uma evolução do pensamento de


Freud, não se afirma categoricamente que a mais recente suprime as
anteriores, mas apenas que a partir dali a psicanálise passou a enfocar as
relações entre as três instâncias psíquicas em vez de apenas classificar um
conteúdo mental como consciente ou inconsciente. A ênfase, portanto, está na
busca contínua através de décadas de estudos no sentido de aprimorar a tópica
do aparelho psíquico.

Referências
Primeira Tópica. Segunda Tópica.

O Aparelho Psíquico

Ego: equilibra os anseios do Id e do Superego

Freud ao estudar o funcionamento e a organização mental do


homem percebeu que existem três elementos funcionais que atuam
de diferentes formas. Aos elementos, nomeou Id, Ego e Superego.

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Ao Id foi atribuída a parte primitiva da mente, ou seja, o instinto
irracional que se manifesta sem a preocupação com princípios
morais, éticos, etc. O Id é mais evidenciado na infância do que na
fase adulta, pois na infância a mente é dominada pelo desejo de ter
seus pedidos atendidos imediatamente. Na fase adulta, o Id é
influenciado pelo Ego e Superego.

Ao Ego foi atribuída a parte de equilibrar os anseios do Id e do


Superego de forma racional e consciente. O Ego possui elementos
conscientes e inconscientes que se conflitam para que uma decisão
seja tomada. No Ego também se alojam os mecanismos de defesa,
as manifestações que o Ego apresenta para se livrar de forma
inconsciente de situações que provoque dor psíquica, angústia.

Ao Superego foi atribuída a função de impedir a realização dos


instintos e desejos do Id. Influencia o Ego de forma a castigá-lo por
se influenciar pelo Id provocando os sentimentos de culpa e
recompensá-lo quando é influenciado por atitudes aceitáveis. Utiliza
regras, éticas, valores e moralidades para agir no Ego de forma a
censurar o Id.

Dessa forma, pode-se perceber que o Id e o Superego são


elementos inconscientes geradores de conflitos no Ego, elemento
consciente responsável pela tomada de decisões e pela liberação do
pensamento na realidade externa.

O Ego quando influenciado pelo Id torna um indivíduo agressivo,


dependente, escandaloso, histérico, impaciente, mal-humorado,
rebelde, falso, egoísta, etc. Enquanto que quando influenciado pelo
Superego torna o mesmo crítico, acusador, exigente, preconceituoso,
prepotente, autoritário, invalidador de idéias, etc. mostrando que os
elementos da estrutura mental são interdependentes não podendo
ser considerados isoladamente. Nesse processo o Ego atua para
obter influências do Id e do Superego de forma com que a influência
seja racional.

Referência

3
DANTAS, Gabriela Cabral da Silva. "O Aparelho Psíquico”; Brasil Escola. Disponível em
<https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/o-aparelho-psiquico.htm>. Acesso em 09 de
abril de 2018.

Aparelho Psíquico para Freud

O conceito freudiano de aparelho psíquico designa uma organização


psíquica que é divida em instâncias. Essas instâncias – ou sistemas – são
interligadas entre si, mas possuem funções distintas. A partir desse conceito
Freud apresentou dois modelos: a divisão topográfica e a divisão estrutural da
mente.

Podemos recorrer a outros autores, comentadores de Freud, para


compreender melhor o conceito. Segundo Laplanche, o conceito de aparelho
psíquico de Freud seria uma expressão que ressalta as características que a
teoria freudiana atribui à psique. Essas características seriam a sua capacidade
de transmitir ou transformar uma energia determinada, e a sua diferenciação em
instâncias ou sistemas.

Laplanche coloca ainda que quando se refere à questão do aparelho


psíquico, Freud sugere uma ideia organizacional. Mas ainda que trate da
disposição interna das partes mentais, e ainda que trate da ligação entre
determinada função com um lugar psíquico específico, ele não se limita a isso.
Freud indica ainda a existência de uma ordem temporal a essas partes e
funções.

É importante compreendermos com isso que as divisões mentais que


Freud indica não têm caráter de divisão anatômica. Não há no cérebro
compartimentos fixos e bem delimitados como indicam as teorias de localização
cerebral. O que Freud indica, principalmente, é que as excitações seguem uma
determinada ordem, e essa ordem se relaciona aos sistemas do aparelho
psíquico.

RETOMANDO – Consciente, Pré-consciente e Inconsciente


Como vimos nos textos que postei anteriormente, a mente humana não é
formada apenas por sua parte consciente. Sua inconsciente seria, para Freud,
mais determinante na formação da personalidade, inclusive. Nesse sentido, a
vida psíquica poderia ser medida de acordo com o grau de consciência do
indivíduo em relação ao fenômeno.

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Caso você não se lembre ou não tenha compreendido o que são os níveis
consciente, pré-consciente e inconsciente da mente humana, aqui vai um
resuminho:

 O Consciente se relaciona com os fenômenos dos quais nos


damos conta, aqueles em que podemos pensar através da razão, aqueles
cuja existência atual é clara para nós.
 O Pré-consciente é o ambiente daqueles fenômenos que não
estão “na nossa cara” em determinado momento, mas que não são
inacessíveis à nossa razão. Os fenômenos pré-conscientes são aqueles
que estão prestes a chegar a consciência, a transitar para o nível
consciente.
 O Inconsciente é o terreno dos fenômenos obscuros. Medos,
desejos, pulsões… Tudo que a mente evita para não sofrer, habita o
inconsciente. Temos acesso a esses fenômenos apenas por meio dos
atos falhos, dos sonhos ou da análise psicanalítica.

É importante, enfim, compreender que existe uma certa fluidez entre


esses três domínios: um conteúdo pode se tornar consciente, assim como pode
ser expulso para a inconsciência.

O que é Consciente, Pré-consciente e Inconsciente?

Vejamos, agora, as definições relacionais de Consciente, Pré-consciente


e Inconsciente.
Por muito tempo acreditou-se que a mente humana era composta apenas
pelo consciente. Ou seja, o ser humano era pensado enquanto um animal com
plena capacidade de administrar – de acordo com seu desejo e com as regras
sociais – as suas emoções e convicções. Mas se o ser humano possui
condições de perceber e controlar o conteúdo de sua mente, como explicar as
doenças psicossomáticas? Ou aquelas memórias que vêm à tona de forma
aparentemente aleatória?
Freud afirma que não há uma descontinuidade na mente humana. Dessa
forma, não existem coincidências em nossos pequenos erros do dia a dia.
Quando trocamos um nome, esquecemos uma palavra ou revivemos uma
memória fora do contexto, não estamos cometendo acidentes inexplicáveis ou
aleatórios. E justamente por isso Freud afirma que nossa mente não possui
apenas a parte consciente. Para encontrar as relações ocultas existentes entre
os atos conscientes, o autor opera uma divisão topográfica da mente. Nela, ele
delimita três níveis mentais: consciente, pré-consciente e inconsciente.

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Consciente
O nível consciente nada mais é do que tudo aquilo do que estamos
conscientes no momento, no agora. Ele corresponderia à menor parte da mente
humana. Nele está tudo aquilo que podemos perceber e acessar de forma
intencional. Outro aspecto importante é que o consciente funciona de acordo
com as regras sociais, respeitando tempo e espaço. Isso significa que é por
meio dele que se dá a nossa relação com o mundo externo. O consciente seria,
portanto, a nossa capacidade de perceber e controlar o nosso conteúdo mental.
Apenas aquela parte de nosso conteúdo mental presente no nível consciente é
que pode ser percebida e controlada por nós.
Pré-consciente
O pré-consciente é muitas vezes chamado de “subconsciente”, mas é
importante destacar que Freud não utilizava esse termo. O pré-consciente se
refere àqueles conteúdos que podem facilmente chegar ao consciente, mas que
lá não permanecem. São, principalmente, informações sobre as quais não
pensamos constantemente, mas que são necessárias para que o consciente
realize suas funções. Nosso endereço, o segundo nome, nome dos amigos,
telefones, algumas coisas das quais gostamos – como a nossa comida
preferida –, acontecimentos recentes e assim por diante. É importante lembrar
ainda que, apesar de se chamar Pré-consciente, esse nível mental pertence ao
inconsciente. Podemos pensar no pré-consciente como uma peneira que fica
entre o inconsciente e o consciente, filtrando as informações que passarão de
um nível ao outro.

Inconsciente
No último texto publicado aqui nos dedicamos a definir o conceito
psicanalítico de inconsciente. Vamos tentar, no entanto, aprofundar nossa
compreensão de seu significado. Inconsciente se refere a todo aquele conteúdo
mental que não se encontra disponível ao indivíduo em determinado momento.
Ele representa não só a maior fatia de nossa mente, mas também, para Freud,
a mais importante. Quase todas as memórias que acreditamos estarem
perdidas para sempre, todos os nomes esquecidos, os sentimentos e medos
que conseguimos, de alguma forma, ignorar… todos esses elementos se
encontram em nosso inconsciente. Isso mesmo: desde a mais tenra infância, os
primeiros amigos, as primeiras compreensões: tudo está guardado.
Mas seria possível acessá-lo? Seria possível reviver essas lembranças?
Acessar essas lembranças é possível. Não em sua totalidade, mas de algumas

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fatias. Esse acesso acontece muitas vezes através dos sonhos, dos atos falhos
e da terapia psicanalítica.
É também no inconsciente que se encontram sublimadas as chamadas
pulsões de vida e de morte, que seriam aqueles elementos intrínsecos a todo
ser humano como o impulso sexual ou o impulso destrutivo. Como a vida em
sociedade exige que determinados comportamentos e desejos sejam
reprimidos, eles são aprisionados no inconsciente.
O inconsciente é regido pelas próprias leis, além de ser atemporal: não
existem as noções de tempo e espaço nesse nível psíquico, ou seja, o
inconsciente não identifica cronologia nos fatos, nas experiências ou nas
memórias. É ele, também, o principal responsável pela formação da nossa
personalidade.

Recapitulando: consciente, pré-consciente e inconsciente


Ao analisar fenômenos psíquicos como a histeria, Freud identifica a
impossibilidade de que a mente humana se constitua apenas de uma parte
consciente. Com a necessidade de encontrar os elos mais obscuros entre
comportamentos aparentemente incoerentes, o autor conclui existirem níveis
mentais sobre os quais o indivíduo não tem absoluto controle ou acesso. Esses
níveis são o Pré-consciente e o Inconsciente. O consciente representa todo o
material mental acessível para o indivíduo naquele momento. Já o Pré-
consciente representa uma ligação entre ele e o inconsciente. Este contém
informações importantes para o nosso cotidiano, mas as quais acessamos
apenas quando algo nos faz buscá-las. O inconsciente, por sua vez, representa
a maior e mais importante parte da mente humana. É nele que se encontram
nossas pulsões, nossas lembranças mais longínquas, nossos medos reprimidos
e a formação da nossa personalidade.
Por fim, é importante compreender que esse modelo topográfico freudiano
não pretende delimitar três compartimentos fechados e imutáveis da nossa
mente. É preciso compreender a existência de uma certa fluidez entre eles. Os
conteúdos conscientes podem se tornar dolorosos e serem reprimidos por nós,
tornando-se parte do inconsciente. Assim como determinada lembrança
obscura pode vir à tona por meio de um sonho ou de uma sessão de
psicanálise que a ilumine. Consciente, pré-consciente e inconsciente não são
simplesmente parte da mente humana, mas descrevem a condição e função de
nossos conteúdos psíquicos.

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Anexo I

A Teoria Topográfica ou o modelo topológico


da mente
A Teoria Topográfica é uma teoria postulada por Sigmund Freud no livro
“A Interpretação dos Sonhos”, que estratifica representativamente a consciência
em níveis ou dispõe topologicamente a mente. Nessa teoria, Freud divide o
aparelho psíquico em três sistemas mentais correlacionados entre si próprios e
entre à consciência: Inconsciente, Pré-consciente e Consciente.

O Sistema Consciente abrange os elementos que se configuram como


conscientes, plenamente acessíveis, cônscios, em um determinado período.
Trata-se de um aparelho perceptivo processual instantâneo, na fronteira entre a
mente e o corpo, entre os campos interno e o externo, com envergadura de
percepção para ambos. É, pois uma função essencial do aparelho psíquico,
embora não abranja o campo do psiquismo em sua complexidade.

Um elemento psíquico, para ser consciente, deve perpassar pelos três


níveis do sistema psíquico topologicamente descrito, ou seja, esses devem se
associar para transmutar em consciente um componente psíquico de outra
esfera da estratificação.
O Sistema Consciente conta ainda com um dispositivo de proteção
denominado por Freud de detector ou amortecedor de estímulos. Sua função é
manter o equilíbrio da tensão energética do aparelho psíquico, decompondo e
parcelando o recebimento direto de estímulos externos intensos ou saturados
em excitação.

O Sistema Pré-Consciente abarca elementos psíquicos não conscientes,


porém disponíveis imediatamente ao acesso da consciência. Trata-se de um
sistema não consciente, contudo bem diferenciado do sistema inconsciente.
Elementos pré-conscientes não estão dispostos no círculo da consciência,
mas a ela são acessíveis. São, portanto, não-conscientes. Todavia não são
confundidos com elementos inconscientes, pois estes não possuem acesso
direto à consciência.

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O pré-consciente se circunscreve entre o consciente e o inconsciente. É
no pré-consciente que estão inscritos os pensamentos, as ideias, as
experiências, os conhecimentos, as noções e os dados pretéritos que podem
ser trazidas à consciência, com algum esforço. Pertence ainda ao campo pré-
consciente as impressões do universo exterior à psique, que se representam
fonética e verbalmente.

As representações objetivas do inconsciente, assim como suas


disposições, são impelidas à consciência pelo sistema pré-consciente,
configuradas em paralelas verbais contraídos pela consciência. Um exemplo
claro de tal mecanismo são as dinâmicas dos sonhos.

O Sistema Pré-Consciente é regido por um processo secundário, cujas


normas incluem a elaboração de cronologia sequencial nas representações, a o
desenvolvimento de uma relação lógica entre as representações, o
preenchimento de vazios existentes entre idéias desconexas e a implementação
da relação entre causa e consequência das representações, ou seja, a
elaboração da causalidade factual, estabelecendo analogia de sequencialidade
fluxal entre fenômenos elementares pré-conscientes.

Para finalizar a nossa descritiva acerca do Sistema Pré-consciente, vale


salientar que toda matéria consciente destina-se ao pré-consciente, em
sucessão. Parte dessa matéria consciente, após ser experienciada, é inscrita no
pré-consciente. Parte ultrapassa o pré-consciente para ser recalcado no
inconsciente. Assim, o Pré-consciente parcialmente arbitra acerca da supressão
de elementos psíquicos no acesso ao inconsciente, assim como – também
parcialmente – veta o ingresso ou regresso de elementos periculosos à
consciência.

O Sistema Inconsciente é gerido por processo primário e compreende


os elementos psíquicos inacessíveis ou acessíveis com altíssimo grau de
resistência e representação pela consciência.

O inconsciente não é passível de observação e análise direta e o


psicanalista investiga suas representações e vestígios para fazer emergir seus
elementos à consciência. Trata-se, ao mesmo tempo, de um receptáculo de
lembranças traumáticas reprimidas e de um reservatório de impulsos primitivos
do sexo e da agressividade, além das pulsões. Configura-se como uma região

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psíquica, moldada pela sexualidade infantil, onde se localizam os elementos
indisponíveis à consciência.

As variações inconscientes se manifestam na consciência de forma


velada, encriptada, disfarçada e indireta, como em sonhos, em testes projetivos,
no histórico de sintomas neuróticos e psicóticos ou em atos falhos, por exemplo.
É no inconsciente que se localizam as tensões provenientes entre elementos de
recalque que buscam emergir à consciência e a repressão psíquica que os
mantém recalcados.

O Sistema Inconsciente é dinâmico, evolutivo e vastamente empossado


de energia psíquica. Ele abrange os impulsos, as pulsões e as essências dos
sentimentos cujos quais o sujeito conscientemente desconhece. Sua
manifestação consciente reveste-se dos elementos dispostos no Sistema Pré-
consciente. O Inconsciente é, portanto, o psiquismo real, a forma mais primitiva
do psiquismo, subsidiário do Sistema Consciente.

Referência
VIEIRA, Thiago. Título da publicação. Publicado em “Espelho Psicanalítico”. Disponível
em <https://espelhopsicanalitico.wordpress.com). Acesso em 09/04/2018.

Id, Ego e Superego: Três Partes da Mente Humana


Assim como existe, de acordo com a linha freudiana da psicanálise, uma
divisão topográfica da mente entre os níveis consciente, pré-consciente e
inconsciente, essa mesma linha da psicanálise identifica outra distinção da
mente humana. Essa segunda divisão se daria entre Id, Ego e Superego.
Como coloca a teoria estrutural da mente, Id, Ego e Superego podem
transitar, até certo ponto, entre os níveis mentais que citamos acima. Ou seja,
não são elementos estáticos ou estruturas completamente rígidas.

ID
O Id seria o elemento biológico de nossa mente. Nele ficam armazenadas
nossas pulsões, nossa energia psíquica, nossos impulsos mais primitivos.
Guiado pelo princípio de prazer, não há para o Id nenhuma regra a ser seguida:
tudo o que interessa é a vazão do desejo, a ação, a expressão, a satisfação.
Localizado no nível Inconsciente do cérebro, o Id não reconhece elementos
sociais. Não há certo ou errado. Não há tempo ou espaço. Não importam as

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consequências. O Id é o ambiente dos impulsos sexuais. Ele está sempre
buscando formas de realizar deus impulsos, ou seja, não aceita ser frustrado.

EGO
O Ego seria, para Freud, o elemento principal entre Id, Ego e Superego.
Ele é a nossa instância psíquica e evolui a partir do Id, por isso possui
elementos do Inconsciente. Apesar disso, funciona principalmente a nível
Consciente. Guiado pelo princípio de realidade, uma de suas funções é limitar o
Id quando considerar seus desejos inadequados para determinado momento ou
ocasião. O Ego representa a mediação entre as exigências do Id, as limitações
Superego e a sociedade. Em última instância,

SUPEREGO
O Superego, por sua vez, é Consciente e Inconsciente. Ele é o aspecto
social do trio Id, Ego e Superego. Resulta, em grande parte, das imposições e
castigos sofridos na infância. Ele se encontra e participa desses dois níveis
mentais. O Superego é a censura, a culpa e o medo da punição. Pode ser visto
como uma instância reguladora. A moral, a ética, a noção de certo e errado e
todas as imposições sociais se internalizam no Superego. Ele se posiciona
contra o Id, pois representa o que há de civilizado, de cultural em nós, em
detrimento dos impulsos arcaicos.

EXEMPLO – Id, Ego e Superego


Imagine que você esteja em um bar. Chegou às 19 horas e já é meia-
noite. Amanhã você entra às oito horas da manhã no trabalho, e já bebeu
cervejas o suficiente para relaxar.
Os amigos propõem mais uma, e você para e pensa. Nessa situação, o Id
diria: fica aí, só mais uma, ainda dá para dormir bastante e uma ressaca nunca
matou ninguém. O Superego, por sua vez, diria algo como: Nem pensar! Você
já bebeu mais do que o suficiente, não vai trabalhar bem amanhã e seu chefe
vai perceber. Você sabe que ele já não gosta muito de você. E é segunda-
feira! O Ego, então, precisa tomar uma decisão conciliadora. É claro que isso
pode mudar de acordo com a força do seu Superego, mas em uma situação
ideal ele diria: bom, porque você não pega uma garrafa de água e vai
descansar? Pensando bem, você já está até com sono, e é bom não dar
motivos para o chefe nesses tempos de crise. Sabe como você fica estranho de
ressaca.

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É dessa forma que podemos perceber a presença dessas três instâncias
psíquicas em nosso dia a dia. São como vozes dentro de nossa própria cabeça,
quase sempre discordantes, aconselhando nossas ações e tomadas de
decisão.

Id, Ego e Superego – CONCLUSÃO


Uma das funções do Ego, segundo Freud, é reprimir o conteúdo
inconsciente e garantir que ele permaneça lá. Esse conteúdo, no entanto, se
esforça para, de alguma forma, driblar essa repressão. Para isso seriam
utilizados alguns mecanismos denominados pelo autor de deslocamento e
condensação. Jacobson associou posteriormente o deslocamento com a figura
de linguagem chamada metonímia, enquanto a condensação seria como uma
metáfora.

Nos sonhos, através de símbolos imagéticos, os pensamentos


inconscientes conseguiriam se expressar. Esses símbolos imagéticos podem
ser tanto metafóricos quanto metonímicos. Além dos sonhos, essa expressão
se dá pela fala ou, mais especificamente, pelos atos falhos ou pelo humor. Para
Freud, essas expressões que assumem caráter de piada ou equívoco aleatório
não são desprovidas de significado. São, na verdade, mecanismos da fala que
permitem a expressão de ideias inconscientes combinadas às ideias
conscientes. São uma forma de liberar, ainda que parcialmente, as pulsões do
Id.

Assim como os sonhos, a fala aparece então como uma forma de


investigar o Inconsciente humano e compreender as causas das
psicopatologias. Por isso Freud, em seus estudos e trabalho, passou a associar
o campo da linguística ao da psicanálise. Posteriormente essa associação é
resgatada por Lacan, como já mencionamos.

RECAPITULANDO
Através da compreensão do Id, Ego e Superego podemos, portanto,
entender melhor de onde vem nosso sentimento de culpa e autocensura
(Superego). Podemos também entender porque muitas decisões são difíceis de
tomar, e dificilmente nos sentimos plenamente satisfeitos com elas. Id, Ego e
Superego não podem concordar, já que a vida em sociedade exige a
sublimação de nossas pulsões. E essa discordância interna é o que nos traz,
muitas vezes, frustrações, indecisão e mal-estar, assim como muitas das
psicopatologias que interessam à psicanálise.

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Tanto Id, quanto Ego e Superego fazem parte de nosso Inconsciente. Ego
e Superego, no entanto, encontram-se também no Consciente, enquanto o Id
permanece limitado ao outro nível. Pensando na metáfora do iceberg, a sua
ponta emersa é composta por elementos do Ego e do Superego. Estes se
estendem até a parte submersa do iceberg, onde encontram o Id. Se formos
pensar na importância e influência do Superego em relação às outras duas
partes, poderíamos dizer que ele ocupa todo o lado esquerdo do iceberg – a
parte emersa e submersa -, enquanto Id e Ego dividem o lado oposto.

RETOMANDO – Id, Ego e Superego


Os autores Hall, Lindzey e Campbell, seguindo a tradição freudiana,
indicam que a personalidade é constituída por esses três sistemas: Id, Ego e
Superego. Id, a parte biológica, seria o sistema original da personalidade. Dela
teriam derivado Ego e Superego. O Id foi chamado por Freud, inclusive, de “a
verdadeira realidade psíquica”. Isso porque ele representa a experiência
subjetiva individual, o mundo interno que não conhece as regras e imposições
da realidade objetiva. O Id é regido pelo Princípio de Prazer. Teremos um texto
específico para tratar desse conceito em breve. Por enquanto, basta
compreender que seu objetivo é sempre satisfazer as pulsões, aliviar a tensão.

ID
No Id não estão gravadas apenas as representações inconscientes, mas
representações inatas, transmitidas filogeneticamente e pertencentes à espécie
humana.

EGO
O Ego, por sua vez, tem a função de realizar os desejos do Id. Mas para
satisfazê-los, precisa adaptá-los à realidade, às regras sociais e às demandas
do Superego. Enquanto o Id é guiado pelo Princípio de Prazer, o Ego segue o
Princípio de Realidade.

SUPEREGO
O Superego pode ser entendido, basicamente, como o ramo da moral, da
culpa e da autocensura.

Prosseguindo, podemos dizer que o Eu (Ego) provem do Id, mas que


emerge a partir de um processo de diferenciação. Um indivíduo é composto,

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então, por um “isso” psíquico, o Id, que é desconhecido e inconsciente. Sobre
esse Id e a partir dele, na superfície, se constitui o Eu (Ego). O Eu (Ego),
portanto, advém do Id mas só pode ser visível pois passa pela influência do
mundo exterior. Influência essa que se dá por intermédio dos sistemas Pré-
consciente e Inconsciente.

O Eu marca um limite entre o dentro e o fora, que se identifica com os


próprios limites do corpo físico. O Eu seria derivado das sensações corporais
cuja principal origem é a superfície do corpo. Por isso, Freud o considerava
como a superfície do aparelho mental.

O Superego, por fim, é uma instância responsável por várias funções.


Elas seriam: auto-observação, consciência moral e base de apoio dos ideais.
Ele seria como uma parte deparada do Ego, que sobre ele exerce vigilância.
Por isso sua dimensão persecutória é tão destacada por Freud.

CONCLUSÃO
Essa detalhada explicação visa demonstrar que o conceito de Aparelho
Psíquico em Freud designa o conjunto de todas as partes da mente humana:
Consciente, Inconsciente e Pré-consciente; Id, Ego e Superego. A totalidade
desses sistemas, que trabalham de forma integrada na composição do
indivíduo, é o que Freud denomina de Aparelho Psíquico ou simplesmente
Psique.

(Créditos da imagem destacada: https://www.emaze.com/@AOTZZWQI/A-Mente—


Psicologia)

O que é Inconsciente para Psicanálise?


Para entender o que é Inconsciente é preciso, antes de mais nada,
compreender a duplicidade de seu significado. A palavra “inconsciente” define
todos aqueles processos mentais que ocorrem sem que o indivíduo se dê conta.
Sem que tenha consciência sobre eles. Esse é o significado mais amplo, – ou
genérico – atribuído ao termo.

A maior parte dos pesquisadores empíricos da psicologia e psicanálise


defendem a existência desses processos. No entanto, quando a palavra
“inconsciente” é apropriada pela psicanálise, ela se torna um conceito. Por isso,
dentro desse campo de pesquisa e trabalho, ela assume um significado mais
específico.

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O que é Inconsciente na Psicanálise
Uma metáfora comum para compreender o sentido psicanalítico do
inconsciente é a do iceberg. Como sabemos, a parte emersa do iceberg, aquela
facilmente visível, representa apenas um pequeno pedaço de sua verdadeira
dimensão. Sua maior parte permanece submersa, escondida sob as águas.
Assim é a mente humana. Aquilo que comumente entendemos como nossa
mente é apenas a ponta do iceberg, o consciente. Enquanto o inconsciente é
esse pedaço submerso e insondável.
O inconsciente pode ser definido então como o conjunto de processos
psíquicos misteriosos para nós mesmos. Nele estariam explicados os nossos
atos falhos, nossos esquecimentos, nossos sonhos e até mesmo paixões. Uma
explicação, no entanto, inacessível para nós mesmos. Desejos ou memória
reprimidas, emoções banidas do nosso consciente – por serem dolorosas, ou
de difícil controle – se encontram no inconsciente, praticamente inacessíveis
para a razão.

Essa definição de inconsciente pode variar dentro da própria psicanálise.


Isso porque diferentes autores identificaram diferentes aspectos dessa parte de
nossa mente. Vejamos as distinções principais.

O que é Inconsciente Freudiano


A definição básica dada acima vai de encontro com a teoria psicanalítica
de Freud. Para ele, o inconsciente seria como a caixa-preta do indivíduo. Ela
não seria a parte mais profunda da consciência, nem a que possui menos
lógica, mas uma outra estrutura que se distingue da consciência. A questão do
inconsciente é abordada por Freud principalmente nos livros “Psicopatologia da
vida cotidiana” e “A Interpretação dos sonhos”, que são, respectivamente, de
1901 e 1899.

Muitas vezes Freud utiliza o termo inconsciente para se referir a qualquer


conteúdo que se encontre fora da consciência. Outras vezes, ainda, refere-se
ao inconsciente não para tratar dele em si, mas de sua função enquanto estado
mental: é nele que se encontram as forças sublimadas por algum agente
repressor, que as impede de chegar ao nível da consciência.

Para ele, é nos pequenos erros, confusões, esquecimentos ou omissões


que acontecem em nosso dia a dia que se expressa o inconsciente. Esses
pequenos erros são uma forma de exprimir opiniões ou verdades que a razão

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consciente não permite. Dessa forma, a intenção do indivíduo veste um disfarce
de acidente.

O que é Inconsciente para Jung


Para Carl Gustav Jung o inconsciente é onde se encontram todos aqueles
pensamentos, memórias ou conhecimentos que foram, um dia, conscientes mas
sobre os quais não pensamos naquele momento. Está também no consciente
aquelas concepções que começam a se formar dentro de nós, mas que apenas
no futuro serão percebidas de forma consciente, pela razão.

Além disso, este autor ressalta a diferença entre seu conceito de


inconsciente e o de pré-consciente de Freud. No pré-consciente estariam
aqueles conteúdos que estão a ponto de emergir à consciência, prestes a se
tornarem claros para o indivíduo. O inconsciente, por sua vez, encontra-se mais
profundo, tendo esferas praticamente inalcançáveis para a razão humana.

Jung ainda diferenciou dois tipos de inconsciente, o coletivo e o individual.


O inconsciente pessoal seria aquele formado a partir das experiências
individuais, enquanto o inconsciente coletivo seria aquele formado a partir de
concepções herdadas da história humana, esta que é alimentada pela
coletividade.

É importante ressaltar que não há um consenso quanto a existência de


um inconsciente coletivo, ainda que os estudos de mitologia ou religião
comparada fortaleçam a tese.

O que é inconsciente para Lacan


O francês Jacques Lacan promoveu em meados do século XX uma
retomada da perspectiva freudiana. Retomada porque esta se encontrava
deixada de lado pela psicanálise daquele momento. À concepção do antecessor
ele acrescenta a linguagem como aspecto fundamental para a existência do
inconsciente. Sua contribuição se baseia principalmente na obra de Ferdinand
de Saussure, um linguista e filósofo francês que teve como principal avanço a
ideia de signo linguístico. Segundo ele, o signo linguístico seria composto por
dois elementos independentes, o significado e o significante. O signo não se
formaria a partir da união entre um nome (significado) e uma coisa
(significante), mas entre um conceito e uma imagem. Segundo Lacan, assim
funcionaria também o inconsciente.

16
O autor ainda coloca que nos fenômenos chamados de lacunares – que
são os sonhos ou aquelas confusões do dia a dia já citadas – o sujeito
consciente se sente atropelado pelo sujeito do inconsciente, que se impõe.

Exemplos
São exemplos de expressões do inconsciente os sonhos. O mesmo vale
para ato de trocar o nome de alguém ou soltar alguma palavra
descontextualizada. Além disso, quando fazemos algo que parece não ser do
nosso feitio, ou não corresponder com nossa forma de agir, também temos uma
expressão do inconsciente que se impõe.

Mas porque reprimimos essas forças para o inconsciente?

Apenas para complementar o conteúdo exposto, ressalto que o


sofrimento é o que reprime algum conteúdo. Nossa mente visa sempre a
autoconservação. Por isso afasta do consciente qualquer conteúdo que leve a
uma dor profunda, que coloque em risco a vida do indivíduo. Esses conteúdos,
no entanto, não podem ser mantidos completamente reprimidos, se
expressando por meio daquelas ações já citadas.

Anexo II

O que é o inconsciente?

O inconsciente refere-se a conteúdos mentais/emocionais não acessados


pela razão, pela consciência. É composto de memórias esquecidas,
experiências reprimidas, percepções subliminares, experiências afetivas,
sensações e intuições. É como um “espaço” psíquico que funciona como um
“baú” repleto de fantasias, desejos e emoções de difícil controle.

É parte de um sistema de funcionamento da mente que exerce grande


influência no comportamento das pessoas. Com a descoberta do inconsciente,
Freud tirou o foco da determinação da razão, das escolhas conscientes dos
indivíduos na determinação do comportamento para atribuir ao inconsciente
essa importância.

17
O inconsciente se expressa, mas por meio de símbolos e reações
autônomas. Externaliza seus “alertas”, recados e anseios autênticos de
diferentes formas, inclusive por meio dos sonhos. Daí porque em análise
junguiana os sonhos dos pacientes são nossos aliados no processo. Também
ocorrem expressões do inconsciente por meio dos chistes (humor), atos falhos
(comportamentos inesperados), lapsos de linguagem, expressão artísticas
(desenhos, pinturas, modelagens, etc.) e associação livre de idéias (fala livre
sem crítica e sem preocupação com a coerência).

São, ainda, exemplos concretos de expressões do inconsciente: chamar


uma pessoa pelo nome de outra; uma palavra que escapa fora do contexto;
comportamentos não planejados ou fazer algo e depois não reconhecer o ato
como sendo ação própria. Após essas “escapadas” do inconsciente as pessoas
se questionam: “por que fiz isso?”, “por que disse isso?”. Vazou do
inconsciente! Em terapia usamos essas “expressões” para compreender o
funcionamento do paciente, para nos aproximarmos do que realmente está por
trás da ação ou emoção da pessoa.

Mais um exemplo: uma mulher com Complexo de Édipo sonha que a


irmã, considerada por ela a preferida do pai, está numa cama transando com
ele. Na verdade, é a própria sonhadora que tem o desejo recalcado de transar
com o pai, um desejo originado na fase fálica (3 a 5 anos, aproximadamente –
desejo libidinal, mas não propriamente sexual), mas que passa naturalmente,
caso não ocorra nenhuma perturbação no ciclo normal de desenvolvimento. Em
havendo uma vivência traumática nessa fase, pode formar-se o Complexo de
Édipo e a pessoa ficará estacionada nessa época do seu desenvolvimento,
sendo “obrigada” a retornar a ele em situações difíceis depois de adulto,
mediante as associações que o psiquismo faz. Em diversas situações, esse
complexo psicológico inconsciente vai se manifestar, interferindo no livre arbítrio
da pessoa, conduzindo-a a pensamentos e ações as quais ela racionalmente
recusa e não reconhece como lhe pertencendo.

Outro exemplo: um homem maduro que só consegue ser atraído por


mulheres bem jovens. O indivíduo pode estar agindo assim por força do
Complexo de Púer, isto é, uma infantilização na fase adulta, tanto no plano
emocional como em outros aspectos. Como surge? Se a pessoa sofreu um
trauma na infância, ela se “fixa” na fase do trauma. Se ele não amadureceu
emocionalmente, se sentirá seguro se relacionando com pessoas novas,

18
consideradas por ele menos ameaçadoras. É algo assim. Cada caso é um caso
muito individual e cada psiquismo vai funcionar de forma muito própria. Os
exemplos apenas ilustram de forma concreta os caminhos do psiquismo e tento
mostra como é inviável, senão impossível, resolver certas dificuldades sem o
processo psicoterápico.

Por que um conteúdo é reprimido?

Por ser doloroso. A dinâmica do psiquismo humano mobiliza, conduz o


organismo para a sobrevivência, recorrendo a artifícios que evitem a
“destruição” do ser. Os caminho de sobrevivência são os mais variados
possíveis, inclusive a neurose, a psicose, a negação e o “esquecimento”, entre
muitos outros. Mas com o decorrer do tempo, o recalque vai perdendo a
eficiência e os conteúdos começam a escapar, a se mostrar por meio dos
caminhos citados acima.

O ideal é livrar-se do sofrimento antes de chegar ao limite de tolerância do


psiquismo e do corpo. No processo analítico, é possível recordar, reviver e
elaborar a vivência traumática, fazendo com que a pessoa esvazie o complexo
e recupere a autonomia de seu funcionamento.

Costumo dizer aos meus pacientes que a doença não é inimiga, mas uma
aliada da Vida. É o protesto do corpo, é como se ele estivesse dizendo: “Chega!
Eu não agüento mais. Não dou conta de continuar me autorregulando se você
não “arrumar” isso que está errado, se não resolver esse problema”. O corpo dá
esse grito de alerta por meio dos sintomas, das doenças. Alteração no sono,
ansiedade, medos, depressão, pânico são alguns dos “protestos” do psiquismo
via soma (corpo). É daí que vem o termo somatizar. Ouça seu corpo! Resolva
suas coisas! A vida é pra valer! Não dá pra viver indeterminadamente no faz-de-
conta que estou fazendo o que devo.O sofrimento surge, ele é condição
inalienável para o crescimento do ser como um todo.Mas não precisa ser
perpétuo.

Anexo III

Despertando para o inconsciente


Uma manhã, como de hábito, uma mulher entrou em seu carro para ir
trabalhar. Durante o trajeto de alguns quilômetros, sua imaginação começou a
elaborar uma grande aventura. Via-se como uma mulher simples, vivendo em

19
épocas passadas, entre guerras e cruzadas. Tornou-se heroína, salvando seu
povo por meio de lutas e do sacrifício; depois, encontrou-se com um príncipe
nobre e forte, que por ela se apaixonou.

Com a mente consciente assim totalmente ocupada, ela dirigiu o carro


por várias ruas, passou por semáforos, sinalizou corretamente nos momentos
certos e chegou em segurança ao estacionamento do seu local de trabalho.
Voltando à realidade, percebeu que não era capaz de se lembrar do trajeto
percorrido. Não se lembrava de um único cruzamento, de uma única entrada à
direita ou à esquerda. Assustada, perguntou-se: “Como pude percorrer todo
esse trajeto sem me dar conta? Onde estava minha mente? Quem dirigia
enquanto eu sonhava? Mas fatos semelhantes já haviam acontecido antes, de
forma que mudou o rumo dos eus pensamentos e entrou no escritório.

Diante de sua mesa de trabalho começou a planejar as atividades do dia,


quando foi interrompida por um colega que entrou furiosamente em seu
escritório, atirando um memorando que ela fizera circular e vociferando por
causa de detalhes do mesmo com os quais não concordava. Ela ficou pasma! A
raiva do colega era francamente desproporcional às dimensões dos detalhes!
Que tinha dado nele?

O rapaz, por sua vez, escutando a própria voz alterada, percebeu que
estava fazendo uma tempestade em copo d’água. Confuso, murmurou uma
desculpa e saiu. Chegando a sua sala, perguntou-se: Que deu em mim? De
onde veio isso? Em geral não faço estardalhaço por tão pouco. Simplesmente
não era eu!”

Sentiu que fervia de raiva e que, apesar nada ter a ver com o tal
memorando, ainda assim a fúria se abatera sobre ele por causa daqueles
pequenos detalhes. De onde vinha aquela raiva toda, exatamente, não sabia.

Se essas duas pessoas tivessem parado para pensar, talvez tivessem


percebido que estavam sentindo a presença do inconsciente em suas vidas
naquela manhã. De vários modos, nas idas e vindas do dia-a-dia, o
inconsciente age sobre nós e através de nós. Às vezes, o inconsciente trabalha
lado a lado com a mente consciente e assume o controle quando esta está
concentrada em outra coisa. (…)

20
Outras vezes, o inconsciente elabora fantasias tão cheias de símbolos e
imagens vivas que acaba por envolver totalmente a mente consciente,
mantendo nossa atenção presa por um bom lapso de tempo. Fantasias de
aventura, perigo, sacrifício heróico e amor. São exemplos primários de como o
inconsciente invade a mente consciente e procura manifestar-se – por meio
da imaginação, usando a linguagem simbólica de imagens carregadas de
emoções.

Outra forma de sentirmos o inconsciente é por meio de uma onda


emocional repentina, a euforia inexplicada ou a raiva irracional que invadem a
mente consciente e a dominam. Essa onda emocional não faz sentido para a
mente consciente, pois ela não a criou. (…)

O conceito de inconsciente é obtido pela simples observação da vida


diária. Há um material contido em nossa mente do qual não nos apercebemos a
maior parte do tempo. Algumas vezes nos surpreendemos com uma
recordação, uma associação feliz, um ideal, uma crença que inesperadamente
surge de um lugar desconhecido. Sabíamos que o carregávamos em algum
lugar dentro de nós, desde há muito – mas onde? Numa parte desconhecida da
psique, além dos limites da mente consciente.

O inconsciente é um universo maravilhoso, composto de energias


invisíveis, forças, formas de inteligência – até personalidades distintas – que
não são percebidas mas que vivem dentro de nós. Seu domínio é muito maior
do que supomos; algo com vida própria e completa, toda sua, que corre
paralelamente à vida comum do nosso dia-a-dia. O inconsciente é a fonte
secreta de muito do que entendemos como nossos pensamentos, nossas
emoções e comportamentos. Influencia-nos de forma poderosa, por não
suspeitarmos de sua existência.

(…)

Algumas vezes, essas personalidades escondidas são embaraçosas e


violentas e nos sentimos humilhados quando se revelam. Outras vezes,
descobrimos que temos qualidades boas e poderes que desconhecíamos. Nos
valemos de fontes escondidas que nos permitem fazer coisas que normalmente
não faríamos, como por exemplo, nos expressarmos com clareza e inteligência
inusitadas, comportando-nos com sabedoria, generosidade e compreensão, a
ponto de nos surpreendermos: “Sou diferente do que pensava; tenho

21
qualidades – tanto positivas quanto negativas – que não conhecia em mim.”
Essas qualidades vivem no inconsciente, onde estão “longe dos olhos, longe do
coração.

Somos muito mais do que o “eu” que conhecemos. A mente consciente


só consegue concentrar-se, de cada vez, em uma única área limitada do nosso
ser total. Apesar de todo o esforço par ao autoconhecimento, só uma pequena
porção do vasto sistema de energia do inconsciente consegue ser incorporada
à mente consciente ou atuar no nível consciente. Então temos de aprender
como ir ao inconsciente e como ser receptivos às suas mensagens: é a única
maneira de conhecermos as partes desconhecidas de nós mesmos.

Abordando o inconsciente, voluntária ou involuntariamente – O


inconsciente manifesta-se por meio de linguagem simbólica. Não é somente por
um comportamento involuntário ou compulsivo que sentimos o inconsciente. Ele
dispõe de dois caminhos naturais para estabelecer uma ligação e conversar
com a mente consciente: um deles é o sonho; o outro, a imaginação. Ambos
são canais de comunicação altamente sensíveis eu a psique desenvolveu para
que os níveis consciente e inconsciente possam conversar entre si e trabalhar
em conjunto.

O trecho acima, retirado do livro Imaginação Ativa – Inner Work,de


Robert A. Johnson, exemplifica parcialmente o conteúdo do livro, importante
instrumento de compreensão de intervenções psicológicas da abordagem
junguiana. Nele é explicada a relação entre o inconsciente e sua linguagem e
do inconsciente e os Arquétipos, importante conceito desenvolvido por Carl
Gustav Jung.

Na Segunda parte do livro é explicado o trabalho com sonhos, o método


das quatro etapas (as associações, a dinâmica, as interpretações e os rituais).
A objetividade das descrições fazem o trabalho assemelhar-se a um “manual’,
tanto para a perfeita compreensão dos conceitos quanto a utilização deles na
prática clínica ou individualmente (por quem já tenha certa habilidade para tal).

No capítulo sobre Imaginação Ativa é abordado de forma detalhada o


segundo caminho de comunicação do inconsciente com a mente consciente. Aí
se inclui a definição e as etapas desse processo psicoterápico (também são
quatro: o convite, o diálogo, os valores e os rituais). É leitura recomendada

22
pelos grandes mestres, como Moacir Rodrigues, notório psicólogo junguiano de
Brasília.

Robert A. Johnson é autor dos livros She, He e We, obras que


traduziram para a linguagem popular os conceitos da Psicologia Junguiana.

Imaginação Ativa – Inner Work: como trabalhar com sonhos,


símbolos e fantasias, de Robert A. Johnson São Paulo, Ed. Mercuryo, 2003, p.
09.

Anexo IV

Inconsciente coletivo
Inconsciente Cole(c)tivo, segundo o conceito de psicologia
analítica criado pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, é a camada mais
profunda da psiquê. Ele é constituído pelos materiais que foram herdados, e é
nele que residem os traços funcionais, tais como imagens virtuais, que seriam
comuns a todos os seres humanos. O inconsciente coletivo também tem sido
compreendido como um arcabouço de arquétipos cujas influências se
expandem para além da psiquê humana.

Características
A existência do inconsciente coletivo não é derivada de experiências
individuais, tal como o inconsciente pessoal, trabalhado por Freud, embora
precise de experiências reais para poder se manifestar. Tais traços funcionais
do inconsciente coletivo foram chamados por Jung de arquétipos, que não
seriam observáveis em si, mas apenas através das imagens que eles
proporcionam. Jung chamou a atenção para o fato de que o inconsciente
coletivo retém informações arquetípicas e impessoais, e seus conteúdos podem
se manifestar nos indivíduos da mesma forma que também migraram dos
indivíduos ao longo do processo de desenvolvimento da vida.

O psicanalista Erich Fromm apresenta outra posição a respeito. É


denominada de "inconsciente social", que seria a parte específica da
experiência dos seres humanos que a sociedade repressiva não permite que
chegue à consciência dos mesmos.

23
O inconsciente coletivo complementa o inconsciente pessoal, e muitas
vezes se manifesta igualmente na produção de sonhos. Desta forma, enquanto
alguns dos sonhos têm caráter pessoal e podem ser explicados pela própria
experiência individual, outros apresentam imagens impessoais e estranhas, que
não são associáveis a conteúdos da história do indivíduo. Esses sonhos são
então produtos do inconsciente coletivo, que nesse caso atua como um
depósito de imagens e símbolos, que Jung denomina arquétipos. Dele também
se originam os mitos. No entanto, sendo o inconsciente coletivo algo que foi e
está sendo continuamente elaborado a partir das experiências obtidas pelos
seres, o acesso individual às informações contidas no inconsciente coletivo
pode ser uma forma de explicar o mecanismo de operação de alguns dos
fenômenos psíquicos incomuns que foram considerados desde o princípio da
psicologia junguiana. Por outro lado, isso corresponde a introduzir mais do que
arquétipos nesta estrutura psíquica universal, que pode conter igualmente
dados fundamentais de operação dos fenômenos naturais, que se manifestam
como leis das descrições químicas e físicas da natureza, além, é claro, da
biologia. Em síntese, o inconsciente coletivo da psicologia analítica pode ser um
modelo adequado para a compreensão dos fenômenos mentais.

Referências Na Ficção
 Code Geass (2006),Anime.- É mencionado como a representação de Deus.

Referências
 MARTINS, Roberto de Andrade. Universo: teorias sobre sua origem e
evolução. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2012.
 ROCHA FILHO, J. B. Física e Psicologia, Porto Alegre: EdiPUCRS, 2007,
4a. ed.

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