Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
1
Editorial
Passados alguns dias da publicação da são espíritas que andam de mãos dadas
Nota que contrariou a fala de Divaldo com o fundamentalismo religioso e políti-
Franco sobre ideologia de gênero e políti- co, com o moralismo de fachada, que
ca, precisamos voltar ao assunto (e não à aplaude discursos de ódio, que resiste em
pessoa). pensar na transformação e adora o pobre
na pobreza, e que flertam com a ditadura e
De início, falemos o óbvio. Em qualquer
a violência seletiva, sendo incapazes de
comunidade científica ou filosófica, nada
fazer uma leitura coerente sobre a nossa
Editor mais comum do que apontar as discordân-
situação humana.
cias com uma fala/teoria. O que, aliás, é o
Raphael Faé Baptista
que move as ideias. Um autor propõe uma Diante disso, retomamos o nosso propósito
Editoração:
teoria ou uma forma de pensar. Surgem de fazer um diálogo espiritismo e socieda-
Felipe Sellin questionamentos sobre suas proposições e, de, levando importantes e urgentes refle-
Colaboram nessa Edição: então, ele reafirma ou revê sua posição, xões sobre o mundo em que vivemos, evi-
necessitando de argumentação científica e tando clichês e formas fáceis de pensar.
Alysson Leandro Mascaro
profundidade filosófica, sempre buscando Pois um mundo de provas e expiações é
Célia Arribas
coerência e integridade sobre o que se dis- deveras complexo, e ficar só na superfície
Felipe Sellin cute. E há também a regra de reconhecer a nos faz alvos fáceis de manipulações.
8
alucinação mesmo. peitáveis quanto aos fatos que interferem cando a salvação pessoal de seus adeptos
O apego à confortável situação social e na vida humana, sobretudo na vida públi- e adeptas.
econômica da classe média branca espíri- ca. Mesmo que a grande maioria dos espí- E por falar em Ciências Sociais, é sempre
ta apaga, com frequência, da consciência ritas de hoje não discuta mais a questão bom lembrar que a categoria analítica
o senso da responsabilidade social e espi- da criação de um partido político – e isso “gênero” – hoje corrente em páginas de
ritual. Nem mesmo a crença na reencar- já foi uma realidade nos idos de 1930 –, jornais e textos que orientam as políticas
nação consegue arrancar o homem e a posicionar-se diante do e agir neste mun- públicas – nasceu, em meados da década
mulher atual da embriaguez do presente, do, carregado de desigualdades, injustiças de 1960, de um diálogo entre o movimen-
calcado em uma situação socioeconômica e intolerância, não deixa de ser um dever to feminista e suas teóricas, e as pesquisa-
cômoda de boa parte dos espíritas. Busca- da fé espírita. doras em História, Sociologia, Antropolo-
se através da caridade material, aplicando Mas assim como a política, a economia, a gia, Ciência Política, Demografia, entre
grandes doações a creches, hospitais e imprensa, as instituições, a educação, a outras áreas do conhecimento. As cultu-
orfanatos, a salvação para uma situação cultura ficam ao deus-dará. Falta uma ras criam padrões associados aos corpos,
melhor depois da morte. A maioria dos tomada de consciência, particularmente que se distinguem por seu aparato genital
espíritas está sempre disposta a investir no meio espírita, da responsabilidade de e pela capacidade de gerar outros seres.
em obras assistenciais, mas revela o mai- todos e todas na construção e na elabora- Importava insistir na qualidade funda-
or desinteresse pelas obras sociais, políti- ção do que os próprios espíritas acredi- mentalmente social dessas distinções e,
cas e culturais. Garantem os juros da cari- tam: um mundo estruturalmente novo de nesse sentido, a categoria “gênero” indica-
dade no após-morte, mas contraem pesa- regeneração. Isso é trabalho de homens e va uma rejeição ao determinismo biológi-
das dívidas no tocante à divulgação, sus- mulheres aqui neste mundo, de todos e co implícito no uso dos termos como
tentação e defesa de princípios funda- todas nós, agentes históricos e sociais. “sexo” ou “diferença sexual”, justamente
mentais da renovação social. Poucos no meio espírita, mas também como forma de diferenciar o sexo biológi-
Muitos espíritas têm aversão ao debate fora dele, compreendem que sem uma co daquilo que seriam os papéis sociais de
político, como se não se tratasse do desti- reestruturação cultural elevada, sem estu- homens e mulheres, do que constitui a
no de suas próprias vidas. Dizem que Kar- dos aprofundados, sobretudo no tocante feminilidade e a masculinidade, e como
dec, lá no século XIX, teria instruído os às variáveis estruturantes da nossa socie- construímos e vivenciamos o desejo e a
espíritas para que não se envolvessem em dade – entre elas a questão de gênero, de orientação sexual em distintas épocas e
disputas político-partidárias em nome do sexualidade, racial e de classe, e nesse localidades. Vale salientar que sexualida-
espiritismo. Na verdade, Kardec não rejei- sentido os conhecimentos produzidos nas de não diz respeito necessariamente a
tou de todo a ideia, uma vez que entendia Ciências Sociais poderiam auxiliar sobre- uma orientação sexual fixa e que, dessa
que a concepção de partido nem sempre modo –, o espiritismo não vai passar de forma, práticas eróticas/sexuais podem
está relacionada com luta e divisão, po- uma seita religiosa de fundo egoísta, bus- envolver diferentes parceiros conforme a
dendo ser enten- orientação do
dida desejo, para
como além das
força classifica-
de uma ções rígi-
opinião das.
que mere- Com o apro-
ce ser examinada. fundamento dos estudos
De todo modo, o de gênero, foi ficando
que parecia es- cada vez mais evidente
tar claro a Kar- que a posição ocupada
dec é que o na sociedade pelos ho-
espiritismo mens e pelas mulheres
tem totais não são apenas dife-
condições e rentes, mas tam-
capacidade de bém desiguais; e
emitir pontos que essa
de vista res-
9
desigualdade social entre homens e mu- Brasil é um dos países que mais mata já que somos todas e todos artesãs/ãos,
lheres resulta, principalmente, da organi- LGBTs. A média de mortes ligadas à ho- artistas, operárias/os, construtoras/es do
zação da sociedade e não de diferenças mofobia passou de um assassinato por dia mundo, desse mesmo em que, segundo a
biológicas ou psicológicas significativas em 2017, de acordo com o levantamento doutrina espírita, iremos reencarnar no-
entre os mesmos. Isso significa dizer que realizado pela ONG Grupo Gay da Bahia vamente – o ontem, o hoje e o amanhã se
os estudos em função do gênero supõem, (GGB), e estima-se que esse número seja entrelaçam. Mas é claro que homens e
mas também demonstram, que as mulhe- maior, dado os inúmeros casos não repor- mulheres espíritas, seres sociais, criados
res têm menos recursos materi- tados. Ignorar essa realidade e suas con- socialmente e necessitados de amparo
ais, status social, poder e oportunidades dições ao dizer que se trata de “ideologia social, são igualmente orientados por va-
de auto-realização, acumulam dupla ou de gênero”, substrato do “marxismo cul- lores e critérios outros que vão além da
tripla jornada de trabalho, carregam todos tural”, não me parece uma posição em ética espírita. Expressão dos conflitos
os ônus da criação das crianças, e são conformidade com os princípios espíritas próprios da modernidade, cindida em
muito mais vulneráveis aos variados tipos cristãos, os mesmos que afirmam que “as suas mais variadas esferas de valor que
de violência – física, psicológica, patrimo- almas ou Espíritos não têm sexo. (…) As estão permanentemente em forte tensão.
nial, sexual, simbólica – do que os ho- afeições que as une nada têm de carnal, e, E o reacionarismo, dito cristão, está aí a
mens com quem partilham a mesma posi- por isto mesmo, são mais duráveis, por- nos acenar com suas contradições.
ção social. Não se pode tratar com levian- que são fundadas sobre uma simpatia Pieguice religiosa espírita, caridade inte-
dade o fato de uma mulher ser assassina- real, e não são subordinadas às vicissitu- resseira, falações emotivas e palestras
da a cada duas horas no Brasil. E nessa des da matéria”. Em outras palavras, sem fim sobre a fraternidade impossível
estrutura desigual, não menos vulneráveis “estar” homem ou mulher na presente no meio de lobos vestidos de ovelhas só
e desprivilegiados, do ponto de vista dos encarnação não implica necessariamente contribuem para o status quo, como diria
direitos, mas também do acesso aos bens orientar seu desejo para o sexo oposto, o velho Marx. E olha que falar em Marx
econômicos, sociais e culturais, são os tampouco deveria implicar em posições no meio espírita atual é como se invocás-
gays, lésbicas, bissexuais, travestis e tran- desigualmente ocupadas. semos as forças mais tenebrosas do um-
sexuais. As formas de relações afetivas Felizmente, a finalidade do espiritismo, bral e das trevas. Como se dias e noites de
que vão além da concepção de família para uma outra parcela de seguidores de pesquisa, de perquirição mental, de análi-
tradicional, nuclear, burguesa e heteros- Allan Kardec, não é a salvação individual, se rigorosa, de cortes impiedosos, com as
sexual, correm riscos e violências as mais mas a transformação total do mundo, mãos de cirurgião, no corpo doente de
diversas. Não é nenhuma novidade que o num vasto processo de redenção coletiva, uma sociedade ímpia fossem atos dignos
10
de seres trevosos e não uma tentativa damentos não dissociariam o pensamento par”, como disse Divaldo, ou ainda
sensata e justa para com o próximo – da ação. O próximo, ou seja, qualquer ser “aberração” – mesmo adjetivo para defi-
muitos diriam uma tentativa cristã, mes- humano, teria o igual valor, e em conso- nir o aborto –, ou “cartilhas depravadas”
mo à revelia de Marx e de boa parte dos nância com esta forma de encarar o mun- que estariam sendo formuladas pelos pró-
marxistas –, de perscrutar as profundezas do decorreriam as nossas ações neste prios governo nas escolas, carecem de um
das injustas estruturas sociais que nos mundo – para além de qualquer expecta- senso crítico e de conhecimentos mais
constituem enquanto indivíduos e que tiva de existência do lado de lá. Parece – aprofundados. Já que um dos critérios de
nos levam às mais variadas formas de ou querem fazer parecer – impossível de verdade entre os espíritas é levar em con-
opressão, alienação e exploração. Nas assim o conseguirmos. sideração os conhecimentos científicos de
páginas de sua vasta obra leem-se fre- Então, estamos nós aqui, estarrecidos cada época, por que abrir mão dos estu-
quentes clamores contra as iniquidades com nossa situação política, social e eco- dos avançados das Ciências Sociais no
do Templo do capital, armado para asso- nômica, ouvindo, vendo e lendo impropé- tocante à questão de gênero? Ou dos estu-
lar os mais fracos, os despossuídos, os rios dos mais variados, principalmente de dos que trabalham com outras variáveis
vulneráveis e todos aqueles que não com- seres que se arrogam cristãos; estamos igualmente importantes como raça e clas-
pactuam com seus valores, desiguais já aqui defendendo princípios de equidade, se? Se as diferenças entre mulheres e ho-
desde sua raiz. Um profeta extemporâneo, tolerância, respeito à diversidade e à plu- mens – só para ficar nesse binarismo –
porém pouquíssimo lido e compreendido ralidade que essa imperfeita forma de são socialmente instituídas e não prede-
entre os espíritas, quando não severamen- conceber a democracia nos possibilita terminadas, uma parte significativa dos
te hostilizado. minimamente. Quem assim pensa vem estudos no domínio das relações sociais
No limite, se fosse para sermos verdadei- encontrando fortes resistências, sobretu- de gênero supõe que a diferenciação de
ramente radicais, como Cristo e Marx, do por parte de partidários de discursos comportamentos e de traços de personali-
defenderíamos a igualdade não pelo viés autoritários, frontalmente contrários aos dade consoante o gênero resulta de expec-
da defesa da democracia, essa que está ensinamentos cristãos e democráticos. tativas socialmente incutidas nos indiví-
calcada nos princípios liberais burgueses Parece-me incoerente, para não dizer duos desde a infância, pelas quais as cri-
que há muito já nos mostraram que en- injusto, tanto do ponto de vista espírita anças são socializadas no sentido de de-
quanto a igualdade econômica e social quanto do ponto de vista democrático e sempenharem diferentes papéis,
não existir, também a igualdade política da civilidade, tratar as questões de gênero “femininos” ou “masculinos”. As noções
será uma farsa e, portanto, fadada ao fra- e sexualidade com tamanha leviandade. aprendidas na infância do que é conside-
casso. Defenderíamos, se fôsse- “Imoralidade ím- rado pertinente ao feminino e ao masculi-
mos à raiz da questão, no acirram-se e consolidam-se na ado-
uma forma outra de lescência. Isso porque a socia-
governo e de dis- bilidade infantil permite
tribuição do ainda certa convi-
poder, que vência de meninos
também e meninas em
seria de diferentes
outra na- atividades
tureza, coletivas. Já
cujos na adoles-
fun- cência, o
fato de
haver o
aprendi-
zado da
aproximação ao
sexo
opos-
to,
11
mediado por diferentes formas de relacio- agir nesse mundo. Enfatizar esses ele- plexos e profundos, pelos quais nossas
namento afetivo-sexual, torna os domí- mentos, entretanto, não pressupõe que os vidas individuais refletem os contextos de
nios femininos e masculinos ainda mais homens sejam tão vítimas da desigualda- nossa experiência social é fundamental
nítidos, com limites bem definidos entre de de gênero quanto as mulheres. Contu- para o modo de se pensar sociologicamen-
si. Basicamente, trata-se de investigar do, indica que a construção de uma maior te o mundo.
como é que, ao nível das interações entre igualdade de gênero depende não apenas Sim, os espiritismos são muitos e não
os indivíduos, são construídas e recriadas de uma tomada de consciência em relação deixam de reproduzir em seu seio as mes-
de um modo permanente as dicotomias à opressão feminina, mas também de uma mas contradições e as mesmas disputas
entre a mulher e o homem, modelo que reflexão sobre o lugar e o papel dos ho- políticas da sociedade. O momento é de
vem nos mostrando seus inúmeros fracas- mens nesse processo. reflexão, sem dúvida, mas sobretudo de
sos e que, por isso mesmo, deveria ser A Sociologia, só para ficar em apenas uma luta contra as diferentes iniquidades que
trabalhado desde os primeiros anos de das Ciência Sociais, e não por acaso a que nos assolam. Acreditando-se ou não na
socialização do ser. me sinto mais confortável reencarnação, é o hoje que nos importa
Ser homem, ser mulher, ser negro, negra, em aci- mudar, porque é o hoje que nos está mos-
indígena, ser rico, pobre, escolarizado, trando quão machista, racista, homofó-
heterossexual, lésbica, bissexual, bica e classista, portanto, desigual e
do campo ou da cidade etc. injusta, é a nossa sociedade –
são todas formas de classi- realidade incompatível
ficação que interagem para uma vida
simultaneamente no verdadeira-
mundo social, mente demo-
fazendo com crática e cris-
que certos tã.
entrecru-
zamentos Célia
sejam Arribas,
objeto professo-
de um trata- ra da
mento me- Universi-
nos iguali- dade Fe-
tário, mais deral de
desigual do Juiz de
que outros. E Fora
apesar de os (UFJF),
homens bran- doutora em Soci-
cos, da classe ologia pela
média e heterosse- USP, e colabo-
xuais serem em sua radora da Revis-
grande maioria os grandes ta Escuta. A autora autori-
beneficiários ou privilegiados zou a reprodução.
por desigualdades de gênero,
não se pode ignorar que eles também car- onar, mostra a necessidade de assumir * Texto originalmente publicado pela Re-
regam um pesado fardo ligado aos atribu- uma visão mais ampla sobre por que so- vista Escuta, de 01.03.2018, e reproduzi-
tos da masculinidade dominante: autos- mos o que somos e por que agimos como do com ciência da autora. Link: https://
suficiência, invencibilidade, agressivida- agimos. Ensina-nos que aquilo que enca- revistaescu-
de, virilidade, violência, brutalidade, não ramos como natural, inevitável, bom ou ta.wordpress.com/2018/03/01/
manifestação dos sentimentos, proibição verdadeiro, pode não ser bem assim e que espiritismo-genero-e-politica-uma-
do choro e de demonstrações de fraquezas os “dados” de nossa vida são fortemente equacao-tensa/
de todas as ordens – certamente formas influenciados por forças históricas e soci-
nada cristãs de ser, de estar, de sentir e de ais. Entender os modos sutis, porém com-
12
OPINIÃO
14
Donha, do Paraná, e iniciamos uma minu- conspirações. Além do mais, apresentam historiografia contemporânea tem uma
ciosa pesquisa. Nossa primeira ação foi um assunto antigo como se tivessem des- relação crítica e problematizadora com as
comparar as 4 primeiras edições da obra, coberto a pólvora. Tal postura não contri- fontes históricas. E a consulta das fontes
publicadas por Kardec em 1868, e consta- bui para a construção do conhecimento, até aqui apresentadas não nos permite
tamos que elas eram idênticas. Depois, tampouco para a realização de um debate concluir se as alterações foram feitas por
passamos para a análise e cotejamento da sério, como o assunto exige. Bittard, Desliens, Leymarie, o próprio
5ª edição, publicada em 1872, e apresen- O conhecimento científico é construído Allan Kardec ou outra pessoa. Até o pre-
tada pelos editores como revue, corri- através de metodologias adequadas e cri- sente momento, não é possível afirmar se
gée et augmentée (revista, corrigida e térios bem definidos. Ora, a data da publi- as alterações foram também adulterações.
aumentada). cação da 5ª edição em 1872 não invalida a Diante de tantas lacunas, a questão sobre
Ao analisar a obra, constatamos o que os possibilidade de que as alterações possam a legitimidade da 5ª edição de A Gênese
editores anunciaram: a 5ª edição aparecia ter sido feitas pelo próprio Allan Kardec. permanece em aberto até que surjam no-
com muitas diferenças em relação às edi- Além do mais, é preciso observar o turbu- vas fontes e evidências. Até lá, vale recor-
ções anteriores. Isso isentava Guillon Ri- lento contexto político e histórico em Pa- dar de uma máxima de Allan Kardec: “Na
beiro das acusações precipitadas de Carlos ris nos anos que se seguiram à morte de ausência dos fatos, a dúvida é a opinião do
Imbassahy. Mas, e quanto às alterações? Kardec em 1869: Guerra Franco- homem sensato.”
Quem as teria feito? Mergulhamos de Prussiana (1870-1871); deposição de Na- A quem interessar, os resultados da nossa
cabeça no assunto, consultamos diversas poleão III, fim do Segundo Império e ins- pesquisa foram publicados pelo João Do-
fontes do período, mas, na ausência de tauração da Terceira República Francesa nha no ano de 2012 em seu blog: http://
provas materiais que nos permitissem (1870); Comuna de Paris e a “semana donhaespirita.blogspot.com.br/2012/05/
chegar à autoria das alterações, não pude- sangrenta” (1871). Diante desse cenário, a linha-do-tempo-esclarece-edicoes-
mos chegar a uma conclusão. publicação de livros e o registro na Biblio- da.html.
Hoje, no ano em que comemoraremos os teca Nacional da França eram muito difí-
150 anos da publicação de “A Gênese”, ceis. Felipe Gonçalves, professor e historia-
assisto estarrecido à espetacularização Do mesmo modo, os embates e debates dor.
que alguns espíritas estão fazendo em entre os espíritas do período também na-
torno do assunto. Criou-se um verdadeiro da provam. Tais documentos não podem
cenário de caça às bruxas, com acusações ser aceitos de maneira acrítica, como se
precipitadas, convicções apaixonadas e representassem a verdade dos fatos. A
15