Sunteți pe pagina 1din 3

O amor sempre pega a gente desprevenido.

Geralmente, quando eu me dava a chance de passar um tempo em casa, descansando, o que era
absolutamente raro desde a morte de Nayra, eu estaria agora dando braçadas na piscina até à
exaustão, para que quando eu saísse de lá, depois de um bom banho relaxante, pudesse cair o mais
feliz nos braços de Morfeu e ter um sono pesado e sem sonhos. E quando acordasse, simplesmente
pegaria meu celular, dando uma olhada nas tarefas a fazer e quando as finalizasse, sentaria em
minha mesa, que já estaria com o café da manhã a postos e enquanto bebia café, estaria me
atualizando das notícias e ligando para Hektor com mais tarefas. Assim que ele estacionasse na
frente de minha casa, entraria no carro e enquanto estivesse à caminho da Ocean, entraria em
contato com algumas pessoas referentes ao meu trabalho, eu estaria respondendo e-mails, checando
tecnologias, dando ordens para encomenda de novas madeiras, marcando visitas para
empreendimentos. Era basicamente sempre a mesma coisa. Todos os dias.
Mas tudo mudou naquele dia em que eu decidi ir para Paris de trem e ouvi a risada dela pela
primeira vez.
Eu deveria ter sabido melhor.
Eu deveria ter suspeitado.
Ao chegar em casa, não queria ir para a piscina. E isso nada tinha a ver com o fato de que Zeus
parecia estar de conluio com Poseidon para que a ilha viesse abaixo. Tinha mais a ver com uma
grande peça que Afrodite juntamente com seu filho Eros tinha pregado pra cima de mim. Tinha a
ver com uma certa francesa de olhos negros que eu não conseguia tirar da cabeça nem mesmo que
eu quisesse. O que certamente, eu não queria. Arranquei o paletó, jogando em cima do sofá na sala.
A casa estava silenciosa, como sempre, desde o dia em que ela voltou para Paris. Ainda que eu
soubesse que os empregados estavam em seus dormitórios e que eu não estava de fato sozinho, tudo
parecia solitário sem a sua risada ecoando pelos cômodos da casa. Caminhei lentamente para o
escritório, não me preocupei em acender a luz. A grande janela de vidro já fazia o serviço de
iluminação por si própria. Tirei as abotoaduras, jogando-as em cima da mesa, fui para a mesinha de
bebida, com intenção de pegar um pouco de licor, mas me interrompi e peguei o uísque que estava
na cristaleira, coloquei dois dedos da bebida caramelo no copo e me dirigi pra grande janela,
abrindo os primeiros botões da camisa, como se pudesse afrouxar o aperto que estava no meu peito.
Eu precisava falar com ela. Eu poderia ligar, mas não queria parecer uma maníaco ensandecido.
Afinal, ela havia partido com muitas coisas para pensar. E isso não dizia apenas a nós dois, mas ao
acidente de seu pai também. Suspirei alto, como se com isso pudesse me impedir de ainda assim
ligar para ela. Afinal de contas, fazia menos de quarenta e oito horas que ela havia partido e ainda
sim, ele sentia falta dela. Não importava que ela houvesse mandado mensagens quando aterrizou em
Paris ou que ela houvesse até lhe feito uma breve ligação. Não importava. Para ele já parecia uma
eternidade.
Essa era a maldição dos gregos. Ou talvez fosse só a maldição da sua família. Não sabia amar pela
metade. E não levava tempo. Assim que encontrasse a pessoa, ele se entregaria de corpo e alma, e
faria qualquer coisa pela pessoa em questão. Por muito tempo, ele havia pensado que já havia feito
isso. Mas nada, absolutamente nada o preparou para a chegada de Nina LeBlanc na sua vida.
Quando ele ficou sabendo da morte de Nayra, apesar de tudo, dos problemas que enfrentavam na
época, ele havia ficado arrasado, devastado. Como se houvessem levado não uma parte do seu
coração, mas tudo. Porém ele estava enganado.
Ele olhou para fora, para a fúria do céu juntamente com a fúria das águas e de uma certa forma, em
meio a essa confusão caótica, ele começou a se acalmar e pensar com mais clareza. Ele começou a
pensar nela.
Você nunca sabe quando vai conhecer alguém e ter o seu mundo todo transformado de uma hora pra
outra. Foi exatamente o que aconteceu, quando ele colocou os olhos nela assim que a viu em sua
casa, quando foi visitar Leila, logo depois de ouvir sua risada cintilante pela segunda vez. Ele
tomou um gole da bebida, enquanto enfiava a mão no bolso e deixava a lembrança vir até ele. Ele,
um dia acreditou que sabia tudo sobre amor. Ele bufou. Não poderia estar mais enganado.
O sorriso dela… O vermelho de bochechas quando se envergonhou com os comentários nada
discretos de Leila, a timidez ao aceitar seu convite, a simplicidade com que ela lhe deu o seu
número. E ele naquele momento, não imaginava o que se passava dentro dele, afinal, nunca havia
sentido aquilo antes. Nem mesmo com Nayra.
Ele respirou fundo. Nayra havia sido uma parte da sua vida, que ele não podia apagar. E nem queria.
Não porque a amasse ainda de alguma forma, não. Ele já havia se convencido e entendido, que
nunca de fato havia a amado. Mas porque, de alguma forma meio distorcida, ela o havia guiado para
Nina. Ele fixou o olhar no mar revoltoso. Se permitiu lembrar de tudo que havia passado com
Nayra. A vida tinha uma forma engraçada de agir. Você vive em meio a altos e baixos. É como ele
vê o relacionamento que teve. Quando ele conheceu Nayra, achava que tivesse encontrado seu
mundo, seu porto seguro, sua rocha. Acreditava que estava no topo do mundo. Pobre coitado. Não
poderia estar mais enganado. Quando descobriu que ela havia se cansado dele, de sua vida, de seu
ritmo e que ela estava dando um jeito de viver sua vida sozinha e que numa dessas acabou a
perdendo, ele depois do desespero, se sentiu um verdadeiro palhaço. Nayra havia lhe deixado
cicatrizes profundas, cicatrizes que antes ele daria tudo para apagar, mas não mais agora. Afinal de
contas, foram essas cicatrizes que o levaram até ao amor de verdade. E ele, se não tivesse em plena
consciência de suas faculdades mentais, talvez até ligasse para ela e lhe dissesse que seu coração
estava ali, estendido, aos pés dela e que ele não podia, e nem queria mais esconder.
Mas ele não podia ser precipitado. Ele não podia. Ele bebeu mais um gole como se com isso fosse
obter a força necessária para se impedir.
Ele pensou em cada momento que havia tido com ela. Como o seu coração disparou quando ela
desceu as escadas no dia da festa de sua família e de como seu sorriso havia mexido com ele depois
que ele a havia elogiado. De como se sentiu extasiado por ela lhe segredar partes da sua vida.
Depois que ela havia lhe deixado na festa, com uma desculpa que ele não foi capaz de impedir e que
mesmo assim, ainda de longe, acompanhou e esteve a postos para ser a rocha em que ela poderia se
apoiar caso precisasse, como acabou acontecendo mais tarde. De como pareceu que ele ia ter um
ataque cardíaco quando a colocou sobre a cama e ficou ali um bom par de horas observando-a
dormir os sonos dos justos, algo leve e como ele teve que se obrigar a sair do quarto antes que
pudesse fazer alguma besteira. Ele se lembrou de quando Hektor lhe disse que ela havia ligado e ele
imediatamente sentiu necessidade de acabar com a reunião porque não poderia mais aturar um
segundo sequer de qualquer coisa sem saber no que lhe poderia ser útil. Ele se lembrou de como se
sentiu um adolescente animado e ansioso quando ela aceitou seu convite para vir à Santorini. Ele se
lembrou de sua surpresa quando deu de cara com ele no aeroporto, do sorriso fácil de evidente
prazer desprovido de qualquer fingimento quando ela colocou seus pés na Ocean pela primeira vez
e ele se sentiu um maldito herói por simplesmente ter algo que pudesse lhe arrancar sorrisos. Ele se
lembrou do almoço e de como era lindo ouví-la tentar falar em grego e de como ele adoraria ser seu
professor e ensiná-la palavras que ele apenas a deixaria falar para si mesmo. Ele se lembrou da
alegria infantil ao tomar um simples sorvete e de como ele invejou aquela iguaria gelada. Se
lembrou da felicidade estampada em seu olhar quando ela se encontrava atrás da câmera, tirando
fotos de tudo. Se lembrou da sua incredulidade ao cair na piscina junto com ela e do quanto gostou
de beijo que lhe deu. E de todos os outros que vieram depois. E de como gostará de cada um que
ainda haveria, isso ele poderia assegurar com toda certeza, ainda que tivesse que enfrentar a
cavalaria italiana e francesa. Nada o impediria de reivindicá-la como sua. Já que ele já era
absolutamente dela.
Ele olhou para o copo, com a bebida inacabada e percebeu que cada lembrança lhe trouxe um
sorriso em seu rosto.
Poderia levar o tempo que fosse preciso, mas ele tinha certeza que tudo isso iria acontecer como
tinha que acontecer. Ele só esperava não assustá-la com a intensidade dos seus sentimentos, tendo
em conta o tão pouco tempo em que se conhecem. Ele acreditava que isso era o início de algo bom.
Sorriu ainda mais com essa certeza.
Ele deveria ter sabido melhor desde a primeira vez em que a viu.
Ele deveria ter suspeitado disso desde a primeira vez em que viu.
Ele deveria ter visto que isso era o início de algo bom.
E ele iria assegurar de que tudo acontecesse conforme. Não importava quanto tempo levasse.

S-ar putea să vă placă și