de trabalho Wictor Aleksandr Santana Santos Universidade Federal de Sergipe
Resumo: O Behaviorismo é um conjunto de abordagens que se baseiam no
estudo do comportamento humano e na ligação que este mantém com o meio ambiente em questão. Por conseguinte, o homem é caracterizado como um produto das associações estabelecidas durante sua vida mediante estímulos e respostas. Nesse contexto, esse estudo procura discutir a concepção behaviorista introduzida no mercado de trabalho através de seus elementos vantajosos e desvantajosos ao proletariado. Ou seja, uma análise que tem como enfoque o comportamento humano, visando transparecer a constante presença da visão behaviorista nesse sistema e também enfocar nos possíveis impactos causados a sociedade com o decorrer da história. Ante isso, buscou-se a compreensão do modelo behaviorista de B. F. Skinner em sua unidade chamada de Behaviorismo Radical, exaltando suas concepções de positivação e negativação de reforços, aquisição de aprendizagem, rejeição de estados mentais e principalmente, a mecanização e automatização de comportamentos.
Palavras-chave: Behaviorismo Radical. Mercado de Trabalho.
Comportamento Humano. Skinner.
Introdução: O objetivo desse estudo é exaltar as semelhanças do
Behaviorismo Radical no sistema trabalhista. O propósito principal é ressaltar as consequências desse condicionamento no proletariado e na sua vida social. Para o entendimento da psicologia humana, Skinner realizou o estudo do condicionamento operante como uma constante forma de “estimulo-resposta”, no qual esse ressalta um posterior reforço. E isso não é diferente quando o quesito é a forma de trabalho abordada no decorrer da história.
Segundo Skinner (1957), "os homens agem sobre o mundo e o
modificam e, por sua vez, são modificados pelas consequências de sua ação.". Se associar essa ideia às diversas transformações históricas decorridas com a Revolução Industrial e a influência do Capitalismo Internacional, percebe-se a reflexão até os dias atuais, ante as revoluções tecnológica, produtiva, comercial e financeira decorrentes do processo da globalização. Tais elementos permeiam os efeitos gerados nos indivíduos, como mudanças de ação, pensamento e sentimentos, os quais passaram a responder as necessidades do capitalismo. Assim sendo então “modelados” pelos estímulos apresentados.
O individuo a todo instante parece executar um tipo de
comportamento de forma “mecanizada” como forma de resposta aos estímulos e seus respectivos reforços. (BANDINI, C. S. M; 2006). Assim o individuo age buscando os reforços positivos, que no caso podem ser as bonificações trabalhistas, e reprimindo os reforços negativos, que são as advertências ou até mesmo demissão. Sendo assim o mercado introduz a forma de condicionamento, para assim o proletariado permanecer realizando o trabalho de forma correta e lucrativa.
Ademais, Skinner rejeitava em seus estudos a presença do
mentalismo como influenciador do comportamento, pois os sentimentos são apenas “efeitos colaterais” das condições responsáveis pelo comportamento. (Lampreia, C.,1992). No meio trabalhista isso também ocorre. Muitos indivíduos não possuem boas condições de trabalho, e as empresas preocupadas com o lucro de suas atividades, ignoram essa realidade. Ou seja, não consideram que o estado cognitivo possa influir nesse comportamento. Desenvolvimento:
“A definition of behavior”, do livro The behavior of organisms,
Skinner (1938/1966a, p.6) ressalta: “Comportamento, então, eu quero dizer simplesmente o movimento de um organismo, ou de suas partes, em um quadro de referência fornecido pelo próprio organismo ou por vários objetos externos ou campos de força.” Trazendo tal pensamento ao aspecto trabalhista pode-se dizer que o movimento do proletariado é em base na referencia fornecida pelo mercado, ou seja, o individuo se adequa ao que é exigido, buscando benefícios posteriores.
Essa linha teve seu ápice na Revolução Industrial no século XVIII, a
qual ante uma visão geral trouxe benefícios sócio-econônomicos importantes ao país, porém trouxe efeitos irreparáveis ao comportamento dos trabalhadores. Inicialmente, o aspecto visado é a mecanização dos indivíduos, onde com a chegada de maquinas, a ação dos indivíduos tornou-se cada vez mais automatizada, como robôs. Tal característica trouxe ao decorrer do tempo malefícios físicos, juntamente com a desmotivação dos indivíduos, os quais não encontravam estímulos ante as péssimas condições de trabalho que apresentavam, como sequelas físicas dos movimentos automatizados, carga horária exaustiva de trabalho, salário insuficiente e outros, trazendo assim grandes conflitos. E assim, trouxe também malefícios ao Governo Brasileiro, que a partir de 1934 iniciou a aplicação de direitos aos trabalhistas e benefícios aos indivíduos. Estes servem então até dias atuais como “estímulos” para que os trabalhadores retribuam com “respostas” positivas a demanda.
Seguindo uma visão geral, pode-se relatar primeiramente a
implantação a Constituição de 1934 apresentou como alguns de seus objetivos: salário mínimo como o valor mínimo o qual o proletariado pode receber por seus serviços, jornada de trabalho de 8 horas, repouso semanal, férias remuneradas e assistência médica e sanitária. Diante disso, houve então um grande aumento no número de trabalhadores como resposta aos estímulos positivos apresentados. A partir de 188 foi então sancionada a Constituição de 1988 e outras leis especificas ao decorrer dos anos, que agregaram outros direitos como forma de estimulo no mercado trabalhista. Alguns desses foram: Seguro-desemprego, Fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS), Piso Salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho, Décimo Terceiro Salário, Remuneração do trabalho noturno, Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda, Licença Maternidade, Horas Extras Remuneradas, Repouso Semanal Remunerado, entre outros. Tais elementos possuem aspectos e justificativas como recebimento após 1 ano de serviço, retirada após demissão sem justa causa e correto cumprimento da carga horária pré estabelecida os quais apresentam o proposito de estimular o individuo ao desejo eminente de receber tais direitos, mas implicam com requisito o cumprimento de regras e direcionamentos para o beneficio do responsável pelo estimulo, no caso as empresas e o Governo.
Ademais, para o mantimento de tais comportamentos também há o
estabelecimentos de aspectos “punitivos” aos trabalhadores, sendo esses reforços negativos quando comparados aos estudos de Skinner. Podem-se ressaltar as penalidades pré-estabelecidas em lei, que são: advertência, suspensão e demissão, as quais podem levar a exclusão de seus direitos citados anteriormente.
Para Skinner, é através do condicionamento operante que se torna
possível modelar, como o escultor modela a argila, novas formas de respostas ou novos operantes. (Lampreia, C.,1992) Sendo assim, tais reforços negativos tem a função de evitar respostas aversivas, levando assim o trabalhador realizar seu trabalho de forma pré-estabelecida, com comportamentos operantes.
Portanto, pode-se levar como considerações finais que o pensamento
de estudo baseado por B. F. Skinner tem relação pertinente e considerável com o mercado trabalhista, uma vez que se baseando nos seus segmentos de Behaviorismo Radical e Condicionamento Operante encontra-se semelhanças que permeiam os aspectos comportamentais do proletariado brasileiro ante reforços positivos, que os incentiva a permanecer realizando seus serviços e condições exigidas, e reforços negativos, que reprimem comportamentos eversivos ante o receio de exclusão de seus direitos. Referencias Bibliográficas:
LAMPREIA, C. As propostas anti–mentalistas. PUC-Rio, p. 256-258,
1992.
BANDINI, C. S. M. ; de ROSE, J. C. C. . Tecnologia comportamental no
contexto de ensino: favorecimento da aprendizagem e do surgimento de comportamentos criativos. In: Helio José Guilhardi; Noreen Campbell de Aguirre. (Org.). Sobre comportamento e Cognição: Expondo a variabilidade. 1 ed. Santo André: ESETEC - Editores Associados, 2006, v. 17, p. 72-80.
SKINNER, B.F. Ciencia e comportamento humano. Trad. João Carlos
Todorov. 1 ed. - São Paulo: Martins Fontes, 2003.
ZILIO, D. A natureza comportamental da mente: behaviorismo radical e
filosofia da mente [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 294 p. ISBN 978-85-7983-090-7.