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Introdução
O Código Civil estabeleceu em seu artigo 2.028 regra de direito intertemporal, onde
regulou os prazos prescricionais iniciados sob a vigência do Código Civil de 1916, e
que não ainda não se extinguiram.
“Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data
de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo
estabelecido na lei revogada”.
Ainda neste sentido são dois os enunciados do Conselho da Justiça Federal sobre o
tema, conforme segue:
Enunciado 50: “Art. 2.028: a partir da vigência do novo Código Civil, o prazo
prescricional das ações de reparação de danos que não houver atingido a metade
do tempo previsto no Código Civil de 1916 fluirá por inteiro, nos termos da nova lei
(art. 206)”.
“No que tange à responsabilidade civil, o novo Código representa, em geral, notável
avanço, com progressos indiscutíveis, entendendo a Comissão que não há
necessidade de prorrogação da vacatio legis.”
Enunciado 299: "Art. 2.028. Iniciada a contagem de determinado prazo sob a égide
do Código Civil de 1916, e vindo a lei nova a reduzi-lo, prevalecerá o prazo antigo,
desde que transcorrido mais de metade deste na data da entrada em vigor do novo
Código. O novo prazo será contado a partir de 11 de janeiro de 2003, desprezando-
se o tempo anteriormente decorrido, salvo quando o não-aproveitamento do prazo já
APOSTILA – aula 5
Teoria Geral do Direito Civil
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“Significado de termo Marco; limite que se estabelece em relação a alguma coisa: desejava por
um termo ao casamento.”
Prazo transcorrido + prazo novo > totalidade do prazo antigo = prazo antigo
Mas
prazo transcorrido + prazo novo = ou < totalidade do prazo antigo = Prazo novo
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Conclusão 1
Destarte, por consequência lógica, ao entrar em vigor uma lei nova, surgem conflitos
relativos ao direito processual civil temporal quanto aos processos pendentes.
A aplicabilidade irrestrita da lei aos fatos anteriores imperava nos tempos primitivos,
conforme ressalta Carlo Maximiliano. (MAXIMILIANO, 1955).
Sistema Luso-Brasileiro
Infere-se, pois, que presente o princípio da irretroatividade das leis, vez que este já
presente nas leis portuguesas.
Convêm destacar que durante este período a Constituição Imperial de 1824, inseriu
em sua Declaração de Direitos a proscrição de leis retroativas, de modo a abranger
também as leis civis.
Neste ponto, destaca R. Limongi França que “o Brasil, ao lado dos Estados Unidos
e da Noruega, se constituiu em um dos raros países onde o zelo pelos direitos dos
cidadãos levou o legislador a reconhecer o caráter constitucional do Princípio da
Irretroatividade das Leis, em matéria civil”. (FRANÇA, 1968, p. 282/283).
A nova Lei de Introdução ao Código Civil de 1942, com base nas últimas alterações
constitucionais, passou a dispor quanto à matéria, definindo que a lei em vigor teria
efeito imediato e geral, contudo, exceto por disposição em contrário, não atingiria as
situações jurídicas definitivamente constituídas e a execução do ato jurídico perfeito.
Desse modo, perpetrando segundo golpe contra uma das nossas mais importantes
instituições jurídicas – a do Direito Adquirido – pela primeira vez, já agora não em
século, mas em SETTE SÉCULOS de História Jurídica Luso-Brasileira, o legislador
de então houve por bem substituir precioso elemento de brasílica autenticidade, por
um galicismo jurídico desnecessário e, para nós, inexpressivo.
Felizmente, esse desvio estrategista somente durou quatro anos, pois a Constituinte
de 1946, ao restabelecer o curso da nossa evolução democrática, retornou também
a fidelidadeàs nossas tradições nessa matéria. (FRANÇA, 1968, p. 331/332).
O antigo artigo 6º da LICC passou, então, pela Lei 3238/57, a ter a seguinte redação
em seucaput: “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”.
Prescreve o artigo 5º, inciso XXXVI, da CR/88 que “a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
Por outro lado, a maior parte da doutrina defende que, no Brasil, a exemplo das
Constituições de 1934, a Constituição de 1946, a reforma de 1967 e a Emenda de
1969, a Constituição de 1988 consagrou, no art. 5º, XXXVI, o princípio da
irretroatividade.
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Tal autor somente concebe a retroatividade das leis como exceção no nosso
ordenamento, in verbis:
Igualmente, para Rubens Limongi França, em princípio, as leis não teriam efeito
retroativo podendo vir a tê-lo caso haja disposição expressa que não ofenda direito
adquirido. (FRANÇA, 1982, p. 187).
Caio Mário Pereira da Silva, no volume I de sua obra “Instituições de Direito Civil”
entende que a regra constitucional consagra o princípio da irretroatividade das leis,
contudo não de forma absoluta, eis que em determinados casos a retroatividade
poderá ser admitida. (PEREIRA, 2007).
Também para os autores Eduardo Espinola e Eduardo Espinola Filho “No trato da
matéria, são inequívocos os princípios da irretroatividade das leis e do respeito ao
direito adquirido, elevados, em nosso sistema, ao nível constitucional”. (ESPINOLA;
ESPINOLA FILHO, 1999, p. 266).
Ainda, segundo Caio Mário por ser este preceito constitucional, não só o juiz no
momento de aplicação da norma estaria preso a regra de irretroatividade de lei
nova, como também o legislador, que se produz lei com efeitos retrooperantes, tal
lei é inconstitucional, devendo se seguir a regra do art. 97 da CR (declaração de
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público deve ser feita pela
maioria absoluta dos membros ou membros de órgão especial dos Tribunais).
(PEREIRA, 2007, p. 144).
Desta forma, desde que respeitados estes nada impede que lei nova retroaja.
Ademais, a regra contida no art.5º, inciso XXXVI, da Constituição está sob o título II
que nos informa os direitos e garantias fundamentais. Sendo assim, tal não pode ser
o entendimento no sentido de retirar direitos resguardados ao cidadão. Este
posicionamento demonstra-se inconstitucional porque incompatível com preceito
fundamental da Constituição.
Este trabalho é baseado em parte da obra intelectual dos autores abaixo transcritos:
1) Bruna Nogueira Tosta; Leandro Flávio Machado de Lima; Milena Augusta Lacerda
Magalhães (http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=7686)