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partidos, ainda que elas não se relacionem com os interesses ou objetivos dos próprios partidos
(mas individuais ou egoísticos), a atual discussão acerca da possibilidade de candidatura sem
partido seria uma solução para o fim do fisiologismo partidário?
Mas a definição econômica se refere unicamente ao homem que se move em direção a suas metas
de um modo que, ao que lhe é dado saber, usa o mínimo insumo possível de recursos escassos por
unidade de produto valorizado. P. 27
Contudo, já que o comportamento no nosso modelo não pode ser testado por seus resultados,
aplicamos o termo racional ou irracional apenas a processos de ação, isto é, a meios. Naturalmente,
são eles próprios meios para fins últimos. A racionalidade dos primeiros nós podemos julgar, mas
a avaliação dos últimos está além do nosso escopo. P. 28
A função política das eleições numa democracia, presumimos, é selecionar um governo. Portanto,
comportamento orientado para esse fim e nenhum outro. Ex. mulher tem raiva quando o marido
vota no partido diferente do dela. Ele acaba votando no partido dela para evitar briga. É um modelo
irracional, pois usa expediente político para um fim não-político. P. 29
Para nossos limitados propósitos nesse modelo, a possibilidade de correção é um meio muito
melhor de diferenciar entre erros e comportamento irracional. Um homem racional que está
sistematicamente cometendo algum erro vai parar de fazê-lo se (I) ele descobrir qual é o erro e (2) o
custo de sua eliminação for menor que os benefícios. Nas mesmas condições, um homem irracional
deixará de corrigir seus erros porque ele possui uma propensão não lógica a repeti-los. Suas ações
não são primordialmente motivadas por um desejo de atingir eficientemente seus fins declarados;
daí ele deixar de fazê-lo mesmo quando possível. P. 31
A razão por que estamos tentando distinguir com tanto cuidado entre erros racionais e atos
irracionais é que desejamos ao mesmo tempo ( 1) salientar como o custo da informação pode levar
homens racionais a cometer erros sistemáticos em política e (2) evitar qualquer discussão de
irracionalidade política. P. 32
ESTRUTURA DO MODELO
Nosso modelo se baseia no pressuposto de que todo governo procura maximizar o apoio
político. Presumimos ainda que o governo existe numa sociedade democrática em que se façam
eleições periódicas, que seu objetivo principal é a reeleição e que a eleição é o objetivo daqueles
partidos agora alijados do poder. Em cada eleição o partido que recebe o maior número de votos
(embora não necessariamente a maioria) controla todo o governo até as próximas eleições, sem
quaisquer votações intermediárias, seja pelo povo como um todo, seja pelo parlamento. O partido
governante, portanto, tem liberdade ilimitada de ação, dentro dos limites da constituição. P. 33
A maior parte dos estudos econômicos sobre governo diz respeito às suas políticas em
campos específicos, tais como controle monetário, manutenção de emprego, estabilização de preços,
reglamentaçao de monopólios e comércio internacional. (...) Nossa análise é igualmente dedutiva,
já que coloca uma regra básica e tira conclusões a partir dela. Entretanto, é positiva, porque tentamos
descrever o que acontecerá sob certas condições, não o que deveria acontecer. P. 36
Nossa própria crítica da abordagem Buchanan-Samuelson é que ela cria uma falsa dicotomia
entre as duas visões, uma das quais é totalmente falsa e a outra expressa apenas parte da verdade.
Por um lado, a visão organicística de governo não é verdadeira porque se baseia numa entidade
mítica: um Estado que é uma coisa separada dos homens individuais. Por outro lado, a visão
individualista é incompleta porque não leva as coalizões em consideração. P. 38
Nosso modelo tenta forjar uma relação positiva entre as estruturas de finalidades individuais e
sociais por meio de um (expediente político). Como cada cidadão adulto tem direito a um voto, suas
preferências de bem-estar são pesadas aos olhos do governo, que está interessado apenas no seu
voto, não em seu bem-estar. Desse modo, cm resposta à primeira critica levantada contra Bergson,
admitimos abertamente que estamos adotando um princípio ético-igualdade do direito de voto.
Estamos tornando-o uma parte da política, na qual acreditamos que a ética social deveria ser tratada.
Em suma, estamos voltando à economia política. P. 40
Problemas técnicos
“...a maior parte de nosso estudo diz respeito ao que realmente aconteceria se os homens no
nosso mundo razoavelmente realista se comportassem de modo racional. Portanto, não podemos
nos apoiar em procedimentos que a divisão do trabalho torna não práticos, como ocorre com o stress
mencionados acima”. P. 41
RESUMO
“... a teoria econômica não produziu uma regra satisfatória de comportamentos para eles,
comparável às regras que usa para prognosticar as ações de consumidores e firmas. Nossa tese tenta
fornecer essa regra, postulando que os governos democráticos agem racionalmente para maximizar
o apoio político”. P. 41
“por ação racional, entendemos a ação que é eficientemente planejada para alcançar os fins
econômicos ou políticos conscientemente selecionados do ator. No nosso modelo, o governo
persegue seu objetivo sob três condições: uma estrutura política democrática que permite a
existência de partidos de oposição, uma atmosfera de graus variáveis de incerteza e um eleitorado
de eleitores racionais”. P. 41
“se é para nosso modelo ter coerência interna, nele o governo deve ser pelo menos teoricamente
capaz de desempenhar as funções sociais de governo. (...) tentaremos mostrar como e por que o
partido governante se desincumbe dessas funções, ainda que seu motivo para agir não se relacione
a elas”.
GOVERNO DEMOCRÁTICO – é aquele que tem o poder de dizer e controlar uma cerca questão,
podendo impor a sua decisão. Para o autor, o governo pode fazer o que quiser, desde que não viole
a constituição.
“numa base puramente positiva, sem postulados éticos, podemos concluir que (1) o governo
é um agente social específico e singular e (2) tem uma função especializada na divisão do trabalho”.
NATUREZA DO GOVERNO DEMOCRÁTICO – ele parte de uma descrição de vários itens, como
ter um partido escolhido por eleição para gerir o governo, eleições periódicas com mandatos com
prazo certo, adultos podem votar, cada um tem direito a um voto, os perdedores não podem fazer
nada de ilegal para tirar o vencedor do governo.
PAPEL DOS PARTIDOS – o partido é uma coalizão de homens que buscam controlar o governo
através dos meios legais.
Ao contrário do modelo do autor, esta forma de partido tem duas desvantagens: a coalizão
nem sempre segue uma única ideia ou ordem, podendo haver divisões de opiniões internamente e
uma luta de poder entre os grupos. 2) os que toma decisões governamentais são apenas aqueles que
ocupam cargos no governo.
“um partido político é uma equipe de homens que buscam controlar o aparato de governo,
obtendo cargos numa eleição devidamente constituída. Por equipe, entendemos uma coalizão cujos
membros concordam sobre todas as suas metas, em vez de apenas parte delas6. Desse modo, todos
os membros da equipe têm exatamente as mesmas metas que todos os outros. Já que também
supomos que todos os membros são racionais, suas metas podem ser vistas como uma ordem única
e consistente de preferência”. P. 47
AXIOMA (máxima) DO INTERESSE PESSOAL - Exatamente com que metas todos os membros de
cada partido concordam? A fim de responder a essa questão, apresentamos aqui um axioma crucial
para todo o restante de nosso modelo. Supomos que todo indivíduo, embora racional, seja também
egoísta.
“em nosso modelo, o partido governante executa essa função apenas na medida cm que fazê-
lo promove as ambições privadas de seus membros”.
META ESPECÍFICA DOS PARTIDOS - Os políticos, no nosso modelo são motivados pelo desejo do
poder, prestigio e renda e pelo amor ao conflito, isto é, a "emoção do jogo", comum a muitas ações
que envolvem risco. No entanto, eles não conseguem obter nenhuma dessas desiderata, exceto a
última, a menos que seu partido seja eleito para o cargo. Portanto, não distorcemos os motivos dos
membros partidários ao dizer que seu objetivo primeiro é ser eleito. Isso, por sua vez, implica que
cada partido procura receber mais votos do que qualquer outro. P. 52
A fim de planejar suas políticas de modo a ganhar votos, o governo deve descobrir alguma
relação entre o que faz e como os cidadãos votam. Em nosso modelo, a relação deriva do axioma de
que os cidadãos agem racionalmente em política. Esse axioma implica que cada cidadão vota no
partido que ele acredita que lhe proporcionará mais beneficias do que qualquer outro.
DIFERENCIAIS BIPARTIDÁRIOS - Cada cidadão, no nosso modelo, vota no partido que ele
acredita que lhe proporcionará uma maior renda de utilidade do que qualquer outro durante o
próximo período eleitoral. Para descobrir qual "partido é esse, ele compara as rendas de utilidade
que crê que receberia, caso cada partido estivesse no poder. (...) A diferença entre essas duas rendas
de utilidade esperadas é o diferencial parlidário esperado do cidadão. Se for positivo, ele vota nos
ocupantes do cargo; se for negativo, vota na oposição; se for zero, se abstém.
O segundo modificador entra em jogo apenas quando o cidadão não consegue ver qualquer
diferença entre os dois partidos concorrentes; isto é, quando acha que eles têm plataformas e
políticas correntes idênticas6. Para fugir desse impasse, ele altera a base de sua decisão, colocando
a questão de se os ocupantes do cargo governaram ou não tão bem quanto seus antecessores. P. 62
Os homens racionais não estão interessados nas políticas per se, mas em suas próprias rendas
de utilidade. Se suas rendas de utilidade presentes são muito baixas a seus próprios olhos. eles
podem acreditar que quase qualquer mudança a ser provavelmente feita aumentará suas rendas.
Nesse caso, para eles, é racional votar contra o partido no poder, isto é. a favor da mudança em
geral. Por outro lado, os homens que estão se beneficiando das políticas do partido no poder podem
sentir que a mudança provavelmente os prejudicará ao invés de ajudá-los. P. 63
“O sentido preciso de "razoável" não pode ser definido a priori; depende do temperamento
de cada eleitor. Entretanto, quanto menos chance de vencer ele sente que seu partido favorito tem,
mais provável é que mude seu voto para um partido que tem uma boa chance”. P. 69
Nossa hipótese difere dessa visão de três maneiras: ( 1) em nosso modelo, a função social do
governo não é idêntica ao seu motivo privado; (2) especificamos apenas o último, que é a
maximização de votos e não de utilidade ou de bem-estar: e (3) o governo é um partido em disputa
com outros partidos pelo controle do aparato de governo.
Operações marginais - Como o governo, em nosso modelo, deseja maximizar o apoio político, ele
executa aqueles atos de gastos que ganham a maior quantidade de votos por meio daqueles atos de
financiamento que perdem a menor quantidade de votos.
Princípio da maioria – o partido tem que adotar uma postura que atenda a maioria, pois se deixar
um ponto em aberto, a oposição pode derrotar o partido do governo justamente por não apoiar
aquele ponto que a maioria deseja.
Coalizão de minorias - Sob certas condições, a oposição pode derrotar um governo que usa o
princípio da maioria assumindo posições contrárias em questões-chave, isto é, apoiando a minoria.
Problema de Arrow - Se os eleitores discordam, de certos modos específicos, quanto a quais metas
são desejáveis, o governo pode ser derrotado porque não consegue seguir o princípio da maioria,
mesmo que o queira.
“Uma vez que o governo tem de se comprometer primeiro, a oposição pode escolher alguma
outra opção, igualar-se ao programa do governo quanto a todas as outras questões, de modo a
reduzir a eleição àquela alternativa, e derrotar os ocupantes do cargo - não importa que alternativa
esses escolham!”.
Como Arrow mostrou, o governo, nessa situação, não pode adotar uma política racional. Não
importa o que faça, está errado, porque a maioria teria preferido alguma outra ação.
Nesta altura, nosso modelo começa a se desintegrar por causa do pressuposto de certeza; isto
é, os partidos sabem o que os eleitores preferem e os eleitores conhecem as conseqüências dos atos
governamentais.
a oposição tem que ter certeza de que, em relação a alguma questão específica, os ocupantes
do cargo adotaram uma posição minoritária. Sem essa certeza, nenhum partido ousaria reduzir a
eleição inteira a uma questão. Assim, tanto a derivação do princípio da maioria quanto seu
solapamento pelo problema de Arrow dependem do pressuposto da certeza.
O regime da maioria apaixonada - partir da análise precedente, fica claro que o governo nem
sempre segue o princípio da maioria mesmo num mundo certo. Quando a oposição adota a
estratégia ele coalizão de minorias, o governo pode ocasionalmente apoiar a minoria a fim de
maximizar a chance de um empate.
“os partidos não comparam a intensidade dos sentimentos da maioria com aqueles da
minoria; eles avaliam a disposição de cada cidadão de negociar os resultados que prefere quando
na maioria por aqueles que prefere quando na minoria”.
Importância política das maiorias apaixonadas - Esse axioma implica que as opiniões políticas de cada
homem são tão importantes quanto as de qualquer outro homem, mesmo que um assuma suas posições com fervor
intenso e o outro seja quase indiferente. O fato de cada um ser um cidadão é que torna suas opiniões significativas,
não o fato de ele ser (ou não) fervoroso em relação a elas. Daí, nem a paixão nem a sua ausência se soma ao peso
político das opiniões dele num mundo certo.
PROCESSO ORÇAMENTÁRIO
Decisões orçamentárias sob o princípio da maioria - quando um governo recém-eleito (ou reeleito) monta seu plano
de ação, ele pergunta em relação a cada gasto: "Vale seu custo em votos em termos de votos ganhos?", exatamente
do mesmo modo que uma firma lucrativa pergunta em relação a seus gastos: "Vale seu custo cm dólares em termos
de receitas acrescentadas?" p. 89
Decisoes orçamentárias sob outras condições - A descrição precedente do orçamento governamental se aplica
quando o governo segue o princípio da maioria, mas ele não necessariamente emprega aquele princípio sob todas as
condições.
“Concluímos que os governos, em nosso mundo-modelo, ou ( 1) tomam cada decisão de gasto separadamente
por meio do principio da maioria ou (2) encaixam cada decisão no padrão inteiro e recalculam o impacto total de seu
programa de gastos sobre todos os eleitores. Qual dos dois métodos eles seguem depende do grau de incerteza em
relação a seu conhecimento das funções de utilidade dos eleitores e das estratégias adotadas pelos partidos de
oposição”. P. 91
SIGNIFICADO DA INCERTEZA
A incerteza é qualquer falta de conhecimento seguro sobre o curso de acontecimentos passados, presentes,
futuros ou hipotéticos. Em termos de qualquer decisão específica, ela pode variar quanto à possibilidade de
eliminação, à intensidade e à relevância. Quase toda incerteza é removível através da obtenção de informação, se uma
quantidade suficiente de dados estiver disponível. Entretanto, alguma incerteza é intrínseca a situações especificas.
“... é possível ver que um homem pode ser culto sem ser informado, ou ser informado sem ser culto, mas ele
não consegue interpretar informação sem conhecimento contextual. Portanto, quando falamos de um cidadão
informado, estamos nos referindo a um homem que possui tanto conhecimento contextual quanto informação sobre
aquelas áreas relevantes à sua tomada de decisão”.
Os eleitores e os partidos políticos são as duas principais classes de atores no nosso modelo, e cada classe tem diversas
formas de incerteza associadas a ela. (...) os eleitores nem sempre estão cientes do que o governo está ou poderia
estar fazendo e, freqüentemente, não conhecem a relação entre as ações governamentais e suas próprias rendas de
utilidade.
A incerteza divide os eleitores em diversas classes porque afeta algumas pessoas mais que outras. Além disso,
dá origem à persuasão, já que alguns dos eleitores que têm mais certeza tentam influenciar aqueles que estão menos
certos. Desse modo, a incerteza cria dois critérios para diferenciar eleitores: a confiança com a qual um eleitor sustenta
sua preferência partidária, e a intensidade com a qual advoga quaisquer opiniões que tenha.
INCERTEZA X PERSUASÃO
Para alguns eleitores, a decisão permanece óbvia; querem que um partido específico vença porque suas
políticas lhes são claramente as mais benéficas. Mas outros têm muita incerteza quanto a qual partido preferem. Não
sabem exatamente o que lhes está acontecendo, ou o que lhes aconteceria se um outro partido estivesse no poder.
Precisam de mais fatos para estabelecer uma preferência clara. Ao fornecer esses fatos, os persuasores encontram
uma oportunidade de tomar-se mais efetivos.
Os persuasores não estão interessados per se em ajudar pessoas que estão incertas a se tornar menos incertas;
querem que a certeza produza uma decisão que auxilie sua causa. Portanto, fornecem apenas aqueles fatos que são
favoráveis a qualquer grupo que estejam apoiando.
Esses limiares são cruciais no processo de influenciar eleitores. Se um agitador quer saber exatamente quanta
informação dar a um confuso (ou a um grupo de confusos), de modo a conseguir seu voto mas a não gastar recursos
convencendo-o em excesso, o agitador deve saber onde fica o limiar de ação do confuso e quão próximo está dele. Da
mesma forma, um partido que busque converter passivos em agitadores precisa saber quanta decisão de alteração de
políticas é exigida para empurrar os passivos para além de seus limiares de agitação.
A incerteza faz com que muitos eleitores se disponham a prestar atenção em líderes que parecem conhecer o
caminho para aquelas metas sociais que os eleitores defendem. Desse modo, eles seguem o conselho dos líderes sobre
quais políticas governamentais aprovar e a quais se opor. Formas mais sutis de liderança se insinuam na transmissão
de notícias, no estabelecimento de modas políticas e na configuração de imagens culturais do bem e do mal.
No nosso modelo, todos os líderes são motivados pelo desejo de melhorar suas próprias posições na
sociedade. Ao atribuir, assim, toda ação humana ao egoísmo, não a estamos limitando ao sentido estrilo daquela
palavra. Também incluímos um sentido amplo que pode requerer grande sacrifício de si mesmo. Todavia, a maioria
dos líderes serão, pelo menos em parte, motivados pela possibilidade de obter algum benefício direto para si próprios
- econômico, político ou social.
FUNCIONAMENTO DE INTERMEDIÁRIOS
Necessidade de representantes por parte do governo - O governo, em nosso mundo-modelo, quer sancionar
políticas que sejam adequadas aos desejos de seus membros, mas não sabe quais são esses desejos. Portanto,
emprega, como parte de sua própria estrutura institucional, um grupo de homens cuja função é se espalhar por todos
os cantos da nação e descobrir a vontade do povo. Eles mantêm o órgão de planejamento central do governo
informado sobre o que o povo quer, de modo que possam ser tomadas decisões que irão maximizar as chances de
reeleição do governo.
Intermediários não governamentais – atuação de lobistas que afirma o que a população quer e para demonstrar isso
faz algumas agitações populares para sensibilizar o governo. Geralmente representam uma pequena parcela de
pessoas.
“favores políticos são freqüentemente pagos por alguma forma de agitação; na realidade, a maioria dos
agitadores é recrutada das fileiras dos compradores de favor. Naturalmente, o homem com o maior potencial de
influência como agitador consegue a maioria dos favores em troca de seus serviços”.
Efeitos políticos da incerteza - A incerteza destrói essa igualdade liquida de influência. O governo pode saber que
perderá o voto de A se favorecer B, mas talvez também saiba que o auxílio de B irá maximizar sua chance de persuadir
os confusos C e D a apoiá-lo. Conseqüentemente, está disposto a perder A a fim de conseguir a ajuda de B. A incerteza
permite que as distribuições desiguais de renda, posição e influência - todas as quais são inevitáveis em qualquer
economia marcada por uma divisão extensiva do trabalho - compartilhem soberania num reino em que apenas a
distribuição eqüitativa de votos deve reinar.
DESENVOLVIMENTO DE IDEOLOGIAS POLÍTICAS COMO MEIO DE OBTER VOTOS
A incerteza permite que os partidos desenvolvam ideologias como armas na disputa do poder. Nesse papel. Atribuiem-
se as ideologias funções especificas que conformam a sua natureza e desenvolvimento. Definimos uma ideologia como
uma imagem verbal da boa sociedade e dos principais meios de construir tal sociedade.
No nosso modelo, os partidos políticos não são agentes de grupos ou classes sociais específicos; ao contrário, são
equipes autônomas que buscam o poder per se e usam o apoio do grupo para alcançar aquele fim.
Papel da incerteza – o partido que quer vencer a eleição não pode adotar a mesma ideia dos outros. Deve apresentar
uma diferença que atraia os eleitores, pois se forem todos iguais não conseguirá captar eleitores cativos dos outros
partidos.
Como a incerteza torna as ideologias úteis aos eleitores - “o cidadão pode decidir em quem votar por meio de
ideologias em vez de antecedentes passados. Ao invés de comparar o comportamento governamental com as
propostas da oposição, compara ideologias partidárias e apoia aquela que se parece mais com a sua. Desse modo,
vota com base em competência ideológica, não em questões especificas”.
“um cidadão que considera as ideologias como mecanismos de economia de custo não as está empregando
como último recurso. Elas são para ele um primeiro recurso, usado para poupar o custo de calcular seu diferencial
partidário. Esse procedimento é racional se houver uma diferença real de comportamento entre os partidos que
tenham uma correlação conhecida com suas ideologias”.
Como a incerteza torna as ideologias úteis aos partidos - A incerteza quanto à eficácia é, portanto, necessária, se é
para a diversidade ideológica persistir. Evidentemente, se todos soubessem que tipo de ideologia venceria, todos os
partidos a adotariam. A diferenciação seria, então, feita num nível mais sutil. Aqui mais uma vez encontramos a maioria
apaixonada.
Um outro modo pelo qual as ideologias ajudam os partidos a tratar a incerteza é através de atalhos no processo de
cálculo de quais políticas obterão o máximo de votos. Em nosso modelo, cada partido formula sua ideologia paira que
ela agrade àquela combinação de grupos sociais que o partido sente que produzira o máximo apoio. Se sua formulação
é precisa, as políticas escolhidas por sua coerência com a ideologia automaticamente satisfarão os cidadãos que estão
sendo cortejados pelo partido.
Como a competição entre partidos afeta as ideologias – a principal força a conformar as políticas de um partido é a
competição com outros partidos por votos. A competição não só determina o conteúdo das políticas partidárias, mas
também controla a sua estabilidade e sua relação com as declarações públicas do partido. Dessa maneira, a
competição determina se os partidos serão responsáveis e honestos.
Agora, tentamos provar que a ideologia de um partido deve ser coerente ou com suas ações em períodos
eleitores anteriores, ou com suas declarações na campanha precedente ou com ambas.
A ausência de confiabilidade significa que os eleitores não podem prever o comportamento dos partidos com
base no que os partidos dizem que farão. A ausência de responsabilidade significa que o comportamento partidário
não pode ser previsto projetando-se, de modo consistente, o que os partidos fizeram anterionnente. Quando ambas
estão ausentes, a única base possível para previsão é uma relação inconsistente entre as ações passadas e futuras de
cada partido.
Concluímos que a confiabilidade é uma necessidade lógica de qualquer sistema eleitoral racional e que a
responsabilidade - embora não logicamente necessária – é fortemente subentendida pela racionalidade, tal como a
definimos. Naturalmente, está conclusão não prova que a confiabilidade e a responsabilidade realmente existam no
nosso modelo.
Como as motivações de cada partido o fazem ser honesto e responsável- Quando o partido já está no governo, suas
ações presentes fornecem um guia melhor para aquilo que fará do que suas declarações presentes. Portanto, o partido
no poder não precisa ser confiável contanto que seja responsável.
“Já vimos como a incerteza leva os partidos a formarem ideologias. A simples lógica dita que essas ideologias exibam
pelo menos alguma coerência porque nenhum partido pode racionalmente esposar um conjunto de politicas que
contenha propostas mutuamente excludentes (a menos que ninguém possa prever que sejam mutuamente
excludentes antes que sejam executadas).
“...todo governo democrático deve, de algum modo, obter o consentimento voluntário de uma maioria de eleitores
antes que possa governar legitimamente. Mas, em alguns sistemas multipartidários, nenhum partido recebe os votos
de uma maioria. Sendo assim, o governo de apenas um partido significa a imposição dos pontos de vista de uma
minoria sobre a maioria – claramente uma violação da idéia básica por trás da democracia. Para evitar isso, o governo
deve ser composto de mais de um partido; isto é, deve ser um governo de coalizão”.
Em sistemas multipartidários como os que descrevemos, o total de votos é geralmente dividido entre tantos partidos
que nenhum tem a maioria na legislatura. Os eleitores racionais, portanto, sabem que seu partido favorito tem pouca
chance de governar sozinho.
“o voto racional, num sistema multipartidário, é mais difícil e mais importante do que num sistema bipartidário. É mais
difícil porque os resultados possíveis são mais numerosos, e pode não ficar claro para o eleitor exatamente o que seu
voto está apoiando quando ele o dá. Todavia, cada voto é mais importante porque é provável que a gama de políticas
alternativas oferecidas aos eleitores num sistema multipartidário seja mais ampla que num sistema bipartidário”. P.
169
O problema do oligopólio no voto em sistemas multipartidários - Os eleitores racionais não mais votam simplesmente
no partido que preferem como único governo; em lugar disso, levam em conta o uso de coalizões, que se torna
necessário devido à distribuição dispersa dos votos das outras pessoas. Em suma, toda decisão do eleitor racional
depende de como ele pensa que os outros homens votarão. P. 170
Quando chamamos esse comportamento de irracional, não queremos dizer que não seja inteligente ou no melhor
interesse dos eleitores. Na realidade, pode ser a coisa mais racional para fazerem como indivíduos. O único sentido
em que é irracional é do ponto de vista das eleições como selecionadoras diretas de governos. Obviamente, se uma
fração grande do eleitorado considera as eleições como meio de selecionar uma legislatura via pesquisas de
preferência, elas já não são dispositivos racionais para a seleção direta de governos por parte do povo. P. 174
O governo por coalizões torna difícil o comportamento racional tanto para os partidos quanto para os eleitores,
especialmente quando se deixa para a legislatura a tarefa de escolher o governo.
Evidentemente, a eleição num sistema governado por coalizão significa algo diferente da vitória não-qualificada que
ela denota num sistema bipartidário. Nenhum partido individualmente consegue gozar do prestigio, renda e poder
que motivnm os políticos em nosso modelo. Na realidade, apenas certos indivíduos em cada um dos partidos vitoriosos
consegue vencer nesse sentido, e sua identidade não pode sempre ser prevista antecipadamente. Todavia, quanto
mais votos um partido obtém, mais chances tem de entrar numa coalizão, mais poder recebe se realmente entra
numa, e mais indivíduos dentro dele obtêm cargos no governo de coalizão. Dai a maximização do voto ser ainda a
motivação básica subjacente ao comportamento de partidos como grupos corporativos, e de indivíduos no interior
deles. P. 179
Racionalidade individual significa busca de nossas metas da maneira mais eficiente. Mas os homens vivem cm
sociedade e num mundo de recursos escassos; assim, quando cada um persegue suas próprias metas, suas ações
afetam outros homens. Além disso, esses outros homens nunca têm exatamente as mesmas metas que ele. Portanto,
inevitavelmente surgem conflitos entre os homens.