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Editora Saber Ltda
Diretor Mudanças necessárias
Hélio Fittipaldi

Aos poucos os números de diversas entidades, revelam as pesquisas de compor-


tamento do mercado industrial, mostram uma recuperação gradual dos diversos
www.mecatronicaatual.com.br segmentos. Se bem que a crise mundial tenha sido de menor impacto aqui no Brasil,
ela não deixou de ser significativa.
Editor e Diretor Responsável
Hélio Fittipaldi As mazelas do “custo Brasil” ficaram à mostra em maior escala em alguns seto-
Jornalista Responsável res do que em outros e aqueles que tiveram poder de articulação junto ao mundo
Thayna Santos
Redação
político conseguiram algumas ações paliativas para o seu sofrimento, mas... por
Daniele Aioki, quanto tempo!? Até as próximas eleições!? Não se sabe.
Natália F. Cheapetta
O fato é que um favorzinho aqui, uma alíquota de imposto menor ali, são ações
Revisão Técnica
Eutíquio Lopez que fazem mais mal, como um todo, do que bem. Tiram o foco do mercado que
Produção ao invés de lutar para que seja regulamentada a Constituição de 1988 (22 anos de
Diego Moreno Gomes,
procrastinação dos “nossos funcionários”, os políticos), fica se atendo a detalhes
Designer
Diego Moreno Gomes menores e com a mente embotada devido à luta entre os tais políticos tanto no âmbito
Colaboradores municipal, quanto no estadual e federal, que defendem seus próprios interesses.
César Cassiolato
Evaristo Orellana Alves O custo Brasil se avoluma e a cada dia fica mais difícil se produzir aqui, devido
Filipe Pereira aos custos e à burocracia brasileira. Muitos industriais que estão se conscientizando
Gustavo Trombini Lazari
Henrique Oliva de Andrade disso e na impossibilidade de uma mudança rápida, preferem encerrar suas ativida-
José Carlito de Oliveira Filho des fabris no Brasil e transferir-se para o exterior. Quantos empregos de qualidade
Rafael Batalhote Verçosa
Rebecca Lee e melhor remuneração estamos perdendo!? Quantos engenheiros e técnicos estão
mudando de profissão e nós ficando sem o conhecimento importante para uma
PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339 retomada futura!? Se perdermos este bonde agora, a volta será muito difícil ou
publicidade@editorasaber.com.br quase impossível.
Capa Algumas associações até não pedem, no momento, que os governos municipal,estadual
Stock.XCHNG/www.sxc.hu e federal façam muito. Como exemplo, a Abimaq quer no mínimo, uma isonomia
Impressão
São Francisco Gráfica e Editora de impostos para os produtos fabricados aqui com os que vêm do exterior, proclama
Distribuição seu presidente Luiz Aubert Neto. É uma injustiça com o empresariado brasileiro
Brasil: DINAP
Portugal: Logista Portugal tel.: 121-9267 800 e com os trabalhadores, que estão perdendo seus postos de trabalho e indo para o
subemprego.
ASSINATURAS
www.mecatronicaatual.com.br Os números da “desindustrialização” brasileira são visíveis, ao analisarmos
fone: (11) 2095-5335 / fax: (11) 2098-3366 as pesquisas nos últimos anos e vermos as quedas de participação dos produtos
atendimento das 8:30 às 17:30h
Edições anteriores (mediante disponibilidade de fabricados aqui contra os importados. Oportunamente voltaremos a este tema em
estoque), solicite pelo site ou pelo tel. 2095-5330,
ao preço da última edição em banca. artigo detalhando tudo isso.
Mecatrônica Atual é uma publicação da
Editora Saber Ltda, ISSN 1676-0972. Redação, Hélio Fittipaldi
administração, publicidade e correspondência:
Rua Jacinto José de Araújo, 315, Tatuapé, CEP
03087-020, São Paulo, SP, tel./fax (11) 2095-5333

Atendimento ao Leitor: atendimento@mecatronicaatual.com.br


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índice
18
12

08 Nova abordagem
“Track and Trace”

12 Monitoramento Remoto
com o smsCLP

18 Programação de um CLP:
Modos de programação

27 Gerenciamento de
Ferramentas de Corte

32 Libertando o poder do
HART e proporcionando
benefícios aos usuários

36 PROFINET e PROFIsafe:
Aplicações na indústria

40
automobilística no Brasil

40 PROFIBUS

44 Medição Contínua de
Densidade e Concentração
em Processos Industriais

Editorial 03
Notícias 05
Chão de fábrica 50


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NI/Divulgação
//notícias
National Instruments disponibiliza
controle avançado, medição e
visão em um único sistema
A companhia anunciou em fevereiro a implementação dos
recursos de visão de máquina ao NI CompactRIO e ao NI Sin-
gle-Board RIO, que propiciam aos engenheiros a integração de
medição e controle para sistemas industriais embarcados. Com
esta solução integrada, o CompactRIO torna-se um dos únicos
controladores programáveis para automação (PACs) no mercado
a realizar tarefas de visão, proporcionando mais eficiência, com um
menor impacto físico e menos complexidade do sistema.
Com o recurso de visão possibilita aos O recurso de visão de máquina possibilita aos engenheiros usa-
engenheiros usarem estas ferramentas
rem o CompactRIO e o Single-Board RIO em uma variedade de
em uma variedade de aplicações de
medição e controle. aplicações de medição e controle, é a solução ideal para aplicações
de robótica, como evitar obstáculos, e para o reconhecimento
de padrões, além de mapeamento e localização simultâneos
(SLAM), onde a funcionalidade de controle de visão avançada
é necessária. Aplicações de vigilância industrial incluem tanto o
Projeto Carbono Zero é lançado acompanhamento do estado da máquina quanto à monitoração
de reservatórios críticos, onde a conectividade com câmeras
pela DRSA, da ABIMAQ infravermelho é vital. Finalmente, o sistema operacional real time
Alinhada à mobilização mundial de conscientização sobre e a pastilha FPGA (Field Programmable Gate Array) integrada usados
o clima e em prol da construção de uma economia de baixo no CompactRIO e no NI Single-Board RIO facilitam o processo
carbono, a ABIMAQ, através da sua diretoria de Responsabi- de validação FDA para dispositivos médicos embarcados.
lidade Socioambiental (RSA), lança o Projeto Carbono Zero, Os sistemas de visão de máquina são compostos por duas
com o objetivo de provocar uma reflexão sobre o modelo partes: a aquisição de imagens e processamento de imagem.
de gestão adotado pelas empresas associadas e favorecer a Para possuir as imagens, a gama de software para aquisição
diminuição de emissão de carbono (CO2). de imagens da NI se expandiu para o protocolo Internet (IP)
Alessandra Bernuzzi, diretora de RSA, explica que de câmeras, incluindo a Basler Vision Technologies. Além do
existem várias ferramentas que viabilizam a diminuição suporte nativo de câmera IP, a National Instruments Alliance
de emissão de CO2 e a escolhida para a primeira fase do Partner moviMED lançou a placa de captura analógica AF-1501
Projeto foi o Inventário Corporativo de Emissões de Gases para produtos NI Série C, que pode adquirir imagens monocro-
de Efeito Estufa (GEEs), desenvolvido pela Brazilian Carbon máticas. Para processar imagens, os engenheiros agora podem
Bureau (BCB) – consultoria que atua no mercado nacional programar e implantar bibliotecas de processamento de imagem
de créditos de carbono. para o CompactRIO e o Single-Board RIO com o ambiente
“Nós temos responsabilidade com o meio ambiente, gráfico de desenvolvimento NI LabVIEW 2009, utilizando o
que deve ser alvo contínuo de intervenções e ações em Módulo NI Vision Development 2009, que contém funções de
prol de sua conservação. O nosso Projeto Carbono Zero processamento de imagem e visão de máquina.
visa não só nivelar o conhecimento sobre responsabilidade “No nosso departamento Global de Desenvolvimento e
socioambiental, mas inclusive promover uma reflexão sobre Tecnologia, estamos sempre procurando otimizar o tamanho,
este conhecimento”, diz Bernuzzi. velocidade e confiabilidade das máquinas de nossa produção”,
Outro objetivo a ser atingido é a viabilização de negócios explica Ben Engelen, engenheiro sênior de projetos de visão
via sustentabilidade, pois, de acordo com a diretora, o in- e medição da Philips GTD Mechanization. “A plataforma
ventário pode e deve auxiliar as empresas a enxergar com CompactRIO fornece em alta velocidade o determinismo que
mais clareza a questão e desenhar uma estratégia de redução necessitamos para um eficiente e preciso posicionamento de
e/ou compensação de emissão de CO2 na atmosfera. “O componentes. O novo módulo Movimed AF-1501 de captura
inventário, continua a diretora, pode incentivar uma refle- de vídeo nos ajuda a integrar o feedback de vídeo com a mesma
xão que promova o desenvolvimento de novos modelos de plataforma que automatiza todo o processo.”

1 gestão, com adoção de medidas como redução de consumo


e de desperdícios de matérias-primas, sistemas energéticos
Os engenheiros podem adicionar recursos de visão para o
CompactRIO e para os controladores NI Single-Board RIO:

4
mais eficientes, alteração de combustíveis pelos chamados NI cRIO-901x, NI cRIO-902x e 907x cRIO-NI e NI-96xx para
‘mais limpos’ e até plantio de árvores, por exemplo. Cabe sistemas embarcados. Para saber mais sobre os recursos de visão
às empresas identificar maneiras de emitir menos carbono, do CompactRIO e das plataformas NI Single-Board RIO, visite
6 com projetos de engenharia reversa”. http://zone.ni.com/devzone/cda/tut/p/id/10867.

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Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 

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//notícias
Indústria automobilística encerra
2009 com crescimento de vendas
O ano passado foi considerado o melhor da história da
indústria automobilística nacional, que fechou com o total de
3.141.226 veículos emplacados, incluindo caminhões, automó-
veis e comerciais livres e ônibus. A quantidade surpreendeu
os executivos mais otimistas que diante da crise que ameaçava
abalar o setor no início de 2009.
O aumento constou de 11,35% nas vendas em relação a
2008, que até então era o ano recorde do setor, com 2.820.957
unidades vendidas. Os dados foram divulgados no dia 05 de
janeiro pela Fenabrave - Federação Nacional da Distribuição
de Veículos Automotores.
“Temos um novo piso de volume de vendas, que superou a A Fiat terminou 2009 como líder de mercado (24,49%), seguida pela
média mensal de 250 mil unidades”, disse o presidente da Fena- VW (22,74%), GM (19,79%), Ford (10,10%) e Honda (4,18%)
brave, Sérgio Reze. De acordo com Reze, se não houvesse crise,
que chegou a afetar o primeiro trimestre do ano, o crescimento
das vendas seria de 3,5%. “O primeiro semestre de 2009 foi de
recuperação e o segundo de crescimento”, concluiu. Financiamento de R$ 1,2 bilhão
O resultado do mês de dezembro representa aumento de
16,4% dos emplacamentos, com 293.030 unidades emplacadas do BNDES para Mercedes-Benz
contra 238.504 unidades no mês anterior. Este resultado re- O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
presenta o melhor dezembro da história da indústria no Brasil. (BNDES) aprovou o financiamento de R$ 1,2 bilhão para a em-
Comparando-se com dezembro de 2008, que foi o momento presa Mercedes-Benz do Brasil. Este financiamento foi liberado
mais crítico da crise, e quando o governo anunciou o desconto para expandir a capacidade de produção de sua unidade em
do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o crescimento São Bernardo do Campo, desenvolver motores adequados
de dezembro de 2009 foi de 50,6%, de 194.550 unidades saltou à nova legislação ambiental e novos modelos de caminhões
para 293.030 unidades. leves e médios. O novo motor a diesel atenderá às exigências
De acordo com o ranking das montadoras a Volkswagen estipuladas pelo Programa de Controle da Poluição do Ar por
ficou em primeiro lugar nas vendas de automóveis em 2009, Veículos Automotores, que em 2012 entrará em vigor.
com 25,26% de participação do mercado. Em segundo lugar, a Segundo o BNDES, os recursos incluem a modernização
Fiat com 24,99%, seguida da GM (20,26%), Ford (9,48%), Honda do centro de distribuição de peças em Campinas (SP) e
(4,62%), Renault (4,58%), Peugeot (3,20%), Citroën (2,75%), investimentos sociais e ambientais.
Toyota (2,23%) e Hyundai (0,85%). De acordo com o programa global da companhia, o
Nos comerciais leves, a Fiat liderou com 22,13% do mercado investimento na ampliação da capacidade vai gerar 1,9 mil
brasileiro. Na soma dos dois segmentos a Fiat terminou 2009 como empregos diretos até a conclusão do projeto, em 2011,
líder de mercado 24,49% de market share, seguindo está aVW, com todos em São Bernardo do Campo. Com os investimentos
22,74%, GM (19,79%), Ford (10,10%) e Honda (4,18%). em aumento de capacidade, a empresa pode produzir 67 mil
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de veículos por ano, volume já atingida em junho de 2009 com
Veículos Automotores (Anfavea), 2010 será o melhor ano da ajustes na produção. A capacidade anterior da unidade em
história do setor no país, com crescimento de 9,3% nas vendas, São Bernardo era de 55 mil veículos.
o que corresponde ao volume de 3,4 milhões de unidades. Se- Embora os investimentos na ampliação da produção
gundo a Fenabrave o mercado de automóveis e comerciais leves tenham sido efetuados com a compra de máquinas e equipa-
crescerá 9% neste ano. “Se as projeções do governo é de que mentos, os recursos para modernização da fábrica incluem
o Brasil crescerá 5%, o setor tem plenas condições de superar ainda a construção de três novos prédios, para abrigar ativi-
esse nível”, observa Sérgio Reze. dades de manutenção de máquinas, fabricação de protótipos,
revisão final de caminhões e fabricação de embalagens.
Os investimentos ambientais abrangem o processamento
de materiais e resíduos, a ampliação da estação de tratamento
de efluentes e a troca de telhas de amianto por telhas em aço
galvanizado revestidas com isolante térmico e acústico.

 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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//notícias

Fiat/Divulgação
Unipar, Braskem e Petrobrás
fecham acordo sobre Quattor
Anunciado pela União de Indústrias Petroquímicas, Unipar,
o acordo para vender sua participação de 60% na Quattor
para a Braskem. A operação de R$ 870 milhões coroa meses
de negociações e disputas judiciais para a formação da maior
petroquímica da América Latina e a oitava maior petroquímica
do mundo. A companhia será controladora de um virtual mono-
pólio sobre resinas plásticas produzidas no País, com capacidade
para produção anual de 5,51 milhões de toneladas.
Este acordo foi fechado pela Unipar juntamente com o grupo
Odebrecht e Petrobras. O negócio envolve ainda a venda das
participações da empresa na Unipar Comercial e Distribuidora
e na Polibutenos Indústrias Químicas. Do total da operação,
R$ 647,3 milhões correspondem a valor que será pago pela
participação acionária da Unipar na Quattor.
A aquisição deverá ser paga com R$ 100 milhões desembol-
sados entre 18 de fevereiro e 4 de março e com os R$ 547,3
Prorrogada a isenção de ICMS milhões restantes em até cinco dias úteis após a obtenção pela
Braskem de autorizações de credores da Quattor.
para compra de máquinas em SP Com o acordo, a Braskem também vai levar a dívida da Quat-
Foi anunciado pelo governo de São Paulo a prorrogação tor, Unipar Comercial e Polibutenos, que até novembro de 2009
até 30 de junho da isenção do Imposto sobre Circulação somava R$ 6,685 bilhões, afirma a Unipar em comunicado.
de Mercadorias Serviços o ICMS na compra de máquinas e
equipamentos importados, sem similar nacional. Esta decisão
beneficia 119 setores industriais. O governo também editou
um decreto que estendeu até 30 de junho a devolução do Pool para importar aço é iniciativa
crédito do ICMS na aquisição de máquinas e equipamentos
fabricados por empresas paulistas, de forma imediata e em inédita no setor produtivo brasileiro
única parcela. Antes da medida o crédito era devolvido em A Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas
até 48 vezes. (CSMIA) da ABIMAQ com o objetivo de tornar seus produtos
O objetivo, segundo o governo, é estimular os investimen- mais competitivos, organiza iniciativa inédita dentro do setor
tos, ampliar e modernizar o parque fabril do Estado e criar produtivo brasileiro, um pool (grupo de empresas) para importar
empregos. “Os setores industriais escolhidos para receber aço é um dos focos de atuação nesse início de ano.
estes benefícios foram os que geram maior quantidade de Devido à valorização excessiva do real frente ao dólar e ao
empregos por renúncia fiscal”, diz em nota, o secretário da alto preço do aço no mercado interno, a indústria brasileira de
Fazenda, Mauro Ricardo Costa. máquinas agrícolas está perdendo competividade. No ano de
Por meio de decreto, que vigora desde fevereiro, o go- 2009, o setor sofreu queda de 28,2% em seu faturamento e as
vernador José Serra estendeu os benefícios na compra de exportações sofreram retração de 52,6%.
máquinas e equipamentos importados a 24 novos segmen- Acredita-se que este ano haverá um crescimento da demanda
tos industriais, totalizando 143 setores beneficiados com a que já pode ser observado devido o aumento de preços pelas
desoneração de investimentos. Entre os setores incluídos, indústrias de aço para recuperar margens.
estão os fabricantes de adesivos, pólvora, fósforos, catalisa- Com base nos estudos de mercado, a CMSIA optou por criar
dores, pneus, equipamentos hidráulicos, motores, válvulas, um pool de empresas associadas para importar em conjunto o
compressores, rolamentos, carrocerias, reboques e cabines aço. Até o momento cerca de 30 empresas se cadastraram.
para ônibus e caminhões.
O critério utilizado pelo governo foi o potêncial de aber-
tura de postos de trabalho. Segundo a Secretaria Estadual de
Fazenda, cerca de 90 mil empresas estão em condições de
se beneficiar da medida. Os setores respondem por cerca
de 1,2 milhão de empregos na indústria paulista.

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case

Nova abordagem
s “Track-and-Trace”
para aplicação farmacêutica
utiliza marcação exclusiva
na base do recipiente
Confira o case aplicado em uma indústria far-
macêutica para combater a falsificação de me-
dicamentos distribuídos nos Estados Unidos

Autor Anônimo contratado pela


Cognex Corporation

R
ecentemente, os Estados Unidos detectaram impressas de baixo custo e, ao mesmo
dois casos de falsificação de medicamen- tempo, pode identificar os recipientes reais
tos no sistema de distribuição do país, em etiquetas que foram empacotadas. “As
amplamente divulgados: comprimidos de leitoras de ID Cognex In-Sight® satisfazem
Lípitor, para baixar o colesterol, e a droga os requisitos desafiadores da aplicação, tais
injetável Procrit, para estimular o aumento como a capacidade de ler os 12 códigos
de células vermelhas no sangue. Os pro- exclusivos da base, de uma vez só, enquanto
gramas Track-and-Trace, concebidos para o pacote é segurado por um robô”, disse
viabilizar e suportar requisitos de retenção John Scholes, gerente de projetos especiais
de registros e-Pedigree Eletrônico, atribuem da Omega Design.
a cada recipiente uma etiqueta serializada

saiba mais exclusiva que pode ser lida em cada nível


da cadeia de suprimentos para acompanhar
as mudanças na posse do produto desde a
Garantindo a segurança
da cadeia de suprimentos
farmacêutica
Controle de patrimônio via RFID fabricação até o consumo. Os Estados Unidos enfrentam o problema
Mecatrônica Atual 39 A Omega Design, fabricante de máquinas crescente do fornecimento de medicamentos
Visão Artificial: Sistemas que de embalagem em Exton, Pensilvânia, EUA, falsificados misturados a legítimos. A World
enxergam propôs um novo método de serialização Health Organization estima que 30% dos
Mecatrônica Atual 30 que utiliza uma etiqueta lateral serializada medicamentos controlados nos países em
e uma marcação sincronizada exclusiva na desenvolvimento são falsificados. Nos
Site do fabricante: base de cada recipiente. Esta abordagem países desenvolvidos, os remédios falsos
www.cognex.com
oferece a vantagem de empregar etiquetas correspondem a 1% do mercado.

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case

F1. Contêiner com Data Matrix. As informa-


ções 2D (Data Matrix) gravadas na base são
as mesmas legíveis por humanos, isto é, uma
ID de contêiner exclusiva com 4 dígitos.
F3. Imagem da câmera visualizando e reconhecendo os 12 códigos de 12 embalagem.

O padrão de identificação automática vantagens: custo muito inferior da etiqueta


GS1 Healthcare inclui um Número Glo- e da leitora, alta velocidade de impressão e
bal de Item Comercial (Global Trade Item de aplicação, taxas de falha insignificantes
Number - GTIN), um Número Global de e fácil implementação.
Localização (Global Location Number - GLN)
e um Número Global de Sincronização de Saiba quais recipientes
Dados (Global Data Synchronization Number há em um pacote
- GDSN). O GS1 recomenda “investir em Atualmente, em uma linha de produção
scanners de código baseados em câmera para farmacêutica típica, vários processos de em-
suprir necessidades específicas de identificação balagem, tais como selecionadora, inserção
F2. Imagem da câmera visualizando e reco- automática em serviços de saúde”. de dessecante, enchimento, colocação de
nhecendo o código de uma embalagem.
A indústria farmacêutica está cogitando algodão, selagem e colocação de tampa,
diversos métodos para se adequar a estas podem ocorrer antes que um recipiente
Em 1987, o Congresso aprovou o decreto novas exigências. Todos os programas Track- finalmente receba sua etiqueta serializada
de comercialização de drogas controladas and-Trace atribuem a cada recipiente uma ou tag RFID. Portanto, as empacotadoras
(Prescription Drug Marketing Act - PDMA), etiqueta serializada exclusiva que permanece têm que confirmar, e não presumir, que
criando a exigência de rastreamento da com ela durante todo o seu uso. Logo depois um recipiente pertence realmente à linha
cadeia de custódia para distribuidores de de preenchido, o recipiente se torna parte de de empacotamento antes que uma etique-
medicamentos controlados e produtos re- uma série de embalagens maiores - em geral, ta serializada seja afixada do lado de um
lacionados, sob a vigilância da agência de pacotes, caixas e paletes - e cada um tem que recipiente. Mesmo depois de receber sua
controle de alimentos e medicamentos dos estar vinculado em uma relação pai-filho. A etiqueta, o modo como os recipientes fluem
Estados Unidos (Food and Drug Administra- maioria das empresas farmacêuticas utiliza por outros processos pode comprometer todo
tion - FDA). Este requisito ficou conhecido etiquetas de identificação por radiofrequência o esforço de vincular códigos agregados de
como Pedigree eletrônico ou e-Pedigree, uma (RFID na sigla em inglês) para níveis mais nível mais alto a unidades individuais. Para
declaração de origem que identifica cada etapa altos de empacotamento, como paletes e formar um pacote, os recipientes precisam
de venda, compra ou transação anterior de caixas. Entretanto, o uso de tags RFID no passar por um sistema de empacotamento
um medicamento. A FDA deverá seguir as recipiente ou no pacote aumenta substan- termoencolhível (shrink bundling) que
especificações e-Pedigree estabelecidas pela cialmente os custos de embalagem. Outra confere, embala e separa os recipientes em
GS1, organização mundial líder dedicada preocupação é o alto custo dos interrogadores unidades. Um único recipiente mal posicio-
à criação e à implementação de padrões e RFID que os farmacêuticos precisam utilizar nado ou rejeitado, extraído depois que seu
soluções globais para aprimorar a eficiência e para verificar o e-Pedigree do recipiente para lugar na sequência foi estabelecido, pode
a visibilidade das cadeias de oferta e demanda cada receita. Em comparação, imprimir um corromper a integridade de cada pacote
tanto globalmente quanto em setores. código digital em uma etiqueta de papel tem subsequente.

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 

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case

F4. Módulo de rastreamento em embaladora com filme retrátil: estação de agregação de pacotes com etiquetagem de pacotes/componente pai-filho.

A única maneira de garantir o conteúdo A Omega Design oferece uma solução Aplicação de sistema
de um pacote é estabelecer previamente a para a implementação desta abordagem de visão exigente
integridade do pacote e, depois, identificar Track-and-Trace com uma única máquina As duas leitoras de ID utilizadas nesta
os recipientes contidos. Mas as etiquetas la- selecionadora e decodificadora capaz de aplicação têm que satisfazer requisitos
terais são um desafio para as empacotadoras manter controle total sobre cada recipiente rigorosos. A leitora de ID usada no uns-
que tentam identificar as embalagens após - velocidade, altura e orientação - enquanto crambler precisa ler códigos Data Matrix
a criação do pacote. Por exemplo, como é passa sob o cabeçote de impressão e sobre com precisão, acompanhando o ritmo de
possível escanear os códigos nos recipientes as estações de verificação e rejeição. O uns- uma linha que opera à velocidade de 50 a
que se encontram no meio de um pacote crambler aceita frascos volumosos e os orienta 300 frascos por minuto. A embaladora é
3x4 tendo em vista que as etiquetas estão sequencialmente na linha de produção. um desafio ainda maior porque a leitora de
bloqueadas de todos os lados? A solução Os unscramblers Omega imprimem e ID precisa ler todos os frascos no pacote
da Omega Design é imprimir uma ID verificam uma ID exclusiva na base de cada com apenas uma imagem. “Escolhemos os
exclusiva na base de cada recipiente vazio recipiente vazio. Esta ID exclusiva contém sistemas de visão da série Cognex In-Sight
para complementar — e não substituir informações suficientes para o rastreamento 5000 para esta aplicação porque nossa
— a etiqueta serializada afixada do lado do temporário do recipiente na linha de empa- experiência mostra que eles fornecem a
recipiente. A etiqueta lateral é consultada cotamento. Depois que uma etiqueta maior, precisão exigida para a leitura de códigos
ao longo de toda a vida útil do recipiente, definitiva e totalmente serializada é aplicada 2D Data Matrix”, disse Scholes.
provendo a ID exclusiva do recipiente e, ao recipiente, uma câmera e um sistema de Os sistemas de visão In-Sight vêm com
também, todas as informações relevantes gestão de software serializado sincronizam o software de leitura de código Cognex ID-
para o consumidor, tais como identidade do o código da etiqueta e o código da base. Na Max® Data Matrix, baseado em tecnologia
produto, fabricante, dosagem, quantidade hora do empacotamento final, a embala- PatMax®, para lidar com uma vasta gama
etc. O código na base exclusivo permite que dora termoencolhível agrupa e empacota o de degradações na aparência do código e
a empacotadora identifique os recipientes número especificado de recipientes em um prover decodificação robusta e confiável em
facilmente depois que eles foram agregados pacote. Um robô ergue cada pacote e o passa todas as situações. A Omega Design utiliza a
em um pacote. Após a criação do pacote, sobre outra leitora de ID, que identifica os leitora de ID In-Sight 5410 no unscrambler
as etiquetas laterais serializadas seriam recipientes contidos no pacote. Este pacote e o In-Sight 5603 de performance mais alta
difíceis de ler, mas a ID exclusiva na base recebe uma nova etiqueta, que é ligada a na embaladora. A Cognex também dispo-
do recipiente é visível através do filme cada embalagem nele contida. Uma relação nibiliza uma linha completa de leitoras de
termoencolhível transparente. pai-filho é estabelecida. ID fixas e de mão que verificam a origem

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case

do frasco em qualquer ponto da cadeia de


suprimentos.
Shaun Keperling, da Omega Design,
utilizou a interface de programação base-
ada em planilha da Cognex para sobrepor
imagens dos 12 códigos inspecionados e
fornecer indicações de aprovação/repro-
vação tanto para cada código quanto para
todo o pacote, na interface com o usuário.
“A interface da planilha é muito flexível”,
disse Keperling.
O programa tem início quando o sistema
de visão recebe um sinal digital do contro-
lador lógico programável (programmable
logic controller -- PLC) indicando que um
pacote está posicionado para inspeção.
Primeiramente, o programa captura a
imagem na base do pacote contendo 12
códigos 2D. Em seguida, 12 ferramentas
de inspeção diferentes são acionadas
para ler os códigos. Se todos os códigos
são lidos, uma saída digital é enviada de
volta ao PLC, que instrui o robô a colocar
o pacote na esteira. O sistema de visão
transfere as IDs do recipiente para um
computador, onde são gerenciadas pelo
software Track and Trace. Se a inspeção
falha, o PLC instrui o robô a reposicionar
o pacote mais duas vezes e ativa novamente
a inspeção. Se estas inspeções também
falham, o pacote é encaminhado a um
escoadouro de descarte.
“A meta principal dos padrões da FDA F5. Posicionador de garrafas plásticas inclui impressão a jato de tinta contínuo
(Continuous Ink Jet - CIJ), inspeção e rejeição em um único sistema.
e das leis de e-Pedigree é proteger os consu-
midores contra remédios contaminados e
falsificados”, concluiu Scholes. “Para tanto,
os fabricantes têm que acompanhar seus
produtos ao longo da cadeia de suprimentos,
até o nível da unidade ou do recipiente. Em-
bora as datas de conformidade e os padrões
finais mudem constantemente e variem de
acordo com o Estado, está amplamente aceito
na indústria farmacêutica que o requisito
definitivo envolverá a serialização. A nova
abordagem descrita aqui representa um
método eficaz, econômico e fácil de imple-
mentar para incorporar a serialização 2D
Data Matrix a linhas de embalagem novas
e existentes sem comprometer a velocidade
ou a precisão da máquina.” MA

Fundada em 1969, Omega Design


Corporation é uma empresa inovadora,
líder mundial na indústria de embalagens,
empenhados em servir os clientes com as F6. Um close da estação de impressão, inspeção e rejeição do posicionador de garrafas
máquinas da mais alta qualidade, serviços
e soluções de embalagem. plásticas da Omega Design Corporation

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 11

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automação

Monitoramento
s Remoto
com o smsCLP
Este artigo mostra a utilidade do smsCLP para
monitoramento de equipamentos em localidades
remotas e sua fácil configuração de relatórios
via mensagens de SMS e e-mails.

José Carlito de Oliveira Filho

Monitoramento de demanda vários deslocamentos até o local:


equipamentos em localidades um para o diagnóstico do problema, outro
remotas garantindo a para levar as peças de reposição e outro para
manutenção eficiente levar o pessoal especializado.
Imagine a possibilidade de estações Imagine por exemplo um gerador diesel
remotas como elevatórias de água, de operando como suporte a uma eventual falta
bombeamento de gases ou geradoras de energia na rede em um processo crítico.
de energia enviarem relatórios de mau- Por ser um equipamento que não pode falhar
funcionamento, apontando exatamente deve haver um monitoramento constante
a causa do problema e possibilitando a de anormalidades tanto da pré-operação,

saiba mais mobilização de técnicos e de peças forma


eficiente antes mesmo de uma paralisação
em seu funcionamento.
monitorando o nível e temperatura do com-
bustível, quanto da partida e da operação,
monitorando a transição da carga, a tensão e
Monitoramento online do A detecção de uma falha, seu diag- corrente de saída entre outras variáveis.
desempenho da planta industrial nóstico e uma posterior manutenção são O smsCLP integrado a estes equipamen-
Mecatrônica Atual 39
dificultados quando os equipamentos ficam tos permitirá que os técnicos responsáveis
Monitoramento de condições através em localidades remotas, onde geralmente recebam mensagens de texto SMS e/ou
da vibração a causa da falha é conhecida somente após e-mails relatando a anormalidade instan-
Mecatrônica Atual 31 gerar uma consequência. taneamente, permitindo uma manutenção
Por exemplo, em uma elevatória de água a constante e um deslocamento mais eficiente
Sistema de monitoramento e
estimativa dos tempos de operação falha no bombeamento é detectada somente uma vez que o técnico receberá a informa-
dos disjuntores quando falta água nos consumidores, por ção exata de qual é a peça ou a providência
Mecatrônica Atual 31 meio de reclamações ao SAC. Já a manutenção a ser tomada.

12 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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automação

Características do smsCLP res digitais auxiliares R<2000:2017> são


O smsCLP consiste de dois equipamen- monitorados a cada 2 segundos e podem
tos, veja a figura 1: ser configurados como gatilho de envio
• O CLP Prosec T1-16S TOSHIBA de um relatório, assim como os relatórios
de oito entradas e oito saídas digitais gerados podem conter o valor de qualquer
expansíveis até 144 I/O mais entrada registrador do smsCLP.
para cartões de conversores A/D Também podem ser configurados rela-
e/ou D/A e alimentação 100-240 tórios temporários, por exemplo: configurar
Vac, possibilitando que o integra- o smsCLP para todos os dias às 7 horas da
dor utilize o smsCLP não só para o manhã enviar a contagem de peças ou a
monitoramento mas também para o temperatura de uma bomba.
controle e automação de suas apli- As mensagens podem ser enviadas por
cações programando em linguagem ordem de prioridade, por exemplo: o técnico
Ladder ou STL. de assistência imediata (prioridade 1) é o
• O terminal smsCLP Duodigit Quad primeiro a receber a mensagem, caso este
Band com entrada para 2 SIM cards não responda para o número do smsCLP
de qualquer operadora, sendo o plano com um SMS, em 5 min. o técnico super-
pré-pago ou pós pago com o serviço visor (prioridade 2) receberá a mensagem,
de dados habilitado. e assim por diante.
O envio dos relatórios é configurado Os últimos eventos do smsCLP são
para ser efetuado tanto eventualmente registrados e podem ser recebidos via e-mail
quanto temporariamente. enviando um SMS com a mensagem Status,
Os 8 registradores de entrada digital possibilitando uma análise estatística do
do smsCLP X<0:7> e os 24 registrado- processo e das mensagens enviadas. F1. Conjunto do smsCLP.

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 13

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automação

Estudo de Caso que o smsCLP pode ser utilizado tanto para O primeiro passo é executar o software
– Estação Elevatória o monitoramento quanto para o controle smsCLP e criar um novo smsCLP entrando
O sinótico da figura 2 representa uma do sistema. Veja na figura 3 o esquema de com seu nome que precederá todas as men-
estação elevatória com um tanque de conexão do CLP. sagens, com a empresa integradora e com seu
armazenamento que utilizaremos neste Veja no esquema de conexão do sms- numero de celular, como na figura 4.
artigo para demonstrarmos um exemplo CLP que o nível mínimo L0 representa O segundo passo é cadastrar os regis-
de configuração do smsCLP. o registrador booleano de entrada X0 e o tradores a serem monitorados pelo smsCLP
Como entrada do smsCLP teremos cartão de conversor A/D que mede a tem- entrando um nome de identificação e seu
três sensores de nível (L0-L2) e um sensor peratura T0 representa o registrador de 16 respectivo endereço de memória no CLP,
de temperatura da motobomba(T0) e bits XW04, utilizaremos estes registradores veja na figura 5.
como saída controlaremos a motobomba para configurar os relatórios no software O terceiro passo é cadastrar os técnicos
elétrica(M0). Desta forma demonstraremos do smsCLP a seguir. que receberão as mensagens de SMS e e-mail

F2. Sinótico de uma estação elevatória de água. F3. Esquema de conexão do smsCLP

F4. Interface para criação de um novo

F5. Interface para cadastrar um registrador

F6. Interface para cadastrar um novo F7. Interface do software smsCLP

14 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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automação

digitando o nome do técnico, seu e-mail e


telefone, veja na figura 6.
Agora o smsCLP está pronto para
receber as configurações dos relatórios,
veja na figura 7 a interface do software
smsCLP já com os técnicos e registradores
cadastrados.
Cadastramos os registradores de entrada
do smsCLP e criamos três técnicos: um
técnico imediato, um técnico nível 2 e um
técnico superior nível 3. Mais a frente de-
monstraremos o tratamento de prioridades
do smsCLP utilizando estes três níveis de
técnicos.

Configuração dos
Relatórios Eventuais
Neste exemplo comunicaremos aos téc-
nicos responsáveis dois relatórios eventuais
de falhas, um quando o nível do tanque
ficar abaixo do nível mínimo L0 e outro
quando a temperatura T0 for maior que
90 graus Celsius.
Admitindo que o sensor de nível utilizado
neste exemplo fica em nível lógico 0 quando
o nível da água está abaixo do nível medido,
configuraremos o disparo de um relatório F8. Interface para criar um novo relatório eventual
quando houver uma borda de descida no
registrador X0, referente ao nível L0 como
vimos anteriormente.
Para criar um novo relatório basta digitar
uma descrição para o relatório, neste caso
“Tanque no nível mínimo”, definir uma
condição de disparo, neste caso o registra-
dor X0 na borda de descida e então criar as
mensagens de e-mail e/ou SMS.
Clicando no botão Novo Relatório
Eventual configuraremos um novo relatório
e suas mensagens, como pode ser visto na
figura 8.
Para adicionar as mensagens que serão
enviadas no momento em que a condição de
disparo deste relatório for satisfeita, clique
no botão Nova mensagem, escolha o tipo
de mensagem, os técnicos que receberão as
mensagens e finalmente digite a mensagem
que desejar, lembrando que ela pode conter
o valor de qualquer registrador do smsCLP
(figura 9).
Criamos três novas mensagens de SMS
com destino aos três técnicos cadastrados,
isto é, quando o relatório “Tanque no nível
mínimo” tiver sua condição de disparo
satisfeita (X0 - borda de descida) os três
técnicos receberão um SMS com a mensa-
gem da figura 9. F9. Interface para criar uma nova mensagem SMS ou e-mail.

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 15

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automação

Note que o valor do registrador XW04


foi inserido na mensagem clicando no botão
Inserir valor do registrador. Os caracteres
$XW04$ serão substituídos pelo valor
atual do registrador quando o relatório
for ativado.
Agora vamos configurar o relatório de TO SUPER AQUEC.
superaquecimento da bomba utilizando o
valor provindo do conversor A/D arma-
zenado no registrador XW04. Para isto 6 [ XW004 <= 00090 ] [ RST R2001 ]
precisaremos de dois blocos em Linguagem
Ladder no smsCLP para ativar e desativar
o registrador especial R2001 quando a
temperatura passar do valor desejado, veja
na figura 10. TO SUPER AQUEC.
O registrado R2001 faz parte dos 24
registradores especiais que podem ser utili-
zados como gatilho dos relatórios, por isso 7 [ XW004 > 00090 ] [ SET R2001 ]
foi utilizado no código acima para repre-
sentar a condição de superaquecimento na
motobomba. Note que quando R2001 está
em nível lógico 1 a temperatura da bomba
é maior que 90.
No software smsCLP vamos confi-
gurar o relatório de superaquecimento da F10. Ladder de configuração do relatório de superaquecimento na bomba.
motobomba com o registrador R2001 na
borda de subida como gatilho e para isso
enviaremos SMS e e-mails em ordem de
prioridade para os técnicos cadastrados
(figura 11).
Da forma que foram configuradas as
mensagens do relatório de superaquecimento
na motobomba, o técnico imediato será o
primeiro a receber um e-mail e um SMS,
caso ele não responda via SMS com uma
mensagem sem conteúdo para o número
do smsCLP em cinco minutos o sistema
enviará a mensagem para o técnico nível
2 e assim por diante até o ultimo técnico.
Caso nenhum técnico responda o relatório
é resetado.

Considerações Finais
Apresentamos uma aplicação do sms-
CLP e sua configuração de forma a exibir
a gama de possibilidades de aplicação deste
sistema versátil, fácil de operar e com um
preço muito competitivo diante as soluções
semelhantes de mercado.
Informação precisa em tempo real faz
a diferença quando a ordem é a confiabili-
dade. Para esta tarefa a ferramenta certa é
o smsCLP, mostrando uma nova maneira
de garantir suas máquinas funcionando
através de mensagens diretas aos técnicos
responsáveis por sua manutenção. MA F11. Relatório de superaquecimento na motobomba com as mensagens por ordem de prioridade.

16 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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automação

Programação de um CLP:
Modos de
programação
No seguimento do curso de Automação, neste artigo
apresento como perceber os conceitos básicos de
programação de um CLP. No decorrer das próximas
edições apresentaremos a forma de programar um
controlador lógico programável

Filipe Pereira
filipe.as.pereira@gmail.com
Eng. Elétrotécnico / Automação
Klean Energie 4 Life, Ltda
Energias Renováveis - Portugal

A
s linguagens de programação são empre-
gadas nos CLPs desde que estes surgiram

saiba mais em 1960. Estas permitem ao usuário inserir


programas de controle utilizando sintaxes
pré-estabelecidas.
Manutenção preditiva e pró ativa Previamente ao estudo dos três tipos de
Mecatrônica Atual 9 linguagem mais utilizados na programação
Automação industrial - 3ª edição de CLPs, convém rever alguns conceitos
- J. Norberto Pires - Editora Lidel essenciais.
O programa que vai definir o automatis-
Autómatas programables - Josep mo é constituído por uma série de instruções
Balcells, José Luis Romeral - Editora e funções onde são operados os bits de
Marcombo
memória. Estas instruções e funções, serão
Técnicas de automação - João introduzidas na memória do CLP, através
R.Caldas Pinto - Edições Técnicas e de um periférico destinado a esse fim e que
Profissionais poderá ser uma console de programação ou
software específico para PC.
Curso de Automação Industrial
- Paulo Oliveira - Editora Edições Veja na figura 1 um exemplar de CLP
Técnicas e Profissionais programado por console.
Os CLPs têm, basicamente, dois modos
Manual de Formação OMRON de operação: o modo RUN e o modo PRO-
- Engº Filipe Alexandre de Sousa GRAM ou STOP. Estes são selecionados
Pereira
através de um comutador que se pode
Catálogos OMRON
www.omron.pt

18 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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automação

F1. CLP programado por console.

encontrar no frontal do CLP, na console teclas na console destinadas à programação Com a importante resolução do pro-
de programação ou através do software de difere de marca para marca. grama de controle (da primeira para a
programação. No entanto, conhecendo um modelo, última rung), a continuidade lógica de cada
Antes de se introduzir o programa através facilmente nos integramos no modo de rung vai sendo averiguada e as saídas serão
da console, deve converter-se o esquema de funcionamento de um outro, pela simples atualizadas no final do SCAN. Observe o
contatos numa lista de instruções entendidas consulta do respectivo manual, uma vez exemplo da figura 2.
pelo CLP, ou fazer a programação direta em que a lógica de programação dos sistemas Analisemos o diagrama de estados
esquema de contatos utilizando o compu- existentes no mercado não difere no seu anterior:
tador com software que o permita. essencial. • O contato normalmente aberto
O programa é introduzido nos endereços Vejamos o que faz o CLP em cada modo 000.00 ativa a primeira saída se
de memória do CLP, contendo cada um de funcionamento: estiver no estado On, fazendo com
uma instrução, os parâmetros de definição • O modo RUN é o modo normal de que a saída 001.00 também seja On,
e todos os parâmetros requeridos por essa funcionamento do CLP, porque neste na rung a seguir, o contato associado
instrução. modo, a CPU executa o programa à bobina de saída 001.00 ao passar
Os endereços de memória do programa contido na memória; a On ativa a saída 001.01, e assim
(linhas do programa) começam em zero • Para se proceder à introdução do pro- sucessivamente;
(0) e estão limitados pela capacidade da grama, é necessário que o CLP esteja • Apesar das saídas estarem em dife-
memória do CLP. no modo PROGRAM; rentes rungs e assumirem o estado
Cada fabricante possui modos diferentes • O processador inicia a resolução do durante o SCAN, todas elas passarão
de proceder à programação de um CLP. programa de controle após ter lido ao seu estado On em simultâneo no
As áreas de memória têm designações o estado de todas as entradas e ter módulo de saída, porque o CLP só
diversas, as instruções e funções têm mne- guardado toda a informação em atualiza o estado das saídas no final
mônicas e códigos diferentes e a sequência de memória. de execução do programa;

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automação

• Se os contatos estivessem conforme Outro conceito importante é o de entra- que, quando o CLP lê o estado da entrada
indicado na figura 3, as saídas já das normalmente fechadas que, apesar de BP1, é guardado no endereço de memória,
não seriam acionadas todas simul- ser um conceito bastante simples, costuma associado a esta entrada, o valor lógico da
taneamente, ou seja, se a condição suscitar algumas dúvidas. entrada, ou seja, um (1).
de saída de uma rung afetar a rung Suponha que se desejasse implemen- Quando o CLP executa o ciclo de SCAN,
que a antecede, a CPU não volta tar em programação o seguinte circuito é examinada a continuidade lógica da rung
atrás para resolvê-la. (figura 4). mas, como o contato associado ao endereço
É importante assimilar deste exemplo O normal seria copiar o esquema de de memória está negado, a continuidade
que, para o mesmo ciclo de SCAN, uma contatos para Ladder, obtendo-se o resultado lógica não vai existir, porque o um (1) que
saída só terá efeito noutra rung se esta for do circuito seguinte, mostrado na figura reflete o estado da entrada BP1 negado é
colocada antes dessa rung. 5. Tal situação não é correta, uma vez zero (0).
A solução para o circuito é a colocação
no programa de um contato normalmente
aberto, para não negar o endereço de memória
associado ao estado da entrada.
Senão vejamos, na figura 6.
Resumindo: Independentemente da
forma como os circuitos estão ligados, na
programação pode alterar-se o seu estado,
uma vez que o estado de uma entrada de-
pende não só da forma como está ligada,
mas também de como é programada.
Os três tipos de linguagens mais utili-
zados nos dias de hoje são:
• Ladder;
• Lista de instruções;
• GRAFCET.
As linguagens de programação em Ladder
e em lista de instruções implementam as
operações de forma quase similar, diferindo
apenas na forma como são representadas e
no modo como são inseridas no CLP.
O GRAFCET implementa as instruções
de controle baseando-se em passos e ações
representados de forma gráfica.

Ladder lógico
A linguagem de programação Ladder é
composta por uma série de instruções sim-
F2.Análise ao Scan do CLP de acordo com um respectivo programa de controle em Ladder. bólicas usadas para desenvolver programas
de controle das máquinas e processos. Veja
a figura 7.

F4. Ligação de uma entrada normalmente


F3. Estado das saídas do CLP após um SCAN. fechada à entrada de um CLP.

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automação

F5. Análise do estado da saída de um CLP com uma entrada normalmente fechada.

F6. Solução para o caso de o CLP possuir uma entrada normalmente fechada.

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 21

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automação

F8. Exemplo de continuidade lógica.

F7. Comparação entre linguagem Ladder


e um circuito elétrico.

A evolução do Ladder original tornou


esta linguagem mais capaz, pois novas
funções foram adicionadas às tradicionais
operações básicas de relés de temporização
e de contagem.
Novas funções, denominadas de blocos
de função, aumentaram o poder da lingua-
gem Ladder básica.
O principal objetivo dos diagramas La-
dder é controlar saídas e executar operações
funcionais baseando-se em condições de
entrada. Os diagramas em Ladder usam
rungs onde se representam as funções de
controle. Uma rung consiste numa série
de condições de entrada, representadas
por contatos, e uma instrução de saída no
final, representada por uma bobina.
Uma rung é “verdadeira” quando existe
continuidade lógica, ou seja, quando a
energia flui, através da rung, da esquerda F9. Outro exemplo de continuidade lógica.
para a direita (figura 8 e 9).
A matriz da rung representa as possíveis número máximo de contatos que podem vés de um contato que provoca, só ele, a
localizações para colocação dos contatos de ser empregados para ativar uma saída, di- continuidade de uma rung.
entrada ou instruções. vergindo o tamanho da matriz de CLP para Veja-se o exemplo dado na figura 12.
Quando a continuidade lógica existe, CLP. Na figura 10, a matriz citada. A saída Z deverá estar ativa quando os
a condição da rung é verdadeira, havendo Para blocos de função a matriz utiliza, contatos A, B e C ou A, D e E ou F e E
um controle da saída. Por outro lado, se em regra, menos contatos, figura 11. estiverem ativos. No entanto, se os contatos
a continuidade lógica não se estabelece, a Existem algumas normas para a colocação F, D, B e C estiverem ativos existe conti-
condição da rung é falsa. dos contatos de entrada. Uma delas, que se nuidade lógica e Z está ligado.
Quando um diagrama Ladder contém verifica em quase todos os CLPs, evita que a Esta situação deverá ser evitada, uma
um bloco de função, uma ou mais instru- continuidade lógica que tem de haver numa vez que a saída fica activa com uma com-
ções podem ser utilizadas para representar rung flua ao contrário (sneak paths). binação de contactos que a não deveriam
as condições de entrada que o habilitam. Estes sneak paths ocorrem quando a activar (figura 13).
A matriz da rung em Ladder determina o continuidade lógica flui numa rung atra- Em resumo:

22 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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automação

F10. Matriz de uma Rung em Ladder. F12. Exemplo de um “Sneak Paths”.

F13. Exemplo de uma combinação de conta-


F11. Matriz de um Bloco de uma função. tos que ativam indevidamente a saída.

• As instruções em Ladder representam


o estado On/Off de entradas e saídas
de campo;
• O Ladder usa dois tipos de símbolos:
contatos e bobinas, em inglês coil;
• Os contatos representam as condições
de entrada e as bobinas representam
a saída de uma rung;
• Em um programa, cada contato ou
bobina tem um endereço que permite
identificar o que está a ser avaliado e
o que está a ser controlado;
• O endereço está referenciado à tabela
de entradas, de saídas ou a um registro
interno do CLP. F14. Tarefa do processador aquando do fecho do contacto NO.

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automação

Contato normalmente aberto (NA) Bobina normalmente aberta Bobina normalmente fechada
Este contato procura uma condição de Uma bobina de saída controla uma Esta função funciona de forma oposta
ON em um determinado endereço. Durante saída real ou um bit interno do CLP. Du- à anterior, ou seja, quando não existe con-
a execução do contato normalmente aberto rante a sua execução, o processador avalia tinuidade lógica nos contatos, a posição
(NO), o processador examina o endereço todas as condições de entrada numa rung de memória afecta à saída vai ser zero (0)
referenciado no contato por uma condição (figura 16). (figura 17).
de ON (figura 14).

Contato normalmente fechado (NF)


Este contato procura uma condição de
OFF em um determinado endereço. Durante
a execução do contato normalmente fechado
(NC), o processador examina o endereço
referenciado no contato por uma condição
de OFF (figura 15).

Importante: Os contatos podem


ser colocados em série, em paralelo
ou numa configuração série- paralelo
para controlar cada uma das saídas.
Uma saída nunca pode ser ligada
diretamente à entrada.
F15. Tarefa do processador aquando do fecho do contacto NC.

F16. Controle de uma bobina NO de saída por parte do CLP.

F17. Controle de uma bobina NC de saída por parte do CLP.

24 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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automação

Circuitos lógicos
Para implementar circuitos lógicos, dis-
põem-se ainda das seguintes instruções:
• AND - realiza um E lógico com o
bit especificado;
• OR - realiza um OU lógico com o
bit especificado;
• NOT - nega o estado do bit ao qual
está associado.
Analisemos cada uma das funções, no F18. Função lógica AND.
caso do nosso CLP em estudo neste curso,
que é o CJ1 da OMRON.
Antes de iniciarmos a programação pro-
priamente dita, convém deixar algumas dicas
de utilização do software Cx-Programmer
da OMRON que permite a programação
em LADDER neste CLP.

Síntese sobre a utilização


do software de programação
(CX-Programmer) F19. Função lógica NOT.
Como em qualquer outra aplicação do
Windows, para executar o CX-Programmer Função AND as entradas 0.00 e 0.01 e 0.02 estiverem
é utilizado o menu Iniciar. A função AND, em Ladder lógico, é ativas (On). Observe a figura 18.
Para acessar a área de trabalho é neces- implementada com dois ou mais contatos
sário criar um novo projeto ou abrir um já de entrada em série. Veja-se o exemplo: Função NOT
criado. Analisemos então cada uma das pretende-se implementar um circuito lógico A função NOT em Ladder lógico re-
funções lógicas: que apenas ativa a saída 01.00 do CLP, se presenta-se com um contato normalmente

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 25

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automação

Importante: Caso haja simultanei-


dade das duas condições a ON, a condi-
ção de RESET é a predominante. Sempre
que existam vários blocos lógicos a
controlar uma instrução, estes são pro-
gramados em primeiro lugar e só depois
é programada a instrução em causa.

fechado (figura 19). Voltando ao exemplo


anterior: pretende-se que a saída 01.00 fique
ativa, se as entradas 0.00 e 0.02 estiverem a
Off e a entrada 0.01 estiver a On (considera- F20. Função lógica OR.
se que uma entrada está a On quando o led,
que a sinaliza, se encontra ligado).

Função OR
A função OR, em Ladder lógico, é im-
plementada com dois ou mais contatos de
entrada em paralelo (figura 20). Observe-se
o seguinte exemplo: Pretende-se implementar
um circuito lógico que active a saída 01.03,
quando a entrada 0.01 estiver a Off ou quando
as entradas 0.02 ou 0.03 estiverem a On.
F21. Instrução SET.
Instrução SET
A instrução SET permite que, quando
a condição lógica, que antecede a instrução
SET, vá a On, o bit associado à função co-
mute para o seu estado lógico On, e assim
permaneça mesmo que a condição lógica,
que antecede a instrução de SET, comute
para Off (figura 21).

Instrução RSET
Situação semelhante acontece com a
instrução RSET, pois, quando a condição F22. Instrução RSET.
lógica que antecede esta instrução vai a
On, o bit manipulado é, em simultâneo,
levado a Off permanecendo nesse estado
(figura 22).
Nota: Caso haja simultaneidade da
função de SET e RSET, é a condição de
RESET a predominante.

Função KEEP
A instrução KEEP permite definir um
bit de memória como biestável, ou seja, o
estado do relé é definido por duas condições
lógicas: SET ou RESET (figura 23).

Os conceitos básicos da programação


e suas funções já estão concluídas. Para as
próximas edições trataremos a forma de
programar um controlador lógico progra-
mável. Até a próxima! MA F23. Função KEEP.

26 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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manutenção

Gerenciamento de
Ferramentas
de Corte
A usinagem é um processo muito usado nas indústrias do ramo
metal-mecânico, com a necessidade da utilização de ferramentas
de corte, que são responsáveis por cortar o material das peças,
conferindo-as ao formato desejado. Tais empresas enfrentam
grandes dificuldades para o controle desse ferramental, que
vão desde problemas com a rastreabilidade da ferramenta
dentro da própria empresa até suas requisições.
A questão dos custos do ferramental também é de extrema
importância para as empresas, visando a redução dos custos
de produção para permanecerem competitivas no mercado.
O objetivo do presente trabalho é apresentar as vantagens do
Gustavo Trombini Lazari
gerenciamento das ferramentas de corte, visando a redução Henrique Oliva de Andrade
dos custos produtivos Rafael Batalhote Verçosa

saiba mais
CASTRO, P. Gerenciamento de
O intuito deste artigo é demonstrar, através
de um estudo de caso feito em uma empresa
fabricante de motores de grande porte, como
o gerenciamento de ferramentas está sendo
aplicado e o quanto pode ser vantajoso no
mercado competitivo, no sentido de reduzir
os custos de produção e aumentar o ganho
da empresa.
Segundo estudos de ZONTA (2007),
Alguns dos fatores que frequentemente
contribuem para que se atinja este percen-
tual são:
• Produção programada não pode ser
efetivada por falta de ferramentas;
• Grande parte do tempo dos funcio-
nários envolvidos (operador, super-
visor e líder) é gasto na procura e na
expedição de ferramentas;
Ferramentas. São Paulo: 2004 as ferramentas de corte representam de 3 a • Super ou subdimensionamento do
(Congresso Usinagem).
5% dos custos de produção. Entretanto, se estoque (quantidade e variedade);
FERRARESI, D. Fundamentos da não houver um gerenciamento no processo, • Obsolescência do estoque.
Usinagem dos Metais. São Paulo: esses custos chegam até 30% no produto Atuar na redução de custos com ferra-
Edgard Blücher, 1977. 751 p. do fabricante. mentas é uma visão que as empresas precisam
Veja mais referências no fim do artigo.

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 27

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manutenção

Ao invés da empresa pagar as ferra-


mentas por unidade adquirida, a ideia do
custo por peça é pagar aos fornecedores das
ferramentas um valor fixo pré-estabelecido
por peça produzida.
Dessa forma, os fornecedores das ferra-
mentas deverão acompanhar mais de perto
o processo no dia-a-dia, porém, caso uma
ferramenta não apresente o desempenho
esperado (que foi acordada na hora da
venda) quem terá que arcar com esse custo
acima do esperado é o próprio fornecedor
da ferramenta e não mais o cliente, como
ocorre na maioria das vezes.
Vale salientar que, para esse tipo de
F1. Curva ABC. produto (ferramentas de corte), o acom-
panhamento e serviço pós-venda são de
adquirir e implementar para se tornarem • Garantir atualização tecnológica; suma importância, pois devido às inúmeras
mais competitivas no mercado, e as empresas • Garantir o uso ecologicamente correto variações características dos processos de
retardatárias que não adotarem essa nova de ferramentas de corte. usinagem, é sempre recomendável que se
aplicação irão ter maiores dificuldades para tenha um acompanhamento técnico próximo
se manterem no mercado. Análise da empresa por parte do fornecedor das ferramentas.
Desenvolvemos um estudo de caso em A empresa escolhida para realização do
uma empresa fabricante de motores que estudo de caso é uma empresa de pequeno 2. Controle de saídas de ferramentas
apresenta a necessidade de melhoria contínua a grande porte de fabricação de motores O controle de saída das ferramentas é
em seus processos para continuar competi- movidos à diesel. um importante indicador para se mensurar
tiva no mercado. A questão é como atuar os gastos com ferramentas e manter sua
de uma maneira mais eficiente na redução Gerenciamento de rastreabilidade dentro e fora da fábrica. A
dos custos de produção em empresas que ferramentas de corte utilização de software para o auxílio desse
utilizam processos de usinagem? O gerenciamento de ferramentas de controle é extremamente importante para o
corte implica em redução de custos na gerenciamento de ferramentas, onde através
Gerenciamento de produção de forma padronizada, ou seja, o dele é possível mensurar os gastos totais com
ferramentas de corte gerenciamento visa qual é a melhor forma de ferramentas e/ou os gastos por máquina,
Os objetivos específicos do gerencia- reduzir ao máximo os custos de produção uma vez que a ferramenta é enviada para
mento de ferramentas são resumidos da na melhor estratégia do processo. uma máquina específica.
seguinte forma: As etapas a seguir irão demonstrar como Com isso é possível também detectar
• Reduzir estoques e obsolescência; a empresa em estudo está atuando para se com facilidade as máquinas e/ou processos
• Padronizar as ferramentas utiliza- obter a máxima redução dos custos com que estão consumindo ferramentas em
das; ferramentas de corte. demasia, podendo a empresa tomar uma
• Eliminar a falta de ferramentas; atitude mais rápida e eficaz no sentido de
• Aumentar a produtividade; 1. Custo por peça, amenizar as perdas ocasionadas por estas
• Reduzir o custo com ferramentas; comprometimento com situações. O software ainda auxilia na
• Controlar a localização e fluxo de fornecedores emissão de relatórios de custo e emissão
ferramentas no chão-de-fábrica; O primeiro ponto para um gerencia- de pedidos de compra.
• Reduzir os tempos de preparação mento eficaz é o comprometimento dos Para atuar na redução dos custos de
de máquinas; fornecedores com a empresa. produção inerentes às ferramentas de corte
• Reduzir quebras de ferramentas; A empresa estudada está em fase de de maneira mais eficiente, em julho de 2009
• Garantir a disponibilidade de infor- desenvolvimento e de implementação de foram mapeados os gastos com ferramentas
mação precisa e atualizada; um novo conceito chamado custo por peça, em todas as linhas da fábrica (tabela 1).
• Fortalecer o relacionamento com que visa a redução dos gastos sob o ponto FONTE - Empresa estudada.
fornecedores; de vista das ferramentas de corte.
• Garantir a qualidade dos serviços de O custo por peça tem sido uma forma de 3. Mapeamento e composição
recondicionamento e preparação de trabalho desenvolvida por algumas grandes dos custos
ferramentas; empresas consumidoras de ferramentas, que Com os dados da tabela 1, foi traçada
• Garantir a qualidade da peça pro- observam nessa estratégia uma boa alternativa uma curva ABC (figura 1) para identificar
duzida; para reduzir seus custos produtivos. quais são os itens mais impactantes em

28 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

MA44_Corte.indd 28 25/2/2010 16:24:46


manutenção

relação ao custo. Foi observado que, para


todas as linhas de produção da fábrica,
a distribuição dos custos segue a mesma
proporção, em média, 80% dos custos é
representado por apenas 20% dos itens.
FONTE - Empresa estudada.
Esses 20% dos itens passaram a ser
considerados críticos e, para cada linha
de produção, foi traçada essa curva para
mapear a distribuição dos custos. Dessa
forma, as ações e os testes de novas ferra-
mentas passaram a ser direcionados a esses
itens críticos a fim de se obter uma redução
mais significativa nos custos produtivos
da fábrica.

4. Análise crítica do consumo F2. Matriz causa-efeito.


elevado
Após a identificação do item que será estão cooperando para um consumo elevado que têm envolvimento com o processo, que
analisado, foi utilizado o diagrama de causa de ferramentas de corte. podem ser os operadores, os engenheiros de
e efeito (figura 2) para levantamento de Para cada caso específico, é feito um processo, de manufatura e os fornecedores
todas as prováveis causas que possivelmente brainstorming envolvendo todas as pessoas da ferramenta. FONTE - Empresa estudada

T1. Gastos totais com Ferramentas.

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 29

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manutenção

A matriz causa-efeito, demonstrada pela


figura 2 possibilita cercar todas as causas
que geram o consumo elevado de ferra-
mentas, por diferentes pontos de vista dos
envolvidos, tornando as ações e os testes de
novas ferramentas mais eficazes no sentido
de reduzir o consumo e consequentemente,
diminuir os custos.

5. Melhorias organizacionais
Após fazer a análise de Pareto (referências
bibliográficas) e do diagrama causa e efeito,
observa-se um grande consumo de insertos
F3. Fresa horária. F4. Fresa Anti-horária. nas operações das figuras 3 e 4.
O controle da vida e da utilização de
todas as arestas, bem como a redução dos
estoques de ferramentas, são exemplos de
ações que têm grande importância no que
tange às ferramentas de corte.
Nas operações de usinagem da biela,
as fresas utilizam um inserto triangular,
que apresentam 3 arestas de corte em cada
face, totalizando 6 arestas de corte. No
entanto, no caso da biela, uma das fresas
trabalha com a rotação no sentido horário
- figura 3 - e a outra no sentido anti-horário
– figura 4.
F5. Inserto fresa horária. F6. Inserto fresa Anti-horária. Em um caso como esse, quando em-
pregado na fresa direita (sentido horário),
apenas os lados em destaque da aresta de
corte do inserto será desgastado – figura 5.
Já quando usado na fresa esquerda (sentido
anti-horário), o mesmo ocorrerá para o lado
oposto da aresta – figura 6.
Dessa forma, se os insertos da fresa
direita forem reutilizados na esquerda,
ou vice-versa, pode-se empregar 2 vezes
cada aresta, o que representa um total de
12 arestas por inserto. Segue exemplo de
quanto pode ser significativo o ganho com
o reaproveitamento dos insertos.
T2. Gastos sem reaproveitamento de inserto. Na tabela 2, pode ser observado que
para a produção de 1.000 peças com uma
vida de inserto de 250 peças/aresta, são
necessários 67 insertos para fazer a produção
anual (12.0000 peças). Como nesse caso a
empresa não tem a cultura de reaproveitar
os insertos, são exigidos 67 insertos em
cada operação, contabilizando um total
de 134 insertos ao ano, que representa R$
52.517,28.
Na tabela 3, observa-se que reaprovei-
tando todos os insertos, a operação 170
não necessita requisitar nenhum inserto
novo, gerando assim uma economia de 67
T3. Gastos com reaproveitamento de inserto. insertos e R$ 26.258,64 no ano.

30 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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manutenção

6. Considerações e demonstração
dos resultados Referências Bibliográficas
O gerenciamento de ferramentas de
corte se mostrou muito importante na BESANT, C.B. CAD/CAM – Projeto e STOCKTON, R.S. Sistemas básicos de
busca da redução dos custos produtivos e Fabricação com o Auxílio de Computador. controle de estoques: conceitos e análi-
do aumento da produtividade. Contudo, Rio de Janeiro: Camus, 1988. 249 p. ses. São Paulo: Atlas, 1976. 139 p.
é bom ressaltar que todas as pessoas do CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A.; DA SILVA, R. TRENT, E.M.; WRIGHT, P.K. Metal Cutting.
grupo (preparadores, afiadores, técnicos, Metodologia científica. São Paulo: Person Woburn: Elsevier, 2000. 446 p.
operadores e principalmente a liderança) Education do Brasil, 2006. 162 p.
devem estar alinhadas e comprometidas a TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução
manter todas as informações precisamente CHWIF, L; MEDINA, A. C;. Modelagem e metodológica São Paulo: Universidade de
Simulação de Eventos Discretos: Teoria e Murdoch, 2005.. Disponível em < http://
atualizadas. Aplicações. 2 ed. São Paulo, SP: Bravarte, www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a09v31n3.
Foi demonstrado nesse estudo um 2006. 255 p. pdf>
ganho de R$ 26.258,64 por ano, porém Acesso em 16 set. 2009.
deve-se destacar que o intuito foi mostrar FAVARETTO, A. S. Estudo do Gerencia-
a possibilidade de redução de custos através mento de Ferramentas de Corte na WCM. KAIZEN DEFINITION: The zen
Indústria Automotiva de Curitiba e of doing it better, and making it better.
do gerenciamento. De acordo com análise Região Metropolitana. Curitiba, PUC-PR: World Class Manufacturing. Disponível
dos relatórios de “savings” apontado pelos 2005. 201 p.(Mestrado em Engenharia em: <http://wcm.nu/Kaizen/kaizen.html>.
gerenciadores, a empresa teve redução de de Produção). Acesso em 20 jun. 2009.
18% dos custos com ferramentas resultantes
do gerenciamento, o que representa mais de HOHMANN, C. Principle of 5 S. Dis- WOMACK, J.P.; JONES D.T.; ROOS D.
ponível em A máquina que mudou o mundo. Rio de
um milhão de reais de economia ao ano. <http://www.membres.lycos.fr/ Janeiro. Campus, 1992. 347 p.
hconline/5S/fives.htm>. Acesso em 11
Conclusão mar. 2009. YIN, R.K. Estudo de Caso: Planejamento e
Através do desenvolvimento do estudo Métodos. 2.ed. Porto Alegre, RS: Book-
de caso, foi possível demonstrar os ganhos ISHIKAWA, K. Guia de Control de Cali- man, 2001. 205 p.
dad. Nueva York: Unipub, 1976. 216 p.
que a empresa vem obtendo com a aplicação ZONTA, A.J. Gerenciamento de ferra-
do gerenciamento de ferramentas de corte LUSTOSA, L. et al. Planejamento e Con- mentas: Estudos de caso de empresas do
no sentido de aumentar a competitividade trole da Produção. Rio de Janeiro: Elsevier, setor metal-mecânico brasileiro. Florianó-
da empresa. O controle de saída das ferra- 2008. 355 p. polis: 2007.
mentas no chão de fábrica com auxílio do Disponível em: <http://www.cimm.com.
MOURA, R.A. Kanban – A Simplicidade br/portal/publicacao/arquivo/69/Geren-
software se mostrou uma importante etapa do Controle da Produção. 2 ed. São Paulo: ciamento_de_Ferramentas_-_Estudos_
no processo, visto que através desses dados IMAN, 1992. 355 p. de_caso_em_empresas_do_setor_metal-
são criadas curvas ABC (Pareto) que auxiliam mec_co_brasileiro.pdf>
na identificação das ferramentas que mais SILVA, J.M. O ambiente da qualidade na
impactam na composição total do custo. prática. Belo Horizonte: Fundação Chris-
tiano Ottoni, 1996. 260 p.
A utilização do diagrama de causa e efeito
(Ishikawa) ajuda a identificar de maneira eficaz SLACK, N.; CHAMBERS S.; JOHNSTON,
as causas do consumo elevado das ferramentas R. Administração da Produção. São Paulo:
que mais impactam na composição do custo Atlas, 2007. 747 p.
por peça, permitindo assim uma atuação
mais rápida e precisa por parte da empresa
e do fornecedor da ferramenta no sentido
de reduzir o consumo desse item.
Como propostas para futuros trabalhos,
levantamos a necessidade de um estudo da
aplicação do gerenciamento de ferramentas
de corte em empresas que utilizam processos
de fabricação de peças não seriadas. MA

Os Autores são formados em Engenharia de


Produção Mecânica pela Escola de Engenharia
Mauá no curso. Realizaram estágio na Sandvik
do Brasil e hoje atuam como engenheiros de
vendas técnicas nas distribuições da Sandvik.
Gustavo - g_lazari@hotmail.com
Henrique - h.andrade@uol.com.br
Rafael - rafaelbatalhote@yahoo.com.br

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 31

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conectividade

Libertando o
s poder do HART
e proporcionando
benefícios aos usuários
O protocolo HART tem sido testado com sucesso em milhares de
aplicações em vários segmentos, mesmo em ambientes perigosos.
Porém, o dia-a-dia tem nos mostrado que os usuários pouco se
utilizam dos recursos que esta tecnologia disponibiliza e que
poderiam tirar vantagens de características e funcionalidades
deste protocolo, libertando o “poder” que o HART tem.
Neste sentido, este artigo mostrará detalhes da utilização da
comunicação HART em medições multivariáveis, descrevendo
aplicações de um conversor de HART para 4-20 mA capaz de Eng. César Cassiolato
acrescentar mais flexibilidade de uso aos equipamentos HART Smar Equipamentos Industriais Ltda.

HCC301: conversor de Esta variável atualizada em corrente


HART para 4-20 mA pode ser a variável primária em unidade
O HCC301 é um conversor Smar a de engenharia, a variável primária em
dois fios capaz de gerar um sinal de cor- percentagem ou também uma das variáveis
rente 4-20 mA através de uma variável via dinâmicas do equipamento HART: a variável
comunicação HART. Com isto podemos secundária, terciária ou a quarta variável.O
transferir informações de equipamentos equipamento HART pode ser de qualquer
HART aos controladores e facilitar os fabricante, o que dá mais flexibilidade e

saiba mais controles e processos com uma solução de


baixo custo.
Este conversor tem a capacidade de
recursividade ao usuário.
Pode-se configurar no conversor a con-
dição de falha segura segundo a NAMUR-
Protocolo Digital Hart trabalhar como mestre primário do bar- NE43, onde em uma falha, este gerará um
Mecatrônica Atual 43 ramento HART e continuamente fazer sinal de corrente de acordo com a seleção do
A Tecnologia Hart na indústria o “polling” de uma variável em um outro usuário(3,6 ou 21 mA), de tal forma que o
– Estrutura do Protocolo equipamento HART, convertendo a mesma controlador possa tomar uma ação segura.
Mecatrônica Atual 19 dinamicamente a um valor em corrente de O usuário ainda configura o número de
4-20 mA proporcional a uma escala pré-con- “retries” de comunicação até que o conversor
Manuais de equipamentos figurada.Mesmo sendo um mestre primário, gere a corrente em falha segura.
HART Smar
o HCC301 permite livremente que se tenha Em nível de segurança, pode-se ainda
Site de fabricante: um mestre secundário no barramento, como habilitar a proteção de escrita evitando
www.smar.com.br por exemplo, um hand-held. alterações não autorizadas.

32 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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conectividade

Veja mais detalhes no diagrama de


blocos funcional na figura 1.
Durante a configuração do HCC301,
este deve ser configurado para escravo, o
que é feito localmente no equipamento.
A figura 2 mostra a tela de configuração
do conversor utilizando-se um hand-held
(PALM, HPC301 Smar), onde podemos
ver a simplicidade para o usuário.

Algumas aplicações

1) Aumentando a segurança e
confiabilidade em elementos finais
de controle
A grande maioria dos posicionadores de
válvulas HART do mercado não possuem
um sinal de retorno indicando a posição real F1. Diagrama funcional do HCC301- Smar.
da válvula e quando têm, exigem ligações
a 4 fios, dificultando e aumentando cus-
tos de instalação.A solução normalmente
adotada, é a utilização de um transmissor
de posição, mas que envolve custos e exige
instalação adequada. Com isto, é muito
frequente se ver no campo o posicionador
recebendo um setpoint de posição desejada
via controlador, mas o controle não tem
um sinal de feedback, dizendo se a válvula
realmente foi para a posição desejada, se
está emperrada, se está lenta, como está o
controle seu controle, etc... F2. Tela de Configuração do HCC301.
Observe a figura 3, onde temos um
posicionador de válvulas. Poderíamos a
um baixo custo extrair via comunicação
HART a posição real da válvula e fornecê-
la proporcionalmente a 4-20 mA para o
sistema de controle, melhorando condições
de performance, reduzindo custos com a
minimização da variabilidade do processo,
além de aumentar significativamente a confia-
bilidade do sistema. Note que em termos de
instalação, nada é feito no posicionador.

2) Minimizando custos nos


processos de medição de densidade
e concentração
Analisemos a situação da figura 4,
onde temos um transmissor HART de
densidade/concentração e que, além da
medida primária (densidade ou concen-
tração), queremos fornecer ao controle um
sinal de corrente do processo de tempera-
tura. Geralmente, colocaria-se mais um
transmissor de temperatura no processo e
assim teríamos a medição da temperatura. F3. Aumentando a segurança e confiabilida- F4. Minimizando custos nos processos de
de em elementos finais de controle. medição de densidade e concentração.
Porém, usando o HCC301, poderíamos a

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 33

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conectividade

a produtividade e a segurança operacional.


Em essência, a automação nas indústrias
permite elevar os níveis de continuidade
e de controle global do processo com
maior eficiência, aproximar ao máximo
a produção real à capacidade nominal da
planta, ao reduzir ao mínimo possível as
horas paradas, de manutenção corretiva e
a falta de matéria-prima.
Além disso, com o advento dos sistemas
de automação baseado em redes de campo e
tecnologia digital, pode-se ter vários benefí-
cios em termos de manutenção e aumentar a
disponibilidade e segurança operacional. E,
ainda, a automação extrapola os limites de
chão de fábrica, ela continua após o produto
acabado, atingindo fronteiras mais abrangen-
tes; a automação do negócio. Quanto mais
informação, melhor uma planta pode ser
operada e sendo assim, mais produtos pode
gerar e mais lucrativa pode ser. A informação
digital e os sistemas verdadeiramente abertos
permitem que se colete informações dos mais
F5. Medição da temperatura ambiente diversos tipos e finalidades de uma planta,
ou em escala diferente nos processos de
temperatura.
de uma forma interoperável e como ninguém
F6. Medição multivariável. jamais imaginou e neste sentido, com a tec-
nologia HART pode-se transformar preciosos
um baixo custo extrair via comunicação 4) Medição multivariável: vazão bits e bytes em um relacionamento lucrativo
HART a temperatura do processo, que é Analisemos agora a situação da figura e obter também um ganho qualitativo do
medida pelo transmissor e fornecê-la pro- 6, onde temos um transmissor de pressão sistema como um todo. É o gerenciamento
porcionalmente a 4-20 mA para o sistema utilizando-se de um elemento primário para dos dispositivos.
de controle, melhorando condições de medição de vazão. Poderia-se, por exemplo, Esse tipo de gerenciamento tem como
performance, reduzindo custos. Observe via conversor HCC301, disponibilizar a objetivo o uso intensivo da comunica-
que em termos de instalação, nada é feito pressão diferencial ao sistema de controle, ção HART para aumentar a eficiência
no transmissor. uma vez que a variável primária do trans- e disponibilidade dos equipamentos, ao
missor foi configurada como vazão.Note mesmo tempo minimizando os custos de
3) Medição da temperatura que em termos de instalação, nada é feito manutenção. O Gerenciamento de Ativos
ambiente ou em escala diferente no transmissor. é então o conjunto de todas as técnicas e
nos processos de temperatura ferramentas empregadas para otimizar a
Analisemos a situação de aplicação de 5) Gerenciamento de Ativos manutenção dos equipamentos reduzindo ao
acordo com a figura 5, onde tem-se um A necessidade de automação na indústria máximo os custos com paradas e aumentar
forno operando de 50 a 200 °C, e o valor e nos mais diversos segmentos está associada, a disponibilidade operacional.
da temperatura é fornecida ao sistema de entre diversos aspectos, às possibilidades de O autodiagnóstico, confiável e seguro,
controle proporcionalmente através de um aumentar a velocidade de processamento proporcionado pelos dispositivos HART,
sinal de 4-20 mA. Poderia-se medir esta das informações, uma vez que as operações possibilita a integração de programas de
temperatura em uma escala diferente, com estão cada vez mais complexas e variáveis, manutenção preditiva e proativa. Estatísticas
propósitos somente de monitoração por exigindo um grande número de controles operacionais, como o deslocamento acumu-
exemplo, ou ainda estarmos informando a e mecanismos de regulação para permitir lado da haste de uma válvula, proporcionam
temperatura ambiente. Usando o HCC301, decisões mais ágeis e, portanto, aumentar informações úteis para a previsão de falhas e
poderíamos a um baixo custo extrar via os níveis de produtividade e eficiência do uso da manutenção preditiva. Diagnósticos
comunicação HART estas informações e processo produtivo dentro das premissas rápidos e estatísticas operacionais permi-
fornecê-las proporcionalmente a 4-20 mA da excelência operacional. tem a antecipação de falhas antes que elas
para o sistema de controle, melhorando A automação permite economias de possam causar danos.
condições de performance, reduzindo energia, força de trabalho e matérias-primas, Mecanismos on-line de notificação de
custos. Veja que em termos de instalação, um melhor controle de qualidade do pro- falhas informam imediatamente ao res-
nada é feito no transmissor. duto, maior utilização da planta, aumenta ponsável se um determinado dispositivo

34 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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conectividade

poderá falhar. Isto permite a tomada de de rede e arquitetura de software, como equipamentos, etc. de forma a concentrar
providências antes que a produção seja interface OPC, multiprotocolos e acesso toda documentação e facilitar o dia-a-dia
afetada, contribuindo para a diminuição via WEB, onde estas ferramentas oferecem do usuário.
das paradas inesperadas e de situações de ao usuário ampla visibilidade da planta, a Com sua poderosa interface, o AssetView
risco. Informações mais precisas, como qualquer hora, em qualquer lugar. permite a operação com vários equipamentos
por exemplo, qual dispositivo, que tipo de Em termos gerais, as empresas hoje de campo (transmissores e válvulas) e dis-
falha, entre outras, podem ajudar na escolha querem informações que podem gerar be- positivos mecânicos e elétricos de qualquer
adequada de sobressalentes e de ferramentas, nefícios, facilitando as tomadas de decisões. fabricante, facilitando a parametrização,
antes do envio da equipe de manutenção Vejamos algumas facilidades e benefícios operação, calibração e diagnósticos. Permite
ao campo. A utilização de programadores do gerenciamento de ativos: que se registre toda e qualquer alterações
portáteis pode ser eliminada. • Facilidade de acesso às informações efetuadas pelo usuário e que se tenha a re-
É possível acessar os dispositivos da em toda a planta (desde chão-de- conciliação de configurações e monitoração
rede HART via ferramentas poderosas fábrica até níveis gerenciais); on-line de centenas de produtos.
em um microcomputador. O AssetView • Garante uniformização das informa- Além disso, o AssetView possui um
da Smar, por exemplo, é uma ferramenta ções nos diversos níveis hierárquicos, Wizard que possibilita um aprimoramento
de gerenciamento de ativos e manutenção com confiabilidade. Rico em informa- da interface gráfica definida pela EDDL de
preditiva e proativa, parte integrante do ção, facilita a tomada de decisões; novos equipamentos. Permite também a
SYSTEM302-7 e que contribui para uma • Permite infraestrutura e tecnologia definição de diagnósticos avançados, com
grande diminuição dos custos operacionais para que se monitore on-line, confi- a inclusão de gráficos.
da planta.E isto é garantido somente se o gure, calibre e gerencie equipamentos Entre vários benefícios destacam-se: a
processo estiver rodando com excelência, uma de campo com o objetivo de se ter simplificação nas atividades envolvendo
consequência direta do gerenciamento de os melhores resultados em termos de parametrização, diagnose e manutenção;
ativos e de práticas que reduzem o downtime, desempenho e redução de custos; redução de custos de manutenção; rápida
aumentando a disponibilidade da planta e • Permite as melhores práticas de ma- identificação de problemas; prevenção de
cortando custos de manutenção. nutenção (principalmente a proativa), paradas não programadas, causadas por
O SYSTEM302-7, sistema de automação através do gerenciamento de diagnósti- falhas de equipamentos ou de instrumentos
baseado em redes, é um sistema com um cos, programação de manutenções; e consequente aumento do MTBF (Mean
número menor de componentes e consequen- • Audit Trial; Time Between Failures) da planta; diminuição
temente, possui uma maior confiabilidade. • Minimização de spare parts; no tempo de parada, programada ou não
A tecnologia baseada em padrões abertos • Aumento da disponibilidade e segu- programada da planta, com diminuição do
prevê uma menor dependência dos caros rança operacional da planta e redução MTTR (Mean Time To Repair); solução
contratos de manutenção. do downtime; aberta e com fácil acesso a informação.
Uma grande parte do Total Cost of • Diminuição do tempo perdido em O AssetView possui duas patentes in-
Ownership (TCO - Custo Total de Pro- manutenção em equipamentos que ternacionais garantindo suas características
priedade) do sistema pode ser reduzida realmente não a necessita (Manu- inovadoras e o seu pioneirismo: 6,631,298 e
devido à facilidade da manutenção. A tenção Preventiva); 6,725,182 . Mais informações sobre o Asset
manutenção de registros exigida pela ISO • Ganhos e redução de custos opera- View, acesse: www.smar.com/brasil2/pro-
14000 e ISO 9000 torna-se muito mais cionais contribuindo para a redução ducts/asset_view.asp.
fácil, uma vez que os dados dos instrumen- de custos gerais.
tos estão disponíveis em qualquer estação O AssetView, ferramenta de geren- Conclusão
de trabalho. ciamento de ativos e parte integrante do Pudemos ver alguns detalhes do protocolo
Um sistema de gerenciamento e manu- SYSTEM302, foi desenvolvido dentro desta HART, com uma visão mais de aplicação,
tenção deve ter recursos que permitam ao filosofia e utiliza o próprio WEB Browser mostrando recursos do protocolo que possam
usuário identificar ou prognosticar fácil e como plataforma para as interfaces gráficas não estar sendo utilizados pelos usuários na
rapidamente qualquer mau funcionamen- com o usuário e é baseado em 2 padrões prática, mas que fazem parte do “poder do
to de sua planta. Neste sentido, deve ter internacionais de descrição de dispositivos: HART”. E ainda a viabilidade de adicionar
facilidades técnicas em gerações de dados EDDL (Electronic Device Description Lan- valores/funcionalidades a equipamentos
estatísticos, levantamento de históricos, guage) e FDT (Field Device Tool). Através do HART com o HCC301, dando mais
gerações de relatórios, permitir fácil acesso AssetView, pode-se executar manutenções, possibilidades de aplicações, facilitando
de qualquer lugar, mesmo fora da planta e programar agendamentos, gerar notificações instalações e minimizando custos em geral.
evitar paradas não programadas e otimizar via e-mail, e tudo sem a necessidade de um Pode-se observar que mesmo sendo uma
as paradas programadas das empresas, software específico. tecnologia com mais de 20 anos, ainda tem
utilizando as manutenções preditivas e Esta ferramenta possibilita o gerencia- muito espaço para crescer, especialmente nas
proativas (o chamado conceito TPM Total mento de toda documentação dos ativos, aplicações de gerenciamento de informações
Productive Maintenance). Além disso, deve como manuais, procedimentos, folha de vindas do campo, gerenciamento de ativos,
tirar vantagens dos modernos recursos dados, relatórios, links aos fabricantes dos diagnóstico e manutenção. MA

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 35

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conectividade

PROFINET e
s PROFIsafe:
Aplicações na indústria
automobilística no Brasil
Para as funções de segurança conheça Profinet
e o Profisafe, tecnologias que foram utilizadas
na empresa Ford

A
s exigências de aumento da produtividade, da arquitetura de rede ETHERNET,
disponibilidade e redução no tempo de proporcionando mais liberdade para in-
parada em intervenções nas linhas em fun- terconexão dos componentes no campo
cionamento são palavras-chave em tempos e maior possibilidade de escolhas. Entre
de competição global. as opções que flexibilizam a topologia de
Ao mesmo tempo em que se desejam rede, pode-se destacar a viabilidade do uso
benefícios imediatos, não há como deixar da tecnologia Wireless que permite a troca
de estar atento ao futuro de todo tipo de de sinais (inclusive sinais de segurança) sem
intervenção tecnológica realizada. Atual- a existência de cabos. Em especial é uma

saiba mais mente, dentro do escopo de automação


industrial, estas duas visões podem ser
totalmente atendidas pela tecnologia da
aplicação interessante em aplicações com
movimentação, onde existe a necessidade
de pontos de entrada e saída remoto em
Rede Profinet PROFINET e o uso do PROFIsafe para dispositivos móveis.
Mecatrônica Atual 19 as funções de segurança
PROFIBUS-DP/PA - ProfiSafe, Profile Padrão aberto e universal
for Failsafe Technology Flexibilidade A PROFINET é um padrão de comu-
Considerando a veloz obsolescência nicação aberto que permite a integração
IEC 61508 – Functional safety of dos produtos em decorrência dos grandes simples em sistemas e redes já existentes.
electrical/electronic/programmable avanços tecnológicos, torna-se fundamental Isso significa que existe segurança tanto
electronic safety-related systems
optar por soluções modulares, que possam para os investimentos existentes e futuros
Material de treinamento SMAR garantir a otimização dos processos. A quanto para uma transição gradual para a
Profibus, 2003, César Cassiolato. PROFINET possui toda a flexibilidade nova tecnologia.

36 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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conectividade

F1. Detalhe de módulo de entradas e saídas em IP67.

Associação Profibus: Mais suporte para PROFINET/PROFIsafe


A Associação Profibus Internatio- de 10 anos na área de automação dentro 37% ao ano, espera-se atingir a marca
nal (PI) foi fundada em 1989 e está da minha atividade na Siemens com foco de três milhões de nós em 2010. Os
organizada em mais de 30 países. em soluções para a indústria automobi- mercados-chave para a tecnologia
Em todo o mundo, a entidade possui lística, que apresenta uma forte demanda PROFINET são: Manufatura (indústria
mais de 500 profissionais das diversas por conceitos inovadores de automação automobilística, têxtil, máquinas-fer-
empresas associadas, colaborando em e comunicação”, afirma Coppini. Segundo ramenta, etc.); Processo (indústria
mais de 50 grupos de trabalho. Este ele, a atividade na Associação vem de farmacêutica, química, óleo e gás,
poder de inovação assegura o futuro encontro ao seu interesse profissional, alimentos e bebidas, etc.) e Controle
da tecnologia PROFINET. uma vez que pode ser facilmente conci- de Movimento (indústrias de madeira,
No Brasil, o PI também está prepa- liada no seu dia-a-dia. “Fiquei muito grato cerâmica, vidro, plástico, gráficas, etc.).
rado para atuar no desenvolvimento com o convite”, finaliza. No Brasil, já existem vários casos de
do mercado. Seu papel é promover PROFINET é o padrão de rede industrial sucesso (leia sobre o case Ford no
o conhecimento e a disseminação de baseada em rede Ethernet desenvolvido box 2).
informação sobre a tecnologia dos como complemento ao já estabelecido PROFIsafe é uma tecnologia que
padrões de rede PROFINET, PROFI- padrão PROFIBUS. Trata-se de um padrão integra, na mesma rede de comuni-
BUS e AS-Interface. A ideia é tornar a robusto de comunicação industrial, capaz cação, sinais de processo e segurança
tecnologia favorita para os mercados de oferecer confiabilidade máxima nos garantindo a mesma confiabilidade das
considerados chaves: manufatura, pro- processos, e ao mesmo tempo propiciar aplicações tradicionais (hard wired)
cesso e controle de movimento. as vantagens e facilidades da Ethernet já exigidas pela indústria e atingindo as
Para dar maior ênfase e suporte a difundidas no mundo do “escritório”. categorias normatizadas das normas
este trabalho de desenvolvimento de A tecnologia PROFINET tem se con- de segurança (Categorias de segu-
soluções em PROFINET e PROFIsafe, sagrado nos últimos anos, tornando- rança segundo NBR14153 / EN 954 e
a Associação nomeou uma Diretoria se rapidamente a principal tendência Safety Integrity Level (SIL) segundo a
específica de PROFINET e PROFIsafe tecnológica da automação distribuída. IEC 61508).
a partir do segundo semestre de 2009, Em 2008 já haviam sido contabilizados Daniel Coppini
que está a cargo do engenheiro Daniel mundialmente mais de 1,6 milhões de Diretor Profibus
Coppini. “Acumulei uma experiência nós. Com um crescimento médio de PROFINET / PROFIsafe

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 37

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conectividade

FORD moderniza planta com PROFINET e PROFIsafe

Um dos cases de sucesso da aplicação de usufruir tanto dos recursos de infor- um dos atrativos da PROFINET/PROFI-
PROFINET/PROFIsafe está na planta da mática como dos de automação”, avaliou. safe. “Ter a detecção exata do problema
Ford em São Bernardo do Campo, mais Segundo ele, em se tratando de IHM, a é um grande diferencial desta tecnologia”
especificamente em células de solda da tecnologia proporciona versatilidade, e complementou Glauco.
Courier. Conversamos com o time de com o uso de IHM baseadas em PC até De acordo com a opinião de Casagrande,
engenharia de fábrica e manutenção de a literatura de todo circuito encontra-se para que a tecnologia possa ser ainda
carroceria, Eduardo Fajardo, Fernando hoje em um único painel de operação. mais difundida e amplamente utilizada no
Casagrande e Luiz Cláudio Batista, além O monitoramento de todo o processo mercado nacional, o PROFINET/PRO-
de Glauco Santos (da Siemens) que destas linhas é realizado via PLCs. FIsafe ainda precisa ser homologado e
acompanhou a instalação do sistema. A “Diferente dos relés, a segurança via PLC entendido como padrão para a indústria.
planta adquiriu a tecnologia PROFINET/ oferece mais recursos. Além disso, essa Fica, assim, um recado para a Associação
PROFIsafe na atualização do sistema de segurança integrada diminui a possibili- Profibus, que pode trabalhar no sentido
automação em projeto implantado pela dade de falhas e reduz também o tempo de facilitar o acesso desta tecnologia do
Siemens no início de 2007. das intervenções”, opinou Luiz Cláudio. futuro nos dias atuais.
Para a Ford, a facilidade de instalação foi A importância das novas tecnologias está Na figura A a seguir, pode-se ver a
o maior diferencial. “Quanto menor o no fato de elas proporcionarem o menor arquitetura original da aplicação antes do
número de componentes, melhor. Isso número possível de interferências no retrofit, que utilizava um PLC de segu-
nos ajudou bastante. Ter um sistema processo produtivo. “Depois que uma rança e alguns RELÉS de segurança (na
simplificado resultou em ganho de tempo. instalação foi concluída, o ideal para a coluna à direita) e um PLC de processo.
Além disso, o número reduzido de cabos equipe de manutenção e operação é que Na figura B está o resultado da moder-
gerou uma instalação mais enxuta e não exista mais necessidade de interven- nização. Note a quantidade de espaço
eficiente”, afirmou Fajardo. Casagrande ção. É isso o que vem acontecendo com que ficou disponível no painel, uma vez
destacou as vantagens do padrão Ether- essa aplicação na nossa planta há mais de que neste caso o painel foi mantido por
net. “O endereçamento e o manuseio são dois anos”, revela Casagrande. Por esse motivo de praticidade de instalação.
mais amigáveis. Há ainda a disponibilidade motivo, o diagnóstico mais poderoso é

Figura A. Arquitetura original da planta. O “ANTES” Figura B. Arquitetura utilizada na modernização.


com duas colunas do painél, uma para o Processo e O “DEPOIS” com um só PLC integrando
outra para a Segurança Segurança e Processo na mesma rede.

38 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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conectividade

A Ethernet Industrial é utilizada como


base para a ligação dos mais variados com-
ponentes, desde o nível de campo ao de
gerenciamento. Assim, ao aliar desempenho
industrial à universalidade, obtém-se con-
tinuidade e transparência de comunicação
por toda a empresa.

???
Diagnósticos
Apenas um diagnóstico eficiente é capaz
de proporcionar máxima disponibilidade
de uma planta. A PROFINET oferece um
diagnóstico altamente preciso, flexível e
integrado, evitando paralisações e reduzindo
os custos de operação e manutenção. A
partir daí, as correções de falhas eventuais
acontecem da forma mais ágil possível e tudo
isso se reverte em produtividade.

Segurança
O efeito do uso do PROFIsafe no campo
é imediato, tendo em vista que a transmissão
de dados de processo e de segurança estão
agrupados dentro de uma única topologia de
rede. Isso significa facilidade de instalação
e de manutenção do sistema: um cabo, um
processador, uma única linguagem de pro-
gramação e o mesmo módulo de entradas e
saídas. Interessante ressaltar que, ao juntar
duas arquiteturas, não há perda de confia-
bilidade no sistema. A PROFIsafe utiliza a
rede de comunicação de campo, incluindo
mecanismos de handshake e redundâncias,
garantindo toda a informação que vinda de
dispositivos de segurança seja tratado apro-
priadamente. Mais: cada ponto remoto de
comunicação possui autonomia, entrando
no chamado “modo seguro” em casos de
risco ou perda de comunicação.
Vale destacar ainda que todos os recursos
adicionais de processamento existentes para
garantir a segurança são compensados por
uma tecnologia mais rápida e bastante aces-
sível, evitando qualquer tipo de sobrecarga
ou comprometimento do processo. Dados
de segurança são tipicamente uma porção
significativamente pequena em comparação
a tudo o que é processado em todo o siste-
ma de automação, sendo que os requisitos
extras de verificação de sinal de segurança
exigidos pelo protocolo de PROFIsafe não
afetam a performance do sistema de redes
do PROFINET (que funciona com padrão
típico de 100 Mbtis/s).
MA

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 39

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conectividade

PROFIBUS
Um pouco de história
e cenário atual
A história do PROFIBUS começa na
aventura de um projeto da associação
apoiado por autoridades públicas, que se
iniciou em 1987 na Alemanha. Dentro do
Vamos apresentar em uma série de artigos a tec- contexto desta aventura, 21 companhias
nologia PROFIBUS, e terminar com a tecnologia e institutos uniram forças e criaram um
projeto estratégico em fieldbus. O objeti-
PROFINET vo era a realização e estabilização de um
barramento de campo bitserial, sendo o
César Cassiolato requisito básico a padronização da interface
Smar Equipamentos Ind. Ltda. de dispositivo de campo. Por esta razão, os
membros relevantes das companhias do
ZVEI (Associação Central da Indústria
Elétrica) concordaram em apoiar um
conceito técnico mútuo para manufatura
e automação de processos.
Um primeiro passo foi a especificação

saiba mais do protocolo de comunicações complexas


PROFIBUS FMS (Especificação de Men-
sagens Fieldbus), que foi preparado para
Redes de Organização Profibus Descrição Técnica PROFIBUS.
Mecatrônica Atual 16 exigência de tarefas de comunicação.
PROFIBUS GuideLine Um passo mais adiante, em 1993, foi
A Rede Profibus DP a conclusão da especificação para uma
Mecatrônica Atual 17 PROFIBUS-DP/PA - ProfiSafe, Profile variante mais simples e com comunicação
for Failsafe Technology mais rápida, o PROFIBUS-DP (Periferia
Rede Profibus PA
Mecatrônica Atual 18 IEC 61508 – Functional safety of Descentralizada). Este protocolo está dis-
electrical/electronic/programmable ponível agora em três versões funcionais,
Site de fabricante: electronic safety-related systems o DP-V0, DP-V1 e DP-V2.
www.smar.com.br Baseado nestes dois protocolos de comu-
Manuais PROFIBUS PA - SMAR nicação, acoplado com o desenvolvimento de
Material de treinamento SMAR
Profibus, 2003, César Cassiolato. numerosos perfis de aplicações orientadas e
um número de dispositivos de crescimento

40 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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conectividade

rápido, o PROFIBUS começou seu avanço Em termos de desenvolvimento, vale dados são transmitidos via um barramento
inicialmente na automação (manufatura) e a pena lembrar que a tecnologia é estável, extremamente simples e de baixo custo,
desde 1995 na automação de processos com porém não é estática. As empresas-membros juntamente com a alimentação 24 Vdc
a introdução do PROFIBUS-PA. Hoje, o do PROFIBUS International estão sempre necessária para alimentar estes mesmos
PROFIBUS é o barramento de campo líder reunidas nos chamados Work Groups, sensores e atuadores. Outra característica
no mercado mundial. atentas às novas demandas de mercado e importante é a de que os dados são trans-
O PROFIBUS é um padrão de rede de garantindo novos benefícios com o advento mitidos ciclicamente, de uma maneira
campo aberto e independente de fornecedo- de novas características. extremamente eficiente e rápida.
res, onde a interface entre eles permite uma A tecnologia da informação tornou-se No nível de campo, a periferia distribu-
ampla aplicação em processos, manufatura e determinante no desenvolvimento da tecno- ída como: módulos de E/S, transdutores,
automação predial. Esse padrão é garantido logia da automação, alterando hierarquias acionamentos (drives), válvulas e painéis
segundo as normas EN 50170 e EN 50254. e estruturas no ambiente dos escritórios e de operação, trabalham em sistemas de
Desde janeiro de 2000, o PROFIBUS foi chega agora ao ambiente industrial nos seus automação, via um eficiente sistema de
firmemente estabelecido com a IEC 61158, mais diversos setores, desde as indústrias de comunicação em tempo real, o PROFIBUS
ao lado de mais sete outros fieldbuses. A processo e manufatura até prédios e sistemas DP ou PA. A transmissão de dados do
IEC 61158 está dividida em sete partes, logísticos. A capacidade de comunicação processo é efetuada ciclicamente, enquanto
nomeadas 61158-1 a 61158-6, nas quais estão entre dispositivos e o uso de mecanismos alarmes, parâmetros e diagnósticos são
as especificações segundo o modelo OSI. padronizados, abertos e transparentes são transmitidos somente quando necessário,
Nessa versão houve a expansão que incluiu o componentes indispensáveis no conceito de de maneira acíclica.
DPV-2. Mundialmente, os usuários podem automação de hoje. A comunicação expande- No nível de célula, os controladores
agora se referenciar a um padrão internacional se rapidamente no sentido horizontal, nos programáveis, como os CLPs e os PCs,
de protocolo aberto, cujo desenvolvimento níveis inferiores (field level), assim como no comunicam-se entre si, requerendo, dessa
procurou e procura a redução de custos, sentido vertical integrando todos os níveis maneira, que grandes pacotes de dados
flexibilidade, confiabilidade, segurança, hierárquicos de um sistema. De acordo com sejam transferidas em inúmeras e poderosas
orientação ao futuro, atendimento às mais as características da aplicação e do custo funções de comunicação. Além disso, a
diversas aplicações, interoperabilidade e máximo a ser atingido, uma combinação integração eficiente aos sistemas de comu-
múltiplos fornecedores. gradual de diferentes sistemas de comuni- nicação corporativos existentes, tais como:
Hoje, estima-se em cerca de 30 mi- cação, tais como: Ethernet, PROFIBUS e Intranet, Internet e Ethernet, são requisito
lhões de nós instalados com tecnologia AS-Interface, oferece as condições ideais absolutamente obrigatório. Essa necessidade
PROFIBUS e mais de 1000 plantas com de redes abertas em processos industriais. é suprida pelos protocolos PROFIBUS FMS
tecnologia PROFIBUS-PA. São 24 orga- (Figura 1) e PROFINet.
nizações regionais (RPAs) e 35 Centros No nível de atuadores/sensores o AS- A revolução da comunicação industrial
de Competência em PROFIBUS (PCCs), Interface é o sistema de comunicação de na tecnologia da automação revela um
localizados estrategicamente em diversos dados ideal, pois os sinais binários de enorme potencial na otimização de sistemas
países, de modo a oferecer suporte aos seus
usuários, inclusive no Brasil, em parceria
com a FIPAI na Escola de Engenharia de
São Carlos-USP, onde existe o único PCC
da América Latina.
• Mais de 2.800 produtos disponí-
veis;
• Mais de 1000 produtos nos últimos
3 anos;
• Mais de 1.000.000 instalações – PRO-
FIBUS;
• Mais de 1000 plantas com PRO-
FIBUS PA;
• Mais de 30 milhões de nós insta-
lados;
• 6 milhões de nós vendidos nos úl-
timos 3 anos;
• Mais de 6 milhões de nós PROFINET
instalados;
• Mais de  880 mil nós Profibus PA;
• Mais de 630 mil nós ProfiSafe;
• Mais de 2000 Fornecedores. F1. Comunicação Industrial Profibus.

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 41

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conectividade

de processo e tem feito uma importante de processo com equipamentos de campo, (transmissão de informações confiáveis,
contribuição na direção da melhoria no tais como: transmissores de pressão, tem- tratamento de status das variáveis, sistema
uso de recursos. As informações a seguir peratura, conversores, posicionadores, etc. de segurança em caso de falha, equipa-
fornecerão uma explicação resumida do Pode ser usada em substituição ao padrão mentos com capacidades de autodiagnose,
PROFIBUS como um elo de ligação central 4 a 20 mA. rangeabilidade dos equipamentos, alta
no fluxo de informações na automação. Existem vantagens potenciais da uti- resolução nas medições, integração com
O PROFIBUS, em sua arquitetura, está lização dessa tecnologia, onde resumida- controle discreto em alta velocidade, apli-
dividido em três variantes principais:   mente destacam-se as vantagens funcionais cações em qualquer segmento, etc.). Além

PROFIBUS DP
O PROFIBUS DP é a solução de alta
velocidade (high-speed) do PROFIBUS.
Seu desenvolvimento foi otimizado es-
pecialmente para comunicações entres os
sistemas de automações e equipamentos
descentralizados. Voltada para sistemas
de controle, onde se destaca o acesso aos
dispositivos de I/O distribuídos. É utilizada
em substituição aos sistemas convencionais
4 a 20 mA, HART ou em transmissão com
24 volts. Utiliza-se do meio físico RS-485
ou fibra ótica. Requer menos de 2 ms para
a transmissão de 1 kbyte de entrada e saída
e é amplamente utilizada em controles com
tempo crítico.
Atualmente, 90% das aplicações en-
volvendo escravos Profibus utilizam-se do
PROFIBUS DP. Essa variante está disponível
em três versões: DP-V0, DP-V1 e DP-V2. A
origem de cada versão aconteceu de acordo
com o avanço tecnológico e a demanda das
aplicações exigidas ao longo do tempo. F2. Versões do Profibus.
(Figura 2)
 
PROFIBUS-FMS
O PROFIBUS-FMS provê ao usuário
uma ampla seleção de funções quando
comparado com as outras variantes. É a
solução de padrão de comunicação universal
que pode ser usada para resolver tarefas
complexas de comunicação entre CLPs e
DCSs. Essa variante suporta a comunicação
entre sistemas de automação, assim como
a troca de dados entre equipamentos inte-
ligentes, e é geralmente utilizada em nível
de controle. Recentemente, pelo fato de
ter como função primária a comunicação
mestre-mestre (peer-to-peer), vem sendo
substituída por aplicações em Ethernet
com o PROFINET. 

PROFIBUS-PA
O PROFIBUS PA é a solução PROFIBUS
que atende aos requisitos da automação de
processos, onde se tem a conexão de siste-
mas de automação e sistemas de controle F3. Arquitetura de comunicação do Protocolo PROFIBUS.

42 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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conectividade

dos benefícios econômicos pertinentes às redes OSI (Open System Interconnection) em


instalações (redução de até 40% em alguns concordância com o padrão internacional
casos em relação aos sistemas convencio- ISO 7498. Devido aos requisitos de campo,
nais), custos de manutenção (redução de somente os níveis 1 e 2, e ainda o nível 7
até 25% em alguns casos em relação aos no FMS, são implementados por razões de
sistemas convencionais), menor tempo de eficiência. (Figura 3)
startup, oferece um aumento significativo Nas três variantes os dois níveis infe-
em funcionalidade e segurança. riores são muito parecidos, sendo que a
O PROFIBUS PA permite a medição grande diferença está na interface com os
e controle por uma linha com dois fios programas de aplicação. O nível 1 define o
simples. Também permite alimentar os meio físico. O nível 2 (nível de transporte
equipamentos de campo em áreas intrinse- de dados) define o protocolo de acesso ao
camente seguras. O PROFIBUS PA permite barramento. O nível 7 (nível de aplicação)
a manutenção e a conexão/desconexão de define as funções de aplicação.
equipamentos até mesmo durante a operação Essa arquitetura assegura transmissão
sem interferir em outras estações em áreas de dados rápida e eficiente. As aplicações
potencialmente explosivas. O PROFIBUS disponíveis ao usuário, assim como o com-
PA foi desenvolvido em cooperação com os portamento dos vários tipos de dispositivos
usuários da Indústria de Controle e Proces- PROFIBUS-DP, estão especificados na
so (NAMUR), satisfazendo as exigências interface do usuário.
especiais dessa área de aplicação: O PROFIBUS-FMS tem os níveis 1,
• O perfil original da aplicação para a 2 e 7 definidos, onde o nível de aplicação
automação do processo e interopera- é composto de mensagens FMS (Fieldbus
bilidade dos equipamentos de campo Message Specification) e da camada inferior
dos diferentes fabricantes; (LLI -Lower Layer Interface). O FMS define
• Adição e remoção de estações de um amplo número de serviços poderosos de
barramentos mesmo em áreas in- comunicação entre mestres e entre mestres
trinsecamente seguras sem influência e escravos. O LLI define a representação
para outras estações; de serviços do FMS no protocolo de trans-
• Uma comunicação transparente missão do nível 2.
através dos acopladores do segmento O protocolo de comunicação PROFIBUS
entre o barramento de automação PA usa o mesmo protocolo de comunicação
do processo PROFIBUS PA e do PROFIBUS DP. Isto porque os serviços de
barramento de automação industrial comunicação e mensagens são idênticos.
PROFIBUS-DP; De fato, o PROFIBUS PA = PROFIBUS
• Alimentação e transmissão de dados DP - protocolo de comunicação + Serviços
sobre o mesmo par de fios baseado Acíclico Estendido + IEC61158 que é a
na tecnologia IEC 61158-2; Camada Física, também conhecida como
• Uso em áreas potencialmente explo- H1. Permite uma integração uniforme e
sivas com blindagem explosiva tipo completa entre todos os níveis da automa-
“intrinsecamente segura” ou “sem ção e as plantas das áreas de controle de
segurança intrínseca”. processo. Isto significa que a integração de
A conexão dos transmissores, conversores todas as áreas da planta pode ser realizada
e posicionadores em uma rede PROFIBUS com um protocolo de comunicação que usa
DP é feita por um coupler DP/PA. O par variações diferentes.
trançado a dois fios é utilizado na alimen-
tação e na comunicação de dados para cada Conclusão
equipamento, facilitando a instalação e Nesta primeira parte apresentei o con-
resultando em baixo custo de hardware, ceito do protocolo PROFIbus, na próxima
menor tempo para iniciação, manutenção edição estarei abordando o meio físico
livre de problemas, baixo custo do software em que opera o protocolo, e finalmente o
de engenharia e alta confiança na operação. protocolo PROFInet com suas topologias.
Nas próximas edições abordaremos sobre BIBLIOGRAFIA MA
o PROFINET.
Todas as variantes do PROFIBUS são
baseadas no modelo de comunicação de

Janeiro/Fevereiro 2010 :: Mecatrônica Atual 43

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supervisão

Medição Contínua
s de Densidade e
Concentração
em Processos
Industriais
Para a medição da densidade em processos industriais muitos
métodos são disponíveis, baseados em diferentes tecnologias,
tais como: medidores nucleares, refratômetros, medidores
mássicos de efeito Coriolis, medição com diapasão vibrante,
areômetros, análise de laboratório, etc. Utilizando o princí-
pio do diferencial de pressão hidrostático, com uma sonda
de imersão e dois sensores de pressão integrados em uma
única unidade, o transmissor de densidade e concentração
capacitivo mede de forma contínua e precisa a densidade e
Evaristo Orellana Alves,
a concentração de líquidos Gerente de Produto - Smar

saiba mais
D iversos processos industriais requerem me-
dição contínua da densidade para operarem
eficientemente e garantir qualidade e unifor-
midade ao produto final. Isto inclui usinas
de açúcar e etanol, cervejarias, laticínios,
indústrias químicas e petroquímicas, de
papel e celulose de mineração, entre outras.
A densidade é um dos melhores indicadores
da composição de um produto, foi usada,
de densidade e concentração de líquidos
diretamente nos processos industriais.
No 1º tema é apresentado o transmissor
digital de densidade e concentração capacitivo,
no item 1 o seu princípio de funcionamento
no item 2 as formas de instalação e montagem,
no item 3 os detalhes de calibração e partida,
no item 4 são apresentados os detalhes de
operação e manutenção. No 2º tema é feita
Arquitetura para sistema de medição por exemplo, por Archimedes (250 anos a comparação do transmissor de densidade
Mecatrônica Atual 37 A.C.) para determinar que a coroa de ouro capacitivo com as outras tecnologias dis-
Medidores de densidade em linha do rei Hiero não era pura. poníveis para a medição de densidade. No
Mecatrônica Atual 17 Nos itens a seguir são apresentadas as 3º tema lista as aplicações mais frequentes
características do transmissor de densi- deste transmissor. O último assunto mostra
Princípios e metodologias para dade capacitivo para a medição contínua a conclusão deste artigo.
medição de oxigênio em meios líquidos
Mecatrônica Atual 13

44 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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supervisão

Transmissor Digital de
Densidade e Concentração
Capacitivo
O transmissor de densidade capacitivo
utiliza o princípio de medição de pressão
diferencial hidrostática entre dois pontos
separados por uma distância fixa e conhecida
para calcular com precisão a densidade e
concentração de líquidos.

1. Princípio de funcionamento
O equipamento utiliza um sensor de
pressão diferencial tipo capacitivo que se
comunica mediante capilares com os dia-
fragmas submersos no fluido do processo,
separados por uma distancia fixa.
A pressão diferencial sobre o sensor
capacitivo será diretamente proporcional à F1. Cálculo da Densidade do Fluido através do Diferencial de Pressão Hidrostática.
densidade do líquido medido (ver figura e
fórmulas). Este valor de pressão diferencial tanto em tanques abertos quanto em tanques 1b. Medição de concentração
não é afetado pela variação do nível do líquido pressurizados. A única obrigatoriedade é que Concentração é a quantidade de um
nem pela pressão interna do vaso. ambos os sensores de pressão devem estar elemento em uma solução e, portanto, esta
O transmissor de densidade capacitivo em contato permanente com o fluido que medida não é dependente da temperatura,
possui ainda um sensor de temperatura se está medindo. diferentemente da densidade.
localizado entre os sensores de pressão para Outra importante vantagem deste Se tivermos uma solução com 25% de
efetuar a correção e normalização dos cálculos transmissor é sua robustez, pois não possui açúcar a 20°C, esta solução terá uma densidade
levando em conta a temperatura do processo. partes móveis e não é afetado por vibrações ρ, quando aquecemos esta solução a 60°C
Com a temperatura do processo corrige-se da planta, diferentemente dos medidores continuaremos tendo a mesma concentração
a distância entre os diafragmas e a variação de densidade baseados na oscilação de um de 25% de açúcar na solução, mas a densi-
volumétrica do fluido de enchimento dos elemento sensor. dade da solução será ρ’, tal que ρ’ < ρ, pois
capilares que transmitem a pressão dos sempre que aumentamos a temperatura de
sensores à célula capacitiva. 1a. Medição de densidade um líquido diminuímos sua densidade.
Sendo o sensor de pressão diferencial O transmissor de densidade capacitivo Desta forma alguns processos industriais
utilizado do tipo capacitivo ele gera um sinal mede a densidade de líquidos da seguinte utilizam a concentração como unidade de
digital. Como o processamento posterior forma, observe a figura 1. medição e para controle do processo. As uni-
do sinal se realiza também digitalmente, Pressão hidrostática aplicada no trans- dades de concentração mais usadas são:
obtém-se um alto nível de estabilidade e missor de densidade capacitivo: • Grau Brix e Grau Plato: é a porcen-
exatidão na medição. P1 = r . g . h1 tagem em massa de sacarose presente
Com a informação gerada pelo sensor P2 = r . g . h2 em uma solução. Por exemplo: em
de pressão diferencial capacitivo e a tempe- P1 - P2 = r . g . (h1 - h2) uma solução a 30°Brix teremos 30g
ratura do processo, o software da unidade Δp = r . g . h de sacarose em 100g de solução. Uti-
eletrônica efetua o cálculo da densidade ou da r = Δp / g . h lização: indústrias de açúcar e álcool,
concentração, enviando um sinal de corrente indústrias de sucos, refrigerantes,
ou digital proporcional à escala de densidade No cálculo da densidade temos a cervejaria, etc.
ou concentração selecionada pelo usuário fórmula dada na figura 1, onde: • Grau Baumé: há duas fórmulas
(ºBrix, ºPlato, ºBaumé, g/cm3, etc.). r : Densidade distintas para o cálculo do Grau
A mesma informação poderá ser acessada t : Temperatura do processo Baumé, uma para líquidos mais
no indicador digital local ou de forma remota Δp : Diferencial de pressão leves que a água e outra para líqui-
através de comunicação digital. a : Coef. compensação de tempe- dos mais pesados: °Bé (leve) = 140
O transmissor inteligente de densidade ratura do fluido de enchimento / DR @ 60°F – 130; °Bé (pesado) =
capacitivo, oferece uma exatidão de ± 0,0004 tzero : Temperatura de cali- 145 – 145 / DR @ 60°F. Utilização:
g/cm 3 (± 0,1 ºBrix), e pode ser utilizado bração do Transmissor indústrias químicas, petroquímicas,
em medição de densidade desde 0,5 g/cm3 g : Aceleração da gravidade local papel e celulose, etc.
até 5 g/cm 3. h : Distância entre os diafragmas • Grau INPM: é a porcentagem em
Este método de medição é imune a varia- a : Coeficiente de dilatação do metal peso de álcool em uma solução
ções de nível do vaso e pode ser empregado tmed : Temperatura de medição de h hidroalcoólica. Por exemplo: uma

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supervisão

solução hidroalcoólica a 97°INPM indicador digital pode ser rotacionado a


contém 97g de álcool em 100g de leitura será cômoda em qualquer posição
solução. Utilização: destilarias de de montagem.
álcool, etc. O transmissor de densidade capacitivo
• Grau GL (Gay Lussac): é a porcen- pode ser montado sem a interrupção do
tagem em volume de álcool em uma processo, quando instalado em um by-pass
solução hidroalcoólica. Por exemplo: através de um vaso amostrador e devido ao
uma solução hidroalcoólica a 97°GL seu princípio de funcionamento não requer
contém 97 ml de álcool em 100 ml nenhum tipo de calibração especial em
de solução. Utilização: indústrias de laboratório para começar a funcionar, basta
bebidas, etc. energizá-lo para que ele comece a medir
• Grau API: é calculado pela expressão: imediatamente, pois ele deixa a fábrica já
°API = 141,5 / DR @ 60°F – 131,5. calibrado na unidade e no range de medição
Utilização: indústria do petróleo. selecionados pelo usuário. a) b)
• % de Sólidos: pode-se calcular a
porcentagem de sólidos de um fluido 2a. Montagem em tanques
utilizando-se a seguinte equação: % Em geral, o modelo mais adequado para
Sol.=a0 + a1.Bé + a2.Bé2 + a3.Bé3 + montagem em tanques é o tipo curvo. Este F2. Transmissores de Densidade Capa-
citivos.
a4.Bé4 + a5.Bé5. Faz-se uma tabela modelo é montado na parede do tanque, com
relacionando a concentração em Grau uma conexão flangeada ou tri-clamp.
Baumé do fluido de processo com a Quando não é possível instalar-se o reprogramação do range de trabalho é só
% de sólidos obtida no laboratório transmissor diretamente no tanque, pode-se conectar ao transmissor um programador de
e encontra-se a melhor equação utilizar um vaso amostrador externo tipo campo (hand-held) e fazer a operação, sem
que relacione estas variáveis. Após stand-pipe (ver figura 3). precisar interromper o processo. Como os
configurarem-se os coeficientes a0, cálculos de densidade e normalização por
a1,...,a5, o transmissor de densidade 2b. Montagem em linha temperatura se realizam na mesma unidade,
capacitivo estará apto a informar a % Nos processos em que não se disponha não são necessários outros dados além do
de sólidos do fluido de processo. de recipientes ou tanques de armazenamento range de densidade ou concentração que
Caso tenha-se um processo no qual para fazer a medição é possível instalar-se se vai trabalhar.
mais do que um elemento dissolvido varie o transmissor de densidade capacitivo em Uma característica fundamental deste
sua quantidade, a densidade da solução linha. Para tanto é só intercalar na linha um transmissor é que dispensa calibração em
poderá não ser proporcional à variação da vaso amostrador por onde circule o fluido laboratório.
concentração de um destes elementos, desta de processo, tal como se vê nos exemplos A alimentação se realiza pelo mesmo par
forma o transmissor de densidade não será (figuras 4a e 4b). de fios de comunicação de 4-20mA e para
adequado para se obter sua concentração. Como a entrada do produto no vaso a verificação do laço durante a partida, o
amostrador se dá simultaneamente pela transmissor pode gerar uma saída de corrente
2. Instalação e montagem parte superior e inferior, a medição não constante definida pelo usuário.
Sendo o transmissor de densidade ca- é afetada pela velocidade de circulação Caso o usuário necessite que o valor de
pacitivo uma unidade única e integrada, do fluido. densidade ou concentração seja expresso em
sua instalação torna-se muito simples, Outra alternativa de montagem é o uma unidade diferente das normalmente
necessitando de apenas uma penetração no uso de vaso amostrador com descarga por usadas, por exemplo, % de sólidos, duas
recipiente, esta característica o diferencia transbordamento, nesta configuração o opções são disponíveis:
de outros sistemas de medição. produto entra pela parte inferior e transborda • Um polinômio do 5º grau com os
Esta linha de transmissores de densidade na parte superior (figuras 4c). coeficientes configuráveis para realizar
inclui um modelo industrial com montagem Desta forma, se dimensiona o recipiente a correlação entre a função da unidade
flangeada (figura 2a) e um modelo sanitário para que a altura da coluna de líquido cons- do usuário e a densidade;
com conexão ao processo usando braçadeira tante, que transborda, cubra completamente • Uma tabela de 16 pontos com duas
tipo tri-clamp (figura 2b). os sensores de pressão do transmissor. entradas para realizar uma lineariza-
No modelo sanitário, a sonda que fica ção da função que relaciona a unidade
imersa no fluido de processo têm acaba- 3. Calibração e partida do usuário com a densidade.
mento superficial polido, de acordo com a O transmissor de densidade capacitivo Habilitando uma destas duas opções,
norma 3 A para evitar depósito de produto é calibrado em fábrica na unidade de enge- o transmissor de densidade e concentra-
e crescimento de bactérias. nharia e no range de medição designados ção medirá primariamente a densidade,
Ambos os modelos, podem ser mon- pelo usuário, desta maneira basta instalar enquanto que a indicação local e a saída
tados de forma lateral (em tanques) ou de o equipamento e energizá-lo que ele já co- digital seguirão a função carregada no
topo (em vasos amostradores). Como o meça a medir. Em caso de recalibração ou polinômio ou na tabela.

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4. Operação e manutenção
O transmissor de densidade capacitivo
oferece uma indicação direta e em unidades
de engenharia do valor da densidade do
líquido, assim como de sua temperatura,
tanto no indicador local como através da
comunicação digital.
Este transmissor foi projetado para
poder trabalhar com fluidos sujos e sólidos
em suspensão, sem precisar de filtragem.
O desenho dos sensores de pressão faz
com que seja muito pouco frequente o
depósito de produto sobre eles, desta for-
ma não é necessária limpeza periódica do
equipamento. F3. Transmissores de Densidade Capacitivos.
O modelo sanitário foi projetado es-
pecialmente para trabalhar com sistemas
de limpeza CIP, assegurando que todas as
partes do transmissor que tenham contato
com o processo sejam alcançadas pelo fluido
de lavagem do sistema CIP.

O Transmissor Digital de
Densidade e Concentração a) b) c)
Capacitivo comparado a
Outras Tecnologias

1. Transmissor de Densidade
Capacitivo
O Transmissor Digital de Densidade
e Concentração Capacitivo oferece uma F4. Transmissores de Densidade Capacitivos.
exatidão de ± 0.0004 g/cm³, permitindo
que o usuário produza um produto com 2. Transmissor Radioativo uma alimentação de potência, não pode ser
qualidade mais uniforme, além de em muitos O transmissor de densidade nuclear utiliza alimentado por um par de cabos.
casos proporcionar economia de aditivos uma fonte radioativa, normalmente o Césio Este sistema só pode ser utilizado em
e energia. O transmissor de densidade ca- 137, para inferir a densidade do fluido. Este líquidos em movimento, portanto não pode
pacitivo é uma unidade única e integrada, equipamento é composto de duas partes, que ser instalado em tanques.
portanto requer uma única perfuração no são instaladas a 180° na tubulação de processo, O transmissor de densidade nuclear não
tanque, e não tem partes móveis, além disto, uma fonte e um receptor. A fonte nuclear tem contato com o fluido de processo sendo
os cálculos de densidade e compensação de emite feixes de raios gama que atravessam a desta forma imune a corrosão, abrasão ou
temperatura são feitos na própria unidade parede do tubo e o fluido de processo. Estes incrustação.
eletrônica não necessitando de hardware raios gama são absorvidos pelo receptor do
adicional e as indicações estão disponíveis transmissor. A densidade do fluido é inversa- 3. Transmissor de Diapasão
em campo. mente proporcional à radiação recebida pelo Vibrante
Pode ser instalado em tanques ou em receptor. A radiação detectada é convertida Este método de medição de densidade
linha com a utilização de um vaso amos- em pulsos proporcionais de luz, os quais são utiliza um diapasão ou garfo vibrante. A
trador. Como este transmissor tem uma convertidos em sinais elétricos (4 – 20 mA), frequência de ressonância deste diapasão
sonda em contato permanente com o fluido ou outros sinais usuais de processo. depende da densidade do fluido no qual ele
de processo, devem ser tomados cuidados Este método requer, desde o momento está submerso. O diapasão é excitado por
especiais quando instalado em fluidos da instalação, licença especial governamental um excitador piezelétrico e sua ressonância
incrustantes. Neste caso deve-se prever devido ao uso de fontes radioativas. Além do é detectada por um coletor piezelétrico.
um sistema de limpeza para ser acionado mais deve-se verificar periodicamente se não Devido ao consumo elevado, os trans-
especialmente quando haja uma parada no existe vazamento de radiação na instalação. missores de diapasão vibrante requerem
processo. Para fluidos corrosivos deve-se A instalação compreende a fonte, o detector, alimentação separada do laço de 4-20 mA.
selecionar um material adequado para a a unidade eletrônica e o cabeamento entre os Este tipo de transmissor é indicado para ser
sonda do equipamento. mesmos. Como a fonte de radiação requer empregado em fluidos limpos, não corro-

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sivos e não incrustantes, pois o diapasão infravermelho, envia um feixe de luz contra Aplicações
vibrante está em contato permanente com a interface entre um prisma e o fluido de A versatilidade do transmissor de den-
o fluido de processo. processo, com diferentes ângulos. Alguns sidade capacitivo permite ao usuário uti-
raios são totalmente ref letidos, outros lizar a unidade de medição mais indicada
4. Transmissor Mássico de Efeito parcialmente refletidos e outros sofrem de acordo com o processo. A indicação
Coriolis refração na solução dependendo do ângulo. deste transmissor pode ser expressa em
Os medidores de vazão mássica baseados O ângulo crítico medido é uma função da unidades de densidade tais como: g/cm3,
no efeito Coriolis medem a densidade do densidade do fluido. Fotocélulas convertem kg/m3, lb/ft3, densidade relativa (@20ºC,
fluido como um dos parâmetros para o a imagem óptica em sinal elétrico. @4ºC) ou concentração (ºBrix, ºBaumé,
cálculo da vazão mássica. Os refratômetros não são sistemas a ºPlato, ºINPM, ºGL, % de sólidos, % de
Estes medidores utilizam pares de tubos, 2 fios e portanto requerem alimentação concentração).
normalmente em formato de “U”, por onde externa, a unidade eletrônica é separada A troca de uma unidade de medição
circula o fluido de processo. Estes tubos e interconectada ao sensor através de um por outra não implica na necessidade de
são excitados magneticamente para uma cabo. re-calibração do transmissor.
frequência de vibração. Quando vazios, estes O refratômetro requer que o prisma que Algumas aplicações frequentes são:
tubos têm uma determinada frequência de faz a refração da luz esteja sempre limpo, Usinas de açúcar e álcool:
vibração que é alterada quando há a circu- portanto cuidados especiais devem ser • Grau Brix no mosto e no mel,
lação de fluido por eles. A relação entre a tomados na instalação para não ocorrer o • Grau Brix no xaro-
frequência de vibração dos tubos com e sem acúmulo de resíduos. Este tipo de medidor pe dos evaporadores,
fluido é proporcional à densidade. só pode ser aplicado em fluidos em mo- • Grau INPM na saída das
Os transmissores de vazão mássica vimento, portanto são inadequados para colunas de destilação,
tipo Coriolis são instalados em linha na instalação direta em tanques. • Grau Baumé do leite de cal,
tubulação e consequentemente inadequados • Densidade do lodo no decantador,
para medidas em tanques. São adequados 7. Areômetros • Nível de interface ál-
somente para fluidos limpos e sem sólidos Os areômetros não fornecem medição cool/ciclohexano.
em suspensão, pois os tubos têm pequenos contínua, são utilizados para medições
diâmetros e podem entupir. Outra dificul- periódicas, tomando-se amostras do fluido Indústrias alimentícias:
dade é a intercambiabilidade, porque não de processo Algumas aplicações requerem • Concentrados de frutas,
há nenhuma norma para regulamentar as precauções especiais, pois podem expor os • Cremes e leite condensado,
dimensões entre flanges. operários a substâncias tóxicas ou corrosivas • Concentração de misce-
Para processos que se necessite da vazão no momento de se coletar amostra ou em la em óleos vegetais.
mássica pode-se obter também a densidade seu manejo posterior. • Diluição de amido,
utilizando-se um medidor mássico de efeito A exatidão da medição que se pode • Méis, geléias, etc.
Coriolis. obter com estes medidores é em geral
muito baixa. Indústrias de bebidas:
5. Densidade Inferida • Grau Plato em fermen-
Este método utiliza um transmissor de 8. Análise de laboratório tadores de cerveja,
pressão diferencial com dois selos remotos, ou Da mesma forma que na medição com • Grau Plato em cozedores
então dois transmissores de pressão. Desta areômetros, na medição por análise em de cerveja,
forma mede-se a pressão em dois pontos, laboratório deve-se coletar uma amostra • Grau alcoólico (INPM ou GL),
com o que se pode inferir a densidade. do fluido de processo e analisá-lo no la- • Grau Brix em diluições de
Normalmente se faz necessário uma medição boratório. xaropes,
adicional de temperatura para se efetuar Apesar da exatidão conseguida na • Concentração de sucos,
os cálculos de compensação. A instalação medição da densidade ou concentração • Densidade de derivados
requer a montagem dos três transmissores em laboratório ser em geral muito boa, de leite,
e em alguns casos de computadores de em muitos casos os valores obtidos não • Grau Brix do café solúvel.
campo, onde se realizam os cálculos. Em corresponde à realidade, pois as condições
geral, o cálculo de densidade se obtém em ambientais do processo não podem ser Indústrias químicas e petroquímicas:
um sistema central e, portanto, não está reproduzidas em laboratório, o que pode • Densidade e concen-
disponível em campo. ocasionar erros na análise. tração de ácidos,
Em processos que variam rapidamente • Densidade de soda cáustica,
6. Refratômetro (por exemplo, em alguns processos de fer- • Densidade de cloreto de sódio,
Este método de medição de densidade mentação), o tempo de demora na análise • Densidade de leite de cal,
baseia-se na refração da luz. O transmissor pode levar a tomar decisões errôneas porque • Densidade de gasolina, que-
é composto por prisma óptico, fonte de o valor conseguido na análise carece de rosene, óleo diesel, GLP,
luz e sensor. A fonte de luz, normalmente validade. • Nível de interface água/óleo.

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supervisão

Indústrias de celulose e papel:


• Concentração de hidróxido de
potássio,
• Concentração de licores
(licor negro, licor verde, etc.),
• Densidade de lama de cal,
• Concentração de soda cáustica,
• Diluição de amido,
• Diluição de celulose.

Mineração:
• Densidade da polpa de minério,
• Densidade da polpa na
saída do espessador,
• Densidade na entrada e
saída da célula de flotação,
• Densidade na saída das
espirais de concentração,
• Densidade da extração de lama,
• Diluição de ácidos,
• Densidade da lama de cal.

Conclusão
Utilizando-se um transmissor de den-
sidade para medir-se de forma contínua a
densidade ou a concentração de processos
industriais podem-se obter muitos bene-
fícios, tais como: automatizar o processo
diminuindo sua variabilidade, aumentar a
produtividade, otimizar o processo reduzin-
do em alguns casos o uso de reagentes e de
energia, eliminar ou diminuir drasticamente
o custo de mão-de-obra relacionada a toma-
das de amostras e análises de laboratório,
eliminar perdas e leituras erradas relacionadas
a tomadas de amostras, prover dados em
tempo real para o sistema de gerenciamento
e controle de processo, disponibilização
máxima de dados para o controle estatís-
tico do processo (melhora do controle de
qualidade), aumento da confiabilidade do
processo garantindo maior uniformidade
e qualidade do produto final. MA

Evaristo Orellana Alves é Graduado


em Engenharia Mecânica pela FEI
(Faculdade de Engenharia Industrial)
em 1985. Trabalha na Smar Equipa-
mentos Industriais desde 1986, tendo
atuado na Engenharia de Produto, na
Engenharia de Desenvolvimento e
atualmente é Gerente de Produto dos
Transmissores de Pressão e Den-
sidade na Divisão de Marketing da
empresa. Seu e-mail para contato é
evaristo@smar.com.br

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chão de fábrica

O Brasil
aos olhos
do mundo
Rebecca Lee
Senior Sales Manger
Advantech Taiwan

O Brasil, assim como todos os países da


América Latina, possui em seu histó-
rico - revoluções políticas, desacordos
entre sociedade e governo e inexistência
de democracia e direitos humanos. A
economia sazonal e irregular sempre
causou risco e desconfiança para os
investidores externos.
No entanto, hoje apresenta um
cenário diferente do histórico da América
O constante “Progresso” brasileiro
é reconhecido por todo o mundo, ne-
nhum país hoje atrai mais olhares do
que o Brasil. O Brasil é hoje o 3º maior
mercado da Unilever e o 2º maior da
Nestlé. Atualmente, há uma energia
positiva no povo Brasileiro.
Todos os países cresceram com as
Olimpíadas, assim como Pequim e China.
Acredito que muitas oportunidades de


Latina. O país construiu a sua marca negócios irão surgir neste período, empresa
própria, firmou as cores da sua bandeira do setores de tecnologia, indústrias de
e apresentou ao mundo seu estilo de viver bebidas, indústria alimentícia, setor têxtil,
O mundo irá e progredir. Alguns meses após assumir
a Gerência de Vendas na Advantech, fui
telefonia e energia irão crescer bastante neste
período. O mundo irá penetrar no Brasil
investigar sobre o que havia escrito na durante dois anos seguidos com os eventos
penetrar no Brasil Bandeira brasileira.
Além das suas cores fortes e vibrantes,
da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O
Brasil é hoje um mercado cobiçado pelas
demorei a entender por que as palavras maiores empresas do Mundo.
durante dois anos “Ordem e Progresso” apareciam em Independentemente das Olimpíadas
destaque no símbolo nacional. Após e da Copa do Mundo, no Brasil, muitos
seguidos com os tantos conflitos econômicos e políti-
cos na América Latina, percebo que o
negócios giram em torno das riquezas
naturais. Negócios como água potável,
Brasil busca uma constante evolução de reservas minerais, petróleo, etanol e
eventos da Copa “Ordens”, um país que está buscando
sempre trabalhar em cima de acordos,
tecnologia de desenvolvimento agrícola
são os que fazem do Brasil um país
sejam eles internacionais ou mesmo naturalmente rico e progressista.
do Mundo e das nacionais, acordos mútuos entre pessoas Há muito para acontecer no Brasil,
e empresas. estamos só no começo. MA

Olimpíadas.
50 Mecatrônica Atual :: Janeiro/Fevereiro 2010

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instrumentação

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