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Enfermagem

Médica

2ª Etapa
COMPETÊNCIAS DA DISCIPLINA

 Caracterizar clínica médica e enfermagem médica;


 Identificar a fisiopatologia, exames de rotina e específicos e o preparo do paciente para tais;
 Saber prestar assistência de enfermagem aos pacientes da clínica médica.

O ALUNO DEVERÁ SER CAPAZ DE:

 Reconhecer os sinais de anormalidade da saúde no corpo humano;

 Descrever as características dos pacientes de clínica médica, identificando os principais


exames de rotina e reconhecendo os sinais de anormalidade da saúde no corpo humano,
através do exame físico;

 Identificar os principais problemas que afetam o aparelho cardiovascular do paciente,


descrevendo os métodos terapêuticos;

 Identificar os principais problemas do aparelho respiratório que afetam o paciente;

 Identificar os principais problemas que afetam o aparelho gastrintestinal do paciente,


descrevendo os métodos terapêuticos;

 Identificar todas as afecções hematológicas, descrevendo os métodos terapêuticos;

 Identificar e atender à parada cardio-respiratória.

DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS

1º Bimestre – 40 pontos

 20 pontos: a critério do professor

 20 pontos: avaliação bimestral

2º Bimestre – 60 pontos

 20 pontos: a critério do professor

 10 pontos: mostra

 30 pontos: avaliação final

Carga Horária Semanal: 04 horas/aulas

Carga Horária Total: 80 aulas


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM MÉDICA

2. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS AFECÇÕES CARDIOVASCULARES

2.1 Insuficiência cardíaca congestiva


2.1.1 Conceitos gerais
2.1.2 Fisiopatologia
2.1.3 Cuidados de Enfermagem
2.2 Endocardites – miocardites – pericardite
2.3 Infarto do miocárdio
2.3.1 Arteriosclerose
2.3.2 Angina pectoris
2.4 Tromboflebites
2.5 Varizes
2.6 Hipertensão Arterial Sistêmica
2.6.1 Conceitos gerais
2.6.2 Cuidados de enfermagem
2.6.3 Aneurisma
2.6.4 Embolias
2.6.5 Acidente Vascular Cerebral

3. ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM NAS AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS


3.1 Resfriado comum
3.1.1 Conceitos gerais
3.1.2 Fisiopatologia
3.1.3 Cuidados de Enfermagem
3.2 Faringite e amigdalite
3.2.1 Fisiopatologia
3.2.2 Cuidados de enfermagem
3.3 Pneumonias e pleurites
3.4 DPOC
3.4.1 Bronquites agudas e crônicas
3.4.2 Bronquiectasia
3.4.3 Enfisema
3.4.4 Asma brônquica
3.5 Insuficiência respiratória aguda
3.6 Pneumotórax e hemotórax
3.7Edema agudo de pulmão
3.8 Métodos terapêuticos
3.8.1 Oxigenoterapia
3.8.2Drenagem postural

4. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS AFECÇÕES GASTROINTESTINAIS


4.1Estomatite
4.2 Gastrite
4.2.1 Úlcera péptica
4.3 Tumor
4.4Diarréias
4.5- Colites
4.5.1Constipação intestinal
4.6 Hepatite tóxica;
4.6.1 Cirrose Hepática
4,7 Colecistite;
4.8 Apendicite;
4,9 Pancreatite.

5. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS PROBLEMAS HEMATOLÓGICOS

5.1 Anemias
5.1.1Hemofilia
5.1.2 Leucemia
5.1.3Hemoterapia
5.2 Papel da Enfermagem na transfusão de sangue
5.3 Doença de Hodgkin – Linfomas.
1. INTRODUÇÃO À ENFERMAGEM MÉDICA

A clínica médica consiste em um grupo de especialidades médicas que se fazem


presentes no ambiente hospitalar. Tais especialidades incluem a cardiologia, endocrinologia,
gastroenterologia, hematologia, nefrologia, pneumologia e reumatologia.

Na unidade de clínica médica o paciente é internado, sendo submetido a exames


clínicos (anamnese), físicos, laboratoriais e especiais. Esses exames visam estabelecer um
diagnóstico bem como o tratamento adequado. Nesse contexto, faz-se importante a
presença da equipe multiprofissional, na área médica, na enfermagem, na nutrição e na
psicologia.

A enfermagem destaca-se como uma atividade de alto nível, visto que envolve um
plano de cuidado com o uso de determinadas técnicas. Essa assistência visa à integração
biopsicossocial e espiritual do ser humano.
2. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS AFECÇÕES CARDIOVASCULARES

2.1 Insuficiência cardíaca congestiva

2.1.1 Consideração gerais

O coração é um órgão oco, está localizado no centro do tórax, ocupando o espaço


entre os pulmões e se apoiando sobre o diafragma.
É formado por quatro câmaras cardíacas separadas pelo septo (intra-atrial e
ventricular): átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo direito e ventrículo esquerdo. As válvulas
cardíacas permitem as comunicações entre os átrios e ventrículos. A do lado direito do
coração é a tricúspide e a do lado esquerdo a bicúspide ou mitral.
A sístole é compreendida como o movimento de contração das câmeras cardíacas e
a diástole é o relaxamento. Quando os átrios entram em sístole os ventrículos entram em
diástole.
A função cardíaca consiste em receber o sangue venoso proveniente de todo o
organismo, por meio da veia cava inferior e superior e enviá-lo aos pulmões, através da
artéria pulmonar. Para posteriormente, receber o sangue pelas veias pulmonares e
impulsioná-lo novamente à circulação sistêmica pela artéria Aorta.

Figura 1. O coração e suas estruturas

Fonte: http://www.ideiasmodernas.com/sistema-cardiovascular-transportando-o-sangue/
2.1.2 Fisiopatologia

A Insuficiência Cardíaca Congestiva acontece quando o coração não consegue


bombear uma quantidade apropriada de sangue que possa satisfazer as necessidades de
oxigênio e de nutrientes dos tecidos.

Essa patologia ocorre devido à congestão circulatória ocasionada pela diminuição da


contratilidade do miocárdio. Como consequência, o débito cardíaco torna insuficiente para
manter um fluxo sanguíneo adequado. Esse processo produz retenção hídrica, de sódio e
aumento da pressão na câmara cardíaca esquerda.

Se a insuficiência cardíaca ocorrer do lado esquerdo provocará edema pulmonar,


uma vez que com a perda da força contrátil o coração não consegue bombear o sangue
para o organismo, com isso tende acumular sangue nos espaços pulmonares. Por outro
lado, se a insuficiência ocorrer no lado direito do coração, o ventrículo direito dilatará e a
oxigenação do sangue diminuirá.

Na fase inicial, pode ocorrer tanto a Insuficiência Ventricular Direita(ICD) quanto a


insuficiência ventricular esquerda (ICE). Na ICE as manifestações são: dispneia de esforço,
respiração superficial, dispneia noturna, ortopneia, tosse e fadiga, insônia, taquicardia e
inquietação. Na ICD ocorre elevação da pressão e congestão de veias e capilares
sistêmicos, edema nos tornozelos (o qual aumenta no final do dia e diminui com o repouso e
elevação dos membros); congestão hepática; dilatação das jugulares, anorexia, náusea,
fraqueza.

Causas
 Hipertensão arterial
 Arteriosclerose
 Infarto agudo do miocárdio
 Miocardite
 Endocardite reumática
 Insuficiência aórtica
 Hipervolemia
 Anemia
 Deficiência alimentar prolongada
 Insuficiência renal

O diagnóstico é feito através do exame físico e anamnese. Caso seja encontrado


achados cardiovasculares significativos; será realizado o exame de sangue para a dosagem
de sódio e potássio, ECD, RX de tórax e gasometria e se necessário o cateterismo cardíaco.

O tratamento tem como objetivo melhorar a contratilidade do coração, eliminar o


excesso de líquidos no organismo, bem como restaurar a eficiência do miocárdio, reduzindo
a demanda circulatória e suprimindo os fatores que estimulam a ação cardíaca. Por isso, é
recomendado:

 repouso;
 dieta branda, fracionada com pouco resíduo e hipossódica;
 administração de digitálicos que aumentam a contratilidade do músculo cardíaco e
de diuréticos que auxiliam na eliminação do excesso de líquidos;
 oxigenoterapia no alívio da dispneia.

2.1.3 Cuidados de Enfermagem

 Proporcionar conforto ao paciente, mantê-lo em repouso, observando na prescrição


o grau de atividade a que ele poderá ser submetido.
 Promover ambiente calmo e tranquilo que garanta o sono e o descanso do paciente;
 Incentivar a mudança de decúbito de 2/2 horas;
 Estimular e supervisionar a respiração profunda;
 Executar exercícios passivos e ativos com os MMII;
 Manter a cama em posição de Fowler;
 Pesar o paciente diariamente;
 Realizar o balanço hídrico;
 Oferecer dieta leve, hipossódica e fracionada;
 Anotar alterações no funcionamento intestinal;
 Administrar os medicamentos conforme a prescrição, adotando cuidados especiais
na administração deles;
 Observar o aparecimento de Sinais e Sintomas de intoxicação medicamentosa;
 Solicitar o enfermeiro sempre que houver dúvidas na conduta prescrita.

2.2 Endocardites – miocardites – pericardites

Endocardite
O endocárdio é uma camada tecidual que reveste as cavidades do coração,
recobrindo os folhetos de suas válvulas. À inflamação dessa camada dá-se a denominação
de endocardite.
Dentre as doenças que afetam o endocárdio, causando um quadro inflamatório,
temos: endocardite reumática, endocardite infecciosa e doença cardíaca valvular crônica.

Manifestações clínicas
- Calafrios
-Febre
-Sudorese
-Anorexia
- Emagrecimento
- Tosse
-Dor lombar e esplenomegalia
-Aparecimento de petéquias, máculas nas regiões plantares e palmares
- Nódulos avermelhados e dolorosos nas polpas dos dedos
- Diminuição do murmúrio vesicular
- Cefaleia

Causas
A endocardite pode se manifestar tanto numa válvula cardíaca já lesada por alguma
outra doença como também pode ser resultante de contaminação de válvulas normais. Pode
ocorrer de maneira secundária às cirurgias cardíacas, especialmente às que usam próteses
valvulares, à cateterização venosa demorada, a terapias endovenosas e antibióticas
demoradas. Apresenta grande incidência entre os viciados em drogas injetáveis.

Diagnóstico
É realizado mediante detalhado exame físico e anamnese com observação dos
sinais e sintomas característicos da doença. São utilizados exames laboratoriais como a
hemocultura, o ECG, a ecocardiografia, provas e atividades reumáticas.

Tratamento
Consiste no cuidado das manifestações apresentadas pelo paciente, na
antibioticoterapia, no uso de antitérmicos, de antiinflamatórios e no repouso. Nos casos
graves é indicado a intervenção cirúrgica para reparação ou substituição das válvulas
lesadas.

Cuidados de Enfermagem
A assistência de enfermagem dá-se na prevenção e identificação precoce da
doença, no tratamento e reestabelecimento do indivíduo. Os cuidados serão individualizados
e prescritos diariamente pelo enfermeiro:

- Controlar os sinais vitais;


- Verificar temperatura a intervalos de 6/6 horas;
- Realizar a punção venosa e anotar a data em que foi feita;
-Observar as alterações ocorridas com o paciente;
- Em situação de urgência, solicitar a presença do Enfermeiro e/ou do médico;
- Proporcionar conforto e repouso ao paciente.

Miocardites

É um processo inflamatório que acomete o miocárdio, causado por complicação da


febre reumática e por infecções virais, bacterianas e fúngicas.

Manifestações clínicas

Os sinais e sintomas irão se manifestar de acordo com o tipo de infecção, o grau da


lesão miocárdica e a capacidade de regeneração do coração. Podem ser observados
sintomas como fadiga e dispneia, palpitações, dor e desconforto torácicos, febre e sinais de
insuficiência cardíaca congestiva.

Diagnóstico

É realizado através do exame físico e da anamnese do paciente, mediante a


utilização de exames laboratoriais que constam de hemocultura, provas da atividade
reumática, provas de função cardíaca e eletrocardiografia (ECG).
Tratamento

A terapêutica reside em promover conforto e repouso no leito, no tratamento da


insuficiência cardíaca, pelo uso de digitais e diuréticos e na administração de antitérmicos,
antiinflamatórios e antibióticos.

A falta de resposta ao tratamento pode complicar o quadro, com o surgimento de


insuficiência cardíaca congestiva (ICC), edema pulmonar, trombose venosa e embolia.

Cuidados de enfermagem

 Proporcionar ambiente calmo e livre de estresse;


 Proporcionar repouso rigoroso no leito;
 Verificar os sinais vitais em intervalos de 6/6 horas ou conforme a prescrição;
 Realizar mudança de decúbito de 2/2 horas;
 Prestar cuidados higiênicos no leito, atentando para não cansar o paciente;
 Orientar e supervisionar a respiração profunda;
 Realizar exercícios passivos e ativos nos membros inferiores;
 Administrar a medicação prescrita, observando o aparecimento de sintomas tóxicos do
medicamento;
 Relatar as alterações ocorridas com o paciente;
 Executar suas atividades com habilidade e segurança, atentando para suas ansiedades;
 Dar atenção às queixas do paciente, tentando aliviá-las imediatamente, sempre que
possível;
 Solicitar a presença do enfermeiro, sempre que necessário.

Pericardite

O pericárdio é um saco membranoso que envolve o coração. A pericardite é a


inflamação dessa membrana e tem como causas a febre reumática, infecções por vírus e
bactérias, traumatismos torácicos, cirurgias cardíacas, infecções respiratórias e renais e
pode ainda ocorrer como complicação do infarto do miocárdio.

Manifestações clínicas

Dor na parede anterior do tórax, que é percebida abaixo da clavícula, na região


escapular e no pescoço. Agrava-se com a respiração e a mudança de decúbito. Essa dor
pode ser aliviada quando o paciente está na posição sentada ou quando o tórax é inclinado
para frente. Estão presentes também dispneia, febre, sudorese, calafrios e arritmias. Podem
ocorrer queixas de uma sensação de plenitude dentro do tórax e de dor subesternal mal
definida.

Diagnóstico
Exame físico minucioso com ausculta cardíaca e anamnese. Exames laboratoriais,
como hemocultura, eletrocardiograma (ECG), ecocardiografia, pericardiocentese (punção do
pericárdio), são de fundamental importância na determinação do diagnóstico.

Tratamento

O tratamento consiste no repouso rigoroso, na administração de antibióticos e


corticoides de antiinflamatórios, analgésicos, antitérmicos e na pericardiocentese, quando
houver tamponamento cardíaco.

Cuidados de enfermagem

- Verificar de 6/6 h os sinais vitais;

- Encorajar o paciente a permanecer em repouso, quando apresentar dor torácica e/ou


febre;

- Observar e relatar, se o paciente se queixa de dor durante a mudança de decúbito;

- Orientar e supervisionar a respiração profunda, exceto nos casos em que esta atividade
desencadeie dor torácica grave;

- Executar exercícios passivos e ativos nos membros inferiores;

- Atentar às alterações ocorridas com o paciente e relatá-las no prontuário;

- Administrar a medicação prescrita, observando o aparecimento de sintomas de toxicidade;

- Solicitar a presença do enfermeiro, quando necessário.

2.3 Infarto agudo do miocárdio

O infarto agudo do miocárdio refere-se ao processo em que o tecido miocárdio PE


destruído em áreas cardíacas, que foram privadas do suprimento sanguíneo adequado. É
causado por uma oclusão da artéria coronária ou de um de seus ramos, quer por um
trombo, quer pela obstrução da luz do vaso por aterosclerose. Ocorre um desequilíbrio entre
o suprimento e a demanda de oxigênio o miocárdio.

Oclusão coronariana, ataque cardíaco e infarto do miocárdio, são expressões usadas


como sinônimos, porém o termo infarto do miocárdio é utilizado com maior frequência.

Manifestações clínicas

Essa patologia, normalmente acomete indivíduos do sexo masculino, com idade


superior a 40 anos e portadores de aterosclerose dos vasos coronarianos. Entretanto,
podem ocorrer crises em mulheres e homens mais jovens, na faixa etária entre 20 e 30
anos.
As manifestações típicas começam por dor súbita, geralmente na parte inferior da
região esternal e no abdome superior. É uma dor constante e constritiva, podendo aumento
a sua intensidade até tornar-se insuportável. Essa dor intensa, tipo garra, irradia-se para os
ombros e braços, geralmente para o lado esquerdo. Ao contrário da angina, ela começa
espontaneamente, persiste por horas ou dias e não é aliviada pelo repouso nem pelo uso de
nitroglicerina. A pulsação pode tornar-se muito rápida, irregular e fraca, quase imperceptível.

O indivíduo com oclusão grave pode apresentar sinais de choque; a pele adquire
uma coloração acinzentada, com uma sudorese intensa e viscosa; ocorre uma hipotensão
em níveis muito baixos, e a temperatura corporal eleva-se em poucas horas. São frequentes
ainda sintomas como ansiedade, inquietação, dispneia, fraqueza, vertigem, náuseas e
vômitos.

OBS: É importante lembrar que alguns pacientes com infarto agudo do miocárdio
podem não apresentar sintomatologia clínica, sendo ele diagnosticado somente
através do ECG. Esses pacientes são denominados de “coronarianos silenciosos”.

Diagnóstico

O diagnóstico de IAM pode ser obtido a partir do aparecimento da sintomatologia já


descrita, da história clínica, de exames físicos e laboratoriais, como o eletrocardiograma
(ECG), a dosagem da transaminase glutâmico oxalacética (TGO), a creatinofosfoquinase
(CPK) e da desidrogenase, que se apresentam em níveis elevados logo após a instalação
do infarto e a cineanginocoronariografia – cateterismo.

O prognóstico sobre o paciente dependerá da extensão da área lesada e da


assistência que ele receberá nas últimas horas.

Tratamento

As primeiras 48 horas após o infarto são as mais críticas e requerem vigilância


constante, pois a zona do infarto pode aumentar progressivamente e o risco de choque
cardiogênico e fibrilação ventricular é elevado.
O tratamento tem como objetivo detectar e tratar as arritmias, aliviar o choque e a
dor, proporcionar repouso ao miocárdio, evitar possíveis complicações e interromper a
evolução da arteriosclerose, que é basicamente responsável pelo IAM – angioplastia.

Cuidados de enfermagem

Os cuidados a serem prestados no portador de IAM deverão ser individualizados e,


assim sendo, serão prescritos pelo enfermeiro. Entretanto, alguns integram a rotina,
conforme apresentados:
- Cuidados imediatos:

 Proporcionar ambiente calmo e repousante;


 Verificar os sinais vitais de 30 em 30 minutos. Se o paciente estiver sob monitorização,
ficar atento aos sinais de alarme;
 Realizar punção venosa em vaso calibroso;
 Realizar oxigenação e massagem cardíaca, em caso de urgência e solicitar a presença
do plantonista;
 Anotar a diurese de hora em hora;
 Prestar cuidados higiênicos ao paciente, no leito;
 Estimular respiração profunda;
 Realizar mudança de decúbito de 2 em 2 horas;
 Realizar exercícios passivos com os membros inferiores;
 Manter vigilância constante, anotar as alterações e solicitar imediatamente a presença do
médico e/ou do enfermeiro, nas situações de risco.

- Convalescença

 Auxiliar o paciente a se levantar do leito e deambular quando não houver contra


indicação;
 Evitar expor o paciente a atividades que desencadeiem dispneia ou cansaço excessivo;
 Não expor o paciente a extremos de frio ou calor;
 Orientar os familiares a evitarem conversas excessivas e assuntos desagradáveis;
 Oferecer dieta levem hipossódica e hipolipídica;
 Não oferecer líquidos gelados, pois desencadeiam arritmias;
 Atentar para as alterações na prescrição da enfermagem;

2.3.1 Arteriosclerose

A arteriosclerose é uma patologia que acomete as artérias e se caracteriza por


endurecimento, perda de elasticidade e espessamento das paredes arteriais.

Apresenta três formas principais, assim representadas:

- Aterosclerose: a mais comum, manifestada pela formação das placas de ateroma.

- Esclerose média: consiste na calcificação da camada média das artérias.

- Arteriosclerose: manifestada por esclerose arteriolar difusa, com espessamento


endotelial e fibromuscular das paredes das arteríolas.

Etiologia

Acredita-se que pode estar relacionada com uma predisposição hereditária para a
arteriosclerose. Entre os fatores de risco incluem-se a idade, o sexo e a raça. Verifica-se
maior incidência entre os homens de cor branca, na faixa etária de 35 a 44 anos.
Tensão emocional, hipertensão, obesidade, diabetes mellitus, inatividade física e o
fumo são considerados também fatores de risco para a arteriosclerose.

Manifestações clínicas

A sintomatologia específica, bem como os sinais de aterosclerose estão na


dependência do órgão ou tecido afetado, podendo ocorrer as seguintes doenças cardíacas:
Infarto agudo do miocárdio (IAM), Angina pectoris e AVE.

Tratamento

Uma vez que a arteriosclerose e a aterosclerose podem afetar diferentes partes do


organismo, o tratamento será realizado no local da afecção (lesão).

Deve-se ainda atentar para a redução dos fatores de risco, já descritos, enfatizando-
se a importância do autocuidado e uma reeducação alimentar.

2.3.2 Angina pectoris

A angina pectoris é uma síndrome caracterizada por paroxismos de dor ou por uma
sensação de opressão na região anterior do tórax, que surge como consequência de um
fluxo sanguíneo coronariano insuficiente ou de um suprimento inadequado de oxigênio ao
tecido miocárdico.

Em geral é causada pela aterosclerose associada a uma obstrução de uma artéria


coronariana importante. Pode ainda ser secundária ao aparecimento de estenose, ou
insuficiência aórtica grave, hipertireoidismo, anemia, aortite e taquicardia.

Manifestação clínica

Os sintomas da angina manifestam-se através de uma dor de intensidade variável


localizada atrás da parte médio ou no terço superior do externo, sentida profundamente, no
tórax. O paciente pode colocar a mão fechada sobre o local da dor. Normalmente, essa dor
irradia para o pescoço, ombros, ou extremidades superiores, mais frequentemente do lado
esquerdo. Uma sensação de fraqueza nos braços, nos punhos e nas mãos mesmo de morte
iminente, acompanhada de apreensão intensa, pode ser experimentada pelo paciente.

Cada crise costuma ter duração inferior a 3 minutos, mas pode perdurar por 5 a 15
minutos, quando o paciente se encontra em repouso.

Os fatores que podem desencadear a dor são: esforço físico exagerado, ingestão de
refeição pesada, emoções fortes, excitação, exposição ao frio.

Diagnóstico

A avaliação diagnóstica é feita por meio da observação das manifestações clínicas,


do teste de nitroglicerina com resposta positiva, ou seja, quando há melhora da dor com
administração de comprimidos de nitroglicerina, por via sublingual, e também através do
ECG e do teste de esforço.

Tratamento

Consiste em reduzir a carga do trabalho cardíaco, diminuindo assim, a demanda de


oxigênio do miocárdio. Consiste, ainda em aliviar a dor com fármacos, especialmente a
nitroglicerina , e em prevenir o infarto agudo do miocárdio.

Em casos mais graves, quando se verifica a evolução progressiva do quadro com


desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva e de arritmias, poderá ser necessária
uma intervenção cirúrgica a fim de propiciar um novo acesso para o suprimento sanguíneo
do miocárdio.

Cuidados de enfermagem

A assistência de enfermagem visa adotar medidas para aliviar a dor e prevenir a


ocorrência do infarto. Para isso é necessário:

- Reduzir a atividade física do paciente para uma taxa abaixo do nível em que ocorre a dor
anginosa;

-Evitar expor o paciente a situações de estresse e ansiedade, que desencadeiam o


aparecimento dos sintomas;

- Oferecer dieta leve e fracionada, atentando para que não ocorra excesso alimentar;

- Evitar que o paciente se exponha ao frio e, quando o fizer, fazer com que esteja
devidamente agasalhado;

- Proporcionar repouso;

- Verificar os sinais vitais de 6/6 horas ou conforme prescrição.

2.4 Tromboflebites

É a inflamação de uma veia acompanhada por formação de coágulo. Embora os


coágulos possam ser formados em qualquer vasos sanguíneos, as veias profundas das
extremidades inferiores são mais afetadas. Nesses casos, a condição é denominada
trombose venosa profunda (TVP). É grande o risco de trombos que se deslocam e vão em
direção à circulação pulmonar. Esses casos são denominados embolia pulmonar.

Fisiopatologia

Quando a parede interna de uma veia é irritada ou lesada, as plaquetas aglomeram-


se e formam um coágulo. O coágulo interfere no fluxo sanguíneo, produzindo congestão do
sangue. A presença de produtos metabólicos acumulados no vaso bloqueado irrita a parede
venosa e desencadeia uma resposta inflamatória.

Manifestações clínicas

O aumento da permeabilidade celular e a convergência de linfócitos e leucócitos


produzem edema, hiperemia e aumento da temperatura, além de sensibilidade na área.

Diagnóstico

O exame clínico é o principal elemento diagnóstico das tromboflebites superficiais.

Pode-se lançar mão de recursos por imagem como o ultra-som com doppler,
principalmente nas tromboflebites extensas de membro inferior que podem evoluir com uma
trombose venosa profunda

Tratamento

O tratamento consiste em afastar a causa base da doença e na adoção de certas


condutas: compressão elásticas do membro, se possível; estimular a deambulação;
promover a elevação do membro; instituir o uso de calor local e antiinflamatório; o uso de
antibiótico será destinados aos casos de infecção ativa, como nas flebites sépticas;
anticoagulantes será reservados para casos específicos, como trombose extensas e ou
tromboflebites rebeldes que estejam progredindo e ameaçando o sistema venoso profundo.

Cuidados de enfermagem

- Administrar analgésicos e antiinflamatórios precritos;

- Apoiar e manipular a extremidade com delicadeza, pois o movimento e a contração


muscular aumentam a dor;

-Elevar a extremidade afetada a 20º ou mais, e estendida sobre travesseiros ( não flexionar
os joelhos), pois a elevação reduz o edema e promove circulação venosa;

- Aplicar compressas úmidas quentes sobre a área de desconforto de forma que a pele fique
protegida. Remover a bolsa térmica por vinte minutos a cada duas horas para avaliar a pele;

- Observar a existência de sinais que indicam o comprometimento da coagulação, como


epistaxe, sangramento na gengiva e reto, equimoses fáceis de serem visualizadas e
sangramento prolongado de cortes pequenos.
Figura 2. Cuidados de enfermagem na flebite

Fonte: Tratado médico-cirúrgico – Brunner, 2008.

2.5 Varizes

Varizes são várias superfícies anormais dilatadas provocadas por incompetência da


circulação venosa.

Figura 3. Veia normal e veia com varizes


Fonte: http://www.velhosamigos.com.br/dicas/beleza53.html

2.6 Hipertensão Arterial Sistêmica

2.6.1 Conceitos gerais

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição de anormalidade dos


pequenos vasos do sistema arterial. Ocorre uma elevação na pressão sistólica ou diastólica.
Exercícios físicos, estresse emocional, digestão sono e repouso contribuem para a variação
da pressão. A hipertensão arterial é, portanto, definida como uma pressão arterial sistólica
maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em
indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva.

A HAS é classificada em primária , quando a pressão diastólica é igual ou superior a


90mmHg e quando não existem outras causas de hipertensão e secundária quando
acompanha outras patologias diferentes, como as de comprometimento renal, endócrino e a
arteriosclerose.

As manifestações da hipertensão arterial apresentam características e sintomas


diferentes em casa fase da doença:

1. Fase pré-hipertensiva

Ocorre aumento da pressão arterial para níveis de 200mmHg na sístole e 100mmHg


na diástole, associados a cefaleia, vertigem, insônia, irritabilidade e hemorragia nasal.

2. Fase moderadamente grave

Há aumento da pressão na sístole, acima de 200mmHg e na diástole acima de


100mmHg, podendo aparecer sintomas como convulsão, cefaleia occipital intensa e edema
pulmonar.

3. Fase Maligna

Pode ocorrer uma elevação muito rápida da pressão arterial com lesões graves a
órgãos vitais: verifica-se acidente vascular encefálico (AVE), cefaleia, convulsões,
diminuição da visão, hemorragia ocular, náuseas e vômitos.

O diagnóstico é realizado através do exame físico, anamnese detalhada e verificação


da pressão arterial a intervalos regulares. Os exames laboratoriais também são indicados e
inclui o raio x (RX) de tórax e ECG (eletrocardiograma).

O tratamento tem como objetivo reduzir a pressão sanguínea a níveis normais e,


consequentemente, diminuir o risco de evolução rápida da lesão vascular. Para os pacientes
na fase pré-hipertensiva, adota-se a terapia conservadora, ou seja, a autoeducação. Já, os
pertencentes à fase moderada e maligna, a terapia com drogas tem produzido um resultado
satisfatório, principalmente se o diagnóstico for feito precocemente.

2.6.2 Cuidados de Enfermagem

 Evitar situações de estresse emocional para o paciente;


 Manter o ambiente calmo e tranquilo;
 Verificar a pressão arterial todos os dias, nos mesmos horários e com o paciente sentado,
em repouso;
 Evitar excesso de atividade física;
 Atentar para sinais de confusão mental, irritabilidade, desorientação, cefaleia, náuseas e
vômitos;
 Atender prontamente a uma crise convulsiva, evitando que o paciente se machuque;
 Oferecer dieta fracionada e hipossódica;
 Anotar o volume de ingestão e excreção hídrica;
 Administrar a medicação prescrita atentando para os efeitos de toxicidade medicamentosa;
 Relatar no prontuário todas as alterações ocorridas com o paciente;
 Solicitar o enfermeiro sempre que for necessário o esclarecimento de alguma conduta ou
prescrição.

2.6.3 Aneurisma

Aneurisma cerebral, ou aneurisma sacular, é uma dilatação que se forma na parede


enfraquecida de uma artéria do cérebro. A pressão normal do sangue dentro da artéria força
essa região menos resistente e dá origem a uma espécie de bexiga que pode ir crescendo
lenta e progressivamente. Os maiores riscos desse afrouxamento do tecido vascular são
ruptura da artéria e hemorragia ou compressão de outras áreas do cérebro.
São raros os aneurismas congênitos, mas a pessoa pode nascer com tendência à
fragilidade dos vasos e à formação de aneurismas.
Em geral, os episódios de ruptura e sangramento ocorrem a partir da 5ª década de
vida, afetam mais as mulheres e tornam-se mais comuns à medida que a pessoa envelhece.
Aneurisma cerebral é uma doença grave. Apenas 2/3 dos pacientes sobrevivem, mas
cerca da metade permanece com sequelas importantes que comprometem a qualidade de
vida.

Causas
 Predisposição familiar (15% dos portadores de aneurisma pertencem a uma família em
que a incidência da enfermidade é maior);
 Hipertensão arterial (pressão alta facilita o desenvolvimento e a ruptura dos aneurismas);
 Dislipidemia (aumento dos níveis de colesterol e triglicérides);
 Diabetes;
 Cigarro;
 Álcool.

Manifestações clínicas
Aneurismas pequenos costumam ser assintomáticos. Quando crescem, podem
comprimir uma estrutura cerebral e provocar sintomas que variam conforme a área do
cérebro afetada.
A manifestação mais evidente dos aneurismas é a ruptura seguida de hemorragia. A
intensidade dos sintomas está diretamente relacionada com o tamanho e a extensão do
sangramento. Os mais comuns são dor de cabeça súbita, náuseas, vômitos, perda da
consciência. Sangramentos abundantes podem ser fatais.

Diagnóstico
A angio-ressonância magnética é um exame fundamental para o diagnóstico dos
aneurismas. O ideal seria que fossem detectados precocemente, antes de sangrarem, mas
isso raramente acontece, porque essa avaliação não está incluída na rotina dos check-up.
Tratamento
Diagnosticado o aneurisma, a indicação cirúrgica precisa levar em conta seu
tamanho e as condições clínicas do paciente, uma vez que o risco da cirurgia deve ser
menor do que o oferecido pela história natural da evolução da doença.
Caso se opte pela cirurgia, o objetivo é fechar o aneurisma para excluí-lo,
preservando a artéria que o nutre, porque todas as áreas do cérebro são nobres e morrem
se não forem irrigadas.
O procedimento pode ser realizado a céu aberto (por uma janelinha aberta no crânio,
a porção mais estreita do aneurisma é fechada por um clipe metálico) ou por via
endovascular, introduzindo molas delicadas através de um cateter, que se enrolam no
interior do aneurisma e formam um coágulo que impede o sangramento.
Pessoa que não deve, não pode ou não quer ser operada, precisa manter controle
rigoroso da pressão arterial, não fumar e evitar esforços físicos.
No tratamento dos aneurismas cerebrais a embolização por via endovascular é hoje
uma importante forma terapêutica. Em geral as equipes atuam de forma multidisciplinar na
decisão de qual metodologia, ou seja, microcirurgia ou embolização será a melhor e mais
confortável abordagem para cada tipo de aneurisma e cada condição física do paciente. A
opinião do paciente também é importante na decisão da metodologia a ser adotada.

2.6.4 Embolias

Um dos principais tipos de embolia é a Embolia pulmonar ou tromboembolismo


pulmonar (TEP), compreendida como o bloqueio da artéria pulmonar ou um de seus ramos,
geralmente ocorrendo quando um trombo venoso profundo (sangue coagulado de uma veia)
se desloca de seu local de formação e desloca-se para o sistema sanguíneo arterial de um
dos pulmões. Quando uma embolia pulmonar ocorre, subitamente a circulação é
interrompida em uma parcela do pulmão. Isto fará com que aumente a resistência a
circulação do sangue e diminua a área de funcionamento normal do pulmão. O aumento da
resistência sobrecarrega o coração. A diminuição da área de trocas gasosas leva a menor
oxigenação do sangue.

Manifestações clínicas

- dificuldade de respiração;
- dor torácica na inspiração e palpitações;
- hipóxia;
- taquipneia;
-taquicardia.

Dependem do grau de prejuízo trazido ao funcionamento do organismo. Pode


provocar dispneia, em geral súbita, sibilância, tosse e cianose. Pode ocorrer dilatação das
veias do pescoço, aumento de tamanho de fígado e baço, além de inchaço nas pernas.
Aproximadamente 15% dos casos de morte súbita são atribuídos a embolismo pulmonar.
Como as próprias condições que facilitam a embolia têm sintomas semelhantes, nem
sempre se consegue identificar o surgimento desta.

Diagnóstico

É fundamentado nestes achados clínicos em combinação com exames laboratoriais


e estudos de imagem. Enquanto o padrão ouro para o diagnóstico é o achado de um
coágulo na angiografia pulmonar, por ser a modalidade de estudo de imagem mais utilizada
atualmente.

Tratamento

O tratamento tem como objetivo minimizar as consequências, por meio da adoção de


medidas para melhorar a eficiência circulatória, ou seja, diminuindo a sobrecarga cardíaca, e
melhorar a eficiência pulmonar, com aumento da oxigenação do sangue.

É realizado com a administração de anticoagulantes, incluindo heparina e warfarina.


Casos graves podem necessitar de trombólise com drogas como o ativador do
plasminogênio tecidual (APt) ou podem necessitar de intervenção cirúrgica através de
trombectomia pulmonar.

2.6.5 Acidente Vascular Encefálico

As doenças cerebrovasculares estão entre as primeiras causas de morte em todo o


mundo. No Brasil, representam a terceira, sendo os acidentes vasculares encefálicos (AVE),
a principal manifestação. O AVE, além de ser uma doença prevalente, apresenta uma alta
taxa de mortalidade, sendo a incapacidade permanente, que às vezes pode ser regenerada,
a principal sequela.
O acidente vascular encefálico, popularmente conhecido como “derrame”, é o
resultado da insuficiência do suprimento sanguíneo a uma determinada área do cérebro.
Ocorre devido a um processo de evolução crônica de endurecimento da parede da artéria,
relacionado à arteriosclerose. O episódio agudo do AVC acontece quando há interrupção do
fluxo sanguíneo às células cerebrais por trombose, embolia, hemorragia ou espasmo.
A trombose tem relação com a arteriosclerose, a aterosclerose e a hipertensão
arterial. A embolia cerebral costuma ser decorrente de doenças cardíacas, arritmias,
doenças das válvulas cardíacas, entre outras. A hemorragia cerebral está relacionada à
hipertensão, é mais grave, apresentando evolução rápida com alterações da consciência,
podendo chegar ao coma e à morte.
O acidente vascular encefálico isquêmico ou transitório caracteriza- se por episódios
súbitos da perda de função motora, sensitiva ou visual com recuperação em 24 horas. A
maioria tem duração de minutos até uma hora, e a minoria pode durar mais de 4 horas.
Entre os principais sinais e sintomas, podemos destacar: parestesia (alteração da
sensibilidade), disfasia (dificuldade de fala), vertigens, diplopia (visão dupla), zumbidos e
cefaleia.

Classificação: AVEI (Acidente Vascular Encefálico Isquêmico)


AVEH (Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico)

Fatores de Risco

Os fatores de risco para o AVE são semelhantes aos da hipertensão arterial, da


angina e do infarto do miocárdio, tendo em vista que a patologia básica é o ateroma. Esses
dizem respeito à história familiar e à idade, associados à hipertensão arterial, diabetes,
obesidade, tabagismo, colesterol alto, cardiopatias, sedentarismo, estresse, alcoolismo.

Manifestações Clínicas

As manifestações estão diretamente relacionadas com a extensão e a localização do


acidente no cérebro. O AVC é identificado quando o indivíduo apresenta déficit neurológico
de início abrupto, caracterizado por disfunções motoras, sensitivas e autônomas, como:
disartria, disfagia, diplopia, desequilíbrio, perda do tônus postural e da consciência, cegueira
transitória, parestesia, paresia, hemiplegia. Podem ocorrer, ainda, cefaleia occipital grave,
tonteira, vômitos, confusão mental e alteração da memória.
A pessoa com AVE pode ainda apresentar:

– incontinência vesical e fecal: pode acontecer por confusão mental, lapso de memória,
fatores emocionais, dificuldade de comunicação e/ou perda do controle dos esfíncteres anal
e vesical, podendo ocasionar a retenção de fezes (obstipação/constipação) ou de urina
(bexigoma);

– úlceras de pressão: a imobilidade no leito, a desnutrição, higiene inadequada e a


incontinência urinária e fecal facilitam o surgimento das úlceras de decúbito e infecção. Para
tanto, é necessário que a equipe de enfermagem mantenha higiene adequada; realize
mudanças de decúbito no leito; coloque o cliente sentado em poltrona; proteja as suas
proeminências ósseas; faça massagem de conforto; mantenha as roupas de cama secas e
sem dobraduras; estimule a aceitação da dieta e ingestão hídrica, dentre outros cuidados.

Tratamento

Fisioterapia, cirurgias nos casos de AVEH e oxigenioterapia faz parte do tratamento.


É necessário definir através de exames qual o tipo de acidente vascular ocorreu, para
melhor direcionar o tratamento.
A extensão da lesão também influenciará no tratamento proposto. É feito mediante a
utilização de trombolíticos, que têm a finalidade de realizar a “quebra” dos êmbolos, de
agentes antiagregantes e de anticoagulantes, em casos dos AVE provocados por trombose.
Antiagregantes são drogas que não permitem a agregação plaquetária, evitando a
formação de placas de ateromas e anticoagulantes são as que impedem a formação de
coágulos.

Diagnóstico

Os exames realizados para confirmação e classificação do AVE são: a angiografia, a


tomografia computadorizada, a cintilografia, a punção lombar e o Dopller ultra-sônico de
carótidas.
A angiografia, a tomografia computadorizada, a cintilografia, a punção lombar e o
Dopller ultra-sônico de carótidas são exames que têm por finalidade definir o tipo de AVC, a
extensão e a localização da lesão e decidir se o tratamento será clínico e ou cirúrgico. A
existência de distúrbios motores de um lado do corpo costuma refletir lesão do lado oposto
do cérebro

Cuidados de Enfermagem

São direcionados de acordo com as manifestações neurológicas apresentadas pelo


cliente, com o grau de comprometimento e com a resposta deste ao tratamento. De uma
forma geral, o indivíduo com AVC precisa dos seguintes cuidados:

 Suporte emocional - os acompanhantes devem ser orientados a não deixarem este cliente
sozinho, e, para tanto, um plano conjunto de assistência deve ser garantido, possibilitando a
continuidade dos cuidados a serem prestados no processo de recuperação. Além da
companhia, é fundamental repassar confiança, otimismo, dar carinho. É importante que o
cliente participe do maior número de decisões possíveis sobre o encaminhamento do seu
tratamento;

 Prevenção de acidentes decorrentes da incapacidade motora - os objetos de uso


pessoal devem ser colocados ao seu alcance, do lado não afetado; a cama deve ser
mantida em posição baixa e travada, com as grades de proteção elevadas, e a restrição ao
leito, quando indicada, deve ser rigorosamente observada. Cliente e familiares precisam ser
alertados quanto ao risco de queda e, consequentemente, lesões podem ocorrer;

 Realização de exercícios passivos e ativos - a deambulação precoce e auxiliada precisa


ser estimulada, sendo também indispensável promover a integração do cliente e seus
familiares com a equipe de fisioterapia para compreensão e realização dos exercícios
necessários à recuperação de sua autonomia e força motora, o mais rápido possível;

 Aplicação de estratégias de comunicação adequadas ao grau de lesão identificado -


a pessoa pode apresentar dificuldades de dicção, fala ou compreensão. No entanto, a
comunicação poderá ser feita, utilizando-se cartões com figuras que representem ações da
vida diária e/ou quadros com letras e números, e, nesse caso, é preciso fornecer a ela
lápis e papel para a escrita, quando possível, ser atencioso e dar tempo suficiente para
que possa formular as respostas verbais e não-verbais.

 Monitorização cardíaca de oxímetro de pulso.


 Monitorização de pressão arterial.
 Aferir sinais vitais com maior frequência.
 Realizar o balanço hídrico.
 Observar, comunicar e anotar nível de consciência.
 Observar, comunicar e anotar as queixas.
 Realizar mudança de decúbito.
 Auxiliar nos cuidados de higiene.
 Auxiliar na alimentação.
 Administrar medicamentos.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

A) Em relação à Insuficiência Cardíaca Congestiva:

1. Descreva a fisiopatologia.
2. Cite as causas relacionadas.
3. Manifestações clínicas.
4. Cite as formas de tratamento.
5. Plano de cuidados de enfermagem.

B) Em relação à endocardite:

1. Definição da patologia.
2. Quais são as manifestações clínicas?
3. Qual a forma de tratamento?
4. Quais são os cuidados de enfermagem?

C) Em relação à miocardite:

1. Definição.
2. Manifestações clínicas
3. Tratamento
4. Cuidados de enfermagem.

D) Sobre a pericardite, responda:

1. Definição
2. Quais são as suas manifestações?
3. Como é feito o tratamento?

E) Sobre o sistema cardiovascular, responda:

1. O que é o infarto agudo do miocárdio?


2. Quais são os sinais e sintomas?
3. Qual a relação entre arterioesclerose e infarto do miocárdio?
4. Cite doenças que podem estar relacionadas à arterioesclerose.
5. Defina o conceito de angina.
6. Descreva os sinais e sintomas da angina.
7. Cite os cuidados de enfermagem.
8. O que é tromboflebite?
9. Qual a fisiopatologia e as manifestações envolvidas na tromboflebite?
10. Quais medidas devem ser tomadas no paciente que apresenta tromboflebite?
11. O que são varizes?
12. Defina hipertensão arterial sistêmica.
13. Cite quais são os sinais e sintomas da hipertensão.
14. Quais são os cuidados de enfermagem em um paciente com hipertensão?
15. O que é aneurisma?
16. Quais são os sinais e sintomas?
17. Cite quais são os fatores de risco para o aneurisma.
18. Cite os cuidados de enfermagem em relação à essa patologia.
19. Defina embolia.
20. Descreva a manifestação clínica da embolia.
21. Defina o que é acidente vascular cerebral?
22. Quais são os tipos de AVC?
23. Quais são os fatores de risco para AVC?
24. Quais são as manifestações clínicas do AVC?

3. ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM NAS AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS

3.1 Resfriado comum e gripes

3.1.1 Conceitos gerais

A respiração é uma característica básica dos seres vivos que consiste basicamente
na absorção de oxigênio e eliminação de CO2.

O sistema respiratório consiste no conjunto de órgãos responsáveis pela ventilação,


difusão e perfusão dos gases do nosso organismo. O órgão respiratório por excelência é o
pulmão.

O sistema respiratório divide-se em duas porções. A primeira porção denominada


superior consiste em: nariz, nasofaringe, laringe e traquéia. A segunda porção denomina-se
inferior e constitui-se de: pulmões, brônquios, bronquíolos e alvéolos.

As fossas nasais exercem papel fundamental na fisiologia, visto que promovem


olfação, filtração, aquecimento e umedecimento do ar inspirado. O ar inspirado, passando
pela nasofaringe, chega à faringe ou à garganta, que servem como passagem do ar para a
traquéia e dos alimentos para o esôfago. Tal fenômeno é controlado pela cartilagem
epiglote, que se situa acima da faringe.
Na laringe, encontram-se as pregas vocais que são responsáveis pela fonação. Já a
traquéia caracteriza-se por ser um tubo formado por anéis cartilaginosos com a presença de
cílios e muco, os quais são responsáveis pela proteção e limpeza.

Ao longo do trajeto, o ar passa também pelos brônquios, bronquíolos até alcançar os


alvéolos. Assim, inspira-se oxigênio e elimina-se gás carbônico. Esses movimentos
acontecem a todo o momento, devido a presença do músculo diafragma.

3.1.2 Fisiopatologia

Caracteriza-se por ser uma inflamação que acomete a membrana mucosa que
reveste internamente as fossas nasais e a faringe. O agente etiológico é de origem viral.
Estima-se que o resfriado seja causado por aproximadamente 100 tipos diferentes. A
ocorrência de resfriado está relacionada às condições climáticas como mudanças bruscas
de temperaturas. Embora não apresente gravidade aparente, deve ser tratada
adequadamente para prevenir possíveis complicações.

Os sintomas incluem coriza (secreção aquosa que escorre pelo nariz), congestão
das vias nasais, mal estar geral, dor de garganta, cefaléia, espirros, temperatura elevada
(febre) ou normal.

Caso o diagnóstico seja de gripe acrescidos a esses sintomas, têm-se calafrios,


tosse e dores musculares. A gripe pode ser causada por grupo de diferentes vírus, os quais
têm período de incubação de quarenta e oito horas. Possui grande incidência e atinge com
maior frequência crianças, idosos e debilitados.

A forma de transmissão de ambos consiste em tosse, espirro, lenços, louças, copos,


talhares e através do beijo. O tratamento basicamente é sintomático, faz-se com o uso de
medicamentos descongestionantes e principalmente repouso.

3.1.3 Cuidados de enfermagem:

 boa higiene corporal e oral;


 ambiente arejado e limpo;
 estimular a ingestão de líquidos;
 diminuir o contato do paciente com outras pessoas;
 manusear com cuidados objetos contaminados.

3.2 Faringite e amigdalite

3.2.1 Fisiopatologia

É uma inflamação que acomete o tecido linfático das tonsilas palatinas e faríngeas
(amígdalas) pode ser causada por vírus ou bactérias. Os sintomas da faringite e amigdalite
são semelhantes: dor de garganta, faringe inflamada, com edema e placas amareladas e
amígdalas inflamadas, avermelhadas e edemaciadas. As infecções virais regridem
prontamente com um tratamento em torno de cinco a dez dias. Já as infecções bacterianas
são doenças graves que podem levar a sérias complicações como sinusite, otite, adenite
cervical, febre reumática e nefrite.

Os sintomas das infecções bacterianas são dor de garganta prejudicando a fonação


e deglutição, língua saburrosa, hálito com odor fétido, febre, cefaléia, calafrio, anorexia e
mal estar geral.

O tratamento é sintomático com o uso de antibióticos. Se necessário, faz-se a


intervenção cirúrgica da retirada da amígdala (amigdalectomia).

3.2.2 Cuidados de enfermagem:

 verificar temperatura pela manhã e noite;


 estimular a ingestão de líquidos;
 oferecer dieta líquida ou pastosa;
 fazer uso de antiséptico bucal;
 fazer gargarejo com água morna e sal.

3.3 Pneumonia e pleurite

3.3.1 Fisiopatologia

É uma inflamação que acomete o tecido pulmonar (parênquima) causada por vários
tipos de microorganismos e agentes químicos. Os agentes etiológicos podem ser de origem
viral (adenovírus), bacteriana (pneumococos, estafilococos) ou também por micoplasma.
Existem dois tipos de pneumonia, a lobar ou alveolar e a lobular ou
broncopneumonia. A primeira atinge somente um lobo do pulmão, a segunda atinge mais de
um lobo do pulmão.
As vias de transmissão consistem na inalação direta de partículas, aspiração de
material infectado, via hematogênica, via exógena (após cirurgia ou broncoscopia).
O diagnóstico faz-se através de exame clínico e físico, precedido de raio x de tórax e
exame de escarro. Os sintomas são febre (40ºC), dor torácica, dispnéia, calafrios, cianose,
tosse e escarro ferruginoso.
O tratamento é clínico, terapêutico e medicamentoso (antibióticos, analgésicos e
sedativos da tosse). Podem surgir também algumas complicações como derrame pleural,
empiema e hipotensão.

3.3.2 Cuidados de enfermagem

 Manter o paciente em repouso, em quarto arejado, evitando correntes de ar.


 Manter o ambiente tranqüilo, calmo que proporcione conforto ao paciente.
 Realizar higiene oral e corporal.
 Estimular a ingestão de líquidos
 Orientar o paciente, quando tossir, a usar lenços de papel e incinerá-los.
 Oferecer dieta hipercalória e hiperproteíca.

3.4 DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)


Consiste em um grupo de afecções associadas à obstrução crônica do influxo de ar
nos pulmões, como a bronquite, o enfisema e a asma.

3.4.1 Bronquite

É toda inflamação que acomete os brônquios, podendo ser aguda ou crônica. As


manifestações dessa doença consistem em tosse com produção de catarro, expectoração
espessa e gelatinosa, sibilos e dispneia. O diagnóstico se faz por meio do exame clínico,
raio X do tórax, espirometria e gasometria. O tratamento é basicamente clínico e
farmacológico.
O tratamento clínico consiste no alívio de sintomas e orientações que podem evitar
complicações tais como evitar fumar e exposição ao frio intenso. Já o tratamento
farmacológico faz-se com o uso de broncodilatadores, tranqüilizantes e corticosteróides.

3.4.2 Bronquiectasias

As bronquiectasias se caracterizam por uma dilatação anormal e irreversível dos


brônquios com diâmetro superior a 2 milímetros devido à destruição dos componentes
muscular e elástico da sua parede. Clinicamente, se caracteriza por tosse de longa duração
e de caráter produtivo de forma crônica intermitente ou persistente. Durante os episódios de
exacerbação infecciosa a secreção se torna mais espessa e mais purulenta. As
bronquiectasias podem acometer os pulmões difusamente ou de forma localizada. As
bronquiectasias localizadas ocorrem como consequência de pneumonias pós sarampo ou
pós influenza em crianças ou como complicações locais pós coqueluche ou tuberculose.
A dilatação das vias aéreas nas bronquiectasias decorre de alterações destrutivas e
inflamatórias das paredes da vias aéreas, principalmente ao nível dos brônquios de médio
calibre. Isto possibilita maior acúmulo de secreção, que gera maior possibilidade de
desenvolver infecções pulmonares, devido à inativação do clearance mucociliar (limpeza
das vias aéreas) que, consequentemente, reativa a cascata inflamatória gerando um ciclo
vicioso. Existem três teorias que poderiam estar associadas a este processo: o aumento da
pressão pulmonar (obstrução por secreção), o aumento da tração pleural (pressão pleural
mais negativa) e a fraqueza da parede brônquica.
O quadro clínico pode variar do assintomático ao quadro clínico de supuração
broncopulmonar com tosse crônica e expectoração espessa de aspecto muco-purulento e
odor fétido. Nas exacerbações infecciosas, o paciente apresenta piora da tosse e aumento
na produção de secreção, acompanhado ou não de anorexia, queda do estado geral, febre e
dispneia. A hemoptise é comum e pode ocorrer em qualquer momento da evolução de um
quadro de bronquiectasia, inclusive como primeiro indício de doença.
As complicações da bronquiectasia são infecções de repetição, pneumotórax,
hemoptise, abscesso pulmonar, abscesso cerebral. O diagnóstico anteriormente era
confirmado por broncografia. Nos últimos anos, a broncografia vem sendo substituída pela
tomografia computadorizada. O tratamento consiste em controle dos sintomas com redução
da morbidade e prevenção da progressão da doença. Além do uso de antiobiótico, faz-se
necessário drenagem e eliminação da secreção.
3.4.3 Enfisema

É uma doença pulmonar que ocorre em virtude da perda da elasticidade pulmonar


devido à obstrução e destruição do tecido e estreitamento dos septos pulmonares.

Tal patologia ocorre em virtude do uso do fumo (cigarro) em excesso durante muitos
anos. Os sintomas incluem dispneia lenta e progressiva, tosse, anorexia e perda de peso. O
diagnóstico é feito através de raio X de tórax, espirometria e gasometria.

3.4.4 Asma

A asma caracteriza-se por ser uma doença inflamatória crônica das vias áreas
inferiores. Clinicamente, caracteriza-se por aumento da responsividade das vias aéreas a
variados estímulos, com consequente obstrução ao fluxo aéreo, de caráter recorrente e
tipicamente reversível. No Brasil, estima-se a prevalência da asma em torno de 10%.

Apesar de serem apenas 5%-10% dos casos, pacientes com asma grave
apresentam maior morbimortalidade relativa e são responsáveis por um consumo
desproporcionalmente alto dos recursos de saúde em relação aos grupos de menor
gravidade. Portadores de asma grave não controlada procuram 15 vezes mais as unidades
de emergência médica e são hospitalizados 20 vezes mais do que os asmáticos moderados.

Segundo a Classificação Estatística Internacional de Doença e Problemas


relacionados à Saúde (CID 10) a asma pode ser classificada como asma
predominantemente alérgica, não alérgica , mista e asma ocupacional.

O diagnóstico de asma se dá mediante a identificação de critérios clínicos e


funcionais, obtidos por anamnese e exame físico, acrescidos de avaliação funcional
pulmonar sempre que possível. Outros diagnósticos devem ser adequadamente excluídos.

A doença se caracteriza pelos seguintes achados clínicos: obstrução das vias


aéreas, como sibilos, tosse, dificuldade para respirar e aperto no peito. Estes sintomas
podem ocorrer/piorar à noite ou pela manhã ao despertar; ocorrer ou piorar com exercício,
infecção respiratória, exposição a alérgenos/irritantes inalatórios (verificar o perfil
ocupacional), mudanças climáticas, riso ou choro intensos, estresse ou ciclo menstrual.

Os exames laboratoriais incluem avaliação da função pulmonar como espirometria e


teste de hiper- responsividade brônquica. O tratamento consiste na parte medicamentosa e
não medicamentosa. A parte não medicamentosa engloba a educação em saúde, na qual
devem-se considerar aspectos culturais, informações sobre a doença e medidas para
redução da exposição aos fatores desencadeantes.

Assim, recomenda-se a redução da exposição a fatores desencadeantes, incluindo


alérgenos/irritantes respiratórios (tabagismo) e medicamentos. A cada consulta, o paciente
deve receber orientações sobre autocuidado, plano escrito para crises e agendamento para
reconsulta conforme a gravidade apresentada.

O tratamento medicamentoso envolve o uso de corticosteróides inalatórios,


sistêmicos, beta -2 agonista adrenérgicos. Deve-se ressaltar que o alvo desse tratamento
consiste na melhoria da qualidade de vida do paciente, a qual pode ser obtida pelo controle
dos sintomas precedido da melhora ou estabilização da função pulmonar, o que pode ser
atingido na maior parte dos casos.

3.4.4.1 Cuidados de enfermagem

 Manter o paciente em repouso;


 Estímular a ingestão hídrica;
 Aferir de sinais vitais;
 Administrar oxigenoterapia;
 Umidificar o ambiente de repouso;
 Orientar o paciente a evitar fumar bem como realizar atividades físicas.

3.5 Insuficiência respiratória aguda

A insuficiência respiratória aguda é definida por uma síndrome caracterizada pelo


aparecimento de disfunção súbita de qualquer setor do sistema fisiológico responsável pela
troca gasosa entre o ambiente e a intimidade tissular. Este movimento de gases entre os
meios interno e externo compreende uma série de processos situados a nível pulmonar
(vias aéreas e alvéolos), cárdio-circulatório (circulação pulmonar e sangue capilar) e de
estrutura neural e ósteo-muscular.

A etiopatogenia da insuficiência respiratória inclui patologias, que envolvem


diretamente o parênquima pulmonar, ou alterações extrapulmonares, que levam a um
comprometimento do processo respiratório, podendo, ambos os mecanismos serem
observados no mesmo paciente.
Extra-pulmonares: Patologias do sistema nervoso central, como encefalite,
meningite, poliomielite, tumores, acidente vascular encefálico, trauma, hipertensão intra-
craniana, distúrbios metabólicos (hiponatremia, hipocalemia, hipercarbia grave, alcalose,
hiperglicemia, coma mixedematoso) e o efeito de drogas (narcóticos, barbitúricos,
benzodiazepínicos, bloqueadores neuro-musculares, anestésicos e intoxicações exógenas
graves), que alteram a origem do estímulo nervoso envolvido no processo ventilatório.
Comprometimento do sistema nervoso periférico, junção mio-neural ou células
musculares podem resultar do uso de bloqueadores neuro-musculares, arsênico ou
aminoglicosideos, hipocalemia, hipomagnesemia, pólio, tétano, miastenia gravis, lesões do
neurônio motor: esclerose múitipla, síndrome de Guillain-Barré ou distrofia muscular alteram
a condução nervosa do centro respiratório aos nervos e músculos.
Patologias do arcabouço torácico levam à alteração da mecânica pulmonar, com
modificação da função respiratória (politrauma com ou sem pneumotórax, cifoescoliose ou
lordose), comprometendo a ventilação e a oxigenação.
Uma outra classificação da insuficiência respiratória é norteada pelo mecanismo
físiopatológico, com a identificação de quatro padrões característicos: Tipo 1: Aqui situam-se
patologias em que observam-se unidades alveolares não ventiladas e normalmente
perfundidas, caracterizadas por hipoxemia arterial refratária à aplicação de oxigênio
suplementar, e hipocapnia secundária a volume-minuto elevado. Tipo II: O mecanismo
primário envolvido é a alteração da ventilação alveolar, causando hipoxemia e hipercapnia,
responsivas à oxigenioterapia suplementar.Tipo III: Patologias que causam redução no
número de alvéolos ventilados envolvidos na troca gasosa, com conseqüente redução da
capacidade residual funcional.Tipo IV: Relacionadas a estados hipoperfusionais, presentes
no choque, e hipovolemia.
O diagnóstico da IRA geralmente não impõe dificuldades devido a sua apresentação
clínica alarmante. Em casos mais insidiosos, entretanto, se faz necessário um alto grau de
suspeição e um amplo conhecimento dos sinais e sintomas secundários às anormalidades
da troca gasosa, pois estes podem não ser evidentes ou tardios mesmo diante de um
quadro de disfunção respiratória já instalado.
A insuficiência respiratória não se caracteriza por nenhum achado clínico exclusivo.
Geralmente, o principal sintoma apresentado é a dispneia, definida como sensação de
desconforto relacionado ao ato de respirar ou de “falta de ar”, cuja intensidade, rapidez de
aparecimento e evolução fornecem dados importantes para o diagnóstico e terapêutica.
Apesar de ser geralmente originada, de problemas respiratórios e cardiovasculares, pode
estar associada a outros órgãos e funções.
É importante uma história cuidadosa, se há relação com o exercício, posição, com
fase do dia, ou se o que o paciente refere como “falta de ar” é na realidade um sinal de
angina pectoris ou a um componente neuro muscular. Outros sinais e sintomas devem ser
analisados com cautela.
A cianose, considerada um dos grandes sinais de hipoxemia, tem o seu surgimento
apenas na presença de, no mínimo, 5 q/dL de hemoglobina reduzida no sangue. Portanto,
em caso de anemia, mesmo discreta, o grau de hipoxemia deverá ser acentuado para que
este sinal seja aparente (Sa02 e Pa02 capilar, respectivamente de 50% e 25 mmHg). Sendo
assim, a cianose, quando presente, constitui importante sinal de IRA, porém a sua ausência
não exclui tratar-se de grave situação clínica. Como auxílio no diagnóstico, a interpretação
dos exames complementares se faz necessária, em especial a gasometria do sangue
arterial e radiografia de tórax.
Na radiografia imagens de hipotransparência pulmonar difusas sugerem
preenchimento alveolar, como observado na SARA ou no edema pulmonar cardiogênico.

3.6 Pneumotórax

Define-se o pneumotórax como a presença de ar livre na cavidade pleural. Apresenta


peculiaridades tanto na sua apresentação clínica como no tratamento. Pode ser classificado
como espontâneo ou adquirido.
O espontâneo primário ocorre em pacientes sem doença pulmonar evidente. Já o
pneumotórax secundário ocorre como complicação de uma doença pulmonar conhecida
como enfisema bolhoso, asma ou rolha de secreção.
No pneumotórax primário são encontradas bolhas ou lesões subpleurais. Na
tomografia computadorizada do tórax, podem ser observadas bolhas ipsilaterais na maioria
dos pacientes com pneumotórax espontâneo. Há ainda uma tendência familiar genética por
transmissão autossômica dominante. A incidência dessa patologia está associada ao
consumo de cigarro.
O diagnóstico faz-se por meio do exame físico e métodos de imagem como raio X de
tórax e tomografia. O pneumotórax espontâneo ocorre com o paciente em repouso
raramente durante o exercício. Dor torácica e dispneia são sintomas frequentes. A dispneia
é proporcional ao tamanho e velocidade de acúmulo de pneumotórax. Há presença de dor
torácica aguda. Ao exame físico, nota-se redução de murmúrios vesiculares, diminuição da
expansibilidade torácica com aumento do volume do hemitórax envolvido e timpanismo à
percussão.
O tratamento é variado e depende de vários fatores. Podem ser incluídas condutas
desde observações domiciliares até toracotomia com ressecção pulmonar.

3.6.1 Hemotórax
Definido como sendo qualquer volume de sangue na cavidade pleural. Existem
aqueles que consideram qualquer volume residual de sangue no tórax diagnosticado após
72 horas da drenagem inicial.
As modalidades atuais para o tratamento do hemotórax residual são bastante
variadas e as mais empregadas são: tratamento conservador com observação apenas,
punção torácica guiada, colocação de um segundo dreno torácico, injeção intrapleural de
agentes fibrinolíticos, videotoracoscopia e a toracotomia ou pleurostomia.

3.7 Edema Agudo do Pulmão (EAP)


O EAP é uma forma grave de apresentação das descompensações cardíacas,
constituindo uma emergência clínica que se manifesta por um quadro de insuficiência
respiratória de rápido início e evolução. Tal patologia está associada um elevado risco de
vida para o paciente, tanto pelo quadro pulmonar agudo quanto pela doença cardiovascular
subjacente.
O diagnóstico na sala de emergência é essencialmente clínico, baseado na
anamnese e exame físico. Porém, o exame clínico inicial é limitado para a identificação de
um possível fator desencadeante, sendo fundamental para isso a realização de exames
complementares.
Ao realizar a anamnese, deve-se pesquisar dor precordial (infarto agudo do
miocárdio - IAM), tempo de evolução, fatores desencadeantes de ICC e um exame físico
sumário avaliando sinais de insuficiência cardíaca global ou insuficiência cardíaca esquerda
e de insuficiência respiratória aguda como: inquietação, ansiedade, obnubilação, frequência
respiratória, tiragem, dispnéia, sibilos, tosse, expectoração de aspecto róseo, cianose e
hipoperfusão periférica geralmente são suficientes para iniciar a terapia.

Tratamento
O paciente deve receber oxigênio suplementar por máscara facial aberta com fluxo
inicial de 5 a 10 L/ min. A ventilação não-invasiva também é indicada, pois proporciona a
redução da pré e pós-carga promovendo a melhora da contratilidade do ventrículo esquerdo.
A ventilação invasiva é indicada na presença de rebaixamento do nível de
consciência, no aparecimento de sinais clínicos de fadiga de musculatura acessória, nos
casos de hipoxemia refratária e na presença de acidose respiratória. Essa conduta pode ser
tomada inicialmente em pacientes com IAM com indicação de angioplastia primária,
naqueles com taquiarritmias com necessidade de cardioversão elétrica e em pacientes com
choque cardiogênico. Lembrar que sempre antes do procedimento o paciente deve ser
hiperventilado com máscara e ambú para diminuir possíveis complicações como arritmias ou
piora da hipoxemia.
O tratamento medicamento é feito com os medicamentos de primeira linha como
nitratos, diuréticos e morfina.
 Nitratos: o mais utilizado é o dinitrato de isossorbida. Utilizado na dose de 5 mg SL a
cada 5 minutos, desde que a PAS esteja acima de 90 mmHg. Seu benefício deve-se
à diminuição da pré e pós-carga, melhorando o desempenho sistólico do ventrículo
esquerdo.
 Diuréticos de alça: Furosemida 20 a 80 mg deve ser utilizada por via EV. Considera-
se o dobro dessas doses se o paciente já vinha utilizado essa medicação
habitualmente. Caso o paciente apresente uma infecção urinária oligoanúrica, uma
dose de 100-200 mg deve ser aplicada EV lentamente. Espera-se ocorrer uma
melhora no padrão respiratório devido a seu efeito venodilatador que inicia-se em 5
minutos. Após 20-30 minutos deverá ocorrer a diurese propriamente dita. Se não
houver melhora após 20 minutos da primeira aplicação, o dobro da dose deverá ser
administrada.
 Morfina: promove venodilatação com redução do retorno venoso em até 40%
diminuindo a pré carga. Além disso, reduz a pós carga e melhora a ansiedade.

3.8 Métodos terapêuticos

3.8.1 Oxigenoterapia

A oxigenoterapia consiste no tratamento da hipóxia por meio da inalação de oxigênio,


a uma pressão maior que a do ar ambiente, o que facilita a troca gasosa e reduz o trabalho
da respiração. O oxigênio usado deve ser umidificado e aquecido. A escolha da forma de
administração dependerá, principalmente, da eficiência do sistema a ser empregado.
Cateteres nasais, de fácil instalação, proporcionam uma fração inspirada de oxigênio (FiO2)
entre 24 e 40%, porém, se deslocam facilmente. O uso de máscaras nasais também é
simples e fornece FiO2 de até 60%; contudo, apresenta desvantagens como difícil fixação,
interferência na alimentação, expectoração e aspiração de vias aéreas.
Mesmo sendo essencial à vida, o oxigênio, como qualquer medicamento, quando
administrado de forma indevida, pode ser tóxico e ter sérias consequências. A toxicidade,
que depende de fatores como pressão absoluta de oxigênio oferecido, duração da
exposição e sensibilidade individual, é a maior limitação é à sua administração.

3.8.2 Drenagem postural

Drenagem postural consiste no posicionamento do paciente favorecido pela


aplicação de forças gravitacionais, que aumentam o transporte de muco de lobos e
segmentos específicos do pulmão em direção às vias aéreas centrais, onde as secreções
devem ser removidas mais rapidamente com a tosse ou aspiração. Para drenar todas as
áreas pulmonar são necessárias nove das doze posições. Além disso, devem ser mantidas
por três a quinze minutos cada uma, totalizando o tempo mínimo de uma hora e freqüência
de três a quatro vezes ao dia.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

A) Em relação ao resfriado comum e gripes:


1. Descreva a fisiopatologia do resfriado.
2. Cite os cuidados de enfermagem para o resfriado comum e gripe.

B) Sobre a Faringite e a Amigdalite, responda:


1. Cite qual é o tratamento adequado.
2. Diferencie as infecções virais das bacterianas.

C) Sobre a Pneumonia e Pleurite, responda:


1. Quais são as formas de diagnosticar essas patologias?
2. Descreva a fisiopatologia.

D) Em relação a DPOC, responda:


1. Cite as doenças que compõem a DPOC.
2. Conceitue Bronquite e escreva a forma de tratamento.
3. Descreva as manifestações clínicas das Bronquiectasias.
4. Identifique as principais causas da ocorrência do Enfisema.
5. Quais são as classificações da Asma?Identifique os principais sinais e sintomas.

E) Sobre a Insuficiência respiratória aguda:


1. Caracterize essa patologia.
2. Cite os sinais e sintomas.

F) Em relação ao pneumotórax:
1. Diferencie o pneumotórax espontâneo do pneumotórax adquirido.
2. Descreva o diagnóstico dessa patologia.
3. Cite o tratamento.

G) Sobre o hemotórax:
1. Defina hemotórax.

H) Em relação ao Edema Agudo de Pulmão:


1. Cite as formas existentes de tratamento.
2. Descreva a fisiopatologia.

I) A respeito dos métodos terapêuticos:


1. Identifique dois métodos.
2. Escolha um e fale a respeito dele.
4. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS AFECÇÕES GASTROINTESTINAIS

4.1Estomatite

É um processo inflamatório, comum que pode ocorrer isoladamente ou como parte


de uma doença sistêmica, da mucosa oral, podendo afetá-la totalmente ou em parte.
Existem vários tipos de estomatite:

- herpética: causada pelo herpes vírus

- aftosa: causa desconhecida e pode estar associada ao estresse, fadiga, ansiedade,


estados febris, exposição excessiva ao sol, deficiência de vitaminas.

Manifestações clínicas

Queimor, halitose, sensação de ardência, dor durante a alimentação (disfagia),


gengivas sensíveis e com sangramento, febre.

Diagnóstico

Anamnese e exame físico e exame laboratorial ( esfregaço do exsudato e culturas


virais)

Tratamento

Drogas tranquilizantes, dietas leves e pastosas, antibióticos, antifúngicos, corticoides


tópicos, bochechos.

Cuidados de Enfermagem

- Administrar a medicação prescrita;

-Observar o paciente para detectar sinais e sintomas de infecção;

-Oferecer ao paciente dieta leve e pastosa para reduzir a dor;

-Realizar higiene oral, para evitar a halitose;

-Anotar os cuidados prestados ao paciente;

-Checar as medicações administradas


4.2 Gastrite

É a inflamação do revestimento mucoso do estômago. A mucosa do estômago


oferece resistência à irritação e normalmente pode suportar um elevado conteúdo ácido. No
entanto, pode irritar-se e inflamar-se por diferentes motivos.

Etiologia

 Hábitos dietéticos, como: Ingestão de quantidade excessiva de alimentos; Rápida


mastigação; Ingestão de alimentos condimentados, ácidos, corrosivos, contaminados,
com temperatura extrema, álcool;
 Refluxo biliar;
 Uso de certas drogas como a aspirina, drogas antiinflamatórias não-esteróides (DAINE),
digital, quimioterápicos;
 Distúrbios como: uremia, choque, lesões do SNC, cirrose hepática, hipertensão hepática,
tensão emocional prolongada.

Tipos de gastrite

 Gastrite bacteriana segue-se normalmente a uma infecção por organismos como o


Helicobacter pylori (bactérias que crescem nas células secretoras de muco do
revestimento do estômago). Não se conhecem outras bactérias que se desenvolvam em
ambientes normalmente ácidos como o do estômago, embora muitos tipos possam fazê-
lo no caso de o estômago não produzir ácido. Tal crescimento bacteriano pode provocar
gastrite de forma transitória ou persistente.

 Gastrite aguda por stress, o tipo mais grave de gastrite, é provocada por uma doença
ou lesão grave de aparecimento rápido. A lesão pode não afetar o estômago. Por
exemplo, são causas frequentes as queimaduras extensas e as lesões que provocam
hemorragias maciças.

 Gastrite erosiva crônica pode ser secundária a substâncias irritantes como os


medicamentos.

 Gastrite viral ou por fungos pode desenvolver-se em doentes crônicos ou


imunodeprimidos.

A gastrite também pode ser induzida pela ingestão de agentes corrosivos, como os
produtos de limpeza, ou pelos elevados níveis de radiação (por exemplo, na radioterapia).

Manifestação clínica

- Desconforto epigástrico

- Hipersensibilidade abdominal

- Eructação, náuseas e vômitos


- Cólicas, diarreia 5 horas após a ingestão de substâncias ou alimentos contaminados

- Hematêmese, às vezes.

Diagnóstico

O médico suspeita de uma gastrite quando o paciente tem dores na parte alta do
abdome, bem como náuseas ou ardor. Se os sintomas persistirem, muitas vezes não são
necessárias análises e começa-se o tratamento em função da causa mais provável. O
diagnóstico primário é realizado pela endoscopia gástrica.
Se a gastrite se mantiver ou reaparecer, deve-se procurar a causa, por exemplo,
uma infecção, analisa os hábitos dietéticos, o consumo de medicamentos e a ingestão de
álcool. A gastrite bacteriana pode ser diagnosticada com uma biopsia.

Tratamento

-Farmacológico: antieméticos; antiácidos.

-Regime dietético

Muitos especialistas tratam uma infecção por Helicobacter pylori se provocar


sintomas. Por vezes, pode ser difícil eliminar o Helicobacter pylori do estômago.

Cuidados de enfermagem

- proporcionar conforto e segurança, um ambiente repousante, calmo e tranquilo;


- manter uma ventilação adequada no ambiente;
- ofertar apoio psicológico, ouvir com atenção e anotar as queixas do paciente;
- orientar as visitas e familiares para evitar conversas que pertubem o paciente;
- diminuir a atividade motora do estômago oferecendo uma dieta branda e várias vezes ao
dia;
- realizar higiene oral 3 vezes ao dia com uma solução antisséptica;
- verificar e anotar os SSVV 4/4 horas;
- administrar a medicação prescrita com controle rigoroso do horário.

4.2.1 Úlcera péptica

É uma ferida bem definida, circular ou oval, causada por o revestimento do estômago
ou do duodeno ter sofrido lesão ou simples erosão pelos ácidos gástricos ou pelos sucos
duodenais. Quando a úlcera é pouco profunda, denomina-se erosão.
A pepsina é uma enzima que trabalha juntamente com o ácido clorídrico produzido
pela mucosa gástrica para digerir os alimentos, sobretudo as proteínas. A úlcera péptica
forma-se no revestimento do trato gastrointestinal exposto ao ácido e às enzimas digestivos
(principalmente do estômago e do duodeno). Os nomes das úlceras identificam a sua
localização anatômica ou as circunstâncias em que se desenvolvem. A úlcera duodenal, o
tipo mais comum de úlcera péptica, surge no duodeno (os primeiros centímetros de intestino
delgado imediatamente a seguir ao estômago). As úlceras gástricas, que são as menos
frequentes, normalmente situam-se na parte alta da curvatura do estômago. Se for extirpada
cirurgicamente parte do estômago, podem desenvolver-se úlceras marginais na zona em
que o estômago remanescente voltou a ligar-se ao intestino. A repetida regurgitação de
ácido procedente do estômago para o segmento inferior do esôfago pode provocar
inflamação (esofagite) e úlceras esofágicas. As úlceras que aparecem como consequência
do stress derivado duma doença grave, queimaduras ou traumatismos, denominam-se
úlceras de stress.

Causas

Uma úlcera desenvolve-se quando se alteram os mecanismos de defesa que


protegem o estômago ou o duodeno do suco gástrico (por exemplo, quando se altera a
produção da quantidade de muco). Não se conhecem as causas de tais alterações.
Praticamente todas as pessoas produzem ácido no estômago, mas só entre 1 % e 10 %
desenvolvem úlceras.

Sintomas

Os sintomas podem variar conforme a localização e a idade do indivíduo. As crianças


e as pessoas de idade avançada podem não apresentar os sintomas habituais ou até
nenhum tipo de sintoma. Nestas circunstâncias, as úlceras descobrem-se só quando
surgem complicações.
Apenas cerca de metade dos afetados com úlceras duodenais apresentam sintomas
típicos: dor, ardor, corrosão, sensação de vazio e fome. A dor tende a aparecer quando o
estômago se encontra vazio. A úlcera normalmente não dói ao acordar, mas a dor
normalmente começa pelo meio da manhã. A dor é constante, de intensidade ligeira ou
moderada e localiza-se numa área definida, quase sempre mesmo abaixo do esterno. A
ingestão de leite, de alimentos ou de antiácidos normalmente alivia-a, mas costuma voltar
duas ou três horas depois.
Os sintomas das úlceras gástricas não seguem muitas vezes os mesmos padrões
que as úlceras duodenais, visto que o comer pode desencadear ou aumentar a dor mais do
que aliviá-la. As úlceras gástricas são mais propensas a provocar edema da porção do
estômago que se abre para o duodeno, o que pode impedir que a comida saia
adequadamente do estômago. Isto pode provocar distensão do abdome, náuseas ou
vômitos depois das refeições.
Quando surgem complicações das úlceras pépticas, como a hemorragia ou a perfuração, os
sintomas agravam-se.

Diagnóstico

Deve-se suspeitar da presença duma úlcera quando a pessoa sente uma dor
característica no estômago. Pode ser necessário fazer exames para confirmar o diagnóstico,
Para facilitar o diagnóstico das úlceras e identificar a sua origem, o médico pode fazer uso
dum endoscópio, requerer radiografias com contraste, analisar o suco gástrico e fazer
análises ao sangue.
A endoscopia é um procedimento em que se introduz, através da boca, um tubo
flexível de visualização (endoscópio) que permite observar diretamente o interior do
estômago. Com um endoscópio, pode ser feita uma biópsia (obter uma amostra de tecido
para ser examinada ao microscópio) para determinar se uma úlcera gástrica é cancerosa.

Tratamento

Um dos aspectos do tratamento das úlceras duodenais ou gástricas é o de


neutralizar ou diminuir a acidez. Este processo é iniciado com a eliminação de possíveis
agentes irritantes do estômago, como os medicamentos antiinflamatórios não esteroides, o
álcool e a nicotina. Embora a dieta mole possa ocupar um lugar no tratamento da úlcera,
não existem evidências definitivas que apoiem a opinião de que tais dietas acelerem a cura
ou evitem as recidivas. No entanto, deverá evitar as comidas que possam piorar a dor e a
distensão.

1- Antiácidos
Os antiácidos aliviam os sintomas, facilitam a cura e diminuem o número de recidivas das
úlceras. A maioria dos antiácidos pode ser adquirida sem receita médica.

2- Medicamentos antiulcerosos
As úlceras são normalmente tratadas durante 6 semanas, no mínimo, com fármacos
que reduzam o meio ácido do estômago e do duodeno. Qualquer dos medicamentos
antiulcerosos pode neutralizar ou reduzir o ácido do estômago e aliviar os sintomas,
geralmente em poucos dias. Habitualmente, se estes não forem aliviados por completo ou
se reaparecerem quando se suprime o fármaco, fazem-se outros exames.

3- Cirurgia
Só raramente é necessária a cirurgia para as úlceras, se tiver em conta que o
tratamento médico é muito eficaz. A cirurgia é reservada principalmente para tratar as
complicações duma úlcera péptica, como uma perfuração, uma obstrução que não responde
ao tratamento farmacológico ou que recidiva, perante duas ou mais crises significativas de
hemorragia, ou quando existe a suspeita de que a úlcera é cancerosa e perante recidivas
frequentes e graves duma úlcera péptica.

Complicações: Penetração, perfuração, sangramento, obstrução.

Cuidados de enfermagem
- proporcionar conforto e segurança, um ambiente repousante, calmo e tranquilo;
- manter uma ventilação adequada no ambiente;
- ofertar apoio psicológico, ouvir com atenção e anotar as queixas do paciente;
- orientar as visitas e familiares para evitar conversas que pertubem o paciente;
- diminuir a atividade motora do estômago oferecendo uma dieta branda e várias vezes ao
dia;
- higiene oral 3 vezes ao dia com uma solução antisséptica;
- verificar e anotar os SSVV 4/4 horas;
- administra a medicação prescrita com controle rigoroso do horário.

4.3 Tumor
Os tumores do aparelho digestivo representam juntos uma grande parte dos tumores
humanos. São praticamente incuráveis quando apresentam-se disseminados pelo
organismo (metástases volumosas), daí a necessidade de um rastreamento precoce com o
intuito de um diagnóstico da neoplasia na sua fase inicial, aumentando assim a possibilidade
de cura e a melhoria da condição de sobrevida quando a cura não é possível.

a) câncer do esôfago

Há mais de 1000 anos o tumor de esôfago vêm sendo reconhecido como causador
de morte. É marcante a variação geográfica da incidência, sendo no Brasil a taxa de 7,01 e
1,98 em 100.000 habitantes respectivamente para homens e mulheres. A estimativa para o
ano de 1997 é de uma taxa de óbitos de 4.630 casos e de um total de 6.550 novos casos.

Embora a causa do câncer do esôfago seja desconhecida, existem condições


predisponentes bem definidas como: megaesôfago (aumento do diâmetro), acalasia (falta de
relaxamento do esfíncter de transição esôfago-gástrico), esôfago de Barrett (esofagite de
refluxo), injúria cáustica, divertículos e agentes infecciosos (papiloma vírus). O consumo
excessivo do álcool e o hábito de fumar isoladamente aumentam o risco de desenvolver o
câncer de esôfago e , quando associados, multiplicam-no. A dieta pobre em vitaminas assim
como a ingestão de compostos ricos em nitrato contribuem para esse estímulo.

O rastreamento precoce em pacientes assintomáticos não apresenta relação custo-


benefício satisfatória, ficando reservado para os casos que apresentarem fatores
predisponentes associados à ingestão exacerbada do álcool ou do fumo.

Usualmente o primeiro sintoma é a dificuldade para ingerir os alimentos; esse,


quando presente, é um sinal de doença, na maioria das vezes, já avançada . A perda de
peso é outro sinal frequente.

Embora a coleta de secreção no interior do esôfago por meio de uma sonda seja
considerado o meio mais barato, mais cômodo para o paciente e com bons resultados, no
nosso meio a endoscopia digestiva alta (biópsia + lavado) e o exame radiológico com
ingestão do bário (contraste) são os métodos utilizados para o diagnóstico.

b) câncer do estômago

O estômago é o órgão que vem logo após o esôfago no trajeto do alimento dentro do
aparelho digestivo. Ele tem a função de armazenar por pequeno período os alimentos
deglutidos para que possam ser misturados ao suco gástrico, o qual participa do processo
de degradação química dos alimentos.

Até 1988 o câncer do estômago era a maior causa mundial de morte por câncer e a
estimativa de 1980 era de que surgiriam anualmente 670.000 novos casos. No Brasil é a
segunda causa de morte entre os homens e a terceira entre as mulheres.

O prognóstico para o câncer do estômago é pobre, refletindo o diagnóstico na


maioria das vezes tardio e, mesmo após um tratamento cirúrgico com finalidade curativa,
onde o número de recidivas é muito alto.
O câncer do estômago é mais comum nos homens, iniciando na faixa etária dos 40
anos e aumentando gradativamente, com o pico de incidência na sétima década de vida,
sendo um pouco mais precoce nas mulheres.

A dieta e os fatores ambientais estão fortemente relacionados com o câncer gástrico,


sendo que existe uma forma relacionada com etiologia genética. A forma epidêmica do
câncer gástrico evolui de lesões pré-cancerosas como a gastrite atrófica e a metaplasia
intestinal. A infecção associada pelo Helicobacter pylori e a dieta rica em nitritos estimulam
as lesões pré-cancerosas a progredir para o câncer.

A forma endêmica está mais presente nas mulheres e jovens, não estando
relacionada com as lesões pré-cancerosas e sim com a ocorrência familiar (tipo sanguíneo
A) sugestiva de uma etiologia genética.

Estudos têm demonstrado a diminuição do risco para o câncer com a ingestão de


vegetais crus (não cozidos), frutas cítricas e alimentos ricos em fibras. Já o aumento do
risco pode ser notado na ingesta pobre de vitaminas A e C, carnes e peixes salgados, alto
consumo de nitrato e baixo consumo de proteínas e gordura. Outros fatores são os
ambientais como: má conservação dos alimentos (defumados / ausência de refrigeração),
água de poço (alta concentração de nitrato), além do hábito de fumar e ingestão de bebidas
alcóolicas. Existe ainda a comprovação de maior incidência na classe social mais baixa e
em pacientes que foram previamente operados do estômago.

É importante lembrar que o câncer do estômago leva aproximadamente 20 anos para


evoluir de uma lesão pré-cancerosa para a forma grave. Sendo assim, a retirada de fatores
promotores e a iniciação da dieta e de meios para a diminuição dos riscos devem ser
tomadas precocemente, ainda na infância.

O diagnóstico geralmente é tardio devido a vaga sintomatologia relacionada com


câncer gástrico inicial. A perda de peso é um sinal muito importante, o desconforto
abdominal é um sintoma frequentemente pouco valorizado pelo médico e pelo paciente,
principalmente quando é persistente ou comum. Outros sintomas são: perda de apetite,
fadiga e sensação de empanzinamento (plenitude gástrica) náuseas e vômitos. Outros
sinais relacionados com a doença avançada são: massa palpável na parte superior do
abdome, aumento do tamanho do fígado, presença de gânglio na região supraclavicular
esquerda . A anemia está presente nos pacientes com sangramento, ocorrendo em um terço
dos pacientes e caracterizando uma lesão avançada.

O rastreamento precoce das massas abdominais para detecção inicial do câncer


está indicado apenas nas áreas com elevados índices de incidência e de mortalidade, como
no Japão.

Os exames utilizados são a endoscopia digestiva alta e exame radiológico, com


ingestão de contraste. Esses métodos diminuem consideravelmente o índice de mortalidade,
uma vez que ampliam o número de detecções de lesões precoces, aumentando a
possibilidade de cura. No Brasil, devido ao alto custo dos métodos de rastreamento, fica
inviável a sua realização, restando-nos assim a conscientização dos fatores de risco e da
necessidade de uma avaliação médica para os vagos sintomas relacionados com o câncer
gástrico.
c) câncer do intestino delgado

O intestino humano é dividido em duas grandes partes subsequentes que recebem o


alimento proveniente do estômago: intestino delgado e intestino grosso. Eles têm a função
de absorver os nutrientes dos alimentos e de formar o bolo fecal.

O intestino delgado, apesar de representar aproximadamente 90% da área de


contato de todo o intestino com o alimento, apresenta um baixo índice de lesões tumorais,
provavelmente pela rápida passagem do alimento por essa parte do intestino promovendo
um menor contato do alimento e seu carcinógenos com a mucosa desse segmento.

Estimativas demonstram que o câncer do intestino delgado é aproximadamente 30


vezes menos incidente que o câncer coloretal (do intestino grosso e reto). Sendo assim
passaremos a demonstrar maiores detalhes em relação ao câncer coloretal.

d) câncer coloretal

A denominação de câncer coloretal engloba os tumores que acometem o intestino


grosso (cólon) e o reto (que é uma parte contínua ao cólon no trajeto do trato digestivo).
Logo em seguida, aparece o canal anal, o qual consta dos 12 a 15 centímetros finais do
intestino até a borda anal.

O câncer coloretal representa hoje no Brasil a quinta causa de morte entre os outros
cânceres.

Na década passada houve um maior avanço no entendimento da forma como o


tecido normal do intestino transformar-se-ia em um câncer. Os métodos endoscópicos
passaram a permitir uma visualização de toda a parte interna do intestino que encontra-se
susceptível a desenvolver o câncer. O conhecimento de que os pólipos (proeminências do
tecido da parede interna do intestino para a sua própria luz) são lesões predominantemente
pré malignas, estimulou o estudo epidemiológico da ocorrência e progressão desses
pólipos, permitindo assim constatar a presença dos mesmos de forma mais precoce e
muitas vezes tratar o câncer ainda na fase inicial.

Estima-se que no Brasil um total de 17.630 novos casos venham a ocorrer em 1997
(Pro-Onco/INCa), sendo que esse número divide-se, praticamente , de forma igual entre
homens e mulheres. Mas a estatística mundial demonstra a incidência maior entre os
homens. A idade de ocorrência é principalmente acima dos 60 anos, sendo menor o risco na
idade entre os 40 a 59 anos. Fatores hormonais explicam a menor incidência na mulher,
sendo que o fato de ter muitos filhos ainda em idade precoce também é um fator protetor.

Outros fatores podem atuar de forma protetora ou, ao contrário, alguns fatores
podem aumentar o risco e até mesmo agir de formas predisponente.

A relação da dieta e o risco do câncer coloretal é bem estabelecida. Sabidamente a


ingestão aumentada de gordura saturada (proveniente da carne vermelha principalmente)
aumenta o risco, ao passo que o óleo vegetal não apresenta nenhum efeito e o óleo
proveniente do peixe (ômega-3) possui efeito protetor contra o câncer coloretal. Existe
também relação com a quantidade de calorias ingeridas, sendo maior o risco em pessoas
que comem mais. Já a ingestão de fibras vegetais é apresentada como um fator protetor. A
fibra age promovendo uma maior velocidade de passagem do alimento dentro do intestino,
diminuindo o tempo de contato entre as substâncias carcinógenas (que causam o câncer)
encontradas nos alimentos e a parede intestinal.

A dieta rica em cálcio e potássio possui um efeito protetor. A ingestão de bebidas


alcoólicas, quando exacerbada , aumenta o risco.

A hereditariedade do câncer coloretal é demonstrada em 5% a 20% dos casos, sendo


importante lembrar as síndromes que trazem consigo o risco aumentado de desenvolver o
câncer como a de Gardner, polipose familiar, polipose juvenil, síndrome de Turcot, síndrome
de Lynch e Peutz-Jeguer.

A quimioprevenção do câncer coloretal tem sido motivo de muitos estudos. Alguns


trabalhos já demonstram a utilização de aspirina (antinflamatório), vitamina E e C
(antioxidantes) e de caroteno (substância que dá a cor amarela à cenoura) como
substâncias que com o uso controlado e por períodos prolongados possuem efeito protetor
contra o câncer coloretal.

A sintomatologia varia de acordo com o local de acometimento tumoral. O tumor,


quando na fase inicial não produz sintomas e os sintomas abdominais quando vagos são
raramente associados ao diagnóstico do câncer coloretal. O tumor pode manifestar-se como
uma obstrução intestinal com parada de eliminação de fezes e gases associado a vômitos
ou mesmo como uma perfuração causando um quadro grave com forte dor abdominal.

Muito comum é a perda de sangue em pequena quantidade e por períodos


prolongados (sangue oculto nas fezes), causando um dos sinais mais comuns que é a
anemia. Esses pacientes apresentariam fraqueza como consequência da anemia. O
sangramento pode ser vivo (sangue vermelho), sendo indicativo de um tumor localizado na
parte mais distal do intestino (diferenciar de hemorroidas) ou mesmo de forma negra
(melena) quando localizado em parte mais proximal do intestino, sendo a cor negra
consequência da degradação do sangue até ser exteriorizado.

Presença de massa palpável é comum quando o tumor está localizado no cólon


direito (parte proximal). Dor abdominal, náuseas e vômitos são outros sintomas presentes
que, habitualmente, estão relacionados com sangramento ou obstrução. Mudança do hábito
intestinal é outro sintoma presente em parte dos pacientes com tumor coloretal, sendo que a
diarréia é mais comum que a constipação intestinal nos caso de tumor retal.

O diagnóstico precoce no câncer coloretal é algo que comprovadamente reduz a


mortalidade relacionada com a doença. Os métodos diagnósticos eficazes (colonoscopia e
enema com uso do bário como contraste) associados ao tempo prolongado de evolução da
maioria dos tumores coloretais, justifica um rastreamento mais agressivo dessa doença. O
marcador tumoral (antígeno carcinoembrionário - CEA) é encontrado positivamente na
maioria dos casos, mas é inespecífico para o câncer coloretal, sendo utilizado com maior
frequência na avaliação da resposta ao tratamento e de recidiva da doença que no
diagnóstico propriamente dito.

Os pacientes são classificados como de alto risco para o desenvolvimento do câncer


ou de risco normal.

Entre os de alto risco encontramos aqueles com história familiar de câncer coloretal.
Nesse grupo está indicado o início do rastreamento na idade entre 35 e 40 anos com A
detecção do sangue oculto nas fezes e um exame endoscópico via retal. Inicialmente a
retosigmoidoscopia (endoscopia via retal com aparelho que visualiza aproximadamente até
60 a 65 cm) deve ser realizada a cada 3 a 5 anos. Um exame mais profundo, que
visualizaria todo o cólon (colonoscopia) será realizado caso seja detectada alguma alteração
no exame prévio. Nos casos das síndromes de alto risco para o câncer (sind. de Lynch) a
colonoscopia e o enema com bário devem ser realizados a cada 3 anos a partir dos 30
anos.

Devemos agir mais agressivamente nos casos de polipose familiar (tipo


adenomatoso), quando a retirada cirúrgica de todo o colo e algumas vezes do reto é
realizada previamente para evitar o desenvolvimento do câncer.

Nos casos com história pessoal de câncer ou presença de pólipos indica-se o exame
endoscópico a cada 1 a 3 anos.

Já aqueles pacientes com colite ulcerativa (doença inflamatória intestinal) por mais
de 10 anos e que não foram submetidos ao tratamento cirúrgico, devem submeter-se ao
exame endoscópico a cada 1 ou 2 anos.

O grupo de pacientes caracterizados como de risco normal para o câncer coloretal,


ou seja, a população que não apresentar - um risco pessoal ou familiar também está entre
os que devem ser estudados mesmo sem sintomas. Os exames indicados são a pesquisa
de sangue oculto nas fezes, anualmente, e a sigmoidoscopia, a cada 3 a 5 anos. Além
desses exames, vale lembrar o risco aumentado como a obesidade, sedentarismo, consumo
exagerado de açúcar refinado e da dieta com maior teor de gordura saturada; ficando clara
a indicação de uma dieta saudável e de exercício físicos freqüentes como meio de
prevenção do câncer coloretal.

e) câncer do pâncreas

O câncer do pâncreas continua sendo um problema de saúde mundial. O índice de


mortalidade é elevado, sendo considerado aproximadamente o mesmo índice de incidência.
A mortalidade chega a 27.000 e 50.000 casos/ano nos EUA e na Europa respectivamente.
Aproximadamente 1% a 4% dos pacientes com o câncer de pâncreas vivem mais de 5 anos.
Esses altos índices de mortalidade ocorrem devido à dificuldade no diagnóstico, à
agressividade da doença e à falta de terapêutica eficaz.

O risco de desenvolver o câncer do pâncreas é pequeno nas 3 ou 4 primeiras


décadas de vida, aumentando significativamente após os 50 anos, sendo o pico de
incidência entre 65 e 80 anos. Há uma pequena predominância no sexo masculino.

Estudos recentes têm demonstrado fatores etiológicos importantes para o câncer de


pâncreas, dentre estes: fatores ambientais, médicos ou cirúrgicos, hereditários e
ocupacionais.

Nos fatores ambientais salienta-se o uso do cigarro, sendo este o mais bem definido
fator etiológico entre outras classes para o câncer de pâncreas. O risco está diretamente
relacionado com a quantidade e com o tempo de utilização do tabaco. O risco diminui em
torno de 30%, em comparação aos não fumantes, após 10 anos sem fumar. 30% dos casos
de câncer do pâncreas são atribuídos ao hábito de fumar.
Outro fator ambiental importante é a dieta, onde está bem comprovado que a alta
ingesta de gordura e carnes aumenta o risco, ao passo que a ingestão de frutas, vegetais,
alimentos ricos em fibras e vitamina C reduz o risco. Existe um dilema em confirmar ou não
a associação da ingestão exacerbada de bebidas alcoólicas e café com o aumento do risco
para o desenvolvimento do câncer de pâncreas.

Dentre os fatores médicos encontramos o diabetes melitus como uma manifestação


e como fator causador, sendo que essa relação não é bem compreendida. Já a pancreatite
crônica demonstra nítido aumento do risco. Ainda dentro dessa classe encontramos os
pacientes submetidos à cirurgias do trato digestivo alto (úlcera no estômago ou duodeno) e
aqueles submetidos à retirada da vesícula biliar (local de armazenamento da bile).

Os sintomas não muito específicos para o câncer do pâncreas retardam o


diagnóstico. Os sintomas mais comuns variam de acordo com a localização do tumor no
órgão, sendo a icterícia o sintoma mais comum do tumor da cabeça do pâncreas. Outro
sintoma muito comum, mas que aparece já no tumor avançado é a dor que, inicialmente,
pode ser de pequena intensidade; mas, habitualmente, é de forte intensidade, localizada na
parte média à parte alta das costas. Outros sinais e sintomas que estão sempre associados
são a perda do apetite e do peso. O aumento do nível sangüíneo da glicose está quase
sempre presente, provavelmente por destruição e diminuição do funcionamento das células
produtoras de insulina (hormônio responsável pela diminuição do nível de glicose no
sangue).

O diagnóstico, como descrito anteriormente, é, na maioria das vezes, realizado


tardiamente; sendo feito através da história clínica associada à exames laboratoriais e de
imagem, como a tomografia computadorizada do abdome, auxiliada em algumas vezes pelo
procedimento endoscópico com injeção de contraste de forma retrógrada pelas vias biliares
e pelo canal pancreático, onde visualizamos alterações em seus trajetos que são indicativos
do câncer pancreático.

Como vimos anteriormente, o diagnóstico do câncer de pâncreas é de difícil


realização na fase precoce e não existe nenhum método bem definido que possa ser
utilizado como rastreamento para o diagnóstico precoce, a não ser os estudos genéticos
(em andamento e ainda sem aplicabilidade clínica) para detecção precoce nos casos
familiares.

f) câncer das vias biliares

O câncer da via biliar deve ser dividido em três categorias: câncer da vesícula biliar,
do ducto biliar - que conduz a bile até o intestino - e outros tumores muito raros.

Os tumores dos ductos biliares apresentam prognóstico muito ruim e, mesmo os


casos operados, apresentam taxas de sobrevida muito baixas.

g) câncer do fígado

O câncer de fígado deve ser dividido em duas categorias: o primário do fígado e o


secundário (originado em outro órgão e que acomete também o fígado).

Habitualmente o termo "primário do fígado" é usado como significado de


hepatocarcinoma (tumor maligno mais comum no fígado) mas devemos lembrar que existem
o colangiocarcinoma (pode acometer ducto biliar dentro do fígado), angiossarcoma (tumor
do vaso sangüíneo) e na criança o hepatoblastoma.

O tempo de vida após o diagnóstico de um paciente com o hepatocarcinoma


clinicamente detectável é extremamente curto. Assim considerando, o índice de incidência
passa a ser equivalente ao de mortalidade.

Assim como a incidência é variável, a idade de acometimento varia de acordo com o


índice de incidência. Em média, nas áreas de maior acometimento, ocorre entre os 35 e 45
anos, sendo que vem ocorrendo cada vez mais em idades mais avançadas nas áreas de
menor incidência.

Existem fatores de risco bem definidos como: a hepatite crônica por vírus tipo B (fator
de maior importância - 75% a 90% dos casos); aflatoxina (toxina produzida por fungo que
cresce em cereais e outros alimentos em áreas quentes e úmidas); álcool (promovendo a
cirrose hepática); hepatite por vírus tipo C, e doenças relacionadas com o depósito de ferro
no fígado.

O hepatocarcinoma possui a possibilidade de prevenção, sendo essa classificada em


primária e secundária. A prevenção primária é baseada principalmente no interrompimento
da transmissão do vírus da hepatite B, através da utilização de vacinas. A prevenção
secundária depende da detecção precoce do tumor, constando da remoção cirúrgica
quando o tumor ainda não produziu repercussão clínica, mas já foi detectado pela dosagem
no sangue de um marcador tumoral chamado alfafeto-proteína, que é uma substância
produzida em 40% a 70% dos fígados acometidos pelo câncer, mas não pelo fígado normal.

Chama muita atenção no diagnóstico do câncer do fígado o pequeno tempo de


evolução, ou seja, o paciente apresenta uma doença geralmente muito avançada ao
diagnóstico com um tempo de evolução da sintomatologia muito curto. O tempo que o tumor
leva para duplicar o volume de massa tumoral é muito curto em comparação com outros
tumores, sendo em média de 4 meses no hepatocarcinoma.

O sintoma mais comum é a dor no quadrante superior direito do abdome sendo que
cerca de um terço dos pacientes apresenta perda de peso, perda de apetite e plenitude
gástrica (empanzinamento). Sintomas menos comuns são icterícia, hemorragia digestiva
alta e hemorragia intraperitoneal (dentro da barriga).

Ao exame físico, nota-se em 90% dos casos o aumento do tamanho do fígado e em


50% dos casos ascite (barriga d'água), sendo que em poucos casos verifica-se também o
aumento do baço.

Os exames utilizados para o diagnóstico do câncer do fígado são os testes


laboratoriais (principalmente o marcador tumoral, prova de função hepática, hemograma e
outros de rotina para possíveis síndromes para neoplásicas) e os de imagem como a ultra-
sonografia e a tomografia computadorizada associada ao uso de contraste endovenoso em
algumas ocasiões.

Já nos tumores secundários do fígado (originários de outro órgão e que estão


acometendo o fígado) outros exames podem ser necessários para detectar a possível
origem do tumor.
4.4 Diarreias

As diarreias são compreendidas como um desarranjo do intestino com aumento do


número de evacuações e fezes amolecidas ou líquidas.
Os microrganismos causadores da diarreia costumam chegar ao ser humano através
da boca, podendo estar na água ou alimentos contaminados.
Grande parte das diarreias é causada por vírus, bactérias ou parasitas. Os parasitas são
comuns em locais com condições precárias de saneamento básico.
As complicações mais comuns da diarreia são: a desidratação, diarreias de
repetição, desnutrição crônica, retardo do desenvolvimento do peso e estatura, retardo do
desenvolvimento intelectual, podendo levar a morte.
O Tratamento é baseado na ingestão do soro caseiro ou isotônicos em torno de 50 a
100ml após cada evacuação diarreica; aumento da ingestão de líquidos como soros, sopas,
sucos; manutenção da alimentação habitual, principalmente o leite materno, corrigindo erros
alimentares e observar os sinais de desidratação. Sendo esses sinais evidenciados pelos
olhos fundos; ausência de lágrimas quando a criança chora, boca e língua secas; aumento
da sede, bem como a ingestão de água ou outro líquido muito rápido; diminuição da
quantidade de urina; afundamento da moleira, nos casos dos recém nascidos.
Cabe ao profissional de enfermagem orientar o paciente quanto às medidas de
prevenção: amamentação do recém-nascido no mínimo até os seis meses de vida; Ingestão
de água tratada, filtrada ou fervida, bem como de outros líquidos, principalmente nos dias
mais quentes; manutenção dos depósitos de água que devem sempre fechados e realização
de limpeza regularmente; evitar tomar banho em rio, açude ou piscina contaminada; manter
a higiene da casa, pessoal e dos utensílios de mesa e fogão; lavar as mãos com água e
sabão antes de preparar os alimentos, antes de amamentar, após a troca de fraldas de
crianças ou após usar o banheiro; proteger os alimentos de moscas, baratas e ratos e lavar
cuidadosamente as verduras e frutas.

4.5 Colites

É uma doença inflamatória recorrente da camada mucosa do cólon e reto. O pico de


incidência é dos 30 aos 50 anos de idade. É uma doença séria, acompanhada por
complicações sistêmicas e com alta taxa de mortalidade. Eventualmente 10% a 15% dos
pacientes desenvolvem carcinoma do cólon.

4.5.1 Constipação intestinal

Existe constipação intestinal quando ocorre dois ou mais dos seguintes eventos, por
no mínimo 12 semanas nos últimos 12 meses.
Os subtipos de constipação são classificados de acordo com os diferentes
mecanismos, como: inércia colônica (motilidade lenta), dificuldade evacuatória (alteração
funcional de assoalho pélvico, reto ou ânus) e constipação funcional quando há trânsito
normal.
A constipação também é mais prevalente em crianças do que em adultos. Em
adultos, a constipação associa-se a outras comorbidades (doenças neurológicas,
psiquiátricas, proctológicas, endócrinas e metabólicas) e ao uso de muitos medicamentos
com propriedades anticolinérgicas (opioides, antidepressivos, diuréticos, anti-histamínicos,
antiparkinsonianos, benzodiazepínicos, corticosteroides, fenotiazinas, propranolol, sais de
ferro e laxativos em uso crônico que produzem o cólon catártico, isto é, aquele que funciona
só à base de laxativos.
História de abuso sexual, inatividade física, educação limitada, baixo nível
econômico e sintomas de depressão são considerados como fatores de risco para
constipação.
O tratamento da constipação se constitui na adaptação da dieta, com ingestão de
fibras, alimentos funcionais pré-bióticos e probióticos, além da ingestão habitual de líquidos
e exercícios físicos. Abaixo, são relacionados os aspectos da alimentação que constituem o
tratamento da constipação:

As fibras são alguns tipos de fibras alimentares – carboidratos não digeríveis e assim
resistentes à ação de enzimas – e apresentam funções importantes contra a constipação,
como atuar na manutenção da flora intestinal e contribuir com a consistência normal das
fezes.
A presença prolongada do bolo fecal nas fezes deve ser evitada para que não haja
contato entre substâncias carcinogênicas e a mucosa. As fibras evitam que este contato
aconteça, pois diminuem o tempo de trânsito intestinal. Além disso, diminui o pH e, através
da fermentação, produz ácidos graxos de cadeia curta, que são absorvidos pelo intestino
grosso, e estimula a absorção de água e eletrólitos.

Uma dieta rica em fibras forma um bolo fecal volumoso, o que estimula a evacuação.
As fibras insolúveis são a celulose, a lignina e algumas hemiceluloses. Elas são pouco
fermentáveis e aumentam a absorção de água, acelerando o tempo de trânsito intestinal.
Estão presentes no farelo de trigo, grãos integrais e verduras. Já as fibras solúveis, que são
representadas pela pectina, gomas e mucilagens, retardam o esvaziamento gástrico e o
trânsito intestinal. São altamente fermentáveis que alteram o metabolismo do cólon e
aumentam o bolo fecal, estimulando a evacuação. Suas principais fontes são frutas,
verduras, leguminosas e o farelo de aveia. A recomendação de fibras diária é de 25-30g
para adultos saudáveis e mais 5 gramas por dia para crianças.
Os probióticos são bactérias que produzem efeitos benéficos no hospedeiro. Um de
seus diversos papéis é equilibrar a flora intestinal.

Podem ser componentes de alimentos industrializados como leites fermentados e iogurtes,


ou podem ser encontrados na forma de pó ou cápsulas. É preciso manter uma ingestão
diária dessas substâncias para que haja efeitos desejáveis.

Vários microorganismos são usados como probióticos, entre eles bactérias ácido-
lácticas, não lácticas e leveduras. As bactérias mais utilizadas nos alimentos fermentados ou
iogurtes são as Bifidobacterium e Lactobacillus, como exemplo o Lactobacillus acidophillus.
As bactérias diminuem a susceptibilidade de infecções, mantendo a flora intestinal
saudável e equilibrada, com níveis imunológicos aceitáveis, para que o intestino possa atuar
na sua função que é digerir e absorver nutrientes para o nosso organismo e expelir o bolo
fecal formado.
Dentre os diversos papéis dos probióticos em nosso organismo, destacam-se a
melhoria na digestibilidade dos alimentos, principalmente dos nutrientes como proteínas e
lipídios, e a lactose, sendo assim o probiótico, uma importante arma contra a intolerância à
lactose.
Além disso, as bactérias probióticas farão parte da microflora intestinal, responsável
por aumentar o volume das microvilosidades do intestino, aumentando a superfície de
contato para absorção. Também acelera a motilidade intestinal, evitando contato entre
substâncias do bolo fecal e a mucosa.

A ingestão de líquidos ajuda no aumento do trânsito intestinal e na expulsão do bolo


fecal, de maneira facilitada, pois hidrata o bolo fecal e o deixa amolecido. É recomendado
pelo menos 1,5l de água por dia.

Os alimentos eficazes para regularizar o funcionamento do intestino são


principalmente:

Fibras – como o farelo de trigo não processado (farelo de moleiro) ou farelo de arroz;

cereais integrais; pão, arroz e macarrão integral; legumes; verduras; frutas e semente
de linhaça.

4.6 Hepatite tóxica;

A hepatite tóxica é aquela gerada a partir do uso de substâncias que danificam o


fígado. A ingestão excessiva de álcool pode gerar lesões no fígado. Os danos podem ser
hepatite alcoólica, cirrose alcoólica e outros.

Os sintomas são praticamente os mesmos em todos os tipos de hepatites virais:

 Mal-estar geral,
 Cansaço,
 Sintomas semelhantes à gripe,
 Icterícia (cor amarelada nos olhos e/ou na pele),
 Eliminação de urina escura (como chá preto),
 Dor na região logo abaixo das costelas do lado direito do abdômen e náusea ou
vômitos.

A icterícia (amarelão), porém, só aparece em 50% dos casos. Muitas vezes, a


pessoa adquire o vírus, apresenta uma diarreia, mas não fica doente (casos subclínicos).

A melhor forma de fazer o diagnóstico é através de exames de sangue, onde se


mede a quantidade de enzimas produzidas pelo fígado, como o TGO e TGP.

Na hepatite elas estão bem aumentadas, facilitando o diagnóstico. Também podem


ser dosados os anticorpos específicos para cada tipo de hepatite.

Uma das complicações que podem vir a surgir é a Hepatite Fulminante: uma
complicação rara, pode ocorrer tanto na hepatite B ou C.
A pessoa apresenta icterícia progressiva, podendo até apresentar problemas no
cérebro. O fígado sofre intensa necrose, que é irreversível. Em geral, a taxa de mortalidade
é bem alta, em torno de 90 a 100% dos casos, a necessidade de transplante é absoluta.

4.6.1 Cirrose Hepática

A cirrose é uma doença difusa do fígado, que altera as funções das suas células e
dos sistemas de canais biliares e sanguíneos. É o resultado de diversos processos, entre os
quais, a morte de células do fígado e a produção de um tecido fibroso não funcionante. À
medida que o tecido necrótico evolui para fibrose, ocorrerá a alteração na estrutura e
vascularização normal do fígado e isso prejudica toda a estrutura e o trabalho do fígado.
Após períodos variáveis de tempo, indivíduos com inflamações crônicas do fígado estão
sujeitos a desenvolverem cirrose. Não é possível prever quais as pessoas com doença de
fígado que terão cirrose.

Causas

- As hepatites crônicas pelos vírus B e C- O alcoolismo são as principais causas.

- As hepatites por medicamentos; - Hepatite Auto imune;- Esteato hepatite não-alcoólica


(NASH)- Doenças genéticas (Hemocromatose, Doença de Wilson);

- A cirrose biliar primária ou secundária (dificuldade crônica, sem causa definida, do fluxo de
bile desde o interior do fígado ou, eventualmente, após cirurgias complicadas da vesícula,
das vias biliares ou do fígado). Em recém-nascidos, a atresia biliar (uma mal-formação dos
canais que conduzem a bile do fígado ao intestino) é importante causa da rápida instalação
de cirrose no bebê, situação curável apenas por transplante hepático.

Manifestações clínicas

A doença se desenvolve lentamente e nada pode ser percebido por muitos anos.
Podem ocorrer sintomas inespecíficos como: fraqueza e cansaço; perda de peso; alterações
do sono; dores abdominais não localizadas.
Com a evolução, aparecem diversas manifestações que, dependendo do paciente,
serão predominantemente de um ou de outro grupo de sintomas.
As alterações relacionadas aos hormônios são: perda de interesse sexual;
impotência; esterilidade; parada das menstruações; aumento das mamas dos homens;
perda de pelos. As alterações relacionadas à circulação do sangue no fígado (hipertensão
da veia porta) levam a: aumento do baço; varizes do esôfago e estômago com risco de
hemorragias graves (vômito ou fezes com sangue).
Devido à incapacidade do trabalho da célula hepática, acumula-se bile no sangue,
surgindo a icterícia (amarelão), que pode estar associada à coceira no corpo.
4.7 Colecistite

A colecistite aguda é a inflamação da parede da vesícula biliar, comumente


decorrente de um cálculo biliar localizado no ducto cístico, que causa um episódio de dor
súbita de forte intensidade.

Causas

Hereditariedade, Obesidade e Calculose biliar. Pode ocorrer após grandes


procedimentos cirúrgicos, traumatismos, queimaduras (porque causam desequilíbrio
hidroeletrolítico e queda do suprimento sanguíneo visceral)

Manifestações clínicas

Dor em quadrante superior direito; Rigidez abdominal; Náuseas; Vômito; Icterícia;


Colúria; Intolerância a alimentos gordurosos; fezes cinzentas.

Tratamento

Medicamentos (dissolvem os cálculos formados pelo colesterol), litotripsia,


colecistectomia; dieta hipolipídica, hipercalórica, hiperproteica imediatamente após a
cirurgia.

4.8 Apendicite

A apendicite é inflamação do apêndice. O apêndice é uma pequena estrutura tubular


em forma de dedo, de aproximadamente 10 cm, que se projeta do intestino grosso próximo
do ponto onde este une -se ao intestino delgado. O apêndice pode ter alguma função imune,
mas não é um órgão essencial. O apêndice enche-se de alimento e esvazia-se regularmente
no ceco, como sua luz é pequena é propenso a tornar-se obstruído. Com exceção das
hérnias encarceradas, a apendicite é a causa mais comum de dor abdominal súbita e
intensa e de cirurgia abdominal nos Estados Unidos. A apendicite é mais comum entre os 10
e 30 anos de idade. A causa da apendicite não é totalmente compreendida. Na maioria dos
casos, é provável que uma obstrução no interior do apêndice desencadeia um processo no
qual ele torna-se inflamado e infectado.
Se a inflamação persistir sem tratamento, o apêndice pode romper. Um apêndice
roto permite o extravasamento do conteúdo intestinal rico em bactérias para o interior da
cavidade abdominal, causando a peritonite, a qual pode acarretar uma infecção
potencialmente letal. A ruptura também pode provocara formação de um abscesso. Na
mulher, podem ocorrer infecção dos ovários e das tubas uterinas e a consequente obstrução
das tubas uterinas pode causar infertilidade. O apêndice roto também pode permitir que as
bactérias invadam a corrente sanguínea e produzam uma septicemia, que também é
potencialmente letal.

Manifestações clínicas
Menos de metade dos indivíduos com apendicite apresenta a combinação de
sintomas característicos: náusea, vômito e dor intensa na fossa ilíaca direita (região
abdominal inferior direita). A dor pode iniciar subitamente na região abdominal superior ou
em torno da cicatriz umbilical. A seguir, o indivíduo apresenta náusea e vômito. Após
algumas poucas horas, a náusea cessa e a dor localiza se na fossa ilíaca direita.
Quando o médico pressiona essa área, ela dói, e quando a pressão é aliviada, a dor
aumenta abruptamente (sinal da descompressão positivo ou sensibilidade de rebote). Uma
febre de 37, 7 °C a 38, 3 °C é comum. A dor, particularmente em lactentes e crianças, pode
ser generalizada e não restrita à fossa ilíaca direita.
Em idosos e gestantes, a dor normalmente é menos intensa e a área é menos
sensível. No caso de ruptura do apêndice, a dor e a febre podem tornar-se intensas. O
agravamento da infecção pode levar ao choque.

Diagnóstico e Tratamento
O hemograma revela um aumento moderado dos leucócitos (glóbulos brancos)
(leucometria) em resposta à infecção. Normalmente, nas fases iniciais da apendicite, a
maioria dos exames (incluindo as radiografias, a ultrassonografia e a TC) não é útil.
Comumente, o médico baseia o diagnóstico nos achados do exame físico. A cirurgia é
imediatamente realizada para evitar a ruptura do apêndice, a formação de um abscesso ou
a peritonite (inflamação do revestimento da cavidade abdominal). Em aproximadamente
15% das cirurgias de apendicite, o apêndice encontra-se normal.
Contudo, postergar a sua realização até o médico ter certeza da causa da dor
abdominal pode ser fatal.
Um apêndice infectado pode romper em menos de 24 horas após o início dos
sintomas. Mesmo quando a apendicite não é a causa do quadro apresentado pelo paciente,
o apêndice é normalmente retirado. A seguir, o médico examina a cavidade abdominal e
tenta determinar a causa real da dor. Com a cirurgia precoce, a chance de óbito devido a
uma apendicite é muito pequena.
O indivíduo comumente pode deixar o hospital em 2 a 3 dias e a sua recuperação é
normalmente rápida e completa. No caso de um apêndice roto, o prognóstico é mais grave.
Há cinquenta anos, a ruptura era frequentemente fatal. Os antibióticos reduziram a taxa de
mortalidade para quase zero, mas, em certos casos, podem ser necessárias várias
operações e uma longa convalescença.

4.9 Pancreatite

A pancreatite aguda é definida como um processo inflamatório agudo do pâncreas.


Suas causas são: pedras da vesícula que se deslocam e impedem o escoamento das
substâncias produzidas pelo pâncreas; ingestão abusiva de álcool e de alguns
medicamentos como corticoides e imunodepressores; tumores que obstruem os canalículos
do pâncreas; traumatismo pancreático; níveis elevados de colesterol e triglicérides e fatores
genéticos.
O pâncreas é um dos órgãos acessórios do sistema digestório. Encontra-se situado no
abdômen, atrás do estômago. Ele é responsável pela produção do suco pancreático que
ajuda na digestão e pela produção de hormônios como insulina e glucagon.
Fisiopatologia

Um cálculo impede o fluxo da bile e de suco pancreático para o duodeno,


favorecendo na penetração de elementos irritantes para o tecido pancreático, que
desenvolve uma resposta inflamatória.

Manifestações clínicas

Dor severa que se inicia subitamente na região epigástrica, após excesso de


ingestão alimentar ou de bebida alcoólica. Irradia para a reborda costal, piorando ao andar e
deitar. Melhora quando o cliente senta ou se inclina para frente. Ocorrem vômitos, náuseas,
febre, icterícia, ascite. Os casos mais graves podem apresentar manifestações clínicas de
choque: taquicardia, hipotensão, desorientação, extremidades frias e sudorese.

Diagnóstico

É indispensável a realização de exames complementares, como o exame de sangue,


onde é avaliada a dosagem da enzima amilase sérica, leucocitose e a glicemia. Os exames
radiográficos mais solicitados são: RX do abdômen e do tórax; ultrassom abdominal;
tomografias computadorizadas.

Tratamento

O tratamento inicial da pancreatite aguda é basicamente clínico. É indicada a


manutenção do jejum para inibir a estimulação e secreção de enzimas pancreáticas. Caso
seja necessário, o aporte calórico será mantido pela nutrição parenteral total (NPT). A sonda
nasogástrica aberta objetiva aliviar náuseas e vômitos. Medicamentos, como analgésicos,
antibióticos e antiácidos, são administrados conforme prescrição. Deve-se administrar
insulina, caso seja preciso. O tratamento cirúrgico consiste em remover total ou
parcialmente o pâncreas. É indicado, entre outros, em casos de necrose ou de grave
infecção bacteriana.

Cuidados de enfermagem

 administrar analgésico, conforme prescrição, para o alívio da dor;


 explicar a finalidade e importância do jejum;
 manter a hidratação hídrica e de eletrólitos, prevenindo a desidratação decorrente de
vômitos ou diarreias;
 manter aberta e pérvia a sonda nasogástrica;
 realizar higiene oral, mantendo os lábios umidificados;
 orientar a necessidade do repouso no leito;
 medir a circunferência abdominal, atentando para alterações; pesar diariamente;
 monitorizar os sinais vitais;
 controlar glicemia capilar;
 realizar balanço hídrico;
 encaminhar o cliente a um grupo de apoio de alcoólicos anônimos ou de autocui-
 dado para Diabetes Mellitus;
 orientar a auto-aplicação de insulina, quando indicada.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

A) Em relação à Estomatite, responda:


1. Apresente os tipos de estomatite.
2. Cite as manifestações clínicas.

B) Sobre a Gastrite:
1. Identifique a etiologia dessa patologia.
2. Quais são os tipos de gastrite? Escolha um e comente.

C) Sobre a Úlcera péptica:


1. Defina e cite a causa do seu aparecimento.
2. Descreva o diagnóstico.

D) A respeito dos tumores, responda:


1. Quais são os tipos de tumores encontrados no aparelho gastrintestinal?
2. Escolha um e descreva o diagnóstico e tratamento.

E) Em relação à diarreia:
1. Cite as complicações mais comuns da diarreia.
2. Descreva o tratamento mais indicado.
3. Você como profissional de saúde, como pode atuar na prevenção da diarreia.

F) A respeito das colites, responda?


1. Conceitue essa patologia.
2. Sabe-se que a constipação intestinal possui subtipos. Cite-os.
3. Descreva o tratamento da constipação intestinal.

G) A respeito da hepatite tóxica:


1. Aponte as causas e os danos.
2. Cite as manifestações clínicas mais comuns.
3. Diferencie a Hepatite A, a B e a C quanto ao modo de transmissão.
4. Qual (is) das hepatites possui (em) vacina como forma de prevenção? Qual(is) não tem
vacina?
5. Apresente as causas da Cirrose Hepática.
6. Cite as manifestações clínicas da Cirrose Hepática.

H) Sobre a Colecistite:
1. Cite a forma de tratamento.
2. Quais são as manifestações clínicas dessa patologia?

I) Em relação a apendicite:
1. O que é a apendicite?
2. Quais são as manifestações clínicas mais comuns?
J) A respeito da Pancreatite, responda:
1. Descreva a fisiopatologia.
2. Cite os cuidados de enfermagem.

5. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS PROBLEMAS HEMATOLÓGICOS

5.1 Anemias
As anemias são sempre secundárias, pois sempre existe uma doença básica que as
produz. Não justifica tratar somente a doença, mas sim a causa. A produção deficiente, a
destruição excessiva e a perda sanguínea, são os três mecanismos básicos responsáveis
pelo aparecimento das anemias.
Existem elementos essenciais como o ferro, os folatos e a vitamina B12
(cianocobalamina) que são os mais significativos para a manutenção da eritropoiese normal.
A carência destes desencadeiam os quadros anêmicos, associados a múltiplos fatores, de
maior incidência na população.
A anemia ferropriva ocorre quando as reservas de ferro do organismo tornam-se
insuficientes para manter a eritropoiese e, consequentemente, a concentração normal de
hemoglobina no sangue. A deficiência de ferro se instala por mecanismos diversos: aumento
da necessidade, excesso de perda (hemorragias), má absorção do ferro da alimentação e
dieta deficiente de ferro.
A maior necessidade de ferro ocorre durante os períodos de crescimento acelerado.
Consequentemente, as crianças menores de 2 anos e os adolescentes, particularmente o
sexo feminino, são os mais vulneráveis à sua ocorrência . A deficiência de ferro está
presente em todas as classes socioeconômicas, embora seja mais frequente entre as
crianças de família com baixo poder aquisitivo. A mulher pode apresentar anemia decorrente
da perda sanguínea excessiva durante a menstruação (menorragia ou hipermenorreia);
quanto maior a quantidade de sangue, maior a perda de glóbulos vermelhos.
Anemia falciforme é uma doença hereditária (passa dos pais para os filhos)
caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com
uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se
mais facilmente, causando anemia. A hemoglobina, que transporta o oxigênio e dá a cor aos
glóbulos vermelhos, é essencial para a saúde de todos os órgãos do corpo. Essa condição é
mais comum em indivíduos da raça negra. No Brasil, representam cerca de 8% dos negros,
mas devido à intensa miscigenação historicamente ocorrida no país, pode ser observada
também em pessoas de raça branca ou parda.

5.1.1 Hemofilia
A hemofilia é uma doença hemorrágica congênita (hereditária) caracterizada pela
deficiência de uma proteína plasmática (fator) da coagulação. Na hemofilia A ocorre
deficiência do fator VIII (FVIII) e na hemofilia B do fator IX (FIX). Consequentemente ocorre
uma redução da formação de trombina, fator essencial para a coagulação do sangue. Em
ambos os tipos de hemofilia as características de hereditariedade, quadro clínico e
classificação são semelhantes. O diagnóstico diferencial entre as hemofilias A e B é
realizado através da dosagem da atividade dos fatores VIII e IX da coagulação,
respectivamente.
A magnitude das manifestações hemorrágicas nas hemofilias varia conforme o grau
de deficiência do fator. Assim, em pacientes com as formas graves da doença, as primeiras
hemorragias geralmente ocorrem antes do segundo ano de vida.
As hemorragias ocorrem principalmente sob forma de hematomas e hemartroses,
sendo esta última, uma das manifestações mais características da doença. As hemorragias
podem, ainda, ocorrer sob forma de hematúria, epistaxe, melena/hematêmese e
sangramentos internos para cavidade abdominal, torácica e retroperitonial, além de
hemorragia intracraniana.
As hemartroses, que são sangramentos dentro de uma articulação, afetam mais
frequentemente o joelho, cotovelo e tornozelo. As hemartroses de repetição, quando não
tratadas, estão associadas à degeneração articular, chamadas de artropatia hemofílica,
tendo como consequência dor, deformidades articulares e impotência funcional grave.
A hemofilia não tem cura e a base do seu tratamento é a infusão do concentrado do
fator deficiente, que pode ser de origem plasmática ou recombinante. Uma das
complicações mais temíveis dos pacientes com hemofilia refere-se ao desenvolvimento de
inibidores, que são anticorpos policlonais da classe IgG direcionados contra os fatores VIII
ou IX infundidos (aloanticorpos). Neste caso, os pacientes acometidos passam a não
responder a infusão do fator deficiente e apresentam episódios hemorrágicos de difícil
controle.
A educação do paciente, familiares e cuidadores são essenciais para que os
mesmos adquiram um conhecimento adequado sobre a doença e possam identificar
rapidamente os sinais e sintomas das hemorragias, e desta forma proceder ao tratamento
apropriado o mais rapidamente possível.
Existem duas modalidades de tratamento de reposição, o de demanda e o profilático.
O tratamento de demanda se refere àquele que ocorre após um episódio de sangramento. A
intensidade e duração do tratamento dependerão da localização e gravidade da hemorragia.
O tratamento profilático se refere àquele que ocorre previamente ao desenvolvimento
de um episódio de hemorragia. Ele pode ser primário (profilaxia primária), quando iniciado
antes da segunda hemartrose ou antes dos primeiros 2 anos de idade, ou secundário
(profilaxia secundária), quando não preenche os critérios para profilaxia primária. O
tratamento profilático está indicado nas hemofilias graves e tem como objetivo principal
prevenir as hemartroses de repetição, que podem levar a articulações-alvo e deformidades
funcionais permanentes.

5.1.2 Leucemia
A leucemia representa um grupo de neoplasias malignas derivadas das células
hematopoiéticas. Esta doença inicia sempre na medula óssea, local onde as células
sanguíneas são produzidas, e posteriormente invadem o sangue periférico, podendo atingir
vários órgãos do paciente afetado.
A leucemia é a doença maligna mais comum na infância, correspondendo
aproximadamente a 30% dos casos de câncer em crianças. No Brasil são registrados cerca
de 7400 casos de leucemia por ano com um total de 5500 mortes, representando o 8º tipo
de câncer mais frequente na população brasileira.De acordo com a célula de origem, as
leucemias podem ser classificadas em mieloide ou linfocítica.
Com a proliferação das células neoplásicas no interior da medula óssea há um
suprimento na produção das células hematopoiéticas normais. Devido à redução no número
de hemácias e, subsequentemente, da capacidade de transporte de oxigênio do sangue, os
pacientes com leucemia irão apresentar anemia e fadiga.
Os pacientes leucêmicos também apresentam problemas de sangramento devida à
falta de plaquetas (trombocitopenia). A febre também é uma característica clínica comum e
está associada á infecção devido à depleção de neutrófilos. De acordo com o
comportamento clínico da doença as leucemias podem ser classificadas em aguda e
crônica. Existem quatro tipos de leucemia: leucemia linfocítica aguda (LLA), leucemia
mielocítica aguda (LMA), leucemia linfocítica crônica (LLC), leucemia mielocítica crônica
(LMC).
As principais manifestações bucais das leucemias estão relacionadas à falta de
plaquetas (trombocitopenia), e consistem em sangramento gengival espontâneo e a
presença de petéquias (pontos hemorrágicos), principalmente no palato. Os pacientes
leucêmicos ainda podem apresentar mucosa pálida devido à anemia e infecções
oportunistas (candidose, herpes) devido à depressão do sistema imunológico. Uma ótima
higiene oral deve ser encorajada, e investigação minuciosa de qualquer reclamação deve
ser feita logo que possível em pacientes com leucemia, para prevenir complicações
infecciosas orais graves. O tratamento é feito através de quimioterapia e transplante de
medula óssea, principalmente nos casos que entraram na fase de crise.

5.1.3 Hemoterapia
Os hemocomponentes são produtos gerados em hemocentros a partir do sangue
total doado, por meio de processos físicos (centrifugação, congelamento). Podem ser
obtidos pela coleta de sangue total ou por meio de aférese.
Hemoderivados são os produtos obtidos em escala industrial a partir do
fracionamento do plasma por processos físico-químicos.
A transfusão de concentrado de hemácias tem por objetivo aumentar a capacidade
de transporte de oxigênio aos órgãos e tecidos, em pacientes portadores de anemia.
A transfusão de plasma fresco congelado tem como objetivo repor fatores de
coagulação deficientes, em pacientes com manifestações clínicas hemorrágicas e
alterações nos exames de coagulação.
Apresenta o volume entre 200 e 250 mL, deve ser descongelado em banho-maria
com temperatura controlada entre 30ºC e 37ºC (no prazo de até 15 minutos) ou em
descongeladores com essa finalidade; descongelado deve ser transfundido até 6 horas se
mantido à temperatura ambiente, ou até 24 horas se mantido refrigerado (4 ± 2ºC).
A utilização de plasma fresco congelado deve respeitar o sistema ABO.
A transfusão de concentrado de plaquetas tem como objetivo tratar ou prevenir
hemorragias relacionadas a alterações na quantidade ou qualidade das plaquetas do
paciente. O concentrado de plaquetas pode ser obtido a partir da doação de sangue total ou
através de coleta por aférese (plaquetaférese).
5.1.4 Reação transfusional
A solicitação de componentes do sangue para transfusão é necessário o
preenchimento de formulário próprio denominado requisição transfusional, que possui três
vias, exclusivamente por médicos. Todos os campos devem ser preenchidos com caneta
azul ou preta, com letra legível, sem abreviações ou rasuras, as requisições que estiverem
fora dos padrões, acima exigidos, não são aceitas. As transfusões programadas devem ser
realizadas preferencialmente no período diurno.
O enfermeiro ao receber o hemocomponente deve observar o aspecto, integridade
do sistema e conferir os dados contidos no cartão afixado na bolsa do hemocomponente. No
caso da devolução de bolsa que tiver sido violada não pode ser reintegrada ao estoque do
Serviço de Hemoterapia.
Para o enfermeiro instalar o hemocomponente é necessário que o médico tenha
prescrito no prontuário do paciente, e que haja presença médica para supervisão.
O enfermeiro deve realizar e anotar no prontuário os sinais vitais do paciente
(temperatura, frequência respiratória, pressão arterial sistêmica e pulso) imediatamente
antes e após a transfusão, e registrar no prontuário a hora de início da transfusão.
Antes de instalar o hemocomponente o enfermeiro deve perguntar ao paciente ou
seu acompanhante o nome completo do paciente, que deverá ser igual ao registrado no
cartão afixado ao hemocomponente, se houver discrepância o hemocomponente não
poderá ser instalado, e deve comunicar ao Serviço de Hemoterapia. O uso de pulseiras ou
braceletes pelos pacientes minimiza as chances de erro de identificação.
Antes do início da transfusão de concentrado de hemácias, esse não deve
permanecer à temperatura ambiente por mais de 30 minutos, caso isso ocorra o
hemocomponente deve ser descartado.
O hemocomponente deve ser instalado em acesso venoso adequado, e sem
compartilhar o acesso venoso com outras soluções parenterais, exceto solução salina a
0,9% em casos excepcionais. Após instalar os primeiros 15 minutos devem ser
acompanhado por um profissional de saúde, permanecendo ao lado do paciente nesse
intervalo de tempo.
Durante a transfusão o paciente deve ser periodicamente monitorado para
possibilitar a detecção precoce de eventuais reações transfusionais. Se houver reação
adversa a transfusão deve ser interrompida e comunicar imediatamente ao médico.
Os hemocomponentes devem ser infundidos no máximo em 4 horas, caso esse
período seja ultrapassado a transfusão deve ser interrompida e as bolsas descartadas.

5.2 Doença de Hodgkin- linfoma


O linfoma representa um grupo de neoplasias malignas com origem de células
linfóides, e que se diferem da leucemia linfocítica por se apresentarem na forma de massas
tumorais sólidas e se originarem de tecidos linfóides como os linfonodos. Lembrando que as
leucemias iniciam-se na medula óssea e atingem o sangue periférico, não formando massas
tumorais.
Os linfomas podem ser divididos em dois grupos principais:
 Linfoma Não-Hodgkin (LNH)
 Linfoma de Hodgkin ou doença de Hodgkin (DH)
A doença de Hodgkin manifesta-se clinicamente por um aumento de volume indolor
de linfonodos superficiais. Cerca de 75% dos casos acometem as cadeias cervicais e
supraclaviculares. De uma forma geral, afeta mais os homens numa média de idade de 30
anos. Se não for tratado, a doença se dissemina para os linfonodos contíguos, depois para
outras cadeias linfáticas e eventualmente pode envolver o baço e o fígado. Outros sinais e
sintomas sistêmicos podem estar presentes, como a perda de peso, febre, sudorese noturna
e prurido generalizado. O diagnóstico é feito a partir da análise histopatológica de um
material proveniente da biópsia do tumor. A doença caracteriza-se por apresentar células
neoplásicas características, chamadas de células de Reed-Sternberg. Estas células são
muito grandes, geralmente binucleadas (aspecto de “olho de coruja”) e com nucléolos
evidentes.
O tratamento do DH depende do estágio de envolvimento, e consiste em
quimioterapia e/ou radioterapia. O prognóstico dessa doença é relativamente bom,
principalmente nos casos iniciais onde os pacientes apresentam um índice de sobrevida de
até 90% em 5 anos.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

A) Em relação às Anemias, responda:


1. Como ocorre a Anemia Ferropriva?
2. Descreva a fisiopatologia da Anemia Falciforme.
3. Quais são as manifestações clínicas da Hemofilia?
4. Cite as duas modalidades de tratamento da Hemofilia e descreva-as.
5. A leucemia é uma doença maligna mais comum na infância. Sobre esta doença descreva
sua fisiopatologia.

B) A respeito da hemoterapia, responda:


1. O que são hemocomponentes?
2. O que são hemoderivados?
3. Comente sobre a transfusão de plasma.
4. Comente sobre a transfusão de concentrado de plaquetas.
5. Quais são os cuidados de enfermagem a serem prestados ao paciente durante a
transfusão?

C) Em relação a Doença de Hodgkin (linfoma):


1. Qual é a diferença entre o linfoma e a leucemia linfocítica?
2. Quais são as manifestações clínica dessa doença?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIMA, I. L. de; MATÃO, M. E. L. Manual do técnico e auxiliar de enfermagem. 7. ed. Goiânia:


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WANNMACHER, L. Constipação intestinal crônica no adulto e na criança: quando não se


precisa de medicamentos, Brasília, v. 3, n. 1, dez.2005.

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