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Uberlândia
Fevereiro - 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Instituto de Ciências Biomédicas
Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas
Uberlândia
Fevereiro - 2016
“Aguarde as surpresas do tempo, agindo sem precipitação.
Se cada noite é nova sombra, cada dia é nova luz. ”
Chico Xavier
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Arli Lopes de Araújo e Marluce da Silva Araújo, pela excelente educação
que me deram; por todo amor, apoio, amizade e puxões de orelha, quando necessário;
Ao meu orientador Prof. Dr. Olindo Assis Martins Filho, por ter aceitado o desafio de
me orientar a distância, pelos diversos ensinamentos e pela enorme paciência;
A minha co-orientadora Eloísa Amália Vieira Ferro, por ter me aceitado como uma de
suas em seu laboratório, por ser um exemplo de mulher na Ciência e por ter me
apresentado uma linha de pesquisa tão apaixonante;
Aos meus irmãos de sangue e de coração Thárique e Lorraine, pelo exemplo de
dedicação e responsabilidade que sempre me deram;
Aos meus amigos de tantos anos Karen, Cândida, Dayme, Talita, Nathália, e ao meu
namorado Fernando pelo companheirismo e apoio.
Às minhas colegas do Laboratório de Imunofisiologia da Reprodução com quem tanto
aprendi: Camilla, Priscilla, Rafaela, Ana Carolina, Paula, Fernanda, Iliana, Andressa,
Pâmela, Mayara, Ariane, Lara, Profª. Drª. Bellisa, Profª. Drª. Angélica, e aos colegas
Matheus e Prof. Dr, Deivid. Obrigada pelos dois anos de convivência!
À Dra. Samantha Ribeiro Bela por ter me hospedado em sua casa junto com sua família
linda em Belo Horizonte.
A Dra. Jordana pelo auxílio ao longo de todo trabalho.
Aos colaboradores desse projeto, sem os quais não seria possível a realização do mesmo.
Aos responsáveis pelos pacientes participantes da pesquisa que tornaram possível a
nossa contribuição à Ciência.
A todos os meus colegas de mestrado, pela agradável convivência e troca de
conhecimentos.
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................................7
ABSTRACT...................................................................................................................9
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1.1.Toxoplasmose: biologia do agente etiológico e transmissão .................................... 2
1.2.Epidemiologia ...............................................................................................................3
1.3.Infecção congênita
1.4. Toxoplasmose ocular
1.5.Resposta Imune
1.6.Biomarcadores de resposta imunológica
2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 4
3. OBJETIVOS
3.1.Objetivo Geral
3.2.Objetivos específicos
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. População de estudo
4.2. Citometria de fluxo - “Cytometric bead Array (CBA)”
4.3. Análise de Dados
4.4. Análise de assinatura de biomarcadores
4.5. Rede de biomarcadores séricos
5. RESULTADOS
6. DISCUSSÃO
7. REFERÊNCIAS
8. ANEXOS
RESUMO
O presente estudo caracterizou as primeiras mudanças nas assinaturas e redes de quimiocinas
comparação aos controles não-infectados (NI). Grupo TOXO foi subdivididos de acordo com
o status de lesão retinocoroidal como sem lesão (SL), lesão ativa (RA), lesão cicatricial e ativa
(RAC) e lesão cicatricial (RC). Os resultados mostraram que TOXO exibir um perfil
gerais associados com lesão ocular, MIG/CXCL9 aparece com um biomarcador seletivo para
lesão retinocoroidal ativa. Além disso, TOXO é caracterizado por um padrão de citocinas
misto com ação pró-inflamatória /reguladora mediada por IL-6, IFN-, IL-4, IL-5 e IL-10.
Enquanto o TNF aparece como um biomarcador putativo para SL e IFN-e IL-5, como uma
característica imunológica para RA, IL-10 surge como um mediador relevante em RAC/RC.
espectro de doença ocular, enquanto que o TNF é um biomarcador para SL, IFN- e
TOXO contrastado com a pequena ponte de IL-10 observada na rede de biomarcadores de SL.
enquanto que SL e RC apresentou uma rede equilibrada, da mesma forma que observamos em
NI. No entanto, este novo equilíbrio de rede, semelhante ao observado em NI é suportado por
e diagnóstico da doença.
The present study characterized the early changes in the serum chemokines/cytokine
Moreover, while IL-8/CXCL8 and IP-10/CXCL10 are general biomarkers associated with
ocular injury, MIG/CXCL9 appears as a selective hallmark for active retinochoroidal lesion.
cytokine pattern mediated by IL-6, IFN-, IL-4, IL-5 and IL-10. While TNF appears as a
putative biomarker for NL and IFN- and IL-5 as an immunological feature for ARL, IL-10
indicators of ocular disease, whereas TNF is a biomarker for NL, IFN- and MIG/CXCL9
point out to ARL and IL-10 is highlighted as a genuine serum biomarker of ACRL/CRL. The
mediated by negative correlations observed in TOXO contrasted with the tiny IL-10 bridge
observed in the NI biomarker network. Furthermore, the ARL come across a clear shortening
presented a network equilibrium, likewise that observe in NI. However, this novel network
produce a wide range of biomarkers that characterize the different types of toxoplasmosis
BD - Becton Dickinson
IC – Intervalo de confiança
Ig- Imunoglobulina
IFN-Interferon alfa
IL- Interleucina
IP-10/CXCL10 - proteína induzida por interferon gama 10/ quimiocina ligante 10 (motivo C-
X-C)
NI – grupo não-infectado
NK – Natural killers
NO – óxido nítrico
O2 – gás oxigênio
RC – Retinocoridal cicatrizada
fragmentos de restrição;
SL – Sem lesão
Th – Célula T auxiliar
família Toxoplasmatinae, e única espécie de seu gênero Toxoplasma. Este parasito foi
descrito em 1908 por Splendore no Brasil e por Nicolle & Manceaux na Tunísia,
tem preferência por células do sistema nervoso central, incluindo os grupos celulares
após ingestão oral é rapidamente destruído pelo suco gástrico. Os bradizoítos são a forma de
oocistos, que são eliminados nas fezes dos hospedeiros definitivos. Nos hospedeiros
intermediários, são liberados após passagem pelo suco gástrico, podendo então invadir células
vertebrados homeotérmicos, onde ocorre a fase assexuada. Tanto na fase sexuada quanto
formas possuem a capacidade de invadir enterócitos do hospedeiro após ingestão oral. Na fase
merozoítos (HEHL et al., 2015). O rompimento da célula parasitada libera essas formas, que
oocisto é liberado para o meio externo junto com as fezes do animal. O oocisto sofre
infectantes por volta de um ano, em condições ambientais favoráveis (FRENKEL et al. 1970;
Já na fase assexuada, que também pode ocorrer nos felídeos, o parasito liberado no
trato digestivo sofre intensa replicação intracelular no epitélio intestinal, sob a forma de
taquizoíto, e invade vários tipos celulares, formando um vacúolo parasitóforo, onde sofre
divisões sucessivas por endodiogenia, formando novos taquizoítos. Após novo rompimento
celular, invadirão novas células. A disseminação do parasito pode ocorrer através de sangue
ou linfa, o que facilita a invasão de T. gondii em diversos órgãos e tecidos, incluindo olhos,
Seres humanos podem se tornar infectados pelas seguintes vias: ingestão de carne
crua ou mal cozida contendo cistos com a forma bradizoíta, principalmente carnes de suínos,
contaminados com oocistos excretados nas fezes de felídeos infectados, principalmente gatos
fígado e rim (ROGERS et al., 2008); transfusão sanguínea de doadores infectados para
laboratoriais envolvendo animais infectados (BOWIE et al., 1997). A infecção pelo parasito
pode ser assintomática ou apresentar alguns sinais e sintomas que variam de acordo com o
gravidade da doença (PEIXOTO-RANGEL et al. 2009; BEZERRA et al. 2012). Com base na
gondii foi classificado em linhagens genéticas distintas: cepas do tipo I, II e III, provenientes
clonais do tipo I e atípicas, bem como os casos de toxoplasmose congênita e ocular no Brasil.
parasito em desenvolver estratégias para evadir a resposta imune do hospedeiro. Essa evasão
ocorre, dentre outros meios, através da secreção de proteínas que são liberadas durante a
Outra forma de evasão ocorre com conversão entre as formas taquizoíto e bradizoíto,
1.2. Epidemiologia
alta, com ampla disseminação do parasito (TENTER, 2000; CABRAL et al., 2014;
MEDEIROS et al., 2014, CÂMARA et al., 2015). Mesmo considerando que a maioria dos
casos permanece assintomática, a infecção por T. gondii pode ser prejudicial, especialmente
quando ocorre infecção durante a gravidez, o que pode resultar na transmissão vertical da
toxoplasmose, sendo a toxoplasmose congênita e a forma mais significativa da doença
região nordeste, estudos indicam alta taxa de positividade, com 77% de gestantes positivas em
Caxias, Maranhão, sendo 0,5% IgM reagentes (CÂMARA et al., 2015) e em Natal, Rio
Grande do Norte, a taxa foi de 68,5% de IgG reagentes e 0,3% IgM reagentes (INAGAKI et
al., 2014). No norte do país, num estudo realizado com moradores de comunidades
ribeirinhas no Amazonas foi visto que 56,7% da população era soropositiva para T. gondii
(VITALIANO et al., 2015). No Sudeste, em Assis, São Paulo, a soroprevalência de 22,3% foi
et al., 2015). Em outro estudo brasileiro realizado em Campos dos Goytacazes, no estado do
Rio de Janeiro, a taxa de prevalência chegou a 84% no grupo considerado com condições
socioeconômicas mais baixas. Além disso, nesse estudo o hábito de beber água sem filtrar foi
estudo realizado na China Oriental mostra que 15,2% das gestantes estudadas foram positivas
pra IgG e 2,9% pra IgM, enquanto que não-gestantes tiveram 17,3% e 3,8% de positividade
pra IgG e IgM, respectivamente, onde os fatores de risco envolvidos incluíam residência na
área rural e contato com o solo. Contato com gatos e cachorros também foi considerado como
fator de risco (CONG et al., 2015). Na Etiópia 18,5% de gestantes foram positivas para IgG
2015).
Poucos surtos de toxoplasmose são registrados na literatura. De 2001 a 2002, em Santa
Isabel do Ivaí, no Paraná, foi registrado um surto de toxoplasmose, afetando 426 pessoas
apresentou aborto espontâneo e 6 crianças nasceram infectadas, uma com anomalia congênita
grave, que resultou em óbito (ALMEIDA et al., 2011). Outro surto envolvendo reservatório
de água ocorreu em Greater Vitória, no Canadá, em 1995, tento como resultado 110 casos
Isso demonstra que o tratamento de água e saneamento básico adequados são necessários para
1.3.Infecção congênita
A transmissão por via placentária, da mãe para o filho, é a forma de transmissão que
mais merece a atenção das autoridades de saúde, pois pode acarretar consequências graves
para o feto ou recém-nascido (MOMBRO et al. 2003). Durante a gravidez, a placenta tem
contribui para esta condição modulando a síntese de quimiocinas por células mononucleares
congênita (AVELINO et al, 2014). Alguns estudos utilizando vilos placentários e o roedor
Calomys callosus sugerem que a azitromicina também pode ser utilizada em grávidas,
diminuindo a carga parasitária e prevenindo a transmissão de T. gondii através da placenta
al. 1994, DUNN et al. 1999, WALLON et al. 1999). A prevalência da toxoplasmose
CÂMARA et al., 2015). Em até 80% dos casos, os recém-nascidos apresentam retinocoroidite
no momento do nascimento, sendo que 50% desses casos manifestam as formas graves de
lesão retinocoroidal. Estes achados oculares alarmantes entre crianças com toxoplasmose
al., 2009).
endêmicas (CARNEIRO et al., 2013). Por outro lado, o resultado da infecção pelo T. gondii
baseia-se na interação entre a resposta inflamatória induzida pelo complexo do parasita, assim
são escassos.
gestação em que ocorre a transmissão do parasito para o feto. Deste modo, as consequências
mais comuns são: aborto espontâneo e morte fetal no interior do útero, ou nascimento de
uma vez que podem se manifestar em decorrência de infecções congênitas causadas por
Gerais demonstraram que 80% dos nascidos com toxoplasmose apresentavam algum sinal
et al. 2010).
congênita no estado são relacionados a exposição materna a alguns fatores de risco, como
baixa condição socioeconômica, baixa escolaridade e idade das mães e ingestão de água não
tratada e não fervida. Além disso, nesses casos a infecção materna ocorreu principalmente por
Paraná, onde também foram considerados como fatores de risco: residência em zona rural, a
mãe ter mais de um filho, ingestão de carne mau cozida e contato constante com o solo. Nos
dois estudos a presença do gato doméstico não foi considerado como fator de risco (LOPES-
1.4.Toxoplasmose ocular
(LAHMAR et al, 2009; MAENZ et. al, 2014; TONG e LU, 2015) e é uma das manifestações
cicatriza, resultando em uma lesão que, quando apresenta morfologia clássica, assemelha-se a
Os principais sinais são lesões focais brancas visíveis, com uma intensa reação
retinocoroidite ativa, que ocorre devido a resposta inflamatória provocada por T. gondii,
encontram-se: retinite destrutiva associada à vitrite; áreas puntiformes de retinite com edema
e reação vítrea associadas; lesões puntiformes profundas, com exsudato subretinal com reação
vítrea mínima e com fluido subretinal turvo ou com sangue. Essas lesões levam a cicatrizes de
pigmentação variável. Porém, algumas lesões permanecem ao redor das cicatrizes, o que
lesões se desenvolvem e da extensão do tecido afetado. Desta maneira, pode acarretar perda
de visão parcial ou total, quando afetam a região macular ou até não ter consequência
permanente, quando afetam as demais regiões do globo ocular (HOLLAND, 2004). A perda
da acuidade visual pode ser resultado também do envolvimento do nervo óptico e torna-se
permanente quando ocorre formação de cicatriz macular ou atrofia ótica (LONDON et al.,
2011).
Embora a lise celular mediada pelo parasito seja provavelmente a principal causa de
toxoplasmose ocular ativa pode ser associada a diminuição dos níveis séricos de CCL2 em
lesões na retina foram associadas a altos níveis de IL-6, depois de reativação da infecção
(ROCHET et al., 2014). Assim o perfil de citocinas pode servir como um marcador de
dendríticas, NK, entre outros elementos da resposta imune (MILLER et al., 2009;
IL-2, TNF pelos linfócitos T e da ação do óxido nítrico (NO) e oxigênio (O2), que possuem
ação antimicrobiana. Sendo assim, esses elementos interferem na resposta inata e adaptativa
somente em protozoários, bem como produtos de danos teciduais causados pela invasão de T.
12 por células dendríticas. Essa citocina estimula células Natural Killers (NK) e linfócitos
TCD4+ e TCD8+ a produzirem outra citocina, o IFN-, que regula mecanismos efetores para o
mediada por células. Linfócitos T CD4+ participam principalmente na produção de IFN-, que
(ALBUQUERQUE et al., 2009; PEIXE et al., 2014). Isso se deve ao fato que IFN-
contra as células infectadas com T. gondii, exercidas pelas células efetoras T CD8+ (SHAH et
al., 2015). Esses linfócitos, além de produzirem as citocinas, atuam matando especificamente
Após o contato com o antígeno, ocorre uma produção inicial de citocinas que
estimulam a diferenciação de células TCD4+ em perfil Th1 ou Th2, que produzirão perfis
em linfócitos TCD4+ de perfil Th1, que juntamente com macrófagos e células NK, produzem
IFN-. Essa citocina inibe a diferenciação de L TCD4+ em perfil Th2, mantendo assim, um
aparecimento de bradizoítos com formação de cistos teciduais, dando início a fase crônica.
devido à ação de L TCD4+ e L TCD8+ específicos, que controlam os cistos teciduais através
modulatórias tais como IL-4 e IL-10 (CALABRESE et al., 2008; CORDEIRO et al., 2008).
Pesquisas in vivo mostram que a produção de IL-10 modula a síntese de IL-12 e IFN-
evitando uma resposta imune excessiva, com consequente dano tecidual (DENKERS e
GAZZINELLI, 1996).
pela ativação do sistema complemento, e tem como característica o fato de serem ótimos
anti-T.gondii são diagnosticados com toxoplasmose, já que esse anticorpo não atravessa a
barreira placentária, e essas moléculas são consideradas de origem fetal (LAWTON, 1992).
Enquanto a IgA produzida pela mucosa digestiva - sítio natural da infecção por T. gondii - é
importante para a protecção contra a infecção, os anticorpos IgG específicos para o antígeno
lactentes. Contudo, sua detecção pode ocorrer pela transferência passiva de anticorpos
maternos, sem que tenha ocorrido a transmissão vertical de T. gondii. Portanto, nesses casos é
necessário averiguar se ocorre negativação dos títulos desse anticorpo até um ano de idade do
Resultados de trabalho do nosso grupo mostraram que a produção de IgA e IgG1 está
derivado de monócitos, neutrófilos e L TCD8+ (DE JESUS et al., 2015). Esses resultados
extracelulares podem ser produzidos por uma infinidade de células e são responsáveis por
realização e possibilita que a decisão do tratamento seja feita de forma mais imediata
toxoplasmose podemos citar: IL-2, na ativação de células natural killer (NK) e proliferação
de células T CD4+ e CD8+, para que ambas produzam IFN-γ (REIS e SOUSA et al., 1997,
para o controle da infecção aguda e crônica por T. gondii (ALIBERTI, 2005); TNFα, que
resposta inflamatória à infecção por T. gondii (GAZZINELLI et al. 1996); TGFβ, envolvida
no controle da patologia intestinal após a infecção oral pelo parasito (MENNECHET et al.
2002); IL17A, associada com imunopatologia apresentada pelo hospedeiro durante a infecção
pelo parasito (VILLARINO et al. 2006); IP-10, MIG, MCP-1, RANTES e IL8, na adesão e
Neste contexto, o papel das quimiocinas é recrutar células imunitárias por quimiotaxia
ocular durante a infecção crónica em ratos (NOROSE et al, 2011). Em ratinhos BALB/c
local no controle da infecção ocular por T. gondii em diversos modelos experimentais (DO
CARMO et. al, 2014; ROCHET et. al, 2015) e em humanos em humor vítreo (DE-LA-
TORRE et. al, 2013; SAUER et. al, 2015), pouco se sabe sobre citocinas circulantes em
pacientes humanos com toxoplasmose ocular (REY et. al, 2014) e mais precisamente, não há
maioria das patologias, sejam elas infecciosas ou não. Na toxoplasmose, estes marcadores se
fazem essenciais, uma vez que na presença destas moléculas o sistema imune do hospedeiro
reage ao parasito de maneira a limitar a infecção e ainda se protege de uma eventual reação
as dificuldades dos estudos relacionados a este modo de transmissão. Com isso, encontramos
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1.População de estudo
Congênita UFMG, aprovado pelo comitê de ética da UFMG (COEP), protocolo 298/06. Um
fluxograma que ilustra a triagem neonatal para toxoplasmose congênita, incluindo o rastreio e
testes serológicos de confirmação, bem como a análise de fundo de olho empregada para
de Novembro de 2006 a 31 de maio de 2007. Com essas amostras foram realizadas pesquisa
nesse teste foram excluídos da pesquisa. Nos bebês que apresentaram resultado positivo, foi
realizada uma segunda coleta de sangue, obtida através de punção venosa no período de 30-45
dias após o nascimento, para pesquisa de anticorpos IgG e IgM (ELFAVIDAS® TOXO,
Biomerieux, France) e IgA (IgA TOXO ELISA Bio-Rad, France) anti-T. gondii, para
Lactentes que tiveram o resultado negativo para IgM anti-T.gondii foram excluídos.
Já os que tiveram resultados positivos para IgG, IgM ou IgA anti-T.gondii passaram por uma
nova coleta de sangue realizada por punção venosa, um ano depois, para realização de teste de
diagnóstico. Bebês com resultados finais negativos foram classificados como grupo controle
não infectado (NI, n=22). Bebês com resultado final positivo foram categorizados como
categorias: bebês sem lesão retinocoroidal (SL=29); bebês com lesão retinocoroidal ativa
(RA=11); bebês com lesões retinocoroidais ativa e cicatrizada (RAC=45) e bebês com lesão
cicatrizada (RC=36).
Os níveis das citocinas IL-1, IL-4, IL-5, IL-6, IL-10, IL-12, TNF, IFN- e IL-17A em
amostra de soro de lactentes com toxoplasmose congênita foram mensuradas usando o teste
de alta sensibilidade Cytometric Bead Array (Flex enhanced sensitivity CBA Kits - BD®
Biosciences, San Jose, CA, USA). As etapas do protocolo foram seguidas de acordo com as
instruções do fabricante.
CXCL10 também foram avaliadas no soro de lactentes com toxoplasmose congênita através
do kit Cytometric Bead Array (CHEMOKINE CBA Kit - BD® Biosciences, San Jose, CA,
foi realizada usando o citômetro de fluxo BD FACSVerse (Becton Dickinson, La Jolla, CA,
USA) e o software BD FACSuite™ (Becton Dickinson, La Jolla, CA, USA) e para a análise
o FCAP Array™ Software Version 3.0 (Becton Dickinson, La Jolla, CA, USA). Os resultados
foram expressos em pg/mL, tal como avaliado pela curva padrão, utilizando regressão
logística. De acordo com o Kit, O limite de detecção para cada quimiocina é 0.2 (IL-
4.3.Análise de dados
(ANOVA), teste Kruskal–Wallis seguido de teste Dunn's para comparações múltiplas. Para
análise de dados foi utilizado o programa The Graphpad Prism software version 6.0 (San
Para avaliar as várias associações entre os biomarcadores avaliados nos lactentes com
secretadas no plasma dos recém-nascidos foi calculada para cada grupo clínico.
4.4.Análise de assinatura de biomarcadores
quimiocinas foi usado para calcular a mediana global usada como o ponto de corte para
pontos de corte de 50% foi utilizada para classificar cada criança como tendo "baixos" ou
"altos" produtores. Uma vez que foram estabelecidos os pontos de corte para cada
montados os dados usando diagramas em escala de cinza COLOCAR A COR para calcular a
frequência daqueles para cada grupo clínico. Dados relevantes (> 50%) foram então
destacadas em negrito / sublinhado formato. O programa GraphPad Prism 6.00 (San Diego,
quando p <0,05. O índice de correlação (r) foi utilizdo para categorizar a força de correlação
como negativa (r <0), moderada (0,36> r <0,67) e mais forte> 0,68) (Taylor, 1990). O
software Graphpad Prism 6.0 (San Diego, EUA) foi utilizado a análise de dados ea Cytoscape
comparação ao grupo NI. Não foi observada diferença significativa entre os grupos, em
congênita.
ocular, MIG/CXCL9 aparece como um marcador seletivo para lesão retinocoroidal ativa.
Com o intuito de caracterizar a presença e o estado da lesão retinocoroidal associado ao
apresentados na Figura 2B. O intervalo de confiança (IC) de 95% dos níveis de quimiocinas
observado no grupo NI (retângulos cinzas) foi usado como intervalo de referência. A análise
observado em bebês com lesão retinocoroidal, enquanto o grupo SL mostrou valores dentro
toxoplasmose congênita são mostrados na Figura 3A. Níveis aumentados de IL-6 e IFN-
grupo TOXO comparado ao NI. Em relação às citocinas IL-1, TNF, IL-12 e IL-17, não
foram observadas diferenças significativas nos níveis de produção entre os grupos TOXO e
NI. Esses dados sugerem um padrão misto de produção de citocinas em bebês com
5.4. Enquanto TNF é apresentado como um biomarcador para o grupo SL e IFN- e IL-5 no
grupo RA, IL-10 aparece como um mediador relevante nos grupos RAC/RC.
Os níveis de citocinas pró-inflamatórias e regulatórias observados nas amostras de
soro dos diferentes subgrupos TOXO, categorizados de acordo com o status da lesão
observados no grupo NI (retângulos cinzas) são usados como intervalo de referência. Esses
resultados revelam níveis aumentados de IL-6, IFN- e IL-5 observados nos subgrupos de
No entanto, surpreendente, foi visto o aumento dos níveis IFN- e IL-5 no grupo RA
comparação com os grupos RA, RAC e RC, sugerindo o seu potencial como um biomarcador
níveis elevados de IL-10 foram observados nos grupos RAC e RC, demonstrando a relevância
houve diferença nos níveis das citocinas IL-1, IL-12 e IL-17A observadas em amostras de
confinados na fração inferior do intervalo de referência NI. Juntos, estes resultados elegem as
citocinas TNF, IFN- e IL-5 juntamente com a IL-10 como potenciais biomarcadores de
proinflamatórios/reguladores
altos níveis de biomarcadores séricos, pretendendo eleger esses dados como possíveis
relevantes observados em mais de 50% dos indivíduos de cada grupo (Figure 4A – retângulos
com frequência maior que 50%, incluindo MCP-1/CCL2, IL-6, TNF e IL-1(Figura 4A). Por
outro lado, o grupo TOXO mostrou uma assinatura de biomarcadores robusta, composta por
enquanto que TNF é um biomarcador para SL, IFN- e MIG/CXCL9 apontam para ARL e
acordo com o tipo de lesão retinocoroidal são apresentadas na Figura 4B. Após a seleção dos
mediadores mais relevantes que foram observados em mais de 50% dos indivíduos em cada
frequência de altos produtores acima de 50% (IL-4, TNF, IL-12, RANTES/CCL5 e IFN-),
RA apresenta uma assinatura mais proeminente com maiores frequência de alto produtores,
rede TOXO contrasta com uma pequena ponte de IL-10 observada na rede NI
análises de dados demonstraram que o grupo TOXO mostrou uma evidente expansão nas
10/CXCL10.
Além disso, pode ser notada uma interação mais ampla entre os microambientes de
forças das bordas pode ser notado em TOXO, com menores índices de correlação (Figura
5A).
5.8. A rede RA apresenta uma clara diminuição de conexões vizinhas, enquanto que SL e RC
o status da lesão retinocoroidal são apresentadas na Figura 5B. Uma análise geral das redes
permitiu identificar que em RA houve uma redução notável no número de conexões vizinhas,
permanecendo com algumas bordas fortes, representando elevados índices de correlação. Essa
IFN em todos os subgrupos TOXO, é notável que, apesar da conexão entre IFN-/IL-12
cada subgrupo vizinhança são mediados por arestas distintas, com outros biomarcadores. Com
efeito, no subgrupo SL, IFN-mostra ligação adicional com a citocina IL-17A e TNF,
enquanto que em RAC, a interação com IL-5 aparece como a única aresta adicional. Além
disso, em RC houve uma expansão no número de conexões vizinhas de IFN-, com ligações
6. DISCUSSÃO
principal na resistência do hospedeiro e citocinas de perfil Th1 são necessárias para proteção e
lactentes com toxoplasmose congênita. Em relação a resposta imune celular observada nessa
mesma faixa etária, nosso grupo viu o aumento do número de linfócitos T CD4+ e T CD8+,
caracterizada pela alta produção de anticorpos IgG1 e IgG3, sendo que indivíduos com danos
oculares têm títulos de anticorpos mais elevados do que indivíduos sem doença ocular (DE
Neste trabalho analisamos por citometria de fluxo, níveis séricos de cinco quimiocinas
citocinas (IL-1β, IL-6, TNF, IL-12, IFN-γ, IL-4, IL-5, IL-10 e IL-17A) em pacientes
de biomarcadores.
disso, evitar dano tecidual. Entretanto, nos pacientes dos subgrupos RA e RAC essa tentativa
de regulação não foi suficiente, causando lesão. Outros fatores devem ser considerados como
controle e infectado, o que nos indica uma produção substancial dessas moléculas no período
de 30-45 dias após o nascimento. As quimiocinas são moléculas responsáveis pela regulação
todos os grupos que apresentaram lesão e aumento de MIG/CXCL9 no grupo RA. Alguns
8/CXCL8 foram vistos em soro de pacientes com toxoplasmose e pacientes com vasculite
retinal tiveram maiores níveis séricos comparados e pacientes sem vasculite MELHORAR
maior durante a infecção crônica. Em animais tratados com anticorpos anti-CXCL10, houve
pacientes, os dados sugerem que essas quimiocinas levam à lesão, provocada por uma
com toxoplasmose ocular ativa em Barcelona, Espanha (REY et al., 2014). Porém, num
estudo brasileiro, também não foram observadas diferenças nos níveis dessa quimiocina em
coincidindo com os nossos resultados (GONÇALVES et al., 2007). Essa diferença pode ser
atribuída a variação de cepas de T gondii que infectaram os pacientes nas diferentes
localizações geográficas.
Na análise de citocinas, a alta produção de IFN-, IL-6, IL-4, 1L-5 e IL-10 no grupo
TOXO sugere que nesses pacientes o perfil de resposta é misto, com ação pró-
pacientes com lesão aguda, comparado ao grupo controle e outras manifestações clínicas.
YAROVINSKY, 2014). Essa citocina é produzida por diversos tipos de células, incluindo
no cérebro (KANG e SUZUKI, 2001). Correlacionado a isso, um outro estudo realizado por
nosso grupo observou uma alta expressão de células NK CD3-CD16+/- CD56+/- em bebês com
lesão aguda ocular causada por T. gondii , além de células T CD8+ em bebês infectados
(MACHADO et al., 2014). Além disso, foi visto uma alta produção dessa citocina em 86% de
com nossos resultados, pacientes assintomáticos tiveram uma alta produção de IFN- quando
comparados com pacientes com lesão ocular (MEIRA et al., 2014) sugerindo que IFN- pode
Outra citocina pró-inflamatória, IL-6, teve seus níveis altos em pacientes do grupo
TOXO comparados ao grupo controle. IL-6 é produzido por monócitos, células endoteliais e
infecção por T. gondii e esses animais apresentaram uma ineficiente neutrofilia durante a
infecção (JEBBARI et al., 1998). Outro estudo realizado em camundongos, viu que essa
citocina teve uma ação prejudicial em animais que apresentavam lesão ocular causada por T.
pacientes com lesão ocular, observamos que a concentração de TNF foi significativamente
menor expressão de TNF-α no cérebro, além de IL-12 (TORRES et al., 2013), e IFN- e
cronicamente infectados com T. gondii tratados com doses de anticorpo neutralizante contra
foi significativamente maior em pacientes com lesão cicatrizada. IL-10 é uma citocina
(células T reguladoras e Th2) (BLISS, BUTCHER e DENKERS, 2000; MOORE et al., 2001)
resposta imune (LEVINGS et al., 2002) e limitação de uma potencial resposta prejudicial de
perfil Th1 causada por inflamação ocular decorrente de toxoplasmose (SUZUKI et al., 2000).
processo inflamatório causado por neutrófilos e as células dendríticas que produzem IL-12
(BLISS, BUTCHER e DENKERS). Além disso, em humanos, foi visto que o polimorfismo
do gene IL-10 foi associado a reticoroidite toxoplásmica, devido a baixa produção dessa
Além de IL-10, IL-4 e IL-5 são citocinas importantes para a regulação da resposta
camundongos IL-4 -/- são mais resistentes a toxoplasmose adquirida quando comparados ao
seu tipo selvagem (NICKDEL et al., 2004) a mesma linhagem é mais susceptível em
Por outro lado, IL-5 é uma citocina derivada de células T que prolonga a
al., 1997; KARLEN et al., 1998). Em estudo relacionando a toxoplasmose, foram vistos
níveis altos de IL-5 em mulheres infectadas na fase aguda da infecção comparadas ao grupo
indica que esta citocina é importante para o estado de inflamação. Durante a infecção crônica
acelerada mortalidade dos animais (ZHANG e DENKERS,1999). Com isso podemos ver que
essas citocinas possuem diferentes papeis durante a infecção por T. gondii, e suas ações
dependem também do tipo de infecção, do modelo experimental utilizado na pesquisa, da
“baixos” e “altos” produtores de cada biomarcador alvo, sendo possível concluir, a partir
disso, quais são as quimiocinas e citocinas mais frequentes em cada grupo de manifestação
clínica. Observamos então, que o grupo TOXO é composto por eventos inflamatórios e
apresentado por lactentes no período de 30 a 45 dias após o nascimento, como visto na análise
somente por MCP-1/CCL2, IL-6, TNF e IL-1sugerindo que nossos pacientes apresentaram
destacamos certas citocinas e quimiocinas que potencialmente podem ser marcadores de fase
convencional, e sim complementa, apresentando novos dados que são úteis para definição de
relação e cruzamentos entre biomarcadores séricos, como indicado pelo índice de correlação.
vimos uma clara diferença entre os grupos NI x TOXO e entre os subgrupos TOXO, tanto em
rede TOXO apresenta mais conexões entre citocinas e quimiocinas quando comparada a rede
NI, sendo a maioria dessas conexões negativa, com exceção das interações que envolvem IL-
Analisando as redes dos subgrupos TOXO, é possível observar, na rede SL, múltiplas
conexões entre citocinas e quimiocinas, incluindo duas negativas. Nessa rede, a quimiocina
menos interações com outros biomarcadores durante esse estado da doença. A rede RA
apresenta um perfil interativo pobre de biomarcadores, que pode ser resultado de uma
similaridades com os pacientes não-infectados (rede NI), sugerindo que a resposta imune
nesse grupo está tendendo a voltar ao estado homeostático. Entretanto, quando comparamos
as assinaturas de biomarcadores desses dois grupos, elas são diferentes no perfil de altos
produtores de citocinas/quimiocinas, embora apresentem semelhança em relação as conexões,
convalescência.
parasito durante as fases precoces e tardias da doença podem ser observadas juntamente com
durante a toxoplasmose ocular aguda e crônica. Esta abordagem permite uma avaliação menos
demonstrou que há amplas interações entre quimiocinas/citocinas, que podem mudar durante
as diferentes fases da lesão retinocoroidal induzidas pela infecção por T. gondii. Isso cria
possibilidades na monitoração dos pacientes tratados, podendo indicar que os pacientes têm
um risco de recorrência da infecção. Mais estudos são necessários para entender melhor a
7. CONCLUSÕES
ativa;
Enquanto TNF é apresentado como um biomarcador para o grupo SL, e IFN- e IL-5
no grupo RA, IL-10 aparece como um mediador relevante nos grupos RAC/RC;
biomarcador para SL, IFN- e MIG/CXCL9 apontam para ARL e IL-10 é destacada
mediada por negativas correlações na rede TOXO contrasta com uma pequena ponte
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