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0701130-89.2014.8.01.

0001 Arquivado
Classe: Ação Civil Pública
Área: Cível
Assunto: Responsabilidade Civil
Distribuição: 04/02/2014 às 10:02 - Sorteio
1ª Vara Cível - Rio Branco
Controle: 2014/000080
Juiz: Zenice Mota Cardozo
Valor da ação: R$ 724,00
Partes do processo
Autor: Defensoria Pública do Estado do Acre
D. Público: 'Rodrigo Almeida Chaves
Réu: Empresa Cinematrográfica Araçatuba Ltda.
Advogado: Paulo Henrique de Souza Freitas
Advogado: Francisco Bromati Neto
Advogado: Acreanino de Souza Naua
Ass.M.P.: Gláucio Ney Shiroma Oshiro

25/04/2014

Trata-se de "Ação Civil Pública com Pedido de Liminar" ajuizada pela Defensoria Pública do Estado do Acre
em face de Empresa Cinematográfica Araçatuba Ltda (Cine Araújo). Aduz a Demandante que o réu é pessoa
jurídica que presta serviços de exibição de conteúdo cinematográfico na cidade de Rio Branco, tendo instalada
em suas dependências lanchonete na qual são fornecidos produtos alimentícios para consumo dos espectadores
no interior das salas de exibição.

Obtempera que chegou a seu conhecimento o fato de que a ré estaria proibindo os consumidores de
adentrarem nas salas de exibição na posse de produtos alimentícios adquiridos em outros
estabelecimentos. Afirma que tal prática configura forma oblíqua de venda casada, dado que findaria por
condicionar a prestação do serviço principal (cinema) à compra de produtos exclusivamente na
lanchonete da ré. Postulou a designação de audiência prévia de tentativa de conciliação. Caso infrutífera a
autocomposição das partes, requereu a prolação de medida liminar no sentido de proibir a empresa ré de
realizar a aludida venda casada, de sorte a permitir o ingresso em suas dependências de produtos
similares aos vendidos em sua lanchonete.

Exordial instruída com a documentação de fls. 28/34. Atendendo ao pedido da autora (fl. 35), foi designada
audiência para 20.2.2014, oportunidade na qual as partes requereram a redesignação da sessão para possibilitar
tratativas extrajudiciais, visando a realização de acordo (fl. 48/49). A fls. 57/61, adveio manifestação do
Ministério Público, na qual afirma que a coletividade substituída extraordinariamente por meio desta ação
coletiva não se enquadraria no conceito de hipossuficiência, o que afastaria a legitimidade ativa da Defensoria
Pública. Petição da Defensoria a fls. 76/84, refutando a tese apresentada pelo parquet e postulando o
indeferimento da preliminar de ilegitimidade ativa. Aberta a segunda sessão conciliatória (fls. 85), verificou-se a
ausência do representante da parte autora. Por fim, os autos vieram-me conclusos para Decisão. É a síntese do
necessário. Passo a decidir. Ausente a parte autora à sessão conciliatória designada, reputo prejudicada a
tentativa de autocomposição pleiteada a fls. 25 (item "a"). Inicialmente, in status assertionis, verifico a presença
dos pressupostos processuais e das condições da ação, em especial a legitimidade ativa da Defensoria Púbica
(Lei 7.347/85, art. 5º, II c/c LC 80/94, art. 4º, VII) e a adequação da via eleita à tutela de interesses individuais
homogêneos dos consumidores da empresa ré (CDC, art. 81, III), a qual, sabidamente, exerce a quase totalidade
da prestação dos serviços de exibição cinematográfica na cidade de Rio Branco. Quanto à preliminar levantada
pelo Ministério Público, considero-a manifestamente improcedente. É que o conteúdo normativo do art. 4º, VII
da Lei Complementar 80/94 de per si afasta a proposta restritiva que pretende dar o parquet à legitimidade ativa
da Defensoria Pública para a propositura de Ações Coletivas. Diz o dispositivo legal: Art. 4º São funções
institucionais da Defensoria Pública, dentre outras:(...) VII - promover ação civil pública e todas as espécies de
ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos quando
o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes; Como se percebe, a ratio essendi
do predicativo inserto pelo legislador foi de natureza evidentemente inclusiva, ou seja, visou conferir
legitimidade à Defensoria Pública para a promoção de ações coletivas em todas as hipóteses em que sua atuação
possua potencialidade de beneficiar grupos de pessoas hipossuficientes. Não se exige de forma alguma que o
universo de beneficiados pela tutela coletiva seja exclusivamente, ou mesmo em sua maioria, composto de
pessoas que necessitam da assistência judiciária gratuita estatal. A meu ver, a interpretação do dispositivo em
comento que mais se adequa ao princípio da instrumentalidade das formas - bem como à preemente necessidade
pública de conferir máxima efetividade aos instrumentos de tutela coletiva - é justamente aquela que,
respeitando os limites do texto elaborado pelo legislador, busca expandir ao máximo as hipóteses e os
legitimados para a atuação nesta seara processual. Para além disso, a concepção de que os titulares dos direitos
defendidos na presente demanda (espectadores de cinema) não se enquadram no conceito de hipossuficientes
revela de certo modo um equívoco lógico quanto aos fatos postos em apreciação. A utilizar como critério o
limite aferido pela Receita Federal para a isenção de imposto de renda, simplesmente não se há de vislumbrar a
impossibilidade de custeio para o acesso a esta espécie de entretenimento por uma pessoa que ganhe em torno
de R$ 1.973,97 (mil, novecentos e setenta e três reais e noventa e sete centavos) por mês. A despeito dessa clara
subsunção da regra do art. 4º, VII da LC 80/93, não é demais lembrar a existência de consistente
posicionamento doutrinário no mesmo diapasão. Com a palavra, Fredie Didier Jr. e Hermes Zaneti Jr: Para que a
Defensoria seja considerada como "legitimada adequada" para conduzir o processo coletivo, é preciso que seja
demonstrado o nexo entre a demanda e o interesse de uma coletividade composta por pessoas "necessitadas",
conforme locução tradicional. Assim, por exemplo, não poderia a Defensoria Pública promover ação coletiva
para tutela de direitos de um grupo de consumidores de Playstation III ou de Mercedez Bens. Não é necessário,
porém que a coletividade seja composta exclusivamente por pessoas necessitadas. Se fosse assim praticamente
estaria excluída a legitimação da Defensoria para a tutela de interesses difusos, que pertencem a uma
coletividade de pessoas indeterminadas. Ainda nesse sentido, não seria possível a promoção de ação coletiva
pela Defensoria quando o interesse protegido fosse comum a todas as pessoas carentes ou não.(...) Constatada a
legitimação da Defensoria, de acordo com o critério aqui defendido, a decisão poderá beneficiar a todos,
indistintamente, necessitados ou não. Os tribunais também tem adotado postura inclusiva a respeito da matéria,
a exemplo do que reiteradamente definiu o Superior Tribunal de Justiça com relação à defesa do direito coletivo
à educação, v.g.: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - ENSINO SUPERIOR - AÇÃO CIVIL
PÚBLICA - DEFENSORIA PÚBLICA - LEGITIMIDADE ATIVA - MATÉRIA NÃO PREQUESTIONADA
(SÚMULAS 211/STJ E 282/STF) . 1. A Defensoria Pública possui legitimidade ativa para ajuizar ação civil
pública na defesa de interesses transindividuais de hipossuficientes. Precedentes do STJ. 2. Descabe a esta Corte
analisar tese que não foi debatida na instância de origem. Incidência das Súmulas 211/STJ e 282/STF. 3.
Recurso especial parcialmente conhecido e não provido. Por derradeiro, assevero ser absolutamente
inadmissível o argumento do parquet no sentido de que a Defensoria Pública do Estado do Acre "historicamente
atendido de forma sofrível as pessoas hipossuficientes que dela dependem, em suas demandas individuais, agora
pretende, e essa não é a primeira, ajuizar ações civis públicas para beneficiar grupo de pessoas que não são
hipossuficientes, de forma que não é impossível imaginar que, em breve, estará levando ao Poder Judiciário
demandas em defesa dos interesses dos consumidores de marcas como a Ferrari". A despeito da evidente
ausência de substância jurídica da tese, não se pode deixar de atestar a dedicação diária e a diligência dos
membros da Defensoria Pública deste Estado, os quais, muitas vezes prejudicados pela escassez de recursos
materiais e humanos que permeia a administração pública como um todo, diariamente empreendem elevados
esforços para cumprir com competência as funções institucionais do órgão que representam. Neste sentido,
indefiro a preliminar de ilegitimidade ativa ventilada pelo parquet (fls. 57/61) e recebo a presente Ação
Coletiva, passando apreciar seus requerimentos de urgência.
O cerne da alegação da autora se funda em suposta "venda casada" praticada pela ré ao proibir que os
consumidores adentrem nas salas de exibição cinematográfica com produtos alimentícios adquiridos em
outros estabelecimentos, o que infringiria a norma extraída do art. 39, I, do Código de Defesa do
Consumidor, cito: Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; (...)

Segundo a Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, a prática vedada pela norma
em questão consiste em "vender determinado produto ou serviço somente se o comprador estiver disposto a
adquirir outro produto ou serviço da mesma empresa. Em geral, o primeiro produto é algo sem similar no
mercado, enquanto o segundo é um produto com numerosos concorrentes, de igual ou melhor qualidade. Dessa
forma, a empresa consegue estender o monopólio (existente em relação ao primeiro produto) a um produto com
vários similares. A mesma prática pode ser adotada na venda de produtos com grande procura, condicionada à
venda de outros de demanda inferior". Em se tratando de empresas de exibição cinematográfica, notadamente as
localizadas em shopping centers, a experiência demonstra ser costumeira a conduta de instalar lanchonetes nas
áreas de acesso restrito aos espectadores - muitas vezes praticando preços superiores à média de mercado -, e
vedar àqueles a entrada na posse de produtos adquiridos alhures. A problemática já foi objeto de apreciação pelo
Superior Tribunal de Justiça, o qual entendeu pela ilicitude da prática descrita à luz das já mencionadas normas
do Código de Defesa do Consumidor, cito: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. APLICAÇÃO DE
MULTA PECUNIÁRIA POR OFENSA AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. OPERAÇÃO
DENOMINADA 'VENDA CASADA' EM CINEMAS. CDC, ART. 39, I. VEDAÇÃO DO CONSUMO DE
ALIMENTOS ADQUIRIDOS FORA DOS ESTABELECIMENTOS CINEMATOGRÁFICOS. (...) A
denominada 'venda casada', sob esse enfoque, tem como ratio essendi da vedação a proibição imposta ao
fornecedor de, utilizando de sua superioridade econômica ou técnica, opor-se à liberdade de escolha do
consumidor entre os produtos e serviços de qualidade satisfatório e preços competitivos. 4. Ao fornecedor de
produtos ou serviços, consectariamente, não é lícito, dentre outras práticas abusivas, condicionar o fornecimento
de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço (art. 39, I do CDC). 5. A prática abusiva
revela-se patente se a empresa cinematográfica permite a entrada de produtos adquiridos na suas dependências e
interdita o adquirido alhures, engendrando por via oblíqua a cognominada 'venda casada', interdição inextensível
ao estabelecimento cuja venda de produtos alimentícios constituiu a essência da sua atividade comercial como,
verbi gratia, os bares e restaurantes.

No mesmo sentido se manifestou o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo: CONSUMIDOR. CINEMA.
"VENDA CASADA". Ao impor a restrição do ingresso de alguns alimentos e bebidas portados pelos utentes de
suas salas de projeção cinematográfica, permitindo, entretanto, o acesso de produtos alimentares adquiridos em
seu próprio estabelecimento, a ora apelante [feriu] o direito de liberdade de escolha pelo consumidor: isso
caracteriza exatamente a prática abusiva que, aclimada à parte final do caput do art 39 do Código de Defesa do
Consumidor e do inc. II de seu art. 6o, corresponde a uma das singulanzações possíveis da figura da "venda
casada". Não-provimento da apelação.

Pois bem. Atendo-me, em sede de cognição sumária, ao substrato probatório colacionado na espécie,
considero comprovada a conduta da parte ré de vedar aos seus consumidores o acesso a suas
dependências na posse de determinados produtos alimentícios. Tal fato é demonstrado pelo termo de
declarações prestado por Júlio Cesar Pinheiro Rosa e Gleicyane França de Castro Pinheiro (fls. 28/29),
por diversas reclamações publicadas em redes sociais (fls. 30/33) e pelo banner fixado pela própria
demandada em sua bilheteria (fl. 34). Entretanto, a prática relatada pelos mencionados cidadãos e
exposta no mencionado banner não implica, de per si, em qualquer abusividade. Ora, ao fornecedor de
serviços é conferida determinada margem de discricionariedade para estabelecer normas internas de
funcionamento de seu estabelecimento, desde que respeitados limites mínimos de razoabilidade e o núcleo
essencial dos direitos individuais e coletivos de seus consumidores.

No caso dos serviços de exibição cinematográfica, é de se considerar que as empresas prestadoras tem liberdade
para administrar o uso de espaços fechados, normalmente dotados de climatização artificial, na qual se
aglomeram centenas de pessoas. É justamente este o ponto nodal da argumentação, dado ser de conhecimento
geral que existem determinados alimentos que, em virtude de seu tamanho, forma de acondicionamento,
temperatura na qual são consumidos, cheiro que exalam ou mesmo propriedades de seus ingredientes,
prejudicariam sobremaneira o conforto ou mesmo a segurança dos espectadores caso fossem consumidos dentro
de espaços físicos restritos nos quais, repito, aglomeram-se centenas de pessoas.

Nada mais razoável, pois, que a ré estabeleça limitações do acesso de tais produtos às dependências das
salas de exibição cinematográfica. A propósito da questão, a nota de esclarecimento publicada pela
empresa ré evidencia as razões que levaram às restrições de acesso impugnadas nestes autos. Diz a nota:
Contrário ao que foi veiculado na mídia, o cinema da Rede Araújo em Rio Branco, não pratica a
condenada venda casada. De fato existe norma interna que restringe o consumo de alguns alimentos no
interior da sala de cinema, mas nada tem a ver com venda casada, em verdade apenas não são aceitos nas
salas de exibição o consumo de alimentos não similares (pelo seu acondicionamento e gênero) aos
comercializados pela empresa em sua bomboniere. Portanto, a restrição é quanto à natureza e
acondicionamento do alimento, mas não sua origem. A restrição do consumo de certos alimentos e
bebidas se dá para a manutenção do zelo e bem estar dos consumidores. É de direito dos clientes poderem
adentrar em uma sala higienizada, sem correr o risco de se aborrecer pelo consumo de produtos
inadequados para o consumo no local ou então acondicionados de maneira imprópria. Isto posto, esta
Nota Pública é para esclarecer que o Cinema da Rede Araújo não pratica e nunca praticou a condenada
venda casada.

Neste eito, evidencia-se que a liberdade de escolha dos consumidores (CDC, art. 6º, II, in fine) deve ser
compatibilizada com os demais direitos previstos na legislação de regência, mormente as garantias de fruição de
serviços de qualidade (art. 4º, II, "d") com segurança (art. 8º) e conforto. O cerne da questão, portanto, se
encontra no estabelecimento de um meio termo que concilie a prerrogativa da empresa ré de normatizar a
entrada de alimentos em suas dependências com o direito de escolha de seus consumidores, de forma a evitar a
"venda casada", coibida com rigor pela legislação e jurisprudência pátrias. Este ponto é crucial de ser
esclarecido à coletividade para que não prevaleçam em seu seio entendimentos equivocados, fundados em mero
senso comum e desprovidos de qualquer razão jurídica, os quais findam prejudicando as relações de consumo e
podem levar, de um lado, à litigância judicial temerária e sem fundamento e, de outro, a limitações ilegais ao
consumo.

Tendo como base as alegações veiculadas na exordial e os documentos colacionados, entendo que a solução a
ser tomada nesta fase inicial do processo passa pela proibição de que a ré restrinja o acesso, em suas salas de
exibição, de consumidores portando produtos alimentícios similares aos vendidos em sua própria bonbonnière.
Desta forma, evita-se incursão indevida em sua liberdade de iniciativa empresarial, ao mesmo tempo em que se
coíbe eventual restrição ilegal à liberdade de escolha de seus consumidores. A possibilidade de utilização desta
solução intermediária é reconhecida pela própria autora em sua exordial: É importante deixar consignado que, à
luz do que dispõe nossa legislação, o Cine Araújo pode restringir a entrada de pessoas com determinados
alimentos que não são vendidos no interior de suas lanchonetes (pizza, sorvete, etc), mas não pode impedir a
entrada de consumidores que adquiriram, em outro local, produtos similares àqueles por ela também
comercializados. Por outro lado, se a política da empresa fosse a de proibir por completo a entrada de pessoas
com qualquer produto alimentício, inclusive aqueles por ela comercializados em suas lanchonetes, tudo visando
facilitar a própria limpeza das salas de exibição, nenhuma ilegalidade estaria sendo cometida. Contudo, ao
permitir o ingresso de pessoas com os produtos adquiridos em sua lanchonete, a Ré tem que permitir também a
entrada de produtos similares adquiridos em outros estabelecimentos. Os direitos estampados no Código de
Defesa do Consumidor, e em especial o da liberdade de escolha, somente permitem essa interpretação (fls.
19/20).

Concluo frisando que a presente Decisão se faz necessária em virtude da óbvia deficiência da informação
constante no banner fixado pela ré (fl. 34), o qual externa a vedação em suas dependências da posse de
"lanches, pizza, frituras, etc", porém não esclarece aos consumidores que estes podem perfeitamente
adentrar nas salas de exibição portanto alimentos e demais produtos adquiridos em outros
estabelecimentos que sejam similares aos vendidos na loja da ré. Patente, pois, a necessidade de garantia
do direito à devida informação dos consumidores (CDC, art. 6º, II e III), daí emergindo a verossimilhança
das alegações exordiais (CPC, art. 273, caput). Tenho por configurado, igualmente, o perigo de dano a
que faz referência o art. 273, I do Código de Processo Civil, na medida em que a continuidade da situação
de insegurança jurídica entre os consumidores pode resultar em restrições ilegais a sua liberdade de
escolha, além de potencializar a propositura de uma sucessão de demandas individuais baseadas em
alegações de "venda casada". Posto isso, e com fulcro no art. 11 da Lei 7.347/85 c/c art. 273 do Código do
Processo Civil, DEFIRO a liminar pleiteada para determinar à ré que se abstenha de restringir o acesso
de consumidores a sua sala de exibição em virtude da posse de produtos iguais ou similares aos vendidos
em sua lanchonete interna, sendo esta exigência de similitude extensível ao acondicionamento dos
alimentos. Por fim, visando à preservação do direito do público consumidor à informação, deverá a parte
ré redefinir o banner informativo retratado a fl. 34, de sorte a esclarecer aos espectadores que é
permitida a entrada nas salas de exibição na posse de produtos alimentícios iguais ou similares aos
vendidos no interior do estabelecimento, respeitadas as demais restrições anteriormente informadas,
inclusive quanto ao acondicionamento dos produtos permitidos, destacando de forma clara e precisa
quais produtos alimentícios efetivamente poderão ser portados nas salas de cinema.

A presente Decisão deverá ser cumprida no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contados da data de sua ciência
pelos representantes da ré, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 (mil reais), a ser revertida em favor do
Fundo Estadual de Defesa de Direitos Difusos (CDC, art. 57, c/c Lei Estadual 1.341/2000, art. 16). Cite-se a ré
para contestar, bem como intime-se-lhe para dar cumprimento à presente Decisão. Anote-se nos autos a
participação do parquet, por meio dos promotores Glaucio Ney Shiroma Oshiro e Alessandra Garcia Marques e,
em seguida, dê-se-lhes vista dos autos. Retifique-se o nome constante no polo passivo da demanda, conforme
petições e contrato social apresentado pela ré a fls. 62/75. Intimem-se. Cumpra-se.

09/06/14 – concluso para sentença


12/06/2014 – homologada transação
17/06/2014 – Publicado:

POSTO ISSO, com fulcro nas disposições acima referidas, homologo o Termo de Ajuste de Conduta, para
que surtam seus jurídicos e legais efeitos. Declaro extinto o processo, com resolução de mérito, nos termos do
art. 269, III, do Código de Processo Civil. Sem custas, por força do disposto no artigo 11, I, da Lei Estadual n.º
1.422, de 18.12.2001. Expeçam-se os mandados e ofícios necessários ao cumprimento do Termo de Ajuste de
Conduta e, a seguir, arquivem-se os autos. P.R.I

24/09/2014 Trânsito em julgado. Arquivamento definitivo.

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