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A responsabilidade das empresas

integrantes de grupo econômico


Nabor Batista de Araujo Neto

Os grupos econômicos, ou societários, são uma "concentração de empresas, sob a forma


de integração (participações societárias, resultando no controle de uma ou umas sobre as
outras), obedecendo todas a uma única direção econômica" [01]. Cuida-se de tema árduo
no direito empresarial, o qual enseja diversas discussões atinentes à conceituação,
identificação e responsabilização (em variados ramos do direito) dos componentes do
agrupamento.

A legislação nacional possui, em seus mais diversos campos, dispositivos que tratam da
responsabilidade solidária ou subsidiária das empresas integrantes de grupos
econômicos. Há dispositivos na seara trabalhista, consumerista, previdenciária e
concorrencial. É evidente a modernidade que os outros campos do direito tiveram em
comparação com a legislação empresarial societária, principalmente a Lei do anonimato
(6.404/76), a qual não possui dispositivos relacionados com a responsabilidade das
empresas agrupadas.

Já na exposição de motivos da Lei 6.404/76 é possível concluir pela ausência de regras


acerca da responsabilidade. Segundo a exposição, não se impôs solidariedade porque, de
forma simplória, presumiu-se que os credores a exigiriam em contrato travado com o
grupo econômico ou empresa agrupada, levantando também o argumento de que a
imposição de responsabilidade solidária desvirtuaria o instituto do grupo econômico,
pois transformaria as empresas agrupadas em "departamentos" da mesma "sociedade".
[02]

A justificativa apontada pelos legisladores, na nossa opinião, é ingênua, pois não se


pode esperar que os credores de um grupo econômico de fato exijam, via contrato, a
responsabilidade solidária das empresas agrupadas, até porque muitas vezes não
possuem conhecimento da existência de agrupamento. Por outro lado, mesmo nos
grupos de direito, que são raros no Brasil, é difícil acreditar que contratos reconhecendo

Já quanto ao segundo argumento – departamentalização das sociedades agrupadas –, o


que o legislador defendeu que desvirtuaria o grupo econômico é exatamente o que
ocorre na realidade fática, primordialmente nos grupos de fato, tornando o argumento
antes contrário o mais forte a favor da necessidade de previsão legislativa acerca da
responsabilidade solidária ou, ao menos, subsidiária.

Portanto, a "departamentalização" das sociedades agrupadas já existe na prática. Ocorre


que o legislador da Lei do anonimato só buscou admitir as situações que favorecessem a
constituição dos grupos econômicos, e não as que as inibissem, como é o caso da
responsabilização dos entes agrupados. [03]

Não só no campo societário existe a lacuna. Igualmente, é possível levantar a


problemática da ausência de disposição expressa, no Código Tributário Nacional ou em
legislação tributária (aqui entendemos por bem diferenciar a legislação previdenciária),
acerca da responsabilização expressa dos componentes de grupos econômicos por
dívidas tributárias.

Nos outros campos do direito onde há a previsão legislativa de responsabilidade, é


imperioso reconhecer que a legislação trabalhista é a mais aplicada, inclusive em
perseguida analogia em outros campos, inclusive o tributário. A Consolidação das Leis
do Trabalho, em seu art. 2º, §2º,dispõe, in verbis:

"Art. 2º. (...)

§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra,
constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica,
serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa
principal e cada uma das subordinadas". (grifos nossos)

O dispositivo da CLT dispõe sobre os elementos básicos do grupo econômico (vide


grifos) e ordena a responsabilização solidária das empresas agrupadas, sendo o
dispositivo mais analítico existente acerca do assunto, pois os demais se limitam a
determinar a solidariedade, sem discorrer os elementos que compõem os grupos
econômicos.

Além do direito trabalhista, há também a previsão de solidariedade no campo do direito


de defesa da concorrência (Lei 8.884/94). O dispositivo nesta Lei referiu-se
expressamente à divisão doutrinária dos grupos econômicos em grupos de fato e de
direito, in verbis:

"Art. 17. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de


grupo econômico, de fato ou de direito, que praticarem infração da ordem econômica".
(grifos nossos)

A supracitada Lei, portanto, adota os ensinamentos da doutrina e determina a


responsabilização solidária dos componentes do grupo societário, seja este de fato ou de
direito, tutelando a ordem econômica de maneira efetiva.

Na seara consumerista os integrantes de grupos econômicos também sofrem


responsabilização. Desta feita, a solidariedade não foi adotada, tendo optado o
legislador pela responsabilidade subsidiária das sociedades integrantes do grupo
econômico, senão vejamos:

"Art. 28. (...)

§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são


subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código".

Importante destacar que o Código de Defesa do Consumidor, visivelmente protetivo, foi


tímido em estabelecer apenas a responsabilidade subsidiária, concedendo o benefício de
ordem aos infratores e, consequentemente, impedindo que o consumidor ajuíze a ação
desde logo contra as demais empresas integrantes do grupo econômico, as quais podem
ter saúde financeira melhor que a infratora. [04]
Por fim, no que tange à responsabilidade dos integrantes de grupo econômico em
relação aos débitos previdenciários temos a previsão contida no art. 30, IX, da Lei
8.212/91, in verbis:

"Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias


devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:

IX - as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre


si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei".

Pelo dispositivo acima citado, na nossa opinião, permite-se a responsabilização das


empresas que integrem grupo econômico onde exista relação de controle, e não apenas
direção, participação ou coligação.A hipótese é de responsabilidade direta, solidária, ou
seja, as empresas do grupo possuem responsabilidade solidária ex lege por débitos
previdenciários.

A Lei 8.212/91 encontrou respaldo no art. 124, II, do Código Tributário Nacional, o qual
determina que são solidariamente responsáveis pelo crédito as pessoas expressamente
designadas por lei.

Na seara tributária (excluindo-se os créditos previdenciários), o artigo 124, inciso I, do


Código Tributário Nacional possui a seguinte redação, in verbis:

"Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da
obrigação principal" (...).

Cuida-se de dispositivo inserido no Título II, Capítulo IX do código, que trata do sujeito
passivo da obrigação tributária. O dispositivo cuida de estabelecer a solidariedade pelo
adimplemento das obrigações tributárias entre as pessoas que possuem interesse comum
na situação que constitui o fato gerador.

A norma do art. 124 do Código Tributário Nacional trata de responsabilidade tributária,


muito embora esteja localizada entre as normas gerais do capítulo que regula a sujeição
passiva tributária. [05]

Já vimos que os grupos societários são formados com o objetivo de atender às


necessidades do desenvolvimento dos processos de produção e pesquisa, racionalizando
a exploração empresarial, baixando custos e aumentando os lucros. Logicamente, há
interesse de toda e qualquer pessoa jurídica integrante de grupo econômico nos atos de
qualquer outra integrante, principalmente nos que beneficiem todo o agrupamento.

Com mais impacto ainda repetimos a afirmação final acima quando tratamos de grupos
econômicos que se valem de confusão patrimonial, gerencial e financeira, e ainda os
grupos de fato. Nestes grupos, os atos de um, principalmente na seara tributária, são de
total interesse das outras empresas agrupadas.
Nos grupos econômicos, o interesse comum vincula as empresas agrupadas por
circunstâncias externas formadoras de solidariedade, provenientes da consciência de
grupo, das necessidades que interligam as empresas participantes.

Desta forma, o interesse comum é justificado pela unidade de direção ou controle, com
objetivos finais idênticos de todos os entes agrupados. Há claro aproveitamento das
pessoas jurídicas que formam o grupo econômico com as atividades desempenhadas por
qualquer delas, pois agem por coordenação ou subordinação. [06]

Há interesse comum que justifica a responsabilidade tributária solidária quando as


empresas integrantes de grupo econômico ocultam ou registram indevidamente
negócios jurídicos realizados entre elas para benefício comum. Há diversas situações de
fato que interligam as empresas do grupo econômico, sendo perfeitamente possível
evidenciar solidariedade entre os integrantes, pois além do patrimônio comum
(confusão patrimonial), há interesse comum nos negócios jurídicos realizados em
benefício do grupo societário. [07]

Todavia, há julgados na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça o entendimento


no sentido de que não caracteriza a solidariedade passiva em execução fiscal o simples
fato de duas empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, pois a expressão
"interesse comum", para o Tribunal supracitado, deve ser entendida de maneira diversa
à exposta no parágrafo acima.

Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o "interesse comum" apenas


resta caracterizado quando as empresas do grupo econômico desempenham a mesma
atividade configuradora do fato gerador, ou seja, é imprescindível que as empresas
agrupadas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador. [08]

Ainda segundo a jurisprudência do STJ, a expressão "interesse comum" é um conceito


indeterminado, sendo necessário proceder a uma "interpretação sistemática" das normas
tributárias, com o fito de alcançar a ratio essendi do dispositivo supracitado.

O esforço interpretativo da Corte culminou no entendimento e consolidação de


jurisprudência no sentido de que o "interesse comum" previsto no art. 124, I, implica
que as empresas agrupadas, para serem solidariamente responsáveis, devem ser sujeitos
da relação jurídica que deu azo à ocorrência do fato imponível, pois feriria a lógica
jurídico-tributária a inclusão, no pólo passivo da demanda, de alguém que não tenha
tido participação na ocorrência do fato gerador da obrigação, mesmo que faça parte de
grupo econômico beneficiado economicamente. [09]

Para o STJ, mesmo que haja participação nos lucros entre os entes agrupados, o que
reforça a idéia de interesse comum, não há solidariedade. Com a devida venia, ousamos
discordar do entendimento.

Defendemos nossa posição quando recordamos, principalmente, dos casos nos quais há
lucros e vantagens divididos entre as empresas agrupadas, demonstrando a clara
existência de interesse comum. Não existisse a interpretação restritiva emprestada pelo
Superior Tribunal de Justiça ao art. 124, I, do Código Tributário Nacional, tal
dispositivo seria, no campo dos débitos tributários, equivalente ao que o art. 30, IX, da
Lei 8.212/91 é no campo previdenciário.
A partir do momento em que se estabelece a relação de grupo entre sociedades,
especialmente um grupo de fato, com centralização e subordinação entre os entes
agrupados, diversas empresas são reunidas para formar um ente de natureza econômica
destinado ao atendimento dos objetivos determinados pela empresa controladora. As
sociedades dominadas, portanto, servem como mero instrumento para consecução do
fim determinado pela dominante, atuando como se fossem simples prepostas. [10]

Portanto, de acordo com o atual entendimento jurisprudencial, podemos concluir que


em sede de responsabilização de grupos econômicos, o art. 124, I só é servil quando
estamos diante de agrupamentos onde as empresas realizam a mesma atividade, o que
também entendemos aplicável naqueles grupos econômicos compartimentados, onde as
pessoas integrantes realizam as diversas etapas de uma atividade singular.

Por fim, ressaltamos a necessidade de alterações legislativas societárias e tributárias,


com o escopo de melhor delinear a responsabilidade das empresas integrantes de grupos
econômicos, tendo em vista a carência de disposições na legislação do anonimato e a
interpretação restritiva conferida ao dispositivo do Código Tributário Nacional. Ainda,
pensamos ser necessária reforma no Código de Defesa do Consumidor, estabelecendo
responsabilidade solidária entre os integrantes de agrupamento, tendo em vista o espírito
protetivo do diploma citado.

Notas

1. BULGARELLI, Waldírio. Manual das sociedades anônimas. 13 ed. São Paulo:


Atlas, 2001, p. 299.
2. COMPARATO, Fabio Konder. FILHO, Calixto Salomão. O poder de controle na
sociedade anônima. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 501.
3. COMPARATO, Fabio Konder. FILHO, Calixto Salomão. O poder de controle na
sociedade anônima. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 502.
4. ALBERTON, Genacéia da Silva. A Desconsideração da Pessoa Jurídica no
Código do Consumidor, Aspectos Processuais. Ajuris, Vol 19, N 54, p. 146-180,
Março/1992.
5. NEDER. Marcos Vinicius. Solidariedade de Direito e de Fato –Reflexões acerca
de seu Conceito in Responsabilidade Tributária, Coordenadores Maria Rita
Ferragut, Marcos Vinícius Neder. São Paulo: Dialética, 2007. p. 32.
6. CAMELO. Bradson Tibério Luna. Solidariedade Tributária de Grupo
Econômico de Fato. Revista Dialética de Direito Tributário. Nº 170. p. 21.
7. NEDER. Marcos Vinicius. Solidariedade de Direito e de Fato –Reflexões acerca
de seu Conceito in Responsabilidade Tributária, Coordenadores Maria Rita
Ferragut, Marcos Vinícius Neder. São Paulo: Dialética, 2007. p. 46
8. REsp 834.044/RS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 11/11/2008, DJe 15/12/2008.
9. REsp 884.845/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
05/02/2009, DJe 18/02/2009.
10. HOLLANDA, Pedro Ivan Vasconcelos. Os grupos societários como superação
do modelo tradicional da sociedade comercial autônoma, independente e dotada
de responsabilidade limitada Dissertação mestrado, UFPR, Curitiba, 2008

Os grupos econômicos: aspectos fáticos e


legais do moderno fenômeno empresarial
Nabor Batista de Araujo Neto

Elaborado em 12/2010.

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Há diversas discussões atinentes à conceituação, identificação e responsabilização dos


componentes do grupo societário.

O presente artigo busca tecer breves considerações acerca de fenômeno econômico e


empresarial relativamente moderno, qual seja, a formação de grupos econômicos. Além
dos aspectos doutrinários, conceituais e legais, abordaremos também a situação dos
credores diante dos agrupamentos.

A identificação de tais grupos nem sempre é tarefa das mais fáceis, tendo em vista que
são inúmeras as formas sob as quais se materializam as relações econômicas entre as
entidades, as quais continuam dotadas de personalidade e patrimônio próprios,
aparentemente independentes. Ainda, a pouca atenção do legislador quanto ao assunto
no âmbito societário não resolveu todos os aspectos e problemas jurídicos que surgem a
partir do fenômeno do agrupamento societário. [01]

Sem embargo, trata-se de tema árduo no direito empresarial, o qual enseja diversas
discussões atinentes à conceituação, identificação e responsabilização dos componentes
do grupo societário, o qual não pode ser definido de maneira genérica. [02]

É pacífico na doutrina que o fenômeno do agrupamento empresarial surgiu no pós-


guerra de 1939 a 1945, em decorrência das profundas transformações sociais que
trouxeram uma verdadeira revolução no campo empresarial. [03] Tal revolução, mais
conhecida por "Terceira Revolução Industrial", encontra na globalização da economia o
seu principal sustentáculo.

Na lição de ANTUNES, a globalização propicia a "internalização e interdependência


dos mercados nacionais, universalização do modelo de mercado livre, revolução
tecnológica e das comunicações, aumento exponencial das barreiras ao comércio
internacional". [04]Neste ambiente, teve início a necessidade das empresas unitárias se
aglutinarem, com o objetivo de atender às necessidades do desenvolvimento dos
processos de produção e pesquisa, racionalizando a exploração empresarial, baixando
custos e aumentando os lucros. [05]
Neste panorama, a globalização da economia foi e continua a ser um elemento
fundamental na formação dos grupos societários, tendo em vista que a ampliação dos
mercados, o conseqüente aumento do número de consumidores e o acirramento da
concorrência tornaram necessária uma atuação empresarial agressiva, forte, tanto em
capacidade financeira quanto tecnológica. [06]

Os grupos societários, então, passaram a constituir uma técnica valiosa do capitalismo


ascendente e vitorioso nos países de economia desenvolvida, transcendendo, inclusive,
os limites territoriais das nações[07], fazendo surgir os grandes conglomerados
multinacionais.

Portanto, no contexto empresarial moderno, é possível dizer, sem qualquer exagero, que
a tradicional estrutura da sociedade comercial monolítica, ainda constante da nossa
legislação empresarial como regra, não é mais o caminho perseguido pelos detentores
do capital. Atualmente, a empresa unitária dá lugar à empresa de grupo ou
plurissocietária, organismos mais fortes e que possuem maiores chances de sobreviver
no capitalismo globalizado, o que dá origem aos grupos societários modernos, os quais
são táticas extremamente estratégicas de organização empresarial.

Na doutrina, os grupos econômicos, ou societários, são uma "concentração de empresas,


sob a forma de integração (participações societárias, resultando no controle de uma ou
umas sobre as outras), obedecendo todas a uma única direção econômica". [08]

O conceito exposto acima deve ser complementado. Isto se deve ao fato de que são
inúmeras as formas, além das participações societárias, pelas quais se podem
estabelecer relações empresariais. Há empresas controladoras que não possuem
participação societária alguma nas controladas, mas que possuem o comando total da
produção e escoamento destas últimas, suprimento de matéria-prima e etc,
caracterizando o que se chama de "aguda dependência externa" das controladas [09], fato
que demanda análise fática intensa com o objetivo de identificar as formas pelas quais o
controle é exercido.

Com efeito, para caracterização do grupo econômico não é necessária a existência de


atividades próximas, idênticas ou complementares exercidas pelos entes agrupados, pois
conforme dito acima, os grupos societários modernos não se moldam às fórmulas
tradicionais de concentração empresarial (vertical ou horizontal), podendo adotar
formas diagonais ou conglomerado, cuja característica básica é a diversificação de
produtos, atividades e inclusive localização geográfica. Em resumo, são inúmeras as
formas, sendo difícil, senão praticamente impossível, reduzir a realidade fática e
econômica a uma tipologia eficiente, tendo em vista, inclusive, o seu dinamismo. [10]

Em adição, podemos dizer que o que caracteriza um grupo econômico é o fato de


existirem diversas sociedades juridicamente independentes, com personalidade jurídica
e patrimônio próprios, contudo economicamente unidas [11], mediante controle ou
direção unitários, provenientes da empresa-mãe, ou simplesmente controladora.

Importante notar que os argumentos que seriam utilizados exatamente para afastar a
caracterização do grupo econômico – ou seja, patrimônio distinto e personalidade
jurídica própria – não são suficientes para tanto, pois a individualidade das empresas
permanece intacta nos grupos societários, como já visto, sendo necessária atuação no
âmbito fático para comprovação do controle e confusão patrimonial, certamente
existente.

Neste ponto, é importante destacar a lição de COMPARATO, para o qual há distinção


entre direção e controle. De acordo com o autor, ao contrário do que se pensa, a melhor
doutrina é a que considera a "unidade de direção" como o melhor identificador de
grupos econômicos, muito embora a unidade de controle seja, faticamente, mais
importante. [12]

Deste modo, segundo o autor existem os grupos econômicos por coordenação, onde há
unidade de direção, e os grupos econômicos de subordinação, onde ocorre a unidade de
controle. Nos primeiros, existe a direção unitária para harmonizar o interesse de todo o
grupo empresarial, sem subordinação dos interesses de uma empresa agrupada ao de
outra(s) ou ao do grupo, enquanto nos segundos há o controle de uma empresa sobre as
outras, integrantes do mesmo grupo, as quais servem aos interesses da controladora.

Importante salientar que o controle exercido por uma empresa sobre a outra não se
resume apenas à posse da maioria das ações ou capital social da controlada, pois pode
existir controle mesmo quando a controladora possui uma pequena margem de ações,
seja por razões já declinadas (aguda dependência externa) ou até mesmo pela dispersão
ou absenteísmo dos acionistas. [13]

Nos termos da legislação do anonimato, mais precisamente no §2º do art. 243,


considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de
outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo
permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria
dos administradores.

Neste ponto, ressaltamos as recentes modificações na legislação do anonimato levadas a


efeito pela Lei 11.941/09, a qual conferiu redação ao §1º do art. 243 no sentido de que
são coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa, ou
seja, quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das
políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la (§4º). No parágrafo 5º,
a legislação presume que existe influência significativa quando a investidora (coligada)
for titular de 20% ou mais do capital votante, também sem controlá-la. Ora, de acordo
com o que já expusemos, é possível que uma pessoa jurídica com influência
significativa seja não apenas coligada, mas sim controladora, a depender da análise
fática, o que desde já caracteriza ofensa à legislação societária, tendo em vista o
controle oculto.

Portanto, no estudo dos grupos societários podemos conjugar duas características


antagônicas: unidade e diversidade. A primeira refere-se à organização econômica e ao
centro decisório unificado, por controle ou direção, ao passo que a segunda relaciona-se
com a autonomia jurídica, ou seja, a personalidade jurídica de cada sociedade que forma
o grupo [14], acrescentando, também na diversidade, o fato dos patrimônios
permanecerem também independentes, muito embora a confusão patrimonial seja
inerente à idéia de grupo societário e enseje árduo trabalho probatório.

Conceituado o fenômeno, acrescentamos que a doutrina divide o estudo dos grupos


econômicos em grupos de fato e de direito. A legislação do anonimato brasileira, Lei
6.404/76, adotou este modelo, chamado de "dual", com inspiração no modelo alemão. É
importante consignar, desde já, que a doutrina critica o ordenamento jurídico brasileiro,
pois não há regulamento para os grupos econômicos não acionários, que são uma
realidade no mundo empresarial, até porque, conforme já se explicitou, é possível o
controle por outros meios que não a participação acionária.[15]

A Lei 6.404/76 regula, em seu capítulo XX, as sociedades coligadas, controladas e


controladoras, enquanto no capítulo XXI há disciplina para os grupos de direito,
constituídos mediante convenção grupal. Portanto, no capítulo XX há o regulamento
para o que a doutrina rotula de grupos econômicos de fato e, no XXI, para os grupos de
direito. [16]

Os grupos de direito são constituídos mediante convenção grupal firmada pelas pessoas
jurídicas que o integrarão, enquanto os grupos de fato decorrem do mero exercício do
poder de controle, direta ou indiretamente, pela empresa controladora sobre as
controladas. [17] Neste último caso, conforme já se explanou acima, as sociedades
participantes conservam suas personalidades jurídicas e são tratadas juridicamente como
autônomas.

Aqui salientamos que os grupos de direito são raramente constituídos, sendo poucos os
registrados no Brasil, não ultrapassando o número de trinta [18], segundo dados do
Departamento Nacional de Registro do Comércio – DNRC. Já os grupos econômicos de
fato são inúmeros, consistindo no modelo adotado pela esmagadora maioria das
empresas agrupadas.

Os grupos societários de fato possuem extrema variabilidade nas suas manifestações,


sendo impossível estabelecer um rol exaustivo de exemplos, ficando a caracterização
sob o manto do domínio do fato (domaine du fait) [19].

A Lei 6.404/76 disciplina os grupos econômicos de fato (controladoras, controladas e


coligadas) nos termos do art. 243 e seguintes. Nos parágrafos 1º, 2º, 4º e 5º,
encontramos a definição legal do que se entende por sociedades coligadas e controladas,
conforme já expusemos acima e abaixo transcrevemos:

§1º São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa.

§2º Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através


de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo
permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos
administradores.

(...)

§4º Considera-se que há influência significativa quando a investidora detém ou exerce o


poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida,
sem controlá-la.

§5º É presumida influência significativa quando a investidora for titular de 20% (vinte
por cento) ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la
Neste ponto, é importante salientar que a Lei permite a subordinação dos interesses de
uma sociedade aos de outra ou aos do grupo apenas nos agrupamentos de direito
(convencionais), e no limite do convencionado. É, portanto, o que COMPARATO
chama de controle, diferente de direção, sendo possível apenas nos grupos de direito,
nos termos da Lei, sob pena de aplicação do art. 246 da Lei do anonimato à sociedade
controladora.

Quanto ao parágrafo 2º transcrito acima, devemos salientar que a menção legislativa à


titularidade de direitos de sócios limita o conceito, pois conforme já mencionamos por
diversas vezes, o poder/controle poderá derivar de situações diversas, fáticas ou até
mesmo pessoais, não tendo necessariamente que passar pela questão acionária. [20] Neste
ponto, como em muitos outros, a legislação não acompanhou a rica dinâmica dos grupos
econômicos.

Há na doutrina quem sustente que nos grupos econômicos formais (de fato) existe
apenas uma empresa e várias pessoas jurídicas atuando como empresárias, formando
uma espécie de "sociedade em comum" de pessoas jurídicas. [21]

Quanto aos grupos econômicos de direito, a disciplina é encontrada nos artigos 265 e
seguintes. Este primeiro dispositivo já nos traz o reconhecimento legal dos grupos de
direito, senão vejamos:

"Art. 265. A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos termos
deste Capítulo, grupo de sociedades, mediante convenção pela qual se obriguem a
combinar recursos ou esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a participar
de atividades ou empreendimentos comuns".

O artigo 266 ressalta a obrigatoriedade de determinados itens constarem da convenção


do grupo econômico de direito, tais como coordenação ou subordinação (permitida nos
grupos de direito, conforme visto acima), e a conservação do patrimônio de cada
empresa agrupada, in verbis:

"Art. 266. As relações entre as sociedades, a estrutura administrativa do grupo e a


coordenação ou subordinação dos administradores das sociedades filiadas serão
estabelecidas na convenção do grupo, mas cada sociedade conservará personalidade e
patrimônios distintos".

Além da existência da convenção, o ponto mais interessante para fins de distinção dos
grupos econômicos de direito dos de fato é a necessidade de registro da convenção
grupal, nos termos do art. 271 e seguintes, apenas considerando-se existente o grupo
após o cumprimento do disposto na legislação. É importante salientar que tal registro
não confere personalidade jurídica ao grupo, muito menos retira a autonomia jurídica e
patrimonial das empresas componentes do agrupamento.

Todavia, ainda que a legislação saliente a conservação da personalidade e patrimônio


distintos, a intercomunicação (confusão) patrimonial é prevista e legalizada [22], sendo,
na prática, quase impossível a existência de um grupo econômico sem um mínimo de
comunicação patrimonial, permitida e incentivada pela Lei das Sociedades Anônimas
(6.404/76).
Acerca do arcabouço legislativo acima exposto, é possível concluir que os grupos
econômicos de fato não são suficientemente regulados, ficando a sua disciplina, salvo
regras excepcionais, a cargo das regras atinentes às sociedades isoladas. Quanto aos
grupos societários de direito, o regramento da Lei 6.404/76 é satisfatório, todavia,
conforme já exposto, os grupos econômicos de direito são quase inexistentes no Brasil,
tornando o esforço legislativo escrito, mas não aplicado. [23]

Ainda em relação aos grupos econômicos de fato, a legislação é lacunosa no que tange à
sua caracterização no mundo dos fatos quando as sociedades agrupadas não possuem
participação societária. A doutrina explica que, nestes casos, a identificação dos grupos
de fato só pode provir de indícios e presunções, e não de regras fixas e imutáveis, tendo
em vista a extrema variabilidade, já apontada acima. Deste modo, concluímos que
enquanto a participação societária entre as empresas do grupo de fato é reconhecida
legalmente, o poder de controle exercido de forma pura e simples é uma situação fática,
juridicamente atípica. [24]

Em resumo, pode-se concluir que o legislador entreviu a configuração dos grupos


societários, todavia legislou basicamente o lado interno da problemática, de forma
frágil, descuidando-se quanto aos problemas do lado externo, mais notadamente no
campo de proteção aos credores. [25]

Portanto, em síntese, nos termos da legislação do anonimato os grupos econômicos de


fato são formados por sociedades que mantêm, entre si, laços empresariais através de
participações acionárias, sem necessidade de se organizarem juridicamente, mantendo-
se isoladas e relacionando-se sob a forma de coligadas, controladas e controladoras, sem
necessidade de maior estrutura organizacional. Já os grupos de direito são aqueles
criados mediante aprovação pelas assembléias gerais de uma convenção de grupos,
devidamente registrada, dando origem a uma sociedade de sociedades. [26]

Exposto o conceito de grupo econômico e suas classificações em grupos de fato e de


direito, é importante discorrermos acerca dos elementos que compõem, organicamente,
o conceito de grupo societário e servem de norte para a identificação dos grupos
econômicos.

Neste ponto, COMPARATO argumenta, com apoio da maior parte da doutrina, pela tese
de que o grupo econômico constitui, em si mesmo, uma sociedade, pois possui os três
elementos fundamentais de toda relação societária, quais sejam: contribuição individual
com esforços ou recursos, atividade para lograr fins comuns e participação em lucros e
prejuízos.[27]

Os elementos acima citados podem ser encontrados em qualquer grupo societário, seja
de fato ou de direito. Ainda que o grupo não possua personalidade jurídica, é imperioso
reconhecer que possui todos os elementos necessários para o reconhecimento de uma
sociedade empresarial, ou, neste caso, uma sociedade de segundo grau. [28]

Portanto, não se trata de uma sociedade comum, e sim de uma sociedade específica,
com características sui generis, chamadas pela doutrina, como dito acima, de sociedades
de segundo grau. [29]
Além dos elementos identificadores acima citados, é possível identificar o grupo
econômico pela unidade de direção (poder de controle) e intercomunicação (confusão)
patrimonial. O poder de controle, elemento essencial nos grupos econômicos, implica
no poder de tomar as decisões, seja dentro da assembléia geral, seja com o exercício de
influência nos órgãos de administração, importando num poder sobre toda a empresa
agrupada. [30]

Em conclusão, é preciso a atenção do legislador relativamente à responsabilidade dos


integrantes dos grupos econômicos. Se por um lado é certo que a atividade econômica
globalizada não pode abrir mão da formação de conglomerados econômicos, por outro é
indubitável que os credores não podem ficar a descoberto, sem tutela legal dos seus
direitos no caso de abuso da forma empresarial utilizada pelos agentes econômicos.

Notas

1. FRANCO. Vera Helena de Mello. Particularidades da "affectio societatis" no


grupo econômico. Revista de Direito Mercantil, n. 89, p. 47.
2. BULGARELLI, Waldirio. Manual das sociedades anônimas. 13 ed. São Paulo:
Atlas, 2001. p. 297.
3. LIMA, Marcelo Cordeiro de. MIRANDA, Maria Bernadete. Revista Virtual
Direito Brasil, vol. 3. n. 1. 2009.
4. ANTUNES, José Engrácia. Estrutura e Responsabilidade da Empresa. p. 35.
5. SABAGE, Fabrício Muniz. Grupo de sociedades e consórcios. Jus Navigandi,
Teresina, ano 6, n. 53, jan. 2002. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2518>. Acesso em: 18 fev. 2010.
6. HOLLANDA, Pedro Ivan Vasconcelos. Os grupos societários como superação
do modelo tradicional da sociedade comercial autônoma, independente e
dotada de responsabilidade limitada. Dissertação mestrado, UFPR, Curitiba,
2008.
7. SABAGE, Fabrício Muniz. Grupo de sociedades e consórcios. Jus Navigandi,
Teresina, ano 6, n. 53, jan. 2002. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2518>. Acesso em: 18 fev. 2010.
8. BULGARELLI, Waldírio. Manual das sociedades anônimas. 13 ed. São Paulo:
Atlas, 2001, p. 299.
9. COMPARATO, Fabio Konder. FILHO, Calixto Salomão. O poder de controle na
sociedade anônima. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 45.
10. BULGARELLI, Waldírio. Manual das sociedades anônimas. 13 ed. São Paulo:
Atlas, 2001, p. 299.
11. MIRANDA, Maria Bernadete. Curto teórico e prático de direito societário. Rio
de Janeiro: Forense, 2008, p. 146.
12. COMPARATO, Fabio Konder. FILHO, Calixto Salomão. O poder de controle na
sociedade anônima. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 43.
13. BULGARELLI, Waldírio. Manual das sociedades anônimas. 13 ed. São Paulo:
Atlas, 2001, p. 300.
14. PRADO, Viviane Muller. TRONCOSO, Maria Clara. Grupos de Empresa na
Jurisprudência do STJ. Revista de Direito Bancário e de Mercado de Capitais, n.
40, abr.-jun/2008, p. 97.
15. FRANCO, Vera Helena de Melo. Particularidades da "affectio societatis" no
grupo econômico. Revista de Direito Mercantil, n. 89, p. 48.
16. PRADO, Viviane Muller. Grupos societários: análise do modelo da Lei
6.404/1976. Revista DireitoGV, V. 1, n. 2, p. 5.
17. Idem.
18. Ibidem. A autora menciona estudo estatístico distribuído pelo Prof. Fábio
Comparato, em aula ministrada.
19. COMPARATO, Fabio Konder. FILHO, Calixto Salomão. O poder de controle na
sociedade anônima. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 47.
20. BULGARELLI, Waldírio. Manual das sociedades anônimas. 13 ed. São Paulo:
Atlas, 2001, p. 300.
21. CAMELO. Bradson Tibério Luna. Solidariedade Tributária de Grupo
Econômico de Fato. Revista Dialética de Direito Tributário. Nº 170. Pág. 16.
22. COMPARATO, Fabio Konder. FILHO, Calixto Salomão. O poder de controle na
sociedade anônima. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 361.
23. PRADO, Viviane Muller. Grupos societários: análise do modelo da Lei
6.404/1976. Revista DireitoGV, V. 1, n. 2, p. 17/18.
24. COMPARATO, Fabio Konder. FILHO, Calixto Salomão. O poder de controle na
sociedade anônima. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 47.
25. BULGARELLI, Waldírio. Manual das sociedades anônimas. 13 ed. São Paulo:
Atlas, 2001, p. 307.
26. REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, V. 2,
2003.
27. COMPARATO, Fabio Konder. FILHO, Calixto Salomão. O poder de controle na
sociedade anônima. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 360.
28. Idem.
29. BULGARELLI, Waldírio. Manual das sociedades anônimas. 13 ed. São Paulo:
Atlas, 2001, p. 307.
30. PRADO, Viviane Muller. TRONCOSO, Maria Clara. Grupos de Empresa na
Jurisprudência do STJ. Revista de Direito Bancário e de Mercado de Capitais, n.
40, abr.-jun/2008, p. 97.

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