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Pipa Comunicação
Recife, 2017
Copyright 2016 © Cleber Alves de Ataíde; André Pedro da Silva; Emanuel Cordeiro da Silva;
Sherry Morgana de Almeida; Thaís Ludmila da Silva Ranieri; Valéria Severina Gomes (orgs.). É
proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa do autores e organizadores.
Por se tratar de uma publicação de resumos, a comissão organizadora do XXVI Jornada do Grupo de
Estudos Linguísticos do Nordeste, isenta-se de qualquer responsabilidade autoral de conteúdo, ficando
a carga do autor de cada artigo tal responsabilidade.
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Ataíde, C. A. et al.
Pesquisas em Língua, Linguística e Literatura no Nordeste: uma Jornada de quase 40
anos do Gelne: anais da XXVI Jornada do Grupo de Estudos Linguísticos do Nordeste /
Cleber Alves de Ataíde; André Pedro da Silva; Emanuel Cordeiro da Silva; Sherry Morgana
de Almeida; Thaís Ludmila da Silva Ranieri; Valéria Severina Gomes. [orgs.]. – Pipa Comu-
nicação, 2017.
6.740 p.
1ª ed.
ISBN 978-85-66530-69-8
410 CDD
81 CDU
c.pc:01/17ajns
Prefixo Editorial: 66530
Editores executivos:
Augusto Noronha e Karla Vidal
Conselho Editorial:
Alex Sandro Gomes
Angela Paiva Dionisio
Carmi Ferraz Santos
Cláudio Clécio Vidal Eufrausino
Cláudio Pedrosa
Clecio dos Santos Bunzen Júnior
José Ribamar Lopes Batista Júnior
Leila Ribeiro
Leonardo Pinheiro Mozdzenski
Pedro Francisco Guedes do Nascimento
Regina Lúcia Péret Dell’Isola
Rodrigo Albuquerque
Ubirajara de Lucena Pereira
Wagner Rodrigues Silva
Washington Ribeiro
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Simpósios temáticos
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Área Temática 8
Linguística Aplicada
Introdução
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Entende-se, assim, que a formação do professor de PLE deve ser ampla, pois
exige não apenas o conhecimento do sistema da língua, mas também das varie-
dades culturais e sociais e conhecimentos relacionados à didática do ensino e ao
processo de aprendizagem de línguas estrangeiras. Se se espera que o profissional
em PLE seja tão multifacetado, a quem recairia a responsabilidade de formá-lo? Nos
Cursos de licenciatura em Letras, não há consenso se tal formação deve ser ofere-
cida pelos departamentos de língua vernácula ou de línguas estrangeiras, embora
mais comumente recaia sobre estes últimos.
Segundo Almeida Filho (2007), para atuarem na área do PLE, os professores
formados nas Letras Vernáculas deveriam precisar de uma complementação mais
longa relacionada aos aspectos de aquisição e ensino-aprendizagem de língua es-
trangeira, enquanto os professores formados nas Letras Estrangeiras precisariam
complementar sua formação em relação à língua portuguesa e à cultura brasileira,
embora esta devesse ser menos longa. Há também questões burocráticas que afe-
tam essa formação como, por exemplo, a resistência dos departamentos de Língua
Portuguesa de se convencerem das especificidades do ensino de PLE e, consequen-
temente, de uma formação específica para tanto, além da dificuldade de efetivação
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1. Os índices analisados pelo autor são: Materiais didáticos publicados; Congressos e encontros orga-
nizados; Cursos instalados nas universidades; Disciplina de graduação e pós constantes dos catálo-
gos; Publicações especializadas disponíveis; Cursos de formação continuada ofertados; Associações
de professores; Teses defendidas; Bolsas de estudos outorgadas na pós graduação; Exame nacional de
proficiência vigente; Política governamental explícita; Profissionalização dos professores; Projetos de
intercâmbio estabelecidos; Entendimento supranacional dos países lusófonos.
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Essa carência de políticas de formação do profissional de PLE faz com que esse
ensino consista, nos dizeres de Herrmann (2012, p. 11), em uma “atividade de na-
tureza acidental, com esparsas oportunidades de formação específica”. Já Cunha e
Santos (2002), dez anos antes, haviam traçado um perfil da situação geral dos pro-
fessores de PLE que atuavam no mercado: leigos, professores formados em outras
línguas, professores de português como língua materna que priorizam a gramática,
e falantes nativos que se consideram habilitados a trabalhar no PLE em aulas parti-
culares ou mesmo em cursos livres.
Tendo em vista a peculiaridade da formação do professor de PLE, realizamos
uma análise dos PPCs de Letras das UFs do Nordeste, na modalidade presencial,
disponíveis de forma on-line nos sites dessas instituições, no intuito de identificar a
presença do PLE, como também o seu estatuto curricular.
Procedimentos metodológicos
3. Com exceção do PPC do Curso de Letras-Português da UFPE, que foi obtido através de contato direto
com a Coordenação do Curso, via e-mail, pois não estava disponível na página da instituição.
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4. Universidade Federal de Alagoas (UFAL); Universidade Federal de Campina Grande (UFCG); Universi-
dade Federal Rural do Semiárido (UFERSA); Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Universidade
Federal da Paraíba (UFPB); Universidade Federal do Piauí (UFPI); Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia (UFRB); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Universidade Federal Rural de
Pernambuco (UFRPE); Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB); Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Universidade Federal do Ceará (UFC); Universi-
dade Federal de Sergipe (UFS); Universidade Federal da Bahia (UFBA); Universidade Federal do Vale do
São Francisco (UNIVASF).
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Nosso primeiro passo foi a realização de uma leitura dos PPCs, com o intuito de
identificar se faziam referência ao PLE. Em seguida, buscamos observar e discutir o
estatuto do PLE nesses documentos.
Os dados evidenciam que a maior parte dos Cursos de Letras das UFs da região
Nordeste ainda não tem institucionalizada a formação de profissionais de PLE no
âmbito da graduação. Nas duas primeiras instituições, o PLE é oferecido em caráter
optativo na perspectiva de “língua estrangeira”, enquanto na última faz parte dos
componentes obrigatórios do Curso de Letras, sendo mencionado numa perspec-
tiva de “língua adicional”.5
No PPC da UFPB (2006), o PLE é contemplado em uma disciplina complementar
optativa geral intitulada Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa como
Língua Estrangeira, com carga horária equivalente a 60 horas. Essa disciplina esta-
belece como pré-requisito aos alunos interessados que eles tenham conhecimentos
construídos no âmbito da Linguística através das disciplinas de Fundamentos de
5. A escolha pelos termos “língua estrangeira” e “língua adicional” tem implicações teórico-metodológi-
cas para o ensino e a aprendizagem de línguas. Para uma discussão mais aprofundada, ver Leffa e Irala
(2014).
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são internacional do português como uma das prioridades da instituição, que aten-
de estudantes de diversos países, com ênfase nos integrantes da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Em consonância com esse intento, a UNILAB oferece um Curso de Licenciatu-
ra em Letras (Português Língua Materna e Adicional). Segundo o PPC do curso, de
2013, há a necessidade de se pensar um novo profissional de Letras, cuja formação
também inclua uma sensibilização para o ensino de português em contextos em
que essa língua não é considerada materna. Conforme o documento,
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Considerações finais
O propósito deste artigo foi identificar até que ponto as UFs nordestinas têm
institucionalizado as discussões sobre a formação em PLE no âmbito da graduação
em Letras. De maneira geral, observamos que há um número muito restrito de UFs
na região que contemplam essa formação, apenas três no corpus coletado. Logo,
vemos que na maior parte das instituições analisadas a formação do profissional de
PLE ainda se constitui, conforme Herrmann (2012, p. 11), como uma “atividade de
natureza acidental”, devido à falta desse componente curricular nesses Cursos. Po-
rém, é importante destacar que algumas das universidades pesquisadas oferecem
outros espaços para a discussão sobre o PLE, a exemplo de projetos de extensão,
de iniciação científica, grupos de pesquisa, dentre outros.
Com base na análise dos PPCs, observamos também que ora o PLE faz parte
das disciplinas de caráter optativas, como no caso da UFPB e UFPI, e ora perpassa
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Referências
ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes. Índices nacionais de desenvolvimento do ensino de por-
tuguês língua estrangeira. ALMEIDA FILHO, José Carlos Paes; CUNHA, M. J. C. Projetos iniciais
em português para falantes de outras línguas. Brasília, DF: EdUNB – Editora da Universidade de
Brasília. Campinas, SP: Pontes Editores, 2007. p. 39-55.
CUNHA, Maria Jandyra; SANTOS, Percília. Educação de professores/pesquisadores de portu-
guês como segunda língua. In: ______. (Orgs.). Ensino e pesquisa em português para estrangei-
ros. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999. p. 15-23.
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