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A responsabilidade de ser comunista

(acerca dos militantes que vivem em Cuba) - por Keilla Mara de Freitas [*]

Talvez haja chegado o momento de nos perguntarmos o que estamos construindo, o


momento de colocar a mão no coração e perguntar quem somos e o que queremos ser,
como estamos empregando o nosso tempo de aprendizado neste pais onde muito
poucos podemos chegar.

Volto a perguntar: Quem somos? Comunistas? Acho que seria demasiada arrogância
se qualquer um de nós dissesse "sou". Quando muito, bem de longe, aspirantes a
comunistas. Somos modestos aprendizes românticos criados no sistema capitalista
e que, ainda que não queiramos, trazem dentro de si todas as contradições desta
sociedade. Elas manifestam-se nas menores atitudes. Vivemos num país onde se
tenta construir uma sociedade com outros valores mas que hoje está igualmente
cheia de contradições, em outro nível e contexto, mas contradições ao fim.

Todos já presenciámos atitudes não muito louváveis, ou pelo menos bastante


polemicas, de alguns membros do partido no Brasil: desvio de conduta,
afastamento das bases, luta de poderes, militância eleitoreira, falta de
companheirismo, nepotismo, burocratização dos dirigentes, destino dado ao
repasse de dinheiro, etc. Nem tudo o que presenciámos foi criticado no momento
certo, às vezes por não se entender bem o que se estava passando, às vezes por
medo de ser mal visto, ou até mesmo por achar que não ia adiantar de nada. Mas
estas inconformidades vão-se acumulando dentro da gente até que vamos deixando o
romantismo com que entrámos para o partido. Nessa altura, podemos fazer quatro
coisas: ou nos conformamos e vamos continuando nas filas partidárias sem muita
empolgação, ou nos afastamos das fileiras do partido, ou somos contaminados
pelas más atitudes ou tentamos mudar o que vemos de errado a partir de dentro.

Ser comunista... Grande responsabilidade! O que estamos fazendo para sê-lo e


consequentemente fazer com que nosso partido também seja?

Primeiro, há uma grande diferença entre formar e informar. Informar é tomar as


decisões desde cima e fazer chegar aos militantes as justificativas por haver
tomado tal decisão. Militante informado não pensa, não critica, não analisa,
simplesmente repete palavras-de-ordem e quando encontra alguém que pensa
diferente e está bem fundamentado perde no debate, ainda que o outro esteja
dizendo as coisas mais absurdas do mundo. Militante informado acusa o outro de
revisionista e trotsquista, como se fosse a maior ofensa do mundo. Mas se se lhe
pergunta o que dizia Trotsky ou o que significa revisionismo é incapaz de
responder. Ele não é um quadro, é um pau de bandeira. E como é tão limitado,
convence pouco, perde qualidade, é mais propenso a ter desvios de conduta.

Formar é ensinar a pensar, é um trabalho lento e constante. Um militante formado


segue as linhas partidárias não porque lhe disseram que tem de seguir e sim
porque concorda com elas. Aí se pode falar de centralismo democrático, assim se
pode construir o partido a partir de baixo, assim se conquistam novos militantes
porque só quem está convencido pode convencer. Assim construímos quadros.

Um militante digno de um perfeito aspirante a comunista, tem responsabilidade


sobre o seu desenvolvimento teórico-humano-psico-intelectual como também sobre o
desenvolvimento dos demais companheiros de seu convívio. Ë um compromisso
partidário.

Muitas vezes estes aspectos ficam no segundo plano. Ou, o que é pior, ficam
limitados às atas de assembleias e congressos. Isto se explica pela conjuntura
nacional, em que muitas vezes não há tempo devido às tarefas, prioridades,
metas, eleições, etc. Isto é compreensível, mas não o melhor.

Os poucos que estamos vivendo fora desta realidade, em outro país, desgarrados,
temos a possibilidade de algumas coisas que não são impossíveis de se fazer no
Brasil — mas de fora fica um pouco mais fácil:
Analisar todos estes pontos correspondentes à realidade partidária e de nossos
militantes friamente.
Priorizar a preparação teórica que muitas vezes, em território nacional, a
correria da militância não permite.
Olhar o nosso reflexo num espelho e poder analisar melhor todos os podres de
nossa sociedade contra os quais dizemos lutar mas que impregnam as nossas
atitudes: sectarismo, corporativismo, individualismo, importância pessoal, etc.
Estar dentro da realidade de um país que muitas vezes tem sido, pelo seu
exemplo, a estrada pela qual dizemos que queremos transitar para chegar ao nosso
objetivo de construir uma sociedade melhor. Não a estamos estudando por um
livro, estamos dentro dela e isto por si se pode canalizar para uma espécie de
formação.
Como estamos aproveitando esta gama de possibilidades?

Estamos perdendo o nosso tempo!

O que vamos fazer quando chegarmos ao Brasil anos depois de viver no país que é
a esperança, o sonho da esquerda da América Latina, com um diploma na mão e uma
cabeça cheia de lembranças profundas de uma realidade que não sabemos explicar,
com histórias engraçadas sobre transportes, filas, atendimento comercial e a
cubanice mas sem nenhuma mensagem?

O que vamos dizer a estes militantes que batalhavam dia a dia para sobreviver,
trabalhando, estudando e militando — enquanto nós estávamos estudando no Caribe
(longe de casa, passando um pouco de trabalho sim, mas estudando ao fim) —
quando nos pedirem para sermos os seus olhos em Cuba, quando nos perguntarem
sobre nossas experiências e começarem a pedir explicações? Que lhes
responderemos? Que Cuba é legal, que a universidade é bacana mas não podemos
dizer muito porque é um curso muito puxado? Acho esta resposta muito pouco digna
de um aspirante a comunista.

E o que significa ser comunista?

Pergunta complexa. Diria que este conceito não pode estar fechado somente a algo
totalmente teórico, é necessária a presença de um desenvolvimento humanista.

Um aspirante a comunista pode até não estar completamente formado teoricamente,


isto é um processo muito longo. Mas é inadmissível que bata no peito para dizer
que pertence ao PCdoB com atitudes hipócritas.

Digo isto para que sejamos capazes, de agora em diante, de auto questionar
nossas atitudes e posições.

Um membro do PCdoB não é sectário, não é mesquinho, não é academicista, não é


alienado, não é fraco. Um membro do PCdoB não põe os seus problemas por cima dos
demais, não tem privilégios, não é fechado, não é corrupto, não é melhor que
ninguém.

A preocupação com o bem do próximo, sem excluir ou etiquetar ninguém, é


fundamental. É por nossas atitudes justas e coerentes que provamos nossa
ideologia. Não se trata de ser órgão beneficente, trata-se de se preocupar com o
companheiro que está do nosso lado, com o mendigo da esquina e com o civil
iraquiano. Se não somos capazes de ajudar quem está do nosso lado porque não nos
importamos com as suas necessidades, já que não pertence ao partido e guardamos
a nossa solidariedade só para aqueles cujo nome está na lista de filiados, como
poderemos ser solidários com os injustiçados do mundo?

Como poderemos fazer a crítica ao companheiro que comete desvios de conduta se


não formos capazes de nos autocriticarmos?

Não é assim que ajudaremos o desenvolvimento da nossa base partidária, não é


assim que nos formaremos e seremos merecedores do nome de comunistas. E se todas
estas reflexões ficarem incompletas em nossas idéias, se não as crêem dignas
sequer de serem analisadas, quem pensa que pouca farinha, meu pirão primeiro,
pouco dinheiro, minha passagem primeiro, eu mereço mais que o outro porque sou
mais vermelho, primeiro os comunistas que somos os superiores, por favor tirem a
foice e o martelo do peito — farão mais jus ao mais humilde e ignorante, mas que
seja capaz de se sacrificar para fazer o bem ao próximo.
_______
[*] Aluna do 5º ano de medicina, Escola Latino-Americana de Medicina, Havana.

https://resistir.info/brasil/ser_comunista.html

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