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O PACOTE PROFÉTICO
A maior parte dos sonhos, visões e experiências proféticas incluídos neste livro
eram mensagens pessoais para mim, por isso as escrevi na primeira pessoa, assim
como me ocorreram. Portanto, entender algumas partes de minha jornada no
momento em que as coisas aconteceram pode ajudar na compreensão da mensagem.
Contudo, não inclui nada que, ao meu ver, tivesse a finalidade de ser
simplesmente uma mensagem somente para mim. Como me foi falado várias vezes
nessas experiências, sou apenas um dos muitos que são chamados para as coisas
tratadas nelas. É dessa mesma forma que os eventos ao longo das Escrituras, que
marcaram a vida de indivíduos e se constituíram em mensagens pessoais para eles,
ou cartas pessoais para grupos específicos, também falam a todos os cristãos. Se
essas experiências aplicam-se a você ou à sua situação, fique à vontade para aceitá-
las de forma pessoal.
Para alicerçar as mensagens contidas neste livro, contarei rapidamente algumas
coisas relativas ao meu ministério. Em 1980 deixei o ministério de tempo integral
porque senti que meu relacionamento pessoal com o Senhor havia ficado superficial.
Sentia-me extremamente superficial em minha fé e experiência para estar lide-
rando outras pessoas. Fui plenamente convencido por Gaiatas 1.15,16:
Mas Deus me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça.
Quando Lhe agradou revelar o Seu Filho em mim para que eu O
anunciasse.
Para minha surpresa, o Senhor também estava injuriado com minha visão de
que eu seria capaz de ganhar dinheiro suficiente para sustentar-me no
ministério, de modo que eu jamais teria de levantar qualquer recurso. Ele
foi ultrajado porque isso implicava que Ele não era capaz de cuidar daqueles
que estavam a Seu serviço. Mostrou-me que isso estava mais arraigado em
meu orgulho do que em uma nobre devoção. Entreguei ao Senhor o meu
negócio e pedi-Lhe que fizesse com ele aquilo que Lhe aprouvesse.
No mesmo instante, o negócio peto qual eu havia 'trabalhado com tanto afinco
para construir começou a desmoronar. Não demorou muito e lá estava eu em uma
corte de falência, perdendo uma fortuna. Tive de vender nossos bens, inclusive a casa
e a propriedade dos nossos sonhos, para pagar nossas dividas. Quando tudo acabou,
eu tinha um carro e alguns milhares de dólares. Sentia que havia sido um fracasso no
ministério e, agora, um fracasso nos negócios.
Algumas das pessoas mais próximas a mim não deixaram de lembrar-me que
eu era um fracasso. Mas eu não precisava de alguém para me dizer isso. Era o ponto
fraco de minha vida.
Eu sabia que havia sido chamado para um ministério e queria, um dia, devotar-lhe
tempo integral, mas não desejava entrar nele com fracasso, mas com sucesso. Eu me
envergonhava por sentir que não tinha nada para oferecer ao Senhor, mas isso
também era orgulho. Havia provado, em todos os sentidos, ser fraco e tolo. Sei que as
Escrituras dizem que normalmente esse é o tipo de pessoa a quem Ele chama, mas
há uma grande diferença em ser um fracasso nos negócios e ser um fracasso
espiritualmente, onde as pessoas podem sair machucadas.
Durante os dois dias e meio nos quais me foi dada essa visão abrangente da
colheita vindoura, senti que havia recebido mais revelação profética do que havia
recebido em qualquer outro período de minha vida. Naqueles dois dias e meio,
senti que o tempo que eu havia perdido durante os sete anos em que me desviei de
meu ministério havia sido compensado. De modo muito real, o Senhor tinha me
compensado pelos anos de colheitas que os gafanhotos destruíram (JI 2.25). Isso
também me levou a apreciar o valor das experiências proféticas como nunca havia
apreciado.
Depois de meses tendo essa visão, comecei a conhecer outras pessoas que
possuíam alguns dos dons proféticos mais extraordinários que eu já havia visto ou
ouvido falar fora das Escrituras. Muitas dessas pessoas passariam a ser meus amigos
por toda a vida. Uma delas era Bob Jones.
Quando o conheci, ele compartilhou alguns dos sonhos que havia tido
comigo que descreviam minha difícil situação e me davam algumas respostas
quanto à direção que eu havia tomado, todas com uma surpreendente clareza. Havia
até detalhes nesses sonhos sobre minha família, dos quais eu não estava ciente, mas
que, mais tarde, se confirmaram.
Nos meses seguintes, Bob telefonava e me transmitia palavras ou compartilhava
sonhos incrivelmente específicos e detalhados que, depois, vinham a se cumprir das
formas mais surpreendentes. Isso era mais maravilhoso do que se pode descrever,
dando-me uma sensação de estar na vontade do Senhor como nunca antes em minha
vida. Cada dia, tornava-se uma aventura surpreendente e maravilhosa, e eu me
convencia de que era assim que deveria ser a vida cristã.
Então Bob me entregou uma palavra que dizia que eu receberia uma
visitação do Senhor em outubro de 1988. Ele disse que, nessa visitação, eu receberia
uma comissão que me firmaria em meu curso. Naturalmente, esperei com muita
expectativa, mas não houve nenhuma visitação no mês de outubro. Imaginei que
Bob não tivesse compreendido bem a revelação e prossegui com minha agenda cada
vez mais cheia.
G RANDE REPREENSÃO
UMA VISITAÇÃO
Senti o poder aumentando como se fosse uma corrente elétrica. Não era tão
doloroso quanto desconfortável, pois uma grande pressão aumentava dentro de mim.
Logo a pressão tornou-se tão forte que tive medo de explodir. Quando pensei que
não poderia agüentá-la mais, o Senhor tirou Suas mãos de mim, e o poder se foi. Ele
fez isso várias vezes e, a cada vez, tirava Suas mãos bem no momento em que eu
pensava que estava prestes a morrer.
Então, o Senhor Se levantou e começou a sair do quarto. Eu estava
preocupado porque Ele não havia me dito nada, e eu não sabia o que essa
experiência significava. Ele se virou pouco antes de passar pela porta e disse: "Bob
Jones explicará isso a você". Eu não conseguia fazer outra coisa senão me perguntar
por que Ele mesmo não o havia explicado. A próxima coisa que lembrei foi acordar
de manhã.
Fiquei deitado na cama por um tempo, lembrando-me de tudo que havia
acontecido. Comecei a me perguntar se o Senhor realmente estivera comigo ou se
tudo não passara de um sonho. Quando me sentei e peguei minhas roupas, senti um
surto de poder passar por mim como quando Ele colocou Suas mãos em meus
ombros. Eletricidade saia de minhas mãos e atingia a coluna da cama de metal. Então
me convenci de que a experiência havia sido real e não apenas um sonho.
Por alguns minutos, tive receio de tocar em alguma coisa por medo de que
pudesse ser eletrocutado. Sentia tanto poder dentro de mim que isso era assustador.
Quando o poder finalmente se foi, levantei-me e me vesti.
Durante a manhã, tive surtos de poder a cada hora ou algo assim. Eu não sabia
se queria que eles parassem ou continuassem, pois realmente não entendia o
que eram. Mal podia fazer outra coisa senão ficar sentado, com medo. Por fim, fui
à casa ao lado para visitar meus vizinhos, Harry e Louise Bizzell. Assim que passei
pela porta, Harry olhou para mim e disse: "Você teve uma visitação!".
Eu não sabia se parecia um tanto assustado ou se havia sido um
discernimento de Harry, mas ele sabia. Isso fez com que me sentisse livre o
suficiente para contar-lhe o acontecido. Disse-lhe que a única coisa que ''me
incomodava era que eu não conseguia me lembrar de quantas vezes o Senhor havia
me tocado com Suas mãos, e eu sabia que isso era importante. Harry sugeriu que eu
telefonasse para Bob Jones, uma vez que o Senhor dissera que ele me daria a
explicação de tudo.
Hesitei em telefonar para Bob, pois queria que o Senhor falasse com ele
e, assim, ele telefonasse para mim. No entanto, aceitando a sugestão de Harry, decidi
telefonar para ele somente para perguntar como andavam as coisas em
Louisiana, mas estava determinado a não lhe dar nenhuma pista sobre a visitação.
Eu queria ter certeza de que qualquer coisa que ele recebesse fosse da parte do
Senhor.
Quando conversei com Bob pelo telefone, ele disse que tudo estava bem. No
entanto, disse-me que, quando tentara orar naquela manhã, ficara impressionado com
o quanto as regiões celestiais estavam agitadas. Disse-me que a única vez que as
havia visto agitadas daquela forma foi quando Jesus passou para visitar alguém.
Eu ainda não havia contado nada a Bob, mas fiquei muito entusiasmado em razão do
modo como os Céus estavam agitados. Era simplesmente outra confirmação para mim
de que a visitação havia sido real e não apenas um sonho. Isso não deveria ter
importância, pois uma visitação do Senhor por meio de um sonho também é real,
mas, por alguma razão, achava tal fato importante para mim.
No dia seguinte, Bob me telefonou. Ele havia recebido uma visitação de um
anjo que lhe contou sobre a visitação que recebi do Senhor e minha comissão. Disse-
me por que o Senhor me havia tocado com Suas mãos por cinco vezes e compartilhou
outros detalhes, dando-me os versículos bíblicos que, mais tarde, explicaram o
ocorrido, além de algumas coisas sobre meu futuro.
Reconheci tudo e lhe agradeci. Fiquei surpreso quando ele me repreendeu
por ter tamanha falta de fé a tal ponto de precisar dele para confirmar as coisas
assim. Eu não sabia se Bob estava brincando ou não, mas, quando ri de sua
repreensão, percebi que falava sério.
MENSAGEM
O que o Senhor me revelou era uma comissão no sentido de ajudar a liberar os
cinco ministérios de capacitação listados em Efésios 4 para a Igreja, que são es-
senciais para que ela cumpra sua tarefa nos últimos dias. Isso é fundamental para
meu propósito e faz, portanto, parte de cada mensagem que ministro, de cada livro
que escrevo e de quase todos os pensamentos que tenho. Há poucas coisas mais
gratificantes para mim do que ver alguém começar a andar em um desses ministérios
e, de, fato, começar a tornar-se aquele que prepara os santos para fazer a obra do
ministério.
Outra parte da mensagem tinha a ver com o andar no poder de Deus e chamar e
comissionar aqueles que são denominados "os mensageiros de poder". Eles também
são aqueles sobre os quais Enoque profetizou e logo estarão liberados. Quando isso
acontecer, as obras do Senhor serão vistas de um modo como nunca aconteceu.
Tenho visto algumas obras extraordinárias de poder de vez em quando,
mas estou começando agora a andar no sentido desta comissão. Além disso, o
Senhor nunca me mostrou que eu seria um desses mensageiros de poder. Bem que
gostaria de sê-lo, mas me foi dada simplesmente a comissão para fazer um
despertamento e ajudar no preparo daqueles que seguiriam nessa direção. Também
me foi dito que sou apenas um dentre os muitos que são chamados para tal tarefa.
O que o Senhor me comissionara a fazer, cuja tarefa já estava cinco
meses atrasada, era a conclusão do livro A colheita. Esta foi a mensagem que Ele
me entregou um ano antes da experiência de dois dias e meio, a qual descrevi
anteriormente. Resolvi concluí-lo rapidamente.
Este livro continuou a superar o anterior - Havia duas árvores no jardim - em
termos de distribuição, mas, ao longo dos anos seguintes, o Senhor me mostrou como
ele teria alcançado mais pessoas se tivesse sido publicado no tempo certo. Ser pontual
com as mensagens foi uma ordem básica que o Senhor me transmitiu quando iniciei
a MorningStar Publications and Ministries, registrada em Mateus 24.45-47:
Quem é, pois, o servo fiel e sensato, a quem seu senhor encarrega dos de sua
casa para lhes dar alimento no tempo devido? Feli z o servo que seu
senhor encontrar fazendo assim quando voltar. Garanto-lhes que ele o
encarregará de todos os seus bens.
O Senhor quer que os de Sua casa tenham seu alimento "no tempo devido", e o
agora era uma de minhas maiores fraquezas — acho que ainda é. Tenho a tendência
de ficar tão ocupado, na maior parte do tempo no ministério, que deixo passar
importantes diretrizes, mensagens, reuniões e deixo de receber o alimento no
devido tempo, o que Ele nos tem dado para Sua casa.
Eu deveria ter voltado para o ministério logo no primeiro chamado do Senhor,
em vez de haver começado o serviço de fretagem de aviões. Quase perdi minha
comissão para outra pessoa por causa de minha reticência e sentimentos de
despreparo. Então, reagi muito emocionalmente e fiquei tão ocupado por estar
fazendo muitas coisas. Há uma trincheira em ambos os lados dos caminhos da vida, e
eu quase caí nela em cada um deles.
A razão por que estou compartilhando algumas dessas coisas pessoais é que
elas são erros comuns para os cristãos, principalmente para aqueles que estão em
posição de liderança. Além disso, são coisas que precisam ser corrigidas; do contrário,
as conseqüências terão um preço mais alto à medida que nos aproximarmos do fim
desta era. Essas são as principais razões por que a maioria dos cristãos não está
seguindo seu chamado nem cumprindo seu destino e propósito. Eles estão perdidos
nos dois sentidos em que eu quase me perdi.
Muitos estão perdidos porque hesitam demais para começar. Outros
entram para o ministério e logo - ficam tão ocupados fazendo coisas para o Senhor
que não conseguem se aproximar dEle. Uma vida cristã bem-sucedida não estará tão
baseada na quantidade de trabalho que temos feito, mas, em vez disso, em quão
próximos estamos do Senhor e no quanto temos sido obedientes.
Não é possível andarmos, quando somos chamados, sem um encontro pessoal
com o Senhor todos os dias. Precisamos de um apego santo à Sua presença para que
Ele se torne mais importante para nós do que o ar que respiramos. Não acho que eu
mesmo tenha conseguido chegar a esse estágio, mas é o que mais busco.
A COMISSÃO
Quando falei com Jack Deere sobre a visitação que recebi no início de 1989, ele
observou que mal podia esperar para me ver orar pelos doentes. Sentia que o poder
que me havia sido concedido nessa visitação liberaria muitos milagres. Eu
também mal podia esperar por isso. No entanto, os resultados não eram muito
impressionantes. Na verdade, sentia que faltava tanta unção em minha oração
pelos enfermos que tinha medo de que, ao orar por um aleijado, além de aleijada, a
pessoa saísse também cega.
Então, imaginei que os dons proféticos que possuía seguiriam para outro
nível. Não foi o que aconteceu. Na verdade, eu não podia dizer que tinha mais
unção para fazer alguma coisa. Mesmo assim, foi nesse mesmo ano que vieram as
revelações que levariam nosso ministério a cumprir alguns de seus principais
objetivos. Sem perceber isso até recentemente, foi durante aquele ano que me foi
dado o entendimento fundamental da mensagem de minha vida.
Não muito tempo depois disso, Bob Jones disse- me que eu receberia outra
visitação do Senhor e outra comissão. Foi o que aconteceu no inicio da primavera,
quando eu estava em Londres. Muitas das coisas que você lerá neste livro
aconteceram durante aquela experiência.
A Visão
Quando o Senhor me chamou para voltar para o ministério em 1982, Ele havia
me mostrado um centro de ensino e uma comunidade profética. Dissera que quando
os profetas e mestres aprendessem a adorá-Lo em conjunto como acontecia em
Antioquia, poderíamos novamente liberar a autoridade apostólica.
Nos anos que se seguiram, me foram mostradas muitas coisas sobre o
ministério vindouro da Igreja dos últimos dias, ou seja, que ela seria realmente uma
Igreja apostólica. Foi-me mostrado como o Senhor se revelaria por meio de Seu povo
antes de Sua volta para governar a Terra. Vi uma Igreja que realmente não tinha
mancha — era pura, santa e cheia de tamanha graça e poder que todas as nações
teriam respeito por ela. Sua mensagem acerca do Reino vindouro abalaria todos os
reinos.
Meu principal papel no sentido de ajudar a preparar a Igreja para seu chamado
girava em torno do centro de ensino e da comunidade profética. Seria um lugar de
onde palavras e ensinos proféticos seriam espalhados pelo mundo. Ver isso se
cumprir logo se tornou minha principal paixão. Mesmo assim, eu sabia que haveria um
tempo certo para isso e que as coisas mais importantes normalmente levam um bom
espaço de tempo para serem reveladas. Persuadi-me de que teria de continuar con-
centrado, bem como paciente.
Enquanto escrevo este livro, essa comunidade ainda está nos estágios de
formação. Penso que levará mais alguns anos para que o alicerce esteja concluído.
Na verdade, entendo que minha principal tarefa é lançar o alicerce para
algumas coisas que outros foram chamados a edificar. É importante que você
compreenda isso, se desejar entender a mensagem deste livro.
Cabe a mim convocar aqueles que viverão para cumprir a vontade de Deus.
Eles viverão de um modo que será um testemunho eterno de que a verdade é maior
do que qualquer mentira e de que o amor é mais forte do que a morte. Ao mesmo
tempo, a raça humana está aprendendo, sem dúvida, que qualquer coisa feita sem o
Senhor levará, por fim, ao mais terrível desastre. Eles também verão as
conseqüências mais maravilhosas de coisas que são feitas em obediência ao Senhor.
Recebi a promessa de que verei, pelo menos, o começo do mais extraordinário
mover de Deus desde que o próprio Deus andou na Terra. E esse mover será um
preparo para que Ele ande mais uma vez. Se você for cristão, o seu chamado e
destino é fazer parte disso.
A segunda visitação aconteceu em 1995, depois que Bob Jones visitou nossa
sede em Charlotte. Após uma de nossas reuniões SOS, enquanto estávamos
sentados em nossa cozinha na primeira noite, Bob olhava ao redor como se houvesse
algo específico que quisesse encontrar. Ele então me perguntou onde ficavam os
galpões do prédio e a placa que dizia: "Não há caixas vazias". Respondi-lhe que nosso
depósito tinha um galpão e que eu o mostraria no dia seguinte. Ele disse que o havia
visto em uma visão e que isso era importante.
Mais tarde, Bob perguntou-me se eu ainda fazia planos de viajar para Londres.
Eu havia, na verdade, aceitado um convite para ministrar em uma conferência lá.
Fiquei surpreso ao constatar que Bob sabia disso. Ele então me disse que eu
precisava estar lá no primeiro dia da primavera. Pensei em minha agenda e percebi
que de fato estaria em Londres no primeiro dia da primavera. Perguntei a Bob por que
precisava estar lá naquele dia, e ele me lembrou da palavra que havia me entregue
anos atrás e que eu havia esquecido. Um pouco perturbado com meu esquecimento,
ele começou a me fazer uma série de perguntas.
Primeiro, me perguntou sobre quanto tempo vivíamos naquela propriedade.
Respondi que fazia cinco anos. Então me indagou sobre quanto tempo fazia que ele
me havia entregado a palavra acerca de Londres. Fazia cinco anos. Perguntou-me
sobre quanto tempo vínhamos publicando o The Morning Star Journat. Há cinco anos,
respondi. Quis saber quantos filhos eu tinha. Nosso quinto filho tinha acabado de
nascer.
Então me perguntou a idade de Amber. (Ela era nossa terceira filha, e Bob
havia profetizado seu nascimento dois anos antes de ela nascer, sinalizando a data
em que ela nasceria). Amber tinha 5 anos. Todas essas datas estavam relacionadas
ao seu nascimento porque ela sena um sinal de um novo começo que haveria de vir
para a Igreja.
Ele então quis saber sobre desde quando vínhamos realizando as reuniões da
Escola do Espírito. Fazia cinco anos. Por fim, disse que eu iria a Londres a fim de
receber uma missão do Senhor, na qual eu receberia cinco coisas.
"NÃO HÁ CAIXAS VAZIAS"
No dia seguinte, levei Bob ao depósito, ao galpão e aos escritórios. Ele disse
que havia visto o Lugar em uma visão, mas que não era aquele. Continuou a procurar
por uma placa que dizia: "Não há caixas vazias", mas não tínhamos tal placa.
Estávamos procurando um lugar maior para nossas reuniões, por isso decidimos
levar Bob a um deles que estávamos quase alugando. Tão logo nos aproximamos, Bob
animou-se. Quando entramos no lugar, ele teve certeza de que era o local que
havia visto em sua visão. Ele queria ver o galpão.
Enquanto olhávamos ao redor, passamos por uma porta que, do outro lado,
tinha uma placa que dizia: "Não há caixas vazias". Não muito longe, estava o
galpão exatamente como Bob o havia visto na visão. Assinamos o contrato de
locação no mesmo instante, e aquele lugar tornou-se a sede da MorningStar
Fellowship Church, em Charlotte.
Lembrando-me da vez em que o Senhor havia imposto as mãos em mim por cinco
vezes, segui minha viagem para Londres com muita expectativa. Quando me
sentei em meu quarto de hotel em Londres no início da primavera, o dia estava
sombrio e chuvoso. Eu estava um pouco deprimido por causa de algumas coisas que
havia presenciado em um ministério que havia servido de sede para nossas reuniões.
Então, de repente, fui levado para uma outra esfera.
Foi nessa experiência que o Senhor me deu as cinco coisas que estão escritas
neste livro. Durante os oito anos seguintes, Ele me fez compreender cada uma delas.
Recentemente, em uma série de experiências proféticas, fui levado a revisitar os
mesmos lugares. A segunda visitação foi, em certos aspectos, ainda mais poderosa
do que a primeira. Quando o Senhor fala duas vezes assim, isso normalmente tem a
ver com o grau de importância da revelação. Foi então que também decidi que essas
experiências precisavam ser escritas. Essa mensagem não era somente para mim,
mas para muitas pessoas que estão prestes a ser despertadas para um
impressionante destino. Essas coisas logo começarão a ser reveladas.
RESUMO
Repito que escrevi essas visões na primeira pessoa porque foi assim que elas
aconteceram. Eu me vi envolvido nessas experiências. Alguns me disseram que a
mensagem seria mais agradável se eu tivesse escrito as visões na terceira pessoa ou
como uma alegoria. Pode ser verdade, mas não achei que isso seria honesto ou
correto. Tentei escrevê-las exatamente como as experimentei.
Também vi muitos que tinham dificuldade de crer que o Senhor ainda fala às
pessoas dessa maneira mudarem de idéia, sobretudo porque começaram a ter o
mesmo tipo de experiências. Podemos esperar muito mais disso à medida que
caminhamos para o fim desta era, o que está claramente anunciado em Atos
2.17,18:
Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os
povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões,
os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas
derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão.
Você simplesmente não pode crer que estamos chegando aos últimos dias
sem entender que haverá um aumento considerável de revelações e experiências
proféticas. Na verdade, toda vez que o Espírito Santo é derramado, isso vem
acompanhado por sonhos, visões e profecia.
O texto em Atos 2, que é extraído de Joel 2, enfatiza isso porque, nos
últimos dias, a liberação de revelações proféticas, sem dúvida, acontecerá em uma
escala muito mais abrangente. Tenho visto com muito interesse, e às vezes com
prazer, muitos que não criam que essas experiências eram para hoje começarem a
vivenciá-las. Gostem ou não, elas estão acontecendo.
Mesmo assim, uma das razões por que essa•'experiências irão tornar-se tão comuns
à medida que seguimos para o final desta era é que vamos precisar delas. Elas
não são para nosso deleite, ou simplesmente para que façamos melhor o nosso
serviço. São 4mportantes para nossa direção, e vamos precisar de uma direção
mais específica nos tempos que estão por vir. É esta convicção que me tem
instigado a ser muito mais franco quando escrevo sobre a natureza das experiências
que vivenciei.
Tenho dois objetivos pessoais que me instigam em quase tudo que faço. Um deles
é tornar-me tão obediente a Cristo a ponto de todos os meus pensamentos,
literalmente, serem cativos a Ele. O segundo é que quero estar mais em casa na
esfera celestial do que na terrena, assim como o apóstolo Paulo disse acerca de si
mesmo.
Vivo para o dia em que os cristãos poderão sentar- se na encosta de uma montanha
com um exército inteiro à sua procura e desfrutarem da perfeita paz, pois eles
estarão apercebidos de que aqueles que estão conosco
são em maior número do que os que estão com nossos inimigos. Creio que esta é a
herança do corpo de Cristo. É assim que deveria ser o Cristianismo.
Paulo escreveu em 2 Coríntios 3.7,8:
O ministério que trouxe a morte foi gravado com letras em
pedras; mas esse ministério veio com tal glória que os
israelitas não podiam fixar os olhos na face de Moisés, por
causa do resplendor do seu rosto, ainda que
desvanecente. Não será o ministério do Espírito ainda muito
mais glorioso?"
Tais palavras atestam que a glória que deveríamos estar experimentando na Nova
Aliança é maior do que a que Moisés experimentou. Moisés encontrou-se com o
Senhor face a face e, ainda, teve de colocar um véu sobre seu próprio rosto por
causa da glória que refletia dEle. Deveríamos estar experimentando algo maior do
que isso.
Uma das perguntas fundamentais de nossos tempos deveria ser: "Onde está a
glória?". Uma coisa na qual podemos confiar antes do final desta era é que a glória do
Senhor será manifesta em Seu povo, assim como nos foi prometido em Isaías 60.1-3:
Levanta-te, resplandece! Porque chegou a sua luz, e a glória do Senhor
raia sobre você. Á escuridão cobre a Terra, densas trevas envolvem os
povos, mas sobre você raia o Senhor, e sobre você se vê a Sua glória. As
nações virão à Sua luz e os reis ao fulgor do Seu alvorecer.
Ao mesmo tempo em que a escuridão está cobrindo a Terra, e densas trevas
estão envolvendo os povos, a glória do Senhor está raiando sobre Seu povo e
sobre ele aparecendo. Estes são os tempos aos quais estamos chegando. É isso que
tenho visto em quase todas as visões, sonhos ou experiências proféticas sobre os
quais escrevi — escuridão e conflito, glória e esplendor. Eu preferiria ver apenas a
glória, mas eles estão vindo juntos, e devemos ver e entender a ambos.
Conseqüentemente, o Corpo de Cristo está prestes a passar por uma
metamorfose. É como uma Larva arrastando-se pela terra, mas que sem demora
irá se revelar como uma maravilhosa borboleta. A igreja que está pronta a se
levantar irá sentir-se mais em casa na esfera celestial do que na terrena.
Os tipos de experiências sobre os quais estou escrevendo não parecerão
estranhos para essa Igreja, e aqueles que farão parte dela logo ouvirão o
nítido chamado feito pela trombeta, que está revelado no livro de Apocalipse 4.1,2:
Depois dessas coisas olhei, e diante de mim estava uma porta aberta no
Céu. A voz que eu tinha ouvido no principio, falando comigo como
trombeta, disse: Suba para cá, e lhe mostrarei o que deve acontecer
depois dessas coisas. Imediatamente me vi tomado pelo Espírito, e diante
de mim estava um trono no Céu e nele estava assentado alguém.
Há uma porta que está aberta, e há um convite _para que passemos por
ela. Aqueles que responderem a este chamado serão tomados pelo Espírito e,
conseqüentemente, sempre estarão vendo Aquele que está assentado no trono. Este
é o principal objetivo de toda revelação verdadeira e profética: ver o glorioso Cristo
ressuscitado e a autoridade que Ele agora tem sobre todas as coisas.
Existe uma diferença entre crer com a nossa mente e crer com o nosso
coração. Podemos muito bem conhecer e crer na doutrina de que Jesus está agora
sobre todo governo e autoridade e domínio, mas, se realmente crêssemos nisso
com o nosso coração, nossa vida seria radicalmente diferente. Como diz Romanos
10.10:
"Pois com o coração se crê para justiça...".
Essa visão não está completa; ainda está se revelando. Concluí este livro em
uma parte que parece o meio da história, porque é isso. Há muito mais por vir.
No entanto, o restante é tão abrangente que será necessário outro livro.
Mesmo assim, a mensagem contida neste é suficiente para que tratemos de
parte do tempo que há de vir.
Não se trata de uma fantasia. O verdadeiro Cristianismo é a maior aventura
que se pode ter. A verdadeira vida na Igreja, o modo como deveria ser, é uma
experiência sobrenatural. É a vida a partir de uma outra esfera que está além desta
em que vivemos que traz a verdadeira vida à Terra. Oro para que a mensagem deste
Livro levem aqueles que o lêem para uma vida com uma realidade maior — uma vida
que testifica que o Céu é real e que nosso Rei está assentado em um trono acima de
todos os outros.
Rick Joyner
CAPÍTULO 1 A TOCHA
CAPÍTULO 2 O MENSAGEIRO
"Vejo que você é um dos que carregam a tocha. Esse cavalo é para você" —
continuou a voz. "Você deve aprender a montá-lo, se quiser deter a horda do mal que
está se aproximando."
"Resta tempo para aprender a montar um cavalo?" — perguntei, olhando ao
redor na tentativa de ver de quem era a voz, uma vez que agora estava claro de que
não era o cavalo que estava falando.
"Ainda há tempo."
Então uma garotinha que parecia ter entre 10 e 12 anos saiu de trás do cavalo.
Ela usava, ao que parecia, um uniforme escolar, guarnecido com uma armadura de
prata e de ouro que estava gasta e batida. Uma espada estava atada ao seu cinto. Ela
era magra e tinha um rosto lindo e olhos azuis brilhantes que estavam fixos em um
alvo feroz e sagaz. Destilava uma ousadia e confiança com a pureza de uma criança
que era impressionante em sua nobreza.
"Estou aqui para ensiná-lo a cavalgar" — disse a garota. "Temos tempo, mas
não podemos desperdiçá-lo". — ela repetiu como que tentando me acalmar.
Eu estava fascinado por essa garotinha, mas ainda inquieto em função da
enorme força das trevas que estava descendo o monte para vir ao nosso
encontro. Estava admirado com a calma que ela aparentava. Eu me perguntava
se ela era demasiadamente jovem para entender o que tal horda do inferno faria
a ela e a esse lugar. No entanto, quando olhei para ela, ficou óbvio que tinha
uma experiência e uma inteligência que iam além de sua idade.
"Entendo muito mais do que você imagina" — ela respondeu, como se eu
tivesse expressado os meus pensamentos em voz alta. "Estou aqui para pelejar ao
seu lado, mas, primeiro, você precisa aprender a montar este cavalo. Temos tempo,
mas não podemos desperdiçá-lo. Precisamos começar."
"Vamos começar então" — eu disse, sem querer perder um segundo. "Sei
montar um cavalo. Há alguma coisa especial que preciso saber para montar este
cavalo?" - perguntei.
"Não sei" — ela respondeu. "Nunca montei um cavalo."
"Mas pensei que você tivesse dito que estava aqui para me ensinar a
cavalgar. Como você vai me ensinar se nunca montou um cavalo?"
"Você aprenderá ao me ensinar. Não se sentirá totalmente seguro com este
cavalo antes que eu tenha o meu e possa montá-lo tão bem quanto você. Você também
precisa entender que este não é igual a nenhum cavalo em que já montou."
"Conte-me tudo o que sabe" — repliquei. "Podemos beber água deste
rio?" — perguntei, com sede e sentindo-me fraco.
"É claro. É por isso que ele está aqui."
Estendi a mão e segurei as rédeas do cavalo.
"Acho que encontrei algumas, mas continuamos a ficar separadas. Sei, por
meio de meus sonhos, que há muitas outras, e eu as encontrarei logo. Esta é a razão
por que você está aqui. Eu também o vi em meus sonhos."
"Diga-me, o que você viu a meu respeito?"
"Bem, não vi você especificamente, mas vi a chegada dos que
carregavam a tocha. A principio, havia somente alguns e, depois, um número cada vez
maior continuava a chegar. A mim também, um dia, será dada uma tocha para
carregar. Na realidade, muitos dos que a carregam são muito jovens."
Enquanto ela falava, uma grande divisão do exército do mal chegou ao topo
da montanha e começou a descer muito mais rapidamente e em uma ordem relati-
vamente boa. Observávamos, paralisados, enquanto ela avançava montanha abaixo,
quase um terço do caminho. Então, foi atacada pela retaguarda por outra divisão
do mat. Logo a impressão que dava era de que várias outras divisões haviam se
juntado para atacá-la.
O avanço foi interrompido naquele ponto, enquanto grande parte da fileira de
soldados se virava para pelejar. No entanto, uma grande parte deste grupo
permaneceu no lugar de seu grande avanço e começou a levantar defesas,
que logo começaram a parecer uma fortaleza.
Enquanto eu olhava para a garotinha, a vi nervosa pela primeira vez. Então
notei que o cavalo também estava agitado.
"O que fazemos agora?" — perguntei, surpreso por ver que estava pedindo
instruções a uma garotinha.
Sem responder, a garota ajoelhou-se à beira do no novamente e bebeu da água
com vontade. Logo ela recuperou sua compostura, mas sua atenção ainda estava na
fortaleza que rapidamente estava sendo construída. O cavalo estava tão agitado
que tive medo de que ele saísse correndo.
Fui até ele para segurar suas rédeas e fiquei surpreso com o modo como ele
me olhou bem nos olhos. Tentei continuar o mais calmo possível, pois percebi que, se
ele sentisse medo em mim, certamente dispararia. Ele me deixou segurar as rédeas e
levá-lo novamente ao rio. Não foi tão fácil fazê-lo beber da água, mas ele bebeu.
Então, se acalmou. Eu bebi da água, e a paz e a alegria novamente encheram o meu
ser, enquanto minha visão ficava mais forte.
"O que faremos agora?" — perguntei novamente. "Você viu alguma coisa em
seus sonhos sobre isso?"
"Não vi isso em nenhum sonho, mas já vi acontecer antes. Se não agirmos logo,
perderemos este vale."
Então ela olhou para mim para ter certeza de que eu ouviria o que estava para
dizer.
"Toda vez que me perguntam o que fazer, sempre me viro, primeiro, para o rio
e bebo de sua água. Então oro, como devemos fazer agora. Estive em outros dois lu-
gares por onde este no corria, e ambos foram dominados pelo inimigo. Não
devemos deixar que isso aconteça aqui. Devemos lutar desta vez" — ela disse
olhando para mim, meio incrédula. "Lutarei mesmo que tenha de lutar sozinha. Não
acredito que reste outro lugar por onde este rio corra."
"É muito nobre de sua parte querer lutar e até estar disposta a lutar sozinha" —
repliquei — "mas como nós dois poderemos oferecer resistência a tantos?"
Ela não respondeu, mas começou a orar. Eu a ouvi por alguns minutos. Seus
pedidos eram curtos e diretos. Não tentou explicar nada para Deus. Pediu,
sobretudo, pelo Espírito Santo, coragem, sabedoria e poder para vencer o
inimigo.
Então orou por sua mãe e outros entes queridos que eram cativos da horda
do mal. Foi a oração de uma guerreira experiente que havia visto muitas batalhas
e que não queria perder tempo nem desperdiçar palavras. Foi também como uma
conversa com seu amigo. Algo tão comovente que não pude acreditar que o Senhor
se recusaria a atender seus pedidos. Feita a oração, ela olhou para mim. Tudo o que
pude dizer foi "Amém".
"Você me perguntou como poderíamos derrotar um exército tão grande. Por
que não poderíamos? Temos o Senhor do nosso lado."
"Entendo, mas como perderam os outros pelos quais você lutou? O que
podemos fazer diferente desta vez? Você tem certeza de que não há outros rios como
este?"
"Todos eles perderam quando bateram em retirada. Não recuarei
novamente. Não ouvirei aqueles que falam de 'retiradas estratégicas' ou de
qualquer outro tipo. Permanecerei firme, ainda que tenha de fazê-lo sozinha.
Também acho que nós os perdemos porque havia muitos de nós."
"Como poderia haver muitos quando vocês estavam pelejando contra tantos
outros?" — perguntei sem duvidar dela e, ao mesmo tempo, sentindo que a
resposta para esta pergunta era importante.
"É melhor contar com poucos que estejam unidos do que com muitos que estejam
divididos e que não tenham uma visão única e focalizada. Muitos daqueles que estavam
conosco antes raramente bebiam do rio, e mal os ouvia orar. Percebi que eles não
perseverariam por muito tempo, e estava certa. Essas pessoas causam mais prejuízo
quando a batalha começa. Nossos líderes tinham de passar mais tempo tentando
encorajá-los do que lutando."
"Muitos dos fracos até dependiam de nós. Resolvi, antes da próxima batalha,
que não incentivaria demasiadamente a ninguém, persuadindo-o a permanecer e lutar.
Se quisessem partir, que fossem, pois seria melhor para nós. Há também outra coisa
muito importante que nunca tivemos e que devemos ter para vencer."
"O quê?"
"A tocha. Esta água é a verdade, e devemos tê-la e amá-la o suficiente para
nos dispormos a morrer por ela. Mas a tocha é como a presença do Senhor aqui
conosco. Quando estou perto de você e da tocha, eu O sinto.
"Não há incentivo maior do que sentir a Sua presença conosco. Se tivéssemos
levado a tocha antes, acho que nossos líderes não precisariam ter passado tanto tempo
encorajando as pessoas e que elas não teriam sido tão fracas."
"E sim, há outras correntezas como esta, mas só há um rio. Ele brota em
diferentes lugares como este. Disseram-me que eles costumavam ser muito comuns.
Agora não há muitos rios, porque foram poucos os que se dispuseram a lutar por eles.
Tampouco estou certa de que haja algum outro como este."
"Neste exato momento, precisamos de mais guerreiros fiéis, e não de mais
rios. Ouvi falar que, a cada momento, novos rios rompem, mas eles logo se perdem
porque são poucos os que se dispõem a lutar por eles. Esta é a razão por que
precisamos de pessoas que levem a tocha."
"Sei que o que você está dizendo é verdade, mas ainda não sei por que outras
pessoas não lutarão para defendê-los. Elas sempre são vencidas pelo número, como
nós desta vez?"
"Não acredito na palavra 'vencidas', mas acho que aqueles que buscam este rio
sempre excedem em número. Como eu disse, não acho que os números sejam impor-
tantes. Precisamos de mais guerreiros, mas que sejam fiéis."
"Ouvi alguns dizerem que cavar fontes secretas é melhor do que procurar este
rio, pois elas não são um alvo tão importante para o inimigo. Tantos que parecem amar
esta água também parecem ter uma atitude já frustrada."
"É difícil entender isso, pois, se eles bebessem da água, não fariam outra coisa
senão acreditar e ser fortes. Receio que a tenham provado somente de vez em quando
e que não beberam dela de verdade. Eles amam mais a idéia dela do que a
realidade. Para eles, é quase como se fosse algum tipo de fantasia romântica, e não
a realidade."
"Você sabe se há alguma das fontes aqui por perto?" — perguntei. "Nas fontes,
devemos encontrar alguns que realmente estejam bebendo e que talvez estejam
dispostos a juntarem-se a nós nesta luta pelo rio."
"Conheço algumas fontes não distantes deste vale. A água lá é boa, mas não
tanto como esta. As fontes, em sua maioria, acabaram por ficar muito rasas para
resistir por muito tempo. Elas também logo ficam lamacentas. As fontes ajudam
algumas pessoas, mas é somente quando a água flui como esta ao ar livre que
pode transformar um vale em um paraíso, como o que você vê aqui. E essa água
precisa fluir para continuar viva e pura por muito tempo."
Então ouvi passos atrás de mim. Virei me e vi um homem se aproximando.
CAPÍTULO 4 O PLANO
"Sim, ela de fato é fora do comum para alguém tão jovem. Nunca conheci
ninguém igual a ela" — respondi.
"Você está para conhecer muitos outros iguais a ela, tanto meninos como
meninas. Eles lutam melhor do que a maioria dos homens de sua época. Você deve
se preparar para encontrar-se com eles."
"Como devo me preparar?" — perguntei.
"Você precisa aprender a montar este cavalo." "Quem é você?" — indaguei.
"Sou John Wesley. Estou falando com você como um portador da tocha a
quem também foi dado um cavalo como este. Você está aqui para ajudar a preparar
os que estão por vir. Na minha época, havia poucos portadores da tocha, e
somente alguns montavam cavalos brancos. Na sua época, haverá milhares de
portadores da tocha, e centenas destes grandes cavalos."
"Você está aqui para descobrir seu objetivo. Foi chamado como um daqueles
que ajudarão a despertar uma grande multidão no futuro. Por isso, precisará ajudar
a treiná-los, preparando-os para a Ultima batalha."
"Não consigo me imaginar treinando alguém aqui. Estou aprendendo mais com
esta garotinha do que a ensinando" — respondi, com sinceridade."
"É por estar disposto a aprender com ela que você se tornará um mestre
confiável. Continue a beber da água e a ouvir. Irei ajudá-lo, como farão todos os
portadores da tocha que cruzarem o seu caminho. Posso ensiná-lo em algumas
horas o que levei a vida toda para aprender. O que não pudermos oferecer-lhe, as
crianças o farão. Elas são inteligentes, pois aprendem com facilidade."
"Se continuar receptivo ao ensino, você será extremamente inteligente para a
sua idade, independente da idade que venha a ter. Você poderá receber a sabedoria
dos séculos. Lembre-se de que seu principal objetivo é aprender, e não ensinar. A
primeira lição que você tem para passar aos que estão por vir é ensiná-los a aprender.
É isso que significa ser um discípulo — você é um aluno para sempre. Cada um dos
que você conhecer irá ensiná-lo mais sobre como aprender, e você lhes ensinará a
mesma coisa."
CAPÍTULO 5 A ESPADA
"O que você viu é o peso que carrego" — disse o Senhor. "Você viu o que está
acontecendo agora. As trevas também estão aumentando. A própria Terra não poderá
suportar o mal do homem por muito mais tempo. Ela irá rebelar-se contra ele, e o
pavor aumentará à medida que começar a se enfurecer e sentir as dores de parto."
"O homem está prestes a conhecer um medo tal como nunca experimentou
desde o princípio. Aqueles que permanecerem em mim irão, de igual modo, levantar-
se com fé como nunca se viu antes. Por causa do medo que agora está sendo
liberado, reservei as maiores demonstrações de fé para esse momento."
"Senhor, como alguém poderá sobreviver?" — implorei, ainda um pouco abalado com
o que havia visto. "As trevas até pareceram superar a glória e a beleza que eu estava
contemplando."
"Está se aproximando o tempo em que ninguém poderá sobreviver ao que
liberou sobre si mesmo, e todos perecerão se eu não puser um fim a isso. Eu redimi a
Terra e irei redimi-la. Em meio às maiores trevas, liberarei uma luz ainda maior. A
maior luz é o meu amor pelo mundo e a minha redenção."
"Você precisa aprender a carregar a tocha e a espada em meio às trevas.
Necessita aprender a levar sempre o meu amor e a minha redenção. Quando você
aprender a amar os mais miseráveis e os mais desprezíveis, até aqueles que estão
nas garras das profundas trevas, então minha Palavra de redenção será de fato
estabelecida em seu coração. O poder da minha redenção então fluirá por meio de
você."
"Quando Moisés pediu para ver minha glória, mostrei-lhe minhas costas. Ele viu
os açoites que eu haveria de levar pelos pecados do mundo e contemplou o que você
viu, que é o que suportei na cruz, o pecado pelo qual já havia pagado. Essa é a minha
glória também."
"Não há problema algum em você querer ver minha face, conhecer a beleza
e a vida que há em mim. Não há problema algum em você querer levar isso ao
mundo, mas há outra glória que você precisa conhecer e levar. Essa foi a dor que
suportei por você."
"Os maiores heróis do mundo são aqueles que vencem os maiores inimigos. Os
maiores santos são aqueles que vencem as maiores trevas. Você está sendo enviado
para convocar aqueles que me servirão nos momentos mais difíceis. Portanto, deve
conhecer as profundezas da minha redenção."
"Você deve conhecer, no fundo do seu coração, o meu amor por aqueles que
estão nas garras do maior mal. Também deve saber que o poder da minha redenção é
grande o suficiente até para eles. A espada que está sendo dada aos meus mensageiros
nos últimos dias pode quebrar qualquer jugo e romper qualquer cadeia. Minha luz é
mais forte do que qualquer escuridão."
Suas palavras me lavavam, de modo que continuei a sentir uma profunda
limpeza de tudo o que eu havia visto das trevas. Enquanto eu ouvia, continuei a
brandir a espada até sentir que minha visão e minha força haviam retornado por
completo. Eu sabia que não poderia esquecer o poder da Palavra da redenção
para purificar-me a alma e restaurar minha visão e força.
Meu coração estava ardendo, e eu sabia que era a vida da espada que havia sido
cravada nele, bem como o seu poder em minha mão. Sabia que essa conexão entre a
Palavra em meu coração e em minha mão era a conexão entre a fé e as obras. As
duas eram necessárias para purificar-me e restaurar-me, bem como são necessárias
para todos. Este era o entendimento que eu jamais poderia esquecer. Depois de um
tempo, o Senhor continuou:
"Você precisa ter a espada e a tocha. Necessita viver em minha presença
manifesta e ter minha Palavra em seu coração e em sua mão. Você precisa ensinar
isso a meus mensageiros. Ninguém vencerá os tempos que hão de vir sem elas. Você
precisa crescer mais rápido na luz do que as trevas estão crescendo. Minha Luz é
mais forte, mas, para permanecer na luz, é preciso estar crescendo."
Enquanto eu ouvia, instintivamente continuei a balançar a espada, e, com isso,
a força continuou a aumentar. Novamente comecei a sentir que poderia voar — que
era capaz de vencer qualquer poder terreno. Enquanto eu olhava para o Senhor,
Sua glória aumentava e se expandia.
Então, segurei a espada com as duas mãos o mais firme possível. Eu sabia o
que estava por vir e o que teria de fazer. O Senhor virou-se novamente para que eu
pudesse ver Suas costas. Quando Ele fez isso, penetrei nas trevas.
CAPÍTULO 6 O PODER
Mais uma vez, eu estava na avenida onde tinha colocado a tocha. Então percebi
que havia penetra do nas trevas sem levá-la comigo, mas que tinha, de
algum modo, voltado à rua onde a havia deixado. Eu não podia ver a tocha de onde
estava, por isso comecei a andar, balançando a espada como havia feito. Eu sabia
que tinha de encontrar a tocha.
Enquanto andava, comecei a sentir as trevas e a opressão aumentarem. Era,
na verdade, uma avenida de monumentos. À medida que eu balançava a espada e a
minha visão aumentava, fiquei assustado ao ver que não parecia haver vida em lugar
algum. As árvores e a grama no meio da rua estavam verdes, mas eu não percebia
vida nelas. Pensei que fossem artificiais, mas, quando as olhei mais de perto,
tinham funções vitais, mas, de algum modo, estavam mortas.
Continuei a andar. Era um lugar frio, úmido e sombrio. Por fim, cheguei a um
monumento. Eram o verde e o marrom do bronze embaçado que pareciam
intensificar a monotonia desse lugar. A estátua estava sobre uma base de mármore,
mas tudo parecia frio e sem sentido. Mesmo assim, percebi que se tratava da imagem
de uma pessoa importante, embora não reconhecesse quem era.
Segui adiante, balançando levemente a espada, sem saber o que mais fazer.
Então, vi um brilho dourado. Ele parecia ter vida. À medida que me aproximei, vi que
era uma árvore. Ela ainda era pequena, mas era um pouco mais alta do que eu.
Fiquei surpreso com o que vi enquanto me aproximava dela.
A árvore era a tocha que eu havia deixado. Ela havia crescido e agora tinha
galhos. Estava cheia de vida. Destacava-se nesse lugar como um oásis em um
deserto. Estendi a mão para trazer um galho para perto de mim. No mesmo
instante, ele caiu na minha mão. Era uma tocha como a primeira, agora
transformada em árvore.
"Leve-a de volta ao monumento" — disse uma voz que vinha de trás de mim.
Vir-me-ei e vi uma águia branca. Ela estava mais branca do que eu me
lembrava, ao tê-la visto antes, mas pensei que deveria ser por causa da escuridão do
lugar onde estávamos. Também sabia que ela havia ficado ainda mais sábia. Suas
garras estavam mais afiadas e mais fortes, e seus olhos eram mais penetrantes.
"Você tinha razão ao plantar a tocha. Se tivesse se agarrado a ela, teria
ficado com uma boa tocha, mas agora você terá muitas."
"Como é possível?" — perguntei. "E onde estamos?"
"Você está no coração de uma grande cidade que morreu, mas que está
prestes a reviver."
"Você é daqui?" — perguntei, sabendo que ela não era, mas querendo
estender a conversa até pensar em algo melhor para dizer.
"Tenho amigos aqui e alguns discípulos. Eles o ajudarão a fazer aquilo que você
está para fazer."
"O quê?"
"Você tem a espada e a tocha e está aqui, por isso vai usá-las."
"Eu mal sei usá-las. Acabei de recebê-las." Percebendo que a águia estava
ficando um pouco impaciente, continuei: "Mas farei o possível. Diga-me o que você
sabe sobre o meu propósito aqui."
"Este é o meu trabalho e irei contar-lhe tudo o que puder. Também estou
feliz por ver que você não sabe muita coisa. Está mais seguro assim. Você saberá o
que fazer quando chegar a hora. Meus jovens amigos irão ajudá-lo."
"Onde você estará?"
"Estarei observando, assim como eu estava quando você tocou o mar com a
tocha há alguns anos."
"Alguns anos? Não faz mais de algumas horas que tudo aconteceu." —
protestei.
"Não, já faz mais de cinco anos. Lembre-se de que o tempo na esfera espiritual
não é igual ao da terrena. Vi quando você o fez. Desde o momento em que o Senhor
lhe deu a tocha até o momento em que você tocou a água com ela, se passaram três
anos; por isso Ele a deu a você há oito anos."
"Não me lembro de você lá. Onde estava?"
"Lembre-se de que eu não precisaria estar lá para ver. Também vi os outros
dons que você recebeu e os que logo lhe serão concedidos. É hora de usá-los, mas
ainda há muitas coisas para você aprender. Seu treinamento não acabou, mas o
tempo é curto. Você precisa aprender e cabe-lhe ensinar aos outros ainda mais
depressa."
Olhei para a espada e a tocha que estavam em minhas mãos. Reparei ao redor
e tive vontade de usá-las, mas não sabia o que fazer com elas. Por isso, só segurei a
tocha e balancei a espada.
"Estou aqui para ajudá-lo a começar" — disse a velha águia. "Os outros irão
ajudá-lo ao longo do caminho. Agora, volte ao monumento pelo qual você passou.
Toque-o com a tocha e observe."
A velha águia estendeu suas asas e voou alto em direção ao céu escuro com
um vento que eu não podia sentir. Embora tivesse desaparecido logo, ainda a sentia
e sabia que ela estava me observando. Então, comecei a perceber que muitos outros
também estavam me observando.
Comecei a andar, segurando a tocha na frente e balançando a espada
enquanto seguia. Senti minha força aumentar. Minha visão ampliou-se. Enquanto isso
acontecia, eu queria atacar a escuridão. "Nasci para isso", pensei.
"Sim, você nasceu" — respondeu uma voz desconhecida. "Você e muitos outros
também. Agora é a sua vez."
Quando me virei, vi outra águia, mais jovem do que a primeira. Mesmo
assim, essa águia parecia ainda mais majestosa do que a mais velha. Ela inflou um
pouco o peito, e suas asas estavam um pouco abertas como que prontas para voar a
qualquer momento. Era óbvio que possuía uma tremenda força, mas a continha com
muita graça. Como se tivesse ouvido cada pensamento, ela respondeu:
"Sou de outra geração. Não sou maior do que meu pai, mas a mim me foi dada
mais autoridade. Estou aqui para despertar e guiar os grandes campeões que agora
estão amadurecendo. Ajudarei você e os outros que estão preparados para o que há
de vir."
"Como eu os prepararei?"
"Primeiro, você aprenderá a usar a espada e a tocha para algo que vai além de
sua própria edificação. É importante saber isso, mas é apenas o começo. Quando tiver
usado o que está em sua mão, você começará a entender o restante do que lhe será
dado. Então, saberá o que deverá fazer com todos os seus dons."
Começamos a andar. Meus olhos voltaram-se para as árvores pelas quais
estávamos passando. Então notei o fruto. Era bonito, atraente, e, com isso, senti um
pouco de fome.
"Nunca olhe para ele" — a jovem águia disse como se tivesse de repetir isso
com freqüência.
"Por quê?" — perguntei. "O fruto parece ser muito bom, e estou com muita
fome." Então, percebi por que não poderia comer dele. "Todas essas são árvores do
conhecimento do bem e do mal, não são?"
"São. Como você sabe?"
"Elas parecem estar vivas, mas estão mortas, e os frutos parecem deliciosos.
Por que estão nesta avenida de monumentos? E por que a avenida está cheia delas?"
"Os monumentos são para as pessoas que estavam vivas, mas que agora estão
mortas. Esses monumentos são para as pessoas a quem foi dada a vida para
darem à Terra, mas, depois que começaram a andar no Espírito, tentaram consumar
a obra usando sua própria sabedoria e meios. Com isso, começaram a cultivar
essas árvores. É por isso que elas estão juntas nessa avenida."
"Essa é uma das principais avenidas às quais as pessoas desta cidade vêm. Elas não
amam esses monumentos, mas são tais monumentos que as fazem sentir seguras e
importantes, como se fossem os herdeiros da grandeza daqueles que são
representados por eles. Elas também adoram o fruto dessas árvores, mesmo
sendo ele venenoso, e ele as mata assim como matou o império dessas pessoas."
Enquanto andávamos, minha visão continuou a aumentar. Comecei a ver que a
rua era muito ampla, bem cuidada, e que seria muito bonita durante o dia. Ela ainda
parecia morta. A jovem águia voava sobre mim, e eu sabia que ela estava me
observando de perto e discernindo meus pensamentos.
"O que vou fazer aqui com a espada e a tocha?" — perguntei a ela.
"Primeiro, entenda esses monumentos. Até o menor toque de vida
de Deus tem o poder de se transformar naquilo que teria restaurado a Terra e
feito dela um jardim novamente. Esses monumentos são para pessoas que tinham
vida. Elas se tornaram em monumentos mortos porque começaram a pensar sobre
como construir um monumento à sua própria vida. Para nada serve construir um
monumento. Todos eles perecerão."
"O que você está para construir faz parte da cidade celestial. Você não
cumprirá seu objetivo caso se preocupe com o que os homens pensam de sua obra.
Só deve se preocupar com o que o Senhor pensa dela. Você não está aqui para
construir monumentos, mas um movimento que não há de findar. O Espírito jamais
para de se mover. Se você parar, terá se desviado do caminho do Espírito e do
caminho da vida."
Quando nos aproximamos do monumento pelo qual eu havia passado, a jovem
águia parou e disse:
"Você deve trazer esse monumento à vida novamente."
"Por que deveríamos fazer isso?" — protestei. "E como?"
"O Pai ama a redenção. O Rei ama a redenção. Ele também honra os
antepassados que andaram em Seus caminhos na Terra, ainda que só tenham andado
nesses caminhos por pouco tempo. Esses monumentos não eram da vontade de
Deus, mas Ele vai redimi-los e usá-los, por amor aos pais e por amor aos seus filhos
que agora vivem nesta cidade."
"Lembre-se de que Ismael também não era da vontade de Deus. Mesmo assim,
Deus abençoou Ismael e fez dele urna grande nação. Você se surpreenderá com o
modo como os filhos de Ismael glorificarão ao Senhor no final e se surpreenderá com
esses monumentos também."
"Se quiser permanecer no caminho da vida, terá de amar a redenção como
Ele a ama. Ela faz parte de seu objetivo para redimir os monumentos. É por isso que
você está aqui com a espada e a tocha."
"Mas pensei que eles haviam caído porque construíram esses monumentos em
honra a si mesmos" — protestei novamente. "Como vou ajudar a redimi-los? O que a
espada ou a tocha fará por esses monumentos sem vida?"
"Você continuará a andar na escuridão se sua compreensão da redenção não
aumentar. Precisa honrar esses pais e mães. Tem de tocar neles com a palavra e com
o fogo. Quando você fizer isso, a vida que estava neles, que é eterna, fluirá deles
novamente. Você não poderá chegar ao seu destino sem a vida que eles tinham."
"O Senhor vai vivificar esses monumentos, e água viva fluirá deles
novamente. Isso será por sinal de Seu poder de redenção e de Sua ressurreição.
Essas árvores parecem vivas, mas estão mortas, e seu fruto é a morte.
Esses monumentos parecem mortos, mas ainda há vida neles. A vida que eles
levaram é eterna. Ponha a tocha nesta estátua."
Levantei a tocha e a pus sob o rosto da estátua de um grande poeta inglês.
Logo, o bronze reavivou de modo que começou a reluzir. Não demorou muito e o rosto
todo estava brilhando.
"Basta" — disse a águia.
Afastei-me e observei. A estátua ainda era uma estátua, mas havia vida em seu
rosto, assim como havia vida na tocha e na espada que eu segurava. Então, peguei a
espada e a cravei no coração da estátua. Ela entrou facilmente até o cabo.
Quando a tirei, o peito da estátua começou a incandescer com o brilho das
cores do nascer e do pôr-do-sol e da tocha. Quando isso aconteceu, houve também
um leve brilho no horizonte. Mais uma vez, fiquei surpreso com as maravilhas
realizadas pela tocha e pela espada e o modo como, em vez de tirarem, davam vida.
"Elas também podem matar" — disse a águia que agora estava voando sobre
mim. "Elas trazem vida ao que tinha vida, mas o grande perigo é que também podem
dar vida ao que estava morto."
"O que você quer dizer?" — perguntei.
"Você tem nas mãos o poder de abençoar. O que abençoar será abençoado,
ainda que não seja o que o Senhor quer que seja abençoado. Se você abençoar a
obra do inimigo, ela prosperará. Você só deve abençoar segundo a ordem do Senhor."
O inimigo só recebe sua autoridade graças ao homem. Quanto maior for
a autoridade que foi confiada a você, maior será o mal que poderá causar ao usá-la
indevidamente, e maior será o poder do inimigo quando você concedê-la a ele."
"Você tem uma grande bênção ou uma grande destruição em suas mãos. Só
deve edificar o que o Senhor quiser edificar e somente destruir aquilo que o Ele quiser
que você destrua. Você recebeu ferramentas e armas. Quanto mais poderosas elas se
tornam em suas mãos, maior o cuidado que você deve tomar."
"Bem, acho que devo começar a matar aquelas árvores" — repliquei.
Sim, você fará isso no devido tempo, mas agora não é o momento.
Concentrar-nos-emos em dar vida. Essas árvores ainda são úteis para o Senhor."
"Como assim?"
"O Senhor pôs a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal no centro do
Jardim do Éden por uma razão importante. É impossível o coração ser obediente, a
menos que tenha a liberdade para desobedecer. Essas árvores atraem pessoas a
esse lugar, e algumas delas que vierem por causa das árvores notarão que há vida
novamente em nosso amigo aqui."
"É quando alguém tocar nele que a vida crescerá. Á vida cresce com interação.
Não sabemos se a mensagem dele será completamente restaurada, mas é
possível. O ensino desse homem poderia começar a fluir novamente. Mas isso não está
em suas mãos. Você fez a sua parte. Por isso, agora devemos seguir em frente."
"Para onde vamos?"
"Há outros monumentos nesta cidade nos quais você deve tocar e ajudar a trazer à
vida. Se as pessoas responderem a eles, rios de água viva começarão a fluir por
toda esta cidade. Então, eles se unirão para formar um grande rio. Se os monumentos
despertados forem suficientes para aqueles que viveram em seu passado, haverá
vida no presente, e fluirão juntos para o grande rio, que os levará a um glorioso
futuro."
"Se você e uma águia aqui, deve conseguir ver o futuro desta cidade. Isso irá
acontecer aqui novamente?" - perguntei, sem querer perder tempo com monumentos,
caso isso não produzisse resultados.
"Não cabe a você preocupar-se com resultados. O Senhor dá uma chance a
todos, mesmo quando Ele sabe que a rejeitarão. No entanto, quando voo alto o
suficiente, posso ver o futuro, mas somente uma pequena parte dele. Sei que a vida
fluirá por esta cidade outra vez, e sei que tantas outras da minha espécie não estariam
aqui se o potencial desta cidade não fosse grande.
"Cabe a nós usar os dons que nos foram concedidos e deixar com o Senhor os
resultados. Você deve aprender bem as lições desta cidade. Depois será enviado para
muitas cidades e nações para fazê-lo novamente. Você foi chamado para dar vida às
cidades e nações, dando vida ao passado delas e aos seus monumentos. Há outros
que estão fazendo o mesmo, e há outros que estão se preparando para a colheita de
outras maneiras, mas esse cabe a você."
Enquanto eu andava e a águia continuava a voar sobre mim, senti um desejo de
acertar uma das árvores do conhecimento com minha espada, só para ver o que
aconteceria.
"Vá em frente" - encorajou-me a voz, agora fraca, que estava sobre mim.Acertei
a árvore um pouco acima da cerca em sua base. A espada passou por ela facilmente.
Olhei para ver se ela viria ao chão, mas não foi o que aconteceu. Então, os frutos
começaram a cair. Logo se levantou um odor terrível. Olhei para os frutos que ainda
estavam na árvore, e eles apodreciam diante dos meus olhos. Tomei distância
suficiente para que nenhum deles caísse sobre mim.
"Foi assim que o Senhor amaldiçoou a figueira" — ouvi a águia dizer lá de cima,
também admirada com o que via. "Essa espada é a Palavra de Deus. Ela pode dar
vida ou pode tirá-la."
Então, me aproximei o suficiente para pôr a tocha ao lado da árvore. O fogo
pegou na árvore como se ela fosse papel seco, consumindo-a rapidamente. Não
restou nada além de cinzas. Veio uma brisa que espalhou as cinzas. Logo não restou
nenhuma evidência de que havia uma árvore ali.
"Estas são armas divinamente poderosas." — observou a águia. "Aquela árvore
enganou muitas pessoas."
"Foi rápido" — respondi. "Não acredito que isso aconteceu dessa forma."
"Eu não chamaria 17 anos de rápido" — a velha águia retrucou, tendo
aparentemente surgido do nada. Ela estava visivelmente irritada.
"Vocês são dois idiotas. Lembrem-se de que o tempo não é igual aqui. É por
isso que a paciência deve acompanhar a sua fé; do contrário, vocês perderão o tempo
do Senhor. Temos de voltar para limpar essa bagunça" — disse, partindo com a
mesma rapidez com que havia aparecido. Parecia estar com uma terrível pressa.
Eu ainda não sabia por que a velha águia ficara tão irritada. Também notei que minha
jovem amiga águia estava igualmente confusa. Fiquei chateado por ela não ter
explicado o motivo para nós. Comecei a andar novamente e a tocar outros
monumentos. Não demorou muito e pude dizer que o dia estava amanhecendo.
Também não estava tão sombrio. Eu sabia que o sol logo romperia a névoa.
"Muitos acreditavam que esta cidade não teria futuro, que a sua noite havia
chegado para sempre, mas talvez esteja começando o seu grande dia" — eu disse à
jovem águia que ainda estava comigo.
Podia sentir uma grande esperança peia cidade surgindo dentro de mim. Então
percebi que a águia não parecia ouvir. Ela estava tentando olhar o futuro lá longe.
Eu também havia me perdido em meus pensamentos. Comecei a pensar no
vale, no cavalo e na garotinha. Estava curioso por saber se os rios da vida iriam
começar nesta cidade novamente. Perguntava-me se havia uma conexão para que
eles pudessem fluir para aquele vale também.
Fiquei bastante preocupado com aquela garota corajosa. Sua graça,
sabedoria e maturidade extremamente avançadas para sua idade fizeram dela um
dos maiores tesouros que já encontrei. Eu queria voltar, mas sabia que o que me seria
dado aqui e o que eu estava aprendendo faziam parte do plano para ela e para o vale
que ela estava tentando defender.
Olhei novamente para a águia. Ela havia, evidentemente, avistado algo, mas
eu não podia dizer se eia estava alegre ou assustada. Enquanto olhava para ela,
comecei a sentir o que ela sentia. Eu sabia que meu treinamento estava quase
chegando ao fim. O alarme estava prestes a soar. Uma grande batalha iria começar.
CAPÍTULO 7 A RAINHA
"Quando eles começarem a crer em sua visão com o coração, e não só com a
mente, eu me livrarei desta avenida de monumentos e me colocarei acima dos palá-
cios e castelos dos homens. Quando isso acontecer, o Rei virá a esta cidade."
Então, ela olhou para as minhas mãos, e outro sorriso acanhado enrugou seus
lábios.
"Você tem a espada e a tocha. É hora de usá-las aqui. Ninguém que não honra
o pai e a mãe pode me ver. Se você honrar os pais, dará espadas para os filhos e fi-
lhas."
Suas palavras eram como fogo e mel juntos. Elas queimavam, mas também
adoçavam e acalmavam. Eu não podia imaginar alguém que não quisesse ficar o mais
perto possível dela. É óbvio que ela também podia ouvir meus pensamentos e
responder a eles.
"Como eu disse, a maioria só me vê como um monumento, frio e embaçado.
Quando as pessoas começarem a me ver como sou, serão atraídas a mim como
uma criança de peito à sua mãe. Eu também fui criada para ser um desejo de todo
coração que busca. O Rei e eu somos um."
"Você deve se lembrar disso. É preciso a luz dos pais e das mães, dos filhos e
das filhas, para revelar-me como sou. Sou muito mais do que aquilo que você está
vendo agora e também sou como a criança que você conheceu no vate."
"Ninguém pode me ver como realmente sou se não vir a glória da maternidade,
bem como da paternidade, espiritual. É porque muitos honraram somente os pais,
mas não as mães também, que eles e seus frutos não permaneceram por muito tempo
na Terra. Você deve honrar os pais e as mães para gerar os filhos e as filhas."
"Ninguém que não vê a glória nas crianças pode me ver como sou. Tenho a
sabedoria dos séculos e a sabedoria do novo nascimento. É a sabedoria dos pais e das
mães, dos velhos e dos jovens, que o caminho da vida segue."
Enquanto eu ouvia, fui levado às árvores que estavam alinhadas na avenida.
Isso não escapou à sua atenção, e ela novamente respondeu aos meus pensamentos.
"Sim, a mulher foi enganada e comeu do fruto proibido primeiro. Entretanto, o
homem comeu dele mesmo sabendo o que estava fazendo. E não diz a profecia que a
semente da mulher esmagará a cabeça da serpente?"
"Sinto muito" — respondi. "É que fui tão ensinado sobre como as mulheres são
tão facilmente enganadas que eu estava, na verdade, me perguntando se alguém
poderia pensar assim em sua presença."
"Entendo por que muitos pensam assim, mas você deve entender isto agora:
aqueles que são remidos pertencem a uma nova criação. A mulher da nova criação é
superior à da primeira."
"Quando você se torna parte da nova criação, seus pontos fracos se
transformam em pontos fortes. Grande parte daqueles que têm os maravilhosos dons
do discernimento é formada por mulheres. Lembre-se de que, na nova criação,
todas as coisas se fazem novas. É por essa razão que aqueles que têm uma mente
renovada não julgam segundo a carne, mas segundo o Espírito."
"A mulher da nova criação está para ser revelada, e todos os que a virem irão
honrá-la. Nem os meus filhos nem as minhas filhas podem me ver como sou, a menos
que comecem a olhar para mim juntos, abrindo seu coração para o que cada um
deles vê. Os meus filhos e as minhas filhas devem profetizar. Você deve dar tochas e
espadas para as minhas filhas e os meus filhos; do contrário, acabará como mais uma
estátua nesta rua."
"Você está preocupado que as filhas se deixem enganar facilmente. Todos
podemos ser enganados, mas a sabedoria das mulheres poderia impedi-lo de praticar
muita tolice, como a insensatez de cortar aquela árvore."
Quando ela disse isso, tremi. Entendi no mesmo instante que algo muito mais
terrível do que eu imaginava havia acontecido.
"Eu só usei minha espada para cortar uma árvore que tinha um fruto do mal.
Como isso poderia ser ruim? Que tipo de problemas isso poderia ter criado?" — perguntei.
"Você não plantou uma árvore justa no lugar daquela. Agora ela brotou
novamente, e o poder do mal que há nela se multiplicou. Você não pode dissipar o
mal, mas deve sempre preencher o lugar dele com algo bom; do contrário, isso
acontecerá."
Mesmo não querendo sair da presença dessa grande rainha, vir-me-ei e
comecei a correr em direção ao lugar onde havia cortado a árvore. Enquanto
corria, olhei de relance para trás a fim de vislumbrar mais uma vez sua grande
beleza e a vi fazendo sinal para as águias me acompanharem. A grande preocupação
de todos era tão visível que cheguei a parar.
"Diga-me. O que há de mal nisso?" — gritei.
A grande senhora olhou para mim como se estivesse medindo as profundezas de
minha alma. Eu sabia que ela estava pensando se eu agüentaria ouvir a resposta.
Deve ter concluído que eu não conseguiria suportar, pois não disse nada. Então, uma
das águias falou:
"Você entenderá logo o que aconteceu. Não estávamos preparados, e não
acho que você esteja preparado para o que nos espera. Mesmo assim, devemos ir
agora. A batalha por esta cidade, e por muitas outras cidades, já começou."
Alguém bateu à porta, e eu despertei, assustado. O relógio ao lado da cama
marcava 5h55. Era difícil saber onde eu estava. Sentia-me entre dois mundos.
Continuei a olhar para o relógio e orei pedindo graça para vencer o que haveria de
vir. Sabia que havia, de fato, uma ponte entre as esferas do Céu e da Terra, e que o
que eu havia visto era muito real.
Também pensei em como o tempo entre elas não era como parecia. Às vezes
minutos, ou horas, na esfera celestial acabavam sendo anos na Terra. Mesmo
assim, eu sabia que era hora de acordar. A batalha final estava realmente para
começar. Então, percebi que não havia ninguém na porta do meu quarto.
Tive de me sentar por um instante. Pensei no quanto valia a pena buscar
a "Jerusalém do alto" como nenhum outro tesouro no mundo. É para isso que a Igreja
foi chamada. Não há sombra de dúvida de que, se ela for vista como realmente é, as
nações virão para a sua luz. Quem não viria para ela?
Como eu queria que cada igreja e cada cristão tivessem apenas um vislumbre
dela, ouvissem sua voz, sentissem a grandeza de sua presença e a dignidade de cada
movimento seu. Ela era uma mulher em toda a sua glória. Uma noiva digna do Rei.
Eu me consumia na tentativa de encontrar uma forma de compartilhar o que
havia visto. Desesperado, queria dizer a todos os cristãos que eles haviam sido
chamados para fazer parte disso, mas minhas palavras eram extremamente
insuficientes.
"Ela não faz parte da avenida de monumentos. Ela faz parte da colina
mais alta para que todos possam vê-la", pensei, mas minhas palavras pareciam tão
mirradas e mortas quanto os outros monumentos. Comecei a desejar as
palavras de vida.
Então, comecei a pensar na iminente batalha. Um temor apoderou-se de
mim como um cobertor negro. A minha força se foi. Eu estava tão cansado que fui
vencido pelo sono.
Então, eu a vi novamente. Ela não era mais uma estátua na avenida dos
monumentos — era uma guerreira que usava uma armadura brilhante. Estava mais
magnificente do que as palavras humanas podem descrever. Sua presença
exalava graça e força, o que me enchia de medo. Ela olhou bem nos meus olhos
enquanto o sorriso mais sincero e radiante passava por seus lábios.
"Não teme. Eu também fui trazida a este mundo para a batalha que está à
nossa frente. Devo ser conhecida como a própria maternidade, mas também devo ser
conhecida como uma guerreira. Não teme. A luz que está em nós é maior do que as
trevas. Chegou o tempo de a luz ser vista. É tempo de lutar."
Isso era crucial porque as águias não podiam voar além da Luz da tocha e do
vento da espada; do contrário, se sufocariam e começariam a adoecer.
Depois de andarmos devagar durante o que pareciam horas, começamos a
ouvir um terrível tumulto a certa distância. Havia milhares de vozes furiosas. Todos
sentimos um calafrio. Eu até podia dizer que a velha águia estava ficando tensa. Era
óbvio que estava acontecendo uma grande batalha à frente.
Teríamos coragem para continuar? Quem estava lutando? Onde estava o nosso
líder? Olhei para trás para ver se vinha alguém para nos ajudar. Não pude ver nem
ouvir ninguém, mas percebi que os frutos estavam caindo novamente no caminho, não
muito atrás de nós. Simplesmente não podia acreditar na rapidez com que estavam
crescendo.
Eu também sabia que não tínhamos saída. Não podíamos voltar nem ficar
onde estávamos. Não havia para onde ir senão seguir em frente, e eu não
precisava da velha águia para me dizer isso.
CAPÍTULO 9 OS GUERREIROS
"No entanto, diante do que podemos ver, vocês não sobreviveriam a outro ataque
da horda do mal que os está cercando neste momento, sem falar nessa árvore que
não para de crescer. Tampouco restaram muitas de suas trincheiras. Não acho que
algum de nós tenha outra escolha senão seguir em frente. A nossa única esperança é
cravar um machado na raiz dessa árvore."
A velha águia então continuou:
"É verdade. Vocês não mais teriam resistido se não tivéssemos aparecido, e
não poderíamos ir muito longe sem certa ajuda. Parece que o Senhor nos uniu neste
momento. Precisamos uns dos outros, e, ao que parece, só há uma opção possível
quanto ao que devemos fazer."
"Sem dúvida, você está certa" — o Líder finalmente disse. "Deixar este lugar
para trás vai ser a coisa mais difícil que já fizemos. Pagamos um preço muito alto
por ele, mas é óbvio que devemos lutar agora por algo maior do que o nosso pequeno
espaço. Devemos lutar pela cidade inteira e atacar a raiz dessa árvore; do
contrário, não teremos chance de sobreviver. Deixaremos o nosso pequeno espaço
para seguir você e as águias."
CAPÍTULO 10 ESTRATÉGIA
"Novamente acho que você está provando ser um bom líder" - eu disse. "As
águias podem ver, mas elas não são boas para liderar. Vocês realmente precisam uns
dos outros. O fato de você ter a humildade para reconhecer isso irá incentivar o seu
povo, e não desanimá-lo."
"E não acho que seja tarde; do contrário, não estaríamos aqui. Descobri que,
quando algo parece impossível, o Senhor está prestes a se mover. Definitiva-
mente demos a Ele uma boa oportunidade para isso agora. Precisamos da
estratégia certa; porém, mais do que isso, necessitamos dEle, de Sua graça e de Seu
favor. Ele dá graça aos humildes, e precisamos ter isso em mente. Provavelmente, você
seja, de fato, o mais humilde aqui. Agora deve continuar a liderar o seu povo, mas nós
o ajudaremos."
"Realmente posso ver o quanto perdi por não reconhecer os dons das pessoas
e por não deixar que elas crescessem ao usá-los" — respondeu o homem — "Também
não reconheci a liderança que foi dada aos outros. Confesso que eu os via como uma
ameaça.
"No passado, eram os que tinham dons que causavam os problemas e as
dissensões. Era difícil dar-lhes muita influência ao deixá-los assumir parte da
liderança. É óbvio, no entanto, que fracassei ainda mais por não deixá-los crescer."
"Senhor, se soubesse quão terrível foi o meu fracasso, e o tipo de problema
que minha falta de sabedoria e imaturidade causaram, acho que todos os
problemas que o senhor ou as jovens águias causaram seriam leves" — respondi. "É
óbvio que todos fracassamos em alguns aspectos primordiais, mas descobri que
muitas vezes o que nos desqualifica aos olhos das pessoas é o mesmo que nos qualifica
pela graça de Deus."
"Ao que parece, somos tudo o que Ele tem aqui, e Ele obviamente ainda gosta
de usar os tolos e os fracos para confundir os sábios e os fortes. A nossa fraqueza e
insensatez são o que, a meu ver, nos prendem aqui. Mas eu também sei que Ele não
quer que permaneçamos fracos e insensatos, mas humildes o suficiente para ver Sua
sabedoria e Sua força."
"Você disse bem, mas agora precisamos do plano" — a velha águia interveio.
"Você sabe como vamos romper e atacar a raiz da árvore? Não temos mais tempo
para olhar para o passado."
"Tenho um plano" — respondi. "Primeiro, precisamos encontrar os verdadeiros
lideres e as armas eficientes que temos entre nós. Devemos, então, observar um local
onde poderemos avançar e seguir até a raiz da árvore, sem distração. Agora vão e
encontrem os dons e os lideres que estão nesse grupo."
Olhando para o homem, eu disse:
"Confie nesta velha águia e nessa garotinha" — e fiz a atenção deles se
voltar para a garota. "Ela tem o dom de que vocês precisam."
O homem e a mulher levantaram as sobrancelhas quando mencionei o dom da
garotinha. É óbvio que começaram a protestar e, depois, simplesmente disseram:
"Tudo bem". Com isso, todos eles se foram.
Logo depois, as águias batedoras começaram a pousar e a trazer noticias. À
medida que faziam isso, comecei a pensar que havia sido uma péssima ideia tê-las
enviado sem a velha águia. Elas voltaram com notícias aparentemente divergentes.
Rapidamente resolvi atender uma a uma, em particular.
Não demorou muito e ficou claro que cada uma delas havia visto uma parte
da situação como um todo, mas, como ainda eram muito jovens, tinham a
tendência de pensar que a sua parte descrevia toda a situação. Percebi que todas as
suas informações provavelmente eram valiosas; só precisavam ser reunidas
adequadamente para que tivéssemos a descrição da realidade como um todo.
Para meu desânimo, depois de ouvir todas as notícias trazidas pelas
águias, ainda senti que tinha uma descrição bastante incompleta da situação. Devia
144 A ESPADA E A TOCHA
CAPÍTULO 11 A BATALHA
Olhei para os grupos em marcha que estavam logo atrás de mim, e todos
estavam com suas espadas desembainhadas e fazendo a mesma coisa que eu.
Muitas das espadas dos adultos estavam tascadas e danificadas, e algumas até
quebradas, mas tinham um brilho que emitia uma grande luz.
Era óbvio agora que essas espadas estavam vivas
e que pareciam tornar-se ainda mais vivas com os movimentos. Quanto mais seus
portadores as balançavam, mais brilhantes ficavam. A luz que vinha de todo o grupo
balançando suas espadas logo tornou-se espetacular. Enquanto fazíamos isso, eu
tinha certeza de que não haveria trevas em que ela não pudesse penetrar.
O vento que estava sendo criado afastava de nós
o mau cheiro dos frutos podres. O ar à nossa volta ficou limpo e fresco. Sair de trás
das trincheiras foi uma atitude que contribuiu para liberar uma poderosa força
espiritual,
e era nítido que todos a estavam sentindo. A cada passo, a luz e o vento pareciam
aumentar, bem como a nossa fé. Comecei a pensar que eu não teria mais confiança
se estivesse liderando um exército de centenas de milhares. Sabia que esse pequeno
grupo de pessoas tinha poder para fazer tudo aquilo que precisávamos.
As águias começaram a voar sobre nós assim que iniciamos a marcha. À
medida que o vento aumentava, elas subiam cada vez mais. Depois de termos
percorrido uma boa distância, fiquei surpreso ao ver que ainda não tínhamos nos
deparado com a multidão enfurecida que vinha cercando o pequeno grupo.
Também fiquei surpreso ao ver que nenhum fruto do mal havia caído sobre nós
dos galhos da árvore sob a qual estávamos marchando. Eu sabia que esses frutos eram
tão grandes e tóxicos que seriam fatais caso acertassem diretamente qualquer um de
nós. No entanto, não havia evidência de que algum desses frutos houvesse caído re-
centemente em algum ponto de nosso caminho. Havia somente alguns montões, aqui
e ali, de algo parecido com um tipo de pá, que o vento estava Levando. Fiz sinal para
uma das águias descer e trazer notícias do que ela estava vendo.
A águia disse que a horda do mal fugira apavorada no momento em que
havíamos começado a marchar. Posso imaginar o tipo de impacto que foi para eles
ver este grupo surgir das trincheiras com tamanha luz e poder. Mesmo assim, não
pude imaginá-los deixando de se reagruparem e nos atacarem com o que podiam. No
entanto, eles fugiram para tão longe que as águias não conseguiram mais vê-los.
Então, pedi várias vezes que algumas delas voassem o mais distante possível
à nossa frente, e para os lados, enquanto respiravam o ar fresco. Quando voltaram,
suas notícias foram ainda mais surpreendentes.
A atmosfera que estávamos criando estava matando os galhos da árvore e
secando seus frutos. Isso explicava por que nenhum deles havia caído sobre nós. O
mais incrível era até onde se espalhava essa atmosfera.Pudemos percorrer, sem
nenhum perigo, todo o caminho que levava à raiz da árvore.
Lá para os lados, a horda do mal havia se reunido fora do alcance do ar fresco,
mas parecia estar de pé, estonteada e simplesmente movendo-se em círculos. Nem
parecia que as pessoas estavam comendo mais dos frutos tóxicos, e todas pareciam
ter a mesma aparência de quem está confuso, fraco e faminto.
Reuni os líderes do pequeno grupo e expliquei o que estava acontecendo. Eu
sabia que tínhamos de marchar mais rápido para destruir a raiz dessa árvore. Eles
concordaram.
Todos começamos a correr, e pudemos fazê-lo como o vento, sem ficarmos
cansados. Não sei se já havia sentido tal alegria. Quando chegamos à raiz da
árvore, foi difícil para todos conter a alegria. Mesmo não tendo nós, de fato,
enfrentado o inimigo no combate, eu me perguntava se já havia um encargo mais
maravilhoso ou um exército mais nobre, enquanto olhava para o rosto dos
combatentes de nosso pequeno grupo.
O tronco da árvore era tão grande que todos tivemos de estender os braços um
ao lado do outro para cerca- to. Enquanto fazíamos isso, continuamos a balançar nossas
espadas. Em seguida, ao mesmo tempo, todos cravamos as espadas no tronco da
árvore, e ela logo morreu.
Suas folhas começaram a cair como neve. Os frutos nos galhos estavam
longe da direção de que havíamos vindo e secaram rapidamente. O pó desses frutos
criava uma grande nuvem enquanto era levado pelo vento.
Então, todos passamos a cortar o tronco da árvore até ela começar a vir ao
chão. Depois, alguns começaram a cortá-la. Outros foram atrás das raízes e dos
tocos. Não paramos até que só restassem serragem e lenha. No lugar onde estava o
enorme tronco ficou uma grande cratera, mas eles a fecharam, e logo o local ficou
parecendo um jardim recém-arado.
Eu sabia o que tinha de fazer. Plantei a tocha bem no lugar onde essa grande
árvore estava. Ela criou raízes no mesmo instante. Começou a florescer diante dos
nossos olhos. Em seguida, apareceram os frutos. Então, reuni todo o povo, e a velha
águia começou a falar conosco.
"Essa vitória merece uma grande comemoração. Mas não temos tempo para
isso agora. Todavia, uma história precisa ser contada para que compreendamos
plenamente o que aconteceu aqui."
Ela então olhou para mim, e eu soube o que tinha de fazer.
"Esta catástrofe aconteceu porque usei minha espada para cortar uma árvore
pequena e não plantei uma árvore de vida em seu lugar. O Rei mostrou misericórdia
para comigo ao permitir que eu visse o meu grande erro corrigido. Isso agora se
cumpriu, e os frutos da Árvore da Vida já estão crescendo no lugar onde prevalecia a
morte. Com isso, podemos lembrar-nos de que a vida é mais forte do que a morte."
"A atmosfera espiritual de boa parte desta cidade foi transformada agora. Nos
lugares distantes dela, estão multidões de famintos que agora se acham prontos para
comer dos frutos dessa árvore. Vocês devem levá-los para eles. Haverá muitas
igrejas maravilhosas aqui, sendo todas elas fortalezas da verdade e da vida. Vocês
devem lembrar-se de que todos são um."
CAPÍTULO 12 A CAPA
Meses depois, sentei-me em uma cadeira para ouvir a chuva bater nas
janelas. Pude ouvir nela os gritos crescentes da horda do mal. Lá estava
eu novamente com meus companheiros, no meio dela, enquanto os que eram maus
nos pressionavam de todos os Lados. É óbvio que eles logo invadiriam o lugar onde
estávamos. Os dois anciãos analisaram a cena, e ambos continuaram com uma
incrível paz.
"Devemos deixar Lugar para os outros" — um dos anciãos disse enquanto o
outro balançava a cabeça em sinal de concordância.
"Pegue esses vasos e os encha de água" — um deles disse enquanto olhava para
a menina e para mim.
Fizemos o que ele disse, e então ele nos ordenou entregá-los àqueles da
horda do mal que estavam perto de nós. A situação era tão desesperadora que não
tivemos tempo para questionar suas estranhas ordens, simplesmente obedecemos,
pensando que realmente não havia muito a perder.
O fato de oferecermos água aos nossos inimigos os espantou, de modo que eles
ficaram parados, e um grande silencio se fez no lugar. Sem saber mais o que fazer,
eles beberam da água que lhes demos. Beberam com uma sede tão intensa que logo
estávamos correndo de um lado para o outro para buscar mais água. Os outros que
estavam à volta deles também pareceram perceber sua própria sede e começaram a
pedir água. Todos os que a experimentavam queriam mais. Não demorou muito e
ficamos tão emocionados que tudo o que podíamos fazer era levá-los ao rio e convidá-
los a beber.
Esperando que eles se atirassem no rio, fiquei surpreso com o grande
respeito com que eles o trataram, curvando-se e bebendo de sua água, mas
tomando cuidado para não sujar as margens dele.
Enquanto bebiam, eles se transformavam diante dos nossos olhos. Os
olhares severos, atormentados e demoníacos se abrandavam e se transformavam em
rostos humanos. Eles continuaram a se transformar até que voltavam a ser como
crianças puras. Uma vez transformados, pediram vasos para levar água aos outros que
estavam na horda do mal. Demos a eles todos os que tínhamos, mas eram apenas
alguns. Então, eles começaram a fazer recipientes com as próprias roupas. Depois,
alguns começaram a esvaziar suas aljavas e enche-las de água para levar aos outros.
Isso não acabou completamente com o ataque, uma vez que muitas das
divisões estavam resistindo à água, indignadas com o que estava acontecendo.
Mesmo assim, eu sabia que o vale havia sido salvo e que essa seria uma grande
vitória.
Fui até os dois anciãos e disse:
"Bem, parece que este vai ser um bom lugar para realizar o seu conselho. Para
quando vocês esperam os outros?"
"Eles estarão aqui logo" — respondeu o que mais falava. "Todos eles
responderam ao grito de guerra e, certamente, ouviram os gritos desta batalha. Receio
que, se não chegarem logo, lamentarão por não poderem, pelo menos, contribuir um
pouco para a vitória."
"Quem imaginaria que um simples copo de água para eles faria tanta coisa?" —
continuei, realmente surpreso com o que estava acontecendo.
"As armas da nossa milícia não são naturais, mas divinamente poderosas. A
sua força está na vida e na natureza de Deus. Ele veio para dar vida, e não para tirá-
la. Vencemos o mal com o bem. Vencemos quando damos a vida que nos foi dada.
Mesmo assim, esta batalha está longe de ter um fim, e o principal assunto desse
conselho será como continuar até que a vitória seja completa. Jamais devemos
voltar a interromper uma batalha antes do seu fim. Mas a mudança começou. O
inimigo está o mais distante possível, e agora começaremos a recuperar aquilo que, por
direito, pertence ao Rei."
Enquanto eu olhava, pude ver homens abrindo caminho pela horda do mal que ainda
estava pelejando. Eu sabia que eles eram os apóstolos, profetas e anciãos que
estavam sendo chamados para o conselho. Todos eles pareciam andar totalmente
indiferentes às ameaças e gritos da horda do mal que os cercava. Eles andavam em
meio ao mal de um modo tão majestoso que é impossível descrevê-lo. Levavam a
horda à loucura, mas eu podia dizer que aqueles que haviam provado das águas vivas
se maravilhavam com o que viam. O temor e respeito por eles eram evidentes no
rosto das pessoas recém-transformadas, que me diziam estar dispostas a seguir
esses líderes.
"Certamente, este era o começo de um grande exército que jamais recuaria
novamente", pensei.
"Certamente é" — disse uma voz ao meu lado. "Este é o começo daquilo
que todos vínhamos esperando" — a velha águia continuou. "Ver isso, o começo, fez
tudo valer a pena."
Nenhuma palavra parecia possível enquanto todos nós estávamos ali,
sabendo que de fato achávamos no limiar da maior aventura de todas, mas também
da maior batalha. Aqueles que tinham sonhos, e os que tinham visões, logo
veriam seus sonhos e visões cumpridos.
A última batalha começou. Os guerreiros que haviam se preparado para esse dia
logo seriam mobilizados. Eles responderam ao grito de guerra, e toda a Terra logo
ouviria o som dessa batalha.