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Preâmbulo
O Cálculo Financeira (ou Matemática Financeira) desenvolve e aplica ferramentas
matemáticas para modelizar o comportamento das variáveis financeiras onde se inclui o
comportamento do preço dos intrumentos financeiros transaccionados em mercados sem se
preocupar com os fundamentais económicos desses activos.
A Ciência Economica preocupa-se com a afectação dos recursos escassos. Assim,
começando na exploração dos recursos naturais, a Ciência Economica preocupa-se com a sua
transformação, produção de bens e serviços e a sua distribuição pelos indivíduos seja através
dos salários, dos lucros e rendas ou das transferências. Numa economia de mercado, os bens e
serviços são transaccionados no mercado mediante um preço. A existência de concorrência
nos mercados de bens e serviços é fundamental para a produção (para que as pessoas se
possam especializar nas actividades em que têm vantagens comparativas e para que possa ser
ultrapassada a escala mínima de produção e aproveitadas as economias de escala) e para a
distribuição (permite que as pessoas revelem os seus gostos e preferências).
A Finança não trata dos recursos escassos no sentido considerado pela Economia mas
trata no sentido de estudar e desenvolver intrumentos que “titularizam” os recursos escassos.
Assim, os instrumentos financeiros não são recursos escassos per si mas podem ser
transformados em recursos escassos (e noutros instrumentos financeiros). A grande inovação
da Finança é que os instrumentos financeiros, apesar de não serem um recurso escasso, ao
serem transaccionados em mercado (e.g., na bolsa de valores mobiliários) que têm baixos
custos de transacção e de diversificação do risco, levam à mudança de titularidade dos
recursos escassos que dão base aos instrumentos financeiros.
O Cálculo Financeiro tem como axiomas fundamentais que i) não é possível obter
ganhos por arbitragem (i.e., não é possível realizar um ganho sem investimento inicial e sem
risco de perda) e que ii) os mercados são completos (i.e., um indivíduo que tenha um dado
activo no instante de tempo T, pode transferi-lo para qualquer outro instante de tempo M
mediante uma taxa de juro R de transformação, VM =VT.(1 + R)M–T).
Em termos de organização do texto, vou considerar, modelos sem risco aplicaveis a
depósitos bancários e a obrigações e, depois, modelos com risco aplicáveis a seguros e a
acções. Ainda dentro dos activos com risco, apresentarei instrumentos derivados (opções de
compra e opções de venda) usando modelos de simulação.
MFIG 3
Em termos mais detalhados, na primeira parte deste texto abordo conceitos básicos
como taxa de juro e suas componentes, capitalização simples e composta, desconto. Depois,
apresento instrumentos financeiros denominados sem risco, i.e., os depósitos e créditos
bancários e as obrigações. Como a inflação é uma componente importante da taxa de juro,
considero ainda o conceito de Índice de Preços, Taxa de Inflação, Preços Correntes e Preços
Constantes.
Na segunda parte do texto apresento sucintamente as ferramentas da folha de cálculo
Excel. Apesar da generalidade dos alunos iniciar os seus estudos universitários com razoáveis
conhecimentos de informática, a capacidade de utilizar uma folha de cálculo é muito reduzida.
Está diponível um ficheiro Excel com os exemplos algébricos apresentados neste texto
http://www.fep.up.pt/docentes/pcosme/CIF_1EC101/CIF2015_parte1.xls).
4 P. C. C. Vieira
Índice
Bibliografia 68
MFIG 5
1.0 Introdução
A Ciencia Económica trata da afectação dos recursos escassos. Quer isto dizer que
numa economia à Robinson Crusoé (em que não há comércio porque cada indivíduo produz
tudo o que consome), partindo de uma porção de terra e de trabalho, a Ciência Económia trata
da decisão do indivíduo quanto à produção de milho, trigo, couves ou feijão, da transformação
dos produtos agrícolas produzidos em galinhas, porcos ou tortilhas e de que parte da produção
vai para consumo e para investimento. Mas como não vivemos isolados, a Ciência Economica
trata também da troca entre os diversos agentes económicos e de como essa troca aumenta o
bem estar dos individuos.
Uma economia pode ser vista como um circuito aberto que começa nos Recursos
Naturais e acaba na Lixeira tendo dois circuitos fechados no seu interior (o circuito do
trabalho Consumo e o circuito do Capital Investimento).
Fig. 1.1 – A economia vista como um circuito aberto que começa nos Recursos Naturais e
termina na Lixeira
6 P. C. C. Vieira
O mercado induz ganhos no bem-estar das populações porque as trocas permitem que
os individuos se especializem nas actividades em que têm vantagens comparativas, permitem
o explorar das economias de escala e que sejam compatibilizados os gostos e preferências
individuais com as possibilidades de produção. As interacções no mercado resultam na
afixação de um preço (a relaçãi de troca, por exemplo, um kg de galinha por 6kg de milho)
que vai ser incorporado no processo de compatibilizar das possibilidades de produção com as
necessidades (gostos e preferências) dos individuos de forma a que a economia como um todo
funcione no ponto óptimo (ou próximo desse ponto).
A Finança não trata directamente dos recursos escassos porque trata apenas da
“titularização” dos recursos escassos que existem na economia. Assim, cria um sistema de
contabilização dos recursos escassos que materializa em “títulos”. Depois, esses títulos
autonomizam-se e passam a ser considerados como se fossem recursos escassos.
O instrumento financeiro com o qual temos mais contacto é a Moeda. Quando, por
exemplo, eu trabalho 10 horas (que é um recurso escasso) em troca de uma nota de 100€ (que,
no fundamento, não é um recursos escasso pois não pode ser consumida e podem ser
produzidas mais notas), estou apenas a titularizar o valor do meu trabalho. Apenas aceito
esses titulos (sem valor intrínseco) em troca do meu trabalho (com valor intrínseco) porque
acredito que existem bens e serviços na economia que eu posso adquirir em troca dos títulos
que obtive como pagamento do meu trabalho. Assim, quando tenho na carteira a nota de 100€
o seu valor já não resultar de originalmente o meu trabalho ter valor mas apenas de, com esse
título, poder adquirir os bens e serviços escassos que quero consumir.
O “título” que traduz a nota de 100€ está autonomizada não só relativamente ao valor
do meu trabalho e dos demais bens e serviços produzidos na economia como pode ser trocado
por outros “títulos”, por exemplo, posso trocar a nota de 100€ por 5 notas de 20€ ou trocar
(emprestado) por 3 notas de 50€ de daqui a 10 anos (recebendo 50€ de juros).
Além das notas (actualmente, todas as economias têm moeda), existem outros
instrumentos financeiros capazes de titularizar recursos escassos. Por exemplo, posso
titularizar uma casa (cujo preço de hoje é 100000€, permite ter uma renda de 300€/mês e
receber 60000€ daqui a 25 anos) em 100 “obrigações” de 1000€ cada que paga uma
mensalidade de 3,00€/mês e ainda 600€ ao fim de 25 anos. Agora, estas obrigações podem ser
vendidas de forma independente da casa e podem mesmo ser transformadas (por exemplo,
separado o pagamento final que vendo por 32650€, do valor da mensalidade que vendo por
67350€) ou combinados com outros títulos na construção de novos activos financeiros.
MFIG 7
Vamos supor que um empreendedor cria uma empresa na qual investe em máquinas,
conhecimento e organização um total de 100 mil € e da qual se prevê um lucro anual entre
5mil€ e 25mil€ durante um horizonte temporal de 10 anos findo o qual a empresa será
vendida por 50mil€. Esta empresa pode ser titularizada em 50 obrigações de 1000€ que
pagam um cupão anual de 100€ e um valor final de 1000€ (uma taxa de juro de 10%/ano) e
ainda 50 acções em que cada uma terá direito a um lucro anual entre 0€ e 400€ de que resulta
que cada uma das acções terá, para uma taxa de juro de 15%/ano, um valor financeiro de
1000€/cada. Criados estes títulos, estes podem ser comprados e vendidos e podem ser criados
fundos de investimento (uma mistura de títulos correspondentes a obrigações e acções de
várias empresas) que, por sua vez, também podem ser transformados em obrigações e acções
(estes títulos são denominados “títulos de participação em produtos estruturados”) e vendidos.
Como os activos financeiros têm menores custos de transacção e estão em suporte
virtual (maioritariamente), actualmente o volume de transacções de intrumentos financeiros é
muito superior ao volume de transacções dos bens e serviços que lhes são subjacentes.
Apesar de a titularização cria um activo financeiro que se autonomiza do recurso
escasso subjacente, nunca nos devemos esquecer que o “título” não é um recurso escasso pelo
que a “poupança de títulos” não traduz verdadeiramente uma poupança de recursos escassos
da economia como um todo.
Nos modelos que vamos tratar será assumido que os mercados financeiros são
completos o que traduz que são transaccionados no mercado títulos referentes a todos os
instantes de tempo desde hoje até a um horizonte temporal distante. Quer isto dizer que se
tenho recursos hoje, posso usar activos financeiros para transformar esses recursos noutros
recursos disponíveis num instante futuro qualquer mediante uma relação de transformação
que está dependente da taxa de juro de mercado e do tempo que medeia entre o intante
presente e esse instante futuro. Por exemplo, posso “enviar” 100€ para daqui a 25 anos
(emprestando hoje os 100€) recebendo em 2040 um total de 200€. Para eu poder realizar esta
troca tem que haver no mercado uma cadeia de individuos que materializem a minha vontade
realizando operações contrárias (“trazem” 200€ de daqui a 25 anos para o presente
transformando-os em 100€). Assim sendo, a minha vontade de “levar” o dinheiro apra o
futuro é a Oferta do Mercado (eu sou o produtor de poupança) e a resposta dos outros
indivíduos é a Procura do Mercado (os outros são os consumidores da minha poupança).
8 P. C. C. Vieira
A poupança individual.
A principal motivação para haver poupança é o ciclo de vida humana: o indivíduo tem
necessidade de consumir durante todos os, aproximadamente, 80 anos da sua vida mas apenas
é produtivo entre os 25 anos e os 65 anos de idade (ver, Fig. 1.2). Então, o individuo vai
precisar de guardar parte do que produz enquanto trabalha para ter recursos quando for
incapaz de trabalhar. Pode parecer estranho, mas o individuo também tem que ser capaz de
enviar recursos para o passado para pagar as despesas que teve enquanto era criança.
contraída em criança e jovem mais os juros (aos pais e ao Estado) e poupar 100000 Euros
(e.g., emprestar aos filhos, adquirir uma casa, activos financeiros ou emprestar ao Estado); e
que, quando se reforma, recebe (dos filhos, por vender os activos e do Estado) o dinheiro
poupado na meia-idade mais os juros para gastar em consumo.
aprender a calcular que, a 5%/ano, este aumento na produção tem um valor de 21141€ que é
maior que os 15000€ do investimento).
Como a escolaridade induz um aumento nos salários futuros da pessoa, será positivo a
criança adedicar o seu tempo (custo de oportunidade) e aplicar recursos a estudar (custo
financeiro que tem que pedir emprestados) para que o seu salário venha aumentado no futuro
(podendo mais do que pagar o crédito).
Mas para poupar não é obrigatório haver uma tansacção no mercado pois também
existe poupança (de recursos escassos) quando se adquirem bens que duram vários períodos,
e.g., uma máquina de lavar louça, um frigorífico ou uma casa (i.e., bens duradouros).
Como vivemos numa economia com moeda, os empréstimos são denominados em
numerário. No exemplo, o agricultor vende as 10 galinhas (a 2€ cada) e empresta os 20€ ao
vizinho que lhos devolve no futuro acrescidos de 10% de juros (i.e., um total de 22€) com os
quais o agricultor poderá adquirir 11 galinhas (a 2€ cada).
Ex.1.2. Um capitalista tem 100 ovelhas que vai emprestar em troca de 750kg de queijo
mais 100 ovelhas ao fim de um ano. Supondo que o preço de cada ovelha é 250€ e que o
preço do queijo é 5€/kg, determine a taxa de juro anual deste contrato.
R. Empresto 25000€ (que obtenho da valoração das 100 ovelhas ao preço de mercado)
e recebo 28750€ por ano (da valoração do queijo, 3750€, e das ovelhas, 25000€, ao preço de
mercado). A taxa de juro resolve a expressão seguinte:
Vf = V0 * (1 + r) r = (Vf – V0)/V0 = Vf / V0 – 1 r = 28750/25000 – 1 = 15%.
O juro também pode ser entendido como a “taxa de câmbio” entre bens disponíveis
em dois instantes de tempo diferentes (ou o termo de troca entre estes dois bens). Por
exemplo, posso trocar 10kg de “frango de agora” por 11 kg de “frango de daqui a um ano”
(uma taxa de juro de 10%/ano) sendo que esta troca é feita no presente. É estranho eu estar a
comprar e vender hoje bens que ainda não existem mas, no conceito de mercado completo,
todos os bens que possam vir a existir no futuro podem ser transaccionados no presente. A
existência de mercado completos é importante porque, muitas das vezes, apenas o bem é
produzido no futuro se já tiver sido vendido no passado.
Por exemplo, uma companhia de actores tem em projecto levar à cena daqui a 6 meses
um espectáculo para o qual precisa pelo menos de uma facturação de 10000€ (2500€ para o
aluguer da sala, 2500€ para os adereços e 5000€ para a remuneração do trabalho). A sala tem
capacidade para 2500 lugares que, normalmente, são vendidos na bilheteira a 6 € cada. Como
12 P. C. C. Vieira
é arriscado avançar com o projecto, a companhia lançou um crowdfunding no qual vai vender
previamente bilhetes a 5€ por lugar e só leva à cena o espectáculo se conseguir vender nos
próximos 2 meses pelo menos 1500 bilhetes (o dinheiro será devolvido no caso de o projecto
não avançar) que corresponde a 75% do break even point.
A poupança agregada.
A pessoa apenas pode emprestar recursos se poupar mas isto não garante que, no
agregado da economia, exista poupança. O agregado traduz a soma da poupança de todos os
individuos da economia. Se umas pessoas pouparem recursos hoje para que outras os possam
consumir hoje, então, não haverá poupança agregada. Assim, a poupança financeira individual
não tem necessariamente efeito económico agregado se o que uns poupam for imediatamente
consumido por outros (haverá apenas uma redistribuição do rendimento disponível). Para
haver poupança agregada a quantidade de capital da economia (seja capital produtivo ou
stocks) tem que aumentar ao longo do tempo.
Supondo uma economia com 2 tipos de agentes económicos, os credores, c, e os
devedores, d, e que no instante 0 e 1 estão disponíveis na economia um total de bens e
serviços Y0 e Y1, respectivamente. Sem crédito teremos (Yc0 quantifica a quantidade de bens
disponíveis para os credores no intante 0):
Y0 = Yc0 + Yd0 e Y1 = Yc1 + Yd1.
Com crédito V0 à taxa de juro r, os credores passam a ter disponível no presente (Yc0 –
V0) e os devedores (Yd0 + V0) mantendo-se Y0 = (Yc0 – V0) + (Yd0 + V0) = Yc0 + Yd0.
No futuro, os credores terão rendimento disponível aumentado, [Yc1 + V0 (1+r)], e o
devedores diminuído, [Yd0 – V0 (1+r)], mas mantendo-se Y1 = Y0:
Y1 = [Yc1 + V0 (1+r)] + [Yd0 – V0 (1+r)] = Yc1 + Yd1 = Y0.
Assim, neste exemplo, a existência de poupança dos credores não se traduziu em
poupança agregada porque essa poupança foi canalizada para consumo dos devedores.
Apenas haverá impacto económico se a poupança for encaminhada para investimento
que induza um aumento do produto futuro, Y1.
Em termos agregados, no futuro apenas serão consumidos os recursos disponíveis
nesse instante de tempo independentemente do valor nominal da poupança financeira
existente: Se houver mais activos (em termos nominais) que bens e serviços disponíveis
então, o valor nominal dos activos diminui.
Imaginemos uma aldeia onde há 1000 terrenos idênticos e onde a única forma de
poupar para a velhice é adquirindo um desses terrenos. Quando alguém compra um terreno
MFIG 13
por 1000 kg de milho está a poupar esse recurso (pois deixa de consumir o milho) mas, como
o número de terrenos é fixo, essa poupança individual não traduz uma poupança agregada
pois quem vende o terreno estará a “despoupar” na exacta quantidade (vai consumir os
1000kg de milho). Vamos supor que na aldeia, em termos individuais, as pessoas querem
poupar o dobro do que poupavam. Como o número de terrenos é fixo, a economia ajusta
fazendo o preço relativo dos terrenos aumentar para 2000kg de milho. Quando a quantidade
de “activos financeiros” na economia é fixo, a duplicação da propensão à poupança dos
individuos não faz aumentar a poupança agregada mas apenas faz duplicar o preço do “activo
financeiro”. A poupança em termos agregados obrigaria a que os 1000kg fossem armazenados
(para os tempos de seca) ou que fossem utilizados para pagar a pessoas que arroteassen novos
terrenos ou para melhorar o sistema de rega (o que induziria um aumento do total de capital
na economia).
A poupança de uma economia face ao exterior é condensada na Balança Corrente.
Relativamente à Zona Euro onde estamos integrados, nos últimos anos a situação tem sido
positiva face ao exterior (globalmente, a Zona Euro está a emprestar recursos escassos ao
exterior).
3,0%
Poupança
2,0%
1,0%
0,0%
-1,0%
-2,0%
Endividamento
-3,0%
-4,0%
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016
Fig. 1.4 – Saldo da balança corrente da Zona Euro em percentagem do PIB (BCE)
4,0%
Poupança
2,0%
0,0%
-2,0%
Endividamento de 177E6 €
-4,0%
-6,0%
-8,0%
-10,0%
-12,0%
1995 2000 2005 2010 2015
Fig. 1.5 – Saldo da Balança Corrente portuguesa em percentagem do PIB (INE e BP)
da actividade bancária, o crédito às famílias tornou-se a principal fatia do negócio dos bancos
comerciais.
i) Taxa de inflação. Os preços dos bens e serviços variam ao longo do tempo, uns
aumentando e outros diminuindo. O aumento do preço médio (que se traduz num aumento do
Nível Geral de Preços) denomina-se por inflação e quantifica-se como uma taxa anual. Se, por
exemplo, a taxa de inflação prevista para os próximos 12 meses for de 2,8%/ano, se eu
adquiro hoje um cabaz por 100€, para poder comprar o mesmo cabaz daqui a um ano terei que
desembolsar 102,80€.
Os preços dos bens e serviços aumentando acontece ao mesmo tempo uma diminuição
do valor da moeda (desvalorização).
Tendo eu uma soma de dinheiro que permite comprar um cabaz de bens e serviços, se
emprestar essa soma, havendo inflação, quando for reembolsado preciso de uma soma maior
para poder comprar um cabaz idêntico. Então, a taxa de juro terá que incorporar a taxa de
inflação para corrigir a desvalorização da moeda.
A teoria económica e a evidência empírica afiançam que a subida média dos preços
(i.e., a inflação) não tem relevância na afectação dos recursos escassos o que justifica que as
políticas monetárias da Zona Euro (e de quase todas as zonas monetárias do mundo) sejam no
sentido de, em média, haver um aumento do nível geral dos preços na ordem dos 2,0%/ano. O
16 P. C. C. Vieira
concenso está nas vizinhanças de 2,0%/ano mas também poderia ser outro valor, por exemplo
1,0%/ano ou 2,5%/ano.
Comparando Julho de 1999 (ano de fixação dos câmbios de transformação das moedas
locais em euros) e Julho de 2015, a taxa de inflação média na Zona Euro foi de 1,90%/ano.
4,0%
3,0%
2,0%
1,0%
0,0%
-1,0%
1995 2000 2005 2010 2015
Fig. 1.6 – Evolução da taxa de inflação anual na Zona Euro (dados: BCE)
de uma parcela e ainda ter uma vantagem. Este princípio tem como efeito que os investidores
remunerem a poupança com uma taxa de juro real positiva.
c) O PIB aumentar ao longo do tempo. Motivado pelo progresso tecnológico e pela
acumulação de capital, no futuro cada indivíduo será mais produtivo do que nós somos agora,
i.e., há ganhos de produtividade ao longo do tempo. Nos últimos 100 anos, os ganhos de
produtividade por trabalhador foram cerca de 1,5%/ano. Como haverá no futuro maior
abundância de bens e serviços, quem antecipa o consumo está disponível para devolver uma
quantidade maior de bens e serviços. Este princípio justifica uma tendência secular positiva
para taxa de juro real. No entanto, este princípio faz com que em períodos em que se prevê
uma diminuição do produto, a taxa de juro real seja negativa (e.g., quando há períodos de
crise de que uma guerra é um caso particular).
iii) Compensação por potenciais perdas (risco). A taxa de juro também compensa
não existir conhecimento perfeito sobre o que vai acontecer no futuro. Então, o agente
económico tem que acautelar as contingências futuras adversas. Por exemplo, os automóveis
têm uma roda sobresselente porque existe a probabilidade de acontecer um furo num pneu.
Como ao longo do tempo o risco de furo tem diminuido, a roda sobresselente tem piorados
nas suas características.
Vf = 0*p+V0*(1-i)*(1-p)
A taxa i tem que ser maior que a soma da taxa de inflação mais a taxa de juro real
para, assim, compensar em termos estatísticos o risco de o contrato não ser cumprido. Assim,
a taxa de juro sem risco, r, terá que ser acrescido de uma componente de forma a que o capital
recebido Vf seja, em média, igual ao que receberíamos sem risco. No caso da lotaria em que o
risco de incumprimento total é p teremos:
Vf = 0*p+V0*(1-i)*(1-p) (1+i) = (1+r) / (1-p) i = (1+r) / (1-p) - 1
Por exemplo, se pretendermos uma taxa de juro nominal sem risco de 2,0%/ano e
houver uma probabilidade de 2,5%/ano de o dinheiro e juros não serem devolvidos no fim do
prazo, a taxa de juro exigida no contrato para cobrir este risco terá que ser de 4,615%/ano.
i = (1+r) / (1-p) – 1 = (1+ 2,0%)/(1-2,5%)-1 = 4,615%
Em termos correntes falaríamos de um Spread de 2,615 pontos percentuais, pp,
relativamente à taxa de juro sem risco.
Vejamos outro exemplo. Um indivíduo empresta 1€ e, decorrido um mês, recebe uma
determinada soma de dinheiro que antecipa só ser paga se uma carta retirada do baralho for
um Rei. Qual a taxa de juro do contrato que faz com que o aforrador receba, em média, o euro
que emrpestou?
Como a probabilidade de não sair esse tipo de carta é 12/13 = 92,31%, a taxa de juro
acordada resolve 1€ = 0*92,31 + A*(1+R)*(1-92,31%) R = 1/(1-92,31%)-1 = 1200%/mês
(i.e., um contrato “equilibrado” terá que garantir que, em caso de sucesso, o aforrador recebe
1€ + 12€ = 13€).
b) Erro na previsão da inflação. Quando num contrato é prevista uma taxa de juro
nominal, apesar de apenas a componente real ter relevância económica, ao existir erro na
previsão da taxa de inflação então, existe o risco de a taxa de juro real ser diferente da
antecipada. Por exemplo, se a taxa nominal é de 10,00%/ano, para uma inflação antecipada de
5,00%/ano, a taxa de juro real será de (1+10,00%)/(1+5,00%) – 1 = 4,76%/ano. No entanto, se
no futuro se verificar que a inflação efectiva foi de 7,00%/ano, a taxa de juro real virá a
posteriori = (1+10%)/(1+7%) – 1 = 2,80%/ano, menor que o valor previsto na data de
assinatura do contrato o que prejudica o aforrador (e beneficia o devedor). Se, pelo contrário,
a taxa de inflação for menor, quem fica prejudicado é o devedor (e o aforrador é beneficiado).
Este risco tem um efeito negativo na economia (“Barro, 1995, estimates that a 10 percentage
point rise in inflation will reduce the growth rate of real per capita GDP by 0,2–0,3 percentage
MFIG 19
points per year, leading to output being lowered by between 4% to 7% after 30 years”, Issing,
2000, “Why price stability?”, pp.84).
Para melhorar a previsibilidade da taxa de inflação, os bancos centrais anunciam uma
meta para a inflação de longo prazo e, utilizando instrumentos de política monetária,
procuram fazer com que a inflação seja o mais estável possível em torno dessa meta que, na
generalidade das zonaas monetárias, é na ordem dos 2,00%/ano.
Uma forma de ultrapassar o risco de previsão da taxa de inflação é a taxa de juro
contratada ser variável. Por exemplo, contrata-se a taxa de juro real (mais a taxa de risco) e
deixa-se para o fim do contrato a determinação da “correcção monetária” que será feita a
posteriori.
4%
3%
Média móvel
2%
1%
0%
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016
25%
20%
15%
10%
5%
0%
1960 1970 1980 1990 2000 2010
Fig. 1.8 – Taxa de inflação portuguesa, 1960-2015 (homóloga mensal com alisamento
exponencial de 12 meses, dados: INE, a linha a castanho diminui 20%/ano)
instrumento de política é o banco central da zona monetária (por exemplo, o BCE para a Zona
Euro) pode absorver liquidez (i.e., aceitar depósitos) ou ceder liquidez (i.e., emprestar
dinheiro) aos bancos comerciais que, como intermediários, a transmitem a toda a economia.
Para desincentivar os bancos de recorrer ao BCE como fonte de financiamento de longo prazo
(e não por ser um spread para cobrir o risco), o BCE tem uma janela de desconto com um
spread de 1 ponto percentual (podendo ser ligeiramente menor): se, por exemplo, o BCE fixar
a taxa de juro (que denomina como taxa de desconto) em 3,00%/ano, então aceita depósitos à
taxa de 2,50%/ano e empresta dinheiro à taxa de 3,50%/ano garantido por “activos bons” (os
activos usados como colaterais terão que ter pelo menos A de rating). Além disso, os bancos
não podem usar sistematicamente o BCE para a obtenção de liquidez porque, num sistema
LIFO (last in, first out) de contabilização dos créditos, ao fim de um determinado prazo, a
taxa de juro aumenta. Somando estas duas razões (a necessidade de dar garantias boas e a taxa
de juro ser crescente com o prazo), a taxa de juro do BC é normalmente inferior à EURIBOR
não sendo usada como indexador do mercado de crédito.
Em vez de mudar a taxa de juro e esperar que os bancos aceitem ou cedam liquidez, o BC
pode ainda fazer operações de mercado aberto (open market) em que, para aumentar a
liquidez da economia, compra de obrigações (com rating superior a A) “vendendo” euros e,
para diminuir a liquidez, vende obrigações “comprando” euros.
Agência N.º de classes Melhor classe Pior classe
Fitch Ratings 9 AAA D
Moody's 21 Aaa C
Standard & Poor's 10 AAA D
Tabela 1.1 – Notações de rating para obrigações de longo prazo
Resumindo
A taxa de juro nominal, r, resulta da composição de três parcelas:
A taxa de juro real, R,
A taxa de inflação, , e
A taxa de incumprimento, p.
r = (1 + R)*(1 + )/(1 - p) -1
Por exemplo, para uma taxa de juro real de 2,00%/ano, uma taxa de inflação prevista
de 1,60%/ano e um risco de incumprimento previsto de 3,00%/ano, teremos no contrato uma
taxa de juro nominal de r =1,02*1,016/0,97-1 = 6,837%/ano. A taxa de juro sem risco seria de
24 P. C. C. Vieira
Ex.1.2. Determine a taxa de juro a cobrar quando a taxa de juro real pretendida é de
1,80%/ano, a taxa de inflação prevista é de 2,80%/ano, e a probabilidade de incumprimento
prevista é de 3,50%/ano.
R. Seria aproximadamente = 1,80% + 2,80% + 3,50% = 8,100%/ano e, em temos
exactos, = (1 + 1,80%) * (1 + 2,80%) / (1 - 3.50%) – 1 = 8,446%/ano.
Quando somamos taxas de juro, falamos em termos de pontos percentuais. Neste
exemplo, a taxa de juro real é 1,800 por cento ao ano a que se acrescentam 2,850 pontos
percentuais para corrigir a inflação e um Spread de 3,796 pontos percentuais para compensar
o risco de perda.
1.2 Capitalização
As taxas de variação (de que a taxa de juro é um exemplo) são referidas a uma unidade
de tempo, normalmente um ano, por exemplo, uma taxa de juro de 5,00%/ano ou uma taxa de
crescimento do PIB de 1,60%/ano. Se a duração do contrato for de vários anos mas os juros
forem pagos no final de cada ano, como estamos sempre a voltar à situação inicial, não há
qualquer problema algébrico. Esta é a situação dita normal.
Por exemplo, num crédito de 150000€ com uma taxa de juro de 2,657%/ano, no final
de cada ano, o devedor terá que pagar =150000€ * 2,657% = 3985,50€ de juros.
Se os juros são pagos apenas no fim do contrato, no fim de cada ano o devedor passará
a acrescer à sua dívida os juros que não são pagos, capitalizando-os. Neste caso, ao fim de
cada ano, acrescentam-se os juros ao capital em dívida. Estamos em presença da situação
dita capitalizada.
No cálculo da capitalização teremos que considerar duas situações, a capitalização simples e a
capitalização composta.
i) Capitalização simples
Apesar de os juros irem ficando em dívida, não se consideram explicitamente os juros
sobre os juros vencidos no fim de cada ano e não pagos, sendo, portanto, uma simplificação
que terá de ser tida em conta aquando da negociação da taxa de juro. Em termos algébricos é
semelhante à situação dita normal (em que os juros são pagos no fim de cada ano) mas em
que vamos somando os juros até ao pagamento final. Apesar de ser uma aproximação por não
considerar explicitamente os juros dos juros, faz sentido a sua utilização por ser simples de
compreender e calcular para pessoas com baixa literacia financeira e, para taxas de juro e
26 P. C. C. Vieira
prazos pequenos, faz uma diferença diminuta para a correcta capitalização em que os juros em
dívida vencem juros.
Sendo que é acordado um empréstimo de V0 euros durante n períodos a uma taxa de
juro r (por cento) por cada período, com capitalização simples apenas no fim do tempo
contratado é que se calculam os juros multiplicando o número de anos pela taxa de juro anual:
j = n*r. No final do prazo a dívida será, V0*(1 + n*r). Podemos verificar no quadro seguinte
que o “1” na expressão se refere ao capital inicial.
período do contrato, então o cálculo correcto dos juros deve incluir os juros dos juros que
entretanto passaram a estar em dívida (e que passaram a ser capital). Se é acordado um
empréstimo de V0 euros que será devolvido ao fim de n períodos acrescido de um juro à taxa
de r (por cento) por cada ano, então o capital em dívida aumenta a cada ano. Para o caso da
taxa de juro ser igual em todos os anos (taxa de juro constante), teremos:
Ex.1.8. Calcule o total a pagar num empréstimo a 5 anos em que o capital emprestado
é de 25000€, a 5,0%/ano, juros a pagar no fim do período com capitalização composta.
i) Determine a taxa de juro dos 5 anos e ii) determine qual teria que ser a taxa de juro para que
da capitalização simples resultasse o mesmo valor final.
R. i) O valor final a pagar será de =25000*(1 + 5%)^5 = 31907,04€. A taxa de juro da
duração total do contrato será (1+5%)^5 -1 = 27,628%. ii) Com capitalização simples a taxa
de juro do contrato teria que ser =((1+5%)^5 -1)/5 = 5,526%/ano e não 5,000%/ano.
Ex.1.9. Calcule, com o auxílio do Excel o Ex.1.5 mas com capitalização simples e
composta e determine o valor dos juros dos juros.
R. Capitalização simples, B1: =15000*(1+0,02754+0,02617+0,02465)
Também posso escrever em percentagem, B1: =15000*(1+2,754%+2,617%+2,465%)
28 P. C. C. Vieira
R. C9: =B9+B$7/100; D9: = C9; E9: = 1+C9 e copio as 3 células em coluna para
baixo o que faz B9 passar a B10 e B11 mantendo-se B$7 e C9 passa para C10 e C11.
Em D12:= B6*(1+ D9+D10+D11)) e em E7: =B6*E9*E10*E11.
D13: =D12-$B6 e copio em linha para a direita o que faz D12 passar a E12 mantendo-se $B6.
Finalmente, faço E14: =E13-D13.
Se alterarmos o valor de uma das células “variável”, por exemplo, de B7 de 2,0 para 1,5, os
valores serão automaticamente recalculados (950,40€; 970,58€ e 20,18€, respectivamente).
Depois, passo às cópias das expressões. Copio B6 até B15, C5 até C14 e D5 até D14.
Escrevo ainda a expressão B16: =B15-B5.
ii) para calcular a taxa de juro que deveria estar escrita no contrato se a capitalização fosse
simples e pretendessemos receber a mesma quantidade de juros, escrevia B17: = B16/B5/A14.
iii) Agora, alteravamos o valor da célula B2 até obtermos em B15 o valor de 25000€
(tentativa e erro). Podemos também utilizar a ferramenta Data + Goal Seek (Atingir
Objectivo). Resulta uma taxa de juro de 2,257% que traduz a “verdadeira” taxa de juro
quando temos 2,50%/ano mas com capitalizaçõ simples.
Notar que as entregas são num determinado instante de tempo (inicio do ano) e os juros são
referentes a um período de tempo (o ano inteiro, entre o inicio do ano 1 e o início do ano 2).
Aparentemente, a construção deste modelo é mais exisgente em termos de trabalho que
excrever apenas a expressão numa célula mas, de facto, não é por duas razões. Primeiro, em
MFIG 31
termos de expressões só precisamos escrever C4: =B4+E3; D4: =C4*B$1; E4: =C4+D4 pois
depois copio estas expressões (todas de uma só vez) até à linha 14. Segundo, é muito mais
fácil identificar eventuais erros de concepção, o que poupa tempo de verificação.
Ex.1.12. Num plano reforma a 40 anos, um indivíduo deposita 250€ no início de cada
meses durante 480 meses. Para uma taxa de juro de 0,25%/mês (capitalização composta
mensal), determine numa conta corrente o saldo no final dos 40 anos.
R. Uso a ferramenta “Series” para preencher os meses de 1 até 480. Em termos de
expressões, escrevo B5: =B$2; C5: =B5+E4; D5: =C5*B$1 e E5: =C5+D5 e copio as
expressões até à linha 484. O resultado capitalizado está na célula E484 (que formatei).
Ex.1.14. Num empréstimo de 100K€ foi acordado o pagamento mensal de juros à taxa
média do último mês da EURIBOR a 3 meses e o capital apenas no fim do prazo acordado.
Supondo um mês em que a taxa de juro foi de 0,237%/ano, quanto foi pago de juros?
R. Como a EURIBOR é uma taxa de juro anual, termos que calcular a taxa de juro
mensal, =(1 + 0,237%)^(1/12) – 1 = 0,019729%. Agora, multiplicando por 100K€, obtemos
os juros do mês, 19,73€ de juros.
Ex.1.15. Num empréstimo a 5 anos, foi acordada uma taxa de juro total de 25% o que
corresponderia a uma taxa trimestral de 1,250% se a capitalização fosse simples. Supondo que
a capitalização é composta e que os juros são pagos trimestralmente, qual será a taxa de juro
trimestral?
R. Um trimestre será 1/20 do período total do contrato pelo que a taxa de juro
trimestral será dada por =(1 + 25,0%)^(1/20) – 1 = 1,122%/trimestre.
Valor Futuro.
Quando se empresta uma soma a uma determinada taxa de juro anual (e.g., 1000€ a
4,0%/ano), no futuro (e.g., daqui a 10 anos), essa soma estará maior (no exemplo, =1000*
(1+4%)^10 = 1480,24€). Mas o conceito de taxa de juro também pode ser aplicado ao
princípio micro-económico de que os agentes económicos preferem o presente ao futuro.
Assim, ter hoje 10 galinhas é melhor que ter as mesmas 10 galinhas daqui a 10 anos e, por
maioria de razão por causa da inflação, é preferivel ter hoje 100€ a ter 100€ daqui a 10 anos.
Desta forma, existe um valor que torna a pessoa indiferente entre ter uma soma no futuro e ter
uma soma no presente. Se, a pessoa estiver indiferente entre ter 1000€ agora ou 1480,24€
daqui a 10 anos esntão, a pessoa “capitaliza a utilidade” à taxa de 4,0%/ano.
Nos valores que entram na comparação de indiferença (1000€ e 1480,24€) os 1000€
denominam-se por Valor Presente ou Valor Actual e os 1480,24€ denominam-se por Valor
Futuro.
O Valor Futuro, para agentes económicos que preferem o presente (i.e., taxas de juro
positivas), será maior que o Valor Presente.
O conceito micro-económico de “indiferença” entre recursos escassos disponíveis em
instantes de tempo diferente é importante porque permite comparar (e somar) recursos
financeiros que são disponibilizados em instantes de tempo diferentes. Neste caso, apesar de
não podemos comparar os valores directamente, usando a taxa de juro é possível “levá-los”
todos para um mesmo instante de tempo e, emtão, compará-los e somá-los.
34 P. C. C. Vieira
Ex.1.16. Uma tias solteiras propõem-se a darem-vos agora 10000€ ou 12000€ quando,
daqui a 3 anos, acabarem a licenciatura e entrarem no mestrado. Supondo que estão
indiferentes (indecisos) entre estas duas somas, qual será a taxa de juro a que capitaliza a
vossa utilidade?
R. Como as duas somas serem equivalentes, o valor futuro dos actuais 10000€ daqui a
3 anos terá que ser igual aos 12000€ disponíveis no futuro pelo que temos que determinar a
taxa de juro {r: 10000*(1+r)^3 = 12000} (1+r)^3 = 12000/10000 r = 1,2^(1/3)-1 =
6,266%.
Por exemplo, se emprestamos 100€ em 1-Jan-2015 a uma taxa de juro 5,0%/ano com
os juros e o capital pagos em 1-Jan-2035 (n igual a 20), com capitalização composta iremos
receber 100*1,05^20 = 265,33€. Se emprestamos 500€ em 1-Jan-2016 a uma taxa de juro
4,0%/ano, em 1-Abr-2016 (n igual a 0,25 anos) com capitalização composta iremos receber
500*1,04^0,25 = 504,93€.
No entanto, pelo menos em termos matemáticos, as expressões algébricas aceitam que
o número de períodos seja negativo. Neste ponto vou explicar qual o significado económico
de consideramos um período de tempo negativo.
Quando o n é negativo, representa a distância temporal entre o presente (em que é
pago o reembolso do capital mais os juros) e o instante passado em que foi feito o
empréstimo.
Cf = C0 * (1 + r) ^ n C0 = Cf / (1 + r) ^ n C0 = Cf * (1 + r) ^ -n.
Pro exemplo, recebi 100€ em 1-Jan-2015 como capital final de uma soma que tinha
emprestado em 1-Jan-1995. Se a taxa de juro foi de 5,0%/ano e a capitalização composta, o
montante que emprestei foi de =100*1,05^–20 = 37,69€ (ou 100 / 1,05^20 = 37,69€).
Quando tenho tempo negativo é normal denominar a taxa de juro (ou taxa de
capitalização) por taxa de desconto (por o resultado vir mais pequeno). Assim, levar uma
soma do presente para o futuro denomina-se por Capitalizar enquanto que trazer uma soma do
futuro para o presente denomina-se por descontar.
Ex.1.18. Numa linha de crédito LTRO (Long Term Refinancing Operation) do BCE
com taxa de juro de 1,0%/ano, um banco pediu um crédito a 3 anos para o qual usa como
garantia um conjunto de créditos imobiliários no valor de 100M€. Supondo que, por questões
de precaução, o BCE usa nos créditos imobiliários deste tipo uma taxa de desconto de
10%/ano, determine o valor máximo que o banco conseguirá obter de crédito.
R. Os 100M€ vão ter que ser descontados (aos presente) à taxa de 10%/ano. Assim,
teremos C0 = 100*(1+10%)^-3 = 75,131M€, pelo que o banco conseguirá, no máximo, um
crédito de 75,131M€ (um desconto de quase 25%). No final dos 3 anos, se o Banco no
entretanto, falir, os activos ficam para o BCE (poderão estar desvalorizados).
O n negativo também permite encontrar uma equivalência entre o capital que vou ter
disponível no futuro e o que teria que ter no tempo presente para ficar indiferente entre as
duas situações (sem necessidade de haver empréstimo da soma de dinheiro).
No meu emprego, vou receber daqui a dez anos 100€ de prémio de bom desempenho.
Supondo que eu desconto a utilizade do dinheiro à taxa de 6,0% ao ano, em termos de valor
36 P. C. C. Vieira
presente, esses 100€ são equivalente a ter agora =100€ * 1,06^-10 = 55,84€. Então, se alguém
me oferecer agora 56,00€ em troca dos prometidos 100€ daqui a 10 anos, eu preferiro os
56,00€ agora.
O Valor Actual (ou presente) tem a mesma potencialidade que o Valor Futuro quanto
à comparação de valores que estão disponíveis em instantes de tempo diferentes.
Ex.1.19. Um estudante, quando terminar o curso, vai receber de umas tias um prémio
de 10K€. Supondo que pensa terminar o curso daqui a 30 anos e que a sua taxa de desconto é
de 5,0%/ano, i) qual será o valor descontado ao presente (i.e., o valor actual) dessa soma de
dinheiro? ii) Supondo que alguém oferece ao estudante 2,5K€ hoje em troca dos 10K€
futuros, qual é a taxa de juro implícita neste contrato?
R. i) Os 10K€ valem no presente V0 =10000*(1+5%)^-30 = 2313,77€.
ii) 2500€ * (1+r)^30 = 10000 r = (10000/2500)^(1/30) -1 = 4,729%/ano
Ex.1.20. Deram-me a escolher receber 1000€ agora ou receber 675€ daqui a 3 anos
mais 675€ daqui a 10 anos. Para uma taxa de desconto de 5,0%/ano, o que será preferível?
R. Para comparar as verbas tenho que as colocar no mesmo instante de tempo, e.g.,
calcular o valor actual das duas parcelas que é =675*(1+5%)^-3 + 675*(1+5%)^-10 =
997,48€. Como o valor actual dos recebimentos futuros (997,48€) é menor que o recebimento
presente (1000€), vou optar por receber os 1000€ agora.
Ex.1.22. Uma vítima do regíme nazi depositou em 1940 todo o seu dinheiro num
banco. Sendo que decorridos 68 anos esse banco foi obrigado a devolver o capital depositado
acrescido de juros à taxa de 3.5%/ano, o que somou 1M€, qual terá sido o capital depositado?
R. Descontamos 68 anos o capital final de 1M€, resulta como capital inicial a soma
C0 = 1E6*(1+3,5%)^-68 = 96395,38€
1.4 Rendas
Os conceitos que apresentei (taxa de juro, capitalização e desconto) são suficientes
para, com a ajuda do Excel, resolver todos os problemas colocados pela “economia
financeira”. No entanto, ainda é preciso apresentar alguma terminologia e expressões
algébricas que detalharão os conceitos já apreendidos e enriquecerão a liguagem. Conceito
importante é o conceito de Renda.
Quando temos uma dívida, podemos pagá-la pela entrega de prestações periódicas
correspondentes aos juros de cada fracção de tempo mais o capital inicial no fim do prazo.
Esta situação é dita normal. Por exemplo, empresto 10000€ a 3% ao ano, recebendo 300€ no
fim de cada ano mais 10000€ no fim do prazo contrato (mais 300€ de juros).
Segundo, considerei que os juros são capitalizados o que traduz que o capital mais os
juros são pagos apenas no final do prazo contrato, seja a capitalização simples ou composta
(com juros de juros). Por exemplo, empresto 10000€ a 3% ao ano e recebo ao fim de 5 anos
11592,74€ (capitalização composta).
38 P. C. C. Vieira
Também considerei, no Excel, casos mais complexos em que são pagas prestações ao
longo do tempo. Agora, vou considerar as Rendas em que uma soma de dinheiro é
transformada num fluxo de rendimento (e vice-versa). Por exemplo, entregando hoje 10000€,
a pessoa vai receber uma mensalidade de 100€/mês no fim de cada um dos próximos 120
meses.
Na Renda cada uma das prestações inclui juros da fracção de tempo considerado e
uma amortização de parte do capital de forma a que no final do prazo não sobre nenhum
capital para pagar.
As prestações da renda podem ser constantes ou variáveis no valor, regulares ou
irregulares no tempo, podem começar a ser pagas imediatamente ou haver diferimento de
alguns períodos, podem ter duração limitada ou serem perpétuas.
O tempo.
Em termos conceptuais, para compararmos activos temos que referir todos os valores
ao mesmo instante de tempo (descontando ou capitalizando), por exemplo, às 0h do dia 1 de
Janeiro de 2015. Depois, entre o instante de tempo onde o recurso está disponível e o instante
de tempo para o qual o queremos “levar” existe um período de tempo. Assim, a escala do
tempo é uma linha contínua em que cada ponto é um instante de tempo, e.g., às 12h00 do dia
15 de Janeiro de 2015, e em que um intervalo de tempo é o segmento que medeia dois
instantes de tempo, e.g., o semestre que medeia entre as 12h00 do dia 15 de Janeiro de 2015 e
as 12h00 do dia 15 de Julho de 2015. O instante final de um período é sempre o instante
inicial do período seguinte (pagar no fim de 2010 é igual a pagar no início de 2011).
Como poderemos ver nos exemplo seguintes, o cálculo das rendas não acrescenta nada
de importante aos conceitos apresentados nos pontos 1.2 e 1.3.
B2: =(1+B1)^(1/12)-1; B6: =B$3; C6: =B6*(1+B$2)^-A6 e copio B6 e C6 até à linha 305.
C4: =SUM(C6:C305)
G6: =B$3; H6: =F6*B$2; I6: =F6+G6+H6; F7: =I6 e copio até à linha 305.
I4: =I305*(1+$B$2)^-300
Prestação antecipada.
Apesar de a renda ser perpétua (ter um número infinito de prestações), teremos que
somar mais uma prestação, a inicial. Assim, o valor actual da renda antecipada, Vant, fica
maior que o valor actual da renda postecipada, Vpost, exactamente no valor de uma prestação
o que é equivalente a capitalizar a renda perpétua postecipada um período:
P Pr P P
Vant P Vpost P (1 r ) Vpost (1 r )
r r r
Ex.1.26. Um agricultor arrendou um terreno por 50€/mês para sempre, pagos no fim
do mês (renda postecipada). Supondo uma taxa de juro de 2,50%/ano, qual será o valor
presente do terreno? E se a prestação for antecipada?
R. Calculo a taxa de juro mensal, =(1+2,5%)^(1/12)-1 = 0,205984%/mês, e aplico essa
taxa na expressão da renda perpétua postecipada: VA = 50/0,205984% = 24273,77€. Se for
antecipada vale mais 50€: Vant = 50/0,205984%(1 + 0,205984%) = 24323,77€.
Calcule o valor do terreno se a redução do risco de incêndio levar a uma diminuição da taxa
de juro para 1,5%/ano.
R. Calculo a taxa de juro referente a 10 anos (frequência de produção), =(1+3%)^10-1
= 34,392%, e aplico essa taxa na expressão da renda perpétua postecipada:
i) VA = (12*0,03)/34,392% = 1,05€/m2.
ii) VA = (12*0,03)/((1+1,5%)^10-1) = 2,24€/m2 ( o valor mais que duplica).
Prestação diferida.
Como a expressão da renda perpétua antecipada (quando a primeira prestação é paga
no instante zero) é dada por, VAant = P/r * (1+r), quando a primeira prestação é paga
decorridos n períodos de tempo desde o instante zero, teremos então que descontar a
expressão da renda perpétua antecipada o número de períodos de deferimento de que resulta a
expressão seguinte:
VAdef(n) = P/r * (1 + r) * (1 + r)^-n = P/r * (1 + r)^-(n-1)
A renda antecipada (n = 0), a paga no meio do primeiro período (n = 0,5) e a
postecipada (n = 1) são casos particulares desta expressão.
VAmeio = VAdef(0,5) = P/r * (1 + r)^-(0,5-1) = P/r * (1 + r)^0,5
Ex.1.28. Uma empresa procura financiar-se através da venda de rendas perpétuas que
pagam uma anualidade de 100€ e em que a primeira prestação é paga decorridos 10 anos da
realização do investimento. Para uma taxa de juro de 6,0%/ano, qual deverá ser o valor actual
da renda?
R. Se é decorridos 10 anos, temos uma renda antecipada no período 10, 100/6% * (1 +
6%), que temos que descontar 10 anos para o presente ficando:
V = 100/6% * (1 + 6%)^-9 = 986,50€.
Instante => 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Renda + 100€ 100€ 100€ 100€ 100€ 100€ 100€ 100€ 100€ ...
Renda - -100€ -100€ -100€ -100€ ...
Renda limitada 100€ 100€ 100€ 100€ 100€ 0€ 0€ 0€ 0€ ...
Para uma taxa de juro de 5%, teremos:
“Renda +” = 100/5% = 2000,00€
“Renda –” = 100/5% * (1+5%)^ - 5 = 1567,05€
Renda limitada =100/5% - 100/5% * (1+5%)^ - 5 = 100/5%*(1-(1+5%)^-5) =
= 2000,00€ - 1567,05€ = 432,95€
Em termos algébricos, para uma renda postecipada de duração de n períodos teremos
“V +” = P / r
“V –” = P / r (1 + r)^–n
V = “V +” - “V –” = P / r - P / r (1 + r)^–n = P / r *(1- (1 + r)^–n)
Sendo n o número de prestações, o valor actual da soma das n prestações será então
dado por:
VA = P / r *(1- (1 + r)^–n)
Se a renda for paga no princípio do período (i.e., antecipada), teremos que somar a
prestação inicial e subtrair a prestação final que é equivalente a capitalizar um período, i.e.,
multiplicar por (1 + r):
(1 r ) (1 r ) ( N 1) P
V P
P
r
1 (1 r ) ( N 1) P
r
1 (1 r ) N (1 r )
r
Assim, da mesma forma que na expressão da Renda Perpétua, a renda antecipada
aparece multiplicada por (1+r) mas a diferença já não é igual a uma prestação.
de juro de 3%/ano, i) qual o valor que terá na conta aos 35 anos? ii) Suponha que o Figo, com
essa poupança, pretende receber uma reforma de prestações iguais entre os 35 anos e os 85
anos (600 prestações postecipadas e diferidas 10 anos), de quanto vai ser a prestação?
R. Vamos calcular o valor presente da renda e depois determinar o seu valor futuro
daqui a 10 anos (capitalizá-la). Sendo r = 1,03^(1/12) – 1 = 0,246627%/mês, vem:
VA = 100/0,246627%*(1-(1+0,246627%)^-120) *(1+0,246627%) = 10401,83K€
VF = VA * (1+r)^10 = 10401,83K * (1+3%)^10 = 13979,19K€
ii) Se fizermos a conta em relação ao instante zero, teremos uma renda defirida 10
anos:
10401,83 = P/0,246627%*(1-(1+0,246627%)^-600)*(1+3%)^-10
P = 10401,83*0,246627%/(1-(1+0,246627%)^-600)/(1+3%)^-10
P = 44,665K€
Se fizermos em relação ao instante “10 anos” (em que começa a pensão), obteremos
exactamente o mesmo resultado para a pensão:
10401,83*(1+3%)^10 = P/0,246627%*(1-(1+0,246627%)^-600)
13979,19 = P/0,246627%*(1-(1+0,246627%)^-600)
P = 13979,19*0,246627%/(1-(1+0,246627%)^-600)
P = 44,665K€
VA
P
r
1 (1 r ) N (1 r )
V0 = 250/0,165158%*(1-(1+0,165158%)^-120)*(1+0,165158%) = 27238,81
Para saber o saldo da conta, capitalizo este valor para o fim do prazo (120 meses ou 10 anos)
V120 = 27238,81 * (1+0,165158%)^120 = 33203,95€
MFIG 45
ii) Aplico o mesmo raciocínio mais 120 meses e somo o capital que já tinha em t = 120 meses.
V120 = 33203,95 + 300/0,165158%*(1-(1+0,165158%)^-120)*(1+0,165158%) = 65890,52€
V240 = V120 *(1+0,165158%)^120 = 65890,52 *(1+0,165158%)^120 = 80320,16
iib) Também podia somar uma renda de 250€/mês durante 240 meses mais uma renda de
50€/mês durante 120 meses, diferida 10 anos.
V240 = (250/0,165158%*(1-(1+0,165158%)^-240)*(1+0,165158%) + 50/0,165158%*(1-
(1+0,165158%)^-120)*(1+0,165158%)*(1+0,165158%)^-120)* (1+0,165158%)^240
iii) Vou fazer o cálculo da prestação no instante em que começa a reforma:
P/0,165158%*(1-(1+0,165158%)^-180)*(1+0,165158%) = 80320,16
P = 80320,16*0,165158%/(1-(1+0,165158%)^-180)/(1+0,165158%)
P = 515,35 €/mês
Ex.1.32. (Transformar fluxos num stock) Um agricultor deposita no fim de cada trimestre
uma média de 1000€ que varia por causa da sazonalidade. Assim, no 1T deposita 70%, no 2T
deposita 80%, no 3T deposita 100% e no 4T deposita 150% relativamente à média. Para uma
taxa de juro de 2,50%/ano capitalizada de forma composta e 30 anos de poupança, i)
determine a equivalência da soma final que o agricultor terá no banco em termos de dinheiro
do instante inicial, V0, e ii) quanto é a soma final, V30.
R. i) Vou começar por considerar 4 rendas anuais (cada trimestre é uma renda
independente) antecipadas para diferi-las trimestres inteiros.
V1T0 = 700/2,5%*(1-(1+2,5%)^-30)*(1+2,5%)*(1+2,5%)^-0,25 =14925,07€
V2T0 = 800/2,5%*(1-(1+2,5%)^-30)*(1+2,5%)*(1+2,5%)^-0,50 =16952,24€
V3T0 = 1000/2,5%*(1-(1+2,5%)^-30)*(1+2,5%)*(1+2,5%)^-0,75 =21059,90€
V4T0 = 1500/2,5%*(1-(1+2,5%)^-30)*(1+2,5%)*(1+2,5%)^-1 = 31395,44€
V0 = V1T + V2T + V3T + V4T =14925,07+ 16952,24+ 21059,90+ 31395,44= 84332,65€
ii) V30 = V0 * (1+2,5%) ^30 = 84332,65€* (1+2,5%) ^30 = 176893,43€
ii) Decorridos 5 anos, só faltam outros 5 anos para o recebimento pelo que a obrigação
terá menor número de cupões a receber mas os 100€ da remissão só serão descontados 5 anos
o que faz valorizar a obrigação: V5 = 100*1,075^-5 + 5/7,5%*(1- (1+7,5%)^-5) = 89,89€
iii) A taxa de juro passa a ser 7,5% + 1% = 8,5% pelo que o aumento da taxa de juro
de mercado induz ima desvaloriza instantânea da obrigação de 89,89€ para V5 = 100*1,075^-
5 + 5/7,5%*(1-(1+7,5%)^-5) = 86,21€, em termos relativos, = 86,21/ 89,89 - 1 = -4,09%
Ex.1.33. iv) Se o investidor adquiriu a obrigação a 75€, qual a taxa de juro efectiva do
meu negócio?
R. iv) Tenho uma equação implícita 100*(1 +r) ^-10 + 5/r*(1-(1+r)^-10) = 75€ o que
será fácil de resolver usando a ferramenta do Excel Data+Goal Seek: A1: = um valor
qualquer; A2: =100*(1+A1)^-10 + 5/A1*(1-(1+A1)^-10) - 75€ e faço a célula A2 igual a zero
pela alteração da célula A1 resultando 8,874%/ano.
48 P. C. C. Vieira
Ex.1.34. Uma obrigação soberana (i.e., emitida por um Estado) a 50 anos emitida em
2010 cujo par é 1000€ paga um cupão de 30€ no fim de cada ano e o par mais o cupão no fim
do prazo. Qual a taxa de juro da obrigação se for adquirida por 1010€?
R. Terei que resolver 1010 = 30/r*(1-(1+r)^-50)+1000*(1+r)^50 com a ferramenta
Data+Goal Seek do Excel fazemos A2: =30/A1*(1-(1+A1)^-50)+1000*(1+A1)^-50 - 1010
igual a 0 por alteração de A1 de que resulta r = 2,961%/ano.
Ex.1.35. Um televisor Tal-Tal tem o preço a pronto pagamento de 1190 Euros mas o
comprador pode comprar a crédito “pagando 119€ na entrega do bem mais 12 prestações
trimestrais de 100€”. i) Determine a TAEG deste contrato de crédito. ii) Se a taxa de juro de
mercado sem risco for de 2,0%/ano, qual é a probabilidade de incumprimento implícita no
contrato de crédito?
R. Resolvemos este problema no Excel.
Primeiro, construímos o modelo.
B2: = 1190-119; B3: 100 e copio até B14
C2: =B2*(1+E$2)^(-A2) e copio em coluna.
C15: =Soma(C2:C14)
Depois, com a ferramenta Data+ Goal Seek,
defino a célula C15 para o valor 0 alterando E2.
Resulta que a TAEG é de 7,374%/ano.
ii) A probabilidade implícita de incumprimento
resolve a diferença entre a taxa contratada, r, e
a taxa de juro sem risco, i:
(1 + r) = (1 + i) / (1 - risco) (1 - risco) = (1 + i) / (1 + r) risco = 1- (1 + i) / (1 + r)
E5: =1-(1+E4)/(1+E3) = 5,005%/ano
Ex.1.36. Um anúncio dizia “Telefone que lhe emprestamos 5000€ por apenas 150€
mensais (durante 60 meses, TAEG=29,28%/ano, encargos totais do crédito de 9000€)”.
Confirme a TAEG.
R. A norma das compras a crédito é que a prestação seja postecipada (paga no fim do
mês) pelo que teremos que resolver a expressão da renda postecipada no Excel usando a
ferramenta Data + Goal Seek:
MFIG 49
V
P
r
1 (1 r ) N 5000
150
r
1 (1 r ) 60 r = 2,175%/mês r = 29,461%/ano
A1: 5%; A2: =150/A1*(1-(1+A1)^-60), fazer A2 igual a 5000 pela mudança de A1.
A TAEG é 29,461%/ano, ligeiramente superior ao anunciado.
2,25 €
2,00 €
1,75 €
1,50 €
1,25 €
1,00 €
1960 1970 1980 1990 2000 2010
Fig. 1.10 Evolução do preço da gasolina sem chumbo a preços de 2014 (dados: Pordata).
preços em cada período de tempo, normalmente um ano. O nível geral de preços obriga a
considerar um cabaz de bens que, por exemplo, no consumidor, refere-se ao cabaz médio de
bens e serviços que as família adquirem. O cabaz é obtido por inquéritos às famílias a
intervalos de aproximadamente 10 anos denominando-se o ano do inquérito por ano base e o
Índice de Preços fica escalado nesse ano base normalmente com o valor 100. Nas famílias o
preço médio denomina-se por Índice de Preços no Consumo, IPC. Apresento na figura 1.11
um exemplo ilustrativo (simulado) de construção no Excel de um IPC que segue a
metodologia de Laspeyres (i.e., cabaz fixo) em que o ano base é 2005.
Apesar de o índice de preços dever ser referido a um instante de tempo (porque os
preços referem-se a um isntante de tempo), por dificuldades de medida, é referido a um
intervalo de tempo, normalmente, um mês, e.g., Jan 2014, ou, em períodos passados ou em
paises com deficientes institutos de estatística, a um ano.
Preços Constantes.
Quando retiramos ao preço corrente a subida média dos preços (i.e., a inflação)
obtemos o preço em termos reais do bem ou serviço em análise (ou o rendimento real) que
também se denomina por preço em preços constantes.
Para transformar preços correntes em preços constantes utilizamos o índice de preços
como deflator (andar para trás no tempo) ou inflacionador (andar para a frente no tempo) do
preço corrente.
MFIG 51
Em termos de notação, vou adoptar PTJ para referir um preço do ano J em preços
constantes do ano T. Como caso particular teremos PJJ como o preço corrente do ano J que
pode ser simplificado a PJ.
Se precisarmos transformar os preços correntes do período J, PJ.J, em preços reais
com base no ano T, PTJ, teremos que multiplicar o preço corrente pelo índice de preços do
período T, IPXT, e dividir pelo índice de preços do período J, IPXJ, (Adopto o anos base X
porque não interessa qual o ano base do IP já que vai “cortar”):
IPX T
PT J PJ J
IPX J
Podemos agora “cortar” termos na expressão para verificarmos que é a correcta. Esta técnica
visual deve ser sempre usada para verificar se o raciocínio está correcto.
Ex. 1.37. Um indivíduo tinha 5000€ em 1960 (a preços correntes de 1960). Sabendo
que o IP20141960 valia 1,83 (e IP20142014 = 100) determine quanto era essa soma em termos
de preços de 2014.
R. Vou multiplicar a soma pelo IP20142014, 100, e dividir pelo IP20141960:
Soma20141960 = Soma19601960 * IP20142014 / IP20141960
Soma20141960 =5000 * 100/1,83 = 273K€.
Em 1960 essa pessoa tinha 273 mil € (a preços constantes de 2014). Notar o tempo verbal
“tinha” pois, apesar de o preço ser constante de 2014, os 273 mil € a preços de 2014 estavam
disponível em 1960.
A Taxa de Inflação.
A taxa de inflação é calculada com base no índice de preços no consumidor, IPC, que,
como referido, traduz um preço médio de um cabaz de bens e serviços representativo das
compras dos consumidores (índice de cabaz fixo, Laspeyres). O IPC é calculado pelo Instituto
Nacional de Estatística, INE, com periodicidade mensal.
Uma vez calculado o índice de preços mensal, já podemos calcular a taxa de inflação que tem
várias leituras.
i) A taxa de inflação homóloga é a variação percentual entre o IPC do mês corrente e o IPC
corrente no mês homólogo do ano anterior. Assim, traduza quanto os preços considerados na
proporção do cabaz aumentaram nos últimos 365 dias, estando por construção livre de
sazonalidade.
Inflação Jan2015 = IPCX Jan2015 / IPCX Jan2014 -1
ii) A taxa de inflação anual é a média das 12 taxas de inflação homóloga referentes a todos
os meses do ano.
Inflação 2015 = (Inflação Jan2015 + ... + Inflação Dez2015)/12
iii) A taxa de inflação em cadeia é o aumento no IPC num mês relativamente ao mês
anterior. Assim, refere-se ao aumento nos preços do último mês.
Inflação Mensal Jul2015 = IPCJul2015/ IPCJun2015 -1
iv) A taxa de inflação acumulada é a variação percentual entre o IPC de Dezembro do ano
anterior e o IPC do mês em referência do ano actual.
Inflação Ac Jul2015 = IPCJul2015/ IPCDez2014 -1
v) A taxa de inflação mensal anualizada é a variação percentual entre o IPC no mês anterior
e o IPC no mês actual mas capitalizado 12 meses para ficar na unidade %/ano.
Inflação Med An Jul2015 = (IPCJul2015/ IPCJun2015)^12 -1
MFIG 53
O índice de preços de um ano é obtido como a média dos índices de preços mensais.
Desta forma, podemos obter a taxa de inflação média de um ano usando os IPC anuais mas dá
ligeiramente diferente da média das taxas de inflação homólogas. No entanto, para taxas de
inflação menores que 5%/ano, a diferença é menor que 1 pontos base (ver o Ex.1.39 onde a
diferença é de 0,3 pontos base).
Ex.1.40. Supondo que o IPC20052000 vale 79,41 e IPC20052010 vale 107,93, determine
a taxa de inflação média anual na década de 2000.
R. Neste caso, vamos calcular a inflação total e “dividi-la” pelos anos que medeia
estes dois “instantes” de tempo.
Tx.Inflação(2000-2010) = (107,93/79,41)^(1/10)-1 = 3,12%/ano
Como a taxa de inflação é calculada com o IPC, podemos utilizá-la na reconstrução do
IPC
54 P. C. C. Vieira
D1: =(1+B1)^(1/12)-1 e copiava para D2; B7: =B$4*(1+D$2)^A7 e C7: =B7*(1 + D$1)^-A7
e copiava ambas as expressões até à linha 606; D7: =Sum(C7:C606).
i) Em termos de preços constantes do instante zero, as prestações vão ser de 258,58€/mês.
ii) Em termos de preços correntes, a primeira prestação vai ser de 258,99€ e ii) a última
prestação vai ser de 662,68€.
MFIG 55
Fazer uma análise a “preços contantes” é mais fácil que a “preços correntes” porque
podemos assumir que a maioria das variáveis (por exemplo, os salários,) se vai manter
constante.
O sistema de pensões.
Os sistemas de pensões públicos têm como filosofia a transferência de recursos entre
as pessoas que estão a trabalhar e as que estão reformadas: quem trabalha hoje contribui com
uma percentagem do seu salário directamente para o pagamento dos que estão hoje
reformados. Assim, no cálculo da pensão, o sistema não precisa calcular o valor capitalizado
dos descontos de cada contribuinte mas apenas saber se as contribuições de hoje são
suficientes para pagar as pensões de hoje. No entanto, porque os jovens de hoje precisam
saber qual poderá ser a sua pensão de reforma daqui a muitos anos, é preciso identificar o
critério que faz com que as regras de cálculo das pensões (por exemplo, 2,0% do salário de
56 P. C. C. Vieira
Ex.1.42. Num sistema de pensões pretende-se desenhar uma regra para o cálculo do
valor das pensões (uma percentagem do salário de anual) que torne o sistema sustentável no
longo prazo. Supondo como cenário que a pessoa, desconta durante 40 anos, tem um salário
constante (análise a preços constantes), desconta 20% do seu salário e que vai estar reformado
20 anos, determine a regra no caso de i) a taxa de crescimento do PIB ser de 3,0%/ano e ii) de
ser 1,0%/ano.
R. Como no fim de um sistema equilibrado o saldo é zero, teremos que resolver a
expressão seguinte (para o caso de 100€/mês):
P/Rm*(1-(1 + Rm)^-240)* (1 + Rm)^-480 = 20/Rm*(1-(1 + Rm)^-480)
P = 20*(1-(1 + Rm)^-480)/(1-(1 + Rm)^-240)/ (1 + Rm)^-480
i) Rm = (1+3,0%)^(1/12) = 0,246627% => P = 101,36% do salário. Dividindo por 40
anos, será sustentável atrivuir de pensão 2,53% do salário de cada ano de trabalho.
ii) Rm = (1+1,0%)^(1/12) = 0,082954% => P = 54,18% do salário. Dividindo por 40
anos, a pensão sustentável reduz-se a 1,35% do salário de cada ano de trabalho.
10%
5,3%/ano
3,3%/ano
5%
0,05%/ano
0%
-5%
1960 1970 1980 1990 2000 2010 Ano
para que a taxa de inflação (em termos genéricos, a taxa de variação da série) se mantenha
consistente com os dois tramos.
Ex.1.43. Temos uma série com três tramos: o Tramo 1 tem como base o ano 2000 e é
calculado até ao ano 2005, o Tramo 2 tem como base o ano 2005 e é calculado entre o ano
2005 e o ano 2010 (existe sobreposição no ano 2005) e o Tramo 2 tem como base o ano 2010
e é calculado entre o ano 2010 e o ano 2015 (existe sobreposição no ano 2010). Pretende-se
construir uma série que tenha por base o ano 2000.
Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Tramo1 100 101,8 106,7 107,4 112,6 124,6
Tramo2 100 103,6 109,8 109,7 112,1 118
Tramo2 100 103,6 109,8 109,7 112,1 118
Série 100 101,8 106,7 107,4 112,6 124,6 129,1 136,8 136,7 139,7 147,0 152,3 161,4 161,3 164,8 173,5
Salto 1,246 1,470
Média 3,74%
pago com preferência sobre os demais credores que não gozem de privilégio especial ou de
prioridade de registo (art. 686º do CC).
====================CONTRATO DE MÚTUO====================
Mutuante: João das Regras, Solteiro, Maior, NIF 111111111, NBI 6666666 – Lisboa
válido até 17-03-2015, morador na R. Santos da Casa, 345, 2ºEsq, V.N. de Gaia. ===========
Mutuários: Américo Vespaniano e Amélia dos Olhos, casados entre si em comunhão de
adquiridos, NIF 2222222 e 33333333, NBI 7777777 – Lisboa valido até 11-07-2012 e 8888888
– Lisboa válido até 03-09-2011, respectivamente, ambos moradores na R. Espeto de Pau, 254,
3.º Drt, Póvoa do Rio. ====================================================
Fiador: Joaquim Furriel da Silva, NIF 444444444, NBI 999999999 – Lisboa válido até
30-11-2017, morador na R. Torre e Espada, 30, 1º, Terracota de Baixo. =================
O Mutuante entrega aos Mutuários nesta data pelo cheque n.º 54738 da conta 45833345320
do BPT em que o Mutuante é titular 30000€ (trinta mil Euros) como empréstimo pelo prazo de 5
anos a uma taxa de juro anual de 3% ao ano em que os juros vencidos terão que ser pagos até ao
dia 30 de Maio de cada ano. Os Mutuários aceitam os 30000€ nas condições do presente
contrato. ============================================================
O fiador está consciente e aceita que, em caso de incumprimento dos Mutuários, passa a ter
a obrigação de pagar os juros e o capital em dívida. ===============================
Vila Nova de Gaia, 25 de Maio de 2009 ==================================
Assinatura do Mutuante
Assinatura dos Mutuários
Assinatura do Fiador
Todas as assinaturas reconhecidas presencialmente num cartório notarial
MFIG 61
Este capítulo será de condensação das ferramentas básicas usadas na disciplina. Assim, será
um texto de apoio e de consulta do aluno.
A Folha de Cálculo
É formada por uma grelha cartesiana de células
endereçadas. O endereço de cada célula é a sua coluna
(designada por uma letra) e a sua linha (designada por
um número). Por exemplo, na figura do lado estou com
o cursor na célula B5 que está vazia.
Existe uma célula em uso onde posso escrever ou alterar o que lá tem escrito, apenas
uma de cada vez. Posso mover a célula em uso com as setas ou deslocando o cursor do rato e
clicando na nova célula que quero. Se precisar seleccionar mais do que uma célula, uso a tecla
Shift, , ou a tecla Ctrl mas mantém-se apenas uma célula em edição.
Expressões algébricas
Na célula posso escrever valores sejam eles palavras ou números e expressões que vão
ser cálculadas.
No Excel, as expressões de cálculo começam pelo símbolo = e podem conter números,
operadores algébricos da soma, +, subtracção, -, divisão, /, multiplicação, *, potenciação ^ e
ainda parênteses curvos para controlar a precedência das operações e referências a outras
células.
Por exemplo, se quizer transformar a taxa de juro anual de 5%/ano na taxa de juro
mensal correspondente, escreverei numa célula a expressão =(1+5%)^(1/12)-1.
62 P. C. C. Vieira
Referências a células
Nas expressões algébricas também posso incluir referências a outras células como se e
funcionará como o valor que está nessa célula estivesse escrito na expressão.
Se, por exemplo, na célula B1 tiver escrito 5%, ao escrever e B2: = (1+A1)^(1/12)-1,
resultará a taxa de juro mensal efectiva correspondente aos 5%/ano.
A vantagem de usar nas expressões referênciuas a células é que estas vão funcionar
como variáveis ou parametros da expressão. Assim, se eu alterar o conteúdo de uma célula
(e.g., B2) as expressões que a usam, (e.g., B3: =(1+B2)^(1/12)-1) são recalculadas
automaticamente. O uso de referências tem ainda a vantagem de podermos encadear as
expressões e assim transformar expressões extensas (e mais sujeitas a erro de sintaxe) em
expressões mais simples (e onde os erros são mais fáceis de identificar).
Copia de expressões
Ao copiar as expressões de umas células para outras, as referências às células vai
sofrer alterações. Assim, se eu copiar na horizontal para a direita, a letra das referências vai
aumentar e vice-versa. Por exemplo, se eu copiasse a expressão que está na célula B7:
=B1*B3/((1-B4^-B6)*B4) para a célula C7, a expressão copiada não seria a original mas
haveria o incremento de uma letra C7: =C1* C 3/((1- C 4^- C 6)* C4). O incremento na letra
MFIG 63
Se copiar ao longo das colunas, o número que refere a linha da referência vai ser alterado.
Fixar referências.
Quando escrevo a expressão, posso explicitar que, quando a for copiar, uma referência
é para manter tal e qual. Se assim o fizesse, no Ex.4.2 não precisava de repetir o valor em
dívida nem o prazo. A indicação é feita colocando o cifrão, $, antes da letra (se for copiar em
linha e não quiser que a coluna se altere) ou do número (se for copiar em coluna e não quiser
que a linha se altere). Tanto posso fixar a coluna (para quando copiar em linha), a linha (para
64 P. C. C. Vieira
quando copiar em coluna) ou ambos. Além de poder excrever $ na expressão, também posso
usar a tecla F4 para colocar os cifrões (repetidamente, vai trocando os locais onde estão os
cifrões).
Ao utilitar o cut + Past (cortar + colar) posso mover as células de local, alterando o
aspecto da folha de cálculo, sem me preocupar com as expressões pois estas são
automaticamente re-escritas, estejam ou não fixadas. Enquanto que ao copiar se alteram as
referências da expressão colocada na célula copiada, ao mover (i.e., cortar e colar), as
referências da célula movida não se alteram mas alteram-se as das células a jusante (que usam
a célula movida).
Por uma questão estética, uni as células A5:A7 e as células D1:H1, fiz uma grelha na área dos
resultados, D5:H7, e sombreei as células com as taxas de juro, os prazos e os resultados
MFIG 65
Para encontrar a solução positiva, colocava um valor inicial para y diferente, e.g.,
1000, resultando como solução 8,5208. Se desse o mesmo, teria que experimentar outros
valores iniciais para y.
Se precisasse de mapear a função, teria que experimentar vários valores para x,
reaplicando a ferramenta Data+Goal Seek e copiando o resultado para o lado (colar
66 P. C. C. Vieira
especial+valores) para cada valor do x. Como tem duas soluções, teria que descobri-las
experimentando diferentes valores iniciais para y.
10
Y+
0
Y-
-5
-6 -4 -2 0 X2
Ex.4.6. Uma instituição financeira propõe-lhe um plano de poupança em que, por cada
100€ aplicado no início de cada mês, ao fim de 40 anos capitaliza 80000€. Determine a taxa
de juro implícita neste produto financeiro.
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