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Também é ruim o fato de muita gente ter esquecido o Freud em começo de carreira, que desejava achar bases
biológicas, neurológicas e químicas claras para os problemas mentais e dizia aguardar com ansiedade explicações
“testáveis” — passíveis de verificação por qualquer um em laboratório — e físicas para esses fenômenos. Em vez
disso, as pessoas endeusaram complexos de castração e de Édipo, id, ego e superego, de forma cada vez mais
dogmática, até que boa parte da psicanálise virou exibicionismo literário (não é à toa que o último reduto freudiano são
os departamentos de literatura das universidades). Mas, se Freud não explica quase nada, Darwin explica.
É o objetivo deste escriba mostrar, nos seguintes parágrafos, qual o grande acerto de Freud (sim, ele o teve, e foi
importantíssimo) e, principalmente, contar como a combinação de psicologia evolutiva e neurociência reforma um
bocado, e muitas vezes pode demolir, as idéias freudianas sobre sexualidade, sonhos e inconsciente. É um daqueles
casos clássicos em que nem a hipótese mais elegante resiste a um aglomerado de fatozinhos desagradáveis. Vamos
lá?
Ao barbudo o que é do barbudo: Freud acertou em cheio ao insistir na idéia de que a imensa maioria dos nossos
processos mentais se dá em nível inconsciente. Em certo sentido, isso vale até pra ações conscientes. Sabe-se, entre
outras coisas, que os impulsos neuronais ligados à tomada de uma decisão pelo cérebro podem ser detectados ANTES
da consciência dessa decisão (o que, para alguns, coloca em xeque até a noção de livre-arbítrio, mas essa é uma outra
história). Sim, o inconsciente é o senhor da vida mental – coisa, aliás, que outros pensadores contemporâneos de
Freud também diziam; ele não inventou a idéia.
O xis da questão é o porquê disso, e é justo em seu maior triunfo que o edifício freudiano começa a esboroar. O grosso
do nosso funcionamento cerebral não é inconsciente porque escondemos de nós mesmos o lado negro de nosso ser,
como argumentava Freud: é inconsciente porque daria trabalho demais e seria perigoso demais se não fosse.
Deixemos a coisa um pouco mais clara. Todos sabemos como é desconfortável dirigir um carro ou andar de bicicleta
pela primeira vez, porque cada ação precisa ser executada de forma deliberada e consciente: pensar para dirigir só
atrapalha. Uma vez que os mecanismos de guiar são internalizados, passando para a nossa memória implícita
(diferente da explícita, aquela que a gente usa para guardar um número de telefone), tudo fica mais fácil – e mais
seguro para motorista e passageiros.
O mesmo vale para uma série de funções do sistema nervoso, desde as mais básicas, que mantêm funcionando nossa
respiração, até as reações emocionais mais diversas ou mesmo os julgamentos morais, que parecem ter uma base
emocional muito forte, passando por reconhecimento de rostos e palavras, decisões sobre quem é ou não é atraente
etc. É muito difícil, se não impossível, encontrar uma base racional consciente para todas essas coisas – em parte
porque muitas delas são importantes demais para ser deixadas à mercê de um raciocínio lerdo. Saber distinguir entre
um predador e um parceiro em potencial é um caso de vida ou morte – eis porque o controle é alegremente transferido
ao inconsciente. “De pensar morreu um burro”, dizem por aí – aliás, morreu sem deixar descendentes, o que explica,
em parte, porque a seleção natural favorece as espécies que não pensam demais para tomar decisões de vida e morte.
E é claro que, numa perspectiva evolutiva mais ampla, o próprio processamento mental de alto nível que nós chamamos
de “consciência” é uma invenção relativamente recente, talvez privilégio de poucos mamíferos altamente curiosos e
sociais, como grandes macacos, cetáceos e elefantes. O próprio peso da história do nosso sistema nervoso tende a
“arrastar” grande número de funções para debaixo das asas do inconsciente.
A coisa fica ainda mais feia para o lado de Freud quando se leva em conta outra de suas idéias cruciais – a de que o
conteúdo dos sonhos é uma forma de realização de desejos ocultos, que ocorre num momento de “guarda baixa” do
superego (o conjunto de controles sociais e morais que faz as pessoas se comportarem de modo “aceitável”) diante do
id (nosso lado instintivo e primitivo). Freud dizia, entre outras coisas, que sonhos no qual você voa são, na verdade,
sonhos sobre sexo. (Como perguntou um personagem da série de quadrinhos “Sandman”: “E sonhos sobre sexo
querem dizer o quê, então?”.)
O guru austríaco talvez ficasse meio cabreiro ao saber que os animais, essas criaturas proverbialmente sem superego,
também sonham adoidado. Os mesmos padrões de atividade cerebral e de REM (movimento rápido dos olhos, na sigla
em inglês) que caracterizam o sonhar humano também estão presentes em todas as espécies de mamíferos já
estudadas, e até em aves. Os neurobiólogos ainda estão tentando entender em detalhes o que exatamente acontece
durante os sonhos, mas há boas indicações de a coisa não tenha nada a ver com desejos reprimidos e tudo a ver
com… seu cérebro desfragmentando.
Para quem não conhece a palavra, desfragmentar é o que o seu computador faz quando coloca os arquivos em sua
memória numa ordem mais otimizada. Da mesma maneira, os sonhos parecem ser um subproduto aleatório do
processo de consolidação e armazenamento das memórias que obtivemos durante o dia. Com isso, é inevitável que
alguns aspectos da vida diária – inclusive as coisas pelas quais somos obcecados – acabem parando nos sonhos, mas
procurar sentidos ocultos neles provavelmente é tanta perda de tempo quanto querer achar uma mensagem sobre o
Apocalipse na página de teste da sua impressora multifuncional. Realidade 2, Freud 0.
Nosso último caso de estudo, e talvez o mais complexo e interessante, tem a ver com as populares idéias de Freud
sobre o desejo sexual infantil pelos pais (chamado de complexo de Édipo para os meninos e de complexo de Electra
para as meninas) e os estágios de desenvolvimento na infância. Estudos em diversas culturas e regiões do mundo
mostram que, se tivesse se permitido ser um pouco mais sofisticado e menos fissurado em mitologia grega, Freud teria
acertado em cheio. Nenhuma pessoa normal, em nenhuma fase da vida, tem atração sexual pelos pais: nós só usamos
nossos genitores como um modelo geral do que é atraente em outras pessoas.
Poucas coisas fazem mais sentido biológico do que a aversão quase universal ao incesto; até os grandes macacos
evitam suas parentas mais próximas na hora de se acasalar. (Ao contrário do que dizia o psicanalista, que formulou a
tese de que a “horda primordial” humana era dominada por um paizão incestuoso. Viagem pura.) Tampouco há
qualquer registro de desejo sexual real de crianças humanas por seus pais. Afinal de contas, acasalar-se com parentes
tão próximos, que compartilham conosco 50% dos nossos genes, equivale a concentrar grande quantidade de material
genético nocivo nos descendentes e ter filhos com problemas sérios de saúde, se não inviáveis.
O fenômeno é tão importante que vale até para pais e filhos (ou irmãos e irmãs) adotivos, ou mesmo para crianças
criadas juntas de forma coletiva em determinadas organizações sociais. No entanto, e aí é que está o pulo-do-gato, é
estatisticamente muito provável que as pessoas se sintam atraídas por pessoas fracamente parecidas com seus pais
e consigo mesmas.
A semelhança, embora pequena, é significativa, e inclui até detalhes que nos soariam absolutamente irrelevantes
(circunferência do dedo anular, por exemplo – é sério!). É fácil de descobrir essa correlação analisando grandes grupos
de casais. O que parece estar em jogo aí não é um desejo de consumar a sua tara de Édipo impenitente, mas sim a
necessidade de equilibrar diferença e semelhança – é bom ter como parceiro alguém que não seja seu clone, mas que
ao mesmo tempo mantenha algum grau de compatibilidade genética com você.
O veredicto final, depois desses exemplos, chega a ser óbvio, mas talvez muita gente ainda precise ouvi-lo.
Esquecemos com freqüência que, apesar de todo o seu brilhantismo literário, Freud realizou suas “descobertas” sobre
a psiquê humana com técnicas questionáveis e pouca ou nenhuma confirmação experimental. Psicanálise funciona?
Sim, mas placebo também. Nenhum edifício teórico, por mais sedutor que seja, pode ficar de pé diante do que os dados
da natureza mostram.
Neurocientista põe em xeque o inconsciente de Freud
RIO - Professor do Instituto de Tecnologia da Califórnia e autor de “Uma outra história do tempo” (com
Stephen Hawkins) e do best-seller “O andar do bêbado”, Leonard Mlodinow fala sobre o novo inconsciente
revelado pela neurociência e apresentado em seu último livro “Subliminar” (Ed. Zahar): sem memórias e
Qual a diferença entre o antigo inconsciente, proposto por Sigmund Freud, e o novo inconsciente, da
neurociência?
Freud estava certo, de uma maneira bem geral, quando afirmou que o inconsciente é muito importante e
influencia tudo o que fazemos sem que nos demos conta. Mas outras coisas mais específicas propostas por ele
não parecem ter nenhum suporte das evidências científicas que temos levantado nos últimos anos. A principal
diferença, que os cientistas começaram a notar nos anos 90 e 2000, é que a mente inconsciente não é algo que
se acessa com psicoterapia ou introspecção. Não é algo que está escondido de nós por razões emocionais.
É uma parte da mente que não é acessível por conta da própria arquitetura do cérebro e da forma pela qual o
cérebro funciona. O cérebro evoluiu para operar de uma forma automática, muito rápida e sem esforço, ideal
para nos ajudar a sobreviver na selva, a reagir com rapidez a possíveis ameaças. Se ficássemos pensando no
que fazer ao avistar um animal selvagem, seríamos facilmente mortos. Por isso, há reações (como, no caso,
fugir) que nos vêm automaticamente, sem que tenhamos que ficar ponderando (e perdendo tempo).
Como assim?
Olhamos para o mundo e nossa mente inconsciente nos responde imediatamente: posso confiar nessa pessoa?
devo fugir desse animal? Normalmente nem percebemos, só agimos automaticamente. Isso é muito diferente
do inconsciente de Freud, que esconderia memórias e impulsos indesejados. A neurociência mostra que não é
por isso que o cérebro reprime determinadas coisas; não é assim que funciona. A memória retém aspectos-
chave das coisas e quando precisa lembrar de algo, aciona a mente inconsciente para preencher as lacunas.
Algumas vezes erroneamente, diga-se. São as memórias falsas, criadas a partir de expectativas do momento.
Acreditava-se que a memória era como um vídeo (um registro da realidade) que vai ficando com muita
estática, falhando, conforme envelhecemos. Não é assim. Podemos ter memórias vívidas de coisas que nunca
Por quê?
A mente inconsciente lida melhor com coisas complexas do que a mente consciente. Por isso é que é bom
dormir sobre um problema, como se diz. Ou ir tomar banho, correr, fazer alguma outra coisa, antes de tomar
uma decisão, por exemplo. Agora, temos que entender que o cérebro se desenvolveu para tomar outros tipos
de decisão (como lutar ou correr, conseguir alimentos) e, hoje, enfrenta decisões sociais muito mais
complexas. Por isso, ele pode ser objeto de ilusão. É importante estarmos cientes de que ele pode nos levar a
erros. Quando julgamos uma pessoa pela aparência, por exemplo, é bom estarmos atentos.
O preconceito racial, por exemplo, pode ser fruto da nossa mente inconsciente?
Existem dois tipos de preconceito: o deliberado, que hoje é menos prevalente, e o inconsciente. Neste último
tipo, a pessoa realmente acha que não é preconceituosa; há casos, inclusive, em que ela pode até ser militante
daquela causa. Mas testes detectam que há preconceito. Estudos mostraram que mesmo negros acabam
fazendo associações raciais negativas inconscientes. Somos bombardeados por imagens negativas e
estereotipadas de mídias como TV, cinema e internet. E a nossa mente inconsciente tende a generalizar para
simplificar.
Por que é tão importante para o ser humano fazer parte de um grupo, como o senhor mostra?
Não sei se posso responder por quê. Mas, na savana, vivíamos em bandos. E esses bandos eram competitivos
entre si: há aqueles que estão do seu lado e os que estão contra você. Ou você come ou ele come. Então o
espírito de equipe foi algo muito importante na evolução humana para garantir a nossa sobrevivência e a do
nosso grupo. Mas o mais incrível é que os neurocientistas descobriram que mesmo quando somos agrupados
de forma totalmente aleatória (por exemplo, o grupo que escolheu números pares e o grupo que escolheu
números ímpares) tendemos a discriminar quem está no outro grupo sem nenhuma base razoável para tal.
O senhor afirma no livro que o ser humano costuma se ver de forma mais positiva do que ele é na
Porque a vida é muito dura e, mesmo assim, seguimos em frente. Temos que acreditar nos nossos talentos,
nas nossas capacidades para ultrapassar todos os obstáculos que irão surgir inevitavelmente. A visão otimista
de si mesmo ajuda nisso. Na verdade, a neurociência vem mostrando que aqueles que têm uma visão mais
Não acredito que tenha muito uso. Não é que eu seja contra psicólogos. Acho que as pessoas devem ir a esses
profissionais quando têm um problema, precisam de uma opinião, um conselho. Acho útil. Mas essa
psicoterapia clássica, freudiana, que demanda um processo muito longo de autoconhecimento, acho que não
tem função. Como a neurociência tem demonstrado, ninguém vai conseguir acessar o seu inconsciente olhando
É muito comum que nós, seres humanos, estudemos alguma disciplina que nos interessa
muito e que explica a si mesma em sua totalidade. Dentro de um círculo relativamente
fechado de autores anônimos, antigos e renomados, podemos conhecer as teorias mais
extravagantes.
Muitos já participaram de alguma forma dessas situações, e talvez nunca tenha ocorrido
pensar em buscar alguma crítica ou opinião secundária. A pergunta é: se tivermos tempo
o suficiente para analisar essa situação, seríamos capazes de ouvir e raciocinar o
que dizem os outros autores sobre o assunto ou como ele é abordado a partir de
outras disciplinas?
“Aqueles que pensam diferente, tendem a ser parte de uma conspiração e buscam
esconder a verdade por algum interesse. Eles são críticos invejosos de nossos
ídolos ou simplesmente o detestam por motivos pessoais. Geralmente, fazem
parte de ‘outras correntes’ e não precisamos analisá-los mais do que disso. O
argumento dele não nos interessa. Talvez não sejamos capazes de mudar de
opinião. Talvez, se mudarmos de opinião, anos e anos de estudos iriam-
se embora, sem mencionar a chance de ganhar dinheiro, se fosse o caso.“
Isso é algo que sabemos mais ou menos e que ficou bem claro na entrevista com o
astrólogo Hugo Bonito, neste blog.
Um bom cientista é alguém que busca a verdade e é guiado pela necessidade de encontrá-
la. Eventualmente, pode ocorrer a possibilidade de que ele se torne famoso. Um cientista
pode trabalhar durante anos em uma teoria, até encontrar evidências que a contradizem.
Se os resultados da vida real não correspondem com suas predições, ele vê-se obrigado
a reformular o seu postulado ou até a abandoná-lo. Isso independentemente das
horas, dias e anos perdidos.
Um falso cientista, ou pseudocientista, irá modificar os resultados de seus
experimentos, usando vários truques para justificar sua teoria.
Uma pessoa curiosa e relativamente racional fará perguntas, supondo que ela estará
disposta a investigar se você, o cientista, descobriu algo que não é como se pensava. E,
eventualmente, ela arriscará a descobrir uma realidade que não coincide com o que se
pensava.
A teoria de Sigmund Freud é muito completa e até bela em muitos aspectos, mas,
infelizmente, muitos dos seus princípios não têm muito a ver com a vida real. Freud usou
métodos duvidosos para realizar seus experimentos, mentiu sobre alguns, plagiou outros
e jamais comprovou muitas de suas ideias.
Muitos não sabem que as afirmações feitas por alguns psicanalistas carecem de um bom
argumento, pois se tratam apenas de um simples jogo de palavras e de dogmas não
verificados ou já refutados.
O texto a seguir pertence ao Livro Negro da Psicanálise, que foi publicado em uma revista
de notícias da Argentina.
Nos Estados Unidos, apenas 5 mil pessoas são psicanalistas: em relação aos 295 milhões
de norte-americanos.
Myers, o manual que serve como uma referência para estudantes de Psicologia (para além
do oceano), contém apenas onze páginas dedicadas às teorias de Freud, com 740
acusações.
Existe alguma razão racional para a Argentina e França ficarem sozinhas contra o resto do
mundo?
Freud e Cocaína
Por Han Israëls. Historiador da psicologia. Autor de “O caso de Freud. Histeria e Cocaína”.
Em 1884, Freud, que tinha então 28 anos, começou suas experiências com a cocaína, uma
substância cujas propriedades e efeitos eram pouco conhecidos na época. Freud queria
encontrar algo. Ele tentou usar cocaína como um meio de se libertar do vício da morfina,
pois tinha lido em uma revista americana que era possível. Então, ele executa uma
experiência com Ernst Von Fleischl-Marxow, um colega e amigo que havia se tornado um
viciado em morfina após uma cirurgia dolorosa.
Em 1887, afirmou que era possível curar o vício em morfina através da cocaína e que ele
havia participado diretamente do tratamento deste tipo, tendo êxito total.
Mas, em sua correspondência privada, Freud oferece detalhes de uma história muito
diferente. (…) Em maio de 1885, um ano após o início do tratamento, Freud escreve em
uma carta para Martha, sua mulher, que Fleischl só conseguia sobreviver com ajuda das
duas drogas e que tinha sido utilizada uma grande quantidade de cocaína nos últimos
meses. O consumo causou uma intoxicação crônica, cujas consequências foram uma
insônia severa e uma espécie de delirium tremens. Ele se sentiu tão mal que prometia
suicídio após a morte de seus pais.
(…) A lição dessa história é a seguinte: em suas publicações, Freud não tinha nenhum
receio em apresentar uma terapia desastrosa como um sucesso retumbante. Um
pesquisador que se comunica com seus resultados desta forma não merece ser levado a
sério. Só pode ser qualificado como vigarista.
Os Pacientes Imaginários
Por Mikkel Borch-Jacobsen. Filósofo. Autor de sete livros sobre a psiquiatria e a história da
psicanálise.
Uma das razões do tempo que seria necessário para obter-se uma ideia mais precisa da
eficácia da análise realizada por Freud é que a verdadeira identidade de seus pacientes não
era conhecida. Protegidos por sigilo médico, Freud poderia, então, dar-se ao luxo de
escrever qualquer coisa, e apenas gradualmente, trilhou-se a caminho da verdade. Com
isso, os historiadores foram capazes de identificar as pessoas que estavam escondidos por
trás dos nomes “coloridos” de “Elisabeth Von R.”, o “Homem dos Lobos” ou “Pequeno
Hans”. (…) O saldo não é convincente.
Senhorita Anna O.: Sabemos que Bertha Pappenheim não foi curada de nenhum sintoma
histérico pela “cura pela fala” de Breuer, contrariando as afirmações de Freud.
Compreende-se, nessas circunstâncias, que ela estava mais cética em relação à
psicanálise: De acordo com o testemunho de Dora Edinger, “Bertha Pappenheum nunca
falou desse período de sua vida e se opôs veementemente a qualquer sugestão de um
tratamento psicanalítico para pessoas que tinham a seu cargo, para a surpresa dos que
trabalhavam com ela.”
Cecilia M.: Seu verdadeiro nome era Anna von Lieben, nascida baronesa de Tedesco. Este
paciente foi muito importante e Freud chamava-a de “Mestre” (Lehrmeisterin). Ela sofria
também de múltiplos sintomas e excentricidades. Foi também viciada em morfina. De
acordo com Peter J. Swales, que foi o primeiro a identificá-la publicamente, seu tratamento
com Freud, que durou entre 1887 a 1893, não produziu nenhuma melhoria em seu estado.
A filha dela, mais tarde, disse a Kurt Eissler – em entrevista – que a sua família detestava
cordialmente Freud (“todos nós o odiávamos”) e que o mesmo paciente pouco se
interessava pela “cura pela fala”, mas adorava doses de morfina que seu doutor lhe
administrava com liberdade: “A única coisa que esperava dele era a morfina”.
O Pequeno Hans: “A história da doença e da cura” do pequeno Herbert Graf não foi tal
que nem a da Aurelia Kronich ou Ida Bauer. Freud e o pai da criança, Max Graf, passaram
tesouros do engenho psicanalítico para a cura do que Freud chamou de “fobia de cavalos”,
considerando que provia do complexo de castração do pequeno menino. Hebert, que
obviamente parecia ter mais bom senso do que seus dois terapeutas, atribuiu seu medo
de cavalos e outros animas de grande porte para um acidente de ônibus que tinha
testemunhado, durante o qual dois cavalos tinham caído para trás. Nessa segunda
hipótese, muito mais simples e prosaica, não é de se admirar o porquê da angústia de uma
criança com os animais ter se enfraquecido espontaneamente depois de um tempo. O
surpreendente é que Hebert saiu ileso do interrogatório terrível (Édipo-policial) em que seu
pai e Freud submeteram-no!
O Homem dos Lobos: No caso de Sergius Pankejeff, podemos avaliar a eficácia a longo
prazo de seus dois momentos de análises com Freud, e é rigorosamente zero: sessenta
anos mais tarde, Pankejeff ainda era vítima de pensamentos obsessivos e de ataques de
depressão profunda, apesar do quase constante monitoramento analítico pelos discípulos
de Freud. Esse brilhante sucesso terapêutico foi, na verdade, um fracasso total.
(…) O que há na teoria psicanalítica que a torna capaz de cumprir tantas funções? Nada,
na minha opinião. Precisamente porque ela é perfeitamente vazia e oca, esta teoria se
propagou como o fez e se adaptou a diferentes contextos. É errado perguntar o que explica
o sucesso da psicanálise, uma vez que nunca houve nada como ela, pelo menos, entendida
como um corpo de doutrina coerente, organizada em torno de teses claramente definidas
e, portanto, potencialmente refutáveis. A psicanálise não existe, é uma nebulosa sem
consistência, um branco em movimento perpétuo.
O que há em comum entre as teorias de Freud e as de Rank, Ferenczi, Reich, Melanie Klein,
Karen Horney, Imre Hermann, Winnicott, Bion, Bowlby, Kohut, Lacan, Laplanche, André
Green, Slavoj Zizek, Julia Kristeva, e Juliet Mitchell? O que há em comum entre a teoria da
histeria professada por Freud, em 1895, a teoria da sedução de 1896-1897, a teoria da
sexualidade de 1900, a segunda teoria pulsional de 1914, o segundo tópico e a terceira
teoria pulsional da década de 20? Suficiente para se referir a qualquer item do Dicionário
da Psicanálise de Laplanche e Pontalis para se perceber que a “psicanálise” tem sido, desde
o início uma teoria, que se renova permanentemente, capaz de tomar as voltas mais
inesperadas.
(…) Freud permitiu muitas vezes mudar suas teorias quando se percebia que estavam
invalidadas pelos fatos (Clark Glymour, Adolf Grünbaum), porém ainda se confunde o rigor
falseacionista com o oportunismo teórico. Nenhum “fato” era suscetível a refutar as teorias
de Freud, pois ele as adaptava com as acusações (objeções) que eram feitas.
No fim de sua vida, no artigo Análise terminável e interminável, de 1937, Freud confessa,
em termos muito claros, o fracasso de toda a sua empresa. (…) Ele mostrou, com enorme
insistência, que a relação de forças entre o paciente e o analista é desfavorável, no sentido
de que tudo o que pode mobilizar contra a resistência do paciente não é suficiente, na
maioria das vezes, para derrotá-lo. Em seguida, a técnica psicanalítica não manteve suas
promessas e desiludiu o velho Freud, exatamente da mesma forma que a hipnose fez nos
tempos de início da psicanálise.
Deste ponto de vista, este artigo faz um ponto à psicanálise, um ponto verdadeiramente
final, e se você lê-lo a partir dessa perspectiva, como temos feitos, é algo que se torna
bastante evidente.
Três anos mais tarde (em 1913), em um ensaio intitulado “Novos conselhos sobre a técnica
da psicanálise”, Freud aborda a questão das taxas, um tema que ele sempre falhou ao
tentar se explicar, por isso, deve ser observado. Foi-se recomendado aos praticantes a
adotar, desde o início, uma atitude muito franca. Deveriam concordar expressamente, com
ousadia e sem escrúpulos, o suficiente para os potenciais clientes ficarem com a impressão
de que o benefício a ser dado a eles tem valor. A “questão irritante” é a da duração do
tratamento – uma questão “que, na verdade, é quase impossível de responder”. Freud
respondeu que um analista só pode dar garantia de que vai durar “mais do que o esperado
pelo paciente”.
Freud argumentou que as taxas elevadas foram justificadas pelo fato de que, qualquer que
seja a duração do tratamento, a psicanálise teve seu ponto de partida: a cura da neurose.
Por outro lado, é a partir de considerações terapêuticas que ele recomendou essa atitude
interessada, afinal de contas, a redução progressiva do poder de compra ou do dinheiro
nos bolsos, poderia servir para melhorar na vida. Em virtude deste raciocínio e da ideia de
que as taxas permitidas manteriam uma relação entre o médico e seu paciente em um
plano estritamente profissional, o psicanalista estava, até então, por força das
circunstâncias, impossibilitado de seguir com seus pacientes por caridade, como, de todas
as formas, levando em conta o passado, tinha sido fortemente prejudicial para a sua renda.
Durante dez anos, preocupado em revelar os segredos da neurose, ele sempre atendeu a
um ou dois pacientes de graça. Então, as coisas tomaram um caráter inevitavelmente
pessoal, irreversivelmente arruinando a aliança terapêutica.
(…) Em uma cura, o analista freudiano adota essencialmente três tipos de atividades:
Qualquer um pode ser autorizado como “psicanalista” e exercer este trabalho, que não tem
status legal. Desde que a psicanálise se tornou bem sucedida, muitas pessoas têm-na
praticado sem ter estudado psicologia ou psiquiatria.
[Nota 01: obviamente que esta última alegação não está correta em relação a
todos os países. Na Argentina, por exemplo, os psicanalistas têm de ser
psicólogos. A Facultad de Psicología de la Universidad Nacional concentra quase
que exclusivamente a psicanálise, o que levou ao epistemólogo Mario
Bunge chamá-la de “Facultad de Ciencias Ocultas“.]
(…) Lacan explorou, sem sentir vergonha, a tática das interpretações sibilinas. Os alunos-
analisadores intentavam, em grupo, decodificar suas palavras. Jean-Guy Godin escreveu,
no diário da sua análise didático com o mestre parisiense:
Para seus admiradores, Lacan podia produzir qualquer associação livre e dizer qualquer
coisa: eles se encarregariam, depois, de lhe proporcionar um sentido, um sentido
profundamente bem compreendido.
As Mentiras de Freud
Por Frank Cioffi. Epistemólogo norte-americano autor de “Freud e a Questão da
Pseudociência”.
Sigmund Freud pode ter sido um grande homem, mas não era, por isso, um homem
honorável. Grande pela imaginação e a eloquência, desonrou-se ao dirigir um movimento
dogmático num interesse do qual nunca deixou de perjurar. É possível que tenha sido
ferido, alguma vez, pela sua tendência a renegar dos seus ideais.
(…) Dentre as mentiras de Freud, podem-se citar as seguintes: que descobriu o complexo
de Édipo sobre a base de falsas lembranças de sedução paterna; que existia uma vez uma
jovem chamada Anna O.; que sua teoria da sexualidade tem sido confirmada pela
observação direta que empreendeu das crianças e; que não tinha nenhuma ideia
preconcebida em relação à influência da sexualidade quando começou a analisar seus
pacientes, pelo que a suposta corroboração não pode ser devida à sugestão.
A Psicanálise Cura?
No entanto, os capítulos deste livro [O livro Negro da Psicanálise] não permitem afirmar
que a cura seja muito frequente na psicanálise, mesmo nas mãos particularmente
esclarecidas do pai dela. O mito da substituição dos sintomas nas outras formas de
psicoterapia, particularmente das terapias cognitivo-comportamentais, tem percorrido um
longo trecho.
Nos nossos dias, a questão dos resultados da psicanálise agita não somente ao mundo dos
psicanalistas, mas também ao grande público. Esse último está mais bem informado e
desejoso por compreender o que lhes espera no divã e também quer avaliar as alternativas
de um método longo e custoso.
Desde as origens, questionaram-se a Freud mais a pouca eficácia do seu método do que
as suas ideias, seus juízos banais e próximos aos de Charcot e Janet, do que . Durante o
século XX, a controvérsia continuou apesar da marcha triunfal da psicanálise. Desde os
anos sessenta, os questionamentos têm sido, em especial, mais numerosos e tem
levado ao advento de outras formas de psicoterapia na maioria dos países
democráticos, em particular Estados Unidos e nos países de Europa. Não aconteceu
o mesmo na França, que segue sendo, com a Argentina e o Brasil, um dos bastiões da
influência psicoanalítica quase sem comparação até os dias de hoje.
Vítima da Análise
Em uma terça feira de setembro de 1992, coloquei um ponto final a sete anos de terapia
de inspiração psicanalítica. Eu acabava de fazer vinte anos. Lembro-me do imenso alívio
que senti esse dia: tinha a impressão de que estava me desprendendo de uma espécie de
labirinto onde eu vagava há anos, sem nenhuma finalidade exata, sem conseguir estar
segura de que um dia encontraria uma saída. Eu me sentia liberada, mesmo quando não
tinha resolvido nenhuma das minhas dificuldades. Mesmo assim retomava meu caminho
com os mesmos sofrimentos, as mesmas perguntas no ombro.
(…) Centro hospitalar, consulta externa, uma segunda feira às dois da tarde. Iniciei minha
primeira entrevista em terapia cognitiva-comportamental (TCC). O médico psiquiatra que
me recebeu começou imediatamente o diálogo. Perguntou-me por que tinha vindo, quais
eram minhas dificuldades. Expliquei-lhe as minhas perturbações e que coisas invalidavam-
me na vida cotidiana. Depois de ter me feito algumas perguntas, me disse isto:
“Através de tudo o que você me explicou, eu posso lhe dizer que tudo o que você
descreve leva um nome: agorafobia acompanhada de uma perturbação pânica. É
importante que você saiba que eu entendo o que sofre, e que você não está
sozinha neste caso. É uma fobia conhecida e que pode ser tratada. Podemos
ajudá-la.“
Sete anos limpados numa sessão. Sentia-me aliviada, leve: eu não estava louca, eu não
era a única em sentir essas terríveis crises de angustia, eu poderia me livrar delas. E,
agora, me sentia apoiada. (…) Em 18 meses, fiz progressos que não imaginava que fossem
possíveis. Então, existiam outras terapias além da psicanálise! Enfoques sem um Gran
Mestre todopoderoso nem discípulos fanáticos. Para mim, a solução veio da TCC. Para
outros, vai significar uma outra forma de tratamento. Hoje, o importante já não é fazer do
paciente uma vítima, um ser passivo ao que se deixa sem acabar, num sintoma que seria
“somente” a parte visível do iceberg… que cada pessoa que sofra possa ser aliviada
prioritariamente de suas perturbações e sintomas por médicos e psicólogos que dialogam
e que tratam. Cada doente, mesmo no terreno da saúde mental, tem direito a um
diagnóstico, a uma explicação do enfoque proposto pela terapeuta. O fim de um
tratamento deveria ser o alívio do sofrimento e a autonomia do indivíduo numa “aliança
terapêutica” e humana. É uma questão de saúde pública.
Por Violaine Guéritault. Psicóloga. Autora de “A Carga Emocional e Física das Mães”.
Durante décadas, a psicanálise se dedicou a sabotar esse frágil lugar que a sociedade dos
homens tinha deixado à mulher: seu papel materno, a transmissão, com a vida, do amor,
da educação dos primeiros anos. Durante milênios, as mulheres tinham sido consideradas
inferiores aos homens, exceto no domínio familiar, no qual se reconhecia sua competência
e seu valor. Com a psicanálise, já não lhes resta nem sequer esse espaço.
Durante muito tempo, os Estados Unidos contribuíram a popularizar essas teorias de culpa
da mãe até que a corrente de pensamento freudiana perdeu progressivamente seu vigor
nos anos oitenta e noventa. (…) A psicologia moderna compreendeu que o psiquismo
humano não era um parque de diversões no qual alguém pode se permitir
enunciar pseudoverdades sem ter provas tangíveis daquilo que se postula. O
drama psicológico que, durante anos, viveram centos de mães de esquizofrênicos ou
autistas, acusadas dos piores delitos se baseando somente na fé outorgada a um punhado
de psiquiatras, resulta tanto mais inadmissível se atendermos ao fato de que a investigação
científica tem demonstrado, hoje, que essas graves perturbações são, em grande parte,
de origem neurofisiológica. Que consequências trágicas trouxe a culpabilidade
intransigente de estas mães? Quantas mães têm vivido com a convicção de que eram
monstros incapazes de amar verdadeiramente a seus filhos? Quantos dramas familiares e
vidas estragadas?
(…) Daria a impressão que, na França, as mães são sempre consideradas perigosas para
seus filhos e, ainda, mortíferas. Tal como a Rainha da Noite, em A flauta mágica, de Mozart,
que quer tirar sua filha Pamina da influência do seu pai, o sábio Sarastro, elas enlouquecem
em gritos histéricos e devastadores. Não estamos falando de alguns casos abusivos, de
algumas mães: não! São AS mães em geral, TODAS as mães. Onde estão os estudos, as
investigações? Sobre o que descansam estas peremptórias acusações?
Freud enunciou teorias muito refutáveis sobre a homossexualidade. Não duvida em citar a
Iwan Bloch para afirmar que a homossexualidade “está extraordinariamente difundida em
numerosos povos selvagens e primitivos”.
De onde vem, então, que a chame de uma “perversão”? Da mãe, provavelmente… Segundo
a psicanálise, ela é, com frequência, a causa dos problemas. “Entre todos os
homossexuais, existiu na primeira infância, esquecida mais tarde pelo indivíduo, uma
relação erótica muito intensa com a pessoa feminina, geralmente a mãe, suscitada ou
favorecida pela ternura excessiva da própria mãe, reforçada também pela retirada do pai
na vida da criança”, ele escreveu.
E se um homossexual afirma que sua mãe não suscitava uma ternura excessiva,
Freud vai dizer que a “esqueceu”. Convenhamos, no entanto que, para Freud, não
somente os pais se sentem questionados: a acentuação do erotismo anal também seria um
fator que favoreceria a predisposição.
O erotismo anal é uma ideia que volta inúmeras vezes nos escritos dos sucessores de
Freud. Isso alude evidentemente à prática da sodomia. Mas não é ridículo vincular o
fenômeno da homossexualidade a uma simples prática sexual (que por outro lado não
concerne a todos os homossexuais, nem é praticada por todos eles)? Seguindo a mesma
lógica, pode-se dizer que as mulheres que praticam a felação têm uma fixação
com o erotismo oral!
(…) Freud estava impregnado das concepções do seu tempo, uma época na qual se
considerava às mulheres como inferiores, aos homossexuais como perversos e às crianças
como a seres aos quais somente uma sólida educação podia conduzir pelo caminho
correto. Era a sua, apesar de tudo, uma luz liberal num oceano de
obscurantismo? Podemos duvidá-lo se consideramos que na sua época vivia Havelock
Ellis (conhecido, por outro lado, por Freud, que o cita algumas vezes). (…) Ellis estimava
que a homossexualidade podia ser considerada como uma simples variação estatística,
ideia totalmente escandalosa para a sua época. Freud, muito mais conformista, a
classificava entre as perversões.
[Nota 03: Algumas pequenas alterações ortográficas foram feitas para facilitar a
compreensão.]
Fonte
Leituras Recomendadas
Embora tal problema seja ignorado por boa parte dos psicanalistas, que por sinal acham
sua prática gratificante, é um problema relevante para a Lei Nacional Nº 26.657 de Saúde
Mental da Argentina, que garante:
“C) A Autoridade de Aplicação deve determinar quais são as práticas que são
baseadas em fundamentos científicos de princípios éticos. Todas aquelas que não
forem fornecidas por estes meios estarão proibidas.“
Epistemologia é uma área da filosofia que visa o estudo das ciências (no caso
da Epistemologia da Ciência). Assim como qualquer disciplina científica, ela deve definir o
seu objeto e descrevê-lo, o que resulta em uma série de características científicas. Práticas
que não atendem a maioria dessas características simplesmente não são científicas.
No entanto, ainda poderia afirmar que, embora não seja científico, é efetivo e cura.
Lamentavelmente, isso não é verdade. Os estudos que foram realizados para testar a
eficácia da psicanálise deram resultados opostos, propondo-a como um tratamento inútil,
ou semelhante a um placebo. [4] A única opção para alegar que ela é efetiva, é manter as
anedotas e opiniões de psicanalistas ou de pacientes supostamente satisfeitos (há também
os insatisfeitos).
A opinião dos psicanalistas é inválida, porque consiste em utilizar anedotas (ou seja,
afirmações que não são passíveis de verificação); A opinião dos pacientes, tampouco, pois
são casos meramente anedóticos, que não diferem substancialmente de relatos de pessoas
que afirmam ter sido curadas por um curandeiro, um mágico, pela homeopatia, ou pela
sua própria mente: eles se baseiam na falácia de afirmação do consequente. [5] A partir
deste tipo de evidência, a prática se torna tão justificável quanto o curandeirismo ou vodu.
Outro fator importante é que a cura não é o que entendemos usualmente por cura, mas
algo diferente: não implica no desaparecimento do transtorno, mas algo bastante difuso,
que às vezes pode ser equiparado com sua aceitação: o paciente continua sendo impotente,
mas aceitam, e assim eles obtém uma boa explicação de sua impotência em troca de
dinheiro e talvez vários anos de terapia.
Fonte
Notas