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*As fotos apresentadas nas páginas 11, 25 e 41 são de Sarah Bédard-Dubé. Após um rico percurso como instru-
tora de circo social no Burkina Fasso, em Honduras, no Líbano e no Canadá, Sarah Bédard-Dubé é hoje forma-
dora e coordenadora do programa preparatório circo-estudos na École de cirque da Gaspésie. Ela possui um
certificado em jornalismo e trabalha como fotógrafa autônoma desde 2005. Suas fotos foram, entre outros,
publicadas nos jornais Le Soleil e La Presse, assim como nas revistas Makivik e Africalia.
**Neste documento, o masculino foi utilizado com o único objetivo de facilitar a leitura.
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Produzido no Canadá/Produced in Canada
Foi no início dos anos noventa que surgiu a ideia de criar uma metodologia de ação
usando as artes circenses como pedagogia alternativa junto aos jovens das classes
populares, metodologia pedagógica hoje conhecida pelo nome de circo social.
Seguindo essa ideia, o Cirque du Soleil e o organismo de cooperação Jeunesse du
Monde criaram o programa Cirque du Monde™ (Circo do Mundo), cujas primeiras
oficinas começaram em 1995. Em 2009, mais de 50 comunidades, espalhadas pelos
cinco continentes, estavam envolvidas neste programa.
Nos últimos quinze anos, o interesse pelo circo social não deixou de crescer. Assistimos
atualmente a uma abundância de iniciativas, destinadas a diferentes grupos que vivem
problemáticas muito diversificadas (jovens com problemas de saúde mental, mulheres
vítimas de violência, detidos, refugiados, deficientes físicos). Esses projetos suscitam
um interesse crescente por parte dos setores mais tradicionais como a educação, a
saúde mental e a justiça, que os veem como uma maneira criativa e dinâmica de realizar
uma ação social. Além disso, o meio universitário, através de seus diversos grupos de
pesquisa, tem demonstrado um grande interesse em aprofundar e enriquecer os conhe-
cimentos sobre essa nova metodologia pedagógica.
MICHEL LAFORTUNE
Michel Lafortune se interessa pelo desenvolvimento global dos jovens e seu lugar em
nossa sociedade. Psicólogo, conferencista e formador, ele desenvolve logo no início de
sua carreira um interesse pela utilização das artes como uma nova metodologia peda-
gógica de ação social junto aos jovens das classes populares.
De 2006 a 2011, Michel Lafortune foi diretor do Circo Social no Cirque du Soleil. Nessa
função, ele era responsável pelos programas de formação e pelo desenvolvimento de
conhecimentos em circo social. Ele se destaca principalmente pela edição de manuais
pedagógicos de grande importância. Além de ser coautor do Guia do Educador de
Circo Social: Das lições de circo às lições de vida, ele atua como produtor executivo,
idealizador e diretor do kit educativo multimídia entitulado Técnicas Básicas em Artes
Circenses. Ele também é coautor e diretor do Programa de Formação em Circo Social:
Guia do Formador (em produção editorial), uma ferramenta pedagógica destinada à
formação de instrutores e educadores de circo social.
Michel Lafortune inicia suas atividades no Cirque du Soleil em 1999 como coordenador do
programa Cirque du Monde do Cirque du Soleil para o Canadá, a América Central, a Amé-
rica do Sul e a África. Durante esse período, ele concebe e realiza as primeiras formações
de instrutores de circo social, que ele promove nos cinco continentes. Ele participa igual-
mente da redação da primeira Carta da Rede Internacional de Formação em Circo Social.
ANNIE BOUCHARD
Desde 1993, Annie Bouchard trabalha em meio comunitário junto a jovens e adultos em
situação de ruptura e à margem das estruturas sociais. Sua experiência conjuga compe-
tências em ação social, em relação de ajuda, em trabalho de rua, em supervisão e em
gestão de recursos humanos. Preocupada pela marginalização dos jovens, ela é enga-
jada na busca de soluções em comum acordo com o meio, visando o direito de cada um
à cidadania e à dignidade.
Em 2007, ela é nomeada diretora geral da Coalition sherbrookoise pour le travail de rue
(Coalizão de Sherbrooke para o trabalho de rua), cargo que ela ocupará durante três
anos. No mesmo ano, em reconhecimento ao seu trabalho, seu meio de atuação lhe
oferece o prêmio Coup de cœur individu por sua luta contra a itinerância na Nuit des
sans-abris de Sherbrooke.
O objetivo deste guia é fornecer aos educadores de circo social, quaisquer que sejam as
instituições e os meios sociais nos quais atuam, uma ferramenta adaptada ao contexto
específico de ação em circo social. Sendo tanto uma síntese da metodologia pedagó-
gica do circo social quanto um guia prático, este documento permite que os educado-
res de circo social compreendam os fundamentos e os princípios diretores específicos a
essa metodologia de ação, além de apoiá-los na organização, no planejamento e na
avaliação das oficinas de circo social. Esperamos que ele ajude os educadores de circo
social de todas as partes do mundo a descobrir e se apropriar desta metodologia peda-
gógica inovadora, a melhor identificar seu papel e, principalmente, a melhorar o destino
de milhares de pessoas, transformando as lições de circo em lições de vida.
SEÇÃO 1
O CIRCO E A AÇÃO SOCIAL
a) Do circo espetáculo ao circo social 13
b) A Ação em circo social: objetivos e pertinência 16
c) Os pilares que definem o circo social 22
SEÇÃO 2
A INSTITUIÇÃO LOCAL, os DESAFIOS E RESPONSABILIDADES
a) Os desafios da ação em circo social 27
b) As responsabilidades da instituição local 28
c) continuidade do programa de circo social 29
SEÇÃO 3
o tandem EDUCADOR-INSTRUTOR, PILAR DO CIRCO SOCIAL
a) O instrutor, um artista antes de mais nada 33
b) O educador de circo social, impulsionador
do laço de confiança e ponte de relações 34
c) Os pontos fortes e os desafios da animação em tandem 37
SEÇÃO 4
GUIA PRÁTICO PARA OS EDUCADORES DE CIRCO SOCIAL
a) Visão geral das aulas de circo SOCIAL 43
b) Uma oficina de circo social, etapa por etapa 44
CONCLUSÃO 53
ANEXOS
Texto pela Rede Circo do Mundo Brasil (RCM – Brasil) 57
Glossário 59
Bibliografia 61
O CIRCO E A AÇÃO SOCIAL
SEÇÃO 1
O CIRCO E A AÇÃO SOCIAL
Atualmente, no modelo de circo social ção das aulas; ela deveria também
adotado pelo Cirque du Soleil, a institui- acompanhar os jovens participantes e
ção local é a principal responsável pela assegurar um acompanhamento, antes e
organização das aulas de circo e pelo depois das aulas. Trata-se de um pro-
alcance de seus objetivos, a curto e a cesso mais longo e exigente, mas tam-
longo prazo. Assim, ela deve enfrentar
bém, mais completo pedagogicamente.
certos desafios e assumir responsabilida-
des particulares. Ela é responsável pela
continuidade do programa de circo
2. A adaptação a um novo
social em sua comunidade. método de ação
3. Continuidade dentro
da comunidade
7. Continuidade do projeto
de circo na comunidade
Para os jovens das classes populares, como para outros grupos em dificuldade, o circo
social é uma formidável ferramenta de desenvolvimento pessoal e social. Ele permite
acompanhar cada um dos participantes em seu percurso, respeitando sua personali-
dade, suas necessidades e capacidades e integrando-os em um projeto de grupo.
No Brasil, a experiência toma características específicas, uma vez que definem uma
organização em rede, mais aberta e ampliando relações com outras instituições brasileiras.
A Rede Circo do Mundo Brasil reúne hoje 20 instituições de 5 regiões brasileiras, atendendo
cerca de 5.000 crianças, adolescentes e jovens. Todas as instituições trabalham com
educação/promoção de crianças, principalmente de adolescentes e jovens das classes
populares e têm como perspectiva mais geral o trabalho educativo, o exercício da cidadania
e o resgate das raízes culturais. Estas instituições, em sua ação pedagógica, privilegiam
linguagens artísticas (teatro, música, dança e circo) no processo educativo. As atividades
pedagógicas desenvolvidas no cotidiano buscam favorecer a identificação destes jovens
com o universo mágico do circo e com seus valores cooperativos e associativos oferecendo-
lhes a oportunidade de uma nova experiência individual e coletiva.
O circo social é um domínio jovem, cujas noções não são ainda uniformizadas. Neste
guia, utilizamos certos termos em um sentido que especificamos aqui.
• Circo social
Metodologia pedagógica e de ação social utilizando as artes circenses para favorecer o
desenvolvimento pessoal e social de pessoas das classes populares.
• Tandem
No circo social, tandem corresponde à dupla formada pelo instrutor de circo e o educa-
dor de circo social trabalhando juntos, de maneira complementar e harmoniosa.
• Participante
Pessoa que se beneficia das aulas de circo social. Neste guia, quando utiliza-se o termo
“participante”, ele inclui, entre outros, o grupo de jovens das classes populares.
• Cirque du Monde
Programa de circo social, criado em 1995 pelo Cirque du Soleil e o organismo Jeunesse
du Monde, que estabelece parcerias com instituições locais, a fim de realizar aulas de
circo social.
• P. 19, p. 27, p. 32 e p. 33
*Estas menções são específicas para a realidade do circo social no Brasil. Julgamos
pertinente acrescentá-las unicamente na versão em português deste documento.
Arendasova, D., Meunier, I., St-Jean, A., Dupré, C. Instructeur de cirque social. Rapport
d’analyse de situation de travail. Montréal, École Nationale de cirque, 2002. 38 p.
Baranger, Patrick (Org.), Cadres, règles et rituels dans l’institution scolaire. les inciden-
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laire, Nancy, 27 au 30 octobre 1998. Nancy, Presses universitaires de Nancy, 1999. 165 p.
Dagenais, C., Mercier, C. et Rivard, J. Cirque du Monde. Guide à l’intention des instruc-
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Dufour, M., Nadeau, L., Bertrand, K. Les facteurs de résilience chez les victimes d’abus
sexuels : état de la question. Child Abuse and Neglect, v. 24, n. 6, p. 781-797, 2000.
Fontaine, A., Duval, M. Le travail de rue… dans un entre-deux. Montréal, Service aux
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Morelli, D., Lafortune, M. Le Phénix. Intégration du concept de résilience dans les prati-
ques de Cirque du Monde. Montréal, Cirque du Soleil, 2003. 49 p.
Quentin, A. Dossier : le cirque dans l’espace social. Arts de la piste, v. 32, p. 15-38, 2004.
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