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John Locke

Aparentemente Locke é um aliado poderoso dos libertários. Primeiro, ele acredita, assim como os libertários afirmam que
existem certos direitos fundamentais individuais que são tão importantes que nenhum governo - mesmo que seja
representativo e eleito democraticamente - pode se sobrepor a eles. Além disso, ele acredita que esses direitos fundamentais
incluem um direito natural à vida, à liberdade e à propriedade. E, além do mais ele argumenta que o direito à propriedade
não é apenas uma criação do governo ou da lei. O direito à propriedade é um direito natural, no sentido de que ele é pré-
político. É um direito ligado aos indivíduos como seres humanos, anterior ao surgimento do governo, antes mesmo do
parlamento e legisladores promulgarem leis para estabelecer direitos e salvaguardá-los.
Locke diz que, para pensarmos no significado de ter um direito natural, temos que imaginar como as coisas são antes do
governo e antes da lei. Isto é o que Locke define como estado de natureza. Para Locke o estado de natureza é um estado de
liberdade. Seres humanos são livres e iguais, não existe uma hierarquia natural. Não seria verdade que alguns nasceram para
ser reis e outros para ser escravos. Ainda assim, ele afirma que há uma diferença entre um estado de liberdade e um estado
de licença. Isso porque, mesmo no estado de natureza existe uma lei. Não o tipo de lei que os legisladores criam, mas a lei
da natureza. E essa lei restringe o que podemos fazer, mesmo sendo livres e estando no estado de natureza.
Quais são as restrições?
A única restrição imposta pelo estado de natureza é que, dos direitos que temos - os direitos naturais -, nós não podemos
abrir mão, como não podemos tirá-los de outra pessoa. Sob a lei da natureza, não sou livre para tirar a vida de alguém, a
liberdade ou a propriedade. Não somos nem livres para tirar a própria vida, liberdade ou propriedade. Apesar de ser livre,
não sou livre para violar a lei da natureza, ou me vender como escravo. Ou dar para alguém um poder absoluto e arbitrário
sobre mim. De onde essa restrição surge?
Locke nos dá duas respostas -
1. "Os homens, sendo todos eles a obra de um único Criador onipotente e infinitamente sábio," - ou seja, Deus - "são
propriedades d'Ele, visto que são Sua obra, feitos para durar segundo o prazer d'Ele, e não de outro."
Então uma resposta à pergunta de por que não posso abrir mão dos meus direitos à vida, liberdade e propriedade é: eles não
são exatamente meus. Deus tem um direito de propriedade maior sobre nós, um direito prioritário.
Muitos podem dizer que é uma resposta insatisfatória, não convincente, ao menos para quem não acredita em Deus. Locke
neste caso recorre à ideia da razão.
A ideia é que, se refletirmos corretamente sobre o que significa ser livre, chegaremos à conclusão de que a liberdade não
pode ser apenas uma questão de fazermos o que quisermos. É o que dirá nesta afirmação:
"O estado de natureza tem uma lei para governá-lo, obrigatória a todos, e a razão, que é essa lei, ensina todos os homens
que a consultam que, por serem iguais e independentes, não devem prejudicar outro homem na vida, na saúde, na liberdade
ou nas posses."
Neste ponto, temos uma característica intrigante dos argumentos de Locke sobre os direitos. Por um lado, ele é familiar, por
outro, é estranho. É a ideia de que nossos direitos naturais são inalienáveis. O que isso significa? Que não devemos aliená-
los, abrir mão deles, desistir deles, negociá-los ou vendê-los. Eles são meus até o limite em que posso usá-los para mim,
mas não posso comercializá-los. Por um lado, um direito inalienável, intransferível, faz algo que é meu ser menos meu.
Mas, por outro lado os direitos inalienáveis - principalmente sobre a vida, a liberdade e a propriedade -, sendo inalienáveis,
se tornam mais profundamente meus, e é este o conceito de Locke de "inalienável".
Como o conceito de direitos inalienáveis funciona no caso da propriedade? Pois é essencial ao argumento de Locke que a
propriedade privada pode se formar antes mesmo de existir qualquer governo. Como pode existir um direito à propriedade
privada antes mesmo de existir qualquer governo?
Locke dirá que "todo homem tem uma propriedade em sua própria pessoa. Só ele tem direito a ela, mais ninguém. O trabalho
de seu corpo e de suas mãos são propriamente dele." A partir daí, ele alega ainda que, ao misturar nosso trabalho com algo
que não tenha dono, o produto disso torna-se nossa propriedade.
"O que for tirado do estado em que a natureza fez e deixou, ao ser misturado com o trabalho acrescentando-se algo próprio,
torna-se propriedade daquela pessoa."
Pois, sendo o trabalho propriedade inquestionável do trabalhador, ninguém além dele pode ter direito ao que é acrescentado
ou misturado ao seu trabalho." E ele inclui esta condição importante - "Pelo menos enquanto o que restar for suficiente, e
tão bom quanto, para os outros."
No entanto, nós não adquirimos propriedade apenas sobre os frutos da terra, o cervo que caçamos e o peixe que pescamos.
Nós também se cultivamos, lavramos, cercamos a terra e plantamos batatas, somos donos não só das batatas, como também
do terreno, da terra.
"A extensão de terra que um homem lavra, planta, melhora, cultiva, e cujos produtos ele pode usar, é considerada
propriedade dele. Por meio do trabalho, ele a separa dos bens comuns."
Então, a ideia de que os direitos são inalienáveis parece distanciar Locke dos libertários. Pois, estes dizem que temos direitos
absolutos de propriedade sobre nós mesmos, e sendo assim, podemos fazer o que quisermos conosco.
Locke ao contrário, diz que se levarmos a sério os direitos naturais, veremos que existem certas restrições ao que podemos
fazer com eles, restrições dadas ou por Deus ou pela razão e que refletem sobre o verdadeiro significado de ser livre. E ser
realmente livre significa reconhecer que nossos direitos são inalienáveis. Esta é a diferença entre Locke e os libertários,
mas, quando se trata do conceito de Locke de propriedade privada, ele se aproxima novamente do libertarismo.
Existem alguns exemplos que demonstram a intuição moral de que nosso trabalho pode pegar algo que não tem dono e
transformá-lo em nosso, apesar de às vezes haver controvérsias sobre isso.
Existe uma discussão entre países ricos e em desenvolvimento sobre direitos de propriedade intelectual relacionados ao
comércio. Recentemente discutia-se sobre leis de patentes de medicamentos. Países ocidentais, principalmente os EUA,
dizem: "Temos uma indústria farmacêutica grande, que desenvolve novos medicamentos. Queremos que todos os países do
mundo concordem em respeitar as patentes." Então aconteceu a crise da AIDS na África do Sul, e os remédios americanos
contra a AIDS eram muito caros. Muito mais do que a maioria dos africanos poderia pagar. O governo sul-africano disse:
"Vamos começar a comprar uma versão genérica dos remédios antirretorvirais por uma pequena fração do custo, porque
conhecemos uma fabricante indiana que descobre como eles são feitos e os produz. E, por uma fração do custo, podemos
salvar vidas, desde que não respeitemos essas patentes." O governo americano disse - "A nossa empresa investiu em pesquisa
e criou esse medicamento. Vocês não podem produzi-lo em massa sem pagar a taxa de licenciamento."
Então houve uma disputa, e a farmacêutica processou o governo sul-africano para tentar impedi-lo de comprar o
medicamento genérico, barato, e - na visão deles - pirata contra a AIDS. Finalmente, a farmacêutica cedeu e disse: "Estão
liberados." Mas esta disputa sobre quais deveriam ser as regras da propriedade - da propriedade intelectual da patente de
medicamentos -, de certa forma, é a última fronteira do estado de natureza, porque, entre nações que não têm uma lei
uniforme sobre direitos de patentes e de propriedade, eles ficam em aberto até que, por um consenso ou acordo internacional,
as pessoas acabem estabelecendo regras.
A questão maior é a seguinte - Se o direito à propriedade privada é natural, não convencional, se é algo que adquirimos até
antes de aceitar o governo, como esse direito limita o que um governo legítimo pode fazer?
Para podermos concluir se Locke é um aliado ou possivelmente um crítico da ideia libertária de Estado, temos que perguntar
o que acontece com os direitos naturais quando entramos para a sociedade? Entramos para a sociedade por consentimento,
por acordo, ao deixar o estado de natureza e ser governado pela maioria, por um sistema de leis humanas. Entretanto, essas
leis humanas são legítimas apenas se respeitarem nossos direitos naturais. Se respeitarem os direitos inalienáveis à vida, à
liberdade e à propriedade. Nenhum parlamento ou poder legislativo, por mais democrático que seja, pode violar
legitimamente os nossos direitos naturais.
Este conceito de que nenhuma lei pode violar o nosso direito à vida, à liberdade e à propriedade parece apoiar a ideia de um
governo tão limitado que faria a felicidade dos libertaristas. Porém, apesar de Locke afirmar que a lei da natureza permanece,
existe um 'governante'. Embora Locke insista num governo limitado - limitado pela finalidade para o qual foi criado: a
preservação da propriedade -, ainda assim, existe uma noção importante do que se entende por minha propriedade, o que se
entende por respeitar a minha vida e minha liberdade, "é o governo que define". A existência de respeito à vida e à liberdade
é o que limita um governo. Mas o que se entende por respeitar a minha vida e respeitar a minha propriedade são os governos
que decidem e definem.
Estado legítimo para Locke / Consentimento.
Qual o papel do consentimento? O consentimento é uma ideia óbvia e familiar, na Filosofia Moral e Política. Locke diz que
o governo legítimo é aquele criado por consentimento.
O que um governo legítimo e instituído por consentimento pode fazer, quais são os poderes dele, segundo Locke? Para
respondermos essa pergunta é bom lembrarmos como é o estado de natureza. - O Estado de natureza é a condição que
decidimos abandonar, e é isso o que faz o consentimento existir. Por que não ficamos no estado de natureza?
Locke diz que há inconveniências no estado de natureza. Quais são elas? A principal é que todo mundo pode fazer cumprir
a lei da natureza. Todo mundo seria o mandante, ou, como Locke chama, o executor do estado de natureza. Se alguém viola
a lei da natureza, é um agressor, é inconsequente, e nós podemos puni-lo. Ninguém precisa ser cuidadoso com os graus de
punição no estado de natureza. Podemos matar alguém que esteja nos perseguindo, podemos matar quem tenta nos matar
(isso é legítima defesa).
O poder de execução, o direito de punir, todos nós podemos praticar no estado de natureza. Se não há juiz, nem leis, todo
mundo é o "juiz" do seu próprio caso. No entanto, Locke observa que ao julgarmos nosso próprio caso, tendemos a perder
o controle, surgindo daí a inconveniência do estado de natureza. Perdemos o controle, há agressões, punições, e antes que
possamos perceber, todos estamos inseguros sobre o gozo de nossos direitos inalienáveis, à vida, à liberdade e à propriedade.
"Pode-se destruir o homem que o ataca, assim como se pode matar um lobo ou um leão, pois esses homens não têm outra
regra senão a da força e violência", - "então podem ser tratados como feras selvagens aquelas criaturas perigosas e nocivas
que destruirão você se cair em poder delas. Portanto, mate-as primeiro."
Então, o que começa com um estado de natureza aparentemente benigno - em que todos são livres, mas existe uma lei que
respeita os direitos das pessoas, quando olhamos bem perto é feroz e repleto de violência. E justamente por isso as pessoas
querem abandoná-lo. Como abandonamos esse estado? É aí que entra o consentimento. O único jeito de escapar do estado
de natureza é realizando um ato de consentimento pelo qual concordamos em desistir do poder de execução e em criar um
governo ou uma comunidade que terá um legislativo para criar leis e em que todos concordam previamente - em acatar o
que a maioria decidir.
A questão é: que poderes a maioria pode decidir?
A questão que Locke se coloca é mais complicada do que parece à primeira vista. Pois junto com toda a história sobre
consentimento e regra majoritária, existem os direitos naturais, a lei da natureza, os direitos inalienáveis. E eles não
desaparecem quando as pessoas se reúnem para criar uma sociedade civil. Então, ainda que a maioria esteja no comando,
ela não pode violar os seus direitos inalienáveis, os direitos fundamentais à vida, à liberdade e à propriedade.
Eis a charada: Quanto poder a maioria tem? Qual é o limite do governo instituído por consentimento?
Ele é limitado pela obrigação, por parte da maioria, de respeitar e fazer cumprir os direitos naturais fundamentais dos
cidadãos. Nem eles nem nós abdicamos disso ao entrar em um governo. Esta é a ideia poderosa de Locke - direitos
inalienáveis.
"O poder supremo" - segundo Locke, o legislativo - "não pode tirar qualquer parte da propriedade sem o consentimento do
homem. A preservação da propriedade, que é o objetivo do governo e a razão de os homens entrarem para a sociedade,
supõe e exige que as pessoas tenham propriedade." Por isso elas entraram para a sociedade, para protegerem seus bens.
"Os homens em sociedade, por terem propriedade, têm um tal direito aos bens que pela lei da comunidade lhes pertencem."
"E ninguém pode tirá-los deles sem seu consentimento." "É um erro pensar que o poder legislativo pode fazer o que quiser
e dispor dos bens do sujeito arbitrariamente ou tirar qualquer parte deles à vontade."
"Um governo não é mantido sem grandes encargos. Governos são caro." "É justo que todos que desfrutem da proteção dele
paguem com parte da sua propriedade."
"Mas isso deve ser feito com o seu consentimento, isto é, o consentimento da maioria, dado por ela própria ou por seus
representantes."
O que Locke realmente quer dizer?
A propriedade é natural por um lado, mas convencional por outro. É natural no sentido de que temos o direito fundamental
e inalienável de que a propriedade exista, de que a instituição dela exista e seja respeitada pelo governo. Uma tomada
arbitrária da propriedade seria uma violação à lei da natureza e seria ilegítima. Mas a questão é mais profunda. Este é o
aspecto convencional. A questão é que o que se entende por propriedade, como ela é definida, e o que se entende por tomar
propriedade, é o governo que decide. Então o consentimento... Qual o papel do consentimento? O que faz a tributação ser
legítima é que ela seja consentida, não por Bill Gates, se ele tiver que pagar imposto, mas pelo consentimento que ele e nós
todos demos dentro da sociedade, quando saímos do estado de natureza e criamos o governo. É o consentimento coletivo.
Por essa interpretação parece que o consentimento está fazendo muita coisa, e o governo limitado que ele cria não é tão
limitado assim.
Qual é a visão de Locke, quando há um governo já estabelecido, acerca da possibilidade de quem nasceu dentro desse
governo poder sair e voltar ao estado de natureza, uma vez que nós não demos nosso consentimento, não assinamos nenhum
contrato social?
Locke dirá que não é necessário assinarmos um contrato. Ao usarmos os serviços do governo, nós consentimos que o
governo tire coisas de nós (resposta parcial).
Por um lado, temos os direitos dos quais nem nós temos o poder de abrir mão, e é isso que cria os limites do governo
legítimo. Não é aquilo com que consentimos que limita o governo, é o poder de renúncia que não temos quando damos
consentimento que limita o governo. Este é o ponto principal de todo o conceito de Locke sobre o governo legítimo. "Se
não podemos desistir da nossa vida, cometer suicídio, abrir mão do direito à propriedade, como vamos concordar em ficar
presos a uma maioria que vai nos forçar a sacrificar nossas vidas ou a entregar a nossa propriedade?
Locke é contra governos arbitrários, contra confiscos arbitrários, como Bill Gates ser escolhido para financiar a Guerra do
Iraque. Mas, se houver uma lei geral, pela qual a escolha do governo e a ação da maioria não seja arbitrária, ela não
equivalerá exatamente a uma violação dos direitos básicos das pessoas.
O que é considerado violação é a tomada arbitrária, pois seria como dizer, não só para Bill Gates, mas para todos: "Não
existe regra de lei, não existe uma instituição de propriedade, porque, por capricho do governante, qualquer um pode ser
escolhido para abrir mão de sua propriedade ou da sua vida."
Porém, contanto que haja uma regra de lei não arbitrária, então é permissível.
Muitos dirão que isso não equivale a um governo muito limitado, e os libertários vão reclamar que Locke não é um bom
aliado. Os libertários têm dois motivos para se decepcionar com Locke -
1. Os direitos serem inalienáveis, e portanto, no fim das contas, eu não sou dono de mim mesmo;
2. Existindo um governo legítimo baseado no consentimento, os únicos limites, segundo Locke, são os de apropriações
arbitrárias de vida, da liberdade ou da propriedade. Mas, se a maioria decide, se ela promulga uma lei geral e aplicável e se
vota devidamente com procedimentos justos, então não existe violação, seja num sistema de tributação ou de alistamento
obrigatório no serviço militar.

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