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Sim, um anuário de jornalismo.

Sabemos que você nunca viu algo do gênero na nossa área, e esperamos que seja o
primeiro de muitos outros que virão nos próximos anos.
Já era hora de nós, jornalistas, não apenas olharmos em retrospectiva, mas termos um
guia prático em mãos para saber quais referências acompanhar ao longo do ano, quais ini-
ciativas conhecer mais a fundo para se inspirar, quais habilidades desenvolver para estar
preparado para os próximos capítulos de nossas jornadas, entre outros pontos.
O que você vai encontrar nas próximas páginas é uma seleção, fruto de uma curadoria
feita pela nossa equipe, já dedicada a qualificar jornalistas e a acompanhar tendências que
ajudem nesse caminho. Profissionais, veículos, novos projetos e outras iniciativas na área
também têm valor, mas aqui fizemos uma seleção assinada pelo BRIO.
Isso é o que consideramos que devem ser suas prioridades para o ano de 2018.
Ficamos desde já abertos a sugestões para o Anuário 2019.

Um grande ano para todos nós! Time BRIO


O que esperar Jornalistas
do jornalismo e estrangeiros
dos jornalistas que você deve
em 2018 acompanhar

Dez jornalistas Cinco veículos


brasileiros que independentes
irão se destacar que irão inovar
neste ano e voar

As iniciativas que As newsletters que


serão colocadas mais vale a pena
em prova você assinar

As expressões que
você vai ouvir muito
no jornalismo em 2018

As habilidades que vale Os assuntos que


você aprender certamente serão pauta
Desde 2014, um ano não é aguardado com tanta ansiedade no jornalis-
mo. Depois de sermos pegos de surpresa pela força das manifestações
de rua de 2013, quatro anos atrás prevíamos cenário de terra arrasada
com a iminência de uma Copa do Mundo no país, formatada na base
de muita propina, corrupção e deixando pra trás um legado bem meia
boca. Sobrevivemos e a tragédia, no fim das contas, ficou essencial-
mente restrita ao campo, com o incrivelmente simbólico 7 a 1.

Este 2018 que acaba de dar a largada traz outros legados como expec-
tativa. A Lava Jato, com “o grande acordo nacional”, vai dar num beco
sem saída? E a recessão, aprendemos algo com ela?

As eleições têm grande chance de revelar essas respostas e, por


tabela, tornar mais nítida que sociedade foi o fruto desses últimos
quatro anos. Teremos mais votos nulos e brancos como expressão
de um descontentamento e desencanto geral ainda mais amplo? Um
‘salvador da pátria’ terá vez numa era em que hiperinformação e desin-
formação caminham juntas? Uma candidatura Lula, mesmo com todas
as questões jurídico-criminais envolvidas, terá sucesso? E a esquerda
mais raiz conseguirá ocupar espaços após a detonação de uma crise
material e moral sem precedentes no país? Os movimentos de direita e
as patrulhas morais têm fôlego para colocar em suas fileiras os que se
beneficiaram ao longo de anos de uma forte política de transferência
de renda?

E o jornalismo nisso tudo? Ou melhor dizendo, e nós, jornalistas?

Reportagens bem apuradas, narrativas que mostrem o lado de quem


está lá no solo, esperando outubro chegar para votar, investigações
próprias, que não dependam apenas do trabalho de policiais, promo-
tores e procuradores, tudo isso seguirá tendo força para gerar impacto
no mundo real.
Achamos, aqui no BRIO, que o jornalismo tem tudo para brilhar neste
ano.

Apesar do cenário que não emite muita confiança diante de tantos


cortes de vagas em redações, da penúria geral de empresas de mídia
que buscam reestruturações de forma a evitar fechar as portas, o tra-
balho jornalístico continua, e sempre continuará, essencialmente como
um poder que pode ser executado individualmente.

Uma redação com menos de 10 pessoas é potencialmente capaz de


fazer um trabalho tão bom ou melhor do que uma redação de 100 jor-
nalistas. Talvez não seja capaz de cobrir tão bem um acidente aéreo ou
alcançar milhões de pessoas no momento da publicação, por exemplo,
mas certamente é capaz de expor contradições e más condutas de
agentes públicos que buscam comandar o país no futuro bem próximo.
Ou de dar voz, de maneira crítica, àqueles que são impactados por
políticas públicas. Ou de levantar dados que revelem ou desconstruam
nuances sobre a sociedade, a economia, os esportes, a cultura…

Neste ano, teremos eleições presidenciais, e elas são o elemento mais


importante do ano, é claro. Mas teremos também um ano de provação
em relação às novas regras trabalhistas, um ano em que provavel-
mente o STF decidirá sobre a descriminalização do aborto, um ano
em que a tendência é de mais crescimento da violência nas grandes
cidades, um ano em que o avanço da agenda conservadora tende a ser
dos mais relevantes das últimas décadas, um ano em que discursos
de modelos econômicos bem-sucedidos ou fracassados se alternarão,
cada um puxando a sardinha mais suculenta para o seu lado.

Esse é o rico material que nós, jornalistas, temos em mãos para


trabalhar a partir de agora. Um computador, um bloco, uma caneta,
um telefone e um tanto de disposição de enxergar a realidade com os
olhos profissionais de um repórter ou editor é tudo o que precisamos
para começar a jogar no tabuleiro de 2018.

A carreira de jornalista seguirá em crise. Dá pouco dinheiro mesmo, há


pouquíssimas vagas formais dentro dos conformes da CLT, a concorrên-
cia é gigantesca. Grandes grupos estão se reestruturando, como Globo
e Abril. Outros muito provavelmente anunciarão medidas fortes ao
longo dos próximos meses, porque tem sido assim nos últimos anos e
porque não há nenhum sinal de que eles tenham avistado um oásis.

Mas a carreira de jornalista seguirá gerando esperança. Prepare-se


para ver florescer, neste ano, um jornalismo independente com cada
vez mais qualidade e incorporando padrões de rigor técnico e tec-
nológico de alto nível, com referências não apenas na mídia brasileira,
mas também em exemplos incríveis vindo dos Estados Unidos, Europa e América
Latina. Nexo, JOTA, Agência Pública, Lupa, Aos Fatos, Ponte Jornalismo, Nova Escola,
Poder360, nós mesmos aqui do BRIO, além dos players estrangeiros ancorados no
Brasil, como El País, BBC, Buzzfeed e The Intercept. Em 2014, boa parte deles não
existia. Os que existiam ainda não tinham encontrado sua maturidade.

Mas mesmo os grandes veículos vão buscar fazer, em 2018, o melhor jornalismo
possível. A sobrevivência deles depende disso, a exemplo da imprensa dos Estados
Unidos, que, num momento de crise de confiança e com um presidente falando mal
da mídia de manhã, tarde e noite, produziu em 2017 um jornalismo de alto nível e
viu suas bases de assinantes (digitais) crescerem. A indústria jornalística no Brasil
está sendo aspirada, e não tem muito outro jeito de escapar do tubo do aspirador a
não ser fazendo jornalismo relevante e de impacto.

Para tudo isso, tanto para os repórteres independentes, em seus esforços individ-
uais, quanto para as equipes das redações, não dá para fazer jornalismo relevante
e de impacto sem saber o caminho das pedras. É preciso saber onde buscar in-
formações, onde levantar dados, como obter fontes e cultivá-las, como se colocar
para o mercado de forma que seu esforço seja remunerado. É preciso saber como
aproveitar o potencial de um material jornalístico de qualidade sem se limitar ape-
nas ao texto. É preciso adotar as melhores práticas de organização e planejamento
para que (falta de) tempo e dinheiro não se tornem tormentos inviabilizadores do
jornalismo bem feito.

Em resumo, é preciso saber ser jornalista. O repórter precisa ser mais do que sim-
plesmente alguém revoltado com as injustiças do mundo que gosta de escrever e
está a fim de ajudar a mudar o mundo. O repórter não pode ser apenas alguém que
gosta de contar boas histórias. Jornalistas não podem se resumir a gostar de fazer.
A gente tem que saber como fazer e, assim, nos defender e defender o jornalismo. BRENO COSTA
Chefe de
Boa sorte a todos nós em 2018 (mas que fique registrado: aqui no BRIO, estamos Desenvolvimento
nos esforçando para que você, jornalista, não conte apenas com a sorte). Jornalístico
Filipe começou sua carreira na Folha de S.Paulo do jeito que a gente aqui no BRIO
idealiza para todos os profissionais que fazem parte da nossa base: oferecendo
uma proposta de pauta. Na época, era uma reportagem batendo no então presi-
dente do Senado, José Sarney. A ousadia de farejar podres envolvendo poderosos
em geral - no Judiciário, no esporte, na política, no empresariado - é o que levou
o repórter a avançar muito na carreira e em pouco tempo. Em 2014, foi para a
revista Época e, no ano passado, foi contratado para ser o repórter de investigação
do Buzzfeed em Brasília. Ele já ganhou o Prêmio Esso ao revelar junto com outros
colegas, na Folha, esquemas de corrupção do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira.
Mais recentemente, deu furos importantes sobre o patrimônio do ex-presidente
Lula, a operação Lava Jato e sobre figuras como os ministros Gilmar Mendes e
Henrique Meirelles. Em 2018, ano eleitoral, espere mais revelações.
Como será 2018 para o jornalismo? e informações relevantes. E, para isso, é Em 2018, com eleições, aumenta o
Em tempos de fake news e eleições, o necessário discernimento, fontes e sola interesse do leitor e a oportunidade de
jornalismo terá papel duplo: informar e de sapato. produzir notícias de impacto e relevância.
mostrar ao eleitor o que é relevante e o
que é enganação. Quais serão os principais desafios para o Como estão as suas expectativas para o
jornalismo em 2018? futuro próximo do jornalismo no Brasil?
Como um jornalista deveria se preparar para O volume de notícias e a velocidade são As melhores possíveis. O jornalismo nunca
o próximo ano? intensos e, por isso, será decisivo saber se foi tão necessário e demandado como
Será fundamental saber usar as ferra- comunicar com o leitor. É preciso ouvi-lo e nesses tempos de casos de corrupção,
mentas disponíveis na internet, para entender quais suas demandas, como ele crise e fake news.
apurar e checar informações, e como usar acessa o conteúdo e como o material pode
os meios de distribuição para alcançar o ser relevante para ele. Se você tivesse que sugerir algo com que um
leitor de maneira mais inteligente. Tudo jornalista pudesse se preparar para 2018,
isso, contudo, é apenas uma parte do Quais as principais oportunidades que os qual seria?
trabalho. O jornalismo continua em sua jornalistas podem aproveitar em 2018 para Escute as pessoas. As grandes histórias
essência: contar boas histórias, com furos fazer um bom trabalho? surgem dali.
Ela é, hoje, provavelmente o melhor texto que você vai Como será 2018 para o jornalismo?
encontrar na cobertura de política. Embora seu lado Muito difícil. Depois da eleição de 2014, quando a gente viu o tamanho do
buraco, todo mundo disse que aquela seria a “última eleição da mistifi-
repórter esteja reservado para momentos mais cação”. Mas será que 2018 não será também? Isso será explícito ou os
especiais, Maria Cristina já se destaca o suficiente candidatos terão medo de se confrontar com o debate que o Brasil pre-
para merecer a presença no top 10 do jornalismo de cisa? Eu acho que já tivemos mais certeza de que isso aconteceria. Cabe
uma responsabilidade aos jornalistas: desmistificar o debate político. As
qualidade no Brasil pela sua coluna semanal no Valor redações continuam sem gente suficiente, todos fazendo trabalho em
Econômico, devidamente marcada com o DNA de uma tempo real, e as pessoas não têm como ir a fundo nos temas. Os novos
repórter crítica em relação a qualquer lado do espec- veículos são iniciativas bem-vindas, mas eu diria que eles ainda não
tro político-ideológico. Num ano decisivo como o de contaminaram a cobertura de uma maneira geral. É uma existência ainda
à parte, isolada do motor da cobertura política. Mais do que a proliferação
2018, acompanhar o que ela tem a dizer e a reportar é de sites de checagem, o espírito de checar deveria contaminar de maneira
fundamental. Pioneira, ela fez parte da primeira equipe mais aguda e profunda nosso trabalho. Deveria ser algo que fosse intro-
da revista Época e está no Valor desde a fundação do jetado e absorvido.
jornal, em 2000. Lá, foi editora de política ao longo
Como o jornalista deve se preparar para este ano?
de 15 anos. Formada em jornalismo e em história em Nesses momentos é que a gente vê que tem que se livrar um pouco do
Pernambuco, é também mestre em política comparada complexo de colonizado. Nem olhar para a melhor imprensa do mundo
pela Universidade de Paris I e em política latinoameri- a gente pode. A eleição de Trump desautoriza qualquer referência que a
cana pela Universidade de Londres. Tá bom, né? gente possa ter de lá. Talvez [devêssemos] fazer o contrário do que foi
feito lá. O jornalista deve estudar muito a biografia, o desempenho e a
atuação dos candidatos. O que eles fizeram? Que projetos eles apoiaram
enquanto parlamentares? Aquilo que eles serão nunca se dissociará
daquilo que já foram. Não tem outro jeito de checar o futuro que não o de
confrontar o passado.

Quais serão os principais desafios para o jornalismo em 2018?


Ouvir o eleitor. Mais importante do que ouvir candidato é ouvir eleitor.
Quem é a pessoa que está tão frustrada? Não é só leitura de pesquisa. É ir
para a rua, passar por campanhas, circular nas plateias, perguntar para os
eleitores o que seus candidatos disseram. A gente acha que ler pesquisa
é entender o eleitor, mas não é.

Quais as principais oportunidades que os jornalistas podem aproveitar


em 2018 para fazer um bom trabalho?
A eleição é o grande tema. O Brasil terá passado os dois últimos anos sob
um governo que não escolheu. Haverá a oportunidade de se conectar ao
eleitor. Tem muitos espaços de discussão na sociedade que o jornalista
não entra e não percebe que pode entrar. Bares, praças, festas, a con-
vivência no dia a dia, perceber como as pessoas interagem com a política
e com o Brasil que elas querem. É possível descobrir espaços informais de
convivência em que seja possível entrar e pegar esse pulso do eleitor de
uma maneira mais informal.

Quais suas expectativas para o futuro próximo do jornalismo no Brasil?


Otimista sempre. A geração que está entrando é melhor que a nossa. Eles
são mais bem informados, mais curiosos.

Se você tivesse que sugerir algo com que um jornalista pudesse se


preparar para 2018, qual seria?
Biografias de políticos. Recomendo a trilogia de Getúlio Vargas (Lira Neto),
“Lula, o Filho do Brasil” (Antonio Candido) e o “Diários da Presidência”, do FHC.
Como será 2018 para o jornalismo? e quanto vale a pena investir numa Adriano começou no jornalismo em Belém, no
Temos ficado muito preocupados com pauta. Os editores geralmente acham
Pará. Entrou para a equipe de trainees da Fol-
demissões. É triste ver jornais cada vez que vale a pena se for um furo. Mas de
mais enxugados, porque o jornalismo uns tempos pra cá a gente percebeu ha de S.Paulo em 2010, quando se transferiu
de qualidade perde muito. É impor- que vale a pena investir em pautas para a Faculdade Cásper Líbero e começou a
tante que as redações invistam na que vão engajar o leitor, e isso vai na vida como repórter na editoria de esporte.
mescla de dois mundos: o jornalismo contramão do que se acreditava que
quente, diário e que gere audiência, era o conteúdo perfeito para a internet.
Dois anos depois, mudou-se para o UOL,
mas também com uma equipe forte, O ano que vem é uma oportunidade onde trabalha desde então. Ele gosta de faz-
com liberdade para pensar pautas para o repórter que tem interesse er do esporte não somente o centro de sua
mais aprofundadas e maior tempo de nesse tipo de história. Pra mim, a pauta, mas cenário para histórias diferentes,
apuração. melhor matéria do ano foi a do Fofão
da Augusta. Tem pouca gente fazendo e de suas reportagens, narrativas menos
Como um jornalista deveria se preparar isso. engessadas e mais bem contadas - um belo
para o próximo ano? sopro de ar fresco para o nosso jornalismo.
Eu, por exemplo, vou tentar aproveitar Como estão as suas expectativas para o
o interesse que as pessoas vão ter futuro próximo do jornalismo no Brasil?
no Mundial [de futebol da Fifa] para Do ponto de vista das redações, sou
fazer as pautas que eu gosto e que o pessimista. É difícil quando você con-
leitor esteja interessado. Em relação versa com pessoas que não veem uma
às fake news, nós que trabalhamos na forma de crescer nas redações onde
grande mídia temos uma obrigação em elas estão.
combater esse fluxo de notícias falsas.
Nosso papel é levar ao leitor uma Se você tivesse que sugerir algo
notícia mais apurada. com que um jornalista pudesse
se preparar para 2018, qual
Quais serão os principais desafios para o seria?
jornalismo em 2018? Você aprende a fazer
Não estamos acostumados a lidar com reportagens com boas
essa produção em larga escala de notí- histórias, lendo muito,
cias mentirosas, esse tipo de buzz que principalmente na impren-
é causado por agentes novos. É uma sa estrangeira. Recomen-
realidade completamente diferente, do a leitura de um livro
que a gente não aprende na faculdade. chamado ‘Storycraft: The
Os caras estão pensando muito à Complete Guide to Writing
frente da gente e poucas pessoas nas Narrative Nonfiction’, do
redações estão preparadas para eles. Jack Hart. Ele conta como
Quem vai cobrir política talvez precise fez seus repórteres transfor-
se especializar em combater fake marem suas pautas em jornal-
news. ismo narrativo, já que estavam
desperdiçando histórias riquíssi-
Quais as principais oportunidades que os mas por não fugirem do jornalistês,
jornalistas podem aproveitar em 2018 lide, aspas, pirâmide invertida etc. É
para fazer um bom trabalho? meu livro de cabeceira. Toda vez que
Existe uma discussão sobre o tamanho vou fazer uma pauta eu o consulto.
e a profundidade do texto na internet
DANIELA PINHEIRO não é novidade, mas o cargo para o qual ela foi
incumbida no fim de 2017 despertou interesse e a manterá no centro
das atenções do jornalismo ao longo deste ano. Após 11 anos em Veja
e outros 11 na piauí como repórter especial e editora, a renomada
e premiada jornalista é a nova diretora de redação da revista Época,
agora com sede no Rio. A publicação sofreu reveses ao longo do último
ano. Pode ser a primeira grande revista brasileira a abandonar a versão
impressa. Pinheiro será a responsável pelo êxito dessa metamorfose,
cujas adversidades nem mesmo ela ou ninguém sabem como se darão.

GUILHERME AMADO colaborou com um dos maiores furos da política bra-


sileira - o principal de todo o noticiário político em 2017, certamente. A
publicação da gravação de Joesley Batista, dono da JBS, com o pres-
idente Michel Temer trouxe holofotes também à carreira do repórter
da coluna de Lauro Jardim, no Globo. Também no ano passado, Amado
representou o jornal em uma rede internacional de jornalistas que co-
laborou para investigar a Lava Jato na América Latina. O Globo e outros
sei veículos foram os únicos a publicar no continente as delações de
executivos internacionais da Odebrecht, até hoje em sigilo no STF, e
descobriram fatos além das investigações do Ministério Público.

LEONÊNCIO NOSSA já é uma lenda viva no jornalismo brasileiro do século


21. Não tem ninguém que venha lutando, há tantos anos, e com
êxito, por manter vivo o jornalismo de fôlego. É repórter do Estadão
há 17 anos. Durante o governo Lula, cobriu o Palácio do Planalto, o que
rendeu a publicação de um livro com o relato de suas viagens atrás do
presidente. Mas o destaque que lhe gerou diversos prêmios impor-
tantes foram suas reportagens sobre cantos pouco falados do país,
invariavelmente publicadas em cadernos especiais. Está finalizando
um dos maiores projetos da carreira: a biografia de Roberto Marinho.
ANNA VIRGÍNA BALLOUSSIER é LUCAS FERRAZ construiu sua
dessas repórteres que veem o carreira na Folha de S.Paulo,
mundo ao redor como algo a ser onde vasculhou a ditadura e
descontruído com elegância. outros assuntos históricos que
Suas reportagens na Folha de demandam conhecimento amp-
S.Paulo buscam, sempre que lo conhecimento de contexto e
possível, injetar uma pitada de acesso a documentos públicos.
ironia - que nasce, às vezes, Desde 2016, está em carreira
com a própria escolha da pauta. independente. Atualmente,
Num ano ‘sério’, vale a leveza. escreve para a Agência Pública.

MARINA ROSSI representa um RENATA AGOSTINI é um dos


modelo de produção jornalística destaques da nova geração de
que só aportou pra valer no repórteres que acompanham
Brasil há pouco tempo, via El o mundo dos negócios. Com
País, onde está desde 2013. uma alta capacidade de fazer
Seu olhar busca acompanhar os fontes bem posicionadas, já
movimentos do tecido social do desenvolveu ótimas reporta-
país - essencial num ano como gens na Exame, Folha de S.Paulo
este. E tem um forte olhar para e, desde o ano passado, como
questões feministas. Foi uma repórter especial no Estadão.
das criadoras da campanha Mundo corporativo é com ela.
“Jornalistas contra o assédio”.
Se você gosta de ver ousadia no jornal- a escola de editoras de moda que quebr-
ismo, em diferentes níveis, então você aram certos padrões ao mesmo tempo em
já sabe para onde olhar em 2018: as que criavam outros. Os exemplos mais
novas ideias colocadas em prática por destacados nesse sentido são Franca
Elaine Welteroth. Aos 30 anos, ela é a Sozzani, que radicalizou o approach fo-
editora-chefe mais jovem da história de tográfico da Vogue Itália, e Anne Wintour,
qualquer uma das (prestigiadíssimas) editora-chefe da Vogue americana.
publicações da editora Condé Nast. Para
quem não sabe, além da Vogue, a marca Mas a politização de uma revista de moda,
é responsável por ícones como a The New ainda mais voltada para um público jovem,
Yorker e a Vanity Fair, entre outras. é algo nunca antes visto. Apesar do ap-
proach renovado, a Teen Vogue impressa
No dia em que este texto era escrito, dois deixou de existir. Elaine segue como
dos títulos em destaque no alto da home editora-chefe da publicação em sua
da Teen Vogue eram: “Por que o governo versão digital, mas deverá ser aprove-
controla milhões de hectares de terra - e itada, ainda neste ano, de uma maneira
como você pode usá-los” e “Karlie Kloss ainda mais “high level” pela Condé Nast.
[top model] explica por que as mulheres
são o futuro da programação”. Daí dá para Além de sua ousadia como editora de uma
sentir a linha editorial trazida “do nada” revista em tese sem conotação política,
por Welteroth. seu valor também está, claro, em sua
presença feminina e negra numa época de
Se algo nessa linha pode aparecer no recrudescimento de casos de racismo na
Brasil? Não muito rápido, mas é possível, sociedade americana e de revelações de
sim. Elaine segue, não intencionalmente, assédios nas redações dos EUA.
Ele faz investigações para a revista The para assuntos humanitários relacionados
New Yorker. Isso já seria suficiente para ao Afeganistão e ao Paquistão e para
um invejável cartão de visita. Mas, mais assuntos globais ligados à juventude.
que isso, ele concilia essa atividade banal
no mundo jornalístico com trabalhos de Se, aos 29, ele já tem essa folha de
investigação também para a TV. É algo serviços para mostrar, difícil imaginar
como Caco Barcellos tocando o Profissão que agora, entrando nos 30, ele passe
Repórter e ainda dando furos de reporta- em branco. Seu trabalho mais recente de
gem na Piauí. maior repercussão foi sua participação
central na revelação do escândalo do
Ah, mais um detalhe: Farrow tem apenas magnata do cinema nos Estados Unidos
29 anos. Ah, outro: ele ainda se apresenta (portanto, mundial) Harvey Weinstein -
como ativista e advogado. forte doador do Partido Democrata. Num
trabalho primoroso, ele não apenas con-
A história de Farrow fora do jornalismo já seguiu relatos das vítimas, como revelou
é jornalística por si só: não se sabe se ele em detalhes como Weinstein colocou em
é filho de Woody Allen ou de Frank Sinatra. operação um esquema para ocultar suas
Fisicamente, nós do BRIO chutariamos práticas de predador sexual.
Sinatra. É o palpite da mãe, inclusive, a
atriz Mia Farrow, que foi casada com Sina- Numa era de ressurgimento do bom
tra antes de se relacionar com o cineasta. jornalismo de investigação nos Estados
Unidos, Ronan Farrow definitivamente é
Além disso, participou do governo de alguém que, neste momento, está prepa-
Barack Obama como conselheiro especial rando algo muito bom.
Não confundir com Jack Bauer, da série como hobby “caçar” mexicanos - isso an-
24 Horas, embora haja motivos razoáveis tes de Trump virar presidente. Tudo isso
para isso, como mostraremos. virou reportagens longform, de leitura
longa, mas recompensadora para quem
Em todos os levantamentos que fizemos, gosta de jornalismo com J.
não encontramos nos Estados Unidos
nenhum jornalista especializado em Você pode achar trabalhos barra pesada,
métodos de infiltração. Esse tipo de práti- mas nada se compara ao fato de que o
ca suscita bastante debates éticos, mas o repórter ficou refém de forças iranianas
resultado final é de extrema qualidade. durante mais de dois anos - e aí pra valer
mesmo, não era truque para reportagem,
Shane é repórter especial da Mother embora o aprisionamento tenha resultado
Jones, revista considerada de “esquer- em um livro escrito junto com outros dois
da” nos Estados Unidos, mas focada em companheiros de cativeiro.
reportagens - algo inexistente no Brasil.
Para este ano, Bauer está finalizando um
Os trabalhos mais famosos, e premi- livro sobre as penitenciárias privadas
ados, de Bauer são do seu período de americanas e deverá trazer mais mate-
quatro meses vivendo como um agente riais inéditos e ousados para a Mother
penitenciário em uma prisão no estado Jones, apostando num método que difi-
da Louisiana, e de mais uma temporada cilmente Donald Trump terá condições de
infiltrado como paramilitar numa milícia sequer começar a argumentar tratar-se
pró-Donald Trump na Geórgia que tinha de fake news.
David era um repórter gente como a gente até - ele usou seus seguidores como fonte e, a
que Donald Trump resolveu ser candidato a partir disso, coletou literalmente no braço ev-
presidente do país mais poderoso do mun- idências contra Trump e publicou alguns dos
do. Acostumado a coberturas mais locais, principais furos que abalaram a campanha do
a eleição foi a primeira experiência mais, republicano - como brinde, faturou o Pulitzer
digamos, relevante de David. Ou seja, ele não do ano passado. Como num círculo virtuoso,
tinha fontes estrategicamente posiciona- agora ele tem mais acessos construídos e
das. Mas isso vale para o modelo clássico de tende a seguir fazendo ótimos trabalhos.
jornalismo. David driblou isso fazendo um dos
usos mais espertos de redes sociais até hoje

Se tem um assunto que volta e meia parece mente Al Qaeda e o extremismo islâmico. An-
adormecido, mas que volta à tona com força tes disso, foi correspondente da Associated
literalmente mortal, é o terrorismo. E no Press na África, onde produziu reportagens
jornalismo internacional há poucos que en- não apenas sobre terrorismo, mas também
tendem mais do assunto, especialmente do sobre as questões sociais da região. Neste
braço islâmico, do que esta repórter romena ano, seguirá como uma voz essencial para
do The New York Times. Ela foi contratada se captar os meandros de terroristas e seus
pelo jornal em 2014 para cobrir especifica- seguidores.
Um repórter que consegue acesso simultâ- na América Latina. Ele ainda nem completou
neo ao narcotráfico mexicano e ao homem 40 anos, mas já figura como um dos mais
mais rico do mundo tem um valor a ser talentosos e multifacetados jornalistas da
reconhecido. Um escritor de livros de não- atualidade. É dele a biografia de Carlos Slim,
ficção elogiadíssimos pela crítica e que, em que nós brasileiros conhecemos melhor
paralelo, desenvolve também projetos inova- como dono da NET, Claro e Embratel. Também
dores para a televisão e cinema. Esse é Diego, escreveu livros sobre os arquirrivais Cartel de
o repórter que você mais deve acompanhar Sinaloa, do El Chapo, e os Zetas.

Existe um universo sobre o qual pouco sabe- de preferência no original. Você estará lendo
mos a fundo, mas que vivenciamos diaria- um thriller com as intrigas e disputas de
mente: as grandes empresas de tecnologia. poder entre os fundadores da plataforma
Mas existe um repórter nos Estados Unidos - e que agora está sendo adaptado para a
que está bons passos à frente dos mortais televisão. Um outro trabalho, mais recente,
que tentam captar o mundo real humano por foi sobre os bastidores do site ilegal Silk
trás das máquinas e algoritmos. Para tomar Road, que comercializava drogas e armas na
gosto pelo jornalismo “de negócios” de Nikc, deep web. Esse está sendo preparado para o
sugerimos ler o livro “A eclosão do Twitter”, cinema pelos Irmãos Coen.
Marty, como é mais conhecido, Grande parte das iniciativas jor- Quer saber de escândalos capaz-
ganhou proeminência para fora do nalísticas recentes mais es de derrubar Donald Trump?
mundo jornalístico como o edi- interessantes da América Latina Acompanhe o trabalho de Eric e
tor-executivo do Boston Globe e estão vindo do Peru. Em paralelo você terá grandes chances de
responsável pela equipe Spotlight, a isso, o país também tem ex- ler algo que faça a Trump Tower
do jornal, no filme ganhador do perimentado um salto econômico tremer. É dele a reportagem que
Oscar em 2016. Quando o filme foi importante na região ao mesmo mostrou como os russos con-
lançado, ele já estava havia dois tempo em que vê as figuras mais seguiram interferir nas eleições
anos à frente do Washington Post. poderosas do país envolvidas em americanas. Os bastidores que ele
E é nesse posto que vale olhar um esquema de pagamento de conta mostram pelo menos duas
com atenção para ele. O ‘Post’ é propina via Odebrecht. No meio coisas: o uso de um método de
controlado por um visionário da disso tudo, um site em especial apuração para histórias de fôlego,
tecnologia, Jeff Bezos, dono da se destaca: o Ojo Público, com com muitas e longas entrevis-
Amazon, e Baron é seu represen- reportagens ousadas tanto na tas, e a percepção de que outros
tante mais graduado. O jornal já forma quanto no conteúdo sobre trabalhos semelhantes virão.
vem experimentando editorial e os poderosos do país. Elizabeth Entre suas fontes estão lobistas,
tecnologicamente. Acompanhar está na equipe e é um dos maiores empresários, políticos, e seu alvo
Baron neste ano é seguir muito do destaques investigativos da AL. principal é a administração Trump
que será inovador no jornalismo. e suas relações privadas.
FAÇA UMA CONTA rápida (mesmo se você for de humanas):
qual a probabilidade de, em meio a uma crise econômica, um
negócio de qualquer natureza ver sua receita crescer 40 vezes
em três anos? Qual a probabilidade de isso acontecer no Brasil?
Qual a probabilidade de acontecer com um negócio jornalístico?
Pequena, certo? Ínfima, pode-se dizer. Mas não é a resposta
que nos dá o Jota, uma das iniciativas jornalísticas brasileiras
que mais cresceram nos últimos anos.

No final de 2014, quatro meses após seu lançamento, o Jota


fechou sua receita em R$ 150 mil. Ao final de 2017, a expec-
tativa era de que esse valor alcançasse cerca de R$ 6 milhões.
Em pouco mais de três anos, uma ideia se transformou em
um negócio sustentável e lucrativo, que envolve quase 40
pessoas, entre jornalistas, administradores e especialistas em
tecnologia de informação.

O Jota nasceu de uma necessidade identificada por jornalistas


que cobriam a área jurídica no país: os advogados queriam sa-
ber mais sobre determinadas decisões ou assuntos relaciona-
dos à Justiça, mas os veículos jornalísticos não abordavam os
temas - ou não faziam as análises aprofundadas pelas quais
essas pessoas tinham interesse. O Jota começa com uma fonte de receita, já que o Jota não tem renda vinda de publicidade. As
conta de Twitter e em um mês é um site de notícias. Três anos metas são definidas a curto, médio e longo prazos, mas sempre de
depois, é um complexo sistema de publicações, reportagens, olho nas necessidades dos clientes - e isso vale para lançamento de
newsletters e projetos especiais, com espaço para branded novos produtos dentro do menu que o Jota já oferece, por exemplo.
content e eventos, financiado por planos de assinatura para Outro objetivo é continuar contratando profissionais em 2018 para
pessoas físicas e jurídicas, que têm valores variáveis de acordo todas as áreas da empresa, além de oportunizar crescimento para
com a necessidade do leitor - e cliente. Tudo isso, mantendo o os que já integram a equipe - o Jota tem uma área de desenvolvi-
princípio de cobrir completamente os bastidores de julgamen- mento para seus profissionais, liderada por Seligman.
tos, votações e tendências jurídicas no país.
Jornalisticamente, a tendência é de que o conteúdo produzido pela
Parte do sucesso do Jota vem do fato de que há uma pessoa empresa ganhe ainda mais espaço dentro da mídia nacional no próx-
experiente em negócios à frente da empresa, uma realidade imo ano. Decisões jurídicas serão fundamentais no processo eleitoral
diferente da que vivem outras iniciativas jornalísticas que por conta da operação Lava Jato e de todos os seus desdobramen-
surgem no Brasil. O engenheiro de telecomunicações Marc tos. Isso deve atrair para o Jota algum público que hoje não consome
Sangarné é o CEO - e é ele quem gerencia os recursos e a sua informação - um público que vai além dos advogados, juízes e
estratégia de crescimento do Jota. Mas, por princípio, como outros interessados nas letras frias da lei -, principalmente vindo
ele mesmo diz, “ninguém acumula muito poder. Em questões de redes sociais. A estratégia do veículo passa por segmentação e
de gestão, eu sou o único com a votação final, mas ao mes- impulsionamento de conteúdo no Facebook, o que continuará a ser
mo tempo eu não ousaria dar minha opinião sobre qualquer feito: “as opções de segmentação, aliadas à capacidade de atingir o
conteúdo”. Integram essa equipe responsável pelas decisões público em todos os horários ativos, tornam a rede uma ferramenta
os jornalistas Felipe Recondo, Felipe Seligman, Fernando Mello poderosa e versátil”, diz Iago Bolívar, estrategista digital da empresa.
e Laura Diniz. Além disso, o Jota contratou em 2017 um profissional específico
para atuar na área de jornalismo de dados e já trabalha em projetos
Para 2018, a expectativa é manter o ritmo de crescimento nesse sentido, o que também aparecerá como aposta de conteúdo
como negócio, apostando sempre na assinatura como principal da empresa para o próximo ano.
Se a polarização é a grande doença atual brasileira, como
disse o professor Pablo Ortellado, sua causa certamente é a
desinformação - e aí pode chamar de vírus, bactéria, fungo
ou do que você quiser. O fato é que teremos um ano eleitoral
pela frente, e a tendência é que tudo fique ainda mais extremo
e, por enquanto, não encontramos um remédio certeiro para
acabar com isso. Mas há algumas esperanças, e o Canal Meio
se propõe a ser uma delas.

Lançado em outubro de 2016, esse projeto tem como líderes


Pedro Doria e Vitor Conceição, ambos com larga experiência no
mercado digital e de jornalismo no Brasil. Ambos afirmam: o
objetivo do Meio é solucionar a desinformação. O projeto surge
a partir da crise do mercado jornalístico ainda em 2014 e vai
se moldando à medida em que fenômenos culturais e sociais
surgem baseados nos conceitos de bolhas de informação e
polarização, como a eleição de Donald Trump e o Brexit.

O Meio é uma startup de tecnologia, nativa digital, da qual


surge um produto, a newsletter Meio. Ela é enviada de segunda
a sexta por e-mail, no início da manhã, com uma curadoria cuja
leitura, em teoria, deve demorar cerca de oito minutos - caso o
leitor queira mais detalhes, pode olhar as matérias completas
clicando nos links indicados. Toda a operação é feita por uma
equipe de quatro pessoas, na qual estão incluídos os dois
sócios.

Embora nem o formato newsletter nem o conceito de curadoria


sejam novos, o Meio se diferencia por aplicar alguns funda- próprias, com criação gradual de novos produtos. Esse planejamento
mentos no seu negócio. Ser digital e trabalhar para um público não é público, mas uma amostra veio da estratégia de ‘member get
digital é o principal deles. Não organizar os assuntos por edi- member’ adotada pelo canal, o programa Pioneiros, que cria uma
torias é outro. No Meio, há apenas macrotemas - Política, Viver, espécie de área VIP a partir de indicações do Meio que leitores fazem
Cultura e Cotidiano Digital -, que, segundo os sócios, permitem a seus amigos. Esse tipo de estratégia ainda é algo pouquíssimo
uma cobertura mais coerente. Por último: ainda apostar na utilizado pelo marketing dos veículos no Brasil, tanto os tradicionais
publicidade como principal fonte de receita (a empresa rece- como os independentes.
beu aportes durante a fase de planejamento e estruturação,
mas esses valores não são divulgados). Para 2018, a expectativa é de que o Meio consolide seu formato de
rentabilização e se torne sustentável, já que o plano dos fundadores
“Nós acreditamos muito na relação entre jornalismo e publi- é manter a newsletter gratuita para os assinantes.
cidade na busca de públicos qualificados. Há uma relação de
credibilidade aí, que tanto o veículo atribui à marca, quanto, Como produção jornalística, é preciso ficar de olho na ferramenta
cá entre nós, a marca atribui ao veículo quando o casamento “Bolhas”, que identifica os links mais compartilhados pelos públicos
funciona. É um ganho para ambos”, diz Doria. ligados à esquerda e à direita no espectro político. Esse projeto foi
lançado pelo Meio no final de 2017 e pode ser um bom indicativo de
O Meio tem um outro diferencial interessante de se acom- temas relevantes para abordagem durante o processo eleitoral.
panhar, que é a aposta no desenvolvimento de tecnologias como negócio, apostando sempre na assinatura como principal
Inspiração. Empoderamento. Rede de aprendizado. Mentoria.
Tudo isso é princípio e realidade no Chicas Poderosas, a ONG
liderada pela designer portuguesa Mariana Santos que pre-
tende desenvolver iniciativas lideradas por mulheres. Fundada
em 2013, depois da experiência de Mariana no The Guardian
- onde ela era a única mulher na equipe de design de inovação
-, a organização orienta iniciativas ligadas à produção de con-
teúdo, não só jornalístico, e que contem com a tecnologia para
chegar aos seus públicos-alvo. Mas também trabalha para
diminuir a diferença entre homens e mulheres em posições de
liderança em iniciativas digitais.

A ideia inicial era criar uma rede de empoderamento que


mostrasse às mulheres que elas são capazes de fazer aquilo
em que acreditam e que também preparasse homens para
aceitar essas ideias vindas delas. Ou seja: formar lideranças
femininas e que tenham olhar feminino, independentemente
do gênero. Desde o surgimento, a ONG já capacitou milhares
de pessoas e segue presente, com embaixadoras e embaixa-
dores, em 13 países, entre eles o Brasil.

O Chicas oferece mentoria profissional e também ajuda suas a necessidade de que mulheres criem espaços para apoiarem e inspi-
integrantes nos processos de bolsas de estudos ao redor do rarem umas às outras, já que a sociedade, em muitos momentos,
mundo, para que elas possam aprender sobre liderança em impõe uma certa agressividade entre elas. Ao aproximar mulheres
diferentes lugares e ter experiências que auxiliem nos seus que podem indicar o caminho daquelas que precisam dessa orien-
próprios negócios. “No Chicas não há uma pessoa que manda tação, o Chicas fortalece o jornalismo, e não apenas as mulheres.
e outras que obedecem. A ideia é que seja um processo colab-
orativo, uma rede social, com a diferença que as pessoas se “Não podemos forçar ninguém a aumentar a sua ambição, mas as
conhecem pessoalmente e fazem projetos juntas. Queremos Chicas Poderosas inspiram, motivam e são uma rede, uma base
mudar a maneira como se pensa o mundo: tu podes porque de apoio para qualquer pessoa. Uma mulher ajuda outra mulher e
tu queres, muitas das coisas só dependem de ti e da tua juntas são mais poderosas”, diz Mariana.
vontade”, explica Mariana.
Por aqui, a iniciativa lidera um dos programas mais promissores
Embora pareça algo muito simples e, ao mesmo tempo, pouco desse próximo ano: o New Ventures Lab, uma espécie de incubadora
tangível, o trabalho do Chicas Poderosas trata de algo funda- de novos negócios digitais liderados por mulheres que vai durar 17
mental para a mulher nos meios jornalístico e empreendedor: semanas. Dez projetos foram selecionados entre 42 inscritos, e há
a rede de suporte. Redações são ambientes com espaços de iniciativas de Brasil, Equador e Peru. Também para este ano, Mariana
liderança ocupados, em sua maioria, por homens, assim como planeja um projeto colaborativo de checagem para o processo eleito-
o campo do empreendedorismo. Ao mesmo tempo, é histórica ral, com formato ainda a ser definido.
Se você pensa que design é para móveis, carros e utensílios
em geral ou que, no máximo, serve para decorar sua casa,
senta aqui e vamos conversar um pouquinho. Você está en-
ganado. E Nómada, da Guatemala, é uma prova disso. A revista
digital fundada por Martín Rodríguez Pellecer em 2014 é um
dos principais exemplos de iniciativa jornalística inovadora
e bem sucedida da América Latina, porque alia conteúdo
relevante em formato pensado de acordo com o impacto
pretendido e modelo de negócio sustentável - e tudo isso está
baseado no princípio de que “o design não é apenas estética,
mas uma forma de ver o mundo”.

A frase é da diretora-executiva de design de Nómada, a


designer gráfica Lucía Menéndez. Ela é responsável por definir
qual o melhor formato de apresentação das narrativas que
a revista digital se dispõe a contar - em geral, ligadas ao
tema dos direitos humanos. Nómada baseia seu trabalho em
princípios como independência e transparência, comuns a
outras organizações jornalísticas, mas também defende que
seu trabalho seja guiado por valores filosóficos como otimismo
e feminismo - algo bem inovador para quem está acostumado
com a mídia brasileira.

Quanto aos formatos, não há regra: podem ser conteúdos em


texto, foto, vídeo, posts no Facebook ou mesmo um Stories
no Instagram, mas o certo é que serão guiados pela estética e
pela excelência, uma marca da equipe audiovisual de Nómada.
E para comprovar que “bonitinho, mas ordinário” está muito
longe de ser uma regra, a revista tem um forte compromisso
com o jornalismo investigativo: teve papel importante na de-
tenção do presidente guatemalteca por corrupção em 2015 e Um dos grandes destaques para observar neste ano é a evolução do
foi reconhecida entre os finalistas do tradicional Prêmio Gabriel projeto Volcanica, um espaço digital para se discutir feminismo na
García Marquez em 2017. América Latina, idealizado por Nómada, mas gerenciado pela colom-
biana Catalina Ruíz-Navarro, que vive no México.
Como modelo de negócio, mais um exemplo positivo: recente-
mente, a revista criou uma espécie de agência, onde produz O feminismo aliás, é uma das bandeiras mais caras à revista digital
conteúdo para marcas, no qual imprime a qualidade já e faz parte da defesa ferrenha feita por Pellecer de que o princípio de
conhecida de seu trabalho em vídeo e em gráficos. Também Nómada é levar informação a todas as pessoas, no melhor formato
abriu uma campanha de financiamento coletivo. Esses são para elas - sem esquecer da parte lúdica e divertida da vida.
alguns dos formatos de rentabilização do negócio jornalístico,
que é sustentado, ainda, por eventos - de debates acadêmi- “Acredito que esta vocação é um aprendizado, e creio que outro
cos a feiras de rua e festas - e por uma sociedade anônima aprendizado é que a vida pode ser tentar mudar o mundo de segun-
formada por 20 sócios. da a sexta-feira, e desfrutar a vida de sexta a domingo.”
Em 2013, em um crowndfunding que durou apenas oito dias, o
De Correspondent conseguiu arrecadar US$ 1,7 milhão para se
colocar de pé na Holanda. Neste site, os jornalistas - 21 fixos
e cerca de 75 freelancers - não escrevem sobre o que está
acontecendo, mas sim sobre temas pelos quais se interessam.
Eles compartilham com a rede de associados esses assun-
tos e esperam que os leitores enviem perguntas, sugiram
abordagens e contribuam para que a reportagem responda às
dúvidas de quem se interessa por aquele tema. Pode soar es-
tranho, mas é o melhor exemplo do sistema de financiamento
por associação existente hoje.

O princípio mais atrativo do De Correspondent é essa colabo-


ração baseada em uma relação de confiança construída entre
o veículo e os leitores. No lugar do apego ao factual entra a
interação com os associados, que se torna parte do trabalho
de quem escreve.

“Transformamos esses leitores em leitores mais leais. Quando


eles participam, isso leva a um vínculo mais forte entre o jor-
nalista e o leitor”, explica o atual editor do De Correspondent,
Ernst-Jan Pfauth.

E no lugar dos anúncios, os valores pagos por quem é sócio do


site e ajuda nessa tomada de decisões. Hoje, os cerca de 60
mil associados investem US$ 63 anuais para participar desse
círculo de confiança.
Os princípios editoriais da parte americana do projeto já foram
O modelo funciona no mercado holandês (que tem 17 milhões compartilhados com o público, que também está sendo convidado a
de pessoas) e, agora, tenta se expandir para o americano contribuir com dúvidas e considerações.
(com 325 milhões de pessoas), com o auxílio do professor Jay
Rosen, da New York University, no The Membership Puzzle Rosen é um dos professores mais respeitados no meio acadêmico
Project. Esse projeto vem mapeando a forma como os america- ligado ao jornalismo americano e apoia a iniciativa do De Correspon-
nos lidam com programas de associação de todo tipo e pesqui- dent por crenças pessoais, segundo ele: “Porque eu acho que eles
sando como eles se adaptam a modelos de contribuição, as sabem o que estão fazendo. Porque eles têm as prioridades certas.
duas frentes necessárias para o sucesso do De Correspondent Porque o jornalismo americano precisa se abrir para o exterior.
na Holanda. Além disso, tem estudado os pontos-chave do Porque a produção de notícias de interesse público não pode ser
negócio holandês para replicá-lo nos Estados Unidos, o que bem sucedida sem a reprodução da confiança nas pessoas que estão
deve acontecer neste ano, no The Correspondent. criando essa notícia.” Será que ele estará certo?
Não temos nenhum motivo para pensar que a propagação de notícias falsas
será evitada de alguma forma durante as eleições deste ano no Brasil. Isso é
uma das preocupações que tomam conta das redações e dos projetos jor-
nalísticos que surgem no país neste momento, porque se sabe o quanto é
difícil evitar que esse tipo de (má) informação circule e influencie o eleitorado
em tempos de polarização extrema, como a que vivemos. Por isso é importante
falar sobre o CrossCheck, o projeto apoiado pelo Google e pelo Facebook que foi
fundamental no processo eleitoral francês no ano passado.

O consórcio reuniu 37 redações da França e da Inglaterra que checavam infor-


mações sugeridas pelos próprios eleitores - foram mais de 500 sugestões, 60
delas verificadas e publicadas em um site específico para a eleição. O objetivo
era conferir se conteúdos que circulavam em redes sociais eram verdade. Boa
parte deles não era. Por exemplo: em determinado momento, apareceu uma
história sobre uma pesquisa feita pela esposa de Emmanuel Macron no Twitter
que teria indicado uma preferência dos eleitores por Marine Le Pen. Equipes
do CrossCheck verificaram que a imagem tinha sido fabricada. E assim fizeram
com outras informações que surgiam todos os dias em buscas no Google ou no
Facebook.

O princípio do CrossCheck está ligado ao fact-checking - e exige que as


próprias redações envolvidas chequem as informações umas das outras -,
mas o projeto se difere um pouco das agências de checagem, que costumam
trabalhar mais com declarações dos políticos ou documentos registrados
por eles. O grande objetivo do CrossCheck é evitar a propagação dos boatos
na internet, ou seja, aquela mensagem falsa que chega pelo grupo da família
ou dos amigos pelo WhatsApp, ou que alguém compartilha e aparece na sua
timeline no Facebook - a.k.a hoax. O monitoramento dessas histórias também
é feito com ferramentas como NewsWhip, CrowndTangle e Google Trends, que
permitem ver o que está sendo mais compartilhado em diferentes plataformas
e redes sociais.

Ainda que não saibamos exatamente as redações que estarão no CrossCheck


brasileiro, já é certo que ele existirá. Reuniões têm acontecido com grandes
veículos do país para que um trabalho semelhante seja desenvolvido por aqui
a partir da metade do ano. A iniciativa brasileira também será comandada pelo
First Draft, por meio da jornalista Claire Wardle, e conta com o apoio do Google e
do Facebook.
O irmão brasileiro do The Trust Project está em gestação. A iniciativa por aqui
segue os passos da americana, um consórcio de 70 veículos jornalísticos que
pretende combater as notícias falsas e as bolhas de informação. Para isso, usa
estratégias e indicadores que norteiam a produção das notícias e que têm
por objetivo diferenciar o jornalismo de credibilidade da grande quantidade de
informação que circula nos meios digitais. Esses indicadores serão replicados
no modelo brasileiro e já estão descritos no Manual da Credibilidade.

O consórcio do Brasil tem cerca de 20 veículos jornalísticos, entre jornais, revis-


tas, sites, agências de checagem e a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo). Vai desde Folha de S.Paulo e O Globo até as revistas piauí e Nova
Escola, passando por jornais locais, como Zero Hora e Gazeta do Povo, por sites
como Nexo e Poder360 e pelas agências de checagem Lupa e Aos Fatos.

O projeto tem discutido os protótipos para sua implementação, ou seja, as


marcas visuais que esses publicadores usarão para mostrar que fazem parte
desse consórcio e que seguem suas indicações em busca de uma
informação mais qualificada.

“Tornar a informação qualificada mais visível é a missão do Projeto Credibili-


dade. Dessa forma nós acreditamos também estar contribuindo para a democ-
racia”, diz a jornalista Angela Pimenta, presidente do Projor (Instituto para o
Desenvolvimento do Jornalismo) e uma das coordenadoras do projeto. Além do
Projor, a Unesp e a Universidade Santa Clara, dos Estados Unidos, que também
lidera a versão americana, estão à frente do
Projeto Credibilidade. O patrocínio é do Google.

Defender a credibilidade do jornalismo é uma obrigação para qualquer pessoa


que trabalhe com isso. A grande dúvida aqui é: até que ponto um consórcio
com veículos escolhidos e que se intitulam realizadores do “jornalismo de
credibilidade” contribui para a pluralidade da área? De que forma isso não se
transforma em um monopólio? Como não prejudica iniciativas incipientes ou
jornalistas em início de carreira?

Esperamos que as respostas para essas perguntas sejam dadas conforme o


projeto avança, o que vai acontecer neste ano. Também para se observar é a
influência que essa certificação terá na cobertura do processo eleitoral nos
veículos que integram o consórcio.
Um botão pode salvar o jornalismo? Para os criadores do Libre a resposta para
essa pergunta é sim. O Libre é uma ferramenta adaptável a qualquer site que
permite que, com um clique, o leitor faça doações de valores a quem produz o
conteúdo que ele acabou de consumir.

Como leitor, é preciso fazer um cadastro e pagar um valor mensal, como uma as-
sinatura. Mas essa assinatura não permite que você leia apenas um jornal, ou um
site, ou uma revista. Com o valor pago, é possível consumir artigos de diferentes
locais. Para quem produz conteúdo, o sistema pede um cadastro, pelo qual se
acessa a plataforma e se recebe orientações para utilizar o Libre. A partir daí, os
valores ganhos são destinados a quem escreve (ou fotografa, ou faz vídeo, ou
usa de qualquer outro meio jornalístico digital para se comunicar), e é possível se
cadastrar como veículo ou como jornalista.

O Libre, diferentemente do Blendle, não faz curadoria nem coloca os conteúdos


dentro de uma plataforma própria. Ele é um botão mesmo, inserido no sistema
utilizado por quem publica o conteúdo. Isso tem uma vantagem: atrai o público
para dentro do ambiente do produtor, o que incentiva a navegação dentro do
próprio site, ainda que o sistema de pagamento não seja proprietário - a tendên-
cia é de que um mesmo usuário consuma mais conteúdos em um determinado
site em vez de ficar pipocando por conteúdos soltos que aparecem na timeline
do Facebook, por exemplo. Em termos de métricas, isso aumenta o número de
páginas consumidas por sessão, um indicativo importante de fidelidade do leitor.

Para quem lê, a vantagem é bem simples: poder consumir conteúdo de vários
locais com uma única assinatura. Porque por mais baratas que sejam as assi-
naturas digitais dos grandes jornais (o que não é regra) e por menor que seja o
valor que um leitor se disponibiliza a pagar (ou doar) para quem produz de forma
independente, é chato ficar gerenciando tudo isso.

Além do dinheiro, o Libre também entrega aos publicadores relatórios completos


sobre os apoios recebidos. A intenção é criar novas métricas que permitam não
olhar apenas para pageviews, likes e retuítes, mas sim criar uma relação mais
próxima com quem lê. “Embora likes e compartilhamentos determinem a nova
relevância, eles não criam uma relação direta entre audiência e retorno finan-
ceiro”, explicam os coordenadores do projeto Bruno Torturra, do Estúdio Fluxo,
Ariel Kogan, da Open Knowledge Brasil, e Thiago Rondon, da AppCivico.

Ainda há pouquíssimos publicadores que utilizam o Libre e isso faz parte da


estratégia da ferramenta. Mas a expectativa é de que em 2018 esse número
cresça. A equipe já está recebendo pré-cadastros de jornalistas e de veículos e
também está contatando redações vistas como potenciais clientes do Libre.
O jornalismo se criou em meio a uma cultura de concorrência. Nenhum repórter
gosta de levar um furo - por isso, e por outros motivos, além de estarmos sempre
buscando informações inéditas e atualizadas, estamos sempre de olho no que os
outros estão fazendo. A cultura da concorrência estimula um jornalismo melhor,
mas, durante anos, impediu que outra cultura ganhasse espaço: a da colaboração.

O Project Facet nasce justamente para facilitar que as redações trabalhem de forma
colaborativa: é um painel de comunicação on-line, onde se pode agendar reuniões,
compartilhar arquivos, acompanhar o fluxo de trabalho da equipe e editar conteúdos
em conjunto. Quem idealizou isso foi a jornalista Heather Bryant. Ela desenvolve
a ferramenta desde 2015, quando ganhou uma bolsa e investiu todo seu tempo
pesquisando e conversando com pessoas sobre como trabalhar de forma colaborati-
va no jornalismo.

Heather trabalhava no Alasca, onde não há grandes redações. Isso, de certa forma,
obrigava os veículos a trabalharem uns com os outros, já que era impossível que
uma mesma equipe cobrisse todos os acontecimentos. Mas gerenciar as parcerias
era difícil, ainda que utilizando e-mail, arquivos na nuvem ou mesmo ferramentas
como Trello e Slack. Além da dificuldade histórica da colaboração, a tecnologia dificul-
tava o processo, porque as ferramentas não se mostravam tão adequadas assim.

Algumas redações se mostraram dispostas a testar uma versão beta, mas ainda há
ajustes de segurança a serem feitos, segundo Heather. Ela também planeja transfor-
mar o projeto em uma ONG para auxiliar os jornalistas nesse processo de trabalhar
em parceria e seu foco é facilitar o trabalho para quem efetivamente precisa desen-
volver e tirar proveito da cultura de colaboração.

“Preferiria que mil pequenas redações pudessem colaborar facilmente a poder


construir uma grande ferramenta para uma grande redação”, diz ela. Ainda que não
esteja em uso, é possível especular formatos para os quais o Project Facet seria
ideal. Investigações como os Panama Papers ou Paradise Papers, que envolvem
muitas equipes de diferentes locais do mundo, seriam facilitadas em muito com uma
ferramenta assim. Consórcios para coberturas específicas - eleições, por exemplo, já
que estamos de olho em 2018 - também.

A possibilidade de compartilhar arquivos e de editar conteúdos em parceria de forma


simultânea seria uma mão na roda para quem estivesse produzindo esse conteúdo.
Vem, Project Facet!
Atire a primeira pedra quem nunca recorreu ao Medium para publicar um textão.
Desde 2012, o publicador é utilizado por quem não tem um site próprio, mas quer
falar pro mundo o que pensa mesmo assim. E deu certo. E é lucrativo. Mesmo sem
espaço para propagandas, o Medium mantém equipes próprias e remunera autores
para escreverem sobre determinados assuntos. E é possível achar de tudo lá: de
jornalismo a medicina, de gastronomia a artesanato.

No ano passado, a empresa anunciou que estava abrindo seu sistema de pay-
wall para quem quisesse usar. A partir daí, qualquer um que use o Medium pode
colocar uma barreira em seus artigos e cobrar pelo próximo clique. Mas vamos lá:
a assinatura é para todo o sistema e não para ler os artigos de um único autor. Ela
custa cerca de R$ 15 e permite acesso a tudo que é publicado e esteja sob esse
paywall. O valor recebido por quem escreve é calculado sobre uma série de fatores
(há o “aplauso”, por exemplo, algo como o like, um indicador utilizado pelo Medium
para medir o quanto os usuários valorizam determinado conteúdo) e todas as
publicações pelas quais os autores pretendem cobrar devem seguir diretrizes de
conteúdo - não pode cobrar por artigos patrocinados, por exemplo, ou por cópias
de conteúdos de outros portais. Ou seja: não é tão simples como pareceu em
algum momento.

Mas, como tudo, há o lado positivo: para quem se aventura na produção de conteú-
do de forma independente, a facilidade de publicação do Medium é uma vantagem
enorme, que parece virar um bom negócio aliada à possibilidade de cobrar por esse
conteúdo. Só o fato de não precisar desenvolver um sistema de publicação (ainda
que seja uma simples customização do Wordpress) já é um alento - e se você
alguma vez já chegou nesse ponto no seu negócio, sabe bem do que falamos.

O lado negativo: o Medium não tem uma base grande de assinantes. E restringir
o seu conteúdo a essa base não parece algo atrativo. É claro que a empresa está
trabalhando para que essa “carteira de clientes” cresça em 2018, a ponto de tor-
nar o negócio sustentável. O principal objetivo, segundo os fundadores, é manter
a plataforma sem a necessidade de publicidade, como sempre foi. Essa justificativa
está muito próxima da utilizada pelos grandes jornais para estabelecer suas
políticas de cobrança por conteúdo. Estaria o Medium seguindo o mesmo caminho?

Para quem consome o conteúdo do Medium, a vantagem é ter mais publicações de


qualidade para ler. Mas convenhamos: é mais uma conta - ainda que pequena - a
se pagar.
Quem previa 2017 um ano fértil para o jornalismo colabora- Um recurso cada vez mais explorado pelos jornalistas no
tivo não se decepcionou. Após experiências como a Election- mundo todo, mas ainda pouco compreendido por boa parte
land e os Panama Papers, outras iniciativas bem-sucedidas dos comandos das redações no Brasil. Se por um lado tive-
como o CrossCheck, os Paradise Papers, o Documenting Hate mos ótimos exemplos recentes de números apresentados
e o On The Ground trouxeram ainda mais inspiração para com criatividade, como nos gráficos da música brasileira da
o trabalho em rede. No Brasil, vimos nascer o Festival 3i de Folha ou no mapeamento dos roubos de celular em São Paulo
jornalismo independente, resultado da construção coletiva do Estadão, por outro, muito conteúdo rudimentar continua
entre oito veículos: BRIO, Nexo, Agência Pública, Lupa, Ponte, a ser produzido.
Nova Escola, Jota e Repórter Brasil.
Mas pode ser que a disposição para integrar mais dados
Essa mentalidade vai de encontro ao que as redações his- ao texto acabe tropeçando na mentalidade do impresso
toricamente estão acostumadas, principalmente nos jornais: ainda relutante em se desligar das redações. Eventualmente
competir. A concorrência pela notícia em primeira mão e infografias mais avançadas tornam complicado algo que pode
exclusiva, a contagem (e cobrança) interna nas redações dos ser contado com uma visualização estática. “Quando isso
furos dados e tomados e os painéis de flashes das agências acontece, vejo uma prevalência do design sobre a narrativa
de notícias disputando por milésimos simbolizam a mental- jornalística”, diz Fábio Vasconcellos, um dos jornalistas por
idade do “cada um por si”. Empresas jornalísticas não estão trás do interativo Mapa das Coligações, publicado pelo O
acostumadas a cooperar por coberturas e investigações. Globo em 2016. Numa época em que tempo e recurso são
escassos, é preciso dosar os esforços. Às vezes, os gráficos
Parte disso tende a mudar - pelo menos no jornalismo em pizza servem bem, sim.
menos tradicional. Além de gerar bônus nas forças de cada
redação, a cooperação tapa buracos e fraquezas. Ela visa O Nexo entendeu que muitas histórias precisam ser dis-
complementar os recursos de cada organização e maximizar cutidas e trabalhadas também com os próprios designers
o impacto do conteúdo produzido. Parcerias são ainda mais e desenvolvedores, que representam cerca de metade de
efetivas quando capazes de prover algo que não poderia ser sua equipe. A página inicial do site do veículo revela por si
feito sozinho, ou por apenas uma redação. o apreço pela infografia. Não à toa, foi o vencedor do Online
Journalism Awards 2017 na categoria “excelência geral em
Na América Latina, por exemplo, a rede formada por O Globo jornalismo on-line – pequenas redações”.
(Brasil), La Nación (Argentina), IDL-Reporteros (Peru), Arman-
do.info (Venezuela), La Prensa (Panamá), Quinto Elemento Algumas equipes ainda não conseguiram assimilar a
Lab (México) e Sudestada (Uruguai) continua cobrindo a diferença de uma reportagem com dados de uma reportagem
Lava Jato no continente de forma colaborativa. de dados. “Parece algo simples, mas é uma mudança de 180
graus”, diz Vasconcellos. “Quando isso for compreendido, vão
O modelo de consórcio jornalístico formado para investigar perceber o valor e o peso do jornalismo de dados não para
um tema específico tende a ser ampliar. Temos pela frente mobilizar audiências massivas, mas para qualificar a sua
um “ano par” (megaeventos esportivos seguidos de eleições: marca, atrair leitores que de fato estão ou estarão dispostos
terror e oportunidade para muitos jornalistas), um prato a pagar pela assinatura do veículo.”
cheio para quem se dispuser a inovar em projetos que pos-
sam ser executados coletivamente.
Com as redações enxutas e jornalistas tendo que desem- Diversificar as receitas: solução ou sintoma? Para alguns,
penhar multifunções, automatizar processos que ninguém uma decisão estratégica para escapar da crise do
quer executar repetidamente não é mais um diferencial - é jornalismo. Para outros, uma experimentação preventiva
quase um imperativo. Em vez de pesquisar diariamente na em busca de novos caminhos. O fato é que depender so-
internet sobre qualquer assunto, por que não programar mente da publicidade para o próprio financiamento parece
o Google Alerts para te mandar um e-mail sempre que o ter ficado para trás, proativamente ou não.
determinado termo for citado por aí? Ou otimizar buscas
e interligar diferentes aplicativos com um único clique no Em 2015, pela primeira vez na história, as receitas dos
Pluga, Zapier ou IFTTT? Existem até mesmo recursos no jornais no mundo vieram mais da circulação do que da
Twitter para te mandar notificações logo que um perfil publicidade, de acordo com relatório da Associação Mundial
selecionado tuitar qualquer coisa. Parece exagerado? Bem, de Jornais e Publishers de Jornais. E segundo o estudo
isso talvez seja o suficiente para render um furo. “Ponte de inflexão”, publicado pela SembraMedia em 2017,
dois terços dos veículos digitais na América Latina geram
Com tantas fontes de informação disponíveis e pouco receitas através de três fontes pelo menos. Eventos,
tempo para vasculhá-las diariamente, programar robôs crowdfunding, treinamentos, assinaturas, consultorias
é capaz de “aumentar as horas” do seu dia. Até mesmo e outros tipos de soluções financeiras são cada vez mais
repórteres mais analógicos podem encontrar suas próprias presentes. Seja no papel ou na internet, os veículos depen-
pautas sem muita familiaridade com o meio digital. Hoje dem cada vez menos de exposições de outras marcas.
em dia, existem muitas possibilidades de automatização
sem precisar escrever uma única linha de código. Existem exemplos de mídias bem sucedidas com ou sem
publicidade, mas os esforços parecem convergir para
Organização e planejamento, os melhores amigos da a ampliação de fontes de financiamento. O americano
entrega no prazo, podem igualmente ser aprimorados Blendle, por exemplo, cujo slogan é “sem paywall, sem
por meio de plataformas como Slack, Asana e Trello. Além publicidade, apenas histórias que você vai amar”, apostou
de permitirem uma ótima visualização do andamento das na curadoria personalizada de conteúdo e tem tido êxito.
suas tarefas e serem capazes de se alimentar automati- O Jota e o Poder 360, com newsletters pagas e cobertura
camente com outros tipos de conteúdo, são próprios sob demanda, idem.
para a cooperação, integrando incumbências de toda uma
equipe. O quadro de post-its no meio da redação respira Um desses esforços passa pela mudança na mentalidade
por aparelhos. das pessoas sobre conteúdo pago, possivelmente surgida
com o acesso gratuito a todo tipo de material na internet.
A tendência tem sido delegar a robôs tudo o que pode ser A adesão quase geral dos veículos jornalísticos ao sistema
feito por eles. E essa gama de atividades-meio “tercei- de paywall enfrentou a irritação dos leitores virtuais, mas
rizáveis” se amplia na medida em que novos softwares são a resistência parece estar se amenizando. A métrica de
incorporados à rotina jornalística. Além de possibilitar sucesso se deslocou da mera audiência, que era o atrativo
fazer mais e melhor em menos tempo, automatizar maior para a publicidade, para a audiência cativa, que tem
funções abre espaço para que jornalistas se dediquem às na credibilidade o cerne de sua relação com o veículo. Para
tarefas mais interessantes e importantes para as quais tal, cliques não serão mais suficientes, e sim o engajamen-
nós, por enquanto (ufa), somos insubstituíveis. to e a confiança que cada jornal conseguirá criar no leitor.
Você talvez nunca tenha pensado seriamente em
iniciar um projeto próprio (ou com outras pes-
soas). Mas você certamente, seja como freelanc-
er ou como funcionário de um veículo de comuni-
cação, já pensou, ainda que sem ter dividido isso
com ninguém, em algo que o jornal, revista, site,
televisão, rádio que você trabalha seja melhor.

Em um outro cenário, a plena execução disso


passa por um processo de design. E, não importa
sua posição hoje na profissão, dominar design
de produto é algo absolutamente negligenciado
pelas faculdades de jornalismo, mas essenciais
para você conseguir dar um passo autônomo
num mercado em crise.

É natural, diante da ausência do design no dia a


dia do jornalista clássico, que você imagine que
tem a ver com saber desenhar, diagramar e out-
ras ações gráficas. Sente-se que lá vem bomba:
não precisa de nada disso. você tenha a necessidade de uma intervenção visual/
gráfica. O que é melhor para a comunicação humana? Um
Design, de uma forma geral, é um método para tijolão ou um iPhone de última geração?
solucionar problemas. Claro que, para solucionar
um problema, é possível que em algum momento De qualquer forma, antes disso - mesmo no caso do
iPhone - vem todo um processo de pensamento que é
fundamental para você construir o melhor produto pos-
sível considerando aquilo que é a ‘dor’ do seu público - e
também, claro, a viabilidade operacional e financeira da
sua ideia.

Um produto ou serviço é aquilo que resolve algum prob-


lema específico de quem o consome. Dominar o processo
de design de produto (ou serviço) é reduzir dramatica-
mente o risco de você fazer algo que soa muito bem
aos seus ouvidos e de outros conhecidos, mas que
fracassa ao chegar ao público que efetivamente
deveria consumi-lo.

Em termos práticos, fique com o seguinte exercício


para este ano: como o conteúdo jornalístico que
você consome (vendo, lendo ou ouvindo) pode-
ria ser entregue de forma mais efetiva e gerando
receita para quem o produz?
Você deve ter ouvido esse termo em algum
momento em 2017. Provavelmente, você não
entendeu nada. Se deu uma pesquisada a
respeito, deve ter saído ainda mais confuso.
Realmente, blockchain não é algo simples,
mesmo para quem é da área de programação.
Mas saber do que se trata será essencial para
os próximos anos, conforme 11 em cada 10
previsões de experts em tecnologia.

Falou em tecnologia, falou em jornalismo (ou


ao menos deveria ser assim...). Blockchain hoje
é associada a bitcoin, a criptomoeda que está,
neste janeiro em que escrevemos este texto,
sendo negociada a preço de diamantes. Mas,
além de a bitcoin ser apenas uma das tantas
criptomoedas existentes e de eventualmente
ser uma bolha a ser estourada em breve, o
sistema de blockchain veio pra ficar.
rativo ou no potencial de iniciativas independentes como
Cedo ou tarde, o jornalismo vai mergulhar
produtoras de conteúdo original... bem, dá uma analisada
nisso. Alguns já estão de escafandro (veja
no potencial do blockchain para o jornalismo.
abaixo), mas muitos ainda nem sabem do que
se trata. Se você vê valor no jornalismo colabo-
Pra resumir. Blockchain é uma cadeia de blocos (oooh)
extemamente segura. Cada bloco é composto por infor-
mações. Qualquer alteração, por mínima que seja, afeta
todos os outros blocos da cadeia. E essa sequência de
blocos pode, em tese, ser infinita.

Abstrato demais, sabemos. As referências ao lado vão


ajudar a você entender de vez o que diabos é isso. Mas,
em termos mais práticos para o jornalismo, imagine uma
reportagem produzida a 300 mãos, em cinco continentes.
Com blockchain envolvido, isso é possível sem ser nec-
essariamente um pesadelo. Ao eliminar intermediários,
também torna-se mais viável para iniciativas inde-
pendentes estabelecerem relações mais diretas com
seus públicos.

Não se preocupe se você não sabe programar. Neste


momento, 2018, o essencial é você captar o conceito
e ser capaz de fazer o design de produtos que even-
tualmente explorem essa tecnologia.
A aprovação da reforma Como se diz por aí, a direita
trabalhista gerou barulho, saiu do armário. O discurso
mas o problema prático conservador ganhou força, com
começou apenas em novem- A Lava Jato desacelerou, ao O grande acontecimento respaldo em uma parcela grande
bro passado. Ou seja, ainda há menos a parte policial da do ano no Brasil são, claro, da sociedade. Além de Jair
muito o que ser acompanhado operação. Agora o jogo é na as eleições. Desde 1989, a Bolsonaro, que tende a capi-
em relação aos abusos (ou Justiça. E ali, com exceção disputa nunca esteve tão talizar eleitoralmente boa parte
eventualmente a simples da primeira instância, aberta. É impossível, no desse sentimento, há também
aplicação do que agora virou o ritmo é lento. O STF já começo deste ano, cravar os movimentos surgidos a partir
lei) na relação entre patrões e mandou arquivar parte das quem será candidato a de 2013, com pregação contra o
empregados. No fim de 2017, denúncias oferecidas contra presidente. E ainda tem PT, mas que estão conquistando
já vieram à tona casos em- autoridades e a Turma que as disputas estaduais. A espaço no Legislativo e no poder
blemáticos de demissões em analisa os recursos está sociedade está polarizada de uma forma geral. Este ano
massa e decisões na Justiça pendendo para o lado mais e naturalmente a disputa será ainda mais importante
trabalhista que obrigaram “garantista”. Há movimen- eleitoral irá aprofundar acompanhar o avanço (ou
ex-empregados a pagarem tos contra delações pre- isso. As oportunidades estagnação) do MBL. Em paralelo
uma fortuna porque perderam miadas e chance altíssima mais ricas de pauta estão a isso, há também outros mov-
a ação que moveram contra de o STF rever sua decisão relacionadas, além de in- imentos de renovação política -
seus ex-patrões. Monitorar de autorizar execução de vestigação sobre os candi- via de regra mais progressistas
o mercado de trabalho e os pena após condenação em datos, a entender o eleitor - que também serão colocados
novos processos trabalhistas segunda instância. Pode ser brasileiro. Isso vai envolver a prova neste ano. Entender o
será garantia de pauta boa. a hora de cobrir o enterro da ir para as ruas com colete à que esses atores pretendem é
operação. prova de preconceitos. obrigação do jornalismo.
O Supremo Tribunal Federal Que o Brasil é um país violento,
tem mais um ano de decisões isso é aula de “brasilidade 101”.
importantes pela frente. A Mas estamos acompanhando,
atual presidente da corte, Cár- A velocidade com que você E já se foram quatro anos sem saber o que fazer a res-
men Lúcia, já deixou claro que baixou este Anuário no seu desde o 7 x 1. O Brasil peito, um crescimento do crime
vai privilegiar o julgamento de computador pode se tornar volta confiante à Copa do organizado. Não que estejamos
temas que tenham impacto mais lenta em breve - ou, Mundo, e ainda lidando com perto de uma cartelização a la
social. Na lista está a decisão caso queira mantê-la, terá os resultados de devassas México, mas o cenário é sombrio
sobre eventual descriminal- de pagar mais por isso. recentes aplicadas pela de qualquer maneira. A violência
ização do aborto no país. O Aprovada recentemente nos polícia na CBF, na Fifa e dentro de presídios é apenas a
caso está em fase avançada e Estados Unidos, o fim da no mundo do futebol em ponta ‘confortável’ para quem
tem grandes chances de ir a chamada neutralidade da geral. Ainda tem água por está de fora, mas ela esconde
julgamento neste ano. A ex- rede é assunto altamente rolar, mas os jornalistas uma guerra ainda sem fim
pansão dos direitos da mulher delicado e pode ter impacto que cobrirão o Mundial previsto entre PCC e Comando
segue sendo uma questão em inclusive sobre o consumo têm o dever de olhar não Vermelho, com avanços por
aberta, em paralelo ao avanço de jornalismo nas redes. apenas para o campo, mas Estados antes menos confla-
de uma onda conservadora. A No Brasil, embora o gover- também para o que segue grados. No Rio de Janeiro e São
descriminalização das drogas. no diga ser politicamente acontecendo fora dele. O Paulo, então, nem se fala. É
Embora o julgamento tenha contra mudança de regras business do futebol segue necessário que os jornalistas
começado, o caso foi parali- de cobrança pelo acesso à gerando muito dinheiro e, passem a tentar com mais
sado por pedido de vista de internet, as operadoras já no mundo de hoje, não dá afinco examinar a economia do
um ministro que é declarada- avisaram que usarão o caso para ignorar que a seleção crime e entender a linha e cadeia
mente contra a liberação. americano como precedente. é brasileira, mas é da CBF. de comando dessas facções.

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