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A LUTA PALESTINA
Natal
1994
ALEXANDRE BARBOSA CHAGAS
A LUTA PALESTINA
Natal
1994
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 2
A QUESTÃO PALESTINA 3
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E JURÍDICOS DO DIREITO À
AUTODETERMINAÇÃO DO POVO PALESTINO 7
A PAZ POSSÍVEL 11
CONFEDERAÇÃO PALESTINA DA AMÉRICA LATINA E CARIBE /
COPLAC 13
CONCLUSÃO 16
ANEXO 1 17
ANEXO 2 18
ANEXO 3 19
ANEXO 4 20
ANEXO 5 21
ANEXO 6 22
BIBLIOGRAFIA 23
INTRODUÇÃO
A LUTA PiM^STTHÀ / 2
A QUESTÃO PALESTINA
A LUTA PALESTINA / 3
Somente em 1947 a Inglaterra anuncia sua retirada da Palestina e transfere o
problema para a ONU, que decreta a partilha do território em um Estado judeu e
outro árabe. Tudo isto devido á situação econômica difícil que passava a Inglaterra no
fina! da Segunda Guerra Mundial.
O Plano de Partilha estabelecia o término do Mandato, a progressiva retirada das
forças armadas britânicas e a fixação das fronteiras entre os dois Estados e
Jerusalém; pedia a criação dos Estados árabe e judeu, não mais tarde do que
primeiro de outubro de 1948. A Palestina foi dividida em oito partes - três foram
concedidas aos judeus e três aos árabes. A sétima, a cidade de Jaffa, formaria um
enclave árabe em território judeu. A oitava parte, Jerusalém, com status internacional
especial, seria administrada peio Conselho de Tutela das Nações Unidas. { «
Os judeus aceitaram a resolução, apesar da insatisfação com certos aspectos,
como a imigração de judeus da Europa e os limites territoriais propostos para o
Estado judeu. O Plano não foi aceito pelo árabes palestinos nem petos Estados
árabes, com a alegação que violava as disposições da Carta das Nações Unidas, a
qual dava ao povo o direito de decidir sobre o seu destino.
Os árabes palestinos também não aceitaram qualquer plano que determinasse a
divisão, segregação ou partilha de seu país, ou que desse direitos especiais e
preferenciais a uma minoria.
No dia 14 de maio de 1948, a Inglaterra renunciou a seu Mandato sobre a
Palestina e retirou suas forças. No mesmo dia, o Organismo Judeu proclamou a
criação do Estado de Israel, no território que lhe fora adjudicado pelo Plano de
Partilha. Imediatamente, explodiram hostilidades violentas entre as comunidades
árabe e judia. Tropas regulares dos Estados árabes vizinhos entraram no território no
dia seguinte para ajudar os árabes palestinos.
Neste primeiro conflito os israelenses vencem a Liga Árabe (Egito, Iraque,
Jordânia, Líbano e Síria) e aumentam seu território. Jerusalém é dividida entre a
Jordânia (setor oriental) e Israel. A Jordânia anexa os territórios a oeste do rio Jordão
(Cisjordânia) e o Egito conquista a Faixa de Gaza (veja anexo 3).
Os conflitos não pararam por aí. Houve, ainda, a Guerra de Suez, em 1956; a
Guerra dos Seis Dias, em 1967 e a Guerra do Yon Kippur, em 1973. Todos esses
anos de conflitos resultaram em um grande número de refugiados palestinos (veja
anexo 2 e 3).
"A luta que acompanhou o estabelecimento do Estado de Israel, em
1948, ocasionou cerca de 750.000 refugiados, dos 1,3 milhões de
árabes que viviam na Palestina. Fugiram para as zonas que estavam em
poder dos árabes. A maior parte foi para a Margem Ocidental, os outros
para a Faixa de Gaza, Jordânia, Líbano, Síria, e ainda mais longe. O
conflito ârabe-israelense, renovado em 1967, causou um novo
deslocamento de mais de 500.000 palestinos, 220 mil dos quais eram
refugiados que se deslocavam peia segunda vez"1
Após o conflito de 1948, quando a esperança de um retorno rápido dos refugiados
foi perdida, a Assembléia Geral da ONU criou um Organismo de Ajuda e de Trabalho
das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos / UNRWA.
O UNRWA era encarregado de providenciar moradia, alimentação, vestuário,
saúde e escola para a população palestina. Sua direção era formada por uma
A LOTA PALESTINA / 5
Munidos de paus e pedras, a população enfrenta nas ruas os soldados israelenses
equipados de bombas de gás, tanques e balas de borracha. A "INTÍFADA"
proporcionou a união das facções da OLP em torno da criação de um Estado
palestino independente.
Em 15 de novembro de 1988 nasce este Estado, proclamado em Argel pelo
Conselho Nacional Palestino, sendo oficialmente reconhecido por mais de 90 países
durante os primeiros 40 dias após a proclamação. O recém criado Estado aceitou a
existência de Israel como um Estado da região, além de renunciar ao terrorismo em
todas as suas formas, f • „ •
A LUTA PALESTINA / 6
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E JURÍDICOS DO DIREITO A
AUTODETERMINAÇÃO DO POVO PALESTINO
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entanto, o Governo Britânico cria o LIVRO BRANCO, documento que propunha, em
dez anos, a criação de um Estado único judeu-árabe. Nos cinco primeiros anos,
limitar-se-ia a imigração judia à 75.000 pessoas e regular-se-ia a venda de terras para
mãos judias.
A Segunda Guerra Mundial deixa em suspense o grande debate. O Movimento
Sionista rechaça o LIVRO BRANCO.
O período entre 1944 e 1948 será importante para a Palestina. A matança de
judeus na Europa, pela Alemanha, e o impulso do nacionalismo árabe que, em 1945,
cria a Liga dos Estados Árabes, serão vitais para o futuro palestino.
Em 15 de maio de 1948 chegaria ao fim o Mandato britânico sobre a Palestina.
Nesse mesmo dia, sem que sequer se expirassem os prazos previstos na Resolução
181 (veja anexo 1), as organizações sionistas proclamavam o Estado de Israel. É
importante ressaltar que a Resolução 181 nunca fala de Estado de Israel, mas de
Estado judeu.
No mesmo dia 15 de maio de 1948 começava a primeira guerra entre Israel e os
Estados árabes. Seria a primeira de uma série de guerras que, isolada ou
conjuntamente, os Estados árabes da região travariam contra Israel (veja anexo 2).
Analisando, agora, os fundamentos jurídicos, observaremos as violações políticas
aos direitos do povo palestino. A primeira violação cometida é a Declaração Balfour
(veja anexo 4), um documento de alto valor histórico na medida em que foi e ainda é
exibido como título de legitimidade pelo Estado de Israel.
Num estudo realizado, em 1939, por J.M.N. Jefries, constava a conclusão da
nulidade da Declaração Balfour em vista do Direito Internacional devido ao seguinte:
1) A Declaração dizia respeito a um território com relação ao qual a Inglaterra
estava destituída de direito, e designava um adjudicatório desprovido de toda
qualificação para recebê-lo. Nem a Inglaterra possuía nenhum título sobre a
Palestina, nem tampouco Rothschild tinha legitimação de qualquer índole como
destinatário da Declaração - era um cidadão britânico que sequer representava a
comunidade judia;
2) O direito de guerra não autorizava a Inglaterra, como potência ocupante, a
dispor, ao seu livre arbítrio, do território da Palestina;
3) A Declaração era dirigida contra os direitos adquiridos do povo palestino,
direitos reconhecidos pelos aliados em reiteradas declarações sobre o futuro dos
povos submetidos ao Império Otomano.
"Nesse documento, uma nação solenemente prometeu a uma segunda nação o
país de uma terceira".4
Outra violação que sofreu o povo palestino foi o Mandato outorgado pela
Sociedade das Nações à Grã-Bretanha. Tanto na Declaração Balfour como no
Mandato, a Grã-Bretanha se atribuía, ou lhe eram atribuídas, responsabilidades que,
em nenhuma hipótese, lhe correspondiam. O detentor da soberania sobre a Palestina
eram seus próprios habitantes que, em nenhum momento, foram consultados sobre
a forma de realizar seu destino histórico enquanto comunidade nacional.
A terceira violação política importante foi a Resolução 181 (veja anexo 1) da
Assembléia Geral das Nações Unidas. Devemos examinar, não a validade desta
50 referido artigo do Pacto da Sociedade das Nações, de 28 de junho de 1919, define a política mandatária
dos países desenvolvidos sobre as colônias e territórios que estavam subjugados às outras nações no final
da Primeira Guerra Mundial.
A LUTA PALESTINA / 1 0
A PAZ POSSÍVEL
Observa-se que o maior empecilho para a paz entre árabes e judeus está na
política imperialista dos países como a Inglaterra e França após o final da Primeira
Guerra Mundial, e dos EUA e URSS após a Segunda Guerra. Há muito interesse na
região do Oriente Médio, devido principalmente a maior fonte de energia, o petróleo,
que é abundante. Além do principal fator já citado, que é econômico, há também o
fator geográfico. O Oriente Médio representa um ponto estratégico no globo, pois fica
na junção dos continentes europeu, asiático e africano.
A política das potências ocidentais foi sempre a de dividir a nação árabe, pois
sabem da grande ameaça que representam para o ocidente. Vide a crise do petróleo
em 1973, quando se uniram, através da Organização dos Países Exportadores de
Petróleo/OPEP, para pressionar a comunidade internacional, através do embargo,
para forçar Israel a desocupar os territórios conquistados. E, principalmente, com o
aumento do petróleo.
Há uma unanimidade entre historiadores, políticos, sociólogos, enfim, estudiosos
que conhecem o conflito árabe-judeu, que só haverá uma solução pacífica quando se
resolver o problema palestino.
É óbvio que para chegar a tão sonhada paz é preciso solucionar primeiramente
assuntos internos como o radicalismo de algumas facções dos dois lados, tanto
judeus ortodoxos quanto árabes fundamentalistas apoiados pela Síria.
A possibilidade de um Estado binacional democrático, defendida por progressistas
árabes e judeus, é também difícil de ser concretizada, afinal, a ira entre os dois povos
não apagará tão rapidamente. É por esta razão que Helena Salem defende a idéia
que, a curto prazo, a melhor solução seria a criação de um Estado palestino.6
Cada vez mais os palestinos fazem-se ouvir através da sua representação oficial, a
OLP, e só o fato dessa Organização ser reconhecida pela ONU, ser membro da liga
dos Estados Árabes, ser Vice-Presidente Regional do Movimento dos Países Não-
Alinhados e tantas outras funções importantes pelo mundo, é suficiente o bastante
para entender a causa justa deste povo, além de inúmeras Resoluções criadas pela
ONU (veja anexo 1) para condenar as ações de Israel e defender o Direito à
Autodeterminação do Povo Palestino
A verdade é que a possibilidade de paz está se firmando, definitivamente, com a
Declaração de Princípios de Washington - os palestinos estão recebendo de volta
17% das terras que Israel ocupou em 1967. Este acordo de Washington, criado em
setembro de 1993, foi dividido em três tempos:
1) Israel e OLP se reconhecem mutuamente, s palestinos ficarão com o controle
da Faixa de Gaza e a cidade de Jericó;
2) Os palestinos terão nove meses para eleger um conselho que governará os
territórios autônomos por um período de cinco anos. Depois, poderá ser criado um
Estado palestino independente;
3) Num prazo máximo de cinco anos, Israel e OLP deverão iniciar conversações
para definir o status dos outros territórios, inclusive Jerusalém Oriental.
6 1977
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O mediador das negociações é o pouco conhecido Ministro das Relações
Exteriores da Noruega, Joergen Holst, que respondia pelo Ministério da Defesa, e não
tem a simpatia do povo norueguês, pela benevolência que tem com os russos.
Do ponto de vista dos palestinos, o acordo ainda está longe de concretizar seus
sonhos de um Estado independente mas, inegavelmente, foi dado um grande passo.
E, como disse o escritor israelense e militante pacifista Amos Oz:
"Hoje, israelenses e palestinos estão mandando uma mensagem para
todas as partes do mundo onde existe guerra: se somos capazes de nos
entender e desistir da violência apesar dos 100 anos de fúria e sangue,
não existe, no planeta, lugar onde a paz entre velhos inimigos não seja
possível".1
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explicar os erros que sucederam e sucedem no Oriente Médio, especificamente na
História da Palestina e Líbano.
É dever da COPLAC divulgar a todas as comunidades da América Latina as ações
da "INTIFADA", suas verdadeiras razões e, principalmente, seus objetivos,
transmitindo, claramente, os ideais políticos dos palestinos nos territórios ocupados e
denunciando, com veemência, a expressão militar que os ocupantes exercem sobre a
população civil.
É dever da COPLAC explicar, claramente, aos governos e comunidades da
América Latina, a liderança da OLP, única e legítima representante dos palestinos, e
Yasser Arafat, seu presidente e líder máximo, eleito pelo povo palestino.
É dever da COPLAC divulgar aos governos e comunidades da América Latina as
resoluções políticas adotadas pelo Conselho Nacional Palestino/CNP.
É dever da COPLAC dialogar com todos os governos da América Latina para que
sustentem uma política externa coerente com as resoluções da ONU, como o
reconhecimento do Estado Palestino, independente e soberano, decretado em 15 de
novembro de 1988, na Argélia (veja anexo 5).
É dever da COPLAC dialogar com as comunidades judias da América Latina, afim
de esclarecer as verdadeiras intenções do povo palestino, para que possam destruir,
juntos, as barreiras psicológicas que impedem um diálogo construtivo, e pedir a
essas comunidades que desempenhem um papel ativo junto ao governo de Israel,
para que este se sensibilize frente âs soluções pacíficas do problema.
É dever da COPLAC, junto às Confederações, zelar para que os latino-americanos
de origem Palestina sejam elementos dinâmicos na sociedade em que vivem, para
que, desta maneira, contribuam ativamente na construção de uma sociedade
democrática e justa na América Latina.
É dever da COPLAC, igualmente, estar sempre aberta para sustentar um diálogo
franco e construtivo com todos aqueles que estão dispostos a trabalhar pela
construção da paz mundial.
A COPLAC é uma instituição apolítica e equidistante de convicções de ordem
religiosa, filosófica e econômica. A Confederação não interfere em assuntos internos
de índole política dos países íatino-amerícanos.
A defesa da Causa Palestina está por cima das questões políticas, posto que se
trata de uma causa humanística e inquestionável, superior, portanto, à política e aos
partidos.
A Confederação assume a defesa da Causa Palestina em conformidade com as
resoluções da ONU. Dentre os objetivos e deveres da COPLAC é importante salientar
estes: criar centros desportivos e culturais, colégios árabes, centros assistenciais e
recreativos em cada país, com o objetivo de servir os membros das instituições de
cada federação.
Em junho de 1987 foi realizado o II Congresso da COPLAC8, sediado em Lima,
Peru. Neste Congresso foram definidos compromissos importantes para a
comunidade palestina na América Latina, como novas formas de atuação nos
campos da cultura, educação da juventude e esporte.
Outro objetivo deste Congresso foi a aprovação de Estatutos e eleição de um novo
Comitê Executivo e sua sede.
9 0 Dr. Hanna Safieh é morador em Natal, empresário e professor do Departamento de Química da UFRN.
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CONCLUSÃO
A LUTA PALESTINA / 1 6
ANEXO 1
11
A LUTA PAL5ST1KA / 1 7
ANEXO 2
A LUTA PALfSTWA / 1 8
ANEXO 3
X
X
X
Israel e a questão palestina
>
Tripoli
LÍBANO ^
» /
/
Beirute® * Baalbék
a
Sidon ^ S n n
©Damasco
13 Plano da ONU para o Estado judeu em 1947 A a A
Tiro • ,%-r'N, SÍRIA
Territórios anexados por Israel em 1948 e 1949
Territórios ocupados por Israel em 1967
Telavive • ! M M
t!Nòblusf
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' W J e r u s a b ^ t J e r i c ó Arná
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A LUTA PALESTINA / 1 9
DECLARAÇÃO BALFOUR
Texto da carta dirigida em 2 de novembro de 1917
pelo Secretário da Chancelaria britânica, Sr. AJ. Balfour
ao Barão Lionel Walter Rothschild.
"Tenho o prazer de comunicar-lhe, em nome do Governo de Sua
Majestade, a seguinte declaração de simpatia que foi submetida ao
Gabinete, tendo sido aprovado pelo mesmo:
O Governo de Sua Majestade considera favoravelmente o estabele-
cimento» na Palestina, de um lar nacional para o povo judeu, e empre-
gará todos seus esforços para facilitar a realização de tal objetivo,
ficando claramente entendido que nada se fará que possa prejudicar
os direitos civis e religiosos das comunidades não judias existentes
na Palestina, ou os direitos e o "status" político de que gozam os
judeus em outro país."
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