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DIREITO NÃO PODE SER SUBSTITUÍDO PELA FORÇA

Daniel Bialski

Especial para o UOL04/03/201611h33

Nesta semana o Brasil ficou atento às múltiplas notícias que colocavam sob suspeita o ex-presidente
Luis Inácio Lula da Silva. E as matérias flutuaram o campo jurídico, político e o cotidiano de todo o
pais.
Discussões acaloradas, convocações para depor, habeas corpus e até a indigitada delação premiada,
a qual colocaria em xeque a discutida credibilidade do governo, seja na gestão passada ou na gestão
da presidente Dilma.
Hoje todos acordaram com a notícia de que a Polícia Federal, numa das fases da operação Lava
Jato, conduziu coercitivamente o presidente Lula e seus familiares para depor e fez buscas e
apreensões.
Diante do inusitado, encontramos aqueles que estão comemorando, aqueles que se veem
estarrecidos e aqueles simpatizantes do presidente, que se enxergam injustiçados. Todavia, o exame
não pode ser apaixonado e a reflexão que se deve ter é mais profunda.
Iniludivelmente que há mérito em ações como essa, investigando vícios e ilícitos no poderoso
universo político, culminando com diligência envolvendo o ex-líder máximo do nosso Poder
Executivo. Isso mostra que o Brasil mudou, está mudando e que ninguém está acima da lei.
Entretanto, é preocupante a forma. Seria necessário realmente prender (o que se viu em casos
pretéritos) ou conduzir coercitivamente essas pessoas, que independentemente do partido ou ala
política também possuem uma série de direitos e prerrogativas que deveriam ser respeitadas?
A lei ordinária assim estabelece ou houve certo exagero? Tenho convicção e penso que não era
necessário, apesar das comemorações de muitos e da crítica daqueles mais empolgados.
A análise que faço é mais profunda, e é feita sob o prisma jurídico, justamente para que possamos
enxergar e verificar que ações dessa natureza colocam em risco as garantias constitucionais do
Estado Democrático de Direito.
Inegavelmente, desde a condução coercitiva até as prisões são medidas de exceções, e, assim sendo,
não podem ser a regra, que midiaticamente transforma uma apuração que deveria ser policial-
judicial em debate e fórum público de responsabilidade, fomentando paixões e ódios, os quais não
se coadunam com a sobriedade que deveria prosperar na Justiça.
Não sou simpatizante do Partido dos Trabalhadores, pelo contrário, mas não posso concordar que
conquistas tão árduas desde o tempo arbitrário da ditadura comecem a ser esquecidas e deixadas
num segundo plano.
Todos somos parte de um estado democrático de direito e, como diz a Constituição Federal e todos
os ordenamentos vigentes no Brasil –Declaração Americana e Universal do Direitos Humanos-,
temos direito inalienável ao exercício dos direitos sociais, individuais, à liberdade, segurança, bem-
estar, igualdade e justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos. Além disso, em reforço, inolvidável a soberana proteção à dignidade da pessoa
humana, amplitude de defesa e presunção de inocência.
Acaso existam elementos de responsabilidade dos envolvidos, o que se espera é que a condução do
inquérito policial e da eventual ação penal seja efetivada com parcimônia e imparcialidade, punindo
os culpados e enaltecendo os inocentes, serenamente aguardando que não se formem mártires e que
prospere a verdade.
Parodiando o inesquecível Rui Barbosa, finalizo lembrando que "Eu não troco a justiça pela
soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela tolerância. Eu não
substituo a fé pela superstição, a realidade pelo ídolo".
MINISTRO DA JUSTIÇA DE FHC VÊ "EXAGERO" EM AÇÃO DA PF CONTRA LULA

Mariana Schreiber
Em Brasília
04/03/201612h01

Dois juristas, ex-integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso, criticaram, em entrevista à


"BBC Brasil", a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor à
Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (4). Ambos também consideram errados os recentes
vazamentos de documentos sigilosos da operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na
Petrobras.

A medida contra Lula foi determinada pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela condução da Lava
Jato na Justiça Federal do Paraná. O ex-presidente é investigado por supostamente ter sido
favorecido por empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, por meio de doações
e contratações em palestras e com reformas de imóveis. Lula nega e diz que não é dono das
propriedades investigadas.

No total, foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva no Rio


de Janeiro, São Paulo e Bahia. São alvos desses mandatos parentes do ex-presidente e pessoas
próximas a ele, como Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula.

José Gregori, que foi ministro da Justiça (2000-2001) e secretário de Direitos Humanos (1997-
2000) de FHC, considerou a condução coercitiva um "exagero". Segundo ele, o correto é aplicar
essa medida apenas se a pessoa tiver previamente se recusado a atender uma convocação para
depor, o que não ocorreu no caso de Lula.

"Não conheço na nossa legislação a figura da condução coercitiva sem que tenha havido antes a
convocação. A praxe tem sido sempre essa: você convida a pessoa a comparecer e, se ela não
comparecer, então na segunda vez vem a advertência de que ela poderá ser conduzida
coercitivamente", afirmou.
"Você (fazer) logo a condução coercitiva é um exagero. E na realidade o que parece é que esse juiz
(Sergio Moro) queria era prender o Lula. Não teve a ousadia de fazê-lo e saiu pela tangente."
Já Walter Maierovitch, ex-secretário Nacional Antidrogas de FHC, viu "ilegalidade" na decisão de
Moro. "Acho que buscas e apreensões são atividades normais em investigação. Agora, o que eu eu
estranho, como jurista, é a condução coercitiva do Lula. É algo surpreendente e preocupante",
notou.
"Essa vergonha está acontecendo no país é uma coisa que precisa ser apurada, mas me preocupa
quando tem um desvio de legalidade", reforçou. Ele diferencia o caso desta sexta-feira da
convocação do Ministério Público de São Paulo, da qual Lula recorreu para não comparecer
semanas atrás, quando não havia decisão judicial. Segundo Maierovitch, o MP não tem autoridade
prevista em lei para fazer esse tipo de convocação, de modo que Lula podia não atender ao pedido
para falar.

"Precipitação"
Para Maierovitch, houve uma certa precipitação na decisão, já que no momento a ministra Rosa
Weber, do Supremo Tribunal Federal, analisa um pedido de Lula para esclarecer se a investigação
deveria ser conduzida na Justiça Federal, em Curitiba, ou no Ministério Público de São Paulo, que
também vem apurando o caso.
Em nota, do Instituto Lula citou essa questão e disse que a "Lava Jato desrespeita o Supremo e
compromete sua credibilidade" com a ação desta sexta. "Ao precipitar-se em ações invasivas e
coercitivas nesta manhã, antes de uma decisão sobre estes pedidos (ao STF), a chamada força-tarefa
cometeu grave afronta à mais alta Corte do país, afronta que se estende a todas as instituições
republicanas", disse a nota.

O comunicado afirmou ainda que a ação foi uma "violência" com intuito de "submeter o ex-
presidente a um constrangimento público". "Nada justifica um mandato de condução coercitiva
contra um ex-presidente que colabora com a Justiça, espontaneamente ou sempre que convidado.
Nos últimos meses, Lula prestou informações e depoimentos em quatro inquéritos, inclusive no
âmbito da operação Lava Jato", disse também o Instituto.
Vazamentos
Os dois juristas ouvido pela BBC Brasil também criticaram os vazamentos de documentos sigilosos
da Lava Jato, como trechos de depoimentos de delatores. Nesta quinta-feira, por exemplo, a revista
IstoÉ publicou o que seriam as primeiras revelações de um acordo de delação premiada firmado
entre o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e a Procuradoria-Geral da República (PGR). A
existência do acordo não foi oficialmente confirmada pelas duas partes, nem homologada pelo
Supremo Tribunal Federal.

A reportagem atribui ao senador acusações à presidente Dilma Rousseff e a Lula, dizendo que
ambos sabiam do esquema de corrupção da Petrobras e teriam atuado para interferir na Lava Jato.

"Tendo em vista a importância que está tendo na conjuntura nacional, essas investigações precisam
dar uma prova diária de equilíbrio, de isenção. Então, não pode haver nenhum tipo de tolerância
com o que não seja rigorosamente ortodoxo, rigorosamente equilibrado, rigorosamente dentro da
lei", disse Gregori, ao criticar os vazamentos.

Maierovitch não vê motivação partidária na condução da operação pela Polícia Federal e o


Ministério Público, mas considera que os vazamentos acabam sendo usados nesse sentido. "O
vazamento de informações é gravíssimo, porque até prejudica a investigação. E também pode ter
um vazamento para a imprensa, para criar tumulto partidário. Aí sai do campo técnico e entra no
campo do espetáculo", opinou.

"Há um clima no país de fla-flu, o que é muito ruim, porque na democracia não é a torcida que
ganha o jogo, são as regras legais. O que se viu ontem (quinta-feira), uma oposição que se reúne
para fazer barulho, que diz vai jogar (a suposta delação) do Delcídio para o impeachment, tem toda
uma especulação, precipitações, toda uma pobreza de argumentos", acrescentou.
Importância da Lava Jato
Apesar das críticas, os dois juristas consideram que a Lava Jato tem sido uma ação importante no
combate à corrupção. Para Maierovitch, agora "não existe dono do poder" e "está se vendo que
todos são iguais perante a lei, o que é um princípio republicano".

Na visão de Gregori, "os fatos têm mostrando que houve realmente casos que escaparam
completamente ao padrão legal e têm que ser investigados". Ele reforça, porém, a necessidade de
submeter "as pessoas envolvidas ao devido processo legal". "A minha preocupação é que não se
escape nem um milímetro do quadro legal, esteja se tratando de A, de B, ou de C", disse.

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