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Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Nome: Caio Campos de Souza Nº USP: 9337815 Período: Vespertino

Avaliação final de História da África – Prof.ª Marina de Mello e Souza

Questão 1

A partir do século XV, com as expansões marítimas portuguesas, a África se


mostrou como uma região de grande interesse para Portugal por diversas razões. Vários
agentes fizeram parte deste momento de contato e os motivos para a exploração do
continente africano eram diversos, incuindo principalmente interesses religiosos e
econômicos, que poderiam vir da coroa portuguesa ou de comerciantes na maioria dos
casos. Porém cada região da África teve suas especificidades no que refere-se a
ocupação portuguesa e a relação destes com os povos de cada uma destas regiões. A
análise destas especificidades é fundamental para entender estas relações e suas
dificuldades, no caso dos portugueses, de estabelecimento no continente africano.

Comecemos pelo Congo, que foi a primeira região com a qual os portugueses se
relacionaram. Na época da chegada dos portugueses, havia no Congo uma organização
política estruturada em uma figura-chave: o mani Congo. O mani Congo era
considerado o chefe- maior, ao qual todos os outros chefes regionais eram
subordinados. 1 A religião católica foi a principal estratégia adotada pelos recém
chegados portugueses como forma de adentrar-se nas sociedades locais dessa região,
crentes de que uma vez católica, a população do reino do Congo estaria a um passo de
seu domínio político. Para isso, missionários portugueses tentaram converter a
população e, principalmente, os chefes. Todavia, tal estratégia portuguesa se mostrou
um verdadeiro fiasco, sendo que a religião católica foi incorporada como uma forma de
legitimação de poder por muitos desses chefes, incluindo o próprio mani Congo, o que
se mostrou como um resultado ainda pior para os portugueses.

A partir dessa primeira experiência dos portugueses no Congo podemos dar


continuidade à empresa portuguesa na África, tentando compreender agora as dinâmicas
das ocupações na região do rio Cuanza, hoje Angola. Dado o fracasso testemunhado no
reino do Congo, o uso do catolicismo como exercício de domínio não era – em um
primeiro momento – a melhor maneira para adentrar nessa região. Em Angola, os
portugueses decidiram por dominar primeiro militarmente e só depois religiosamente,
em outras palavras, só após um controle militar que essas populções seriam
cristianizadas – prática essa que ficaria recorrente pelos portugueses. O marco inicial da
ocupação nessa região se deu com o estabelecimento de uma capitania liderada por

1
Cf. M’BOKOLO, Elikia – África negra. História e civilizações. A este respeito ver:
“O reino do Kongo” pp. 180 – 205.
1
Paulo Dias de Novaes, em 1575, na ilha de Luanda. Essa ocupação portuguesa logo
entrou em conflito com o Soba de Angola e desencadeou o processo que deu origem a
longo período de gurra entre os ocupantes portugueses e o Soba de Angola.

Para entendermos esses conflitos e o domínio exercido pelos portugueses


precisamos entender primeiro a organização política de Angola. Essa região possuía
uma organização política que se difere dos seus vizinhos do Congo, uma vez que havia
diversos chefes locais (chamados de sobas) que mantinham relações de submissão e
dominação entre si e povos que mantinham-se em constante conflito numa complexa
rede de relações. É nesse contexto que o Soba de Angola conquistou alguma
“supremacia” em relação aos demais sobas no momento da chegada dos portugueses. A
guerra travada no momento da fundação da capitania terminou sem nenhum vencedor
efetivo, mas consolidou a presença portuguesa na ilha de Luanda e numa pequena faixa
próxima ao litoral. Essa presença portuguesa permitiu aos seus mercadores
comercializar escravos e produtos valiosos - como o sal - durante algum tempo, até
Luanda ser posteriormente conquistada pelos holandeses. 2

Outra região africana a receber a presença portuguesa mais próxima a esse


período no qual estamos analisando foi a do rio Zambeze. A estratégia utilizada pode
ser considera a priori a mesma de Angola, tendo em vista seu relativo “sucesso” quando
comparada com o caso do Congo. A ocupação começa no ano de 1569, com a
expedição liderada por Francisco Barreto que almejava conquistar a região e punir o
monomotapa, chefe que detinha para si o poder na região de maneira centralizada. Pela
proximidade com a península arábica e a facilidade de se nave gar por aqueles mares, a
região possuía um forte contato com as populações árabes e inclusive chefes árabes
vivendo por lá. Esses árabes controlavam o comercio na costa através de fortificações
militares, essas que são alvos da expedição de Francisco Barreto com a justificativa no
conceito de “guerra justa” contra os infiéis. A influência árabe na região era tão forte
que havia uma população considerável de mestiços árabes-bantu, os chamados Suáli,
negros que se vestiam e tinham os costumes árabes. A expedição portuguesa falha em
seu objetivo principal de conquista, porém consegue, ao menos, eliminar a influência
árabe citada acima, facilitando uma nova tentativa de domínio, porém desta vez, sem os
árabes. A partir daí o que se viu, entretanto, foi uma ocupação orgânica menos intensa,
ou seja, os portugueses passaram a se instalar nessa região, constituir famílias e
estabelecer relações comerciais de uma forma mais natural, numa escala mais a partir de
indivíduos do que de uma operação vinda da coroa a fim de exercer um domíno pleno.
Essa ocupação foi aumentando gradualmente o poder político dos portugueses que lá
residiam em detrimento dos chefes locais, em especial o monomotapa. A partir do
século XVIII a ocupação portuguesa na região perde força e só é retomada no final do
mesmo século, com o início das atividades relacionadas ao tráfico negreiro.

2
SILVA, Alberto da Costa e - A manilha e o libambo: A África e a escravidão de 1500
a 1700, pp. 443.
2
Colocando em perspectiva a atuação portuguesa nos dois lados do continente
Africano é possível estabelecer paralelos e verificar diferenças decorrentes desses
processos. Nos dois casos fica clara a atuação de agentes em nome da coroa portuguesa
como protagonistas do processo de conquista, por um lado a fundação da capitania e
depois governo geral em Angola, e a expedição punitiva ao monomotapa no Zambeze.
Esse aspecto em comum torna-se importante ao ser analisado na medida em que os
processos decorrem da mesma lógica de atuação da coroa por serem praticamente
contemporâneos. Ou seja, nos dois casos a atuação dos mercadores e missionários foi
subordinada a uma atuação militar advinda de agentes em nome da coroa.

Contrário a isso, é importante ressaltar a diferença em relação aos resultados


dessa atuação, uma vez que em Angola foi estabelecido um governo central que buscava
controlar o comercio e estabelecer um controle efetivo sobre a terra, e no Zambeze a
atuação dos portugueses se deu muito mais livremente, partindo da atuação de
particulares que se integraram a sociedade local. A questão das sociedades locais
perante a ocupação portuguesa também apresenta semelhanças e diferenças, apesar
delas se constituírem como heterogêneas em ambas as localidades, é possível traçar um
brevíssimo padrão da sua atuação. No caso de Angola, o Soba de Angola liderou uma
guerra contra os portugueses, porém ao contrário do que se pode imaginar, essa guerra
não reuniu toda a população africana em torno da resistência aos portugueses, os
diversos chefes se movimentavam entre alianças com o Soba e com os portugueses a
partir da conveniência de quem estava em condições de lhes proporcionar melhores
condições, ou seja, quem estava ganhando a guerra. Diante desse quadro pode-se
colocar que apesar de difusa e especifica, houve um núcleo de resistência mais ou
organizado aos portugueses por parte das sociedades locais, que lhes infligiram perdas
consideráveis e travaram por algum tempo o seu avanço. Já no caso no Zambeze a
resistência não chegou nesse nível, tendo as sociedades locais muito mais se integrado a
presença de alguns portugueses do que se levantado a sua presença. O caso do Congo
ter ocorrido no norte de Angola explica em parte essa res istência de parte dos
Angolanos a presença dos portugueses, exemplo esse que as sociedades do Zambeze
não possuíam.

Questão 2

Pessoas em situação de cativeiro no continente africano não foram exatamente


uma novidade trazida pelos europeus. As sociedades africanas tinham, em seu modo de
lidar com o mundo, diversas formas sobre as quais seres humanos colocavam seus
semelhantes em situação de cativeiro. Essas formas eram variadas e disseminadas por
todo o continente mesmo antes da chegada dos primeiros europeus a chamada África
negra.

É preciso diferenciar conceitualmente o que seria um escravo e um cativo. O


nosso conceito de escravo é alguém que tem sua liberdade restringida e passa a ser um
bem subordinado a alguma pessoa ou instituição. Já as formas de cativeiro africanas não
obedecem essas lógicas e possuem mecanismos próprios para o cativeiro de pessoas em

3
suas sociedades. O aprisionamento de cativos africanos tem duas origens principais: 1)
pessoas que são capturadas em decorrência de conflitos militares; 2) pessoas que se
tornam cativos por dividas das mais diversas naturezas.

Essas origens não constituem por si só uma diferença considerável em relação a


escravidão romana que vigorou na Europa, essa diferença decorre de como essa prática
se estrutura. Na África os cativos não são capturados para trabalharem como mão de
obra em atividades econômicas apenas. Eles obedecem às lógicas africanas nas relações
entre indivíduos, ou seja, o indivíduo que é feito cativo em uma guerra permanece
vivendo na aldeia dos seus capturadores como uma espécie de troféu, se integrando à
sociedade, mesmo que numa posição rebaixada socialmente, e tendo no seu eventual
filho uma pessoa que não carrega a condição de cativo e se integra plenamente a
sociedade. Além disso a preferência era por cativos mulheres, os homens na maioria das
vezes eram mortos nas guerras e as mulheres capturadas, pois elas podiam ser esposas,
gerar filhos e realizar funções de subsistência da sociedade. 3

Essa lógica se modifica com a chegada nos europeus no continente americano.


Com eles, se verifica uma crescente demanda por escravos para abastecer as produções
nos grandes latifúndios das ilhas Atlânticas e da América. A partir dessa demanda,
mercadores europeus passaram a atuar nos portos africanos em busca de escravos. No
início essa demanda se enquadrou nos moldes das lógicas já existentes no continente, ou
seja, os cativos que eram capturados em guerras eram vendidos para os europeus ao
invés de serem pura e simplesmente mortos. Porém a partir dessa demanda se verificou
um crescimento vertiginoso de escravos nos portos africanos sendo embarcados para as
plantações geridas pelos europeus. Com isso se verifica uma mercantilização dos
cativos humanos que não era presente nas sociedades africanas antes do contato com os
europeus. Essa mercantilização deriva do fato de que os europe us traziam produtos das
mais diversas partes do mundo e os grandes chefes de reinos africanos viram nesse
comércio a chance de fortalecer seu poder a partir desses bens, e começaram a praticar
guerras com o intuito de gerar escravos para o comércio.

Esse comércio de cativos ocorreu em várias regiões do continente africano,


regiões onde havia uma certa segurança para os mercadores europeus, segurança essa
derivada de fortificações militares das potências, e onde o tráfico estava de alguma
forma organizado entre os chefes africanos. Dentre essas áreas é possível citar algumas:
A chamada costa dos escravos, na região do Benin tendo no porto de Ajudá seu
principal centro, o Congo num primeiro momento, Luanda como monopólio português
de fornecimento de escravos de toda a região de Angola e o planalto de Benguela, e
posteriormente Moçambique já no século XIX, surge como um grande exportador de
escravos. É preciso ter em mente que esses locais foram os de maior circulação do
comércio de pessoas, porém por todo o continente existiu o comércio de cativos de uma
forma menos centralizada e por vias de contrabando, muitas vezes.

3
HENRIQUES, Isabel Castro – O pássaro do mel: Estudos de história africana, 57-82.
4
Para obter cativos, os europeus se utilizavam de produtos que os chefes africanos
davam grande valor, que eles conseguiam nas mais diversas partes do mundo onde
estavam estabelecidos por meio de colônias e feitorias. O chamado banzo, que continha
armas de fogo, pólvora, tecidos asiáticos, entre outros. No caso portugueses, eles
traziam produtos extremamente valiosos, principalmente têxteis, de Goa, na Índia e
produtos advindos da Brasil, como aguardente, tabaco e ouro, e outros bens africanos
conseguidos em outras regiões. É importante perceber que as trocas por escravos se
davam com as mais diferentes mercadorias e eram realizadas por intermédio de
mercadores europeus.

Outro fator de grande importância é o lado africano dessas negociações, afinal


eram eles que detinham os produtos. Nos séculos XVI, XVII e XVIII os chefes
africanos eram muito ricos e poderosos, detinham verdadeiros impérios sob seu
domínio, em decorrência dos produtos adquiridos no tráfico em grande medida. Assim
sendo eles buscavam, e conseguiam na maior parte das vezes, centralizar o comércio a
partir deles, ou seja, eram eles que detinham o monopólio da venda de escravos junto
aos mercadores europeus. Fica claro a partir dessa visão, que quem detinha o poder
sobre a negociação era quem detinha a mercadoria: os chefes africanos. Os escravos
eram capturados a partir daquela lógica descrita acima, em guerras de conquista ou, o
que foi cada vez mais crescente com o passar do tempo, guerras com o único objetivo
de capturar pessoas para o tráfico, e vendidos nos portos a partir da lógica descrita
acima.

O comércio de cativos na região de Luanda era um monopólio português, logo


os mercadores portugueses tinham muita facilidade em conseguir os cativos a preços
mais razoáveis em comparação com o comércio no Golfo da guiné, onde a competição
entre as grandes potências para a obtenção de escravos era flagrante. Em Luanda havia
uma capital colonial portuguesa estabelecida que facilitava a atuação dos mercadores
portugueses e dos comerciantes africanos, que estavam localizados no interior do
continente. Em contraste com a situação com o comércio o Golfo da Guiné, onde o
comércio era centralizado nas mãos do dada do Daomé e a presença europeia se dava
através de fortificações militares que garantiam a segurança dos mercadores. Essas
diferenças se manifestam também nos produtos utilizados para comprar os cativos: Em
Luanda não era necessário lançar mão de produtor de alto valor para a obtenção de
escravos, como o ouro e o tabaco, sendo utilizado produtor como água ardente e a
farinha advinha do Brasil por parte dos mercadores portugueses, já no Golfo da Guiné,
com um regime de livre concorrência atuando no porto, era muito mais complicado a
aquisição de escravos com o preço inflacionado, sendo aí sim utilizado o ouro e o
tabaco do Brasil como moedas de troca.

Bibliografia

I - HENRIQUES, Isabel Castro – O pássaro do mel: Estudos de história africana.


Lisboa: Edições Colibri, 2003.

5
II - M’BOKOLO, Elikia – África negra. História e civilizações. Tomo I (até o século
XVIII) Salvador / São Paulo: EDUFBA / Casa das Áfricas, 2009.

III - SILVA, Alberto da Costa e - A manilha e o libambo: A África e a escravidão de


1500 a 1700. Nova Fronteira: Fundação Biblioteca Nacional, 2002.

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