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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


AN PRATICA HISTORIA/ESTAGIO HISTORIA IV
NAYARA DUARTE SILVA

Resenha - filme: Entre os Muros da Escola.

“Entre os Muros da Escola” (2008) é um filme dirigido por Laurent


Cantet, roteiro de Laurent Cantet, François Bégaudeau e Robin Campillo,
baseado em livro homônimo de François Bégaudeau. O cenário do filme é uma
escola periférica francesa e a história gira em torno da relação do professor de
francês, François Marin, com seus alunos - oriundos de regiões colonizadas
pelos franceses – ao longo do ano letivo.

Primeiramente, podemos destacar um fato presente ao longo de todo o


filme que é a distância cultural entre o professor e os alunos. Essa distância e
os conflitos que são explicitados ao longo do filme, ao meu ver, podem ser
analisados tendo como pano de fundo a perspectiva do sociólogo Pierre
Bourdieu, para quem,

o espaço social é construído de tal modo que os agentes


ou os grupos são ai distribuídos em função de sua
posição nas distribuições estatísticas de acordo com os
dois princípios de diferenciação que, em sociedades mais
desenvolvidas, como os Estados Unidos, o Japão ou a
Franca, são, sem dúvida, os mais eficientes - o capital
econômico e o capital cultural. Segue-se que os agentes
têm tanto mais em comum quanto mais próximos estejam
nessas duas dimensões, e tanto menos quanto mais
distantes estejam nelas. As distâncias espaciais no papel
equivalem a distâncias sociais. (BOURDIEU, 2008. p.19).
Essas diferenças simbólicas são claramente visíveis ao longo do filme e
perceptíveis por meio da linguagem. Duas cenas exemplificam melhor isso.
Primeiro, a cena que o professor vai ensinar o passado do subjuntivo aos
alunos. Os alunos, como Khoumba e Boubacar, argumentam que ninguém fala
daquele jeito no dia a dia, que isso é “coisa de burguês”. É uma linguagem
totalmente distante da realidade desses alunos. Outra cena, é quando duas
alunas questionam o nome que o professor utiliza no quadro para estruturar
uma frase, o professor utiliza o nome do presidente dos EUA que, para as
alunas, é uma referência estranha, “Mas porque é que não usa Aiiissata ou
Rachid ou Ahmed...?”. O conteúdo que Marin tenta transmitir em sala de aula
não faz nenhum sentido para os seus alunos.

São diversos os “muros” que separam funcionários e professores da


escola da realidade dos alunos. A questão da Língua Francesa é bastante
relevante no filme. Os funcionários da escola se deparam com pais de alunos
que não sabem a língua francesa, o que torna a comunicação direta entre
esses impossível. Num contexto de reunião de pais, o próprio aluno se torna o
sujeito mediador no diálogo. Nesses momentos é interessante o deslocamento
na relação de autoridade professor-aluno.

Uma outra perspectiva relevante para se pensar a trama do filme é


analisarmos a escola como espaço sociocultural, como ressalta Dyrell:

A escola, como espaço socio-cultural, é entendida, portanto,


como um espaço social próprio, ordenado em dupla dimensão.
Institucionalmente, por um conjunto de normas e regras, que
buscam unificar e delimitar a ação dos seus sujeitos.
Cotidianamente, por uma complexa trama de relações sociais
entre os sujeitos envolvidos, que incluem alianças e conflitos,
imposição de normas e estratégias individuais, ou coletivas, de
transgressão e de acordos. Um processo de apropriação
constante dos espaços, das normas, das práticas e dos
saberes que dão forma à vida escolar (DYRELL, p.2)
Assim, quando os alunos resistem a uma proposta feita pelo professor
Marin em sala e o desafiam, podemos perceber o papel ativo desses alunos
enquanto sujeitos que trazem consigo experiência de vida diversas e também
identidades próprias.

Percebemos que o professor Marin é muito aberto ao diálogo e procura


sempre conhecer os seus alunos. Ele tenta fazer uma abordagem do processo
ensino-aprendizagem interacionista, mas não consegue por diversas
limitações, algumas já mencionadas acima. Os professores dessa escola não
conseguem enxergar o aluno como sujeitos socioculturais,

Essa outra perspectiva implica em superar a visão


homogeneizante e estereotipada da noção de aluno, dando-lhe
um outro significado. Trata-se de compreendê-lo na sua
diferença, enquanto indivíduo que possui uma historicidade,
com visões de mundo, escalas de valores, sentimentos,
emoções, desejos, projetos, com lógicas de comportamentos e
hábitos que lhe são próprios. (DYRELL, p.5)
Quando observamos a estrutura da escola, sala de aula, dos
professores, corredores, pátio etc nos deparamos com um espaço que
determina uma concepção educativa tradicional, próximo ao das escolas
brasileiras. “Os muros demarcam claramente a passagem entre duas
realidades: o mundo da rua e o mundo da escola, como que a tentar separar
algo que insiste em se aproximar” (DYRELL, p. 13). No filme isso é bem claro,
apesar de não haver cenas gravadas fora dos muros da escola, os alunos
trazem experiências suas para dentro do universo escolar e esse “mundo da
rua” se aproxima do “mundo da escola”. Questões como sexualidade, raça,
religião, família etc estão presentes constantemente na sala de aula do
professor Marin e interferindo da formação educacional dos alunos. Há uma
constante re-significação do espaço por parte dos alunos.

Outro ponto que é relevante é a questão da imagem do aluno. Por


exemplo, no caso do aluno Souleymane, o professor afirmar que, ‘do ponto de
vista escolar, é limitado”. Dyrell explica que essas imagens têm a ver com
estereótipos socialmente criados, e se baseiam em comportamentos cognitivos
e aos comportamentos em sala,

De uma forma ou de outra, a construção dessas auto-imagens


interfere, e muito, no desempenho escolar da turma e do aluno,
refletindo também no seu desempenho social, em outros
espaços além da escola. Existe uma dimensão educativa nas
relações sociais vivenciadas no interior da instituição, nesse
processo de produção de imagens e estereótipos, que interfere
na produção da subjetividade de cada um dos alunos, de forma
positiva ou negativa. Um jovem, taxado de "mau aluno",
assumindo ou não o estereótipo, tende a se ver assim e se
deixar influenciar por esse rótulo, que se torna um elemento a
mais na produção de sua subjetividade (p.21)
Podemos refletir se essa incorporação do rótulo pelo aluno aconteceu
com o aluno Souleymane após as representantes da turma contarem o que o
professor disse a respeito dele no conselho de classe. Ele fica bastante
agressivo com os colegas e desobedece o professor, saindo de sala.

Contemporaneamente, a preocupação constante de educadores,


consiste em como envolver os alunos nos processos de aprendizagem para
que assim, eles possam desenvolver um pensamento crítico e adquirir
capacidade de participar ativamente de questões políticas e sociais do
presente. Fala-se muito em uma democratização do ensino. Porém, como
percebemos no filme, ainda há muitas barreiras para alcançar esse objetivo,
muitas vezes ele não é alcançado e fica implícito no próprio ambiente escolar.
Uma cena chocante no filme é quando uma das alunas do professor - que não
tem fala durante o filme todo - chega para ele no último dia de aula e diz “eu
não aprendi nada”. Ás vezes o professor pode passar o ano letivo todo sem
conhecer seus próprios alunos e sem saber se eles estão apreendendo o
conhecimento transmitido.

Com tudo isso, fica posto uma reflexão sobre a relação professor-aluno,
o ambiente escolar e processo de ensino-aprendizagem. Até que ponto, numa
escola com tamanha diversidade cultural, o professor consegue ultrapassar
essas distâncias sociais em relação aos seus alunos, construindo uma forma
de aprendizagem mútua? Qual abordagem educacional seria a mais
adequada? Qual é o tipo de escola atende melhor às questões da
modernidade?

REFERENCIAS BIBLIOFRÁFICAS

BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. 9. ed. Campinas:


Papirus, 2008.

DAYRELL, Juarez. A escola como espaço sócio-cultural. In: Juarez Dayrell.


(Org.). Múltiplos Olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Editora da
UFMG, 1996.

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