Sunteți pe pagina 1din 8

Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 650.413 - GO (2004/0058136-9)

RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER


RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
RECORRIDO : JEOVÁ PEREIRA DIAS
ADVOGADO : INIS MOREIRA DAMACENO

EMENTA

PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. SURSIS PROCESSUAL.


ART. 89 DA LEI Nº 9.099/95. DESCUMPRIMENTO DE CONDIÇÃO IMPOSTA.
AUSÊNCIA DE REPARAÇÃO DO DANO. REVOGAÇÃO.
A teor do art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95, se o acusado não efetuar a reparação
do dano, sem motivo justificado, impõe-se a revogação da suspensão condicional do
processo. O réu deixa de ser merecedor do benefício, que é norma excepcional, para ser
normalmente processado com todas as garantias pertinentes. Não há, por igual,
inobservância à presunção de não-culpado (Precedentes).
Recurso provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, conhecer do recurso e lhe dar provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator. Os Srs. Ministros Gilson Dipp, Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima e José Arnaldo da
Fonseca votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília (DF), 16 de setembro de 2004 (data do julgamento).

MINISTRO FELIX FISCHER


Relator

Documento: 497738 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/11/2004 Página 1 de 8
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 650.413 - GO (2004/0058136-9)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Trata-se de recurso especial


interposto pelo Ministério Público, com fundamento no art. 105, III, alíneas a e c, da Carta
Magna, em face de v. acórdão proferido pelo e. Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
Esta a ementa do julgado:

"RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - PRAZO


ESTIPULADO DEVIDAMENTE CUMPRIDO. REVOGAÇÃO DA
SUSPENSÃO. INADMISSIBILIDADE. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
REPARAÇÃO DO DANO. INTELIGÊNCIA DO ART. 89, § 5° LEI 9099/5.
- Decreta-se extinta a punibilidade da intenção punitiva
estatal, independemente do cumprimento total das condições impostas, pelo
decurso do prazo fixado em "sursis processual" - o qual transcorreu sem
revogação do negócio processual.
- Expirado o prazo suspensivo sem que tenha havido
revogação, cumprirá ao juiz decretar extinta a punibilidade.
- Recurso em sentido estrito improvido para confirmar a
decisão que declara extinta a punibilidade " (fls. 387/388).

Daí o presente apelo nobre, no qual se argumenta, a par de dissídio


jurisprudencial, violação ao art. 89, §5º, da Lei nº 9.099/95. Requer, ao final, seja reformado o
v. acórdão increpado, a fim de que, cassada a decisão que extinguiu a punibilidade, volte o
processo ao seu normal curso.
Contra-razões às fls. 414/417.
Admitido na origem, ascenderam os autos a esta Corte (fl. 424).
A douta Subprocuradoria-Geral, às fls. 430/437, manifestou-se pelo
provimento do recurso em parecer assim ementado:

"PENAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO.


ART. 89 DA LEI 9.099/95. DESCUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES
ACORDADAS. REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO POSTERIOR AO
DECURSO DO PRAZO. POSSIBILIDADE.
1. A suspensão condicional do processo é um benefício
previsto no art. 89 da Lei 9.099/95, que pressupõe a aceitação, pelo acusado,
da conduta delituosa que lhe está sendo imputada, além de requerer o
preenchimento de determinados requisitos e o cumprimento de algumas
condições.
Documento: 497738 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/11/2004 Página 2 de 8
Superior Tribunal de Justiça
2. Se houve o crime, é indispensável que o indivíduo seja
punido pela prática delituosa. O sursis processual, benefício que é, pois
afasta o peso do desenvolvimento de um processo a ser suportado pela parte
ré, impõe, como sanção, o cumprimento de determinadas condições,
bastantes para a reparação do dano causado.
3. A legislação aplicável à espécie prevê as situações em que o
benefício sob análise pode ser revogado, que são aquelas em que as
condições acordadas não são cumpridas (§§ 3° e 4° do art. 89 da Lei
9.099/95).
4. O descumprimento das condições impostas, sem que
nenhuma conseqüência recaia sobre o violador, constitui uma incoerência e
denota impunidade. Assim, mesmo que esgotado o prazo da suspensão
condicional do processo, há que ser declarada a revogação do benefício,
para que se dê prosseguimento ao processo.
- Parecer pelo provimento do recurso " (fls. 430/431).

É o relatório.

Documento: 497738 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/11/2004 Página 3 de 8
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 650.413 - GO (2004/0058136-9)

EMENTA

PROCESSUAL PENAL. RECURSO


ESPECIAL. SURSIS PROCESSUAL. ART. 89 DA
LEI Nº 9.099/95. DESCUMPRIMENTO DE
CONDIÇÃO IMPOSTA. AUSÊNCIA DE
REPARAÇÃO DO DANO. REVOGAÇÃO.
A teor do art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95, se o
acusado não efetuar a reparação do dano, sem motivo
justificado, impõe-se a revogação da suspensão
condicional do processo. O réu deixa de ser merecedor
do benefício, que é norma excepcional, para ser
normalmente processado com todas as garantias
pertinentes. Não há, por igual, inobservância à
presunção de não-culpado (Precedentes).
Recurso provido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Depreende-se dos autos que


o recorrido foi beneficiado pelo sursis processual (fl. 309). Em razão de falta cumprimento de
condição imposta, sem motivo justificado, in casu, reparação do dano, foi o réu intimado para
que o fizesse ou que pelo menos justificasse sua falta. No entanto, quedou-se silente. O Juízo
de 1º grau, embora reconhecesse que o réu havia dado apenas parcial cumprimento às
condições estabelecidas, declarou extinta sua punibilidade (fls. 318/319). O Parquet,
irresignado, interpôs recurso em sentido estrito, a fim de que o MM. Juiz apreciasse
devidamente o descumprimento das condições do sursis processual. O e. Tribunal a quo, por
sua vez, negou provimento ao recurso ministerial. Daí o presente apelo nobre, no qual se
argumenta, a par de dissídio jurisprudencial, violação ao art. 89, § 5º, da Lei nº 9.099/95.
Requer, ao final, seja reformado o v. acórdão increpado, a fim de que, cassada a decisão que
extinguiu a punibilidade, volte o processo ao seu normal curso.
A irresignação merece acolhida.
A teor do art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95, se o acusado não efetuar a reparação
do dano, sem motivo justificado, impõe-se a revogação do sursis processual. O réu deixa de
ser merecedor do benefício, que é norma excepcional, para ser normalmente processado com
todas as garantias pertinentes.
Confira-se, nesse sentido, o seguinte julgado prolatado pelo c. Supremo
Documento: 497738 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/11/2004 Página 4 de 8
Superior Tribunal de Justiça
Tribunal Federal:

"EMENTA: I. Habeas corpus : impetração contra decisão do


STJ que não conheceu de um dos seus fundamentos, porque não ventilado no
Tribunal local, razão de ordem processual que o impetrante não impugna no
presente HC, requerido ao STF, no qual se adstringe a insistir no mérito da
alegação: descabimento, nessas circunstâncias, do exame originário da
questão pelo STF, salvo quando seja o caso de concessão de ofício da ordem.
II. Suspensão condicional do processo. 1. Suspenso condicionalmente o
processo, não cabe ao juiz, ainda no curso do período respectivo, declarar
parceladamente cumpridas - com força decisória de sentença definitiva - cada
uma das condições a cuja satisfação integral ficou subordinada a extinção da
punibilidade: se antes não adveio revogação por motivo devidamente
apurado, é que incumbe ao Juiz, findo o período da suspensão do processo,
declarar extinta a punibilidade - aí, sim, por sentença - ou, caso contrário, se
verifica não satisfeitas as condições, determinar a retomada do curso dele. 2.
A decisão que revoga a suspensão condicional pode ser proferida após o
termo final do seu prazo, embora haja de fundar-se em fatos ocorridos até o
termo final dele" (sem grifo no original).
(HC 80747/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence DJU
de 19/10/2001).

No corpo do v. aresto, tem-se:

"Redargúi, contudo, o impetrante que, na última hipótese - que implica a


revogação do sursis processual -, a decisão há de anteceder o termo final da suspensão,
exaurido o qual, já estaria consumada a extinção da punibilidade.
Funda-se, para tanto - invocando opiniões doutrinárias - no teor do art. 89, §
5º, da L. 9.099/95:

"Art. 89. (...)


§ 5º. Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a
punibilidade".

"Isto não significa" - contradita, porém, o d. Luiz Flávio Gomes (Suspensão


Condicional do Processo Penal , 2§ ed. RT, 1997, p. 342) - que mesmo depois de expirado o
prazo não possa o juiz revogar a suspensão. Pode. A melhor leitura do dispositivo invocado é
a seguinte, portanto: expirado o prazo sem ter havido motivo para a revogação, o juiz
declarará extinta a punibilidade. Mesmo que descoberto esse motivo após expirado o prazo,
pensamos que pode haver revogação. O mesmo não pode ser dito se já existe sentença
definitiva extintiva de punibilidade, isto é, se o juiz já julgou extinta a punibilidade em
sentença definitiva e depois vem a descobrir o motivo da revogação, nada mais pode ser
feito, mesmo porque agora deve-se respeitar a coisa julgada. E não existe revisão pro
societate ".
Essa, a meu ver, a solução correta.
O entendimento contrário, data venia - ainda que possa reivindicar em seu
favor a literalidade do dispositivo legal -, conduz ao absurdo, que é de repelir.
Documento: 497738 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/11/2004 Página 5 de 8
Superior Tribunal de Justiça
Com efeito.
Suspenso o processo pelo prazo fixado, o resultado favorável da medida - é
dizer, a extinção da punibilidade do fato - fica subordinado a que, no mesmo período não
haja sobrevindo algumas das causas de revogação do benefício, entre elas, o
descumprimento das condições impostas na sua concessão (L. 9.099/95, art. 89, § 4º).
Em outros termos: a superveniência de qualquer uma delas, até o termo final
do período de suspensão, impede a extinção da punibilidade e impõe a retomada do
processo."

Nessa linha de intelecção, posiciona-se este Colendo Superior Tribunal de


Justiça, consoante se depreende das ementas a seguir transcritas:

"PROCESSUAL PENAL. SURSIS PROCESSUAL.


REPARAÇÃO DO DANO. REVOGAÇÃO.
Constatado o não cumprimento de condição imposta para a
suspensão condicional do processo, mesmo após o transcurso do biênio legal,
impõe-se a revogação do benefício.
Recurso a que se nega provimento"
(RHC 10749/SP, 5ª Turma, Rel. Min. Edson Vidigal, DJU de
13/08/2001).

"HABEAS CORPUS . PENAL E PROCESSUAL PENAL. LEI


9.099/95. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. ACUSADO
PROCESSADO E CONDENADO DURANTE O PERÍODO DE PROVA.
REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO. EXPIRAÇÃO DO PRAZO SUSPENSIVO.
IRRELEVÂNCIA. ORDEM DENEGADA.
1. O traço essencial da suspensão condicional do processo, de
imposição excepcional, é, precisamente, a sua revogabilidade, o que exclui, a
seu respeito, a invocação da coisa julgada, não havendo razão que impeça a
sua desconstituição pelo conhecimento subseqüente de fato que determina o
seu incabimento.
2. O término do período de prova sem revogação do sursis
processual não induz, necessariamente, à decretação da extinção da
punibilidade delitiva, que somente tem lugar após certificado que o acusado
não veio a ser processado por outro crime no curso do prazo ou não efetuou,
sem motivo justificado, a reparação do dano.
3. Ordem denegada"
(HC 25395/SP, 6ª Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido,
DJU de 24.05.2004).

"Recurso Especial. Direito Processual Penal. Suspensão


condicional do processo. § 5º do art. 89 da Lei nº 9099/95. Descumprimento
da obrigação de reparação do dano. Revogação após o período de prova.
Admissibilidade. A suspensão condicional do processo prevista no art. 89 da
Lei nº 9099/95 pode ser revogada quando descumprida a condição de reparar
o dano, a que se submeteu o acusado, mesmo que verificada quando expirado
o período de prova.
Documento: 497738 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/11/2004 Página 6 de 8
Superior Tribunal de Justiça
Recurso especial improvido"
(REsp 373800/RS, 6ª Turma, Rel. Min. Paulo Medina, DJU
de 22.09.2003).

"PROCESSUAL PENAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO


PROCESSO. AUSÊNCIA DE REPARAÇÃO DO DANO. REVOGAÇÃO
POSTERIOR AO DECURSO DO PRAZO. POSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE
DIFICULDADES FINANCEIRAS. QUESTÃO NÃO APRECIADA PELA
INSTÂNCIA ORDINÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE DESLINDE NESTA
INSTÂNCIA.
- Sendo a reparação do dano estabelecida como uma das
condições para a concessão do benefício da suspensão condicional do
processo, o seu descumprimento é causa bastante para a revogação de tal
benefício, mesmo que só tenha sido verificado posteriormente ao decurso do
prazo de suspensão.
- O habeas-corpus é um instrumento de magnitude
constitucional que tem por objetivo preservar o direito de locomoção, não se
prestando para resolver questões não decididas pela instância ordinária. Se
as razões em que se fundam a pretensão deduzida no writ não foram objeto de
apreciação pelo Tribunal a quo, é descabido o seu deslinde nesta instância
superior, sob pena de supressão de grau de jurisdição.
- Habeas-corpus conhecido em parte e, nessa extensão,
denegado"
(HC 18497/RS, 6ª Turma, Rel. Min. Vicente Leal, DJU de
18.11.2002).

Impende ressaltar, ademais, que não ocorreu ofensa ou violação do disposto


no art. 5º, inciso LVII, da Carta Magna. O recorrido não foi considerado culpado. Ele
apenas deixou de ser beneficiário de uma norma excepcional, uma vez que a regra geral é o
processo e não a sua suspensão. A conseqüência, por óbvio, não é a condenação, mas sim o
desenvolvimento da persecutio criminis in iudicio, observadas, aí, decerto, todas as
garantias constitucionais e infraconstitucionais.
Voto, pois, pelo provimento do recurso.

Documento: 497738 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/11/2004 Página 7 de 8
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

Número Registro: 2004/0058136-9 RESP 650413 / GO


MATÉRIA CRIMINAL
Número Origem: 76188
PAUTA: 16/09/2004 JULGADO: 16/09/2004

Relator
Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER
Presidenta da Sessão
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ÁUREA MARIA ETELVINA N. LUSTOSA PIERRE
Secretário
Bel. LAURO ROCHA REIS
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS
RECORRIDO : JEOVÁ PEREIRA DIAS
ADVOGADO : INIS MOREIRA DAMACENO
ASSUNTO: Penal - Crimes contra a Pessoa (art.121 a 154) - Crimes contra a vida - Lesão Corporal ( art. 129
)

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, conheceu do recurso e lhe deu provimento, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator."
Os Srs. Ministros Gilson Dipp, Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima e José Arnaldo da
Fonseca votaram com o Sr. Ministro Relator.

O referido é verdade. Dou fé.


Brasília, 16 de setembro de 2004

LAURO ROCHA REIS


Secretário

Documento: 497738 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/11/2004 Página 8 de 8

S-ar putea să vă placă și