Sunteți pe pagina 1din 68

Ano 14- n° 53 - Abril / Maio / Junho - 2017

Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense

JESUS E VOCÊ, HOJE


Pr. Davi Freitas de Carvalho
LIÇÕES
SUMÁRIO 12
JESUS, O VERBO QU
VOCÊ REPRESENTA
E

O QUAL
JESUS, O PÃO COM NTA
16 VOCÊ SE ALIME

02 PLANO COOPERATIVO JESUS, A ÁGUA QU


E VOCÊ
20 BEBE E SERVE

VOCÊ

03
JESUS, A LUZ QUE FAZ
PRIMEIRAS PALAVRAS 24 ENXERGAR E BRILH
AR
... ONDE DEUS QUISER...
M QUE
JESUS, O PASTOR BO UE
28 VOCÊ OUVE E SEG

05 VIRA CRIANÇA
27 DE MAIO DE 2017 32
QUE
JESUS, O CAMINHOVIVER
VOCÊ TRILHA PARA

E VOCÊ
US, A VERDADE QU
36
JES
PALAVRA DO REDATOR CONHECE E PREGA

06 ESCOLA BÍBLICA VOCÊ


JESUS, A VIDA QUE UI
DOMINICAL 40 RECEBE E USUFR

QUAL
JESUS, A VIDEIRA NA

07 30 DIAS DE ORAÇÃO
COM MISSÕES ESTADUAIS
44 VOCÊ PERMANECE E FRUTIFICA
JESUS, O MESTRE
48 QUE VOCÊ IMITA

10 30 DIAS DE ORAÇÃO
COM MISSÕES ESTADUAIS 52 ENTRONIZA E OBEDE

JESUS, O REI QUE VO CE

E VOCÊ
JESUS, O SENHOR QUA
56 TEME E ADOR

11 APRESENTAÇÃO
DAVI FREITAS DE CARVALHO
60 VOCÊ CELEBR
L QUE
JESUS, O MEMORIAA
PRIMEIRAS PALAVRAS

... ONDE DEUS QUISER...


Ter a visão do caminho que o
Senhor traçou para nós é impres-
cindível e necessário: Qual é a
nossa missão? O que faremos em
nossa vida? Quais são os objeti-
vos que almejamos?
O desafio missionário do Se-
nhor para nós precisa ser pas-
sado para o singular: Onde será
o meu lugar? O MEU LUGAR
SERÁ ONDE DEUS QUISER
ME LEVAR. Com esse tema, o
Departamento de Evangelismo
e Missões nos conclama a viver
essa ênfase de modo ativo e dinâ-
mico, como Isaías fez, vide cap. 6, Ter uma visão de Deus e da
versos 1 a 8... ”Eis-me aqui, en- Sua glória.
via-me a mim.” Mesmo sentindo-se inadequa-
Às vezes tentamos encontrar do, ele testemunha da visão que
desculpas para justificar a nos- teve, dizendo: “eu vi o Senhor
sa “inadequação” ao responder assentado sobre um alto e su-
ao chamado de Deus, mas nada blime trono”. Quando estamos
pode impedir o querer de Deus diante de Deus, nossos referen-
sobre nossas vidas. Com o profe- ciais mudam, pois é impossível
ta Isaías não foi diferente: apesar deixar de perceber a Sua glória e
de suas limitações, ele passou o quanto Ele é Santo, adorando-o
por experiências que também na beleza de Sua santidade.
podem e devem ser as nossas, e Para atender ao chamado de
assim Deus nos usará em sua Deus e estar no lugar que Ele
obra poderosamente. mesmo estabeleceu para que es-
Para estar onde Deus deseja, tivéssemos, precisamos ser ado-
à semelhança do profeta Isaías, radores do Deus Vivo, Eterno e
eu preciso: Soberano Senhor do universo, e

3
isso decorre da visão que temos Ter prontidão para respon-
desse Senhor. der ao chamado do Senhor.
Isaías teve uma visão transfor- Após ter a visão do Senhor, ser
madora de sua própria vida. Foi perdoados, purificados e transfor-
uma visão celestial e uma expe- mados pelo Senhor, precisamos
riência intrapsíquica, que embora reverter o quadro da fé omissiva
não se tratasse de algo concreto e sem obras, pois precisamos ter
e real, era de profundo significa-
disposição para obedecer a von-
do espiritual e refletia a genuína
tade de Deus e estar no lugar que
adoração que nós, pecadores, de-
vemos lhe dedicar. Qual é a visão Ele determinar. Devemos fazer
que você tem de Deus? como o profeta Isaías, que de-
clarou: “Eis-me aqui, envia-me a
mim” (Is 6.8c).
Ter uma visão de mim mes-
mo e da minha real condição. O chamado e a pergunta do
Senhor têm ecoado em muitos
A visão de Deus e de Sua gló-
corações: “Quem?”. Isso nem
ria levou Isaías a reconhecer não
apenas a santidade de Deus, mas sempre é respondido ou, muitas
também reconhecer a sua própria vezes, tem uma resposta negati-
condição de pecador. va – o que é trágico, pois enquan-
to não atendermos ao chamado
Nossos referenciais não po-
dem ser os piores da sociedade. e à vocação que o Senhor nos
Alguns dizem: – eu nunca matei, deu, fracassaremos sempre e ha-
nunca roubei, não desejo mal a verá uma sensação de vazio, por
ninguém, sou trabalhador, etc. mais que prosperemos e tenha-
E daí? Isso é dever de todas as mos uma carreira de sucesso em
pessoas... Quem sou eu diante de quaisquer outras áreas, sempre
Deus e diante do seu padrão de haverá a sensação de que falta
santidade? Quem é você? Reco- alguma coisa. “A quem envia-
nhecendo nossa real condição e rei, e quem há de ir?” (Is 6.8b)
dependência de Deus, não pode- Como você responderá? Deixe o
mos deixar de ver que embora pe- Senhor conduzi-lo em seus san-
cador, ele pode nos purificar e nos tos e retos caminhos e você será
aperfeiçoar para toda boa obra. À bem-aventurado!
semelhança de Isaías, que naque-
la visão sobrenatural foi purificado,
nós também devemos ser trans- Pr. Amilton Vargas
formados pelo poder do Senhor. Diretor Executivo da CBF
Ele já transformou a sua vida? Membro da PIB Universitária

4
PALAVRA DO REDATOR
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
“Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor;
a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva,
como chuva serôdia que rega a terra”. Oséias 6.3
Conhecer ao 1 - POR AMARMOS A JESUS. Je-
Senhor é um sus disse: “Aquele que tem os meus
estímulo dirigi- mandamentos e os guarda, este é o
do a todos os que me ama.” (Jo 14.21)
crentes, porém 2 - PARA NÃO ERRARMOS. Je-
muitos não têm sus disse: “Errais não conhecendo
descoberto o as Escrituras nem o poder de Deus.”
maravilhoso (Mt 22.29)
motivo desta
ordem divina, 3 - PARA SERMOS LIMPOS. Jesus
e não desfru- disse: “Vós já estais limpos pela pa-
tam das rique- lavra que vos tenho falado.” (Jo 15.3)
zas e tesouros a nós oferecidos por 4 - PARA APRENDERMOS. Jesus
Deus através da sua Palavra. disse: “Aprendei de mim.” (Mt 11.29)
À medida que a Palavra de Deus 5 - PARA SERMOS SANTOS. Je-
crescia e prevalecia, a Igreja Primi- sus orou: “Santifica-os na verdade. A
tiva se multiplicava. Hoje, podemos tua palavra é a verdade.” (Jo 17.17)
até experimentar um crescimento nu- 6 - PARA SERMOS AMIGOS DE
mérico da Igreja sem a incontestável JESUS. Jesus disse: “Vós sereis
superioridade da Palavra, mas não meus amigos se fizerdes o que eu
um crescimento saudável. A Igreja do vos mando.” (Jo 15.14)
Pentecostes começou com a Palavra. 7 - PARA SERMOS BEM AVENTU-
No dia de Pentecostes Pedro pregou RADOS. “Bem aventurados os que
um sermão cristocêntrico e cerca de leem, ouvem e guardam a sua pala-
três mil pessoas foram convertidas. vra.” (Ap 1.3)
Todo o registro de crescimento da
Igreja Primitiva no Livro de Atos está A Igreja cresce à medida que a
diretamente ligado à proclamação da Palavra de Deus cresce. Portanto,
Palavra de Deus. invista no crescimento da sua Igreja
através da Escola Bíblica Dominical!
O Pr. Wanderlei C. da Silva apre-
senta sete razões1, como uma forma
de encorajamento e estímulo a pro- Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
fessores e alunos no aprendizado da Redator da Revista P&V
Palavra de Deus, através da Escola Diretor do Departamento de Educação
Bíblica Dominical: Religiosa da CBF

1 - Publicado no portal (http://www.ejesus.com.br/)

6
APRESENTAÇÃO

Um amigo pastor, há alguns


QUEM
anos, passou pela experiência
da perda temporária de memó-
ESCREVEU
ria, em função de um acidente
vascular cerebral. Não reco-
nhecia nem os seus familiares.
Quando fui visitá-lo e percebi
que ele não sabia quem eu era,
lágrimas escorreram no meu
rosto. Foi, então, que ele co-
meçou a me consolar e expôs
o plano de salvação, falando do
amor de Jesus por mim. Aquela
cena marcou minha vida e mi-
nistério, pois cheguei à conclu- Davi Freitas de Carvalho –
são: Jesus não pode ser apa- 51 anos, casado com Maria Celeste
gado de nossa memória. Ferreira de Carvalho e pai de dois
filhos: Arthur Davis (25) e Kariny
Neste trimestre, Ele será o
Davis (23). Formado em Teologia
único assunto de nossos estu-
pelo Seminário Teológico Batista
dos. Nossa tese é que uma re- do Sul do Brasil, RJ, graduando em
lação viva com o Cristo vivo nos Filosofia (UFRRJ), exerce o pasto-
possibilita, hoje, ser vitoriosos e rado há 25 anos. Foi o escritor das
harmônicos na família, na Igreja revistas Palavra e Vida do 2T2013
e na sociedade em geral. - Gálatas: libertos para servir e
4T2014 – 1 e 2Tessalonicenses: A
O Evangelho de João, com
Igreja Modelo. Tem servido a Deus
suas ricas imagens descritivas como professor em seminários
do Mestre, nos oferecerá exce- teológicos e como palestrante em
lentes recursos para refletir e treinamentos e congressos ligados
agir em prol do nosso grande à Escola Bíblica Dominical. Atual-
Deus e Salvador Jesus Cristo. mente, pastoreia a Igreja Batista
em Vila Jaguaribe, Piabetá, Magé,
Bons estudos!
RJ e coordena o Departamento de
Educação da ABM.

11
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 1
Texto Bíblico: João 1.1-5,14

JESUS, O VERBO QUE


VOCÊ REPRESENTA

Você costuma refletir sobre Iniciaremos nossos estudos


a sua relação de discípulo com no Evangelho de João analisan-
o Mestre Jesus? Relaciona esta do alguns versículos do prólogo
reflexão pessoal com aquela que joanino, João 1.1-18. Em particu-
Jesus mantinha com seus discí- lar, buscaremos esclarecer a de-
pulos, a de ser Senhor de servos finição que se dá a Cristo, cha-
e amigos? Nesta lição, começa- mando-o de “Verbo”, termo que se
remos uma análise neste sentido, pode traduzir por palavra, sentido,
destacando a temática JESUS E razão. Qual a nossa relação com
SEUS SEGUIDORES, HOJE. o Verbo de Deus? Ele ainda fala

12 12•
conosco? Faz sentido ser cristão? união do “logos” – estudo – com
Qual a razão da nossa fé? outros termos, como por exemplo,
Psicologia – estudo do comporta-
mento ou Antropologia – estudo do
O VERBO ERA / ESTAVA
homem, etc.
João inicia seu Evangelho com
uma afirmação marcante: “No prin- As possibilidades de sentido
cípio era o Verbo, e o Verbo esta- para o “Logos” grego são um di-
va com Deus, e o Verbo era Deus” zer revelador, um dizer que dei-
(Jo 1.1). Ele traça um paralelo inte- xa algo aparecer assim como é.
ressante com a afirmação inicial da Já no Evangelho de João, vemos
Bíblia: “No princípio, criou Deus os surgir uma variedade de senti-
céus e a terra” (Gn 1.1). É o mesmo dos para a palavra grega “Logos”
que dizer: Deus e o Verbo se afir- (Verbo), conforme lemos nos exem-
mam sinônimos. Deus e o Verbo se plos seguintes:
afirmam antecedentes, causais. - “Logos” (Verbo) como sinônimo de
Além disso, se Cristo é o Verbo ditado, discurso enunciado: João
(conforme João revelou), seguem-se 4.37; 6.60; 8.37.
duas conclusões: Deus e Jesus são - “Logos” (Verbo) como a mensa-
sinônimos. Deus e Jesus são ante- gem daquele que se revela, isto é,
cedentes, causais. Logo, você e eu do Cristo: João 5.24; 12.48; 14.24.
somos consequências do agir divino. - “Logos” (Verbo) como o conteúdo
Em outras palavras: Jesus é o Verbo da revelação na boca do profeta:
que nós, cristãos, representamos. João 12.38.
Vamos explorar essa relação de - “Logos” (Verbo) como Verdade de
causa-consequência durante esta Deus revelada na Palavra: João 17.17.
primeira lição.
Mas o diferencial proposto na
abertura do Evangelho de João,
O SIGNIFICADO DO VERBO que vai marcar a separação radi-
É preciso entender a grande cal entre o “Verbo” no Evangelho
diferença existente entre o de João e o conceito grego de
pensamento grego sobre o Verbo “Logos”, é que, para o apóstolo, o
(gr. Logos) e o de João. No con- Verbo é uma pessoa, Cristo, a
texto da filosofia grega, a tradução expressão sensível do próprio
de “Logos” por “Verbo” não é usual. Deus no mundo. João vai afirmar
Também não o é primariamente o que por meio do Logos de Deus
sentido de “pesquisa, estudo”, o qual encarnado, pode-se, finalmente,
ocorrerá posteriormente no diálogo ver a glória de Deus (Jo 1.14), e re-
socrático-platônico que pode ser ceber, em toda a graça, a máxima
ilustrado no processo formador de expressão da Verdade divina reve-
palavras em nosso idioma, pela lada ao mundo (Jo 1.16).

13
Quais as implicações fundamen- as seguintes palavras, sendo a boca
tais desta compreensão para a fé de Deus: “Eu formo a luz e crio as
cristã? Queremos apresentar, neste trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o
estudo, pelo menos três propostas: SENHOR, faço todas estas coisas”.
1 - Jesus, o Verbo que precede (Is 45.7) Isaías referia-se às conse-
o mundo (e também o meu mun- quências que adviriam sobre a na-
do particular) ção israelita, como ato disciplinar de
Deus, aos desobedientes à aliança.
João afirma que o Verbo “estava O escritor de Eclesiastes esclarece:
no princípio com Deus”, isto é, Je- “Eis o que tão-somente achei: que
sus pré-existia na forma de Deus Deus fez o homem reto, mas ele se
antes de existir na forma humana meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29).
(Cl 1.17; Jo 8.58). Por essa razão,
Ele pode ser a causa criadora do Em minha opinião, o comentário
mundo: “Todas as coisas foram fei- mais esclarecedor acerca de Jesus,
tas por ele, e sem ele nada do que o Verbo de Deus, ocorre na Carta
foi feito se fez.” (Jo 1.3). de Paulo aos Colossenses 1.15,16.
Ali se afirmam duas verdades acer-
Sabemos que a Bíblia não é um ca do Verbo criador: primeiro, que o
tratado científico da criação do mun- Verbo é a imagem do Deus invisível
do, mas não podemos abrir mão do (um dizer que deixa algo aparecer
lugar central que o Verbo de Deus assim como é), o primogênito de
tem no ato criador (Gn 2.4). Cris- toda a criação. A segunda verdade
tãos que se mantêm tendenciosos a ensinada ali é que tudo o que foi
aceitar a teoria darwiniana da evolu- criado o foi por meio dEle e com a
ção das espécies, a qual contradiz finalidade de viver numa relação de
diretamente a afirmação criacionis- submissão a Ele.
ta que se encontra tanto no prólogo
quanto no Gênesis, não percebem 2 - Jesus, o Verbo que encar-
o mal preconizado na racionalidade na no mundo (e também no meu
científica da vida: tirar Jesus deste mundo particular)
papel causal criativo e negar a pree- A doutrina bíblica da encar-
minência dEle sobre a criação. nação é anunciada nas profecias
O relato criacional de Gêne- messiânicas arraigadas na religiosi-
sis é muito claro quando afirma dade israelita, na afirmação da vin-
que a terra era sem forma e vazia da do Messias Salvador (Is 56.1).
até Deus “falar” e, assim, “criar” João afirma que Deus humani-
(Gn 1.3,6,9,11,14,20,24,26). O pro- zou-se na pessoa de Jesus, o Justo
duto da criação foi algo “bom”, ou, Salvador, revelando-se visivelmen-
no caso do ser humano, “muito bom”. te ao homem. Isso significa que
De fato, não há possibilidade de o Cristo experimentou nossas do-
Criador perfeito, santo, justo e bom res, resistiu às mesmas tentações
criar algo imperfeito, dissoluto, in- que nós, que teve uma experiên-
justo e mau. Como explicar então a cia de primeira mão na existência
afirmativa do profeta Isaías, ao dizer humana, sem conhecer pecado:

14
“E o Verbo se fez carne e habitou a de uma relação: Jesus e nós, hoje.
entre nós...” (Jo 1.14a). Pela fé, nos tornamos filhos ama-
A encarnação (o fato de o Verbo dos. Pela fé, nos esforçamos para
divino revelar-se como homem) é, agir como Jesus. No Evangelho de
essencialmente, a mensagem cen- João, é a compaixão de Jesus pe-
tral do “Evangelho”, um termo grego los que o circundam que revela isso.
que significa “boa notícia”. No Novo João 1.4 – “A vida estava nele
Testamento, essa “novidade” era e a vida era a luz dos homens.” –
que Deus havia cumprido sua pro- Para o apóstolo do amor, o Verbo
messa de salvação, pela vinda de de Deus é o eterno “princípio” que
Jesus Cristo a este mundo. rege a nossa experiência de vida.
3 - Jesus, o Verbo que presen- A proposta do Cristo-Verbo é parti-
teia o mundo (e também o meu cipar da vida do homem, numa mo-
mundo particular) radia interior, num diálogo amoroso
O Verbo de Deus se encarnou e constante (Jo 14.23).
com objetivos específicos em men- 1João 3.5 – “Sabeis também
te. Acompanhando os escritos do que ele se manifestou para tirar os
Evangelho, e as epístolas joaninas, pecados, e nele não existe peca-
percebemos essas dádivas eternas do.” – Jesus se encarnou para nos
do Cristo-Verbo facilmente. substituir, tornando-se o sacrifício
O Verbo de Deus se encarnou perfeito capaz de satisfazer as con-
para se identificar conosco. Agiu dições da salvação. Ao morrer na
assim ao amar sem preconceitos cruz, embora não tivesse culpa al-
(Jo 4), ao curar (Jo 5), ao alimentar guma, Ele se ofereceu em lugar do
multidões (Jo 6), ao perdoar peca- pecador como oferta sacrificial.
dos (Jo 8), ao oferecer a sua compa- Ao dirigirmos a Ele a nossa fé,
nhia e instrução (Jo 14). O Verbo de nós não somos mais escravos do
Deus identifica-se conosco também pecado. Você já parou para pensar
ao sentir a dor da perda, ao chorar nisso? Durante cada uma das ima-
(Jo 11.35,36), ao sentir fome, E na gens de João que estudaremos nas
comunhão da ceia (Jo 12), ao lavar próximas lições, estudaremos as
os pés dos discípulos, dando-lhes implicações práticas da encarna-
exemplo servil (Jo 13), ao orar e ção do Verbo de Deus.
sentir o peso da sua missão (Jo 19).
Segunda-feira: Gênesis 1
Para pensar e agir:
Terça-feira: Isaías 56.1-12
Em conclusão, reforçamos que Quarta-feira: Gálatas 4.4,5
Jesus é o Verbo que cada um de
Leitura Diária

nós representa. Ele é o sentido pri- Quinta-feira: Filipenses 2.5-11


meiro de nossa existência, a razão Sexta-feira: Colossenses 1.9-20
por trás da nossa fé, Aquele por Sábado: João 1.1-5
meio do qual fomos salvos. A ideia Domingo: João 1.14-18
da identificação de Deus conosco é

15
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 2
Texto Bíblico: João 6.35, 48, 51

JESUS, O PÃO COM O QUAL


VOCÊ SE ALIMENTA

Os dias atuais têm sido mar- alimentação espiritual para a


cados pelo acesso de multidões saúde em geral?
aos movimentos religiosos e aos
templos em busca de pão mate- UM CONTEXTO ATUAL
rial. É forte também nas lideranças Dentre as figuras usadas no
eclesiásticas atuais uma corrente Evangelho de João para descre-
teológica de cunho materialista, ver Jesus, muitas são facilmente
recheada de frases de efeito como identificadas pela fórmula “EU
“não adianta salvar a alma e dei- SOU” que as antecede (embora
xar o corpo doente”, “tome posse”, nem sempre ocorra dessa ma-
“Deus vai te restituir”, etc. neira). Em João 6, Jesus afirma:
É evidente que não podemos EU SOU “o Pão” que alimenta o
deixar de lado essa questão, uma mundo, um mundo faminto.
vez que também somos constituídos A realidade da fome no mun-
de matéria e temos necessidades do não mudou muito do tempo de
materiais, mas nossas reflexões Jesus para os nossos dias. Dados
têm a proposta de responder do relatório FAO (Organização
questões cruciais ao entendimento das Nações  Unidas para a Ali-
da figura de Jesus, o Pão da vida. mentação e a Agricultura) sobre o
Neste estudo, procuraremos Estado da Insegurança Alimentar
responder às questões: Qual o no Mundo em 2015 mostram que
simbolismo representado na figura a fome é um desafio a ser ven-
do Pão? Em que sentido Jesus se cido, atualmente. Segundo essa
diferencia do alimento material? Organização, os esforços políti-
Como se alimentar deste Pão cos do Brasil nos últimos anos,
que é Jesus? Qual o reflexo da ainda que tenham sido por meio

16
de uma política de assistencialis- dentre os países mais populosos, o
mo, tiveram resultados positivos, Brasil teve a maior redução relativa
como se pode observar nos dados de subalimentados, especialmente
do relatório FAO, afirmando que a partir de 2002.
Na tabela abaixo, a variação do número de subalimentados no período:
1990 a 2014 1990 a 2002 2002 a 2014
Mundo -21,4% -8,0% -14,5%
América Latina -48,1% -8,8% -43,1%
China -53,7% -26,9% -36,6%
Índia -7,4% -11,7% 4,9%
Brasil -84,9% -15,6% -82,1%
Nigéria -38,0% -46,2% 15,2%
Paquistão 44,3% 19,9% 20,3%
Indonésia -46,0% 6,7% -49,3%

Essa fome aqui descrita é si- nais, mas porque comestes do pão
nônima de “fome de pão material”. e vos saciastes.” (Jo 6.26b)
Em João 6, pode-se perceber Ressalte-se que a multidão não
facilmente que era a necessidade recuou diante de sua necessidade
deste pão material que motivava básica e insistiu com o Mestre acer-
muitas pessoas a irem ao encontro ca da sua fome de pão material. Ela
de Jesus. E o Mestre sabia disso. foi buscar uma memória histórica:
Ele se preocupava com os famintos a da experiência israelita no deser-
e manifestava profunda compaixão to, quando o povo recebeu o maná
por estes. No entanto, ao se reve- direto dos céus (Ex 16; Dt 8). Para
lar como o Pão de Deus, Jesus se eles, entrava em foco a figura de
Moisés, o legislador e líder duran-
apresentava como um alimento um
te aquele evento. Era o mesmo que
tanto diferente, como veremos nes- propor a Jesus o seguinte: “Moisés
ta lição. fez isso. Por que você não pode fa-
DOIS TIPOS DE PÃES zer também?”
Em lugar de ceder à argumen-
Jesus e a multidão são retratados
tação daquelas pessoas, Jesus
pelo escritor do Evangelho de João se distanciou da figura de Moi-
em diálogos fortes e provocativos sés, ao afirmar-se o Maná que
(Jo 6.60). Quando se dirigiu àquela vem de Deus, mas com uma di-
multidão que o buscava continua- ferença: Ele não é alimento que
mente com o fim de ter suas ne- perece, um pão material, mas o
cessidades saciadas, Jesus usou Pão que permanece eficazmente
um tom de repreensão: “...vós me naquele que crê, e que também
buscastes, não porque vistes si- resulta na vida eterna (Jo 6.27).

17
A IMPORTÂNCIA DO PÃO MATERIAL reveladora dos efeitos da inanição
Pão é carboidrato, que é a pri- espiritual teria a seguinte descrição:
meira fonte de energia do corpo, e • Sem o Pão espiritual, aguça-se
a principal, também. Sabe por quê? a vontade da carne de satisfazer
Porque precisamos de carboidratos suas necessidades (Rm 6.19).
para ter energia. Sua falta na ali- • Sem o Pão espiritual, esfria-se o
mentação faz com que as fontes de coração e a fé, tornando o homem
reserva do organismo comecem a um ser oscilante (Gl 5.7).
se esgotar.
• Sem o Pão espiritual, a mente é fraca
Sem pão material, aguça-se a para resistir ao pecado (Mc 14.38).
vontade de comer e recebe-se um
alerta do cérebro ao corpo de que • Sem o Pão espiritual, o resultado
há falta de energia. Se o indivíduo é a morte espiritual (Jo 6.57).
não se alimentar, os sentidos ficam ALMAS FAMINTAS QUE VEEM O
aguçados, como um radar. “Não sa- PÃO, MAS NEM SEMPRE SE ALI-
ciada a fome intensa no tempo de MENTAM
10 dias, um indivíduo emagrece na
proporção de até 10% do total de Uma situação cotidiana: alguém
seu peso (...) Os batimentos car- com fome, olhando para a estufa de
díacos caem em taxa ainda maior salgadinhos ao passar por uma lan-
— de 74 para 61 por minuto — e chonete. A vontade de comer é uma
a própria temperatura do corpo pulsão. Mas, será que olhar um
pode oscilar de alguns décimos salgado quando se está com fome
de grau.”¹1 A partir daí, a tendência é uma condição suficiente para se
de corpo e mente é debilitarem-se sentir alimentado? Não, não é. A
e sofrerem consequências irreversí- gente nem sempre se alimenta do
veis para, no fim, ocorrer a morte. que os nossos olhos veem.
O subtítulo que nomeia essa
A SUPERIORIDADE DO PÃO DE DEUS parte da lição descreve perfeitamen-
No Evangelho de João, Jesus te a condição de “morte em vida”
afirma que pode saciar a fome do (Rm 5.12; 6.23a; 7.5), ou seja, al-
mundo: “Eu sou o pão da vida; aque- mas famintas de Deus, pessoas
le que vem a mim de modo algum que veem sinais da presença do
terá fome...” (Jo 6.35). Obviamente, Reino de Deus e sua justiça, mas
Ele não se referia à fome material. se recusam a crer.
Mas, e no caso da privação do No sentido espiritual, deixar de
alimento espiritual (o qual João iden- se alimentar é o mesmo que deixar
tifica como sendo Jesus! – ver Jo de crer. Para Jesus, era essa a situa-
6.48), o que ocorre? E se o homem ção ocorrendo naquele momento.
não vier a Jesus? Certamente, ainda Depois dos sinais que Ele realizara,
que os efeitos sejam de outra ordem, e que evidenciavam sua condição
parecem-nos os sintomas bastante de afirmar-se o Pão vivo que desceu
semelhantes. Logo, uma narrativa do céu, o povo recusava-se a crer.
1 - Revista Superinteressante, número 6, ano 3.

18
O resultado da incredulidade é tual. Nesse caso, opera em nós o
a “condenação”. Esta tem um as- poder do Espírito de Deus, poder
pecto “presente” (gente que anda vivificador (Jo 6.33b). A realidade
“morta em delitos e pecados” – experimentada pelo poder de Deus
Ef 2.1,2) e, também, um aspecto naqueles que creem é a constante
“eterno” (a perdição). companhia e proteção do Salvador
(Jo 6.37; Rm 8.2).
NÓS, OS QUE CREMOS, CELE-
BRAMOS O PÃO DA VIDA Para pensar e agir:
Em conclusão, podemos afirmar Algumas reflexões importantes:
que há muito mais na vida do que
o pão material (Mt 4.4). Graças ao • Como você descreveria a expe-
Pão espiritual que nos foi oferecido riência de ser alimentado pelo Pão
na cruz, isto é, na expiação realiza- da vida? Escolha sua resposta,
da por Cristo, o nosso Deus pode dentre as possibilidades abaixo, e
suprir todas as nossas necessida- justifique-a, diante da classe.
des segundo as riquezas da sua (__) Fé saudável e robusta.
glória (Fp 4.19). (__) Dinamismo para fazer as obras
A figura de Jesus como o Pão de Deus.
da vida, serve-nos de memorial do (__) Caráter renovado por ter uma
ato Salvador, durante a celebração nova mentalidade.
da Ceia do Senhor. A afirmação que • Na sua oração pelo pão nosso
atesta isso é: “... o pão que eu darei de cada dia (Mt 6.11) está envol-
pela vida do mundo é a minha car- vido apenas o aspecto material?
ne” (Jo 6.51b). Nosso Senhor refe- Por quê?
ria-se à sua crucificação em favor • Quais são as suas memórias mais
dos pecadores, que estava prestes fortes da presença de Cristo em
a ocorrer. O fato de os judeus in- sua vida? Depois de responder a
terpretarem erradamente essa fra- essa questão, em classe, faça de
se, entendendo-a de forma literal, sua missão pessoal, durante a se-
teve resultados drásticos. Além de mana seguinte, dar esse testemu-
não crerem, eles fundamentaram a nho a um amigo não crente.
acusação de “canibalismo” dirigida
aos cristãos pelas cortes romanas,
Segunda-feira: Êxodo 16.1-18
durante as perseguições religiosas
que se seguiram nos primeiros sé- Terça-feira: Êxodo 16.19-36
culos do cristianismo. Quarta-feira: João 6.1-9
Leitura Diária

Graças à fé que depositamos Quinta-feira: João 6.10-15


naquele em quem “Deus, o Pai, Sexta-feira: João 6.16-24
imprimiu o seu selo” (Jo 6.27b), Sábado: João 6.25-40
que é Jesus, o Filho do Homem,
não sofremos de inanição espiri- Domingo: João 6.41-59

19
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 3
Texto Bíblico: João 4.13,14

JESUS, A ÁGUA QUE VOCÊ


BEBE E SERVE

Nas lições anteriores, vimos que Água oferecida por Jesus. Tam-
Jesus, o Verbo da vida, tornou-se o bém, como fizemos com o “Pão”,
Pão que nos alimenta diariamente. diferenciaremos essa Água Viva
Neste estudo, abordaremos outra da água celebrada no dia 22 de
importante afirmação de Jesus março – Dia Mundial da Água. Je-
que, numa conversa com uma sus é “fonte a jorrar para a vida
mulher samaritana, disse: “Se co- eterna” (Jo 4.14).
nheceras o dom de Deus e quem O DESERTO: UMA IMAGEM DA
é o que te pede: dá-me de beber, CONDIÇÃO HUMANA
tu lhe pedirias, e ele te daria água Imaginemos a seguinte situa-
viva” (Jo 4.10). ção: você é deixado num deserto
Nas reflexões que faremos, a com 1 litro de água, uma bússola,
partir de João 4, procuraremos um pano, dois gravetos e uma por-
descobrir as propriedades dessa ção de alimento. Certamente, se

20
você pretende sair vivo dessa ex- tão, ao não beber água, o corpo
periência não poderá fazer uma ca- de um indivíduo começa a roubar
bana e ficar parado no meio de um água dos órgãos para suprir essa
deserto. Não poderá também beber necessidade dos tecidos. São
toda a água de uma vez. Não po- necessários 2 litros de água por
derá andar a esmo, pois o fará em dia, para evitar a desidratação.
círculos. Também não poderá andar Beber água ajuda até mesmo no
sem descansar. controle da pressão sanguínea.
No seu caso, a melhor estraté- Esses dados mostram porque
gia seria mover-se, mas sempre em houve necessidade de Jesus (um
uma mesma direção (para tal, usar judeu) e a mulher samaritana (uma
a bússola, que é um objeto de orien- samaritana e mulher) superarem
tação geográfica desenvolvida em suas diferenças, a fim de satisfazer
2000 a.C., cuja agulha magnetiza- suas necessidades fisiológicas pri-
da sempre aponta para o Polo Nor- márias. Eis a situação que ocorria
te da Terra). Deve também racionar ali: duas pessoas diferentes, com
a água e o alimento, descansar nos vozes e entonações diferentes,
momentos mais quentes do dia, lo- com éticas diferentes e sentidos
comovendo-se com maior velocida- de vida diferentes, mas unidas por
de à noite. Agindo assim, você terá uma necessidade básica: parte dos
muitas chances de sobreviver, pois 0,675% da água disponível no pla-
nenhum deserto é infinito. Você há neta estava naquele poço.
de chegar a algum oásis, onde es- Segundo o Dicionário da Bíblia
tará seguro. John D. Davis (p. 297), a água do
poço de Jacó era boa, mas difícil de
O POÇO DE JACÓ: SÍMBOLO DA ser retirada. Sua parte superior era
NOSSA NECESSIDADE MATE- revestida de alvenaria de pedra, e
RIAL DE ÁGUA daí, para baixo, cortada em rocha
70% do planeta é coberto por calcária muito mole, o que levava
água. Destes, 97% são de água a constantes quedas de suas pa-
salgada, e os 3% restantes de água redes. Um pouco a oeste, existia
doce. Desse reservatório de água uma linda fonte, e muitas outras es-
doce, 2,325% estão em geleiras palhadas pelo vale. O artigo afirma
e icebergs, e os 0,675% restantes que aquele poço foi aberto, talvez,
estão em rios, lagos, no subsolo e porque essas fontes eram de pro-
na atmosfera. No entanto, somente priedade particular.
0,0091% estão disponíveis para o O conflito entre samaritanos e
consumo humano. judeus coloca Jesus no centro do
Mais dados: o corpo humano problema. No artigo “Samaritanos,
é composto por 72% de água. En- Samaria”¹, lemos que os judeus
1- BROWN, Colin e COENEN, Lothar (Ed.) Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: ida Nova,
2ª ed., 2000.

21
demonstravam certo desprezo com Maslow, prefere uma divisão mais
essa população, colocando-a em simples: todos nós temos necessi-
pé de igualdade com os gentios e dades de existência, de relação e
como um povo néscio, religiosa- de crescimento. A essas necessida-
mente falando. Por outro lado, o cre- des Jesus atende, prontamente.
do samaritano, em sua quarta dou- Tendo como ponto de partida a
trina, afirmava ser o monte Gerizim água no poço, nosso Senhor aponta
o único local de adoração. A mulher para a Água da Vida que está eter-
que conversa com Jesus apelava namente transbordando no coração
para essa tradição, firmada por an- de quem tem fé (Jo 4.13,14). Em
tepassados históricos (figuras ilus- outras palavras, diz-lhe: “Eu o sou
tres, de Adão a José). Sua fala es-
(o Messias que você espera), eu
tava em oposição à prática israelita
que falo contigo” (Jo 4.26). Ao usar
de fazer da cidade de Jerusalém o
esse simbolismo, nosso Senhor
centro da vida religiosa (Jo 4.20).
transcende ambas as tradições reli-
No texto, afirma-se que Jesus ti- giosas citadas por aquela mulher (o
nha sede e não tinha com que tirar Credo Samaritano e a centralidade
a água do poço. Já a mulher, que do templo de Jerusalém), e pede
era marginalizada pela sociedade que ela acredite nEle, se quiser
local, precisava esperar que todos ter outras necessidades atendidas,
já tivessem ido ao poço (nas primei- além daquela primária e fisiológica.
ras horas da manhã) para, ao meio
dia, satisfazer suas necessidades. SEDE SACIADA, HORA DE SERVIR
João 4 registra a notável entrevista Jesus disse àquela mulher:
que se seguiu, quando Jesus ini- “aquele, porém, que beber da água
ciou o contato com aquela mulher,
que eu lhe der nunca mais terá
surpreendendo-a.
sede; pelo contrário, a água que eu
SEDE DE BEBER, SEDE DE VIVER lhe der será nele uma fonte a jorrar
para a vida eterna” (Jo 4.14).
Há necessidades que vão além
das fisiológicas, não é mesmo? Po- Como jorra a Água da Vida em
demos falar, por exemplo, da teoria nosso viver? Essa pergunta é crucial
da hierarquia das necessidades de para o entendimento do agir divino.
Maslow, que sustenta que as neces- A descrição do apóstolo João
sidades fisiológicas estão na base acerca das atitudes que se segui-
das nossas carências e, acima de- ram diante da nova realidade per-
las, as necessidades de segurança, cebida pela mulher samaritana é de
de associação, de estima; no topo, impressionar. Em João 4.42, lê-se
a necessidade de autorrealização. sobre o impacto causado pelo tes-
Outro importante teórico da mo- temunho dela às pessoas que lhe
tivação, Clayton Alderfer, a partir de eram próximas. Fica perceptível

22
que aquela mulher adquirira uma corações, temos o refrigério divino.
motivação para viver, que pôde Descansando em Deus, podemos
apreciar-se, restabelecer laços so- lutar contra as hostes espirituais da
ciais, falar com Deus e sobre Ele maldade, em busca da santificação,
aos demais, enfim, testemunhar até o fim almejado, “a salvação de
da mudança realizada por Cristo, o nossas almas” (1Pe 1.3-9).
Messias de Deus, em seu viver.
Para pensar e agir:
O TEMPO DE SACIAR A SEDE
Devemos responder às ques-
É AGORA!
tões que seguem e compartilhar
Em conclusão, ressaltamos que esses resultados com as demais
o mais importante acerca das pos- pessoas:
sibilidades que são abertas para – Que tipo de fonte tem satisfeito
nós, pecadores, a partir da “Água sua sede de viver? É uma fonte ma-
Viva” que é Jesus, não é “onde” terial ou espiritual? (Cl 3.16)
beber (percepção da mulher, pen-
– Que tipo de água você está
sando na fonte material do precioso
servindo aos demais, com sua fé e
líquido), mas “quando” fazê-lo (per-
seu testemunho? (Tg 3.10-12).
cepção de Jesus, acerca da urgên-
cia dela de salvação), isto é, agora! Lembremo-nos disto: a mesma
fonte não deve produzir água potá-
O termo água também pode ser vel e amarga, ao mesmo tempo.
traduzido por “fonte”. Na frase de Je-
sus que se segue, entendemos que Atravessemos o deserto das
ela é uma referência ao Espírito necessidades e provações e ajude-
Santo: “Quem crer em mim, como mos outros a atravessar também, a
diz a Escritura, do seu interior fluirão fim de todos chegarmos ao oásis de
segurança, que é o Cristo morto e
rios de água viva” (Jo 7.38). Assim
ressurreto (Rm 6.1-13). Será lindo o
como se deu com o Pão da Vida,
momento em que Ele irá ao vosso
em que comer significa crer, dá-se encontro, dizendo: “Vinde benditos
com a Água Viva: beber significa do meu pai” (Mt 25.34). É um con-
crer. Graças a Deus que Jesus nos vite à vida, e vida eterna!.
salvou do deserto simbólico que
era a nossa condição pecaminosa,
Segunda-feira: João 4.1-6
quando cremos (Ap 21.6; 22.17).
Terça-feira: João 4.7-14
Nenhum deserto é infinito! O
Senhor providenciou os instrumen- Quarta-feira: João 4.15-23
Leitura Diária

tos para a viagem do pecador ao Quinta-feira: João 4.24-26


oásis, que é Cristo. Pela palavra, Sexta-feira: João 4.27-30
nossa bússola, somos direcionados Sábado: João 4.31-38
ao Salvador. Pelo Espírito Santo, o
Domingo: João 4.39-42
rio de Água Viva a jorrar em nossos

23
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 4
Texto Bíblico: João 1.4,5; 3.19; 8.12. 12.36,46

JESUS, A LUZ QUE FAZ VOCÊ


ENXERGAR E BRILHAR

É noite. Você está caminhando numa pessoa deitada na calçada,


pela rua. De repente, falta energia maltrapilha e suja. Você não sente
e tudo fica um breu. Que sensação nada, a não ser incômodo. Você
desconfortável, não é mesmo?! se ajeita e segue seu caminho.
Não enxergar o caminho, andar Seus olhos veem, mas você está
sem segurança... Seus olhos en- cego. Não há pessoas gritando por
xergam, mas você não consegue todos os lados, pedindo ajuda para
ver. Quando a energia é restabe- aquele ser. Não há alegria de viver.
lecida, alguns momentos depois, Neste estudo, ficará evidente
ouvem-se gritos por todos os la- que esses dois tipos de escuridão
dos, saudando o restabelecimento caracterizam a sociedade huma-
da luz. Ela traz a alegria de volta. na. A primeira cegueira é objetiva,
É dia. Você está caminhando a segunda, subjetiva. A primeira é
na rua. De repente, você tropeça natural, a segunda, espiritual.

24
JOÃO NÃO ERA “A” LUZ, ASSIM COMO A VIDA É A LUZ
MAS ERA LUZ DOS HOMENS, A MORTE É
Todo e qualquer cristão é luz, ANDAR EM TREVAS
mas não “a” Luz. Sempre que leio Em João 1.4-7 há uma relação
a afirmação de João 1.7,8 (o fato direta entre Jesus e a luz. Onde
de João o Batista não ser “a” Luz) Jesus chega, as trevas espirituais
e a comparo com a descrição que se dissipam. Ele ocupa o espaço
Jesus faz dos discípulos, chaman- da compreensão que o pecador
do-os de “luz do mundo” (Mt 5.14) pode alcançar acerca de Deus e
acende um alerta. Analisemos: sua vontade. Jesus ilumina os pe-
cadores para um viver diferente,
Em João 1, descreve-se uma em que os olhos enxergam, na-
resposta do precursor de Jesus quele sentido subjetivo.
à pergunta pela sua identidade. À luz desse prólogo, segue-se o
João, o Batista, declara objetiva- entendimento de que:
mente que ele não era o Messias
esperado, em nenhum dos aspec- NÃO VIR PARA A LUZ DE CRIS-
TO, ISTO É, NÃO CRER NELE,
tos aguardados: sacerdotal, proféti-
SIGNIFICA AMAR AS TREVAS
co ou político. João, o Batista, era E AGIR SEM DEUS (Jo 3.19-21).
alguém que tinha a função de tes- Nesse sentido, andar em trevas
temunhar do Messias e Salvador. significará o estado mental em que
Ele não chamava a atenção para si se nega as boas vindas à Luz, ou,
mesmo, não saía anunciando que nas palavras de João: “...a luz res-
o poder, a autoridade e os milagres plandece nas trevas, e as trevas
de Deus estavam incorporados não a compreenderam” (Jo 1.5).
nele, como vemos nos religiosos Um episódio interessante, e que
midiáticos destes dias em que vive- explica bastante o estado mental
mos. O brilho de João, o Batista, era daqueles que não dão lugar à Luz,
reconhecer, humildemente, que ser ocorre em João 9 – a narrativa em
luz é anunciar Jesus, para que os que Jesus cura um cego de nas-
pecadores possam crer (Jo 1.7). Ou cença, restituindo-lhe a visão.
seja, ele brilhava ao testemunhar
Milagres, no Novo Testamen-
da verdadeira Luz. to, são sinais de que a presença
Mateus 5.14, por sua vez, afir- do Reino irrompeu. Atestam a ve-
ma que somos convocados para racidade da proposta do Filho de
dar continuidade ao testemunho Deus, de estar cumprindo o plano
de João, o Batista. Não precisamos de salvação proposto pelo Pai. Os
chamar a atenção para nós mes- milagres testificam quem Jesus afir-
mos. Em termos simples, nosso ma ser: “Eu vim a este mundo para
trabalho é anunciar que a Luz de juízo, a fim de que os que não veem
Deus brilha no mundo, na pessoa vejam, e os que veem se tornem
do Salvador. cegos” (Jo 9.39).

25
Situação complicada a daquele SEGUIR A LUZ DE CRIS-
homem. A facção farisaica do ju- TO, ISTO É, CRER NELE, SIG-
daísmo o culpava por ter nascido NIFICA VIVER PLENAMENTE A
cego. Diziam os fariseus que sua PROPOSTA DE DEUS (Jo 8.12).
doença era consequência do peca- Diante dos religiosos fariseus,
do (Jo 9.2). Logo, o sistema religio- o homem curado ousou refutar a
so mais acirrado e apegado à Lei acusação de que Jesus era peca-
de Moisés não o enxergava. dor: “Se (Jesus) é pecador, não sei;
O que Jesus faz? Primeiro, Ele uma coisa sei: eu era cego, e agora
traz o deficiente visual à luz, eviden- vejo” (Jo 9.25). Evidenciava-se ali,
cia-o. Torna-o perceptível, aos olhos a fé corajosa (2Tm 1.7).
de Deus e dos homens. Depois, Je- Jesus está interessado em le-
sus age sobre ele, instruindo-o. Por var os pecadores a enxergarem-no,
fim, por ter dado crédito a Jesus, pela fé, como o Filho de Deus e Sal-
aquele homem é curado, ou seja, vador. Ele pergunta: “Crês tu no Fi-
Jesus traz a Luz até ele.
lho do homem?” (Jo 9.35b) Diante
A confusão que se segue àquela do desconhecimento da identidade
cura mostra um grupo perplexo de do Filho do homem, Jesus identifi-
fariseus divididos entre dar crédito ca-se como tal. E ouve a resposta
ou não ao milagre, entre confirmar de uma consciência iluminada pelo
ou não o testemunho daquele que Espírito de Deus: “Creio, Senhor! E
fora curado. Infelizmente, eles deci- o adorou” (Jo 9.38).
diram continuar na posição de juí-
Assim, quando o Senhor Jesus
zes daquele homem, questionando
foi ao encontro do homem depois
o milagre e o realizador do mesmo.
de sua expulsão pela turba legalis-
Culparam o homem por crer e reafir-
ta, podemos afirmar que a Luz de
maram sua fé apenas na Lei de Moi-
Cristo suplantou a chegada da luz
sés (que proibia realizar a cura num
para os sentidos físicos.
sábado). Enfim, expulsaram-no.
Em outras palavras, milagres são ILUMINADOS PELA FÉ PARA AS-
suficientes para afirmar a presença SUMIR AS PROPRIEDADES DA
do Reino de Deus. Mas se Deus LUZ DE CRISTO
não reina nos corações, nenhum Dentre as propriedades da luz,
milagre irá produzir fé. Todavia, em destacamos três, para nossa refle-
virtude da graça de Deus, nem to- xão acerca desse papel iluminador
dos os homens preferem as trevas. que o cristão possui:
Jesus trouxe luz objetiva para Primeiro, sua velocidade absolu-
a experiência daquele homem, ta (300.000 km/s). A velocidade da
mas também acendeu a candeia luz é absoluta, independente do am-
do seu coração. biente que a cerca. Assim devemos

26
ser em nosso testemunho: não nos para todo o mundo; e os seus se-
deixar apagar pelas dificuldades e guidores, como gente que enxerga,
tribulações. Permanecer alegres pela fé, e que brilha, iluminando os
diante da aflição e com o foco na corações (em ambos os sentidos,
missão (Rm 12.12). natural e espiritual).
A segunda propriedade da luz Iluminados por Cristo, deve-
que damos destaque é sua propaga- mos brilhar (2Co 4.6). No Evange-
ção retilínea, como afirma Moretto: lho de João, o brilho cristão está
“em meios transparentes e homo- no ato testemunhal. Assim, bus-
gêneos, a luz se propaga em linha quemos formas de brilhar, a partir
reta.”1 Da mesma forma, não deve- da Luz de Cristo. Isso inclui as si-
mos nos desviar, nem para a direita, tuações seguintes:
nem para a esquerda, mas andar
- Crermos e nos tornarmos filhos da
em todos os caminhos que o Senhor
Luz (Jo 12.36; Ef 5.8);
nos ordenou, para que sejamos feli-
zes e bem-sucedidos em nossa ta- - Praticarmos a verdade (Jo 3.21);
refa missionária (Dt 5.32,33). - Andarmos de dia, sem tropeçar
A terceira propriedade da luz (Jo 12.35; 1Ts 5.5, sentido ético);
que nos interessa é a independên- - Amarmos e vivermos em comu-
cia dos raios, isto é, quando dois nhão (1Jo 2.7-10);
raios de luz se cruzam no espaço - Lutarmos a batalha da fé (Rm 13.12).
ocorre interferência pontual, porém
os raios seguem seus caminhos A importância da luz reside es-
como se nada tivesse ocorrido. sencialmente no fato de ela ser res-
Ou seja, sua luz (testemunho) não ponsável pelo fenômeno da visão.
pode apagar a luz do outro. Não há Oremos a Deus para que Ele nos
espaço para competição e disputas permita ver com os olhos espirituais
quando o assunto é brilhar. Jesus (Jo 4.35). E que sejamos luz no Se-
precisa emanar de nós por meio nhor, para que o mundo creia e seja
de um testemunho fiel à Palavra de resgatado da sua vã maneira de vi-
Deus e à sua vontade. ver alheia à Luz de Deus.

Para pensar e agir: Segunda-feira: João 3.16-21


Terça-feira: João 8.1-12
Concluindo, podemos afirmar
uma realidade inexorável: há luz e Quarta-feira: João 12.35-47
Leitura Diária

há ausência de luz (trevas). Há vida Quinta-feira: João 9.1-12


(onde há luz) e há morte (onde a luz Sexta-feira: João 9.13-25
está ausente). Sábado: João 9.26-34
João descreve Jesus como a Domingo: João 9.35-41
Luz da vida (portanto, espiritual)
1 - MORETTO, Vasco Pedro. Óptica, Ondas, Calor. SP: Ática, 1980, p.18

27
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 5
Texto Bíblico: João 10.1-29

JESUS, O BOM PASTOR QUE


VOCÊ OUVE E SEGUE

O teólogo alemão Rudolf Bult- O CONTEXTO DA PASSAGEM


mann1 nos oferece rica sugestão João 10 situa Jesus num tour
literária ao rearranjar a narrativa pelo Templo de Jerusalém. É de-
do Bom Pastor. Em sua opinião, zembro. Faz frio. Nessa época, a
a melhor ordem de leitura seria temperatura costuma girar em tor-
João10.22-26; 10.11-13; 10.1-10; no de 8 a 15 graus. Era a semana
10.14-18; 10.27-30. do “Chanukah”, a Festa da Dedi-
É nossa pretensão seguir o cação. Nathan Ausubel narra que
caminho por ele indicado, com as esta celebração judaica rememo-
proposições seguintes: rava o triunfo contra a perseguição
- Contexto da passagem (10.22-26); de Antíoco IV Epifânio, durante a
revolta dos Macabeus, em busca
- Contraste entre o Bom Pastor e
de liberdade e da afirmação da
os mercenários (10.11-13);
identidade judaica.2
-A parábola do Bom Pastor (10.1-10);
Antíoco foi um rei da dinastia
- O rebanho a ser formado, isto é, Selêucida que governou a Síria
os que vierem a crer (10.14-18); entre 175 a.C e 164 a.C. Ele que-
- A segurança eterna do rebanho ria erradicar o separatismo religio-
de Cristo (10.27-30). so radical dos judeus, helenizar a
1 - Citado por GRANT, Robert M. A historical introduction to the New Testament. Cap. 11. In: http://www.ntslibrary.com.
Acesso em 08 de outubro de 2016, às 10h00.
2 - AUSUBEL, Natan. Conhecimento Judaico. Rio de Janeiro : KOOGAN, 1989, Vol. 1, pp. 145-148.

28
Judeia e promover o politeísmo gre- O CONTRASTE ENTRE O BOM
go, preparando o terreno para a sua PASTOR E OS MERCENÁRIOS
governabilidade. Seus métodos de No intuito de levantar dados
terror incluíram proibir a observân- para a preparação desta lição,
cia dos costumes religiosos judeus deparei-me com um vídeo muito
(guarda do sábado, circuncisão, leis interessante, em que um rebanho
de saúde) e a profanação do Tem- de ovelhas foi filmado movendo-
plo em 168 a.C., onde colocou uma -se pelas pradarias da palestina,
gigantesca imagem de Zeus. a partir de tomadas aéreas. É uma
Quando, finalmente, os judeus imagem muito reveladora, descriti-
insurretos conseguiram a vitória e va de um animal gregário, uma co-
destruíram aquele ídolo, eles lim- letividade movendo-se como uma
param os escombros do Templo e unidade, a partir de um comando
dado por pastores e com a ajuda
purificaram o santuário. No décimo
de cães pastores.3
quinto dia de dezembro, Judas, o
Macabeu, reconsagrou o Templo, O vídeo revela que as ovelhas
acendendo as lâmpadas da grande devem ser guiadas até as pastagens
Menorah. Foi esse cerimonial que certas por um pastor hábil, para que
se tornou parte da tradição religiosa possam sobreviver. Mostra que elas
judaica que está ocorrendo nessa têm necessidade de proteção. Evi-
dencia que sem a orientação de
passagem. Por essa razão, a festa
um pastor (ou cão pastor, no caso
também ficou conhecida como a
do vídeo), o rebanho fica disperso.
Festa das Luzes. Indo em seu próprio caminho, des-
Com esse contexto, fica bem garradas do rebanho, as ovelhas
evidente o questionamento que se tornam-se vítimas dos perigos e se
faz a Cristo, perguntando-lhe se arriscam a morrer.
Ele era ou não o Messias libertador Em João 10, Jesus acusa os
(Jo 10.24), ou seja, queriam saber falsos pastores de Israel de serem
se Ele era o “novo Macabeu” a li- estranhos, ladrões, salteadores e
bertar o povo das garras do Impé- mercenários em relação às pes-
rio Romano. Também, torna-se es- soas que deviam proteger. Ele de-
clarecedor o questionamento que nuncia que entre seus compatriotas
Jesus faz dos pastores “estranhos” têm aqueles que se propõem serem
que vieram antes dEle (Jo 10.8), isto guias espirituais, mas esses, entre-
é, os da tradição religiosa judaica, tanto, não agem como bons pasto-
que pretendem guiar o rebanho de res. Para Jesus, a forma de guiar
Israel, mas que na verdade pensam dos que se apoiam na lei de Moisés
apenas em si mesmos (Jo 10.12,13 contradiz o legítimo pastoreio de
– comparar com Judas 1.4,12). Deus, que se fundamenta no cuida-
3 - In: https://www.youtube.com/watch?v=eEeircs8HQE. Acesso em 08 de outubro de 2016, às 11h00

29
do e na proteção, na orientação e Três são as atividades descritas
na segurança. em João 10.1-10, para o Bom Pastor:
Parece-nos, essa parábola de 1) Em primeiro lugar, o Bom
Cristo, uma viva descrição do uni- Pastor chama suas ovelhas para vi-
verso religioso de nossos dias, não rem ao seu encontro.
é? O que mais temos presencia- 2) A seguir, o Bom Pastor as
do é a autoafirmação de homens conduz para fora do aprisco, em di-
(e mulheres) que se dizem pastores reção aos pastos.
(e pastoras), mas que servem ape- 3) Finalmente, o Bom Pastor vai
nas a si mesmos, e são incapazes adiante das ovelhas, que o seguem,
de doarem-se, por meio da atitude para guiá-las e protegê-las.
servil. Líderes religiosos que agem
como os reis ímpios denunciados O REBANHO A SER FORMADO,
por Jeremias como pastores malig- ISTO É, OS QUE VIEREM A CRER
nos (Jr 10.21; 23.1,2). A afirmação de Jesus, em João
10.16, de que ainda tem outras ove-
A PARÁBOLA DO BOM PASTOR lhas a serem trazidas para o seu
No Salmo 119.176, o poeta refle- aprisco, apresenta estreita relação
te sobre a própria experiência como com o fato de que Deus está a bus-
uma “ovelha perdida”. Lendo essa car as ovelhas perdidas da casa
descrição, entendemos que, des- de Israel para reuni-las em Cristo
(Ez 34.12-16). A salvação de Deus
garrada de um rebanho, uma ove-
é para todos os que creem, inde-
lha está destinada a perecer, a não
pendentemente de cor, raça, ou
ser que um pastor possa intervir. No status quo. Quando os gentios fos-
Evangelho de João, que estamos sem reunidos aos judeus numa só
estudando, Jesus se afirma este Igreja, com um só Senhor, então se
Pastor que veio “buscar e salvar o cumpriria o propósito da obra salví-
perdido” (Lc 19.10). fica de Cristo.
Jesus é mais que um pastor. É Logo, um sentido possível para
o Bom Pastor (gr. ho poimèn ho ka- a expressão “conduzir as ovelhas
los). O adjetivo “bom”, do grego ka- para fora” (Jo 10.3b) é traçar um
los, refere-se à legitimidade de sua paralelo com a ordem de Jesus de
tarefa messiânica. Em oposição aos “enviar os trabalhadores para os
que somente tomam das ovelhas, o campos”, que foi movida pela per-
Bom Pastor disponibiliza sua pró- cepção de que as multidões an-
pria vida. Na crucificação, o Bom davam desgarradas como ovelhas
Pastor é ferido por Deus (Mt 26.31). que não têm pastor (Mt 9.36-38).
Mostra-se disposto a morrer para É no diálogo que vai ocorrer
salvar as suas ovelhas. em João 21.15-19, entre o Cristo

30
ressurreto e Pedro, que essa ideia Eu e você, que cremos em Je-
marcará para sempre o processo sus, fomos conduzidos para fora
de evangelização que tem como do domínio mortal do pecado
resultado a adesão de pessoas ao (Lc 4.18,19). Libertos desse poder
rebanho de Cristo. Se todos os que escravizador, e alimentados por
ouvem a voz de Cristo tornam-se sua Palavra, devemos permanecer
seu rebanho, o pastoreio mútuo firmes (Gl 5.1).
deve ser a meta. Precisamos seguir Eu e você, que cremos em Je-
o exemplo do Bom Pastor: oferecer sus, temos nEle o exemplo maior
a vida para seu serviço. de uma conduta pastoral, em rela-
ção ao demais. Ele e seu exemplo
A SEGURANÇA ETERNA DO RE- de renúncia e serviço sofredor vão
BANHO DE CRISTO à nossa frente, oferecendo os parâ-
Jesus, o Bom Pastor, está dis- metros para o nosso viver.
ponível aqui e agora, bem como
disponível está o eterno bem da re- ALGUMAS REFLEXÕES AO
denção que seu pastoreio oferece. FINAL DESTE ESTUDO:
A declaração que se faz a Cris- Estamos cientes da importân-
to, em 1Pedro 2.25, declarando-o cia de fazer parte do rebanho de
“pastor e bispo de nossas almas” Cristo? Quais seriam os valores
deve nos trazer essa paz e ampla de pertencer a esse rebanho e em
que momento da vida eles podem
segurança4. Como um protetor e
ser aplicados? Certamente, dis-
cuidador, nosso Senhor expressa
cipulado, vida, segurança, comu-
seu zelo por nós (Tt 2.11-14).
nhão e paz.
Em todo o tempo o Pastor é
Para pensar e agir: bom, o Pastor é bom o tempo todo
Nesta lição, vimos que Jesus (Se o pastor é Jesus!). Amém!
é o verdadeiro Pastor e Guia das
nossas almas, e o exemplo vivo de
pastoreio deixado para a Igreja, que Segunda-feira: João 10.1-6
se formou pelo processo de disci-
Terça-feira: João 10.7-13
pulado com os seus ensinos.
Quarta-feira: João 10.14,15
Eu e você, que cremos em Je-
Leitura Diária

sus, ouvimos a sua voz, mansa e Quinta-feira: João 10.16-21


suave, como um convite à vida e Sexta-feira: João 10.22-30
nos tornamos suas ovelhas. Jesus Sábado: João 10.31-39
deseja que todos ouçam sua voz e, Domingo: João 10.40-42
crendo, sejam salvos (Jo 10.16).
4 - Conferir o artigo « Bispo » em BROWN, Colin (Ed.) O Novo Dicionário internacional do NT. São Paulo: Vida Nova,
p. 222-223.

31
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 6
Texto Bíblico: João 14.1-6

JESUS, O CAMINHO QUE VOCÊ


TRILHA PARA VIVER

Nos anos que se seguiram à discípulo era “instruído no cami-


ressurreição de Jesus, os discí- nho do Senhor” (At 18.25), e que
pulos de Cristo foram perseguidos expunha pela pregação “o cami-
com a acusação de sectarismo (a nho de Deus” (At 18.26).
ideia de que pregavam uma here- Era comum o choque com as
sia)1. Eles eram conhecidos como religiões politeístas, e isso levava
“seguidores do Caminho”. grande perigo para esses primei-
Naquela época, uma maneira ros cristãos, como podemos ler em
de determinar a instrumentalida- Atos 19, no alvoroço que os adora-
de missionária era afirmar que um dores da deusa Diana dos efésios
1 - A razão pela qual algumas versões traduzem “do caminho” por “daquela seita”, em Atos 9.2 (p.ex. ARC, ACF) é a
explicação dada em Atos 24.14, onde Paulo explicita a acusação.

32
causam na vida de Paulo e seus tã”3. Quem crê, sabe. Quem sabe
companheiros. Pertencer ao Cami- para onde ir, conhece o caminho.
nho não era fácil naquele tempo e
continua não sendo nada fácil hoje.
QUAL É O CAMINHO?
No texto que analisaremos hoje,
João 14, encontramos a gênese No início do trimestre, vimos
dessa ideia – a de que os discípulos que João, o Batista, veio preparar
são seguidores do Caminho. Nesse o caminho do Messias. E que esse
diálogo em tom grave que o Mestre caminho é o de uma salvação po-
tem com os discípulos, Jesus reflete derosa (Lc 1.69), que atua na re-
acerca dos momentos que antece- missão de pecados (Lc 1.77) e que
dem a seu martírio na cruz em prol deve ser testemunhada a todas as
dos pecadores. pessoas (Lc 3.6).
Quais as consequências de se- Jesus faz duas afirmações so-
guir o Caminho que é Cristo. O que bre o caminho da salvação:
Jesus queria dizer quando se afir- Vós conheceis o caminho (refe-
mou o Caminho? Direção a seguir? rindo-se ao conteúdo de seus ensi-
Exemplo a imitar? Escape a usufruir? nos aos discípulos).
Eu sou o Caminho (referindo-se
“Não sabemos para onde vais; a si mesmo como mediador que
e como podemos saber o cami- conduz o fiel a Deus).
nho?” (Tomé) Trilhar o caminho da salvação
W. Hall Harris III afirma que, (isto é, crer em Jesus, aderir ao ca-
nessa conversa com os discípulos minho por Ele proposto) é tanto uma
narrada aqui, “Jesus focaliza os questão existencial e ética quanto
eventos por acontecer na tarde do uma questão de nosso destino. Por
dia seguinte: sua prisão, julgamen- um lado, implica uma maneira de
to, crucificação e morte, os quais ser e de viver, uma maneira de agir.
vão afetar emocionalmente tanto o Por outro, aponta para uma direção
corpo quanto a mente deles.”2. e um sentido final: a morada eterna
A pergunta de Tomé, no versícu- do salvo com Deus.
lo 5, revela o peso do coração dos Jesus espera que seus discípu-
discípulos diante do iminente e trá- los entendam que o caminho a ser
gico futuro do Salvador e, também, seguido por Ele até a cruz revela
o próprio futuro deles, após a morte sua submissão ao senhorio, ao po-
de Jesus. Para o Mestre, a resposta der, à provisão e à justiça de Deus.4
para esse dilema é a fé (Jo 14.1). “A Posteriormente, os discípulos deve-
fé é a chave para a manutenção da riam assumir essa mesma atitude,
realidade de nossa experiência cris- na hora da evangelização.
2 - Em https://bible.org/seriespage/exegetical-commentary-john-14. Acesso em 10 de outubro, às 13h00.
3 - LITTLE, Paul E. Como compartilhar sua fé. São Paulo: ABU/Vida Nova, p. 127.
4 - CRIM, Keith (ed). The interpreter’s dictionary of the bible. Nashville: Abingdom Press, 1982, p. 332.

33
QUE SIGNIFICA ESCOLHER O dos nas Cartas de Paulo, onde se lê
CAMINHO QUE É JESUS? que, para alguns que estão na linha
Num dos momentos do ser- de frente da batalha pela construção
mão da montanha, Jesus explicita do Reino de Deus, a escolha pelo
um dilema: dois são os caminhos Caminho da fé pode ser um duro
(Mt 7.13,14). Há o caminho mais fá- teste (confira o texto de 1Coríntios
cil e o outro, que é o de Deus. Todos 4.9-15 e tire suas conclusões).
têm o direito de escolher. Escolhido Devemos orar a Deus por todos
o caminho, arca-se com sua conse- os que escolheram o caminho difí-
quência: o caminho mais fácil con- cil da fé. Um exemplo da dificulda-
duz à perdição e o de Deus conduz de a enfrentar, em relação à nova
à vida. Não há a menor possibilida- identidade de seguidores do Ca-
de de ambos os caminhos resulta- minho, que é Cristo, pode ser lido
rem na mesma consequência, pois no testemunho seguinte: “Por todo
opostos são. Embora a vida esteja o Oriente Médio e Norte da África,
disponível a todos, a maioria pre- muçulmanos que se converteram
fere o caminho mais fácil. Somente ao cristianismo lutam com sua nova
alguns optam pelo difícil e vivo ca- identidade em Cristo. Abandonar o
minho da fé. islã leva à exclusão, isolamento e,
Quando Jesus se identifica às vezes, a situações de violência
como esse único e difícil caminho e risco de morte. Para eles, seguir
(Jo 14.6a), Ele nos leva a refle- a Cristo, pode custar cinco coisas:
tir em, pelo menos, três verdades família, amigos, igreja, país e vida”5.
fundamentais: O que tem significado a escolha
Primeiro, devemos reconhecerque do Caminho que é Jesus para cada
Ele cumpre cabalmente em sua vida um de nós? O que tem nos custado?
e obra a salvação proposta por Deus. O que resultou essa vital decisão?
Segundo, que por meio de uma
relação com Ele pode-se conhecer a CARACTERÍSTICAS DO
Deus e pertencer-lhe, assegurando CAMINHO QUE É JESUS
com isso a morada eterna nos céus. Tomar o Caminho escolhido
Terceiro, que seu exemplo de pelo Pai para irmos ao seu encontro
abnegação e serviço em prol dos significa, pelo menos, as seguintes
pecadores se tornará o padrão para realidades:
os seus seguidores. Direção e sentido para a fé. O
Tendo crido em Jesus, sabemos caminho nos impulsiona para fren-
o caminho. Identificado o caminho, te, para o futuro, que, desse modo,
podemos trilhá-lo. Mas isso não é-nos antecipado (Hb 12.22,23).
será uma tarefa fácil. Exemplos des- Mas, como estamos aguardando
sa realidade podem ser encontra- aquele dia em que estaremos nas
5 - Revista Portas Abertas. Volume 34, número 10, p. 7.

34
mansões eternas, devemos viver resulta em vida, a despeito de todas
a experiência cristã a partir de as consequências materiais, emo-
atos conscientes e de autoafirma- cionais ou culturais que se seguem
ção hoje, sem fanatismo religioso a esta decisão.
(1Jo 4.16,17). Fé e ética andam Analise sua própria experiência
juntas, quando se sabe o caminho. cristã e escolha um dos conceitos
Passamos a expressar um espírito seguintes, refletindo com os demais
voluntário e de renúncia, alimen- participantes da classe sobre suas
tado por um relacionamento vivo descobertas:
com o Senhor.
• O quanto estou “instruído no cami-
Novidade e ânimo para vi- nho do Senhor” (At 18.25):
ver e servir. O fato de pertencer
a Cristo é revitalizante. Precisa- ( ) pouco ( ) o suficiente
mos aprender a confiar no poder ( ) o necessário ( ) bastante
de Deus aqui e agora, diante de • O quanto exponho pela prega-
cada dificuldade e aflição, sabendo ção ou testemunho “o caminho de
que cumprimos nosso papel anun- Deus” (At 18.26):
ciando o caminho da salvação em ( ) pouco ( ) o suficiente
meio a uma grande tribulação (um ( ) o necessário ( ) bastante
exemplo disso, a experiência de
Paulo em 2Coríntios 7.5-7). • O quanto celebro a vida de Deus,
Paz e reconciliação com Deus. que resultou de minha escolha pelo
Somente quem aderiu ao Caminho, caminho que é Cristo:
que é Cristo, em arrependimento ( ) pouco ( ) o suficiente
e fé, pode experimentar a remis- ( ) o necessário ( ) bastante
são de pecados e consequente Nossas respostas apontam para
reconciliação, que traz paz interior as mudanças que precisamos fazer
(Rm 5.11). Livres da culpa e da dor, para viver com plenitude a proposta
podemos avançar, confiantes, pois de Deus para a nossa salvação. Afi-
o ministério da pregação do Evan- nal, “...para quem iremos nós” se e
gelho que leva o pecador à reconci- somente se Jesus tem as palavras
liação está sobre os nossos ombros da vida eterna? (Jo 6.68).
(2Co 5.18,19).

Para pensar e agir: Segunda-feira: Salmo 25.4-13


Terça-feira: Salmo 67.1-7
Em conclusão, podemos citar o
belíssimo Salmo 18.30-32, que an- Quarta-feira: João 1.19-23
Leitura Diária

tecipa o Caminho que é Jesus em Quinta-feira: João 14.1-4


forma de uma promessa garantida Sexta-feira: João 14.5-11
pelo próprio Deus. Jesus é o Cami- Sábado: João 14.12-15
nho perfeito e totalmente eficaz. Se-
Domingo: Mateus 7.13,14
guir por este Caminho, isto é, crer,

35
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 7
Texto Bíblico: João 8.31,32; 14.6b; 18.28-38

JESUS, A VERDADE QUE VOCÊ


CONHECE E PREGA

No Evangelho de João, narra- vos para tão grave punição, mas é


-se um encontro decisivo que cul- indiferente a ela (Jo 18.38; 19.4,6).
minou na morte de Jesus na cruz. No diálogo, Pilatos está atrás
É uma conversa entre Pôncio Pila- dos fatos. Quer comprovações. Ele
tos, o governador romano na Ju- faz perguntas sobre a identidade
deia, e Jesus. Nosso Salvador fora real de Jesus, embora estivesse
trazido por seus compatriotas para preocupado apenas com o as-
aquela audiência sob a acusação pecto político dessa acusação (os
de ser “um malfeitor” e por se de- romanos não toleravam nenhuma
clarar “Filho de Deus”. Os judeus autoridade política que não fosse
o queriam julgado e condenado à designada por eles). Jesus res-
pena capital (Jo 18.19-ss). ponde a acusação com outra per-
Naquela época, apenas os go- gunta. Mesmo ali o Mestre tem a
vernantes romanos podiam aplicar ensinar. No vai e vem da conversa,
a pena de morte (Jo 18.31). Por entra em cena a verdade sobre Je-
isso, Pilatos acaba entrando para a sus, a verdade sobre seu Reino, a
história com seu gesto de “lavar as verdade sobre sua realeza divina,
mãos” diante do caso. Não vê moti- a verdade sobre sua missão.

36
Que é a verdade? Melhor: Quem morrereis em vossos pecados”
é a Verdade? O que significa per- (Jo 8.24b). Ele também disse que
tencer à Verdade? Quais as conse- os pecadores são escravos do pe-
quências de pertencer à Verdade cado (Jo 8.34). Se compararmos
que é Cristo? essas sentenças com a primeira
carta de João, descobriremos que
permanecer nessa condição de
“QUE É A VERDADE?” (Jo 18.38a)
morte espiritual significa não prati-
A pergunta de Pilatos tem res- car a Verdade. E mais: que tal pes-
posta. E é uma resposta objetiva: soa vive uma mentira (1Jo 1.6,8).
Jesus de Nazaré é a Verdade. Como resolver esse problema es-
“Se os homens podem ver a piritual no cerne da existência hu-
realidade de Deus em algum lu- mana? A seguir, responderemos a
gar, é em Cristo.”1 Logo, a verdade essa importante questão.
espiritual está intimamente rela-
cionada à sua pessoa e missão. VERDADE E LIBERDADE
O Filho de Deus é o testemunho Segundo afirma Jesus, prover li-
fidedigno da Verdade de Deus aos berdade aos cativos do pecado é a
homens (Jo 8.12-ss). mais importante função da verdade:
Crer na Verdade nada tem a ver • “e conhecereis a verdade, e a ver-
com fanatismo religioso. Não é re- dade vos libertará.” (Jo 8.32)
ligião cega. Não é seguir alguém • “se, pois, o Filho vos libertar, verda-
que “supostamente” recebera auto- deiramente sereis livres.” (Jo 8.36)
ridade para falar sobre Deus. Não
Esses textos determinam dois
é apenas fazer parte de um rol de
agentes diferentes de duas ações
membros de uma igreja. Crer na
diferentes. De um lado, os que
Verdade é, inevitavelmente, acei-
creem na Verdade. Do outro, o liber-
tar e enfatizar o fato de que Jesus
tador dos que creem na Verdade.
Cristo é o Filho de Deus, e que Ele
veio e morreu na cruz pelos nossos SÃO LIVRES OS QUE CREEM.
pecados, e que ressuscitou dentre OS QUE CREEM SÃO LIVRES.
os mortos (Jo 8.23-ss).
Somente se crermos na Verda-
de, que é Cristo, estaremos livres
QUE FAZ A VERDADE?  das amarras do pecado e de suas
Há uma ameaça rondando o consequências nefastas. Somente
destino de quem não crê na Ver- pela fé vivemos na santidade da
dade revelada. Jesus afirma esse Palavra (Jo 8.32; 17.17,19).
perigo a alguns fariseus, durante Uma observação que não pode
uma de suas preleções no Tem- ser esquecida: no Novo Testamen-
plo: “...se não creres que eu sou, to, veem-se níveis de crença na Ver-
1 - BROWN, Colin e COENEN, Lothar (Ed.) Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida
Nova, 2ª ed., 2000, p. 2617

37
dade. Por exemplo, nesse discurso Pai, a vontade do Pai, os ensinos
de Jesus no Templo, afirma-se que do Pai, os quais culminam na Ver-
muitos “creram” nEle (Jo 8.30). Nes- dade que deve ser crida: sua mor-
se versículo, a expressão pode sig- te de cruz em prol dos pecadores
nificar pelo menos dois posiciona- (Jo 8.28). Assim, permanecer na
mentos. O primeiro envolve o saber Palavra de Cristo é tornar-se segui-
e o agir em função do sabido: abri- dor da Verdade. Crer é conhecer a
ram mão de suas próprias verdades Verdade (Jo 8.31,32).
para aceitar a Verdade de Cristo, A partir dessas afirmações,
passando a segui-lo; a segunda en-
João traça íntima conexão entre a
volve o saber sem agir em função
Verdade e a Luz, entre a Verdade
do sabido: meramente assentiram
e o Verbo que se fez carne, entre
à veracidade das palavras ditas
a Verdade e o chamado do Bom
por Jesus, sem passar a segui-lo.
A esses relutantes, Jesus dirige a Pastor. Para entender esse sentido
palavra, quando diz: “...Se vós per- existencial da verdade, precisamos
manecerdes na minha palavra, ver- manter os ouvidos atentos para
dadeiramente sois meus discípu- escutar o testemunho de Jesus: “...
los” (Jo 8.31). Em outras palavras, todo aquele que é da verdade ouve
Jesus pede correspondência entre a minha voz” (Jo 18.37b).
a verdade e o ato. Crer na Verdade Nas palavras de Cristo, isto é,
deve levar à ação de segui-lo. no padrão ético da graça e da ver-
dade que está proposto por Deus
no Evangelho salvador (Jo 1.14),
MANIFESTAÇÕES DA VERDADE encontramos o sentido para a vida,
LIBERTADORA seja no âmbito eclesiástico ou no
Na conversa com os discípulos, secular. As ovelhas de Cristo ouvem
pouco antes de sua crucificação, a sua voz e o seguem (Jo 10.27).
Jesus solidificou sua identidade
como o único Caminho (mediação)
para Deus, a única Verdade de JESUS, UM PRINCÍPIO DE
Deus, o único capaz de vivificar o PERTENCIMENTO
pecador (Jo 14.6). A mais linda declaração de fé
A seguir, vamos analisar dois as- que conheço é “somos da verdade”
pectos da liberdade que foi conquis- (1Jo 3.19). No Evangelho de João,
tada para nós pelo Filho de Deus. ser da Verdade implica ter comunhão
com a graça e a verdade de Deus e
reconhecer que este Deus está ple-
JESUS, A VERDADE QUE DÁ namente revelado em Jesus de Na-
SENTIDO À EXISTÊNCIA zaré (Jo 1.14). Também, confiar que
Em João 8, Jesus testemunha por meio deste é que podemos ter
que revela ao mundo a palavra do uma existência autêntica! (Jo 14.6).

38
A existência fidedigna a essa afir- do terceiro excluído: ou a verdade é
mação do Evangelho possui, dentre a verdade ou não é a verdade, não
outras, as seguintes características: podendo haver uma terceira opção.
• Jesus é a Luz verdadeira a brilhar Assim, responda, com sinceridade:
em nossos corações e em nosso - Creio que Jesus é a Verdade?
testemunho (Jo 8.12).
( ) Sim ( ) não
• Conosco habita o Espírito da Ver-
- Reconheço que a Verdade divina
dade a nos instruir e confirmar na
está plenamente revelada na pes-
fé (Jo 14.17; 15.26; 16.13; 1Jo 2.27).
soa de Cristo?
• Discernimos a verdade do erro,
( ) Sim ( ) não
e prosseguimos vigilantes emba-
sados na Verdade, que é Cristo, a - Confio que o testemunho dado por
despeito de todas as tribulações e Jesus é verdadeiro?
aflições que esse posicionamento ( ) Sim ( ) não
nos traz, principalmente, diante da O que vale é agir de acordo
inimizade do mundo (1Pe 5.8-12). com o sabido. Responder sim é
afirmar-se discípulo, um seguidor
Para pensar e agir: de Jesus. Não se pode relativizar a
Nessa lição, vimos que não é a afirmação de fé de que Jesus é a
nossa fé que torna Jesus a Verdade Verdade sem cair em contradição.
objetiva de Deus. “A fé tem o valor Ou Jesus é ou não é. Ou você crê
do objeto que ela tem por alvo”2. ou você não crê. Não há meio termo
Nem os religiosos judeus, nem Pôn- (1Jo 2.21; 5.20).
cio Pilatos perceberam que diante Jesus é a Verdade que eu e você
deles estava a Verdade de Deus. conhecemos e pregamos. Deus
Ainda assim, a Verdade não deixou conta conosco, Igreja viva, para
de ser proclamada: “Eu para isso sermos coluna e esteio da Verdade
nasci e para isso vim ao mundo, a (1Tm 3.15). Ao agir assim, torna-
fim de dar testemunho da verda- mo-nos cooperadores da Verdade
de. Todo aquele que é da verdade (3Jo 1.3-8). Topa o desafio?
ouve a minha voz.” (Jo 18.37b)
Devemos aplicar as leis do pen- Segunda-feira: João 18.28-38
samento à afirmação que João faz Terça-feira: João 5.31-40
em seu Evangelho de que Jesus Quarta-feira: João 8.13-20
é a Verdade. Primeiro, o princípio
Leitura Diária

Quinta-feira: João 8.21-30


de identidade: a verdade é igual a
ela mesma. Segundo, o princípio Sexta-feira: João 8.31-36
da não-contradição: a verdade não Sábado: 1 João 3.19-24
pode ser verdade e não-verdade ao Domingo: 3 João 1.3-8
mesmo tempo. Terceiro, o princípio
2 - LITTLE, Paul E. Como compartilhar sua fé. São Paulo: ABU, p. 85.

39
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 8
Texto Bíblico: João 10.10; 11.17-27; 14.6c

JESUS, A VIDA QUE VOCÊ


RECEBE E USUFRUI

Em nossa própria experiência, a dependentes químicos e co-


ou pertinho da gente, sabemos de dependentes, que busca a trans-
pessoas antes isoladas e insegu- formação destas vidas por meio
ras, antes derrotadas e desanima- do Evangelho de Jesus Cristo”1.
das, antes maltratadas e margina- A expressão-chave aqui é “vidas
lizadas, mas que agora encontra- transformadas”. E este é apenas
ram na fé cristã esperança e força um exemplo institucional recente
para viver. de como a Igreja pode, por meio
Um acontecimento recente da do Evangelho, proclamar vida.
história dos batistas que nos enche A passagem da morte para a
de orgulho é a Missão Cristolândia, vida, efetivada no ato de crer, e os
“um programa permanente de pre- resultados dessa escolha, com-
venção, recuperação e assistência põem o conteúdo desta lição.
1 - Disponível em: http://www.cristolandia.org/quemsomos. Acesso em 27 de outubro de 2016, às 10h30

40
A PASSAGEM DA VIDA À MORTE (Jo 10.10), o Mestre apresenta o
E DA MORTE À VIDA projeto de restauração da condição
Na construção de uma antropo- de vida abundante, da vida que flui.
logia teológica (doutrina acerca do Significa dizer que em Cristo, isto
homem à luz da criação divina), de- é, crendo nEle, continuamos viven-
vemos destacar três tempos: do no mundo natural, continuamos
parte essencial da humanidade em
O homem na criação – Seu va-
lor e dignidade resultam primaria- toda a sua complexidade, flutuação,
mente de ter sido criado à imagem crise, movimento, variedade, etc.,
e semelhança de Deus (Gn 1.26). mas retomamos à direção e ao sen-
Isso significa que o “humano” que tido inicial. Retornamos para Deus!
nos diferencia das demais criaturas Essa é a razão de a vida abundante
não é apenas a vida biológica. Em seguir-se à escolha do caminho e
nós há uma ligação com o Criador, da verdade (Jo 14.6).
uma conexão, um deslumbramen- Importante: a vida de Deus não
to diante de sua glória, perfeição e nos faz mais dignos que os de-
santidade. Em outras palavras, na mais, que estão mortos em delitos
conexão com Deus, a vida flui em e pecados, isto é, espiritualmente
toda a sua plenitude (Sl 25.1; 42.1). mortos. Também não nos faz mais
O homem depois da queda – inteligentes, como num passe de
Passa da vida à morte, mas continua mágica. Para Deus, todos os seres
com valor e dignidade intrínsecos à humanos têm seu valor e dignidade
imagem de Deus nele. Vive dentro intrínsecos à Imagem divina neles.
do universo natural, e é capaz de Outro dado relevante: a vida
ter êxito no mundo, isto é, progredir de Deus infundida no homem não
cultural e socialmente. Mas perdeu o impede de morrer fisicamente
a conexão com o Criador. Todos os (Rm 5.12). Lázaro e o próprio Cris-
esforços humanos passam a ser por to experimentaram a morte. Láza-
uma vida “sem Deus” e, por isso, ro a vencera por um breve tempo.
sem a direção e o sentido inicial O Mestre, por sua vez, derrotou-
que foram propostos pelo Criador, -a para sempre, na ressurreição
a saber, o prazer de glorificar, ado- (Jo 12.32,33; Rm 1.4).
rar e servir a Ele. O resultado dessa
existência é uma vida que não flui, O CASO LÁZARO:
imersa em impureza, inimizade, in- TEORIA POSTA À PROVA
justiça e medo. É o estado de morte No centro da discussão da dádi-
espiritual (Rm 1.18-32). va da vida eterna, isto é, a infusão
O homem restaurado – Passa de vida espiritual aos que antes es-
da morte (espiritual) à vida, pela fé tavam mortos espiritualmente, está
na pessoa de Cristo. Na frase de Je- a seguinte afirmação de Cristo: “Eu
sus “Eu vim para que tenham vida” sou a ressurreição e a vida; quem

41
crê em mim, ainda que morra, viverá” A morte física continuou no ho-
(Jo 11.25). O dito fora concebido dian- rizonte existencial de Lázaro, as-
te de uma tragédia familiar de gran- sim como está em nosso horizonte.
de relevância para o Mestre (Jo 11.5, Mas, pela conquista realizada na
33-35): seu amigo Lázaro morrera. ressurreição, o “primogênito dentre
Jesus, que recebera a notícia os mortos” abriu o caminho para
antes de o fato realmente ocorrer, a vida de qualidade eterna. O di-
aguardou para ir à Judeia em apoio cionário Davis assevera que “Foi
àquela família tão querida (Jo 11.6). Jesus, com a sua própria ressurrei-
Afirma o texto que o ambiente na ção e a glorificação do seu corpo,
região era extremamente perigo- e ainda por sua obra redentora,
‘aquele que trouxe à luz a vida e
so para idas e vindas com Jesus
a imortalidade’ (2Tm 1.10), isto é,
(Jo 11.8,16b). Jesus aguardou nas
foi quem elucidou, esclareceu,
cercanias da aldeia, conversou com
evidenciou e certificou definitiva-
Marta e, depois, com Maria. Na
mente o fato da vida eterna e da
conversa com Marta, ocorre o dito. imortalidade da pessoa humana”.2
Na conversa com Maria, o homem
Jesus sentiu o peso da compaixão
e derramou suas lágrimas. RECEBER AVIDA E DEIXÁ-LA FLUIR
Nos versículos que se seguem à Eis algumas considerações sobre
frase em que Cristo afirmou ser o o nosso viver, no tempo presente:
autor da ressurreição, ficam eviden- - não se dá de maneira monótona;
tes, entre outras, três verdades: - para nós, o tempo de vida é dura-
• Jesus realizou o milagre de trazer tivo e contínuo, pois rumamos para
Lázaro da morte à vida para que sua um fim determinado por Deus;
missão de Filho de Deus fosse reco- - existimos para além deste tempo,
nhecida pelas pessoas, a fim de que isto é, para a eternidade;
estas viessem a crer nEle e a glori-
ficar a Deus pelo envio da salvação. - daremos conta de todo o tempo vi-
vido aqui, por ocasião do juízo final.
• Alguns judeus são retratados em
Usufruir a vida é deleitar-se com
atitude de desdém para com Je-
ela e desfrutar sua fluidez. Mas
sus. Insinuam que Ele não se im-
você já notou que, em vários mo-
portava ao ponto de curar Lázaro mentos, temos a sensação de que o
“antes” de morrer. tempo vivido e o tempo cronológico
• No milagre, Jesus mostrou que não estão juntos. As horas e os dias
tem o poder de vencer a morte, an- muitas vezes indicam haver certo
tes que ela aconteça (oferecendo a descompasso entre a marcação
vida espiritual aos que creem) ou dos relógios e os nossos sentimen-
mesmo depois (trazendo Lázaro de tos. Isso indica ser o tempo pessoal
volta à vida). regido por humores e sensações
2 - DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Rio de Janeiro: JUERP, p. 510.

42
subjetivas. A alegria e o prazer são da por multidões que acompanha-
geralmente acompanhados pela ram o acontecido. Muitos creram (e
sensação de passagem rápida do viveram!). Outros, preocupados com
tempo; enquanto a tristeza, o medo as repercussões políticas e sociais,
e a espera parecem fazer de cada preferiram refutar o milagre e tra-
minuto um século. mar a morte de Jesus (Jo 11.45-ss)
O exemplo dado esclarece a e, por isso, permaneceram espiri-
tualmente mortos.
“morte em vida” da qual Jesus vem
nos resgatar. Ele faz a proposta: Se crermos, estaremos mais
“...vem a hora e já chegou, em que unidos com outros da família da fé e
os mortos ouvirão a voz do Filho de nosso comportamento entre esses
Deus; e os que a ouvirem viverão” será mais prudente. Se crermos, a
(Jo 5.25b). Jesus se coloca como salvação graciosa de Deus tornar-
o método para uma existência cujo -se-á o padrão de um viver alegre e
resultado é uma vida com sentido e esperançoso.
paz interior. Se crermos, pensaremos nos
demais também, e não apenas
Para pensar e agir: em nós mesmos, pois a vida deve
fluir para todos. Se crermos, sere-
Jesus evidencia no Evangelho mos ensinados a ser modelos de
de João que cabe ao pecador esco- fé para essas pessoas, pois elas
lher: ou conduz sua própria vida, o precisam de parâmetros espirituais
que resulta na morte espiritual, que para que a vida possa fluir em toda
é a consequência natural de um a sua plenitude.
viver alheio à proposta de direção Jesus é uma preciosidade. As-
divina para suas criaturas; ou deixa- sim é também a vida que resulta do
-se guiar pelo Santo Espírito, o que convívio dos que creem nEle, como
conduz para a vida eterna. Significa afirma o estribilho do hino 546 do
fazer com que Cristo seja O cabeça HCC: “Precioso é Jesus para mim!
e que seu Evangelho do amor seja Precioso é Jesus para mim! Celeste
a lei áurea. Dada a escolha, eu es- prazer é Jesus conhecer! Precioso
colhi viver! E você? é Jesus para mim!”
Em conclusão, podemos citar
Richard O. Lawrence: “É a vida que Segunda-feira: 1João 1.1-4
diferencia um cristão. É a vida que Terça-feira: 1João 5.11,12
diferencia a igreja. E deve ser um
Quarta-feira: João 11.1-6
enfoque na vida que diferencie a
Leitura Diária

educação cristã”. Com essas pala- Quinta-feira: João 11.7-16


vras, ele termina o capítulo “Vida: o Sexta-feira: João 11.17-27
que a igreja é”3. Sábado: João 11.28-37
Na ressurreição de Lázaro, a Domingo: João 11.38-44
teoria foi posta à prova e comprova-
3 - Na obra “Teologia da educação cristã. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1986, p.14.

43
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 9
Texto Bíblico: João 15.1-5

JESUS, A VIDEIRA NA QUAL VOCÊ


PERMANECE E FRUTIFICA

As parábolas de Jesus retra- A VIDEIRA E O AGRICULTOR


tavam o cotidiano com maestria, Para melhor entender o símbolo
bem como a riqueza e a beleza da da videira (Jo 15.1), precisamos
natureza, das estações do ano, dos rever o conceito do povo de Israel
hábitos dos animais e do cultivo de como vide de Deus: “Trouxeste
plantações, como é o caso da lição uma videira do Egito, expulsaste
de hoje, quando Ele se identifica as nações e a plantaste.” (Sl 80.8).
como a Videira Verdadeira. Logo, no Antigo Testamento, Deus
A imagem dos discípulos de é o Agricultor e Israel, a videira.
Cristo como “varas” (ramos) liga- Infelizmente, essa videira trans-
das à Videira apresenta notável grediu a aliança com Deus, voltan-
riqueza de sentido. Vamos explo- do-se para a idolatria: “ISRAEL é
rar esses significados, procurando uma vide ESTÉRIL que dá fruto
responder às questões sobre a para si mesmo; conforme a abun-
qualidade do fruto da vide, sobre a dância do seu fruto, multiplicou
importância de permanecer unido também os altares; conforme a
a Cristo e sobre os resultados des- bondade da sua terra, assim, fize-
sa união salvadora. ram boas as estátuas” (Os 10.1).

44
A palavra hebraica para “estéril” Em sua Primeira Carta, João
tem também um homônimo que sig- afirma: “...o Filho de Deus é vin-
nifica o oposto: “luxuriante” (ARA). do e nos tem dado entendimento
Eis a riqueza da poesia hebraica: para reconhecermos o Verdadei-
Israel é vide “viçosa” para si mes- ro...” (1Jo 5.20a). Ao crermos em
ma, mas “estéril” para Deus. Jesus com todo o coração e en-
A videira de Israel teve seu tendimento, tornando-o, também,
destino selado pela destruição. E Senhor de nossa vida, chegamos
o fogo é o símbolo do juízo divino ao conhecimento da Verdade: “...no
sobre eles (Ez 19.10-12). A vide se- que é verdadeiro estamos, isto é,
ria destruída, mas não totalmente: em seu Filho Jesus Cristo. Este é o
“Subi aos seus muros, e destruí-os verdadeiro Deus e a vida eterna.”
(porém não façais uma destruição (1Jo 5.20b).
final); tirai os seus ramos, porque A excelência da verdade de
não são do SENHOR” (Jr 5.10). Cristo em realizar a redenção,
Dentro dessa realidade de dor está no fato de Ele ser o Messias
e lamento, explicita-se já no Antigo enviado por Deus. Em obediên-
Testamento uma esperança para cia ao Pai, sua luz é verdadeira
Israel. Deus permitiu um remanes- (Jo 1.9), seu alimento é verdadeiro
cente. Há esperança para Israel! (Jo 6.32), seu testemunho é verda-
(Is 10.22) Logo, entendemos por deiro (Jo 8.14), seu juízo é verda-
que Jesus faz ressurgir a imagem deiro (Jo 8.16), sua missão é justa
da videira, agora, diferentemente e verdadeira (Ap 15.3).
do simbolismo errático de Israel.
Em João, Ele se coloca como a UMA “EXORTAÇÃO”
“verdadeira” videira, a Videira que AOS RAMOS DA VIDEIRA
produz “salvação”! “Todo ramo que, estando em
UM OLHAR SOBRE A VIDEIRA mim, não der fruto, ele o corta; e
VERDADEIRA todo o que dá fruto limpa, para que
produza mais fruto ainda.” (Jo 15.2).
Ao lermos os Evangelhos, per-
cebemos que Cristo Jesus nada faz A imagem deixada por Cristo
que não esteja em consonância com em João 15.2 tem provocado mui-
o Pai. É assim porque Jesus repre- tas discussões teológicas. Quem
senta o cumprimento cabal da pro- seriam os cortados? Podem os dis-
posta de Deus apresentada na pro- cípulos que estão em Cristo não se-
fecia dirigida à vide de Israel: “Num rem frutíferos? Discípulos não frutí-
bom campo, junto a muitas águas, feros perdem a salvação? O que é
estava ela plantada, para produzir “estar em Cristo”?
ramos, e para dar fruto, a fim de que Primeiro, precisamos entender
fosse videira excelente” (Ez 17.8). as limitações da imagem em si. Re-

45
tirar a fala de Jesus do contexto real xima safra. Deve ser feita através
de onde ela procede, tem efeitos da eliminação de sarmentos mal
perigosos. Por exemplo, na cultura localizados ou fracos e de ladrões,
da videira “‘podar’ não é simples- a fim de que permaneçam na plan-
mente suprimir galhos, mas sim es- ta somente as varas e/ou esporões
colher e deixar na planta, e na po- desejados.”2
sição adequada, as gemas férteis A graça é a provisão para estar/
que são fundamentais para a frutifi- permanecer em Cristo. Arrependi-
cação, qualidade e manutenção da mento sincero e fé em Jesus como
estrutura da videira.”1 Salvador e Senhor, são as condi-
Seguindo a lógica da imagem ções. A partir daí, o ramo ligado à
de João 15, quanto mais o ramo se videira frutifica, mas os frutos são
aproximar da posição vertical, maior de Deus. Obviamente, ninguém
será o seu vigor! À luz do que ocor- pode forçar a mão de Deus e enxer-
reu com Israel, na antiga dispensa- tar-se por conta própria na videira.
ção, fica evidente de que a chave de Tampouco pode alguém comprar
interpretação dessa passagem está esse direito. Judas 1.12 descreve
na permanência do fiel na Videira esses homens ímpios. Estão nesse
Verdadeira, que é Cristo, e não em triste estado por converterem em
algum sistema religioso existente. dissolução a graça de Deus e nega-
A explicação de Paulo em Ro- rem Jesus Cristo.
manos 11, especialmente os versí- Deve ficar claro que os infrutífe-
culos 19 e 20, de que houve a poda ros não foram cortados da videira
dos ramos da videira de Israel, por
verdadeira, que é Cristo. Aliás, nun-
causa da incredulidade, para que
ca foram nela unidos. Se a história
os gentios fossem enxertados, me-
bíblica for levada em conta, estes
diante a fé, aponta uma direção
podem ter sido partícipes da videi-
teológica: permanecer em Cristo é
ra Israel, com seu apego legalista
somente pela graça, mediante a fé.
Não vem de obras, para que nin- e de autojustificação (salvação por
guém se glorie diante de Deus. obras), mas não de Cristo.

DEPOIS DA PODA, UMA “AFIRMAÇÃO”


A FRUTIFICAÇÃO AOS RAMOS DA VIDEIRA
O site da EMPRAPA traz infor- “Vós já estais limpos pela pala-
mações sobre a poda da frutifica- vra que vos tenho falado;” (Jo 15.3).
ção: “tem por objetivo preparar a O termo grego para “limpos” (ka-
videira para a produção da pró- taroi) aparece aqui nesta passagem
1 - DOS SANTOS, Henrique Pessoa. É época de podar as videiras? Em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noti-
cia/14811079/artigo---e-epoca-de-podar-as-videiras. Acesso em 31 de outubro de 2016, às 15h45.
2 - Disponível em https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Uva/UvaAmericanaHibridaClimaTemperado/
poda.htm. Acesso em 1 de novembro de 2016, às 17h.

46
e também em Mateus 5.8 (os lim-
pos de coração) e no cerimonial do Para pensar e agir:
lava-pés, em que Jesus identifica Cremos e estamos na Videira
entre os discípulos a vara fora da vi- verdadeira? Amém. Logo, frutificar
deira (Judas, o traidor). Os que es- é o natural.
tão em Cristo podem frutificar por- Mas que tipo de fruto esperar?
que foram justificados pela Palavra Escolha um dos exemplos abaixo e
da Verdade. compartilhe suas experiências com
Hebreus 10.16-23 nos leva a os demais participantes:
perceber o novo e vivo caminho da - João 4.36 (Fruto para a vida eterna);
nova aliança com Cristo: a comple-
- João 15.16 (Fruto permanente);
ta remissão de pecados do salvo, a
coragem para estar e andar na pre- - Romanos 6.22 (Fruto para a san-
sença de Deus. Esse é o fruto de tificação);
justiça, isto é, o resultado inerente - Filipenses 1.1 (“Fruto” de justiça –
ao modo de viver dos que estão termo grego no singular, nesse sen-
unidos a Cristo (ler Filipenses 1.11). tido, colhemos o resultado da obra
justificadora de Cristo);
QUEM É QUEM NA PLANTAÇÃO - Hebreus 13.15 (Fruto de louvor,
Se no versículo primeiro de adoração e fé).
João 15, Jesus se apresenta a Vi- No cultivo da uva, o clima tem
deira que atua verdadeiramente em forte influência, bem como a topo-
consonância com o Pai, que é o La- grafia e o solo. Depois da poda, vêm
vrador da salvação, no versículo 5, a brotação, o florescimento e a fru-
Jesus distingue bem quem é quem tificação.3 Assim somos nós, cora-
na videira: “Eu sou a videira, vós, os ções cujo solo fértil viu a semente
ramos”. do Evangelho nascer. Deus cuida
Prepotência e orgulho não com- do clima, produz os brotos e nos faz
binam com o Evangelho. Sabemos florescer onde estivermos planta-
que a finalidade do ramo é frutificar dos, para a sua glória!
e que, depois de podado, e depois
de limpo, ele o fará, se e somente Segunda-feira: Salmo 80.8-19
se estiver unido à videira. No fim
Terça-feira: Oséias 10.1,2
das contas, é da videira que proce-
dem, por meio da raiz, os nutrientes Quarta-feira: Zacarias 3.8-10
Leitura Diária

para fazer o ramo frutificar. Quinta-feira: João 15.1-4


Assim, não chamamos os frutos Sexta-feira: João 15.5-8
que produzimos de “nossos”, e sim, Sábado: João 15.9-17
frutos “do Senhor”, através de nós e Domingo: João 15.18-27
por nós (2Co 9.9-11).
3 - Em : http://roneiandre.dominiotemporario.com/doc/ESALQ-cultivo_videira.pdf. Acesso em 11 de novembro, às 16h.

47
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 10
Texto Bíblico: João 13.13-15

JESUS, O MESTRE
QUE VOCÊ IMITA

Jesus era um educador inigua- te ato, todos entendiam haver sido


lável, nas investidas que fazia para revestidos de grande responsabili-
a formação do caráter de seus dade (Tg 3.1).
discípulos. Ele demonstrava notá- Mas não demorou muito para
vel percepção da realidade à sua a Igreja perceber distorções da
volta, quando se propunha a en- mensagem original, por causa
siná-los acerca do Reino de Deus. de “mestres segundo as suas
Ele se autodesignou o Mes- próprias cobiças...” (2Tm 4.3),
tre por excelência, enquanto es- cheios de heresias destruidoras
tava junto de seus discípulos (2Pe 2.1). Nos dias atuais, estes
(Mt 23.8). Posteriormente, du- se proliferam. Percebemos isso
rante a formação das Igrejas do nas inúmeras tentativas humanas
Novo Testamento, alguns dentre de gestão da Educação Religiosa,
os praticantes de seu ensino fo- às vezes, sem nem mesmo fun-
ram chamados “mestres” da Igreja damentar-se na Palavra de Deus.
(At 13.1; 1Co 12.28; Ef 4.11). Nes- E em Igrejas que se veem como

48
mediadoras da salvação. Também, - “... certos indivíduos se introduzi-
naqueles que andam ensinando es- ram com dissimulação (...) homens
quemas reprodutores, de formatos ímpios, que transformam em liber-
apostilares. tinagem a graça de nosso Deus e
Neste estudo, vamos analisar o negam o nosso único Soberano e
conceito autoaplicado por Jesus – o Senhor, Jesus Cristo” (Judas v.4).
“Mestre”. Vamos perguntar pelo seu
método de ensino. Enfim, vamos Hoje, mais do que nunca, preci-
destacar as consequências na vida samos lutar para preservar nossa
de quem faz de Cristo seu Educa- identidade cristã, pois o domínio do
dor principal. pecado estende-se, cada dia mais,
na idolatria e dissolução desta era.
QUANDO O MESTRE NÃO É JESUS Se formos fiéis, entretanto, resistire-
Desde muito cedo, a Igreja Cris- mos. Nossa apologia é permanecer
tã teve que lutar para preservar sua fundados e firmes na fé e não nos
identidade, num mundo dominado movermos da esperança do Evan-
pela idolatria e pela dissolução mo- gelho, custe o que custar, até o fim!
ral. Ela o fazia pela “apologia” (defe-
sa) da mensagem evangélica. A única maneira de fazer isso é
Muitas vezes, o inimigo era ex- permanecendo sob a autoridade do
terno. Nesse caso, provinha das Mestre dos mestres, e sendo fiéis
forças político-culturais da socie- ao seu ensino, o Evangelho da nos-
dade gentílica. Entretanto, a Igreja sa Salvação.
também enfrentou inimigos inter-
nos. Nesse caso, eram os falsos NO MESTRE,O MODELOA SEGUIR
mestres, de orientação legalista, A palavra grega “didaskalos”
que deturpavam a principal doutri- traduz “professor”, “tutor”, “mestre”.
na bíblica: a salvação pela graça, É usada no Novo Testamento para
mediante a fé no Salvador e Senhor
designar Jesus em 41 ocasiões.
Jesus Cristo.
Algumas vezes, a Igreja cedia O uso vocativo, dirigido a Je-
terreno. É o caso dos textos a seguir: sus, é meramente a tradução do
hebraico “rabbi”, “rabboni” que
- “Vós corríeis bem; quem vos im-
pediu de continuardes a obedecer sugere o contexto do “ensinador
à verdade?” (Gl 5.7). da lei”. Isso se evidencia nas si-
- “E também houve entre o povo tuações em que esses termos
falsos profetas, como entre vós ha- “consistem em discussões da lei,
verá também falsos doutores, que de palavras de sabedoria e de
introduzirão encobertamente here- proclamações quanto à proximi-
sias de perdição e negarão o Se- dade de Deus, isto é, exortações
nhor que os resgatou...” (2Pe 2.1). vinculadas com mandamentos”1.
1 - BROWN, Colin (Ed.) O Novo Dicionário internacional do NT. São Paulo: Vida Nova, p. 637.

49
Nesse sentido, Jesus ultrapassou para a construção de si e do outro
o ensino legalístico, vinculando o “em Cristo”. A ação é terrena, isto é,
verbo “didasko” (ensinar) com a começa imediatamente, mas tem
proclamação da salvação. propósito eterno. Nas palavras do
Que faz o Mestre Jesus, quando Mestre: “Quem crê em mim tem a
ensina? Como podemos definir seu vida eterna” (Jo 6.47).
ensino? Eis algumas possibilidades:
ENSINO NO CONTEXTO
No exemplo de Jesus, perce- DA VIDA: O LAVA-PÉS
bemos que ensinar é sinônimo de Em João 13, ocorre um encon-
“dar”, “ofertar”. Obviamente, ninguém tro inusitado. Jesus estava na imi-
pode fazê-lo sem “posses”. Todo e nência de sua crucificação. Tem
qualquer mestre somente pode ofe- consciência total do que está para
recer aquilo que, em tese, tem, isto ocorrer e, depois da refeição co-
é, apropriou-se. Neste caso, oferta- mum, chama seus discípulos para
-se o Evangelho da Salvação. si, começando a lavar os seus pés.
No exemplo de Jesus, perce- O lava-pés é um gesto educativo
bemos que ensinar é sinônimo de e orientador, por parte do Senhor
“celebrar”. Obviamente, ninguém Jesus. Esse gesto tem aplicação
pode fazê-lo sem ânimo (do latim simbólica. Será entendido plena-
“anima”: alma, fôlego de vida). O mente depois de realizado, a partir
Mestre mostrava dinamismo e ale- da pergunta do Messias: “Com-
gria e impulsionava seus discípulos preendeis o que vos fiz?”. Jesus o
a esse frescor (Jo 16.33). faz para que os discípulos enten-
No exemplo de Jesus, perce- dam o que significa ter parte com
bemos que ensinar é sinônimo de Ele, o Mestre e Senhor, e também
“vivificar”, “fortalecer”, “alimentar”. com seu ministério.
Obviamente, não se pode evitar o O gesto não se refere à pureza
caráter sinonímico desses três ter- exterior de quem se lava ou é lava-
mos. No caso do ensino proposto do, mas, simbolicamente, ao ato de
por Jesus, vivifica-se no presente, prestar-se ao serviço de lavar (ou
mas, também, para a eternidade. de dar a própria vida). Ou seja, para
Somos convidados a imitar o quem deseja seguir a Jesus, humil-
Mestre. Se o fizermos, vamos “dar” dade, renúncia sacrificial, amor e
(pelo ensino) aquilo que possuí- serviço são essenciais. Discípulos
mos: a salvação outorgada por Cris- de Cristo não são passivos, mas ati-
to. Vamos celebrar a vida que nos vos no Reino de Deus (Jo 13.15-17).
alcançou e, por nosso intermédio,
alcançou outros, fazendo da alegria “EU VOS DEI O EXEMPLO”
do Senhor a nossa força. Vamos Podemos citar exemplos do en-
atuar para a transformação, isto é, sino de Jesus aos seus discípulos?

50
Lendo os Evangelhos, fica fácil
perceber que sim. Por meio de pa- Para pensar e agir:
rábolas, conversações e atitudes, Em conclusão, reverberamos a
Jesus lhes mostrou como agir em sentença afirmativa do Mestre Je-
obediência à Palavra de Deus e em sus, depois de os ensinar: “Se sa-
prol do seu Reino. beis essas coisas, bem-aventura-
São memoráveis as propostas dos sois se as fizerdes” (Jo 13.17).
seguintes (à parte dos estudos do Logo, se desejamos ser discípulos
trimestre, em João): felizes do Senhor, cumpre-nos imitar
Jesus e seguir seus ensinamentos.
- A parábola da ovelha perdida
(Lc 15.1-7), que relata a alegria da Quanto ao estilo dos discípulos,
salvação, na terra e no céu. sejamos:
- A parábola do bom samaritano, - Discípulos com Cristo: (na compa-
que revela o caráter inclusivo da nhia dEle);
proposta da graça (Lc 10.25-37). Je- - Discípulos para Cristo: (com a fi-
sus vem para os doentes, mas cura- nalidade de servi-lO);
-os para que sejam inclusos. Todos - Discípulos conforme Cristo: (em
os pecadores inclusos foram trans- conformidade com os seus ensinos);
formados, limpos, justificados, para, - Discípulos de Cristo: (valor semân-
assim, serem unidos ao Salvador. tico de posse, que pertence a Ele).
- O sermão da montanha (Mt 5-7), Jesus é como um maestro vir-
que chama a atenção deles para tuoso, a reger a música da graça
enxergar os pecadores, trabalhan- divina. Sua condução é perfeita e
do para a sua bem-aventurança, seus ensaios conosco nos aper-
na segurança da redenção; anun- feiçoam, tudo com vistas à música
cia-lhes o dever de ser sal e luz; o celestial: “Mas todos nós, com ros-
primado do amor nas motivações to descoberto, refletindo como um
cristãs; a santificação da vida e das espelho a glória do Senhor, somos
relações humanas; o valor da ora- transformados de glória em glória
ção; a confiança absoluta no cuida- na mesma imagem, como pelo Es-
do e na providência divina; o cami- pírito do Senhor” (2Co 3.18).
nho da vida.
E há tantos outros exemplos do Segunda-feira: Mateus 23.8-12
ensino maravilhoso de Jesus. Esses
Terça-feira: Efésios 5.1-11
bastam, no escopo deste estudo,
para mostrar o impacto do Mestre Quarta-feira: 1 Tessalonicenses 1.6-10
Leitura Diária

na vida de seus discípulos. Depois Quinta-feira: Hebreus 13.8,9,15


de sua partida, tornou-se missão Sexta-feira: João 13.1-5
do Santo Espírito dar continuidade Sábado: João 13.6-11
às instruções do Mestre (Jo 14.26;
15.26; 16.13). Domingo: João 13.12-17

51
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 11
Texto Bíblico: João 1.49; 12.12-16; 19.19

JESUS, O REI QUE VOCÊ


ENTRONIZA E OBEDECE

Durante o primeiro século, em Uma vez que os judeus com-


que seu deu a vida e o ministério preendiam a missão do rei prometi-
de Jesus, havia entre os judeus do como um messianismo político,
piedosos uma expectativa muito buscava-se um novo tempo para a
grande pela chegada de um Mes- nação, ou seja, a liberdade daque-
sias prometido no Antigo Testa- le domínio opressor. Embora Jesus
mento para reinstaurar a liberda- fosse esse Messias prometido, Ele
de, a independência e a prosperi- procurou desvencilhar-se da inter-
dade vivida nos dias de Davi. pretação tipicamente judaica de
Em 40 a.C., o Senado romano um reino político. Em João 6.15, por
havia apontado na Judeia um rei exemplo, ele evita a multidão que
“estrangeiro” sobre a comunidade desejava proclamá-lo rei político e
judaica: Herodes, o Grande. De- uma espécie de libertador nacional.
pois da morte deste, pouco depois Neste estudo, procuraremos
do nascimento de Jesus, movi- analisar a natureza do Reino de
mentos messiânicos de libertação Cristo. Faremos menção do en-
nacional surgiram. Para pacificar a contro de Jesus com Natanael, a
região, governadores provinciais entrada triunfal do Rei em Jerusa-
foram nomeados. Durante o mi- lém, e a inscrição de Pilatos, na
nistério público de Jesus, Pôncio cruz, na qual o Nazareno é deno-
Pilatos ocupava este cargo.1 minado Rei dos judeus.
1 - Uma lista completa e sequencial pode ser encontrada em: DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Rio de Janeiro:
JUERP, pp.140-141.

52
Que tipo de Rei é Jesus? Qual é de de Nazaré. Mas, eventualmente,
a natureza de seu Reino? Que Car- cedeu à força do testemunho do
ta Magna rege seu reinado? Quem Cristo, exclamando: “...Mestre, tu és
são seus súditos? o Filho de Deus, tu és o Rei de Is-
rael!” (Jo 1.49).
AQUELE DE QUEM ESCREVERAM
No primeiro capítulo de João, “HOSANA” AO REI!
versículos 35 a 51, lemos sobre o O segundo texto a considerar
testemunho dos primeiros discípu- é João 12.12-19, quando ocorre a
los. Dentre eles, dois chamam a entrada triunfal de Jesus em Jeru-
nossa atenção: Filipe e um israelita salém. A multidão, com ramos de
estudioso da lei, Natanael. palmeiras em suas mãos, saudava
Jesus havia deixado a região Jesus como “Bendito é o que vem
da Judeia e se dirigido à Galileia em nome do Senhor”. Esses ramos
(literalmente, “distrito dos estrangei- lembravam as façanhas do Período
ros”). Seu convite aos primeiros se- Macabeu (167-63 a.C.), quando os
guidores ocorreu dentro do contexto revolucionários libertaram a cidade
da pregação de João, o Batista, que de Jerusalém dos conquistadores
o havia identificado (Jo 1.34-37). sírios e realizaram a rededicação
Em tom de conversa, o discipulado do Templo.
começou. Cada seguidor levava a
John Davis informa que “Hosa-
novidade adiante: “Conheci o Mes-
sias, vem e veja com seus próprios na” é um cântico que significava
olhos” – anunciavam. “Salva-nos (liberta-nos) agora!”.
Isso mostra uma situação que me-
Depois de obedecer à ordem rece nossa reflexão: pode-se sau-
simples e direta “Segue-me”, e por dar Jesus sem que Ele seja, de fato,
causa da natureza testemunhal
crido de uma maneira correta. Je-
deste chamado, Filipe assim se
sus era um Rei oposto ao desejado
referiu a Jesus: “...Achamos aque-
pelos que o saudavam. Não era um
le de quem Moisés escreveu na
lei, e a quem se referiram os pro- militar incitando guerras políticas,
fetas...” (Jo 1.45). nem tinha pretensões de uma mo-
narquia materialista.
Jesus não é um rei aleatório,
que surge num momento de oportu- Ao montar num jumentinho, Je-
nismo. Antes, é o Rei-profeta anun- sus parece cumprir o texto de Zaca-
ciado por Moisés (Dt 18.18,19) e o rias 9.9, que anuncia a vinda de um
cumprimento de todas as profecias rei triunfante e humilde, ao mesmo
messiânicas do Antigo Testamento. tempo, o Senhor Jesus ressalta a
Natanael parece inicialmente incré- diferença entre seu reinado interior
dulo, por causa da origem humilde e espiritual daquele exterior e políti-
do filho de um carpinteiro, na cida- co pretendido pela multidão.

53
JESUS, O NAZARENO, Ele é o Filho de Deus que vem para
O REI DOS JUDEUS instaurar o Reino de justiça e paz
Em João 19.19, lemos sobre a nos corações humanos (Sl 2.6,7
inscrição em hebraico, latim e gre- – conferir João 1.34). Entronizar o
go que identificava o crucificado Senhor, isto é, conceder-lhe o trono
como “O NAZARENO, REI DOS (a autoridade) sobre a nossa vida é
JUDEUS”. Pilatos pretendia, com o dever de seus súditos leais. Para
ela, ridicularizar os judeus. O que tal, precisamos obedecer aos seus
ele não imaginava era que sua ten- estatutos e mandamentos.
tativa resultou numa proclamação
de caráter universal. Materializou- A CARTA MAGNA DO REINO
-se, assim, o testemunho oficial de Todo governo requer uma Cons-
que Deus governa a humanidade a tituição, uma Carta Magna. No caso
partir de uma cruz. do Reino de Deus, essa legislação
que ordena a vida é o amor. Logo,
SIMBOLOGIA EM TORNO o Evangelho de Cristo é o evange-
DO REI JESUS lho do amor: “Como o Pai me amou,
Como afirma Alderi de Souza também eu vos amei a vós; perma-
Matos, “Os evangelhos deixam cla- necei no meu amor.” (Jo 15.9).
ro que há uma relação indissolúvel Nas Escrituras, o amor “é” uma pes-
entre Jesus e o Reino. Ele não so- soa: “...Deus é amor!” (1 João 4.8b).
mente anuncia o Reino, mas a sua E por nos amar tanto, o projeto de
pessoa e obra são elementos es- Deus foi plantar a semente do amor
senciais do Reino.”2 em nosso coração, pela fé.
Na enorme riqueza de signifi- Se amarmos, seremos como um
cados dos ornamentos reais mais agricultor, a lançar a semente do
comuns, quando o Rei é Jesus, po- Evangelho no solo do coração hu-
demos citar três: mano e a vê-la ali germinar. Podere-
Sua coroa – de espinhos, sim- mos, assim, alimentar o mundo com
bolizando sua entrega total em prol os melhores e mais puros frutos.
dos súditos do Reino. Se amarmos, seremos como um
Seu cetro – de justiça, simboli- engenheiro de pontes, a religar pes-
zando a eficácia da justificação re- soas antes separadas de Deus, por
dentora, que oferece na cruz. causa da inimizade do pecado.
Seu trono – de poder, simbolizan- Se amarmos, seremos como um
do a esfera de seu domínio absoluto. artista, a usar todo o nosso poten-
Eu e você nos relacionamos com cial criativo para colorir o mundo e
o Rei que Jesus é, quando cremos. torná-lo mais belo e desejável.
2 - MATOS, Alderi de Souza. A igreja como agente do reino de Deus. In: http://www.mackenzie.br/7135.html. Acesso em 8 de
dezembro de 2016.

54
Se amarmos, seremos como O Reino de Deus é edificado
um médico, fazendo de nossa prio- em duas premissas em relação ao
ridade a missão de cooperar com Rei Jesus: devemos crer nEle como
Deus para curar a alma enferma “Salvador” e submeter-nos a Ele
pelo pecado e suas devastadoras como “Senhor”.
consequências, pela inoculação do Assim, ao entronizar o Rei Je-
Evangelho da Salvação. sus, teremos que, entre outras ati-
tudes:
PENSANDO O REI(NO) HOJE 1) Priorizar e privilegiar a vonta-
O Reino de Deus tem caráter de de Deus sobre a nossa própria
pessoal e subjetivo. Diz respeito à vontade. O Rei Jesus o fez e espera
ordem e progresso da vida interior, que seus súditos também ajam as-
em toda a sua plenitude e quali- sim (Jo 5.30; 1Jo 2.17).
dades espirituais instauradas pela 2) Buscar com todas as nossas
nossa obediência ao Rei Jesus. forças a instauração do Reino como
Se cada cristão atentar para a proposta cristã de revolução: jus-
os ideais do Reino em sua própria tiça, paz e alegria no Espírito Santo
existência, a Igreja poderá ofere- (Mt 6.33; Rm 14.17).
cer, sim, um exemplo de sociedade 3) Assumir, a partir do novo nas-
transformada pelos princípios do cimento, as exigências éticas do
Rei Jesus. Aí começa a verdadeira Rei Jesus, que se constituem em si-
revolução: no coração do pecador nais da presença do Reino de Deus
que, arrependido, crê no Rei e sub- na terra. Dentre elas, destacamos
a humildade, a dependência de
mete-se a Ele. Deus e a confiança nEle (ricos e
Você consegue imaginar como pobres), a solidariedade com os so-
seria uma sociedade regida pela fredores e a vigilância.
Carta Magna do Reino de Deus, o Temos entronizado Jesus e obe-
amor? Compartilhe com os demais decido à sua ordem? Temos sido
sua opinião. súditos leais ao teor amoroso de
sua orientação? Se nossa resposta
Para pensar e agir: é “sim”, temos sido, verdadeiramen-
te, súditos do Rei.
Não podemos deixar de salientar
que, em relação à instauração do
Reino de Deus na terra, ocorre uma Segunda-feira: Salmo 2.6,7
grande tensão entre a perspectiva Terça-feira: Lucas 1.26-33
ideal e o que ocorre na realidade. É Quarta-feira: Mateus 2.1-6
ingênuo pressupor que a instaura-
Leitura Diária

Quinta-feira: João 1.35-51


ção do Reino de Deus para a trans-
formação da sociedade como um Sexta-feira: João 12.12-19
todo dependa unicamente de o pe- Sábado: João 18.33-37
cador aceitar Jesus como Salvador. Domingo: João 19.19-22
A coisa não é tão simples assim.

55
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 12
Texto Bíblico: João 9.35-38

JESUS, O SENHOR QUE VOCÊ


TEME E ADORA

Muitas vezes, somos chama- bre os que creem (1.4)1. Também,


dos a explicar a dura realidade da é a partir deste senhorio que se
ineficácia do testemunho e da ação fundamentam as ordens e comis-
cristã nos dias atuais. Qualquer sões para pregar o seu Reino sal-
possibilidade de resposta passa vífico no mundo (1.1,5). Do mesmo
pela questão do senhorio de Jesus. modo, é na esfera deste conceito
Tudo o que vimos neste trimes- que se originam as palavras chave
tre sobre o Verbo de Deus que do movimento cristão: graça e paz
nos alimenta, que mata a nossa (1.7). Portanto, a chave para a vida
sede espiritual, que ilumina nos- frutífera tem a ver com a vontade
sas consciências, que nos prote- de o crente ceder o controle de
ge, que torna nossos caminhos sua vida Àquele que ressurreto se
autênticos, que nos ensina com a fez Senhor (Rm 1.4).
autoridade do Pai, enfim, sobre as Neste estudo, pretendemos
competências de Jesus, tudo tem responder às questões seguintes:
aplicação prática para nós se e qual o principal termo grego usado
somente se o Salvador tornar-se, para designar Jesus como Senhor
também, Senhor de nossas vidas. e o que significa? Ter Jesus como
A partir da leitura de Romanos Senhor implica num choque com a
1.1-7, entendemos que após sua ordem política e cultural existente?
ressurreição e exaltação, o status Quais as consequências de um
de Jesus como Soberano Senhor estado de submissão ao senhorio
se estabelece como realidade so- de Jesus pelos que nEle creem?
1 - Ver também o importante testemunho de Romanos 14.9: “Porque foi para isto que Cristo morreu e tornou a viver,
para ser Senhor tanto de mortos como de vivos”.

56
TERMINOLOGIA BÍBLICA PARA temente impactada pela ação do
O SENHORIO DE JESUS Cristo e, por isso reage com fé e
O principal termo para denotar adoração, como é o caso do cego
o Senhor Jesus é “kurios” (do gre- de nascença (já estudado em lição
go: “senhor”, “amo”, “dono”.). Este anterior – estudo 4) para exemplifi-
termo apresenta estreita corre- car a resposta esperada por Deus
lação com os conceitos de Rei e ao senhorio de Jesus.
Mestre, ambos aplicados a Jesus Outra possibilidade de um em-
em conjunto com seu senhorio prego de “Senhor” mais intenso é o
(Jo 12.13b; Jo 13.13). que ocorre em pessoas que man-
Ter Jesus como Senhor signifi- têm um relacionamento vivo com o
ca, principalmente, a submissão do Cristo. E isso faz toda a diferença na
fiel à autoridade de Cristo, a qual hora de conversar com Deus. Exem-
é exercida pelo Espírito Santo em plos imediatos são as falas dos dis-
cada expressão da vida individual cípulos de Cristo, dentre os quais
(o crente) e coletiva (a Igreja). Pedro se destaca (Jo 6.68), das
“Kurios” (Senhor) é um termo irmãs de Lázaro (Jo 11.21,27,32), e
da predileção dos escritores Lucas o importante testemunho do Cristo
(210 vezes) e Paulo (275 vezes), ressurreto dado por Maria Madale-
que tinham em sua maioria des- na (Jo 20.18). O que torna esses
tinatários de origem gentílica. No encontros tão especiais é o fato de
Evangelho de João, o termo ocor- os falantes terem um relacionamen-
re em 52 casos, alguns dos quais
to vivo de fé com o Senhor, a quem
denotam uma forma cortês de tra-
se dirigem. Você concorda?
to, ainda que subentendendo que a
pessoa reconhece a posição exal- O CRISTÃO DOS DEUSES
tada de Jesus, e demonstra dispo- E SENHORES DO MUNDO
sição para a obedecê-lo. Exemplos
imediatos seriam os tratamentos Parece correto afirmar que o ter-
a Jesus pela mulher samaritana mo “Senhor”, aplicado a Jesus, en-
(Jo 4.7-9), pelo oficial da nobreza ro- controu resistência imperial naquela
mana (Jo 4.49), pelo enfermo cura- época, apesar de ambos os impe-
do no tanque de Betesda (Jo 5.7) radores Augusto (31 a.C. - 14 d.C.)
e pela mulher acusada de adultério e Tibério (14-37 d.C.) rejeitarem
(Jo 8.11), só para ficar com alguns. o título para si. Na cunhagem das
Em outros casos do Evange- moedas, via-se a imagem do busto
lho de João, a declaração vocati- do imperador, detentor e símbolo do
va “Senhor” parece apresentar um Estado. Evidentemente, qualquer
sentido mais intenso do que mera outro senhorio haveria de entrar em
cortesia de tratamento. É assim choque direto com o opressor siste-
porque a pessoa que o usa é for- ma de governo romano.

57
Mas a questão se tornou um ção de um Evangelho de amor e paz
problema maior para a cristandade (At 17.6). E isso sempre terá um custo!
quando, a partir do imperador Calí-
gula (37-41 d.C.), o título se tornou DEUS É SENHOR! JESUS É
atraente. Com o imperador Nero DEUS! LOGO, JESUS É SENHOR!
(54-68 d.C.), em especial, que foi No artigo “Senhor”, do Dicionário
descrito como “Senhor de todo o Internacional de Teologia do Novo
Mundo”, a Igreja sofreu dura perse- Testamento, lemos: “O Novo Testa-
guição. Famoso por sua crueldade,
mento, ao dirigir-se a Deus como
foi sob o domínio de Nero que a
kurios, reconhecendo-o como tal, ex-
reivindicação cristã de Jesus como
pressa especialmente Sua condição
“Senhor” chocava-se com o apelo
imperial (At 17.17), sendo conside- de Criador, Seu poder revelado na
rada, portanto, desobediência civil história, e Seu domínio justo sobre
e, por isso, passível de penalização. o universo, e, ao mesmo tempo, con-
fessa a continuidade da sua crença
Nesse duro período que se se- com a fé vétero-testamentária”.2
guiu à morte e à ressurreição de
Jesus, os cristãos que defendiam o Assim, compreendemos porque
senhorio do seu Rei e Mestre eram o testemunho do precursor de Jesus,
delatados, presos, julgados e, no João, o Batista, liga o Verbo Criador
caso de manterem sua fé em Jesus, à profecia de Isaías, anunciando a
martirizados. Relatos de como algu- chegada do Senhor: “...Eu sou a voz
mas dessas mortes ocorreram po- do que clama no deserto: Endireitai
dem ser lidas em Hebreus 11.36-40. o caminho do Senhor, como disse o
Os mártires cristãos são exemplos profeta Isaías” (Jo 1.23).
de uma fé viva e verdadeira de quem O cristianismo dos primeiros
vai até as últimas consequências de- dias não teve nenhuma dificuldade
fendendo Aquele a quem se subme- de confirmar o senhorio do Verbo
tem, seu Salvador e Senhor Jesus. da vida, em sua confissão de fé:
O exemplo deixado por tantos “para nós há um só Deus, o Pai, de
que perderam suas vidas, no pri- quem são todas as coisas e para
meiro século, mostra como a fé no quem existimos; e um só Senhor,
Senhor acaba implicando com a Jesus Cristo, pelo qual são todas
ordem sociocultural de um mun- as coisas, e nós também, por ele”
do em trevas. Logo, quem tem Je- (1Co 8.6).
sus como Senhor há de brilhar
(Mt 5.14-ss), há de renunciar ao CONSEQUÊNCIAS DO
mundo (Jo 12.25), há de viver es- SENHORIO DE JESUS
perançoso e em paz (Jo 14.27), há A tese desta lição é que Jesus
de “alvoroçar” o mundo pela prega- Cristo é Senhor! Nessa soberana
2 - BROWN, Colin (Ed.) O Novo Dicionário internacional do NT. São Paulo: Vida Nova, artigo “Senhor”, p. 2319.

58
condição, Jesus torna-se a causa
eficiente de toda a existência cris- Para pensar e agir:
tã. Não havendo possibilidade de Em conclusão, afirmamos que
destacar todas as consequências Jesus é o Senhor que devemos
desta afirmação (por questões de temer e adorar. Isso significa “rei-
espaço), com um exercício simples, vindicar o poder do Senhor glori-
propomos uma amostragem inten- ficado para a vida da Igreja e do
cional delas dentre algumas epísto- indivíduo”3. Também, que devemos
las paulinas: reconhecer sua condição exaltada
- Ao cremos no Salvador Jesus e e sua autoridade total em matéria
ao confessá-lo como Senhor, es- de fé, vivendo em observância das
tamos inseparavelmente ligados a Escrituras Sagradas.
Ele (Rm 8.39). Leia a exortação do após-
- Não pode haver duplicidade em tolo Paulo ao pastor Timóteo
nós quando o assunto é nossa (1Tm 6.14-16) e reflita sobre sua
submissão à autoridade de Deus, própria submissão a Cristo. Per-
em e por Cristo, nosso Senhor cebe-se aqui a proximidade dos
(1Co 8.5,6). conceitos Senhor-Rei: “...no tem-
- Aos olhos do mundo, nossa sub- po próprio, manifestará o bem-a-
missão ao Cristo crucificado pode venturado e único soberano, Rei
parecer pretexto de escárnio ou ver- dos reis e Senhor dos senhores”
gonha, mas, para nós, é motivo de (v. 15). Como você se vê, quando o
glorificar a Deus (Gl 6.14). assunto é guardar o mandamento
sem jamais o denegrir? Você tem
- Quando o assunto é salvação, nin- sido um servo obediente e fiel?
guém a terá se não confessar sua Você se sente preparado para este
submissão ao senhorio de Cristo grande encontro com o Senhor?
(Fp 2.11).
Então, vamos viver fazendo de
- Ao receber a Cristo como Senhor, nossa obediência ao Senhor nosso
comprometemo-nos, também, a Memorial! (próxima e derradeira lição)
seguir seus passos, crescendo na
graça que Ele oferece (Cl 2.6,7).
Segunda-feira: Romanos 1.1-7
- Cabe aos que se submetem ao
senhorio de Cristo viver em santida- Terça-feira: João 1.23
de, enquanto aguardam sua vinda Quarta-feira: João 12.13
Leitura Diária

(1Ts 3.13; 5.23). Quinta-feira: João 13.13,14


Esses textos podem servir-nos Sexta-feira: João 20.24-29
como base para o testemunho neo- Sábado: 1 Coríntios 8.5,6
testamentário acerca dos efeitos do Domingo: Romanos 8.31-39
senhorio de Cristo.
3 - Idem, p. 2323.

59
DATA DO ESTUDO

LIÇÃO 13
Texto Bíblico: João 20.30,31

JESUS, O MEMORIAL
QUE VOCÊ CELEBRA
Em um dos sermões a que O ESTILO MEMORIAL DE VIVER
assisti pelo sítio de comparti- A ideia de viver de forma a re-
lhamento de vídeos YouTube, o lembrar os atos de Deus na histó-
pastor Ariovaldo Ramos deixou a ria pode ser facilmente percebida
seguinte definição de memorial: nos textos do Antigo Testamento.
“Um memorial é a forma pela qual Neste sentido, o memorial usa vá-
alguém quer ser lembrado”. Nes- rios meios:
ta lição, que focaliza textos do fim
- A revelação escrita: “Então disse
do Evangelho de João, traremos
o SENHOR a Moisés: Escreve isto
à memória tudo o que estudamos
para memória num livro, e relata-o
neste trimestre sobre Jesus Cris-
aos ouvidos de Josué...” (Ex 17.14);
to, nosso Salvador. É nosso dever
confiar na fonte de sustento espiri- - Objetos que simbolizam uma
tual que emana do Cristo morto e realidade revelada, como é o caso
ressurreto, em caráter memorial e das pedras na estola sacerdotal
permanente, até que Ele volte. que representavam as 12 tribos de
Israel (Ex 39.7);
Nosso estudo percorrerá o
seguinte trajeto: o viver memorial - O tempo solene do encontro para
como estilo de vida, em ambos os a adoração coletiva (Lv 23.24);
Testamentos; a relação entre os - As ofertas trazidas ao altar, confes-
“sinais” de Deus e o memorial a sando a Deus os pecados cometidos,
ser celebrado; um resumo de tudo em busca de perdão (Nm 5.15b);
o que vimos acerca do memorial - As palavras e votos de confian-
que é Jesus; a palavra chave do ça no Senhor e em sua vontade,
memorial de Cristo; e, enfim, o como expressão de fé coletiva do
tempo de celebrar este memorial. povo de Deus (Ml 3.16,17).

60
No Novo Testamento, a saga No texto que apreciamos, João
memorial continua na experiência 20.30, lemos que “...fez Jesus dian-
pessoal de muitos, por exemplo: te dos discípulos muitos outros si-
- O caso da mulher que, trazendo nais que não estão escritos neste
um vaso de alabastro cheio de va- livro”. O propósito maior de Jesus
lioso bálsamo, derramou o líquido com seus sinais é ser crido: “Estes,
precioso sobre a cabeça do Senhor porém, foram registrados para que
Jesus, estando Ele à mesa, com creiais que Jesus é o Cristo, o Filho
seus discípulos. O gesto ficou eter- de Deus...” (Jo 20.31a).
nizado nas Escrituras (Mt 26.7);
NEM TODO SINAL LEVA À FÉ,
- Nossas orações e atitudes tam-
MAS A FÉ NO SINAL CONDUZ À
bém são relatadas como memoriais
VIDA MEMORIAL
(At 10.4,31);
Alguns episódios narrados por
- E nossa maior fonte memorial, a
celebração da ceia, em que traze- João evidenciam uma grande ver-
mos à memória o sacrifício remidor, dade, a saber, que apesar dos mui-
que é a causa eficiente de nossa tos sinais realizados por Jesus, a
salvação, seguindo a ordem de Je- grande maioria permanecia incré-
sus (Lc 22.19; 1Co 11.24,25). dula (Jo 12.37). Este é, certamen-
te, o caso do indeciso Nicodemos
PARA QUE HAJA MEMÓRIA, (Jo 3). Também, o caso da multi-
HÁ DE HAVER SINAIS dão alimentada milagrosamente
Na história humana, Deus con- por Jesus, que estava unicamente
cede e opera sinais que acompa- interessada na satisfação de suas
nham a Sua palavra e testificam a necessidades materiais e não per-
sua validez e fidedignidade. Não cebia o Filho de Deus diante dela
são atos divinos incidentais, mas (Jo 6.26,30). E o caso dos religio-
atos intencionais, visando obter da sos legalistas judeus, que se enfu-
parte dos homens fé (Jo 2.11,23). O reciam a cada sinal praticado pelo
maior dos sinais de Deus é a vinda Senhor (Jo 7.31,32; 11.47,48).
de seu Filho Unigênito, que passa Entretanto, muitos que presen-
a apontar o caminho da salvação ciaram os sinais realizados pelo
profetizado no Antigo Testamento e Salvador creram nEle e, por isso,
cumprido em sua vida e missão. tornaram-se seus discípulos. Esta
Um sinal é uma “marca”, um é uma verdade que muitos deixam
“penhor”, um “milagre”. Este termo é de perceber: o sinal que é Cristo,
predominante nos Evangelhos (48 em sua vida e missão, deve nos le-
vezes) e em Atos (13 vezes), mas var a crer. Crer deve nos levar ao
também ocorre nos textos de Paulo discipulado. O discipulado deve
(8 vezes), em Hebreus (uma vez) e nos levar à vida memorial, em tes-
no Apocalipse (7 vezes). temunho diário.

61
A FORMA COMO JESUS QUER - Jesus quer ser lembrado como a
SER LEMBRADO VERDADE DA VIDA. Você se lem-
Se você crê no Filho de Deus, e brará dEle se conhecê-lo e se pre-
o recebe como Senhor de sua vida, gar o resultado deste conhecimen-
entenda uma coisa: é seu dever sa- to: a liberdade dos filhos de Deus.
grado viver para o testemunho de - Jesus quer ser lembrado como a
tudo o que Jesus representa. Isto VIDEIRA DA VIDA. Você se lembra-
significa que devemos viver pela fé, rá dEle se, unido a Ele, frutificar.
ou seja, trazer à memória quem Je-
sus é e o que fez por nós. - Jesus quer ser lembrado como o
MESTRE DA VIDA. Você se lembra-
À luz do que vimos neste trimes- rá dEle se o imitar em seu caráter e
tre de estudos em João, ressaltamos: atitudes.
- Jesus quer ser lembrado como
- Jesus quer ser lembrado como
o VERBO DA VIDA. Você se lem-
brará dEle se o representar diante o REI DA VIDA. Você se lembrará
dos homens. dEle se submeter-se à sua autori-
dade, que é absoluta em termos
- Jesus quer ser lembrado como de fé, juntamente com a Palavra de
o PÃO DA VIDA. Você se lembrará Deus e o agir do Espírito Santo.
dEle se alimentar-se de sua Pa-
lavra, que é viva e eficaz para te - Jesus quer ser lembrado como
conduzir à boa, agradável e perfeita SENHOR DA VIDA. Você se lem-
vontade de Deus. brará dEle se for um discípulo te-
- Jesus quer ser lembrado como a mente a Deus, reverente e verda-
ÁGUA DA VIDA. Você se lembrará deiro adorador.
dEle se permitir que essa fonte jor- Se Jesus for lembrado por nós,
re continuamente e mate sua sede viveremos em constante atitude
de viver. MEMORIAL.
- Jesus quer ser lembrado como
a LUZ DA VIDA. Você se lembrará A PALAVRA CHAVE DO
dEle se enxergar com os olhos da MEMORIAL DE CRISTO
fé e se brilhar diante dos homens. A palavra chave que se repete
- Jesus quer ser lembrado como o a cada representação da pessoa
PASTOR DA VIDA. Você se lembra- e da missão de Jesus Cristo no
rá dEle se ouvir seus bons ensina- Evangelho de João é VIDA. Para
mentos e segui-los, à risca, custe o os que creem, descortina-se a
que custar. vida autêntica e responsável, isto
- Jesus quer ser lembrado como o é, a “vida sobrenatural que é a de
CAMINHO DA VIDA. Você se lem- Deus (Jo 5.21,26), que Deus, to-
brará dEle se trilhar a trajetória da davia, reparte com a humanidade,
renúncia, do serviço e da adoração. através de Cristo”1
1 - RICHARDS, Lawrence O. Teologia da Educação Cristã. São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 11.

62
No primeiro capítulo do seu livro - Jesus Cristo é o fundamento de
Teologia da Educação Cristã2, Ri- nosso viver?
chards descreve o viver memorial - Temos dado bom testemunho aos
ao afirmar que a vida é o que a Igre- demais acerca do que Ele repre-
ja é. O propósito da vida é o que a
senta para nós e para o mundo?
Igreja faz. A comunicação da vida é
Que seria esse “bom” testemunho
a forma como a Igreja edifica. A di-
nâmica da vida é o relacionamento em atitudes?
“familiar” da Igreja. A transmissão da - Preservamos em nossa men-
vida é a Igreja evangelizando. Con- sagem a essência do memorial
cordamos, pois somos o corpo vivo de Cristo, a saber, a oferta de si
de Cristo, a Igreja do Senhor Jesus. mesmo como sacrifício agradável
a Deus, em favor dos pecadores,
HOJE É TEMPO DE e sua notável ressurreição, que
CELEBRAR JESUS! o coloca na posição de Senhor e
Em conclusão, afirmamos que Rei? Como?
Jesus é o memorial que eu e você,
- Se a fé é a chave da despensa
que nEle cremos, celebramos. Ele
é a manifestação absoluta da graça da vida, temos abastecido os ce-
salvadora de Deus (Tt 2.11). leiros da alma com a Palavra da
Verdade do Evangelho? Como fa-
Ao celebrar este memorial, de- zê-lo com eficiência?
vemos fazê-lo com zelo e fervor,
mostrando ao mundo quem real- Ao terminar este estudo, con-
mente é Jesus. Diante do trágico vém relembrar o estribilho do hino
quadro social em que vivemos, 487 do Cantor Cristão: “Precioso é
isso significa renegar a impiedade Jesus para mim! (bis) Celeste pra-
e as paixões mundanas, e viver, no zer é Jesus conhecer! Precioso é
presente século, de forma sensata, Jesus para mim!”
justa e piedosa, enquanto aguarda- Celebremo-lo, pois, irmãos!
mos o retorno do Salvador, com ar-
dorosa esperança (Tt 2.12,13).
Segunda-feira: Êxodo 3.13-15
Para pensar e agir: Terça-feira: Números 10.10
No radical livro “Como comparti- Quarta-feira: Malaquias 3.16-18
lhar sua fé”, Paul Little3 enumera vá-
Leitura Diária

Quinta-feira: Lucas 22.19,20


rias ponderações importantes para
quem deseja viver de forma a cele- Sexta-feira: 1 Coríntios 11.23-29
brar o memorial que é Jesus Cristo. Sábado: João 21.24,25
Transformamos essas ponderações Domingo: Tito 2.11-13
em perguntas, para nossa reflexão:
2 - Idem, pp 11-48.
3 - LITTLE, Paul E. Como compartilhar sua fé. São Paulo: ABU, 1993.

63
Currículo
2017
Primeiro Trimestre Revista da Convenção Batista Fluminense
Ano 14 - n° 53 - Abril / Maio / Junho - 2017
Mais que Vencedores!
Vitórias de Deus Ao nosso Alcance Diretor Executivo: Pr. Dr. Amilton Ribeiro Vargas
Pr. Noélio Duarte
Diretoria da Convenção Batista Fluminense:
Presidente: Pr. Geraldo Geremias
Segundo Trimestre Primeiro Vice-Presidente: Dca Lindomar Ferreira da Silva
Segundo Vice-Presidente: Pr. Marcos Luís Lopes
Jesus e Você, Hoje Terceiro Vice-Presidente: Pr. Luiz Antonio Rodrigues Vieira
Livro do Evangelho de João Primeira Secretária: Jane Célia da Silva Rodrigues
Pr. Davi Freitas de Carvalho Segunda Secretária: Loide Gonçalves do Nascimento
Terceiro Secretário: Pr. Ozéas Dias Gomes da Silva
Quarto Secretário: Pr. Davidson Pereira de Freitas
Terceiro Trimestre
Diretor de Educação Religiosa:
Josué: revelações de Deus através Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
da história
Redator: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Pr. Jonas Vieira Lima
Revisão Bíblico Doutrinária:
Pr. Paulo Pancote
Quarto Trimestre Revisão e copidesque: Edilene Oliveira

Vida Cristã Produção Editorial, Diagramação e Impressão:


Print Master Editora (22) 3021-3091
Princípios eternos para tempos melhores
Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca Distribuição:
Pr. Matheus Dutra Rebello Print Master Editora

Convenção Batista Fluminense


Seja Mordomo Rua Visconde de Morais, 231 - lngá - Niterói - RJ
Algumas Igrejas poderão estar recebendo mais CEP 24210-145
revistas que o número de jovens e adultos Tel.: (21) 2620-1515
matriculados na EBD ou em outro grupo de E-mail: contato@batistafluminense.org.br
estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção
se for este o seu caso. Queremos investir seu
dízimo também em outros projetos.

Acesse nosso site:

www.batistafluminense.org.br

S-ar putea să vă placă și