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As idéias das crianças sobre o mundo são construções, que envolvem as estruturas mentais inatas e a
experiência sociocultural. O desenvolvimento da inteligência, por sua vez, ocorre pela substituição (de
esquemas cognitivos prévios), pela aquisição e integração de novos esquemas cognitivos, e não apenas
pela adição de habilidades cognitivas.
- Período sensório-motor: Ocorre nos dois primeiros anos de vida. Nesse período, as estruturas mentais
restringem- se ao domínio dos objetos concretos pois o bebe ainda não apresenta um pensamento
propriamente dito. Surgimento gradual dos primeiros hábitos motores que se desenvolvem
principalmente por meio da imitação. No período sensóriomotor, não há ainda a diferenciação eu-
mundo; a criança está totalmente centrada em si mesma (egocentrismo) (acredita que os objetos
desaparecem ao sair do seu campo de visão). A partir do segundo ano de vida, desenvolve-se mais
cabalmente a percepção do mundo externo. Os conceitos de “coisas”, “espaço”, “tempo” e
“causalidade”, como categorias práticas do dia-a-dia, estruturam-se ao final desse período.
-Período pré operatório: Entre 2 e 7 anos de vida. São processados, nesse período, o domínio dos
símbolos e o desenvolvimento da linguagem, dos sentimentos interpessoais e das relações sociais. O
brincar passa a ser um dos principais instrumentos do desenvolvimento cognitivo da criança. Objetos e
acontecimentos passam a ter um significado representado por um significante específico,
desenvolvendo assim a linguagem, as imagens mentais, os gestos simbólicos,... O tipo de inteligência
desse período é baseado na “meia-lógica”, onde as operações mentais da criança começam a obedecer
determinada lógica mas falta a noção de reversibilidade nas operações e de conservação física (ex:
criança afirma que a quantidade de água varia de acordo com a forma de seu recipiente, mas se mudar
de recipiente a criança tem a percepção de que se trata da mesma agua). Desenvolvimento de
atividades semióticas como o desenho, o brincar e a linguagem, desenvolvem-se nesse período, com
consequências essenciais para o desenvolvimento cognitivo.
Dependência genética: A correlação média da inteligência dos pais com a inteligência dos filhos
biológicos fica em torno do 0,50; entre gêmeos idênticos, em torno de 0,90 e entre pais e filhos adotivos
em torno de 0,25 (Sims, 1995). Entretanto, embora os fatores genéticos sejam importantes, o
componente ambiental (aprendizado, estímulos psicossociais nos períodos “cruciais” do
desenvolvimento cognitivo da criança, nutrição e condições adequadas de saúde, apoio afetivo, etc.) é,
seguramente, fundamental para que o indivíduo possa desenvolver de forma plena o seu potencial
genético.
Inteligência geral (g) versus inteligências múltiplas: primeiras distinções dos tipos de inteligência:
inteligência verbal, visuoespacial, visuoconstrutiva, inteligência aritmética, capacidade lógica,
capacidade de planejamento e execução, capacidade de resolução de problemas novos, inteligência
para a abstração e para a compreensão, inteligência criativa, etc. Tais modelos de inteligências múltiplas
questionam a noção de inteligência geral (ou seja, a noção de que a inteligência de uma pessoa pode ser
expressa ou resumida a um traço latente unifatorial, que explicaria toda a inteligência). A partir dos anos
60, outros pesquisadores sugeriram que a inteligencia é baseada em multifatores, mudando a forma de
estudar os tipos de inteligência, que hoje são estudados da seguinte forma: inteligência social,
intrapessoal, motivacional, fluida ou cristalizada, maquiavélica, etc.
Inteligência social: Os teóricos da inteligência social partem do princípio de que o indivíduo é um ser
social, reflexivo, que participa ativamente de seu ambiente e visa objetivos coerentes
com tal ambiente. Os processos cognitivos mais importantes se desenvolvem em relação estreita com o
mundo em que se vive. Os comportamentos cognitivos, por serem intimamente conectados com o
contexto social, só podem ser compreendidos a partir da análise de tais contextos.
Retardo mental moderado: QI na faixa de 35 a 49. . O adulto possui idade mental correspondente a
uma 6 a 9 anos. Apresentam desenvolvimento lentificado e incompleto da linguagem e compreensão.
Constituem cerca de 10% do total da população com retardo mental e possuem as seguintes
características:
1. A aquisição escolar é bastante limitada; apenas alguns indivíduos com esse grau de retardo aprendem
elementos de leitura, escrita e cálculos. Dificilmente vão além do primeiro ou segundo ano escolar.
Entretanto, falta o uso socialmente útil dessas habilidades, tratando-se mais de uma aquisição mecânica
que plenamente intelectiva.
2. São capazes de realizar tarefas práticas simples, se forem adequadamente estruturadas e houver
supervisão técnica apropriada.
3. Uma vida completamente independente na idade adulta poucas vezes é alcançada.
4. Muitos desses indivíduos, apesar de visivelmente deficientes e desajeitados no contato interpessoal,
gostam da interação social e podem estabelecer uma conversa simples.
5. Etiologia orgânica pode ser identificada em muitos dos indivíduos com retardo mental moderado.
6. Epilepsia e incapacidades neurológicas e físicas são comuns.
Retardo mental grave: QI de 20 a 34, adulto corresponde a uma criança de 3 a 6 anos. Tais indivíduos
tiveram, durante a infância, um desenvolvimento motor e neuropsicológico bastante prejudicado e
retardado. Não é rara a ausência completa ou quase total da capacidade comunicativa; muitas vezes
não falam ou aprendem poucas palavras. Representa certa de 3 a 4% dos indivíduos com retardo
mental. Necessitam de apoio e supervisão constante. É frequente os quadros autisticos, onde é comum
a hiperatividade grave e a auto-agressão, como bater a cabeça, morder as mãos ou cutucar os olhos.
Retardo mental profundo: QI a baixo de 20. Adulto corresponde a criança com menos de 3 anos. São
pessoas gravemente limitadas em sua capacidade de entender (mesmo comandos simples) ou de agir
de acordo com solicitações ou instruções. Muitas vezes ficam restritos ao leito (por distúrbio motor
grave), sem capacidade de fala e sem controle voluntário dos esfíncteres. Déficits visuais e auditivos
graves também são freqüentes, assim como epilepsia e outras doenças físicas. Na maioria dos casos,
podem-se identificar lesões cerebrais e a presença de etiologia orgânica. Compreende cerca de 1 a 2%
dos indivíduos com retardo mental.
O quociente de inteligência (QI) é uma medida convencional da capacidade intelectual do indivíduo,
baseada na averiguação das distintas habilidades intelectuais (verbais, visuoespaciais, abstração,
cálculo, etc.). Ele é obtido por meio de testes individuais padronizados, como o Wechsler Adult
Intelligence Scale-Revised (WAIS-R), o Wechsler Intelligence Scale for Children-Revised (WISC-R), o
Stanford- Binet Intelligence Scale, etc.
Pela aplicação dos testes em extensas amostras populacionais, obtiveram-se normas quantitativas do
QI. A média populacional do QI é igual a 100. Na faixa de 85 a 115 (QI normal médio), encontram-se 68%
da população. Um QI superior a 115 ou 120 é considerado uma inteligência superior, e um QI acima de
130 é considerado uma inteligência muito superior. A avaliação da inteligência deve buscar identificar
um padrão geral de rendimento intelectual, não se fixando apenas em, ou supervalorizando, áreas
específicas da inteligência. A interpretação dos resultados de testes de QI deve ser feita com cautela e
flexibilidade, sendo o teste considerado um guia, um indicativo, e não algo absoluto. O contexto cultural
do indivíduo, os valores, as normas e os estilos cognitivos de seu grupo étnico e social devem ser
seriamente considerados na interpretação dos resultados.