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Aluízio se aproximou quase tão devagar quanto no dia do ocorrido, sentou-se perto

dele e puxou com cuidado o curativo, que sozinho tampava os três ferimentos. Os

olhos de Aluízio encheram-se de lágrimas, e por dentro ele sentia como se não fizesse

parte do próprio corpo, uma cicatriz completamente fechada, com fios de cabelo

apontando pelas bordas deixou-se mostrar.

Amor

- João, eu num sei que eu falo. - disse Aluízio com voz trêmula.

Como fumaça, o terror de Aluízio diante do desconhecido, logo preencheu o ar da

sala, e João, sem dizer nada, podia sentir o coração acelerar, os pêlos da nuca se

arrepiando, e num lapso, levantou-se e saiu pela porta da frente como um animal, ao

perceber que está sendo observado.

Aluízio permaneceu imóvel, procurando entender o que estaria acontecendo.

Na rua, Carmen estava no portão, quando viu João surgir, e abrir a porta da frente da

loja.

- Ê João, ta doido? - Gritou de longe, indo em sua direção.

João entrou na loja, e caminhou apressadamente até os fundos. Em seguida, Carmen

o alcança e avista-o sentado na privada, olhando para o chão.

- Me falaro que aqui tava chei de sangue quando cês me acharo. Cadê? - João disse,

sem levantar o olhar.

- Uai João, nós já limpô, cê não queria que a gente largasse aqui tudo sujo né?

- Então cê viu o sangue Carme? - João disse, erguendo o olhar de encontro ao de

Carmen, deixando mostrar as lágrimas minando em seus olhos, agora com um tom

avermelhado.

Carmen o abraçou, e beijou sua cabeça.

- Oh João, não fica pensando nisso não. - Com as mãos em seus cabelos, Carmen se

deu conta de que João estava sem os curativos - Uai João, cadê seus curativo?
De novo, ele se levantou e saiu, sem dizer uma palavra, Carmen até tentou

acompanhá-lo, mas embora João nunca sequer tivesse gritado com ela, era

assustador tentar contrariar um homem de tamanha estatura. Ela apenas o observou

sair, confusa.

Em casa, João sentou-se no quintal de cabeça baixa, pensando. Mas nada fazia

sentido, pensou nas bandagens em seu peito, pensou no que ocorreu naquele dia,

pensou no que Deus podia esperar dele. Pensou em sua infância, em todas as vezes

que voltava pra casa machucado, arranhado, e quão normal ele sempre foi. E quão

mediano, ele sempre foi. Ouviu Carmen chegar, e viu sua silhueta pela janela dos

cômodos que ela passava.

Na cozinha, ela parou e o olhou por um instante, e o seu inconfundível olhar, encheu

seu corpo com um calor que a muito tempo não sentia.

Carmen sempre estivera ali, ao seu lado, casaram-se jovens, João tinha 19 e Carmen

16, ainda quando aquela região quase não havia casas. João se viu pensando então,

no quanto aquela mulher representava em sua vida, no instante daquele olhar, ele viu

a mulher que aprendeu a amar, a mulher que o alimentou e cuidou, que lhe deu

sempre o melhor de si, que o abençoou com dois filhos e sustentou aquela casa

verdadeiramente. O cabelo, agora grisalho, a pele marcada e enrugada, mesmo as

curvas que tanto o incendiavam, agora desapareceram com o tempo. Mas aquele

olhar emanava a essência daquela maravilhosa mulher que Carmen se tornou ao seu

lado.

Sentiu-se aceso, como um adolescente, o corpo quente, o coração acelerado. João foi

em sua direção, como um garanhão, e Carmen sorriu. (eu quando li essa parte :D)

Agarrou-a nos braços, firmemente e a beijou desajeitado, enquanto Carmen sorria, e

tentava dizer:

- Que isso João, voltou do hospital agora.

João puxou-a para o quarto, e se amaram.


Como dois adolescentes, Carmen se remexia como a mulher envolvente que era,

enquanto João suspirava. Quando subitamente ela parou, em êxtase. (meio adulto -

Pig, Peppa)

João puxou seu frágil corpo para próximo de si, e a apertou, com amor e paixão,

beijando seu pescoço.

Carmen permanecia enrijecida, quando deixou o corpo soltar-se.

João, a pôs delicadamente ao seu lado, enquanto a olhava, admirado.

Carmen não se movia, e não respirava, Carmen estava morta. (O.o Waaaaat?! OMG!

Comassim?! Q tá com teseno? T-T Num pode c)

João tomado de terror, continuou a observa-la incrédulo, mas não havia sinal, além do

calor remanescente em seu corpo que fizesse acreditar que Carmen estivesse viva.

Sentou-se, ainda despido no seu lado da cama e chorou, quando tomado subitamente

pela realidade, vestiu a si e a Carmen, temendo a chegada de seu filho ou de algum

vizinho.

Tomou o telefone, avisou a polícia e pediu a seu filho que viesse, sem alarmá-lo da

real seriedade. No quintal, sentou-se onde a poucos dias estivera a contemplar o céu,

mas dessa vez de cabeça baixa olhava para o chão de terreno batido pelos passos de

todos que um dia passaram por ali, todas as visitas que receberam, e onde as

crianças brincavam. Tudo tornou-se vívido por um instante, de tal forma que João só

recobrou a consciência do entorno ao ouvir o choro de Luiz vindo em sua direção.

-Pai, que que aconteceu, pai?

João o olhou, e pôs-se de pé pesadamente com a força que a muito tempo não tinha.

O filho, quase tão grande quanto o pai, pareceu pequeno aos olhos de João, que viu

nele a criança que por tantas vezes viera a ele machucado pelos tropeços e vacilos

comuns na juventude. Mas desta vez não havia curativo para tamanha ferida, e nem
conselhos, de modo que João não conseguiu dizer palavra, com os olhos marejados o

abraçou e permaneceram ali, até a chegada da polícia.

Homem de valores conservadores, João temia pelo legado de Carmen, como 'a

mulher que morreu durante uma transa com o marido’. Em sua mente borbulhavam mil

histórias e situações que pudessem preservá-la, mas ele sabia, ou pensava saber o

quão traumático seria a seus filhos e futuras gerações a história verdadeira. Quando

afinal, sentia-se culpado, e remoía dentro de si qualquer resquício de que houvesse

maneira de não culpar-se.

Os policiais se aproximavam e o sentimento de angústia crescia nele, abraçou o filho

fortemente conduzindo-o para onde estivera sentado, caminhou de encontro aos

policiais apontando para a cozinha.

Prostou-se próximo a porta, ergueu os braços e disse:

-Eu que matei ela.

Um dos policiais aproximou-se , e o indagou das circunstâncias do ocorrido, tendo

como resposta apenas que João falaria na presença de um advogado.

Conduzido à delegacia, João recusou-se a falar, repetia apenas que havia matado

Carmen. Os policiais procuraram de muitas formas coagi-lo, e acabaram assumindo

que João estaria em estado de choque, mantendo-o preso numa cela individual até

que esclarecessem o ocorrido.

Não muito longe dali, Aluizio percebeu a movimentação estranha no entorno do

armazém, seguindo apressadamente para lá. Na sala, Luiz e Raquel se abraçavam

enquanto choravam, quando ele se aproxima, Luiz o percebe e aponta:

-Foi o meu pai, tio, o meu pai matou a minha mãe!

Aluizio sentiu uma pontada no peito, pois lhe parecia impossível que João houvesse

feito tamanha monstruosidade com a mulher que era apaixonado desde os tempos de

sua mocidade. Com alguma dificuldade seguiu caminhando pela casa. O corpo de

Carmen já havia sido removido, e tudo lhe parecia normal.


Em silêncio Aluizio seguiu para fora da casa, e em passos largos para a delegacia,

porque sabia que João não podia ter feito aquilo.

Prontamente foi recebido na portaria, e informado da situação de João. Como eram

conhecidos no local, acabaram cedendo que ele pudesse ver o amigo, advertido de

seu estado.

De certa forma o crime e a lei harmonizavam-se na região, com a delegacia sendo

utilizada apenas para demandas muito precisas e temporárias, de tal forma que João

era o único mantido no local. Aluizio fora conduzido a um estreito e longo corredor pelo

carcereiro, que parou na porta, enquanto ele seguia de encontro ao amigo. Ao

aproximar-se ouvia o ranger de metal com metal, que tornava-se cada vez mais forte,

quando diante de Aluizio, João com o lençol sob o pescoço, estava amarrado ao

portão da cela.

-Socorro, alguém! - gritou Aluizio correndo em direção ao João.

Em vão, tentava erguer o corpo de João, que para seu espanto, chorava em silêncio.

Os policiais chegaram e com a ajuda de mais dois homens conseguiram livrar João

das amarras improvisadas.

No chão, Aluizio aproximou o rosto do amigo que em desespero dizia:

-Eu num consigo, num consigo se matar!

Aluizio foi tirado de lá, enquanto os policiais prestavam os primeiros socorros, sentou-

se numa poltrona, buscando absorver tudo que havia acontecido nos últimos dias e

como de alguma forma conduziram até ali. Em vão, os policiais procuraram convencê-

lo a deixar o local, mas ele não foi e não seria capaz de encarar os ‘sobrinhos

enrustidos’ sem antes ter falado com João, sentia o dever moral, digno dos melhores

homens, em ajudar naquele momento de tamanha dificuldade.

João fora levado para o hospital, sob a companhia do amigo, surpreso por tamanha

calma e normalidade na face de João.

João o olhou e os olhos novamente encheram-se de lágrimas.

- O que ta aconteceno Aluizio? Cê me viu lá num viu? - disse João, engasgado.


- Eu vi. - respondeu friamente.

- Por que eu num consigo Aluizio? O que que eu sou? Será que eu num vo morrer

nunca?

- Que cê fez ca Carmen, João?

- Eu matei ela. - respondeu, com dificuldade, enquanto a voz falhava.

- Purquê João? Purquê cê fez isso ca Carmen??

- Eu só queria morrer Aluizio, eu tentei, mas eu num consigo, será que foi Deus?

Purquê que Deus num salvô a Carmen no meu lugar? Eu num mereço nada disso.

- Como que cê matou a Carmen?! Cê num percebeu João, que as coisas num giram

ao seu redor? Ocê matou a Carmen, João!

João não respondeu, e chorou mais, os paramédicos pediram a Aluizio que ficasse em

silêncio.

No hospital, João foi sedado, mas não dormiu.

Aluizio foi autorizado a entrar no quarto. Inconformado com o amigo, sentou-se

novamente naquela desconfortável poltrona, que a não muito tempo estivera,

enquanto João o acompanhava com o olhar.

- Me mata. - disse João, com a voz desprovida de emoção.

- Que que cê tá falando João? Ta ficando doido? Que que aconteceu ca Carmen João,

cê num matô ela mesmo, matou?

- Eu lembro de quando a Carmen foi pro hospital pra ganhá a Raquel, - João disse,

emocionado - eu tava com muito medo dela morrê. E conversei cum moço, e ele me

falô que tinha umas injeção perigosa, e também tinha uma história de injetá ar na veia

da pessoa. Eu quero que ocê faça isso cumigo Aluizio.

- João, cê num pode prosseuir cu isso, me fala pur favô que que aconteceu! Cê num

matô a Carmen João, ocê num fez isso não!

- Eu nunca tinha te pedi nada tão sério quanto isso, te considero meu irmão. Oia

Aluizio, se ocê fizer isso, eu ti conto tudo, mas cê tem que jurar que vai levar isso pro

seu túmulo.
- Num vô fazê isso cocê João! Ta ficano doido? - quando Aluizio tomou consciência da

oportunidade, e mudou de fala. Pois bem, então eu faço, mas eu vou te dar só a

seringa e ocê que faz.

João incrédulo, pediu a seringa primeiro. E Aluizio cedeu.

- Eu e a Carmen tava fazeno amô, Aluizio, quando ela morreu, eu num sei explicar o

que aconteceu! - respondeu João confuso.

- Como assim João? Purquê cê ta fazendo isso tudo por causa disso?

- Pensa em tudo di bão que a Carmen fez pra nós, na mulher boa que ela era, Aluizio.

- respondeu João chorando. Ela não miricia uma morte indigna, eu num quero que

minha esposa seja lembrada pur isso! Cê nunca vai entender!

- Mas ocê prefere seus fio com raiva docê e pensando que cê é um assassino João?

Eu num posso deixar ocê fazer isso.

Para a surpresa de Aluizio, João nada disse, quando ele se deu conta que João havia

dado cabo no seu intento, os marcadores ligados a ele começaram a fazer barulhos e

sinais aparentemente anormais. Aluizio se levantou e caminhou até a porta, mas antes

que pudesse pedir por ajuda, pôde ouvir os sinais se normalizando, seguido de um

súbito suspiro de João, ao voltar-se para trás, João ergueu o corpo rapidamente,

quebrando as algemas que o prendiam na maca. Assustado, Aluizio correu em direção

ao amigo, que o empurrou para trás, e numa inacreditável demonstração de destreza

saltou pela janela do terceiro andar do edifício.

Antes que Aluizio conseguisse chegar até a janela, pôde ouvir o barulho seco do corpo

de João atingindo o solo. Parou por um instante, até tomar coragem, e ergueu o corpo

pela janela, esquivando-se dos pedaços de vidro, onde para sua surpresa, João

levantava-se com alguma dificuldade, apoiando no piso de concreto quebrado sob

seus pés.

Na porta do quarto, médicos e enfermeiros curiosos apontam, Aluizio caminha

cambaleante por entre eles, rumo ao elevador, mas no meio do caminho o seguram.
 Mah gente, cês tão pensano que eu ia guentar jogá um home daquele tamanho

pela janela? - exclamou ao esquivar-se.

 Bem, até nós sabê o que aconteceu, num podemo deixar o sinhô ir. Me

desculpa, mas o sinhô vai ter que esperá. - disse uma das enfermeiras,

enquanto o conduzia amigavelmente a um assento.

Aluizio esquivou-se enquanto ia em disparada pela porta da escada, enfermeiros e

transeuntes do local tentaram detê-lo, em vão.

Descendo as escadas podia-se ouvir o barulho dos seguranças subindo, tomado de

pavor e preocupação pela complexidade da situação, se conteve por um instante

diante da inevitabilidade de ser contido, sentou-se na escada tomando fôlego

enquanto pensava. Mas não muito tempo depois, sentiu uma leve pontada no peito,

que caminhou pelos seus braços e pernas. Os pêlos de seu corpo subiram, enquanto

os olhos e o corpo cediam ao infarto.

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