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Resumo
Este artigo tem o propósito de apresentar uma visão financeira da gestão da qualidade através
da demonstração dos custos da qualidade em uma unidade fabril de uma empresa
multinacional cujos produtos são máquinas e equipamentos agrícolas, mostrando o
mapeamento dos custos da qualidade, sua implantação e análise para proporcionar à gestão
informações tangíveis financeiras para tomadas de decisões conforme a estratégia da empresa.
Foram utilizados os pressupostos teóricos relacionados aos custos da qualidade tanto para a
coleta como para a análise dos custos. Mediante a análise dos custos levantados foi também
analisado a distribuição dos custos observando que a mesma segue a lógica de modelos
existentes onde os custos com falhas são superiores aos custos para evitar não conformidades.
Notadamente é observado que as atividades da qualidade consomem recursos assim como
qualquer outra área da empresa.
Abstract
This article has the purpose of providing a financial view of quality management through the
demonstration of quality costs in a manufacturing unit of a multinational company, whose
products are agricultural machinery and equipment, showing the mapping of quality costs, its
implementation and analysis to give management tangible financial information for decision
making according to the company's strategy. It was considered the theoretical assumptions
related to the cost of quality for both cost data collection and analysis. Through the analysis of
raised quality costs data, it was observed the distribution of costs follows the logic of existing
models where the costs of failure are higher than costs to avoid noncompliance. Notably is
observed that the quality activities consume resources as well as any other area of the
company.
Keywords: cost of quality, prevention and appraisal costs, internal and external failure costs;
1. Introdução
As empresas ao redor do mundo estão gradualmente buscando promover a qualidade
como o valor central do cliente e a consideram um conceito chave da estratégia empresarial
para alcançar a vantagem competitiva (ROSS E WEGMAN, 1990). Muito se fala em
qualidade como uma questão essencial que está impregnada em cada aspecto relacionado ao
trabalho de uma empresa. A qualidade não somente impacta na natureza do produto ou
serviço realizado, mas também governa o valor financeiro para executá-los. Na verdade,
empresas de classe mundial têm se dado conta que a qualidade começa e termina
considerando o impacto financeiro entre lucro e perda.
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mesmos Dessa forma, será possível trazer à tona a linguagem financeira da qualidade de
maneira a suportar a tomada de decisões da alta administração.
5. Custos ocultos
Outro fator que dificulta o mapeamento integral dos custos da qualidade é que existem
os chamados custos ocultos, que em sua grande maioria são difíceis de serem mensurados.
Um exemplo de custo oculto é a perda de negócios devido aos clientes estarem insatisfeitos
com o produto ou serviço. Quando o cliente reclama, a empresa pode ser responsável pelo
custo do tratamento da reclamação, mas estes custos provavelmente não representarão a
totalidade do real impacto da reclamação. Alguns clientes podem simplesmente não reclamar
e buscar outros parceiros para sanar suas demandas, caracterizando uma perda no negócio.
Também há o efeito cascata de um cliente insatisfeito contar aos outros sobre a sua
experiência negativa com o produto ou serviço.
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Juran (1999) menciona sobre os custos ocultos classificando-os assim por que não são
facilmente de serem medidos e destaca que esses custos ocultos podem se acumular em
grande quantidade podendo chegar a três ou quatro vezes o custo da falha relatada. Abaixo
seguem algum dos custos escondidos mencionados no livro Quality Control handbook (p.
8.10) onde a Figura 1 ilustra bem a invisibilidade dos mesmos quando abordados por sistema
convencionais de custeio:
6. Metodologia
Para este estudo utilizou-se o modelo de estudo de caso que, segundo Yin (2001),
representa uma investigação empírica e é referenciado como um método que segue uma
lógica de planejamento, de coleta e de análise de dados. Um projeto de pesquisa que considera
o método do Estudo de Caso envolve três fases, sendo elas:
5. Recolher e sintetizar os dados. Idealmente, isso deve ser feito pela área
financeira.
6. Apresentar os resultados de custo para gestão, juntamente com os resultados de
uma qualidade de demonstração projeto de melhoria (se disponível).
• Disponíveis no sistema:
o Mão de obra - Garantia de Qualidade / APQP (Planejamento Avançado da
Qualidade do Produto)
o Amostra Análise / custos com PPAP (Processo de Aprovação de Peças de
Produção)
o Mão de obra – Sistema de produção da empresa (Sistema Lean Manufacturing)
o Mão de obra - Qualidade de Fornecedores para novos projetos
o Mão de obra - Engenharia – DFMEA e PFMEA (Análise do Modo e Efeito da
Falha para Projetos e Processos)
o Mão de obra – Protótipos (P1 e P2) na Etapa do Processo de desenvolvimento
de produto
o Mão de obra – Área de Compras relacionada ao desenvolvimento de novos
projetos
o Treinamento
o Pesquisas de Mercado de Clientes (Terceira parte)
o Auditorias de Certificação ISO 9001/ ISO 14000 e OSHAS 18000
• Disponíveis no sistema
o Sucata
o Retrabalhos
o Trabalhos extras
o Perda de produtividade
• Disponíveis no sistema
o Reclamações de garantia
o Campanhas de campo (Recall)
7.3 Terceira Fase - Análise dos dados obtidos baseado numa teoria selecionada para
a interpretação dos resultados
Os resumos dos valores estão disponíveis nas tabelas abaixo onde existe a descrição
do custo, identificação se o mesmo estava disponível ou foi estimado, os valores por trimestre
e o valor total. Pode ser observado que as tabelas são compostas de colunas com a descrição
do custo seguida de origem de obtenção dos dados (disponível no sistema de gestão ou
estimado pela equipe), distribuição trimestral dos valores e valor total.
Mão de obra - Engenharia / redesign – DFMEA e PFMEA x 6.836 5.194 6.606 6.607 25.242
Mão de obra - P1 e P2 na Etapa do Processo de
x 7.743 5.993 7.607 9.223 30.566
desenvolvimento de produto
Mão de obra – Área de Compras relacionada ao
x 5.280 5.257 5.879 6.124 22.539
desenvolvimento de novos projetos
Treinamento x 4.549 4.416 4.350 5.546 18.861
Consultorias para a Qualidade, incluindo sistemas Lean
x 1.693 1.685 1.885 1.964 7.227
Manufacturing
Instrumentos, Poka-Yokes x 4.458 4.328 4.263 5.435 18.484
Auditorias de Certificação ISO900/14000 e OSHAS 18000 x 0 3.056 0 0 3.056
Clínica de Produtos x 3.526 6.743 4.263 3.678 18.210
Pesquisas de Mercado de Clientes (Terceira parte) x 15.162 14.282 16.868 16.901 63.214
Benchmarking da qualidade no mercado x 2.138 3.789 833 3.631 10.391
Custos jurídicos - atendimento à legislação x 1.269 901 1.088 1.431 4.688
Custo Total de Prevenção 74.585 75.739 79.145 86.106 315.575
Tabela 2: Apresentação dos custos de Prevenção
Fonte: Autor deste artigo
O custo total de avaliação é de USD 388.933,00, onde pode ser observado que o
maior custo está na Avaliação de Fornecedores que consiste em alterações do produto, visitas
técnicas e auditorias. O segundo maior custo é de calibração e manutenção de dispositivos.
Cabe salientar que estes dois custos são característicos de empresas metal-mecânica e que os
custos de calibração foram estimados, o que aponta uma deficiência do sistema tradicional de
custeio para a qualidade. O menor custo é o de Equipamentos de Controle de Processo,
característica clara de que a empresa utiliza pouco em inspeções de processos produtivos
efetivamente.
Custo de Falhas Internas (USD) - 2011
Disp
Custo (USD) Estimado 1º Tri 2º Tri 3º Tri 4º Tri Total
Sistema
Sucata x 19.163 23.885 14.466 12.330 69.844
Resíduos de sucata x 4.024 5.016 3.038 2.589 14.667
Reparações em produtos acabado e WIP x 3.392 4.228 2.560 2.182 12.362
Alterações de Engenharia (novas especificações) x 10.010 8.854 11.535 11.291 41.690
Retrabalhos x 90.359 69.397 147.976 42.400 350.132
Trabalhos extras x 7.590 5.829 12.430 3.562 29.411
Análise para a Resolução de Problemas internos e
x 6.674 5.903 7.690 6.607 26.873
garantias
Auditorias de Fornecedores e Programas de Melhoria
x 6.126 6.460 7.405 8.153 28.144
(defeitos relacionado)
Emissões e re-emissões de Documentos (relatórios,
medições, Relatórios de não conformidades, Alertas x 10.010 8.854 11.534 11.291 41.689
para a qualidade, estornos)
Soluções de Manutenção x 2.050 1.399 1.839 2.280 7.567
Inventário (estoque de segurança, buffers) x 14.389 12.130 17.145 16.905 60.569
Demanda de Laboratório para suportar a análise de
x 3.394 3.579 4.102 4.517 15.592
problemas de campo
Perda de produtividade x 5.157 2.795 3.176 6.706 17.834
Tempos de paralisação x 3.320 2.799 3.957 3.901 13.977
Custo Total de Falhas Internas 185.658 161.127 248.853 134.714 730.352
Tabela 4: Apresentação dos custos de Falhas Internas
Fonte: Autor deste artigo
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O custo total de falha interna é de USD 730.352,00, onde nitidamente observa-se que
o custo de retrabalho está em primeiro lugar, representando mais da metade do custo de falhas
interna total. Um ponto importante a salientar é que o custo de sucata está entre os primeiros,
onde, em muitas situações, é resultado de peças ou produtos que não foram possíveis serem
recuperados em retrabalhos internos.
Aqui já pode ser observado que o custo de falha interna é praticamente a soma dos
custos de prevenção e avaliação. Até este momento, o cliente externo não sente o impacto da
qualidade, apesar de que provavelmente estes custos serão repassados a ele. Outro ponto
relevante é que a redução de custos de falhas internas tem uma relação direta com a melhora
da produtividade fabril.
Avaliação;
Falhas; 68% 17%
O valor do ponto ótimo inicial serve para demonstrar que é importante investir nos
custos de prevenção e avaliação até que se igualem aos custos de falhas. Mas ao se investir
em prevenção e avaliação, os custos de falhas também tenderão a reduzir e, em algum
momento, o custo total será menor.
8. Conclusão
Este estudo apresentou a literatura de autores na área de custo da qualidade e a
padronização dos elementos de custo em várias categorias para estabelecer a linguagem
financeira para a alta administração. A primeira conclusão, mais abrangente, é que qualidade
tem um preço (ou custo) e consome os recursos da empresa assim como qualquer outra área.
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9. Referências Bibliográficas
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Oxford. O’Guin, M.C. (1991), The Complete Guide to Activity Based Costing, Prentice-
Hall, Englewood Cliffs, NJ. 1993.
JURAN, J.M. - Quality Control Handbook, 1st ed., McGraw-Hill, New York, NY 1951.
JURAN, J.M. - Quality Control Handbook, 3rdst ed., McGraw-Hill, New York, NY 1974.
JURAN, J.M. - Quality Control Handbook, 5th ed., McGraw-Hill, New York, NY 2000.
CAMPANELLA, J. - Principles of Quality Costs: Principles, Implementation, and Use,
Third Edition. Editor, 1999.
CROSBY, P.B. - Quality is Free, New York: McGraw-Hill, 1999.
CROSBY, P. B. - Qualidade é investimento. Rio de Janeiro, José Olympio, 1994.
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