autônomo, portador da cédula de Identidade/RG nº 12616342 e CPF sob nº 07358861809, residente e domiciliado na Rua Itatiaia, nº 990, Barra do Una, São Sebastião, São Paulo, CEP: 11.624-206, por meio de seu advogado que esta subscreve (doc. 1), vem à Vossa Excelência, propor
AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO
ASSISTENCIAL AO IDOSO
em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL,
pelos fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:
PRELIMINARMENTE
DA COMPETENCIA DELEGADA
De acordo com a previsão constitucional do
artigo 109, § 3º que autoriza a apreciação de demandas ajuizadas conta o Instituto Nacional da Previdência Social perante a justiça estadual, na hipótese de naquela comarca não haver justiça federal, exatamente como ocorre no caso dos autos. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA O autor encontra-se sem condições de trabalhar devido ao acidente, não possuindo condições financeiras para arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua família, conforme declaração de hipossuficiência.
Por que razão, com fulcro no artigo 5º, LXXIV
da Constituição Federal e pelo art. 98 do CPC, requer seja deferida a Gratuidade de Justiça ao Requerente.
DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA – IDOSO
Inicialmente cumpre esclarecer que o Autor é
pessoa idosa, contando com mais de 60 (sessenta anos) conforme prova que faz em anexo 01, razão pela qual tem direito à prioridade da tramitação da presente demanda, nos termos da Lei nº 10.741/2013 (Estatuto do Idoso) e do art. 1.048, inciso I, do CPC.
DOS FATOS
O requerente pleiteou a Assistência ao Idoso
(LOAS), mesmo contando com 67 anos, o benefício de nº XXXXX foi indeferido, conforme demonstra a negativa anexa (doc. 02). Tal Alegação não deve prosperar, vejamos: DO DIREITO
O benefício de prestação continuada, previsto
na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) em seu art. 20 que assim dispõe:
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia
de um salário- mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei 12.435, de 2011)
§ 10. Para os efeitos do disposto no caput, a família é
composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.
Assim, após preenchidos todos os requisitos
que autorizam a concessão do benefício, outro não poderia ser a decisão, senão o imediato deferimento do pedido, afinal:
1. O autor conta com mais de 65 anos de idade;
2. O autor está impossibilitado de prover seus próprios meios de subsistência ou tê-la provido pela família. A idade é incontroversa pelo documento de identidade que colaciona em anexo. Já a renda, motivo do indeferimento do pedido, é composta apenas por R$ 937,00 (novecentos e trinta e sete reais) para atender o autor e a cônjuge, tal valor não se revela suficiente para manter as necessidades básicas de ambos, passando por grandes dificuldades financeiras. Afinal, as despesas do Autor são composta de alimentação, remédios, luz, água, o que evidentemente demonstra que tal quantia não é o suficiente para manutenção da família.
DA APLICAÇÃO RELATIVA DO LIMITE LEGAL DA RENDA
Cabe salientar que o limite da renda, previsto
no §3º do art. 20 da Lei n. 8742/93, não deve mais ser encarado como um critério objetivo da condição ou não de miserabilidade do Autor, mas apenas como valor de presunção.
Isso porque o Supremo Tribunal Federal, ao
analisar os recursos extraordinários 567.985 e 580.963, reconheceu a inconstitucionalidade do § 3º do art. 20 da Lei 8.742/1993 bem como o parágrafo único do art. 34 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) que previam o critério econômico objetivo como limitador do benefício.
Afinal, deve ser considerado se a renda
mantém as condições mínimas de dignidade da pessoa humana, pois, o salário mínimo não alcança o alto de inflação que assola nossa economia.
Portanto, o fato a ser considerado é que a
parte Requerente é submetida a viver em estado de miserabilidade, cabendo outros meios de provas, conforme entendimento dos tribunais:
ASSISTÊNCIA SOCIAL,. APELAÇÃO CIVIL,. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE
PRESTAÇÃO CONTINUADA. IDOSA. RENDA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MINIMO. EXISTÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS QUE INDICAM SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE. MISERABILIDADE COMPROVADA. –A Constituição garante à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir meios de prover sua própria manutenção o pagamento de um salário mínimo mensal. Trata-se de benefício de caráter assistencial, que deve ser provido anos que cumprirem tais requisitos, independentemente de contribuição à seguridade social. A autora tem 65 anos, conforme demonstra a cópia de sua Cédula de Identidade. Cumpre, portanto, o requisito da idade para a concessão do benefício assistencial, nos termos do art. 20, caput da LOAS – Quando à miserabilidade, a LOAS prevê que ela existe quando a renda familiar mensal per capita é inferior a ¼ de um salário mínimo (art. 20, §3º), sendo que se considera como “família” para aferição dessa renda “o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto” (art. 20, §1º) – Embora esse requisito tenha sido inicialmente declarado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Direita de Inconstitucionalidade nº 1.232-1, ele tem sido flexibilizado pela jurisprudência daquele tribunal. Nesse sentido, com o fundamento de que a situação de miserabilidade não pode ser aferida através de mero cálculo aritmético, o STF declarou, em 18.04.2013, ao julgar a Reclamação 4.374, a inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, e do art. 20 , § 3º, da LOAS – Seguindo essa tendência foi incluído em 2015 o § 11 ao art. 20 da LOAS com a seguinte redação: §11. Para concessão do beneficio de que trata o caput deste artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da condição de vulnerabilidade, conforme regulamento – No caso dos autos, pelo estudo social (fls. 101/102) compõem a família da Sra. Nair ela (sem renda) o seu esposo, Sr. Mário de Arruda, 72 anos, que recebe aposentadoria por invalidez no valor de R$ 990,00
Assim, admite-se a possibilidade de outros
meios de prova para verificação da hipossuficiência familiar, cabendo ao julgador, na análise do caso concreto, aferir o estado de miserabilidade do autor e de sua família.
DO CÔMPUTO ISOLADO DA RENDA DO IDOSO
Mister ressaltar ainda, que o benefício auferido pela
cônjuge não pode ser computado para o limite da renda familiar, conforme redação expressa do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003): Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS. (vide Decreto nº 6.214, de 2007)
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da
família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS.
O objetivo do Legislador foi preservar a renda mínima
recebida pelo idoso (no montante de um salário mínimo), excluindo- a do cálculo da renda per capita familiar, para fins de assegurar a dignidade do idoso, por analogia, tal regra deve ser estendida aos demais benefícios de renda mínima, sejam eles de natureza assistencial ou previdenciária.
Nesse sentido, a Advocacia Geral da União editou
Instrução Normativa 02/2014 dispensando a interposição de recursos de decisões judiciais que conferem interpretação extensiva ao parágrafo único do dispositivo acima referido.
A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS), ao
regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovarem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, dessa forma, cumpridos os requisitos o benefício deve ser imediatamente concedido. PEDIDOS
Diante de todo o exposto, Requer a Vossa
Excelência:
1. A concessão do benefício da gratuidade de justiça, por ser o
Autor pobre na acepção legal do termo, nos termos do art. 98 do Código de Processo Civil; 2. Que seja deferido a prioridade na tramitação do processo uma vez que o autor é idoso, nos termos do art. 71, da Lei 10.741/2003; 3. A citação do INSS, para, querendo responder a presente ação; 4. Ao final, seja julgado totalmente procedente o pedido para condenar a ré para que proceda a concessão do beneficio assistencial da LAOS e pague os retroativos devidos desde a data do requerimento administrativo, sob pena de multa diária; 5. A condenação do Réu ao pagamento de honorários, nos termos do art. 85 do CPC/15; 6. A produção de todos os meios de prova, principalmente a documental e a pericial.
Dá-se à causa o valor R$
Nestes termos, pede deferimento.
Renata Castro de Oliveira
OAB/SP: 401.991 Portanto a renda per capita familiar mensal é de R$ 495,00, superior a ¼ de um salário mínimo (equivalente a R$ 220,00). Entretanto, a autora reside em casa alugada, no valor de R$ 500,00, com gastos de água e energia elétrica que totalizam R$ 160,00 por mês. Embora não tenham sido especificados outros gastos, apenas esses gastos básicos já consomem 66% da renda do casal, que depende de doações para prover sua alimentação – Além disso, conforme relato do estudo social, o imóvel alugado não apresenta boas condições, com problemas de fiação e infiltração de agua. A assistente social relata, ainda, que os utensílios e móveis da casa são igualmente precários – Tanto a autora quanto seu marido são idosos, ela com 66 anos e ele com 72 anos. Ambos necessitam de medicamentos de uso continuo, que recebem em sua maioria da Farmácia Popular, mas consta que um deles, para a circulação, não é fornecido gratuitamente e não pode ser adquirido pela autora em razão de seu custo de R$ 150,00 – Neste sentido, apesar da renda familiar per capita da família da autora ser superior a ¼ do salário mínimo, está configurada a situação de miserabilidade, sendo de extrema necessidade o benefício assistencial – Recurso de apelação a que se nega provimento. (TRF-3 – Ap: 00240219820174039999 SP, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL LUIZ STEFANINI, Data de Julgamento: 19/02/2018, OITAVA TURMA, Data de Publicação: e- DJF3 Judicial 1 DATA: 19/03/2018)