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FORÇAS PRODUTIVAS E RELAÇÕES DE PRODUÇÃO

(Fonte: Dicionário do Pensamento Social – Tom Bottomore, 1996)

Em todas as obras econômicas da maturidade de Marx está presente a ideia de que uma contradição entre as forças
produtivas e as relações de produção subjaz à dinâmica do modo de produção capitalista. De maneira mais geral, essa
contradição explica a existência da história como uma sucessão de modos de produção, já que leva ao colapso necessário
de um modo de produção e à sua substituição por outro. E o binômio forças produtivas/relações de produção subjaz, em
qualquer modo de produção, ao conjunto dos processos da sociedade, e não apenas ao processo econômico. A conexão
entre forças produtivas/relações de produção e a estrutura social foi descrita, numa das formulações mais sintéticas de
Marx, no “Prefácio” à Contribuição à crítica da economia política.
Na produção social de sua vida, os homens estabelecem relações definidas indispensáveis e independentes de
sua vontade, relações de produção que correspondem a um estágio definido do desenvolvimento de suas
forças produtivas materiais. A soma total dessas relações de produção constitui a estrutura econômica, a base
real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política (…).
O poder que a contradição entre as relações de produção e as forças produtivas tem de atuar como motor da
história é afirmado no mesmo texto: “em um certo estágio de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da
sociedade entram em conflito com as relações de produção existentes (…) dentro das quais até então funcionaram”; e
ainda: “de formas de desenvolvimento das forças produtivas, essas relações convertem-se em obstáculos a elas”,
iniciando-se, desse modo, uma revolução social. O conceito de forças produtivas de Marx abrange os meios de produção
e a força de trabalho. O desenvolvimento das forças produtivas compreende, portanto, fenômenos históricos como o
desenvolvimento da maquinaria e outras modificações do PROCESSO DE TRABALHO, a descoberta e exploração de novas
fontes de energia e a educação do proletariado. Restam, porém, vários elementos cuja definição é discutida. Alguns
autores encaram a própria ciência como uma força produtiva (e não apenas as transformações dos meios de produção
que dela resultam), e há quem considere o espaço geográfico como uma força produtiva (Cohen, 1978, cap.II).
As relações de produção são constituídas pela propriedade econômica das forças produtivas. No capitalismo, a mais
fundamental dessas relações é a propriedade que a burguesia tem dos meios de produção, ao passo que o proletariado
possui apenas a sua força de trabalho. A propriedade econômica é diferente da propriedade jurídica, pois está referida
ao controle das forças produtivas. Num sentido jurídico, os trabalhadores que possuem direitos sobre um fundo de
pensões podem ser considerados como proprietários de ações das companhias nas quais esse fundo de pensões investe
e, dessa forma, indiretamente, como proprietários jurídicos dos seus meios de produção (embora mesmo essa
interpretação da posição jurídica esteja sujeita a críticas com base na suposição de que a propriedade de ações é um título
legal que dá direito a rendimentos, mas não aos meios de produção). Mesmo que não fosse assim, porém, os
trabalhadores não dispõem, certamente, do controle sobre esses meios de produção e, portanto, não têm a propriedade
econômica (ver PROPRIEDADE).
A maneira pela qual o desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção ocorre e os efeitos desse
desenvolvimento têm constituído o objeto de uma das principais controvérsias no pensamento marxista. A interpretação
mais estreita e generalizada da famosa passagem do “Prefácio” é a seguinte: dentro de um modo de produção há uma
correspondência entre forças produtivas e relações de produção e, secundariamente, como resultado disso, entre as
relações de produção e as relações jurídicas, ideológicas e outras relações sociais (essa segunda correspondência é a que
existe entre BASE (ou infraestrutura) e SUPERESTRUTURA). Nessa correspondência, há um primado das forças produtivas;
as relações de produção são determinadas pelas forças produtivas e, por sua vez, determinam a superestrutura. Essas
posições respectivas dos três elementos na cadeia de causação adquirem significação a partir de suas implicações para o
desenvolvimento histórico. Assim, o desenvolvimento das forças produtivas leva a uma contradição entre elas e as
relações de produção (que “se convertem em obstáculos a elas”), e a intensificação dessa contradição leva ao colapso do
modo de produção existente e de sua superestrutura. O problema dessa interpretação do papel histórico fundamental
das forças produtivas e das relações de produção gira em torno de uma questão central: será válido conceber as forças
produtivas como os principais motores da história? No renascimento da teoria marxista que teve lugar no terceiro quartel
do século XX, essa interpretação da tese de Marx foi motivo de considerável crítica. Alguns autores levantaram a
importante consideração de que a tese parecia encerrar uma implicação política que estava sendo rejeitada:
argumentava-se que a política de rápida industrialização promovida por Stalin, com sua coletivização forçada e sua
repressão política, tinha origem nessa concepção do primado das forças produtivas (e que Trotski estava de acordo com
ela), de tal modo que, se as forças produtivas na União Soviética se pudessem tornar em pouco tempo forças produtivas
características da indústria moderna, as relações socialistas de produção nelas encontrariam sua base adequada. Além
disso, os próprios textos de Marx pareciam, para esses autores, ambíguos quanto ao primado das forças produtivas: em
certas passagens, Marx escreve como se as relações de produção dominassem as forças produtivas e nelas gerassem
transformações. No primeiro livro de O Capital, por exemplo, particularmente na análise do desenvolvimento da
subordinação real do trabalho ao capital, Marx escreve como se as relações capitalistas de produção revolucionassem os
instrumentos de produção e o processo de trabalho. Tais formulações não constituem, porém, forçosamente, um
problema para a ideia do primado das forças produtivas se o marxismo puder oferecer uma concepção da articulação
entre forças produtivas e relações de produção na qual elas interagissem, mas em que as forças produtivas fossem, de
algum modo, determinantes tanto das relações de produção como da maneira segundo a qual forças produtivas e relações
interagem. Mas os próprios textos de Marx são omissos quanto a isso, e alguns autores argumentam que tais textos
excluem a possibilidade dessa interação entre dois elementos distintos porque combinam ou “fundem” forças produtivas
e relações de produção, constituindo as primeiras uma forma das relações de produção. (Cutler et al., 1977, cap.5; Balibar,
1965.)
A ideia de que as forças produtivas têm o primado, apesar dos problemas que apresentam, foi vigorosamente
reafirmada por Cohen (1978; ver também Shaw, 1978), que demonstra a coerência da tese em seus próprios termos e
argumenta que ela tem uma centralidade válida, lógica, nos próprios escritos de Marx. A dificuldade básica para
compreender a relação entre forças produtivas e relações de produção está em que, embora elas sejam vistas como
necessariamente compatíveis entre si dentro de um modo de produção, as forças produtivas devem desenvolver-se de
uma maneira que favorece o amadurecimento de uma contradição ou incompatibilidade entre elas e as relações de
produção: seu progresso, portanto, tem um elemento de assimetria, e de uma assimetria que é antes necessária e
sistemática do que acidental. Assim, “compatibilidade” não pode significar determinação mútua e igual. Poderia significar
que as relações de produção se desenvolvem, provocando o desenvolvimento das forças produtivas, as quais, por sua
vez, reagem sobre as relações de produção, mas de tal modo que o efeito das relações de produção sobre as forças
produtivas é multiplicado ao passo que o efeito das forças produtivas sobre as relações de produção é atenuado. Se isso
ocorresse, as relações de produção teriam o primado, mas o amadurecimento das forças produtivas não levaria à
constituição dos “obstáculos” que caracterizam a contradição. Cohen, porém, não leva em consideração tal interpretação.
Em lugar dela, argumenta que o desenvolvimento das forças produtivas é primordial porque resulta de um fator que é,
num certo sentido, exógeno. Para ele, há uma força motora que está fora das forças produtivas e das relações de produção
e que atua, primeiro, sobre as forças produtivas. Para Cohen, essa força motora é a racionalidade humana, um impulso
racional e sempre presente dos seres humanos no sentido de tentar melhorar sua situação e superar a escassez pelo
desenvolvimento das forças produtivas.
A ênfase que Cohen atribui à busca racional que os seres humanos desenvolvem no sentido da realização de seu
interesse de superar as necessidades materiais é o elo mais fraco, embora crucial, da defesa que ele faz da concepção de
Marx sobre o primado das forças produtivas. Como argumentam Levine e Wright (1980), mesmo que a ação dos interesses
humanos seja vista no contexto dos interesses de classe, evitando-se com isso um individualismo não marxista, ela
negligencia a questão das possibilidades das classes. Os interesses de uma classe não têm garantida sua eficácia na criação
da história. Levine e Wright definem possibilidades de classe “como os recursos organizacionais, ideológicos e materiais
disponíveis para as classes na luta de classes” e argumentam que a “transformação dos interesses em práticas é o
problema central de qualquer teoria adequada da história”. Isso se torna, decerto, uma questão particularmente aguda
quando a teoria das forças produtivas e das relações de produção enfrenta o problema do tipo de contradição que levará
ao colapso do modo de produção capitalista e à instalação do socialismo. Os autores que argumentam em favor da
importância tanto das possibilidades de classe como dos interesses de classe na realização dessa transformação
pretendem, com isso, estar postulando a significação da luta de classe por oposição ao determinismo econômico de um
desenrolar inexorável do desenvolvimento contraditório das forças produtivas e das relações de produção em resposta a
um interesse humano básico. (Ver também MATERIALISMO HISTÓRICO.)

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