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EM BUSCA DA CONSCIÊNCIA
QUE ESTÁ POR VIR
Francisco Di Biase
(Organizador)
1
Em busca da Consciência que está por vir DI BIASE, Francisco (Org.)
ÍNDICE
PARTE I
CONSCIÊNCIA, COGNIÇÃO E NEUROCIÊNCIA
PARTE II
CONSCIÊNCIA, AUTOCONHECIMENTO E TRANSDISCIPLINARIDADE
PARTE III
CONSCIÊNCIA, EDUCAÇÃO E TRANSPESSOALIDADE
2
Em busca da Consciência que está por vir DI BIASE, Francisco (Org.)
PARTE IV
CONSCIÊNCIA, FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
PARTE V
CONSCIÊNCIA E GESTÃO ORGANIZACIONAL INTEGRAL
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Em busca da Consciência que está por vir DI BIASE, Francisco (Org.)
P R E F Á C IO DO O R G ANIZADO R
Francisco Di Biase, Grand PhD
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Em busca da Consciência que está por vir DI BIASE, Francisco (Org.)
Esse livro, com suas múltiplas colocações, pretende trazer para o grande
público brasileiro, e para os profissionais e estudantes interessados neste vibrante
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Em busca da Consciência que está por vir DI BIASE, Francisco (Org.)
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Em busca da Consciência que está por vir DI BIASE, Francisco (Org.)
PARTE I
CONSCIÊNCIA, COGNIÇÃO E NEUROCIÊNCIA
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) DI BIASE, Francisco
Capítulo 1
CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA
O Cérebro Holoinformacional
Francisco Di Biase 1
Resumo
O autor propõe um modelo quântico-informacional holográfico das interações
cérebro-consciência-universo baseado nas redes neurais holográficas de Karl
Pribram, na teoria quântica de David Bohm, e na lógica da não-localidade do campo
quântico de Umezawa. Este arcabouço conceitual permite desenvolver uma visão da
consciência, em que a dinâmica informacional-holográfica do cérebro humano
interage com a natureza quântico-holográfica do universo. Esta interconexão se faz
otimizando o modo de tratamento holográfico da informação neuronal por meio do
aumento da sincronização das ondas cerebrais. Estados alterados de consciência
geradores de tranquilidade receptiva profunda, como práticas de meditação, oração
e relaxamento comprovadamente aumentam a sincronização e a coerência das
ondas cerebrais no eletroencefalograma com mapeamento cerebral
computadorizado. Estes estados alterados de consciência podem criar um estado de
consciência não-local que interage de modo holoinformacional com o campo
quântico universal, estimulando a interatividade natural entre a consciência humana
e o universo, permitindo à mente humana acessar informação cósmica.
Abstract
The author proposes a quantum-informational holographic model of brain-
consciousness-universe interations based in the holographic neural networks of Karl
Pribram, in the quantum theory of David Bohm, and in the non-locality logics of the
quantum field of Umezawa. From this conceptual framework he develops a vision of
consciousness in which the holographic-informational dynamics of the human brain
interacts with the quantum-holographic nature of the universe by means of the
optimization of the holographic treatment mode of neuronal information that highs the
synchronization of the cerebral waves. Altered states of consciousness that are
generators of profound and receptive tranquility, as practices of meditation, prayer
and relaxation, proved to high the synchronization and coerence of the brain waves
1 Grand PhD Academie Europeènne D’Informatisation, Bélgica. PhD, Full Professor, World
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in EEG and brain mapping. These altered states of consciousness can create a non-
local conciousness state that interacts in a holoinformational mode with the universal
quantum field of the universe stimulating the natural interactivity between the human
consciousness and the cosmos, that allows the human mind to access cosmic
information.
Introdução
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O UNIVERSO HOLOGRÁFICO
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REFERÊNCIAS
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Capítulo 2
CIÊNCIA E COGNIÇÃO
Francisco Antonio Pereira Fialho1
RESUMO
Este artigo pretende tecer considerações sobre as inter relações entre temas como
consciência, cognição e memória. Banidos pela ciência positivista, “mente e
consciência” retornam, com força total, ao cenário das especulações acadêmicas.
Gardner (2000) diz que ensinamos: o que é verdadeiro, uma racionalidade; o que é
certo, uma ética; e o que é belo, uma estética. Libertando a bela da fera,
convidamos a Arte para dialogar com o leitor, sem sofismas, numa busca socrática
pela verdade em si, platônica ou, pelo menos, pela verdade relativa em que a visão
de Leibiniz, e não a de Newton, insiste em que caminho, caminhante e caminhar só
existem juntos, não podendo ser separados.
Palavras-Chave: Consciência, Cognição, Memória e Arte.
ABSTRACT
This article intends to plot considerations about the interrelations between themes
like consciousness, cognition, and memory. Banished from the positive science,
“mind and consciousness” returned in “total strength” to the scenery of academic
speculations. Gardner (2000) established that we teach: the truth, a rationality; the
right, an ethic; and the beauty, an aesthetic. Freeing the beauty from the beast, we
invited Art to dialogue with the reader, without sophism, in a Socratic search for the
platonic truth or, at least, for a relative truth where Leibniz and not Newton insist that
walking pass, walker, and walk exist only together without the possibility of exhisting
apart.
Keywords: Consciousness, Cognition, Memory, and Art.
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INTRODUÇÃO
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O fato real é um só. O significado dado pelo observador muda este fato, o
qual passa a ser a síntese do objeto em si com o olho da mente do observador. Essa
síntese permite que o observador veja o que não existe ou não veja o que está
diante dos seus olhos.
Teilhard de Chardin entende a consciência como uma emergência resultante
da complexidade das relações que uma entidade estabelece com outras a sua volta.
Esse conceito de emergentes foi primeiramente utilizado pelos psicólogos da Gestalt
(Kofka, 1935, por exemplo) ao propor que quando um sistema alcança um certo grau
de complexidade efeitos imprevisíveis podem ocorrer, trazendo algo absolutamente
novo, propriedade do todo e não das partes.
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F ÍS IC A E C ONS C IÊ NC IA (S E R É P E NS AR )
4 Você pode apostar que sim. Somos máquinas e pensamos, não somos?
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(...)a consciência não-local opera não com continuidade causal, mas com
descontinuidade criativa – de um momento a outro, de um evento a outro,
como acontece quando é gerado um colapso da função da onda do cérebro-
mente. A descontinuidade, o salto quântico, é o componente essencial da
criatividade.
Capra (1997, p. 182) nos lembra que “a força motriz da evolução, de acordo
com a teoria emergente, deve ser encontrada não em eventos casuais de mutações
aleatórias, mas sim, na tendência inerente da vida para criar a novidade, na
emergência espontânea de complexidade e de ordem crescentes”.
Conhecer é criar, insistem Piaget e Varela. Este ser que se percebe inteiro e,
portanto, insiste em (re) criar-se continuamente, também percebe (e cria) o mundo
de uma maneira completamente diferente, sentindo-se sujeito que cria a sua própria
realidade (colapso quântico), assumindo novos valores e responsabilidades frente à
sua própria existência, perante a sociedade onde vive, o planeta e o cosmos.
Perceber-se e perceber o mundo desta maneira inteira leva à criação de
novos significados a partir das vivências em estados ampliados de consciência.
Tudo isto nos leva a pensar em um novo jeito de conhecermos a realidade e a nós
mesmos. Uma maneira não linear, acausal, que não nega o conhecimento racional,
mas o amplia.
De acordo com a teoria dos sistemas vivos, a mente não é uma coisa mas
sim um processo – o próprio processo da vida. Em outras palavras, a atividade
organizadora dos sistemas vivos, em todos os níveis da vida, é a atividade mental.
As interações de um organismo vivo – planta, animal ou ser humano – com seu meio
ambiente são interações cognitivas, ou mentais. Desse modo, a vida e a cognição se
tornam inseparavelmente ligadas. A mente – ou, de maneira mais precisa, o
processo mental – é imanente na matéria em todos os níveis da vida (Bateson e
Maturana, apud Capra, 1997, p. 144).
Em Jung, o quarto movimento da consciência, quinto de Hegel, corresponde à
extinção radical das projeções. Esta extinção leva a um “centro vazio”. O homem de
quarenta perdeu sua alma e está em busca dela. É preciso sair do ciclo persona-
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C ONS C IÊ NC IA E A R T E (S E R É S E NT IR – A V IAG E M E M B US C A DO S E L F )
O ser humano interage diariamente desde que nasce com outros seres e com
o meio. Parte daí o processo de aprendizagem por imitação para a sobrevivência da
espécie.
As idéias em Platão são algo puro e cristalino, nossa própria essência. A arte
verdadeira transcende toda e qualquer forma de conflito interno que o ser humano
possa sentir: “arte como um intermediário especial do espírito para o Absoluto e o
inteligível”, (...) “uma espécie de revelação superior” 5.
Plotino faz referência à arte como uma espécie de revelação divina: a arte era
um meio para conhecer a verdade. A arte intuía as essências. Vai além de uma
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simples produção. Embora a arte se apresente como material, o que ela representa
é imaterial. Ela possui um significado interior e inteligível 6.
6 Idem, p. 8.
7 DEIKMAN, Arthur. Liberdade pessoal. Rio de Janeiro: Record; s.d., p. 19.
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De fato, a arte nos toca e nos emociona, ao mudar, continuamente, sua forma
de expressar-se. Comunicação é expressão. Os diversos tipos de arte expressam as
mais variadas formas de comunicação. A própria natureza vem sendo tocada e
transformada. Nos aproximamos dela, sem medo, quando nos remete a lembranças
boas e agradáveis. Pode, também, despertar o oposto, desgosto seguido de
rechaço. Cada obra provoca e estimula sensações no espectador. Quanto mais
profunda a comunicação entre arte e receptor maior o silêncio, menos possibilidade
de palavras, menos explicação.
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que ela faz, ensina a lógica do objeto: A não é B. A idéia do objeto nasce
com a bola que rola. A bola, um objeto; a bola, uma idéia. 9
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matéria, chegando a ser descrita como a ‘pedra que tem um espírito (pneuma)’ que
deve ser extraído dela“ (Jung, 1990).
C ONC L US Ã O
É noite. O teatro está deserto e assombrado. O público foi para casa, bem
abrigado, bem vestido. Aí depôs inúmeros instantes sucessivos cujo
espetáculo durante três horas o revestiu. A sala, onde range uma última
poltrona, ainda vibra apenas com o eco dessa monstruosa batida de
coração coletivo e tende para o mesmo silêncio absoluto que reina no palco,
agora vazio de qualquer ilusão. A sala, como um amontoado de ossos; a
cena, como um cubo enorme e preto (...). O tempo parou. Todo movimento
está bloqueado. Como uma poeira, o ar repousa. 10
Etienne Decroux
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R E F E R E NC IAS
KONESKI, Anita Prado. A questão da arte e suas funções ao longo dos tempos. A
problemática da autonomia da arte (texto apoio). P. 5.
VON FRANZ, M-L. C. G. Jung: Seu mito em nossa época. São Paulo: Cultrix, 1992.
VON FRANZ, M-L. A interpretação dos contos de fada. São Paulo: Paulus, 1990.
ZWEIG, C.; WOLF, S. O jogo das sombras: iluminando o lado escuro da alma. Rio
de Janeiro: Rocco, 2000.
HILLMAN, J. Entre vistas: conversas com Laura Pozzo sobre psicoterapia, biografia,
amor, alma, sonhos, trabalho, imaginação e o estado da cultura. São Paulo:
Summus, 1989.
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Capítulo 3
PSICOLOGIA DA CONSCIÊNCIA
Consciência e Inconsciente Emocional
Resumo
Foram procuradas evidências empíricas de que o priming afetivo não consciente pode afetar a
consciência. Neste experimento foram apresentados estímulos afetivos visuais subliminares,
imagens, para demonstrar o efeito no desempenho na tarefa de atenção. Este fenômeno é chamado
de priming afetivo subliminar. Neste estudo foi escolhida uma amostra composta por vinte pessoas,
estudantes universitários com visão normal. Esta pesquisa tem como objetivo estudar os efeitos do
priming de conteúdo emocional não consciente na consciência e seu efeito no desempenho de
tarefas cognitivas especialmente aquelas que demandam atenção. A coleta dos dados será efetuada
através das tarefas em computador e mensurada em milissegundos com dados de freqüências de
desempenho e com EEG eletroencefalograma de alta resolução.
Palavras-chave: priming afetivo, consciência, inconsciente emocional, tarefa, atenção.
Introdução
A Psicologia da Consciência conceitua o homem de forma integral, um ser
bio-psico-social e espiritual. A emergência atual da humanidade possibilita a
percepção de transição da era do conhecimento para a era da consciência.
Minimizar as cisões criadas dentro das ciências é fator fundamental neste momento
onde a emergência se faz necessária devido a grande mudança de paradigmas pela
qual passa a humanidade. A Psicologia da Consciência percebe a importância das
interdisciplinas, isto é, a integração dos mais avançados estudos da física moderna,
da filosofia, da neurologia, psicofisiologia, psicossomática, psicologia social,
biopsicologia.
Ela baseia-se no principio de que o ser humano é corpo energia e consciência
em constante transformação em processo de desenvolvimento e evolução. Esta
consciência usa como veículo de expressão a energia que no organismo foi
denominada pelo Dr. Sigmund Freud de energia sexual e depois simbolicamente de
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libido e elaborada por outros pesquisadores como energia psíquica e mais tarde
bioenergia na abordagem em psicologia corporal. Esta energia que se manifesta de
várias formas, graus e níveis, possibilita que a consciência possa se desenvolver
evolutivamente e se expressar passando por diversas etapas Borine (2006). Em sua
origem a consciência surge como um sentimento Damásio (1998), depois o pensar,
o intuir, os estados psicoenergéticos e os alterados da consciência até o mais
elevado estado da consciência denominado de experiência de pico, cósmica ou
totalidade.
No sentido social a consciência avança com o despertar do Eu, a percepção
do outro, a família, o Estado, a sociedade os níveis transpessoais. O ser humano
precisou passar por diversas escalas evolutivas desde a consciência simples
atingindo a consciência de si mesmo, para poder experimentar o estado de
consciência que chamamos de consciência cósmica. Hoje temos pesquisadores do
cérebro da mente e da consciência, principalmente com o advento de novas
tecnologias e aparelhos de última geração com a intenção de situar e compreender
a consciência como parte do organismo humano.
Com esta conquista de pesquisas mais profundas o ser humano começa a
perceber o planeta Terra e o Universo como um organismo vivo que tem uma
relação direta e sistêmica com sigo mesmo. O ser humano é capaz de transformar e
superar sentimentos e desafios com amplitude como seus processos de crises
pessoais que vivencia no decorrer da existência em várias etapas de sua
maturidade. Sua capacidade de percepção e criatividade se intensifica em qualidade
e profundidade e seu senso ecológico é consequência da expansão da sua
consciência. A Psicologia da Consciência é a integração do ser bio psico social e
cósmico ou ainda a tríade corpo mente e espírito. Ela se fundamenta no princípio de
que o ser humano é energia, isto é, organismo e consciência em contínua
transformação (Borine, 2005).
Esta consciência possui direcionamento autônomo e pessoal num processo
de desenvolvimento, evolutivo e holárquico (WILBER, 1986). A consciência tem
como veículo de expressão a energia psíquica através das manifestações mentais.
O estudo da consciência mostra-nos como é artificial a fragmentação da atividade
psíquica em diferentes partes ou em funções isoladas da consciência. Não existem
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sistema cerebral emocional, responsável pela gênese e controle das mais diversas
emoções.
Sabe-se que o hipocampo, estrutura central na gênese da emoção segundo
Paul MacLean, tem uma participação menor nas funções emocionais e autonômicas
que na cognição Le Doux (1998). Alterações no hipocampo, corpos mamilares e
outras regiões do circuito de Papez, como o tálamo anterior, exercem efeitos
relativamente insignificantes sobre as funções emocionais, mas produzem graves
distúrbios na memória. Além disso, outras regiões não incluídas no sistema límbico,
como algumas estruturas mesencefálicas, têm participação fundamental na gênese
e regulação das reações emocionais.
Le Doux (Id. Ibid.) sustenta que as emoções possuem grande valor adaptativo
para o indivíduo. Porém, se diferentes emoções estão associadas a diferentes
funções de sobrevivência como proteção contra o perigo, alimentação, reprodução,
cuidados com a prole, cada uma delas provavelmente requer diferentes sistemas
cerebrais. Emoções diferentes possivelmente são mediadas por redes cerebrais
distintas, módulos diferentes, não havendo assim um único sistema emocional no
cérebro, mas vários. Neste sentido, há fortes indícios da existência de um sistema
cerebral responsável pelo processamento de informações aversivas e organização
das respostas comportamentais a situações de perigo (Graeff, 1981, 1990; Brandão,
1993, 1999; Le Doux, 1994).
Cognição e emoção parecem atuar de forma não consciente e que apenas, o
resultado da atividade cognitiva e emocional é percebido e adentra nossa mente
consciente, mesmo assim apenas em alguns casos.
Não há um único sistema emocional que dá origem às nossas emoções, mas
sim diversos sistemas sendo que cada um deles desenvolveu-se com a finalidade
funcional diferente e produz diferentes espécies de emoção (Borine, 2005). Esses
sistemas operam fora da esfera da consciência e constituem o inconsciente
emocional, Le Doux (2002).
O PRIMING SUBLIMINAR
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voluntários relações com letras ou figuras geométricas a uma distância tão grande
que quando perguntados sobre o que viam todos diziam que não conseguiam
distinguir nada além dos borrões. Depois pediam as pessoas que tentassem
adivinhar em um questionário de múltipla escolha as figuras que haviam sido
mostradas. Como o nível de acerto era maior do que o que seria obtido ao acaso, os
pesquisadores concluíram que as pessoas haviam sido afetadas pelas imagens
(Psychological Investigation of Unconscious Perception” Philipe Merikle, Journal of
Counsciousness Studies, 5, 1998). Nos anos 70 pessoas foram submetidas a
estímulos subliminares. Maior quantidade de informação, dividido por menos tempo
de exposição. Exibiram ideogramas chineses aos voluntários e depois pediram a
eles que tentassem adivinhar num teste de múltipla escolha se os ideogramas
tinham significados positivos ou negativos.
Para algumas pessoas as imagens foram precedidas por imagens
subliminares de figuras sorridentes ou tristes de tal maneira que nenhuma pessoa
reportou tê-las visto Zazonc (1980). Pessoas submetidas às imagens subliminares
tiveram maior tendência de classificar positivamente os ideogramas precedidos de
figuras positivas que aquelas que não tinham sido submetidas a elas.
Priming é o termo utilizado quando o sujeito é preparado com uma breve
exposição preliminar de um estímulo (imagem, som, símbolo) antes de medir seu
desempenho, gerando um aumento na velocidade ou precisão de uma decisão. É
encontrado em tarefas, onde a memória para a informação prévia não é requerida, é
comprovado que é um fenômeno não consciente. Nenhum psicólogo duvida que é
possível perceber um estímulo sem estar consciente dele. Os primeiros estudos
sobre percepção subliminar foram feitos no final do século XXI. Naqueles primeiros
experimentos os pesquisadores mostravam aos voluntários algumas fichas com
letras ou figuras geométricas a uma distância tão grande que quando perguntados
sobre o que viam todos diziam que não conseguiam distinguir nada além dos
borrões. Depois pediam as pessoas que tentassem adivinhar em um questionário de
múltipla escolha as figuras que haviam sido mostradas. Como o nível de acerto era
maior do que o que seria obtido ao acaso, os pesquisadores concluíram que as
pessoas haviam sido afetadas por imagens (Psychological Investigation of
Unconscious Perception” Philipe Merikle, Journal of Counsciousness Studies, 5,
1998). A partir do final do final dos anos 70 os pesquisadores passaram a tentar
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Por volta de 1980, a visão cognitiva das emoções era praticamente a única
disponível. Mas isso começou a mudar com a publicação de um trabalho do
psicólogo social Robert Zazonc, intitulado: “Sentimento e Pensamento: Preferências
não exigem inferências”. O autor demonstra, de maneira bastante convincente, que
as preferências (simples reações emocionais) podem ser formadas sem qualquer
registro consciente de estímulos. Segundo ele, isto mostra que a emoção tem
primazia sobre (pode existir previamente) e e independente da (pode existir sem)
cognição. Como resultado, observou-se a intensificação, e não o fim, da abordagem
cognitiva das emoções, pois inúmeras pesquisas sobre avaliação foram realizadas
após a publicação do trabalho de Zajonc. Entretanto, Zajonc exerceu um forre
impacto nessa área de pesquisa, mantendo viva a ideia de que a emoção não é
apenas uma cognição. Zajonc sintetizou uma série de experiências realizadas por
ele e seus colegas servindo-se de um fenómeno psicológico chamado de simples
efeito de exposição, por ele descoberto anteriormente.
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1 INTRODUÇÃO
O estudo que hora se apresenta se concentra num estudo psicológico e neurológico e
é de natureza original no que diz respeito à escolha e abordagem do tema proposto. O
objetivo geral foi o de medir e avaliar os efeitos da pré-ativação (priming) com estímulos
visuais afetivos aversivos ou repulsivos em modo subliminar e supraliminar na atenção
humana, através de um experimento baseado em testes de cognição em ambiente
controlado. Partiu-se de duas linhas de pesquisa bem conhecidas na literatura, mas para as
quais não se encontrou algum estudo unificador; para Tulvin & Schacter (2002) a pré-ativação
é uma forma não consciente ou involuntária de memória que se dá através da identificação
perceptiva de palavras e objetos e que somente mais recentemente foi reconhecida como
separada das outras formas ou sistemas de memória, outra linha que tem se dedicado ao
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2 EXPERIMENTO
Partindo para uma investigação mais sistemática de como as variáveis de atenção,
emoção, pré-ativação subliminar e supraliminar se comportariam em relação à consciência,
acolheu-se a idéia de combinar a pré-ativação subliminar com a supraliminar para verificação
da possibilidade de alguma espécie de dado que pudesse dar indícios de como se processa a
consciência diante de estímulos combinados. Para isso foi desenvolvido um experimento com
a intenção de testar os sujeitos em sua capacidade atencional quando submetidos ou não a
estímulos visuais (imagens com sugestão de conteúdo repulsivo e aversivo) para isso foram
utilizadas imagens selecionadas do IAPS (International Affective Picture System), série de
imagens testadas em laboratório LANG, BRADLEY, & CUTHBERT (2005).
2.1 Método
2.2 Materiais e Instrumentos
Esta pesquisa experimental foi realizada e delineada com exclusividade em
laboratório controlado e os instrumentos utilizados foram:
1- Um programa comercial de computador (Stim, Neurosoft Inc.);
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2- Um computador com visor e dispositivo com dois botões para indicação do alvo com
os dedos da mão;
3- Estímulos visuais, imagens de fotos, colhidas do IAPS (International Affective Picture
System) criados pelo NIMH (Center of the study of emotion and attention) laboratório
da Universidade da Flórida; imagens coloridas selecionadas com conteúdo afetivo
aversivo e repulsivo, LANG, BRADLEY, & CUTHBERT (1999 - 2005).
2.3 Sujeitos
Foram escolhidos 35 (trinta e cinco) sujeitos saudáveis de ambos os sexos, com
visão normal ou corrigida para normal, na proporção de 50% homens e mulheres, sem
doenças neuropsiquiátricas. Homens e mulheres com idade entre 23 a 49 anos, sem abuso
de drogas ou álcool e sem tratamento com fármacos.
2.4 Local
Laboratório de EEG (Eletroencefalograma) de Alta resolução, departamento de
Neuropsicologia do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo - USP.
2.5.1 Experimento 1
Todos os aspectos da tarefa foram controlados por um programa comercial de
computador (Stim, Neurosoft Inc.). Os estímulos visuais que compunham os pares de dica-
alvos (S1-S2) consistiam em pequenos retângulos 8 (excentricidade ± 0.8°, S1: 100 ms de
duração, S2: 17 ms). Em metade dos testes, os retângulos S2 continham um círculo cinza (o
alvo da tarefa) com ±0.3° de excentricidade. S1 foi seguido por S2, com inícios separados no
tempo por 1,6 segundo. Foi instruido aos indivíduos do teste que um retângulo seria
apresentado para indicar que 1,6 ms depois ele acenderia novamente, porém com maior
rapidez, contendo ou não o círculo-alvo. O sujeito decidiria se havia dentro um retângulo S2,
e indicaria a presença do alvo pressionando o botão direito com o polegar direito, ou a
ausência do alvo pressionando o botão esquerdo com o polegar esquerdo. Omitiu-se
deliberadamente nas instruções o tempo de reação e mediu-se o desempenho
exclusivamente pela porcentagem de testes corretos, do total de 96 rodadas ou testes que
compunham o experimento. Um ponto de fixação para os olhos aparecia continuamente no
centro da tela do computador, bem como, um fundo para mascarar estímulos, com o intuito
de impedir imagens posteriores.
2.5.2 Experimento 2
A segunda condição apresentada foi realizada num bloco orientado de modo
randomizado, uma quantidade de sujeitos praticamente 50% do total geral e 50% entre
sujeitos masculinos e femininos. Primeiramente na ordem, a tarefa subliminar e, a outra
quantidade de sujeitos realizou primeiramente a tarefa supraliminar. Houve a inserção de 104
pares de retângulos de uma rodada quanto entre rodadas da tarefa. A diferença foi à duração
dos estímulos onde o tempo do subliminar foi de 50 ms e o supraliminar foi de 500 ms. Para
todos os sujeitos que realizaram o experimento foram realizadas cinco perguntas sobre como
estavam se sentindo pelo experimentador aos sujeitos depois de dadas todas às informações
e instruções necessárias para a realização do experimento.
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3 RESULTADOS
Figura 01 - Médias para todos os participantes (n = 30) de detectabilidade total de acertos em porcentagem, e
critério, nas três tarefas: (barras indicam ± 1 desvio padrão; rep = repetições: 1 = tarefa base, 2 = distratores
subliminares, 3 = distratores supraliminares).
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Figura 02 - Falso-positivos (± 1 desvio padrão), para as duas condições, com grupos de indivíduos divididos em
função da ordem: 1 = realizou primeiramente a tarefa SUB; 2 = realizaram primeiramente a tarefa SUPRA.
4 DISCUSSÃO
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) ESPÍRITO SANTO, Ruy Cézar
duas tarefas de interesse. Isso significa que tal grupo de sujeitos, na ausência do alvo,
rejeitou corretamente relativamente mais que o outro grupo. Além disso, quem iniciou pela
tarefa SUB, “protegeu-se” na tarefa SUPRA a seguir, cometendo menos falso-alarmes nessa
também. Ao contrário, quem começou pela SUPRA, parece haver sofrido efeito “devastador”,
isto é, já cometendo relativamente mais falso-alarmes, e surpreendentemente, mantendo
esse desempenho relativamente pior na tarefa SUB que realizaram a seguir. Apesar de não
significativo o efeito de sexo sobre o desempenho, suspeita-se que com uma amostra maior,
ou mais representada por mulheres, poderíamos observar um prejuízo geral de desempenho,
devido a mais erros de detecção (menor número de HITS).
6 CONCLUSÃO
O desempenho foi superior nas duas condições à tarefa de base de atenção, o que
deve ser devido ao efeito de treinamento, mas o índice “critério” foi significativamente
diferente, aumentando nas duas condições na tarefa SUB e a tarefa SUPRA em relação à
tarefa de base. O achado mais importante foi o efeito da ordem de apresentação das duas
tarefas principais da SUB e a SUPRA, sendo que o grupo que iniciou pela condição
subliminar teve os valores e a “média do critério” superiores em ambas as condições. A
análise dos componentes do índice “critério” revelou um aumento de falso-alarmes no grupo
que iniciou a tarefa na condição supraliminar e que se manteve na condição subliminar, ao
contrário o grupo que iniciou na condição subliminar, que manteve o número menor de falso-
alarmes durante a condição supraliminar. Deve-se considerar que enquanto o hemisfério
direito do cérebro faz a ação o esquerdo tende a explicar com alguma situação relevante que
se encaixe no movimento. Borine (2005) alude sobre o pensamento de Le Doux (2001) que
comportamentos muitas vezes são atitudes sem consciência de suas razões, pois o
comportamento é produzido por sistemas cerebrais de atividades não conscientes, visto que
uma das principais tarefas da consciência é fazer da nossa vida uma história coerente, um
auto-conceito e o cérebro faz isso dando explicações para o comportamento com base em
nossa auto-imagem, em lembranças do passado, em expectativas futuras, na situação social
presente e no meio ambiente físico em que se produz o comportamento, sendo assim, parece
que grande parte da vida mental acontece fora dos limites da percepção consciente. Segundo
Le Doux, (2001), a emoção e cognição parecem atuar de forma não consciente, mas somente
o resultado da atividade cognitiva e emocional é percebido conscientemente; os materiais e
estímulos absorvidos que não ganham forma de conteúdos conscientes poderá ser
armazenado e depois mais tarde passar a influenciar o pensamento e o comportamento. No
presente caso, não se verificou o esperado efeito de estímulos subliminares acentuarem o
efeito, supostamente distrator dos estímulos supraliminares, mas o contrário. Tal efeito
contrário, “protetor”, significa que de fato, os estímulos subliminares influenciaram a tarefa
subseqüente de modo significativo.
A exploração de possibilidades neuropsicológicas voltadas para a compreensão da
inter relação dos aspectos da consciência, emoção e cognição são de fundamental
importância para a psicologia da consciência à medida que os aspectos bio-psico e sociais
determinam o comportamento. Este estudo demonstrando como os estímulos apresentados
subliminarmente afetam a consciência humana no desencadeamento de efeitos emocionais à
luz do desempenho da cognição, especialmente a atenção, pode abrir portas a novos
experimentos que contribuam no auxilio da diminuição de diversas doenças, como ansiedade,
fobias, depressão, e também facilitar a aprendizagem, as relações sociais e de trabalho.
REFERÊNCIAS
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) ESPÍRITO SANTO, Ruy Cézar
BARGH J. A. The generality of the automatic attitude activation effect. USA: J Pers
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BORINE S, M. Core Energetics.: terapia energética corporal. São Paulo: All Print,
2006.
CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São
Paulo: Cultrix, 1997.
FREUD, S. Obras Completas, tomo III, Editorial Biblioteca Nueva, Madrid, 1972.
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LANG PJ, BRADLEY MM, CUTHBERT BN. International affective picture system
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Psychophysiology, University, 1999.
LE DOUX J. The uits Underlying Anxiety and Fear and the Brain: Where Have We
Been, and Where. USA: Neural Circ. Biol. Psychiatry, 1998.
MURPHY, ST, ZAJONC, RB. Affect, cognition, and awareness: affective priming with
optimal and suboptimal stimulus exposures. USA: J Pers Soc Psychol, 1993.
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TULVING, E.; SCHATER, D. L. Priming and human memory systems. Science, 247,
n. 4949, Jan. 2002. p. 301-306.
ZAJONC RB, H Markus. Affective and Cognitive Factors in Preferences. USA: The
Journal of Consumer Research, 1982.
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PARTE II
CONSCIÊNCIA, AUTOCONHECIMENTO E
TRANSDISCIPLINARIDADE
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Capítulo 4
AUTOCONHECIMENTO E CONSCIÊNCIA
ruycezar@terra.com.br
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O que está ocorrendo, acredito, está muito longe daquilo que se tem
chamado de ‘mudança de paradigma’. Trata-se de transição de sistema
total, uma mudança na própria realidade. Enquanto uma mudança de
paradigma poderia ser comparada ao girar de um caleidoscópio e observar
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Vê-se como Houston distingue o que seria, tão somente, uma mudança
paradigmática, do início de uma nova época!
A simples existência de Organizações Não Governamentais, revelam, por si
só, como o ser humano se organiza, independentemente de uma Igreja, um “partido”
ou “governo”, ou seja, a tomada de consciência individual conduz a pessoa a
organizar ou participar de um organismo, que busque a realização daquilo que
acredita. Em outras palavras, não se fica mais a espera de leis ou ordens que
“devam ser cumpridas”. Seguramente, é uma mudança radical, que como afirma
Houston é “uma mudança da própria realidade”...
Nesse mesmo momento o físico e professor universitário Brian Swimme, em
sua obra “O Universo é um Dragão Verde”, assim se manifesta:
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conhecido como fio de Ariadne, e que a medida em que entrasse no labirinto fosse
soltando o fio, para poder voltar, não ficando prisioneiro do labirinto... Sabemos
todos que o mito finda dando conta que Teseu mata o Minotauro e graças ao “fio de
Ariadne” consegue sair do labirinto... Não só está aqui inserida a importância da
integração dos princípios masculino e feminino, como também a “prisão” à violência
em que o patriarcalismo se coloca...Sem o principio feminino não há saída...
Para finalizar esse artigo, utilizando também forma mais sutil de reflexão vou
trazer um texto poético que visa expressar, de outra forma, o que trouxe para o
racional. Denomina-se “O Nascer da Consciência” e foi publicado em livro de minha
autoria denominado “Pedagogia da Transgressão”, na página 95/96:
Há um imenso universo à nossa volta
Luminoso
Infinito
Repleto e formas e de sons
O Homem pensa
E vem pensando que por isso existe
Cria o “seu pequeno mundo”
Terrivelmente “seu” e separado do cosmos
Assim o Homem pensa que existe
Uma existência pequena
Limitada
Inexoravelmente mortal!
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) ESPÍRITO SANTO, Ruy Cézar
R E F E R Ê NC IAS
EINSTEIN, Albert. Como vejo o mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.
SHIELD, Benjamin e CARLSON, Richard. Curar, curar-se. São Paulo: Cultrix, 1994.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) TORRES, Clérisson
Clérisson Torres1
Renata Torres2
RESUMO
As ações humanas historicamente denunciam níveis mais ou menos elevados de razão, bom senso e
boa intenção que são expressões variadas do despertamento da consciência. Atualmente nossa forma de
pensar ainda aponta uma dificuldade de conter, minimizar e, principalmente, de extinguir, de maneira
abreviada e consciente, nossas vicissitudes do dia a dia gerando, por sua vez, em nós, na sociedade e no
mundo conseqüências devastadoras. Eis que o presente artigo tem como objetivo delimitar e discutir a
existência de três níveis do pensar e suas respectivas relações com a consciência e as condutas
humanas. A partir de pesquisa bibliográfica e da práxis clínica e educacional é apresentado um quadro
relacional que articula o pensar com pensamentos fixos/rígidos, o pensar com pensamentos flexíveis e o
pensar sem pensamentos como um conjunto de condutas e estados de consciência humana. Discute-se
os aspectos relevantes e problemáticos do pensar fixo, a importância do pensar flexível e a singularidade
do pensar sem pensamento. Conclui-se que todos os três níveis do pensar são necessários na escalada
evolutiva quer pelo sofrimento, pela razão ou pelo sentimento/intuição; não obstante, a atualidade exige a
emergência de se favorecer e incentivar, no mínimo, o pensar com pensamentos flexíveis na busca do
pensar sem pensamentos em prol da sublimação humana.
Palavras-chave: Pensar; Pensamento Fixo; Pensamento Flexível; Pensar sem Pensamentos;
Imaginação; Inteligência e Consciência.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) TORRES, Clérisson
biopsicológicos.
Eis que cabe à educação tal papel, ou noutras palavras, favorecer o Saber
Pensar, o que pressupõe a habilidade de pensar com a participação da inteligência
gerando atitudes e condutas que expressam de maneira integral e interdependente
razão, bom senso e boa intenção, embasadas em princípios universais dos direitos
humanos ou “antropoéticos” de conduta, conforme Edgard Morin (2000) .
Diante de todo o exposto, é evidente que tanto a faculdade humana de
imaginar, produzir pensamentos, como a de inteligir sobre os mesmos são
essenciais para a compreensão da vida e de seus ditames.
Tal compreensão só é possível através do viver. E viver é ser, é estar em
relação consigo e com o todo do qual fazemos parte, conforme Barreto (2005).
Então, devemos tirar proveito do valor real e genuíno das relações.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Torres (2006) ressalta que o valor
significativo da vida apreendida através das relações não está na busca de
segurança, sucesso e felicidade, mas sim na auto-revelação, ou seja, na percepção
do que a nossa vida interior, quer física, psíquica ou moral (espiritual) nos revela,
como as vicissitudes que apresentamos no dia a dia, a exemplo do ciúme, inveja,
pesar, angústia, ânsia, nervosismo, preguiça, avareza, orgulho e outros que somos
acometidos.
Noutras palavras, racionalizamos quando redefinimos a realidade (FREUD,
1976) dizendo que tal pessoa está nos deixando nervosos, ciumentos ou irritados.
Logo, descomprometemo-nos de perceber que, independente das intenções de tais
pessoas, a vida através delas está nos revelando que ainda reagimos de forma
irritadiça, nervosa ou ciumenta.
Eis que muito importa o saber pensar, pois uma vez contatado com algo ou
alguém estes nos geram sensações objetivas ou subjetivas. Tais sensações
expressas em nós pelo sentir nos impulsionam pela necessidade, a saber, o que é.
É a partir daqui que começa a nossa problemática quando fazemos uso do pensar,
mas ao mesmo tempo a nossa possibilidade de evolução ou aperfeiçoamento, quer
pelo sofrimento, pela razão ou pelo sentimento/intuição. Isto porque quando
labutamos com o pensar podemos expressá-lo por formas diferenciadas de fantasia,
entendimento e/ou compreensão (KRISHINAMURTI, 1999).
Diante do que sentimos buscamos pensar para saber o que é, todavia,
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sempre que pensamos criamos uma imagem ou símbolo de tal sensação. Portanto,
nunca podemos perder de vista que o que dizemos ser não é o que é, mas o que
pensamos ser (SPINOZA,2005).
É natural que busquemos segurança perante o que sentimos. A problemática
está em perdemos o contato direto, correto e completo com o desconhecido, com o
que é tal qual é, a sensação, já que é através dela que pode haver tanto o
surgimento de insights como o despertamento dos nossos sentimentos enquanto
fruto das experiências, ou seja, nossa sabedoria interior.
Ao sentir algo e denominar de ciúmes, por exemplo, é natural que nossa
imaginação evoque lembranças, conhecimentos, idéias, opiniões acerca do
experimentado e assim, por exemplo, produza pensamentos diversos que nos levam
a desejar ser senhor dessa situação, logo de ter controle e ou domínio sobre a
mesma.
Tal desejo de mudar a situação fenomênica caracteriza o devir humano, uma
vez que tal vir-a-ser traz-nos satisfação de ter ou ser aquilo que elimina nosso
incômodo.
Ora, se pensamos na busca de segurança perante o que sentimos, ao sermos
contatados pelo que dizemos ser ciúme, e se desejamos na perspectiva de
satisfação conforme a nossa noção de viver, que reflete nosso maior ou menor grau
de consciência da finalidade da vida e da razão de existirmos, então, tendemos a
procurar o prazer na busca natural de felicidade.
Os transtornos psicossomáticos são possíveis expressões de quem buscou a
qualquer custo tal segurança, satisfação e felicidade. Noutras palavras é quando o
ser humano chega à dor pela frustração perante o infortúnio acometido que é
convidado pela vida à reflexão.
Parece que a vida é o que contatamos, sentimos ou até mesmo o que
pensamos que ela seja; parece que a finalidade da mesma é a evolução,
aperfeiçoamento ou aprimoramento de nossa constituição física, psíquica e moral
quando desejamos e buscamos prazer nos desafios e contingências do viver; mas
parece, também, que a razão ou justificativa da vida é explicitamente exposta
quando experimentamos a dor tanto das conseqüências de nossas ações, como das
expressões, lembranças e desejos não realizados, ou até mesmo como produto
natural da transformação alquímica do nosso ser.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) TORRES, Clérisson
estado de ser humano diretamente relacionado à inteligência uma vez que não há
participação do pensamento, logo da imaginação.
Por sinal, segundo Abbagnano (2003), S. Agostinho e S.Tomás de Aquino
recusavam-se a estender ao pensamento a atividade intuitiva de conceber a
essência das coisas. Afinal, S. Tomás de Aquino pontuava que a imaginação
limitava-se a captar apenas a semelhança e não a essência das coisas.
Em função do contexto existencial deste artigo, prefiro quebrar,
momentaneamente os fundamentos estruturais que constituem um artigo
acadêmico, para, a partir daqui expor de maneira mais coloquial e exemplificada tais
níveis do pensar humano.
A distinção que ora fazemos entre pensar com pensamentos fixos/rígidos;
pensar com pensamento flexível e pensar sem pensamentos é para refletirmos
sobre o poder que o pensamento tem, tanto de forma benéfica, como de forma
maléfica, e as suas respectivas relações com a consciência e as condutas humanas.
Ou seja, o pensamento pode nos ajudar a abreviar o crescimento, a
compreensão de algo, mas também nos inibir. Existem certos pensamentos que nos
inibi, amortece, gera medos, enfim, nos escraviza a certos modelos, a certos
padrões, nos distanciando cada vez mais do sentir, portanto, do real das coisas. Eis
abaixo dois quadros que sintetizam o que será exposto neste tópico.
Neurose
Pensar com Imaginação (Busca aproximar-se das
Pensamento Leis da Natureza
Flexível + Razão - Técnica
Aberta conforme sua
Inteligência Consciência)
(Divergente)
Normal
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Pensar com
Sofriment
Pensamento Concen-
Conhecimento o Tradicional Recebe Vontade
Fixo/ Rígido tração
(+ esforço)
(Convergente)
Pensar com
Conhecimento
Pensamento Razão Constru- Contem-
Flexível
Autoconhecimento Percebe Consciência
(- esforço) tivismo plação
(Divergente)
Pensar Conhecimento Sentimento
Holismo / Exalta-
SEM Autoconhecimento (Sem Concebe Ciência
Criativismo ção
Pensamentos Auto-realização esforço)
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R E F E R Ê NC IAS
FREUD, Sigmund. O ego e o id. Obras Completas de Sigmund Freud, v. XIX (1923-
1925). Rio de Janeiro: Imago editora, 1976.
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Janeiro, 1998.
SPINOZA, Baruch de. Ética: demonstrada à maneira dos Geômetras. Tradução Jean
Melville. São Paulo: Ed. Martin Claret, 2005.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
Capítulo 6
RESUMO
Esse artigo apresenta o sistema de compreensão da realidade denominado Eneagrama como um
mapa de consciência. Tendo raízes orientais, o Eneagrama chegou ao ocidente no século XX como
uma poderosa ferramenta de interpretação dos processos de manifestação da consciência no mundo.
Ele é estruturado na forma de um símbolo geométrico composto por um círculo, um triângulo e uma
héxade, e refere-se a nove maneiras básicas de expressão da essência (espírito) na existência
(matéria). A sabedoria do Eneagrama permite indivíduos e grupos perceberem como fragmentam sua
consciência de que são unidades holisticamente integradas por identificarem-se demais com um dos
tipos padrões manifestos, chamados de Traço Principal. Além disso, os auxilia na libertação desse
traço a partir da descoberta do que lhes é essencial.
Palavras-chave: Mapa da Consciência; Símbolos.
INTRODUÇÃO
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Rohr e Ebert (1992, p.23) 7, afirmam que esse conhecimento foi sintetizado na
forma de um símbolo a partir das descobertas matemáticas dos islâmicos sobre o
valor do zero e o sistema decimal e que o nome Eneagrama só surgiu
posteriormente. A palavra Eneagrama origina-se dos vocábulos gregos Ennea
2 Mais adiante, no tópico “O simbolismo do Eneagrama”, é explicado o significado de cada uma das
partes da figura matemática do eneagrama.
3 A figura 1 está no final do tópico “O simbolismo do Eneagrama”.
4 No corpo do texto são discutidas e explicadas as questões apresentadas nesses itens.
5 PATERHAN, Christian. Eneagrama: um caminho para o seu sucesso individual e
profissional. São Paulo: Madras, 2003.
6 RISO, D. R.; HUDSON, R. A sabedoria do Eneagrama. São Paulo: Cultrix, 1999.
7 ROHR, R; EBERT, A. Eneagrama: as nove faces da alma. Rio de Janeiro: Vozes, 1992.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
8 Melendo (2001, p.12) afirma que o vocábulo “grama” vem de “grammos”, significando pontos.
Webb (1998, 11) explica que ele vem de “gramma”, sendo interpretado como “algo escrito”.
Palmer (1999, p.18) mostra que sua raiz está no termo “grama” recebendo o sentido de letra,
figura ou modelo. Por isso, várias traduções são possíveis para essa palavra.
9 Ibid., p.219-220.
10 Ibid., p.29.
11 No próximo tópico é explicada a relação entre o Eneagrama e o sufismo.
12 MELENDO, Maite. O Eneagrama. São Paulo: Loyola, 2001.
13 Nos tempos atuais, esse é o maior uso dado ao Eneagrama.
14 Ibid., p.25.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
p.11)15 diz que, em 1960, ele começou a dar aulas sobre o Eneagrama no Instituto
de Psicologia Aplicada de Santiago do Chile e que, na década de 1970, realizou
treinamentos sobre o seu modelo em Arica (Chile). Em um desses cursos, houve a
participação do Dr. Cláudio Naranjo, psiquiatra do Instituto Esalen, em Big Sur,
Califórnia (EUA), que aprendeu o seu método e ampliou o seu uso como um
instrumento ponte entre a psicologia e a espiritualidade.
Maitri (2000, p.22)16 explica que os Eneagramas conhecidos pela maioria das
pessoas são provenientes dos ensinamentos de Ichazo reelaborados por Naranjo,
os quais dizem respeito à vida interior da psique humana. Entretanto, atualmente,
existe uma série de escolas de Eneagrama, cada uma delas tendo como matriz
original de pensamento as concepções elaboradas por Gurdjieff e/ou Ichazo. Dentre
alguns dos professores de Eneagrama cujos grupos são mais proeminentes no
cenário internacional, pode-se citar: Helen Palmer e David Daniels; Don Richard
Riso e Russ Hudson; Richard Rohr; Sandra Maitri; A H. Almaas. Dentre alguns
professores de Eneagrama brasileiros, que atuam há vários anos em cidades e
estados desse país, pode-se citar: Khristian Paterhan; Urâneo Paes; Marcio Schultz;
Racily.
O ENEAGRAMA E O SUFISMO
15 Ibid., p.11.
16 Ibid., p.22.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
O SIMBOLISMO DO ENEAGRAMA
17 Ibid., p.23.
18 ZUERCHER, S. A espiritualidade do Eneagrama. São Paulo: Paulus, 2003.
19 Ibid., p.13.
20 Ver a representação do círculo na figura 1, no final desse tópico.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
culturas (Riso e Hudson, 1999, p.30)21. Algumas informações centrais que ele traz
são: 1) cada ser e o universo são todos complexos com infinitas possibilidades de
manifestações; 2) esses todos se constituem em unidades integradas, apesar de se
manifestarem de diversas maneiras particulares na realidade 22; 3) esses processos
de manifestação são expressões concretas da consciência; 4) ser um todo é a
essência de toda individualidade e coletividade e, então, o círculo representa
também a essência.
A segunda figura do Eneagrama é um triângulo eqüilátero 23, cujas pontas
tocam o círculo 24 formando os pontos 9, 6 e 3 desse mapa de consciência. Ele está
relacionado com o que Gurdjieff chamava de “Lei de Três”: tudo resulta da interação
de três forças principais, ou seja, o todo que cada ser e o universo são apresenta
três aspectos centrais. Riso e Hudson (1999, p.31)25 dizem:
21 Ibid., p.30.
22 Cada ser manifesta-se no mundo de maneira individual e específica, apesar de fazer parte de um
todo maior que a sua individualidade.
23 Triângulo eqüilátero é aquele com três lados iguais. Ver sua representação na figura 1, no final
desse tópico.
24 Ver a representação do triângulo no círculo na figura 1, no final desse tópico.
25 Ibid., p.31.
26 Ibid., p.30.
27 Ibid., p.43.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
28 A héxade é uma figura geométrica com seis pontas, ou seja, um hexágono incompleto. Ver a sua
representação na figura 1, no final desse tópico.
29 Ver a representação da héxade no círculo na figura 1, no final desse tópico.
30 Ver o símbolo completo do Eneagrama na figura 1, no final desse tópico.
31 Ibid., p.31.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
ENEAGRAMA E CONSCIÊNCIA
32 A denominação do que é a essência é diferente em cada tradição, podendo ser chamada também
de Deus, Ser, Natureza Búdica; Vazio Criativo; Consciência Superior; Todo Auto-consciente;
Verdadeira Natureza.
33 WILBER, Ken. Uma breve história do universo: de Buda a Freud. Rio de Janeiro: Nova Era,
2001.
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35 Ibid., p.50.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
Trata-se de um padrão habitual de reação que ele utiliza para lidar com a vida.
Daniels e Price (2000, p.15)36 afirmam:
O Traço Principal de cada pessoa (assim como seus outros traços) foi
formado para proteger um aspecto particular do seu ser o qual parecia ameaçado
durante a fase de formação da personalidade 37. Ele atua como um “piloto
automático” entrando em ação sempre que o indivíduo afasta-se da sua essência,
perdendo a base de como atuar a partir do seu ser. Embora toda pessoa manifeste-
se pelos nove pontos do Eneagrama, o Traço Principal representa seus maiores
dilemas e dificuldades e o modo que mais obstrui sua consciência.
Para as pessoas identificadas com o Traço 1 a questão que mais afeta é a
procura de um estado ideal de perfeição. Na busca de crescerem e se
transformarem acabam construindo padrões de retidão e conduta moralmente
exigentes, os quais, muitas vezes, são inatingíveis. Reduzem a sua consciência
ficando frustradas, ressentidas e irritadas por não serem como queriam, os outros
não agirem como deveriam e por acharem que o mundo é injusto. Dessa forma,
perdem a serenidade necessária para seguir a dinâmica do cotidiano com
flexibilidade e criatividade.
Para as pessoas identificadas com o Traço 2 a questão que mais afeta é a
tentativa de corresponderem as expectativas dos outros. Na busca de servirem,
atendendo atenciosa e agradavelmente as necessidades alheias, distanciam-se do
que realmente precisam e almejam. Reduzem a sua consciência sentindo-se
orgulhosas por serem úteis e depois ficando magoadas e cobrando porque ninguém
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
as valoriza como merecem. Dessa forma, perdem a humildade para saber quando
devem doar a si mesmas e quando devem doar-se para os outros.
Para as pessoas identificadas com o Traço 3 a questão que mais afeta é o
desejo de serem reconhecidas. Na busca de obter sucesso naquilo que realizam
apegam-se demais a imagem que os outros têm delas, preocupando-se em se
projetar como alguém de valor. Reduzem a sua consciência fazendo muitas coisas
ao mesmo tempo para atingir resultados com eficiência e ficando impacientes com o
que (ou quem) atrapalha os seus planos de ação. Dessa forma, enganam-se,
identificando-se com suas atividades, e perdem a autenticidade.
Para as pessoas identificadas com o Traço 4 a questão que mais afeta é a
vontade de serem especiais. Na busca de originalidade, sentem-se muito diferentes
dos outros e sofrem por não estarem vivenciando o que gostariam. Reduzem a sua
consciência comparando-se com os outros e imaginando situações de conquista e
realização de objetivos de difícil concretização. Dessa forma, afastam-se do aqui e
agora, entrando num estado de carência afetiva e melancolia.
Para as pessoas identificadas com o Traço 5 a questão que mais afeta é
quererem compreender intelectualmente tudo que acontece a sua volta. Na busca
de serem independentes e preservarem sua privacidade, acumulam conhecimentos
sobre as coisas e pessoas para não precisarem interagir muito. Reduzem a sua
consciência isolando-se socialmente, refugiando-se no seu mundo mental e não
entrando em contato com seus sentimentos. Dessa forma, tornam-se avaras de si
mesmas, não se doando para os outros e tendo dificuldade de receber carinho e
realizar trocas emocionais.
Para as pessoas do Traço 6 a questão que mais afeta é uma incessante
necessidade de apoio e orientação. Na busca de se sentirem seguras, apegam-se a
rotinas, regras e pessoas de uma maneira rígida. Reduzem a sua consciência
preocupando-se demais em como prevenir possíveis problemas futuros. Dessa
forma, ficam presas numa dúvida constante e em um medo paralisante que as
impede de confiar em si mesmas, nos outros e na vida.
Para as pessoas do Traço 7 a questão que mais afeta é um incansável anseio
por experiências positivas e agradáveis. Na busca de serem felizes e se
satisfazerem, estão sempre tentando achar algo novo que lhe trará um prazer
diferente. Reduzem a sua consciência planejando situações idealizadas de auto-
98
Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
realização, as quais dificilmente trazem o que elas esperam. Dessa forma, entram
num processo de euforia e excitação e adquirem uma dificuldade de enfrentar as
rotinas do cotidiano e seus problemas pessoais e de relacionamento com os outros.
Para as pessoas identificadas com o Traço 8 a questão que mais afeta é o
desejo de determinar o curso da própria vida. Na busca de serem “donas do próprio
nariz”, acabam expressando suas crenças e vontades de uma maneira defensiva,
impositiva e agressiva. Reduzem a sua consciência disputando poder, “lutando” e
pressionando para obterem o que querem. Dessa forma, tendem a invadir o espaço
pessoal dos outros, os deixando inibidos para um contato mais estreito e gratificante.
Para as pessoas identificadas com o Traço 9 a questão que mais afeta é o
anseio de manter a paz e o equilíbrio interior. Na busca de não entrarem em conflito,
deixam de lado suas opiniões e vontades, fazendo o que é necessário para manter o
ambiente a sua volta em harmonia. Reduzem a sua consciência, protelando
decisões e ações por realizarem o que é secundário ao invés do mais importante no
momento. Dessa forma, ficam presas a uma preguiça, a uma apatia que as deixa em
uma postura fatalista de indiferença: “Não adianta fazer nada!”.
No âmbito coletivo, a consciência também é diminuída pela identificação do
grupo com um dos nove pontos principais do Eneagrama. O pessoal e o grupal
estão interligados e influenciam-se mutuamente. Quando os padrões de um dos
nove Traços Principais são enfatizados por um grupo, seus participantes tendem a
aprisionar-se a ele. Apesar de cada indivíduo ter o seu Traço Principal, acaba
focando a atenção também nas questões fundamentais do Traço Principal exaltado
pelos grupos sociais nos quais convive.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) PRUDENTE, André
REFERÊNCIAS
WILBER, Ken. Uma breve história do universo: de Buda a Freud. Rio de Janeiro:
Nova Era, 2001.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.)
PARTE III
CONSCIÊNCIA, EDUCAÇÃO E
TRANSPESSOALIDADE
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
Capítulo 7
Roberto Crema 1
Nós vivemos uma crise abençoada, é uma crise que nos desperta, graças
a Deus e graças à dor. A crise tem uma dimensão instrutiva e é, sempre, uma
oportunidade de aprendizagem, de evolução, de crescimento. Somos muito
privilegiados porque essa é uma grande crise, talvez uma crise sem precedentes na
história da humanidade conhecida. Eu não sei se vocês têm agradecido todos os
dias por existir nesse momento: é um momento de passagem e aquilo que para
algumas pessoas distraídas é a morte da lagarta, para as pessoas mais atentas é o
nascimento da borboleta e é, por isso, que eu gosto de denominar essa crise de
Crise da Crisálida. E, como diz um grande amigo e mestre, Jean Yves Leloup, “não é
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
Tudo começa pela escuta. Se você não tem escuta, a crise o que é? É um
azar! E você vai sucumbir porque a única crise intolerável é aquela para a qual você
não tem nenhum sentido para dar; é aquela que você não interpretou e para
interpretar é preciso ter uma escuta. Quando Salomão podia ter pedido tudo, ele
pediu um coração que escuta e tudo o mais lhe foi acrescentado. “Eu ensino meu
povo a escutar”. As escolas deixaram de ensinar os alunos/aprendizes a escutar.
Isso é triste! Nestes tempos sombrios que nós vivemos, talvez esse seja o aspecto
que mais me leva a indignar-me e, também, a chorar: saber que um pé de alface em
qualquer horta é melhor tratado do que os meus filhos, os seus filhos estão sendo
tratados nas escolas. Você pode imaginar um horticultor exigindo de todos os seus
organismos vegetais o mesmo desempenho? Você pode imaginar um horticultor
comparar um tomate com um pepino e desejar que um seja como o outro, apresente
o mesmo resultado? Vocês podem imaginar um jardineiro exigir de todos os
organismos da biodiversidade de um jardim o mesmo currículo? Isso é um absurdo.
Vocês percebem onde nós jogamos na lata de lixo nosso potencial inato de
105
Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
O normótico é aquela pessoa que não escuta, é aquela pessoa que está
pensando só em si, é aquela pessoa que não se dá conta que tudo está ligado com
tudo; que para diante de um semáforo e vê aquele bando de crianças perdidas e
acha que isto não tem nada a ver com ele. Uns adolescentes matam: no Dia do Índio
comemoramos o triste aniversário do mártir Galdino. Estes filhos de nossa
sociedade não eram bandidos nem psicopatas, são nossos filhos; e o normótico
acha que isto não tem nada a ver consigo; ele lê no jornal e se estiver tudo bem no
seu canteirinho vai para sua vidinha de sempre... A grande praga do nosso tempo se
chama normose. Nós estamos sendo uma espécie vivendo uma crise de quase
extinção; quem diz isso são grandes cientistas que estão fazendo pesquisa de
ponta, são as últimas declarações da UNESCO e do Clube de Roma. Mas o
normótico não está nem aí quando se fala de problema atmosférico, quando se fala
em buraco de ozônio, quando se fala no El Niño que não é mais um niño, já é um
adolescente e vai continuar fazendo suas travessuras... O normótico acha que tudo
isto não tem nada a ver com ele. O normótico pode chegar a ser um ministro, um
governador, é... tem normóticos muito bem sucedidos, e nunca assume a
responsabilidade.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
pensamentos, seus sentimentos, suas atitudes? Você é dono de sua própria casa?
E isso nos traz ao coração dessa contradição da modernidade. Nos últimos séculos
nós temos desenvolvido uma ciência, uma tecnologia fabulosas, espetaculares,
maquininhas fantásticas! Porém, não houve o correlato desenvolvimento das
dimensões psíquica, emocional, valorativa, ética, noética e o despertar espiritual.
Temos uma tecnologia e ciência incríveis, sem alma, sem coração, sem espírito,
como uma espada de Dâmocles presa por um fio de cabelo sobre a cabeça da
humanidade. Portanto, antes de falar sobre liderança é necessário perguntar: o que
é o ser humano?
Nós não sabemos o que é um ser humano pleno. Não sei se vocês já
conheceram um ser humano pleno, inteiro, verdadeiro. Eu receio ter que dizer que o
ser humano nesse momento é uma grande utopia, não no sentido do irrealizável, no
sentido do irrealizado ou ainda não realizado, aquilo para o qual não há espaço.
Disse o Mestre: "Aos 15 anos orientei meu coração para aprender, aos 30 eu
plantei meus pés firmemente no chão, aos 40 não mais sofria de perplexidade, aos
50 eu sabia quais eram os preceitos do céu, aos 60 eu os ouvia com ouvido dócil,
aos 70 eu podia seguir as indicações do meu próprio coração, porque o que eu
desejava não mais excedia as fronteiras da justiça". Palavras de Confúcio, há 2600
anos. Ele sabia o que era um ser humano. O mesmo que diziam os antigos
Terapeutas de Alexandria, que nos inspiraram a criar, na UNIPAZ, o Colégio
Internacional dos Terapeutas, cujo mentor é o Jean-Yves Leloup : “Você troca de
roupa em dois minutos; leva-se uma existência inteira para trocar de coração".
O que é um ser humano? O ser humano é uma promessa. Os antigos diziam
que o ser humano ainda não nasceu, que nós somos uma possibilidade. O ser
humano é um potencial de florescimento. Se nós investirmos na dimensão do
coração, na dimensão da alma, poderemos nos tornar seres humanos plenos.
Porém, temos feito isso? Quando é que eu inclinei meu coração para aprender,
aprender realmente quem sou... e comprar uma briga, nadar contra a correnteza
muitas vezes. Porém, quando você se coloca no seu caminho, que é o caminho da
sua promessa, o caminho com coração, então o mistério conspira por você e você
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
evolui de uma existência perdida, alienada, para uma existência escolhida, ofertada.
Portanto, essa é uma grande pergunta : "O que é o ser humano”? E antes de falar
sobre a questão específica da liderança, eu gostaria de fazer uns traços a título de
indicação e, inspirando-me nesse grande irmão, Jean-Yves Leloup, para falar de
algumas visões do ser humano. Não é possível saber o que é liderança, nem o que
é educação, nem o que é saúde, se nós não esclarecermos nossos pressupostos
antropológicos, ou seja, a visão que postulamos do ser humano porque é a partir
dessa visão que diremos o que é saúde, o que é patologia, o que é uma liderança
efetiva, o que é excelência humana e o que é miséria humana.
Até onde eu posso enxergar, existem 3 tipos de seres humanos:
Aqueles que nascem e morrem piores do que nasceram - são os
degenerados;
Aqueles que nascem e morrem como nasceram - são os que mantiveram a
saúde; e
Aqueles que nascem e se tornam quem eles são, assim como uma flor se
torna uma flor, uma mangueira se torna uma mangueira - são os que
aceitaram o desafio da evolução.
Quando perguntaram para Krishnamurti - que foi um ser humano pleno! - “Por
que você ensina?”, ele respondeu: “Por que um pássaro canta ?”. Eu gosto muito da
provocação e sempre lembro de Abrahan Maslow, um dos pais da psicologia
humanística, que dizia: "Num certo sentido, apenas os santos são a humanidade”. O
resto não deu certo. Quer saber o que é um ser humano? Estude os santos, não
apenas os da tradição católica; também os da tradição hindu, taoísta, xamanística,
da tradição sufi, todas as tradições; e os agnósticos também (os santos sem
tradição). É preciso estudar seres humanos que deram certo. E aí, lembro-me
sempre dessas palavras de Teresa de Calcutá: "Santidade não é um privilégio de
poucos, é uma necessidade de cada um de nós". E digo mais; nesse momento é
uma obrigação de cada um de nós! Acontece que projetamos o nosso potencial em
algumas pessoas especiais, o que os antigos e o próprio Maslow chamavam de
complexo de Jonas, que o Jean-Yves Leloup interpreta tão bem no seu livro
"Caminhos da realização". Jonas, em hebraico, significa a pomba das asas cortadas.
Jonas é esse ser que nos habita e que tem medo de ser quem ele é, que tem medo
de atender ao chamado. Os antigos estudavam os personagens das escrituras não
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
apenas na sua dimensão histórica, mas também como grandes imagens, imagens
estruturantes da nossa psique, da nossa existência, arquétipos diria Jung. Parece-
me que Jonas é o arquétipo que precisamos estudar quando queremos falar sobre
liderança, porque ele nos indica sobre o nosso desejo inconsciente da normose:
como resistimos a investir no nosso potencial máximo.
O COMPLEXO DE JONAS
Jonas é aquele que foi chamado um dia: “Meu filho, desperta e vai para
Nínive, a cidade grande. Lá crianças estão matando crianças, jovens matam
pessoas dormindo de madrugada, pais não estão nem aí com relação à juventude,
todo mundo está pensando só em si... Vai para Nínive; lá a velhacaria é consagrada,
os velhacos são aqueles que têm sucesso; uma pessoa pura, inocente, em Nínive,
se falar num meio político, por exemplo, vai ser ridicularizada; uma pessoa honesta,
pura, de bons sentimentos é motivo de riso... tem que ser esperta, tem que ser
velhaca. Jonas, vai para Nínive, porque lá um jovem, se quiser demonstrar que tem
um coração bom, se quiser ser bondoso, generoso, vai ser ridicularizado; tem que
dar porrada! Jonas, vai para Nínive, porque esse povo está perdido; 40 dias mais e
não haverá mais Nínive!” Vocês notam que essa é uma mensagem muito atual. E
Jonas foi para Nínive? Não! Ele pegou um barco, mas foi para um Társis, um local
tranquilo. Isso mostra, como nós temos uma tendência a fugir de nossas missões.
Primeiro, há uma consciência interna que nos desperta, que nos coloca de pé. Pode
ser uma crise, pode ser um terremoto, pode ser uma perda... há um momento em
que você fica de pé. Porém, há sempre um convite sedutor da covardia e Jonas foge
da sua própria promessa e, então, vem uma grande tempestade. Isso nos ensina
que, quando você foge do seu próprio caminho atrairá tempestades; não só para
você, também para as pessoas que estão ao seu lado.
A doença não é ruim; se você a escuta ela se torna um texto sagrado a ser
interpretado. Ela tem uma mensagem: a doença é um fax que você recebe e que diz:
“Você se desviou do seu caminho”. Eu levei muitos anos para aprender isso: quando
nos desviamos do nosso caminho nós atraímos doenças, acidentes, nós atraímos
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
infelicidade. Acontece que vivemos num momento tão perdido que dizemos "tomou
doril..." Não interpretamos e o telefone continua tocando; às vezes em outros
números até que pode ficar tarde demais. Então, Jonas que estava dormindo no
porão do navio, novamente foi colocado de pé pelo capitão que indaga por que ele
não está clamando por seu Deus, como todos os outros. Jonas era um fujão, mas
era, também, um homem sincero que me faz lembrar o poeta Omar Khayyan que
inicia o seu Rubaiyat dizendo: "Todos sabem que meus lábios nunca murmuraram
uma oração. Não procurei nunca dissimular os meus pecados. Ignoro se existem
realmente uma Justiça e uma Misericórdia. Mas, se existem, não desespero delas:
fui sempre um homem sincero.” Quem pode dizer isso? Jonas foi sincero e disse :
“Eu sou a contradição, eu estou fugindo do meu Deus, estou fugindo da minha
palavra, estou fugindo da minha voz mais profunda. Podem me atirar no oceano que
a tempestade vai amainar.” Mas, os homens eram generosos e primeiro tiraram a
sorte que apontou para Jonas.
O que é sorte? É o que Jung chama de sincronicidade, mas os antigos,
chamavam de sinais: eles ouviam o trovão, eles ouviam a coruja que pia, eles
ouviam a pedra no meio do caminho, porque sabiam que faziam parte do Universo.
Sabiam que eles não eram destacados do Universo e nós perdemos essa
orientação, essa consciência de participação. Tornamo-nos pobres diabos jogados
num mundo sem sentido... É isso que o normótico crê de si mesmo. Portanto, Jonas
mergulha no oceano. Esse é um outro ensinamento muito importante; como dizia um
grande sábio, mestre Eckart, diante da Inquisição: “Eu posso me enganar mas eu
não posso mais mentir”. Há um momento em que você não pode mais mentir, você
vai sofrer tanto, vai atrair tanta tempestade, que você vai resolver mergulhar mais
cedo ou mais tarde, um dia todos nós mergulharemos no poço de nós mesmos. E aí,
Jonas terminou no ventre do grande peixe e lá ele de novo disse: “Eu vou para a
minha batalha, eu juro de novo, eu faço solene promessa”.
Esses textos são muito antigos e são muito atuais, são muito
contemporâneos. Em seguida, quero apenas ilustrar um pouco, através de alguns
riscos, esse oceano onde Jonas mergulhou, esse poço que podemos chamar de ser
humano.
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Soma ____________
Soma ___________
Psique ___________
Então, há aqueles que colocam outro risco e dizem que nós estamos sendo
matéria sim, mas, não qualquer matéria; nossa matéria é informada, animada.
Somos dotados de uma alma ou psique, psique – alma, ou seja, mente e emoções.
Trata-se, então, de desenvolver a dimensão psíquica. Felizmente hoje, já se fala na
inteligência emocional. No nosso sistema clássico uma pessoa pode chegar a ser
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Soma __________
Psique __________
Nous __________
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
Para você não correr o risco de apenas querer segui-lo. Para que ele possa nascer
em seu próprio coração. Seres como Buda foram os grandes mestres da inteligência
noética.
Você consegue desligar os seus pensamentos? Se você é capaz disso, então
você é um líder na sua mente. Se não conseguir você está sendo levado, está sendo
pensado, você não é o pensador, o sujeito. A NASA, construiu um capacete
fantástico, ligado por eletrodos à cabeça do piloto para que a nave seja comandada
por seus pensamentos. O capacete esta lá, mas, onde está o piloto capacitado para
tal façanha? A dimensão noética é uma dimensão silenciosa, contemplativa, que
penetramos quando silencia os nossos diálogos internos. É como penetrar no fundo
do lago, além do tumulto de sua superfície; aí poderemos encontrar com o Grande
Silêncio, que é mãe de toda palavra justa, de toda virtude e de uma consciência
capaz de apreender a realidade. Tereza de Calcutá dizia: “o fruto do silêncio é a
oração, o fruto da oração é a fé, o fruto da fé é o amor, o fruto do amor é o trabalho”.
Tudo começa pelo silêncio e termina com aquilo que o companheiro Leonardo Boff
denomina de “mística dos olhos abertos e das mãos operosas”.
Portanto, para desenvolver a qualidade noética nós temos tecnologias
milenares que vêm das tradições sapienciais que, na UNIPAZ, denominamos de
holopraxis: o yoga, a oração - que hoje é estudada e já foram evidenciados os seus
efeitos benéficos para a saúde -, a contemplação, enfim, os caminhos meditativos
das tradições orientais e ocidentais. Todas as grandes tradições tribais, por exemplo,
prescrevem a oração. Orar, no sentido mais amplo, é ter uma intenção sagrada.
Qual é a sua intenção sagrada? Para quem você se levantou essa manhã? Para que
você se coloca de pé? Ter uma intenção sagrada é ter um sentido maior. Enfim,
encontraremos as tecnologias de transmutação consciencial no sufismo, nas
diversas modalidades meditativas do budismo, do cristianismo, sobretudo do
cristianismo ortodoxo, no xamanismo e em todos os caminhos de despertar da
consciência sintética. É preciso introduzi-las nas escolas, se quisermos que a
educação abranja a dimensão consciencial.
Se você não sossega o seu corpo, se você não é capaz de sentar e imobilizar
o corpo - que é o mais fácil - como você será capaz de chegar a uma quietude da
mente, a uma quietude do pensamento, do sentimento? As novas escolas que já
estão emergindo, incluem nos seus currículos a psique, levando em consideração,
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
também, a notável dimensão onírica, a inteligência dos sonhos. Vocês sabiam que
tem professores que nunca perguntaram pelos sonhos dos seus alunos ? O sonho é
um estado de consciência extraordinário que complementa a consciência de vigília.
Nós já temos 100 anos de pesquisa científica dos sonhos e milênios de pesquisa
nas grandes tradições culturais. No entanto, o ocidental ordinário, condicionado pelo
reducionismo racionalista, é como aquele pescador que chegou muito cedo para
pescar, não tendo o sol ainda nascido; para passar o tempo ele jogava pedrinhas
nas águas escuras do rio - e quando ele pegou a última pedrinha, o primeiro raio de
sol da vigília surgiu, e ele viu que a pedrinha era um diamante! E assim fazemos,
jogando nas águas da alienação e do descuido toda a riqueza simbólica dos sonhos.
É fundamental resgatar a pedagogia simbólica dos antigos, se quisermos facilitar a
emergência de seres humanos inteiros.
É preciso, também, desenvolver a dimensão noética para chegarmos na fonte
da criatividade máxima, no manancial da sabedoria da espécie e da liderança
intuitiva e silenciosa. O bom líder, dizia Lao Tsé, é aquele que ninguém sabe que
existe; terminada a tarefa todos dizem: “eu fiz isso por mim mesmo”. Da dimensão
noética surge a mais elevada maestria. Ela tem sido comparada a um espelho que
pode refletir a realidade; é através de nous que podemos espelhar, fidedignamente,
a realidade. Uma pessoa que não tem essa qualidade é como uma pulga saltitante,
uma “barata tonta” que todo o tempo projeta as suas memórias em suas
experiências, cegando-se para a realidade além de suas fantasias. Quando Cristo
indicava: "quem não for adúltero atire a primeira pedra", ele falava com relação aos
olhos. Adulterar a realidade é você projetar na realidade seus pensamentos, seus
conceitos, suas memórias; não adulterar é você ter os olhos abertos. Diz o poeta
Pessoa, no Guardador de Rebanhos:
"O meu olhar é nítido como o girassol; eu não penso... pensar é estar doendo
os olhos, pensar é não compreender. O mundo não foi feito para pensarmos sobre
ele mas, sim, para olharmos para ele e estarmos de acordo. Eu não tenho filosofia,
eu tenho sentidos e se eu falo sobre a natureza não é porque eu saiba o que ela é; é
porque eu a amo e amo-a por isso, porque quem ama nunca sabe o que ama, nem
por que ama, nem o que é amar. Amar é a eterna inocência, e a única inocência,
não pensar.”
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Soma ___________
Psique ___________
Nous ___________
Pneuma
E ainda há um último risco, e esse, não pode ser da mesma cor e não pode
ser também no sentido horizontal. Tem que ser vertical. Alguns vão traduzir Nous
por espírito, não é assim como estou traduzindo; eu traduzo Nous por consciência
sem objeto, não por espírito. Se você olha o sol se refletindo no espelho você vai
dizer, olhando para o espelho, que o espelho é o sol? O espelho reflete o sol, assim
como a dimensão noética pode refletir a luz de alguma coisa que está além da
existência, e é isso que os antigos chamavam de pneuma.
Pneuma é uma tradução do hebraico Ruah, que na sua origem é feminino e
significa sopro. Pneuma é neutro em grego e foi traduzido depois como espírito, em
latim, um termo masculino. Isto é uma distorção pois, na sua origem, essa é a
dimensão uterina do feminino-luz. Pneuma é, filosoficamente falando, a essência. Há
um termo ainda menos contaminado e que gosto muito: Pneuma é Vida. Precisamos
diferenciar vida de existência, eu insisto muito nisso. Existência é uma manifestação
da vida, é aquilo que passa: estes riscos horizontais representam a existência. Certa
vez Buda, indagou aos seus discípulos sobre o que era o oposto da morte? “Vida”,
eles disseram, com a mente polar. E Buda respondeu: “Não, é o nascimento, porque
a vida é eterna”. Já dizia Cristo: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Nós
confundimos muito a vida com a existência. O que nós denominamos, com diversas
palavras, Deus, talvez seja um princípio de vida inerente a todos os universos.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
em sua porta e você for procurar um psiquiatra convencional, ele vai lhe dar algum
nome esquisito e vai lhe prescrever remédios, também. Agora, talvez o mais
impactante, como afirmou Grof num recente congresso: se você tiver uma legítima
experiência espiritual e procurar um sacerdote convencional, um pastor, ele vai lhe
levar a um psiquiatra! Eles falam de coisas acontecidas há 2000 anos, mas se você
viver uma experiência parecida, você será ouvido com uma escuta suspeita. Onde
podemos encontrar um espaço de escuta da essência e da inteireza humana?... E é
por isso, nesse momento, as pessoas mais revolucionárias, os verdadeiros
conspiradores são aqueles que falam do espírito e que não temem dizer essa
palavra em universidades, em lugares como esse, em lugares públicos, porque
enquanto nós não ousarmos falar em espiritualidade, ainda estaremos muito longe
de uma humanidade plena.
Quando eu falo em espiritualidade, me entendam bem, não estou me
referindo a nenhuma igreja, a nenhuma religião particular, embora respeite todas.
Refiro-me à espiritualidade como o fazia Einstein, apontando para uma vivência
cósmica; ou, ainda, outro físico contemporâneo, que recentemente trouxemos a
Brasília, Fritijof Capra, que denominou o seu penúltimo livro de Pertencendo ao
Universo. Espiritualidade é uma consciência não-dual, uma consciência de
participação, da parte no todo, que na essência é amor, e na prática é solidariedade.
Uma pessoa que despertou para essa dimensão espiritual, é uma pessoa que não
se vê separada do outro, da comunidade e do Universo. Eu pergunto: em sã
consciência, você colocaria fogo no seu corpo? Se você sente-se não-separada do
outro, você jogaria fogo em alguém que está dormindo num banco? E se você se
sente não-separado da natureza, você iria empestá-la, você iria destruir os
ecossistemas por uma neurose de progresso compulsivo, que foi decantada no
século passado por Comte e que, agora, testemunhamos o lado sombrio dessa
religião do progresso a qualquer custo, progresso a custa da hecatombe; você
empestaria a natureza se você se sentisse não-separada dela?
Nós vivemos um momento dramático para aqueles que têm os olhos abertos
e a escuta do inconsciente coletivo; essas pessoas entram em pânico! Sinto-me feliz
por estar sendo um operário, há mais de dez anos, da UNIPAZ, que é um verdadeiro
canteiro de obras, para a edificação de um novo paradigma, onde lutamos com
muita dificuldade e já desenvolvemos programas que foram enviados para o mundo
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Como falar de liderança sem falar sobre o que é o ser humano? Então, eu me
recordo novamente desse Xamã dizendo: “Primeiro, eu ensino meu povo a escutar",
uma escuta ampla, uma escuta bastante. Depois, se você escuta vai perceber que
tudo está ligado com tudo. “Não há como” - diz o poeta e também o físico -, “arrancar
uma flor no seu jardim sem mexer com as estrelas”. Uma borboleta levanta vôo na
Austrália e um tufão percorre as costas dos E.U.A; tudo está ligado com tudo. Com
esta consciência, o passo seguinte é óbvio : tudo está em transformação, tudo está
em mudança, onde você pisar é ponte, só há mutação; não há o que passa e nem
há aquilo que faz passar, só há passagem. Quando você acorda para esta realidade,
você não mais se sentirá proprietário de terra alguma. Toca-me muito como algumas
sociedades tribais reivindicam a terra: estes sem-terra não reivindicam a terra para
que seja deles; eles dizem: “Nós precisamos da terra por que nós somos da terra.
Como nós vamos viver sem a terra se pertencemos a ela?”
Quanto à liderança, creio que há três estágios na nossa evolução natural para
realizar a semente da maestria em cada um de nós.
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paz
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estagnação
Onde você estiver estagnado no seu corpo, na sua psique, na sua dimensão
noética, aí você terá perdido a paz e aí você estará adoecendo. Esta é uma
esclerose psíquica que caracteriza um líder centrado, fixado, numa ideologia ou
sistema, seja ele qual for, um líder que recita uma ideologia e quer ser fiel apenas a
uma ideologia. São líderes muito restritos, porque eles ficam seguindo trilhos e
perdem as trilhas; morre o criador, vegeta a criatura; não há inovação nem
criatividade. Tudo está se transformando e necessitamos um permanente processo
de atualização dos conceitos e atitudes. Portanto, a pessoa que permanece nesse
estágio inicial, vive aquilo que na mitologia grega é indicado como a cama de
Procusto. O Procusto é um personagem muito hospitaleiro porém, o seu hóspede é
obrigado a se adaptar à sua cama. Caso seja maior, para se adaptar à cama,
Procusto corta suas pernas, naturalmente. Caso seja menor, terá as suas pernas
espichadas. E assim são as escolas normóticas, com currículos que são genéricos e
rígidos, não centrados no aprendiz. Assim, também, são líderes que tratam os outros
como números ou políticos centrados numa técnica ou teoria que tornam-se
ultrapassadas. Lembro uma estória antiga, que fala de uma pessoa que procurava
um objeto debaixo de um holofote, na rua. Alguém pergunta-lhe: “É aí que você o
perdeu?” E a resposta é: “Não, eu o perdi lá em casa, mas aqui está mais claro!...”
Infelizmente, a maior parte das pessoas fica capturada nesse rede cômoda da
mesmice, jamais assumindo a autoria, o lugar do Sujeito da própria existência.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CREMA, Roberto
Porém, alguns vão contra a correnteza; alguns são teimosos o suficiente. Eis
do que necessitamos: teimosia. Um menino conversava com outro e dizia: "Quando
eu crescer serei um profeta e vou falar coisas que ninguém vai querer ouvir". O
outro, intrigado, perguntou: "Então por que você quer ser um profeta se ninguém vai
querer ouvi-lo?” E o primeiro respondeu: "É que nós, os profetas, somos muito
teimosos!" Sem teimosia você jamais virará essa página; é preciso a disciplina da
busca. Porém, se você for além, entrará numa outra qualidade de liderança que
denomino de líder centrado na pessoa, no problema, no aqui e agora. Esse é um
líder que está disposto a jogar fora as suas tecnologias, as suas metodologias na
lata de lixo, caso estejam interferindo na sua relação com a realidade viva, que não
tem endereço certo, a realidade sempre mutante, o inusitado instante. Para você
estar afinado com o processo da realidade, você também precisa ser mutante! Esse
líder já ilumina um auditório. Um grande profeta desse tipo de liderança foi Carl
Rogers, que partia do princípio que todo ser humano tem uma tendência ao auto-
desenvolvimento, auto-realização e auto-regulação, bastando, para isso, que haja
um terreno fértil. E é aqui que se coloca uma palavra nova : o facilitador. Você facilita
propiciando um terreno fértil, onde cada um possa se tornar aquilo que é, e aqui o
líder encontra-se em sua maturidade.
Durante muito tempo postulei essa abordagem humanística como sendo o fim
do caminho. Porém, há um momento em que, se você olhar bem para os olhos de
um ser humano e se você abrir ainda mais a sua escuta, você vai se dar conta de
que o ser humano é mais do que um ser humano. Lembro como me tocou encerrar
um congresso recente na Universidade de Lisboa; era um congresso que contava
com cientistas como Grof, Sheldrake, Pribran, Amit Goswami, entre outros. Então,
lembrei-me de um filósofo espanhol, Uriol Anguera, que foi convidado também para
encerrar um congresso de cibernética, depois de uma semana discutindo sobre
processos mecânicos, informacionais, sobre toda essa racionalidade da máquina.
Então, o filósofo levantou, tomou a palavra e disse: “Eu vim aqui para falar de uma
trindade diabólica: primeiro veio Darwin e nos ligou a um macaco, depois veio Pavlov
e nos ligou a um cão; então, veio Freud e nos ligou a um falo. E como os três
mosqueteiros eram quatro, veio Norbert Wiener e nos ligou a uma máquina. Eu
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estou aqui para dizer que pelo menos 1% do homem é Deus!” Este 1% metafórico
aponta para o Mistério. Se você olhar bem para o ser humano e se você de fato
escutá-lo, em algum momento, você vai se deparar com o Grande Mistério; em
algum momento você vai encontrar aquelas palavras de Teilhard de Chardin: “O ser
humano é o sacerdote da Criação. É o espaço onde o próprio Universo pode
aprender a se conhecer, pode aprender a se amar". Portanto, é preciso virar essa
página também, e muito se caminhou para chegar aqui; é um itinerário de realização
que começa sempre com o primeiro passo : inclinar o coração para aprender.
O terceiro estágio - e eu vim aqui para trazer essa notícia final, pois essa é a
nossa conspiração; por isso estamos aqui; por isso existe a UNIPAZ - o terceiro
estágio, que inclui os anteriores, pode ser chamado de excelência: a liderança
holocentrada. O líder holocentrado é o que se conectou, se religou à totalidade,
dando-se conta de que não está dissociado da sociedade, do ambiente, do universo
e do Grande Mistério. É o líder que escuta as sincronicidades: ele volta, à moda dos
antigos, a escutar o trovão, a escutar o cochicho dos eventos que se conectam
numa unidade, sempre a partir de uma unidade indissociável, isso é que é
sincronicidade. É o que Jung juntamente com Pauli, um representante da física
quântica, chamava de princípio de conexões acausais, que alguns vão chamar de
transcausais. É o domínio das coincidências significativas quando os eventos se
conectam pelo significado e não pela causa. Nós existimos numa unidade de
eventos; não estamos separados dessas cadeiras, dos seres humanos que nos
cercam, das maquininhas e de tudo o que nos envolve. Portanto, quando você faz
uma pergunta, você pode acionar uma resposta implícita no mistério da totalidade e
isso é sincronicidade, um conceito já clássico, sustentado numa reflexão científica. É
um líder que está, numa só palavra, "ligado": ele está ligado à tomada universal; é
um líder que conectou os seus dois hemisférios cerebrais: o hemisfério racional,
científico, tecnológico com o hemisfério poético, místico, da comunhão; o hemisfério
analítico com o hemisfério sintético; o hemisfério esquerdo, com o hemisfério direito:
as duas asas que um pássaro necessita para voar, as duas pernas que um ser
humano necessita para empreender uma viagem com coração. Metaforicamente,
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podemos falar que é um líder centrado no corpo caloso, milhões de neurônios que
conectam os dois hemisférios cerebrais, religando-os.
A holística não é nem analítica, nem sintética; a holística não é nem científica,
nem espiritual; a holística implica uma comunhão, uma sinergia entre essas duas
naturezas e duas formas de apreensão do real. Como diz Capra, "A ciência não
precisa da espiritualidade, pois tem o seu caminho próprio, é o caminho analítico; a
espiritualidade não precisa da ciência, pois tem o seu caminho próprio, o sintético, o
intuitivo. Mas o ser humano necessita de ambos.” O corpo caloso, que gosto de
metaforizar como o chifre do unicórnio, que os antigos denominavam de terceira
visão, é o substrato neurológico da liderança holocentrada. Portanto, esse é um líder
na sua excelência, é um líder que ousou resgatar as suas asas sem perder as suas
raízes, é um líder que pode dizer com o poeta:
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da ignorância existencial é aquela que nos mantêm atados a uma corrente e a uma
prisão, aquela que nos tira o sabor da aventura e o gosto da liberdade.
Esse líder se manifesta através da amorosidade. É preciso ousar dizer que o
espírito é amor; o espírito se manifesta através do amor. Se não houver amor então,
para quê viver? Portanto, o amor está no início, está no meio e está no fim. Nós
estamos aqui para aprender a amar - e todo o resto é bobagem. Na medida em que
você aprende a amar, você faz doação, você aprende a doar. Alguns dão do que
têm, outros dão do que sabem. E há aqueles que dão do que são: são os grandes
mestres, são os grandes líderes e a humanidade sempre nos ofereceu o testemunho
de seres humanos plenos que nos convocam a subir a nossa própria montanha.
Quero concluir com uma oração criada por um poeta espanhol, Jimenez,
quando viveu um tempo muito depressivo e sentiu que sua alma estava sendo
roubada. Então ele subiu numa montanha, nos Pirineus, e lá ficou durante um mês
em retiro. Quando desceu, ele tinha uma intenção sagrada que passou a ser sua
oração e que diz:
"Eu não sou eu, eu sou alguém que caminha ao meu lado. Que permanece
em silêncio quando estou falando. Que perdoa e esquece quando estou irado,
esbravejando. Que segue sereno quando estou aflito, sofrendo. E que estará de pé
quando eu estiver morrendo.”
Eu não sou eu, eu sou alguém que caminha ao meu lado. E por esse Alguém,
vale a pena conspirar.
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Capítulo 8
CONSCIÊNCIA E EDUCAÇÃO
Resumo
O presente artigo tem como objetivo fomentar uma sinergia nacional acerca do estudo da
Consciência, através da educação formal e se apresenta como um convite à reflexão do educador
sobre o seu papel de auxiliar no processo de despertamento, construção, desenvolvimento e/ou
expansão da Consciência dos educandos, incluindo ações que favoreçam a integração do seu sentir,
pensar e agir.
Palavras-chave: Consciência, Educação Formal, Lei Natural.
INTRODUÇÃO
Consciência implica
operação que não deixa resto.
(A Arca)
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transformar e criar, através de um método educativo que prime pelo ensino que
facilita a aprendizagem, bem como toda aprendizagem que desperta o sentimento,
favorecendo novas criações.
Nesse contexto, o conhecimento das teorias sobre a prática educativa, os
melhores métodos para a aprendizagem e o sentimento de responsabilidade para
com o processo de educar subjetividades são fundamentais para todo educador,
comprometido com a educação.
Assim, no amanhecer deste novo milênio, é constatável que já passamos por
diversas experiências individuais e sociais, já abraçamos diversas teorias e o
problema da integração do Ser Humano ainda perdura, nos instigando a questionar
as abordagens educacionais que se dedicam, prioritariamente, à dimensão exterior
do Ser Humano, ou mesmo ao desenvolvimento das dimensões do agir e do pensar,
em detrimento da dimensão do sentir.
Isto não quer dizer que devemos abandonar a ciência e a tecnologia, mas sim
buscar integrá-las com o respaldo de princípios éticos, morais e estéticos elevados.
Afinal, é o despertamento, conhecimento, desenvolvimento e expansão da
Consciência que implica progresso e não o avanço tecnológico.
Não podemos ser ingênuos em acreditar que uma transformação desta
natureza se originará de elites dominantes ou será proveniente de instâncias
superiores figuradas como ordem divina, numa dimensão de fora para dentro, ou da
sociedade para o indivíduo, mas, ocorrerá sim, através de uma transformação que
parta de dentro de cada Ser Humano.
O projeto educativo é, então, integrar e não afastar o Ser Humano de si
mesmo, o que implica ter presente seus valores subjetivos, além dos objetivos,
proporcionando aos educandos condições de uma formação adequada, de tal
maneira que possam descobrir, por si só, suas tendências e valores próprios, bem
como sua finalidade de existir, seus deveres naturais para com a vida, incluindo
valores que envolvam as pessoas, de um modo geral, e o equilíbrio dinâmico nas
relações cotidianas.
Uma prática educativa, a partir de uma visão integral, emerge como um
antídoto, entre outros, para a nossa sociedade, que está alicerçada, até prova em
contrário, no descuido com a formação integral do Ser Humano, demonstrado nas
ações cotidianas, fazendo com que, do ponto de vista pessoal, tornemo-nos
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CONCEPÇÕES DE CONSCIÊNCIA
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Barreto (Ibid.) afirma ainda que devemos buscar saber cada vez mais o que é
ter Consciência clara, pois é com ela que o Ser Humano se eleva na senda da
Iluminação, da bem-aventurança e/ou algo que equivalha.
Dessa forma, precisamos auxiliar, através da educação, no processo de
despertar, construir, desenvolver e expandir a Consciência dos educandos,
considerando que nela repousam as Leis Naturais que regem o Universo. Assim
sendo, Consciência e Leis não têm diferença nem distância.
LEI DE CONSCIÊNCIA
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Enfim, a Lei é o fato tão observável quanto verificável em todos os seres e/ou a que
todos os seres estão sujeitos.
O estudo da Lei, por sua vez, nos favorece exercitar o saber pensar a ponto
de conseguirmos ser capazes de sentir, pensar e agir de maneira que os nossos
sentimentos, pensamentos e atos podem ser, expressar e/ou se converter em Lei
Universal. Ou seja, saber pensar favorece-nos experimentar, de forma, direta,
correta e completa, a real beleza, riqueza e significação da vida.
Por outro lado, quando o Ser Humano não é iniciado na senda do saber
pensar por si mesmo, ele tende a não ser favorecido pelo que indica a noção exata
de Consciência e de Lei Natural, para a sua evolução voluntária; e, com isso,
enfraquece o seu senso de decência, elegância e decorosidade; inclina-se a
desprezar o valor do zelo, principalmente para com o que é frágil; bem como impede
o seu impulso de ousar, paciente, persistente e inteligentemente, na busca do que é
considerado como difícil, improvável ou impossível.
Por isso, um dos maiores desafios do Ser Humano é saber pensar integrando,
em si mesmo, o seu sentir, pensar e agir numa só ação, sob pena de viver
desintegrado e, cada vez mais, desintegrando-se. Nesse contexto, a razão indica
que o saber que mais importa, além do autoconhecimento, é o conhecimento da Lei.
Até porque, a Consciência é a Lei.
E, para pesquisarmos e analisarmos até compreendermos, bem como
praticarmos até sentirmos, significativamente, uma Lei Natural, é imprescindível que
sejam observadas e verificadas, a partir do fenômeno considerado como relativo à
mesma, as evidências das três características fundamentais que demonstram o todo
da sua manifestação: o centro de onde partem todas as ações, o agir e o objeto que
reflete as ações.
Essas características são desdobradas, fundamentando-se nos itens da
metodologia científica: 1) objeto (o que é), 2) finalidade (para que existe),
3) justificativa (porque existe), 4) fundamentação teórica, 5) método (como, quando,
quanto), 6) recursos (com quem e com o que), e 7) fonte (origem). Veja o quadro a
seguir:
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são saber viver, pensar, raciocinar, contemplar, as Leis Divinas, usar as Leis etc. Os
recursos materiais são as energias pensantes, as energias inteligentes e a mente.
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R E F E R Ê NC IAS
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Capítulo 9
CONSCIÊNCIA E TRANSDISCIPLINARIDADE
Resumo
Este artigo tem como objetivo estabelecer relações entre a visão de Consciência da Psicologia
Transpessoal e a Transdisciplinaridade a partir de conceitos e pesquisas importantes relacionadas
aos dois temas. Primeiramente são apresentados os conceitos relativos à Consciência, tais como
Estados Ampliados de Consciência, Consciência de Unidade e Consciência, Cérebro e Realidade.
Num segundo momento são desenvolvidos alguns conceitos relacionados com a
Transdisciplinaridade, a saber, o conceito de Níveis de Realidade, de Lógica do Terceiro Incluído e o
conceito de Complexidade. Enquanto os conceitos são desenvolvidos são estabelecidas algumas
relações entre os dois temas. Por último será apresentada a conclusão, ressaltando o nível de
complementaridade que os dois temas possuem entre si e a importância de se aprofundar essas
relações.
Palavras-chave: Consciência, Transdisciplinaridade, Psicologia Transpessoal.
INTRODUÇÃO
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CONSCIÊNCIA DE UNIDADE
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NÍVEIS DE REALIDADE
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A Não-A
Figura - 1
Em se tratando da Consciência humana, certos tipos de experiências que são
consideradas impossíveis no estado de consciência de vigília, tornam-se plenamente
possíveis em Estados Ampliados de Consciência. A psicopatologia clássica sempre
considerou estes estados como patológicos por considerar a existência de apenas
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COMPLEXIDADE
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Níveis de Realidade. Também D’Ambrósio (1998, p. 21) traz essa visão ampliada ao
referir-se a autopercepção de um indivíduo como:
Este ser que se percebe inteiro também percebe o mundo de uma maneira
completamente diferente, sentindo-se sujeito que cria a sua própria realidade -
colapso quântico (GOSWAMI, 1999) e, sendo assim, assumindo novos valores e
responsabilidades frente a sua própria existência, à sociedade onde vive, ao planeta
e ao Cosmos. Perceber-se e perceber o mundo dessa maneira inteira, leva à criação
de novos significados a partir das vivências em Estados Ampliados de Consciência.
A física já demonstrou que matéria e energia têm a mesma essência (E=mc2) e que
matéria é energia em forma densa. Goswami (1999), com sua teoria da Criatividade
Quântica, demonstra que toda a manifestação (atualização na linguagem quântica)
se dá do nível mais sutil para o nível mais denso. Nossa realidade mental, intuitiva e
emocional (sentimentos), é mais sutil do que o nível físico, mas é a partir destes
níveis sutis que criamos nosso mundo físico. As experiências em Estados Ampliados
de Consciência revelam a teia invisível que une todos esses níveis e torna possível
sua interação, isto é, revela a Complexidade do Real.
A apreensão da realidade é muito mais do que um ato do pensar. Assim, o
ato cognitivo envolve o ser inteiro, em suas múltiplas dimensões. Capra (1997)
salienta a cognição inclui a linguagem, o pensamento e todos os outros atributos da
Consciência humana.
Isso tudo nos remete a idéia de rede, trazida pela visão sistêmica. Capra
(1997, p. 48) faz importantes colocações a respeito dessa nova visão do
conhecimento e da realidade nos seguintes trechos:
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CONCLUSÃO
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PARTE IV
CONSCIÊNCIA, FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
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CAPÍTULO 10
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Mas, que sou, então? Coisa pensante (Res cogitans). Que é isto? A saber,
coisa que duvida, que entende, que afirma, que nega, que quer, que não
quer, que imagina também e que sente. Não é certamente pouco, se essas
coisas em conjunto me pertencem".
Por essa afirmação, creio ficar claro que o estabelecimento do ser humano
como sujeito do conhecimento, portanto possuidor de consciência, ao modo como
entendemos até hoje, resultou da tarefa cartesiana. Formula, por princípio, distinção
entre o pensamento e o corpo.
Todavia, o termo é apropriado de modos distintos até nossos dias. A primeira
revisão feita desde Descartes (as Meditações foram escritas em 1641) veio da pena
de David Hume, em seu Tratado da Natureza Humana, de 1739; nele se encontra:
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3Apesar da forte conotação psicológica que possui o termo, pretendo examinar a questão nos estritos
sensos da filosofia, uma vez que me faltaria competência para navegar nesses outros mares.
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Como elemento da substância, sujeito recebe, das demais coisas, o dito; ele
mesmo, nada diz de outras coisas. Por isso é sujeito, isto é, está sujeito ao que é
dito sobre si. Essa significação remete-nos ao âmbito da lógica, pois, numa
proposição sujeito é aquilo de que se fala; portanto, é passivo das informações
prestadas. Se tomarmos esse sentido, de certa forma o estaremos colocando em
sua posição oposta, isto é, se sujeito é o ser ao qual é atribuído o predicado, o
primeiro torna-se suporte do segundo, pois não havendo predicado inexistirá o
sujeito. É certo que esse é o sentido do que se denomina sujeito gramatical; outros
são considerados no âmbito lógico: “o sujeito a que se poderia chamar propriamente
lógico, isto é, aquilo que constitui a idéia à qual se aplica a asserção” 5 e “o sujeito
real, isto é, no sentido aristotélico, o ser individual que produz os atos ou em que
residem as qualidades que se afirmam dele”, 6 como ilustra a citação anterior da
Metafísica.
Como se vê, o uso é diverso na literatura filosófica. Costuma-se falar, no
âmbito da teoria do conhecimento, sujeito como aquele apto a conhecer. Mas,
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dialético é precisamente isso: o homem hábil em propor questões e em levantar objeções” (Tópicos
VIII, 164b1-5), em outras palavras, a compreensão dos limites e possibilidades de algo. Conclui-se
que a dialética, para o filósofo de Estagira, inscreve-se no âmbito da crítica.
12 Aristóteles, Dos argumentos sofísticos, 11 (172a20-25).
13 Lebrun afirma: “A Crítica será então uma mortificação integral da metafísica? Nós já pressentimos
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E aqui reforça o que foi dito sobre a constituição do sujeito psicológico, uma
vez que o conhecimento do objeto está condicionado ao fato de “afetar a mente de
certa maneira”, ou seja, ser intuído como representação da sensibilidade. O que põe
a razão sob limites, uma vez que só se pode conhecer o que for intuído, isto é,
objetos que nos são dados. Aqui podemos notar a transição da relação enunciativa
do conhecimento por meio da síntese lógico-formal, estabelecida na relação sujeito-
objeto, ao estabelecimento de um sujeito cognoscente que compõe a razão humana;
e, conseqüentemente, no caso deste texto, a consciência.
Hegel criticará Kant pelo excesso de subjetivismo, pois julga que no método
crítico de Kant “o problema é saber se esse intuir intelectual não é uma recaída na
simplicidade inerte; se não apresenta, de maneira inefetiva, a efetividade mesma” 17.
Daí sustentar, na abertura dessa sessão da Fenomenologia:
15 Kant, Crítica da razão pura, “Da distinção entre juízos analíticos e sintéticos”, Introdução IV.
16 Kant, Crítica da razão pura, “Estética Transcendental”, §1.
17 Hegel, Fenomenologia do espírito, Prefácio [Es kommt nach] §17.
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“eu” é a condição do predicado “penso”. Isso pensa: mas que este “isso”
seja precisamente o velho e decantado “eu” é, dito de maneira suave,
apenas uma suposição, uma afirmação, e certamente não uma “certeza
imediata”. E mesmo com “isso pensa” já se foi longe demais; já o “isso”
contém uma interpretação do processo, não é parte do processo mesmo.
Aqui se conclui segundo o hábito gramatical: “pensar é uma atividade, toda
atividade requer um agente, logo – “. Mais ou menos segundo esse
esquema o velho atomismo buscou, além da “força” que atua, o pedacinho
da matéria onde ela fica e a partir do qual atua, o átomo; cérebros mais
rigorosos aprenderam finalmente a passar sem esse “resíduo de terra”, e
talvez um dia nos habituemos, e os lógicos também, a passar sem o
pequeno “isso” (a quem se reduziu, volatizando-se, o velho e respeitável
Eu) 26.
Alguns pontos podem ser destacados. O primeiro, é o papel do hábito no
pensamento de Nietzsche 27. Em Humano, demasiado humano (§ 97) explica a
função do hábito e sua relação com o costume. É pelo hábito que se forma o
costume, pois “fazemos o habitual mais facilmente, melhor e por isso de mais bom
grado; sentimos prazer nisso, e sabemos por experiência que o habitual foi
comprovado, e portanto é útil”. O prazer, associado à utilidade, dá sustentação ao
recurso do hábito pelo seres humanos. E aquilo que é feito habitualmente “não pede
reflexão”, se assim o fosse, o viver se tornaria bem mais complexo, e, para alguns,
tremendamente desconfortável. Ainda assim, é inegável a importância do hábito.
Contudo, essa convicção pode conduzir a um erro: “porque nos sentimos bem com
um costume, ou ao menos levamos nossa vida com ele, esse costume é necessário,
pois vale como a única possibilidade na qual nos sentimos bem; o bem-estar da vida
parece vir apenas dele”. Por isso, Nietzsche pondera sobre esse tipo de ignorância,
a de desconhecer outras formas de bem-estar, afinal, “o mesmo grau de bem-estar
pode existir com outros costumes, e que mesmo em graus superiores podem ser
alcançados”. Por conseguinte, o hábito pode ser fonte de bem-estar e conforto para
consolidação de costumes, trazendo junto a si a convicção de que este é o único
meio de bem viver. A crítica de Nietzsche é sobre assentar-se na convicção de que
não há mais alternativas para um modo de ser diferente do habitualmente
encontrado e vivido.
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Não há, pois, como dissociar vida e obra, biografia e trabalho filosófico.
“Aos poucos se evidenciou para mim o que toda grande filosofia foi até o
momento: a autoconfissão de seu autor, uma espécie de memórias
involuntárias e inadvertidas”, dirá Nietzsche em Para além de Bem e Mal (§
6). No limite, todo escrito é à sua maneira autobiográfico, todo pensamento
traz à luz uma existência 28.
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Em última instância, ninguém pode ouvir nas coisas, inclusive nos livros,
mais do que já sabe. Para aquilo a que não se tem acesso por vivência, não
se tem ouvido. Pensemos em um caso extremo: que um livro fale de puras
vivências que estão inteiramente fora da possibilidade de uma experiência
freqüente, ou mesmo apenas rara – que seja a primeira linguagem para
uma nova série de experiências. Nesse caso simplesmente nada é ouvido,
com a ilusão acústica de que, onde nada é ouvido, também nada há... Esta
é, por último, minha experiência média, e, se se quiser, a originalidade de
minha experiência 43.
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mesmo na vontade daquele que serve encontrei vontade de ser senhor. (...)
Somente, onde há vida, há também vontade: mas não vontade de vida, e
sim – assim vos ensino – vontade de potência! 45
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49 Para Marton, “Em Assim falava Zaratustra, Nietzsche apresenta, por vez primeira, sua concepção
de vontade de potência. Identificando-a com a vida, concebe-a como vontade orgânica; ela é própria
não unicamente do homem, mas de todo ser vivo; mais ainda: exerce-se nos órgãos, tecidos e
células, nos numerosos seres vivos microscópicos que constituem o organismo. Atuando em cada
elemento, encontra empecilhos nos que o rodeiam, mas tenta submeter os que a ela se opõem e
colocá-los a seu serviço. Manifestando-se ao deparar resistências, desencadeia uma luta que não
tem pausa ou fim possíveis e permite que se estabeleçam hierarquias jamais definitivas” (Deleuze e
sua sombra, p.237).
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R E F E R Ê NC IAS
HEGEL, Georg W.F. Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio: 1830 (v. I:
A ciência da lógica); texto completo com os adendos orais. Tradução de Paulo
Meneses com a colaboração de José Machado. São Paulo: Loyola, 1995.
KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Tradução de Valério Rohden e Udo Baldur
Moosburger. “Coleção Os Pensadores: Kant I”. São Paulo: Abril Cultural, 2a edição,
1980.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) MONTEIRO, Silas
MARTON, Scarlett. Nietzsche. Das forças cósmicas aos valores humanos. São
Paulo: Editora Brasiliense, 1990.
SALMOMÉ, Lou Andreas. Nietzsche. Tradução de Luis Pasamar. Madrid: Zero S.A.,
1980.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) SOARES, Noemi
Capítulo 11
RESUMO
Este artigo apresenta algumas reflexões sobre o significado da arte de aprender ou do
autoconhecimento para o processo de ativação da consciência do ser humano planetário. Além de
ressaltar que o eixo pedagógico e epistemológico da educação transdisciplinar é a vivência da arte de
aprender, o conteúdo da sua abordagem, fundamentada em algumas concepções pedagógicas de
Jiddu Krishnamurti, evidencia que, no século XXI, esta vivência é imprescindível para o
autodesenvolvimento humano, também compreendido como o processo de cuidado-cura da doença
psicológica do serhumanohumanidade.
Palavras-chave: Autoconhecimento; desenvolvimento humano; Krishnamurti.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) SOARES, Noemi
2 “O que o mundo necessita é uma mente toda diferente, uma mente inteiramente livre do medo que
em cada dia a atormenta. E nenhuma possibilidade tendes de encontrar com a velha mente essa
mente nova.” ( KRISHNAMURTI, 1973b: 43, grifo meu).
“A mente está toda condicionada. Não há uma só parte da mente que não esteja condicionada [...] A
mente está toda condicionada, o que é um fato evidente, se refletimos a tal respeito. Isso não é
invenção minha, é um fato. Pertencemos a uma dada sociedade, fomos educados de acordo com
determinada ideologia, certos dogmas, tradições, e a vasta influência da civilização, da sociedade,
condiciona-nos incessantemente o espírito.”(KRISHNAMURTI,1956a:11).
“A mente está condicionada desde a infância, desde o começo da vida, desde há milhões de anos.”
(KRISHNAMURTI, 1977b:36).
Empregamos a palavra “mente velha condicionada” para significar o “processo total” do pensamento-
sentimento condicionado, como memória, conhecimento, e incluindo as células cerebrais [...] O
cérebro é o resultado de milhares de anos de experiência, na luta pela sobrevivência e segurança.
(KRISHNAMURTI, 1973 c: 135).
3 “A educação não é um simples exercício da mente (condicionada). O exercício leva à eficiência, mas
não produz a integração. A mente que foi apenas exercitada é o prolongamento do passado, nunca
pode descobrir o que é novo. Eis porque para averiguarmos o que é educação correta, cumpre-nos
investigar o total significado do viver.” (KRISHNAMURTI,1969a, p.12)
“Educação não significa, apenas, adquirir conhecimentos, nem coligir e correlacionar fatos; é
compreender o significado da vida como um todo. Mas o todo não pode ser alcançado pela parte.”
(KRISHNAMURTI,1969a, p.13)
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4 “A educação atual (ou educação incorreta) está toda interessada na eficiência exterior, desprezando
inteiramente ou pervertendo, com deliberação, a natureza intrínseca do homem; só cuida de
desenvolver uma parte dele, deixando que o resto se arraste como possa. Nossa interior confusão,
nosso antagonismo e temor acabam sempre por subverter a estrutura exterior da sociedade, por
melhor que ela tenha sido concebida e por mais habilmente que se tenha edificado. Não havendo
educação correta, destruímo-nos uns aos outros, e é-nos negada a segurança física. Educar o
estudante corretamente é ajudá-lo a compreender o processo total de si mesmo; porque só com a
integração da mente e do coração, no agir cotidiano, é que pode haver inteligência e transformação
interior” (KRISHNAMURTI,1969a, p. 44-45).
5 “O objetivo da educação correta é criar entes humanos integrados e, por conseguinte, inteligentes.
Podemos tirar diplomas e ser mecanicamente eficientes, sem ser inteligentes. A inteligência não é
mera cultura intelectual; não provém dos livros, nem consiste em jeitosas reações defensivas e
asserções arrogantes” (KRISHNAMURTI,1969a, p. 13).
6 “Assim, a verdadeira função da educação correta é não só ajudar-vos a descondicionar-vos, mas
também a ajudar-vos a compreender o inteiro processo do viver, dia a dia, para que possais crescer
em liberdade e criar um novo mundo totalmente diferente. [...] Eis porque a educação deve ser um
processo de educar tanto o educador como o estudante” (KRISHNAMURTI, 1973a, p. 28).
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humano representa toda a humanidade. De acordo com Jiddu Krishnamurti, aquilo que um ser humano
faz com a sua existência interfere na existência de toda a humanidade. Para ele, cada ser humano, no
âmbito do condicionamento da programação psicológica, é toda a humanidade.
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10 “Há, portanto, uma diferença entre a aquisição de conhecimento e o ato de aprender. É preciso ter
conhecimento; do contrário, não vamos saber onde moramos, vamos nos esquecer do nosso próprio
nome, etc. Logo, num dado nível, o conhecimento é imprescindível. Mas quando ele é empregado
para compreender a vida – que é um movimento, uma coisa viva, móvel, dinâmica, que se altera a
cada instante –, quando a pessoa é incapaz de caminhar com a vida, ela vive no passado e tenta
compreender essa coisa extraordinária chamada vida. E para compreender a vida, é preciso
aprender a cada minuto sobre ela e nunca abordá-la já tendo aprendido.” (KRISHNAMURTI,1996d, p.
118).
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Acha-se num estado de criação, imensurável, inominável, fora do tempo”. (KRISHNAMURTI, 1981 a:
222).
“A mente inocente, a mente nova criadora é aquela que não pode ser ferida. Uma mente sem
marcas de ferimentos recebidos – eis a verdadeira inocência; temos cicatrizes no cérebro e, com
elas, queremos descobrir um estado mental sem ferimento algum. A mente inocente, não pode ferir-
se, porque nunca transporta um ferimento de dia para dia”. (KRISHNAMURTI, 1975 c : 69).
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priori, ‘antes’ de toda ‘atitude’ e ‘situação’ da presença, o que sempre significa dizer que ela se acha
em toda atitude e situação de fato” (HEIDEGGER, 2001, p. 258).
17 “Faz-se, pois, necessária uma confirmação pré-ontológica da interpretação existencial da pre-sença
como cura. Essa, por sua vez, consiste no fato de que a pre-sença, desde cedo, quando se
pronunciou sobre si mesma, foi interpretada como cura...” (HEIDEGGER, 2001, p. 246).
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REFERÊNCIAS
Vários autores. Bíblia do ministro. Florida, Editora VIDA, 1996, edição contemporânea
de Almeida.
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Capítulo 12
RESUMO
As relações no meio natural e social provocam reações que interferem no modo de ser e estar dos
seres. A consciência destes atos e concepções implícitas nas decisões tomadas no cotidiano das
pessoas, em seu trabalho e na educação pode favorecer mudanças de atitudes e melhorias na
qualidade de vida de todos. A educação ambiental surge como um dos instrumentos que visa
desencadear mudança de pensamento e renovação de posturas de zelo, afeto, respeito na
convivência sadia em âmbitos sociais e naturais. A valorização do espaço-tempo vivido como
elemento de um processo cumulativo de aperfeiçoamento ou degradação de formas de vida
diversificadas permite a compreensão de que cada indivíduo age, numa interação local e global, de
forma tácita ou consciente no ambiente que constitui e por ele é constituído.
Palavras-chave: consciência ambiental, educação ambiental, papel da escola.
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Um saber só tem sentido e valor nas relações que o sujeito estabelece com o
mundo, consigo, com os outros, na opinião de Charlot (2000). Assim, considera que
"se saber é relação, o processo que leva a adotar uma relação de saber com o
mundo é que deve ser objeto de uma educação intelectual e, não, a acumulação de
conteúdos intelectuais" (p. 64). Esse processo não é apenas cognitivo e didático,
como alerta esse autor, exige que se insira o estudante em ligações que podem
proporcionar prazer, mas também, a renúncia de outras formas de vinculação: com o
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Olhar o aluno, o colega, como outro que busca junto a ele aprender, extraindo
mensagens do entorno físico e natural mobiliza o profissional docente, insinuando a
perceber que a relação com o saber é mais complexa do que a informação de
conteúdos numa abordagem fragmentada e superficial.
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como modos de interação ocorrem a partir de uma emoção que lhes dá caráter de
ação, o que é válido também para o raciocínio. Alertam que “dar-se conta das
próprias emoções implica dar-se conta do que se quer” (p. 28) o que repercute na
responsabilidade e na liberdade da escolha que venha a fazer.
A consciência de que o profissional docente, cujo trabalho é promover
aprendizagem, atua em um prédio onde se instala uma instituição de caráter
educativo, o qual constitui cenário, recurso didático, espaço de convivência diária
pode fazer com que se transforme a cultura da profissão docente. Neste meio os
atores sociais interagem dando vida, cor, significado diversificados em cada
momento ali vivenciados. Sentidos carregados de emoções, conhecimentos,
sensações emanados daquele meio e de suas histórias individuais, grupais e
organizacionais aí constituídas, dando base a novos saberes, fazeres, ao ambiente.
Portanto, direcionar a visão à instituição escolar, ao que a rodeia e a constitui
tem uma especificidade, pois procura evidenciar através do olhar determinado e
curioso, o conforto e o bem estar físico durante a interação no estudo ou no trabalho.
Sob o ponto de vista pedagógico e político a escola através de sua estrutura física
deveria: favorecer a percepção de cores, cheiros, frescores e calores gerados pelo
sol ou pela sombra, assim como, pelo convívio; produzir aconchego nas
possibilidades de arranjos para formação de grupos e/ou recolhimento a estudos
individuais; valorizar o ambiente como aglutinador, estimulante, seguro e, ao mesmo
tempo, provocador de desequilíbrios e conflitos que gerem novos conhecimentos.
Como a moradia, a escola poderia ser bonita e arrumada, de acordo com
seus habitantes. A identificação com a moradia, entretanto, não significa, que escola
para pobres tenha que ser pobre. Pobreza não significa carência de beleza, higiene,
luminosidade e disposição harmônica do ambiente gerador de bem estar.
Estudantes, professores e funcionários muitas vezes compartilham espaços por
longas horas sem se reconhecerem pertencentes a ele. Usufruem o lugar sem
adaptá-los e melhor utilizá-los, isentando-se de identidade, gosto e cuidado pelo
meio em que vivem e convivem em um tempo significativo de suas existências, que,
inquestionavelmente, faz parte de suas histórias, de suas construções.
A compreensão dos seres em suas características históricas, bem como, o
conhecimento de preceitos da educação ambiental, onde o homem é visto como
integrante da natureza e o ambiente como expressão das interações entre os seres
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podem constituir eixos para uma postura que permita auxiliar na percepção de
fenômenos emergentes da convivência entre os seres. Os aspectos históricos estão
implícitos nas concepções e práticas educativas de professores e estudantes, como
apontam estudos no cotidiano escolar (GIESTA, 2005a, 2003).
O espaço e o tempo em que as relações humanas ocorrem podem
representar fator decisivo na maior ou menor motivação pela união de esforços ou
dispersão das atividades. Assim, as escolas, como local de trabalho, promotoras de
desenvolvimento intelectual, cognitivo, social e político têm expressado posturas
diferentes de seus integrantes, através dos tempos e conforme o lugar em que
estejam prestando serviço. Se o ambiente da escola não é percebido, valorizado,
aprimorado, cuidado por seus integrantes, como esperar que as informações ali
veiculadas possam provocar a percepção, a valorização, o aprimoramento, o zelo
por outros âmbitos locais e globais, que não identifiquem explicitamente, mas que
constituem ecossistemas imprescindíveis à vida no planeta?
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a edificação de uma ação que promova efeitos esperados pela educação, quais
sejam: mudança, inserção, autonomia do sujeito e de grupos sociais. A
complexidade e a variedade de fins levam a perspectivas também complexas em
tudo que pretenda compreender e julgar a escolarização obrigatória, na opinião de
Gimeno Sacristán (2001). A diversidade cultural e as múltiplas demandas perpassam
as atividades docentes no cotidiano dessa instituição, originando freqüentes
contradições entre conteúdos a serem veiculados e atividades de ensino; entre o
postulado no currículo oficial e o que requerem as autoridades educativas, as
expectativas dos pais, os valores dominantes na sociedade, os princípios e a
formação do professor, as concepções de aprender que esse implementa na sua
prática pedagógica, bem como, as engrenagens da organização inter e intra-escolar.
Acrescenta-se a isso, a consideração de que os grandes problemas
econômicos, políticos, sociais, culturais, ecológicos, educacionais, monetários, entre
outros são mais ou menos transversais ao mundo todo, na opinião de Japiassu
(1996). Para resolvê-los é preciso atentar para inúmeras dificuldades e obstáculos,
sem abrir mão da liberdade, porque sem ela, se perde a condição de tomar
consciência do sentido da aventura humana. A educação formal é mais diretamente
atingida por esses problemas, passando a lidar com conflitos afetivos, cognitivos,
comportamentais que afetam o equilíbrio psicológico do indivíduo, suas visões e
reações em micro e macro sociedades.
As aceleradas mudanças no mundo provocadas pelos contínuos avanços da
ciência e da tecnologia, imediatamente divulgados por modernos órgãos de
comunicação têm feito com que os modos de produção e de vida se modifiquem,
também, de forma inacreditavelmente rápida. Isso tem feito com que muitas pessoas
fiquem marginalizadas, por vezes imobilizadas tentando entender o que está
ocorrendo e qual a maneira de melhor adaptar-se a esse repentino novo mundo.
Outras pessoas, não chegam a procurar entender o que está se passando e se
deixam levar pela rotina e pela opinião alheia, considerando que as coisas são
assim porque são e, o importante é sobreviver, julgando-se incapaz de poder
transformar “o que está posto”; outras, ainda procuram estar presentes, atualizadas,
inseridas para evitar uma queda brusca ou uma perda irreversível de qualidade de
vida natural, afetiva, social, o que também ocorre com professores (GIESTA, 1999,
2005b). Estas posturas, embora diferentes, geram um elevado grau de ansiedade,
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REFERÊNCIAS
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Alegre: Artmed, 2000.
ELIAS, Norbert. A sociedade de indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) GIESTA, Nágila
_____. A crise da razão e do saber objetivo: as ondas do irracional. SP: Letras &
Letras, 1996.
LANE, Sílvia. O processo grupal. In: LANE, Sílvia; CODO, Wanderley (Org.).
Psicologia social: o homem em movimento. 13. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) GIESTA, Nágila
MEIREU, Philippe. Aprender... sim, mas como? 7. ed. Porto Alegre: Armed, 1998.
SNYDERS, Georges. Alunos felizes. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.)
PARTE V
CONSCIÊNCIA E
GESTÃO ORGANIZACIONAL INTEGRAL
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Capítulo 13
Raimundo Leal 1
RESUMO
O presente capítulo, de natureza teórica, busca refletir acerca das interfaces existentes entre a
dimensão estética inerente ao homem e, conseqüentemente, as organizações e a consciência,
considerada como um estágio elevado de sensibilidade humana, onde as diferentes perspectivas do
sentir e do saber se articulam em prol do ser, ou seja, de tornar o homem àquilo que potencialmente
ele é, um ser humano. Considerando o fato de o homem vive cercado e influenciando por
organizações, cabe então considerar nessa seara, a reflexão acerca de tal possibilidade, ou seja, da
influência com propósitos elevados. O propósito, portanto, é refletir acerca da presença da estética
das organizações, considerando-a um elemento que potencializa o desenvolvimento da consciência
humana, e conseqüentemente, a consciência social ou planetária. Tenciona demonstrar a articulação
existente entre a estética e a consciência. A questão central a nortear o artigo é sobre a possível
relevância e contribuição da estética para compreensão e expansão da consciência humana
envolvendo as interações organizacionais.
Palavras-chave: Ser Humano; Consciência; Estética; Organizações.
I NT R ODUÇ Ã O
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A C ONS C IÊ NC IA
“A consciência é um fenômeno fascinante, porém elusivo; é impossível especificar o
que é, o que faz ou por que evoluiu. Nada digno de ser lido foi escrito sobre ela.”
Stuart Sutherland (1989)1
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que o seu próprio e limitado ego – é o nível onde ocorre a percepção extra-sensorial.
Por fim, no nível da mente (unidade) a Consciência é una com a Energia Básica do
Universo – neste estado de Consciência, coloca-se em movimento a energia da
busca e do reconhecimento de sua verdadeira identidade.
Wilber (1998, p.54) expressa que as religiões pré-modernas deram muita
ênfase às modalidades interiores do conhecimento (mental e espiritual), enquanto a
modernidade, tanto na sua dignidade quanto no desastre, deu uma ênfase sem
precedentes aos modos exteriores; é necessário encontrar uma forma para que
ambas essas reivindicações sejam verdadeiras - a transcendental e a empírica, a
interior e a exterior.
Estabelecer a conexão entre as realidades interiores e as realidades
exteriores, na perspectiva de favorecer a tão necessária integração da ciência com a
filosofia e com a espiritualidade por sua buscada através do desenvolvimento,
expansão e/ou despertamento da consciência.
Buscando fazer exatamente esta conexão, Wilber (1998) verificou que tanto a
religião pré-moderna quanto a ciência moderna possuem uma hierarquia definidora,
e ambas são compostas de ninhos de ser envolventes de progressiva abrangência,
formando hierarquias, e que a integração dessas hierarquias com outras hierarquias
existentes vem caracterizar a possibilidade de um mundo moderno, atual, realmente
diferente, não mais dissociado, mas prioritariamente, integrado.
Conforme Wilber (1998) algumas centenas dessas hierarquias, em diversas
visões de mundo, entre elas, a teoria de sistemas, as ciências ecológicas, a cabala,
a psicologia desenvolvimentista, o desenvolvimento moral, a evolução biológica, a
evolução cósmica e estelar, hwa yen, o corpus neoplatônico e toda uma gama de
ninhos pré-modernos, modernos e pós-modernos, que são agrupados em quatro
tipos de hierarquias, denominadas de quatro quadrantes, os quais lidam com o
interior e o exterior com o individual e com o coletivo potencializando a consciência
de si, em si e extra-si.
OCIDEMNTE (2003) considera a consciência como uma das faculdades
inatas capitais do ser humano que o possibilita, além de saber, sentir a realidade,
não apenas com base no que conhece, mas daquilo que se aproxima, ou seja, de
algo moralmente superior.
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A E S T É T IC A
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embora livre, e livre no mais alto grau de qualquer coerção, de modo algum age livre
de leis, acrescentando ainda que a liberdade estética se distingue da necessidade
lógica no pensamento e da necessidade moral no querer apenas pelo fato de que as
leis, segundo as quais a mente procede, ali não são representadas, e, como não
encontram resistência, não aparecem como constrangimento.
A E S T É T IC A E AS O R G A NIZAÇ ÕE S
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as empresas vêm buscando cada vez mais rapidamente adaptar-se aos novos
contextos, especialmente aqueles em que a organização não pode antecipadamente
prever. Ainda que, mais intensas sejam as mudanças, elas não são novas, assim
como não é novo o uso da criatividade para superação dos problemas, em especial,
por parte dos administradores.
O administrador criativo de hoje, enfrenta novos desafios, além da
complexidade dos problemas, tem pela frente a escala global dos elementos que
compõe os desafios empresariais, fazendo uso de diferentes recursos, informações
para escolhas e encaminhamentos.
Tead (1970) considera a administração como uma das belas-artes porque
mobiliza um considerável conjunto de dons especiais em prol de um trabalho de
colaboração, indispensável à vida civilizada de hoje. Essa obra de criação, de
ajustamento, de harmonização é que mantém em bom funcionamento, e em
constante progresso, as organizações públicas e particulares, graças às quais
milhões de indivíduos realizam e conquistam muitos de seus objetivos.
Um dos objetivos mais importantes das belas-artes, para Tead (1970), é
realçar e ampliar a percepção de novos aspectos da realidade, aprazíveis aos
sentimentos humanos, logo, o esforço administrativo redunda na criação de relações
humanas conjugadas, que exemplificam uma das belas-artes. Fazendo uma
analogia entre o administrador e o artista, observa que é necessário, em ambos,
tanto o domínio dos princípios gerais como os meios de aplicá-los, havendo assim
uma combinação desses dois aspectos para se obter o alicerce indispensável ao
domínio da arte da administração.
Este mesmo autor considera que o administrador como qualquer outro artista
criador, trabalha num meio característico, possuindo no seu caso três facetas: as
atividades da organização, os entes humanos que a compõem ou com ela se
relacionam e o ambiente social em que estes de movimentam. Assim, uma
organização em funcionamento cria uma entidade real, ainda que subjetiva, com
traços que a identificam, afetando a todos os que se encontram sob sua influência,
ao mesmo tempo, em que é por eles afetada.
Goodsell (1992) partindo das idéias de Tead (1970), com as quais concorda
parcialmente, e resgatando a teoria da arte e a filosofia estética, posiciona-se acerca
da administração afirmando que esta não chega a ser uma arte sublime como a
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Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) LEAL, Raimundo
R E F E R Ê NC IAS
DAMÁSIO, Antônio. O mistério da consciência. São Paulo: Cia das Letras, 2000.
GAGLIARDI, P. Exploring the aesthetic side of organization life. In: CLEGG; HARDY;
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KANT, Immanuel. Textos selecionados. São Paulo: Nova Cultural, 1991. - (Os
pensadores)
241
Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) LEAL, Raimundo
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função e base neuroanatômica. Revista de Psiquiatria. RS, 25'(suplemento 1): 52-
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STEIN, M. I. Stimulating crativity. group procedures. New York: Academic Press. vol
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WALSH, Roger, (Org.). Caminhos além do ego – uma visão transpessoal. São
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242
Dimensões da Consciência DI BIASE, Francisco (Org.) CASTELLANI, Moacyr
Capítulo 14
Moacyr Castellani 1
RESUMO
O modelo da “Dinâmica da Espiral” define oito níveis básicos de Consciência e atua como uma lente
que nos faz enxergar a realidade do indivíduo e do grupo de uma forma mais nítida. Quatro conceitos
são fundamentais: 1- as pessoas são diferentes porque possuem valores diferentes; 2-
desentendimentos podem surgir quando diferentes valores entram em conflito; 3- não existe valor
melhor que o outro; 4- um indivíduo ou grupo pode manifestar seu valor predominante: a) de forma
saudável ou b) de forma patológica.
Palavras-chave: Transpessoalidade; Wilber; Gestão Integral.
INTRODUÇÃO
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É curioso como a vida de uma pessoa pode mudar de repente. Outro dia
aconteceu com o “Seu Reginaldo”. Para quem não o conhece, ele é zelador do
prédio onde moro. Dentre suas várias atividades, diariamente ele esvazia a caixa de
correios e distribui a correspondência aos apartamentos. No geral seu trabalho é
bem feito, embora eu achasse que distribuir correspondências não era o seu forte.
Ele as misturava, ou melhor, se confundia e entregava a carta endereçada ao
vizinho de cima em minha casa, entregava a conta de luz do meu apartamento na
casa do vizinho de baixo, etc. Pensei que fosse a idade, ele não é tão jovem assim.
Mas eu estava enganado.
Certo dia entendi o seu “problema”. Presenciei quando retirava as
correspondências da caixa de correio e tentava descobrir para quem se endereçava
um grande envelope. O que havia de errado? Ele não enxergava, ou melhor, não
conseguia ler de perto. Perguntei se já havia feito um exame de vista.
Imediatamente, respondeu: “Não senhor, nunca consultei um médico de olhos”.
Naquele momento formulei a minha hipótese. Só faltava checar na prática.
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Esta também tem sido a realidade do nosso país – o nível “Azul” brasileiro
está decadente e o nível “Vermelho” continua em plena ascendência.
Para piorar, a onda “vermelha” é estimulada pelos “Verdes”, como por
exemplo: um traficante (vermelho) manda executar cinco pessoas em Copacabana.
Quinhentos integrantes do movimento “Viva Rio” (verde) saem de branco pelas ruas
numa passeata pela paz, lembrando à população que os executados eram chefes de
família, que foi uma grande injustiça tudo o que aconteceu.
É fato que o crime foi claro e totalmente repudiável. Aliás, o objetivo do “Viva
Rio” foi o de sensibilizar os agressores e incentivar o recuo da violência, o que é
respeitável. Mas o problema é que o tiro pode sair pela culatra quando falamos de
níveis de consciência diferentes.
A paz não é tida como “valor” para o “Vermelho”. Para o “Vermelho”, valor é
individualismo e poder. Na cabeça do traficante, o pensamento é o seguinte: “cinco
foram executados, quinhentos formaram uma passeata. Conclusão: se eu ordenar a
execução de dez, mil pessoas sairão pelas ruas! Vejam como eu sou poderoso!”.
Na verdade, é preciso construir soluções eficazes 2 e não apenas eficientes3
para cada dificuldade. Assim, problemas “Vermelhos” precisam de soluções
“Vermelhas”. Problemas “Vermelhos” não conseguem ser resolvidos através de
soluções “Verdes”, por exemplo.
O esporte (Vermelho saudável) pode ser uma boa alternativa como solução
para um problema “Vermelho”. O projeto que criou um torneio de futebol onde os
jogos aconteciam dentro de uma favela à uma hora da manhã dos sábados é um
bom exemplo. Reduziu significativamente a violência nas redondezas porque
direcionou a agressividade “Vermelha” para uma disputa esportiva. A “testosterona”
que estimula o conflito e a “batalha” era direcionada a uma atividade saudável e
aceita pela sociedade.
A certeza da punição imediata é também outro instrumento fundamental para
a transformação do “Vermelho patológico” em “Vermelho Saudável”. Foi o que
aconteceu em Nova Iorque, quando Rudolf Giuliani desenvolveu a chamada
“tolerância zero”. Os delitos eram identificados e punidos imediatamente, inclusive os
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REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 15
E XP ANS Ã O DA C ONS C IÊ NC IA
C OMO C ONC IL IAR UMA C AR R E IR A B E M S UC E DIDA C OM A L T O N ÍV E L DE
Q UAL IDADE DE V IDA ?
Ricardo Melo 1
RESUMO
Vivermos em um mundo repleto de paradoxos. O “ter” e o “ser” protagonizam uma batalha homérica
em nossa sociedade moderna. Como nos comportar perante os desafios da vida cotidiana? Como
expandir nossas consciências para encarar essa realidade de maneira objetiva? Quais os passos a
serem dados, a fim de vencermos nossas próprias limitações e caminhar rumo ao equilíbrio entre o
desejo do sucesso material e a conquista da tão almejada qualidade de vida?
Palavras-chave: Coaching; Desenvolvimento Humano; Equilíbrio.
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A GRANDE SÍNTESE
As energias Yin e Yang simbolizam a dualidade que rege nosso mundo. São
forças complementares e não contrárias, como se imagina, à primeira vista! Em
algumas tradições espirituais o Yin é apresentado coma a energia feminina e o Yang
a energia masculina. O Yin é o símbolo da intuição, da sensibilidade, da criatividade,
da ousadia, do sentimento. O yang é o símbolo da objetividade, do método, do
pragmatismo, da assertividade, da razão. Ambos são essenciais e precisam andar
em equilíbrio na vida de quem almeja ter verdadeira paz! No entanto o que se
observa é um desbalanceamento nessas energias em nossas vidas. Ora temos
excesso de Yin, ora excesso de Yang.
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que escreveu com 23 anos, o que a humanidade demorou centenas de anos para se
elaborar. Wilber montou um esquema reconhecido em todo o mundo que engloba a
forma como o conhecimento humano funciona e como nos comportamentos em
nossa caminhada evolutiva. No modelo Wilberiano tudo é incluído e nada de nossas
experiências de vida é renegado. O que observamos é que cada experiência ou fase
vivida por nós tem seu lugar na lógica evolutiva, o que mais uma vez elimina os
conceitos maniqueístas de certo ou errado! Há um equilíbrio dinâmico entre tudo o
que fazemos ou pensamos. Sempre temos a tendência em nossas ações a
buscarmos a complementaridade energética em nossas vidas. Somos movidos
inconscientemente para buscar o equilíbrio, mesmo que nem nos demos conta
disso!
Quando encontramos alguém muito afetivo, dado a relacionamentos, que
cuida profundamente da intuição e da fé, mas desconsidera a importância do
planejamento, da organização acreditando serem esses sintomas de apego a vida
material, esquecem-se da lei do equilíbrio. Quem, por sua vez, é muito metódico,
excessivamente organizado, pragmático e desconsidera a sensibilidade a o poder da
espontaneidade corre o risco de ver-se prisioneiro de seu próprio excesso. Nos dois
casos observamos a necessidade de complementar a energia dominante com
pensamentos, atitudes e palavras da energia que falta.
Se seguirmos a lógica universal de que tudo que existe no universo tem uma
razão de ser e que há uma força que rege a tudo que tende sempre e buscar o
equilíbrio de tudo que existe, então passaremos a acreditar que as pessoas do
exemplo acima terão vários sinais em sua vida tentando mostrar-lhe a importância
de buscarem seu balanceamento energético, sob pena de experimentarem sempre
uma grande falta em suas vidas! E essa busca do equilíbrio, do balanceamento das
energias yin e yang, sem dúvida alguma, é o desabrochar de uma forma mais
madura de espiritualidade!
Há, na vida, três posições naturais para nos encontrarmos:
1. Excesso de energia Ying e conseqüente carência de energia Yang.
2. Excesso de energia Yang e conseqüente carência de energia Yin.
3. Quantidade adequada de energia Yin e energia Yang em um equilíbrio
dinâmico.
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B – Pense: Como posso fazer a diferença para melhor? Não importa o que
façamos. Sempre podemos fazer algo para o gasto ou fazer com o coração,
dando nosso melhor, nos realizando no que fazemos! Quem é cozinheiro
pode simplesmente fazer a comida de forma automática, sem muito
sentimento ou sentir-se responsável por ajudar na alimentação das pessoas e
materializar esse novo sentimento cozinhando com mais carinho e
caprichando por ter essa oportunidade. O médico pode simplesmente atender
pacientes ou sentir-se responsável por interferir positivamente na vida das
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precisamos sempre ter cuidado para que as justificativas que utilizamos para
explicar alguns comportamentos que temos não encubram nossas fraquezas
éticas e dêem guarita a atitudes nocivas, afetando nossa dignidade e
prejudicando nosso desempenho em todas as áreas da vida, inclusive no
trabalho.
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enfim, até parece que há alguma energia que está barrando nosso êxito. E se
realmente houver essa energia? Lembre-se que não vemos o vento, mas
sentimos seus efeitos. Podemos não ver essa energia, mas sermos
impactados por sua presença! A proposta de construir um jardim e atrair as
borboletas não é nova. Não raro cultivamos pensamentos ou atitudes que são
contrárias à energia de prosperidade. Lutamos todos os dias correndo em
busca de nossas metas sem pararmos para pensar se estamos realmente
preparados para alcançá-las.
Assim, nossas metas parecem correr de nós e irem em direção a quem
está mais preparado. Recordo-me da parábola dos talentos descrita na Bíblia
( Mt 25;25) em que Jesus diz que a quem mais tem, mais ainda lhe será dado
e aquele que pouco possui o pouco que ainda tem lhe será retirado. Em
outras palavras: Se não educamos nossa forma de ser as borboletas que
mais desejamos correrão de nós! Quanto mais as perseguirmos, mais elas
voarão para longe! Mas, ao parar e reeducar o que porventura esteja
equivocado em nossa forma de pensar ou em nossa maneira de agir é como
se começássemos a cultivar um lindo jardim, repleto de belas flores com um
perfume capaz de atraí-las.
Aí, o impensado acontece. Não fazemos tanto esforço, mas os
negócios vêm até nós. São ligações inesperadas, convites interessantes que,
não raro fizemos um esforço imenso para conseguir mas nada acontecia. E, a
partir do momento que deixamos de ir atrás deles, eles misteriosamente vem
até nós! Mas essa realidade apenas ocorre com quem está preparado em
todas as dimensões para alcançar seus objetivos. É uma grande força de
atração que passa a nos acompanhar. Conheço muitos exemplos que dão
credibilidade a essa importante dica. Eu mesmo já me beneficiei muito dessa
força misteriosa que independente do nome, sem sombra de dúvida existe e,
assim como o vento, não pode ser ignorada! Portanto, cuide de sua forma de
pensar e procure agir alinhado(a) com seus valores, ainda que isso signifique
ter que abrir mão de algumas oportunidades. Não tema, pois quem está
vivendo no fluxo do TAO faz com o que o campo quântico, que é infinito em
possibilidades, nos traga exatamente o que estamos precisando e fazendo
por merecer!
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Tenho uma amiga muito especial a quem devo muito carinho pelos
ensinamentos que tenho recebido. Ela é dona de algumas pousadas na
cidade de Ouro Branco, em Minas Gerais. Suas pousadas acabaram se
tornando para mim um berço inspirador para que eu escreva livros. Todos os
originais das obras que entrego as editoras tem sido escritos nesses lindos
locais. Dessa maneira, temos convivido muito e tido o prazer de conhecer sua
história. Seu passado é encantador e ilustra bem o principio espiritualizante
do jardim florido! Aliás, Ouro Branco é uma cidade maravilhosa, que fica ao
pé de uma belíssima serra, um verdadeiro poema de amor da natureza pelos
seres humanos!
Quando a conheci há alguns anos, estava iniciando uma nova fase de
sua vida. Recém separada, iniciava uma transição também nos negócios,
passando atuar no ramo de hospedagem. Por “coincidência”, quando foi
buscar um refúgio para escrever meu primeiro livro acabei conhecendo-a em
sua primeira pousada. Foi amor à primeira vista! Um lugar maravilhoso e uma
pessoa maravilhosa. Nos tornamos grande amigos e ela acabou sendo
madrinha de meu casamento.
Com muitas experiências vivenciadas em sua trajetória, contou-me
como chegara até ali e como tudo começou a mudar. Falou-me de como sua
vida era antes e depois de modificar sua forma de pensar. Tudo mudou após
a renovação íntima que começou a fazer e quando começou a colocar seus
pensamentos e crenças para trabalhar em seu favor. De uma hora para outra,
após algumas mudanças interiores, começou a ver oportunidades surgirem
uma a uma. Negócios cada vez mais promissores. Nada surpreendente para
quem já tivesse uma rede montada há muito tempo, mas muito estimulante
para quem acabava de começar em um novo ramo. E é incrível! Tenho
acompanhado de perto seu crescimento e as histórias. Quase sempre nossas
conversas giram em torno da oportunidade de florirmos nosso jardim que as
borboletas virão até nós! Embora possa parecer abstrato para quem tem uma
mente muito concreta, essa é uma realidade poderosa! Casos como o dela,
como do Sr. Joseph Jaworski, autor do livro Sincronicidade que falamos no
capítulo cinco ilustram com perfeição o poder do jardim florido. O que está
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CONCLUSÃO
De tudo o que foi apresentado podemos concluir que não apenas cada um de
nós, mas a humanidade como um todo precisa aprender a equilibrar suas energias
Yin e Yang; Precisamos acompanhar a evolução da tecnologia, das ciências, sem
perder de vista a perspectiva humanizadora no trato do cotidiano. Aliar razão e
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REFERÊNCIAS
EXUPÉRY- Saint. O pequeno Príncipe. 10. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
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ORELHA DIREITA
ORELHA ESQUERDA
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