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pensar fora dos termos prisionais? Essa tarefa cabe aos ativistas
e artistas e exige que ultrapassemos os limites da nossa maneira
contemporânea de pensar. É claro, existe um problema aqui, pois
se pensarmos no feminicídio, por exemplo, a violência
desenfreada contra mulheres, travestis e pessoas trans, nossa
tendência é recorrer à lei, é insistir na criação de uma lei forte
com uma imposição forte. Por outro lado, obviamente, quando
recorremos à lei, nós também fortalecemos o poder do Estado e
suas formas de violência legal. Então precisamos de um debate
aberto sobre como pensamos a justiça e precisamos discutir qual
a melhor maneira de combater essa violência, esses homicídios.
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11/07/2017 Uma conversa com Angela Davis e Judith Butler | [SSEX BBOX]
Butler: Oi!
(…)
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Ah, não está alto o suficiente? Então vou segurar, que é melhor…
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Butler: É, mas levemos isso a sério, porque uma das coisas que
você está sugerindo é que nós ainda não sabemos o que
igualdade significa. Certo? Então você está pedindo que nós não
aceitemos ideias já estabelecidas de igualdade… Você está
pedindo que não simplesmente adaptemos ou nos
conformemos… Ou pedindo por assimilação de um sistema de
igualdade já existente. Porque igualdade não tem sido pensada
com a radicalidade que precisa ser pensada. O que significa que
temos que imaginá-la. O que significa que precisamos de
experimentações de como foi pensada que nos permita pensar a
igualdade, talvez pela primeira vez, de uma forma nova. E,
comumente, quando permanecemos com as configurações já
existentes, descobrimos que toda a população foi deixada de
fora… Ou dimensões inteiras da existência humana estão sendo
deixadas de fora. E eu estava pensando, por um momento,
que… O movimento Black Lives Matter, que agora sob risco de
estar sendo criminalizado em alguns lugares, sob o risco de estar
sendo massivamente criminalizado a depender do momento em
que alguns desses esforços legais perniciosos estão se
articulando. Eu penso que ainda é, claro, invariavelmente
tentando alcançar a igualdade, mas uma igualdade em valor de
uma vida – uma vida que vale tanto quanto. E nós podemos
pensar, em uma forma abstrata, que nós sabemos o que é isso.
“Sim, com certeza, todas as vidas são iguais, claro! Isso está na
constituição e nas leis.. tá, tá, tá…”. Mas este país tem…
está sendo cada vez mais apagado por meio dessa assertiva. E
isso nos traz a questão de “o que realmente significa, de fato,
uma inclusão de verdade, onde ninguém precise ser
sacrificado?”. Quando falamos de interseccionalidade, penso que
estamos ensaiando um tipo de análise e um tipo de movimento
que é de fato inclusivo em que ninguém precise ser sacrificado.
Não sacrificamos a raça em detrimento da economia política.
Não sacrificamos sexualidade em detrimento do gênero. Certo?
Simplesmente não o fazemos.
Davis: Mas isso também significa que todo o sistema terá de ser
reformatado. E eu acho que o problema ainda é que, até agora,
nós assumimos que a inclusão, a diversidade, todas essas
palavras-chave referem-se a um sistema já existente que
continua a ser o mesmo. Então, o que queremos fazer é tornar
uma sociedade racista em inclusiva ao incluir pessoas latinas,
pessoas negras, mas continua a ser uma sociedade racista! Ou
tornar uma sociedade misógina em inclusiva ao incluir… Você
sabe, mais e mais. Então este é o dilema com que nos
confrontamos quando pensamos na questão da punição. E esta é
a razão por que eu penso que a abolição da prisão é central não
apenas no que tange a como repensar um novo sistema de
punição, mas repensar e recriar a própria sociedade. E é tão
interessante que se olhe para a longa história da instituição
prisional nos Estados Unidos e no mundo, e os Estados Unidos é
muito responsável por termos o aprisionamento como uma forma
de punição no mundo inteiro. Isto incidentalmente foi um
elemento muito importante para outra democracia, porque nas
prisões… As prisões são, talvez, fundamentalmente, instituições
democráticas. E nós podemos falar a respeito.
Butler: É, uma parte da sua análise que tem sido tão cara a
muitos de nós, Angela, que o sistema prisional perpetua, de
algum modo, o legado da escravidão neste país ao
considerarmos as taxas de pessoas pretas e pardas que estão
encarceradas e isso significa, portanto, que estão privadas de
seu direito a votar, privadas de exercer suas funções políticas
como cidadãos, de participar de qualquer maneira. Então é como
se quase – como se – o franqueamento dos escravos foi
reatualizado como aprisionamento, é como se a prisão fosse o
método pelo qual os direitos ao voto são destruídos para muitos
e muitas pessoas negras e latinas. E eu penso que temos que
refletir sobre isso, que essas questões são parte do nosso
sistema e instituição de desigualdade. Eu me pergunto se
podemos também relacionar isso com os seus apontamentos
sobre manter o capitalismo em vista. Como você relaciona isso?
Eu sei que você relaciona…
Butler: Sim
Butler: Mas você sabe… Eu penso que quando nós temos uma
testemunha ou uma experiência em nossas vidas pessoais…
Muitas pessoas negras desarmadas foram mortas, seja em
Fruitvale ou em Oakland ou na Carolina do Norte, ou no
Brooklyn. Foram estranguladas de uma forma que nós passamos
a entender o gráfico momento daquela violência. Da violência
herdada da escravidão que não tem sido varrida da história
desse país. E claro, o institucional significa pena de morte e um
aprisionamento que continua esse legado em outra dimensão. E
ocasionalmente, nos damos conta de que o exemplo do gráfico
de um homem sendo caçado como um cão. De verdade… Qual é
a diferença entre isso e a escravidão? Ou entre isso e o
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11/07/2017 Uma conversa com Angela Davis e Judith Butler | [SSEX BBOX]
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Criança: Escolas?
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