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ECONOMIA

1 - Problemática do desenvolvimento

DEFINIÇÃO DE ECONOMIA - ciência cuja preocupação é a produção, repartição e o consumo de


bens e serviços que são escassos por forma a satisfazer as necessidades humanas. Essas
necessidades são virtualmente ilimitadas.
Os problemas económicos estão relacionados com:
1- a determinação de quais os bens e serviços que devem ser produzidos e em que quantidade;
2- a adopção das tecnologias que rentabilizem os escassos recursos disponíveis ao máximo;
3- de que modo serão repartidos os bens e os serviços produzidos, ou seja, como se divide a
produção nacional pela população.
Os problemas que se põem à organização económica de qualquer sociedade são:
1- quanto produzir;
2- onde produzir;
3- como produzir
3.1- por quem
3.2- com que recursos
3.3- por que processo
4- para quem produzir
A organização económica de qualquer sociedade tem como objectivo tentar solucionar
harmoniosamente os 3 seguintes problemas económicos centrais:
1- o que e quanto produzir;
2- como produzir;
3- para quem produzir.

1.2 - Funcionamento das economias de mercado

O modelo da economia de mercado teve a sua origem no pensamento liberal do século XVIII
(18). Os economistas dessa época, como é o caso de Adam Smith e David Richard, defendiam
que a iniciativa privada deveria ser um motor da actividade económica. Assim, o livre jogo das
forças da oferta e da procura, a obtenção de lucro e os mecanismos de mercado perfeitamente
competitivo seriam capazes de garantir o ordenamento automático e eficiente da actividade
económica. O estado deveria de abster-se de interferir na referida actividade.
Num sistema de mercado cada mercadoria tem um preço, mesmo os diferentes tipos de trabalho
humano, ou seja, os respectivos salários. Cada um recebe um rendimento que vende e que utiliza
para comprar o que deseja. Existe a concorrência e o preço dos bens e serviços poderá subir se D
maior que S.
O que é verdade para um mercado de bens de consumo também o é para o mercado de factores
de produção como o trabalho, a terra e o capital.

1.3 - Funcionamento da economia de direcção central

O modelo de direcção central teve a sua origem no pensamento Marxista (séc. XIX) e surgiu
como uma alternativa ao modelo liberal.
Esta teoria defendia que a propriedade dos meios de produção deveria pertencer à sociedade e
que a organização da economia não deveria ser guiada pelo lucro, pelo individualismo e pela
concorrência, mas sim por um único centro de decisões que actuaria no sentido de promover os
interesses da comunidade. Deste modo o estado teria a cargo a iniciativa e a responsabilidade de
organizar a actividade económica. O estado concentrava na sua mão os meios de produção.
O organismo central de planeamento seria o responsável, por parte do estado, pela fixação dos
objectivos de produção, aos quais toda a actividade económica estaria submetida. Os objectivos

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ECONOMIA

seriam definidos de acordo com os recursos disponíveis e por outro lado atendendo à máxima
satisfação das necessidades da população.
A planificação deveria permitir o equilíbrio entre as metas fixadas para a produção e a
satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores.
O planeamento da economia teria também como objectivos definidos:
- os meios (tecnologias a utilizar) necessários para alcançar as metas fixadas;
- as remunerações a atribuir aos recursos produtivos a utilizar;
- os preços dos bens e serviços produzidos.
Desta forma, poder-se-ia garantir uma remuneração mais justa dos factores produtivos e uma
progressiva eliminação das desigualdades sociais.
O objectivo da actividade económica passaria a ser a satisfação das necessidades sociais
através da boa execução dos planos ao qual se deveriam submeter todos os agentes económicos.
O plano seria assim imperativo, isto é, todos os sujeitos económicos deveriam cumprir os seus
objectivos, abstendo-se de qualquer acção que escapasse ao âmbito da planificação estatal.
Concluindo, tudo seria planificado, desde a produção à formação dos preços e à fixação dos
salários.

CARACTERÍSTICAS DOS MODELOS ECONÓMICOS PUROS

Características Economia Economia


dos Modelos de Mercado de Direcção Central
Regime de propriedade Privada Colectiva ou geral
Maximização da satisfação das
Objectivo da produção Maximização
necessidades colectivas.
Sistema de regulação ou de Mercado (empresas tomam as Estado (organismo central de
comando decisões relativas à produção). planeamento comanda a produção).
Preços: no mercado, as variações Plano e preços impostos: a
Instrumentos de regulação dos preços permitem restabelecer o planificação imperativa e a fixação
equilíbrio quando este é perturbado. autoritária dos preços permitem
atingir um nível de equilíbrio global.

PROBLEMAS ECONÓMICOS FUNDAMENTAIS NO CONTEXTO DOS MODELOS ECONÓMICOS SEGUROS

Problemas Economia de Mercado Economia de Direcção Central


É o organismo central de
planeamento que toma estas decisões,
São os empresários que tomam estas bem como as de quando e onde
Que bens e serviços se devem decisões, bem como as de quando e produzir, tendo em conta as
produzir e em que quantidade onde produzir, em função do lucro necessidades prioritárias da
que obtêm e não em função das população e os recursos disponíveis.
necessidades da população. Estas decisões são fixadas no Plano,
cujo objectivo é promover o bem-
estar da população.
O organismo central de planeamento
As empresas escolhem as técnicas
Como produzir? escolhe as técnicas a utilizar em
com mais baixos custos, por forma a
função dos recursos disponíveis e das
maximizar o seu lucro.
necessidades a satisfazer.
Os rendimentos provêm do capital
Só existem rendimentos provenientes
(juros, rendas e lucros) e do trabalho
do trabalho, cuja repartição é
(salários) e são determinados pelos
Para quem produzir? decidida pelo órgão central de
mecanismos livres dos mercados dos
planeamento, tendo por objectivo
factores produtivos. Estes
promover a eliminação das
rendimentos distribuem-se de uma
desigualdades económicas e sociais.
forma muito desigual.

1.4 - Limitações do modelo de economia de mercado

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ECONOMIA

1 - Apenas existe concorrência perfeita quando nenhum vendedor tem influencia pessoal sobre
preço de mercado, a situação do monopólio ou quase monopólio leva a que o mercado deixe de
funcionar como regulador da actividade económica.
2 - O modelo de economia de mercado pode ser inaceitável para os cidadãos eleitores, porque os
bens são produzidos de acordo com o poder de compra e não pela sua necessidade.
3 - Provoca uma desigual distribuição da riqueza de acordo com o papel desempenhado no
processo produtivo.

- PROBLEMAS À APLICAÇÃO TEÓRICA MARXISTA -

1º - impossibilidade de eliminar totalmente a propriedade


privada (por ex.: a habitação);
2º - inadequação de uma gestão altamente centralizada a
uma sociedade cada vez mais complexa;
3º - distorções económicas devido à falta de incentivos à
produção (por ex.: a má qualidade dos produtos).

1.4 - AS INSUFICIÊNCIAS DOS MODELOS PUROS.


Os modelos pretendem interpretar e dar forma à realidade, logo são simplificações que
encerram em si um conjunto de condições teóricas.

- INSUFICIÊNCIAS DOS MODELOS DAS ECONOMIAS


DE MERCADO (CONDIÇÕES TEÓRICAS )

1 - Plena mobilidade dos factores de produção - trabalho e capital.


2 - Perfeita transparência dos mercados.
3 - Manutenção das estruturas de mercados concorrenciais.
4 - Pressuposto de que a livre iniciativa será capaz de dar resposta a todas as necessidades dos
consumidores.
Contrariando o pressuposto 4, o estado acaba por intervir nas economias de mercado pelas
seguintes razões:
- Prestação de serviços e produção de bens quando seja insuficiente a iniciativa privada;
- Controlo das flutuações da actividade económica, do desemprego e da inflação;
- Promoção de uma maior justiça na repartição do rendimento.

1.4.1 - Economias Mistas


O mundo actual compõe-se de misturas entre economias planificas e economias de mercado que
variam nas suas proporções consoante os regimes económicos.

1.4.1.1 - Economias Mistas de Mercado


Nos países de economia mista onde predomina o modelo de economia de mercado, a
intervenção do estado na actividade económica é considerada normal pela colectividade. Essas
economias apresentam tendência para a centralização. A intervenção do estado não se limitou
apenas à esfera económica, tendo-se alargado à esfera social, daqui resultando a designação de
estado previdência que passou a ser aplicado a alguns estados de economia mista a partir da 2º
guerra mundial.

- CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS MISTOS

1 - Intervenção parcial do estado na economia;


2 - Coexistência da propriedade privada e estatal dos meios de produção;
3 - Iniciativa empresarial sob vigilância do estado;
4 - Mercado e planeamento económico indicativo como orientadores no processo económico.
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ECONOMIA

- FUNÇÕES ECONÓMICAS QUE O ESTADO REALIZA

1 - Enquadramento legal - o estado fixa as regras do jogo económico a que se devem submeter os
consumidores, as empresas e até o próprio estado.
2 - Eficiência - o estado com vista a conseguir uma melhor utilização dos recursos promove
acções públicas relacionadas com a eficiência.
3 - Equidade - para obterem uma maior justiça social e uma distribuição mais justa do
rendimento, o estado recorre a técnicas como a redistribuição do rendimento.
4 - Estabilidade - Com as políticas de estabilização ( políticas monetárias e fiscais ), o estado
tenta reduzir as flutuações do ciclo económico, reduzindo o desemprego e a inflação e
promovendo o crescimento económico.

- INSTRUMENTOS QUE O ESTADO DISPÕE PARA REALIZAR A SUA FUNÇÃO ECONÓMICA

1 - Regulamentações - para além do enquadramento legal, o estado pode impor ou sugerir certas
actuações ao aparelho produtivo, através de planos indicativos para o sector privado. Neles, o
estado definirá os objectivos que considera proprietários, reduzirá as incertezas dos investimentos
ou incentivará os sectores fundamentais para o crescimento económico.
2 - Empresas Publicas - são empresas que produzem bens e serviços comercializáveis e cujo
proprietário é o estado. O sector empresarial do estado (S.E.E) resulta na maior parte das vezes
de um processo de nacionalizações e pode ter uma importância significativa para a actividade
económica, por exemplo, fomentar a produção em áreas pouco atractivas para a iniciativa
privada, incentivar o consumo, investimento, o emprego, etc., contribuindo assim para a
manutenção do equilíbrio global da economia.
3 - Políticas económicas - Tem por objectivo assegurar o bom funcionamento da actividade
económica, corrigindo as falhas do mercado, a deficiente distribuição do rendimento, as
flutuações do ciclo económico, etc.

1.4.1.2 - As economias mistas de direcção central

O socialismo de mercado é o resultado da adopção de políticas de descentralização levadas a


cabo por algumas economias de direcção central, casos da Hungria e da Ex-Jugoslávia.
Nestes dois casos a propriedade dos meios de produção continuou a ser maioritariamente
colectiva, pelo menos na indústria.
A planificação deixou de ser imperativa e a distribuição centralizada dos recursos foi
substituída pelo relacionamento directo entre as empresas. O estado passou a intervir
indirectamente na economia através dos preços, da fiscalidade, das despesas públicas e da
política de crédito. Foi também instituído um novo sistema de preços onde alguns deles passaram
a ser estabelecidos livremente pelo mercado.
Os maus anos agrícolas, o abrandamento do crescimento económico, a escassez e a má
qualidade dos produtos, associada à repressão política levou ao colapso dos países com este
modelo.

1.4.2 - Respostas e bloqueamento

AS RESPOSTAS DAS ECONOMIAS MISTAS DE DIRECÇÃO CENTRAL

Actualmente na Europa tem-se assistido ao desmembramento dos regimes económicos


próximos do modelo de economia de direcção central. A organização económica destes países
tende a aproximar-se cada vez mais do modelo de economias mistas de mercado.
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ECONOMIA

Os disfuncionamentos do modelo levaram às crises dos países socialistas da década de 80.


Estas crises são basicamente de 3 tipos:
- crise conjuntural, em que a existência de ciclos de actividade económica nos países de economia
de direcção central é contraditória com a ideia da economia planificada, pois esta é suposto estar
associada a um crescimento regular programado e efectivo na actividade económica.
- crise estrutural - declínio tendencial dos resultados económicos, fraca eficácia do sistema
centralizado e lenta melhoria na produção de bens de consumo.
Há uma incapacidade do sistema para garantir um crescimento intensivo.
- crise política - perda de legitimidade do Partido Comunista aliada com as dificuldades
económicas de 80 e com a crise estrutural que se vão constituir como factores de Uma Crise
Global.

- TRANSFORMAÇÕES DECORRENTES DA CRISE GLOBAL

1º- ao nível político, pluralismo e desenvolvimento do regime democrático.


2º- ao nível económico, implementação das relações de mercado e das privatizações e o
abandono da planificação fortemente centralizada.

É neste contexto que em 1985 Gorbatchov iniciou uma política de abertura - Glasnost - e de
reformas - Perestroika.
Se os efeitos destas políticas foram poucos, em termos económicos as transformações a que
conduziram foram profundas.
Em 1989, os países da Europa do Leste autonomizaram-se face ao poder soviético.
Em 1991 deu-se a desagregação da própria URSS e o afastamento de Gorbatchov que foi
substituído pelo presidente da federação russa, Boris Ieltsin, que assumiu poderes excepcionais e
iniciou o processo de reformas.
A liberalização da Ex-URSS foi a todos os níveis: política, económica, socialmente, com uma
clara opção pela economia de mercado.

O processo de transformação em curso na EX-URSS e nos outros países do leste não tem
precedentes históricos recentes. O seu objectivo é pôr fim a uma forma totalmente estatizada de
organização da actividade económica e simultaneamente criar instituições capazes de suportar
mercados de concorrência.
As duvidas e incertezas são ainda grandes, pois estas reformas são efectuadas num contexto de
importantes desequilíbrios macro-económicos (desvalorização da moeda, inflação, défice
orçamental, etc.) combinado por vezes com um grande endividamento.

AS RESPOSTAS DAS ECONOMIAS MISTAS DE MERCADO

As crises cíclicas que desde a década de 70 têm afectado as economias de mercado, puseram
em causa alguns dos seus instrumentos de política económica.
As crises económicas (abrandamento do crescimento económico e do comércio internacional,
aumento do desemprego, etc.) e financeiras (a queda das bolsas, aumento das taxas de juro, etc.),
culminaram com a crise de 1982 nos EUA, com uma das mais graves recessões desde a 2ª guerra
mundial.
- LIMITAÇÕES DO ESTADO PROVIDÊNCIA

1º- crise de eficácia - persistência das desigualdades na distribuição da riqueza e das assimetrias
regionais;
2º- crise de legitimidade - alguns sectores de produção começam a pôr em causa o próprio estado;
3º- crise financeira - diminuição das receitas e aumento das prestações sociais, devido ao
aumento do desemprego induzido pelo abrandamento do crescimento económico.
4º- retrocesso das políticas sociais traduzido em cortes nos programas sociais, o que leva à
comparticipação dos utentes nos custos dos serviços prestados e à privatização de alguns sectores
de previdência social (saúde, transportes, habitação e pensões de reforma).
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ECONOMIA

- ESTRUTURA DO ESTADO PROVIDÊNCIA

1ª dimensão - desenvolvimento de políticas sociais gerais e de políticas compensatórias de


determinados segmentos da população.
2ª dimensão - implementação de políticas macro-económicas e de regulação da esfera económica
privada, intervindo o estado no mau funcionamento das regras de mercado.
3ª dimensão - institucionalização da Concentração Económica e Social em torno dos grandes
objectivos, como sejam: o desenvolvimento económico e a diminuição das desigualdades sociais.

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OS DIFERENTES NÍVEIS DO DESENVOLVIMENTO DAS SOCIEDADES

A existência de países com diferentes níveis de desenvolvimento é hoje em dia uma realidade
indismentivel. Confrontados como somos pela resistência por um lado de altos níveis de produção
e consumo, quando por outro lado constatamos o inverso. São os fenómenos do desenvolvimento
e do subdesenvolvimento.

- COMO SURGIU O SUBDESENVOLVIMENTO

O subdesenvolvimento é na perspectiva marxista fruto de:


- colonização;
- pilhagem do Sul pelo Norte;
- demografia galopante;
- culpa dos países colonialistas.

O subdesenvolvimento remonta à revolução industrial, já que até então as diferenças relevantes


que existiam entre os diferentes países se deviam fundamentalmente ás estruturas sociais e
religiosas dos referidos países.
Embora a Revolução Industrial tenha surgido na Inglaterra, veio mais tarde a difundir-se por
outros países (Europa e EUA) provocando várias transformações demográficas, económicas e
sociais.
Já em plena revolução industrial não havia diferenças significativas entre o nível de produção e
das condições de vida da população dos países desenvolvidos face aos restantes. O mesmo já não
poderia ser dito a partir de 1870. É só a partir da 2ª guerra mundial e no contexto da guerra fria,
que surge uma campanha com o objectivo de consciencializar a opinião pública ocidental sobre a
gravidade dos problemas enfrentados pelos países do 3º mundo.
O 3º mundo emerge na cena internacional em consequência do movimento internacional da
descolonização, da década de 50 e dos países que então surgiram.
Em 1955 na Conferencia Afro-Asiática de Bandound o 3º mundo passou ao primeiro plano da
actualidade com 29 nações representativas de metade da população mundial e apenas 8% da
riqueza mundial. Os protestos dirigiram-se na referida conferencia contra o colonialismo e a
ingerência das grandes potências nos assuntos dos estados participantes na conferência.
Outros acontecimentos que colocaram em evidência os países do 3º mundo foram:
- a criação da OUA (Organização da Unidade Africana) em 1963;
- a realização da 1ª conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (NUCD)
em 1964;
- a Conferência de Argel onde foi definida uma Nova Ordem Económica Internacional (NOEI) em
1973;
- A Conferência Norte-Sul em Paris em 1975.

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ECONOMIA

- AS DESIGNAÇÕES 3º MUNDO EM VIAS DE DESENVOLVIMENTO E PAÍSES DO SUL

- Países do 3º mundo - esta expressão foi utilizada a partir de 1952 e tem uma analogia com o 3º
estado (1º estado - clero; 2º estado - nobreza; 3º estado - povo), tinha um fundamento mais
geopolítico do que económico e procurava demarcar um lugar próprio para os países que não
queriam ser engolidos nas esferas capitalista e comunista. É a busca do “Não alinhamento” e do
antigo colonialismo.
- Países em vias de desenvolvimento - esta designação expressa uma comparação entre os
países desenvolvidos e os em vias de desenvolvimento e propõe-se indicar que o país está em vias
de atingir um certo número de transformações no plano económico, que traduzem um melhor e
mais intensivo emprego das forças produtivas. É utilizada indiferentemente como sinónima de
“países subdesenvolvidos” embora a rigor haja países subdesenvolvidos que não estão em vias de
desenvolvimento.
- Países do Sul - esta expressão surgiu a partir dos anos 80 e resulta da constatação que a maior
parte dos países pobres se encontram no hemisfério sul.

O subdesenvolvimento pode ser caracterizado pela fraca prestação no seguinte conjunto de


indicações:
- PNB
- nível de nutrição
- analfabetismo
- mortalidade infantil
- doenças venéreas
- nível de industrialização
- taxas de investimento
- nível de salários

INÍCIO DA MATÉRIA PARA O SEGUNDO TESTE


COMO MEDIR O CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

Só há crescimento desde que a produção aumente e o seu aumento não seja obra do acaso. O
crescimento económico pode ser encarado num duplo sentido:
- sentido restrito - para significar um aumento da produção a curto prazo, mas que é reversível.
O termo mais correcto é o de expansão.
- sentido lato - inclui as mudanças de estrutura englobando as mudanças sectoriais e as
mudanças que tornam o crescimento auto-sustentado.
O crescimento económico em sentido lato apresenta as seguintes características:
1º- é um movimento ascendente de algumas grandezas económicas (rendimento nacional e
produto nacional bruto (PNB) );
2º- é um fenómeno irreversível, pois provoca modificações nas condições de produção, incorpora
progresso técnico, gera novos hábitos de consumo, etc.;
3º- é um movimento de transformação estrutural, porque permite o aparecimento de novas
indústrias e modifica alguns sectores económicos.

O crescimento económico associa a si mudanças sociais porque gera:


- novas relações de propriedade;
- novas tecnologias;
- aumento dos bens de produção.

TIPOS DE CRESCIMENTO

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ECONOMIA

- Crescimento extensivo - é aquele que se obtém pelo aumento dos factores de produção
utilizados.
- Crescimento intensivo - é aquele que se obtém a partir da utilização mais eficaz das forças
produtivas.
- Crescimento potencial - é aquele que se obtém pela utilização máxima de todos os recursos
disponíveis.
- Crescimento equilibrado - é aquele que se obtém através do crescimento assente nos
equilíbrios macro-económicos clássicos: orçamental e da balança de pagamentos, sem tensões
inflacionistas.
- Crescimento exponencial - é aquele que se verifica quando se regista uma taxa de crescimento
constante.
- Crescimento zero - é aquele que pretende preservar o equilíbrio ecológico e a conservação dos
recursos naturais. Este crescimento procura fazer crescer os sectores não poluentes, ao mesmo
tempo que desincentiva os sectores poluentes.
––//––
Desenvolvimento - é a combinação das mudanças mentais e sociais de uma população que a
torna apta a fazer aumentar, cumulativamente de uma forma sustentada, o seu produto real
global. O desenvolvimento é um processo e um resultado.

Concepções de desenvolvimento

A grande maioria das concepções de desenvolvimento centram-se num de dois níveis de análise:
- privilegiando o desenvolvimento como objectivo (resultado ou produto); - ou sublinhando o
desenvolvimento enquanto processo.
Às primeiras noções de desenvolvimento aplica-se a designação genérica de conceitos
normativos de desenvolvimento, enquanto à segunda se aplica a designação de conceitos
económicos de desenvolvimento.

- CONCEITOS NORMATIVOS DE DESENVOLVIMENTO

1º- desenvolvimento imperfeito;


2º- desenvolvimento negativo;
3º- contra desenvolvimento;
4º- mau desenvolvimento.

- CONCEITOS ECONÓMICOS DE DESENVOLVIMENTO


SEGUNDO O PARADIGMA DE KLUN

A - PARADIGMA CONVENCIONAL

1º- o desenvolvimento é um processo contínuo de evolução da sociedade tradicional para uma


sociedade tomada como ponto de referência – os países industrializados na era do consumo
em massa.
2º- o desenvolvimento reduz-se ao crescimento.
3º- existe uma identificação em termo de análise entre o crescimento económico e o
crescimento do produto ou do produto per capita.
Um ritmo elevado de crescimento económico depende da afectação de recursos e do
processo de acumulação.
4º- o subdesenvolvimento é uma fase recuada do desenvolvimento.
5º- o comércio internacional - REI (Relações Económicas Internacionais) e a especialização
geram benefícios mútuos para todas as economias.
6º- a passagem do subdesenvolvimento ao desenvolvimento faz-se através da especialização,
industrialização e exportação, isto sem atender nomeadamente à dimensão económica dos
países.

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ECONOMIA

B - PARADIGMA MARXISTA

1º- o desenvolvimento é um processo específico de cada formação social e é determinado pela


evolução da base material da sociedade.
2º- o desenvolvimento capitalista é determinado essencialmente pela natureza do processo de
acumulação e pelas suas consequências nas relações de produção. O desenvolvimento
capitalista tem subjacente um processo de exploração e desigualdade.
3º- o subdesenvolvimento reflecte um processo histórico autónomo que tem na sua origem a
exploração colonial, e é resultado da penetração do capitalismo a nível comercial, tecnológico
e financeiro.
4º- as Relações Económicas Internacionais (REI) caracterizam-se pela desigualdade e
exploração crescente derivando destas as relações de hierarquização-dominação-dependência.
5º- a passagem do subdesenvolvimento ao desenvolvimento faz-se através da transição para o
socialismo.

C - CORRENTES ALTERNATIVAS

1º- o desenvolvimento tem por objectivo fundamental a satisfação das necessidades básicas de
todos os cidadãos.
2º- o crescimento é a dimensão quantitativa do desenvolvimento, e o desenvolvimento é um
processo modificado de alteração qualitativa e de crescimento quantitativo.
3º- o crescimento económico é a variação quantitativa dos elementos económicos do
desenvolvimento.
4º- o subdesenvolvimento reflecte um processo histórico autónomo resultante de uma ordem
económica internacional injusta e desequilibrada.
5º- as REI caracterizam-se por relações de dependência e de exploração que tendem a
agravar-se e a desequilibrar os ecosistemas locais. A inversão desta situação tem de ser feita
através da implementação de uma NOEI (Nova Ordem Económica Internacional) e do
desenvolvimento autónomo a nível nacional e internacional.
6º- a passagem do subdesenvolvimento ao desenvolvimento faz-se através de uma posição
activa face à divisão internacional do trabalho e sua alteração no âmbito na NOEI. Atinge-se o
desenvolvimento de forma autónoma (desenvolvimento autónomo) através de uma estratégia
económica autocentrada que impõe a coerência do sistema produtivo interno e exportador e o
modelo convergente de acumulação, repartição e consumo.

2.2.2 - LIMITES À UTILIZAÇÃO DE INDICADORES SOCIO-ECONÓMICOS

Limitações dos dados estatísticos:


- qualidade das estatísticas de base;
- o elevado grau de agregação dos estados;
- o facto de serem expressos em valores médios;
- diferente grau de monetarização das economias nacionais, para efeitos de comparações
internacionais.
- o facto de um elevado rendimento per capita não significar necessariamente um maior nível de
bem estar.

- INDICADORES MAIS UTILIZADOS NA DEFINIÇÃO DO NÍVEL


DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

- RENDIMENTO NACIONAL PER CAPITA (RNPC)

Críticas à sua utilização:


1- o valor deste índice é tanto menos significativo quanto mais díspares forem os valores
representados.
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ECONOMIA

2- a dificuldade de conversão das moedas dos diferentes países a um padrão comum.


3- as limitações do RNPC como medida de desenvolvimento.
3.1- falta de dados;
3.2- dificuldade na recolha de dados estatísticos;
3.3- dificuldades de informação sobre rendimentos suplementares.

- PRODUTO NACIONAL PER CAPITA

Críticas à sua utilização:


1- não é possível retirar qualquer conclusão quanto ao nível de bem estar da população.
2- nada revela sobre a composição, qualidade e quantidade dos bens e serviços nele incluídos.
3- pode ser falseado aquando a sua conversão em dólares.
4- não reflecte economias externas e custos externos.
5- contabiliza apenas a economia mercantil.

- DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR SECTORES DE ACTIVIDADE

- CONSUMO E PRODUÇÃO DE ENERGIA

- INDICADORES SOCIAIS DE BEM ESTAR

- o índice de desenvolvimento humano;


- consumo por habitante;
- composição em calorias das dietas alimentares;
- número de habitantes por cama e por médico;
- número de telefones, automóveis e Hi-Fi e jornais diários por mil habitantes;
- taxa de instrução;
- despesas do estado com a habitação e saúde.

INDICADORES DEMOGRÁFICOS MAIS UTILIZADOS


NA DEFINIÇÃO DO NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO

1º- taxas de natalidade e mortalidade;


2º- taxas de crescimento demográfico;
3º- taxas de mortalidade infantil;
4º- esperança de vida à nascença;
5º- densidade populacional.

CRESCIMENTO POPULACIONAL
A explosão demográfica está claramente limitada aos países do 3º mundo. Os países
desenvolvidos estão em desaceleração do crescimento populacional, bem como alguns P.V.D.

EVOLUÇÃO POPULACIONAL E O MODELO DE TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA

1º estado - período em que a taxa de mortalidade diminui como resultado do saneamento básico,
vacinamento em massa, novos medicamentos, e a taxa de natalidade mantém-se elevada
levando a uma taxa de crescimento natural elevado (de 2,5 a 4%) correspondente a cerca
de 14% da população.
2º estado - período em que a taxa de mortalidade continua a descer, enquanto a taxa de
natalidade inverte a tendência e começa a descer. A taxa de crescimento natural cifra-se
entre 1,5 e 3%, correspondendo a cerca de 40% da população mundial.
3º estado - período em que ambas as taxas diminuem. A taxa de crescimento natural cifra-se
entre 0,5 e 1,5% correspondente a cerca de 22% da população mundial.
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ECONOMIA

4º estado - fase “post transitória”, corresponde a taxas de natalidade e mortalidade muito baixas,
envolvendo cerca de 20% da população mundial.

Assim, enquanto os países desenvolvidos apresentam taxas de crescimento natural muito baixas
ou negativas, os PVD apresentam taxas muito elevadas associando crescimento demográfico e
pobreza. O crescimento demográfico constitui um dos maiores entraves ao desenvolvimento.
A ruptura do circulo vicioso, crescimento demográfico associado à pobreza só é possível ser
feito por uma conjugação de políticas de planeamento familiar, de educação, e por políticas
globais e estratégias de redistribuição dos recursos a nível mundial.

- COMPARTIMENTAÇÃO DA ECONOMIA

A compartimentação da economia é uma das características dos PVD (Países em Vias de


Desenvolvimento). Enquanto os PD apresentam uma economia solidária, nos PVD existem 3
grupos de economias com fronteiras definidas entre si.
1º- sector tradicional de consumo, que corresponde às economias rurais de subsistência.
2º- sector das grandes empresas exportadoras - é constituído por grandes indústrias extractivas
em plantações que apresentam relações estreitas com os países desenvolvidos, ao contrário
daquilo que se passa em termos internos.
3º- sector urbano - é um sector que apresenta características de uma economia moderna,
integrando pequenas unidades industriais e comerciais. Há que referir no entanto que este sector
urbano é diferente daquele que podemos encontrar nos países desenvolvidos, pois apresenta baixo
nível de produção particularmente na indústria e uma significativa importância das actividades
comerciais de importação/exportação, que espelham a dependência face ao exterior.

2.3.3 - A ESTRUTURA DEFICIENTE DAS ACTIVIDADES ECONÓMICAS

A estrutura da actividade económica evolui à medida que um país se desenvolve


economicamente.

- TEORIA DOS TRÊS SECTORES - FASES NO PROCESSO


DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

1ª fase - esta situação inicial caracteriza-se pela preponderância da agricultura tanto ao nível do
emprego como da produção.
2ª fase - neste período, o sector secundário torna-se preponderante tanto no emprego da
população activa como na contribuição para o valor da produção.
3ª fase - finalmente, o crescimento da produtividade no sector secundário leva a uma modificação
no peso relativo dos três sectores em favor do terciário, tanto no emprego da população
como na contribuição para o valor da produção.

Para além disso, os valores da contribuição para o PIB do sector industrial são sempre
superiores nos PVD aos valores da contribuição para o PIB da indústria transformadora. Este
resultado deriva da contabilização nestes países da actividade extractiva na indústria.

2.3.4 - A DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDIMENTOS

Se a pobreza é uma característica essencial do subdesenvolvimento, mais chocante é a desigual


distribuição da riqueza e a consequente desigual repartição de rendimentos.
Constata-se aliás, que a maior concentração de rendimentos se faz nos países com baixos
rendimentos.

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ECONOMIA

2.3.5 - O BAIXO NÍVEL DE INVESTIMENTO

A insuficiência de poupança nestes países é um facto. Os grupos sociais com rendimentos


elevados não contribuem para o desenvolvimento económico, uma vez que não aplicam as suas
poupanças em investimentos produtivos.

- Razões para o baixo nível de investimento

1º- fuga de capitais;


2º- preferência pelo investimento nos sectores comercial e imobiliário, já que não apresentam
tantos riscos;
3º- a utilização de grande parte dos rendimentos do consumo.

2.3.6 - A DEPENDÊNCIA EXTERNA

A intensificação das trocas a nível mundial particularmente a partir da 2ª guerra mundial,


levou a uma maior interdependência das economias tradicionais que no caso do TM (Terceiro
Mundo) se traduziu numa maior dependência. Para esta situação, contribuíram as desiguais
relações económicas internacionais.
A perda da soberania por parte dos PVD pode ser analisada em três planos:
I - a dependência comercial ;
II - a dependência tecnológica ;
III - a dependência financeira.

I - A DEPENDÊNCIA COMERCIAL

Regra geral, o TM exporta produtos com fraco valor acrescentado. Logo, o preço das
exportações é muito baixo, contrariamente aos PD que se distinguem pelo peso dos produtos
manufacturados de valor acrescentado, nas suas exportações. O seu preço é sim maior, bem
como o poder de compra que proporciona. Os países da OPEP (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) constituem uma excepção, pois as suas exportações de petróleo
correspondem a cerca de 80% da produção mundial no período de 72-82 e dá origem a uma
volumosa acumulação de capitais, designada por petrodólares que inundam o sistema bancário
internacional.

- Factores que contribuem para a dependência dos PVD

1º- a flutuação da procura mundial e dos preços - os mercados mundiais dos produtos base que
constituem a maioria das exportações dos países produtores de petróleo são mercados de natureza
especulativa, em que os preços são dominados pelos PD e combinados com muita antecedência.
Daqui resulta a dependência dos PVD por via de flutuação da economia mundial e das variações
das cotações dos produtos. Por outro lado, assiste-se ao aumento do preço dos produtos
comprados pelos PVD, o que tem contribuído para a degradação dos termos de troca.

A - RAZÕES PARA O AUMENTO DOS PREÇOS DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS

1- aumento dos salários nesses países como consequência dos ganhos de produtividade;
2- maior sofisticação dos produtos industriais;
3- oferta concorrencial destes bens (produtos de alto valor acrescentado).

2º- Estrutura das trocas dos países do terceiro mundo e a assimetria das relações comerciais - os
países do TM efectuam grande parte das suas trocas com os PD (¾ do total das suas
exportações). Comprova-se assim a dependência dos PVD pelos PD.
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ECONOMIA

- Assimetria das relações comerciais / estrutura assimétrica das trocas

Os P.V. representam o monopólio dos bens e serviços indispensáveis aos países do


TM, quer sejam bens de equipamento ou intermédios, quer sejam alimentos ou
medicamentos indispensáveis à sua sobrevivência. Para além disso, as trocas são muito
polarizadas. Os principais clientes dos produtos dos PVD são os PD, que por sua vez
são os seus principais fornecedores.

3º- A falta da diversificação das exportações - a estrutura das trocas dos países do TM mostra-
nos a forte polarização sectorial das trocas onde as principais fontes das receitas provêm dos
seguintes sectores: - combustíveis, minérios e metais ; - outros produtos primários.

Concluindo, os países do 3º mundo são países monoexportadores.

II - A DEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA

Esta dependência resulta não só da importação de bens de equipamento, como também da


compra de patentes, licenças e técnicas de utilização. As marcas registadas e o recurso a equipas
de técnicos estrangeiros agrava ainda mais o problema da dependência.
Para além disso, a importação de tecnologias tem efeitos dolorosos que resultam das
dificuldades que podem surgir em:
- agravamento das dificuldades financeiras no país ;
- multiplicação das despesas complementares ;
- aumento da desarticulação do sistema produtivo, em virtude da heterogeneidade técnica ;
- grande distância entre o nível de qualificação médio das técnicas utilizadas, o que impede a
utilização de novas tecnologias.
Os próprios contratos de transferência tecnológica perpetuam a dependência e a manutenção do
monopólio tecnológico, já que obrigam a:
- comprar a manutenção a quem forneceu o equipamento;
- a limitações quanto à possibilidade de exportação dos produtos fabricados;
- obrigatoriedade de contratar técnicos de outros países.

III - DEPENDÊNCIA FINANCEIRA

O investimento constitui uma prioridade dos PVD, mas as suas poupanças são insuficientes,
donde a necessidade de correr ao crédito externo ou ao investimento directo ao estrangeiro.

- RAZÕES PARA A NECESSIDADE DE CONTRATAR EMPRÉSTIMOS NO ESTRANGEIRO

1º- a grande necessidade de investimento para satisfazer as necessidades de crescimento do PNB


e a população;
2º- o pagamento de equipamento na sua maioria importado;
3º- a insuficiência da ajuda pública internacional e os seus custos políticos.

- RAZÕES PARA O AGRAVAMENTO DA DEPENDÊNCIA FINANCEIRA

1º- o pagamento dos juros a taxas elevadas e a amortização dos empréstimos contraídos;
2º- as importações não são compensadas pelas exportações;
3º- as suas moedas não são aceites como meio de pagamento internacional.

A questão do investimento em investigação e educação passa pelas relações entre as empresas


multinacionais e os países de acolhimento, englobando várias dimensões de dependência como a
tecnológica, a comercial, financeira, cultural e pública.

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ECONOMIA

A decisão de investimento das multinacionais prende-se com estratégias e interesses comerciais


de cada empresa, e acarretam regra geral maior volume de repatriamento de lucros do que de
investimento inicial.

- MODALIDADES DE INSERÇÃO DAS MULTINACIONAIS

1º- fábricas especializadas - estas fábricas aproveitam o acesso às matérias primas ou a mão-de-
obra barata. Os seus produtos são reexportados para outras filiais do mesmo grupo. O país usado
pode ter vantagens e desvantagens com as fábricas especializadas: por um lado essas fábricas
transferem tecnologias para o local, mas por outro não beneficiam os sectores, não dão mão-de-
obra.
2º- fábricas viradas para o mercado nacional ou regional - são aquelas que se destinam à abertura
de novos mercados.

2.3.7 - AS INSUFICIÊNCIAS DA UTILIZAÇÃO DA MÃO -DE-OBRA

A insuficiência de formação da mão-de-obra constitui um dos obstáculos à adequação a


técnicas modernas susceptíveis de provocar o arranque ou aceleração do ritmo de crescimento
económico. O nível de educação da população é outro dos factores que condiciona a qualificação
da mão-de-obra e a aceitação de novas técnicas, assim como das respectivas mutações sociais
que elas provocam.

2.3.8 - AS ESTRUTURAS MENTAIS TRADICIONAIS

As resistências ao desenvolvimento económico nos PVD situam-se também no plano das


mentalidades, crenças colectivas e valores.
Estas estruturas podem provocar conflitos de valores entre as zonas tradicionais e as zonas
modernas.

MATÉRIA COMPLETA DADA NAS AULAS DE ECONOMIA NO


SEGUNDO PERÍODO DO 11º ANO

2.4 - TEORIAS EXPLICATIVAS DO SUBDESENVOLVIMENTO

2.4.1 - AS TEORIAS CONVENCIONAIS

A divulgação do subdesenvolvimento ocorre a partir da 2ª guerra mundial, altura em que se


assume como problema específico (particular).
A relação desigual de apropriação de riqueza já vinha sendo estudada por pensadores dos
séculos XVIII e XIX, nomeadamente pelos clássicos (Adam Smith e David Ricardo) e pelos
marxistas (Karl Marx e Engels).
As teorias convencionais podem ser divididas em dois grandes grupos:
I - de inspiração no pensamento clássico e em Keynes - neoclássicos e neokeynesianos;
II - de inspiração em Marx e nos clássicos - marxistas e neomarxistas.

I - TEORIA CONVENCIONAL
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ECONOMIA

A concepção de desenvolvimento baseia-se nos seguintes pressupostos:


1º- ausência de referencial histórico de desenvolvimento;
2º- isolamento da dimensão histórica face a outras dimensões do desenvolvimento (política social
cultural).

1º- AUSÊNCIA DE REFERENCIAL HISTÓRICO

O processo histórico que leva do subdesenvolvimento ao desenvolvimento é linear,


unidimensional e único, o que permitirá a aplicação universal desta teoria.
O subdesenvolvimento é uma fase recuada do desenvolvimento, pelo qual passaram todas as
sociedades industrializadas.

- A TEORIA DE ROSTOW

1ª etapa - sociedade tradicional - estrutura determinada por funções de produção muito estáveis,
pouco sujeitas a inovações tecnológicas, onde uma elevada proporção de recursos está a ser
utilizada na agricultura. A produção é limitada, a tecnologia é rudimentar e o nível de
produtividade é baixo.
2ª etapa - sociedade de uma etapa transitória (criação das condições de arranque) - é uma etapa
muito longa em que se dá especialização no trabalho, se verifica a elevação na produtividade,
bem como a intensificação das trocas e a acumulação de capitais.
Um choque exterior provocará uma modificação das estruturas económicas e sociais e das
atitudes e comportamentos, favorável à introdução da ciência e da tecnologia.
3ª etapa - sociedade em fase de arranque (take off) - etapa de 20 a 30 anos em que a taxa de
investimento se eleva rapidamente, conduzindo ao aumento do rendimento per capita e a
transformações radicais da tecnologia. A alteração das estruturas atinge o ponto em que o
crescimento económico se torna automático, devido a três áreas distintas:
- passagem do investimento do PIB de 5% a 10%;
- implantação de um ou mais sectores da indústria transformadora com forte taxa de crescimento;
- existência ou implantação de um aparelho político, social e institucional que explore as
condições de crescimento auto-sustentado.
4ª etapa - sociedade a caminho da maturidade - processa-se a aplicação das técnicas mais
recentes à produção e ocorrem algumas modificações adicionais; por exemplo: a estrutura da
população activa e o crescimento da população urbana. Existem intensas actividades industriais e
comerciais com elevadas taxas de produtividade e de crescimento do PIB.
5ª etapa - sociedade da abundância ou do consumo em massa - esta etapa apresenta três vias
distintas: - a procura do poder e de influência externa;
- o estado previdência;
- o consumo em grande escala.

- ISOLAMENTO DA DIMENSÃO HISTÓRICA FACE A


OUTRAS DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO

Esta posição significa que o desenvolvimento será analisado a nível estritamente económico,
isto porque o motor para o desenvolvimento é o crescimento económico. Esta teoria também é
designada pela teoria da modernização, em que o atraso dos países subdesenvolvidos poderá ser
recuperado pelo recurso à modernização (industrialização) das suas economias. Tanto os
neoclássicos como os keynesianos convergem na ultrapassagem do subdesenvolvimento através
de políticas de desenvolvimento baseadas no crescimento económico.

AS TEORIAS MARXISTAS E NEO-MARXISTAS - OS NEOCLÁSSICOS

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ECONOMIA

Economistas como Solow, Mead, Swan, neoclássicos da década de 60, partilhavam a convicção
de que o equilíbrio da economia era ajustado automaticamente através dos mecanismos de
mercado.
A promoção da economia de mercado e uma melhor utilização de recursos, a inserção dos
países no comércio internacional para dele retirarem as vantagens mútuas de uma especialização
complementar (produzir produtos em que tinham vantagens comparativas em termos de comércio
internacional) era a forma para os países garantirem crescimento económico e desenvolvimento.

- KEINZ E OS NEOCLÁSSICOS

A teoria keynesiana baseava-se no pressuposto de que a economia tinha tendência para o


desequilíbrio, o que poderia ser resolvido mediante uma intervenção ao nível do investimento por
parte do estado.
Esta teoria é no entanto de curto prazo, pois não considera aspectos determinantes do
investimento, nomeadamente o progresso técnico e o stock de capital.
A teoria keynesiana foi pertinente para ultrapassar a grande depressão em que havia um
subaproveitamento da capacidade produtiva.
Os neo-keynesianos procuravam ultrapassar esta limitação passando para uma análise de longo
prazo em que o crescimento dos países subdesenvolvidos estaria dependente da possibilidade de
intervenção do estado na actividade económica, nomeadamente no nível de investimento, no
incentivo à poupança ou no próprio investimento do estado, enquanto agente produtivo.

II - AS TEORIAS BASEADAS EM MARX E NOS NEOCLÁSSICOS - MARXISTAS E


NEO-MARXISTAS

O desenvolvimento económico nos países subdesenvolvidos implicará sempre uma evolução ou


transição do capitalismo para algo melhor (socialismo). Este processo de transição será mais ou
menos longo e pré-determinado (o determinismo histórico - passagem do capitalismo ao
socialismo caiu em desuso pelo desaparecimento das sociedades socialistas).
Os novos pensadores deste século, com base no marxismo, os neo-marxistas, apresentam como
pressuposto comum as seguintes questões:
- a dominância da dimensão económica (domínio do económico sobre o social, o político, etc.;
- presença determinante do referencial histórico.
O subdesenvolvimento é um reflexo do capitalismo à escala mundial, constituindo um processo
autónomo e não uma etapa para o desenvolvimento.

2.4.1 - Recursos Estruturalistas

Para os economistas estruturalistas (Prebisch, Furtado, Myrdal, Hirschman), as economias dos


países industrializados - centro - penetram nas economias mais atrasadas - periferia - provocando
uma desarticulação dessas economias e o desenvolvimento das estruturas económicas e sociais
dependentes das economias do centro.
Eles constatam que os mecanismos equilibradores do sistema de preços são incapazes de
produzir um crescimento estável ou uma desejável distribuição de riqueza.
Como tal, tentam identificar as imperfeições, retardamentos e outras características específicas
dos países subdesenvolvidos, por forma a corrigir as imperfeições do sistema monetário. Para
eles, as políticas de desenvolvimento deverão abranger reformas quer a nível interno, quer
externo.
A nível interno, as reformas deveriam privilegiar a satisfação das necessidades básicas, o
emprego dos recursos e o combate á pobreza.
Ao nível externo, as reformas passariam pela restruturação da economia mundial - a NOEI.

2.4.2 - As teorias da dependência

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ECONOMIA

Os autores desta corrente (Gunder Frank, Cardoso, T. dos Santos), vão incidir a sua análise
sobre o aspecto "externo" do subdesenvolvimento, ou seja, no subdesenvolvimento como produto
histórico das relações entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
Foi através do comércio internacional (monopolista) que os países desenvolvidos incorporaram
os subdesenvolvidos no sistema capitalista mundial, convertendo-os em fontes para o seu próprio
desenvolvimento e a acumulação de capital. O conceito de dependência da periferia em relação ao
centro espelha uma realidade de dependência com múltiplas vertentes: comercial, financeira e
tecnológica.
O desenvolvimento da periferia estará sempre condicionado face ao centro, produzindo e
reproduzindo um desenvolvimento desigual.

2.5 - Disparidade de situações

O 3º mundo constitui um conjunto heterogéneo, onde os crescimentos dos países do sudoeste


asiático não se comparam á situação da África Subsariana ou da América Latina.

- Classificação das economias segundo o Banco Mundial


de acordo com o PNB por habitante

I - Países de rendimentos baixos - países em que as economias dependem fundamentalmente da


actividade agrícola e de algumas indústrias extractivas.
A produção encontra-se ainda numa fase pré-indústrial.

II - Países de rendimentos intermédios - subdivide-se em duas classes:

- classe inferior - classe constituída por países de economias frágeis, que se caracterizam pela sua
situação de dependência relativamente ás suas exportações de matérias primas e ás flutuações de
preços e procura destes produtos a nível mundial. É o caso do petróleo para a Argélia; do cobre
para o Chile; dos fosfatos para Marrocos; etc. Estes países estão assim sujeitos a grande
instabilidade económica e social.

- classe superior - classe que inclui os NPI (Novos Países Industrializados), países esses que nos
últimos 20 anos se têm vindo a desenvolver, apresentando elevadas taxas de crescimento e
elevadas percentagens do seu produto proveniente do sector industrial. É o caso de Hong-Kong,
Singapura, Taiwan, Brasil, México, Portugal, Grécia, Israel e também alguns países produtores
de petróleo.

III - Países com rendimentos elevados - corresponde aos países desenvolvidos. Ex.: Alemanha,
EUA, França, Itália, etc.

Dinâmicas de desenvolvimento utilizadas pelos PVD

1 - Processo de desenvolvimento com base na agricultura

O aumento da produção alimentar é uma condição prévia quando se põe em prática um


programa de desenvolvimento. Só assim uma parte da população se poderá deslocar da
agricultura e dedicar-se a outras actividades, já que existem excedentes no sector agrícola e
condições para aumentar a produtividade no referido sector.
O desenvolvimento industrial acontece posteriormente. Foi o que aconteceu na Europa no
século XVIII e no Japão e na Coreia-do-Sul na actualidade.
No caso dos PVD podemos observar duas situações tipo relativamente ao sector agrícola:
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ECONOMIA

1º- Países em que a produtividade agrícola aparece bloqueada e os países enfrentam por isso
grandes dificuldades. É o caso do Maui e da Nigéria, onde a explosão demográfica da população
urbana e políticas agrárias mal planeadas levaram ao empobrecimento da população activa
agrícola, não existindo nem motivação nem meios para mudar os meios de produção.

- INDICADORES MAIS UTILIZADOS NA DEFINIÇÃO DO NÍVEL


DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

- RENDIMENTO NACIONAL PER CAPITA (RNPC)

Críticas à sua utilização:


1- o valor deste índice é tanto menos significativo quanto mais díspares forem os valores
representados.
2- a dificuldade de conversão das moedas dos diferentes países a um padrão comum.
3- as limitações do RNPC como medida de desenvolvimento.
3.1- falta de dados;
3.2- dificuldade na recolha de dados estatísticos;
3.3- dificuldades de informação sobre rendimentos suplementares.

- PRODUTO NACIONAL PER CAPITA

Críticas à sua utilização:


1- não é possível retirar qualquer conclusão quanto ao nível de bem estar da população.
2- nada revela sobre a composição, qualidade e quantidade dos bens e serviços nele incluídos.
3- pode ser falseado aquando a sua conversão em dólares.
4- não reflecte economias externas e custos externos.
5- contabiliza apenas a economia mercantil.

- DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR SECTORES DE ACTIVIDADE

- CONSUMO E PRODUÇÃO DE ENERGIA

- INDICADORES SOCIAIS DE BEM ESTAR


- o índice de desenvolvimento humano;
- consumo por habitante;
- composição em calorias das dietas alimentares;
- número de habitantes por cama e por médico;
- número de telefones, automóveis e Hi-Fi e jornais diários por mil habitantes;
- taxa de instrução;
- despesas do estado com a habitação e saúde.

INDICADORES DEMOGRÁFICOS MAIS UTILIZADOS


NA DEFINIÇÃO DO NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO

1º- taxas de natalidade e mortalidade;


2º- taxas de crescimento demográfico;
3º- taxas de mortalidade infantil;
4º- esperança de vida à nascença;
5º- densidade populacional.

4 - DESENVOLVIMENTO NO LIMIAR DOS ANOS 90


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ECONOMIA

4.1 - OS NOVOS CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO

1 - DESENVOLVIMENTO INTEGRADO - este tipo de desenvolvimento implica um cresci-mento


articulado e equilibrado dos vários sectores económicos e sociais. As opções estratégicas de
desenvolvimento passam pela industrialização ou modernização da agricultura e por um
crescimento económico que contemple um desenvolvimento social.

2 - DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO-SOCIAL - este desenvolvimento é um processo simultâneo


que ocorre em várias vertentes.
Por um lado, temos o crescimento económico expresso nas alterações quantitativas das
variáveis económicas. Por outro lado, temos o crescimento social visível nas alterações
qualitativas da realida-de económica e social.
O papel do estado passa pela promoção do desenvolvimento através do planeamento económico
e social.

3 - DESENVOLVIMENTO UNIFICADO - este tipo de desenvolvimento tem como preocupa-ção


fundamental a repartição do rendimento, para a qual propunha um conjunto integrado de acções
com o objectivo de melhorar as condições de vida da população mais pobre.

4 - ECO-DESENVOLVIMENTO - a ameaça de catástrofes ecológicas resultantes do desenvolvimen-


to levaram os PD a definirem limites para o desenvolvimento.
Como limites internos ficaram estabelecidos a satisfação das necessidades básicas da
população.
A nível externo ficou como limite a preservação do meio ambiente.
Como estratégias de desenvolvimento propunham que a partir da análise dos ecossistemas
locais, bem como do impacto sobre esses ecossistemas se deveria adequar à utilização dos
recursos disponíveis no ecossistema às necessidades básicas da população.
5 - DESENVOLVIMENTO AUTÓNOMO E AUTO-CENTRADO - estas concepções são globais e
consideram que o desenvolvimento implica transformações em todas as estruturas e não só nas
económicas.
O desenvolvimento respeita não só a produção mas igualmente aos níveis de vida, instituições,
comportamentos e políticas.
As estratégias concretas de desenvolvimento são:
- mobilizar as capacidades dos habitantes dos PVD;
- uma estratégia económica auto-centrada.

- Estratégia económica auto-centrada


A estratégia económica autocentrada tem de ser vista a diferentes níveis:
1º- a nível interno - o processo produtivo deve estar assente nas relações inter-sectoriais e
orientar-se para a satisfação das necessidades básicas da população.
Para além disso, há que atingir um novo processo de acumulação e rever a repartição dos
rendimentos, bem como os padrões de consumo locais e mobilizar os recursos materiais mediante
a utilização das tecnologias apropriadas aos objectivos de desenvolvimento.
2º- a nível externo - há que promover uma nova inserção na divisão internacional do trabalho por
parte dos PVD, nomeadamente no sector exportador.
Para além disso, há que proceder ao reforço das relações Sul-Sul.
Há ainda que criar uma nova NOEI.
3º- outros requisitos - a existência de um estado com uma base social de apoio converge com os
objectivos do desenvolvimento e o reforço por parte do estado da interdependência nacional,
política e económica.

6 - DESENVOLVIMENTO CENTRADO NO HOMEM - esta estratégia de desenvolvimento pretende


privilegiar o desenvolvimento do homem face ao das coisas.
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ECONOMIA

Como estratégia para atingir o desenvolvimento propõe o crescimento económico auto-centrado


dos PVD. Este tipo de desenvolvimento apresenta limites internos e externos. Como limites
internos, a possibilidade de assegurar à população a satisfação das necessidades básicas; como
limites externos, os pontos em que os recursos não renováveis perderam a sua capacidade de
regenerar ou preencher as principais funções biofísicas.

7 - OS NOVOS CONCEITOS DE DESENVOLVIMENTO DOS ANOS 90 - O conceito de


desenvolvimento evoluiu de certo modo para corresponder às solicitações da época. Assim,
aspectos houveram que se tornaram relevantes e que desenham um novo contexto económico e
social.

- O NOVO CONTEXTO ECONÓMICO E SOCIAL

1- O desenvolvimento tende a surgir como projecto ligado aos indivíduos, grupos, agentes/actores
da mudança social e menos vinculado a certa concepção de desenvolvimento do próprio estado. O
desenvolvimento surge como projecto intimamente ligado à liberdade humana, o que dá mais
relevo ao desenvolvimento como projecto (e processo) diferenciador (segundo os múltiplos
projectos individuais grupais), mais do que integrador e homogeneizante.
2- A dimensão espaço/natureza/meio ambiente adquire relevo central na problemática moderna do
desenvolvimento, quer nos PD, quer nos PVD.
3- A associação entre as ideias de desenvolvimento e de transição para o socialismo ou, pelo
menos de desenvolvimento e não capitalismo, perdeu a importância que teve nos planos teórico e
prático até aos anos 70. Há manifestamente nesta problemática um vácuo ideológico.

- NOVOS CONCEITOS E ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO

- O DESENVOLVIMENTO HUMANO - para o PNUD (Programa das Nações Unidas para o


Desenvolvimento) o objectivo real do desenvolvimento é aumentar as escolhas dos indivíduos.
Nestas escolhas ressaltam, pela sua importância, o rendimento, a saúde, a educação e o meio
ambiente.
A finalidade última do desenvolvimento é o desenvolvimento da pessoa humana em todas as
suas dimensões, dando-lhe nomeadamente a liberdade de escolher e realizar o seu próprio
projecto de desenvolvimento.

- O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - os conceitos de eco-desenvolvimento, desen-


volvimento autónomo e de outro desenvolvimento reflectiram as preocupações ecológicas nos
anos 60 e 70. Estas preocupações resultaram da constatação de que o crescimento económico em
exponencial que vinha a ser desenvolvido, se opunha à preservação da natureza. Estas
preocupações aliás estiveram na origem da teoria do Crescimento Zero.
Nos anos 80, a constatação de que não se podia atingir o desenvolvimento sem a
industrialização, levou à tentativa de conciliação entre os dois.
As novas preocupações ecológicas emergentes centram-se sobretudo nas tentativas de
compreender as ligações entre a ecologia e a economia e de avaliar as consequências dos níveis e
modos de desenvolvimento sobre a natureza, dando origem à nova concepção de desenvolvimento
- o desenvolvimento sustentável ou duradouro.
O desenvolvimento sustentável deverá assegurar a preservação do sistema a longo prazo nos
diferentes domínios (económico, ecológico, etc.).
Como estratégia de desenvolvimento temos:
- substituir o capital natural pelo capital produzido (substituir algodão por fibras sintéticas) e
estabelecer um preço mais justo para os recursos naturais.
Numa perspectiva mais ecológica do desenvolvimento auto-sustentado faz-se a separação entre o
capital artificial do capital natural (recursos renováveis e não renováveis).
Como instrumentos de medida da degradação do meio ambiente propõe:
- indicadores do meio ambiente (qualidade do ar, da água, etc.);
- indicadores sectoriais (transporte, energia, agricultura, etc.);
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ECONOMIA

- estabelecimento de uma contabilidade de recursos (contas das florestas, da água, etc.).

- O NOVO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO DAS ORGANIZAÇÕES ECONÓMICAS


INTERNACIONAIS - havendo concluído que as estratégias de desenvolvimento até aqui
prosseguidas são incapazes para resolver os problemas do subdesenvolvimento, levou a que as
organizações económicas e sociais (BM, FMI) formulassem um novo quadro teórico para o
desenvolvimento.
Assim, para a política de desenvolvimento defende-se a industrialização baseada na promoção
das exportações, acompanhado pelo desenvolvimento da agricultura (com o crescimento da
produtividade agrícola). Os investimentos deverão privilegiar o financiamento a pequenos e
médios projectos de iniciativa local, levadas a cabo pelas ONG (estradas, mercados, hospitais ou
escolas).
Quanto ao papel do estado, defende-se menos estado e o apoio à iniciativa privada, em especial
às ONG.
Combate à corrupção, controlo da natalidade, renegociação da dívida, combate à deterioração
dos termos de troca, negociação dum preço mais justo para as matérias primas são tarefas a
desenvolver pelo estado.

CARACTERÍSTICAS DOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS

 CRESCIMENTO POPULACIONAL

A explosão demográfica está claramente limitada aos países do 3º mundo. Os países


desenvolvidos estão em desaceleração do crescimento populacional, bem como alguns P.V.D.

EVOLUÇÃO POPULACIONAL E O MODELO DE TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA

1º estado - período em que a taxa de mortalidade diminui como resultado do saneamento básico,
vacinamento em massa, novos medicamentos, e a taxa de natalidade mantém-se elevada
levando a uma taxa de crescimento natural elevado (de 2,5 a 4%) correspondente a cerca
de 14% da população.
2º estado - período em que a taxa de mortalidade continua a descer, enquanto a taxa de
natalidade inverte a tendência e começa a descer. A taxa de crescimento natural cifra-se
entre 1,5 e 3%, correspondendo a cerca de 40% da população mundial.
3º estado - período em que ambas as taxas diminuem. A taxa de crescimento natural cifra-se
entre 0,5 e 1,5% correspondente a cerca de 22% da população mundial.
4º estado - fase “post transitória”, corresponde a taxas de natalidade e mortalidade muito baixas,
envolvendo cerca de 20% da população mundial.

Assim, enquanto os países desenvolvidos apresentam taxas de crescimento natural muito baixas
ou negativas, os PVD apresentam taxas muito elevadas associando crescimento demográfico e
pobreza. O crescimento demográfico constitui um dos maiores entraves ao desenvolvimento.
A ruptura do circulo vicioso, crescimento demográfico associado à pobreza só é possível ser
feito por uma conjugação de políticas de planeamento familiar, de educação, e por políticas
globais e estratégias de redistribuição dos recursos a nível mundial.

 COMPARTIMENTAÇÃO DA ECONOMIA

A compartimentação da economia é uma das características dos PVD (Países em Vias de


Desenvolvimento). Enquanto os PD apresentam uma economia solidária, nos PVD existem 3
grupos de economias com fronteiras definidas entre si.
1º- sector tradicional de consumo, que corresponde às economias rurais de subsistência.

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ECONOMIA

2º- sector das grandes empresas exportadoras - é constituído por grandes indústrias extractivas
em plantações que apresentam relações estreitas com os países desenvolvidos, ao contrário
daquilo que se passa em termos internos.
3º- sector urbano - é um sector que apresenta características de uma economia moderna,
integrando pequenas unidades industriais e comerciais. Há que referir no entanto que este sector
urbano é diferente daquele que podemos encontrar nos países desenvolvidos, pois apresenta baixo
nível de produção particularmente na indústria e uma significativa importância das actividades
comerciais de importação/exportação, que espelham a dependência face ao exterior.

 ESTRUTURA DEFICIENTE DAS ACTIVIDADES ECONÓMICAS

A estrutura da actividade económica evolui à medida que um país se desenvolve economica-


mente.

- TEORIA DOS TRÊS SECTORES - FASES NO PROCESSO


DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

1ª fase - esta situação inicial caracteriza-se pela preponderância da agricultura tanto ao nível do
emprego como da produção.
2ª fase - neste período, o sector secundário torna-se preponderante tanto no emprego da
população activa como na contribuição para o valor da produção.
3ª fase - finalmente, o crescimento da produtividade no sector secundário leva a uma modificação
no peso relativo dos três sectores em favor do terciário, tanto no emprego da população
como na contribuição para o valor da produção.

Para além disso, os valores da contribuição para o PIB do sector industrial são sempre
superiores nos PVD aos valores da contribuição para o PIB da indústria transformadora. Este
resultado deriva da contabilização nestes países da actividade extractiva na indústria.

 DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDIMENTOS

Se a pobreza é uma característica essencial do subdesenvolvimento, mais chocante é a desigual


distribuição da riqueza e a consequente desigual repartição de rendimentos.
Constata-se aliás, que a maior concentração de rendimentos se faz nos países com baixos
rendimentos.

 O BAIXO NÍVEL DE INVESTIMENTO

A insuficiência de poupança nestes países é um facto. Os grupos sociais com rendimentos


elevados não contribuem para o desenvolvimento económico, uma vez que não aplicam as suas
poupanças em investimentos produtivos.

- Razões para o baixo nível de investimento

1º- fuga de capitais;


2º- preferência pelo investimento nos sectores comercial e imobiliário, já que não apresentam
tantos riscos;
3º- a utilização de grande parte dos rendimentos do consumo.

 A DEPENDÊNCIA EXTERNA

A intensificação das trocas a nível mundial particularmente a partir da 2ª guerra mundial,


levou a uma maior interdependência das economias tradicionais que no caso do TM (Terceiro

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Mundo) se traduziu numa maior dependência. Para esta situação, contribuíram as desiguais
relações económicas internacionais.
A perda da soberania por parte dos PVD pode ser analisada em três planos:
I - a dependência comercial ;
II - a dependência tecnológica ;
III - a dependência financeira.

I - A DEPENDÊNCIA COMERCIAL

Regra geral, o TM exporta produtos com fraco valor acrescentado. Logo, o preço das
exportações é muito baixo, contrariamente aos PD que se distinguem pelo peso dos produtos
manufacturados de valor acrescentado, nas suas exportações. O seu preço é sim maior, bem
como o poder de compra que proporciona. Os países da OPEP (Organização dos Países Exporta-
dores de Petróleo) constituem uma excepção, pois as suas exportações de petróleo correspondem
a cerca de 80% da produção mundial no período de 72-82 e dá origem a uma volumosa acumula-
ção de capitais, designada por petrodólares que inundam o sistema bancário internacional.

- Factores que contribuem para a dependência dos PVD

1º- a flutuação da procura mundial e dos preços - os mercados mundiais dos produtos base que
constituem a maioria das exportações dos países produtores de petróleo são mercados de natureza
especulativa, em que os preços são dominados pelos PD e combinados com muita antecedência.
Daqui resulta a dependência dos PVD por via de flutuação da economia mundial e das variações
das cotações dos produtos. Por outro lado, assiste-se ao aumento do preço dos produtos
comprados pelos PVD, o que tem contribuído para a degradação dos termos de troca.

A - RAZÕES PARA O AUMENTO DOS PREÇOS DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS

1- aumento dos salários nesses países como consequência dos ganhos de produtividade;
2- maior sofisticação dos produtos industriais;
3- oferta concorrencial destes bens (produtos de alto valor acrescentado).

2º- Estrutura das trocas dos países do terceiro mundo e a assimetria das relações comerciais - os
países do TM efectuam grande parte das suas trocas com os PD (¾ do total das suas
exportações). Comprova-se assim a dependência dos PVD pelos PD.

- Assimetria das relações comerciais / estrutura assimétrica das trocas

Os P.V. representam o monopólio dos bens e serviços indispensáveis aos países do


TM, quer sejam bens de equipamento ou intermédios, quer sejam alimentos ou
medicamentos indispensáveis à sua sobrevivência. Para além disso, as trocas são muito
polarizadas. Os principais clientes dos produtos dos PVD são os PD, que por sua vez
são os seus principais fornecedores.

3º- A falta da diversificação das exportações - a estrutura das trocas dos países do TM mostra-
nos a forte polarização sectorial das trocas onde as principais fontes das receitas provêm dos
seguintes sectores: - combustíveis, minérios e metais ; - outros produtos primários.

Concluindo, os países do 3º mundo são países monoexportadores.

II - A DEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA

Esta dependência resulta não só da importação de bens de equipamento, como também da


compra de patentes, licenças e técnicas de utilização. As marcas registadas e o recurso a equipas
de técnicos estrangeiros agrava ainda mais o problema da dependência.
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ECONOMIA

Para além disso, a importação de tecnologias tem efeitos dolorosos que resultam das
dificuldades que podem surgir em:
- agravamento das dificuldades financeiras no país ;
- multiplicação das despesas complementares ;
- aumento da desarticulação do sistema produtivo, em virtude da heterogeneidade técnica ;
- grande distância entre o nível de qualificação médio das técnicas utilizadas, o que impede a
utilização de novas tecnologias.
Os próprios contratos de transferência tecnológica perpetuam a dependência e a manutenção do
monopólio tecnológico, já que obrigam a:
- comprar a manutenção a quem forneceu o equipamento;
- a limitações quanto à possibilidade de exportação dos produtos fabricados;
- obrigatoriedade de contratar técnicos de outros países.

III - DEPENDÊNCIA FINANCEIRA

O investimento constitui uma prioridade dos PVD, mas as suas poupanças são insuficientes,
donde a necessidade de correr ao crédito externo ou ao investimento directo ao estrangeiro.

- RAZÕES PARA A NECESSIDADE DE CONTRATAR EMPRÉSTIMOS NO ESTRANGEIRO

1º- a grande necessidade de investimento para satisfazer as necessidades de crescimento do PNB


e a população;
2º- o pagamento de equipamento na sua maioria importado;
3º- a insuficiência da ajuda pública internacional e os seus custos políticos.

- RAZÕES PARA O AGRAVAMENTO DA DEPENDÊNCIA FINANCEIRA

1º- o pagamento dos juros a taxas elevadas e a amortização dos empréstimos contraídos;
2º- as importações não são compensadas pelas exportações;
3º- as suas moedas não são aceites como meio de pagamento internacional.

A questão do investimento em investigação e educação passa pelas relações entre as empresas


multinacionais e os países de acolhimento, englobando várias dimensões de dependência como a
tecnológica, a comercial, financeira, cultural e pública.
A decisão de investimento das multinacionais prende-se com estratégias e interesses comerciais
de cada empresa, e acarretam regra geral maior volume de repatriamento de lucros do que de
investimento inicial.

- MODALIDADES DE INSERÇÃO DAS MULTINACIONAIS

1º- fábricas especializadas - estas fábricas aproveitam o acesso às matérias primas ou a mão-de-
obra barata. Os seus produtos são reexportados para outras filiais do mesmo grupo. O país usado
pode ter vantagens e desvantagens com as fábricas especializadas: por um lado essas fábricas
transferem tecnologias para o local, mas por outro não beneficiam os sectores, não dão mão-de-
obra.
2º- fábricas viradas para o mercado nacional ou regional - são aquelas que se destinam à abertura
de novos mercados.

 INSUFICIÊNCIAS DA UTILIZAÇÃO DA MÃO -DE-OBRA

A insuficiência de formação da mão-de-obra constitui um dos obstáculos à adequação a


técnicas modernas susceptíveis de provocar o arranque ou aceleração do ritmo de crescimento
económico. O nível de educação da população é outro dos factores que condiciona a qualificação

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ECONOMIA

da mão-de-obra e a aceitação de novas técnicas, assim como das respectivas mutações sociais
que elas provocam.

 ESTRUTURAS MENTAIS TRADICIONAIS

As resistências ao desenvolvimento económico nos PVD situam-se também no plano das


mentalidades, crenças colectivas e valores.
Estas estruturas podem provocar conflitos de valores entre as zonas tradicionais e as zonas
modernas.

2.4 - TEORIAS EXPLICATIVAS DO SUBDESENVOLVIMENTO

2.4.1 - AS TEORIAS CONVENCIONAIS

A divulgação do subdesenvolvimento ocorre a partir da 2ª guerra mundial, altura em que se


assume como problema específico (particular).
A relação desigual de apropriação de riqueza já vinha sendo estudada por pensadores dos
séculos XVIII e XIX, nomeadamente pelos clássicos (Adam Smith e David Ricardo) e pelos
marxistas (Karl Marx e Engels).
As teorias convencionais podem ser divididas em dois grandes grupos:
I - de inspiração no pensamento clássico e em Keynes - neoclássicos e neokeynesianos;
II - de inspiração em Marx e nos clássicos - marxistas e neomarxistas.

I - TEORIA CONVENCIONAL

A concepção de desenvolvimento baseia-se nos seguintes pressupostos:


1º- ausência de referencial histórico de desenvolvimento;
2º- isolamento da dimensão histórica face a outras dimensões do desenvolvimento (política social
cultural).

1º- AUSÊNCIA DE REFERENCIAL HISTÓRICO

O processo histórico que leva do subdesenvolvimento ao desenvolvimento é linear,


unidimensional e único, o que permitirá a aplicação universal desta teoria.
O subdesenvolvimento é uma fase recuada do desenvolvimento, pelo qual passaram todas as
sociedades industrializadas.

- A TEORIA DE ROSTOW

1ª etapa - sociedade tradicional - estrutura determinada por funções de produção muito estáveis,
pouco sujeitas a inovações tecnológicas, onde uma elevada proporção de recursos está a ser
utilizada na agricultura. A produção é limitada, a tecnologia é rudimentar e o nível de
produtividade é baixo.
2ª etapa - sociedade de uma etapa transitória (criação das condições de arranque) - é uma etapa
muito longa em que se dá especialização no trabalho, se verifica a elevação na produtividade,
bem como a intensificação das trocas e a acumulação de capitais.
Um choque exterior provocará uma modificação das estruturas económicas e sociais e das
atitudes e comportamentos, favorável à introdução da ciência e da tecnologia.
3ª etapa - sociedade em fase de arranque (take off) - etapa de 20 a 30 anos em que a taxa de
investimento se eleva rapidamente, conduzindo ao aumento do rendimento per capita e a
transformações radicais da tecnologia. A alteração das estruturas atinge o ponto em que o
crescimento económico se torna automático, devido a três áreas distintas:
- passagem do investimento do PIB de 5% a 10%;
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ECONOMIA

- implantação de um ou mais sectores da indústria transformadora com forte taxa de crescimento;


- existência ou implantação de um aparelho político, social e institucional que explore as
condições de crescimento auto-sustentado.
4ª etapa - sociedade a caminho da maturidade - processa-se a aplicação das técnicas mais
recentes à produção e ocorrem algumas modificações adicionais; por exemplo: a estrutura da
população activa e o crescimento da população urbana. Existem intensas actividades industriais e
comerciais com elevadas taxas de produtividade e de crescimento do PIB.
5ª etapa - sociedade da abundância ou do consumo em massa - esta etapa apresenta três vias
distintas: - a procura do poder e de influência externa;
- o estado previdência;
- o consumo em grande escala.

- ISOLAMENTO DA DIMENSÃO HISTÓRICA FACE A


OUTRAS DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO

Esta posição significa que o desenvolvimento será analisado a nível estritamente económico,
isto porque o motor para o desenvolvimento é o crescimento económico. Esta teoria também é
designada pela teoria da modernização, em que o atraso dos países subdesenvolvidos poderá ser
recuperado pelo recurso à modernização (industrialização) das suas economias. Tanto os
neoclássicos como os keynesianos convergem na ultrapassagem do subdesenvolvimento através
de políticas de desenvolvimento baseadas no crescimento económico.

AS TEORIAS MARXISTAS E NEO-MARXISTAS - OS NEOCLÁSSICOS

Economistas como Solow, Mead, Swan, neoclássicos da década de 60, partilhavam a convicção
de que o equilíbrio da economia era ajustado automaticamente através dos mecanismos de
mercado.
A promoção da economia de mercado e uma melhor utilização de recursos, a inserção dos
países no comércio internacional para dele retirarem as vantagens mútuas de uma especialização
complementar (produzir produtos em que tinham vantagens comparativas em termos de comércio
internacional) era a forma para os países garantirem crescimento económico e desenvolvimento.

- KEINZ E OS NEOCLÁSSICOS

A teoria keynesiana baseava-se no pressuposto de que a economia tinha tendência para o


desequilíbrio, o que poderia ser resolvido mediante uma intervenção ao nível do investimento por
parte do estado.
Esta teoria é no entanto de curto prazo, pois não considera aspectos determinantes do
investimento, nomeadamente o progresso técnico e o stock de capital.
A teoria keynesiana foi pertinente para ultrapassar a grande depressão em que havia um
subaproveitamento da capacidade produtiva.
Os neo-keynesianos procuravam ultrapassar esta limitação passando para uma análise de longo
prazo em que o crescimento dos países subdesenvolvidos estaria dependente da possibilidade de
intervenção do estado na actividade económica, nomeadamente no nível de investimento, no
incentivo à poupança ou no próprio investimento do estado, enquanto agente produtivo.

II - AS TEORIAS BASEADAS EM MARX E NOS NEOCLÁSSICOS - MARXISTAS E


NEO-MARXISTAS

O desenvolvimento económico nos países subdesenvolvidos implicará sempre uma evolução ou


transição do capitalismo para algo melhor (socialismo). Este processo de transição será mais ou
menos longo e pré-determinado (o determinismo histórico - passagem do capitalismo ao
socialismo caiu em desuso pelo desaparecimento das sociedades socialistas).

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ECONOMIA

Os novos pensadores deste século, com base no marxismo, os neo-marxistas, apresentam como
pressuposto comum as seguintes questões:
- a dominância da dimensão económica (domínio do económico sobre o social, o político, etc.;
- presença determinante do referencial histórico.
O subdesenvolvimento é um reflexo do capitalismo à escala mundial, constituindo um processo
autónomo e não uma etapa para o desenvolvimento.

2.4.1 - Recursos Estruturalistas

Para os economistas estruturalistas (Prebisch, Furtado, Myrdal, Hirschman), as economias dos


países industrializados - centro - penetram nas economias mais atrasadas - periferia - provocando
uma desarticulação dessas economias e o desenvolvimento das estruturas económicas e sociais
dependentes das economias do centro.
Eles constatam que os mecanismos equilibradores do sistema de preços são incapazes de
produzir um crescimento estável ou uma desejável distribuição de riqueza.
Como tal, tentam identificar as imperfeições, retardamentos e outras características específicas
dos países subdesenvolvidos, por forma a corrigir as imperfeições do sistema monetário. Para
eles, as políticas de desenvolvimento deverão abranger reformas quer a nível interno, quer
externo.
A nível interno, as reformas deveriam privilegiar a satisfação das necessidades básicas, o
emprego dos recursos e o combate á pobreza.
Ao nível externo, as reformas passariam pela restruturação da economia mundial - a NOEI.

2.4.2 - As teorias da dependência

Os autores desta corrente (Gunder Frank, Cardoso, T. dos Santos), vão incidir a sua análise
sobre o aspecto "externo" do subdesenvolvimento, ou seja, no subdesenvolvimento como produto
histórico das relações entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
Foi através do comércio internacional (monopolista) que os países desenvolvidos incorporaram
os subdesenvolvidos no sistema capitalista mundial, convertendo-os em fontes para o seu próprio
desenvolvimento e a acumulação de capital. O conceito de dependência da periferia em relação ao
centro espelha uma realidade de dependência com múltiplas vertentes: comercial, financeira e
tecnológica.
O desenvolvimento da periferia estará sempre condicionado face ao centro, produzindo e
reproduzindo um desenvolvimento desigual.

3.1.2 - A DÍVIDA E O DESENVOLVIMENTO

O período de 1978-82 foi marcado pela explosão da dívida dos PVD, despelotada pela
declaração de cessação de cumprimento do serviço da dívida (juros + amortização de
empréstimos) por parte do México em 13 de Outubro de 1982.
Os factores que contribuíram para o generalizar da crise vão desde:
- o aumento do preço do petróleo como resultado do segundo choque petrolífero;
- aumento brutal das taxas de juro reais, que encarecem os encargos financeiros;
- recessão mundial;
- queda dos termos de troca entre as mercadorias importadas e exportadas;
- subida do dólar;
- fuga de capitais;
- políticas deflacionistas;
- reconversão industrial;
- cláusulas de ajustamento estrutural.

A crise da dívida dos PVD insere-se numa conjuntura externa em que actuam as políticas
deflacionistas dos PD enquanto procedem à sua reconversão industrial e que leva a uma maior
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ECONOMIA

selectividade por parte deles nos critérios de concessão de créditos aos PVD, que passam a incluir
cláusulas de ajustamento estrutural dos PVD (obrigação de atingir objectivos de ajustamento
estrutural expressos numa carta de intenções ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e de
prosseguirem reformas estruturais.
Estas exigências dos PD acabaram por travar o crescimento tanto do investimento como do
consumo dos PVD, bloqueando o seu desenvolvimento.

- CONSEQUÊNCIAS DA DÍVIDA PARA OS PVD

Económicas:
- redução do nível de investimento, pondo em causa a própria manutenção do capital fixo
existente;
- estrangulamento das importações, contribuindo para a diminuição da produtividade da sua
actividade económica interna e de exportação.

Sociais:
- redução dos orçamentos da saúde e educação;
- diminuição do poder de compra e da qualidade de vida;
- supressão dos subsídios;
- aumento da emigração;
- aumento da criminalidade e da prostituição.

- HIPÓTESE DE PAGAMENTO DA DÍVIDA EXTERNA POR PARTE DOS PVD

A delicada situação em relação ao cumprimento do serviço da divida por parte dos PVD leva a
que estes em situação de grande aperto tenham que optar por uma de três hipóteses:
- Interromper o pagamento da dívida, situação que leva ao descrédito no mercado
internacional. A declaração de cessação de pagamento pode levar à confiscação de bens desse
país no estrangeiro. Para além disso, há que ter em linha de conta a correlação de forças entre os
países credores e devedores e a possibilidade de abertura de uma crise.
- Esforçar-se por pagar a dívida. Caso o país opte por pagar a dívida, ele vai ter de proceder a
um severo controlo das dívidas estrangeiras por forma a ter dinheiro para pagar. Assim sendo, ele
vai diminuir as importações ao essencial e vai proibir a colocação de capitais no estrangeiro. A
qualidade de vida das populações piora drasticamente.
- Solicitar uma renegociação da dívida. Neste caso, o país tem duas hipóteses:
ou ele pede um reescalonamento dos prazos de pagamento ou solicita um refinanciamento
(substituição do antigo empréstimo por um novo, que pode incluir uma nova parcela para além
do capital já em dívida).
Esta solução tem custos suplementares: leva à acumulação de dívidas e não resolve os
problemas de fundo.

A RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA

Quando os países solicitam a renegociação da dívida, eles podem optar por duas soluções
possíveis: - reescalonamento da dívida - reestruturação do calendário das prestações da dívida,
cobrindo o seu montante e juros; - refinanciamento da dívida - concessão de um novo empréstimo
a médio prazo, que pode ser para reembolso da dívida. A nova dívida substitui a antiga.
Ainda no capítulo da renegociação, há que atender a quem o país devedor solicitou os
financiamentos. Se o financiamento veio de estados, o país devedor vai estabelecer um acordo
com o fim de prolongar o crédito em que podem intervir ou os governos dos países credores e
devedores, como aconteceu na Polónia em 1991, ou então a negociação é feita através de clubes
de credores, caso do Clube de Paris que interveio, por exemplo, no TOGO em 1983.

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ECONOMIA

No caso da dívida ter sido contraída junto a bancos, o acordo tem de ser realizado através dos
clubes de credores bancários, como por exemplo, o Clube de Londres.

GRUPOS MEDIADORES QUE INTERVÊM NA RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA

- FMI - quando os países solicitam empréstimos e os países credores consideram que a situação
económica dos PVD inspira preocupações, o Fundo Monetário Internacional, organismo
especializado do Banco Mundial que avalia o desempenho e propõe medidas para a correcção dos
problemas estruturais e conjunturais dos países que a eles são submetidos para que, quer os
estados, quer os bancos privados, forneçam novos empréstimos.
A situação tipo passa depois da análise da economia do país devedor pelo envio de uma Carta
de Intenções em que o país se compromete a seguir as recomendações do FMI em termos de
política económica.

- Banco Mundial - que auxilia o processo de desenvolvimento dos PVD.

- Sistema de Reserva Federal - organismo credor dos bancos privados americanos.

- Clube de Paris - intervém para os PMA e inclui na negociação o ministro das finanças do país
credor e representantes do FMI, BM e CNUCED (Conferência das Nações Unidas sobre o
Comércio e o Desenvolvimento).

- Clube de Londres - para as dívidas contraídas junto de bancos comerciais, os credores


nomeiam uma comissão de gestão que intervirá refinanciando ou reescalonando após o acordo
entre o FMI e o país devedor.
A renegociação da dívida tem por base medidas de reajustamento onde intervêm o FMI e o BM,
que sancionam e coordenam os novos empréstimos resultantes dos acordos efectuados, obrigando
no entanto ao atingir de determinados objectivos.
Para garantirem o saneamento económico-financeiro dos países que solicitam a renegociação da
dívida, os organismos internacionais que analisam o desempenho dessas economias propõem o
estabelecimento de metas de ajustamento conjuntural e finalidades de ajustamento estrutural.
Para atingir o ajustamento estrutural, os países têm de encontrar estabilidade financeira e dos
preços. A estabilidade financeira passa pelo controlo da expansão monetária e pela redução das
despesas, em especial da pública.
Para atingir a estabilidade de preços, os países devem suprimir totalmente os subsídios e
controlar os preços.

INSTRUMENTOS DA POLÍTICA ECONÓMICA E SEUS EFEITOS

INSTRUMENTOS CURTO PRAZO MÉDIO PRAZO LONGO PRAZO


Saneamento monetá- Efeito positivo
1º- CONTROLO DA
rio e financeiro sobre a balança de
MASSA MONETÁRIA
pagamento
2º- REDUÇÃO DAS Efeito positivo
Saneamento monetá-
DESPESAS PÚBLICAS E sobre a balança de
rio e financeiro
PRIVADAS pagamento
Efeito positivo sobre a
3º- SUPRESSÃO DOS balança de paga-mento e
SUBSÍDIOS À PRODUÇÃO Saneamento monetá- utilização eficaz dos Aumento da eficácia
E AO CONSUMO rio e financeiro factores produtivos económica
Efeito positivo sobre a
balança de paga-mento e
4º-DESVALORIZAÇÃO DA utilização eficaz dos Aumento da eficácia
MOEDA económica
factores produtivos
Efeito positivo sobre a
5º- ALTERAÇÃO DOS balança de pagamento e
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ECONOMIA

PREÇOS RELATIVOS utilização eficaz dos Aumento da eficácia


factores produtivos económica
Efeito positivo sobre a
balança de pagamento e
6º- REAVALIAÇÃO DAS utilização eficaz dos
TAXAS DE JUROS
factores produtivos

3.3.2 - DOS ACORDOS DO GATT À NOEI

O acordo geral sobre as Pautas Aduaneiras e de Comércio (impostos/tarifas), assinado e três de


Outubro de 1945, é um acordo intergovernamental e multilateral que disciplina as relações
comerciais entre os signatários.
O GATT tem como objectivo último eliminar os obstáculos ao comércio internacional, quer se
tratem de barreiras aduaneiras (direitos aduaneiros e contingentes), quer de entraves
administrativos. O GATT funciona através da institucionalização entre os estados membros da
cláusula de nação mais favorecida.

- PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO GATT

1º- Não discriminação - qualquer produto de um país signatário do GATT deve ter igualdade de
tratamento, gozando da cláusula de “Nação mais favorecida”.
Excepções:
- Uniões Aduaneiras e Zonas de Comércio Livre;
- Sistema Generalizado de Preferências (SGP) dos PVD.

2º- Redução generalizada e progressiva das barreiras aduaneiras - a redução de barreiras


alfandegárias é obtida através dos seguintes mecanismos:
- diminuição dos impostos alfandegários (renuncia à alteração unilateral por um período de três
anos da possibilidade de rever os impostos aduaneiros);
- reduções lineares dos impostos alfandegários (reduções numa dada percentagem para todos os
produtos);
- a harmonização de tarifas (diminuição da dispersão dos impostos).

3º- Proibição de qualquer restrição quantitativa


Excepções:
- défice grave da balança de pagamentos;
- impossibilidade de estabilizar o mercado agrícola;
- o mercado ligado ao bem importado estar em risco de desagregação.

4º- Regulamentação do dumping (venda ao estrangeiro a preços inferiores aos praticados no


mercado interno) e dos subsídios à exportação - os países que se sintam vítimas de dumping
podem utilizar o direito unti-dumping que lhes permite lançar impostos sobre os produtos que
tenham sido objectos de dumping. Condenação de subsídios à exportação.

A NOEI

A expressão foi consagrada pela ONU e pelos PVD em 1975 e significa a aprovação de um
conjunto de recomendações sobre o novo papel que deve ser atribuído aos PVD nas trocas e na
divisão internacional do trabalho. De acordo com esta recomendação, os PVD deveriam passar a
exportar de forma crescente produtos manufacturados, diversificar a produção interna e diminuir
em termos relativos as suas exportações tradicionais.

- PROPOSTAS INTRODUZIDAS NO ÂMBITO DA NOEI

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ECONOMIA

1º- MATÉRIAS PRIMAS - assiste-se à proposta de indexação das cotações das matérias primas em
função dos preços dos países de destino, com o objectivo de estabilizar as receitas de exportação
e de garantir a sua transformação no local de origem.
2º- AGRICULTURA - desenvolvimento e diversificação da agricultura em função das necessidades
locais.
3º- INDÚSTRIA - deveria ser feita a reorientação das actividades industriais internacionais, o
incentivo ao investimento privado e à transferência de tecnologia, abrindo o mercado dos PD aos
produtos dos PVD.
4º- Aumento do volume da ajuda dos países ricos, redução da dívida pública dos países pobres e
protecção contra os efeitos da inflação nas taxas de juro internacionais.

AS CONVENÇÕES DE LOMÉ

As convenções de Lomé são a designação que tomaram os acordos de cooperação estabelecidos


entre a CE e os países ACP. Estes acordos versam múltiplas vertentes e foram assinados pela
primeira vez em 1975 (Lomé I) e renovados em 1979 (Lomé II), em 1984 (Lomé III) e em 1989
(Lomé IV).
A convenção de Lomé oferece:
- uma associação em que as diferentes opções políticas, sociais, culturais e económicas de cada
parceiro são respeitadas;
- uma cooperação segura e duradoura baseada num contrato livremente negociado e
juridicamente vinculado;
- um diálogo permanente;
- uma cooperação global e flexível que recorre a uma vasta gama de instrumentos de ajuda e de
desenvolvimento comercial.

Os objectivos deste acordo são:


- cooperação comercial;
- estabilização das receitas de exportação;
- cooperação financeira e técnica;
- cooperação industrial e agrícola.

- LINHAS GERAIS EM QUE SE APOIA A COOPERAÇÃO NO ÂMBITO DE LOMÉ IV

1 - Livre acesso ao mercado comunitário - todos os produtos industriais e 96% dos agrícolas têm
acesso livre ao mercado comunitário.
2 - Estabilização das receitas de exportação - existem dois fundos de estabilização das
exportações:
2.1 - STABEX - este fundo destina-se a apoiar os países ACP quando se verifica diminuição das
receitas resultantes da quebra de exportações de produtos agrícolas e matérias primas em termos
de receitas.
2.2 - SYSMIN - este fundo destina-se a evitar os efeitos da diminuição das receitas resultante da
desactivação ou diminuição da actividade mineira.
Os recursos destes fundos são fornecidos pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED),
podendo ser constituídos por empréstimos ou donativos.
3 - Cooperação industrial - esta cooperação desenvolve-se através do Centro de Desenvolvimento
da Indústria (CDI), criado em 1977 com o objectivo de favorecer a criação e o desenvolvimento
de PMEs.
A cooperação engloba os seguintes aspectos:
3.1 - custos de arranques;
3.2 - assistência técnica na fase de instalação;
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ECONOMIA

3.3 - formação profissional;


3.4 - estabelecimento de contactos com empresas da Comunidade Europeia que possam constituir
parceiros em projectos comuns.
4 - Cooperação financeira e técnica - esta cooperação é feita através do financiamento de acções
de cooperação regional, comercial e industrial que têm como objectivos a melhoria da produção
alimentar, o estabelecimento de equilíbrios naturais e o desenvolvi-mento equilibrado da
economia. Os fundos provêm do FED.
5 - Cooperação social - esta linha geral pretende valorizar os recursos humanos nos países ACP,
reforçar a identidade cultural, promover os direitos humanos fundamentais e resolver os
problemas demográficos.
6 - Cooperação no domínio do ambiente - esta linha geral propõe-se estudar o impacto ambiental
provocado pelo desenvolvimento.

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