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Prezado capacitando,
Bem-vindo ao Módulo 3! Aqui vamos tratar do processo de participação social vinculado ao
planejamento das ações de saneamento básico. É importante que fique claro, ao final deste
módulo, que a participação das pessoas nos processos que as envolvem é o fundamento de
uma sociedade verdadeiramente democrática. Como diz Paulo Freire, o ser humano é
sujeito, e não objeto; se não existe participação dos sujeitos nas definições e implantações
das políticas públicas, eles são objetos delas. A questão que fica e que está associada à
nossa visão de mundo é: queremos construir um mundo onde as pessoas sejam sujeitos do
seu futuro, ou objeto do futuro de outras?
Neste curso que você está realizando, a opção é pela participação e influência de cada um
nos rumos das políticas públicas e da sociedade em geral, e em particular, no tema que
estamos tratando: o saneamento básico.
Esperamos que, ao concluir o Módulo 3, você se sinta apto a:
reconhecer a relevância que a participação social possui para qualquer processo de
planejamento;
conhecer a estrutura do Plano de Mobilização Social;
conhecer as diferentes metodologias que podem ser utilizadas para mobilização social
em saneamento básico.
Capacitando,
Lembre-se de assistir aos vídeos do Módulo 3 disponíveis na plataforma
virtual do curso. Para iniciar, assista ao vídeo Apresentação do Módulo 3.
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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO
SUMÁRIO
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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO
Um pouco de história...
A participação social, entendida como participação cidadã, vem se desenvolvendo na história do
país. De acordo com Carvalho (1998), teve início nos primeiros movimentos de resistência de
índios, negros e camponeses, lutas abolicionistas e pela independência, revoltas urbanas e
movimentos operários, camponeses e urbanos das décadas de 1980 e 1990.
Um dos períodos de maior relevância para estimular o fortalecimento do movimento social no país
foi o da ditadura militar (1964-1985), quando a busca pelo restabelecimento de direitos individuais
– anteriormente limitados – resultou no reflorescimento da democracia no país, culminado pela
promulgação da Constituição Brasileira de 1988. Desde então, a participação cidadã no campo das
políticas públicas encontrou espaço para se desenvolver de uma forma gradual e segura, porém
lenta. Brasil (2011b) destaca que os movimentos sociais, além de reivindicarem a garantia do
acesso aos direitos já adquiridos, buscam ampliá-los, influenciando na elaboração de políticas
públicas, fomentando a participação, o controle social, a cogestão e a parceria.
A participação social encontra-se ideologicamente enraizada nos princípios da democracia,
devendo ser compreendida como uma grande conquista no Brasil. Embora haja ainda muito por se
fazer, principalmente no sentido de fortalecer, amplificar e pluralizar as vozes dos atores sociais
participantes desse processo, muito já foi e vem sendo realizado.
Brasil (2011b) aponta como um dos exemplos desses esforços o estabelecimento dos conselhos
instituídos por lei para definição de políticas, os quais contam com a participação de diversos
segmentos da sociedade. Dentre esses conselhos, podemos citar os conselhos das cidades;
conselhos de saúde; da criança e do adolescente; de recursos hídricos; do meio ambiente; os
comitês de bacias hidrográficas, entre outros, tanto em âmbito municipal, quanto estadual ou
federal. O orçamento participativo, cada vez mais difundido no país, também se caracteriza como
uma prática de partilha de poder entre Estado e sociedade.
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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO
Vamos refletir?
O orçamento participativo está implementado em seu município? Como se dá a
participação da sociedade neste processo? E você, como cidadão, participa destas
discussões?
Para ampliar e melhor compreender esse conceito, vamos analisar o que dizem ou autores Toro e
Werneck (2004).
Como você pode perceber pelas colocações dos autores, a mobilização social pressupõe a
participação da sociedade como um todo nos processos de decisão em temas que digam respeito
ao coletivo das pessoas direta ou indiretamente envolvidas.
Os mesmos autores trazem uma reflexão sobre a nossa capacidade criativa e o poder de cada um
na ação, o que implica a participação de todos e de cada um nos processos de transformação
social:
“Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob uma
interpretação e um sentido também compartilhados. Não podemos, no entanto, confundir
mobilização social com manifestações públicas, como a presença das pessoas em uma praça,
passeata, concentração. A mobilização ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade ou
uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, quotidianamente, resultados
decididos e desejados por todos” (TORO e WERNECK, 2004, p. 5).
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“Toda mobilização é mobilização para alguma coisa, para alcançar um objetivo pré-definido, um
propósito comum, por isso é um ato de razão. Pressupõe uma convicção coletiva da relevância, um
sentido de público, daquilo que convém a todos. A mobilização requer uma dedicação contínua e
produz resultados quotidianamente” (TORO e WERNECK, 2004, p. 5).
“Toda ordem social é criada por nós. O agir ou não agir de cada um contribui para a formação e
consolidação da ordem em que vivemos. Em outras palavras, o caos que estamos atravessando na
atualidade não surgiu espontaneamente. Esta desordem que tanto criticamos também foi criada por
nós. Portanto, e antes de converter a discussão em um juízo de culpabilidades, se fomos capazes de
criar o caos, também podemos sair dele” (TORO e WERNECK, 2004, p. 7).
A citação acima pode ser aplicada à temática saneamento: se somos capazes de poluir, de
degradar e perder qualidade de vida por efeito de nossas ações e condutas sociais – inclusive pela
falta de consciência quanto às consequências de alterar a ordem natural –, por que não podemos
transformar a desordem criada e promover a recuperação, a renovação, o equilíbrio ambiental e a
qualidade de vida por intermédio de mudanças favoráveis a nós, à nossa saúde e à saúde
ambiental?
ATENÇÃO
O encaminhamento da mobilização social no âmbito do saneamento pode ser feito de
diferentes formas, devendo-se avaliar a que melhor se aplica à realidade de seu município.
Caro capacitando!
Como você deve ter compreendido, todo o processo de elaboração do plano de saneamento deve
ser realizado de forma participativa, desde a primeira etapa do planejamento para elaboração da
política e do plano, conforme você estudou no Módulo 2. Tanto a participação quanto o controle
social, como veremos mais detalhadamente a seguir, devem ser ferramentas utilizadas durante
toda a caminhada de construção do plano, a começar pela estruturação da organização
administrativa, até a aprovação do documento e posterior monitoramento, regulação e
fiscalização dos serviços.
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Como você pôde perceber, os degraus apresentados por Medeiros e Borges (2007) vão do nível da
“manipulação” (1º degrau) até o do “controle cidadão” (8º degrau): o primeiro representa o
menor, e o último, o maior nível de participação social. O avanço da sociedade nos processos de
participação e decisão se dá “de baixo para cima”. Como a cada degrau o envolvimento das
pessoas é maior, mais perceptível torna-se a influência do cidadão nas políticas públicas, a quem
compete avaliar com maior propriedade a vontade da sociedade, seus anseios e necessidades
diante de determinada política que se deseja pôr em execução.
Segundo Brasil (2011b), os níveis da participação no país variam efetivamente entre o 1º e o 6º
degrau, podendo, em alguns casos, atingir o 7º degrau.
A Lei do Saneamento, ao tratar da formulação da política pública de saneamento básico,
estabelece a necessidade de os titulares fixarem os direitos e deveres dos usuários e os
mecanismos de controle social. A Lei determina ainda que o controle social dos serviços públicos
de saneamento básico poderá incluir a participação em órgãos colegiados de caráter consultivo.
Em seu art. 2º, define a nova abordagem referente à participação e controle social como um dos
princípios fundamentais da prestação dos serviços públicos de saneamento básico.
No campo do saneamento, quando a Lei do Saneamento Básico define o controle social como um
princípio fundamental, situa os níveis de participação entre os degraus 6 e 7 do quadro anterior.
Isso significa dizer que as ações de participação social vinculadas aos Planos Estaduais e Municipais
de Saneamento Básico deverão propiciar ampla inclusão da sociedade em instâncias deliberativas.
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ATENÇÃO
O controle social sobre as ações de saneamento contribui para a universalização e melhoria
dos serviços prestados, tornando necessária a participação ativa da comunidade nos
diversos fóruns e instâncias onde as decisões são tomadas.
Princípio Fundamental • O controle social deve ser garantido nas diversas funções de
da Lei gestão dos serviços públicos de saneamento básico
(planejamento, prestação de serviços, regulação e
fiscalização);
• É necessário estabelecer normas e mecanismos para que o
controle social se efetive.
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Prestação dos Serviços • Realização prévia de audiências e consultas públicas (art. 11,
Públicos de Saneamento inciso IV);
• Existência de normas de regulação que prevejam os meios
para o cumprimento das diretrizes, incluindo designação da
entidade de regulação e de fiscalização (art. 11, inciso III).
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Vamos refletir?
Você conhece o conteúdo destes instrumentos legais? E em seu município de que forma estão
sendo implementados?
Há um comitê de Bacia Hidrográfica instalado em sua região? E seu Município está envolvido no
processo de gestão das águas? E como se dá a participação dos diferentes segmentos sociais do
seu município no Comitê de Bacia?
ATENÇÃO
O Plano de Mobilização Social deverá prever os meios necessários para a realização de eventos
setoriais de mobilização social (debates, oficinas, reuniões, seminários, conferências, audiências
públicas, entre outros), garantindo que tais eventos alcancem as diferentes regiões administrativas
e distritos afastados de todo o território do município.
Uma forma de se alcançar melhores resultados e efetividade com a mobilização social é organizar
o território municipal em Setores de Mobilização (SM).
ATENÇÃO
A definição dos setores de mobilização social, ou seja, dos locais que receberão os
eventos, e também o número de eventos que serão realizados em cada fase de elaboração
do Plano, refletem diretamente no orçamento.
ATENÇÃO
O plano de mobilização social deverá ser coerente com as especificidades locais e sempre
que possível, ou necessário, deverá desenvolver ações para a sensibilização da sociedade
quanto à relevância do plano e da participação.
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Brasil (2011c) salienta que uma das condições para a participação é o conhecimento claro do
objeto a ser planejado e o acesso às informações necessárias para a elaboração do PMSB. Devem
ser previstos mecanismos de disponibilização, repasse e facilitação da compreensão das
informações para que a sociedade possa contribuir e fazer suas escolhas nas etapas de elaboração
do Plano.
As dificuldades são inerentes a qualquer atividade humana. Sempre vamos estar sujeitos a certo
grau de dificuldade em qualquer situação que venhamos a empreender. A diferença está na forma
como encaramos as dificuldades e os limites impostos, e seguimos em frente, isso se traduz em
experiência.
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possibilita uma forma mais direta e cotidiana de contato entre os cidadãos e as instituições
públicas, viabilizando, assim, a incorporação de seus interesses e concepções político-sociais no
processo decisório;
proporciona a criação de espaços públicos democráticos de articulação e participação, nos quais os
conflitos se tornem visíveis, cedendo espaços no processo decisório e garantindo uma interação
entre os grupos e o poder público;
outros.
Adaptado de Brasil (2011b, p. 128)
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A seguir, são apresentadas algumas possibilidades de contribuição dos diferentes atores sociais
que podem vir a favorecer a mobilização social, a participação cidadã e a organização comunitária
em seu município.
Vamos refletir?
Quais são as motivações que levam uma comunidade a se sensibilizar e se mobilizar para resolver
ou reduzir os problemas que a afligem, em particular os relacionados ao saneamento básico?
Seja qual for a resposta, temos que considerar uma necessidade: a de envolver tanto quanto
possível a sociedade na definição dos rumos a tomar. Para isso, entretanto, a população precisa
ser cativada desde a fase do diagnóstico, até a proposição de programas, projetos e ações.
Como obrigação do Estado, a implementação de sistemas de saneamento é garantida pela
Lei nº 11.445/07. Porém, a solução ou a redução de muitos problemas enfrentados pelos
municípios e pela população só será possível se a comunidade afetada estiver, primeiramente,
sensível à necessidade de mudanças. Esse é o primeiro passo para que as pessoas se mobilizem e
tomem atitudes concretas na busca das transformações almejadas.
A qualificação do processo de participação e controle social pressupõe que os diferentes atores
sociais que convivem em um mesmo território e compartilham da mesma realidade devem
articular-se, a fim de constituir grupos de trabalho capazes de criar um esforço coletivo para
enfrentar as questões apresentadas.
Algumas possibilidades de contribuição dos diferentes atores sociais são apresentadas a seguir.
Em seguida, você verá mais informações sobre cada um deles e seu papel no processo de
mobilização social para a elaboração do Plano.
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IV. Gestores Entre os desafios e atribuições dos gestores públicos, está a formulação
públicos de políticas públicas que estimulem os processos participativos e
legitimem decisões coletivas e democráticas. Eles são os responsáveis
por direcionar as fases do planejamento, prestação de serviços,
regulação e fiscalização, uma vez que essas atividades são de
responsabilidade do município.
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Vamos refletir?
Quais destes atores você consegue identificar em seu município?
Existem outros atores sociais no seu município que não tenham sido elencados aqui?
Que entidades/instituições você envolveria no processo de mobilização social em seu
município?
Outro conceito de educação ambiental do qual podemos nos apropriar é o trazido pela Lei Federal
nº 9.795 (BRASIL, 1999), em seu art. 1°: “Entende-se por educação ambiental os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
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habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
É nesse contexto que a mobilização social apresenta-se como um processo educativo, o qual,
segundo Lino (2008), promove a participação e o empoderamento de muitas e diferentes pessoas
promovendo a irradiação em torno de um propósito comum: a convergência.
EMPODERAR - Promover a iniciativa e a participação das pessoas. É fazer com que elas tomem
parte em todas as etapas de um processo. Base de todo processo de mobilização social.
IRRADIAR - Promover o envolvimento cada vez maior de diferentes atores sociais no processo de
planejamento.
CONVERGIR - Promover a busca pela definição e alcance de objetivos coletivos sobre a diversidade de
ações requeridas pelos atores sociais envolvidos.
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Vamos refletir?
Essas ações são cabíveis em seu município?
Que outras ações poderiam acontecer para a realidade do seu município?
Apresenta-se, a seguir, uma situação fictícia que pode vir a acontecer no seu município,
dependendo dos atores sociais envolvidos e da capacidade de articulação existente.
Etapa Propósito/Objetivo
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Tanto o Conselho das Cidades, como a Conferência das Cidades, consistem em espaços de
gestão democrática das políticas de desenvolvimento urbano, incluindo a habitação, a
mobilidade urbana, a regularização fundiária e o saneamento, no sentido de fortalecer a
participação da sociedade civil organizada nas discussões referentes às diretrizes da política
urbana.
O Conselho das Cidades também é uma instância de articulação das políticas e do espaço
urbano. Destaca-se que um conselho setorial, como o de saneamento, embora possa ser
criado em algumas circunstâncias, pode não ser a melhor opção, uma vez que não promove
a discussão intersetorial.
É importante ressaltar que a composição do ConCidades contempla oitenta e seis titulares,
sendo quarenta e nove representantes de segmentos da sociedade civil e trinta e sete dos
poderes públicos federal, estadual e municipal. Dessa forma, tem-se a maioria dos
componentes, conselheiros da sociedade civil, os quais são eleitos na Conferência Nacional
das Cidades.
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Vamos refletir?
Em que grau esta proposta poderia ser aplicada ao seu município?
Que dificuldades ou facilidades você entende que possam se apresentar no desenvolvimento
de uma proposta como esta em seu município?
Caro capacitando, agora que você dispõe de elementos e sugestões sobre como promover a
participação e a mobilização social, vejamos como tudo isso pode interagir com o Plano Municipal
de Saneamento Básico, em todas as suas etapas.
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Grupo focal: objetiva investigar grupos distintos da comunidade para avaliar conceitos e
identificar problemas. Segundo Kitzinger (2005), o grupo focal permite que ocorra o encontro de
um grupo de pessoas em sessões, para a discussão focada em um tema específico. A técnica
possibilita momentos para pensar coletivamente, expressar percepções e valores a respeito de um
assunto, além de produzir conhecimento e mudanças de pensamentos. Brasil (2011a) destaca que
esse tipo de grupo envolve uma discussão em que cada participante tem a oportunidade de falar,
fazer perguntas e responder a comentários.
Os participantes devem sentir-se à vontade para falar abertamente. Recomenda-se que a reunião
ocorra num local neutro em relação aos objetivos da investigação, que o encontro seja gravado e,
ainda, que um observador faça o registro da discussão, tome notas e, eventualmente, intervenha
no debate. A reunião deve ser conduzida por um mediador, cuja função é zelar pelo fluxo das
conversas dentro das pautas de discussão, seguindo, para isso, um roteiro, o qual deve incorporar o
objetivo do estudo e incluir questionamentos sobre o tema que está sendo pesquisado.
Podem ser formados grupos de discussão com lideranças locais, grupos de mulheres,
ambientalistas, jovens, etc. A figura a seguir apresenta uma dinâmica de grupo focal.
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Dinâmica “dois a dois”: essa dinâmica pode ser utilizada para estimular as discussões e
promover o entrosamento dos participantes. Nessa técnica, o trabalho se desenvolve a partir de
dois grupos de participantes: um fixo e outro móvel, que podem ser organizados em círculo ou em
fila, um em frente ao outro, formando várias duplas. Cada participante dispõe de uma questão ou
frase previamente entregue e definida pela coordenação da oficina. A atividade se inicia com a
discussão, entre as duplas, da questão de cada participante, por um tempo determinado (3
minutos). Com o término do tempo, o grupo móvel se desloca, formando nova dupla, que discutirá
mais duas questões diferentes. Com isso, todos os participantes debaterão todas as questões com
parceiros distintos, num pleno intercâmbio de opiniões. A figura a seguir apresenta um esquema da
dinâmica “dois a dois”.
Os participantes seguem para nova discussão, organizados em grupos por temas, de forma a
consolidar o debate, que deve ser devidamente registrado em painéis e, de preferência, também
gravado para posterior relato.
Uma das vantagens dessa técnica é evitar a monopolização da palavra, possibilitando, segundo
Brasil (2011a), a fala de todos e o conhecimento das diversas opiniões sobre os temas debatidos. As
questões podem tratar de cada componente do saneamento básico (abastecimento de água,
esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos, manejo das águas pluviais), envolvendo as
problemáticas vivenciadas pelos participantes.
Dada essa discussão, os participantes devem se reunir em plenária para ouvir o relato de cada
grupo e depois realizar um debate com todos os participantes, o qual também deve ser
devidamente registrado.
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Registro de cenários: de acordo com Brasil (2011a), essa técnica consiste em entregar aos
representantes de associações, sindicatos, grupos ambientalistas, entre outros, uma câmera ou
filmadora, e solicitar que sejam registradas imagens que retratem as condições de saneamento
básico da localidade em estudo. Posteriormente, essas imagens devem compor uma exposição de
cenários que deve ser montada pela própria população, com auxílio da coordenação da oficina.
Cada grupo ou liderança deve expor aos demais, em plenária, os resultados, e a partir daí, dá-se
início às discussões, sempre com a coordenação e registro dos organizadores da oficina.
Para que os debates sejam frutíferos, é importante que a equipe técnica de elaboração do
diagnóstico, a comissão organizadora das oficinas e os técnicos dos órgãos públicos que planejam e
prestam os serviços de saneamento básico participem do processo de discussão, de forma a
incentivar o intercâmbio de conhecimentos entre o grupo técnico e a comunidade, tendo sempre o
cuidado de garantir a voz dos segmentos sociais.
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IV I
Implementação de
práticas e Mobilização
tecnologias Social
socioambientais
Formação de
educadores Educomunicação
ambientais em
saneamento
III II
Vamos entender um pouco mais sobre cada uma das intervenções apresentadas na Figura 2.
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ATENÇÃO
O planejamento e a gestão das ações mencionadas, anteriormente, visam garantir o apoio
institucional, financeiro e pedagógico para cada uma delas. É preciso também que essas ações
sejam monitoradas, para que sejam avaliados os seus resultados e feitas futuras adequações.
Lembre-se:
As ações de educação ambiental e mobilização social em saneamento devem ser iniciadas bem
antes das obras e continuar após o término delas. Não apenas as obras em si, mas todo o
planejamento, desde a elaboração do plano e sua aprovação, deve ser amparado por ações de
educação ambiental.
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Capacitando,
Para complementar seus estudos, assista agora aos demais vídeos do Módulo 3 disponíveis na
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Caro capacitando!
Como você pôde observar, a mobilização social é o meio pelo qual se busca a
democratização dos processos de planejamento em saneamento, que vão desde o
diagnóstico até a proposição de ações. Esses processos não se limitam àquilo que se
poderia chamar de “fase de planejamento”, visto que requerem continuidade,
acompanhamento e, inclusive, controle por parte da sociedade no encaminhamento do
que foi planejado.
Não se trata de tarefa fácil. Há necessidade de abertura às diferentes formas de
organização existentes e visão sistêmica para perceber e incluir os diferentes atores,
permitindo sua livre manifestação e reconhecendo possíveis conflitos existentes, suas
causas e possíveis encaminhamentos que venham a atender os anseios da coletividade.
Cada município tem suas próprias mazelas e traços culturais distintivos. Sendo assim, a
organização e a participação social também terão sua “identidade”, coerente com a
situação local. E assim deve ser. Busque, pois, reconhecer as peculiaridades do seu
município e não deixe de envolver a comunidade sempre que possível e da forma mais
abrangente, na tentativa de compor um retrato fiel da realidade e favorecer um efetivo
empoderamento por parte da sociedade na gestão do saneamento básico.
Na sequência, vamos tratar as formas de elaborar um diagnóstico, os critérios que podem
ser adotados e os estudos técnicos que subsidiarão o processo de elaboração do Plano de
Saneamento.
Bons estudos!
REFERÊNCIAS
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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO
______. Lei Federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a
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