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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

MÓDULO 3 – A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE


SANEAMENTO BÁSICO

Prezado capacitando,
Bem-vindo ao Módulo 3! Aqui vamos tratar do processo de participação social vinculado ao
planejamento das ações de saneamento básico. É importante que fique claro, ao final deste
módulo, que a participação das pessoas nos processos que as envolvem é o fundamento de
uma sociedade verdadeiramente democrática. Como diz Paulo Freire, o ser humano é
sujeito, e não objeto; se não existe participação dos sujeitos nas definições e implantações
das políticas públicas, eles são objetos delas. A questão que fica e que está associada à
nossa visão de mundo é: queremos construir um mundo onde as pessoas sejam sujeitos do
seu futuro, ou objeto do futuro de outras?
Neste curso que você está realizando, a opção é pela participação e influência de cada um
nos rumos das políticas públicas e da sociedade em geral, e em particular, no tema que
estamos tratando: o saneamento básico.
Esperamos que, ao concluir o Módulo 3, você se sinta apto a:
 reconhecer a relevância que a participação social possui para qualquer processo de
planejamento;
 conhecer a estrutura do Plano de Mobilização Social;
 conhecer as diferentes metodologias que podem ser utilizadas para mobilização social
em saneamento básico.

Capacitando,
Lembre-se de assistir aos vídeos do Módulo 3 disponíveis na plataforma
virtual do curso. Para iniciar, assista ao vídeo Apresentação do Módulo 3.

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

SUMÁRIO

1. PARTICIPAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS


MUNICIPAIS DE SANEAMENTO BÁSICO ....................................................................................... 4
1.1 A participação social no contexto da Lei do Saneamento Básico .............................................. 6
1.2 Coordenação e participação social ........................................................................................... 11
1.3 Plano de Mobilização Social ..................................................................................................... 11
2. DIFICULDADES, POSSIBILIDADES E ESTRATÉGIAS PARA A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NAS
POLÍTICAS PÚBLICAS................................................................................................................. 13
3. OS ATORES SOCIAIS E A ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA ........................................................ 16
4. O PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM SANEAMENTO BÁSICO ... 19
5. A PARTICIPAÇÃO SOCIAL E SUA INTERAÇÃO COM A ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO
PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO ....................................................................................... 24
6. PLANEJANDO A INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA ..................................................................... 27
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 31

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

1. PARTICIPAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS MUNICIPAIS DE


SANEAMENTO BÁSICO
Para começarmos, vamos entender dois conceitos intimamente ligados, mas que não devem ser
confundidos: participação e mobilização social.

O que é participação social?

PARTICIPAÇÃO SOCIAL - É um processo político e coletivo de tomada de decisão para


a construção e exercício da autonomia, emancipação e participação ativa das pessoas
por meio do diálogo e cooperação (RODRIGUES et al, 2007).

Um pouco de história...
A participação social, entendida como participação cidadã, vem se desenvolvendo na história do
país. De acordo com Carvalho (1998), teve início nos primeiros movimentos de resistência de
índios, negros e camponeses, lutas abolicionistas e pela independência, revoltas urbanas e
movimentos operários, camponeses e urbanos das décadas de 1980 e 1990.
Um dos períodos de maior relevância para estimular o fortalecimento do movimento social no país
foi o da ditadura militar (1964-1985), quando a busca pelo restabelecimento de direitos individuais
– anteriormente limitados – resultou no reflorescimento da democracia no país, culminado pela
promulgação da Constituição Brasileira de 1988. Desde então, a participação cidadã no campo das
políticas públicas encontrou espaço para se desenvolver de uma forma gradual e segura, porém
lenta. Brasil (2011b) destaca que os movimentos sociais, além de reivindicarem a garantia do
acesso aos direitos já adquiridos, buscam ampliá-los, influenciando na elaboração de políticas
públicas, fomentando a participação, o controle social, a cogestão e a parceria.
A participação social encontra-se ideologicamente enraizada nos princípios da democracia,
devendo ser compreendida como uma grande conquista no Brasil. Embora haja ainda muito por se
fazer, principalmente no sentido de fortalecer, amplificar e pluralizar as vozes dos atores sociais
participantes desse processo, muito já foi e vem sendo realizado.
Brasil (2011b) aponta como um dos exemplos desses esforços o estabelecimento dos conselhos
instituídos por lei para definição de políticas, os quais contam com a participação de diversos
segmentos da sociedade. Dentre esses conselhos, podemos citar os conselhos das cidades;
conselhos de saúde; da criança e do adolescente; de recursos hídricos; do meio ambiente; os
comitês de bacias hidrográficas, entre outros, tanto em âmbito municipal, quanto estadual ou
federal. O orçamento participativo, cada vez mais difundido no país, também se caracteriza como
uma prática de partilha de poder entre Estado e sociedade.

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

Vamos refletir?
O orçamento participativo está implementado em seu município? Como se dá a
participação da sociedade neste processo? E você, como cidadão, participa destas
discussões?

O que é mobilização social?

MOBILIZAÇÃO SOCIAL - Consiste em um processo permanente de animação e


promoção do envolvimento de pessoas por meio do fornecimento de informações e
constituição de espaços de participação e diálogo relacionados ao que se pretende
promover, que, nesse caso, é a elaboração e a implementação dos Planos de
Saneamento Básico.

Para ampliar e melhor compreender esse conceito, vamos analisar o que dizem ou autores Toro e
Werneck (2004).
Como você pode perceber pelas colocações dos autores, a mobilização social pressupõe a
participação da sociedade como um todo nos processos de decisão em temas que digam respeito
ao coletivo das pessoas direta ou indiretamente envolvidas.
Os mesmos autores trazem uma reflexão sobre a nossa capacidade criativa e o poder de cada um
na ação, o que implica a participação de todos e de cada um nos processos de transformação
social:

“Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob uma
interpretação e um sentido também compartilhados. Não podemos, no entanto, confundir
mobilização social com manifestações públicas, como a presença das pessoas em uma praça,
passeata, concentração. A mobilização ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade ou
uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, quotidianamente, resultados
decididos e desejados por todos” (TORO e WERNECK, 2004, p. 5).

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

“Toda mobilização é mobilização para alguma coisa, para alcançar um objetivo pré-definido, um
propósito comum, por isso é um ato de razão. Pressupõe uma convicção coletiva da relevância, um
sentido de público, daquilo que convém a todos. A mobilização requer uma dedicação contínua e
produz resultados quotidianamente” (TORO e WERNECK, 2004, p. 5).

“Toda ordem social é criada por nós. O agir ou não agir de cada um contribui para a formação e
consolidação da ordem em que vivemos. Em outras palavras, o caos que estamos atravessando na
atualidade não surgiu espontaneamente. Esta desordem que tanto criticamos também foi criada por
nós. Portanto, e antes de converter a discussão em um juízo de culpabilidades, se fomos capazes de
criar o caos, também podemos sair dele” (TORO e WERNECK, 2004, p. 7).

A citação acima pode ser aplicada à temática saneamento: se somos capazes de poluir, de
degradar e perder qualidade de vida por efeito de nossas ações e condutas sociais – inclusive pela
falta de consciência quanto às consequências de alterar a ordem natural –, por que não podemos
transformar a desordem criada e promover a recuperação, a renovação, o equilíbrio ambiental e a
qualidade de vida por intermédio de mudanças favoráveis a nós, à nossa saúde e à saúde
ambiental?

ATENÇÃO
O encaminhamento da mobilização social no âmbito do saneamento pode ser feito de
diferentes formas, devendo-se avaliar a que melhor se aplica à realidade de seu município.

Caro capacitando!
Como você deve ter compreendido, todo o processo de elaboração do plano de saneamento deve
ser realizado de forma participativa, desde a primeira etapa do planejamento para elaboração da
política e do plano, conforme você estudou no Módulo 2. Tanto a participação quanto o controle
social, como veremos mais detalhadamente a seguir, devem ser ferramentas utilizadas durante
toda a caminhada de construção do plano, a começar pela estruturação da organização
administrativa, até a aprovação do documento e posterior monitoramento, regulação e
fiscalização dos serviços.

1.1 A participação social no contexto da Lei do Saneamento Básico


A Lei do Saneamento deu início a uma nova fase na concepção e implementação de políticas de
saneamento no país, incorporando a participação social, o que significa que a população passa a
ser ouvida e se torna um dos agentes da definição dessas políticas. A lei apresenta mudanças que
asseguram elementos fundamentais para a garantia da participação, tais como: acesso à

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

informação, representação técnica e participação na formulação, planejamento e avaliação das


políticas de saneamento básico.

Quem deve ser envolvido para propiciar a participação social:


A participação social promove a integração entre os setores produtivos, as organizações sociais
(movimentos sociais e ONGs), as entidades profissionais, sindicais, acadêmicas e de pesquisa,
viabilizando a definição, execução, acompanhamento e avaliação da política urbana, combinando
democracia representativa com democracia participativa (BRASIL, 2004).
Medeiros e Borges (2007 apud BRASIL, 2011b, p. 124-125), com base em Arnstein (1969),
mencionam e descrevem os diferentes níveis de participação cidadã. Confira no Quadro 1!

Quadro 1 - Níveis da participação cidadã em políticas públicas


NÚMERO DE NÍVEL DE NÍVEIS DE
DESCRIÇÃO
DEGRAUS PARTICIPAÇÃO PARTICIPAÇÃO
Cidadãos responsáveis pelo planejamento e
Controle pela política, assumindo a gestão em sua
8
cidadão totalidade. Por planejamento, entende-se o
cálculo que precede e preside a ação.
Cidadãos ocupando a maioria dos assentos nos
Delegação de comitês, com poder delegado para tomar Níveis de poder
7
poder decisões. Aqui, os cidadãos têm poder sobre as do cidadão
contas da política pública.
Poder distribuído por uma negociação entre os
cidadãos e detentores do poder. O
6 Parceria
(-) Níveis de participação (+)

planejamento e as decisões são divididos em


comitês.
O cidadão começa a ter certo grau de influência
nas decisões, podendo participar dos processos
5 Pacificação decisórios. Contudo, não existe a obrigação dos
tomadores de decisão de levar em conta o que
ouviram.
Níveis de
Caracteriza-se por pesquisas de participação,
concessão mínima
reuniões de vizinhança, entre outros. Serve
Consulta de poder
4 somente como “fachada”, não apresentando
implicação prática.
Nível em que ocorre a informação de pessoas
sobre seus direitos, responsabilidades e opções.
3 Informação
Entretanto, trata-se de um fluxo de informação
somente “de cima para baixo”.
Os técnicos de órgãos públicos resguardam-se
sob o amparo de conselhos e comitês
2 Terapia Não participação
participativos para não assumir a
responsabilidade em eventuais erros.

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

NÚMERO DE NÍVEL DE NÍVEIS DE


DESCRIÇÃO
DEGRAUS PARTICIPAÇÃO PARTICIPAÇÃO
Tem como objetivo permitir que os detentores
do poder possam instruir as pessoas. Manifesta-
se em conselhos nos quais os conselheiros não
1 Manipulação dispõem de informações, conhecimento e Não participação
assessoria técnica independente, fatores
necessários para tomarem decisões por conta
própria.
Fonte: Adaptado de Medeiros e Borges (2007, apud BRASIL, 2011b, p. 124-125)

Como você pôde perceber, os degraus apresentados por Medeiros e Borges (2007) vão do nível da
“manipulação” (1º degrau) até o do “controle cidadão” (8º degrau): o primeiro representa o
menor, e o último, o maior nível de participação social. O avanço da sociedade nos processos de
participação e decisão se dá “de baixo para cima”. Como a cada degrau o envolvimento das
pessoas é maior, mais perceptível torna-se a influência do cidadão nas políticas públicas, a quem
compete avaliar com maior propriedade a vontade da sociedade, seus anseios e necessidades
diante de determinada política que se deseja pôr em execução.
Segundo Brasil (2011b), os níveis da participação no país variam efetivamente entre o 1º e o 6º
degrau, podendo, em alguns casos, atingir o 7º degrau.
A Lei do Saneamento, ao tratar da formulação da política pública de saneamento básico,
estabelece a necessidade de os titulares fixarem os direitos e deveres dos usuários e os
mecanismos de controle social. A Lei determina ainda que o controle social dos serviços públicos
de saneamento básico poderá incluir a participação em órgãos colegiados de caráter consultivo.
Em seu art. 2º, define a nova abordagem referente à participação e controle social como um dos
princípios fundamentais da prestação dos serviços públicos de saneamento básico.

CONTROLE SOCIAL - Conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à


sociedade informações, representações técnicas e participações nos processos de
formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços
públicos de saneamento básico (Lei 11.445/07, art. 3º, inciso IV).

No campo do saneamento, quando a Lei do Saneamento Básico define o controle social como um
princípio fundamental, situa os níveis de participação entre os degraus 6 e 7 do quadro anterior.
Isso significa dizer que as ações de participação social vinculadas aos Planos Estaduais e Municipais
de Saneamento Básico deverão propiciar ampla inclusão da sociedade em instâncias deliberativas.

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

ATENÇÃO
O controle social sobre as ações de saneamento contribui para a universalização e melhoria
dos serviços prestados, tornando necessária a participação ativa da comunidade nos
diversos fóruns e instâncias onde as decisões são tomadas.

A participação e o controle social em saneamento, desde a elaboração, implementação,


monitoramento e avaliação das políticas públicas desenvolvidas compreendem um rico processo
de aprendizagem. Por meio desse processo, pode-se qualificar o exercício da cidadania,
estimulando o desenvolvimento de ações proativas que buscam a melhoria da qualidade de vida
de todos e a preservação dos ambientes naturais.
A Lei do Saneamento Básico também estabelece mecanismos de controle social com relação à
prestação dos serviços públicos, ao planejamento, à elaboração do Plano de Saneamento Básico, à
regulação dos serviços públicos de saneamento e à validade dos contratos. Este conteúdo,
baseado em Brasil (2007), está apresentado, de forma sintetizada a seguir.

Princípio Fundamental • O controle social deve ser garantido nas diversas funções de
da Lei gestão dos serviços públicos de saneamento básico
(planejamento, prestação de serviços, regulação e
fiscalização);
• É necessário estabelecer normas e mecanismos para que o
controle social se efetive.

Planejamento • A prestação de serviços públicos de saneamento básico deve


observar o Plano de Saneamento Básico (art. 19).

Elaboração do Plano • Ampla divulgação das propostas dos planos de saneamento


de Saneamento Básico básico e dos estudos que as fundamentem, com a realização
de audiências ou consultas públicas (art. 19, inciso V, § 5º).

Validade dos Contratos • Direito ao acesso à informação; necessidade da realização


de consultas e audiências públicas e da divulgação dos
estudos e propostas do Plano de Saneamento Básico como
condição para a validade dos contratos.

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Prestação dos Serviços • Realização prévia de audiências e consultas públicas (art. 11,
Públicos de Saneamento inciso IV);
• Existência de normas de regulação que prevejam os meios
para o cumprimento das diretrizes, incluindo designação da
entidade de regulação e de fiscalização (art. 11, inciso III).

Regulação dos Serviços • Elaboração de normas que deverão abranger “padrões de


Públicos de Saneamento atendimento ao público e mecanismos de participação e
informação.” (art. 23, inciso X).

No contexto da elaboração de Planos Municipais de Saneamento, os níveis de participação variam


em função do grau de envolvimento na comunidade. O Quadro 2, adaptado do Guia para
elaboração de planos municipais de saneamento (BRASIL, 2006), apresenta os níveis de
participação para elaboração dos Planos Municipais de Saneamento.

Quadro 2 - Exemplos de níveis de participação para a elaboração de Planos Municipais de Saneamento


NÍVEL DE NÍVEIS DE
DESCRIÇÃO
PARTICIPAÇÃO PARTICIPAÇÃO
0 A comunidade não participa na elaboração e no
Nenhuma acompanhamento do Plano.
1
A comunidade é informada do Plano e espera-se a sua
A comunidade recebe
conformidade. Não participação
informação
2 Para promover o Plano Municipal de Saneamento, a
A comunidade é administração busca apoios que facilitem sua aceitação e o
consultada cumprimento das formalidades que permitam sua aprovação.
A administração apresenta o Plano Municipal de Saneamento
Níveis de
3 já elaborado à comunidade e a convida para que seja
concessão mínima
A comunidade opina questionado, esperando modificá-lo apenas naquilo que for
estritamente necessário. de poder
Níveis de
4 A administração apresenta à comunidade uma primeira versão
concessão mínima
Elaboração conjunta do Plano, a ser modificada.
de poder
5
A administração apresenta a informação à comunidade junto
A comunidade tem
com um contexto de soluções possíveis, convidando-a para
poder delegado para tomar decisões que possam ser incorporadas ao Plano. Níveis de poder do
elaborar
cidadão
6 A administração procura a comunidade para que esta
A comunidade diagnostique a situação e tome decisões sobre objetivos a
controla o processo serem alcançados no Plano.
Fonte: Adaptado do Guia para elaboração de planos municipais de saneamento (BRASIL, 2006 apud BRASIL, 2011b)

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

Para saber mais:


Acesse o Guia para elaboração de planos municipais de saneamento, através do link:
<http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/Arquivos_PDF/Guia_WEB.pdf>.

O controle do processo pela comunidade - nível 6 no processo de participação social - é um


desafio para qualquer município, principalmente pelo fato de haver uma tradição autoritária e
totalmente técnica quanto à forma de realizar planejamento no Brasil. Por outro lado, como
mencionam Brasil (2011b), as fragilidades dos movimentos sociais também são fatores limitantes
para uma nova prática, democrática e participativa, de fazer saneamento em nosso país.
Como você pode perceber, ainda temos um longo caminho a percorrer no sentido de alcançar
uma efetiva participação social nos processos de planejamento. Mesmo assim, Brasil (2011b, p.
130) destaca que os “diversos mecanismos legais passaram a incorporar a participação social em
seu escopo, a exemplo da Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal nº 8.080/90), a Política Nacional de
Recursos Hídricos (Lei Federal nº 9.433/97) e o Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/01)”,
entre outros, os quais servem como exemplo para iniciar um novo caminho no processo de
participação e controle social.

Vamos refletir?
 Você conhece o conteúdo destes instrumentos legais? E em seu município de que forma estão
sendo implementados?
 Há um comitê de Bacia Hidrográfica instalado em sua região? E seu Município está envolvido no
processo de gestão das águas? E como se dá a participação dos diferentes segmentos sociais do
seu município no Comitê de Bacia?

1.2 Coordenação e participação social


Conforme já comentado no Módulo 2, o processo de planejamento deve iniciar pela constituição
de um comitê ou comissão de coordenação e um comitê executivo para a sua operacionalização.
O planejamento das ações de mobilização social pode ser descrito em um documento chamado
Plano de Mobilização Social.

1.3 Plano de Mobilização Social


A construção do Plano de Mobilização Social ocorre na fase inicial do processo, quando serão
planejados todos os procedimentos, estratégias, mecanismos e metodologias a serem aplicados
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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

ao longo de todo o período de elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, visando


garantir a efetiva participação social.

PLANO DE MOBILIZAÇÃO SOCIAL - Deve ser elaborado contendo a metodologia, os


mecanismos e os procedimentos que garantam à sociedade informações,
representações técnicas e participação ao longo de todo o processo de formulação
da política, do planejamento e de avaliação dos serviços públicos de saneamento
básico.

ATENÇÃO
O Plano de Mobilização Social deverá prever os meios necessários para a realização de eventos
setoriais de mobilização social (debates, oficinas, reuniões, seminários, conferências, audiências
públicas, entre outros), garantindo que tais eventos alcancem as diferentes regiões administrativas
e distritos afastados de todo o território do município.

Uma forma de se alcançar melhores resultados e efetividade com a mobilização social é organizar
o território municipal em Setores de Mobilização (SM).

SETORES DE MOBILIZAÇÃO (SM) - São locais planejados para receberem os eventos


participativos, distribuídos pelo território do município de forma a promover a
efetividade da presença da comunidade.

ATENÇÃO
A definição dos setores de mobilização social, ou seja, dos locais que receberão os
eventos, e também o número de eventos que serão realizados em cada fase de elaboração
do Plano, refletem diretamente no orçamento.

ATENÇÃO
O plano de mobilização social deverá ser coerente com as especificidades locais e sempre
que possível, ou necessário, deverá desenvolver ações para a sensibilização da sociedade
quanto à relevância do plano e da participação.

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

Brasil (2011c) salienta que uma das condições para a participação é o conhecimento claro do
objeto a ser planejado e o acesso às informações necessárias para a elaboração do PMSB. Devem
ser previstos mecanismos de disponibilização, repasse e facilitação da compreensão das
informações para que a sociedade possa contribuir e fazer suas escolhas nas etapas de elaboração
do Plano.

2. DIFICULDADES, POSSIBILIDADES E ESTRATÉGIAS PARA A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS


O processo de participação social na definição de políticas públicas não é algo simples, pois
apresenta algumas dificuldades que devem ser consideradas para a instalação de práticas
participativas, como a criação de comissões e a realização de consultas públicas, entre outras.
Para que a mobilização social seja um processo efetivo, conforme Toro e Werneck (2004, p. 48)
referem, é necessário que as pessoas saibam por que e para que estão participando, e isso
depende especialmente dos agentes envolvidos e seus âmbitos de atuação no processo. É
importante deixar claro que, ao proporcionar à população o processo de participação, o município
poderá deparar-se com fatores limitadores dessa prática. Vamos tentar compreender alguns
desses fatores:

FATORES LIMITADORES À PARTICIPAÇÃO SOCIAL


 Impossibilidade de dar respostas à totalidade dos problemas dos cidadãos excluídos;
 desacordo entre o tempo de promoção da participação e o tempo dos projetos;
 falta de capacitação dos técnicos para processos participativos;
 tradição autoritária da atuação do poder público;
 fragilidades dos movimentos sociais quanto à representatividade e legitimidade das
representações;
 existência de programas que exigem a participação, mas de forma restrita, não incorporando a
participação ativa e crítica no poder de decisão;
 prática de favores, que ainda prevalece na relação Estado e sociedade;
 falta de compartilhamento de um projeto político dos diversos atores sociais;
 outros.

Adaptado de Brasil (2011b, p. 128)

As dificuldades são inerentes a qualquer atividade humana. Sempre vamos estar sujeitos a certo
grau de dificuldade em qualquer situação que venhamos a empreender. A diferença está na forma
como encaramos as dificuldades e os limites impostos, e seguimos em frente, isso se traduz em
experiência.

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Se há dificuldades na participação social, há também uma infinidade de possibilidades que podem


ser traduzidas como vantagens do estilo de participação. Veja no quadro abaixo algumas das
vantagens que podem ser obtidas com a participação social:

VANTAGENS DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL:


 permite criar as condições para que a distribuição dos recursos públicos seja justa;
 possibilita o estabelecimento de regras de reciprocidade e de transformação sociocultural na
dinâmica das relações entre Estado e sociedade no Brasil, apontando para reforçar a existência de
sujeitos-cidadãos que demandam um processamento político de seus pleitos;
 permite que os sujeitos-cidadãos influenciem diretamente na definição de diretrizes e na
formulação de políticas públicas;

 possibilita uma forma mais direta e cotidiana de contato entre os cidadãos e as instituições
públicas, viabilizando, assim, a incorporação de seus interesses e concepções político-sociais no
processo decisório;
 proporciona a criação de espaços públicos democráticos de articulação e participação, nos quais os
conflitos se tornem visíveis, cedendo espaços no processo decisório e garantindo uma interação
entre os grupos e o poder público;

 contribui para aproximar o cidadão do processo decisório;


 contribui para a formação de uma cidadania qualificada;

 permite a construção de uma nova relação entre governantes e governados, proporcionando o


conhecimento do Estado e seus limites, estimulando a construção de responsabilidade conjunta;
 abre espaço para a produção de negociações e consensos cada vez mais qualificados;
 amplia e consolida uma cultura democrática, com métodos e procedimentos concretos que
potencializam a gestão compartilhada da sociedade;

 outros.
Adaptado de Brasil (2011b, p. 128)

A efetivação dos Planos Municipais de Saneamento Básico mediante práticas participativas e


ações de mobilização e comunicação social, segundo Brasil (2011b), requer investimento da
instituição, com vistas à adoção de novas práticas que privilegiem o interesse coletivo, assim
como a implementação e o desenvolvimento de algumas ações. Como resposta às dificuldades
encontradas na promoção da participação social, já citadas anteriormente, a seguir apresentamos
algumas práticas participativas e ações de mobilização e comunicação social para os Planos
Municipais de Saneamento Básico.

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

 Planejar os principais eixos, objetivos e recursos juntamente com os atores


sociais;
 promover ações de sensibilização para os técnicos sobre a importância do
PMSB e sua realização com metodologias participativas;
 contemplar, no Plano, espaços já constituídos em outros planos, a exemplo
do Plano Diretor, Plano de Bacias Hidrográicas, Plano de Habitação, entre
outros;
 buscar parcerias e patrocínios para a elaboração do PMSB e também para
a capacitação técnica, com universidades, empresas públicas, ONGs, etc;
 elaborar e disponibilizar documentos e informações sistematizadas,
construídas com linguagem acessível e clara para a maioria;
 qualificar agentes governamentais e capacitar o conjunto de atores,
contribuindo para o fortalecimento da cultura democrática e a prática da
negociação;
 estimular a participação por meio de audiências públicas, atividades de
consultas populares, como assembleias, fóruns, reuniões comunitárias,
etc;
 fazer uso de materiais didáticos regionalizados e/ou locais, considerando a
identidade de cada município;
 utilizar outras linguagens, tais como: imagens para a reconstrução da
situação atual e projeção da situação desejada, arte, música, resgate de
histórias vividas, visitas em campo, entrevistas, dinâmicas lúdicas, entre
outros, como elementos de sensibilização e favorecimento da
aprendizagem;
 estimular e viabilizar a inclusão de grupos específicos (mulheres,
portadores de necessidades especiais, entre outros) mediante a utilização
de instrumentos de comunicação em braile, linguagem de sinais e
atividades recreativas para crianças.
Adaptado de Brasil (2011b)

Como podemos perceber, muitas são as possibilidades e grandes os desafios na promoção de


práticas participativas e de ações de mobilização e comunicação social. Esses desafios, no
entanto, podem representar a diferença entre um simples “plano de gaveta” e um planejamento
participativo em que a sociedade envolve-se e manifesta-se a favor do interesse coletivo.
As possibilidades também são amplas, fundamentalmente no que diz respeito à democratização
do processo de planejamento. Com relação ao saneamento, a sociedade tem muito a contribuir
com o processo, por se tratar de um tema que envolve diretamente toda a população. Sendo
assim, quanto maior for a representatividade, maior a percepção das necessidades reais da
população, orientando assim uma tomada de decisão mais justa e igualitária.

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

A seguir, são apresentadas algumas possibilidades de contribuição dos diferentes atores sociais
que podem vir a favorecer a mobilização social, a participação cidadã e a organização comunitária
em seu município.

3. OS ATORES SOCIAIS E A ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA


Caro capacitando, iniciamos este tópico convidando-o a refletir sobre o questionamento a seguir:

Vamos refletir?
Quais são as motivações que levam uma comunidade a se sensibilizar e se mobilizar para resolver
ou reduzir os problemas que a afligem, em particular os relacionados ao saneamento básico?

Seja qual for a resposta, temos que considerar uma necessidade: a de envolver tanto quanto
possível a sociedade na definição dos rumos a tomar. Para isso, entretanto, a população precisa
ser cativada desde a fase do diagnóstico, até a proposição de programas, projetos e ações.
Como obrigação do Estado, a implementação de sistemas de saneamento é garantida pela
Lei nº 11.445/07. Porém, a solução ou a redução de muitos problemas enfrentados pelos
municípios e pela população só será possível se a comunidade afetada estiver, primeiramente,
sensível à necessidade de mudanças. Esse é o primeiro passo para que as pessoas se mobilizem e
tomem atitudes concretas na busca das transformações almejadas.
A qualificação do processo de participação e controle social pressupõe que os diferentes atores
sociais que convivem em um mesmo território e compartilham da mesma realidade devem
articular-se, a fim de constituir grupos de trabalho capazes de criar um esforço coletivo para
enfrentar as questões apresentadas.
Algumas possibilidades de contribuição dos diferentes atores sociais são apresentadas a seguir.
Em seguida, você verá mais informações sobre cada um deles e seu papel no processo de
mobilização social para a elaboração do Plano.

I. Sociedade civil Instituições, tais como: Organizações não Governamentais (ONGs);


organizada Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP); associações;
cooperativas; sindicatos e grupos organizados, podem contribuir para a
realização de diagnósticos, atuando no monitoramento e fiscalização das
ações, empreendimentos e serviços prestados, além de reivindicar a
aplicação das políticas públicas.

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

II. Escolas A escola é a instituição encarregada de promover a educação formal.


Pode envolver e estimular a participação da comunidade escolar nas
ações de planejamento, contribuindo para a realização de diagnósticos
socioambientais participativos, envolvendo alunos na identificação das
necessidades da comunidade na temática do saneamento, mediante, por
exemplo, o preenchimento de questionários, a divulgação e o incentivo
junto aos pais acerca da necessidade de se pensar sobre saneamento.

III. Universidades, As instituições de ensino superior podem auxiliar na elaboração do plano


Centros de Pesquisa de saneamento de diversas formas, entre elas:
e Escolas Técnicas
a) desenvolver projetos permanentes de extensão comunitária e de
formação de educadores ambientais populares, relacionados à
temática;
b) contribuir para os diagnósticos socioambientais;
c) disponibilizar laboratórios e outras estruturas para realização das
análises que se façam necessárias;
d) elaborar materiais didáticos voltados para as ações de educação
ambiental e saneamento, valorizando a linguagem popular e a
sintonia conceitual e pedagógica com as políticas públicas;
e) apoiar a elaboração do Plano com conhecimento técnico-científico,
fazendo a interação entre este e a comunidade.

IV. Gestores Entre os desafios e atribuições dos gestores públicos, está a formulação
públicos de políticas públicas que estimulem os processos participativos e
legitimem decisões coletivas e democráticas. Eles são os responsáveis
por direcionar as fases do planejamento, prestação de serviços,
regulação e fiscalização, uma vez que essas atividades são de
responsabilidade do município.

17
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

V. Movimentos Os processos de mobilização alcançados no âmbito dos movimentos sociais


sociais são importantes ações em prol da defesa dos direitos dos cidadãos.
Não existem movimentos sociais que atuem especificamente na causa do
saneamento; no entanto, existem outras intervenções políticas que estão
relacionadas às questões concernentes ao saneamento, tais como: o
direito à cidade, o acesso à terra, o direito à saúde, à educação e à
moradia.
O desafio, nesse caso, é estimular a inserção de tais movimentos nas ações
desenvolvidas pelos grupos que conduzem processos de educação
ambiental e mobilização social em saneamento, auxiliando na aproximação
da sociedade à elaboração do PMSB.

VI. Parlamentares As ações dos parlamentares na elaboração do Plano estão associadas à


criação de leis e emendas, além do auxílio no andamento dos processos de
formulação de emendas e aprovação de decretos e portarias relacionadas
com educação ambiental e mobilização social em saneamento.
Outra importante possibilidade de articulação é o incentivo à constituição de
espaços de debate nas câmaras de vereadores, assembleias legislativas
estaduais, distritais e federais, assim como no Senado, com o intuito de
refletir sobre a questão do saneamento.

VII. Técnicos e A participação dos técnicos em saneamento nos diagnósticos


Companhias socioambientais é extremamente positiva, uma vez que sua atuação na
de Saneamento gestão e monitoramento dos empreendimentos em saneamento
proporciona um nível de conhecimento prático que qualifica a descrição da
realidade, assim como a identificação das dificuldades e potencialidades dos
elementos envolvidos no diagnóstico. Além disso, as companhias de
saneamento possuem a maior parte dos dados que podem auxiliar na
elaboração do diagnóstico.
É interessante que as companhias desenvolvam a formação de educadores
ambientais, estimulando e orientando a formação de agentes
multiplicadores, a fim de fortalecer a participação popular nas ações de
saneamento.

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

VIII. Agentes O agente comunitário é um importante ator social no processo de


comunitários sensibilização, informação e mobilização comunitária, assim como nos
diagnósticos socioambientais, uma vez que conhece e convive de forma
muito próxima com a realidade local.
Os agentes comunitários têm o desafio de atuar como mediadores entre a
comunidade e o poder público, interagindo com as demandas da
comunidade e dos governos locais.

As possibilidades de contribuição dos atores sociais sugeridas, não dispensam a cooperação de


outros atores ou entidades presentes no município. Outras formas de organização e de
envolvimento podem ser identificadas e assumidas, considerando-se a multiplicidade de
possibilidades com relação à atuação cidadã.

Vamos refletir?
 Quais destes atores você consegue identificar em seu município?
 Existem outros atores sociais no seu município que não tenham sido elencados aqui?
 Que entidades/instituições você envolveria no processo de mobilização social em seu
município?

4. O PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM SANEAMENTO BÁSICO


Iniciamos este tópico trazendo a definição adotada pela ReCESA através do Núcleo Regional do
Nordeste para a Educação Ambiental e que pode ser adotada para a Educação Ambiental em
saneamento:

EDUCAÇÃO AMBIENTAL - Por sua natureza complexa e interdisciplinar, constitui-se


em uma importante ferramenta para se refletir sobre aspectos da vida cotidiana,
valores que norteiam práticas coletivas e formas de pensar e agir sobre o meio
ambiente.” (NURENE, 2008, p. 9).

Outro conceito de educação ambiental do qual podemos nos apropriar é o trazido pela Lei Federal
nº 9.795 (BRASIL, 1999), em seu art. 1°: “Entende-se por educação ambiental os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
19
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
É nesse contexto que a mobilização social apresenta-se como um processo educativo, o qual,
segundo Lino (2008), promove a participação e o empoderamento de muitas e diferentes pessoas
promovendo a irradiação em torno de um propósito comum: a convergência.

EMPODERAR - Promover a iniciativa e a participação das pessoas. É fazer com que elas tomem
parte em todas as etapas de um processo. Base de todo processo de mobilização social.
IRRADIAR - Promover o envolvimento cada vez maior de diferentes atores sociais no processo de
planejamento.
CONVERGIR - Promover a busca pela definição e alcance de objetivos coletivos sobre a diversidade de
ações requeridas pelos atores sociais envolvidos.

O Programa de Educação Ambiental e Mobilização Social para o Saneamento (PEAMSS), iniciado


em 2007, delineou importante espaço de participação cidadã no país. Os princípios desse
programa podem auxiliar você a guiar o processo de promoção da participação social em seu
município. Esses princípios são apresentados na Figura , juntamente com ações por meio das quais
eles podem ser levados a efeito.

Figura 1 - Princípios do Programa de Educação Ambiental e Mobilização Social para o Saneamento

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

Fonte: Adaptado de Brasil (2011b, p. 133)

O primeiro passo para a realização de ações de educação ambiental que


busquem a emancipação da população, voltadas à promoção de um
senso crítico, é a articulação da participação dos diversos atores sociais
envolvidos, fortalecendo ou criando grupos, comissões, conselhos, foros
e colegiados de representação social (BRASIL, 2009).

Para reflexão sobre os processos participativos e de mobilização da sociedade, apresentamos


algumas ações que poderiam ser praticadas. Empregamos de forma adaptada, para tanto, o
exemplo utilizado no Caderno metodológico para ações de educação ambiental e mobilização
social em saneamento.

21
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Vamos refletir?
 Essas ações são cabíveis em seu município?
 Que outras ações poderiam acontecer para a realidade do seu município?

Apresenta-se, a seguir, uma situação fictícia que pode vir a acontecer no seu município,
dependendo dos atores sociais envolvidos e da capacidade de articulação existente.

Etapa Propósito/Objetivo

Planejar a aplicação dos recursos federais no município,


visando o atendimento às demandas prioritárias
1 Criação de grupo executivo
identificadas no diagnóstico socioambiental participativo.

Promover a participação popular na aprovação das obras e


Realização de audiências
2 públicas
empreendimentos na medida em que forem oficialmente
firmados.

Promover a representação dos diversos segmentos sociais


3 Conselho das Cidades (poder público local, usuários, sociedade civil organizada e
instituições), com atuação destacada.

Abordar as questões ligadas ao saneamento, meio ambiente,


Saneamento Realização da Conferência da saúde, educação e outros temas de interesse da população,
4 Ambiental Cidade procurando, ao longo do processo, eleger delegados e
representantes para as tomadas de decisão.

Criação da Ouvidoria Canal aberto com a população para receber críticas,


5 Pública Municipal sugestões e esclarecer as dúvidas sobre o desempenho de
órgãos públicos ou empresas privadas.

Trata-se de uma instância de formulação de políticas de


resíduos sólidos que reúne, em nível municipal, atores da
Constituição do “Fórum lixo e sociedade civil, governo e setor empresarial para contribuir
6 cidadania” na elaboração, implementação e no monitoramento de
programas de gestão integrada, visando à criação e/ou
fortalecimento de cooperativas de catadores.

22
MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

Assegurar, por meio de uma linha específica de


Criação do Fundo Municipal
financiamento, a destinação de recursos públicos para o
7 de Saneamento Ambiental
desenvolvimento de ações de educação ambiental e
local
mobilização social.

Visa fortalecer e integrar as ações de educação ambiental e


mobilização social desenvolvidas, evidenciando a identidade
8 Estímulo à constituição de própria de cada bairro, de modo que esses grupos interajam
comissões de bairro de forma organizada com o poder público.

Criação de grupo de Identificar os programas, projetos, editais, chamadas públicas,


trabalho responsável por instrumentos e materiais didáticos do Ministério das Cidades.
9 mapear as políticas públicas

Tanto o Conselho das Cidades, como a Conferência das Cidades, consistem em espaços de
gestão democrática das políticas de desenvolvimento urbano, incluindo a habitação, a
mobilidade urbana, a regularização fundiária e o saneamento, no sentido de fortalecer a
participação da sociedade civil organizada nas discussões referentes às diretrizes da política
urbana.
O Conselho das Cidades também é uma instância de articulação das políticas e do espaço
urbano. Destaca-se que um conselho setorial, como o de saneamento, embora possa ser
criado em algumas circunstâncias, pode não ser a melhor opção, uma vez que não promove
a discussão intersetorial.
É importante ressaltar que a composição do ConCidades contempla oitenta e seis titulares,
sendo quarenta e nove representantes de segmentos da sociedade civil e trinta e sete dos
poderes públicos federal, estadual e municipal. Dessa forma, tem-se a maioria dos
componentes, conselheiros da sociedade civil, os quais são eleitos na Conferência Nacional
das Cidades.

Para saber mais:


Acesse o Decreto Federal nº 5.790, de 25 de maio de 2006, o qual dispõe sobre a
composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho das Cidades -
ConCidades, e dá outras providências:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Decreto/D5790.htm

23
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Vamos refletir?
 Em que grau esta proposta poderia ser aplicada ao seu município?
 Que dificuldades ou facilidades você entende que possam se apresentar no desenvolvimento
de uma proposta como esta em seu município?

Caro capacitando, agora que você dispõe de elementos e sugestões sobre como promover a
participação e a mobilização social, vejamos como tudo isso pode interagir com o Plano Municipal
de Saneamento Básico, em todas as suas etapas.

5. A PARTICIPAÇÃO SOCIAL E SUA INTERAÇÃO COM A ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO


MUNICIPAL DE SANEAMENTO

Como vimos anteriormente, a participação e o controle social nos processos de planejamento e


de elaboração de planos estão explicitados na Lei do Saneamento Básico. Segundo o art. 2º dessa
lei, um dos princípios fundamentais da prestação dos serviços públicos de saneamento básico é o
controle social. No capítulo referente ao planejamento, o art. 19, § 5° garante a “[...] ampla
divulgação das propostas dos planos de saneamento básico e dos estudos que as fundamentem,
inclusive com a realização de audiências ou consultas públicas.” (BRASIL, 2007). Uma outra
questão relevante a ser ressaltada, no entanto, é:

 Quem realiza o diagnóstico?


Não haverá interesse e proatividade por parte de uma comunidade, se ela não participar
efetivamente da elaboração do plano, auxiliando no diagnóstico, prognóstico e posterior
fiscalização (BRASIL, 2009, p. 31). Diante disso, apresentamos a seguir diversas técnicas de
participação social que podem ser utilizadas, a exemplo de entrevistas, grupos focais, diagnósticos
participativos, pesquisas de opinião, etc. Dentre as modalidades de participação e controle social,
destacam-se as audiências públicas, consultas, participações em conferências, grupos de trabalho,
comitês, conselhos, seminários, ou outro meio que possibilite a expressão e debate de opiniões
individuais ou coletivas.
A seguir, você encontrará apontamentos sobre algumas técnicas que podem ser utilizadas na
condução de um processo que envolve a participação da população no diagnóstico e prognóstico
do Plano Municipal de Saneamento Básico.

24
MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

 Grupo focal: objetiva investigar grupos distintos da comunidade para avaliar conceitos e
identificar problemas. Segundo Kitzinger (2005), o grupo focal permite que ocorra o encontro de
um grupo de pessoas em sessões, para a discussão focada em um tema específico. A técnica
possibilita momentos para pensar coletivamente, expressar percepções e valores a respeito de um
assunto, além de produzir conhecimento e mudanças de pensamentos. Brasil (2011a) destaca que
esse tipo de grupo envolve uma discussão em que cada participante tem a oportunidade de falar,
fazer perguntas e responder a comentários.
Os participantes devem sentir-se à vontade para falar abertamente. Recomenda-se que a reunião
ocorra num local neutro em relação aos objetivos da investigação, que o encontro seja gravado e,
ainda, que um observador faça o registro da discussão, tome notas e, eventualmente, intervenha
no debate. A reunião deve ser conduzida por um mediador, cuja função é zelar pelo fluxo das
conversas dentro das pautas de discussão, seguindo, para isso, um roteiro, o qual deve incorporar o
objetivo do estudo e incluir questionamentos sobre o tema que está sendo pesquisado.

Podem ser formados grupos de discussão com lideranças locais, grupos de mulheres,
ambientalistas, jovens, etc. A figura a seguir apresenta uma dinâmica de grupo focal.

Créditos: Instituto de Saneamento Ambiental / Universidade de Caxias do Sul (2012)

25
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

 Dinâmica “dois a dois”: essa dinâmica pode ser utilizada para estimular as discussões e
promover o entrosamento dos participantes. Nessa técnica, o trabalho se desenvolve a partir de
dois grupos de participantes: um fixo e outro móvel, que podem ser organizados em círculo ou em
fila, um em frente ao outro, formando várias duplas. Cada participante dispõe de uma questão ou
frase previamente entregue e definida pela coordenação da oficina. A atividade se inicia com a
discussão, entre as duplas, da questão de cada participante, por um tempo determinado (3
minutos). Com o término do tempo, o grupo móvel se desloca, formando nova dupla, que discutirá
mais duas questões diferentes. Com isso, todos os participantes debaterão todas as questões com
parceiros distintos, num pleno intercâmbio de opiniões. A figura a seguir apresenta um esquema da
dinâmica “dois a dois”.

Fonte: Adaptado de Brasil (2011a)

Os participantes seguem para nova discussão, organizados em grupos por temas, de forma a
consolidar o debate, que deve ser devidamente registrado em painéis e, de preferência, também
gravado para posterior relato.
Uma das vantagens dessa técnica é evitar a monopolização da palavra, possibilitando, segundo
Brasil (2011a), a fala de todos e o conhecimento das diversas opiniões sobre os temas debatidos. As
questões podem tratar de cada componente do saneamento básico (abastecimento de água,
esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos, manejo das águas pluviais), envolvendo as
problemáticas vivenciadas pelos participantes.
Dada essa discussão, os participantes devem se reunir em plenária para ouvir o relato de cada
grupo e depois realizar um debate com todos os participantes, o qual também deve ser
devidamente registrado.

26
MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

 Registro de cenários: de acordo com Brasil (2011a), essa técnica consiste em entregar aos
representantes de associações, sindicatos, grupos ambientalistas, entre outros, uma câmera ou
filmadora, e solicitar que sejam registradas imagens que retratem as condições de saneamento
básico da localidade em estudo. Posteriormente, essas imagens devem compor uma exposição de
cenários que deve ser montada pela própria população, com auxílio da coordenação da oficina.
Cada grupo ou liderança deve expor aos demais, em plenária, os resultados, e a partir daí, dá-se
início às discussões, sempre com a coordenação e registro dos organizadores da oficina.
Para que os debates sejam frutíferos, é importante que a equipe técnica de elaboração do
diagnóstico, a comissão organizadora das oficinas e os técnicos dos órgãos públicos que planejam e
prestam os serviços de saneamento básico participem do processo de discussão, de forma a
incentivar o intercâmbio de conhecimentos entre o grupo técnico e a comunidade, tendo sempre o
cuidado de garantir a voz dos segmentos sociais.

 Oficinas de trabalho: consistem em dinâmicas de


grupo com a população local, as quais possibilitam que
os participantes identifiquem problemas relacionados
com a temática tratada, seus fatores determinantes e
formas de equacioná-los. A figura abaixo apresenta uma
dinâmica de oficinas de trabalho.

Créditos: Simone Rockenbach Kamphorst.

6. PLANEJANDO A INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA


Como estamos falando em planejamento participativo, devemos pensar também na estruturação
de um plano de intervenção comunitária. Juntos, sociedade civil organizada, poder público, órgãos
governamentais, setores privados, escolas e outras formas de organização da sociedade civil
podem planejar ações em educação ambiental e mobilização social em saneamento, com o intuito
de atender as prioridades levantadas no diagnóstico.
Na Figura 2, a seguir, podemos visualizar as diferentes formas de intervenção na área da educação
ambiental em saneamento. Confira!

27
CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Figura 2 - Intervenções na área de educação ambiental

IV I
Implementação de
práticas e Mobilização
tecnologias Social
socioambientais

Formação de
educadores Educomunicação
ambientais em
saneamento

III II
Vamos entender um pouco mais sobre cada uma das intervenções apresentadas na Figura 2.

I Mobilização Social Envolvimento dos diferentes atores sociais no processo de


planejamento.

II Educomunicação Envolvimento da população em processos de construção


coletiva, nos quais a comunicação tenha fins educativos, e
os atores sociais participem de sua elaboração, da escolha
dos meios e instrumentos a serem utilizados; os diversos
mecanismos de comunicação existentes devem ser
empregados para esclarecer a população.
v

III Formação de É fundamental envolver as pessoas, grupos e instituições


educadores ambientais em que atuam em processos de formação na região, com
saneamento destaque para as universidades, Coletivos Educadores,
centros de pesquisa, escolas técnicas, ONGs, associações.
Esses processos devem buscar uma perspectiva de
continuidade e permanência, devendo ser elaborados e
avaliados com a comunidade como um todo.

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MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

IV Implementação de práticas Organizar, junto à prefeitura e às escolas do município,


e tecnologias visitas técnicas às estações de tratamento de esgoto, com o
socioambientais objetivo de apresentar como o esgoto da cidade é tratado.
Pode-se empregar estratégias e atividades com caráter
pedagógico (apresentações teatrais, por exemplo) em
iniciativas de educação ambiental, que devem primar pela
reflexão e estímulo ao posicionamento crítico diante dos
problemas socioambientais do município. Disponibilizar
cursos que apresentem diversas tecnologias em
saneamento, tais como: bioconstruções, banheiros secos,
fossas ecológicas, sistemas de compostagem, entre outras.

ATENÇÃO
O planejamento e a gestão das ações mencionadas, anteriormente, visam garantir o apoio
institucional, financeiro e pedagógico para cada uma delas. É preciso também que essas ações
sejam monitoradas, para que sejam avaliados os seus resultados e feitas futuras adequações.

As intervenções de educação ambiental em saneamento devem contribuir para que os atores


sociais envolvidos adotem uma postura proativa e rompam com “a cultura de sempre esperar que
o poder público dê o primeiro passo”. O que se pretende é que eles demandem dos governos
(federal, estadual e municipal) ações baseadas em suas reais necessidades, atuando
conjuntamente desde o planejamento, envolvendo aqui o Plano Municipal de Saneamento,
monitoramento e manutenção de obras e ações.
Caso em seu município exista algum empreendimento em desenvolvimento, as ações de educação
ambiental devem acompanhar essa intervenção, mas lembre-se:

Lembre-se:
As ações de educação ambiental e mobilização social em saneamento devem ser iniciadas bem
antes das obras e continuar após o término delas. Não apenas as obras em si, mas todo o
planejamento, desde a elaboração do plano e sua aprovação, deve ser amparado por ações de
educação ambiental.

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CURSO A DISTÂNCIA – PLANOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Sempre que as ações estiverem direcionadas à resolução de determinado problema, deve-se


avaliar a compatibilidade entre os custos e os benefícios que serão obtidos, com o intuito de se
fazer uma análise da conveniência financeira de cada alternativa.
No que diz respeito ao critério social, é importante saber se as soluções pensadas para o problema
vão abranger toda a coletividade ou, pelo menos, as pessoas que estão sendo afetadas por um
mesmo problema, a fim de que tais soluções favoreçam o bem-estar coletivo e a justiça social.
Com relação ao critério político, é relevante destacar se a comunidade e as autoridades locais
darão apoio à empreitada e à sua continuidade, tendo em vista o anseio pelo bem-estar dos
cidadãos.
Quanto ao critério ambiental, deve estar claro se o investimento pretendido trará maior proteção
aos recursos naturais que serão ameaçados ou impactados de alguma maneira. É importante que
as tecnologias utilizadas tenham de fato a preocupação em cumprir o seu papel na preservação do
meio ambiente.

Capacitando,
Para complementar seus estudos, assista agora aos demais vídeos do Módulo 3 disponíveis na
plataforma virtual.

30
MÓDULO 3 - A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO

Caro capacitando!
Como você pôde observar, a mobilização social é o meio pelo qual se busca a
democratização dos processos de planejamento em saneamento, que vão desde o
diagnóstico até a proposição de ações. Esses processos não se limitam àquilo que se
poderia chamar de “fase de planejamento”, visto que requerem continuidade,
acompanhamento e, inclusive, controle por parte da sociedade no encaminhamento do
que foi planejado.
Não se trata de tarefa fácil. Há necessidade de abertura às diferentes formas de
organização existentes e visão sistêmica para perceber e incluir os diferentes atores,
permitindo sua livre manifestação e reconhecendo possíveis conflitos existentes, suas
causas e possíveis encaminhamentos que venham a atender os anseios da coletividade.
Cada município tem suas próprias mazelas e traços culturais distintivos. Sendo assim, a
organização e a participação social também terão sua “identidade”, coerente com a
situação local. E assim deve ser. Busque, pois, reconhecer as peculiaridades do seu
município e não deixe de envolver a comunidade sempre que possível e da forma mais
abrangente, na tentativa de compor um retrato fiel da realidade e favorecer um efetivo
empoderamento por parte da sociedade na gestão do saneamento básico.
Na sequência, vamos tratar as formas de elaborar um diagnóstico, os critérios que podem
ser adotados e os estudos técnicos que subsidiarão o processo de elaboração do Plano de
Saneamento.

Bons estudos!

REFERÊNCIAS
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