Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
I
UNIVERSDADE DO ESTADO DO RIO DE JANERO - UERJ
Rua Sao Francisco Xavier 524, Maracana, Rio, RJ
11 andar -
P6s-Graduggoo em Letras
2 284.8322 ramal 7782
5 3
momento dialético designa um movimento de afirmaçào
Benjamin, tres textos curtos deste último. Precursores da negativo que porte da 'Se/bstantzwelung", da divisäo do eu.
Origem do Dromo Borroco Alemdo. Szondi se refere a eles Mas no uso que Szondi faz do conceito. fica claro que ele
no parte intitulada 'Transiçào". que discute o concepçào atribul maior importóncia ao termo negado do que ao
especificamente benjaminiano do trógico. movimento do negaçào que constitui processualmente as
determinaçðes diferenciais do conceito. Retornando à
O Ensolo representa uma espécie de sinopse, no idéia da 'Se/bstentzweiung (divisào do eu). Szondi faz como
qual Szondi faz o papel do historiador de um problema se o 'Selbst' (o termo da negaçào. sejo ele a reflexóo
crucial que articula o pensamento filosófico ao literário. Seu subjetivo, a certezo da percepçào ou o objeto percebido)
trabalho volta a ser, hoje. de particular relevância, dado o fosse algo dado.
atual 'surto' de interesse por uma 'filosofia literária'. Esto
explora num campo mais restrito e especulativo os Szondi porece cair assim na ormodilha de um neo-
trabalhos pioneiros da antropologia histórica (por exemplo, dito da Fenomenologia do Espírito de Hegel: a do enigma,
os de Vernant, Vidal-Naquet. Détienne) e materializou-se,
não temoteadopor Hegel, da primeira passagem que
nas últimas décadas, em uma série de publicaçðes. levorio o Espírito do 'aquilo' (do opacidade impenetrável.
Citando apenas Martho Nussbaum e Bemard Williams 2. Ininteligivel. do mundo) à representação, o uma forma que
constata-se um conhecimento muito seletivo (na primeira investe o 'aquilo' de uma significação. É este silêncio que
até um quase total desconhecimento) dos poetas e permite a Hegel 'ultrapassar' o dualismo kantiono,
pensadores alembes que refletem sobre o trógico. O Ensaio substituindo a este as ardifosos figuraçòes históricas nas
sobre o Trágico representaria, neste sentido, um quois o conceito e a efetividade coincidem. Este ardil
complemento importante para a reflexão sobre os hegeliano pode ser visto como proveitoso mas também
conceitos estético-éticos da Grécia antigo que nos soo como custoso: ele faz perder de vista o sern-fundo da
indispensáveis para pensormos os nossos próprios. representaçào o tara de arbitroriedade que toda
·
6
ENSAIO SOBRE O TRAGICO*
Nosso estudo do trógico em Holderlin e J. G. Roso 3. Peter Szondi
nos fez deslocar o enfoque, no final deste volume, poro
a
Site nous fais du mal inous vient de nous-mêmes."
articulaç ão do trógico em Aristóteles. Na PoétiCC, O
(Se tu nos causas um mal, ele nos vem de nós mesmos.)
tragéÇIla aparece como apenas uma das manifestações
AgrippadAubigné
(embora a mais perfeita) da poiesise da mimesis. A análise
do muthos fragikos constitui assim o núcleo de uma moimemejemenuis.·
"Enmecuidantaiser
investigaçào sobre uma das determinaçóes fundamentals
Procurando meu bemetar, eu mesmo me prejudico.)
do ser humano sua propensão de imitar. de representar e
- (
Jean de Sponde
de inventar, que o distingue de todos os outros seres. Neste
sentido, questionaríamos também a afirmaçào de Szondi,
Introdução
segundo a qual Aristóteles nào falario do trógico mas de
obras de arte no sua concretude estética (p. 205)
Desde Aristotéles, há uma poética da tragédia; desde ,
inúmeras e contraditórias interpretaçðes resultou uma poética crepúsculo 6. pergunta sobre em que medida
-
irrompe o Mas a
histórica -
da tragédia 2. determinaçðes do trágico em Schelling e Hegel, em
teriam as
Deste poderoso campo de influência aristotélico, que não Schopenhauer e Nietzsche tomado o lugar da poesia trágica, cuja
conhece fronteiras entre naçðes ou épocas, insularmente eleva-se teria chegado no tempo deles; em que medida estas
hora
a filosofia do trágico. Fundamentada de modo completamente não- determinaçðes representam, elas mesmas, tragédias ou seus
programático por Schelling, ela atravessa o pensamento dos podem apenas ser respondidas pelos comentários que
modelos,
períodos idealista e pós-idealista em uma forma sempre nova. Ela primeira parte deste estudo.
formam a
permanece própria à filosofia alema, na medida em que se possa O que se segue são apenas comentários; não é uma
nela incluir Kierkegaard desconsiderar exposição exaustiva ou, muito menos, uma critica. Os comentários
- ·
o parênteses da frase com a qual Marcel Proust inicia uma carta: encontram reunidos. Nestes esclarecimentos, não se trata de
"Vous aller voir tout le tragique, comme dirait le critique allemand penetrar criticamente nos sistemas dos quais as determinações do
Curtius, de ma situation. Por isso se encontram, na primeira parte trágico foram tomadas, nem de ser justo para com a singularidade
deste estudo, que se ocupa com as determinaçðes do trágico, deles. Eles precisam, muito mais, com algumas exceçöes,
apenas nomes de poetas e filósofos alemães, enquanto que na contentar-se com a pergunta sobre o valor que o trágico ocupa na
segunda parte são consideradas obras da antiguidade grega, do estrutura do pensamento do autor respectivo e, com isto, consertar,
barroco espanhol, inglês francês ' pensamento quando
e alemão, do classicismo e em alguma medida, a injustiça que sofreu este
alemão e da sua dissolução dele foi extraido o trecho por nós citado. Posteriormente, eles
Todavia, não se deve censurar a poética de Aristóteles por devem esclarecer as diferentes determinações do trágico,
se desviar do exame do fenômeno trágico, nem tampouco deve ser formando um mais ou menos velado momento estrutural comum a
posta, de antemão, como indiscutível, a validade da teoria do todos e que alcança seu significado; não se pretende ler as
trágico (que conquista a filosofia alemã depois de 1800) para a definiçöes dos diversos pensadores em vista das suas filosofias,
composiçäo das tragédias antigas. Seria mais proveitoso supor, mas da possibilidade de analisar tragédias com a ajuda delas, na
10
NOTAS
esperança, tainbém, de um conceito gerat do trágico. As exceçðes
1. Sobre isto, compare a referencia em Emil Staiger. Der Gerst der Liebe und das
são aqueles comentários que precisam forçar a significação de um Schicksal (O espirito do amor eo destino). Frauenfeld Leipzig, 1935, p 41 Além
-
disso Fr. Th Vischer, Ober das Erhabene und homische (Sobre o subhme eo
texto dificil, como o fragmento de Hölderlin, ou os que vão atrás de ,
comico). Em: Kimsche Gange (Andamentos criticos), 2 ed , tomo IV, p 8 "Somente
a partitt de seu jde Schelling) aparecimento, tomou-se possível um sistema de
uma determinação, cuja origem é procurada onde, aparentementB' "
estética, pois ele primeiro retomou o ponto de vista da idéia
o trágico não è tematizado e, todavia, a explicação para a sua 2. Compare especialraente: Max Kommerell, Lessing und Anstoteles Untersuchungen
über de Theorie der Tragode (Lessing e Aristóteles Investigações sobre a teona da
definição posterior está presente. Este é o caso no comentário tragédia).FrankfurtaM.,I940.
3. M de Unamuno. Das tra¢sche Lebensgefühl (O sentimento de vida trágico)
sobre Hegel, que constitui o fundamento para as interpretaçðeS München, 1925.
4. A Sidney Schiff, Correspondance génèrale (Correspondencia geral), tomo ill, Pans
restantes, como se Hegel tivesse de ser citado antes de todos no 1932, p.31
(°ireis
ver todo o trdýco, como diria o crítico alemão Curdus, de minha
situaçao")
limiar deste estudo, porque este deve a ele e à sua escola •
5. Cf. Hegel, Rechtsphiosophie (Filosofia do direito). Edição de jubileu, tomo Vil, p.37.
conhecimentos sem os quais não poderia ter sido escrito.
*
N.T.: esta tradução foi feita a partir do texto encontrado em SZONDI, Peter. Schriften
1.Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1978. Págs. 159-174, 193-195, 200-210: O indice
completo do Ensaio sobre o trágico é o que se segue:
5. Goethe 1L Simmet
6. Schopenhauer 12. Scheler
12
própria dogmatização. Neste tempo, escreve Schelling em uma
SCHELLING
dogmática parece encontrar-se no fato de que aquela parte do eu
não foi derrotado sem combate, ainda devia ser punido pela sua derrota. bsoluta o criticismo •
que coloca tudo no sujeito e, assim, nega
O fato que o cominoso (ainda) fosse punido embora apenas tivesse sido -
tudo do objeto -
é "aspiração por ipseidade imutável, liberdade
derrotado pela potência superior do destino - represente o reconhecimento
da liberdade humana, a honra que cabia à kberdade. A tragédia grega atividade irrestr¡ta. * Tudo se passa como
incondicional, se o
em geral, inicia a história da teoria do trágico, cujo alvo não é mais ainda resta: sáber que há uma potencia objetiva que ameaça nossa
direcionado para o efeito, mas para o próprio fenômeno do trágico. liberdade de destruição, e, com esta convicção firme e certa no
O texto girocede da última das Philosophischen Briefe über coração, combate-la, mobilizar toda vossa liberdade e soçobrar.'*
Dogmatismus und Kritizismus (Cartas filosóficas sobre dogmatismo Todavia, como que temendo o reconhecimento do objetivo, o
e criticismo), que Schelling publicou, em 1795, aos 20 anos. Nelas jovem Schelling admite o combate apenas na arte trágica, não na
são confrontadas as teorias de Spinoza e Kant, que já para Fichte vida: "ele não poderia se tornar um sistema do agir já porque um tal .
14
"O conifito entre liberdade e necessidade é verdadeiro
apenas onde ele mina a prðpria vontade e a liberdade é
porém, certamente redundaria na maior rulna da humanídade.* combatida no seu próprio terreno."
Esta fé idealista -
que imagina dominar o trágico e só o reconhece
A interpretação que Schelling dá à tragédia nas
porque nele descobre um sentido: a afirmação da liberdade -
essencial é que ambos apareçam, ao mesmo tempo, como ambos tornam-se novamente um, através de uma cultura mais
vencedores e vencidos na completa in-diferecça."*
17
16
\
sistema de Schelling -
cuja essencia é a identidade de liberdade e compreender a significação das tragédias é a partir
"O modo mais fácd de
necessidade Pois todo origináno. - uma vez que toda potðncia está
-
culmina na sua determinação do processo trágico do paredoxo. o
aparece não na força originária. mas
dividida de modo justo e eqüifativo
-
ao
5 e PR nomem, a qual o mostraria como servo da natureza, mas esta,
carta de 4 de junho
mesmo tempo, necessitando daquele. Em uma
8 "Dialética"e "dialético", em todo o estudo, designam - de acordo com a utilização dos
termos por Hegel, mas sem as implicações de seu sistema seu irmão, Höldedin fala do "para
doxo (...), que o
og seguintes fatos e -
de 1799 a
ocesso :aunid dos opostos, mudança do um em seu contrário, negativação de
educação com todas as suas modificaçðes e
impulso pela affe e a
Phitmosoph der Kunst (Filosofia da arte). Obras. Stu#gart, 1856-61. Primeira parte
9
propr¡amente um serviço que os homens prestam à
yg,¡g ges 4
19
//O
18
quais o mundo apareceu diante de seus olhos. [Ele é) um homem
primeira de toda a vida e de toda a organizaçðo" o fato "que
contrários unem tão intimamente, que nele se
sobre terra"* Uma vez no qual aqueles se
aenhuma força seja monárquica no céu e a
ele pode realizar esta função, que confere significação à sua sepurifica através do infinito separar-se.'*
existência, somente na morte, quando é colocado como signo "em Escritas por Höldertin em 1803, as Anmerkungen zum
De acordo com Hölderlin, este conflito Ödipus (Notas para Édipo), junto com as para Antigone, sucedem
si mesmo insignißcante = J'. o
natureza arte cujo objetivo de fato, a conciliação entre aos hinos tardios, da mesma forma que os ensaios de Homburg
de e - é,
tragédia como por outro lado, ela acompanham escritura do Empédocles. A determinaçâo da
ambos -, realiza-se na tal; é a
acompanha os escritos teóricos. Pois Empédocles, para Höldedin' dente, mas recebe, na proximidade dos hinos, uma nova signs-
violentas contraposiçöes entre natureza e arte nas ficação. Sinat exterior para esta mudança já é a circunstância que a
é "um MIho das
21
ocupação de Hölderlin com o trágico não diz mais respeito à aaa
tradução das duas tragédias de Sófocles. A Empédocles quando se precipitou no Etna. Assim, de acordo com a
própria poesia, porém à
tardio é tomada de forma mais absoluta, tomando-se a relação supostada, mas canalizada para uma descarga. O futuro quiliástico
eo homem, não aparece mais como tema da sua da proximidade dos deuses desmorona antes do tempo no
entre Deus
Hölderlin, todavia, abandona a dialética trágica, à presente, que não está à sua altura: a falsca salta, e, no incendio
própria lirica não
Tod Empedokles (Morte de que causa, noite transforma-se em dia que vai se crestando. Na
qual procurou dar forma no des a
Empédocles). Mas agora o trágico é como que imanente à sua medida em que Nipo "interpreta a sentença do oráculo num
-
relação impera) Deus eo homem. sentido demasiadamente inünito 10, ou seja, como exigência
representação da [que entre
Trata-se da idéia da "inMdelidade divina". Dentro da sua concepção religiosa, e realiza esta exigência, ele força, na visão de Hölderlin,
histórico-filosófica, Hölderlin compreende o tempo da ação de a unificação com Deus. Contudo, este "infinito tornar-se-um-só",
hiinÑnitO
próprio como momentos intermediários, como noite, dizem as notas, precisa passar para o SeparBT-Se", de
Èdipo eo seu
na qual "o deus eo homem para que - o curso do mundo não tenha forma que o inaudito, que apresenta, torne-se reconhecivel. O dia
lacunas e a memória dos celestes não se apague - se comunica(m) forçado reverte-se tragicamente em uma noite potenciada: nas
qual os deuses só podem estar próximos através de seu riscado) signMcedo de todas as tragdcías esclarece-se a partir dos parado×os, que
todo o origindlio, pois todo o bem está dvidido de modo justo e equ#advo, aparece,
afastamento. Hölderlin está determinado -
na moite dos deuseS propriamente, apenas na sua kaqueza, não de modo efetivo (wirkäch)." (Cf. Werke
(Obras) (Pigenot), tomo lli, p 589]Linha 4: "na verdade' (recht) teitura de Zinkemagel e
única que não seissner,·pois"(wolh),teituradePigenoteBohm.
afastados, a qual, todavia, ainda 6 presenêa, e a
2 S½ Vil329
destrói os homens -
a perseverare a preparar o futuro regresso dos
22
HEGEL abstrato de eticidade, Hegel quer colocar um conceito real (real),
25
1
diferença" -
e Apolo, "face à organização moral e ao povo de
oposição que contrapðe o humano ao divino, o particular ao geral,
reconciliação trazida por Palas Atena: dali
Atenas", conclui com a
a vida à lei, opostos entre os quais nenhuma conciliação è possivel.
em diante as Eumenides seriam honradas como forças divinas, "de
Sua relação é um dominar e ser dominado. A este espírito
sorte que sua natureza selvagem acalmar-se-ía ao gozar
-
a partir
dgorosamente dualista, opðe-se o espírito do cristianismo. A figura
de seus altares erigidos embaixo, na cidade - da contemplação de
de Jesus lança a ponte sobre o abismo entre o homem e Deus;
Atena, cujo trono aftaneiro está na fortaleza em frente."I Na medida
enquanto filho de Deus e filho de homem, Jesus encama a
em que o processo trágico, em Hegel, é interpretado como auto-
reconciliação, a unidade dialética das duas forças. Da mesma
divisão e auto-reconciliação da natureza ética, manifesta-se, pela
forma, ele medeia, como ressurreto, entre a vida e a mode. No
primeira vez, sua estrutura dialética. Ao passo que na
lugar do mandamento divino, ao qual está sujeito o homem, ele •
26
27
destino, a lei diante de si, a lei que ela mesma erigiu através da acontecendo "esta unificação no amor . 12 Neste sentido, Hegel
ação * Através disto, é-lhe igualmente oferecida a possibilidade de .
mterpreta o destino de Maria Magoalena (e atribui a culpa de seu
se conciliar com a lei e, assim, restabelecer a unidade, enquanto próprio espirito do judaismo): tempo povo
erro ao ...o de seu era,
forma. o escrito do jovem Hegel não trata apenas do destino do noção, cujo sentído oscila entre alma, espírito, enimo, caráter) não
cristianismo, como indica o titulo do editor, porém, ao mesmo
pode viver sem pecado, mas neste, como em qualquer outro
tempo, da gênese do destino como tal, a qual, para Hegel, coincide ele poderia retornar mais bela consciencia através do
tempo, à
direito natural, aparece como momento da autodivisão da natureza direito natural, e ele a contém em unidade com a origem da
ética. Entre as folhas manuscritas do escrito de juventude,
dialética hegeliana. Para o jovem Hegel, o processo trågico é a
de uma lei estranha, existente independentemente dele, porém, no divide consigo mesmo no destino, mas no amor retorna para si,
espectro de Banquo, ele tem, diante de si, a vida lesada em si
enquanto que, no mundo da lei, a rigida divisäo através de crime e
28
29
como requer a poesia dramática, estas potencias
particulares são chamadas a aparecer efetivamente e
concreção, pelas circunstâncias, podanto fortuita quanto ao
efetivam-se como Mm determinado de um pathos humano
que passa à ação, então a sua harmonia (Einkglang) è conteúdo. Em oposição à primeira definição, a atual parece não
suspendida e elas surgem como opostos, num fechamento
provir, de maneira imediata, de um sistema filosófico, porém -
necessariamente e×cita, contra sí, o "pathos" oposto, e. Verifica-se, contudo, a partir das explicaçðes que se seguem na
através disso, inevitavelmente, origina conflitos. O trágico
Estética sobre o desenvolvimento histórico, que Hegel concede, a
originário consiste, pois, no fato que, no interior de tal
colisão, ambos os lados da oposição, tomados em si contragosto, esta extensão formal de sua definição e, no fundo,
mesmos, tem um certo direito (Berechtigung), enquanto, por
outro lado, eles só tem a capacidade de levar a cabo o gostaria de se apoiar em apenas uma forma de colisão trágica. O ,
verdadeiro valor positivo de seu Mm e cardter como negação momento do acaso, que se imiscuiu na sua determinação, originou-
e lesão do outro poder que tem direitos iguais, incorrendo,
desta forma, em culpa diante da sua eticidade e, ao mesmo se, como é visível, do trágico dos modemos, culos heróis erguem-
dela..1s
tempo, através se "no meio de uma ampla variedade de relações e condiçðes
- to
fortuitas, que permitiriam de agir assim ou diferentemente Sua
Duas décadas separam esta determinação da Estètica de
. conduta é determinada pelo seu caráter próprio (eigentümlichen), o
Hegel da definiçäo do escrito sobre o direito natural. O trágico é
qual não encama, necessariamente, um "pathos" ético como na
ainda compreendido como dialética da eticidade; mas algo
antiguidade. Por este motivo é que Hegel admite a nova tragédia
essencial mudou. O destino do herói trágico -
o fato que o seu
só com restriçðes, ao mesmo tempo que privilegia, também no
pathos o direciona, simultaneamente, para o direito (Recht) e para
. . âmbito da tragédia antiga, uma das possíveis colisöes: aquela que
a injustiça (Unrecht) e pode, desta forma, incorrer em culpa
. . ele encontra em Iñgenia em Áulis, na Oréstia e na Electra de
justamente através de sua eticidade -, este fato é visto num
Sófocles, e, na sua forma mais perfeita, em Antigone, que ele
contexto metafisico, o qual repousa sobre a introdução do divino na
denomina "a mais excelente e satisfatória obra de arte entre todas
particularização. Mas, comparada
.
31
não pode passar despercebido que a tragédia de Sófocles não é
examinada como tragédia, e nenhuma definição de tragédia é se opðe o mundo da lei, repousando sobre a rígida oposição entre
dada, da mesma maneira que os termos "trágico" e "tragédia" o geral eo particular, lei esta que não oferece nenhuma
absolutamente não aparecem na Fenomenologia. Hegel, muito possibilidade ao trágico. Na Fenomenologia, porém, o conflito
mais, alcança. no decorrer da exposição que faz sobre o processo trágico surge entre o mundo da lei eo do amor. Tem-se a
dialético do espírito, o estágio do "verdadeiro espírito", que ele impressão de que, em Creonte, o espírito do judaismo e da ética
determina como eticidade e faz se clivar em duas essências formalista, anteriormente excluído do trágico, aparece diante de
(Wesen): na lei divina e na humana. Uma se realiza na mulher e na Antigone, que encarda o mundo do amor, como herói trágico de
esfera familiar; a outra no homem e na vida do estado. O choque direitos iguais. Esta inflexão na concepção de Hegel, que ainda
entre estas duas formas do aparecer do ético -
logo, na verdade, o sublinha que Hegel defende o pathos ético de Creonte, está ligada
choque do espírito absoluto consigo mesmo, uma vez que estå na à transformação que expenmenta a significação da dialética para
passagem do retomo a si mesmo, contra si mesmo -
Hegel o ve Hegel. Nos anos entre o escrito sobre o direito natural e a
adquirir forma na ação de Antigone (Antigone-Handlung). Diferen- Fenomenologia, a dialética conhece uma transformação: de um
temente da Estética e em concordância com o escrito sobre direito aparecer histórico-teológico (no espírito do cristianismo) e de um
natural, a Fenomenologia coloca o trágico - sem, entretanto, postulado cientifico (para a nova fundação da teoria da eticidade),
Hegel, o ensaio sobre direito natural, a Fenomenologia (e ainda a qual outrora se distinguia rigorosamente. Erigida em princípio de
Estética como seu eco formalizado), que tofna reconhecível a mundo, não tolera nenhum domínio que lhe permaneça fechado.
diferença essencial entre eles, da qual pode-se deduzir uma Assim é reconhecido como conflito trágico exatamente aquele que
inflexão velada na concepção hegeliana do trágico. Nos escritos precisa irromper a origem da dialética eo domínio do qual ela se
que antecedem a Fenomenologia, o trágico é o sinal caracteristico afastou na medida em que surgiu. Com isto, a oposição entre
de um mundo da eticidade -
dividindo-se consigo mesma no judaismo e cristianismo é suspendida na imagem da antiguidade de
destino e achando a reconciliação no amor -
ao qual, por sua vez. Hegel U. Todavia, o fato de que esta unificaçäo dos mundos antes
33
e que a dialética se afirma à revelia de Hegel ainda antes que ele a
10 id , 393, nota.
p
Fenomenologia. 2
NOTAS
I
(1)
aparência visível .1
interpretação reflete, no detalhe, ainda que de forma invertida, a
de juventude, trai-se o modelo de Schopenhauer que certamente Prometeu, Édipo,...- são apenas máscaras daquele herði originário,
no aspecto decisivo só aparece ainda como negativo. Podem ser Dion/sio.'* Ao seu destino transposto no mito -
ser despedaçado -,
tidos como os ancestrais dos dois principios artísticos de Nietzsche celebrado sempre de novo em cada tragédia e que Nietzsche
os conceitos "vontade" (Wille) e "representação" (Vorstellung) de
compreende como símbolo da individuação, de forma que pode ser
uno-originårio Id., p 64
de representação , a individuação contrapðe-se ao 2.
3. Id., p. 196.
(ao dionisico, ou melhor, à vontade). Mas nesta comparação 4Id..p.90.
5. Id., p. 101,
aparece, ao mesmo tempo, a diferença entre as concepçðes de
6 Id. Ib
o "consolo
metaffsicoN
QUe dá a tragédia. Frente à dialética
38
39
CADERNOS DO MESTRADO
volumes publicados: