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ESTÉTICA CAPILAR:
Queratinização e Cauterização
RESUMO
Os tratamentos estéticos capilares têm como finalidade tratar e proteger os cabelos de agressões
externas, tais como poluição radiação e tratamentos químicos. Entretanto, devido aos diversos tipos
de cosméticos e os diversos tipos de cabelos existentes, torna-se necessário que o profissional de
estética tenha conhecimento profundo sobre tricologia e química capilar para fazer a escolha correta
do tratamento ideal para cada tipo de cabelo e assim, conseguir corrigir ou minimizar os danos
existentes nele. Este trabalho tem caráter qualitativo e trata-se de um artigo de revisão do tipo
“paper”. Este trabalho tem por objetivo abordar as terapias de queratinização e cauterização capilar,
bem como conhecer sua importância nos cuidados com a beleza e imagem pessoal. A pesquisa
justifica pelas dificuldades encontradas nos profissionais de estética capilar em distinguir a
queratinização da cauterização. Foram observados que as técnicas estéticas de queratinização e
cauterização capilar são dois procedimentos diferentes, entretanto, muitas vezes, a queratinização
estará associada com a cauterização de modo a potencializar os efeitos e alcançar melhores
resultados. Foi visto ainda que há muita divergência de conceitos entre as literaturas encontradas. A
escolha do tratamento adequado vai depender da visão clinica do profissional e do cabelo que a
cliente irá apresentar.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente no Brasil, existe uma demanda muito grande de pessoas que buscam os
tratamentos capilares. Nesse sentido, para que o profissional de estética seja bem sucedido, ele
precisa conhecer e saber tratar os mais variados tipos de cabelo (FRANCISCO, FRANÇA,
JASINSKI, 2007).
O pelo é formado por divisões rápidas de células. As células são empurradas para cima a
partir da base do folículo (também conhecido como raiz do pelo). Após as divisões, elas, endurecem
e sofrem pigmentação (WICHROWSKI, 2007).
Os elementos químicos que compõem o fio de cabelo são basicamente o Carbono,
Hidrogênio, Nitrogênio e Oxigênio (típico da queratina capilar). Estes elementos unem-se dando
lugar à formação de moléculas que chamamos de aminoácidos que, por sua vez agrupados formam
proteínas. Além destes, uma das proteínas encontradas na queratina é a cisteína, que contém o
quinto elemento, o enxofre. O fio de cabelo, também é cientificamente conhecido como haste
capilar e tem basicamente estrutura de matéria considerada morta, por ser uma compactação de
células queratinizadas (FRANCISCO, FRANÇA, JASINSKI, 2007).
Segundo Wichrowski (2007), quando os cabelos estiverem com alterações na cor e
ressecados, deve-se procurar uma especialista, já que estes são sinais de dano na estrutura capilar
(cutícula e ao córtex). Fios neste estado apresentam-se opaco, elástico e muito poroso, podendo
rompe-se facilmente.
Alguns fatores físicos e químicos influenciam na qualidade da haste:
Físicas: Raios ultravioletas; Secagem incorreta, aplicação de calor em altas temperaturas;
Sol e vento que retira a umidade natural dos fios, etc.
Químicas: Altas concentrações de detergentes em xampus; Colorações; Descoloração –
neste processo, o fio perde aminoácidos; Alisamento – amônia, sódio ou formol
interagem com os metais presentes em colorações resultando em danos (WICHROWSKI,
2007)
Entre as técnicas de recuperação de fios mais utilizadas em salões de beleza, estão a
queratinização e a cauterização. Para realizar estes procedimentos, utilizam-se equipamentos e
cosméticos que ajudam a tratar os cabelos com problema, recuperam as fibras capilar e/ou as
protegem das agressões químicas ou da natureza (TEIXEIRA, 2014).
Os cosméticos são produtos feitos com substâncias naturais e/ou sintéticas, para uso externo
nas diversas partes do corpo humano, entre eles, o sistema capilar, a fim de limpá-los, perfumá-los,
alterar sua aparência, corrigir odores corporais, protegê-los ou mantê-los em bom estado (Resolução
RDC n. 79, de 28 de agosto de 2000).
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2 DESENVOLVIMENTO
A fim de estudar melhor, a fibra capilar pode ser dividida em duas partes, raiz e haste. As
raízes do cabelo estão protegidas na derme, dentro do folículo piloso (estrutura que dará origem ao
pelo). Lá, o cabelo é gerado e colorido. Após ser gerado e colorido, o fio de cabelo, desenvolve-se
dentro do bulbo piloso que é uma expansão dentro do folículo piloso na parte inferior. A papila
dérmica é altamente vascularizada e secreta grande e variada quantidade de proteínas e
carboidratos, formando a chamada de matriz extracelular. A papila é a força que dirige o folículo,
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provendo toda informação e nutrição necessária para a multiplicação e diferenciação das células da
matriz e, deste modo, regulando o ciclo de vida do cabelo (figura 1) (TORRES, 2005).
O folículo possui glândulas sebáceas que libera seus lipídios em forma de sebo. Quando em
quantidades normais, o sebo é essencial para a lubrificação e proteção da fibra capilar mantendo sua
flexibilidade e brilho. Porém, quando em excesso, o cabelo fica oleoso e pesado. Já a sua falta, Por
outro lado, a falta de sebo pode tornar o cabelo danificado, seco ou opaco (TORRES, 2005).
Os queratinócitos do folículo piloso são células germinativas da matriz e se diferenciam para
formar algumas estruturas do cabelo. A produção e armazenamento de queratina, um processo
denominado queratinização, causa um endurecimento destas células, levando à desintegração de
seus núcleos e consequente morte (DOMINGUES, 2015).
A fibra capilar é composta por quatro estruturas principais a medula, o córtex e a cutícula
(figura 2).
A cutícula é primeira camada do fio, é a parte mais externa e possui camadas que variam
entre 7 a 13. Em um cabelo saudável, as cutículas estão agrupadas e unidas, protegendo as células
da segunda camada, o córtex. É a principal barreira de proteção. Quando está danificada, facilita a
penetração de agentes químicos para o interior do fio (EVOLUXE, 2014).
A cutícula é a parte do cabelo que está sujeita aos frequentes ataques diários e a ação efetiva
dos cosméticos dependem de seu estado (TORRES, 2005). Quando os cabelos estiverem sem
brilho, áspero e com dificuldades para pentear, é indicativo de que há danos na cutícula e sua
remoção total, é a origem das pontas duplas (EVOLUXE, 2014).
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O córtex é o corpo real da fibra. Representando 90% de seu peso total, ele é formado por
células preenchidas por queratina e é esta organização que dá à fibra suas propriedades marcantes.
Ao longo da maturação do cabelo, estas células corticais se tornam alongadas e chegam a atingir
cerca de 100 micrômetros. Arranjadas ao longo do cabelo, elas são mantidas por uma substância
intercelular composta por queratina flexível, rica em lipídios. E é também no córtex que os grãos de
melanina que dão cor ao cabelo são encontrados. A sua única forma de proteção é uma fina camada
de sebo e a cutícula (TORRES, 2005)
A medula é a parte mais interna do fio. Ela pode apresentar-se de forma contínua ou
fragmentada, ao longo da fibra, e nos fios finos, é observada sua ausência. Sua estrutura é porosa e a
parte de massa capilar formada por medula é pequena. Sua fragmentação é resultado da síntese
inadequada de proteínas. A estrutura medular da fibra capilar ainda não tem função conhecida
(EVOLUX, 2014).
A forma dos pêlos é uma característica racial; distingue-se em 3 tipos básicos relacionados
às raças: MONGOL (lisos), CAUCASIANO (ondulados) e ÉTNICOS (crespos). Já a cor dos
cabelos é determinada pela presença ou ausência de diversos tipos de melaninas depositadas no
córtex da fibra capilar (FERREIRA, 2004).
O cabelo ainda possui algumas propriedades que devem ser observadas tais como espessura:
quanto mais grosso for o fio, mais difícil de rompê-lo. Elasticidade: propriedade que tem de ser
estirado e contraído naturalmente, como um elástico. Permeabilidade: propriedade que o cabelo tem
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de absorver água (o cabelo pode absorver até 35% de seu peso em água). Textura: varia de acordo
com a espessura (diâmetro) do fio. Densidade: é a maior ou menos quantidade de fios existentes por
cm2 (tem relação com a quantidade de fios e não com a textura) (GOZ, 2014).
A água é fundamental para o cabelo. O cabelo crespo, absorve aproximadamente 4% mais
água que o cabelo ondulado porém não a retém. Essa diferença pode ser suficiente para a
observação do efeito frizz (EVOLUX, 2014).
A beleza e a saúde do cabelo estão relacionadas com a quantidade de nutrientes e água
presentes no mesmo. Quando faltam ou são insuficientes, o cabelo fica sem brilho, quebradiço,
espiga e cai. O cabelo “alimenta-se" de duas maneiras: através da nossa alimentação e dos produtos
que utilizamos (champô, amaciador, máscaras, cremes, etc.) (PACHECO, 2017).
As principais características do cabelo saudável são o seu brilho e sua maleabilidade. Os três
fatores essenciais que determinam o cabelo saudável é o teor hídrico: o cabelo deve ter uma
hidratação adequada e óleos protetores. pH ideal: o cabelo deve ser levemente ácido, pH entre 5,0 -
6,5. E o equilíbrio de aminoácidos: que são componentes da proteína e são vitais para a manutenção
do cabelo saudável (GOZ, 2014).
Os cabelos podem apresentar alterações e danos em sua estrutura quando são expostos à
condições adversas do ambiente. Quando os cabelos estão danificados, é possível notar que eles
ficam opacos, ressecados, ásperos, frágeis e sem brilho. Isso pode ocorrer devido radiações solares,
devido a alguns cuidados diários como (escovação, lavagem e penteados) e também devido a
tratamentos cosméticos de (alisamento, permanentes e tinturas etc.).
No cabelo saudável (figura 3), o fio possui uma estrutura onde a cutícula tem um padrão
regular. Quando o cabelo está em boas condições, as moléculas de água e de proteína ficam seladas
dentro do mesmo, mantendo-o maleável, forte e macio. Já no cabelo danificado, algumas das
escamas estão abertas favorecendo a perda de umidade e proteína, tornando-o menos flexível e mais
sujeito a rupturas (GOZ, 2014).
Cabelos com cutículas saudáveis protegem os fios contra os danos do sol, dos raios Ultra
Violeta, de germes, da poeira, do suor, e da umidade (figura 4).
Já que os cabelos são formados por um tecido morto, as fibras capilares deterioradas por
processos físico/químicos não se regeneram e sofrem modificações estruturais com o passar do
tempo, de modo que os danos causados na estrutura capilar são cumulativos (WICHROWSKI,
2007). Devido a estes fatores, muitas vezes os fios irão precisar ser tratados através do uso de
cosméticos.
Cabelos danificados precisam de reposição de proteína, e isso vai além da hidratação.
Hidratantes (como máscara e óleos) ajudam a manter a fibra bem nutrida e selada, mas não executa
reposição proteica. Para esta, é necessária a aplicação de produtos concentrados em queratina
hidrolisada e aminoácidos (AGLIO, 2014).
A queratinização trata-se de uma reconstrução capilar. A reconstrução capilar, nada mais é
do que a reposição das proteínas essenciais para os cabelos, sendo a queratina a principal. A
queratina é de origem animal, entretanto, existem produtos feitos de queratina vegetal, geralmente
feito à base de proteína hidrolisada de soja, milho, trigo e arroz (GREENME 2017).
A estrutura da fibra capilar é composta de quase 90% de queratina. Em casos de cabelos com
sinais de falta de queratina, torna-se necessário a recuperação do fio utilizando queratina em
quantidade suficiente para o enrijecimento da estrutura. Na queratinização capilar, o profissional
efetua uma carga de queratina hidrolisada na fibra, recuperando os fios extremamente ressecados
e/ou com quebra. A recuperação ocorrerá em poucas aplicações. Além da estrutura, temos que
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preocupar também com a nutrição dos fios e cutículas, que vai deixar os fios mais sedosos e sadios,
por isto a combinação de outros ativos torna-se necessária (GLINETT, 2015).
Existem várias maneiras e diferentes técnicas para a queratinização capilar. Os passos para
realização da primeira técnica de queratinização é descrita abaixo em cinco passos.
Segundo Chambarelli (2015), a primeira técnica a ser demonstrada ocorre da seguinte
maneira:
Segundo Devilla (2015), a segunda técnica a ser demonstrada ocorre da seguinte maneira:
A queratinização a princípio pode ser feita em qualquer tipo de cabelo, mas é necessário um
cuidado maior em cabelos com progressiva, pois cabelos que recebem esse tipo de química não
podem receber carga excessiva de queratina (ROGÉRIO, 2017).
Contudo, se o cabelo não precisa de reconstrução, já que não apresenta danos na cutícula,
apenas uma restauração, nutrição e hidratação da fibra, é recomendada. Com isso, a cauterização a
base de óleos naturais são suficientes (figura 6 e 7).
Entre os óleos naturais utilizados em cauterização podemos citar os óleos de argan, coco,
abacate, linhaça, girassol, macadâmia, camélia, semente de uva, marula amêndoas e oliva. Estes
óleos hidratam, nutre, restauram, e devolve o brilho a fibra capilar, formando um filme protetor que
evita a perca de água. A cauterização a base de óleos da maleabilidade aos fios, evitando as pontas
duplas. É um tratamento preventivo (HAIR FLY, 2015).
A técnica de cauterização não muda o formato do cabelo. Quem tem cabelos crespos vai
continuar com eles crespo, apenas a aparência melhora bastante (INFONET, 2004). A técnica tem a
finalidade de permitir que os princípios ativos que penetraram nas fibras, permaneçam lá por mais
tempo (RIBEIRO, 2008).
Conforme matéria do site Hair Fly (2015), a cauterização é feita em 5 etapas:
Antes de usar a chapinha, deve-se aplicar um protetor térmico. Com a temperatura entre 160
a 170 graus o produto penetra melhor no cabelo e acaba por selar os fios, fechando as cutículas
(EVOLUX, 2014).
Algumas queratinas são muito concentradas e tem que enxaguar, visto que se permanecerem
por muito tempo, ressecam um pouco o cabelo. Já outras que são associadas a outros princípios
ativos como geleia real, creatina, arginina, silicones podem permanecer no cabelo, que inclusive até,
são aconselháveis que se pranche o cabelo para penetrar no fio (DOORMAN, 2014).
O processo de cauterização e queratinização não podem ser realizados de qualquer forma.
Estes procedimentos devem ser realizados quando os fios estão visivelmente com falta de queratina.
Isso ocorre, geralmente após processos químicos, como alisamento, relaxamento, descoloração,
coloração, mas por segurança, é indicado que apenas um profissional analise seu cabelo e decida o
que fazer (ROGÉRIO, 2017).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A nutrição capilar ocorre de dentro para fora e por isso é necessária uma alimentação
balanceada repleta de carboidratos, proteínas, oligoelementos presentes nos vegetais e sais minerais.
Tais nutrientes estão presentes no sangue e chegam ao fio por meio de vasos sanguíneos na raiz do
cabelo.
Quando o cabelo torna-se enfraquecido devido danos causados pela radiação ultravioleta e
principalmente por processos químicos (alisamentos, relaxamentos e descolorações) que abalam a
estrutura dos fios, deixando-os com pontas duplas e vulneráveis ao rompimento e quedas, torna-se
necessário que os fios passem por um processo de reconstrução a base de queratina.
A queratinização é a reposição da proteína mais abundante dos cabelos através de
procedimentos estéticos que utilizam como principal princípio ativo a queratina. A queratinização
pode alcançar resultados mais satisfatórios quando é associada com a cauterização, já que a
queratina possui proteínas que são termicamente ativadas com o calor da chapinha e isso promove o
fechamento das cutículas. Contudo, alguns cosméticos utilizados na quertinização, dispensam o uso
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da chapinha. Por isso, cabe ao profissional de estética ter um olhar investigativo e avaliar qual o
estado que o cabelo se encontra e definir o tratamento mais adequado.
A cauterização a base de queratina, trata-se de uma reconstrução, já que a finalidade é repor
as proteínas perdidas devido agressões externas do dia a dia. É indicada para cabelos extremamente
danificados. Esse processo reabilita o cabelo internamente proporcionado maciez e brilho aos fios,
onde simples hidratações não trazem o efeito desejado.
A cauterização também pode ser realizada com outros princípios ativos, e não somente com
queratina. Existem tratamentos de cauterização que utilizam apenas óleos vegetais. Alguns óleos
vegetais também possuem substâncias que quando são termicamente ativadas, reestruturam e
proporcionam hidratação aos fios. Tais cosméticos são indicados para cabelos que ainda não
sofreram grandes danos nas cutículas e precisam apenas de hidratação e reestruturação.
Na literatura investigada, torna-se difícil compreender a diferença entre as técnicas de
queratinização e cauterização, já que os conceitos não estão bem definidos no meio estético. Desse
modo, para compreender a diferença entre os procedimentos, é necessário entender os conceitos.
REFERÊNCIAS
BIO EXTRATUS. Reposição de queratina no cabelo: naturalmente bonita. 2014. Disponível em:
<https://naturalmentebonita.bioextratus.com.br/3572/>. Acesso em 22 out. 2017.
DOORMAN, J. Como fazer cauterização em casa passo a passo. 2014. Disponível em:
<https://cabelosderainha.com.br/como-fazer-cauterizacao-em-casa-passo-passo/>. Acesso em: 27
ago. 2017.
FRANCISCO, J. L.; FRANÇA, K. C.; JASINSKI, M. Dossiê técnico: queratina. Rio de Janeiro.
REDETEC, 2007. Disponível em: <http://www.sbrt.ibict.br/dossie-tecnico/downloadsDT/Mjky>.
Acesso em 30 ago. 2017.
GREENME. Queratina: 10 coisas que você precisa saber. 2017. Disponível em:
<https://www.greenme.com.br/consumir/cosmeticos/5585-queratina-10-coisas-que-voce-precisa-
saber>. Acesso em 30 out. 2017.