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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ

PUBLICADO EM SESSÃO Acórdão n» 48.502


RECURSO ELEITORAL NA REPRESENTAÇÃO N° 1555-14.2014.6.16.0000
Procedência : Curitiba - PR
Recorrente/representado : Marco Antônio Felipak
Advogado : Jorge Abrão Faiad Neto
Recorridos/re"prescntantes : Roberto Requião de Mello e Silva
: Maurício Requião de Mello e Silva
Advogado : Fernando Gustavo Knoerr
Relator : Lourival Pedro Chemim

EMENTA - RECURSO ELEITORAL - ELEIÇÕES 2014 -


REPRESENTAÇÃO - PEDIDO DE DIREITO DE
RESPOSTA..- INTERNET - BLOG - EXPOSIÇÃO DA
VIDA PRIVADA DE TERCEIRA PESSOA - BOLETIM
DE OCORRÊNCIA - LESÃO CORPORAL. FATO
ACONTECIDO HÁ MAIS DE VINTE ANOS. DIREITO
AO ESQUECIMENTO. OCORRÊNCIA DE GRAVES
OFENSAS À HONRA DOS RECORRIDOS. RECURSO
NÃO PROVIDO.

Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Juizes do

Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, por unanimidade de votos, em conhecer do

recurso e, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do voto do Relator.

Curitiba, 26 de Agosto de 2014.

IM- RELATOR
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ

Kltil-ttíil n'

RELATÓRIO

Cuida-se de recurso eleitoral, em representação, interposto por

MARCO ANTÔNIO FELIPAK ROBERTO, visando modificar sentença que deferiu

pedido de direito de resposta postulado por ROBERTO REQUIAO DÊ MELLO E


SILVA e MAURÍCIO REQUIAO DE MELLO E SILVA, diante de ofensas à honra

deles.

O recorrente sustentou, preliminarmente: \

a) o descumprimento do despacho-de fl. 19, que determinou que a

. inicial fosse emendada pelos representantes e a inépcia da inicial, em razão da

ausência de conclusão lógica diante dos fatos narrados, pela ausência de pedido e.

pela ilegitimidade do representado para figurar no pólo passivo da representação.

Requereu a extinção do processo, sem resolução do mérito, nos termos do artigo 267,

inciso I, e artigo 295, inciso II, ambos do Código de Processo Civil.

No mérito, aduziu que:

a) em momento algum, o Boletim de Ocorrência Policial foi

declarado falso pela Justiça Eleitoral, de forma que a matéria publicada não é falsa

ou inverídica, não sendo cabível o direito de resposta pleiteado. Afirmou que não há,
em momento algum, a divulgação de calúnias e falsas informações na notícia, haja

vista este ser um fato notório no cenário político paranaense e amplamente noticiado
à época dos_ fatos. Sustentou que Roberto Requião é conhecido por suas

manifestações grosseiras, de forma que à notícia veiculada no blog não é apta a


macular a honra do candidato. Por fim requereu a improcedência da representação.

Os recorridos Roberto Requião de Mello e Silva e Maurício

Requiào de Mello e Silva apresentaram contrarrazões recursais e requereram a

manutenção da decisão pelos seus próprias fundamentos.


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tcií,üíii fi1' i^55-Ul.^f.2OI 1.6.16.0000

VOTO

O recurso é tempestivo e presentes todos os demais requisitos de


admissibilidade, pelo que deve ser recebido.

Trago à colação a parte da decisão e seus fundamentos e a parte


conclusiva da sentença.

II - Da decisão e séiis

a) Da Preliminar de inépcia da petição inicial - ausência de conclusão tfgica dos


fatos narrados e inexistência de pedido específit
tico

A defesa pleiteou, preliminarmente, a extinção do processo sem


resolução do mérito, alegando que a micial é inepta, devendo o processo, nos termos
do Artigo 295, inciso II, ser extinto sem o julgamento do mérito, eis que da narração
dos fatos não decorre logicamente a. conclusão, o que seria o caso da inicial Disse
ainda, exisür ausência de nexo de causalidade entre a pretensão do representante e o
fundamento jurídico por ele utilizado. Assim, pleiteou a extinção do feito, nos termos
do Artigo 267, inciso I, do Código de Processo Civil.

. Alegou que há inexistência do pedido, porque os representantes não


o fizeram de maneira clara, não sendo possível assim compreender qual a sua
pre.cnsão. Assim, pleiteou a extmção do feito com supedâneo no Artigo 295,
parágrafo único, inciso II, do Código de Processo Civil.

A petição inicial narrou os latos e fez pedido. Mesmo "truncada"


ela pode ser aproveitada. É possível se depreender que o pedido do representante é o
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Uciioml ii11 ixiSH yOÒU.6 I6.00ÜO '

direito de resposta, em face de notícia veiculada no blog do representado, veiculada


em 25 de julho de 2014, cujo texto consta às fls. 11-14.

A "truncada" exposição do nexo de causalidade entre a pretensão


do representante e o fundamento jurídico por ele utilizado, não inviabilizaram o
exercício do contraditório e da ampla defesa, tanto é que o representado manifestou-
se acerca das questões de mérito da demanda. Ou seja, houve a compreensão do
pedido fonnulado e da causa de pedir e do nexo de causalidade que os vmcula.

Assim, pela inexistência de prejuízo e pelo princípio " da


mstmmentaudade das formas, há de se aproveitar a petição, a fim de prestar a tutela
jurisdicional requerida. Houve preenchimento dos requisitos elencados nos arts 282
e283doCPC.

E o que preconiza a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,


quanto ao tema, como se vê:

%..)A moderna interpretação das regras do processo civil deve


tender na med.da do possível, para o aproveitamento dos atos
praticados e para a solução justa do mérito das controvérsias Os
óbices processual não podem ser invocados livremente mas
apenas nas hipóteses em que seu acolhimento se faz necessário para
a proteção de direitos fundamentais da parte, como o devido
processo legal, a paridade de armas ou a ampla defesa. Não se pode
transformar o processo civil em terreno incerto, repleto de óbices e
armadilhas" (REsp 746.524/SC, DJ de 16.03.2009) 6 Recursos
especiais conhecidos e providos."' ' ULbO*

Pois bem. Assim é quando se trata de feitos processuais civis que


possuem uma possibilidade de dilação muito maior. Então, mais ainda deve se
observar o princípio do aproveitamento dos atos praticados para a solução justa do
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! k:iiur;il n ' I 55S f 4 SH.ZU ) i.(i: I 6.00(1(1

mérito das controvérsias neste microssistema eleitoral de propaganda, que trata de


matérias extremamente caras à coletividade e à ordem públic
lica.

. A petição está apta a ser processada.

Nestas circunstâncias, afasto a preliminar de inépcia da inicial.

b) Da preliminar de ilegitimidade do representado

■-;/■ O recorrente disse ainda que é parte ilegítima para figurar no


processo, haja vista a inexistência de prova de autoria de sua conduta. Disse qué não
responsável pela veiculação das notícias em questão, que só foi republicada no seu
«tio. Ass.m, entende que se aplicaria, no caso, o artigo 295, H do Código de
Processo Civil.

Pelas provas produzidas, tem-se que demonstrada a


veiculaçao da notícia na data de em 25/07/2014, na sua página na mternet
denominada "Z)e olho por Filipak», o Representado veiculou informações na página
na mternet identificada como http://marcofelipakvordpress.com/20I4/07/25/
^'Vdlini-rebate-füho-de-reciuiao-e-rno^^^
tornando-se parte legítima para compor a lide. ' -

Rejeito a preliminar arguida.

c) Da análise do mérito

Os representantes/recorridos afirmaram que o


representado/reeon-ente teria publicado infonnações pejorativo-eleitoreiras, ou seja
ao compartilhar uma mensagem que José Do^ngos Scarpellini, um inimigo público
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Rwursó l.ichorai n'1 1555-1-1 "-1.201 UVT6.0ÍKÍÜ

deles, teria enviado a um conhecido blog. Tal mensagem, acompanhada de

documento falso, teria, conteúdo calunioso.

Eis o teor da notícia:

"Senhor #EsmaelMoares, apenas para responder o que foi


noticiado eml seu blog como declarações do jovem Maurício
Bob Requião, tenho a esclarecer que nenhuma das denúncias
contra minha pessoa formulada tiveram sucesso, como teve
sucesso o caso Ferreirinha, em que na época o Governador
eleito quis me usar de laranja para se proteger diante de
tamanha farsa. .
Bem como, no caso Baiano da foice, que foi usado também
como laranja de Roberto Requião para derrotar o Martinez na
campanha de 1990 .
Fiquei muito próximo da família Requião, tanto assim, que
guardo "uma queixa-crime que a senhora Maristela Requião
registrou na delegacia da mulher contra o Sr. Roberto
Requião no dia 2305/1994 e cujo procedimento policial
terminou indo parar no IML naquela data, pois a senhora
Maristela foi por demais agredida com socos e lesões foram
constatadas no IML.
Para o senhor pequeno advogado Bob Requião Filho, não
mais brincar com a honra e a moral alheia, pois durante 20
anos essa certidão não saiu da gaveta da minha casa, porém
dada as provocações do pequeno polegar não resta outra
alternativa a não ser mostrar o que realmente aconteceu.
E por falar nisso, temos também os dólares do armário do seu
lio Eduardo, dólares esses sem origem, roubados do Porto de
Paranaguá e depois tomados pela empregada.
Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão.
Vamos em frente garoto, esta é a hora da verdade e o jogo vai
ser jogando e você talvez não me conheça tanto quanto seu
pai, mas você vai aprender que eu vou até o fim e seu pai
sabe bem.
José Domingos Scarpellini - RG 701.342-6 PR CPF

202.528.039-49"

Junto a esta nota, teria sido divulgado um boletim de

ocorrência policial falso, onde se descreve que a Senhora Maristela Requião teria
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Recurso nieiioeüMi1 i.■>:>?-14.94.201-1.(S.Ui.OOííÕ " ■ -

registrado, na Delegacia de Polícia da Mulher, uma ocorrência contra Roberto


Rçquião, no dia 23/05/1994.

O Representante quer a aplicação do Art. 58, da Lei n° 9504/97, cujo


descreve que:

"Art. 58. A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o


direito de resposta a candidato,.partido ou.coligação atingidos, ainda que
de~forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa,
difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer
veículo de comunicação social.
/ -

§ 1° O ofendido, ou seu representante legal, poderá pedir o exercício do


direito de resposta à Justiça Eleitoral nos seguintes prazos, contados a
partir da veiculação da ofensa:

Extrai-se que o procedimento, previsto no artigo 58, da Lei


9.504/97, prevê o direito de resposta, quando o candidato for atingido, ainda que de
forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa

ou sabidamente inverídica, difundida por qualquer veículo de comunicação.

Sei que há princípio constitucional de liberdade de expressão e que


protege o recorrente Marcos Antônio Filipak. Mas, também sei que -há vários

princípios constitucionais do direito eleitoral que protegem a Democracia e o direito


de personalidade, da imagem, honra.

Por finai, a determinação, da retirada das veiculações, que


consideraram "ofensivas aos representantes Roberto Requião de Melío e Silva e
Maurício Requião de Mello e Silva, deve permanecer. Não assiste razão ao

recorrente. Aliás, já foram retiradas.

As transcrições disponibilizadas contêm ataques difamatórios


contra as pessoas dos representantes com o emprego de expressões ofensivas à honra
dos representantes.
TRDPR

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Liioríil ir I.^-l-l» 2ÍH l.ft i 6.UÍI00

O caráter ofensivo da divulgação é inegável, com referências a

prática de conduta ilegal pelo representado, o que é vedado, iiõs termos nos termos

do artigo 243, IX, do Código Eleitoral (Lei n° 4.737/65). Houve ofensa à honra do

ofendido.

Observo que não há certeza se a notícia inserida na cópia do

boletim de ocorrência policial é falsa ou verdadeira. Isso não foi apurado, devido à.

celeridade que o caso requer.

Os Representantes trouxeram a copia e o representado/recoriente

não demonstrou que o inserido no BO é verdadeiro. Mas, isso não interessa. O que

interessa é que houve ofensas à honra de Roberto Requião è publicação de um


suposto BO (não se sabe se documento verdadeiro ou falso), dando notícia que o

candidato teria agredido sua esposa em 1994..

A matéria trazida em nada engrandece o debate eleitoral. Os

eleitores não querem saber disso. Eles estão cansados disso. Querem novidades,

propostas, projetos, políticos sérios e comprometidos com Democracia e o bem

comum.

Qualquer crime, lógico, desde que não seja considerado

imprescrítivel, previsto nas Leis Penais do Brasil, é alcançado pela prescrição da


pretensão punitiva, no-máximo em 20 anos (prescrição da pretensão punitiva). Não é
crível que., o Poder Judiciário deixe alguém utilizar uma cópia de um eventual
Boletim de Ocorrência, noticiando a prática de crime de lesão corporal, envolvendo

um cidadão candidato e sua esposa.

A proteção da honra está prevista na Constitucional da República

do Brasil.
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teüoml nn I55Í-H <M.2l)14.fi.W..O0OO

Diante do exposto, voto pelo conhecimento e não provimento do

recurso interposto por Marcos Antônio Felipak, mantendo integralmente a decisão

recorrida.

Curitiba, 26 de Agosto de

IW- RELATOR
Tribunal Regional Eleitoral do Paraná

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

Recurso na Representação N° 1555-14.2014.6.16.0000 Prot. 45.228/2014

ORIGEM: CURITIBA-PR

PAUTA: 77/2014 JULGADO EM: 26/08/2014 (SESSÃO N° 77/2014)

RELATOR(A): DR. LOURIVAL PEDRO CHEMIM

PRESIDENTE DA SESSÃO: DES. EDSON VIDAL PINTO

PROCURADOR-GERAL" ELEITORA!.: DR(A). ALESSANDRO JOSÉ FERNANDES DE


OLIVEIRA

SECRETÁRIO: DR(A)7MARLENE FLORES CARVALHO

DECISÃO

À unanimidade de votos, a Corte conheceu do recurso e, no mérito, negou-lhe,


provimento, nos termos do voto do Relator.

Presidência do Excelentíssimo Senhor Desembargador Edson Luiz Vida! Pinto.


Participaram do julgamento os Eminentes Julgadores: Desembargador Jucimar
Novochadlo e os Juizes Josafá Antônio Lemes, Kennedy Josué Greca.de Mattos, Vera
Lúcia Feil Ponciano, Roberto Brzezinski Neto - substituto em exercício, e o Juiz Auxiliar
Lourival Pedro Chemim. Presente o Procurador Regional Eleitoral: Doutor Alessandra
José Fernandes de Oliveira.

Por ser verdade, firmo a presente.


Curitiba, 26 de agosto de 2014.

CLAUDIA ELENICE ZAMODZKI TODA


CHEFE DA SEÇÃO DE ATAS

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