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AULA Nº 1

CONCEITOS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS

Razões da existência do Direito:


a) Formação de grupos sociais (família, escola,
associação desportiva, recreativa, cultural,
religiosa, profissional, sociedade agrícola,
mercantil, partido político, etc...)
b) Relações entre os indivíduos de coordenação,
subordinação, integração, delimitação, através
de norma de conduta social.

DIREITO POSITIVO: É o conjunto de normas


estabelecidas pelo poder político que se impõem e regulam
a vida social de um dado povo em determinada época.

DIREITO OBJETIVO: É o complexo de normas jurídicas que


regem o comportamento humano, prescrevendo uma sanção no
caso de sua violação.

DIREITO SUBJETIVO: É a permissão, dada por meio de norma


jurídica válida, para fazer ou não fazer alguma coisa, para ter ou
não ter algo (D. S. Comum da Existência), ou, ainda a autorização
para exigir, por meio dos órgãos competentes do poder público ou
por meio de processos legais, em caso de prejuízo causado por
violação de norma, o cumprimento da norma infringida ou a
reparação do mal sofrido (D. S. de defender direitos).

DISTINÇÃO ENTRE DIREITO PÚBLICO E DIREITO


PRIVADO: Direito Público é aquele que regula relações em que o
Estado é parte, regendo a organização e a atividade do Estado
considerado em si mesmo, em relação com outro Estado e em suas
relações com particulares, quando procede em razão de seu poder
soberano e atua na defesa do bem coletivo.
Direito Privado é o que disciplina relações entre particulares, nas
quais predomina, de modo imediato, o interesse de ordem
privada.

RAMOS DO DIREITO PÚBLICO INTERNO

DIREITO CONSTITUCIONAL: Visa regulamentar a estrutura


básica do Estado, disciplinando a sua organização ao tratar da
divisão de poderes, das funções e limites de seus órgãos e das
relações entre governantes e governados, ao limitar suas ações.

DIREITO ADMINISTRATIVO: Disciplina o exercício de atos


administrativos praticados por quaisquer dos poderes estatais,
com o objetivo de atingir fins sociais e políticos ao regulamentar a
ação governamental,a execução de serviços públicos, a ação do
Estado no campo econômico, a administração dos bens públicos e
o poder de polícia.

DIREITO TRIBUTÁRIO: Consiste no conjunto de normas que


correspondam, direta ou indiretamente, à instituição,
arrecadação, a fiscalização de tributos.

DIREITO PROCESSUAL: Rege a atividade do Poder Judiciário e


dos atos que a ele requerem ou perante ele litigam,
correspondendo, portanto, à função estatal de distribuir justiça.

DIREITO PENAL: Constitui um complexo de normas que


definem crimes e contravenções, estabelecendo penas, com as
quais o Estado mantém a integridade da ordem jurídica, mediante
sua função preventiva e repressiva.

RAMOS DO DIREITO PÚBLICO EXTERNO

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: Consiste no conjunto


de normas consuetudinárias e convencionais que regem as
relações, diretas ou indiretas entre Estados e organismos
internacionais.
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: Regulamenta as
relações do Estado com cidadãos pertencentes a outros Estados e
entre cidadãos de diferentes Estados, dando soluções para os
conflitos de leis no espaço.

RAMOS DO DIREITO PRIVADO

DIREITO CIVIL: Rege as relações familiares, patrimoniais e


obrigacionais que se formam entre indivíduos encarados como
tais, ou seja, enquanto membros da sociedade.

DIREITO COMERCIAL: Disciplina a atividade negocial do


comerciante e de qualquer pessoa física ou jurídica, destinada a
fins de natureza econômica, desde que habitual e dirigida à
produção de resultados patrimoniais.

DIREITO DO TRABALHO: Regulamenta as relações entre


empregado e empregador, abrangendo normas, princípios e
instituições relativas à organização do trabalho e da produção e à
condição social do trabalhador assalariado.

EXERCÍCIOS

1) Um contrato social que constitui uma sociedade comercial é


norma de direito? Qual a razão da sua existência?
2) Uma convenção de um condomínio de edifício deve ser
considerada norma de Direito Positivo ou de Direito objetivo?
Por quê?
3) Uma lei tributária pode ser considerada como pertencente a
qual (is) ramo(s) do Direito? Por que?
4) Quando uma pessoa apresenta uma queixa contra outra pessoa
numa delegacia de polícia, ela está utilizando uma forma de
direito. Qual delas?
5) Em qual ramo(s) do direito podemos enquadrar os seguintes
fatos sociais?
a) Publicação de edital de um concurso público
b) Contrato de exportação entre uma empresa do Brasil e
outra na França.
c) Condenação do réu em um processo em que o autor
requer pensão alimentícia.
d) Cumprimento de formalidades para o casamento
e) Assinatura do Tratado do Mercosul.

AULA N° 2

FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO


INTERNACIONAL

O Direito Constitucional serve de alicerce a todos os outros ramos do


direito. Não seria diferente com o DI. Estudar a interdisciplinariedade
entre um e outro implica estudar, interpretar e aplicar os dispositivos
constitucionais que fundamentam as relações jurídicas interterritoriais.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DAS RELAÇÕES


INTERNACIONAIS DO BRASIL

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações


internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;


III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a


integração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS RELACIONADAS AO DI

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art.


84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;
e) cruéis;

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em


caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
afins, na forma da lei;

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político


ou de opinião;

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não


excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos


humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Decreto Legislativo
com força de Emenda Constitucional)

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal


Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

A NACIONALIDADE

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais


estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,


desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do
Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira,


desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou
venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade
brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007)

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira,


exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na


República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
de 1994)

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se


houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão
nº 3, de 1994)

§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos


e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.


VII - de Ministro de Estado da Defesa(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 23, de 1999)

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em


virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária.

II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: (Redação dada


pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei


estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
1994)

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao


brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

COMPETÊNCIA DA UNIÃO

Art. 21. Compete à União:

I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de


organizações internacionais;

II - declarar a guerra e celebrar a paz;

III - assegurar a defesa nacional;

IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças


estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;

V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção


federal;

VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material


bélico;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

VIII - comércio exterior e interestadual;

X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,


marítima, aérea e aeroespacial;

XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;

XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de


estrangeiros;

XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima,


defesa civil e mobilização nacional;

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a


legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste
artigo.

QUORUM PARA DECRETO LEGISLATIVO DE APROVAÇÃO DE UM


TRATADO INTERNACIONAL

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as


deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por
maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

COMPETÊNCIA DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos
internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
patrimônio nacional;

II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar


a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos
previstos em lei complementar;

III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se


ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;

COMPETÊNCIA DO SENADO FEDERAL

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de


interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
dos Municípios;

TRATADOS INTERNACIONAIS

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus


representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a


referendo do Congresso Nacional;

COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF)

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a


guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a


União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em


única ou última instância, quando a decisão recorrida:

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ)

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de


exequatur às cartas rogatórias;(Incluída pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou


última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais
dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

COMPETÊNCIA DOS JUÍZES FEDERAIS

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com


Estado estrangeiro ou organismo internacional;

ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA


Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de
propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e
estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso
Nacional.

RESTRIÇÕES NA ÁREA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão


sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou
naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital


total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão
sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente,
a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que
exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o
conteúdo da programação. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 36, de 2002)

§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e


direção da programação veiculada são privativas de brasileiros natos
ou naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de
comunicação social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
36, de 2002)

§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica,


independentemente da tecnologia utilizada para a prestação do
serviço, deverão observar os princípios enunciados no art. 221, na
forma de lei específica, que também garantirá a prioridade de
profissionais brasileiros na execução de produções nacionais.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas


empresas de que trata o § 1º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
36, de 2002)

§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata


o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 36, de 2002)

FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DO COMÉRCIO EXTERIOR

Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior,


essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, serão
exercidos pelo Ministério da Fazenda.

EXERCÍCIOS
1) Um casal brasileiro está trabalhando numa empresa na Itália onde
seu primeiro filho nasce. Neste caso, a criança poderá ter a
nacionalidade brasileira? Justifique, de acordo com a legislação
vigente.
2) O concurso para cargos públicos é privativo de brasileiros natos.
Comente esta afirmação.
3) Um jogador de futebol está jogando no Japão. Na hipótese de ele
adquirir nacionalidade japonesa, ele perde a brasileira?
Fundamente na legislação vigente.
4) Qual o papel do Presidente da República e do Congresso Nacional
em relação aos tratados internacionais? Fundamente na legislação
vigente.
5) Uma filial de uma empresa estrangeira estabelecida no Brasil
deseja comprar uma rede de televisão neste país. O negócio pode
ser feito, conforme a legislação nacional? Fundamente sua resposta.
6) O Estado do Ceará pode contrair um empréstimo externo (com
instituição financeira sediada em outro país) sem interferência do
governo federal ou do poder legislativo? Fundamente sua resposta.

AULA N° 3

NOÇÕES DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

CONCEITO:
“Sistema de princípios e normas que regulam as relações de coexistência e
de cooperação, freqüentemente institucionalizadas, além de certas
relações comunitárias entre Estados dotados de diferentes graus de
desenvolvimento socioeconômico e de poder”. (Díez de Velasco).
“É o conjunto de regras que determinam os direitos e deveres respectivos
dos Estados nas suas relações mútuas” (Fauchille)
“É o conjunto de regras e de instituições que regem a sociedade
internacional e que visam estabelecer a paz e a justiça e a promover o
desenvolvimento”. (Jean Touscoz).

NORMA DE “JUS COGENS”: Normas internacionais com maior grau de


autoridade. São norma imperativas, constituindo-se naquelas aceitas pela
comunidade internacional dos Estados em sua totalidade, a qual não
admite derrogação e que só pode ser modificada por uma nova norma de
direito internacional com o mesmo caráter. Ex: a proibição do uso da
força, a norma “pacta sunt servanda” (os pactos devem ser cumpridos),
igualdade jurídica dos Estados, os direitos fundamentais do homem.

DENOMINAÇÕES DO DIREITO INTERNACIONAL


O acréscimo do termo “internacional”somente foi feito no final do século
XIX.
EUA e Inglaterra: International Law para o D. I. Público e Conflits of
Law para o D. I. privado.
Alemanha: “Volkerrecht” (direito das gentes) para o DI público e “Privat
Internationales Recht”, para o D. I. privado.
Países de língua latina: Droit International public, Diritto Internazionale
Publico, Derecho Internacional Público e Direito Internacional Público.

OBJETO DO DI: É o estabelecimento de segurança entre as nações, sobre


princípios de justiça para que dentro delas cada homem possa ter paz,
trabalho, liberdade de pensamento e de crença.

PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO INTERNACIONAL: Até


o século XIX somente era atribuída aos Estados, sendo posteriormente
também atribuída às organizações e ao homem.

ORIGEM DA TERMINOLOGIA DIREITO INTERNACIONAL: A


expressão direito internacional (International Law) remonta a Jeremias
Benthan que a introduziu em 1.780.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO
INTERNACIONAL

EVOLUÇÃO ATÉ O TRATADO DE VESTFÁLIA (1648): O isolamento e


a hostilidade dos povos antigos era pouco propício à formação do jus inter
gentes, estabelecendo normas de relacionamento.

GRÉCIA ANTIGA: primeiras manifestações sobre o direito internacional


ou direito das gentes, para solução de litígios:
a) arbitragem, para solução de litígios
b) princípio da necessidade de declaração de guerra
c) inviolabilidade de arautos (oficial que fazia proclamações solenes,
mensageiro)
d) direito de asilo
e) neutralização de certos lugares
f) troca de prisioneiros de guerra

O CRISTIANISMO: como produtor de doutrinas de igualdade e


fraternidade, combateu a lei da força, na antiguidade. Nasceram assim
certos princípios e instituições jurídicas.

O DESENVOLVIMENTO DO COMÉRCIO MARÍTIMO: Concorreu


para o aprimoramento de regras comerciais internacionais. Ex:
Coleções de leis ou costumes marítimos:
a) Consolato Del Maré, elaborado em Barcelona no séc. XIV
b) A formação de ligas de cidades comerciais, dentre ela a chamada
Liga hanseática

O TRATADO DE VESTFÁLIA (24/10/1648): Pôs fim à guerra dos 30


anos, entre França e Inglaterra teve grande influência no Direito
Internacional. O Tratado acolheu ensinamentos de Hugo Grotius,
condenando as guerras de religião, dando nascimento ao Direito
Internacional. Surge neste momento uma sociedade internacional em
que os Estados aceitam regras e instituições que limitam suas ações,
em proveito do interesse comum.
Principais decisões:
1) Criação de novos Estados: Suíça
2) Independência dos países baixos da Holanda
3) A Alsácia foi incorporada à França
O SURGIMENTO DO DI COMO CIÊNCIA AUTÔNOMA: A partir
das obras de Hugo Grotius. Publicou um tratado sobre a guerra dos 30
anos, em 1625 e provocou forte interesse nos círculos cultos da Europa.

O TRATADO DE VESTFÁLIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS: Nasce o


princípio da igualdade jurídica entre os Estados, o equilíbrio europeu e
os primeiros ensaios de uma regulamentação internacional positiva.

O CONGRESSO DE VIENA (1815): Estabeleceu:


a) Nova ordem política na Europa (formação de novos Estados)
b) Proibição de tráfico de negros
c) Liberdade de navegação nos grandes rios europeus
d) Classificação para agentes diplomáticos
e) A suíça foi reconhecida permanentemente neutra

O DI NO SÉCULO XX: Até então o DI preocupava-se exclusivamente


com o binômio Terra e Mar. A partir de então começa a fase do espaço
aéreo, provocado pelas experiências de Santos Dumont.

A CRIAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (1945) E DA


COMISSÃO DO DIREITO INTERNACIONAL DAS NAÇÕES UNIDAS
(1947): Fase de impulso do DI. Convenções que resultaram da CDI:
a) Relações diplomáticas (1961)
b) Relações Consulares(1963)
c) Direito dos Tratados (1969)
d) Representação dos Estados em suas relações com Organizações
Internacionais de caráter universal (1975)
e) Sucessão de Estados em matéria de tratados (1978)
f) Sucessão de Estados em matéria de arquivos e dívidas estatais
g) Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais
ou entre Organizações Internacionais (1985)
h) Convenção sobre o Direito do Mar (1982)

PERÍODO APÓS A 2ª GUERRA MUNDIAL E DURANTE A


GUERRA FRIA: O DI sai da fase tridimensional e passa a tratar
também de:
a) espaço ultraterrestre
b) fundos marinhos
c) subsolo dos leitos marinhos
d) proteção do meio ambiente

EXERCÍCIOS

1) Por quê na antiguidade as sociedades eram pouco propícias a


estabelecer normas sobre direito internacional?
2) Qual o grande fato histórico que se pode considerar como o
de origem do direito internacional?
3) Qual a principal inovação na abordagem do DIP no século
XX?
4) Qual organismo internacional representou grande
desenvolvimento para o DIP, no século XX?
5) Quais matérias inovadoras entraram no campo de estudo do
DIP a partir da 2ª metade do século XX?
6) O que é a norma de “jus cogens” e qual a relação com a
norma “pacta sunt servanda”?

AULA Nº 4

-FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO:


1) São os modos através dos quais o DIP se manifesta, isto é, as formas
através das quais surgem as normas jurídicas internacionais.
2) São os documentos ou pronunciamentos que geram direito e deveres
das pessoas internacionais, configurando os modos de formais de
constatação do direito internacional.
FONTES MATERIAIS: Fatos históricos, sociais e econômicos
FONTES FORMAIS: Normas de direito positivo

OS TRATADOS INTERNACIONAIS
São as fontes mais importantes do DI porque tratam das
matérias mais importantes.
CONCEITO: É um acordo internacional concluído entre
Estados em forma escrita e regulado pelo DI, consubstanciado em um
único instrumento ou em dois ou mais instrumentos conexos qualquer que
seja a sua designação específica.
É o ato jurídico por meio do qual se manifesta o acordo de vontades entre
duas ou mais pessoas internacionais. É o acordo regido pelo DI.

A CONVENÇÃO DE VIENA DE 1969 ( em vigor desde 1980) E


A DE 1986: as regras costumeiras sobre tratados foram codificadas.
O direito de firmar tratados deixou de ser atributo dos Estados e pode ser
exercido pelas demais pessoas internacionais.

DENOMINAÇÕES DADAS AOS TRATADOS, CONFORME


O CONTEÚDO, O OBJETO OU A FINALIDADE:

Tratados: é usado habitualmente nos acordos bilaterais entre Estados que


versem sobre matérias de grande importância (paz, neutralidade, limites
territoriais, extradição);
Convenção: é o tratado que cria normas gerais;
Declaração: estabelece certas regras ou princípios de Direito
Internacional reconhecidos pelas partes contratantes. Criam princípios
jurídicos ou afirmam uma atitude política comum;
Protocolo: pode ser de dois tipos:
1) sem forma de tratado registrando os resultados de uma conferência
diplomática;
2) cria normas jurídicas denominado “protocolo-acordo”, utilizado
como suplemento de um acordo já existente.
Ato: estabelece regras de direito;
Pacto: é um tratado solene;
Estatuto: é empregado para um tratado coletivo, estabelecendo normas
para tribunais internacionais;
Acordo: designação utilizada para os tratados que versem sobre matéria
econômica, financeira, comercial e cultural;
“Modus Vivendi”: acordo temporário ou provisório;
Concordata: versa sobre assuntos religiosos, da competência comum da
igreja e do Estado;
Compromisso: versa sobre assunto a ser submetido a arbitragem;
Troca de Notas: são acordos sobre matéria administrativa e podem ter
caráter temporário ou provisório;
Carta: documento de forma solene pelo qual se estabelece direitos e
deveres, inclusive para instituir organizações internacionais;
Convênio: tratados sobre matéria cultural ou de transporte.

FASES DA CONSTRUÇÃO DE UM TRATADO


1) Negociação: é a participação na elaboração do texto, apresentando
propostas e discutindo as já apresentadas, resultando na elaboração
do tratado; É da incumbência do Chefe de Estado, Chefe de G,
Ministro das Relações Exteriores e pode ser delegado à diplomacia
ou representantes de governo;
2) Consentimento: manifestado pela assinatura, troca de instrumentos
constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão
ou qualquer outro meio, se assim acordado;
3) Ratificação: é a aprovação do tratado pelos órgãos internos
constitucionalmente competentes para confirmar ou declarar os
efeitos do mesmo. Dá aos tratados a força obrigatória.
4) Promulgação: ato jurídico pelo qual se atesta a existência de um
tratado. No Brasil ocorre através de decreto do presidente da
república.
5) Publicação: é a feita no Diário Oficial, para dar conhecimento à
sociedade de que o Estado celebrou o tratado, passando a valer no
direito interno;
6) Registro: é feito na Secretaria Geral das Nações Unidas (ONU): é a
publicação no âmbito internacional.

CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS:


- Bilaterais: celebrado entre duas partes
- Multilaterais: celebrados por mais de duas partes
- Tratados-leis: objetivam estabelecer normas de DI
- Tratados-contratos: retratam interesses específicos e
recíprocos entre os Estados acordantes

CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS TRATADOS:

- Capacidade das partes: Os Estados e organizações


internacionais têm capacidade para firmar tratados. Os
beligerantes, a Santa Sé e outros entes internacionais também
podem concluir tratados
- Habilitação dos agentes signatários: O representante de cada
Estado para manifestar o consentimento deste, deve
apresentar comprovação de plenos poderes (são os
plenipotenciários)
- Consentimento mútuo: Como é um acordo de vontades, deve
haver o consentimento expresso de todas as partes envolvidas.
Nos tratados multilaterais, a adoção do texto deve ser
efetuada pela maioria de dois terços. Podem ocorrer vícios de
consentimento tais como: erro, dolo ou coação.
1) Dolo: manobra ou artifício dirigido a induzir uma parte nq
conclusão do tratado, provocando erro ou aproveitando de
erro existente;
2) Erro: São raros mas podem ocorrer como erros geográficos
nosm mapas, sobre delimitação territorial;
3) Coação: são atos ou ameaças contra o Estado contratante ou
seu representante
- Objeto lícito e possível: O tratado somente versa sobre objeto
materialmente possível, permitido pelo direito e pela a moral
e que não seja contra uma norma de jus cogens.

EFEITOS DO TRATADO SOBRE TERCEIROS ESTADOS

- Em princípio, só produzem efeito entre as partes contratantes


e são de cumprimento obrigatório.
- Repercussões sobre terceiros: Se for nociva, o prejudicado
pode protestar e pedir reparações. Os tratados, entretanto,
podem favorecer terceiros não participantes dele.
- Ratificação, adesão e aceitação do tratado: Art. 11 da
Convenção de Viena: O consentimento do Estado no tratado
deve ser feito através de assinatura, troca de instrumentos
constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou
adesão, ou qualquer outro meio, se assim acordado.
- Ratificação: ato administrativo mediante o qual o chefe de
Estado confirma o tratado em seu nome ou em nome do
Estado. Geralmente só ocorre após aprovação pelo
parlamento.
- Adesão ou aceitação: deve ser efetivada pelos Estados que
desejarem ser parte posteriormente à sua entrada em vigor
- Registro e Publicação dos Tratados: Conforme art. 102 da
Carta das Nações Unidas, o tratado deverá obrigatoriamente,
para ser válido, ser registrado no Secretariado e por este
publicado.

OBS: conforme o art. 2°, b, da Convenção de Viena,


‘ratificação’, ‘aceitação’, ‘aprovação’ e ‘adesão’ significam,
conforme o caso, o ato internacional pelo qual um Estado fixa,
no plano internacional o seu consentimento em obrigar-se por
um tratado.

A INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS. REGRA GERAL: Os


tratados devem ser interpretados de boa-fé. Deve-se levar em
consideração não somente o texto, mas o preâmbulo e os anexos.
Os trabalhos preparatórios (travaux préparatoires) do tratado
também podem ser utilizados como fonte de interpretação.

OBS: Se redigido em duas línguas e houver discrepâncias entre


os textos, cada parte somente é obrigada pelo texto de sua língua,
salvo disposição em contrário

APLICAÇÃO DE TRATADOS SUCESSIVOS SOBRE A


MESMA MATÉRIA
- Tese da lex prior: quando tratam do mesmo assunto de forma
diferente, prevalece o que primeiro entrou em vigor
- Tese da lex posterior: prevalece o que entrou em vigor
posteriormente
- Tese da lex sepeciales: prevalece o que tratou da matéria de
forma mais específica, especial ou detalhada.

NULIDADE E EXTINÇÃO DA APLICAÇÃO DOS


TRATADOS

NULIDADE: Ocorre em virtude de erro, dolo, corrupção do


representante do Estado, coerção sobre o representante, coerção
decorrente de ameaça ou emprego de força, além de tratado
firmado sem observar normas de DI.
EXTINÇÃO:
1) Execução integral do tratado
2) Expiração do prazo convencionado
3) Verificação de condição resolutória (aquela que quando
deixa de existir, extingue a obrigação ou o direito)
4) Acordo mútuo entre as partes
5) Renúncia unilateral, ao Estado que se beneficia
exclusivamente
6) Denúncia, admitida pela tratado
7) Inexecução do tratado
8) Guerra entre as partes
9) Prescrição liberatória

EXERCÍCIOS

1) Quais as principais fontes escritas do DI?


2) Como podemos classificar o Tratado do Mercosul?
3) Um tratado sobre o clone humano seria possível
atualmente? Por quê?
4) Quais os mecanismos para que um país possa fazer parte de
um tratado em vigor?
5) Um determinado tratado firmado entre Brasil e Alemanha
tratou sobre energia nuclear, de forma genérica, com prazo
de validade de 5 anos. Um outro tratado, firmado um ano
após, tratou da mesma matéria e ainda sobre a instalação
de usinas e elasteceu o prazo para 10 anos. Qual deles é
válido após a entrada em vigor do segundo tratado? Por
quê?
6) É possível um país desistir de um tratado após a entrada
em vigor? Justifique.

AULA Nº 5

FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO


(cont.)

1) O COSTUME: Até a 2ª guerra mundial havia a supremacia do


costume como fonte do DI, tendo perdido força com a evolução
tecnológica, que passou a exigir soluções rápidas
(diferentemente dos costumes, que têm formação lenta) e o
aumento do número de atores internacionais desejosos de atuar
no ordenamento internacional através de tratados negociados
em organismos internacionais.
“ norma derivada de longa prática uniforme ou de geral e
constante repetição de dado comportamento sob a convicção de
que corresponde a uma necessidade jurídica” (Washington de
Barros Monteiro)

CRACATERÍSTICAS DO COSTUME:
a)Era fruto de usos tradicionais durante longo tempo
b)É o resultado de atos seguidos que constituem precedentes

ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O COSTUME


INTERNACIONAL
- Elemento Material: repetição prolongada e constante de atos
exteriores
-Elemento espiritual: crença de que a regra seguida pela prática
e repetição dos atos exteriores é obrigatória.

2)PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO:


-Princípio da Continuidade do Estado
-As limitações à independência do Estado não se presumem
-Princípio da Primazia do Direito Internacional sobre o Direito
Interno, nos casos de competência material concorrente
- Princípio do esgotamento das vias internas de recurso antes de
ingresso perante uma jurisdição internacional

- Princípios gerais de ordem interna: princípio do abuso do


direito, respeito aos direitos adquiridos, princípio da prescrição
(perda do direito pelo decurso do tempo), respeito à coisa
julgada (sobre a qual não caiba mais recursos), exceção de
litispendência (existência de duas ações idênticas e pendentes,
podendo uma delas ser excepcionada ou excluída)

3)DECISÕES JUDICIAIS
Dispõe o artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça
que, em suas decisões, poderá recorrer, como meio auxiliar, às
decisões judiciais e à doutrina dos autores mais qualificados.
Por decisões judiciais deve-se entender decisões da própria Corte,
dos tribunais nacionais, decisões de tribunais de determinadas
organizações internacionais. As mais importantes são as decisões
da própria Corte, que não são contestadas.

4)DECISÕES DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS E


ESTATUTO INTERNO DAS MESMAS: As mais importantes são
as decisões da Assembléia Geral da ONU, por ser o órgão mais
representativo a nível internacional.

5) A DOUTRINA: Opinião e escritos dos autores


internacionalistas mais consagrados. Cite-se também as resoluções
do Instituto de Direito Internacional e os trabalhos apresentados
pela Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas.

EXERCÍCIOS

1) Por quê atualmente o costume não mais constitui a mais


importante fonte do DI, como acontecia até a metade do século
XX?
2) Enumere e dê o conceito de pelos menos dois princípios
jurídicos de origem interna que podem constituir fonte do DIP.
3) No que concerne à jurisprudência, quais as decisões mais
importantes para o DIP?
4) Uma norma interna de um Estado entra em conflito com um
tratado internacional por ele firmado, tratando as duas normas
sobre o mesmo assunto. Qual fonte do direito internacional
poderia ser utilizada para resolver a questão?

AULA Nº 6

A CODIFICAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL


PÚBLICO

- Primeiras tentativas de codificação no século XIX


- 1902: Início do trabalho de codificação, através do trabalho
de José Higino, na Conferência Internacional
Interamericana, realizada no México.
- 1928: Foram assinadas a Convenção sobre Direito
Internacional Privado (Código de Bustamante) e diversas
convenções sobre Direito Internacional.
- 1930: Primeira Conferência de Codificação do Direito
Internacional, realizada em Haia, com os seguintes tópicos:
- 1) conflitos de nacionalidade;
- 2) águas territoriais
- 3) responsabilidade por danos a bens estrangeiros
Esta Convenção fracassou, por ter sido considerada
prematura.
- Criação da Comissão de Direito Internacional das Nações
Unidas
(CDI), com a missão de codificar o DI e promover seu
desenvolvimento. Foram assinadas diversas convenções
internacionais sob sua responsabilidade.
- A CDI teve inicialmente 11 membros, depois aumentada para
quinze, por reivindicação dos países afro-asiáticos.
Inicialmente integrada por juristas internacionais, passou a
ser integrada, por motivos políticos, por juízes ou
desconhecidos no campo do DI.

A CONVENÇÃO DE GENEBRA SOBRE O DIREITO DO


MAR (1958)

- Foi a primeira conferencia da ONU com finalidade de


codificação do DI, tendo a participação de 86 Estados, 7
instituições especializadas e 9 organizações
intergovernamentais, com o objetivo de examinar o direito do
mar.
- Principal questão tratada: largura do mar territorial, pesca e
conservação dos recursos biológicos do mar.

A CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE RELAÇÕES


DIPLOMÁTICAS
- Editada em 1961, é considerada a mais bem sucedida
codificação do DI.
- Aspecto mais importante: determinar prerrogativas e
imunidades diplomáticas
- Conceito de agente diplomático: todo o pessoal diplomático
em exercício nas embaixadas

CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE RELAÇÕES


CONSULARES (1963)
- A tarefa mais difícil desta convenção foi determinar as
atribuições consulares

- CÔNSUL: agente oficial de um país em outro país, com


funções legalmente determinadas e atribuições tais como:
notário, representante do fisco, autoridade administrativa,
oficial de registro. A investidura no cargo se dá através de
patente ou provisão expedida pelo governo que o nomeia, com
autorização do país em que servir.
- CÔNSULES DE CARREIRA: ingressam no corpo consular
como funcionários públicos, nomeados em cargo, tendo
direito a estabilidade e acesso.
- CÔNSUL HONORÁRIO: É investido nesta qualidade,
mesmo não sendo nacional, para executar as atribuições do
cargo. Geralmente são residentes de uma localidade, de país
estrangeiro, não tendo a qualidade de funcionário público.
- DIPLOMACIA: Ciência das relações exteriores ou negócios
estrangeiros dos Estados. Representa também o corpo dos
representantes dos governos estrangeiros junto a um Estado.
- DIPLOMATA: Pessoa que tem por missão a diplomacia,
pertencente ao quadro do serviço diplomático de um país. É o
representante de um Estado junto a outro.
- EMBAIXADA: Residência ou local de trabalho do
embaixador.
- EMBAIXADOR: categoria mais alta de representante
diplomático junto a outro Estado ou organismo internacional

DISTINÇÃO ENTRE CÔNSULES E DIPLOMATAS: Os


diplomatas exercem mandato de representação ou delegação
política de um governo soberano junto a outro, também
soberano. As atribuições dos cônsules são meramente
administrativas, limitadas à região em que têm jurisdição.
Geralmente recebem instruções das missões diplomáticas para
execução de seus serviços.

A CONVENÇÃO SOBRE MISSÕES ESPECIAIS: Editada pela


Assembléia Geral das Nações Unidas,em 1969. Entende-se por
missão especial “uma missão temporária, representando o
Estado, enviada por um Estado a outro Estado, com o
consentimento deste, com objetivo de tratar de questões
específicas ou executar função específica”.

A CONVENÇÃO SOBRE RELAÇÕES ENTRE ESTADOS E


ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS (1975): alcançou
somente as organizações internacionais de caráter universal,
excluindo as de caráter regional.

EXERCÍCIOS

1) Qual a instituição criada para promover a codificação do DI?


2)Qual a convenção considerada a mais bem sucedida experiência
de codificação do DI?
3)Marque V ou F conforme sejam verdadeiras ou falsas as
assertivas.
( ) O Cônsul tem atribuições de representação política de um país
( ) Os agentes diplomáticos exercem tarefas administrativas e são
orientados pelos agentes consulares
( ) As negociações entre dois países sobre transações comerciais
pode ser realizada com a participação de agentes diplomáticos
( ) Os cônsules são obrigatoriamente nomeados através de
concurso público
( ) Um passaporte deve ser emitido obrigatoriamente na
Embaixada do país para o qual se quer viajar
( ) Os países podem manter embaixadores junto a instituições
tais como a ONU ou OMC

AULA Nº 7
SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: CONCEITO:
É toda entidade jurídica que goza de direitos e deveres internacionais e
possui capacidade para exercê-los.
TIPOS DE SUJEITOS: O Estado e as Organizações Internacionais

DEFINIÇÃO DE ESTADO: Agrupamento humano, estabelecido


permanentemente num território determinado e sob um governo
independente.
ELEMENTOS (Convenção Interamericana sobre Direitos e Deveres dos
Estados, Montevidéu, 1933): População Permanente, Território
determinado, governo, capacidade de entrar em relação com outros
Estados.

OBS: Em inglês “nação” é utilizada como sinônimo de Estado, daí o


motivo da denominação ONU (Organização das Nações Unidas).

POPULAÇÃO: Massa de indivíduos, nacionais e estrangeiros que


habitam o território em determinado momento histórico. É conceito
matemático, aritmético. A palavra “Povo” tem aspecto social, ou seja,
uma parte da coletividade com o mesmo aspecto social.
TERRITÓRIO: Base física onde se situa a população.
GOVERNO E CAPACIDADE PARA MENTER RELAÇÕES COM
OUTROS PAÍSES: É necessário a existência de governo soberano, não
subordinado a qualquer outro e cujos compromissos sejam pautados pelo
DI.

CLASSIFICAÇÃO DOS ESTADOS:


1) ESTADOS SIMPLES: Apresentam poder único e centralizado. Ex:
França. A personalidade internacional é única.
2) ESTADOS COMPOSTOS POR COORDENAÇÃO: É constituído
pela associação de Estados soberanos que, em pé de igualdade,
conservam apenas uma autonomia de ordem interna. O poder
soberano pertence a um órgão central ou soberano comum. Ex:
EUA, Brasil, Suíça, Alemanha.
3) ESTADOS COMPOSTOS POR SUBORDINAÇÃO: Associação de
Estados em que os integrantes não se acham em pé de igualdade, ou
não possuem plena autonomia (hoje não mais existem)
RECONHECIMENTO DE ESTADO: “É o ato livre pelo qual um ou
mais Estados reconhecem a existência, em um território determinado,
de uma sociedade humana politicamente organizada, independente de
qualquer outro Estado existente e capaz de observar as prescrições do
Direito Internacional” (Instituto de Direito Internacional, Convenção
de Bruxelas, 1936)
REQUISITOS DO RECONHECIMENTO DE ESTADO:
1) Governo independente de outro estrangeiro, com autonomia para
seus negócios estrangeiros
2) Autoridade efetiva sobre seu território e população, devendo
cumprir com suas obrigações internacionais
3) Território delimitado

RECONHECIMENTO DE GOVERNO: Quando novos governos


assumem o poder com violação da Constituição, ou seja, poder é
alcançado por meios não previstos no sistema jurídico do Estado,
precisam de reconhecimento pelos demais Estados. O reconhecimento
não oferece legitimidade, mas dá ao governo o poder de dirigir e
representar o Estado internacionalmente.

OBS:O reconhecimento de Estado e de governo podem ocorrer


expressamente ou tacitamente
Reconhecimento Expresso: Declaração explícita, nota diplomática,
decreto,
Reconhecimento Tácito: Início de relações diplomáticas, celebração de
tratado.

EXERCÍCIOS

1) Qual o elemento abstrato que orienta a atividade do Estado?


2) A quem pertence a soberania internacional no Estado Federal?
3) Faça a distinção entre reconhecimento de Estado e reconhecimento
de Governo
4) Suponha que um golpe político e militar destituiu o governo de
determinado país o qual mantém relações diplomáticas com o
Brasil. O Brasil nada manifestou em relação ao reconhecimento do
novo governo. Alguns anos depois, firma tratado de cooperação
técnica com o citado país. Ocorreu reconhecimento do governo pelo
Brasil? Caso positivo, qual tipo de reconhecimento se observou?
AULA Nº 8

ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

CONCEITO: Organização internacional é uma associação de Estados (ou


de outras entidades possuidoras de personalidade internacional),
estabelecidas por meio de um tratado, possuindo uma constituição e
órgãos comuns e tendo uma personalidade legal distinta da dos Estados-
membros.
Organização Internacional é uma entidade constituída pela vontade
comum dos Estados, dotada de órgãos próprios investidos de uma certa
permanência e encarregada de cumprir as funções de tipo internacional
que lhe são atribuídas por ato constitutivo. (Philipe Manin)
As organizações podem ser globais (ONU) e regionais (OEA),
especializadas conforme o seu objetivo, sejam, econômico, cultural, social,
judiciário, comunicação, proteção ao meio ambiente ou tecnológico.

TEORIAS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS (fundamentos e


razão de ser)
1) Teoria da Interdependência: as relações através das fronteiras
nacionais atingiram tal grau de intensidade que se pode afirmar
que existe uma sociedade mundial.
2) Teoria do institucionalismo internacional: defende a pluralidade
dos atores internacionais, acentuando as relações comerciais, o meio
ambiente e a escassez de recursos, por meio de uma rede ou teia
interdependente.
3) Teoria dos regimes internacionais: reconhece a existência de atores
diferentes do Estado, no âmbito internacional, se relacionando
transnacionalmente, fora dos limites do Estado-nação,
caracterizando a existência de uma sociedade transnacional,
manifestada pelos intercâmbios comerciais, migrações de
indivíduos, crenças comuns e organizações que transcendiam as
fronteiras nacionais.
CLASSIFICAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
1) Quanto a natureza:
a) Organizações com objetivos políticos: congregam a totalidade ou parte
do mundo que se preocupa com a as questões político-diplomáticas
conflituosas, tais como a manutenção da paz e segurança internacionais.
EX: ONU, OEA.
b) Organizações com objetivos de cooperação técnica: Não interferem em
assuntos de natureza política e diplomática, tratando de harmonizar
posicionamentos em áreas específicas. EX: OMC, FAO, OIT, OMS etc.

2) Quanto a suas funções


a) Usam a diplomacia para aproximar as posições dos países membros.
EX: OCDE
b) Adotam normas comuns de comportamento na área dos direitos
humanos, saúde pública internacional ou meio ambiente.
c) Promovem esforços de caráter operacional para questões de conflitos
internacionais, catástrofes, guerra e pesquisa conjunta
d) Organizações de Gestão: EX: Bird, BID, FMI

3) Quanto a estrutura de poder: de acordo com o sistema de tomada de


decisões, podendo ser por unanimidade e consenso ou por maioria.

4) Quanto a composição
a) Organizações regionais. EX: OEA, OUA (Org. Da Unidade Africana),
Asean
b) de caráter universal. Ex: ONU
c) Com fins específicos. Ex: OMS, OIT, Unesco.

FUNÇÕES DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS:


1) Exercem influência nas decisões dos Estados
2) Desenvolvem meios para controlar conflitos
3) Aumentam as oportunidades dos países subdesenvolvidos (possuem
maioria e atuam como um grupo de pressão)
4) Atuam contra o nacionalismo ao defenderem o internacionalismo
5) Representam um canal de comunicação entre os Estados
6) Representam um mecanismo de tomada de decisões
7) Protegem os direitos humanos
8) O Secretariado (parte administrativa) é um eventual líder para que as
propostas estatais sejam examinadas internacionalmente
9) Garantem a segurança dos Estados
10) Legitimam determinadas situações, para que as transformações sejam
pacíficas
11) Procuram restringir o poder dos grandes
12) Internacionalizam os problemas
13) Contribuem para a formação de normas internacionais de diversas
formas
14) Atuam na opinião pública dos Estados e contribuem para o
desenvolvimento da opinião pública internacional

A ONU: Associação de Estados reunidos com os propósitos de manter a


paz e a segurança internacionais, desenvolver relações amistosas entre as
nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de
autodeterminação dos povos, conseguir uma cooperação internacional
para resolver problemas internacionais de caráter econômico, social,
cultural ou humanitário e para promover e estimular o respeito aos
direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, e ser um
centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução
desses objetivos.

A ONU nasceu após a 2ª guerra mundial e substituiu a Liga das Nações,


criada após a 1ª guerra mundial, em Genebra.

A lei básica da ONU é a Carta das Nações Unidas, assinada em 26 de


junho de 1945, contendo um preâmbulo de 111 artigos e tendo como
anexo o Estatuto da Corte Internacional de Justiça.

MEMBROS: Atualmente são 183 membros


Originários: aqueles Estados que (51 ao todo) que participaram da
Conferência de São Francisco e assinaram a Carta ou que firmaram a
Declaração das Nações Unidas, em 1/1/1942.
Eleitos: São admitidos pela Assembléia Geral mediante recomendação do
Conselho de Segurança.

Os membros poderão ser suspensos do exercício dos direitos e privilégios


por decisão do Conselho de Segurança. Caso haja violação persistente dos
princípios da Carta das Nações Unidas, o membro poderá ser expulso da
organização.
COMPOSIÇÃO: A organização divide-se em seis órgãos:
1) A Assembléia Geral
2) O Conselho de Segurança
3) O Conselho Econômico e Social
4) O Conselho de Tutela
5) A Corte Internacional de Justiça
6) O Secretariado

A ASSEMBLÉIA GERAL: Composta de todos os membros da


organização, cabendo a cada Estado apenas um voto, podendo este fazer-
se representar por até 5 representantes.
Reúne-se ordinariamente uma vez por ano e em sessões extraordinárias,
quando necessário
As sessões extraordinárias são convocadas pelo Secretário-Geral, a pedido
do Conselho de Segurança ou da maioria dos Estados-membros.
As decisões são por maioria simples e, em questões importantes, pordois
terços dos votantes.
Questões importantes:
1) Manutenção da paz e segurança internacionais
2) Eleição dos membros não permanentes do Conselho de Segurança
3) Eleição dos membros do Conselho Econômico e Social e do
Conselho de Tutela
4) Admissão de novos membros na organização
5) Suspensão dos direitos e privilégios dos membros
6) Expulsão dos membros
7) Questões relativas ao sistema de tutela e questões orçamentárias
PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DA ASSEMBLÉIA GERAL:
1) Aprovação do orçamento
2) Eleição dos membros não permanentes do Conselho de Segurança e
dos membros do Conselho Econômico e Social e do Conselho de
Tutela
3) Admissão de novos membros na organização, suspensão e expulsão
destes
4) Nomeação do Secretário-Geral
OBS: Estas atribuições devem ser recomendadas pelo Conselho de
Segurança
5) Eleição dos Juízes da Corte Internacional de Justiça
O CONSELHO DE SEGURANÇA: Foi criado para ser o principal
órgão das Nações Unidas. É composto de 10 membros não
permanentes e 5 permanentes (EUA, Rússia, China, França e
Inglaterra). Cada membro tem apenas 1 representante e apenas 1 voto.
É o órgão responsável pela manutenção da paz e da segurança
internacionais

PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO DE SEGURANÇA:


1) Convidar as partes em uma controvérsia e resolve-la por meio
pacífico
2) Solucionar controvérsias que possam ameaçar a paz e a segurança
internacionais
3) Determinar a existência de ameaças à paz e tomar providências
para restabelecer a paz e segurança internacionais
4) Tomar iniciativas para negociar acordos com os membros da
Organização sobre forças armadas, a assistência e facilidades que
cada um deles se compromete a ceder à organização, para
manutenção da segurança e paz internacionais
5) Estimular o desenvolvimento da solução pacífica de controvérsias
locais
6) Aprovar acordos de tutela referentes às zonas designadas como
estratégicas e fiscalizar a execução de tais acordos.

DECISÕES DO CONSELHO DE SEGURANÇA: São tomadas pelo


voto afirmativo de 9 dos seus membros, quando se tratar de questões
processuais e pelo voto afirmativo de 9 membros (incluindo-se
obrigatoriamente entre eles os membros permanentes), em relação a
outros assuntos.
O voto afirmativo detodos os membros permanentes é conhecido como
“direito de veto” de qualquer um deles.
Deve abster-se de votar qualquer membro que faça parte de uma
controvérsia que possa constituir ameaça à paz e segurança
internacionais.
EXERCÍCIOS
1) O que seria a sociedade mundial, segundo as teorias das
organizações internacionais?
2) Em quais tipos de classificação das Organizações internacionais
poderíamos inserir a OMC? E a ONU? E a OMS?Comente sobre cada
uma delas.
1) Quais os principais objetivos da ONU?
2) A Carta das Nações Unidas é dividida em 2 instrumentos
normativos. Quais são eles?
3) Quais as penalidades aplicáveis aos membros que não cumprirem
os princípios da Carta das Nações Unidas?
4) Qual a forma de admissão dos Estados na ONU?
5) Como ocorrem as reuniões da Assembléia Geral da ONU e como
são tomadas as decisões?
6) Como os Estados devem colaborar materialmente para que a ONU
possa manter a paz e segurança mundiais?
7) Como se chama a necessidade de voto afirmativo dos membros
permanentes do Conselho de Segurança da ONU?
8) Cite pelo menos 3 funções das organizações internacionais que
beneficiam diretamente os Estados menos desenvolvidos.

AULA Nº 9

ÓRGÃOS DA ONU (Cont.)

O CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL: Composto por 54


membros, eleitos para um período de 3 anos pela Assembléia Geral,
permitida uma reeleição. As decisões são tomadas pela maioria dos
membros presentes e votantes.
PRINCIPAIS TRIBUIÇÕES: Realizar estudos e apresentar relatórios
sobre assuntos internacionais de caráter econômico, social, cultural,
educacional, sanitário e assuntos conexos, podendo fazer
recomendações a respeito destes assuntos, à Assembléia Geral, aos
Membros das Nações Unidas e às entidades especializadas
interessadas.

O CONSELHO DE TUTELA: É composto pelos membros:


1) que administram territórios tutelados
2) do Conselho de segurança que não administram territórios
tutelados
3) outros membros eleitos pela Assembléia Geral, em número tal que o
Conselho fique dividido igualitariamente entre membros que
administram território e membros que não administram território
sob tutela.
TUTELA: É a assistência ou proteção exercida em benefício de alguém
O SECRETARIADO: É o órgão administrativo da ONU. É dirigida
por um Secretário Geral, escolhido pelo mais amplo critério
geográfico.
O Secretário Geral é eleito pela Assembléia Geral, por recomendação
do Conselho de Segurança.
Como funcionários internacionais, o Secretário Geral e demais
componentes do secretariado são responsáveis somente perante a ONU
e gozam de certas imunidades.
Qualquer tratado internacional deve ser registrado na Secretaria
Geral.

OS MÉTODOS AMISTOSOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS (arts.


33 a 38 da Carta das Nações Unidas):
1) As partes numa controvérsia internacional deverão chegar a um
acordo por meio pacífico
2) O Conselho de segurança poderá exortar as partes a chegarem a
esse acordo
3) O Conselho poderá investigar sobre uma controvérsia ou uma
situação suscetível de provocar atritos internacionais, a fim de
determinar se a situação da controvérsia ou da situação pode
constituir ameaça à manutenção da paz e segurança entre as nações
4) Qualquer membro, ou mesmo não membro pode solicitar a atenção
do Conselho de segurança ou da Assembléia para uma situação
desta natureza
5) A intervenção da Assembléia em tais assuntos limitar-se-á à
possibilidade de discutir o caso e de apresentar recomendações ao
Estado ou Estados interessados ou ao Conselho de Segurança, não
lhe sendo lícito fazer qualquer recomendação a esse respeito,
enquanto o Conselho de Segurança estiver discutindo o assunto,
salvo se solicitado pelo próprio Conselho
6) Em qualquer fase da controvérsia ou situação ameaçadora o
Conselho poderá recomendar procedimentos ou métodos de solução
apropriados
7) As partes, caso não consigam chegar a acordo por qualquer outro
meio pacífico, deverão submeter a controvérsia ao Conselho de
Segurança, que recomendará os métodos ou condições que lhe
parecem apropriadas para a solução.

AÇÃO COLETIVA CONTRA AS AMEAÇAS À PAZ, RUPTURA DA


PAZ OU ATOS DE AGRESSÃO: Ocorrendo ameaça à paz
internacional, ruptura da paz ou ato de agressão, o Conselho de
Segurança fará as recomendações ou adotará as medidas que
considere apropriadas.

Para efetivar suas decisões, o Conselho de Segurança poderá adotar


medida que não envolvam uso de forças armadas, tais como:
interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de
comunicação, rompimento de relações diplomáticas. As medidas com
uso de força armada são: demonstrações, bloqueio ou outras operações
por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos membros da
ONU.

OS ACORDOS REGIONAIS: A Carta das Nações Unidas (arts. 52 a


54) estabelece que os acordos ou entidades regionais poderão ocupar-se
da manutenção da paz e da segurança internacionais em assuntos
suscetíveis de ser regulados por ação regional, desde que tais acordos e
entidades sejam compatíveis com os propósitos e princípios das Nações
Unidas.
O Conselho de Segurança será sempre informado de sobre medidas
efetivadas por entidades ou acordos regionais destinados à
manutenção da paz e segurança internacionais.

EXERCÍCIOS

1) Qual o órgão administrativo da ONU e como ele é dirigido?


2) Como se denominam os instrumentos através dos quais a ONU deve
evitar os conflitos internacionais?
3) Como o Conselho de Segurança da ONU poderá efetivar suas
decisões?

AULA Nº 10

A CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA: É o principal órgão


judiciário das Nações Unidas. O estatuto contém 70 artigos. A sede é em
Haia e suas línguas oficiais são o inglês e o francês.

MATÉRIAS QUE PODEM SER JULGADAS PELA CORTE:


1) Interpretação de um tratado
2) Qualquer outro ponto de direito internacional
3) Existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria a
violação de um compromisso internacional
4) A natureza ou a extensão da reparação devida pela ruptura de um
compromisso internacional
OBS: poderá também emitir parecer consultivo sobre qualquer
questão de ordem jurídica, a pedido da Assembléia Geral, o Conselho
de Segurança ou qualquer órgão das Nações Unidas ou entidade
especializada, desde que, nestes dois últimos casos, autorizado pela
Assembléia Geral.

É composto de juízes eleitos (pela Assembléia Geral e Conselho de


Segurança) sem atenção à nacionalidade, entre jurisconsultos de
reconhecida competência em direito internacional, não podendo figurar
dois nacionais do mesmo Estado.
O mandato dos juízes é de nove anos, podendo ser reeleitos.

A corte tem um presidente e um vice-presidente, eleitos por 3 anos e


reelegíveis.

A Corte tem competência para julgar todas as matérias que as partes lhe
submetam, bem como os assuntos especialmente previstos na Carta das
Nações Unidas ou em tratados em vigor. Apenas os Estados podem
acessar à corte. As pessoas, apenas através de seus governos.

A ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS: Criada em 1948,


sendo um organismo regional das Nações Unidas
Seu principal objetivo é garantir a paz e segurança no continente
americano. Deve ainda atuar na ação solidária em casos de agressão e
promover o seu desenvolvimento econômico, social e cultural.
Qualquer Estado americano independente pode aderir ao tratado da
OEA.

ÓRGÃOS DA OEA:
1) Assembléia Geral: órgão supremo e nela os Estados-membros têm
direito a um voto
2) Conselho da Organização: Divide-se em Conselho Permanente,
Conselho Interamericano Econômico e Social e Conselho
Interamericano de Educação, Ciência e Cultura, todos dependentes
da Assembléia Geral.
3) Comissão Jurídica: Serve de órgão consultivo em assuntos jurídicos
e tem como objetivo promover o desenvolvimento e codificação do
direito internacional.
4) Comissão Interamericana de Direitos Humanos: Tem por objetivo
principal promover o respeito e a defesa dos direitos humanos,
servindo como órgão consultivo da OEA nesta matéria.
5) Secretaria Geral: É o órgão central e permanente da OEA. Deve
promover as relações econômicas, jurídicas, educacionais,
cinetíficas e culturais entre todos os Estados-membros

ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ESPECIALIZADAS:


Adquiriram prestígio internacional ao longo do tempo e passaram a
possuir direito de firmar tratados internacionais a partir de 1985, com
a Convenção de Viena sobre direito de tratados de organizações
internacionais.

ALGUMAS DAS MAIORES ENTIDADES ESPECIALIZADAS


INTERNACIONAIS:
1) Organização Internacional do Trabalho (OIT, sede em Genebra)
2) Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO, sede em
Roma)
3) Organização para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, sede
em Paris)
4) Organização Mundial de Saúde (OMS, sede em Genebra)
5) União Postal Universal (UPU, sede em Berna)
6) Organização Meteorológica Mundial (OMM, sede em Genebra)
7) Organização Marítima Internacional (OMI, sede em Londres)
8) União Internacional de Telecomunicações (UIT, sede em Genebra)
9) Organização Para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI, sede em
Viena)
10)Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD,
sede em Washington)
11) Fundo Monetário Internacional (FMI, sede em Washington)

EXERCÍCIOS
1) Dois países membros da ONU estão discutindo acerca da quebra de
um compromisso firmado em um tratado internacional. A quem
devem recorrer para decidir sobre a matéria?
2) Qual a relação entre a ONU e a OEA?
3) Cite pelo menos 3 organizações internacionais que tratam de
assistência social.

AULA Nº 11

DIREITO INTERNACIONAL DO MAR

O DIREITO DO MAR: Tem sua regulamentação atualmente na 3ª


Conferência das Nações Unidas para o Direito do Mar, iniciada em 1973 e
concluída em 1982, com a assinatura da Convenção de Montego Bay,
Jamaica, por 117 Estados. Entrou em vigor em 16/11/94.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS
ÁGUAS INTERIORES: São aquelas situadas entre a costa e o limite
interior do mar territorial. O limite interior é a linha de base a partir de
onde começa a medida da largura do mar territorial.
LINHA DE BASE: É o ponto a partir do qual se mede a largura do mar
territorial em direção ao alto mar, separando as águas interiores do mar
territorial. Ela é determinada pela linha ao longo da baixa-mar. A baixa
mar não é definida pelo Direito Internacional. A Convenção de Montego
Bay a define como a “indicada nas cartas marítimas de grande escala,
reconhecidas oficialmente pelos Estados ribeirinhos”.
MAR TERRITORIAL: É um complemento do território terrestre do
Estado. No tocante à largura, não há uniformidade internacional. O
Brasil ele corresponde a uma faixa de doze milhas marítimas, a partir da
linha de baixa-mar do litoral continental e insular. Há soberania no mar
territorial, no espaço aéreo sobrejacente, no leito e subsolo.
É reconhecido o direito de passagem inocente no mar territorial
brasileiro.
Passagem inocente: não prejudicial à paz, à boa ordem, à segurança,
devendo ser contínua e rápida.
OBS: Os Estados têm direitos exclusivos como uma decorrência de sua
soberania que exercem no mar territorial, seu solo e subsolo, constituindo
a plataforma continental.
OBS: O mais importante dos direitos dos Estados sobre o mar territorial
é o direito exclusivo de pesca. Ela foi livre até a segunda metade do século
XVIII, quando foi criado o mar territorial.
ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA: Área situada além do mar
territorial e adjacente a este, sujeito ao regime jurídico estabelecido na
Convenção (Montego Bay).

DEFINIÇÕES DOS INTERNACIONALISTAS


“Uma zona que de algum modo é um prolongamento do mar territorial”
(Calixto A. Armas Barea e F. Pfirter de Armas)
“é um espaço marítimo independente, nem mar territorial, nem alto-
mar”(Lílian C. Del Castilho)
NATUREZA DA ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA, SEGUNDO
QUENEUDEC:
a) Do ponto de vista dos recursos, ela é patrimônio do Estado; b) do ponto
de vista da navegação, ela é alto-mar; c) do ponto de vista da pesquisa e
proteção do meio marinho, ela é um complemento dos direitos do Estado
sobre os recursos, mas o Estado não tem uma competência territorial.
Sua largura é limitada a 200 milhas a partir da linha de base de onde se
mede a largura do mar territorial.
No Brasil ela compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas
milhas marítimas, a partir da linha de base do mar territorial.
Nela o Brasil tem direitos de soberania:
1) para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos
recursos naturais, vivos ou não, das águas sobrejacentes ao leito do
mar, do leito do mar, e seu subsolo e outras atividades com vistas à
exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos;
2) Para regular investigação científica marinha, proteção e
preservação do meio marítimo, construção de ilhas artificiais e
outras instalações.
OBS: Os exercícios militares somente poderão ocorrer com autorização
do governo brasileiro.
OBS: A todos os outros Estados é reconhecido o direito de navegação e
sobrevôo e outros usos lícitos internacionalmente, tais como os ligados a
aeronaves e navios.
ZONA CONTÍGUA: Teve sua origem histórica na necessidade de
controle aduaneiro e fiscal, para evitar o contrabando.
No Brasil, compreende a faixa das doze às vinte e quatro milhas a partir
das linhas de base do mar territorial.
O Brasil poderá tomar as seguintes medidas de fiscalização:
1) Evitar infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de
imigração ou sanitários, no seu território ou no mar territorial;
2) Reprimir as infrações às leis e aos regulamentos, no seu território
ou no mar territorial.
ALTO MAR: Todas as partes do mar não incluídas na zona econômica
exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores de um Estado. A
definição mais aceita é a de que constitui coisa destinada ao uso público
(res communis)
CONVENÇÃO DE GENEBRA DE 1982: estabelece as liberdades no alto-
mar:
-liberdade de navegação
-liberdade de sobrevôo
-liberdade de colocar cabos e oleodutos submarinos
-construir ilhas artificiais e outras instalações
-liberdade de pesca
-liberdade de pesquisa científica
MILHA MARÍTIMA: Foi fixada em 1852 metros pela Conferência
Hidrográfica de 1929.
PLATAFORMA CONTINENTAL: Pela legislação brasileira compreende
o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar
territorial, em toda a extensão do prolongamento natural de seu território
terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até a distância
de duzentas milhas marítimas das linhas de base.
O Brasil exerce direitos de soberania sobre a plataforma continental, para
efeito de exploração de recursos naturais, regulamentar a pesquisa
científica marinha, proteção e preservação do meio ambiente marinho,
bem como construção de ilhas artificiais e outras instalações.

EXERCÍCIOS

Defina linha de base e mar territorial.


Segundo o direito do mar, em que consiste o direito de passagem
inocente? Este direito é reconhecido pelo Brasil?
Marque “V” ou “F”, conforme sejam verdadeiras ou falsas as
assertivas:
( ) Uma embarcação estrangeira tem direito de pescar no mar
territorial de outro país
( ) A largura da zona econômica exclusiva é de 200 milhas, a
partir das 12 milhas do mar territorial
( ) Embarcações e aeronaves estrangeiras podem navegar e
sobrevoar no mar territorial e na zona econômica exclusiva
4) Qual a finalidade da zona contígua?
5) Enumere 3 tipos de direitos dos Estados no alto mar.
6) Defina a plataforma continental brasileira e quais os direitos
exercidos sobre ela.

AULA Nº 12

DIREITO INTERNACIONAL DO MAR (Cont.)

EMBARCAÇÃO: “Considera-se embarcação toda construção utilizada


como meio de transporte por água, e destinada à indústria de navegação,
quaisquer que sejam as suas características e lugar de tráfego” (Lei nº
2.180, de 05/02/54). No direito internacional a palavra navio aplica-se a
navios propriamente ditos e embarcações.
CLASSIFICAÇÃO DOS NAVIOS:
a) Navios públicos: destinam-se a serviços de natureza pública,
subdividindo-se em navios de guerra públicos e navios públicos
civis
b) Navios privados: destinam-se a serviços de natureza privada.
NAVIOS DE GUERRA (art. 29 da Convenção de Genebra): “designa um
navio pertencente à marinha de guerra de um Estado e possuindo os
sinais exteriores distintivos dos navios de guerra de sua nacionalidade. O
comandante deve estar a serviço do Estado, seu nome deve figurar na lista
de oficiais da frota militar e a equipagem deve ser submetida às regras da
disciplina militar.
NAVIOS PÚBLICOS CIVIS: Executam um serviço de natureza civil ou
de natureza não comercial (navios alfandegários, navios-faróis, navios de
saúde, navios que transportam chefes de Estado. Alcança os navios do
Estado e os que por ele forem fretados.
NAVIOS PRIVADOS: São destinados às atividades comerciais. Quando
pertencentes ao Estado, são equiparados aos navios privados.
OBS: O navio tem uma individualidade dada pelo nome e nacionalidade.
Pode ter somente uma nacionalidade, indicada pelo pavilhão. Cada
Estado estabelece as normas para um navio ser nacional.
O NAVIO BRASILEIRO: Pelo decreto nº 5.798, de 11-6-1940 estabelece
as seguintes condições:
1) ser de propriedade de brasileiro nato, ou de sociedade ou empresa
brasileira
2) ser inscrito nas capitanias e tripulado de acordo com as leis em vigor.
No registro, devem constar nacionalidade do navio, as características
técnicas, o nome da construtora,etc.
3) na embarcação brasileira, o comandante, o chefe de máquinas e 2/3 da
tripulação têm que ser brasileiros
OBS: A nacionalidade do navio decorre do porto de registro do navio, que
é comprovada pelos papéis de bordo. O sinal exterior de nacionalidade é o
pavilhão. Se viajar com mais de um pavilhão, é considerado sem
nacionalidade (Convenções de Genebra sobre o Alto Mar e a de 1982).
OBS: Os Estados sem litoral podem ter navios com sua bandeira.
OBS: Os Estados devem conceder documentos de nacionalidade a seus
navios e estes devem respeitar a sua legislação.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NOS NAVIOS
REGRA GERAL: O Estado costeiro tem competência plena, com exceção
das infrações disciplinares da tripulação ocorridas a bordo, as quais
ficam sujeitas à jurisdição do Estado de que o navio é nacional.
1) Sistema Dinamarquês: Todos os delitos penais estão sujeitos à
jurisdição do Estado costeiro, excluindo as medidas disciplinares
2) Sistema Francês: O Estado só tem jurisdição se o autor ou vítima
não faz parte da tripulação do navio ou quando o comandante pede
a intervenção do Estado costeiro, ou quando o crime perturba a paz
do Estado costeiro.
3) Sistema Inglês: aplica o sistema francês em relação a navios
estrangeiros nos seus portos mas em relação a seus navios, afirma
haver imunidade de jurisdição
4) O Sistema do Código de Bustamante: semelhante ao francês, ou
seja, o Estado costeiro não tem jurisdição sobre crimes que não o
afetam em nada
5) Regulamento do Instituto de Direito Internacional: O Estado
costeiro tem jurisdição sobre os crimes, com exceção dos atos
referentes a disciplina.
- Os navios de guerra são imunes em relação ao Estado costeiro
submetendo-se somente ao Estado de seu pavilhão. O navio de guerra é
um órgão de seu Estado Nacional. Possuem ainda imunidade de
seqüestro, arresto ou qualquer detenção, mesmo que tomada por
autoridade judicial.
- Os crimes cometidos a bordo do navio de guerra estão sujeitos à
jurisdição do seu Estado nacional. O membro que se encontra fora de
bordo a título particular, cometendo algum crime, está sujeito à
jurisdição do Estado costeiro onde se encontra. Fora de bordo, mas a
serviço comandado, a jurisdição é do Estado do pavilhão do navio.
- Os navios de guerra podem conceder asilo diplomático a criminosos
políticos.
- Os navios de guerra em missão comercial não gozam de imunidades e
privilégios.
- Os navios públicos civis também gozam de imunidade com
fundamento similar ao dos navios de guerra (sua destinação e execução
de serviço público). Não podem conceder asilo diplomático.

APLICAÇÃO DA LEI CIVIL AOS NAVIOS:


1) O Estado costeiro não deve parar nem desviar da rota um navio que
passa por seu mar territorial para exercer sobre pessoa que se
encontra a bordo sua jurisdição;
2) O Estado costeiro não pode tomar medidas de execução em matéria
civil, exceto em virtude de obrigação assumidas pelo navio, ao
navegar em águas de seu território;
3) Estas medidas podem ser tomadas em relação a navios que provêm
de águas interiores ou quando estacionam em seu mar territorial.
NAVIOS NA ZONA CONTÍGUA: Estão sujeitos somente aos direitos
do Estado costeiro nesta zona. Os navios públicos conservam seus
privilégios e imunidades.
NAVIOS NA ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA: Os navios públicos
de guerra e civis conservam suas imunidades, sujeitos apenas a seu
Estado nacional. No tocante aos privados, estão sujeitos ao seu Estado
nacional, exceto de violarem direitos do Estado costeiro nesta zona,
podendo ser detidos, v.g., pesca ilegal, devendo ser liberados
imediatamente mediante pagamento de multa.
NAVIOS NO ALTO MAR: Sujeitam-se exclusivamente à jurisdição do
Estado cujo pavilhão adotarem. Os privados sofrem restrições como o
direito de serem revistados e de aproximação.
EXERCÍCIOS
1) Em qual conceito de navio melhor se enquadraria um navio
pertencente à marinha mercante brasileira?
2) Segundo nossa legislação, o que comprova a nacionalidade de um
navio?
3) De acordo com as correntes dominantes sobre a aplicação da lei
penal nos navios estrangeiros, a quem compete a apuração de um
atentado à bala, no mar territorial brasileiro, cometido por uma
embarcação grega contra uma brasileira?
4) Um marinheiro escocês, lotado em navio de guerra atracado no
Porto de Fortaleza, desloca-se pela cidade com objetivos de lazer e
comete estupro contra uma brasileira. Neste caso, a quem compete
a apuração do caso e aplicação, se for o caso, da lei penal?
5) Uma patrulha da Polícia Federal intercepta, a 9 milhas da costa,
uma embarcação sueca conduzindo mercadorias contrabandeadas.
Este ato é legal perante o Direito Internacional? Qual norma
internacional poderia amparar esta medida?
6)Um navio peruano promove atividade pesqueira a 50 milhas da costa
brasileira. Esta embarcação poderá ser interceptada e multada pela
autoridade brasileira? Justifique.

AULA Nº 13

DIREITO INTERNACIONAL DO ESPACO AÉREO

O DIREITO AÉREO: É bastante recente sua elaboração, tendo seus


estudos iniciados após o advento da navegação aérea.
CONCEITO: É o conjunto de normas internacionais que regulamentam o
espaço aéreo e a sua utilização. Concentra-se na aeronave, enquanto o
direito marítimo não concentra-se no navio, mas nos espaços.
NATUREZA JURÍDICA DO ESPAÇO AÉREO:
Teoria da Liberdade: Defende a liberdade no espaço aéreo. Até 300
metros haveria soberania do Estado. Até 1.500 metros poderia proibir
vôos. Acima disso, teria direito de conservação, por interesses econômicos
e de segurança, mas o espaço é livre.
Teoria da Soberania: A soberania do Estado se estabelece no espaço aéreo
a ele sobrejacente. O espaço aéreo se integra no seu território.
OBS: Atualmente a teoria mais aceita é a da soberania. Ela se estende até
onde começa o espaço exterior.
CONVENÇÃO DE PARIS DE 1919: O Estado tem a soberania completa
e exclusiva sobre o espaço atmosférico acima de seu território.
CONVENÇÃO DE CHICAGO DE 1944: O Estado tem a soberania
completa e exclusiva sobre o espaço aéreo acima do seu território.
Estabeleceu ainda as cinco liberdades do ar para os Estados signatários
(que fazem parte da Convenção):
– Direito de sobrevôo: corresponde ao direito de passagem inocente
no direito marítimo;
– Direito de escala técnica para reparações: corresponde ao direito de
ancorar no direito marítimo;
– Direito de embarcar no território do Estado contratante
mercadorias e passageiros e correio com destino ao Estado de que a
aeronave é nacional;
– O direito de desembarcar, no Estado contratante mercadorias e
passageiros e correio que tenham sido embarcados no Estado de
que a aeronave é nacional;
– O direito de embarcar passageiros, mercadorias e correio com
destino ao território de qualquer contratante e o direito de
desembarcar passageiros e mercadorias originárias do território de
qualquer Estado contratante.
OBS: O signatário não é obrigado a aderir a todas as liberdades.
DEFINIÇÃO DE AERONAVE PELA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA:
Código Brasileiro do Ar (Decreto-lei nº 32, de 18-11-66), que a define
como “todo aparelho manobrável em vôo, apto a se sustentar, a circular
no espaço aéreo mediante reações aerodinâmicas, e capaz de transportar
pessoas e coisas”.
OBS: Toda aeronave, assim como os navios possui uma nacionalidade,
dada por sua matrícula, não podendo ser matriculada em mais de um
Estado, e apresentará em local apropriado esta identificação.
OBS: Ainda à semelhança dos navios, devem ter os seguintes papéis de
bordo, conforme art. 29 da Convenção de Chicago:
1) Certificado de matrícula;
2) Certificado de navegabilidade
3) Licenças apropriadas de cada membro da equipagem;
4) Carnê de rota;
5) Licença de estação de rádio da aeronave
6) Lista de passageiros nominativa indicando o local de embarque e
destino
7) Manifesto de carga
AERONAVES PÚBLICAS: São as aeronaves militares utilizadas pelo
Estado a seu serviço. São todas as aeronaves integrantes das forças
armadas, inclusive as requisitadas na forma da lei, para missões militares.
As aeronaves públicas civis são as utilizadas pelo Estado em serviço do
Estado, que não seja de natureza militar.
AERONAVES PRIVADAS: São as destinadas a atividades comerciais. As
públicas utilizadas em atividades de natureza comercial são consideradas
privadas.
OBS: As Aeronaves militares, públicas ou civis, não gozam do direito de
sobrevôo ou escala técnica, necessitando de uma autorização prévia.
AS AERONAVES EM TERRITORIO ESTRANGEIRO: As militares
gozam de imunidade e podem conceder asilo diplomático, não existindo se
sobrevoam ou aterrissam sem autorização, independente se em desgraça
ou não.
As aeronaves públicas civis possuem as mesmas imunidades, entretanto
não podem conceder asilo diplomático.
As aeronaves comerciais em território estrangeiro ficam sujeitas à
jurisdição do Estado territorial.

EXERCÍCIOS
1) Qual direito na navegação aérea corresponde ao direito de
ancoragem no direito marítimo?
2) O que há de comum entre navios e aeronaves no tocante às
exigências quanto aos documentos?
3) Quais as diferenças entre aeronaves públicas e privadas quanto à
liberdade de sobrevôo e jurisdição em território estrangeiro?

AULA Nº 14

DIREITO INTERNACIONAL DO ESPAÇO AÉREO


(Cont.)

COMPETÊNCIA SOBRE CRIMES COMETIDOS EM AERONAVES


(Convenção de Tóquio, 1963): Nos crimes cometidos em aeronaves, é
competente:
1) O Estado de registro da aeronave em relação aos crimes cometidos
a bordo;
2) A aplicação da pena é feita de acordo com o direito nacional
3) Um Estado que não seja o do registro da aeronave não pode
interferir em uma aeronave em vôo para exercer a sua jurisdição
em relação a um crime cometido a bordo, a não ser nos seguintes
casos:
– Se o crime produz efeito no território do Estado
– Se o crime foi cometido por ou contra nacional ou residente
permanente no Estado
– Se o crime é contra a segurança do Estado
– Se o crime é violação de normas do Estado sobre vôos ou manobra
de aeronave
– Se é necessária jurisdição para cumprir obrigação internacional.

OBS: Em alto mar, ou em território que não esteja sujeito à soberania


dos Estados, subordina-se exclusivamente à jurisdição do seu Estado
nacional.
OBS: As aeronaves das organizações internacionais são denominadas
de aeronaves internacionais. As aeronaves militares à disposição da
ONU continuam com seu estatuto nacional, pois ela não pode
matriculá-las, tendo em vista que não é Estado.
No tocante às aeronaves não militares fretadas pela ONU, não têm
qualquer privilégio, permanecendo privadas. Assumem o status de
aeronaves públicas civis quando utilizadas em atividades diplomáticas,
devendo a ONU negociar com os Estados em que a aeronave transita
os seus privilégios.
OBS: O Estado exerce soberania no espaço aéreo sobrejacente a seu
território, águas interiores a mar territorial.
Na zona contígua não há regulamentação internacional. Alguns
internacionalistas consideram que o Estado tem soberania sobre ela
(Lê Gof). A Comissão de Direito Internacional considera que o Estado
não tem soberania sobre ela.
SEQUESTRO DE AERONAVES: Segundo a Convenção de Tóquio são
os casos em que “ilicitamente e por violência ou ameaça de violência
uma pessoa muda a exploração de uma aeronave em vôo, dela se tenha
apoderado ou exercido controle, ou esteja a ponto de completar tal
ato”.
Denominações usuais: atos de interferência nos transportes aéreos,
atos de ingerência nas linhas aéreas civis, captura ou controle ilícito de
aeronave, desvio de aeronave, “hijacking”, “Skyjacking”.
A denominação oficialmente aceita é de apoderamento ilícito de
aeronave. Comumente se usa a expressão “pirataria aérea”.
REPRESSÃO DO CRIME DE SEQUESTRO (Convenção de Haia de
1970): A punição deverá ser feita no Estado:
a) Quando o crime for cometido a bordo de uma aeronave
registrada no referido Estado;
b) Quando a aeronave a bordo do qual o crime foi cometido
aterrar em seu território com o suposto criminoso ainda a
bordo;
c) Quando o crime for cometido a bordo de uma aeronave
arrendada sem tripulação a um arrendatário que possua o
centro principal de seus negócios ou, se não possui tal centro
principal de negócios, residência permanente no mencionado
Estado.
OBS: O Estado onde se encontra o criminoso, se não extraditá-lo,
deverá julgá-lo. Este crime é considerado extraditável em todos os
tratados de extradição entre os Estados contratantes.
A prioridade na extradição será do Estado onde é registrada a
aeronave (Protocolo Adicional à Convenção de Haia).
No Brasil, o sequestro é considerado crime contra a segurança
nacional.

DISPOSIÇÕES DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO EM


MATÉRIA DE DIREITO AERONÁUTICO (Lei 7.565, de 19/12/86)

CAPÍTULO II
Disposições de Direito Internacional Privado

Art. 3° Consideram-se situadas no território do Estado de sua


nacionalidade:

I - as aeronaves militares, bem como as civis de propriedade ou a


serviço do Estado, por este diretamente utilizadas (artigo 107, §§ 1° e
3°);

II - as aeronaves de outra espécie, quando em alto mar ou região


que não pertença a qualquer Estado.

Parágrafo único. Salvo na hipótese de estar a serviço do Estado,


na forma indicada no item I deste artigo, não prevalece a
extraterritorialidade em relação à aeronave privada, que se considera
sujeita à lei do Estado onde se encontre.

Art. 4° Os atos que, originados de aeronave, produzirem efeito no


Brasil, regem-se por suas leis, ainda que iniciados no território
estrangeiro.

Art. 5° Os atos que, provenientes da aeronave, tiverem início no


Território Nacional, regem-se pelas leis brasileiras, respeitadas as leis
do Estado em que produzirem efeito.

Art. 6° Os direitos reais e os privilégios de ordem privada sobre


aeronaves regem-se pela lei de sua nacionalidade.

Art. 7° As medidas assecuratórias de direito regulam-se pela lei


do país onde se encontrar a aeronave.

Art. 8° As avarias regulam-se pela lei brasileira quando a carga se


destinar ao Brasil ou for transportada sob o regime de trânsito
aduaneiro (artigo 244, § 6°).

Art. 9° A assistência, o salvamento e o abalroamento regem-se


pela lei do lugar em que ocorrerem (artigos 23, § 2°, 49 a 65).

Parágrafo único. Quando pelo menos uma das aeronaves


envolvidas for brasileira, aplica-se a lei do Brasil à assistência,
salvamento e abalroamento ocorridos em região não submetida a
qualquer Estado.

Art. 10. Não terão eficácia no Brasil, em matéria de transporte


aéreo, quaisquer disposições de direito estrangeiro, cláusulas
constantes de contrato, bilhete de passagem, conhecimento e outros
documentos que:

I - excluam a competência de foro do lugar de destino;

II - visem à exoneração de responsabilidade do transportador,


quando este Código não a admite;

III - estabeleçam limites de responsabilidade inferiores aos


estabelecidos neste Código (artigos 246, 257, 260, 262, 269 e 277).

EXERCÍCIOS
1) Um argentino agride e mata um brasileiro em pleno vôo de uma
aeronave que partiu do Brasil com destino a Miami. Sabendo-se
que, no momento do crime a aeronave encontrava-se sobrevoando o
alto mar, a quem pertence a competência para prender e julgar o
criminoso? Por quê?
2) Um avião americano é seqüestrado em pleno vôo e levado a aterrar
no Chile. A quem compete a prisão e julgamento do criminoso?
Cabe neste caso a extradição? Justifique.
3) Na hipótese da questão anterior, sabendo-se que o seqüestrador é
colombiano, havendo pedido de extradição dos EUA e Colômbia,
como se resolve a questão?
4) Uma aeronave brasileira parte daqui em direção ao Canadá, tendo
aterrado no México para escala e reabastecimento. Durante o vôo,
um brasileiro comete furto contra um mexicano. A quem compete
exercer jurisdição sobre este fato delituoso?

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